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Análise Descritiva Quantitativa de Vinhos Produzidos com Uvas ...

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BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordô1. INTRODUÇÃOO mercado brasileiro é <strong>com</strong>posto por um gran<strong>de</strong> contingente<strong>de</strong> consumidores <strong>com</strong> baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo, para os quaisa <strong>de</strong>cisão em tomar vinho ou outra bebida é fortemente influenciadapelo preço. Esta circunstância, aliada às condições climáticasque dificultam o cultivo <strong>de</strong> uvas finas, favorece o setor dos vinhos<strong>com</strong>uns ou <strong>de</strong> mesa (CAMARGO, 2003).Assim, o setor vinícola brasileiro apresenta uma característicaatípica em relação aos países tradicionais produtores <strong>de</strong> vinhos,pois enquanto naqueles são admitidos apenas produtos originários<strong>de</strong> uvas viníferas (Vitis vinifera), no Brasil, além <strong>de</strong>stes existemprodutos originários <strong>de</strong> cultivares americanas e híbridas (V. labruscae V. bourquina). Os vinhos <strong>com</strong>uns representam mais <strong>de</strong> 80% dovolume total <strong>de</strong> vinhos produzidos no país (CORRÊA et al., 2005).Entre os vinhos <strong>com</strong>uns <strong>de</strong>stacam-se o <strong>de</strong> uvas NiágaraBranca, bastante apreciado pelo consumidor brasileiro <strong>de</strong>vido a suaelevada tipicida<strong>de</strong> aromática, lembrando o sabor da própria uva e ovinho Bordô que apresenta aroma frutado intenso e é re<strong>com</strong>endadopara corte <strong>com</strong> vinho <strong>de</strong> uvas Isabel para aumentar a intensida<strong>de</strong><strong>de</strong> cor (RIZZON et al.,1994).De acordo <strong>com</strong> Amerine et al. (1983), a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umvinho po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada por “experts” treinados, através <strong>de</strong>padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvidos por tradicionais escolas <strong>de</strong>enologia ou associações <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustadores profissionais. Neste caso,a principal finalida<strong>de</strong> da avaliação sensorial é a avaliação da bebida<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> pré-estabelecidos, sendo portanto,uma análise qualitativa, em que são i<strong>de</strong>ntificadas as característicastradicionais <strong>de</strong> um vinho que <strong>com</strong>põem sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> junto aconsumidores das localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> origem do vinho. Conforme citadopor Behrens e Da Silva (2000) a aceitação do produto por consumidores<strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s, que certamente possuem outrasexperiências, expectativas e gostos pessoais <strong>com</strong> relação a vinhos,po<strong>de</strong> não se correlacionar <strong>com</strong> aquela predita pelos sistemas tradicionais<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e pontuação utilizados por “experts”.Stone et al. (1974) <strong>de</strong>staca que em um mercado consumidor<strong>com</strong>petitivo e multinacional, o conceito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é inteiramentebaseado na satisfação das expectativas do consumidor e, ir emdireção contrária a esta constatação significa <strong>com</strong>prometer o sucessodo produto junto ao mercado consumidor.Desta forma a Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> (STONE et al.,1974) é um método científico <strong>de</strong> análise que <strong>de</strong>screve e quantificaas características sensoriais <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado produto, utilizandoterminologia gerada por provadores sem experiência anterior em<strong>de</strong>gustação qualitativa, o que resulta em uma linguagem próximaà do consumidor.De acordo <strong>com</strong> Stone e Si<strong>de</strong>l (1992) a Análise <strong>Descritiva</strong><strong>Quantitativa</strong>, possui as seguintes vantagens sobre os outrosmétodos <strong>de</strong> avaliação: confiança no julgamento <strong>de</strong> uma equipe<strong>com</strong>posta por 10 a 12 provadores treinados, ao invés <strong>de</strong> algunspoucos especialistas; o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma linguagem<strong>de</strong>scritiva objetiva, mais próxima à linguagem do consumidor;o <strong>de</strong>senvolvimento consensual da terminologia <strong>de</strong>scritiva a serutilizada, o que implica em maior concordância <strong>de</strong> julgamentosentre os provadores e os produtos são analisados <strong>com</strong> repetiçõespor todos os julgadores em testes às cegas e os resultados estatisticamenteanalisados.A análise <strong>de</strong>scritiva é uma metodologia bastante utilizadana <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> vinhos finos (AIKEN e NOBLE, 1984; GUINARDe CLIFF, 1987; HEYMANN e NOBLE, 1987; PEREIRA e MORETTI,1997; BEHRENS, 1998; BENASSI et al., 1998; VILA et al., 2003;GONZÁLEZ-NEVES et al., 2005; SANTOS et al., 2005), porém nãoforam encontrados trabalhos <strong>de</strong>screvendo o perfil sensorial <strong>de</strong>vinhos <strong>com</strong>uns.Esta técnica <strong>de</strong> análise fornece <strong>de</strong>scrições qualitativas equantitativas <strong>de</strong> produtos, baseadas nas percepções <strong>de</strong> indivíduosqualificados. Constitui-se numa <strong>de</strong>scrição sensorial <strong>com</strong>pleta,levando em conta todas as sensações percebidas quando o alimentoé avaliado: visual, auditiva, gustativa, olfativa e cinestética (STONEe SIDEL, 1992).A uva Niágara Rosada é a cultivar mais produzida no estado<strong>de</strong> São Paulo, sendo em sua maioria <strong>com</strong>ercializada <strong>com</strong>o uva <strong>de</strong>mesa. Porém o exce<strong>de</strong>nte ou uvas fora do padrão <strong>com</strong>ercial sãoutilizadas por pequenos produtores paulistas para a produção <strong>de</strong>vinho. Inicialmente <strong>de</strong> coloração rosada, este vinho per<strong>de</strong> rapidamentesuas características <strong>de</strong> cor. Assim a proposta <strong>de</strong>ste estudo foia realização <strong>de</strong> cortes <strong>com</strong> vinho <strong>de</strong> uva Bordô e <strong>de</strong> uva NiágaraRosada, buscando conciliar a coloração da primeira <strong>com</strong> o aromada segunda, e avaliar o perfil sensorial <strong>de</strong>stes vinhos, utilizandometodologia baseada na análise <strong>de</strong>scritiva quantitativa.2. MATERIAL E MÉTODOS2.1 MaterialForam utilizados vinhos <strong>de</strong> Niágara Rosada, Bordô e cortes<strong>de</strong>stas duas cultivares, constituindo cinco tratamentos, <strong>com</strong> trêsrepetições cada. Os tratamentos foram os seguintes:T1 – Bordô;T2 – 70 Bordô:30 Niágara;T3 – 50 Bordô:50 Niágara;T4 – 30 Bordô:70 Niágara;T5 – Niágara.Os vinhos foram produzidos em laboratório, através <strong>de</strong>microvinificação. As uvas foram <strong>de</strong>sengaçadas e esmagadas emesmagadora <strong>de</strong> cilindros manual. Ao final <strong>de</strong>sta operação, foiaplicado metabissulfito <strong>de</strong> potássio ao mosto (10 g.100 kg –1 <strong>de</strong>uva). Este foi inoculado <strong>com</strong> leveduras secas ativas (Saccharomycescerevisiae) na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 g <strong>de</strong> leveduras para cada 100 L <strong>de</strong>mosto e corrigido <strong>com</strong> açúcar cristal (54 g.L –1 <strong>de</strong> mosto) em duasetapas: no segundo dia <strong>de</strong> fermentação e após a <strong>de</strong>scuba.O período maceração das cascas foi <strong>de</strong> 7 dias. Foram realizadastrês trasfegas entre o final da fermentação e o engarrafamentodos vinhos, <strong>com</strong> intervalo <strong>de</strong> 60 dias entre cada trasfega. Após asegunda trasfega e antes do engarrafamento, os vinhos receberamaplicação <strong>de</strong> metabissulfito <strong>de</strong> potássio para correção do teor <strong>de</strong>dióxido <strong>de</strong> enxofre livre em 30 mg.L –1 . Os vinhos foram mantidosem repouso durante o inverno <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> possibilitar aprecipitação dos sais <strong>de</strong> tartarato pelas baixas temperaturas e estabilizaçãodo produto. Cada cultivar foi vinificado separadamente eos cortes realizados após o inverno.O engarrafamento foi realizado manualmente e o produtoacondicionado em garrafas <strong>de</strong> 750 mL, vedadas <strong>com</strong> rolha <strong>de</strong>cortiça, as quais foram protegidas <strong>com</strong> cápsulas plásticas. As garrafasforam armazenadas na posição horizontal em local seco, arejado,protegido da luz e em temperatura ambiente. A análise sensorial foirealizada 4 meses após o engarrafamento dos vinhos.Braz. J. Food Technol., v. 10, n. 2, p. 122-129, abr./jun. 2007 123


BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordô2.2 Análise sensorialA metodologia empregada baseou-se na Análise <strong>Descritiva</strong><strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong>senvolvida por Stone e Si<strong>de</strong>l (1992). As etapas estão<strong>de</strong>scritas a seguir.2.2.1 Pré-seleção dos provadoresNuma primeira etapa, foi distribuído um questionário <strong>de</strong>recrutamento a alunos <strong>de</strong> graduação, pós-graduação, professorese funcionários da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Agronômicas. Este questionário(adaptado <strong>de</strong> BEHRENS, 1998) avaliou os seguintes itens:faixa etária dos entrevistados, freqüência média mensal <strong>de</strong> consumo<strong>de</strong> vinho tinto, expressa em copos/mês, e locais on<strong>de</strong> costumamconsumir vinho tinto. Com base nas respostas, os provadores foramselecionados consi<strong>de</strong>rando-se interesse, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participardos testes sensoriais e freqüência <strong>de</strong> consumo. Em seguida,foram aplicados testes <strong>de</strong> memória sensorial (Tabelas 1 e 2) e capacida<strong>de</strong>discriminatória aos provadores pré-selecionados.O recrutamento <strong>de</strong> provadores foi realizado entre consumidores<strong>de</strong> vinho sem qualquer experiência anterior em análisesensorial e/ou <strong>de</strong>gustação <strong>de</strong> vinhos, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> que a<strong>de</strong>scrição dos atributos sensoriais refletisse a opinião <strong>de</strong> potenciaisconsumidores dos vinhos elaborados.TABELA 1. Referências utilizadas no teste <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong>odores.DescritoresReferênciasLimão 10 mL <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> limãoUva10 mL <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva concentradoGramacortada50 g <strong>de</strong> grama recém-cortada (20 mm <strong>de</strong><strong>com</strong>primento)Eucalipto 1 folha <strong>de</strong> eucalipto fragmentada em pedaçospequenosMel10 mL <strong>de</strong> mel <strong>de</strong> abelhasBaunilha 2 gotas <strong>de</strong> essência <strong>de</strong> baunilha em papel <strong>de</strong>filtroOvo¼ <strong>de</strong> gema <strong>de</strong> ovo cozidoÁcido acético 5 mL <strong>de</strong> vinagre em 50 mL <strong>de</strong> vinho brancoEtanol 15 mL <strong>de</strong> etanol 95% em 50 mL <strong>de</strong> vinhobrancoIogurte 50 mL <strong>de</strong> iogurte natural integralManteiga 10 g <strong>de</strong> manteiga <strong>com</strong>ercialCravo da índia 50 g <strong>de</strong> cravos da ÍndiaTABELA 2. Concentração das soluções aquosas dos gostosbásicos.Gosto Substância Concentração 1 Concentração 2básico(%)(%)Ácido ácido cítrico 0,02 0,04Amargo cafeína 0,03 0,06Doce sacarose 0,4 0,8Salgado cloreto <strong>de</strong>sódio0,08 0,15O teste <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> odores teve <strong>com</strong>o objetivoavaliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> odores dos candidatose familiarizá-los <strong>com</strong> um conjunto <strong>de</strong> referências <strong>de</strong> aromas regularmenteencontrados em vinhos (BEHRENS, 1998; GARRUTI, 2001).O teste <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> gostos básicos foi realizadopara verificar a capacida<strong>de</strong> dos provadores em distinguir entreos diferentes gostos (Tabela 2). Os candidatos receberam soluçõesaquosas diluídas <strong>de</strong> cada gosto básico e foram solicitados ai<strong>de</strong>ntificá-las.A capacida<strong>de</strong> discriminatória <strong>de</strong> cada provador foi avaliadautilizando-se teste triangular (STONE e SIDEL, 1992), nos quaisforam servidas amostras <strong>de</strong> vinho tinto <strong>com</strong>um <strong>de</strong> marcas <strong>com</strong>erciais.Os testes triangulares foram realizados até que os provadoresatingissem índice <strong>de</strong> acertos significativo a 5%.2.2.2 Desenvolvimento da terminologia <strong>de</strong>scritivaO levantamento dos termos <strong>de</strong>scritores foi realizado utilizando-seo Método Re<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scrito por Kelly e citado por Behrens (1998).Foram servidas três amostras dos vinhos do experimento (T1, T2 eT5) que os provadores avaliaram aos pares, <strong>de</strong>screvendo as similarida<strong>de</strong>se diferenças entre cada par <strong>de</strong> amostras quanto à aparência,aroma, sabor e corpo. Após a avaliação, sob a supervisão do lí<strong>de</strong>r,os provadores discutiram os termos levantados, eliminando redundâncias,sinônimos e termos poucos citados, e então selecionaramos termos que melhor <strong>de</strong>screviam as semelhanças e diferenças entreas amostras. Em seguida, elaboraram uma lista <strong>com</strong> a <strong>de</strong>finiçãodos termos <strong>de</strong>scritivos das amostras e propuseram referências paraexemplificar cada termo <strong>de</strong>scritor (STONE e SIDEL, 1992). Tambémconfeccionaram a ficha <strong>de</strong> avaliação que foi utilizada no treinamentoe seleção dos provadores e na avaliação das amostras.2.2.3 Treinamento e seleção dos provadoresO treinamento consistiu em 8 avaliações <strong>de</strong> 2 amostras<strong>de</strong> vinho (T1 e T5) e foi realizado <strong>com</strong> 12 provadores. Antes daavaliação das amostras, os provadores tinham a sua disposição alista <strong>com</strong> a <strong>de</strong>finição dos atributos e eram solicitados a provar asreferências <strong>de</strong> cada atributo.O treinamento foi realizado <strong>de</strong> forma individual e não emgrupo <strong>com</strong>o re<strong>com</strong>endado pela literatura (STONE et al., 1974;DAMÁSIO e COSTELL, 1991) <strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> em reunir aequipe <strong>de</strong> provadores. Desta maneira, a cada sessão <strong>de</strong> treinamentofoi realizada análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) tendo <strong>com</strong>o causas<strong>de</strong> variação amostras e repetições, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> verificar acapacida<strong>de</strong> discriminatória dos provadores (p amostras< 0,50), reprodutibilida<strong>de</strong>(p repetições≥ 0,05) e julgamento consensual <strong>com</strong> o restanteda equipe (DAMÁSIO e COSTELL, 1991). Com os dados obtidospela análise <strong>de</strong> variância e gráficos do julgamento dos provadores,o lí<strong>de</strong>r da equipe discutia <strong>com</strong> cada provador seu <strong>de</strong>sempenho emrelação ao grupo, antes do início <strong>de</strong> cada avaliação, <strong>com</strong>o forma<strong>de</strong> suprir a não realização do treinamento em grupo. As sessões<strong>de</strong> treinamento foram realizadas até que a maioria dos provadoresconseguisse discriminar as amostras (p amostras< 0,50) em pelo menos80% dos <strong>de</strong>scritores avaliados.Para a seleção da equipe final, os provadores avaliaram3 amostras <strong>de</strong> vinho (T1, T3 e T5), em 3 repetições. Foram selecionadosos provadores <strong>com</strong> boa capacida<strong>de</strong> discriminatória(p amostras< 0,50), reprodutibilida<strong>de</strong> (p repetições≥ 0,05) e julgamentoBraz. J. Food Technol., v. 10, n. 2, p. 122-129, abr./jun. 2007 124


BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordôconsensual <strong>com</strong> o restante da equipe, conforme Damásio eCostell (1991).2.2.4 Análise das amostrasOs provadores avaliaram as amostras (T1, T2, T3, T4 e T5)em 3 repetições. Os vinhos foram servidos, na temperaturaambiente, em taças tipo tulipa cobertas <strong>com</strong> vidro <strong>de</strong> relógio, <strong>de</strong>forma monádica e balanceada. A intensida<strong>de</strong> dos atributos dasamostras foi avaliada em escala não estruturada <strong>de</strong> 9 cm, <strong>com</strong> ostermos <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> ancorados em seus extremos.2.2.5 Análise dos resultadosAs análises estatísticas foram realizadas utilizando-se oprograma estatístico SAS (SAS Institute Inc., 2001). Os dados obtidosforam submetidos à análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) <strong>com</strong> três causas <strong>de</strong>variação (amostra, provador, interação amostra-provador), teste <strong>de</strong><strong>com</strong>paração <strong>de</strong> médias (Tukey) e análise <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes principais(ACP), <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> Stone et al. (1974) e Stone e Si<strong>de</strong>l (1992).3. RESULTADOS E DISCUSSÃO3.1 Caracterização dos hábitos <strong>de</strong> consumo dosprovadoresRespon<strong>de</strong>ram ao questionário <strong>de</strong> recrutamento 27 pessoas,sendo 10 mulheres e 17 homens. A faixa etária predominante foientre 25‐35 anos (37,1%), seguida pelas pessoas <strong>com</strong> menos <strong>de</strong>25 anos (33,3%), <strong>de</strong> 36‐50 anos (25,9%) e <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 50 anos(3,7%). A freqüência <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> vinho entre os candidatos po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>finida <strong>com</strong>o mo<strong>de</strong>rada (44,4%) a ocasional (37,1%). Aquelesque respon<strong>de</strong>ram consumir muito vinho representaram 7,4% dototal e, por outro lado, aqueles que consomem muito pouco vinhorepresentaram 11,1% dos consumidores.Quanto aos locais on<strong>de</strong> costumam consumir a bebida, oconsumo em casa foi citado por 74,1% dos candidatos, em festas por51,8%, em restaurantes por 37,1% e em bares por apenas 3,7% doscandidatos. O mesmo <strong>com</strong>portamento foi verificado pela AssociaçãoGaúcha <strong>de</strong> Vinicultores (1996), por Behrens et al. (1999) e em pesquisado Instituto Brasileiro do Vinho, citada por Seibel (2002).Entre os que respon<strong>de</strong>ram ao questionário, 20 foram escolhidos(baseando-se principalmente na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo)para participar dos testes <strong>de</strong> pré-seleção.3.2 Testes <strong>de</strong> pré-seleção dos candidatosNo teste <strong>de</strong> memória sensorial os participantes, <strong>com</strong> exceção<strong>de</strong> um provador, i<strong>de</strong>ntificaram corretamente pelo menos 50% dosaromas apresentados.O <strong>de</strong>scritor aroma <strong>de</strong> mel apresentou a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>reconhecimento, enquanto o <strong>de</strong>scritor cravo foi o mais facilmentei<strong>de</strong>ntificado, seguido pelos <strong>de</strong>scritores ovo, baunilha e limão.O teste <strong>de</strong> reconhecimento dos gostos básicos, <strong>de</strong> maneirasemelhante ao teste <strong>de</strong> memória sensorial, não foi realizado paraseleção dos provadores, apenas <strong>com</strong>o treinamento para reconhecimentodos gostos básicos e para verificar seu <strong>de</strong>sempenho.Todos os provadores foram capazes <strong>de</strong> reconhecer pelo menosuma solução <strong>de</strong> cada gosto, sendo que a maioria (90,9%) alcançoumais <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> acerto.A capacida<strong>de</strong> discriminatória dos provadores pré-selecionadosfoi verificada utilizando-se teste triangular. Os testestriangulares foram realizados até que os provadores atingissemíndice <strong>de</strong> acertos significativo a 5%, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> tabela específicado teste. Os provadores que não atingiram a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acertossuficientes, após 7 testes triangulares, foram dispensados. Assim,15 provadores foram selecionados para participar do <strong>de</strong>senvolvimentoda terminologia <strong>de</strong>scritiva.3.3 Desenvolvimento da terminologia <strong>de</strong>scritivaForam necessárias 5 sessões para o <strong>de</strong>senvolvimento daterminologia <strong>de</strong>scritiva, proposição e teste das referências (Tabela 3)e confecção da ficha <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>scritiva (Figura 1).A aparência das amostras foi <strong>de</strong>scrita <strong>com</strong> os termos coloraçãobordô, amarelo-dourado e transparência. Para o aroma, ostermos <strong>de</strong>scritores utilizados foram aroma <strong>de</strong> uva, <strong>de</strong> álcool, artificial<strong>de</strong> uva e ácido. O sabor foi <strong>de</strong>scrito <strong>com</strong> os termos gosto ácido,nota seco, <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva, <strong>de</strong> álcool e adstringência. Para o corpoutilizou-se o <strong>de</strong>scritor corpo.3.4 Perfil sensorial dos vinhosO perfil sensorial dos vinhos foi <strong>de</strong>scrito por uma equipe final<strong>de</strong> 9 provadores e po<strong>de</strong> ser observado na Tabela 4 e na Figura 2.Os <strong>de</strong>scritores utilizados foram a<strong>de</strong>quados para a discriminaçãoentre as amostras, <strong>com</strong> exceção do <strong>de</strong>scritor aroma <strong>de</strong> álcool quenão apresentou diferença estatística significativa para os vinhosavaliados. De fato, a análise físico-química dos vinhos não apresentoudiferença estatística significativa para o teor alcoólico dasbebidas, que variou <strong>de</strong> 9,8 a 10,0 °GL.Os vinhos <strong>com</strong> maior porcentagem <strong>de</strong> uva Bordô foramconsi<strong>de</strong>rados <strong>com</strong>o <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coloração bordôe menor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coloração amarelo-dourado e transparência.Os vinhos <strong>de</strong> Bordô (T1) e Niágara Rosada (T5) diferiramsignificativamente (p ≤ 0,05) em todos os atributos sensoriais, <strong>com</strong>exceção do aroma <strong>de</strong> álcool. Já os tratamentos 1 e 2 não diferiramestatisticamente para a maioria dos atributos (exceto coloraçãobordô e corpo), apresentando perfis sensoriais semelhantes. Paraos atributos <strong>de</strong> aroma, os tratamentos 2, 3 e 4 não apresentaramdiferença estatística entre si, fato evi<strong>de</strong>nciado na Figura 2.O atributo aroma <strong>de</strong> uva apresentou diferença significativa(p ≤ 0,05) entre os vinhos <strong>de</strong> Niágara e Bordô, sendo mais intensopara o vinho <strong>de</strong> Niágara Rosada. Os tratamentos 2, 3 e 4 nãodiferiram entre si. Para os atributos aroma artificial <strong>de</strong> uva e saborsuco <strong>de</strong> uva, o vinho <strong>de</strong> Niágara apresentou menor intensida<strong>de</strong> emrelação aos <strong>de</strong>mais tratamentos. A uva Niágara é muito consumidain natura, sendo que seu aroma é associado ao “<strong>de</strong> uva”. A uvaBordô, por sua vez, não é consumida <strong>com</strong>o uva <strong>de</strong> mesa, por issoseu aroma não é reconhecido <strong>com</strong>o “<strong>de</strong> uva” e sim <strong>com</strong>o “artificial<strong>de</strong> uva”.Os vinhos T1, T2 e T3 apresentaram maior intensida<strong>de</strong> dosabor suco <strong>de</strong> uva. Os sucos <strong>de</strong> uva são produzidos principalmente<strong>com</strong> cultivares americanas ou híbridas, <strong>com</strong> <strong>de</strong>staque para as uvasBordô, Isabel e Concord (MARZAROTTO, 2005). Por isso, os provadoresrelacionaram o sabor <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva <strong>com</strong> o vinho Bordô. Acoloração semelhante ao suco <strong>de</strong> uva po<strong>de</strong> ter interferido, também,no julgamento dos provadores.Braz. J. Food Technol., v. 10, n. 2, p. 122-129, abr./jun. 2007 125


BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordôTABELA 3. Lista dos termos <strong>de</strong>scritores, <strong>de</strong>finições e referências para cada atributo.Termo <strong>de</strong>scritor Definição ReferênciasAparênciaColoração Bordô Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor bordô característica <strong>de</strong>vinho tinto <strong>com</strong>um jovemForte: suco <strong>de</strong> uva (Maguary).Nenhum: água <strong>de</strong>stiladaColoração AmarelodouradoIntensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor amarela semelhante amel <strong>de</strong> laranjeiraForte: vinho branco licoroso (Palmeiras) 50 mL+ refrigerante tipo cola35 mLTransparênciaAroma <strong>de</strong> uvaCaracterística do vinho ser transparente,isento <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z e/ou material emsuspensãoAroma associado à uva Niágara RosadamaduraNenhum: água <strong>de</strong>stiladaTransparente: água <strong>de</strong>stiladaOpaco: suco <strong>de</strong> uva (Sinuelo)AromaForte: 6 bagas <strong>de</strong> uva Niágara Rosada levemente maceradasFraco: 6 bagas <strong>de</strong> uva Niágara Rosada levemente maceradas <strong>com</strong>água 50 mLAroma <strong>de</strong> álcool Aroma característico <strong>de</strong> etanol Forte: solução aquosa <strong>com</strong> álcool fino (Miyako) a 10%Aroma artificial <strong>de</strong> uva Aroma associado a aromatizante artificial<strong>de</strong> uvaFraco: solução aquosa <strong>com</strong> álcool fino (Miyako) a 5%Forte: refrigerante sabor uva (Fanta Uva)Nenhum: água <strong>de</strong>stiladaAroma ácido Aroma associado a frutas cítricas Forte: suco <strong>de</strong> limão Tahiti diluído em água 1:1Gosto ácidoNota secoSabor <strong>de</strong> álcoolGosto ácido característico <strong>de</strong> uma solução<strong>de</strong> ácido cítricoNota característica <strong>de</strong> vinho tinto seco, queprovoca sensação <strong>de</strong> “secura” na garganta.Sabor característico <strong>de</strong> bebida alcoólica,que causa ardor na boca e gargantaFraco: suco <strong>de</strong> limão Tahiti diluído em água 0,5:1SaborForte: solução <strong>de</strong> ácido cítrico a 0,25%Fraco: solução <strong>de</strong> ácido cítrico a 0,05%Forte: vinho tinto seco SinueloFraco: vinho tinto seco Sinuelo 50 mL + 0,1 g <strong>de</strong> açúcar cristalForte: solução aquosa <strong>com</strong> álcool fino (Miyako) a 10%Fraco: solução aquosa <strong>com</strong> álcool fino (Miyako) a 5%Sabor <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva Sabor associado a suco <strong>de</strong> uva Forte: suco <strong>de</strong> uva (Maguary) + vinho tinto seco (Sinuelo) 1:1AdstringênciaCorpoSensação bucal <strong>de</strong> “secura” e “amarração”,semelhante à banana ver<strong>de</strong>Característica <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> dos vinhospercebida na boca (sinônimo: corpo,<strong>de</strong>nso)Fraco: suco <strong>de</strong> uva (Maguary) + vinho tinto seco (Sinuelo) 0,5:1Forte: solução <strong>de</strong> ácido tartárico a 0,40%Fraco: solução <strong>de</strong> ácido tartárico a 0,15%ConsistênciaMuito: vinho branco licoroso (Palmeiras)Pouco: água <strong>de</strong>stiladaOs atributos <strong>de</strong> gosto e sabor foram mais intensos para osvinho <strong>de</strong> Bordô, intermediários para os cortes e menos intensospara o vinho <strong>de</strong> Niágara. O vinho <strong>de</strong> Niágara apresentou a menorintensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gosto ácido.O vinho <strong>de</strong> Niágara apresentou, também, a menor intensida<strong>de</strong><strong>de</strong> nota seco, provavelmente em <strong>de</strong>corrência da menorintensida<strong>de</strong> dos atributos gosto ácido e adstringência. O atributonota seco está inversamente relacionado <strong>com</strong> a doçura do vinho.O teor <strong>de</strong> açúcares redutores nos vinhos é muito baixo (


BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordôNome_________________________________________________________________Quanto à aparênciaColoração bordôNenhumaForteColoração amarelo-dourado -NenhumaForteTransparênciaTransparenteNão transparenteQuanto ao aromaAroma <strong>de</strong> uvaFracoForteAroma <strong>de</strong> álcoolFracoForteAroma artificial <strong>de</strong> uvaNenhumForteAroma ácidoFracoForteQuanto ao saborGosto ácidoFracoForteNota secoFracoForteSabor <strong>de</strong> álcoolFracoForteAdstringênciaFracaForteQuanto à consistênciaCorpoPouco corpoMuito CorpoFIGURA 1. Ficha utilizada para a análise <strong>de</strong>scritiva dos vinhos.3.5 Análise <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes principaisA análise <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes principais confirmou os resultadosobtidos na <strong>com</strong>paração entre as médias dos <strong>de</strong>scritoressensoriais dos vinhos e o gráfico do perfil sensorial. A distribuiçãodas amostras no gráfico da ACP (Figura 3) mostra a diferença <strong>de</strong> perfilentre os vinhos Bordô (T1) e Niágara (T5), e o perfil intermediáriodos cortes (T 2, 3 e 4), uma vez que amostras similares ocupamregiões próximas no gráfico.Braz. J. Food Technol., v. 10, n. 2, p. 122-129, abr./jun. 2007 127


BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordôTABELA 4. Médias dos <strong>de</strong>scritores sensoriais dos vinhos obtidos através da análise <strong>de</strong>scritiva.Descritores T1 T2 T3 T4 T5 DMSBordô 7,40 a 6,67 b 5,82 c 4,37 d 0,13 e 0,505Amarelo dourado 0,10 b 0,11 b 0,09 b 0,15 b 6,55 a 0,388Transparência 1,77 d 2,50 d 3,51 c 4,88 b 7,07 a 0,922Aroma uva 4,00 b 4,09 b 4,39 ab 4,57 ab 5,55 a 1,286Aroma álcool 3,56 a 3,19 a 3,73 a 3,83 a 3,79 a 1,002Aroma artificial 2,01 a 2,25 a 2,01 a 1,74 a 0,94 b 0,708Aroma ácido 3,58 a 3,29 ab 3,43 a 3,23 ab 2,51 b 0,822Gosto ácido 4,89 a 4,82 a 4,30 ab 3,96 b 2,82 c 0,699Nota seco 5,81 a 5,14 ab 4,34 b 4,48 b 2,87 c 0,889Sabor álcool 4,61 a 4,25 ab 3,66 b 3,86 b 2,89 c 0,750Sabor suco uva 3,91 a 3,68 a 3,23 ab 2,84 b 1,90 c 0,778Adstringente 5,12 a 4,44 ab 3,76 bc 3,40 c 2,14 d 0,713Corpo 4,74 a 4,09 b 3,51 c 3,17 c 2,23 d 0,573Valores seguidos <strong>de</strong> mesma letra nas linhas não diferem significativamente pelo teste <strong>de</strong> Tukey (p ≤ 0,05). DMS = diferença mínima significativa.Bordô2,5AdstringênciaSabor sucoSabor álcoolCorpoAmarelo-douradoTransparênciaAroma uvaAroma álcoolComponente Principal 2 (8,8%)1,50,5-0,5T4T3T1Nota secoGosto ácidoAroma ácidoAroma artificial-1,5T5T2T1 T2 T3 T4 T5FIGURA 2. Perfil sensorial <strong>de</strong>scritivo dos vinhos.Através da ACP é possível explicar 87,9% da variabilida<strong>de</strong>entre os vinhos. Verifica-se que 79,1% da variação ocorrida entreas amostras foi explicada pelo primeiro <strong>com</strong>ponente principal,enquanto o segundo <strong>com</strong>ponente principal explicou 8,8% davariabilida<strong>de</strong> entre as amostras.Os tratamentos 4 e 5, vinhos <strong>com</strong> 70 e 100% Niágara, estãomais próximos dos vetores que representam os <strong>de</strong>scritores coloraçãoamarelo dourado, transparência, aroma <strong>de</strong> uva e aroma <strong>de</strong> álcool.Enquanto os <strong>de</strong>mais tratamentos, estão próximos aos vetores querepresentam os atributos coloração bordô, aromas artificial <strong>de</strong> uvae ácido, gosto ácido, nota seco, sabores <strong>de</strong> álcool, <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva,adstringência e corpo.O atributo aroma <strong>de</strong> álcool não apresentou diferençasignificativa (p ≤ 0,05) entre as amostras, no teste <strong>de</strong> médias <strong>de</strong>Tukey. Porém o vetor que o representa possui tamanho similar aos<strong>de</strong>mais, salientando sua importância na caracterização dos vinhos,principalmente do T4.-2,5-2 -1 0 1 2bordogácioamarelonsecoFIGURA 3. Análise <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes principais.Observando-se as figuras formadas pelos pontos que representamcada amostra, é possível verificar que houve variação narepetibilida<strong>de</strong> dos provadores, principalmente no T4, uma vez quequanto mais próximos os pontos que representam cada amostra,melhor é a repetibilida<strong>de</strong> dos provadores (VANNIER et al., 1999).Porém a variação observada não <strong>com</strong>promete os resultados daanálise.4. CONCLUSÕESComponente Principal 1 (79,1%)transpsálcoolauvassucoaálccoladstringaartificcorpoaácidoO perfil sensorial dos vinhos foi caracterizado por 13 termos<strong>de</strong>scritores: coloração bordô, coloração amarelo-dourado, transparência,aroma <strong>de</strong> uva, <strong>de</strong> álcool, artificial <strong>de</strong> uva, aroma ácido,Braz. J. Food Technol., v. 10, n. 2, p. 122-129, abr./jun. 2007 128


BARNABÉ, D. et al.Análise <strong>Descritiva</strong> <strong>Quantitativa</strong> <strong>de</strong> <strong>Vinhos</strong><strong>Produzidos</strong> <strong>com</strong> <strong>Uvas</strong> Niágara Rosada eBordôgosto ácido, nota seco, <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva, <strong>de</strong> álcool, adstringênciae corpo.Os <strong>de</strong>scritores utilizados foram a<strong>de</strong>quados para a discriminaçãoentre as amostras, <strong>com</strong> exceção do <strong>de</strong>scritor aroma <strong>de</strong>álcool que não apresentou diferença estatística significativa paraos vinhos avaliados.A análise <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes principais explicou 87,9% davariabilida<strong>de</strong> entre os vinhos, sendo que a distribuição das amostrasno gráfico da ACP mostrou claramente a diferença <strong>de</strong> perfil entre osvinhos Bordô e Niágara, e o perfil intermediário dos cortes.REFERÊNCIASAIKEN, J. W.; NOBLE, A. C. 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