25.01.2015 Views

Avaliação do Comportamento do Ácido Fólico no Processamento de ...

Avaliação do Comportamento do Ácido Fólico no Processamento de ...

Avaliação do Comportamento do Ácido Fólico no Processamento de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Avaliação <strong>do</strong> <strong>Comportamento</strong> <strong>do</strong> Áci<strong>do</strong><br />

Fólico <strong>no</strong> <strong>Processamento</strong> <strong>de</strong> Leites<br />

Enriqueci<strong>do</strong>s<br />

Study of the Behavior of Folic Acid<br />

During the Processing of Enriched Milk<br />

AUTORES<br />

AUTHORS<br />

Juliana Azeve<strong>do</strong> LIMA-PALLONE<br />

Centro <strong>de</strong> Ciências Exatas, Ambientais e <strong>de</strong> Tec<strong>no</strong>logias,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Química,<br />

Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas<br />

Rod. D. Pedro I, Km 136, Parque das Universida<strong>de</strong>s,<br />

CEP 13086-900, Campinas-SP, Brasil.<br />

Telefone: +55-19- 37567656<br />

FAX: +55-19-37567370<br />

julianalima@puc-campinas.edu.br<br />

Rodrigo Ramos CATHARINO<br />

Helena Teixeira GODOY<br />

Departamento <strong>de</strong> Ciência <strong>de</strong> Alimentos,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Alimentos, Unicamp,<br />

CP 6121, CEP 13083-970<br />

Campinas-SP, Brasil.<br />

RESUMO<br />

Recentemente, produtos como o leite, estão sen<strong>do</strong> enriqueci<strong>do</strong>s com diversas<br />

vitaminas, incluin<strong>do</strong> o áci<strong>do</strong> fólico. Muitos estu<strong>do</strong>s apontam a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>ssa vitamina<br />

como possível causa <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças graves. O objetivo <strong>de</strong>sse trabalho foi a <strong>de</strong>terminação da<br />

estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico frente aos processos <strong>de</strong> adição e homogeneização, esterilização e<br />

fervura, além da avaliação das possíveis perdas da vitamina durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estocagem<br />

<strong>de</strong> leites enriqueci<strong>do</strong>s. Para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico empregou-se a técnica <strong>de</strong> CLAE<br />

e solução <strong>de</strong> hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> potássio para extração. A separação cromatográfica ocorreu em<br />

coluna <strong>de</strong> C 18 , utilizan<strong>do</strong> solução acidificada e acetonitrila como fase móvel. A <strong>de</strong>tecção foi<br />

feita em <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> arranjo <strong>de</strong> dio<strong>do</strong>s (290nm) e a quantificação por padronização externa.<br />

As maiores perdas foram observadas <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> adição e homogeneização da vitamina<br />

(50%). Nos ensaios realiza<strong>do</strong>s, em escala semi-industrial, o áci<strong>do</strong> fólico mostrou-se bastante<br />

resistente ao processo <strong>de</strong> esterilização, com perdas inferiores a 10%. Já durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

90 dias estocagem, as perdas ficaram em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 16%. Após o processo <strong>de</strong> fervura <strong>do</strong> leite<br />

enriqueci<strong>do</strong>, não houve diminuição significativa <strong>do</strong> valor vitamínico.<br />

SUMMARY<br />

Products such as milk are currently being enriched with many vitamins, including folic<br />

acid. Many studies have indicated the <strong>de</strong>ficiency of this vitamin as a possible cause of serious<br />

diseases. The aim of this study was to evaluate the stability of folic acid when submitted to the<br />

processes of addition, homogenisation, sterilisation and boiling, as well as evaluating possible<br />

losses during the storage of enriched milks. Folic acid was <strong>de</strong>termined using an HPLC technique<br />

and potassium hydroxi<strong>de</strong> used for extraction. The chromatographic separation was carried out<br />

using a C 18 column and an acidifed acetonitrile solution as the mobile-phase. Detection was<br />

carried out using a dio<strong>de</strong> array <strong>de</strong>tector (290nm) and quantification by external standards.<br />

The highest losses occurred during the processes of vitamin addition and homogenisation<br />

(50%). In assays ma<strong>de</strong> on a semi-industrial scale, the folic acid was shown to be resistant to<br />

the sterilization process, with losses of less than 10%. However losses of about 16% occurred<br />

during the 90 days of storage. The boiling process did <strong>no</strong>t result in a significant <strong>de</strong>crease in<br />

the vitamin value.<br />

PALAVRAS-CHAVE<br />

KEY WORDS<br />

Áci<strong>do</strong> Fólico; Esterilização; Leite Enriqueci<strong>do</strong>; CLAE.<br />

Folic Acid; Sterilization; Enriched Milk; HPLC.<br />

Braz. J. Food Tech<strong>no</strong>l., v.9, n.1, p. 57-62, jan./mar. 2006 57<br />

Recebi<strong>do</strong> / Received: 31/03/2005. Aprova<strong>do</strong> / Approved: 23/05/2006.


LIMA-PALLONE, J. A. et al.<br />

Avaliação <strong>do</strong> <strong>Comportamento</strong> <strong>do</strong> Áci<strong>do</strong><br />

Fólico <strong>no</strong> <strong>Processamento</strong> <strong>de</strong> Leites<br />

Enriqueci<strong>do</strong>s<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

As vitaminas são micronutrientes essenciais que<br />

contribuem para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>no</strong>rmal e a manutenção<br />

da saú<strong>de</strong>. Nesse aspecto, o áci<strong>do</strong> fólico (forma sintética) e os<br />

folatos (naturalmente presentes em alimentos) fazem parte das<br />

vitaminas hidrossolúveis <strong>do</strong> grupo B, os quais são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

formas químicas diferentes da vitamina B 9 . Despertou-se<br />

interesse <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a seus efeitos em relação à prevenção <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>enças como problemas cardíacos, más-formações congênitas,<br />

câncer, mal <strong>de</strong> Alzheimer e anemia megaloblástica, entre outras<br />

(CZEIZE e DUDAS, 1992; OAKLEY et al.,1995; CRANE et al.,<br />

1995; GIOVANNUCCI et al., 1995; DALY et al., 1997; CLARK<br />

et al., 1998; TSAI et al.,1999; KIM, 1999; SILBERG et al., 2001;<br />

WANG, et al., 2001; BAILEY et al., 2003). Alimentos como<br />

cereais, farinhas, leites, biscoitos, achocolata<strong>do</strong>s, entre outros,<br />

estão sen<strong>do</strong> enriqueci<strong>do</strong>s com áci<strong>do</strong> fólico, aponta<strong>do</strong> como<br />

a forma mais estável e mais bioativa da vitamina (GREGORY,<br />

1989). No Brasil, a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> enriquecimento se aplica<br />

a farinhas <strong>de</strong> trigo e milho, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Resolução 344,<br />

publicada em 2002 (ANVISA, 2005).<br />

O leite é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um excelente alimento, composto<br />

por uma mistura <strong>de</strong> nutrientes essenciais para a alimentação, como<br />

a água, proteínas, carboidratos, lipí<strong>de</strong>os, minerais e vitaminas,<br />

que juntos, fornecem elementos importantes à manutenção<br />

da saú<strong>de</strong>. Tratan<strong>do</strong>-se especialmente <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> vitamínico,<br />

ressalta-se que o leite, embora contenha a maioria das vitaminas,<br />

só po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma boa fonte <strong>de</strong> vitamina A, riboflavina<br />

(B 2 ) e cia<strong>no</strong>cobalamina (B 12 ), classifican<strong>do</strong>-se como <strong>de</strong>ficiente em<br />

vitaminas C e D e nas <strong>de</strong>mais <strong>do</strong> grupo B (LOBATO, 2000).<br />

O enriquecimento <strong>de</strong> leites com vitaminas é uma prática<br />

comum para se compensar perdas durante o processamento<br />

ou simplesmente para aumentar seu valor nutritivo. Entretanto,<br />

existe uma preocupação com a estabilida<strong>de</strong> das vitaminas<br />

adicionadas, já que alguns autores afirmam que as presentes<br />

naturalmente são mais estáveis que as utilizadas para o<br />

enriquecimento (BARTHOLOMEW e OGDEM, 1990; ZAHAR e<br />

SMITH, 1987). Alguns pesquisa<strong>do</strong>res já procuraram <strong>de</strong>terminar<br />

possíveis perdas <strong>no</strong>s teores <strong>de</strong> vitaminas <strong>do</strong> leite após diferentes<br />

tratamentos térmicos, bem como verificar a manutenção <strong>de</strong>sses<br />

teores durante a estocagem (RYLEY e KAJDA, 1994; VIDAL-<br />

VALVERDE et al., 1992). Dessa forma, a avaliação da estabilida<strong>de</strong><br />

das vitaminas é importante tanto para assegurar a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s produtos, quanto para garantir o cumprimento das <strong>no</strong>rmas<br />

legais vigentes para produtos enriqueci<strong>do</strong>s com esses nutrientes<br />

(SCOTT, 1990).<br />

Atualmente, as pesquisas sobre áci<strong>do</strong> fólico estão<br />

direcionadas em maior parte aos aspectos médicos e<br />

nutricionais, e muito pouco se encontra na literatura sobre<br />

as possíveis perdas ocorridas durante o processamento <strong>do</strong>s<br />

alimentos. No caso específico <strong>de</strong> alimentos enriqueci<strong>do</strong>s,<br />

trabalhos apresenta<strong>do</strong>s na literatura constataram que essa<br />

substância apresenta instabilida<strong>de</strong> a fatores como luz,<br />

temperatura, pH, exposição a agentes oxidantes, ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

água, entre outros (HAWKES e VILLOTA, 1989; GREGORY, 1989).<br />

Durante a estocagem por 120 dias <strong>de</strong> leites enriqueci<strong>do</strong>s, LIMA<br />

et al. (2004) encontraram 20% <strong>de</strong> perda da vitamina. O estu<strong>do</strong><br />

foi conduzi<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong>-se amostras encontradas <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>,<br />

conforme <strong>de</strong>scrito pelos autores e os lotes foram obti<strong>do</strong>s<br />

com o me<strong>no</strong>r tempo <strong>de</strong> fabricação possível. Portanto, ainda é<br />

necessário se verificar o comportamento <strong>de</strong>ssa vitamina durante<br />

as fases <strong>de</strong> produção e estocagem <strong>de</strong> leites enriqueci<strong>do</strong>s,<br />

imediatamente após sua obtenção.<br />

Existem algumas pesquisas publicadas sobre folatos<br />

naturalmente presentes em leites, entretanto, são relativamente<br />

antigas. Os processos <strong>de</strong> esterilização e pasteurização, bem<br />

como as técnicas <strong>de</strong> análise mencionadas <strong>no</strong>s trabalhos, estão<br />

em sua maioria, já ultrapassa<strong>do</strong>s (FORD, 1969; BURTON,<br />

1970; FAVIER, 1987; BAILEY, 1988; GREGORY, 1989; HAWKES<br />

e VILLOTA, 1989). Os da<strong>do</strong>s apontam o 5-metiltetraidrofolato<br />

como o folato majoritário, naturalmente presente em leites<br />

(GREGORY, 1989; RENNER et al., 1989; PARODI, 1997) e,<br />

portanto, os estu<strong>do</strong>s foram basea<strong>do</strong>s nessa forma da vitamina.<br />

DONG et al. (1975) mostraram que leites submeti<strong>do</strong>s à<br />

esterilização e subsequente a estocagem apresentaram uma<br />

taxa <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> folatos muito variável, <strong>de</strong> 0 a 80%,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da raça e tipo <strong>de</strong> alimentação <strong>do</strong> animal, condições<br />

<strong>do</strong> processo, presença <strong>de</strong> vitamina C e concentração <strong>de</strong><br />

oxigênio dissolvi<strong>do</strong> durante e após o processamento. BURTON<br />

et al. (1970) já haviam relata<strong>do</strong> perdas diferenciadas quanto<br />

à forma <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> esterilização, sen<strong>do</strong> 4% a perda <strong>de</strong><br />

folatos quan<strong>do</strong> foi utiliza<strong>do</strong> o processo direto e 10% para<br />

processo indireto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> principalmente, segun<strong>do</strong> os autores,<br />

aos níveis <strong>de</strong> oxigênio. Perdas <strong>de</strong> folatos durante o processo<br />

UHT são geralmente inferiores a 20%, mas perdas acima <strong>de</strong><br />

43% também já foram observadas (KARLIN, 1969; BURTON<br />

et al., 1970; FORD et al., 1969). KARLIN (1969) e FAVIER et al.<br />

(1987) avaliaram a resistência <strong>de</strong> folatos em leites submeti<strong>do</strong>s<br />

a processos <strong>de</strong> esterilização e pasteurização, concluin<strong>do</strong> que<br />

ambos eram responsáveis por perdas da vitamina, inferiores<br />

a 20%. No entanto, FAVIER et al. (1987) observaram que os<br />

leites UHT mostraram uma diminuição significativa <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> folatos após 4 meses <strong>de</strong> estocagem, o que fez com que os<br />

autores sugerissem a fortificação com o áci<strong>do</strong> fólico, para leites<br />

esteriliza<strong>do</strong>s, a fim <strong>de</strong> compensar as perdas. Em um estu<strong>do</strong> mais<br />

recente, PARODI (1997) encontrou perdas <strong>de</strong> folatos maiores<br />

que 20% <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> esterilização por UHT.<br />

Uma vez que os da<strong>do</strong>s sobre a eficiência <strong>do</strong> processo<br />

<strong>de</strong> adição e homogeneização <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico adiciona<strong>do</strong> a<br />

leites, a resistência da vitamina ao aquecimento que ocorre<br />

<strong>no</strong>s procedimentos <strong>de</strong> esterilização e fervura, bem como a<br />

estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico sintético, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fabricação <strong>do</strong><br />

produto enriqueci<strong>do</strong> até o prazo final <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> não foram<br />

encontra<strong>do</strong>s na literatura, o presente trabalho tem como<br />

objetivo avaliar as possíveis perdas durante o processamento<br />

industrial e o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> prateleira <strong>do</strong>s leites enriqueci<strong>do</strong>s<br />

produzi<strong>do</strong>s.<br />

2. MATERIAL E MÉTODO<br />

2.1 Produtos avalia<strong>do</strong>s<br />

As amostras analisadas foram obtidas <strong>de</strong> quatro ensaios<br />

diferentes, objetivan<strong>do</strong> a produção <strong>de</strong> leites esteriliza<strong>do</strong>s<br />

Braz. J. Food Tech<strong>no</strong>l., v.9, n.1, p. 57-62, jan./mar. 2006 58


LIMA-PALLONE, J. A. et al.<br />

Avaliação <strong>do</strong> <strong>Comportamento</strong> <strong>do</strong> Áci<strong>do</strong><br />

Fólico <strong>no</strong> <strong>Processamento</strong> <strong>de</strong> Leites<br />

Enriqueci<strong>do</strong>s<br />

enriqueci<strong>do</strong>s com áci<strong>do</strong> fólico. O leite cru foi obti<strong>do</strong> diretamente<br />

<strong>do</strong> produtor e o processamento térmico foi executa<strong>do</strong> em<br />

planta <strong>de</strong> esterilização em escala semi-industrial. Para cada<br />

teste foram utiliza<strong>do</strong>s 100L <strong>de</strong> leite. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áci<strong>do</strong><br />

fólico, a ser adicionada aos leites, foi <strong>de</strong>finida após pesquisa<br />

junto às empresas que comercializam os “premix”, utiliza<strong>do</strong>s<br />

<strong>no</strong> enriquecimento <strong>de</strong> alimentos. A sugestão foi para que se<br />

adicionasse 100% a mais, <strong>do</strong> que <strong>de</strong>veria ser obti<strong>do</strong> ao final<br />

<strong>do</strong> processo. Verificou-se que a maioria <strong>do</strong>s fabricantes que<br />

comercializa leites esteriliza<strong>do</strong>s conten<strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico, <strong>de</strong>clara<br />

<strong>no</strong> rótulo <strong>do</strong> produto a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 250µg/100mL, portanto,<br />

aproximadamente 500mg <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico foram adiciona<strong>do</strong>s a<br />

cada 100L <strong>de</strong> leite, conforme apresenta<strong>do</strong> na Tabela 1.<br />

TABELA 1. Quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico, adicionadas ao leite<br />

antes <strong>do</strong> processamento térmico.<br />

Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

Ensaio<br />

(mg/100L)<br />

1 505,2<br />

2 488,9<br />

3 518,7<br />

4 506,9<br />

O padrão <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico foi coloca<strong>do</strong> em um dispersor<br />

e, então, transferi<strong>do</strong> aos 100L <strong>de</strong> leite, que estava em<br />

tanque homogeneiza<strong>do</strong>r com agita<strong>do</strong>r <strong>de</strong> hélice <strong>no</strong> fun<strong>do</strong>. A<br />

homogeneização da vitamina <strong>no</strong> leite foi efetuada durante 15<br />

minutos. Em seguida, efetuou-se o processo <strong>de</strong> esterilização,<br />

em equipamento piloto Tetra Sterilab PTD 100, equipa<strong>do</strong> com<br />

troca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> calor <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tubular sem regeneração, <strong>de</strong><br />

forma indireta, utilizan<strong>do</strong>-se para efetuar a troca térmica, água<br />

aquecida com vapor. As temperaturas <strong>de</strong> esterilização foram<br />

ligeiramente diferentes para cada um <strong>do</strong>s quatro diferentes<br />

testes: 141,0, 140,5, 140,2, 140,3°C e o tempo foi <strong>de</strong> 4<br />

segun<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s. Ao final <strong>do</strong> processo o leite enriqueci<strong>do</strong><br />

produzi<strong>do</strong> foi acondiciona<strong>do</strong> em embalagens tipo “Tetrapak”<br />

<strong>de</strong> 200mL.<br />

Para cada teste foram realizadas análises, em duplicatas,<br />

<strong>do</strong> teor <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico <strong>no</strong> leite cru e <strong>no</strong> produto após o<br />

processo <strong>de</strong> homogeneização da vitamina, através da retirada <strong>de</strong><br />

amostra diretamente <strong>do</strong> tanque agita<strong>do</strong>r e após a esterilização<br />

e envase. A estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico foi acompanhada<br />

durante os três meses <strong>de</strong> estocagem à temperatura ambiente.<br />

Para o leite cru e logo após a adição e homogeneização da<br />

vitamina, foram retiradas 3 alíquotas <strong>de</strong> 10 mL. Para o produto<br />

pronto, o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> duas embalagens foi homogeneiza<strong>do</strong><br />

previamente.<br />

Ferver o leite antes <strong>do</strong> consumo é um hábito ainda<br />

conserva<strong>do</strong> por gran<strong>de</strong> parte da população brasileira. O estu<strong>do</strong><br />

da resistência da vitamina <strong>no</strong> leite esteriliza<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong> a<br />

posterior fervura, também foi realiza<strong>do</strong> nesse trabalho. Para esse<br />

procedimento, o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> três embalagens foi mistura<strong>do</strong>,<br />

homogeneiza<strong>do</strong> e dividi<strong>do</strong> em duas porções (A e B). Uma <strong>de</strong>las<br />

(porção A) foi transferida para uma leiteira <strong>de</strong> 13 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />

e 13 cm <strong>de</strong> altura e <strong>de</strong>ixada <strong>no</strong> fogo direto até levantar fervura.<br />

A tomada <strong>de</strong> amostra foi feita após o resfriamento <strong>do</strong> produto<br />

até a temperatura ambiente, aproximadamente por 1 hora.<br />

Avaliou-se a quantida<strong>de</strong> da vitamina antes (porção B) e após a<br />

fervura <strong>do</strong> leite enriqueci<strong>do</strong> (porção A).<br />

2.2 Reagentes<br />

O áci<strong>do</strong> fólico foi <strong>do</strong>a<strong>do</strong> pela MCassab <strong>do</strong> Brasil<br />

S.A. (Sigma cód. F-7876, lote 40H321). A acetonitrila grau<br />

cromatográfico, o áci<strong>do</strong> acético, o áci<strong>do</strong> fosfórico e o hidróxi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> potássio, grau analítico foram adquiri<strong>do</strong>s da Merck, Brasil.<br />

O áci<strong>do</strong> tricloroacético, grau analítico, foi adquiri<strong>do</strong> da Synth,<br />

Brasil. A água utilizada <strong>no</strong> preparo das amostras e das fases<br />

móveis, foi purificada <strong>no</strong> sistema Milli-Q (Millipore). As fases<br />

móveis foram filtradas em filtros (HAWP e FHLP 04700 Millipore),<br />

com poros <strong>de</strong> 0,45µm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

2.3 Equipamento<br />

Para a análise por cromatografia líquida <strong>de</strong> alta eficiência<br />

foi utiliza<strong>do</strong> um cromatógrafo a líqui<strong>do</strong> Agilent Tech<strong>no</strong>logies<br />

série 1100, equipa<strong>do</strong> com <strong>de</strong>gaseifica<strong>do</strong>r, bomba quaternária,<br />

injetor automático com 100µL <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>tector <strong>de</strong><br />

arranjo <strong>de</strong> dio<strong>do</strong>s (DAD). Para a separação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico foi<br />

utilizada uma coluna cromatográfica Microsorb-MV ODS-2,<br />

5µm, 150 X 4,6mm d.i. (Rainin Instrument Company), protegida<br />

por uma coluna <strong>de</strong> guarda Bon<strong>de</strong>sil, C 18 , 5µm, 10 X 4,6mm d.i.<br />

(VARIAN). Acopla<strong>do</strong> ao sistema, o software HP-Chemstation<br />

permitiu o melhor tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s analíticos, além <strong>de</strong><br />

monitorar to<strong>do</strong>s os componentes.<br />

2.4 Determinação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

Para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico utilizou-se a<br />

meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>senvolvida e validada por CATHARINO e<br />

GODOY (2003), validada para a análise <strong>de</strong> leites. Para as<br />

avaliações foi tomada uma alíquota <strong>de</strong> 1,0 mL e transferida<br />

para um béquer. Adicio<strong>no</strong>u-se, então, 3,0 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong><br />

hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> potássio (0,1mol/L) à amostra e <strong>de</strong>ixou-se em<br />

banho ultra-sônico por 10 minutos. O extrato foi transferi<strong>do</strong><br />

quantitativamente para balão volumétrico <strong>de</strong> 10mL, on<strong>de</strong> foram<br />

adiciona<strong>do</strong>s 3,0 mL <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fosfórico (0,1mol/L), 2,0 mL <strong>de</strong><br />

tampão fosfato composto por Na 2 HPO 4 (0,25mol/L)/KH 2 PO 4<br />

(0,37mol/L) e 350 µL <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> tricloroacético, completan<strong>do</strong>-se<br />

o volume com tampão fosfato. Após a homogeneização por<br />

agitação, seguiram-se duas etapas <strong>de</strong> filtração, a primeira em<br />

papel <strong>de</strong> filtro qualitativo (J. Prolab) e a segunda em membrana<br />

com poros <strong>de</strong> 0,45µm (Millipore HAWP 01300). A solução foi<br />

imediatamente analisada por CLAE.<br />

Para a separação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico foi utiliza<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong><br />

eluição por gradiente, com vazão <strong>de</strong> 0,5 mL/min. A fase móvel<br />

usada <strong>no</strong> início da corrida foi composta por 90% <strong>de</strong> solução<br />

acidificada, conten<strong>do</strong> 2% <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> acético (pH 2,8), e 10% <strong>de</strong><br />

acetonitrila (v/v), chegan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma linear a 76% <strong>de</strong> solução<br />

acidificada e 24% acetonitrila (v/v) em 8,5 minutos, manten<strong>do</strong>se<br />

a mesma proporção até 9,0 minutos. As condições iniciais<br />

foram retomadas e a coluna re-equilibrada durante 7,0 minutos,<br />

Braz. J. Food Tech<strong>no</strong>l., v.9, n.1, p. 57-62, jan./mar. 2006 59


LIMA-PALLONE, J. A. et al.<br />

Avaliação <strong>do</strong> <strong>Comportamento</strong> <strong>do</strong> Áci<strong>do</strong><br />

Fólico <strong>no</strong> <strong>Processamento</strong> <strong>de</strong> Leites<br />

Enriqueci<strong>do</strong>s<br />

antes da próxima injeção. Utilizou-se o comprimento <strong>de</strong> onda<br />

<strong>de</strong> 290 nm para a <strong>de</strong>tecção da vitamina. A i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> pico<br />

foi feita por comparação <strong>do</strong>s tempos <strong>de</strong> retenção <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

obti<strong>do</strong>s para padrão e amostra nas mesmas condições, por cocromatografia<br />

e pela comparação <strong>do</strong>s espectros <strong>de</strong> absorção<br />

obti<strong>do</strong>s para o padrão e a amostra, com a utilização <strong>do</strong> <strong>de</strong>tector<br />

<strong>de</strong> arranjo <strong>de</strong> dio<strong>do</strong>s (DAD). A pureza <strong>do</strong> pico foi <strong>de</strong>terminada<br />

utilizan<strong>do</strong>-se o software HP-Chemstation. A quantificação foi<br />

feita por padronização externa, utilizan<strong>do</strong>-se a curva analítica<br />

construída com 7 níveis <strong>de</strong> concentração (0,01; 0,05; 0,10;<br />

0,15; 0,30; 0,50; 1,00 µg/mL), sen<strong>do</strong> cada ponto representa<strong>do</strong><br />

pela média <strong>de</strong> três <strong>de</strong>terminações.<br />

<strong>de</strong>cantação <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> tanque homogeneiza<strong>do</strong>r, visualmente<br />

verificada. Esses da<strong>do</strong>s mostram a importância <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s<br />

referentes a melhor forma <strong>de</strong> adição <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico ao leite,<br />

com a utilização <strong>de</strong> equipamentos mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para esse<br />

fim. Sugere-se o aumento da dimensão e da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

funcionamento da hélice <strong>do</strong> tanque homogeneiza<strong>do</strong>r, que<br />

proporcionaria maior eficiência ao processo. Além disso, o<br />

procedimento <strong>de</strong> homogeneização ocorreu em sistema aberto,<br />

favorecen<strong>do</strong> a oxidação da vitamina pelo oxigênio <strong>do</strong> ar, que em<br />

muitos estu<strong>do</strong>s mostrou ser o principal promotor da <strong>de</strong>gradação<br />

<strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico (FORD et al., 1969; BURTON et al., 1970; DONG<br />

et al., 1975; GREGORY, 1989).<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Foram observadas perdas tanto nas etapas <strong>de</strong> adição<br />

e homogeneização da vitamina, quanto após o tratamento<br />

térmico. Não foi <strong>de</strong>tectada a presença <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico nas<br />

amostras <strong>de</strong> leite cru, avaliadas nesse trabalho. A Figura 1<br />

apresenta o cromatograma obti<strong>do</strong> para o leite enriqueci<strong>do</strong>. Nas<br />

condições cromatográficas utilizadas, a eluição <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

ocorreu em aproximadamente 8,3 minutos.<br />

mAU<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0 2 4 6 8 min<br />

FIGURA 1. Perfil cromatográfico <strong>do</strong> extrato <strong>de</strong> leite enriqueci<strong>do</strong><br />

com áci<strong>do</strong> fólico. Coluna Microsorb-MV, ODS-2, 5µm,<br />

150X4,6mm. Fase móvel: 10% <strong>de</strong> acetonitrila e 90% <strong>de</strong> solução<br />

acidificada (0,166mol/L)(v/v) <strong>no</strong> início da corrida, chegan<strong>do</strong> em<br />

8,5 minutos a 24% <strong>de</strong> acetonitrila e 76% <strong>de</strong> solução acidificada<br />

(0,166mol/L) (v/v), manten<strong>do</strong>-se as condições até 9,0 minutos.<br />

Vazão <strong>de</strong> 0,5mL/minuto. Detecção a 290nm.<br />

A curva analítica traçada por padronização externa,<br />

apresentou boa linearida<strong>de</strong> na faixa <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> 0,01 a<br />

1,00 µg/mL, com coeficiente <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> 0,99997.<br />

3.1 Estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico durante o processo<br />

<strong>de</strong> enriquecimento e esterilização <strong>de</strong> leites<br />

A Tabela 2 apresenta os teores <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico adiciona<strong>do</strong>s<br />

aos leites utiliza<strong>do</strong>s para os ensaios <strong>de</strong> enriquecimento<br />

e as concentrações obtidas após o processo <strong>de</strong> adição e<br />

homogeneização, assim como as porcentagens <strong>de</strong> perdas.<br />

Observou-se uma perda média <strong>de</strong> 54%, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, em parte, a<br />

8.278 - FA<br />

TABELA 2. Concentrações <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico em leite antes e<br />

após a homogeneização.<br />

Concentração <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

(µg/100mL)<br />

Perdas<br />

(%)<br />

Ensaios<br />

Adicionada Após homogeneização<br />

M ± DP CV (%)<br />

1 505,2 208,7 ± 0,8 0,3 58,7<br />

2 488,9 219,2 ± 0,5 0,2 55,2<br />

3 518,7 232,2 ± 0,3 0,1 55,2<br />

4 506,9 259,4 ± 0,4 0,1 48,8<br />

Média <strong>do</strong>s<br />

ensaios<br />

M ± DP -média e estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações em duplicatas.<br />

CV- coeficiente <strong>de</strong> variação<br />

54 ± 4<br />

Os da<strong>do</strong>s referentes à estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

frente ao tratamento térmico, estão expressos na Tabela 3.<br />

A perda ocorrida durante o processo foi, em média, <strong>de</strong> 10%.<br />

Na literatura não foram encontra<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a respeito <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico, adiciona<strong>do</strong> <strong>no</strong> processamento<br />

<strong>de</strong> leites enriqueci<strong>do</strong>s. Entretanto, a retenção da vitamina foi<br />

maior, quan<strong>do</strong> comparada aos da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por PARODI<br />

(1997), que encontrou 20% <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong>s folatos em leites<br />

esteriliza<strong>do</strong>s por UHT e mais próxima <strong>do</strong>s valores menciona<strong>do</strong>s<br />

por BURTON (1970).<br />

TABELA 3. Perdas <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico <strong>no</strong> processo <strong>de</strong><br />

esterilização*.<br />

Concentração <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

(µg/100mL)<br />

Perdas<br />

(%)<br />

Ensaios<br />

Antes <strong>do</strong> UHT Depois <strong>do</strong> UHT<br />

M ± DP CV (%) M ± DP CV (%)<br />

1 208,7 ± 0,8 0,3 191,9 ± 0,4 0,1 8,1<br />

2 219,2 ± 0,5 0,2 197,9 ± 0,8 0,4 9,7<br />

3 232,2 ± 0,3 0,1 207,3 ± 0,2 0,1 10,7<br />

4 259,4 ± 0,4 0,1 211,6 ± 0,9 0,4 11,6<br />

Média <strong>do</strong>s<br />

valores<br />

*Condições: 140°C por 4 segun<strong>do</strong>s.<br />

M ± DP-média e estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações em duplicatas<br />

CV-coeficiente <strong>de</strong> variação<br />

10 ± 2<br />

Braz. J. Food Tech<strong>no</strong>l., v.9, n.1, p. 57-62, jan./mar. 2006 60


LIMA-PALLONE, J. A. et al.<br />

Avaliação <strong>do</strong> <strong>Comportamento</strong> <strong>do</strong> Áci<strong>do</strong><br />

Fólico <strong>no</strong> <strong>Processamento</strong> <strong>de</strong> Leites<br />

Enriqueci<strong>do</strong>s<br />

3.2 Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> prateleira<br />

A Tabela 4 apresenta a porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>do</strong><br />

áci<strong>do</strong> fólico durante os 90 dias <strong>de</strong> estocagem. O valor<br />

médio encontra<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 16%. Essa porcentagem apesar <strong>de</strong><br />

relativamente baixa, acarretaria em diminuição da concentração<br />

da vitamina a valores inferiores ao que, em geral, está <strong>de</strong>clara<strong>do</strong><br />

<strong>no</strong> rótulo <strong>do</strong>s leites enriqueci<strong>do</strong>s disponíveis <strong>no</strong> merca<strong>do</strong>. Esse<br />

valor é inferior, porém próximo da porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>do</strong><br />

áci<strong>do</strong> fólico em leites enriqueci<strong>do</strong>s esteriliza<strong>do</strong>s, apresenta<strong>do</strong><br />

<strong>no</strong> trabalho <strong>de</strong> LIMA et al. (2004) que foi <strong>de</strong> 20%. Esses da<strong>do</strong>s<br />

indicam que para garantir que a concentração <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico,<br />

disponível para a ingestão em leites enriqueci<strong>do</strong>s, esteja <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com os valores <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s <strong>no</strong> rótulo <strong>do</strong> alimento,<br />

recomenda-se uma alteração na quantida<strong>de</strong> da vitamina<br />

adicionada, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação que<br />

ocorre durante o armazenamento.<br />

TABELA 4. Porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico durante o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estocagem.<br />

Concentração <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

(µg/100mL)<br />

Perdas<br />

(%)<br />

Ensaios<br />

Após a fabricação Após 90 dias<br />

M ± DP CV (%) M ± DP CV (%)<br />

2 197,9 ± 0,8 0,4 177,1 ± 0,7 0,4 10,5<br />

3 207,3 ± 0,2 0,1 173,2 ± 0,8 0,5 16,5<br />

4 211,6 ± 0,9 0,4 167,5 ± 0,9 0,5 20,8<br />

Média <strong>do</strong>s<br />

valores<br />

M ± DP- média e estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações em duplicata.<br />

CV- coeficiente <strong>de</strong> variação<br />

16 ± 4<br />

Para o teste 1 não foi possível a realização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

vida <strong>de</strong> prateleira, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a problemas relaciona<strong>do</strong>s ao lacre da<br />

embalagem, durante o processo <strong>de</strong> envase. Cinco dias após a<br />

realização <strong>do</strong> ensaio ocorreu estufamento e rompimento das<br />

embalagens, levan<strong>do</strong> à perda <strong>do</strong> produto.<br />

3.3 Estu<strong>do</strong> da estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico após a<br />

“fervura” <strong>do</strong> leite enriqueci<strong>do</strong><br />

Na Tabela 5 estão os teores <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico obti<strong>do</strong>s após<br />

o procedimento <strong>de</strong> fervura <strong>do</strong>s leites enriqueci<strong>do</strong>s, obti<strong>do</strong>s<br />

<strong>no</strong>s testes 2, 3 e 4. As diferenças observadas na concentração<br />

<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico antes da fervura, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mesmo ensaio, se<br />

justificam pela tomada <strong>de</strong> amostra em diferentes datas, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estocagem. O simples aquecimento <strong>do</strong> leite até<br />

a fervura, praticamente não promoveu a perda da vitamina, que<br />

em média foi inferior a 1%. Essa observação indica que apesar<br />

<strong>do</strong> áci<strong>do</strong> fólico ser menciona<strong>do</strong> como uma substância instável<br />

a altas temperaturas, o aquecimento <strong>do</strong>méstico, simula<strong>do</strong> <strong>no</strong><br />

presente estu<strong>do</strong>, não acarretou em <strong>de</strong>gradação da vitamina.<br />

TABELA 5. Porcentagem <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico após a<br />

fervura <strong>do</strong> leite.<br />

Concentração <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico<br />

(µg/100mL)<br />

Perdas<br />

(%)<br />

Ensaio<br />

Antes da fervura Após fervura<br />

M ± DP CV(%) M ± DP CV(%)<br />

2 193,2 ± 0,4 0,2 192,8 ± 0,7 0,4 0,3<br />

182,5 ± 0,5 0,3 181,1 ± 0,6 0,3 0,8<br />

177,1 ± 0,7 0,4 175,6 ± 0,9 0,5 0,8<br />

3 207,3 ± 0,2 0,1 206,9 ± 0,9 0,4 0,2<br />

197,6 ± 0,6 0,3 197,0 ± 0,1 0,1 0,3<br />

184,5 ± 0,1 0,1 183,6 ± 0,7 0,4 0,5<br />

4 211,6 ± 0,9 0,4 210,3 ± 0,6 0,3 0,6<br />

188,3 ± 0,5 0,3 187,8 ± 0,6 0,3 0,3<br />

181,4 ± 0,1 0,1 180,1 ± 0,3 0,2 0,7<br />

Média <strong>do</strong>s<br />

valores<br />

M ± DP média e estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações em duplicatas.<br />

CV coeficiente <strong>de</strong> variação<br />

4. CONCLUSÕES<br />

0,5± 0,1<br />

Concluiu-se que os leites esteriliza<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s bons veículos para o enriquecimento, dada a<br />

estabilida<strong>de</strong> ao processo térmico <strong>de</strong> esterilização e relativa<br />

resistência durante o armazenamento. Entretanto, são<br />

necessários aprimoramentos <strong>do</strong>s equipamentos utiliza<strong>do</strong>s para<br />

a adição da vitamina e estu<strong>do</strong>s para se avaliar a quantida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al<br />

<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico a ser adicionada, a fim <strong>de</strong> se garantir a ingestão<br />

da vitamina, nas quantida<strong>de</strong>s mencionadas <strong>no</strong> rótulo, até o final<br />

<strong>do</strong> prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BAILEY, L. B. Factors affecting folate bioavailability. Food Tech<strong>no</strong>logy,<br />

v. 42, p. 206-210, 1988.<br />

BAILEY, L. B.; RAMPERSAUD, G. C.; KAUWELL, G. P. Folic acid supplements<br />

and fortification affect the risk for neural tube <strong>de</strong>fects, vascular<br />

disease and cancer: evolving science. Journal of Nutrition, v. 133,<br />

p. 1961-1968, 2003.<br />

BARTHOLOMEW, B. P.; OGDEN, L. V. Effect of emulsifiers and fortification<br />

methods on light stability of vitamin A in milk. Journal of Dairy<br />

Science, v. 73, p. 1485-1488, 1990.<br />

BURTON, H.; FORD ,J. E.; PERKIN, A. G.; PORTER, J. W. G.; SCOTT,<br />

K. J.; THOMPSON, S. Y.; TOOTHILL, J.; EDWARDS-WEBB, J. D.<br />

Comparison of milks processed by the direct and indirect methods<br />

of ultra-high-temperature sterilization. Journal of Dairy Research,<br />

v. 37, p. 529-535, 1970.<br />

CATHARINO, R. R.; GODOY, H. T. Avaliação das condições experimentais<br />

<strong>de</strong> CLAE na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico em leites enriqueci<strong>do</strong>s.<br />

Ciência e Tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> Alimentos, v. 23, n. 3, p. 389-395,<br />

2003.<br />

Braz. J. Food Tech<strong>no</strong>l., v.9, n.1, p. 57-62, jan./mar. 2006 61


LIMA-PALLONE, J. A. et al.<br />

Avaliação <strong>do</strong> <strong>Comportamento</strong> <strong>do</strong> Áci<strong>do</strong><br />

Fólico <strong>no</strong> <strong>Processamento</strong> <strong>de</strong> Leites<br />

Enriqueci<strong>do</strong>s<br />

CLARKE, R.; SMITH, A. D.; JOBST, K. A.; REFSUM, H.; SUTTON, L.;<br />

UELAND, P. M. Folate, vitamin B 12 and serum homocysteine levels<br />

in confirmed Alzheimer disease. Archives of Neurology, v. 11,<br />

p. 1449-1456, 1998.<br />

CRANE, N. T.; WILSON, D. B.; COOK, D. A.; LEWIS, C. J.; YETLEY, E. A.;<br />

RADER, J. Evaluating food fortification options: general principles<br />

revisited with folic acid. American Journal of Public Health, v. 85,<br />

n. 5, p. 660-664, 1995.<br />

CZEIZE, A. E.; DUDAS, I. Prevention of the first occurrence of neural<br />

tube <strong>de</strong>fects by perioconceptional vitamin supplementation. New<br />

England Journal of Medicine, v. 327, n. 226, p. 832-1839,<br />

1992.<br />

DALY S.; MILLS, J. R.; MOLLOY, A. M.; CONLEY, M.; LEE, Y. J, KIRKE,<br />

P. N.; WEIR, D. G.; SCOTT, J. M. Minimum effective <strong>do</strong>se of folic acid<br />

for food fortification to prevent neural-tube <strong>de</strong>fects. Lancet. v. 350,<br />

n. 9092, p. 1666-1673, 1997.<br />

DONG, F. M.; OACE, S. M. Folate concentration and pattern in bovine<br />

milk. Journal of Agriculture of Food Chemistry, v. 23, n.3, p. 534-<br />

538, 1975.<br />

FAVIER, J. C.; CHRISTIDES, J. P.; POITER <strong>de</strong> COURCY, G.; LÉGEr, J. J. Folic<br />

acid content of foods. III. Folic acid content of different categories of<br />

milk. Science <strong>de</strong>s Aliments, v. 7, n.1, p. 23-27, 1987.<br />

FORD, J. E.; PORTER, J. W. G.; THOMPSON, S. Y, TOOTHILL, J.;<br />

EDWARDS-WEBB, J. Effects of ultra-high-temperature (UHT)<br />

processing and of subsequent storage on the vitamin content in<br />

milk. Journal of Dairy Research, v. 36, p. 447 -451, 1969.<br />

GIOVANNUCCI, E.; STAMPFER, M. J.; COLDITZ, G. A.; HUNTER, D. J.;<br />

FUCHS, C.; ROSNER, B. A. Multivitamin use, folate and colon cancer<br />

in women in the nurses healthstudy. Ann International Medicin,<br />

v. 129, p. 517-521, 1995.<br />

GREGORY III, J. F. Chemical and nutritional aspects of folate research:<br />

analytical procedures, methods of folate synthesis, stability, and<br />

bioavailability of dietary folates. Advanced in Food and Nutritional<br />

Research, v. 33, p. 1-101, 1989.<br />

HAWKES, J. G.; VILLOTA, R. Folates in Foods: reactivity, stability<br />

during processing, and nutritional implications. Food Science and<br />

Nutrition, v. 28, n. 6, p. 439-539, 1989.<br />

KARLIN, R. Sur la teneur en folates es laits <strong>de</strong> grand melange. Journal<br />

International of Vitami<strong>no</strong>logie, v. 39, p. 359-366, 1969.<br />

KIM, Y. L. Folate and carci<strong>no</strong>genisis: evi<strong>de</strong>nce, mechanism and<br />

implication. Journal of Nutritional Biochemistry, v. 10, p. 66-88,<br />

1999.<br />

LIMA, J. A.; CATHARINO, R. R.; GODOY, H. T. Áci<strong>do</strong> fólico em leite e<br />

bebida Láctea enriqueci<strong>do</strong>s – estu<strong>do</strong> da vida-prateleira. Ciência e<br />

Tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> Alimentos, v. 24, n.1, p. 82-87, 2004.<br />

LOBATO, V. Tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> leite na<br />

proprieda<strong>de</strong> rural. Lavras/MG: Editora Ufla. Boletim Técnico. 2000,<br />

37p. Disponível em .<br />

OAKLEY, G. P. Jr.; ERICKSON, J. D.; ADAMS, M. J. Urgent need to increase<br />

folic acid consumption. Journal of American Medical Association,<br />

v. 274, n.21, p. 1717-1725, 1995.<br />

PARODI, P. W. Cow’s milk folate binding protein: Its role in folate<br />

nutrition. The Australian Journal of Dairy Tech<strong>no</strong>logy, v. 52,<br />

p. 109-117, 1997.<br />

RENNER, E. Micronutrients in milk and milk-based food products,<br />

Elsevier Science Publishing Co., Inc., New York, 1989, 311p.<br />

RYLEY, J.; KAJDA, P. Vitamins in thermal processing. Food Chemistry,<br />

Barking, v. 49, n. 2, p. 315-327, 1990.<br />

SCOTT, A.O. Food industry needs for vitamin analysis. Journal of<br />

Micronutrients and Analysis, v. 7, p. 315-327, 1990.<br />

SILBERG, J. S.; CROOKS, R. L.; WLODARCZYK, J. H.; FRYER, J. L.<br />

Association between plasma folate and coronary in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<br />

of homocysteine. The American Journal of Cardiology, v. 87,<br />

p. 1003-1004, 2001.<br />

TSAI, M. Y.; WELGE, B. G.; HANSON, N. Q.; BIGNELL, M. K.; VESSEY,<br />

J.; SHWICHTENBERG, K.; YANG, F.; BULLEMER, F. E.; RASMUSSEN,<br />

R.; GRAHAM, K. J. Genetic cause of mild hiperhomocysteinemia<br />

in patients with premature occlusive coronary artery disease.<br />

Atherosclerosis, v. 143, p. 163-172, 1999.<br />

VIDAL-VALVERDE, C.; RUIZ, C. R.; MEDRANO, A. Stability of reti<strong>no</strong>l in<br />

milk during frozen and other storage conditions. European Food<br />

Research and Tech<strong>no</strong>logy, v. 195, p. 562-565, 1992.<br />

WANG, H. X.; WAHLIN, A.; BASUN, J.; FASTBOUN, J.; WINBLAND, B.;<br />

FRATIGLIONI, L. Vitamin B 12 and folate in relation to the <strong>de</strong>velopment<br />

of Alzheimer’s disease. Neurology, v. 56, p. 1188-1194, 2001.<br />

ZAHAR, M.; SMITH, D. E. Factors related to the light stability of vitamin<br />

A in various carries. Journal of Dairy Science, v. 70, p. 13-19,<br />

1987.<br />

Braz. J. Food Tech<strong>no</strong>l., v.9, n.1, p. 57-62, jan./mar. 2006 62

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!