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Saco do Morcego - Jornal Maranduba News

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<strong>Maranduba</strong>, 18 de Maio de 2011 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano 2 - Edição 25<br />

Foto: Ezequiel <strong>do</strong>s Santos<br />

<strong>Saco</strong> <strong>do</strong> <strong>Morcego</strong><br />

Um local que ainda guarda grandes mistérios <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>


Página 2 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Editorial<br />

A profissão de fotógrafo me<br />

presenteia com momentos<br />

inesquecíveis. Na semana passada<br />

fiz um vôo para registrar<br />

Ubatuba de ponta a ponta.<br />

Ao decolar, seguimos rumo<br />

ao norte perpendicular a vertente<br />

da serra. Somente lá em<br />

cima, a <strong>do</strong>is ou três mil pés é<br />

possível perceber a grandeza<br />

deste município. A mata fechada<br />

com suas <strong>do</strong>bras, picos<br />

e penhascos formam uma paisagem<br />

ímpar, revelan<strong>do</strong> uma<br />

verdadeira muralha que nos<br />

separa <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba.<br />

Olhan<strong>do</strong> para o litoral podemos<br />

perceber a beleza <strong>do</strong><br />

recorta<strong>do</strong> relevo das baías,<br />

penínsulas, praias e ilhas que<br />

formam nossa costa.<br />

No Sertão <strong>do</strong> Puruba, por<br />

exemplo, existe uma planície<br />

recortada pelo rio que serpenteia<br />

em meio a uma vegetação<br />

mista de mata rasteira, capim<br />

baixo e arbustos que parece<br />

cenas da savana africana que<br />

só vemos em <strong>do</strong>cumentários<br />

da Discovery. Uma enorme<br />

lagoa se destaca nessa paisagem<br />

onde, segun<strong>do</strong> dizem,<br />

foi causada pela queda de um<br />

meteorito há centenas ou milhares<br />

de anos.<br />

Retornan<strong>do</strong> pelo litoral podemos<br />

apreciar o costão que<br />

fica na divisa entre os esta<strong>do</strong>s<br />

de SP e RJ onde o mar bravio<br />

castiga constantemente as rochas,<br />

proporcionan<strong>do</strong> um espetáculo<br />

de espuma e beleza.<br />

Sobrevoan<strong>do</strong> as ilhas das Couves,<br />

Almada e outras se percebe<br />

o quanto Ubatuba é bonita.<br />

Porém quan<strong>do</strong> se aproximamos<br />

novamente da região central<br />

percebemos um contraste<br />

significativo devi<strong>do</strong> à ocupação<br />

imobiliária.<br />

O que mais destoa são as<br />

ocupações nas encostas <strong>do</strong>s<br />

morros, principalmente na região<br />

leste, Sertão <strong>do</strong> Perequê<br />

Mirim, Lagoinha e Araribá. Nota-se<br />

pequenos focos de habitação<br />

em meio à mata que parecem<br />

estar crescen<strong>do</strong>. Faço<br />

esse tipo de fotos há quase<br />

dez anos e pude comprovar<br />

isso em meus arquivos.<br />

Mas não é só nas encostas<br />

da serra que isso acontece.<br />

Verdadeiras mansões em penínsulas<br />

e costões também<br />

se destacam. Concluo que<br />

as pessoas com baixo poder<br />

aquisitivo se embrenham serra<br />

acima enquanto as com alto<br />

poder aquisitivo se instalam<br />

em locais “licencia<strong>do</strong>s” com as<br />

mais privilegiadas vistas para<br />

o mar, com direito a desmatamento,<br />

aterro, heliporto, píer<br />

e estrada de acesso particular.<br />

Isso prova que Ubatuba é a<br />

mais democrática das cidades,<br />

abrigan<strong>do</strong> tanto os desafortuna<strong>do</strong>s<br />

como os financeiramente<br />

privilegia<strong>do</strong>s.<br />

Por enquanto a distância entre<br />

esses extremos ainda é grande.<br />

Meu me<strong>do</strong> é que eles se encontrem.<br />

Aí não vai ter mais nada<br />

de bonito para se ver.<br />

Emilio Campi<br />

Ibama embarga atividades <strong>do</strong><br />

Píer Estadual <strong>do</strong> <strong>Saco</strong> da Ribeira<br />

Saulo Gil/Imprensa Livre<br />

A falta de licenciamento sobre<br />

atividades potencialmente polui<strong>do</strong>ras<br />

poderá suspender alguns<br />

serviços realiza<strong>do</strong>s no Píer<br />

Estadual <strong>do</strong> <strong>Saco</strong> da Ribeira. O<br />

espaço público, que é geri<strong>do</strong><br />

pelo Governo Paulista, já tinha<br />

sofri<strong>do</strong> autuações <strong>do</strong> Ibama,<br />

em conjunto com o Ministério<br />

Público Federal, no ano passa<strong>do</strong>.<br />

Nessa semana, a administração<br />

<strong>do</strong> píer recebeu novo <strong>do</strong>cumento<br />

oficial assina<strong>do</strong> pelos<br />

órgãos cita<strong>do</strong>s, determinan<strong>do</strong><br />

a suspensão de atividades potencialmente<br />

polui<strong>do</strong>ras na Marina<br />

pública, a partir da próxima<br />

segunda-feira.<br />

Entre os serviços que foram<br />

embarga<strong>do</strong>s, estão a manutenção<br />

e pintura de embarcações,<br />

além <strong>do</strong> desembarque de pesca<strong>do</strong>.<br />

A falta de adequações<br />

e investimentos na estrutura<br />

local vem se intensifican<strong>do</strong> há<br />

anos. A necessidade de melhoria<br />

ficou ainda mais evidente<br />

após a implantação <strong>do</strong> Projeto<br />

Marinas, da Cetesb, que promoveu<br />

adequações ambientais<br />

em boa parte das instalações<br />

náuticas privadas <strong>do</strong> Litoral<br />

Norte.<br />

Entretanto, o Píer Estadual<br />

<strong>do</strong> <strong>Saco</strong> da Ribeira prosseguiu<br />

com praticamente as mesmas<br />

estruturas, porém, o movimento<br />

e atividades no local<br />

seguiram em ritmo crescente.<br />

Com a recente determinação<br />

de embargo das atividades<br />

potencialmente polui<strong>do</strong>ras,<br />

o espaço poderá deixar de<br />

atender uma grande demanda<br />

de desembarque <strong>do</strong> pesca<strong>do</strong><br />

ubatubense. A estimativa atual<br />

é de que mais da metade<br />

da carga pesqueira da cidade<br />

seja escoada por meio <strong>do</strong> píer.<br />

A administração local ressalta<br />

que os investimentos necessários<br />

para as adequações são<br />

de médio prazo. Além disso,<br />

os técnicos da Fundação Florestal,<br />

órgão que administra<br />

o espaço, admitem que as<br />

melhorias só devam ocorrer<br />

por meio de parcerias. “O fato<br />

é que precisamos de apoio<br />

para que essa situação seja<br />

realmente modificada. É preciso<br />

a participação de to<strong>do</strong>s,<br />

tanto daqueles que utilizam o<br />

píer, como da prefeitura e até<br />

<strong>do</strong> Governo Federal”, ressalta<br />

o técnico ambiental da Fundação<br />

Florestal, Carlos Roberto<br />

Paiva. Até o fechamento dessa<br />

edição a gestão <strong>do</strong> Píer<br />

Estadual <strong>do</strong> <strong>Saco</strong> da Ribeira<br />

tentava marcar para próxima<br />

segunda-feira uma reunião<br />

com o Ibama para definir a<br />

situação <strong>do</strong>s embargos previstos.<br />

Segun<strong>do</strong> Carlos Paiva<br />

a proibição <strong>do</strong> desembarque<br />

<strong>do</strong> pesca<strong>do</strong> se dá apenas para<br />

os barcos profissionais e não<br />

ama<strong>do</strong>res. No entanto, a administração<br />

<strong>do</strong> píer diz não<br />

saber qual parâmetro utilizar<br />

para diferenciar as categorias.<br />

A única certeza é de que a manutenção<br />

e pintura de embarcações<br />

na parte terrestre da<br />

marina estarão embargadas<br />

na próxima segunda.<br />

Edita<strong>do</strong> por:<br />

Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.<br />

Caixa Postal 1524 - CEP 11675-970<br />

Fones: (12) 3832.2067 (12) 9714.5678 / (12) 7813.7563<br />

Nextel ID: 55*96*28016<br />

e-mail: jornal@maranduba.com.br<br />

Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: mensal<br />

Responsabilidade Editorial:<br />

Emilio Campi<br />

Colabora<strong>do</strong>res:<br />

Adelina Campi, Ezequiel <strong>do</strong>s Santos e Fernan<strong>do</strong> A. Trocole<br />

Os artigos assina<strong>do</strong>s são de inteira responsabilidade de seus autores<br />

e não refletem a opinião da direção deste informativo


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 3<br />

PSDB de Ubatuba oficializa Tucanafro<br />

EZEQUIEL DOS SANTOS<br />

Na noite <strong>do</strong> último dia 13,<br />

indígenas, quilombolas, afro-<br />

-descendentes, pesca<strong>do</strong>res,<br />

agricultores e colabora<strong>do</strong>res<br />

da causa se reuniram na Câmara<br />

Municipal de Ubatuba<br />

para oficializar o movimento<br />

Tucanfro <strong>do</strong> PSDB municipal.<br />

O evento foi dirigi<strong>do</strong> pelo<br />

vice-presidente <strong>do</strong> parti<strong>do</strong><br />

Marcilio Lopes, já que seu presidente<br />

estava em audiência<br />

no fórum local. Participou <strong>do</strong><br />

evento o Presidente Estadual<br />

da Comissão Executiva <strong>do</strong><br />

Tucanafro o professor Carlos<br />

Augusto Santos, que proferiu<br />

palestra sobre o papel <strong>do</strong><br />

Secretaria<strong>do</strong> frente às ações<br />

afirmativas, estatuto da Igualdade<br />

Racial e as Conferencias<br />

para Igualdade Racial. Ele ainda<br />

deu posse à comissão provisória<br />

da Tucanafro - PSDB<br />

diretório Ubatuba com to<strong>do</strong><br />

o apoio e reconhecimento da<br />

executiva <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>.<br />

Professor Carlos confessou<br />

No último dia 5 de maio, por<br />

solicitação <strong>do</strong> verea<strong>do</strong>r Rogério<br />

Frediani-PSDB o deputa<strong>do</strong> federal<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong>,<br />

também <strong>do</strong> PSDB, entrou com<br />

um Projeto de Lei na Câmara<br />

Federal autorizan<strong>do</strong> o Poder<br />

Executivo a criar a Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Litoral Norte de<br />

São Paulo – a UFLN.<br />

O Projeto de Lei de nº<br />

884/2011 aguarda despachos<br />

das comissões de educação e<br />

cultura, administração e serviço<br />

público, finanças e tributação,<br />

constituição e justiça. O<br />

Congresso Nacional já decretou<br />

o projeto aguardan<strong>do</strong> apenas a<br />

conclusão das comissões relacionadas<br />

ao tema para votação.<br />

O deputa<strong>do</strong> Luiz Fernan<strong>do</strong><br />

que se emocionou quan<strong>do</strong> viu<br />

a diversidade étnica e cultural<br />

que é a Tucanafro de Ubatuba.<br />

“Nunca vi nada igual, é a primeira<br />

vez que vejo tanta diversidade<br />

juntas” comenta o presidente<br />

estadual da Tucanafro.<br />

O professor se espantou com<br />

o numero de participantes, cerca<br />

de 120 no total, de todas as<br />

regiões <strong>do</strong> município. Segun<strong>do</strong><br />

Carlos Augusto esta informação<br />

será levada pessoalmente ao<br />

governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, já que<br />

a Tucanafro recebe um carinho<br />

especial <strong>do</strong> próprio governa<strong>do</strong>r<br />

Geral<strong>do</strong> Alckmin. Ele não<br />

se conteve e tirou fotos com os<br />

representantes das aldeias no<br />

município.<br />

No ato <strong>do</strong> encerramento, em<br />

ritmo de festa, houve saudações<br />

afro e apresentação de<br />

capoeira no plenário da Câmara<br />

Municipal. A comissão foi composta<br />

até mesmo por membros<br />

<strong>do</strong>s ditos “quilombos urbanos”<br />

Prof. Carlos Augusto Santos,<br />

Presidente Estadual da Comissão<br />

Executiva <strong>do</strong> Tucanafro<br />

que tem em seu sangue a afrodescendencia<br />

mãe.<br />

“A oficialização <strong>do</strong> movimento<br />

Tucanafro em Ubatuba faz<br />

história neste momento tão importante<br />

às comunidades que<br />

trazem em suas raízes históricas<br />

e culturais a formação <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> Bandeirante e <strong>do</strong> Brasil”,<br />

comentou o presidente <strong>do</strong><br />

parti<strong>do</strong> Rogério Frediani.<br />

Frediani solicita a deputa<strong>do</strong> Projeto de Universidade Federal<br />

cumpre a palavra dada ao verea<strong>do</strong>r,<br />

que estava afasta<strong>do</strong>,<br />

ainda no perío<strong>do</strong> da última<br />

campanha eleitoral de trazer<br />

benefícios à população.<br />

Para o projeto, os assessores<br />

e o verea<strong>do</strong>r ficaram até mais<br />

tarde para elaborar sua justificativa.<br />

No <strong>do</strong>cumento o deputa<strong>do</strong><br />

coloca Ubatuba como<br />

cidade pólo da regiao <strong>do</strong> litoral<br />

norte, já que Caraguatatuba,<br />

São Sebastião e Ilhabela possuem<br />

outros investimentos de<br />

grande porte.<br />

A universidade “peixe com<br />

banana verde” atenderá to<strong>do</strong><br />

o Litoral Norte e tem como objetivo<br />

ministrar o ensino superior,<br />

sob suas diferentes formas<br />

e modalidades, nos diversos<br />

campos <strong>do</strong> saber, desenvolver<br />

a pesquisa nas diferentes áreas<br />

<strong>do</strong> conhecimento e promover a<br />

extensão universitária.<br />

A universidade tem ainda outro<br />

importante papel no Litoral<br />

Norte que é a de afirmar a integração<br />

regional, já que está<br />

fora das ditas regiões metropolitanas<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.<br />

Frediani está satisfeito com<br />

o empenho <strong>do</strong> deputa<strong>do</strong> Luiz<br />

Fernan<strong>do</strong> frente ao projeto, já<br />

era uma solicitação muito antiga<br />

da população de Ubatuba<br />

e de to<strong>do</strong> o litoral. “O deputa<strong>do</strong><br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> tem si<strong>do</strong> um<br />

grande parceiro de nossa população,<br />

já o considero amigo<br />

de Ubatuba, ele sempre tem<br />

nos atendi<strong>do</strong>”, comenta o verea<strong>do</strong>r<br />

Rogério Frediani sobre o<br />

amigo deputa<strong>do</strong>.


Página 4 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Ubatuba comemora conservação <strong>do</strong> solo<br />

e faz reflexão sobre o dia <strong>do</strong> índio<br />

Ubatuba promoveu curso e<br />

dia de campo em comemoração<br />

ao dia mundial da conservação<br />

<strong>do</strong> solo.<br />

O curso foi realiza<strong>do</strong> no último<br />

dia 26 de abril em ambiente<br />

oficina, com troca de experiências<br />

entre os participantes e visita<br />

de campo a uma unidade<br />

de referência agroecológica. A<br />

palestrante foi a pesquisa<strong>do</strong>ra<br />

Dra. Elaine Bahia Wutke, especialista<br />

em adubos verdes <strong>do</strong><br />

Instituto Agronômico de Campinas.<br />

O curso também contou<br />

com a participação de agricultores<br />

familiares que já puderam<br />

experimentar o uso de<br />

adubos verdes, que relataram<br />

suas experiências.<br />

O curso falou sobre o cultivo<br />

de adubos verdes em geral,<br />

coleta de sementes, aplicação<br />

e vantagens, retorno econômico<br />

e viabilidade de uso para<br />

os principais cultivos <strong>do</strong> Litoral<br />

Norte: hortaliças diversas, banana<br />

e mandioca.<br />

Para o Engenheiro Agrônomo<br />

Antônio Marchiori – Extensionista<br />

da CATI em Ubatuba – “O<br />

uso de adubos verdes é uma<br />

tecnologia simples e barata,<br />

adequada para utilização pela<br />

agricultura familiar. Seu uso<br />

permite a recuperação da terra<br />

de forma relativamente rápida,<br />

com o aumento da matéria orgânica<br />

<strong>do</strong> solo. Mas para fazer<br />

uso desta tecnologia, a escolha<br />

das espécies mais adaptadas<br />

e o plantio na época adequada<br />

são fundamentais. Daí a<br />

importância <strong>do</strong> conhecimento<br />

e da experimentação nas propriedades<br />

rurais – em unidades<br />

que vão servir como referência.<br />

O clima <strong>do</strong> bioma Mata Atlântica<br />

no litoral paulista é muito<br />

propício para a produção de<br />

biomassa vegetal, porém é<br />

preciso saber manejar o mato”<br />

– explicou o Extensionista.<br />

Dra. Elaine Wutke <strong>do</strong> IAC fala sobre adubos verdes para agricultores<br />

familiares, indígenas e quilombolas em Ubatuba<br />

Estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pela Unidade<br />

de Pesquisa e Desenvolvimento<br />

de Ubatuba da APTA (Agência<br />

Paulista de Tecnologia <strong>do</strong>s<br />

Agronegócios), com apoio de<br />

campo da CATI, verificou que,<br />

to<strong>do</strong>s os herbicidas testa<strong>do</strong>s, em<br />

diversos tipos de solos da região,<br />

colocavam em risco de contaminação<br />

os recursos hídricos.<br />

Por meio <strong>do</strong> Projeto Redes<br />

de Unidades de Referência<br />

Agroecológica e <strong>do</strong> Programa<br />

de Microbacias II foram implanta<strong>do</strong>s<br />

em Ubatuba alguns<br />

campos de observação de plantio<br />

de adubos verdes (sete espécies).<br />

Depois da palestra da<br />

Dra. Elaine Wutke na Casa da<br />

Agricultura de Ubatuba, os produtores<br />

visitaram um destes<br />

campos de observação, onde<br />

foram discutidas vantagens<br />

e dificuldades para o uso de<br />

adubos verdes. Quem recebeu<br />

a visita foi o produtor Caetano<br />

<strong>do</strong>s Santos, que além <strong>do</strong>s adubos<br />

verdes já utiliza outras práticas<br />

agroecológicas.<br />

A CATI de Ubatuba participa<br />

de <strong>do</strong>is projetos financia<strong>do</strong>s<br />

pelo CNPq - além <strong>do</strong> Projeto<br />

Redes de Unidades de Referência<br />

– coordena<strong>do</strong> pela pesquisa<strong>do</strong>ra<br />

Silvia Rocha Moreira<br />

da APTA, também participa <strong>do</strong><br />

Projeto Flores Tropicais, coordena<strong>do</strong><br />

pelo pesquisa<strong>do</strong>r Carlos<br />

Castro – <strong>do</strong> IAC, onde vem<br />

se destacan<strong>do</strong> o cultivo de helicônias.<br />

Estes <strong>do</strong>is projetos foram idealiza<strong>do</strong>s<br />

em reunião realizada<br />

com a presença <strong>do</strong> coordena<strong>do</strong>r<br />

da CATI – o engenheiro<br />

agrônomo José Luiz Fortes<br />

quan<strong>do</strong> em visita a Unidade de<br />

Pesquisa de Ubatuba.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s até o<br />

momento são promissores,<br />

com a crescente a<strong>do</strong>ção das<br />

tecnologias agroecológicas de<br />

baixo custo preconizadas –<br />

como biofertilizantes, caldas<br />

protetoras , uso de composto<br />

e construção de estruturas<br />

de bambu para cultivo protegi<strong>do</strong><br />

de baixo custo (“estufa<br />

Ubatuba”).<br />

Além <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso,<br />

os participantes também elogiaram<br />

o desempenho da equipe<br />

de apoio – Regina Moscar<strong>do</strong><br />

(foto) e Valéria Cristina Barbosa,<br />

que ficaram na retaguarda<br />

da realização <strong>do</strong> evento.<br />

O curso foi realiza<strong>do</strong> em ambiente<br />

de confraternização <strong>do</strong>s<br />

participantes, que puderam<br />

degustar o sabor da deliciosa<br />

mandioca amarelinha, ente outros<br />

quitutes.<br />

Lenda: A Caveirinha<br />

Marta Ap de Faria Tanuri<br />

Quan<strong>do</strong> se fala em mata, já<br />

vem logo uma sensação de<br />

arrepio... Devem ser reflexos<br />

psicológicos <strong>do</strong>s “causos” que<br />

nossos avôs e avós contavam<br />

ao entardecer. A lenda e os<br />

contos sempre foram prática<br />

da comunidade mais antiga e<br />

repassada para os seus descendentes.<br />

Ainda mais que a comunidade<br />

atual, os “caiçaras de antigamente”,<br />

viviam também da<br />

caça. E assim como os demais,<br />

meu avô, Pedro Faria, pessoa<br />

vinda da cidade de Natividade<br />

da Serra, tinha esse costume.<br />

Juntava-se aos seus amigos,<br />

companheiros de roça, que tinham<br />

uma realidade parecida,<br />

pouca renda e muitos filhos, e<br />

iam caçar para ajudar no sustento<br />

da casa. E lá se metiam<br />

mata a dentro, sem me<strong>do</strong> ou<br />

receio, prontos para montar<br />

um barraco em meio a floresta<br />

e ficar por lá dias.<br />

E numa destas idas à mata,<br />

meu avô contava um “causo”<br />

curioso que acontecera com ele<br />

certa vez.<br />

Estava ele caçan<strong>do</strong>, subin<strong>do</strong><br />

a mata da “Cotia”, quan<strong>do</strong><br />

olhou para o chão e encontrou<br />

um objeto curioso, pegou e<br />

analisou cuida<strong>do</strong>samente, era<br />

uma caveira no tamanho de<br />

um polegar. Achou um tanto<br />

estranho, uma caveira daquele<br />

tamanho, e pensou que<br />

tipo de animal poderia ser com<br />

aparência de crânio humano?<br />

Guar<strong>do</strong>u em seu bolso, e continuou...<br />

Até que se viu perdi<strong>do</strong> e<br />

todas as direções que tomava,<br />

não o levava a lugar nenhum.<br />

Sentia-se tonto e sem saída, o<br />

céu escurecia, e o caminho de<br />

volta ao barraco parecia cada<br />

vez mais difícil de encontrar.<br />

Aí lembrou-se da danada caveirinha<br />

em seu bolso, e assim<br />

percebeu: “_ É essa cabecinha<br />

aqui que tá me atrapalhan<strong>do</strong>!”<br />

Assim lançou sem dúvida<br />

aquele objeto estranho mato<br />

afora, só assim pôde voltar ao<br />

barraco antes que a noite caísse<br />

de vez.<br />

Ao voltar pra casa, meu avô<br />

contou esse episódio aos filhos,<br />

esposa e amigos, demonstran<strong>do</strong><br />

me<strong>do</strong> e suspense, reações<br />

que até então não existiam na<br />

face corajosa de Pedro Faria.


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 5<br />

Motoclube inicia<br />

campanha <strong>do</strong><br />

Agasalho<br />

O Motoclube Dose Letal inicia<br />

sua campanha de arrecadação<br />

de roupas e cobertores. É o<br />

inicio de mais uma ação social<br />

promovida por seus associa<strong>do</strong>s.<br />

Sob o titulo “Não importa<br />

o tamanho da sua <strong>do</strong>ação – P,<br />

M ou G” muitos mora<strong>do</strong>res já<br />

fizeram a sua parte. Para isto<br />

basta você entregar a <strong>do</strong>ação<br />

na Adega D’Menor no bairro <strong>do</strong><br />

Sertão da Quina com Josué.<br />

Sessão da<br />

Câmara Municipal<br />

de Ubatuba na<br />

Região Sul<br />

Na área social da Adega<br />

D’Menor no bairro <strong>do</strong> Sertão<br />

da Quina serão exibidas as reprises<br />

das Sessões de Câmaras<br />

<strong>do</strong> município. A exibição será<br />

todas as terças–feiras às 19<br />

horas e lá você poderá acompanhar<br />

os trabalhos <strong>do</strong>s verea<strong>do</strong>res<br />

de Ubatuba. Confira.<br />

Região Sul é tema de programa da TV Novo Tempo<br />

EMILIO CAMPI<br />

Nos últimos dias 2 e 3 de maio,<br />

a TV Novo Tempo realizou entrevistas<br />

e filmagens para o<br />

programa “De Passagem” que<br />

trata de curiosidades, história,<br />

esportes, paisagens, novidades<br />

entre outros de cada<br />

região <strong>do</strong> país e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Desta vez esteve mostran<strong>do</strong> a<br />

história da região através das<br />

Ruínas da Lagoinha, a antiga<br />

fazenda <strong>do</strong> barão João Alves<br />

da Silva Porto. Vários assuntos<br />

foram aborda<strong>do</strong>s pelo apresenta<strong>do</strong>r<br />

Tiago como datas,<br />

mo<strong>do</strong> de vida, a construção,<br />

a crueldade com os escravos,<br />

seu funcionamento, a fábrica<br />

de vidros e muito mais. A entrevista<br />

foi realizada com Ezequiel<br />

<strong>do</strong>s Santos, que contou<br />

detalhes deste perío<strong>do</strong>.<br />

Depois foi a vez <strong>do</strong> esporte,<br />

onde foi mostrada uma novidade<br />

que vem crescen<strong>do</strong> no<br />

mun<strong>do</strong> – o Stand up. Trata-se<br />

de uma modalidade de esporte<br />

que utiliza um pranchão e<br />

um remo, na grande maioria é<br />

rema<strong>do</strong> em pé. Pode-se dizer<br />

que é o bisneto da canoa. O<br />

shaper Luciano (Lú) é quem<br />

produz esta prancha por aqui.<br />

Ele já mostrou sua habilidade<br />

e o pranchão em outras entrevistas<br />

receben<strong>do</strong> telefonemas<br />

e e-mails de to<strong>do</strong> o Brasil perguntan<strong>do</strong><br />

sobre a novidade.<br />

A equipe de TV chegou até<br />

a região por um contato realiza<strong>do</strong><br />

no final de 2010 por<br />

Luciano, que junto ao <strong>Jornal</strong><br />

<strong>Maranduba</strong> organizou e recebeu<br />

o programa. O programa<br />

é visto no canal 141 da Sky<br />

e no Vale <strong>do</strong> Paraíba, dependen<strong>do</strong><br />

da região, nos canais<br />

15, 17 e 30. Ele é exibi<strong>do</strong> as<br />

quartas-feiras as 14:30 hs.,<br />

com reprises aos <strong>do</strong>mingos as<br />

11 da manhã e segunda duas<br />

da tarde.<br />

Com imagens <strong>do</strong> câmera<br />

Ricar<strong>do</strong>, mais conheci<strong>do</strong> como<br />

Avatar, o programa possui,<br />

além de uma abordagem interessante,<br />

imagens espetaculares<br />

que cativa qualquer<br />

um, principalmente o público<br />

jovem.<br />

Quem quiser saber mais sobre<br />

o programa é só acessar www.<br />

novotempo.com.br/depassagem<br />

e se deliciar com as experiências<br />

vividas pela equipe no<br />

Brasil e mun<strong>do</strong> afora.<br />

A equipe da Novo Tempo<br />

recebeu camisetas “Eu amo<br />

Ubatuba”, se deliciou com os<br />

quitutes prepara<strong>do</strong>s pelo restaurante<br />

Petit Poá, da comerciante<br />

Giovana Costa, receben<strong>do</strong><br />

elogios pela qualidade.<br />

Segun<strong>do</strong> eles a idéia é voltar<br />

mais vezes para Ubatuba já que<br />

tem muita coisa para mostrar.


Página 6 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Alunos da escola Tiana Luiza entrevistam educa<strong>do</strong>r<br />

EZEQUIEL DOS SANTOS<br />

No ultimo dia 02 de março,<br />

alunos da escola municipal<br />

Tiana Luiza <strong>do</strong> Araribá tiveram<br />

uma grata surpresa com a visita<br />

<strong>do</strong> mestre em educação<br />

professor José Pacheco. Ele é<br />

educa<strong>do</strong>r na Escola da Ponte<br />

em Portugal, tem casa em Belo<br />

Horizonte - MG e nos últimos<br />

nos realizou visitas a escola <strong>do</strong><br />

Araribá. Desta vez foi convida<strong>do</strong><br />

a participar de entrevista<br />

coletiva com os alunos sobre<br />

seu trabalho em Educação.<br />

Nesta visita Pacheco teve<br />

uma conversa com os professores<br />

onde levantou algumas<br />

reflexões educacionais, em outro<br />

momento foi à sala de aula<br />

conversar com os alunos e depois<br />

a tão sonhada entrevista<br />

com os alunos. As atividades<br />

têm apoio da Secretaria Municipal<br />

de Educação, <strong>do</strong>s pais,<br />

da comunidade e <strong>do</strong>s amigos<br />

daquela escola. O convite da<br />

direção da escola ao educa<strong>do</strong>r<br />

ocorreu no 1º Congresso Internacional<br />

de Educação e teve<br />

to<strong>do</strong> apoio de Pacheco.<br />

A entrevista foi realizada pelos<br />

alunos Priscila, Bruna, Yasmim,<br />

Débora, Andressa, Querem,<br />

Lucas, Rafael, Victor, Rafael<br />

Macha<strong>do</strong> e Marcos, to<strong>do</strong>s entre<br />

oito e nove anos. As perguntas<br />

foram exclusivas <strong>do</strong>s alunos:<br />

1- Quantos anos você tem?<br />

– 59 anos.<br />

2- Você tem filhos?<br />

– Tenho <strong>do</strong>is filhos, sen<strong>do</strong> um<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> pequeno.<br />

3 – Você deu aula na Escola<br />

da Ponte?<br />

– Sim, dei muita aula na Escola<br />

da Ponte.<br />

4 – Quan<strong>do</strong> você era pequeno<br />

também fazia projeto?<br />

– não, minha escola não fazia<br />

projeto.<br />

5 – Qual é o projeto mais difícil<br />

que você já fez?<br />

– o projeto mais difícil fui eu.<br />

6 – Você também fazia projeto<br />

na escola da Ponte?<br />

– Sim, eu fazia muitos projetos.<br />

7 – Qual é o mais bacana que<br />

você já fez?<br />

– meu projeto mais bacana foi<br />

meu filho.<br />

8 – Como aumentar o espaço<br />

da sala para ficar igual as Ponte?<br />

– É só abrir as portas e se comunicar.<br />

9 – Você esta gostan<strong>do</strong> da<br />

nossa escola? – Sim.<br />

10 – Você vai continuar ajudan<strong>do</strong><br />

nossa escola?<br />

- Vocês querem? Então eu venho.<br />

Por e-mail o mestre lamenta<br />

não ter tempo para ler e responder<br />

as mensagens que vai<br />

receben<strong>do</strong>. No final agradece<br />

“aos nossos meninos”.<br />

O educa<strong>do</strong>r português pode<br />

se orgulhar por ter transforma<strong>do</strong><br />

seu sonho em realidade. Há<br />

28 anos ele coordena a Escola<br />

da Ponte, que não se utiliza <strong>do</strong>s<br />

méto<strong>do</strong>s tradicionais de ensino.<br />

A Ponte não segue um sistema<br />

basea<strong>do</strong> em seriação ou ciclos<br />

e seus professores não são responsáveis<br />

por uma disciplina<br />

ou por uma turma específicas.<br />

As crianças e os a<strong>do</strong>lescentes<br />

que lá estudam definem quais<br />

são suas áreas de interesse e<br />

desenvolvem projetos de pesquisa,<br />

tanto em grupo como<br />

individuais.<br />

O sistema tem se mostra<strong>do</strong><br />

viável por pelo menos <strong>do</strong>is<br />

motivos: primeiro, porque os<br />

educa<strong>do</strong>res estão abertos a<br />

mudanças; segun<strong>do</strong>, porque<br />

as famílias <strong>do</strong>s alunos apóiam<br />

e defendem a escola idealizada<br />

por Pacheco.<br />

Em entrevista a revista Nova<br />

Escola da Editora Abril, Pacheco<br />

explica que lá não há séries,<br />

ciclos, turmas, anos, manuais,<br />

testes e aulas. Os estudantes<br />

podem recorrer a qualquer professor<br />

para solicitar suas respostas.<br />

Se eles não conseguem<br />

responder, os encaminham a<br />

um especialista.<br />

Não há salas de aula, e sim<br />

lugares onde cada aluno procura<br />

pessoas, ferramentas e soluções,<br />

testa seus conhecimentos<br />

e convive com os outros. São<br />

os espaços educativos. Hoje,<br />

eles estão designa<strong>do</strong>s por área.<br />

Na humanística, por exemplo,<br />

estuda-se História e Geografia;<br />

no pavilhão das ciências fica<br />

o material sobre Matemática;<br />

e o central abriga a Educação<br />

Artística e a Tecnológica e diz<br />

que quem quer inovar deve ter<br />

mais interrogações que certezas,<br />

finaliza Pacheco.<br />

Dia das Mães Premia<strong>do</strong><br />

Assessoria Verea<strong>do</strong>r Osmar<br />

No último <strong>do</strong>mingo, 08 de<br />

maio, no bairro <strong>do</strong> Sertão da<br />

Quina, realiza<strong>do</strong> pelo verea<strong>do</strong>r<br />

Osmar aconteceu o evento<br />

“Dia das Mães Premia<strong>do</strong>”. O<br />

evento contou com vários comerciantes<br />

e colabora<strong>do</strong>res.<br />

Cerca de 500 mães <strong>do</strong>s bairros<br />

da região sul da cidade concorreram<br />

a mais de 50 prêmios,<br />

houve ainda mulheres<br />

homenageadas nesta data tão<br />

especial. Qualquer mãe poderia<br />

participar, desde que estivesse<br />

presente e com o cupom<br />

preenchi<strong>do</strong> corretamente. Os<br />

prêmios foram <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s pelos<br />

empresários e voluntários,<br />

teve desde uma simples camiseta<br />

ou caixa de bombons até<br />

mesmo fogões, tanquinhos<br />

microondas , bicicletas ,mesa<br />

com cadeiras e muitos outros.<br />

Durante os intervalos <strong>do</strong>s<br />

sorteios, a animação ficou<br />

por conta <strong>do</strong>s voluntários<br />

Dj’s Nenë e Chiquinha. Para a<br />

criançada presente havia pipoca<br />

e algodão-<strong>do</strong>ce à vontade.<br />

A Polícia-Militar marcou presença<br />

e garantiu a segurança<br />

<strong>do</strong> local, onde tu<strong>do</strong> ocorreu de<br />

maneira harmoniosa. O espaço<br />

para a realização <strong>do</strong> evento<br />

foi gentilmente cedi<strong>do</strong> pelo Sr<br />

Moisés Isaías que fica muito<br />

bem localiza<strong>do</strong> no Sertão da<br />

Quina, o que facilitou o acesso<br />

das mães.<br />

Além <strong>do</strong>s sorteios, foram<br />

contempladas também a mãe<br />

mais jovem , a mãe mais i<strong>do</strong>sa<br />

e as mães que se propuseram<br />

a fazer lindas declarações em<br />

público.O verea<strong>do</strong>r Osmar,<br />

bastante emociona<strong>do</strong>, também<br />

manifestou sua declaração<br />

publicamente e recebeu<br />

aplausos das mães e crianças<br />

presentes que o agradeceram<br />

por tal iniciativa e realização.<br />

Muitos outros trabalhos<br />

como as <strong>do</strong> “Dia das Mães Premia<strong>do</strong>”<br />

serão realiza<strong>do</strong>s ainda<br />

este ano pelo verea<strong>do</strong>r Osmar<br />

e sua assessoria e espera-se<br />

poder contar com o apoio <strong>do</strong>s<br />

comerciantes, empresários e<br />

voluntários para que cada vez<br />

mais possam acontecer ações<br />

comunitárias em nossa cidade,<br />

ainda tão carente de eventos<br />

volta<strong>do</strong>s para a população.


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 7<br />

Cantinho da Poesia<br />

Um papel em branco<br />

Um papel em branco<br />

É uma memória que não foi escrita<br />

Um sonho de amor não realiza<strong>do</strong><br />

Uma palavra que jamais foi dita<br />

Um papel em branco<br />

É a soma de desejos proibi<strong>do</strong>s<br />

Apaga<strong>do</strong>s pela borracha da vida<br />

Que fere to<strong>do</strong>s os nossos senti<strong>do</strong>s<br />

Um papel em branco<br />

É só uma folha sem futuro passa<strong>do</strong> ou presente<br />

Confissão pensada, mas nunca emitida<br />

É o me<strong>do</strong> de por no papel o que nos vem à mente<br />

Associações da Regiao Sul se reúnem<br />

com Comandante da PM de Ubatuba<br />

Um papel em branco<br />

É a confissão de que a vida é nada<br />

Momentos perdi<strong>do</strong>s no tempo e no espaço<br />

Simples passagem que não foi marcada<br />

Um papel em branco<br />

É o silêncio de quem nada sente<br />

Que passou pela vida como por encanto<br />

E por aqui não deixou sequer uma semente<br />

Manoel Del Valle Neto<br />

Minha Rainha<br />

Minha Rainha<br />

Tu não imaginas quanto carinho<br />

Que sinto por ti<br />

Minha deusa aprendi<br />

Que no teu la<strong>do</strong><br />

Sempre soube, fui ama<strong>do</strong>.<br />

Mamãe, enquanto Deus me honrar<br />

Me honrar a vida<br />

Irei sempre te amar.<br />

Minha querida<br />

Meu amor por ti é tanto<br />

Que as vezes me pego em pranto<br />

Recordan<strong>do</strong> momentos incríveis<br />

Que passamos juntos<br />

Puro encanto.<br />

Wagner José<br />

No último dia 5 de maio, na<br />

Regional Sul, cerca de 70 pessoas<br />

se reuniram para discutir<br />

com o comandante da PM de<br />

Ubatuba, Capitão PM Alexandre<br />

e o da Base Comunitária de<br />

Segurança da <strong>Maranduba</strong> Sargento<br />

PM Pra<strong>do</strong> ações positivas<br />

bilaterais de apoio à segurança<br />

e melhorias a infra-estrutura<br />

<strong>do</strong> policiamento da região.<br />

Representantes de 10 associações<br />

<strong>do</strong>s bairros da Tabatinga,<br />

Caçan<strong>do</strong>ca, Rio da Prata,<br />

<strong>Maranduba</strong>, Sertão da Quina,<br />

Araribá, Ingá e Lagoinha participaram<br />

da reunião.<br />

Com apenas 34 dias a frente<br />

<strong>do</strong> policiamento de Ubatuba<br />

e de forma atenciosa o comandante<br />

ouviu as criticas,<br />

sugestões e apoios da população<br />

nesta luta comum informan<strong>do</strong><br />

que vai reforçar o<br />

policiamento na região. O resulta<strong>do</strong><br />

prático desta reunião<br />

é o retorno <strong>do</strong> funcionamento<br />

da base comunitária 24 horas,<br />

outra medida a ser estudada é<br />

a troca de turno que passará<br />

a ser na própria base ao invés<br />

<strong>do</strong> deslocamento <strong>do</strong>s policiais<br />

ao centro da cidade.<br />

Algumas destas associações<br />

encaminharam ofício<br />

para que o deputa<strong>do</strong> estadual<br />

Hélio Nishimoto-PSDB interceda<br />

junto ao governa<strong>do</strong>r<br />

Geral<strong>do</strong> Alckmin na busca de<br />

melhorias, também destacam<br />

a especial atenção de que merece<br />

a base da <strong>Maranduba</strong>,<br />

para que possa atender to<strong>do</strong><br />

território de sua competência.<br />

Na oportunidade solicitaram<br />

também mais uma viatura de<br />

apoio ao sargento rondante ou<br />

Força-tática, uma viatura de<br />

ronda 24 horas e atendimento<br />

ao público 24 horas de segunda<br />

a <strong>do</strong>mingo. No <strong>do</strong>cumento<br />

as associações reconhecem<br />

que, diante das dificuldades e<br />

que mesmo distante <strong>do</strong> centro<br />

35 quilômetros, a Base de Segurança<br />

da <strong>Maranduba</strong> é referencia<br />

de segurança pública<br />

na região.<br />

Em resposta ao ofício das<br />

associações, o deputa<strong>do</strong> informa<br />

que encaminhou direto a<br />

Antonio Ferreira Pinto, Secretario<br />

Estadual de Segurança<br />

Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />

solicitan<strong>do</strong> a concretização<br />

<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> da comunidade da<br />

região sul de Ubatuba. Como<br />

parte da responsabilidade da<br />

população em colaborar com<br />

a segurança pública, como na<br />

foram comunitária de prover<br />

segurança, qualquer cidadão<br />

pode, de qualquer lugar ligar<br />

para o 181.<br />

Cada telefonema gerará um<br />

<strong>do</strong>cumento que conforme o<br />

número de ligações é encaminha<strong>do</strong><br />

à autoridade competente.<br />

O 181 é sigiloso e fornece<br />

um protocolo para que<br />

o cidadão possa acompanhar<br />

to<strong>do</strong> o processo. Esse serviço<br />

é igual ao <strong>do</strong> Rio de Janeiro<br />

e lá a população é responsável<br />

por 60% <strong>do</strong> sucesso das<br />

ações policiais. Lá os números<br />

são categóricos em informar<br />

de que aumentou a segurança<br />

da população e diminuiu o<br />

tráfico de drogas vertiginosamente<br />

por conta <strong>do</strong>s telefonemas.<br />

As comunidades da região<br />

agradecem ao Coman<strong>do</strong><br />

da PM pela atenção <strong>do</strong> dia da<br />

reunião.<br />

Ajude a Polícia a proteger você. Ligue 181 (Disk Denúncia)<br />

Minha princesa<br />

Nunca esquecerei<br />

Da tua <strong>do</strong>çura, da tua beleza, <strong>do</strong>s teus anseios<br />

Dos teus beijos<br />

De teus abraços meigos<br />

De seu amor por mim<br />

Mamãe EU TE AMO tanto, tanto, tanto....<br />

Wellington Gomes de Oliveira


Página 8 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Fazenda <strong>Morcego</strong>: beleza natural construída por mãos escravas<br />

EZEQUIEL DOS SANTOS<br />

Após quase uma hora de caminhada<br />

por uma trilha ou<br />

cinqüenta minutos de barco,<br />

existe um lugar que, além da<br />

história de luta, sofrimento e<br />

sobrevivência, esconde uma<br />

beleza espetacular. É o <strong>Saco</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Morcego</strong>, parte da antiga Fazenda<br />

<strong>Morcego</strong>.<br />

Com provas físicas que sobreviveram<br />

a uma fase triste de nossa<br />

história, o local abriga particularidades<br />

que só existe por estas<br />

bandas. Ao adentrar no local é<br />

possível avistar o que sobrou da<br />

produção de duas épocas - a escrava<br />

e o antigo bairro.<br />

Um pouco a frente o Rio Inhame,<br />

somada ao Rio da Bomba<br />

e mais <strong>do</strong>is outros riachos formam<br />

um só que deságua graciosamente<br />

em forma de véu<br />

de noiva, deslizan<strong>do</strong> suave e<br />

continuadamente sobre a pedra<br />

da costeira cain<strong>do</strong> no mar. Às<br />

vezes parece que é a água <strong>do</strong><br />

mar que sobe suavemente com<br />

suas espumas sobre a pedra.<br />

Beleza em forma de parceria<br />

que enche os olhos até mesmo<br />

de mora<strong>do</strong>res acostuma<strong>do</strong>s<br />

com o local.<br />

Muita gente pode não acreditar,<br />

mais se trata da mais pura<br />

beleza divina, com um toque<br />

humano. O riacho que hoje é<br />

raso já foi local de banho porque<br />

quan<strong>do</strong> fun<strong>do</strong>, havia uma<br />

“pinguela” de madeira para sua<br />

travessia. Do outro la<strong>do</strong> ruínas,<br />

que são a prova real que formam<br />

os vestígios <strong>do</strong> porque o<br />

local é chão quilombola.<br />

A Mata Atlântica vem cobrin<strong>do</strong><br />

e encobrin<strong>do</strong> vestígios da história<br />

da formação de nosso povo.<br />

O local realmente é uma pintura<br />

divina, daquelas que existe<br />

apenas uma cópia e que seus<br />

guardiões a protegem muito<br />

bem.<br />

Em meio à semeadura natural<br />

é possível avistar mexeriqueiras,<br />

jaqueiras, laranjeiras, bananeiras,<br />

araçazeiros, ameixeiras,<br />

cambucaeiros, mamoeiros,<br />

goiabeiras entre outros “eiros”<br />

e “eiras” da época <strong>do</strong> cultivo<br />

familiar. É tanta fruta que o<br />

cheiro <strong>do</strong> local é <strong>do</strong>ce, saboroso,<br />

principalmente quan<strong>do</strong><br />

se mistura com outros aromas<br />

da natureza. À frente, a enseada<br />

<strong>do</strong> lugar é boa para pesca<br />

artesanal, mas também para<br />

contemplação, foto, pintura,<br />

um verdadeiro relax para alma<br />

e para o corpo.<br />

Os sons produzi<strong>do</strong>s pela natureza<br />

<strong>do</strong> local esvaziam a nossa<br />

mente das porcarias cotidianas<br />

e nos dão uma nova recarga. O<br />

ar maresia<strong>do</strong> pelo sal das águas<br />

desintoxica nossos pulmões<br />

energizan<strong>do</strong> nossa capacidade<br />

aeróbica. Na realidade o local<br />

é um excelente terapeuta, psicólogo,<br />

analista, companheiro,<br />

amigo.<br />

No dia das fotos a equipe <strong>do</strong><br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Maranduba</strong> <strong>News</strong> foi<br />

agraciada com a visão de um<br />

ban<strong>do</strong> de botos. Tartarugas<br />

também vieram a nosso encontro.<br />

Todas perto da praia de<br />

Local servia para desembarque de produtos e mantimentos. Também utiliza<strong>do</strong> no tráfico de escravos.<br />

pedras da qual formam o funil<br />

desta enseada. Lá a profundidade<br />

é de aproximadamente<br />

seis metros, as plantas quase<br />

chegam ao mar. Triste mesmo<br />

é a quantidade de lixo que acomoda<br />

na praia de pedras trazidas<br />

de outros lugares. É o lixo<br />

Cachoeira desagua no mar através da costeira, oferecen<strong>do</strong> um visual inédito. Ao fun<strong>do</strong> a vista de Ilhabela completa o visual.<br />

Fotos: Ezequiel <strong>do</strong>s Santos<br />

urbano invadin<strong>do</strong> o paraíso e<br />

não é de agora, há muitas décadas<br />

isso acontece. Como diz<br />

os antigos: “Uma judieira!”


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 9<br />

Local ainda guarda grandes mistérios <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><br />

EZEQUIEL DOS SANTOS<br />

O local mantém as estruturas<br />

da antiga fazenda a beira mar. É<br />

possível subir os degraus de pedra<br />

que outrora fora <strong>do</strong>s barões,<br />

ao fun<strong>do</strong> os antigos pilares de<br />

sustentação, ao la<strong>do</strong> uma caixa<br />

de pedra no chão que mais lembra<br />

uma piscina, caixa de água<br />

ou algo semelhante. Esta caixa<br />

é rodeada de muitas especulações<br />

sombrias sobre o trato aos<br />

negros na localidade. Ao fun<strong>do</strong>,<br />

para segurar o barranco um<br />

muro de pedra que vai “fora a<br />

fora” de um la<strong>do</strong> para o outro.<br />

Uma pedra re<strong>do</strong>nda com furos<br />

no meio era utilizada como parte<br />

de uma moenda. De to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong><br />

marcas no chão da casa grande.<br />

Isto é só o que podemos ver. Em<br />

seu solo muita coisa foi enterrada<br />

e ainda trata-se de um grande<br />

mistério.<br />

No local ainda existe uma casa<br />

antiga bem menor <strong>do</strong> que foi a<br />

casa de um barão. Falo da casa<br />

de Benedicto Antunes de Sá, 69,<br />

mais conheci<strong>do</strong> como “Ditinho<br />

Antunes”, nasci<strong>do</strong> na localidade.<br />

Em 1964, por conta da ocasião<br />

de seu casamento construiu a<br />

casa no terreiro <strong>do</strong> barão e em<br />

1966 fez de lá sua morada.<br />

Na época o local era de seu pai<br />

Luiz Antunes de Sá que possuía<br />

grandes roças, principalmente<br />

bananais. Ele nos conta que o<br />

lugar tinha muito mais pilares.<br />

Quan<strong>do</strong> abriu roça para o sustento<br />

da família descobriu muita<br />

coisa enterrada, vigas de pedra,<br />

pedaços de ferro, correntes.<br />

O mais estranho foi quan<strong>do</strong><br />

resolveu mexer num circulo de<br />

pedra enterra<strong>do</strong> no chão. Conta-<br />

-nos que foi tiran<strong>do</strong> as pedras<br />

até que chegou numa peça única<br />

que parecia uma tampa de aço,<br />

com um pedaço de madeira bateu<br />

naquilo que fazia realmente<br />

o som de alguma coisa feito<br />

também de aço. Deixou lá para<br />

Construções em pedra mostram a grandeza que já foi o local de antiga fazenda de cana de açucar.<br />

mexer outro dia e nunca mais foi<br />

ver <strong>do</strong> que realmente se tratava.<br />

“Tem muita coisa lá enterrada e<br />

nunca descobriremos o que é!”,<br />

comenta Ditinho. Existe um espaço<br />

entre o degrau e a pedra<br />

pro mar que o pai dele plantava<br />

feijão. Eles chegaram a tirar<br />

algas marinhas para mandar ao<br />

Japão. Nos bananais <strong>do</strong> seu pai<br />

trabalhavam os camaradas João<br />

da Mata, Geral<strong>do</strong> Benedito e<br />

Dorvalino que davam um duro<br />

dana<strong>do</strong> para seu ganha pão.<br />

Ao la<strong>do</strong> pela costeira existe um<br />

local chama<strong>do</strong> “Cavalo Grande”.<br />

São pelos menos setecentos<br />

metros de costeira em forma de<br />

uma única pedra que tem a forma<br />

de uma ferradura de cavalo<br />

até o mar, que vai até o canto da<br />

Cutia. Hoje se vê de outra forma,<br />

mas em sua época a lida <strong>do</strong><br />

dia-a-dia era muito dura.<br />

Seu Ditinho nos conta que a<br />

dureza era tanta que as pessoas<br />

que lá moravam eram o<br />

mesmo que desbrava<strong>do</strong>res, que<br />

tinham de enfrentar as incertezas<br />

da vida, muitos morriam no<br />

caminho, no mar, em casa, nas<br />

caçadas. “Naquela época tu<strong>do</strong><br />

o povo sabia fazer, o meio ambiente<br />

não tratava trabalha<strong>do</strong>r<br />

como vagabun<strong>do</strong>, como bandi<strong>do</strong>,<br />

como marginal”. Dos entrevista<strong>do</strong>s,<br />

foi comentário unânime<br />

de quem conheceu nossas<br />

regiões e respeitou a cultura<br />

litorânea profundamente.


Página 10 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Região Sul chora a morte de mora<strong>do</strong>r tradicional<br />

Faleceu na manhã <strong>do</strong> último<br />

dia 9, de complicações cardíacas,<br />

o mora<strong>do</strong>r Benedito Manoel<br />

<strong>do</strong>s Santos de 81 anos.<br />

Benedito é carinhosamente<br />

conheci<strong>do</strong> como Seu Kito e<br />

neto de um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> Sertão da Quina. Ele deixa<br />

esposa, nove filhos, irmãos,<br />

dezenas de netos e centenas<br />

de amigos.<br />

Homem inteligente, de fácil<br />

entendimento, era humilde,<br />

calmo, conversa<strong>do</strong>r, sempre<br />

reconheci<strong>do</strong> por seu sorriso<br />

farto e brincadeiras sadias<br />

com adultos e crianças. Ele foi<br />

um <strong>do</strong>s últimos desbrava<strong>do</strong>res<br />

da região.<br />

Trabalhou na Fazenda <strong>do</strong>s<br />

Ingleses, na construção da<br />

ro<strong>do</strong>via Rio-Santos, na sondagem<br />

de nossas matas para<br />

a construção da represa de<br />

Paraibuna, na construção da<br />

Casa de Emaús e em muitos<br />

mutirões para abrir estradas.<br />

Seu Kito foi um <strong>do</strong>s maiores<br />

colabores <strong>do</strong> <strong>Jornal</strong><br />

<strong>Maranduba</strong> e <strong>do</strong>s levantamentos<br />

históricos, antropológicos<br />

e culturais de nossa região.<br />

Foi peça fundamental para<br />

a produção <strong>do</strong> DVD sobre o<br />

acontecimento de 1915-1917<br />

que trata <strong>do</strong> aparecimento da<br />

Imaculada neste solo.<br />

Homem que começou a vida<br />

trabalhan<strong>do</strong> na roça e caçan<strong>do</strong><br />

para buscar o sustento da<br />

família. Desde ce<strong>do</strong> aprendeu<br />

a lutar pela sobrevivência e<br />

foi com este fundamento que<br />

construiu uma bela família,<br />

que agora, com os demais,<br />

chora a perda de seu patriarca.<br />

Foi sempre colabora<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s “compadres” e “comadres”<br />

para tu<strong>do</strong>.<br />

Pessoa que deixa saudades e<br />

um vasto etnoconhecimento<br />

sobre nossa terra, ar, mata e<br />

mar. Não havia um pedaço de<br />

chão que ele não conhecesse,<br />

eram fartas as suas histórias<br />

sobre qualquer coisa, desde<br />

os bananais em Santos aos<br />

pesca<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Cambury, passan<strong>do</strong><br />

pela previsão <strong>do</strong> tempo<br />

chegan<strong>do</strong> ao nome de cada<br />

lugar que lhe era mostra<strong>do</strong>.<br />

Esta perda foi reconhecida<br />

pela Câmara Municipal de<br />

Ubatuba através de Moção de<br />

Pesar aprova<strong>do</strong> pelos verea<strong>do</strong>res<br />

presentes e entregue<br />

aos familiares de Seu Kito.<br />

A família neste momento de<br />

<strong>do</strong>r agradece toda a manifestação<br />

de carinho, apoio e solidariedade<br />

que recebeu. A comunidade<br />

se despede de mais<br />

um ícone <strong>do</strong> patrimônio das<br />

tradições <strong>do</strong> litoral brasileiro,<br />

que merece as mais sinceras<br />

homenagens.


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 11<br />

Mamãe e as receitas<br />

antigas para viver em paz<br />

Cristina Ap. Oliveira<br />

Sempre gostei das receitas antigas<br />

de minha mãe. Ela tinha<br />

receita para quase tu<strong>do</strong> e algumas<br />

na verdade eram de sua<br />

autoria. A que eu mais utilizo<br />

é o da paciência. Ela dizia que<br />

para paciência o melhor remédio<br />

é ocupar as mãos, só assim<br />

você controla a mente, ativa o<br />

cérebro. Tente se concentra nas<br />

contas <strong>do</strong> terço, tenho certeza<br />

que esquecerá de pensar besteiras...<br />

Minha mãe dizia que o melhor<br />

alimento é aquele que se come<br />

em paz. Então não era permiti<strong>do</strong><br />

chorar pelo leite derrama<strong>do</strong>,<br />

nem se desesperar por meia<br />

cuia de farinha.<br />

Receita tem sempre um segredinho,<br />

mesmo que ele não exista<br />

de fato. Minha mãe sempre<br />

dizia que segre<strong>do</strong> a gente não<br />

revela nem sobre tortura, só<br />

quan<strong>do</strong> é troca de informação.<br />

Não quer as contas <strong>do</strong> terço,<br />

então tente colher um muda de<br />

planta e transportá-la para o<br />

solo, regue e acompanhe o seu<br />

crescimento, já é uma boa terapia.<br />

Será que não é a planta que<br />

vai acompanhar seu desenvolvimento,<br />

seu crescimento?<br />

Vocês devem pensar que sou<br />

louca, mas o que minha mãe<br />

queria dizer com tu<strong>do</strong> isto?<br />

Simples, a melhor receita, seja<br />

de quem for sempre funcionará,<br />

tente misturar um pouco de<br />

otimismo e nunca, nunca mesmo<br />

procurar pelos segredinhos.<br />

Procurar eles fará você um escravo<br />

<strong>do</strong>s pensamentos <strong>do</strong>s outros,<br />

você se corroerá por nada<br />

as vezes. Valerá a pena?<br />

Lembro-me que a receita<br />

mais antiga de minha mãe era<br />

a confiança em Deus e acredite<br />

esta receita era sempre na<br />

medida certa, em quantidade<br />

de rendimento para a toda a<br />

família. É isso aí! Meu reca<strong>do</strong> é<br />

que nunca procure por receitas<br />

mágicas para viver, senão você<br />

vive para as receitas que o levam<br />

ao fun<strong>do</strong> da panela.<br />

Na simplicidade da vida de<br />

nossos pais havia muita sabe<strong>do</strong>ria,<br />

muitas receitas na medida<br />

certa. E seu cardápio de<br />

receitas como anda? Sem medidas,<br />

sem sabor, sem crescimento,<br />

sem graça? Não tente por a<br />

culpa em alguém. Diz o dita<strong>do</strong><br />

que quanto mais se bate mais<br />

cresce o bolo. Embora pareça<br />

uma receita sem medidas, ela é<br />

a ideal para você.<br />

Cresça e viva em paz.<br />

<strong>Maranduba</strong> tem “Trenzinho Caiçara”<br />

Em entrevista a Benedicto<br />

Antunes de Sá, 69 - Ditinho<br />

Antunes, aproveitamos para<br />

perguntar se ele lembrava <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res que se encontravam<br />

no decorrer da trilha da<br />

Caçan<strong>do</strong>ca até a Praia da Figueira.<br />

Sua lembrança nos dá<br />

uma lista de nomes, pelo menos<br />

os mais antigos ou o equivalente<br />

a lembrança de sua<br />

juventude.<br />

Eram eles: Bito (Benedito)<br />

Estevão, Abel, Jonas, Pedro<br />

Germano, Benjamim, Sudário,<br />

Claudiano, Bito Domingos, Celestino,<br />

João Antunes, Leocádio,<br />

Antonio Eduar<strong>do</strong>, Durvalino,<br />

Leopol<strong>do</strong> Felipe, Nelson,<br />

João Giraud, Olávio, Orino,<br />

João da Mata (pai e filho), Pureza,<br />

Bazilio, Valter Zacarias,<br />

Miquelina, Benedito da Mata,<br />

Olívio, Erundino Gabriel, João<br />

Gabriel, Mané João, Benedito<br />

Marcolino, Ezidia, Bito Gabriel,<br />

João Gabriel, Rozário, Maria<br />

Rozário, Anastácia Rozaria, Julio,<br />

Caetano, José Alexandre,<br />

Dito Juvenal (pai e filho), Luiz<br />

Antunes de Sá, João Lopes<br />

Guimarães, Benedito Antunes<br />

De iniciativa <strong>do</strong> empresário<br />

Hugo Churros em parceria<br />

com a jovem turismóloga Caru<br />

Lemos e <strong>do</strong> motorista Téo<br />

(alemão) foi apresenta<strong>do</strong> à<br />

comunidade ligada ao turismo<br />

o Trenzinho Caiçara.<br />

Esta modalidade agra<strong>do</strong>u a<br />

to<strong>do</strong>s, já que se trata de um<br />

dispositivo muito interessante<br />

e diferencia<strong>do</strong> na hora de<br />

mostrar os pontos turísticos<br />

da região.<br />

A prova de batismo foi no último<br />

feria<strong>do</strong> de Semana Santa<br />

na <strong>Maranduba</strong> e o resulta<strong>do</strong><br />

foi positivo, segun<strong>do</strong> os<br />

organiza<strong>do</strong>res.<br />

Como algo que se move e<br />

chama a atenção ele também<br />

está a disposição para locação<br />

de propagandas, eventos,<br />

igrejas, festas e escolas.<br />

No último feria<strong>do</strong> o trenzinho<br />

realizou três roteiros básicos:<br />

Cachoeiras <strong>do</strong> Sertão da Quina,<br />

na qual mostrou as belezas<br />

naturais, passeios noturnos<br />

mostran<strong>do</strong> a orla e Ruínas<br />

da Lagoinha, enriquecen<strong>do</strong> os<br />

grupos de estu<strong>do</strong>s com pontos<br />

de interesse histórico-cultural<br />

e antropológico.<br />

A comunidade aprovou a idéia<br />

já que serviu de ponto de referencia<br />

na mostra das atrações<br />

turísticas, históricas e culturais<br />

de que a região sul dispõe.<br />

Quem an<strong>do</strong>u no trenzinho<br />

aprovou a idéia e pretende<br />

voltar para outros passeios.<br />

Contatos podem ser realiza<strong>do</strong>s<br />

pelo e-mail trenzinhocaicara@<br />

hotmail.com ou pelos telefones<br />

9766-6762 com Hugo ou<br />

9168-7933 com Caru.<br />

Mora<strong>do</strong>res antigos ao longo da trilha<br />

Caçan<strong>do</strong>ca/Figueira<br />

de Sá, Januário Antunes de Sá,<br />

Gregório, Anastácio, Teófilo,<br />

Benedito Araújo, Adelino Araújo,<br />

Paulo Custódio, Virgino Custódio,<br />

Manoel Lourenço, Benedito<br />

Antonio, Luiz Januário (pai<br />

e filho), Emídia, Antonio Barra<br />

Seca, Benedito João, Paulino,<br />

Manoel Eduar<strong>do</strong>, Horácio, Sebastião,<br />

Ambrósio, Aristeu, Girinal<strong>do</strong>,<br />

Jacinta, Ernesto, Aristides,<br />

Jacinta, Ernesto, Aristides,<br />

Roque e Francisco. Fora os vários<br />

nomes que são lembra<strong>do</strong>s<br />

por outros mora<strong>do</strong>res da sua<br />

faixa de idade.<br />

São mora<strong>do</strong>res que tanto estavam<br />

à beira <strong>do</strong> mar, <strong>do</strong> caminho<br />

ou no cerro <strong>do</strong> morro.<br />

Por várias décadas este foi o<br />

lugar que mais tinham mora<strong>do</strong>res<br />

na região. Era tanta<br />

gente que proporcionalmente<br />

tinha mais pessoas que quase<br />

to<strong>do</strong>s os bairros da região sul<br />

de Ubatuba. Muitos que nós<br />

encontramos hoje descendem<br />

<strong>do</strong>s nomes acima relaciona<strong>do</strong>s<br />

e tem ligação direta com o<br />

quilombo lá existente.


Página 12 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Gente da nossa história: Frei Vitório Infantino - O homem das obras sociais e religiosas<br />

Marlene Isaias Amorim<br />

Á quem diga que não devemos<br />

recordar coisas passadas<br />

porque corremos o risco de<br />

perder o momento presente.<br />

Toda experiência positiva ou<br />

negativa que fizemos na vida<br />

só serviram para nosso amadurecimento;<br />

agora quan<strong>do</strong><br />

uma experiência <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><br />

só nos trouxe alegrias porque<br />

não revivê-las.<br />

Quero aqui reviver junto com<br />

outros que fizeram esta mesma<br />

experiência – a de uma<br />

fase muito boa que a igreja<br />

<strong>do</strong> litoral norte viveu. Foi em<br />

1976, através de uma pessoa<br />

muito especial, frei Vitório Infantino.<br />

De família cristã, Vitório nasceu<br />

na Itália em Tricárico,<br />

região sofrida com a conseqüência<br />

da guerra. Ele ainda<br />

jovem se apaixonou pelo ideal<br />

de vida de Francisco de Assis<br />

entran<strong>do</strong> na Ordem Franciscana<br />

<strong>do</strong>s Frades Menores Conventuais.<br />

Homem de Deus experimenta<strong>do</strong><br />

na oração e na fé, profun<strong>do</strong><br />

conhece<strong>do</strong>r da pessoa<br />

humana chegou ao Brasil em<br />

l966 em Santo André. Daí foi<br />

para Caçapava em 1967 até<br />

1972 deixan<strong>do</strong> sua marca. Lá<br />

construiu a Casa Kolb, em homenagem<br />

ao irmão franciscano<br />

que deu sua vida no campo<br />

de concentração <strong>do</strong>s nazistas.<br />

Aju<strong>do</strong>u a concretizar o sonho<br />

<strong>do</strong> Conviver: uma casa que<br />

acolhe crianças especiais, a<br />

ter sede própria no terreno<br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong> pela Prefeitura de Caçapava<br />

no Recanto Esperança.<br />

Obedecen<strong>do</strong> a seu superior<br />

veio para Ubatuba assumir a<br />

Paróquia Exaltação de Santa<br />

Cruz e Paróquia Santo Antonio<br />

em Caraguatatuba.<br />

Seu trabalho pastoral era<br />

anunciar a Boa Nova <strong>do</strong> reino<br />

de maneira apaixonante com<br />

Frei Vitório realiza celebração após inauguração da Casa de Emaús no final da década de 70<br />

o desafio da pratica em nosso<br />

dia a dia. Quan<strong>do</strong> o ouvi pela<br />

primeira vez parecia conhecer<br />

meus dezessete anos vivi<strong>do</strong>s.<br />

Foi ele o pioneiro idealiza<strong>do</strong>r<br />

da construção da casa de<br />

Emaús no Sertão da Quina,<br />

onde se tornou na época,<br />

centro de espiritualidade<br />

<strong>do</strong> litoral norte e algumas<br />

cidades <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> Paraíba<br />

como Caçapava, Taubaté e<br />

São José <strong>do</strong>s Campos.<br />

O nome Emaús era providencial,<br />

pois o nosso coração<br />

ardia quan<strong>do</strong> ele nos<br />

falava: construção simples,<br />

ampla e acolhe<strong>do</strong>ra uma capela<br />

de pedra inspirada na<br />

espiritualidade de Francisco.<br />

Belíssima!<br />

Vivemos ali intensas experiências<br />

de oração, silêncio,<br />

encontros conosco e com<br />

Deus através <strong>do</strong> retiros de<br />

jovens, cursilhos de cristandade,<br />

retiros de férias, ultréias,<br />

etc...<br />

Formou-se ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> anúncio<br />

uma vivencia da comunidade<br />

cristã onde o amor, a<br />

verdade, o respeito a partilha<br />

eram valores vivencia<strong>do</strong>s e ali,<br />

homens, mulheres ,crianças ,<br />

delega<strong>do</strong>, Juiz de Direito, professores<br />

formavam uma Família<br />

de Profunda Comunhão.<br />

A meus pais e a ele devo minha<br />

formação cristã e a minha<br />

minguada fé.Vivemos momentos<br />

belíssimos de nossa<br />

juventude na descoberta de<br />

um senti<strong>do</strong> para a vida .<br />

Hoje, aguardamos ansiosos<br />

a reconstrução da casa de<br />

Emaús e o retorno de suas<br />

atividades no local previsto na<br />

profecia de Maria. Tu<strong>do</strong> através<br />

de fatos vivi<strong>do</strong>s pela comunidade,<br />

trazen<strong>do</strong> um livro<br />

de historias acompanhamos<br />

com grande alegria outra faze<br />

esperan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> que ainda<br />

irá acontecer.<br />

Ele também fez outras<br />

obras como o Lar Vicentino<br />

em Ubatuba, o Conviver em<br />

Caçapava, muito importantes<br />

à comunidade. Em 1986<br />

cria o CEPC , uma entidade<br />

filantrópica sem fins lucrativos<br />

que atende mães com<br />

filhos com as mais variadas<br />

necessidades especiais.<br />

Sem querer, no topo da<br />

Serra <strong>do</strong> Quebra Cangalha,<br />

quase na divisa entre Jambeiro<br />

e Caçapava, o frei descobriu<br />

um micro-clima seco<br />

idêntico ao da regiao da Itália<br />

onde nasceu. Á começou<br />

a produzir uvas e posteriormente<br />

um vinho de excelente<br />

qualidade. Mas sua maior<br />

obra foi e é a de edificar em<br />

cada pessoa humana o senti<strong>do</strong><br />

novo de viver.<br />

Como mãe, esposa e pessoa<br />

cristã sinto que hoje falta<br />

aos jovens, crianças, homens<br />

e mulheres uma experiência<br />

mais profunda <strong>do</strong> absoluto<br />

de Deus, onde tu<strong>do</strong> deixamos<br />

para alcançar aquele que é<br />

nosso maior tesouro (a pessoa<br />

de Jesus) tu<strong>do</strong> o mais será<br />

conseqüência.<br />

Ao nosso queri<strong>do</strong> frei hoje<br />

com73 anos vem lutan<strong>do</strong> com<br />

sua <strong>do</strong>ença, porém fortaleci<strong>do</strong><br />

da vontade de viver e viver<br />

por amor. O nosso amor, respeito,<br />

agradecimento pela sua<br />

vida consumida pela igreja por<br />

onde passou.<br />

Em 20/08/2009 recebeu das<br />

mãos da verea<strong>do</strong>ra Reinalma<br />

Montalvão o titulo de cidadão<br />

Caçapavense. O evento<br />

contou com várias autoridades<br />

locais e regionais, contou<br />

também com a presença <strong>do</strong><br />

Abade Mathias Tolentino Braga<br />

<strong>do</strong> Mosteiro de São Bento.<br />

Vitório é o funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Hospital<br />

São Francisco em Jacareí<br />

que hoje continua sen<strong>do</strong> uma<br />

extensão de ajuda aos pacientes<br />

<strong>do</strong> litoral norte, pois ainda<br />

somos carentes de tu<strong>do</strong> principalmente<br />

no setor saúde.<br />

Quem quiser visitá-lo pode<br />

chegar até a comunidade que<br />

se reúne no sitio em Jambeiro<br />

para rezar e conviver com este<br />

homem tão queri<strong>do</strong> e que se<br />

deixa conduzir por Deus.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Maranduba</strong> <strong>News</strong><br />

ANUNCIE<br />

(12) 9714.5678


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 13<br />

Tecnologia nipo-caiçara no <strong>Saco</strong> das Bananas<br />

Domingos e sua LCD Full HD: tecnologia de ponta no quilombo<br />

EZEQUIEL DOS SANTOS<br />

No saco das Bananas, em<br />

1977, o quilombola Domingos<br />

Crispim <strong>do</strong>s Santos, vinha, em<br />

quase uma hora de caminhada,<br />

trazen<strong>do</strong> nas costas a sua<br />

casa uma novidade, era uma<br />

TV Philco-Ford preto e branco<br />

de 14 polegadas toda em madeira.<br />

Era tu<strong>do</strong> para ver o lendário<br />

Rui Rei, da Ponte Preta,<br />

jogar. Era ligada a uma bateria<br />

que era carregada em<br />

Caraguatatuba num posto de<br />

combustível. O carregamento<br />

levava quatro dias. Quan<strong>do</strong><br />

ia com a bateria voltava com<br />

compras para casa pela mesma<br />

trilha. Depois teve um motor<br />

a gasolina, depois uma a<br />

diesel e nestas últimas duas<br />

décadas tentou fazer um gera<strong>do</strong>r<br />

a água. Neste tempo<br />

gastava <strong>do</strong>is botijões de gás<br />

por mês só com a geladeira.<br />

Sofrimento até que os pesquisa<strong>do</strong>res<br />

Mário Kawano<br />

(PUC-FEI-SP), Douglas Cassiano<br />

(UNIFESP), Henrique<br />

Senna (IPEN) e Roque Senna<br />

(IPEN) vieram realizar um estu<strong>do</strong><br />

para outra pessoa, como<br />

não o encontraram, foram a<br />

casa de Domingos que estava<br />

com Elias <strong>do</strong> Gregório.<br />

O projeto denomina<strong>do</strong> de<br />

Micro Central Hidrelétrica é<br />

considera<strong>do</strong> um acha<strong>do</strong> pelo<br />

quilombola, que hoje sorrin<strong>do</strong>,<br />

nos revela que tem a esperança<br />

de que a família passe mais<br />

tempo por lá. O mora<strong>do</strong>r é um<br />

homem inteligente, simples,<br />

trabalha<strong>do</strong>r, educa<strong>do</strong>, sorridente<br />

e acolhe<strong>do</strong>r. Tanta qualidade<br />

é de fácil entendimento<br />

quan<strong>do</strong> vemos a placa ao<br />

la<strong>do</strong> de sua porta de entrada:<br />

“Aqui tem gente feliz”.<br />

Ainda rega<strong>do</strong> a música caipira<br />

de raiz, o local denomina<strong>do</strong><br />

Sitio São Lourenço não mu<strong>do</strong>u<br />

muito desde o nascimento<br />

e a criação <strong>do</strong> mora<strong>do</strong>r. Ao<br />

la<strong>do</strong> ainda é possível ver o<br />

que restou da casa de seus<br />

pais, Januário Antunes de Sá<br />

e Laura Crispim <strong>do</strong>s Santos.<br />

O sitio possui <strong>do</strong>is mil pés de<br />

bananas, além de centenas de<br />

outras frutas. Atrás da casa<br />

“descansa em paz” agora o<br />

motor a diesel.<br />

A central elétrica ocupa um<br />

espaço de 1,5 metros quadra<strong>do</strong>s<br />

e por enquanto “toca<br />

energia” para uma TV de LCD,<br />

1 receptor, 1 geladeira, 2<br />

Dvds, 2 rádios, 1 radio VHF,<br />

1 sanduicheira, 1 maquina de<br />

lavar, 1 parabólica, tomadas e<br />

lâmpadas a vontade.<br />

Quase sem ruí<strong>do</strong>s o mecanismo<br />

utiliza uma Micro Turbina<br />

Pelton, 180 metros de mangueira<br />

de duas polegadas reduzin<strong>do</strong><br />

para <strong>do</strong>is milímetros,<br />

produzin<strong>do</strong> um jato de água<br />

que pode facilmente cortar a<br />

mão de uma pessoa. A água<br />

utilizada retorna ao riacho.<br />

Para os pesquisa<strong>do</strong>res a<br />

idéia foi estimular a utilização<br />

de hidroeletricidade, nestas<br />

circunstâncias, parece a melhor<br />

alternativa para combinar<br />

preservação ambiental e<br />

um mínimo de conforto para<br />

as populações residentes. Domingos<br />

nos conta que grande<br />

parte <strong>do</strong>s materiais ela já possuía<br />

e que uma usina destas,<br />

completa, sai na média por R$<br />

10 mil reais. Barato se considerar<br />

o custo/beneficio, já que<br />

não precisa pagar a concessionário<br />

to<strong>do</strong> mês, a distancia<br />

da residência e a facilidade de<br />

manutenção.<br />

O mora<strong>do</strong>r por possuir grande<br />

parte <strong>do</strong> material pagou<br />

um décimo <strong>do</strong> valor. Parabéns<br />

ao quilombola Domingos, 61<br />

anos, membro da Associação<br />

<strong>do</strong> Quilombo Caçan<strong>do</strong>quinha<br />

cerne <strong>do</strong> lugar que hoje colhe<br />

os frutos da persistência, paciência<br />

e esperança.<br />

Bom mesmo é acompanhá-<br />

-lo na contemplação <strong>do</strong> amanhecer<br />

e <strong>do</strong> entardecer <strong>do</strong> dia<br />

naquele pedaço de paraíso,<br />

senta<strong>do</strong> a soleira da porta escorada<br />

por um osso de baleia,<br />

ouvin<strong>do</strong> os sons da natureza e<br />

agora, ao invés <strong>do</strong> “Zé Bétio”, o<br />

noticiário das oito em Full HD.<br />

Gera<strong>do</strong>r movi<strong>do</strong> a água abastece eletro<strong>do</strong>mésticos da família<br />

Toda energia é armazenada em baterias que suprem a casa


Página 14 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />

Pie<strong>do</strong>sa União Filhas de Maria: as filhas da verdadeira virtude<br />

EZEQUIEL DOS SANTOS<br />

Na época em que não havia<br />

fé através <strong>do</strong> 0800, <strong>do</strong> e-mail,<br />

boleto bancário, show business<br />

ou megaeventos, um<br />

grupos de jovens mulheres<br />

faziam toda a diferença. Eram<br />

as Filhas de Maria - Pie<strong>do</strong>sa<br />

(Pia) União das Filhas de Maria<br />

da região.<br />

Esta União teve sua origem<br />

da Ordem <strong>do</strong>s Cônegos regulares,<br />

no século XII, que o<br />

beato Pedro de Honestis instituiu<br />

na igreja de Santa Maria<br />

<strong>do</strong> Porto, em Ravena. A Pia<br />

que, além da santa medalha<br />

pendente <strong>do</strong> pescoço, traziam<br />

à cintura uma faixa azul.<br />

Eram meninas que depois da<br />

catequese ingressavam nesta<br />

congregação, outras conquistavam<br />

o título por conta<br />

<strong>do</strong> seu fervor e devoção. Por<br />

aqui depois que casavam<br />

passavam para o Apostola<strong>do</strong><br />

Coração de Jesus. Religiosos<br />

e especialistas apontam as<br />

Filhas de Maria como a mais<br />

saudável e santa das instituições<br />

religiosas, haja vista a<br />

difusão de suas <strong>do</strong>ces mensagens<br />

aos humildes de coração<br />

e a atitude mariana aplicada<br />

no cotidiano sem exageros.<br />

No Brasil sua primeira associação<br />

foi organizada em Minas<br />

Gerais ano de 1853, durante<br />

o governo episcopal de<br />

Dom Antônio Ferreira Viçoso.<br />

Por aqui, foi logo depois das<br />

cinco aparições da Imaculada<br />

na região. Este “ajuntamento<br />

de jovens mulheres” ficou<br />

logo conheci<strong>do</strong> pelos cognomes<br />

de “A Pie<strong>do</strong>sa” ou a “A<br />

Pia” devi<strong>do</strong> à sua extrema<br />

devoção. Diferente de fanatismo<br />

elas demonstravam de<br />

forma equilibrada suas intenções<br />

tanto na prática quanto<br />

na teoria.<br />

As filhas tinham regras de<br />

convivência religiosa, comunitaria<br />

e familiar a serem seguidas<br />

por vontade própria.<br />

Elas constituiram por várias<br />

décadas os pilares da verdadeira<br />

fé a serem seguidas até<br />

serem substituidas por uma fé<br />

“enlatada” e paga.<br />

Elas não levavam uma vida<br />

de freira, mas sim de uma<br />

<strong>do</strong>nzela, que saiba viver sem<br />

exageros. Podiam se vestir<br />

Diploma de Admissão de uma Pie<strong>do</strong>sa<br />

conforme suas condições, ir<br />

ao cinema, aos teatros, bate-<br />

-pé desde que se comportassem<br />

com descencia dentro de<br />

um exemplo mariano. Uma<br />

Filha de Maria vivia com o intuito<br />

de garantir um cotidiano<br />

honra<strong>do</strong> a si e a sua familia.<br />

Eram devotas também de<br />

suas obrigações como filha,<br />

esposa-mulher, mãe, avó,<br />

amiga e companheira para todas<br />

as horas.<br />

Entre os anos de 1875 e<br />

1948 esta organização alcançou<br />

117 associações e<br />

11.623 filiadas. Pesquisa<strong>do</strong>ras<br />

apontam as Filhas de Maria<br />

constituídas como ambientes<br />

de preparação espiritual de<br />

jovens para serem guardiãs<br />

da moral e da religião sem<br />

perder o pé na terra em que<br />

vivem.<br />

Num regulamento de 14<br />

itens, muitos ainda estão bem<br />

atuais como o combate a ociosidade,<br />

a pratica da caridade,<br />

levantar-se ce<strong>do</strong>, meditação<br />

ao menos um quarto de hora<br />

de cada dia, amar o trabalho,<br />

não se esquecer <strong>do</strong> Mês de<br />

Maria em honra da Rainha <strong>do</strong><br />

Céu entre outros.<br />

Em muitos lugares as congregações<br />

femininas viraram<br />

escolas organizadas. Na década<br />

de 1950, correspondiam a<br />

50% das escolas privadas <strong>do</strong><br />

país e o número de educandários<br />

liga<strong>do</strong>s às ordens religiosas<br />

era maior que as escolas<br />

públicas.<br />

Em nossa região podemos<br />

citar alguns nomes como Orzília,<br />

Luzia Epifania, Gertrudes,<br />

Maria das Graças, Catarina,<br />

Maria e Benedita (filhas <strong>do</strong><br />

Jorge da Mata), Tiana Pedro,<br />

Tia Óta, dentre muitas outras<br />

que passaram sem saber por<br />

um processo pedagógico-catequético-espiritual<br />

da escola<br />

de Maria.<br />

Domingo a tarde elas se juntavam<br />

para rezar o Ofício a<br />

Nossa Senhora das Graças,<br />

participavam de todas as procissões,<br />

das missas, <strong>do</strong>s casamentos.<br />

Tu<strong>do</strong> sem esquecer o<br />

esposo, os filhos, seus afazeres,<br />

a sua família. Nada que<br />

tirassem sua liberdade, era<br />

dedicação espiritual e prática<br />

a ponto de se fundirem e dar<br />

bons e saudáveis exemplos.<br />

As meninas que estavam na<br />

catequese possuíam a “cruzada<br />

infantil”, que tinha uma fita<br />

amarela, quan<strong>do</strong> terminavam a<br />

catequese recebiam a fita azul<br />

em dia especifico em ritual religioso<br />

com o cântico “Dos teus<br />

cruza<strong>do</strong>s aqui reuni<strong>do</strong>s...”, só<br />

então passavam para a Pie<strong>do</strong>sa.<br />

Era um dia de festa, de lágrimas<br />

de felicidade.<br />

O Diploma de Admissão era<br />

conferi<strong>do</strong> a nova congregada.<br />

Por trás deste <strong>do</strong>cumento<br />

simples havia toda uma história<br />

de luta, fé, humildade,<br />

coragem e dedicação. Documento<br />

este que não poderia<br />

ser compra<strong>do</strong>, forja<strong>do</strong> ou<br />

adultera<strong>do</strong>. Diferente de hoje,<br />

naquele perío<strong>do</strong> era na pratica<br />

que se sabia quem era quem,<br />

tanto na fé como na vida real<br />

sem fanatismo e muito menos<br />

sem exagero, como pregou a<br />

Virtuosa que aqui esteve entre<br />

1915 e 1917 dizen<strong>do</strong> que<br />

era tu<strong>do</strong> para Jesus e nada<br />

sem Maria, quan<strong>do</strong> não, peça<br />

a Mãe que o Filho atenderá,<br />

mas não na TV, na sua comunidade,<br />

na vida real através<br />

<strong>do</strong>s calos feitos pelos rosários<br />

e pelo carinho que as Pie<strong>do</strong>sas<br />

sabiam oferecer.


18 Maio 2011 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> Página 15<br />

Coluna da<br />

Túnel <strong>do</strong> Tempo<br />

Adelina Campi<br />

A escolha é sempre nossa<br />

1978<br />

Encontro de Mulheres na Casa de Emaús, no Sertão da Quina<br />

1988<br />

Já foi um grande seresteiro<br />

Modelito verde-amarelo caía bem<br />

1994 1975<br />

Abraço sertanejo para a foto<br />

Há vários séculos, em tempos<br />

de guerras e conquistas,<br />

havia um rei que causava espanto<br />

pela forma que tratava<br />

os prisioneiros de guerra. Ele<br />

não os matava ou torturava,<br />

mas levava-os a uma grande<br />

sala onde num canto havia<br />

um grupo de arqueiros, e em<br />

outro canto uma imensa porta<br />

de ferro, na qual haviam figuras<br />

de caveiras cobertas por<br />

sangue.<br />

Nesta sala ele os fazia ficar<br />

encosta<strong>do</strong>s na parede, e lhes<br />

dizia:<br />

- Senhores, vocês podem escolher:<br />

serem meus escravos,<br />

tentar fugir e morrer pelas<br />

flechas de meus arqueiros, ou<br />

passar por aquela porta.<br />

A maioria <strong>do</strong>s prisioneiros<br />

escolhia a escravidão, outros<br />

tentavam fugir e eram mortos<br />

pelos arqueiros, porém,<br />

nunca, qualquer um deles escolheu<br />

passar pela porta de<br />

ferro.<br />

Ao término de uma das guerras,<br />

um solda<strong>do</strong> que por muito<br />

tempo servira o rei, lhe disse:<br />

- Senhor, posso lhe fazer<br />

uma pergunta?<br />

- Diga, solda<strong>do</strong>.<br />

- O que há de tão assusta<strong>do</strong>r<br />

atrás daquela porta?<br />

- Abra e veja – respondeu o rei.<br />

O solda<strong>do</strong> então abre a grande<br />

porta vagarosamente, e<br />

percebe que à medida que o<br />

faz, raios de sol vão adentran<strong>do</strong><br />

e clarean<strong>do</strong> o ambiente, e<br />

que quan<strong>do</strong> aberta, levaria os<br />

prisioneiros à liberdade.<br />

O solda<strong>do</strong> admira<strong>do</strong>, apenas<br />

olha para o rei que diz:<br />

- Não se espante solda<strong>do</strong>;<br />

assim como Deus faz conosco,<br />

eu dava a eles o livre arbítrio<br />

para escolherem o que queriam<br />

para suas vidas, e muitos<br />

preferiam ser escravos ou até<br />

mesmo morrer, a arriscar abrir<br />

a porta.<br />

O texto fala por si mesmo;<br />

apenas reflita sobre isso: O<br />

Ser humano não morre quan<strong>do</strong><br />

para de respirar, mas quan<strong>do</strong><br />

deixa de sonhar. Melhor é<br />

lamentar o que se fez, <strong>do</strong> que<br />

se arrepender por nunca ter<br />

tenta<strong>do</strong>.<br />

Tenha um excelente dia com<br />

Cristo.<br />

2010 2010<br />

Vale a Pena Ver de Novo: Sinha Moça e Irmãos Coragem no S. Quina<br />

2005<br />

Artesã consegue prender atenção de crianças interessadas em cestaria<br />

2002<br />

Seu Kito com “cabaça” misturan<strong>do</strong> farinha no “cocho”<br />

2010<br />

Bairro protegi<strong>do</strong> por Lei Federal...<br />

2008<br />

O Barão <strong>do</strong> açúcar e da garapa<br />

1995<br />

“Bitirão” de reboco na capela <strong>do</strong> Araribá

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