olimpo_10_13.qxd 20-06-2006 21:36 Page 12REPORTAGEMOn fireto Beijing IIThere are now ten shooterscompeting in <strong>Portugal</strong>for the remaining place ofTrap event in BeijingGames, after ManuelVieira da Silva had grabthe other during a recentWorld Cup in China.Three of them are inclu<strong>de</strong>din Beijing Project,Ricardo Colaço, AntónioAzevedo and his son JoãoPaulo Azevedo, the youngest.They are encouragedby ArmandoMarques, who took silverin 1986 Montreal Games,the first individualPortuguese medal ever.Manuel Silva returns tothe Games 12 years aftercompeting in Atlanta,where he finished 7th,still the best result ofPortuguese shooting afterArmando Marques silver.Marques says that<strong>Portugal</strong> has a lot of greatathletes in this particularlyevent and blames thepreparation and the lackof coaches for the incapacityto repeat his classification,after 30 years.Father and son, Antonioand João Paulo Azevedoare fighting hard amongthe group but of coursethe youngest, one ofworlds best in his agewith multiples youthchampionships, is gettingbetter results.João Paulo Azevedo, atleta do Projecto Esperanças 2012, realiza mais <strong>de</strong> 40 mil tiros por anoJoão Paulo Azevedo, athlete of the Project Olympic Hope 2012, trains intensely, about 40,000 shots per yearQuarenta e dois anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser ter estreadonos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Tóquio, Armando Marquescontinua a atirar em provas internacionais, conhecebem o meio e consi<strong>de</strong>ra que <strong>Portugal</strong> dispõe <strong>de</strong>"massa humana para chegar às medalhas" e surpreen<strong>de</strong>-sepela ausência <strong>de</strong> resultados a esse nível:"Com uma dúzia <strong>de</strong> atiradores <strong>de</strong> tão bom nível, talvezse justificasse outro acompanhamento. Serianecessário perceber por que razão não alcançamosmelhores resultados olímpicos, mas eu julgo não meenganar muito ao pensar que cada um treina isoladamente,à sua maneira. Pratiquei muitos <strong>de</strong>sportose sei que o tiro é a única modalida<strong>de</strong> que não temum treinador específico, <strong>de</strong>finido".Além das questões técnicas, o acompanhamentopsicológico é <strong>de</strong> capital importância no Tiro, justificandouma maior proximida<strong>de</strong> entre todos os envolvidos.Faz falta o treino em grupo que, segundoArmando Marques, eliminaria os condicionalismosindividuais que tanto afectam os atiradores portuguesesna hora da verda<strong>de</strong>: "a insegurança tem-semanifestado precisamente nos momentos cruciais,em particular nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s", refere ArmandoMarques.40 mil tiros por anoRicardo Colaço e António Azevedo, os primeirosatletas do tiro englobados no Projecto Pequim 2008,<strong>de</strong>safiam dificulda<strong>de</strong>s enormes para alcançarem aboa forma.O primeiro, algarvio, tem <strong>de</strong> percorrer mais <strong>de</strong>uma centena <strong>de</strong> quilómetros para po<strong>de</strong>r treinar algu-OLIMPO12Maio|Junho 2006
olimpo_10_13.qxd 20-06-2006 21:36 Page 13A primeira medalhaA medalha <strong>de</strong> prata <strong>de</strong> Armando Marques, que prece<strong>de</strong>unalguns dias a <strong>de</strong> Carlos Lopes nos 10.000metros, foi a primeira medalha olímpica individual do<strong>de</strong>sporto português. O atirador do Sporting totalizou189 pratos, menos um que o norte-americano DonaldHal<strong>de</strong>man e superando no <strong>de</strong>sempate o italianoUbal<strong>de</strong>sco Baldi, que também totalizou 189, mas teve<strong>de</strong> contentar-se com o Bronze.O Tiro português esteve presente em 16 edições dosJogos <strong>Olímpico</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Antuérpia-1920, quando umaequipa <strong>de</strong> seis atiradores se classificou em 8.º lugarem Carabina. As provas <strong>de</strong> Trap (Fosso <strong>Olímpico</strong>) sócomeçaram em 1960, com Guy <strong>de</strong> Valle Flor, mas aolongo das décadas seguintes a especialida<strong>de</strong> firmouseentre nós.Eis em resumo as participações do Tiro português emTrap, nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s.Armando Marques numa foto <strong>de</strong> António Capela <strong>de</strong> 1976, primeira medalha individual <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>Armando Marques (photo of 1976) was the first Portuguese athlete to grab a medal in an individual sport1960 Roma Tiro (Trap) Guy <strong>de</strong> Valle Flor 15º1964 Tóquio Tiro (Trap) Armando Marques 18ºTiro (Trap) Guy <strong>de</strong> Valle Flor 28º1972 Munique Tiro (Trap) Armando Marques 19º1976 Montreal Tiro (Trap) Armando Marques 2º(Medalha <strong>de</strong> Prata)1984 Los Angeles Tiro (Trap) José Casquilho Faria 28ºTiro (Trap) João Rebelo 54º1992 Barcelona Tiro (Trap) João Rebelo 16ºTiro (Trap) Manuel Vieira da Silva 11ºTiro (Trap) António Palminha 11º1996 Atlanta Tiro (Trap) João Rebelo 13ºTiro (Trap) Manuel Vieira da Silva 7º2000 Sydney Tiro (Trap) João Rebelo 26ºTiro (Trap) Custódio Ezequiel 18º2004 Atenas Tiro (Trap) Custódio Ezequiel 21ºmas tar<strong>de</strong>s por semana, em Silves. Isso só é possívelpor exercer a activida<strong>de</strong> profissional em empresasfamiliares <strong>de</strong> construção civil e <strong>de</strong> ter o apoio do pai.Azevedo, já com 48 anos, é ele próprio empresário,tendo aperfeiçoado o amadorismo nesta modalida<strong>de</strong>até ao mais alto nível nacional pelo prazer <strong>de</strong> acompanharo filho, há vários anos um dos melhores doMundo dos escalões etários mais jovens. Beneficia <strong>de</strong>disponibilida<strong>de</strong> financeira pessoal para a prática <strong>de</strong>uma modalida<strong>de</strong> dispendiosa, que lhe permite treinarduas ou três tar<strong>de</strong>s por semana, à média <strong>de</strong> trêsou quatro séries <strong>de</strong> 25 tiros - em todo o caso, treinosbem mais ligeiros que os do seu filho João Paulo.Ambos estão empenhados na corrida por umlugar em Pequim, com a consciência da competitivida<strong>de</strong>a nível nacional, quando se verifica um crescimentoregular do número <strong>de</strong> atiradores."Começamos na caça, passamos pelas provaspopulares nas festas locais e acabamos fe<strong>de</strong>rados" - otrajecto habitual <strong>de</strong>scrito por Ricardo Colaço e quefoi também o <strong>de</strong>le. "Sou neto e filho <strong>de</strong> caçadores emais tar<strong>de</strong> cheguei a fazer tiro <strong>de</strong> stand. Aperfeiçoeimeum pouco consegui ir a uma Taça do Mundo emBelgrado, on<strong>de</strong> fiquei em 11º, e integrei o Projecto<strong>Olímpico</strong>. Hoje estou em concorrência com o meufilho, que já pertence a uma geração iniciada à margemda caça", explica António Azevedo.Noutro plano, mais <strong>de</strong>dicado ao <strong>de</strong>sporto, o jovemJoão Paulo Azevedo, um dos atletas mais con<strong>de</strong>coradosdo Projecto Esperanças, que já correu Mundo comas suas espingardas, estuda <strong>de</strong> manhã e treina à tar<strong>de</strong>.Dispara <strong>de</strong> 30 mil a 40 mil tiros por ano13Maio|Junho 2006OLIMPO