10.07.2015 Views

Tese completa em formato PDF - UFMG

Tese completa em formato PDF - UFMG

Tese completa em formato PDF - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Aos meus pais Albany e Expeditaà minha querida esposa Tatianae aos meus irmãos e amigos.


AgradecimentosAo Bismarck pela boa orientação desde a iniciação científica e por conduzir otrabalho de maneira sensata e eficiente.À Tatiana por todo o apoio, compreensão, por noites mal dormidas e por tolerarmeu mau humor enquanto da execução desse trabalho.Aos amigos do grupo de simulação Flávio(“Baixinho”), Rodrigo(“Queima Índio”),Marcella e o Júlio por me incentivar<strong>em</strong> a contar piadas construtivas a respeito deles.Ao grande amigo Rodrigo.Aos professores que ajudaram na minha formação e a todo o pessoal técnicoadministrativoda <strong>UFMG</strong>.Aos professores Jafferson e João Plascack.Agradeço às agências CNPq e FAPEMIG que financiaram o Laboratório deSimulação e este trabalho.Aos criadores e mantenedores do “ LINUX” por possibilitar<strong>em</strong> a execução dessetrabalho a um custo razoável.Aos fabricantes de computadores da china por produzir<strong>em</strong> clones baratos dePC’s.


ResumoUsando técnicas de Monte Carlo e dinâmica de spins estudamos os Modelos RotorPlanar <strong>completa</strong>mente frustrado e XY <strong>completa</strong>mente frustrado <strong>em</strong> duas dimensões<strong>em</strong> redes quadradas de tamanhos até 256. Nossos resultados mostram que os modelostêm duas transições de fase: - Uma transição do tipo Berezinskii-Kosterliz-Thoulessà t<strong>em</strong>peratura T BKT = 0.3655(5) e outra do tipo Ising à t<strong>em</strong>peratura T I = 0.3690(3)para o modelo XY <strong>completa</strong>mente frustrado e para o modelo Rotor Planar <strong>completa</strong>mentefrustrado uma a T BKT = 0.4410(5) do tipo Berezinskii-Kosterliz-Thouless eoutra do tipo Ising à t<strong>em</strong>peratura T I = 0.4505(5) .A seguir simulamos a transição Ising <strong>em</strong> ambos os modelos. Mostramos comoesses modelos pod<strong>em</strong> ser entendidos como um probl<strong>em</strong>a de percolação se definirmoscorretamente a conectividade do sist<strong>em</strong>a. Obtiv<strong>em</strong>os os expoentes para o tamanhomédio do cluster, γ = 2.2(2), muito próximo ao valor teórico γ = 2.389, e o expoentede Fisher, τ = 1.8(1), próximo ao valor teórico τ = 2.055. Também obtiv<strong>em</strong>os at<strong>em</strong>peratura crítica Z 2 através do critério de percolação, que esta b<strong>em</strong> próxima dat<strong>em</strong>peratura crítica calculada anteriormente.Realizamos alguns cálculos preliminares da dinâmica do modelo XY <strong>completa</strong>mentefrustrado, para o qual obtiv<strong>em</strong>os a função de espalhamento de neutrons,S(q, ω), e a relação de dispersão.v


4.2.3 Dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 444.2.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 485 Percolação 495.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 495.2 Parâmetros Críticos <strong>em</strong> Percolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525.3.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 586 Conclusão e Perspectivas 61viii


Capítulo 1IntroduçãoTransições de fase são fenômenos comuns na natureza. A maneira mais fácilde caracterizar uma transição de fase é como uma manifestação de uma singularidadeou descontinuidade na equação de estado.Particularmente, um dos mais interessantes fenômenos <strong>em</strong> física do estadosólido é o ferromagnetismo. Em alguns metais uma fração dos spins dos átomos pod<strong>em</strong>se tornar expontaneamente polarizados <strong>em</strong> uma mesma direção, com a variação dat<strong>em</strong>peratura. Diz<strong>em</strong>os que o sist<strong>em</strong>a sofreu uma quebra expontânea de simetria.Esta quebra expontânea da simetria caracteriza uma transição de fase de um estadoparamagnético para outro magnetizado.Exist<strong>em</strong> vários modelos que descrev<strong>em</strong> uma transição de fase magnética. Omais simples é o b<strong>em</strong> conhecido modelo de Ising [1], onde spins resid<strong>em</strong> <strong>em</strong> sítiosde uma rede formando um arranjo d-dimensional. A estrutura geométrica da redepode ser por ex<strong>em</strong>plo hexagonal, quadrada etc. A cada sítio da rede associamos umavariável de spin S i (i = 1, 2, ..., N) que pode ter valor ±µ (Simetria Z 2 .).Mais interessantes são modelos de spin contínuos, onde cada variável S i podeassumir valores na borda de um disco ou na superfície de uma esfera. No primeirocaso, chamamos o modelo de Rotor Planar (PR) e no segundo Heisenberg.Alguns destes modelos têm solução analítica. Resultados rigorosos mostramque <strong>em</strong> uma dimensão (d = 1) e interação de curto alcance entre os spins, não podehaver transição de fase a t<strong>em</strong>peratura finita [2]. Em 1944 Lars Onsager [3] obteve a1


de percolação. Fiz<strong>em</strong>os novas simulações nos tamanhos de rede de L = 20 até L = 160para ambos os modelos para obter quantidades tais como: 1) o número de vórticese anti-vórtices, (definidos no capítulo 5) para obtermos a densidade crítica ρ c ondeocorre a percolação, 2) calculamos o número de cluster n s através do algoritmo deHoshen e Kolp<strong>em</strong>an [4] 3) obtiv<strong>em</strong>os o tamanho médio do cluster S av e 4) calculamosa probabilidade de percolação. As quantidades número de cluster, tamanho médio docluster e probabilidade de percolação estão definidas no capítulo 5.Nas próximas páginas discutir<strong>em</strong>os os modelos nos quais trabalhar<strong>em</strong>os. Far<strong>em</strong>osuma breve introdução sobre modelos com transições do tipo Berezinskii-Kosterlitz-Thouless (BKT ) e uma rápida discussão sobre percolação, com ênfase nos resultadosnecessários para a compreenção dos capítulos seguintes.3


Capítulo 2Modelos FrustradosEm 1971 Berezinskii [5] e a seguir, <strong>em</strong> 1972 Kosterlitz <strong>em</strong> Thouless [6, 7]mostraram que modelos contínuos podiam sofrer uma transição de fase (de um tipoespecial) mesmo <strong>em</strong> d = 2. Esta transição, que ficou conhecida como transição deBerezinskii-Kosterlitz-Thouless (BKT), é caracterizada pelo desligamento de paresvórtices-anti-vórtices. Vórtice (anti-vórtices) sendo definido como uma excitação <strong>em</strong>que a soma da diferença dos angulos formados pelos spins <strong>em</strong> um caminho fechado<strong>em</strong> torno da excitação varia por nπ , n = ±1, ±2, ....como a vorticidade, ou chiralidade, da excitação.O inteiro, n, é conhecidoDurante este trabalho usar<strong>em</strong>osindistintamente as duas nomenclaturas. A figura 2.1 mostra o ex<strong>em</strong>plo de um vórtice(fig 2.1a) e um anti-vórtice (fig 2.1b)com chiralidades f = +1 e f = −1, respectivamente.A chiralidade f é calculada comof = 1nπ∑plaqueta(θ j − θ i ) , (2.1)onde θ i e θ j são ângulos formados a partir de uma direção fixa no plano.Como consequência imediata do aparecimento de pares vórtices-anti-vórticesno modelo, Berezinskii-Kosterlitz-Thouless mostraram que a uma t<strong>em</strong>peratura abaixode um determinado valor (T ≤ T BKT ) a correlação entre os spins da rede se comportacomo uma lei de potência e acima deste valor, (T > T BKT ), t<strong>em</strong> um comportamentoexponencial. Esta mudança de comportamento da correlação espacial caracteriza uma4


32 324141(a)(b)Figura 2.1: Figura 1 : Ex<strong>em</strong>plo de um vórtice (a) e um anti-vórtice (b) com chiralidades f = +1e f = −1. A plaqueta é definida pelos sítios 1, 2, 3, 4.transição de fase s<strong>em</strong> qualquer parâmetro de ord<strong>em</strong> aparente.Em 1976 Villain [8] estudou alguns modelos de spin contínuos que podiamconter frustração. Dentre os modelos discutidos por Villain nos interessam o queele denominou: modelos <strong>completa</strong>mente frustrados. Como ex<strong>em</strong>plo vamos consideraro Rotor Planar <strong>completa</strong>mente frustrado (F F P R), definido como o Rotor Planar,discutido anteriormente, exceto que os acoplamentos entre spins pod<strong>em</strong> ser ferromagnéticosou anti-ferromagnéticos. Villain mostrou que se existir um número ímpar deligações ferromagnéticas ou anti-ferromagnéticas <strong>em</strong> um polígono el<strong>em</strong>entar da redecristalina <strong>em</strong> que os modelos estão definidos, a minimização da energia para cadapolígono leva o estado fundamental (T = 0) dos modelos a ter uma distribuiçãoduplamente degenerada conforme mostra a figura 2.2 para uma rede quadrada.A frustação nos modelos surge pelo fato de termos um número ímpar deligações ferro(anti-ferro)magnéticas <strong>em</strong> uma plaqueta, dessa maneira os spins pod<strong>em</strong>ser paralelos ou anti-paralelos com a mesma energia conforme mostrado na figura 2.3.O estado fundamental do modelo é composto por um arranjo de vórtices eanti-vórtices, distribuídos como <strong>em</strong> um tabuleiro de xadrez, mostrado na figura 2.4.5


Figura 2.2: Estado fundamental dos modelos XY Completamente Frustrado e Rotor PlanarCompletamente Frustrado. A linha mais escura na rede significa um acoplamento anti-ferromagnéticoe as linhas mais claras são acoplamentos ferromagnéticos. Não existe nenhuma rotação que leve afigura da direita na figura da esquerda.Figura 2.3: A frustação dos modelos ocorre pelo fato de termos um número ímpar de ligaçõesferro(anti-ferro)magnéticas <strong>em</strong> uma plaqueta, dessa maneira o spin pode assumir uma direçãoparalela ou anti-paralela com a mesma energia.6


De acordo com a definição de quiralidade dada pela equação 2.1, a cada plaquetade rede associamos um número +1 ou −1. Assim, se considerarmos a rede dual, eassociarmos o valor ±1 a cada sítio da rede dual t<strong>em</strong>os uma simetria no probl<strong>em</strong>as<strong>em</strong>elhante a uma simetria do tipo Ising com acoplamento antiferromagnético. AFigura 2.4: No estado fundamental do modelos FFXY e FFPR t<strong>em</strong>os um númeo ímpar de ligaçõesferromagnéticas alternadas com linhas de ligações anti-ferromagnéticas <strong>em</strong> uma plaqueta, com issoo modelo torna-se frustrado e composto por um arranjo de vórtices e anti-vórtices como simbolizadopor uma rotação no sentido horário e anti-horário.partir do trabalho s<strong>em</strong>inal de Villain, houve uma grande atividade de pesquisa acercade modelos <strong>completa</strong>mente frustrados [9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19].Muitos desses trabalhos chegaram a resultados controversos a respeito da naturezada transição de fase. Sendo duas as principais hipótesis postas para o modelo:• Exist<strong>em</strong> duas transições de fase, uma do tipo Ising e outra do tipo BKT adiferentes t<strong>em</strong>peraturas(T I e T BKT ).• As transições do tipo Ising e do tipo BKT ocorr<strong>em</strong> à mesma t<strong>em</strong>peratura, quepod<strong>em</strong> ou não definir uma nova classe de universalidade.Existe ainda as hipótesis de que a transição do tipo Ising pode ocorrer primeiro do quea transição do tipo BKT e vice-versa. Nos parece que muitas das questões levantadas arespeito desses modelos não obtiveram respostas adequadas porque nenhum trabalho7


até então publicado obteve, com precisão suficiente, a t<strong>em</strong>peratura e os expoentescríticos do modelo. As dificuldades resid<strong>em</strong> principalmente no fato que, se exist<strong>em</strong>realmente duas transições, as t<strong>em</strong>peraturas críticas estão muito próximas, exigindo ouso de técnicas numéricas especialmente onerosas para a determinação das quantidadesde interessse. Este será um dos desafios deste trabalho.Nas seções seguintes definir<strong>em</strong>os os modelos que nos interessam, ajuntando osresultados principais que se encontram na literatura2.1 Os ModelosNeste trabalho estar<strong>em</strong>os envolvidos com dois modelos. O Rotor Planar CompletamenteFrustrado (F F P R) e o modelo XY Completamente Frustrado (F F XY ).Os dois modelos estão na mesma classe de universalidade, por isso esperamos resultadoscompatíveis entre eles. O Modelo Rotor Planar Completamente Frustrado já foiestudado <strong>em</strong> outros trabalhos, enquanto para o modelo XY Completamente Frustrado,desconhec<strong>em</strong>os resultados anteriores.O modelo F F P R é definido pelo Hamiltoniano:H = ∑J i,jSi ⃗ · ⃗S j (2.2)onde S ⃗ i = | S ⃗ i |{cos θ i , sin θ i } é um vetor de spin no sítio i, θ é um ângulo formado comuma direção fixa. J i,j é o aclopamento de exchange, definido de modo que <strong>em</strong> umaplaqueta haja s<strong>em</strong>pre um número ímpar de acoplamentos anti-ferromagnéticos. Assomas são sobre vizinhos mais próximos.O Modelo F F XY é definido pelo Hamiltoniano:H = ∑J i,jSi ⃗ · ⃗S j + ∑A i,j Si z Sj z , (2.3)onde ⃗ S i = | ⃗ S i |{sin θ i cos φ i , sin θ i sin φ i , cos θ i } é um vetor de spin no sítio i, θ e φ sãoângulos esféricos e A i,j > 0, é uma anisiotropia. Em nosso trabalho |A i,j | = |J i,j |.8


Em particular estamos interessados <strong>em</strong> modelos definidos <strong>em</strong> uma rede quadradacom interação de troca, J ij , que promova ligações ferromagnéticas <strong>em</strong> todasas linhas na direção y e, na direção x, linhas de ligações ferromagnéticas alternadascom linhas de ligações anti-ferromagnéticas conforme prescrito no trabalho do Villaine como mostra a figura 2.2.2.2 Resultados EsperadosConforme citado antes, após a publicação do artigo do Villain [8] diversostrabalhos foram publicados basedos <strong>em</strong> modelos de spin com frustração uniforme.Dentre esses vários trabalhos estamos interessados naqueles que trataram o modeloF F P R e modelos que estão na mesma classe de universalidade dos modelos de nossointeresse. A partir desses trabalhos guiar<strong>em</strong>os nossas simulações para obter uma basede comparação.O primeiro estudo importante realizado a partir do trabalho de Villain sobre omodelo FFPR foi feito por Teitel e Jayaprakash [20] <strong>em</strong> 1983. Neste trabalho Teitele Jayaprakash estudaram o modelo Rotor Planar frustrado e não frutrado conformedefinido pela equação 2.2. Eles simularam o modelo usando o método de Monte Carloatravés do algoritmo de Metrópolis <strong>em</strong> redes de tamanho L = 8, 12, 16, 22 e 32usando de 25000 a 50000 passos de Monte Carlo (mcs) e ignorando de 2.000 a 5.000mcs para atingir o equilíbrio entre cada passo de t<strong>em</strong>peratura. Os autores computarama energia média por site < u >, o calor específico C e o módulo da helicidade Υ dadoporΥ = − 1 2 < u > − J 〈 ⎡ ⎤0 ⎣ ∑ 2〉sin(θk B T N 2 i − θ j − ψ ij )(⃗e ij · ⃗x) ⎦ . (2.4)Para modelo Rotor Planar não frustrado o módulo da helicidade t<strong>em</strong> um saltouniversal [21] <strong>em</strong> T = T BKT :Υ(T )limT →T BKT k B T = 2 π . (2.5)Os resultados de Teitel e Jayaprakash para o modelo F F P R mostram uma9


transição de fase a uma t<strong>em</strong>peratura T BKT ≃ 0.45J. Eles estimaram esta t<strong>em</strong>peraturano limite Υ → 0. Eles observaram também que Υ vai a zero mais rápido que no modelonão frustrado e que também está consistente com um salto universal.Os resultados para o calor específico apresentaram uma grande diferença entreos modelos frustrados e não frustrados. No modelo frustrado o calor específico apresentoumáximos que aumetaram com o tamanho da rede, que está <strong>em</strong> contraste comos valores para o modelo não frustrado que saturaram <strong>em</strong> um valor finito. No modelofrustrado os máximos do calor específico apresentaram uma divergencia logaritmica(α = 0) caracterizando uma transição do tipo Ising.Teitel e Jayaprakash observaram também que os máximos do calor específicoocorr<strong>em</strong> a uma t<strong>em</strong>peratura 10% acima da t<strong>em</strong>peratura crítica obtida através domódulo da helicidade e para o modelo frustrado eles ocorriam a uma t<strong>em</strong>peraturamuito próxima a t<strong>em</strong>peratura de transição.Em suas conclusões, Teitel e Jayaprakash propõ<strong>em</strong> as duas hipótesis: 1) Exist<strong>em</strong>duas t<strong>em</strong>peraturas críticas, uma do tipo Ising e outra do tipo Berezinskii-Kosterlitz-Thouless ou; 2) existe uma única t<strong>em</strong>peratura crítica com os expoentes críticosformando uma nova classe de universalidade. Devido ao pequeno número de configuraçõesde suas simulações os autores não puderam distinguir entre as duas hipótesis.No trabalho de Berge e Diep [22] de 1986 eles estudaram o modelo RotorPlanar com frustração uniforme <strong>em</strong> redes triangulares e quadradas, entre eles o modeloF F P R. Para obter melhor controle sobre as transições do tipo Ising e do tipo BKT,eles variaram o valor da frustração, fazendo J ij = ηJ ij na ligação antiferromagnética.Os autores realizaram simulações de Monte Carlo através do algoritmo de Metrópolis<strong>em</strong> redes de tamanhos L = 20, 30, 40, 50, 70 e 100 e para vários valores de η. Paracada passo de t<strong>em</strong>peratura foram descartados 20.000 mcs para obter o equilíbrio eforam guardados 50.000 configurações para o cálculo das médias.Analisando o comportamento do calor específico os autores obtiveram para omodelo F F P R um pico muito b<strong>em</strong> definido, enquanto variando o valor de η pra η < 1,eles obtiveram 2 picos, um a baixa t<strong>em</strong>peratura e outro <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peratura mais alta.Quando o valor de η vai se aproximando de 1 os picos de baixa e alta t<strong>em</strong>peratura10


também vão se aproximando até se fundir<strong>em</strong> <strong>em</strong> η = 1. Para investigar a natureza dastransições associadas aos picos os autores usaram a técnica de escala de tamanho finito(“Finite Size Scaling”). Fazendo C max <strong>em</strong> função do ln(L) os autores observaram paraos picos <strong>em</strong> baixa t<strong>em</strong>peratura uma relação linear entre C max e ln(L), indicando umexpoente crítico (α = 0) compatível com uma transição do tipo Ising. Para os picosde alta t<strong>em</strong>peratura C max é independente de L para L suficient<strong>em</strong>ente grande, o queé uma característica de uma transição do tipo BKT [23, 24]Variando 1 ≤ η ≤ 2 os autores montaram um diagrama de fase da t<strong>em</strong>peratura3T <strong>em</strong> função de η. Este diagrama de fase apresentou duas linhas de transição de fasedistintas, uma do tipo Ising e outra do tipo BKT. Em η = 1 estas linhas parec<strong>em</strong> seencontrar <strong>em</strong> um único ponto definindo uma única t<strong>em</strong>peratura de transição quandoo sist<strong>em</strong>a é <strong>completa</strong>mente frustrado. Os autores concluiram que ambas as transiçõesestão presentes quando η = 1 e que elas ocorr<strong>em</strong> a uma mesma t<strong>em</strong>peratura, mas queas características da transição do tipo Ising dominam.Um estudo bastante detalhado do modelo F F P R foi feito por José e Ramirez-Santiago [12]. Os autores estudaram as propriedades termodinâmicas do modeloatravés do módulo da helicidade para a transição do tipo BKT conforme definidoanteriormente e através da magnetização staggered m S e da respectiva susceptibilidadeχ S para a transição do tipo Ising. A magnetização staggered m S é definida como:m s = 1 L 2 | ∑ ⃗r(−1) rx+ry f ˆr|, (2.6)onde f é a chiralidade conforme definido pela equção 2.1. A magnetização staggeredé um parâmetro de ord<strong>em</strong> para a transição do tipo Ising.Os autores utilizaram redes quadradas de tamanhos até L = 240 e utilizaram10 4 passos de Monte Carlo. Na prática as análises de tamanho finito foram ralizadaspara redes de até L = 60. Para a transição do tipo BKT eles obtiveram umat<strong>em</strong>peratura de transição T BKT = 0.44J. Para a transição do tipo Ising eles obtiveramuma t<strong>em</strong>peratura de transição T I = 0.42J e também os expoentes críticos β =0.0968(35), γ = 0.91(13) e γ ′ = 0.5125(79). Estes expoentes estão b<strong>em</strong> diferentes11


dos correspondentes para o modelo de Ising, onde β = 0.125, γ = γ ′ = 1.75. Emsuas conclusões os autores suger<strong>em</strong> que simulações com estatísticas melhores dev<strong>em</strong>ser feitas.Em 1995 Peter Olson publicou um trabalho sobre o modelo F F P R [13]. Nestetrabalho Olson obteve para o modelo F F P R duas transições, uma do tipo BKTa uma t<strong>em</strong>peratura T BKT = 04460(1)J e outra, a seguir, a uma t<strong>em</strong>peratura T I =0.4576(13)J. Em seu trabalho Olson realiza simulações <strong>em</strong> redes quadradas de tamanhoaté L = 128 utilizando o algoritmo de Metrópolis.quantidades:Para obter as t<strong>em</strong>peraturas onde ocorr<strong>em</strong> as transições Olson analisa as seguintes• O módulo da helicidade que através da relação de Weber-Minnhagen [25]Υ L π1= 1 +2T BKT 2(ln L + l 0 ) , (2.7)onde L é o tamanho do sist<strong>em</strong>a, Υ L é o módulo da helicidade para o sist<strong>em</strong>a detamanho L e l 0 é um parâmetro a ser determinado, para obter a t<strong>em</strong>peratura detransição da simetria contínua. A relação de Weber-Minnhagen pode ser usadacomo uma relação de tamanho finito para o módulo da helicidade.• O cumulante de BinderU = 1 − < M 4 >3 < M 2 > 2 , (2.8)onde M é a magnetização staggered, para obter a t<strong>em</strong>peratura de transição dasimetria Ising. O cumulante de Binder t<strong>em</strong> a propriedade de ser uma quantidadeque independente do tamanho da rede t<strong>em</strong> um valor único na t<strong>em</strong>peraturacrítica, U L = U ∗ .Em suas conclusões Olson acredita que o modelo t<strong>em</strong> duas t<strong>em</strong>peraturas críticas,sendo que a transição contínua acontece um pouco antes da transição do tipo Ising, eque os expoentes críticos não-Ising obtidos <strong>em</strong> trabalhos anteriores estão relacionadoscom os tamanhos de redes utilizados nestes trabalhos.Os trabalhos citados acima são os que apresentam os melhores resultados dentre12


os muito publicados sobre o modelo F F P R. Usando as técnicas de simulação que serãodescritas no capítulo seguinte esperamos obter resultados melhores para o modeloF F P R e resultados para o até então nunca estudado, modelo F F XY .13


Capítulo 3SimulaçãoO objetivo básico da mecânica estatística de equilíbrio é calcular médias termodinâmicasde grandezas físicas, tais como a energia e a magnetização de um sist<strong>em</strong>a.No ensamble canônico e no equilíbrio o valor médio de uma quantidade A [26, 27] édado por:∑i A i e −βE i< A >=Z, (3.1)onde < · · · > denota média térmica, A i é o valor de A no i-ésimo estado e E i é aenergia deste estado. A soma sobre i percorre todos os estados (configurações) dosist<strong>em</strong>a, Z é a função partição no ens<strong>em</strong>ble canônico:Z = ∑ iexp(−βE i ), (3.2)onde β = 1/k B T .A quantidadep i = e−βE iZ , (3.3)representa a probabilidade de que ocorra a configuração i no equilíbrio térmico. Asoma na equação (3.1) só pode ser feita exatamente <strong>em</strong> alguns casos especiais devidoao grande número de configurações e da complexidade das interações envolvidas nocálculo. Como solução para este probl<strong>em</strong>a pod<strong>em</strong>os usar métodos estatísticos talcomo o método de Monte Carlo descrito abaixo.14


3.1 Método de Monte CarloA idéia básica no método de Monte Carlo é aproximar a soma 3.1, sobretodas as configurações, por uma soma sobre um subconjunto de M configuraçõesaleatoriamente escolhidas [26]< A >≈ Ā ≡ ∑ Mi=1A i e −βE i∑ Mi=1e −βE i(3.4)Intuitivamente, quanto maior o valor de M melhor a aproximação. Contudo est<strong>em</strong>étodo de amostrag<strong>em</strong> é ineficiente e de díficil realização devido à rápida variação dadensidade de probabilidade (3.3) com a energia; muitas das configurações escolhidassão fisicamente improváveis e contribu<strong>em</strong> pouco para a média enquanto poucas sãosuficient<strong>em</strong>ente importantes e traz<strong>em</strong> contribuições significativas.Se escolhermos convenient<strong>em</strong>ente configurações de acordo com uma distribuiçãode probabilidades, P i , a equação (3.4) pode ser reescrita como∑ Mi=1< A >≈ Ā ≡ A i Pi−1∑ Mi=1P −1ie −βE ie −βE i(3.5)Uma escolha simples para P i é usar a distribuição de probabilidade de equilíbrio p iP i = p i ∝ e −βE i, (3.6)e, com esta escolha, a equação (3.5) se reduz a uma simples média< A >≈ Ā ≡ ∑ Mi=1A iM . (3.7)Esta soma pode ser feita segundo um processo de Markov considerando todas asprováveis configurações [27]. O processo de Markov pode ser visto como um caminhoaleatório entre configurações onde a mudança da configuração i para j é governadapor uma taxa de transição W (i → j).É possível construir uma cadeia de Markov de configurações com uma proba-15


ilidade de transição adequada, tal que no limite M → ∞ a função distribuição P ide configurações na cadeia tende para a distribuição de equilíbrio p i como desejado(P i → p i ).Considerando que P i obedece a equação MasterdP idt = − ∑ jP i W (i → j) + ∑ jP j W (j → i), (3.8)e que no equilíbrio dP idt(P i → p i ) é o balanço detalhado= 0, uma condição suficiente para que o equilíbrio seja atingidoondeP i W (i → j) = P j W (j → i). (3.9)Utilizando (3.6) e a condição de balanço detalhado 3.9 t<strong>em</strong>os:W (i → j)W (j → i) = e−β∆E ij, (3.10)∆E ij = E j − E i . (3.11)Ou seja, a razão de probabilidades de transição entre as configurações i e j dependeapenas da variação da energia entre estas configurações.Como a relação (3.10) não especifica as probabilidades de transição de maneiraunívoca uma escolha possível é a prescrição de Metropolis [28]⎧⎪⎨ e −β∆E ij: ∆E ij > 0W (i → j) =⎪⎩ 1 : ∆E ij < 0Nesta escolha, para qualquer i, W (i → j) é s<strong>em</strong>pre positivo. Portanto,pod<strong>em</strong>os atingir qualquer configuração do sist<strong>em</strong>a a partir de um número finito depassos, esses critérios são chamados de ergodicidade. A ergodicidade está garantida,pois existe s<strong>em</strong>pre uma probabilidade diferente de zero para qualquer possível configuraçãodo sist<strong>em</strong>a ser atingida.16


3.1.1 Algoritmo de MetropolisO algoritmo de Metropolis [26, 28, 29, 30] convencional para um sist<strong>em</strong>a despins pode ser organizado como se segue. Estabelecidos o tipo e o tamanho darede e com condições de contorno determinadas, especifica-se uma configuração despins inicial; usualmente <strong>completa</strong>mente ordenada ou <strong>completa</strong>mente desordenada(aleatória). Um spin é então escolhido (aleatoriamente ou sequencialmente) e calculasea diferença <strong>em</strong> energia ∆E necessária para mudar o spin para um novo valor. Umnúmero alatório r uniform<strong>em</strong>ente distribuido entre zero e um é sorteado e comparadocom a probabilidade de transição e −β∆E . Se e −β∆E > r, então o spin é alterado parao novo valor, caso contrário o spin permanece inalterado. Um diagrama é mostradona figura 3.1. Este procedimento é repetido muitas vezes e assim uma cadeia deMarkov de configurações é construída. Usualmente algumas configurações do iníciodo processo dev<strong>em</strong> ser descartadas para o equilíbrio térmico.No estudo de fenômenos críticos através do método de Monte Carlo, umadesvantag<strong>em</strong> do algorítmo de Metropolis é que configurações sucessivas obtidas poreste algorítmo são correlacionadas. Na região crítica este probl<strong>em</strong>a é particularmentegrave devido ao ”critical slowing down” (CSD). Na vizinhança do ponto crítico,τ ∼ L z , (3.12)onde L é a dimensão do sist<strong>em</strong>a e, para o algoritmo de Metropolis, z ∼ 2. Parasist<strong>em</strong>as com L grande, que são os de maior relevância, o efeito da divergênciado t<strong>em</strong>po de correlação τ (CSD) provoca um grande aumento no t<strong>em</strong>po necessáriopara equilibrar o sist<strong>em</strong>a e para gerar configurações estatisticamente independentes.Algorítmos alternativos têm sido desenvolvidos para reduzir os probl<strong>em</strong>as relacionadoscom o efeito CSD [31, 32]. No entanto, nenhum deles é exeqüível no nosso caso, por17


Escolha uma configuracao inicialEscolha um sitio da rede, jEscolha aleatoriamente um novo spin Se calcule a variacao de energianecessaria para mudar S para Sjj’j’Calcule a probabilidade de transicaoW = exp ( - ∆E / k T)BEscolha um numero aleatorio0 < r < 1W < r ?NSTroque S por Sj j’Fig.3.1: Diagrama de fluxo para o algoritmo de Metropolis.tratarmos com modelo frustrado.18


3.2 Números Pseudo-aleatóriosComo discutido na seção anterior, simulações numéricas, através do método deMonte Carlo, usam intensamente sequências de números aleatórios. Uma definiçãoformal de aleatoriedade é difícil de se estabelecer pois isto significa definir a ausênciade correlações. Entretanto pode-se dizer que uma sequência de números é aleatóriase ela passa por testes estatísticos de aleatoriedade e se o intervalo entre repetiçõesé grande. Este intervalo é conhecido como período e t<strong>em</strong> um papel importante nateoria [33, 34, 35, 36].Diversos algorítmos foram criados para operar como geradores de númerosaleatórios [34, 35, 36]. Como estes algorítmos baseiam-se <strong>em</strong> operações determinísticas,os números gerados são considerados pseudo-aleatórios e passam por alguns dos testesestatísticos tradicionais [33, 34, 35, 36] mas as sequências geradas são cíclicas ouperiódicas.Alguns critérios foram estabelecidos para julgar a qualidade dos geradores denúmeros aleatórios, entre os critérios que determinam um bom gerador destacam-se:(a) Confiabilidade - O gerador deve passar por todos os testes estatísticos eter um período extr<strong>em</strong>amente longo (Baixa correlação nas sequências geradas).(b) Eficiência - A execução deve ser rápida e a exigência de m<strong>em</strong>ória deve sermínima.(c) Repetitividade - Especificando-se as mesmas condições iniciais, a sequênciade números aleatórios gerada deve ser s<strong>em</strong>pre a mesma.(d) Independência <strong>em</strong> relação à máquina - O algorítmo deve executar damesma maneira <strong>em</strong> diferentes tipos de computadores, ou seja a mesma sequênciade números aleatórios deve ser gerada <strong>em</strong> diferentes tipos de computadores com asmesmas condições iniciais.(e) Simplicidade - O algorítmo deve ser fácil de se impl<strong>em</strong>entar e usar.19


3.3 Simulação.3.3.1 EquilíbrioO processo de Monte Carlo t<strong>em</strong> como objetivo conduzir o sist<strong>em</strong>a ao equilíbriotermodinâmico a uma certa t<strong>em</strong>peratura, com um número finito de passos N, partindode uma dada configuração inicial. A convergência ao equilíbrio depende de fatorescomo o tipo de sist<strong>em</strong>a (interações, dimensionalidade da rede e do spin), a t<strong>em</strong>peratura(distância a regiões críticas), o algorítmo MC usado etc.Nestas simulações usamos somente o algoritmo de Metrópolis, uma vez quealgorítmos de cluster do tipo Wolf não são adequados quando o sist<strong>em</strong>a é frustrado.T = TcT > Tc00-50-100Energia-100Energia-200-150-300-2000 20000 40000 60000 80000 1e+05mcs-40050 100 150mcsFig.3.2: Nas figuras são mostrados a energia para uma sequencia de passos de MonteCarlo. À esquerda T ≃ T C e à direita T > T C .Estimando quantidades termodinâmicas tais como energia ou magnetização20


<strong>em</strong> cada passo do processo MC pod<strong>em</strong>os acompanhar a evolução do sist<strong>em</strong>a e decidirquando o equilíbrio termodinâmico é atingido. A figura 3.2 mostra como ex<strong>em</strong>plo ocomportamento da energia total de um determinado sist<strong>em</strong>a de spins como funçãode número de passos de Monte Carlo. A figura 3.2(a) mostra o sist<strong>em</strong>a perto dat<strong>em</strong>peratura de transição. As flutuações são muito grandes, como é de se esperardevido ao fenômeno de “Critical Slowing Down’ descrito anteriormente. Na figura3.2(b) mostramos o mesmo modelo, mas a uma t<strong>em</strong>peratura acima de T c . Neste casoas flutuações são pequenas e pod<strong>em</strong>os ver que com poucos passos de Monte Carlo(mcs) a energia abaixa e parece convergir para um valor médio.Um critério para se determinar se um dado sist<strong>em</strong>a está ou não <strong>em</strong> equilíbrioconsiste <strong>em</strong> calcular a média de uma quantidade termodinâmica, A, dentro de váriosintervalos de passos MC. O sist<strong>em</strong>a estará <strong>em</strong> equilíbrio quando a diferença entre osvalores estiver dentro de flutuações esperadas para a quantidade medida.3.3.2 Cálculo de médias e errosO sist<strong>em</strong>a é conduzido ao equilíbrio, <strong>em</strong> cada t<strong>em</strong>peratura T , com um númeroN de passos de Monte Carlo. A partir do equilíbrio N est conjuntos contendo N confconfigurações são construídos.Calculamos a quantidade A j <strong>em</strong> cada configuração A 1 , A 2 , A j , · · · , A Nconf :Ā k = 1N ∑confA j , (3.13)N conf j=1assim o valor médio de A é a média sobre os N est conjuntos Ā1, Ā2, Āk, · · · , ĀN estO erro estimado na medida de A é< Ā >= 1 N∑estN est< δA > 2 = 1 N∑estN estk=121k=1Ā k . (3.14)(< Ā > −Āk) 2 . (3.15)


Neste trabalho as medidas de variáveis termodinâmicas são obtidas através de médiassobre N est = 10 e N conf = 1 × 10 6 configurações independentes e os erros são tambémcalculados sobre estas médias. O intervalo entre t<strong>em</strong>peraturas δT é escolhido deacordo com cada situação. Neste trabalho todas as t<strong>em</strong>peraturas estão <strong>em</strong> unidadesde J/k B .Na seção seguinte descrever<strong>em</strong>os brev<strong>em</strong>ente as principais quantidades termodinâmicasde interesse e sua importância para o objetivo do trabalho.3.3.3 Quantidades termodinâmicasQuantidades termodinâmicas de interesse são calculadas de forma descritaacima. A seguir definimos as mais importantesEnergiaA energia total de um sist<strong>em</strong>a magnético é dada pelo Hamiltoniano H dosist<strong>em</strong>a, isto éE =< H > . (3.16)Os Hamiltonianos dos modelos envolvidos <strong>em</strong> nosso trabalho estão definidos pelasequações 2.2 e 2.3.O cálculo da energia do sist<strong>em</strong>a é importante, pois a partir da flutuação daenergia calculamos o calor especíco [37], conforme definido a seguir.MagnetizaçãoNos modelos tratados neste trabalho exist<strong>em</strong> duas simetrias, uma contínuaU1 relativa aos spins, e outra discreta Z 2 , formada pelos vórtices e anti-vórtices,conforme descrito no capítulo 2. Referindo-se à simetria Z 2 , os modelos são antiferromagnéticos,de modo que dev<strong>em</strong>os calcular a magnetização staggered definidacomoM I = 1 L | ∑ (−1) rx+ry 2 fˆr |, (3.17)⃗r22


onde ˆr é um vetor unitário na direção perpendicular às plaquetas e f é a vorticidadeconforme definida no capítulo 2 pela equação 2.1, e a soma é sob todas as plaquetasdo sist<strong>em</strong>a.A magnetização relativa à simetria U1 é obtida viaM XY =√< m x > 2 + < m y > 2 , (3.18)onde m x e m y são magnetizações <strong>em</strong> cada direção do plano.Da mesma foma que a energia, a flutuação da magnetização fornece a susceptibilidad<strong>em</strong>agnética que definimos a seguir [37].Módulo da HelicidadeO módulo de helicidade é definido como a resposta do sist<strong>em</strong>a a uma torçãodos spins na fronteira da rede [38]:Υ = δ2 Fδ∆ 2 . (3.19)onde ∆ é uma pequena rotação do sist<strong>em</strong>a ao longo de uma direção e F é a energialivre do sist<strong>em</strong>a.Em uma simulação de Monte Carlo o módulo da helicidade é obtido da funçãode correlação [38].Nelson e Kosterlitz [21] mostraram que para o modelo XY ahelicidade t<strong>em</strong> um comportamento universal dado por:Υ(T )limT →T c k B T = 2 π(3.20)Weber e Minnhagen [25] foram capazes de determinar a t<strong>em</strong>peratura de transiçãoT BKT para o modelo Rotor Planar através da relaçãoΥ L π1= 1 +2T BKT 2(ln L + l 0 ) , (3.21)onde L é o tamanho do sist<strong>em</strong>a, Υ L é o módulo da helicidade para o sist<strong>em</strong>a de23


tamanho L e l 0 é um parâmetro a ser determinado.Calor específicoO calor específico é a quantidade de calor necessária para aumentar a t<strong>em</strong>peraturado sist<strong>em</strong>a, e é definido como [29, 37]C = 1 N( ) dQ. (3.22)dTO calor específico é obtido via flutuação da energia ou sejaonde T é a t<strong>em</strong>peratura [29, 37].C = 1T 2 (< E2 > − < E > 2 ), (3.23)Susceptibilidade MagnéticaA susceptibilidade magnética é calculada pela flutuação do parâmetro deord<strong>em</strong> (magnetização) [29, 37]χ = 1 T (< M 2 > − < M > 2 ). (3.24)Obt<strong>em</strong>-se a estimativa, a média e o erro da susceptibilidade conforme descritona seção 3.3.2. De maneira similar também são obtidos a estimativa, a média e o erropara o calor específico.Em simulação o calor específico e a susceptibilidade magnética apresentampicos <strong>em</strong> determinadas t<strong>em</strong>peraturas que pod<strong>em</strong> ser utilizados para caracterizar astransições de fase conforme descrever<strong>em</strong>os a seguir.Cumulante de Binder U 4Binder and Heerman definiram <strong>em</strong> 1987 [40] o cumulante reduzido de quartaord<strong>em</strong>, também chamado de cumulante de Binder. O cumulante de Binder de quarta24


ord<strong>em</strong> da magnetização U 4 para uma rede de tamanho L é definido comoU 4 = 1 − < m4 L > , (3.25)3 < m 2 L >2onde m L é o valor da magnetização para uma rede de tamanho L.O cumulante U L é uma quantidade interessante porque para t<strong>em</strong>peraturas T >T c e para L >> ξ, onde ξ é o comprimento de correlação, pode ser mostrado queU L → 0. Para T < T c e para L >> ξ, U L → 2 3 . Na t<strong>em</strong>peratura crítica T c quandoo comprimento de correlação ξ se torna infinito t<strong>em</strong>os L


A pr<strong>em</strong>issa básica da hipótese de Fisher é supor que a única variável importanteque afeta o truncamento das quantidades termodinâmicas <strong>em</strong> tamanhos finitos é arazão L/ξ ∞ (ɛ). Assim quando L >> ξ ∞ (ɛ), não se observa qualquer efeito de tamanhofinito siginificativo. Ao contrário, quando L


dos máximos de C e de χ e os valores das interseções entre as curvas para U 4 <strong>em</strong> umgráfico <strong>em</strong> função de L −ν [40].Para a t<strong>em</strong>peratura crítica da simetria contínua, Minnhagen [41] usando umgrupo de renormalização, mostrou que o módulo da helicidade Υ dá um limite superiorpara T BKT . O Limite superior pode ser obtido pelo ponto de interseção da curva domódulo da helicidade com a curva do salto universal dada por (2/π)T .Para obter a t<strong>em</strong>peratura T BKTutilizamos a relação de Weber e Minnhagenque é considerada uma relação de escala para o módulo da helicidade [41]Υ L π1= 1 +2T BKT 2(ln L + l 0 ) , (3.32)onde L é o tamanho do sist<strong>em</strong>a, Υ L é o módulo da helicidade para o sist<strong>em</strong>a detamanho L e l 0 é um parâmetro a ser determinado.Os expoentes críticos pod<strong>em</strong> ser obtidos através do uso de regressões para osgráficos dos máximos para o calor específico e da susceptibilidade magnética, que tê<strong>em</strong>a hipótese de escala conforme definido pelas equações 3.29 - 3.31.Usando também as igualdades[42]:α + 2β + γ = 2 (3.33)γ = ν(2 − η) (3.34)γ = β(δ − 1) (3.35)νd = 2 − α (3.36)Pod<strong>em</strong>os obter os outros expoentes críticos.3.3.5 DinâmicaPara calcular a dinâmica dos spins precisamos calcular a função de espalhamentode neutrons, que é um observável experimental fundamental para o estudo da dinâmicade spins. A função de espalhamento de neutrons é definida para o momento de27


transferência ⃗q e frequência de transferência ω através da transformada de Fourrier:S αα (⃗q, ω) = ∑ ⃗r,⃗r′∫ +∞−∞e iωt C αα (⃗r − ⃗r ′ , t) dt2π, (3.37)da função de correlação:C αα (⃗r − ⃗r ′ , t − t ′ ) = 〈S α ⃗r (t)Sα ⃗r′ (t′ )〉 , (3.38)onde α = x, y, z são as componentes de spin. O vetor posição ⃗r é dado <strong>em</strong> unidadesde espaçamento de rede e os < ... > denotam médias térmicas.A equação de movimento para cada spin é dada por:d ⃗ S idt = ⃗ S i × H eff , (3.39)H eff = ∑ αJ i,j (S α i−1,j + S α i,j−1 + S α i+1,j + S α i,j+1)ê α , (3.40)onde α = x, y, z. A equação 3.39 representa um conjunto de equações acopladasque pod<strong>em</strong> ser integradas numericamente. Para integrar essas equações usamos ométodo de Runge-Kutta de quarta ord<strong>em</strong> [30], neste trabalho usamos o método deRunge-Kutta de quarta ord<strong>em</strong> com um passo de integração δt = 0.02J −1 .28


Capítulo 4Simulação Monte Carlo -ResultadosUsando as técnicas de simulação de Monte Carlo descritas no Capítulo 3,estudamos o modelo Rotor Planar (FFPR) e o modelo XY (FFXY) CompletamenteFrustrados .Obtiv<strong>em</strong>os para estes modelos duas transições de fase <strong>em</strong> cada um.Uma do tipo Berezinski-Kosterliz-Thouless nas t<strong>em</strong>peraturas T P RBKTT XYBKTT XYI= 0.3655J(5) e outra do tipo Ising nas t<strong>em</strong>peraturas T P RI= 0.4410J(5) e= 0.4505J(3) e= 0.3690J(3) [44]. Essas transições foram obtidas observando o comportamentode quantidades termodinâmicas como o calor específico, a susceptibilidade magnética,o cumulante de Binder e o módulo da helicidade. As médias foram calculadas sobreum número grande de configurações, típicamente 10 6 , de modo a minimizar os errosnas medidas.A seguir apresentar<strong>em</strong>os os resultados de nossas simulações para os modelosF F P R e F F XY mostrando separadamente os resultados para as simetrias do tipoBerezinski-Kosterliz-Thouless e do tipo Ising.4.1 O Modelo Rotor Planar Completamente FrustradoNa simulação do Modelo F F P R, conforme definido no capítulo 2, utilizamosredes quadradas de tamanhos L = 8, 16, 32, 64, 128 e 256, utilizando condições29


periódicas de contorno. As simulações foram realizadas no intervalo de t<strong>em</strong>peratura0.4 ≤ T ≤ 0.5 com passos de t<strong>em</strong>peratura de 0.001. Para obter o equilíbrio termodinâmicoforam descartadas 100 × L × L configurações para cada passo de t<strong>em</strong>peratura.Após o equilíbrio começamos a armazenar os valores da energia e magnetizaçãoseparados por 5 passos de Monte Carlo para quebrar as correlações entre as suscessivasconfigurações.4.1.1 Simetria do tipo Ising (Z 2 )Analisamos primeiro o comportamento do calor específico. Colocamos <strong>em</strong> umgráfico os máximos do calor específico como função de L −ν e obtiv<strong>em</strong>os o melhor ajuste65C I(L)43211 10 100 1000LFig.4.1: Os máximos do calor específico como função de L −νpara o FFPR. Omelhor ajuste é para ν = 1.para ν = 1.Na figura 4.1 pod<strong>em</strong>os ver uma linha reta, que é a melhor curva que se ajusta aos30


pontos, sugerindo uma divergência logarítmica, o que indica uma transição do tipoIsing.Em seguida, analisamos a magnetização staggered como função do tamanhoL do sist<strong>em</strong>a. Colocamos <strong>em</strong> um gráfico os valores do ln(M s ) como função do ln(L)para t<strong>em</strong>peraturas fixas. Ajustamos uma linha reta para cada conjunto de pontos.Usando o melhor ajuste e a equação de escala 3.29 obtiv<strong>em</strong>os TIM = 0.4505J(5) e osexpoentes críticos β/ν = 0.123(7) conforme mostra a figura 4.2.M IT=0.450T=0.451T=0.4530.110 100LFig.4.2: A magnetização staggered para redes de tamanhos até L = 256 e para astrês t<strong>em</strong>peraturas mostradas na figura.A seguir, colocamos <strong>em</strong> um gráfico os máximos da susceptibilidade magnéticaχ, relativa a magnetização staggered, como função de ln L. O melhor ajuste paraessas curvas foi uma linha reta com inclinações γ/ν = 1.746(30) conforme pod<strong>em</strong>osver na figura 4.3.31


100001000χ I(L)1001011 10 100 1000LFig.4.3: Os máximos da susceptibilidade como função de ln L. O melhor ajuste éuma linha reta com inclinações γ/ν = 1.746(30) para o FFPR.Na figura 4.4 mostramos o cumulante de Binder. Não existe um único pontoonde as curvas se encontram independente do tamanho se considerarmos os menorestamanhos de rede simulados. Mas para valores suficient<strong>em</strong>ente grandes, L ≥ 60,observamos que que todas as linhas se encontram no mesmo ponto, indicando at<strong>em</strong>peratura de transição T I .32


0.600.40 L=8U L L=16L=32640.20 1282560.000.440 0.450 0.460 0.470 0.480TFig.4.4: O cumulante de Binder como função da t<strong>em</strong>peratura para todos ostamanhos de redes simulados para o modelo FFPR.A t<strong>em</strong>peratura crítica T I foi obtida então plotando os máximos da susceptibilidadee do calor específico e as intercessões do cumulante de Binder como funçãode L −1 . A partir desse gráfico t<strong>em</strong>os condições de extrapolar L → ∞, conform<strong>em</strong>ostramos na figura 4.5. Obtiv<strong>em</strong>os para o FFPR a t<strong>em</strong>peratura T I = 0.4505(5).33


0.5000.4900.480T L0.4700.4600.4500.4400.00 0.05 0.10 0.15 0.201/LFig.4.5: Intercessões do cumulante de Binder, máximos da susceptibilidade e docalor específico. Uma linha reta é a melhor curva que se ajusta para os pontos.4.1.2 Simetria do tipo XY (U(1))Conforme já discutido no capítulo 3, uma maneira de determinar a t<strong>em</strong>peraturacrítica T BKT , é através do módulo da helicidade.Na figura 4.6 colocamos <strong>em</strong> umgráfico a intercessão do módulo da helicidade e a linha do salto universal (2/π), 0 quenos dá o limite superior para a t<strong>em</strong>peratura T BKT . Para o modelo FFPR obtiv<strong>em</strong>osT UpperBKT = 0.4463(3).34


0.5Υ0.2500.44 0.46 0.48 0.50TFig.4.6: Módulo da helicidade (Υ) como função da t<strong>em</strong>peratura. Cada intercessãocom a linha (2/π) nos dá um limite superior para a t<strong>em</strong>peratura crítica T BKTPara obter a t<strong>em</strong>peratura T BKT utilizamos a relação de Weber-Minnhagen dadapela equação 3.32, onde resolv<strong>em</strong>os a equação para ln L e colocamos os resultados <strong>em</strong>um gráfico como função de ln L. Na t<strong>em</strong>peratura crítica T BKT esperamos obter umalinha reta. Conforme pod<strong>em</strong>os ver na figura 4.7 obtiv<strong>em</strong>os T BKT = 0.4410(5) para omodelo FFPR.35


32(πΥ/2T −1) −1 /21T=0.438T=0.440T=0.441T=0.44202 3 4 5 6ln LFig.4.7: Módulo da helicidade (Υ) como fun¸ao de ln L. Na t<strong>em</strong>peratura críticaT BKT e para grandes valores de L, os pontos dev<strong>em</strong> definir uma linha reta.4.2 O Modelo XY Completamente FrustradoComparando os resultados do modelo FFPR que obtiv<strong>em</strong>os e com outrostrabalhos [13, 20, 22], concluímos que os métodos de simulação que utilizamos levarama resultados compatíveis e portanto, acreditamos que eles estão corretos. A seguirestudar<strong>em</strong>os o modelo XY Completamente Frustrado (FFXY) utilizando os mesmosmétodos.Na simulação do modelo FFXY, conforme definido no capítulo 2, utilizamosredes quadradas de tamanhos L = 20, 40, 60, 80 e 160. As simulações foramrealizadas no intervalo de t<strong>em</strong>peratura 0.36 ≤ T ≤ 0.39 com passos de t<strong>em</strong>peratura36


de 0.001. Para obter o equilíbrio termodinâmico foram descartadas 100 × L × Lconfigurações para cada passo de t<strong>em</strong>peratura. Após o equilíbrio começamos a armazenaros valores da energia e magnetização separados por 5 passos de Monte Carlopara quebrar as correlações entre as suscessivas configurações. Exatamente como nomodelo FFPR. No modelo FFXY entretanto, foram armazenados 4×10 6 configuraçõespara todos os tamanhos de rede uma vez que grandes flutuações acontec<strong>em</strong> devido aograu de liberdade extra existente para cada spin.4.2.1 Simetria do tipo Ising (Z 2 )O modelo FFXY apresentou, da mesma maneira que o modelo FFPR, uma76C max5433 4 5log LFig.4.8: Os máximos do calor específico como função de L −1 para o FFXY.linha reta quando colocado <strong>em</strong> um gráfico como função de ln(L), indicando um comportamentodo tipo Ising conforme mostrado na figura 4.8.37


Na figura 4.9 mostramos a magnetização staggered para todos os tamanhosde rede simulados. Na figura pod<strong>em</strong>os ver uma inflexão na curva indicando umatransição de fase.0.40.320x2040x4060x6080x80160x160Mag. Ising0.20.100.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39T<strong>em</strong>peraturaFig.4.9: A magnetização staggered como função de T para o FFXY.O estudo da magnetização staggered é importante porque ela pode ser consideradaum parâmetro de ord<strong>em</strong> para a simetria Ising presente no modelo.38


40020x2040x4060x6080x80160x160300χ I2001000.365 0.37 0.375 0.38T<strong>em</strong>peraturaFig.4.10: A susceptibilidade da magnetização staggered como função dat<strong>em</strong>peratura para todos os tamanhos de redes simulados para o modelo FFXY.A partir da magnetização staggered calculamos a susceptibilidade e o cumulantede Binder para todos os tamanhos de rede simulados, os resultados são mostrados nafigura 4.10 e 4.11. Esses resultados suger<strong>em</strong> uma transição de fase <strong>em</strong> uma mesmat<strong>em</strong>peratura e são todos compatíveis com ma transição de fase do tipo Ising.39


0.60.520x2040x4060x6080x80160x160U40.40.30.20.100.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39T<strong>em</strong>peraturaFig.4.11: O cumulante de Binder como função da t<strong>em</strong>peratura para todos ostamanhos de redes simulados para o modelo FFXY.Para extrapolar os resultados para L → ∞ colocamos <strong>em</strong> um gráfico osmáximos do calor específico, da susceptibilidade da magnetização stagerred e asinterseções do cumulante de Binder para todos os tamanhos de rede. A extrapolaçãodessas quantidades sugere uma t<strong>em</strong>peratura de transição T I = 0.3690J(3) conform<strong>em</strong>ostrado na figura 4.12.40


0.390.385CmaxXimaxU40.38T L0.3750.370.3650.360 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.061/LFig.4.12: Os máximos do calor específico(círculos), da susceptibilidadeda magnetização staggered(quadrados) e as interseções do cumulante deBinder(diamantes) para todos os tamanhos de rede para o modelo FFXY. As linhasretas são a melhor regressão para tamanhos maiores que L = 20.Calculamos o expoente γ a partir dos máximos da susceptibilidade da magnetizaçãostaggered. Levando <strong>em</strong> consideração o comportamento Ising do calor específico(α =0 e ν = 1)obtiv<strong>em</strong>os γ = 1.67(0.9) conforme mostra a figura 4.13.41


1816Ln(χ I)14121083 4 5Ln(L)Fig.4.13: Os máximos da susceptibilidade da magnetização staggered.A linhareta é a melhor regressão para tamanhos maiores que L = 20 e a inclinação dáγ = 1.67(0.9).4.2.2 Simetria do tipo XY (U(1))Como no modelo FFPR estimamos o limite superior para a t<strong>em</strong>peratura detransição de Berezinski-Kosterliz-Thouless obtendo a interseção entre o módulo dahelicidade e o salto universal (2/π)T , conforme mostrado na figura 4.14. Como limitesuperior obtiv<strong>em</strong>os para a t<strong>em</strong>peratura de transição de Berezinski-Kosterliz-ThoulessT supBKT = 0.3665J(5). Utilizando a relação de Weber-Minnhagen e realizando a mesmaanálise que fiz<strong>em</strong>os para o modelo FFPR obtiv<strong>em</strong>os a t<strong>em</strong>peratura de transiçãoT BKT = 0.3655J(5) que está de acordo com a t<strong>em</strong>peratura T supBKT se considerarmos as42


765T=0.364T=0.365T=0.366(πΥ/2T - 1) -1 /2432102 3 4 5 6Ln(L)Fig.4.15: O módulo da helicidade como função de ln L para o modelo FFXY.4.2.3 DinâmicaRealizamos cálculos preliminares da dinâmica do modelo FFXY. Para realizarestes cálculos resolv<strong>em</strong>os a equação de movimento para cada spin, dada pela equação3.39. A simulação foi realizada partindo de cada configuração de equilíbrio e, conformecitado no capítulo 3, a dependencia t<strong>em</strong>poral dos spins foi determinada com um passode integração de δt = 0.02J −1 até um valor máximo de t<strong>em</strong>po t max = 20J −1 .Simulamos a dinâmica para quatro t<strong>em</strong>peraturas, T = 0.2J, 0.3655J, 0.369Je 0.4J usando redes de tamanhos L = 40 e L = 60. Desprezamos entre 160.000 e360.000 passos de Monte Carlo para cada t<strong>em</strong>peratura e tamanho de rede, para obtero equilíbrio térmico.44


765T = 0.20000.36550.36900.4000S xx (q,ω)432100 0.5ωFig.4.16: Dependência da t<strong>em</strong>peratura da componente xx da função deespalhamento de neutrons S αα (⃗q, ω), como função da frequencia ω.Essas curvassão para redes de tamanho L = 40 e momento q = 2π40 .Após realizar testes para vários tamanhos L de rede, observamos que os resultadospara diferentes tamanhos L são muito s<strong>em</strong>elhantes, usamos então L = 40 e L = 60para nossos cálculos.45


0.1T = 0.20000.36550.36900.4000S zz (q,ω)0.0500 0.5 1 1.5ωFig.4.17: Dependencia da t<strong>em</strong>peratura da componente zz da função deespalhamento de neutrons S αα (⃗q, ω), como função da frequencia ω.Essas curvassão para redes de tamanho L = 40 e momento q = 2π40 .Também para diminuir o custo de m<strong>em</strong>ória e t<strong>em</strong>po de “CPU”, restringimosos momentos ⃗q a ⃗q = (q, 0) e ⃗q = (0, q), com q determinado pela seguinte condição decontorno:q = n q2πL , n q = 1, 2, ..., L. (4.1)A resolução de frequencia ∆ω é determinada pelo t<strong>em</strong>po máximo de integraçãoque introduz oscilações de periodo 2π/t max na função de espalhamento de neutronsdada pela equação 3.37. Para reduzir o efeito dessas oscilações, usamos a função deresolução de frequencia, subistituindo:C αα (⃗r − ⃗r ′ , t) , (4.2)46


por:C αα (⃗r − ⃗r ′ , t) exp(− 1 2 (tδω)2 ). (4.3)Nas figuras 4.16 e 4.17 mostramos S xx (⃗q, ω) e S zz (⃗q, ω) para as quatro diferentest<strong>em</strong>peraturas, abaixo, acima e nas tr<strong>em</strong>peraturas críticas. No plano de correlação és<strong>em</strong>pre impossível identificar picos de pequenas oscilações, pois a função de resoluçãoatenua S(⃗q, ω).Fora do plano de correlação, observamos picos de pequenas oscilações b<strong>em</strong>definidos conforme a relação de dispersão mostrada na figura 4.18. Os dois ramos d<strong>em</strong>agnons encontrados no modelo aparec<strong>em</strong> devido a existência de células com ligaçõesferromagnéticas e antiferromagnéticas.21.5ω10.500 0.5 1 1.5 2 2.5 3qFig.4.18: Relação de dispersão para S zz .47


4.2.4 ConclusãoRealizamos cuidadosas simulações nos modelos Rotor Planar e XY CompletamenteFrustrado. Para o F F P R nossos resultados confirmaram os resultados obtidospor Olson: O modelo F F P R t<strong>em</strong> duas tansições de fase. Saindo de baixa t<strong>em</strong>peraturao modelo sofre uma transição do tipo BKT e a seguir uma transição do tipo Ising . Adistância entre as t<strong>em</strong>peraturas de tansição está <strong>em</strong> torno de 2%. O calor específicot<strong>em</strong> um comportamento do tipo Ising e não existe o salto universal para o móduloda helicidade Os expoentes críticos são compatíveis com duas transições e portantoo modelo não define uma nova classe de universalidade. Para o modelo F F XY , aquestão é um pouco mais complicada uma vez que existe um grau de liberdade extraintroduzido pela componente z dos spins. Considerando que ambos os modelos estãona mesma classe de universalidade, usamos os mesmos métodos de análise e obtiv<strong>em</strong>ospara o modelo F F XY duas t<strong>em</strong>peraturas críticas separadas por uma diferença de 1%entre elas e como no modelo F F P R a transição do tipo BKT ocorre antes da transiçãodo tipo Ising. No modelo F F XY todos os expoentes críticos calculados também sãocompatíveis com duas transições.Realizamos cálculos preliminares da dinâmica do modelo XY CompletamenteFrustrado, e observamos que o modelo exibe uma rica estrutura que poderá serexplorada <strong>em</strong> um trabalho futuro.48


Capítulo 5PercolaçãoNesta etapa do trabalho estudamos a transição da simetria do tipo Ising presentenos modelos F F P R e F F XY , dada pelo vórtices e anti-vórtices, como um probl<strong>em</strong>ade percolação. Em 1972 Fortuin e Kasteleyn [43] mostraram como uma transição defase do tipo Ising pode ser entendida como um probl<strong>em</strong>a de percolação.5.1 DefiniçãoVamos supor uma rede <strong>em</strong> que cada sítio pode ser ocupado com uma probabilidadep. Eventualmente pod<strong>em</strong>-se formar ilhas (“clusters”) de sítios ocupados.Dependendo da probabilidade p, um destes clusters pode conectar dois extr<strong>em</strong>os darede, ou seja, percolar.A probabilidade <strong>em</strong> que o primeiro cluster percola, é chamada de probabilidadede percolação p c , e define o limiar de percolação. T<strong>em</strong>os então que para todo p > p cexiste pelo menos um cluster que se estende de um lado ao outro da rede. Enquantoque para p < p c não existe nenhum cluster infinito.Duas grandezas importantes <strong>em</strong> percolação são: 1) o número de clusters coms sítios na rede, n s (p) e, 2) o tamanho médio do cluster S Av . (Estas grandezas serãodefinidas na próxima seção.)A percolação pode ser de sítio ou de ligação. Na percolação de sítio, um nó darede pode ou não estar preenchido de acordo com alguma probabilidade p, formando49


assim clusters de vizinhos. Já na percolação de ligação t<strong>em</strong>os todos os nós da redepreenchidos e ligamos os vizinhos com uma probabilidade p, desta forma obt<strong>em</strong>osclusters de sítios conectados. Neste trabalho estar<strong>em</strong>os lidando com a percolação desítio.5.2 Parâmetros Críticos <strong>em</strong> PercolaçãoEstamos interessados <strong>em</strong> obter o limiar de percolação, p c , onde 0 ≤ p c ≤ 1.Para obter p c vamos utilizar algumas quantidades e analizar o comportamento detais quantidades quando nos aproximamos de p c . Como a percolação é um processoestocástico estar<strong>em</strong>os trabalhando com médias de configurações.Uma quantidade importante para o estudo da percolação é n s (p), definido comoo número de clusters com tamanho s:∑n s s = p, (5.1)sque é a probabilidade que algum sítio arbitrário pertença a algum cluster. A médiada quantidade n s (p):S Av (p) =∑ ps∑ p, (5.2)então:S Av (p) = ∑ n s s 2∑s n s s . (5.3)Aqui S Av é chamado de tamanho médio do cluster. Essa quantidade diverge quandoa concentração se aproxima do limiar (p → p c ).O comprimento de correlação g(r) nos dá a probabilidade de que um sítiodistante de r pertença ao mesmo cluster. Se tivermos um sítio a uma distância r, estesítio e os (r − 1) sítios restantes entre ele e a orig<strong>em</strong> dev<strong>em</strong> estar preenchidos com aprobabilidade p, então [4] :g(r, p) = p r (5.4)para todo p e r. Para p < 1 a função de correlação decai para zero exponencialmente50


se a distância r vai para o infinito:ondeg(r, p) = exp −rξξ(p) = − 1ln(p) = 1(p c − p)(5.5)(5.6)Pod<strong>em</strong>os ver que o comprimento de correlação ξ diverge no limiar da percolação[4].Outra função interessante é o número total de clusters por sítios, que pode serconsiderada análoga à energia livre:G(p) = ∑ sn s (p) (5.7)E a última função de interesse é a fração de sítios ocupados que pertenc<strong>em</strong> aocluster infinito P (p). P (p) = 1 para p = 1 e P (p) = 0 para p < p c . Essa função secomporta de maneira s<strong>em</strong>elhante a um parâmetro de ord<strong>em</strong> para uma transição defase.As quantidades acima têm singularidades a partir das quais, definimos umconjunto de expoentes críticos [26] :G(p) ∼| p − p c | 2−α (5.8)P (p) ∼ (p − p c ) β (5.9)S Av (p) ∼| p − p c | −γ (5.10)C(r, p) ∼exp −r/ξ(p)r d−2+σ (5.11)ξ(p) ∼| p − p c | −ν (5.12)n s (p c ) ∼ s −τ (5.13)O expoente τ é conhecido com o expoente de Fisher. Este expoente é calculadoa partir da divergencia do número de cluster n s , <strong>em</strong> função do tamaho do cluster.51


Expoente d = 2 d = 3 d = 4α −2/3 −0.62 −0.72β 5/36 0.41 0.64γ 43/18 1.80 1.44ν 4/3 0.88 0.68σ 36/91 0.45 0.48τ 187/91 2.18 2.31Tabela 5.1: Valores dos expoentes críticos para a percolação com d = 2, 3 e 4.Estes expoentes deped<strong>em</strong> somente da dimensionalidade da rede, independentede sua forma [4]. Na tabela abaixo t<strong>em</strong>os alguns valores desses expoentes para d =2, 3 e 4. Através de leis de escala, pod<strong>em</strong>os calcular os outros expoentes a partir desomente 2 deles[4]:σ = 1/(β + γ), (5.14)τ = 2 + β/(β + γ), (5.15)2 − α = τ − 1σ= 2β + γ = dν (5.16)onde d é a dimensão do sist<strong>em</strong>a.5.3 ResultadosOs resultados obtidos no capítulo 4 para os modelos F F P R e F F XY indicam queeles apresentam duas transições de fase, uma do tipo Ising e outra do tipo KosterlitzThouless [44]. Se este cenário está correto, deve ser possível, obter a t<strong>em</strong>peraturacrítica e os expoentes críticos correspondentes à transição Ising usando técnicas depercolação. Assim, examinar<strong>em</strong>os os modelos F F P R e F F XY como um probl<strong>em</strong>ade percolação, como discutir<strong>em</strong>os a seguir.52


O+ O ++ O +OO+ O ++ O +OFig.5.1: Estado fundamental.Como sab<strong>em</strong>os os modelos F F P R e F F XY exib<strong>em</strong> uma simetria discretado tipo Ising, além da simetria contínua dos spins. A simetria discreta criada pelafrustração uniforme nos dá uma quiralidade f que pode ser positiva (vórtice) ounegativa (antivórtice) dada pela equação:f = 1 ∑(θ i − θ j ) = ±1. (5.17)πplaquetaQuando T > 0 os vórtices e antivórtices começam a se aniquilar tornando assim omodelo similar a um modelo de Ising anti-ferromagnético diluído. Na figura 5.1 t<strong>em</strong>osuma representação do estado fundamental para T = 0.Realizamos simulações <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas entre 0, 2 ≤ T ≤ 0, 5 e tamanhos de53


ede L = 20, 40, 60, 80 e 100. Para cada t<strong>em</strong>peratura ignoramos as L × L × 100configurações iniciais para obtermos o equilíbrio. Após o equilíbrio guardamos 10 5configurações, calculamos o tamanho médio do cluster, a densidade de vórtices e antivórticese a probablidade de percolação P .10.80.6ρ0.4L=20L=40L=60L=80L=1000.80.6ρ0.4L=20L=40L=60L=80L=1000.20.200.2 0.3 0.4 0.5T(a)00.2 0.3 0.4 0.5T(b)Fig.5.2: A figura mostra a densidade de vórtice e antivórtice, ρ, como funcão dat<strong>em</strong>peratura para os modelos (a) FFPR e (b) FFXY e para alguns tamanhos de rede.Pod<strong>em</strong>os observar uma quebra na curva <strong>em</strong> uma dada t<strong>em</strong>peratura T .Uma setamostra a t<strong>em</strong>peratura crítica para esse modelo obtida através de outro método [44].A densidade de vórtices e anti-vórtices exibiu uma inflexão <strong>em</strong> uma determinat<strong>em</strong>peratura como pode ser visto na figura 5.2. Calculando a derivada dessa curva,mostrada na figura 5.3, encontramos máximos que representamos <strong>em</strong> um gráfico dat<strong>em</strong>peratura como função de 1/L mostrado na figura 5.4.54


0.08100.06L=20L=40L=60L=80L=1008L=100L=80L=60L=40L=20−∆ 0.04−∆640.02200.35 0.4 0.45 0.5T(a)00.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5T(b)Fig.5.3: Na figura t<strong>em</strong>os a derivada da densidade de vórtice e antivórtice comofunção da t<strong>em</strong>peraturapara (a) FFPR e (b) FFXY.A figura 5.4 sugere um comportamento de escala para a densidade que se adaptamuito b<strong>em</strong> ao modelo levando <strong>em</strong> conta que a t<strong>em</strong>peratura crítica está <strong>em</strong> perfeitacoincidencia com a obtida por outros métodos [44]. A mesma t<strong>em</strong>peratura críticaé encontrada usando a probabilidade de percolação como função da t<strong>em</strong>peraturacomo pod<strong>em</strong>os ver na figura 5.5. Uma estimativa para a t<strong>em</strong>peratura crítica levaa: T = 0.451(5) para o modelo F F P R e T = 0.369(5) para o modelo F F XY .55


0.490.440.480.42T 0.47T0.40.460.380.450 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.061/L(a)0.360 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.061/L(b)Fig.5.4: A figura representa o máximo das derivadas da densidade de vórtice eantivórtice como função de L −1 . A seta indica a extrapolação para L → +∞ que daT = 0.451(5) para o modelo F F P R e T = 0.369(5) para o modelo F F XY que está<strong>em</strong> concordância com os valores obtidos <strong>em</strong> [44].Obtiv<strong>em</strong>os dois expoentes críticos (τ, γ), o associado ao tamanho medio docluster e o associado ao número de cluster n s . Na figura 5.6 fiz<strong>em</strong>os um gráfico loglogdo tamanho médio do cluster como função da densidade para ρ < ρ c e ρ > ρ c .Encontramos γ = 2, 08(5) que está um pouco abaixo do valor da tabela 5.1.56


110.80.6L=20L=40L=60L=80L=1000.80.6L=20L=40L=60L=80L=100ρρ0.40.40.20.200.2 0.3 0.4 0.5T(a)00.2 0.3 0.4 0.5T(b)Fig.5.5: A figura mostra a probabilidade de percolação como função da t<strong>em</strong>peraturapara (a) FFPR e (b) FFXY.O outro coeficiente (τ), chamado de coeficiente de Fisher, foi obtido através dográfico do número de cluster n s <strong>em</strong> função do tamanho do cluster s como mostradona figura 5.7. Obtiv<strong>em</strong>os τ = 1, 78(5) que está pouco abaixo do valor teórico dadopela tabela 5.1.57


22222121ln(SAV)20ln(Sav)2019191818-5 -4 -3 -2 -1ln |ρ−ρ c|(a)17-5 -4 -3 -2 -1ln |ρ − ρ c|(b)Fig.5.6: Gráfico log-log do tamanho médio do cluster como função da densidadepara ρ < ρ c e ρ > ρ c , para (a) FFPR e (b) FFXY.5.3.1 ConclusãoObservamos que o ponto de inflexão na densidade de vórtice e anti-vórtice nos dáuma boa estimativa para a t<strong>em</strong>peratura de transição T Z2 . Uma questão que surgeé saber se é uma coincidencia ou não.Embora não possamos provar de maneirarigorosa, achamos que a explicação a seguir é razoável. Na t<strong>em</strong>peratura T = 0exist<strong>em</strong> L×L2pares de vórtices anti-vórtices. Quando a t<strong>em</strong>peratura aumenta, algunsparas começam a se aniquilar. A densidade de vórtice anti-vórtice diminui quandoa t<strong>em</strong>peratura aumenta. Quando atingimos a t<strong>em</strong>peratura de Berezinskii-Kosterlitz-Thouless os pares estão fracamente ligados.As ondas de spin predominam sobreas interações entre os pares de vórtices e antivórtices, contudo eles não pod<strong>em</strong> ser58


considerados como livres, uma vez que as interações continuam logarítmicas[45]. Apósa t<strong>em</strong>peratura de transição de Berezinskii-Kosterlitz-Thouless a energia térmica é altao suficiente para vencer a energia de “pinning”, induzindo uma cascata de aniquilaçõese dando orig<strong>em</strong> à inflexão na densidade de vórtices e antivórtices. Como consequenciada brusca diminuição do número de pares, a densidade de vórtices e antivórtices caiabaixo do limiar da percolação que leva à t<strong>em</strong>peratura de transição.14141212n s10n s108860 1 2 3 4s0 1 2 3 4s(a)(b)Fig.5.7: Número de cluster n s <strong>em</strong> função do tamanho do cluster s. A linha contínuaé o melhor ajuste para os dados, para (a) FFPR e (b) FFXY.Nossos cálculos para o número médio de cluster e para o limiar da percolaçãonos permitiram obter os coeficientes críticos: γ e τ. Os valores que obtiv<strong>em</strong>os para at<strong>em</strong>peratura crítica esta <strong>em</strong> excelente concordância com outros cálculos[44]. Os valoresdos expoentes críticos são diferentes dos expoentes para redes 2D. Esta discordânciade valores acontece devido ao tamanho finito das redes simuladas. Ballesteros, Parisi59


e outros [46] mostraram que para o modelo de Ising diluido os expoentes críticos sóapresentam os valores teóricos <strong>em</strong> redes de tamanho infinito. Para redes finitas osautores mostram um diagrama mostrando que o expoente crítico ν > 1.60


Capítulo 6Conclusão e PerspectivasNeste trabalho estudamos os modelos FFXY e FFPR através do método deMonte Carlo e como um probl<strong>em</strong>a de percolação. Realizamos também a dinâmica domodelo FFXY como um trabalho exploratório.Nós t<strong>em</strong>os fortes indícios que os modelos exib<strong>em</strong> duas t<strong>em</strong>peraturas críticas,uma t<strong>em</strong>peratura T I para a simetria do tipo Ising, e outra t<strong>em</strong>peratura T BKT para asimetria contínua. A diferença entre as duas t<strong>em</strong>peraturas críticas são da ord<strong>em</strong> de1%, o que exigiu um grande esforço computacional. Utilizando um grande númerode configurações, típicamente 10 6 , conseguimos separar as t<strong>em</strong>peraturas com umaresolução de 4 significativos. A transição da simetria contínua aconteceu a umat<strong>em</strong>peratura menor que a da transição do tipo Ising. Acreditamos que quando nosaproximamos da t<strong>em</strong>peratura de transição da simetria contínua a partir de t<strong>em</strong>peraturasbaixas, as excitações da simetria do tipo Ising ocasionam uma queda no módulo dahelicidade Υ(T ). Quando Υ(T )/k B T se aproximam do valor 2/π as excitações do tipoBKT se tornam mais importantes produzindo o salto universal (2/π) <strong>em</strong> Υ(T )/k B Ta uma t<strong>em</strong>peratura T BKT < T I , conforme proposto por Teitel e Jayaprakash [20].Ainda nesta simulação calculamos as seguintes quantidades termodinâmicas:1)o calor específico, que mostrou para os dois modelos estudados um comportamentotipo Ising. Esse comportamento foi indicado pela divergência logaritmica de seusmáximos com o tamanho L da rede, 2)o módulo da helicidade, que indicou a transiçãodo tipo Berezinski-Kosterlitz-Thouless. O limite superior da t<strong>em</strong>peratura de transição61


da simetria do tipo Berezinski-Kosterlitz-Thouless é indicado pelo cruzamento dacurva Υ(T )/k B T com a curva do salto universal (2/π). O valor da t<strong>em</strong>peraturade transição pode ser obtido através da relação de Weber-Minnhagen [41] que leva<strong>em</strong> conta o tamanho finito da rede, 3)a susceptibilidade magnética da magnetizaçãostaggered e 4)o cumulante de Binder para a magnetização staggered. A susceptibilidad<strong>em</strong>agnética da magnetização staggered nos permitiu calcular o expoente crítico γ, queestá <strong>em</strong> boa concordância com o expoente γ para o modelo de Ising. O cumulantede Binder, através do cruzamento das curvas para os diversos tamanhos L de rede,nos indicou a t<strong>em</strong>peratura de transição da simetria do tipo Ising, juntamente com osmáximos do calor específico e os máximos da susceptibilidade magnética da magnetizaçãostaggered, através da técnica de “Finite size Scaling.Devido a simetria discreta que aparece no modelo analisamos a transição dotipo Ising como um probl<strong>em</strong>a de percolação. Fortuin e Kasteleyn mostraram como essarelação acontece [43]. Nossos resultados são compatíveis com uma transição de faseocorrendo à mesma t<strong>em</strong>peratura crítica (T I ) obtida na simulação anterior. Obtiv<strong>em</strong>ostambém alguns expoentes críticos que estão um pouco abaixo dos valores obtidos <strong>em</strong>cálculos teóricos. Esta discordância de valores acontece devido ao tamanho finitodas redes simuladas. Ballesteros, Parisi e outros [46] mostraram que para o modelode Ising diluido os expoentes críticos só apresentam os valores teóricos <strong>em</strong> redes detamanho infinito. Para redes finitas os autores mostram um diagrama mostrando queo expoente crítico ν > 1.A perspectiva mais interessante que se apresenta para a continuidade destetrabalho é o estudo da dinâmica do modelo XY , que nos permitirá respoder questõestais como:• Na função de correlação dinâmica exist<strong>em</strong> picos devidos a vórtices?• Qual o valor do expoente crítico z, para este modelo?Para responder estas questões, simulações muito mais refinadas e de muito mais longaduração dev<strong>em</strong> ser feitas.62


Referências Bibliográficas[1] E. Ising, Zeits. f. Physik 31, 253 (1925).[2] N. D. Mermin e H. Wagner, Phys. Rev. Lett, 17, 1133 (1966).[3] L. Onsager, Phys. Rev. 65, 117-149, 1944.[4] D. S. Stauffer e A. Aharony,Introduction to Percolation Theory (Taylor & Francis,London, 1992).[5] V. L. Berezinskii, Zh. Eksp. Teo. Fiz. 61, 1144 (1971).[6] J. M. Kosterlitz e D. J. Thouless, J. Phys. C: Sol. St. Phys., vol. 6,1181(1973).[7] J. M. Kosterlitz ,J. Phys. C: Sol. St. Phys., vol. 7, 1046(1974).[8] J. Villain, J. Phys. C 10,4793 (1977).[9] E. Granato, J. of Phys. C - Solid Stat. Phys. 20, L215 (1987).[10] D. B.Nicolaides, J. of Phys. A Mat<strong>em</strong>atical and General 24, L231 (1991).[11] E. Granato and M. P. Nightingale, Phys. Rev.B. 48,7438 (1993).[12] G. Ramirezsantiago and J. V. Jose, Phys. Rev.B. 49,9567 (1994).[13] P. Olson, Phys. Rev. Lett. 75,2758 (1994)[14] P. Olson, Phys. Rev.B. 55,3585 (1997).[15] S. Y. Lee and K. C. Lee, Phys. Rev.B. 49,15184 (1994).[16] P. Olson, Phys. Rev. Lett. 77,4850 (1996).63


[17] G. S. Jeon, S. T. Park e m. y. Choi Phys. Rev.B. 55,14088 (1997).[18] S. Y. Lee and K. C. Lee, Phys. Rev.B. 57,8452 (1998).[19] E. H. Boubcheur and H. T. Chiep, Phys. Rev.B. 58,5163 (1998).[20] S. Teitel e C. Jayaprakash, Phys. Rev.B. 27,598601 (1983).[21] D. R. Nelson e J. M. Kosterlitz, Phys. Rev. Lett, 39, 1201 (1977).[22] B. Berge, H. T. Diep, A. Ghazali e P. Lall<strong>em</strong>and,Phys. Rev.B. 34,31773184(1986).[23] J. Tobochnick e G. V. Chester, Phys. Rev. B 20, 3761, (1979).[24] J. E. Van Himberg e S. Chakravarty, Phys. Rev. B 23, 359, (1981).[25] H. Weber e P. Minnhagen, Phys. Rev.B. 37,5986 (1988).[26] M. Plischke, Equilibrium Statistical Physics (World Scientific,Singapura, 1994).[27] S. R. Salinas, Introdução à Física Estatística (EDUSP, 1997).[28] N. Metropolis, A. Rosenbluth, M. Rosenbluth, A. Teller, e E. Teller, J. Ch<strong>em</strong>.Phys. 21, 1087 (1953).[29] D. P. Landau e K. Binder A Guide to Monte Carlo Simulations in StatisticalPhysics (Cambridge University Press, Cambridge, 2000)[30] B. Carnahan, H. A. Luther and J. O. Wilkes, Applied Numerical methods(JohnWiley & Sons, inc. , New York 1969).[31] R. H. Swendsen e J. S. Wang , Phys. Rev. Lett, 58, 86 (1987).[32] D. Kandel, E. Domany , Phys. Rev. Lett, 60, 1591 (1988).[33] H. Eugene Stanley, Introdution to Phase Transitions and Critical Phenomena(Claredon Press, Oxford,1992).[34] F. J. Resende and B. V. Costa, Phys. Rev. E, 58, 5183 (1998).64


[35] Computational probability and simulation, editado por Sidney J. Yakowitz(Addison-Wesley Publishing Company, Massachusetts, 1977), Capítulo 1.[36] Numerical Methods and software, editado por D. Kahaner, C. Moler e S. Nash(Prentice-Hall series in computational math<strong>em</strong>atics, 1989), Capítulo 10.[37] H. Callen Introduction to Thermodynamics and Termostatics (Willey, Nova York,1985).[38] T, Otha e D. Jasnow, Phys. Rev. B 20, 139 (1979).[39] M. E. Fisher, Critical Phenomena, ed. M. S. Green (Acad<strong>em</strong>ic Press, New York,1971)[40] Aplications of the Monte Carlo Method in Statistical Physics, editado por K.Binder 36 (Springer-Verlag, Berlin, 1987).[41] P. Minnhagen Rev. of Mod. Phys.59,1001,(1987).[42] Kun chen, Computer Simulations of Three-Dimensional Classical HeisenbergModels (TD, University of Georgia 1993).[43] C. M. Fortuin e P. W. Kasteleyn, Physica, 57, 536 (1972).[44] A. B. Lima and B. V. Costa, Jour. of Mag. and Mag. Mat. 263 324-331.[45] J. E. R. Costa and B. V. Costa, Phys. Rev. B, 57, 1510 (1998).[46] H. G. Ballesteros, L. A. Fernández, V. Martín-Mayor, A. M. Sudupe, G. Parisi eJ. J. Ruiz-Lorenzo, Jour. of Phys. A: Math. Gen. 30, 8379, (1997).[47] N. Goldenfeld,Lectures on Phase Transitions and the Renormalization Group(Addison-Wesley Publishing Company,Urbana,1992).[48] J. M. Thijssen Computational Physics(Cambridge University Press, Cambridge,2000)[49] K. Huang, Statistical Mechanics (John Wiley&Sons, New York, 1987).65


[50] J. B. Kogut, Rev. Mod. Phys., 51, 4, 649 (1979).[51] A. B. Lima and B. V. Costa, Braz. Jour. of Phys. 34 403-404 Sp. Iss. SI JUN200466

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!