Saco do Morcego - Jornal Maranduba News
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Página 14 <strong>Jornal</strong> MARANDUBA <strong>News</strong> 18 Maio 2011<br />
Pie<strong>do</strong>sa União Filhas de Maria: as filhas da verdadeira virtude<br />
EZEQUIEL DOS SANTOS<br />
Na época em que não havia<br />
fé através <strong>do</strong> 0800, <strong>do</strong> e-mail,<br />
boleto bancário, show business<br />
ou megaeventos, um<br />
grupos de jovens mulheres<br />
faziam toda a diferença. Eram<br />
as Filhas de Maria - Pie<strong>do</strong>sa<br />
(Pia) União das Filhas de Maria<br />
da região.<br />
Esta União teve sua origem<br />
da Ordem <strong>do</strong>s Cônegos regulares,<br />
no século XII, que o<br />
beato Pedro de Honestis instituiu<br />
na igreja de Santa Maria<br />
<strong>do</strong> Porto, em Ravena. A Pia<br />
que, além da santa medalha<br />
pendente <strong>do</strong> pescoço, traziam<br />
à cintura uma faixa azul.<br />
Eram meninas que depois da<br />
catequese ingressavam nesta<br />
congregação, outras conquistavam<br />
o título por conta<br />
<strong>do</strong> seu fervor e devoção. Por<br />
aqui depois que casavam<br />
passavam para o Apostola<strong>do</strong><br />
Coração de Jesus. Religiosos<br />
e especialistas apontam as<br />
Filhas de Maria como a mais<br />
saudável e santa das instituições<br />
religiosas, haja vista a<br />
difusão de suas <strong>do</strong>ces mensagens<br />
aos humildes de coração<br />
e a atitude mariana aplicada<br />
no cotidiano sem exageros.<br />
No Brasil sua primeira associação<br />
foi organizada em Minas<br />
Gerais ano de 1853, durante<br />
o governo episcopal de<br />
Dom Antônio Ferreira Viçoso.<br />
Por aqui, foi logo depois das<br />
cinco aparições da Imaculada<br />
na região. Este “ajuntamento<br />
de jovens mulheres” ficou<br />
logo conheci<strong>do</strong> pelos cognomes<br />
de “A Pie<strong>do</strong>sa” ou a “A<br />
Pia” devi<strong>do</strong> à sua extrema<br />
devoção. Diferente de fanatismo<br />
elas demonstravam de<br />
forma equilibrada suas intenções<br />
tanto na prática quanto<br />
na teoria.<br />
As filhas tinham regras de<br />
convivência religiosa, comunitaria<br />
e familiar a serem seguidas<br />
por vontade própria.<br />
Elas constituiram por várias<br />
décadas os pilares da verdadeira<br />
fé a serem seguidas até<br />
serem substituidas por uma fé<br />
“enlatada” e paga.<br />
Elas não levavam uma vida<br />
de freira, mas sim de uma<br />
<strong>do</strong>nzela, que saiba viver sem<br />
exageros. Podiam se vestir<br />
Diploma de Admissão de uma Pie<strong>do</strong>sa<br />
conforme suas condições, ir<br />
ao cinema, aos teatros, bate-<br />
-pé desde que se comportassem<br />
com descencia dentro de<br />
um exemplo mariano. Uma<br />
Filha de Maria vivia com o intuito<br />
de garantir um cotidiano<br />
honra<strong>do</strong> a si e a sua familia.<br />
Eram devotas também de<br />
suas obrigações como filha,<br />
esposa-mulher, mãe, avó,<br />
amiga e companheira para todas<br />
as horas.<br />
Entre os anos de 1875 e<br />
1948 esta organização alcançou<br />
117 associações e<br />
11.623 filiadas. Pesquisa<strong>do</strong>ras<br />
apontam as Filhas de Maria<br />
constituídas como ambientes<br />
de preparação espiritual de<br />
jovens para serem guardiãs<br />
da moral e da religião sem<br />
perder o pé na terra em que<br />
vivem.<br />
Num regulamento de 14<br />
itens, muitos ainda estão bem<br />
atuais como o combate a ociosidade,<br />
a pratica da caridade,<br />
levantar-se ce<strong>do</strong>, meditação<br />
ao menos um quarto de hora<br />
de cada dia, amar o trabalho,<br />
não se esquecer <strong>do</strong> Mês de<br />
Maria em honra da Rainha <strong>do</strong><br />
Céu entre outros.<br />
Em muitos lugares as congregações<br />
femininas viraram<br />
escolas organizadas. Na década<br />
de 1950, correspondiam a<br />
50% das escolas privadas <strong>do</strong><br />
país e o número de educandários<br />
liga<strong>do</strong>s às ordens religiosas<br />
era maior que as escolas<br />
públicas.<br />
Em nossa região podemos<br />
citar alguns nomes como Orzília,<br />
Luzia Epifania, Gertrudes,<br />
Maria das Graças, Catarina,<br />
Maria e Benedita (filhas <strong>do</strong><br />
Jorge da Mata), Tiana Pedro,<br />
Tia Óta, dentre muitas outras<br />
que passaram sem saber por<br />
um processo pedagógico-catequético-espiritual<br />
da escola<br />
de Maria.<br />
Domingo a tarde elas se juntavam<br />
para rezar o Ofício a<br />
Nossa Senhora das Graças,<br />
participavam de todas as procissões,<br />
das missas, <strong>do</strong>s casamentos.<br />
Tu<strong>do</strong> sem esquecer o<br />
esposo, os filhos, seus afazeres,<br />
a sua família. Nada que<br />
tirassem sua liberdade, era<br />
dedicação espiritual e prática<br />
a ponto de se fundirem e dar<br />
bons e saudáveis exemplos.<br />
As meninas que estavam na<br />
catequese possuíam a “cruzada<br />
infantil”, que tinha uma fita<br />
amarela, quan<strong>do</strong> terminavam a<br />
catequese recebiam a fita azul<br />
em dia especifico em ritual religioso<br />
com o cântico “Dos teus<br />
cruza<strong>do</strong>s aqui reuni<strong>do</strong>s...”, só<br />
então passavam para a Pie<strong>do</strong>sa.<br />
Era um dia de festa, de lágrimas<br />
de felicidade.<br />
O Diploma de Admissão era<br />
conferi<strong>do</strong> a nova congregada.<br />
Por trás deste <strong>do</strong>cumento<br />
simples havia toda uma história<br />
de luta, fé, humildade,<br />
coragem e dedicação. Documento<br />
este que não poderia<br />
ser compra<strong>do</strong>, forja<strong>do</strong> ou<br />
adultera<strong>do</strong>. Diferente de hoje,<br />
naquele perío<strong>do</strong> era na pratica<br />
que se sabia quem era quem,<br />
tanto na fé como na vida real<br />
sem fanatismo e muito menos<br />
sem exagero, como pregou a<br />
Virtuosa que aqui esteve entre<br />
1915 e 1917 dizen<strong>do</strong> que<br />
era tu<strong>do</strong> para Jesus e nada<br />
sem Maria, quan<strong>do</strong> não, peça<br />
a Mãe que o Filho atenderá,<br />
mas não na TV, na sua comunidade,<br />
na vida real através<br />
<strong>do</strong>s calos feitos pelos rosários<br />
e pelo carinho que as Pie<strong>do</strong>sas<br />
sabiam oferecer.