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POR UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS<br />
N Ú M E R O 1 I<br />
D E Z E M B R O 2 0 0 8<br />
II Encontro sobre a Educação na<br />
Diocese de Bafatá <strong>em</strong> Junho 2008<br />
A actividade formativa na Diocese<br />
de Bafatá, integrada no Projecto<br />
<strong>+Escola</strong> da <strong>FEC</strong> encerrou<br />
oficialmente o seu primeiro ano<br />
nos dias 4, 5 e 6 de Junho 2008,<br />
com o II Encontro da Educação.<br />
Este encontro, realiza<strong>do</strong> na cúria<br />
diocesana de Bafatá, contou com<br />
a participação de 25 pessoas,<br />
entre directores e missionários,<br />
estan<strong>do</strong> todas as Missões Católicas<br />
e escolas da diocese representadas.<br />
Saiba mais sobre este<br />
encontro.<br />
Págs. 3 a 5<br />
Foto Ana Fonseca <strong>FEC</strong><br />
+Conversa com… Augusto Pereira<br />
Augusto Pereira até há pouco<br />
t<strong>em</strong>po Secretário de Esta<strong>do</strong> da<br />
Educação. T<strong>em</strong> uma carreira de<br />
32 anos <strong>em</strong> diversas áreas da<br />
educação, entre as quais se destaca<br />
a passag<strong>em</strong> pelo Instituto<br />
Nacional <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />
da Educação (INDE),<br />
parceiro da <strong>FEC</strong> na organização<br />
<strong>do</strong> Fórum sobre Educação que<br />
ocorreu <strong>em</strong> Fevereiro de<br />
2008, <strong>em</strong> Bissau.<br />
O <strong>Boletim</strong> <strong>+Escola</strong> foi<br />
conhecer um pouco<br />
melhor o seu percurso e<br />
trabalho realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
prol da Guiné-Bissau e <strong>do</strong><br />
seu povo.<br />
Págs. 6 e 7<br />
Foto Nuno Mace<strong>do</strong> <strong>FEC</strong>
PÁGINA 2<br />
B LETIM +ESC LA<br />
+Editorial<br />
A<br />
recente<br />
eleição de Barak<br />
Obama representou mediaticamente<br />
a vontade e a<br />
esperança de muitos num<br />
mun<strong>do</strong> renova<strong>do</strong> e apresentou-se, <strong>para</strong><br />
alguns, como a expressão máxima da<br />
<strong>em</strong>ancipação <strong>do</strong>s cidadãos de orig<strong>em</strong><br />
africana.<br />
S<strong>em</strong> dimensão geográfica ou populacional,<br />
s<strong>em</strong> recursos naturais ou infraestruturas<br />
turísticas relevantes e s<strong>em</strong><br />
tecnologia capaz de competir ao nível<br />
internacional, é precisamente na renovação<br />
da esperança das possibilidades de<br />
<strong>em</strong>ancipação que<br />
«Neste esforço procuramos<br />
não só aumentar a<br />
qualidade <strong>do</strong> ensino, como<br />
também promover a<br />
igualdade de género e os<br />
direitos das crianças.»<br />
encontro uma das principais<br />
forças mobiliza<strong>do</strong>ras<br />
da Guiné-Bissau.<br />
Aos meus olhos, ainda<br />
pouco treina<strong>do</strong>s <strong>para</strong><br />
compreender a complexa<br />
realidade guineense,<br />
parece de resto<br />
extraordinário como é<br />
que um povo não esmorece, após tantos<br />
anos de promessas e iniciativas goradas,<br />
intercaladas com paulatinos sinais de<br />
desenvolvimento, especialmente quan<strong>do</strong><br />
falamos de comunicação: redes de tel<strong>em</strong>óvel,<br />
acesso à internet e principalmente,<br />
por ser mais visível <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s, as<br />
estradas alcatroadas que ligam hoje as<br />
principais cidades <strong>do</strong> país.<br />
Mas se essa é a força, um <strong>do</strong>s principais<br />
probl<strong>em</strong>as continua a ser, como terá<br />
constata<strong>do</strong> logo após a independência<br />
António Pinto da França, a falta de quadros<br />
técnicos intermédios qualifica<strong>do</strong>s<br />
(Cf. França, António Pinto da (2006), Em T<strong>em</strong>pos de<br />
Inocência: Um Diário da Guiné-Bissau. Lisboa. Prefácio).<br />
Em consonância com a Política de Cooperação<br />
Portuguesa e com os Objectivos<br />
<strong>do</strong> Milénio, defini<strong>do</strong>s na conferência de<br />
Dakar realizada <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro de 2000<br />
sob a égide das Nações Unidas, a Fundação<br />
Evangelização e Culturas (<strong>FEC</strong>),<br />
trabalha desde Janeiro de 2001 com as<br />
escolas <strong>do</strong> ensino básico <strong>do</strong> interior <strong>do</strong><br />
país. Neste esforço procuramos não só<br />
aumentar a qualidade <strong>do</strong> ensino, como<br />
também promover a<br />
igualdade de género e os<br />
direitos das crianças.<br />
Ao olhar esta experiência<br />
ficamos com a sensação<br />
que o apoio financeiro<br />
e técnico externo<br />
é importante, que a<br />
iniciativa comunitária e<br />
associativa é fundamental,<br />
mas também que a<br />
Guiné-Bissau continuará a viver da esperança<br />
se não puder contar com a regulamentação<br />
de uma estrutura que sedimente<br />
processos e legitime linhas de<br />
actuação coerentes, ao longo de perío<strong>do</strong>s<br />
de t<strong>em</strong>po suficient<strong>em</strong>ente largos<br />
<strong>para</strong> ser<strong>em</strong> compatíveis com <strong>aqui</strong>lo a<br />
que pod<strong>em</strong>os chamar de “engenharia<br />
social”.<br />
Simão Car<strong>do</strong>so Leitão (Gestor <strong>do</strong> Projecto +<br />
Escola e Coordena<strong>do</strong>r de Programa <strong>FEC</strong> na<br />
Guiné-Bissau)<br />
Saiba + sobre...<br />
Sabia que:<br />
- De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s de um<br />
inquérito realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2000, a progressão<br />
da taxa líquida de escolarização<br />
na primária entre 1994 e 2000<br />
fez-se a um ritmo de 7,6% ao ano. A<br />
aplicação de cantinas escolares, ensino<br />
básico gratuito e unifica<strong>do</strong> e a construção<br />
de escolas comunitárias t<strong>em</strong> contribuí<strong>do</strong><br />
grand<strong>em</strong>ente <strong>para</strong> o aumento da<br />
taxa de escolarização das crianças.<br />
- Na análise da eficácia interna <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a<br />
elaborada <strong>em</strong> 2001/2002, <strong>para</strong><br />
um grupo de 1.000 alunos admiti<strong>do</strong>s<br />
na 1ª classe, apenas 490 consegu<strong>em</strong><br />
chegar à 6ª classe (F = 422; M = 540),<br />
296 aban<strong>do</strong>naram entre a 1ª e a 6ª<br />
classe e 162 terminam com sucesso a<br />
escolaridade básica. Destes, apenas 42<br />
terminam <strong>em</strong> seis anos s<strong>em</strong> nenhuma<br />
reprovação; 120 com uma ou mais<br />
reprovações sucessivas perfazen<strong>do</strong> 8<br />
ou até 9 anos de estu<strong>do</strong>s <strong>para</strong> terminar<br />
a 6ª classe.<br />
(Adapta<strong>do</strong> por Pedro Almeida, técnico forma<strong>do</strong>r da <strong>FEC</strong>)<br />
* Fontes:<br />
- Primeiro relatório sobre os Objectivos <strong>do</strong> Milénio <strong>para</strong> o<br />
Desenvolvimento na Guiné-Bissau, 2004.<br />
Ficha Técnica:<br />
Edição: Sara Poças; Redacção: Ana Filipa Silva, Ana Fonseca, Ana Poças, António Alves, Maria <strong>do</strong> Rosário Rodrigues, Nuno<br />
Mace<strong>do</strong>, Pedro Almeida, Sara Poças, Simão Car<strong>do</strong>so Leitão, Vanessa Marcos, Glória Castelhano; Paginação: Sara Poças;<br />
Tirag<strong>em</strong>: 1600 ex<strong>em</strong>plares; Propriedade: Fundação Evangelização e Culturas, Projecto + Escola
NÚMERO 1I<br />
PÁGINA 3<br />
<strong>FEC</strong> organiza II Encontro da Educação na Diocese de Bafatá<br />
Foto Sara Poças <strong>FEC</strong><br />
Texto: Sara Poças<br />
Técnica da Educação da <strong>FEC</strong><br />
A<br />
actividade formativa<br />
na Diocese de Bafatá,<br />
integrada no Projecto<br />
<strong>+Escola</strong> da <strong>FEC</strong>, encerrou<br />
oficialmente o seu primeiro ano<br />
nos dias 4, 5 e 6 de Junho de 2008,<br />
com o II Encontro Diocesano da<br />
Educação.<br />
Este encontro, realiza<strong>do</strong> na cúria<br />
diocesana de Bafatá, contou com a<br />
participação de 25 pessoas, entre<br />
directores e missionários, estan<strong>do</strong><br />
todas as Missões Católicas e escolas<br />
da diocese representadas.<br />
A abertura <strong>do</strong> encontro contou com a<br />
presença de D. Pedro Zilli, bispo da Diocese<br />
de Bafatá, Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira,<br />
coordena<strong>do</strong>r da Comissão Interdiocesana<br />
da Educação e Ensino (CIEE) e Nuno<br />
Mace<strong>do</strong>, gestor <strong>do</strong> Projecto <strong>+Escola</strong> da<br />
<strong>FEC</strong>.<br />
D. Pedro Zilli referiu o entusiasmo<br />
d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong> pelos directores e missionários<br />
no I Encontro da Educação, realiza<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> Junho de 2007, entusiasmo esse<br />
que não desvaneceu ao longo <strong>do</strong> trabalho<br />
deste ano lectivo, com a criação <strong>do</strong>s<br />
grupos regionais pró-educação.<br />
O Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira felicitou os presentes<br />
pelo grande trabalho realiza<strong>do</strong> ao<br />
longo deste ano lectivo. Referiu também<br />
que o papel das escolas católicas não é<br />
só não fazer greve, mas ensinar e formar<br />
os cidadãos <strong>do</strong> futuro. Terminou referin<strong>do</strong><br />
que é preciso caminharmos juntos,<br />
Participantes <strong>do</strong> primeiro dia <strong>do</strong> encontro: directores e missionários das<br />
dioceses de Bafatá e Bissau.<br />
A abertura <strong>do</strong> II Encontro da Educação contou com D. Pedro Zilli, bispo<br />
de Bafatá, Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira, coordena<strong>do</strong>r da CIEE e Nuno Mace<strong>do</strong>,<br />
gestor <strong>do</strong> Projecto + Escola da <strong>FEC</strong>.<br />
dioceses de Bafatá e Bissau, <strong>em</strong>bora a<br />
diocese de Bafatá esteja a crescer e seja<br />
necessário ter uma certa autonomia.<br />
Nuno Mace<strong>do</strong>, nas suas palavras de abertura,<br />
agradeceu a presença de to<strong>do</strong>s e o<br />
<strong>em</strong>penho de cada um ao longo <strong>do</strong> primeiro<br />
ano <strong>do</strong> Projecto <strong>+Escola</strong>, na actividade<br />
de formação <strong>em</strong> gestão e administração<br />
escolar. Congratulou-se com a<br />
realização <strong>do</strong> II Encontro sobre Educação<br />
na Diocese de Bafatá e com a definição e<br />
aprovação de um Manual de Procedimentos<br />
– principal resulta<strong>do</strong> planea<strong>do</strong> <strong>para</strong> a<br />
actividade. Fez ainda alusão ao carácter<br />
inova<strong>do</strong>r <strong>do</strong> trabalho que a Diocese de<br />
Bafatá t<strong>em</strong> realiza<strong>do</strong> no <strong>do</strong>mínio da educação<br />
e a vontade da <strong>FEC</strong> <strong>em</strong> participar<br />
no esforço de melhoria <strong>do</strong> acesso e da<br />
qualidade da educação, particularmente<br />
das escolas ligadas à Igreja Católica, na<br />
Guiné-Bissau.<br />
Seguiu-se a intervenção de Sara Poças,<br />
que fez uma síntese sobre a orig<strong>em</strong> desta<br />
actividade, o percurso <strong>para</strong> a elaboração<br />
<strong>do</strong> Manual de Procedimentos, que terminará<br />
com este II Encontro da Educação e<br />
a avaliação <strong>do</strong> trabalho.<br />
Foto Sara Poças <strong>FEC</strong>
PÁGINA 4<br />
B LETIM +ESC LA<br />
Foto Ana Fonseca <strong>FEC</strong><br />
Comunicação de Alexandre Furta<strong>do</strong><br />
sobre o papel da Igreja na educação<br />
na Guiné-Bissau.<br />
No ponto de situação sobre as escolas<br />
da Diocese de Bafatá, a forma<strong>do</strong>ra fez<br />
um resumo, <strong>para</strong> cada escola, sobre o<br />
tipo de gestão, níveis de ensino, número<br />
total de alunos e professores, a utilização<br />
<strong>do</strong> Regulamento Interno de escola e<br />
Contrato de Trabalho <strong>do</strong>s professores, o<br />
número de meses de trabalho e salário/<br />
subsídio mensal <strong>do</strong>s professores e inscrição<br />
e propina <strong>do</strong>s alunos.<br />
Na apresentação e discussão plenária <strong>do</strong><br />
Manual de Procedimentos, a forma<strong>do</strong>ra<br />
colocou <strong>em</strong> discussão a análise com<strong>para</strong>tiva<br />
da estrutura <strong>do</strong> Regulamento Interno<br />
de escola, o perfil <strong>do</strong> professor, o relatório<br />
anual de actividades e calendário<br />
escolar, os valores <strong>do</strong> subsídio/salário<br />
mensal <strong>do</strong>s professores e da matrícula e<br />
propina mensal <strong>do</strong>s alunos, sen<strong>do</strong> este<br />
último ponto o mais polémico.<br />
O Director Regional de Educação, Samba<br />
Buaró, fez a intervenção seguinte sobre<br />
as competências das Direcções Regionais<br />
de Educação (DRE) nas escolas de autogestão<br />
e privadas, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> coordena<strong>do</strong>r<br />
da CIEE, Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira, que<br />
falou sobre as competências da CIEE nas<br />
mesmas escolas, constantes no<br />
“Programa <strong>do</strong> Secretaria<strong>do</strong> de Pastoral e<br />
das Comissões da Diocese de Bissau e<br />
Inter-Diocesanas de Bissau e Bafatá<br />
2003-2006”. Depois destas duas intervenções,<br />
houve uma sessão de esclarecimento<br />
de dúvidas relacionadas com<br />
situações das várias escolas.<br />
Este primeiro dia contou com a presença<br />
de missionários e directores da Diocese<br />
de Bissau, nomeadamente a Irmã Beth, a<br />
Irmã Farias e os coordena<strong>do</strong>res das<br />
escolas <strong>em</strong> autogestão, que deram uma<br />
boa contribuição <strong>para</strong> a discussão de<br />
alguns aspectos mais polémicos <strong>do</strong><br />
Manual de Procedimentos, tais como o<br />
sist<strong>em</strong>a de avaliação, o calendário escolar<br />
e a gestão financeira.<br />
O segun<strong>do</strong> dia <strong>do</strong> encontro teve início<br />
com um <strong>do</strong>s objectivos principais: a síntese<br />
e aprovação <strong>do</strong> Manual de Procedimentos<br />
– Documento de Base. Antes da<br />
aprovação, discutiu-se, com alguma polémica,<br />
os valores <strong>do</strong> subsídio/salário mensal<br />
<strong>do</strong>s professores e da matrícula e propina<br />
mensal <strong>do</strong>s alunos constantes nas<br />
três propostas regionais, chegan<strong>do</strong>-se ao<br />
consenso <strong>do</strong>s intervalos de valores que<br />
são apresenta<strong>do</strong>s no Manual de Procedimentos.<br />
Seguiu-se a reflexão <strong>do</strong> coordena<strong>do</strong>r da<br />
Fundação Educação e Desenvolvimento<br />
(FED) e ex-ministro da Educação da Guiné-Bissau,<br />
Alexandre Furta<strong>do</strong>, sobre a<br />
perspectiva histórica <strong>do</strong> papel da Igreja<br />
Católica na Educação da Guiné-Bissau.<br />
O Dr. Alexandre Furta<strong>do</strong> começou por<br />
saudar os presentes e manifestar o contentamento<br />
pela a sua presença neste<br />
encontro, por este ser sobre administração<br />
e gestão escolar, sua área de especialidade,<br />
e por ser um encontro <strong>em</strong> Bafatá,<br />
terra que o viu crescer.<br />
Depois de fazer uma resenha histórica<br />
sobre o papel <strong>do</strong>s missionários na Guiné-<br />
Bissau, o Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira reforçou o<br />
papel <strong>do</strong>s professores-catequistas na<br />
educação da Guiné-Bissau, fazen<strong>do</strong> uma<br />
retrospectiva <strong>do</strong> seu trabalho. Referiu<br />
também a falta de legislação sobre Administração<br />
e Gestão Escolar e a não aprovação<br />
da Lei de Bases <strong>do</strong> Sist<strong>em</strong>a Educativo.<br />
O Dr. Alexandre Furta<strong>do</strong> reforçou a<br />
ideia de que a Igreja Católica deve definir<br />
e delimitar o seu papel na educação da<br />
Guiné-Bissau. O esta<strong>do</strong> poderá fornecer<br />
os materiais e pagar aos professores,<br />
deven<strong>do</strong> a formação e organização das<br />
escolas ficar a cargo da Igreja.<br />
Na parte da tarde, o coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
Projecto + Escola da <strong>FEC</strong>, Nuno Mace<strong>do</strong>,<br />
orientou a discussão <strong>do</strong>s directores e<br />
missionários sobre o futuro da actividade<br />
formativa da Diocese de Bafatá <strong>para</strong> o<br />
ano lectivo 2008/2009.<br />
Nesta discussão, Nuno Mace<strong>do</strong> dialogou<br />
com os presentes a fim de definir os<br />
interesses <strong>do</strong> público-alvo desta actividade<br />
<strong>para</strong> o próximo ano lectivo: a aplicação<br />
<strong>do</strong> Manual de Procedimentos –<br />
Documento de Base, primeiro por parte<br />
das escolas/missões e depois através de<br />
visitas de acompanhamento às Missões<br />
Católicas, feitas pelo técnico da <strong>FEC</strong> e<br />
possivelmente por um responsável da<br />
Educação da Diocese de Bafatá na CIEE.<br />
Falou-se também da possibilidade de<br />
integração <strong>do</strong>s responsáveis <strong>do</strong> Comité<br />
de Gestão nos trabalhos de formação,<br />
através da participação <strong>em</strong> encontros<br />
regionais.<br />
Outra vertente desta actividade seria<br />
entregar e discutir o Manual de Procedimentos<br />
nas Missões Católicas da Diocese<br />
de Bissau, conduzi<strong>do</strong> pela CIEE, nomeadamente<br />
pelo Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira. Este<br />
processo terminaria na discussão conjunta<br />
<strong>do</strong>s processos de elaboração <strong>do</strong><br />
Manual de Procedimentos nas duas dioceses.<br />
Esta discussão poderia ser colmatada<br />
num I Encontro sobre Educação da<br />
Igreja Católica na Guiné-Bissau a realizar<br />
no final <strong>do</strong> próximo ano lectivo.
NÚMERO 1I<br />
PÁGINA 5<br />
Foto Sara Poças <strong>FEC</strong><br />
No último dia, 6ª feira, o Pe. Jo<strong>aqui</strong>m<br />
apresentou o plano de acção <strong>para</strong> três<br />
anos da CIEE e esclareceu as dúvidas <strong>do</strong>s<br />
presentes relativamente a diversos assuntos<br />
relaciona<strong>do</strong>s com as escolas católicas<br />
e a CIEE.<br />
Neste plano de acção constam os seguintes<br />
pontos:<br />
1 - Manual de Procedimentos<br />
2 - Escola de educa<strong>do</strong>ras de infância<br />
3 - Livros escolares <strong>para</strong> o liceu<br />
4 - Projecto Educativo das escolas da<br />
Igreja Católica<br />
O plano de acção contará então com um<br />
Manual de Procedimentos comum às<br />
dioceses, que deverá ser elabora<strong>do</strong> e<br />
aplica<strong>do</strong> neste perío<strong>do</strong>.<br />
A escola de educa<strong>do</strong>ras de infância é um<br />
projecto-piloto de três anos, ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong><br />
o seu funcionamento este ano<br />
lectivo, <strong>em</strong>bora com algumas dificuldades.<br />
Há ainda um projecto futuro de<br />
criar uma escola de formação inicial de<br />
professores e de formação de professores<br />
<strong>em</strong> serviço.<br />
Relativamente à edição de livros escolares<br />
<strong>para</strong> o liceu, o Pe. Jo<strong>aqui</strong>m referiu<br />
que, devi<strong>do</strong> à inexistência de livros escolares<br />
<strong>para</strong> o liceu, a CIEE decidiu fazer<br />
uma edição <strong>do</strong>s livros escolares elabora<strong>do</strong>s<br />
pelo Liceu João XXIII.<br />
Relativamente ao Projecto Educativo das<br />
Almoço de encerramento <strong>do</strong> II Encontro da Educação.<br />
“Gesto das s<strong>em</strong>entes” da Celebração da Educação.<br />
escolas da CIEE, o Pe. Jo<strong>aqui</strong>m referiu<br />
que seria um projecto a precisar de ser<br />
mais elabora<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à sua complexidade,<br />
pois implica recursos humanos <strong>para</strong><br />
fazer a alteração de programas, currículos<br />
escolares (criar novas disciplinas) e<br />
criação de cursos profissionais, o que<br />
mexe com to<strong>do</strong>s os níveis de ensino.<br />
Pe. Jo<strong>aqui</strong>m Pereira mencionou ainda a<br />
com<strong>em</strong>oração <strong>do</strong> Ano Paulino, decreta<strong>do</strong><br />
pelo Papa, que contará também com<br />
actividades organizadas pela CIEE.<br />
Por fim, falou-se da coordenação da<br />
educação na Diocese de Bafatá ser feita<br />
juntamente com a CIEE, poden<strong>do</strong> haver<br />
duas comissões, mas não estan<strong>do</strong> a de<br />
Bafatá desligada da comissão de Bissau,<br />
haven<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre uma unidade com as<br />
dioceses.<br />
D. Pedro deixou alguns pontos <strong>para</strong><br />
reflexão:<br />
- Reflectir sobre o futuro, depois <strong>do</strong> final<br />
<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano deste trabalho da <strong>FEC</strong>.<br />
- A mudança das comissões depois <strong>do</strong> dia<br />
30 de Junho.<br />
- Não deixar de haver um trabalho conjunto<br />
entre as duas dioceses.<br />
- Que a Diocese de Bafatá tenha o seu<br />
caminho <strong>para</strong> dinamizar.<br />
O II Encontro da Educação terminou<br />
com uma Celebração de envio, onde se<br />
aplicou a simbologia da s<strong>em</strong>ente. Os<br />
presentes comprometeram-se a “ajudar<br />
os que nos for<strong>em</strong> confia<strong>do</strong>s na escola,<br />
<strong>para</strong> que a s<strong>em</strong>ente que plantaste nos<br />
seus corações germine, cresça e frutifique”.<br />
Os presentes fizeram uma avaliação <strong>do</strong><br />
Encontro e <strong>do</strong> ano lectivo e por fim<br />
houve o encerramento com o discurso<br />
de D. Pedro Zilli. O II Encontro da Educação<br />
terminou com um almoço-convívio<br />
melhora<strong>do</strong> com direito a bolo e champanhe!<br />
Foto Sara Poças <strong>FEC</strong>
PÁGINA 6<br />
B LETIM +ESC LA<br />
+Conversa com… Augusto Pereira<br />
Augusto Pereira foi até há pouco t<strong>em</strong>po Secretário de Esta<strong>do</strong> da Educação. T<strong>em</strong> uma<br />
carreira de 32 anos <strong>em</strong> diversas áreas da educação, entre as quais se destaca a passag<strong>em</strong><br />
pelo INDE, com qu<strong>em</strong> a <strong>FEC</strong> organizou o Fórum sobre Educação <strong>em</strong> Fevereiro<br />
de 2008.<br />
Texto: Simão Car<strong>do</strong>so Leitão, Gestor <strong>do</strong> Projecto + Escola e coordena<strong>do</strong>r de Programa<br />
da <strong>FEC</strong> na Guiné-Bissau<br />
nha<strong>do</strong> ultimamente diferentes funções<br />
no Ministério da Educação Nacional<br />
como: Inspector-geral da Educação, que<br />
exerci entre os anos 2000 e 2001, fui <strong>em</strong><br />
t<strong>em</strong>pos intercala<strong>do</strong>s, entre os anos<br />
2001-2003 e 2007 presidente <strong>do</strong> INDE<br />
e, finalmente exerci funções de Secretário<br />
de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ensino, de Janeiro a<br />
Agosto de 2008.<br />
Durante tão importante percurso,<br />
qual pensa ser a marca mais visível<br />
<strong>do</strong> seu trabalho na área da Educação<br />
na Guiné-Bissau?<br />
Não sei se deixo uma marca pessoal<br />
propriamente dita, uma vez que este é<br />
um trabalho que obriga o profissional a<br />
intervir <strong>em</strong> mun<strong>do</strong>s multiculturais e<br />
multifuncionais através <strong>do</strong> processo<br />
participativo de ensino-aprendizag<strong>em</strong>,<br />
num convívio inevitável, levan<strong>do</strong> o<br />
<strong>do</strong>cente, o discente, pais e encarrega<strong>do</strong>s<br />
da educação a se a<strong>do</strong>ptar<strong>em</strong> como<br />
parentes, por afinidade. A Educação,<br />
enquanto área da ciência social, requer<br />
portanto um trabalho conjunto <strong>para</strong> o<br />
desenvolvimento humano integra<strong>do</strong>,<br />
destacan<strong>do</strong>-se a promoção cultural,<br />
Social, Político, Moral, etc.<br />
Houve algum episódio que o tenha<br />
marca<strong>do</strong> de forma especial ao longo<br />
da sua carreira?<br />
Exist<strong>em</strong> projectos, que eu chamaria de<br />
impossíveis, que continuam a actuar<br />
sobre a paixão profissional. Ao longo<br />
deste t<strong>em</strong>po fui leva<strong>do</strong> a perceber que o<br />
“poder” exerce influência de reprodução,<br />
chefian<strong>do</strong> o currículo oculto no<br />
sist<strong>em</strong>a formal quan<strong>do</strong>, ainda hoje, opi-<br />
Augusto Pereira na sua intervenção<br />
<strong>do</strong> Fórum da Educação.<br />
F<br />
ale-nos um pouco da sua<br />
história ao serviço da educação<br />
na Guiné-Bissau.<br />
A resposta a essa questão propõe<br />
a apresentação da minha carreira<br />
profissional que se enquadra num perío<strong>do</strong><br />
de 32 anos, destacan<strong>do</strong>-se diferentes<br />
intervenções nas áreas da <strong>do</strong>cência,<br />
pesquisa educacional, gestão e administração<br />
político-institucional.<br />
No que diz respeito à <strong>do</strong>cência fui professor<br />
de Língua Portuguesa, História e<br />
Ciências Sociais <strong>em</strong> escolas públicas e<br />
particulares. Estive também associa<strong>do</strong> a<br />
centros de formação inicial e <strong>em</strong> exercício<br />
de professores, onde ministrei disciplinas<br />
como Didáctica e Pedagogia Geral<br />
ou Psicopedagogia e Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong><br />
Ensino de Ciências Sociais.<br />
De 1986 até 1994, estive ao serviço <strong>do</strong><br />
Instituto Nacional <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />
da Educação (INDE), como técnico<br />
efectivo. Durante este perío<strong>do</strong>, <strong>para</strong><br />
além de participar na organização de<br />
vários s<strong>em</strong>inários e cursos de formação<br />
<strong>do</strong> pessoal da educação (Inspectores,<br />
Directores, Professores, etc.) fui primeiramente<br />
Coordena<strong>do</strong>r da Formação <strong>em</strong><br />
Exercício – Curso Dirigi<strong>do</strong> – e no último<br />
ano lectivo Coordena<strong>do</strong>r da Área de<br />
Formação Inicial de Professores.<br />
A década de 90 ficou ainda marcada pela<br />
publicação de várias edições relacionadas<br />
com a <strong>do</strong>cência, principalmente o ensino<br />
básico.<br />
Em termos de gestão e administração<br />
publico-institucional, <strong>para</strong> além das experiências<br />
de Director de duas escolas <strong>do</strong><br />
ensino básico compl<strong>em</strong>entar da vila de<br />
Tite e de Canchungo, tenho des<strong>em</strong>peniões<br />
inova<strong>do</strong>ras que influenciam a<br />
melhoria da qualidade <strong>do</strong> ensino, porque<br />
tocam com a verdadeira realidade cultural,<br />
não são valoriza<strong>do</strong>s. São ex<strong>em</strong>plos<br />
disso as teses <strong>do</strong> PEP, que nos confrontam<br />
com probl<strong>em</strong>as como: pensamento<br />
mat<strong>em</strong>ático da criança da Guiné-Bissau;<br />
ensino de Português com a Meto<strong>do</strong>logia<br />
da Língua Segunda, Que Livros Didácticos<br />
<strong>para</strong> a Escola Básica? Etc. Foram<br />
exactamente os projectos de investigação,<br />
por colocar<strong>em</strong> e procurar<strong>em</strong> responder<br />
a probl<strong>em</strong>as, os que mais me<br />
marcaram ao longo da carreira.<br />
Na sua opinião, quais as maiores<br />
dificuldades que a Guiné-Bissau<br />
enfrenta na aplicação <strong>do</strong> Plano<br />
Nacional de Acção – Educação Para<br />
To<strong>do</strong>s?<br />
É preciso começar por dizer que a delegação<br />
da Guiné-Bissau teve uma participação<br />
honrosa, na Conferência Mundial<br />
sobre “EPT – Educação Para To<strong>do</strong>s”<br />
realizada <strong>em</strong> Jomti<strong>em</strong>, no ano 1990 e<br />
que pretendia <strong>para</strong> o Ensino Básico Universal<br />
<strong>para</strong> uma redução considerável <strong>do</strong><br />
Foto Nuno Mace<strong>do</strong> <strong>FEC</strong>
NÚMERO 1I<br />
PÁGINA 7<br />
analfabetismo, até o final dessa década.<br />
Também participei na conferência de<br />
Joanesburgo, <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 1999,<br />
realizada <strong>para</strong> analisar progressos consegui<strong>do</strong>s<br />
no final dessa década e delinear<br />
um programa <strong>para</strong> o séc. XXI e na conferência<br />
de Dakar, <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro de<br />
2000 onde foram defini<strong>do</strong>s os Objectivos<br />
Do Milénio <strong>para</strong> o Desenvolvimento.<br />
Em resumo a Guiné-Bissau está politicamente<br />
associada a esta iniciativa desde o<br />
início e dá maior prioridade à componente<br />
“Acesso ao Ensino Básico”.<br />
Mas outra questão r<strong>em</strong>ete-nos <strong>para</strong> as<br />
condições práticas. Apesar de grandes<br />
intervenções no meio rural ser<strong>em</strong> asseguradas<br />
por positivas parcerias (agências<br />
e ONG), o balanço desta componente<br />
ganha outros contornos. Existe uma<br />
desarticulação e/ou descoordenação<br />
entre definições de projectos e a aplicação<br />
formal das medidas ou de actos <strong>do</strong><br />
cumprimento de interacções projectadas<br />
na Declaração da Política Educativa que<br />
são – a meu ver – destacadas como<br />
fundamentos essenciais. Esta desarticulação<br />
torna limitada esta componente.<br />
Senão vejamos: o Plano Sectorial na<br />
Educação apresenta já atraso relativo; a<br />
maior parte <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Ensino<br />
Básico não possui a qualificação formal;<br />
o Financiamento <strong>do</strong> Ensino Básico é<br />
muito baixo não ten<strong>do</strong> beneficia<strong>do</strong> de<br />
afectação orçamental significativa, ten<strong>do</strong><br />
como consequência os atrasos no pagamento<br />
<strong>do</strong>s salários <strong>do</strong>s professores. Só<br />
<strong>para</strong> enunciar alguns <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as.<br />
<strong>do</strong>s de qualidade, aceitáveis na comunidade.<br />
Há necessidades de urgência e muito<br />
prioritárias <strong>para</strong> este fim, a saber: i) A<br />
reforma <strong>do</strong>s programas curriculares com<br />
t<strong>em</strong>as actualiza<strong>do</strong>s ou seja, inserin<strong>do</strong><br />
t<strong>em</strong>as transversais que o projecto EvF/<br />
EmP já aponta; ii) A organização <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a<br />
de formação, nas duas sub componentes<br />
(inicial e <strong>em</strong> exercício), ten<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
atenção os sist<strong>em</strong>as de ensino, marca<strong>do</strong>s<br />
pela Declaração da Política <strong>do</strong> Ensino; iii)<br />
Aumentar a importância financeira <strong>do</strong><br />
sector educativo nacional, a partir de<br />
estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Plano Sectorial aprova<strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> a rubrica Educação com um Orçamento<br />
<strong>para</strong> a média real das despesas<br />
previstas a to<strong>do</strong> o sist<strong>em</strong>a.<br />
Nesse senti<strong>do</strong> como vê a parceria<br />
entre a <strong>FEC</strong> e o MENES?<br />
Importantes acções da Fundação Evangelização<br />
e Culturas, no sector educativo,<br />
pod<strong>em</strong> ser enquadradas <strong>em</strong> diversas<br />
perspectivas que germinam <strong>do</strong> contexto<br />
político nacional e que, por tal facto,<br />
test<strong>em</strong>unham a utilidade lógica da parceria<br />
que o sist<strong>em</strong>a educativo de um país<br />
como a Guiné-Bissau deve formular <strong>para</strong><br />
uma generalização formal.<br />
Este foi aliás um pressuposto avança<strong>do</strong><br />
com a realização de um fórum sobre o<br />
sist<strong>em</strong>a de ensino e formação, realiza<strong>do</strong><br />
no Centro Cultural Português, <strong>em</strong> Fevereiro<br />
de 2008. Aí as parcerias combinadas<br />
entre instituições <strong>em</strong>penhadas <strong>para</strong><br />
o mesmo desfecho, provou a validade e<br />
a importância de um tal propósito, já<br />
que só se pode materializar pela convergência<br />
de propostas e proveitosa interacção.<br />
Foto Nuno Mace<strong>do</strong> <strong>FEC</strong><br />
Na sua opinião, que caminho a seguir<br />
pela Guiné-Bissau <strong>para</strong> alcançar uma<br />
educação de qualidade?<br />
Criar condições essenciais <strong>para</strong> o efeito,<br />
designadamente a situação técnicoinstitucional<br />
de cada repartição criada<br />
<strong>para</strong> a execução <strong>do</strong>s planos, programas e<br />
projectos técnicos com a intenção de<br />
promover acções que facilitam resulta-<br />
Da esquerda <strong>para</strong> a direita, Madalena Arroja (Instituto Camões), Augusto<br />
Pereira e Catarina Lopes (<strong>FEC</strong>) no encerramento <strong>do</strong> Fórum da Educação.
PÁGINA 8<br />
B LETIM +ESC LA<br />
5 Perguntas a… ETR<br />
José Quadé<br />
Inspector da Equipa Técnica Regional<br />
(ETR) de Bafatá, sector de Bafatá.<br />
Foto Sara Poças <strong>FEC</strong><br />
António Bedane<br />
Inspector da Equipa Técnica Regional (ETR)<br />
de Cacheu, sector de Canchungo.<br />
Foto António Alves <strong>FEC</strong><br />
Enquanto inspector, qual é a sua<br />
missão?<br />
Enquanto inspector, a minha missão<br />
é superar os professores nas suas<br />
dificuldades e capacitá-los com formação<br />
técnica pedagógica.<br />
Quais são as dificuldades que enfrenta na execução <strong>do</strong><br />
seu trabalho enquanto m<strong>em</strong>bro da ETR?<br />
Enquanto m<strong>em</strong>bro da ETR de Bafatá, as dificuldades que<br />
enfrento na execução <strong>do</strong> meu trabalho são a falta de meios<br />
disponíveis como o transporte e projectos <strong>para</strong> a capacitação<br />
<strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes com vista à impl<strong>em</strong>entação da minha missão.<br />
Quais foram as principais actividades da DRE neste<br />
ano lectivo?<br />
As principais actividades da DRE <strong>para</strong> este ano lectivo diz<strong>em</strong><br />
respeito à pre<strong>para</strong>ção <strong>do</strong> mesmo, à participação na elaboração<br />
<strong>do</strong> plano estratégico da Educação <strong>para</strong> o desenvolvimento<br />
regional e à concertação periódica com os parceiros da educação.<br />
A DRE t<strong>em</strong> orientações específicas <strong>para</strong> a superação<br />
<strong>do</strong> 2º Objectivo <strong>do</strong> Milénio: “Alcançar o ensino primário<br />
universal”?<br />
Para a superação <strong>do</strong>s Objectivos <strong>do</strong> Milénio, a DRE de Bafatá<br />
preconiza a pre<strong>para</strong>ção suficiente de recursos humanos qualifica<strong>do</strong>s,<br />
a criação de condições da entrada das crianças fora<br />
<strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a educativo (construção de estruturas e apetrechamento<br />
com equipamentos escolares), sensibilização das comunidades<br />
(pais e encarrega<strong>do</strong>s de educação) <strong>para</strong> o apoio na<br />
redução <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no escolar e fornecimento regular de<br />
Manuais Escolares e material didáctico-pedagógico e guias de<br />
orientação <strong>do</strong> professor.<br />
Que futuro <strong>para</strong> a Educação na Guiné-Bissau?<br />
As perspectivas <strong>do</strong> futuro da Educação na Guiné-Bissau r<strong>em</strong>et<strong>em</strong><br />
<strong>para</strong> a promoção <strong>do</strong> plano sectorial da Educação, impl<strong>em</strong>entação<br />
da carreira <strong>do</strong>cente, capacitação <strong>do</strong> pessoal <strong>do</strong>cente<br />
<strong>para</strong> um ensino de qualidade, criação <strong>do</strong>s centros de formação<br />
pedagógicos e profissionais nas regiões, concertação e<br />
mobilização <strong>do</strong>s parceiros <strong>para</strong> a impl<strong>em</strong>entação <strong>do</strong>s projectos<br />
da Educação na Guiné-Bissau.<br />
Enquanto inspector, qual é a sua<br />
missão?<br />
Sou inspector <strong>para</strong> desenvolver o sector<br />
educativo na Região de Cacheu. Sou inspector<br />
forma<strong>do</strong>r neste Sector, trabalho<br />
com os professores nas COME’s e acompanho<br />
os professores no terreno. Na formação <strong>em</strong> Bula, estou<br />
como forma<strong>do</strong>r na área da psico-pedagogia, que é muito interessante<br />
<strong>para</strong> os professores.<br />
Quais são as dificuldades que enfrenta na execução <strong>do</strong><br />
seu trabalho enquanto m<strong>em</strong>bro da ETR?<br />
As dificuldades que nós t<strong>em</strong>os são de transporte <strong>para</strong> fazer o<br />
acompanhamento <strong>do</strong> trabalho diário <strong>do</strong>s professores. Há escolas<br />
a distâncias de 30-40 km que não se pode ir devi<strong>do</strong> à falta de<br />
transporte. Consegue-se ir uma vez e depois d<strong>em</strong>ora-se mais de<br />
três meses <strong>para</strong> lá voltar. E esse t<strong>em</strong>po é necessário <strong>para</strong> verificar<br />
a superação <strong>do</strong> professor. Também t<strong>em</strong>os dificuldade <strong>do</strong><br />
programa escolar, que não chega a to<strong>do</strong>s os professores guineenses.<br />
Estes dão aulas s<strong>em</strong> programa e s<strong>em</strong> manuais escolares.<br />
Quais foram as principais actividades da DRE neste ano<br />
lectivo?<br />
Depois da formação que nós fiz<strong>em</strong>os <strong>em</strong> Bula, houve uma formação<br />
acompanhada no terreno o ano passa<strong>do</strong>, com as fichas de<br />
observação de aulas. Depois fiz<strong>em</strong>os uma avaliação unificada a<br />
nível nacional <strong>para</strong> apurar a capacidade de assimilação <strong>do</strong>s professores<br />
e também das suas práticas nas escolas.<br />
A DRE t<strong>em</strong> orientações específicas <strong>para</strong> a superação <strong>do</strong><br />
2º Objectivo <strong>do</strong> Milénio: “Alcançar o ensino primário<br />
universal”?<br />
Tiv<strong>em</strong>os um atelier <strong>em</strong> Bissau onde foram convoca<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os<br />
ETR’s, fomos falar acerca <strong>do</strong>s Objectivos <strong>do</strong> Milénio e nós, de<br />
facto, tiv<strong>em</strong>os oportunidade de ouvir essas notícias. Na política<br />
educativa está escrito, quan<strong>do</strong> se fala na Lei de Bases: ensino<br />
obrigatório, igualdade de oportunidades. O que se vê na prática<br />
é que os pais ainda têm dificuldades <strong>em</strong> mandar os filhos ou filhas<br />
à Escola, dan<strong>do</strong> mais oportunidade aos masculinos <strong>em</strong> relação<br />
aos f<strong>em</strong>ininos. Mas há comunidades que estão já a compreender<br />
estas situações e as filhas fêmeas ficam mais t<strong>em</strong>po já na escola e<br />
consegu<strong>em</strong> atingir o 2º Ciclo <strong>do</strong> Ensino Básico.<br />
Que futuro <strong>para</strong> a Educação na Guiné-Bissau?<br />
Na minha ideia acho que o futuro vai ser melhor, porque o plafond<br />
que se está a ver agora de ingressos de alunos nas escolas é<br />
maior, <strong>em</strong>bora o seu atendimento seja difícil devi<strong>do</strong> à falta de<br />
professores. As crianças gostam da escola, vão à escola, mas se<br />
não encontram o professor, voltam <strong>para</strong> casa e muitas delas<br />
desist<strong>em</strong>. Mas há comunidades que se sacrificam a contratar os<br />
professores que são pagos por eles mesmos.
NÚMERO 1I<br />
PÁGINA 9<br />
Texto: Sara Poças<br />
Técnica da Educação da <strong>FEC</strong><br />
S<br />
amba Buaró t<strong>em</strong> 45 anos e é<br />
natural de Mampatá–Quebo,<br />
região de Tombali. T<strong>em</strong> um<br />
longo percurso académico e<br />
profissional na área da educação. Frequentou<br />
o liceu de Bolama, que terminou<br />
<strong>em</strong> 1984. Neste ano foi <strong>para</strong> Bissau<br />
onde ingressou no curso de biologia na<br />
Escola Normal Superior Tchico-Té, até<br />
1988. Nos <strong>do</strong>is últimos anos <strong>do</strong> curso,<br />
fez a prática <strong>do</strong>cente no Liceu Dr. Agostinho<br />
Neto e no Liceu<br />
Nacional Kwame N’Krumah.<br />
No ano lectivo<br />
1988/89 foi coloca<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
Bafatá, na EBU 14 de<br />
Nov<strong>em</strong>bro. Logo que chegou,<br />
o director abraçou-o<br />
e disse-lhe que ele seria o<br />
seu substituto legal nessa<br />
escola porque tinha a formação<br />
desejada no âmbito da educação.<br />
E assim aconteceu: <strong>em</strong> 1994/95 foi<br />
nomea<strong>do</strong> director da escola, função que<br />
des<strong>em</strong>penhou até ao ano 2000, altura<br />
<strong>em</strong> que foi nomea<strong>do</strong> pela primeira vez<br />
Director Regional de Educação de Bafatá,<br />
da<strong>do</strong> o grau de <strong>em</strong>penho que já vinha<br />
revelan<strong>do</strong> a nível da educação na região.<br />
Des<strong>em</strong>penhou estas funções até ao ano<br />
2004, altura <strong>em</strong> que foi substituí<strong>do</strong> e<br />
ficou como responsável regional da estatística<br />
e coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssier da<br />
programação das parcerias. Em 2006 foi<br />
Foto <strong>FEC</strong><br />
+Vida com… Samba Buaró<br />
«A Educação é a<br />
minha casa e vou<br />
continuar a trabalhar<br />
nesta área.»<br />
Edifício da Direcção Regional de Educação de Bafatá.<br />
reconduzi<strong>do</strong> ao cargo de Director<br />
Regional de Educação porque as marcas<br />
que tinha deixa<strong>do</strong> eram b<strong>em</strong> visíveis no<br />
âmbito da impl<strong>em</strong>entação <strong>do</strong> programa<br />
da educação na região de Bafatá. Ocupou<br />
este cargo até 19 de Agosto de<br />
2008, altura <strong>em</strong> que deixou o cargo.<br />
Neste momento encontra-se afecto ao<br />
Ministério da Educação como técnico<br />
mas também faz consultoria no quadro<br />
da parceria Plan-SNV <strong>para</strong> a elaboração<br />
<strong>do</strong> Plano de Desenvolvimento Comunitário<br />
centra<strong>do</strong> na Criança, que t<strong>em</strong> uma<br />
vertente muito forte na área da educação:<br />
“Penso que o meu<br />
contributo neste campo<br />
é muito útil, pois o trabalho<br />
que tenho feito nas<br />
tabancas da região de<br />
Bafatá faz com que eu<br />
possa ir mais ao fun<strong>do</strong>,<br />
saber quais são os probl<strong>em</strong>as<br />
persistentes e<br />
a<strong>do</strong>ptar soluções concretas<br />
<strong>para</strong> sanear esses probl<strong>em</strong>as.”<br />
No ano lectivo 1999/2000 as estatísticas<br />
<strong>do</strong> Ensino Básico rondavam os 12.000<br />
alunos nas 69 escolas de toda a região<br />
de Bafatá e actualmente, antes da sua<br />
saída, a estatística já estava <strong>em</strong> 48.000<br />
alunos, o que significa que o efectivo<br />
escolar ao longo destes anos cresceu<br />
uma média de 4.000 alunos/ano. O aparecimento<br />
das escolas comunitárias<br />
durante o seu mandato também contribuiu<br />
<strong>para</strong> este aumento. Em 2004 Bafatá<br />
foi considerada região modelo na educação,<br />
ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta vários factores<br />
como o aumento da taxa de inscrição <strong>do</strong><br />
efectivo escolar, as aprovações, o <strong>em</strong>penho<br />
<strong>do</strong>s professores e o envolvimento<br />
da própria comunidade. As parcerias<br />
estabelecidas, nomeadamente com a<br />
Plan-GB, PAM, UNICEF, <strong>FEC</strong>, SNV,<br />
foram fundamentais <strong>para</strong> o desenvolvimento<br />
da educação na região.<br />
Estes da<strong>do</strong>s revelam o <strong>em</strong>penho da<br />
Direcção Regional da Educação, na pessoa<br />
<strong>do</strong> seu ex-director, <strong>em</strong> contribuir<br />
<strong>para</strong> o Plano Nacional de Acção – Educação<br />
Para To<strong>do</strong>s, no âmbito da política<br />
que está a ser a<strong>do</strong>ptada <strong>para</strong> a generalização<br />
da educação.<br />
Para Samba Buaró, “é necessário fazer<br />
um investimento sério a nível da educação<br />
na Guiné-Bissau, quer <strong>do</strong> governo,<br />
quer <strong>do</strong>s parceiros, pois s<strong>em</strong> este investimento<br />
não se pode ter uma educação<br />
de qualidade”. Assim, reconhece que<br />
exist<strong>em</strong> limitações mas t<strong>em</strong> esperança<br />
que proximamente as coisas possam<br />
mudar, <strong>para</strong> o b<strong>em</strong> comum pois “a educação<br />
é o pilar <strong>do</strong> desenvolvimento de<br />
um país”.<br />
Relativamente ao futuro, Samba Buaró<br />
afirma: “A educação é a minha casa e<br />
vou continuar a trabalhar nesta área”.<br />
Foto Nuno Mace<strong>do</strong> <strong>FEC</strong>
PÁGINA 10<br />
B LETIM +ESC LA<br />
+(In)formação<br />
Língua Portuguesa<br />
Cartões T<strong>em</strong>áticos<br />
Uma boa forma de o professor explorar com os seus alunos a<br />
oralidade é o recurso a cartões t<strong>em</strong>áticos. A complexidade <strong>do</strong>s<br />
cartões dependerá <strong>do</strong> nível de ensino <strong>em</strong> que as crianças se<br />
encontram. Assim, <strong>para</strong> alunos da 1ª e 2ª classes, os cartões<br />
deverão conter apenas uma palavra – de preferência um conceito<br />
concreto – sen<strong>do</strong> que esta deve ter uma imag<strong>em</strong> a acompanhar.<br />
Escola<br />
Religião<br />
ceitos abstractos. “Direitos da Criança” é um t<strong>em</strong>a de extr<strong>em</strong>a<br />
pertinência uma vez que diz directamente respeito aos alunos.<br />
A sua potencialidade faz gerar espaços de diálogo, participação<br />
e reflexão, des<strong>em</strong>penhan<strong>do</strong> um papel importante no desenvolvimento<br />
de crianças pró activas e interventivas nas suas vidas e<br />
na vida <strong>em</strong> comunidade.<br />
Associações<br />
Educação<br />
Plan-GB<br />
Amigos<br />
Plan-GB<br />
Liberdade de pensamento<br />
O trabalho de aperfeiçoamento da oralidade será tão mais<br />
efectivo quanto mais rico for o espaço de reflexão que o professor<br />
criar <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a a abordar. Sugerimos aos professores<br />
que trabalh<strong>em</strong> alguns <strong>do</strong>s 42 artigos (versão simplificada<br />
da Plan-GB) – por ex<strong>em</strong>plo os artigos 14º, 15º e 28º – da<br />
Convenção <strong>do</strong>s Direitos da Criança. Depois de li<strong>do</strong>s, o professor<br />
pede aos alunos <strong>para</strong> relacionar<strong>em</strong> os artigos com os conceitos<br />
escritos nos cartões.<br />
O objectivo desta actividade é trabalhar a oralidade pela criação<br />
de espaços de reflexão sobre os direitos da criança.<br />
Plan-GB<br />
Para alunos da 3ª e 4ª classes, os cartões poderão conter con-<br />
Material necessário:<br />
- Cartão ou folha<br />
- Canetas - Tesoura<br />
Ana Fonseca e Ana Poças<br />
(Técnicas forma<strong>do</strong>ras da <strong>FEC</strong>)<br />
Ciências Integradas<br />
A roda <strong>do</strong>s Direitos da Criança<br />
O professor pode trabalhar com os seus alunos o t<strong>em</strong>a “Direitos da Criança” relacionan<strong>do</strong>-o com as ciências integradas, fazen<strong>do</strong><br />
uma exposição alusiva a três <strong>do</strong>mínios fundamentais nesta área: ambiente, sociedade e saúde. Cada um destes <strong>do</strong>mínios<br />
t<strong>em</strong> igual importância <strong>para</strong> o b<strong>em</strong>-estar físico e psíquico <strong>do</strong> indivíduo, tal como é representa<strong>do</strong><br />
na divisão da roda.<br />
O objectivo desta actividade é analisar os direitos da criança relaciona<strong>do</strong>s com a área<br />
das ciências integradas.<br />
Ambiente<br />
O professor escolhe um conjunto de artigos da Convenção sobre os Direitos da<br />
Criança (versão simplificada da Plan-GB) e escreve-os se<strong>para</strong>damente <strong>em</strong> cartões.<br />
Cada aluno retira, de dentro de um recipiente, um artigo, lê-o e diz se está ou não<br />
relaciona<strong>do</strong> com os t<strong>em</strong>as da roda. Após esta selecção, os alunos colocam o artigo<br />
na parte da roda a que pertence, justifican<strong>do</strong> a sua escolha. A justificação deverá<br />
dar azo ao debate sobre os Direitos da Criança.<br />
Sociedade<br />
Saúde<br />
Material necessário:<br />
- Folhas de papel - Canetas<br />
- Cartolina - Cola - Tesoura<br />
Ana Fonseca e Ana Poças<br />
(Técnicas forma<strong>do</strong>ras da <strong>FEC</strong>)
NÚMERO 1I<br />
PÁGINA 11<br />
+Divertir<br />
Jogo Ciências Integradas<br />
Descubra por onde andam os seguintes animais:<br />
Ar Terra Água<br />
Ex: Burro<br />
Leopar<strong>do</strong> Mocho Leão An<strong>do</strong>rinha Tubarão Tigre<br />
Abelha Gaivota Bentana Burro Golfinho Papagaio<br />
* Adapta<strong>do</strong> por Ana Filipa Silva de Jogos de Língua Portuguesa, Porto Editora, Porto, 2006<br />
Reescreva as palavras dentro <strong>do</strong> quadro, se<strong>para</strong>n<strong>do</strong> as sílabas.<br />
Fei<br />
jão<br />
Jogo Língua Portuguesa<br />
Uma Sílaba Duas Sílabas Três Sílabas<br />
Monossílabo<br />
Dissílabo<br />
Polissílabo<br />
Milho Repolho Salsa Alho Pão<br />
Pé Tomates Feijão Flor<br />
Mancarra Grão Alface<br />
* Adapta<strong>do</strong> por Ana Filipa Silva de Jogos de Língua Portuguesa, Porto Editora, Porto, 2006
Foto: Marcolino Vasconcelos<br />
Início <strong>do</strong> ano lectivo da <strong>FEC</strong> na Guiné-Bissau<br />
Texto: Equipa da <strong>FEC</strong> Guiné-Bissau<br />
2008/2009<br />
Apesar de formalmente o calendário<br />
escolar apresentar o dia 1 de Outubro<br />
como o primeiro dia oficial <strong>do</strong> ano lectivo<br />
2008/2009 e de a 13 de Outubro se<br />
ter realiza<strong>do</strong> com pompa e circunstância<br />
a cerimónia oficial de abertura <strong>do</strong> ano<br />
lectivo, a verdade é que as escolas públicas<br />
continuam por abrir, à laia <strong>do</strong>s ordena<strong>do</strong>s<br />
<strong>em</strong> atraso e da indefinição política<br />
que se instalou desde Agosto último e<br />
que to<strong>do</strong>s já esperam só vir a estabilizar<br />
(se tu<strong>do</strong> correr b<strong>em</strong>) <strong>em</strong> Janeiro de<br />
2009.<br />
Entretanto, as escolas públicas de iniciativa<br />
comunitária, comunitárias, privadas<br />
e de autogestão, escolas-alvo <strong>do</strong> Projecto<br />
<strong>+Escola</strong> da <strong>FEC</strong> vão aos poucos abrin<strong>do</strong><br />
as suas salas de aula e recomeçan<strong>do</strong><br />
as actividades lectivas.<br />
Iniciar o ano lectivo significa <strong>para</strong> muitas<br />
escolas não só proceder à matrícula <strong>do</strong>s<br />
alunos e distribuição <strong>do</strong>s alunos e professores<br />
por turma mas também limpar<br />
o mato que entretanto cresceu no<br />
recreio da escola, limpar carteiras quan<strong>do</strong><br />
estas exist<strong>em</strong>, limpar as salas ou mais<br />
que isso fabricar artesanalmente as salas<br />
com estacas e folhas de palmeiras, b<strong>em</strong><br />
como carteiras e bancos. O mínimo que<br />
as escolas exig<strong>em</strong> <strong>para</strong> começar é que<br />
cada aluno tenha um lápis e um caderno<br />
e que exista um quadro preto e giz <strong>em</strong><br />
cada sala de aula o que por vezes também<br />
não existe.<br />
Outro probl<strong>em</strong>a que se coloca às escolas<br />
no início de cada ano escolar é a<br />
Equipa da <strong>FEC</strong> na Guiné-Bissau 2008/2009: Sara Poças, Glória Castelhano, Cirilo<br />
Sanhá, Ana Avillez, Simão Car<strong>do</strong>so Leitão, António Alves, Domingos Nhama,<br />
Vanessa Marcos e Ana Poças.<br />
colocação de professores <strong>em</strong> todas as<br />
classes. Exist<strong>em</strong> ainda dificuldades <strong>em</strong><br />
relação à fraca pre<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s professores<br />
e é nesta área que a <strong>FEC</strong> está a apostar.<br />
Os professores têm vontade e motivação<br />
mas poucas qualificações. O Projecto<br />
<strong>+Escola</strong> pretende colmatar algumas<br />
das suas lacunas <strong>em</strong> matéria de conteú<strong>do</strong>s<br />
e didáctica da língua portuguesa e<br />
ciências integradas. Está também a trabalhar<br />
com os directores e comunidades<br />
das escolas ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista uma melhor<br />
organização da escola quer a nível de<br />
procedimentos quer a nível financeiro e<br />
contabilístico.<br />
A <strong>FEC</strong> iniciou as suas actividades na<br />
Guiné-Bissau no mês de Outubro com a<br />
chegada da equipa de Portugal, à qual se<br />
juntaram <strong>do</strong>is técnicos guineenses.<br />
Nos dias 18 e 25 de Outubro, realizaram-se<br />
as reuniões de apresentação <strong>do</strong><br />
2º ano <strong>do</strong> Projecto + Escola, <strong>em</strong> Canchungo<br />
e Bafatá, respectivamente. Estas<br />
reuniões tiveram como objectivo fazer o<br />
ponto de situação <strong>do</strong> início das aulas nas<br />
escolas seleccionadas pelo projecto,<br />
apresentar os Programas de Formação<br />
<strong>para</strong> os Professores e Directores<br />
e, finalmente, a assinatura de<br />
uma declaração <strong>em</strong> que cada director<br />
se comprometeu a participar e<br />
valorizar as formações promovidas<br />
pela <strong>FEC</strong>.Na mesma s<strong>em</strong>ana, nos<br />
dias 20, 21 e 22 reuniram-se na<br />
Cúria de Bafatá os directores e missionários<br />
das escolas desta diocese<br />
<strong>para</strong> as II Jornadas de Lançamento da<br />
Actividade de Formação <strong>em</strong> Administração<br />
e Gestão Escolar. Nas<br />
jornadas os participantes, que no<br />
ano passa<strong>do</strong> elaboraram <strong>em</strong> conjunto<br />
o <strong>do</strong>cumento de base <strong>do</strong> Manual<br />
de Procedimentos, fizeram também<br />
o ponto de situação <strong>do</strong> início <strong>do</strong> ano<br />
lectivo, partilhan<strong>do</strong> sucessos e dificuldades.<br />
Este foi também um espaço<br />
privilegia<strong>do</strong> de reflexão e compromisso<br />
de, ainda este ano, colocar <strong>em</strong> prática<br />
o Manual de Procedimentos. Nestas<br />
jornadas formou-se o “Conselho da<br />
Educação” que visa fazer a revisão <strong>do</strong><br />
Manual de Procedimentos b<strong>em</strong> como a<br />
ligação <strong>do</strong> trabalho feito pelas escolas da<br />
Diocese de Bafatá com a Diocese de<br />
Bissau através da Comissão Interdiocesana<br />
de Educação e Ensino (CIEE).<br />
É nesta perspectiva de continuidade que<br />
a <strong>FEC</strong> inicia o segun<strong>do</strong> ano deste projecto,<br />
<strong>para</strong> que haja + e melhor escola.