As telenovelas da Rede Globo de televisÃ£o: 45 anos de trajetÃ³ria

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Rede Globo e o início de suas telenovelasA primeira telenovela produzida pela Rede Globo foi Ilusões perdidas, que estreou no dia 26de abril de 1965, com apenas 56 capítulos. A trama foi protagonizada por Leila Diniz e ReginaldoFaria. “No Rio de Janeiro, a novela era exibida às 19:30, de segunda a quarta-feira. A partir demaio, passou para as 22h, de segunda a sexta-feira”, relata a última publicação do Projeto MemóriaGlobo Guia Ilustrado – Novelas e Minisséries (2010, p. 34). No mesmo ano, 1965, ainda foramproduzidas outras nove produções.Com a consolidação da emissora e o sucesso das primeiras produções, iniciou-se umaépoca de criação de padrões de qualidade, como destaca Ortiz & Borelli, dando mais espaçoàqueles que estavam investindo e não apenas apostando em televisão, pois “todo um know-how vaisendo absorvido na feitura da telenovela (e da televisão) nos anos 1970, e um novo padrãotecnológico vai se cristalizando” (1991, p.123)Além disso, Reimão destaca que ao ser decretado, em 1968, o Ato Institucional n. 5 (AI-5),ou seja, a censura aos meios de comunicação, o governo investiu em função da ordem nacional“em um sistema de microondas que unificasse a nação. A TV Globo foi quem soube tirar partidodessa política, pois desde seu começo, investiu na idéia de formação de rede” (2004, p.23).Em 1969, com a estréia do Jornal Nacional entre as novelas das 7 e das 8, quando passoua ser transmitido para grande parte do país, houve uma integração nacional que trouxe a formaçãoda rede imaginária, que hoje se impõe. Só a partir de 1983, quando a Rede Globo passou a ter umcanal no satélite Intelsat, a rede de televisão passou a operar via satélite, alcançando 98% dosdomicílios, ou seja, porcentagem próxima da atual.Sendo assim, a Rede Globo, apoiada pelo governo e com uma melhor visão empresarial,além de possuir uma programação padronizada, atinge os maiores índices de audiência, ficando àfrente das suas concorrentes. A esse respeito, FERNANDES aponta:(...) casamento perfeito realizado pela Rede Globo com dinheiro e inteligênciaenriqueceu a tal ponto a telenovela brasileira (e toda programação televisiva)que hoje se pode falar que ela passou a ser o néctar para milhões de abelhasespalhadas pelos oitos milhões e meio de quilômetros do país. (1997, p. 134).Diante deste cenário, a emissora não parou mais de produzir teledramaturgia. Até este ano,2010, a emissora já produziu 252 telenovelas e 66 minisséries. Segundo o Guia Ilustrado –Telenovelas e Minisséries, “a TV Globo produz cerca de 2.500 horas anuais de novelas eprogramas – recorde mundial de teledramaturgia que equivale a 100 longa-metragens por mês”(2010, p.05). As produções são realizadas dentro da Central Globo de Produção, conhecido comoProjac, que “ocupa uma área de um milhão de e 650 mil m², com capacidade para atender a todosos programas de entretenimento da emissora” (2010, p.30).A teledramaturgia também acabou ganhando espaço internacional com a telenovela O Bemamado, produzida em 1973, que abriu as portas para a exportação quando foi vendida para umatelevisão uruguaia. Atualmente, o ranking entre as telenovelas mais exportadas está a novela Dacor do pecado (2004), em primeiro lugar, que foi vendida para 100 países. Na sequência aparecemas novelas Terra Nostra (1999) para 95 países, O Clone (2001) para 91 países, Escrava Isaura(1976) para 79 países e Laços de Família (2000) para 77 países (MEMÓRIA GLOBO GUIAILUSTRADO, 2010, p.31).
A evolução das histórias nas telenovelas- Década de 1960: a herança dos melodramasAs primeiras telenovelas produzidas pela Rede Globo, na década de 1960, mantinham suashistórias voltadas para o melodrama. Eram histórias distantes da realidade nacional e assuntosparecidos com aqueles tratados em teleteatros, onde se utilizavam muitos autores estrangeiros, etambém influência do rádio que tinham como principal inspiração os dramalhões latinos,principalmente cubanos (FERNANDES, 1997, p.66).Além disso, foi uma década marcada pelas novelas de época, onde 10 do total de 25 foramhistórias que retratavam épocas anteriores. Entre elas, Eu compro esta mulher (1966), A RainhaLouca (1966), Anastácia, a mulher sem destino (1967) e Rosa Rebelde (1969).Frequentemente as novelas de época são baseadas em obras literárias que retratam essecenário, como é o caso de Eu Compro esta mulher, baseada no romance de Alexandre Dumas, OConde de Monte Cristo. Além de beber em fontes literárias de romances de época, outro recurso ébuscar nos fatos históricos, principalmente nacionais, o pano de fundo para a criação das novelas,como foi o caso de O Casarão, exibida em 1976, que retratou os costumes e valores de um povoque vivia sob o regime do autoritarismo patriarcal e do ciclo cafeeiro do norte de São Paulo. Omesmo se repetiu com a trama Rosa Rebelde (1969) que retratou a luta entre espanhóis efranceses, na época de Napoleão Bonaparte.- Década de 1970: a realidade brasileiraA década de 1970 foi a fase de consolidação do produto telenovela na grade deprogramação e também do momento em que suas histórias se aproximaram mais da realidadebrasileira e do cotidiano.Com a fixação dos horários para quatro diferentes produções na grade, a emissora tambémresolve especificar um tema para cada hora. “O horário das 18h voltou-se para as histórias leves eromânticas e muitas tramas de época; o das 19h, para as comédias (...) e o das 20h para enredosmais densos” (MEMÓRIA GLOBO GUIA ILUSTRADO, p.03), assim como o horário das 22h.Em 1973, vai ao ar Os ossos do Barão, uma novela que, apesar de ser caracterizada como“trama de época”, pois retrata a cidade de São Paulo na década de 30 e a atividade dosBandeirantes, também leva ao público temas ligados ao cotidiano, como o preconceito de classes eo medo que as pessoas têm de assumirem suas decadências.Outra trama que também expõe temas próximos do cotidiano do público é a novelaEscalada (1975). Em seu enredo há a questão do fracasso e da vingança que se perpetua pordécadas, tudo encenado em um cenário que retrata momentos importantes da história do Brasil.Nesta mesma década, surgem Escrava Isaura (1976), a 2ª versão de A Moreninha, também em1975, e Senhora (1976).- Década de 1980: a política brasileira nas telenovelasAs telenovelas até a década de 1970 eram mais curtas, conclusão que se chega ao verificara quantidade de produções por ano. Enquanto na década de 1970 a emissora produziu 65 novelas,na década de 1980 este número desce para 42, lembrando que as produções são produzidasconstantemente, sem intervalos entre elas.Assim como na década de 1970, os temas das tramas eram voltados para a realidade,porém ainda mais realistas. As novelas de época têm pouco espaço nesta década.
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