05.04.2015 Views

Hibridismo e mediação cultural no Brasil: os três tempos midiáticos em

Hibridismo e mediação cultural no Brasil: os três tempos midiáticos em

Hibridismo e mediação cultural no Brasil: os três tempos midiáticos em

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Hibridismo</strong> e mediação <strong>cultural</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: <strong>os</strong> três t<strong>em</strong>p<strong>os</strong> midiátic<strong>os</strong> <strong>em</strong> “O auto<br />

da compadecida” 1<br />

Evandro J<strong>os</strong>é Medeir<strong>os</strong> LAIA 2<br />

Introdução<br />

Palimpsest<strong>os</strong> eram manuscrit<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> antes da invenção e diss<strong>em</strong>inação do uso do papel,<br />

geralmente inscrit<strong>os</strong> <strong>em</strong> pergaminho. Como havia escassez desse material, cada palimpsesto era<br />

reescrito duas ou três vezes, mediante a raspag<strong>em</strong> do texto anterior. Esse material foi utilizado<br />

pel<strong>os</strong> navegadores do século XVI para a<strong>no</strong>tar suas impressões de viag<strong>em</strong>, mapas de navegação, e<br />

com isso, toda uma visão do mundo <strong>em</strong> sua época. Mas como era reutilizado, o palimpsesto<br />

guardava sob a mais recente mensag<strong>em</strong> vestígi<strong>os</strong> d<strong>os</strong> text<strong>os</strong> apagad<strong>os</strong> anteriormente.<br />

A partir do escopo teórico de Marshall McLuhan (2002), o trabalho se propõe a discutir, na<br />

visão de Régis Debret (1993), as adaptações do texto “O auto da Compadecida”, de Aria<strong>no</strong><br />

Suassuna, e sua síntese do t<strong>em</strong>po diante da recepção do produto apresentado <strong>em</strong> três mídias:<br />

teatro, cin<strong>em</strong>a e televisão, analisando a configuração da identidade do público brasileiro. Além do<br />

que é próprio da televisão, a produção carrega camadas latentes que revelam o substrato <strong>cultural</strong><br />

através do caminho trilhado pelo teatro e pelo cin<strong>em</strong>a como mediadores sociais na produção de<br />

p<strong>os</strong>ições de sujeito na sociedade brasileira a partir da década de 1950.<br />

Para isso, usar<strong>em</strong><strong>os</strong> como referência o estudo de Jesús Martin-Barbero sobre <strong>os</strong> process<strong>os</strong><br />

de mediação social que, a partir da heg<strong>em</strong>onia tec<strong>no</strong>lógica e de conteúdo, culminaram <strong>no</strong> sucesso<br />

da linguag<strong>em</strong> televisiva como forma de acesso direto às massas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Este trabalho apresenta<br />

as primeiras conclusões acerca da pesquisa realizada pelo autor <strong>no</strong> curso de Mestrado <strong>em</strong><br />

Comunicação e Sociedade, pela Universidade Federal de Juiz de Fora.<br />

Mediação <strong>cultural</strong><br />

A identidade é t<strong>em</strong>a central das discussões cont<strong>em</strong>porâneas. E é na mídia, transformada<br />

<strong>em</strong> praça pública na cont<strong>em</strong>poraneidade, que estão exp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> <strong>os</strong> model<strong>os</strong> para projeção e<br />

identificação. A identidade se m<strong>os</strong>tra como construção social. Na televisão, muito mais que isso,<br />

como construção transnacional, feita <strong>em</strong> partes, a partir de fragment<strong>os</strong> desterritorializad<strong>os</strong>, como<br />

um produto.<br />

Os referentes da identidade cont<strong>em</strong>porânea se formam não mais nas artes, na literatura, <strong>no</strong><br />

folclore, mas nas imagens e narrativas geradas pel<strong>os</strong> mei<strong>os</strong> eletrônic<strong>os</strong>. O fluxo rápido de<br />

informações, as viagens internacionais e, mais recent<strong>em</strong>ente, a internet, trouxeram a sensação de<br />

que o mundo se tor<strong>no</strong>u uma aldeia. O resultado disso é um confronto inevitável com “o outro”. É a<br />

partir da diferença que se constrói a identidade.<br />

Quando digo “sou brasileiro” parece que estou fazendo referência a uma<br />

identidade que se esgota <strong>em</strong> si mesma. “Sou brasileiro” – ponto. Entretanto, eu<br />

só preciso fazer essa afirmação porque exist<strong>em</strong> outr<strong>os</strong> seres huma<strong>no</strong>s que não<br />

1 Trabalho apresentando <strong>no</strong> GT 3 – Importação e Exportação do XIV Colóquio Internacional sobre a Escola Lati<strong>no</strong>-<br />

Americana de Comunicação, São Paulo – SP, 17 a 19 de maio de 2010.<br />

2 Mestrando <strong>em</strong> Comunicação e Sociedade, pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. E-mail:<br />

medeir<strong>os</strong>laia@yahoo.com.br.


2<br />

são brasileir<strong>os</strong>. E um mundo imaginário totalmente homogêneo, <strong>no</strong> qual todas as<br />

pessoas partilhass<strong>em</strong> a mesma identidade, as afirmações de identidade não<br />

fariam sentido. (SILVA, 2000, p.74-75)<br />

Só um ambiente de trânsito intenso de informações culturais, como o que viv<strong>em</strong><strong>os</strong> hoje,<br />

poderia criar condições para o questionamento da unidade do sujeito. A despeito de sécul<strong>os</strong> de uma<br />

visão cartesiana, hoje a mulher e o hom<strong>em</strong> são vist<strong>os</strong> como seres múltipl<strong>os</strong> e descentralizad<strong>os</strong>. A<br />

identidade é uma construção que se narra. Esta é a definição de Nestor Garcia Canclini (1999,<br />

p.164).<br />

E é <strong>no</strong>s produt<strong>os</strong> culturais, que circulam por culturas tão diferentes <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po das<br />

multinacionais, que vam<strong>os</strong> encontrar terre<strong>no</strong> fértil para pesquisa. Para Douglas Kellner (2001, p.32),<br />

não é <strong>no</strong> <strong>no</strong>ticiário que se encontram articulad<strong>os</strong> conflit<strong>os</strong>, t<strong>em</strong>ores, esperanças e sonh<strong>os</strong> de<br />

indivídu<strong>os</strong> e grup<strong>os</strong> que enfrentam um mundo incerto <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong><strong>os</strong>, mas <strong>no</strong> entretenimento e na<br />

ficção. As lutas sociais estão presentes <strong>no</strong>s text<strong>os</strong> da mídia, especialmente na mídia comercial da<br />

indústria <strong>cultural</strong>, que dev<strong>em</strong> repercutir as preocupações do povo, para ter<strong>em</strong> lucro. Portanto, este<br />

deve ser o ambiente de <strong>no</strong>sso estudo: a mídia e a maneira como ela cria, articula e atualiza<br />

identidades. A tec<strong>no</strong>logia digital explicitou a identidade como construção. Mas a televisão ainda é<br />

central neste processo.<br />

O estudo das ferramentas d<strong>os</strong> mei<strong>os</strong> de comunicação e as estratégias de<br />

mobilização social t<strong>em</strong> ajudado a compreender o mundo cont<strong>em</strong>porâneo. No<br />

contexto da globalização, a cultura passa a ser uma montag<strong>em</strong> multinacional,<br />

que cria p<strong>os</strong>ições de sujeito adequadas à ef<strong>em</strong>eridade do momento presente. A<br />

televisão ainda pode ser considerada o centro de irradiação <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> do qual<br />

milhares de pessoas se p<strong>os</strong>icionam a fim de obter<strong>em</strong> referencial para formação e<br />

adequação de identidades. (KELLNER, 2001, p.32)<br />

Por isso é importante <strong>no</strong>s aterm<strong>os</strong> ao estudo desta mídia. No <strong>Brasil</strong>, a televisão t<strong>em</strong> papel<br />

central na formação da identidade nacional. É neste contexto que encontram<strong>os</strong> um objeto de<br />

estudo: a minissérie “O Auto da Compadecida” e o trabalho do diretor Guel Arraes. Nascido <strong>no</strong><br />

Nordeste, ele viveu exilado com a família na Argélia, durante o período militar, estudou e trabalhou<br />

na Europa e fez carreira <strong>no</strong> eixo Rio-São Paulo. No “Auto”, transmitida pela Rede Globo <strong>em</strong> 1999, o<br />

diretor faz uma adaptação o texto do dramaturgo Aria<strong>no</strong> Suassuna.<br />

Segundo McLuhan (2002), o conteúdo de um <strong>no</strong>vo meio de comunicação carrega <strong>em</strong> si <strong>os</strong><br />

t<strong>em</strong>as prop<strong>os</strong>t<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> mei<strong>os</strong> anteriores. Se foi <strong>no</strong> teatro que <strong>os</strong> pioneir<strong>os</strong> do cin<strong>em</strong>a encontraram o<br />

substrato para <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> pass<strong>os</strong> da <strong>no</strong>va arte, a televisão toma de <strong>em</strong>préstimo a gramática<br />

audiovisual do cin<strong>em</strong>a como forma de oferecer a<strong>os</strong> espectadores ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> ao espetáculo das<br />

grandes salas escuras.<br />

Entender o processo de heg<strong>em</strong>onia da televisão como linguag<strong>em</strong> audiovisual <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

passa pelo resgate do caminho traçado pelo teatro rumo à televisão, passando pelo cin<strong>em</strong>a. Através<br />

da análise do texto “O auto da Compadecida” e suas adaptações pretend<strong>em</strong><strong>os</strong> entrever na narrativa<br />

<strong>os</strong> indíci<strong>os</strong> das mediações sociais que definiram a heg<strong>em</strong>onia da televisão como linguag<strong>em</strong><br />

audiovisual <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

Ao comparar a versão televisiva de “O Auto da Compadecida”, de Guel Arraes, a um<br />

palimpsesto, quer<strong>em</strong><strong>os</strong> enxergar além do substrato da cultura explícito <strong>no</strong>s diálog<strong>os</strong>, <strong>no</strong> figuri<strong>no</strong> e<br />

nas opções estéticas do diretor, mas como um produto de meio que funcionaria como mediadora na<br />

negociação de sentid<strong>os</strong>, segundo Aluízio Trinta.<br />

Chama-se mediação a uma <strong>no</strong>va modalidade de intervenção que, <strong>em</strong> referência<br />

a duas partes, estabelece entre elas uma relação de proximidade e de


3<br />

entendimento. (...) No âmbito da comunicação, mediar quer dizer encaminhar<br />

frações de um saber social e peças de valor <strong>cultural</strong> a um público expectante,<br />

recorrendo-se a uma instância institucional. (TRINTA, 2008, p.35)<br />

Ainda segundo ele, <strong>em</strong> linha com características básicas da modernidade, a televisão<br />

trilhou, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o caminho que à levou à identificação de um paradigma, ao qual há que chame de<br />

‘nacional-popular’ brasileira. E boa parte desta identificação é creditada à teledramaturgia e seus<br />

gêner<strong>os</strong>. Por isso ao comparar a versão televisiva de “O Auto da Compadecida”, de Guel Arraes, a<br />

um palimpsesto, também quer<strong>em</strong><strong>os</strong> entrever na obra o texto original do teatro e para além disso, a<br />

TV e a obra de Arraes como medidoras entre a obra de Suassuna e o público, a partir da assertiva<br />

de Martin-Barbero, de que a televisão “passa por mudanças profundas, mas a mediação por meio<br />

do qual a TV atua continua intacta.” (1997, p. 298)<br />

Vam<strong>os</strong> analisar então a evolução d<strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> sociais que acompanharam as traduções da<br />

peça de teatro para cin<strong>em</strong>a e p<strong>os</strong>teriormente para televisão, acompanhando o desenvolvimento das<br />

mediações que permitiram à televisão assumir a heg<strong>em</strong>onia sobre o cin<strong>em</strong>a e o teatro <strong>no</strong> período.<br />

Os três t<strong>em</strong>p<strong>os</strong> midiátic<strong>os</strong><br />

Para analisar cada período, usar<strong>em</strong><strong>os</strong> como referência <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> da Midiologia, uma<br />

teoria científica criada por Régis Debray (1993) <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 90, atualizando teses de McLuhan (2002),<br />

a qual pode ser <strong>em</strong>pregada como instrumental de análise de fenôme<strong>no</strong>s psico-sociais, prop<strong>os</strong>ta que<br />

se encaixa <strong>no</strong> pensamento de Barbero.<br />

Debray divide sua cro<strong>no</strong>logia <strong>em</strong> três moment<strong>os</strong>, ou midiasferas. Iniciando com a log<strong>os</strong>fera, era d<strong>os</strong><br />

ídol<strong>os</strong>, que dura do advento da escrita à criação da imprensa, passa pela graf<strong>os</strong>fera, era da<br />

comunicação oral, que se estende até a chegada da televisão à cores e termina na vide<strong>os</strong>fera, era<br />

do visual, que é precisamente a época <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong><strong>os</strong>. Segundo sua concepção, as eras são<br />

subseqüentes, mas não são excludentes, ou seja, a partir da instalação de uma <strong>no</strong>va era, as<br />

características das eras anteriores continuam a existir.<br />

Em <strong>no</strong>sso trabalho, consideram<strong>os</strong> a peça de teatro “O auto da Compadecida’, como<br />

pertencente à log<strong>os</strong>fera. Escrito <strong>em</strong> 1955 e encenado pela primeira vez <strong>em</strong> 1956, “O auto da<br />

Compadecida” propõe-se como resultado de uma pesquisa sobre a tradição oral d<strong>os</strong> romanceir<strong>os</strong> e<br />

narrativas <strong>no</strong>rdestinas. O autor utiliza a antiga forma ibérica d<strong>os</strong> aut<strong>os</strong> para realizar uma comédia<br />

religi<strong>os</strong>a, já de ant<strong>em</strong>ão oferecendo ao público um produto de resultado híbrido. Dois tip<strong>os</strong><br />

populares, João Grilo e Chicó, participam de uma confusão por causa do enterro de um cachorro.<br />

Este quiprocó envolve também um padeiro e sua mulher, um bispo, um padre e um sacristão, o<br />

cangaceiro Severi<strong>no</strong> e seu lugar-tenente.<br />

Depois da matança desencadeada por Severi<strong>no</strong>, apenas Chicó escapa com vida. Tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />

mort<strong>os</strong>, então, são submetid<strong>os</strong> ao julgamento divi<strong>no</strong>, sendo recebid<strong>os</strong> pelo D<strong>em</strong>ônio e por Manuel,<br />

outro <strong>no</strong>me para Jesus. João Grilo apela para N<strong>os</strong>sa Senhora Compadecida, que aparece diante de<br />

tod<strong>os</strong> e intervém a favor d<strong>os</strong> huma<strong>no</strong>s. Manuel decide enviar <strong>os</strong> cangaceir<strong>os</strong> para o céu, o bispo, o<br />

padre o sacristão, o padeiro e sua mulher para o purgatório e, sob interferência da Compadecida,<br />

permite a João Grilo voltar para a vida terrena e reencontrar seu amigo Chicó.<br />

A obra é também uma tentativa de desenhar o pa<strong>no</strong>rama de uma narrativa nacional,<br />

juntando diferentes el<strong>em</strong>ent<strong>os</strong> <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po de valorização do local, quando nasciam <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

moviment<strong>os</strong> populares, como as Ligas Camponesas. É p<strong>os</strong>sível perceber na obra a prevalência do<br />

tribal, reforçando a crença do hom<strong>em</strong> diante do hom<strong>em</strong>, valorizando o que é próprio do teatro.<br />

Aria<strong>no</strong> Suassuna é um dois idealizadores e um d<strong>os</strong> principais referenciais teóric<strong>os</strong> do Movimento<br />

Armorial, criado na década de 60,


4<br />

cujo projeto estético aponta para o resgate da herança <strong>cultural</strong> ibérico-brasileira,<br />

presentes <strong>no</strong>s rituais e festas populares religi<strong>os</strong><strong>os</strong> ou profa<strong>no</strong>s que r<strong>em</strong>ontam à<br />

tradição espetacular do teatro europeu medieval e moder<strong>no</strong> (commedia dell’arte,<br />

século de ouro espanhol, teatro elizabeta<strong>no</strong>), e que por uma série de fatores<br />

históric<strong>os</strong>, de longa duração e conjunturais, se expressa também nas<br />

manifestações populares do Nordeste brasileiro, <strong>em</strong> um movimento de<br />

trasmigração e reelaboração permanente de estruturas e procediment<strong>os</strong><br />

espetaculares e performátic<strong>os</strong> <strong>no</strong> contexto desse ambiente <strong>cultural</strong>. (SANTINI,<br />

2005, p. 63)<br />

Ou seja, “O Auto da Compadecida” pode ser encarado como uma tentativa de síntese desta<br />

tradição brasileira herdada d<strong>os</strong> colonizadores europeus, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po recheada de outras<br />

referências, adquiridas durante <strong>os</strong> cinco sécul<strong>os</strong> de existência da “comunidade imaginada” (HALL,<br />

2000) chamada <strong>Brasil</strong>.<br />

Na graf<strong>os</strong>fera, segunda era midiática, o objeto gerado pela máquina é múltiplo, não<br />

cabendo mais pensarm<strong>os</strong> qual é o original, como na fotografia e <strong>no</strong> cin<strong>em</strong>a. As duas versões<br />

cin<strong>em</strong>atográficas da obra de Aria<strong>no</strong> Suassuna encaixam-se neste momento da evolução histórica<br />

da percepção humana. A peça vira filme pela primeira vez <strong>em</strong> 1969, com o título de “A<br />

compadecida”. A direção de George Jonas e roteiro feito por Aria<strong>no</strong> Suassuna <strong>em</strong> colaboração com<br />

o diretor defin<strong>em</strong> as características de uma obra que carrega para a tela pr<strong>em</strong>issas da montag<strong>em</strong><br />

teatral. O filme está imbuído de um espírito de psicodelia, com figuri<strong>no</strong>s que trabalham<br />

conceitualmente a passag<strong>em</strong> do campo para a cidade. O caminho do diretor de<strong>no</strong>ta um cin<strong>em</strong>a<br />

ainda com a história ligada a<strong>os</strong> núcle<strong>os</strong> tribais, localista, apesar da mensag<strong>em</strong> midiática da indústria<br />

<strong>cultural</strong>.<br />

Em 1987, <strong>os</strong> trapalhões transformam o “Auto” <strong>no</strong> filme “Os trapalhões <strong>no</strong> Auto da<br />

Compadecida”. Desta vez, a história ganha um tom da comédia pastelão, baseada <strong>no</strong> tipo de humor<br />

que levou o quarteto ao sucesso na televisão. Até então, nas duas adaptações <strong>os</strong> diretores e<br />

roteiristas mantiveram o palhaço, o narrador, figura que funciona como caráter da mistura entre <strong>os</strong><br />

gêner<strong>os</strong> dramático e épico na definição da dramaturgia do “Auto”.<br />

É com a chegada da TV que v<strong>em</strong><strong>os</strong> a passag<strong>em</strong> para a era do visual, a vide<strong>os</strong>fera. Inicia-se<br />

uma fase onde as imagens são transmitidas à distância, ao vivo, imediatas ao acontecimento.<br />

Diferente do cin<strong>em</strong>a, não encontram<strong>os</strong> vestígi<strong>os</strong> n<strong>em</strong> marcas legíveis da existência de imagens <strong>no</strong><br />

suporte magnético das fitas de vídeo, as imagens da vide<strong>os</strong>fera são somente processo. Não existe<br />

mais necessariamente a captura, inscrição ou reprodução da realidade. Acreditam<strong>os</strong> na hipótese de<br />

que a versão do “Auto da compadecida” para a televisão, realizada pelo diretor Guel Arraes <strong>em</strong><br />

1999, é da ord<strong>em</strong> da vide<strong>os</strong>fera, um produto híbrido.<br />

O caráter híbrido<br />

A dicotomia próprio/alheio perde o sentido na cont<strong>em</strong>poraneidade. As identidades<br />

nacionais, forjadas a partir das políticas públicas que privilegiaram a difusão da idéia de nação como<br />

algo unificado, sofreram um processo de fratura frente à globalização. No t<strong>em</strong>po da<br />

internacionalização, a partir das grandes navegações do século XV, as nações se abriram para<br />

produção de outr<strong>os</strong> países e culturas. Mas a maior parte d<strong>os</strong> bens era produzida na própria<br />

sociedade <strong>em</strong> que se vivia. Já na globalização, as <strong>em</strong>presas fragmentam o processo de produção,<br />

fabricando cada parte <strong>no</strong>s países onde o custo é me<strong>no</strong>r.<br />

Os objet<strong>os</strong> perd<strong>em</strong> relação de fidelidade com <strong>os</strong> territóri<strong>os</strong> originári<strong>os</strong>. A cultura é<br />

um processo de montag<strong>em</strong> multinacional, uma articulação flexível das partes,


5<br />

uma colag<strong>em</strong> de traç<strong>os</strong> que qualquer cidadão, de qualquer país, religião e<br />

ideologia pod<strong>em</strong> ler e utilizar. (Canclini, 1999, p. 41)<br />

O processo descrito com globalização, para Nestor Garcia Canclini, está ligado à passag<strong>em</strong><br />

de identidades modernas, territoriais e mo<strong>no</strong>linguísticas, para identidades pós-modernas, que<br />

seriam transterritoriais e multilinguísticas. (1999, p.59). Por isso, as identidades fixadas <strong>em</strong><br />

repertóri<strong>os</strong> de bens exclusiv<strong>os</strong> de uma comunidade étnica ou nacional tornam-se instáveis,<br />

buscando, a partir de então, referencial <strong>no</strong> consumo de bens. Esta probl<strong>em</strong>ática da identidade nas<br />

sociedades capitalistas cont<strong>em</strong>porâneas indica uma crise do sujeito cartesia<strong>no</strong>, desenhado como<br />

ser autô<strong>no</strong>mo, com uma identidade fixa e baseada <strong>em</strong> uma essência inata, um eu substancial e<br />

imutável.<br />

A <strong>no</strong>ção de identidade unificada, s<strong>em</strong> conflit<strong>os</strong>, já v<strong>em</strong> sofrendo abal<strong>os</strong> desde <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong><br />

t<strong>em</strong>p<strong>os</strong> da Modernidade. A expansão de p<strong>os</strong>sibilidades de escolha (de profissão, de lugar para se<br />

morar, e até de pretendente para se casar) trouxe um distanciamento da tradição, uma consciência<br />

da identidade como construção, <strong>em</strong> um projeto existencial individualista, ligado ao “eu”. Mas ainda<br />

havia um limite para estas escolhas, definido pelas instituições pedagógicas e de repressão<br />

(KELLNER, 2001, p.296). Mas isso muda na cont<strong>em</strong>poraneidade, chamada por alguns de pósmodernidade,<br />

quando muit<strong>os</strong> estudi<strong>os</strong><strong>os</strong> declaram a morte do sujeito. Atuando <strong>no</strong> âmbito individual,<br />

a identidade deixa de ser tarefa coletiva e passa a ser então um mito, uma ilusão, que pode ser<br />

mudada, transformada e abandonada continuamente, conforme Stuart Hall.<br />

Utilizo o termo ‘identidade’ para significar o ponto de encontro, o ponto de sutura,<br />

entre, por um lado, <strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> e as práticas que tentam <strong>no</strong>s ‘interperlar’, <strong>no</strong>s<br />

falar ou <strong>no</strong>s convocar para que assumam<strong>os</strong> <strong>no</strong>ss<strong>os</strong> lugares como <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong><br />

sociais de discurs<strong>os</strong> particulares e, por outro lado, <strong>os</strong> process<strong>os</strong> que produz<strong>em</strong><br />

subjetividades, que <strong>no</strong>s constro<strong>em</strong> como sujeit<strong>os</strong> a<strong>os</strong> quais se pode ‘falar’. As<br />

identidades são, pois, pont<strong>os</strong> de apeg<strong>os</strong> t<strong>em</strong>porári<strong>os</strong> às p<strong>os</strong>ições-de-sujeito que<br />

as práticas discursivas constro<strong>em</strong> para nós. Elas são o resultado de uma b<strong>em</strong><br />

sucedida articulação ou ‘fixação’ do sujeito ao fluxo do discurso [...] Isto é, as<br />

identidades são as p<strong>os</strong>ições que sujeito é obrigado a assumir, de apego, <strong>em</strong>bora<br />

‘sabendo’, s<strong>em</strong>pre, que elas são representações (HALL, 2000, p. 111-112).<br />

Mas se <strong>os</strong> pilares que ancoravam as identidades ruíram, num processo de mudança de<br />

paradigmas, onde <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> buscam repertório a partir de agora? Segundo Douglas Kellner (2000,<br />

p.333), nas imagens exibidas pela mídia como model<strong>os</strong> de comportamento. Se houve o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

que as identidades estavam ligadas à compromiss<strong>os</strong>, escolhas morais, políticas e existenciais, hoje<br />

<strong>em</strong> dia, elas são o que se aparenta, a imag<strong>em</strong>, o estilo. Para designar a fonte que fornece material e<br />

recurs<strong>os</strong> para a constituição das identidades, ele cria o conceito “cultura da mídia”.<br />

A expressão ‘cultura da mídia’ t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> de designar tanto a natureza<br />

quanto a forma das produções da indústria <strong>cultural</strong> (ou seja, a cultura) e seu<br />

modo de produção e distribuição (ou seja, tec<strong>no</strong>logias e indústrias da mídia).<br />

Com isso, evitam-se term<strong>os</strong> ideológic<strong>os</strong> como ‘cultura de massa’ e ‘cultura<br />

popular’ e se chama a atenção para o circuito de produção, distribuição e<br />

recepção por meio do qual a cultura da mídia é produzida, distribuída e<br />

consumida. (KELLNER, 2001, p. 52)<br />

Com o advento da cultura da mídia, <strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> receb<strong>em</strong> uma quantidade s<strong>em</strong><br />

precedentes de imagens e sons dentro da sua própria casa, o que reordena as percepções de<br />

espaço e t<strong>em</strong>po, e produz <strong>no</strong>v<strong>os</strong> mod<strong>os</strong> de experiência e subjetividade. Para Kellner, <strong>em</strong>bora as


6<br />

formas da indústria <strong>cultural</strong> da primeira metade do século XX tenham começado a ocupar o centro<br />

do sist<strong>em</strong>a de cultura e comunicação nas d<strong>em</strong>ocracias capitalistas, foi só com a chegada da<br />

televisão, <strong>no</strong> pós-guerra, que a mídia se transformou <strong>em</strong> força dominante na cultura e na vida<br />

social.<br />

Portanto, contrariando a <strong>no</strong>ção pós-moderna de desintegração da cultura na<br />

imag<strong>em</strong> pra s<strong>em</strong> referentes, conteúd<strong>os</strong> ou efeit<strong>os</strong> – ruído puro, <strong>em</strong> última análise<br />

-, argumentam<strong>os</strong> que a televisão e outras formas da cultura da mídia<br />

des<strong>em</strong>penham papel fundamental na reestruturação da identidade<br />

cont<strong>em</strong>porânea e na conformação de pensament<strong>os</strong> e comportament<strong>os</strong>. (Kellner,<br />

2001, p.304)<br />

Nesta lógica a identidade local e o senso de pertencimento passam a ser vist<strong>os</strong> como uma<br />

narrativa construída a partir de mit<strong>os</strong> fundadores, da história que nega as diferenças e cria laç<strong>os</strong><br />

que Stuart Hall chama de “comunidades imaginadas”. Ele usa o termo para designar a construção<br />

da identidade das nações. “Uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentid<strong>os</strong><br />

que influencia e organiza tanto <strong>no</strong>ssas ações quanto a concepção que t<strong>em</strong><strong>os</strong> de nós mesm<strong>os</strong>.”<br />

(HALL, 2000, p.50)<br />

Mas esta narrativa local ganha significad<strong>os</strong> divers<strong>os</strong> diante do fluxo de informações e de<br />

pessoas na cont<strong>em</strong>poraneidade. Hoje é comum encontrar que tenha que viver, por escolha ou por<br />

necessidade, longe de sua terra natal, de suas referências culturais s<strong>em</strong>inais. Como o diretor Guel<br />

Arraes, nascido <strong>no</strong> estado do Pernambuco. Filho do ex-governador Miguel Arraes de Alencar, um<br />

líder do Partido Socialista <strong>Brasil</strong>eiro, teve que acompanhar a família durante o exílio do pai na<br />

Argélia, <strong>no</strong> período do Regime Militar. Estudou cin<strong>em</strong>a e produção audiovisual na Europa. E <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, fez carreira de diretor <strong>no</strong> eixo Rio – São Paulo. Este movimento de diáspora, para usar o<br />

termo cunhado por Stuart Hall (2000), aponta da tradição para a tradução, já que “estes sujeit<strong>os</strong><br />

dev<strong>em</strong> aprender a habitar, <strong>no</strong> mínimo, duas identidades, a falar duas linguagens culturais, a traduzir<br />

e negociar entre elas. As culturas híbridas constitu<strong>em</strong> um d<strong>os</strong> divers<strong>os</strong> tip<strong>os</strong> de identidade<br />

distintivamente <strong>no</strong>v<strong>os</strong> produzid<strong>os</strong> na era da modernidade tadia”. (HALL, 2000, p.89)<br />

O hibridismo, para Hall (2000, p.97), é a prova de que a globalização não parece estar<br />

produzindo n<strong>em</strong> o triunfo do ‘global’, n<strong>em</strong> a persistência, <strong>em</strong> sua velha forma, do ‘local’. Para ele, <strong>os</strong><br />

deslocament<strong>os</strong> ou <strong>os</strong> desvi<strong>os</strong> da globalização são mais variad<strong>os</strong> e mais contraditóri<strong>os</strong> do que<br />

suger<strong>em</strong> seus protagonistas ou seus oponentes.<br />

Quando a circulação cada vez mais livre e freqüente de pessoas, capitais e<br />

mensagens <strong>no</strong>s relaciona cotidianamente com muitas culturas, <strong>no</strong>ssa identidade<br />

já não pode ser definida pela associação exclusiva com uma comunidade<br />

nacional. O objeto de estudo não deve ser, então, apenas a diferença, mas<br />

também a hibridização. (HALL, 2000, p.166)<br />

Guel Arraes, ele mesmo um <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> de nascimento, codifica da cultura popular<br />

<strong>no</strong>rdestina na televisão, meio de comunicação heg<strong>em</strong>ônico <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, de fora da terra natal e a partir<br />

do contato com a diversidade <strong>cultural</strong>, criando um produto que entend<strong>em</strong><strong>os</strong> como híbrido, conforme<br />

o conceito de Nestor Garcia Canclini (1999). Em “O Auto da Compadecida”, minissérie de quatro<br />

capítul<strong>os</strong>, exibida pela Rede Globo <strong>em</strong> 1999, o diretor se inspira <strong>em</strong> Aria<strong>no</strong> Suassuna para criar<br />

uma obra teledramatúrgica <strong>em</strong> que a história original é banhada por outras influências, quebrando a<br />

unidade dramática original e juntando sob um mesmo tipo várias obras diferentes. Guel sai de sua<br />

terra natal, mas exist<strong>em</strong> na obra dele l<strong>em</strong>branças de um Nordeste idílico, raiz de sua criação.<br />

No “Auto” televisivo, a história é alterada para criar a ambiência necessária para a projeção<br />

e a identificação com <strong>os</strong> telespectadores. A adaptação suprime algumas personagens do texto


7<br />

original, entre elas, a figura de ligação e comando do espetáculo, o Palhaço, o que volta todas as<br />

atenções para as aventuras da dupla de protagonistas, João Grilo e Chicó. Guel Arraes também<br />

acrescentou personagens de outras obras do próprio Aria<strong>no</strong> Suassuna, como o Cabo 70 e Vicentão,<br />

amb<strong>os</strong> da peça “Torturas de um coração”. E transformou o filho do Major Antônio Morais na<br />

romântica R<strong>os</strong>inha, que t<strong>em</strong> uma história de amor com o personag<strong>em</strong> Chicó.<br />

Assim, cria-se o que Jesús Martim-Barbero chama de “drama do reconhecimento”, um d<strong>os</strong><br />

artifíci<strong>os</strong> do melodrama, que ele considera uma forma de recuperação da m<strong>em</strong>ória popular por meio<br />

do imaginário criado pela indústria da cultura na América Latina. Para ele, “não existe acesso à<br />

m<strong>em</strong>ória histórica s<strong>em</strong> projeção p<strong>os</strong>sível sobre o futuro que não passe pelo imaginário.” (1997,<br />

p.304). Com a inclusão de <strong>no</strong>v<strong>os</strong> personagens, o diretor também adicio<strong>no</strong>u outras passagens, como<br />

quando o major Antônio Morais negocia uma lasca de couro das c<strong>os</strong>tas de Chicó, situação originária<br />

da peça “O Mercador de Veneza”, de William Shakespeare.<br />

O seu “Auto” funciona como um palimpsesto midiático: boa parte das l<strong>em</strong>branças originais<br />

foram apagadas e <strong>no</strong>vas informações inscritas. As referências da cultura local, do espaço<br />

geográfico e afetivo do Nordeste, sofreram a sobrep<strong>os</strong>ição de referências globais. Mas o substrato<br />

<strong>cultural</strong> continua presente, criando <strong>no</strong>v<strong>os</strong> víncul<strong>os</strong>, sedimentando identidades mais adequadas e<br />

codificando o popular <strong>no</strong> massivo. A hipótese é que o local continua presente, só que agora<br />

recheado de referências globais, formando um híbrido <strong>cultural</strong>.<br />

Considerações finais<br />

O <strong>no</strong>sso objetivo é percorrer este caminho para investigar, nas diversas adaptações do<br />

texto de Suassuna, <strong>os</strong> el<strong>em</strong>ent<strong>os</strong> da narrativa de cada um d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong>, para entrever as<br />

mediações que definiram a heg<strong>em</strong>onia da televisão como referencial narrativo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> nas últimas<br />

décadas do século XX. Também quer<strong>em</strong><strong>os</strong> investigar se na obra televisiva o diretor Guel Arraes<br />

subverte o jogo d<strong>os</strong> estereótip<strong>os</strong> oferecid<strong>os</strong> pela televisão, m<strong>os</strong>trando um <strong>no</strong>rdeste incomum, com<br />

referências desterritorializadas, globais, talvez pela necessidade de se fazer entender pelo grande<br />

público televisivo, urba<strong>no</strong> e desconectado da prop<strong>os</strong>ta do Movimento Armorial.<br />

Acreditam<strong>os</strong> na hipótese de que a versão do “Auto da compadecida”, para a televisão,<br />

realizada pelo diretor Guel Arraes <strong>em</strong> 1999, seja um produto híbrido. Vam<strong>os</strong> analisar as mudanças<br />

e adições realizadas para transformar <strong>os</strong> text<strong>os</strong> teatral e cin<strong>em</strong>atógráfico <strong>em</strong> minissérie e como<br />

Guel Arraes brinca com a identidade do <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>, a partir de sua visão diaspórica, de qu<strong>em</strong> fala<br />

de sua própria terra, de seu território, mas de um ponto de vista exter<strong>no</strong>, jogando <strong>no</strong> limite de qu<strong>em</strong><br />

está ao mesmo t<strong>em</strong>po dentro e fora, <strong>no</strong> limiar entre o próprio e o alheio.<br />

Referências<br />

ARRAES, Miguel. O Auto da Compadecida: da obra de Aria<strong>no</strong> Suassuna. Minissérie. Rio de<br />

Janeiro: Globo Filmes, 1999.<br />

CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadã<strong>os</strong>: conflit<strong>os</strong> multiculturais da globalização. Rio de<br />

Janeiro: UFRJ, 2000.<br />

DEBRAY, Régis. Vida e morte da imag<strong>em</strong>. São Paulo: Vozes, 1993.<br />

HALL, Stuart. A identidade <strong>cultural</strong> na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Ed. LP&A, 2000.


8<br />

---. Qu<strong>em</strong> precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.) Identidade e diferença: a<br />

perspectiva d<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> culturais. Petrópolis, Vozes, 2000, p. 103-133.<br />

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia – estud<strong>os</strong> culturais: identidade e política entre o moder<strong>no</strong> e<br />

o pós-moder<strong>no</strong>. Bauru: EDUSC, 2001.<br />

MARTIN-BARBERO, Jesús. D<strong>os</strong> Mei<strong>os</strong> às Mediações: Comunicação, Cultura e Heg<strong>em</strong>onia. Rio de<br />

Janeiro: UFRJ, 1997.<br />

MCLUHAN, Marshall. Os mei<strong>os</strong> de comunicação como extensões do hom<strong>em</strong>. São Paulo: Cultrix,<br />

2002.<br />

SANTINI, Alexandre. Teatro e cultura brasileira <strong>no</strong> século 20 – Aria<strong>no</strong> Suassuna e o Movimento<br />

Armorial. In: RABETTI, Beti (org.). Teatro e Comicidades: estud<strong>os</strong> sobre Aria<strong>no</strong> Suassuna e outr<strong>os</strong><br />

ensai<strong>os</strong>. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 63-69.<br />

SILVA, Tomaz Tadeu da. In: ---. (org.) Identidade e diferença: a perspectiva d<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> culturais.<br />

Petrópolis, Vozes, 2000, p. 73-102.<br />

SUASSUNA, Aria<strong>no</strong>. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 1997.<br />

TRINTA, Aluízio Ram<strong>os</strong>. Televisão e formações identitárias <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. In: LAHNI, Cláudia Regina e<br />

PINHEIRO, Marta de Araújo. Sociedade e Comunicação: perspectivas cont<strong>em</strong>porâneas. Rio de<br />

Janeiro: Mauad X, 2008, p. 31-50.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!