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Retalho ascendente de trapézio: relato de caso - ABCCMF

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Polizzi RJ et al.<br />

Somente após estudos da vascularização cutânea realizados<br />

por Taylor & Palmer 4 , e <strong>de</strong> estudos anátomo-clínicos<br />

da região dorsal conduzidos por Weiglen et al. 5 , Haas et<br />

al. 6 , e Tan & Tan 7 , é que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a confiabilida<strong>de</strong> do<br />

retalho da parte <strong>ascen<strong>de</strong>nte</strong> do músculo trapézio (enten<strong>de</strong>-se<br />

como confiabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um retalho a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir<br />

uma cobertura estável <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada ferida <strong>de</strong>vido à<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confecção, promover a substituição por tecidos<br />

semelhantes e ter uma fácil reprodutibilida<strong>de</strong>). Compreen<strong>de</strong>use<br />

a importância da artéria escapular dorsal na irrigação da<br />

parte inferior do músculo trapézio e da pele adjacente, bem<br />

como se <strong>de</strong>finiu o seu trajeto usual. Verificou-se que, em 54%<br />

das dissecções anatômicas, a artéria escapular dorsal surgia em<br />

um tronco comum cervicodorsal (juntamente à artéria cervical<br />

superficial) ou em um tronco cervicodorsoescapular (com as<br />

artérias cervical superficial e supraescapular). Em 34% das<br />

vezes, surgia diretamente da artéria subclávia.<br />

Posteriormente, Angrigiani et al. 8 observaram a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> realização <strong>de</strong> um retalho perfurante da artéria<br />

escapular dorsal com a preservação do músculo trapézio, o<br />

que propiciaria menor morbida<strong>de</strong> na área doadora do retalho.<br />

Esses autores realizaram transferência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s retalhos<br />

dorsais após expansão prévia. Alguns anos <strong>de</strong>pois, em 2006,<br />

Angrigiani 9 confirmou a possibilida<strong>de</strong>, já apresentada por<br />

Gregor & Davidge-Pitts 10 , <strong>de</strong> transferência associada <strong>de</strong> um<br />

segmento ósseo da margem medial da escápula baseado no<br />

ramo profundo da artéria escapular dorsal, com o objetivo <strong>de</strong><br />

reconstruir um segmento mandibular lateral.<br />

A partir <strong>de</strong>sses <strong>relato</strong>s iniciais, observou-se maior aceitação<br />

e difusão <strong>de</strong> da indicação <strong>de</strong>sse retalho. Ocorreu a<br />

reintegração do retalho <strong>ascen<strong>de</strong>nte</strong> do músculo trapézio no<br />

armamentário do cirurgião reconstrutor.<br />

Esse retalho é indicado principalmente para cobertura<br />

cutânea na região occipital, região lateral da face, região<br />

cervical anterior (até o mento), terço médio facial e região<br />

orbitária. Existem <strong>relato</strong>s da sua utilização para cobertura <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>feitos viscerais na região jugal, base <strong>de</strong> língua, hipofaringe<br />

e esôfago cervical 11 , sendo isso possível pelo incremento<br />

do tamanho do pedículo do retalho e arco <strong>de</strong> rotação ao se<br />

progredir na dissecção através dos músculos romboi<strong>de</strong> menor<br />

e levantador da escápula.<br />

Uma morbida<strong>de</strong> aceitável na área doadora do retalho<br />

ocorre, pois somente a parte inferior do músculo é atingida.<br />

O segmento transverso mantém parcialmente as funções <strong>de</strong><br />

retração e <strong>de</strong>pressão da escápula. Não há prejuízo da elevação<br />

do ombro. O nervo espinhal acessório não é sacrificado nessa<br />

opção <strong>de</strong> retalho, como po<strong>de</strong> ocorrer quando é realizado um<br />

retalho da parte transversa <strong>de</strong>sse músculo.<br />

Uma <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> sua realização é a escassez <strong>de</strong> vasos<br />

perfurantes e o calibre reduzido dos mesmos, o que dificulta<br />

a realização <strong>de</strong> retalhos perfurantes e a elevação <strong>de</strong> ilhas <strong>de</strong><br />

pele distais.<br />

CONCLUSÃO<br />

O retalho <strong>ascen<strong>de</strong>nte</strong> <strong>de</strong> trapézio é uma boa opção para<br />

reconstruções complexas na região da cabeça e pescoço, principalmente<br />

para pacientes sem condições <strong>de</strong> serem submetidos<br />

a reconstruções microcirúrgicas. Ele permite a confecção <strong>de</strong><br />

coberturas cutâneas e revestimentos viscerais, com baixa<br />

morbida<strong>de</strong> na área doadora e com boa confiabilida<strong>de</strong>.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Disa JJ, Pusic AL, Hidalgo DH, Cor<strong>de</strong>iro PG. Simplifying microvascular<br />

head and neck reconstruction: a rational approach to donor<br />

site selection. Ann Plast Surg. 2001;47(4):385-9.<br />

2. Demergasso F, Piazza MV. Trapezius myocutaneous flap in reconstructive<br />

surgery for head, and neck cancer: an original technique.<br />

Am J Surg. 1979;138(4):533-6.<br />

3. Baek SM, Biller HF, Krespi YP, Lawson W. The lower trapezius<br />

island myocutaneous flap. Ann Plast Surg. 1980;5(2):108-14.<br />

4. Taylor GI, Palmer JH. The vascular territories (angiosomes) of the<br />

body: experimental study and clinical applications. Br J Plast Surg.<br />

1987;40(2):113-41.<br />

5. Weiglein AH, Haas P, Pierer G. Anatomic basis of the lower trapezius<br />

musculocutaneous flap. Surg Radiol Anat. 1996;18(4):257-61.<br />

6. Haas F, Pierer G, Weiglein A, Moshammer H, Schwarzl F, Scharnagl<br />

E. Der untere M. trapezius-Insellappen: anatomische grundlage und<br />

klinische relevanz. Handchir Mikrochir Plast Chir. 1999;31(1):15-<br />

20.<br />

7. Tan KC, Tan BK. Exten<strong>de</strong>d lower trapezius island myocutaneous<br />

flap: a fasciomyocutaneous flap based on the dorsal scapular artery.<br />

Plast Reconstr Surg. 2000;105(5):1758-63.<br />

8. Angrigiani C, Grilli D, Karanas YL, Longaker MT, Sharma S. The<br />

dorsal scapular island flap: an alternative for head, neck, and chest<br />

reconstruction. Plast Reconstr Surg. 2003;111(1):67-78.<br />

9. Angrigiani C. Dorsal scapular artery perforator flap. In: Blon<strong>de</strong>el PN,<br />

Morris SF, Hallock GG, Neligan PC, eds. Perforator flaps: anatomy,<br />

technique & clinical applications.1 st ed. St. Louis:Quality;2006.<br />

p.461-70.<br />

10. Gregor RT, Davidge-Pitts KJ. Trapezius osteomyocutaneous flap for<br />

mandibular reconstruction. Arch Otolaryngol. 1985;111(3):198-<br />

203.<br />

11. Haas F, Weiglein A. Trapezius flap. In: Wei FC, Mardini S, eds.<br />

Flaps and reconstructive surgery. 1 st ed. Phila<strong>de</strong>lphia: Saun<strong>de</strong>rs<br />

Elsevier;2009. p.249-69.<br />

Trabalho realizado no Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.<br />

Artigo recebido: 15/5/2010<br />

Artigo aceito: 11/8/2010<br />

Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2010; 13(4): 259-62<br />

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