Modelo prático para tomada de decisão ética em questões ...

Estudos42ResumoA filosofia deontológica de Immanuel Kant (1724-1804) oferece um sistema poderoso paraa análise de dilemas éticos. Ela é discutida e aplicada para o que esta pesquisa propõecomo “modelo prático para tomada de decisão ética”. Este modelo de Kant estabeleceum triângulo de consideração ética e incorpora comunicação simétrica. As questõesemergentes de duas organizações globais foram usados como teste empírico do modeloe para aperfeiçoá-lo para implementação prática. O argumento é que uma análiserigorosa de decisões éticas e da comunicação simétrica resultam em questões éticasemergentes.Palavras-chave: Questões emergentes – Decisão ética – Relações públicas éticas –Filosofia kantiana – Ética organizacional.Estudiosos dasrelações públicasdefendem anecessidade de elasterem um paradigmaético baseado nafilosofia moral.Como consciênciaética da organização,os profissionais derelações públicasdevem ser bemversados tanto emfilosofia moral comoem ética.Ogerenciamento de questõesemergentes é a funçãoexecutiva de relações públicasestratégicas que trata desolução de problemas, de políticaorganizacional, planejamento de longoprazo e estratégia de administração,bem como a comunicaçãodessa estratégia interna e externamente(Chase, 1977; Ewing, 1981;Hainsworth & Meng, 1988; Heath, 1997,1998). O gerenciamento de questõesemergentes freqüentemente convivecom dilemas éticos enquanto identificaquestões, pesquisas, análises etomadas de decisões de políticas internacionaisdas organizações concernentesa questões emergentes. Estapesquisa examina esse processo emduas empresas farmacêuticas globaise propõe um modelo prático para atomada de decisão ética baseada noprocesso de gerenciamento dequestões emergentes usado nessasorganizações.O modelo prático defendido nestapesquisa é baseado na teoriadeontológica de Immanuel Kant (1785/1948, 1930/1963, 1793/1974, 1785/1993). Um modelo teórico normativopara o gerenciamento de questõesemergentes baseado na filosofiakantiana já foi desenvolvido (Bowen,2004). Este artigo testa essa teorianormativa em aplicação práticaatravés do estudo empírico e sugereum modelo novo, aperfeiçoado eprático para tomadas de decisãoéticas (cf. quadro 1, mais adiante).ConceituaçãoEstudiosos das relações públicas(Bivins, 1980; Curtin & Boynton, 2001; J.Grunig, 1993; J. Grunig, 1989b, 1989c;Pratt, 1994; Wright, 1982) defendem anecessidade de elas terem umparadigma ético baseado na filosofiamoral. A pesquisa (Bivins, 1989; Bowen,2003; Pratt & Rentner, 1989) encontrapouco treinamento acadêmico emética entre os alunos de relaçõespúblicas e de jornalismo ou de comunicação(Lee & Padgett, 2000).Pratt (1994) expressa que a naturezadas relações públicas impulsiona oprofissional “para o turbilhão da tomadade decisão da organização” (p. 218) eque o papel do assessor de relaçõespúblicas envolve que esse profissionaldeve enfrentar dilemas éticos commaior freqüência do que outros gestores.Se os profissionais de relaçõespúblicas estão de fato atuando comoorientadores da ética para a coalizãodominante (Heath, 1994) ou servindo deconsciência ética de suas organizações(Ryan & Martinson, 1983; Wright, 1996),qual formação, educação ou estudoem raciocínio moral lhes propicia oconhecimento para fazê-lo? ComoLeeper (1996) afirmou, justifica-se umaanálise ética séria entre acadêmicose profissionais. Nelson (1994, p. 225)explicou: “A falta de um sistemacomum único para decidir o que éético e o que não é influencia, portanto,em última análise, o resultadode políticas públicas e a reputaçãodas relações públicas”.Estudos, revista semestral do Curso de Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo