MULHERES <strong>OAB</strong> IN FOCO 6 seus postos de destaque . É interessante observar que esse fenômeno não é exclusivo da advocacia. Ele permeia todo o Judiciário. No Supremo Tribunal Federal, há apenas a ministra Carmen Lúcia, e aguarda-se que a vaga deixada pela sua colega Ellen Gracie seja ocupada por outra mulher. No Superior Tribunal de Justiça, dos 33 ministros em atividade, contam-se somente cinco mulheres — as ministras Laurita Vaz, Eliana Calmon, Fátima Nancy Andrighi, Isabel Galotti e Maria Teresa de Assis Moura. E no Tribunal Superior do Trabalho, de 27 ministros, apenas seis mulheres — Maria Cristina Peduzzi, Rosa Maria Weber, Maria de Assis Calsing, Dora Maria da Costa, Katia Magalhães e Delaíde Arantes. Ora, se nós, mulheres, somos a maioria nas faculdades de Direito de todo o País, representamos hoje quase a metade dos inscritos nas seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, temos constitucionalmente os mesmos direitos e os mesmos deveres dos homens, lutamos tanto por nossa igualdade, inserção e respeito, já ocupamos a presidência do Brasil, por que a nossa participação em cargos de direção ou em postos de destaque ainda é tão pequena? Refuto qualquer análise que nos leve a concluir que esse fenômeno tenha a sua origem num aparente desinteresse ou falta de estímulo das mulheres em alcançar cargos de direção. Em todo o mundo, e em nosso País em particular, que ainda guarda traços marcantes de uma sociedade discriminatória, é preciso ir mais fundo quando se trata da relação do poder com a mulher. O caminho que temos percorrido, sem nenhuma sombra de dúvida, é mais tortuoso. Além da carência de creches, por falta de políticas públicas a favor das mulheres – mães, da falta de divisão de tarefas domésticas entre casais, em razão da arraigada cultura machista que permeia a maioria das entidades familiares, as estatísticas estão aí, a revelar que o preconceito ainda é latente: • Mesmo apresentando mais anos de estudo e competência, as mulheres trabalhadoras continuam recebendo salários em média 70% inferiores aos dos homens. • As mulheres negras recebem, também em média, metade do rendimento das mulheres brancas. • Cerca de dez milhões de mulheres no Brasil correm risco de gravidez indesejada por uso inadequado e falta de conhecimento de métodos anticoncepcionais. • Quatro mulheres são espancadas a cada minuto em nosso País. Espalhados pelo mundo, outros casos dramáticos de violação aos direitos humanos do gênero feminino se perpetram. Há ainda mulheres, como as iranianas , que podem ser condenadas à morte sob extrema violência, subjulgadas ao apredejamento, violentadas por seus próprios parentes, ou brutalizadas em razão de costumes culturais. Mostro, assim, neste breve discurso, que nossa luta continua sendo atual e diária e por vários e vários motivos não estamos, ainda, nas lideranças em maioria. Por isso, as mulheres, especialmente as mulheres advogadas e as integrantes de todas as carreiras jurídicas , devem estar em permanente combate. Nós temos plena consciência sobre o papel da condição feminina na sociedade, principalmente onde as tradições culturais induzem ao errático conceito da desigualdade dos gêneros. É chegado o tempo de privilegiarmos a opção pela liderança e assunção de postos dentro das nossas múltiplas tarefas. A efetiva participação da mulher , especialmente das mulheres das carreiras jurídicas , em todos os segmentos da sociedade é a forma de protagonizar mudanças nas relações de poder, no mercado de trabalho, nos valores culturais, nos padrões comportamentais. Os espaços conquistados resultam do esforço próprio, não de concessões. É nossa atitude profissional como advogadas, magistradas, procuradoras ou em qualquer outro ramo do Direito que se encarrega, afinal, de quebrar barreiras, desafiar convenções, diminuir diferenças, extinguir preconceitos e combater discriminações, que nos colocará nos cargos que queremos almejar . Não há espaço para a idéia retrógrada de que somos cidadãs de segunda classe. Nunca fomos e nunca seremos. Parabéns às mulheres! Muito Obrigada!
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