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Seis décadas de teleteatro do teatro “ao vivo” ao experimental ...

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imaginação com a enorme e dramática precarieda<strong>de</strong> da convivência. (MARTIN<br />

BARBERO, REY, 2001 p.129)<br />

O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espetáculos teleteatrais adapta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s clássicos da dramaturgia<br />

transmiti<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os países pela televisão, entre os anos 1940 e 1960, é a prova da afinida<strong>de</strong><br />

que este meio tinha com as produções vindas <strong>do</strong> palco. Martín-Barbero e German Rey consi<strong>de</strong>ram<br />

que os espetáculos exibi<strong>do</strong>s pela TV começaram a promover o interesse <strong>do</strong>s telespecta<strong>do</strong>res em<br />

formação, alguns <strong>de</strong>les, “perfeitamente neófitos distancia<strong>do</strong>s das expressões culturais até então”,<br />

uma preocupação que norteava Bernar<strong>do</strong> Romano Lozano , um <strong>do</strong>s pilares da produção teleteatral<br />

daquele país, nos anos 1950.<br />

Nos anos 1960, as peças televisadas passaram a se restringir às categorias <strong>de</strong> eventos<br />

especiais com as televisões sem orçamentos suficientes para bancar esse tipo <strong>de</strong> produção. Neste<br />

perío<strong>do</strong>, vemos claramente a avalanche <strong>de</strong> patrocina<strong>do</strong>res que se interessaram por programas<br />

menos onerosos e mais lucrativos.<br />

Tele<strong>teatro</strong>s contemporâneos<br />

Acreditamos que a TV Cultura <strong>de</strong> São Paulo, vez ou outra, flerta com o unitário, manten<strong>do</strong><br />

as mesmas matrizes culturais estabelecidas por esse formato, no início da televisão brasileira -<br />

basicamente, a dramaturgia e a literatura – <strong>ao</strong> investir na pesquisa e na experimentação <strong>de</strong><br />

linguagens no campo da teledramaturgia. Nos anos 1970, criou o <strong>tele<strong>teatro</strong></strong> Teatro 2 produzin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s que trouxeram <strong>ao</strong> gran<strong>de</strong> público, importantes obras nacionais e<br />

estrangeiras especialmente adaptadas para a televisão, sob direção <strong>do</strong>s maiores nomes da cena<br />

brasileira como Antunes Filho, (já cita<strong>do</strong>) A<strong>de</strong>mar Guerra, Antonio Abujamra, Silvio <strong>de</strong> Abreu,<br />

Roberto Vignati, Fernan<strong>do</strong> Faro , Kiko Jaess, entre outros.<br />

Em 2007, volta a reapresentar aqueles mesmos espetáculos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter to<strong>do</strong> seu acervo<br />

<strong>de</strong> programas antigos digitaliza<strong>do</strong>s, numa investida na memória <strong>do</strong>s produtos audiovisuais,<br />

resgatan<strong>do</strong>-os para os estu<strong>do</strong>s da nossa cultura imagética.<br />

O programa inicial foi <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Antunes Filho em Preto e Branco, inauguran<strong>do</strong> uma<br />

reprise <strong>de</strong> telepeças dirigidas por esse diretor, entre 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006 a 22 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

2007. Desta vez, o telespecta<strong>do</strong>r da TV Cultura pô<strong>de</strong> admirar 16 espetáculos teleteatrais produzi<strong>do</strong>s<br />

e exibi<strong>do</strong>s na década <strong>de</strong> 1970 como A Casa Fechada, adaptação da peça <strong>de</strong> Roberto Gomes; O<br />

Torniquete, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo (com Raul Cortez) e o clássico Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva ti<strong>do</strong> como espetáculo<br />

antológico da produção televisual brasileira 14 . No elenco, po<strong>de</strong>mos admirar a atuação <strong>de</strong> Lílian<br />

Lemmertz (atriz falecida em 1983 ), Edwin Louise, Nathália Timberg e Célia Olga.<br />

A iniciativa se <strong>de</strong>veu à criação <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Teledramaturgia da Cultura quan<strong>do</strong><br />

estavam no coman<strong>do</strong>, a atriz e produtora teatral Analy Alvarez e o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> novos projetos,<br />

Atílio Bari. O programa Antunes Filho em Preto e Branco estreou com A Escada, basea<strong>do</strong> na peça<br />

<strong>de</strong> Jorge Andra<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> Carmem Silva e Ro<strong>do</strong>lfo Mayer como protagonistas. O repertório <strong>de</strong>nota a<br />

preocupação em levar <strong>ao</strong> numeroso público, os clássicos da literatura e dramaturgia <strong>de</strong> autores<br />

como Ibsen, Dostoievsky, Tennessee Williams, Piran<strong>de</strong>llo, Nelson Rodrigues, Jorge Andra<strong>de</strong>, Ligia<br />

Fagun<strong>de</strong>s Telles e outros. Para Atílio Bari, “os <strong>tele<strong>teatro</strong></strong>s dirigi<strong>do</strong>s por Antunes Filho na TV Cultura<br />

constituem um conjunto <strong>de</strong> obras sem equivalência na televisão brasileira. A pesquisa estética e os<br />

recursos <strong>de</strong> linguagem que esse genial diretor aplicou nesses trabalhos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

14 Ver tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong> – Vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noiva, <strong>de</strong> Nelson Rodrigues, na telecriação <strong>de</strong> Antunes Filho.De Maria Cristina<br />

Brandão <strong>de</strong> Faria, ( Cristina Brandão) <strong>de</strong>fendida na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, para o<br />

Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Teatro – 2004.

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