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Folha de Sala - Culturgest

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TEXTOS DAS OBRAS<br />

Le Marteau sans Maître<br />

L’artisanat furieux<br />

La roulotte rouge au bord du clou<br />

Et cadavre dans le panier<br />

Et chevaux <strong>de</strong> labours dans le fer à cheval<br />

Je rêve la tête sur la pointe <strong>de</strong> mon couteau<br />

le Pérou.<br />

Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong><br />

Le pas s’est éloigné le marcheur s’est tu<br />

Sur le cadran <strong>de</strong> l’Imitation<br />

Le Balancier lance sa charge <strong>de</strong> granit<br />

réflexe.<br />

Bel édifice et les pressentiments<br />

J’écoute marcher dans mes jambes<br />

La mer morte vagues par <strong>de</strong>ssus tête<br />

Enfant la jeté-promena<strong>de</strong> sauvage<br />

Homme l’illusion imitée<br />

Des yeux purs dans les bois<br />

Cherchent en pleurant la tête habitable.<br />

Manuscrito <strong>de</strong> Pierre Boulez<br />

Manuscrito <strong>de</strong> Fernando Pessoa<br />

fragmento para O Sonho<br />

Salomé – A minha beleza faz os homens<br />

sonâmbulos, e o da minha voz distrai-os <strong>de</strong><br />

sonhar. As suas preferidas o<strong>de</strong>iam-me sem<br />

saber se existo, porque entre as palavras<br />

vagas dos seus discursos amorosos, a minha<br />

imagem embarga as frases e elas sentem-me<br />

passar, como um canto <strong>de</strong> sereia, nos esquecimentos<br />

da voz, e nos abrandamentos dos<br />

braços e das mãos, que cingem ou que apertam.<br />

Sou o perfume que, uma vez sonhado,<br />

lhes faz aura à imaginação, e não po<strong>de</strong>rão<br />

ter esposa, nem noiva, nem até irmã a que<br />

acarinhem, porque se lembram <strong>de</strong> que eu sou<br />

a princesa que um dia lhes foi toda a vida.<br />

Os escravos rastejam com os olhos quando<br />

mal me po<strong>de</strong>m olhar. Passo entre as alas dos<br />

soldados e sinto-os que tremem como folhas<br />

ao vento. Levarão sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse momento<br />

como <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> maldição, e acordarão<br />

nas gran<strong>de</strong>s noites <strong>de</strong> estio, quando o<br />

suor entra na alma, pávidos da memória<br />

sinistra que vive do meu perfil entrevisto,<br />

dos meus olhos <strong>de</strong>sviados, do recorte das<br />

minhas sobrancelhas muito negras contra a<br />

pele morena muito branca da minha fronte<br />

coroada <strong>de</strong> sombras.<br />

Salomé, duas Aias – Trazei vossos sonhos<br />

para este terraço <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se vê o mar. Quero<br />

sonhar convosco em voz alta, e que a minha<br />

voz teça com as vossas o casulo <strong>de</strong> uma<br />

história em que nos fechemos da vida.

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