27.01.2015 Views

O presente estudo de avaliação de risco e do estatuto biomecânico ...

O presente estudo de avaliação de risco e do estatuto biomecânico ...

O presente estudo de avaliação de risco e do estatuto biomecânico ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>presente</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong> <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>risco</strong> e <strong>do</strong> <strong>estatuto</strong> biomecânico <strong>de</strong> 44<br />

árvores ornamentais elabora<strong>do</strong> pela empresa Planeta das Árvores iniciou-se<br />

com a marcação das árvores abrangidas pelo <strong>estu<strong>do</strong></strong>, com uma placa<br />

resistente <strong>de</strong> forma losangular, numeradas <strong>de</strong> forma a i<strong>de</strong>ntificar as árvores. As<br />

placas são preferencialmente colocadas a cerca <strong>de</strong> 3 ou 4 metros <strong>de</strong> altura <strong>de</strong><br />

forma a evitar actos <strong>de</strong> vandalismo.<br />

Figura 1: Exemplo <strong>de</strong> placa losangular colocada no <strong>presente</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong> <strong>de</strong> avaliação na Avenida<br />

Lourenço Peixinho (Aveiro).<br />

Acto contínuo, iniciou-se a fase <strong>de</strong> avaliação visual das árvores, quer à vista<br />

<strong>de</strong>sarmada quer com o recurso a binóculos 10x50 para observação das copas<br />

<strong>do</strong>s exemplares <strong>de</strong> maior porte, procuran<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectar to<strong>do</strong>s os sinais visuais<br />

relevantes, como sejam cavida<strong>de</strong>s, focos <strong>de</strong> podridão, frutificações fúngicas,<br />

ramos parti<strong>do</strong>s, mal conforma<strong>do</strong>s, cruza<strong>do</strong>s, exsudações, corpos estranhos e<br />

tantos outros sinais, que constituem, como já alguém afirmou, a linguagem<br />

corporal das árvores, e que nos permitem ter uma i<strong>de</strong>ia da situação <strong>de</strong> maior<br />

ou menor estabilida<strong>de</strong> biomecânica <strong>do</strong> exemplar.


Efectuou-se, concomitantemente, uma análise auditiva, percutin<strong>do</strong> o colo e o<br />

tronco com um martelo <strong>de</strong> borracha, procuran<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectar, pela interpretação <strong>do</strong><br />

som produzi<strong>do</strong>, cavida<strong>de</strong>s não <strong>de</strong>tectáveis visualmente.<br />

No caso <strong>de</strong> persistirem dúvidas, após a análise visual e auditiva, proce<strong>de</strong>u-se à<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> focos <strong>de</strong> podridão e <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s internas através <strong>do</strong> recurso à<br />

utilização <strong>do</strong> resistógrafo, aparelho electrónico que introduz uma sonda <strong>de</strong> 2<br />

milímetros <strong>de</strong> espessura até 40 centímetros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> no interior <strong>do</strong>s<br />

troncos e <strong>do</strong>s ramos.<br />

Figura 2: Equipamentos utiliza<strong>do</strong>s nos Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Risco (tomógrafo, resistógrafo<br />

e martelo <strong>de</strong> borracha).<br />

O resistógrafo é um aparelho electrónico que vai medin<strong>do</strong> a resistência da<br />

ma<strong>de</strong>ira à perfuração, daí o seu nome, sen<strong>do</strong> a resistência gran<strong>de</strong> se a<br />

ma<strong>de</strong>ira está saudável, baixa se a ma<strong>de</strong>ira está em maior ou menor grau <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>composição, e nula se estamos perante uma cavida<strong>de</strong> interna.


Figura 3: Utilização <strong>do</strong> resistógrafo para análise da resistência biomecânica <strong>do</strong> tronco <strong>de</strong> um<br />

choupo.<br />

À medida que se efectua a sondagem, o aparelho vai imprimin<strong>do</strong> um gráfico<br />

que nos indica a resposta da ma<strong>de</strong>ira, para cada distância da casca, até aos 40<br />

centímetros <strong>de</strong> perfuração máxima, o que permite conjugar esses da<strong>do</strong>s com<br />

os resultantes da avaliação visual e auditiva, e <strong>de</strong>liberar sobre os<br />

procedimentos a a<strong>do</strong>ptar em relação a esse exemplar. Esses da<strong>do</strong>s são<br />

armazena<strong>do</strong>s no computa<strong>do</strong>r interno <strong>do</strong> aparelho e <strong>de</strong>pois transferi<strong>do</strong>s para os<br />

nossos computa<strong>do</strong>res, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os gráficos, já <strong>de</strong>vidamente colori<strong>do</strong>s e<br />

interpreta<strong>do</strong>s, serem impressos e anexa<strong>do</strong>s ao <strong>estu<strong>do</strong></strong>.<br />

Por fim, utilizamos, quan<strong>do</strong> necessário, a importante ferramenta <strong>de</strong> trabalho<br />

que é o tomógrafo, equipamento que nos permite fazer cortes virtuais nas<br />

árvores, possibilitan<strong>do</strong> a análise da mesma <strong>de</strong> uma forma muito pouco<br />

intrusiva. É composto por um número mínimo <strong>de</strong> 8 sensores sonoros, e que<br />

po<strong>de</strong> chegar até 12. Estes sensores são coloca<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> perímetro <strong>do</strong><br />

tronco da árvore, com igual espaçamento entre si, funcionan<strong>do</strong> como<br />

emissores e receptores.


Figura 4: Utilização <strong>do</strong> tomógrafo para análise da situação biomecânica <strong>de</strong> um choupo.<br />

Através <strong>de</strong> diversos impactos são produzidas “ondas sonoras” que se<br />

propagam através da ma<strong>de</strong>ira e que são <strong>de</strong>tectadas pelos referi<strong>do</strong>s sensores,<br />

resultan<strong>do</strong> numa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> trajectórias das referidas ondas. Medin<strong>do</strong><br />

previamente a distância entre os distintos sensores, através <strong>de</strong> um instrumento<br />

complementar, o compasso electrónico, o sistema tem capacida<strong>de</strong> para<br />

mensurar o tempo que o som <strong>de</strong>mora a percorrer as distintas distâncias. O<br />

tempo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da condição sanitária da ma<strong>de</strong>ira (<strong>de</strong>ve ter-se em mente que<br />

em ma<strong>de</strong>ira saudável o som propaga-se mais rapidamente <strong>do</strong> que em ma<strong>de</strong>ira<br />

apodrecida). O tempo <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>stas ondas <strong>de</strong> som é utiliza<strong>do</strong> para<br />

gerar imagens bi-dimensionais que <strong>do</strong>cumentam focos <strong>de</strong> podridão e<br />

cavida<strong>de</strong>s existentes. O computa<strong>do</strong>r regista to<strong>do</strong>s estes da<strong>do</strong>s e po<strong>de</strong><br />

combinar as imagens bi-dimensionais a diferentes alturas <strong>do</strong> tronco, geran<strong>do</strong><br />

imagens tri-dimensionais e proporcionan<strong>do</strong>-nos uma visão interna da árvore<br />

avaliada.<br />

À medida que se avaliam as árvores será preenchida uma ficha individual <strong>de</strong><br />

análise, da qual constam informações como sejam a i<strong>de</strong>ntificação, a espécie, a<br />

localização, as condições sanitárias <strong>do</strong> colo, tronco e ramos, observações


elativas às análises resistográficas e tomográficas e recomendações <strong>de</strong><br />

intervenção.<br />

O <strong>estu<strong>do</strong></strong> concluí-se com a elaboração <strong>de</strong> listagens <strong>de</strong> recomendações <strong>de</strong><br />

intervenção para cada árvore, que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> distintos tipos <strong>de</strong> intervenção<br />

<strong>de</strong> poda, reforço estrutural com a aplicação <strong>de</strong> cabos metálicos, tratamentos e<br />

aplicações fitossanitárias e, quan<strong>do</strong> a segurança <strong>do</strong>s cidadãos está em jogo, o<br />

abate ou <strong>de</strong>smontagem controlada <strong>do</strong> exemplar em causa.<br />

No <strong>presente</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong> foram analisadas com resistógrafo 13 exemplares ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>s 14 resistogramas, que foram anexa<strong>do</strong>s às fichas individuais<br />

das respectivas árvores.<br />

Conclusões e recomendações<br />

Analisa<strong>do</strong>s com <strong>de</strong>talhe e conscienciosamente os 44 exemplares <strong>de</strong> choupo,<br />

análise que incluiu a inspecção em altura efectuada pelo nosso cirurgião-chefe<br />

Luís Rodrigues, as nossas conclusões e recomendações finais são as<br />

seguintes:<br />

• A espécie choupo é uma espécie <strong>de</strong> rápi<strong>do</strong> crescimento que produz uma<br />

ma<strong>de</strong>ira frágil, quebradiça e muito susceptível ao ataque <strong>de</strong> fungos e<br />

parasitas, sen<strong>do</strong> pouco ou nada recomendável para utilização em<br />

espaços urbanos.<br />

• O esta<strong>do</strong> biomecânico <strong>do</strong>s exemplares em causa é mau ou sofrível,<br />

sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma forma geral exemplares sem futuro, muitos <strong>de</strong>les já a<br />

constituir perigo para pessoas e bens.<br />

• Vários exemplares apresentam fissuras longitudinais no tronco recentes,<br />

certamente provoca<strong>do</strong>s por enormes tensões associadas a picos <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vento no último Inverno, acrescen<strong>do</strong> o <strong>risco</strong> e a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colapsos.


• É patente, também, a péssima convivência entre os sistemas radiculares<br />

e a calçada, estan<strong>do</strong> esta irregular e ondulada e constituin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, um perigo real para os transeuntes.<br />

• Nessa conformida<strong>de</strong> recomendamos a substituição <strong>de</strong>sse conjunto<br />

<strong>de</strong> árvores por um único alinhamento <strong>de</strong> outra espécie, optan<strong>do</strong> por<br />

um compasso maior <strong>do</strong> que o agora utiliza<strong>do</strong> , <strong>de</strong> forma a não<br />

<strong>de</strong>terminar crescimento em altura mas ,outrossim, o alargamento<br />

das copas.<br />

• Por razões <strong>de</strong> relacionamento com a população, o abate gradual talvez<br />

fosse uma boa i<strong>de</strong>ia , dan<strong>do</strong> priorida<strong>de</strong> àquelas que receberam a<br />

classificação <strong>de</strong> ABATE PRIORITÁRIO e adian<strong>do</strong> para uma segunda<br />

fase aquelas que receberam a classificação <strong>de</strong> ABATE NÂO<br />

PRIORITÁRIO.<br />

30 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2010.<br />

Serafim Riem*<br />

*Pós-gradua<strong>do</strong> em Arboricultura Urbana pelo Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia<br />

da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!