anos as exportações explodiram de hectolitros 1986 a 1991 91 a 1995 96 A 2000 01 A 2005 2007 44 50 60 72 91 * Dados provisorios A produção de vinho recuou ligeiramente Milhões de hectolitros 305 265 270 275 270 Em quantidade, a Itália e a Espanha ultrapassaram a França (2007 - dados provisorios) 1986 a 90 91 a 95 96 a 00 01 a 05 2007* * Dados provisorios Itália 18,8 Espanha 15,3 França 15,2 Austrália 7,8 Chile 6,1 EUA 4,2 Argentina 3,6 Portugal 3,5 30 30 29 29 Alemanha África do Sul 3,4 3,1 Moldávia 1,5 Espanha Áustria Grécia Dinamarca Bulgária 1,2 FONTE: OIV Fugas • Sábado 25 Outubro 2008 • 5
Grandes regiões Se a imagem celestial pode ser aplicada a algum vinho, será aos da Borgonha, brancos ou tintos, de um vinhedo de estirpe e de ano bem sucedido. Não por acaso são os mais caros do mundo à partida de cada colheita. O tinto de maior preço é o Romanée-Conti – o 2005 vende-se actualmente a quase 10.000 euros a garrafa. Já o Montrachet, de produtor de primeira linha, entre os brancos secos de todo mundo não tem rival em qualidade nem em preço elevado. A nobreza e a primazia desses vinhos não é de hoje. Desde a Idade Média destacamse nas mesas das casas reais mais opulentas da Europa. Comparados a seus arqui-rivais, os soberbos tintos de Bordéus, diz-se que os Borgonhas são etéreos e espirituais, enquanto os bordaleses são mais intelectuais. Também não por acaso, os tintos borgonheses são os melhores acompanhantes para as aves, especialmente as aves de caça. O céu acompanha a Borgonha. Está inclusive na origem desses vinhos míticos, que nasceram da acção, inspirada nos céus, dos monges e frades, cerca de mil anos atrás. O grande movimento começou com a aquisição e doação das melhores terras vinícolas da região aos monges beneditinos de Cluny e também aos Cisterciences. Aliás, não custa registar que a vinicultura portuguesa também se beneficiou, no berço, da acção dos mesmos frades, trazidos da Borgonha quando da fundação do Reino. Foram eles que criaram a Borgonha tal como a conhecemos hoje. Seleccionaram e delimitaram os melhores terrenos para as vinhas e adaptaram-lhes as castas superiores: Pinot Noir para tintos e Chardonnay para os brancos. Na época das navegações portuguesas, os mais célebres vinhedos da Borgonha já estavam perfeitamente delimitados, com o perímetro que exibem até hoje. Por exemplo, Clos de Tart, Romanée St. Vivant, Echézeaux, Romanée-Conti, o célebre Clos de Vougeot e assim por diante. Numa entrevista recente com Aubert de Vilaine, proprietário e director do Domaine de la Romanée- Conti, ele usou uma imagem muito interessante para descrever o milagre dos vinhos da Borgonha. A de uma manta de retalhos. A base do terreno é a mesma, calcária, mas as nuances são enormes. Cada pequeno pedaço gera vinhos com características muito especiais e distintas. Os mais notáveis são classificados como “grand cru”, vindo a seguir os “premier cru”, os “villages” e os comuns. O céu está nos “grand crus” e em alguns “premier crus”. O suprassumo do terroir O conceito de “terroir” encontra na Borgonha sua expressão máxima. Um Chevalier Montrachet é diferente de um Montrachet, por exemplo. Mesma casta, Chardonnay, mesmo produtor e métodos; por exemplo, o Domaine Leflaive. Mesma colheita. Mas são bem diferentes. Qual a distância entre os vinhedos ? Nenhuma, um é quase a continuação do outro. Uma carreira de vinhas é de um vinhedo, a seguinte, do outro. Ocorre o mesmo entre os tintos. Mas cada pedaço desses possui uma estrutura de solo e de subsolo diversificada, daí a expressão individual de cada vinha. Como os membros de uma mesma família, possuem uma característica comum, mas cada um, cada vinha no caso, tem identidade e personalidade próprias. Na verdade, quando falamos dos maiores vinhos da Borgonha, automaticamente pensamos nos grandes da Côte d’Or e em alguns brancos de Chablis. Todos “grand cru” ou “premier cru”. Mas convém não esquecer que a região é vasta e abrange outras notáveis sub-regiões, como o Beaujolais, onde impera a tinta Gamay; a Côte Chalonnaise; e o Mâconnais, terra do célebre Pouilly- Fuissé. Mesmo os Borgonhas mais simples, tintos ou brancos, desde que bem elaborados, é evidente, são vinhos suaves, perfumados, instigantes, não pesam e são muito agradáveis, sempre entre os melhores do mundo na sua categoria Voltando à Côte d’Or, vamos ao seu coração, a fantástica cidade medieval de Beaune, com suas ruas estreitas e tortuosas, casario antigo e bem conservado, o célebre Hospices de Beaune, com o telhado colorido Borgonha Os vinhos celestiais O céu acompanha a Borgonha, assevera Guilherme Rodrigues, um reputado jornalista brasileiro que, num texto exclusivo, nos escreve sobre a região. Seja nos brancos ou nos tintos, nenhuma outra zona vinhateira do mundo se aproxima à excelência dos seus vinhos etéreos e espirituais 6 • Sábado 25 Outubro 2008 • Fugas