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R$ 5,90 - Roteiro Brasília

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Ano VI • nº 123<br />

18 de junho de 2007<br />

<strong>R$</strong> 5,<strong>90</strong>


empoucaspalavras<br />

Ainda inspirados pelo clima de paixão que resta<br />

no ar em função do Dia dos Namorados, decidimos<br />

destacar nesta edição as matérias que têm como fio<br />

condutor a paixão, essa misteriosa senhora de definição<br />

difícil mas de percepção nem tanto.<br />

Assim, não é difícil perceber paixão nos olhos de<br />

quem fala de seu ofício como quem fala de um grande<br />

amor. Seo Antonio, Ari, Vanda e Totó são personagens<br />

da matéria de Vicente Sá na seção Água na Boca<br />

(página 6). Eles falam de seu trabalho – fazer pão,<br />

vender bacalhau, queijo ou dar movimento ao mercado<br />

– e de sua vida, e ainda dão a fórmula para cativar a<br />

freguesia: bom humor e paixão pelo que fazem.<br />

Foi a paixão pelos livros, também, que levou<br />

o empresário Luiz Amorim a realizar o projeto<br />

Ponto Cultural, uma biblioteca gratuita bem no<br />

ponto (ou parada, como preferem alguns) de ônibus<br />

da entrequadra 712/713 Norte. A inauguração será neste<br />

dia 21, com direito a shows de música erudita, recital de<br />

poesia e até bate-papo com o poeta, escritor, compositor<br />

e cantor Jorge Mautner. A jornalista Lúcia Leão conta<br />

detalhes dessa paixão na matéria da página 36.<br />

É Lúcia Leão, aliás, uma das integrantes do grupo<br />

que fez história nos anos 80 com o lançamento da<br />

Bric-a-Brac. A revista nasceu da paixão pelo<br />

experimentalismo mas teve vida curta. Como diz<br />

outro de seus fundadores, Luis Turiba, em artigo a<br />

partir da página 31, a Bric-a-Brac durou pouco mas<br />

“morreu jovem e gostosa como Noel Rosa”.<br />

Finalmente destacamos, na seção Luz Câmera Ação<br />

(página 54), a matéria de Angélica Torres sobre o filme<br />

Juruna, O Espírito da Floresta, em fase de montagem e<br />

concorrente ao próximo Festival de Brasília do Cinema<br />

Brasileiro. A paixão de Armando Lacerda, o Armandão,<br />

pelo cinema e, igualmente, por um personagem exemplar<br />

da vida política brasileira, resulta num documentário de<br />

75 minutos capaz de resgatar a história do carismático<br />

índio xavante, único, até agora, a ocupar um lugar no<br />

Congresso Nacional.<br />

Boa leitura e até a próxima quinzena.<br />

Maria Teresa Fernandes e<br />

Adriano Lopes de Oliveira<br />

Editores<br />

30 diáriodeviagem<br />

O pintor brasiliense Rocha Maia se encanta com a receptividade<br />

de sua obra em Portugal, onde acaba de ser premiado no Salão<br />

Internacional de Artes Plásticas. Seu relato está na página 30.<br />

4<br />

10<br />

11<br />

12<br />

14<br />

16<br />

22<br />

25<br />

26<br />

33<br />

40<br />

42<br />

44<br />

águanaboca<br />

roteirodevantagens<br />

pão&vinho<br />

picadinho<br />

garfadas&goles<br />

roteirogastronômico<br />

dia&noite<br />

galeriadearte<br />

graves&agudos<br />

verso&prosa<br />

especial<br />

queespetáculo<br />

luzcâmeraação<br />

Divulgação<br />

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda | Setor Hoteleiro Sul, Brasil XXI, Business Center Park 1, Sala 1307 – Tel:<br />

3217.0217 Fax: 3217.0200 | Redação roteirobrasilia@alo.com.br | Editores Adriano Lopes de Oliveira e Maria Teresa Fernandes | Produção<br />

Célia Regina | Capa Eduardo Branquinho (sobre painel de azulejos alusivo à revista Bric-a-Brac) | Diagramação Carlos Roberto Ferreira<br />

Reportagem Adriana Romeo, Akemi Nitahara, Ana Cristina Vilela, Alexandre Marino, Angélica Torres, Bebé Prates, Beth Almeida, Carla<br />

Andrade, Cristiane Galvão, Eduardo Oliveira, Geraldo Seabra, Greicy Pessoa, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba, Luiz Recena,<br />

Marcos Magalhães, Rafaela Céo, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Teresa Mello e Vicente Sá<br />

Fotografia Débora Amorim, Eduardo Oliveira, Juan Pratginestós, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (8449.9736)<br />

Contatos Comerciais André Gil (9988.6676), Giselma Nascimento (9985.5881) e Ícaro Rollemberg (8463.3099) | Administrativo/Financeiro Daniel<br />

Viana e Rafael Oliveira | Assinaturas (3963.0207)| Impressão Gráfica Coronário


águanaboca<br />

Pra nóis<br />

e procê<br />

Brasília ganha<br />

restaurante<br />

inspirado no<br />

Xapuri, um dos<br />

melhores de<br />

Belo Horizonte<br />

POR TERESA MELLO<br />

Um restaurante de família, onde os<br />

nomes dos pratos homenageiam a sogra,<br />

o sogro, a tia, a cunhada. Onde o filho,<br />

Vitor, comanda o caixa, enquanto o pai,<br />

Anderson, chef e sócio da casa, fiscaliza<br />

os pratos, os 19 funcionários e percorre<br />

as mesas distribuindo simpatia, e a mãe,<br />

Fabiana, faz a ponte entre a cozinha e o<br />

bufê. Onde, às 14h, ainda é possível<br />

saborear comida quentinha, servida em<br />

enorme fogão a lenha, que, na verdade,<br />

é aquecido a gás. Assim é o Capital de<br />

Minas, na 210 Sul.<br />

Em 2004, Anderson Ferreira, de 39<br />

anos, veio passar férias em Brasília na<br />

casa do cunhado Leandro Tavares, 32,<br />

ex-jogador do Atlético Mineiro, e os dois<br />

começaram a matutar: por que não abrir<br />

aqui um restaurante semelhante ao<br />

Xapuri, um dos melhores de Belo<br />

Horizonte, localizado na Pampulha<br />

Lá, Anderson foi cria de Nelsa Trombino,<br />

com quem trabalhava havia quase duas<br />

décadas. No início deste ano, depois de<br />

algumas tentativas frustradas, o ponto<br />

certo apareceu na Asa Sul. Faltava só o<br />

nome: “Nós queríamos homenagear JK<br />

e Belo Horizonte”, diz Anderson.<br />

4


Fotos: Lula Lopes<br />

Conseguiram. Não só pela culinária,<br />

mas também pela arquitetura interior,<br />

projetada para acomodar até 160<br />

pessoas, atendidas diariamente a partir<br />

das 11h até o último cliente. Cliente que<br />

também é homenageado com um preço<br />

especial de inauguração: <strong>R$</strong> 20,60 por<br />

pessoa no almoço, com cerca de 30<br />

pratos à disposição durante a semana.<br />

Sábado é dia de feijoada e domingo é<br />

um festival de quase 50 variedades no<br />

bufê. Depois, rodízio de doces, café<br />

com rapadura e broinha de fubá.<br />

A COMIDA MINEIRA DA ROÇA FOI<br />

apresentada ao garoto na casa da avó,<br />

em Fidalgo. Dona Maria das Mercedes,<br />

ela sim, tinha um autêntico fogão a<br />

lenha. Enquanto os primos brincavam<br />

pelo sítio, Anderson ficava ao lado da<br />

avó, só assuntando: “Eu sentava na<br />

beira do fogão, ajudava a fazer doce<br />

de ambrosia, goiabada cascão, e ajudava<br />

a lavar os pratos”, recorda-se.<br />

Agora, no Capital de Minas, o<br />

ambiente externo reproduz um pouco<br />

da Praça da Estação, em Belo Horizonte,<br />

com seus lampiões, mesas de pé de ferro,<br />

jardineiras e palmeiras. No interior,<br />

espalham-se objetos adquiridos em<br />

Tiradentes, como luminárias feitas de<br />

cipó trançado. Os detalhes estão até nos<br />

banheiros, onde dançam bailarinas feitas<br />

de casca de coco. O piso superior, por<br />

enquanto reservado a grupos fechados,<br />

tem mesas de madeira de demolição<br />

sustentadas por pés de trilhos de trem.<br />

Feijão tropeiro, arroz, couve, tutu,<br />

abóbora, torresmo, costelinha, frango,<br />

filé acebolado, panqueca de banana,<br />

ovo frito, farofa, pão de queijo, lingüiça<br />

e tudo mais que o chef mandar.<br />

Quem quiser só petiscar pode pedir<br />

uma porção de trancinha de mussarela<br />

na chapa, com pão de alho, ou bolinho<br />

de mandioca com mussarela ou ainda<br />

lingüiça com cebola. “A lingüiça é<br />

fabricada aqui mesmo no restaurante”,<br />

avisa Anderson.<br />

À noite, os clientes contam com<br />

serviço de manobrista e as opções estão<br />

no cardápio, divididas em frango, carne,<br />

na moranga e saladas, em porções<br />

“pra mim e procê” e “pra nóis quatro”.<br />

Tem a salada da tia Lita, preparada com<br />

folhas, legumes e frutas (<strong>R$</strong> 25,40 para<br />

duas pessoas), a costelinha da Berereu,<br />

o filé da Paulinha, o frango do Zé Gu,<br />

a feijoada do Lê, tudo em família.<br />

Há pratos feitos por encomenda,<br />

indicados para alimentar seis pessoas,<br />

como o leitão assado com arroz,<br />

tropeiro e couve.<br />

A sobremesa, também de fabricação<br />

própria, inclui rodízio de doces, a<br />

<strong>R$</strong> 7,<strong>90</strong>. “Hoje são apenas 15 opções,<br />

porque ainda não consegui matériaprima<br />

adequada, mas meu objetivo é<br />

ter o dobro”, anuncia o entusiasmado<br />

chef, que promove reuniões com sua<br />

equipe toda semana: “Faço questão de<br />

ir a todas as mesas e falo para os garçons<br />

serem cordiais e sorridentes. O garçom<br />

é a cara do restaurante”, ensina.<br />

Capital de Minas<br />

210 Sul – Bloco B (3244.9976)<br />

Aberto diariamente das 11h<br />

até o último cliente.<br />

5


águanaboca<br />

A “alma” do<br />

Mercado Municipal<br />

Eles cativam a<br />

freguesia com sua<br />

dedicação, bom<br />

humor e paixão<br />

pelo que fazem.<br />

Conheça um pouco<br />

da história desses<br />

personagens.<br />

POR VICENTE SÁ<br />

FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />

Quando as portas do Mercado<br />

Municipal se abrem e o ar da rua passeia<br />

entre os móveis, víveres e produtos, ele<br />

também chega. Distraído, espreita as<br />

coisas e as pessoas como um velho<br />

mágico prestes a entrar em cena. Ele<br />

é um dos poucos que ainda fazem do<br />

ofício de fazer pão um pequeno milagre<br />

diário e um gesto artístico. Aos 87 anos,<br />

Antônio Francisco da Silva é um<br />

exemplo de dedicação e conhecimento.<br />

Depois de trabalhar nas maiores e<br />

melhores casas de pão do Rio de Janeiro<br />

e São Paulo – lá comandou, por mais de<br />

dez anos, a equipe da centenária<br />

“Italianinha”, talvez a mais tradicional<br />

e respeitada padaria da capital<br />

paulistana e do país – seo Antônio,<br />

que já encarara muitas<br />

adversidades na vida, deu<br />

um jeito de driblar mais uma,<br />

Totó: sempre com a mão na massa<br />

6


a aposentadoria: veio para Brasília, onde<br />

continua fazendo, para felicidade geral,<br />

o pão nosso de cada dia.<br />

Assim como o pão que retira do<br />

forno todos os dias, às dez da manhã<br />

e às quatro da tarde, devagar ele tira<br />

do peito um pouco de sua história.<br />

Aos 11 anos já conhecia os rudimentos<br />

e exercia o oficio de padeiro na<br />

pequenina cidade de Fazenda Nova,<br />

interior de Pernambuco. Mas, por<br />

desavenças familiares, ansiedade ou<br />

destino, ele não se lembra bem, fugiu<br />

de casa só com a roupa do corpo e<br />

acabou por conseguir emprego numa<br />

padaria de beira de estrada.<br />

Lá, entre as massas de pão e o forno,<br />

cresceu, casou-se com a filha do dono,<br />

teve duas filhas e só saiu para servir ao<br />

Exército durante a Segunda Guerra<br />

Mundial, o que mudou o rumo do seu<br />

destino. Ao voltar, sua mulher havia<br />

falecido e o sogro, desgostoso e sem<br />

notícias dele, mudara-se para São Paulo<br />

com as duas filhas de Antonio, que ele<br />

nunca mais viu.<br />

Princípios de vida dramáticos<br />

como esse parecem fazer parte da<br />

alma nordestina. Assim, Antônio não<br />

reclamou e seguiu em frente. Mudou-se<br />

para o Rio de Janeiro e retomou a<br />

profissão de padeiro. Casou-se, teve<br />

filhos, enviuvou, casou-se de novo e<br />

novamente ficou viúvo. Até outro dia<br />

morava em São Paulo com uma filha.<br />

Agora, em Brasília, divide seus dias entre<br />

o Mercado Municipal, uma pensão na<br />

W3 Sul e a vontade de conhecer melhor<br />

a capital da República.<br />

Duas vezes ao dia vai ao Mercado e,<br />

como quem segue um ritual religioso,<br />

prepara a panhoca e o silão – pães<br />

italianos dos mais tradicionais – que<br />

depois recebem um dos nove recheios<br />

que são especialidades da padaria.<br />

Quando o aroma se espalha entre os<br />

fregueses, é possível ouvir comentários<br />

curiosos como o de Michelle, de 5 anos,<br />

que no colo do mãe pergunta: “Mãe,<br />

aquele velhinho ali é o pai do pão"<br />

Uma idiossincrasia de seo Antonio:<br />

quase perde as estribeiras quando<br />

tentam fotografá-lo. Não deu a menor<br />

chance ao fotógrafo da <strong>Roteiro</strong>,<br />

retirando-se apressadamente da padaria.<br />

ARI DO BACALHAU Dez e meia da<br />

manhã. O Mercado Municipal começa<br />

a tomar jeito de mercado: barulho,<br />

encontros, conversas e acima de tudo<br />

isso os “reclames” que vêm da banca do<br />

bacalhau, descontraindo o ambiente.<br />

É mesmo impossível entrar no Mercado<br />

sem reparar no Ari do Bacalhau, visto<br />

em plena atividade na foto aí de cima.<br />

Dono de um estilo muito particular<br />

de trabalhar, sua voz anima não só os<br />

fregueses como também os colegas<br />

de serviço. Seus bordões e sua bem<br />

humorada algazarra dão o toque de<br />

feira ao mercado e tiram qualquer<br />

sisudez da prática do “compra e vende”.<br />

Paulista de Andradina, Ari ainda<br />

estranha o publico brasiliense, que<br />

também não está acostumado ao seu<br />

modo de vender. “Os fregueses daqui<br />

ainda não ficam totalmente à vontade<br />

com o ambiente de mercado, com<br />

a nossa abordagem. Mas já estão se<br />

acostumando e percebendo que o nosso<br />

tratamento é bom, é vip, pois a gente<br />

oferece, troca idéias, dá dicas, o que<br />

é muito melhor do que só ficar<br />

esperando calado”.<br />

Na sua barraca, o palmeirense<br />

mostra aos fregueses como se limpa,<br />

se corta, se tira as espinha e se dessalga<br />

o bacalhau. “Até preparar eu ensino,<br />

só não ensino como comer”, brinca.<br />

O INCANSÁVEL TOTÓ Só no início da<br />

tarde ele é definitivamente percebido,<br />

embora tenha estado lá o tempo inteiro.<br />

É quando os clientes se dão conta da<br />

imensidão de sua presença. Talvez<br />

porque ele esteja sempre em movimento,<br />

não pare nunca. Seu jeito mignon é<br />

sentido em todos os cantos do Mercado.<br />

7


águanaboca<br />

Num momento, conversa com um<br />

funcionário; em seguida, orienta outro a<br />

arrumar uma coisa aqui ou acolá e, entre<br />

tantos afazeres, ainda encontra tempo<br />

para atender a freguezia. Parece que<br />

ainda se move sobre patins, como nos<br />

tempos em que defendia a seleção<br />

brasileira de hóquei. Ir ao Mercado é<br />

assistir ao balé movimentado de Luis<br />

Antônio Nascimento Veiga, o Totó.<br />

Dizem que quem faz o que gosta<br />

não se cansa nunca. Talvez por isso Totó<br />

tenha toda essa disposição. Afinal, a vida<br />

de feirante está no sangue da família<br />

há três gerações. “Meu avô foi um dos<br />

fundadores do Mercado Municipal de<br />

São Paulo, em 1933”, confirma, entre<br />

um trago do cigarro e uma ordem a<br />

outro funcionário.<br />

Desde 1980 Totó cuida de sua<br />

barraca no “mercadão” paulistano,<br />

onde conheceu Jorge Ferreira, um dos<br />

maiores empreendedores do mercado<br />

gastronômico brasiliense (é dono<br />

também do Feitiço Mineiro, Bar<br />

Brasília, Monumental, Armazém do<br />

Ferreira, Bar Brasil, Café do Brasil,<br />

Brahma Express e pizzaria Gordeixo).<br />

De tanto lhe mandar fregueses de<br />

Brasília, Jorjão acabou por tornar-se<br />

um dos sócios de Totó na criação do<br />

Mercado Municipal daquí.<br />

Além dos queijos, do bacalhau,<br />

dos produtos a granel e da variedade<br />

de temperos, Totó fez questão de trazer<br />

para Brasília também o que chama de<br />

“espírito do mercado” . Ele se refere ao<br />

barulho do mercado, aos cheiros, à<br />

conversa, aos gritos dos vendedores.<br />

“É o contrário daquele silêncio triste<br />

dos supermercados”, define o feirante.<br />

E nesse desafio vale tudo, até se<br />

transformar em vários.<br />

VANDA DOS QUEIJOS Enquanto escurece<br />

nas ruas da capital, as luzes se acedem<br />

no Mercado e outra coisa nos chama<br />

a atenção: a barraca dos queijos. Dona<br />

de uma variedade que salta aos olhos<br />

e aguça o paladar, é outra marca<br />

importada do Mercado Municipal<br />

de São Paulo. Nela, uma mocinha<br />

simpática, quase uma menina, dá<br />

dicas, receitas e recomendações.<br />

Sempre sorrindo, a paraibana Vanda<br />

Araújo (essa mesma aí da foto) mostra<br />

que aprendeu direitinho nos cinco anos<br />

que passou no mercado paulistano.<br />

Com seu jeito carinhoso, oferece não só<br />

os produtos de sua barraca como também<br />

dá algumas boas dicas para os fregueses.<br />

“Normalmente eles já chegam querendo<br />

saber qual é o tipo de queijo para tal<br />

situação, tantas pessoas, qual o vinho.<br />

Aí a gente vai explicando, oferecendo<br />

provas para degustação e eles saem<br />

felizes, que é o que importa”, diz Vanda.<br />

Ela e o marido, também paraibano,<br />

se revezam na barraca e garantem um<br />

tratamento diferenciado para aqueles<br />

que querem uma boa noite de queijos e<br />

vinhos. “Os brasilienses são ótimos de<br />

trabalhar. São curiosos, perguntam muito<br />

e não são nada esnobes. Gostam mesmo<br />

dos conselhos que nós damos”, elogia.<br />

Quando o Mercado Municipal fecha<br />

as portas, fica com a aparência de um<br />

antigo e entristecido teatro. As sombras<br />

e o silêncio lhe são mortais. Ainda bem<br />

que a noite sempre é passageira e<br />

amanhã tem mercado outra vez.<br />

Mercado Municipal<br />

W3 Sul – Quadra 509 (3244.0639)<br />

De 2ª a sábado, das 8 às 22h. Domingo, das<br />

8 às 15h<br />

8


pão&vinho<br />

Volta ao mundo à beira do lago<br />

ALEXANDRE DOS SANTOS FRANCO *<br />

Mais comum durante o inverno ou<br />

a primavera, o Mistral é um vento frio<br />

e seco que sopra da terra, originando-se<br />

na costa meridional da França e se<br />

prolongando pela Espanha e Itália.<br />

Desta feita, soprou à entrada do inverno<br />

e à costa lacustre de Brasília. E, embora<br />

não tenha falhado à França, Espanha<br />

e Itália, fez questão de passear pela<br />

Argentina, Chile, Uruguai, África do<br />

Sul, Austrália, Nova Zelândia, Portugal,<br />

e, pasmem, até a Grécia.<br />

Uma verdadeira “volta ao mundo<br />

em mais de oitenta goles”. São notórias<br />

as vantagens desse tipo para os<br />

consumidores finais, bem como para<br />

os negociantes de vinhos. Por um preço<br />

inferior ao valor de uma ou duas<br />

garrafas, pôde-se degustar quase 200<br />

rótulos das mais diversas procedências,<br />

castas varietais e cortes, dando-se ao<br />

degustador a chance de comparar<br />

aromas, sabores e cores, com preços e<br />

procedências que lhe permitiram formar<br />

mais claramente suas preferências ênicas.<br />

No último 31 de maio, a importadora<br />

de vinhos Mistral, uma das maiores do<br />

Brasil, dona de invejável catálogo e já<br />

instalada e atuante em Brasília, realizou<br />

no LakeSide Hotel o Tour Mistral 2007.<br />

Foi o reconhecimento da Capital<br />

Federal como um dos cinco mais<br />

importantes mercados consumidores<br />

de vinhos no Brasil de hoje, juntando-se<br />

a São Paulo, Rio de Janeiro,<br />

Belo Horizonte e Curitiba.<br />

O evento foi muito bem organizado,<br />

desde as reservas e a recepção até a<br />

possibilidade de compras. Houve claro<br />

privilégio às marcas novas e novos<br />

rótulos de marcas tradicionais. Uma<br />

grata surpresa foi o comparecimento<br />

pessoal de alguns famosos proprietários<br />

de grandes vinícolas, como o simpático<br />

Luis Pato, maior e mais importante<br />

vinicultor da Bairrada, uma das mais<br />

fortes regiões produtoras de Portugal.<br />

A maior novidade ficou por conta<br />

das novas importações procedentes<br />

da Grécia. País com longa tradição<br />

na produção vínica, mas raramente<br />

representado no Brasil por seus vinhos,<br />

agora se fez presente, na figura do<br />

produtor Gaía. Além de seu mais<br />

tradicional vinho resinado, Ritinitis<br />

Nobilis, de sabor e aroma bastante<br />

incomuns aos nossos costumes, mas<br />

nem por isso menos agradável de se<br />

experimentar, tem sua característica<br />

mineral como principal indicativo<br />

de harmonização com comida,<br />

especialmente alguns frutos do mar, e<br />

certamente toda a sorte de pratos gregos.<br />

Alguns dos melhores “custos x<br />

benefícios” da noite foram os chilenos<br />

Amayna, tanto os típicos e deliciosos<br />

Sauvignon Blanc e Pinot Noir quanto<br />

o supreendente Sauvignon Blanc Barrel<br />

Fermented, e ainda o vinho branco<br />

português Talhão 1, da Quinta da<br />

Lagoalva de Cima. No salão de provas<br />

tive a oportunidade de ver e conversar<br />

sobre os caldos com Dom Francisco<br />

e Aldric Muggler, entre outros<br />

representantes de restaurantes e lojas<br />

da cidade que lá estavam para descobrir<br />

novidades para seus clientes.<br />

A Mistral de Brasília passa, neste<br />

momento, por uma situação complicada<br />

para seus clientes, já que se encontra<br />

em processo de alteração de loja para<br />

atacadista, com vislumbres ao papel<br />

de “atacarejo”, sobre o qual, em artigo<br />

anterior, já tivemos a oportunidade<br />

de discorrer. Lá, por enquanto, só pode<br />

comprar quem puder fazê-lo através<br />

de pessoa jurídica, ou quem aguardar<br />

uma entrega vinda da loja de São Paulo.<br />

Como a alteração se destina à obtenção<br />

de boas vantagens fiscais, só nos resta<br />

esperar que parte delas revertam em<br />

favor dos consumidores, na forma<br />

de diminuição dos preços.<br />

Foi, enfim, para os apreciadores<br />

de vinho de Brasília, uma ótima<br />

oportunidade de se “embriagar”, não<br />

de álcool, como se poderia esperar, mas<br />

dos prazeres que essa majestosa bebida<br />

pode nos dar em sabores, olfatos,<br />

amizades e trocas de experiências.<br />

*Empresário e enófilo<br />

11


picadinho<br />

Temporada<br />

de whisky<br />

Dólar em baixa, bom momento para<br />

viajar para o exterior e também para<br />

apreciar um whisky no Bier Fass do<br />

Gilberto Salomão. O Clube do Whisky<br />

está com excelentes preços: Johnny<br />

Walker Red a <strong>R$</strong> 96 e Black a <strong>R$</strong> 130.<br />

Temporada<br />

de risoles<br />

Momento muito bom ainda para<br />

quem é viciado nos irresistíveis risoles<br />

do Camarão 206. Está de volta a<br />

promoção de dois risoles com um<br />

refrigerante lata (ou suco) por<br />

apenas <strong>R$</strong> 9,<strong>90</strong>.<br />

Aniversário<br />

apimentado<br />

A Valentina Pizzaria, da 214 Norte,<br />

acaba de lançar um brinde original<br />

para agradar os aniversariantes.<br />

Quem comemorar sua data lá fatura<br />

na hora um vidro de pimentas em<br />

conversas. Calma, meu amigo! Tratase<br />

de uma linda peça decorativa da<br />

loja Especiarias & Cia, de Curitiba.<br />

Direto da fonte<br />

A Miolo Wine Group anunciou que<br />

pretende duplicar o volume de<br />

vendas pela internet até 2008.<br />

A empresa investiu na qualificação<br />

e treinamento da equipe e<br />

reestruturação do setor de vendas.<br />

Com isso, nós, consumidores de<br />

vinho, podemos esperar rapidez e<br />

qualidade no atendimento da loja<br />

virtual (www.miolo.com.br), que<br />

conta com alguns produtos exclusivos,<br />

não encontrados em supermercados<br />

e lojas especializadas. Um deles é o<br />

Miolo Lote 43, campeão de vendas<br />

no site. Talvez seja a melhor hora de<br />

testar uma forma não muito usual de<br />

comprar a bebida.<br />

Reabertura<br />

do L’affaire<br />

A mudança de endereço do L’affaire<br />

não foi tão drástica – do Mercure<br />

Hotel para o Mercure Apartments,<br />

no mesmo Setor Hoteleiro Norte.<br />

Em compensação, o cardápio foi<br />

reformulado pelo chef Marcello<br />

Piucco para atender aos mais<br />

variados gostos. Uma das novidades<br />

é o risoto Paz e Amor (<strong>R$</strong> 45), com<br />

lulas e camarões ao vinho branco,<br />

páprica, tiras de tomate assado e<br />

azeite de trufas. O novo espaço é<br />

bem mais amplo, com capacidade<br />

para 150 pessoas, a decoração mais<br />

despojada e a adega tem mais de<br />

1.500 garrafas de cerca de 250<br />

rótulos de vinhos fornecidos pela<br />

Grand Cru.<br />

Sabores sem fronteiras<br />

Nos dias 21 e 22, o chef Vicente Más<br />

Gonzalez – o Paquito – faz os dois<br />

últimos jantares da edição espanhola<br />

do festival Sabores Sem Fronteiras,<br />

no Espaço Gourmet do Mercado<br />

Municipal. Paquito nasceu em<br />

Valência e veio para o Brasil com<br />

apenas 12 anos. Atualmente<br />

comanda o restaurante Parador<br />

Valência, em Itaipava, no Rio de<br />

Janeiro. Seu jantar terá cinco etapas:<br />

o bienvenido será a tortilla de batata<br />

e cebola ao alho e óleo. De entrada,<br />

camarão com salmão defumado e<br />

redução de manga com gengibre.<br />

O primeiro prato será o pato ao<br />

molho de amêndoas com purê de<br />

maçã; o segundo, paella marinera.<br />

E para fechar com chave de ouro,<br />

de sobremesa, a Torta de Santiago<br />

com crosta de coco. Os jantares,<br />

que incluem vinhos harmonizados,<br />

custam <strong>R$</strong> 125 por pessoa.<br />

Mundo Vinho<br />

Se o interesse não é comprar,<br />

mas apenas se informar sobre<br />

vinhos, uma boa opção é o portal<br />

www.mundovinho .com.br, que<br />

entrou no ar dia 4 junho. O site<br />

explora em detalhes os principais<br />

vinhos vendidos no mercado<br />

brasileiro. Cada vinho conta com<br />

uma descrição para leigos e outra<br />

para especialistas, além de sugestões<br />

de harmonização e endereços onde<br />

encontrar o produto. É possível<br />

também localizar o vinho analisado<br />

por tipo, país e faixa de preço.<br />

Outro recurso bem interessante é<br />

um serviço de consultoria gratuito,<br />

no qual o usuário descreve a ocasião<br />

em que o vinho será consumido e<br />

os especialistas do site sugerem<br />

algumas opções.<br />

Massas e molhos<br />

Boa notícia para os proprietários de restaurantes que pretendem investir<br />

na capacitação de sua equipe. O IESB está criando vários cursos de extensão<br />

em gastronomia voltados para cozinheiros interessados em profissionalizar<br />

suas práticas. O primeiro deles é o de molhos e massas, que começou dia<br />

11 de junho. As aulas – 100% práticas – acontecem nas modernas cozinhas<br />

demonstrativas e práticas do IESB, com a supervisão dos professores Lucas<br />

Fernandez Arteaga e Pablo Alejandro André. As inscrições ainda estão<br />

abertas – são 32 vagas no total. O investimento de <strong>R$</strong> 450 dá direito<br />

a material didático que inclui pasta com receitas, avental e chapéu.<br />

Mais informações: 3445.4575<br />

12


POR RODRIGO OLIVEIRA<br />

Receitas de<br />

uma diva<br />

A cantora lírica que<br />

fascinou o mundo<br />

tinha uma outra<br />

habilidade<br />

desconhecida da<br />

maioria. A “Divina” Maria Callas<br />

era excelente cozinheira. Tinha mania<br />

de colecionar algumas receitas que<br />

recortava de jornais ou que pedia<br />

aos chefs dos restaurantes que<br />

freqüentava – além de inventar<br />

outras. Passados 30 anos da morte<br />

da diva italiana, esse talento oculto<br />

veio à tona com o lançamento do<br />

livro A Paixão Secreta de Maria Callas<br />

– Histórias, Receitas e Sabores,<br />

organizado por Bruno Tosi,<br />

presidente da Associação Cultural<br />

Maria Callas de Veneza. Editado pela<br />

Mercuryo, o livro tem 200 páginas<br />

recheadas com belas fotos, receitas<br />

e histórias que levam o leitor a<br />

conhecer os aromas marcantes<br />

na vida de um mito.<br />

Receitas de<br />

uma viúva<br />

Seria um livro de receitas como o<br />

de qualquer outra dona de casa, a<br />

não ser por um detalhe: os grandes<br />

nomes da política que provaram os<br />

pratos. O livro Lila Covas – Histórias<br />

e Receitas de Uma Vida, lançamento<br />

da Editora Global, traz as receitas<br />

que a mulher de Mário Covas<br />

preparava nas memoráveis reuniões<br />

que ocorriam na casa do governador<br />

de São Paulo. Escrito pela jornalista<br />

Luci Molina, que atuou como<br />

assessora de imprensa no governo<br />

Covas, o livro traz depoimentos<br />

e receitas de amigos de dona Lila,<br />

como a atriz Eva Wilma e o maestro<br />

John Neschling.<br />

Arraial à beira do lago<br />

O Bier Fass do Pontão do Lago Sul<br />

entrou no clima festivo de junho.<br />

Até o final do mês a casa fica<br />

decorada com bandeirinhas, balões e<br />

espantalhos. A música ambiente será<br />

sempre com ritmos regionais. Até os<br />

garçons entram no clima vestindo<br />

roupas caipiras. E nas as sextas-feiras<br />

tem bufê de comidas típicas:<br />

quentão, canjica, amendoim, milho<br />

verde cozido, arroz doce, curau, bolo<br />

de milho, bolo de fubá, cocada,<br />

paçoquinha, pipoca e doces.<br />

Café com teatro<br />

O projeto Teatro de Quinta está de<br />

volta no Café da Rua 8 (408 Norte).<br />

Todas as quintas-feiras, os atores<br />

Similião Aurélio e Ribamar Araújo<br />

se revezam no palco do café, com<br />

esquetes cômicas – sempre inéditas<br />

– e levando toda semana um<br />

convidado especial para apimentar<br />

a apresentação.<br />

EU RECOMENDO...<br />

o Talharim à Matriciana do<br />

Ninny (209 Norte). Sempre<br />

que vou à cantina com<br />

meus amigos, anuncio<br />

que pedirei outro prato<br />

desta vez, leio o cardápio<br />

inteiro e acabo não<br />

conseguindo mudar.<br />

Rilson Raposo Filho<br />

Empresário e assinante da <strong>Roteiro</strong><br />

Vodka preta<br />

A importadora Canevari<br />

acaba de trazer ao Brasil<br />

a vodca Blavod – única<br />

no mundo com<br />

coloração escura.<br />

O tom é resultante<br />

da presença da erva<br />

asiática Catechu, que<br />

não altera o sabor da<br />

bebida. É ideal para a<br />

elaboração de drinques<br />

coloridos e divertidos,<br />

combinando bem com<br />

frutas, energéticos,<br />

refrigerantes e outras<br />

bebidas.<br />

Do freezer<br />

para a boca<br />

A Sadia está lançando sobremesas<br />

que batem o recorde de praticidade.<br />

Trata-se da nova linha de Frozen<br />

Mousses. Em três sabores – chocolate<br />

com raspas de chocolate, maracujá<br />

e chocolate com mousse de coco –<br />

o produto já sai do freezer pronto<br />

para o consumo. Nem é necessário<br />

descongelar.<br />

Vinho quente<br />

Neste friozinho junino, as noites<br />

de São João, São Pedro e demais<br />

santos pedem bebidas capazes de<br />

“esquentar a alma” para enfrentar o<br />

sereno dos arraiais candangos. Uma<br />

bebida tradicional – e sempre bem<br />

amada – é o vinho quente, que tem<br />

preparo simples. Basta ferver, por<br />

pouco mais de dez minutos, um litro<br />

de vinho tinto, uma xícara de chá de<br />

água, uma maçã cortada em cubos<br />

pequenos, uma xícara e meia de<br />

açúcar, alguns pedaços de canela em<br />

pau, dez cravos da índia, casca ralada<br />

de uma laranja e casca ralada de um<br />

limão. O ideal é servir a bebida em<br />

canecas de barro, ainda fumegando.<br />

A receita é do site www.cybercook.<br />

com.br. Lá também há boas dicas de<br />

preparo de canjica, quentão, maçã<br />

do amor e pamonha salgada. Depois,<br />

é só participar da corrida do saco ou<br />

do pau-de-sebo pra exorcizar todas<br />

as calorias que vêm junto<br />

com as gostosuras.<br />

13


Mi Buenos Aires…<br />

LUIZ RECENA<br />

garfadasegoles<br />

@alo.com.br<br />

Ciudad portenha de mi único querer. O canto de Gardel ecoa na memória assim que o avião decola. E, de<br />

novo, brota do passado em cada esquina dessa cidade charmosa, com personalidade forte e atrações ímpares.<br />

A última década não foi mãe generosa com o país, nem com sua capital. Mas a Argentina não chorou e tocou<br />

seu barco. Devagar no nevoeiro, rápido com bom tempo. Volto quase cinco anos depois e encontro uma<br />

cidade reerguida, outra vez altaneira. Portenhas e portenhos mais simpáticos e profissionais. O turismo<br />

cresce e ajuda a volta por cima. Desta vez, os pontos tradicionais ficaram para trás, dando preferência aos<br />

compatriotas de primeira viagem. Indicações e descobertas marcaram a pauta prioritária. Alguns resultados<br />

desse contra-fluxo gastronômico estão nas próximas linhas. Salud!<br />

14garfadas&goles<br />

Parrilla lusitana<br />

Antiga e um pouco escondida, a parrilla El Português<br />

(Baez, 499, Palermo Las Cañitas) surpreende desde<br />

o primeiro minuto. Pela qualidade alta e pelo preço<br />

baixo. Todos os pratos são para compartir, repete<br />

o cardápio a cada página. Garçom mais antigo<br />

da casa, el Maestro tem a cabeça branca e o ar<br />

impaciente de experiência feito. Meia porção<br />

Jamais! Vinho O melhor é Don Valetin lacrado,<br />

vou buscar uma garrafa. Jamon crudo como entrada<br />

e Milanesa de Ternera como prato principal. A<br />

porção é obelística. Água e papas fritas completam.<br />

Total: US$ 25. Indicação: Claude “Toca” Capdeville.<br />

Primeira descoberta<br />

A hora do almoço avança e o frio aperta. As indicações<br />

falharam. Mas, em Buenos Aires, é difícil ficar sem<br />

comer. Al Carbón surge, acanhado de porta, amplo<br />

no interior. Três andares de mesas. A salvação vem com<br />

o maître Reynaldo, paraguaio, há 14 anos na capital.<br />

Conhece o Brasil e os brasileiros e ajuda os colegas a<br />

decifrar o português dos turistas. Riñones de entrada,<br />

com uma taça de Santa Julia Roble, tinto encorpado.<br />

Pratos principais: asado de tira e ravióli de salmon e<br />

truta. Uma garrafa de Doña Paula 2005, Malbec de<br />

raça, de vinícola pequena. Detalhe: o pão vem em<br />

cesta feita de massa de pão. Original. Dura um mês.<br />

Água, coca e couvert completam. Total: US$ 47.<br />

Segunda descoberta<br />

Menos de um mês de vida, a parrilla La Rosalía já<br />

disse a que veio: competir com simpatia, eficiência e<br />

qualidade. Nota 10 para a somelier Cris, seis anos<br />

em São Paulo, português correto, sabe do assunto.<br />

O Catena não tinha chegado. Deu lugar a um<br />

Fournier B-crux, Malbec e Merlot, 93 pontos na<br />

Wine Magazin. Entrada com morcilla e empanada.<br />

Principais: ojo de bife e asado de novilho. O assador,<br />

numa fornalha de carvão, sentenciou: “O gás tira o<br />

gosto da carne”. Eis uma das diferenças...Sobremesa<br />

de panquequinhas de doce de leite. Total: US$ 58.<br />

La señora descansa<br />

Domingo de sol na Recoleta. Nem só de vinho vive<br />

o homem. De cerveja também. Na segunda indicação<br />

certeira de Mr. Toca, pausa para uma Quilmes na<br />

quase centenária La Biela. Sanduíche de miga e<br />

presunto cru. Como em Paris, parciais da conta vêm<br />

junto com cada pedido. Ao final, os garçons somam<br />

de cabeça e cobram na mesa. Total, com chocolate e<br />

papas fritas: US$ 30. Do outro lado, no cemitério<br />

famoso, Evita Perón enfim descansa.<br />

Terceira descoberta<br />

Ainda em La Recova está o Súbito Sotto el Ponte,<br />

mix de italiano, criollo e nórdico, da chef Katrine<br />

Röed, norueguesa há muito anos na cidade. Maître<br />

Oscar sabe muito de vinho e dá ótimas sugestões.<br />

Polvo à galega de entrada. Principais: nhoque de<br />

espinafre ao molho parmesão, filezinhos de cordeiro<br />

ao aceto balsâmico rebaixado com mel e molho de<br />

carne . Um Escorihuela Malbec fez sólida guarda.<br />

Total: US$ 66.<br />

Pecado no convento<br />

El Claustro fica dentro do antigo convento de Santa<br />

Catarina de Siena (San Martin, 705). Onde eram as<br />

celas e o local dos banhos das freiras estão agora as<br />

salas, de pedras grossas e frias, do restaurante. O frio<br />

acaba aqui. O resto é calor humano, do maître José<br />

Reales, e comida de qualidade, do chef Rolando<br />

Benitez. Entrada: camembert gratinado com ervas<br />

sobre leito de torrada. Único! Principais: filé alto<br />

com purê rústico e espinafre salteado; ojo de bife ao<br />

molho de cogumelos. Cinco taças de San Felicien,<br />

duas de Chardonnay e três de Cabernet Sauvgnon.<br />

Total: US$ 51. Indicação certeira: Celso Kaufman.<br />

PS: Buenos Aires voltará nas próximas colunas.<br />

Antes, uma reafirmação do que constataram Teresa<br />

e Adriano, meus queridos editores, em viagem<br />

anterior: nas cartas de vinhos, SÓ rótulos argentinos.<br />

Nos preços à mesa, um notável comedimento dos<br />

proprietários.


Fotos: Eduardo Oliveira<br />

Camarao a provencal<br />

Receita do chef Donizete Ferreira da Silva, do restaurante Diamantina<br />

INGREDIENTES<br />

• Camarões grandes – 5 unidades sem<br />

casca, pés e cabeça<br />

• 60g de arroz arbório<br />

• 1 cebola grande<br />

• 5 dentes de alho<br />

• 2 tomates sem sementes nem pele<br />

• 50g de queijo parmesão<br />

• 30g de manteiga<br />

• 30ml de azeite de oliva<br />

• Salsinha<br />

• Erva de provence<br />

• ½ cubo de caldo de galinha<br />

• 50ml de vinho branco<br />

• 300ml de água<br />

• Sal a gosto<br />

RISOTO<br />

Numa frigideira funda, coloque aproximadamente 10ml de<br />

azeite e refogue 2 dentes de alho e meia cebola. Acrescente o<br />

arroz e deixe refogar. Dissolva a metade do caldo de galinha na<br />

água morna e vá acrescentando a mistura aos poucos em fogo<br />

baixo. Se necessário, acrescente uma pitada de sal. Quando<br />

cozido o arroz, acrescente a manteiga e mexa bem até derretêla.<br />

Então, acrescente o queijo. Reserve.<br />

CAMARÃO<br />

Numa frigideira, coloque o azeite, o alho e a cebola restante<br />

e refoge o camarão por 4 ou 5 minutos. Acrescente o tomate,<br />

o vinho branco, as ervas de provence e sal a gosto. Deixe<br />

cozinhar por mais 2 minutos e acrescente a salsinha.<br />

Monte o prato com o risoto no centro e disponha os camarões<br />

e o próprio molho ao redor. Bom apetite !!!<br />

15


oteirogastronômico<br />

Armazém do Ferreira<br />

Diamantina Restaurante<br />

Restaurante inspirado no Rio de<br />

Janeiro dos anos 40. O buffet,<br />

com cerca de 20 tipos de frios,<br />

sanduíches e rodadas de empadas<br />

e quibes, com a performance do<br />

garçom Tampinha, são boas opções<br />

para os freqüentadores.<br />

Ambiente requintado e charmoso.<br />

No cardápio, um convívio<br />

harmonioso entre pratos da cozinha<br />

contemporânea e os preferidos do<br />

ex-presidente Juscelino Kubitschek.<br />

Adega climatizada.<br />

202 Norte (3327.8342)<br />

CC: Todos<br />

Azulejaria<br />

Um dos melhores Happy Hours da<br />

cidade. No cardápio espumantes,<br />

petiscos, sanduíches, carpaccios,<br />

ostras e cervejas importadas. No<br />

almoço, buffet de saladas e pratos<br />

quentes.<br />

BRASILEIROS<br />

Hotel Kubitschek Plaza<br />

(3329.3774) CC: todos<br />

Esquina da Vila<br />

A traíra sem espinhas é o principal<br />

prato da casa, mas a peixada ao<br />

molho, os filés de truta, salmão,<br />

badejo e surubim grelhados - com<br />

seus deliciosos acompanhamentos -<br />

fazem da casa, com seu estilo único,<br />

uma excelente opção.<br />

408 Sul (3443.0698)<br />

CC: Todos<br />

Vila Planalto(3306.2539)<br />

CC: todos<br />

Bar Brasília<br />

La Leopolda<br />

Fotos: Eduardo Oliveira<br />

BARES<br />

Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem<br />

decoração caprichada, com móveis e<br />

objetos da primeira metade do século<br />

XX. Destaques para os pasteizinhos.<br />

Sugestão de gourmet: Cordeiro<br />

ensopado com ingredientes<br />

especiais, que realçam seu sabor.<br />

506 Sul Bloco A (3443.4323)<br />

CC: Todos<br />

Bar e Pizzaria do Brás<br />

Cerveja gelada e buffet. Mais de 40<br />

opções de frios e petiscos. De 2ª a<br />

6ª, buffet no almoço. Aos sábados,<br />

feijoada e cachaças, além do buffet<br />

de massas e saladas. Todos os dias<br />

rodízio de pizzas, caldos e massas.<br />

BUFFET DE FESTA<br />

Referência em criatividade,<br />

qualidade e eficácia em buffet de<br />

alta gastronomia.Em seis anos de<br />

trabalho coleciona cinco prêmios. Os<br />

produtos são elaborados por Emília<br />

Ferrero e executados por Ricardo<br />

Ferrero. Realiza eventos sociais e<br />

empresariais.<br />

QI 21 Bl. A (3366.1110/3078)<br />

Sweet Cake<br />

É um dos mais renomados buffets<br />

de festa da cidade, com mais de<br />

dez anos de experiência. Além dos<br />

salgados e doces finos oferecidos<br />

no buffet, destaque para o Risoto de<br />

Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao<br />

Molho de Alecrim e o Filé ao Molho<br />

de Tâmaras.<br />

107 Norte (3347.4735) CC: V<br />

QI 21 do Lago Sul (3366.3531)<br />

Monumental<br />

Numa das esquinas mais valorizadas<br />

da cidade, a casa tem uma ampla<br />

varanda e o chope bem gelado. No<br />

almoço, buffet variado de saladas,<br />

massas e grelhados. À noite, as<br />

lingüiças mineiras estão entre os<br />

petiscos mais pedidos.<br />

201 Sul (3224.9313)<br />

CC: todos<br />

BUFFET DE RESTAURANTE<br />

Camarão 206<br />

Cardápio variado, sabor e qualidade.<br />

Buffet no almoço é o carro-chefe, com<br />

mais de 10 pratos quentes, diversos<br />

tipos de saladas e várias opções de<br />

sobremesa, a <strong>R$</strong> 35,<strong>90</strong> (2ª a 6ª) e<br />

<strong>R$</strong> 39,<strong>90</strong> (sáb, dom e feriados) por<br />

pessoa. No jantar, serviço à la carte.<br />

206 Sul (3443.4841), Liberty Mall<br />

e Brasília Shopping CC: todos<br />

16


MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />

DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

Don’ Durica<br />

Buffet no almoço consagrado pela<br />

variedade de pratos. Por <strong>R$</strong> 32,<strong>90</strong>,<br />

o cliente tem saladas, pratos quentes,<br />

massas caseiras e sobremesas.<br />

No jantar, frios a quilo, petiscos<br />

variados, sanduíches, saladas e<br />

pratos à la carte com destaque para<br />

o talharim aos frutos do mar.<br />

201 Norte (3326.1045)<br />

CC: V. M. D<br />

BUFFET DE RESTAURANTE<br />

Praliné<br />

O cardápio é bastante variado, com<br />

tortas doces e salgadas, bolos, pães,<br />

géleias, caldos quentes, quiches,<br />

tarteletes, chás, café e sucos de<br />

frutas naturais. Café da manhã por<br />

<strong>R$</strong> 11,<strong>90</strong> de 2ª a 6ª (buffet por<br />

pessoa).<br />

205 Sul bl A lj 3<br />

(3443.74<strong>90</strong>) CC: V<br />

Bier Fass Pontão do Lago Sul<br />

Um dos melhores happy hours da<br />

cidade. Uma boa pedida é o bolinho<br />

de bacalhau. Oferece opções de pizzas<br />

individuais e serve chope claro e escuro,<br />

e drinques exclusivos, como a caipirinha<br />

de morango com vinho do Porto.<br />

Exclusividade: carpaccio de bacalhau.<br />

Pontão do Lago Sul (3364.4041)<br />

CC: Todos<br />

Chiquita Bacana<br />

O Chiquita Bacana oferece almoço com pratos<br />

variados e bem servidos, como massas e<br />

grelhados. Todas as segundas-feiras, é vez da<br />

Segundona Universitária, o cliente terá 50%<br />

de desconto em todas as bebidas. Nas terçasfeiras,<br />

dose dupla de caipifruta e vodka. Aos<br />

sábados tem Feijoada a <strong>R$</strong> 12,<strong>90</strong> por pessoa.<br />

O happy hour acontece todos os dias, com<br />

chopp a <strong>R$</strong> 2,20.<br />

209 Sul (3242.1212)<br />

CC: Todos<br />

Monjolo<br />

Com cinco lojas na cidade, mantém a<br />

tradição em mais de 200 produtos de<br />

receitas típicas do interior de Goiás,<br />

preparados artesanalmente, sem<br />

conservantes ou estabilizantes. A torta<br />

Suflair é uma das tentações da linha<br />

doce. Na linha salgada, uma boa opção<br />

são as quiches, com recheios variados.<br />

404 Norte, 215 Norte, 210 Sul,<br />

103 Sudoeste e QI 13 Lago Sul (3361.7767)<br />

CHOPERIAS<br />

CONFEITARIAS<br />

Torteria Di Lorenza<br />

As mais deliciosas tortas da cidade estão<br />

na Torteria Di Lorenza. São centenas<br />

tipos. Amora Quaker, Frango com Catupiry<br />

e Sonho de Valsa Crocante estão entre<br />

as mais pedidas. Vá a uma de nossas<br />

lojas ou peça pela Loja Virtual em www.<br />

torteriadilorenza.com.br/lojavirtual.<br />

302 Sul (3266.9667), 208 Sul (3443.6366),<br />

211 Sul (3245-6000), 115 Norte<br />

(3349.7807), 213 Norte (3340.1730),<br />

Sudoeste (3344.4600), Lago Sul (3364.5096)<br />

e Brasília Shopping (3328.4853)<br />

Universal Diner<br />

Eleito O Melhor dos Melhores por<br />

votação popular na última eleição da<br />

<strong>Roteiro</strong>. Com nove anos de existência,<br />

o pioneiro na cozinha contemporânea<br />

da cidade tem como um dos carroschefes<br />

o Camarão ao molho de queijo<br />

brie, champagne e caviar, com Risoto<br />

de morango e sálvia.<br />

210 Sul (3443.2089)<br />

CC: Todos<br />

CONFEITARIAS<br />

CONTEMPORÂNEOS<br />

17


oteirogastronômico<br />

CONTEMPORÂNEOS<br />

Zuu A.Z.D.Z.<br />

Em menos de dois anos de existência,<br />

a segunda casa de Mara Alcamim já<br />

foi premiada pelas principais revistas<br />

gastronômicas do país. Agradável e<br />

intimista, aberta para almoço, de 2ª a<br />

6ª, e para jantar, de 2ª a sábado.<br />

No almoço, opções a <strong>R$</strong> 29,<strong>90</strong>.<br />

210 Sul (3244.1039)<br />

CC: A e M<br />

BSB Grill<br />

É conhecido por seu cuidado com a<br />

qualidade e o preparo da carne. Há<br />

sete anos na cidade, oferece cortes<br />

inovadores, como o bife de tira e o bife<br />

angosto, parte privilegiada do contrafilé.<br />

Destaques: Picanha Pantaneira, a<br />

Picanha em tira e o Prime Rib.<br />

304 Norte (3326.0976)<br />

413 Sul (3346.0036) CC: A, V<br />

C’est si bon<br />

A casa oferece saladas, massas,<br />

risotos, grelhados e mais de 50<br />

sabores de crepes. Adega climatizada<br />

com mais de 60 rótulos. Sugestão:<br />

Marco Polo (presunto, catupiry,<br />

tomates frescos, azeitona, cebola,<br />

palmito). Toda 2ª e 5ª música ao vivo.<br />

408 Sul (3244.6353)<br />

CC: V, M e D<br />

GRELHADOS<br />

Norton Grill<br />

Para quem não resiste a um bom<br />

grelhado, o Norton Grill é o lugar certo.<br />

Uma das especialidades da casa é a<br />

Picanha Baby com o famoso Arroz<br />

Norton e, de sobremesa, um delicioso<br />

pudim de leite.<br />

Hotel Mélia - 2º andar<br />

(3218.5550) CC: todos<br />

Crepe au Chocolat<br />

Roadhouse Grill<br />

CREPERIAS<br />

Dê asas ao chef que há em você.<br />

Toda terça, monte seu crepe com até<br />

oito ingredientes, a preços especiais,<br />

no Crepe au Chocolat da 210 Sul.<br />

Reservas pelo tel: 3443-2050<br />

210 Sul (3443.2050), 109<br />

Norte (3340.7002) CC: V, C<br />

Criado nos EUA, foi eleito por três anos<br />

consecutivos o preferido da família<br />

americana. Com mais de 100 lojas,<br />

seus generosos pratos foram criados,<br />

pesquisados e inspirados nas raízes da<br />

América. Conheça tais delícias: ribs,<br />

steaks, pasta, hambúrgueres.<br />

S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do<br />

Pier 21 (3321.8535)<br />

Terraço Shopping (3034.8535)<br />

ESPANHOL<br />

Creperia Floripa<br />

Ponto de encontro de jovens durante<br />

toda a semana. Oferece mais de<br />

30 sabores de crepes. Além dos<br />

tradicionais, os mais elaborados<br />

como o de bacalhau, strogonoff de<br />

frango ou filé. Os crepes doces mais<br />

pedidos são o de chocolate com<br />

banana e de morango.<br />

312 Sul (3445.2961) CC: V<br />

309 Norte (3202.1440)<br />

Pata Negra<br />

Ênfase na cozinha andaluza, oferece<br />

mais de 30 delícias gastronômicas,<br />

como o Jamon Pata Negra, as tapas<br />

e a tradicional paella. Para beber,<br />

o Chopp Pata Negra, sangria e boa<br />

variadade de vinhos. Jantar de<br />

segunda a sábado e almoço, sábados<br />

e domigos com delicioso buffet de<br />

paellas.<br />

413 Sul (3345.0641) CC: Todos<br />

INTERNACIONAIS<br />

Bier Fass Gilberto Salomão<br />

O Bierfass Gilberto Salomão completa<br />

em 2007 seu 38º ano de sucesso,<br />

com uma fórmula que agrega tradição,<br />

ambiente, cozinha e público diferenciado.<br />

Destaque para a cozinha internacional,<br />

variando pratos clássicos aos modernos,<br />

que influi tanto nos ingredientes usados<br />

como na apresentação dos pratos.<br />

GIlberto Salomão<br />

QI 5 Lago Sul (3248.1519)<br />

CC: Todos<br />

Oliver<br />

Ambiente romântico e intimista, com<br />

culinária mediterrânea, de inspiração<br />

italiana e influências francesas e<br />

espanholas. A proposta é oferecer<br />

cardápio variado e criativo, com saladas<br />

e frutos do mar. Para os pequenos<br />

apetites, há a versão meio prato.<br />

SCES Trecho 2, Lote 2 (3323.5961)<br />

Brasília Golfe Center CC: Todos<br />

18


MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

San Marco Hotel<br />

Aos sábados, no restaurante<br />

panorâmico do hotel, suculenta feijoada<br />

com ingredientes separados. Entradas:<br />

deliciosas batidas, acarajé e caldinho<br />

de feijão. <strong>R$</strong> 30 + 10% por pessoa ou<br />

<strong>R$</strong> 55 + 10% o casal. Música ao vivo<br />

e sobremasas inclusas.<br />

SHS Qd 5 Bl C (2103.8484)<br />

CC: Todos<br />

INTERNACIONAIS<br />

San Marino<br />

Cozinha típica de cantina italiana.<br />

De 3ª a 6ª, rodízio à noite com<br />

15 sabores de pizzas e oito de<br />

massas. Nas outras noites, somente<br />

à la carte. Durante a semana, no<br />

almoço, buffet com saladas, pratos<br />

executivos e grelhados.<br />

209 Sul (3443.5050)<br />

CC: Todos<br />

Dom Romano<br />

Desde 1988, foi pioneira em assar<br />

as pizzas no forno a lenha. As pizzas<br />

têm sabor e sotaque paulistano. As<br />

massas e molhos são de fabricação<br />

própria, e têm sabores bem caseiros.<br />

As porções bem servidas, retratam a<br />

origem italiana.<br />

QI 11 Lago Sul (3248-0078)<br />

102 Norte (3327-7776) CC: V, M e D.<br />

San Lorenzo<br />

Culinária internacional,com a<br />

combinação surpreendente de belos<br />

e saborosos pratos. Sugestões:Filé<br />

do Casé e Medalhão de Florença.<br />

No almoço, pratos executivos<br />

com atendimento ágil e opções<br />

saborosas. A adega climatizada<br />

completa o ambiente.<br />

103 Sudoeste (3201.2161)<br />

CC: Todos<br />

Felicitá<br />

A casa tem ambiente descontraído<br />

e agradável. Todos os dias Buffet de<br />

antepastos, mais de 30 sabores de<br />

pizzas, saladas e grelhados, além<br />

das massas de produção própria<br />

com grano duro. Excelente carta de<br />

vinhos. 2ª de 18h às 0h. 3ª a dom,<br />

de 12h às 0h.<br />

306 Norte (3274.5086)<br />

CC: todos<br />

Gordeixo<br />

Ambiente agradável, comida boa e<br />

área de lazer para as crianças fazem<br />

o sucesso da casa desde 1987. No<br />

almoço, além das pizzas, o buffet de<br />

massas preparadas na hora, onde<br />

o cliente escolhe os molhos e os<br />

ingredientes para compor seu prato.<br />

ITALIANOS<br />

Secondo Vercelli<br />

Promoção para as noites de maio:<br />

todas as pizzas grandes a preço<br />

único de <strong>R$</strong> 15,50, rodízio de pizzas<br />

e massas <strong>R$</strong> 11,40, chopp 300ml<br />

<strong>R$</strong> 2,59 e pratos a la carte com<br />

20% desc.<br />

403 sul (3321.6546)<br />

CC: todos<br />

Truli<br />

Um sucesso com serviços originais e<br />

rápidos. Buffet no centro do salão. O<br />

cliente monta seu pedido escolhendo<br />

até sete ingredientes para compor<br />

um prato de massa, ou salada, ou<br />

Vira-e-Mexe (arroz com feijão).<br />

Deliciosos pratos italianos à la carte.<br />

ITALIANOS<br />

306 Norte (3273.8525)<br />

CC: V, M e D<br />

201 Sul (3322.4688) Delivery<br />

(3225.4050) CC: Todos<br />

Gordeixos<br />

Pizzas assadas no forno à lenha e<br />

servidas na pedra, carnes e massas.<br />

Na Asa Sul, além do serviço à la<br />

carte, pode-se optar pelo buffet com<br />

cinco tipos de massas, três opções<br />

de molho e 20 complementos, a<br />

<strong>R$</strong> 13,<strong>90</strong> por pessoa.<br />

404 Sul (3323.8989), Sudoeste<br />

(3344.5599), Águas Claras (3435.6565)<br />

e Taguatinga (3354.1221) CC: D, M e V<br />

Villa Borghese<br />

O charme da decoração e a<br />

iluminação à luz de velas dão o clima<br />

romântico. Aberto todos os dias para<br />

almoço e jantar. Sugestão: Segretti<br />

di Netuno - camarões gigantes<br />

com molho ao pesto e molho de<br />

alcaparras, servidos com arroz de<br />

amêndoas.<br />

201 Sul (3226.5650) CC: V, M<br />

19


oteirogastronômico<br />

LOJAS DE VINHO<br />

MEXICANOS<br />

Brilho - Feira dos importados<br />

Referência desde 1997, nos ramos<br />

de bebida, charutaria e delikatessen.<br />

Na adega climatizada o cliente<br />

encontra vinhos especiais, como<br />

Romaneé Conti e Chateau Pétrus.<br />

Ambiente especial para degustação.<br />

Queijos importados e o melhor<br />

bacalhau da cidade.<br />

Feira dos Importados<br />

(3037.4533) CC: Todos<br />

www.brilhoimportados.com.br<br />

Brilho - Lago Sul<br />

A nova loja do Gilberto Salomão<br />

conta com adega climatizada e<br />

grande variedade de vinhos. Espaço<br />

exclusivo para degustações, palestras,<br />

eventos e amplo estacionamento. Os<br />

queijos, azeites, bacalhau, chocolates,<br />

acessórios e charutos completam o<br />

mix de produtos. Venha conhecer!<br />

Centro Gilberto Salomão- lj 33<br />

(3202.4533) CC: todos<br />

www.brilhoimportados.com.br<br />

Café Cancun<br />

Aos sábados, brinquedoteca e uma<br />

deliciosa Feijoada Completa, com<br />

buffet de saladas, sushi, pratos<br />

quentes, costelinha, caldinho de<br />

feijão, linguiça e acarajé. Como<br />

opcional, picanha fatiada e o buffet<br />

de sobremesa.<br />

Shopping Liberty Mall - 3202.4466<br />

Cartões: TODOS<br />

ORIENTAIS<br />

Haná<br />

Diariamente no almoço e jantar,<br />

festival de sushi e sashimi, com<br />

mais de 35 opções de pratos.<br />

Nas 2 as e 3 as , o tradicional buffet<br />

conta com o Festival do Camarão.<br />

Funciona também à la carte e tem<br />

delivery. Horário: diariamente das<br />

12h às 15h e das 19h às 24h.<br />

408 Sul (3244.9999)<br />

CC: Todos<br />

Kosui<br />

Com cinquenta pratos no cardápio,<br />

o Soba (macarrão integral com<br />

caldo quente ou frio) e o Banquete<br />

Japonês (entradas, caldos, pratos<br />

diversos, acompanhamentos e<br />

sobremesa) são os mais preferidos.<br />

O balcão, é um dos lugares mais<br />

requisitados da casa.<br />

Academia de Tênis<br />

(3316.6<strong>90</strong>0) - CC: Todos<br />

Nippon<br />

Tradicional e inovador. Sushis e<br />

sashimis ganham toques inusitados.<br />

Exemplo disso é o sushi de atum<br />

picado, temperado com gengibre e<br />

cebolinha envolto em fina camada de<br />

salmão. As novidades são fruto de<br />

muita pesquisa do proprietário Jun Ito.<br />

403 Sul (3224.0430 /<br />

3323.5213) CC: Todos<br />

Sushi Brasil<br />

NATURAIS<br />

Naturetto<br />

A casa tem um cardápio super<br />

variado de pratos quentes, sushis<br />

e sashimis. Em sistema de rodízio<br />

ou buffet, em destaque estão os<br />

Hot Rool, o combinado Be Happy, o<br />

Super Salmão entre outros. Ambiente<br />

perfeito para reunir os amigos, a<br />

família e para almoços executivos.<br />

QI 11 Lago Sul (3364.3939)<br />

CC: todos<br />

Belini<br />

O restaurante valoriza a culinária<br />

macrobiótica, os vegetais orgânicos<br />

e integrais. O peixe está presente no<br />

cardápio diariamente. À noite, o vinho<br />

se harmoniza com o ambiente rústico<br />

e cultural e acompanha quiches,<br />

salmão grelhado, pães e queijos.<br />

405 Norte (3201.6223) e<br />

Câmara dos Deputados CC: V e M<br />

PADARIA<br />

A casa premiada é um misto de<br />

padaria, delikatessen, confeitaria e<br />

restaurante. O restaurante serve<br />

risotos, massas e carnes, inclusive<br />

cordeiro. Destaque para o café<br />

gourmet, único torrado na própria<br />

loja, para as pizzas especiais e os<br />

buffets servidos na varanda.<br />

113 Sul (3345.0777) CC: Todos<br />

20


MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

Baco<br />

Premiada por todas as revistas.<br />

Massas originais da Itália, vinhos<br />

e ambiente. No cardápio, pizzas<br />

tradicionais e exóticas. Novidades são<br />

uma constante. Opção de rodízio em<br />

dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª<br />

e domingo, e na 408 Sul, às 2 as .<br />

309 Norte (3274.8600), 408 Sul<br />

(3244.2292) CC: Todos<br />

Baco Delivery (3223.0323)<br />

Fornalha Pizza e Cozinha<br />

Rodízio de Pizzas e Massas, com mais<br />

de 40 sabores. Diariamente, a partir<br />

das 18h. Aos sábados, Feijoada, Chopp<br />

200ml <strong>R$</strong> 0,99 e batida de limão/<br />

maracujá (cortesia). Promoções Happy<br />

Hour,Cerveja SOL <strong>R$</strong> 2,99 e Chopp 200<br />

ml <strong>R$</strong> 0,99. Temos rodízio em domicílio.<br />

307 Sul<br />

(Delivery 3443.4251)<br />

CC: todos<br />

Pizza César<br />

Asa Norte (3347.0999)<br />

Guará (3567.3030)<br />

Sudoeste (3341.1001)<br />

Taguatinga (3352.0500)<br />

Sobradinho (3487.6262)<br />

Lago Sul (3366.3505)<br />

Asa Sul (3242.2221)<br />

Gama (3384.0202)<br />

PIZZARIAS<br />

Feitiço Mineiro<br />

A culinária de raiz das Minas Gerais<br />

e uma programação cultural que<br />

inclui músicos de renome nacional e<br />

eventos literários. Diariamente, buffet<br />

com oito a nove tipos de carnes.<br />

Destaque para a leitoa e o pernil à<br />

pururuca, servidos às 6 as e domingos.<br />

306 Norte (3272.3032)<br />

CC: Todos<br />

Severina Feijão Verde<br />

Após 26 anos em Brasília, o<br />

restaurante Feijão verde da Asa<br />

Sul muda de nome, decoração,<br />

cardápio, mas mantém a tradição e a<br />

qualidade. Carne de sol, baião de 2x2,<br />

arrumadinho, escondidinho, bode e<br />

beiju recheados. É só escolher!<br />

www.restauranteseverina.com.br<br />

201 Sul (3224-6362)<br />

CC: V, M, Amex, D<br />

Marietta<br />

Buffet de almoço com cerca de 15<br />

saladas e 10 pratos quentes todos os<br />

dias. Cardápio temático por países/<br />

regiões do mundo. Das 12h às 15h.<br />

Brasília Shopping (3327-3892), Park<br />

Shopping (3233-5460), Terraço Shopping<br />

(3362-9741), Casa Park (3233-2481),<br />

Pier 21 (3226-2945) e Lago Sul<br />

(3364-3091). CC:Todos<br />

CC: V, M, Amex, D<br />

Marvin<br />

O hamburger é preparado pouco antes<br />

de ser servido (não é congelado.Isto<br />

garante um sabor único. Todos são<br />

acompanhados de batata. Serve ainda<br />

filés, saladas e um hot-dog eleito o<br />

melhor da cidade.<br />

103 Sul (3223-4786), Pier 21 (3226-<br />

2945), Terraço Shopping (3363-2857),<br />

Lago Sul (3364-3091), 110 Norte (3964-<br />

7989), Casa Park (3233-2481). CC:Todos<br />

Saborella<br />

Sorvetes com sabores regionais e<br />

tecnologia italiana são a especialidade<br />

da casa. Os mais pedidos: tapioca,<br />

cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na<br />

varanda, pode-se apreciar café bem<br />

tirado e fresquinho, acompanhado de<br />

tapiocas quentinhas.<br />

112 Norte (3340.4894)<br />

CC: Todos<br />

Divulgação<br />

SORVETERIA SANDUICHERIAS<br />

REGIONAIS<br />

21


dia&noite<br />

Lívio Campos<br />

épraláqueeuvou<br />

Bem sucedida, independente, bonita... e louca pra encontrar um marido. Essa é Fernanda,<br />

35 anos, uma jornalista solteira que trabalha com eventos, mais exatamente festas de<br />

casamento. A caricatura dessa mulher do terceiro milênio é matéria-prima da peça<br />

Os Homens são de Marte... e é pra lá que eu vou. Quem dá graça à personagem é a atriz<br />

Mônica Martelli, no papel há dois anos, tendo sido indicada para o Prêmio Shell de Melhor<br />

Atriz em 2005. A comédia é dirigida por Victor Garcia Peralta e já foi vista por mais de<br />

100 mil pessoas no Rio. Venceu o Prêmio Qualidade Brasil 2006, nas categorias melhor<br />

espetáculo teatral comédia, melhor atriz e melhor direção. Sala Villa-Lobos, dias 20 e 21,<br />

às 21h. Ingressos a <strong>R$</strong> 80 e <strong>R$</strong> 40. Censura: 14 anos. Informações: 3325.6256.<br />

Divulgação<br />

pianobrasiliense<br />

A cidade merecia um programa assim.<br />

E ele acaba de estrear na UnB TV (canal<br />

6 da Net), indo ao ar às quartas-feiras,<br />

às 13h, com reprise às sextas, às 19h.<br />

A apresentadora de Piano & Movimento<br />

é a pianista e professora Jaci Toffano,<br />

do Departamento de Música da UnB.<br />

Dirigido por Bruno de Castro, o programa<br />

veio para mostrar o talento de pianistas<br />

brasilienses, que não são poucos. No<br />

lançamento, o ator Rafael Almeida,<br />

que recentemente fez o papel de um<br />

pianista na novela Páginas da Vida,<br />

tocou a lindíssima Melodia, de Gluck.<br />

No primeiro programa, a veterana Neusa<br />

França. Nos próximos, Ney Salgado,<br />

Beatriz Salles, Maria Los Angeles, do<br />

Departamento de Música da UnB, e mais<br />

Dib Franciss, Ana Cláudia Brito, Daniel<br />

Tarquínio, Rênio Quintas, Alda Mattos,<br />

Ira Levin, Renato Vasconcelos, Franscisca<br />

Aquino, Patrícia Vanzella...<br />

Divulgação<br />

milemuma<br />

A pintura é a melhor forma de comunicação e relacionamento<br />

com o mundo, no pensar de<br />

Lyliam Lauper, a artista plástica<br />

que está expondo seu trabalho no<br />

Espaço UPIS de Arte e Cultura<br />

(712/912 Sul). São 20 quadros e<br />

telas com técnica mista, que vão do<br />

abstrato ao figurativo hiper-realista<br />

(pinturas parecidas com fotos), um<br />

resumo de cada fase da pintora.<br />

“Eu mesma sou muitas em uma<br />

só”, explica Lyliam, formada em<br />

artes plásticas e única artista a<br />

ter duas citações no catálogo de restauradoras da América<br />

Latina. Até 11 de julho, de segunda a sexta, das 8 às 22h, e aos<br />

sábados, das 8 ao meio-dia. Entrada franca.<br />

oguaranipop<br />

Esta é pra quem está de malas prontas para São Paulo e gosta<br />

de ousadias musicais. O maestro Fábio Oliveira e o DJ Mau<br />

Mau criaram uma ópera eletrônica, que tem a direção de<br />

Bia Guedes. A nova montagem de O Guarani, do brasileiro<br />

Carlos Gomes, vai misturar a tradição e erudição da ópera<br />

com a contemporaneidade da música eletrônica. O universo<br />

de Peri e Ceci, personagens de José de Alencar, não será mais<br />

o Brasil do século 16, mas um um país imaginário do futuro<br />

onde questões como aquecimento global e poluição estarão<br />

resolvidas. Dias 22 e 23, no Tom Brasil Nações Unidas.<br />

Ingressos a <strong>R$</strong> 120 (camarote) e <strong>R$</strong> 50 (pista), com<br />

meia entrada para estudantes. Informações e vendas<br />

www.tombr.com.br e www.ingressorapido.com.br.<br />

22


Nuno Papp<br />

memóriasurbanas<br />

Juliane Fuganti e Marcelo Conrado inauguram a mostra<br />

na qual refletem sobre os desafios de se fazer arte em<br />

meio às agressões do cotidiano. Ela apresenta 20 peças,<br />

entre cerâmicas e gravuras, que aliam força e resistência<br />

à sutileza e rigor nos traços. Marcelo Conrado traz 30<br />

pinturas em acrílico, que abusam da multiplicação de<br />

linhas e traços, e exalam uma energia pura, gestual e<br />

expressiva, influenciada pelo caos. Até 15 de julho nas<br />

Galerias Piccola I e II da Caixa Cultural. De terça<br />

a domingo, das 9 às 21h.<br />

Nego Miranda<br />

Divulgação<br />

portasparabrasília<br />

Ele nasceu em Santa Maria da Boa Vista, Pernambuco, e na<br />

adolescência começou a fazer esculturas em pedra sabão. Formado<br />

pela Universidade Federal daquele Estado, Jaildo Marinho vive há 14<br />

anos na França,<br />

onde leciona no<br />

ateliê de escultura<br />

e fundição da<br />

ADAC/ Ville de<br />

Paris. Seu trabalho<br />

pode ser visto no<br />

Espaço Cultural<br />

Marcantonio<br />

Vilaça até 20<br />

de julho. Na<br />

mostra Portas<br />

para Brasília,<br />

o artista apresenta sua produção recente de pinturas e esculturas<br />

geométricas, que revelam uma relação direta com a arquitetura, com<br />

a história e com o espaço. De segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, e<br />

aos sábados, das 14 às 18h. Térreo do Tribunal de Contas da União.<br />

mani...<br />

... que na lenda indígena é a mãe da<br />

mandioca, inspirou o fotógrafo gaúcho Carlos<br />

Carvalho a mapear a trajetória do alimento<br />

no Brasil. Com suas lentes, ele viajou desde<br />

as áreas indígenas do fundo das florestas<br />

amazônicas até as demais regiões para<br />

constatar o sucesso do tubérculo nas mesas de<br />

refeição de todo o país. A exposição Mani fica<br />

até 15 de julho na Galeria Acervo da Caixa. De<br />

terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.<br />

Carlos Carvalho<br />

ledawatson<br />

Também fica na Caixa Cultural até 15 de julho a exposição Desconstrução da<br />

Gravura. A artista plástica Leda Watson remexeu seu baú de criações, alterou<br />

formatos e criou novas propostas, que reinventam antigos trabalhos.<br />

Para marcar 40 anos de carreira, a artista lança também o livro Gravuras<br />

de Sonho, contendo as técnicas originais. Leda é uma das mais destacadas<br />

gravuristas do país. Criou o 1º Núcleo de Formação de Gravadores em Brasília e<br />

o 1º Museu de Arte de Brasília. Galeria Principal da Caixa Cultural, de terça<br />

a domingo, das 9 às 21h.<br />

André Santangelo<br />

23


dia&noite<br />

Divulgação<br />

cibertango<br />

Um francês, um argentino e um suíço mesclando sons tão diferentes quanto<br />

o tango, a musica house, o dub jamaicano e pitadas de latinidade sonora,<br />

inclusive as verde-amarelas. Assim é o Gotan Project, um grupo que se<br />

apresenta na Concha Acústica dia 24, depois de passar pelo Via Funchal,<br />

em São Paulo, e Canecão, no Rio. O show faz parte da Festa da Música que<br />

a Embaixada da França promove pelo quarto ano consecutivo em Brasília.<br />

O nome Gotan é uma óbvia inversão das sílabas de tango, matéria-prima<br />

predominante no som do grupo que já esteve no Brasil em 2003, quando<br />

se apresentou no Tim Festival, no Rio. Estará acompanhado dos músicos<br />

Arnaldo Zanelli (piano), Verônica Silva (vocal), Line Krusse, Maria Pujado (violinos), Lise<br />

Orivel (viola), Aude Brasseur (cello) e Juanjo Mosalini (bandoneon). Domingo, às 19h, com entrada franca.<br />

gêniosdamúsica<br />

Mozart, Carlos Gomes e<br />

Radamés Gnatali foram os<br />

escolhidos para o projeto<br />

Trilogia de Gênios da Música<br />

deste ano. Em cena, três<br />

palhaços falam da vida e da<br />

obra dos três compositores,<br />

misturando música, teatro,<br />

dança e narração. Dirigido<br />

por Naná Maris, produtora<br />

e professora da Escola de<br />

Música de Brasília, o projeto<br />

busca aproximar o público<br />

infantil da música clássica.<br />

De 27 a 29, sessões diurnas<br />

para estudantes de escolas<br />

públicas e dias 30 e 1º de julho,<br />

às 17h, para o público. Na<br />

Sala Martins Penna do Teatro<br />

Nacional. Ingressos a <strong>R$</strong> 16 e<br />

<strong>R$</strong> 8. Informações: 3325.6256<br />

e 3325.6239.<br />

Eric Marcel<br />

nossasalmas<br />

O fotógrafo baiano Francisco<br />

Vieira se juntou aos fiéis da<br />

romaria de Padre Cícero e<br />

registrou, em seu trabalho, a fé<br />

do brasileiro. A movimentação de<br />

milhares de pessoas, os rituais,<br />

o pagamento de promessas, as<br />

velas na escuridão, a força da fé no<br />

corpo do homem, tudo está na mostra Nossas Almas, que fica até 15 de julho na<br />

Galeria Acervo da Caixa. De terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.<br />

zéluizmazziotti<br />

Em 40 anos de carreira, ele já se apresentou ao lado de Nana Caymmi, Gal Costa,<br />

Elizeth Cardoso, Fátima Guedes, Leny Andrade, Rosa Passos, Ângela<br />

Maria, Zezé Gonzaga, Sílvio César, Alaíde Costa e muitos outros.<br />

E é considerado o cantor predileto dos cantores brasileiros.<br />

O vozeirão de veludo de Zé Luiz Mazziotti estará na cidade dia<br />

23 justamente para comemorar os 40 anos de uma carreira que<br />

começou nos anos 60, quando o cantor defendeu a música de<br />

Tom Zé, São Paulo Meu Amor, primeiro lugar no Festival da TV<br />

Record de São Paulo. No show, um pouco de cada fase, inclusive<br />

a mais recente, registrada no disco Pra fugir da Saudade, uma homenagem a<br />

Paulinho da Viola. Teatro dos Bancários, às 21h. Ingressos a <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15.<br />

Francisco Vieira<br />

Débora Amorim<br />

belorecorde<br />

A exposição Aleijadinho e seu Tempo – Fé, Engenho e Arte bateu todos os<br />

recordes de público para as artes plásticas no Distrito Federal. Durante três<br />

meses (de 13 de março a 10 de junho de 2007), a arte do gênio do barroco<br />

brasileiro foi vista por 165.839 pessoas, quase o dobro da mostra Arte da<br />

África, a mais visitada do Centro Cultural Banco do Brasil até então, com<br />

85 mil visitantes.<br />

24


galeriadearte<br />

Fotos: Divulgação<br />

Poética e original<br />

Os hábitos e a história dos inuits nas gravuras, esculturas,<br />

pinturas e desenhos de nove mulheres do Pólo Norte<br />

Dá para imaginar como é viver num<br />

lugar em que a temperatura mais alta do<br />

ano, registrada em pleno verão, é de dez<br />

graus negativos<br />

Difícil para nós, que nos habituamos<br />

com as temperaturas tropicais. Mas<br />

talvez, se conhecermos a arte de<br />

mulheres que vivem no Ártico<br />

canadense, possamos ter uma idéia do<br />

cotidiano dos esquimós, ou melhor, dos<br />

inuits, nome correto para definir o povo<br />

que, desde tempos imemoriais, habita a<br />

região de Nunavut, território autônomo<br />

do Canadá criado em 1999. É lá que<br />

vivem 30 mil habitantes espalhados por<br />

uma área de mais de dois milhões de<br />

quilômetros quadrados, todos muito<br />

bem adaptados à sobrevivência no gelo.<br />

A partir do dia 27, os brasilienses<br />

poderão conhecer mais sobre os inuit,<br />

seus hábitos e história, visitando a<br />

exposição Isumavut – em português,<br />

Nosso Olhar –, que fica no CCBB até<br />

29 de julho. São 105 gravuras,<br />

esculturas, pinturas e desenhos que<br />

prometem surpreender pela qualidade<br />

técnica, originalidade e poesia. Uma<br />

produção artística praticamente<br />

desconhecida na América do Sul.<br />

A mostra, trazida pela Embaixada<br />

do Canadá e pelo Museu Canadense da<br />

Civilização, é dividida em dois núcleos.<br />

O primeiro contém informações sobre<br />

o território Nunavut, em mapas e textos,<br />

assim como esculturas feitas pela antiga<br />

comunidade inuit, em osso, pedra e<br />

marfim. O segundo apresenta obras,<br />

informações e fotografias de cada uma<br />

das nove artistas participantes.<br />

Estarão expostas peças que revelam<br />

o modo de vida de uma comunidade<br />

que se serve da arte como forma de<br />

comentar sua vida e rotinas. Modos<br />

de vestir já em desuso, valores morais,<br />

momentos de caça e de pesca são<br />

algumas das cenas representadas.<br />

O visitante poderá conhecer gravuras<br />

criadas a partir de técnicas como a<br />

gravura em pedra e a litografia a cores,<br />

de grande apuro técnico, além de<br />

esculturas e desenhos.<br />

Algumas obras são consideradas de<br />

vanguarda no universo inuit e abordam<br />

questões da vida contemporânea. Outras<br />

registram formas tradicionais de vida<br />

e mesmo crenças ancestrais, como o<br />

espírito das coisas – para o povo inuit,<br />

plantas e animais têm espíritos que,<br />

depois de mortos, podem voltar para<br />

se vingar.<br />

Isumavut já foi apresentada em<br />

Portugal, Estados Unidos e Finlândia.<br />

Depois de Brasília, segue para<br />

temporadas no CCBB de Belo<br />

Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.<br />

Isumavut<br />

De 27/6 a 29/7, das 10 às 21h, no CCBB.<br />

Informações: 3310.7087<br />

25


graves&agudos<br />

Sessão<br />

Nostalgia<br />

Duas bandas da Jovem Guarda<br />

embalam baile anos 60 na AABB<br />

Divulgação<br />

POR MARIA TERESA FERNANDES<br />

Responda se for capaz: qual a banda<br />

de rock mais antiga do mundo em<br />

atividade Quem disse Renato e Seus<br />

Blue Caps acertou em cheio, porque o<br />

grupo tem a incrível marca de 42 anos<br />

de carreira ininterruptos e está prestes a<br />

entrar para o Guinnes Book de Recordes<br />

como a banda mais antiga do planeta<br />

ainda na ativa. Pois no último sábado<br />

deste mês, dia 30, Renato e Seus Blue<br />

Caps se apresentam no baile A volta dos<br />

anos 60, juntamente com outra banda<br />

veterana, a Pholhas, que tem “só” 37<br />

anos de estrada.<br />

Tudo começou bem no início dos<br />

anos 60, quando os irmãos Renato,<br />

Edson e Paulo César formaram a banda<br />

Bacaninhas do Rock da Piedade, uma<br />

referência ao bairro onde moravam, no<br />

Rio de Janeiro. Mas, para participarem<br />

do programa Hoje é Dia de Rock, da<br />

rádio Mayrink Veiga, tiveram que mudar<br />

26


o nome, por exigência do diretor do<br />

programa, Jair de Taumaturgo. O jeito<br />

foi apelar para o norte-americano Gene<br />

Vincent And His Blue Caps e batizar o<br />

“conjunto” de Renato e Seus Blue Caps.<br />

Desde o início, seu forte foram as<br />

versões de sucessos de bandas<br />

estrangeiras. Menina Linda era versão de<br />

I Should Have Known Better, e foi a<br />

primeira a estourar. Depois vieram Até o<br />

Fim, versão de You Won’t See Me (ambas<br />

de Lennon/McCartney), e Escândalo,<br />

versão de Shame And Scandal In The<br />

Family (Donaldson/ Brown).<br />

Já em 1963 Edson saiu do grupo<br />

e iniciou carreira-solo com o nome<br />

Ed Wilson. Foi substituído por Erasmo<br />

Carlos, que teve uma participação curta.<br />

Naquela época, o grupo era formado<br />

por Renato Barros, voz; Erasmo Carlos,<br />

substituto de Edson Barros, voz;<br />

Carlinhos, guitarra; Tony e mais tarde<br />

Gelson, bateria; Paulo César Barros,<br />

baixo; e Cid, saxofone. Ficaram famosos<br />

se apresentando no programa Jovem<br />

Guarda, comandado por Roberto<br />

Carlos, e em shows, festas e bailes.<br />

Atualmente, Renato continua cantando<br />

e toca guitarra, Gelson Moraes é o<br />

baterista, Cid Chaves toca sax e faz vocal,<br />

Darci Velasco comanda os teclados e<br />

Amadeu Signorelli manda ver no baixo.<br />

ORIGINAL DE SÃO PAULO, O PHOLHAS<br />

começou há 37 anos fazendo regravações<br />

e composições em inglês, com músicos<br />

que já tinham experiências anteriores. O<br />

primeiro LP, Dead Faces, foi lançado em<br />

1972 pela RCA e dele saiu um compacto<br />

duplo com My Mistake, Pope, Shadow of<br />

Love e My First Girl. Em três meses<br />

chegou ao primeiro lugar das paradas e<br />

vendeu 400 mil cópias. A seguir vieram<br />

She Made Me Cry, I Never Did Before e<br />

Forever. Em 1975, Dead Faces foi lançado<br />

na Espanha e em toda América do Sul<br />

com o título Hojas, que ganhou mais<br />

um disco de ouro.<br />

Em 1977, lançaram O Som das<br />

Discotheques, contendo covers dos<br />

principais sucessos do gênero em moda<br />

na época. Dois anos depois, vieram de<br />

rock progressivo com “pinceladas” do<br />

rock’n’roll tradicional e todo em<br />

português, da maneira como queriam<br />

fazer havia algum tempo. O LP não<br />

vendeu como os anteriores, mas é muito<br />

disputado por colecionadores. No início<br />

dos anos 80 veio o LP Memories, todo<br />

gravado em inglês, com sucessos dos Bee<br />

Gees, Creedence, Elvis Presley, Rolling<br />

Stones e, claro, Beatles.<br />

No show da AABB, Bitão (guitarra<br />

e vocais), Paulo (bateria e vocais), Hélio<br />

(teclados e vocais) e João Alberto<br />

(baixo e vocais) vão relembrar tudo<br />

isso e, lógico, o infalível “Você é meu<br />

amorzinho, você é meu amorzão, você<br />

é o tijolinho que faltava na minha<br />

construção” (refrão de Tijolinho,<br />

composta por Bitão e grande sucesso<br />

dos anos 60 na voz de Bobby di Carlo).<br />

Uma Noite de Gala e Tributo aos Anos<br />

60 e 70<br />

30/6, a partir das 22h, na AABB<br />

Ingressos individuais: <strong>R$</strong> 80 e <strong>R$</strong> 40.<br />

Mesas para quatro: entre <strong>R$</strong> 240 e <strong>R$</strong> 800.<br />

Vendas nas lojas da Discoteca 2001 (mesas<br />

só no Pátio Brasil). Informações 3481.8151.<br />

27


graves&agudos<br />

Divulgação<br />

Gaita<br />

erudita<br />

Gabriel Grossi é o segundo convidado do projeto Villa-Lobos 120 anos<br />

“Pela primeira vez na história da<br />

cidade, uma peça de Villa-Lobos será<br />

executada em gaita”, proclama o<br />

maestro Sílvio Barbato, ao falar com<br />

entusiasmo da segunda apresentação da<br />

série de concertos Villa-Lobos 120 anos,<br />

que terá como convidado especial o<br />

gaitista brasiliense Gabriel Grossi.<br />

Depois do sucesso da estréia, com<br />

a participação do saxofonista Léo<br />

Gandelman, a edição do dia 27,<br />

também com a Camerata do Brasil, vai<br />

trazer essa raridade musical que enche<br />

de orgulho o maestro. “Minha idéia,<br />

com esse projeto, foi apresentar ao<br />

público brasiliense um conjunto<br />

bastante completo das composições<br />

de Villa-Lobos, como a obra mais<br />

conhecida e a mais rara,” explica Barbato.<br />

O jovem Gabriel Grossi é um<br />

dos representantes de uma geração<br />

de músicos que tem causado grande<br />

impacto no meio musical. Dono de<br />

extraordinário vigor e virtuosismo,<br />

aliados a uma sensibilidade muito<br />

própria, ele transita pelos limites da<br />

gaita cromática explorando diversos<br />

gêneros da música brasileira. Tem feito<br />

shows e gravações no Brasil e no exterior<br />

ao lado de grandes nomes da música<br />

brasileira como Chico Buarque, Ivan<br />

Lins, Leila Pinheiro, João Donato,<br />

Guinga, Lenine, Dominguinhos, Maria<br />

Bethânia, Djavan, e Ney Matogrosso,<br />

além de Hermeto Pascoal, uma de suas<br />

grandes influências.<br />

Seu disco de estréia, Diz que fui por aí<br />

recebeu ótimas críticas, tanto em relação<br />

à original concepção musical quanto<br />

ao trabalho de composição e arranjos.<br />

Lançou também o álbum Afinidade,<br />

junto com o violonista Marco Pereira,<br />

outro músico que tem sido altamente<br />

elogiado pela crítica musical.<br />

Marcantes também são seus<br />

trabalhos junto com o clarinetista Paulo<br />

Moura e as cantoras Zélia Duncan e<br />

Beth Carvalho, com as quais gravou<br />

CDs e DVDs. Atualmente está em turnê<br />

de lançamento do CD Arapuca,<br />

inspirado no forró. Também continua<br />

com o show Brasilianos, do bandolinista<br />

Hamilton de Holanda, junto com<br />

Daniel Santiago (violão), André<br />

Vasconcellos (baixo) e Márcio Bahia<br />

(bateria). Esse trabalho acabou de<br />

ganhar o Prêmio Tim de Música na<br />

categoria Melhor Grupo Instrumental.<br />

O projeto do CCBB vai até setembro<br />

próximo, sempre nas últimas quartasfeiras<br />

de cada mês, em duas apresentações:<br />

às 13h, gratuitas, e às 21h, com ingressos<br />

a <strong>R$</strong> 15 e <strong>R$</strong> 7,50. Nas próximas<br />

edições, os convidados são o violonista<br />

Turíbio Santos, o pianista Wagner Tiso<br />

e a cantora brasiliense Lys Nardotto.<br />

Villa-Lobos 120 anos<br />

Concerto do gaitista brasiliense Gabriel Grossi<br />

27/6, às 13 e 21h, no CCBB<br />

28


Reggae contra<br />

Fotos: Divulgação<br />

Natiruts<br />

a violência<br />

Natiruts é a principal atração da Festa da<br />

Paz, dia 1º de julho, na Concha Acústica<br />

Manitu<br />

POR EDUARDO OLIVEIRA<br />

Engajamento musical é um<br />

fenômeno que não vem de hoje.<br />

Há tempos a música é usada como<br />

instrumento de protesto. Foi assim na<br />

ditadura militar, que inspirou obrasprimas<br />

da música brasileira, em períodos<br />

de guerra, sempre férteis para esse tipo<br />

de protesto, ou, recentemente, com<br />

a invasão americana ao Iraque, que<br />

desencadeou um sem-número de<br />

canções anti-Bush. Alguns músicos se<br />

tornaram profissionais no engajamento,<br />

como John Lennon, Bono Vox e Sting,<br />

provando que a música pode ser muito<br />

mais que puro entretenimento. Pode<br />

ajudar a melhorar o mundo.<br />

É com esse espírito de engajamento<br />

que cinco bandas de reggae vão tocar no<br />

“céu azul de nuvens doidas da capital do<br />

meu país / pra ver se esqueço da pobreza<br />

e violência que deixa o meu povo<br />

infeliz”. Os versos da música de maior<br />

sucesso do Natiruts – Presente de um<br />

Beija-Flor – resumem bem o objetivo da<br />

Festa da Paz, que acontece dia 1º de<br />

julho, e na qual eles são a atração maior.<br />

Os organizadores esperam que a<br />

Concha Acústica receba um público de<br />

10 mil pessoas, unidas para protestar<br />

contra o aumento da violência em<br />

Brasília e no país. Número fácil de ser<br />

atingido, levando-se em conta que o<br />

reggae está na moda e em alta rotação<br />

nas rádios do país.<br />

A festa começa com a banda Manitu,<br />

que sobe ao palco às 15h. O grupo<br />

mineiro, que mistura reggae com rock<br />

e ska, já vendeu 50 mil CDs, mesmo<br />

sendo independente. Às 16h, a banda<br />

Capitão do Cerrado toca seu reggae pop.<br />

Em seguida, às 17h, não precisa nem<br />

ouvir o som para identificar o reggae<br />

da banda Marimba. Só de ver nas letras<br />

as palavras paz, natureza, Bob e Deus já<br />

dá para identificar em que estilo musical<br />

o grupo se enquadra.<br />

Os brasilienses do Natiruts dão<br />

o ar da graça às 18h30, com suas<br />

músicas em que a paz é tema recorrente.<br />

O grupo, que acabou de lançar o DVD<br />

Natiruts Reggae Power, está comemorando<br />

dez anos de lançamento do seu CD<br />

de estréia, quando ainda se chamava<br />

Nativus.<br />

Fechando a programação, já em<br />

meio a muita fumaça, a banda Jah Live<br />

começa seu show às 20h. Para completar<br />

o engajamento social, o público ainda<br />

poderá participar da campanha Seja<br />

Solidário: Doe um Agasalho no Dia do<br />

Show, que tem o objetivo de arrecadar<br />

agasalhos e distribui-los a entidades<br />

carentes. Quem doar um agasalho ou 1<br />

kg de alimento não-perecível paga meia.<br />

Festa da Paz<br />

1/7, às 14h, na Concha Acústica<br />

Ingressos a <strong>R$</strong> 40 e <strong>R$</strong> 20, à venda nas lojas<br />

Mormaii, Chili Beans, Zimbrus e Discoteca<br />

2001<br />

Jah Live<br />

29


diáriodeviagem<br />

Foi bonita a festa, pá!<br />

Artista plástico de Brasília conquista os portugueses com sua<br />

pintura e descobre no país europeu mais uma fonte de inspiração<br />

POR CRISTIANO TORRES<br />

A pincelada livre, desinteressada,<br />

sem regras. Pura tensão de um instante<br />

apropriado e imortalizado na imagem,<br />

de onde se absorve apenas o sentido da<br />

alegria e o estupor diante do mundo –<br />

como a surpresa do primeiro olhar<br />

reconquistado. A inocência revelada, a<br />

fonte redescoberta (ausente de passado<br />

e de futuro). Uma arte espontânea,<br />

simples e animada, uma arte não<br />

ensinada. Em uma palavra: naïf.<br />

É conduzido por essa intenção que<br />

o artista plástico carioca Rocha Maia,<br />

radicado em Brasília desde 1979, nos<br />

toca e emociona. Com a intensidade<br />

de um contador de histórias, o pintor<br />

retrata a vida e a cultura do povo<br />

brasileiro – com seu trabalho e suas<br />

crenças, seu sofrimento e suas festas –<br />

seja o sertanejo, seja o citadino.<br />

Rocha Maia nos leva numa viagem –<br />

e não poderia ser diferente – pela história<br />

de sua vida. Para a origem de sua pintura,<br />

na inspiração do homem simples do<br />

interior que era seu avô (pintor amador),<br />

cujos objetos cotidianos e cenários<br />

vividos eram tema de causos contados.<br />

Quer dizer, de quadros pintados. Foi<br />

a pedido do avô doente, e sob sua<br />

orientação, que pela primeira vez o jovem<br />

e futuro artista empunhou um pincel.<br />

COM O ENTUSIASMO DE UMA CRIANÇA<br />

Rocha Maia nos conta sua mais recente<br />

aventura: o prêmio de aquisição do Salão<br />

Internacional de Artes Plásticas de São<br />

João da Madeira, em Portugal, no mês<br />

passado. O Rotary Club da cidade,<br />

conhecida pela importância de sua<br />

indústria calçadista e chapeleira, propôs<br />

o evento como uma forma inusitada<br />

de promover os dois principais produtos<br />

da localidade. Sapato e chapéu, eis o<br />

mote visual.<br />

Participaram 103 obras de artistas de<br />

15 países, sendo oito brasileiros. Foram<br />

dez prêmios de aquisição, incluindo<br />

a obra Dos Pés à Cabeça é Lampião,<br />

do brasiliense de coração Rocha Maia.<br />

A pintura mostra as cabeças decapitadas<br />

dos cangaceiros, acompanhadas da<br />

indumentária característica, as sandálias<br />

e os chapéus de couro. Uma lembrança<br />

forte da infância.<br />

“Foi difícil conter a emoção pela<br />

30


Fotos: Divulgação<br />

quantidade de homenagens que recebi<br />

do povo português. Da cordialidade<br />

dos organizadores ao carinho do artista<br />

plástico J. Miguel, meu cicerone durante<br />

toda a viagem”, relata. “Curioso é que,<br />

quando embarquei, não sabia se teria<br />

uma recompensa além da seleção do<br />

meu quadro, que por si só já considerava<br />

relevante. Contando os trocados,<br />

incentivado pela família e estimulado<br />

pelos organizadores do evento, que<br />

muito insistiam na minha ida, resolvi<br />

enfrentar esse percurso e fui, com a<br />

cara e a coragem!”, prossegue.<br />

Rocha Maia lembra ainda o quanto<br />

se emocionou ao encontrar grandes<br />

artistas portugueses e espanhóis que<br />

lá estavam como convidados, e a<br />

oportunidade de conhecer, em Figueira<br />

da Foz, o atelier de Mário Silva.<br />

O brasileiro foi também convidado a<br />

ser o orador do Salão Internacional, em<br />

nome dos participantes não portugueses<br />

selecionados. Ele faz questão de destacar<br />

o apoio, e agradecer especialmente a<br />

Hugo Silva, presidente do Rotary Club<br />

de São João da Madeira, e ao escultor<br />

da Galiza, Armando Martinez, curador<br />

do evento.<br />

A PINTURA DE ROCHA MAIA, INICIADA<br />

no Rio de Janeiro, onde nasceu em 1947<br />

e desenvolveu sua técnica autodidata,<br />

tem no cotidiano o tema central e<br />

essencial. Ele começou sua carreira aos<br />

18 anos, e depois de viver na região rural<br />

de Teresópolis, próximo à Serra dos<br />

Órgãos, veio para Brasília, em 1979.<br />

Na Capital Federal, montou o Atelier<br />

Luz Dourada junto com sua mulher, a<br />

também artista plástica H. Kazu Maia.<br />

Fixou no naïf seu estilo de pintura.<br />

É relevante em sua produção a série<br />

Rumo Reverso, com 35 telas, 19 delas<br />

usadas como ilustrações para o livro<br />

homônimo, de Francisco Bezerra<br />

Siqueira, lançado em 2002. Trata-se de<br />

um conjunto de trabalhos que reúnem<br />

as principais características do artista,<br />

como o uso das cores quentes, a<br />

presença vigorosa da terra e o uso<br />

de amplos céus abertos.<br />

E por que o naïf “Porque o naïf é<br />

livre, ele não se ensina, não se aprende.<br />

É a pura expressão e inspiração, não<br />

Na página ao lado, o<br />

viajante em Lisboa<br />

(ao fundo, bem no<br />

alto, o Castelo de<br />

São Jorge, uma das<br />

maiores atrações<br />

turísticas da capital<br />

portuguesa); ao<br />

lado, com Mário<br />

Silva, em frente ao<br />

monumento em<br />

homenagem ao<br />

pintor português,<br />

em Figueira da Foz;<br />

abaixo, o quadro<br />

premiado em<br />

Portugal, Dos Pés à<br />

Cabeça é Lampião<br />

pode ser encomendado, nem se prende<br />

às regras e às convenções. O naïf também<br />

não é uma escola, não existe alguém que<br />

me diga o que fazer ou não. As maneiras,<br />

os padrões, surgem espontaneamente,<br />

no percurso mesmo de cada um”, explica.<br />

UMA DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES DA ARTE<br />

é comunicar ao observador um<br />

pensamento, história ou sentimento,<br />

seja ele de caráter político, seja estético.<br />

A indiferença não faz parte do sentir<br />

artístico; portanto, é fundamental que<br />

o receptor se emocione com a obra<br />

contemplada.<br />

Rocha Maia é um artista que nos<br />

toca nessas duas dimensões: de um<br />

lado, nos impressiona por uma técnica<br />

marcada com cores geralmente fortes e<br />

contrastantes, que conseguem transmitir<br />

a força de seus personagens, do interior<br />

ou da cidade. Com uma atmosfera<br />

31


diáriodeviagem<br />

peculiar, representa muitas vezes figuras<br />

ínfimas perante o ambiente, como se<br />

fossem elas conscientes de seus limites<br />

perante a grandeza do mundo.<br />

Marcado pela crítica social, pela<br />

ironia ao Brasil contemporâneo ou por<br />

um certo bom humor na forma de<br />

visualizar o cotidiano, a arte de Rocha<br />

Maia não quer alienar. E cria uma ponte<br />

para o olhar crítico acerca do país, cujo<br />

território, sempre pronto a oferecer<br />

surpresas, envolve numa vivência<br />

comum a modernidade dos grandes<br />

centros urbanos e as imagens de um<br />

passado em que o coronelismo ainda<br />

fala alto. A pintura alerta para as várias<br />

faces de um Brasil carregado de<br />

contradições sociais, econômicas e<br />

culturais.<br />

Mas a arte de Rocha Maia é, antes<br />

de tudo, aberta a novos roteiros, a novos<br />

caminhos, e sempre pronta para uma<br />

nova viagem. “Meu trabalho respira<br />

agora ares lusitanos. Já preparo o<br />

próximo, que vai se chamar Série<br />

Portuguesa”, revela.<br />

No jantar<br />

oferecido pelo<br />

Rotary Club<br />

de São João<br />

da Madeira<br />

(acima) e<br />

na taberna<br />

Tasquinha<br />

Alentejana com<br />

seu cicerone,<br />

J. Miguel, e<br />

o também<br />

artista plástico<br />

Pedro Nobre<br />

Fotos: Divulgação<br />

32


verso&prosa<br />

Eraldo Perez<br />

Bric-a-Brac, uma paixão<br />

Na Caixa Cultural, até 15 de<br />

julho, exposição multimídia<br />

comemora 21º aniversário da<br />

revista poética que nasceu da<br />

paixão pelo experimentalismo<br />

mas morreu “jovem e gostosa<br />

como Noel Rosa”, no dizer<br />

de um de seus fundadores,<br />

o poeta Luis Turiba (na foto<br />

acima, brindando com o<br />

designer gráfico Resa).<br />

POR LUIS TURIBA *<br />

Bric-a-Brac é um típico caso de paixão. Relação intensa de<br />

paixão e busca entre um grupo de amigos brasilienses diante da<br />

nova democracia brasileira que renascia em 1985, com a eleição<br />

de Tancredo Neves e o fim de 20 anos de ditadura militar.<br />

Precisávamos nos apaixonar e hoje, 21 anos depois de seu parto,<br />

ainda continuamos apaixonados.<br />

A paixão sempre nos moveu para tocar a “Brica”. Paixão<br />

entre artistas de diferentes correntes e linhagens, como o poeta<br />

concretista paulista Augusto de Campos e seu melhor seguidor<br />

pós-moderno Arnaldo Antunes; a etnopoética do orixá baiano<br />

Antônio Risério, o lirismo pantaneiro e desbravador de Manoel<br />

de Barros; e os experimentalismos que a abertura arquitetônica<br />

de Brasília proporciona em cada um de nós.<br />

Por essa apaixonante avenida estética circularam o sambista<br />

Paulinho da Viola, a psicanalista Nice da Silveira, o então<br />

ministro da Cultura Celso Furtado, o cantor Caetano Veloso,<br />

o babalorixá franco-baiano Pierre Verger, os pintores Rubem<br />

Valentim, Athos Bulcão e Poteiro.<br />

33


verso&prosa<br />

Um poema de Paulo Leminski<br />

para Brasília está na exposição<br />

Como esquecer aqueles que já se foram,<br />

como Regina Ramalho e Paulo Bertran, dois<br />

brics de primeira hora.<br />

Poetas de Brasília sustentaram essas paixões.<br />

Regina Bittencourt, Lúcia Leão, Paulinho<br />

Andrade, Resa, João Borges, meus<br />

companheiros de edição.<br />

Paixão entre idéias, visualidades,<br />

fotopoemas, entrevistas profundas e saques<br />

estéticos de todos os tipos. Paixão entre letras,<br />

vocábulos, palavras e livros, como a de José<br />

Mindlin e sua maravilhosa biblioteca de<br />

80 mil títulos.<br />

Portanto, Bric-a-Brac não foi somente<br />

uma revista poética de Brasília, nem um<br />

movimento estético, o primeiro da capital<br />

brasileira nascido em torno da Livraria<br />

Presença, de Ivan Silva.<br />

Bric-a-Brac foi e ainda é uma amálgama<br />

de relacionamentos, de vivências, de<br />

experimentos lingüísticos e visuais.<br />

Uma ponte que não se partiu porque foi<br />

construída com a argamassa da paixão<br />

pelo experimentalismo.<br />

E agora, vem uma exposição para<br />

falar sobre os 21 anos de sua existência,<br />

jogar mais lenha na fogueira dos<br />

cruzamentos estéticos. Bela e ousada<br />

iniciativa da produtora Sinhá.<br />

A exposição Bric-a-Brac, Maior Idade<br />

mostra justamente fragmentos dessa<br />

aventura apaixonada e apaixonante.<br />

Uma história a ser resgatada para<br />

os mais jovens. Bric-a-Brac está<br />

definitivamente cravada na história<br />

estética de nossa Brasília, que, daqui<br />

a três anos, estará completando seu<br />

cinqüentenário.<br />

As fotos, os fatos e os afetos<br />

mostram a “Brica” nos Concertos<br />

Cabeças, já na viradas dos<br />

“oitenta”. O poeta roqueiro<br />

Renato Russo em novos<br />

lançamentos.<br />

Sim! A poesia experimental<br />

continua na rede mundial e também no azulejo<br />

que emoldura o fogão à lenha da roça nova. Por<br />

isso, não se pode ousar reunir no mesmo fogo<br />

Os editores: Turiba, Lúcia Leão, João Borges e Resa<br />

alquimímico tanta poesia em total<br />

estado de concentração-criaçãolinguagens<br />

impunemente.<br />

Da Poesia Clip na Idade Mídia para<br />

a Poesia Síntese na Maior Idade.<br />

Ou, como propõe o poeta-filósofo<br />

Jorge Mautner: o negócio é amalgamar.<br />

Amalgamar idéias, sentidos, roteiros,<br />

imagens, linguagens, fazeres, raças,<br />

troços e traças. Amalgamar pensares,<br />

filmares, cantares, ações, visuais, o ócio,<br />

a paz e as amalgramaticais. Amalgamar<br />

brasis, pulsares, amores, almas, corpos, e-<br />

mails, e todos os frutos dos cestos.<br />

Uivos, Uni-vos! Se não uníssonos, ao<br />

menos, onívoros.<br />

Aqui jaz a Bric-a-Brac.<br />

Morreu jovem e gostosa, como Noel Rosa.<br />

Algo novo há de nascer. Um dia, quem<br />

sabe, esta paixão será também samba-deenredo<br />

num desfile da avenida.<br />

Amém!<br />

*Poeta e jornalista, fundador e editor da Bric-a-Brac.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Bric-a-Brac Maior Idade<br />

Até 15/7, de 3ª feira a domingo, das 9 às 21h, na galeria principal da Caixa Cultural.<br />

Além de uma releitura gráfica das páginas da revista, será exibido o filme Bric e a Bandeira do Manuel, de<br />

André Luis Oliveira e Luis Turiba, e lançado o catálogo Bric-a-Brac, Maior Idade, editado por Resa, Mônica,<br />

Turiba e Marília Panitz (são 110 páginas com trabalhos inéditos de vários artistas, entre eles Chico César,<br />

Arnaldo Antunes, Lourenço Cazarré e Nicolar Behr).<br />

Mais informações: 3206.9450 ou caixacultural@caixa.gov.br<br />

34


Elos restabelecidos<br />

Bric-a-Brac. Leitura caleidoscópica, no melhor estilo da<br />

collage. Quatro editores: Turiba, Resa, Lúcia Leão e João<br />

Borges. Inúmeros colaboradores: próximos, desconhecidos.<br />

Ao leitor, era dada a tarefa de construir o percurso de leitura.<br />

Até o seu edital a apresentava como ela era: sem nenhuma<br />

pista... Aventura de (não) ler.<br />

O grande bibliófilo José Mindlin foi parceiro da revista,<br />

falando de sua paixão pelos livros. Bric-a-Brac era o lugar certo<br />

para isso. Como foi o lugar para inéditos, da bela poesia de<br />

Manoel de Barros, ainda nos anos oitenta, antes que o<br />

mercado editorial nos brindasse com seu exercício magistral<br />

de linguagem... pelo mínimo. A “Brica” teve muitos parceiros.<br />

Os irmãos Haroldo e Augusto de Campos. Augusto, um<br />

grande colaborador. Trouxe muita gente para a revista... trouxe<br />

poesia que o Brasil desconhecia. Leminski compareceu com<br />

seu texto econômico... E as buscas arqueológicas Um erótico<br />

do Manuel Bandeira, um poema de Tarsila... Além, é claro,<br />

de divulgar o que se pensava e gestava na cidade, naquele<br />

momento. Bric-a-Brac foi uma revista de Brasília... foi uma<br />

revista do mundo. Visão cosmopolita. Visão para dentro<br />

de si... na revista-amálgama, isso é possível. E bem-vindo.<br />

Bric-a-Brac era experiência de imagem e palavra. Um belo e<br />

anárquico projeto gráfico, na melhor tradição antropofágica.<br />

Bric-a-Brac nasceu em 86. Teve seis números, o último<br />

saído em 91. Por que falar dela agora Por que uma exposição<br />

sobre a “Brica” – além, é claro, de ironicamente (no seu<br />

melhor estilo editorial), comemorar a sua maioridade.<br />

E por que uma mostra Bric-a-Brac<br />

Parece que precisamos rever algumas coisas, estabelecer<br />

memória. Já no início da proposta para o projeto “Brica”,<br />

restabeleceu-se o contato com os antigos parceiros<br />

colaboradores. Cartas ao mundo, em busca do<br />

restabelecimento de elos. Vamos jogar outra vez Muitas<br />

respostas, belos trabalhos, grandes lembranças. Atualização<br />

de experiência. A “Brica” mostra/dazibao, que resulta da<br />

provocação, se oferece com suas preciosidades: por onde<br />

andaram e por onde andam os que aderem ao amálgama,<br />

muitos discursos num só discurso de muitas vozes Se aqui<br />

se presta uma homenagem, pesquisando uma experiência rica<br />

de vinte anos atrás, também se faz um desafio para o presente...<br />

Temos lugar para esse jogo que implica trabalho árduo, mas<br />

também uma disposição para a flanerie Temos lugar para<br />

um olhar flutuante sobre o mundo, que captura o ínfimo e o<br />

devolve em poesia – de palavra e de imagem Por que não<br />

Marília Panitz<br />

Curadora da mostra<br />

35


verso&prosa<br />

A sombra<br />

do terror<br />

Livro mostra<br />

fragilidade da<br />

nação mais<br />

poderosa<br />

do mundo<br />

36


POR RICARDO PEDREIRA<br />

Ahmad Ashmawy Mulloy é um<br />

jovem norte-americano de 18 anos,<br />

filho de um egípcio e uma descendente<br />

de irlandeses. Mora em New Prospect,<br />

pequena cidade vizinha a Nova York.<br />

Quando era pequeno, o pai abandonou<br />

a mãe e sumiu da vida dos dois.<br />

Teresa Mulloy não se importou<br />

quando o filho, no início da adolescência,<br />

resolveu conhecer a cultura do pai e<br />

passou a freqüentar uma pequena<br />

mesquita da cidade. Achou até bom.<br />

No Islã, Ahmad encontrou refúgio para<br />

sua introspecção e ficou longe da<br />

garotada barra-pesada da Central High<br />

School. Mãe filho vivem modestamente,<br />

batalhando pela vida.<br />

Quando conclui o segundo grau,<br />

Ahmad é indicado pelo xeique Rashid,<br />

imã da mesquita, para trabalhar como<br />

motorista de caminhão numa loja de<br />

móveis de uma família de libaneses<br />

islâmicos. Por trás dessa ajuda, um<br />

plano: movido por sua fé e seu ódio<br />

ao materialismo da cultura norteamericana,<br />

Ahmad irá explodir um<br />

caminhão dentro do Lincoln Tunnel,<br />

que dá acesso a Manhattan, em<br />

comemoração ao 11 de setembro.<br />

Em Terrorista, John Updike uso<br />

o ritmo acelerado dos thrillers, mas vai<br />

além de uma boa história que prende<br />

a atenção do leitor. Ele pinta um<br />

quadro nada bonito da realidade<br />

norte-americana de hoje, da solidão das<br />

pessoas, do confronto de culturas num<br />

país com todas as culturas do mundo<br />

e da paranóia instalada depois do<br />

atentado que derrubou as torres gêmeas.<br />

Updike tem uma compreensão<br />

aguda da situação atual dos Estados<br />

Unidos. Aquele rapaz coreano que há<br />

algumas semanas matou um bocado de<br />

gente numa universidade e depois se<br />

matou, e ainda teve o cuidado midiático,<br />

no meio da carnificina, de gravar um<br />

vídeo com depoimento que enviou para<br />

a televisão, parece saído de uma história<br />

do romancista.<br />

Veja o primeiro parágrafo do livro:<br />

“Demônios”, pensa Ahmad. “Esses<br />

demônios querem tomar de mim meus Deus”.<br />

O dia inteiro, na Central High School,<br />

as meninas rebolam, debocham e<br />

exibem seus corpos macios, seus cabelos<br />

sedutores. Os ventres nus, enfeitados<br />

por vistosos piercings no umbigo e<br />

tatuagens lascivas em roxo, indagam:<br />

“O que há mais para mostrar” Os rapazes<br />

desfilam, blasés e orgulhosos, com<br />

olhares mortos, indicando, com<br />

gestos violentos de assassinos e risos<br />

indiferentes e sarcásticos, que este<br />

mundo é tudo que existe – um corredor<br />

barulhento, envernizado, cheio de<br />

armários de metal e terminando numa<br />

parede lisa, profanada por grafites e<br />

tantas vezes pintada e repintada que dá<br />

a impressão de estar avançando cada<br />

vez mais, milímetro por milímetro.”<br />

A solidão e a revolta do jovem<br />

Ahmad, um asceta diante da opulência<br />

e permissividade que o cercam, parecem<br />

típicas dos Estados Unidos de hoje, mas<br />

são sinais de um mundo todo em crise.<br />

As injustiças, diferenças, contradições<br />

e incompreensões que geram tantos<br />

conflitos e violência estão em todos<br />

os lugares. A nação mais poderosa do<br />

mundo – arrogante, frágil e confusa<br />

ao mesmo tempo – é a face mais<br />

evidente da geléia geral dominante.<br />

A gente termina o livro se<br />

perguntando onde isso tudo vai dar.<br />

É difícil que dê em boa coisa. Terrorista<br />

é o retrato de pessoas, de um país e de<br />

um mundo em turbulência.<br />

Terrorista<br />

John Updike<br />

Companhia das Letras<br />

336 páginas, <strong>R$</strong> 35<br />

Especialista em Estados Unidos<br />

Aos 75 anos, John Updike,<br />

norte-americano da Pensilvânia, é<br />

romancista consagrado como um<br />

“especialista em Estados Unidos”,<br />

mais especificamente como cronista<br />

da classe média da Costa Leste,<br />

onde estão a exuberância e riqueza<br />

cultural de Nova York e Boston,<br />

mas também a violência dos seus<br />

subúrbios e a decadência industrial<br />

de cidades anônimas vítimas da<br />

globalização.<br />

Updike se notabilizou pela<br />

série de quatro livros que narram<br />

a trajetória do vendedor de carros<br />

Harry Angstrom ao longo de quatro<br />

décadas: Coelho Corre, Coelho em<br />

Crise, Coelho Cresce e Coelho Cai.<br />

Dos Estados Unidos puritanos e<br />

otimistas dos anos 50, passando pela<br />

contracultura e o movimento negro,<br />

chegando aos yuppies na Era Reagan<br />

e ao papel de grande vilão planetário<br />

da atualidade. É sempre um olhar<br />

crítico, onde não cabe a visão simplista<br />

dos “mocinhos e bandidos”.<br />

Em Terrorista, temos um jovem<br />

de fé muçulmana revoltado diante<br />

da sociedade ocidental que o criou.<br />

Há seu professor, judeu sem nenhuma<br />

convicção, depressivo e infeliz com a<br />

mulher gorda que passa horas na frente<br />

da televisão. E ainda a moça negra, que<br />

canta gospel no coral da igreja e se<br />

prostitui a mando do namorado.<br />

O ponto alto da obra de Updike<br />

certamente é a série do Coelho. Mas<br />

Terrorista pode ser um bom começo<br />

para conhecê-la.<br />

Martha Updike<br />

37


verso&prosa<br />

Ponto cultural<br />

O ônibus está<br />

demorando Pegue um<br />

livro, leve pra casa mas<br />

não deixe de devolver<br />

depois. É assim que<br />

funciona a Biblioteca<br />

Popular, na parada de<br />

ônibus da 712/713 Norte<br />

POR LÚCIA LEÃO<br />

Pontos de ônibus são, por definição, locais onde os moradores<br />

das cidades embarcam para suas pequenas viagens do dia-a-dia. Os<br />

trabalhadores, para suas lidas; os estudantes, para suas jornadas; e<br />

todos os que dependem do transporte coletivo, para seus afazeres<br />

cotidianos, quando eles estão além de onde os pés alcançam.<br />

Mas a parada da entrequadra 712/713, na W3 Norte, vai levar<br />

bem mais longe. A partir desta quinta-feira, 21, os brasilienses podem<br />

embarcar dali para o mundo da imaginação e do conhecimento,<br />

graças a outro tipo de transporte coletivo: os livros da Ponto<br />

Cultural, biblioteca popular que vai funcionar 24 horas por dia,<br />

emprestando gratuitamente livros para a população.<br />

O acervo da Ponto Cultural começa com seis mil exemplares<br />

38


de literatura, livros didáticos e livros de<br />

referência. Mas já no dia da inauguração<br />

ficará maior: o músico e escritor Jorge<br />

Mautner, padrinho da biblioteca<br />

popular, já avisou que chegará a Brasília<br />

pronto para doar duas caixas de sua<br />

antologia e mais todos os livros que<br />

conseguir arrebanhar em sua própria<br />

biblioteca e nas de seus amigos.<br />

“É um projeto belíssimo, uma coisa do<br />

maior interesse de todos e especialmente<br />

nosso, dos escritores, que precisamos<br />

estar perto do público, precisamos de<br />

leitores. Eu tenho falado disso por onde<br />

passo e ficam todos encantados de uma<br />

coisa dessas estar acontecendo em<br />

Brasília”, festeja Mautner.<br />

A Ponto de Cultura, instalada<br />

exatamente atrás da parada de ônibus,<br />

sob uma tenda, emprestará os livros<br />

a qualquer pessoa, mediante o<br />

preenchimento de um cadastro mínimo<br />

(nome e identidade, que não serão<br />

conferidos). Os livros estarão em<br />

prateleiras abertas e dentro de um<br />

armário especialmente projetado para<br />

acondicioná-los, com um mecanismo<br />

rotativo que facilita a busca dos títulos.<br />

No horário comercial, um atendente<br />

irá manipular os livros, orientar os<br />

usuários e estimular os passantes<br />

a embarcar na viagem da leitura.<br />

No restante do tempo, os próprios<br />

interessados podem escolher os livros<br />

e tomar o empréstimo, anotando num<br />

caderno próprio seu nome e o nome<br />

da publicação e comprometendo-se a<br />

devolvê-la dentro de um prazo razoável.<br />

Do jeitinho que a gente vê no cinema!<br />

Só ficarão guardados no armário<br />

durante e noite os livros mais<br />

procurados, sobre os quais a biblioteca<br />

deva manter um maior controle.<br />

Luiz Amorim, presidente da ONG<br />

T-Bone e criador da Ponto Cultural,<br />

acredita que esse sistema, baseado<br />

na confiança e na responsabilidade<br />

dos usuários, estreitará os laços da<br />

comunidade com a biblioteca. A<br />

comunidade passará a cuidar dos<br />

livros como seus, coibindo o mau uso<br />

e eventuais desvios. E o lugar, ele aposta,<br />

ficará mais seguro.<br />

“Nós estamos tratando de livros, o<br />

que quer dizer conhecimento, educação<br />

e crescimento humano. Não podemos<br />

partir de outros pressupostos que não os<br />

da confiança e do respeito. Além disso,<br />

queremos que os pontos de ônibus<br />

sejam locais seguros. Quando tomamos<br />

uma iniciativa dessas, esperamos que o<br />

poder público também faça a sua parte,<br />

garantindo uma boa iluminação e<br />

aumentando o policiamento para inibir<br />

a ação de vândalos, que eu acho que são<br />

nossa única ameaça.”<br />

A inauguração da biblioteca será<br />

com um dia inteiro de festa. Começa às<br />

nove da manhã, com oficina de artes e<br />

“contação” de histórias para crianças de<br />

escolas públicas. Do meio dia às duas da<br />

tarde haverá apresentações de música<br />

erudita com o Quarteto de Cordas de<br />

Brasília, dirigido pelo maestro Guerra<br />

Vicente, e do também maestro e pianista<br />

Rênio Quintas. À tarde tem pintura,<br />

exposição cartográfica e apresentação<br />

do grupo Pau Pereira, de cultura<br />

popular. À noite, recital de poesia, bate<br />

papo sobre literatura e uma performance<br />

do padrinho Jorge Mautner, que encerra<br />

a festa abençoando, com seu violino<br />

sagrado, a tão bem-vinda afilhada.<br />

Ponto Cultural – Biblioteca Popular<br />

24 horas<br />

Ponte de ônibus da 712/713 Norte<br />

Inauguração: 21/6, quinta-feira, com<br />

programação das 9h da manhã às 9h da<br />

noite, encerrando com apresentação de<br />

Jorge Mautner<br />

Priscila Azul<br />

Débora Amorim<br />

Jorge Mautner: primeiro doador e padrinho da biblioteca<br />

Luiz Amorim: laços com a comunidade<br />

39


especial<br />

Artesanato porreta<br />

POR AKEMI NITAHARA<br />

Tudo começou quando um<br />

grupo de amigas piauienses,<br />

residentes em Brasília, percebeu<br />

que tinham todas o mesmo<br />

sentimento: que o Piauí era<br />

discriminado na capital. “Isso foi<br />

nos deixando preocupadas com a<br />

imagem negativa do Estado”, conta<br />

a jornalista Raimunda Costa.<br />

Mesmo com 21,1% da população<br />

do DF e Entorno sendo de lá (400<br />

mil piauienses moram nas terras<br />

vermelhas do Planalto Central, de<br />

acordo com o IBGE), toda vez que<br />

Raimunda mostrava uma renda ou<br />

artesanato bonito, as pessoas se<br />

espantavam quando descobriam<br />

que eram do Piauí.<br />

Para reverter essa situação,<br />

33 mulheres, das mais diversas<br />

profissões, fundaram uma<br />

Organização da Sociedade Civil<br />

de Interesse Público (Oscip) para<br />

“divulgar as belezas do nosso<br />

Estado em Brasília”, como explica a<br />

jornalista. Então, advogadas, arquitetas,<br />

cantoras e aposentadas piauienses<br />

passaram a dedicar seus finais de semana<br />

à organização.<br />

Isso foi há três anos, mas há dez<br />

as amigas já faziam eventos e feiras<br />

relacionados ao Piauí. Também há três<br />

anos começou a funcionar o Centro de<br />

Apoio ao Desenvolvimento Econômico<br />

e Social Nação Piauí, que gera renda<br />

para as associadas, com a divulgação de<br />

artesanato em feiras como a que ocupou<br />

o Centro de Convenções em abril.<br />

Além disso, a própria Oscip organiza<br />

a Feira de Arte e Cultura da Nação<br />

Piauí. A primeira foi no Conic. No final<br />

do ano acontecerá a quarta edição, no<br />

Centro de Convenções, onde vão ser<br />

lançados a grife e o perfume da<br />

organização. Elas trazem peças feitas no<br />

Estado e também confeccionadas por<br />

um grupo de 20 artesãs piauienses que<br />

moram por aqui.<br />

Das feiras para a criação do Espaço<br />

Cultural Nação Piauí foi um pulo. Em<br />

40


e comida arretada<br />

10 de junho de 2006 começou a<br />

funcionar o restaurante na 707 Sul.<br />

“O forte é a gastronomia, mas a gente<br />

é um ponto de cultura mesmo”, informa<br />

Raimunda. O local agradável, com<br />

poucas mesas acomodadas na varanda<br />

dos fundos de uma casa, de frente para<br />

um jardim, oferece comida de primeira<br />

e atendimento dedicado.<br />

A comida, claro, é parte indissociável<br />

da cultura regional. No cardápio, a<br />

Maria Isabel – espécie de "escondidinho"<br />

de carne seca e mandioca – custa <strong>R$</strong> 30<br />

(para duas pessoas). O arroz de cuxá,<br />

acompanhado de peixe frito, sai a <strong>R$</strong> 52<br />

e dá para quatro pessoas. Também tem<br />

capote ao molho, galinha d’angola<br />

(<strong>R$</strong> 50 para quatro pessoas) e carneiro<br />

assado (<strong>R$</strong> 40 para dois). Sem esquecer<br />

da típica cajuína, para refrescar, ou<br />

daquela cachaça Mangueira, para abrir o<br />

apetite. E você ainda pode comprar uma<br />

garrafa e um docinho de caju para levar<br />

para casa. Sem esquecer do artesanato<br />

de couro de bode e palha de buriti.<br />

A Nação Piauí funciona aos sábados<br />

e domingos para almoço “das 9h às<br />

22 horas”. As pessoas ficam até<br />

mais tarde beliscando os petiscos.<br />

Recentemente começou a<br />

funcionar o “bate-papo” nas<br />

quintas e sextas-feiras. Raimunda<br />

conta que é à tardinha, como um<br />

happy hour, “mas a gente chama de<br />

bate-papo pra manter a tradição”.<br />

Mas o espaço pode funcionar<br />

em outros dias e ocasiões. É só<br />

ligar e reservar. “A gente prepara<br />

aniversários e confraternizações<br />

também. Este mês, recebemos a<br />

primeira-dama do DF, Mariane<br />

Vicentini, e o músico Frank<br />

Aguiar,” orgulha-se a piauiense.<br />

Também é possível encomendar<br />

comida para eventos em casa.<br />

Espaço Cultural Nação Piauí<br />

707 Sul – Blloco M – Casa 67, próximo<br />

ao Espaço Cultural Renato Russo<br />

(3242.8<strong>90</strong>7 para reservas e 9271.7153<br />

para encomendas).<br />

E-mail: npiaui@gmail.com<br />

Funcionamento: 5ª e 6ª feira à<br />

tardinha, sábado e domingo no almoço<br />

(9 às 22h) ou de acordo com a reserva.<br />

Fotos: Sanatiel Costa<br />

41


queespetáculo<br />

A dança<br />

dos sentidos<br />

Nova coreografia do grupo Quasar chega a Brasília<br />

Foto: Mila Petrillo<br />

Antes de criar a coreografia para Uma História Invisível, o diretor do Quasar,<br />

Henrique Rodovalho, colocou uma questão crucial aos bailarinos: “Qual dos<br />

cinco sentidos você gostaria de manter até o fim, caso tivesse de perder um a<br />

um”. A resposta quase unânime foi: a visão. Estava definido aí qual dos cinco<br />

personagens, inspirados nos sentidos, teria mais poder em relação aos demais.<br />

Lógico que as sutis diferenças não estão tão claras na coreografia de Rodovalho,<br />

que apenas insinua isso em recursos de iluminação, por exemplo. Assim,<br />

quando a visão entra no palco, ele se ilumina.<br />

Desta vez, o diretor iniciou a montagem do espetáculo com o propósito de<br />

construir uma história do começo ao fim.<br />

Criou uma estrutura narrativa principal<br />

dividida em três atos – outono, inverno<br />

e primavera – e deixou o enredo fluir.<br />

“O eixo central da narrativa é o<br />

relacionamento conflituoso entre a visão e o tato”, revela Rodovalho.<br />

O cenário criado pela arquiteta Letycia Rossi é feito de linhas penduradas<br />

como se fossem colunas e dá a dimensão de uma floresta que muda de cor e<br />

textura conforme a estação. Nele se movem os cinco bailarinos-personagens,<br />

cujas características foram inspiradas nas qualidades encontradas nos cinco<br />

sentidos. E foi a partir dessa metáfora que o coreógrafo orientou a<br />

movimentação, contemplando emoções derivadas da racionalidade,<br />

intuição, superficialidade, sutileza, liberdade.<br />

A obsessão pelo físico humano está presente no último<br />

trabalho de Rodovalho que, ao longo de quase duas décadas, tem<br />

desenvolvido um estilo bastante próprio, com base na articulação<br />

fragmentada do corpo. Após coreografar o álbum Elis & Tom do<br />

começo ao fim, no espetáculo Só Tinha de Ser Com Você (2005), agora o<br />

estímulo musical de Rodovalho é diversificado, transitando do piano do<br />

polonês Arvo Pärt para as sonoridades eletrônicas do brasileiro Amon Tobin<br />

e as percussões japonesas de Ryuchi Sakamoto e Kodo.<br />

No elenco, os bailarinos Aretha Macial, Camilo Chapela, Érica Bearlz,<br />

James Nunes, João Bragança, Karime Nivoloni, Lavínia Bizzotto, Rodrigo Cruz,<br />

Valeska Gonçalves e Samuel Kavalerski. Direção de Vera Bicalho, iluminação<br />

de Sergio Galvão e figurino de Cássio Brasil.<br />

Uma História Invisível<br />

Quasar Cia. de Dança<br />

23/6, sábado, às 21h, e 24/6, domingo, às 20h, na Sala<br />

Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos a <strong>R$</strong> 40 e <strong>R$</strong> 20.<br />

Informações: 3325.6239<br />

42


luzcâmeraação<br />

Tributo a<br />

Mário Juruna<br />

Filme de Armando Lacerda celebra<br />

a memória do único indígena a ter<br />

lugar no Parlamento brasileiro<br />

POR ANGÉLICA TORRES<br />

Nossa famosa desmemória nacional em breve receberá uma rajada<br />

de sopros dos espíritos da floresta sobre o pó e os possíveis desvios que<br />

se assentaram na imagem pública do cacique e deputado Mário Juruna,<br />

personagem central do novo documentário de Armando Lacerda.<br />

Juruna, O Espírito da Floresta vai concorrer ao próximo Festival de<br />

Brasília do Cinema Brasileiro e com ele o cineasta pretende contribuir<br />

para recolocar o guerreiro xavante como um bravo na galeria da<br />

memória política do país – em lugar do simplório juízo de exótico<br />

personagem que afrontou políticos e militares com discursos e<br />

performances contundentes, durante e mesmo após seu mandato,<br />

cumprido de 1983 a 1987, pelo PDT/RJ.<br />

Com esse longa-metragem de produção brasiliense, Lacerda quer<br />

mostrar ainda que os índios também são seres eminentemente políticos,<br />

embora só tenham sido representados no legislativo por esse<br />

44


personagem, caricaturado à época<br />

sempre com seu gravador a tiracolo para<br />

registrar promessas não cumpridas dos<br />

governantes. As novas gerações e os que<br />

acompanharam as notícias sobre seu<br />

enfrentamento ao ambíguo jogo político<br />

do branco poderão conhecer também,<br />

por meio do filme, a história da saga<br />

do povo xavante. Diogo Amhó, filho<br />

de Juruna, estabelece o fio condutor da<br />

narrativa do documentário, ao buscar<br />

a memória do pai junto aos avós e<br />

parentes da aldeia e nesse percurso<br />

obter esclarecimentos sobre a memória<br />

xavante.<br />

A ADMIRAÇÃO DE ARMANDO LACERDA<br />

pelo cacique-deputado data dos tempos<br />

em que trabalhava como repórter de<br />

jornais como Folha de S. Paulo e Correio<br />

Braziliense. Em meados dos anos 70,<br />

Juruna já perambulava pelos corredores<br />

do Congresso em busca de assistência à<br />

sua aldeia, e logo iniciou-se na militância<br />

política. Quando Juruna, por influência<br />

de Darcy Ribeiro, acabou eleito<br />

deputado federal, Armando Lacerda<br />

trabalhava na TV Câmara. “Juruna<br />

tinha uma birra especial por militares<br />

e padres. Poucos tiveram a sua coragem<br />

de botar o dedo no nariz dos coronéis<br />

da Funai. Ele trouxe o som da mata<br />

para o plenário, que lotava para ouvi-lo<br />

discursar na tribuna – façanha que<br />

raros famosos conseguiam – e eu sempre<br />

acompanhava sua atuação”, conta o<br />

cineasta.<br />

Armando garante que o público<br />

de seu filme vai perceber o norte, a<br />

firmeza e a ética do guerreiro xavante,<br />

falecido em julho de 2002, de diabetes.<br />

A pesquisa documental do filme abrange<br />

o período de 1962 a 2007, com farta<br />

informação de fontes antropológicoliterárias<br />

e político-jornalísticas, além<br />

de filmagens em Brasília e em diversas<br />

aldeias do Xingu, no Mato Grosso.<br />

O cineasta contou com a brava<br />

colaboração de uma pequena equipe<br />

de craques brasilienses – Jacques<br />

Cheuiche (fotografia), André Lavenére<br />

(direção de fotografia), Chico Bororo<br />

(som) e Liloye Boubli e Cláudio Ferreira<br />

(montagem) – para apostar na ousadia<br />

temática desse primeiro longa de sua<br />

carreira de diretor e produtor de mais<br />

de 15 curtas e médias-metragens,<br />

desde 1973.<br />

Em fase de montagem final, Juruna<br />

é um filme atual sobre a luta em prol<br />

da afirmação cultural e da sobrevivência<br />

dos povos indígenas, sempre presente<br />

no noticiário envolvendo figurões<br />

dos latifúndios. Ao entrar em cartaz,<br />

certamente ficaremos com saudade dos<br />

tempos em que podíamos testemunhar<br />

duras verdades ditas com pureza por um<br />

espírito da floresta e ter esperanças de<br />

justiça... principalmente em tempos de<br />

alta corrupção e indignação popular<br />

mal-digerida.<br />

Juruna, O Espírito da Floresta<br />

Documentário de 75 min. Direção: Armando<br />

Lacerda. Contato: 9977.5474.<br />

Fotos: Jacques Cheuiche<br />

45


luzcâmeraação<br />

Fotos: Divulgação<br />

Pouco<br />

original<br />

Indefinições<br />

do roteiro<br />

e preceitos<br />

rígidos do<br />

Dogma 95<br />

prejudicam<br />

o trabalho<br />

de direção<br />

da inglesa<br />

Andrea<br />

Arnold<br />

em Marcas<br />

da Vida<br />

46


POR REYNALDO DOMINGOS FERREIRA<br />

Apesar das premiações que recebeu –<br />

até mesmo o prêmio do júri do Festival<br />

de Cannes – o filme de Andrea Arnold<br />

não entusiasma, porque joga com muitas<br />

indefinições ao pretender abordar a<br />

importante questão do avanço da<br />

vigilância da sociedade moderna por<br />

meio de câmeras localizadas em locais<br />

estratégicos de uma cidade – no caso,<br />

Glasgow, na Escócia.<br />

As indefinições são relacionadas com<br />

o roteiro, também escrito por Andrea<br />

Arnold, que é por demais superficial e<br />

esquemático. Foi montado de acordo<br />

com um projeto, Advanced Party,<br />

idealizado pelo cineasta dinamarquês<br />

Lars Von Trier, que compreende uma<br />

trilogia sobre a vida da classe operária<br />

seqüência final é que se ouve uma<br />

canção.<br />

O tema é também pouco original.<br />

Trata-se de filme de voyeur, como o<br />

clássico A Janela Indiscreta, de Alfred<br />

Hitchckok. De acordo com o receituário<br />

do gênero, o protagonista é alguém<br />

frustrado que observa por qualquer<br />

meio o desenrolar da vida de outra (s)<br />

pessoa (s) sem desejar ser identificado.<br />

No caso, é uma policial, Jackie (Kate<br />

Dickie), que monitora a vigilância da<br />

cidade por meio de sofisticado esquema<br />

de câmaras de televisão montado na<br />

prefeitura.<br />

Boa parte do filme é dedicada a<br />

mostrar a rotina de trabalho de Jackie,<br />

à qual ela se entrega totalmente, pois,<br />

sem que se saiba ao certo por que,<br />

rompeu relações com as poucas pessoas<br />

jogo de imagem para o espectador<br />

identificar, como Jackie, quem é o<br />

indivíduo, percebe-se que ela sabe<br />

bem de quem se trata. É Clyde<br />

(Tony Curran), um ex-presidiário<br />

posto em liberdade condicional,<br />

por bom comportamento na prisão,<br />

antes de cumprir integralmente a pena.<br />

Começa então a perseguição de<br />

Jackie contra Clyde, que cresce de<br />

interesse à medida que se percebe a<br />

intenção de vingança dela contra ele<br />

por um terrível dano que lhe causou<br />

no passado. Sob esse aspecto, a direção<br />

de Andrea Arnold é eficiente, dentro<br />

das limitações que lhe impõem os<br />

preceitos do Dogma 95, a que se<br />

submete. Ela sabe tirar proveito da<br />

câmara, na mão do cinegrafista Robbie<br />

Ryan, para criar suspense. Mas não<br />

residente em bairros periféricos de<br />

Glasgow. Os três filmes – esse é o<br />

primeiro – deverão ter temas e diretores<br />

diferentes, mas os personagens serão<br />

sempre os mesmos, como ocorria na<br />

trilogia realizada na França, em 2002,<br />

pelo belga André Belvaux.<br />

Além das deficiências do roteiro,<br />

Marcas da Vida é também prejudicado<br />

pelos preceitos rígidos do Dogma 95<br />

(movimento que renega os avanços<br />

modernos da linguagem cinematográfica),<br />

hoje desprezados por seus próprios<br />

idealizadores. Assim, não há comentário<br />

musical pontilhando a narrativa. O que<br />

se ouve são apenas os ruídos naturais<br />

dos ambientes freqüentados pelos<br />

personagens, que vivem em espigões<br />

decadentes, sórdidos, situados num<br />

bairro periférico da cidade. Só na<br />

da família que lhe restam. Vez por outra,<br />

ela deixa o serviço para ter breve<br />

encontro amoroso com um colega de<br />

trabalho, Avery (Paul Higgins), casado,<br />

o que acontece sempre dentro do carro<br />

dele, no campo, mas sem prazer para ela.<br />

Certo dia, monitorando as câmaras<br />

de TV assestadas para um terreno<br />

baldio, Jackie flagra o que inicialmente<br />

pensa ser uma tentativa de estupro.<br />

Quando, porém, vai acionar a força<br />

policial para ir ao local, percebe estar<br />

enganada, pois a mulher, encostada<br />

ao muro, espera de braços abertos<br />

o homem que dela se aproxima.<br />

Atenta, Jackie presencia todo o ato.<br />

Quando ela vai tirar de foco<br />

o monitor, percebe que o homem<br />

que deixa o terreno baldio é alguém<br />

conhecido. Sem que haja um adequado<br />

chega ao clímax da ação, que talvez<br />

seja, para ela, o da cena amorosa entre<br />

o perseguido e sua perseguidora.<br />

Apesar das indefinições do roteiro,<br />

Marcas da Vida revela uma cineasta<br />

de talento, que tem bom domínio<br />

de técnica para conduzir uma narrativa<br />

de maneira firme e segura. E, mais que<br />

isso, sabe também extrair dos atores<br />

atuações de bom nível. Com destaque<br />

para Kate Dickie e Tony Curran,<br />

o elenco atua de forma bastante<br />

satisfatória. Mas o filme no geral<br />

decepciona.<br />

Marcas da Vida<br />

Inglaterra/Dinamarca 2006, 113 min.<br />

Direção: Andrea Arnold. Com Kate Dickie,<br />

Tony Curran, Martin Compston, Nathalie<br />

Press, Andrew Armour e Paul Higgins.<br />

47


luzcâmeraação<br />

Vozes latino<br />

Caixa Cultural exibe filmes clássicos fundamentais<br />

POR SÉRGIO MORICONI<br />

Num momento em que líderes<br />

sul-americanos como o boliviano Evo<br />

Morales e o venezuelano Hugo Chaves<br />

ressuscitam ideais bolivarianos no<br />

continente, a mostra Memórias do<br />

Subdesenvolvimento surge para nos levar<br />

de volta a uma época, os anos 60,<br />

em que essas idéias saíram do campo<br />

da política para impregnar boa parte<br />

da produção cinematográfica de<br />

realizadores de Cuba e de países situados<br />

abaixo da linha do Equador. O título<br />

escolhido pelo curador Pablo Martins é<br />

uma alusão direta a uma dos principais<br />

obras do cubano Thomás Gutiérrez<br />

Alea, Memórias do Subdesenvolvimento,<br />

filme programado para as 20h30 do dia<br />

da abertura da mostra. No mesmo dia,<br />

na sessão das 18h, serão exibidos o curta<br />

Maranhão e o longa Terra em Transe,<br />

ambos de Glauber Rocha.<br />

Ao apresentar importantes filmes<br />

de cineastas essenciais do Brasil,<br />

Cuba, Argentina e Chile, Memórias do<br />

Subdesenvolvimento evidencia o enorme<br />

compromentimento que os novos<br />

cinemas do continente assumiram num<br />

período de radicais transformações nos<br />

mais diversos campos da vida social na<br />

região. Em todos os países mencionados<br />

havia uma enorme agitação política<br />

e o cinema assumiria um papel de<br />

vanguarda nas lutas pela derrubada<br />

das velhas estruturas responsáveis pela<br />

perpetuação das abissais desigualdades<br />

entre ricos e pobres. Foi um período<br />

em que o cinema latino-americano –<br />

no Brasil, o Cinema Novo – tomou<br />

para si o papel de instrumento de<br />

conscientização e luta contra a pobreza e<br />

o processo neocolonial impingido pelas<br />

então chamadas potências imperialistas –<br />

leia-se, com raríssimas exceções pontuais,<br />

os Estados Unidos da América.<br />

Cinema de entretenimento, nem<br />

pensar. Quem definiu bem o espírito da<br />

época foi o argentino Fernando Solanas,<br />

convidado especial da mostra. Em vários<br />

textos e declarações Solanas alertava<br />

para esse neocolonialismo. No seu<br />

modo de ver, nas situações abertamente<br />

coloniais a penetração cultural acontece<br />

como uma conseqüência da ocupação<br />

militar. No neocolonialismo a situação<br />

se inverte. “A ‘cultura’ se torna o<br />

verdadeiro exército de ocupação.”<br />

E conclui dizendo que o cinema de<br />

um país neocolonizado vem a reboque<br />

e na dependência de valores de fora –<br />

dos países colonizadores – que nada<br />

ou pouco têm a ver com a tradição,<br />

com o ethos, do país que se vê invadido.<br />

O argumento de Solanas é inteiramente<br />

coerente – do ponto de vista crítico<br />

do colonizado, claro – com o que os<br />

próprios norte-americanos diziam a<br />

respeito do cinema de Hollywood:<br />

48


Memória Del Saqueo,<br />

de Fernando Solanas<br />

-americanas<br />

do cinema engajado latino-americano dos anos 60<br />

nossos filmes vendem não só sapatos e<br />

gomas de mascar como todo um estilo<br />

de vida e consumo.<br />

Autor de obras de indiscutíveis<br />

méritos como Tangos, o Exílio de Gardel,<br />

Sur e o recente Memória Del Saqueo, os<br />

dois últimos programados para o dia 23,<br />

quando será realizado o debate com o<br />

realizador, Solanas é o autor de La Hora<br />

de Los Hornos (1968), filme seminal<br />

do novo cinema argentino que<br />

enfrentou a barra de lutar contra a<br />

ditadura do General Ongania. Rodado<br />

clandestinamente, La Hora de Los Hornos<br />

foi construído na forma de um ensaio,<br />

explorando aspectos da sociedade e<br />

da história da Argentina, incluindo<br />

o peronismo, o movimento político<br />

fundado por Juan Perón quase que<br />

inteiramente influenciado pelo escritor<br />

argelino Frantz Fanon. Corajoso, o filme<br />

clama pela violência como a única opção<br />

política possível e também como uma<br />

forma de catarse cultural.<br />

Catarse, transe, são termos<br />

adequados para caracterizar obras<br />

programadas na mostra do argentino<br />

Fernando Birri (Los Inundados), do<br />

brasileiro Glauber Rocha (Terra em<br />

Transe e O Leão de Sete Cabeças), do<br />

cubano Alea (Assembléia Geral e Memórias<br />

do Subdesenvolvimento) e, em menor<br />

medida, dos chilenos Patrício Guzmán<br />

(A Batalha do Chile) e Miguel Littin<br />

(El Chacal de Nahueltoro), assim como<br />

do brasileiro Joaquim Pedro de Andrade<br />

(Couro de Gato). De maneira geral,<br />

os realizadores de Memórias do<br />

Subdesenvolvimento são, todos, cada um<br />

a sua maneira, filhos legítimos do neorealismo<br />

italiano, movimento que no<br />

imediato pós-guerra europeu produziu<br />

um “choque de realidade”, fazendo ver<br />

que o cinema podia ser muito mais do<br />

que mero entretenimento.<br />

Mas a interpretação que os<br />

Memórias do Subdesenvolvimento, de Thomás Alea<br />

Fotos: Divulgação<br />

49


Divulgação<br />

cineastas da América Latina fizeram do<br />

neo-realismo italiano está longe do tipo<br />

de realismo naturalista – depois crítico –<br />

que foi a marca das primeiras obras de<br />

Vittorio De Sica, Roberto Rosselini e,<br />

em certa medida, de Luchino Visconti.<br />

Em Los Inundados, por exemplo,<br />

Fernando Birri se vale da mesma<br />

fantasia alegórica de Milagre em Milão,<br />

obra quase extemporânea no contexto<br />

neo-realista, para se referir às agruras<br />

de moradores de uma favela na região<br />

de Santa Fé. O mesmo se pode dizer<br />

dos filmes de Solanas, em particular<br />

de El Viaje (1992), que ironiza inclusive,<br />

outra vez em tom de fábula, o nosso<br />

ex-presidente Fernando Collor. Seria<br />

quase desnecessário dizer, a alegoria<br />

é igualmente a característica principal<br />

do cinema de Glauber Rocha.<br />

Imaginação nunca deixou de estar<br />

presente nas obras politicamente<br />

engajadas dos principais realizadores<br />

latino-americanos, nem mesmo naquelas<br />

de autores cubanos, os únicos que já<br />

trabalharam dentro de um contexto<br />

Cabra Marcado Para Morrer<br />

revolucionário e que, portanto, poderiam<br />

estar submetidos a um modelo de<br />

cinema “realista socialista” de cunho<br />

didático. Produzido pelo ICAIC<br />

(Instituto de Cinema, Arte e Indústria<br />

Cubano), criado por Fidel Castro apenas<br />

três meses depois da derrubada do<br />

governo de Batista – o que demonstra a<br />

importância que Fidel dava ao cinema<br />

no novo período socialista de Cuba –,<br />

o filme Memórias do Subdesenvolvimento<br />

(1968), de Thomás Gutiérrez Alea, era<br />

ideologicamente socialista, sim, porém<br />

original, e não abria mão da<br />

experimentação. O filme de Alea, assim<br />

como os de seus companheiros latinos<br />

exibidos na mostra homônima, que será<br />

repetida, de 26 de junho a 1º de julho,<br />

no Balaio Café da 201 Norte, são a<br />

prova viva de que o continente tinha de<br />

fato algo novo a dizer nos anos 60 e que<br />

essas vozes, de formas distintas e às vezes<br />

conflitantes, ainda ecoam no presente.<br />

Memórias do Subdesenvolvimento<br />

De 19 a 24/6 na Caixa Cultural (Setor<br />

Bancário Sul). De 3ª a 6ª feira, às 18<br />

e 20h30min; sábado, às 15 e 17h; e<br />

domingo, às 15, 17 e 19h. Entrada franca.<br />

Informações: 3206.9450<br />

PROGRAMAÇÃO DO CINE ACADEMIA PARA O PERÍODO DE 15 A 21 DE JUNHO<br />

Informações de responsabilidade da rede Cine Academia (Tel: 3316.6811 / 3316.6373)<br />

ACADEMIA DE TÊNIS - 3316.6373<br />

CINE I – A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS (12<br />

anos). DIRETOR: ISABEL COITEX (117 MIN). 2ª a 6ª,<br />

17h, 19h20 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 14h40, 17h,<br />

19h20 e 21h40.<br />

CINE II – INVASÃO DE DOMICÍLIO (16 anos).<br />

DIRETOR: ANTHONY MINGHELLA (125 MIN). 2ª a<br />

6ª, 2ª a 6ª, 16h30, 19h e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />

16h30, 19h e 21h30.<br />

CINE III – CAPARAÓ (livre). DIRETOR: FLAVIO<br />

FREDERICO (77 MIN ). 2ª a 6ª, 17h30; Sáb., dom.<br />

e fer., 15h10. PRINCESAS (14 anos). DIRETOR:<br />

FERNANDO LEÓN DE ARANOA (113 MIN). 2ª a 6ª,<br />

19h10 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 16h50, 19h10 e<br />

21h30.<br />

CINE IV – ESCOLA DO RISO (livre). DIRETOR:<br />

MOMORU HOSHI (121 MIN ). 2ª a 6ª, 16h40, 19h e<br />

21h20; Sáb., dom. e fer., 16h40, 19h e 21h20.<br />

CINE V – CONFIDENCIAL (14 anos). DIRETOR:<br />

DOUGLAS MCGRATH (117 MIN). 2ª a 6ª, 17h, 19h20<br />

e 21h40; Sáb., dom. e fer., 14h40, 17h, 19h20 e<br />

21h40.<br />

CINE VI – UMA JUVENTUDE COMO NENHUMA<br />

OUTRA (14 anos). DIRETOR: VARDIT BILU / DÁLIA<br />

HAGER (<strong>90</strong> MIN). 2ª a 6ª, 17h30, 19h30 e 21h30;<br />

Sáb., dom. e fer., 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30.<br />

CINE VII – TSOTSI – INFÂNCIA ROUBADA (14<br />

anos). DIRETOR: GAVIN HOOD (96 MIN). 2ª a 6ª,<br />

17h40, 19h40 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40,<br />

17h40, 19h40 e 21h40.<br />

CINE VIII – OLHE PARA OS DOIS LADOS (10 anos).<br />

DIRETOR: SARAH WATT (100 MIN ). 16h, 19h20 e 21h20;<br />

Sáb., dom. e fer., 16h, 19h20 e 21h20. CURTA PETROBRÀS<br />

ÀS SEIS – DEVANEIO(16 anos). 2ª a dom., 18h.<br />

CINE IX – HÉRCULES 56 (livre). DIRETOR: SILVIO DA-RIN<br />

(94 MIN ). 17h20; Sáb., dom. e fer., 15h10. O TIGRE E A<br />

NEVE (10 anos). DIRETOR: ROBERTO BENIGNI (113 MIN).<br />

2ª a 6ª, 19h20 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 17h, 19h20 e<br />

21h40.<br />

CINE X – MARCAS DA VIDA (18 anos). DIRETOR: ANDRÉA<br />

ARNOLD (114 MIN ). 2ª a 6ª, 17h e 21h20; Sáb., dom. e fer.,<br />

15h e 19h20. O CHEIRO DO RALO (16 anos). DIRETOR:<br />

HEITOR DHALIA (100 MIN). 2ª a 6ª, 19h20; Sáb., dom. e fer.,<br />

17h20 e 21h20.<br />

OBS. 1: SEXTA-FEIRA NÃO SERÁ EXIBIDA A ÚLTIMA SESSÃO<br />

DO FILME “OLHE PARA OS DOIS LADOS”, EM VIRTUDE DA<br />

PRÉ-ESTRÉIA DE “NA CAMA”, ÀS 21h20, NA SALA VIII.<br />

OBS. 2: SEXTA-FEIRA NÃO SERÁ EXIBIDA A ÚLTIMA SESSÃO<br />

DO FILME “O TIGRE E A NEVE”, EM VIRTUDE DA PRÉ-<br />

ESTRÉIA DE “LADY VINGANÇA”, ÀS 21h40, NA SALA IX.<br />

CINE ACADEMIA DECK NORTE<br />

CINE I – HOMEM ARANHA 3 (12 anos)(DUBLADO).<br />

DIRETOR: SAM RAINI (140 MIN). 2ª a 6ª, 16h, 18h40 e<br />

21h20; Sáb., dom. e fer., 16h, 18h40 e 21h20.<br />

CINE II – PIRATAS DO CARIBE – NO FIM DO MUNDO (12<br />

anos). DIRETOR: GORE VERBINSKI (174 MIN). 2ª a 6ª, 15h,<br />

18h20 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 15h, 18h20 e 21h30.<br />

CINE III – SHREK TERCEIRO (livre)(DUBLADO). DIRETOR:<br />

CHRIS MILLER / RAMAN HUI (93 MIN). 2ª a 6ª, 17h30, 19h30<br />

e 21h30; Sáb., dom. e fer., 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30.<br />

CINE IV – CONVERSANDO COM DEUS (livre). DIRETOR:<br />

STEPHEN SIMON (109 MIN). 2ª a 6ª, 17h20 e<br />

19h30; Sáb., dom. e fer., 15h10, 17h20 e 19h30.<br />

INESQUECÍVEL (14 anos). DIRETOR: PAULO SÉRGIO<br />

ALMEIDA (87 MIN). 2ª a 6ª, 21h40; Sáb., dom. e fer.,<br />

21h40.<br />

CINE V – O MUNDO EM DUAS VOLTAS (livre).<br />

DIRETOR: DAVID SCHÜRMANN (94 MIN). 2ª a 6ª,<br />

17h30, 19h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 15h30,<br />

17h30, 19h30 e 21h30.<br />

CINE ACADEMIA AEROPORTO - 3364.9566<br />

CINE I – HOMEM ARANHA 3 (12 anos)(DUBLADO).<br />

DIRETOR: SAM RAINI (140 MIN). 2ª a 6ª, 16h, 18h40<br />

e 21h20; Sáb., dom. e fer., 16h, 18h40 e 21h20.<br />

CINE II – O SEGREDO (livre). DIRETOR: RHONDA<br />

BYRNE (92 MIN). 2ª a 6ª, 17h40 e 21h10; Sáb., dom.<br />

e fer., 15h40, 17h40 e 21h10. CARTOLA (10 anos).<br />

DIRETOR LÍRIO FERREIRA / HILTON LACERDA (88<br />

MIN ). 2ª a 6ª, 19h30; Sáb., dom. e fer., 19h30.<br />

CINE III – PIRATAS DO CARIBE – NO FIM DO<br />

MUNDO (12 anos). DIRETOR: GORE VERBINSKI (174<br />

MIN). 2ª a 6ª, 14h20, 17h40 e 21h; Sáb., dom. e fer.,<br />

14h20, 17h40 e 21h.<br />

CINE IV – SHREK TERCEIRO (livre)(DUBLADO).<br />

DIRETOR: CHRIS MILLER / RAMAN HUI (93 MIN). 2ª a<br />

6ª, 17h20, 19h20 e 21h20; Sáb., dom. e fer., 15h20,<br />

17h20, 19h20 e 21h20.<br />

OBS.: ESTACIONAMENTO GRATUITO POR QUATRO<br />

HORAS, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DO INGRESSO<br />

DO CINE ACADEMIA AEROPORTO DEVIDAMENTE<br />

CARIMBADO.<br />

Recorte o cupom de descontos na página 10 para pagar meia entrada no Cine Academia, de 2ª a 5ª feira.<br />

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