10.02.2015 Views

Uso do OK-432 no tratamento do pseudocisto quiloso - ABCCMF

Uso do OK-432 no tratamento do pseudocisto quiloso - ABCCMF

Uso do OK-432 no tratamento do pseudocisto quiloso - ABCCMF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Vanderlei JPM et al.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A formação de fístula quilosa em procedimento cirúrgicos<br />

cervicais é incomum, ocorren<strong>do</strong> em cerca de 1 a 2%<br />

<strong>do</strong>s casos e sen<strong>do</strong> amplamente associada a esvaziamentos<br />

cervicais 1-3 . Normalmente apresenta-se como um trajeto<br />

fistuloso pelo orifício <strong>do</strong> dre<strong>no</strong> utiliza<strong>do</strong> na cirurgia ou<br />

através da ferida operatória. O <strong>tratamento</strong> inicial preconiza<strong>do</strong><br />

é a aplicação de curativos compressivos e a introdução<br />

de dieta semi-elementar, rica em áci<strong>do</strong>s graxos de cadeia<br />

média e pobre <strong>no</strong>s demais lipídeos 1-4 . Em algumas situações,<br />

o uso de somatostatina ou seu análogo sintético, o<br />

octeotride, pode ser emprega<strong>do</strong> na tentativa de diminuir o<br />

débito <strong>quiloso</strong> 4 .<br />

Raramente a lesão <strong>do</strong> ducto <strong>quiloso</strong> pode se organizar em<br />

uma coleção líquida revestida por teci<strong>do</strong> fibroso, sem revestimento<br />

epitelial inter<strong>no</strong>, caracterizan<strong>do</strong> um pseucocisto. O<br />

<strong>tratamento</strong> dessa coleção consiste <strong>no</strong> esvaziamento <strong>do</strong> seu<br />

conteú<strong>do</strong> por punção, segui<strong>do</strong> das mesmas medidas terapêuticas<br />

a<strong>do</strong>tadas para fístula quilosa 1-4 .<br />

Na falha <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong> conserva<strong>do</strong>r, a conduta mais<br />

amplamente a<strong>do</strong>tada é o <strong>tratamento</strong> cirúrgico com exérese<br />

<strong>do</strong> pseu<strong>do</strong>cisto e ligadura <strong>do</strong> ducto <strong>quiloso</strong>. Entretanto,<br />

nem sempre é um procedimento de sucesso, devi<strong>do</strong> à dificuldade<br />

de localização e ligadura das lesões <strong>do</strong>s ductos<br />

linfáticos 1,2 .<br />

O Picibanil (<strong>OK</strong>-<strong>432</strong>) é um liofiliza<strong>do</strong> de cepas de baixa<br />

virulência e Streptococcus pyogens associa<strong>do</strong> à penicilina G<br />

potássica 4-8 , desenvolvi<strong>do</strong> para aumentar a resposta imu<strong>no</strong>lógica<br />

em pacientes debilita<strong>do</strong>s 4,6,8 . Atualmente, o <strong>OK</strong>-<strong>432</strong> tem<br />

si<strong>do</strong> largamente utiliza<strong>do</strong> como esclerosante de lesões císticas,<br />

sobretu<strong>do</strong> <strong>no</strong>s linfangiomas macrocísticos 4-8 .<br />

MÉTODO<br />

Três pacientes com pseu<strong>do</strong>cisto <strong>quiloso</strong> pós-esvaziamento<br />

cervical, refratários ao <strong>tratamento</strong> conserva<strong>do</strong>r e um paciente<br />

com pseu<strong>do</strong>cisto <strong>quiloso</strong> pós-traumático foram inseri<strong>do</strong>s num<br />

protocolo de <strong>tratamento</strong> de linfoceles com <strong>OK</strong>-<strong>432</strong>.<br />

Este estu<strong>do</strong> foi aprova<strong>do</strong> pelo Comitê de Ética da Instituição,<br />

sob o número 2986/2007. Os pacientes foram convida<strong>do</strong>s<br />

e esclareci<strong>do</strong>s sobre a técnica e assinaram a autorização<br />

para o procedimento.<br />

Para avaliação <strong>do</strong>s casos em estu<strong>do</strong> analisamos idade, sexo,<br />

etiologia, volume inicial e após <strong>tratamento</strong> <strong>do</strong>s pseu<strong>do</strong>cistos por<br />

tomografia computa<strong>do</strong>rizada, volume de linfa aspira<strong>do</strong>, número<br />

de aplicações de <strong>OK</strong>-<strong>432</strong>, tempo de involução, ocorrência de<br />

complicações e resulta<strong>do</strong> final.<br />

O protocolo consiste na aspiração de to<strong>do</strong> ou quase<br />

to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> da lesão, segui<strong>do</strong> imediatamente da aplicação<br />

de uma solução de 1 Ke de <strong>OK</strong>-<strong>432</strong> diluída em 10<br />

ml de solução fisiológica a 0,9%, em regime hospitalar,<br />

manten<strong>do</strong>-se o paciente interna<strong>do</strong> por 24 horas ou até<br />

resolução de complicações. Após as aplicações mantevese<br />

curativo oclusivo compressivo local por até 14 dias.<br />

A seguir era observa<strong>do</strong> se ocorria o desaparecimento da<br />

tumoração ou a formação de <strong>no</strong>vo cisto. Nos casos de<br />

recidiva, o mesmo procedimento era repeti<strong>do</strong>.<br />

Associou-se ao protocolo a restrição alimentar de gorduras,<br />

manten<strong>do</strong>-se apenas áci<strong>do</strong>s graxos de cadeia média, com orientação<br />

e supervisão de nutricionista da Instituição. Em nenhum<br />

caso foi utilizada qualquer terapêutica clinica ou cirúrgica<br />

complementar.<br />

RESULTADOS<br />

To<strong>do</strong>s os pacientes tiveram regressão total da lesão. O tempo<br />

máximo para resolução <strong>do</strong> pseu<strong>do</strong>cisto foi de três meses. Foram<br />

realizadas até três aplicações.<br />

As únicas complicações que ocorreram foram febre baixa<br />

e <strong>do</strong>r local leve que duraram por até 2 dias. A Tabela 1 resume<br />

os resulta<strong>do</strong>s.<br />

As Figuras 1 a 5 ilustram caso de paciente incluí<strong>do</strong> neste<br />

estu<strong>do</strong>.<br />

Paciente<br />

Idade<br />

(a<strong>no</strong>s)<br />

A 72<br />

B 56<br />

C 70<br />

Tabela 1 – Aspectos clínicos e evolução <strong>do</strong>s pacientes trata<strong>do</strong>s com <strong>OK</strong>-<strong>432</strong>.<br />

Causa Volume Número de Tempo total Complicações<br />

inicial (ml) aplicações<br />

Pos-cx - CEC de<br />

laringe 120 3 3 meses<br />

Pos-cx - CEC de<br />

boca 96 2 2 meses<br />

Pos-cx - CEC de<br />

laringe 110 3 3 meses<br />

Duração<br />

(dias)<br />

Febre e <strong>do</strong>r<br />

local 2<br />

Febre e <strong>do</strong>r<br />

local 1<br />

Febre e <strong>do</strong>r<br />

local 1<br />

D 45<br />

Pos-traumático -<br />

Contusão 180 1 1 mês Ausente Ausente<br />

Média 60,7 126,5 2,25<br />

2 meses e 8<br />

dias 1<br />

Pós- Cx – Após cirurgia, CEC – Carci<strong>no</strong>ma Espi<strong>no</strong>celular<br />

Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2012; 15(1): 13-6<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!