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Modelo prático para tomada de decisão ética em questões ...

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Estudos41<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong><strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética<strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentesnas relações públicas *Shannon A. BowenProfessora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maryland.É autora <strong>de</strong> inúmeros capítulos <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> RelaçõesPúblicas e <strong>de</strong> Ética da Comunicação. Recebeu bolsa daFundação da IABC (InternationalAssociation of Business Communicators)<strong>para</strong> estudar a comunicação ética.Foi responsável pela revisão <strong>de</strong> conteúdo da“Enciclopédia <strong>de</strong> Relações Públicas”E.mail: sabowen@umd.edu.* Texto originalmente publicado no Journal of Public Relations Research (vol. 17, n.3, p.191-216, 2005). Tradução <strong>de</strong> Maria Cristina Ferrari. Revisão <strong>de</strong> John Franklin Arce.<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos42ResumoA filosofia <strong>de</strong>ontológica <strong>de</strong> Immanuel Kant (1724-1804) oferece um sist<strong>em</strong>a po<strong>de</strong>roso <strong>para</strong>a análise <strong>de</strong> dil<strong>em</strong>as éticos. Ela é discutida e aplicada <strong>para</strong> o que esta pesquisa propõecomo “mo<strong>de</strong>lo prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética”. Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Kant estabeleceum triângulo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração ética e incorpora comunicação simétrica. As questões<strong>em</strong>ergentes <strong>de</strong> duas organizações globais foram usados como teste <strong>em</strong>pírico do mo<strong>de</strong>loe <strong>para</strong> aperfeiçoá-lo <strong>para</strong> impl<strong>em</strong>entação prática. O argumento é que uma análiserigorosa <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões éticas e da comunicação simétrica resultam <strong>em</strong> questões éticas<strong>em</strong>ergentes.Palavras-chave: Questões <strong>em</strong>ergentes – Decisão ética – Relações públicas éticas –Filosofia kantiana – Ética organizacional.Estudiosos dasrelações públicas<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaster<strong>em</strong> um <strong>para</strong>digmaético baseado nafilosofia moral.Como consciênciaética da organização,os profissionais <strong>de</strong>relações públicas<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong>versados tanto <strong>em</strong>filosofia moral como<strong>em</strong> ética.Ogerenciamento <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes é a funçãoexecutiva <strong>de</strong> relações públicasestratégicas que trata <strong>de</strong>solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, <strong>de</strong> políticaorganizacional, planejamento <strong>de</strong> longoprazo e estratégia <strong>de</strong> administração,b<strong>em</strong> como a comunicação<strong>de</strong>ssa estratégia interna e externamente(Chase, 1977; Ewing, 1981;Hainsworth & Meng, 1988; Heath, 1997,1998). O gerenciamento <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes freqüent<strong>em</strong>ente convivecom dil<strong>em</strong>as éticos enquanto i<strong>de</strong>ntificaquestões, pesquisas, análises e<strong>tomada</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> políticas internacionaisdas organizações concernentesa questões <strong>em</strong>ergentes. Estapesquisa examina esse processo <strong>em</strong>duas <strong>em</strong>presas farmacêuticas globaise propõe um mo<strong>de</strong>lo prático <strong>para</strong> a<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética baseada noprocesso <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes usado nessasorganizações.O mo<strong>de</strong>lo prático <strong>de</strong>fendido nestapesquisa é baseado na teoria<strong>de</strong>ontológica <strong>de</strong> Immanuel Kant (1785/1948, 1930/1963, 1793/1974, 1785/1993). Um mo<strong>de</strong>lo teórico normativo<strong>para</strong> o gerenciamento <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes baseado na filosofiakantiana já foi <strong>de</strong>senvolvido (Bowen,2004). Este artigo testa essa teorianormativa <strong>em</strong> aplicação práticaatravés do estudo <strong>em</strong>pírico e sugereum mo<strong>de</strong>lo novo, aperfeiçoado eprático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoéticas (cf. quadro 1, mais adiante).ConceituaçãoEstudiosos das relações públicas(Bivins, 1980; Curtin & Boynton, 2001; J.Grunig, 1993; J. Grunig, 1989b, 1989c;Pratt, 1994; Wright, 1982) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elas ter<strong>em</strong> um<strong>para</strong>digma ético baseado na filosofiamoral. A pesquisa (Bivins, 1989; Bowen,2003; Pratt & Rentner, 1989) encontrapouco treinamento acadêmico <strong>em</strong>ética entre os alunos <strong>de</strong> relaçõespúblicas e <strong>de</strong> jornalismo ou <strong>de</strong> comunicação(Lee & Padgett, 2000).Pratt (1994) expressa que a naturezadas relações públicas impulsiona oprofissional “<strong>para</strong> o turbilhão da <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão da organização” (p. 218) eque o papel do assessor <strong>de</strong> relaçõespúblicas envolve que esse profissional<strong>de</strong>ve enfrentar dil<strong>em</strong>as éticos commaior freqüência do que outros gestores.Se os profissionais <strong>de</strong> relaçõespúblicas estão <strong>de</strong> fato atuando comoorientadores da ética <strong>para</strong> a coalizãodominante (Heath, 1994) ou servindo <strong>de</strong>consciência ética <strong>de</strong> suas organizações(Ryan & Martinson, 1983; Wright, 1996),qual formação, educação ou estudo<strong>em</strong> raciocínio moral lhes propicia oconhecimento <strong>para</strong> fazê-lo? ComoLeeper (1996) afirmou, justifica-se umaanálise ética séria entre acadêmicose profissionais. Nelson (1994, p. 225)explicou: “A falta <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>acomum único <strong>para</strong> <strong>de</strong>cidir o que éético e o que não é influencia, portanto,<strong>em</strong> última análise, o resultado<strong>de</strong> políticas públicas e a reputaçãodas relações públicas”.Estudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos43Quadro 1<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático kantiano <strong>de</strong>gerenciamento <strong>de</strong> questões éticas <strong>em</strong>ergentesÁrea <strong>de</strong> autonom iaINÍCIO:Fazera simesmo apergunta abaixo:Estou atuando som entetendo com o base arazão?Posso excluir:a)a influência políticab) a influênciam onetáriac)o puro interessepróprioSim Parta <strong>para</strong> oprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoD ecisão individualD ecisão <strong>de</strong> consenso <strong>de</strong>grupoÁrea <strong>de</strong> perguntaTodos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rarasseguintes três perguntas:Po<strong>de</strong>ríam os obrigar todos osque estão <strong>em</strong> situaçãosimilara fazero mesmo quetencionam os fazer?A ceitaríam os esta<strong>de</strong>cisão casoestivéss<strong>em</strong> os do outrolado da situação?Já enfrentam os um a situaçãoética s<strong>em</strong> elhante antes?Não;sousubjetivoEncam inhara <strong>de</strong>cisão <strong>para</strong>outro gerente <strong>de</strong> questões<strong>em</strong> ergentes ou usar grupo <strong>de</strong>consenso <strong>para</strong> a tom ada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos44Como consciência ética da organização,os profissionais <strong>de</strong> relaçõespúblicas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> versadostanto <strong>em</strong> filosofia moral como <strong>em</strong>ética. Esta pesquisa contribui <strong>para</strong> oconhecimento moral e permite aosprofissionais uma compreensão <strong>de</strong>ssafilosofia e das técnicas analíticasaplicadas pela abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ontológicana <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética.O mo<strong>de</strong>lo prático apresentado nesteartigo po<strong>de</strong> ser impl<strong>em</strong>entado porpessoas com pouco ou nenhumestudo <strong>em</strong> ética e po<strong>de</strong> resultar numaanálise rigorosa e sist<strong>em</strong>ática dosdil<strong>em</strong>as éticos.Fundações éticas do mo<strong>de</strong>loprático propostoEste trabalho baseia-se na fundamentaçãoconceitual <strong>de</strong>terminada napesquisa “Expansão da ética como odécimo princípio genérico das relaçõespúblicas excelentes: uma teoriakantiana <strong>para</strong> o gerenciamento dasquestões éticas” (Bowen, 2004). Omo<strong>de</strong>lo normativo kantiano <strong>de</strong>ssa pesquisafoi explorado <strong>para</strong> tornar-se omo<strong>de</strong>lo aqui apresentado com baseno estudo <strong>em</strong>pírico <strong>de</strong> duasorganizações (Bowen, 2000). O propósitoé fazer uma breve revisão <strong>de</strong>um sist<strong>em</strong>a conceitual da <strong>de</strong>ontologiakantiana como base <strong>para</strong> o mo<strong>de</strong>loprático <strong>de</strong> <strong>tomada</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão éticas.Beck (1963) <strong>de</strong>finiu a ética como“a divisão da filosofia prática universalque trata da bonda<strong>de</strong> intrínsecaencontrada <strong>em</strong> algumas mas n<strong>em</strong> <strong>em</strong>todas as ações, disposições e máximas”(p. xiii). A escola <strong>de</strong>ontológica<strong>de</strong> ética é baseada na abordag<strong>em</strong>racional da <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.Sullivan (1994) explicou que a fonte da<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão moral é ointelecto racional <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> regrasprescritas por religiosos ou legisladores.Flew (1979) <strong>de</strong>finiu o racionalismocomo a crença <strong>de</strong> que apenas pelarazão o hom<strong>em</strong> po<strong>de</strong> obter o conhecimentoda natureza <strong>de</strong> algo. Estavisão consi<strong>de</strong>ra que a fé, o hábito, opreconceito e a religião são irracionaise prefere que as <strong>de</strong>cisões éticas sejamguiadas por raciocínio <strong>de</strong>dutivo (Flew,1979). O racionalismo e a autonomiaestão associados na <strong>de</strong>ontologia,como discutido a seguir. Nas relaçõespúblicas, a autonomia po<strong>de</strong> tomar aforma <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> da invasão ousublimação <strong>para</strong> outras funçõesorganizacionais, b<strong>em</strong> como a liberda<strong>de</strong>individual do administrador <strong>para</strong>fazer escolhas morais.Kant (1724-1804) baseou sua filosofiamoral no meta-dogma ou naprotonorma da autonomia racional.Christians e Traber (1997) <strong>de</strong>finiramprotonormas como “pressuposiçõesocultas necessárias <strong>para</strong> raciocínioético” (p. xi). Protonormas geralmentetranspõ<strong>em</strong> fronteiras culturais e sociais<strong>para</strong> refletir uma tradição filosófica queé universal por natureza (Christians &Traber, 1997), o que significa que po<strong>de</strong>ser aplicada consistent<strong>em</strong>ente através<strong>de</strong> circunstâncias diversas.Na filosofia kantiana, uma <strong>de</strong>cisãosó po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iramente moral sefor <strong>tomada</strong> por uma pessoa autônomae racional. Kant <strong>de</strong>finiu razão como “afaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> princípios” (Sullivan,1989, p. 48). Racionalida<strong>de</strong> é o guiautilizado por Kant <strong>para</strong> dotar o hom<strong>em</strong><strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha e do <strong>de</strong>ver<strong>de</strong> cumprir a lei moral. Kant afirmouque até o maior criminoso sabe queestá agindo contra a lei moral porcausa <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamentoracional.A concepção <strong>de</strong> Kant <strong>para</strong> a liberda<strong>de</strong>do agente humano racional eracontrária à heg<strong>em</strong>onia da aristocraciadominante durante sua vida. A idéia<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> moral baseada naracionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada ser equivaliaàquilo que Kant chamava <strong>de</strong> revoluçãocopérnica na filosofia moral(Green, 1997; Kant, 1785/1948; Sullivan,1989). Em 1543, Copérnico utilizou oteor<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Pitágoras <strong>para</strong> provar mat<strong>em</strong>aticamenteque nosso planeta eraEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos45esférico e girava <strong>em</strong> torno do sol, <strong>de</strong>safiandoa doutrina religiosa <strong>de</strong> que aterra era o centro do universo (Flew,1979). Kant <strong>de</strong>scobriu a natureza damoralida<strong>de</strong> ao associar autonomia eracionalida<strong>de</strong> com a <strong>de</strong>scoberta fundamental<strong>de</strong> Copérnico sobre a naturezado universo.O imperativo da autonomia impregnatoda a filosofia <strong>de</strong> Kant. Combase na racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um agente,aquela pessoa <strong>de</strong>ve tomar <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong> acordo com seu julgamento moralin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autônomo. A lei daautonomia <strong>de</strong>clarou que “um agent<strong>em</strong>oral é um agente que po<strong>de</strong> agirautonomamente, isto é, como uma leipor si só, com base na máxima doobjetivo <strong>de</strong> sua razão somente”(Sullivan, 1989, p. 48). Kant acrescentouque a universalida<strong>de</strong> é a pedra-chavesobre a qual está a lei daautonomia; ele chama isso <strong>de</strong> “a idéiada <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> cada ser racionalcomo uma <strong>de</strong>terminação que faz a leiuniversal” (Kant, 1785/1964, p. 98).A autonomia é essencial <strong>para</strong>uma <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética, porquelibera o tomador <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>interesses subjetivos e <strong>de</strong>sejos pessoais,t<strong>em</strong>ores <strong>de</strong> repercussão negativa ououtras influências preconceituosas na<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Assim, a autonomiaé a liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong> tomar uma<strong>de</strong>cisão baseada no que é moralmentecorreto segundo o sensocomum, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> preocupaçõescom interesses pessoais. Kant (1785/1993, p. 213) explicou a autonomia daseguinte forma:Não po<strong>de</strong>mos conceber a razãoconscient<strong>em</strong>ente permitindo qualqueroutra parte <strong>para</strong> dirigir seujulgamento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então o sujeitoatribuiria o controle <strong>de</strong> seu julgamentonão <strong>para</strong> a razão, mas<strong>para</strong> um impulso. A razão <strong>de</strong>veconsi<strong>de</strong>rar-se como a autora <strong>de</strong> seusprincípios in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>influências externas; conseqüent<strong>em</strong>ente,ela, como razão prática oucomo o <strong>em</strong>penho <strong>de</strong> um ser racional,<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar-se livre.Pelo mérito <strong>de</strong> se ter um <strong>em</strong>penhomoral e autonomia moral, Kant obrigoucategoricamente todos os seres acumprir seu <strong>de</strong>ver <strong>em</strong> relação à leimoral. A autonomia facilita a liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> invasão e aumenta o papel <strong>de</strong>transposição <strong>de</strong> fronteiras valorizadopelas relações públicas. Além disso,uma abordag<strong>em</strong> racional já é usada<strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes como partedo processo <strong>de</strong> relações públicas discutidopor Dozier (1992), que <strong>de</strong>clarou:“Gestores tomam <strong>de</strong>cisões e sãoresponsabilizados por resultados <strong>de</strong> programas<strong>de</strong> relações públicas. (...) Elesfacilitam a comunicação entre agerência e os públicos e orientam agerência no que os profissionais <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>como um ‘processo <strong>de</strong> solução<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as racional’ [<strong>em</strong> itálico]” (p.333). Este processo racional significaaplicar uma análise metódica <strong>para</strong>alternativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões variáveis,eliminando a influência do preconceitoe tomando uma <strong>de</strong>cisão lógica baseadasomente <strong>em</strong> fazer o que écorreto num senso objetivo.O mo<strong>de</strong>lo prático <strong>de</strong> gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes (cf.quadro 1) proposto nesta pesquisa começapedindo aos gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes que consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong> aprotonorma kantiana na seção “Autonomia”do mo<strong>de</strong>lo. Com o propósito <strong>de</strong>impl<strong>em</strong>entação prática, o mo<strong>de</strong>lope<strong>de</strong> que o <strong>de</strong>cisor elimine interessespróprios, ambição e motivos egocêntricosfazendo-se as perguntas:“Estou agindo me baseando exclusivamentena razão? Posso excluir ainfluência política, influência monetáriae o interesse próprio?” Se a resposta for“sim”, então o gestor po<strong>de</strong> continuar<strong>para</strong> o próximo passo do mo<strong>de</strong>lo <strong>para</strong>análise do dil<strong>em</strong>a ético e adiante na<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Se a resposta for“não”, então houve subjetivida<strong>de</strong> e oA autonomia éessencial <strong>para</strong> uma<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoética, porque libera o<strong>de</strong>cisor <strong>de</strong> interessessubjetivos e <strong>de</strong>sejospessoais, t<strong>em</strong>ores <strong>de</strong>repercussão negativaou outras influênciaspreconceituosas.<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos46Contrariamente aovalor do utilitarismo naprodução do maiorb<strong>em</strong> <strong>para</strong> o maiornúmero <strong>de</strong> pessoas,Kant colocou o valormais alto no<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho do <strong>de</strong>vermoral <strong>de</strong> cada um,<strong>de</strong>finido através da<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoracional.Pearson argumentouque as organizaçõestêm o <strong>de</strong>ver moral <strong>de</strong>promover o diálogo. J.E. Grunig e L. A.Grunigincluíram essaobrigação <strong>em</strong> suateoria <strong>de</strong> ética dacomunicação, usandoa simetria como umaforma <strong>de</strong> satisfazê-la.A simetria é umaforma <strong>de</strong>comunicaçãoinerent<strong>em</strong>ente ética.<strong>de</strong>cisor <strong>de</strong>ve afastar-se e <strong>de</strong>ferir a <strong>de</strong>cisão<strong>para</strong> outro gestor ou um processo<strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>em</strong> grupo. Omo<strong>de</strong>lo então continua <strong>para</strong> o test<strong>em</strong>ais rigoroso da filosofia <strong>de</strong>ontológica:o imperativo categórico <strong>de</strong> Kant.O imperativo categóricoO imperativo categórico <strong>de</strong> Kant(1785/1964) se enuncia <strong>de</strong>sta forma:“Atue somente com base na máximapor meio da qual você po<strong>de</strong> ao mesmot<strong>em</strong>po estabelecer que <strong>de</strong>verá setornar uma lei universal” (p. 88). Usandoo <strong>em</strong>penho racional e a autonomiados agentes morais, o imperativo categóricoacrescenta o el<strong>em</strong>ento da aplicaçãouniversal <strong>para</strong> o teste moral. Aose dizer que o imperativo categórico éuniversal, se utiliza um padrão absoluto<strong>de</strong> princípios morais, que se aplicaconsistent<strong>em</strong>ente através do t<strong>em</strong>po,das culturas e das normas sociais. Kant(Paton, 1967, p. 135) sustentou que “oprincípio da ação moral <strong>de</strong>ve ser omesmo <strong>para</strong> todo agente moral. Nenhumagente moral t<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong>fazer exceções arbitrárias à lei moral<strong>em</strong> favor <strong>de</strong> si próprio”.O imperativo categórico inclui oprincípio da reversibilida<strong>de</strong>; isto é, o<strong>de</strong>cisor veria o mérito da <strong>de</strong>cisão casoestivesse no outro lado <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>cisão?Sullivan (1994, p. 48) explicou as normasuniversais e reversíveis através dasquestões: “E se todos agiss<strong>em</strong> <strong>de</strong>ssaforma? Eu gostaria <strong>de</strong> viver num mundoon<strong>de</strong> todos agiss<strong>em</strong> <strong>de</strong>ssa forma?”Paton (1967) notou que uma obrigaçãorecíproca entre pessoas está implícitano imperativo categórico.Contrariamente à percepção comum,Kant não repudiou as conseqüências<strong>de</strong> uma ação. Ele argumentavaque conseqüências esperadasnão são o fator <strong>de</strong>terminante <strong>para</strong> queuma <strong>de</strong>cisão tenha ou não valor moral.Paton (1967, p. 76) explicou oargumento <strong>de</strong> Kant:Não <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os julgar uma ação comocorreta ou errada conforme gost<strong>em</strong>osou não gost<strong>em</strong>os das conseqüências.O teste é se a máxima <strong>de</strong>tal ação é compatível com anatureza <strong>de</strong> uma lei universal que éaplicar um b<strong>em</strong> <strong>para</strong> os outroscomo <strong>para</strong> si próprio.O argumento <strong>de</strong> Kant <strong>para</strong> a moralida<strong>de</strong><strong>de</strong> ações <strong>tomada</strong>s <strong>em</strong> favor<strong>de</strong> si com base no <strong>de</strong>ver é contrária àescola utilitária <strong>de</strong> ética. O utilitarismo(Bentham, 1780/1988; Mill, 1861/1957)baseia a moralida<strong>de</strong> nas conseqüências<strong>de</strong> uma ação, sendo açõeséticas aquelas que criam o maior b<strong>em</strong>ou felicida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o maior número <strong>de</strong>pessoas. O utilitarismo t<strong>em</strong> duas escolasprincipais <strong>de</strong> pensamento: (a) utilitarismodo ato; (b) utilitarismo da regra.O utilitarismo do ato avalia ações individuaispelo volume <strong>de</strong> b<strong>em</strong> produzidopela ação, não por casos anteriores; éa forma mais freqüent<strong>em</strong>ente usada<strong>de</strong> utilitarismo. O utilitarismo da regraatenta <strong>para</strong> discernir a regra geral portipos <strong>de</strong> ações, com base na produçãodo b<strong>em</strong> maior, generalizando apartir <strong>de</strong> casos anteriores (De George,1995). Ambas as formas <strong>de</strong> utilitarismo<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m a moralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisãoao predizer suas conseqüências.Assim, o utilitarismo é uma filosofiabaseada na teleologia ou no conseqüencialismo,<strong>em</strong> oposição à abordag<strong>em</strong>da <strong>de</strong>ontologia kantiana, nãoconseqüencialista,baseada no <strong>de</strong>ver.O utilitarismo é freqüent<strong>em</strong>ente usadona análise da relação custo-benefício,mas <strong>de</strong>ve-se usá-lo com cuidado, porcausa das famosas armadilhas aoaplicar este <strong>para</strong>digma (Posner, 2002).Contrariamente ao valor do utilitarismona produção do maior b<strong>em</strong><strong>para</strong> o maior número <strong>de</strong> pessoas, Kantcolocou o valor mais alto no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhodo <strong>de</strong>ver moral <strong>de</strong> cada um,<strong>de</strong>finido através da <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoracional. Ele atribui o mais altovalor moral a ações <strong>tomada</strong>s <strong>em</strong> favor<strong>de</strong> nós proprios com base no <strong>de</strong>ver<strong>em</strong> vez da compulsão ou da lei. Asconseqüências <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão sãoconsi<strong>de</strong>radas, mas não são o principalEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos47impulso <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobreo qual o agente moral baseia uma<strong>de</strong>cisão. Assim sendo, o imperativocategórico fornece uma norma <strong>de</strong>moralida<strong>de</strong> que ajuda o <strong>de</strong>cisor a enten<strong>de</strong>rseu <strong>de</strong>ver numa situação aopermitir que o agente universalize oprincípio moral. Se o princípio nãopo<strong>de</strong> ser universalizado, torna-se contraditórioou é um princípio que o<strong>de</strong>cisor não po<strong>de</strong>ria aceitar na outraponta da <strong>de</strong>cisão, então ele falha noteste do imperativo categórico.Por ex<strong>em</strong>plo, a máxima “Somentecontarei uma mentira <strong>em</strong> casos on<strong>de</strong>não serei pego” torna-se tão impossível<strong>de</strong> universalizar como contraditória. Omentiroso não po<strong>de</strong> universalizar esteprincípio porque, se todas as pessoasmentiss<strong>em</strong>, nessa situação a verda<strong>de</strong>seria impossível <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir. Alémdisso, duvida-se que o mentirosoqueira viver num mundo on<strong>de</strong> todos osoutros também mintam, porque entãoseria impossível acreditar <strong>em</strong> suaprópria mentira, porque todos sãomentirosos. Uma mentira somente éb<strong>em</strong>-sucedida se há uma suposição<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> por parte do receptor.A impl<strong>em</strong>entação prática doimperativo categórico <strong>de</strong> Kant évisualizada na seção “Perguntas” domo<strong>de</strong>lo prático (cf. quadro 1). Todogestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes <strong>de</strong>veconsi<strong>de</strong>rar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente as trêsperguntas que segu<strong>em</strong> e discuti-lascom a equipe <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes.Estas perguntas são elaboradas<strong>para</strong> convocar a natureza universal doimperativo categórico <strong>de</strong> Kant, b<strong>em</strong>como sua reversibilida<strong>de</strong>, <strong>para</strong> o<strong>de</strong>cisor ser capaz <strong>de</strong> colocar-se nolugar <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> recebe a <strong>de</strong>cisão. Elassão: “Posso obrigar todos os <strong>de</strong>maisque estiver<strong>em</strong> numa situação parecidacom a minha a fazer o mesmo queeu?”; “Eu aceitaria esta <strong>de</strong>cisão seestivesse do outro lado?”; e, <strong>para</strong>l<strong>em</strong>brar racionalida<strong>de</strong> e autonomia,“Já enfrentei uma situação éticas<strong>em</strong>elhante antes?” Essas <strong>de</strong>claraçõespráticas renovadas do imperativocategórico <strong>de</strong> Kant permit<strong>em</strong> aosgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesaplicar um conceito abstrato numprobl<strong>em</strong>a prático.Dever, intenção e respeitopelos outrosDividi a filosofia moral kantiana nascategorias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver, intenção ou boavonta<strong>de</strong> moral e respeito pelos <strong>de</strong>mais.Essas três categorias, grosso modo,correspon<strong>de</strong>m às três formulações <strong>de</strong>Kant do imperativo categórico.Ações feitas com base no <strong>de</strong>verdifer<strong>em</strong> das ações inspiradas por tendênciaou interesse próprio. Kant <strong>de</strong>fendiaque, por sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocinar eagir <strong>de</strong> forma autônoma, as pessoasprovavelmente vão agir <strong>de</strong> acordo comos imperativos morais universais(categóricos). Sullivan (1989, p. 133)explicou: “O único incentivo <strong>para</strong> agircom base no motivo do <strong>de</strong>ver, escreveKant, é a reverencia ou o respeito quesentimos <strong>para</strong> com a lei moral”.Assim sendo, a discussão <strong>de</strong> Kantdo <strong>de</strong>ver forneceu um meio atravésdo qual se analisa a boa vonta<strong>de</strong> ouintenções com valor moral. Em 1785Kant escreveu: “Nada po<strong>de</strong> serconcebido no mundo, n<strong>em</strong> fora <strong>de</strong>le,que po<strong>de</strong> ser chamado bom s<strong>em</strong>qualificação, exceto a boa vonta<strong>de</strong>”(1785/1964, p. 154). Kant observouuma boa vonta<strong>de</strong> moral como umacondição necessária <strong>para</strong> a <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética. Baron (1995, p.183) explicou: “A boa vonta<strong>de</strong> émanifestada <strong>em</strong> ações feitas a partirdo <strong>de</strong>ver”.Em sua discussão sobre dignida<strong>de</strong>e respeito pelos <strong>de</strong>mais, Kant queriaque as pessoas foss<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre tratadascomo um fim <strong>em</strong> si mesmas enunca como um meio <strong>para</strong> o fim. Eleescreveu (Kant, 1785/1964, p. 385):“Dev<strong>em</strong>os respeitar todos os seres humanoscomo se tivess<strong>em</strong> valor intrínsecoe objetivo ou dignida<strong>de</strong>”. Estamáxima po<strong>de</strong> ser executada <strong>em</strong> rela-“O único incentivo<strong>para</strong> agir com baseno motivo do <strong>de</strong>ver,escreve Kant, é areverencia ou orespeito que sentimos<strong>para</strong> com a leimoral”.Uma <strong>de</strong>cisão que usaum <strong>para</strong>digma<strong>de</strong>ontológico épotencialmente maiscomplexa do queaquela baseada noutilitarismo, <strong>em</strong> que afilosofia direciona umcaminho claro <strong>para</strong>servir ao b<strong>em</strong> próprioou ao b<strong>em</strong> <strong>de</strong> umnumero maior <strong>de</strong>pessoas.<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos48O mo<strong>de</strong>lo simétricoé <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>importância porquepermite que gestores<strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes ganh<strong>em</strong>conhecimento daquestão a partir <strong>de</strong>uma perspectiva <strong>de</strong>fora da organizaçãoe incorpor<strong>em</strong> esseconhecimento <strong>em</strong>sua <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão.A comunicação<strong>de</strong>ve ser contínua eusada <strong>para</strong>contribuir noprocesso <strong>de</strong> <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, b<strong>em</strong>como <strong>para</strong> informaros públicos sobre a<strong>de</strong>cisão. Além disso,o uso dacomunicaçãosimétrica é coerentecom a filosofiamoral kantiana.ções públicas ao se fornecer o conhecimentonecessário <strong>para</strong> as pessoastomar<strong>em</strong> suas próprias <strong>de</strong>cisões, baseadas<strong>em</strong> seu próprio julgamento,permitindo-lhes a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umagente autônomo e racional.No mo<strong>de</strong>lo prático aqui proposto,chamo esta fase da teoria <strong>de</strong>“triângulo da consi<strong>de</strong>ração ética” <strong>para</strong>facilitar sua discussão entre as equipes<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes. Cada vérticedo triângulo correspon<strong>de</strong> a uma dasformulações <strong>de</strong> Kant do imperativocategórico: (a) <strong>de</strong>ver; (b) dignida<strong>de</strong> erespeito pelos outros; (c) intenção ouboa vonta<strong>de</strong> moral. Sob cada classificação,está uma pergunta queexplica o conceito. As perguntas são:“Dever: estou fazendo a coisa certa?Dignida<strong>de</strong> e respeito: A dignida<strong>de</strong> e orespeito pelos <strong>de</strong>mais estão sendomantidos? E intenção: estou agindocom moralida<strong>de</strong> e boa vonta<strong>de</strong>?”Dentro do triângulo, <strong>em</strong> or<strong>de</strong>marbitrária, está o que os gestores dosgrupos <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes<strong>de</strong>veriam consi<strong>de</strong>rar quanto a <strong>de</strong>ver,dignida<strong>de</strong> e respeito e intenção. Essesgrupos são públicos estratégicos, aorganização e a socieda<strong>de</strong>. Os gestores<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes <strong>de</strong>v<strong>em</strong>consi<strong>de</strong>rar cada um dos grupos comcada um dos vértices do triângulo,correspon<strong>de</strong>ndo a um aspecto da teoriakantiana. Os gestores precisam consi<strong>de</strong>rarmúltiplos grupos individualmente,como os vários grupos <strong>de</strong> umaorganização. Essas consi<strong>de</strong>rações levamo gestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes a fazeruma análise completa da perspectiva<strong>de</strong> cada grupo envolvido num assunto<strong>em</strong>ergente. Os públicos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser organizados<strong>para</strong> customizar o triângulo <strong>para</strong>cada organização e situação,permitindo uma análise ética sofisticadae complexa que é única <strong>para</strong> cadacaso <strong>em</strong> que é usada.Comunicação simétricaComunicação simétrica, <strong>de</strong> acordocom J. E. Grunig (2001, p. 12), existequando “profissionais usam pesquisae diálogo <strong>para</strong> ocasionar mudançassimbióticas <strong>em</strong> idéias, atitu<strong>de</strong>s e comportamentostanto da organizaçãocomo dos públicos”. O mo<strong>de</strong>losimétrico (Grunig & Hunt, 1984) é umamediação inclusiva entre advocacia eacomodação que envolve mudançamútua e adaptação à nova informação.O profissional <strong>de</strong> relaçõespúblicas facilita a mudança mútua <strong>em</strong>vez <strong>de</strong> agir apenas como um advogadoda organização, conforme verificadona abordag<strong>em</strong> assimétrica(Dozier, L. A.Grunig e J. E. Grunig, 1995;J. E.Grunig, 2001; J. E.Grunig, 1992a; J.E. Grunig & L. A.Grunig, 1992). L. A.Grunig, J. E. Grunig e Dozier (2002)<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que a abordag<strong>em</strong> simétrica<strong>para</strong> a comunicação é inerent<strong>em</strong>ent<strong>em</strong>ais ética do que outras abordagensporque é baseada no diálogo.Pearson (1989a, 1989c), ao esten<strong>de</strong>ra teoria <strong>de</strong> Habermas (1979, 1984,1987), argumentou que as organizaçõestêm o <strong>de</strong>ver moral <strong>de</strong> promovero diálogo. J. E. Grunig e L. A.Grunig (1996) incluíram a obrigação <strong>de</strong>diálogo <strong>de</strong> Pearson <strong>em</strong> sua teoria <strong>de</strong>ética da comunicação, usando asimetria como uma forma <strong>de</strong> satisfazêla.A simetria é uma forma <strong>de</strong> comunicaçãoinerent<strong>em</strong>ente ética(Bowen, 2000; J. E. Grunig & L. A.Grunig, 1996) e seu uso como componente<strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo prático <strong>de</strong>gerenciamento das questões éticasfortalece a base conceitual do mo<strong>de</strong>lo.A última fase da impl<strong>em</strong>entaçãodo mo<strong>de</strong>lo prático colocada nesteestudo é comunicar consi<strong>de</strong>raçõeséticas <strong>para</strong> os grupos <strong>de</strong>ntro dotriângulo das consi<strong>de</strong>rações éticas elevar <strong>em</strong> conta sua força na <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Com essa consi<strong>de</strong>ração,po<strong>de</strong> ser alcançada uma <strong>de</strong>cisãomais justa e mutuamente satisfatóriado que com os métodos não-simétricos.A informação obtida dospúblicos po<strong>de</strong> ter um papel vital noprocesso <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão daEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos49organização. A comunicação <strong>de</strong>ve sercontínua e usada <strong>para</strong> contribuir noprocesso <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, b<strong>em</strong>como <strong>para</strong> informar os públicos sobrea <strong>de</strong>cisão. Além disso, o uso dacomunicação simétrica é coerentecom a filosofia moral kantiana. Kant(1785/1964, p. 73) escreveu: “Assim, arazão comum, quando cultivada <strong>em</strong>seu uso prático, eleva insensivelmentea dialética que a compele a pedirajuda na filosofia”.A contribuição mais importantedas relações públicas <strong>para</strong> a eficáciaorganizacional po<strong>de</strong> ser mensuradanos relacionamentos construídos <strong>em</strong>antidos pela função. O uso do mo<strong>de</strong>loprático aqui exposto enfatiza ainter<strong>de</strong>pendência e natureza ética<strong>de</strong>sses relacionamentos. O uso <strong>de</strong>st<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>ve aumentar a habilida<strong>de</strong>do profissional <strong>para</strong> manter relacionamentosmutuamente benéficos comos públicos.Perguntas <strong>de</strong> pesquisaCom base da teoria aqui discutidae <strong>em</strong> outra anterior, o mo<strong>de</strong>lo normativo<strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> questõeséticas <strong>em</strong>ergentes, <strong>de</strong>senhei um mo<strong>de</strong>loprático <strong>para</strong> o gerenciamento <strong>de</strong>questões éticas <strong>em</strong>ergentes (cf. quadro1). Esse mo<strong>de</strong>lo prático foi totalmentebaseado na teoria aqui apresentada,mas foi testado eaperfeiçoado durante o uso <strong>de</strong> estudo<strong>em</strong>pírico discutido a seguir.Duas organizações <strong>de</strong> estudo permitiram-mecoletar dados a respeito<strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes e sua ética. Useiesses dados <strong>para</strong> reescrever, esclarecere fortalecer o mo<strong>de</strong>lo prático, afim <strong>de</strong> que possa ser facilmente usadopor seus gestores. Na porção <strong>em</strong>píricado estudo, três perguntas investigativasforam colocadas:• PI 1 – Qual é a estrutura do gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes ea <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão na organização,inclusive o acesso àcoalizão dominante ou ao presi<strong>de</strong>nte(por ex<strong>em</strong>plo, autonomia)?• PI 2 – Com que grau <strong>de</strong> importânciaos gestores <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes consi<strong>de</strong>ram a ética <strong>em</strong>sua <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobrequestões <strong>em</strong>ergentes?• PI 3 – A organização confia primariamentenuma conceituação daética baseada no utilitarismo ou na<strong>de</strong>ontologia?MetodologiaEscolha da amostra e dosparticipantesO estudo <strong>em</strong>pírico foi <strong>de</strong>senvolvidopor meio <strong>de</strong> observação longitudinal e43 entrevistas <strong>em</strong> duas <strong>em</strong>presas farmacêuticasglobais. O mo<strong>de</strong>lo normativo<strong>de</strong> questões éticas foi utilizadocomo um guia <strong>para</strong> construir o mo<strong>de</strong>loprático, baseado nos comentários dosgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nasorganizações participantes.Para obter esta amostra, foiutilizado o Hoover’s handbook ofAmerican business (Hoover, 1997) <strong>para</strong>i<strong>de</strong>ntificar os maiores produtores <strong>de</strong>fármacos distribuídos nos EstadosUnidos. Cartas <strong>de</strong> consulta foramenviadas <strong>para</strong> os maiores profissionais<strong>de</strong> relações públicas <strong>de</strong> 21 corporaçõese se fez o acompanhamentopor outra carta, s<strong>em</strong>elhante,três s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong>pois, e um telefon<strong>em</strong>a.Duas indústrias farmacêuticas, <strong>de</strong>21 organizações convidadas a participar,permitiram-me a coleta <strong>de</strong>dados <strong>em</strong> suas organizações. Essascorporações concordaram <strong>em</strong> participarnesse estudo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> enviodos convites iniciais, várias conversastelefônicas, negociações acerca <strong>de</strong>confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>, envio <strong>de</strong> correspondências<strong>de</strong>screvendo o estudo,assinatura <strong>de</strong> documentos legais ereuniões <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciamento.Thomas (1995) e Yeager e Kram(1995), especialistas no estudo <strong>de</strong>executivos, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que a reuniãoA contribuição maisimportante dasrelações públicas<strong>para</strong> a eficáciaorganizacional po<strong>de</strong>ser mensurada nosrelacionamentosconstruídos <strong>em</strong>antidos pelafunção.<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos50<strong>de</strong> classificação é comum antes <strong>de</strong> seganhar acesso ao cenário <strong>de</strong> umacorporação. A maioria das 21 organizaçõescontatadas recusou-se arespon<strong>de</strong>r as cartas e os telefon<strong>em</strong>asou <strong>de</strong>clararam que não participariamdos projetos <strong>de</strong> pesquisa. Ambas asorganizações participantes são altamenteclassificadas na ética ereputação <strong>de</strong> acordo com a imprensa,o que sugere que as organizações que<strong>de</strong>clinaram participar po<strong>de</strong>m ter<strong>de</strong>sejado ocultar dil<strong>em</strong>as éticos. O fato<strong>de</strong> que as duas organizações queconcordaram <strong>em</strong> participar assegurammissões <strong>de</strong> excelência <strong>em</strong> éticainfluencia esta pesquisa <strong>em</strong> favor <strong>de</strong>uma organização que verda<strong>de</strong>iramente<strong>de</strong>seja produzir comportamentoético <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> simplesmente alcançarum padrão mínimo.Manter a confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> erauma condição necessária <strong>de</strong> acesso<strong>para</strong> ambas as organizações nesteestudo; assim sendo, elas são mencionadasaqui como Organização A eOrganização B. A Organização A e aOrganização B estavam entre as cincomaiores <strong>em</strong>presas farmacêuticas e <strong>de</strong>produtos relacionados ao tratamentoda saú<strong>de</strong> no mundo; elas fornec<strong>em</strong>uma base fértil <strong>para</strong> estudar as questões<strong>em</strong>ergentes e a prática ética.Breve <strong>de</strong>scrição dasorganizações participantesAs organizações A e B são comparáveis<strong>em</strong> tamanho, ida<strong>de</strong> e produtosmanufaturados. Ambas sãoorganizações globais, fundadas nosEstados Unidos e com suas se<strong>de</strong>s principaisnesse país. A força <strong>de</strong> trabalhoglobal <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las está próxima<strong>de</strong> 100 mil funcionários. Os produtosfarmacêuticos produzidos porcada uma das organizações po<strong>de</strong>mser encontrados <strong>em</strong> quase todos ospaíses do mundo. Ambas as organizaçõespossu<strong>em</strong> instalações impressionantes,próximas das principais áreasmetropolitanas, e possu<strong>em</strong> t<strong>em</strong>íveismedidas <strong>de</strong> segurança <strong>para</strong> acessoaos locais.A Organização A é freqüent<strong>em</strong>enteincluída na classificação <strong>de</strong>uma publicação <strong>em</strong> que aparec<strong>em</strong>as melhores <strong>em</strong>presas on<strong>de</strong> setrabalhar, e todos os entrevistados relataramque a companhia t<strong>em</strong> orgulho<strong>em</strong> fazer as coisas do jeito “certo”. AOrganização B é conhecida mundialmentepor ter um forte compromissocom a ética e é freqüent<strong>em</strong>entereconhecida <strong>em</strong> pesquisasjunto ao público como uma das maisrespeitadas companhias no mundo.Filantropia e responsabilida<strong>de</strong>social são conceitos altamente reputadostanto pela Organização A comopela B, no planejamento estratégico.Ambas as organizações têm feito doaçõessignificativas <strong>de</strong> r<strong>em</strong>édios eoutros produtos ao redor do mundonos últimos anos.Na Organização A há um l<strong>em</strong>anão oficial <strong>de</strong> ética aconselhando osfuncionários a “fazer<strong>em</strong> a coisa certa”;na Organização B há uma <strong>de</strong>claraçãooficial <strong>de</strong> ética <strong>de</strong>lineando as principaisresponsabilida<strong>de</strong>s. Em resumo,as organizações A e B esforçam-se<strong>para</strong> ser entida<strong>de</strong>s corporativas moralmenteresponsáveis e ter compromissocom o comportamento éticoorganizacional.Coleta <strong>de</strong> dados e análiseA pesquisa continuou <strong>de</strong> formaqualitativa, com métodos trianguladosusando-se 43 entrevistas e observaçãolongitudinal.O guia <strong>de</strong> entrevista s<strong>em</strong>i-estruturadofoi construído colocando-sena entrevista a opinião <strong>de</strong> muitosestudiosos (Fontana & Frey, 1994,2000; Lindlof, 1995; McCracken,1988; Spradley, 1979) e a observaçãoorientada pelo conselho <strong>de</strong> antropólogose outros pesquisadores (Adler& Adler, 1987, 1994; Atkinson &Hammersley, 1994; Jorgensen, 1989;Linoln & Guba, 1985).Estudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos51Um comitê universitário <strong>de</strong> ciênciashumanas aprovou o esboço dapesquisa e o guia da entrevista.Quarenta e três longas entrevistascom gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesforam realizadas; todos osparticipantes assinaram formuláriosinformando seu consentimento. Amaior parte das entrevistas foigravada <strong>em</strong> áudio com o consentimentodos participantes e posteriormenteforam transcritas. Osparticipantes <strong>de</strong>screveram-se comogestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes, amaioria trabalhando num <strong>de</strong>partamento<strong>de</strong> relações públicas ou <strong>de</strong>assuntos públicos. Seus cargos eram<strong>de</strong> diretor (ou gerente) <strong>de</strong> comunicaçõesda <strong>em</strong>presa e vicepresi<strong>de</strong>nte(ou diretor) <strong>de</strong> assuntospúblicos; um <strong>de</strong>les tinha o título <strong>de</strong>vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> administração <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes.Coletei dados <strong>de</strong> observação aoparticipar <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes e s<strong>em</strong>inários <strong>de</strong> treinamento,ao tomar abundantesnotas nessas ocasiões e escrevendom<strong>em</strong>os teóricos (Wolcott, 1995) dasexperiências observadas. A fase <strong>de</strong>coleta <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>sse estudo durouaproximadamente um ano e ocorreunos Estados Unidos e na Europa. Osdados eram analisados usando ométodo <strong>de</strong> Miles e Huberman (1994),sugerido <strong>para</strong> análise qualitativa:redução <strong>de</strong> dados, tabelas <strong>de</strong>mostra <strong>de</strong> dados e esboço da conclusão.Uma abordag<strong>em</strong> reflexiva foiincorporada ao se pedir aosparticipantes seus comentários efeedback a respeito <strong>de</strong> minhasanotações e conclusões. Foi solicitadoa ambas as organizações quecomentass<strong>em</strong> a respeito do mo<strong>de</strong>loapresentado no quadro 1. As transcriçõesdas entrevistas foram analisadaspor frases e palavras relacionadascom as perguntas da pesquisae citações ex<strong>em</strong>plares foram incluídasna seção <strong>de</strong> “Resultados”.ResultadosTrês perguntas da pesquisa foramdirigidas <strong>para</strong> testar o mo<strong>de</strong>lo prático <strong>de</strong>gerenciamento <strong>de</strong> questões éticas<strong>em</strong>ergentes apresentadas neste artigo.Eu queria garantir que o mo<strong>de</strong>lo refletisseum fluxo preciso do processo <strong>de</strong>gerenciamento <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes,fosse fácil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r e cobrisse asáreas teóricas discutidas na conceituação.Ao utilizar duas organizações ecom base no mo<strong>de</strong>lo prático com seuscomentários e feedback, o mo<strong>de</strong>lonormativo (Bowen, 2004) po<strong>de</strong>ria seradaptado <strong>para</strong> uso <strong>em</strong> indústrias e <strong>em</strong>muitas outras organizações diferentes.O processo do gerenciamento<strong>de</strong> assuntos <strong>em</strong>ergentes e aestrutura organizacionalPI 1 – Qual é a estrutura do gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes eda <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão na organização,inclusive o acesso à coalizãodominante ou ao presi<strong>de</strong>nte?Esta pergunta investigativa refere-seà estrutura organizacional <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminarse a autonomia necessária <strong>para</strong>a <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética é permitidaao profissional <strong>de</strong> relações públicas. Oprocesso-padrão <strong>para</strong> conduzir ogerenciamento <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesé também discutido nesta pergunta<strong>para</strong> fornecer informação <strong>de</strong> como asquestões <strong>em</strong>ergentes surg<strong>em</strong> e comosão resolvidas e gerenciadas. Também énecessário <strong>de</strong>scobrir que níveis <strong>de</strong> po<strong>de</strong>ras relações públicas têm na organizaçãoe que nível <strong>de</strong> acesso aopresi<strong>de</strong>nte e à coalizão dominante osgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentespossu<strong>em</strong> e qual a freqüência com queo acesso é utilizado. Estas consi<strong>de</strong>raçõestêm um impacto no nível <strong>de</strong>autonomia dos profissionais, b<strong>em</strong> comona habilida<strong>de</strong> das relações públicascomo contribuição na <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoe planejamento estratégicos (J. E.Grunig, 1992c).É necessário <strong>de</strong>scobrirque níveis <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r asrelações públicas têmna organização e quenível <strong>de</strong> acesso aopresi<strong>de</strong>nte e àcoalizão dominante osgestores <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes possu<strong>em</strong>e qual a freqüênciacom que o acesso éutilizado.<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos52Na Organização A, as questões<strong>em</strong>ergentes foram gerenciadas <strong>de</strong>forma pró-ativa, com um sofisticadonível <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> clima realizadaregularmente. O gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes foi mais simétricodo que na Organização B, porquecontato freqüente foi mantido comgrupos no ambiente organizacional, eeste contato foi utilizado <strong>para</strong>propósitos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> clima, b<strong>em</strong>como <strong>para</strong> criação e manutenção <strong>de</strong>relacionamentos. Por ex<strong>em</strong>plo, umgestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes naOrganização A <strong>de</strong>screveu o relacionamentoda companhia comativistas <strong>de</strong> organizações que lutamcontra a Aids: “Nosso princípio seria terrelacionamentos constantes com eles.Caracterizaríamos os relacionamentoscomo positivos porque as discussõescontinuam. Mas o fato <strong>de</strong> você falarsobre o assunto é um bom sinal e é issoque serviu <strong>de</strong> base, durante a últimadécada, <strong>de</strong> nosso relacionamento comas pessoas infectadas pelo vírus da Aids”.O processo típico <strong>de</strong> gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes naOrganização A é formal; envolve o uso<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo. Esse mo<strong>de</strong>lo requerque os gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentescui<strong>de</strong>m dos assuntos “estabelecendorelacionamentos <strong>de</strong> confiançaatravés da comunicação, feedback eaprendizado.” O mo<strong>de</strong>lo multifásico és<strong>em</strong>elhante aos mo<strong>de</strong>los discutidospelos estudiosos do gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes (Buchholz, Evans,& Wagley, 1989; Chase, 1977; Cheney& Vibbert, 1987; Crable & Vibbert, 1985;Ewing, 1997; J. E. Grunig & Repper,1992; Heath & Nelson, 1986; Jones &Chase, 1979; Lauzen, 1997), que geralmenteinclu<strong>em</strong> estimativas, i<strong>de</strong>ntificaçãodas questões <strong>em</strong>ergentes, coleta<strong>de</strong> informações, estratégia epriorida<strong>de</strong>s, planejamento <strong>de</strong> ação,impl<strong>em</strong>entação e avaliação.A primeira priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambas asorganizações, uma vez i<strong>de</strong>ntificado oassunto <strong>em</strong>ergente, é coletar fatos arespeito <strong>de</strong>le. Questões <strong>em</strong>ergentes <strong>de</strong>significância mais séria do que aativida<strong>de</strong> diária requer<strong>em</strong> que sejamontada uma equipe. A equipe normalmenteconsiste <strong>de</strong> vários gestores<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes, um especialista<strong>de</strong> produto ou cientistapesquisador, um advogado e umrepresentante do <strong>de</strong>partamento financeiro.A coleta <strong>de</strong> dados sobre oprobl<strong>em</strong>a é uma questão continua. Aesta altura as organizações diverg<strong>em</strong>quanto ao tratamento do processo,conforme discutirei na próxima perguntainvestigativa.O gerenciamento <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes na Organização B foi <strong>de</strong>natureza mais reativa do que naOrganização A. Os gestores da OrganizaçãoB contaram-me que nãomantêm relações freqüentes comm<strong>em</strong>bros da mídia ou públicos com oobjetivo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações,mas “confiam totalmente na associação<strong>de</strong> indústrias <strong>para</strong> taisinformações.” Os gestores <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes da Organização B foramfreqüent<strong>em</strong>ente informados <strong>de</strong> questõesatravés <strong>de</strong> telefon<strong>em</strong>as da mídiasolicitando comentários a respeito <strong>de</strong>processos legais ou queixas <strong>de</strong> consumidores,colocando-os numa circunstânciareacionária e menos trágica doque se os assuntos tivess<strong>em</strong> sido i<strong>de</strong>ntificados,rastreados e planejados comantecedência. A Organização B freqüent<strong>em</strong>enteteve <strong>de</strong> se engajar <strong>em</strong>gerenciamento <strong>de</strong> crise por conta dafalta da pesquisa <strong>de</strong> clima. A OrganizaçãoA é claramente mais próativano gerenciamento <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes do que a Organização Bao manter comunicação simétricacom os públicos, buscando osassuntos e planejando como gerenciarquestões <strong>em</strong>ergentes.Ambas as organizações confiaramna <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão grupal numaequipe <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes. Umdos participantes da Organização Bexplicou: “Na maioria das vezesconcordávamos. Consigo me l<strong>em</strong>brarEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos53<strong>de</strong> duas situações <strong>em</strong> que chegamosao ponto <strong>em</strong> que tiv<strong>em</strong>os que ir aopresi<strong>de</strong>nte e lhe dizer: ‘Estamos numimpasse – <strong>de</strong>cida’.” A estrutura <strong>de</strong> umaorganização e o nível <strong>de</strong> acesso àcoalizão dominante também po<strong>de</strong>mafetar a forma como as <strong>de</strong>cisões são<strong>tomada</strong>s. Por isso essa área tambémfoi explorada nesta pergunta.As relações públicas não foramincluídas na coalizão dominante naOrganização A, mas o profissional <strong>de</strong>relações públicas <strong>de</strong> mais alto níveltinha uma linha direta <strong>de</strong> relacionamentocom um m<strong>em</strong>bro da coalizãodominante: o chefe do <strong>de</strong>partamentojurídico. O vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>relações públicas estava na organizaçãohavia aproximadamente vinteanos, tinha onze altos executivos <strong>em</strong>linha direta <strong>de</strong> relacionamento egerenciava uma <strong>de</strong>partamento comaproximadamente 130 profissionais <strong>de</strong>relações públicas.Na Organização A, o relacionamentodas relações públicas com acoalizão dominante foi prejudicadopor causa da estratificação formal daestrutura organizacional. Porque o pessoal<strong>de</strong> relações públicas reportava-sea um m<strong>em</strong>bro da coalizão dominanteque é do <strong>de</strong>partamento jurídico, suacontribuição sobre os valores <strong>de</strong>públicos e públicos estratégicos forada organização não po<strong>de</strong>ria ser representadana <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>assuntos estratégicos. Este déficitpotencial <strong>de</strong>ixou a organização aberta<strong>para</strong> dil<strong>em</strong>as éticos ao falhar <strong>em</strong>consi<strong>de</strong>rar os interesses dos públicos epúblicos estratégicos. Além disso,subordinar as relações públicas ao<strong>de</strong>partamento jurídico é probl<strong>em</strong>ático,pelo fato <strong>de</strong> as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> éticausadas não ser<strong>em</strong> aquelas baseadasna filosofia moral ou na visão <strong>de</strong>ontológicada organização, como discutidorapidamente. Em vez disso, aética e os valores da organização foramrelegados às normas legais,baseando-se na aplicação punitiva.Assim sendo, a estrutura organizacionalna Organização A não foi i<strong>de</strong>al <strong>para</strong> ogerenciamento das questões <strong>em</strong>ergentese colocou alguns obstáculos à<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética.Comentando a falta <strong>de</strong> relacionamento<strong>de</strong> linha direta <strong>de</strong> reporteao presi<strong>de</strong>nte na Organização A, avice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> relações públicasdisse: “Entendo que aproximadamente80% das pessoas na minha posição<strong>em</strong> outras <strong>em</strong>presas se reportam diretamenteao presi<strong>de</strong>nte. Mas acho quefunciona neste caso porque tenhototal acesso a ele quando eu acharjustificado.” A vice-presi<strong>de</strong>nte estimouque 75% a 80% das questões <strong>em</strong>ergentesforam gerenciado por ela e seu<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> relações públicas eque somente um pequeno número <strong>de</strong>questões necessitaram ser levados aatenção do presi<strong>de</strong>nte.O acesso ao presi<strong>de</strong>nte é disponibilizado,mas raramente usado; umaverda<strong>de</strong>ira função <strong>de</strong> conselheiro <strong>de</strong>ética foi utilizada com baixa freqüência.O acesso e a contribuiçãodo pessoal <strong>de</strong> relações públicas foram,portanto, prejudicados porque oalto gestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesn<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre podia ter a autonomianecessária <strong>para</strong> tomar <strong>de</strong>cisões éticas.Na Organização B, o alto profissional<strong>de</strong> relações públicas eram<strong>em</strong>bro da coalizão dominante. Ogestor executivo <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesestava na organização havia<strong>de</strong>z anos e lhe era confiada a <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e a função <strong>de</strong> conselheirodo presi<strong>de</strong>nte. Embora a estruturaorganizacional da Organização B fosse<strong>de</strong>scentralizada, o gestor executivo <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes tinha um po<strong>de</strong>rinquestionavelmente gran<strong>de</strong> sobre asquestões <strong>em</strong>ergentes globais. Esteexecutivo observou que a <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão era participativa e colaborativa<strong>em</strong> toda a organização e que “telefon<strong>em</strong>asa terceiros” eram estimulados.O participante enfatizou:“Tentamos promover uma cultura <strong>em</strong><strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos54“Não sei se na correriado dia-a-dia eurealmente <strong>para</strong>ria <strong>para</strong>perguntar-me: esta éuma <strong>de</strong>cisão ética?Como lidar com isso?”que todos estivess<strong>em</strong> focados <strong>em</strong>elevar a categoria <strong>de</strong> nossareputação.”O gestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentestransmitiu muitos ex<strong>em</strong>plos <strong>em</strong> que opresi<strong>de</strong>nte foi aconselhado sobre dil<strong>em</strong>aséticos que estavam diante daorganização e enfatizou o papel doexecutivo como <strong>de</strong>cisor num processocolaborativo. O participante mencionouex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> conselhos dadosà coalizão dominante acerca <strong>de</strong>disputas trabalhistas, falsificação oufalha <strong>de</strong> produtos, pressão <strong>de</strong> ativistas,litígio por alergia a látex e uso inapropriado<strong>de</strong> produtos com conseqüênciafatal. O executivo <strong>de</strong> relaçõespúblicas <strong>em</strong> segundo lugar na hierarquiana Organização B também falousobre um relacionamento eficaz ecolaborativo com o presi<strong>de</strong>nte, incluindoacesso freqüente e regular.O nível <strong>de</strong> acesso à coalizãodominante na Organização B erasuficiente no que se refere a relaçõespúblicas excelentes (J. E.Grunig,1992b), tendo as relações públicas vozno mais alto nível da <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão. A estrutura organizacional daOrganização B era suficiente <strong>para</strong> permitirao gerente <strong>de</strong> relações públicas aautonomia necessária <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão ética.Importância dogerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentesPI 2 – Com que grau <strong>de</strong> importância osgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes consi<strong>de</strong>rama ética <strong>em</strong> sua <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisões sobre questões <strong>em</strong>ergentes?A Organização A t<strong>em</strong> um l<strong>em</strong>anão-oficial <strong>de</strong> ética, ao passo que aOrganização B t<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>claraçãooficialmente adotada <strong>para</strong> guiar a<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética. O l<strong>em</strong>a daOrganização A é uma citação informal<strong>de</strong> um fundador, l<strong>em</strong>brando aos funcionáriosque a organização existe<strong>para</strong> ajudar as pessoas a viver<strong>em</strong> melhor,com mais saú<strong>de</strong>, não apenas<strong>para</strong> lucrar através <strong>de</strong> seus produtos. AOrganização A faz um julgamento baseadonaquilo que a equipe <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes crê ser o melhor<strong>para</strong> o negócio, <strong>para</strong> os clientes e<strong>para</strong> a companhia, normalmente s<strong>em</strong>discussão explícita ou análise da ética.Não há menção <strong>de</strong> análise da éticano mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes usado na OrganizaçãoA. Um participante mencionou:“Todos t<strong>em</strong>os um claro entendimentodo que significa fazer a coisacerta e, por isso, não nos reunimos<strong>para</strong> perguntar: ‘Isso é ético?’” Os gestores<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes daOrganização A tomaram <strong>de</strong>cisões s<strong>em</strong>consi<strong>de</strong>rações cuidadosas sobre ética,porque a análise ética não era normanas reuniões <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes.A intenção <strong>de</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisãoética está na mente dos gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes da OrganizaçãoA, mas a análise racional <strong>de</strong> ética quetal <strong>de</strong>cisão necessitaria não está cont<strong>em</strong>plada.Um participante da OrganizaçãoA explicou: “Quero dizersinceramente que ética é algo difícil<strong>para</strong> eu articular. Não acho que estariaaqui por tanto t<strong>em</strong>po, tanto do ponto<strong>de</strong> vista <strong>de</strong>les como do meu, se nãohouvesse um entendimento mútuo <strong>de</strong>ética. Mas não sei se na correria dodia-a-dia eu realmente <strong>para</strong>ria <strong>para</strong>perguntar-me: esta é uma <strong>de</strong>cisãoética? Como lidar com isso?”Um outro gestor <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes da Organização Acolocou a idéia <strong>de</strong>sta forma: “Nãodiscuto. Sou um hom<strong>em</strong> crescido.Entendo <strong>de</strong>sses assuntos e há somenteuma forma <strong>para</strong> fazer as coisas [<strong>em</strong>nossa organização]. É a forma certa.”O gestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes tinhaa intenção ou boa vonta<strong>de</strong> moral citadosna <strong>de</strong>ontologia. Entretanto, oexecutivo não discute o que significarealmente a coisa certa e com issopo<strong>de</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisão apressadaEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos55ou hostil. Al<strong>em</strong> disso, os interesses dospúblicos estratégicos não estão sendoconsi<strong>de</strong>rados com regularida<strong>de</strong> nareação da Organização A às questões<strong>em</strong>ergentes.Esta pesquisa encontrou poucoapoio na Organização A <strong>para</strong> umaanálise formal <strong>de</strong> implicações <strong>de</strong>questões éticas e um baixo nível <strong>de</strong><strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> incr<strong>em</strong>entar a importânciada <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética. Entretanto,a consi<strong>de</strong>ração ética daOrganização A sobre questões <strong>de</strong> altavisibilida<strong>de</strong> ilustra que os gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes sab<strong>em</strong> doimportante papel que a ética po<strong>de</strong> ter<strong>em</strong> tais <strong>de</strong>cisões e que eles têm acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrar umaanálise ética formal se tiver<strong>em</strong> ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ética ou uma linha <strong>de</strong>direção <strong>para</strong> utilizar.O nível <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoética da Organização B é maisanalítico do que o da Organização A.Os gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesconsi<strong>de</strong>ram a ética <strong>de</strong> forma pro<strong>em</strong>inentee consistente nas <strong>de</strong>cisõessobre questões <strong>em</strong>ergentes enfrentadasna Organização B. A organizaçãot<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> éticaformalmente adotada, <strong>de</strong>lineando osvalores segundo os quais os funcionários<strong>de</strong>v<strong>em</strong> tomar suas <strong>de</strong>cisões.A <strong>de</strong>claração, com vários parágrafos,enumera responsabilida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> quatroáreas maiores. A primeira refere-se aosconsumidores, incluindo pacientes,médicos, enfermeiras, fornecedores edistribuidores. A segunda, aos funcionáriose à manutenção <strong>de</strong> comunicaçãoaberta com os funcionários. Aterceira, às relações com acomunida<strong>de</strong>, a impostos e à filantropia.A última, aos acionistas, àpesquisa e ao <strong>de</strong>senvolvimento. Osparticipantes explicaram que essasquatro gran<strong>de</strong>s áreas foram organizadas<strong>em</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>para</strong>comunicar o grau <strong>de</strong> importância <strong>de</strong>cada público <strong>para</strong> a organização. Éinteressante que a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> éticada Organização B não inclua a responsabilida<strong>de</strong>ética <strong>em</strong> relação a siprópria. É possível que ela seja assumidana área dos funcionários, mas esse<strong>de</strong>ver não é explicitamente <strong>de</strong>finido.Compl<strong>em</strong>entando a <strong>de</strong>claração<strong>de</strong> ética, um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>ontológicoavançado <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoética é usado na Organização B <strong>para</strong>analisar profundamente a ética <strong>de</strong>uma situação antes <strong>de</strong> se chegar auma <strong>de</strong>cisão. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão é formulado <strong>em</strong> camadas,mas é um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>ontológicosofisticado. Duas formas do imperativocategórico <strong>de</strong> Kant estão representadasno mo<strong>de</strong>lo através <strong>de</strong>perguntas utilizadas <strong>para</strong> representar<strong>de</strong>ver, dignida<strong>de</strong> e respeito e intenção.Entretanto, não há <strong>de</strong>safio explícito<strong>para</strong> vislumbrar a <strong>de</strong>cisão do receptorcomo há no mo<strong>de</strong>lo prático propostoneste artigo. A Organização B consi<strong>de</strong>raum assunto <strong>em</strong>ergente comrelação a suas ramificações éticas,utilizando o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão, as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>lineadas <strong>em</strong>sua <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética e <strong>de</strong>batendoa ética das opções.Os participantes da Organização Bdisseram que a análise da ética erageralmente levada <strong>para</strong> as reuniões <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes, tendo euobservado tais análises <strong>em</strong> quatro reuniões<strong>de</strong> grupo. Os gestores repetidamenteconsultavam a <strong>de</strong>claração<strong>de</strong> ética da Organização B <strong>para</strong>orientação <strong>em</strong> sua <strong>de</strong>cisão. Váriosm<strong>em</strong>bros do grupo, <strong>em</strong> cada reunião,espelhavam os sentimentos <strong>de</strong> umpresi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa, que dizia: “Oque a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética nos indicariafazer?” As discussões observadasevi<strong>de</strong>nciaram um alto nível <strong>de</strong> treinamentoe entendimento éticos, e osgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes estavamcertos <strong>de</strong> que tomar a <strong>de</strong>cisãoética era seu objetivo. Concluí que osgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes daOrganização B consi<strong>de</strong>ravam a ética afundo e a partir <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos56Todos os gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentestraz<strong>em</strong> um conjunto<strong>de</strong> valores pessoaisque normalmenteaplicam a parte ética<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão e,com isso, acreditamter coberto a questãoética.<strong>de</strong>ontológico <strong>em</strong> suas reuniões gerenciais.Vejamos a seguinte explanação<strong>de</strong> um gestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesda Organização B:Entrevistador – Deixe-me fazer-lheuma pergunta: <strong>em</strong> geral, quandovocês tomam uma <strong>de</strong>cisão gerencial<strong>de</strong> assuntos <strong>em</strong>ergentes, quepapel a ética t<strong>em</strong> nessa <strong>de</strong>cisão?On<strong>de</strong> entra a ética?Participante – Ela entra b<strong>em</strong> nocomeço. A gente sabe que quer fazera coisa certa. Às vezes é difícil saberqual é a coisa certa, porque não set<strong>em</strong> muita informação, mas a gentequer tentar fazer a coisa certa porquehá consumidores, funcionários, comunida<strong>de</strong>,todos esses grupos que se t<strong>em</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar quando essas questõessão levantadas.Os participantes contaram que aética era um fator importante na <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão na Organização B,talvez o fator mais importante <strong>em</strong> muitoscasos. Para ilustrar, a alta priorida<strong>de</strong>da ética no processo <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão é um argumento <strong>de</strong> um dosgestores: “Minha principal consi<strong>de</strong>raçãofoi s<strong>em</strong>pre o que é a solução certa.”Ética é um fator primordial tanto nas<strong>de</strong>cisões individuais como nas <strong>de</strong> grupodos gestores da Organização B.A Organização B produziu e impl<strong>em</strong>entouuma forma consistente <strong>em</strong>etódica <strong>de</strong> analisar questões éticas,ao passo que a Organização A aindanão abarcou a importância da análiseética, exceto <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes da mais alta magnitu<strong>de</strong>.Na Organização A cada assunto <strong>em</strong>ergenteé abordado pelo sist<strong>em</strong>a individualético, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>está gerenciando a questão.Sist<strong>em</strong>as éticos:<strong>de</strong>ontologiaversus utilitarismoPI 3 – A organização confia primariamentenuma conceituação daética baseada no utilitarismo ou na<strong>de</strong>ontologia?Ambas as organizações operamsob a intenção <strong>de</strong>ontológica da boavonta<strong>de</strong> moral ou do “faça a coisacerta.” Na Organização A, a ética é<strong>de</strong> natureza individual, o que querdizer que cada pessoa usa seus valorespessoais <strong>para</strong> <strong>de</strong>cidir o que éético. A abordag<strong>em</strong> da OrganizaçãoB, ao consi<strong>de</strong>rar a ética <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>cisão,fez com que os gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes concordass<strong>em</strong>com os objetivos e as priorida<strong>de</strong>s daorganização conforme especificadona <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética <strong>de</strong>ontológica.A Organização B é mais b<strong>em</strong><strong>de</strong>senvolvida do que a Organização Bcom relação à conceituação da éticaque os gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesusam. A Organização B possuiuma abordag<strong>em</strong> unificada <strong>para</strong> aética, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva<strong>de</strong>ontológica. A <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>ontológica<strong>de</strong> ética da Organização Besclarece que tomar uma <strong>de</strong>cisãocom base moral é mais importante doque as preocupações financeiras ououtras. Um gerente elucidou: “Traz<strong>em</strong>os<strong>para</strong> nossas discussões o que a<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética diz e o que a<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética nos levaria afazer. Isso acontece todo o t<strong>em</strong>po.Agora é muito freqüente, quando uma<strong>de</strong>ssas perguntas aparece, alguémdizer: ‘Sabe, isso é uma questão da<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética.’ A <strong>de</strong>claraçãodiz que este é o modo como t<strong>em</strong> queser. E é a isso que tentamos aspirar”.A <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética é <strong>de</strong>ontológicaporque domina <strong>de</strong>veresperfeitos e imperfeitos <strong>para</strong> os públicosestratégicos da organização, b<strong>em</strong>como estabelece as priorida<strong>de</strong>s entreaqueles grupos <strong>para</strong> a companhia.Um gerente fez uma clássica <strong>de</strong>claração<strong>de</strong>ontológica: “Nossa primeirapreocupação é s<strong>em</strong>pre fazer a coisacerta. Não é uma preocupação comas conseqüências ou com o que po<strong>de</strong>riaacontecer, mas somente fazer acoisa moralmente certa.” Um outroesclareceu: “Quando opero tudo isso,Estudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos58Gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentesnecessitam <strong>de</strong> umguia consistente econfiávelPara se manter<strong>em</strong>viáveis, os negóciosprecisam que <strong>de</strong>cisõessejam <strong>tomada</strong>s,políticas sejamlançadas, questões<strong>em</strong>ergentes sejamresolvidas.ético, mas não sabia como usar osist<strong>em</strong>a <strong>para</strong> analisar logicamente aética da questão: “Acho que équase instintivo. Ou se sabe qual acoisa certa ou não.” Gestores <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes da OrganizaçãoA parec<strong>em</strong> <strong>de</strong>duzir que háalgo inerent<strong>em</strong>ente fraco ao <strong>de</strong>liberarsobre as implicações éticas <strong>de</strong>uma <strong>de</strong>cisão, como se elas automaticamentetivess<strong>em</strong> que saber acoisa certa a fazer ou não sãopessoas morais. Este aspecto da culturaorganizacional po<strong>de</strong> sercontraproducente quando leva a<strong>tomada</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão precipitadas eentão se t<strong>em</strong> <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>asque tal abordag<strong>em</strong> pu<strong>de</strong>sse produzir.Combinar <strong>de</strong>ontologia e utilitarismo<strong>em</strong> diferentes situações e associar umaconfiança <strong>em</strong> julgamentos individuaisou normas legais é um convite àconfusão. Esta abordag<strong>em</strong> <strong>em</strong> relaçãoà ética não <strong>de</strong>ixa nenhuma abordag<strong>em</strong>tão clara ou segura <strong>para</strong> osgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes.Mesclar <strong>para</strong>digmas nesta medidapo<strong>de</strong>ria induzir à confusão tanto <strong>para</strong> opúblico interno como <strong>para</strong> o públicoexterno. Tal abordag<strong>em</strong> tambémpo<strong>de</strong>ria induzir a Organização A aganhar reputação como companhiaimprevisível ou não-confiável. Emboraos gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentestent<strong>em</strong> tomar <strong>de</strong>cisões éticas, isso nãopo<strong>de</strong> ser assegurado por conta daconsi<strong>de</strong>ração inconsistente dada àética e da falta <strong>de</strong> análise formal éticada maioria das questões <strong>em</strong>ergentes.Discussão e conclusõesO mo<strong>de</strong>lo prático proposto nesteartigo foi testado com sucesso numcenário <strong>em</strong>pírico. Ele representa o fluxogeral do processo <strong>de</strong> gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas organizaçõesparticipantes. O mo<strong>de</strong>lo dominao <strong>para</strong>digma <strong>de</strong>ontológico dosgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes eelucida mais consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>ontológicas<strong>para</strong> a análise das questões<strong>em</strong>ergentes. O triângulo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>raçõeséticas traz à luz muitos públicosestratégicos <strong>para</strong> consi<strong>de</strong>ração na<strong>de</strong>cisão, e a teoria da excelência (J. E.Grunig, 1992b) é incorporada nacomunicação simétrica representadano mo<strong>de</strong>lo.Gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentesnecessitam <strong>de</strong> um guia consistente econfiável <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoética <strong>para</strong> uso no gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes. Para aten<strong>de</strong>ressa necessida<strong>de</strong>, o mo<strong>de</strong>lo normativo(Bowen, 2000, 2004) foi reformulado<strong>para</strong> uso prático. O mo<strong>de</strong>lo práticoassume necessariamente que um assunto<strong>em</strong>ergente é i<strong>de</strong>ntificada comoa condição que leva o gestor <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes ao mo<strong>de</strong>lo e que aorganização está acessando a <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão a partir <strong>de</strong> uma perspectiva<strong>de</strong>ontológica <strong>de</strong> usar princípios moraisuniversais <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> usar a filosofiaconseqüencialista, como o utilitarismo,<strong>para</strong> resolver a questão.Revisões menores no mo<strong>de</strong>loprático foram feitas <strong>de</strong> acordo com asconclusões do estudo <strong>em</strong>pírico eforam incorporadas no quadro 1. Oprofissional mais antigo <strong>de</strong> relaçõespúblicas da Organização A forneceufeedback quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>simplificação do mo<strong>de</strong>lo e à solicitação<strong>de</strong> um fluxo claro it<strong>em</strong> porit<strong>em</strong>. Os itens foram simplificados,acrescentando-se o uso <strong>de</strong> colchetes.Mudanças foram feitas <strong>para</strong> representaro mo<strong>de</strong>lo como uma tabelafácil <strong>de</strong> ser aplicada; por ex<strong>em</strong>plo,“Comece aqui” foi acrescentada noinício do mo<strong>de</strong>lo.Um gestor <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentessugeriu que termos maisacessíveis foss<strong>em</strong> incluídos somandoseà terminologia filosófica do mo<strong>de</strong>lo,e assim foi feito. O mo<strong>de</strong>lo tambémficou mais favorável ao formular cadaum dos requisitos da teoria kantianasegundo as perguntas que o gestorpo<strong>de</strong> fazer. Por ex<strong>em</strong>plo, <strong>para</strong> completaro requisito <strong>de</strong> autonomia, oEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos59gestor faz as perguntas: “Estou agindoapenas a partir da razão?” (<strong>para</strong> assegurarracionalida<strong>de</strong>) e “Posso eliminarinfluência política, influência monetáriae puro interesse pessoal como normassubjetivas que po<strong>de</strong>riam influenciarmeu comportamento?” (eliminandopreconceitos).O papel das perguntas<strong>de</strong> pesquisaO mo<strong>de</strong>lo prático integrou as estruturasdo gerenciamento <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes das Organizações A e B,permitindo a <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>consenso tanto individual como <strong>em</strong>grupo. A pergunta <strong>de</strong> pesquisa queexamina a estrutura do gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes na organizaçãopermitiu-me assegurar que otipo <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão realmenteusado estaria <strong>em</strong> simbiose com omo<strong>de</strong>lo prático aqui proposto. Se ogestor é autônomo, então ele po<strong>de</strong>tomar a <strong>de</strong>cisão ou usar uma <strong>de</strong>cisãopor consenso <strong>de</strong> um grupo envolvendoa equipe <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes. Se o gestor é subjetivo,então uma <strong>de</strong>cisão por consenso <strong>de</strong>um grupo <strong>de</strong>ve ser usada.A segunda pergunta <strong>de</strong> pesquisaexplorou a dimensão com que a éticaera levada <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração na <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão no gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes das organizaçõesparticipantes. A disparida<strong>de</strong>das conclusões entre as OrganizaçõesA e B foi significativa. O uso <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise ética na OrganizaçãoB permitiu uma análise profunda<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões que po<strong>de</strong>m levara soluções mais eficazes e duradouras.A análise ética foi encorajadacomo parte do processo <strong>de</strong> gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes naOrganização B.A Organização A não consi<strong>de</strong>rouexplicitamente a ética <strong>em</strong> seu gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes, anão ser quando a questão tenha levadoa uma crise visível. Além disso,havia uma falta <strong>de</strong> codificação éticana organização, o que levou a <strong>tomada</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão individuais baseadasna ética situacional e nos sist<strong>em</strong>as<strong>de</strong> valores pessoais, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong>uma abordag<strong>em</strong> organizacional unificadacom a ética. Po<strong>de</strong>-se concluir queuma abordag<strong>em</strong> racional e consistentecom a ética seja preferível porque ajudaa manter confiança e constrói relacionamentoscom os públicos.A terceira pergunta <strong>de</strong> pesquisafoi elaborada <strong>para</strong> assegurar que ummo<strong>de</strong>lo baseado na <strong>de</strong>ontologiakantiana era apropriado <strong>para</strong> uso nasorganizações participantes. O estudo<strong>em</strong>pírico confirmou que ambas asorganizações eram <strong>de</strong>ontológicas pornatureza. A Organização B haviaformalizado seu sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> credo na<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> ética <strong>de</strong>ontológica.Os gestores da Organização Bexplicaram que acreditavam que seu<strong>de</strong>ver moral era fazer o que é certo,apesar das conseqüências <strong>de</strong>correntesda <strong>de</strong>cisão. A Organização Anão tinha uma <strong>de</strong>claração formal <strong>de</strong>ética, mas a preferência entre osgestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes eraa abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ontológica. Emboraalguns gestores da Organização Amencionass<strong>em</strong> conceitos utilitários, ol<strong>em</strong>a dominante, porém não oficial,era “fazer a coisa certa.” Assimsendo, um <strong>para</strong>digma <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>ontológico, como propostoneste artigo, é a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong>uso <strong>em</strong> ambas as organizaçõesfarmacêuticas participantes. Provavelment<strong>em</strong>uitas outras organizações,na indústria farmacêutica e <strong>em</strong>outras indústrias, sejam primariamente<strong>de</strong>ontológicas e possam adotar est<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lo prático <strong>para</strong> o gerenciamento<strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes.Limitações e recomendações<strong>para</strong> pesquisas futurasEsta pesquisa <strong>de</strong>senvolveu ummo<strong>de</strong>lo <strong>para</strong> a prática da <strong>tomada</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão ética e testou e refinou ess<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lo <strong>em</strong> duas organizações glo-A disparida<strong>de</strong> dasconclusões entre asOrganizações A e Bfoi significativa.Assim sendo, um<strong>para</strong>digma <strong>de</strong><strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<strong>de</strong>ontológico, comoproposto neste artigo,é a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> uso<strong>em</strong> ambas asorganizações<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos60Como organização,estamos sendoconsistentes ao adotara ética numa <strong>de</strong>cisão?Estamos consi<strong>de</strong>randotodas as questõeséticas inerentes a uma<strong>de</strong>cisão?A <strong>de</strong>ontologia ébaseada no agent<strong>em</strong>oral do indivíduo, eesse aspecto da teoriaconfere uma gran<strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> aogestor <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes.bais. As organizações participantes<strong>de</strong>sta pesquisa eram gran<strong>de</strong>s, <strong>em</strong>pregando<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong>pessoas e ambas tinham sua se<strong>de</strong>principal nos Estados Unidos. Essasconsi<strong>de</strong>rações po<strong>de</strong>riam auferir se ecomo o mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong>ria ser aplicado<strong>em</strong> organizações menores ou comse<strong>de</strong> <strong>em</strong> outros países. Por ex<strong>em</strong>plo,organizações menores po<strong>de</strong>riam nãoser tão equipadas <strong>para</strong> <strong>de</strong>dicar t<strong>em</strong>poe recursos necessários <strong>para</strong> realizaruma análise ética profunda.Organizações com se<strong>de</strong> <strong>em</strong> paísess<strong>em</strong> uma base ética judaico-cristã (DeGeorge, 1999) po<strong>de</strong>m achar difícilimpl<strong>em</strong>entar o mo<strong>de</strong>lo. Um <strong>de</strong>safio<strong>em</strong> particular po<strong>de</strong>ria vir a surgir ao setentar aplicar o mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>scoletivistas, como a China, porcausa <strong>de</strong> sua confiança na autonomiaindividual. Assim sendo, uma futurapesquisa <strong>de</strong>ve testar este mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong>negócios fora do eixo oci<strong>de</strong>ntal antes<strong>de</strong> tentar impl<strong>em</strong>entá-lo <strong>em</strong> taisorganizações.Além disso, a amostrag<strong>em</strong> estudadanesta pesquisa po<strong>de</strong>ria influenciaro resultado do estudo porcausa <strong>de</strong> um preconceito voluntárionas duas organizações participantes.Essas duas organizações têm a ética<strong>em</strong> alta consi<strong>de</strong>ração e <strong>de</strong>sejam sercorporações éticas. Pelo fato <strong>de</strong> elasser<strong>em</strong> geralmente reputadas como asduas mais éticas na indústria farmacêutica,po<strong>de</strong>-se assumir que os participantessentiram pouco ou nenhumt<strong>em</strong>or <strong>em</strong> tomar parte <strong>de</strong>ste estudo.Cuidado <strong>de</strong>ve existir quando divulgamosas conclusões aqui apresentadas<strong>para</strong> organizações com diferentesestruturas <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoética ou menor ênfase <strong>em</strong> ética. Esteestudo <strong>de</strong> caso com<strong>para</strong>tivo é umestudo <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plares e não se po<strong>de</strong>generalizar por toda a indústria.As organizações que preferiramnão participar <strong>de</strong>ste estudo po<strong>de</strong>m ter<strong>de</strong>clinado por causa do t<strong>em</strong>or <strong>em</strong> terum pesquisador observando <strong>de</strong> pertosua ética. Uma organização, tão fechada<strong>em</strong> sua estrutura que eu nãopu<strong>de</strong> apurar o nome <strong>de</strong> ninguém no<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> relações públicas,não me permitiu conexão com esse<strong>de</strong>partamento por telefone. Estudaressa organização certamente resultaria<strong>em</strong> contrapontos <strong>para</strong> muitos dosdados neste estudo. Organizaçõescom uma visão <strong>de</strong> mundo assimétricasão fechadas e resistentes à mudança;ao não permitir<strong>em</strong> acesso, elasreforçam seu status quo. Infelizmente,são talvez as organizações com amaior necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aconselhamentoético que optam por não participar<strong>de</strong>ssa pesquisa. Pesquisas futuras<strong>de</strong>veriam incluir organizações que sãomenos que ex<strong>em</strong>plares na ética, cujasculturas organizacionais não valorizam aética como central <strong>para</strong> a organizaçãoou que colocam pouca ênfase naética na <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.Por que as organizações<strong>de</strong>v<strong>em</strong> usar este mo<strong>de</strong>loprático?Gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentes<strong>de</strong>v<strong>em</strong> integrar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> negócioscom ética. Para se manter<strong>em</strong> viáveis,os negócios precisam que <strong>de</strong>cisõessejam <strong>tomada</strong>s, políticas sejam lançadas,questões <strong>em</strong>ergentes sejamresolvidas. Os gestores receb<strong>em</strong> a responsabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> analisar as questõese tomar as <strong>de</strong>cisões corretas. Emrelação a muitos participantes <strong>de</strong>steestudo, as opções não eram preto oubranco, mas cinza. O mo<strong>de</strong>lo práticopermite que gestores <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes realiz<strong>em</strong> uma análise profunda,sist<strong>em</strong>ática dos aspectos éticos<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão e entendam essa<strong>de</strong>cisão e suas ramificações, a partir<strong>de</strong> uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perspectivas.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> qual<strong>para</strong>digma ético é impl<strong>em</strong>entado,realizar uma análise rigorosa <strong>em</strong>etódica <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões éticas asseguraque seja <strong>tomada</strong> uma <strong>de</strong>cisão maissólida do que quando se usa umaEstudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


Estudos61abordag<strong>em</strong> informal <strong>de</strong> ética. Talvez aquestão maior seja se uma organizaçãot<strong>em</strong> na prática um programaformal <strong>de</strong> ética – completo, com ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e treinamento<strong>de</strong> ética <strong>para</strong> gestores.A maioria dos gestores t<strong>em</strong> poucotreinamento <strong>em</strong> análise ética ou <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão (Bowen, 2002).Todos os gestores <strong>de</strong> questões <strong>em</strong>ergentestraz<strong>em</strong> um conjunto <strong>de</strong> valorespessoais que normalmente aplicam aparte ética <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão e, comisso, acreditam ter coberto a questãoética. Entretanto, usar valores individuaiscomo guia <strong>para</strong> <strong>de</strong>cisões organizacionaisé probl<strong>em</strong>ático. Tal <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão indubitavelmente leva auma abordag<strong>em</strong> inconsistente daética e coloca <strong>em</strong> perigo a reputaçãoda organização sob esse aspecto. Ocomponente <strong>de</strong> uma análise racionaldos dil<strong>em</strong>as éticos é freqüent<strong>em</strong>enteperdido quando se usam parâmetroséticos individuais.A falta <strong>de</strong> uma análise racional esist<strong>em</strong>ática po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> levar <strong>em</strong>conta na <strong>de</strong>cisão um número <strong>de</strong>grupos do triângulo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>raçãoética (vi<strong>de</strong> a segunda meta<strong>de</strong> doquadro 1) com relação a si próprio, aospúblicos, aos públicos estratégicos, àorganização e à socieda<strong>de</strong>. Gestores<strong>de</strong> assuntos estratégicos que baseiam<strong>de</strong>cisões <strong>em</strong> valores individuais tambémpo<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> vislumbrar a<strong>de</strong>cisão a partir da perspectiva <strong>de</strong>algum <strong>de</strong>sses grupos porque um método<strong>de</strong> valores individuais não requerque a pessoa que toma a <strong>de</strong>cisão ofaça. Gestores que usam a abordag<strong>em</strong><strong>de</strong> valores individuais <strong>para</strong> a <strong>tomada</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>de</strong>veriam fazer asseguintes perguntas: “Como organização,estamos sendo consistentes aoadotar a ética numa <strong>de</strong>cisão? Estamosconsi<strong>de</strong>rando todas as questões éticasinerentes a uma <strong>de</strong>cisão?”Relações públicas simétricas sãoum componente intrínseco do mo<strong>de</strong>loprático. O diálogo entre a organizaçãoe os grupos do triângulo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>raçãoética po<strong>de</strong> construir soluções<strong>para</strong> questões éticas mais duradourasdo que a organização seria capaz <strong>de</strong>construir sozinha. Um gestor <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes da Organização Aexplicou por que consi<strong>de</strong>rar as idéias<strong>de</strong> públicos é importante: “Surpreen<strong>de</strong>meque, quando se tomam <strong>de</strong>cisões,consi<strong>de</strong>ramos o que é o certo <strong>para</strong>diferentes aplicações. E <strong>em</strong>butido nissoestá o reconhecimento <strong>de</strong> que qualquer<strong>de</strong>cisão que se toma é um equilíbrio <strong>de</strong>interesses. A qualida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>cisão quese toma é quase s<strong>em</strong>pre maior”.Tal diálogo e colaboração s<strong>em</strong>prelevam a soluções <strong>de</strong> benefícios mútuos,como a da Organização Ausando <strong>para</strong> o teste <strong>de</strong> medicamentooftalmológico córneas bovinas <strong>de</strong> animaisjá usados <strong>para</strong> propósitos alimentares.Essas córneas eram maiseconômicas e mais aceitáveis <strong>para</strong> aOrganização A, e ativistas dos direitosdos animais po<strong>de</strong>riam conviver comessa <strong>de</strong>cisão, porque ela significavaque não morreriam mais animais <strong>para</strong>testar aquela droga. O mo<strong>de</strong>lo simétricoé <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância porquepermite que gestores <strong>de</strong> questões<strong>em</strong>ergentes ganh<strong>em</strong> conhecimentoda questão a partir <strong>de</strong> uma perspectiva<strong>de</strong> fora da organização e incorpor<strong>em</strong>esse conhecimento <strong>em</strong> sua<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Os filósofos(Baron, 1995; Habermas, 984, 1987;Kant, 1785/1964) concordam que odiálogo é uma forma inerent<strong>em</strong>enteética <strong>de</strong> comunicação.O braço <strong>de</strong>ontológico da éticaargumenta: “Faça o que o <strong>de</strong>ver indicaque é eticamente certo.” Uma<strong>de</strong>cisão que usa um <strong>para</strong>digma <strong>de</strong>ontológicoé potencialmente mais complexado que aquela baseada noutilitarismo, <strong>em</strong> que a filosofia direcionaum caminho claro <strong>para</strong> servir ao b<strong>em</strong>próprio ou ao b<strong>em</strong> <strong>de</strong> um numeromaior <strong>de</strong> pessoas. A <strong>de</strong>ontologia éUsar valores individuaiscomo guia <strong>para</strong> a<strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisõesorganizacionais éprobl<strong>em</strong>ático. Tal<strong>de</strong>cisãoindubitavelmente levaa uma abordag<strong>em</strong>inconsistente da éticae coloca <strong>em</strong> perigo areputação daorganização sob esseaspecto.Uma <strong>de</strong>cisão que usaum <strong>para</strong>digma<strong>de</strong>ontológico épotencialmente maiscomplexa do queaquela baseada noutilitarismo, <strong>em</strong> que afilosofia direciona umcaminho claro <strong>para</strong>servir ao b<strong>em</strong> próprioou ao b<strong>em</strong> <strong>de</strong> umnumero maior <strong>de</strong>pessoas.<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> prático <strong>para</strong> <strong>tomada</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética <strong>em</strong> questões <strong>em</strong>ergentes nas relações públicas


Estudos62baseada no agente moral do indivíduo,e esse aspecto da teoria confere umagran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> ao gestor <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes. Com essaresponsabilida<strong>de</strong> v<strong>em</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se consi<strong>de</strong>rar racional e profundamentea ética das questões <strong>em</strong>ergentes. Est<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lo prático <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong>questões <strong>em</strong>ergentes fornece basessólidas <strong>para</strong> essa análise.Referências bibliográficasADLER, P. A., & ADLER, P. M<strong>em</strong>bership roles in field research. Newbury Park, CA: Sage, 1987.______________. Observational techniques. In: DENZIN, N. K. & LINCOLN, Y. S. (eds.).Handbook of qualitative research. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994. p. 377-392.ATKINSON, P. & HAMMERSLEY, M. Ethnography and participant observation. In: DENZIN, N.K.& LINCOLN, Y.S. (eds.). Handbook of qualitative research. Thousand Oaks, CA: Sage, 1994.p. 248-261.BARON, M.W. Kantian ethics almost without apology. Ithaca, NY: Cornell University Press,1995.BECK, L.W. Foreword. In: BECK, L. W. (ed.). Immanuel Kant’s lectures on ethics Indianapolis,1963. p. ix-xiv.BENTHAM, J. The principles of morals and legislation. Amherst, NY: Prometheus, 1988.[Original work published 1980].BIVINS, T.H. Ethical implications of the relationship of purpose to role and function in publicrelations. Journal of Business Ethics, n. 8, p. 65-73, January 1980.____________. Are public relations texts covering ethics a<strong>de</strong>quately? Journal of Mass MediaEthics, n. 4, p. 39-52, 1989.____________. A theory of ethical issues manag<strong>em</strong>ent: contributions of Kantian <strong>de</strong>ontologyto public relations’ ethics and <strong>de</strong>cision making. 2000. Unpublished doctoral dissertation,University of Maryland.____________. Elite executives in issues manag<strong>em</strong>ent: the role of ethical <strong>para</strong>digms in<strong>de</strong>cision making. Journal of Public Affairs, n. 2, p. 270-283, 2002.____________. “I thought it would be more glamorous”: preconceptions and misconceptionsof public relations among stu<strong>de</strong>nts in the principles courses. Public Relations Review, a. 29,p. 199-214, 2003.____________. Expansion of ethics as the tenth generic principle of public relationsexcellence: A Kantian theory and mo<strong>de</strong>l for managing ethical issues. Journal of PublicRelations Research, n. 16, p. 65-92, 2004.BUCHHOLZ, R. A., EVANS, W. D., & WAGLEY, R. A. Manag<strong>em</strong>ent response to public issues.Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1989.CHASE, W.H. Public issue manag<strong>em</strong>ent: the new science. Public Relations Journal, n. 33,p. 25-26, 1977.CHENEY, G. & VIBBERT, S. L. Corporate discourse: public relations and issue manag<strong>em</strong>ent.In: JABLIN, F. M. et al. (eds.), Handbook of organizational communication: Aninterdisciplinary perspective. Newbury Park, CA: Sage, 1987. p. 165-194).CHRISTIANS, C. G. & TRABER, M. (eds.). Communication ethics and universal values.Thousand Oaks, CA: Sage, 1997.CRABLE, R. E., & VIBBERT. S. L. Managing issues and influencing public policy. PublicRelations Review, a. 11, n. 2, p. 3-16, 1985.CURTIN, P. A. & BOYNTON, L. A. Ethics in public relations: theory and practice. In: HEATH, R.L. (ed.). Handbook of public relations. Thousand Oaks, CA: Sage, 2001. p. 411-422.DE GEORGE, R.T. Business ethics. 4 th ed. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1995.Estudos, revista s<strong>em</strong>estral do Curso <strong>de</strong> Jornalismo e Relações Públicas da Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo


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