Estudos da Amazônia: - Ministério do Meio Ambiente
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N º 5Maio de 2004<strong>Estu<strong>do</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>:Avaliação de Vinte Projetos PDAPrograma Pilotopara Proteção<strong>da</strong>s FlorestasTropicais <strong>do</strong> Brasil
<strong>Estu<strong>do</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>:Avaliação de VinteProjetos PDA<strong>Estu<strong>do</strong>s</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>:Avaliação de VinteProjetos PDA1
SumárioAPRESENTAÇÃO ...............................................................................................................5INTRODUÇÃO ................................................................................................................7ASPECTOS METODOLÓGICOS ..............................................................................................81. PROJETOS ESTUDADOS ..................................................................................................102. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O ÊXITO DOS PROJETOS .......................................................342.1. Onde as coisas deram mais certo – pistas <strong>do</strong> porquê .................................352.2. Principais fatores de êxito ...........................................................................362.3. Planejamento e participação .......................................................................372.4. Capacitações, intercâmbios e algumas palavras sobre assistência técnica ...372.5. Olhan<strong>do</strong> em volta e buscan<strong>do</strong> sinergias .....................................................383. AS PEDRAS NO CAMINHO: PROBLEMAS E DIFICULDADES DOS PROJETOS .....................................403.1. Assistência técnica e barreiras culturais ......................................................403.2. Gerenciamento, planejamento, nível de organização e mobilização social.413.3. Produção ....................................................................................................423.4. <strong>Ambiente</strong> externo .......................................................................................433.5. Beneficiamento ...........................................................................................443.6. Comercialização .........................................................................................454. O QUE FICA PARA AS COMUNIDADES E PARA O MEIO AMBIENTE:BENEFÍCIOS CONCRETOS ........................................................................................464.1. Fortalecimento organizacional e ganhos sociais ..........................................474.2. Comen<strong>do</strong> melhor, viven<strong>do</strong> melhor e com mais dinheiro no bolso ..............504.3. A natureza agradece ...................................................................................514.4. Produzin<strong>do</strong> mais e melhor ..........................................................................524.5. Profissionais, sim senhor .............................................................................534.6. Flertan<strong>do</strong> com o poder público: as diferentes relações e seus impactos ......535. SISTEMAS DE PRODUÇÃO ...............................................................................................565.1. Sistemas Agroflorestais ................................................................................575.2. Apicultura/Meliponicultura .........................................................................593
AApresentaçãoO PDA, em seus nove anos de existência,vem acumulan<strong>do</strong> a maturi<strong>da</strong>de de umprojeto que nasceu <strong>do</strong> propósito comumde homens, mulheres, brasileiros e nãobrasileiros,que ousaram imaginar umaforma diferente de conviver com as florestastropicais e preservá-las.Impulsiona<strong>do</strong> por esse anseio coletivoinicial, o PDA inaugurou uma formainova<strong>do</strong>ra de analisar e aprovar projetos,colocan<strong>do</strong> na mesma mesa e com igualpoder de decisão, Governo e socie<strong>da</strong>decivil, para o difícil exercício <strong>da</strong> busca <strong>do</strong>equilíbrio entre diferentes regiões, instituições,percepções e necessi<strong>da</strong>des.Ao longo desses anos, 188 experiênciasmuito particulares, frutos de deman<strong>da</strong> espontânea,desenvolveram-se e ain<strong>da</strong> estãose desenvolven<strong>do</strong>. Os primeiros projetos,alguns deles com maiores dificul<strong>da</strong>desde concepção, execução e até mesmofalhas no momento de análise e aprovação,foram <strong>da</strong>n<strong>do</strong> lugar a projetos maisconsistentes, mais participativos e comresulta<strong>do</strong>s mais efetivos. Por isso é importanteconhecer o momento em que ca<strong>da</strong>projeto passou pelo PDA e sua história deconcepção.Este estu<strong>do</strong> demonstra que, nesses noveanos, to<strong>do</strong>s aprendemos muito. Governo,socie<strong>da</strong>de civil, <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res, cooperaçãotécnica, parceiros, equipes técnicas deBrasília, <strong>do</strong>s projetos e comuni<strong>da</strong>des.E, assim como na vi<strong>da</strong>, nem sempre aaprendizagem vem só com os acertos. Oaprendiza<strong>do</strong> <strong>da</strong> gestão participativa, <strong>da</strong>inovação no manejo <strong>do</strong>s recursos naturaise <strong>da</strong> busca <strong>do</strong> equilíbrio com o meioambiente vem também <strong>do</strong>s tropeços, <strong>do</strong>que precisou ser refeito, <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças derumo, de consertar o erra<strong>do</strong> e concertar orecomeço.Vinte projetos <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> foram estu<strong>da</strong><strong>do</strong>se significam muito mais <strong>do</strong> que vinteexperiências demonstrativas. São vinte vezesum número enorme de famílias, querdizer, de pessoas, de vi<strong>da</strong>s que se propõema experimentar uma nova forma de convivênciacom a natureza e nos convi<strong>da</strong>m aexperimentar uma nova forma de olhar.Olhar para suas comuni<strong>da</strong>des, seus municípios,seus contextos e para a próprianatureza. Um novo olhar <strong>da</strong> burocracia e<strong>da</strong> tecnocracia que precisa incorporar ogrande desafio <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de que é quebrarparadigmas, olhar para o diferente e5
IntroduçãoO Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> abrangeu vinteprojetos que constituem um corte representativo<strong>da</strong>s experiências promovi<strong>da</strong>spelo PDA na <strong>Amazônia</strong> Legal. Esse esforçofaz parte <strong>da</strong> avaliação de implementação<strong>do</strong> PDA com a participação <strong>do</strong>Fun<strong>do</strong> Fiduciário <strong>da</strong>s Florestas Tropicais(RFT) e representou uma oportuni<strong>da</strong>de deintegração interinstitucional. O Estu<strong>do</strong> foirealiza<strong>do</strong> conforme Termo de Referênciaespecífico concebi<strong>do</strong> em conjunto com oBanco Mundial, que acompanhou a execução<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> (Anexo 1).Participaram de to<strong>da</strong>s as etapas <strong>do</strong> trabalho,além <strong>da</strong> equipe <strong>do</strong> PDA e <strong>do</strong> BancoMundial, técnicos <strong>do</strong> PPG7 lota<strong>do</strong>s noProjeto de Monitoramento e Análise(AMA), Projeto Negócios Sustentáveis(PNS) e <strong>da</strong> cooperação técnica alemã(GTZ), juntamente com técnicos de outrosprogramas <strong>da</strong> Secretaria de Coordenação<strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> (SCA), <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> (MMA), <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong>Desenvolvimento Agrário (MDA) e Fun<strong>da</strong>çãoNacional <strong>do</strong> Índio (Funai), fun<strong>do</strong>s definanciamento, como o Fun<strong>do</strong> Nacionalpara a Biodiversi<strong>da</strong>de (Funbio), o Fun<strong>do</strong>Nacional <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> (FNMA) e oServiço Social Alemão (DED).Além de avaliar os projetos, o estu<strong>do</strong> deveriagerar recomen<strong>da</strong>ções para o PDA naimplementação de seus novos componentes:Consoli<strong>da</strong>ção e Alternativas ao Desmatamentoe Queima<strong>da</strong>s (Padeq), e parapolíticas públicas correlatas, a exemplo<strong>do</strong> Programa de Desenvolvimento Sócio-Ambiental <strong>da</strong> Produção Familiar Rural(Proambiente).7
Aspectos Meto<strong>do</strong>lógicosTrês critérios foram usa<strong>do</strong>s para selecionaros projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s: estes deveriamabranger tipologias diferentes de experiências;conterem indicativos de liçõessignificativas, não só pelos acertos, mastambém pelos erros cometi<strong>do</strong>s; e, por último,deveriam ser prioriza<strong>da</strong>s experiênciasain<strong>da</strong> não incorpora<strong>da</strong>s em outros estu<strong>do</strong>srealiza<strong>do</strong>s pelo PDA. Dos vinte projetosestu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, quatro foram refinancia<strong>do</strong>s:APA, Apruram, Juína e Wanderlândia.Para referência aos projetos, utilizamosapeli<strong>do</strong>s que estão expressos no Anexo 4(Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Projetos).A execução <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> deu-se em váriasetapas. Primeiro, foram revistas as meto<strong>do</strong>logiasutiliza<strong>da</strong>s em avaliações anteriores,incorporan<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res e um pequenoleque de méto<strong>do</strong>s e técnicas para abor<strong>da</strong>gem<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des - uma espécie deguia com dicas para a avaliação, onde sãoapresenta<strong>da</strong>s algumas técnicas para realizaçãode reuniões (Anexos 2, 3 e 5).Merece destaque o conjunto de indica<strong>do</strong>resdesenvolvi<strong>do</strong>s com o objetivo dereduzir a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s avalia<strong>do</strong>res.Alguns desses indica<strong>do</strong>res não estão diretamenterelaciona<strong>do</strong>s com os objetivos<strong>da</strong> primeira e <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fases <strong>do</strong> PDA,mas buscam sinalizar para impactos queforam verifica<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s. Procurou-seinvestigar a recorrência ou nãodesses impactos, ou temas diretamenterelaciona<strong>do</strong>s com os novos componentes<strong>do</strong> PDA (por exemplo, impactos sobrea redução <strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>s e aspectos degênero e geração). Com isso, o Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>Amazônia</strong> gerou subsídios fun<strong>da</strong>mentaispara o redesenho <strong>do</strong> sistema de monitoramentoe avaliação <strong>da</strong> nova fase <strong>do</strong> PDA.As visitas foram planeja<strong>da</strong>s de forma apermitir reuniões comunitárias, reuniõescom grupos de mulheres e entrevistascom técnicos e comunitários. Também foramrecomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s entrevistas nas prefeiturase com parceiros relevantes. Porém,ca<strong>da</strong> equipe, sempre composta por umtécnico <strong>do</strong> PDA e um técnico de enti<strong>da</strong>deparceira, teve liber<strong>da</strong>de para montar suaagen<strong>da</strong>. A recomen<strong>da</strong>ção mais veementefoi a de que as equipes buscassem ouvirmais, numa postura de receptivi<strong>da</strong>de paracom as lições e aprendizagens <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des.Sobre o teste <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>resDos 26 indica<strong>do</strong>res formula<strong>do</strong>s inicialmente,alguns deles mostraram-se inconsistentes emcampo ou de difícil aferição, ou demonstraramque não se aplicavam ao contexto deum ou outro projeto específico. É o caso, porexemplo, <strong>da</strong> redução <strong>do</strong> uso de agrotóxicos– a maioria <strong>do</strong>s produtores já não utilizavaagrotóxicos; então este indica<strong>do</strong>r perde osenti<strong>do</strong>.No caso de inconsistência, o indica<strong>do</strong>r foielimina<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Isso ocorreucom os indica<strong>do</strong>res sobre disponibili<strong>da</strong>de eacesso a linhas de crédito oficiais. Por umla<strong>do</strong>, não havia informação suficiente porparte <strong>do</strong>s grupos visita<strong>do</strong>s nem por parte<strong>da</strong> equipe avalia<strong>do</strong>ra para aferir a existênciade linhas de crédito para determina<strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des. Por outro, a formulação mesma<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res não revelava o que se queriasaber, que era a perspectiva de continui<strong>da</strong>deou ampliação <strong>da</strong> iniciativa, porque a relaçãodessa perspectiva com o crédito não é feitade forma direta pelos produtores e comuni<strong>da</strong>des.Portanto, o indica<strong>do</strong>r não revelavasuas estratégias reais.8
Os indica<strong>do</strong>res não aferi<strong>do</strong>s por motivos diversos(falta de acesso a informação segura,não entendimento <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res pelosavalia<strong>do</strong>res ou outros), são considera<strong>do</strong>sapenas para os projetos onde foi possívelaferi-los. O relatório sobre o projeto de Juína(Paca) não respondeu aos indica<strong>do</strong>res;portanto, este projeto não consta <strong>do</strong>s gráficose análises <strong>do</strong> capítulo 6 deste estu<strong>do</strong>.Este foi o conjunto de temas para os quaisforam elabora<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res, ca<strong>da</strong> umcom possíveis respostas escalona<strong>da</strong>s de 0a 4 (detalhes no Anexo 5):Aspectos sociais, culturais e institucionais:1- Apropriação <strong>da</strong> proposta pelacomuni<strong>da</strong>de (ownership)2- Aprendizagem comunitária3- Motivação para a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta4- Ausência de conflitos na organização5- Parcerias6- Endivi<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> organizaçãoAspectos Ambientais:1- Conservação <strong>do</strong>s Recursos hídricos2- Recuperação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de3- Identificação <strong>do</strong> fogo como problema4- Controle <strong>do</strong> fogo5- Redução <strong>do</strong> desmatamentoAspectos econômicos:1- Ren<strong>da</strong> familiar2- Benefícios econômicos3- Planta <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de beneficiamento4- Quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos5- Regulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> oferta6- Ocorrência de análise de viabili<strong>da</strong>de7- Acesso a merca<strong>do</strong>s8- Comercialização autônomaTemas transversais1- Assistência técnica2- Gênero3- Geração9
1. Projetos Estu<strong>da</strong><strong>do</strong>sOs vinte projetos que formam a basedeste estu<strong>do</strong> espalham-se pelo mosaicoambiental, geopolítico, social, cultural eeconômico <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>. São projetosem to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s Amazônicos e comvárias temáticas. Do manejo de recursosaquáticos ao beneficiamento de produtos<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. Têm um pouco de to<strong>do</strong>tipo de produto, de gente, de ativi<strong>da</strong>de,enfim, diversos como só a região amazônica,com sua multiplici<strong>da</strong>de de ecossistemas,consegue ser.A princípio, pensou-se em categorizar osprojetos consideran<strong>do</strong> as propostas iniciaisou os resulta<strong>do</strong>s mais importantes.No entanto, verificamos que os projetosnormalmente atuam em várias frentes egeram resulta<strong>do</strong>s diversos. Dessa forma, acategorização nos pareceu mais um limita<strong>do</strong>r<strong>da</strong> compreensão <strong>do</strong> que um facilita<strong>do</strong>r.Formatamos então um quadro ondesão apresenta<strong>da</strong>s informações pertinentesà relação formal com o PDA (<strong>da</strong>ta deinício/término e valores repassa<strong>do</strong>s – Ane-xo 4) e um outro que sinaliza principaisgrupos de ativi<strong>da</strong>des e impactos <strong>do</strong>s projetos(ver quadro no final deste capítulo).O quadro de ativi<strong>da</strong>des e impactos foiconstruí<strong>do</strong> consideran<strong>do</strong> o que foi propostoe executa<strong>do</strong> pelo projeto e o queteve impacto significativo. Dessa forma,para uma ativi<strong>da</strong>de proposta e executa<strong>da</strong>com problemas ou necessitan<strong>do</strong> ser melhora<strong>da</strong>,associamos um s minúsculo. Parauma ativi<strong>da</strong>de prevista e executa<strong>da</strong> deforma adequa<strong>da</strong>, associamos um S maiúsculo.Para uma ativi<strong>da</strong>de realiza<strong>da</strong> commuito sucesso ou impacto significativo <strong>do</strong>projeto, associamos <strong>do</strong>is SS maiúsculos.Às ativi<strong>da</strong>des não previstas ou não executa<strong>da</strong>sassociamos um N.Apresentamos, a seguir, uma síntese deca<strong>da</strong> projeto com uma interpretação <strong>da</strong>ssuas principais ativi<strong>da</strong>des e resulta<strong>do</strong>s,destacan<strong>do</strong> seus desafios e impactos maisexpressivos.10
Distribuição <strong>do</strong>s projetos visita<strong>do</strong>s11
AmazonasProjeto Parque Nacional<strong>do</strong> Jaú e Área <strong>do</strong> Entorno:Fortalecimento <strong>da</strong>Organização Social em Busca<strong>da</strong> Melhoria de Quali<strong>da</strong>de deVi<strong>da</strong>O Projeto Jaú é executa<strong>do</strong> pela Fun<strong>da</strong>çãoVitória Amazônica (FVA), enti<strong>da</strong>de conservacionistaque tem como área prioritáriade atuação a Bacia <strong>do</strong> Rio Negro.O Parque Nacional <strong>do</strong> Jaú, com 2,27milhões de hectares, está em uma áreade difícil acesso, que pode significar atécinco dias de viagem em barco grande(ou dez dias de rabeta). O projeto apoia<strong>do</strong>pelo PDA envolve oito comuni<strong>da</strong>des<strong>do</strong> rio Unini, organiza<strong>da</strong>s na Associação<strong>do</strong>s Mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> rio Unini (Amoru),além <strong>do</strong> STR e outras enti<strong>da</strong>des locais deNovo Airão, congregan<strong>do</strong> quase duas milpessoas.O problema que motivou o projeto foi aocorrência de populações viven<strong>do</strong> irregularmentedentro <strong>do</strong> Parque <strong>do</strong> Jaú e no seuentorno, com baixo grau de organizaçãoe em condições precárias. O projeto objetivavacontribuir para a consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>Parque Nacional, difundin<strong>do</strong> para essaspopulações conhecimentos sobre a área eestimulan<strong>do</strong> o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.A contribuição principal deste projeto temsi<strong>do</strong> a organização social e o aumento <strong>da</strong>auto-estima <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s.O maior problema enfrenta<strong>do</strong> foi o desenhoinicial <strong>do</strong> projeto, apresenta<strong>do</strong> comoum conjunto de ações pouco orienta<strong>da</strong>sa objetivos claros e equivoca<strong>do</strong> tambémquanto às reais carências organizativas <strong>da</strong>área, aos entraves logísticos (dificul<strong>da</strong>desde acesso às comuni<strong>da</strong>des) e à imprevistadescontinui<strong>da</strong>de <strong>do</strong> arranjo institucionalcom o Ibama.12
AcreProjeto SOS QuelôniosTem como objetivo o repovoamento <strong>do</strong> rioAbunã com tracajás e iaçás. É um projetoinova<strong>do</strong>r em vários senti<strong>do</strong>s. Primeiro,porque se trata de um projeto muito limita<strong>do</strong>em termos de recursos e de tempo deexecução; segun<strong>do</strong>, porque promove umaativi<strong>da</strong>de realmente nova na região, e, porúltimo, porque abrange áreas brasileiras ebolivianas, mobilizan<strong>do</strong> as populações,autori<strong>da</strong>des e enti<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s <strong>da</strong>fronteira.A Associação <strong>do</strong>s Mora<strong>do</strong>res de Pláci<strong>do</strong>de Castro (Amplac) é a enti<strong>da</strong>de executoradesse pequeno projeto. Trata-se de umaenti<strong>da</strong>de muito particular, que se divideem duas comissões: Direitos Humanos eEcologia. Conta com quatrocentos sócios,<strong>do</strong>is grupos de jovens e <strong>do</strong>is grupamentosecológicos, compostos por alunos deescolas municipais e <strong>da</strong> população ribeirinha.A Amplac funciona em um antigo galpão<strong>do</strong> Ibama, aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> há vinte anos.Além <strong>do</strong> projeto PDA, a enti<strong>da</strong>de contacom o apoio <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>da</strong>Fun<strong>da</strong>ção Elias Mansur e de pequenas<strong>do</strong>ações <strong>do</strong> comércio e <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s.Parte <strong>do</strong> prédio que ocupa foi reforma<strong>do</strong>e utiliza<strong>do</strong> para a implantação de umabiblioteca de acervo precário.A grande realização desse pequeno projetotem si<strong>do</strong> a promoção <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nçade comportamento de uma populaçãoacostuma<strong>da</strong> a consumir e a comercializartracajás e iaçás, e que agora se mobilizapara a sua preservação. Os números relativosà soltura de animais são significativos:no primeiro ano foram 3.500 filhotes, nosegun<strong>do</strong> ano 10.000 e no terceiro ano12.000 filhotes (o PDA apoiou a iniciativapor apenas um ano).O maior problema enfrenta<strong>do</strong> é a descontinui<strong>da</strong>de<strong>do</strong>s recursos para apoiar as ativi<strong>da</strong>des,que têm custos recorrentes e sãorealiza<strong>do</strong>s de forma voluntária.13
AcreProjeto Valorização <strong>do</strong>sSeringueiros <strong>da</strong> FlorestaEstadual <strong>do</strong> AntimariEste projeto traz uma história de recomeçoe de parcerias que deram certo. Parte <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de atendi<strong>da</strong> estava envolvi<strong>da</strong> emuma <strong>da</strong>s primeiras propostas aprova<strong>da</strong>s peloPDA, ten<strong>do</strong> como proponente a Coopereco.Tal projeto pretendia capacitar os seringueirospara produzirem couro vegetal a partir<strong>do</strong> látex, construir uni<strong>da</strong>des de beneficiamentonas colocações e apoiar na comercialização<strong>do</strong> produto. Porém possuía problemasde concepção e execução. O diretor<strong>da</strong> Coopereco considerava-se “inventor” <strong>da</strong>tecnologia <strong>do</strong> couro vegetal e centralizavato<strong>do</strong> o processo, geran<strong>do</strong> desconfiança entreos seringueiros. A relação terminou coma saí<strong>da</strong> desse personagem e com o encaminhamentode nova proposta ao PDA.Ten<strong>do</strong> como proponente a Associação <strong>do</strong>sProdutores Agroextrativistas <strong>da</strong> Floresta Estadual<strong>do</strong> Antimary, este projeto foi aprova<strong>do</strong>sob condições pela Comissão Executiva<strong>do</strong> PDA, pois também apresentava problemasde concepção. O PDA dialogou comas comuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s e verificou apossibili<strong>da</strong>de de melhorar a proposta, proporcionan<strong>do</strong>-lhemaior chance de sustentabili<strong>da</strong>de.Participaram desse esforço técnicos <strong>do</strong>Centro Nacional de DesenvolvimentoSustentável <strong>da</strong>s Populações Tradicionais(CNPT/Ibama), <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção de Tecnologia<strong>do</strong> Acre (Funtac) e <strong>da</strong> Ong Pesacre que,utilizan<strong>do</strong> técnicas participativas e teatrais,conseguiu que a proposta fosse discuti<strong>da</strong>pelos seringueiros, a grande maioria analfabetae residin<strong>do</strong> em locais afasta<strong>do</strong>s. A participação<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Brasília (UnB)no projeto permitiu a incorporação de novastecnologias de manejo e de beneficiamento<strong>da</strong> borracha.Atualmente pode-se afirmar que a gestãoparticipativa <strong>do</strong> projeto tornou-se reali<strong>da</strong>dee que as famílias conseguem melhor preçopelo produto. Entre os desafios atuais estãoa viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> usina de beneficiamento decrepe claro (com financiamento alavanca<strong>do</strong>a partir deste projeto), que é um <strong>do</strong>s produtospré-beneficia<strong>do</strong>s nas uni<strong>da</strong>des familiaresconstruí<strong>da</strong>s nas colocações.14
AcreProjeto Manejo Florestal deSementes NativasEste é provavelmente um <strong>do</strong>s projetosmais inova<strong>do</strong>res em termos de uso <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de. Como o título indica, acomuni<strong>da</strong>de envolvi<strong>da</strong> coleta sementesnativas para comercialização, com orientaçãode engenheiros florestais e seguin<strong>do</strong>critérios de quali<strong>da</strong>de e sustentabili<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s coletas. Para a realização <strong>da</strong>s coletasutilizam técnicas de alpinismo, envolven<strong>do</strong>os jovens <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.O projeto, <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 1996, com refinanciamentoem 1999, é executa<strong>do</strong> pelaAssociação Nossa Senhora de Fátima,enti<strong>da</strong>de forma<strong>da</strong> em 1990 por famíliasde um assentamento <strong>do</strong> Instituto Nacionalde Colonização e Reforma Agrária (Incra)e mora<strong>do</strong>res extrativistas <strong>da</strong> Reserva Extrativista(Resex) Chico Mendes. O projetoenvolve trinta famílias. O critério paraparticipar é que estas tenham pelo menoscinqüenta hectares de floresta em pé naproprie<strong>da</strong>de.Os agroextrativistas mantêm suas ativi<strong>da</strong>destradicionais e participam <strong>da</strong>s coletasde sementes, que ocorrem nas estra<strong>da</strong>sde seringa já abertas. A ativi<strong>da</strong>de exigepouco tempo e gera uma ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> mesmonível que a <strong>da</strong> lavoura e <strong>da</strong> extração decastanha. No entanto, por problemas dedivulgação/marketing e variações nas cargasanuais de sementes produzi<strong>da</strong>s pelasmatrizes, a ren<strong>da</strong> gera<strong>da</strong> oscila muito.A grande contribuição <strong>do</strong> projeto é a valorização<strong>da</strong> floresta em pé, o engajamento<strong>da</strong> juventude e a ren<strong>da</strong> adicional gera<strong>da</strong>.Os maiores problemas são a comercializaçãoe a articulação com instituições depesquisa para a certificação <strong>da</strong>s sementes.No entanto, deve-se ressaltar o apoio quea Prefeitura de Brasiléia vem prestan<strong>do</strong> aoprojeto, incluin<strong>do</strong> os seus resulta<strong>do</strong>s navisão de futuro <strong>da</strong> política municipal.15
AcreProjeto Aproveitamentode Áreas Desmata<strong>da</strong>s eDegra<strong>da</strong><strong>da</strong>sFoi desenvolvi<strong>do</strong> pelos índios poyanawa,organiza<strong>do</strong>s na Associação AgroextrativistaPoyanawa <strong>do</strong> Barão e Ipiranga, em1998-99. O projeto era parte de uma sériede iniciativas que os poyanawa queriamrealizar dentro de sua estratégia de desenvolvimentocom identi<strong>da</strong>de.O objetivo <strong>do</strong> projeto era a mecanizaçãoem áreas já planta<strong>da</strong>s – com roças demandioca para fazer farinha - para reutilização,evitan<strong>do</strong> a abertura de novasáreas. O apoio <strong>do</strong> PDA foi basicamentepara a compra de um trator. Como resulta<strong>do</strong>sdessa iniciativa realmente não houvenovas derruba<strong>da</strong>s durante seis anos; nosétimo ano é que já houve necessi<strong>da</strong>dede abrir novas áreas para roça. A comuni<strong>da</strong>deindígena, muito organiza<strong>da</strong> e comforte liderança – o coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> projetoe presidente <strong>da</strong> Associação é tambémverea<strong>do</strong>r em Mâncio Lima – conseguiumanter muito bem o equipamento compra<strong>do</strong>.Sete anos depois, o trator está emboas condições e seu uso é normatiza<strong>do</strong>pela associação. A comuni<strong>da</strong>de respeitaas normas, que incluem o pagamento <strong>da</strong>shoras de trabalho.Os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s são muito positivos– seis anos sem desmatar, aumento<strong>do</strong> volume de produção com redução dehoras de trabalho, resultan<strong>do</strong> em maiorvolume de farinha vendi<strong>da</strong> e aumento deren<strong>da</strong> para as famílias. To<strong>do</strong> esse processogerou também maior auto-estima <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de,que considera muito positivoter aprendi<strong>do</strong> a gerenciar seu próprio projeto,sua idéia.Os problemas estão relaciona<strong>do</strong>s comdeficiências no desenho <strong>do</strong> projeto, quenão previa assistência técnica e terminavana compra <strong>do</strong> trator. To<strong>do</strong> o trabalho demanejo de solos, para que o modelo sejasustentável e possa ser evita<strong>da</strong> a aberturade novas áreas, não foi considera<strong>do</strong> noplanejamento <strong>do</strong> projeto e hoje é uma necessi<strong>da</strong>deidentifica<strong>da</strong> pelos poyanawa.16
RondôniaProjeto DesenvolvimentoSustentável para Agricultoresna <strong>Amazônia</strong> OcidentalExecuta<strong>do</strong> pela Associação <strong>do</strong>s ProdutoresAlternativos (APA), de Ouro PretoD´Oeste, Rondônia, este é um <strong>do</strong>s projetoscom maior potencial demonstrativopelos resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s, com sinergiasimportantes com o Planafloro, oFunbio e a Pastoral <strong>da</strong> Saúde.A primeira fase <strong>do</strong> projeto executa<strong>do</strong> pelaAPA iniciou-se em 1997 e, em 2001, foiaprova<strong>do</strong> o refinanciamento, que contribuiusignificativamente para que a enti<strong>da</strong>desuperasse em quatro vezes a previsãode área de SAFs implanta<strong>da</strong> e <strong>do</strong>brasseo número de agricultores atendi<strong>do</strong>s. Emtermos numéricos, a APA congrega 240famílias associa<strong>da</strong>s, mas, indiretamente,envolve outras 300 famílias. A indústriade palmito implanta<strong>da</strong> está exportan<strong>do</strong>para o merca<strong>do</strong> europeu; os agricultorestiveram sua ren<strong>da</strong> monetária <strong>do</strong>bra<strong>da</strong>;foram gera<strong>do</strong>s 45 empregos diretos; e forma<strong>do</strong>svinte agricultores técnicos. A APAcomercializa também quatorze tonela<strong>da</strong>sde mel por ano.Em termos ambientais, os agricultoresatendi<strong>do</strong>s pela APA disseminam umnovo modelo de agricultura, basea<strong>do</strong> nadiversificação <strong>da</strong> produção, no reaproveitamentode áreas altera<strong>da</strong>s, nas práticasde adubação verde, no engajamento <strong>da</strong>smulheres e na busca <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de.O grande desafio <strong>da</strong> APA é consoli<strong>da</strong>r asuni<strong>da</strong>des de beneficiamento de palmitoe de polpa (em fase de finalização), engajan<strong>do</strong>mais agricultores na estratégiaa<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> e incorporan<strong>do</strong> mais fontes dematéria-prima. Outro desafio conjuntocom o PDA é resgatar as aprendizagens(não só <strong>do</strong>s SAFs, mas também <strong>da</strong> apicultura,beneficiamento, comercializaçãoe relações de gênero) e disponibilizá-laspara outras enti<strong>da</strong>des, inclusive de fora<strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> brasileira, uma vez que oprojeto é uma referência dentro e fora <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> de Rondônia e na Bolívia, onde jáocorrem intercâmbios.17
RondôniaProjeto Promover o Estímuloao Desenvolvimento Sócioeconômicoe Cultural <strong>da</strong>sFamílias RuraisÉÊ executa<strong>do</strong> pela Associação de ProdutoresRurais Rolimourenses para Aju<strong>da</strong> Mútua(Apruram), no município de Rolim deMoura, Rondônia.O projeto teve uma primeira fase em quebuscou trabalhar os SAFs em <strong>do</strong>is tipos decombinações. A primeira, integra<strong>da</strong> aocultivo de café, que é a ativi<strong>da</strong>de principal<strong>do</strong>s agricultores, incorporan<strong>do</strong> cacau,cupuaçu e algumas espécies madeireiras.A segun<strong>da</strong> combinação buscava associaralgumas fruteiras ao cultivo de mandioca(decisão guia<strong>da</strong> por uma conjunturafavorável <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> produto). Com aque<strong>da</strong> <strong>do</strong> preço <strong>da</strong> mandioca, essa segun<strong>da</strong>combinação foi praticamente aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong>pelos agricultores. Atualmente,os SAFs promoveram uma retoma<strong>da</strong> deantigos cafezais, já ocorrem processos deregeneração natural de algumas espéciese foi reduzi<strong>da</strong> a pressão sobre novas áreas.Além disso, pode-se falar em incremento<strong>da</strong> dieta alimentar e ren<strong>da</strong> <strong>do</strong>s agricultores,que comercializam to<strong>do</strong> o cupuaçuque produzem, além de outros produtos<strong>do</strong> SAF.A partir de uma monitoria <strong>do</strong> PDA, acompanha<strong>da</strong>de um técnico de outro projeto(APA, de Ouro Preto <strong>do</strong> Oeste), abriramsenovas perspectivas para a Apruram. Emvisita de intercâmbio, os produtores <strong>da</strong>enti<strong>da</strong>de tomaram conhecimento <strong>da</strong> formade trabalhar <strong>da</strong> APA, motivaram-se aincorporar a questão de gênero e fizeramuma proposta de refinanciamento maisconsistente ao PDA.Deve-se destacar que a Apruram, já detinhauma organização social madura que,a partir <strong>do</strong> projeto apoia<strong>do</strong> pelo PDA,ganhou credibili<strong>da</strong>de e firmou parceriasimportantes com a APA, a Emater local e aCeplac. O tino comercial de sua diretoriaé um diferencial dessa enti<strong>da</strong>de, que conseguecomercializar seus produtos commuita desenvoltura.Atualmente a Apruram está finalizan<strong>do</strong>uma uni<strong>da</strong>de de beneficiamento de polpade fruta e tem bons resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalhocom os grupos de mulheres. Pode-se afirmarque este projeto constitui alternativapara o desenvolvimento regional sustentável.18
Mato GrossoProjeto Agroflorestal eConsórcio Adensa<strong>do</strong> (Paca)É executa<strong>do</strong> pela Associação Rural JuinenseOrganiza<strong>da</strong> para a Aju<strong>da</strong> Mútua (Ajopam)em Juína, Mato Grosso.A primeira fase iniciou-se em abril de1996, sen<strong>do</strong> refinancia<strong>do</strong> em abril de1999 e concluí<strong>do</strong> em outubro de 2002.No caso desse projeto, a sinergia com aprefeitura, o Prodeagro e a Pastoral <strong>da</strong> Saúdeforam importantes.A experiência foi pensa<strong>da</strong> como alternativade desenvolvimento sustentável que,em primeiro lugar, quebrasse o ciclo dedesmatamento, exploração de culturasanuais e formação de pasto. Em segun<strong>do</strong>lugar, visava à diversificação <strong>da</strong> produçãoe à incorporação de ativi<strong>da</strong>des econômicasno perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> entressafra <strong>do</strong> café; e,por último, pretendia reduzir a dependência<strong>do</strong>s agricultores em relação aosatacadistas, geran<strong>do</strong> novas alternativasde ren<strong>da</strong>. Os sistemas agroflorestais foramidentifica<strong>do</strong>s como uma alternativa queatendia a essas necessi<strong>da</strong>des.Um componente importante desse projeto,ain<strong>da</strong> na sua primeira fase, foi a propostater si<strong>do</strong> assumi<strong>da</strong> pelo candi<strong>da</strong>to a prefeitoque, reeleito, passou o man<strong>da</strong>to ao vicepara candi<strong>da</strong>tar-se a deputa<strong>do</strong> estadual. Ovice-prefeito foi um <strong>do</strong>s idealiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong>projeto PDA. Dessa forma, o projeto temuma relação estreita com a política local,o que contribui para o seu êxito e aumentao seu potencial de disseminação juntoaos prefeitos municipais <strong>da</strong> região.Embora tenha problemas relaciona<strong>do</strong>sao isolamento geográfico e aos desafiospróprios <strong>da</strong> agricultura familiar, o projetoconsegue gerar benefícios concretos paraos envolvi<strong>do</strong>s, como a recuperação deáreas altera<strong>da</strong>s, e tem servi<strong>do</strong> de exemplopara outras locali<strong>da</strong>des.19
ParáProjeto Preservação eEnriquecimento de Áreas deCastanhais em Degra<strong>da</strong>çãopara a Valorização <strong>da</strong>ProduçãoProjeto elabora<strong>do</strong> pela Ong Poema e executa<strong>do</strong>pela Associação Agrícola <strong>do</strong>s ProdutoresRurais <strong>do</strong> Aramaquiri (AAPA), de Curralinho,Pará. Seu foco é a implantação de SAFspor meio <strong>do</strong> enriquecimento de castanhaise de capoeiras, fornecen<strong>do</strong> matéria-primapara uma agroindústria de beneficiamentode castanhas-<strong>do</strong>-brasil e de caju.Apesar <strong>do</strong> processo de elaboração ter si<strong>do</strong>pouco participativo, a comuni<strong>da</strong>de assumiua proposta e está bastante engaja<strong>da</strong>, especialmenteporque percebe na agroindústria,que ain<strong>da</strong> não entrou em funcionamento, apossibili<strong>da</strong>de de gerar ren<strong>da</strong> para os jovens edeman<strong>da</strong> para os produtos <strong>do</strong>s SAFs.Os SAFs foram bem-sucedi<strong>do</strong>s nas áreasde capoeira. As espécies implanta<strong>da</strong>s sãoprincipalmente cajueiro, mogno, açaizeiroe castanheira, além <strong>da</strong> ocorrência natural <strong>da</strong>andiroba, angelim-pedra, cedroarana, entreoutras. Verificou-se que o enriquecimentode capoeira tem evita<strong>do</strong> a abertura de novasáreas. Quanto aos SAFs em áreas de castanhais,os resulta<strong>do</strong>s não são anima<strong>do</strong>res emvirtude <strong>da</strong> escolha equivoca<strong>da</strong> de espéciese <strong>do</strong> excesso de sombreamento na área. Noentanto, estes tiveram efeitos indiretos be-néficos, tais como a eliminação <strong>do</strong> fogo naárea <strong>do</strong>s castanhais, a melhoria <strong>do</strong> manejo ea redução de acidentes com cobras.O projeto tem uma estreita relação com aprefeitura e prevê-se a compra <strong>da</strong> produção<strong>da</strong> agroindústria pela meren<strong>da</strong> escolar. Alémdisso, está firman<strong>do</strong> convênio com a escolaagroambiental <strong>do</strong> município para que osalunos possam realizar visitas ao projeto.Recebe ain<strong>da</strong> uma assessoria esporádica <strong>do</strong>Poema, o qual, em conjunto com o aporteinicial <strong>do</strong> PDA, possibilitou outro financiamento,<strong>do</strong> FNMA e <strong>do</strong> IFC, para um projetode seqüestro de carbono.Os resulta<strong>do</strong>s mais imediatos <strong>do</strong> projeto são:fortalecimento organizacional e aumento <strong>da</strong>união entre os agricultores, que realizammutirões semanais; redução <strong>do</strong> uso de fogonas áreas <strong>do</strong>s castanhais; e redução <strong>da</strong> aberturade novas áreas, diminuin<strong>do</strong> a pressãosobre a floresta.Os grandes desafios relacionam-se com agestão <strong>da</strong> agroindústria de castanha, a comercialização<strong>do</strong>s produtos e o reforço àimportância <strong>da</strong> diversificação <strong>da</strong> produçãopara evitar pragas, especialmente com opossível crescimento <strong>da</strong>s áreas de cajueiros.20
TocantinsProjeto ReviverO projeto, que já recebeu refinanciamento<strong>do</strong> PDA, tem a proposta de testar asseguintes alternativas econômicas: coletade frutas, sistemas agroflorestais, piscicultura,apicultura e beneficiamento de mele frutas. Os SAFs mostram-se ain<strong>da</strong> precários,com grandes problemas decorrentes<strong>da</strong> falta de assistência técnica, solos muitopobres e manejo inadequa<strong>do</strong> para enfrentaro perío<strong>do</strong> de estiagem. A pisciculturatambém apresenta problemas relaciona<strong>do</strong>sà baixa capaci<strong>da</strong>de de reprodução <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong>de e pela dependência de recursosexternos. A apicultura tem si<strong>do</strong> a experiênciamais bem-sucedi<strong>da</strong>, com geraçãode ren<strong>da</strong> para as famílias, motivan<strong>do</strong>um processo de educação ambientale percepção <strong>da</strong>s interações sistêmicas,apresentan<strong>do</strong> alternativa para a questão<strong>da</strong> saúde na comuni<strong>da</strong>de. A agroindústriaain<strong>da</strong> é uma incógnita.No entanto, este projeto, com tantos problemasdecorrentes principalmente <strong>da</strong> carênciade capital humano, gerou grandesavanços na questão <strong>da</strong> organização social,com participação de mulheres, respeitoao saber <strong>do</strong>s mais velhos, organização debriga<strong>da</strong> de combate a incêndio florestal,mobilização <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s escolasmunicipais em torno <strong>da</strong> questão ambiental,tornan<strong>do</strong>-se um referencial tantopara a Secretaria de <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> <strong>do</strong>Tocantins quanto para outras instituiçõespúblicas e Ongs que percebem o potenciale a serie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> trabalho <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de.Também constitui pólo <strong>do</strong> Proambiente.Quanto aos desafios, verifica-se a necessi<strong>da</strong>dede aprofun<strong>da</strong>r a discussão sobre osSAFs e o manejo de solo, e promover umaarticulação regional que contribua para agestão e a viabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>dede beneficiamento de frutas.Executa<strong>do</strong> pela Associação <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>resRurais <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Cor<strong>da</strong>, é implementa<strong>do</strong>no município de Wanderlândia,Tocantins, área de grandes carências nãosó econômicas e sociais, mas tambémambientais. A enti<strong>da</strong>de recebeu o apoio<strong>da</strong> Visão Mundial e está seleciona<strong>da</strong> parareceber recursos <strong>da</strong> SCA/MMA, por meio<strong>da</strong> Coordena<strong>do</strong>ria de Agroextrativismo(CEX).21
ParáProjeto BeneficiamentoIntegral <strong>da</strong>s Frutas comIncentivo ao ExtrativismoEcologicamente SustentávelÉ executa<strong>do</strong> pela Cooperativa Mista <strong>do</strong>sProdutores Rurais <strong>da</strong> Região de Carajás(Cooper), localiza<strong>da</strong> no município deParauapebas, PA, região de influência deMarabá, com muitos assentamentos implanta<strong>do</strong>se forte presença <strong>da</strong> pecuária,além <strong>da</strong> Companhia Vale <strong>do</strong> Rio Doce.O projeto foi aprova<strong>do</strong> num momento emque o PDA discutia o crescimento de projetosde beneficiamento de frutas e as dificul<strong>da</strong>desque estas vinham enfrentan<strong>do</strong>(março de 2001). A despeito disso, trata-sede um projeto cujo objetivo é implantaruma agroindústria de beneficiamento defrutas para a produção de xaropes, polpae <strong>do</strong>ces. A uni<strong>da</strong>de de beneficiamento ébem elabora<strong>da</strong> e está em fase de certificaçãopelo <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Agricultura. Háprodução para ser beneficia<strong>da</strong>, tanto provenientede consórcios financia<strong>do</strong>s peloFNO quanto de áreas de extrativismo deaçaí e taperebá (cajá). Além <strong>da</strong> agroindús-tria, o projeto pretende atuar no manejode açaizais, ativi<strong>da</strong>de prevista que ain<strong>da</strong>não teve início.O projeto relaciona-se com a prefeitura,de cuja parceria originou-se a assistênciatécnica presta<strong>da</strong> à cooperativa. Outro fatorimportante a ser destaca<strong>do</strong> é o merca<strong>do</strong>local e regional, com grande potencialem virtude <strong>da</strong> presença <strong>da</strong> empresa Vale<strong>do</strong> Rio Doce no município, que gera umamassa de salários, conforman<strong>do</strong> um interessantemerca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.O grande desafio é incorporar em suasações um caráter mais ambientalista,especialmente por estar em uma área degrande crescimento <strong>da</strong> pecuária e queconvive com o problema <strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>s.O projeto tem potencial para se tornar umsinaliza<strong>do</strong>r de alternativas mais sustentáveispara o desenvolvimento regional.22
MaranhãoProjeto Recuperação deÁreas Degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s comPlantio de Fruteiras Tropicaise Espécies MadeireirasNativasÉ implementa<strong>do</strong> pelo STR de Esperantinópolis,município <strong>do</strong> Maranhão, e envolve80 famílias diretamente e 150 indiretamente.Tem como objetivo principal a promoção<strong>da</strong> segurança alimentar e a recuperaçãode áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, sen<strong>do</strong> bem sucedi<strong>do</strong>na missão escolhi<strong>da</strong>. A meta de recuperar44 hectares, prevista inicialmente, foiextrapola<strong>da</strong> antes <strong>do</strong> término <strong>do</strong> projeto,atingin<strong>do</strong> 60 hectares. Há apropriação <strong>da</strong>proposta pelos agricultores, que se sentemorgulhosos com o que já conseguiram,especialmente a melhoria <strong>do</strong>s solos, amu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> paisagem, a redução <strong>da</strong>squeima<strong>da</strong>s e a melhoria <strong>da</strong> alimentação.O projeto inaugurou uma forma inova<strong>do</strong>rade monitoria e assistência técnica participativaem que to<strong>do</strong>s aprendem com os er-ros e acertos de ca<strong>da</strong> um. Outro elementoinova<strong>do</strong>r é o uso de um programa de rádioque contribui para a conscientização deum número maior de agricultores, queestão estimula<strong>do</strong>s a plantar espécies frutíferas.O programa de rádio trata de temascomo legislação ambiental, agrotóxicos,transgênicos, alimentação alternativa, entreoutros. Além disso, o projeto tornou-seum referencial regional na produção demu<strong>da</strong>s por enxertia, profissionalizan<strong>do</strong> osviveiristas.O grande desafio é criar mecanismos quefavoreçam a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> assistênciatécnica e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projeto. Talvezo próximo passo seja pensar em comercializaras frutas que começam a serproduzi<strong>da</strong>s, ou consoli<strong>da</strong>r o viveiro comofonte de ren<strong>da</strong> para a enti<strong>da</strong>de.23
ParáProjeto de Apoio aIniciativas Comunitárias:Preservação de RecursosAquáticos; Manejo Florestale Piscicultura Familiar comoEstratégia de Viabilização deComuni<strong>da</strong>des RibeirinhasExecuta<strong>do</strong> pela Colônia de Pesca<strong>do</strong>res Z-16,de Cametá, Pará, o projeto surgiu comoparte <strong>da</strong> estratégia traça<strong>da</strong> para solucionaralguns <strong>do</strong>s impactos <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> barragemde Tucuruí. Tem como principais ativi<strong>da</strong>desa piscicultura, o manejo de açaizais ea formação de acor<strong>do</strong>s de pesca.A piscicultura é realiza<strong>da</strong> principalmenteem tanques de terra firme e, experimentalmente,em tanques-rede. A despeito de umamonitoria <strong>do</strong> PDA ter proporciona<strong>do</strong> aportetécnico, o projeto enfrenta o problema tradicional<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de que é a alta dependênciade recursos externos (ração e alevinos). Noentanto, tem consegui<strong>do</strong> manter a ativi<strong>da</strong>de,que possui um papel importante paraas famílias. Os tanques são chama<strong>do</strong>s de“caderneta de poupança”, porque provêemdinheiro em casos de emergência, e de “geladeira”,porque servem à alimentação <strong>da</strong>sfamílias.O manejo de açaizais é bem-sucedi<strong>do</strong>,com técnicas inova<strong>do</strong>ras que incorporamalguns elementos de SAFs, geran<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>smelhores <strong>do</strong> que as técnicas a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>spela Emater. Como o extrativismo de açaíjá vinha sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>, é bem aceito pelacomuni<strong>da</strong>de e gera ren<strong>da</strong>.Talvez o principal destaque desse projetosejam os acor<strong>do</strong>s de pesca comunitários,que influenciaram, em conjunto com outrasexperiências e comuni<strong>da</strong>des, a elaboraçãode norma <strong>do</strong> Ibama para a Região Amazônica.Apesar disso, o Ibama local não dá oapoio necessário aos pesca<strong>do</strong>res, em termosde fiscalização.Outro feito interessante é a busca de parceriase de outros apoios pela Colônia.Em convênio com o IEEB-Padis serão produzi<strong>do</strong>smateriais didáticos para as escolasmunicipais. Obtiveram também apoio <strong>do</strong>FNMA e <strong>do</strong> Programa <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>spara o Desenvolvimento (Pnud). O principaldesafio <strong>do</strong> projeto é consoli<strong>da</strong>r a organizaçãosocial, o manejo de açaizais e criarmaiores sinergias com outras comuni<strong>da</strong>des,inclusive e especialmente as atendi<strong>da</strong>s peloPDA e o Projeto Provárzea, componente <strong>do</strong>PPG7, de forma a <strong>da</strong>r maior consistência asuas propostas.24
RoraimaProjeto Piscicultura,Reflorestamento e Proteçãode Nascentes e IgarapésÉ executa<strong>do</strong> pela Associação <strong>do</strong>s ProdutoresRurais <strong>da</strong> Vicinal 18, em São Luís <strong>do</strong>Anauá, município de Roraima.Tem como objetivo contribuir para a melhoria<strong>da</strong> alimentação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de pormeio <strong>da</strong> criação de peixes e <strong>da</strong> preservaçãode margens e nascentes <strong>do</strong>s corposd´água.O projeto tem um público reduzi<strong>do</strong>, atenden<strong>do</strong>diretamente a vinte famílias. A estratégiaa<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> foi a de construir tanquesde piscicultura e em torno <strong>do</strong>s tanquesimplantar sistemas agroflorestais. O manejocomunitário <strong>do</strong>s tanques funcionacom regras rígi<strong>da</strong>s, em que ca<strong>da</strong> famíliatem direito a dez quilos de peixe por mês,porém deven<strong>do</strong> atender às escalas de trabalho.Além dessa cota, o que for comercializa<strong>do</strong>é dividi<strong>do</strong> entre os associa<strong>do</strong>s.A união entre os agricultores é uma <strong>da</strong>sprincipais contribuições destaca<strong>da</strong>s.As áreas de reflorestamento, como sãodenomina<strong>do</strong>s os SAFs, não atraíam aatenção e o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong>s participantes<strong>do</strong> projeto, por deman<strong>da</strong>r mão-de-obra esó apresentar resulta<strong>do</strong>s a médio e longoprazos.O apoio <strong>do</strong> Sebrae e de um pesquisa<strong>do</strong>r<strong>do</strong> Instituto Nacional de Pesquisas <strong>da</strong><strong>Amazônia</strong> (Inpa) deu impulso à pisciculturae transformou o projeto em uma vitrinepara o Sebrae, que aproveita o seu caráterdemonstrativo. No entanto, trata-se de ummodelo com as mesmas dificul<strong>da</strong>des naaquisição de alevinos e ração que constituemimpedimentos à sustentabili<strong>da</strong>dedesse tipo de projeto em outras regiões.25
ParáProjeto Roça<strong>do</strong>s Ecológicosna <strong>Amazônia</strong>Executa<strong>do</strong> pelo Fun<strong>do</strong> de Desenvolvimentoe Ação Comunitária (Fun<strong>da</strong>c) emSantarém, Pará, tem por objetivo geral a“sensibilização, capacitação e instrumentalizaçãomaterial e financeira de cem famíliasde mora<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Região <strong>do</strong> PlanaltoSantareno, para implantação de vinteroça<strong>do</strong>s ecológicos, que permitam melhoruso <strong>do</strong>s recursos naturais disponíveis, arecuperação <strong>da</strong>s áreas já degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s ea melhoria alimentar e econômica dessapopulação.”O objetivo geral expressa metas quantitativasque foram reduzi<strong>da</strong>s à metade aolongo <strong>da</strong> implementação <strong>do</strong> projeto emetas qualitativas que se mostram difíceisde serem atingi<strong>da</strong>s, caso seja manti<strong>do</strong> omodelo proposto. O uso de tração animal,outra proposta <strong>do</strong> projeto, não foi aceitapelos agricultores e apenas um númeroreduzi<strong>do</strong> de pessoas a vêm a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>.Consideran<strong>do</strong> que o projeto retirou áreasde capoeira grossa para a implantaçãode um modelo de menor complexi<strong>da</strong>dee com problemas de sustentabili<strong>da</strong>deambiental, a intenção de recuperar áreasdegra<strong>da</strong><strong>da</strong>s não se concretizou, apesar <strong>do</strong>esforço de enriquecimento de uma bor<strong>da</strong>de capoeira manti<strong>da</strong> em torno de ca<strong>da</strong> um<strong>do</strong>s roça<strong>do</strong>s.Os agricultores conseguiram retirar produtos<strong>do</strong>s roça<strong>do</strong>s que contribuíram coma dieta alimentar <strong>da</strong>s famílias. Ten<strong>do</strong> emvista a carência e a situação de pobreza<strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s agricultores, essa foia maior contribuição <strong>do</strong> projeto até omomento, além <strong>da</strong> organização social.Quanto a ganhos econômicos traduzi<strong>do</strong>sem aumento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong>, a probabili<strong>da</strong>de dealcançar esse objetivo ain<strong>da</strong> é uma incógnitaque depende de esforços de capacitaçãoe organização que parecem estaralém <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de técnica e financeira<strong>do</strong> Fun<strong>da</strong>c neste momento.Não obstante, o projeto apresenta umgrande potencial de organização social,flexibili<strong>da</strong>de e empenho <strong>do</strong>s executores e<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des (não foi por falta de esforço,dedicação e trabalho que o projetofoi pouco exitoso), além de estar promoven<strong>do</strong>o fortalecimento <strong>da</strong>s organizaçõesde mulheres e jovens. Nessa temáticasitua-se a contribuição <strong>do</strong> projeto aos objetivos<strong>do</strong> PDA.26
ParáProjeto Implantação eCondução de SistemasAgroflorestais em Consórciocom Curauá nas Microrregiões<strong>do</strong> Lago Grande <strong>do</strong> CuruaíTem como proponente o Centro deApoio aos Projetos de Ação Comunitária(Ceapac) e como executora a Central deComercialização de Produtos Agrossilvipastorisde Origem Familiar <strong>da</strong> Região <strong>do</strong>Lago Grande (Centralago).O projeto nasceu com o propósito deconstituir uma parceria público-priva<strong>da</strong>,em que os principais atores seriam aMercedes Benz, o Projeto Pobreza e <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong> na <strong>Amazônia</strong> (Poema), o PDA ea prefeitura de Santarém, Pará. Além disso,o governo estadual sinalizou com políticasde apoio às ativi<strong>da</strong>des de plantio ebeneficiamento <strong>do</strong> curauá, inclusive comfinanciamento para a pesquisa. No entanto,as parcerias não tiveram continui<strong>da</strong>de,surgin<strong>do</strong> novos atores no processo, entreeles a empresa Pematech Triangel, quefornece peças à Volkswagen.O objetivo <strong>do</strong> projeto é viabilizar um modelosustentável de cultivo <strong>do</strong> curauá porpequenos produtores na região <strong>do</strong> LagoGrande, geran<strong>do</strong> ganhos de ren<strong>da</strong> e quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> em fase de implementação,com atrasos significativos <strong>do</strong>cronograma de execução e necessi<strong>da</strong>desde reavaliação <strong>da</strong>s estratégias de implantaçãoe condução <strong>do</strong>s consórcios agroflorestais,o projeto não caminha em direçãoa um modelo ambientalmente sustentávelde cultivo <strong>do</strong> curauá. Entretanto, está geran<strong>do</strong>ganhos de ren<strong>da</strong> monetária para osenvolvi<strong>do</strong>s.As falhas <strong>do</strong> projeto decorrem de um conjuntode fatores, inclusive falhas de monitoriae acompanhamento <strong>do</strong> PDA, que sinalizampara a necessi<strong>da</strong>de de estratégiasmais efetivas na solução de problemas tãologo sejam identifica<strong>do</strong>s.O atual relacionamento com a empresaPematech gera uma grande pressão sobrea organização social, com acor<strong>do</strong>s duvi<strong>do</strong>sosquanto aos ganhos reais <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.Dessa forma, o risco de impactosnegativos <strong>do</strong> projeto deve ser considera<strong>do</strong>com cui<strong>da</strong><strong>do</strong> pelo PDA e parceiros, deforma a implementar medi<strong>da</strong>s mitiga<strong>do</strong>raso mais rápi<strong>do</strong> possível. Como resulta<strong>do</strong><strong>da</strong> monitoria realiza<strong>da</strong> por ocasião desteestu<strong>do</strong>, iniciou-se um processo de replanejamento<strong>do</strong> projeto, com forte apoiotécnico <strong>do</strong> PDA/DED.27
AmapáProjeto LontraO Projeto Lontra foi implementa<strong>do</strong> pelaAssociação de Agricultores <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong>de<strong>do</strong> Lontra <strong>da</strong> Pedreira (ACL), emMacapá, no Amapá, entre maio de 1997e abril de 1999.O projeto propunha-se a executar umasérie de ativi<strong>da</strong>des muito diferencia<strong>da</strong>s esem um foco central. Essa característicafoi o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> tentativa <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>deexecutora de atender a diferentes anseios<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. A incapaci<strong>da</strong>dede chegar a um denomina<strong>do</strong>r comum emconjunto com as famílias manifestou-senovamente em meio à execução <strong>do</strong> projeto,quan<strong>do</strong> divisões internas contribuírampara o insucesso e a descontinui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>proposta.Além <strong>da</strong> imaturi<strong>da</strong>de organizacional <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de, outros fatores contribuírampara o pouco êxito <strong>do</strong> projeto. Em primeirolugar, as parcerias não tiveram continui<strong>da</strong>de.O Poema e o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>não cumpriram o pactua<strong>do</strong>. Em segun<strong>do</strong>lugar, o projeto tinha como um <strong>do</strong>s focosa implantação de uma fábrica de farinhade banana, mas os bananais foram ataca<strong>do</strong>spor pragas que resultaram na extinçãode 75% <strong>da</strong>s plantas. O manejo <strong>do</strong>s bananaistambém não era adequa<strong>do</strong>.Dessa forma, um projeto que tinha, aprincípio, condições muito favoráveispara o êxito (ambiente político favorável,instituição executora com capaci<strong>da</strong>detécnica, parcerias interessantes) falhoupela ausência de uma organização socialsóli<strong>da</strong> e pela má concepção <strong>do</strong> projeto,não detecta<strong>da</strong> a tempo pelo PDA.28
ParáProjeto Valorização eConservação <strong>da</strong>s ReservasFlorestais nos Lotes <strong>do</strong>sPequenos Produtores Ruraisde Medicilândia e PacajásÉ executa<strong>do</strong> pela Fun<strong>da</strong>ção Viver, Produzire Preservar (FVPP). Trata-se de umprojeto que se insere em uma dinâmicamuito mais ampla, que é a <strong>do</strong> Movimentode Desenvolvimento <strong>da</strong> Transamazônica eXingu (MDTX), e por isso deve ser analisa<strong>do</strong>no contexto de proximi<strong>da</strong>de com outrosoito projetos PDA. O movimento reúne110 enti<strong>da</strong>des em <strong>do</strong>ze municípios etem como personali<strong>da</strong>de jurídica a FVPP.Dessa forma, a equipe <strong>do</strong> projeto e parte<strong>do</strong>s agricultores envolvi<strong>do</strong>s estão ocupa<strong>do</strong>stambém em articular investimentospara a região, foca<strong>do</strong>s na produção diversifica<strong>da</strong>e sustentável <strong>do</strong>s lotes.Esse projeto tem de inova<strong>do</strong>r o envolvimento<strong>do</strong>s alunos <strong>da</strong> Casa Familiar Ruralde Medicilândia, os quais realizam inventáriosnas áreas de reserva legal de suasfamílias, contribuin<strong>do</strong> para a valorizaçãodessas áreas. Esses inventários geraram ointeresse <strong>do</strong>s agricultores pelas plantasmedicinais, em especial a andiroba e acopaíba. Os agricultores já comercializamo óleo, conseguin<strong>do</strong> uma ren<strong>da</strong> pequena,mas que contribui com a família. Outraativi<strong>da</strong>de de destaque é a apicultura, quegerou efeitos imediatos em aumento deren<strong>da</strong>, segurança alimentar e alternativasde tratamento <strong>da</strong> saúde.A grande contribuição <strong>do</strong> projeto é comporesse quadro de mu<strong>da</strong>nças rumo aodesenvolvimento regional sustentável,valorizan<strong>do</strong> as áreas de reserva legal edemonstran<strong>do</strong> o seu potencial de gerarren<strong>da</strong>, ao passo em que mantém a florestaem pé.29
ParáProjeto Recuperação deÁreas Degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s para oDesenvolvimento Sustentável<strong>do</strong> Município de AnapuExecuta<strong>do</strong> pela Associação Pioneira Transaleste(Aspat), foi implementa<strong>do</strong> em umaárea destina<strong>da</strong> pelo Incra para a exploraçãode madeira e a pecuária.Com a ocupação por pequenos agricultores,formou-se uma área caracteriza<strong>da</strong> porconflitos, em que se contrapõem interessese propostas de desenvolvimento quaseantagônicos.Os objetivos <strong>do</strong> projeto são: recuperaçãode áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, com implantação deSAFs (agricultura em an<strong>da</strong>res); manejo eenriquecimento de açaizais; fortalecimento<strong>da</strong> associação de mulheres; e elevação<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias.A despeito de não ter cumpri<strong>do</strong> rigorosamentesuas metas físicas, o projetodisseminou o cultivo de espécies perenes,o questionamento <strong>da</strong> forma tradicional deproduzir (broca e queima) e proporcionoua valorização <strong>do</strong>s lotes <strong>do</strong>s pequenos produtoresa partir <strong>do</strong> plantio de essênciasflorestais.Esse conjunto de resulta<strong>do</strong>s, associa<strong>do</strong> aofortalecimento organizacional e à participação<strong>do</strong> MDTX, tem contribuí<strong>do</strong> para aresistência e a permanência <strong>do</strong>s pequenosagricultores em seus lotes.No entanto, o projeto sofre de uma crisede identi<strong>da</strong>de e propósitos. A despeito depretender aumentar a ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> agricultor,e para tanto ter implanta<strong>do</strong> uma indústriade farinha de banana (para a qual não hámatéria-prima suficiente), fatores de racionalização<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des produtivas sãopreteri<strong>do</strong>s em função de fatores relaciona<strong>do</strong>sao movimento social e político.Por outro la<strong>do</strong>, a agricultura em an<strong>da</strong>resnão funcionou e os agricultores a<strong>do</strong>taramoutras estratégias, inclusive a monoculturade banana.Porém, consideran<strong>do</strong> a uni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> grupo,o projeto tem um grande potencial de revertero seu quadro de insucessos em direçãoa uma proposta de desenvolvimentosustentável mais consistente. Soma-se aesse potencial o dinamismo <strong>do</strong>s jovens <strong>da</strong>Casa Familiar Rural, que dão assistênciatécnica ao projeto e que, uma vez capacita<strong>do</strong>scom conceitos mais consistentes demanejo sustentável, podem <strong>da</strong>r um novorumo à proposta.30
ParáCultivo <strong>do</strong> UrucumConsorcia<strong>do</strong> com CincoEspécies Nativas Madeiráveise Apicultura Integran<strong>do</strong>Índios e Não-Índiosnum Manejo AmbientalSustentávelFoi executa<strong>do</strong> pela Cooperativa de ProdutoresRurais <strong>da</strong> Região <strong>do</strong> Apiaú (Cepra),em duas fases, a primeira inicia<strong>da</strong> emdezembro de 1998 e a segun<strong>da</strong> em agostode 2001.O projeto, afeta<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is grandes incêndiosque destruíram os consórcios implanta<strong>do</strong>se o viveiro, apresentou várias falhasde execução, especialmente relaciona<strong>da</strong>scom a falta de apropriação <strong>da</strong> propostapela comuni<strong>da</strong>de e o centralismo <strong>do</strong> projetona figura <strong>do</strong> seu ex-coordena<strong>do</strong>r. Outrofator de tensão foram os antagonismospolíticos que culminaram em suspeitaslevanta<strong>da</strong>s por agentes <strong>da</strong>s políticas locaissobre interesses internacionais espúriosnas áreas <strong>do</strong> projeto e possível apropriaçãoirregular de terras.Os SAFs não foram bem aceitos pelas comuni<strong>da</strong>des.Afeta<strong>do</strong>s por grandes queima-<strong>da</strong>s, a comuni<strong>da</strong>de está repensan<strong>do</strong> umsistema de produção sustentável que nãonecessariamente o SAF, mas com incorporaçãode matéria orgânica ao solo.Deve-se destacar também que, na segun<strong>da</strong>fase, muitas famílias se fixaram emapenas uma ativi<strong>da</strong>de – SAF ou apicultura–, a despeito <strong>do</strong> PDA ter evita<strong>do</strong> apoiar essasativi<strong>da</strong>des isola<strong>da</strong>mente, especialmenteno caso <strong>da</strong> apicultura e <strong>da</strong> piscicultura,buscan<strong>do</strong> promover maiores interaçõesecológicas.De aspecto positivo, o projeto tem a estratégiade assistência técnica, que formouagricultores e apicultores técnicos. Comogrande desafio, que tem si<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong>pelo PDA e pelo MMA, tem a reconstrução<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des após o últimogrande incêndio em Roraima.31
Quadro Síntese de Ativi<strong>da</strong>des e ImpactosAssocia-se um s minúsculo para ativi<strong>da</strong>des ou impactos propostos e executa<strong>do</strong>s ouverifica<strong>do</strong>s, porém, necessitan<strong>do</strong> ser melhora<strong>da</strong>s (os). Para ativi<strong>da</strong>des ou impactosprevistos e executa<strong>do</strong>s de forma adequa<strong>da</strong>, associa-se um S maiúsculo. Para ativi<strong>da</strong>desou impactos realiza<strong>do</strong>s com muito sucesso, ou que tenham potencial demonstrativo,associam-se <strong>do</strong>is esses maiúsculos SS. Às ativi<strong>da</strong>des não previstas ou não executa<strong>da</strong>sassocia-se um N.32
2. Fatores que Contribuem parao Êxito <strong>do</strong>s ProjetosÉ importante começar este capítulo lembran<strong>do</strong>que, na vi<strong>da</strong> real, as coisas nãoocorrem de forma “quimicamente pura” –não há projetos totalmente exitosos, nemhá situações de fracasso nas quais não sepossam observar momentos ou aspectosde acerto. Quan<strong>do</strong> falamos em fatores deêxito, estamos nos referin<strong>do</strong> a fatores ouelementos que contribuem para que umaproposta avance de alguma maneira, sejaem seu aspecto global, seja em aspectosespecíficos.De maneira geral, pode-se dizer quequinze <strong>do</strong>s vinte projetos em estu<strong>do</strong> sãoexperiências exitosas, porque apresentammais características de sucesso – maisfatores positivos, impactos considera<strong>do</strong>simportantes por seus beneficiários e pelosavalia<strong>do</strong>res – que problemas. Outros cincomanifestam mais tendências negativas– pelo modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, pela forma deexecução, por problemas internos de participaçãoe gestão – e trazem importanteslições – especialmente sobre o que nãofazer – para as comuni<strong>da</strong>des e as organizaçõesenvolvi<strong>da</strong>s e para o PDA e seusparceiros.34Essa classificação geral <strong>do</strong>s projetos é umatentativa de criar um divisor de águas em
situações que, na vi<strong>da</strong> real, são complexase indivisíveis, apresentan<strong>do</strong> sempreganhos e per<strong>da</strong>s. Algumas vezes o sucessoestá relaciona<strong>do</strong> à grande mobilização <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de na busca de soluções paraseus problemas produtivos e de convivênciacom o meio ambiente, embora osaspectos propriamente técnicos <strong>da</strong> experiênciaapresentem muitas falhas e limitações,como é o caso de Wanderlândia.Nos outros casos de projetos considera<strong>do</strong>sexitosos, embora a experiência esteja sedesenvolven<strong>do</strong> com sucesso, há pontosde estrangulamento que funcionam comofatores de risco, poden<strong>do</strong>, em algumassituações – no caso <strong>do</strong>s projetos Antimari,Esperantinópolis, Poyanawa e <strong>do</strong>s quelônios– comprometer a sustentabili<strong>da</strong>de<strong>da</strong> proposta, se não forem corrigi<strong>do</strong>s atempo.2.1. Onde as coisas derammais certo – pistas <strong>do</strong> porquêAlguns projetos podem ser considera<strong>do</strong>smuito exitosos, com poucas situações derisco e muitas soluções funcionan<strong>do</strong>.É o caso <strong>da</strong> APA, que consegue comercializarto<strong>da</strong> a produção de seus associa<strong>do</strong>s,tornan<strong>do</strong> a marca Apaflora conheci<strong>da</strong>em diferentes regiões <strong>do</strong> Brasil e até noexterior. A APA também sobressai pelo envolvimento<strong>da</strong>s mulheres nas ativi<strong>da</strong>des,o que tem significa<strong>do</strong> um considerávelacréscimo na ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias, com ganhosadicionais em nutrição e saúde.O projeto de Esperantinópolis também éum exemplo de sucesso até onde avançou,com um bom viveiro funcionan<strong>do</strong>, 39hectares de área degra<strong>da</strong><strong>da</strong> recupera<strong>do</strong>s,solo mais fértil, redução de queima<strong>da</strong>s emelhoria <strong>da</strong> alimentação <strong>da</strong>s famílias.Em Cametá, o acor<strong>do</strong> de pesca está sen<strong>do</strong>respeita<strong>do</strong>, o manejo de açaizais dá bonsresulta<strong>do</strong>s, há aumento de ren<strong>da</strong> familiar,melhoria <strong>da</strong> alimentação, mais coesão <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de e aumento <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>debiológica nos açaizais. Um <strong>do</strong>s fatoreslimitantes que o projeto sofre é a necessi<strong>da</strong>dede ração para piscicultura, problemaque ain<strong>da</strong> não foi contorna<strong>do</strong> com soluçãolocal, e o outro é a falta de uma atuaçãomais efetiva <strong>do</strong> Ibama na fiscalização<strong>do</strong> acor<strong>do</strong> de pesca.Os projetos de Juína, <strong>da</strong> Apruram e deParauapebas, embora ain<strong>da</strong> não estejamcom as agroindústrias em plena ativi<strong>da</strong>de,apresentam resulta<strong>do</strong>s concretos queincluem práticas ecológicas, reduçãode queima<strong>da</strong>s, melhoria de ren<strong>da</strong> e dealimentação, inclusão de mulheres e dejovens. Parecem caminhar em boa direção,ten<strong>do</strong> em vista as expectativas muitopositivas tanto <strong>do</strong>s participantes quanto deseu entorno em relação às propostas.Entre as experiências exitosas há tambémo projeto <strong>do</strong>s quelônios, executa<strong>do</strong> pelaAmplac no rio Abunã, na fronteira entreAcre e Bolívia. Apesar de pequeno, esteprojeto tem apresenta<strong>do</strong> grandes resulta<strong>do</strong>squanto à conservação de uma espéciee à formação de consciência ambiental.A observação desses projetos bem-sucedi<strong>do</strong>ssuscita a pergunta: o que eles têm emcomum? Que pistas suas histórias poderiam<strong>da</strong>r para explicar o sucesso <strong>da</strong>s iniciativas?Algumas respostas poderiam ser:− Lideranças com grande capaci<strong>da</strong>de dearticulação, de visão e de mobilização.− Apropriação <strong>da</strong> proposta por to<strong>do</strong>s osenvolvi<strong>do</strong>s.− Mecanismos de participação que levemà divisão de responsabili<strong>da</strong>des.35
36− Capaci<strong>da</strong>de para correção rápi<strong>da</strong> <strong>do</strong>srumos.− Empenho em capacitar e profissionalizaro pessoal responsável por tocar otrabalho.− Equipes que buscam soluções para osproblemas com criativi<strong>da</strong>de.− Disposição para aprender com outrasexperiências.− Ênfase no planejamento, consideran<strong>do</strong>as condições reais e saben<strong>do</strong>aproveitar oportuni<strong>da</strong>des.− Foco no que se quer efetivamentetrabalhar, evitan<strong>do</strong> dispersar energiasem ativi<strong>da</strong>des desconexas.− Capaci<strong>da</strong>de para abrir espaços nosmerca<strong>do</strong>s local e regional.Essas características, marcas recorrentesem grande parte <strong>do</strong>s projetos considera<strong>do</strong>sexitosos, parecem <strong>da</strong>r pistas defatores relevantes para o sucesso <strong>da</strong>s experiências.Evidentemente, ca<strong>da</strong> iniciativapossui formas diferencia<strong>da</strong>s de manifestaressas características e algumas destas -como lideranças com visão prospectiva- dependem mais de características individuaisde quem encabeça o projeto. Mas amaioria tem a ver com organizações dinâmicas,flexíveis e empenha<strong>da</strong>s em atenderàs exigências <strong>do</strong> momento.2.2. Principais fatores de êxitoDos vinte projetos analisa<strong>do</strong>s, dezoitoapontam a situação de boa gestão, bomnível organizacional, participação real<strong>do</strong>s beneficiários e motivação como fatoresque contribuem fortemente para oêxito <strong>do</strong> empreendimento. A exceção sãoos projetos de Anapu (493) e <strong>do</strong> Ceapac(767), nos quais a ausência desses fatorescontribuiu para a situação de pouco avanço<strong>da</strong>s propostas.O segun<strong>do</strong> fator mais comenta<strong>do</strong> comoforte contribuição para o êxito é o relaciona<strong>do</strong>com capacitação, intercâmbios eassistência técnica. To<strong>da</strong>s as capacitaçõese situações de intercâmbio, onde e quan<strong>do</strong>ocorreram, foram considera<strong>da</strong>s muitopositivas pelos beneficiários e executores<strong>do</strong>s projetos, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a impulsionar asexperiências. A questão <strong>da</strong> assistênciatécnica, ao mesmo tempo em que aparececomo fator de sucesso, é aponta<strong>da</strong>fortemente como fator limitante, pois nemsempre se pode contar com técnicos emnúmero suficiente, que enten<strong>da</strong>m <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s e demonstremcapaci<strong>da</strong>de para dialogar em pé de igual<strong>da</strong>decom os produtores e as comuni<strong>da</strong>des.Entre os projetos avalia<strong>do</strong>s, porém,dezoito consideraram-se bem assessora<strong>do</strong>stecnicamente.Onze <strong>do</strong>s vinte relatórios apontam questõesde ren<strong>da</strong>, melhoria <strong>da</strong> alimentação,autoconsumo e processos de produçãoe de comercialização como fatores deêxito, porque estimulam os produtores edemonstram a viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s propostas.Quan<strong>do</strong> aparecem os resulta<strong>do</strong>s concretos,com benefícios tangíveis, os produtoresjá envolvi<strong>do</strong>s na proposta se animammais e outros se aproximam com intençãode aprender a novi<strong>da</strong>de.O entorno favorável – seja no contextopolítico, geográfico ou de disponibili<strong>da</strong>dede serviços – também é reconheci<strong>do</strong> emonze relatórios como parte <strong>do</strong>s fatores quefavoreceram o sucesso <strong>da</strong> proposta.Finalmente, quatro relatórios apontamquestões de infra-estrutura, consegui<strong>da</strong>pelo projeto ou pela organização, como
elemento que contribuiu para o êxito <strong>do</strong>projeto ou de parte dele.2.3. Planejamento eparticipaçãoCapaci<strong>da</strong>de de planejar é outra característicaque leva ao êxito <strong>do</strong>s projetos. Osprojetos PDA têm um papel educativonessa área, pois desde a formulação <strong>da</strong>spropostas desafiam as comuni<strong>da</strong>des e gruposa exercitarem coletivamente a visãoprospectiva. Os projetos que demonstrammais resulta<strong>do</strong>s positivos no planejamentocaracterizam-se por estabelecer metasrealistas e por evitar dispersar-se em ativi<strong>da</strong>desdesconexas.Em Esperantinópolis, o planejamentoinicial considerou as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>sfamílias como principal motiva<strong>do</strong>r, e porisso o projeto foi orienta<strong>do</strong> mais para asegurança alimentar que para o merca<strong>do</strong>.Isso se mostrou um acerto, possível graçasao profun<strong>do</strong> conhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des pela coordenação.Em São Luís <strong>do</strong> Anauá, o planejamento foifeito aos poucos, de forma participativa,o que facilitou a apropriação <strong>do</strong> projetopor to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s. Na AssociaçãoNossa Senhora de Fátima, como em Esperantinópolise em vários outros projetos, ohábito de reuniões regulares para discutiros rumos <strong>do</strong> trabalho – o monitoramento<strong>da</strong> experiência – tem si<strong>do</strong> muito positivo.Vários projetos destacam a formaçãode parcerias como elemento propulsor,<strong>da</strong>n<strong>do</strong> mais credibili<strong>da</strong>de e visibili<strong>da</strong>deà experiência, como em Wanderlândia.A gestão financeira hábil e competentemerece destaque nos projetos <strong>da</strong> FVPP e<strong>do</strong> Fun<strong>da</strong>c.No projeto <strong>do</strong>s quelônios, como tambémno <strong>do</strong>s poyanawa, a habili<strong>da</strong>de pessoal <strong>do</strong>slíderes, alia<strong>da</strong> a um tipo de postura cultural– o sentimento comunitário <strong>do</strong> povoindígena, um certo “moralismo evangélico”de seus líderes; a forma lúdica, comespírito de voluntaria<strong>do</strong>, de aventura e umgosto por rituais meio de escoteiros, meiode militares, que caracteriza as lideranças<strong>da</strong> Amplac – certamente pesou muito noêxito <strong>da</strong>s experiências.Existir uma base de organização anteriorao projeto é um elemento destaca<strong>do</strong> emalguns relatórios, mas nem sempre constituifator determinante. Pode haver muitatradição de organização, porém sem foco,ou privilegian<strong>do</strong> a mobilização e a formaçãopolíticas, o que não necessariamentecontribui para o sucesso <strong>da</strong>s experiênciasde desenvolvimento sustentável.2.4. Capacitações,intercâmbios e algumaspalavras sobre assistênciatécnicaCapacitações e situações de intercâmbioforam aponta<strong>da</strong>s pelos beneficiários eexecutores <strong>do</strong>s projetos como oportuni<strong>da</strong>desde impulsionar as experiências. Hásempre desejo de aprender mais, já quegrande parte <strong>do</strong>s grupos e comuni<strong>da</strong>desenvolvi<strong>do</strong>s em projetos financia<strong>do</strong>s peloPDA vive em locali<strong>da</strong>des remotas e temdificul<strong>da</strong>des de locomoção.Participar de cursos, intercâmbios, dias decampo fora <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de é uma importantechance para os integrantes <strong>do</strong>s projetosconhecerem outras pessoas e gruposque desenvolvem trabalhos similares, trocaremexperiências, enfim abrirem janelas37
38para outras reali<strong>da</strong>des. E as organizaçõesque aproveitam mais essas oportuni<strong>da</strong>des,tornam-se mais visíveis, articulam novosprojetos e novas parcerias, qualifican<strong>do</strong>semais para desenvolver seus própriosempreendimentos.Experiências <strong>do</strong> tipo “aprender fazen<strong>do</strong>”,como o inventário florestal nas proprie<strong>da</strong>des<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong>s sementes,realiza<strong>do</strong> com a finali<strong>da</strong>de de sinalizarmatrizes e feito de forma participativa(engenheiro florestal mais produtor), demonstramque essa é uma <strong>da</strong>s melhoresmaneiras de fazer capacitação.A assistência técnica foi cita<strong>da</strong> por dezoitoentre vinte projetos como fator decisivopara o êxito, quan<strong>do</strong> é possível disporde técnicos em quanti<strong>da</strong>de suficiente,que conhecem <strong>do</strong> assunto – SAFs, piscicultura,apicultura, borracha... – comlinguagem acessível e dispostos a dialogarcom o produtor. Este quadro, no entanto,mostra-se algo atípico para a reali<strong>da</strong>deamazônica.De maneira geral, os projetos que buscaramformar sua própria equipe de AT têmconsegui<strong>do</strong> responder de maneira satisfatóriaa essa necessi<strong>da</strong>de. Em algumaslocali<strong>da</strong>des, os integrantes <strong>do</strong>s projetosaté preferem iniciar uma experiência porconta própria a contar com elementosvin<strong>do</strong> de fora para fornecer assistênciatécnica. Procuram formar seus própriosquadros técnicos, selecionan<strong>do</strong>-os entreos produtores. Esse é o caso <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong>ssementes, de Anapu, <strong>da</strong> FVPP e <strong>da</strong> APA.O modelo de assistência técnica a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>em Esperantinópolis merece destaque etalvez seja o que mais se aproxima <strong>da</strong>snecessi<strong>da</strong>des aponta<strong>da</strong>s pelos projetos.A AT é presta<strong>da</strong> de forma horizontal, nasreuniões de monitoramento. Ali os problemassão trazi<strong>do</strong>s, discuti<strong>do</strong>s e as possíveissoluções são sugeri<strong>da</strong>s por outros produtores.Os intercâmbios realizam-se comoparte <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia de monitoramento.Há também projetos, como os <strong>da</strong> FVPP eAnapu, que apostam no envolvimento <strong>do</strong>sjovens <strong>da</strong>s Casas Familiares Rurais (CFR).Este engajamento <strong>da</strong> juventude é considera<strong>do</strong>muito positivo, pois aumenta aauto-estima <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des rurais, contribuipara o elevação <strong>do</strong> nível técnico <strong>da</strong>sfamílias produtoras e, embora apresentelimitações pelo desenho <strong>da</strong> grade curricular<strong>da</strong> CFR (os conteú<strong>do</strong>s são defini<strong>do</strong>s apartir <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong>s alunos, o que muitasvezes fecha a possibili<strong>da</strong>de de estu<strong>do</strong>de temas diferentes, novos, e ain<strong>da</strong> nãoidentifica<strong>do</strong>s por eles) contribuem paraa profissionalização <strong>do</strong>s jovens e paramantê-los nas locali<strong>da</strong>des em que vivem,atuan<strong>do</strong> de forma a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> à reali<strong>da</strong>deque os rodeia.2.5. Olhan<strong>do</strong> em volta ebuscan<strong>do</strong> sinergiasOs projetos mais bem-sucedi<strong>do</strong>s sãoaqueles que olham continuamente parafora, em busca de oportuni<strong>da</strong>des. Participarde instâncias maiores, como as redesde enti<strong>da</strong>des, as cooperativas e as centraisde comercialização que se formam na<strong>Amazônia</strong> parece ser o caminho encontra<strong>do</strong>por algumas <strong>da</strong>s iniciativas para sefortalecer e garantir a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>sexperiências. A alternativa é articular-sepoliticamente, aproveitan<strong>do</strong> conjunturasfavoráveis nos governos municipais e estaduais.O projeto <strong>da</strong>s sementes, por exemplo,está inseri<strong>do</strong> na rede <strong>da</strong> Capeb/Compaeb,que é uma central de comercialização <strong>da</strong>
produção agroextrativista em Brasiléia,Acre. Conta com o apoio <strong>da</strong> PrefeituraMunicipal (o prefeito vem <strong>do</strong> movimentopopular) e tem a seu favor as políticasestaduais de valorização <strong>da</strong> floresta. Comessas condições favoráveis, cabe ao projetousar melhor essa situação para ganharmais impulso. Na época <strong>da</strong> visita <strong>do</strong> PDA,a prefeitura e a associação fizeram umacor<strong>do</strong> para buscar solução, junto a instituiçõesestaduais e federais, para o problema<strong>da</strong> certificação científica <strong>do</strong> índicede germinação <strong>da</strong>s sementes. A visão defuturo <strong>da</strong> Associação, <strong>da</strong> Capeb e <strong>da</strong> prefeitura,em relação ao projeto, é “Brasiléiareconheci<strong>da</strong> como município prove<strong>do</strong>r desementes florestais nativas de quali<strong>da</strong>depara to<strong>do</strong> o Brasil”.Em Wanderlândia há condições favoráveiscom o governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, mas nãocom o poder público local. Afinal, santode casa... Mas há santos de casa quefazem ver<strong>da</strong>deiros milagres, como oscoordena<strong>do</strong>res <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong>s quelônios,que conseguem mobilizar a imprensa, ocomércio, e conquistaram a simpatia <strong>da</strong>população local e regional para a defesa<strong>da</strong> fauna aquática.Desde o início, o projeto de Lontra chamoua atenção <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Amapá, que criou na época um GT paraviabilizar as obras de infra-estrutura reivindica<strong>da</strong>spela comuni<strong>da</strong>de. Parceriasinstitucionais realiza<strong>da</strong>s nessa ocasiãocontribuíram para a continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong>projeto, mas com a mu<strong>da</strong>nça de governona<strong>da</strong> mais avançou.Em Juína, a prefeitura incentiva a a<strong>do</strong>ção<strong>do</strong> modelo <strong>do</strong>s SAFs como alternativa deexploração <strong>da</strong> pequena proprie<strong>da</strong>de. AAjopam participa de um projeto de desenvolvimentosustentável regional comoutros parceiros. Há to<strong>do</strong> um contextofavorável.O pessoal de Parauapebas soube aproveitaras oportuni<strong>da</strong>des de seu contexto – ofato de ter um bom merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>rem Carajás e consórcios de frutas financia<strong>do</strong>spelo FNO. Além disso, o projetosoube aprender com seu próprio erro naconstrução de uma agroindústria anterior.Esta nova, com apoio <strong>do</strong> PDA, estálocaliza<strong>da</strong> em área rural e, portanto, temenergia subsidia<strong>da</strong>; o acesso é por estra<strong>da</strong>asfalta<strong>da</strong> e em bom esta<strong>do</strong>.39
3. As Pedras no Caminho:Problemas e dificul<strong>da</strong>des <strong>do</strong>sprojetosEm to<strong>do</strong> caminho tem uma pedra, mas àsvezes a gente se depara com to<strong>da</strong> uma pedreirae aí não tem alternativa senão desviartotalmente o rumo <strong>da</strong> caminha<strong>da</strong>. Noentanto, tropeçar com pedras pequenas egrandes é parte <strong>da</strong> rotina de qualquer projeto;e a sabe<strong>do</strong>ria está na flexibili<strong>da</strong>de,na criativi<strong>da</strong>de e na rapidez com que seresolve o problema.Quan<strong>do</strong> não se aprende logo com os erros,buracos diferentes seguem ensinan<strong>do</strong>os mesmos tombos; mas, quan<strong>do</strong> o processode aprendizagem e correção de rumosocorre a tempo e com a profundi<strong>da</strong>denecessária, o projeto se fortalece.Os principais problemas identifica<strong>do</strong>s nouniverso <strong>do</strong>s vinte projetos correspondemàs áreas de: gerência, planejamento, nívelde organização, mobilização social; produção;beneficiamento; comercialização;assistência técnica e barreiras culturais; eambiente externo, ou seja, o contexto emque se insere a experiência.403.1. Assistência técnica ebarreiras culturaisDezoito <strong>do</strong>s vinte projetos colocam comoproblemas a relação com a assistência
técnica e/ou com barreiras culturais.Problemas específicos de assistência técnicaforam relata<strong>do</strong>s em dezesseis dessesdezoito. Os problemas referem-se a trêsclasses e em umas delas verificam-se implicaçõesde ordem cultural:Falta de pessoal com perfil adequa<strong>do</strong> parao tipo de apoio técnico que as experiênciasrequerem. No projeto <strong>do</strong> Fun<strong>da</strong>c, porexemplo, o técnico liga<strong>do</strong> à Emater localofereceu orientação inadequa<strong>da</strong>. Importanteressaltar a falta de entendimento <strong>do</strong>que são Sistemas Agroflorestais. Há muitalacuna de informação nessa área e umatendência <strong>do</strong>s técnicos que desconhecemo assunto de orientarem a implantação deconsórcios, sem maiores interações ecológicas,chaman<strong>do</strong>-os de SAFs.Freqüência com que a assistência técnica éprovi<strong>da</strong>. Isso ocorre por causa <strong>do</strong> númeroinsuficiente de técnicos disponíveis e tambémporque a rotativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s técnicos éuma reali<strong>da</strong>de no dia-a-dia <strong>do</strong>s projetos,resultan<strong>do</strong> em atrasos e per<strong>da</strong>s.Interessante observar que, nos casos emque os projetos trabalham com AT própria– contrata<strong>da</strong> pelo projeto como equipepermanente, ou pela formação de técnicoslocais dentre os produtores – os problemasde quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de tambémocorrem, embora de outra maneira.Nessas situações, muitas vezes a equipe ésobre-deman<strong>da</strong><strong>da</strong>, fican<strong>do</strong> sem condiçõesde acompanhar efetivamente o cotidiano<strong>do</strong>s produtores, ten<strong>do</strong> que atender a umpúblico mais amplo, em ações relaciona<strong>da</strong>sao movimento social (casos <strong>da</strong> FVPP ede Anapu). Também ocorre que esses técnicosforma<strong>do</strong>s localmente esbarrem emlimitações de sua própria formação, comoé o caso <strong>do</strong>s jovens técnicos <strong>da</strong> FVPP quese formam nas Casas Familiares Rurais.Abismos de entendimento entre técnicose produtores. Relatam-se, com freqüência,casos de técnicos com posturas verticaise intransigentes, sem prestar atençãoà reali<strong>da</strong>de e ao conhecimento prático <strong>do</strong>produtor. Mas há também dificul<strong>da</strong>desculturais <strong>do</strong>s produtores para aceitar novi<strong>da</strong>des.Muitos <strong>do</strong>s projetos analisa<strong>do</strong>safirmam que houve resistência inicial <strong>do</strong>sprodutores às propostas de SAFs por seralgo totalmente fora de sua experiência.Só os primeiros resulta<strong>do</strong>s concretos sãocapazes de mu<strong>da</strong>r essa mentali<strong>da</strong>de. Nocaso <strong>da</strong> apicultura, a resistência inicialpor me<strong>do</strong> <strong>da</strong>s abelhas também existiuem vários projetos, mas somente em umdeles – o de Lontra – esse me<strong>do</strong> não foivenci<strong>do</strong>.No outro extremo estão os projetos quenão recebem nenhuma AT (caso poyanawa),ou nos quais a AT é absolutamentedivorcia<strong>da</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de (caso <strong>do</strong> Ceapac).A busca de parcerias para AT nem semprefunciona, como demonstra o casode Lontra – mu<strong>do</strong>u a política estadual ea assistência prevista <strong>da</strong> Rurap nunca seconcretizou.3.2. Gerenciamento,planejamento, nível deorganização e mobilizaçãosocialDezessete <strong>do</strong>s vinte projetos apresentamou apresentaram, em diferentes etapas desua execução, algum tipo de problemanessas áreas.Deficiências gerenciais, entenden<strong>do</strong>-seaqui a capaci<strong>da</strong>de de organizar e fazerfluir os processos, foram fatais em alguns41
casos – Apiaú, Lontra, Ceapac. Em outroscasos, houve problemas iniciais supera<strong>do</strong>sdepois, ou há problemas para os quaisain<strong>da</strong> se está buscan<strong>do</strong> solução. É importanteobservar que, quan<strong>do</strong> a instituiçãoexecutora/proponente conta com quadrosprofissionais, nota-se uma tendência aequacionar melhor esses problemas. Umadificul<strong>da</strong>de realmente grande é a personalização<strong>da</strong> boa gestão <strong>do</strong> projeto na figura<strong>do</strong> líder – isso, que é comum ocorrer eque em si mesmo não é um problema,torna-se grave quan<strong>do</strong> há o afastamentodessa pessoa por alguma razão (casoApiaú, por exemplo) ou quan<strong>do</strong> não háperspectiva de continui<strong>da</strong>de com novosquadros, como no caso <strong>do</strong> Antimari.Erros de planejamento aparecem comfreqüência na avaliação <strong>do</strong>s próprios projetose devem-se ao desconhecimento <strong>da</strong>reali<strong>da</strong>de, a uma visão demasia<strong>do</strong> otimistade suas possibili<strong>da</strong>des de execução oua um subdimensionamento <strong>da</strong>s reais necessi<strong>da</strong>despara deslanchar os processos.Verificam-se, no estu<strong>do</strong>, falhas menores emaiores de planejamento; algumas, comono caso poyanawa, que geram atraso; outrasque chegam a inviabilizar a proposta,porque definem modelos inviáveis (casosCeapac e Fun<strong>da</strong>c). Quan<strong>do</strong> as falhas sãoidentifica<strong>da</strong>s a tempo e há alguma agili<strong>da</strong>deem a<strong>da</strong>ptar o planejamento, podem-seobter resulta<strong>do</strong>s interessantes e “salvar” oprojeto, como no caso <strong>do</strong> Jaú.O nível de organização e de mobilizaçãosocial também é um ponto que merecedestaque. Quanto menos mecanismosde participação há, quanto menor o nívelde organização e de mobilização, maisproblemas na execução <strong>do</strong> projeto. Ficaevidente que os projetos menos exitososprimam pelo divórcio entre proponente/executor e vontade/reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s beneficiários.A ausência de participação, quegera ausência de apropriação, na maioria<strong>da</strong>s vezes inviabiliza as mu<strong>da</strong>nças deseja<strong>da</strong>s.Uma questão que se coloca é a dimensão<strong>do</strong>s problemas gerenciais e de organizaçãosocial na sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s propostas.No caso <strong>do</strong> Antimari, o líder <strong>da</strong> Associaçãovinha conseguin<strong>do</strong> fazer uma boagestão <strong>do</strong> projeto, com resulta<strong>do</strong>s concretose com ganhos sociais importantes.Mas, no embalo <strong>do</strong> entusiasmo de seusparceiros institucionais (Funtac e CNPT),a Associação deu um passo maior que aspernas, compran<strong>do</strong> uma usina de beneficiamentode crepe claro em Rio Branco,com financiamento <strong>da</strong> ITTO. Enfrentaagora o desafio de capacitar-se gerencialmentepara fazer funcionar essa usina. Osprodutores passaram de produtores deborracha que realizavam beneficiamento“caseiro” (financia<strong>do</strong> pelo PDA) a empresáriosregionais. Seus parceiros institucionaisnão têm experiência na área. O líder<strong>da</strong> Associação/Cooperativa está lutan<strong>do</strong>bravamente para levar adiante a idéia e oPDA foi chama<strong>do</strong> a auxiliar, no que ain<strong>da</strong>resta de tempo e recursos de execução <strong>do</strong>projeto. Mas o problema continua.3.3. ProduçãoMuitos problemas relata<strong>do</strong>s referem-seàs questões técnicas <strong>do</strong>s Sistemas Agroflorestais,levan<strong>do</strong> a per<strong>da</strong>s de mu<strong>da</strong>s,desestímulo, aban<strong>do</strong>no. Algumas experiênciascom piscicultura também relatamdificul<strong>da</strong>des, como a morte de alevinose a baixa produtivi<strong>da</strong>de. Além disso, situaçõesimprevistas, como os incêndiosocorri<strong>da</strong>s no Apiaú, são responsáveis porgrandes per<strong>da</strong>s. Esses fatores põem em ris-42
co algumas iniciativas, pois desmotivamseus participantes.Quan<strong>do</strong> os modelos de SAFs são inadequa<strong>do</strong>s,não incorporam a dimensão<strong>da</strong> segurança alimentar, não são aceitospelos produtores, obviamente o processoprodutivo tende a fracassar, como no caso<strong>do</strong> Apiaú; e podem transformar-se em vetoresde risco ambiental, como no caso <strong>do</strong>Ceapac.Dezessete <strong>da</strong>s dezenove experiênciasanalisa<strong>da</strong>s (duas – Jaú e quelônios – nãotratam de aspectos produtivos) apresentamalgum tipo de problema na área <strong>da</strong>produção. Esses problemas decorrem dedeficiências <strong>do</strong> planejamento (sementes,Anapu, Wanderlândia, Apruram), <strong>da</strong>assistência técnica, ou <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is fatoresconjuga<strong>do</strong>s.Nas situações em que há apropriação <strong>da</strong>proposta pela comuni<strong>da</strong>de e boa capaci<strong>da</strong>dede gestão, esses problemas são maisbem encaminha<strong>do</strong>s. Em outros casos, ea situação de Wanderlândia é exemplar,mesmo com alto nível de mobilização ede organização <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de não seconsegue vencer as dificul<strong>da</strong>des na produção,até porque as condições externas– naturais e sociais – são muito adversas.3.4. <strong>Ambiente</strong> externoTreze relatórios reportam problemas noambiente externo afetan<strong>do</strong> negativamenteo desempenho <strong>do</strong>s projetos. Esses problemaspodem ser de ordens varia<strong>da</strong>s,como as condições <strong>do</strong> tempo (longas estiagens),situações imprevistas (incêndiosflorestais), deficiências de infra-estrutura(estra<strong>da</strong>s, esquemas de comercialização),mu<strong>da</strong>nças no ambiente político <strong>da</strong> locali<strong>da</strong>de,região ou esta<strong>do</strong>, entre outros.No caso de Apiaú, por exemplo, o problemasão os incêndios, provoca<strong>do</strong>s pelafalta de aceiros, pela falta de consciência<strong>do</strong>s vizinhos sobre o problema <strong>do</strong> fogo,pela baixa umi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar e por falta detécnicas eficientes de combate ao fogoaplica<strong>da</strong>s a tempo. Embora o problema <strong>do</strong>fogo possa também ter raízes internas (entreos envolvi<strong>do</strong>s no projeto), a avaliaçãoque a comuni<strong>da</strong>de faz é que as queima<strong>da</strong>sdescontrola<strong>da</strong>s vêm <strong>do</strong> ambiente externo.Na reali<strong>da</strong>de, trata-se de um problemarecorrente em Roraima, amplamente noticia<strong>do</strong>a ca<strong>da</strong> grande incêndio que devastaa região. Mas há também o exemplo <strong>do</strong>projeto de Cametá, no Pará, que sofreu umrevés com o incêndio de sua sede.A baixa fertili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s solos e o regimeconcentra<strong>do</strong> de chuvas, provocan<strong>do</strong>longas estiagens (Wanderlândia, Fun<strong>da</strong>c,Ceapac) são problemas também identifica<strong>do</strong>s.No caso de Wanderlândia, os solosaltera<strong>do</strong>s e o clima severo, com longosperío<strong>do</strong>s de seca, alia<strong>do</strong>s à extrema pobrezaregional e à falta de capital humanoqualifica<strong>do</strong>, são fatores que se contrapõemfortemente à grande motivação e aobom nível organizacional <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>deno esforço por sair desse círculo de extremapobreza.A ausência de escolas na área rural, porexemplo, é outro grande motiva<strong>do</strong>r <strong>da</strong>migração <strong>da</strong>s famílias para os centros urbanos,aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> seus lotes – Anauá,Wanderlândia, Fun<strong>da</strong>c, Ceapac, o quecompromete seriamente a continui<strong>da</strong>de<strong>do</strong>s projetos.Em Esperantinópolis, a falta de energiaelétrica impede a implantação <strong>do</strong> sistemade irrigação. Na APA, o custo <strong>da</strong> energiatrifásica para manutenção <strong>da</strong>s câmarasfrias é tão alto que pode vir a inviabilizar43
44o funcionamento <strong>da</strong> fábrica <strong>da</strong> maneiracomo está hoje.A falta de estra<strong>da</strong>s em boas condiçõespara trazer matéria-prima até a agroindústriaou para o escoamento <strong>do</strong>s produtosé cita<strong>da</strong> como problema especialmenteem Wanderlândia, Esperantinópolis e naAPA.A infra-estrutura deficiente está atrela<strong>da</strong>,muitas vezes, a problemas mais amplos,liga<strong>do</strong>s a correlações de forças políticasadversas. Em Wanderlândia, por exemplo,conflitos político-partidários dificultam aresolução <strong>do</strong> problema <strong>do</strong> transporte e<strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s. O Fun<strong>da</strong>c se queixa de faltade apoio municipal ao projeto, enquantoem Lontra, onde a proposta teve apoioestadual, a mu<strong>da</strong>nça política no governolevou ao aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> projeto pelos parceirosgovernamentais – a fábrica nuncafoi concluí<strong>da</strong>, porque não se concretizoua contraparti<strong>da</strong> <strong>do</strong> governo.A indefinição fundiária impediu a implantação<strong>do</strong> manejo florestal no projetode Lontra. E o descaso ou a ausência <strong>do</strong>Ibama são aponta<strong>do</strong>s, tanto no projeto <strong>do</strong>Jaú como no de Cametá, como fatores dedesestímulo. No caso de Cametá, tratasede fiscalizar a região em que vigorao acor<strong>do</strong> de pesca <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des; noJaú, to<strong>do</strong> um programa com fiscais voluntáriosnaufragou por falta de vontade <strong>do</strong>sdirigentes locais <strong>do</strong> Ibama. Tampouco foipossível firmar um acor<strong>do</strong> entre esse órgãoe a Fun<strong>da</strong>ção Vitória Amazônica paraimplementação <strong>do</strong> plano de manejo <strong>do</strong>Parque Nacional.Entre os outros problemas elenca<strong>do</strong>s nosrelatórios de campo, podem-se citar osatrasos no repasse de recursos ou na entregade equipamentos como fatores queprejudicam o cronograma <strong>do</strong>s projetos; etambém a dispersão geográfica e públicodifuso de alguns projetos (FVPP e Jaú), dificultan<strong>do</strong>a realização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des.3.5. BeneficiamentoOnze <strong>do</strong>s vinte projetos visita<strong>do</strong>s tinhamo beneficiamento <strong>da</strong> produção comoparte de sua estratégia. To<strong>do</strong>s apresentamalgum tipo de problema. Estes vão desdea questão de fluxo de matéria-primapara o pleno funcionamento <strong>da</strong> indústria,como nos casos <strong>da</strong> APA e de Anapu, atéa necessi<strong>da</strong>de de certificação científica<strong>do</strong>s índices de germinação <strong>da</strong>s sementesflorestais, como ocorre com a AssociaçãoNossa Senhora de Fátima. Ou o atraso gera<strong>do</strong>pela entrega <strong>do</strong>s equipamentos emParauapebas, que provoca, por efeito <strong>do</strong>minó,atraso na inauguração <strong>da</strong> fábrica.Em Wanderlândia e Curralinho algunsproblemas apresenta<strong>do</strong>s nas indústriaspodem ser corrigi<strong>do</strong>s, mas há a questão<strong>do</strong>s custos de produção – tempo de estufagem,custo <strong>da</strong> energia para manutençãode câmaras frias ou custo <strong>do</strong> gás (Anapu)– que são um risco para a viabili<strong>da</strong>de econômica<strong>do</strong>s empreendimentos.Em Lontra, a fábrica não foi concluí<strong>da</strong>porque faltou a contraparti<strong>da</strong> <strong>do</strong> governoestadual. A primeira agroindústria <strong>da</strong>Apruram, construí<strong>da</strong> em área urbana, teveque ser desativa<strong>da</strong> e agora a associaçãoestá inician<strong>do</strong> a segun<strong>da</strong>, financia<strong>da</strong> peloPDA, em área apropria<strong>da</strong>. Em Juína, afábrica de palmito está prestes a entrarem funcionamento, geran<strong>do</strong> grande expectativa;houve atrasos na construção ea Vigilância Sanitária exigiu alterações naobra. No projeto <strong>do</strong> Ceapac, a situação éa mais grave: a indústria está muito próximaà vila, com risco de impacto ambiental
negativo. Essa uni<strong>da</strong>de, que inicialmenteseria <strong>da</strong> Centralago, é hoje toca<strong>da</strong> poruma empresa priva<strong>da</strong>, já que a Centralagonão conseguiu pagar os equipamentos.No entanto, não há qualquer <strong>do</strong>cumentoque registre as bases <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> entreCentralago e a empresa – utilização <strong>da</strong>smáquinas por cinco anos, condições dedevolução, etc.3.6. ComercializaçãoDois <strong>do</strong>s projetos analisa<strong>do</strong>s não tinhamnenhum propósito liga<strong>do</strong> à comercialização:o <strong>do</strong> Jaú e o <strong>do</strong>s quelônios. Algunsoutros, embora a princípio privilegiema segurança alimentar <strong>da</strong>s famílias, têmtambém um objetivo de comercializarparte <strong>da</strong> produção, visan<strong>do</strong> aumento deren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias, como no caso <strong>do</strong> projetode Esperantinópolis.Treze relatórios apontam problemas coma comercialização, geralmente defini<strong>do</strong>scomo “falta de estratégia”. Isso significadesde desconhecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>,pouca habili<strong>da</strong>de ou instrumentaçãopara alcançar esse merca<strong>do</strong>, ausênciade certificações que diferenciem os produtos,abrin<strong>do</strong> espaço para novos nichosde merca<strong>do</strong> e falta de capital de giro <strong>da</strong>sassociações para compra <strong>do</strong>s produtos deseus associa<strong>do</strong>s.A falta de regulari<strong>da</strong>de na entrega de produtosbeneficia<strong>do</strong>s é outro problema queinviabiliza possíveis acor<strong>do</strong>s comerciais,como ocorreu com o projeto de Anapu.E algumas opções que inicialmente pareciamseguras, como a ven<strong>da</strong> para meren<strong>da</strong>escolar, nem sempre funcionaram: houvecaso de convênio corta<strong>do</strong>, como na APA.Os projetos mais adianta<strong>do</strong>s na comercializaçãode produtos percebem comclareza a necessi<strong>da</strong>de de estimular novoshábitos alimentares no público regionalpara que este possa absorver parte <strong>da</strong>produção. Um exemplo concreto é o <strong>da</strong>farinha múltipla, que embora seja considera<strong>da</strong>prodigiosa na capaci<strong>da</strong>de de nutrire largamente emprega<strong>da</strong> pela Pastoral <strong>da</strong>Criança sofre de preconceito porque é vistacomo “comi<strong>da</strong> para <strong>do</strong>ente”.45
4. O que Fica para asComuni<strong>da</strong>des e para o <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong>:Benefícios concretosT.To<strong>do</strong>s os vinte projetos resultaram em algumtipo de benefício para as comuni<strong>da</strong>desenvolvi<strong>da</strong>s; uns mais, outros menos.No estu<strong>do</strong>, os avalia<strong>do</strong>res perguntavam àscomuni<strong>da</strong>des se o projeto havia trazi<strong>do</strong>algum benefício, e, em caso positivo, qualera. Essa pergunta foi respondi<strong>da</strong> por diferentesatores – equipe técnica, executores,proponentes, produtores – em diferentessituações: reuniões, entrevistas, conversasinformais.To<strong>do</strong>s os projetos analisa<strong>do</strong>s (vinte) apontamalgum benefício relativo ao fortalecimentoorganizacional e/ou a ganhossociais. Fica evidente que sempre há umganho importante nessas áreas a partir <strong>da</strong>execução <strong>do</strong> projeto. Dezoito apontammelhorias na ren<strong>da</strong>, na alimentação ouem outros aspectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> material <strong>do</strong>sprodutores. Os únicos que não fazemmenção a esse tipo de benefícios sãoprojetos de conservação (quelônios eJaú). Desses dezoito que trabalham comuso <strong>do</strong>s recursos naturais, quinze apontammu<strong>da</strong>nças positivas no sistema deprodução. Mu<strong>da</strong>nça de atitude e aprendiza<strong>do</strong>em relação aos recursos naturais– importância, conservação, formas de46
uso – são benefícios cita<strong>do</strong>s por dezoitoprojetos. Dez conseguiram algum nível deinfluência sobre políticas públicas e seteapontam situações de profissionalização<strong>do</strong>s beneficiários como um <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>sconcretos <strong>da</strong> experiência.4.1. Fortalecimentoorganizacional e ganhossociaisAssociações e cooperativas fortaleci<strong>da</strong>s,funcionan<strong>do</strong> melhor ou começan<strong>do</strong> afuncionar onde não existiam. Associa<strong>do</strong>sparticipan<strong>do</strong> <strong>da</strong>s reuniões e <strong>da</strong>s decisõesde suas organizações. Aumento na autoestima<strong>do</strong>s grupos e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des.Maior projeção e influência destes no seuambiente de atuação. Esses são benefíciosidentifica<strong>do</strong>s imediatamente na maioria<strong>do</strong>s projetos.“Através <strong>do</strong> PDA conseguimos maissócios, mu<strong>da</strong>nças de conhecimentos,estamos conseguin<strong>do</strong> a fábrica depalmito. O PDA trouxe um horizontepara a gente chegar mais na frente.Sem ele não teríamos a casa <strong>do</strong> mel e oProambiente. A Ajopam foi o carro-chefepara trazer o PDA e o PDA o carro-chefepara aju<strong>da</strong>r a sustentar o trabalho <strong>da</strong>Ajopam”. Antônio, Juína/MTNo Antimari, a maturi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> grupo paratomar decisões e a gestão direta <strong>do</strong> projetolevaram à consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> associação <strong>do</strong>sseringueiros. Os associa<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Nossa Senhorade Fátima acham que o projeto <strong>da</strong>ssementes aju<strong>do</strong>u-os a avançar em outrosaspectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> comunitária e produtiva.Em Esperantinópolis, a maior participaçãono sindicato e na cooperativa, a partir <strong>do</strong>projeto, levou à consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> própriosindicato. No Jaú, houve a criação de umaassociação (Amoru) que reúne to<strong>da</strong>s ascomuni<strong>da</strong>des <strong>do</strong> rio Unini e uma aliançaenvolven<strong>do</strong> associações de bairro e decategorias, além <strong>do</strong> STR, em Novo Airão.No Apiaú, o fato <strong>da</strong> cooperativa estar funcionan<strong>do</strong>para comercializar os produtos– ain<strong>da</strong> que com dificul<strong>da</strong>des e de formapouco profissional – é considera<strong>do</strong> umganho pelos coopera<strong>do</strong>s.Uma mulher poyanawa afirma que “hádez anos não tínhamos a liber<strong>da</strong>de quetemos hoje. A Associação melhorou cempor cento”. Ela traduz o sentimento desua comuni<strong>da</strong>de, que considera a aprendizagemcomo maior ganho: as pessoasaprenderam a cumprir regras de projeto,a fazer prestação de contas e a gerenciaro trator.Na APA, registra-se melhoria <strong>da</strong>s condiçõestécnicas e estruturais. A profissionalização<strong>da</strong> Associação gerou maiorcapacitação nas áreas técnica, administrativae financeira, e também melhoria naquali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos; hoje a APA é referênciadentro e fora <strong>da</strong> região. Em Juína,as comuni<strong>da</strong>des de produtores estão maisorganiza<strong>da</strong>s, forman<strong>do</strong> 22 grupos comativi<strong>da</strong>des coletivas, e a estrutura tambémfoi melhora<strong>da</strong>, com alojamentos e uni<strong>da</strong>dede beneficiamento de mel.Em Cametá, a organização está mais bemequipa<strong>da</strong> e os acor<strong>do</strong>s de pesca fortalecema coesão <strong>do</strong>s grupos. Em Curralinho,a agroindústria está funcionan<strong>do</strong>, há mecanismosde decisão participativa e deintegração entre beneficiários e equipee, a partir <strong>da</strong> gerência <strong>do</strong> projeto PDA,novos recursos estão viabilizan<strong>do</strong> novosprojetos.Também em Parauapebas o grupo <strong>da</strong> Cooperestá mais consoli<strong>da</strong><strong>do</strong>, como demonstrao fato <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de beneficiamento47
48ter si<strong>do</strong> adquiri<strong>da</strong> com dinheiro de festase rifas organiza<strong>da</strong>s pelos associa<strong>do</strong>s. Hámaior identificação <strong>da</strong>s pessoas com oprojeto e a Cooper busca evitar os erros edificul<strong>da</strong>des de outros projetos, aprenden<strong>do</strong>a partir <strong>do</strong> que já existe.O projeto <strong>do</strong> Fun<strong>da</strong>c trabalha com umgrande potencial de organização sociale de fortalecimento <strong>da</strong> organização demulheres e jovens, com lideranças jovensdespontan<strong>do</strong>; associações e uma cooperativaestão sen<strong>do</strong> forma<strong>da</strong>s. O trabalho<strong>da</strong> Amplac com os quelônios projetou aimagem <strong>da</strong> associação, que presta um importanteserviço de educação ambiental ede fiscalização ao longo <strong>do</strong> rio Abunã.No projeto <strong>do</strong> Ceapac, registram-se comoganhos o fato <strong>da</strong> Centralago ter sua sedeprópria e estar negocian<strong>do</strong> a folha <strong>do</strong>curauá diretamente com a indústria, oque só é possível pela união <strong>da</strong>s cincoassociações de Lago Grande em uma sócooperativa.A associação de Wanderlândia consoli<strong>do</strong>u-see ganhou importância no cenáriomunicipal, amplian<strong>do</strong> sua articulação eas parcerias. Houve também incentivo àsindicalização, à retoma<strong>da</strong> <strong>do</strong> STR e aofortalecimento <strong>do</strong> movimento de mulherestrabalha<strong>do</strong>ras rurais.Em Medicilândia, o projeto propicioumaior proximi<strong>da</strong>de com o movimentosocial <strong>da</strong> região, com maior presença <strong>da</strong>FVPP no apoio à estruturação física <strong>do</strong>movimento; o projeto representa o iníciode uma série de ativi<strong>da</strong>des globais planeja<strong>da</strong>spara a região <strong>da</strong> Transamazônica.O projeto de Anapu faz parte de umaarticulação regional envolven<strong>do</strong> Fetagri eGTA e vem apoian<strong>do</strong> o fortalecimento <strong>do</strong>movimento social, inclusive com estruturae recursos, com atuação concreta naimplantação <strong>do</strong>s Projetos de DesenvolvimentoSustentáveis (assentamentos).Em Juína, as parcerias <strong>da</strong> Ajopam foramamplia<strong>da</strong>s e consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s, com discussãode propostas alternativas para a região efortalecimento <strong>da</strong>s organizações participantes.O projeto fortaleceu também aluta política <strong>da</strong> Ajopam, alavancan<strong>do</strong> eestimulan<strong>do</strong> processos e ações em parceria(Pastoral <strong>da</strong> Saúde, CPT e outras).A Apruram (Rolim de Moura, MT) acreditaque o nível <strong>da</strong> organização social melhorou;as parcerias com Emater e Ceplac seestreitaram e a Associação hoje é reconheci<strong>da</strong>como agente promotor de novomodelo de desenvolvimento agrícola paraa região.O amadurecimento <strong>da</strong> convivência social,o maior sentimento de pertencer auma comuni<strong>da</strong>de (Antimari), o aumento<strong>do</strong> número de amigos (Apiaú), o sentimentode ter “mais digni<strong>da</strong>de” (sementes),são aspectos considera<strong>do</strong>s como grandesganhos pelos produtores. Há uma recuperação<strong>da</strong> auto-estima, quan<strong>do</strong> o produtorsente que é capaz de alimentar sua famíliae melhorar de vi<strong>da</strong> (Esperantinópólis).Em Wanderlândia, o projeto tornou acomuni<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong>, rompen<strong>do</strong> oisolamento na região; e em Curralinho,possibilitou a maior integração <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>deno trabalho <strong>da</strong> roça coletiva, sobforma de mutirão. Mais companheirismo(Ceapac) e boa integração <strong>do</strong>s grupos,pelo uso de meto<strong>do</strong>logias participativas(Juína), também aju<strong>da</strong>m a elevar a autoestima<strong>do</strong> povo.O projeto <strong>do</strong>s quelônios trabalha com umforte vetor de motivação para a juventudelocal e to<strong>do</strong>s os integrantes têm orgulho<strong>da</strong> iniciativa e de seus resulta<strong>do</strong>s. Em Pa-
auapebas há um esforço para valorizar aparticipação <strong>da</strong> juventude na gerência <strong>da</strong>cooperativa. Ser alpinista florestal é umaativi<strong>da</strong>de que atrai os jovens <strong>da</strong> AssociaçãoN. Sra. de Fátima; o projeto oferecepossibili<strong>da</strong>des para que eles desempenhemuma função estimulante.Na mesma área, a Associação permitiu,ain<strong>da</strong>, que 43 pessoas se alfabetizassempor meio de telecurso e fizessem seus <strong>do</strong>cumentos.A formação de capital social,com lideranças fortaleci<strong>da</strong>s e capacita<strong>da</strong>sem temas de seu interesse é marca naregião <strong>do</strong> Jaú; e a formação política destaca-seem Wanderlândia. Na região <strong>do</strong>spoyanawa, o projeto aju<strong>do</strong>u a revertero pensamento regional de que “índio épreguiçoso”. Hoje, os poyanawa são reconheci<strong>do</strong>scomo os maiores e melhoresprodutores de farinha <strong>da</strong> região e isso émotivo de orgulho.A capacitação é outro grande benefíciocita<strong>do</strong>: a equipe técnica recebeu apefeiçoamento(Wanderlândia), agricultoresmais capacita<strong>do</strong>s (Fun<strong>da</strong>c), acesso a informaçõessobre SAFs nos cursos e treinamentos,em Curralinho, capacitação <strong>do</strong>sagricultores para administração de suasproprie<strong>da</strong>des, no projeto <strong>do</strong> Ceapac. Muitosprodutores recorrem à APA para sabercomo diversificar suas áreas. Em Juína,destacam-se as ativi<strong>da</strong>des coletivas comomomentos de capacitação e de fortalecimentosocial. Aí, a inovação na propostaprodutiva levou a comuni<strong>da</strong>de a identificaroportuni<strong>da</strong>de para inovar também napolítica e na forma de se relacionar como poder público local – na campanha de1996, a proposta de diversificação serviupara qualificar o discurso.A assistência técnica ofereci<strong>da</strong> pelo projetoe o próprio escritório na ci<strong>da</strong>de sãoponto de apoio para os produtores deCurralinho. Em Anapu, os filhos continuama luta <strong>do</strong>s pais pela posse <strong>da</strong> terra,hoje como técnicos <strong>do</strong> projeto. No casode Lontra, a visibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo projetochamou a atenção <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>para a comuni<strong>da</strong>de, resultan<strong>do</strong> em investimentosde infra-estrutura. O trabalho <strong>da</strong>Cooper (Parauapebas) é reconheci<strong>do</strong> pelasocie<strong>da</strong>de local como importante parao desenvolvimento regional; a Apruramtambém é referência regional, com seutrabalho muito bem divulga<strong>do</strong> por meiode cartilhas, folhetos e programas de rádio.O uso social <strong>do</strong>s veículos (barcos, carros,motos) e outros equipamentos compra<strong>do</strong>scom recursos PDA é cita<strong>do</strong> como benefíciopelos projetos de Wanderlândia,Curralinho, Lontra, APA e no <strong>do</strong> Ceapac.No caso <strong>do</strong> Fun<strong>da</strong>c, esses bens de uso comumsão o poço artesiano e o sistema deirrigação. Em Wanderlândia, a associaçãorecebeu um terreno de 1,5 hectares paraa implantação de um viveiro, por determinaçãode um Termo de Ajustamento deCondutora por <strong>da</strong>nos ambientais causa<strong>do</strong>spor uma empresa.Em São Luís <strong>do</strong> Anauá, o projeto definitivamentecontribuiu para a permanência<strong>do</strong>s agricultores na área – um deles, inclusive,voltou <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Coisa semelhanteocorre no projeto de Anapu: lotes maisvaloriza<strong>do</strong>s, com o plantio <strong>da</strong>s árvores,e apoio à resistência <strong>do</strong>s produtores àtentativa de compra de suas terras pelosfazendeiros; nenhuma <strong>da</strong>s cem famíliasatendi<strong>da</strong>s vendeu ou deixou o lote durantea execução <strong>do</strong> projeto. Também na APAhouve valorização <strong>do</strong>s lotes por causa <strong>do</strong>plantio de árvores.49
50“Em 1996, antes <strong>do</strong> projeto, eu e minhafamília pensamos em ir embora <strong>da</strong>quide Juína porque não se via nenhumaperspectiva de futuro”. Cícero, Juína/MT4.2. Comen<strong>do</strong> melhor, viven<strong>do</strong>melhor e com mais dinheirono bolso“Hoje em dia somos libera<strong>do</strong>s,trabalhamos publicamente. Ca<strong>da</strong> um temsua casinha (uni<strong>da</strong>de de beneficiamento),seu transporte (animais)… Só nãotrabalha quem não quer. (…) To<strong>do</strong>mun<strong>do</strong> está trabalhan<strong>do</strong> limpinho,zeladinho. Dinheiro, antigamente,ninguém conhecia. Hoje a gente já pegadiretamente no dinheiro”. FranciscoLeitão, Floresta Estadual <strong>do</strong> Antimari/AcreO aumento de ren<strong>da</strong> é um resulta<strong>do</strong> concretoque aparece claramente em quinzerelatórios. Mas há também ganhos econômicoscom redução de gastos tanto naprodução quanto na casa; e ganhos emalimentação e saúde, que as comuni<strong>da</strong>desvalorizam muito.Os seringueiros <strong>do</strong> Antimari vendem aborracha por melhor preço, porque fazemum pré-beneficiamento nas 44 uni<strong>da</strong>desfinancia<strong>da</strong>s pelo PDA. No projeto <strong>da</strong>s sementes,um trabalho de 4 dias/ano (coleta)gera uma ren<strong>da</strong> média de R$ 300,00/anopor produtor, valor igual ao gera<strong>do</strong> poroutros produtos que exigem mais tempode trabalho.O pessoal de Cametá refere-se à pisciculturacomo sua “caderneta de poupança”:70% <strong>do</strong>s peixes são vendi<strong>do</strong>s na feira <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de, entre peixes cria<strong>do</strong>s nos tanques epesca<strong>do</strong>s nos rios, nos quais a quanti<strong>da</strong>deaumenta por causa <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s de pesca.“O tanque de peixes é um sonho realiza<strong>do</strong>”,explica um produtor.A ven<strong>da</strong> de castanha para a meren<strong>da</strong>escolar, em Curralinho, aumenta a ren<strong>da</strong><strong>do</strong>s pais e melhora a alimentação <strong>do</strong>sfilhos. Os poyanawa tiveram sua ren<strong>da</strong>com a ven<strong>da</strong> de farinha multiplica<strong>da</strong> porquatro, pelo uso <strong>da</strong> mecanização; “ninguémhoje deve na<strong>da</strong>. Faz farinha, vendee vive disso” (Joel). A APA gera de 40 a 45empregos diretos e a ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famíliasparticipantes teve uma elevação médiade um salário mínimo/mês/família, além<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> adicional obti<strong>da</strong> com a ven<strong>da</strong>de mel (40% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> média por família),<strong>do</strong>ces e licores.A estratégia <strong>do</strong> projeto de Juína foi o deaumentar a ren<strong>da</strong> pela diversificação <strong>da</strong> produção,aproveitan<strong>do</strong> situações de entressafra.A Apruram consegue comercializar to<strong>da</strong>a produção de cupuaçu <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s, oque resulta na melhoria <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, eem Parauapebas já houve, nesta última safra,elevação <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias.Aprender a comer uma coisa diferente,fora <strong>do</strong> costume, pode significar um grandeganho em riqueza na dieta, resultan<strong>do</strong>em mais saúde. Isso tem aconteci<strong>do</strong> nosprojetos que trabalham com mel (Apiaú,FVPP, Juína), frutas (Esperantinópolis,Wanderlândia, Apruram) ou peixe. Comodiz um produtor em São Luís <strong>do</strong> Anauá:“aprendi a consumir peixe”. Também éimportante poder escolher: “podemosescolher o peixe que queremos comer”,alegra-se outro.Em Wanderlândia, as mulheres têm hortaorgânica, <strong>da</strong> qual suas famílias se alimentam,e cujos produtos também vendemna feira semanal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de junto comos <strong>do</strong>ces que fabricam. Ah, as mulheres!Nesses projetos, quan<strong>do</strong> entram, é pra va-
ler. Fazem coisas varia<strong>da</strong>s, inventam, nãotêm me<strong>do</strong> de inovar. E vão abrin<strong>do</strong> novoscaminhos. Tu<strong>do</strong> para ter uma família bemalimenta<strong>da</strong>, com dinheiro para aquelasdespesas extras que são a cereja <strong>da</strong>torta: uma roupa nova, telha<strong>do</strong> <strong>da</strong> casareforma<strong>do</strong>, nova pintura nas paredes...Os produtos <strong>do</strong>s roça<strong>do</strong>s ecológicoscontribuíram para a dieta <strong>da</strong>s famíliascom culturas de ciclo curto. Em Cametá,o açaí, além de fonte de ren<strong>da</strong>, é um<strong>do</strong>s principais produtos <strong>da</strong> dieta familiar– e que produto! Cheio de valoresnutritivos... Os tanques de peixes, emCametá, além de “caderneta de poupança”são chama<strong>do</strong>s carinhosamentede “geladeira”: na hora <strong>da</strong> comi<strong>da</strong>, é irao tanque buscar um peixe, e pronto.Uma forma de ter mais dinheiro nobolso é economizar em despesas. EmWanderlândia, os produtores consideramum grande ganho terem reduzi<strong>do</strong>os custos de produção. Na APA e em Juínaos produtores apontam diversas áreasnas quais têm ganhos econômicos:quan<strong>do</strong> deixam de gastar com insumosquímicos; quan<strong>do</strong> não têm que fazer acapina, reduzin<strong>do</strong> assim os custos demão-de-obra; a economia que fazemdeixan<strong>do</strong> de comprar remédio de farmáciae utilizan<strong>do</strong> as plantas medicinais.Concluem que a diversificação ea visão sistêmica <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de geramindependência econômica, porque oprodutor não precisa mais comprarcoisas como óleo, carne ou gás se tiverna sua proprie<strong>da</strong>de galinhas, vacas,porcos, carvão.“Lá em casa tem <strong>da</strong> banha ao tempero.Meus gastos hoje são de 110 reaispor mês, com gás e energia elétrica”.Cícero, Juína/MT“A família que usa o mel como alimentotem o organismo mais resistenteàs <strong>do</strong>enças, porque o mel é rico emnutrientes e vitaminas e atua no organismode forma a evitar problemasrespiratórios, causa<strong>do</strong>s pela poeira,principalmente no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> seca.As pessoas ficam mais saudáveis ecom menos problemas de saúde”. ElóiElson, Juína/ MTCom a melhoria <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> e a economiacom o que se deixa de gastar, aparecemnovos investimentos: melhoria nas casas(exemplos poyanawa e APA), educaçãomelhor para os filhos. Afinal, nãoé só na ren<strong>da</strong>, na economia e na saúdeque se reflete a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong>; também no prazer estético deestar num ambiente mais bonito.“Não é tanto a questão <strong>da</strong> ren<strong>da</strong>, masquan<strong>do</strong> você tem uma área bonita dásatisfação, dá gosto de trabalhar e lutarpelas coisas aqui.” Cícero, Juína/MT“Eu mesmo tinha uma área que ia setornar pasto. Com o projeto a genterecuperou essa área e plantou outrasculturas, deixan<strong>do</strong> a proprie<strong>da</strong>de maisbonita.” Antônio Munhoz, Juína/MT4.3. A natureza agradeceReverter uma cultura de desmatamento e,em seu lugar, instaurar a cultura de plantarárvores é um resulta<strong>do</strong> que alguns projetosapontam com orgulho. No projeto <strong>da</strong>ssementes, os produtores dizem que hojeninguém mais quer vender madeira comoantes, porque sabem o valor <strong>da</strong>quela árvoreem pé. Falam muito <strong>do</strong> carinho quecomeçaram a sentir pelas árvores, pelafloresta.51
“O projeto me ensinou a plantar, afazer a organização, a zelar a floresta, aorganizar as frutas.” Marcelino <strong>da</strong> Silva,Juína/MT“O projeto despertou em mim a vontadede ver tu<strong>do</strong> verde de novo. De podermostrar para as minhas filhas que valea pena a gente cultivar uma planta, quevale a pena a gente preservar o meioambiente.” Lailsa Farias, Juína/MTA apicultura, em to<strong>do</strong>s os projetos onde épratica<strong>da</strong>, aju<strong>da</strong> a conter o desmatamentoe a criar a consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de depreservação.Proteção de nascentes e melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<strong>do</strong> solo (cobertura verde, adubaçãoorgânica, sombreamento, controle deerosão etc.) são outros ganhos verifica<strong>do</strong>sem alguns projetos. Também a redução eo controle <strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>s, ou pelo menosa consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de buscaralternativas ao uso <strong>do</strong> fogo.A redução <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> de animais silvestres,especialmente quelônios, é um resulta<strong>do</strong>importante nos projetos <strong>do</strong> Jaú e no <strong>da</strong>Amplac.O aumento <strong>da</strong> conscientização ambientalpode ser observa<strong>do</strong> em várias atitudes narra<strong>da</strong>snos relatórios e em alguns resulta<strong>do</strong>saponta<strong>do</strong>s pelos projetos: aumento dediversi<strong>da</strong>de biológica nos açaizais maneja<strong>do</strong>s,peixe voltan<strong>do</strong> para os rios e lagosonde há acor<strong>do</strong>s de pesca, diminuição <strong>da</strong>pressão sobre a floresta nas áreas de SAFsimplanta<strong>do</strong>s em capoeiras, recuperaçãode matas ciliares e manutenção <strong>da</strong>s reservaslegais. “Descobri a importância <strong>da</strong>smatas ciliares”, responde um produtor deSão Luís <strong>do</strong> Anauá/RR quan<strong>do</strong> pergunta<strong>do</strong>o que havia aprendi<strong>do</strong> com o projeto.4.4. Produzin<strong>do</strong> mais e melhorEm dezesseis <strong>do</strong>s dezenove projetos quetratam de sistemas de produção, os produtoresconsideram como benefício a incorporaçãode novas práticas e conceitosnos processos produtivos experimenta<strong>do</strong>s.O valor demonstrativo desses projetos ficaclaro quan<strong>do</strong> se observam as mu<strong>da</strong>nçaspositivas incorpora<strong>da</strong>s em sua práticadiária.“Quan<strong>do</strong> cheguei aqui, eu não sabia li<strong>da</strong>rcom planta nenhuma. Eu sabia plantar:chegava lá, furava um buraco no chão,botava a planta lá dentro, se ela quisessepegar que pegasse, se não quisesse,ela que se virasse pra lá. Hoje não, édiferente, porque aprendi que tem regrapara plantar. E principalmente porqueessas regras aju<strong>da</strong>m a preservar.” JoséAraújo Gomes, Esperantinópolis/TONo Antimari, os seringueiros conseguiramdemonstrar a viabili<strong>da</strong>de de se produzir ocrepe claro (um tipo de beneficiamento <strong>da</strong>borracha) na própria colocação, possibilitan<strong>do</strong>-lhesmaior prazo para levá-la até ausina onde se faz o processamento final.Demonstram satisfação por ter aprendi<strong>do</strong>novas técnicas de beneficiamento e aplicá-lasbem.O manejo de açaizais em Cametá é feitocom base na luminosi<strong>da</strong>de e na diversi<strong>da</strong>debiológica e está resultan<strong>do</strong> em maiorprodução na entressafra e na redução <strong>da</strong>mão-de-obra para colheita.O projeto de Juína é um exemplo inteligentede uma proposta pensa<strong>da</strong> pararomper com o hábito <strong>da</strong> monocultura<strong>do</strong> café. A proposta de SAF consegueutilizar melhor a mão-de-obra familiarnas diferentes épocas <strong>do</strong> ano, interferin<strong>do</strong>na dinâmica <strong>da</strong> economia local, com52
melhor distribuição <strong>da</strong> oferta de trabalhoe <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> ao longo <strong>do</strong> ano. A ven<strong>da</strong> demel e de semente de pupunha possibilitao custeio <strong>da</strong> colheita de café sem que oprodutor tenha que recorrer ao adiantamentocom cerealistas. Com isso, ele nãoé mais refém <strong>da</strong>s oscilações <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> eas chances de prejuízo diminuem, porquedá para estocar o café até o momento devendê-lo por um preço melhor.Uma reflexão mais detalha<strong>da</strong> sobre ossistemas de produção, as mu<strong>da</strong>nças significativasque estão ocorren<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong>spropostas <strong>do</strong>s projetos, os ganhos que issorepresenta e as perspectivas de sustentabili<strong>da</strong>desão analisa<strong>do</strong>s em outro capítulodeste estu<strong>do</strong>.4.5. Profissionais, sim senhor!Novos profissionais começam a surgir apartir <strong>da</strong>s experiências <strong>do</strong>s projetos e <strong>da</strong>soportuni<strong>da</strong>des que se criam. Em Brasiléia,os oito “alpinistas <strong>da</strong> floresta” representamhoje uma nova categoria profissional,requisita<strong>do</strong>s pelos produtores para coletarsementes e chama<strong>do</strong>s a <strong>da</strong>r cursos e palestrasem outras regiões. Também foramprofissionaliza<strong>do</strong>s quatro paraflorestaispelo projeto. No rio Abunã, o pessoal <strong>da</strong>Amplac formou “<strong>do</strong>ze <strong>do</strong>utores em quelônios”,que aprenderam a partir <strong>da</strong> prática.Na APA foram forma<strong>do</strong>s vinte e <strong>do</strong>is agricultores-técnicos,uma profissão que estáse abrin<strong>do</strong> também para as mulheres. Oque já vem funcionan<strong>do</strong> muito bem tantona APA como na Apruram é o trabalho<strong>da</strong>s mulheres capacita<strong>da</strong>s em alimentaçãoalternativa, que vêm produzin<strong>do</strong> farinhamúltipla, farinha láctea, chocolate, produtosa partir <strong>do</strong> reaproveitamento de frutase verduras, remédios caseiros e até produtosde limpeza.Em Parauapebas, <strong>do</strong>is jovens participamde curso sobre cooperativismo e umrecebe treinamento na Universi<strong>da</strong>de Federal<strong>do</strong> Pará em técnica de alimentospara desenvolvimento de novos produtosagroindustriais.Pessoas e equipes mais prepara<strong>da</strong>s paragerenciar projetos e processos constituiresulta<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong> por diversos projetos.No de Parauapebas, destaque para a presençade <strong>do</strong>is jovens filhos de agricultoresna gerência <strong>da</strong> agroindústria.Em Esperantinópolis, os produtores sãohoje bons viveiristas, com especializaçãoem enxertia, o que os torna mão-de-obraqualifica<strong>da</strong> numa região carente dessetipo de recurso.“Eu já ganhei muitas práticas no projeto:enxertar, coisa que eu nunca tinhaouvi<strong>do</strong> falar, nem em sonho. Já aprendia fazer, faço na minha roça e nas roças<strong>do</strong>s companheiros.” Ademir Ditosa Maia,Esperantinópolis/TOMuitos conhecimentos vão sen<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>spelas famílias participantes <strong>do</strong>sdiferentes projetos, possibilitan<strong>do</strong> novasformas de trabalhar e produzir. Os exemploscita<strong>do</strong>s são alguns destaques desseprocesso contínuo de formação na prática,que é a tônica <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s projetos.4.6. Flertan<strong>do</strong> com o poderpúblico: as diferentes relaçõese seus impactosMuitos projetos tentam aproximaçõescom o poder público local (municípios)ou estadual. Alguns conseguem estabelecerparcerias, outros nascem já de situ-53
54ações de sinergia e contextos favoráveis.São, no entanto, situações até certo pontofrágeis, como demonstra o caso <strong>do</strong> Apiaú,no Amapá, onde a mu<strong>da</strong>nça política levouà estagnação <strong>da</strong> proposta.Uma sinalização clara de sinergia e consoli<strong>da</strong>çãode propostas ocorre nas regiões emque as organizações responsáveis por projetosPDA estão também envolvi<strong>da</strong>s na implementação<strong>do</strong>s pólos <strong>do</strong> Proambiente, comoem Juína, Wanderlândia, Ouro Preto <strong>do</strong>Oeste (APA) e na Transamazônica (FVPP).Em Wanderlândia, o trabalho foi reconheci<strong>do</strong>pelo <strong>Ministério</strong> Público e considera<strong>do</strong>pela Federação <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res emAgricultura <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins (Fetaet)a experiência mais promissora <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>em ativi<strong>da</strong>des sem uso <strong>do</strong> fogo. A Caminha<strong>da</strong>Verde, realiza<strong>da</strong> pela associação,foi incorpora<strong>da</strong> ao Plano de DesenvolvimentoAmbiental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins,com adesão <strong>do</strong>s municípios vizinhos. Aassociação participou também <strong>da</strong> elaboração<strong>do</strong> Plano de Desenvolvimento Sustentável<strong>da</strong> Região <strong>do</strong> Bico <strong>do</strong> Papagaio.A experiência de Cametá/PA influenciouna elaboração <strong>da</strong> Instrução Normativa29, <strong>do</strong> Ibama, que reconhece os acor<strong>do</strong>sde pesca. No nível municipal, a extensãorural trabalha com base na experiência depiscicultura desenvolvi<strong>da</strong> pelo projeto. AColônia de Pesca está propon<strong>do</strong> tambémmu<strong>da</strong>nça nos materiais didáticos nas escolas,com apoio <strong>do</strong> Padis-IIEB.Em Lontra/AP, o projeto, junto com aSecretaria Estadual de <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>,chegou a preparar um material didáticode educação ambiental, mas este nuncafoi impresso por falta de verba. Como, deresto, ocorreu com to<strong>da</strong>s as outras açõesque dependiam <strong>da</strong> parceira com o esta<strong>do</strong>,paralisa<strong>da</strong>s quan<strong>do</strong> houve mu<strong>da</strong>nça político-partidáriano governo. Ficaram, parao povo de Lontra, as obras de infra-estrutura(passarela, estação de tratamento deágua, escola, centro comunitário), reivindicaçõesatendi<strong>da</strong>s pelo governo estadualgraças à visibili<strong>da</strong>de que o projeto deu àcomuni<strong>da</strong>de.Em Curralinho, onde os produtos locaissão compra<strong>do</strong>s para a meren<strong>da</strong> escolar,a parceria com a prefeitura resulta emganhos para a comuni<strong>da</strong>de, ao mesmotempo em que amplia a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>projeto. Isso ocorre apesar de diferençaspolítico-partidárias existentes entre prefeitura,associação, cooperativa e STR.Na FVPP, os técnicos <strong>do</strong> projeto, forma<strong>do</strong>sentre os jovens <strong>da</strong>s Casas FamiliaresRurais, tentam apoiar os Projetos de DesenvolvimentoSustentáveis (PDS) <strong>do</strong>s assentamentos<strong>do</strong> Incra com a intenção de“chegar antes <strong>do</strong> desastre”.A APA, que recebe em média mil visitaspor ano, tem convênio com a prefeiturapara compra de alimentação alternativadestina<strong>da</strong> ao hospital. Esse convênio incluíaoriginalmente o fornecimento de alimentosalternativos também para escolase creches, mas essa parte foi corta<strong>da</strong>, porqueas farinhas são considera<strong>da</strong>s “comi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>ente”. A parceria com o governolocal inclui um projeto de lei para <strong>do</strong>açãoà APA de equipamentos compra<strong>do</strong>s pelaprefeitura com recursos <strong>do</strong> Pronaf; e asparcerias com instituições de pesquisae de AT rendem bons frutos, como intercâmbios,cursos e palestras.A prefeitura municipal de Juína a<strong>do</strong>ta SAFcomo modelo para agricultura familiar ea Ajopam, além de enti<strong>da</strong>de executora<strong>do</strong> Proambiente, participa de parceriacom prefeitura, Amigos <strong>da</strong> Terra, outrasassociações locais e STR, com apoio <strong>do</strong>
Padis, para elaboração de projeto de desenvolvimentosustentável. A eleição de1996 abriu canais de diálogo que antesinexistiam; há, agora, proximi<strong>da</strong>de como prefeito.“Não é só uma questão de conseguircoisas. Não tínhamos oportuni<strong>da</strong>denem de conversar com o prefeito. Hojelevamos os problemas e discutimos coma prefeitura. A gente consegue levar oprefeito para os eventos, os movimentos”.Cícero, Juína/MTEm Parauapebas, o projeto conseguiu aliberação de uma técnica, que está prestan<strong>do</strong>assistência em tempo integral, pormeio de convênio com a prefeitura. EmEsperantinópolis, o projeto está buscan<strong>do</strong>parceria com a prefeitura e com o <strong>Ministério</strong>Público para recuperação <strong>da</strong>s matasciliares <strong>do</strong> rio Mearim.O projeto <strong>do</strong>s quelônios levanta uma interrogação:como absorver, em políticaspúblicas, o ímpeto e a criativi<strong>da</strong>de deum trabalho feito em bases voluntárias ecom tão bons resulta<strong>do</strong>s? Como garantirsua continui<strong>da</strong>de? Tanto o Ibama como oórgão estadual de meio ambiente apóiamo projeto de alguma maneira, mas esseapoio é insuficiente para manter o trabalhode preservação <strong>do</strong>s quelônios e deconscientização ambiental que a Amplacrealiza, às custas <strong>do</strong> idealismo e <strong>da</strong> dedicação,em regime de voluntaria<strong>do</strong>. Masações desse tipo dificilmente se sustentamao longo <strong>do</strong> tempo apenas na base <strong>do</strong> voluntaria<strong>do</strong>.O projeto consegue mobilizarinstituições públicas, está alinha<strong>do</strong> compolíticas e propostas concretas de ação<strong>do</strong> Ibama, demonstra resulta<strong>do</strong>s, mas atéagora só se mantém pela absoluta dedicaçãode seus idealiza<strong>do</strong>res.Em quase to<strong>do</strong>s os projetos há lições quepoderiam servir na formulação de políticas,sejam municipais, estaduais ou federais.Há muitas interações nesse senti<strong>do</strong>,alguns projetos participan<strong>do</strong> de redes deinfluência regional, outros tentan<strong>do</strong> abrirespaços municipais, alguns tornan<strong>do</strong>-sereferências e claramente servin<strong>do</strong> de vitrinepara políticas de desenvolvimentosustentável locais e regionais. No entanto,as parcerias dependem de situações político-partidáriasfavoráveis – com raras exceções– ou de articulações fortes <strong>do</strong> movimentosocial que, por sua vez, consigamgarantir os espaços políticos de mu<strong>da</strong>nçade paradigmas.55
5. Sistemas de ProduçãoDurante a primeira e a segun<strong>da</strong> fases deimplementação <strong>do</strong> PDA foram apoia<strong>do</strong>sprojetos com diversas propostas de alternativaseconômicas e de produção, comdestaque para os sistemas agroflorestais,que apareceram em maior número. Mas,mesmo dentro <strong>do</strong> segmento <strong>do</strong>s SAFs hádiferentes concepções, tipologias e formasde implantação e condução, agregan<strong>do</strong>-seou não elementos, como adubação verde,incorporação de matéria orgânica ao solo,e a prática de ativi<strong>da</strong>des associa<strong>da</strong>s, comoa apicultura.Durante as visitas realiza<strong>da</strong>s no âmbitodeste estu<strong>do</strong> (e <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> que resultou napublicação <strong>do</strong> PDA 5 Anos), constatamosos problemas recorrentes <strong>da</strong> busca porgerar conhecimentos e aprendizagensnovos, num exercício concomitante deproposição, pesquisa, desenvolvimentoe ação: resistências culturais, assistênciatécnica insuficiente e pouco qualifica<strong>da</strong> edificul<strong>da</strong>des de visualização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>sque se apresentam em médio e longoprazos.Encontramos também agradáveis surpresas:ativi<strong>da</strong>des bem-sucedi<strong>da</strong>s, novas formasde fazer, soluções criativas, processosde ressignificação <strong>da</strong> busca <strong>da</strong> sustentabi-56
li<strong>da</strong>de, visibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> contribuição <strong>da</strong>smulheres na construção de sistemas deprodução sustentáveis, para citar algumas.Os resulta<strong>do</strong>s mais significativos aparecemquan<strong>do</strong> os agricultores ou ascomuni<strong>da</strong>des incorporam o conceito desustentabili<strong>da</strong>de, muitas vezes sem se <strong>da</strong>rconta disso, buscan<strong>do</strong> uma relação detroca equilibra<strong>da</strong> com a natureza. Comisso, percebemos que tanto o SAF, quantoa apicultura, o manejo florestal ou omanejo de recursos aquáticos, além dealternativas econômicas constituem processosde aprendizagem rumo a essa relaçãoequilibra<strong>da</strong> com o meio ambiente. Aativi<strong>da</strong>de econômica, ain<strong>da</strong> que revesti<strong>da</strong>de sustentabili<strong>da</strong>de ambiental e viabili<strong>da</strong>definanceira, não vai impedir o avançosobre a floresta se os executores dessasativi<strong>da</strong>des não tiverem incorpora<strong>do</strong> esseanseio. Anseio que nasce <strong>da</strong> compreensão<strong>da</strong>s interações entre os seres humanos e afloresta, a floresta e o planeta, que podese <strong>da</strong>r de diversas formas: examinan<strong>do</strong> otrabalho <strong>da</strong>s abelhas e interagin<strong>do</strong> comelas; observan<strong>do</strong> as minhocas que fazemo solo respirar e os pássaros que semeiama terra. Terra que agradece o carinho deuma cobertura bem feita, geran<strong>do</strong> maisvi<strong>da</strong> em seu interior.Desencadear um processo de desenvolvimentosustentável é mais que encontraralternativas econômicas ou sistemas deprodução sustentáveis, porque, caso selimite a isso, estes continuarão sujeitos àsoscilações de merca<strong>do</strong> e às conjuntas macroeconômicas.Sem esse salto qualitativo,os sistemas e subsistemas de produçãoencerram-se em si mesmos.5.1. Sistemas AgroflorestaisDoze <strong>do</strong>s vinte projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s se propuserama trabalhar com a implantaçãode sistemas agroflorestais: APA, de OuroPreto <strong>do</strong> Oeste, Apruram, Ajopam, STR deEsperantinópolis, Curralinho, Wanderlândia,Apiaú, Ceapac, Fun<strong>da</strong>c, São Luís <strong>do</strong>Anauá, Lontra e Anapu. Os cinco primeirosprojetos cita<strong>do</strong>s foram mais bem-sucedi<strong>do</strong>sem suas propostas.Os projetos <strong>da</strong> APA, Apruram e Ajopamavançaram na questão <strong>do</strong> beneficiamentoe <strong>da</strong> comercialização. São projetos localiza<strong>do</strong>sno eixo Rondônia/Mato Grosso etêm em comum o fato de serem organizaçõesoriginárias de um esforço <strong>da</strong> Igrejapara promoção de enti<strong>da</strong>des de aju<strong>da</strong>mútua.A forte organização e a buscapor soluções para a melhoria de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>sagricultores geraram lições valiosas ao incorporarema questão <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de.Os sistemas desenvolvi<strong>do</strong>s incorporaramnão só a estratégia <strong>da</strong> diversificação, mastambém o elemento arbóreo, inclusive empastagens e, em alguns casos, a visão sistêmica<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de.No caso <strong>da</strong> APA, merece destaque o fatode que a participação <strong>da</strong>s mulheres naconstrução <strong>do</strong>s SAF gerou maior diversi<strong>da</strong>dee complexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s mesmos, comreflexos sobre a segurança alimentar,ren<strong>da</strong> e auto-estima. Esse trabalho tem-sedissemina<strong>do</strong> em outros municípios e áreasde assentamento. A Apruram, seguin<strong>do</strong> oexemplo <strong>da</strong> APA, tem <strong>da</strong><strong>do</strong> maior atençãoao engajamento <strong>da</strong>s mulheres. Merecedestaque também o fato de essas duas enti<strong>da</strong>desterem estratégias de comercializaçãoeficientes, embora distintas. Enquantoa APA comercializa sua produção beneficia<strong>da</strong>,inclusive para o merca<strong>do</strong> europeu,a Apruram está concluin<strong>do</strong> sua uni<strong>da</strong>de57
58de beneficiamento, mas comercializa osprodutos <strong>do</strong> SAF in natura, em uma estratégiaeficiente que incorpora um grandenúmero de famílias.A Ajopam tem uma história de concepçãoe apropriação por políticas públicas quemerece ser analisa<strong>da</strong>, porque traz muitaslições. O município de Juína, onde o projetoé implementa<strong>do</strong>, vivia basicamente<strong>da</strong> cafeicultura. O que o agricultor ganhavacom o café deveria garantir sua manutençãodurante to<strong>do</strong> o ano, geran<strong>do</strong> umadependência excessiva em relação aoscerealistas. Esses comerciantes, em casode necessi<strong>da</strong>de, emprestavam dinheiroao agricultor no perío<strong>do</strong> de entressafra,comprometen<strong>do</strong> a safra seguinte comjuros exorbitantes sobre os empréstimos.Na busca <strong>da</strong> diversificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>dese de ocupar o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> entressafra comoutras ativi<strong>da</strong>des gera<strong>do</strong>ras de ren<strong>da</strong>, forampensa<strong>do</strong>s os sistemas agroflorestais,agregan<strong>do</strong> espécies como o guaraná ea pupunha aos cafezais. Esses cafezaisavançam para sistemas de café orgânico,incorporan<strong>do</strong> valor em nichos de merca<strong>do</strong>.A idéia <strong>do</strong> projeto foi incorpora<strong>da</strong> àcampanha de um candi<strong>da</strong>to à prefeituraque, uma vez eleito e reeleito, configurouuma situação de apropriação <strong>da</strong> propostano âmbito <strong>da</strong>s políticas públicas locais,com grande potencial de disseminação.O STR de Esperantinópolis superou as metasde recuperação de áreas altera<strong>da</strong>s, engajan<strong>do</strong>os agricultores em uma estratégiade monitoramento e assistência técnicaparticipativa que tem proporciona<strong>do</strong> umaexperiência inova<strong>do</strong>ra para a região. Alia<strong>do</strong>a isso, o STR utiliza um programa derádio que alcança vários municípios paradivulgar a legislação ambiental e outrasquestões relaciona<strong>da</strong>s à sustentabili<strong>da</strong>deambiental. Uma <strong>da</strong>s grandes contribuições<strong>do</strong> projeto tem si<strong>do</strong> a profissionalizaçãode viveiristas de enxertia, tornan<strong>do</strong>-sereferência regional nessa prática. A apropriação<strong>da</strong> proposta pelos agricultoresvem principalmente <strong>da</strong> percepção <strong>do</strong>sganhos em termos de fertili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> soloproporciona<strong>da</strong> pelo manejo com coberturaverde.O Projeto de Curralinho implantou SAFsem antigos castanhais e fez enriquecimentode capoeiras, visan<strong>do</strong> fornecermatéria-prima para uma agroindústria debeneficiamento de castanhas-<strong>do</strong>-Brasil ede caju. Os SAFs estão bem sucedi<strong>do</strong>snas áreas de capoeira, o que tem evita<strong>do</strong>a abertura de novas áreas. As espéciesimplanta<strong>da</strong>s foram, principalmente, cajueiro,mogno, açaizeiro e castanheira,além <strong>da</strong> ocorrência natural <strong>da</strong> andiroba,angelim-pedra, cedroarana, entre outras.Os SAFs nos castanhais estão com problemasem virtude <strong>da</strong> escolha equivoca<strong>da</strong>de espécies e o excesso de sombreamentona área. No entanto, houve impactospositivos sobre a eliminação <strong>do</strong> fogo, amelhoria <strong>do</strong> manejo <strong>do</strong>s castanhais e, emconseqüência, a redução de acidentescom pica<strong>da</strong>s de cobra.Em Wanderlândia e no Apiaú, fatoresadicionais, tais como assistência técnicainsuficiente e solos muito pobres (nocaso <strong>da</strong> Wanderlândia) e queima<strong>da</strong>s (nocaso <strong>do</strong> Apiaú), limitaram o desempenho<strong>do</strong>s projetos e deman<strong>da</strong>m estratégias adicionaispara serem venci<strong>do</strong>s. Ambos sãopólos <strong>do</strong> Proambiente e merecem umaatenção especial na busca de soluçõespara os seus entraves técnicos.Os projetos <strong>do</strong> Ceapac e <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>c propuserammodelos com inconsistências deorigem que se distanciam <strong>da</strong> proposta <strong>da</strong>sustentabili<strong>da</strong>de ambiental e econômica.
Outro ponto em comum é a assistênciatécnica insuficiente e incapacita<strong>da</strong> paraconstruir propostas alternativas ao modelode agricultura tradicional. No caso <strong>do</strong> Ceapac,trata-se de um consórcio com focoexcessivo em uma única espécie com altaexigência de luminosi<strong>da</strong>de. Isso dificultao consorciamento com árvores. Essa espécie,por outro la<strong>do</strong>, é central na estratégiaeconômica, fator que vulnerabiliza as famíliasa possíveis oscilações de merca<strong>do</strong>.Além disso, os produtores estabeleceramuma relação de bastante submissão coma empresa principal compra<strong>do</strong>ra (e únicaaté o momento), firman<strong>do</strong> acor<strong>do</strong>s deduvi<strong>do</strong>sos benefícios para a comuni<strong>da</strong>de.O projeto conduzi<strong>do</strong> pelo Fun<strong>da</strong>c temdificul<strong>da</strong>des em conviver com o perío<strong>do</strong>de seca e a<strong>do</strong>tou soluções onerosas e insustentáveisno longo prazo, necessitan<strong>do</strong>de estratégias alternativas de manejo desolo.Os projetos de Anapu, São Luís <strong>do</strong> Anauáe Lontra praticamente aban<strong>do</strong>naram omodelo <strong>do</strong>s SAFs. O projeto de Anapuincorporou a idéia de diversificar a produçãoem virtude <strong>do</strong> movimento <strong>da</strong> Transamazônica,que trabalha fortemente comessa proposta. O projeto Lontra tinha umleque muito diversifica<strong>do</strong> de ativi<strong>da</strong>desprodutivas sen<strong>do</strong> executa<strong>da</strong>s ao mesmotempo e no caso <strong>do</strong>s SAFs não houveavanço junto à comuni<strong>da</strong>de. Questões degestão, organização social e pragas queafetaram os bananais estão entre as causasprincipais <strong>do</strong> insucesso.O grande aprendiza<strong>do</strong> que retiramos <strong>do</strong>ssucessos e insucessos com SAF é quenos casos em que a concepção <strong>do</strong> SAF éentendi<strong>da</strong> e assumi<strong>da</strong> pelos agricultores,com possibili<strong>da</strong>des de uma ressignificaçãodentro <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de, as propostasavançam. No caso em que o agricultornão entende e não visualiza o porquê <strong>do</strong>sconsorciamentos, qual o efeito <strong>do</strong> manejo<strong>do</strong> solo e os ganhos futuros com segurançaalimentar, melhoria <strong>da</strong> fertili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>solo, valorização <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de e redução<strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong>de econômica não háapropriação e não há prosseguimento.Dessa forma, os SAFs, assim como a apiculturana maioria <strong>do</strong>s casos, são passosiniciais para o aprendiza<strong>do</strong> <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de.O que importa não é se o produtora<strong>do</strong>ta este ou aquele modelo de SAFs, ouaté mesmo se a<strong>do</strong>ta os SAFs como alternativade produção, mas se a proprie<strong>da</strong>dea<strong>do</strong>ta um sistema de produção que transitaem direção à sustentabili<strong>da</strong>de, aproveitan<strong>do</strong>bem suas potenciali<strong>da</strong>des e asinterações ecológicas possíveis.5.2. Apicultura eMeliponiculturaDe forma geral, os impactos mais importantes<strong>da</strong> apicultura são <strong>do</strong>is. Em primeirolugar, os agricultores conseguem, pormeio dessa ativi<strong>da</strong>de, visualizar as interaçõesecológicas, a importância <strong>do</strong> pastoapícola e de não queimar, desenvolven<strong>do</strong>uma certa intimi<strong>da</strong>de com a natureza. Aapicultura, mais <strong>do</strong> que qualquer outraativi<strong>da</strong>de, mostra de forma transparentecomo a natureza pode trabalhar a favor<strong>do</strong>s seres humanos. Em segun<strong>do</strong> lugar,a ren<strong>da</strong> gera<strong>da</strong> pela apicultura contribuicom a ren<strong>da</strong> familiar, em especialno momento em que os SAFs ain<strong>da</strong> nãoestão geran<strong>do</strong> ganhos econômicos. Alémdisso, a segurança alimentar é fortementeimpacta<strong>da</strong> por essa ativi<strong>da</strong>de e há váriosrelatos de melhoria <strong>da</strong> saúde <strong>da</strong> famíliacom a utilização <strong>do</strong> mel e <strong>da</strong> própolis.59
60A apicultura, associa<strong>da</strong> aos SAFs ou aomanejo florestal, está presente nos projetosexecuta<strong>do</strong>s pela APA de Ouro PretoD´Oeste, Wanderlândia, Apiaú, FVPPe Lontra. A APA comercializa o mel hámuitos anos e esta foi a primeira ativi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> Associação, permitin<strong>do</strong> seus primeirospassos rumo a estratégias mais lucrativas.Atualmente, a APA comercializa catorzetonela<strong>da</strong>s de mel por ano. Wanderlândiaassocia essa ativi<strong>da</strong>de à educação ambiental,saúde e segurança alimentar emuma região de extrema pobreza. A Cepra(Apiaú) e a FVPP conseguiram mobilizaros agricultores em torno <strong>da</strong> apicultura,embora necessitem melhorar as estratégiasde comercialização e apresentação<strong>do</strong> produto. No caso <strong>do</strong> Apiaú, a questão<strong>do</strong>s pastos apícolas é crítica em virtude<strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>s.5.3. Manejo FlorestalO manejo florestal é implementa<strong>do</strong> pelosprojetos <strong>do</strong> Antimari, FVPP, Sementes(Associação Nossa Senhora de Fátima) eCametá.O projeto <strong>do</strong> Antimari, de manejo deseringa, tem um enfoque pre<strong>do</strong>minantementevolta<strong>do</strong> ao beneficiamento <strong>da</strong>produção, uma vez que atua em uma áreatradicional de seringueiros, dentro de umaFloresta Estadual.O projeto conduzi<strong>do</strong> pela FVPP estimulao manejo florestal nas áreas de reservalegal, com destaque para as espécies oleaginosase as plantas medicinais. O inventário<strong>da</strong>s áreas é realiza<strong>do</strong> pelos alunos <strong>da</strong>Casa Familiar Rural, que incorporam emsuas proprie<strong>da</strong>des a noção de diversificação<strong>da</strong> produção. Essa ativi<strong>da</strong>de tem gera<strong>do</strong>aumento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar pela comercializaçãode óleos (e ven<strong>da</strong> <strong>do</strong> mel) epromove a valorização <strong>da</strong> floresta em pé.São ganhos significativos consideran<strong>do</strong>-seo contexto regional <strong>do</strong> projeto, marca<strong>do</strong>pela exploração madeireira e a pecuária.O projeto conduzi<strong>do</strong> pela AssociaçãoNossa Senhora de Fátima tem vários elementosinova<strong>do</strong>res. Realizam-se coleta ecomercialização de sementes de espéciesnativas. A ativi<strong>da</strong>de de coleta exerce profun<strong>da</strong>atração nos jovens, que realizam asescala<strong>da</strong>s utilizan<strong>do</strong> rapel. O inventário<strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des (que deveriam ter pelomenos 50 hectares de florestas para seengajarem no projeto) foi realiza<strong>do</strong> porprofissional capacita<strong>do</strong>, com a participaçãode ca<strong>da</strong> proprietário.O projeto de Cametá, apesar de ter o manejode recursos aquáticos e a pisciculturacomo temas principais de sua atuação,tem promovi<strong>do</strong> o manejo de açaizais deforma muito eficiente. Os ribeirinhos tiveramoportuni<strong>da</strong>de de testar duas formasde manejo, uma promovi<strong>da</strong> pela Ematere outra pelo PDA. O manejo promovi<strong>do</strong>pelo PDA incorpora elementos de SAF(diversificação de espécies) e foi considera<strong>do</strong>pelos entrevista<strong>do</strong>s como maisrentável e mais consistente <strong>do</strong> ponto devista técnico.5.4. Manejo de RecursosAquáticos e PisciculturaOs quatro projetos que desenvolvemativi<strong>da</strong>des neste segmento (Quelônios,Cametá, São Luis <strong>do</strong> Anauá, e Wanderlândia)possuem histórias, lições e estratégiasmuito diferencia<strong>da</strong>s.O projeto <strong>do</strong>s Quelônios não configura aimplementação de sistema de produção.O manejo é realiza<strong>do</strong> com o objetivo de
epovoar os rios com tracajás e iaçás. Nãotem, portanto, conotação econômica, masapenas de conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de.Dentro dessa perspectiva os resulta<strong>do</strong>ssão muito favoráveis, com o engajamentode parcela significativa de jovens, estu<strong>da</strong>ntes,segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil egoverno. Até poderia vir a estimular umaativi<strong>da</strong>de econômica sustentável, ten<strong>do</strong>em vista o valor <strong>do</strong>s ovos e <strong>do</strong>s animaisque fazem parte <strong>da</strong> cultura alimentar <strong>da</strong>população. Mas já realiza sua contribuiçãopara o desenvolvimento sustentávelna medi<strong>da</strong> em que os pesca<strong>do</strong>res, quan<strong>do</strong>encontram os ovos, utilizam alguns paraa alimentação <strong>da</strong>s famílias e os outrosentregam para a enti<strong>da</strong>de que executa oprojeto.O projeto de Cametá, além de realizarcriação de peixes em tanques-rede e emtanques de terra firme, assumiu o desafiode concertar acor<strong>do</strong>s de pesca, visan<strong>do</strong>reduzir a pesca pre<strong>da</strong>tória. A comuni<strong>da</strong>deain<strong>da</strong> está testan<strong>do</strong> várias opções de tanques-rede,sem muito sucesso por dificul<strong>da</strong>desna alimentação <strong>do</strong>s peixes. No caso<strong>do</strong>s tanques de terra firme, os problemasiniciais com adubação <strong>do</strong>s tanques foramresolvi<strong>do</strong>s com a orientação de um especialistae a ativi<strong>da</strong>de tem si<strong>do</strong> conduzi<strong>da</strong>a contento. Os tanques são chama<strong>do</strong>s de“geladeira” e “caderneta de poupança”pelos pesca<strong>do</strong>res. Além de contribuir coma alimentação <strong>da</strong> família, os peixes são comercializa<strong>do</strong>slocalmente. A sustentabili<strong>da</strong>de<strong>do</strong> empreendimento no longo prazodepende, ain<strong>da</strong>, de estu<strong>do</strong> de viabili<strong>da</strong>deque considere a questão <strong>da</strong> ração. O desafio<strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s de pesca vem sen<strong>do</strong> venci<strong>do</strong>,porém sem nenhum apoio adicional<strong>do</strong> Ibama ou de outros organismos quepoderiam apoiar na educação ambientale na disseminação <strong>do</strong> conceito de sustentabili<strong>da</strong>dejunto à população. Esse apoio éfun<strong>da</strong>mental para o salto qualitativo a quenos referimos no início.O projeto de São Luis <strong>do</strong> Anauá iniciou aexperiência <strong>da</strong> piscicultura com a mortan<strong>da</strong>dede 27 mil alevinos. As causas dessamortan<strong>da</strong>de, fruto <strong>da</strong> inexperiência <strong>do</strong>sagricultores, foram basicamente quatro:1) super densi<strong>da</strong>de de alevinos, acarretan<strong>do</strong>canibalismo e competição por alimento;2) falta de limpeza <strong>da</strong> área comrelação a traíras, o que ocasionou umapre<strong>da</strong>ção eleva<strong>da</strong>; 3) falta de cronogramade alimentação correta para os alevinos; e4) falta de acompanhamento <strong>do</strong> desenvolvimento<strong>do</strong>s alevinos mediante biometriasquinzenais. Além <strong>da</strong> assistência técnica,presta<strong>da</strong> por um pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Inpa quetambém aju<strong>do</strong>u o projeto de Cametá a solucionaro problema de adubação <strong>do</strong>s tanquesde terra firme, o projeto de São Luís<strong>do</strong> Anauá conta hoje com a assessoria <strong>do</strong>Sebrae, que o transformou em vitrine <strong>da</strong>piscicultura comunitária.Atualmente, o projeto sofre com o altopreço <strong>da</strong> ração. Em sua concepção inicial,esse custo seria minimiza<strong>do</strong> com a utilização<strong>da</strong> alimentação alternativa na fasede engor<strong>da</strong> <strong>do</strong>s peixes, proveniente <strong>da</strong>sespécies frutíferas planta<strong>da</strong>s nas áreas dereflorestamento <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s açudes.No entanto, a proposta de reflorestamentodessas áreas de entorno também não foiintegralmente cumpri<strong>da</strong>. Os agricultoresnão estão conseguin<strong>do</strong> fazer a manutençãodessas áreas; a maioria <strong>do</strong>s que receberammu<strong>da</strong>s não teve onde plantá-las porfalta de planejamento dessa ativi<strong>da</strong>de.O projeto sofre também com a falta deestrutura para comercialização. Ain<strong>da</strong>não conseguiu fazer to<strong>do</strong> o processo delegalização junto ao <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Agri-61
cultura e ao Ibama para entrar com o peixeno merca<strong>do</strong>. Por isso, os cria<strong>do</strong>res têmde conviver com a figura <strong>do</strong> atravessa<strong>do</strong>r.Enquanto eles vendem o quilo <strong>do</strong> peixe aR$ 2,50 para o atravessa<strong>do</strong>r, este o comercializaa R$ 4,50.Wanderlândia apresenta os mesmosproblemas com o preço <strong>da</strong> ração, baixacapaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> SAF na alimentação<strong>do</strong>s peixes, comercializaçãoprecária e conflitos na gestão comunitária<strong>do</strong>s tanques.De forma geral, os projetos de Piscicultura,por si sós, não conseguem promover osalto qualitativo em direção a sistemas deprodução sustentável. É diferente <strong>do</strong> manejode recursos aquáticos, ou <strong>da</strong> buscapor acor<strong>do</strong>s de pesca, que trazem essaquestão de forma intrínseca. Além dessadificul<strong>da</strong>de em termos de sustentabili<strong>da</strong>deambiental, há a viabili<strong>da</strong>de econômico-financeira<strong>do</strong>s empreendimentos, que ain<strong>da</strong>não foi suficientemente esclareci<strong>da</strong>.62
6. Sustentabili<strong>da</strong>deA análise <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de de projetosexige uma série de conceituações e delimitaçõesde tempo e espaço para defrontar-secom a dinâmica <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Em se falan<strong>do</strong>de projetos demonstrativos, que nascem<strong>da</strong> experimentação de alternativas inova<strong>do</strong>ras,essa exigência é mais acentua<strong>da</strong>.Isso porque, além de serem projetos que seconfrontam com o ideário massifica<strong>do</strong> <strong>do</strong>desenvolvimentismo a qualquer custo, osprojetos PDA propõem novas maneiras detrabalhar e interagir com a natureza quetrazem resulta<strong>do</strong>s concretos para a vi<strong>da</strong><strong>da</strong>s famílias, mas em um tempo geralmentemais longo que aquele <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>desimediatas – e justificáveis – <strong>da</strong>s pessoasenvolvi<strong>da</strong>s.Partimos, neste estu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> entendimentocomum de que a sustentabili<strong>da</strong>de se assentapelo menos em quatros dimensões:ambiental, econômica, sócio-cultural einstitucional/organizacional. Também partimos<strong>do</strong> entendimento que não há formulasreaplicáveis, senso estrito, para a sustentabili<strong>da</strong>delocal, mas possibili<strong>da</strong>des dereleituras de processos, a partir <strong>do</strong> entendimento<strong>do</strong> porquê determina<strong>da</strong>s estratégiasfuncionam ou não, consideran<strong>do</strong> a história,a trajetória e os anseios e visões de mun<strong>do</strong><strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des que as desenvolvem.63
Diante <strong>do</strong>s desafios cita<strong>do</strong>s, buscou-seformular questões chaves que, no entender<strong>do</strong> grupo de técnicos que participaram<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, revelariam o movimento<strong>da</strong>s tendências para a sustentabili<strong>da</strong>de ounão <strong>do</strong>s projetos. Fez-se um esforço tambémpara reduzir tanto quanto possível ocaráter de subjetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s avalia<strong>do</strong>res,construin<strong>do</strong> um conjunto mínimo de indica<strong>do</strong>res,nos temas: sustentabili<strong>da</strong>de econômica,sustentabili<strong>da</strong>de social/cultural,sustentabili<strong>da</strong>de institucional/organizacional,sustentabili<strong>da</strong>de ambiental e, comotemas transversais, gênero/geração e assistênciatécnica. Esse conjunto mínimo deindica<strong>do</strong>res que refletem os temas cita<strong>do</strong>sfoi testa<strong>do</strong> e aqueles que se mostraramaferíveis e adequa<strong>do</strong>s foram inseri<strong>do</strong>s naanálise.Para ca<strong>da</strong> tema há um número variável deindica<strong>do</strong>res, os quais são escalona<strong>do</strong>s emverifica<strong>do</strong>res que assumem valores de 0 a4, conforme a situação apresenta<strong>da</strong> peloprojeto (Anexo 5). Em alguns casos, forama<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s apenas os valores 0, 2 e 4, peladificul<strong>da</strong>de de definir mais descritorescom limites claros. O quadro síntese, a seguir,apresenta o conjunto de indica<strong>do</strong>resconsidera<strong>do</strong>s nesta análise e a pontuaçãoque ca<strong>da</strong> projeto obteve para ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>sindica<strong>do</strong>res.64
Número de projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, indica<strong>do</strong>res de avaliação e valores obti<strong>do</strong>s65
66As dimensões de sustentabili<strong>da</strong>de são analisa<strong>da</strong>sa partir <strong>da</strong> média <strong>do</strong>s valores (consideran<strong>do</strong>que a variação entre os valores épequena, a média se mostrou uma boa ferramentade síntese) e <strong>da</strong> interpretação <strong>do</strong>sindica<strong>do</strong>res para a reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s projetos,A sustentabili<strong>da</strong>de econômica foi vistasob <strong>do</strong>is enfoques. O primeiro considera aeconomia familiar, incluin<strong>do</strong> variações naren<strong>da</strong> e sua capaci<strong>da</strong>de de geração de alimentos,ervas medicinais e insumos paraa proprie<strong>da</strong>de. Esses itens estão um poucoalém <strong>do</strong> auto-consumo, porque apontamuma perspectiva mais ampla de diversi<strong>da</strong>de,que traz embuti<strong>da</strong> a questão <strong>do</strong> uso <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong>valor econômico <strong>do</strong>s recursos naturais. Ooutro enfoque, que não se aplica a to<strong>do</strong>sos projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, abor<strong>da</strong> as uni<strong>da</strong>desde beneficiamento e a adequação de suasplantas industriais às normas e padrões mínimospara a colocação <strong>do</strong>s produtos nomerca<strong>do</strong>; a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> produto a partir<strong>do</strong> nível de aceitação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> local ouregional; a regulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> oferta; a existênciade estu<strong>do</strong>s de viabili<strong>da</strong>de atuais; omerca<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> e o grau de autonomia<strong>da</strong> comercialização.O tratamento <strong>da</strong><strong>do</strong> à questão <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>desocial/cultural está relaciona<strong>do</strong>com a percepção de que os projetos PDAbuscaram, na grande maioria <strong>da</strong>s vezes,introduzir novas formas de produção.Por isso, nem sempre as propostas estãototalmente integra<strong>da</strong>s à cultura local, masfazem parte de uma nova aprendizagem.Um exemplo claro de uma prática culturalé o uso <strong>do</strong> fogo como ferramenta produtiva,que destoa <strong>da</strong>s práticas sustentáveispropostas pelos projetos. Os projetosmuitas vezes trazem “novi<strong>da</strong>des” paraum número expressivo de agricultores etécnicos <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>, tais como: o uso <strong>da</strong>adubação verde, a introdução de leguminosas,o aproveitamento <strong>da</strong> regeneraçãonatural, árvores em pastagens, o ara<strong>do</strong>animal e até mesmo o sistema agroflorestal.Enfim, práticas de agricultura sustentávelque precisam de tempo para queos agricultores experimentem e percebamseus ganhos e exigências. E esse tempo deexperimentação difere de projeto a projetoe se desenvolve não só na perspectiva<strong>do</strong> agricultor e de sua comuni<strong>da</strong>de, comotambém na <strong>do</strong>s técnicos que assessorame na <strong>da</strong> própria ST/PDA, que acompanhato<strong>do</strong> o processo a partir <strong>da</strong>s monitorias.Esse aspecto é importante porque, nãoraro, ouve-se <strong>do</strong>s técnicos depoimentossobre como é demora<strong>da</strong> a negociação entreo saber técnico, o saber <strong>do</strong> agricultor eo ganho de saber de ambos, num processode aprendizagem mútua em que to<strong>do</strong>s sãoaprendizes e mestres.Os fatores de maior peso considera<strong>do</strong>sna sustentabili<strong>da</strong>de social/cultural forama apropriação <strong>da</strong> proposta pela comuni<strong>da</strong>de,a aprendizagem reconheci<strong>da</strong> pelosenvolvi<strong>do</strong>s e a motivação para a continui<strong>da</strong>de<strong>da</strong> proposta. Este último talvez sejao mais significativo, porque sintetiza osdemais e se expressa naquela perguntaque fica na cabeça <strong>da</strong>s pessoas que acompanhama trajetória de qualquer projeto:valeu a pena? Ou: você faria de novo?Estas questões têm a ver com a capaci<strong>da</strong>de<strong>do</strong> projeto de trazer para o imagináriocomunitário ou local a idéia <strong>do</strong> desenvolvimentosustentável, com to<strong>do</strong> o seuconteú<strong>do</strong> abstrato de busca de equilíbrio,de não avançar os limites <strong>da</strong> natureza e aomesmo tempo sobreviver com digni<strong>da</strong>dee ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.No aspecto <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de institucional/ organizacional são considera<strong>da</strong>sas parcerias que vão se concretizan<strong>do</strong> no
dia-a-dia e não apenas nas intenções manifesta<strong>da</strong>s;a ausência de conflitos gravesnas organizações e de endivi<strong>da</strong>mentosque inviabilizem a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>sações.A sustentabili<strong>da</strong>de ambiental foi abor<strong>da</strong><strong>da</strong>a partir <strong>da</strong> identificação de medi<strong>da</strong>s deproteção <strong>do</strong>s recursos hídricos e de sinaisde recuperação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de; peloreconhecimento <strong>do</strong> fogo como um problemae pela a<strong>do</strong>ção de medi<strong>da</strong>s para seucontrole; e pela redução <strong>do</strong> uso de agrotóxicos,nos casos em que isto tem senti<strong>do</strong>.Três temas relevantes foram considera<strong>do</strong>stransversais: gênero, geração e assistênciatécnica. Gênero e geração estão fortementerelaciona<strong>do</strong>s com a continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong>sprojetos e traduzem sua inserção no âmbitofamiliar. A assistência técnica, ou oassessoramento técnico, como se pretendeentender esse conceito na nova fase <strong>do</strong>PDA, é fun<strong>da</strong>mental para a continui<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s ações <strong>do</strong>s projetos, seja realiza<strong>da</strong> portécnicos em vários ramos profissionais,seja por agricultores-técnicos, ou agricultores-difusores.É importante destacartambém a importância ca<strong>da</strong> vez maior <strong>da</strong>smulheres – técnicas e agricultoras - e <strong>do</strong>sjovens, na execução <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>sprojetos. Como esses temas já foram trata<strong>do</strong>sem outros capítulos, nesse momentonão nos deteremos sobre eles.6.1. Sustentabili<strong>da</strong>de sócioculturalA apropriação <strong>da</strong> proposta pelos beneficiáriosfoi o primeiro indica<strong>do</strong>r avalia<strong>do</strong>.Quarenta por cento <strong>do</strong>s projetos receberamnota máxima, demonstran<strong>do</strong> forteenvolvimento <strong>do</strong>s beneficiários (acimade 90%). São eles: APA e Apruram, Parauapebas,Cametá, Antimari, Sementese Poyanawa. Interessante observar queto<strong>do</strong>s estes projetos já apresentam ganhoseconômicos e forte organização socialpara os beneficiários, como pode serobserva<strong>do</strong> nas sínteses apresenta<strong>da</strong>s nocapítulo 1.Vinte por cento <strong>do</strong>s projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>snão apresentaram bom desempenho nesseitem. Dos 4 projetos que receberam notas0 ou 1, o projeto roça<strong>do</strong>s ecológicos,o de São Luiz <strong>do</strong> Anauá e o <strong>do</strong> Mucajaiescolheram estratégias problemáticasque nasceram mais <strong>do</strong> planejamento <strong>do</strong>stécnicos <strong>do</strong> que de uma construção participativa.No caso <strong>do</strong>s roça<strong>do</strong>s ecológicos,a implantação <strong>do</strong> projeto pesou bastanteem termos de horas de trabalho sobre osagricultores. No Mucajaí, os SAFs tambémrepresentaram carga de trabalho adicionalacentua<strong>da</strong>, com o agravante <strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>sque destruíram os plantios. No caso<strong>do</strong> projeto <strong>do</strong> Jaú, a iniciativa é desafia<strong>do</strong>ra,face à necessi<strong>da</strong>de de conciliar populaçõesdentro de uma uni<strong>da</strong>de de conservação,com to<strong>da</strong>s as limitações impostas.De forma geral, quase 70% <strong>do</strong>s projetosestu<strong>da</strong><strong>do</strong>s receberam nota acima de 3,significan<strong>do</strong> que pelo menos metade <strong>do</strong>sbeneficiários <strong>do</strong>s projetos se apropriaram<strong>da</strong> proposta.No que diz respeito ao reconhecimento,pelas comuni<strong>da</strong>des, <strong>da</strong> aprendizagemproporciona<strong>da</strong> pelo projeto to<strong>do</strong>s identificaramníveis eleva<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> interessantenotar que até mesmo os projetos com baixaapropriação <strong>da</strong> proposta tiveram pontuaçãoalta e que, no caso <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong>Jaú, que teve pouquíssima apropriação <strong>da</strong>proposta, a comuni<strong>da</strong>de deu nota máximapara a questão <strong>da</strong> aprendizagem. Isso sedeveu especialmente ao esforço contínuo67
de a<strong>da</strong>ptação <strong>do</strong>s cursos e eventos deformação realiza<strong>do</strong>s em Novo Airão, noentorno <strong>do</strong> Parque Nacional.Quanto à motivação para a continui<strong>da</strong>de<strong>do</strong> projeto (terceiro indica<strong>do</strong>r analisa<strong>do</strong>),em 70% <strong>do</strong>s casos identificou-se altamotivação, até mesmo nos projetos problemáticos.Este indica<strong>do</strong>r permite duasleituras. Do la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s projetos bem sucedi<strong>do</strong>s,a motivação para a continui<strong>da</strong>de éuma conseqüência natural. Na perspectiva<strong>do</strong>s projetos problemáticos, a leituraé de que, face à situação de extremoaban<strong>do</strong>no e desesperança em que vivemas comuni<strong>da</strong>des, o impulso ofereci<strong>do</strong> peloprojeto em termos de assistência técnica,organização comunitária e resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>sestratégias testa<strong>da</strong>s – embora não correspondessemao que se esperava e queportanto o projeto não tenha si<strong>do</strong> bemsucedi<strong>do</strong> – funciona como um propulsorque deixa, para as comuni<strong>da</strong>des, o desejode continuar tentan<strong>do</strong>.De forma geral, consideran<strong>do</strong> a média <strong>do</strong>svalores atribuí<strong>do</strong>s aos três indica<strong>do</strong>res e aanálise de ca<strong>da</strong> caso, pode-se estabelecerque os projetos que apresentam pontuaçãomenor que 3 estão numa situaçãoque tende à insustentabili<strong>da</strong>de social (vejafigura 1, abaixo). Dos 19 avalia<strong>do</strong>s, cincoapresentam-se nessa situação, ou seja,25% <strong>do</strong>s projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s.Valor Médio <strong>do</strong>s Três Indica<strong>do</strong>res Analisa<strong>do</strong>sFigura 1 – Sustentabili<strong>da</strong>de sócio-culturalNúmero <strong>do</strong>s Projetos Estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s686.2. Sustentabili<strong>da</strong>deorganizacional/institucionalA sustentabili<strong>da</strong>de organizacional / institucionalfoi avalia<strong>da</strong> pelos seguintesindica<strong>do</strong>res: ausência de conflitos gravesna organização, formação de parceriase ausência de endivi<strong>da</strong>mentos que comprometama organização. Com exceçãode quatro projetos com média abaixo de3, os demais encontram-se em situaçãobastante favorável (Figura 2). O indica<strong>do</strong>rque determinou a média baixa <strong>do</strong>s quatroprojetos foi o relativo à formação de parcerias.Em que pese a necessi<strong>da</strong>de de aperfeiçoamento<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res para abor<strong>da</strong>rquestões como a capaci<strong>da</strong>de de auto-financiamentoe quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> gestão admi-
nistrativa, o que foi efetivamente realiza<strong>do</strong>pelo PDA após o teste em campo, os resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s corroboram as tendências <strong>do</strong>tema anterior, pois foram praticamente osmesmos projetos que apresentaram baixodesempenho. Exceção para o projeto Lontra(265) que teve média acima de 3 notema anterior e abaixo de 3 neste, e queteve como principal causa <strong>do</strong> seu insucessoa dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de proponentede conseguir um consenso sobre o focoprincipal <strong>do</strong> projeto com a comuni<strong>da</strong>de,o que levou a conflitos que paralisaram ainiciativa. Além disso, o excesso de açõesplaneja<strong>da</strong>s acabou dispersan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o investimentode recursos humanos e financeiros<strong>do</strong> projeto, levan<strong>do</strong> ao insucesso.Figura 2 – Sustentabili<strong>da</strong>de institucional/organizacionalValor Médio <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res Analisa<strong>do</strong>sNúmero <strong>do</strong>s Projetos Estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s6.3. Sustentabili<strong>da</strong>deambientalOs indica<strong>do</strong>res de sustentabili<strong>da</strong>de ambientaltentaram abranger as seguintesquestões: medi<strong>da</strong>s de proteção <strong>do</strong>s recursoshídricos, sinais de recuperação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de, reconhecimento <strong>do</strong> fogocomo um problema, a<strong>do</strong>ção de medi<strong>da</strong>sde controle <strong>do</strong> fogo e redução <strong>do</strong> uso deagrotóxicos.Nem to<strong>da</strong>s as equipes de avalia<strong>do</strong>res conseguirampreencher esses indica<strong>do</strong>res, porfalta de informação segura ou por entenderemque não se aplicavam àquela reali<strong>da</strong>de.Apenas 10 projetos tiveram to<strong>do</strong>sos indica<strong>do</strong>res respondi<strong>do</strong>s, à exceção<strong>do</strong> relativo aos agrotóxicos, e, por umaquestão meto<strong>do</strong>lógica, serão apenas estesconsidera<strong>do</strong>s na análise. No caso <strong>do</strong> usode agrotóxicos, apenas quatro projetosapresentavam esse problema em sua áreade atuação e, desses, três tiveram impactosignificativo, atingin<strong>do</strong> a pontuação máxima,que equivale à situação em que amaioria <strong>do</strong>s agricultores usava e não usamais agrotóxico.69
Valor Médio <strong>do</strong>s Cinco Indica<strong>do</strong>res Analisa<strong>do</strong>sFigura 3 – Sustentabili<strong>da</strong>de ambientalNúmero <strong>do</strong>s Projetos Estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s70Os projetos avalia<strong>do</strong>s apresentaram resulta<strong>do</strong>sbaixos no quesito de sustentabili<strong>da</strong>deambiental (Figura 3). Esse fato temduas explicações possíveis. A maioria <strong>do</strong>sprojetos se localiza em áreas com muitaabundância de recursos naturais e os indica<strong>do</strong>resforam concebi<strong>do</strong>s buscan<strong>do</strong>perceber o nível de preocupação <strong>do</strong>sbeneficiários com a proteção desses recursos.Mas, essa preocupação não é umapriori<strong>da</strong>de para a maioria <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des,uma vez que ain<strong>da</strong> não representamum problema. Prova disso é o exemplo<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r relativo a recursos hídricos.Apenas o projeto <strong>da</strong> APA obteve nota máxima,o que significa dizer que os produtoresrecuperam matas ciliares, evitam odepósito de lixo nos cursos d`água, tomammedi<strong>da</strong>s de combate ao assoreamento eerosão e participam de campanhas paraconscientização ambiental com foco naágua. Os outros projetos com melhor desempenhoforam o de Wanderlândia e o<strong>da</strong> Apruram, em que se verificam três <strong>da</strong>squatro alternativas cita<strong>da</strong>s. To<strong>do</strong>s os trêsprojetos cita<strong>do</strong>s estão em áreas já bastantealtera<strong>da</strong>s e com problemas de escassez dealguns recursos.A questão <strong>do</strong> fogo é mais complexa.Ain<strong>da</strong> que, na maioria <strong>do</strong>s projetos, osprodutores percebam o fogo como umproblema e anseiem por alternativas, umnúmero ain<strong>da</strong> significativo tem o fogocomo ferramenta de trabalho, apesar dereconhecer os riscos decorrentes de suautilização.Em apenas <strong>do</strong>is projetos to<strong>do</strong>s os produtoresfazem controle <strong>do</strong> fogo: Wanderlândiae Curralinho. No primeiro, a mobilizaçãovoluntária para o combate ao fogo éexemplar; e no segun<strong>do</strong>, a introdução demanejo de catanhais e a implantação deSAFs fez com que os produtores abolissemnessas áreas o uso, antes freqüente,<strong>do</strong> fogo. Nos demais projetos esse controleain<strong>da</strong> é precário.Em termos de impactos ambientais <strong>do</strong>sprojetos, foram formula<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is indica<strong>do</strong>res.Um para identificar se houve redução<strong>do</strong> desmatamento e outro que investigavasinais de recuperação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>depelo retorno <strong>da</strong> fauna ou pela regeneraçãode espécies nativas. Quanto a esteindica<strong>do</strong>r, deve-se destacar uma fragili<strong>da</strong>de(embora não tenha si<strong>do</strong> identifica<strong>da</strong>neste estu<strong>do</strong>): em alguns casos, o retornode fauna se dá pela eliminação de habitatsem outras áreas, o que pressiona osanimais em direção às proprie<strong>da</strong>des. O
indica<strong>do</strong>r de redução <strong>do</strong> desmatamentoapresenta problemas nos casos de <strong>do</strong>isextremos: regiões de exploração recenteonde os agricultores ain<strong>da</strong> estão abrin<strong>do</strong>áreas produtivas e regiões já muito altera<strong>da</strong>s.Apenas o projeto <strong>do</strong>s poyanawa apresentousinais de recuperação de biodiversi<strong>da</strong>dena área total <strong>da</strong> Terra Indígena, oque tem a ver com o fato de não teremmais desmata<strong>do</strong> novas áreas para plantar(pontuação máxima para o indica<strong>do</strong>r deredução <strong>do</strong> desmatamento), mas tambémtem a ver com a demarcação <strong>da</strong> Terra Indígenae com as medi<strong>da</strong>s de proteção evigilância que a comuni<strong>da</strong>de vem toman<strong>do</strong>,prevenin<strong>do</strong> invasões. Este é um casobastante particular, em que a aquisiçãode um trator permitiu a intensificação <strong>da</strong>produção e o aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de.A gestão eficiente <strong>do</strong> trator pela comuni<strong>da</strong>deindígena, com regras claras e aceitaspor to<strong>do</strong>s, foi o ingrediente de sucesso.No entanto, essa “solução” é temporáriae, caso não haja um assessoramento técnicopara a conservação <strong>do</strong> solo, o modelotende a se esgotar.Os demais projetos apresentaram sinaisde recuperação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de empoucas áreas de abrangência <strong>do</strong> projeto,normalmente limita<strong>da</strong>s às proprie<strong>da</strong>desrurais onde ocorrem as ativi<strong>da</strong>des.No caso desta análise, de fato, os projetoscom melhor desempenho foram aquelesem áreas altera<strong>da</strong>s: APA, Apruram eWanderlândia, onde os agricultores reincorporaramáreas altera<strong>da</strong>s ao sistema deprodução e não abriram novas áreas. Ospoyanawa também obtiveram bom desempenho,por suas características peculiares(intensificação <strong>da</strong> produção com uso detecnologia e por se tratar de comuni<strong>da</strong>deindígena, com uma lógica diferencia<strong>da</strong> deacumulação). Mas é importante destacarque em praticamente to<strong>do</strong>s os projetoshouve redução <strong>da</strong> pressão sobre a floresta,com áreas altera<strong>da</strong>s sen<strong>do</strong> reincorpora<strong>da</strong>sà produção.6.4. Sustentabili<strong>da</strong>deeconômicaA sustentabili<strong>da</strong>de econômica é percebi<strong>da</strong>neste estu<strong>do</strong> sob <strong>do</strong>is enfoques. Oprimeiro é pertinente a dezoito <strong>do</strong>s vinteprojetos avalia<strong>do</strong>s (as exceções foram o<strong>do</strong> Jaú e <strong>do</strong>s quelônios, que não trabalhavamaspectos de produção), porque visauni<strong>da</strong>des familiares – o que é produzi<strong>do</strong> ea utilização de recursos naturais que contribuemcom a economia familiar (Figura4). Nesse aspecto, foram considera<strong>do</strong>s osindica<strong>do</strong>res de ren<strong>da</strong> familiar e benefícioseconômicos. Por benefícios econômicosentendem-se os ganhos relaciona<strong>do</strong>s coma redução de custos de produção, o incremento<strong>da</strong> dieta familiar, a redução de despesascom saúde e a redução <strong>do</strong>s gastoscom alimentação.O segun<strong>do</strong> enfoque diz respeito a um conjuntomenor dentro <strong>do</strong>s projetos avalia<strong>do</strong>s,uma vez que nem to<strong>do</strong>s implantaramuni<strong>da</strong>des de beneficiamento. Para estes,são coloca<strong>da</strong>s questões relaciona<strong>da</strong>s coma quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> planta <strong>da</strong>s agroindústrias,merca<strong>do</strong>s acessa<strong>do</strong>s, regulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>oferta, e quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> produto, analisa<strong>da</strong>pelo enfoque <strong>da</strong> ocorrência ou não de devoluçãode merca<strong>do</strong>ria (Figura 5).71
Valor Médio <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res Analisa<strong>do</strong>sFigura 4 – Sustentabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong>s famíliasNúmero <strong>do</strong>s Projetos Estu<strong>da</strong><strong>do</strong>sA sustentabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong>s famíliasé analisa<strong>da</strong> pela questão <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> e<strong>do</strong>s benefícios econômicos apropria<strong>do</strong>spelas famílias. Nestes benefícios, sãoconsidera<strong>do</strong>s a redução de custos deprodução, o incremento <strong>da</strong> dieta familiar,a redução de despesas com saúde ea redução <strong>do</strong>s gastos com alimentação.O indica<strong>do</strong>r se refere a quantos dessesitens são cita<strong>do</strong>s espontaneamente pelosbeneficiários <strong>do</strong> projeto, até o númerode quatro ocorrências. Os indica<strong>do</strong>resforam respondi<strong>do</strong>s no caso de dezesseisprojetos; <strong>do</strong>is não apresentam respostasaos indica<strong>do</strong>res (Apiaú e Paca), emborafossem pertinentes. Na maioria <strong>do</strong>s projetos(15 em 16) foram cita<strong>do</strong>s pelo menosuma ocorrência, normalmente relaciona<strong>da</strong>com a segurança alimentar. Apenas oprojeto de Anapu não verificou nenhuma<strong>da</strong>s alternativas indica<strong>da</strong>s. No projeto <strong>do</strong>spoyanawa, foram cita<strong>da</strong>s pelo menos quatroocorrências.Quanto aos ganhos de ren<strong>da</strong>, três projetosapresentaram ganhos superiores a 20%e outros quatro, aumento de 10 a 20%.Aumento de 5 a 10% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> anual foiverifica<strong>do</strong> em três projetos, e um ligeiroaumento de até 5%, em outros três. Nova-Figura 5 – Beneficiamento e comercializaçãoValor <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res Analisa<strong>do</strong>sNúmero <strong>do</strong>s Projetos Estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s72
mente o de Anapu não apresenta nenhumaocorrência. Isso significa que, no universode dezesseis projetos que responderamaos indica<strong>do</strong>res, sete constataram aumento<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> anual acima de 10%.Foram analisa<strong>do</strong>s treze projetos que seenquadravam na categoria de empreendimentoscomerciais. Em relação ao primeiroindica<strong>do</strong>r – adequação <strong>da</strong>s plantasnas Uni<strong>da</strong>des de Beneficiamento – cinco<strong>do</strong>s treze têm plantas considera<strong>da</strong>s adequa<strong>da</strong>s;três, plantas muito boas; e um,excelente (Parauapebas). Duas uni<strong>da</strong>desde beneficiamento têm plantas poucoadequa<strong>da</strong>s e uma, a de Lontra, foi considera<strong>da</strong>inadequa<strong>da</strong>. A maioria <strong>do</strong>s trezeprojetos – nove deles – têm uni<strong>da</strong>des debeneficiamento com plantas adequa<strong>da</strong>s,muito boas ou excelentes. Um <strong>do</strong>s projetosanalisa<strong>do</strong>s (574) não respondeu àquestão.Quanto à quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos, a verificaçãose deu consideran<strong>do</strong> a aceitaçãopelo merca<strong>do</strong>. Em <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s treze projetos,a quali<strong>da</strong>de foi considera<strong>da</strong> excelente– diferencial de quali<strong>da</strong>de reconheci<strong>do</strong>;outros três com nível de quali<strong>da</strong>de “muitobom” – boa aceitação no merca<strong>do</strong> regional;em cinco projetos, a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>sprodutos é “suficiente”, significan<strong>do</strong> boaaceitação no merca<strong>do</strong> local; e <strong>do</strong>is projetosnão responderam ao indica<strong>do</strong>r. Nenhumprojeto teve quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtosinsuficiente ou inexistente; ao contrário,cinco entre onze (já que <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s trezeprojetos seleciona<strong>do</strong>s não responderamao indica<strong>do</strong>r) têm seus produtos considera<strong>do</strong>sde quali<strong>da</strong>de excelente ou muitoboa, in<strong>do</strong> além <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local.Regulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> oferta foi outro indica<strong>do</strong>rverifica<strong>do</strong>. É aí que está o calcanhar deaquiles <strong>do</strong>s empreendimentos, já que emoito <strong>do</strong>s treze projetos analisa<strong>do</strong>s a regulari<strong>da</strong>defoi considera<strong>da</strong> insuficiente. Doistêm regulari<strong>da</strong>de suficiente <strong>da</strong> oferta etrês, muito boa. Nenhum projeto atingiu oponto 4, que corresponde a excelente.Apesar <strong>do</strong> bom desempenho em relação àquali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos, em oito <strong>do</strong>s trezeprojetos não existe estu<strong>do</strong> que demonstrea viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta. Dois têm análisede viabili<strong>da</strong>de, porém não atualiza<strong>da</strong>,e apenas três contam com estu<strong>do</strong>s atualiza<strong>do</strong>snessa área.A questão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> foi analisa<strong>da</strong> consideran<strong>do</strong>o volume e o fluxo <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s.Quatro projetos vendem to<strong>da</strong> a produçãoe têm deman<strong>da</strong> por mais; outros quatro,vendem a maioria de sua produção semdificul<strong>da</strong>des. Há ain<strong>da</strong> quatro projetosque vendem a maior parte de seus produtos,mas têm que estar sempre procuran<strong>do</strong>merca<strong>do</strong>; e apenas um projeto vende poucoe esporadicamente.Um último indica<strong>do</strong>r é o relativo a comercializaçãoautônoma. Seis <strong>do</strong>s trezeprojetos receberam a nota 2, que significaque aproxima<strong>da</strong>mente metade <strong>da</strong> produçãoé vendi<strong>da</strong> a atravessa<strong>do</strong>res e a outrametade, comercializa<strong>da</strong> diretamente.Dois projetos comercializam diretamentemais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> produção e três, to<strong>da</strong> asua produção. Em <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s treze projetos,nenhuma parte <strong>da</strong> produção é comercializa<strong>da</strong>de forma autônoma. Neste estu<strong>do</strong>,a autonomia na comercialização foi considera<strong>do</strong>um valor positivo, e por isso oindica<strong>do</strong>r foi formula<strong>do</strong> assim. Mas vale aressalva de que, nem sempre, a comercializaçãodireta é o melhor caminho para asustentabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong> proposta.73
746.5. Indica<strong>do</strong>res desustentabili<strong>da</strong>de: gráficos
7. Aprenden<strong>do</strong> com asExperiências: Lições de to<strong>do</strong>spara to<strong>do</strong>sSão muitas as aprendizagens e estas ocorremde to<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s – <strong>do</strong>s projetospara si mesmos, para outras comuni<strong>da</strong>desou grupos que possam enfrentar situaçõespareci<strong>da</strong>s; <strong>do</strong>s projetos para a SecretariaTécnica (ST) <strong>do</strong> PDA e para os financia<strong>do</strong>res<strong>do</strong> Programa; <strong>do</strong> conjunto de projetos/ST-PDA para os toma<strong>do</strong>res de decisão depolíticas públicas, começan<strong>do</strong> por dentrode casa – MMA/Ibama.A leitura deste <strong>do</strong>cumento permite observaruma série de conclusões, recomen<strong>da</strong>çõesou dúvi<strong>da</strong>s expostas pelosbeneficiários e executores <strong>do</strong>s projetos,pelas equipes avalia<strong>do</strong>ras e pelos responsáveispelo estu<strong>do</strong>. Algumas perguntasdiretas puderam ser feitas aos participantes– o que vocês aprenderam com essacaminha<strong>da</strong>? O que não fariam de novo sefossem recomeçar? Que conselho <strong>da</strong>riama quem estivesse queren<strong>do</strong> iniciar umaexperiência semelhante? Há respostasapontan<strong>do</strong> para aspectos bem pontuais,outras são mais generalizáveis; algumaslições interessam especialmente a quemestá naquela prática, outras podem servirde bússola a quem an<strong>da</strong> navegan<strong>do</strong> nessesmares quase nunca <strong>da</strong>ntes navega<strong>do</strong>s.85
86Neste capítulo, buscaremos sintetizar, deforma organiza<strong>da</strong>, os elementos de aprendizagense lições que a análise <strong>do</strong>s vinteprojetos trouxe à tona. Alguns ganhamforça por sua recorrência – são comuns avárias experiências. Outros, mais particularespor ocorrerem apenas em um projetodeles, podem ter significa<strong>do</strong> não apenaspara aquele grupo.Falar em lições aprendi<strong>da</strong>s só tem senti<strong>do</strong>se essas “lições” – palavra um pouco carrega<strong>da</strong>de um conceito antigo de escola,mas que está na mo<strong>da</strong> na linguagem deavaliação – podem ser contextualiza<strong>da</strong>s.Consideramos que a melhor contextualizaçãoé a leitura <strong>do</strong>s capítulos anteriores,que expõem diversos aspectos <strong>da</strong> análise<strong>do</strong>s vinte projetos em pauta. Por isso, nãorepetiremos aqui as situações que originaramtal ou qual lição, e exortamos o leitora que busque a base <strong>da</strong>s afirmações nasdescrições feitas ao longo deste trabalho.Embora ca<strong>da</strong> capítulo possa ser li<strong>do</strong> de formaindependente, este, <strong>da</strong>s lições, fica empobreci<strong>do</strong>se sua leitura não vier na ordemem que está coloca<strong>do</strong> no último capítulo.As aprendizagens, descobertas e recomen<strong>da</strong>çõesestão organiza<strong>da</strong>s nos aspectos de:gestão e organização; técnicos e produtivos;assistência técnica, capacitação, informaçãoe mu<strong>da</strong>nça; políticas públicas eatuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; sustentabili<strong>da</strong>de e ampliação<strong>da</strong>s propostas; gênero; recomen<strong>da</strong>çõespara o PDA e para os financia<strong>do</strong>res.Feitos esses comentários e ressalvas, vamosàs lições. E boa aprendizagem!7.1. Gestão e organizaçãoMuitas vezes, o planejamento <strong>do</strong> projeto éfeito por uma ou duas pessoas, com umaboa idéia na cabeça, mas sem conhecimentotécnico suficiente. A experiênciaprática demonstrou a importância de queesse planejamento inicial <strong>do</strong> projeto sejafeito de forma participativa e com conhecimentotécnico, de maneira a evitar erros dedimensionamento e de coerência.Casos concretos: no projeto <strong>do</strong> Ceapac, osprodutores, se soubessem o trabalho que<strong>da</strong>ria “reflorestar”, teriam se comprometi<strong>do</strong>só com metade <strong>da</strong> área. A Apruram identificaa lição de que o planejamento comoum to<strong>do</strong> deve ser muito bem feito e dependede conhecimento muitas vezes não disponívelna própria comuni<strong>da</strong>de (exemplo<strong>da</strong> agroindústria em local impróprio). Mastambém a necessi<strong>da</strong>de de planejamentoadequa<strong>do</strong> <strong>da</strong>s etapas <strong>do</strong> viveiro para evitaratrasos que podem refletir na quali<strong>da</strong>de eno desenvolvimento <strong>da</strong>s plantas.No projeto <strong>do</strong> Jaú, a lição é de que o desenhoinicial <strong>do</strong> projeto teria que ter si<strong>do</strong>feito com mais participação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>dese com mais atenção por parte <strong>da</strong>Fun<strong>da</strong>ção Vitória Amazônica, para evitarincoerências e dificul<strong>da</strong>des na execução.Em Juína, a distância entre as proprie<strong>da</strong>desinviabilizou o atendimento adequa<strong>do</strong> àsfamílias produtoras. Se os executores tivessemtrabalha<strong>do</strong> com agrupamentos defamílias mais próximas umas <strong>da</strong>s outras,poderiam ter evita<strong>do</strong> desistências iniciais.Nos cinco projetos considera<strong>do</strong>s menosexitosos, um fator detecta<strong>do</strong> foi o divórcioentre o proponente/executor e a reali<strong>da</strong>deou vontade <strong>do</strong>s beneficiários – projetos feitos“para eles”, sem considerar seu desejoe sem participação suficiente <strong>do</strong>s supostamentemaiores interessa<strong>do</strong>s. A lição ésobre a importância <strong>da</strong> participação <strong>do</strong>sdiretamente interessa<strong>do</strong>s no desenho <strong>da</strong>proposta.
Outro aspecto que necessita planejamentocui<strong>da</strong><strong>do</strong>so refere-se aos projetos quetrabalham com uni<strong>da</strong>des de beneficiamento.Estes constatam que é necessárioorganizar a produção para ter volume eregulari<strong>da</strong>de, algo imprescindível paraque a fábrica funcione sem prejuízo, paraque haja bons contratos de comercialização,e que o produto seja padroniza<strong>do</strong>.Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> as falhas sãoidentifica<strong>da</strong>s a tempo e há agili<strong>da</strong>de ema<strong>da</strong>ptar o planejamento, podem-se obterresulta<strong>do</strong>s interessantes e “salvar” o projeto– <strong>da</strong>í a importância <strong>da</strong> monitoria,que deve ser instrumento obrigatório degestão.Os beneficiários de muitas <strong>da</strong>s experiênciasestu<strong>da</strong><strong>da</strong>s concluem que é melhordefender melhorias coletivas e não individuais,já que sozinhos não poderiaminvestir nos equipamentos e na infra-estruturanecessários para agregar valor aosprodutos, como afirma o pessoal <strong>da</strong> APA.Mas to<strong>do</strong>s reconhecem que se trata de umcaminho árduo e que é preciso força devontade, paciência e muita organizaçãopara que as propostas avancem e dêemresulta<strong>do</strong>s. Afirmam também que a organizaçãofuncionará melhor se houverunião <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. Exemplos concretosdessa aprendizagem são os projetos<strong>da</strong>s sementes nativas e <strong>do</strong>s poyanawa; e amesma lição, aprendi<strong>da</strong> pelo revés, coma desunião <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de levan<strong>do</strong> aofracasso <strong>da</strong> proposta, ocorreu em Lontra.Essa união deve se expressar na participação<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de em to<strong>do</strong> o processo,que foi a chave para os bons resulta<strong>do</strong>sem Cametá, por exemplo.Base sóli<strong>da</strong> em organização é importante,mas não basta para que os projetos sejamexitosos, especialmente se o foco <strong>da</strong> organizaçãoestiver mais na mobilizaçãopolítica. O caso <strong>do</strong> projeto de Anapu demonstracomo é necessário que as organizaçõesresolvam essa aparente dicotomiaentre o trabalho político e a gestão depropostas de desenvolvimento sustentável– é preciso ter foco no objetivo a que sequer chegar para usar bem os recursos e aenergia disponíveis.Para a gestão de um projeto, a profissionalização<strong>do</strong> pessoal, o planejamentoconsideran<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>s local e regional,lideranças com capaci<strong>da</strong>de de articulação,mecanismos de participação efetivose trabalho com foco, evitan<strong>do</strong> dispersarenergias, são fatores de êxito. Fica a liçãode que é importante o fortalecimento <strong>da</strong>sorganizações para que estas possam estabelecermelhores estratégias coletivas deação, especialmente no beneficiamento ena comercialização.Na atribuição de responsabili<strong>da</strong>des efunções – trabalho gerencial <strong>do</strong>s projetos– há aprendizagens importantes. Uma delasé a de que, para conquistar merca<strong>do</strong>se ter uma comercialização eficiente, nãoadianta trabalhar com ama<strong>do</strong>rismo (APA,Apruram). O projeto <strong>da</strong>s sementes nativas,por exemplo, que tem na comercializaçãoum ponto fraco, coloca em dúvi<strong>da</strong> aproposta de que a comercialização maisefetiva seja aquela feita diretamente pelaorganização. Não seria mais interessantee produtivo terceirizar esse serviço, garantin<strong>do</strong>,com isso, maior grau de especialização?Mas fica também a lição de que é importanteo fortalecimento <strong>da</strong>s organizaçõespara que estas possam estabelecermelhores estratégias coletivas de ação,especialmente no beneficiamento e nacomercialização.87
887.2. Aspectos técnicos eprodutivosPara que as apostas nos novos sistemasdêem certo, é preciso que haja apropriação<strong>da</strong> proposta pelas comuni<strong>da</strong>des.Quan<strong>do</strong> o planejamento <strong>do</strong> sistema deprodução a ser implanta<strong>do</strong> parte <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s famílias, tende a ser maisacerta<strong>do</strong> – poden<strong>do</strong> ter mais elementosvolta<strong>do</strong>s para a segurança alimentar quepara o merca<strong>do</strong>, por exemplo. Com boaapropriação <strong>da</strong> idéia pela comuni<strong>da</strong>de eboa capaci<strong>da</strong>de de gestão, os problemas<strong>da</strong> produção – e problemas sempre aparecem– conseguem ser bem equaciona<strong>do</strong>s.Nos projetos PDA, os sistemas de produçãoconstituem, além de alternativaseconômicas, processos de aprendizagem;e os resulta<strong>do</strong>s desses sistemas são maissignificativos quanto mais os produtoresinteriorizam o conceito de sustentabili<strong>da</strong>de,traduzin<strong>do</strong>-o em sua prática. É muitoimportante entender essa dimensão educativa– no senti<strong>do</strong> amplo – <strong>da</strong>s experimentaçõesque os projetos proporcionamàs famílias envolvi<strong>da</strong>s, porque é a mu<strong>da</strong>nçade concepção e conseqüentemente deatitude dessas famílias na sua relação como meio ambiente que poderá garantir sustentabili<strong>da</strong>deao processo. Fica claro quea ativi<strong>da</strong>de econômica, por si só, não vaiconter o avanço sobre a floresta, porqueos sistemas de produção considera<strong>do</strong>ssustentáveis estão sujeitos às oscilações<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e às conjunturas macroeconômicas.Desenvolvimento sustentávelsignifica bem mais que alternativas econômicas– supõe e necessita um salto dequali<strong>da</strong>de, um diferencial na relação como meio ambiente sem o qual os sistemas esubsistemas correm o risco de encerrar-seem si mesmos.O resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> análise <strong>do</strong>s projetos reafirmaque a diversificação <strong>da</strong> produção ea visão sistêmica <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de geramindependência econômica, porque o produtorpode ter ren<strong>da</strong> ao longo de to<strong>do</strong> oano (com a diversificação de produtos) enão precisa comprar uma série de outrosbens, já que pode obtê-los em seu própriolote, conforme depoimentos significativosque aparecem em outros capítulos desteestu<strong>do</strong>.A análise <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong>s sementes levantauma questão importante que se refere aoestu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>. Nesse caso, emborao estu<strong>do</strong> existisse, não auxiliou na comercialização,porque o merca<strong>do</strong> específicopara sementes nativas é demasia<strong>do</strong> dinâmico.Importante, como lição, guar<strong>da</strong>r aressalva: nem sempre é o famoso estu<strong>do</strong>de merca<strong>do</strong> que resolve a situação <strong>da</strong>comercialização, mas há que ver a particulari<strong>da</strong>dede ca<strong>da</strong> caso para se pensar noinstrumento adequa<strong>do</strong>.Sobre os sistemas estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s:- A apicultura é um grande acerto.Onde foi implanta<strong>da</strong>, aju<strong>da</strong> a contero desmatamento e cria necessi<strong>da</strong>dede preservação; as pessoas vêem a necessi<strong>da</strong>de<strong>do</strong> pasto apícola e observamas inter-relações no ecossistema. Alémdisso, traz efetivo aumento de ren<strong>da</strong>,de forma complementar à gera<strong>da</strong> peloSAF, por exemplo, ou cobrin<strong>do</strong> justamenteo perío<strong>do</strong> em que o SAF ain<strong>da</strong>não produz; gera melhorias de saúde(pelo uso <strong>do</strong> mel e <strong>do</strong> própolis), economizanos gastos com farmácia, alémde aju<strong>da</strong>r na alimentação.- Os SAFs são passos iniciais no aprendiza<strong>do</strong>de sustentabili<strong>da</strong>de. Quan<strong>do</strong>os modelos mostram-se inadequa<strong>do</strong>se não são aceitos pelos produtores,
tendem ao fracasso e podem até setransformar em vetores de risco ambiental(exemplos Fun<strong>da</strong>c, Ceapac).Porém, quan<strong>do</strong> a concepção é entendi<strong>da</strong>pelo produtor e se torna passívelde ressignificação dentro <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de,a proposta avança. Nessesenti<strong>do</strong>, é importante que os projetosprocurem definir sistemas que possamevoluir no processo de implantação, enão sistemas parciais ou “pacotes” fecha<strong>do</strong>sque corram o risco de resultarem surpresas desagradáveis para oprodutor. Exemplos desse tipo são osroça<strong>do</strong>s ecológicos e <strong>da</strong> agriculturaem an<strong>da</strong>res que, como pacotes, nãofuncionaram porque desconsideramdiferenças não só de condições desolo e de água, mas de necessi<strong>da</strong>de einteresse <strong>da</strong>s famílias. Os sistemas deveriam,além <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de econômicaprincipal, focalizar outros aspectos,como a incorporação de matéria orgânicano solo, o controle de invasoras,e outras práticas agroecológicas quedão mais sustentabili<strong>da</strong>de à proposta.- Outros produtos extrativistas nãomadeiráveisoferecem maior garantiade continui<strong>da</strong>de. Muitos produtoressó agora percebem que a mata possuipotencial de exploração não madeireira.As experiências de manejo deaçaí demonstram que o acaizal maneja<strong>do</strong>produz muito mais.- Projetos de piscicultura continuamenfrentan<strong>do</strong> o problema de ter quecomprar ração, o que deixa dúvi<strong>da</strong>sobre sua sustentabili<strong>da</strong>de econômica.Fica claro que, por si só, os projetosde piscicultura não promovem, diferentemente<strong>do</strong>s projetos de manejode recursos aquáticos e <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>sde pesca, o salto qualitativo para asustentabili<strong>da</strong>de, entendi<strong>do</strong> como amu<strong>da</strong>nça de percepção e atitude narelação com o meio ambiente.- Acor<strong>do</strong> de pesca é realmente umaação coletiva de preservação ambientalque dá resulta<strong>do</strong>s. E é possívelimplementar esses acor<strong>do</strong>s porque,apesar <strong>do</strong>s conflitos iniciais e inevitáveis,os resulta<strong>do</strong>s são muito visíveis eisso convence as pessoas.7.3. Assistência técnica,capacitação, informação emu<strong>da</strong>nçaPor constituir artigo de primeira necessi<strong>da</strong>deao se experimentar novos sistemasde produção, a assistência técnica demonstrouser um <strong>do</strong>s fatores primordiaispara o êxito <strong>da</strong>s iniciativas avalia<strong>da</strong>s. Essaefetivi<strong>da</strong>de tem a ver com disponibili<strong>da</strong>dede técnicos, linguagem acessível, entendimentoreal <strong>do</strong> assunto, postura de diálogocom o produtor.No dia-a-dia <strong>do</strong>s projetos, porém, a assistênciatécnica demonstrou ser ain<strong>da</strong>bastante limita<strong>da</strong>, seja pela ausência detécnicos, seja porque estes desconhecemos sistemas que se quer implantar, seja porposturas fecha<strong>da</strong>s ao diálogo de saberes. Éimportante que a AT possa cobrir to<strong>do</strong> oprocesso, atuan<strong>do</strong> não só no campo. Especialmentenas ativi<strong>da</strong>des dependentesde parâmetros técnicos bem defini<strong>do</strong>s,como a pisicultura, esta deve ser garanti<strong>da</strong>desde o planejamento. Mas, para garantira AT, nem sempre as parcerias com órgãosoficiais resolvem o problema, seja peladescontinui<strong>da</strong>de, seja por posturas autoritárias<strong>do</strong>s técnicos, seja por desconhecimentoreal <strong>da</strong>s práticas propostas pelosnovos sistemas.89
90Na concepção de sistemas produtivos sustentáveis,é melhor optar por ativi<strong>da</strong>desque tenham menor dependência externa.Como a dependência inicial é a <strong>do</strong> conhecimento,torna-se muito importantecapacitar os produtores e formar multiplica<strong>do</strong>respara aumentar o nível técnico <strong>da</strong>sexperiências. Nesse senti<strong>do</strong>, projetos queprocuraram formar seus próprios técnicostêm resolvi<strong>do</strong> melhor o problema, emborapersistam dificul<strong>da</strong>des – as equipesforma<strong>da</strong>s localmente pelas organizaçõescostumam enfrentar um acúmulo de deman<strong>da</strong>se podem apresentar limitaçõesde repertório. Para sanar esse aspecto, sãonecessários aportes periódicos de novosconhecimentos, preferencialmente emprocessos de formação continua<strong>da</strong>. Muitasvezes, os envolvi<strong>do</strong>s na experiênciatornam-se “<strong>do</strong>utores” no assunto, pela suaprática, mas sentem necessi<strong>da</strong>de de acrescentarum pouco de teoria à vivência,como observam os executores <strong>do</strong> projetode quelônios.Para os processos de capacitação, as experiênciasde “aprender fazen<strong>do</strong>” – produtoresjunto com técnicos – demonstramser as melhores maneiras de promoveraprendizagem real. Tem a ver com a posturade diálogo, com a troca de saberes ecom a meto<strong>do</strong>logia de combinar teoria eprática. Nesses processos, os intercâmbiosdemonstram ser excelentes veículos – osprojetos aprendem com seus próprios errose com os erros e acertos <strong>do</strong>s outros.Quan<strong>do</strong> se trabalha com novi<strong>da</strong>des,deve-se considerar a resistência inicial<strong>da</strong>s pessoas. Por isso, novos procedimentosdevem ser apresenta<strong>do</strong>s com cautela ecom diálogo, de forma paralela ao que oprodutor gosta de fazer e já vem fazen<strong>do</strong>.Novas experiências podem representarcarga adicional de trabalho e resulta<strong>do</strong>snem sempre alcançáveis em curto prazo.Observan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s projetosavalia<strong>do</strong>s, porém, percebe-se que é possívelmu<strong>da</strong>r a atitude inicial de desconfiançaou de rejeição às novas propostas.As famílias são receptivas à valorização<strong>do</strong>s recursos naturais, como comprovao projeto <strong>da</strong> FVPP, e podem mu<strong>da</strong>r atitudesculturalmente arraiga<strong>da</strong>s, comoocorreu com os ribeirinhos no projeto<strong>do</strong>s quelônios, que passaram de pre<strong>da</strong><strong>do</strong>resa protetores <strong>do</strong>s tracajás e iaçás. Aíé importante a lição de que os resulta<strong>do</strong>sconcretos, trazen<strong>do</strong> benefícios tangíveis,funcionam como forte fator de motivação.Os produtores se animam e vencem suasresistências iniciais, embora possa havercasos em que não consigam <strong>da</strong>r-se nemo tempo necessário para ver os primeirosresulta<strong>do</strong>s e poder, assim, sair <strong>da</strong> atitudede me<strong>do</strong> ou de resistência, como ocorreucom a apicultura, em Lontra; ou quan<strong>do</strong>a proposta, embora pareça tecnicamentecorreta, nem consegue ser testa<strong>da</strong>, comono caso <strong>do</strong> ara<strong>do</strong>-de-boi no projeto <strong>do</strong>Fun<strong>da</strong>c.7.4. Políticas públicas eatuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Quase to<strong>do</strong>s os projetos analisa<strong>do</strong>s trazemlições que poderiam ser úteis na formulaçãode políticas municipais, estaduais oufederais. Algumas <strong>da</strong>s iniciativas apoia<strong>da</strong>svêm efetivamente crian<strong>do</strong> interações nessesenti<strong>do</strong>, abrin<strong>do</strong> espaços nos municípios,compon<strong>do</strong>-se com outras iniciativas emredes de influência regional, tornan<strong>do</strong>-sereferências e até servin<strong>do</strong> de vitrine parapolíticas de desenvolvimento sustentávellocais e regionais. Porém, é importanteconsiderar que o esforço <strong>do</strong> projeto, sozinho,não garante essa visibili<strong>da</strong>de, mas
que é necessário ter um entorno favorável.Esse entorno pode ser tanto uma situaçãopolítico-partidária favorável (exemplos<strong>do</strong>s projetos <strong>da</strong>s sementes e de Juína), ouuma articulação <strong>do</strong>s movimentos sociaistão forte que não possa ser desconsidera<strong>da</strong>e que consegue, na marra, garantirespaços políticos para mu<strong>da</strong>nças de paradigmas(exemplo FVPP).Uma conclusão que pode orientar políticaspúblicas em to<strong>do</strong>s os níveis administrativosé a necessi<strong>da</strong>de de um esforçofocaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em formar e proverassessoramento técnico de quali<strong>da</strong>de– <strong>do</strong>s quais os sistemas de produção sustentáveisnecessitam – sempre com umapostura de diálogo e de troca de saberes.Faltam técnicos em quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de,a AT tradicional não existe ou não funciona,e novas experiências deman<strong>da</strong>mnovos técnicos. É tarefa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> formarquadros e prover assessoria às organizaçõesque apostam no desenvolvimentosustentável, se este tiver vontade políticade trabalhar por uma mu<strong>da</strong>nça de paradigma.E há muito conhecimento já acumula<strong>do</strong>que pode servir de insumo parauma nova política de assistência técnica.Os projetos buscam parcerias para levaradiante suas propostas. Mas uma importantelição é que parcerias não são situações<strong>da</strong><strong>da</strong>s, mas têm que ser conquista<strong>da</strong>sa ca<strong>da</strong> nova ação. Mu<strong>da</strong> o contexto políticoe mu<strong>da</strong>m as parcerias e aí a enti<strong>da</strong>deexecutora tem que estar prepara<strong>da</strong> parauma nova estratégia, sob risco de inviabilizara proposta, como ocorreu no casode Lontra.Para que o discurso <strong>da</strong>s parcerias públicopriva<strong>da</strong>s,envolven<strong>do</strong> comuni<strong>da</strong>des, nãoseja inócuo é imprescindível verificar oreal nível de capital social presente nacomuni<strong>da</strong>de e investir fortemente emapoio institucional, de forma a permitirnegociações justas e reduzir o risco dedependência excessiva <strong>do</strong>s comunitáriosem relação a qualquer um <strong>do</strong>s parceiros.Da mesma forma, é importante estabelecercom clareza os critérios que norteiamas ativi<strong>da</strong>des a serem implementa<strong>da</strong>s,especialmente no caso <strong>da</strong> busca de selosverdes, e traçar uma matriz de responsabili<strong>da</strong>desentre os parceiros, com avaliaçõesperiódicas.Para as organizações executoras <strong>do</strong>s projetosé difícil trabalhar na contra-corrente<strong>do</strong>s programas estaduais, que nem sempreincentivam a diversificação <strong>da</strong> produção.Um aprendiza<strong>do</strong> importante para tentarreverter esse quadro tem si<strong>do</strong> o <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>dede ocupar espaços políticos,embora isso venha se <strong>da</strong>n<strong>do</strong> mais nonível municipal. Por outro la<strong>do</strong>, onde hásinergia de fato, as propostas tendem a seconsoli<strong>da</strong>r. Um bom exemplo são as regiõesonde os projetos PDA tornam-se pólo<strong>do</strong> Proambiente.O projeto <strong>do</strong> Jaú é mais uma experiência aafirmar que uni<strong>da</strong>des de conservação nãodevem ser decreta<strong>da</strong>s sem o conhecimentoe a participação <strong>da</strong>s populações quemoram dentro dessas áreas ou em seusarre<strong>do</strong>res. Para consoli<strong>da</strong>r as uni<strong>da</strong>des épreciso trabalhar em parceria com essaspopulações.Ain<strong>da</strong> nessa linha, ressalta a dificul<strong>da</strong>de<strong>do</strong>s projetos em se relacionar com o Ibama– seja na fiscalização <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s depesca em Cametá ou no diálogo com osmora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Jaú. Fica, mais uma vez, aquestão de como trabalhar a relação institucionalMMA/Ibama, <strong>do</strong> ponto de vistadesses projetos demonstrativos, os quaissão parte <strong>da</strong> política <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>.91
92A eficiência alcança<strong>da</strong> pela Amplac napreservação <strong>do</strong>s quelônios é muito superiorà média <strong>do</strong>s projetos <strong>do</strong> Ibama naregião. Por que? Será a dedicação tão especial<strong>da</strong> equipe <strong>da</strong> Amplac? É importantepensar em como as instâncias de políticapública (Ibama, secretarias de meio ambiente)podem apoiar essas iniciativasvoluntárias que dão tanto resulta<strong>do</strong> e quenão podem continuar sen<strong>do</strong> voluntárias.Uma sugestão seria discutir, no Acre, ocaso <strong>da</strong> equipe <strong>da</strong> Amplac e o caso <strong>do</strong>sagentes agroflorestais indígenas, que lutampor seu reconhecimento profissional.7.5. Sustentabili<strong>da</strong>de eampliação <strong>da</strong>s propostasUma base para que as propostas possamavançar é que consigam superar as maioresdificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s, as quais têma ver com as estratégias de beneficiamentoe comercialização. Para potencializaressas estratégias, é muito importante queas organizações se fortaleçam, se profissionalizeme possam buscar melhores soluçõescoletivas para beneficiar e venderos produtos <strong>do</strong> manejo ou <strong>do</strong>s SAFs.Na mesma lógica, é preciso pensar em estratégiasregionais, como demonstra o caso<strong>da</strong> FVPP – propostas para to<strong>da</strong> uma regiãoe não apenas para um local ou um grupo deprodutores. Estratégias regionais ampliam osimpactos e fortalecem as experiências. Porisso, um <strong>do</strong>s caminhos para garantir a sustentabili<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s iniciativas é sua consoli<strong>da</strong>çãobuscan<strong>do</strong> articulações regionais.7.6. GêneroO trabalho <strong>da</strong>s mulheres, antes invisível,quan<strong>do</strong> passou a ser observa<strong>do</strong> (APA)demonstrou significar um percentual considerável<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, além de trazerganhos adicionais para a família em nutriçãoe saúde. A APA apostou no apoio aotrabalho <strong>da</strong>s mulheres e outros projetos jácomeçam a ver essa necessi<strong>da</strong>de, e a <strong>da</strong>rvisibili<strong>da</strong>de às suas ativi<strong>da</strong>des e às suaspropostas nos escalões de decisão <strong>da</strong>sorganizações. O caso <strong>da</strong> APA, no entanto,ain<strong>da</strong> parece ser mais exceção que regrano âmbito <strong>do</strong>s projetos avalia<strong>do</strong>s.Observan<strong>do</strong>-se o conjunto <strong>do</strong>s projetospercebe-se que a participação <strong>da</strong>s mulheresnão é algo que ocorra espontaneamente.É preciso primeiro ser vista comoimportante dentro <strong>da</strong>s organizações,estar incluí<strong>da</strong> nos projetos e tornar-sealvo de avaliação por parte <strong>do</strong> PDA ede outros parceiros. Enfim, precisa sair<strong>da</strong> invisibili<strong>da</strong>de atual. E isso dependede capacitação específica: <strong>da</strong>s organizaçõesproponentes, <strong>do</strong> corpo técnico <strong>do</strong>sparceiros e financia<strong>do</strong>res e <strong>da</strong>s própriasmulheres. Consideran<strong>do</strong>-se que muitasdelas sequer possuem <strong>do</strong>cumentos pessoaise desconhecem direitos elementares,fica evidente a distância a percorrer parachegar, de fato, a começar uma conversasobre eqüi<strong>da</strong>de e igual<strong>da</strong>de nas relaçõesentre homens e mulheres no âmbito <strong>do</strong>sprojetos PDA. Algo a ser repensa<strong>do</strong> parafases posteriores <strong>do</strong> Subprograma.7.7. Lições e recomen<strong>da</strong>çõespara o PDA e para osfinancia<strong>do</strong>resMais uma vez, a Secretaria Técnica <strong>do</strong>PDA constata a importância de acompanharos projetos. Na ação de monitoria,além <strong>da</strong> aprendizagem mútua que ocorre,pode-se perceber a tempo – para evitar ou
corrigir – as falhas <strong>do</strong> processo. É importanteencontrar caminhos para aumentara capaci<strong>da</strong>de de monitoria e a quali<strong>da</strong>dedesse acompanhamento. Essa discussãojá está aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> na ST e tem gera<strong>do</strong>subsídios importantes para os novos componentes<strong>do</strong> PDA.Vale a pena também investir no planejamentoinicial <strong>do</strong> projeto, in loco, pensan<strong>do</strong>na abrangência <strong>da</strong> proposta e emsua sustentabili<strong>da</strong>de como forma de evitariniciativas que só se ocupam de um aspecto<strong>da</strong> questão, deixan<strong>do</strong> de fora outrosque seriam fun<strong>da</strong>mentais para o sucesso– exemplo <strong>do</strong> trator <strong>do</strong>s poyanawa, semrecursos para o frete e sem assistênciatécnica nem capacitação para manejo <strong>do</strong>solo. Rever com as organizações e comuni<strong>da</strong>desseu planejamento, gastar tempoe recursos nesse momento inicial, podepoupar muito desgaste posterior.Investir mais na preparação e no acompanhamento<strong>do</strong>s projetos é uma necessi<strong>da</strong>de,assim como <strong>da</strong>r maior atenção aosprocessos de AT e de capacitação. Paraisso, um caminho é pensar em processosregionais. A capaci<strong>da</strong>de operacional– recursos humanos e financeiros – <strong>da</strong> STmostra-se insuficiente para o tamanho <strong>da</strong>deman<strong>da</strong>, mas investir nesses processos éfun<strong>da</strong>mental para proporcionar às iniciativasa possibili<strong>da</strong>de de maior quali<strong>da</strong>de.Os financia<strong>do</strong>res devem avaliar cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samentea real importância e a necessi<strong>da</strong>dede investimento nas ativi<strong>da</strong>desde planejamento, monitoria, avaliação,sistematização, capacitação, intercâmbio,difusão e assessoria técnica, assim comoaté onde estas são atribuições <strong>da</strong> ST e quala capaci<strong>da</strong>de desta para cumprir com taisexpectativas. Recursos para essas açõesnão deveriam ser considera<strong>do</strong>s gastosadministrativos – que são meios – mas dirigi<strong>do</strong>sa uma finali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> programa, queé gerar e difundir conhecimento.A divulgação <strong>do</strong>s erros e <strong>do</strong>s acertos <strong>do</strong>sprojetos, uns para os outros, é fun<strong>da</strong>mentale pode servir, de fato, como orienta<strong>do</strong>rpara aquelas experiências com maior dificul<strong>da</strong>dede se consoli<strong>da</strong>r. A ST/PDA temum papel a cumprir nessa difusão e deveestimular os projetos a incluírem, em seudesenho e orçamento, ações concretasnesse rumo. Nove anos depois de inicia<strong>do</strong>o PDA e, portanto, com maior clareza desua finali<strong>da</strong>de, valeria a pena repensar odesenho <strong>da</strong> ST de acor<strong>do</strong> com as funçõesque esta deve cumprir.Pequenos projetos podem ter grandes resulta<strong>do</strong>s(exemplo <strong>do</strong>s quelônios) e essamo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de deveria ser incentiva<strong>da</strong> paraque organizações pequenas ou iniciantespossam experimentar desenvolver seuspróprios projetos. Os resulta<strong>do</strong>s não dependemapenas <strong>do</strong> volume de recursosemprega<strong>do</strong> nas ações, mas na quali<strong>da</strong>de<strong>do</strong> que se faz, no comprometimento, noentusiasmo.Como subprograma <strong>do</strong> MMA, o PDAprecisa buscar parcerias institucionais esinergias – dentro <strong>do</strong> próprio MMA, como Ibama e mesmo com outros ministérios– para contribuir com os esforços <strong>do</strong>sprojetos. Para a ST, a lição é continuarbuscan<strong>do</strong> interface com os outros programas<strong>do</strong> MMA que financiam, muitas vezes,o mesmo público-alvo, mas tambémampliar o esforço de conhecer e <strong>da</strong>r-se aconhecer dentro <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong>, de forma aconseguir mais sinergias.Outra função que o PDA poderia cumprircom mais empenho seria a de facilitar outrasparcerias para os projetos, que muitasvezes se ressentem <strong>da</strong> falta de maior respal<strong>do</strong>para isso. Muitos já fazem parcerias93
exitosas com Embrapa, Sebrae, instituiçõesde pesquisa, prefeituras, órgãosestaduais… Seria o caso <strong>do</strong> PDA buscarestabelecer estratégias comuns com essesparceiros para influenciar outras políticaspúblicas além <strong>do</strong> âmbito <strong>do</strong> MMA.Uma <strong>da</strong>s mais importantes lições refere-seao tempo necessário para que osprocessos de desenvolvimento sustentávele de troca de saberes gerem frutos. Essetempo não coincide com o horizonte definanciamento de um projeto – três anos,no caso <strong>do</strong> PDA – e nem é tão imediatoquanto os produtores gostariam. Demoraaté que eles percebam seus ganhos e suasexigências. O refinanciamento de projetospermitiu ao PDA acompanhar processos eperceber sua riqueza.Na análise de propostas para os componentesConsoli<strong>da</strong>ção e Padeq, umarecomen<strong>da</strong>ção é graduar o potencial desustentabili<strong>da</strong>de ambiental <strong>do</strong>s projetosa partir <strong>da</strong> a<strong>do</strong>ção de determina<strong>da</strong>s tecnologiasou formas de manejo reconheci<strong>da</strong>mentesustentáveis, de forma a teruma classificação mais sistematiza<strong>da</strong> <strong>do</strong>potencial de impacto <strong>da</strong>quela iniciativa.Não se trata de complicar mais os procedimentos,mas de <strong>da</strong>r maior clarezano momento <strong>da</strong> avaliação pela ComissãoExecutiva, eliminan<strong>do</strong> práticas, como aderruba<strong>da</strong> de capoeira quan<strong>do</strong> há áreasaltera<strong>da</strong>s, o uso de maquinaria pesa<strong>da</strong>,a substituição de sistemas complexos porsistemas mais simples, a dependência excessivaem relação a um produto, o riscode prejuízo à segurança alimentar, o riscode degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> solo, entre outros.Nas visitas de avaliação aos projetos,deve-se, ain<strong>da</strong> procurar trabalhar comequipes interdisciplinares – <strong>da</strong>s vantagensmeto<strong>do</strong>lógicas deste estu<strong>do</strong> –, incluin<strong>do</strong>a equipe <strong>do</strong> projeto visita<strong>do</strong>, e procurarcontar com profissionais sensíveis àsquestões de gênero e de geração. Umarecomen<strong>da</strong>ção é insistir em capacitações<strong>da</strong>s equipes antes de irem a campo e naprodução de material meto<strong>do</strong>lógico deapoio, que possibilitem a utilização dedinâmicas de grupo e promovam a participação<strong>do</strong> maior número de pessoas. Éimportante realizar reuniões com gruposde mulheres ou inseri-las nas entrevistas,e ouvir mais <strong>do</strong> que falar, buscan<strong>do</strong> entendera lógica <strong>do</strong>s produtores. Funcionoumuito bem envolver outras instituições eparceiros nas visitas realiza<strong>da</strong>s para elaboraçãodeste estu<strong>do</strong>. Isso pode contribuircom os processos locais <strong>do</strong>s projetos,como ocorreu no caso <strong>do</strong>s quelônios, queconseguiu acessar, a partir <strong>da</strong> visita menciona<strong>da</strong>,o apoio <strong>da</strong> CEX/SCA/MMA.94
Anexo 1A contribuição <strong>do</strong> PDA/PPG7 na<strong>Amazônia</strong>Termos de Referência (TOR) para avaliação de desempenho <strong>do</strong>s projetosA Secretaria Técnica <strong>do</strong> PDA realizará um estu<strong>do</strong> de avaliação de projetos em an<strong>da</strong>mentoe/ou implanta<strong>do</strong>s na região <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> Legal. O estu<strong>do</strong> servirá para levantar os resulta<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s projetos e lições aprendi<strong>da</strong>s (lessons learned) e deverá ocorrer nos meses defevereiro a abril <strong>do</strong> corrente ano, a ser financia<strong>do</strong> com recursos <strong>da</strong> cooperação financeiraalemã, através <strong>do</strong> KfW, e de recursos nacionais. Ao mesmo tempo, a avaliação deveráproduzir subsídios para programas em fase de implantação, como o Alternativas ao Desmatamentoe Queima<strong>da</strong>s – Padeq, e o Proambiente.A base <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> será a avaliação em campo e a análise de <strong>do</strong>cumentos de, no mínimooito e, no máximo, vinte projetos que representam um corte representativo <strong>da</strong>s experiênciaspromovi<strong>da</strong>s pelo PDA na <strong>Amazônia</strong> Legal.O estu<strong>do</strong> será realiza<strong>do</strong> pelos técnicos <strong>do</strong> PDA juntamente com técnicos de outros programas,promoven<strong>do</strong>, dessa forma, a isenção <strong>do</strong> processo avaliativo e a integração comprogramas <strong>do</strong> MMA e de outras pastas ministeriais estratégicas para a disseminação <strong>do</strong>PDA, tais como o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário e o <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Ciência eTecnologia, com destaque para o Programa de Segurança Alimentar e Combate a Fome,além <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>des tradicionalmente parceiras <strong>do</strong> PDA.Para a sistematização e apoio aos trabalhos de avaliação será contrata<strong>do</strong> consultor com experiênciacomprova<strong>da</strong> na área. Para a realização <strong>da</strong>s avaliações <strong>do</strong>s projetos serão contrata<strong>do</strong>sconsultores especialistas nas áreas de agronomia, biologia, engenharia florestal, economia eciências sociais.95
1. Objetivo Geral <strong>do</strong> PDAContribuir para a preservação e a conservação <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>, <strong>da</strong> Mata Atlânticae de seus ecossistemas associa<strong>do</strong>s e apoiar o desenvolvimento sustentável dessasregiões a partir <strong>da</strong> participação e <strong>da</strong>s contribuições <strong>da</strong>s populações locais.1.1. Objetivos Específicos <strong>do</strong> PDAa) Gerar conhecimentos sobre a conservação, a preservação e o manejo sustentável <strong>do</strong>srecursos naturais, por meio de ativi<strong>da</strong>des demonstrativas e com o envolvimento e aparticipação <strong>da</strong>s populações locais;b) Transferir o conhecimento resultante <strong>da</strong>s experiências para outras comuni<strong>da</strong>des, outrasOngs, toma<strong>do</strong>res de decisão e técnicos de governo;c) Fortalecer a capaci<strong>da</strong>de de organização e articulação <strong>da</strong>s populações locais, bemcomo a sua capaci<strong>da</strong>de de elaborar e implementar projetos.Os objetivos específicos são resulta<strong>do</strong>s concretos que se espera atingir com o apoio aprojetos inova<strong>do</strong>res de organizações de base e organizações não-governamentais. Osprojetos apoia<strong>do</strong>s pelo PDA deverão acumular conhecimentos e resultar em alternativasviáveis de preservação e de conservação, volta<strong>da</strong>s à conservação e ao uso sustentável <strong>do</strong>srecursos naturais <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> Legal e <strong>da</strong> Mata Atlântica e de seus ecossistemas associa<strong>do</strong>s.É interesse <strong>do</strong> PDA e <strong>do</strong>s seus parceiros (<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res, redes de Ongs, órgãos públicos), promovero aprendiza<strong>do</strong> sobre a viabili<strong>da</strong>de de novos modelos de conservação e utilização<strong>do</strong>s recursos naturais <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> e <strong>da</strong> Mata Atlântica, visan<strong>do</strong> à melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população local, por meio <strong>do</strong> processo de experimentação de tecnologias, demo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de manejo, organização social e gerenciamento de ações que conciliem aconservação <strong>do</strong>s recursos naturais com o desenvolvimento econômico e social.Espera-se dessas iniciativas que apresentem potencial de sustentabili<strong>da</strong>de ambiental esocial após a conclusão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des financia<strong>da</strong>s com os recursos <strong>da</strong> <strong>do</strong>ação. Para osprojetos de geração de ren<strong>da</strong>, espera-se também a sustentabili<strong>da</strong>de econômica. Espera-seain<strong>da</strong> que o conhecimento gera<strong>do</strong> possa ser aproveita<strong>do</strong> em outras regiões, comuni<strong>da</strong>des,municípios, grupos sociais, entre outros.2. Antecedentes96É nota<strong>da</strong>mente crescente o entendimento de que a pressão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicasnas florestas tropicais <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> e <strong>da</strong> Mata Atlântica gera ganhos econômicos a curto
prazo, mas também altos custos ambientais, sociais e econômicos em longo prazo. Oseleva<strong>do</strong>s custos estão relaciona<strong>do</strong>s a tipo de exploração econômica extensiva e destrui<strong>do</strong>ra<strong>da</strong> base de reprodução <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de presente nesses biomas.O PDA é um <strong>do</strong>s subprogramas <strong>do</strong> PPG7 com inserção temática mais abrangente e maiorinserção geográfica (<strong>Amazônia</strong> e Mata Atlântica). Tem como missão intervir junto a gruposcomunitários, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-os a desenvolver e a<strong>da</strong>ptar suas formas de uso e apropriação<strong>do</strong>s recursos naturais, de mo<strong>do</strong> a contribuir para a proteção desses biomas. Para estefim, o PDA viabiliza recursos financeiros e técnicos como um meio de promover, testare disseminar diversas iniciativas que se proponham a conciliar o manejo sustentável derecursos naturais com a conservação <strong>do</strong>s ecossistemas na <strong>Amazônia</strong> e na Mata Atlânticacom a participação <strong>da</strong>s populações.Os Projetos Demonstrativos começaram em 1995, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> apoia<strong>do</strong>s 188 projetos depequena escala, com uma verba média de US$140.000 ca<strong>da</strong>, <strong>do</strong>s quais 144 na <strong>Amazônia</strong>e 44 na Mata Atlântica. Os projetos são seleciona<strong>do</strong>s por uma Comissão Executivaque inclui representantes <strong>do</strong> setor público e de organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil. Muitosdesses projetos experimentam novas formas de uso sustentável de recursos, inclusive oprocessamento e a comercialização de produtos florestais alternativos à madeira, taiscomo frutas e sementes.Outros projetos envolvem as comuni<strong>da</strong>des locais na conservação de áreas pequenas,porém ricas em biodiversi<strong>da</strong>de, tais como áreas protegi<strong>da</strong>s públicas e priva<strong>da</strong>s. Alémdisso, outros projetos estão recuperan<strong>do</strong> terras degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s através <strong>do</strong> estabelecimentode sistemas agroflorestais (SAFs), plantan<strong>do</strong> espécies florestais nativas associa<strong>da</strong>s a outrasculturas. A disseminação <strong>da</strong>s melhores práticas e <strong>da</strong>s lições aprendi<strong>da</strong>s é parte integral <strong>do</strong>Subprograma e conta com a colaboração <strong>da</strong>s redes de Ongs participantes <strong>do</strong> PDA.O PDA tem realiza<strong>do</strong> nos últimos anos um esforço continua<strong>do</strong> de avaliação de projetos,resgate de lições aprendi<strong>da</strong>s e disseminação de resulta<strong>do</strong>s, além <strong>da</strong> busca de consoli<strong>da</strong>ção<strong>da</strong>s experiências bem sucedi<strong>da</strong>s.Dessa forma, em 1999 realizou-se um grande esforço conjunto <strong>da</strong> Secretaria Técnica <strong>do</strong>PDA, <strong>do</strong>s <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res, Banco Mundial, GTZ, enti<strong>da</strong>des parceiras e <strong>do</strong>s próprios projetos, visan<strong>do</strong>uma avaliação <strong>do</strong>s cinco anos de implementação <strong>do</strong> PDA. Essa avaliação pode serconsidera<strong>da</strong> um marco, uma vez que gerou subsídios para o desenho de outros programasdesenvolvi<strong>do</strong>s a partir de então. Podem ser cita<strong>do</strong>s o Padeq, o Proambiente e até mesmoa segun<strong>da</strong> fase <strong>do</strong> Proteger. Desse esforço resultou um seminário com representantes <strong>do</strong>governo, socie<strong>da</strong>de civil e coordena<strong>do</strong>res de projetos de to<strong>do</strong> o território brasileiro. Asopiniões e manifestações de mais de cem participantes foram compila<strong>da</strong>s e soma<strong>da</strong>s aoesforço de consultores e sistematiza<strong>do</strong>res, registra<strong>da</strong>s na publicação intitula<strong>da</strong> “PDA 5Anos – Uma Trajetória Pioneira”.Dan<strong>do</strong> continui<strong>da</strong>de ao processo de avaliação, em 2002 foram avalia<strong>do</strong>s 12 projetos <strong>da</strong>Mata Atlântica, visan<strong>do</strong> subsidiar o novo componente <strong>do</strong> PDA destina<strong>do</strong> àquele bioma.A<strong>da</strong>ptan<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia anteriormente a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> e envolven<strong>do</strong> parcerias interinstitucionaise a equipe técnica <strong>do</strong> PDA, a avaliação <strong>do</strong>s projetos <strong>da</strong> Mata Atlântica resultou noEstu<strong>do</strong> PDA-Mata Atlântica, no prelo.97
O estu<strong>do</strong>, objeto deste Termo de Referência, abor<strong>da</strong>rá projetos que em sua maioria ain<strong>da</strong>não passaram por processos de avaliação externa. Serão envolvi<strong>do</strong>s técnicos-avalia<strong>do</strong>resde outros órgãos <strong>do</strong> governo, como estratégia de integração de ações, de disseminação<strong>da</strong>s propostas <strong>do</strong> PDA e de construção de parcerias que possam consoli<strong>da</strong>r as experiênciasinicia<strong>da</strong>s no âmbito <strong>do</strong> PDA.3. Termo de Referência para Avaliação deDesempenho e Impacto de Projetos Financia<strong>do</strong>s peloPDA na <strong>Amazônia</strong>3.1 Foco <strong>da</strong> AvaliaçãoOs técnicos avalia<strong>do</strong>res terão como marco referencial para avaliação a proposta constante<strong>do</strong> projeto aprova<strong>do</strong> pelo PDA. O marco de observação está no projeto e o contextode coleta <strong>da</strong>s informações será a comuni<strong>da</strong>de/região e entorno, onde o projeto foi ou estásen<strong>do</strong> executa<strong>do</strong>. Devem, também, quan<strong>do</strong> for o caso, ser informa<strong>do</strong>s possíveis impactosou multiplicação de resulta<strong>do</strong>s para outras regiões ou ain<strong>da</strong> sobre políticas públicaslocais, regionais ou mesmo estaduais e federais.Os técnicos terão disponibiliza<strong>da</strong>s cópias <strong>do</strong>s projetos aprova<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s relatórios técnicosapresenta<strong>do</strong>s pelas instituições proponentes/executoras, de relatórios de monitoriasrealiza<strong>da</strong>s pelo PDA, <strong>do</strong>s manuais de orientação <strong>do</strong> PDA e outros <strong>do</strong>cumentos, quan<strong>do</strong>existirem, que possam subsidiar o trabalho. Além disso, os técnicos avalia<strong>do</strong>res enfocarãoas eventuais contribuições <strong>do</strong>s projetos para os objetivos específicos <strong>do</strong> PDA.De forma geral, e diferentemente <strong>da</strong> Mata Atlântica, os projetos implementa<strong>do</strong>s na <strong>Amazônia</strong>têm como objetivo principal o melhoramento <strong>da</strong> situação econômica. Grande parte<strong>do</strong>s projetos trabalham com SAFs, processamentos de produtos naturais, extrativismo emanejo de recursos naturais. Neste senti<strong>do</strong>, os técnicos avalia<strong>do</strong>res devem tentar consideraras seguintes questões:- SAFs podem significar uma alternativa econômica viável ?(variáveis: origem cultural<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, distância <strong>do</strong>s produtores, merca<strong>do</strong> potencial, solo, escala, fun<strong>do</strong>sperdi<strong>do</strong>s, investimentos públicos, planejamento).- As políticas locais, estaduais e regionais propiciam o avanço dessas experiências?- Existem gargalos infra-estruturais que dependem <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> poder público paraviabilizar essas experiências (por exemplo, fornecimento de energia elétrica, águapotável, vias de escoamento, canais de comunicação, entre outros)?98- Projetos <strong>do</strong> PDA realmente conseguiram elevar a ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> pequeno produtor? Hápotencial para isto em médio prazo? Quais são os condicionantes ou os fatores desucesso ou insucesso?
- O PDA conseguiu estabelecer práticas mais sustentáveis na produção familiar (manejo,recuperação, redução <strong>da</strong> pressão florestal, recursos naturais, consciência)?- O PDA conseguiu influenciar o setor priva<strong>do</strong> e o setor financeiro em nível regionale nacional? Projetos PDA foram replica<strong>do</strong>s, o conceito foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>? Foram cria<strong>do</strong>smodelos técnica e financeiramente viáveis? Houve impacto nas políticas públicas?- O PDA é um mecanismo que favorece o desenvolvimento econômico sustentável?- O PDA influenciou positivamente a integração <strong>do</strong> pequeno produtor na economiaregional/nacional?- O PDA pode ser visto como pré-investimento para que o pequeno produtor possaacessar créditos e outros investimentos comerciais?- Contribuições à criação e/ou à elaboração de manejo e implementação de UCsestaduais, municipais e priva<strong>da</strong>s.- Contribuições para planos e implantação de microcorre<strong>do</strong>res ecológicos.- Identificação de estratégicas usa<strong>da</strong>s para a recuperação de áreas de preservaçãopermante e de reserva Legal.- Restauração e recuperação <strong>da</strong> cobertura vegetal nativa e outras medi<strong>da</strong>s mitiga<strong>do</strong>ras<strong>do</strong> efeito <strong>da</strong> fragmentação de hábitats em áreas prioritárias e em áreas de mananciaise recarga de aqüíferos.- Experiências de usos sustentável <strong>do</strong>s recursos naturais por meio <strong>do</strong> ecoturismo emáreas de relevância ambiental.Os consultores deveriam levantar contribuições para essas linhas mesmo que não constemcomo enfoque principal <strong>do</strong> projeto original.Ten<strong>do</strong> em vista que o estu<strong>do</strong> servirá também para subsidiar os programas Padeq e Proambiente,o consultor deverá buscar possíveis contribuições <strong>do</strong>s projetos para esses programas,os quais têm como linhas de ação as seguintes ativi<strong>da</strong>des:- recuperação de APPs e de reserva legal;- práticas de produção sem uso <strong>do</strong> fogo;- sistemas de produção integra<strong>do</strong>s;- apicultura e meliponicultura associa<strong>da</strong>s a educação ambiental;- campanhas de mobilização social;- formação de comitês de bacias hidrográficas, acor<strong>do</strong>s comunitários contra incêndios;- utilização de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s com SAFs ou sistemas silvopastoris;- extrativismo não-madeireiro e madeireiro com manejo comunitário;- pesca artesanal e piscicultura;- verticalização e comercialização <strong>da</strong> produção familiar.99
3.2 ProdutosEste estu<strong>do</strong> terá como produtos gera<strong>do</strong>s:- relatórios de avaliação de ca<strong>da</strong> projeto visita<strong>do</strong>,- um resumo executivo e- um relatório de avaliação geral, com conclusões e recomen<strong>da</strong>ções.100
Anexo 2Roteiro <strong>da</strong>s Entrevistas em Campo1. Apresentação- Nome <strong>da</strong> Instituição Proponente/Executora- Tipo de organização (Associação, Cooperativa, Sindicato, Outra_______)- Qual a estrutura <strong>da</strong> organização (organograma funcional)?- Título <strong>do</strong> projeto- Ativi<strong>da</strong>de principal <strong>do</strong> Projeto (explicitar, se for o caso, se o projeto tinha comoobjetivo melhorar os processos de beneficiamento/comercialização, e ain<strong>da</strong> se a ativi<strong>da</strong>depromovi<strong>da</strong> pelo projeto é inova<strong>do</strong>ra na região).- Local <strong>da</strong> implementação <strong>do</strong> projeto (comuni<strong>da</strong>de, município, esta<strong>do</strong>)- Descrição <strong>da</strong> localização em termos de disponibili<strong>da</strong>de de infra-estrutura (Infra-estruturaexistente no local (energia, comunicação, vias de acesso, escolas, hospitais,campus avança<strong>do</strong> etc.).- Distância <strong>do</strong> local <strong>do</strong> projeto aos centros urbanos mais próximosMunicípio Distância (Km) Estra<strong>da</strong> asfalta<strong>da</strong>? Tempo de viagem- Nome <strong>do</strong> técnico avalia<strong>do</strong>r- Perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> visita- Méto<strong>do</strong>s e instrumentos utiliza<strong>do</strong>s para levantamento <strong>da</strong>s informações.101
- Pessoas ou grupos sociais ouvi<strong>do</strong>s, entrevista<strong>do</strong>s e visita<strong>do</strong>s pelo técnico avalia<strong>do</strong>r- Data <strong>do</strong> relatório- Número de famílias envolvi<strong>da</strong>s e beneficia<strong>da</strong>s- Tamanho <strong>da</strong> área maneja<strong>da</strong>, planta<strong>da</strong> ou refloresta<strong>da</strong> em hectares- Número de mu<strong>da</strong>s planta<strong>da</strong>sBreve descrição <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de visita<strong>da</strong>, <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> contexto, incluin<strong>do</strong> caracterizaçãoambiental e sócio-econômica (equipamentos, infra-estrutura etc.)2. ESPELHO DO PROJETO E SEUS RESULTADOS (este quadro destina-se ao levantamento<strong>do</strong> nível de implementação <strong>da</strong>s metas físicas e deverá conter os <strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis noPDA antes <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> para campo)Informar qual a porcentagem <strong>da</strong>s metas atingi<strong>da</strong>s. Fazer uma análise comparativa entreos propósitos <strong>do</strong> projeto e seus resulta<strong>do</strong>s e como esses resulta<strong>do</strong>s contribuíram para osobjetivos constantes <strong>da</strong> proposta aprova<strong>da</strong> e para os objetivos <strong>do</strong> Subprograma PDA.(*) Itens a serem respondi<strong>da</strong>s pelo técnico avalia<strong>do</strong>r com base na leitura <strong>do</strong> projeto.102
Linhas Temáticas1. FATORES QUE INFLUENCIAM NO ÊXITO DOS PROJETOS1.1. Identificar o que foi bem sucedi<strong>do</strong> na implementação <strong>do</strong> projeto e de que formaesses elementos influenciaram o projeto;1.2. Verificar se houve planejamento inicial adequa<strong>do</strong>: (i) dimensionamento <strong>da</strong>produção/industrialização (ii) necessi<strong>da</strong>de de assistência técnica (iii) avaliação <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> (iv) escolha <strong>do</strong>s produtos – os produtos eram os mais indica<strong>do</strong>s?.1.3. Identificar se houve planejamento participativo e como isto influenciou os resulta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> projeto;1.4. Verificar a identificação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de com o projeto, “ownership”.1.5. Comparar as avaliações que executores e a comuni<strong>da</strong>de envolvi<strong>da</strong> têm <strong>do</strong> projetoe <strong>da</strong>s formas de participação;1.6. Verificar se a comuni<strong>da</strong>de executora monitorou o projeto e se houve ajustes apartir <strong>da</strong> monitoria, inclusive mu<strong>da</strong>nças de rumo no projeto;1.7. Verificar a natureza e efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> assistência técnica presta<strong>da</strong> aos beneficiários(conteú<strong>do</strong> e a freqüência <strong>da</strong> assistência técnica recebi<strong>da</strong> pelos beneficiários, quemprestou o serviço e a adequação <strong>da</strong>s orientações repassa<strong>da</strong>s; destacar meto<strong>do</strong>logiasinteressantes);1.8. Destacar a formação de capital humano, identifican<strong>do</strong> capaci<strong>da</strong>des específicaslocais (pessoas que conhecem a fun<strong>do</strong> determina<strong>do</strong> tema ou aspecto técnico, gerencialou organizativo, especifican<strong>do</strong> o nome <strong>da</strong> pessoa e o endereço para eventuaiscontatos);1.9. Verificar a adequação <strong>do</strong> suporte técnico-administrativo e <strong>do</strong> transporte para ofuncionamento geral <strong>do</strong> Projeto (os recursos físicos e humanos servem aos objetivospropostos pelo projeto?);1.10. Já receberam treinamento nas áreas administrativas e contábeis?1.11. O serviço contábil é terceiriza<strong>do</strong>?1.12. Verificar se o projeto mantém intercâmbio com outros projetos;1.13. Verificar se existem relações com redes;Para Projetos com Uni<strong>da</strong>des de Beneficiamento1.14. De que constitui a estrutura física <strong>do</strong> empreendimento? Descrição <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des/fluxograma.1.15. Verificar a adequação <strong>da</strong>s plantas <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de beneficiamento às metas103
de produção (recepção e acondicionamento <strong>da</strong> matéria prima, armazenamento <strong>do</strong>sprodutos processa<strong>do</strong>s, espaço de trabalho, maquinaria, higienização, etc).1.16. Houve alguma assistência técnica para a aquisição <strong>do</strong>s equipamentos?1.17. As edificações atendem e processos estão de acor<strong>do</strong> com a legislação sanitária?1.18. As metas de produção foram bem defini<strong>da</strong>s? Há oferta de produtos em naturapara serem beneficia<strong>do</strong>s?1.19. O empreendimento dispõe de algum tipo de registro ou certificação, ou ain<strong>da</strong>registros <strong>do</strong>s produtos nos órgãos de vigilância sanitária, Departamento de Defesa eInspeção Vegetal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Agricultura ou outros.1.20. Como o empreendimento trata os resíduos e/ou rejeitos procenientes <strong>do</strong>processamento/beneficiamento?1.21. Analisar a apresentação <strong>do</strong>s produtos (embalagens, logomarcas, informaçõessobre composição/ingredientes utiliza<strong>do</strong>s) e a coerência desses elementos com osmerca<strong>do</strong>s pretendi<strong>do</strong>s.1.22. Averiguar se existe controle e <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong>s custos de produção e monitoramentode preços de merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtos gera<strong>do</strong>s pelo Projeto;1.23. Verificar se o empreendimento dispõe de projeto de investimento ou plano denegócios. Identificar quem realizou o plano, se foi uma construção coletiva e o nívelde aceitação e aplicação <strong>do</strong> instrumento.1.24. Qual a forma de relação entre o empreendimento e os produtores (integração,aquisições independentes)?1.25. Verificar se o empreendimento a<strong>do</strong>ta algum critério para a aquisição de matéria-prima(produtos orgânicos, de associa<strong>do</strong>s ou coopera<strong>do</strong>s) e para avaliação <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> matéria-prima e <strong>do</strong> produto final.1.26. Já receberam algum treinamento (processamento, logística de armazenamentode distribuição etc.)2. PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS NAEXECUÇÃO DOS PROJETOS2.1. Problemas principais detecta<strong>do</strong>s.2.2. Identificar o que não funcionou na implementação e de que forma esses fatoresnegativos influenciaram o projeto;104
3. ECONOMIA, QUALIDADE DE VIDA, MEIO AMBIENTE,CAPITAL SOCIAL: BENEFÍCIOS CONCRETOS3.1. Quais os benefícios principais detecta<strong>do</strong>s.3.2. O projeto conseguiu elevar a ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> pequeno produtor? Há potencial para istoa médio prazo?3.3. Houve retorno econômico para os produtores causa<strong>do</strong> pelo projeto traduzi<strong>do</strong>sem aumento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>(redução de custos de produção, incremento <strong>da</strong>dieta familiar, redução de despesas com saúde, acesso a alternativas de lazer)?3.4. Quais os serviços presta<strong>do</strong>s aos sócios (compra de insumos, transporte de merca<strong>do</strong>rias,comercialização, outros tipos de assistência nas áreas de saúde, educação,emprego ou outros)3.5. O projeto pode ser visto como pré-investimento para que o pequeno produtorpossa acessar créditos e outros investimentos comerciais?3.6. Qual foi a contribuição <strong>do</strong> projeto para a Organização Social (de que forma oprojeto contribuiu para o fortalecimento ou consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s instituições participantesem termos <strong>da</strong> gestão técnica, administrativa e financeira; toma<strong>da</strong> de decisões;participação interna <strong>da</strong> equipe).3.7. A implementação <strong>do</strong> projeto significou um processo de aprendizagem valiosopara a comuni<strong>da</strong>de? Verificar se o nível de conhecimento sobre preservaçãoambiental/produção/ merca<strong>do</strong>/beneficiamento aumentou na comuni<strong>da</strong>de.3.8. O projeto contribuiu para a melhoria <strong>da</strong> gestão <strong>do</strong>s recursos naturais no municípioou na região (conseguiu estabelecer práticas mais sustentáveis na produçãofamiliar (manejo, recuperação, redução <strong>da</strong> pressão florestal, recursos naturais, consciência)?3.9. Houve mu<strong>da</strong>nça de percepção e de atitude <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relaçãoàs ameaças aos ecossistemas nos locais de implementação <strong>do</strong> projeto?3.10. Verificar os efeitos sobre a consoli<strong>da</strong>ção (ou não) <strong>do</strong>s grupos comunitários;3.11. Quais as ativi<strong>da</strong>des de capacitação/formação desenvolvi<strong>da</strong>s no projeto? Quantosparticiparam? Proporção aproxima<strong>da</strong> entre homens, mulheres, jovens.3.12. Como os participantes <strong>do</strong> projeto avaliam as capacitações?3.13. Houve profissionalização de participantes <strong>do</strong> projeto ou foram abertas novasalternativas de ocupação e ren<strong>da</strong> para os participantes?105
4. SISTEMAS DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS4.1. SAFS: ALTERNATIVA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR?!4.1.3. Identificar e caracterizar o modelo de SAF utiliza<strong>do</strong>4.1.4. Qual é a área total implementa<strong>da</strong> pelo projeto?4.1.5. Qual é a área média por proprie<strong>da</strong>de?4.1.6. Identificar as funções principais <strong>do</strong> SAF utiliza<strong>do</strong> na estratégia <strong>do</strong> projetoe <strong>do</strong> produtor (recuperação de solos, ren<strong>da</strong>, alimentação, preservação de nascentes....)4.1.7. Quais foram os motivos <strong>do</strong>s produtores na escolha <strong>da</strong>s espécies planta<strong>da</strong>s(distância <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, gostos individuais, assistência técnica, etc.).4.1.8. Identificar as interações <strong>do</strong>s SAFs com as demais ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s naproprie<strong>da</strong>de.4.1.9. Identificar a satisfação <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação ao custo/benefício <strong>do</strong> emprego de mão-de-obra na implementação de SAFs.4.1.10. Em que medi<strong>da</strong> o projeto promoveu a diversificação e a adequação <strong>da</strong>scombinações <strong>da</strong>s espécies, seus limites e potenciali<strong>da</strong>des agronômicas, interaçõesecológicas (manejo de fauna, etc.)?4.1.11. Analisar a compatibili<strong>da</strong>de entre o trabalho <strong>da</strong> família nos cultivos anuaisde alimentos, emprego temporário em outras ativi<strong>da</strong>des e assistência aos SAFs,quan<strong>do</strong> for o caso;4.1.12. SAFs podem significar uma alternativa econômica viável ?(variáveis: origemcultural <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, distância <strong>do</strong>s produtores, merca<strong>do</strong> potencial, solo , escala,fun<strong>do</strong>s perdi<strong>do</strong>s , investimentos públicos, planejamento,...)4.1.13. As políticas locais, estaduais e regionais propiciam o avanço dessas experiências?4.1.14. Existem gargalos infra-estruturais que dependem <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> Poder Públicopara viabilizar essas experiências (por exemplo, fornecimento de energia elétrica,água potável, vias de escoamento, canais de comunicações, entre outros)?4.2. MANEJO FLORESTAL4.2.1. Foi elabora<strong>do</strong> plano de manejo ? Quem realizou/implementou?4.2.2. Qual a distância média <strong>da</strong> área de coleta?4.2.3. Existe algum conflito de uso nas áreas de coleta (fundiário, áreas com outroscoletores)?4.2.4. Identificar e caracterizar o manejo implementa<strong>do</strong>106
4.2.5. Qual é a área total maneja<strong>da</strong> pelo projeto? e pela comuni<strong>da</strong>de como umto<strong>do</strong> (caso haja divergência)?4.2.6. Qual é a área média maneja<strong>da</strong> por família?4.2.7. Identificar as funções principais <strong>do</strong> manejo na estratégia <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> produtor(recuperação de solos, ren<strong>da</strong>, alimentação, preservação de nascentes...)4.2.8. Quais foram os motivos <strong>da</strong> escolha <strong>da</strong>s espécies maneja<strong>da</strong>s (distância <strong>do</strong>merca<strong>do</strong>, gostos individuais, assistência técnica, etc.).4.2.9. Identificar as interações <strong>do</strong> manejo com as demais ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>sna proprie<strong>da</strong>de.4.2.10. Identificar a satisfação <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação ao custo/benefício <strong>do</strong> emprego de mão-de-obra na implementação <strong>do</strong> manejo.4.2.11. Analisar a compatibili<strong>da</strong>de entre o trabalho <strong>da</strong> família nos cultivos anuaisde alimentos, emprego temporário em outras ativi<strong>da</strong>des e manejo, quan<strong>do</strong> for ocaso;4.2.12. A ativi<strong>da</strong>de de manejo pode significar uma alternativa econômica viável?4.2.13. As políticas locais, estaduais e regionais propiciam o avanço dessas experiências?4.2.14. Existem gargalos infra-estruturais que dependem <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> Poder Públicopara viabilizar essas experiências (por exemplo, fornecimento de energia elétrica,água potável, vias de escoamento, canais de comunicações, entre outros)?4.3.PISCICULTURA4.3.1. Identificar e caracterizar o modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>4.3.2. Identificar as funções principais e as interações <strong>da</strong> piscicultura na estratégia<strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> produtor (segurança alimentar, ren<strong>da</strong>, saúde, recuperação ambiental,educação ambiental, outros.)4.3.3. Quais foram os motivos <strong>do</strong>s produtores na escolha <strong>da</strong>s espécies (merca<strong>do</strong>,gostos individuais, assistência técnica etc.).4.3.4. Identificar a satisfação <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação ao custo/benefício <strong>do</strong> emprego de mão-de-obra na piscicultura.4.3.5. A piscicultura pode significar uma alternativa econômica viável?4.3.6. As políticas locais, estaduais e regionais propiciam o avanço dessa ativi<strong>da</strong>de?4.3.7. Existem gargalos infra-estruturais que dependem <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> Poder Públicopara viabilizar essa experiência (por exemplo, fornecimento de energia elétrica,água potável, vias de escoamento, canais de comunicações, entre outros)?107
4.4. APICULTURA/MELIPONICULTURA4.4.1. Identificar e caracterizar o modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>4.4.2. Identificar as funções principais e as interações <strong>da</strong> apicultura/meliponiculturana estratégia <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> produtor (segurança alimentar, ren<strong>da</strong>, saúde, polinização,educação ambiental, outros.)4.4.3. Quais foram os motivos <strong>do</strong>s produtores na escolha <strong>da</strong>s espécies (merca<strong>do</strong>,gostos individuais, assistência técnica etc.).4.4.4. Identificar a satisfação <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação ao custo/benefício <strong>do</strong> emprego de mão-de-obra na apicultura/meliponicultura.4.4.5. A apicultura pode significar uma alternativa econômica viável?4.4.6. As políticas locais, estaduais e regionais propiciam o avanço dessa ativi<strong>da</strong>de?4.4.7. Existem gargalos infra-estruturais que dependem <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> Poder Públicopara viabilizar essa experiência (por exemplo, fornecimento de energia elétrica,água potável, vias de escoamento, canais de comunicações, entre outros)?4.5. ECOTURISMO4.5.1. Identificar e caracterizar o modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>4.5.2. Identificar as funções principais e as interações <strong>do</strong> ecoturismo na estratégia<strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong>s beneficiários( preservação ambiental, educação ambiental, geraçãode ren<strong>da</strong>, outros.)4.5.3. Identificar a satisfação <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação àsativi<strong>da</strong>desexecuta<strong>da</strong>s.4.5.4. O ecoturismo pode significar uma alternativa econômica viável?4.5.5. As políticas locais, estaduais e regionais propiciam o avanço dessa ativi<strong>da</strong>de?4.5.6. Existem gargalos infra-estruturais que dependem <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> Poder Públicopara viabilizar essa experiência (por exemplo, fornecimento de energia elétrica,água potável, vias de escoamento, canais de comunicações, entre outros)?4.6.COMERCIALIZAÇÃO4.6.1. Identificar as estratégias de comercialização emprega<strong>da</strong>s pelo projeto e suasinserções de merca<strong>do</strong>; analisar oportuni<strong>da</strong>des e dificul<strong>da</strong>des geográficas e de infraestruturapara o escoamento <strong>da</strong> produção aos merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res deseja<strong>do</strong>s;4.6.2. Identificar como os produtos estão sen<strong>do</strong> (serão) comercializa<strong>do</strong>s (em natura,beneficia<strong>do</strong>, etc.)1084.6.3. Como é realiza<strong>da</strong> a ven<strong>da</strong> <strong>do</strong>s produtos (feiras locais, regionais, telefone,equipe de ven<strong>da</strong>s, internet, visitas esporádicas, etc)
4.6.4. Foi realiza<strong>do</strong> algum estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> para os produtos ofereci<strong>do</strong>s pelacomuni<strong>da</strong>de?4.6.5. Já participaram ou participam de feiras comerciais (nacionais e internacionais)?Quais os resulta<strong>do</strong>s que tiveram?4.6.6. Existe alguma instituição que já auxiliou na comercialização de seus produtos?4.6.7. Os preços de seus produtos estão compatíveis com a média <strong>do</strong>s preços pratica<strong>do</strong>sno setor? Se não, por quê?4.6.8. Já houve algum tipo de reclamação, por parte de clientes, sobre o cumprimento<strong>do</strong> prazo de entrega, quali<strong>da</strong>de, etc? Em caso afirmativo, o que foi feito paramelhorar?4.6.9. Na sua opinião, o que deveria ser feito para melhorar o desempenho na comercialização?5. MULTIPLICAÇÃO DA EXPERIÊNCIA5.1 Houve imita<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo projeto na vizinhança?5.2 O projeto conseguiu influenciar o setor priva<strong>do</strong> e setor financeiro em nível localou regional?5.3 Houve transferência <strong>da</strong> experiência para:• políticas públicas• outras iniciativas5.4 Identificar se executores e proponentes fizeram parcerias com enti<strong>da</strong>des locaise/ou regionais por ocasião <strong>da</strong> execução <strong>do</strong> projeto e se essas parcerias continuamativas após a conclusão <strong>do</strong> projeto;6. GÊNERO E GERAÇÃO: A BUSCA DE EQUILÍBRIOE HARMONIA ENTRE HOMENS E MULHERES E OENVOLVIMENTO DOS JOVENS6.1. Houve uma estratégia / abor<strong>da</strong>gem de gênero/geração6.2. Nível de a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de gestão e planejamento à disponibili<strong>da</strong>dede tempo <strong>da</strong>s mulheres;6.3. Nível de valorização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des grupais <strong>da</strong>s mulheres;109
6.4. Frequência de envolvimento <strong>da</strong>s mulheres nos eventos <strong>do</strong> projeto;6.5. Grau de influência <strong>da</strong>s mulheres <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des nas decisões estratégicas <strong>do</strong>projeto;6.6. Porcentagem de mulheres dentro <strong>do</strong>s grupos formais ou informais;6.7. Valorização <strong>do</strong> trabalho e <strong>do</strong> saber <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, jovens e mulheres;7 - ESTRATÉGIAS DE DIFUSÃO DE PROCESSOS ERESULTADOS7.1. Verificar as estratégias de difusão de resulta<strong>do</strong>s e meto<strong>do</strong>logias utiliza<strong>da</strong>s no projeto;7.2. Identificar a estratégia de educação ambiental a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> no projeto;7.3. Averiguar se o projeto se relaciona com outras iniciativas de educação ambiental.E em que âmbito;8. SUSTENTABILIDADEINDICATIVOS DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA8.1. O projeto conseguiu outros financiamentos através <strong>da</strong> experiência PDA:• créditos• <strong>do</strong>ação8.2. outros8.3. PDA influenciou positivamente para a integração <strong>do</strong> pequeno produtor na economialocal?8.4. Verificar quais são os merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> projeto;8.5. O sistema de produção apoia<strong>do</strong> é financeiramente viável para o produtor? (<strong>do</strong>ponto de vista <strong>do</strong> produtor vale a pena a<strong>do</strong>tar o sistema de produção apoia<strong>do</strong>? Ele odesenvolveria com recursos próprios?)8.6. Os executores identificam outras linhas de financiamento (fun<strong>do</strong> social ou comerciais)que propiciem a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projeto e se são acessíveis;1108.7. No caso de rentabili<strong>da</strong>de financeira <strong>do</strong> sistema de produção: se o financiamentonão tivesse si<strong>do</strong> a fun<strong>do</strong> social, e sim através de recursos próprios ou ain<strong>da</strong> de empréstimosfinanceiros, haveria também rentabili<strong>da</strong>de?
8.8. O projeto dispõe de <strong>da</strong><strong>do</strong>s para a identificação <strong>do</strong> eventual grau de subvençãonecessário para tornar o sistema de produção sustentável?8.9. Há incentivos fiscais ou tributários para a ativi<strong>da</strong>de/empreendimento?8.10. Como são distribuí<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s financeiros com os participantes?8.11. Os futuros custos recorrentes para assegurar a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção poderãoser arca<strong>do</strong>s pelos produtores (sustentabili<strong>da</strong>de futura sem subvenções adicionais)?8.12. Se for o caso, há indicativos de sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> empreendimento desenvolvi<strong>do</strong>a partir <strong>do</strong> projeto?SOLIDEZ DAS ORGANIZAÇÕES E PARTICIPAÇÃO SOCIAL8.13. Qual a visão de futuro <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto entrevista<strong>do</strong>s? Onde elespretendem estar <strong>da</strong>qui a dez anos?8.14. Quais são as expectativas <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação ao o futuro<strong>do</strong>s filhos e <strong>da</strong> família?8.15. Como os participantes <strong>do</strong> projeto vêm a continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong> projeto com o término<strong>do</strong>s repasses financeiros <strong>do</strong> PDA?8.16. Observar as características e formas de organização <strong>do</strong>s grupos beneficiários eperspectivas de engajamento na continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ações <strong>do</strong> projeto (Utilizan<strong>do</strong> categoriaspré defini<strong>da</strong>s para as formas de organização/<strong>do</strong>minação, de forma a permitiruma posterior comparação e análise estatística <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s);8.17. Qual a situação fundiária <strong>da</strong>s áreas de implementação <strong>do</strong> projeto;SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL8.18. Verificar se o projeto está localiza<strong>do</strong> em área de influência de Uni<strong>da</strong>de de Conservaçãoe como se relaciona com a mesma;8.19. Verificar o nível de conhecimento <strong>da</strong> legislação ambiental por parte <strong>do</strong>s executores(verificar se os executores observam as áreas de preservação permanente ereservas legais);8.20. Verificar o desempenho <strong>do</strong> projeto nas técnicas de manejo de solos, recursoshídricos e florestais;8.21. Verificar a relação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de proposta com a base de recursos naturais (capaci<strong>da</strong>dede suporte);8.22. O méto<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> para atingir os resulta<strong>do</strong>s ambientais foi eficiente? Existeméto<strong>do</strong> menos dispendiosos para atingir esses resulta<strong>do</strong>s - “least-cost-solution”?8.23. Identificar possíveis ameaças internas e externas à saúde <strong>do</strong>s ecossistemas noslocais de implementação <strong>do</strong> projeto e suas causas; que ativi<strong>da</strong>des representam essasameaças; e o que foi feito pelo projeto para contê-las;111
8.24. Verificar se houve mu<strong>da</strong>nça de percepção e de atitude <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong>projeto em relação às ameaças aos ecossistemas nos locais de implementação <strong>do</strong>projeto;9 - LIÇÕES9.1. Identificar as lições que esses grupos já aprenderam e de que forma foram apropria<strong>da</strong>spelos participantes <strong>do</strong> projeto;9.2. Identificar que ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projeto continuam sen<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s após sua conclusãoe suas perspectivas de continui<strong>da</strong>de;9.3. Quais a lições aprendi<strong>da</strong>s pela administração <strong>do</strong> PDA? E pelos outros parceiros<strong>do</strong> Programa – Banco Mundial, GTZ, GTA...?10 - RECOMENDAÇÕES PARA POLÍTICAS PÚBLICAS10.1. Verificar se o projeto oferece exemplos ou lições que podem ser usa<strong>da</strong>s naspolíticas públicas;10.2. Ten<strong>do</strong> em vista que o estu<strong>do</strong> servirá também para subsidiar os programas PA-DEQ e PROAMBIENTE, o consultor deverá buscar possíveis contribuições <strong>do</strong>s projetospara esses programas, os quais têm como linhas de ação as seguintes ativi<strong>da</strong>des:- recuperação de APPs e de Reserva Legal;- práticas de produção sem uso <strong>do</strong> fogo;- sistemas de produção integra<strong>do</strong>s;- apicultura e meliponicultura associa<strong>da</strong>s à educação ambiental;- campanhas de mobilização social;- formação de comitês de bacias hidrográficas, acor<strong>do</strong>s comunitários contra incêndios;- a utilização de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s com SAF ou sistemas silvopastoris;- o extrativismo não-madeireiro e madeireiro com manejo comunitário;- a pesca artesanal e a piscicultura;- a verticalização e comercialização <strong>da</strong> produção familiar.112
Anexo 3Algumas Técnicas Para MotivarReuniões de GruposNo âmbito <strong>da</strong> avaliação <strong>do</strong>s projetos PDA <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> Legal, e após várias discussões,selecionamos algumas técnicas para levantamento de informações em reuniões comunitárias.Utilizamos o critério <strong>da</strong> simplici<strong>da</strong>de, consideran<strong>do</strong> que nem to<strong>da</strong>s as pessoasestão habitua<strong>da</strong>s com esse tipo de prática e que deveríamos dispor de materiais presentesem qualquer projeto, evitan<strong>do</strong> que os avalia<strong>do</strong>res tenham que levar mais peso em suasbagagens.Dessa forma, vamos descrever três técnicas bem simples. A escolha <strong>da</strong>(s) técnica(s) fica acargo <strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>r.A primeira consiste em algumas perguntas que podem ser apresenta<strong>da</strong>s em uma folha depapel tamanho A2 ou papel Craft, para as quais solicita-se que to<strong>do</strong>s os presentes assinalemno espaço à frente (veja figura 1) uma <strong>da</strong>s alternativas: SIM, MAIS OU MENOS, ouNÃO. A marca deve ser uma bolinha feita com pincel atômico. Mas, atenção, sugerimosque as mulheres respon<strong>da</strong>m com cor de tinta diferente <strong>do</strong>s homens, para que possam sercapta<strong>da</strong>s diferenças de percepções.Depois os avalia<strong>do</strong>res discutem com os presentes por que acham que a resposta paraaquela pergunta é sim, não, ou mais ou menos, buscan<strong>do</strong> começar a discussão pelaresposta que foi assinala<strong>da</strong> mais vezes, mas também consideran<strong>do</strong> aquela que foi poucoassinala<strong>da</strong>. Também podem ser resgata<strong>da</strong>s as diferenças de percepções de homens e mulheres.Dessa forma, faz-se com que a maior parte <strong>do</strong> grupo se manifeste. É importanteque um <strong>do</strong>s avalia<strong>do</strong>res esteja anotan<strong>do</strong> o foco principal <strong>da</strong>s discussões. Uma vez que aprimeira pergunta foi respondi<strong>da</strong> por to<strong>do</strong>s e discuti<strong>da</strong>, apresenta-se a pergunta seguinte(deve ser evita<strong>do</strong> que as pessoas vejam as próximas perguntas, para não gerar discussõesparalelas ou antecipa<strong>da</strong>s).113
Apresentamos o quadro com as questões destaca<strong>da</strong>s <strong>do</strong> roteiro de visita e discuti<strong>da</strong>s comas equipes <strong>do</strong> PDA e AMA, mas ressaltamos que, caso os avalia<strong>do</strong>res identifiquem maistrês ou quatro questões de grande relevância, as mesmas podem e devem ser aplica<strong>da</strong>s aogrupo. Porém, deve-se atentar para o fator TEMPO e MOTIVAÇÃO <strong>da</strong>s pessoas que sãotermômetros sobre quantas perguntas dá para submeter ao grupo.Figura 1 – Lista de QuestõesA segun<strong>da</strong> técnica é a <strong>da</strong> esca<strong>da</strong> e é normalmente a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> para avaliar impactos consideran<strong>do</strong>o “antes” e o “depois” <strong>do</strong> projeto. Deve-se apresentar a questão para o que o grupoavalie se melhorou (ou seja, subiu alguns degraus <strong>da</strong> esca<strong>da</strong> em relação ao ponto inicial),se piorou (desceu alguns degraus em relação ao ponto inicial) ou se ficou no mesmo patamar.A resposta deve ser consenso <strong>do</strong> grupo, caso não seja possível o consenso podemser apresenta<strong>da</strong>s mais duas ou quatro esca<strong>da</strong>s com posições diferentes e o número depessoas que concor<strong>da</strong>m com uma e o número de pessoas que concor<strong>da</strong>m com a outra. Oimportante é a discussão gera<strong>da</strong>.114
Figura 2 - Esca<strong>da</strong>A Esca<strong>da</strong> é um instrumento importante para avaliar impactos <strong>do</strong> projeto. Por isso, osavalia<strong>do</strong>res podem definir em conjunto, e consideran<strong>do</strong> os indica<strong>do</strong>res e o roteiro <strong>da</strong>avaliação, que impactos são mais relevantes no projeto visita<strong>do</strong> e a partir <strong>da</strong>í elaborar oquesito.Outra técnica para motivar o grupo na discussão é a descrita a seguir. Mas, cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, elasó deve ser aplica<strong>da</strong> para grupos com no máximo 25 pessoas, caso contrário, fica muito115
cansativo. No caso de ter mais de 25 pessoas e o número que exceder ser composto pordirigentes e equipe técnica <strong>do</strong> projeto, pode-se sugerir que somente as pessoas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>departicipem <strong>da</strong> dinâmica, caso se avalie que não irá causar constrangimentos.O grau de dificul<strong>da</strong>de dessa dinâmica é maior que as anteriores.Inicia-se solicitan<strong>do</strong> que as pessoas <strong>do</strong> grupo relacionem o que foi melhor no projeto,o que aconteceu de mais positivo. Por exemplo, as pessoas citam as visitas <strong>do</strong> técnico,outras podem se referir à forma amigável como o técnico o tratava, essas duas afirmativaspodem ser assinala<strong>da</strong>s como Assistência Técnica (recomen<strong>da</strong>-se pedir a opinião <strong>da</strong> pessoaque fez a referência se ela se sente satisfeita em ter seu pensamento resumi<strong>do</strong> dessaforma). Em segui<strong>da</strong> to<strong>da</strong>s as pessoas dão a sua opinião. O avalia<strong>do</strong>r vai anotan<strong>do</strong> numquadro ou folha de papel para que to<strong>do</strong>s vejam, relacionan<strong>do</strong> os temas cita<strong>do</strong>s um abaixo<strong>do</strong> outro, deixan<strong>do</strong> espaço para escrever na frente. Finaliza<strong>da</strong> essa parte é a vez <strong>da</strong>s pessoas<strong>da</strong>rem uma nota para ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s aspectos positivos cita<strong>do</strong>s. As notas podem ser de0 a 3, sen<strong>do</strong> 0 para aquele que não considerou o aspecto positivo, 1 para aquele positivosem muita convicção, 2 para aquele que considerou bom, mas poderia ser melhor, e 3para aquele que considerou muito bom.To<strong>do</strong>s os valores cita<strong>do</strong>s pelo grupo vão sen<strong>do</strong> escritos <strong>da</strong> forma abaixo:1. Assistência Técnica: 1, 3, 0, 1, 2, 0, 2, 2, 2, 2 = 152. Aprendiza<strong>do</strong> de novas formas de plantar: 1, 2, 2, 3,0, 1, 1, 1, 3, 3 = 173. Maior varie<strong>da</strong>de de plantas introduzi<strong>da</strong>s na proprie<strong>da</strong>de:4.. Envolvimento <strong>do</strong>s jovens:5.. Educação ambiental:Enquanto um avalia<strong>do</strong>r pede as notas, o outro vai escreven<strong>do</strong> no cartaz e ao final faz osomatório, assinalan<strong>do</strong> os três primeiros itens mais vota<strong>do</strong>s.Em segui<strong>da</strong>, passa-se para uma avaliação <strong>do</strong>s aspectos negativos <strong>do</strong> projeto, proceden<strong>do</strong>se<strong>da</strong> mesma forma, listan<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s os aspectos cita<strong>do</strong>s, evitan<strong>do</strong> as repetições. Podemser aspectos <strong>do</strong> projeto, como o planejamento <strong>da</strong>s reuniões, a distância <strong>da</strong>s áreas demonstrativas,o excesso de trabalho nos primeiros anos, a comercialização <strong>do</strong>s produtos,entre outros. Em segui<strong>da</strong>, passa-se para a pontuação de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong> grupo, consideran<strong>do</strong>a nota 0 para aquele aspecto que não foi negativo para aquela pessoa que votou, 1 paraaquele que foi um pouco negativo, 2 se o aspecto foi de fato ruim e 3 se foi péssimo.Ao final, feitos os somatórios, os avalia<strong>do</strong>res descrevem para o grupo qual foi a impressãoque eles tiveram e questionam se essa avaliação é procedente. E então é mais um momentopara esclarecer eventuais dúvi<strong>da</strong>s.Espero que as dicas tenham si<strong>do</strong> úteis.BOA SORTE!116
Anexo 4: Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ProjetosNº. e “apeli<strong>do</strong>”Data de assinatura<strong>do</strong> contratoData (ou previsão)de términoValor PDAUS$Contraparti<strong>da</strong>US$85 - Poyanawa 14/6/96 31/3/97 78,000.00 20,000.00256 - Sementes 14/5/97 31/7/98 92,788.70 39,774.00265 - Lontra 7/5/97 30/4/99 182,484.00 71,930.00355 - Esperantinópolis20/7/00 31/7/02 108,087.00 61,060.00364 - Antimari 1/8/00 30/6/02 157,900.00 66,945.00378 - FVPP 17/12/98 30/11/01 209,017.00 89,837.00493 - Anapu 23/3/00 31/3/03 139,674.00 65,823.00516 - Anauá 1/2/00 28/2/02 96,148.00 48,855.00565 - Fun<strong>da</strong>c 4/5/00 30/4/03 203,509.00 116,226.00574 - Cametá 31/7/00 31/7/03 171,540.00 72,203.00642 - Parauapebas 5/11/01 30/9/03 161,487.00 65,230.54685 - Jaú 15/2/00 28/2/03 140,400.00 90,841.00231 - Apruram 2/5/97 4/5/99 167.999,00 87.224.00695 - Apruram 18/4/01 30/4/03 168,982.21 96,262.50730 - Curralinho 28/8/00 31/8/03 147,638.00 53,801.00767 - Curauá 10/5/00 31/5/03 149,432.00 125,283.0098 - Wanderlândia 1/7/97 3/3/00 128.438,00 55.814.00940 -Wanderlândia 18/9/00 30/9/03 171,102.00 117,526.00254 - APA 1/7/97 10/7/00 209.152.00 91.049.00976 - APA 12/9/01 30/10/04 139,849.00 73,857.001008 - Apiaú 23/8/01 30/9/04 158,653.00 158,285.00978 - Quelônios45 - Juína672 - Juína15/1/01 30/6/01 20,000.00 7,475.001/4/96 2/3/99 182.363.00 78.156.008/12/00 1/4/03 159.538.00 146.827.00117
Anexo 5Avaliação de Projetos <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>LegalASPECTOS SOCIAIS E CULTURAIS1. Existe apropriação <strong>da</strong> proposta <strong>do</strong> projeto por parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de?0 = não1 = mais para não (somente por um pequeno grupo – 10% <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de)2 = mediana (por parte de um terço <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de – 30%)3 = mais para sim (por metade <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de – 50%)4 = sim (pela grande maioria <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de – 90%)2. Existem parcerias que efetivamente contribuem/contribuíram para o avanço <strong>da</strong> proposta?0 = não1 = mais para não (existem parcerias mas não contribuíram de forma efetiva)2 = mediano (há uma parceria que contribui de forma efetiva)3 = mais para sim (há duas parcerias que contribuem de forma efetiva)4 = sim (mais de duas parcerias contribuem de forma efetiva)118
3. A implementação <strong>do</strong> projeto foi um processo de aprendizagem valioso para a comuni<strong>da</strong>de?0 = não (não aprendemos na<strong>da</strong> de novo)1 = mais para não (aprendemos algumas coisas novas, mas pouco úteis)2 = mediano (aprendemos algumas coisas novas e úteis)3 = mais para sim (aprendemos várias coisas novas e úteis)4 = sim (aprendemos coisas totalmente novas e úteis)GÊNERO E GERAÇÃO4. Houve aumento <strong>da</strong> participação de mulheres nas decisões <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de/nas ativi<strong>da</strong>desimplementa<strong>da</strong>s a partir <strong>do</strong> projeto0 = não1 = mais para não (aumentou muito pouco e o aumento não se deu no nível <strong>da</strong>stoma<strong>da</strong>s de decisão)2 = mediano (aumentou muito a participação, mas não no processo de toma<strong>da</strong> dedecisão)3 = mais para sim (houve um pequeno aumento, mas já no nível <strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s dedecisão)4 = sim (houve um aumento considerável <strong>da</strong> participação <strong>da</strong>s mulheres nos processosde toma<strong>da</strong> de decisão)5. Houve maior engajamento <strong>do</strong>s jovens a partir <strong>da</strong> implementação <strong>do</strong> projeto?0 = não1 = mais para não (poucos jovens se engajaram e de forma esporádica)2 = mediano (muitos jovens se engajaram, mas de forma eventual)3 = mais para sim (poucos jovens se engajaram em to<strong>da</strong>s as etapas <strong>do</strong> processo)4 = sim (muitos jovens se engajaram em to<strong>da</strong>s as etapas <strong>do</strong> processo)ASPECTOS ECONÔMICOS6. Houve retorno econômico para os produtores causa<strong>do</strong> pelo projeto traduzi<strong>do</strong>s emaumento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> (redução de custos de produção, incremento <strong>da</strong> dieta fa-119
miliar, redução de despesas com saúde, redução <strong>do</strong>s gastos com alimentação). Especificaros ganhos verifica<strong>do</strong>s, sublinhan<strong>do</strong> as alternativas acima verifica<strong>da</strong>s.0 = Nenhuma <strong>da</strong>s alternativas foi verifica<strong>da</strong>1 = apenas 1 <strong>da</strong>s alternativa foi verifica<strong>da</strong>2 = 2 <strong>da</strong>s alternativas foram verifica<strong>da</strong>s3 = 3 <strong>da</strong>s alternativas foram verifica<strong>da</strong>s4 = 4 <strong>da</strong>s alternativas foram verifica<strong>da</strong>s7. Houve aumento de ren<strong>da</strong> para os participantes <strong>do</strong> projeto?0 = não1 = mais para não (até 5% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> anual)2 = mediano (mais de 5 a 10%)3 = mais para sim (de 10 a 20%)4 = sim (mais de 20% - especificar!)(I) ASPECTOS AMBIENTAIS8. Existem sinais de recuperação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de nativa (retorno <strong>da</strong> fauna, reaparecimentode espécies <strong>da</strong> vegetação nativas)?0 = não1 = mais para não (em poucas áreas de abrangência <strong>do</strong> projeto)2 = médio (em muitas áreas de abrangência <strong>do</strong> projeto)4 = sim (em to<strong>da</strong>s as áreas de abrangência <strong>do</strong> projeto)9. Há percepção <strong>do</strong> fogo como um problema?0 = não, consideram o fogo uma ferramenta de produção2 = médio, consideram o fogo uma ferramenta de produção, mas reconhecem osriscos decorrentes de sua utilização4 = sim, percebem o fogo como problema e a<strong>do</strong>tam ou gostariam de a<strong>do</strong>tar técnicasde produção que dispensassem o uso <strong>do</strong> fogo.10. Existem ações de controle <strong>do</strong> fogo?0 = não1 = mais para não (algum controle é realiza<strong>do</strong> por poucos agricultores)2 = médio (algum controle é realiza<strong>do</strong> pela maior parte <strong>do</strong>s agricultores)120
3 = mais para sim (várias ações de controle são realiza<strong>da</strong>s pela maior parte <strong>do</strong>s agricultores)4 = sim (to<strong>do</strong>s os agricultores realizam ações de controle <strong>do</strong> fogo)11. Existem sinais de redução <strong>do</strong> desmatamento na área <strong>do</strong> projeto?0 = não2 = médio (agricultores reincorporam áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao sistema de produção masain<strong>da</strong> abrem novas áreas)4 = sim (agricultores reincorporam áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e não abrem novas áreas)12. Existe conhecimento e cumprimento <strong>da</strong> legislação ambiental por parte <strong>do</strong>s participantes<strong>do</strong> projeto?0 = não1 = mais para não (poucos conhecem a legislação)2 = médio (a maioria conhece a legislação, mas não sabe identificar as áreas depreservação permanente a as áreas de reserva legal)3 = mais para sim (a maioria conhece a legislação, sabe identificar e respeita as áreasde preservação permanente a as áreas de reserva legal)4 = sim (to<strong>do</strong>s os participantes conhecem, identificam as áreas protegi<strong>da</strong>s, e respeitama legislação ambiental)13. Os produtores diminuíram/extinguiram o uso de agrotóxicos?0 = Não1 = Mais para não (poucos diminuíram o uso de agrotóxicos)2 = Médio (a maioria diminuiu o uso de agrotóxicos)3 = Mais para sim (a maioria diminuiu o uso e alguns não usam mais)4 = Sim (a maioria não usa mais)14. Os produtores a<strong>do</strong>tam medi<strong>da</strong>s de proteção <strong>do</strong>s recursos hídricos (recuperação dematas ciliares, evitam o depósito de lixo nos cursos d´água, tomam medi<strong>da</strong>s de combatea erosão e assoreamento <strong>do</strong>s cursos d´água, participam de campanhas para conscientizaçãoambiental com foco na água)0 = Nenhuma <strong>da</strong>s alternativas foi verifica<strong>da</strong>1 = Apenas uma <strong>da</strong>s alternativas foi verifica<strong>da</strong> (assinale)2 = Duas <strong>da</strong>s alternativas foram verifica<strong>da</strong>s (assinale)3 = Três <strong>da</strong>s alternativas foram verifica<strong>da</strong>s (assinale)4 = Quatro <strong>da</strong>s alternativas foram verifica<strong>da</strong>s (assinale)121
(i) SUSTENTABILIDADE15. Existe motivação para a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> iniciativa por parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de?0 = não1 = mais para não (somente um pequeno grupo continua parcialmente motiva<strong>do</strong>)2 = médio (um pequeno grupo está bastante motiva<strong>do</strong>)3 = mais para sim (mais ou menos a metade <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de está motiva<strong>da</strong>)4 = sim (mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de está motiva<strong>da</strong>)16. Existe endivi<strong>da</strong>mento por parte <strong>da</strong> organização que inviabilize a iniciativa no curto,médio ou longo prazo?4 = inexistente3 = insuficientes para causar ameaça2 = suficientes para ameaçar a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta1 = ameaçam fortemente a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta0 = Inviabilizam a proposta17. Existe Assistência Técnica suficiente e capacita<strong>da</strong> para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de às ações derecuperação/preservação ambiental?0 = não1 = mais para não (existe, mas não é capacita<strong>da</strong>)2 = mediana (existe e é capacita<strong>da</strong>, mas faltam técnicos para suprirem to<strong>da</strong> a deman<strong>da</strong>)3 = mais para sim (é suficiente e capacita<strong>da</strong>, mas a relação técnicos/agricultoresnão é boa)4 = sim (é suficiente, capacita<strong>da</strong> e a relação agricultores/técnicos é boa)18. Existem linhas de crédito para apoiar a iniciativa individual <strong>do</strong>s produtores e os produtoresacessam essas linhas?0 = não2 = mediano (existem linhas de crédito mas poucos agricultores as estão acessan<strong>do</strong>)4 = sim (existem linhas de crédito e a maioria <strong>do</strong>s agricultores as acessam)19. Existem linhas de crédito para apoiar o empreendimento coletivo?0 = não2 = mediano (existem linhas de crédito mas o(s) empreendimento(s) não as acessam)122
4 = sim (existem linhas de crédito e o(s) empreendimento(s) as acessam)20. Há conflitos internos à organização <strong>do</strong>s produtores que ameacem a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>proposta?0 = Sim, inviabilizam a proposta1 = Mais para sim. Existem e ameaçam fortemente a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta2 = Mediano. Existem conflitos mas estão sen<strong>do</strong> soluciona<strong>do</strong>s3 = Existem conflitos internos mas estão sen<strong>do</strong> soluciona<strong>do</strong>s e são insuficientespara causar ameaça4 = nãoSOMENTE PARA EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS21. A(s) planta(s) <strong>da</strong>(s) uni<strong>da</strong>des de beneficiamento são adequa<strong>da</strong>s(quanto à metas de produção,recepção e acondicionamento <strong>da</strong> matéria prima, armazenamento <strong>do</strong>s produtosprocessa<strong>do</strong>s, espaço de trabalho, maquinaria, higienização, etc)?0 = inadequa<strong>da</strong>s1 = pouco adequa<strong>da</strong>s2 = adequa<strong>da</strong>s3 = muito boas4 = excelentes22. Avaliar a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos0 = inexistente (Produto rejeita<strong>do</strong> pelos consumi<strong>do</strong>res)1 = insuficiente (Produto pouca aceitação no merca<strong>do</strong> local)2 = suficiente (Produto com boa aceitação no merca<strong>do</strong> local)3 = muito bom (Produto com boa aceitação no merca<strong>do</strong> regional)4 = excelente (Produto com diferencial de quali<strong>da</strong>de reconheci<strong>do</strong>)23. Avaliar a regulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> oferta <strong>do</strong>s produtos0 = inexistente1 = insuficiente2 = suficiente3 = muito boa4 = excelente123
24. Existe alguma análise que comprova a viabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong> iniciativa?0 = não1 = existe a análise, mas não é atual2 = sim25. Existe merca<strong>do</strong> para os produtos gera<strong>do</strong>s pelo projeto?0 = Não existe merca<strong>do</strong>1 = vende-se pouco, de vez em quan<strong>do</strong>2 = pode-se vender a maioria <strong>do</strong>s produtos, mas tem que procurar merca<strong>do</strong> sempre3 = pode-se vender a maioria <strong>do</strong>s produtos4 = pode-se vender to<strong>do</strong>s os produtos e há deman<strong>da</strong> por mais quanti<strong>da</strong>de26. Existe autonomia na comercialização <strong>do</strong>s produtos (não se submete a atravessa<strong>do</strong>res)0 = não1 = mais para não (a maior parte <strong>do</strong>s produtos é vendi<strong>da</strong> a atravessa<strong>do</strong>res)2 = mediana (mais ou menos metade <strong>da</strong> produção é vendi<strong>da</strong> a atravessa<strong>do</strong>res)3 = muito bom (mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> produção é comercializa<strong>da</strong> diretamente)4 = excelente (to<strong>da</strong> a produção é comercializa<strong>da</strong> diretamente)124
Anexo 6Indica<strong>do</strong>res de Avaliação porProjeto125
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SUBPROGRAMA PROJETOS DEMONSTRATIVOSSetor Comercial SulQuadra 6 - Bloco A - Ed. Sofia2º An<strong>da</strong>rCep 70.300-500Brasília - DFFone: 61.325-5224Fax: 61.223-0763E-mail: p<strong>da</strong>@mma.gov.br<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> Ambi-