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Volume 30 No 1 - sbmet

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Boletim SBMET abril/06<br />

refletirão em cenários mais favoráveis no futuro?<br />

Estas duas questões embutem uma discussão que<br />

há muito vem sendo travada no meio acadêmico e que<br />

envolve a Meteorologia e suas incursões na climática<br />

global e na Economia. E, por certo, para tais temas,<br />

a polêmica é um dos seus principais indutores. As<br />

discussões na Meteorologia dividem aqueles que<br />

defendem que as mudanças climáticas globais têm<br />

sido aceleradas pelo modus operandi humano na Terra,<br />

daqueles que acreditam que tais mudanças são parte<br />

de um movimento cíclico natural do planeta e sua<br />

atmosfera. Da mesma forma, na Economia há os que<br />

acreditam que sem uma mudança radical na forma<br />

com que o ser humano usufrui os recursos naturais do<br />

planeta, estaremos fadados à auto-destruição, enquanto<br />

outras correntes defendem a hipótese de que mudanças<br />

gradativas, que não rompam com o padrão civilizatório<br />

vigente (baseado no conceito ocidental), mas que<br />

alterem o curso de algumas ações, podem nos conduzir<br />

a um mundo sustentável.<br />

Este conceito, o de sustentabilidade, que ganhou<br />

impulso a partir das concentrações ambientais<br />

multilaterais dos anos 70, de certa forma virou “lugar<br />

comum” nas teses acadêmicas que tratam de mudanças<br />

climáticas e suas influências econômicas. Mais<br />

recentemente, o termo foi estendido a duas vertentes:<br />

as sustentabilidades fraca e forte. A primeira reflete a<br />

busca, na economia, da inserção da questão ambiental<br />

em termos de valor monetário e de compensação da<br />

redução do capital natural pelo incremento no capital<br />

humano. Por sua vez, a sustentabilidade forte implicaria<br />

em que as funções econômicas fossem subordinadas às<br />

funções ecológicas, ressaltando a não substitutibilidade<br />

do capital natural 1 . Em outras palavras, voltamos ao<br />

dualismo inicial.<br />

Aparte às conjecturas em torno de um dualismo<br />

constante no pensamento humano 2 , o fato é que as<br />

mudanças na forma de uso e transformação dos recursos<br />

pelo homem são absolutamente necessárias, em maior<br />

ou menor grau, e não podem prescindir de um grande<br />

aparato de informação, em especial da informação<br />

meteorológica.<br />

Um dos aspectos que mais chama a atenção em<br />

relação a estas mudanças é o que diz respeito ao<br />

consumo de energia pela humanidade. Se até pouco<br />

tempo atrás tudo o que importava era a longevidade da<br />

fonte explorada, paulatinamente as atenções se voltam<br />

para características como geração de resíduos, consumo<br />

de água e emissões atmosféricas. <strong>No</strong> entanto, as decisões<br />

tomadas neste sentido ainda carecem de uma análise de<br />

maior espectro, sistêmica. Neste contexto se insere a<br />

possível substituição do petróleo pelo hidrogênio como<br />

principal fonte energética, motivada pela exaustão das<br />

reservas do combustível fóssil e também pela pressão<br />

mundial para uma redução das emissões atmosféricas<br />

de gases estufa. O caso ilustra a discussão tratada<br />

anteriormente: 1) os modelos de mudanças climáticas<br />

globais apontam a necessidade de redução de emissões<br />

atmosféricas, mesmo que não o façam precisamente;<br />

2) países com alguma preocupação de sustentabilidade<br />

estabelecem acordos multilaterais para redução de<br />

emissões e o fazem baseados em instrumentos de<br />

mercado, de forma que não se altere significativamente<br />

o mecanismo do capitalismo global; 3) a indústria do<br />

petróleo se prepara para um momento de inflexão na<br />

curva de oferta, relacionada às reservas conhecidas do<br />

combustível, adequando um possível soft landing nos<br />

efeitos da exaustão das fontes; 4) grupos de vanguarda e<br />

até mesmo companhias tradicionais de petróleo, passam<br />

a investir em tecnologia de hidrogênio e outras energias<br />

alternativas. Ao longo do processo, a inserção de novas<br />

informações científicas oriundas da Meteorologia pode<br />

alterar significativamente o desenvolvimento destas<br />

novas fontes e/ou o grau de investimento na velha<br />

energia.<br />

É preciso ressaltar um ponto importante sobre as<br />

análises sistêmicas envolvendo os modelos inclusivos<br />

em meteorologia-ambiente-economia. Assim como<br />

em qualquer modelagem sistêmica, o número de<br />

variáveis envolvidas é muito alto e qualquer fator de<br />

retro-alimentação pode transformar significativamente<br />

o resultado. Assim, nos casos em que o aumento da<br />

eficiência, ou da produtividade, no uso de uma fonte<br />

energética pode influenciar o aumento do consumo desta<br />

fonte por outras atividades que antes não a demandavam,<br />

o resultado final pode ser uma ampliação do consumo<br />

geral e, conseqüentemente, uma alteração completa dos<br />

dados modelados.<br />

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