Guião para a Celebração Eucarística - FEC
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<strong>Guião</strong> <strong>para</strong> a <strong>Celebração</strong> <strong>Eucarística</strong><br />
19 de Setembro de 2010 | XXV Domingo do Tempo Comum<br />
<strong>FEC</strong>
MONIÇÃO DE ENTRADA<br />
Este domingo é-nos proposto que reflictamos nos princípios da igualdade e da fraternidade,<br />
assim como da finalidade dos bens que nos são confiados, que são úteis apenas na medida<br />
que favorecem a construção da fraternidade. As leituras que nos são propostas vêm da<br />
melhor forma enquadrar um momento que queremos assinalar especialmente nesta Missa,<br />
a Cimeira das Nações Unidas que irá decorrer de 20 a 22 de Setembro, <strong>para</strong> avaliação dos<br />
8 grandes objectivos de luta concertada contra a pobreza extrema no Mundo, assumidos<br />
em 2000 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio). Ter direito a alimentos, água potável,<br />
instrução básica, cuidados de saúde básicos, é uma realidade ainda não acessível a mais<br />
de 1/6 da Humanidade. Hoje, queremos rezar <strong>para</strong> que nesta Cimeira sejam dados passos<br />
concretos na construção de metas que reforcem os Objectivos de Desenvolvimento do<br />
Milénio, neste quadro de referência dos Direitos Humanos. Temos, assim, como intenção<br />
especial desta Missa, todos os líderes políticos reunidos nesta Cimeira, <strong>para</strong> que tenham<br />
a coragem e determinação de assumir uma verdadeira parceria <strong>para</strong> o desenvolvimento,<br />
assente na justiça e no bem comum.<br />
Neste contexto, iniciamos esta <strong>Celebração</strong> com as palavras do Papa Bento XVI, que na<br />
sua última Encíclica, “Caridade na Verdade”, nos exorta à solidariedade universal e ao<br />
cumprimento dos compromissos assumidos pelos líderes políticos.<br />
“A solidariedade universal é <strong>para</strong> nós não só um facto e um benefício, mas também<br />
um dever... Quando se procurarem soluções <strong>para</strong> a crise económica actual, a ajuda ao<br />
desenvolvimento dos países pobres deve ser considerada como verdadeiro instrumento<br />
de criação de riqueza <strong>para</strong> todos…Nesta linha, os Estados economicamente mais<br />
desenvolvidos hão-de fazer o possível por destinar quotas maiores do seu produto interno<br />
bruto <strong>para</strong> as ajudas ao desenvolvimento, respeitando os compromissos que, sobre este<br />
ponto, foram tomados a nível de comunidade internacional.<br />
COMENTÁRIO ÀS LEITURAS<br />
As leituras de hoje falam-nos da justa distribuição dos bens e do direito que todos os<br />
homens têm a uma vida digna e plena. Este direito pressupõe deveres de uns <strong>para</strong> com<br />
os outros, pressupõe a sensibilidade <strong>para</strong> a igualdade entre todos os homens, nossos<br />
irmãos. O Papa Bento XVI, dizia-nos na sua visita ao nosso país, que façamos nosso o estilo<br />
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do Bom Samaritano, que se abeira do seu próximo com um coração que vê e responde às<br />
necessidades que encontra. Até que ponto é que percebemos que o nosso próximo são<br />
também os nossos irmãos que em situação de fome extrema em Moçambique e em tantos<br />
outros países do Mundo?<br />
É muito interessante ver como na Carta de Paulo a Timóteo, o Apóstolo recomenda em<br />
primeiro lugar que se façam orações por todos os homens, reis e por todas as autoridades, <strong>para</strong><br />
que todos os homens possam levar uma vida digna. Hoje também nós somos convidados a<br />
lembrar a Cimeira dos próximos dias.<br />
No Evangelho de Lucas (Lc 16, 1-13), Jesus lembra-nos que somos apenas administradores<br />
dos bens que nos confia, os quais muitas vezes desperdiçamos. Esta Palavra de Jesus vem<br />
iluminar um dos pontos-chave <strong>para</strong> reflexão e acção na actualidade e em concreto na Cimeira<br />
dos próximos dias, a questão ecológica. Nos últimos tempos, é com frequência que ouvimos<br />
falar das alterações climáticas e das negociações políticas necessárias <strong>para</strong> equilibrar as<br />
emissões dos gases poluentes que provocam o desequilíbrio ambiental. Porém, talvez não<br />
ouçamos tanto falar das consequências desses desequilíbrios em zonas do planeta mais<br />
vulneráveis e dos impactos nas populações locais destas zonas mais desfavorecidas, as quais<br />
são as que menos contribuem <strong>para</strong> este desequilíbrio.<br />
Não é por acaso que o Papa Bento XVI escolheu como tema <strong>para</strong> a Mensagem de Ano Novo<br />
de 1 de Janeiro de 2010, “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação.” Ouçamos um excerto<br />
desta mensagem:<br />
O respeito pela criação … e a sua salvaguarda torna-se hoje essencial <strong>para</strong> a convivência<br />
pacífica da humanidade. Com efeito, se são numerosos os perigos que ameaçam a paz e o<br />
autêntico desenvolvimento humano integral, devido à desumanidade do homem <strong>para</strong> com<br />
o seu semelhante – guerras, conflitos internacionais e regionais, actos terroristas e violações<br />
dos direitos humanos –, não são menos preocupantes os perigos que derivam do desleixo, se<br />
não mesmo do abuso, em relação à terra e aos bens naturais que Deus nos concedeu.<br />
…Como descurar o fenómeno crescente das pessoas que, por causa da degradação do<br />
ambiente onde vivem, se vêem obrigadas a abandoná-lo – deixando lá muitas vezes<br />
também os seus bens – tendo de enfrentar os perigos e as incógnitas de uma deslocação<br />
forçada? Como não reagir perante os conflitos, já em acto ou potenciais, relacionados com o<br />
acesso aos recursos naturais? Trata-se de um conjunto de questões que têm um impacto<br />
profundo no exercício dos direitos humanos, como, por exemplo, o direito à vida, à<br />
alimentação, à saúde, ao desenvolvimento.<br />
As consequências da degradação ambiental são cada vez mais palpáveis também a nível local em<br />
Portugal, com o abandono das terras agrícolas e florestais, com a consequente devastação dos<br />
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incêndios que têm trazido com frequência questões sociais graves. Se à escala local conseguimos<br />
já experimentar este desequilíbrio, não nos é difícil perceber as suas proporções à escala global, a<br />
atingir dimensões inadmissíveis de degradação humana.<br />
A questão ambiental vem, de facto, lembrar-nos, como Jesus no Evangelho de hoje, que todos<br />
somos responsáveis pelo bem comum e na medida em que por um lado, injustamente abusamos<br />
ou desleixamos recursos que a todos são destinados (inclusivamente às gerações futuras), e por<br />
outro, não nos queremos responsabilizar por bens de que todos usufruímos (as florestas, o ar<br />
puro, a natureza, as áreas agrícolas e as zonas rurais empobrecidas e desertificadas), estaremos a<br />
contribuir <strong>para</strong> este desequilíbrio.<br />
Também na 1ª Leitura, da Profecia de Amos (Am 8, 4-7), a questão da justa relação com os bens e<br />
com os outros é tocada, chamando a atenção daqueles que levam a sua vida usurpando o bem<br />
alheio, sobretudo preocupados com o seu próprio bem. Isto faz com que vivamos acima das<br />
nossas reais capacidades e à custa do que a outros cabe por direito. Tal modo de vida, assente<br />
numa base já de si falsa e desequilibrada, leva-nos a relações por sua vez falsas e injustas. “Quem<br />
é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes”, diz-nos o Evangelho. O desequilíbrio<br />
gritante e crescente no desenvolvimento, onde o fosso entre ricos e pobres se tem acentuado,<br />
tem na sua raiz esta falsa e abusiva relação que temos com os bens e recursos, muitas vezes<br />
utilizados como fins quando apenas devem ser meios, meios ao serviço da igualdade e<br />
fraternidade. “Quando passará a lua nova <strong>para</strong> poder vender o nosso grão? … faremos a medida<br />
mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados<br />
por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo.” Esta<br />
profecia de Amós é espantosamente actual no retrato que faz das injustas trocas comerciais e<br />
financeiras entre as realidades desenvolvidas e realidades menos desenvolvidas, que têm levado<br />
ao depauperamento da agricultura e do desenvolvimento rural nas regiões mais pobres, razão<br />
<strong>para</strong> o agravamento da crise alimentar actual, acentuada pela crise financeira que vivemos.<br />
Assegurar o bem comum e o desenvolvimento de todos é assegurar o próprio bem e o<br />
desenvolvimento de cada um. Por isso, pedimos coragem aos nossos governantes nas medidas<br />
políticas a adoptar nesta Cimeira (no final da Missa será distribuído um pequeno documento de<br />
posicionamento de várias organizações católicas, apresentando medidas concretas) e estamos<br />
prontos a assumir e colaborar na sua implementação.<br />
Que esta Cimeira possa trazer passos concretos e decisivos <strong>para</strong> respostas mais estruturais pelo<br />
desenvolvimento de todos os homens e do homem todo, numa passagem de condições menos<br />
humanas a condições mais humanas (Encíclica Caridade na Verdade). Que esta seja também uma<br />
ocasião <strong>para</strong> todos nós de reflexão sobre as nossas próprias acções, estilos de vida, modelos de<br />
desenvolvimento, de consumo, de relação com os outros e com a natureza.<br />
Levantamo-nos <strong>para</strong> professar a nossa Fé, que nos deve comprometer com o desenvolvimento<br />
de todos os nossos irmãos.<br />
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ORAÇÃO DOS FIÉIS<br />
1. Para que o Papa Bento XVI e os bispos da Igreja testemunhem aos homens o Evangelho<br />
e lhes mostrem o rosto de Jesus, através da Comunhão e da atenção com os mais<br />
necessitados, oremos ao Senhor.<br />
2. Para que os chefes de Estado e de Governo, reunidos a partir desta 2ª feira na Cimeira<br />
das Nações Unidas <strong>para</strong> avaliação dos Objectivos do Milénio de luta contra a pobreza<br />
extrema, sejam bons administradores das coisas públicas e sirvam honestamente, com<br />
Verdade e com Amor os cidadãos do Mundo inteiro, oremos ao Senhor.<br />
3. Para que os homens da riqueza e do poder não comprem os necessitados por dinheiro<br />
nem os indigentes por um par de sandálias, mas saibam pôr a sua riqueza ao serviço da<br />
igualdade e fraternidade construída em conjunto, oremos ao Senhor.<br />
4. Para que, segundo a vontade de Deus, todos os homens e mulheres possam encontrar a<br />
felicidade de uma vida plena e chegar ao conhecimento da verdade, oremos ao Senhor.<br />
5. Para que todos nós aqui reunidos, tenhamos presente no nosso coração a justa utilização<br />
dos bens e a atenção de gratuidade aos mais necessitados, colaborando com o Senhor<br />
na Sua Criação, oremos ao Senhor.<br />
FINAL<br />
Simbolicamente, sugerimos um repicar dos sinos no final da Eucaristia, sinal de alerta e de<br />
chamada à acção.<br />
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A <strong>FEC</strong> é uma Organização Não Governamental <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />
da Igreja Católica em Portugal, que promove o desenvolvimento humano integral<br />
através da mobilização de pessoas, comunidades e Igrejas,<br />
com o objectivo de erradicar todas as formas de pobreza, alcançar a justiça social<br />
e o respeito pela dignidade humana.<br />
A <strong>FEC</strong> integra a rede CIDSE, plataforma de 16 ONG católicas <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />
da Europa e América do Norte.<br />
A <strong>FEC</strong> coordena em Portugal, com o apoio da Campanha do Milénio<br />
das Nações Unidas, a Rede Fé e Desenvolvimento,<br />
plataforma de mobilização da Igreja Católica nas questões do Desenvolvimento.<br />
Para saber mais, visite: www.fecongd.org e www.redefedesenvolvimento.org<br />
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