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Seis décadas de teleteatro do teatro “ao vivo” ao experimental ...

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<strong>Seis</strong> décadas <strong>de</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong><br />

<strong>do</strong> <strong>teatro</strong> “<strong>ao</strong> vivo” <strong>ao</strong> <strong>experimental</strong> contemporâneo<br />

Maria Cristina Brandão FARIA 1<br />

Introdução<br />

Teatro e televisão apresentam uma distinção básica <strong>de</strong> linguagem. O <strong>teatro</strong> é sempre uma<br />

arte viva, uma representação da vida, em qualquer tempo e espaço e <strong>ao</strong> mesmo tempo no “aqui e<br />

no agora”. Sua linguagem abrange vários níveis, entrelaçan<strong>do</strong> corpo-emoção-mente para atingir o<br />

Pathos, sem relegar ou relevar o Ethos e o Lógos. Teatro é arte total, isto é, ainda po<strong>de</strong> ser ou vir a<br />

ser, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cinco mil anos <strong>de</strong> sua existência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Timéle e o Proskenium gregos.<br />

(STASHEFF, et al, 1978, p. 247). Enquanto isso, a televisão é um veículo <strong>de</strong> comunicação que<br />

sempre procurou dialogar com todas as artes, cinema, música, dança e principalmente o <strong>teatro</strong>.<br />

Essa aproximação da TV com elementos artísticos advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> obras clássicas foi avaliada por<br />

Brian G. Rose <strong>ao</strong> escrever sobre a “performance das artes na televisão”. Entre todas, afirma ser o<br />

<strong>teatro</strong> a que fez a transição para a telinha com maior facilida<strong>de</strong> e sucesso. 2 Segun<strong>do</strong> o autor, a base<br />

naturalista <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e seu apelo popular garantem, automaticamente, essa supremacia num meio<br />

ávi<strong>do</strong> para atingir as mesmas audiências que se viam nos cinemas e ouvin<strong>do</strong> rádio. O <strong>tele<strong>teatro</strong></strong><br />

saberia combinar elementos da tradição culta com as condições impostas pelas narrativas<br />

audiovisuais, como veremos adiante e, sua <strong>de</strong>rrocada chegou juntamente com o vi<strong>de</strong>oteipe dan<strong>do</strong><br />

lugar <strong>ao</strong> “folhetim eletrônico”, histórias contadas em capítulos - as telenovelas - gênero<br />

representativo <strong>do</strong> caráter massivo das produções ficcionais a partir <strong>do</strong>s anos 1960, marcadas pela<br />

expansão da audiência.<br />

Contu<strong>do</strong>, buscaremos mostrar aqui que os her<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>sse formato surgem em mo<strong>de</strong>rnas<br />

produções, esporádicas, principalmente nas emissoras públicas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1970.<br />

Os formatos<br />

Nos casos <strong>de</strong> programas para a televisão, “a forma” é a característica que ajuda a <strong>de</strong>finir o<br />

gênero, uma nomenclatura própria <strong>do</strong> meio. O formato <strong>de</strong> um programa po<strong>de</strong> apresentar-se <strong>de</strong><br />

maneira combinada a fim <strong>de</strong> reunir elementos <strong>de</strong> vários gêneros e assim possibilitar o surgimento<br />

<strong>de</strong> outros programas 3 . Ao contrário <strong>do</strong> unitário formato <strong>do</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>, com exibição única <strong>de</strong> uma<br />

história concisa, curta e incisiva, a minissérie, seria um gênero da teledramaturgia comparada à<br />

uma telenovela curta, mas, como formato, aproxima-se <strong>de</strong> uma obra fechada como um filme , isto é:<br />

sem a interferência da audiência nos rumos da sua trama, igualan<strong>do</strong>-se, portanto, a um “gran<strong>de</strong><br />

gerúndio em processo <strong>de</strong> gestação, passível <strong>de</strong> mudanças e modulações” 4 . Isso implica uma<br />

unida<strong>de</strong> que já revela uma visão <strong>de</strong> conjunto <strong>do</strong> tema a ser trata<strong>do</strong>. A microssérie po<strong>de</strong>ria<br />

aproximar-se <strong>do</strong> unitário em sua micro estrutura narrativa, mas, esten<strong>de</strong>-se um pouco mais – 5<br />

1 Jornalista formada pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora. Mestre e Doutora em Teatro pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Professora adjunta da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunicação da UFJF-MG Instituição:Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora . MG<br />

2 Uma crítica <strong>do</strong>s principais espetáculos artísticos emiti<strong>do</strong>s pela TV, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, estão na obra <strong>de</strong> Brian G.<br />

Rose .Television and The Performing Arts, New York: Greenwood Press, 1983.<br />

3 Ver “Gêneros e formatos na televisão brasileira”, <strong>de</strong> José Carlos Aronchi <strong>de</strong> Souza. São Paulo: Summus, 2004.<br />

4 Ver “Conjunções, Disfunções, Transmutações”, <strong>de</strong> Ana Maria Balogh. São Paulo, Annablume, 2005.


capítulos – para dar maior espaço à criativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> autor no processo <strong>de</strong> transmutação da obra<br />

literária para a TV.<br />

O seria<strong>do</strong>, bem como o unitário, a minissérie e a microssérie são campos <strong>de</strong> experimento<br />

<strong>do</strong> lírico, da memória e da história e marcam momentos <strong>de</strong> ficção com a cara <strong>de</strong> Brasil afirma Ana<br />

Maria Figueire<strong>do</strong> (2003). Uma nova geração <strong>de</strong> realiza<strong>do</strong>res imersos na contemporaneida<strong>de</strong><br />

audiovisual afasta<strong>do</strong>s da tradição nacionalista <strong>de</strong> se fazer cinema, <strong>de</strong>scortinam como tendência um<br />

trânsito intermídias com menores conflitos Como exemplo, Walter Salles Jr.(Central <strong>do</strong> Brasil) tem<br />

na bagagem, <strong>do</strong>cumentários para a TV (Japão: Uma Viagem no Tempo) e comerciais para a grife<br />

Kalvin Klein. Faz parte <strong>de</strong> uma geração que não possui nenhuma timi<strong>de</strong>z nem restrição diante da<br />

técnica. Lemas como “uma câmara na mão e uma idéia na cabeça” 5 , a precarieda<strong>de</strong> entran<strong>do</strong> como<br />

fenômeno <strong>de</strong> criação, são fantasmas distantes. A visão <strong>de</strong> A<strong>do</strong>rno (2000) <strong>de</strong> que a técnica na<br />

indústria cultural é “externa” <strong>ao</strong> produto, <strong>ao</strong> contrário da arte que segue a lógica interna da obra,<br />

efetivamente não ecoa nessa geração.<br />

No ano em que a Festa Literária Internacional <strong>de</strong> Paraty (RJ - julho <strong>de</strong> 2008) homenageou<br />

Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis 6 , pelo centenário <strong>de</strong> morte <strong>do</strong> maior escritor nacional, a personagem Capitu,<br />

imortalizada em papel há mais <strong>de</strong> 100 anos na obra-prima Dom Casmurro, ganhou a microssérie<br />

homônima na TV, adaptada e dirigida por Luiz Fernan<strong>do</strong> Carvalho 7. A Revista online <strong>do</strong> Globo<br />

<strong>de</strong>finiu a estréia da microssérie, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, como “uma produção embalada <strong>ao</strong> som <strong>de</strong><br />

Jimi Hendrix; pelos acor<strong>de</strong>s metálicos <strong>de</strong> Iron Man, <strong>de</strong> Ozzy Osbourne; e por uma canjinha <strong>de</strong><br />

Cheek to Cheeck, a<strong>do</strong>cicada pelo gogó <strong>de</strong> Fred Astaire”, enfim, uma produção que <strong>de</strong>u à literatura<br />

<strong>de</strong> Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis, <strong>de</strong> 1899, um ar <strong>de</strong> ópera-rock. “Nunca se viu, século XIX mais pop” 8.<br />

O diretor utiliza-se das mesmas matrizes culturais <strong>do</strong>s <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s para inserir no meio<br />

televisivo uma obra da magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dom Casmurro. Luis Fernan<strong>do</strong> Carvalho <strong>ao</strong> transpor um<br />

romance oitocentista para a TV, busca conectar-se à arte <strong>de</strong> sua época, feita com os meios, os<br />

recursos e as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>ssa época e no interior <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los culturais e linguagens nela<br />

vigentes. Pressupomos que o objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> aqui resgata<strong>do</strong> – Capitu - mesmo produzi<strong>do</strong> em<br />

escala industrial, tentou re-inventar uma televisão menos comercial, levantan<strong>do</strong> questões que<br />

trazem à tona a adaptação <strong>de</strong> textos da literatura para a televisão em um formato que<br />

classificaríamos como her<strong>de</strong>iro <strong>do</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>. Uma ativida<strong>de</strong> que chamamos “tradutória” e que<br />

envolve uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aspectos atuan<strong>do</strong> conjuntamente: o autor <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> origem (romance,<br />

conto, ou peça <strong>de</strong> <strong>teatro</strong>), o tradutor-adapta<strong>do</strong>r, o veículo e os receptores. A relação entre os <strong>do</strong>is<br />

textos-discursos, tanto o <strong>de</strong> partida quanto o <strong>de</strong> chegada, são vincula<strong>do</strong>s não em termos <strong>de</strong><br />

equivalência das mensagens, mas às intenções comunicativas atreladas <strong>ao</strong> veículo que emite a<br />

5 Frase atribuída <strong>ao</strong> cineasta brasileira <strong>do</strong> Cinema Novo, Glauber Rocha.<br />

6 Ca<strong>de</strong>rno Prosa & Verso – Jornal O Globo – 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008.<br />

7 Luis Fernan<strong>do</strong> Carvalho ficou conheci<strong>do</strong> na televisão brasileira a partir das telenovelas que dirigiu: Pedra sobre Pedra<br />

(1990), Renascer (1993) e O Rei <strong>do</strong> Ga<strong>do</strong> (1996). No cinema dirigiu seu primeiro longa-metragem Lavoura Arcaica<br />

(2001). De volta à TV dirige clássicos da literatura como Os Maias (2001) a minissérie Hoje é dia <strong>de</strong> Maria (2005) e<br />

inaugura o projeto Quadrante com o objetivo <strong>de</strong> levar <strong>ao</strong> gran<strong>de</strong> público, as obras-primas <strong>de</strong> autores nacionais. Iniciou<br />

com a adaptação para a TV, <strong>do</strong> livro A Pedra <strong>do</strong> Reino e o Príncipe <strong>do</strong> Vai e Volta (2007) <strong>de</strong> Ariano Suassuna, no<br />

formato microssérie seguin<strong>do</strong> a trilha <strong>do</strong> Auto da Compa<strong>de</strong>cida, em cinco episódios e cerca <strong>de</strong> 4 horas <strong>de</strong> duração,<br />

repetin<strong>do</strong> a mesma façanha em Capitu.<br />

8 http://www.<strong>de</strong>feitosespeciais.com/2008/12/resenha-sobre-microssrie-capitu.html. Acessa<strong>do</strong> em 2/03/2009<br />

http://oglobo.globo.com/cultura/revistadatv/mat/2008/12/05/obraprima_<strong>de</strong>_macha<strong>do</strong>_<strong>de</strong>_assis_volta_mo<strong>de</strong>rnizada_na_<br />

microsserie_capitu_-586856804.asp. Acessa<strong>do</strong> em 2/03/2009.


mensagem, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> conseguir um maior alcance junto <strong>ao</strong> público. Essa relação é múltipla e<br />

complexa mas, caracterizada por uma forte intertextualida<strong>de</strong>.<br />

É preciso, como fazia-se nos <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s, mobilizar a idéia da recriação conduzin<strong>do</strong> a arte da<br />

adaptação por vias originais que <strong>de</strong>semboquem num trabalho necessário à divulgação <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong><br />

cultura.<br />

O <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> e seu apogeu<br />

Sabemos que enquanto o cinema iniciou-se na França, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Inglaterra,<br />

Alemanha e Itália, a televisão começou em cida<strong>de</strong>s. Nova York tinha uma televisão, Londres, outra,<br />

e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo teve a quarta TV no mun<strong>do</strong> em 1950. Dois meses <strong>de</strong>pois, criava-se a<br />

produção televisiva no Rio <strong>de</strong> Janeiro e mais tar<strong>de</strong>, em Belo Horizonte (1956) e <strong>de</strong>mais capitais<br />

brasileiras. As produções televisivas eram locais e “<strong>ao</strong> vivo” e as emissoras tinham pouco contato<br />

com as pioneiras iniciantes, mas, cada uma, a seu mo<strong>do</strong>, reunia o seu cast com profissionais vin<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> rádio e, principalmente <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> crian<strong>do</strong>, assim, um laboratório <strong>experimental</strong> <strong>de</strong> ficção televisiva<br />

com o <strong>teatro</strong> na TV.<br />

No perío<strong>do</strong> da vida brasileira em que se multiplicavam empreendimentos culturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

vulto e cunho empresarial, a instalação da TV, em 1950, foi uma conseqüência natural <strong>de</strong>sses<br />

investimentos, daí sua ín<strong>do</strong>le artística aliada à elite cultural <strong>do</strong> país. Estávamos numa época em que<br />

a “cultura ilustrada”, <strong>de</strong>finida por Edgar Morin 9 comandava as ré<strong>de</strong>as da indústria cultural 10 . Por<br />

outro la<strong>do</strong>, existiam interesses concretos <strong>do</strong>s empresários para atuarem nas áreas culturais e<br />

comerciais.<br />

A posposta da Vera Cruz era a realização <strong>de</strong> filmes nos mol<strong>de</strong>s hollywoodianos para<br />

aten<strong>de</strong>r à bilheteria e experimentar uma produção mais industrial; o TBC, a cada peça “clássica”,<br />

encenava outras, menos pretensiosas, para atrair maior público 11 enquanto o MASP não atuava<br />

apenas na esfera erudita, contu<strong>do</strong> promovia o ensino sistemático <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> propaganda,<br />

<strong>de</strong>senho industrial, fotografia e comunicação visual. Já a Atlântida havia <strong>de</strong>scoberto uma fórmula<br />

para explorar o merca<strong>do</strong> brasileiro: utilizava a chanchada, apoian<strong>do</strong>-se na tradição <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> ligeiro<br />

e as “estrelas” <strong>do</strong> rádio para alcançar um público mais popular.<br />

Levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração, portanto, a presença ativa <strong>do</strong>s empresários no campo da cultura<br />

artística e da cultura <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, a popular, vamos concordar com Renato Ortiz quan<strong>do</strong> mostra um<br />

trânsito entre o “erudito” e os meios <strong>de</strong> massa transferin<strong>do</strong> para esses últimos, um capital simbólico<br />

que a<strong>de</strong>quava-se, facilmente, <strong>ao</strong> principal meio <strong>de</strong> comunicação que estava surgin<strong>do</strong>: a TV.<br />

As primeiras décadas da televisão no Brasil e também em to<strong>do</strong>s os países em que o veículo<br />

se instalava, foram marcadas pelo auge <strong>do</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> que apresentava, <strong>de</strong> maneira heróica, obras<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dramaturgos a um público que apenas estava se inician<strong>do</strong> em acelera<strong>do</strong>s e traumáticos<br />

processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e ingressava <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada nas crescentes <strong>de</strong>mandas da vida<br />

urbana. O <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> era conseqüência <strong>de</strong> uma TV orientada por objetivos culturais como já vimos, e<br />

se <strong>de</strong>batia entre uma tradição bastante solene e retórica <strong>do</strong>s anos anteriores e os primeiros<br />

entraves da comercialização que chegava <strong>ao</strong>s canais. Insinuava-se uma luta entre indústria e<br />

cultura, comercialização e espírito, iniciativa privada e onipresença estatal. O prestígio <strong>do</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong><br />

9 Edgar Morin. Cultura <strong>de</strong> Massa no Século XX. Necrose. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense. 1986 p.81.<br />

10 A elite colocou no ar uma televisão, assim com construiu museus, <strong>teatro</strong>s, companhias cinematográficas etc, mas no<br />

caso da televisão, <strong>de</strong>ixou-a <strong>de</strong> pés <strong>de</strong>scalços, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>-se à base <strong>do</strong> empirismo.<br />

11 Ver Alberto Gusik, TBC: Crônica <strong>de</strong> um sonho, São Paulo: Perspectiva, 1986.


era enorme, muitas vezes os espetáculos seriam exibi<strong>do</strong>s até mesmo sem patrocínio, como foi o<br />

caso <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Teatro Tupi no Rio <strong>de</strong> Janeiro, sob direção <strong>de</strong> Sérgio Britto 12 . O programa ficou<br />

nove anos no ar, apresentan<strong>do</strong> uma telepeça a cada segunda-feira, com elenco fixo composto por<br />

Fernanda Montenegro, Nathália Timberg, Zilka Salaberry, Ítalo Rossi, Al<strong>do</strong> <strong>de</strong> Maio, Fernan<strong>do</strong><br />

Torres e o próprio Britto além <strong>de</strong> artistas convida<strong>do</strong>s que faziam sucesso nos <strong>teatro</strong>s. A mobilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s artistas entre os setores culturais como o <strong>teatro</strong>, o rádio e a televisão, no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

facilitavam as manobras para os produtores <strong>de</strong> TV, pois estes iriam buscar mão-<strong>de</strong>-obra nos<br />

espaços culturais socialmente disponíveis. O <strong>teatro</strong> surge, nestas circunstâncias, como um pólo<br />

privilegia<strong>do</strong>, na medida em que familiarizava alguns profissionais da TV com as técnicas <strong>de</strong><br />

dramaturgia. Os atores <strong>de</strong> <strong>teatro</strong>, mesmo os ama<strong>do</strong>res cariocas, levaram para a TV uma bagagem<br />

cultural que interessava <strong>ao</strong>s <strong>do</strong>nos das emissoras pois, além <strong>de</strong> valorizarem sua programação com<br />

bons espetáculos <strong>de</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>, atraíam o telespecta<strong>do</strong>r que podia ver, no ví<strong>de</strong>o, um elenco em que<br />

sobressaíam aqueles bons atores que atuavam nos palcos. A coexistência <strong>de</strong> representantes da<br />

chamada “alta cultura” e <strong>de</strong> setores da arte popular num mesmo canal, traça um perfil característico<br />

da programação <strong>de</strong> TV carioca como relata a atriz Fernanda Montenegro:<br />

Neste cal<strong>de</strong>irão da TV Tupi <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro se juntaram todas as influências e<br />

todas as escolas <strong>de</strong> dramaturgia e <strong>de</strong> atuação que existiam no país. Então você<br />

tinha o Teatro Universitário, o Teatro <strong>do</strong> Estudante, a Praça Tira<strong>de</strong>ntes, pessoas<br />

<strong>de</strong> circo, os comediantes da Cinelândia e ainda os musicais, aquele mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

cômicos e boates famosas, as gran<strong>de</strong>s girls <strong>do</strong> Carlos Macha<strong>do</strong>... Havia muitos<br />

shows, muitíssimos bem feitos, <strong>do</strong> Silveira Sampaio, e aquilo fervia. Eu trabalhei<br />

na TV com Colé, Gran<strong>de</strong> Otelo, com Chocolate, trabalhei com comediantes (...)<br />

Tô esquecen<strong>do</strong> gente (...) e os comediantes da Cinelândia, que faziam as<br />

comédias <strong>de</strong> costume maravilhosamente (.. ) Eu <strong>de</strong>vo à televisão o contato com<br />

esse mun<strong>do</strong> efervescente <strong>de</strong> extr<strong>ao</strong>rdinários atores, comediantes, girls,<br />

dançarinos, ve<strong>de</strong>tes <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o tipo.(BRANDÃO, 2005, p.78)<br />

Em São Paulo, o TV <strong>de</strong> Vanguarda, sob direção <strong>de</strong> Walter George Durst e Benjamin Cattan,<br />

permaneceu mais <strong>de</strong> uma década no ar, apresentan<strong>do</strong> <strong>ao</strong> público um repertório <strong>de</strong> clássicos<br />

adapta<strong>do</strong>s da dramaturgia.<br />

Os trabalhos teatrais, feitos para a TV <strong>de</strong> forma cuida<strong>do</strong>sa, geralmente obtinham um censo<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e objetivida<strong>de</strong> que compensavam as limitações técnicas. A opinião é unânime entre os<br />

profissionais que participaram <strong>de</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s. George Schaeffer aponta interessante habilida<strong>de</strong><br />

própria da televisão <strong>de</strong> apo<strong>de</strong>rar-se, com exuberância, da movimentação em cena <strong>do</strong>s atores,<br />

dan<strong>do</strong> <strong>ao</strong> telespecta<strong>do</strong>r o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sobrevoar <strong>de</strong>ntro da cena, circulan<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s como<br />

uma abelha: “to catch that glowing, growing kind of performance you might see on stage if you were<br />

a bumblebee around everywhere you wanted to be” (apud. ROSE, 1983, p.190). Era,<br />

provavelmente, a vantagem da televisão <strong>ao</strong> traduzir o drama que se <strong>de</strong>senvolvia no proscênio, para<br />

um ambiente mais limita<strong>do</strong>, o da pequena tela da TV.<br />

Renato Ortiz lembra-nos que no cerne da indústria cultural há espaço para obras individuais<br />

e “zonas <strong>de</strong> criação e talento no seio <strong>do</strong> conformismo estandardiza<strong>do</strong>” (ORTIZ,1989, p.121). Já<br />

Morin reitera ainda que nem a padronização existente no veículo eletrônico, nem a divisão <strong>do</strong><br />

trabalho são em si, obstáculos à “individualização da obra” (MORIN, 1997, p.31). Po<strong>de</strong>mos<br />

exemplificar com a obra teleteatral Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva, dirigida e adaptada da peça <strong>de</strong> Nelson<br />

Rodrigues, pelo encena<strong>do</strong>r paulista Antunes Filho, para a TV Cultura, em 1974 e reapresentada na<br />

série Antunes Filho em Preto e Branco, em 2007.<br />

12 Ver Cristina Brandão - O Gran<strong>de</strong> Teatro Tupi <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Juiz <strong>de</strong> Fora: UFJF/Opecom-2005


O fato <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> ter si<strong>do</strong> inseri<strong>do</strong> na indústria cultural, não seguiu normas mas carregou a<br />

exemplo <strong>de</strong> toda obra antológica da nossa produção televisual, uma ambigüida<strong>de</strong>, uma tensão<br />

interna, <strong>de</strong>correntes da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se acionarem a energia e a inventivida<strong>de</strong> daquele que o<br />

elaborou 13.<br />

Os rigores <strong>de</strong> vigilância da audiência, <strong>do</strong>s patrocina<strong>do</strong>res e da emissora (TV Cultura) não<br />

foram suficientes para barrar o fenômeno autoral que Antunes impôs com seu <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>. Mesmo<br />

sen<strong>do</strong> a televisão um veículo <strong>de</strong> massa, em que se prezam a padronização e a repetição, foi<br />

possível emergir um processo <strong>de</strong> contradição, no qual a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um cria<strong>do</strong>r pô<strong>de</strong> se firmar. O<br />

encena<strong>do</strong>r teatral Antunes Filho fez, no seu ato <strong>de</strong> “transcriar” Nelson Rodrigues, (usan<strong>do</strong> a<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Harol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Campos) algo muito mais interessante <strong>do</strong> que uma simples adaptação<br />

como tantas outras experiências convencionais que o merca<strong>do</strong> oferece, tornan<strong>do</strong> raro o diálogo<br />

profícuo com a obra <strong>de</strong> origem. O convívio <strong>de</strong> matrizes diferentes, <strong>de</strong> tons opostos, é um <strong>de</strong>safio<br />

para cada encena<strong>do</strong>r ou diretor que irá escolher a sua interpretação na armação <strong>do</strong> seu<br />

espetáculo.<br />

Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva trata <strong>de</strong> coisas que chegam <strong>ao</strong> limite entre o sonho e a<br />

realida<strong>de</strong>. Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva é isso. Mas todas as peças <strong>de</strong>le têm a aparente (...)<br />

essa realida<strong>de</strong> na qual nós estamos aqui conversan<strong>do</strong>, o Nelson não lidava só<br />

com essa realida<strong>de</strong>. Ele lidava com a realida<strong>de</strong> mais arcaica, outros valores que<br />

eu chamo <strong>de</strong> arquetípicos. Em qualquer peça, por mais simples que seja,<br />

qualquer diálogo que tenha <strong>do</strong> Nelson Rodrigues, em qualquer peça, tem<br />

sempre os monstrinhos lá embaixo, os monstros, os arquétipos. Tem sempre<br />

aquela coisa terrível por baixo da cena, né Qualquer cena: aparentemente é<br />

uma comédia <strong>de</strong> costumes, mas nunca é completamente uma comédia <strong>de</strong><br />

costumes, tem sempre outros valores, mais primitivos, <strong>do</strong> nosso inconsciente<br />

que estão ali. Então eu acho que a obra <strong>do</strong> Nelson Rodrigues tem uma força <strong>do</strong><br />

inconsciente (...) É claro que ele se dava conta disso, mas era isso que o tornou<br />

o maior poeta <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> brasileiro. Ele era um poeta <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> brasileiro!Por que<br />

ele não lida só com essa realida<strong>de</strong>. Ele lida com outras realida<strong>de</strong>s e coloca em<br />

cena. (Entrevista à pesquisa<strong>do</strong>ra. S.Paulo, 2 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2002)<br />

O <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> surgi<strong>do</strong> com a criação da televisão colombiana no mesmo perío<strong>do</strong> em que<br />

aparecia da televisão brasileira, é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por Martín Barbero e German Rey, como um programa<br />

<strong>de</strong> natureza para<strong>do</strong>xal que <strong>ao</strong> mesmo tempo em que ascendia à uma mídia que permitia difusões<br />

<strong>de</strong> massa só alcançadas pelo rádio, navegava bem <strong>de</strong>pressa sob a pressão das exigências<br />

comerciais mas, não escondia sua vocação cultural originária , combinan<strong>do</strong> produtos da tradição<br />

culta, até então reserva<strong>do</strong>s a um público seleciona<strong>do</strong>, com as condições impostas pelas narrativas<br />

audiovisuais da televisão (MARTÍN BARBERO; G. REY, 1999, p. 124). Na Colômbia, segun<strong>do</strong> os<br />

autores, o <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> abriu a cena às correntes mais contemporâneas da arte e, na década <strong>de</strong> 1950,<br />

o <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> faria parte <strong>de</strong> uma confluência singular entre a renovação <strong>do</strong> movimento teatral e a<br />

criação da revista Mito, dirigida a uma população culta:<br />

Mito abriu as comportas para um diálogo com as expressões mais vivas <strong>do</strong><br />

pensamento e da literatura e o <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> logo optou por um repertório no qual<br />

não faltaram as adaptações <strong>de</strong> obras vanguardistas. (...) O <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> foi também<br />

uma – e só uma – das manifestações culturais que permitem a um país a<strong>do</strong>tar<br />

um caráter mo<strong>de</strong>rno em meio a uma história <strong>de</strong> barbárie, contrastan<strong>do</strong> a<br />

13 Ver tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong> <strong>de</strong> minha autoria intitulada O Teatro na TV, Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva, <strong>de</strong> Nelson Rodrigues, na<br />

telecriação <strong>de</strong> Antunes Filho para o Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Teatro da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, 2004.


imaginação com a enorme e dramática precarieda<strong>de</strong> da convivência. (MARTIN<br />

BARBERO, REY, 2001 p.129)<br />

O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espetáculos teleteatrais adapta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s clássicos da dramaturgia<br />

transmiti<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os países pela televisão, entre os anos 1940 e 1960, é a prova da afinida<strong>de</strong><br />

que este meio tinha com as produções vindas <strong>do</strong> palco. Martín-Barbero e German Rey consi<strong>de</strong>ram<br />

que os espetáculos exibi<strong>do</strong>s pela TV começaram a promover o interesse <strong>do</strong>s telespecta<strong>do</strong>res em<br />

formação, alguns <strong>de</strong>les, “perfeitamente neófitos distancia<strong>do</strong>s das expressões culturais até então”,<br />

uma preocupação que norteava Bernar<strong>do</strong> Romano Lozano , um <strong>do</strong>s pilares da produção teleteatral<br />

daquele país, nos anos 1950.<br />

Nos anos 1960, as peças televisadas passaram a se restringir às categorias <strong>de</strong> eventos<br />

especiais com as televisões sem orçamentos suficientes para bancar esse tipo <strong>de</strong> produção. Neste<br />

perío<strong>do</strong>, vemos claramente a avalanche <strong>de</strong> patrocina<strong>do</strong>res que se interessaram por programas<br />

menos onerosos e mais lucrativos.<br />

Tele<strong>teatro</strong>s contemporâneos<br />

Acreditamos que a TV Cultura <strong>de</strong> São Paulo, vez ou outra, flerta com o unitário, manten<strong>do</strong><br />

as mesmas matrizes culturais estabelecidas por esse formato, no início da televisão brasileira -<br />

basicamente, a dramaturgia e a literatura – <strong>ao</strong> investir na pesquisa e na experimentação <strong>de</strong><br />

linguagens no campo da teledramaturgia. Nos anos 1970, criou o <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> Teatro 2 produzin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s que trouxeram <strong>ao</strong> gran<strong>de</strong> público, importantes obras nacionais e<br />

estrangeiras especialmente adaptadas para a televisão, sob direção <strong>do</strong>s maiores nomes da cena<br />

brasileira como Antunes Filho, (já cita<strong>do</strong>) A<strong>de</strong>mar Guerra, Antonio Abujamra, Silvio <strong>de</strong> Abreu,<br />

Roberto Vignati, Fernan<strong>do</strong> Faro , Kiko Jaess, entre outros.<br />

Em 2007, volta a reapresentar aqueles mesmos espetáculos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter to<strong>do</strong> seu acervo<br />

<strong>de</strong> programas antigos digitaliza<strong>do</strong>s, numa investida na memória <strong>do</strong>s produtos audiovisuais,<br />

resgatan<strong>do</strong>-os para os estu<strong>do</strong>s da nossa cultura imagética.<br />

O programa inicial foi <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Antunes Filho em Preto e Branco, inauguran<strong>do</strong> uma<br />

reprise <strong>de</strong> telepeças dirigidas por esse diretor, entre 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006 a 22 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

2007. Desta vez, o telespecta<strong>do</strong>r da TV Cultura pô<strong>de</strong> admirar 16 espetáculos teleteatrais produzi<strong>do</strong>s<br />

e exibi<strong>do</strong>s na década <strong>de</strong> 1970 como A Casa Fechada, adaptação da peça <strong>de</strong> Roberto Gomes; O<br />

Torniquete, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo (com Raul Cortez) e o clássico Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva ti<strong>do</strong> como espetáculo<br />

antológico da produção televisual brasileira 14 . No elenco, po<strong>de</strong>mos admirar a atuação <strong>de</strong> Lílian<br />

Lemmertz (atriz falecida em 1983 ), Edwin Louise, Nathália Timberg e Célia Olga.<br />

A iniciativa se <strong>de</strong>veu à criação <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Teledramaturgia da Cultura quan<strong>do</strong><br />

estavam no coman<strong>do</strong>, a atriz e produtora teatral Analy Alvarez e o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> novos projetos,<br />

Atílio Bari. O programa Antunes Filho em Preto e Branco estreou com A Escada, basea<strong>do</strong> na peça<br />

<strong>de</strong> Jorge Andra<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> Carmem Silva e Ro<strong>do</strong>lfo Mayer como protagonistas. O repertório <strong>de</strong>nota a<br />

preocupação em levar <strong>ao</strong> numeroso público, os clássicos da literatura e dramaturgia <strong>de</strong> autores<br />

como Ibsen, Dostoievsky, Tennessee Williams, Piran<strong>de</strong>llo, Nelson Rodrigues, Jorge Andra<strong>de</strong>, Ligia<br />

Fagun<strong>de</strong>s Telles e outros. Para Atílio Bari, “os <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s dirigi<strong>do</strong>s por Antunes Filho na TV Cultura<br />

constituem um conjunto <strong>de</strong> obras sem equivalência na televisão brasileira. A pesquisa estética e os<br />

recursos <strong>de</strong> linguagem que esse genial diretor aplicou nesses trabalhos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

14 Ver tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong> – Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva, <strong>de</strong> Nelson Rodrigues, na telecriação <strong>de</strong> Antunes Filho.De Maria Cristina<br />

Brandão <strong>de</strong> Faria, ( Cristina Brandão) <strong>de</strong>fendida na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, para o<br />

Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Teatro – 2004.


inova<strong>do</strong>res ainda hoje” 15 . Do mesmo mo<strong>do</strong>, a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> núcleo <strong>de</strong> dramaturgia da emissora,<br />

Analy Alvarez, disse à época:<br />

Muito se fala e se escreve sobre o gran<strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> <strong>teatro</strong> Antunes Filho, mas<br />

pouco se fala da obra <strong>de</strong>le na televisão. E Antunes na televisão, eu diria, supera<br />

o Antunes no <strong>teatro</strong>. Ele brinca com as linguagens televisivas e<br />

cinematográficas, sem se afastar <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, como um menino com sua pipa. E<br />

como um menino com sua pipa, faz volteios com a câmera, impensáveis nos<br />

anos 70. Aliás, impensáveis ainda hoje” 16 .<br />

Com O Gran<strong>de</strong> Teatro em Preto e Branco 17 a Cultura passou a exibir outras telepeças<br />

digitalizadas <strong>do</strong> seu acervo. Tu<strong>do</strong> isso só foi possível, segun<strong>do</strong> explicou Analy Alvarez, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>ao</strong><br />

empenho da nova direção da emissora que abriu espaço para o <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> a partir da série Senta<br />

que lá vem Comédia, apresentada <strong>ao</strong>s <strong>do</strong>mingos.<br />

Experimentar, provocar, sensibilizar, transformar, características inerentes às artes e<br />

palavras-chave <strong>do</strong> programa Direções 18 que reuniu os canais públicos SESC TV e TV Cultura <strong>de</strong><br />

São Paulo quan<strong>do</strong> a televisão, mais uma vez, dialoga com o <strong>teatro</strong> e a literatura abrin<strong>do</strong> espaço<br />

para as artes comprometidas com a transformação. A reação <strong>de</strong>sejada nessa experiência foi<br />

provocada pela participação <strong>de</strong> diretores consagra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> paulista sem, entretanto, qualquer<br />

experiência em televisão. Esses diretores <strong>de</strong>pararam-se com recursos <strong>de</strong> linguagem alheios à<br />

caixa-preta <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e com condições <strong>de</strong> trabalho totalmente inéditas.<br />

Inicia<strong>do</strong> em julho <strong>de</strong> 2007, o projeto convi<strong>do</strong>u 16 diretores para montar peças <strong>de</strong><br />

teledramaturgia com 30 minutos <strong>de</strong> duração. Cada um <strong>de</strong>les responsabilizou-se pela escolha <strong>do</strong><br />

texto e sua adaptação para a TV, a seleção <strong>do</strong> elenco, produção e o planejamento completo da<br />

peça. Participaram André Garolli, Bete Dorgam, Beth Lopes, Francisco Me<strong>de</strong>iros, Débora Dubois,<br />

Eduar<strong>do</strong> Tolentino, Georgette Fa<strong>de</strong>l, Marco Antônio Bráz, Maria Thaís, Mário Bortolotto, Maucir<br />

Campanholi, Pedro Pires, Ro<strong>do</strong>lfo Garcia Vázquez, Samir Yasbek, Sérgio <strong>de</strong> Carvalho e Sérgio<br />

Ferrara. Em duas fases <strong>de</strong> trabalho, foram produzidas 24 horas <strong>de</strong> teleficção. As telepeças tiveram<br />

a supervisão e consultoria <strong>de</strong> Antunes Filho.<br />

Em 2008, a emissora contou com a participação <strong>de</strong> oito <strong>do</strong>s diretores iniciais e ampliou o<br />

espetáculo para 60 minutos. Na primeira fase, os diretores haviam encontra<strong>do</strong> algumas condições<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis, como o tempo escasso e recursos exíguos. Tais dificulda<strong>de</strong>s, aliadas à falta <strong>de</strong><br />

intimida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s diretores teatrais com o processo <strong>de</strong> produção televisivo, acabaram geran<strong>do</strong> novos<br />

conceitos e diferentes narrativas. Paulo Markun, presi<strong>de</strong>nte da Fundação Padre Anchieta que<br />

gerencia o SESC TV e TV Cultura, qualificou o trabalho <strong>do</strong>s diretores como “uma realização que<br />

15 Depoimentos registra<strong>do</strong>s pela programação da emissora, site da TV Cultura , exibi<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> da reapresentação<br />

<strong>do</strong>s <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s.<br />

16 Depoimentos registra<strong>do</strong>s pela programação da emissora , site da TV Cultura , exibi<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> da reapresentação<br />

<strong>do</strong>s <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s e entrevista concedida a esta pesquisa<strong>do</strong>ra por ocasião das gravações <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates que seguiram-se à<br />

cada exibição <strong>de</strong> uma telepeça <strong>de</strong> Antunes Filho.<br />

17 O Gran<strong>de</strong> Teatro em Preto e Branco foi supervisiona<strong>do</strong> por Atílio Bari, apresentou, semanalmente, os <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s com<br />

duração média <strong>de</strong> 50 minutos. Complementan<strong>do</strong> a exibição <strong>do</strong>s <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s foram convida<strong>do</strong>s atores, diretores, críticos e<br />

pesquisa<strong>do</strong>res para <strong>de</strong>bater cada uma das obras com o objetivo <strong>de</strong> enriquecer a apresentação buscan<strong>do</strong> um novo olhar<br />

sobre as obras exibidas. Entre elas, Yerma, <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rico Garcia Lorca – (1974) Adaptação: Walter George Durst –<br />

Direção: Antonio Abujamra ; Corpo Fecha<strong>do</strong>, <strong>de</strong> João Guimarães Rosa – (1975) Adaptação: Dionísio <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> –<br />

Direção: Lima Duarte; A Cama, <strong>de</strong> Lygia Bojunga Nunes – (1976) Adaptação e Direção: Benjamin Cattan ; Terra Natal,<br />

<strong>de</strong> Oduval<strong>do</strong> Vianna – (1975) Adaptação e Direção: A<strong>de</strong>mar Guerra; A Carta, <strong>de</strong> William Somerset Maugham – (1975)<br />

Adaptação: José Marques da Costa – Direção: Antonio Abujamra.<br />

18 Ver Brasil- Panoramas Ficcionais diante <strong>do</strong> novo, em busca <strong>do</strong> novo.Artigo da professora da USP Immacolata<br />

Vassalo Lopes para o Anuário Obitel 2008 – Merca<strong>do</strong>s Globais, Histórias Nacionais. São Paulo -Globo- 2008.


significa mais <strong>do</strong> que produzir novos programas, mas a retomada <strong>de</strong> uma dramaturgia <strong>de</strong> pesquisa<br />

que priorize a arte” 19 .<br />

Criar e colocar no ar esses programas não foi suficiente para o projeto empreendi<strong>do</strong> por uma<br />

TV pública e por uma instituição <strong>de</strong> educação e cultura como o SESC –Serviço Social <strong>do</strong> Comércio<br />

<strong>de</strong> São Paulo. Era necessário refletir e compartilhar com outros protagonistas a questão da<br />

teledramaturgia. Assim foi i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> o Seminário ‘Direções por um novo caminho na<br />

teledramaturgia’ (junho -2008) com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar em pauta história, roteiro, direção e<br />

crítica social da teledramaturgia brasileira com base nos programas realiza<strong>do</strong>s e, mais uma vez,<br />

discutir a polêmica : arte e televisão po<strong>de</strong>m andar juntasA emissora havia exibi<strong>do</strong> os seguintes<br />

espetáculos: O Fingi<strong>do</strong>r – Direção: Samir Yazbek; A Noiva – Direção: Ro<strong>do</strong>lfo García Vázquez ;Uma<br />

Escada para a Lua – Direção: Bete Dorgam ;O Telescópio –Direção: Eduar<strong>do</strong> Tolentino <strong>de</strong> Araújo;<br />

O Homem <strong>do</strong> Saco – Direção: Débora Dubois;Vou-me – Direção: Georgette Fa<strong>de</strong>l; A Longa<br />

Viagem–Direção: André Garolli;Réquiem inspira<strong>do</strong> na novela ,A Morte <strong>de</strong> Ivan Ilitch, <strong>de</strong> Liev Tolstoi<br />

; Direção: Maucir Campanholi<br />

A terceira temporada <strong>do</strong> programa Direções instituiu um novo formato:seis <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s,<br />

subdividi<strong>do</strong>s em quatro capítulos com duração aproximada <strong>de</strong> 48 minutos <strong>de</strong> produção cada um.<br />

Além <strong>do</strong> Horizonte,(po<strong>de</strong>ríamos qualificá-la <strong>de</strong> uma microssérie) a primeira a ser exibida, foi uma<br />

criação original dirigida por Ro<strong>do</strong>lfo Vasquez, funda<strong>do</strong>r da Companhia <strong>de</strong> Teatro Os Satyros , sob<br />

roteiro <strong>de</strong> Ivam Cabral. O enre<strong>do</strong> fala <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> imaginária -Pérola <strong>do</strong> Norte- on<strong>de</strong> há muitos<br />

anos, uma senhora chamada Recoleta é surpreendida fazen<strong>do</strong> amor com o padre Macieira no altarmor<br />

da igreja. O povo se revolta. Recoleta e o padre são apedreja<strong>do</strong>s na praça da igreja e, em meio<br />

<strong>ao</strong> tumulto, dá à luz um menino, Esperantino. Antes <strong>de</strong> morrer, o padre Macieira amaldiçoa o<br />

povoa<strong>do</strong> e diz que quan<strong>do</strong> Esperantino voltar, trará com ele a peste que anunciará o fim <strong>de</strong> Pérola<br />

<strong>do</strong> Norte. A história <strong>de</strong> Além <strong>do</strong> Horizonte, começa com a volta <strong>de</strong> Esperantino para seu município<br />

<strong>de</strong> origem, o que dá início <strong>ao</strong>s mistérios, sofrimentos e às angústias <strong>do</strong> povo <strong>do</strong> município. A trama<br />

se passa nos anos 1950 e o diretor usa o realismo-fantástico, o irracional para pren<strong>de</strong>r o<br />

telespecta<strong>do</strong>r à sua história pouco verossímil mas atraente pela originalida<strong>de</strong> na criação <strong>de</strong> tipos<br />

humanos. A estranha narrativa, cheia <strong>de</strong> suspense, é norteada pelas cores fovistas e pelo silêncio<br />

da cida<strong>de</strong>. Os figurinos e cenários traduzem o que se passa na alma <strong>do</strong>s personagens.<br />

Uni<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Livramento, estreou dia 7 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009. Dirigida por Maucir Campanholi,<br />

sob roteiro <strong>de</strong> Renata Palottini, a microssérie era composta por quatro contos <strong>de</strong> Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis<br />

(O Caso da Vara, Uns Braços, A Missa <strong>do</strong> Galo e A Cartomante). A questão da escravidão, da<br />

negritu<strong>de</strong> nas obras <strong>de</strong> Macha<strong>do</strong> foi o toque primordial <strong>do</strong>s espetáculos exibi<strong>do</strong>s <strong>ao</strong>s <strong>do</strong>mingos com<br />

reprises às quartas-feiras. O Caso da Vara , por exemplo, introduz o personagem Damião rapaz <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zesseis anos, <strong>de</strong> boa família, a qual só tem um <strong>de</strong>feito: insistir em que o moço seja padre. Para<br />

tanto, estava Damião já interno no seminário mas, a horas tantas, resolve fugir. Já o encontramos<br />

na rua, não longe <strong>do</strong> seu bairro, mas sem saber para on<strong>de</strong> ir escon<strong>de</strong>-se, até que se lembra da<br />

casa <strong>de</strong> Sinhá Rita, viúva , íntima <strong>de</strong> seu padrinho e que, com certeza , o ajudará. Sinhá Rita<br />

mantém uma escola <strong>de</strong> fazer rendas e borda<strong>do</strong>s, entre cujas alunas está uma negrinha mirrada,<br />

filha <strong>de</strong> escravos, Lucrecia, a quem Sinhá Rita ameaça com varadas se não cumprir até a noite sua<br />

tarefa. Mas a viúva está encaminhan<strong>do</strong> muito bem o caso, incumbe o amigo, padrinho <strong>de</strong> Damião<br />

<strong>de</strong> resolver a questão, tu<strong>do</strong> parece resolver-se, a noite se aproxima. Sinhá Rita encerra as aulas e...<br />

claro, Lucrecia não terminou a tarefa. Encolhida <strong>de</strong> me<strong>do</strong> das varadas, a negrinha implora com o<br />

olhar a Damião que a proteja. A viúva pe<strong>de</strong> a Damião que lhe alcance a vara... ele tem pena da<br />

menina, porém fala mais alto o interesse... e Damião entrega o castigo a Sinhá Rita .<br />

19 Revista SESC TV Especial Seminário Direções. SESC SP Televisão Cultura SP/ 2008.


A emissora exibiu ainda, outros <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s como: João Miguel (adaptação <strong>de</strong> Renata<br />

Pallottini <strong>do</strong> romance homônimo <strong>de</strong> Raquel <strong>de</strong> Queiroz e direção <strong>de</strong> André Garolli e O Amor<br />

Segun<strong>do</strong> B. Schianberg, <strong>do</strong> cineasta Beto Brant ( que virou filme , em cartaz nos cinemas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro). Os episódios retomam um personagem <strong>do</strong> romance “Eu receberia as piores notícias <strong>do</strong>s<br />

seus lin<strong>do</strong>s lábios”, <strong>de</strong> Marçal Aquino. Personagem secundário naquela narrativa, Benjamim<br />

Schianberg é um psicanalista e professor universitário cujo principal interesse é refletir sobre o<br />

comportamento amoroso a partir <strong>de</strong> observações reais.<br />

O Louco <strong>do</strong>s viadutos é uma ficção elaborada a partir das experiências vividas, pela diretora<br />

Lili Caffé junto <strong>ao</strong>s integrantes <strong>do</strong> projeto “Garri<strong>do</strong>-Boxe”. Uma série <strong>de</strong> situações vivenciadas<br />

durante um ano e meio <strong>de</strong> convívio sob os viadutos “Alcântara Macha<strong>do</strong>” e “Avayandava“<br />

transformaram-se em matéria prima para este projeto. A última microssérie anunciada pela<br />

emissora teve a direção <strong>de</strong> Tata Amaral, a diretora <strong>do</strong> filme e minissérie Antônia, veiculada pela<br />

Re<strong>de</strong> Globo.<br />

Direções foi mais um formato her<strong>de</strong>iro <strong>do</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> quan<strong>do</strong> a nossa televisão assumia a<br />

ousada proposta <strong>de</strong> aplicar o instrumental criativo <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e da literatura à ficção <strong>de</strong> TV e, agora,<br />

reunin<strong>do</strong> também a experiência <strong>de</strong> cineastas . Acreditamos que o <strong>de</strong>safio da TV está em fazer das<br />

telas um espaço para a exploração <strong>de</strong> novas linguagens <strong>ao</strong> mesmo tempo que reapropria antigos<br />

mo<strong>de</strong>los mas, sobretu<strong>do</strong>, com a preocupação em combinar produtos da tradição culta sem<br />

aban<strong>do</strong>nar as exigências comerciais.


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