R$ 5,90 - Roteiro BrasÃlia
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Ano VI • nº 123<br />
18 de junho de 2007<br />
<strong>R$</strong> 5,<strong>90</strong>
empoucaspalavras<br />
Ainda inspirados pelo clima de paixão que resta<br />
no ar em função do Dia dos Namorados, decidimos<br />
destacar nesta edição as matérias que têm como fio<br />
condutor a paixão, essa misteriosa senhora de definição<br />
difícil mas de percepção nem tanto.<br />
Assim, não é difícil perceber paixão nos olhos de<br />
quem fala de seu ofício como quem fala de um grande<br />
amor. Seo Antonio, Ari, Vanda e Totó são personagens<br />
da matéria de Vicente Sá na seção Água na Boca<br />
(página 6). Eles falam de seu trabalho – fazer pão,<br />
vender bacalhau, queijo ou dar movimento ao mercado<br />
– e de sua vida, e ainda dão a fórmula para cativar a<br />
freguesia: bom humor e paixão pelo que fazem.<br />
Foi a paixão pelos livros, também, que levou<br />
o empresário Luiz Amorim a realizar o projeto<br />
Ponto Cultural, uma biblioteca gratuita bem no<br />
ponto (ou parada, como preferem alguns) de ônibus<br />
da entrequadra 712/713 Norte. A inauguração será neste<br />
dia 21, com direito a shows de música erudita, recital de<br />
poesia e até bate-papo com o poeta, escritor, compositor<br />
e cantor Jorge Mautner. A jornalista Lúcia Leão conta<br />
detalhes dessa paixão na matéria da página 36.<br />
É Lúcia Leão, aliás, uma das integrantes do grupo<br />
que fez história nos anos 80 com o lançamento da<br />
Bric-a-Brac. A revista nasceu da paixão pelo<br />
experimentalismo mas teve vida curta. Como diz<br />
outro de seus fundadores, Luis Turiba, em artigo a<br />
partir da página 31, a Bric-a-Brac durou pouco mas<br />
“morreu jovem e gostosa como Noel Rosa”.<br />
Finalmente destacamos, na seção Luz Câmera Ação<br />
(página 54), a matéria de Angélica Torres sobre o filme<br />
Juruna, O Espírito da Floresta, em fase de montagem e<br />
concorrente ao próximo Festival de Brasília do Cinema<br />
Brasileiro. A paixão de Armando Lacerda, o Armandão,<br />
pelo cinema e, igualmente, por um personagem exemplar<br />
da vida política brasileira, resulta num documentário de<br />
75 minutos capaz de resgatar a história do carismático<br />
índio xavante, único, até agora, a ocupar um lugar no<br />
Congresso Nacional.<br />
Boa leitura e até a próxima quinzena.<br />
Maria Teresa Fernandes e<br />
Adriano Lopes de Oliveira<br />
Editores<br />
30 diáriodeviagem<br />
O pintor brasiliense Rocha Maia se encanta com a receptividade<br />
de sua obra em Portugal, onde acaba de ser premiado no Salão<br />
Internacional de Artes Plásticas. Seu relato está na página 30.<br />
4<br />
10<br />
11<br />
12<br />
14<br />
16<br />
22<br />
25<br />
26<br />
33<br />
40<br />
42<br />
44<br />
águanaboca<br />
roteirodevantagens<br />
pão&vinho<br />
picadinho<br />
garfadas&goles<br />
roteirogastronômico<br />
dia&noite<br />
galeriadearte<br />
graves&agudos<br />
verso&prosa<br />
especial<br />
queespetáculo<br />
luzcâmeraação<br />
Divulgação<br />
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda | Setor Hoteleiro Sul, Brasil XXI, Business Center Park 1, Sala 1307 – Tel:<br />
3217.0217 Fax: 3217.0200 | Redação roteirobrasilia@alo.com.br | Editores Adriano Lopes de Oliveira e Maria Teresa Fernandes | Produção<br />
Célia Regina | Capa Eduardo Branquinho (sobre painel de azulejos alusivo à revista Bric-a-Brac) | Diagramação Carlos Roberto Ferreira<br />
Reportagem Adriana Romeo, Akemi Nitahara, Ana Cristina Vilela, Alexandre Marino, Angélica Torres, Bebé Prates, Beth Almeida, Carla<br />
Andrade, Cristiane Galvão, Eduardo Oliveira, Geraldo Seabra, Greicy Pessoa, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba, Luiz Recena,<br />
Marcos Magalhães, Rafaela Céo, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Teresa Mello e Vicente Sá<br />
Fotografia Débora Amorim, Eduardo Oliveira, Juan Pratginestós, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (8449.9736)<br />
Contatos Comerciais André Gil (9988.6676), Giselma Nascimento (9985.5881) e Ícaro Rollemberg (8463.3099) | Administrativo/Financeiro Daniel<br />
Viana e Rafael Oliveira | Assinaturas (3963.0207)| Impressão Gráfica Coronário
águanaboca<br />
Pra nóis<br />
e procê<br />
Brasília ganha<br />
restaurante<br />
inspirado no<br />
Xapuri, um dos<br />
melhores de<br />
Belo Horizonte<br />
POR TERESA MELLO<br />
Um restaurante de família, onde os<br />
nomes dos pratos homenageiam a sogra,<br />
o sogro, a tia, a cunhada. Onde o filho,<br />
Vitor, comanda o caixa, enquanto o pai,<br />
Anderson, chef e sócio da casa, fiscaliza<br />
os pratos, os 19 funcionários e percorre<br />
as mesas distribuindo simpatia, e a mãe,<br />
Fabiana, faz a ponte entre a cozinha e o<br />
bufê. Onde, às 14h, ainda é possível<br />
saborear comida quentinha, servida em<br />
enorme fogão a lenha, que, na verdade,<br />
é aquecido a gás. Assim é o Capital de<br />
Minas, na 210 Sul.<br />
Em 2004, Anderson Ferreira, de 39<br />
anos, veio passar férias em Brasília na<br />
casa do cunhado Leandro Tavares, 32,<br />
ex-jogador do Atlético Mineiro, e os dois<br />
começaram a matutar: por que não abrir<br />
aqui um restaurante semelhante ao<br />
Xapuri, um dos melhores de Belo<br />
Horizonte, localizado na Pampulha<br />
Lá, Anderson foi cria de Nelsa Trombino,<br />
com quem trabalhava havia quase duas<br />
décadas. No início deste ano, depois de<br />
algumas tentativas frustradas, o ponto<br />
certo apareceu na Asa Sul. Faltava só o<br />
nome: “Nós queríamos homenagear JK<br />
e Belo Horizonte”, diz Anderson.<br />
4
Fotos: Lula Lopes<br />
Conseguiram. Não só pela culinária,<br />
mas também pela arquitetura interior,<br />
projetada para acomodar até 160<br />
pessoas, atendidas diariamente a partir<br />
das 11h até o último cliente. Cliente que<br />
também é homenageado com um preço<br />
especial de inauguração: <strong>R$</strong> 20,60 por<br />
pessoa no almoço, com cerca de 30<br />
pratos à disposição durante a semana.<br />
Sábado é dia de feijoada e domingo é<br />
um festival de quase 50 variedades no<br />
bufê. Depois, rodízio de doces, café<br />
com rapadura e broinha de fubá.<br />
A COMIDA MINEIRA DA ROÇA FOI<br />
apresentada ao garoto na casa da avó,<br />
em Fidalgo. Dona Maria das Mercedes,<br />
ela sim, tinha um autêntico fogão a<br />
lenha. Enquanto os primos brincavam<br />
pelo sítio, Anderson ficava ao lado da<br />
avó, só assuntando: “Eu sentava na<br />
beira do fogão, ajudava a fazer doce<br />
de ambrosia, goiabada cascão, e ajudava<br />
a lavar os pratos”, recorda-se.<br />
Agora, no Capital de Minas, o<br />
ambiente externo reproduz um pouco<br />
da Praça da Estação, em Belo Horizonte,<br />
com seus lampiões, mesas de pé de ferro,<br />
jardineiras e palmeiras. No interior,<br />
espalham-se objetos adquiridos em<br />
Tiradentes, como luminárias feitas de<br />
cipó trançado. Os detalhes estão até nos<br />
banheiros, onde dançam bailarinas feitas<br />
de casca de coco. O piso superior, por<br />
enquanto reservado a grupos fechados,<br />
tem mesas de madeira de demolição<br />
sustentadas por pés de trilhos de trem.<br />
Feijão tropeiro, arroz, couve, tutu,<br />
abóbora, torresmo, costelinha, frango,<br />
filé acebolado, panqueca de banana,<br />
ovo frito, farofa, pão de queijo, lingüiça<br />
e tudo mais que o chef mandar.<br />
Quem quiser só petiscar pode pedir<br />
uma porção de trancinha de mussarela<br />
na chapa, com pão de alho, ou bolinho<br />
de mandioca com mussarela ou ainda<br />
lingüiça com cebola. “A lingüiça é<br />
fabricada aqui mesmo no restaurante”,<br />
avisa Anderson.<br />
À noite, os clientes contam com<br />
serviço de manobrista e as opções estão<br />
no cardápio, divididas em frango, carne,<br />
na moranga e saladas, em porções<br />
“pra mim e procê” e “pra nóis quatro”.<br />
Tem a salada da tia Lita, preparada com<br />
folhas, legumes e frutas (<strong>R$</strong> 25,40 para<br />
duas pessoas), a costelinha da Berereu,<br />
o filé da Paulinha, o frango do Zé Gu,<br />
a feijoada do Lê, tudo em família.<br />
Há pratos feitos por encomenda,<br />
indicados para alimentar seis pessoas,<br />
como o leitão assado com arroz,<br />
tropeiro e couve.<br />
A sobremesa, também de fabricação<br />
própria, inclui rodízio de doces, a<br />
<strong>R$</strong> 7,<strong>90</strong>. “Hoje são apenas 15 opções,<br />
porque ainda não consegui matériaprima<br />
adequada, mas meu objetivo é<br />
ter o dobro”, anuncia o entusiasmado<br />
chef, que promove reuniões com sua<br />
equipe toda semana: “Faço questão de<br />
ir a todas as mesas e falo para os garçons<br />
serem cordiais e sorridentes. O garçom<br />
é a cara do restaurante”, ensina.<br />
Capital de Minas<br />
210 Sul – Bloco B (3244.9976)<br />
Aberto diariamente das 11h<br />
até o último cliente.<br />
5
águanaboca<br />
A “alma” do<br />
Mercado Municipal<br />
Eles cativam a<br />
freguesia com sua<br />
dedicação, bom<br />
humor e paixão<br />
pelo que fazem.<br />
Conheça um pouco<br />
da história desses<br />
personagens.<br />
POR VICENTE SÁ<br />
FOTOS RODRIGO OLIVEIRA<br />
Quando as portas do Mercado<br />
Municipal se abrem e o ar da rua passeia<br />
entre os móveis, víveres e produtos, ele<br />
também chega. Distraído, espreita as<br />
coisas e as pessoas como um velho<br />
mágico prestes a entrar em cena. Ele<br />
é um dos poucos que ainda fazem do<br />
ofício de fazer pão um pequeno milagre<br />
diário e um gesto artístico. Aos 87 anos,<br />
Antônio Francisco da Silva é um<br />
exemplo de dedicação e conhecimento.<br />
Depois de trabalhar nas maiores e<br />
melhores casas de pão do Rio de Janeiro<br />
e São Paulo – lá comandou, por mais de<br />
dez anos, a equipe da centenária<br />
“Italianinha”, talvez a mais tradicional<br />
e respeitada padaria da capital<br />
paulistana e do país – seo Antônio,<br />
que já encarara muitas<br />
adversidades na vida, deu<br />
um jeito de driblar mais uma,<br />
Totó: sempre com a mão na massa<br />
6
a aposentadoria: veio para Brasília, onde<br />
continua fazendo, para felicidade geral,<br />
o pão nosso de cada dia.<br />
Assim como o pão que retira do<br />
forno todos os dias, às dez da manhã<br />
e às quatro da tarde, devagar ele tira<br />
do peito um pouco de sua história.<br />
Aos 11 anos já conhecia os rudimentos<br />
e exercia o oficio de padeiro na<br />
pequenina cidade de Fazenda Nova,<br />
interior de Pernambuco. Mas, por<br />
desavenças familiares, ansiedade ou<br />
destino, ele não se lembra bem, fugiu<br />
de casa só com a roupa do corpo e<br />
acabou por conseguir emprego numa<br />
padaria de beira de estrada.<br />
Lá, entre as massas de pão e o forno,<br />
cresceu, casou-se com a filha do dono,<br />
teve duas filhas e só saiu para servir ao<br />
Exército durante a Segunda Guerra<br />
Mundial, o que mudou o rumo do seu<br />
destino. Ao voltar, sua mulher havia<br />
falecido e o sogro, desgostoso e sem<br />
notícias dele, mudara-se para São Paulo<br />
com as duas filhas de Antonio, que ele<br />
nunca mais viu.<br />
Princípios de vida dramáticos<br />
como esse parecem fazer parte da<br />
alma nordestina. Assim, Antônio não<br />
reclamou e seguiu em frente. Mudou-se<br />
para o Rio de Janeiro e retomou a<br />
profissão de padeiro. Casou-se, teve<br />
filhos, enviuvou, casou-se de novo e<br />
novamente ficou viúvo. Até outro dia<br />
morava em São Paulo com uma filha.<br />
Agora, em Brasília, divide seus dias entre<br />
o Mercado Municipal, uma pensão na<br />
W3 Sul e a vontade de conhecer melhor<br />
a capital da República.<br />
Duas vezes ao dia vai ao Mercado e,<br />
como quem segue um ritual religioso,<br />
prepara a panhoca e o silão – pães<br />
italianos dos mais tradicionais – que<br />
depois recebem um dos nove recheios<br />
que são especialidades da padaria.<br />
Quando o aroma se espalha entre os<br />
fregueses, é possível ouvir comentários<br />
curiosos como o de Michelle, de 5 anos,<br />
que no colo do mãe pergunta: “Mãe,<br />
aquele velhinho ali é o pai do pão"<br />
Uma idiossincrasia de seo Antonio:<br />
quase perde as estribeiras quando<br />
tentam fotografá-lo. Não deu a menor<br />
chance ao fotógrafo da <strong>Roteiro</strong>,<br />
retirando-se apressadamente da padaria.<br />
ARI DO BACALHAU Dez e meia da<br />
manhã. O Mercado Municipal começa<br />
a tomar jeito de mercado: barulho,<br />
encontros, conversas e acima de tudo<br />
isso os “reclames” que vêm da banca do<br />
bacalhau, descontraindo o ambiente.<br />
É mesmo impossível entrar no Mercado<br />
sem reparar no Ari do Bacalhau, visto<br />
em plena atividade na foto aí de cima.<br />
Dono de um estilo muito particular<br />
de trabalhar, sua voz anima não só os<br />
fregueses como também os colegas<br />
de serviço. Seus bordões e sua bem<br />
humorada algazarra dão o toque de<br />
feira ao mercado e tiram qualquer<br />
sisudez da prática do “compra e vende”.<br />
Paulista de Andradina, Ari ainda<br />
estranha o publico brasiliense, que<br />
também não está acostumado ao seu<br />
modo de vender. “Os fregueses daqui<br />
ainda não ficam totalmente à vontade<br />
com o ambiente de mercado, com<br />
a nossa abordagem. Mas já estão se<br />
acostumando e percebendo que o nosso<br />
tratamento é bom, é vip, pois a gente<br />
oferece, troca idéias, dá dicas, o que<br />
é muito melhor do que só ficar<br />
esperando calado”.<br />
Na sua barraca, o palmeirense<br />
mostra aos fregueses como se limpa,<br />
se corta, se tira as espinha e se dessalga<br />
o bacalhau. “Até preparar eu ensino,<br />
só não ensino como comer”, brinca.<br />
O INCANSÁVEL TOTÓ Só no início da<br />
tarde ele é definitivamente percebido,<br />
embora tenha estado lá o tempo inteiro.<br />
É quando os clientes se dão conta da<br />
imensidão de sua presença. Talvez<br />
porque ele esteja sempre em movimento,<br />
não pare nunca. Seu jeito mignon é<br />
sentido em todos os cantos do Mercado.<br />
7
águanaboca<br />
Num momento, conversa com um<br />
funcionário; em seguida, orienta outro a<br />
arrumar uma coisa aqui ou acolá e, entre<br />
tantos afazeres, ainda encontra tempo<br />
para atender a freguezia. Parece que<br />
ainda se move sobre patins, como nos<br />
tempos em que defendia a seleção<br />
brasileira de hóquei. Ir ao Mercado é<br />
assistir ao balé movimentado de Luis<br />
Antônio Nascimento Veiga, o Totó.<br />
Dizem que quem faz o que gosta<br />
não se cansa nunca. Talvez por isso Totó<br />
tenha toda essa disposição. Afinal, a vida<br />
de feirante está no sangue da família<br />
há três gerações. “Meu avô foi um dos<br />
fundadores do Mercado Municipal de<br />
São Paulo, em 1933”, confirma, entre<br />
um trago do cigarro e uma ordem a<br />
outro funcionário.<br />
Desde 1980 Totó cuida de sua<br />
barraca no “mercadão” paulistano,<br />
onde conheceu Jorge Ferreira, um dos<br />
maiores empreendedores do mercado<br />
gastronômico brasiliense (é dono<br />
também do Feitiço Mineiro, Bar<br />
Brasília, Monumental, Armazém do<br />
Ferreira, Bar Brasil, Café do Brasil,<br />
Brahma Express e pizzaria Gordeixo).<br />
De tanto lhe mandar fregueses de<br />
Brasília, Jorjão acabou por tornar-se<br />
um dos sócios de Totó na criação do<br />
Mercado Municipal daquí.<br />
Além dos queijos, do bacalhau,<br />
dos produtos a granel e da variedade<br />
de temperos, Totó fez questão de trazer<br />
para Brasília também o que chama de<br />
“espírito do mercado” . Ele se refere ao<br />
barulho do mercado, aos cheiros, à<br />
conversa, aos gritos dos vendedores.<br />
“É o contrário daquele silêncio triste<br />
dos supermercados”, define o feirante.<br />
E nesse desafio vale tudo, até se<br />
transformar em vários.<br />
VANDA DOS QUEIJOS Enquanto escurece<br />
nas ruas da capital, as luzes se acedem<br />
no Mercado e outra coisa nos chama<br />
a atenção: a barraca dos queijos. Dona<br />
de uma variedade que salta aos olhos<br />
e aguça o paladar, é outra marca<br />
importada do Mercado Municipal<br />
de São Paulo. Nela, uma mocinha<br />
simpática, quase uma menina, dá<br />
dicas, receitas e recomendações.<br />
Sempre sorrindo, a paraibana Vanda<br />
Araújo (essa mesma aí da foto) mostra<br />
que aprendeu direitinho nos cinco anos<br />
que passou no mercado paulistano.<br />
Com seu jeito carinhoso, oferece não só<br />
os produtos de sua barraca como também<br />
dá algumas boas dicas para os fregueses.<br />
“Normalmente eles já chegam querendo<br />
saber qual é o tipo de queijo para tal<br />
situação, tantas pessoas, qual o vinho.<br />
Aí a gente vai explicando, oferecendo<br />
provas para degustação e eles saem<br />
felizes, que é o que importa”, diz Vanda.<br />
Ela e o marido, também paraibano,<br />
se revezam na barraca e garantem um<br />
tratamento diferenciado para aqueles<br />
que querem uma boa noite de queijos e<br />
vinhos. “Os brasilienses são ótimos de<br />
trabalhar. São curiosos, perguntam muito<br />
e não são nada esnobes. Gostam mesmo<br />
dos conselhos que nós damos”, elogia.<br />
Quando o Mercado Municipal fecha<br />
as portas, fica com a aparência de um<br />
antigo e entristecido teatro. As sombras<br />
e o silêncio lhe são mortais. Ainda bem<br />
que a noite sempre é passageira e<br />
amanhã tem mercado outra vez.<br />
Mercado Municipal<br />
W3 Sul – Quadra 509 (3244.0639)<br />
De 2ª a sábado, das 8 às 22h. Domingo, das<br />
8 às 15h<br />
8
pão&vinho<br />
Volta ao mundo à beira do lago<br />
ALEXANDRE DOS SANTOS FRANCO *<br />
Mais comum durante o inverno ou<br />
a primavera, o Mistral é um vento frio<br />
e seco que sopra da terra, originando-se<br />
na costa meridional da França e se<br />
prolongando pela Espanha e Itália.<br />
Desta feita, soprou à entrada do inverno<br />
e à costa lacustre de Brasília. E, embora<br />
não tenha falhado à França, Espanha<br />
e Itália, fez questão de passear pela<br />
Argentina, Chile, Uruguai, África do<br />
Sul, Austrália, Nova Zelândia, Portugal,<br />
e, pasmem, até a Grécia.<br />
Uma verdadeira “volta ao mundo<br />
em mais de oitenta goles”. São notórias<br />
as vantagens desse tipo para os<br />
consumidores finais, bem como para<br />
os negociantes de vinhos. Por um preço<br />
inferior ao valor de uma ou duas<br />
garrafas, pôde-se degustar quase 200<br />
rótulos das mais diversas procedências,<br />
castas varietais e cortes, dando-se ao<br />
degustador a chance de comparar<br />
aromas, sabores e cores, com preços e<br />
procedências que lhe permitiram formar<br />
mais claramente suas preferências ênicas.<br />
No último 31 de maio, a importadora<br />
de vinhos Mistral, uma das maiores do<br />
Brasil, dona de invejável catálogo e já<br />
instalada e atuante em Brasília, realizou<br />
no LakeSide Hotel o Tour Mistral 2007.<br />
Foi o reconhecimento da Capital<br />
Federal como um dos cinco mais<br />
importantes mercados consumidores<br />
de vinhos no Brasil de hoje, juntando-se<br />
a São Paulo, Rio de Janeiro,<br />
Belo Horizonte e Curitiba.<br />
O evento foi muito bem organizado,<br />
desde as reservas e a recepção até a<br />
possibilidade de compras. Houve claro<br />
privilégio às marcas novas e novos<br />
rótulos de marcas tradicionais. Uma<br />
grata surpresa foi o comparecimento<br />
pessoal de alguns famosos proprietários<br />
de grandes vinícolas, como o simpático<br />
Luis Pato, maior e mais importante<br />
vinicultor da Bairrada, uma das mais<br />
fortes regiões produtoras de Portugal.<br />
A maior novidade ficou por conta<br />
das novas importações procedentes<br />
da Grécia. País com longa tradição<br />
na produção vínica, mas raramente<br />
representado no Brasil por seus vinhos,<br />
agora se fez presente, na figura do<br />
produtor Gaía. Além de seu mais<br />
tradicional vinho resinado, Ritinitis<br />
Nobilis, de sabor e aroma bastante<br />
incomuns aos nossos costumes, mas<br />
nem por isso menos agradável de se<br />
experimentar, tem sua característica<br />
mineral como principal indicativo<br />
de harmonização com comida,<br />
especialmente alguns frutos do mar, e<br />
certamente toda a sorte de pratos gregos.<br />
Alguns dos melhores “custos x<br />
benefícios” da noite foram os chilenos<br />
Amayna, tanto os típicos e deliciosos<br />
Sauvignon Blanc e Pinot Noir quanto<br />
o supreendente Sauvignon Blanc Barrel<br />
Fermented, e ainda o vinho branco<br />
português Talhão 1, da Quinta da<br />
Lagoalva de Cima. No salão de provas<br />
tive a oportunidade de ver e conversar<br />
sobre os caldos com Dom Francisco<br />
e Aldric Muggler, entre outros<br />
representantes de restaurantes e lojas<br />
da cidade que lá estavam para descobrir<br />
novidades para seus clientes.<br />
A Mistral de Brasília passa, neste<br />
momento, por uma situação complicada<br />
para seus clientes, já que se encontra<br />
em processo de alteração de loja para<br />
atacadista, com vislumbres ao papel<br />
de “atacarejo”, sobre o qual, em artigo<br />
anterior, já tivemos a oportunidade<br />
de discorrer. Lá, por enquanto, só pode<br />
comprar quem puder fazê-lo através<br />
de pessoa jurídica, ou quem aguardar<br />
uma entrega vinda da loja de São Paulo.<br />
Como a alteração se destina à obtenção<br />
de boas vantagens fiscais, só nos resta<br />
esperar que parte delas revertam em<br />
favor dos consumidores, na forma<br />
de diminuição dos preços.<br />
Foi, enfim, para os apreciadores<br />
de vinho de Brasília, uma ótima<br />
oportunidade de se “embriagar”, não<br />
de álcool, como se poderia esperar, mas<br />
dos prazeres que essa majestosa bebida<br />
pode nos dar em sabores, olfatos,<br />
amizades e trocas de experiências.<br />
*Empresário e enófilo<br />
11
picadinho<br />
Temporada<br />
de whisky<br />
Dólar em baixa, bom momento para<br />
viajar para o exterior e também para<br />
apreciar um whisky no Bier Fass do<br />
Gilberto Salomão. O Clube do Whisky<br />
está com excelentes preços: Johnny<br />
Walker Red a <strong>R$</strong> 96 e Black a <strong>R$</strong> 130.<br />
Temporada<br />
de risoles<br />
Momento muito bom ainda para<br />
quem é viciado nos irresistíveis risoles<br />
do Camarão 206. Está de volta a<br />
promoção de dois risoles com um<br />
refrigerante lata (ou suco) por<br />
apenas <strong>R$</strong> 9,<strong>90</strong>.<br />
Aniversário<br />
apimentado<br />
A Valentina Pizzaria, da 214 Norte,<br />
acaba de lançar um brinde original<br />
para agradar os aniversariantes.<br />
Quem comemorar sua data lá fatura<br />
na hora um vidro de pimentas em<br />
conversas. Calma, meu amigo! Tratase<br />
de uma linda peça decorativa da<br />
loja Especiarias & Cia, de Curitiba.<br />
Direto da fonte<br />
A Miolo Wine Group anunciou que<br />
pretende duplicar o volume de<br />
vendas pela internet até 2008.<br />
A empresa investiu na qualificação<br />
e treinamento da equipe e<br />
reestruturação do setor de vendas.<br />
Com isso, nós, consumidores de<br />
vinho, podemos esperar rapidez e<br />
qualidade no atendimento da loja<br />
virtual (www.miolo.com.br), que<br />
conta com alguns produtos exclusivos,<br />
não encontrados em supermercados<br />
e lojas especializadas. Um deles é o<br />
Miolo Lote 43, campeão de vendas<br />
no site. Talvez seja a melhor hora de<br />
testar uma forma não muito usual de<br />
comprar a bebida.<br />
Reabertura<br />
do L’affaire<br />
A mudança de endereço do L’affaire<br />
não foi tão drástica – do Mercure<br />
Hotel para o Mercure Apartments,<br />
no mesmo Setor Hoteleiro Norte.<br />
Em compensação, o cardápio foi<br />
reformulado pelo chef Marcello<br />
Piucco para atender aos mais<br />
variados gostos. Uma das novidades<br />
é o risoto Paz e Amor (<strong>R$</strong> 45), com<br />
lulas e camarões ao vinho branco,<br />
páprica, tiras de tomate assado e<br />
azeite de trufas. O novo espaço é<br />
bem mais amplo, com capacidade<br />
para 150 pessoas, a decoração mais<br />
despojada e a adega tem mais de<br />
1.500 garrafas de cerca de 250<br />
rótulos de vinhos fornecidos pela<br />
Grand Cru.<br />
Sabores sem fronteiras<br />
Nos dias 21 e 22, o chef Vicente Más<br />
Gonzalez – o Paquito – faz os dois<br />
últimos jantares da edição espanhola<br />
do festival Sabores Sem Fronteiras,<br />
no Espaço Gourmet do Mercado<br />
Municipal. Paquito nasceu em<br />
Valência e veio para o Brasil com<br />
apenas 12 anos. Atualmente<br />
comanda o restaurante Parador<br />
Valência, em Itaipava, no Rio de<br />
Janeiro. Seu jantar terá cinco etapas:<br />
o bienvenido será a tortilla de batata<br />
e cebola ao alho e óleo. De entrada,<br />
camarão com salmão defumado e<br />
redução de manga com gengibre.<br />
O primeiro prato será o pato ao<br />
molho de amêndoas com purê de<br />
maçã; o segundo, paella marinera.<br />
E para fechar com chave de ouro,<br />
de sobremesa, a Torta de Santiago<br />
com crosta de coco. Os jantares,<br />
que incluem vinhos harmonizados,<br />
custam <strong>R$</strong> 125 por pessoa.<br />
Mundo Vinho<br />
Se o interesse não é comprar,<br />
mas apenas se informar sobre<br />
vinhos, uma boa opção é o portal<br />
www.mundovinho .com.br, que<br />
entrou no ar dia 4 junho. O site<br />
explora em detalhes os principais<br />
vinhos vendidos no mercado<br />
brasileiro. Cada vinho conta com<br />
uma descrição para leigos e outra<br />
para especialistas, além de sugestões<br />
de harmonização e endereços onde<br />
encontrar o produto. É possível<br />
também localizar o vinho analisado<br />
por tipo, país e faixa de preço.<br />
Outro recurso bem interessante é<br />
um serviço de consultoria gratuito,<br />
no qual o usuário descreve a ocasião<br />
em que o vinho será consumido e<br />
os especialistas do site sugerem<br />
algumas opções.<br />
Massas e molhos<br />
Boa notícia para os proprietários de restaurantes que pretendem investir<br />
na capacitação de sua equipe. O IESB está criando vários cursos de extensão<br />
em gastronomia voltados para cozinheiros interessados em profissionalizar<br />
suas práticas. O primeiro deles é o de molhos e massas, que começou dia<br />
11 de junho. As aulas – 100% práticas – acontecem nas modernas cozinhas<br />
demonstrativas e práticas do IESB, com a supervisão dos professores Lucas<br />
Fernandez Arteaga e Pablo Alejandro André. As inscrições ainda estão<br />
abertas – são 32 vagas no total. O investimento de <strong>R$</strong> 450 dá direito<br />
a material didático que inclui pasta com receitas, avental e chapéu.<br />
Mais informações: 3445.4575<br />
12
POR RODRIGO OLIVEIRA<br />
Receitas de<br />
uma diva<br />
A cantora lírica que<br />
fascinou o mundo<br />
tinha uma outra<br />
habilidade<br />
desconhecida da<br />
maioria. A “Divina” Maria Callas<br />
era excelente cozinheira. Tinha mania<br />
de colecionar algumas receitas que<br />
recortava de jornais ou que pedia<br />
aos chefs dos restaurantes que<br />
freqüentava – além de inventar<br />
outras. Passados 30 anos da morte<br />
da diva italiana, esse talento oculto<br />
veio à tona com o lançamento do<br />
livro A Paixão Secreta de Maria Callas<br />
– Histórias, Receitas e Sabores,<br />
organizado por Bruno Tosi,<br />
presidente da Associação Cultural<br />
Maria Callas de Veneza. Editado pela<br />
Mercuryo, o livro tem 200 páginas<br />
recheadas com belas fotos, receitas<br />
e histórias que levam o leitor a<br />
conhecer os aromas marcantes<br />
na vida de um mito.<br />
Receitas de<br />
uma viúva<br />
Seria um livro de receitas como o<br />
de qualquer outra dona de casa, a<br />
não ser por um detalhe: os grandes<br />
nomes da política que provaram os<br />
pratos. O livro Lila Covas – Histórias<br />
e Receitas de Uma Vida, lançamento<br />
da Editora Global, traz as receitas<br />
que a mulher de Mário Covas<br />
preparava nas memoráveis reuniões<br />
que ocorriam na casa do governador<br />
de São Paulo. Escrito pela jornalista<br />
Luci Molina, que atuou como<br />
assessora de imprensa no governo<br />
Covas, o livro traz depoimentos<br />
e receitas de amigos de dona Lila,<br />
como a atriz Eva Wilma e o maestro<br />
John Neschling.<br />
Arraial à beira do lago<br />
O Bier Fass do Pontão do Lago Sul<br />
entrou no clima festivo de junho.<br />
Até o final do mês a casa fica<br />
decorada com bandeirinhas, balões e<br />
espantalhos. A música ambiente será<br />
sempre com ritmos regionais. Até os<br />
garçons entram no clima vestindo<br />
roupas caipiras. E nas as sextas-feiras<br />
tem bufê de comidas típicas:<br />
quentão, canjica, amendoim, milho<br />
verde cozido, arroz doce, curau, bolo<br />
de milho, bolo de fubá, cocada,<br />
paçoquinha, pipoca e doces.<br />
Café com teatro<br />
O projeto Teatro de Quinta está de<br />
volta no Café da Rua 8 (408 Norte).<br />
Todas as quintas-feiras, os atores<br />
Similião Aurélio e Ribamar Araújo<br />
se revezam no palco do café, com<br />
esquetes cômicas – sempre inéditas<br />
– e levando toda semana um<br />
convidado especial para apimentar<br />
a apresentação.<br />
EU RECOMENDO...<br />
o Talharim à Matriciana do<br />
Ninny (209 Norte). Sempre<br />
que vou à cantina com<br />
meus amigos, anuncio<br />
que pedirei outro prato<br />
desta vez, leio o cardápio<br />
inteiro e acabo não<br />
conseguindo mudar.<br />
Rilson Raposo Filho<br />
Empresário e assinante da <strong>Roteiro</strong><br />
Vodka preta<br />
A importadora Canevari<br />
acaba de trazer ao Brasil<br />
a vodca Blavod – única<br />
no mundo com<br />
coloração escura.<br />
O tom é resultante<br />
da presença da erva<br />
asiática Catechu, que<br />
não altera o sabor da<br />
bebida. É ideal para a<br />
elaboração de drinques<br />
coloridos e divertidos,<br />
combinando bem com<br />
frutas, energéticos,<br />
refrigerantes e outras<br />
bebidas.<br />
Do freezer<br />
para a boca<br />
A Sadia está lançando sobremesas<br />
que batem o recorde de praticidade.<br />
Trata-se da nova linha de Frozen<br />
Mousses. Em três sabores – chocolate<br />
com raspas de chocolate, maracujá<br />
e chocolate com mousse de coco –<br />
o produto já sai do freezer pronto<br />
para o consumo. Nem é necessário<br />
descongelar.<br />
Vinho quente<br />
Neste friozinho junino, as noites<br />
de São João, São Pedro e demais<br />
santos pedem bebidas capazes de<br />
“esquentar a alma” para enfrentar o<br />
sereno dos arraiais candangos. Uma<br />
bebida tradicional – e sempre bem<br />
amada – é o vinho quente, que tem<br />
preparo simples. Basta ferver, por<br />
pouco mais de dez minutos, um litro<br />
de vinho tinto, uma xícara de chá de<br />
água, uma maçã cortada em cubos<br />
pequenos, uma xícara e meia de<br />
açúcar, alguns pedaços de canela em<br />
pau, dez cravos da índia, casca ralada<br />
de uma laranja e casca ralada de um<br />
limão. O ideal é servir a bebida em<br />
canecas de barro, ainda fumegando.<br />
A receita é do site www.cybercook.<br />
com.br. Lá também há boas dicas de<br />
preparo de canjica, quentão, maçã<br />
do amor e pamonha salgada. Depois,<br />
é só participar da corrida do saco ou<br />
do pau-de-sebo pra exorcizar todas<br />
as calorias que vêm junto<br />
com as gostosuras.<br />
13
Mi Buenos Aires…<br />
LUIZ RECENA<br />
garfadasegoles<br />
@alo.com.br<br />
Ciudad portenha de mi único querer. O canto de Gardel ecoa na memória assim que o avião decola. E, de<br />
novo, brota do passado em cada esquina dessa cidade charmosa, com personalidade forte e atrações ímpares.<br />
A última década não foi mãe generosa com o país, nem com sua capital. Mas a Argentina não chorou e tocou<br />
seu barco. Devagar no nevoeiro, rápido com bom tempo. Volto quase cinco anos depois e encontro uma<br />
cidade reerguida, outra vez altaneira. Portenhas e portenhos mais simpáticos e profissionais. O turismo<br />
cresce e ajuda a volta por cima. Desta vez, os pontos tradicionais ficaram para trás, dando preferência aos<br />
compatriotas de primeira viagem. Indicações e descobertas marcaram a pauta prioritária. Alguns resultados<br />
desse contra-fluxo gastronômico estão nas próximas linhas. Salud!<br />
14garfadas&goles<br />
Parrilla lusitana<br />
Antiga e um pouco escondida, a parrilla El Português<br />
(Baez, 499, Palermo Las Cañitas) surpreende desde<br />
o primeiro minuto. Pela qualidade alta e pelo preço<br />
baixo. Todos os pratos são para compartir, repete<br />
o cardápio a cada página. Garçom mais antigo<br />
da casa, el Maestro tem a cabeça branca e o ar<br />
impaciente de experiência feito. Meia porção<br />
Jamais! Vinho O melhor é Don Valetin lacrado,<br />
vou buscar uma garrafa. Jamon crudo como entrada<br />
e Milanesa de Ternera como prato principal. A<br />
porção é obelística. Água e papas fritas completam.<br />
Total: US$ 25. Indicação: Claude “Toca” Capdeville.<br />
Primeira descoberta<br />
A hora do almoço avança e o frio aperta. As indicações<br />
falharam. Mas, em Buenos Aires, é difícil ficar sem<br />
comer. Al Carbón surge, acanhado de porta, amplo<br />
no interior. Três andares de mesas. A salvação vem com<br />
o maître Reynaldo, paraguaio, há 14 anos na capital.<br />
Conhece o Brasil e os brasileiros e ajuda os colegas a<br />
decifrar o português dos turistas. Riñones de entrada,<br />
com uma taça de Santa Julia Roble, tinto encorpado.<br />
Pratos principais: asado de tira e ravióli de salmon e<br />
truta. Uma garrafa de Doña Paula 2005, Malbec de<br />
raça, de vinícola pequena. Detalhe: o pão vem em<br />
cesta feita de massa de pão. Original. Dura um mês.<br />
Água, coca e couvert completam. Total: US$ 47.<br />
Segunda descoberta<br />
Menos de um mês de vida, a parrilla La Rosalía já<br />
disse a que veio: competir com simpatia, eficiência e<br />
qualidade. Nota 10 para a somelier Cris, seis anos<br />
em São Paulo, português correto, sabe do assunto.<br />
O Catena não tinha chegado. Deu lugar a um<br />
Fournier B-crux, Malbec e Merlot, 93 pontos na<br />
Wine Magazin. Entrada com morcilla e empanada.<br />
Principais: ojo de bife e asado de novilho. O assador,<br />
numa fornalha de carvão, sentenciou: “O gás tira o<br />
gosto da carne”. Eis uma das diferenças...Sobremesa<br />
de panquequinhas de doce de leite. Total: US$ 58.<br />
La señora descansa<br />
Domingo de sol na Recoleta. Nem só de vinho vive<br />
o homem. De cerveja também. Na segunda indicação<br />
certeira de Mr. Toca, pausa para uma Quilmes na<br />
quase centenária La Biela. Sanduíche de miga e<br />
presunto cru. Como em Paris, parciais da conta vêm<br />
junto com cada pedido. Ao final, os garçons somam<br />
de cabeça e cobram na mesa. Total, com chocolate e<br />
papas fritas: US$ 30. Do outro lado, no cemitério<br />
famoso, Evita Perón enfim descansa.<br />
Terceira descoberta<br />
Ainda em La Recova está o Súbito Sotto el Ponte,<br />
mix de italiano, criollo e nórdico, da chef Katrine<br />
Röed, norueguesa há muito anos na cidade. Maître<br />
Oscar sabe muito de vinho e dá ótimas sugestões.<br />
Polvo à galega de entrada. Principais: nhoque de<br />
espinafre ao molho parmesão, filezinhos de cordeiro<br />
ao aceto balsâmico rebaixado com mel e molho de<br />
carne . Um Escorihuela Malbec fez sólida guarda.<br />
Total: US$ 66.<br />
Pecado no convento<br />
El Claustro fica dentro do antigo convento de Santa<br />
Catarina de Siena (San Martin, 705). Onde eram as<br />
celas e o local dos banhos das freiras estão agora as<br />
salas, de pedras grossas e frias, do restaurante. O frio<br />
acaba aqui. O resto é calor humano, do maître José<br />
Reales, e comida de qualidade, do chef Rolando<br />
Benitez. Entrada: camembert gratinado com ervas<br />
sobre leito de torrada. Único! Principais: filé alto<br />
com purê rústico e espinafre salteado; ojo de bife ao<br />
molho de cogumelos. Cinco taças de San Felicien,<br />
duas de Chardonnay e três de Cabernet Sauvgnon.<br />
Total: US$ 51. Indicação certeira: Celso Kaufman.<br />
PS: Buenos Aires voltará nas próximas colunas.<br />
Antes, uma reafirmação do que constataram Teresa<br />
e Adriano, meus queridos editores, em viagem<br />
anterior: nas cartas de vinhos, SÓ rótulos argentinos.<br />
Nos preços à mesa, um notável comedimento dos<br />
proprietários.
Fotos: Eduardo Oliveira<br />
Camarao a provencal<br />
Receita do chef Donizete Ferreira da Silva, do restaurante Diamantina<br />
INGREDIENTES<br />
• Camarões grandes – 5 unidades sem<br />
casca, pés e cabeça<br />
• 60g de arroz arbório<br />
• 1 cebola grande<br />
• 5 dentes de alho<br />
• 2 tomates sem sementes nem pele<br />
• 50g de queijo parmesão<br />
• 30g de manteiga<br />
• 30ml de azeite de oliva<br />
• Salsinha<br />
• Erva de provence<br />
• ½ cubo de caldo de galinha<br />
• 50ml de vinho branco<br />
• 300ml de água<br />
• Sal a gosto<br />
RISOTO<br />
Numa frigideira funda, coloque aproximadamente 10ml de<br />
azeite e refogue 2 dentes de alho e meia cebola. Acrescente o<br />
arroz e deixe refogar. Dissolva a metade do caldo de galinha na<br />
água morna e vá acrescentando a mistura aos poucos em fogo<br />
baixo. Se necessário, acrescente uma pitada de sal. Quando<br />
cozido o arroz, acrescente a manteiga e mexa bem até derretêla.<br />
Então, acrescente o queijo. Reserve.<br />
CAMARÃO<br />
Numa frigideira, coloque o azeite, o alho e a cebola restante<br />
e refoge o camarão por 4 ou 5 minutos. Acrescente o tomate,<br />
o vinho branco, as ervas de provence e sal a gosto. Deixe<br />
cozinhar por mais 2 minutos e acrescente a salsinha.<br />
Monte o prato com o risoto no centro e disponha os camarões<br />
e o próprio molho ao redor. Bom apetite !!!<br />
15
oteirogastronômico<br />
Armazém do Ferreira<br />
Diamantina Restaurante<br />
Restaurante inspirado no Rio de<br />
Janeiro dos anos 40. O buffet,<br />
com cerca de 20 tipos de frios,<br />
sanduíches e rodadas de empadas<br />
e quibes, com a performance do<br />
garçom Tampinha, são boas opções<br />
para os freqüentadores.<br />
Ambiente requintado e charmoso.<br />
No cardápio, um convívio<br />
harmonioso entre pratos da cozinha<br />
contemporânea e os preferidos do<br />
ex-presidente Juscelino Kubitschek.<br />
Adega climatizada.<br />
202 Norte (3327.8342)<br />
CC: Todos<br />
Azulejaria<br />
Um dos melhores Happy Hours da<br />
cidade. No cardápio espumantes,<br />
petiscos, sanduíches, carpaccios,<br />
ostras e cervejas importadas. No<br />
almoço, buffet de saladas e pratos<br />
quentes.<br />
BRASILEIROS<br />
Hotel Kubitschek Plaza<br />
(3329.3774) CC: todos<br />
Esquina da Vila<br />
A traíra sem espinhas é o principal<br />
prato da casa, mas a peixada ao<br />
molho, os filés de truta, salmão,<br />
badejo e surubim grelhados - com<br />
seus deliciosos acompanhamentos -<br />
fazem da casa, com seu estilo único,<br />
uma excelente opção.<br />
408 Sul (3443.0698)<br />
CC: Todos<br />
Vila Planalto(3306.2539)<br />
CC: todos<br />
Bar Brasília<br />
La Leopolda<br />
Fotos: Eduardo Oliveira<br />
BARES<br />
Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem<br />
decoração caprichada, com móveis e<br />
objetos da primeira metade do século<br />
XX. Destaques para os pasteizinhos.<br />
Sugestão de gourmet: Cordeiro<br />
ensopado com ingredientes<br />
especiais, que realçam seu sabor.<br />
506 Sul Bloco A (3443.4323)<br />
CC: Todos<br />
Bar e Pizzaria do Brás<br />
Cerveja gelada e buffet. Mais de 40<br />
opções de frios e petiscos. De 2ª a<br />
6ª, buffet no almoço. Aos sábados,<br />
feijoada e cachaças, além do buffet<br />
de massas e saladas. Todos os dias<br />
rodízio de pizzas, caldos e massas.<br />
BUFFET DE FESTA<br />
Referência em criatividade,<br />
qualidade e eficácia em buffet de<br />
alta gastronomia.Em seis anos de<br />
trabalho coleciona cinco prêmios. Os<br />
produtos são elaborados por Emília<br />
Ferrero e executados por Ricardo<br />
Ferrero. Realiza eventos sociais e<br />
empresariais.<br />
QI 21 Bl. A (3366.1110/3078)<br />
Sweet Cake<br />
É um dos mais renomados buffets<br />
de festa da cidade, com mais de<br />
dez anos de experiência. Além dos<br />
salgados e doces finos oferecidos<br />
no buffet, destaque para o Risoto de<br />
Foie-Gras, o Carré de Cordeiro ao<br />
Molho de Alecrim e o Filé ao Molho<br />
de Tâmaras.<br />
107 Norte (3347.4735) CC: V<br />
QI 21 do Lago Sul (3366.3531)<br />
Monumental<br />
Numa das esquinas mais valorizadas<br />
da cidade, a casa tem uma ampla<br />
varanda e o chope bem gelado. No<br />
almoço, buffet variado de saladas,<br />
massas e grelhados. À noite, as<br />
lingüiças mineiras estão entre os<br />
petiscos mais pedidos.<br />
201 Sul (3224.9313)<br />
CC: todos<br />
BUFFET DE RESTAURANTE<br />
Camarão 206<br />
Cardápio variado, sabor e qualidade.<br />
Buffet no almoço é o carro-chefe, com<br />
mais de 10 pratos quentes, diversos<br />
tipos de saladas e várias opções de<br />
sobremesa, a <strong>R$</strong> 35,<strong>90</strong> (2ª a 6ª) e<br />
<strong>R$</strong> 39,<strong>90</strong> (sáb, dom e feriados) por<br />
pessoa. No jantar, serviço à la carte.<br />
206 Sul (3443.4841), Liberty Mall<br />
e Brasília Shopping CC: todos<br />
16
MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES<br />
DELIVERY MANOBRISTA<br />
ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />
Don’ Durica<br />
Buffet no almoço consagrado pela<br />
variedade de pratos. Por <strong>R$</strong> 32,<strong>90</strong>,<br />
o cliente tem saladas, pratos quentes,<br />
massas caseiras e sobremesas.<br />
No jantar, frios a quilo, petiscos<br />
variados, sanduíches, saladas e<br />
pratos à la carte com destaque para<br />
o talharim aos frutos do mar.<br />
201 Norte (3326.1045)<br />
CC: V. M. D<br />
BUFFET DE RESTAURANTE<br />
Praliné<br />
O cardápio é bastante variado, com<br />
tortas doces e salgadas, bolos, pães,<br />
géleias, caldos quentes, quiches,<br />
tarteletes, chás, café e sucos de<br />
frutas naturais. Café da manhã por<br />
<strong>R$</strong> 11,<strong>90</strong> de 2ª a 6ª (buffet por<br />
pessoa).<br />
205 Sul bl A lj 3<br />
(3443.74<strong>90</strong>) CC: V<br />
Bier Fass Pontão do Lago Sul<br />
Um dos melhores happy hours da<br />
cidade. Uma boa pedida é o bolinho<br />
de bacalhau. Oferece opções de pizzas<br />
individuais e serve chope claro e escuro,<br />
e drinques exclusivos, como a caipirinha<br />
de morango com vinho do Porto.<br />
Exclusividade: carpaccio de bacalhau.<br />
Pontão do Lago Sul (3364.4041)<br />
CC: Todos<br />
Chiquita Bacana<br />
O Chiquita Bacana oferece almoço com pratos<br />
variados e bem servidos, como massas e<br />
grelhados. Todas as segundas-feiras, é vez da<br />
Segundona Universitária, o cliente terá 50%<br />
de desconto em todas as bebidas. Nas terçasfeiras,<br />
dose dupla de caipifruta e vodka. Aos<br />
sábados tem Feijoada a <strong>R$</strong> 12,<strong>90</strong> por pessoa.<br />
O happy hour acontece todos os dias, com<br />
chopp a <strong>R$</strong> 2,20.<br />
209 Sul (3242.1212)<br />
CC: Todos<br />
Monjolo<br />
Com cinco lojas na cidade, mantém a<br />
tradição em mais de 200 produtos de<br />
receitas típicas do interior de Goiás,<br />
preparados artesanalmente, sem<br />
conservantes ou estabilizantes. A torta<br />
Suflair é uma das tentações da linha<br />
doce. Na linha salgada, uma boa opção<br />
são as quiches, com recheios variados.<br />
404 Norte, 215 Norte, 210 Sul,<br />
103 Sudoeste e QI 13 Lago Sul (3361.7767)<br />
CHOPERIAS<br />
CONFEITARIAS<br />
Torteria Di Lorenza<br />
As mais deliciosas tortas da cidade estão<br />
na Torteria Di Lorenza. São centenas<br />
tipos. Amora Quaker, Frango com Catupiry<br />
e Sonho de Valsa Crocante estão entre<br />
as mais pedidas. Vá a uma de nossas<br />
lojas ou peça pela Loja Virtual em www.<br />
torteriadilorenza.com.br/lojavirtual.<br />
302 Sul (3266.9667), 208 Sul (3443.6366),<br />
211 Sul (3245-6000), 115 Norte<br />
(3349.7807), 213 Norte (3340.1730),<br />
Sudoeste (3344.4600), Lago Sul (3364.5096)<br />
e Brasília Shopping (3328.4853)<br />
Universal Diner<br />
Eleito O Melhor dos Melhores por<br />
votação popular na última eleição da<br />
<strong>Roteiro</strong>. Com nove anos de existência,<br />
o pioneiro na cozinha contemporânea<br />
da cidade tem como um dos carroschefes<br />
o Camarão ao molho de queijo<br />
brie, champagne e caviar, com Risoto<br />
de morango e sálvia.<br />
210 Sul (3443.2089)<br />
CC: Todos<br />
CONFEITARIAS<br />
CONTEMPORÂNEOS<br />
17
oteirogastronômico<br />
CONTEMPORÂNEOS<br />
Zuu A.Z.D.Z.<br />
Em menos de dois anos de existência,<br />
a segunda casa de Mara Alcamim já<br />
foi premiada pelas principais revistas<br />
gastronômicas do país. Agradável e<br />
intimista, aberta para almoço, de 2ª a<br />
6ª, e para jantar, de 2ª a sábado.<br />
No almoço, opções a <strong>R$</strong> 29,<strong>90</strong>.<br />
210 Sul (3244.1039)<br />
CC: A e M<br />
BSB Grill<br />
É conhecido por seu cuidado com a<br />
qualidade e o preparo da carne. Há<br />
sete anos na cidade, oferece cortes<br />
inovadores, como o bife de tira e o bife<br />
angosto, parte privilegiada do contrafilé.<br />
Destaques: Picanha Pantaneira, a<br />
Picanha em tira e o Prime Rib.<br />
304 Norte (3326.0976)<br />
413 Sul (3346.0036) CC: A, V<br />
C’est si bon<br />
A casa oferece saladas, massas,<br />
risotos, grelhados e mais de 50<br />
sabores de crepes. Adega climatizada<br />
com mais de 60 rótulos. Sugestão:<br />
Marco Polo (presunto, catupiry,<br />
tomates frescos, azeitona, cebola,<br />
palmito). Toda 2ª e 5ª música ao vivo.<br />
408 Sul (3244.6353)<br />
CC: V, M e D<br />
GRELHADOS<br />
Norton Grill<br />
Para quem não resiste a um bom<br />
grelhado, o Norton Grill é o lugar certo.<br />
Uma das especialidades da casa é a<br />
Picanha Baby com o famoso Arroz<br />
Norton e, de sobremesa, um delicioso<br />
pudim de leite.<br />
Hotel Mélia - 2º andar<br />
(3218.5550) CC: todos<br />
Crepe au Chocolat<br />
Roadhouse Grill<br />
CREPERIAS<br />
Dê asas ao chef que há em você.<br />
Toda terça, monte seu crepe com até<br />
oito ingredientes, a preços especiais,<br />
no Crepe au Chocolat da 210 Sul.<br />
Reservas pelo tel: 3443-2050<br />
210 Sul (3443.2050), 109<br />
Norte (3340.7002) CC: V, C<br />
Criado nos EUA, foi eleito por três anos<br />
consecutivos o preferido da família<br />
americana. Com mais de 100 lojas,<br />
seus generosos pratos foram criados,<br />
pesquisados e inspirados nas raízes da<br />
América. Conheça tais delícias: ribs,<br />
steaks, pasta, hambúrgueres.<br />
S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do<br />
Pier 21 (3321.8535)<br />
Terraço Shopping (3034.8535)<br />
ESPANHOL<br />
Creperia Floripa<br />
Ponto de encontro de jovens durante<br />
toda a semana. Oferece mais de<br />
30 sabores de crepes. Além dos<br />
tradicionais, os mais elaborados<br />
como o de bacalhau, strogonoff de<br />
frango ou filé. Os crepes doces mais<br />
pedidos são o de chocolate com<br />
banana e de morango.<br />
312 Sul (3445.2961) CC: V<br />
309 Norte (3202.1440)<br />
Pata Negra<br />
Ênfase na cozinha andaluza, oferece<br />
mais de 30 delícias gastronômicas,<br />
como o Jamon Pata Negra, as tapas<br />
e a tradicional paella. Para beber,<br />
o Chopp Pata Negra, sangria e boa<br />
variadade de vinhos. Jantar de<br />
segunda a sábado e almoço, sábados<br />
e domigos com delicioso buffet de<br />
paellas.<br />
413 Sul (3345.0641) CC: Todos<br />
INTERNACIONAIS<br />
Bier Fass Gilberto Salomão<br />
O Bierfass Gilberto Salomão completa<br />
em 2007 seu 38º ano de sucesso,<br />
com uma fórmula que agrega tradição,<br />
ambiente, cozinha e público diferenciado.<br />
Destaque para a cozinha internacional,<br />
variando pratos clássicos aos modernos,<br />
que influi tanto nos ingredientes usados<br />
como na apresentação dos pratos.<br />
GIlberto Salomão<br />
QI 5 Lago Sul (3248.1519)<br />
CC: Todos<br />
Oliver<br />
Ambiente romântico e intimista, com<br />
culinária mediterrânea, de inspiração<br />
italiana e influências francesas e<br />
espanholas. A proposta é oferecer<br />
cardápio variado e criativo, com saladas<br />
e frutos do mar. Para os pequenos<br />
apetites, há a versão meio prato.<br />
SCES Trecho 2, Lote 2 (3323.5961)<br />
Brasília Golfe Center CC: Todos<br />
18
MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES DELIVERY MANOBRISTA<br />
ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />
San Marco Hotel<br />
Aos sábados, no restaurante<br />
panorâmico do hotel, suculenta feijoada<br />
com ingredientes separados. Entradas:<br />
deliciosas batidas, acarajé e caldinho<br />
de feijão. <strong>R$</strong> 30 + 10% por pessoa ou<br />
<strong>R$</strong> 55 + 10% o casal. Música ao vivo<br />
e sobremasas inclusas.<br />
SHS Qd 5 Bl C (2103.8484)<br />
CC: Todos<br />
INTERNACIONAIS<br />
San Marino<br />
Cozinha típica de cantina italiana.<br />
De 3ª a 6ª, rodízio à noite com<br />
15 sabores de pizzas e oito de<br />
massas. Nas outras noites, somente<br />
à la carte. Durante a semana, no<br />
almoço, buffet com saladas, pratos<br />
executivos e grelhados.<br />
209 Sul (3443.5050)<br />
CC: Todos<br />
Dom Romano<br />
Desde 1988, foi pioneira em assar<br />
as pizzas no forno a lenha. As pizzas<br />
têm sabor e sotaque paulistano. As<br />
massas e molhos são de fabricação<br />
própria, e têm sabores bem caseiros.<br />
As porções bem servidas, retratam a<br />
origem italiana.<br />
QI 11 Lago Sul (3248-0078)<br />
102 Norte (3327-7776) CC: V, M e D.<br />
San Lorenzo<br />
Culinária internacional,com a<br />
combinação surpreendente de belos<br />
e saborosos pratos. Sugestões:Filé<br />
do Casé e Medalhão de Florença.<br />
No almoço, pratos executivos<br />
com atendimento ágil e opções<br />
saborosas. A adega climatizada<br />
completa o ambiente.<br />
103 Sudoeste (3201.2161)<br />
CC: Todos<br />
Felicitá<br />
A casa tem ambiente descontraído<br />
e agradável. Todos os dias Buffet de<br />
antepastos, mais de 30 sabores de<br />
pizzas, saladas e grelhados, além<br />
das massas de produção própria<br />
com grano duro. Excelente carta de<br />
vinhos. 2ª de 18h às 0h. 3ª a dom,<br />
de 12h às 0h.<br />
306 Norte (3274.5086)<br />
CC: todos<br />
Gordeixo<br />
Ambiente agradável, comida boa e<br />
área de lazer para as crianças fazem<br />
o sucesso da casa desde 1987. No<br />
almoço, além das pizzas, o buffet de<br />
massas preparadas na hora, onde<br />
o cliente escolhe os molhos e os<br />
ingredientes para compor seu prato.<br />
ITALIANOS<br />
Secondo Vercelli<br />
Promoção para as noites de maio:<br />
todas as pizzas grandes a preço<br />
único de <strong>R$</strong> 15,50, rodízio de pizzas<br />
e massas <strong>R$</strong> 11,40, chopp 300ml<br />
<strong>R$</strong> 2,59 e pratos a la carte com<br />
20% desc.<br />
403 sul (3321.6546)<br />
CC: todos<br />
Truli<br />
Um sucesso com serviços originais e<br />
rápidos. Buffet no centro do salão. O<br />
cliente monta seu pedido escolhendo<br />
até sete ingredientes para compor<br />
um prato de massa, ou salada, ou<br />
Vira-e-Mexe (arroz com feijão).<br />
Deliciosos pratos italianos à la carte.<br />
ITALIANOS<br />
306 Norte (3273.8525)<br />
CC: V, M e D<br />
201 Sul (3322.4688) Delivery<br />
(3225.4050) CC: Todos<br />
Gordeixos<br />
Pizzas assadas no forno à lenha e<br />
servidas na pedra, carnes e massas.<br />
Na Asa Sul, além do serviço à la<br />
carte, pode-se optar pelo buffet com<br />
cinco tipos de massas, três opções<br />
de molho e 20 complementos, a<br />
<strong>R$</strong> 13,<strong>90</strong> por pessoa.<br />
404 Sul (3323.8989), Sudoeste<br />
(3344.5599), Águas Claras (3435.6565)<br />
e Taguatinga (3354.1221) CC: D, M e V<br />
Villa Borghese<br />
O charme da decoração e a<br />
iluminação à luz de velas dão o clima<br />
romântico. Aberto todos os dias para<br />
almoço e jantar. Sugestão: Segretti<br />
di Netuno - camarões gigantes<br />
com molho ao pesto e molho de<br />
alcaparras, servidos com arroz de<br />
amêndoas.<br />
201 Sul (3226.5650) CC: V, M<br />
19
oteirogastronômico<br />
LOJAS DE VINHO<br />
MEXICANOS<br />
Brilho - Feira dos importados<br />
Referência desde 1997, nos ramos<br />
de bebida, charutaria e delikatessen.<br />
Na adega climatizada o cliente<br />
encontra vinhos especiais, como<br />
Romaneé Conti e Chateau Pétrus.<br />
Ambiente especial para degustação.<br />
Queijos importados e o melhor<br />
bacalhau da cidade.<br />
Feira dos Importados<br />
(3037.4533) CC: Todos<br />
www.brilhoimportados.com.br<br />
Brilho - Lago Sul<br />
A nova loja do Gilberto Salomão<br />
conta com adega climatizada e<br />
grande variedade de vinhos. Espaço<br />
exclusivo para degustações, palestras,<br />
eventos e amplo estacionamento. Os<br />
queijos, azeites, bacalhau, chocolates,<br />
acessórios e charutos completam o<br />
mix de produtos. Venha conhecer!<br />
Centro Gilberto Salomão- lj 33<br />
(3202.4533) CC: todos<br />
www.brilhoimportados.com.br<br />
Café Cancun<br />
Aos sábados, brinquedoteca e uma<br />
deliciosa Feijoada Completa, com<br />
buffet de saladas, sushi, pratos<br />
quentes, costelinha, caldinho de<br />
feijão, linguiça e acarajé. Como<br />
opcional, picanha fatiada e o buffet<br />
de sobremesa.<br />
Shopping Liberty Mall - 3202.4466<br />
Cartões: TODOS<br />
ORIENTAIS<br />
Haná<br />
Diariamente no almoço e jantar,<br />
festival de sushi e sashimi, com<br />
mais de 35 opções de pratos.<br />
Nas 2 as e 3 as , o tradicional buffet<br />
conta com o Festival do Camarão.<br />
Funciona também à la carte e tem<br />
delivery. Horário: diariamente das<br />
12h às 15h e das 19h às 24h.<br />
408 Sul (3244.9999)<br />
CC: Todos<br />
Kosui<br />
Com cinquenta pratos no cardápio,<br />
o Soba (macarrão integral com<br />
caldo quente ou frio) e o Banquete<br />
Japonês (entradas, caldos, pratos<br />
diversos, acompanhamentos e<br />
sobremesa) são os mais preferidos.<br />
O balcão, é um dos lugares mais<br />
requisitados da casa.<br />
Academia de Tênis<br />
(3316.6<strong>90</strong>0) - CC: Todos<br />
Nippon<br />
Tradicional e inovador. Sushis e<br />
sashimis ganham toques inusitados.<br />
Exemplo disso é o sushi de atum<br />
picado, temperado com gengibre e<br />
cebolinha envolto em fina camada de<br />
salmão. As novidades são fruto de<br />
muita pesquisa do proprietário Jun Ito.<br />
403 Sul (3224.0430 /<br />
3323.5213) CC: Todos<br />
Sushi Brasil<br />
NATURAIS<br />
Naturetto<br />
A casa tem um cardápio super<br />
variado de pratos quentes, sushis<br />
e sashimis. Em sistema de rodízio<br />
ou buffet, em destaque estão os<br />
Hot Rool, o combinado Be Happy, o<br />
Super Salmão entre outros. Ambiente<br />
perfeito para reunir os amigos, a<br />
família e para almoços executivos.<br />
QI 11 Lago Sul (3364.3939)<br />
CC: todos<br />
Belini<br />
O restaurante valoriza a culinária<br />
macrobiótica, os vegetais orgânicos<br />
e integrais. O peixe está presente no<br />
cardápio diariamente. À noite, o vinho<br />
se harmoniza com o ambiente rústico<br />
e cultural e acompanha quiches,<br />
salmão grelhado, pães e queijos.<br />
405 Norte (3201.6223) e<br />
Câmara dos Deputados CC: V e M<br />
PADARIA<br />
A casa premiada é um misto de<br />
padaria, delikatessen, confeitaria e<br />
restaurante. O restaurante serve<br />
risotos, massas e carnes, inclusive<br />
cordeiro. Destaque para o café<br />
gourmet, único torrado na própria<br />
loja, para as pizzas especiais e os<br />
buffets servidos na varanda.<br />
113 Sul (3345.0777) CC: Todos<br />
20
MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES DELIVERY MANOBRISTA<br />
ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />
Baco<br />
Premiada por todas as revistas.<br />
Massas originais da Itália, vinhos<br />
e ambiente. No cardápio, pizzas<br />
tradicionais e exóticas. Novidades são<br />
uma constante. Opção de rodízio em<br />
dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª<br />
e domingo, e na 408 Sul, às 2 as .<br />
309 Norte (3274.8600), 408 Sul<br />
(3244.2292) CC: Todos<br />
Baco Delivery (3223.0323)<br />
Fornalha Pizza e Cozinha<br />
Rodízio de Pizzas e Massas, com mais<br />
de 40 sabores. Diariamente, a partir<br />
das 18h. Aos sábados, Feijoada, Chopp<br />
200ml <strong>R$</strong> 0,99 e batida de limão/<br />
maracujá (cortesia). Promoções Happy<br />
Hour,Cerveja SOL <strong>R$</strong> 2,99 e Chopp 200<br />
ml <strong>R$</strong> 0,99. Temos rodízio em domicílio.<br />
307 Sul<br />
(Delivery 3443.4251)<br />
CC: todos<br />
Pizza César<br />
Asa Norte (3347.0999)<br />
Guará (3567.3030)<br />
Sudoeste (3341.1001)<br />
Taguatinga (3352.0500)<br />
Sobradinho (3487.6262)<br />
Lago Sul (3366.3505)<br />
Asa Sul (3242.2221)<br />
Gama (3384.0202)<br />
PIZZARIAS<br />
Feitiço Mineiro<br />
A culinária de raiz das Minas Gerais<br />
e uma programação cultural que<br />
inclui músicos de renome nacional e<br />
eventos literários. Diariamente, buffet<br />
com oito a nove tipos de carnes.<br />
Destaque para a leitoa e o pernil à<br />
pururuca, servidos às 6 as e domingos.<br />
306 Norte (3272.3032)<br />
CC: Todos<br />
Severina Feijão Verde<br />
Após 26 anos em Brasília, o<br />
restaurante Feijão verde da Asa<br />
Sul muda de nome, decoração,<br />
cardápio, mas mantém a tradição e a<br />
qualidade. Carne de sol, baião de 2x2,<br />
arrumadinho, escondidinho, bode e<br />
beiju recheados. É só escolher!<br />
www.restauranteseverina.com.br<br />
201 Sul (3224-6362)<br />
CC: V, M, Amex, D<br />
Marietta<br />
Buffet de almoço com cerca de 15<br />
saladas e 10 pratos quentes todos os<br />
dias. Cardápio temático por países/<br />
regiões do mundo. Das 12h às 15h.<br />
Brasília Shopping (3327-3892), Park<br />
Shopping (3233-5460), Terraço Shopping<br />
(3362-9741), Casa Park (3233-2481),<br />
Pier 21 (3226-2945) e Lago Sul<br />
(3364-3091). CC:Todos<br />
CC: V, M, Amex, D<br />
Marvin<br />
O hamburger é preparado pouco antes<br />
de ser servido (não é congelado.Isto<br />
garante um sabor único. Todos são<br />
acompanhados de batata. Serve ainda<br />
filés, saladas e um hot-dog eleito o<br />
melhor da cidade.<br />
103 Sul (3223-4786), Pier 21 (3226-<br />
2945), Terraço Shopping (3363-2857),<br />
Lago Sul (3364-3091), 110 Norte (3964-<br />
7989), Casa Park (3233-2481). CC:Todos<br />
Saborella<br />
Sorvetes com sabores regionais e<br />
tecnologia italiana são a especialidade<br />
da casa. Os mais pedidos: tapioca,<br />
cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na<br />
varanda, pode-se apreciar café bem<br />
tirado e fresquinho, acompanhado de<br />
tapiocas quentinhas.<br />
112 Norte (3340.4894)<br />
CC: Todos<br />
Divulgação<br />
SORVETERIA SANDUICHERIAS<br />
REGIONAIS<br />
21
dia&noite<br />
Lívio Campos<br />
épraláqueeuvou<br />
Bem sucedida, independente, bonita... e louca pra encontrar um marido. Essa é Fernanda,<br />
35 anos, uma jornalista solteira que trabalha com eventos, mais exatamente festas de<br />
casamento. A caricatura dessa mulher do terceiro milênio é matéria-prima da peça<br />
Os Homens são de Marte... e é pra lá que eu vou. Quem dá graça à personagem é a atriz<br />
Mônica Martelli, no papel há dois anos, tendo sido indicada para o Prêmio Shell de Melhor<br />
Atriz em 2005. A comédia é dirigida por Victor Garcia Peralta e já foi vista por mais de<br />
100 mil pessoas no Rio. Venceu o Prêmio Qualidade Brasil 2006, nas categorias melhor<br />
espetáculo teatral comédia, melhor atriz e melhor direção. Sala Villa-Lobos, dias 20 e 21,<br />
às 21h. Ingressos a <strong>R$</strong> 80 e <strong>R$</strong> 40. Censura: 14 anos. Informações: 3325.6256.<br />
Divulgação<br />
pianobrasiliense<br />
A cidade merecia um programa assim.<br />
E ele acaba de estrear na UnB TV (canal<br />
6 da Net), indo ao ar às quartas-feiras,<br />
às 13h, com reprise às sextas, às 19h.<br />
A apresentadora de Piano & Movimento<br />
é a pianista e professora Jaci Toffano,<br />
do Departamento de Música da UnB.<br />
Dirigido por Bruno de Castro, o programa<br />
veio para mostrar o talento de pianistas<br />
brasilienses, que não são poucos. No<br />
lançamento, o ator Rafael Almeida,<br />
que recentemente fez o papel de um<br />
pianista na novela Páginas da Vida,<br />
tocou a lindíssima Melodia, de Gluck.<br />
No primeiro programa, a veterana Neusa<br />
França. Nos próximos, Ney Salgado,<br />
Beatriz Salles, Maria Los Angeles, do<br />
Departamento de Música da UnB, e mais<br />
Dib Franciss, Ana Cláudia Brito, Daniel<br />
Tarquínio, Rênio Quintas, Alda Mattos,<br />
Ira Levin, Renato Vasconcelos, Franscisca<br />
Aquino, Patrícia Vanzella...<br />
Divulgação<br />
milemuma<br />
A pintura é a melhor forma de comunicação e relacionamento<br />
com o mundo, no pensar de<br />
Lyliam Lauper, a artista plástica<br />
que está expondo seu trabalho no<br />
Espaço UPIS de Arte e Cultura<br />
(712/912 Sul). São 20 quadros e<br />
telas com técnica mista, que vão do<br />
abstrato ao figurativo hiper-realista<br />
(pinturas parecidas com fotos), um<br />
resumo de cada fase da pintora.<br />
“Eu mesma sou muitas em uma<br />
só”, explica Lyliam, formada em<br />
artes plásticas e única artista a<br />
ter duas citações no catálogo de restauradoras da América<br />
Latina. Até 11 de julho, de segunda a sexta, das 8 às 22h, e aos<br />
sábados, das 8 ao meio-dia. Entrada franca.<br />
oguaranipop<br />
Esta é pra quem está de malas prontas para São Paulo e gosta<br />
de ousadias musicais. O maestro Fábio Oliveira e o DJ Mau<br />
Mau criaram uma ópera eletrônica, que tem a direção de<br />
Bia Guedes. A nova montagem de O Guarani, do brasileiro<br />
Carlos Gomes, vai misturar a tradição e erudição da ópera<br />
com a contemporaneidade da música eletrônica. O universo<br />
de Peri e Ceci, personagens de José de Alencar, não será mais<br />
o Brasil do século 16, mas um um país imaginário do futuro<br />
onde questões como aquecimento global e poluição estarão<br />
resolvidas. Dias 22 e 23, no Tom Brasil Nações Unidas.<br />
Ingressos a <strong>R$</strong> 120 (camarote) e <strong>R$</strong> 50 (pista), com<br />
meia entrada para estudantes. Informações e vendas<br />
www.tombr.com.br e www.ingressorapido.com.br.<br />
22
Nuno Papp<br />
memóriasurbanas<br />
Juliane Fuganti e Marcelo Conrado inauguram a mostra<br />
na qual refletem sobre os desafios de se fazer arte em<br />
meio às agressões do cotidiano. Ela apresenta 20 peças,<br />
entre cerâmicas e gravuras, que aliam força e resistência<br />
à sutileza e rigor nos traços. Marcelo Conrado traz 30<br />
pinturas em acrílico, que abusam da multiplicação de<br />
linhas e traços, e exalam uma energia pura, gestual e<br />
expressiva, influenciada pelo caos. Até 15 de julho nas<br />
Galerias Piccola I e II da Caixa Cultural. De terça<br />
a domingo, das 9 às 21h.<br />
Nego Miranda<br />
Divulgação<br />
portasparabrasília<br />
Ele nasceu em Santa Maria da Boa Vista, Pernambuco, e na<br />
adolescência começou a fazer esculturas em pedra sabão. Formado<br />
pela Universidade Federal daquele Estado, Jaildo Marinho vive há 14<br />
anos na França,<br />
onde leciona no<br />
ateliê de escultura<br />
e fundição da<br />
ADAC/ Ville de<br />
Paris. Seu trabalho<br />
pode ser visto no<br />
Espaço Cultural<br />
Marcantonio<br />
Vilaça até 20<br />
de julho. Na<br />
mostra Portas<br />
para Brasília,<br />
o artista apresenta sua produção recente de pinturas e esculturas<br />
geométricas, que revelam uma relação direta com a arquitetura, com<br />
a história e com o espaço. De segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, e<br />
aos sábados, das 14 às 18h. Térreo do Tribunal de Contas da União.<br />
mani...<br />
... que na lenda indígena é a mãe da<br />
mandioca, inspirou o fotógrafo gaúcho Carlos<br />
Carvalho a mapear a trajetória do alimento<br />
no Brasil. Com suas lentes, ele viajou desde<br />
as áreas indígenas do fundo das florestas<br />
amazônicas até as demais regiões para<br />
constatar o sucesso do tubérculo nas mesas de<br />
refeição de todo o país. A exposição Mani fica<br />
até 15 de julho na Galeria Acervo da Caixa. De<br />
terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.<br />
Carlos Carvalho<br />
ledawatson<br />
Também fica na Caixa Cultural até 15 de julho a exposição Desconstrução da<br />
Gravura. A artista plástica Leda Watson remexeu seu baú de criações, alterou<br />
formatos e criou novas propostas, que reinventam antigos trabalhos.<br />
Para marcar 40 anos de carreira, a artista lança também o livro Gravuras<br />
de Sonho, contendo as técnicas originais. Leda é uma das mais destacadas<br />
gravuristas do país. Criou o 1º Núcleo de Formação de Gravadores em Brasília e<br />
o 1º Museu de Arte de Brasília. Galeria Principal da Caixa Cultural, de terça<br />
a domingo, das 9 às 21h.<br />
André Santangelo<br />
23
dia&noite<br />
Divulgação<br />
cibertango<br />
Um francês, um argentino e um suíço mesclando sons tão diferentes quanto<br />
o tango, a musica house, o dub jamaicano e pitadas de latinidade sonora,<br />
inclusive as verde-amarelas. Assim é o Gotan Project, um grupo que se<br />
apresenta na Concha Acústica dia 24, depois de passar pelo Via Funchal,<br />
em São Paulo, e Canecão, no Rio. O show faz parte da Festa da Música que<br />
a Embaixada da França promove pelo quarto ano consecutivo em Brasília.<br />
O nome Gotan é uma óbvia inversão das sílabas de tango, matéria-prima<br />
predominante no som do grupo que já esteve no Brasil em 2003, quando<br />
se apresentou no Tim Festival, no Rio. Estará acompanhado dos músicos<br />
Arnaldo Zanelli (piano), Verônica Silva (vocal), Line Krusse, Maria Pujado (violinos), Lise<br />
Orivel (viola), Aude Brasseur (cello) e Juanjo Mosalini (bandoneon). Domingo, às 19h, com entrada franca.<br />
gêniosdamúsica<br />
Mozart, Carlos Gomes e<br />
Radamés Gnatali foram os<br />
escolhidos para o projeto<br />
Trilogia de Gênios da Música<br />
deste ano. Em cena, três<br />
palhaços falam da vida e da<br />
obra dos três compositores,<br />
misturando música, teatro,<br />
dança e narração. Dirigido<br />
por Naná Maris, produtora<br />
e professora da Escola de<br />
Música de Brasília, o projeto<br />
busca aproximar o público<br />
infantil da música clássica.<br />
De 27 a 29, sessões diurnas<br />
para estudantes de escolas<br />
públicas e dias 30 e 1º de julho,<br />
às 17h, para o público. Na<br />
Sala Martins Penna do Teatro<br />
Nacional. Ingressos a <strong>R$</strong> 16 e<br />
<strong>R$</strong> 8. Informações: 3325.6256<br />
e 3325.6239.<br />
Eric Marcel<br />
nossasalmas<br />
O fotógrafo baiano Francisco<br />
Vieira se juntou aos fiéis da<br />
romaria de Padre Cícero e<br />
registrou, em seu trabalho, a fé<br />
do brasileiro. A movimentação de<br />
milhares de pessoas, os rituais,<br />
o pagamento de promessas, as<br />
velas na escuridão, a força da fé no<br />
corpo do homem, tudo está na mostra Nossas Almas, que fica até 15 de julho na<br />
Galeria Acervo da Caixa. De terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.<br />
zéluizmazziotti<br />
Em 40 anos de carreira, ele já se apresentou ao lado de Nana Caymmi, Gal Costa,<br />
Elizeth Cardoso, Fátima Guedes, Leny Andrade, Rosa Passos, Ângela<br />
Maria, Zezé Gonzaga, Sílvio César, Alaíde Costa e muitos outros.<br />
E é considerado o cantor predileto dos cantores brasileiros.<br />
O vozeirão de veludo de Zé Luiz Mazziotti estará na cidade dia<br />
23 justamente para comemorar os 40 anos de uma carreira que<br />
começou nos anos 60, quando o cantor defendeu a música de<br />
Tom Zé, São Paulo Meu Amor, primeiro lugar no Festival da TV<br />
Record de São Paulo. No show, um pouco de cada fase, inclusive<br />
a mais recente, registrada no disco Pra fugir da Saudade, uma homenagem a<br />
Paulinho da Viola. Teatro dos Bancários, às 21h. Ingressos a <strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15.<br />
Francisco Vieira<br />
Débora Amorim<br />
belorecorde<br />
A exposição Aleijadinho e seu Tempo – Fé, Engenho e Arte bateu todos os<br />
recordes de público para as artes plásticas no Distrito Federal. Durante três<br />
meses (de 13 de março a 10 de junho de 2007), a arte do gênio do barroco<br />
brasileiro foi vista por 165.839 pessoas, quase o dobro da mostra Arte da<br />
África, a mais visitada do Centro Cultural Banco do Brasil até então, com<br />
85 mil visitantes.<br />
24
galeriadearte<br />
Fotos: Divulgação<br />
Poética e original<br />
Os hábitos e a história dos inuits nas gravuras, esculturas,<br />
pinturas e desenhos de nove mulheres do Pólo Norte<br />
Dá para imaginar como é viver num<br />
lugar em que a temperatura mais alta do<br />
ano, registrada em pleno verão, é de dez<br />
graus negativos<br />
Difícil para nós, que nos habituamos<br />
com as temperaturas tropicais. Mas<br />
talvez, se conhecermos a arte de<br />
mulheres que vivem no Ártico<br />
canadense, possamos ter uma idéia do<br />
cotidiano dos esquimós, ou melhor, dos<br />
inuits, nome correto para definir o povo<br />
que, desde tempos imemoriais, habita a<br />
região de Nunavut, território autônomo<br />
do Canadá criado em 1999. É lá que<br />
vivem 30 mil habitantes espalhados por<br />
uma área de mais de dois milhões de<br />
quilômetros quadrados, todos muito<br />
bem adaptados à sobrevivência no gelo.<br />
A partir do dia 27, os brasilienses<br />
poderão conhecer mais sobre os inuit,<br />
seus hábitos e história, visitando a<br />
exposição Isumavut – em português,<br />
Nosso Olhar –, que fica no CCBB até<br />
29 de julho. São 105 gravuras,<br />
esculturas, pinturas e desenhos que<br />
prometem surpreender pela qualidade<br />
técnica, originalidade e poesia. Uma<br />
produção artística praticamente<br />
desconhecida na América do Sul.<br />
A mostra, trazida pela Embaixada<br />
do Canadá e pelo Museu Canadense da<br />
Civilização, é dividida em dois núcleos.<br />
O primeiro contém informações sobre<br />
o território Nunavut, em mapas e textos,<br />
assim como esculturas feitas pela antiga<br />
comunidade inuit, em osso, pedra e<br />
marfim. O segundo apresenta obras,<br />
informações e fotografias de cada uma<br />
das nove artistas participantes.<br />
Estarão expostas peças que revelam<br />
o modo de vida de uma comunidade<br />
que se serve da arte como forma de<br />
comentar sua vida e rotinas. Modos<br />
de vestir já em desuso, valores morais,<br />
momentos de caça e de pesca são<br />
algumas das cenas representadas.<br />
O visitante poderá conhecer gravuras<br />
criadas a partir de técnicas como a<br />
gravura em pedra e a litografia a cores,<br />
de grande apuro técnico, além de<br />
esculturas e desenhos.<br />
Algumas obras são consideradas de<br />
vanguarda no universo inuit e abordam<br />
questões da vida contemporânea. Outras<br />
registram formas tradicionais de vida<br />
e mesmo crenças ancestrais, como o<br />
espírito das coisas – para o povo inuit,<br />
plantas e animais têm espíritos que,<br />
depois de mortos, podem voltar para<br />
se vingar.<br />
Isumavut já foi apresentada em<br />
Portugal, Estados Unidos e Finlândia.<br />
Depois de Brasília, segue para<br />
temporadas no CCBB de Belo<br />
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.<br />
Isumavut<br />
De 27/6 a 29/7, das 10 às 21h, no CCBB.<br />
Informações: 3310.7087<br />
25
graves&agudos<br />
Sessão<br />
Nostalgia<br />
Duas bandas da Jovem Guarda<br />
embalam baile anos 60 na AABB<br />
Divulgação<br />
POR MARIA TERESA FERNANDES<br />
Responda se for capaz: qual a banda<br />
de rock mais antiga do mundo em<br />
atividade Quem disse Renato e Seus<br />
Blue Caps acertou em cheio, porque o<br />
grupo tem a incrível marca de 42 anos<br />
de carreira ininterruptos e está prestes a<br />
entrar para o Guinnes Book de Recordes<br />
como a banda mais antiga do planeta<br />
ainda na ativa. Pois no último sábado<br />
deste mês, dia 30, Renato e Seus Blue<br />
Caps se apresentam no baile A volta dos<br />
anos 60, juntamente com outra banda<br />
veterana, a Pholhas, que tem “só” 37<br />
anos de estrada.<br />
Tudo começou bem no início dos<br />
anos 60, quando os irmãos Renato,<br />
Edson e Paulo César formaram a banda<br />
Bacaninhas do Rock da Piedade, uma<br />
referência ao bairro onde moravam, no<br />
Rio de Janeiro. Mas, para participarem<br />
do programa Hoje é Dia de Rock, da<br />
rádio Mayrink Veiga, tiveram que mudar<br />
26
o nome, por exigência do diretor do<br />
programa, Jair de Taumaturgo. O jeito<br />
foi apelar para o norte-americano Gene<br />
Vincent And His Blue Caps e batizar o<br />
“conjunto” de Renato e Seus Blue Caps.<br />
Desde o início, seu forte foram as<br />
versões de sucessos de bandas<br />
estrangeiras. Menina Linda era versão de<br />
I Should Have Known Better, e foi a<br />
primeira a estourar. Depois vieram Até o<br />
Fim, versão de You Won’t See Me (ambas<br />
de Lennon/McCartney), e Escândalo,<br />
versão de Shame And Scandal In The<br />
Family (Donaldson/ Brown).<br />
Já em 1963 Edson saiu do grupo<br />
e iniciou carreira-solo com o nome<br />
Ed Wilson. Foi substituído por Erasmo<br />
Carlos, que teve uma participação curta.<br />
Naquela época, o grupo era formado<br />
por Renato Barros, voz; Erasmo Carlos,<br />
substituto de Edson Barros, voz;<br />
Carlinhos, guitarra; Tony e mais tarde<br />
Gelson, bateria; Paulo César Barros,<br />
baixo; e Cid, saxofone. Ficaram famosos<br />
se apresentando no programa Jovem<br />
Guarda, comandado por Roberto<br />
Carlos, e em shows, festas e bailes.<br />
Atualmente, Renato continua cantando<br />
e toca guitarra, Gelson Moraes é o<br />
baterista, Cid Chaves toca sax e faz vocal,<br />
Darci Velasco comanda os teclados e<br />
Amadeu Signorelli manda ver no baixo.<br />
ORIGINAL DE SÃO PAULO, O PHOLHAS<br />
começou há 37 anos fazendo regravações<br />
e composições em inglês, com músicos<br />
que já tinham experiências anteriores. O<br />
primeiro LP, Dead Faces, foi lançado em<br />
1972 pela RCA e dele saiu um compacto<br />
duplo com My Mistake, Pope, Shadow of<br />
Love e My First Girl. Em três meses<br />
chegou ao primeiro lugar das paradas e<br />
vendeu 400 mil cópias. A seguir vieram<br />
She Made Me Cry, I Never Did Before e<br />
Forever. Em 1975, Dead Faces foi lançado<br />
na Espanha e em toda América do Sul<br />
com o título Hojas, que ganhou mais<br />
um disco de ouro.<br />
Em 1977, lançaram O Som das<br />
Discotheques, contendo covers dos<br />
principais sucessos do gênero em moda<br />
na época. Dois anos depois, vieram de<br />
rock progressivo com “pinceladas” do<br />
rock’n’roll tradicional e todo em<br />
português, da maneira como queriam<br />
fazer havia algum tempo. O LP não<br />
vendeu como os anteriores, mas é muito<br />
disputado por colecionadores. No início<br />
dos anos 80 veio o LP Memories, todo<br />
gravado em inglês, com sucessos dos Bee<br />
Gees, Creedence, Elvis Presley, Rolling<br />
Stones e, claro, Beatles.<br />
No show da AABB, Bitão (guitarra<br />
e vocais), Paulo (bateria e vocais), Hélio<br />
(teclados e vocais) e João Alberto<br />
(baixo e vocais) vão relembrar tudo<br />
isso e, lógico, o infalível “Você é meu<br />
amorzinho, você é meu amorzão, você<br />
é o tijolinho que faltava na minha<br />
construção” (refrão de Tijolinho,<br />
composta por Bitão e grande sucesso<br />
dos anos 60 na voz de Bobby di Carlo).<br />
Uma Noite de Gala e Tributo aos Anos<br />
60 e 70<br />
30/6, a partir das 22h, na AABB<br />
Ingressos individuais: <strong>R$</strong> 80 e <strong>R$</strong> 40.<br />
Mesas para quatro: entre <strong>R$</strong> 240 e <strong>R$</strong> 800.<br />
Vendas nas lojas da Discoteca 2001 (mesas<br />
só no Pátio Brasil). Informações 3481.8151.<br />
27
graves&agudos<br />
Divulgação<br />
Gaita<br />
erudita<br />
Gabriel Grossi é o segundo convidado do projeto Villa-Lobos 120 anos<br />
“Pela primeira vez na história da<br />
cidade, uma peça de Villa-Lobos será<br />
executada em gaita”, proclama o<br />
maestro Sílvio Barbato, ao falar com<br />
entusiasmo da segunda apresentação da<br />
série de concertos Villa-Lobos 120 anos,<br />
que terá como convidado especial o<br />
gaitista brasiliense Gabriel Grossi.<br />
Depois do sucesso da estréia, com<br />
a participação do saxofonista Léo<br />
Gandelman, a edição do dia 27,<br />
também com a Camerata do Brasil, vai<br />
trazer essa raridade musical que enche<br />
de orgulho o maestro. “Minha idéia,<br />
com esse projeto, foi apresentar ao<br />
público brasiliense um conjunto<br />
bastante completo das composições<br />
de Villa-Lobos, como a obra mais<br />
conhecida e a mais rara,” explica Barbato.<br />
O jovem Gabriel Grossi é um<br />
dos representantes de uma geração<br />
de músicos que tem causado grande<br />
impacto no meio musical. Dono de<br />
extraordinário vigor e virtuosismo,<br />
aliados a uma sensibilidade muito<br />
própria, ele transita pelos limites da<br />
gaita cromática explorando diversos<br />
gêneros da música brasileira. Tem feito<br />
shows e gravações no Brasil e no exterior<br />
ao lado de grandes nomes da música<br />
brasileira como Chico Buarque, Ivan<br />
Lins, Leila Pinheiro, João Donato,<br />
Guinga, Lenine, Dominguinhos, Maria<br />
Bethânia, Djavan, e Ney Matogrosso,<br />
além de Hermeto Pascoal, uma de suas<br />
grandes influências.<br />
Seu disco de estréia, Diz que fui por aí<br />
recebeu ótimas críticas, tanto em relação<br />
à original concepção musical quanto<br />
ao trabalho de composição e arranjos.<br />
Lançou também o álbum Afinidade,<br />
junto com o violonista Marco Pereira,<br />
outro músico que tem sido altamente<br />
elogiado pela crítica musical.<br />
Marcantes também são seus<br />
trabalhos junto com o clarinetista Paulo<br />
Moura e as cantoras Zélia Duncan e<br />
Beth Carvalho, com as quais gravou<br />
CDs e DVDs. Atualmente está em turnê<br />
de lançamento do CD Arapuca,<br />
inspirado no forró. Também continua<br />
com o show Brasilianos, do bandolinista<br />
Hamilton de Holanda, junto com<br />
Daniel Santiago (violão), André<br />
Vasconcellos (baixo) e Márcio Bahia<br />
(bateria). Esse trabalho acabou de<br />
ganhar o Prêmio Tim de Música na<br />
categoria Melhor Grupo Instrumental.<br />
O projeto do CCBB vai até setembro<br />
próximo, sempre nas últimas quartasfeiras<br />
de cada mês, em duas apresentações:<br />
às 13h, gratuitas, e às 21h, com ingressos<br />
a <strong>R$</strong> 15 e <strong>R$</strong> 7,50. Nas próximas<br />
edições, os convidados são o violonista<br />
Turíbio Santos, o pianista Wagner Tiso<br />
e a cantora brasiliense Lys Nardotto.<br />
Villa-Lobos 120 anos<br />
Concerto do gaitista brasiliense Gabriel Grossi<br />
27/6, às 13 e 21h, no CCBB<br />
28
Reggae contra<br />
Fotos: Divulgação<br />
Natiruts<br />
a violência<br />
Natiruts é a principal atração da Festa da<br />
Paz, dia 1º de julho, na Concha Acústica<br />
Manitu<br />
POR EDUARDO OLIVEIRA<br />
Engajamento musical é um<br />
fenômeno que não vem de hoje.<br />
Há tempos a música é usada como<br />
instrumento de protesto. Foi assim na<br />
ditadura militar, que inspirou obrasprimas<br />
da música brasileira, em períodos<br />
de guerra, sempre férteis para esse tipo<br />
de protesto, ou, recentemente, com<br />
a invasão americana ao Iraque, que<br />
desencadeou um sem-número de<br />
canções anti-Bush. Alguns músicos se<br />
tornaram profissionais no engajamento,<br />
como John Lennon, Bono Vox e Sting,<br />
provando que a música pode ser muito<br />
mais que puro entretenimento. Pode<br />
ajudar a melhorar o mundo.<br />
É com esse espírito de engajamento<br />
que cinco bandas de reggae vão tocar no<br />
“céu azul de nuvens doidas da capital do<br />
meu país / pra ver se esqueço da pobreza<br />
e violência que deixa o meu povo<br />
infeliz”. Os versos da música de maior<br />
sucesso do Natiruts – Presente de um<br />
Beija-Flor – resumem bem o objetivo da<br />
Festa da Paz, que acontece dia 1º de<br />
julho, e na qual eles são a atração maior.<br />
Os organizadores esperam que a<br />
Concha Acústica receba um público de<br />
10 mil pessoas, unidas para protestar<br />
contra o aumento da violência em<br />
Brasília e no país. Número fácil de ser<br />
atingido, levando-se em conta que o<br />
reggae está na moda e em alta rotação<br />
nas rádios do país.<br />
A festa começa com a banda Manitu,<br />
que sobe ao palco às 15h. O grupo<br />
mineiro, que mistura reggae com rock<br />
e ska, já vendeu 50 mil CDs, mesmo<br />
sendo independente. Às 16h, a banda<br />
Capitão do Cerrado toca seu reggae pop.<br />
Em seguida, às 17h, não precisa nem<br />
ouvir o som para identificar o reggae<br />
da banda Marimba. Só de ver nas letras<br />
as palavras paz, natureza, Bob e Deus já<br />
dá para identificar em que estilo musical<br />
o grupo se enquadra.<br />
Os brasilienses do Natiruts dão<br />
o ar da graça às 18h30, com suas<br />
músicas em que a paz é tema recorrente.<br />
O grupo, que acabou de lançar o DVD<br />
Natiruts Reggae Power, está comemorando<br />
dez anos de lançamento do seu CD<br />
de estréia, quando ainda se chamava<br />
Nativus.<br />
Fechando a programação, já em<br />
meio a muita fumaça, a banda Jah Live<br />
começa seu show às 20h. Para completar<br />
o engajamento social, o público ainda<br />
poderá participar da campanha Seja<br />
Solidário: Doe um Agasalho no Dia do<br />
Show, que tem o objetivo de arrecadar<br />
agasalhos e distribui-los a entidades<br />
carentes. Quem doar um agasalho ou 1<br />
kg de alimento não-perecível paga meia.<br />
Festa da Paz<br />
1/7, às 14h, na Concha Acústica<br />
Ingressos a <strong>R$</strong> 40 e <strong>R$</strong> 20, à venda nas lojas<br />
Mormaii, Chili Beans, Zimbrus e Discoteca<br />
2001<br />
Jah Live<br />
29
diáriodeviagem<br />
Foi bonita a festa, pá!<br />
Artista plástico de Brasília conquista os portugueses com sua<br />
pintura e descobre no país europeu mais uma fonte de inspiração<br />
POR CRISTIANO TORRES<br />
A pincelada livre, desinteressada,<br />
sem regras. Pura tensão de um instante<br />
apropriado e imortalizado na imagem,<br />
de onde se absorve apenas o sentido da<br />
alegria e o estupor diante do mundo –<br />
como a surpresa do primeiro olhar<br />
reconquistado. A inocência revelada, a<br />
fonte redescoberta (ausente de passado<br />
e de futuro). Uma arte espontânea,<br />
simples e animada, uma arte não<br />
ensinada. Em uma palavra: naïf.<br />
É conduzido por essa intenção que<br />
o artista plástico carioca Rocha Maia,<br />
radicado em Brasília desde 1979, nos<br />
toca e emociona. Com a intensidade<br />
de um contador de histórias, o pintor<br />
retrata a vida e a cultura do povo<br />
brasileiro – com seu trabalho e suas<br />
crenças, seu sofrimento e suas festas –<br />
seja o sertanejo, seja o citadino.<br />
Rocha Maia nos leva numa viagem –<br />
e não poderia ser diferente – pela história<br />
de sua vida. Para a origem de sua pintura,<br />
na inspiração do homem simples do<br />
interior que era seu avô (pintor amador),<br />
cujos objetos cotidianos e cenários<br />
vividos eram tema de causos contados.<br />
Quer dizer, de quadros pintados. Foi<br />
a pedido do avô doente, e sob sua<br />
orientação, que pela primeira vez o jovem<br />
e futuro artista empunhou um pincel.<br />
COM O ENTUSIASMO DE UMA CRIANÇA<br />
Rocha Maia nos conta sua mais recente<br />
aventura: o prêmio de aquisição do Salão<br />
Internacional de Artes Plásticas de São<br />
João da Madeira, em Portugal, no mês<br />
passado. O Rotary Club da cidade,<br />
conhecida pela importância de sua<br />
indústria calçadista e chapeleira, propôs<br />
o evento como uma forma inusitada<br />
de promover os dois principais produtos<br />
da localidade. Sapato e chapéu, eis o<br />
mote visual.<br />
Participaram 103 obras de artistas de<br />
15 países, sendo oito brasileiros. Foram<br />
dez prêmios de aquisição, incluindo<br />
a obra Dos Pés à Cabeça é Lampião,<br />
do brasiliense de coração Rocha Maia.<br />
A pintura mostra as cabeças decapitadas<br />
dos cangaceiros, acompanhadas da<br />
indumentária característica, as sandálias<br />
e os chapéus de couro. Uma lembrança<br />
forte da infância.<br />
“Foi difícil conter a emoção pela<br />
30
Fotos: Divulgação<br />
quantidade de homenagens que recebi<br />
do povo português. Da cordialidade<br />
dos organizadores ao carinho do artista<br />
plástico J. Miguel, meu cicerone durante<br />
toda a viagem”, relata. “Curioso é que,<br />
quando embarquei, não sabia se teria<br />
uma recompensa além da seleção do<br />
meu quadro, que por si só já considerava<br />
relevante. Contando os trocados,<br />
incentivado pela família e estimulado<br />
pelos organizadores do evento, que<br />
muito insistiam na minha ida, resolvi<br />
enfrentar esse percurso e fui, com a<br />
cara e a coragem!”, prossegue.<br />
Rocha Maia lembra ainda o quanto<br />
se emocionou ao encontrar grandes<br />
artistas portugueses e espanhóis que<br />
lá estavam como convidados, e a<br />
oportunidade de conhecer, em Figueira<br />
da Foz, o atelier de Mário Silva.<br />
O brasileiro foi também convidado a<br />
ser o orador do Salão Internacional, em<br />
nome dos participantes não portugueses<br />
selecionados. Ele faz questão de destacar<br />
o apoio, e agradecer especialmente a<br />
Hugo Silva, presidente do Rotary Club<br />
de São João da Madeira, e ao escultor<br />
da Galiza, Armando Martinez, curador<br />
do evento.<br />
A PINTURA DE ROCHA MAIA, INICIADA<br />
no Rio de Janeiro, onde nasceu em 1947<br />
e desenvolveu sua técnica autodidata,<br />
tem no cotidiano o tema central e<br />
essencial. Ele começou sua carreira aos<br />
18 anos, e depois de viver na região rural<br />
de Teresópolis, próximo à Serra dos<br />
Órgãos, veio para Brasília, em 1979.<br />
Na Capital Federal, montou o Atelier<br />
Luz Dourada junto com sua mulher, a<br />
também artista plástica H. Kazu Maia.<br />
Fixou no naïf seu estilo de pintura.<br />
É relevante em sua produção a série<br />
Rumo Reverso, com 35 telas, 19 delas<br />
usadas como ilustrações para o livro<br />
homônimo, de Francisco Bezerra<br />
Siqueira, lançado em 2002. Trata-se de<br />
um conjunto de trabalhos que reúnem<br />
as principais características do artista,<br />
como o uso das cores quentes, a<br />
presença vigorosa da terra e o uso<br />
de amplos céus abertos.<br />
E por que o naïf “Porque o naïf é<br />
livre, ele não se ensina, não se aprende.<br />
É a pura expressão e inspiração, não<br />
Na página ao lado, o<br />
viajante em Lisboa<br />
(ao fundo, bem no<br />
alto, o Castelo de<br />
São Jorge, uma das<br />
maiores atrações<br />
turísticas da capital<br />
portuguesa); ao<br />
lado, com Mário<br />
Silva, em frente ao<br />
monumento em<br />
homenagem ao<br />
pintor português,<br />
em Figueira da Foz;<br />
abaixo, o quadro<br />
premiado em<br />
Portugal, Dos Pés à<br />
Cabeça é Lampião<br />
pode ser encomendado, nem se prende<br />
às regras e às convenções. O naïf também<br />
não é uma escola, não existe alguém que<br />
me diga o que fazer ou não. As maneiras,<br />
os padrões, surgem espontaneamente,<br />
no percurso mesmo de cada um”, explica.<br />
UMA DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES DA ARTE<br />
é comunicar ao observador um<br />
pensamento, história ou sentimento,<br />
seja ele de caráter político, seja estético.<br />
A indiferença não faz parte do sentir<br />
artístico; portanto, é fundamental que<br />
o receptor se emocione com a obra<br />
contemplada.<br />
Rocha Maia é um artista que nos<br />
toca nessas duas dimensões: de um<br />
lado, nos impressiona por uma técnica<br />
marcada com cores geralmente fortes e<br />
contrastantes, que conseguem transmitir<br />
a força de seus personagens, do interior<br />
ou da cidade. Com uma atmosfera<br />
31
diáriodeviagem<br />
peculiar, representa muitas vezes figuras<br />
ínfimas perante o ambiente, como se<br />
fossem elas conscientes de seus limites<br />
perante a grandeza do mundo.<br />
Marcado pela crítica social, pela<br />
ironia ao Brasil contemporâneo ou por<br />
um certo bom humor na forma de<br />
visualizar o cotidiano, a arte de Rocha<br />
Maia não quer alienar. E cria uma ponte<br />
para o olhar crítico acerca do país, cujo<br />
território, sempre pronto a oferecer<br />
surpresas, envolve numa vivência<br />
comum a modernidade dos grandes<br />
centros urbanos e as imagens de um<br />
passado em que o coronelismo ainda<br />
fala alto. A pintura alerta para as várias<br />
faces de um Brasil carregado de<br />
contradições sociais, econômicas e<br />
culturais.<br />
Mas a arte de Rocha Maia é, antes<br />
de tudo, aberta a novos roteiros, a novos<br />
caminhos, e sempre pronta para uma<br />
nova viagem. “Meu trabalho respira<br />
agora ares lusitanos. Já preparo o<br />
próximo, que vai se chamar Série<br />
Portuguesa”, revela.<br />
No jantar<br />
oferecido pelo<br />
Rotary Club<br />
de São João<br />
da Madeira<br />
(acima) e<br />
na taberna<br />
Tasquinha<br />
Alentejana com<br />
seu cicerone,<br />
J. Miguel, e<br />
o também<br />
artista plástico<br />
Pedro Nobre<br />
Fotos: Divulgação<br />
32
verso&prosa<br />
Eraldo Perez<br />
Bric-a-Brac, uma paixão<br />
Na Caixa Cultural, até 15 de<br />
julho, exposição multimídia<br />
comemora 21º aniversário da<br />
revista poética que nasceu da<br />
paixão pelo experimentalismo<br />
mas morreu “jovem e gostosa<br />
como Noel Rosa”, no dizer<br />
de um de seus fundadores,<br />
o poeta Luis Turiba (na foto<br />
acima, brindando com o<br />
designer gráfico Resa).<br />
POR LUIS TURIBA *<br />
Bric-a-Brac é um típico caso de paixão. Relação intensa de<br />
paixão e busca entre um grupo de amigos brasilienses diante da<br />
nova democracia brasileira que renascia em 1985, com a eleição<br />
de Tancredo Neves e o fim de 20 anos de ditadura militar.<br />
Precisávamos nos apaixonar e hoje, 21 anos depois de seu parto,<br />
ainda continuamos apaixonados.<br />
A paixão sempre nos moveu para tocar a “Brica”. Paixão<br />
entre artistas de diferentes correntes e linhagens, como o poeta<br />
concretista paulista Augusto de Campos e seu melhor seguidor<br />
pós-moderno Arnaldo Antunes; a etnopoética do orixá baiano<br />
Antônio Risério, o lirismo pantaneiro e desbravador de Manoel<br />
de Barros; e os experimentalismos que a abertura arquitetônica<br />
de Brasília proporciona em cada um de nós.<br />
Por essa apaixonante avenida estética circularam o sambista<br />
Paulinho da Viola, a psicanalista Nice da Silveira, o então<br />
ministro da Cultura Celso Furtado, o cantor Caetano Veloso,<br />
o babalorixá franco-baiano Pierre Verger, os pintores Rubem<br />
Valentim, Athos Bulcão e Poteiro.<br />
33
verso&prosa<br />
Um poema de Paulo Leminski<br />
para Brasília está na exposição<br />
Como esquecer aqueles que já se foram,<br />
como Regina Ramalho e Paulo Bertran, dois<br />
brics de primeira hora.<br />
Poetas de Brasília sustentaram essas paixões.<br />
Regina Bittencourt, Lúcia Leão, Paulinho<br />
Andrade, Resa, João Borges, meus<br />
companheiros de edição.<br />
Paixão entre idéias, visualidades,<br />
fotopoemas, entrevistas profundas e saques<br />
estéticos de todos os tipos. Paixão entre letras,<br />
vocábulos, palavras e livros, como a de José<br />
Mindlin e sua maravilhosa biblioteca de<br />
80 mil títulos.<br />
Portanto, Bric-a-Brac não foi somente<br />
uma revista poética de Brasília, nem um<br />
movimento estético, o primeiro da capital<br />
brasileira nascido em torno da Livraria<br />
Presença, de Ivan Silva.<br />
Bric-a-Brac foi e ainda é uma amálgama<br />
de relacionamentos, de vivências, de<br />
experimentos lingüísticos e visuais.<br />
Uma ponte que não se partiu porque foi<br />
construída com a argamassa da paixão<br />
pelo experimentalismo.<br />
E agora, vem uma exposição para<br />
falar sobre os 21 anos de sua existência,<br />
jogar mais lenha na fogueira dos<br />
cruzamentos estéticos. Bela e ousada<br />
iniciativa da produtora Sinhá.<br />
A exposição Bric-a-Brac, Maior Idade<br />
mostra justamente fragmentos dessa<br />
aventura apaixonada e apaixonante.<br />
Uma história a ser resgatada para<br />
os mais jovens. Bric-a-Brac está<br />
definitivamente cravada na história<br />
estética de nossa Brasília, que, daqui<br />
a três anos, estará completando seu<br />
cinqüentenário.<br />
As fotos, os fatos e os afetos<br />
mostram a “Brica” nos Concertos<br />
Cabeças, já na viradas dos<br />
“oitenta”. O poeta roqueiro<br />
Renato Russo em novos<br />
lançamentos.<br />
Sim! A poesia experimental<br />
continua na rede mundial e também no azulejo<br />
que emoldura o fogão à lenha da roça nova. Por<br />
isso, não se pode ousar reunir no mesmo fogo<br />
Os editores: Turiba, Lúcia Leão, João Borges e Resa<br />
alquimímico tanta poesia em total<br />
estado de concentração-criaçãolinguagens<br />
impunemente.<br />
Da Poesia Clip na Idade Mídia para<br />
a Poesia Síntese na Maior Idade.<br />
Ou, como propõe o poeta-filósofo<br />
Jorge Mautner: o negócio é amalgamar.<br />
Amalgamar idéias, sentidos, roteiros,<br />
imagens, linguagens, fazeres, raças,<br />
troços e traças. Amalgamar pensares,<br />
filmares, cantares, ações, visuais, o ócio,<br />
a paz e as amalgramaticais. Amalgamar<br />
brasis, pulsares, amores, almas, corpos, e-<br />
mails, e todos os frutos dos cestos.<br />
Uivos, Uni-vos! Se não uníssonos, ao<br />
menos, onívoros.<br />
Aqui jaz a Bric-a-Brac.<br />
Morreu jovem e gostosa, como Noel Rosa.<br />
Algo novo há de nascer. Um dia, quem<br />
sabe, esta paixão será também samba-deenredo<br />
num desfile da avenida.<br />
Amém!<br />
*Poeta e jornalista, fundador e editor da Bric-a-Brac.<br />
Fotos: Divulgação<br />
Bric-a-Brac Maior Idade<br />
Até 15/7, de 3ª feira a domingo, das 9 às 21h, na galeria principal da Caixa Cultural.<br />
Além de uma releitura gráfica das páginas da revista, será exibido o filme Bric e a Bandeira do Manuel, de<br />
André Luis Oliveira e Luis Turiba, e lançado o catálogo Bric-a-Brac, Maior Idade, editado por Resa, Mônica,<br />
Turiba e Marília Panitz (são 110 páginas com trabalhos inéditos de vários artistas, entre eles Chico César,<br />
Arnaldo Antunes, Lourenço Cazarré e Nicolar Behr).<br />
Mais informações: 3206.9450 ou caixacultural@caixa.gov.br<br />
34
Elos restabelecidos<br />
Bric-a-Brac. Leitura caleidoscópica, no melhor estilo da<br />
collage. Quatro editores: Turiba, Resa, Lúcia Leão e João<br />
Borges. Inúmeros colaboradores: próximos, desconhecidos.<br />
Ao leitor, era dada a tarefa de construir o percurso de leitura.<br />
Até o seu edital a apresentava como ela era: sem nenhuma<br />
pista... Aventura de (não) ler.<br />
O grande bibliófilo José Mindlin foi parceiro da revista,<br />
falando de sua paixão pelos livros. Bric-a-Brac era o lugar certo<br />
para isso. Como foi o lugar para inéditos, da bela poesia de<br />
Manoel de Barros, ainda nos anos oitenta, antes que o<br />
mercado editorial nos brindasse com seu exercício magistral<br />
de linguagem... pelo mínimo. A “Brica” teve muitos parceiros.<br />
Os irmãos Haroldo e Augusto de Campos. Augusto, um<br />
grande colaborador. Trouxe muita gente para a revista... trouxe<br />
poesia que o Brasil desconhecia. Leminski compareceu com<br />
seu texto econômico... E as buscas arqueológicas Um erótico<br />
do Manuel Bandeira, um poema de Tarsila... Além, é claro,<br />
de divulgar o que se pensava e gestava na cidade, naquele<br />
momento. Bric-a-Brac foi uma revista de Brasília... foi uma<br />
revista do mundo. Visão cosmopolita. Visão para dentro<br />
de si... na revista-amálgama, isso é possível. E bem-vindo.<br />
Bric-a-Brac era experiência de imagem e palavra. Um belo e<br />
anárquico projeto gráfico, na melhor tradição antropofágica.<br />
Bric-a-Brac nasceu em 86. Teve seis números, o último<br />
saído em 91. Por que falar dela agora Por que uma exposição<br />
sobre a “Brica” – além, é claro, de ironicamente (no seu<br />
melhor estilo editorial), comemorar a sua maioridade.<br />
E por que uma mostra Bric-a-Brac<br />
Parece que precisamos rever algumas coisas, estabelecer<br />
memória. Já no início da proposta para o projeto “Brica”,<br />
restabeleceu-se o contato com os antigos parceiros<br />
colaboradores. Cartas ao mundo, em busca do<br />
restabelecimento de elos. Vamos jogar outra vez Muitas<br />
respostas, belos trabalhos, grandes lembranças. Atualização<br />
de experiência. A “Brica” mostra/dazibao, que resulta da<br />
provocação, se oferece com suas preciosidades: por onde<br />
andaram e por onde andam os que aderem ao amálgama,<br />
muitos discursos num só discurso de muitas vozes Se aqui<br />
se presta uma homenagem, pesquisando uma experiência rica<br />
de vinte anos atrás, também se faz um desafio para o presente...<br />
Temos lugar para esse jogo que implica trabalho árduo, mas<br />
também uma disposição para a flanerie Temos lugar para<br />
um olhar flutuante sobre o mundo, que captura o ínfimo e o<br />
devolve em poesia – de palavra e de imagem Por que não<br />
Marília Panitz<br />
Curadora da mostra<br />
35
verso&prosa<br />
A sombra<br />
do terror<br />
Livro mostra<br />
fragilidade da<br />
nação mais<br />
poderosa<br />
do mundo<br />
36
POR RICARDO PEDREIRA<br />
Ahmad Ashmawy Mulloy é um<br />
jovem norte-americano de 18 anos,<br />
filho de um egípcio e uma descendente<br />
de irlandeses. Mora em New Prospect,<br />
pequena cidade vizinha a Nova York.<br />
Quando era pequeno, o pai abandonou<br />
a mãe e sumiu da vida dos dois.<br />
Teresa Mulloy não se importou<br />
quando o filho, no início da adolescência,<br />
resolveu conhecer a cultura do pai e<br />
passou a freqüentar uma pequena<br />
mesquita da cidade. Achou até bom.<br />
No Islã, Ahmad encontrou refúgio para<br />
sua introspecção e ficou longe da<br />
garotada barra-pesada da Central High<br />
School. Mãe filho vivem modestamente,<br />
batalhando pela vida.<br />
Quando conclui o segundo grau,<br />
Ahmad é indicado pelo xeique Rashid,<br />
imã da mesquita, para trabalhar como<br />
motorista de caminhão numa loja de<br />
móveis de uma família de libaneses<br />
islâmicos. Por trás dessa ajuda, um<br />
plano: movido por sua fé e seu ódio<br />
ao materialismo da cultura norteamericana,<br />
Ahmad irá explodir um<br />
caminhão dentro do Lincoln Tunnel,<br />
que dá acesso a Manhattan, em<br />
comemoração ao 11 de setembro.<br />
Em Terrorista, John Updike uso<br />
o ritmo acelerado dos thrillers, mas vai<br />
além de uma boa história que prende<br />
a atenção do leitor. Ele pinta um<br />
quadro nada bonito da realidade<br />
norte-americana de hoje, da solidão das<br />
pessoas, do confronto de culturas num<br />
país com todas as culturas do mundo<br />
e da paranóia instalada depois do<br />
atentado que derrubou as torres gêmeas.<br />
Updike tem uma compreensão<br />
aguda da situação atual dos Estados<br />
Unidos. Aquele rapaz coreano que há<br />
algumas semanas matou um bocado de<br />
gente numa universidade e depois se<br />
matou, e ainda teve o cuidado midiático,<br />
no meio da carnificina, de gravar um<br />
vídeo com depoimento que enviou para<br />
a televisão, parece saído de uma história<br />
do romancista.<br />
Veja o primeiro parágrafo do livro:<br />
“Demônios”, pensa Ahmad. “Esses<br />
demônios querem tomar de mim meus Deus”.<br />
O dia inteiro, na Central High School,<br />
as meninas rebolam, debocham e<br />
exibem seus corpos macios, seus cabelos<br />
sedutores. Os ventres nus, enfeitados<br />
por vistosos piercings no umbigo e<br />
tatuagens lascivas em roxo, indagam:<br />
“O que há mais para mostrar” Os rapazes<br />
desfilam, blasés e orgulhosos, com<br />
olhares mortos, indicando, com<br />
gestos violentos de assassinos e risos<br />
indiferentes e sarcásticos, que este<br />
mundo é tudo que existe – um corredor<br />
barulhento, envernizado, cheio de<br />
armários de metal e terminando numa<br />
parede lisa, profanada por grafites e<br />
tantas vezes pintada e repintada que dá<br />
a impressão de estar avançando cada<br />
vez mais, milímetro por milímetro.”<br />
A solidão e a revolta do jovem<br />
Ahmad, um asceta diante da opulência<br />
e permissividade que o cercam, parecem<br />
típicas dos Estados Unidos de hoje, mas<br />
são sinais de um mundo todo em crise.<br />
As injustiças, diferenças, contradições<br />
e incompreensões que geram tantos<br />
conflitos e violência estão em todos<br />
os lugares. A nação mais poderosa do<br />
mundo – arrogante, frágil e confusa<br />
ao mesmo tempo – é a face mais<br />
evidente da geléia geral dominante.<br />
A gente termina o livro se<br />
perguntando onde isso tudo vai dar.<br />
É difícil que dê em boa coisa. Terrorista<br />
é o retrato de pessoas, de um país e de<br />
um mundo em turbulência.<br />
Terrorista<br />
John Updike<br />
Companhia das Letras<br />
336 páginas, <strong>R$</strong> 35<br />
Especialista em Estados Unidos<br />
Aos 75 anos, John Updike,<br />
norte-americano da Pensilvânia, é<br />
romancista consagrado como um<br />
“especialista em Estados Unidos”,<br />
mais especificamente como cronista<br />
da classe média da Costa Leste,<br />
onde estão a exuberância e riqueza<br />
cultural de Nova York e Boston,<br />
mas também a violência dos seus<br />
subúrbios e a decadência industrial<br />
de cidades anônimas vítimas da<br />
globalização.<br />
Updike se notabilizou pela<br />
série de quatro livros que narram<br />
a trajetória do vendedor de carros<br />
Harry Angstrom ao longo de quatro<br />
décadas: Coelho Corre, Coelho em<br />
Crise, Coelho Cresce e Coelho Cai.<br />
Dos Estados Unidos puritanos e<br />
otimistas dos anos 50, passando pela<br />
contracultura e o movimento negro,<br />
chegando aos yuppies na Era Reagan<br />
e ao papel de grande vilão planetário<br />
da atualidade. É sempre um olhar<br />
crítico, onde não cabe a visão simplista<br />
dos “mocinhos e bandidos”.<br />
Em Terrorista, temos um jovem<br />
de fé muçulmana revoltado diante<br />
da sociedade ocidental que o criou.<br />
Há seu professor, judeu sem nenhuma<br />
convicção, depressivo e infeliz com a<br />
mulher gorda que passa horas na frente<br />
da televisão. E ainda a moça negra, que<br />
canta gospel no coral da igreja e se<br />
prostitui a mando do namorado.<br />
O ponto alto da obra de Updike<br />
certamente é a série do Coelho. Mas<br />
Terrorista pode ser um bom começo<br />
para conhecê-la.<br />
Martha Updike<br />
37
verso&prosa<br />
Ponto cultural<br />
O ônibus está<br />
demorando Pegue um<br />
livro, leve pra casa mas<br />
não deixe de devolver<br />
depois. É assim que<br />
funciona a Biblioteca<br />
Popular, na parada de<br />
ônibus da 712/713 Norte<br />
POR LÚCIA LEÃO<br />
Pontos de ônibus são, por definição, locais onde os moradores<br />
das cidades embarcam para suas pequenas viagens do dia-a-dia. Os<br />
trabalhadores, para suas lidas; os estudantes, para suas jornadas; e<br />
todos os que dependem do transporte coletivo, para seus afazeres<br />
cotidianos, quando eles estão além de onde os pés alcançam.<br />
Mas a parada da entrequadra 712/713, na W3 Norte, vai levar<br />
bem mais longe. A partir desta quinta-feira, 21, os brasilienses podem<br />
embarcar dali para o mundo da imaginação e do conhecimento,<br />
graças a outro tipo de transporte coletivo: os livros da Ponto<br />
Cultural, biblioteca popular que vai funcionar 24 horas por dia,<br />
emprestando gratuitamente livros para a população.<br />
O acervo da Ponto Cultural começa com seis mil exemplares<br />
38
de literatura, livros didáticos e livros de<br />
referência. Mas já no dia da inauguração<br />
ficará maior: o músico e escritor Jorge<br />
Mautner, padrinho da biblioteca<br />
popular, já avisou que chegará a Brasília<br />
pronto para doar duas caixas de sua<br />
antologia e mais todos os livros que<br />
conseguir arrebanhar em sua própria<br />
biblioteca e nas de seus amigos.<br />
“É um projeto belíssimo, uma coisa do<br />
maior interesse de todos e especialmente<br />
nosso, dos escritores, que precisamos<br />
estar perto do público, precisamos de<br />
leitores. Eu tenho falado disso por onde<br />
passo e ficam todos encantados de uma<br />
coisa dessas estar acontecendo em<br />
Brasília”, festeja Mautner.<br />
A Ponto de Cultura, instalada<br />
exatamente atrás da parada de ônibus,<br />
sob uma tenda, emprestará os livros<br />
a qualquer pessoa, mediante o<br />
preenchimento de um cadastro mínimo<br />
(nome e identidade, que não serão<br />
conferidos). Os livros estarão em<br />
prateleiras abertas e dentro de um<br />
armário especialmente projetado para<br />
acondicioná-los, com um mecanismo<br />
rotativo que facilita a busca dos títulos.<br />
No horário comercial, um atendente<br />
irá manipular os livros, orientar os<br />
usuários e estimular os passantes<br />
a embarcar na viagem da leitura.<br />
No restante do tempo, os próprios<br />
interessados podem escolher os livros<br />
e tomar o empréstimo, anotando num<br />
caderno próprio seu nome e o nome<br />
da publicação e comprometendo-se a<br />
devolvê-la dentro de um prazo razoável.<br />
Do jeitinho que a gente vê no cinema!<br />
Só ficarão guardados no armário<br />
durante e noite os livros mais<br />
procurados, sobre os quais a biblioteca<br />
deva manter um maior controle.<br />
Luiz Amorim, presidente da ONG<br />
T-Bone e criador da Ponto Cultural,<br />
acredita que esse sistema, baseado<br />
na confiança e na responsabilidade<br />
dos usuários, estreitará os laços da<br />
comunidade com a biblioteca. A<br />
comunidade passará a cuidar dos<br />
livros como seus, coibindo o mau uso<br />
e eventuais desvios. E o lugar, ele aposta,<br />
ficará mais seguro.<br />
“Nós estamos tratando de livros, o<br />
que quer dizer conhecimento, educação<br />
e crescimento humano. Não podemos<br />
partir de outros pressupostos que não os<br />
da confiança e do respeito. Além disso,<br />
queremos que os pontos de ônibus<br />
sejam locais seguros. Quando tomamos<br />
uma iniciativa dessas, esperamos que o<br />
poder público também faça a sua parte,<br />
garantindo uma boa iluminação e<br />
aumentando o policiamento para inibir<br />
a ação de vândalos, que eu acho que são<br />
nossa única ameaça.”<br />
A inauguração da biblioteca será<br />
com um dia inteiro de festa. Começa às<br />
nove da manhã, com oficina de artes e<br />
“contação” de histórias para crianças de<br />
escolas públicas. Do meio dia às duas da<br />
tarde haverá apresentações de música<br />
erudita com o Quarteto de Cordas de<br />
Brasília, dirigido pelo maestro Guerra<br />
Vicente, e do também maestro e pianista<br />
Rênio Quintas. À tarde tem pintura,<br />
exposição cartográfica e apresentação<br />
do grupo Pau Pereira, de cultura<br />
popular. À noite, recital de poesia, bate<br />
papo sobre literatura e uma performance<br />
do padrinho Jorge Mautner, que encerra<br />
a festa abençoando, com seu violino<br />
sagrado, a tão bem-vinda afilhada.<br />
Ponto Cultural – Biblioteca Popular<br />
24 horas<br />
Ponte de ônibus da 712/713 Norte<br />
Inauguração: 21/6, quinta-feira, com<br />
programação das 9h da manhã às 9h da<br />
noite, encerrando com apresentação de<br />
Jorge Mautner<br />
Priscila Azul<br />
Débora Amorim<br />
Jorge Mautner: primeiro doador e padrinho da biblioteca<br />
Luiz Amorim: laços com a comunidade<br />
39
especial<br />
Artesanato porreta<br />
POR AKEMI NITAHARA<br />
Tudo começou quando um<br />
grupo de amigas piauienses,<br />
residentes em Brasília, percebeu<br />
que tinham todas o mesmo<br />
sentimento: que o Piauí era<br />
discriminado na capital. “Isso foi<br />
nos deixando preocupadas com a<br />
imagem negativa do Estado”, conta<br />
a jornalista Raimunda Costa.<br />
Mesmo com 21,1% da população<br />
do DF e Entorno sendo de lá (400<br />
mil piauienses moram nas terras<br />
vermelhas do Planalto Central, de<br />
acordo com o IBGE), toda vez que<br />
Raimunda mostrava uma renda ou<br />
artesanato bonito, as pessoas se<br />
espantavam quando descobriam<br />
que eram do Piauí.<br />
Para reverter essa situação,<br />
33 mulheres, das mais diversas<br />
profissões, fundaram uma<br />
Organização da Sociedade Civil<br />
de Interesse Público (Oscip) para<br />
“divulgar as belezas do nosso<br />
Estado em Brasília”, como explica a<br />
jornalista. Então, advogadas, arquitetas,<br />
cantoras e aposentadas piauienses<br />
passaram a dedicar seus finais de semana<br />
à organização.<br />
Isso foi há três anos, mas há dez<br />
as amigas já faziam eventos e feiras<br />
relacionados ao Piauí. Também há três<br />
anos começou a funcionar o Centro de<br />
Apoio ao Desenvolvimento Econômico<br />
e Social Nação Piauí, que gera renda<br />
para as associadas, com a divulgação de<br />
artesanato em feiras como a que ocupou<br />
o Centro de Convenções em abril.<br />
Além disso, a própria Oscip organiza<br />
a Feira de Arte e Cultura da Nação<br />
Piauí. A primeira foi no Conic. No final<br />
do ano acontecerá a quarta edição, no<br />
Centro de Convenções, onde vão ser<br />
lançados a grife e o perfume da<br />
organização. Elas trazem peças feitas no<br />
Estado e também confeccionadas por<br />
um grupo de 20 artesãs piauienses que<br />
moram por aqui.<br />
Das feiras para a criação do Espaço<br />
Cultural Nação Piauí foi um pulo. Em<br />
40
e comida arretada<br />
10 de junho de 2006 começou a<br />
funcionar o restaurante na 707 Sul.<br />
“O forte é a gastronomia, mas a gente<br />
é um ponto de cultura mesmo”, informa<br />
Raimunda. O local agradável, com<br />
poucas mesas acomodadas na varanda<br />
dos fundos de uma casa, de frente para<br />
um jardim, oferece comida de primeira<br />
e atendimento dedicado.<br />
A comida, claro, é parte indissociável<br />
da cultura regional. No cardápio, a<br />
Maria Isabel – espécie de "escondidinho"<br />
de carne seca e mandioca – custa <strong>R$</strong> 30<br />
(para duas pessoas). O arroz de cuxá,<br />
acompanhado de peixe frito, sai a <strong>R$</strong> 52<br />
e dá para quatro pessoas. Também tem<br />
capote ao molho, galinha d’angola<br />
(<strong>R$</strong> 50 para quatro pessoas) e carneiro<br />
assado (<strong>R$</strong> 40 para dois). Sem esquecer<br />
da típica cajuína, para refrescar, ou<br />
daquela cachaça Mangueira, para abrir o<br />
apetite. E você ainda pode comprar uma<br />
garrafa e um docinho de caju para levar<br />
para casa. Sem esquecer do artesanato<br />
de couro de bode e palha de buriti.<br />
A Nação Piauí funciona aos sábados<br />
e domingos para almoço “das 9h às<br />
22 horas”. As pessoas ficam até<br />
mais tarde beliscando os petiscos.<br />
Recentemente começou a<br />
funcionar o “bate-papo” nas<br />
quintas e sextas-feiras. Raimunda<br />
conta que é à tardinha, como um<br />
happy hour, “mas a gente chama de<br />
bate-papo pra manter a tradição”.<br />
Mas o espaço pode funcionar<br />
em outros dias e ocasiões. É só<br />
ligar e reservar. “A gente prepara<br />
aniversários e confraternizações<br />
também. Este mês, recebemos a<br />
primeira-dama do DF, Mariane<br />
Vicentini, e o músico Frank<br />
Aguiar,” orgulha-se a piauiense.<br />
Também é possível encomendar<br />
comida para eventos em casa.<br />
Espaço Cultural Nação Piauí<br />
707 Sul – Blloco M – Casa 67, próximo<br />
ao Espaço Cultural Renato Russo<br />
(3242.8<strong>90</strong>7 para reservas e 9271.7153<br />
para encomendas).<br />
E-mail: npiaui@gmail.com<br />
Funcionamento: 5ª e 6ª feira à<br />
tardinha, sábado e domingo no almoço<br />
(9 às 22h) ou de acordo com a reserva.<br />
Fotos: Sanatiel Costa<br />
41
queespetáculo<br />
A dança<br />
dos sentidos<br />
Nova coreografia do grupo Quasar chega a Brasília<br />
Foto: Mila Petrillo<br />
Antes de criar a coreografia para Uma História Invisível, o diretor do Quasar,<br />
Henrique Rodovalho, colocou uma questão crucial aos bailarinos: “Qual dos<br />
cinco sentidos você gostaria de manter até o fim, caso tivesse de perder um a<br />
um”. A resposta quase unânime foi: a visão. Estava definido aí qual dos cinco<br />
personagens, inspirados nos sentidos, teria mais poder em relação aos demais.<br />
Lógico que as sutis diferenças não estão tão claras na coreografia de Rodovalho,<br />
que apenas insinua isso em recursos de iluminação, por exemplo. Assim,<br />
quando a visão entra no palco, ele se ilumina.<br />
Desta vez, o diretor iniciou a montagem do espetáculo com o propósito de<br />
construir uma história do começo ao fim.<br />
Criou uma estrutura narrativa principal<br />
dividida em três atos – outono, inverno<br />
e primavera – e deixou o enredo fluir.<br />
“O eixo central da narrativa é o<br />
relacionamento conflituoso entre a visão e o tato”, revela Rodovalho.<br />
O cenário criado pela arquiteta Letycia Rossi é feito de linhas penduradas<br />
como se fossem colunas e dá a dimensão de uma floresta que muda de cor e<br />
textura conforme a estação. Nele se movem os cinco bailarinos-personagens,<br />
cujas características foram inspiradas nas qualidades encontradas nos cinco<br />
sentidos. E foi a partir dessa metáfora que o coreógrafo orientou a<br />
movimentação, contemplando emoções derivadas da racionalidade,<br />
intuição, superficialidade, sutileza, liberdade.<br />
A obsessão pelo físico humano está presente no último<br />
trabalho de Rodovalho que, ao longo de quase duas décadas, tem<br />
desenvolvido um estilo bastante próprio, com base na articulação<br />
fragmentada do corpo. Após coreografar o álbum Elis & Tom do<br />
começo ao fim, no espetáculo Só Tinha de Ser Com Você (2005), agora o<br />
estímulo musical de Rodovalho é diversificado, transitando do piano do<br />
polonês Arvo Pärt para as sonoridades eletrônicas do brasileiro Amon Tobin<br />
e as percussões japonesas de Ryuchi Sakamoto e Kodo.<br />
No elenco, os bailarinos Aretha Macial, Camilo Chapela, Érica Bearlz,<br />
James Nunes, João Bragança, Karime Nivoloni, Lavínia Bizzotto, Rodrigo Cruz,<br />
Valeska Gonçalves e Samuel Kavalerski. Direção de Vera Bicalho, iluminação<br />
de Sergio Galvão e figurino de Cássio Brasil.<br />
Uma História Invisível<br />
Quasar Cia. de Dança<br />
23/6, sábado, às 21h, e 24/6, domingo, às 20h, na Sala<br />
Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos a <strong>R$</strong> 40 e <strong>R$</strong> 20.<br />
Informações: 3325.6239<br />
42
luzcâmeraação<br />
Tributo a<br />
Mário Juruna<br />
Filme de Armando Lacerda celebra<br />
a memória do único indígena a ter<br />
lugar no Parlamento brasileiro<br />
POR ANGÉLICA TORRES<br />
Nossa famosa desmemória nacional em breve receberá uma rajada<br />
de sopros dos espíritos da floresta sobre o pó e os possíveis desvios que<br />
se assentaram na imagem pública do cacique e deputado Mário Juruna,<br />
personagem central do novo documentário de Armando Lacerda.<br />
Juruna, O Espírito da Floresta vai concorrer ao próximo Festival de<br />
Brasília do Cinema Brasileiro e com ele o cineasta pretende contribuir<br />
para recolocar o guerreiro xavante como um bravo na galeria da<br />
memória política do país – em lugar do simplório juízo de exótico<br />
personagem que afrontou políticos e militares com discursos e<br />
performances contundentes, durante e mesmo após seu mandato,<br />
cumprido de 1983 a 1987, pelo PDT/RJ.<br />
Com esse longa-metragem de produção brasiliense, Lacerda quer<br />
mostrar ainda que os índios também são seres eminentemente políticos,<br />
embora só tenham sido representados no legislativo por esse<br />
44
personagem, caricaturado à época<br />
sempre com seu gravador a tiracolo para<br />
registrar promessas não cumpridas dos<br />
governantes. As novas gerações e os que<br />
acompanharam as notícias sobre seu<br />
enfrentamento ao ambíguo jogo político<br />
do branco poderão conhecer também,<br />
por meio do filme, a história da saga<br />
do povo xavante. Diogo Amhó, filho<br />
de Juruna, estabelece o fio condutor da<br />
narrativa do documentário, ao buscar<br />
a memória do pai junto aos avós e<br />
parentes da aldeia e nesse percurso<br />
obter esclarecimentos sobre a memória<br />
xavante.<br />
A ADMIRAÇÃO DE ARMANDO LACERDA<br />
pelo cacique-deputado data dos tempos<br />
em que trabalhava como repórter de<br />
jornais como Folha de S. Paulo e Correio<br />
Braziliense. Em meados dos anos 70,<br />
Juruna já perambulava pelos corredores<br />
do Congresso em busca de assistência à<br />
sua aldeia, e logo iniciou-se na militância<br />
política. Quando Juruna, por influência<br />
de Darcy Ribeiro, acabou eleito<br />
deputado federal, Armando Lacerda<br />
trabalhava na TV Câmara. “Juruna<br />
tinha uma birra especial por militares<br />
e padres. Poucos tiveram a sua coragem<br />
de botar o dedo no nariz dos coronéis<br />
da Funai. Ele trouxe o som da mata<br />
para o plenário, que lotava para ouvi-lo<br />
discursar na tribuna – façanha que<br />
raros famosos conseguiam – e eu sempre<br />
acompanhava sua atuação”, conta o<br />
cineasta.<br />
Armando garante que o público<br />
de seu filme vai perceber o norte, a<br />
firmeza e a ética do guerreiro xavante,<br />
falecido em julho de 2002, de diabetes.<br />
A pesquisa documental do filme abrange<br />
o período de 1962 a 2007, com farta<br />
informação de fontes antropológicoliterárias<br />
e político-jornalísticas, além<br />
de filmagens em Brasília e em diversas<br />
aldeias do Xingu, no Mato Grosso.<br />
O cineasta contou com a brava<br />
colaboração de uma pequena equipe<br />
de craques brasilienses – Jacques<br />
Cheuiche (fotografia), André Lavenére<br />
(direção de fotografia), Chico Bororo<br />
(som) e Liloye Boubli e Cláudio Ferreira<br />
(montagem) – para apostar na ousadia<br />
temática desse primeiro longa de sua<br />
carreira de diretor e produtor de mais<br />
de 15 curtas e médias-metragens,<br />
desde 1973.<br />
Em fase de montagem final, Juruna<br />
é um filme atual sobre a luta em prol<br />
da afirmação cultural e da sobrevivência<br />
dos povos indígenas, sempre presente<br />
no noticiário envolvendo figurões<br />
dos latifúndios. Ao entrar em cartaz,<br />
certamente ficaremos com saudade dos<br />
tempos em que podíamos testemunhar<br />
duras verdades ditas com pureza por um<br />
espírito da floresta e ter esperanças de<br />
justiça... principalmente em tempos de<br />
alta corrupção e indignação popular<br />
mal-digerida.<br />
Juruna, O Espírito da Floresta<br />
Documentário de 75 min. Direção: Armando<br />
Lacerda. Contato: 9977.5474.<br />
Fotos: Jacques Cheuiche<br />
45
luzcâmeraação<br />
Fotos: Divulgação<br />
Pouco<br />
original<br />
Indefinições<br />
do roteiro<br />
e preceitos<br />
rígidos do<br />
Dogma 95<br />
prejudicam<br />
o trabalho<br />
de direção<br />
da inglesa<br />
Andrea<br />
Arnold<br />
em Marcas<br />
da Vida<br />
46
POR REYNALDO DOMINGOS FERREIRA<br />
Apesar das premiações que recebeu –<br />
até mesmo o prêmio do júri do Festival<br />
de Cannes – o filme de Andrea Arnold<br />
não entusiasma, porque joga com muitas<br />
indefinições ao pretender abordar a<br />
importante questão do avanço da<br />
vigilância da sociedade moderna por<br />
meio de câmeras localizadas em locais<br />
estratégicos de uma cidade – no caso,<br />
Glasgow, na Escócia.<br />
As indefinições são relacionadas com<br />
o roteiro, também escrito por Andrea<br />
Arnold, que é por demais superficial e<br />
esquemático. Foi montado de acordo<br />
com um projeto, Advanced Party,<br />
idealizado pelo cineasta dinamarquês<br />
Lars Von Trier, que compreende uma<br />
trilogia sobre a vida da classe operária<br />
seqüência final é que se ouve uma<br />
canção.<br />
O tema é também pouco original.<br />
Trata-se de filme de voyeur, como o<br />
clássico A Janela Indiscreta, de Alfred<br />
Hitchckok. De acordo com o receituário<br />
do gênero, o protagonista é alguém<br />
frustrado que observa por qualquer<br />
meio o desenrolar da vida de outra (s)<br />
pessoa (s) sem desejar ser identificado.<br />
No caso, é uma policial, Jackie (Kate<br />
Dickie), que monitora a vigilância da<br />
cidade por meio de sofisticado esquema<br />
de câmaras de televisão montado na<br />
prefeitura.<br />
Boa parte do filme é dedicada a<br />
mostrar a rotina de trabalho de Jackie,<br />
à qual ela se entrega totalmente, pois,<br />
sem que se saiba ao certo por que,<br />
rompeu relações com as poucas pessoas<br />
jogo de imagem para o espectador<br />
identificar, como Jackie, quem é o<br />
indivíduo, percebe-se que ela sabe<br />
bem de quem se trata. É Clyde<br />
(Tony Curran), um ex-presidiário<br />
posto em liberdade condicional,<br />
por bom comportamento na prisão,<br />
antes de cumprir integralmente a pena.<br />
Começa então a perseguição de<br />
Jackie contra Clyde, que cresce de<br />
interesse à medida que se percebe a<br />
intenção de vingança dela contra ele<br />
por um terrível dano que lhe causou<br />
no passado. Sob esse aspecto, a direção<br />
de Andrea Arnold é eficiente, dentro<br />
das limitações que lhe impõem os<br />
preceitos do Dogma 95, a que se<br />
submete. Ela sabe tirar proveito da<br />
câmara, na mão do cinegrafista Robbie<br />
Ryan, para criar suspense. Mas não<br />
residente em bairros periféricos de<br />
Glasgow. Os três filmes – esse é o<br />
primeiro – deverão ter temas e diretores<br />
diferentes, mas os personagens serão<br />
sempre os mesmos, como ocorria na<br />
trilogia realizada na França, em 2002,<br />
pelo belga André Belvaux.<br />
Além das deficiências do roteiro,<br />
Marcas da Vida é também prejudicado<br />
pelos preceitos rígidos do Dogma 95<br />
(movimento que renega os avanços<br />
modernos da linguagem cinematográfica),<br />
hoje desprezados por seus próprios<br />
idealizadores. Assim, não há comentário<br />
musical pontilhando a narrativa. O que<br />
se ouve são apenas os ruídos naturais<br />
dos ambientes freqüentados pelos<br />
personagens, que vivem em espigões<br />
decadentes, sórdidos, situados num<br />
bairro periférico da cidade. Só na<br />
da família que lhe restam. Vez por outra,<br />
ela deixa o serviço para ter breve<br />
encontro amoroso com um colega de<br />
trabalho, Avery (Paul Higgins), casado,<br />
o que acontece sempre dentro do carro<br />
dele, no campo, mas sem prazer para ela.<br />
Certo dia, monitorando as câmaras<br />
de TV assestadas para um terreno<br />
baldio, Jackie flagra o que inicialmente<br />
pensa ser uma tentativa de estupro.<br />
Quando, porém, vai acionar a força<br />
policial para ir ao local, percebe estar<br />
enganada, pois a mulher, encostada<br />
ao muro, espera de braços abertos<br />
o homem que dela se aproxima.<br />
Atenta, Jackie presencia todo o ato.<br />
Quando ela vai tirar de foco<br />
o monitor, percebe que o homem<br />
que deixa o terreno baldio é alguém<br />
conhecido. Sem que haja um adequado<br />
chega ao clímax da ação, que talvez<br />
seja, para ela, o da cena amorosa entre<br />
o perseguido e sua perseguidora.<br />
Apesar das indefinições do roteiro,<br />
Marcas da Vida revela uma cineasta<br />
de talento, que tem bom domínio<br />
de técnica para conduzir uma narrativa<br />
de maneira firme e segura. E, mais que<br />
isso, sabe também extrair dos atores<br />
atuações de bom nível. Com destaque<br />
para Kate Dickie e Tony Curran,<br />
o elenco atua de forma bastante<br />
satisfatória. Mas o filme no geral<br />
decepciona.<br />
Marcas da Vida<br />
Inglaterra/Dinamarca 2006, 113 min.<br />
Direção: Andrea Arnold. Com Kate Dickie,<br />
Tony Curran, Martin Compston, Nathalie<br />
Press, Andrew Armour e Paul Higgins.<br />
47
luzcâmeraação<br />
Vozes latino<br />
Caixa Cultural exibe filmes clássicos fundamentais<br />
POR SÉRGIO MORICONI<br />
Num momento em que líderes<br />
sul-americanos como o boliviano Evo<br />
Morales e o venezuelano Hugo Chaves<br />
ressuscitam ideais bolivarianos no<br />
continente, a mostra Memórias do<br />
Subdesenvolvimento surge para nos levar<br />
de volta a uma época, os anos 60,<br />
em que essas idéias saíram do campo<br />
da política para impregnar boa parte<br />
da produção cinematográfica de<br />
realizadores de Cuba e de países situados<br />
abaixo da linha do Equador. O título<br />
escolhido pelo curador Pablo Martins é<br />
uma alusão direta a uma dos principais<br />
obras do cubano Thomás Gutiérrez<br />
Alea, Memórias do Subdesenvolvimento,<br />
filme programado para as 20h30 do dia<br />
da abertura da mostra. No mesmo dia,<br />
na sessão das 18h, serão exibidos o curta<br />
Maranhão e o longa Terra em Transe,<br />
ambos de Glauber Rocha.<br />
Ao apresentar importantes filmes<br />
de cineastas essenciais do Brasil,<br />
Cuba, Argentina e Chile, Memórias do<br />
Subdesenvolvimento evidencia o enorme<br />
compromentimento que os novos<br />
cinemas do continente assumiram num<br />
período de radicais transformações nos<br />
mais diversos campos da vida social na<br />
região. Em todos os países mencionados<br />
havia uma enorme agitação política<br />
e o cinema assumiria um papel de<br />
vanguarda nas lutas pela derrubada<br />
das velhas estruturas responsáveis pela<br />
perpetuação das abissais desigualdades<br />
entre ricos e pobres. Foi um período<br />
em que o cinema latino-americano –<br />
no Brasil, o Cinema Novo – tomou<br />
para si o papel de instrumento de<br />
conscientização e luta contra a pobreza e<br />
o processo neocolonial impingido pelas<br />
então chamadas potências imperialistas –<br />
leia-se, com raríssimas exceções pontuais,<br />
os Estados Unidos da América.<br />
Cinema de entretenimento, nem<br />
pensar. Quem definiu bem o espírito da<br />
época foi o argentino Fernando Solanas,<br />
convidado especial da mostra. Em vários<br />
textos e declarações Solanas alertava<br />
para esse neocolonialismo. No seu<br />
modo de ver, nas situações abertamente<br />
coloniais a penetração cultural acontece<br />
como uma conseqüência da ocupação<br />
militar. No neocolonialismo a situação<br />
se inverte. “A ‘cultura’ se torna o<br />
verdadeiro exército de ocupação.”<br />
E conclui dizendo que o cinema de<br />
um país neocolonizado vem a reboque<br />
e na dependência de valores de fora –<br />
dos países colonizadores – que nada<br />
ou pouco têm a ver com a tradição,<br />
com o ethos, do país que se vê invadido.<br />
O argumento de Solanas é inteiramente<br />
coerente – do ponto de vista crítico<br />
do colonizado, claro – com o que os<br />
próprios norte-americanos diziam a<br />
respeito do cinema de Hollywood:<br />
48
Memória Del Saqueo,<br />
de Fernando Solanas<br />
-americanas<br />
do cinema engajado latino-americano dos anos 60<br />
nossos filmes vendem não só sapatos e<br />
gomas de mascar como todo um estilo<br />
de vida e consumo.<br />
Autor de obras de indiscutíveis<br />
méritos como Tangos, o Exílio de Gardel,<br />
Sur e o recente Memória Del Saqueo, os<br />
dois últimos programados para o dia 23,<br />
quando será realizado o debate com o<br />
realizador, Solanas é o autor de La Hora<br />
de Los Hornos (1968), filme seminal<br />
do novo cinema argentino que<br />
enfrentou a barra de lutar contra a<br />
ditadura do General Ongania. Rodado<br />
clandestinamente, La Hora de Los Hornos<br />
foi construído na forma de um ensaio,<br />
explorando aspectos da sociedade e<br />
da história da Argentina, incluindo<br />
o peronismo, o movimento político<br />
fundado por Juan Perón quase que<br />
inteiramente influenciado pelo escritor<br />
argelino Frantz Fanon. Corajoso, o filme<br />
clama pela violência como a única opção<br />
política possível e também como uma<br />
forma de catarse cultural.<br />
Catarse, transe, são termos<br />
adequados para caracterizar obras<br />
programadas na mostra do argentino<br />
Fernando Birri (Los Inundados), do<br />
brasileiro Glauber Rocha (Terra em<br />
Transe e O Leão de Sete Cabeças), do<br />
cubano Alea (Assembléia Geral e Memórias<br />
do Subdesenvolvimento) e, em menor<br />
medida, dos chilenos Patrício Guzmán<br />
(A Batalha do Chile) e Miguel Littin<br />
(El Chacal de Nahueltoro), assim como<br />
do brasileiro Joaquim Pedro de Andrade<br />
(Couro de Gato). De maneira geral,<br />
os realizadores de Memórias do<br />
Subdesenvolvimento são, todos, cada um<br />
a sua maneira, filhos legítimos do neorealismo<br />
italiano, movimento que no<br />
imediato pós-guerra europeu produziu<br />
um “choque de realidade”, fazendo ver<br />
que o cinema podia ser muito mais do<br />
que mero entretenimento.<br />
Mas a interpretação que os<br />
Memórias do Subdesenvolvimento, de Thomás Alea<br />
Fotos: Divulgação<br />
49
Divulgação<br />
cineastas da América Latina fizeram do<br />
neo-realismo italiano está longe do tipo<br />
de realismo naturalista – depois crítico –<br />
que foi a marca das primeiras obras de<br />
Vittorio De Sica, Roberto Rosselini e,<br />
em certa medida, de Luchino Visconti.<br />
Em Los Inundados, por exemplo,<br />
Fernando Birri se vale da mesma<br />
fantasia alegórica de Milagre em Milão,<br />
obra quase extemporânea no contexto<br />
neo-realista, para se referir às agruras<br />
de moradores de uma favela na região<br />
de Santa Fé. O mesmo se pode dizer<br />
dos filmes de Solanas, em particular<br />
de El Viaje (1992), que ironiza inclusive,<br />
outra vez em tom de fábula, o nosso<br />
ex-presidente Fernando Collor. Seria<br />
quase desnecessário dizer, a alegoria<br />
é igualmente a característica principal<br />
do cinema de Glauber Rocha.<br />
Imaginação nunca deixou de estar<br />
presente nas obras politicamente<br />
engajadas dos principais realizadores<br />
latino-americanos, nem mesmo naquelas<br />
de autores cubanos, os únicos que já<br />
trabalharam dentro de um contexto<br />
Cabra Marcado Para Morrer<br />
revolucionário e que, portanto, poderiam<br />
estar submetidos a um modelo de<br />
cinema “realista socialista” de cunho<br />
didático. Produzido pelo ICAIC<br />
(Instituto de Cinema, Arte e Indústria<br />
Cubano), criado por Fidel Castro apenas<br />
três meses depois da derrubada do<br />
governo de Batista – o que demonstra a<br />
importância que Fidel dava ao cinema<br />
no novo período socialista de Cuba –,<br />
o filme Memórias do Subdesenvolvimento<br />
(1968), de Thomás Gutiérrez Alea, era<br />
ideologicamente socialista, sim, porém<br />
original, e não abria mão da<br />
experimentação. O filme de Alea, assim<br />
como os de seus companheiros latinos<br />
exibidos na mostra homônima, que será<br />
repetida, de 26 de junho a 1º de julho,<br />
no Balaio Café da 201 Norte, são a<br />
prova viva de que o continente tinha de<br />
fato algo novo a dizer nos anos 60 e que<br />
essas vozes, de formas distintas e às vezes<br />
conflitantes, ainda ecoam no presente.<br />
Memórias do Subdesenvolvimento<br />
De 19 a 24/6 na Caixa Cultural (Setor<br />
Bancário Sul). De 3ª a 6ª feira, às 18<br />
e 20h30min; sábado, às 15 e 17h; e<br />
domingo, às 15, 17 e 19h. Entrada franca.<br />
Informações: 3206.9450<br />
PROGRAMAÇÃO DO CINE ACADEMIA PARA O PERÍODO DE 15 A 21 DE JUNHO<br />
Informações de responsabilidade da rede Cine Academia (Tel: 3316.6811 / 3316.6373)<br />
ACADEMIA DE TÊNIS - 3316.6373<br />
CINE I – A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS (12<br />
anos). DIRETOR: ISABEL COITEX (117 MIN). 2ª a 6ª,<br />
17h, 19h20 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 14h40, 17h,<br />
19h20 e 21h40.<br />
CINE II – INVASÃO DE DOMICÍLIO (16 anos).<br />
DIRETOR: ANTHONY MINGHELLA (125 MIN). 2ª a<br />
6ª, 2ª a 6ª, 16h30, 19h e 21h30; Sáb., dom. e fer.,<br />
16h30, 19h e 21h30.<br />
CINE III – CAPARAÓ (livre). DIRETOR: FLAVIO<br />
FREDERICO (77 MIN ). 2ª a 6ª, 17h30; Sáb., dom.<br />
e fer., 15h10. PRINCESAS (14 anos). DIRETOR:<br />
FERNANDO LEÓN DE ARANOA (113 MIN). 2ª a 6ª,<br />
19h10 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 16h50, 19h10 e<br />
21h30.<br />
CINE IV – ESCOLA DO RISO (livre). DIRETOR:<br />
MOMORU HOSHI (121 MIN ). 2ª a 6ª, 16h40, 19h e<br />
21h20; Sáb., dom. e fer., 16h40, 19h e 21h20.<br />
CINE V – CONFIDENCIAL (14 anos). DIRETOR:<br />
DOUGLAS MCGRATH (117 MIN). 2ª a 6ª, 17h, 19h20<br />
e 21h40; Sáb., dom. e fer., 14h40, 17h, 19h20 e<br />
21h40.<br />
CINE VI – UMA JUVENTUDE COMO NENHUMA<br />
OUTRA (14 anos). DIRETOR: VARDIT BILU / DÁLIA<br />
HAGER (<strong>90</strong> MIN). 2ª a 6ª, 17h30, 19h30 e 21h30;<br />
Sáb., dom. e fer., 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30.<br />
CINE VII – TSOTSI – INFÂNCIA ROUBADA (14<br />
anos). DIRETOR: GAVIN HOOD (96 MIN). 2ª a 6ª,<br />
17h40, 19h40 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 15h40,<br />
17h40, 19h40 e 21h40.<br />
CINE VIII – OLHE PARA OS DOIS LADOS (10 anos).<br />
DIRETOR: SARAH WATT (100 MIN ). 16h, 19h20 e 21h20;<br />
Sáb., dom. e fer., 16h, 19h20 e 21h20. CURTA PETROBRÀS<br />
ÀS SEIS – DEVANEIO(16 anos). 2ª a dom., 18h.<br />
CINE IX – HÉRCULES 56 (livre). DIRETOR: SILVIO DA-RIN<br />
(94 MIN ). 17h20; Sáb., dom. e fer., 15h10. O TIGRE E A<br />
NEVE (10 anos). DIRETOR: ROBERTO BENIGNI (113 MIN).<br />
2ª a 6ª, 19h20 e 21h40; Sáb., dom. e fer., 17h, 19h20 e<br />
21h40.<br />
CINE X – MARCAS DA VIDA (18 anos). DIRETOR: ANDRÉA<br />
ARNOLD (114 MIN ). 2ª a 6ª, 17h e 21h20; Sáb., dom. e fer.,<br />
15h e 19h20. O CHEIRO DO RALO (16 anos). DIRETOR:<br />
HEITOR DHALIA (100 MIN). 2ª a 6ª, 19h20; Sáb., dom. e fer.,<br />
17h20 e 21h20.<br />
OBS. 1: SEXTA-FEIRA NÃO SERÁ EXIBIDA A ÚLTIMA SESSÃO<br />
DO FILME “OLHE PARA OS DOIS LADOS”, EM VIRTUDE DA<br />
PRÉ-ESTRÉIA DE “NA CAMA”, ÀS 21h20, NA SALA VIII.<br />
OBS. 2: SEXTA-FEIRA NÃO SERÁ EXIBIDA A ÚLTIMA SESSÃO<br />
DO FILME “O TIGRE E A NEVE”, EM VIRTUDE DA PRÉ-<br />
ESTRÉIA DE “LADY VINGANÇA”, ÀS 21h40, NA SALA IX.<br />
CINE ACADEMIA DECK NORTE<br />
CINE I – HOMEM ARANHA 3 (12 anos)(DUBLADO).<br />
DIRETOR: SAM RAINI (140 MIN). 2ª a 6ª, 16h, 18h40 e<br />
21h20; Sáb., dom. e fer., 16h, 18h40 e 21h20.<br />
CINE II – PIRATAS DO CARIBE – NO FIM DO MUNDO (12<br />
anos). DIRETOR: GORE VERBINSKI (174 MIN). 2ª a 6ª, 15h,<br />
18h20 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 15h, 18h20 e 21h30.<br />
CINE III – SHREK TERCEIRO (livre)(DUBLADO). DIRETOR:<br />
CHRIS MILLER / RAMAN HUI (93 MIN). 2ª a 6ª, 17h30, 19h30<br />
e 21h30; Sáb., dom. e fer., 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30.<br />
CINE IV – CONVERSANDO COM DEUS (livre). DIRETOR:<br />
STEPHEN SIMON (109 MIN). 2ª a 6ª, 17h20 e<br />
19h30; Sáb., dom. e fer., 15h10, 17h20 e 19h30.<br />
INESQUECÍVEL (14 anos). DIRETOR: PAULO SÉRGIO<br />
ALMEIDA (87 MIN). 2ª a 6ª, 21h40; Sáb., dom. e fer.,<br />
21h40.<br />
CINE V – O MUNDO EM DUAS VOLTAS (livre).<br />
DIRETOR: DAVID SCHÜRMANN (94 MIN). 2ª a 6ª,<br />
17h30, 19h30 e 21h30; Sáb., dom. e fer., 15h30,<br />
17h30, 19h30 e 21h30.<br />
CINE ACADEMIA AEROPORTO - 3364.9566<br />
CINE I – HOMEM ARANHA 3 (12 anos)(DUBLADO).<br />
DIRETOR: SAM RAINI (140 MIN). 2ª a 6ª, 16h, 18h40<br />
e 21h20; Sáb., dom. e fer., 16h, 18h40 e 21h20.<br />
CINE II – O SEGREDO (livre). DIRETOR: RHONDA<br />
BYRNE (92 MIN). 2ª a 6ª, 17h40 e 21h10; Sáb., dom.<br />
e fer., 15h40, 17h40 e 21h10. CARTOLA (10 anos).<br />
DIRETOR LÍRIO FERREIRA / HILTON LACERDA (88<br />
MIN ). 2ª a 6ª, 19h30; Sáb., dom. e fer., 19h30.<br />
CINE III – PIRATAS DO CARIBE – NO FIM DO<br />
MUNDO (12 anos). DIRETOR: GORE VERBINSKI (174<br />
MIN). 2ª a 6ª, 14h20, 17h40 e 21h; Sáb., dom. e fer.,<br />
14h20, 17h40 e 21h.<br />
CINE IV – SHREK TERCEIRO (livre)(DUBLADO).<br />
DIRETOR: CHRIS MILLER / RAMAN HUI (93 MIN). 2ª a<br />
6ª, 17h20, 19h20 e 21h20; Sáb., dom. e fer., 15h20,<br />
17h20, 19h20 e 21h20.<br />
OBS.: ESTACIONAMENTO GRATUITO POR QUATRO<br />
HORAS, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DO INGRESSO<br />
DO CINE ACADEMIA AEROPORTO DEVIDAMENTE<br />
CARIMBADO.<br />
Recorte o cupom de descontos na página 10 para pagar meia entrada no Cine Academia, de 2ª a 5ª feira.<br />
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