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FUNDAMENTOS DE FÍSICA III - Departamento de Física - UFMG

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<strong>FUNDAMENTOS</strong> <strong>DE</strong> FÍSICA <strong>III</strong>© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 0


Wagner CorradiLeonardo FonsecaWan<strong>de</strong>rson Silva <strong>de</strong> OliveiraRodrigo Dias TársiaMaria Carolina NemesKarla Balzuweit<strong>FUNDAMENTOS</strong> <strong>DE</strong> FÍSICA <strong>III</strong>Belo HorizonteEditora <strong>UFMG</strong>2010© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 1


© 2010, Wagner Corradi; Rodrigo Dias Társia; Leonardo Fonseca; Maria Carolina Nemes; Wan<strong>de</strong>rson Silva<strong>de</strong> Oliveira; Karla Balzuweit© 2010, Editora <strong>UFMG</strong>Este livro ou parte <strong>de</strong>le não po<strong>de</strong> ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização escrita do Editor.Fundamentos <strong>de</strong> Física I / Wagner Corradi ...[et al.]- Belo Horizonte ; Editora <strong>UFMG</strong>, 2010p. – Il (Educação a Distância)Inclui referências.ISBN:1. Física. 2. Eletricida<strong>de</strong>. 3. EletromagnetismoI. Corradi, Wagner II. Série.CDD:CDU:Elaborada pela DITTI – Setor <strong>de</strong> Tratamento da InformaçãoBiblioteca Universitária da <strong>UFMG</strong>Este livro recebeu o apoio financeiro da Secretaria <strong>de</strong> Educação a Distância do MEC.ASSISTÊNCIA EDITORIAL Eliane Sousa e Euclídia MacedoEDITORAÇÃO <strong>DE</strong> TEXTO Maria do Carmo Leite RibeiroPREPARAÇÃO <strong>DE</strong> TEXTO Michel GannamREVISÃO <strong>DE</strong> PROVASFORMATAÇÃOPROJETO GRÁFICO E CAPA Eduardo FerreiraPRODUÇÃO GRÁFICA Warren MarilacEDITORA <strong>UFMG</strong>Av. Antônio Carlos, 6627 – Ala direita da Biblioteca Central– TérreoCampus Pampulha – 31270-901 – Belo Horizonte/MGTel.: +55 31 3409-4650 Fax: +55 31 3409-4768www.editora.ufmg.br editora@ufmg.brPRÓ-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃOAv. Antônio Carlos, 6.627 – Reitoria – 6º andarCampus Pampulha – 31270-901 – Belo Horizonte/MGTel.: + 55 31 3409-4054 Fax: + 55 31 3409-4060www..ufmg.br info@prograd.ufmg.breducacaoadistancia@ufmg.br© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 2


SumárioINFORMAÇÕES GERAIS1. <strong>FUNDAMENTOS</strong> <strong>DE</strong> FÍSICA <strong>III</strong> NA MODALIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ENSINO A DISTÂNCIA 10UNIDA<strong>DE</strong> 1 – CARGAS ELÉTRICAS E LEI <strong>DE</strong> COULOMB 13AULA 1 – CARGAS ELÉTRICASA1.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITO 14A1.2 CARGAS ELÉTRICAS 17A1.3 ISOLANTES, CONDUTORES E A LOCALIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA 21A1.4 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO E POLARIZAÇÃO 25A1.5 ELETROSCÓPIOS 27A1.6 APLICAÇÃO TECNOLÓGICA DO FENÔMENO ELETRIZAÇÃO 31PENSE E RESPONDA 36AULA 2 – LEI <strong>DE</strong> COULOMB 38A2.1 LEI <strong>DE</strong> COULOMB 38A2.2 FORÇA <strong>DE</strong> UM CONJUNTO <strong>DE</strong> CARGAS 43A2.3 A LEI <strong>DE</strong> COULOMB EM UM DIELÉTRICO 47EXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong> 52UNIDA<strong>DE</strong> 2 – CAMPO ELÉTRICO 54AULA 3 – CAMPO ELÉTRICOA3.1 <strong>DE</strong>FINIÇÃO E DISCUSSÃO FÍSICA DO CAMPO ELETROSTÁTICO 56A3.2 DISTRIBUIÇÃO <strong>DE</strong> CARGAS ELÉTRICAS 59A3.3 O DIPOLO ELÉTRICO 61A3.4 LINHAS <strong>DE</strong> FORÇÁ 64A3.5 CARGAS ELÉTRICAS EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME 66PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO 72AULA 4 – CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS<strong>DE</strong> CARGA EM UMA DIMENSÃO74A4.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA GERAL 74A4.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO EM DISTRIBUIÇÕES UNIDIMENSIONAIS <strong>DE</strong> CARGA 77PENSE E RESPONDA 87AULA 5 – CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS<strong>DE</strong> CARGA EM DUAS E TRÊS DIMENSÕES88A5.1 ELEMENTOS <strong>DE</strong> SUPERFÍCIE E <strong>DE</strong> VOLUME 88A5.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES <strong>DE</strong> CARGA EM DUAS89DIMENSÕESA5.3 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES <strong>DE</strong> CARGA EM TRÊS DIMENSÕES 95PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong> 104UNIDA<strong>DE</strong> 3 – LEI <strong>DE</strong> GAUSS E SUAS APLICAÇÕES 106AULA 6 – LEI <strong>DE</strong> GAUSS 108A6.1 FLUXO DO CAMPO ELÉTRICO 108A6.2 A LEI <strong>DE</strong> GAUSS 113© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 3


A6.3 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS: CÁLCULO DA INTEGRAL <strong>DE</strong> SUPERFÍCIE NA LEI <strong>DE</strong> 114GAUSSPENSE E RESPONDA 119AULA 7 – APLICAÇÕES DA LEI <strong>DE</strong> GAUSS 120A7.1 COMO USAR A LEI <strong>DE</strong> GAUSS 120A7.2 APLICAÇÕES DA LEI <strong>DE</strong> GAUSS 123A7.3 CARGAS E CAMPO ELÉTRICOS NA SUPERFÍCIE <strong>DE</strong> CONDUTORES 135PENSE E RESPONDA 143AULA 8 – APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICA 144A8.1 ATIVIDA<strong>DE</strong>S COM APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICA 144UNIDA<strong>DE</strong> 4 – ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA E POTENCIAL ELÉTRICO 145AULA 9 – TRABALHO, ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA E POTENCIAL ELÉTRICO 147A9.1 TRABALHO E ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA 147A9.2 POTENCIAL ELÉTRICOEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOAULA 10 – POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> DISTRIBUIÇÕES DISCRETAS <strong>DE</strong> CARGAA10.1 POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> VÁRIAS CARGASA10.2 POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> DIPOLO ELÉTRICOEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong>AULA 11 – POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS <strong>DE</strong> CARGAA11.1 POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> DISTRIBUIÇÕES LINEARES <strong>DE</strong> CARGAA11.2 POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> DISTRIBUIÇÕES SUPERFICIAIS <strong>DE</strong> CARGAA11.3 POTENCIAL ELÉTRICO <strong>DE</strong> DISTRIBUIÇÕES VOLUMÉTRICAS <strong>DE</strong> CARGAPENSE E RESPONDAAULA 12 – ENERGIA POTENCIAL ELETROSTÁTICA E A RELAÇÃO ENTRE CAMPOE POTENCIALA12.1 ENTEN<strong>DE</strong>NDO A RELAÇÃO ENTRE O CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICOA12.2 ENERGIA POTENCIAL ELETROSTÁTICAEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOAULA 13 – ENERGIA <strong>DE</strong> UMA DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA <strong>DE</strong> CARGASA13.1 ENERGIA POTENCIAL ELETROSTÁTICA <strong>DE</strong> UMA DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA <strong>DE</strong> CARGASA13.2 COMENTÁRIOS CONCEITUAIS IMPORTANTES SOBRE A ENERGIA ELETROSTÁTICAEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong>UNIDA<strong>DE</strong> 5 – CAPACITORESAULA 14 – CAPACITORESA14.1 CAPACITÂNCIAA14.2 ASSOCIAÇÃO <strong>DE</strong> CAPACITORESEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOAULA 15 – DIELÉTRICOSA15.1 CAPACITORES COM DIELÉTRICOSA15.2 RIGI<strong>DE</strong>Z DIELÉTRICAA15.3 A LEI <strong>DE</strong> GAUSS E OS DIELÉTRICOSEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 4


AULA 16 – OS VETORES POLARIZAÇÃO E <strong>DE</strong>SLOCAMENTO ELÉTRICOA16.1 POLARIZAÇÃO E <strong>DE</strong>SLOCAMENTO ELÉTRICOA16.2 ENERGIA EM UM CAPACITOREXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong>AULA 17 – ATIVIDA<strong>DE</strong>S SOBRE POTENCIAL, ENERGIA E CAPACITORESA17.1 APLICAÇÕES SOBRE POTENCIAL, ENERGIA E CAPACITORESUNIDA<strong>DE</strong> 6 – FORÇA ELETROMOTRIZ, CORRENTE E RESISTÊNCIAAULA 18 – FORÇA ELETROMOTRIZ, CORRENTE E <strong>DE</strong>NSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> CORRENTEA18.1 FORÇA ELETROMOTRIZA18.2 CORRENTE ELÉTRICA E <strong>DE</strong>NSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> CORRENTEPENSE E RESPONDAAULA 19 – RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDA<strong>DE</strong>A19.1 RESISTÊNCIA ELÉTRICA, RESISTIVIDA<strong>DE</strong> E CONDUTIVIDA<strong>DE</strong>PENSE E RESPONDAAULA 20 –LEI <strong>DE</strong> OHM E POTÊNCIA ELÉTRICAA20.1 LEI <strong>DE</strong> OHMA20.2 POTÊNCIA ELÉTRICAA20.3 FORÇAS NÃO CONSERVATIVAS OU DISSIPATIVASEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOAULA 21 – CONDUTORES, DIELÉTRICOS E SEMICONDUTORESA21.1 VISÃO MICROSCÓPICA DA CONDUÇÃO ELÉTRICAEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong>UNIDA<strong>DE</strong> 7 – CIRCUITOS <strong>DE</strong> CORRENTE CONTÍNUAAULA 22 – LEIS <strong>DE</strong> KIRCHOFFA22.1 LEI DAS MALHAS E RESISTORES EM SÉRIEA22.2 LEI DOS NÓS E RESISTORES EM PARALELOEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOAULA 23 –CERCUITOS <strong>DE</strong> MAIS <strong>DE</strong> UMA MALHANTRO <strong>DE</strong> MASSAA23.1 CIRCUITOS ELÉTRICOSEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOAULA 24 –APARELHOS <strong>DE</strong> MEDIDA IA24.1 GALVANÔMETROA24.2 AMPERÍMETROPENSE E RESPONDAAULA 25 – APARELHOS <strong>DE</strong> MEDIDA IIA25.1 VOLTÍMETROA25.2 OHMÍMETROPENSE E RESPONDAAULA 26 – CIRCUITO RCA26.1 ANÁLISE <strong>DE</strong> UM CIRCUITO RCEXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDA<strong>DE</strong>© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 5


UNIDA<strong>DE</strong> 8 – CAMPO MAGNÉTICOUNIDA<strong>DE</strong> 9 – CAMPO MAGNÉTICO <strong>DE</strong>VIDO À CORRENTE E A LEI <strong>DE</strong> AMPÈREUNIDA<strong>DE</strong> 10 – LEI <strong>DE</strong> FARADAY E LEI <strong>DE</strong> LENZUNIDA<strong>DE</strong> 11 – INDUTÂNCIA E OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICASUNIDA<strong>DE</strong> 12 – PROPRIEDA<strong>DE</strong>S MAGNÉTICAS E A LEI <strong>DE</strong> GAUSS PARA OMAGNETISMOUNIDA<strong>DE</strong> 13 – EQUAÇÕES <strong>DE</strong> MAXWELLAPÊNDICES 570A <strong>DE</strong>FINIÇÕES DO SISTEMA INTERNACIONAL <strong>DE</strong> UNIDA<strong>DE</strong>S 571B CONSTANTES NUMÉRICAS 573C FATORES <strong>DE</strong> CONVERSÃO <strong>DE</strong> UNIDA<strong>DE</strong>S 575D RELAÇÕES MATEMÁTICAS 576E TABELA PERIÓDICA 580REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 581© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 6


© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 7


PrefácioA elaboração <strong>de</strong>ste livro nasceu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se produzir um material didáticoa<strong>de</strong>quado ao Ensino a Distância (EAD) das disciplinas <strong>de</strong> Física Básica na Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (<strong>UFMG</strong>). Ele foi construído a partir <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> textos quevêm sendo utilizados e aprimorados durante vários anos no projeto-piloto <strong>de</strong> EAD do<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física da <strong>UFMG</strong>.Acreditamos que para se fazer EAD não basta disponibilizar o material na internet,em um sítio muito colorido e com várias animações. É preciso que se tenha um materialimpresso <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, com uma organização a<strong>de</strong>quada, concatenação e seqüêncialógica das idéias, numa linguagem coerente e acessível ao estudante. Sem isso, é quaseimpossível apren<strong>de</strong>r física estudando <strong>de</strong> maneira autônoma.Há ainda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fornecer acesso ao material didático in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um computador, já que nem sempre o acesso aos recursoscomputacionais é possível. Mesmo quando há essa disponibilida<strong>de</strong>, é difícil apren<strong>de</strong>r físicana frente do computador apenas lendo os textos durante horas e clicando nos linksdisponíveis.A utilização <strong>de</strong> um livro voltado para o ensino presencial requer um professor quepon<strong>de</strong>re a linguagem do material, acrescente toda a sua experiência, e mo<strong>de</strong>re o ritmo <strong>de</strong>estudo em sala <strong>de</strong> aula. Sem essa intervenção você não teria como saber, <strong>de</strong> antemão, qualritmo <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>veria seguir em cada capítulo ou seção do livro. Já no EAD, o livro <strong>de</strong>vesuprir a falta do professor, agindo como um roteiro <strong>de</strong> estudo. Para tanto, ele <strong>de</strong>ve serdividido em aulas, que contenham uma maior sub-divisão do conteúdo. No fundo, umatentativa <strong>de</strong> se colocar no papel o que o professor faria na sala <strong>de</strong> aula.Mas, lembre-se: esse livro não <strong>de</strong>ve ser a sua única referência bibliográfica. Omaterial já consagrado no ensino presencial é uma fonte imprescindível para o completoaprendizado <strong>de</strong> física básica, mesmo porque, é inegável a forte influência <strong>de</strong>stes textos naestrutura e organização <strong>de</strong>sta obra.Os tópicos aqui apresentados seguem a forma histórica. A física mo<strong>de</strong>rna éintroduzida ao longo do texto sempre que possível ou conveniente. O nível matemático leva© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 8


em conta que o aluno já fez ou está fazendo um curso introdutório <strong>de</strong> cálculo. Durante o<strong>de</strong>senvolvimento das equações básicas todos os passos são mostrados, e a matemática éintroduzida à medida que se faz necessária.O trabalho <strong>de</strong> elaboração, a<strong>de</strong>quação e preparação dos manuscritos e figuras que<strong>de</strong>ram origem a este livro é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos autores da presente obra. Gran<strong>de</strong> parte<strong>de</strong>ste esforço contou com a colaboração imprescindível dos estudantes <strong>de</strong> Graduação e Pós-Graduação do DF/<strong>UFMG</strong>, em particular Ulisses Moreira, Alexandre Ferreira <strong>de</strong> FreitasLages e Gustavo Henrique Reis <strong>de</strong> Araújo Lima. Um agra<strong>de</strong>cimento especial para HugoJosé da Silva Barbosa que <strong>de</strong>senhou várias figuras do livro. Agra<strong>de</strong>cemos ainda o suporte<strong>de</strong> nossos familiares, dos vários colegas do DF/<strong>UFMG</strong> e da Editora <strong>UFMG</strong>.Os Autores© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 9


situações mais elaboradas que exigirão uma estratégia a<strong>de</strong>quada para sua solução. Ositens “Pense e Responda”, propositalmente, não tem resposta. Eles têm a intenção <strong>de</strong>fazer você pensar um pouco mais sobre o assunto.Lembre-se que o estudo autônomo exige maior perseverança e tanta <strong>de</strong>dicaçãoquanto em um curso presencial. Siga o cronograma da forma mais fiel possível, paraevitar atropelos. Não ler as aulas e não fazer as ativida<strong>de</strong>s propostas é enganar a simesmo.Descubra seu ritmo <strong>de</strong> estudo e faça apenas o número <strong>de</strong> disciplinas que lhepermita ter bom rendimento. Lembre-se que a Universida<strong>de</strong> permite um tempo <strong>de</strong>integralização curricular bem maior que os tradicionais quatro anos, caso sejanecessário.Ao longo dos vários anos <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> ensino, curiosamente, chegamos à trêsensinamentos que sintetizam bem as situações vividas pela maioria dos professores eestudantes <strong>de</strong> física. São eles:1. Ninguém ensina o que não sabe;2. Só se apren<strong>de</strong> o que se quer;3. Roda <strong>de</strong> carro apertada é que canta.Sem saber o conteúdo não é possível ensinar a ninguém, no máximo, repassaro conhecimento. Depois, <strong>de</strong> nada adianta ter um ótimo professor se não houverinteresse e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r por parte do estudante. Por último, mas não menosimportante, cada um sabe <strong>de</strong> seus problemas e <strong>de</strong> suas dificulda<strong>de</strong>s, mas não háconquistas sem esforço.Sucesso!!!© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - <strong>UFMG</strong> Página 11


UNIDA<strong>DE</strong> 1CARGA ELÉTRICA E LEI <strong>DE</strong> COULOMBNossa socieda<strong>de</strong> não vive hoje sem utilizar a energia elétrica e todos osdispositivos eletro-eletrônicos à sua disposição. É, portanto, crucial enten<strong>de</strong>r osfenômenos do eletromagnetismo em sua plenitu<strong>de</strong>. Para atingir esse objetivocomeçaremos revisando os aspectos históricos e os primeiros experimentos quelevaram à <strong>de</strong>scoberta das cargas elétricas. Em particular, nesta primeira aula,serão discutidos os fenômenos <strong>de</strong> eletrização por atrito, contato e polarização esuas aplicações tecnológicas. Na segunda aula é discutida a Lei <strong>de</strong> Coulomb, queexpressa a relação <strong>de</strong> força fundamental entre cargas elétricas. Pense nessacuriosida<strong>de</strong> para motivá-lo em seu estudo do eletromagnetismo que aqui se inicia:Se o espaço entre os átomos é essencialmente vazio porque então você não afundaatravés do chão?12


AULA 1 : CARGAS ELÉTRICASOBJETIVOS• DISCUTIR A NATUREZA DOS FENOMENOS ELÉTRICOS• <strong>DE</strong>SCREVER OS VÁRIOS ASPECTOS DA CARGA ELÉTRICA, INCLUINDO SEU CARÁTERDISCRETO E QUANTIZADO• <strong>DE</strong>SCREVER O FENÔMENO <strong>DE</strong> ELETRIZAÇÃO POR ATRITO, INDUÇÃO E POLARIZAÇÃO• RECONHECER A DIFERENÇA ENTRE ISOLANTES E CONDUTORES1.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITOOs primeiros registros dos quais se tem notícia, relacionados comfenômenos elétricos, foram feitos pelos gregos. O filósofo e matemático Thales <strong>de</strong>Mileto (séc. VI a.C.) observou que um pedaço <strong>de</strong> âmbar (pedra amarelada geradapela fossilização <strong>de</strong> folhas e seiva <strong>de</strong> árvores ao longo do tempo), após atritadacom a pele <strong>de</strong> um animal, adquiria a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair corpos leves comopedaços <strong>de</strong> palha e sementes <strong>de</strong> grama.Cerca <strong>de</strong> 2000 anos mais tar<strong>de</strong> o médico inglês William Gilbert (1544 --1603) fez observações sistemáticas <strong>de</strong> alguns fenômenos elétricos, que resultaramnas seguintes constatações:(a) vários outros corpos, ao serem atritados por contato com outros corpos,comportavam-se como o âmbar;(b) a atração exercida por eles se manifestava sobre qualquer outro corpo.Gilbert introduziu os termos "eletrizado", "eletrização" e "eletricida<strong>de</strong>",nomes <strong>de</strong>rivados da palavra grega para âmbar: elektron, visando <strong>de</strong>screver taisfenômenos.1.1.1 QUAL A NATUREZA DA ELETRICIDA<strong>DE</strong>?O cientista francês François du Fay (1698--1739) procurou dar umaexplicação à esse fenômeno da eletrização. Observando que um corpo era repelidoapós entrar em contato com um outro corpo eletrizado, concluiu que dois corposeletrizados sempre se repelem. Entretanto esta idéia teve <strong>de</strong> ser modificada <strong>de</strong>vidoà novas observações experimentais que a contradiziam. O próprio du Fay observou14


que um pedaço <strong>de</strong> vidro atritado com seda atraía um pedaço <strong>de</strong> âmbar que tivessesido previamente atritado com pele; isto é, a experiência mostrou que dois corposeletrizados po<strong>de</strong>riam se atrair.Baseando-se num gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> experiências, lançou, então, em 1733,as bases <strong>de</strong> uma nova hipótese que teve gran<strong>de</strong> aceitação durante todo o séculoXV<strong>III</strong>. Segundo ele, existiam dois tipos <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>: eletricida<strong>de</strong> vítrea(aquela que aparece no vidro após ele ser atritado com seda) e eletricida<strong>de</strong>resinosa (aquela que aparece no âmbar atritado com pele). Todos os corpos quepossuíssem eletricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mesmo nome (vítrea ou resinosa) repeliriam-se uns aosoutros. Por outro lado, corpos com eletricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomes contrários, atrairiam-semutuamente.Sua teoria ficou conhecida como a teoria dos dois fluidos elétricos (ovítreo e o resinoso), a i<strong>de</strong>ia sendo que em um corpo normal esses fluidos seapresentariam na mesma quantida<strong>de</strong>. Portanto, <strong>de</strong> acordo com essas i<strong>de</strong>ias, aeletricida<strong>de</strong> não era criada quando um corpo era atritado, os fluidos elétricos jáexistiam nos corpos e o que acontecia após os corpos serem atritados era umaredistribuição <strong>de</strong>stes fluidos.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.1Você po<strong>de</strong> verificar as primeiras observações dos fenômenos elétricos com umpequeno e simples experimento. Corte pequenos pedaços <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costura, porexemplo, com aproximadamente 2 cm <strong>de</strong> comprimento. Alternativamente vocêVocê po<strong>de</strong> também cortar um pedaço <strong>de</strong> papel em vários pedacinhos. Atrite bem aextremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma caneta com um pedaço <strong>de</strong> flanela ou pano <strong>de</strong> algodão ouainda outro material sintético como, por exemplo, o poliéster. Aproxime aextremida<strong>de</strong> que foi atritada da caneta <strong>de</strong>sses pedacinhos <strong>de</strong> linha (ou <strong>de</strong> papel).Descreva o que ocorre.Como frequentemente acontece em Física, apareceu uma outra explicaçãocom base nos mesmos fenômenos. Vamos à segunda teoria: o cientista americanoBenjamin Franklin (1701--1790), interessado no assunto, também realizou umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> experimentos que contribuiram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para acompreensão da natureza da eletricida<strong>de</strong>.Foram duas as suas contribuições fundamentais: primeiro formulou ahipótese <strong>de</strong> um fluido único. De acordo com sua teoria os corpos não eletrizados15


possuem uma quantida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> um certo fluido elétrico. Quando um corpo éatritado com outro, um <strong>de</strong>les per<strong>de</strong> parte do seu fluido, essa parte sendotransferida ao outro corpo. Franklin dizia que um corpo --- como o vidro --- querecebia o fluido elétrico ficava eletrizado positivamente e o que o perdia ---como o âmbar ---, ficava eletrizado negativamente. Essa terminologia é usadaaté hoje e correspon<strong>de</strong> aos termos eletricida<strong>de</strong> vítrea e resinosa <strong>de</strong> du Fay.A segunda gran<strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> Franklin foi a hipótese <strong>de</strong> que o fluidoelétrico é conservado: ele já existe nos corpos e se redistribui quando os corpos sãoatritados.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.2Duas folhas <strong>de</strong> um mesmo tipo <strong>de</strong> papel são atritadas entre si. Elas ficarãoeletrizadas? Por quê?Saiba MaisVocê consegue perceber como funcionou o "método científico" proposto por Galileucom relação a este fenômeno?O método é baseado na experiência. A partir <strong>de</strong>la é que se fazem hipóteses paraexplicar a experiência. O atrito entre dois corpos <strong>de</strong> materiais diferentes mostrou aexistência <strong>de</strong> um fenômeno (o da eletrização) e o comportamento <strong>de</strong> materiaisdiferentes (atração e repulsão, <strong>de</strong> acordo com a natureza <strong>de</strong>les) com relação àeletrização. Além disso, a experiência mostra em quais condições físicas ocorre ofenômeno estudado, o que nos permite saber mais sobre a natureza <strong>de</strong>le.Como <strong>de</strong>cidir entre as duas teorias? Essa é também uma situação muitofrequente na Física. Na época, com os dados disponíveis não era possível distinguirentre as duas. Qual foi então o ingrediente novo que resolveu a dúvida? Foi oestabelecimento da teoria atômica da matéria, em bases razoavelmente firmes, noprimeiro quarto do século XX.A teoria atômica trouxe uma nova perspectiva para explicar os fenômenos<strong>de</strong> eletrização. De acordo com ela, todos os corpos (sejam eles sólidos, líquidos ougasosos) são formados por átomos. Estes, por sua vez, são constituídos por trêspartículas elementares: os prótons, os nêutrons e os elétrons. Os prótons e os16


nêutrons situam-se no núcleo dos átomos, enquanto que os elétrons, ocupam umaregião em torno <strong>de</strong>ste núcleo.A massa do elétron é 1836 vezes menor que a do próton, cuja massa émuito próxima da massa do nêutron, conforme mostra a Tabela 1.1.Tabela 1.1: Massa e carga elétrica do elétron, próton e nêutron.Partícula Massa (kg) Carga elétricaElétron9,109−31× 10- ePrótonNêutron1,6721,675−27× 10+ e−27× 100Os prótons e os elétrons apresentam proprieda<strong>de</strong>s elétricas e a essasproprieda<strong>de</strong>s associamos uma gran<strong>de</strong>za fundamental, que <strong>de</strong>nominamos cargaelétrica.1.2 CARGAS ELÉTRICASO conceito <strong>de</strong> carga elétrica é, na realida<strong>de</strong>, um conceito tão básico efundamental que, no atual nível <strong>de</strong> nosso conhecimento, não po<strong>de</strong> ser reduzido anenhum outro conceito mais simples e mais elementar.A carga elétrica é a gran<strong>de</strong>za física que <strong>de</strong>termina a intensida<strong>de</strong> dasinterações eletromagnéticas, da mesma forma que a massa <strong>de</strong>termina aintensida<strong>de</strong> das forças gravitacionais.1.2.1 ASPECTOS FENOMENOLÓGICOS E OR<strong>DE</strong>NS <strong>DE</strong> GRAN<strong>DE</strong>ZAresumiam:O estudo dos fenômenos elétricos levou a algumas leis empíricas que os1) Existem dois tipos <strong>de</strong> cargas elétricas: positivas e negativas. Ascargas elétricas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem, as <strong>de</strong> sinais contrários seatraem.porAtribuímos à carga do elétron o nome <strong>de</strong> carga negativa e a representamos− e . Já a carga do próton é <strong>de</strong>nominada carga positiva, sendo <strong>de</strong>scrita por+ e , ver Tabela 1.1. O nome positivo ou negativo é apenas uma convenção para17


indicar o comportamento do corpo ao ser eletrizado, como foi sugerido porBenjamin Franklin.O núcleo do átomo tem carga positiva e representa o número <strong>de</strong> prótonsnele existente. Em um átomo neutro, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prótons e elétrons sãoiguais. Da igualda<strong>de</strong> numérica entre prótons e elétrons, <strong>de</strong>corre que a cargaelétrica total do átomo em seu estado natural é nula (o átomo em seu estadonatural é neutro).A transferência <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> um corpo para outro explica o aparecimento<strong>de</strong> carga elétrica em corpos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> serem atritados. Quando dois corpos sãoatritados, um <strong>de</strong>les per<strong>de</strong> elétrons para o outro; o primeiro torna-se, então,eletricamente positivo, enquanto que o outro, torna-se eletricamente negativo. Aexperiência mostra que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhar ou <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r elétrons <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> danatureza dos materiais.2) Carga elementar : existe uma carga mínima. Até hoje nunca foiobservado experimentalmente um corpo que tenha carga elétrica menorque a do elétron, representada por e . Somente foram observados corposcom cargas que são múltiplos inteiros <strong>de</strong> e .O caráter discreto da carga elétrica se manifesta principalmente emsistemas cuja carga total correspon<strong>de</strong> a poucas unida<strong>de</strong>s da carga elementar. Ofato <strong>de</strong> nenhum experimento ter revelado a existência <strong>de</strong> um corpo que tenhacarga elétrica menor que a <strong>de</strong> um elétron, permite dizer que a carga elétrica équantizada, isto é, existe em quanta (quantum, em grego, significa pedaço).Por isso, no eletromagnetismo clássico, é difícil perceber este aspecto da cargaelementar. Mas é fácil enten<strong>de</strong>r porque. A resposta tem a ver com outro aspectofundamental da compreensão dos fenômenos físicos: as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za.Se um corpo está carregado eletricamente, positiva ou negativamente, ovalor <strong>de</strong> sua carga Q será um múltiplo inteiro da carga <strong>de</strong> um elétronQ = n e,n = 0 , ± 1, ± 2, ± 3 ...Por isso faz sentido tratar distribuições <strong>de</strong> cargas macroscópicas como se fossemcontínuas, como faremos nas aulas seguintes. Vamos firmar esse idéia com umexemplo.18


EXEMPLO 1.1Quantos elétrons há em uma gota <strong>de</strong> água <strong>de</strong> massa 0,03g?Solução:Uma molécula <strong>de</strong> água ( H20)tem uma massa−23mo= 3×10 g e contém 10elétrons. Uma gota <strong>de</strong> água contémLogo, a gota terá2210 elétrons.n =n m/m= moléculas, ou:mmoo21= 10moléculasNo Sistema Internacional (SI) a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga eletrica é 1Coulomb. Quando essa unida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>finida, no século XV<strong>III</strong>, não se conhecia aexistência do elétron. Somente no século XX, com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>ssa partículaelementar e a medida <strong>de</strong> sua carga, é que foi possível calcular a equivalência entrea carga do elétron e e o Coulomb, C .Um Coulomb correspon<strong>de</strong> a186 ,25× 10 elétrons em excesso (se a carga fornegativa) ou em falta (se for positiva). Na eletrostática geralmente lidamos comcargas elétricas muito menores do que um Coulomb. Vamos ver com frequência as−unida<strong>de</strong>s milicoulomb -- mC(10 3 C)-- ou o microcoulomb -- µ C(10 −6C). Mesmoassim elas ainda representam um número enorme <strong>de</strong> cargas elementares. A cargado elétron, medida em Coulomb, é:−19e = 1,60 × 10 C .1.2.2 CONSERVAÇÃO E QUANTIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICAOs átomos que constituem os corpos são normalmente neutros, ou seja, onúmero <strong>de</strong> cargas positivas é igual ao número <strong>de</strong> cargas negativas. Entretanto, poralgum processo, os corpos po<strong>de</strong>m adquirir ou per<strong>de</strong>r carga elétrica, como porexemplo, atritando um bastão <strong>de</strong> plástico com um pedaço <strong>de</strong> flanela. Entretanto,quando ocorre uma interação elétrica entre dois corpos, a carga total <strong>de</strong>les semantém constante. Além disso, em todos os casos, a carga elétrica <strong>de</strong> umsistema isolado é sempre constante.Se o bastão ficar carregado positivamente é porque ele per<strong>de</strong>u elétrons.Para que isso ocorra, a flanela <strong>de</strong>ve ter recebido os elétrons do bastão. Observe19


então que houve apenas uma transferência <strong>de</strong> cargas elétricas <strong>de</strong> um corpo para ooutro. Nenhuma carga foi criada ou <strong>de</strong>struída. Esse fato é conhecido como oPrincipio da Conservação da Carga Elétrica.Saiba MaisOs prótons e os nêutrons são fortemente ligados entre si por uma força<strong>de</strong>nominada força nuclear forte, que é muito intensa mas que age apenas em umaregião do espaço da or<strong>de</strong>m do tamanho do núcleo. Ela não afeta os elétrons, que semantêm presos ao átomo <strong>de</strong>vido à uma força <strong>de</strong>nominada força elétrica.Os prótons e nêutrons são compostos por partículas ainda menores,<strong>de</strong>nominadas quarks. Os quarks foram previstos pelo físico teórico Murray Gell-Mann em 1963 e <strong>de</strong>tectados mais tar<strong>de</strong> (em 1973) por bombar<strong>de</strong>amento do núcleo<strong>de</strong> átomos com feixes <strong>de</strong> elétrons altamente energéticos.Tanto prótons quanto nêutrons são formados por três quarks <strong>de</strong> dois tipos:up e down. Um próton é formado por dois quarks do tipo up e um do tipo down.Um nêutron é formado por um quark do tipo up e dois do tipo down. Vale a penaressaltar que nenhum quark livre ‘foi observado até hoje.Com a teoria atômica, a eletrização por contato pô<strong>de</strong> ser explicada comoserá discutido nas próximas aulas. Entretanto, uma <strong>de</strong>scrição teórica precisa daeletrização por atrito em termos microscópicos é muito difícil. Costuma-secolecionar os resultados experimentais e compilá-los em tabelas. Por exemplo,po<strong>de</strong>mos colocar corpos em uma lista tal que atritando um corpo com outro dalista, fica carregado positivamente aquele que aparece antes nessa lista. Uma lista<strong>de</strong>sse tipo ficaria:- Pêlo <strong>de</strong> gato, vidro, marfim, seda, cristal <strong>de</strong> rocha, mão, ma<strong>de</strong>ira, enxofre,flanela, algodão, gomalaca, borracha, resinas, metais...ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.3Quando se atrita enxofre com algodão, que carga terá cada material?Além da eletrização por atrito existem diversos métodos para eletrizarcorpos materiais: por incidência <strong>de</strong> luz em metais, por bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong>substâncias, por radiação nuclear e outros20


Corpos líquidos e gasosos também po<strong>de</strong>m ser eletrizados por atrito: aeletrização das nuvens <strong>de</strong> chuva se dá pelo atrito entre as gotículas do ar e daágua, na nuvem.1.3 ISOLANTES, CONDUTORES E A LOCALIZAÇÃO DA CARGAELÉTRICANa Natureza encontramos dois <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> material que se comportam <strong>de</strong>modo diferente com relação à eletricida<strong>de</strong>: os condutores e os isolantes.A principal questão envolvida na <strong>de</strong>finição do que é um material condutor ouisolante tem muito a ver com a estrutura microscópica do material. No caso doscondutores metálicos, por exemplo, os materiais são formados por uma estruturamais ou menos rígida <strong>de</strong> íons positivos, embebido num gás <strong>de</strong> elétrons, comoilustra a figura 1.1. Esses elétrons, por não estarem presos a átomos <strong>de</strong>terminados,têm liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, e o transporte <strong>de</strong>les <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um metal ocorre comrelativa facilida<strong>de</strong>.Figura 1.1: Representação esquemática <strong>de</strong> um condutor.Ao contrário dos condutores, existem sólidos nos quais os eletrons estãofirmemente ligados aos respectivos átomos e os elétrons não são livres, isto é, nãotêm mobilida<strong>de</strong>, como no caso dos condutores. A figura 1.2 representa um esboço<strong>de</strong> um isolante. Nestes materiais, chamados <strong>de</strong> dielétricos ou isolantes, não serápossível o <strong>de</strong>slocamento da carga elétrica. Exemplos importantes <strong>de</strong> isolantes são:a borracha, o vidro, a ma<strong>de</strong>ira, o plástico, o papel.Figura 1.2: Representação esquemática <strong>de</strong> um isolante.21


As condições ambientais também po<strong>de</strong>m influir na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umasubstância conduzir ou isolar eletricida<strong>de</strong>. De maneira geral, em climas úmidos, umcorpo eletrizado, mesmo apoiado por isolantes, acaba se <strong>de</strong>scarregando <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>um certo tempo. Embora o ar atmosférico seja isolante, a presença <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> fazcom que ele se torne condutor. Além disto, temos também a influência datemperatura. O aumento da temperatura <strong>de</strong> um corpo metálico correspon<strong>de</strong> aoaumento da velocida<strong>de</strong> média dos íons e elétrons que os constituem, tornando maisdifícil o movimento <strong>de</strong> elétrons no seu interior.Com relação aos isolantes, a umida<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> "pureza" <strong>de</strong> suasuperfície (se existem corpúsculos estranhos ao material que a<strong>de</strong>riram a ela) sãofatores importantes. A razão disto é que a umida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> dissolver sais existentesna superfície do corpo recobrindo-o com uma solução salina, boa condutora <strong>de</strong>eletricida<strong>de</strong>.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.4Metais como o alumínio e o cobre, <strong>de</strong> modo geral, são bons condutores <strong>de</strong>eletricida<strong>de</strong> e também são bons condutores <strong>de</strong> calor. Você acha que existe algumarelação entre as condutivida<strong>de</strong>s elétricas e térmicas <strong>de</strong>sses materiais? Por quê?EXEMPLO 1.2A figura 1.3 mostra um aparato simples que po<strong>de</strong> ser reproduzido em casa.Materiais Utilizados:• Latinha <strong>de</strong> refrigerante• Pequenos pedaços (<strong>de</strong> 5 a 10 centímetrosaproximadamente) <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costura ousimilar• Um tubo <strong>de</strong> caneta <strong>de</strong> plástico.• Pano <strong>de</strong> algodão ou <strong>de</strong> material sintéticocomo o poliéster (preferível)• Fita a<strong>de</strong>sivaFigura 1.3a Latinha comlinhas <strong>de</strong> costuraFixe os pedaços <strong>de</strong> linha, com fita a<strong>de</strong>siva, nas superfícies interna e externa da22


lata. As linhas <strong>de</strong>vem estar em contato com a lata. Coloque a lata sobre um tecidoou um pedaço <strong>de</strong> isopor. Atrite o tubo da caneta <strong>de</strong> plástico com o pano e toque asuperfície da lata.a) Descreva o que foi observado com as linhas que estão nas superfíciesinterna e externa da lata quando você a toca com o tubo eletrizado.b) Crie hipóteses para explicar o que ocorre e discuta com os seus colegas.c) O comportamento observado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal da carga da caneta?Resoluçãoa) Quando a caneta é atritada com o pano ela fica carregada eletricamente. Acaneta recebe ou ce<strong>de</strong> elétrons para o pano. Colocando-a em contato com alata apenas as linhas que estão na superfície externa se elevam. Nadaacontece com as linhas que estão no interior da lata.b) A lata <strong>de</strong> refrigerante é feita com alumínio que é um material <strong>de</strong> boacondutivida<strong>de</strong> elétrica. Quando você toca a sua superfície com a canetacarregada haverá movimento <strong>de</strong> elétrons da lata para a caneta ou da canetapara a lata, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do sinal da carga elétrica do tubo da caneta. Issosignifica que a lata também ficará carregada eletricamente, ou seja, elaficará com falta (ou excesso) <strong>de</strong> elétrons. As cargas em excesso semovimentam sobre toda a lata. As linhas que estão em contato com a latatambém recebem parte <strong>de</strong>ssa carga elétrica em excesso e por isso serepelem (Figura 1.3b). O fato que apenas linhas que estão na superfícieexterna se repelem evi<strong>de</strong>ncia que a carga elétrica em excesso <strong>de</strong> umcondutor se distribui apenas sobre a sua superfície externa. Não há cargaselétricas em excesso no interior <strong>de</strong> um condutor.Figura 1.3b Linhas <strong>de</strong> costuram se repelemc) As linhas que estão na superfície externa da lata irão se repelirin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sinal da carga da caneta. Se o tubo da caneta estivercarregado positivamente, elétrons da lata (inicialmente neutra) migrarãopara a caneta <strong>de</strong> modo que a lata ficará carregada positivamente. Caso acaneta esteja carregada negativamente, quando ela toca a lata, parte <strong>de</strong>23


seus elétrons em excesso migrarão para a lata <strong>de</strong>ixando-a carregadanegativamente. Também, nesse caso, as linhas que estão na superfícieexterna da lata irão se repelir.ATIVIDA<strong>DE</strong> EXPERIMENTALTente reproduzir em casa o exemplo discutido acima. Deu certo? Se não, façahipóteses para explicar o que po<strong>de</strong> estar ocorrendo e discuta com seus colegas.1.3.1 DISTRIBUIÇÃO <strong>DE</strong> CARGAS ELÉTRICAS ADICIONADAS A ISOLANTESOU CONDUTORESÉ um fato experimental que quando adicionamos carga a umcondutor, ela se distribui integralmente sobre a sua superfície externa. Arazão disto é que cargas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem e cada carga ten<strong>de</strong> aficar o mais longe possível das outras. Então, mesmo que as cargas sejamcolocadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um condutor maciço ou oco, elas ten<strong>de</strong>rão a migrarpara a superfície externa.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.5a) Suponha que uma esfera metálica esteja inicialmente neutra e você a toquecom uma régua carregada negativamente em <strong>de</strong>terminado ponto. Dêargumentos para explicar por que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> certo tempo, a carga elétricase distribuirá uniformemente sobre a superfície da esfera.b) Consi<strong>de</strong>re um material condutor que tenha uma superfície pontiaguda como,por exemplo, um para-raio. Em um material <strong>de</strong>sse tipo a carga elétrica sedistribuirá <strong>de</strong> maneira uniforme? Crie hipóteses e discuta com seus colegas.Outro fato experimental é que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>área na superfície <strong>de</strong> um condutor em equilíbrio eletrostático não é, emgeral, uniforme. Verifica-se que, on<strong>de</strong> o raio <strong>de</strong> curvatura do condutor émenor, ou seja, on<strong>de</strong> ele é mais pontudo, há maior concentração <strong>de</strong>cargas. Em contrapartida, quanto maior o raio <strong>de</strong> curvatura, menor aconcentração <strong>de</strong> cargas.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.624


Atrite bem uma caneta com um pano e aproxime-o <strong>de</strong> um filete estreito <strong>de</strong>água da torneira. A água é eletricamente neutra.a) Explique o fenômeno observado.b) O que foi observado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal da carga da caneta? Explique.No caso dos dielétricos, cargas po<strong>de</strong>m existir em qualquer ponto domaterial, tanto no interior como na superfície. A concentração <strong>de</strong> cargas em umdielétrico é mais difícil <strong>de</strong> ser medida, e po<strong>de</strong> ser inferida a partir <strong>de</strong> certas técnicasque serão vistas mais adiante.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.7Retire 4 pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva (2 pedaços <strong>de</strong> cada vez) e em seguida junte doispedaços (<strong>de</strong> aproximadamente 10 cm) lado a lado da seguinte maneira:a) lado com cola/lado sem cola. b) lado com cola/lado com cola.Depois <strong>de</strong> juntos, separe-os, aproxime-os e observe o que ocorre. Peça a ajuda <strong>de</strong>um colega se tiver dificulda<strong>de</strong>s para unir ou separar os pedaços. Explique o que foiobservado.1.4 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO E POLARIZAÇÃOQuando aproximamos um bastão <strong>de</strong> vidro, atritado com seda, <strong>de</strong> umcondutor neutro, provoca-se uma separação das cargas do corpo, embora ocondutor como um todo continue eletricamente neutro, como mostra a figura 1.4a.Esta separação <strong>de</strong> cargas é <strong>de</strong>nominada indução eletrostática.Figura 1.4: (a) corpo carregado próximo a um condutor, (b) condutor ligado àTerra e (c) condutor eletrizado.25


Ao contrário da eletrização por atrito, a eletrização por indução ocorre semhaver contato entre os corpos, por isso, é uma ação a (curta) distância.É possível eletrizar um material condutor por indução: basta conectar ocondutor na figura 1.4b (em presença do bastão), por meio <strong>de</strong> um fio metálico, àTerra. Essa ligação fará com que os elétrons livres passem do condutor à Terra,<strong>de</strong>ixando o condutor carregado.Se o bastão for mantido próximo ao condutor, a distribuição <strong>de</strong> cargas écomo na figura 1.4b. Se for retirado, as cargas se redistribuem maisuniformemente, <strong>de</strong> maneira a minimizar a repulsão entre elas, como ilustra a figura1.4c.Nos isolantes, observamos uma separação <strong>de</strong> cargas análoga à doscondutores, embora não seja possível carregá-los pelo mecanismo acima.Os dielétricos são constituídos por moléculas cuja distribuição interna <strong>de</strong>cargas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> dois tipos: o centro das cargas positivas e negativascoinci<strong>de</strong>m (moléculas apolares) ou não (moléculas polares). A água é umexemplo bem conhecido <strong>de</strong>ste último tipo. Se um dielétrico polar não estivereletrizado, as moléculas estarão distribuídas ao acaso como mostra a figura 1.5.Figura 1.5: Dielétrico não polarizado.Ao aproximarmos <strong>de</strong>sse dielétrico um corpo carregado, ocorrerá umalinhamento nas moléculas do isolante, como ilustrado na figura 1.6.26


Figura 1.6: Dielétrico polarizado.Esse efeito é <strong>de</strong>nominado polarização. Ele faz aparecer cargas elétricas <strong>de</strong>sinais contrários nas extremida<strong>de</strong>s do dielétrico, como no caso mostrado na figura1.7.Figura 1.7: Cargas contrárias nas extremida<strong>de</strong>s do dielétrico.Se as moléculas forem apolares, elas inicialmente polarizar-se-ão <strong>de</strong>maneira análoga àquela em que houvesse indução eletrostática enquanto o corpocarregado estiver próximo do dielétrico. Quando o corpo for afastado, o dielétricovoltará a ser neutro.1.5 ELETROSCÓPIOSUm eletroscópio é um dispositivo que nos permite verificar se um corpo estáeletrizado. Um tipo comum <strong>de</strong> eletroscópio é o eletroscópio <strong>de</strong> folhas. Ele consisteem uma haste condutora tendo em sua extremida<strong>de</strong> superior uma esfera metálica ena extremida<strong>de</strong> inferior, duas folhas metálicas leves, sustentadas <strong>de</strong> modo quepossam se abrir e se fechar livremente, como po<strong>de</strong> ser visto na figura 1.8.Figura 1.8: Eletroscópio <strong>de</strong> folhas.Se um corpo eletrizado positivamente for aproximado do eletroscópio (semtocá-lo), vai haver indução eletrostática e os elétrons livres serão atraídos para a27


esfera. Dado que a carga total é conservada, um excesso <strong>de</strong> cargas positivas vaiaparecer nas folhas, que ten<strong>de</strong>rão a se repelir. Por isso, as duas folhas ten<strong>de</strong>rão ase separar.O que aconteceria se o corpo que se aproxima do eletroscópio estivesseeletrizado negativamente? É fácil chegar à conclusão <strong>de</strong> que aconteceriaexatamente a mesma coisa, porém as cargas negativas se localizariam nas folhas eas cargas positivas na esfera.Um resultado importante <strong>de</strong>sses fatos é que em ambos os casos ocorre aabertura das folhas. Então não é possível <strong>de</strong>terminar o sinal da carga do corpocarregado que se aproximou, apenas se ele está ou não carregado.Suponhamos um eletroscópio carregado positivamente, como na figura 1.9.Se aproximarmos um corpo eletrizado <strong>de</strong>sse sistema, observamos que as folhas doeletroscópio, que estavam abertas, se aproximam ou se afastam. De fato, se oobjeto estiver carregado negativamente, elétrons livres da esfera serão repelidos ese <strong>de</strong>slocarão para as folhas. Esses elétrons neutralizarão parte da carga positiva aíexistente e por isso o afastamento entre as folhas diminui. Analogamente, po<strong>de</strong>mosconcluir que, se o afastamento das folhas for aumentado pela aproximação docorpo, o sinal da carga nesse corpo será positivo.Figura 1.9: Eletroscópio <strong>de</strong> folhas carregado positivamente.EXEMPLO 1.3Consi<strong>de</strong>re duas esferas metálicas como as da figura 1.10.28


Figura 1.10: Esfera metálica montata sobre um suporte <strong>de</strong> material isolante.a) Como é possível carregá-las com cargas <strong>de</strong> mesmo sinal utilizando umbastão <strong>de</strong> vidro atritado com seda?b) Se uma das esferas fosse maior, elas ficariam com a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>carga após o processo escolhido por você no item a?SoluçãoEm primeiro lugar, do que vimos da eletrização por atrito, sabemos que umbastão <strong>de</strong> vidro atritado com seda vai ficar carregado positivamente. Seaproximarmos esse bastão <strong>de</strong> uma das esferas condutoras, teremos a situação dafigura 1.4a.Não po<strong>de</strong>mos tocar as esferas com o bastão. Mas, que tal aproximarmos asesferas até que elas se toquem?Elétrons da esfera à esquerda vão migrar para a esfera da direita, figura1.11a, anulando as cargas positivas. Haverá, então, um excesso <strong>de</strong> cargas positivasna esfera da esquerda.Afastando-se as esferas e também o bastão, a esfera da direita estarácarregada negativamente e a da esquerda, positivamente. A situação final estáesquematizada na figura 1.11b. Fica claro que o tamanho das esferas não tempapel algum no processo.Figura 1.11: (a) transferência <strong>de</strong> elétrons entre as duas esferas e (b) configuraçãofinal <strong>de</strong> cargas.29


ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.8Consi<strong>de</strong>re novamente as duas esferas metálicas da figura 1.11. Determine umamaneira <strong>de</strong> carregá-las eletricamente, com cargas elétricas <strong>de</strong> sinais opostos,utilizando um bastão carregado.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.9O fato <strong>de</strong> que não é possível <strong>de</strong>terminar o sinal da carga nessas condições nãosignifica que não seja possível fazer isso modificando o experimento. Qual seriaessa modificação? Pense um pouco antes <strong>de</strong> consultar a resposta!ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.10Sabe-se que o corpo humano é capaz <strong>de</strong> conduzir eletricida<strong>de</strong>. Explique entãoporque uma pessoa segurando uma barra metálica em suas mãos não consegueeletrizá-la por atrito?EXEMPLO 1.4Um ônibus em movimento adquire carga eletrica em virtu<strong>de</strong> do atrito com o ar.a) Se o clima estiver seco, o ônibus permanecerá eletrizado? Explique.b) Ao segurar nesse ônibus para subir, uma pessoa tomará um choque.Por quê?c) Esse fato não é comum no Brasil. Por quê?Solução:a) Sim, pois os pneus são feitos <strong>de</strong> borracha, que é um isolante, e impe<strong>de</strong>mque o ônibus seja <strong>de</strong>scarregado para a Terra.b) O choque elétrico será causado pelo fato <strong>de</strong> que nossa mão é umcondutor e haverá troca <strong>de</strong> cargas entre o ônibus e a mão da pessoa.c) A umida<strong>de</strong> do nosso clima traz à discussão um novo elemento: a água.Como você sabe a água pura não é um bom condutor. Contudo, é muito difícilencontrar água pura e a presença <strong>de</strong> sais, normalmente dissociado em íons,transforma a água em excelente condutora <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>. Devido a isso, os ônibusnum clima muito úmido nunca chegam a reter uma carga apreciável.30


ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.11(a) Os caminhões transportadores <strong>de</strong> combustível costumam andar com umacorrente metálica que arrasta no chão. Explique.(b) Porque os materiais usados nas indústrias <strong>de</strong> tecido e papel precisam ficarem ambientes ume<strong>de</strong>cidos?1.6 APLICAÇÃO TECNOLÓGICA DO FENÔMENO ELETRIZAÇÃOA eletrização <strong>de</strong> corpos por atrito é utilizado nos dispositivos <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong>fotocópias (xerox, etc). Por exemplo, o pó negro resinoso é misturado comminúsculas esferas <strong>de</strong> vidro. Durante esse processo, as esferas adquirem cargaspositivas e os grãos <strong>de</strong> pó, cargas negativas. Devido à força <strong>de</strong> atração, os grãos <strong>de</strong>pó cobrem a superfície das esferas, formando um camada fina.O texto ou <strong>de</strong>senho a ser copiado é projetado sobre uma placa fina <strong>de</strong>selênio, cuja superfície está carregada positivamente. Essa placa dispõe-se sobreuma superfície metálica carregada negativamente. Sob a ação da luz, a placa<strong>de</strong>scarrega e a carga positiva fica apenas nos setores que correspon<strong>de</strong>m aos locaisescuros da imagem. Depois disso, a placa é revestida por uma fina camada <strong>de</strong>esferas <strong>de</strong> vidro. A atração <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> sinais contrários faz com que o pó resinosose <strong>de</strong>posite na placa com cargas negativas. Em seguida, as esferas <strong>de</strong> vidroretiram-se por meio <strong>de</strong> uma sacudi<strong>de</strong>la. Apertando com força a folha <strong>de</strong> papelcontra a placa, po<strong>de</strong>-se obter uma boa impressão. Fixa-se, finalmente, esta últimapor meio <strong>de</strong> aquecimento.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.12Pesquise sobre as diferenças das impressoras a laser e a jato <strong>de</strong> tinta. Comosão geradas as imagens dos caracteres nesses dois tipos <strong>de</strong> impressoras?31


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASATIVIDA<strong>DE</strong> 1.1Somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> atritado, o papel ou a linha são atraídos pela caneta.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.2Se os corpos são compostos da mesma substância, ao serem atritados nãohaverá transferência <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> um corpo para outro e eles permanecerãocomo estão.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.3Na lista acima, que relata os materiais <strong>de</strong> acordo com a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>adquirirem cargas positivas, o enxofre vem antes do algodão. Portanto, quando oalgodão atrita o enxofre, ele adquire carga negativa. O enxofre, obviamente,adquire carga positiva.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.4As condutivida<strong>de</strong>s térmicas e elétricas estão diretamente relacionadas aoselétrons livres presentes no material. Condutores possuem elétrons livres na suaestrutura por isso são bons condutores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> calor.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.5a) Cargas elétricas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem, enquanto que cargas <strong>de</strong>sinais opostos se atraem (figura 1.12a). Se você toca uma esfera com uma réguacarregada, a esfera também ficará carregada, pois haverá movimento <strong>de</strong> elétrons<strong>de</strong> uma para a outra (figura 1.12b). Devido à repulsão dos elétrons, que possuemmobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um condutor, eles se movem por toda a superfície da esferaaté atingirem uma situação <strong>de</strong> equilíbrio, chamado equilíbrio eletrostático. Nessasituação a distribuição <strong>de</strong> cargas na esfera é uniforme (figura 1.12c).32


Figura 1.12 (a) a réguapolariza a esfera condutora.(b) eletrização por contatoentre a régua e a esfera.(c) equilíbrio eletrostáticoapós o contato ser <strong>de</strong>sfeito.b) Em materiais condutores com pontas, a carga elétrica não fica distribuídauniformemente sobre a sua superfície. Devido à repulsão entre os elétrons, boaparte <strong>de</strong>les se dirige para as regiões com ponta até que se estabeleça a condição <strong>de</strong>equilíbrio. Veja a figura 1.13.Figura 1.13 po<strong>de</strong>r das pontasATIVIDA<strong>DE</strong> 1.6a) Quando a caneta eletrizada é aproximada do filete <strong>de</strong> água, este é atraído<strong>de</strong>vido à POLARIZAÇÃO. A água é uma molécula polar. Embora ela sejaeletricamente neutra, ocorre um ligeiro <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> cargas, <strong>de</strong> modo que aextremida<strong>de</strong> ocupada pelo átomo <strong>de</strong> oxigênio fica com uma carga liquidanegativa e a extremida<strong>de</strong> ocupada pelos átomos <strong>de</strong> hidrogênio fica com umacarga liquida positiva. Desse modo, quando a caneta negativamente carregadaé aproximada do filete as moléculas <strong>de</strong> água sofrem um pequeno <strong>de</strong>slocamentoconforme a figura 1.14a. Ocorre então atração entre a carga positiva damolécula <strong>de</strong> água e a carga negativa da régua. Ocorre também repulsão entre acarga negativa da molécula <strong>de</strong> água (extremida<strong>de</strong> ocupada pelo átomo <strong>de</strong>oxigênio) e a carga negativa da caneta, mas essa interação é menos intensaque a atração, pelo fato <strong>de</strong>ssas cargas estarem a uma distância maior – issoserá bem estudado com a lei <strong>de</strong> Coulomb, que relaciona a intensida<strong>de</strong> da força33


elétrica entre cargas e a distancia entre elas; quanto maior a distância entreduas cargas elétricas menor é a intensida<strong>de</strong> da força elétrica entre elas.b) Haverá atração entre o filete <strong>de</strong> água e a caneta eletrizada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dosinal da carga da caneta. Se, por exemplo, a caneta estivesse carregadapositivamente as moléculas <strong>de</strong> água também sofreriam um ligeiro<strong>de</strong>slocamento, ficando a extremida<strong>de</strong> negativa mais próxima da régua,conforme a figura 1.14b.Figura 1.14 (a) atração dofilete <strong>de</strong> água pela canetaeletrizada(b) atração do filete <strong>de</strong> águapela caneta eletrizadain<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal da carga.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.7a) Juntando os lados com cola/sem cola <strong>de</strong> dois pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva,separando-os e em seguida aproximando-os, você po<strong>de</strong>rá observar que eles seatraem. Isso por que ao separá-los, o pedaço sem cola per<strong>de</strong> elétrons para opedaço da fita a<strong>de</strong>siva com cola. Veja a figura 1.15a.b) É possível que juntando os dois lados com cola você não tenha observadonenhuma interação entre os dois pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva. Isso por que a cola éum isolante e estará presente nos dois pedaços <strong>de</strong> fita. Então não há perda ouganho <strong>de</strong> cargas para que os pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva fiquem carregadoseletricamente. Veja a figura 1.15b.34


Figura 1.15 (a) junção dasfitas com cola em apenas umlado.(b) junção das fitas com colados dois ladosATIVIDA<strong>DE</strong> 1.8A aproximação do bastão carregado provoca uma separação <strong>de</strong> cargas quepo<strong>de</strong> ser vista na figura 1.4a. Se na extremida<strong>de</strong> oposta ao bastão for conectadoum fio terra, elétrons da Terra migrarão para essa extremida<strong>de</strong>, atraídos pela cargapositiva em excesso <strong>de</strong>ste lado. Depois <strong>de</strong> retirado o fio terra e afastado o bastão,a esfera ficará com cargas elétricas negativas em excesso, em outras palavras, ficacarregada negativamente, veja a figura 1.4c. Agora basta colocar as duas esferasem contato para que as duas fiquem carregadas com o mesmo sinal.Figura 1.16: Esferas carregadas com o mesmo sinal.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.9Seria necessário, em primeiro lugar, eletrizar o eletroscópio. Isto po<strong>de</strong> serfeito ou por atrito ou por indução usando os métodos das seções anteriores. Se osinal da carga do eletroscópio for conhecido, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir o sinal da carga <strong>de</strong>um corpo eletrizado que se aproxima. Suponhamos um eletroscópio carregadopositivamente, como na figura 1.17. Se aproximarmos um corpo eletrizado <strong>de</strong>ssesistema, observaremo que as folhas do eletroscópio, que estavam abertar, se35


aproximam ou se afastam. De fato, se o objeto estiver carregado negativamente,elétrons livres da esfera serão repelidos e se <strong>de</strong>slocarão para as folhas. Esseselétrons neutralizarão parte da carga positiva aí existente e por isso o afastamentodas folhas diminui. Analogamente, po<strong>de</strong>mos concluir que, se o afastamento dasfolhas for aumentado pela aproximação do corpo, o sinal da carga nesse corpo serápositivo.Figure 1.17 Descobrindo o sinal da carga <strong>de</strong> teste em um eletroscópio <strong>de</strong>folhas.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.10O corpo humano funciona como um fio terra.ATIVIDA<strong>DE</strong> 1.11(a) O fato da corrente ser condutora permite o estabelecimento <strong>de</strong> umcontato direto com a Terra. Isso então impe<strong>de</strong> que o caminhão adquira quantida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cargas capazes <strong>de</strong> provocar centelhas.(b) A eletricida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses materiais vai se transferir para as gotículas <strong>de</strong>água, que conduzirão para a Terra a carga elérica que se forma por atrito.PENSE E RESPONDAPR1.1) Em dias úmidos as <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> eletrostática não funcionam muitobem. Você consegue explicar o por quê?PR1.2) Um operador da central <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> dados da Usiminas reclamavaque seu computador <strong>de</strong>sligava misteriosamente toda vez que ele tocava no teclado.Seu chefe então or<strong>de</strong>nou que retirassem as rodinhas da ca<strong>de</strong>ira do operador, queficava em cima <strong>de</strong> um carpete. Você acha que o problema foi resolvido?36


PR1.3) Os astronomos que utilizam os telescópios do Cerro Tololo InterAmericanObservatory (CTIO) localizado no <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Atacama, Chile são obrigados atrabalhar aterrados o tempo todo. Você consegue explicar o por quê?PR1.4) Duas cargas q 1 e q 2 atraem-se mutuamente. Uma carga q 3 repele a cargaq 2. As cargas q 1 e q 3 , quando colocadas próximas uma da outra, serão atraídas,repelidas ou nada acontecerá?PR1.5) Você consegue imaginar um experimento para mostrar que a água pura nãoé boa condutora <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>?37


AULA 2: LEI <strong>DE</strong> COULOMBOBJETIVOS• ENUNCIAR AS CARACTERÍSTICAS DA FORÇA ELÉTRICA• APLICAR A LEI <strong>DE</strong> COULOMB EM SITUAÇÕES SIMPLES• EXPLICAR O SIGNIFICADO DA CONSTANTE <strong>DE</strong> PERMISSIVIDA<strong>DE</strong> DO VÁCUO2.1 A LEI <strong>DE</strong> COULOMBEm 1785, Charles Augustin <strong>de</strong> Coulomb (1736 - 1806) realizou uma série <strong>de</strong>medidas cuidadosas das forças entre duas cargas usando uma balança <strong>de</strong> torção,semelhante à que Cavendish usou para comprovar a teoria da Gravitação. Através<strong>de</strong>ssas medidas, Coulomb mostrou que, tanto para a atração como para a repulsão <strong>de</strong>cargas elétricas pontuais:(a) o módulo da força <strong>de</strong> interação F entre duas cargas pontuais é proporcional aoproduto <strong>de</strong>ssas cargas, ou seja:F ∝ Q 1 Q 2(b) o módulo da força <strong>de</strong> atração ou repulsão entre duas cargas pontuais éinversamente proporcional ao quadrado da distância r entre elas.F ∝12rA força F que atua entre as cargas é <strong>de</strong>nominada força elétrica ou forçaeletrostática.A experiência nos mostra também que a força elétrica tem as seguintescaracterísticas:(a) é uma força <strong>de</strong> ação e reação; sua direção é a da linha que une as duas cargas e oseu sentido <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal relativo das cargas, como se vê na figura 2.1;38


(b) a força entre duas cargas elétricas é sempre instantânea, <strong>de</strong> acordo com a FísicaClássica;(c) a força <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do meio em que as cargas elétricas estão situadas.Tendo em vista essas informações, po<strong>de</strong>mos escrever que o vetor forçaelétrica que atua entre duas cargas elétricas pontuais po<strong>de</strong> ser escrito como:(2.1)r Q1Q2F = Kerˆ2rem queKeé uma constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> e rˆ é o vetor unitário na direçãoque passa pelas cargas elétricas (na Figura 2.1, ele tem o sentido <strong>de</strong> Q1para Q2). Aequação 2.1 é a expressão matemática da Lei <strong>de</strong> Coulomb.Figura 2.1: (a) e (b) duas cargas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem. (c) cargas <strong>de</strong> sinaisopostos se atraem. Estão indicados também os vetores força elétrica F r 12da carga Q1sobre Q2e12F r da carga2r rF 12= −F 21Newton temos que .Q sobre1Q bem como o vetor unitário rˆ . Pela 3ª. Lei <strong>de</strong>A <strong>de</strong>pendência da força elétrica com o meio é levada em conta na constanteKe. Para o vácuo,Keé escrita na forma:Ke=14π ε039


em que ε0é uma outra constante <strong>de</strong>nominada permissivida<strong>de</strong> do vácuo.Se medirmos a carga elétrica em Coulomb, o valor <strong>de</strong>ssa constante no SI é:ε−12−1−208,854 × 10 N . m .= C2O valor numérico <strong>de</strong>Kee sua unida<strong>de</strong> são, então:K e= 8,98749 2× 10 N.m . C−2O valor da permissivida<strong>de</strong> do ar é muito próximo do valor da permissivida<strong>de</strong> dovácuo. Assim vamos supor que elas são iguais. Dessa forma, a lei <strong>de</strong> Coulomb po<strong>de</strong>ser escrita como:rF14π ε 0Q Q1 2=2rrˆ(2.2)SAIBA MAISO SISTEMA <strong>DE</strong> UNIDA<strong>DE</strong>S NA ELETROSTÁTICANa equação 2.1 conhecemos as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> força e <strong>de</strong> distância; falta então<strong>de</strong>finir as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga elétrica e da constanteKe. Isso po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> duasmaneiras:(1) po<strong>de</strong>mos atribuir à constanteeK um valor arbitrário ( K = 1e, para facilitar) e<strong>de</strong>terminar a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> modo tal que a força elétrica que atue entre duascargas unitárias, situadas à distância unitária uma da outra, seja também unitária.Essa foi a maneira adotada para o sistema CGS <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s (o sistema CGS tem comounida<strong>de</strong>s fundamentais o centímetro, o grama e o segundo). Nele, escreve-se omódulo da lei <strong>de</strong> Coulomb para o vácuo como:Q QF = r1 2240


A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga é chamada <strong>de</strong> statcoulomb. Duas cargas <strong>de</strong> 1 statcoulomb,situadas a um centímetro <strong>de</strong> distância uma da outra no vácuo, exercem uma forçamútua <strong>de</strong> 1 dyna (510 − N). Temos que 1 statcoulomb = 3,336 x 10 −10C.(2) A outra maneira consiste em <strong>de</strong>finir a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da lei<strong>de</strong> Coulomb e <strong>de</strong>terminar o valor da constanteKeexperimentalmente, a partir daunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. O inconveniente <strong>de</strong>sse modo é que, toda vez que uma medida daconstante muda seu valor, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga elétrica tem que ser modificada.O Coulomb foi <strong>de</strong>finido através do conceito <strong>de</strong> corrente elétrica, sendo portanto,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da lei <strong>de</strong> Coulomb. Ele é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga elétrica adotada no sistemaMKS (que tem como unida<strong>de</strong>s fundamentais o metro, o quilograma e o segundo), e aconstanteKe, nesse sistema, é <strong>de</strong>terminada experimentalmente.Em 1901, Giovanni Giorgi (1871 -- 1950) mostrou que o sistema <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>sdo eletromagnetismo po<strong>de</strong>ria ser incorporado ao sistema MKS, admitindo que a cargaelétrica é a quarta gran<strong>de</strong>za fundamental <strong>de</strong>ste sistema, além do comprimento, tempoe massa (fato que, inclusive, foi a origem do Sistema Internacional). Para isso, bastavamodificar algumas equações do eletromagnetismo. Uma <strong>de</strong>ssa modificações implicouem escrever a constanteKena forma:Ke=14π ε0em que a nova constante ε0, <strong>de</strong>nominada permissivida<strong>de</strong> do vácuo, tem como valor:1−12−1−2ε0= = 8,854×10 N . m . C− 7 24π.10 c2Em 1960, na 11ª Conferência Geral <strong>de</strong> Pesos e Medidas, <strong>de</strong>cidiu-se adotar umvalor fixo para a constanteKeno vácuo e <strong>de</strong>finir o Coulomb a partir <strong>de</strong>le. Assim,adotou-se o valor:K e7 2= 10− c = 8,9874 ×109em que c é a velocida<strong>de</strong> da luz no vácuo.Com esse valor <strong>de</strong>Ke, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga --- o Coulomb --- passou a ser41


<strong>de</strong>finida como a carga que, colocada no vácuo, a um metro <strong>de</strong> uma carga igual, arepeliria com uma força <strong>de</strong>98,9874 × 10 N. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Keno SI é N.m 2 /C 2 .EXEMPLO 2.1Qual a magnitu<strong>de</strong> da força eletrostática repulsiva entre dois prótons separados emmédia <strong>de</strong>−154,2 × 10 m em um núcleo <strong>de</strong> Ferro?Solução: Escrevemos imediatamente:F=14πε0Qr22ou:−1929 2 2−1921 (1,60×10 C)(8,98×10 N m / C )(1,60 × 10 C)F = == 12, 9−152−1524π ε (4,2 × 10 m)(4,2×10 m)0NATIVIDA<strong>DE</strong> 2.1Compare a magnitu<strong>de</strong> da força gravitacional entre esses dois prótons com a magnitu<strong>de</strong>da força elétrica calculada no exemplo 2.1?EXEMPLO 2.2Duas bolinhas pintadas com tinta metálica estão carregadas. Quando estão afastadas<strong>de</strong>24 ,0× 10 m atraem-se com uma força <strong>de</strong>527× 10 N. Encosta-se uma na outra semtocar-lhes com a mão. Afastando-as novamente até a distância <strong>de</strong>24 ,0× 10 m elas serepelem com a força <strong>de</strong>repulsiva.59× 10 N. Explique porque a força mudou <strong>de</strong> atrativa paraSolução: Vamos começar pensando nos princípios gerais <strong>de</strong> Física que envolvemcargas: lei <strong>de</strong> Coulomb e conservação da carga. A lei <strong>de</strong> Coulomb nos diz que ascargas vão se atrair porque as suas cargas são opostas. A conservação da carga nos42


diz que a carga total se conserva no processo po<strong>de</strong>ndo apenas se redistribuir. Então,ao serem postas em contato, as bolinhas vão sofrer uma redistribuição <strong>de</strong> carga graçasàs forças <strong>de</strong> atração. Como quantida<strong>de</strong>s iguais <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> sinais contrários secancelam, temos, no final, uma carga líquida <strong>de</strong> mesmo sinal em ambas as bolinhas,causando portanto uma força repulsiva entre elas.2.2 FORÇA <strong>DE</strong> UM CONJUNTO <strong>DE</strong> CARGASComo acontece com a força gravitacional, as forças eletrostáticas tambémobe<strong>de</strong>cem ao Princípio <strong>de</strong> Superposição. Quando um conjunto <strong>de</strong> várias cargasexercem forças (<strong>de</strong> atração ou repulsão) sobre uma dada carga q0, a força total sobreesta carga é a soma vetorial das forças que cada uma das outras cargas exercemsobre ela:rF=rqNN0i0∑Fi= ∑ r r rˆ0− rˆi=2i= 1 4πε0 i=10−4iqqπεN∑0 i=1r0qir−i2r0r0r−ir−i(2.3)em queerrˆqié a i-ésima carga do conjunto,r − r0 ié a distância entre0ˆ0−ié o vetor unitário da direção que une a carga0sentido é o <strong>de</strong> q0paraq e a cargaq à cargaqiqi, cujoqi. Ou seja, cada carga interage com uma dada carga q0in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das outras, e a força resultante sobre q0cada uma <strong>de</strong>ssas forças.é a soma vetorial <strong>de</strong>Três cargas = 1,51+EXEMPLO 2.3Q mC, Q = 0,5 mC e = 0,22−Q mC estão dispostas como na3Figura 2.2 (1 mC =310 − C). A distância entre as cargas Q1e Q3vale 1,2m e adistância entre as cargas Q2e Q3vale 0,5 m. Calcular a força resultante sobre acarga Q3Solução: Seja um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem na carga Q3, e eixos dirigidos43


como mostrado na Figura 2.2.Figura 2.2 – Disposição das cargas elétricas do Exemplo 2.3A força <strong>de</strong> Q1sobre Q3é repulsiva pois ambas as cargas são positivas; a força<strong>de</strong> Q2sobre Q3é atrativa pois as cargas possuem sinais diferentes, Assim, temosque:−3−31 Q1Q39 2 2 (1,5×10 C)(0,2×10 C)= = 9,0×10 N m / C= 1,88×1022 24πεr(1,2) mF x3013Ne:−3−31 Q2Q39 2 2 (0,5×10 C)(0,2× 10 C)= = 9.0×10 N m / C= 3,60×1022 24πεr0,5 mF y3023NNote que as equações acima nos dão o módulo das componentes da força total.Portanto, nelas, as cargas entram sempre com sinal positivo. A direção e sentido dasforças componentes são <strong>de</strong>terminadas com um diagrama, ver figura2.3. O módulo daforça resultante F é:F=2 2Fx + Fy= 4,06 × 103N.Como a força elétrica é um vetor, temos que especificar sua direção e sentido. Se θ éo ângulo que o vetor F r faz com o eixo Ox, temos:F3,60 × 10=1,88×103ytgθ =3Fx= 1.91⇒θ = 62o,4.44


Figura 2.3: Diagrama das componentes do vetor força, F r .EXEMPLO 2.4Uma carga Q é colocada em cada um <strong>de</strong> dois vértices da diagonal <strong>de</strong> um quadrado.Outra carga q é fixada nos vértices da outra diagonal, conforme mostra a Figura 2.4 .Para que a carga Q do vértice inferior esteja sujeita à uma força eletrostáticaresultante nula, como <strong>de</strong>vem estar relacionadas as cargas Q e q ?Figura 2.4 – Disposição das cargas elétricas do exemplo 2.4.Solução: Uma inspeção na figura nos mostra que as cargas Q e q <strong>de</strong>vem ter sinaisopostos, para que não não haja força sobre Q . As forças eletrostáticas que atuam nacarga Q do vértice inferior do quadrado são mostradas na Figura 2.4. Temos que:∑F x= −FQQcosα+ FqQ= 0∑F α +y= −FQQsen FqQ= 0em que α é o ângulo queFQQfaz com o eixo Ox. Mas:45


cos α = a/a 2 = 1/2,e1 Q4 πε02aF QQ=214 πε2,Qq.F qQ=20 aCom esses valores, a condição <strong>de</strong> equilíbrio fica:21 ⎛ Q 1 ⎞ 1 Qq−224πε⎜0 2a2⎟ +⎝ ⎠ 4πε0 a= 0⎛ Q−⎜⎝ 2a221 ⎞2⎟ +⎠Qqa2= 0⎛ Q ⎞− ⎜ ⎟ + q = 0⎝ 2 2 ⎠Q =2 2Finalmente, levando em conta que as cargas tem sinais opostos, temos:Q = − 2 2q(o sinal negativo indica cargas <strong>de</strong> sinal contrário).qATIVIDA<strong>DE</strong> 2.2Duas esferas condutoras <strong>de</strong> massa m estão suspensas por fios <strong>de</strong> seda <strong>de</strong>comprimento L e possuem a mesma carga q , como é mostrado na Figura 2.5.:(a) Consi<strong>de</strong>rando que o ângulo θ é pequeno, calcule a a distância x entre asesferas, no equilíbrio, em função <strong>de</strong> q , m , L , ε0e g .(b) Sendo L = 80 cm; m = 5,0 g e x = 10,0 cm, calcule o valor <strong>de</strong> q paraessa situação. Verifique se, com esses dados, a hipótese <strong>de</strong> quetgθ≈ senθé válida.46


Figura 2.5: Esferas condutoras suspensas.ATIVIDA<strong>DE</strong> 2.3Suponha que o gráfico da figura 2.6 corresponda a duas bolas <strong>de</strong> beisebol com massas0,142 kg e cargas positivas iguais. Para cada bola <strong>de</strong>termine o número <strong>de</strong> elétrons quefaltam e estime a fração <strong>de</strong>stes elétrons faltantes em relação ao número <strong>de</strong> cargaspositivas.Figura 2.6- Gráfico <strong>de</strong> F F versus r .2.3 A LEI <strong>DE</strong> COULOMB EM UM DIELÉTRICOSuponhamos agora, que duas cargas Q1e Q2fossem colocadas no interior <strong>de</strong>um material dielétrico qualquer. A experiência nos mostra que, nesse caso, a interaçãoentre as cargas sofre uma redução, cuja intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do meio.meio. Assim:O fator <strong>de</strong> redução é <strong>de</strong>notado por ké chamado <strong>de</strong> constante dielétrica do47


F14πk εQQ1 2=20 rrˆ.(2.5)Uma maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r esse fato é consi<strong>de</strong>rando uma situação simples.Sejam duas placas condutoras situadas no vácuo, carregadas eletricamente comcargas iguais mas <strong>de</strong> sinais contrários, conforme mostra a figura 2.7.Figura 2.7: Carga entre placas condutoras.Colocando-se uma carga q entre as placas, uma força F r atua sobre essa carga<strong>de</strong>vido às cargas nas placas.Se essas placas forem preenchidas por um dielétrico, já sabemos que odielétrico ficará polarizado, como discutimos anteriormente: as cargas queaparecem na superfície do dielétrico são <strong>de</strong>nominadas cargas <strong>de</strong> polarização.Figura 2.8: Polarização <strong>de</strong> um dielétrico entre placas carregadasNa Figura 2.8 é fácil perceber que o efeito líquido <strong>de</strong>ssa polarização seráneutralizar parcialmente as cargas das duas placas e portanto a força original (novácuo)Fovai diminuir. O grau <strong>de</strong> polarização do meio vai nos dizer quantitativamenteo tamanho <strong>de</strong>ssa diminução. A Tabela 2.1 mostra os valores da constante dielétrica <strong>de</strong>alguns materiais.48


TABELA 2.1: CONSTANTE DIELÉTRICA PARA ALGUNS MATERIAISMaterial Constantedielétrica (K)Vácuo 1,0000Ar1,0005Benzeno 2,3Âmbar 2,7Vidro 4,5Óleo 4,6Mica 5,4Glicerina 43Água 8149


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASATIVIDA<strong>DE</strong> 2.1Usamos a lei <strong>de</strong> Newton <strong>de</strong> gravitação:F= Gmr2p2Com os valores dados, temos que:F g=(6,67 × 10−112N m / kg(4,2 × 102)(1,67 × 102m )−15−27Kg)2= 1,05×10−35N.A força gravitacional é cerca <strong>de</strong> 10 36 vezes menor que a força elétrica. Esse resultadonos diz que a força gravitacional é muito pequena para equilibrar a força eletrostáticaexistente entre os prótons no núcleo dos átomos. É por isso que temos que invocar aexistência <strong>de</strong> uma terceira força, a força forte, que age entre os prótons e os nêutronsquando estão no núcleo. A força forte é uma força atrativa.ATIVIDA<strong>DE</strong> 2.2(a) Vamos estudar as forças que agem nas esferas:Figura 2.9: Forças que agem nas eferas50


Note da Figura 2.9 que a ação da força peso é anulada pela componente vertical datensão na corda Tye a força elétrica, pela sua componente horizontal.Matematicamente, essas condições se expressam da seguinte maneira:Tsenθ= FC=1 q4π ε x022e:T cosθ = mgAgora, a melhor estratégia para eliminar a incógnita T é dividir as duas equações.Teremos:Setg θ ≈ senθ= x/2L(ver figura) então:Portanto:t2qθ =4πεxg20mg22x q3 q 2L=⇒ x =22L4π ε x mg 4πε mg00(b) Temos:2⎛ q L ⎞x =⎜2⎟⎝ π ε0mg ⎠1/3⎛ 4π ε0mgxq = ±⎜⎝ 2L3⎞⎟⎠1/2≈3,47 × 10−15= 5,9 × 10−8Cesenθ=x2L=0,102 × 0,80= 0,06cosθ=1−(0,06)2 ≅0,9964Portanto a hipótese é verificada.ATIVIDA<strong>DE</strong> 2.32r FVamos começar calculando a carga q , igual em ambas as bolas: q = .1/ 4πε051


Po<strong>de</strong>mos escolher qualquer ponto na curva para calcularq . Por exemplo,−6F = 9,0×10 N e = 4,0r m, o que dá:2−69 2 2−7q = 4,0 m × 9,0×10 N×9,0×10 N m / C == 1,3 × 10 C = 0,13µC.Seja n o número <strong>de</strong> elétrons que faltam em cada bola:−7q 1,3×10 Cn = == 7,9×10−19e 1,6×10 C11eletrons.Num objeto neutro, o número <strong>de</strong> elétrons é igual ao número <strong>de</strong> prótons. A fração doselétrons que falta én/ Np, on<strong>de</strong> NPé o número <strong>de</strong> prótons.Consi<strong>de</strong>rando que uma bola <strong>de</strong> beisebol tem massa <strong>de</strong> 0,142 kg e que meta<strong>de</strong><strong>de</strong>ssa massa é atribuída aos prótons e meta<strong>de</strong> aos neutrons. Dividindo então a massa<strong>de</strong> uma bola <strong>de</strong> beisebol pela massa <strong>de</strong> um par próton-neutron, obtemos umaestimativa <strong>de</strong>NP:NM+ m0,142kg25== 4,25 10 prótons.−27 2(1,67×10 kg)=m×P p nE a fração <strong>de</strong> elétrons ausentes, então, é dado por:nNP=117,9 × 10 elétronsque faltam255×10 prótons= 1,86 × 10.−14O que quer dizer esse resultado? Significa que um em cada13−145 ,4× 10 ou 1/(1,9 × 10 )elétrons está ausente em cada bola.EXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOE2.1) A que distância <strong>de</strong> uma carga elétrica Q=+3,50 mC <strong>de</strong>ve ser colocada outra9carga q=2,70 mC, no vácuo, para que a força elétrica entre elas seja <strong>de</strong> 5,64× 10 N?52


E2.2) Se as cargas do exercício E2.1 estiverem na glicerina, qual seria a resposta?E2.3) Uma carga positiva Q= 2,0 μC é colocada em repouso e no vácuo, a umadistância <strong>de</strong> 1,0 m <strong>de</strong> outra carga igual. Ela então é solta. Calcule:a) a aceleração da carga Q. Ela é igual à da outra?b) a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> percorrer uma distância <strong>de</strong> 5,0 mE2.4) Na Ativida<strong>de</strong> 2.2, qual é o ângulo entre linhas que suportam as cargas elétricas,se uma carga vale o dobro da outra? Qual é a distância entre elas agora?PROBLEMASP1.1) Três cargas q1=-6,0 µC, q2=+2,0 µC e q3=+4,0 µC são colocadas em linhareta. A distância entre q1 e q2 é <strong>de</strong> 2,0 m e a distância entre q2 e q3 é <strong>de</strong> 3,5 m.Calcule a força elétrica que atua em cada uma das cargas.P1.2) Quatro cargas iguais Q, duas positivas e duas negativas, são dispostas sobre umquadrado <strong>de</strong> lado a=1,0 m, <strong>de</strong> modo que cargas <strong>de</strong> mesmo sinal ocupam vérticesopostos. Uma carga Q/2 positiva é colocada no centro do quadrado. Qual a forçaresultante que atua sobre ela?P1.3) No problema P1.2, qual <strong>de</strong>ve ser a carga Q’ do centro do quadrado para que aforça resultante no centro do quadrado seja nula?P1.4) Uma carga Q é dividida em duas: q e Q-q. Qual <strong>de</strong>ve ser a relação entre Q e q seas duas partes, quando separadas a uma distância <strong>de</strong>terminada sofrem uma força <strong>de</strong>repulsão máxima?P1.5) Duas pequenas esferas carregadas positivamente possuem uma cargacombinada <strong>de</strong> 50 µC. Se elas se repelem com uma força <strong>de</strong> 1,0 N quando separadas<strong>de</strong> 2,0 m, qual é a carga em cada uma <strong>de</strong>las?P1.6) Um cubo <strong>de</strong> lado a tem uma carga positiva em cada um <strong>de</strong> seus vértices. Qual éo módulo da força resultante que atua em uma <strong>de</strong>ssas cargas?53


UNIDA<strong>DE</strong> 2CAMPO ELÉTRICOSe uma corpo carregado se afastasse <strong>de</strong> você nesse exato momento você acreditaque sentiria instantaneamente os efeitos <strong>de</strong> diminuição da força elétrica, comorequer lei <strong>de</strong> Coulomb, ou como estabalece a lei <strong>de</strong> ação e reação na MecânicaNewtoniana? Certamente não, porque as interações eletromagnéticas se propagamno espaço com uma velocida<strong>de</strong> finita. Para remover essa dificulda<strong>de</strong> da ação àdistância, será introduzido nesta unida<strong>de</strong> o conceito <strong>de</strong> campo elétric. Assim, ainteração entre as cargas acontece através da interação com o campo criado pelasoutras cargas, e não diretamente pelas força das cargas entre si.54


AULA 3: CAMPO ELÉTRICOOBJETIVOS• <strong>DE</strong>FINIR O VETOR CAMPO ELÉTRICO E ESTABELECER SUAS PROPRIEDA<strong>DE</strong>S• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA UMA DISTRIBUIÇÃO <strong>DE</strong> CARGASPUNTIFORMES E PARA UM DIPOLO EÉTRICO• UTILIZAR OS CONCEITOS <strong>DE</strong> LINHA <strong>DE</strong> FORÇA3.1 <strong>DE</strong>FINIÇÃO E DISCUSSÃO FÍSICA DO CAMPO ELETROSTÁTICOAs interações eletromagnéticas se propagam no espaço com uma velocida<strong>de</strong>finita. Isto significa que, quando uma carga elétrica, como por exemplo a da Figura3.1, se <strong>de</strong>sloca no espaço, a força elétrica que ela exerce sobre outra carga B varia,mas não instantaneamente como requer a lei <strong>de</strong> Coulomb, ou como estabalece a lei<strong>de</strong> ação e reação na Mecânica Newtoniana. O processo <strong>de</strong> transmissão dainformação (no caso o <strong>de</strong>slocamento da carga A) requer um certo intervalo <strong>de</strong>tempo, igual a ∆ t = d/c para se propagar, em que d é a distância entre as cargasA e B e c é a velocida<strong>de</strong> da luz.Figura 3.1: Posição relativa <strong>de</strong> A e B em diferentes instantes.Na eletrostática, a posição relativa, e consequentemente a distância entre ascargas, é sempre constante; por isso, é razoável supor uma hipótese <strong>de</strong> açãoinstantânea entre essas cargas em repouso. Mas, no caso <strong>de</strong> cargas emmovimento, temos que achar uma forma <strong>de</strong> resolver o problema da ação adistância.Se a força elétrica <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma ação direta entre as cargas, torna-senecessária a existência <strong>de</strong> um agente físico responsável pela transmissão dainformação (isto é, da força) entre uma carga e outra (no caso, <strong>de</strong> A para B). Esse56


agente físico, com existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da presença <strong>de</strong> outra carga com a quala carga original vai interagir, é o campo elétrico.Com a introdução do conceito <strong>de</strong> campo elétrico, po<strong>de</strong>mos visualizar ainteração entre as cargas A e B <strong>de</strong> uma maneira diferente da força <strong>de</strong> Coulomb,que é o resultado da interação direta entre cargas. Dizemos, então, que uma cargaou uma distribuição <strong>de</strong> cargas cria um campo elétrico nos pontos do espaço emtorno <strong>de</strong>la e que este campo elétrico é responsável pelo aparecimento da forçaelétrica que atua sobre uma carga elétrica <strong>de</strong> prova colocada em qualquer <strong>de</strong>ssespontos.Para verificar se existe um campo elétrico em um ponto P do espaço,utilizamos uma carga <strong>de</strong> prova positiva q0 , colocada nesse ponto; se houver umcampo elétrico nele, a carga <strong>de</strong> prova vai reagir como se estivesse sob a ação <strong>de</strong>uma força <strong>de</strong> origem elétrica. A carga <strong>de</strong> prova (sempre positiva) <strong>de</strong>ve sersuficientemente pequena para não alterar o campo neste ponto.A gran<strong>de</strong>za que me<strong>de</strong> o campo elétrico em um ponto P do espaço é o vetorcampo elétrico , <strong>de</strong>finido da seguinte forma (Figura 3.2):rEPrF= qP0(3.1)Figura 3.2: Campo elétrico em um ponto P, gerado por uma carga q.on<strong>de</strong> q0 é uma carga positiva colocada em P. A direção do vetor é a linha que une oponto P à carga que gera o campo e o sentido é o mesmo que o da força elétrica,F r P, que atua sobre a carga q0 , e o sentido, o da forçaF r P. Note que o campoelétrico em um ponto P do espaço é a força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que atua nesteponto. Ele <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, portanto do meio em que as cargas que geram o campo estão57


colocadas.A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo elétrico é obtida das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> força e <strong>de</strong> cargaelétrica. No SI, ela é o Newton por Coulomb (N/C).O campo elétrico é uma gran<strong>de</strong>za vetorial, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ponto noespaço on<strong>de</strong> se encontra. Na Física existem outros tipos <strong>de</strong> campos, como, porexemplo, o campo <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma flauta que está sendo tocada. Umadiferença importante é que o campo <strong>de</strong> pressão p ( x,y,z,t), embora também<strong>de</strong>penda do ponto no espaço e do tempo, é um campo escalar, isto é, à ele nãoestão associados direção e sentido naquele ponto, como no caso do campo elétrico.EXEMPLO 3.1Calcular o campo elétrico gerado por uma carga positiva Q em um ponto P situado àdistância r <strong>de</strong>la.Solução: Como a força elétrica exercida por uma carga Q sobre uma carga <strong>de</strong> provapositiva q0 , situada no ponto P, à distância r <strong>de</strong> Q, é:rFP1Qq0=24π ε 0 rPrˆPDa equação (3.1), temos, no ponto P da figura 3.2:rEPrF1QqP= =0 . rP=22q0 4π ε0 rPq04πε0 rP1ˆ1QrˆPNote que a equação acima nos dá o módulo do vetor. A direção é a da reta que une P aQ .Como Q é positiva (e q0 , por <strong>de</strong>finição é positiva), o campo tem sentido <strong>de</strong> Qpara P.ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.1Qual é a expressão do vetor campo elétrico gerado por uma carga elétrica negativano ponto P do Exemplo 3.1?58


3.2 Distribuição <strong>de</strong> cargas elétricas3.3:Consi<strong>de</strong>remos agora uma distribuição <strong>de</strong> cargas puntiformes como na figuraFigura 3.3: Distribuição <strong>de</strong> cargas puntiformes.Devido ao Princípio da Superposição o campo elétrico sobre a carga <strong>de</strong> provaq0 no ponto P é dado pela soma dos campos elétricos das cargas individuais, comose as outras não existissem:rE14π εq1rˆi=4πεrr|r−nnii p i= ∑2 ∑2 r0 i=1( rp− ri)0 i=1( rp− ri) p−iq|(3.2)on<strong>de</strong>rˆi é o vetor unitário da direção que une as cargas q0 eqi , comsentido da carga que gera o campo para a carga <strong>de</strong> prova, e é dado por:rˆir= r|ppr−ir−i|(3.3)carga é usarUm erro muito comum ao resolver problemas envolvendo distribuições <strong>de</strong>r P(ou r i ) no lugar <strong>de</strong>r rp − . A lei <strong>de</strong> Coulomb nos diz que adistância que <strong>de</strong>ve ser colocada nesse <strong>de</strong>nominador é a distância entre as duascargas cuja interação está sendo consi<strong>de</strong>rada. E essa distância não é r Pou r i masa diferença <strong>de</strong>sses vetores. Por isso, em todo problema <strong>de</strong> eletrostática é muitoimportante escolher um sistema <strong>de</strong> referência arbitrário e <strong>de</strong>finir todas asi59


distâncias envolvidas no problema <strong>de</strong> forma consistente com essa escolha.Preste muita atenção na <strong>de</strong>finição do vetor que localiza o ponto P (<strong>de</strong>observação, on<strong>de</strong> colocaremos a carga <strong>de</strong> prova), no ponto referente à carga quegera esse r i e na distância entre as cargas, que você vai usar na lei <strong>de</strong> Coulomb.Isto também vai ser igualmente importante quando estivermos calculando campos<strong>de</strong> distribuições contínuas <strong>de</strong> carga.Dadas duas cargasEXEMPLO 3.2−6Q = 2,0×10 C e−6q = 1,0×10 C, separadas pela distânciaL = 1,0 m. Determine o campo elétrico em um ponto P situado a uma distânciax = 0,50 m <strong>de</strong> Q .Figura 3.4: Configuração <strong>de</strong> cargas para o exercício.SOLUÇÃO: Consi<strong>de</strong>remos um eixo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas ao longo da linha Qq , comorigem na carga Q e dirigido para a carga q . Seja î o unitário do eixo (dirigidoportanto para a direita na figura 3.4). Os vetores-posição das cargas Q e q, e doponto P são, respectivamente:rr P= x iˆrr Q= 0 iˆrr q= L iˆEntão:r r − = x iˆr e − r= ( x − L ) i ˆPQPqNote que, comor rx < L , o vetor P − q é negativo e o seu unitário vale:r rp− i x − Lr r = iˆ= −iˆ|−| | x − L |piTemos, para os campos elétricos gerados por cada uma das cargas:rEQ= 1 Q rqiˆ1e Eq= −24πεx4πε( x L)20 0 −iˆ60


em que x = 0, 50 m é a distância <strong>de</strong> P à carga Q .Como as cargas são positivas, elas repelirão uma carga <strong>de</strong> prova. Então, ocampo gerado pela carga Q está dirigido para a direita na figura 3.4, enquanto queo gerado pela carga q , está dirigido para a esquerda. Assim, temos, para o módulodo campo resultante em P:rE⎡ 1 Q⎢ 2⎣4πε0 x1 q−4πε( x − L)= 20⎤⎥iˆ⎦em que os termos entre colchete correspon<strong>de</strong>m ao módulo do campo elétrico.Po<strong>de</strong>mos obter uma outra solução com o <strong>de</strong>senho dos vetores campo elétrico e doeixo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas. O campo da carga Q está dirigido no mesmo sentido que ounitário i do eixo, enquanto que o campo da carga q, tem o sentido oposto, <strong>de</strong>modo que:E =21 ⎡ Q q ⎤ 1 ⎡Q(L − x)− qx⎢ −22 ⎥ = ⎢ 224π ε0 ⎣ x ( x − L)⎦ 4π ε0 ⎣ x ( x − L)2⎤⎥⎦Desenvolvendo o colchete, obtemos:1 ⎡(Q − q)xE =4πε⎢⎣ x− 2QLx+ QL2( x − L20)4Colocando os valores numéricos vem: E = 3,6×10 N/C.22⎤⎥⎦ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.2Suponha agora que a carga q no exemplo 3.2 seja negativa. Qual a intensida<strong>de</strong> docampo no ponto P?ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.3No Exemplo 3.2, calcule o ponto em que o campo elétrico é nulo.3.3 O DIPOLO ELÉTRICOUm dipolo elétrico é constituido por duas cargas elétricas iguais e <strong>de</strong> sinais61


contrários, separadas por uma distância pequena em relação às outras distânciasrelevantes ao problema.Determinemos uma expressão para a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico noplano bissetor perpendicular <strong>de</strong> um dipolo (Figura 3.5). Para isso, vamos começar acalcular o vetor E r em um ponto P neste plano bissetor. Antes <strong>de</strong> mais nada,conforme discutimos, vamos escolher um sistema <strong>de</strong> referência, localizarvetorialmente as cargas que geram o campo, localizar o ponto <strong>de</strong> observação e adistância que <strong>de</strong>ve ser usada na lei <strong>de</strong> Coulomb, para cada carga.Figura 3.5: O dipolo elétrico e seu campo elétrico no ponto P.É muito importante <strong>de</strong>senhar os vetores campo elétrico no ponto e verificar(como é o caso aquí) se existe alguma simetria que possa facilitar o cálculo. Nocaso do dipolo elétrico, é fácil perceber que não haverá componente <strong>de</strong> camporesultante no eixo y, apenas na direção z , pois os módulos do campo gerado pelacarga positiva ( E r +) e pela carga negativa ( E r−) são idênticos e suas projeçõessobre o eixo y são iguais e <strong>de</strong> sentidos opostos (o eixo x é bissetriz do eixo dodipolo elétrico). Vamos escrevê-los:rE1qˆ+= r2 +4π ε 0 r+(3.4)erE−1q=24π ε 0 r−rˆ−(3.5)Em termos dos dados do problema, temos que:2 2r +≡ r −= yP + a(3.6)62


Vetorialmente, po<strong>de</strong>mos escrever que:rrˆ+= y ˆj− a kˆPr= y ˆPj + a kˆ,+−r=r++=yPyˆj− a kˆ2P+ a2(3.7)erˆ−=rr−−=yPyˆj+ a kˆ2P+ a2(3.8)Substituindo essas expressões na expressão do campo resultante, obtemos:raqE = r r 1 2E ++ E −= −2 24 π ε ( y a )3/20 +Pkˆ(3.9)discutido.De fato, só haverá componente do campo na direção kˆ , como havíamosNote que esta é a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico no ponto P à distânciado eixo do dipolo elétrico. O sinal negativo indica que o campo gerado pelas cargastem sentido oposto ao eixo Oz.yPDado o módulo das cargas q e a distância entre elas,2 a , o que significadizer "distâncias do ponto P ao dipolo (as duas cargas (2a)"?y P) muito maiores do que a separação entreEsse tipo <strong>de</strong> limite é muito comum e importante em Física. No caso, issopo<strong>de</strong> ser dito matematicamente em termos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>:ay P


ou, com a condição acima temos que:(3.12)r 1E ≅ −4π ε 02aq3yPkˆdistânciaIsto é, o campo do dipólo elétrico é inversamente proporcional ao cubo dayP. Observe que esse mesmo resultado po<strong>de</strong>ria ser obtido através daexpansão binomial para (1± x) −nválida para 2


1867) como uma maneira <strong>de</strong> visualizar o campo elétrico.Como sabemos, uma carga puntual Q que, cria um campo radial no espaçoà sua volta. Em cada ponto do espaço temos um vetor campo elétrico E r , cujomódulo diminui à medida que nos afastamos da carga, conforme mostra a figura3.6.Figura 3.6: Linhas <strong>de</strong> força do campo elétrico <strong>de</strong> uma carga puntual positiva (ladoesquerdo) e negativa (lado direito).Se a carga que cria o campo elétrico for positiva, o vetor campoelétrico estará dirigido para fora, como po<strong>de</strong> se ver no lado esquerdo dafigura 3.6. Se a carga que cria o campo elétrico for negativa, o vetor campoelétrico estará dirigido para a carga, como po<strong>de</strong> se ver no lado direito dafigura 3.6.As linhas <strong>de</strong> força são linhas contínuas que unem os pontos aos quais ocampo elétrico é tangente. É errado pensar que essas linhas possuem existênciareal, algo como fios elásticos ou cordas. Elas apenas ajudam a representar <strong>de</strong> umaforma diagramática a distribuição do campo no espaço e não têm mais realida<strong>de</strong> doque os meridianos e os paralelos do globo terrestre.No entanto, po<strong>de</strong>-se fazer com que essas linhas tornem-se "visíveis". Sefizermos uma solução <strong>de</strong> cristais isolantes num líquido viscoso e mergulharmosnesse líquido vários corpos carregados, os cristais localizados nas proximida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sses corpos irão formar ca<strong>de</strong>ias ao longo das linhas <strong>de</strong> força. A figura 3.7 nosmostra as linhas <strong>de</strong> força geradas por duas cargas puntiformes, na região doespaço próxima a elas.65


Figura 3.7: Linhas <strong>de</strong> força <strong>de</strong> um campo elétrico gerado por cargas <strong>de</strong> mesmosinal (positivas; lado esquerdo) e cargas <strong>de</strong> sinais contrários (lado direito).Além <strong>de</strong> nos fornecer a direção e o sentido do campo elétrico, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força, isto é, o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreadão informação sobre a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico sobre uma certasuperfície. No caso da carga puntiforme, como vemos na figura 3.6, se tomarmosuma superfície esférica <strong>de</strong> áreaserá24πR , a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas sobre essa superfície2N/4πR , on<strong>de</strong> N é o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força que atravessa a superfície.ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.5Desenhe o vetor campo elétrico para vários pontos da figura 3.7. Existe algumlugar que o campo seja nulo? Qual seria a mudança nas linhas <strong>de</strong> força caso ascargas no lado esquerdo da figura 3.7 fossem negativas?3.5 CARGAS ELÉTRICAS EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORMEUm campo elétrico é uniforme em uma região do espaço quando emqualquer ponto <strong>de</strong>ssa região o vetor campo elétrico é constante (em módulo,direção e sentido). Nesse caso, as linhas <strong>de</strong> força do campo na região consi<strong>de</strong>radasão linhas retas e paralelas entre si.Quando uma carga elétrica Q entra em um campo elétrico uniforme, elasofre ação <strong>de</strong> uma força elétrica constante, cujo módulo é dado pela lei <strong>de</strong>Coulomb. Portanto, seu movimento é um movimento acelerado, com um vetoraceleração dado pela segunda lei <strong>de</strong> Newton:66


F QEa = =(3.14)m mNote que a aceleração da carga tem a mesma direção do campo e, que,portanto, é constante em módulo e direção. O sentido da aceleração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dacarga ser positiva ou negativa. No primeiro caso, a aceleração tem o mesmosentido que o campo elétrico; no segundo, tem o sentido contrário.Uma maneira <strong>de</strong> produzirmos um campo elétrico uniforme consiste emcolocarmos duas placas planas e paralelas, carregadas com cargas elétricas <strong>de</strong>sinais opostos, uma próxima da outra, mas separadas <strong>de</strong> uma distância menor queas dimensões das placas. Por simetria, po<strong>de</strong>mos ver que, na região entre as placas,o campo estará sempre dirigido da placa positiva para a negativa. Observe oExemplo 3.4.EXEMPLO 3.4Uma carga elétrica positiva Q=2,0μC e massa <strong>de</strong> 0,50g é atirada horizontalmenteem uma região entre duas placas planas e paralelas horizontais, com a placapositiva abaixo da negativa (Figura 3.8). A separação das placas vale d = 1,0 cm ea carga entra na região das placas a uma altura <strong>de</strong> d/2 da placa inferior. Se avelocida<strong>de</strong> da carga for na horizontal e <strong>de</strong> módulo 1,40 m/s e o campo elétricoentre as placas 2,40 x 10 N/C, qual a velocida<strong>de</strong> da carga elétrica quando ela sechocar com a placa negativa?Figura 3.8: Carga lançada em um campo elétrico uniforme.Solução: Seja um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem na posição em que a cargaelétrica entra na região entre as placas, com eixo Oy vertical e com sentido paracima (da placa positiva para a negativa); e eixo Ox perpendicular a Oy comomostra a figura 3.8. O campo elétrico está dirigido <strong>de</strong> baixo para cima, <strong>de</strong> modoque o vetor campo elétrico é:67


= 0 ̂ + 2,40 10 ̂.Então a aceleração da carga está dirigida para cima (a carga é positiva) e vale:−64r QEˆ2,0×10 C × 2,40×10 N / C= ˆma j =j = 96,02m0,50kgsˆ. jO movimento da carga elétrica é idêntico ao <strong>de</strong> um projétil. O vetor velocida<strong>de</strong>inicial da carga é:rˆ ( ) ˆmv0 = ( v0)xi + v0yj = 1,40 iˆ.sComo a aceleração é vertical, o movimento da carga ao longo <strong>de</strong> Ox é retilíneo euniforme; ao longo <strong>de</strong> Oy ele é uniformemente acelerado no sentido positivo <strong>de</strong>Oy. Então, para um dado instante t <strong>de</strong>pois da entrada no campo elétrico, temos:vx= ( v 0)x= 1,40 m/s v y= at =QE = 96,0 t m/smIntegrando cada equação <strong>de</strong> 0 até t po<strong>de</strong> se obter x(t) e y(t). Ou seja,x = ( v 0)xt = 1, 40tm1 1y 96,0 ×2 222= at = t mPara <strong>de</strong>terminar a velocida<strong>de</strong> quando a carga se choca contra a placa negativa,temos que calcular o intervalo <strong>de</strong> tempo entre o instante em que a carga entra nocampo (t=0) e o instante em que ela se choca (t). Para isso, basta observar que,quando a carga se choca com a placa negativa, ela percorreu uma distânciavertical y=d/2. Levando esse valor na expressão <strong>de</strong> y(t) e resolvendo a equaçãopara t, obtemos:t = 2y/ a = 2d/ 2a= d / a.Com este valor <strong>de</strong> y na expressão da componentevyda velocida<strong>de</strong>, obtemos:v y= a d / a = ad=96,0 × 0,50 × 10−2= 0,69 m/s.68


O vetor velocida<strong>de</strong> da carga ao se chocar com a placa negativa é:O seu módulo é:rv = viˆ+ vˆj= (1,40 iˆx y+0,69 ˆ) j m/s.2 2 2v [ v + ]1/xv = 1,56 m/s.=yO ângulo que a velocida<strong>de</strong> faz com o eixo Ox é:o que dá θ=26°,2.vyv = tgθ = = 0,493,vxATIVIDA<strong>DE</strong> 3.6No Exemplo 3.4, qual a distância horizontal percorrida pela carga até se chocarcom a placa?ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.7O Exemplo 3.4 sugere um método para separar cargas positivas e negativas <strong>de</strong> umfeixe <strong>de</strong> cargas que contém uma mistura <strong>de</strong>las. Suponha que o feixe sejaconstituído por prótons e elétrons. Se as partículas tiverem a mesma velocida<strong>de</strong>inicial ao entrar na região entre as placas, on<strong>de</strong> o campo elétrico é uniforme, qual<strong>de</strong>les percorrerá maior distância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste campo até se chocar com a placa?69


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASATIVIDA<strong>DE</strong> 3.1O módulo do campo é calculado exatamente da mesma forma que no Exemplo 3.1,pois a carga Q , embora seja negativa agora, entra na fórmula em módulo. O quese modifica agora é que a força F é atrativa e, portanto, como o sentido do campo éo mesmo da força, o vetor campo elétrico passa a ter sentido <strong>de</strong> P para a carga Q .Então:ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.2:rE1 Q−4π ε=20 rrˆ.Nesse caso, temos:E1 Q24πεx1 q+4πε( L −=20 0x),pois a carga q irá atrair a carga <strong>de</strong> prova q0 colocada em P. Então:E1 ⎡ Q24π ε⎢0 ⎣ xDesenvolvendo o colchete, obtemos:Com os valores numéricos, temos:q+( L − x)2⎤ 1 ⎡Q(L − x)+ qx⎥ =24⎢⎦ πε0 ⎣ x ( L − x)=22E1 ⎡(Q + q)x4π ε⎢0 ⎣ x− 2QLx+ QL( L − x)=222E = 4,3×105N/C.2⎤⎥.⎦2⎤⎥.⎦ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.3Como as cargas têm o mesmo sinal, o ponto em que a intensida<strong>de</strong> do campoelétrico é nula <strong>de</strong>ve estar situado entre as cargas. Seja z a distância <strong>de</strong>ste ponto àcarga Q . Então, como no Exemplo 3.2:E1 Q24πεx1 q−4πε( L −=20 0x)= 0,ou ainda:E1 ⎡(Q + q)x4π ε⎢0 ⎣ x− 2QLx+ QL( L − x)=22Para que E = 0 , basta que o numerador seja nulo. Assim:22⎤⎥⎦= 0.70


2( Q + q)x − 2QLx+ QLque, <strong>de</strong>senvolvido e com os valores numéricos, dá:z2− 4,0z + 2,0 = 0O <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong>ssa equação <strong>de</strong> segundo grau é ∆ = 16 − 8 = 8 e as soluções são:z4 + 8= 3,421= e z22= 04 − 8= = 0,59.2Como z é a distância à carga Q , sua unida<strong>de</strong> é metro. A primeira raiz da equaçãonão satisfaz ao problema porque o ponto com esta coor<strong>de</strong>nada não está entre Q eq . Logo, a solução procurada é z = 0,59 m.ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.4Para verificar se o pontoadipólo temos <strong>de</strong> verificar se a razão


No caso do dipolo no lado direito da figura 3.7 não há ponto on<strong>de</strong> o campo sejanulo. Observe que à medida que se afasta das cargas o campo do dipólo é pequenoe direcionado no sentido da carga positiva para a negativa (novamente observe oa<strong>de</strong>nsamento das linhas <strong>de</strong> força entre as cargas e sua diminuição longe <strong>de</strong>las).Se as cargas fossem negativas no lado esquerdo da figura 3.7 o sentido das setasficaria invertido.ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.6Conhecido o intervalo <strong>de</strong> tempo t que a carga Q levou para se chocar contra a placanegativa, a distância horizontal percorrida por ela, do instante inicial t=0 até oinstante t é:x = ( va−20)t = ( v0)xd / = 1,40 × 0,0050/96,0 = 1,01×10xm.ATIVIDA<strong>DE</strong> 3.7A aceleração da carga é a = (QE)/m; portanto, diretamente proporcional ao valorda carga e inversamente proporcional à sua massa. As cargas do próton e doelétron são iguais, mas a massa do próton é cerca <strong>de</strong> 1800 vezes maior que a doelétron. Portanto, a aceleração do próton é menor que a do elétron e ele <strong>de</strong>ve levarmais tempo para chegar à placa que o elétron. Como o movimento horizontal dasduas cargas é o mesmo (retilíneo e uniforme), o próton <strong>de</strong>ve se chocar contra aplaca negativa mais longe que o elétron.PENSE E RESPONDAPR4.1) A Lua po<strong>de</strong>ria ser usada como uma carga <strong>de</strong> prova para testar o campogravitacional da Terra? Se não, por quê?PR4.2) As linhas <strong>de</strong> campo elétrico po<strong>de</strong>m se cruzar? Explique!PR4.3) Duas cargas q 1 e q 2 <strong>de</strong> mesmo módulo estão separadas por uma distância<strong>de</strong> 10m. O campo elétrico ao longo da linha que as une é nulo em um certo pontoentre elas. O que você po<strong>de</strong> dizer sobre essas cargas? É possível ter campo elétriconulo para algum outro ponto, exceto é claro, no infinito.PR4.3) Do que se trata o “Experimento da gota <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> Milikan”. Busque72


informações na literatura e compartilhe com seus colegas no fórum.EXERCÍCIOS <strong>DE</strong> FIXAÇÃOE3.1) Duas cargas, Q e 2Q são separadas por uma distância R. Qual é o campoelétrico gerado no ponto em que se localiza cada carga?E3.2) Consi<strong>de</strong>rando o raio orbital do elétron em torno do núcleo <strong>de</strong> Hidrogêniocomor = 5,29 × 10−9cm qual seria o momento <strong>de</strong> dipolo do átomo <strong>de</strong> Hidrogênio seo elétron ficasse parado na sua órbita?E3.3) No Exemplo 3.3, se o campo elétrico for dado por:r4Eiˆ4= 3,25 × 10 + 2,40 × 10 ˆj. Qual será a velocida<strong>de</strong> da carga elétrica ao se chocarcom a placa?73


AULA 4: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARADISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS <strong>DE</strong> CARGA EM UMA DIMENSÃOOBJETIVOS• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS <strong>DE</strong> CARGA EM UMADIMENSÃO4.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA GERALApesar da carga elétrica ser quantizada, po<strong>de</strong>mos falar em distribuição contínua<strong>de</strong> cargas porque o número <strong>de</strong> cargas em um corpo é muito gran<strong>de</strong>. Vamos discutiragora como calcular o campo <strong>de</strong> uma distribuição contínua <strong>de</strong> cargas no casounidimensional. Embora muitos livros textos dêem a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a força <strong>de</strong> Coulomb,o campo eletrostático e a lei <strong>de</strong> Gauss (a ser discutida mais tar<strong>de</strong>) são coisascompletamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, isso não é verda<strong>de</strong>; é sempre a lei <strong>de</strong> Coulomb queestá fundamentando os três tópicos. A diferença agora é que não estaremos maisfalando <strong>de</strong> cargas puntiformes, mas aplicando a lei <strong>de</strong> Coulomb a elementosinfinitesimais da distribuição, integrando sobre todos eles <strong>de</strong>pois. Nesta etapa, oconceito fundamental é o Princípio da Superposição.Outra vez vamos proce<strong>de</strong>r da mesma maneira que fizemos no caso <strong>de</strong> cargaspuntiformes: escolher um sistema <strong>de</strong> referência que será um elemento infinitesimal <strong>de</strong>carga dq arbitrariamente localizado (não use pontos estratégicos; esse elemento<strong>de</strong> carga <strong>de</strong>ve estar arbitrariamente localizado, <strong>de</strong> acordo com o sistema <strong>de</strong> referênciaque você escolheu). I<strong>de</strong>ntifique as três distâncias: r P, a localização do ponto <strong>de</strong>observação, r′ , a localização do elemento arbitrário <strong>de</strong> carga e a distânciaentre dq e o seu ponto <strong>de</strong> observação. A figura 4.1 ilustra essa situação.74


Figura 4.1: Problema geral do cálculo do campo elétricoVamos escrever o campo elementarem um ponto P do espaço:dErdqgerado pelo elemento <strong>de</strong> carga dqrdEdq1r4π ε |dqr−'|=20 Prˆ.(4.1)Note bem quer r − ' é um vetor <strong>de</strong> origem no elemento <strong>de</strong> carga dq er Pextremida<strong>de</strong> no ponto P cuja posição é dada pelo vetor r P. A direção e sentidodo vetor dErdqsão dadas pelo vetor unitário:rrˆ= r|PPr−'r .−'|(4.2)Para conhecer o campo resultante <strong>de</strong>vemos integrar sobre todos oselementos <strong>de</strong> carga (aqui entra o Princípio da Superposição):rEr 1) =4π εdqr−'|)R( rPr 20(|P∫rˆ.(4.3)Se a distribuição <strong>de</strong> cargas não for homogênea, o elemento <strong>de</strong> carga po<strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do ponto r′ . Em geral, po<strong>de</strong>mos escrever:75


dq = ρ (') dV ′(4.4)on<strong>de</strong> ρ (r r ')é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas (número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>volume) no ponto <strong>de</strong> vetor-posiçãor ' e d V ′ é o elemento <strong>de</strong> volume (você vaiintegrar sobre as variáveis <strong>de</strong>ntro da distribuição <strong>de</strong> cargas, não sobre umvolume arbitrário).Com isso, a expressão mais geral para o campo eletrostático gerado por umadistribuição <strong>de</strong> cargas contínuas em um ponto cuja posição é especificada pelo vetorr Pé:rErr 1 (') dV ′) =4∫ ρ r rπ ε (|−'|)( rP30 Pr(Pr−').(4.5)4.1.2 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS IMPORTANTESAlém dos pontos que já enfatizamos no que se refere a montar o problema,para resolver problemas que envolvem o cálculo do campo elétrico <strong>de</strong> distribuiçõescontínuas <strong>de</strong> carga, é importante ter familiarida<strong>de</strong> com os vários elementos <strong>de</strong> volumed V ′ que po<strong>de</strong>m aparecer. No caso unidimensional, on<strong>de</strong> temos uma distribuiçãolinear <strong>de</strong> cargas, o elemento <strong>de</strong> volumed V ′ se transforma em elemento <strong>de</strong>comprimento dx’ ; a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas se reduz à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear λ(número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento).Outra ferramenta matemática importante é a expansão em série <strong>de</strong> Taylor.Uma das muitas utilizadas é:1= 1−x + x1+x 21 2−L se x


x = ,(4.7)areescreva sua resposta em termos <strong>de</strong> x e faça a expansão. Algumas expressõespo<strong>de</strong>m ser encontradas no Apêndice D.4.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO EM DISTRIBUIÇÕESUNIDIMENSIONAIS <strong>DE</strong> CARGAVamos começar com um exemplo simples que tem como objetivo ressaltar aimportância <strong>de</strong> formular corretamente a lei <strong>de</strong> Coulomb no referencial escolhido. Alémdisso, vamos mostrar explicitamente que a sua resposta obviamente não po<strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da escolha do referencial que você fizer. No entanto, é fundamental formularo problema <strong>de</strong> forma consistente com sua escolha.EXEMPLO 4.1Uma barra isolante <strong>de</strong> comprimento L uniformemente carregada com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong> carga linear λ . Calcule o campo elétrico a uma distânciaextremida<strong>de</strong>s da barra, na direção da mesma.xP<strong>de</strong> uma dasRESOLUÇÃO: Vamos começar formulando o problema em um referencial com origemO na extremida<strong>de</strong> esquerda da barra e eixo Ox com sentido para a direita, ilustrado nafigura 4.2. Seja î o unitário da direção do eixo.Figura 4.2: Campo elétrico criado por uma barra com referencial na extremida<strong>de</strong>.77


As distâncias relevantes ao problema são:observação.a) A distância x′ que localiza dq no referencial em questão;b) A distância x P+ L que localiza o ponto <strong>de</strong> observação;c) A distância "da lei <strong>de</strong> Coulomb" L − xx P+ ′ , distância entre dq e o ponto <strong>de</strong>A direção do campo está <strong>de</strong>senhada na figura 4.2. nnão se esqueça <strong>de</strong> sempre<strong>de</strong>senhar o campo - frequentemente haverá simetrias que po<strong>de</strong>m simplificar seuscálculos. O elemento diferencial do campo gerado por dq é:rdEdq14π ε ( xdq+ L − x′)=20 Piˆ.Então:MasrE14π εdq+ L − x′)L= ∫020 ( xPdq = λdx′. Para integrar, fazemos a transformação <strong>de</strong> variáveis u xP + L − x′iˆ.= , oque dá: du = −dx′. Os limites <strong>de</strong> integração tem <strong>de</strong> ser mudadas. Para x′ = 0 ,<strong>de</strong>vemos teru = xP + L ; para x ′ = L , u = xP. A integral fica:λ xP − du λ −1x λ ⎡ 1P= + | =2+ ⎢4∫u+x Lπ εx0 PLu 4π εP04πε0 ⎣ xP−xP1 ⎤⎥.+ L⎦r λ LFinalmente: E =iˆ.4 x ( x L)π ε0P P+Agora vamos fazer um limite cuja resposta conhecemos, para testar o resultadoobtido: sabemos que quando estamos muito longe da barra ( x P>>> L)<strong>de</strong>vemos obtero resultado da carga puntiforme, pois o tamanho da barra fica irrelevante. De longevamos ver uma cargaQλL= na origem. Note que:rE ≅1 λLiˆ=24π ε x0PQ4πε x02Piˆ( xP>> L).78


Vamos agora resolver o mesmo problema com a origem do referencial noponto meio da barra, mostrado na figura 4.3.da barra.Figura 4.3: Campo elétrico criado por uma barra. Origem do referencial no meioDa mesma forma que antes, temos:a) A distância x′ que localiza dq no referencial em questão;b) A distância x P+ L/2que localiza o ponto <strong>de</strong> observação;(c) A distância "da lei <strong>de</strong> Coulomb"x P+ L/2 − x′, distância entre dq e o ponto<strong>de</strong> observação.Então:rdEdq1 dq4π ε0( x + L/2− x′)=2Piˆr 1 L/2dqe: E = iˆ.24∫ + π ε−L /2( x + L/2− x′)0PA mudança <strong>de</strong> variável é agora:u xP + L/2 − x′= , com os limites <strong>de</strong> integração: parax′ = −l/2, u = x + PL ; para x ′ = + L /2 , u = xP. A integral fica:+ L/2xP∫ dx′= −−L/2∫x+PLdu,r λ Ldando: E =iˆ,4 x ( x L)π ε0P P+que é o mesmo resultado que antes. Isto significa que o resultado é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte daescolha do referencial. A próxima ativida<strong>de</strong> usa o conhecimento que você já <strong>de</strong>ve teradquirido no problema, incluindo agora um ingrediente novo.79


ATIVIDA<strong>DE</strong> 4.1Consi<strong>de</strong>re que cadameta<strong>de</strong> da barra isolante do Exemplo 4.1 está carregada comdiferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga linear λ1e λ2. Calcule o campo elétrico a uma distânciaxP<strong>de</strong> uma das extremida<strong>de</strong>s da barra, na direção da mesma.No exemplo 4.2 vamos calcular o campo elétrico para pontos sobre oeixo vertical da barra.EXEMPLO 4.2Consi<strong>de</strong>re um fio <strong>de</strong> comprimento L com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga λuniformemente distribuída, como mostra a figura 4.4. Determine o campo elétricono ponto P x P,y ) .(PFigura 4.4: Campo elétrico gerado por um fio uniforme.RESOLUÇÃO: Este é o caso mais geral que po<strong>de</strong>mos construir. Note a posiçãogenérica do sistema <strong>de</strong> referência e do ponto <strong>de</strong> observação.a) Localização do ponto P : x iˆ+ y ˆjb) Localização <strong>de</strong> dq : x′iˆPc) Localização do vetor distância entre dq e P : ( x − x′) iˆ+ y ˆjTemos:PPP80


= 1 λdx′dE[( x x′) ˆdqi y2 24 [( x x ) y ]3/2 P− +π ε − ′ +0PPPˆ]. jNote que neste caso o vetor unitário que dá a direção <strong>de</strong>daí o fatorentão:[( x ′ +P( xe =[( x− x′) iˆ+ y ˆPj2 2− x′) + y ]ˆ P1/2PPdEr dqé:2 2 3/2P− x ) y ] no <strong>de</strong>nominador. A intensida<strong>de</strong> do campo elétrico é,rEGeral( ⎡ λ x0L ( xP− x′) dx′xP, yP) = ⎢4∫ +x2 2⎣ πε 0 [( xPx ) yP]3/20 − ′ +,⎤⎥⎦iˆ⎡ λ x0+ ⎢ yP4∫ +x⎣ πε0 0L[( xPdx′2− x′) + y2P]3/2⎥⎦⎤ˆ. jA segunda integral é mais simples. Vamos começar por ela:I2dx′2− x′) + y=x0L∫ +x20 [( x]3/2PP.A integral po<strong>de</strong> ser calculada fazendo a transformação <strong>de</strong> variáveis:u xP − x′= tal que′ 0du = −dx′. O limite <strong>de</strong> integração para x′ = x0fica u = x − x0 P 0; e para x = x + L ficau1 = xP − x0+ L . Então, a integral fica:∫u1u0( u2− du2+ y )P3/2.Uma nova substituição <strong>de</strong> variáveis:on<strong>de</strong>2u = y gθtal que du = y sec θ dθθ =P tarctguy PPnos dá os seguintes limites <strong>de</strong> integração:θu011= arctg , θ2= arctgyPu Pu81


Assim:22u1 − duθ2 − y θ θ θPsec d2 − yPsecθ dθ==u 2 2 3/22 2 2 3/23 20 ( u + y )∫θ1 ( t θ + )∫θy g y1 y (tgθ + 1)∫PPPPLembrando que2t θ +1 = sec2θ1 θ2 − dθ1 θ21θ2= = cosθdθsenθ|2 θ22 θy∫1 secθy∫ − =θ1y1.g temos que:PPPComotg θ = u/yP, sabemos queθ . Assim:sen +2 2= u/u yPsenθ=1( xPxP− x− x0)02+ y2Pesenθ2=− ( x2 2[ x − ( x + L)] + yPxP00+ L)PAssim obtemos:I2=∫x0+ Lx0[( xPdx′2− x′) + y]2 3/2P=∫u2u1( u2− du+ y )2P3/2=1y2Pu2u+ y2PxP−x0+ LxP−x0I2=12yP[ senθ− senθ]21=1⎡⎢2yP⎢⎣− ( x+ L)[ x − ( x + L)]PxP002+ y2P−( xPxP− x− x0)02+ y2P⎤⎥.⎥⎦A integral que aparece na expressão <strong>de</strong>transformação <strong>de</strong> variáveis:integração para = x0x′ fica u x0− xPEntão, a primeira integral fica:u = x′− x tal que du dx′P= 1 ; e para x x + LExpo<strong>de</strong> ser calculada fazendo a′ 0= . Ou seja, o limite <strong>de</strong>= fica u = ( x 0+ L)− xP2.x0L ( x )uP− x′dx′2 − u du 1 θ2I1= ∫ +== cosθ| ,2 2 3/22 2 3/2θx[( ) ] ( )10 x − x′+ y∫u1 u + y yPPPPEssa integral po<strong>de</strong> ser calculada com uma tabela <strong>de</strong> integrais ou seguindo os passosindicados a seguir.82


Uma nova substituição <strong>de</strong> variáveis:on<strong>de</strong>2u = y gθtal que du = y sec θ dθθ =nos dá os seguintes limites <strong>de</strong> integração:P tarctgθuy Pu011= arctg , θ2= arctgyPu PPuAssim a integral fica:− u du− y− y2222u2θ2θP2 P==u 2 2 3/22 2 2 3/23 2 3/21 ( u + y )∫θ1 ( t θ + )∫θP yPg yP1 yP(tgθ + 1)∫tgθsecθ dθtgθsec θ dθLembrando que2t θ +1 = sec2θg temos que: .21 θ2 − tgθsec θ dθ1 θ2 − tgθdθ1 θ21θ2= == senθdθcosθ|3θy∫θ1 sec θ y∫− =θ1 secθy∫θ1y1PPPPComotg θ = u/yP, sabemos quecosθ = y . Assim:2yP/u +2Pcosθ=1( x0y− xPP)2+ y2Pecosθ2=[(x + L)− x ]0yPP2+ y2P.O resultado da integral fica, portanto:x0L ( x )uP− x′dx′2 − u du 1 θ2I1= ∫ +=== cosθ| ,2 2 3/22 2 3/2θx0 [( x − x′) + y ]∫u1 ( u + y ) y1PPPPI1=1yP[ cosθ− cosθ]21⎡= ⎢⎢⎣1[(x + L)− x ]0P2+ y2P−( x01− xP)2+ y2P⎤⎥.⎥⎦Então o resultado final para as componentes do campo elétrico nos dá:83


e:Ex=4λπ ε⎡⎢⎢⎣1[ ] ⎥ ⎥ 2 22 2( x + − + (0− +0L)xPy x xPPyP⎦0 )−1⎤Ey=λ⎡x (0)0.42 22 20 [ ( )](0) ⎥ ⎥ ⎤⎢P− x + Lx − xP−π ε yP⎢⎣ x −− +Px0+ L + y x xPPyP⎦Finalmente, o campo elétrico é:EGeral( xP, yP⎡11) =iˆ42 22 20 [(x L)x ] y ( x xP) y ⎥ ⎥ ⎤⎢λ⎛⎞⎜−⎟⎢ π ε ⎜⎟⎣ ⎝ 0+ −P+P0− +P ⎠⎦⎡+ ⎢⎢⎣λπ ε⎛⎜x− ( x+ L)− xP 00 P4 2 22 20y ⎜P [ x ( x )]( x0x ) yP−0+ L + y −PP+P⎝−x⎞ˆ. j⎥ ⎥ ⎤⎟⎟⎠⎦ATIVIDA<strong>DE</strong> 4.2Calcular o campo <strong>de</strong> um fio semi-infinito que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> x0até ∞ .ATIVIDA<strong>DE</strong> 4.3Calcular o campo gerado por um fio infinito em um ponto P x P, y ) .(P84


RESPOSTA COMENTADA DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASATIVIDA<strong>DE</strong> 4.1O elemento diferencial <strong>de</strong> campo gerada pelas duas meta<strong>de</strong>s é:rdE1 λ1dx'4π ε ( x − x′)dq=20 Piˆ0 ≤x≤L/2erdEdq1 λ2dx'4π ε ( x − x′)=20 PiˆL/2≤x≤L/2.Integrando sobre toda a barra temos:rE1 L/2λ dx′L1dxiˆ1 λ ′2+24π ε ∫0( x x ) 4 L/20 − ′ π ε ∫( x − x′)=2P0 PiˆA integral que aparece na expressão po<strong>de</strong> ser calculada fazendo a transformação <strong>de</strong>variáveis:u = xP − x′tal que du −dx′= . Recalculando os limites <strong>de</strong> integração aintegral fica:=λ1 −1u2= xP−L/22| ˆ λ2−1u = xP−Luui u | ˆ,1 = x+u1x L/2i4P=4P−π επ ε00ou:r λ1E =4π ε0xPL/2ˆλ2i +( x − L/2)4πε ( xP0PL/2− L/2)(xP1= 1Liˆ.− L)Po<strong>de</strong>mos reescrever a resposta em termos das cargas totais /2Note que sex P>> Lr 1E =4π ε0x, então teremos:PQ1ˆ1i +( x − L/2)4πε ( xPr 1 Q1+ QE →4 π ε x002P2PQ λ e Q λ /2 :Q2− L/2)(xiˆ.Piˆ.− L)2= 2LSe as cargas forem opostas, para pontos muito distantes da barra o campo será nulo.Isso não acontece fora <strong>de</strong>sse limite, pois o tamanho da barra vai ter o papel <strong>de</strong>"<strong>de</strong>sbalancear" as contribuições positiva e negativa, uma vez que uma <strong>de</strong>las estarámais distante <strong>de</strong>xP.85


ATIVIDA<strong>DE</strong> 4.2Para obtermos o campo em um ponto P x P, y ) basta tomar, na expressão geral do(pexemplo 4.2:E = lim EL→∞GeralDa componente x sobra apenas o segundo termo entre parênteses, o primeiro ten<strong>de</strong> azero. Então:Exλ 1= iˆ( L → ∞).4πε2 20 ( x − x ) + y0PPPara calcularEyneste limite, notemos que:limL→∞[(x0+ L)− xP]2[(x + L)− x ] +0Py2P= limL→∞[(x + L)− x ]0[(x + L)− x ]P0⎧1+⎨⎩[(x + L)− x ]0PyPP⎫⎬⎭2= 1.Assim, o campo elétrico na direção y para um fio semi-infinito ficaEfio semiλ⎡= ⎢4π ε0 ⎢⎣1⎛iˆ+ ⎜1−⎜⎝− x0 P−inf.L2 22 2( x0− xP) + yP( x0− xP) + yP( x)⎞⎤ˆj⎟⎥⎟⎥⎠⎦ATIVIDA<strong>DE</strong> 4.3Para obter este resultado <strong>de</strong>vemos fazer, no resultado da Ativida<strong>de</strong> 4.2 o limite <strong>de</strong>x0→ −∞. Pela simetria envolvida agora no problema (faça um <strong>de</strong>senho, se nãoconseguir perceber isto!) a componenteEx,∞λ= limx →04πε0Eydo campo se anula, pois:0( x01− xP)2+ y2P= 0Ey,∞=limx0→∞λ4π ε y0P⎡⎢1−⎢⎣( x( x00− x )− x )PP2+ y2P⎤⎥⎥⎦86


Aqui precisamos ter cuidado: como x0é um número negativo, vemos que:limx0→−∞( x( x00− x− xP)P2)+ y2P=limx0→−∞( x − x )0P( x − x )0⎛1+⎜⎝P2=limx0→−∞⎛1+⎜⎝( x − x ) ⎟⎜ ( x − x )0yPP⎞⎟⎠10yPP⎞⎟⎠2= 1,pois o <strong>de</strong>nominador será positivo nesse limite. Portanto:Ey=λ4π ε yλ[1−( −1)]= 24π ε yλ=2π ε y0 P0 P0 P.PENSE E RESPONDAPR4.1) O que é um quadrupolo elétrico? Faça um <strong>de</strong>senho da configuração das cargas.r 1PR4.2) O campo elétrico <strong>de</strong> um dipolo elétrico varia com Edipolo∝ .3rPVocê espera queo campo <strong>de</strong> um quadrupolo varie com potências mais altas <strong>de</strong> r ?87


AULA 5: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARADISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS <strong>DE</strong> CARGA EM DUAS E TRÊSDIMENSÕESOBJETIVOS• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA QUALQUER DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA <strong>DE</strong> CARGA• I<strong>DE</strong>NTIFICAR E EXPRESSAR OS ELEMENTOS <strong>DE</strong> SUPERFÍCIE E <strong>DE</strong> VOLUME5.1 ELEMENTOS <strong>DE</strong> SUPERFÍCIE E <strong>DE</strong> VOLUMEPara resolver problemas que envolvem o cálculo do campo elétrico <strong>de</strong>distribuições contínuas <strong>de</strong> carga em duas e três dimensões, é importante conhecer oselementos <strong>de</strong> volumed V ′ . Ou seja:(a) Distribuição superficial <strong>de</strong> cargas: aqui o elemento <strong>de</strong> volumereduz ao elemento <strong>de</strong> área:d V ′ se′ para coor<strong>de</strong>nadas cartesianas em uma superfície plana,• d A = dx dycomo ilustra a figura 4.2a;• d A′ = rdr dθpara coor<strong>de</strong>nadas polares (por exemplo, em um disco,figura 5.1b.Figura 5.1: Elementos <strong>de</strong> área no plano: (a) coor<strong>de</strong>nadas cartesianas e (b) polares.88


A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas se reduz à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial σ(número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área).(c) Distribuição volumétrica <strong>de</strong> cargas: o elemento <strong>de</strong> volumeser expresso das seguintes pord V ′ po<strong>de</strong>′ para coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, figura 5.2a;• d V = dx dy dz′ para coor<strong>de</strong>nadas cilíndricas, figura 5.2b;• dV= ρ dρdφdz2• dV ′ = r sinθdr dφdθpara coor<strong>de</strong>nadas esféricas, figura 5.2c.A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas, chamada <strong>de</strong> ρ, indica o número <strong>de</strong>cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume.Figura 5.2: Elementos <strong>de</strong> volume: (a) coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, (b) cilíndricas e (c)esféricas.5.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES <strong>DE</strong> CARGAEM DUAS DIMENSÕESAntes <strong>de</strong> prosseguir é importante relembrar a discussão do item 4.1 sobre osproblemas que envolvem o cálculo do campo elétrico <strong>de</strong> distribuições contínuas <strong>de</strong>carga, tendo em mente que os passos a seguir são os mesmos. Vamos então começarcom o exemplo 5.1 da espira metálica.89


EXEMPLO 5.1Consi<strong>de</strong>re uma espira metálica <strong>de</strong> raio R carregada com uma carga total Qpositiva, como mostra a figura 5.1. Calcule o campo elétrico no eixo que passa pelocentro da espira.Figura 5.1: Espira carregada com uma carga Q.SOLUÇÃO: Da figura, vemos que:a) Para qualquer dq no aro, a distância que o localiza a partir do centro ésempre r ′ = R .rb) A localização do ponto <strong>de</strong> observação é = z kˆ.PPc) A distância entre dq e P é2 2R + z P.Simetria: Vemos que, pela simetria do problema, o campo gerado por qualquerelemento <strong>de</strong> carga dq , terá um correspon<strong>de</strong>nte simétrico com relação à origem, cujocampo terá uma componente horizontal idêntica e na vertical <strong>de</strong> mesmo módulo esentido. A carga total na espiraQ = (2π R)λ tal que dq = λRdθ.O elemento diferencial do campo gerado por dq é então:90


dEdqλ4π εRdθ′2 2( R + z )= 20Pcosφkˆ.rTal que ( r λ 2πRdθ′E ) = =cos kˆanelzP ∫ dEdqφ .2 24π ε∫0( R + z )20PComor2 2cosφ = zP/R + zPvem: = λ R 2πzP ˆ∫ dEdqdk.2 24∫ θ ′π ε 0( R + z )3/20PRepare que o integrando não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> θ ′ . Fica então, muito fácil:rEzλ2πRzP ˆ Q zP) =k =2 2 3/224π ε ( R + z ) 4πε ( R + z( anel P2)3/20P0Pkˆ.(5.1)Note que o campo na origem z = 0 é nulo, como seria <strong>de</strong> se esperar por simetria.POutra vez, sez P>> R, <strong>de</strong>vemos obter o campo <strong>de</strong> uma carga puntiforme. Oparâmetro adimensional que caracteriza essa condição é:x =Rz P


EXEMPLO 5.2Consi<strong>de</strong>remos um aro uniformemente carregado, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong>carga λ > 0 , e calcule o campo elétrico na origem do sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas da figura5.2.Figura 5.2: Aro uniformemente carregado.SOLUÇÃO: Aqui novamente por simetria, o campo na direção x se anulará, visto quehaverá um elemento que gera um campo na direção <strong>de</strong> y negativo. Devemos calcularentão:ou:rEλ4πε∫λ R dθ′|= −,4πε| dE dq20RR dθ′ cosθ′ λR⋅ ( −iˆ)=2R4π ε R= 200∫cosθ′ dθ′ ( −iˆ)rE(xP= 0, ypRλ= 0) = +4π ε R02senθ′+ π/3−π/3λ( −iˆ)= +4π ε R0[ sen(π/3)− sen(−π/3)](−iˆ),,rE(xp= 0, yp= 0) =λ 3( −iˆ)=4πεR01,73λ( −iˆ).4πεR0(5.3)92


Ativida<strong>de</strong> 5.2Qual é a força exercida sobre uma carga q=10,0 μC colocada à distância <strong>de</strong> 1,0 m doanel do Exemplo 5.2, supondo esta carga <strong>de</strong> 6,0 μC?EXEMPLO 5.3Consi<strong>de</strong>re um disco <strong>de</strong> raio R com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial uniforme <strong>de</strong> carga σem sua face superior. Calcule o campo elétrico gerado por ele no ponto P situadosobre seu eixo.Figura 5.3: Campo elétrico gerado por um disco carregado.SOLUÇÃO: Tendo i<strong>de</strong>ntificado todos os elementos essenciais ao nosso cálculo nafigura, notemos ainda que, outra vez, por simetria, teremos apenas resultado não nulopara o campo na direção ẑ . A carga total no disco éO elemento infinitesimal <strong>de</strong> campo é:Q = πR2 σ tal que dq = σ r′ dr′dθ′.σ r′dr′dθ′|=2 24π ε ( r′+ z )| dEdq20 P.93


Tal que o campo é dado por ( σ r′dr′cosφdθ′E zP) = ∫zˆ.2 24πε ( r′+ z )20Pr2 2E como cosφ = yP/r′+ z P: ( σ 2πR r′dr′E zP) = dzˆ.2 24∫ θ ′π ε0 ∫0( r′+ z )3/20PA integração em θ ′ po<strong>de</strong> ser feita imediatamente e dá um fatorsimples:2 2u = r′ + zP → du = 2 r′dr′2 π . A integral é∫0R( r′′′2 2r dr 1 R + z2 2P du 1/2 R + zP=2 2 3/2 2= −u|3/22+ z ) 2∫zzPP uPFinalmente, substituindo na expressão para o campo. Vem:rE(zP) =σ ⎡⎢1−2ε0 ⎢⎣Rz2P+ z2P⎤⎥⎥⎦zˆ.(5.4)Ativida<strong>de</strong> 5.3Calcule o campo elétrico para pontos muito distantes do disco do exemplo 5.3EXEMPLO 5.4SOLUÇÃO ALTERNATIVA PARA O PROBLEMA DO DISCO CARREGADOAo invés <strong>de</strong> resolvermos o problema com a integração direta do campo como acima,po<strong>de</strong>mos resolver o problema dividindo o disco em elementos <strong>de</strong> área dσ, constituidospor anéis <strong>de</strong> raio r e espessura dr como mostrado na Figura 5.4.O elemento <strong>de</strong> área do anel é:da = (2πr)dr94


Figura 5.4: Disco plano com distribuição superficial <strong>de</strong> carga homogênea.Então, o campo elétrico no ponto situado à distâcia z do centro do anel é:E(zP1 dq 2πσr dr) = ∫ dE =22 24∫ =π ε r 4π ε ∫( r + z )00R0.3 / 2PEsta integral foi feita no Exemplo 4.3. O resultado então é:rE(zP) =σ ⎡⎢1−2ε0 ⎢⎣Rz2P+ z2P⎤⎥⎥⎦zˆ.(5.5)Ativida<strong>de</strong> 5.4Qual seria o valor do campo elétrico casoR >> zPconsi<strong>de</strong>rar o disco como um plano infinito <strong>de</strong> cargas?? Nesse caso você po<strong>de</strong>ria5.3 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO EM DISTRIBUIÇÕES <strong>DE</strong> CARGA EMTRÊS DIMENSÕESO exemplo 5.5 mostra a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> calcularmos o campo elétrico <strong>de</strong>distribuições contínuas <strong>de</strong> carga, por causa das integrais (no caso mais geral, triplas)que aparecem durante o cálculo e exigem muito trabalho. É possível evitar ter queefetuar essas integrais e resolver o mesmo problema em algumas linhas efetuando nomáximo uma integral unidimensional. O que nos proporciona isso é a lei <strong>de</strong> Gauss, queveremos na próxima unida<strong>de</strong>.95


Então, até como motivação para apren<strong>de</strong>r a lei <strong>de</strong> Gauss, vamos antes dissomostrar como resolver o problema da esfera uniformemente carregada pelos métodosque já apren<strong>de</strong>mos. Depois vamos ver como a lei <strong>de</strong> Gauss simplifica tudo.EXEMPLO 5.5Utilizando a Lei <strong>de</strong> Coulomb, encontre o campo elétrico em pontos internos e externosa uma esfera uniformemente carregada com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> carga ρ .SOLUÇÃO: O procedimento é idêntico ao que adotamos anteriormente. Temos que:1) escolher um referencial conveniente;2) escolher um elemento <strong>de</strong> carga arbitrário dq;3) <strong>de</strong>senhar o campo por ele gerado;4) <strong>de</strong>finir a posição r do elemento <strong>de</strong> carga dq , relativa ao referencialescolhido;5) <strong>de</strong>finir a posição do ponto <strong>de</strong> observação;6) <strong>de</strong>finir a distância entre esses dois pontos, que é o que nos pe<strong>de</strong> a lei <strong>de</strong>Coulomb.Se fizermos isso cuidadosamente, o problema estará essencialmente resolvido e seresumirá a resolver integrais complicadas. Vamos escolher então o referencial. Comoessa escolha é arbitrária, po<strong>de</strong>mos colocar o ponto <strong>de</strong> integração sobre o eixo z. A lei<strong>de</strong> Coulomb nos fornece:rdEdqr r1 dqP−r r r r4πε0|−| |P−=2P.|(5.6)O módulo do vetorr r − po<strong>de</strong> ser escrito em termos das cor<strong>de</strong>nadas esféricas. Ar Pfigura 5.6 ilustra o sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas utilizado. Como:r= rsenθ cosφiˆ− rsenθsenφˆj+ rcosθkˆ.erP= rPkˆ96


vem:rP− r = −rsenθcosφiˆ− r senθsenφˆj+ ( r − rcosθ) kˆ.PFigura 5.5: Escolha do referencial: coor<strong>de</strong>nadas esféricas.Assim, <strong>de</strong> acordo com a equação (5.6) o elemento <strong>de</strong> campo elétrico gerado pord q= ρdVfica:rdE21 ρrdr senθdθdφ2 24πε[ r + r − 2rrcosθ]= dq3/20 pPr(Pr−),on<strong>de</strong>:rP− r2 21/2= [ rp+ r − 2 rPr cosθ]2e: dV = r dr senθdθdφé o elemento <strong>de</strong> volume em coor<strong>de</strong>nadas esféricas. Po<strong>de</strong>mos agora verificarexplicitamente que os campos nas direções x e y se anulam. Para isso, escreva acomponente do elemento dErdqna direção x e o integre sobre o volume da esfera:97


πρ θθπr senE = r2R2dE iˆ1x ∫ • dq= ∫ dr d[ r senθcosφ]dφ0 ∫ ∫−0 02 24π ε [ r + r − 2 r r cosθ]3/20pPA integral sobre φ só envolve ocos φ que, integrado no intervalo <strong>de</strong> 0 a 2 π seanula. Um argumento completamente análogo vai levar você a concluir que:E x= E y= 0.Então, o que nos resta é calculartrabalhoso, como você verá a seguir.Ez. Entretanto, o cálculo <strong>de</strong>sta integral é muitoA integralEzque <strong>de</strong>sejamos é:Ezrˆ ρ R• k = − dr2ε∫0∫senθ( r− r cosθ)2= πP∫ dEdq0 2 2[ 2 cos ]3/20 rp+ r − rPr θrdθ.A integração sobre a variável θ po<strong>de</strong> ser efetuada fazendo a seguinte transformação<strong>de</strong> variáveis:t = 2 r r cosθ→ dt = 2 r r senθdθ.− (5.7)P+PEsta transformação afeta apenas a integral em θ , vamos escrevê-la como:2( π r senθ( rP− rcosθ)I r)= ∫02 2[ r + r − 2 r r cosθ]3/2pPdθ.O integrando po<strong>de</strong> ser preparado para integração da seguinte forma:[ rr2p2senθ( r+ r2P− 2 r− r cosθ)Pr cosθ]3/223( r rpsenθ− r senθcosθ)dθ= dθ=2 23/2[ r + r − 2 r r cosθ]pP98


Depois <strong>de</strong> usar a equação 5.7 no <strong>de</strong>nominador:[ rr2p2senθ( r+ r2P− 2 r− r cosθ)Pr cosθ]3/22r ( r rpsenθdθ− r senθcosθdθ)dθ= =2 2 3/2[ r + r + t]p[ rr2p2senθ( r+ r2P− 2 r− r cosθ)Pr cosθ]3/2dθ=[ r2pr2+ r + t]3/22[r rpsenθdθ2r rpcosθ2r rp+ ( −22rpsenθdθ)]2rp[ rr2p2senθ( r+ r2P− 2 r− r cosθ)Pr cosθ]3/2dθ=[ rr2+ r + t]dt t dt[ + ] =22 4r[ rr2+ r + t][ +2 3/223/2pp p21t4r2p] dt[ rr2p2senθ( r+ r2P− 2 r− r cosθ)Pr cosθ]3/22r 2rp+ tdθ=dt.2 2 3/2 2[ r + r + t]4rppAssim, ficamos com:Ez2= ρ R + 2r rP r (2rt)RP+ ρ rdrdt = I ( r)dr,2 2 2 3/222ε∫ 0 ∫−2r rP 4r[ r + r + t]ε ∫04r10Pp0Pem que:2( 2r rP (2rP+ t)I1 r)≡ ∫ + dt.−2r r 2 2P [ r + r + t]3/2p2 2Fazendo uma nova transformação <strong>de</strong> variáveis: u = r + r + Pt,po<strong>de</strong>mos notar queu − r22 2+ rP = 2rP+t,d o que nos permite reescrever a integral acima como:I ( r)≡1(2r+ t)2 2( r+rP) ( u − r + rdt = . ∫ 2( r−rP) [ u]2+ 2r rP P∫−2r r 2 2 3/23/2P [ rp+ r + t]2P)du99


Tal queI ( r)=1( r+r )2P( r−r)2P∫⎡(r⎢⎣2Pu− r3/22) 1+u1/2⎤⎥⎦2⎡(rP− rdu = ⎢ 3/2⎣ u2) 1+u1/2⎥⎦⎤2( r+rP)2( r−rP)2 2⎡ ( rP− r )= 2⎢−+ ( r + r⎣ ( r + rP)P2( rP) +| rP2− r )− | r− r |P⎤− r | ⎥,⎦on<strong>de</strong>| r − r |= ( r − r)PP2. É preciso ter muito cuidado com as duas raízes. Portanto énecessário usar o módulo e avaliar as duas opções ao fazer as contas. Enfim,agrupando os termos ficamos com:⎡ rPI ( r)= 4r⎢1+⎣ | rP− r ⎤ ⎧8r⎥ = ⎨− r | ⎦ ⎩0seserrPP> r1(5.7)< rIsto mostra que vamos obter expressões diferentes para o campo se ocalcularmos em pontos <strong>de</strong>ntro ou fora da esfera.Para os pontos externos,r P> r,logo:Ez=ρ2ε∫00Rr4r2Pρ 4R[8r]dr =ε 12031r2Pou,3se q = 4πR/3ρ .Ezq= ,(5.8)24πεr0 PPara pontos internos, temos quer Pestá entre zero e R ; portanto <strong>de</strong>vemosdividir a integral em duas partes e notar que a contribuição paraenquanto que para0 < r < R , I( r)= 8r. Portanto:r > rPé nula,Ezρ=εrρρ rrPRPp∫ [8r]dr + 0 dr = .0 230 4rrPε ∫=(5.9)0 P 3ε04πε0 Rqr100


E vemos portanto que o campo elétrico cresce para pontos <strong>de</strong>ntro da esfera àmedida que a carga interna à superfície esférica on<strong>de</strong> se encontracrescendo.r PvaiUm gráfico do campo elétrico obtido, como função da distância a partir da origem émostrado na Figura 5.6. Note que o campo elétrico é contínuo parar P= Rpo<strong>de</strong> ser testado das duas expressões obtidas para ele, <strong>de</strong>ntro e fora da esfera., conformeFigura 5.6: Gráfico do campo elétrico em função <strong>de</strong> r.Mostre que o campo elétrico é contínuo emATIVIDA<strong>DE</strong> 5.5r P= R .101


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASAtivida<strong>de</strong> 5.1A força sobre a carga q =10,0 μC é:rFr r= qE = EqQ) =4π ε z( zP20 Pkˆ.Ativida<strong>de</strong> 5.2A força exercida pela carga no arco é:rFr r1,73λ= qE = E(x = 0, y = 0) = − (ˆ) i4π ε R0Como conhecemos a carga Q=6,0 μC, temos, na equação acima, ou substituir λ porQL, sendo L o comprimento do aro, ou calcular λ com λ = Q/L. Vamos fazer a segundaopção. O comprimento do aro é dado por L = Rθ, sendo θ o ângulo subentendido peloaro no seu centro. Notemos que o ângulo θ é medido em radianos. Assim, comoθ=120° e R=1,0 m, temos:π0L = R × 120 = 2,09 m.0180A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> cargas é:q 6,00µCλ = = = 2,8µC / m.L 2,1mEntão:9−69,0× 10 × 1,73 × 2,8 × 10 Nm4F == 4,4 × 10 N.1,0m102


A direção da força é radial e o sentido, do meio do aro para o centro (note o sinalnegativo na fórmula do campo elétrico e como o vetor unitário i está dirigido).Ativida<strong>de</strong> 5.3Para calcular o campo elétrico para pontos muito distantes do disco utilize a equação5.4 fazendo o limite para para z P>> R . O parâmetro adimensional que caracterizaessa condição é:x =Rz P zPo campo elétrico serárE(zP) =σ ⎡⎢1−2ε⎣z⎤⎥ zˆ=⎥ 2⎦σε[ 1−0] zˆ= zˆP2 20 ⎢ R + zP02ε0σComo veremos mais adiante, esse é o valor do campo elétrico <strong>de</strong> um plano infinito <strong>de</strong>cargas.Ativida<strong>de</strong> 5.5Você não encontrará resposta para essa ativida<strong>de</strong>.103


PROBLEMASP2.1) Duas cargas elétricas iguais e <strong>de</strong> sinais contrários valendo q=50 μC sãoseparadas <strong>de</strong> 20 cm. Qual o campo elétrico no ponto médio da linha que une ascargas?P2.2) Duas cargas elétricas iguais <strong>de</strong> 10 μC são alinhadas e separadas por umadistância <strong>de</strong> 10 cm. Calcule o campo elétrico gerado no ponto P da mediatriz da retaque une as argas, à distância <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong>la.P2.3) Qual <strong>de</strong>ve ser o valor da carga elétrica se o campo gerado por ela vale 4,0 N/C àdistância <strong>de</strong> 70 cm <strong>de</strong>la?P2.4) Uma carga elétrica -5q é colocada à distância a <strong>de</strong> outra +2q. Em que ponto oupontos da linha reta que passa pelas cargas o campo elétrico é nulo?P2.5) A figura 3.9 representa um quadrupólo elétrico. Ele é composto por dois dipóloscom momentos opostos.Figura 3.9 – O quadrupólo elétricoCalcule o campo elétrico do quadrupólo no ponto P, situado à distância r>>a.P2.6) Duas pequenas esferas possuem uma carga total +140 μC. (a) Se elas serepeliriam com uma força <strong>de</strong> 60 N quando separadas <strong>de</strong> 0,60 m, quais são as cargasdas esferas? (b) se elas se atraem com uma força <strong>de</strong> 60 N, quais as cargas em cadauma <strong>de</strong>las?P2.7) Uma carga <strong>de</strong> +6,0 μC é colocada no ponto P <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (2,5;-3,0) m. Umaoutra carga <strong>de</strong> -5,5 μC é colocada no ponto Q <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (-2,0;2,0) m. Determineo vetor campo elétrico gerado por elas no ponto R <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (3,0;1,5) m.104


P2.8) Um elétron com velocida<strong>de</strong>8v = 5,0 × 10 m/s é lançado paralelamente a umcampo elétrico uniformeE = 1,0 × 103N/C que o freia.(a) Qual a distância que o elétron percorre até parar?(b) Quanto tempo ele leva para parar?c) Se o campo elétrico se esten<strong>de</strong> por uma região <strong>de</strong> 0,80 cm <strong>de</strong> comprimento, quefração <strong>de</strong> energia cinética inicial o elétron per<strong>de</strong> ao atravessar o campo?P2.9) Um elétron é lançado em um campo elétrico uniforme compreendido entre duasplacas como mostrado na figura abaixo.Figura 3.10 – Elétron no campo uniforme entre duas placasA velocida<strong>de</strong> inicial do elétron é6v = 6,0×10 m/s e o ângulo <strong>de</strong> lançamento é = 45θ °.Se3E = 2,0×10 N/C, L =10,0 cm e d =2,0 cm, (a) o elétron se choca contra algumadas placas? (b) se sim, qual e a que distância do lançamento ele se choca?105


UNIDA<strong>DE</strong> 3LEI <strong>DE</strong> GAUSS E SUAS APLICAÇÕESA lei <strong>de</strong> Gauss representa um método alternativo extremamente útil paracalcular o campo eletrostático gerado por uma distribuição <strong>de</strong> cargas, e simplificaespantosamente os cálculos, sempre que simetrias estejam envolvidas, como é, porexemplo no do campo eletrostático gerado por uma esfera uniformemente carregada.Além disso, a lei <strong>de</strong> Gauss evi<strong>de</strong>ncia a relação entre a carga elétrica e o campo elétricogerado por ela, ao contrário do que ocorre na lei e Coulomb que pressupõe umainteração à distância entre as cargas. Portanto a lei <strong>de</strong> Gauss é consi<strong>de</strong>rada um dospilares dos eletromagnetismo.106


107


AULA 6: LEI <strong>DE</strong> GAUSSOBJETIVOS• ENUNCIAR A LEI <strong>DE</strong> GAUSS• <strong>DE</strong>FINIR FLUXO ELÉTRICO E RELACIONÁ-LO COM A <strong>DE</strong>NSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> LINHAS <strong>DE</strong> FORÇA• MOSTRAR QUE CARGAS ELÉTRICAS EXTERNAS À SUPERFÍCIE DA GAUSS NÃOCONTRIBUEM PARA O CAMPO ELÉTRICO6.1 FLUXO DO CAMPO ELÉTRICOVamos começar com uma abordagem intuitiva. O caso mais simples possível éo <strong>de</strong> uma carga puntiforme q situada na origem <strong>de</strong> um referencial. O campo por elagerado a uma distância r é dado por:rE1 q4π ε=20rrˆ.Na figura 6.1 estão representados alguns vetores da intensida<strong>de</strong> do campo elétrico emalguns pontos gerado pela carga + q .Figura 6.1: Vetores campo elétrico.108


Devido ao fato do campo <strong>de</strong>cair com21/r , os vetores ficam menores quandonos afastamos da origem; mas eles sempre apontam para fora, no caso <strong>de</strong> q ser umacarga positiva. As linhas <strong>de</strong> força nada mais são do que as linhas contínuas que dãosuporte a esses vetores. Po<strong>de</strong>mos pensar <strong>de</strong> imediato que a informação sobre o campoelétrico foi perdida ao usarmos as linhas contínuas. Mas não foi. A magnitu<strong>de</strong> docampo, como já discutimos, estará contida na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força: ela émaior mais perto da carga e diminui quando nos afastamos <strong>de</strong>la, pois a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>linhas <strong>de</strong> força diminui commesmo para qualquer superfície lembre-se queesfera.raio12N/4πR , on<strong>de</strong> N é o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força, que é oA2= 4πRé a área da superfície daEm outras palavras: duas superfícies esféricas com centros na carga, uma comR e outra com raio ( R < )R são atravessadas pelas mesmas linhas <strong>de</strong> força.2, 1R2No entanto, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força, <strong>de</strong>finida como o número <strong>de</strong> linhas porunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, é maior sobre as esferas menores. Como a área cresce com oquadrado do raio, o campo <strong>de</strong>cresce da mesma forma, isto é, com o quadrado dadistância à fonte. Ou seja, se2E2∝ N/4πR , concluimos que1E2R < R 1temos que ( /4 2) ( /4 2N π R1 > N πR2) e comoE > .Neste ponto, cabe uma observação conceitual importante: adiscussão acima mostra que a <strong>de</strong>pendência do campo elétrico com o inversodo quadrado da distância é consequência da maneira <strong>de</strong> como ele se propagano espaço livre.Como po<strong>de</strong>mos quantificar essa idéia, que parece importante e nos diz "quantaslinhas <strong>de</strong> força" atravessam uma dada superfície S? As aspas referem-se ao fato <strong>de</strong>que, obviamente o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força é infinito, mas sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, isto é, onúmero <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, é finito.A quantida<strong>de</strong> procurada, é <strong>de</strong>nominada fluxo do vetor E rsuperfície A e <strong>de</strong>finida como:através daΦ = ∫ Er • nda ˆ(6.1)ESEm que o vetor nˆ é um vetor unitário normal à área da . O fluxo é proporcional aonúmero <strong>de</strong> linhas que atravessam a área infinitesimal da , figura 6.2.109


Figura 6.2: Orientações relativas do campo elétrico E e da normal à superfície.Note que, na expressão 6.1, o produto escalar leva em conta apenas acomponente <strong>de</strong> dErperpendicular ao elemento <strong>de</strong> área da ; em outras palavras, éapenas a área no plano perpendicular a E rque levamos em conta quandofalamos da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força.EXEMPLO 6.2CÁLCULO DO FLUXO DO CAMPO ELÉTRICOrCalcule o fluxo do campo elétrico, dado por E = 3,0ˆ i + 2,0yjˆ + 2,0kˆN/Cm através <strong>de</strong>um cubo <strong>de</strong> lado a=2,0m, figura 6.5, tal que sua face seja paralela ao plano xz esituada à distância <strong>de</strong> 2,0 m <strong>de</strong>ste plano.Figura 6.5: Cubo atravessado por campo elétrico.Solução: Antes <strong>de</strong> resolver o problema, notemos algumas proprieda<strong>de</strong>s do campo:110


em primeiro lugar, ele não é paralelo a nenhum dos eixos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas; emsegundo lugar, ele varia <strong>de</strong> ponto a ponto no espaço e seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dacoor<strong>de</strong>nada y do ponto consi<strong>de</strong>rado.O fluxo através do cubo é obtido da seguinte maneira:a - dividimos a área o cubo em 6 áreas, cada uma correspon<strong>de</strong>ndo a uma <strong>de</strong> suasfaces;b – calculamos o fluxo em cada uma <strong>de</strong>las;c - somamos os resultados para obter o fluxo total.Seja a face AEFC, que é perpendicular ao eixo Oy. Para ela,nˆ= − ˆje o fluxo é:Φ1=∫SrE ⋅ nˆda =∫(3,0 iˆ+ 2,0 yˆj+ 2,0 kˆ)• ( − ˆ) j da =∫− 2,0y da = −2,0y∫∫dx dzem que os últimos termos foram obtidos efetuando o produto escalar no integrando.Sobre a face AEFC a coor<strong>de</strong>nada y não varia e tem o valor y=2,0m. Então:Φ ∫∫221= −2,0( N / Cm)× 2,0 m dx dz = −4,0a ( N / C)m = −16,0(N / C)m2.Seja agora a face BDGH, que também é perpendicular ao eixo Oy. Para ela,nˆ = ˆje ofluxo é:Φ2=∫ E ⋅ nda ˆ = ∫ (3,0ˆ i + 2,0 yj ˆ + 2,0kˆ)• ( ˆ) j da = ∫ 2,0 y da =Sr2,0 y∫∫dx dzSobre a face BDGH a coor<strong>de</strong>nada y não varia e tem o valor y=4,0m. Então:Φ ∫∫222= 2,0 ( N / Cm)× 4,0 m dx dz = 8,0 a ( N / C)m = 32,0( N / C)m2.Na face ABEH temosnˆ = iˆ. Então:Φ∫( 3,0ˆ ˆm23= i + 2,0 yj + 2,0kˆ)• (ˆ) i da = 3,0 ( N / C)dy dz = 3,0 ( N / C)a = 12,0 ( N / C)∫∫2111


Na face FGDC temosnˆ= −iˆ. Então:Φ∫( 3,0ˆ ˆ ˆ)m4= i + 2,0 yj + 2,0kˆ)• ( −ida = −3,0 ( N / C)dy dz = −12,0 ( N / C)∫∫2Na face ABCD temosnˆ= −kˆ. Então:ˆ2Φ5= (3,0ˆ i + 2,0 yj + 2,0kˆ)• ( −kˆ)da = −2,0 ( N / C)dy dx = −2,0 ( N / C)a = −8,0(N / C)m∫∫∫2,Finalmente, na face EFGHnˆ = kˆ. Então:Φ∫( 3,0ˆ ˆ ˆ)m25= i + 2,0 yj + 2,0kˆ)• ( k da = 2,0 ( N / C)dy dx = 2,0 ( N / C)a = 8,0( N / C)∫∫2O fluxo total é:Φ = Φ1 + Φ2+ Φ3+ Φ4+ Φ5+ Φ6= ( −16,0+ 32,0 + 12,0 −12,0− 8,0 + 8,0) ( N / C)m2,Φ = 16,0( N / C)m2.ATIVIDA<strong>DE</strong> 6.1Seja o vetorrE = 3,0ˆ i + 2,0 ˆjN/C atravessando um paralelepípedo da figura 6.4, <strong>de</strong>lados a=3,0 cm, b=2,0 cm e c=2,5 cm. Calcule o fluxo do campo elétrico através doparalelepípedo.Figura 6.4 : Paralelepípedo atravessado por campo elétrico.112


ATIVIDA<strong>DE</strong> 6.2Determine qual é o fluxo do campo elétrico através das três superfícies da figura 6.5.Figura 6.5 Três superfícies Gaussianas6.2 A LEI <strong>DE</strong> GAUSSVimos que as linhas <strong>de</strong> campo que se originam numa carga positiva, precisamatravessar uma superfície ou morrer numa carga negativa <strong>de</strong>ntro da superfície. Poroutro lado, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga fora da superfície não vai contribuir em nada para ofluxo total, uma vez que as linhas entram por um lado e saem por outro. Essaargumentação claramente sugere que o fluxo através <strong>de</strong> qualquer superfíciefechada seja proporcional à CARGA TOTAL <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa superfície. Esta é aessência da lei <strong>de</strong> Gauss.113


Vamos torná-la quantitativa, então:1∫ Er • nˆda = Q,(6.4)Sεem que Q é a carga líquida <strong>de</strong>ntro da superfície. Essa é a lei <strong>de</strong> Gauss, que éválida para qualquer superfície fechada.06.3 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS: CÁLCULO DA INTEGRAL <strong>DE</strong>SUPERFÍCIE NA LEI <strong>DE</strong> GAUSSO que é preciso saber <strong>de</strong> matemática para usar a lei <strong>de</strong> Gauss corretamente?Antes <strong>de</strong> mais nada, é preciso saber calcular o fluxo do campo elétricosobre uma superfície fechada. Assim:∫ Er• nˆdaS1 - Escolhemos uma superfície compatível com a simetria do problema,que passa pelo ponto P, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejamos calcular a intensida<strong>de</strong> docampo elétrico;2 - Definimos o elemento <strong>de</strong> área relevante;3 - Definimos o vetor unitário normal à essa área;4 - Fazemos o produto escalar entre E r e nˆ5 – Calculamos o fluxo da campo elétrico:rΦ = ∫ E • nˆda =S∫SEcos θ da,(6.5)on<strong>de</strong>cos= Eˆ⋅nˆθ .A que simetria nos referimos acima? Aquelas, por exemplo, como a que vimos114


no caso da carga puntiforme: o módulo do campo elétrico é constante e normal àqualquer superfície esférica concêntrica com a carga q .Se não houver simetria essa integral po<strong>de</strong> ser bastante complicada e até inútil,pois para resolvê-la teríamos que conhecer o vetor E r (módulo, direção e sentido) emtodos os pontos da superfície e o objetivo agora é usar a lei <strong>de</strong> Gauss para simplificaros cálculos do campo elétrico. A importância da lei <strong>de</strong> Gauss fica mais clara quando oproblema tratado possui alguma simetria espacial.EXEMPLO 6.3Verifique a lei <strong>de</strong> Gauss para o caso <strong>de</strong> uma carga puntiforme positiva q .SOLUÇÃO: Comecemos seguindo os passos indicados no início <strong>de</strong>ssa seção.1) De acordo com o que vimos anteriormente, as linhas <strong>de</strong> força do campogerado por uma carga q são radiais com origem na carga. Portanto, se escolhermosuma superfície esférica <strong>de</strong> raio r (distância da carga ao ponto on<strong>de</strong> queremos calcularo campo), a normal a esta superfície terá também direção radial em qualquer ponto;2) o elemento <strong>de</strong> área é da e nˆda = rˆda , sendo da o elemento <strong>de</strong> área <strong>de</strong>uma esfera, como ilustra a figura 6.6. Não vamos precisar <strong>de</strong> sua forma diferencial.Figura 6.6: Elemento <strong>de</strong> área <strong>de</strong> uma superfície esférica.ˆAssim: n da = r ( r sen d ) d ,ˆθφθ115


e o campo elétrico para uma carga puntiforme é:rE1 q4π ε 0r=2rˆ(6-6)Então:r 1E • n da =4π εqˆ20rrˆ• n da,como r é constante sobre a superfície, temos:r 1∫ E • n da =4π εqˆ20rEntão, vemos que tudo que necessitaremos é a área da esfera, assim teremos:∫da.∫Er• nˆda =14π εq⋅ 4πr=q220 r ε0.Inversamente, po<strong>de</strong>ríamos ter <strong>de</strong>scoberto o campo elétrico, sabendo apenas que, porsimetria ele <strong>de</strong>ve ser constante sobre superfícies esféricas concêntricas com q . Vamosver como funciona:∫sup.<strong>de</strong>raio rrE • nˆda = E∫i<strong>de</strong>mda =| E | 4πr2.Usando a lei <strong>de</strong> Gauss, sabemos que o fluxo calculado tem que ser igual à carga total2<strong>de</strong>ntro da esfera, q dividida por ε0. Então E ⋅ 4πr = q/ε0, finalmente:E =14π ε0q2rNote que, <strong>de</strong>vido ao produto escalar, a lei <strong>de</strong> Gauss não nos diz nada sobre adireção do campo, apenas sobre o seu módulo. Mas nos casos em que éinteressante usar a lei <strong>de</strong> Gauss, como neste, sabemos por simetria, a direção docampo. Por exemplo, no caso <strong>de</strong> distribuições esféricas, a direção será radial.116


Ativida<strong>de</strong> 6.3Verifique a lei <strong>de</strong> Gauss para o caso <strong>de</strong> uma carga puntiforme negativa q .Ativida<strong>de</strong> 6.4No exemplo 6.2, qual <strong>de</strong>ve ser a condição para que o fluxo elétrico através do cuboseja nulo?No caso <strong>de</strong> uma carga puntiforme, o campo elétrico por ela gerado é:rE1 q4π ε 0 r=2rˆA força elétrica que atua sobre uma carga <strong>de</strong> prova q0colocada em um ponto P, édada por:rF = q0rE1 qq4πεr0=20rˆque é exatamente a expressão para a lei <strong>de</strong> Coulomb.A Lei <strong>de</strong> Gauss nos <strong>de</strong>screve a relação entre a carga elétrica e o campoelétrico gerado por ela. Segundo a lei <strong>de</strong> Gauss, o fluxo do campo elétrico emuma região finita do espaço é gerado por uma carga ou uma distribuição <strong>de</strong>cargas elétricas. Ela está portanto, diretamente ligada ao conceito <strong>de</strong> campoelétrico. Isso não ocorre com a lei <strong>de</strong> Coulomb, on<strong>de</strong> a interação entre ascargas é feita sem nenhum agente intermediário.Encontramos um caso semelhante na Mecânica, on<strong>de</strong> a lei <strong>de</strong> gravitação<strong>de</strong>screve a interação gravitacional direta entre duas massas, enquanto que o campogravitacional gerado por uma massa ou distribuição <strong>de</strong> massas é relacionado comestas massas pelo fluxo do vetor campo gravitacional g v que nada mais é que o fluxodo vetor aceleração da gravida<strong>de</strong>.117


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASATIVIDA<strong>DE</strong> 6.1Você po<strong>de</strong> calcular os fluxos sobre cada uma das faces do paralelepípedo e somá-lospara obter o fluxo total. Entretanto, o trabalho po<strong>de</strong> ser simplificado pois o campo éparalelo ao plano xy. Assim, o fluxo sobre as faces perpendiculares ao eixo Oz seránulo porque a normal a estas faces é perpendicular ao campo. Da mesma forma, ofluxo sobre as faces perpendiculares ao eixo Ou também será nulo. Sobram apenas asfaces perpendiculares ao eixo Ox. Como as normais a estas faces são <strong>de</strong> sentidosopostos, os produtos escalares do campo pelas normais terão sinais opostos. Alémdisso, o campo elétrico em cada uma <strong>de</strong>las é o mesmo (mesmo módulo, direção esentido). Portanto, a soma dos fluxos nestas duas superfícies dará o resultado nulo.ATIVIDA<strong>DE</strong> 6.2No caso do campo gerado por uma carga negativa,nˆ= −rˆ. A equação 6-4 fica:rE1 q− rˆ.4π ε r=20A partir daí, todas as equações se repetem com o sinal negativo, indicando que osentido do campo é para <strong>de</strong>ntro da superfície <strong>de</strong> Gauss. Então o fluxo é negativo. Masa expressão do módulo do campo elétrico não tem sinal negativo!ATIVIDA<strong>DE</strong> 6.3O fluxo não é nulo por causa da componente y do campo elétrico; ela cresce com adistância ao plano xz. Portanto, para que o fluxo seja nulo, é preciso que, ou acomponente y do campo seja nula. Ou que ela seja in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da distância ao planoxz.ATIVIDA<strong>DE</strong> 6.4Você não encontrará resposta para essa ativida<strong>de</strong>.118


PENSE E RESPONDAPR6.1) Uma esfera condutora oca tem uma carga positiva +q localizada em seucentro. Se a esfera tiver carga resultante nula o que você po<strong>de</strong> dizer acerca da cargana superfície interior e exterior <strong>de</strong>ssa esfera?PR6.2) Qual é o fluxo elétrico em um ponto <strong>de</strong>ntro da esfera condutora e fora daesfera condutora da questão anterior?PR6.3) Qual seria o fluxo elétrico através <strong>de</strong> uma superfície envolvendo um dipoloelétrico?119


AULA 7: APLICAÇÕES DA LEI <strong>DE</strong> GAUSSOBJETIVOS• APLICAR A LEI <strong>DE</strong> GAUSS PARA O CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO7.1 COMO USAR A LEI <strong>DE</strong> GAUSSA dificulda<strong>de</strong> mais comum na aplicação da lei <strong>de</strong> Gauss está nacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se distinguir claramente a superfície <strong>de</strong> Gauss, que é arbitrária,da superfície que envolve o volume das cargas em questão. Suponha quequeiramos calcular o campo elétrico gerado pela esfera dielétrica <strong>de</strong> raio R,uniformemente carregada com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas uniforme ρ, para pontos<strong>de</strong>ntro e fora da mesma, agora usando a lei <strong>de</strong> Gauss.Para evitar a confusão que costuma acontecer vamos sempre i<strong>de</strong>ntificar a árearelativa à lei <strong>de</strong> Gauss com o índice P como fizemos anteriormente, P sendo o"ponto <strong>de</strong> observação".Primeiramente vamos calcular o campo elétrico para pontos exteriores à esfera.A figura 7.1 ilustra a superfície <strong>de</strong> Gauss escolhida.Figura 7.1: Pontos exteriores à esfera dielétrica <strong>de</strong> raio R uniformemente carregada.O campo será radial e seu módulo será constante sobre superfícies esféricasconcêntricas com a distribuição. Então, po<strong>de</strong>mos escrever:120


∫ Er ⋅ nda ˆ = E ⋅ 4πRVamos calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga interna a essa superfície:Usando a lei <strong>de</strong> Gauss:S2P4q = ρ ⋅ π R3∫ Er⋅ nda ˆ =Sqε03..temos que:2 ρ 4E ⋅ 4πRp = ⋅ π Rε 303,comoq = ρ (4/3) π R3, vem:1 qE = . .24πεR0 PNote que R , o raio da distribuição <strong>de</strong> cargas NÃO COINCI<strong>DE</strong> com o raioda superfície <strong>de</strong> Gauss. O erro comum é o uso <strong>de</strong> uma única letra R paratodos os raios envolvidos no problema (nunca faça isso com as leis daFísica!). Tente perceber o que elas <strong>de</strong> fato são e <strong>de</strong>pois em como expressar esseconteúdo matematicamente).Vamos agora calcular o campo elétrico para pontos no interior da esfera. É ocaso mais crítico. Vejamos como é a superfície <strong>de</strong> Gauss. Desenhe-a e escolha o seuraioRP, distinguindo bemfigura 7.2.RPdo raio da esfera em questão, como indicado na121


Figura 7.2: Superfície <strong>de</strong> Gauss interior à esfera dielétrica <strong>de</strong> raio R.O fluxo do campo elétrico é:∫ Er⋅ nda ˆ = E ⋅ 4πRS2P.A carga total <strong>de</strong>ntro da superfície é:4 3q = ρ ⋅ π R P.3Note que, neste caso, o raio que <strong>de</strong>limita a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que vai contribuir,COINCI<strong>DE</strong> comR . Ou seja, a carga que contribui para o fluxo é q R ).P(PDesenvolvendo a lei <strong>de</strong> Gauss fica:q(R∫ E r⋅ nda ˆ =Sε0p)ou:2 ρ 4 3E ⋅ 4πR P= ⋅ π R P.ε 30Finalmente:ρE =3εO mesmo resultado que obtivemos laboriosamente fazendo uma integraltridimensional.0R P.122


7.2 APLICAÇÕES DA LEI <strong>DE</strong> GAUSSVejamos agora como aplicar a Lei <strong>de</strong> Gauss para diferentes situações queenvolvem uma distribuição <strong>de</strong> cargas com simetria.EXEMPLO 7.1Campo gerado por uma esfera metálica carregadaConsi<strong>de</strong>re agora uma esfera metálica <strong>de</strong> raio R com carga total Q . Calcule o campoelétrico para pontos exteriores e interiores a essa esfera.SOLUÇÃO:A primeira questão a consi<strong>de</strong>rar antes <strong>de</strong> pensar em qualquer fórmula é o tipo<strong>de</strong> material do qual estamos falando. No caso anterior tratava-se <strong>de</strong> uma esferadielétrica. Como sabemos, as cargas não têm mobilida<strong>de</strong> em dielétricos e portanto elaspo<strong>de</strong>m estar uniformemente distribuídas nele. Agora estamos falando <strong>de</strong> umaesfera condutora, isto significa imediatamente que para pontos internos a essaesfera:E = 0 .Como vimos anteriormente, em materiais condutores as cargas se concentram nasuperfície dos mesmos; então não temos cargas no interior da esfera.int.Figura 7.3: Superfície <strong>de</strong> Gauss para uma esfera metálica.E os pontos exteriores? Escolhemos como superfície <strong>de</strong> Gauss uma superfície esférica123


arbitrária <strong>de</strong> raioou:RP. Então (Figura 7.3):E ⋅ 4πRE2P14πεQ= ,εQ=20 RP0.ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.1Resolva o exemplo 7.1 para uma esfera com carga negativa. Use a Lei <strong>de</strong> Gauss paramostrar que o campo no interior da esfera é nulo.EXEMPLO 7.2CAMPO GERADO POR FIO RETILÍNEO INFINITOConsi<strong>de</strong>re agora um fio retilíneo <strong>de</strong> comprimento infinito, raio R e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>volumétrica <strong>de</strong> cargas ρ como na figura 7.4. Usando a lei <strong>de</strong> Gauss calcule o campoelétrico para pontos no interior e no exterior do fio.Figura 7.4: Fio infinito <strong>de</strong> raio R e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas ρ .SOLUÇÃO: Para calcular o campo em um ponto P fora do fio, vamos utilizar oresultado <strong>de</strong> que o campo elétrico, por razões <strong>de</strong> simetria, é uniforme edirigido radialmente para fora do fio. A razão disso é que, como o fio é infinito,124


cada elemento infinitesimal <strong>de</strong> volume do fio que escolhermos, tem um simétrico emrelação a P; <strong>de</strong>ssa forma, a componente do campo elétrico paralela ao fio se anula,restando apenas a componente perpendicular ao fio.Para pontos fora do fio, a superfície <strong>de</strong> Gauss será um cilindro concêntrico ao fio,como mostra a figura 7.5:Figura 7.5: Superfície <strong>de</strong> Gauss para um fio infinito.Note que a simetria existe porque o fio é infinito; para um fio finito, as suasextremida<strong>de</strong>s impe<strong>de</strong>m a existência sempre <strong>de</strong> um simétrico a qualquerelemento <strong>de</strong> volume do fio. Perto <strong>de</strong>ssas extremida<strong>de</strong>s, portanto, o camponão é mais uniforme e dirigido perpendicularmente ao fio.Uma vez escolhida a superfície <strong>de</strong> Gauss, calculamos a carga interior a ela:q = ρ ⋅π R 2 ⋅ L.Em que L é a altura do cilindro <strong>de</strong> Gauss e R, o raio <strong>de</strong> suas bases.Como as normais às bases do cilindro <strong>de</strong> Gauss são perpendiculares ao campoelétrico, o produte escalar <strong>de</strong>las pelo vetor campo elétrico é nulo. Basta então,calcular o fluxo através da superfície restante, paralela ao eixo do cilindro. Neste caso,a normal a esta superfície é coinci<strong>de</strong>nte com o vetor campo elétrico.Po<strong>de</strong>mos escrever, então, que o fluxo nessa superfície paraR p> R é dado por:E ⋅ 2πRPρπ RL =ε02L.125


Note queR P≠ R . Resolvendo a equação acima para o campo:ρ RE =2ε20R P.Para ponto internos do fio (R p< R ),2pq(R ) = π R LρpeE ⋅ 2πRpρE = ε0L = π RR p2pLρε0Note que as duas expressões coinci<strong>de</strong>m quandoR p= R . A Figura 7.6 mostra ográfico do campo elétrico em pontos no interior e exterior do fio.Figura 7.6: Gráfico do campo elétrico gerado pelo fio.ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.2Mostre que, paraR P= R , os campos interno e externo são iguais.EXEMPLO 7.3Que tal agora um pouco mais <strong>de</strong> física?Uma coluna <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> comprimento L e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear−3λ = −1,2× 10 C/m encontra-126


se negativamente carregada. Qual é o raio <strong>de</strong>ssa coluna <strong>de</strong> ar se as moléculas que acompõem são capazer <strong>de</strong> suportar um campo elétrico atéionização?64 × 10 N/C sem sofrerSOLUÇÃO: Vejamos a Física envolvida no problema. A idéia importante para fazer amo<strong>de</strong>lagem é consi<strong>de</strong>rar que, embora a coluna não seja infinitamente longa, po<strong>de</strong>mos,obter sua or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, ao aproximá-la por uma linha <strong>de</strong> cargas como ilustra afigura 7.7.Figura 7.7: Superfície <strong>de</strong> Gauss para um linha <strong>de</strong> cargas.Como a linha está negativamente carregada, o campo elétrico estará apontandopara <strong>de</strong>ntro da superfície gaussiana. A carga total éQ = λL.A segunda hipótese fundamental é a <strong>de</strong> que a superfície da coluna carregadanegativamente <strong>de</strong>va estar no raio rPon<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico é64 × 10N/C, pois as moléculas do ar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse raio serão ionizadas. Lembre-se que ocampo fica cada vez maior a partir daí na direção horizontal e no sentido <strong>de</strong> fora para<strong>de</strong>ntro da coluna. Portanto a área pela qual teremos fluxo será A = π r L P.π r LλLA Lei <strong>de</strong> Gauss nos dá: ⋅ 2 = ,ou: E = ,Portanto, para obter o raio da coluna temos:EPPε 0λ2πεr0 P2P127


−3= λ1,2 × 10 C/mr P== 5,4 m.−122 22π ε E (2π)(8,85 × 10 C / Nm )(4 × 106 N/C)0EXEMPLO 7.4PLANO NÃO CONDUTOR INFINITO <strong>DE</strong> CARGASCalcular o campo elétrico <strong>de</strong> um plano não condutor infinito <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>superficial σ.SOLUÇÃO: Se o plano é infinito, a simetria nesse caso é uma simetria linear e ocampo <strong>de</strong>ve estar orientado perpendicular ao plano. Não há como produzircomponentes paralelas ao plano, elas vão se cancelar sempre.Figura 7.8: Superfície <strong>de</strong> GausscomprimentoA superfície <strong>de</strong> Gauss será o cilindro indicado na Figura 7.8, <strong>de</strong> raioLP. A carga <strong>de</strong>ntro do cilindro consi<strong>de</strong>rado é:correspon<strong>de</strong>nte à base do cilindro.por isso:RPeq = σ A , sendo A a áreaO campo elétrico é perpendicular às bases e paralelo à superfície do cilindro,rE ⋅nˆ= E(nas bases)128


erE ⋅ˆn = 0(na superfície).Portanto, somando todas as contribuições a lei <strong>de</strong> Gauss nos forneceráE(2A)= σ AεσE =2 ε00(na direção perpendicular à tampa do cilindro). Vemos que esse campo é uniforme.Uma observação sobre fios e superfícies infinitas. É óbvio que taissistemas não po<strong>de</strong>m existir fisicamente. Entretanto, os resultados obtidoscom eles ainda são aplicáveis na prática. Para isso, basta consi<strong>de</strong>rarmos ocampo em pontos suficientemente próximos do fio ou da superfície, para queas dimensões <strong>de</strong>les sejam consi<strong>de</strong>radas muito maiores que a distância doponto em que se calcula o campo até eles.EXEMPLO 7.5ESFERAS CARREGADAS CONCÊNTRICASA figura 7.9 mostra uma carga+ q uniformemente distribuída sobre uma esfera nãocondutora <strong>de</strong> raio a que está localizada no centro <strong>de</strong> uma casca esférica condutora <strong>de</strong>raio interno b e raio externo c . A casca externa possui uma cargaE (r) :a) No interior da esfera ( r < a);b) Entre a esfera e a casca ( a < r < b);c) Dentro da casca ( b < r < c);d) Fora da casca ( r > c);− q . Determine129


e) Que cargas surgem sobre as superfícies interna e externa da casca?Figura 7.9: Esferas carregadas concêntricas.SOLUÇÃO: A casca externa é condutora e a interna é isolante. Sabemos como secomportam cargas adicionadas a esses materiais.Vamos começar com a esfera dielétrica; como a lei <strong>de</strong> Gauss nos garante que apenasas cargas internas à superfície gaussiana influenciam no campo, po<strong>de</strong>mos escreverrapidamente esta resposta:Figura 7.10: Superfície <strong>de</strong> Gauss para a esfera dielétrica.Parar < a a carga contida <strong>de</strong>ntro da superfície <strong>de</strong>senhada é:33( Volume <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> RP4πRP/3RPq RP) ×= q = q .3Volume total 4πa /3 a3A lei <strong>de</strong> Gauss sobre a superfície <strong>de</strong>senhada (Figura 7.10) nos fornece:2 q(RP)p=ε0E ⋅ 4π R =q Rε a03P3130


ou:qE =4πε0RaP3( 0 < r < a)Para a < r < b , a carga no interior <strong>de</strong> qualquer superfície gaussiana esférica será iguala q . Pela lei <strong>de</strong> Gauss, temos:E ⋅ 4πR2Pq= .ε0qE =4πεOu:20R P( a < r < b)Para b < r < c , estaremos <strong>de</strong>ntro da casca condutora. Sabemos que o campo <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong>ssa casca tem que ser nulo. As cargas vão se distribuir nas superfícies interna eexterna <strong>de</strong> maneira a garantir isto.Portanto, para b < r < c temos E = 0 .Mas sabemos que para E = 0,<strong>de</strong>ve haver uma superposição do campo gerado pelaesfera interior com o campo <strong>de</strong>vido à parte interna da casca condutora. Sejada superfície gaussiana e seja q′ a carga gerada emfornece:Como E = 0 , <strong>de</strong>scobrimos que q′ = −q.2 q + q′E ⋅ 4πRP= . ( b < r < c)ε0RPo raior = b . A lei <strong>de</strong> Gauss nosSe existe uma carga− q em r = b , e sabemos que esta é a carga sobre o condutor,toda ela vai se mover para a superfície interna da casca condutora. Então, o campoelétrico para pontos fora do conjunto, isto écargas no seu interior é zero. Então:r > cE = 0( r > c), será nulo, uma vez que a soma das131


ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.3Consi<strong>de</strong>re a mesma configuração do exemplo 7.5, porém consi<strong>de</strong>re que o condutoresteja <strong>de</strong>scarregado.EXEMPLO 7.6CARGA NO VÉRTICE <strong>DE</strong> UM CUBOUma carga puntiforme q está localizada no centro <strong>de</strong> um cubo <strong>de</strong> aresta d (Figura7.11).∫E rˆa) Qual é o valor <strong>de</strong> ⋅ ndAestendida a uma face do cubo?b) A carga q é <strong>de</strong>slocada até um vértice do cubo da figura 7.11. Qual é agora o valordo fluxo <strong>de</strong> campo elétrico através <strong>de</strong> cada uma das faces do cubo?Solução:q /εFigura 7.11: Superfície cúbica(a) O fluxo total é0. O fluxo através das faces em que ele não é nulo tem que ser omesmo em todas elas, por simetria. Portanto, através <strong>de</strong> cada uma das seis faces:∫facerE ⋅ ndA ˆ =qε0(b) Como o campo <strong>de</strong> q é paralelo à superfície das facesA, B e C , (as linhas <strong>de</strong>força s!ao tangentes às faces) o fluxo através das faces que formam o vértice tem queser nulo!/(8ε0O total do fluxo sobre as outras três faces precisa ser q ) porque esse cuboé um dos oito cubos que cirundam q . Essas três faces estão simetricamente dispostasem relação a q <strong>de</strong> modo que o fluxo através <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las é:132


1 qΦ =38ε0ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.4Sobre cada vértice <strong>de</strong> um cubo há uma carga +q. Qual é agora o valor do fluxo <strong>de</strong>campo elétrico através <strong>de</strong> cada uma das faces do cubo?EXEMPLO 7.7CAMPO EM CAVIDA<strong>DE</strong>S ESFÉRICASUm condutor esférico A contém duas cavida<strong>de</strong>s esféricas (figura 7.12). A carga totaldo condutor é nula. No entanto, há uma carga puntiformeqbno centro <strong>de</strong> umacavida<strong>de</strong> eqcno centro da outra. A uma gran<strong>de</strong> distância r está outraqd. Qual aforça que age em cada um dos quatro corposA ,, q q b ce dq ? Quais <strong>de</strong>ssas respostas,se há alguma, são apenas aproximadas e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> r ser relativamente gran<strong>de</strong>?Figura 7.12: Condutor esférico com cavida<strong>de</strong>s.SOLUÇÃO: A força sobreq é zero. O campo <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> esférica ébin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer coisa fora <strong>de</strong>la. Uma carga− qbfica uniformementedistribuída sobre a superfície condutora. O mesmo vale paraqc. Como a carga total nocondutor A é zero, uma cargaq + q fica distribuída sobre sua superfície externa. Sebcqdnão existisse o campo fora <strong>de</strong> A seria simétrico e radial:133


E =14πε0( qb +r.2qc),que é o mesmo campo <strong>de</strong> uma carga puntual situada no centro da esfera.A influência <strong>de</strong>qdalterará ligeiramente a distribuição <strong>de</strong> carga em A , mas semafetar a carga total. Portanto para r gran<strong>de</strong>, a força sobreqdserá aproximadamente:1F =4 πε0qd( qb+2rqc)A força em A precisa ser exatamente igual e oposta à força emqd.O valor exato da força emqdé a soma da força aproximada <strong>de</strong> A sobreqdmais aforça que agiria emqdse a carga total sobre e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> A fosse zero, quecorrespon<strong>de</strong> à atração <strong>de</strong>vido a indução <strong>de</strong> cargas sobre a superfície da esfera.ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.5ESFERA UNIFORMEMENTE CARREGADA <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>NSIDA<strong>DE</strong> VOLUMÉTRICA ρUma região esférica está uniformemente carregada com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong>carga ρ . Seja r o vetor que vai do centro da esfera a um ponto genérico P nointerior da esfera.a) Mostre que o campo elétrico no ponto P é dado por:r ρrE =3ε 0rˆb) Uma cavida<strong>de</strong> esférica é aberta na esfera, como nos mostra a figura 7.13.134


Figura 7.13: Cavida<strong>de</strong> esférica no interior <strong>de</strong> uma esfera uniformemente carregada.Usando o conceito <strong>de</strong> superposição mostre que o campo elétrico, em todos os pontosno interior da cavida<strong>de</strong> é uniforme e vale:rrρ aE = ,3on<strong>de</strong> a r é o vetor que vai do centro da esfera ao centro da cavida<strong>de</strong>. Note que ambosos resultados são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos raios da esfera e da cavida<strong>de</strong>.ε 07.3 CARGAS E CAMPO ELÉTRICOS NA SUPERFÍCIE <strong>DE</strong> CONDUTORESNo Exemplo 7.1 vimos que as cargas elétricas em um condutor se distribuemem sua superfície. Em geral, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas na superfície é variável.Para pontos próximos à superfície, o campo elétrico é perpendicular à superfície; seisso não ocorresse, haveria uma componente <strong>de</strong>ste campo paralela à superfície, queproduziria movimento <strong>de</strong> cargas até que a nova distribuição <strong>de</strong>las anulasse estacomponente.Po<strong>de</strong>mos calcular facilmente o valor do campo elétrico nos pontos próximos àsuperfície do condutor usando a lei <strong>de</strong> Gauss. A Figura 7.14 mostra um condutor <strong>de</strong>forma qualquer e um ponto P próximo a ele, on<strong>de</strong> vamos <strong>de</strong>terminar o campo.Como P está muito próximo à superfície do condutor, po<strong>de</strong>mos escolher umasuperfície <strong>de</strong> Gauss na forma <strong>de</strong> uma caixa cilíndrica com uma base na superfície Eoutra, passando por P.Figura 7.14 : Superfície <strong>de</strong> Gauss para uma região na superfície <strong>de</strong> um condutor135


No interior do condutor, o campo elétrico é nulo; assim, a única contribuiçãoao fluxo do campo elétrico é dada pela superfície que contém P. Seja A a sua área, alei <strong>de</strong> Gaus nos fornece:σA∫ E r⋅ ndA ˆ = EA = .ε 0De on<strong>de</strong> vem:σE = .ε 0(7.1)O fato das cargas elétricas em condutores se colocarem na superfície externa<strong>de</strong>les tem gran<strong>de</strong> importância prática pois está na origem da chamada gaiola <strong>de</strong>Faraday, usada por ele para <strong>de</strong>monstrar este fato. A gaiola <strong>de</strong> Faraday nada mais éque uma gaiola metálica que, se carregada, não oferece perigo algum para pessoasque se colocarem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la, pois, ao tocarem a gaiola por <strong>de</strong>ntro, não ficam emcontato com as cargas elétricas e não correm risco <strong>de</strong> choques eletricos. A gaiola <strong>de</strong>Faraday é usada em ativida<strong>de</strong>s que envolvem altas correntes elétricas.Da mesma forma, um condutor oco po<strong>de</strong> ser usada para produzir blindagemeletrostática. Quando queremos proteger um aparelho <strong>de</strong> qualquer outra influênciaelétrica, nós envolvemos esse aparelho com uma capa metálica. Nestas condiçõesdizemos que o aparelho está blindado, pois nenhum fenômeno elétrico externo po<strong>de</strong>ráaferá-lo.Se você observar o interior <strong>de</strong> uma TV po<strong>de</strong>rá notar que alguns dispositivos seapresentam envolvidos por capas metálicas, estando portanto, blindados por essescondutores.EXEMPLO 7.6BLINDAGEM ELETROSTÁTICARicardo verificou que a presença <strong>de</strong> uma dispositivo carregado estava perturbando ofuncionamento <strong>de</strong> um aparelho elétrico, colocado próximo à ele. Para resolver oproblema <strong>de</strong> interferência o estudante envolveu o dispositivo com uma cúpulametálica, como mostra a figura7.15. Contudo ele não foi bem sucedido. ComoRicardo <strong>de</strong>veria ter agido, sem afastar o dispositivo do aparelho elétrico?136


Figura 7.15 Experiência com interferência e blindagem eletrostáticaSOLUÇÃO:Sem afastar o aparelho elétrico do dispositivo, Ricardo <strong>de</strong>veria ter envolvido oaparelho com a cúpula metálica, e não o dispositivo.EXEMPLO 7.7: MÉTODO DA CARGA IMAGEMConsi<strong>de</strong>re uma carga q a uma distância h acima <strong>de</strong> um plano condutor, quetomaremos como infinito. Seja q > 0 . a) Desenhe as linhas <strong>de</strong> campo elétrico; b) Emque ponto da superfície do condutor se encontra uma linha que nasce na cargapuntiforme e sai <strong>de</strong>la horizontalmente, isto é, paralelamente ao plano?Figura 7.16: Linhas <strong>de</strong> campoFigura 7.17: Visão em close upSolução: Vamos chamar <strong>de</strong> z o eixo perpendicular ao plano que passa pela carga q .137


Esperamos que a carga positiva q atraia carga negativa do plano. Claro que a carganegativa não se acumulará numa concentração infinitamente <strong>de</strong>nsa no pé daperpendicular que passa por q .Também lembremos que o campo elétrico é sempre perpendicular à superfície docondutor, nos pontos da superfície. Muito próximo à carga q , por outro lado, apresença do plano condutor só po<strong>de</strong> fazer uma pequena diferença.Po<strong>de</strong>mos usar um artifício. Procuramos um problema facilmente solúvel cuja solução(ou parte <strong>de</strong>la) po<strong>de</strong> ser ajustada ao problema em questão.Consi<strong>de</strong>re duas cargas iguais e opostas, puntiformes, separadas pela distância 2h.Figura 7.18: Artifício da carga imagem.No plano bissetor da reta que une as cargas (reta AA) o campo elétrico é em todos ospontos perpendicular ao plano.A meta<strong>de</strong> superior do <strong>de</strong>senho acima satisfaz a todos os requisitos do problema dacarga e do plano infinito.Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ssa forma calcular a intensida<strong>de</strong> e a direção do campo sobre o planocondutor em qualquer ponto.Consi<strong>de</strong>re um ponto na superfície a uma distância r da origem.A componente z do campo <strong>de</strong> q neste ponto éA "carga imagem",kqE z−2( r + h=2cosθ)− q , sob o plano, contribui com uma componente z igual.138


Figura 7.19: Ângulo do campoAssim o campo elétrico aí é dado por:2kq2kqE = − cosθ= −z 2 22 2 2( r + h ) ( r + h ) ( r += −( r22kqh2+ h )3/2hh2)1/2A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga no plano condutor, po<strong>de</strong> ser calculada usando a lei <strong>de</strong>Gauss. Não há fluxo através so "fundo" da caixa. Logo, pela lei <strong>de</strong> Gauss:∫E r• ndA ˆ =qε0ou:qE A = ⇒nE nε0=σε0on<strong>de</strong>Ené a componente normal do campo. Portantoσ =12qh2qhE zε0= −ε2 2 3/2 0=ε2 2 3/2 0= −24π ε0 ( r + h ) 4π ε0( r + h ) 2π( r +Apenas para verificação, a carga superficial total <strong>de</strong>ve igualar aqhh2)3/2− q . De fato, ela é:Qtotal= ∫ ∞ σ 2πrdroOn<strong>de</strong> usamos:139


∫∞∫∞dxdy=∫2π∞∫−∞−∞0 0rdrdθ− hrdrq ∫ ∞ −q( r + h )=0 2 2= 3/2Este e o chamado método das imagens! Voltando à solução do nosso problema, nós<strong>de</strong>terminaremos R , a distância a partir da origem que a linha <strong>de</strong> campo que partehorizontalmente <strong>de</strong> q , atinge o plano como sendo a distância que <strong>de</strong>termina ameta<strong>de</strong> da carga induzida no plano (isto é, − q/2), confinada num círculo <strong>de</strong> raio R .ou:q− =2∫ ∞0σ 2π rdr12=∫0R( Rhrdr2+ h2)3/2= [ −h2h+ R2]R0=h2h+ R21=2Ou, ainda:2h + R2= 4h2⇒ R =3h.140


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASATIVIDA<strong>DE</strong> 7.1A solução é semelhante à do exemplo 7.1. A diferença está no sinal do produto escalarrE ⋅ nˆ, que, agora é negativo, pois o campo elétrico aponta <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro dasuperfície. Daqui em diante o sinal negativo aparece, indicando apenas o sentido dovetor campo elétrico (lembre-se que o módulo é sempre positivo).ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.2Você não encontrará resposta para essa ativida<strong>de</strong>.ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.3Neste caso o problemasuperfície b tem que serr = b é idêntico ao anterior. Vimos que a carga sobre a− q para que não haja campo elétrico entre b e c. Masagora, como não há cargas "extras" sobre o condutor, os elétrons vão migrar para asuperfície interna <strong>de</strong>ixando necessariamente um excesso <strong>de</strong> carga positivasuperfície exterior à casca. Neste caso o campo na região externa será:ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.4Eq4π εrˆ=20 rP.+ q naPelos mesmos argumentos <strong>de</strong> simetria, qualquer carga q numa das faces do cubo terácampo paralelo àquela face, tal que o fluxo nessa face será zero. Portanto, por essamesma face só passará o fluxo criado pelas outras quatro cargas na face oposta docubo. O fluxo total sobre essa face será equivalente à quatro vezes o fluxo que umacarga q cria através <strong>de</strong> uma face, calculado no exemplo. Assim, o fluxo total por umaface será4 qΦ = .38ε0ATIVIDA<strong>DE</strong> 7.5141


a) Desenhando a superfície <strong>de</strong> Gauss, ilustrado na figura 7.20, e tomando um pontogenérico sobre ele, teremos, usando a lei <strong>de</strong> Gauss:E ⋅ 4πr2P4πr= ρ3εr ρou: E = r rˆP.3ε03P0Figura 7.20: Superfície <strong>de</strong> Gauss.b) A maneira <strong>de</strong> calcular o campo <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> é usar o princípio dasuperposição. Se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> carga também preenchesse a cavida<strong>de</strong>teríamos que o campo num ponto <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> rˆ (ver figura 7.21):r rE1() =3ρε0rrˆFigura 7.21: Superfície <strong>de</strong> Gauss.Para incluir o efeito da cavida<strong>de</strong>, usamos o princípio da superposição, isto é,142


consi<strong>de</strong>ramos esse problema somado com o problema <strong>de</strong> uma distribuição uniforme,com carga oposta localizada em â :a superficie <strong>de</strong> Gauss é:ra rr+= . O fluxo do campo elétrico que atravessaP2 ρ 4πrE2⋅ 4π rP= − ×ε 30ρ r pE2⋅= − .3εrrρ rPρrPP ρ rTal que: E = rˆ= = ().23 3 r 3a r−P− − −1a)O campo total é dado por2εE ( + E :0ε0P03Pr ρ r ρ r rE =− (− a)=3ε3ε300ε0ρε0ra.PENSE E RESPONDAPR7.1) Como você po<strong>de</strong> explicar o fato do campo <strong>de</strong>vido a uma placa <strong>de</strong> carga infinitaser uniforme, tendo a mesma intensida<strong>de</strong> em todos os pontos, não importando a suadistância até a superfície carregada?PR7.2) Por que o campo elétrico <strong>de</strong> uma haste infinita carregada não é infinito se acarga também é infinita? A lei <strong>de</strong> Coulomb estaria sendo violada?143


AULA 8: APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICAOBJETIVOS• UTILIZAR OS CONCEITOS <strong>DE</strong> FORÇA ELÉTRICA, CAMPO ELÉTRICO, LEI <strong>DE</strong> COULOUM ELEI <strong>DE</strong> GAUSS PARA RESOLVER PROBLEMAS MAIS ELABORADOS DA ELETROSTÁTICANÃO PASSE PARA A PRÓXIMA AULA SEM RESOLVER AS ATIVIDA<strong>DE</strong>S <strong>DE</strong>SSA AULA!8.1 ATIVIDA<strong>DE</strong>S COM APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICAATIVIDA<strong>DE</strong> 8.1Na figura 8.1, as linhas <strong>de</strong> campo elétrico do lado direito têm separação duas vezesmenor do que no lado esquerdo. No ponto A, o campo elétrico vale 40N/C. (a) Qualé o módulo da força sobre um próton colocado em A? (b) Qual é o módulo docampo elétrico no ponto B?Figura 8.1: Linhas <strong>de</strong> campo elétrico.ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.2Três partículas são mantidas fixas nos vértices <strong>de</strong> um triângulo eqüilátero, comoilustra a figura 8.2. As cargas valemq q = + e= 21e q3 = + 2e. A distância a=6,00µm. Determine (a) o módulo e (b) a direção do campo elétrico no ponto P.Figura 8.2: Disposição das cargas144


ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.3A figura 8.3 mostra uma seção <strong>de</strong> um tubo longo <strong>de</strong> metal. Ele possui um raioR=3,00 cm e está carregado com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga= 2,00.10C m.−8λ Determine o módulo do campo elétrico E a uma distância radial(a) r = R 2 e (b) r = 2R. (c) Faça um gráfico <strong>de</strong> E em função <strong>de</strong> r no intervalo0 ≤ r ≤ 2R .Figura 8.3: Seção reta <strong>de</strong> um tubo longo <strong>de</strong> metal carregado.ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.4A figura 8.4 mostra dois cilindros concêntricos <strong>de</strong> raios a e b. Ambos possuem amesma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> carga λ. Calcule o campo elétrico no ponto P situado àdistância r do eixo dos cilindros, tal que:a) r


ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.5Consi<strong>de</strong>re um disco circular <strong>de</strong> plástico <strong>de</strong> raio R carregado uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>superficial <strong>de</strong> cargas positivas σ , figura 8.6. Qual é o campo elétrico no ponto P,situado no eixo central a uma distância z do disco?Figura 8.5: Disco carregado com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas positivas σ .ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.6Dois discos muito gran<strong>de</strong>s com a mesma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, mas com cargas <strong>de</strong>sinais contrários são colocados face a face como na figura 8.6. Calcule o campoelétrico na região entre elesFigura 8.6: Campo elétrico entre discos carregados146


ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.7Em uma placa fina, infinita, não-condutora com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong>carga σ , foi aberto um pequeno furo circular <strong>de</strong> raio R. O eixo z é perpendicular àplaca e está no centro do furo. Determine o campo elétrico no ponto P que está aum distância z da placa. Dica: Utilize o princípio da superposição.Figura 8.7: Furo circular numa placa.ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.8Uma pequena esfera não-condutora <strong>de</strong> massa m e carga q está pendurada em fionão-condutor que faz um ângulo θ com uma placa vertical, não-condutora,uniformemente carregada, figura 8.7 Consi<strong>de</strong>rando a força gravitacional a que aesfera está submetida e supondo que a placa possui uma gran<strong>de</strong> extensão, calculea <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas σ da placa.Figura 8.7: Ilustração da ativida<strong>de</strong> 8.8.147


ATIVIDA<strong>DE</strong> 8.9A figura 8.9 mostra duas esferas maciças <strong>de</strong> raio R, com distribuições uniformes <strong>de</strong>cargas. O ponto P está sobre a reta que liga os centros da esferas, a uma distânciaR 2 do centro da esfera 1. O campo elétrico no ponto P é nulo, qual a razão entrea carga da esfera 2 e da esfera 1?Figura 8.9: Esferas maciças da ativida<strong>de</strong> 8.9148


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDA<strong>DE</strong>S PROPOSTASAtivida<strong>de</strong> 8.1(a) Através da figura vemos que o campo elétrico aponta da direita para aesquerda. A força elétrica é dada por:rF = 1,6 × 10×( − 40) iˆ= 6,4 × 10 iˆ−19 −18(b) Como discutido anteriormente, o módulo da campo elétrico é proporcional à<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> campo elétrico, então o campo elétrico no ponto B vale 20N/C..Ativida<strong>de</strong> 8.2(a) Note que as cargas q1e q2tem o mesmo módulo, por simetria po<strong>de</strong>mosconcluir que sua contribuições se anulam no ponto P. A magnitu<strong>de</strong> do campo noponto P será:rE=14πε02e2rp=14πε02e( a 2 )2= 160 NC .(b) O campo tem o mesmo sentido da linha que une a carga 3 ao ponto P.Ativida<strong>de</strong> 8.3Consi<strong>de</strong>re uma superfície cilíndrica <strong>de</strong> área A e e raiorp, concêntrico ao eixo docilindro. Fazendo uso da lei <strong>de</strong> Gauss po<strong>de</strong>mos escrever:rq∫ E • nˆda = 2 π rpE =Aε0.(a) No interior do cilindro o campo elétrico é nulo, pois não há cargas no interior dasuperfície gaussiana.(b) Parar p> R temos que = λ.q Então ( r)encλE = . Substituindo os valores2πr pε 0<strong>de</strong> λ e rptemos:E = 5.99 × 103NC.(c) O gráfico <strong>de</strong> E versus r é mostrado abaixo:149


Figura 8.12: Gráfico <strong>de</strong> E versus r .O valor máximo para o campo elétrico é dado parar = 0, 030me vale:λEmax= = 1,2 × 102πrε04NC.Ativida<strong>de</strong> 8.4Pela figura 8.4, po<strong>de</strong>mos ver que o campo elétrico tem direção radial.(a) Consi<strong>de</strong>remos uma superfície <strong>de</strong> Gauss cilíndrica <strong>de</strong> comprimento L e raior p< a . Aplicando a lei <strong>de</strong> Gauss para ela, temos:rqenc∫ E • nˆda = E (2πrpL)= = 0Aε 0porque não há carga elétrica nas regiões em que rb. Como a carga total encer150


ada por ela é nula, o campo fora dos cilindros também será nulo.Ativida<strong>de</strong> 8.5Vamos dividir o disco em anéis concêntricos e calcular o campo elétrico no ponto Pintegrando sobre todos os anéis. Na figura 8.6 estão representados esses anéis. Acarga do anel é dada por:dq = σ dA = σ 2πr dr,on<strong>de</strong> dA é a área do anel elementar. O campo elétrico produzido por uma anel jáfoi resolvido, utilizando esse resultado po<strong>de</strong>mos escrever o campo elétricodE como:zσ2πr drdE =4πεσ z=2 r dr( ) 32 2 4ε2 0 2 2z + r ( z )0 p p+ rPara calcular E basta integrar sobre toda a superfície do disco, ou seja, integrandoem relação à variável r <strong>de</strong> r = 0 a r = RE =∫σ zdE =4ε0 0. Assim temos:32R2 2 − 2∫ ( z r ) 3p+ 2 r dr.Integral <strong>de</strong>ssa forma já foi resolvida em aulas anteriores, e o resultado é dado por:.⎡⎤2 2 −12σ z ⎢( z ) ⎥ ⎛p+ r σ ⎜ zpE = ⎢⎥ =⎜1 −4ε20 ⎢1− ⎥ 2ε0⎝zp+ R⎢⎣2 ⎥⎦R02⎞⎟⎟⎠.Ativida<strong>de</strong> 8.6O campo elétrico na região interior das placas é a soma vetorial dos camposgerados por cada uma das placas. No sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas da figura 8.6, temos:r r rr rE = Eˆ ˆ) E++ E−= E+i + E−( −i= E+−−Em que os índices positivo e negativo indicam as placas. A expressão do módulo docampo elétrico <strong>de</strong> cada placa é dada pela equação final da Ativida<strong>de</strong> 8.5. Nela, acoor<strong>de</strong>nada z <strong>de</strong>ve ser substituida por x, posto que o eixo paralelo ao campo agora151


é o eixo Ox. Fazendo a conta para o campo em um ponto <strong>de</strong>ntro da região dasplacas, com coor<strong>de</strong>nada x, obtemos:σ ˆ− σ σE = i − ( −iˆ)=2ε2εε000Ativida<strong>de</strong> 8.7A distribuição <strong>de</strong> carga neste problema é equivalente a uma placa carregada comuma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga σ mais um disco circular com raio R carregado− σ . O campo produziso pela placaE r placae o campo produzido pelo disco <strong>de</strong> E rdisco, utilizando ocom uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargachamaremos <strong>de</strong>princípio da superposição po<strong>de</strong>mos escrever:rEtotalr r= E + E .placaUtilizando os resultados obtidos em ativida<strong>de</strong>s anteriores, o campo será dado por:disco( − σ )E r ⎛ σ ⎞ˆ⎛ z ⎞1ˆ σ z= k ⎜⎟ ktotal ⎜⎟ +=2−2 22⎝ ε0 ⎠ ε0 ⎝ z + R ⎠ 2εz + R2 20kˆ.Ativida<strong>de</strong> 8.8A esfera faz um ângulo θ com a placa. Estando em equilíbrio, as forças sobre aesfera <strong>de</strong>vem se anular. A figura 8.13 ilustra as forças que atuam na esfera.Figura 8.13: Diagrama <strong>de</strong> forças que atuma na esfera.Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>compor a tensão na corda e aplicar a condição <strong>de</strong> equilíbrio, ∑ F r = 0 .Assim teremos:eT cos θ = mg(8.1)Tsen θ = qE.(8.2)O campo criado por uma placa já é conhecido e tem módulo:152


E =σ2ε0.Dividindo 8.2 por 8.1 e substituindo o valor <strong>de</strong> E temos:qσ2ε02ε0mgtanθmg tanθ→ σ =q= .Ativida<strong>de</strong> 8.9O campo eletrico no interior e exterior <strong>de</strong> uma esfera carregada já foi calculado nasaulas anteriores. O campo <strong>de</strong>vido à esfera 1 é:E1=q14πεR03r1=q14πεR03⎛ R ⎞ q1⎜ ⎟ =⎝ 2 ⎠ 8πεR02.E o campo da esfera 2 é:E1qq22=24πε0r4πε0R= .( 1,5 ) 2A razão entre as cargas será:qq219= = 1,125.8153


APÊNDICES570


APÊNDICE A - SISTEMA INTERNACIONAL <strong>DE</strong> UNIDA<strong>DE</strong>S (SI)Gran<strong>de</strong>za Nome da Unida<strong>de</strong> SímboloUnida<strong>de</strong>s FundamentaisComprimento metro mMassa quilograma kgTempo segundo sCorrente ampère ATemperatura kelvin KIntensida<strong>de</strong> luminosa can<strong>de</strong>la cdQuantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substância mole molUnida<strong>de</strong>s DerivadasUnida<strong>de</strong>sequivalentesÁrea metro quadrado m 2Volume metro cúbico m 3Frequência hertz Hz s -1Velocida<strong>de</strong> metro por segundo m/sVelocida<strong>de</strong> angular radiano por segundo rad/sAceleraçãometro por segundom/s 2quadradoAceleração angularradiano por segundo rad/s 2quadradoForça newton N kg . m/s 2Pressão pascal Pa N/m 2Trabalho, energia joule J N . mPotência watt W J/sCarga elétrica coulomb C A . sPotencial elétrico volt V J/CIntensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo newton por coulomb N/C V/melétricoResistência elétrica ohm Ω V/ACapacitância farad F C/VFluxo magnético Weber Wb V . sCampo magnético Tesla T Wb/m 2Indutância Henry H Wb/A571


<strong>DE</strong>FINIÇÕES <strong>DE</strong> UNIDA<strong>DE</strong>S DO SIMetro (m)Quilograma (kg)Segundo (s)Ampère (A)Kelvin (K)Can<strong>de</strong>la (cd)Mole (mol)O metro é a distância percorrida pela luz no vácuo em1/299.792.458 s.O quilograma é a massa do corpo-padrão internacional preservadoem Sèvres, na França.O segundo é a duração <strong>de</strong> 9.192.631.770 períodos da radiaçãocorrespon<strong>de</strong>nte a transição entre os dois níveis hiperfinos doestado fundamental do átomo <strong>de</strong> 133 Cs.O ampère é a corrente que em dois fios paralelos <strong>de</strong> comprimentoinfinito, separados <strong>de</strong> 1 m, provoca uma força magnética porunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> 2 . 10 -7 N/m.O kelvin é igual a 1/273,16 da temperatura termodinâmica doponto triplo da água.A can<strong>de</strong>la é a intensida<strong>de</strong> luminosa na direção perpendicular dasuperfície <strong>de</strong> um corpo negro cuja área é <strong>de</strong> 1/600.000 m 2 natemperatura <strong>de</strong> solidificação da platina a uma pressão <strong>de</strong> 1 atm.O mole é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substância <strong>de</strong> um sistema que contémtantas entida<strong>de</strong>s elementares quantos átomos <strong>de</strong> carbono em0,012 kg <strong>de</strong> carbono-12.572


APÊNDICE B – CONSTANTES NUMÉRICASCONSTANTES FÍSICAS*Constante <strong>de</strong> gravitação G 6,673(10) × 10 -11 N⋅m 2 /kg 2Velocida<strong>de</strong> da luz c 2,99792458 × 10 8 m/sCarga do elétron e 1,602176462(63) × 10 -19 CNúmero <strong>de</strong> Avogadro N A 6,02214199(47) × 10 23partículas/molConstante dos gases perfeitos R 8,314472(15) J/(mol⋅K)Constante <strong>de</strong> Boltzman k = R/N A 1,3806503(24) × 10 -23 J/K8,617342(15) × 10 -5 eV/KConstante <strong>de</strong> Stefan-σ = (π 2 /60) 5,670400(40) × 10 -8 W/(m 2 k 4 )Boltzmannk 4 /(ћ 3 c 2 )Constante <strong>de</strong> massa atômica m u 1,66053873(13) × 10- 27 kg =1uConstante <strong>de</strong> Coulomb k = 1/(4πε 0 ) 8,987551788 ... × 10 9 N⋅m 2 /C 2Permissivida<strong>de</strong> elétrica dovácuoε 0 8,854187817 ... × 10 -12C 2 /(N⋅m 2 )Permeabilida<strong>de</strong> magnética dovácuoµ 0 4 π × 10 -7 N/A 21,256637 × 10 -6 N/A 2Constante <strong>de</strong> Planck h 6,62606876(52) × 10 -34 J⋅s4,13566727(16) × 10 -15 eV⋅sћ = h/2π1,054571596(82) × 10 -34 J⋅s6,58211889(26) × 10 -16 eV⋅sMassa do elétron m e 9,10938188(72) × 10 -31 kgMassa do próton m p 1,67262158(13) × 10 -27 kgMassa do nêutron m n 1,67492716(13) × 10 -27 kgComprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> λ C = h/m e c2,426310215(18) × 10 -12 mComptonConstante <strong>de</strong> Rydberg R H 1,0973731568549(83) × 10 7 m -Magnéton <strong>de</strong> Bohr m B = eh/2m e 9,274000899(37) × 10 -24 J/T5,788381749(43) × 10 -5 eV/TMagnéton nuclear m n = eh/2m p 5,05078317(20) × 10 -27 J/T3,152451238(24) × 10 -8 eV/TQuantum do fluxo magnético Φ 0 = h/2e 2,067833636(81) × 10 -15 T⋅m 2Resistência Hall quantizada R K = h/e 2 2,5812807572(95) × 10 4 Ω* Os números entre parênteses indicam as incertezas dos últimos dois dígitos; porexemplo, o número 1,4585(34) significa 1,4585 ± 0,0034. Os valores que nãopossuem incertezas são exatos.1DADOS TERRESTRESAceleração média da gravida<strong>de</strong> g (valor padrão aonível do mar a uma latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 45º)Massa da Terra, M TRaio médio da Terra, R TVelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escape9,80665 m/s 25,98 × 10 24 kg6,37 × 10 6 m1,12 × 10 4 m/s573


Constante solar* 1,35 kW/m 2Condições normais <strong>de</strong> temperatura e pressão (CNTP):Temperatura273,15 KPressão101,325 kPa = 1 atmMassa molar do ar28,97 g/molMassa específica do ar (CNTP), ρ ar 1,293 kg/m 3Velocida<strong>de</strong> do som (CNTP)331 m/sCalor <strong>de</strong> fusão da água (a 0ºC e 1 atm)333,5 kJ/kgCalor <strong>de</strong> vaporização da água (a 100ºC e 1 atm) 2,257 MJ/kg*Potência média inci<strong>de</strong>nte em uma área <strong>de</strong> 1 m 2 perpendicular aos raios solares, forada atmosfera terrestre a uma distância média entre a Terra e o Sol.DADOS ASTRONÔMICOSTerraDistância à Lua*3,844 × 10 8 mDistância ao Sol*1,496 × 10 11 mVelocida<strong>de</strong> orbital média2,98 × 10 4 m/sLuaMassa7,35 × 10 22 kgRaio1,738 × 10 6 mPeríodo27,32 diasAceleração da gravida<strong>de</strong> na superfície 1,62 m/s 2SolMassa1,99 × 10 30 kgRaio6,96 × 10 8 m*De centro a centro574


APÊNDICE C – FATORES <strong>DE</strong> CONVERSÃO <strong>DE</strong> UNIDA<strong>DE</strong>SComprimento1 km = 0,6215 mi1 mi = 1,609 km1 m = 1,0936 jarda = 3,281 ft = 39,37in1 in = 2,54 cm1 ft = 12 in = 30,48 cm1 jarda = 3 ft = 91,44 cm1 ano-luz = 1 c . ano = 9,461 × 10 15 m1 Å = 0,1 nmÁrea1 m 2 = 10 4 cm 21 km 2 = 0,3861 mi 2 = 247,1 acres1 in 2 = 6,4516 cm 21 ft 2 = 9,29 × 10 -2 m 21 m 2 = 10,76 ft 21 acre = 43.560 ft 21 mi 2 = 640 acres = 2,590 km 2Volume1 m 3 = 10 6 cm 31 L = 1000 cm 3 = 10 -3 m 31 gal = 3,786 L1 gal = 4 qt = 8 pt = 128 oz = 231 in 31 in 3 = 16,39 cm 31 ft 3 = 1728 in 3 = 28,32 L= 2,832 × 10 4 cm 3Tempo1 h = 60 min = 3,6 ks1 dia = 24 h = 1440 min = 86,4 ks1 ano = 365,24 dias = 3,156 × 10 7 sVelocida<strong>de</strong>1 m/s = 3,6 km/h1 km/h = 0,2778 m/s = 0,6215 mi/h1 mi/h = 0,4470 m/s = 1,609 km/h1 mi/h = 1,467 ft/s1 kg = 6,022 × 10 26 u1 slug = 14,59 kg1 kg = 6,852 × 10 -2 slug1 u = 931,50 MeV/c 2Massa Específica1 g/cm 3 = 1000 kg/m 3 = 1 kg/L(1 g/cm 3 )g = 62,4 lb/ft 3Força1 N = 0,2248 lb = 10 5 dyn1 lb = 4,448222 N(1 kg)g = 2,2046 lbPressão1 Pa = 1 N/m 21 atm = 101,325 kPa = 1,01325 bar1 atm = 14,7 lb/in 2 = 760 mmHg= 29,9 in Hg = 33,8 ftH 2 O1 lb/in 2 = 6,895 kPa1 torr = 1 mmHg = 133,32 Pa1 bar = 100 kPaEnergia1 kW . h = 3,6 MJ1 cal = 4,1840 J1 ft . lb = 1,356 J = 1,286 × 10 -3 Btu1 L . atm = 101,325 J1 L . atm = 24,217 cal1 Btu = 778 ft . lb = 252 cal = 1054,35 J1 eV = 1,602 × 10 -19 J1 u . c 2 = 931,50 MeV1 erg = 10 -7 JPotência1 HP = 550 ft . lb/s = 745,7 W1 Btu/h = 1,055 kW1 W = 1,341 × 10 -3 HP = 0,7376 ft . lb/sÂngulo e Velocida<strong>de</strong> Angularπ rad = 180º1 rad = 57,30º1º = 1,745 × 10 -2 rad1 rpm = 0,1047 rad/s1 rad/s = 9,549 rpmMassa1 kg = 1000 g1 t = 1000 kg = 1 Mg1 u = 1,6606 × 10 -27 kg575


APÊNDICE D – RELAÇÕES MATEMÁTICASÁLGEBRA− x 1 ( x+y)x y ( x−y)a = a = a a a =xaaaxyLogaritmos: Se log a = x, então a = 10 x . Se ln a = x, então a = e x .log a + log b = log (ab)ln a + ln b = ln (ab)log a – log b = log (a/b)ln a – ln b = ln (a/b)log (a n ) = n log aln (a n ) = n ln aEquação do segundo grau:− b ± b− 4acSe ax 2 + bx + c = 0, x = .2aSÉRIE BINOMIAL( a + b)n= an+ nan−1n(n −1)ab +2!n−2b2n(n −1)(n − 2) a+3!n−3b3+ ...TRIGONOMETRIANo triângulo retângulo ABC,x =2 2 2+ y r .Definição das funções trigonométricas:sen a = y/r cos a = x/rtan a = y/xsec a = r/xcot a = x/ycsec a = r/yI<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s:sen2a + cosa = 1sen 2a= 2sen a cos a1 1−cos asen a =2 2sen( −a)= −senacos( −a)= cos asen( a ± π / 2) = ± cos acos( a ± π / 2) = m sen a2sen atan a =cos acos 2a= cos2a − sena = 2cos1 1+cos acos a =2 2sen( a ± b)= sen a cosb± cos a sen bcos( a ± b)= cos a cosbm sen a sen ba −1= 1−2sen1 1sen a + sen b = 2sen ( a + b)cos( a − b)2 21 1cos a + cosb= 2cos ( a + b)cos( a − b)2 2222a576


GEOMETRIAComprimento <strong>de</strong> uma circunferência <strong>de</strong> raio r: C = 2πrÁrea <strong>de</strong> um círculo <strong>de</strong> raio r: A = πr 2Volume <strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> raio r: V = 4πr 3 /3Área da superfície <strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> raio r: A = 4πr 2Volume <strong>de</strong> um cilindro <strong>de</strong> raio r e altura h:V = πr 2 hSÉRIES <strong>DE</strong> POTÊNCIASConvergentes para os valores <strong>de</strong> x indicados.23n nx n(n −1)x n(n −1)(n − 2) x2(1 ± x)= 1±+ ++ L ( x < 1)1! 2!3!23−nnx n(n + 1) x n(n + 1)( n + 2) x2(1 ± x)= 1m+ ++ L ( x < 1)1! 2!3!3 5 7x x xsen x = x − + − + L (todo valor<strong>de</strong> x)3! 5! 7!2 4 6x x xcos x = 1−+ − + L (todo valor<strong>de</strong> x)2! 4! 6!3 5 7x 2x17xtan x = x + + + + L ( x < π / 2)3 15 3152 3x x xe = 1+x + + + L (todo valor<strong>de</strong> x)2! 3!2 3 4x x xln(1 + x)= x − + + + L ( x < 1)2 3 4577


<strong>DE</strong>RIVADAS E INTEGRAISNas fórmulas que se seguem u e v representam quaisquer funções <strong>de</strong> x, sendo a e mconstantes. A cada uma das integrais in<strong>de</strong>finidas <strong>de</strong>ve ser adicionada uma constante<strong>de</strong> integração arbitrária.dx=dxd(dxd( udxdxdxdlndxd(dxd xedxddxddxddxddxddxddxd uedxduau)= adxdu+ v)= +dxm1= mx1x =uv)== esen x = cos xcos x = −senxtan x = seccot x = −csecsec x = tan x sec xcsec x = −cotx csec x= exdvudxxum−1dudx2+ vx2dvdxdudxx∫∫∫∫∫∫∫∫∫∫dx = xau dx = a( u + v)dx =m+1m xx dx =m + 1dx= ln xxdvu dx = uv −dxexsen x dx = − cos xcos x dx = sen xtan x dx = ln sec x0xdx = e2ne2−axxu dxu dx +( m ≠ −1)vdudxv dxdx2 1 1∫ sen x dx = x − sen 2x2 4−ax1 −ax∫ e dx = − ea−ax1−ax∫ xe dx = − ( ax + 1) e2a2 −ax1 2 2∫ x e dx = − ( a x + 2ax+ 2) e3a∞n −axn!∫ x e dx =0n+1a∫∞∫∫∫∫1⋅3⋅5 ⋅⋅⋅ (2n−1)dx =n+1 n2 aπa−ax578


SINAIS E SÍMBOLOS MATEMÁTICOS= é igual a≡é <strong>de</strong>finido por≠é diferente <strong>de</strong>≈é aproximadamente igual a∼é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>∝é proporcional a> é maior que≥é maior ou igual a>> é muito maior que< é menor que≤é menor ou igual a


Apêndice E – Tabela Periódica580


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALONSO, M.; FINN, E. J. Física. São Paulo: Edgard Blücher, 1999.BLAU, P. J. Friction Science and Tecnology. New York: CRC Press, 2008.CHAVES, Alaor S. Física. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2001.EISBERG R.M.; LERNER L.S.. Física, fundamentos e aplicações. São Paulo: EditoraMcGraw Hill do Brasil, 1982.FEYNAM R.P., LEIGHTON R.B., SANDS M. The Feynman Lectures on Physics. 1963.Reading: Addison Wesley Publishing Co., 1963HALLIDAY D., RESNICK R. Fundamentos <strong>de</strong> física. 3. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: LivrosTécnicos e Científicos S.A., 1993.KELLER F.J., GETTYS W.E., SKOVE M.J.. Física. São Paulo: Makron Books do Brasil,1999.NUSSENZVEIG, Moysés H. Curso <strong>de</strong> física básica. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher,1997.RESNICK R., HALLIDAY D.,,KRANE K.S. Física. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros Técnicose Científicos S.A., 1996.RESNICK R., HALLIDAY D.,,KRANE K.S. Física. 5. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros Técnicose Científicos S.A., 2003.SEARS & ZEMANSKY; YOUNG H.D., FREEDMAN R.A.. Física. 10. ed. São Paulo:Addison-Wesley, 1993.SERWAY, R. A. Física. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning Ltda., 2004.TIPLER P.. Física para cientistas e engenheiros. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros Técnicos eCientíficos S.A., 2000581

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