10.07.2015 Views

O legado do PAN: uma nova fase para o Rio? - Tribunal de Contas ...

O legado do PAN: uma nova fase para o Rio? - Tribunal de Contas ...

O legado do PAN: uma nova fase para o Rio? - Tribunal de Contas ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

N. 36Setembro 2007Ano XXIV<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirowww.tcm.rj.gov.brO <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>:<strong>uma</strong> <strong>nova</strong> <strong>fase</strong> <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong>?


Cristo: <strong>uma</strong> das seteFoto: Ivan Gorito Mauritymaravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.A cida<strong>de</strong> maravilhosa agra<strong>de</strong>ce.


palavras <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nteOpresente número da Revista TCMRJfaz um balanço <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Pan <strong>de</strong> 2007, com a contribuiçãofundamental <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s responsáveis pelarealização <strong>do</strong> evento, além da manifestação daopinião pública.Hoje, há consenso sobre o sucesso <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos <strong>de</strong> 2007 realiza<strong>do</strong>s no<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. Não há voz dissonante quantoà bem-sucedida organização <strong>do</strong> evento. Noentanto, duvidava-se <strong>de</strong> que as obras seriamconcluídas nos prazos previstos; antecipavaseo caos no trânsito e a ineficácia <strong>do</strong>s sistemasespeciais <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong> segurança.Apostava-se no fracasso, na incapacida<strong>de</strong><strong>de</strong> se realizar no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro — ou emqualquer outra cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil — evento tãograndioso, que pu<strong>de</strong>sse projetar, no exterior,imagem positiva, <strong>de</strong> competência e serieda<strong>de</strong>,<strong>de</strong> nosso país.Felizmente, o ceticismo não vingou. Ogran<strong>de</strong> <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> Pan contrariou todas asexpectativas negativas, pois <strong>de</strong>monstrouque o Po<strong>de</strong>r Público é capaz <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s eimportantes realizações. Ao contrário da<strong>de</strong>scrença e <strong>do</strong> pessimismo, prevaleceua convicção <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> sereficiente e cumprir seus objetivos e metas pré<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s.Tão critica<strong>do</strong> e <strong>de</strong>sacredita<strong>do</strong>,o Po<strong>de</strong>r Público recuperou sua imagem <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, e <strong>de</strong>monstrou sercapaz <strong>de</strong> atuar com eficácia, quan<strong>do</strong> elegepriorida<strong>de</strong>s, bastan<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminação por parte<strong>do</strong>s governantes. Graças à atuação conjuntae ao aporte <strong>de</strong> recursos financeiros da União,<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Município, além da primorosae eficiente organização <strong>do</strong> CO-<strong>Rio</strong> 2007, osXV Jogos Pan-americanos <strong>de</strong>ixaram a sensação<strong>de</strong> vitória, não só pela consagração <strong>de</strong> nossosatletas, mas por to<strong>do</strong>s aqueles que trabalharame acreditaram no seu êxito.O que se espera é que esta <strong>de</strong>monstração<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização se estenda àsfunções precípuas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, tais como saú<strong>de</strong>,educação, moradia e preservação <strong>do</strong> meioambiente, <strong>para</strong> que se restabeleça o respeito ea credibilida<strong>de</strong> nas instituições públicas.Passada a <strong>fase</strong> <strong>de</strong> euforia com o sucesso<strong>do</strong> evento, cabe ao TCMRJ cumprir com suamissão institucional e efetivar o controle<strong>do</strong>s atos <strong>de</strong> gestão até aqui pratica<strong>do</strong>s, aforao acompanhamento efetua<strong>do</strong> regularmentedurante a construção das principais obras einstalações, que passaram a integrar o <strong>lega<strong>do</strong></strong><strong>de</strong> um <strong>do</strong>s maiores acontecimentos esportivosrealiza<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Por fim, é <strong>de</strong> se lamentar a atitu<strong>de</strong> daquelesque vaiaram o Presi<strong>de</strong>nte da República nafesta <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos. Éum direito <strong>do</strong> cidadão manifestar repúdio ouaprovação aos governantes, que <strong>de</strong>vem aceitare enten<strong>de</strong>r tanto as vaias quanto os aplausos.Porém, por se tratar <strong>de</strong> um ato festivo, <strong>de</strong>congraçamento em torno <strong>do</strong> esporte, a vaiafoi inoportuna, ina<strong>de</strong>quada e incompatívelcom o espírito esportivo. Da mesma forma,as vaias dirigidas às equipes estrangeirasforam <strong>de</strong>ploráveis. Contrariaram a afamadareceptivida<strong>de</strong> calorosa <strong>do</strong>s brasileiros,especialmente a nossa, <strong>do</strong>s cariocas.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 2007


sumárioO <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> Pan: <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> <strong>fase</strong> <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong>?5O impacto <strong>do</strong> FUNDEF e as perspectivas <strong>para</strong>o FUNDEB no Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro 83Criada com o objetivo <strong>de</strong> promover a ampliação emelhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros segmentos <strong>de</strong> ensino,não contempla<strong>do</strong>s pelo FUNDEF com o ensino infantile o ensino médio, a <strong>nova</strong> fórmula <strong>de</strong> distribuição <strong>do</strong>srecursos é analisada pela Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Auditoriae Desenvolvimento - CAD.Um <strong>do</strong>s mais importantes aspectos <strong>do</strong>s Jogos Panamericanosé o <strong>lega<strong>do</strong></strong>, o que fica após os Jogos.Não seria por outro motivo a disputa <strong>de</strong> tantascida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> sediar o evento. Lega<strong>do</strong> não é só o que ficamaterialmente, como instalações e equipamentos. É o quecontribuirá <strong>para</strong> um futuro melhor <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong>-se<strong>de</strong>: <strong>uma</strong>quecimento da economia, maior visibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o país, umimpulso no turismo, o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> novos talentos no esporte,investimentos em segurança, transportes, inclusão social.A Revista TCMRJ procura, nesta edição, através da avaliação<strong>de</strong> cada ente participante – governo, atletas, povo – respon<strong>de</strong>ra pergunta: Qual foi o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> Pan?Cristo Maravilha <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>Um upgra<strong>de</strong> na auto-estima <strong>do</strong> cariocaA eleição <strong>do</strong> Cristo como <strong>uma</strong> das setemaravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno colocouo <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro na mídia mundial, atraiuatenções <strong>para</strong> o Brasil e agiu como <strong>uma</strong>“massagem no ego” <strong>do</strong> carioca. Mas,terá si<strong>do</strong> eleita a estátua ou o conjuntopaisagístico <strong>do</strong> qual ela faz parte?ARTIGOS6066Um caso <strong>de</strong> amor com o <strong>Rio</strong>O acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, presi<strong>de</strong>nte daAca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras e conselheiro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União, faz <strong>uma</strong> retrospectiva <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> antigo,atribuin<strong>do</strong> ao contingente h<strong>uma</strong>no o terceiro elemento <strong>do</strong>encanto único <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Os limites das Câmaras Municipais. EmendaConstitucional nº 25: <strong>uma</strong> visão <strong>de</strong>sapaixonada 68As restrições impostas ao orçamento e a <strong>de</strong>spesa com folha<strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo Municipal, <strong>de</strong>correntesda promulgação da Emenda Constitucional nº 25, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2000, provocaram manifestações pontuais <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, sen<strong>do</strong> consubstanciadas na Consultaformulada pela Casa <strong>de</strong> Leis <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro.80Programa <strong>de</strong> visitas às escolas municipaisOs resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nas inspeções ordinárias <strong>do</strong> TCMRJ,voltadas <strong>para</strong> pontos específicos no funcionamento dasescolas municipais, são analisa<strong>do</strong>s por técnicos da 3ª IGE,em trabalho que foi também apresenta<strong>do</strong> no IX SeminárioNacional <strong>de</strong> Educação, realiza<strong>do</strong> em São Paulo.Comparecimento <strong>de</strong> Conselheirosa CPIs: pareceres divergem87Pareceres da Assessoria Jurídica <strong>do</strong> TCMRJ eda Câmara Municipal <strong>de</strong>monstram alg<strong>uma</strong>sinterpretações sobre o papel das ComissõesParlamentares <strong>de</strong> Inquérito, em especial no quediz respeito ao comparecimento <strong>de</strong> Conselheiro <strong>de</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> junto às citadas Comissões.Juscelino e a Revolução <strong>de</strong> 64Conselheiro aposenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> TCE/RJ,escritor, eminente figura política,Humberto Braga relata fatos nãoinseri<strong>do</strong>s na história política <strong>do</strong>Brasil que prece<strong>de</strong>ram à cassação<strong>do</strong>s direitos políticos <strong>do</strong> expresi<strong>de</strong>nteJuscelino Kubitscheck.Vale a pena ler <strong>de</strong> novoTCMRJ Em PautaVotos <strong>do</strong>s ConselheirosPor <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> TCMRJPrata da casaLivrosCartas97Matérias publicadas pela imprensa que, por suaatualida<strong>de</strong> e importância, merecem ser relidas.Saú<strong>de</strong> 100Terapia OrtomolecularSerá que é tão difícil comer bem? Ricar<strong>do</strong> AnastásiaRamos, médico ortomolecular e nutrólogo, lembra que osnutrientes são nossos combustíveis e, quan<strong>do</strong> melhores,resultam menos oxidação, vida mais longa e saudável.Em pauta, a posse <strong>do</strong>Conselheiro Ivan Moreira, oI e II Painéis <strong>de</strong> AutonomiaMunicipal, o IV Ciclo <strong>do</strong>Meio Ambiente e <strong>de</strong>maiscursos, ativida<strong>de</strong>s e eventosque o TCMRJ promoveu ou<strong>de</strong> que participou, e as visitasque recebeu no perío<strong>do</strong>.92101138150151153156


O <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> PanQuatro meses após os XV Jogos Panamericanos<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro po<strong>de</strong>parecer ce<strong>do</strong> <strong>para</strong> avaliar qual foi o<strong>lega<strong>do</strong></strong>.Entenda-se por <strong>lega<strong>do</strong></strong> não só as instalaçõese equipamentos, mas a projeção que <strong>de</strong>u ao País;aos benefícios que trouxe <strong>para</strong> o esporte, nãosó pelo brilho <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, mas no <strong>de</strong>spertar<strong>de</strong> talentos. Ao turismo, pelo posicionamento<strong>do</strong> Brasil como o principal <strong>de</strong>stino da América<strong>do</strong> Sul; à hotelaria, pelo aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong>leitos e pela capacitação <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas<strong>para</strong> trabalhar nesta área; à segurança, pela fé<strong>de</strong> que o <strong>Rio</strong> po<strong>de</strong> ser seguro como sonham oscariocas; aos transportes, pela avaliação <strong>do</strong>tu<strong>do</strong> que po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> feito.Enfim, ao ouvirmos <strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong>res queeste foi um <strong>do</strong>s melhores Jogos Pan-americanos,enten<strong>de</strong>-se também como <strong>lega<strong>do</strong></strong> a certeza <strong>de</strong>que, <strong>do</strong> planejamento eficiente, da união <strong>de</strong>forças e da integração <strong>de</strong> objetivos po<strong>de</strong>-secaminhar <strong>para</strong> muito além <strong>do</strong>s sonhos.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 2007


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Jogos <strong>para</strong> ficarem na História“A cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> nos mostrou, durante os Jogos, que oBrasil que queremos e sonhamos é possível”, consi<strong>de</strong>rou oMinistro Orlan<strong>do</strong> Silva Júnior ao avaliar o evento. “Investirno esporte é, <strong>de</strong> fato, investir no Brasil.”Os Jogos Pan e Parapan-americanostornaram o <strong>Rio</strong> <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong>olímpica, <strong>de</strong>finitivamenteinscrita no calendário <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>seventos esportivos internacionais ecre<strong>de</strong>nciada <strong>para</strong> candidatar-se à se<strong>de</strong><strong>do</strong>s Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016. Prova dissosão os campeonatos mundiais <strong>de</strong> judô, <strong>de</strong>jogos militares, <strong>de</strong> na<strong>do</strong> sincroniza<strong>do</strong> e<strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> salão que terão lugar nasinstalações <strong>do</strong> Pan em 2007 e 2008.A <strong>de</strong>legação brasileira encerrou osJogos em terceiro lugar, com a melhorparticipação <strong>do</strong> país em Pan-americanos.Foram 161 medalhas, sen<strong>do</strong> 54 <strong>de</strong>ouro, 40 <strong>de</strong> prata e 67 <strong>de</strong> bronze. NosJogos Parapan-americanos, os atletasbrasileiros alcançaram o primeiro lugarem medalhas e um resulta<strong>do</strong> históricoconquistan<strong>do</strong> 228 medalhas, sen<strong>do</strong> 83<strong>de</strong> ouro, 68 <strong>de</strong> prata e 77 <strong>de</strong> bronze.Os resulta<strong>do</strong>s sem prece<strong>de</strong>ntesobti<strong>do</strong>s pelos atletas brasileiros nosJogos Pan e Parapan-americanos, além<strong>de</strong> esforço pessoal, são também fruto daampliação <strong>do</strong>s investimentos públicosno esporte nacional nos últimos anos.Entre 2003 e 2006, as empresas estataisinvestiram mais <strong>de</strong> R$ 500 milhõesem diferentes modalida<strong>de</strong>s esportivas,cifra à qual se somam R$ 250 milhõesprovenientes da Lei Agnelo/Piva que,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, <strong>de</strong>stina 2% da arrecadaçãodas loterias fe<strong>de</strong>rais <strong>para</strong> os comitêsolímpico e <strong>para</strong>olímpico brasileiros.Para o comitê Paraolímpico efe<strong>de</strong>rações, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinar verbas daLei Agnelo/Piva e <strong>do</strong> programa Bolsa-Atleta, o Ministério <strong>do</strong> Esporte repassaOrlan<strong>do</strong> Silva JúniorMinistro <strong>do</strong> Esporterecursos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 20 milhões,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005.Do total <strong>de</strong> 659 atletas da <strong>de</strong>legaçãobrasileira nos Jogos Pan-americanos,82 contaram com o incentivo <strong>do</strong>programa Bolsa-Atleta. O programaprevê repasses mensais que vão <strong>de</strong>R $ 3 0 0 , 0 0 ( e s t u d a n t i l ) a t éR$ 2.500,00 (olímpica e <strong>para</strong>olímpica).Para <strong>de</strong>stacar alguns exemplos, meta<strong>de</strong>da equipe <strong>de</strong> beisebol <strong>do</strong> Pan possui obenefício. Dos nove convoca<strong>do</strong>s <strong>para</strong>competições <strong>de</strong> karatê, seis recebema bolsa. Ainda, nove esgrimistas sãobolsistas, <strong>do</strong> total <strong>de</strong> 14 convoca<strong>do</strong>s. Oprograma, cria<strong>do</strong> em 2005, já beneficiou1.800 atletas <strong>de</strong> diversas modalida<strong>de</strong>s.Já no Parapan, 45% da <strong>de</strong>legação queparticipou <strong>do</strong>s Jogos foi beneficiada peloBolsa-Atleta. São pessoas que não teriamcondições <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> qualquerdisputa se não tivessem o financiamento.Os resulta<strong>do</strong>s foram positivos <strong>para</strong> oprimeiro ciclo da geração <strong>de</strong> bolsistas. Em<strong>uma</strong> próxima competição esportiva <strong>de</strong>alto nível, como o Pan e até Olimpíadas,creio que os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s brasileirosbeneficia<strong>do</strong>s irão melhorar.Pólo aquáticoTemos vários outros pontos a ressaltar.O evento serviu <strong>para</strong> testar e aprovar umnovo sistema <strong>de</strong> segurança, apoia<strong>do</strong>em planejamento e tecnologia. Houveredução <strong>de</strong> crimes comuns no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s jogos. Devemos<strong>de</strong>stacar também que os jogos foram“limpos”, já que não houve nenhum caso<strong>de</strong> <strong>do</strong>ping.Para encerrar, gostaria <strong>de</strong> lembrarque a <strong>nova</strong> Lei <strong>de</strong> Incentivo ao Esporteé um importante instrumento <strong>para</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento e aprimoramento daativida<strong>de</strong>. Com ela, o esporte receberá<strong>uma</strong> importante soma <strong>de</strong> recursos quevirão da iniciativa privada por intermédio<strong>do</strong>s incentivos fiscais.Investir no Esporte é, <strong>de</strong> fato, investirno Brasil. É gerar emprego e renda. Éacreditar, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, no cidadãobrasileiro, sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusãoe auto-estima. A cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> nosmostrou, durante os Jogos, que o Brasilque queremos e sonhamos é possível.Vieram o Pan e o Parapan <strong>Rio</strong> 2007.Virão a Copa 2014, as Olimpíadas 2016e muitos outros eventos. O Brasil saberáfazê-los. setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


O Esporte e aEconomia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>Para o Prefeito <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, eventos como os JogosPan-Americanos <strong>de</strong>vem ser vistos como oportunida<strong>de</strong><strong>para</strong> que a economia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro seja revertidageran<strong>do</strong> investimentos diretos e indiretos, atrain<strong>do</strong>investi<strong>do</strong>res e crian<strong>do</strong> um vasto campo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sauto-sustentáveis e crescentes.Cesar MaiaPrefeito da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroNão há, nos dias <strong>de</strong> hoje,ativida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na quet e n h a m a i s l i g a ç õ e s emultiplica<strong>do</strong>res econômicos que oesporte. Ele tem um primeiro e gran<strong>de</strong>multiplica<strong>do</strong>r que faz parte da própriaativida<strong>de</strong>. São atletas profissionais,técnicos gerais e <strong>de</strong> apoio, médicos emassagistas específicos, equipes <strong>de</strong>apoio <strong>de</strong> diversos tipos, <strong>do</strong> roupeiro àlimpeza... Os equipamentos on<strong>de</strong> sãopraticadas as distintas modalida<strong>de</strong>sesportivas ativam investimentos e<strong>de</strong>pois, <strong>para</strong> o seu funcionamento,exigem administra<strong>do</strong>res, técnicosem iluminação, em eletricida<strong>de</strong>,manutenção... Exigem conservação,bilheteiros...Quan<strong>do</strong> os eventos ocorrem,multiplica-se a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> transportecoletivo e individual com seusrespectivos trabalha<strong>do</strong>res e uso <strong>de</strong>combustíveis, aumenta a procurapor bares e restaurantes, por brin<strong>de</strong>s,ban<strong>de</strong>iras, lembranças e fotos ou pormaterial similar àquele usa<strong>do</strong> pelosatletas. O esporte tem si<strong>do</strong> a cadadia mais um ativa<strong>do</strong>r da indústria<strong>de</strong> confecções. Há 30 anos, ou mais,o material esportivo tinha uso emcampo próprio. De lá <strong>para</strong> cá, o esporteinfluenciou <strong>de</strong> tal forma a produção<strong>de</strong> roupas e seu <strong>de</strong>sign que estapassou a a<strong>do</strong>tar mo<strong>de</strong>los esportivosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ativida<strong>de</strong> esportivaem si.O mesmo aconteceu com a indústria<strong>de</strong> calça<strong>do</strong>s. Décadas atrás, o sapatoesportivo, o tênis, por exemplo, erausa<strong>do</strong> exclusivamente <strong>para</strong> a prática <strong>de</strong><strong>de</strong>termina<strong>do</strong> esporte. Hoje, o calça<strong>do</strong>esportivo penetra indistintamente nasmais diversas ativida<strong>de</strong>s, mesmo asnão esportivas, e passa a ser um sapato<strong>de</strong> uso rotineiro. Tanto a indústria <strong>de</strong>calça<strong>do</strong>s quanto <strong>de</strong> vestuário exigem<strong>uma</strong> permanente atualização e novoslançamentos, sejam eles inspira<strong>do</strong>spor pesquisas voltadas ao esporte ou<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><strong>para</strong> to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> uso.O multiplica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esporte através<strong>do</strong> culto ao corpo se afirma pela a<strong>do</strong>ção,no cotidiano das pessoas, <strong>de</strong> práticasque vieram <strong>do</strong> treinamento <strong>de</strong> atletas.O cooper é um exemplo. Dezenas e<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> equipamentos <strong>para</strong>manter a forma física são <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>se atualiza<strong>do</strong>s. As salas <strong>de</strong> ginásticae <strong>de</strong> musculação se multiplicam aosmilhares e se atualizam constantemente.Os professores individuais e <strong>para</strong>grupos priva<strong>do</strong>s são cada vez maisrequisita<strong>do</strong>s. O espaço urbano tem queser reconstruí<strong>do</strong> <strong>para</strong> abrigar ativida<strong>de</strong>sesportivas e outras <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentoMascote Cauêesportivo. A Educação Física comoprática educacional expandiu-se,levan<strong>do</strong> às escolas, hoje, muito mais<strong>do</strong> que recreação. A profissionalizaçãoexigiu também a multiplicação <strong>de</strong>faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Física e <strong>de</strong>cursos <strong>de</strong> extensão específicos. Asescolas passaram a a<strong>do</strong>tar quadrasesportivas e não apenas recreativas,além <strong>de</strong> ampliarem o alcance dasclasses e o número <strong>de</strong> professores.O multiplica<strong>do</strong>r sobre o setor <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a proliferação <strong>de</strong>práticas fisioterápicas e reabilita<strong>do</strong>ras,com toda a sua permanente re<strong>nova</strong>ção,até os diversos campos da medicinaesportiva, que geram impacto emRevista TCMRJ n. 36 - setembro 2007


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Festa <strong>de</strong> encerramento – Maracanãoutras áreas médicas, como a ortopedia.O mesmo acontece com as pesquisassobre vitaminas especiais, entran<strong>do</strong>pelo campo <strong>do</strong> abuso através <strong>do</strong> uso<strong>de</strong> material <strong>de</strong> <strong>do</strong>pping. O esporteestimula <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> pesquisas naárea <strong>de</strong> nutrição, crian<strong>do</strong> hábitos erestrições. Os milhares <strong>de</strong> produtosesportivos ou relativos ao esporte,equipamentos, vestuário, calça<strong>do</strong>s,medicinas, vitaminas, etc... passam aser um forte vetor <strong>do</strong> comércio, comlojas específicas ou não.A imprensa escrita abre nosquotidianos quatro ou cinco páginasto<strong>do</strong>s os dias, isso sem falar naimprensa especializada. Em to<strong>do</strong>s osnoticiários <strong>de</strong> rádio e <strong>de</strong> TV há sempreum bloco <strong>para</strong> esportes e, duranteo dia, vários programas exclusivossão ofereci<strong>do</strong>s. Com isso, cria-seum vetor <strong>de</strong> jornalistas esportivoscada vez mais amplo, que vai <strong>de</strong>repórteres e colunistas a editores ecomentaristas. A profissionalização<strong>do</strong> esporte exige a profissionalizaçãodas fe<strong>de</strong>rações e clubes com to<strong>do</strong> umcorpo <strong>de</strong> dirigentes, especialistas epessoal <strong>de</strong> apoio. A propaganda ea publicida<strong>de</strong> têm no esporte seunicho mais apetitoso, que contaminatoda a produção e associa a ativida<strong>de</strong>esportiva a <strong>uma</strong> cultura jovem,saben<strong>do</strong> que, seja qual for, o resulta<strong>do</strong><strong>de</strong> jogos e campeonatos não afetará opatrocina<strong>do</strong>r. Neste campo, multiplicasenão apenas através <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong>comunicação ou <strong>do</strong>s expositorespúblicos, como também <strong>de</strong> toda <strong>uma</strong>diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> merchandising através<strong>do</strong>s atletas e treina<strong>do</strong>res.A centralida<strong>de</strong> esportiva <strong>de</strong> certospaíses em <strong>de</strong>terminadas modalida<strong>de</strong>s éum elemento ativa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> conhecimentosobre aquela nação, <strong>do</strong>s fluxos <strong>de</strong>eventos e, conseqüentemente, <strong>do</strong>turismo. Os levantamentos feitossobre o valor econômico <strong>do</strong> esporte,com to<strong>do</strong>s esses multiplica<strong>do</strong>res eoutros mais não cita<strong>do</strong>s, mostram quenenh<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> econômica temexpressão maior sobre o PIB <strong>de</strong> <strong>uma</strong>nação. Alguns estu<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong>projeções sobre o que é ativa<strong>do</strong> nos dias<strong>de</strong> competição e o valor <strong>do</strong>s espaços emmídia, comprovam ser <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong>que ultrapassa os 10% <strong>do</strong> PIB emeconomias maduras.Por estas razões, os Jogos Panamericanos<strong>de</strong> 2007 e a possívelconquista <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016pelo <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro não po<strong>de</strong>m servistos como a conquista <strong>de</strong> eventos quemobilizam pessoas e atenções por 15ou 30 dias. Devem ser vistos como <strong>uma</strong>oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> que a economia <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro seja revertida em váriossenti<strong>do</strong>s e através <strong>de</strong> diversifica<strong>do</strong>smultiplica<strong>do</strong>res sobre outras ativida<strong>de</strong>s,geran<strong>do</strong> investimentos diretos eindiretos e atrain<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>res <strong>para</strong>tantas ativida<strong>de</strong>s que se ligam como esporte. Esses eventos <strong>de</strong>vem sertrabalha<strong>do</strong>s pela socieda<strong>de</strong> e pelosempresários como um vasto campo<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s auto-sustentáveis ecrescentes em função <strong>do</strong> pólo ativa<strong>do</strong>rque eles representam e que se traduzemem muitos recursos, muitas empresase empregos que vão além <strong>de</strong>ssesacontecimentos.A centralida<strong>de</strong> esportiva <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro, alcançada com a realização<strong>do</strong> Pan <strong>Rio</strong> 2007, é <strong>de</strong>monstrada pelonúmero <strong>de</strong> competições internacionais jáagendadas <strong>para</strong> este ano e <strong>para</strong> o próximoano <strong>de</strong> 2008: Mundial <strong>de</strong> Judô (setembro),Mundial <strong>de</strong> Na<strong>do</strong> Sincroniza<strong>do</strong> (outubro),Brasil Open <strong>de</strong> Badminton (fevereiro <strong>de</strong>2008), Campeonato Masters <strong>de</strong> Tênis<strong>de</strong> Mesa (primeiro semestre <strong>de</strong> 2008),Campeonato <strong>de</strong> Futsal, Maratona <strong>de</strong>Rua, Jogos Militares em 2011 e Copa <strong>do</strong>Mun<strong>do</strong>, em 2014.Por tais razões, os órgãos dirigentes<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os setores empresariais, assimcomo as agências <strong>de</strong> financiamento,<strong>de</strong>vem tratar este tipo <strong>de</strong> evento comoo principal corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>seconômicas <strong>para</strong> a nossa economia. Ecomo plataformas <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong> umciclo econômico adverso, que levará aeconomia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> a um novo patamar.De qualquer forma, virão estes fluxos <strong>de</strong>ativação econômica. Se conseguirmosmostrar as vantagens com<strong>para</strong>tivas <strong>de</strong>nosso espaço regional, esta espetacularagregação <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda ficará conosco enão irá ativar outros espaços econômicos<strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> Brasil. Esta é <strong>uma</strong>oportunida<strong>de</strong> e um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio. setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Um marco na história <strong>do</strong> paísO presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007, Carlos Nuzman, em entrevista àRevista TCMRJ, fala da integração <strong>do</strong>s governos <strong>para</strong> osucesso <strong>do</strong> evento e consi<strong>de</strong>ra os Jogos um divisor <strong>de</strong> águas<strong>para</strong> o esporte brasileiro, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>lega<strong>do</strong></strong>s importantesnas diversas áreas da socieda<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> instalações eequipamentos esportivos <strong>de</strong> nível olímpico.A s e x p e c t a t i v a s e mrelação à participação <strong>do</strong>s governosmunicipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral foramatendidas?Carlos Nuzman – Essas expectativasforam plenamente atendidas. Estoucerto <strong>de</strong> que um <strong>do</strong>s motivos quefizeram <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> 2007 um sucessoem to<strong>do</strong>s os quesitos foi a união, aparticipação e o engajamento <strong>do</strong>strês níveis <strong>de</strong> governo – Fe<strong>de</strong>ral,Estadual e Municipal em torno <strong>do</strong>projeto. O <strong>Rio</strong> 2007 foi <strong>uma</strong> clara<strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r que o esportetem <strong>de</strong> aproximar e <strong>de</strong> unir parti<strong>do</strong>se correntes políticas diferentesem torno <strong>de</strong> um objetivo comum àsocieda<strong>de</strong>. É um orgulho <strong>para</strong> nósconstatar que um <strong>do</strong>s principaisconceitos <strong>do</strong> Movimento Olímpicofoi aplica<strong>do</strong> e vivi<strong>do</strong> na organização erealização <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos<strong>Rio</strong> 2007.O custo/benefício atingiu a meta?Esta resposta será dada ao longodas próximas décadas. Os Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007 foram um divisor<strong>de</strong> águas <strong>para</strong> o esporte brasileiroe <strong>de</strong>ixará <strong>lega<strong>do</strong></strong>s importantes emdiferentes áreas, como segurança,transporte, marketing e licenciamento,atendimento ao especta<strong>do</strong>r, áreamédica, qualificação profissional emdiversos setores da economia, alémdas instalações esportivas <strong>de</strong> nívelolímpico e <strong>do</strong>s equipamentos queficarão <strong>para</strong> o treinamento e pre<strong>para</strong>ção<strong>do</strong>s nossos atletas. Os benefícios <strong>de</strong>RevistaRevistaTCMRJTCMRJn.n.3636--setembrosetembro20072007


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>um evento como este <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong> e<strong>para</strong> o país são enormes e já apontamum caminho <strong>de</strong> transformação nasocieda<strong>de</strong>.Houve algum imprevisto? De queforma po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> evita<strong>do</strong>?Um evento <strong>do</strong> tamanho, magnitu<strong>de</strong>e complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Jogos Panamericanosrequer um planejamentominucioso e <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>. Foi com basenesse conceito que o CO-RIO trabalhou<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Para isso contratou asmelhores consultorias internacionaisem diferentes áreas, que foramfundamentais na elaboração e execução<strong>do</strong> planejamento. Como o própriopresi<strong>de</strong>nte da ODEPA (OrganizaçãoDesportiva Pan-americana), MarioVazquez Raña falou, o mais importanteé que os problemas que surgiramforam resolvi<strong>do</strong>s rapidamente. Isso<strong>de</strong>monstra o nível <strong>de</strong> organização<strong>do</strong>s Jogos.O Pan contribuiu <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> tornarsereferência nacional no esporte?Creio que sim. Com o <strong>Rio</strong> 2007a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro passoua contar com instalações esportivas<strong>de</strong> nível olímpico. Isso propiciará o<strong>de</strong>senvolvimento técnico <strong>do</strong>s atletase permitirá atrair eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong>.O <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> Pan po<strong>de</strong>rá contribuir<strong>para</strong> a candidatura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>para</strong> sediaras Olimpíadas <strong>de</strong> 2016?Sim. O <strong>Rio</strong> 2007 foi um vestibular<strong>para</strong> a candidatura olímpica <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro e posso afirmar que a cida<strong>de</strong> e opaís passaram com louvor. A excelênciana organização <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> 2007 tem si<strong>do</strong>reconhecida por toda a comunida<strong>de</strong>esportiva internacional. O <strong>Rio</strong> e o Brasil<strong>de</strong>ram um gran<strong>de</strong> passo rumo aos JogosOlímpicos <strong>de</strong> 2016.A verba <strong>para</strong> o Pan foi subestimadano orçamento inicial? Que gastossignificativos não foram previstos?O orçamento da candidatura,revisa<strong>do</strong> e oficializa<strong>do</strong> pela ODEPAem fevereiro <strong>de</strong> 2003, foi elabora<strong>do</strong>“O <strong>Rio</strong> e o Brasil <strong>de</strong>ram umgran<strong>de</strong> passo rumo aos JogosOlímpicos <strong>de</strong> 2016.em reais e converti<strong>do</strong> <strong>para</strong> dólaresaten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à exigência da própriaODEPA e equivalia na época aUS$ 225 milhões. Este valor equivalehoje a cerca <strong>de</strong> R$ 1 bilhão, levan<strong>do</strong>-seem conta a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>do</strong> BancoCentral <strong>do</strong> Brasil em fevereiro <strong>de</strong> 2003 ea atualização até o mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007com base no IPCA <strong>do</strong> IBGE. O projeto<strong>de</strong> candidatura é distinto <strong>do</strong> projetoque está sen<strong>do</strong> implementa<strong>do</strong> <strong>para</strong> osJogos. Este último recebeu melhoriassignificativas com o objetivo <strong>de</strong> legarao <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e ao Brasil instalaçõesesportivas <strong>de</strong> padrão internacional queabrirão a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> futurascandidaturas <strong>de</strong> Campeonatos”Mundiais e Jogos Olímpicos. Comoexemplo, inicialmente o estádio <strong>de</strong>atletismo teria capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> 10mil pessoas. No entanto, a Prefeitura<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro enten<strong>de</strong>u que o<strong>Rio</strong> 2007 era <strong>uma</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong><strong>de</strong>senvolver o esporte na cida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>cidiu pela construção <strong>do</strong> EstádioJoão Havelange. O mesmo conceito seaplica ao Complexo <strong>do</strong> Maracanã, aoComplexo <strong>de</strong> Deo<strong>do</strong>ro e ao Complexo<strong>do</strong> Autódromo. Esse entendimentopor parte <strong>do</strong>s Governos – Municipal,Estadual e Fe<strong>de</strong>ral – reflete a dimensãoque o <strong>Rio</strong> 2007 teve <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro e <strong>para</strong> o Brasil, e certamenteserá um marco na história <strong>do</strong> país.10 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


<strong>Rio</strong>: <strong>de</strong> Pan-americanoa olímpicoTemos o cenário, a motivação e agora a experiência.Apoia<strong>do</strong>s pelo generoso povo brasileiro e com aintensa participação <strong>do</strong>s cariocas, haveremos <strong>de</strong> fazeros mais bonitos e alegres Jogos Olímpicos: os Jogos<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, em 2016.Ruy CezarSecretário Especial <strong>do</strong>s Jogos Olímpicose Para-Olímpicos <strong>de</strong> 2016 1Achama pan-americana, quear<strong>de</strong>u por <strong>de</strong>zessete dias, jáse apagou. Há silêncio naVila Pan-americana. Os atletas, mais<strong>de</strong> 5600, já se foram. Os simpáticose operosos voluntários – mais <strong>de</strong>15000 –, já <strong>de</strong>spiram o uniformecolori<strong>do</strong> e retornaram às suasativida<strong>de</strong>s rotineiras. O <strong>Rio</strong> acabou<strong>de</strong> ver e participar <strong>do</strong> maior espetáculoesportivo das Américas, sucesso emto<strong>do</strong>s os aspectos. Mario Vázquez Raña,presi<strong>de</strong>nte da Organização DesportivaPan-americana, a ODEPA, proclamouna cerimônia <strong>de</strong> encerramento, anteum Maracanã friorento e repleto:“estes foram os melhores Jogos Panamericanosda história”. E essa tambémfoi a voz <strong>do</strong> povo, nos <strong>de</strong>poimentosespontâneos, nas cartas aos jornais,nas conversas das esquinas. O Panamericanosignificou dias <strong>de</strong> paz e <strong>de</strong>alegria; dias <strong>de</strong> vestir com orgulho ascamisas amarelas, <strong>de</strong> tirar as ban<strong>de</strong>iras<strong>do</strong> armário, <strong>de</strong> comemorar as medalhasque eram ganhas a cada dia. Dias<strong>de</strong> emocionar-se com a ban<strong>de</strong>iraver<strong>de</strong>-amarela subin<strong>do</strong> lentamente,ao som <strong>do</strong> hino, la<strong>de</strong>ada por outrasduas, quaisquer que fossem; e issoaconteceu por 54 vezes. Essas alegriasencerraram um ciclo <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong>olho1Ruy César foi o Secretario Especial <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos RIO 2007.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200711


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>muito trabalho, em que a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro superou <strong>de</strong>sconfianças,encarou dificulda<strong>de</strong>s, venceu to<strong>do</strong>s osobstáculos que se apresentaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong>o dia em que a candidatura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro foi vitoriosa, na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>México, em 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002.Um pouco <strong>de</strong> históriaHavia muito pouca gente <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>naquele dia na se<strong>de</strong> da ODEPA. Acandidatura <strong>de</strong> San Antonio tinhatu<strong>do</strong> <strong>para</strong> triunfar. A cida<strong>de</strong> texana,terra natal <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte Bush, po<strong>de</strong>riarealizar os Jogos sem dificulda<strong>de</strong>s, emrazão <strong>do</strong>s excelentes equipamentosesportivos <strong>de</strong> que dispõe, basea<strong>do</strong>sem clubes e universida<strong>de</strong>s. Mas oseleitores da ODEPA preferiram apostarno <strong>Rio</strong> e por <strong>uma</strong> contagem expressiva,30 votos contra 21, <strong>de</strong>cidiram pelanossa cida<strong>de</strong>.Daí em diante foi só trabalho. Poucopu<strong>de</strong>mos aproveitar da experiênciapaulista <strong>de</strong> 1963, minuciosamentelevantada nos registros da imprensa. Ostempos eram outros, o esporte per<strong>de</strong>raas características meramente ama<strong>do</strong>ras<strong>para</strong> se situar num patamar eleva<strong>do</strong>como evento e como investimento. APrefeitura assumiu a responsabilida<strong>de</strong>pelo processo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Numgesto <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Prefeito, adquiriuos direitos <strong>de</strong> transmissão das imagensvia TV. Na forma exigida pela ODEPA,passou a integrar o Conselho Executivo<strong>do</strong> então cria<strong>do</strong> Comitê Organiza<strong>do</strong>r<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007,o CO-RIO. Desse Conselho, órgão<strong>de</strong>liberativo e consultivo, partici<strong>para</strong>mtambém o Governo Fe<strong>de</strong>ral e o GovernoEstadual. O Comitê Olímpico Brasileirointegrou o Comitê Organiza<strong>do</strong>r comsua experiência <strong>de</strong> muitos anos aserviço <strong>do</strong> esporte brasileiro e coma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir to<strong>do</strong> oprograma esportivo.Construin<strong>do</strong> o PanOs números <strong>do</strong> Pan, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oinício, foram grandiosos. To<strong>do</strong>sos 42 países membros da ODEPA“O povo cariocamostrou àsAméricas eao mun<strong>do</strong>porque o <strong>Rio</strong> éa cida<strong>de</strong> maisacolhe<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>”compareceriam. Os esportes a seremdisputa<strong>do</strong>s abrangiam o amplo leque<strong>do</strong>s costumes pan-americanos. Emalguns <strong>de</strong>sses esportes, o <strong>Rio</strong> tinhapouquíssima experiência. Os <strong>de</strong>safiosse mostravam enormes: era necessárioum estádio <strong>para</strong> atletismo, <strong>uma</strong> VilaOlímpica <strong>para</strong> 6.000 atletas, umparque aquático, um velódromo.Uma <strong>nova</strong> arena também, pois osextensos calendários <strong>de</strong> basquetebole voleibol exigiam o uso simultâneo<strong>de</strong> duas quadras. O transportepúblico era <strong>uma</strong> preocupação geral,pois se previam engarrafamentosmonstruosos bloquean<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong>.Outra preocupação era a segurança.O pessimismo passou a imperarna imprensa, geran<strong>do</strong> <strong>uma</strong> opiniãopública temerosa e <strong>de</strong>sconfiada.A Prefeitura não tar<strong>do</strong>u. Passou amanter o funcionamento e operação<strong>do</strong> CO-RIO, mediante convênios <strong>de</strong>custeio. Seguiu todas as indicaçõestécnico-esportivas <strong>do</strong> Comitê. Uma<strong>de</strong>las foi a contratação <strong>de</strong> <strong>uma</strong>assessoria internacional com largaexperiência em Jogos Olímpicos. Em<strong>de</strong>terminada faixa <strong>de</strong> tempo, maisprecisamente entre 2003 e 2004, osJogos Pan-americanos caminharamjuntos com a candidatura cariocaaos Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2012. Isso foiextremamente importante na <strong>de</strong>finição<strong>do</strong>s projetos <strong>para</strong> as <strong>nova</strong>s instalaçõesesportivas. Sen<strong>do</strong> o <strong>Rio</strong> <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong>postulante aos Jogos Olímpicos, essasinstalações <strong>de</strong>veriam aten<strong>de</strong>r aospadrões olímpicos. E assim foi feitona Vila Pan-americana, cuja pedrafundamental foi lançada em 28 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 2003. Projeto comercial,com excelente padrão construtivo efinanciamento da Caixa EconômicaFe<strong>de</strong>ral, a Vila só se tornou factívela partir da alteração <strong>do</strong>s padrõesedilícios <strong>para</strong> área, mediante lei <strong>de</strong>iniciativa da Câmara Municipal. Foium <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s sucessos <strong>do</strong>s jogos,amplamente reconhecida por suabeleza e funcionalida<strong>de</strong>. Ainda em2003, 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, foi a vez <strong>de</strong>ser lançada a pedra fundamental <strong>do</strong>Estádio Olímpico João Havelange.De linhas mo<strong>de</strong>rnas e arrojadas, oprojeto seguiu todas as recomendações<strong>do</strong>s órgãos internacionais, <strong>para</strong> seconstituir no mais mo<strong>de</strong>rno estádio<strong>do</strong> gênero das Américas. No mesmoano a Prefeitura integrou o Programa<strong>de</strong> Observa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> CO-RIO nos JogosPan-americanos <strong>de</strong> Santo Domingo,República Dominicana, auferin<strong>do</strong>conhecimento e experiência.Enquanto as obras começavam,ocorriam diversos eventos <strong>para</strong>leloscomo o Revezamento da TochaOlímpica <strong>de</strong> Atenas 2004, quan<strong>do</strong>cerca <strong>de</strong> 1 milhão e meio <strong>de</strong> cariocasforam às ruas. Em Atenas, o CO-RIOparticipou também <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong>Observa<strong>do</strong>res aos Jogos Olímpicos.Sob orientação da consultoriaaustraliana contratada, foramrealiza<strong>do</strong>s seminários <strong>de</strong> planejamentoestratégico e operacional, visan<strong>do</strong> aofuncionamento <strong>de</strong> todas as instalaçõesesportivas e não-esportivas a seremutilizadas durante os jogos, bem comoa estabelecer o nível <strong>de</strong> serviços dasáreas <strong>de</strong> apoio, como transportes,alimentação e cre<strong>de</strong>nciamento.12 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Ante a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir aarena multiuso, o parque aquático e ovelódromo, a Prefeitura i<strong>de</strong>ntificou noAutódromo <strong>de</strong> Jacarepaguá o lugar i<strong>de</strong>al<strong>para</strong> situar esses equipamentos, semqualquer perda das condições locais<strong>para</strong> competições <strong>de</strong> primeiro nívelem automobilismo e motociclismo.A concessão <strong>de</strong> uso <strong>do</strong>s estádios àiniciativa privada foi cogitada comoa melhor forma <strong>de</strong> construí-los eoperá-los sem dispêndio <strong>de</strong> recursosda cida<strong>de</strong>. A licitação foi executadacom sucesso, mas o licitante vence<strong>do</strong>rnão teve condições <strong>de</strong> levar a termo aconcessão. Com isso a prefeitura teveque tomar a si a responsabilida<strong>de</strong> pelaconstrução <strong>de</strong>sses três locais e aindaarcar com o atraso <strong>de</strong> quase um ano.Todas as dificulda<strong>de</strong>s que seantepuseram no caminho da Prefeituraforam vencidas. A SMO e a <strong>Rio</strong>urbeforam inexcedíveis na licitação,controle e acompanhamento <strong>de</strong> todasas obras. Sucessivas visitas <strong>de</strong> inspeçãoda ODEPA, bem como <strong>do</strong>s Tribunais<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e<strong>do</strong> Município, testemunharam eregistraram o empenho <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> emprontificar os estádios a tempo.Finalmente, em junho <strong>de</strong> 2007, foraminaugura<strong>do</strong>s e entregues ao ComitêOrganiza<strong>do</strong>r o Estádio OlímpicoJoão Havelange, a Arena Multiuso,o Parque Aquático Maria Lenk efinalmente o Velódromo. O GovernoFe<strong>de</strong>ral e o Governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>também fizeram sua parte. Aí estãoas magníficas instalações <strong>de</strong> tiro,pentatlo e hipismo em Deo<strong>do</strong>ro. Aíestá, reconstruí<strong>do</strong> e mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong>, oMaracanãzinho, e cada vez melhor emais confortável o Maracanã. Ambossão ícones cariocas, e a cida<strong>de</strong> e oesta<strong>do</strong> ganham em vê-los <strong>nova</strong>menteem plena operação, a serviço <strong>do</strong>esporte. Todas são construções <strong>de</strong>eleva<strong>do</strong> padrão e não <strong>de</strong>vem nada aosmelhores estádios <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Assimforam reconheci<strong>do</strong>s por dirigentes,atletas e técnicos que estiveram no<strong>Rio</strong>, além da imprensa especializada,e, o que é mais importante, pelopovo carioca. Os novos estádiosforam recebi<strong>do</strong>s calorosamente peloscariocas que reconheceram to<strong>do</strong> oesforço e empenho <strong>do</strong>s governos emfazer <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> a capital nacional e panamericana<strong>do</strong> esporte.A festa cariocaQuem esteve presente ou viu pelaTV se encantou. Quem não participouper<strong>de</strong>u <strong>uma</strong> belíssima festa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>a cerimônia <strong>de</strong> abertura no dia 13,passan<strong>do</strong> pelos eventos esportivos,até o encerramento em 29 <strong>de</strong> julho. Oresumo esportivo é o melhor possível: aRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200713


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>mais <strong>de</strong>stacada participação brasileiraem Jogos Pan-americanos, com 161medalhas, sen<strong>do</strong> 54 <strong>de</strong> ouro, 40 <strong>de</strong>prata e 67 <strong>de</strong> bronze. Apenas cincomedalhas <strong>de</strong> ouro nos se<strong>para</strong>m <strong>de</strong>Cuba, segunda colocada. O Brasilclassificou-se <strong>para</strong> os Jogos Olímpicos<strong>de</strong> Pequim em 10 modalida<strong>de</strong>s. Centoe vinte e três recor<strong>de</strong>s pan-americanosforam bati<strong>do</strong>s.Na organização, a festa tambémfoi um sucesso. Os voluntários,a<strong>do</strong>lescentes ou adultos, caíramnas graças <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>satletas. As competições começarampontualmente. Jornalistas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>o mun<strong>do</strong> – foram quase 500 jornaise emissoras <strong>de</strong> rádio -, elogiaram oCentro <strong>de</strong> Imprensa, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-omelhor <strong>do</strong> que os que conheceramnas três últimas olimpíadas. Notransporte público não ocorreramos engarrafamentos temi<strong>do</strong>s. Commedidas simples e objetivas, aSecretaria <strong>de</strong> Transportes e a CET-RIO garantiram flui<strong>de</strong>z e segurançanas ruas. Coube também à Prefeituraprover a frota <strong>de</strong> transporte dachamada família ODEPA, o conjunto<strong>de</strong> dirigentes, oficiais, atletas,técnicos e mídia. Trezentos e trintae três ônibus, 455 carros e 153 vansrealizaram, sem problemas, cerca <strong>de</strong>90 mil viagens entre 6 e 30 <strong>de</strong> julho.Uma “estação ro<strong>do</strong>viária” foi operada<strong>de</strong>ntro da Vila e nenhum atletachegou atrasa<strong>do</strong> às competições.Participante privilegia<strong>do</strong> <strong>do</strong>sJogos, o povo carioca mostrou àsAméricas e ao mun<strong>do</strong> porque o<strong>Rio</strong> é a cida<strong>de</strong> mais acolhe<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. Lotou estádios com alegria eirreverência: foram 1 milhão e vintee quatro mil ingressos vendi<strong>do</strong>s,a maioria <strong>para</strong> os cariocas. Fez afesta nas ruas, nas quadras e naspiscinas. Foi aos estádios comfamílias inteiras, sem inci<strong>de</strong>ntes.Nem a chuva <strong>do</strong>s últimos diasincomo<strong>do</strong>u o carioca, participativo,alegre e entusiasma<strong>do</strong>.A retaguarda também estavagarantida. A segurança pública,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o a<strong>para</strong>to ostensivo até asdiscretas ações <strong>de</strong> inteligência,funcionou a contento, fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong>sJogos um intervalo <strong>de</strong> paz na vidada cida<strong>de</strong>. A Prefeitura organizou eoperou, sob o coman<strong>do</strong> da DefesaCivil, um Centro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong>Operações que monitorou tu<strong>do</strong>q u e o c o r r e u n o R i o , a g i n d oimediatamente <strong>para</strong> a solução <strong>do</strong>sproblemas. COMLURB, Secretaria<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Vigilância Sanitária,Secretaria <strong>de</strong> Governo (ControleUrbano), Secretaria <strong>de</strong> Fazenda(Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Licenciamento eFiscalização), CET-RIO, Secretaria<strong>de</strong> Meio Ambiente, <strong>Rio</strong>luz, SMO(Conservação) foram alguns <strong>do</strong>sórgãos municipais que integraram14 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


esse Centro que operou 24 horasdurante os Jogos. Da mesma formao CO-RIO, pelo Centro Principal <strong>de</strong>Operações, exerceu total supervisãodas ações ligadas aos eventosesportivos.Problemas? Claro que ocorreram.A bilhetagem <strong>de</strong>ixou a <strong>de</strong>sejar, osserviços nos bares e lanchonetes <strong>do</strong>sestádios foram <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>s, o acessoaos estádios foi lento em alg<strong>uma</strong>socasiões, principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>às rigorosas medidas <strong>de</strong> segurança.Se as instalações provisórias, emseu conjunto, foram um sucesso,a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rock sofreu com aschuvas e os ventos, prejudican<strong>do</strong>a competição <strong>de</strong> beisebol e softbol.Mas foram ocorrências próprias dagran<strong>de</strong>za <strong>do</strong>s Jogos, que passam aconstar da nossa experiência comoorganiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s eventos.Os Jogos da superaçãoS ã o o s J o g o s P a r a p a n -americanos, que ocorreram entre12 e 19 <strong>de</strong> agosto. Partici<strong>para</strong>maproximadamente 1.300 atletase 700 membros <strong>de</strong> <strong>de</strong>legações,disputan<strong>do</strong> esportes a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>sàs características especiais <strong>do</strong>satletas. As regras são <strong>do</strong> ComitêPa r a o l í m p i c o d a s A m é r i c a s(APC) e <strong>do</strong> Comitê ParaolímpicoInternacional (IPC). Atletismo <strong>para</strong>porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>para</strong>lisia cerebral,lesiona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> medula, amputa<strong>do</strong>se <strong>de</strong>ficientes visuais; basquetebolem ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas; futebol <strong>de</strong> 5<strong>para</strong> <strong>de</strong>ficientes visuais e futebol<strong>de</strong> 7 <strong>para</strong> <strong>para</strong>lisa<strong>do</strong>s cerebrais;halterofilismo; judô; natação; tênis<strong>de</strong> mesa; tênis em ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>rodas e voleibol senta<strong>do</strong> foram asmodalida<strong>de</strong>s em disputa por essesatletas maravilhosos que o <strong>Rio</strong> jáadmira. Em sua terceira edição, osJogos Parapan-americanos foramrealiza<strong>do</strong>s, pela primeira vez,em seguida, e nos mesmos locais<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos, n<strong>uma</strong><strong>de</strong>monstração da importância e<strong>de</strong>staque que o <strong>Rio</strong> e o Brasil lhesatribuem.“ Um <strong>do</strong>s maisimportantesaspectos <strong>do</strong>sJogos é o <strong>lega<strong>do</strong></strong>,ou seja,tu<strong>do</strong> oque <strong>de</strong> materialou imaterial osJogos <strong>de</strong>ixamem proveito dacida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>seu povo”O <strong>lega<strong>do</strong></strong>U m d o s m a i s i m p o r t a n t e saspectos <strong>do</strong>s Jogos é o <strong>lega<strong>do</strong></strong>,ou seja, tu<strong>do</strong> o que <strong>de</strong> materialou imaterial os Jogos <strong>de</strong>ixam emproveito da cida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> seu povo.Não é difícil apontar esse <strong>lega<strong>do</strong></strong>. Umproduto Interno Bruto <strong>de</strong> 5,7 bilhões<strong>de</strong> reais, estima<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> to<strong>do</strong>sos gastos relaciona<strong>do</strong>s ao evento.Novas tecnologias e equipamentosmo<strong>de</strong>rnos na área esportiva, emcomunicações, em segurança, emtrânsito. Magníficas praças <strong>de</strong>esporte que fazem com que o <strong>Rio</strong>,no dizer <strong>do</strong> Prefeito Cesar Maia,“recupere a centralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil”.Revitalização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas dacida<strong>de</strong>, como o bairro <strong>do</strong> Engenho <strong>de</strong>Dentro e cercanias, hoje a orgulhosase<strong>de</strong> <strong>do</strong> Estádio João Havelange.Mais <strong>de</strong> 10.000 novos empregos,principalmente na construçãocivil. Incremento no turismo, coma construção <strong>de</strong> quatorze novoshotéis, e <strong>uma</strong> taxa <strong>de</strong> ocupaçãopor volta <strong>de</strong> 90% no mês <strong>do</strong> Pan.Projeção da dimensão internacionalda cida<strong>de</strong>, como se<strong>de</strong> competentee segura <strong>para</strong> eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte. A<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> novos conceitossociais como o voluntaria<strong>do</strong> e ahospedagem <strong>do</strong>miciliar. Introduçãoe conhecimento <strong>de</strong> novos esportescomo o badminton, o softbol, osquash. E principalmente o <strong>lega<strong>do</strong></strong><strong>do</strong> conhecimento, o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong>incentivo. Realizar os Jogos permitiuo aperfeiçoamento profissionald e s e r v i d o r e s e t é c n i c o s n a sáreas <strong>de</strong> arquitetura, engenharia,planejamento e gerenciamento <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s eventos, assim como <strong>de</strong>servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> controleinterno e externo. Assistir aos Jogospermitiu a milhares <strong>de</strong> jovens ver o<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> Thiago, Diogo, Ja<strong>de</strong>,Marta, Diego, Poliana, Lucélia, Pedro,Saretta e tantos outros, medalhistasou não, to<strong>do</strong>s vence<strong>do</strong>res na vida eno esporte. Uma <strong>nova</strong> geração <strong>de</strong>atletas e cidadãos estará surgin<strong>do</strong>à sombra <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.2016: o futuro é agoraDespertan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jogos Panamericanos,o <strong>Rio</strong> se vê diante <strong>do</strong>novo <strong>de</strong>safio: os Jogos Olímpicos<strong>de</strong> 2016. Ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>maisentes governamentais e <strong>do</strong> ComitêOlímpico, a Prefeitura já está seestruturan<strong>do</strong> <strong>para</strong> encetar mais <strong>uma</strong>campanha em busca <strong>do</strong> sonho <strong>de</strong>ser se<strong>de</strong> olímpica. Mal a pira panamericanase apagara, o PrefeitoCesar Maia publicou o <strong>de</strong>cretoque cria a Secretaria Especial <strong>Rio</strong>2016, sucessora da SE <strong>Rio</strong> 2007,atribuin<strong>do</strong>-lhe a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>conduzir o processo <strong>de</strong> candidatura.É longo e complexo esse processoque começou em setembro passa<strong>do</strong>,quan<strong>do</strong>, em Assembléia Geral <strong>do</strong>Comitê Olímpico Brasileiro, o <strong>Rio</strong>foi indica<strong>do</strong>, por aclamação, comocida<strong>de</strong> brasileira postulante à se<strong>de</strong>olímpica. Já em 1° <strong>de</strong> outubropróximo terá que pagar a taxa <strong>de</strong>Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200715


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>“Olho...”inscrição <strong>de</strong> US$ 150 mil dólaresao Comitê Olímpico Internacional,ratifican<strong>do</strong> a indicação. Até 14 <strong>de</strong>janeiro <strong>de</strong> 2008, o <strong>Rio</strong>, como cida<strong>de</strong>postulante,vai respon<strong>de</strong>r às perguntas<strong>do</strong> questionário proposto pelo COI,que abrangem os mais diversosaspectos da candidatura, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>receber visitas <strong>de</strong> inspeção. Em junho<strong>de</strong> 2008, o Comitê Executivo <strong>do</strong> COIescolherá as cida<strong>de</strong>s que passarãoao estágio seguinte, já na condiçãod e c i d a d e s - c a n d i d a t a s . E s s a scida<strong>de</strong>s vão pagar <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> taxa <strong>de</strong>US$ 500 mil ao COI e passam a integraro Programa <strong>de</strong> Observa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s JogosOlímpicos <strong>de</strong> Pequim, entre 8 e 24 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2008. O próximo passo éelaborar o <strong>do</strong>ssiê <strong>de</strong> candidatura,a ser entregue ao COI até 12 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2009. Esse <strong>do</strong>cumentoaborda minuciosamente to<strong>do</strong>s ostemas trata<strong>do</strong>s superficialmenteno questionário e estará sen<strong>do</strong>examina<strong>do</strong> por <strong>uma</strong> Comissão <strong>de</strong>Avaliação especialmente <strong>de</strong>signada.O <strong>do</strong>ssiê é o <strong>do</strong>cumento básico efundamental da campanha e trataránão apenas <strong>de</strong> locais esportivos.Gran<strong>de</strong>s questões <strong>de</strong> nosso tempocomo preservação <strong>do</strong> meio ambiente,utilização criteriosa <strong>do</strong>s recursosnaturais, uso <strong>de</strong> fontes limpas<strong>de</strong> energia, aquecimento global,poluição, estarão sen<strong>do</strong> abordadas.O <strong>do</strong>ssiê será complementa<strong>do</strong> por<strong>uma</strong> obrigatória visita <strong>de</strong> inspeçãoe <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> com os membros daComissão. Esse processo vai seesten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fevereiro a setembro<strong>de</strong> 2009, quan<strong>do</strong> a Comissão <strong>de</strong>Avaliação apresentará seu relatórioconclusivo ao COI. Finalmente,em 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009, emAssembléia Geral <strong>do</strong> COI, na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> Copenhagen, Dinamarca, a se<strong>de</strong><strong>do</strong>s Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016 seráescolhida. Esse é o difícil caminhoque o <strong>Rio</strong> vai percorrer ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> porte <strong>de</strong> Chicago (EUA),Madri (Espanha), Praga (RepúblicaTcheca), Doha (Qatar) e Tóquio(Japão).Tem o <strong>Rio</strong> condições <strong>de</strong> sers e d e o l í m p i c a ? C e r t a m e n t e .Teremos to<strong>do</strong>s nós, governo esocieda<strong>de</strong>, muito que trabalhar.Será necessário unir os esforços<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os entes administrativos,esportivos, sociais e políticos emtorno <strong>de</strong>sse grandioso objetivo.D e f i n i r o p r o j e t o o l í m p i c oe s e u l e g a d o ; a m p l i a r t o d a sas instalações, construir <strong>uma</strong><strong>nova</strong> Vila, agora <strong>para</strong> quinze milatletas, construir <strong>uma</strong> Vila <strong>para</strong>a mídia, melhorar os transportes,ampliar a re<strong>de</strong> hoteleira, intervirem saneamento, na recuperaçãod a B a í a d e G u a n a b a r a ; e s t a ssão alg<strong>uma</strong>s entre tantas açõesindispensáveis. Realizar os JogosPan-americanos com o sucesso quetivemos foi um passo importante.Os severos eleitores <strong>do</strong> COI jásabem que não é impossível <strong>para</strong>o <strong>Rio</strong> chegar a <strong>uma</strong> olimpíada.Temos o cenário, a motivação eagora a experiência. Apoia<strong>do</strong>s pelogeneroso povo brasileiro e com aintensa participação <strong>do</strong>s cariocas,haveremos <strong>de</strong> fazer os mais bonitose alegres Jogos Olímpicos: os Jogos<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, em 2016.16 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> sediargran<strong>de</strong>s eventos“Acreditar nos Jogos Pan-americanos<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início e partir <strong>para</strong> a ação foio que garantiu o sucesso <strong>do</strong> evento,que contou com a interação <strong>de</strong> todasas secretarias e a receptivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>público, permitin<strong>do</strong> aos cariocassonhar com as Olimpíadas.”Secretário Municipal <strong>de</strong> Obras e Serviços Públicos, Ei<strong>de</strong>r Dantas, no Velódromo.Quais foram as principaisações da SMO <strong>para</strong> a realização <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos?Ei<strong>de</strong>r Dantas - A Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,através da Secretaria Municipal<strong>de</strong> Obras, foi a esfera <strong>de</strong> governoresponsável pelas principais obras<strong>de</strong>stinadas à realização <strong>do</strong>s Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007. Acreditamosno sucesso da competição <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oinício e, portanto, construímos oEstádio Municipal Olímpico JoãoHavelange; a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes,que engloba a Arena Olímpica <strong>do</strong><strong>Rio</strong>, o Velódromo <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> e o ParqueMunicipal Maria Lenk, fora outrasobras <strong>de</strong> melhorias urbanísticas e nosacessos viários aos equipamentos.Toda a pre<strong>para</strong>ção ocorreu <strong>de</strong>ntrodaquilo que prevíamos. Há três anos,o prefeito Cesar Maia arcou comcustos financeiros muito pesa<strong>do</strong>s e aPrefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>sembolsou mais<strong>de</strong> um bilhão <strong>de</strong> reais. O prefeitoteve muita competência. Privatizou,entre as instalações, o Complexo<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>centro e a Vila <strong>do</strong> Pan. Issotirou <strong>de</strong> nossas costas algo em torno<strong>de</strong> R$ 750 milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembolso.Mas investimos, no Estádio, R$ 380milhões e na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes mais<strong>de</strong> R$ 200 milhões. Na Prefeitura <strong>do</strong><strong>Rio</strong>, todas as Secretarias interagiramcomo podiam e a receptivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>público em relação aos equipamentosconstruí<strong>do</strong>s foi muito boa. O cariocaestá <strong>de</strong> <strong>para</strong>béns e merecia isso.Quais foram os maiores <strong>de</strong>safios<strong>para</strong> se construir um conjunto <strong>de</strong>obras tão representativas <strong>para</strong> acida<strong>de</strong>?Foram muitos os <strong>de</strong>safios, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>o fato da cida<strong>de</strong> não receber estetipo <strong>de</strong> construção há décadas, atéquestões técnicas, como o solo <strong>de</strong>Jacarepaguá, que é arenoso e requermuita cautela, e a cobertura <strong>do</strong>Estádio Olímpico Municipal JoãoHavelange. No Estádio, por exemplo,tinha <strong>uma</strong> adutora da Cedae no meio<strong>do</strong> campo <strong>de</strong> futebol, que não estavano projeto. Para remanejá-la, foi umcusto alto. Depois, <strong>para</strong> manter oprojeto original, preven<strong>do</strong> acessos porquatro direções (Norte, Sul, Leste eOeste) e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansãoda capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> público <strong>de</strong> 45 mil<strong>para</strong> 60 mil (a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong>-o assim àsexigências <strong>para</strong> <strong>uma</strong> Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>),a Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> precisou removero Museu <strong>do</strong> Trem, com to<strong>do</strong>s os seusequipamentos, e negociar a liberação<strong>do</strong> terreno pertencente à EscolaTécnica Silva Freire. A solução foitransferir o campo da escola. NósRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200717


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>trocamos por um campo <strong>de</strong> futebolque já existia a 400m e era usa<strong>do</strong>pelos operários. Em troca, pu<strong>de</strong>mosabsorver o espaço <strong>para</strong> fazer a rampaLeste, senão não teria acesso por estela<strong>do</strong>.Outra dificulda<strong>de</strong>, como já citei,foi a cobertura <strong>do</strong> Estádio, pois eraum projeto ousa<strong>do</strong>. Só o Estádio <strong>do</strong>Benfica tem isso e nós, no começo,nos empenhamos muito <strong>para</strong> adaptaro projeto. Fomos obriga<strong>do</strong>s a fazero encaixe e a solda a 70m <strong>de</strong> altura.Imagine o vento que o trabalha<strong>do</strong>renfrentou? Mas foi um sucesso. OEstádio po<strong>de</strong> ser visto <strong>de</strong> diversospontos da cida<strong>de</strong>. É a maior obra no<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro feita nos últimos 50 anose, inclusive, foi objeto <strong>de</strong> reportagemespecial <strong>do</strong> programa “Megaestruturas”,<strong>do</strong> Discovery Channel.O Engenhão está sain<strong>do</strong> até baratoquan<strong>do</strong> com<strong>para</strong><strong>do</strong> a outros estádiossimilares. Fizemos um com<strong>para</strong>tivocom instalações como o EstádioNacional <strong>de</strong> Pequim, construí<strong>do</strong> <strong>para</strong>os Jogos Olímpicos, e o Allianz, emMunique, que recebeu jogos da Copa<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2006. Nosso estádio é omais barato por assento.A Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes é <strong>de</strong> <strong>uma</strong>beleza arquitetônica, por <strong>de</strong>ntro epor fora, <strong>de</strong> impressionar. E to<strong>do</strong>s osequipamentos são multiuso. Valorizoumuito o entorno.Os nossos técnicos, engenheirose os Consórcios que assumiramtodas estas obras merecem a nossaadmiração.Qual o <strong>lega<strong>do</strong></strong> que o Pan <strong>de</strong>ixa<strong>para</strong> o <strong>Rio</strong>?O <strong>Rio</strong> passa a ser a capital <strong>do</strong>sesportes das Américas. O Pan mostrouque po<strong>de</strong>mos sediar gran<strong>de</strong>s eventos,que a cida<strong>de</strong> e seus mora<strong>do</strong>res sabemreceber importantes competições.A Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> se esforçou naárea <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>para</strong> honrar oque foi combina<strong>do</strong>. Mais <strong>de</strong> 250 ruasreceberam melhorias antes <strong>do</strong> Pan.O entorno <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os equipamentosrecebeu obras que compreen<strong>de</strong>rampavimentação e drenagem. O <strong>Rio</strong> nãoé <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> industrial como SãoO <strong>Rio</strong> passaa ser a capital<strong>do</strong>s esportesdas Américas.O Pan mostrouque po<strong>de</strong>mossediar gran<strong>de</strong>seventos.“”Paulo. O <strong>Rio</strong> tem sua vocação natural,que envolve o esporte e o turismo, eo gran<strong>de</strong> <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> Pan é qualificá-locomo a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esportes que temcompetência <strong>para</strong> realizar eventosesportivos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e que vai,talvez, nos beneficiar como cida<strong>de</strong>candidataàs Olimpíadas <strong>de</strong> 2016.Construímos equipamentos jamaisvistos no Brasil e até fora. O Engenhão,como a própria população batizou oEstádio, po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> <strong>para</strong> a Copa<strong>de</strong> 2014. Tem <strong>uma</strong> arena on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mfuncionar <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> lojas, comoacontecem com outros estádios fora.Vai ter vida permanente. Ele <strong>de</strong>umuita vida ao Engenho <strong>de</strong> Dentro,Méier, Água Santa e re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas. Etem alg<strong>uma</strong>s facilida<strong>de</strong>s como <strong>uma</strong>estação ferroviária <strong>de</strong>ntro, basta pegara rampa.Depois <strong>do</strong> Pan, quais serão aspróximas realizações da Prefeitura<strong>para</strong> a cida<strong>de</strong>?O Prefeito quer entregar a Cida<strong>de</strong>da Música, na Barra da Tijuca, noprimeiro semestre <strong>de</strong> 2008. Umaobra que vai marcar a gestão <strong>de</strong>le. ACida<strong>de</strong> da Música <strong>de</strong> Paris levou <strong>de</strong>zanos <strong>para</strong> ser construída. A nossa,a Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> entregará empouco mais <strong>de</strong> quatro anos. Para ter<strong>uma</strong> idéia da dimensão <strong>do</strong> projetoe execução, estão sen<strong>do</strong> utilizadas 8mil toneladas <strong>de</strong> aço e mais <strong>de</strong> 500operários trabalham na obra. Depois<strong>de</strong> transformar o <strong>Rio</strong> na capital <strong>do</strong>sesportes, o Prefeito proporcionarámais cultura e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida àpopulação. Ao mesmo tempo, vamoscontinuar fazen<strong>do</strong> aquilo que semprefizemos, como as vilas olímpicas.Iremos continuar os programas <strong>Rio</strong>Cida<strong>de</strong>, <strong>Rio</strong> Comunida<strong>de</strong> e FavelaBairro. São programas que já têm12 anos e <strong>de</strong>ram certo. Falta um anoe pouco <strong>para</strong> terminar o mandato<strong>de</strong>le. Estamos cumprin<strong>do</strong> o queprometemos lá atrás. O que plantoue semeou, vamos colher no final <strong>do</strong>mandato junto com a população.On<strong>de</strong> o <strong>Rio</strong> precisa melhorar <strong>para</strong>sediar as Olimpíadas?O <strong>Rio</strong> tem que se qualificar melhorna questão da infra-estrutura, porexemplo, na área <strong>de</strong> saneamento e<strong>de</strong> água potável. Além disto, precisadiminuir as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre asdiversas regiões da cida<strong>de</strong>. O <strong>Rio</strong> tem600 favelas aproximadamente, 200<strong>de</strong>las sofreram intervenção <strong>do</strong> maiorprograma mundial <strong>de</strong> inclusão socialurbana: o Favela-Bairro. O trabalhoé longo e continuaremos fazen<strong>do</strong>.No que tange à responsabilida<strong>de</strong>da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Obras,continuaremos estudan<strong>do</strong> projetose os executan<strong>do</strong> com o objetivo <strong>de</strong>proporcionar mais qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidaà população.Sobre os equipamentos esportivosconstruí<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os Jogos Panamericanos,a cargo da Prefeitura<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, to<strong>do</strong>s foram aprova<strong>do</strong>spelas respectivas confe<strong>de</strong>raçõesesportivas. Precisam apenas <strong>de</strong>alg<strong>uma</strong>s adaptações <strong>para</strong> receber asOlimpíadas.Por tu<strong>do</strong> isto, pelo que já foi feitoe pelo que ainda virá, posso afirmarcom toda a certeza que os cariocaspo<strong>de</strong>m sonhar com as Olimpíadas no<strong>Rio</strong>, pois as bases <strong>para</strong> que se tornerealida<strong>de</strong> já existem.18 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Um marco <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vistatécnico-profissionalResponsável pela elaboração <strong>do</strong>s projetos, orçamentos,licitações e gerenciamento das obras <strong>do</strong> Estádio MunicipalJoão Havelange e da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes, o presi<strong>de</strong>nte da<strong>Rio</strong>urbe, João Luis Reis da Silva, credita à equipe técnica da<strong>Rio</strong>urbe e a to<strong>do</strong>s os servi<strong>do</strong>res da Prefeitura envolvi<strong>do</strong>s noevento, o fato <strong>do</strong> Pan ter se torna<strong>do</strong> <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e <strong>para</strong> o Brasil.Quais foram as principaisações da <strong>Rio</strong>urbe <strong>para</strong> a realização<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos?A primeira medida que tomamosao sermos informa<strong>do</strong>s pelo Secretário<strong>de</strong> Obras <strong>de</strong> que a <strong>Rio</strong>urbe seria oórgão responsável pela elaboração<strong>do</strong>s projetos, orçamentos e licitaçõese gerenciamento das obras civis <strong>do</strong>Estádio Olímpico Municipal JoãoHavelange e, posteriormente, da Cida<strong>de</strong><strong>do</strong>s Esportes, foi <strong>de</strong>finir equipes ecronogramas <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> cumpriro calendário pré-evento <strong>de</strong> cadainstalação. No caso <strong>do</strong> Engenhão, jáexistia na <strong>Rio</strong>urbe um projeto <strong>de</strong> estádio<strong>de</strong> futebol, elabora<strong>do</strong> pela equipetécnica da Diretoria <strong>de</strong> Planejamento eProjetos. Começamos, então, a trabalharnesse projeto, fazen<strong>do</strong> as a<strong>de</strong>quaçõesnecessárias <strong>para</strong> transformá-lo emum estádio olímpico <strong>de</strong> atletismo efutebol <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as exigências dasentida<strong>de</strong>s internacionais que regulamcada modalida<strong>de</strong> esportiva. Depois,partimos <strong>para</strong> a <strong>fase</strong> <strong>de</strong> orçamentoe <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong> projeto básico.Em seguida, realizamos o processolicitatório. Todas essas etapas foramcumpridas num prazo recor<strong>de</strong> menos<strong>de</strong> um ano. Começamos a fazer asa<strong>de</strong>quações no projeto básico aindaem 2002 e iniciamos a obra <strong>do</strong> Estádioem setembro <strong>de</strong> 2003. Nessa <strong>fase</strong>,fizemos muita pesquisa, reuniões comtécnicos, consultores e colabora<strong>do</strong>res.O mesmo aconteceu com relaçãoEstádio Olímpico João Havelangeà Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes, em 2005,quan<strong>do</strong> nossa equipe, com apoio <strong>do</strong>stécnicos da SE<strong>Rio</strong>-2007, elaborouos projetos básicos das instalaçõese seus respectivos orçamentos. Aslicitações da Arena Olímpica e <strong>do</strong>Parque Aquático foram feitas em<strong>de</strong>zembro daquele ano e as obrasiniciadas em fevereiro e março <strong>de</strong> 2006.O Velódromo foi licita<strong>do</strong> em setembro<strong>de</strong> 2006 e a obra iniciada em outubro<strong>do</strong> mesmo ano. O prazo <strong>de</strong> execuçãoda construção da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportesera <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> um ano. E nãopodíamos per<strong>de</strong>r um só dia. Por isso,trabalhamos na <strong>Rio</strong>urbe inúmeras vezesaté muito tar<strong>de</strong>, inclusive nos finais <strong>de</strong>semana. To<strong>do</strong>s os sába<strong>do</strong>s pela manhã,fazíamos <strong>uma</strong> reunião técnica geralno escritório das obras <strong>do</strong> Estádio e daCida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes, com a presença <strong>do</strong>Secretário <strong>de</strong> Obras, <strong>para</strong> rever o que foiexecuta<strong>do</strong> e o cronograma da semanasubseqüente. Além disso, durantealg<strong>uma</strong>s etapas, o expediente nas obrasfoi amplia<strong>do</strong> <strong>para</strong> três turnos <strong>para</strong>garantir o cumprimento <strong>do</strong>s prazosestabeleci<strong>do</strong>s pela ODEPA.Qual o maior obstáculo enfrenta<strong>do</strong>pela Prefeitura na construção <strong>do</strong>sequipamentos <strong>para</strong> os Jogos Panamericanos?Creio que foi, num primeiromomento, compatibilizar as <strong>de</strong>mandasexistentes com a execução <strong>de</strong>sseRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200719


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>mega-projeto. Sem contar os trâmitesburocráticos, que por força <strong>de</strong> lei têmque ser cumpri<strong>do</strong>s rigorosamente.Muitos pareceres, prazos a seremcumpri<strong>do</strong>s e autorizações <strong>de</strong> váriossetores da Administração Pública. Mashouve um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osórgãos municipais envolvi<strong>do</strong>s no Pan<strong>para</strong> dinamizar o processo.Porque foi escolhida a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Rock como local <strong>de</strong> construção daArena <strong>de</strong> Beisebol, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ascaracterísticas <strong>do</strong> terreno, pantanosoe abaixo <strong>do</strong> nível da rua?A escolha <strong>do</strong>s locais, bem como aelaboração <strong>do</strong>s projetos das instalaçõestemporárias foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s e<strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s pelo Comitê Organiza<strong>do</strong>r<strong>do</strong>s Jogos em conjunto com a SecretariaEspecial <strong>Rio</strong>-2007. Todas diretrizes erecomendações estabelecidas no projetoforam atendidas, como o acerto <strong>do</strong>terreno <strong>para</strong> implantação <strong>do</strong>s campos<strong>de</strong> competição, sistema <strong>de</strong> drenagem,construção <strong>de</strong> áreas gramadas e infraestrutura<strong>para</strong> realização <strong>do</strong> evento.Contamos com a colaboração <strong>de</strong> umtécnico cubano <strong>de</strong> beisebol, que étambém topógrafo. Ele acompanhou aexecução das obras da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rock<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início.O projeto executivo <strong>do</strong> Estádio JoãoHavelange po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> melhor<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, se o contrato <strong>para</strong> aconstrução fosse celebra<strong>do</strong> tão logoanunciada a vitória <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirocomo se<strong>de</strong> <strong>do</strong> evento?O projeto <strong>do</strong> Estádio OlímpicoJoão Havelange foi apresenta<strong>do</strong> emdiversas ocasiões às equipes técnicas<strong>do</strong>s Comitês Olímpico Internacional(COI) e Brasileiro (COB), bem como àOrganização Desportiva Pan-americana(ODEPA) e outras entida<strong>de</strong>s nacionaise internacionais. Durante a execuçãodas obras, recebemos visitas técnicas <strong>de</strong>representantes <strong>de</strong> Comitês OlímpicosInternacionais, associações e fe<strong>de</strong>raçõesesportivas nacionais, e da ODEPA.Órgãos fiscaliza<strong>do</strong>res como C.R.E.A.,<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município eControla<strong>do</strong>ria Geral <strong>do</strong> Municipiotambém acompanharam <strong>de</strong> perto as“Hoje, a <strong>Rio</strong>urbeé reconhecida erespeitada comoempresa públicamunicipal,pela qualida<strong>de</strong><strong>do</strong>s serviçospresta<strong>do</strong>s nogerenciamento<strong>de</strong> obraspúblicas.”diversas etapas da construção <strong>de</strong>stesgran<strong>de</strong>s empreendimentos.Fazen<strong>do</strong> <strong>uma</strong> breve retrospectiva,verificamos que o projeto foiapresenta<strong>do</strong> e discuti<strong>do</strong> em diversosmomentos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio <strong>de</strong> to<strong>do</strong> oprocesso, começan<strong>do</strong> pelo dia 15 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2001, na 34ª AssembléiaGeral da Organização DesportivaPan-americana, quan<strong>do</strong> a candidatura<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> foi apresentada. Depois disso,em 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2002, o Comitê<strong>de</strong> Candidatura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> entregou, naCida<strong>de</strong> <strong>do</strong> México, na OrganizaçãoDesportiva Pan-americana (ODEPA),o <strong>do</strong>ssiê <strong>de</strong> Candidatura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, como <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o projeto <strong>para</strong>sediar os Jogos Pan-americanos <strong>de</strong>2007. Os projetos foram aprova<strong>do</strong>se em 24 <strong>de</strong> agosto 2002, a cida<strong>de</strong> foieleita se<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanosRIO 2007, <strong>de</strong>rrotan<strong>do</strong> San Antonio(Texas, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s), durante aXL Assembléia Geral da OrganizaçãoDesportiva Pan-americana, no México.O <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro obteve 30 votos, contra21 <strong>de</strong> San Antonio.Após a divulgação <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>,começamos a trabalhar imediatamente.Nos <strong>de</strong>bruçamos sobre o projeto <strong>do</strong>Estádio, <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r cumprir to<strong>do</strong>s osprazos necessários. Em 30 <strong>de</strong> novembro<strong>do</strong> mesmo ano, a Prefeitura, então,contratou <strong>uma</strong> empresa <strong>de</strong> consultoriaaustraliana, a MI Associates Ltd, comgran<strong>de</strong> experiência em Jogos Olímpicos<strong>para</strong> dar apoio técnico na organização <strong>do</strong>Pan. É importante ressaltar que a partir<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2003, CO-RIO, a SE<strong>Rio</strong>-2007 e a Secretaria <strong>de</strong> Obras passarama receber nas obras visitas técnicas <strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>rações Internacionais <strong>de</strong> esportes eda ODEPA, nas quais eram apresenta<strong>do</strong>sprojetos e cronogramas atualiza<strong>do</strong>s.Estas inspeções foram realizadasregularmente até junho <strong>de</strong> 2007, eem sua maior parte, acompanhadaspela imprensa brasileira e estrangeira.Mesmo com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prazos,conseguimos cumprir todas exigências<strong>do</strong>s organismos internacionais.Qual o <strong>lega<strong>do</strong></strong> que o Pan <strong>de</strong>ixa <strong>para</strong>o <strong>Rio</strong>? E <strong>para</strong> a <strong>Rio</strong>urbe?Temos que <strong>para</strong>benizar to<strong>do</strong>s osengenheiros, arquitetos, técnicose funcionários administrativosda prefeitura e, especialmente, osservi<strong>do</strong>res da <strong>Rio</strong>urbe, que estiveramdiretamente envolvi<strong>do</strong>s nestamissão. Ao longo <strong>de</strong> quatro anos,esses servi<strong>do</strong>res públicos municipais<strong>de</strong>dicaram-se integralmente a esteprojeto e graças ao trabalho <strong>de</strong>les, oPan 2007 se tornou <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> <strong>para</strong>o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e <strong>para</strong> o Brasil.Pa r a a e q u i p e t é c n i c a d a<strong>Rio</strong>urbe, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista técnicoprofissional,com certeza foi um marcoextraordinário. Durante a elaboração<strong>de</strong> projetos e cronogramas, nossostécnicos pu<strong>de</strong>ram ter acesso a <strong>nova</strong>stecnologias e meto<strong>do</strong>logias construtivase às tecnologias específicas <strong>para</strong>implantação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s instalaçõesesportivas com padrão internacional.Essa experiência adquirida duranteos quatro anos <strong>de</strong> trabalho e pesquisa,sem dúvida, cre<strong>de</strong>ncia a empresaao gerenciamento <strong>de</strong> outras obrasespeciais e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Hoje, a<strong>Rio</strong>urbe é reconhecida e respeitadacomo empresa pública municipal, pelaqualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s nogerenciamento <strong>de</strong> obras públicas.20 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


O <strong>PAN</strong> e o povoAgora que a festa acabou, restasaber o que o povo achou <strong>do</strong>evento. O que esses dias,<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s no calendário,significaram <strong>para</strong> cadaum. A Revista TCMRJ ouviualguns mora<strong>do</strong>res da cida<strong>de</strong>,escolhi<strong>do</strong>s aleatoriamente, <strong>para</strong>saber o que ficou <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>.O que você achou <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos?Nelson Luiz CouteiroEstudante universitárioApesar <strong>de</strong> toda a dúvida sobrea sua realização, os Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007 realmenteaconteceram. E, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> quenão foram veicula<strong>do</strong>s na mídianenhum ato <strong>de</strong> vandalismo extremo,violência e <strong>de</strong>mais balbúrdias,enten<strong>do</strong> que o brasileiro se mostroubastante receptivo aos Jogos.Houve sim, o caos aéreo, atletasreclaman<strong>do</strong> <strong>do</strong> atraso <strong>de</strong> vôos e oterrível aci<strong>de</strong>nte com o avião daTAM, mas, convenhamos, a imagem<strong>do</strong> Brasil no exterior não parece tersi<strong>do</strong> das piores.Tivemos também a discussãoquanto aos gastos com o evento.Mas esta me parece que - como jáhavia previsto nosso presi<strong>de</strong>nte - osJogos iriam chegar, os brasileirosiriam vibrar, comemorar, e ninguémmais iria querer saber o que foiou não gasto, ou o que <strong>de</strong>veria tersi<strong>do</strong> feito. Bem, se o princípio damoralida<strong>de</strong> nos gastos públicos,elenca<strong>do</strong> na Carta Magna, nãotem vez em nossa administração,realmente só nos resta vibrar comas medalhas conquistadas; além<strong>do</strong> mais, este foi o Pan em queganhamos o maior número <strong>de</strong>las,certo? Outro “problema”, tiran<strong>do</strong>este sentimento <strong>de</strong> alienação quantoaos gastos <strong>do</strong> evento, é a <strong>de</strong>stinação<strong>do</strong>s apartamentos na Vila Pan-Americana à classe média alta. Creioque teria si<strong>do</strong> muito melhor se taisapartamentos fossem <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s àpopulação em geral, inclusive porterem si<strong>do</strong> financia<strong>do</strong>s pela CaixaEconômica Fe<strong>de</strong>ral com recursos <strong>do</strong>Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r– FAT. A publicida<strong>de</strong> e repercussãoteriam si<strong>do</strong> ótimas.De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, apesar <strong>de</strong>stespesares, acredito que estamos nocaminho. Reafirmo que, no geral,nossa imagem foi boa e somosreceptivos. Além disso, seria injustonão dizer que o Pan é essencial<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> esporteno Brasil, sen<strong>do</strong> quase que <strong>uma</strong>olimpíada <strong>para</strong> nós. Talvez o sonho<strong>de</strong> nossos atletas <strong>de</strong>va ser leva<strong>do</strong> emconta, até porque são nossos heróisnacionais e <strong>de</strong>vemos isso a eles.Pierre Duque EstradaTaxistaOs Jogos Pan-americanos, <strong>para</strong>mim, significaram um gran<strong>de</strong>incentivo aos atletas. Eu gosto muito<strong>de</strong> esportes, mas a competição nãoserve <strong>de</strong> parâmetro <strong>para</strong> outrascompetições como as Olimpíadasou Campeonatos Mundiais. Só osatletas que têm apoio conseguemse <strong>de</strong>stacar. Falta patrocínio emaior atenção das fe<strong>de</strong>rações econfe<strong>de</strong>rações.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200721


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Durante os Jogos Pan-americanos, quais os transtornos <strong>de</strong> morarpróximo ao local das competições?Maria da Penha F. <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>irosFuncionária públicaMora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Recreiosim, teve muita retenção, muitagente reclaman<strong>do</strong>, principalmenteos usuários da Linha Amarela quevinham lá pelo Autódromo, on<strong>de</strong> otrânsito estava bem caótico. Mas noperío<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong> fluiu bem melhor.Foi tu<strong>do</strong> ótimo. As pessoas estavamalegres, se sentin<strong>do</strong> em segurança,e comentavam que o <strong>Rio</strong> estava<strong>uma</strong> festa.torcidas, quan<strong>do</strong> aconteciam asprovas náuticas.Quem sabe um dia po<strong>de</strong>remosafirmar: rio, <strong>de</strong> janeiro a <strong>de</strong>zembro,p o r q u e m o r o n u m a c i d a d emaravilhosa e segura.M o r a r n o R e c r e i o d o sBan<strong>de</strong>irantes e trabalhar naCinelândia foi bem tranqüilo, atéexce<strong>de</strong>u a expectativa. Eu estavapreocupada com a segurança, otransporte, e o fluxo <strong>do</strong> trânsito.To<strong>do</strong>s achavam que ia dar um nó.Inclusive, muita gente que pô<strong>de</strong> saiu<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>para</strong> fugir <strong>do</strong> possível caosque haveria. Mas tu<strong>do</strong> fluiu bem erealmente superou as expectativas.Eu venho trabalhar diariamente<strong>de</strong> ônibus ou <strong>de</strong> van – por voltadas 9h30 estou sempre no trânsito.Venho pela Zona Sul, e realmentenão ocorreram gran<strong>de</strong>s problemas.Alg<strong>uma</strong>s retenções normais.Acredito que, em função <strong>do</strong> mês <strong>de</strong>férias das crianças, a cida<strong>de</strong> tenhaesvazia<strong>do</strong> um pouco.Quan<strong>do</strong> volto <strong>para</strong> casa <strong>de</strong> van,retorno pela rua <strong>do</strong> Autódromo,on<strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s instalações foramconstruídas. Geralmente passo por lána hora <strong>do</strong> rush. É lógico que houvecertas retenções, porque só tinhamduas pistas funcionan<strong>do</strong>; ficou umpouquinho mais <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>, masnada que nos <strong>de</strong>ixasse irrita<strong>do</strong>sou nervosos. Uma parte da pistaficou reservada <strong>para</strong> a Família Pan.A população respeitou e <strong>de</strong>u tu<strong>do</strong>certo.O problema maior foi antes, naépoca da finalização das obras. AíAntonio Carlos Mace<strong>do</strong>Advoga<strong>do</strong>Mora<strong>do</strong>r da LagoaOs organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>conseguiram realizar um evento<strong>de</strong>sta envergadura, sem causarsérios transtornos à cida<strong>de</strong>.Na Lagoa não foi diferente.A única alteração constatadadiuturnamente foi a agradávelsensação <strong>de</strong> segurança proporcionadapelos barcos da Polícia Fe<strong>de</strong>ral nasmargens e pelos grupos da ForçaNacional, já a partir da seis horasda manhã, em seu entorno.E não foi só a Lagoa, poismoramos em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> bairro,mas vivemos em toda a cida<strong>de</strong>, e emto<strong>do</strong>s os seus bairros, nossa cida<strong>de</strong>precisa <strong>de</strong> <strong>PAN</strong>`s e Olimpíadas,mas também da segurança quevem acostada a estes eventos. E,quanto ao fluxo da torcida duranteos eventos no local, a Lagoa fico<strong>uma</strong>is bonita, emoldurada pelasValéria Veiga NunesComerciáriaMora<strong>do</strong>ra no Engenho <strong>de</strong> DentroMorar e ter um comércio vizinhoao Estádio João Havelange trouxemais transtorno <strong>do</strong> que lucro. Asobras <strong>do</strong> Engenhão <strong>de</strong>moraram muito;muita poeira. Nós sofremos com aconstrução <strong>do</strong> Estádio. E, durante o<strong>PAN</strong>, pensei que fosse ven<strong>de</strong>r muito,mas não. Nos dias <strong>de</strong> jogos, muitaspessoas partici<strong>para</strong>m <strong>do</strong> evento,passavam pelo meu estabelecimentomas não compravam nada, até porquenão se podia entrar no Estádio comcomida. Quem trabalhou aqui foranão viu benefício algum; e foi piorainda porque fecharam as ruaspróximas ao Estádio, os carros nãopodiam passar, o que prejudicouainda mais o comércio local.Agora estamos esperan<strong>do</strong> otérmino das obras.O Engenhão estápronto, mas não concluíram ainda asobras <strong>do</strong> entorno. Estão <strong>para</strong>lisadas.Nós vimos a maquete completa eainda tem muita coisa a ser feita.Vamos ver se vão realmente concluirou <strong>de</strong>ixar aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>.22 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Medalhas <strong>para</strong> o BrasilAtletas, ex-atletas e técnicos <strong>de</strong> diferentes modalida<strong>de</strong>s relatam, à RevistaTCMRJ, experiências, alegrias e <strong>de</strong>cepções na vida esportiva, e analisam aorganização, instalações e <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007. Confira.Aída <strong>do</strong>s SantosAtletaModalida<strong>de</strong>: atletismoPrincipais títulos: Melhor marca <strong>do</strong> atletismofeminino <strong>do</strong> Brasil em Jogos Olímpicos até hoje emelhor resulta<strong>do</strong> feminino individual <strong>do</strong> Brasil emOlimpíadas, apenas iguala<strong>do</strong> em 2004 pela luta<strong>do</strong>ra<strong>de</strong> taekwon<strong>do</strong>, Natália Falavigna | Bronze nopentatlo – Pan-americano <strong>de</strong> Cali (1971) | Recor<strong>de</strong>sul-americano na prova <strong>do</strong>s 200 metros rasos <strong>do</strong>pentatlo – Olimpíadas <strong>do</strong> México (1968) | Bronzerecor<strong>de</strong> sul-americano no pentatlo – Pan-americano<strong>de</strong> Winnipeg (1967) | Ouro – Jogos Luso-Brasileiros(1966) | Ouro em salto em distância, salto emaltura e revezamento 4 x 100 – IV Jogos AtléticosInternacionais <strong>de</strong> Buenos Aires (1965) | Ouro emsalto em altura – II Jogos Ibero-Americanos emMadrid (1962)“ Desci o morro e corri atrás<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o esporte estava...Que você sentiu aocarregar a Ban<strong>de</strong>ira da ODEPA– Organização Desportista Panamericana– na abertura <strong>do</strong>s XVJogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007?Eu me senti muito orgulhosa. Aemoção foi muito gran<strong>de</strong>, não dá <strong>para</strong><strong>de</strong>screver.Que levou você a escolheratletismo?Tu<strong>do</strong> foi por acaso. Eu tinha<strong>uma</strong> vizinha, Vilma, que treinavaatletismo no Estádio <strong>do</strong> Caio Martins,em Niterói. Aos <strong>do</strong>mingos, ela medava carona <strong>de</strong> bicicleta <strong>para</strong> irmosao Estádio; ela <strong>para</strong> treinar salto emaltura, e eu <strong>para</strong> jogar vôlei comcolegas <strong>do</strong> colégio. Certo dia, nãotinha quorum <strong>para</strong> o voleibol, e,”<strong>de</strong> tanto que Vilma insistiu, <strong>de</strong>cidiexperimentar o atletismo: logo naprimeira vez que saltei atingi a marca<strong>de</strong> 1.40m, cinco centímetros abaixo <strong>do</strong>recor<strong>de</strong> estadual à época. O técnico <strong>de</strong>Vilma então resolveu me inscrever noCampeonato Estadual Rubens Esposel.Saltei 1.50m, venci a prova e ainda batio recor<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Foi assim que começou minha trajetóriano esporte.Você foi voluntária no Pan. Queachou das instalações?Trabalhei no Engenhão comovoluntária <strong>do</strong> atletismo. Minha filhaValeskinha trabalhou no Maracanãzinho,também como voluntária, e eu fui até lá.Visitei também a Vila Olímpica. Quan<strong>do</strong>entrei nestes três locais, me senti comose estivesse no primeiro mun<strong>do</strong>. Essasinstalações esportivas estão muito boase bonitas. A minha preocupação é sevão dar continuida<strong>de</strong> ou se vão virargran<strong>de</strong>s elefantes brancos. Temos <strong>de</strong>realizar outras competições, o povãotem <strong>de</strong> participar, tomar conhecimento.Espero que organizem várias outrascompetições, até <strong>de</strong> menor vulto, mas<strong>de</strong>ixem abertura <strong>para</strong> que o povo aja esinta que o esporte é cultura.Como foi a experiência da primeiraOlimpíada <strong>de</strong> que você participou, emTóquio (1964)?Não só fui a única representante<strong>do</strong> atletismo como a única mulherda <strong>de</strong>legação brasileira. Não tinhauniforme <strong>para</strong> eu <strong>de</strong>sfilar. Eu não tinhatécnico nem calça<strong>do</strong> apropria<strong>do</strong> <strong>para</strong>a competição. O técnico da equipe <strong>de</strong>Cuba me viu choran<strong>do</strong> e conseguiuum sapato próprio <strong>para</strong> corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong>100m e não <strong>para</strong> salto em altura, minhamodalida<strong>de</strong>. Mas foi com ele mesmoque competi. E eu tinha <strong>de</strong> ir <strong>para</strong> afinal, representar bem meu país.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200723


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Saltei 1.70m, fui à final, mas torci opé. A atleta cubana Miguelina Cobiánme viu mancan<strong>do</strong>, chamou o médico da<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> Cuba, que fez <strong>uma</strong> botinha<strong>de</strong> es<strong>para</strong>drapo no meu pé. E foi assimque saltei a final, sem condições físicas,e menos ainda, psicológicas. Eram cerca<strong>de</strong> 25 atletas, fiquei em 4º lugar, com amarca <strong>de</strong> 1.74m.Depois <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s esses anos,encontrei com a Miguelina aqui no Pan,como dirigente da <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> Cuba.Fiquei emocionada. Jamais esqueci oque ela fez por mim.Quais as expectativas futuras?Continuar participan<strong>do</strong> <strong>de</strong>Olimpíadas e campeonatos <strong>de</strong> atletismoe também com a equipe máster <strong>de</strong>voleibol da qual faço parte há mais<strong>de</strong> 10 anos. Agora mesmo, estou in<strong>do</strong><strong>para</strong> o Mundial <strong>de</strong> Master <strong>de</strong> Atletismo,em Bolonha, na Itália, <strong>de</strong> 2 a 14 <strong>de</strong>setembro.Mas quero também me <strong>de</strong>dicar aoprojeto <strong>do</strong> Instituto Aída <strong>do</strong>s Santos. Fuipaupérrima, passei fome na infância ena a<strong>do</strong>lescência. Desci o morro e corriatrás <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o esporte estava. Depoisque minha filha Valeskinha a<strong>de</strong>riuà idéia, eu pu<strong>de</strong> realizar o sonho <strong>de</strong>tanto tempo: fundamos o Instituto Aída<strong>do</strong>s Santos que é forma<strong>do</strong> pela minhafamília (mari<strong>do</strong> e filhos) e ex-alunosmeus. Trabalhamos com atletismo evoleibol. A escolinha <strong>de</strong> vôlei tem onome <strong>de</strong> Voleisquinha, em homenagema minha filha, também atleta.Depois <strong>de</strong> muito batalhar, consegui<strong>uma</strong> sala <strong>para</strong> reuniões no Caio Martins,através da SUDERJ. Ganhamos trêsmesas usadas e três computa<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>amigos. E têm outros queren<strong>do</strong> ajudar.No momento, estamos funcionan<strong>do</strong>nas instalações cedidas pelaUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense– UFF. Temos 86 crianças e mais30 na fila <strong>de</strong> espera, mas quem nãoestiver na escola não po<strong>de</strong> fazer parte<strong>do</strong> Instituto. É <strong>uma</strong> exigência nossa.Acompanhamos o Boletim escolar <strong>de</strong>cada um e, se preciso, temos psicóloga,assistente social, e professores quedão aula <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong> matemática e<strong>de</strong> português, to<strong>do</strong>s ex-alunos meus evoluntários. Quero que no meu Institutoos profissionais se importem com esseoutro la<strong>do</strong> da criança.Ieda BotelhoEx- atleta,presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> CiclismoModalida<strong>de</strong>: ciclismoPrincipais títulos: Tri- Campeã da Prova Nove <strong>de</strong>Julho (1994, 1996 e 1997) | Bi-Campeã <strong>do</strong> Torneio<strong>de</strong> Verão - Santos – SP (1997 e 1995) | Campeã <strong>do</strong>Metting Internacional - Goiânia (1996) | Campeãnos Jogos Sul-Americano <strong>de</strong> Resistência (1994)| Bronze nos Jogos Sul-Americano – Provas porpontos, <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> e 500mts c/relógio (1994)| Vice-Campeã Pan-americana <strong>de</strong> 200 metros– Velocida<strong>de</strong> (1988 e 1994) | Campeã <strong>do</strong> CircuitoFluminense – Mountain Bike (1991)“ O local nós temos, precisamosagora <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res”Que achou da organização<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007?Apesar <strong>de</strong> aparentemente o Panter si<strong>do</strong> um sucesso, a organização foiama<strong>do</strong>ra, muitas pessoas trabalhan<strong>do</strong>,mas sem treinamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.Problemas nas informações, nosingressos, no cuida<strong>do</strong> com o públicoetc. Achei um absur<strong>do</strong> obrigar aspessoas a jogarem biscoitos, água, e atéconteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> criançasno lixo. Um país como o Brasil, on<strong>de</strong>pessoas passam fome!Fui comentarista da Sportv etambém tive muitas dificulda<strong>de</strong>s<strong>para</strong> acessar o start list, resulta<strong>do</strong>s,informações sobre o evento e atletas.Nas olimpíadas este trabalho émuito fácil, pois temos acesso atodas as informações <strong>para</strong> fazer umbom comentário fornecidas pelaorganização <strong>do</strong>s Jogos.Creio que <strong>para</strong> organizarmos asOlimpíadas, além <strong>de</strong> melhor treinamento<strong>para</strong> os envolvi<strong>do</strong>s na equipe <strong>de</strong> trabalho,teremos que fazer <strong>uma</strong> campanhaeducativa <strong>para</strong> toda nação (comportamentonos estádios, ruas, etc).Que tipo <strong>de</strong> reflexo os Jogos no <strong>Rio</strong>po<strong>de</strong>m ter <strong>para</strong> o esporte nacional e,em especial, <strong>para</strong> o ciclismo?É muito importante a realização<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s eventos no nosso país.Além <strong>de</strong> mobilizar a nação <strong>para</strong>ações positivas, os atletas e projetosesportivos ganham força e visibilida<strong>de</strong>.24 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


No caso <strong>do</strong> ciclismo, a construção <strong>de</strong>um velódromo que ficará como <strong>lega<strong>do</strong></strong><strong>para</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, abriráas portas <strong>para</strong> o ciclismo mundial, jáque temos <strong>uma</strong> instalação a<strong>de</strong>quada<strong>para</strong> gran<strong>de</strong>s eventos <strong>de</strong> pista. Aqualida<strong>de</strong> da construção possibilitaráo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong>treinamento <strong>para</strong> alto rendimento einiciação esportiva. O local nós temos,precisamos agora <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<strong>para</strong> alavancar esta modalida<strong>de</strong>,que distribui 54 medalhas em JogosOlímpicos e Pan-americanos.Que nota você daria às instalaçõese equipamentos <strong>do</strong> Pan?Nota 8. É preciso trabalhar o acesso<strong>de</strong> transportes públicos <strong>para</strong> os locais.No caso <strong>do</strong> velódromo, este é o maiorproblema.Qual a sua participação naconstrução <strong>do</strong> Velódromo da Barra?Estive envolvida em todas as<strong>fase</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a luta <strong>para</strong> construção<strong>de</strong> <strong>uma</strong> instalação permanente,consultoria <strong>para</strong> escolha <strong>do</strong> projetista,até acompanhamento junto comarquitetos, engenheiros e operáriosda obra. A parte da iluminação porexemplo, eu solicitei a instalação<strong>de</strong> telhas translúcidas <strong>para</strong> evitar o<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> energia durante o dia.Só é necessário acen<strong>de</strong>r as luzes ànoite. Também pedi <strong>para</strong> equipe daengenharia se<strong>para</strong>r os disjuntores<strong>de</strong> 6 em 6 lâmpadas <strong>para</strong> utilizaçãodas luzes em horários <strong>de</strong> treinos(menos iluminação). O projeto inicialseria apenas 2 disjuntores (<strong>para</strong> 264lâmpadas), assim <strong>para</strong> treinar serianecessário ter todas as lâmpadasacesas ao mesmo tempo.Também a parte rebaixada <strong>do</strong>infield (parte central <strong>do</strong> velódromo),que estava projetada <strong>para</strong> ser no mesmonível da área <strong>de</strong> escape <strong>do</strong> ciclismo (epista <strong>de</strong> patinação), foi modificadapor solicitação minha nas reuniões<strong>de</strong> obra. Este <strong>de</strong>talhe é fundamental<strong>para</strong> visibilida<strong>de</strong> nas competições e éobrigatório pela UCI <strong>para</strong> realização<strong>de</strong> eventos mundiais e Olímpicos.Para o Pan não era obrigatório, masfuturamente teríamos que quebrartu<strong>do</strong> <strong>para</strong> realizar as Olimpíadas oumundiais. Agora temos apenas queaumentar o número da arquibancada eclimatizar o espaço <strong>para</strong> ficar no nívelolímpico.Em que o Velódromo da Barradifere <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais?Com<strong>para</strong>n<strong>do</strong> com as outras pistas<strong>do</strong> Brasil é como se estivéssemosfalan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um Fusca e <strong>uma</strong> Ferrari. Asoutras pistas têm erros <strong>de</strong> construçãobem significativos, <strong>de</strong>snivelamento,ondulações, etc. Não digo por serempistas <strong>de</strong> concreto, pois Mar <strong>de</strong>l Platatem um velódromo excelente e é<strong>de</strong> concreto, mas por falta <strong>de</strong> kownhow <strong>do</strong>s brasileiros nesta área daconstrução, que é muito específica.No <strong>Rio</strong> a pista é construída <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira recomendada <strong>para</strong> estetipo <strong>de</strong> construção, pinho siberiano.Ma<strong>de</strong>ira com pouquíssima umida<strong>de</strong>que permite torções acentuadas nascurvas <strong>do</strong> velódromo e pelo grau <strong>de</strong>dureza é <strong>uma</strong> superfície mais rápida.Além da ma<strong>de</strong>ira, o velódromo écoberto, permitin<strong>do</strong> realizações <strong>de</strong>eventos a qualquer hora e em qualquertempo. As muitas salas da construçãopermitirão que o espaço abrigue váriosprojetos e gran<strong>de</strong>s eventos também.Flavio CantoatletaModalida<strong>de</strong>: judôPrincipais títulos: Ouro na Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> BeloHorizonte (2007) | Ouro na Supercopa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><strong>de</strong> Hamburgo (2006) | Ouro na Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><strong>de</strong> Praga (2006) | Bronze nos Jogos Olímpicos <strong>de</strong>Atenas (2004) | Ouro no Pan-americano <strong>de</strong> SantoDomingo (2003) | Prata no Mundial <strong>de</strong> Equipes(1998) | Heptacampeão Sul-americano“As instalações esportivas e aestrutura <strong>de</strong> transporte <strong>para</strong> osatletas foram ‘olímpicas’”Como foi se apresentardiante <strong>de</strong> tamanha torcida?Foi muito emocionante entrarna competição com tanta gentetorcen<strong>do</strong>. A arena estava lotada egran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> público era compostopor amigos e familiares. Uma dasRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200725


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>coisas que mais me <strong>de</strong>ixa chatea<strong>do</strong>nesse meu <strong>de</strong>sfecho <strong>do</strong> Pan foi nãoter saí<strong>do</strong> daquela arena dividin<strong>do</strong> aalegria que <strong>uma</strong> medalha <strong>de</strong> ouroteria trazi<strong>do</strong> <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s nós.Houve algum contratempo durantea <strong>fase</strong> <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o <strong>PAN</strong>?Um mês e meio antes <strong>do</strong> Pan tive<strong>uma</strong> lesão no tornozelo com ruptura<strong>de</strong> ligamento. Fiquei praticamenteum mês fazen<strong>do</strong> fisioterapia, semtreinar, sonhan<strong>do</strong> com o Pan. Acabeime recuperan<strong>do</strong> a tempo e aindapu<strong>de</strong> treinar nas duas semanas queantece<strong>de</strong>ram o Pan.Como seus alunos <strong>do</strong> “Projeto Reação”receberam você <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>?Com muito carinho.Q u e o PA N r e p e r c u t i u n otrabalho que você <strong>de</strong>senvolve nascomunida<strong>de</strong>s carentes?Fi c o c h a t e a d o d e n ã o t e rconsegui<strong>do</strong> sair <strong>do</strong> Pan com oresulta<strong>do</strong> que sonhava. Acho que<strong>uma</strong> medalha <strong>de</strong> ouro teria si<strong>do</strong>importante <strong>para</strong> a Ong também.Mesmo sem ela, acho que o Pannos aju<strong>do</strong>u bastante. Nos últimostempos o esporte tem ti<strong>do</strong> sempreum espaço reserva<strong>do</strong> na mídia enos planos da iniciativa privada epública.Que o <strong>PAN</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>para</strong>o judô carioca/brasileiro?O Pan <strong>de</strong>ixa, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, <strong>uma</strong><strong>nova</strong> visão sobre o esporte no país.Finalmente ele passou a ser encara<strong>do</strong>como um gran<strong>de</strong> instrumento <strong>para</strong>transformar a socieda<strong>de</strong>. Investirem esporte é investir, ou se preferir,economizar em segurança, saú<strong>de</strong> eeducação.Que você achou da organização<strong>do</strong> evento?Sem dúvida, o maior Pan-americano<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tempos. As instalaçõesesportivas e a estrutura <strong>de</strong> transporte<strong>para</strong> os atletas foram “olímpicas”.Quais as expectativas futuras?No Instituto Reação, que eletransforme cada vez mais vidas. Noesporte, Pequim. Agora que o Pan sefoi e o mundial <strong>de</strong>ixou, esse ano, <strong>de</strong>ser <strong>uma</strong> possibilida<strong>de</strong> - o médico já<strong>de</strong>scartou a hipótese <strong>de</strong> lutar pela vagaem função da lesão - transfiro to<strong>do</strong>sos meus objetivos <strong>para</strong> o processoseletivo olímpico e, se tu<strong>do</strong> correrbem, <strong>para</strong> a busca <strong>de</strong> <strong>uma</strong> segundamedalha olímpica em Pequim.As gêmeasBranca Feres eBeatriz FeresatletasModalida<strong>de</strong>: na<strong>do</strong> sincroniza<strong>do</strong>Principais títulos: Bronze por equipe no Pan <strong>Rio</strong>2007 | Campeãs sul americanas juvenil dueto eequipe (2002) | Prata e bronze no West ZonesUSA (campeonato americano) | Campeãs sulamericanas adulto (2004-2006) | Bronze no XXIRoma Sincro (2005) | Prata e bronze no Panamericanojúnior (2005)“Segun<strong>do</strong> alguns atletas, o Pan <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong>sbancou os <strong>do</strong>is últimos (...)no Canadá e em Santo Domingo”Como foi se apresentardiante <strong>de</strong> tamanha torcida?Foi um pouco assusta<strong>do</strong>r mas foimaravilhoso; tive que me segurar<strong>para</strong> não chorar <strong>de</strong> emoção enquantoentrava e a arquibancada gritava pornós. (Branca)Que vocês sentiram ao seremescolhidas “Musas <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>”?Achamos muito legal por quetrouxe mídia ao nosso esporte, massempre <strong>de</strong>ixamos bem claro quenão queríamos ficar conhecidaspor musas... e sim pelo nossotrabalho, que é <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, e foio que nos levou ao Pan, e não orosto bonito.P o r q u a n t o t e m p o v o c ê sensaiaram a coreografia específica<strong>para</strong> o <strong>PAN</strong>?O trabalho <strong>para</strong> o Pan começou26 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


<strong>do</strong>is anos antes, mas a coreografiafoi um ano antes.H o u v e a l g u m c o n t r a t e m p odurante a <strong>fase</strong> <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>ção?Acho que não; foi tu<strong>do</strong> perfeito.Segun<strong>do</strong> comentaristas, a rotinada equipe brasileira se caracterizoupor reunir exercícios <strong>de</strong> muitaforça. Como manter a graciosida<strong>de</strong>e leveza <strong>do</strong>s movimentos apesar damuita força?A graciosida<strong>de</strong> no nosso esportese vê <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto, <strong>do</strong> queo tema da coreografia pe<strong>de</strong>. Achoque fizemos os <strong>do</strong>is muito bem.Dentro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> rotina <strong>de</strong> equipe, aforça impressiona mais e tem maisimpacto; já em um solo, acho que atécnica optaria pela graciosida<strong>de</strong>.Que vocês acharam da organização<strong>do</strong> evento? Das instalações da VilaPan-americana, <strong>do</strong> Parque Aquáticoe <strong>do</strong> transporte?Primeiro mun<strong>do</strong>. Não tem <strong>do</strong>que reclamar; foi tu<strong>do</strong> muito bom.Segun<strong>do</strong> alguns atletas, o Pan <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong>sbancou os <strong>do</strong>is últimos que foramno Canadá e em Santo Domingo.Em que as adversárias forammelhores?Elas são melhores tecnicamente;são meninas mais velhas e maisexperientes. Se conseguirmos mantera equipe unida por mais tempo,chegaremos lá, quem sabe...Quais as expectativas futuras?Manter a equipe unida.Diogo SilvaatletaModalida<strong>de</strong>: taekwon<strong>do</strong>Principais títulos: Ouro no Panamericano<strong>Rio</strong> (2007) | Bi-campeão<strong>do</strong>s Jogos Sul-americanos (2002)Argentina e (2006) Brasil | Quartocoloca<strong>do</strong> nas Olimpíadas <strong>de</strong> Atenas(2004) | Bronze nos Jogos Panamericanos<strong>de</strong> Santo Domingo(2003)“...conseguimos o melhorresulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> taekwon<strong>do</strong> brasileiroem Jogos Pan-americanos”Que você achou daorganização <strong>do</strong> evento?O Pan na minha opinião foiperfeito... Tu<strong>do</strong> estava funcionan<strong>do</strong>e não passamos por nenhumproblema.As instalações da Vila Pan-Americana foram satisfatórias?Foram.Tu<strong>do</strong> estava da forma quepensávamos.Qual a sensação <strong>de</strong> ser o primeirobrasileiro a ganhar medalha noPan?Sinto -me orgulhoso <strong>de</strong> tersi<strong>do</strong> o primeiro, o abre alas.OBrasil presenciou um espetáculoesportivo on<strong>de</strong> eu fui o personagemprincipal.O caminho <strong>para</strong> ser medalhistano esporte ama<strong>do</strong>r é árduo. Comovocê superou os obstáculos?São horas <strong>de</strong> treinamentose poucos momentos <strong>de</strong> lazer. Asuperação da <strong>do</strong>r e das dificulda<strong>de</strong>sfinanceiras.Confiei 100% no meutrabalho e na minha equipe, econseguimos o melhor resulta<strong>do</strong> queo taekwon<strong>do</strong> brasileiro já obteve emjogos Pan-americanos.Qual foi a maior contribuição <strong>do</strong>Pan <strong>para</strong> o esporte e, especialmente,<strong>para</strong> o taekwon<strong>do</strong>?O Pan <strong>de</strong>u <strong>uma</strong> alta estima <strong>para</strong> osesportes que não têm acesso à mídia nopaís.O taekwon<strong>do</strong> hoje está na boca <strong>de</strong>atores, comediantes, apresenta<strong>do</strong>res<strong>de</strong> televisão e principalmente vematingin<strong>do</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes.O importante nesse momento éexpandir o esporte.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200727


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Acompanhamento dasobras <strong>do</strong> Pan: finalização2ªIGE conclui, após o evento, o trabalho inicia<strong>do</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro foi <strong>de</strong>finidacomo se<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos <strong>de</strong> 2007.Simone <strong>de</strong> Souza Azeve<strong>do</strong>Inspetora Geral da 2ª IGEEste artigo preten<strong>de</strong> consolidare atualizar da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> matériasanteriores elaboradas durante aexecução das obras <strong>para</strong> a construção <strong>do</strong>sequipamentos <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos,que foram acompanhadas através <strong>de</strong> visitastécnicas e serão relacionadas a seguir:28 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJEstádio Olímpico da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro João Havelange(Cinco contratos, totalizan<strong>do</strong> R$ 395.646.418,24)O <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> proce<strong>de</strong>u ao acompanhamento, através <strong>de</strong> 51 (cinqüenta e <strong>uma</strong>) visitas técnicas, das obras <strong>para</strong>a construção <strong>do</strong> Estádio Olímpico no qual foram realizadas provas <strong>de</strong> atletismo e futebol <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos. Oequipamento localiza-se na Rua Arquias Cor<strong>de</strong>iro (Engenho <strong>de</strong> Dentro) e sua construção, inaugurada em 30.06.2007,envolveu recursos <strong>de</strong> R$ 395.646.418,24, movimenta<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s seguintes contratos:Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)125/03 <strong>Rio</strong>Urbe x Consórcio116.698.017,31 93.701.377,81 (*)Racional-Delta-Recoma03/2005172/200602/2007151/2005<strong>Rio</strong>Urbe xConsórcio Pan 2007<strong>Rio</strong>Urbe xConsórcio Engenhão<strong>Rio</strong>Urbe xConsórcio Engenhão<strong>Rio</strong>Urbe x Sousa LopesConstruçõesExecução das obras <strong>de</strong> construção<strong>do</strong> Estádio Olímpico JoãoHavelangeComplementação das obras <strong>de</strong>construção <strong>do</strong> estádioComplementação <strong>de</strong> acabamentose urbanização intra-muros <strong>do</strong>estádioExecução das obras e serviçosreferentes à finalização <strong>do</strong> contratonº 125/2003 (*)Remanejamento <strong>de</strong> adutora <strong>de</strong>água <strong>de</strong> 800 mm na área <strong>do</strong> EstádioOlímpico144.142.331,1152.747.521,2680.514.800,001.543.748,56144.141.217,9236.527.493,9780.514.800,001.389.373,69(*) Os orçamentos <strong>do</strong>s Contratos nºs 125/2003, 03/2005 e 172/2006 não comportavam os itens referentes à execução <strong>de</strong> alguns serviços inicialmenteprevistos e necessários <strong>para</strong> a conclusão da obra, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às supressões ocorridas. Estes itens integraram o orçamento <strong>do</strong> Contrato 02/2007, celebra<strong>do</strong>com fundamento no inciso IV <strong>do</strong> artigo 24 da Lei nº 8666/93 (dispensa por emergência) em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> prazo exíguo <strong>para</strong> a finalização da obra.


Obras no entorno <strong>do</strong> EstádioOlímpico João Havelange(Três contratos totalizan<strong>do</strong>R$ 6.130.901,64)Para viabilizar o acesso ao EstádioOlímpico, foram necessárias obras<strong>de</strong> drenagem e melhoria no sistemaviário <strong>do</strong> entorno, assim como aimplantação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> passarela <strong>de</strong>ligação à Estação Ferroviária cujosvalores atingiram o montante <strong>de</strong>R$ 6.130.901,64. Os seguintes contratosforam acompanha<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> 11(onze) visitas técnicas:Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)56/2006 SMO/CGO x Mirak Engenharia3.065.450,82 2.573.376,22S/A58/200623/2007SMO/CGO xConstrutoraMetropolitana S/ASMO/CGO xConstrutoraMetropolitana S/AObras <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> drenageme recuperação da Rua HenriqueScheidtObras <strong>de</strong> engenharia <strong>para</strong>recuperação das ruas no entorno<strong>do</strong> Estádio OlímpicoImplantação <strong>de</strong> passarela naEstação Ferroviária <strong>do</strong> Engenho<strong>de</strong> Dentro (*)5.864.279,884.069.834,774.984.637,842.972.037,68(*) A passarela foi inaugurada em 12.07.2007, fican<strong>do</strong> pen<strong>de</strong>nte a construção <strong>do</strong> prédio da subestação, que se encontra em andamento. O contratofoi fundamenta<strong>do</strong> no artigo 24, inciso IV da Lei nº 8666/93 (dispensa <strong>de</strong> licitação).Arena Multiuso(na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes)(Dois contratos, totalizan<strong>do</strong>R$ 126.120.591,18)Na Arena Multiuso, inaugurada em07.07.2007, ocorreram as competições<strong>de</strong> basquete e ginástica artística. Paraa sua construção foram celebra<strong>do</strong>s osseguintes contratos num montante <strong>de</strong>R$ 126.120.591,18, cuja execução foiacompanhada através <strong>de</strong> 17 (<strong>de</strong>zessete)visitas técnicas:Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)02/2006180/200680/2007<strong>Rio</strong>Urbe x Consórcio Tecnosolo-Damiani<strong>Rio</strong>Urbe xTecnosolo Engenharia eTecnologia <strong>de</strong> Solos e Materiais<strong>Rio</strong>Urbe xTecnosolo Engenharia eTecnologia <strong>de</strong> Solos e MateriaisObras <strong>de</strong> fundações, estrutura eacabamentosObras <strong>de</strong> complementaçãoImplantação <strong>de</strong> IluminaçãoMonumental na Arena Multiuso (*)84.503.337,8841.467.865,16149.388,1684.503.337,6641.467.864,46149.388,96(*) O Contrato nº 080/2007 foi celebra<strong>do</strong> com fundamento em um convite, não sen<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> visitas técnicas.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200729


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Parque Aquático(na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes)(Dois contratos,totalizan<strong>do</strong>R$ 84.970.151,40)No Parque Aquático,i n a u g u r a d o n o d i a08.07.2007, ocorreram ascompetições <strong>de</strong> natação,<strong>de</strong> na<strong>do</strong> sincroniza<strong>do</strong> esaltos ornamentais. Paraa sua construção foramcelebra<strong>do</strong>s os seguintescontratos num montante<strong>de</strong> R$ 84.970.151,40, cujaexecução foi acompanhadaatravés <strong>de</strong> 19 (<strong>de</strong>zenove)visitas técnicas:Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)03/2006183/200679/2007<strong>Rio</strong>Urbe x Consórcio ParqueAquático <strong>PAN</strong> 2007<strong>Rio</strong>Urbe xConsórcio Sanerio-Delta-Midas<strong>Rio</strong>Urbe xTecnosolo Engenhariae Tecnologia <strong>de</strong> Solos eMateriaisImplantação <strong>do</strong> Parque AquáticoObras <strong>de</strong> complementaçãoObras <strong>de</strong> conclusão (*)84.503.337,8817.204.653,917.765.497,4984.503.337,6617.204.644,176.962.018,61(*) O Contrato nº 79/2007 foi fundamenta<strong>do</strong> no artigo 24, inciso IV da Lei nº 8666/93 (dispensa <strong>de</strong> licitação).Velódromo(na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes)(Contrato no valor <strong>de</strong>R$ 9.758.267,60)No Velódromo, inaugura<strong>do</strong>no dia 11.07.2007, ocorreramas competições <strong>de</strong> ciclismo epatinação <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>. Paraa sua construção foi celebra<strong>do</strong>o Contrato nº 192/2006envolven<strong>do</strong> recursos nummontante <strong>de</strong> R$ 12.003.194,82,cuja execução foi acompanhadaatravés <strong>de</strong> 5 (cinco) visitastécnicas.30 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Para viabilizar oacesso à Vila Pan-Americana, foramnecessárias obras<strong>de</strong> drenagem <strong>para</strong>controle <strong>de</strong> enchentes,d e m e l h o r i a s n osistema viário <strong>do</strong>entorno, inclusivecom a duplicaçãoda Avenida AyrtonSenna, <strong>de</strong> requalificação ambiental <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> ArroioFun<strong>do</strong> com construção <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><strong>Rio</strong>, assim como <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> vias. Os seguintescontratos foram acompanha<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> 21 (vintee <strong>uma</strong>) visitas técnicas e atingiram o montante <strong>de</strong>R$ 82.211.818,15:Obras no entorno da Vila Pan-Americana(08 contratos totalizan<strong>do</strong> R$ 87.625.851,90)Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)07/200514/200507/200607/200726/200712/2007SMO/CGO x Sanerio EngenhariaLtda.<strong>Rio</strong>-Águas x Civilport EngenhariaLtda.SMO/SUBAM x ConstrutoraColares Linhares Ltda.SMO/SUBAM x DT Engenharia<strong>de</strong> Empreendimentos Ltda.SMO/CGO x Sanerio EngenhariaLtdaSMO/CGO x Sanerio EngenhariaLtdaConstrução da Rua Projetada 3Requalificação ambiental <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>Arroio Fun<strong>do</strong>Requalificação ambiental <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>Arroio Fun<strong>do</strong>Construção e operação da Unida<strong>de</strong><strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> <strong>Rio</strong>s (****)Duplicação da Av. Ayrton Senna(***)Implantação da Via 5 (Norte) eVia 6 (***)11.065.886,537.707.608,4310.543.121,2623.217.955,2014.126.719,1915.550.527,5411.065.886,53370.385,33 (*)9.406.497,629.901.917,180 (**)12.688.173,86(*) O Contrato nº 14/2005 foi rescindi<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à insuficiência <strong>de</strong> investigação geotécnica quan<strong>do</strong> da elaboração <strong>do</strong> projeto básico.(**) As obras na Avenida Ayrton Senna se encontram suspensas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 20.07.2007.(***) Os Contratos nºs 26/2007 e 12/2007 foram fundamenta<strong>do</strong>s no artigo 24, inciso IV da Lei nº 8666/93 (dispensa <strong>de</strong> licitação).(****) O Contrato nº 07/2007 foi fundamenta<strong>do</strong> no artigo 25, inciso I da Lei nº 8666/93 (inexigibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> licitação), por ser o contrata<strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r<strong>de</strong> serviço com tecnologia patenteada e exclusiva.Obras <strong>para</strong> melhoria <strong>do</strong>s acessos ao <strong>Rio</strong>centro e à Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes(08 contratos totalizan<strong>do</strong> R$ 87.625.851,90)Para viabilizar o acesso ao <strong>Rio</strong>centro e à Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Esportes, foram necessárias obras <strong>de</strong> drenagem <strong>para</strong> controle <strong>de</strong>enchentes e <strong>de</strong> melhorias físicas e operacionais no sistema viário <strong>do</strong> entorno.Os seguintes contratos foram acompanha<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> 8 (oito) visitas técnicas e atingiram o montante <strong>de</strong> R$ 5.414.033,75:Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)071/2006 SMO/CGO x Dratec Engenharia3.945.404,693.547.001,87Ltda.015/2006SMO/SUBAM x PremagSistemas <strong>de</strong> Construções Ltda.Melhorias físicas e operacionaisnas Avs. Abelar<strong>do</strong> Bueno eSalva<strong>do</strong>r Allen<strong>de</strong>Controle <strong>de</strong> enchentes nas Avs.Salva<strong>do</strong>r Allen<strong>de</strong>, Abelar<strong>do</strong> Buenoe Rua Igarapé-açu1.468.629,06741.735,10Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200731


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Instalações temporárias (Overlay)(Diversos contratos, totalizan<strong>do</strong>R$ 17.606.207,52 )Para a realização <strong>do</strong>s Jogos Panamericanosforam executadas asseguintes obras <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong>instalações temporárias:Contrato nº Partes Objeto Valor contrata<strong>do</strong> Valor liquida<strong>do</strong> (até 31/07/2007)77/2007 SMO/CGO x Sanerio EngenhariaLtda.Instalações temporárias no EstádioOlímpico João Havelange3.894.209,992.852.076,9568/2007 <strong>Rio</strong>Urbe x Tecnosolo Engenhariae Tecnologia <strong>de</strong> Solos eConstrução <strong>de</strong> passarela metálicaprovisória <strong>para</strong> a Arena Multiuso1.342.989,50439.783,12Materiais15/2007 <strong>Rio</strong>Urbe x Volume Construções4.708.734,144.068.748,97e Participações Ltda.71/200770/2007<strong>Rio</strong>Urbe x Consórcio Copa/Mills/Ibeg<strong>Rio</strong>Urbe x Consórcio Copa/Mills/IbegInstalações temporárias e obras <strong>de</strong>drenagem e infra-estrutura <strong>para</strong>implantação <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> softbole beisebol na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> RockInstalações temporárias e obras<strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> <strong>uma</strong> quadracentral, duas <strong>de</strong> aquecimento einfra-estrutura <strong>para</strong> o tênis noClube MarapendiInstalações temporárias e obras<strong>de</strong> reforma no campo <strong>de</strong> futebol,ginásio e quadra central no CentroEsportivo Miécimo da Silva5.195.438,702.464.835,194.316.771,871.941.165,62As concorrências a seguir foram realizadas pela Prefeitura, mas canceladas, ten<strong>do</strong> em vista que o CO-<strong>Rio</strong> assumiu aexecução das obras/serviços:· no Parque <strong>do</strong> Flamengo (<strong>para</strong> maratonas) - Valor estima<strong>do</strong> <strong>do</strong> edital - R$ 2.653.792,70· no Morro <strong>do</strong> Outeiro (<strong>para</strong> corridas <strong>de</strong> mountainbike/BMX) - Valor estima<strong>do</strong> <strong>do</strong> edital – R$ 1.969.617,41.Alguns contratos <strong>para</strong> a execução das instalações temporárias foram objeto <strong>de</strong> visitas técnicas.ConclusãoA entrega pela Prefeitura das obras <strong>para</strong> a construção <strong>do</strong>s equipamentos utiliza<strong>do</strong>s nos Jogos Pan-americanosocorreu anteriormente à abertura <strong>do</strong>s mesmos em 13.07.2007. As instituições internacionais reconheceram que opadrão arquitetônico das instalações estava <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as exigências <strong>do</strong> Comitê Olímpico Internacional.Porém, a celerida<strong>de</strong> na execução das obras <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong>s equipamentos, das vias <strong>de</strong> acesso da Vila Pan-Americana edas instalações provisórias comprometeu a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução em alguns casos, como no entorno <strong>do</strong> Estádio OlímpicoJoão Havelange, nas instalações temporárias na Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rock e nas Vias 5 e 6 da Vila Pan-Americana.32 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Gastos com os JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 peloMunicípio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroPatrícia Fernan<strong>de</strong>s Marques e BastosConta<strong>do</strong>ra da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>Auditoria e Desenvolvimento – CAD1. INTRODUÇÃOOs Jogos Pan-americanos 1 sãoum evento multi<strong>de</strong>sportivo,b a s e a d o s n o s J o g o sOlímpicos, mas que têm comoparticipantes os países <strong>do</strong> continenteamericano.São organiza<strong>do</strong>s pela ODEPA(Organização Desportiva Panamericana)2 , entida<strong>de</strong> que reúne2.1. Orçamento InicialDe acor<strong>do</strong> com o relatório elabora<strong>do</strong>pela Fundação Getúlio Vargas, emfevereiro <strong>de</strong> 2003, conten<strong>do</strong> os custosoperacionais <strong>do</strong>s XV Jogos Panamericanos<strong>de</strong> 2007, o orçamentoinicial total <strong>do</strong>s Jogos era <strong>de</strong>US$ 224,327,800.00 o equivalente, àépoca, a R$ 805.336.802,00 4 sen<strong>do</strong> que oos Comitês Olímpicos Nacionais <strong>do</strong>spaíses <strong>do</strong> continente americano, eacontecem a cada quatro anos. Suaprimeira edição ocorreu em 1951,em Buenos Aires, na Argentina.N o s J o g o s s ã o d i s p u t a d o sesportes incluí<strong>do</strong>s no ProgramaOlímpico e outros não disputa<strong>do</strong>sem Olimpíadas.2. ORÇAMENTOMunicípio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro participariacom 56,50% (US$ 126,750,280.00), ouseja, R$ 455.033.505,20.Atualizan<strong>do</strong>-se os valores em reaisaté 2007, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o valor médio<strong>do</strong> IPCA-E, o custo total <strong>do</strong>s Jogos tinhacomo previsão inicial a quantia <strong>de</strong>R$ 989.114.660,22 e <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro R$ 558.872.151,09.A cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro foiescolhida como a se<strong>de</strong> <strong>do</strong>s JogosPan-americanos <strong>de</strong> 2007, com aparticipação <strong>do</strong>s três níveis <strong>de</strong>governo, da iniciativa privada e <strong>do</strong>CO-RIO 3 no custo total <strong>do</strong> evento.A próxima edição <strong>do</strong>s Jogosocorrerá em 2011, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Guadalajara, México.2.2. Custo FinalDe acor<strong>do</strong> com o relatório<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong>sEsportes, “Evolução <strong>do</strong> orçamento global<strong>do</strong> evento 5 ”, o custo total <strong>do</strong>s Jogos foi<strong>de</strong> R$ 3,58 bilhões, sen<strong>do</strong> o Município<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro o responsável porR$ 1,21 bilhão, o equivalente a 33,8%<strong>do</strong> total investi<strong>do</strong>.1Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Pan-americanos. Acesso em 06/08/2007.2PASO (Pan American Sports Organization).3O Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 é <strong>uma</strong> Associação Civil <strong>de</strong> natureza <strong>de</strong>sportiva, sem fins lucrativos e <strong>de</strong> caráter priva<strong>do</strong>,cujo objetivo foi o <strong>de</strong> promover e organizar, na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, os XV Jogos Pan-americanos e os Jogos Parapan-americanos. O CO-RIOtem prazo <strong>de</strong> duração <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> (encerrará suas ativida<strong>de</strong>s cento e oitenta dias após o encerramento <strong>do</strong>s Jogos) e é integra<strong>do</strong> pelo COB (ComitêOlímpico Brasileiro) e por entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> direção nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>sportos olímpicos filiadas ao COB.4Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a média da taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>do</strong> dólar comercial <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2003 (R$ 3,59).5Disponível em http://www2.camara.gov.br/comissoes/ctd/arquivos/Ricar<strong>do</strong>%20Leyser%20-%20Crescimento%20Orcamento.pdf. Acesso em07/08/2007.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200733


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Conforme Prestação Preliminar <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos – <strong>Rio</strong>2007, publicada no Diário Oficial <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2007, as <strong>de</strong>spesas contratadaspela cida<strong>de</strong> carioca foram:Fonte <strong>do</strong>s RecursosGoverno MunicipalSetor Priva<strong>do</strong>Governo Fe<strong>de</strong>ralReceitas Muncipaisatravés <strong>do</strong> CO-RIOTotalR$806.032.383,04232.522.529,20115.091.813,3558.925.369,061.212.572.094,65De acor<strong>do</strong> com essa PrestaçãoPreliminar, existem receitas municipaisnão apropriadas junto ao CO-RIO,valores aguardan<strong>do</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rJudiciário, além <strong>de</strong> valores referentes àintervenção <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral por força<strong>de</strong> Convênio.Cotejan<strong>do</strong>-se o orçamento inicialcom o custo total apresenta<strong>do</strong> pelosentes governamentais, percebe-seum aumento significativo, em termosreais, <strong>do</strong>s custos <strong>do</strong>s Jogos. Uma dasjustificativas <strong>para</strong> esse aumento, <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com os organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> evento,é <strong>de</strong> que “o projeto <strong>de</strong> candidatura édistinto <strong>do</strong> projeto (...) implementa<strong>do</strong><strong>para</strong> os Jogos. Este último recebeumelhorias significativas com o objetivo<strong>de</strong> legar ao <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e ao Brasilinstalações esportivas <strong>de</strong> padrãointernacional que abrirão a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> futuras candidaturas a CampeonatosMundiais e Jogos Olímpicos” 6 .2.3 Execução Orçamentária 7 peloMunicípio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroOs da<strong>do</strong>s orçamentários utiliza<strong>do</strong>sneste capítulo foram extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistemaFINCON 8 , ten<strong>do</strong> como parâmetro osvalores empenha<strong>do</strong>s 9 .C o n f o r m e o s Q u a d r o sDemonstrativos da Despesa <strong>do</strong>sexercícios <strong>de</strong> 2002 a 2007 retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong>FINCON, o Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiroinvestiu nos Jogos Pan-americanos pormeio, principalmente, <strong>de</strong> recursosda SMEL (Secretaria Municipal <strong>de</strong>Esportes e Lazer), <strong>do</strong> FMEO (Fun<strong>do</strong><strong>de</strong> Mobilização <strong>do</strong> Esporte Olímpico),da SERIO 2007 10 (Secretaria Especial<strong>Rio</strong> 2007), da Secretaria Municipal <strong>de</strong>Obras e Serviços Públicos (SMO), daSecretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SMS) eda Secretaria Municipal <strong>de</strong> Transportes(SMTR).Foram utiliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is programas 11específicos <strong>para</strong> a execução <strong>do</strong>s JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007: “<strong>Rio</strong> AtletaOlímpico”, cujo objetivo geral foi o<strong>de</strong> dar apoio aos atletas praticantes<strong>de</strong> esportes oficiais, forma<strong>do</strong>s ou emformação, e “XV Jogos Pan-americanos”,cujo objetivo geral foi o <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver,implementar e acompanhar, no âmbitoda PCRJ, as ações necessárias <strong>para</strong>execução <strong>do</strong>s XV Jogos Pan-americanos<strong>de</strong> 2007 na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Além <strong>de</strong>sses programas, foramconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, neste artigo, como <strong>de</strong>spesacom os Jogos Pan-americanos os gastosenvolvi<strong>do</strong>s na “Gestão Administrativa”da SERIO 2007, que canalizou seusrecursos (físicos, financeiros e h<strong>uma</strong>nos)na realização <strong>do</strong>s Jogos.Resumidamente, os gastos com arealização <strong>de</strong>sse megaevento na cida<strong>de</strong>carioca, até o mês <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007,foram:Exercício200220032004200520062007Programa<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoGestão Administrativa da SEAE*<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoGestão Administrativa da SEAE<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoGestão Administrativa da SEAE<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoGestão Administrativa da SERIO 2007XV Jogos Pan-americanosGestão Administrativa da SERIO 2007XV Jogos Pan-americanosGestão Administrativa da SERIO 2007Valor Atualiza<strong>do</strong> - R$16.432.585,950,0016.432.585,9546.839.482,31792.358,0847.631.840,4072.738.962,36676.799,5673.415.761,9285.469.976,231.196.671,9686.666.648,19339.240.223,211.711.754,77340.951.977,99363.895.381,911.598.824,20365.494.206,11930.593.020,56Total*Em 2002, a SEAE realizou <strong>de</strong>spesas com outros programas não relaciona<strong>do</strong>s com os Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong>2007, por isso as <strong>de</strong>spesas com sua Gestão Administrativa não foram consi<strong>de</strong>radas.6Disponível em http://www.rio2007.org.br/data/pages/8CA3C784139C20FF01139C2D74E217EB.htm. Acesso em 06/08/2007.7Os da<strong>do</strong>s orçamentários utiliza<strong>do</strong>s são até o mês <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007, por se referirem ao último mês disponibiliza<strong>do</strong> pelo sistema FINCON àépoca da conclusão <strong>de</strong>sse artigo.8Os valores <strong>de</strong> 2007 foram manti<strong>do</strong>s fixos, atualizan<strong>do</strong>-se os anos anteriores com base no IPCA-E médio <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.9Sistema <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> e Execução Orçamentária utiliza<strong>do</strong> pela Prefeitura da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.10Esses valores não necessariamente coincidirão com os valores da Prestação Preliminar <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos elaborada pelaPrefeitura por provavelmente terem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s critérios diferencia<strong>do</strong>s na composição <strong>do</strong>s gastos e/ou data-base diferenciada.11Com o Decreto nº 28.243, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007, a Secretaria Especial <strong>Rio</strong> 2007 passou a ser <strong>de</strong>nominada SE 2016 (Secretaria Especial <strong>do</strong>sJogos Olímpicos e Para-Olímpicos 2016).34 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


As <strong>de</strong>spesas com os Jogos Pan-americanos se concentraram no FMEO, responsável por aproximadamente85% <strong>do</strong> total empenha<strong>do</strong>:Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007SMO6,40%SMEL4,62%SMTR3,30%Outras1,11%FMEO84,56%2.3.1 Secretaria Municipal <strong>de</strong>Esportes e LazerDe acor<strong>do</strong> com a Resolução SMELnº 025/2001, a Secretaria Municipal<strong>de</strong> Esportes e Lazer tem como diretriz<strong>de</strong> suas ações <strong>uma</strong> política <strong>de</strong> inclusãosocial, através da prática saudável <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s físicas e <strong>de</strong> lazer, visan<strong>do</strong>proporcionar à população da Cida<strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro melhor qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> forma a promover avançosnos aspectos bio-psico-sociais dapopulação.Dentre essas ativida<strong>de</strong>s físicas e<strong>de</strong> lazer, encontram-se os Jogos Panamericanos,os quais a Secretariaapoiou com a alocação <strong>do</strong>s seguintesrecursos:Exercício200220032004200520062007 (até julho)SMELPrograma<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoXV Jogos Pan-AmericanosXV Jogos Pan-AmericanosTotalValor Atualiza<strong>do</strong> - R$16.432.585,9513.956.396,7112.106.139,48542.643,91--43.037.766,05Em <strong>uma</strong> análise <strong>do</strong>s gastos por natureza <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa, a SMEL teve a seguinte execução no Programa <strong>Rio</strong>Atleta Olímpico:Exercício2002200320042005200620072.3.2 Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mobilização<strong>do</strong> Esporte OlímpicoO Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,visan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos, criou oSMELNatureza <strong>de</strong> DespesaServiços <strong>para</strong> Eventos EsportivosOutrasSubtotalOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros – Pessoa JurídicaOutrasSubtotalOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros - Pessoa JurídicaOutrasSubtotalDespesas <strong>de</strong> Exercícios AnterioresOutrasSubtotal--TotalFun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mobilização <strong>do</strong> EsporteOlímpico (FMEO), por meio da Lei3.428 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002.O FMEO tem natureza contábilfinanceira,sem personalida<strong>de</strong>Valor Atualiza<strong>do</strong> - R$15.475.566,08957.019,8716.432.585,9513.956.396,71-13.956.396,7112.048.542,0957.597,3912.106.139,48538.550,924.092,99542.643,91--43.037.766,05jurídica e se vincula à SecretariaMunicipal <strong>de</strong> Esportes e Lazer,ten<strong>do</strong> como objetivos o apoio e aformação <strong>de</strong> atletas em modalida<strong>de</strong>solímpicas; o apoio a eventosRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200735


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>relaciona<strong>do</strong>s ou convergentes coma prática <strong>de</strong> esportes olímpicos;o apoio à realização <strong>de</strong> torneiosinternacionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte;a construção <strong>de</strong> equipamentosesportivos relativos à prática <strong>de</strong>esportes olímpicos; a realização<strong>de</strong> investimentos que viabilizema pre<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> atletas e eventos<strong>de</strong> promoção olímpica; a co -participação da Prefeitura emeventos internacionais <strong>de</strong> naturezao l í m p i c a ; a v i a b i l i z a ç ã o d aconcessão <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> treinamenton o ex t e r i o r p a r a a t l e t a s c o mperformance olímpica etc.Conforme dispõe a Lei 3.428/02,o FMEO será constituí<strong>do</strong> pelasseguintes fontes <strong>de</strong> recursos:<strong>do</strong>tações orçamentárias em valora ser fixa<strong>do</strong>, sempre ten<strong>do</strong> comoreferência o valor da arrecadação<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os impostos, taxas econtribuições, sem vinculação <strong>de</strong>receita, inci<strong>de</strong>ntes sobre os clubes,eventos esportivos e veiculação <strong>de</strong>publicida<strong>de</strong> relativa ao esporte;s u b v e n ç õ e s , c o n t r i b u i ç õ e s ,transferências e participaçõesd o M u n i c í p i o e m c o n v ê n i o s ,consórcios e contratos relaciona<strong>do</strong>sao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s esportesolímpicos; <strong>do</strong>ações públicas eprivadas e resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> aplicação<strong>do</strong>s seus recursos.O Decreto nº 24.228, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 2004, que dispõe sobre oFun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mobilização <strong>do</strong> EsporteOlímpico, <strong>de</strong>terminou que osrecursos <strong>do</strong> FMEO fossem utiliza<strong>do</strong>sprioritariamente como apoio aosJogos Pan-americanos <strong>de</strong> 2007.O FMEO apoiou os Jogos Panamericanoscom a <strong>de</strong>stinação <strong>do</strong>sseguintes recursos:Exercício200220032004200520062007 (até julho)FMEOPrograma<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoXV Jogos Pan-americanosXV Jogos Pan-americanosTotalValor Atualiza<strong>do</strong> - R$-31.888.376,2459.596.937,6684.927.332,32329.510.255,49281.029.026,49786.951.928,20Em <strong>uma</strong> análise <strong>do</strong>s gastos por natureza <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa, o FMEO teve a seguinte execução nos programas <strong>Rio</strong> AtletaOlímpico e XV Jogos Pan-americanos:Exercício200220032004200520062007FMEONatureza <strong>de</strong> Despesa-Execução <strong>de</strong> Obras e ProjetosServiços <strong>para</strong> Fins Educativos, Culturais e SociaisServiços <strong>para</strong> Realização <strong>de</strong> Eventos e Projetos EsportivosOutrasSubtotalObras e InstalaçõesOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros - Pessoa JurídicaOutrasSubtotalObras e InstalaçõesOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros - Pessoa JurídicaOutrasSubtotalObras e InstalaçõesOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros - Pessoa JurídicaOutrasSubtotalObras e InstalaçõesOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros - Pessoa JurídicaOutrasSubtotalTotalValor Atualiza<strong>do</strong> - R$-12.059.599,099.444.221,637.498.293,812.886.261,7231.888.376,2432.776.466,0926.820.471,57-59.596.937,6655.549.533,5224.315.744,945.062.053,8684.927.332,32295.977.323,6828.545.442,884.987.488,93329.510.255,49248.126.073,1232.437.096,01465.857,36281.029.026,49786.951.928,2036 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


2.3.3 Secretaria Especial <strong>Rio</strong> 2007A Prefeitura organizou <strong>uma</strong>secretaria especial <strong>para</strong> centralizare coor<strong>de</strong>nar as ações relacionadasaos Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007,a Secretaria Especial <strong>Rio</strong> 2007 12(Decreto nº 25.348/05), que foireorganizada pelo Decreto nº 25.364<strong>de</strong> 10.05.2005, funcionan<strong>do</strong> juntoao Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos(CO-RIO).Coube à Secretaria Especial <strong>Rio</strong>2007 gerenciar a Macrofunção <strong>Rio</strong>2007; planejar as ações <strong>de</strong>stinadas àrealização <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos<strong>Rio</strong> 2007 e Jogos Parapan-americanos,no âmbito da Prefeitura da Cida<strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro; promover orelacionamento externo da Prefeiturada Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro junto aosórgãos <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral e Estadual,ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB)e ao Comitê Organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 (CO-RIO) e representar a Prefeiturajunto a esses órgãos; gerenciar eacompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os projetos, ativida<strong>de</strong>se eventos relaciona<strong>do</strong>s aos JogosPan-americanos e Jogos Parapanamericanosno âmbito da Prefeiturada Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro; or<strong>de</strong>naras <strong>de</strong>spesas relacionadas com osJogos; acompanhar a execução <strong>do</strong>scontratos e convênios relaciona<strong>do</strong>saos Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007e Jogos Parapan-americanos, <strong>de</strong>ntreoutras.Os recursos utiliza<strong>do</strong>s por estaSecretaria diretamente com os Jogos,nos exercícios <strong>de</strong> 2002 a 2007,foram:Exercício200220032004200520062007 (até julho)SERIO 2007*Programa<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico<strong>Rio</strong> Atleta OlímpicoXV Jogos Pan-americanosXV Jogos Pan-americanosTotal*Antes <strong>de</strong> 2005 era SEAE (Secretaria Especial <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos)Valor Atualiza<strong>do</strong> - R$-994.709,351.035.885,22---2.030.594,58Como ressalta<strong>do</strong> anteriormente,foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>spesa<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos os gastosenvolvi<strong>do</strong>s na “Gestão Administrativa”da SERIO 2007, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>se,no entanto, os gastos com aGestão Administrativa da SEAE <strong>do</strong>exercício <strong>de</strong> 2002 13 , pois esta nãotinha como competência nenhumPrograma relaciona<strong>do</strong> com os JogosPan-americanos:Exercício200220032004200520062007 (até julho)SERIO 2007*ProgramaGestão AdministrativaGestão AdministrativaGestão AdministrativaGestão AdministrativaGestão AdministrativaGestão AdministrativaTotal*Antes <strong>de</strong> 2005 era SEAE (Secretaria Especial <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos)Valor Atualiza<strong>do</strong> - R$-792.358,08676.799,561.196.671,961.711.754,771.598.824,205.976.408,592.3.4 Secretaria Municipal <strong>de</strong> Obras e Serviços Públicos (SMO)Nos exercícios <strong>de</strong> 2006 e <strong>de</strong> 2007, a SMO realizou <strong>de</strong>spesas com os Jogos Pan-americanos:Exercício20062007 (até julho)SMOProgramaXV Jogos Pan-americanosXV Jogos Pan-americanosTotalValor Atualiza<strong>do</strong> - R$9.729.967,7249.871.834,1659.601.801,8812Antes <strong>de</strong>nominada Secretaria Especial <strong>de</strong> Assuntos Estratégicos (SEAE).13O Programa <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela SEAE em 2002, além da “Gestão Administrativa”, foi o <strong>de</strong> “Comunicação Social”.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200737


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Em <strong>uma</strong> análise <strong>do</strong>s gastos por natureza <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa, a SMO teve a seguinte execução no programa XV JogosPan-americanos:Exercício20062007SMONatureza <strong>de</strong> DespesaObras e InstalaçõesDespesas <strong>de</strong> Exercícios AnterioresSubtotalObras e InstalaçõesOutros Serviços <strong>de</strong> Terceiros - Pessoa JurídicaSubtotalTotalValor Atualiza<strong>do</strong> - R$9.423.665,20306.302,529.729.967,7239.283.319,9010.588.514,2649.871.834,1659.601.801,882.3.5 Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SMS)A SMS, em 2007 (até o mês <strong>de</strong> julho) gastou, com o Programa XV Jogos Pan-americanos, o montante <strong>de</strong> R$ 2.285.468,44com prestação <strong>de</strong> serviços médicos, assim especifica<strong>do</strong>s:Favoreci<strong>do</strong>Dixtal Biomédica Indústria e ComércioIntermed Equipamento Médico Hospitalar Ltda.Casa <strong>do</strong> Radiologista Centro Brasileiro Eletro Médicos Ltda.Emformate Empresa Fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Materiais Ltda.OutrosSMSObjetoAquisição <strong>de</strong> equipamentos médico hospitalares pertencente às classes 6515 e 6530Aquisição <strong>de</strong> equipamentos médico hospitalares pertencente às classes 6515 e 6530Aquisição <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> raio-xAquisição <strong>de</strong> equipamentos médico hospitalares pertencente às classes 6515 e 6530-TotalValor - R$732.808,00562.864,00240.000,00228.308,00521.488,442.285.468,442.3.6 Secretaria Municipal <strong>de</strong> Transportes (SMTR)A SMTR, em 2007 (até o mês <strong>de</strong> julho) gastou, com o Programa XV Jogos Pan-americanos, o equivalente aR$ 30.709.052,82 com outros serviços <strong>de</strong> terceiros (pessoa jurídica), assim discrimina<strong>do</strong>s:Favoreci<strong>do</strong>Viação Saens Pena S/ATranspan <strong>Rio</strong>Breda Transportes e Turismo <strong>Rio</strong> Ltda.Julio Simões Transportes e Serviços Ltda.ObjetoSMTRRef. XV Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 e Jogos Parapanamericanos<strong>Rio</strong> 2007/Tráfego e Transporte <strong>do</strong>s Servicos <strong>do</strong>s Jogos- Frota <strong>de</strong> Veiculos <strong>para</strong> atendimento da familia O<strong>de</strong>pa/Ipc-ApcTotalValor - R$11.495.000,004.890.000,005.350.000,008.974.052,8230.709.052,823. CONCLUSÃOAs <strong>de</strong>spesas consi<strong>de</strong>radas nesteartigo foram aquelas que estavamdiretamente relacionadas com arealização <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos<strong>de</strong> 2007, assim entendidas <strong>de</strong>a c o r d o c o m o s Pr o g r a m a s d eTrabalho (PT’s) cria<strong>do</strong>s <strong>para</strong> essefim 14 , além da administração daSecretaria Especial <strong>do</strong>s Jogos, masnada impe<strong>de</strong>, contu<strong>do</strong>, que outrosPT’s tenham contempla<strong>do</strong> <strong>de</strong>spesasque foram alocadas nos Jogos,ainda que indiretamente.Destaque-se que a importância<strong>do</strong>s Jogos <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro e <strong>para</strong> o País, assim como<strong>para</strong> os atletas e <strong>para</strong> a socieda<strong>de</strong>,não é <strong>de</strong> fácil mensuração, poisalém <strong>do</strong>s aspectos objetivos, comoarrecadação tributária, turismo,transportes, saú<strong>de</strong>, obras, infraestruturaurbana, social e esportivaetc, que po<strong>de</strong>m ser quantifica<strong>do</strong>s,ex i s t e m a s p e c t o s s u b j e t i v o s ,como incutir a idéia <strong>do</strong> esporteolímpico nos jovens e nas crianças,promover o respeito aos povos,respeitar as diferenças, superarobstáculos, <strong>de</strong>ntre outros, que sãoincomensuráveis.Portanto, percebe-se que arealização <strong>de</strong>sta megacompetiçãoe s p o r t i v a n ã o s e r e s u m e agastos orçamentários e <strong>lega<strong>do</strong></strong>sp a t r i m o n i a i s , m a s p e r p a s s ao próprio evento, alcançan<strong>do</strong>valores provenientes <strong>do</strong> espíritoe s p o r t i v o , c o m o m o t i v a ç ã o ,disciplina, coragem, persistência,sociabilida<strong>de</strong>, enfim, <strong>uma</strong> realintegração entre o corpo e a mente,entre o Esta<strong>do</strong> e a socieda<strong>de</strong>.14<strong>Rio</strong> Atleta Olímpico e XV Jogos Pan-americanos.38 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Foto: Adriana Me<strong>de</strong>irosOs Jogos Pan-americanose a inclusão socialMetas <strong>de</strong> inclusão social, parcerias,projetos e ações. O Secretário Municipal <strong>de</strong>Assistência Social, Marcelo Garcia conce<strong>de</strong>entrevista à Revista TCMRJ sobre o tema.Marcelo GarciaSecretário Municipal <strong>de</strong> Assistência SocialQue oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>inclusão social foram criadaspelos Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong>2007?Marcelo Garcia – A Prefeitura <strong>do</strong><strong>Rio</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que houve a confirmaçãoda cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, comose<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos2007, tem incentiva<strong>do</strong> o trabalho<strong>de</strong> todas as pastas das políticassociais em um trabalho <strong>de</strong> equipe,chamada Agenda Social. Esteesforço, além <strong>de</strong> ter o marco nosJogos <strong>Rio</strong> 2007, perpassa os anosaté 2012 <strong>para</strong> que este trabalhoreforce o esforço nacional nasmetas <strong>do</strong> milênio que concluemem 2015.Isso quer dizer que a Prefeitura<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> criou 43 metas <strong>de</strong> inclusãosocial com ações macro-funcionais,sen<strong>do</strong> as da SMAS: o programa“Conversan<strong>do</strong> é Que a Gente SeEnten<strong>de</strong>”, “Educação <strong>de</strong> Mães”,“ C o z i n h e i r a s C o m u n i t á r i a s ” ,“A g e n t e s E x p e r i e n t e s ” , “ P R C /Fu n l a r Pe n a s A l t e r n a t i v a s ” ,“Família Acolhe<strong>do</strong>ra”, “Agentesda Liberda<strong>de</strong>”, “Casa Lares” e“Bolsa Família”.A Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> garantiua i n c l u s ã o d e m a i s d e 5 m i lbeneficiários <strong>de</strong> programas sociais<strong>do</strong> município nas competiçõese s p o r t i v a s d o Pa n . Pa r t e d o si n g r e s s o s f o r a m d i s t r i b u í d o sà Re<strong>de</strong> Social da Prefeitura <strong>do</strong><strong>Rio</strong>. Com esses ingressos sociais,crianças, jovens, i<strong>do</strong>sos e famíliast i v e r a m a o p o r t u n i d a d e d econhecer os locais das competiçõesesportivas e também <strong>de</strong> valorizara importância <strong>do</strong>s jogos <strong>para</strong> acida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. Os Jogostambém foram fundamentais <strong>para</strong>estimular a prática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sesportivas como forma <strong>de</strong> inclusãosocial.A SMAS estabeleceu relações <strong>de</strong>parceria? Com que entida<strong>de</strong>s?A Secretaria Municipal <strong>de</strong>Assistência Social firmou parceriacom o Projeto <strong>de</strong> CooperaçãoTécnica entre a Secretaria Nacional<strong>de</strong> Segurança Pública (Senasp) eo Programa das Nações Unidas<strong>para</strong> o Desenvolvimento (PNUD)– “Medalha <strong>de</strong> Ouro: Construin<strong>do</strong>Convivência e Segurança Cidadã” –<strong>para</strong> potencializar as ações <strong>de</strong>atendimento às crianças e aosa<strong>do</strong>lescentes em situação <strong>de</strong> ruae risco social.O s p r o j e t o s a p r o v a d o s j áeram executa<strong>do</strong>s pela SMAS eestão ten<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> mesmod e p o i s d o p e r í o d o d o s J o g o sPan-americanos na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. São eles: Casa<strong>de</strong> Passagem Raul Seixas, CasaLar Dalva <strong>de</strong> Oliveira, Centro<strong>de</strong> Acolhimento Ayrton Senna,Centro <strong>de</strong> Acolhimento CellyCampelo, Centro <strong>de</strong> AcolhimentoDina Sfat, Centro <strong>de</strong> AcolhimentoDom Hél<strong>de</strong>r Câmara, Central <strong>de</strong>Recepção A<strong>de</strong>mar Ferreira <strong>de</strong>Oliveira (Casa da Carioca), Central<strong>de</strong> Recepção Taiguara, Centro <strong>de</strong>Referência Leila Diniz/Abordageme Projeto Dan<strong>do</strong> Asas ao Futuro.Qual a realida<strong>de</strong> sobre inclusãosocial após o término <strong>do</strong> Pan?O Pan é um evento com inícioe fim <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>. A inclusãosocial na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirodá-se por meio da garantia <strong>de</strong>implementação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> política<strong>de</strong> segurida<strong>de</strong> social efetiva. Alémdisso, a SMAS atua na garantia<strong>de</strong> direito à Assistência Socialem to<strong>do</strong> o município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,viabilizan<strong>do</strong> o acesso da populaçãoem situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>social aos serviços <strong>de</strong> educação,saú<strong>de</strong>, cultura, esporte e lazer ehabitação.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200739


Foto: Alex Ferroo <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>O Parapan passoupor nós...E ficou!228 medalhas: 83 <strong>de</strong> ouro, 68 <strong>de</strong> prata e 77 <strong>de</strong> bronze.Leda <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>Secretária ExtraordináriaDeficiente-CidadãoAAmérica Latina assistiupor 7 dias um verda<strong>de</strong>iros h o w q u e r e c e b e u o snomes <strong>de</strong> superação, coragem,audácia, garra, vencer limitações,ultrapassar limites, entre tantasoutras expressões que i<strong>de</strong>ntificaramcada momento <strong>do</strong>s diferentes<strong>de</strong>sportos disputa<strong>do</strong>s pelos atletas<strong>do</strong> Parapan.No Brasil, e particularmenteno <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, é possível quea maioria <strong>do</strong>s cidadãos tenha si<strong>do</strong><strong>de</strong>spertada pela primeira vez <strong>para</strong>o que caracteriza o dia-a-dia daspessoas com <strong>de</strong>ficiência: to<strong>do</strong>s ossubstantivos que foram nomea<strong>do</strong>sacima, juntos.Entre tantos <strong>lega<strong>do</strong></strong>s <strong>de</strong>stes jogos,este <strong>de</strong>spertar é sem dúvida o maisforte, dura<strong>do</strong>uro e transforma<strong>do</strong>r.E l e s e i n c o r p o r a a o n o s s oimaginário e cria <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> cultura:menos preconceituosa, menosdiscriminatória, mais tolerante e,por isso mesmo, mais rica, <strong>uma</strong>Final entre Brasil e Argentina: Severino Silva acertou um belo chute <strong>de</strong> direita e marcou o gol que<strong>de</strong>u a medalha <strong>de</strong> ouro aos <strong>do</strong>nos da casa.vez que se abre à diversida<strong>de</strong>com novo olhar e <strong>nova</strong> leitura:diferentes somos to<strong>do</strong>s. Deficientessão as oportunida<strong>de</strong>s e os ambientesque quase sempre se apresentamfavoráveis <strong>para</strong> poucos.Dos 24,5 milhões <strong>de</strong> brasileiros quepossuem algum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência,(IBGE 2000) a maioria sobreviveexcluída <strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s porbarreiras físicas, educacionais,culturais, sociais, econômicas e <strong>de</strong>atitu<strong>de</strong>. Sem dúvida, esta última éa mais grave, <strong>uma</strong> vez que é a causaquase intransponível das <strong>de</strong>maisbarreiras.Felizmente estamos viven<strong>do</strong>momentos que, a exemplo <strong>do</strong>s JogosParapan-americanos, iluminamnovos rumos <strong>para</strong> nossa socieda<strong>de</strong>,ainda bastante omissa com relaçãoàs <strong>de</strong>svantagens e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>svividas pela maioria das pessoascom <strong>de</strong>ficiência.E n t r e e s t e s m o m e n t o sd e s t a c a m o s , c o m o u m m a r c oi n t e r n a c i o n a l e n a c i o n a l , aDeclaração pela OEA em junho <strong>de</strong>2006, da “Década das Américas dasPessoas com Deficiência – PelosDireitos e Dignida<strong>de</strong> das Pessoascom Deficiência” (2006-2016).Esta Declaração, firmada pelospaíses integrantes da OEA, entreeles o Brasil, traça <strong>de</strong> forma objetivae clara a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes paísesempreen<strong>de</strong>rem programas, planose ações que promovam o exercício<strong>do</strong>s Direitos H<strong>uma</strong>nos <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s,através da prática da verda<strong>de</strong>ira40 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Foto: Alexandre Loureiroinclusão social.Destacamos ainda a política <strong>de</strong>inclusão social das pessoas com<strong>de</strong>ficiência a<strong>do</strong>tada na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> Janeiro. A Prefeitura, através <strong>do</strong>Instituto Helena Antipoff - SecretariaMunicipal <strong>de</strong> Educação, InstitutoOscar Clark – Secretaria Municipal<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, das Vilas Olímpicas– Secretaria Municipal <strong>de</strong> Esportese Lazer, da Secretaria Municipal <strong>de</strong>Trabalho e Emprego e da FUNLARRIO, recentemente incorporada àSecretaria Extraordinária Deficiente-Cidadão, vem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> açõese programas volta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> estesegmento da população que hojeconstituem referência nacional.Neste ano, <strong>do</strong>is novos <strong>de</strong>cretos <strong>de</strong>iniciativa <strong>do</strong> Prefeito fortaleceramesta política <strong>de</strong> combate à exclusãoe eliminação das barreiras quei m p e d e m o p l e n o e x e r c í c i o<strong>do</strong>s direitos das pessoas com<strong>de</strong>ficiência:O D e c r e t o n º 1 1 1 8 , d e26.06.2007, criou a Equipe MacroFuncional da Inclusão das Pessoasc o m D e f i c i ê n c i a , c o o r d e n a d apela Secretaria ExtraordináriaDeficiente- Cidadão e compostapelas Secretarias Municipais <strong>de</strong>Educação, Saú<strong>de</strong>, Assistência Social,Trabalho e Emprego, Esportes eLazer, Urbanismo e Transportes,que promove <strong>de</strong> forma articulada eintegrada os planos e ações voltadas<strong>para</strong> estes cidadãos, através <strong>de</strong> umesforço conjunto que potencializa eamplia a igualda<strong>de</strong> e a participaçãodas pessoas com <strong>de</strong>ficiência nacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.O segun<strong>do</strong> Decreto, nº 1487,<strong>de</strong> 27.08.2007, cria a ComissãoPermanente <strong>de</strong> Acessibilida<strong>de</strong>,formada por representantes <strong>do</strong>Governo Municipal, através daSecretaria Extraordinária DeficienteCidadão, e das Secretarias Municipais<strong>de</strong> Transportes, Obras, Urbanismoe Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida, ConselhoMunicipal da Pessoa Deficientee da Socieda<strong>de</strong> Civil, através <strong>do</strong>Centro <strong>de</strong> Vida In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,O mexicano Saul Men<strong>do</strong>nza vence a final <strong>do</strong>s 5000m T54.“(...) diferentes somosto<strong>do</strong>s. Deficientes são asoportunida<strong>de</strong>s e os ambientesque quase sempre seapresentam favoráveis <strong>para</strong>poucos.”Conselho Regional <strong>de</strong> Engenhariae Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro, que contribuirá <strong>para</strong> o avançona mobilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senvolvimentourbano, da forma inclusiva <strong>de</strong>ocupação <strong>do</strong> solo urbano e <strong>de</strong> todasas formas <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>, sejana área tecnológica, ambiental e<strong>de</strong> recursos que garantam a to<strong>do</strong>s oacesso ao lazer, à saú<strong>de</strong>, à educação,ao esporte, às vias públicas, aoseu habitat: a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro.Assim, o Parapan-americanospassou por nós e ficou. Ficou noruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> nossas palmas, no brilhardas medalhas conquistadas, nosgritos e incentivos das torcidas queforam pouco a pouco enchen<strong>do</strong> osespaços <strong>de</strong>sportivos da Cida<strong>de</strong> e nosolhares incrédulos e maravilha<strong>do</strong>scom o sucesso <strong>do</strong>s atletas, mas ficouprincipalmente no <strong>de</strong>scortinar <strong>de</strong><strong>uma</strong> verda<strong>de</strong> que sempre existiu:a <strong>de</strong>ficiência só se limita à falta <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s e esta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s nós.Viva esta energia!Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200741


Foto: Sandra Ramoso <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Integração das forças <strong>de</strong>segurança a serviço <strong>do</strong> PanCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r-geral das ações <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong>s XV Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007, oagente da Polícia Fe<strong>de</strong>ral, José Hilário Nunes Me<strong>de</strong>iros acumula sólida experiência naárea <strong>de</strong> Segurança. Servi<strong>do</strong>r da Secretaria Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública (Senasp) <strong>do</strong>Ministério da Justiça, on<strong>de</strong> ocupa o cargo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r-geral <strong>de</strong> Inteligência, JoséHilário conta à Revista TCMRJ como foi trata<strong>do</strong> o assunto durante o Pan, informan<strong>do</strong>que, nos últimos <strong>do</strong>is anos, <strong>de</strong>dicou-se exclusivamente à elaboração e à coor<strong>de</strong>nação<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o esquema <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> evento.C o m o a S e c r e t a r i aNacional <strong>de</strong> Segurança Pública(Senasp) atuou nos Jogos Panamericanos?José Hilário Nunes Me<strong>de</strong>iros - Oesquema elabora<strong>do</strong> pela Senasp<strong>para</strong> os XV Jogos Pan-americanos<strong>Rio</strong> 2007 e III Jogos Parapanamericanosenvolveu esforçosfe<strong>de</strong>ral, estadual e municipale a integração das instituições<strong>de</strong> segurança pública (políciasFe<strong>de</strong>ral, Ro<strong>do</strong>viária Fe<strong>de</strong>ral, Militare Civil) e Defesa Civil (Corpo <strong>de</strong>Bombeiros e Defesa Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>e município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro). ASenasp organizou e coor<strong>de</strong>nou umplano <strong>de</strong> segurança com atuaçãoostensiva da Polícia Militar <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, mais os policiaismilitares que integram o programada Força Nacional <strong>de</strong> SegurançaPública. Contamos com as áreasespecializadas da Polícia Fe<strong>de</strong>ral,<strong>do</strong> Bope <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e a Coreda Polícia Civil <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> contra terror.Tivemos, ainda, o policiamento <strong>de</strong>trânsito com a Guarda Municipal ea Polícia Militar e <strong>uma</strong> articulaçãocom a Companhia <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong>Tráfego <strong>do</strong> município, a CET-<strong>Rio</strong>. Asoma <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso – policiamentoostensivo e cuida<strong>do</strong>s com <strong>de</strong>fesacivil e trânsito – formou o conjunto<strong>de</strong>sse plano <strong>de</strong> segurança.A integração <strong>do</strong>s órgãos liga<strong>do</strong>sà segurança pública funcionou <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> efetivo durante o Pan?A integração das instituições<strong>de</strong> Segurança Pública <strong>de</strong> to<strong>do</strong>o Pa í s f o i u m d o s p r i n c i p a i s42 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


pontos positivos <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>segurança que a Senasp criou <strong>para</strong>o Pan-americano. Esse trabalho<strong>de</strong> cooperação mútua mostra oquanto é possível e importante<strong>para</strong> a Segurança Pública <strong>do</strong> País aintegração das forças <strong>de</strong> segurança.A partir <strong>de</strong>ssa experiência, ficaprova<strong>do</strong> que é possível trabalharem conjunto e que segurança feitacom a integração das diversasinstituições torna o trabalho muitomais eficaz.Qual foi o efetivo emprega<strong>do</strong> nasegurança <strong>do</strong>s Jogos?Os XV Jogos Pan-americanos<strong>Rio</strong> 2007 contaram com o trabalho<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 18 mil profissionais<strong>de</strong> segurança, um efetivo forma<strong>do</strong>por policiais fe<strong>de</strong>rais, ro<strong>do</strong>viáriosfe<strong>de</strong>rais, militares, civis, guardasmunicipais, bombeiros e gente daDefesa Civil.De quanto foi o investimentof e d e r a l p a r a a s e g u r a n ç a d oPan?O governo fe<strong>de</strong>ral, por meio <strong>do</strong>Ministério da Justiça, investiu R$ 562milhões no esquema <strong>de</strong> segurançamonta<strong>do</strong> <strong>para</strong> as competições <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>2007. Esses recursos foram aplica<strong>do</strong>sna capacitação e mo<strong>de</strong>rnização<strong>de</strong> procedimentos <strong>para</strong> agentes <strong>de</strong>segurança, na integração <strong>de</strong> sistemas,na ampliação e monitoramento <strong>de</strong>vias e pontos críticos <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro e na compra <strong>de</strong> equipamentos,veículos e aeronaves. Além disso,o governo fe<strong>de</strong>ral também investiuna implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>cunho social, com objetivo <strong>de</strong> daroportunida<strong>de</strong>s à população carente,criar condições reais <strong>de</strong> prevençãoà criminalida<strong>de</strong> e, também, inserirmora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s em riscono processo da segurança <strong>do</strong>s jogos.Dos equipamentos utiliza<strong>do</strong>sdurante os Jogos quais serãocedi<strong>do</strong>s ao <strong>Rio</strong>?O <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro é o principalher<strong>de</strong>iro <strong>do</strong>s investimentos <strong>do</strong>governo fe<strong>de</strong>ral na segurança <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos. Para se ter <strong>uma</strong>idéia mais exata, basta dizer que 75%<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o investimento ficaram no<strong>Rio</strong>. Além <strong>do</strong>s investimentos sociaisem programas <strong>de</strong> segurança cidadã ea capacitação <strong>de</strong> policiais, o projeto<strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> Pan trouxe <strong>para</strong> o<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro <strong>nova</strong>s armas, novosveículos, um centro <strong>de</strong> inteligênciae um centro <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controleequipa<strong>do</strong>s com tecnologia <strong>de</strong> ponta.Tu<strong>do</strong> isso, com certeza, representa<strong>uma</strong> contribuição importante <strong>para</strong> asegurança local.Q u a l é a i m p o r t â n c i a d oprograma Guias Cívicos <strong>para</strong> apolítica <strong>de</strong> segurança pública <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro?O Programa Guias Cívicos éum entre os diversos programass o c i a i s i m p l e m e n t a d o s p e l aSenasp no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. Além<strong>de</strong>le, foram coloca<strong>do</strong>s em prática,também, outros programas: BrigadaSocorrista, Polícia Comunitária,Atenção e Proteção às Crianças,Atenção e Proteção às Famílias,Esse trabalho<strong>de</strong> cooperaçãomútua mostra oquanto é possívele importante<strong>para</strong> a SegurançaPública <strong>do</strong> Paísa integraçãodas forças <strong>de</strong>segurança.“”Mediação Pacífica <strong>de</strong> Conflitos,Olimpíada Carioca e EspaçosUrbanos Seguros. To<strong>do</strong>s essesprogramas tiveram como objetivoabrir oportunida<strong>de</strong>s concretas <strong>para</strong>mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s emsituação <strong>de</strong> risco e inseri-los noprocesso <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong>s JogosPan-americanos. Esse conjunto <strong>de</strong>programas aten<strong>de</strong>u, diretamente,cerca <strong>de</strong> 30 mil pessoas.A q u e d a d o s í n d i c e s d ecriminalida<strong>de</strong> durante o perío<strong>do</strong><strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos ficou<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espera<strong>do</strong>?O e s q u e m a d e s e g u r a n ç aelabora<strong>do</strong> <strong>para</strong> os XV Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007 funcionouexatamente como o espera<strong>do</strong>. Elefoi monta<strong>do</strong> <strong>para</strong> dar segurançaa a t l e t a s , t u r i s t a s e o u t r o sparticipantes <strong>do</strong>s jogos, mas também<strong>para</strong> garantir tranqüilida<strong>de</strong> à cida<strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e seu mora<strong>do</strong>res.Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram tãosignificativos que recebemos muitasmanifestações <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimentos esolicitações, por meio <strong>do</strong>s veículos<strong>de</strong> comunicação, <strong>para</strong> que oesquema fosse manti<strong>do</strong>.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200743


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Planejamento <strong>de</strong>talha<strong>do</strong><strong>para</strong> eliminar imprevistosCursos <strong>de</strong> capacitação em segurança, trânsito, erelacionamento inter pessoal. Aulas <strong>de</strong> inglês, espanhol, ehistória da Cida<strong>de</strong>.O Comandante da Guarda Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,Carlos Moraes Antunes, fala sobre os <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong>pre<strong>para</strong>tivos da Corporação <strong>para</strong> os XV JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007.Que ações e/ou campanhasforam <strong>de</strong>senvolvidas pela GuardaMunicipal antes e durante os Jogos Panamericanos?Carlos Moraes Antunes - A pre<strong>para</strong>çãoda Guarda Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>para</strong> os XVJogos Pan-americanos RIO 2007 iniciouse<strong>do</strong>is anos antes <strong>do</strong> evento esportivo,com a realização <strong>de</strong> diversos cursos <strong>de</strong>capacitação <strong>para</strong> o efetivo. Em 2005, emparceria com a Secretaria Municipal <strong>de</strong>Turismo e com o Ministério <strong>do</strong> Turismo,iniciamos o curso <strong>de</strong> Receptivo Turístico<strong>para</strong> 1.500 guardas. Nas salas <strong>de</strong> aulada Aca<strong>de</strong>mia da GM-<strong>Rio</strong>, os guardasmunicipais receberam aulas <strong>de</strong> noções<strong>de</strong> inglês e/ou espanhol; <strong>de</strong> históriada cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> seusprincipais pontos turísticos, e ainda,<strong>de</strong> relacionamento interpessoal. Nesta<strong>fase</strong>, priorizou-se os guardas lota<strong>do</strong>sem unida<strong>de</strong>s que cobrem áreas on<strong>de</strong>funcionam equipamentos <strong>do</strong> Pan, ouregiões <strong>de</strong> reconheci<strong>do</strong> apelo turístico(como Zona Sul e Barra da Tijuca), ouainda, pontos turísticos da cida<strong>de</strong>.Simultaneamente, em convênio com aSecretaria Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública(Senasp), realizamos ainda os cursos <strong>de</strong>patrulhamento com bicicletas, <strong>de</strong> guardacomunitária e <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> segurançamunicipal. Como forma <strong>de</strong> atualizar oefetivo, a Senasp ofereceu ainda cursos <strong>de</strong>mediação <strong>de</strong> conflitos, <strong>de</strong> patrulhamentocom cães e <strong>de</strong> guarda comunitária. Estescursos aconteceram ao longo <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>isanos e beneficiaram outros 1.700 guardasmunicipais.Na área operacional, <strong>para</strong> os JogosRIO 2007, a Diretoria <strong>de</strong> Operações daGM-<strong>Rio</strong> (Dop) elaborou minuciosa or<strong>de</strong>m<strong>de</strong> operações <strong>para</strong> atuar em duas frentes:a fiscalização e orientação <strong>do</strong> trânsito e otrabalho <strong>de</strong> controle urbano (que inclui ainibição ao comércio irregular) nos locais<strong>de</strong> eventos.Na distribuição <strong>do</strong> efetivo, atuamospela primeira vez com módulosoperacionais <strong>de</strong> controle urbano (mops)- que são forma<strong>do</strong>s por 28 guardas e ummicroônibus <strong>de</strong> transporte. Durante osJogos, operamos diariamente com 16módulos, ou seja, 448 guardas no total,sem contar outros 252 gms <strong>de</strong> trânsito.Além <strong>de</strong> 17 microônibus <strong>para</strong> criarmosos mops, a Senasp forneceu, em cessão<strong>de</strong> uso, <strong>uma</strong> viatura <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> cães,550 rádios ht, 60 rádios <strong>para</strong> as bases daGM-<strong>Rio</strong> e 157 rádios <strong>para</strong> viaturas.Quais as dificulda<strong>de</strong>s encontradas?Houve algum imprevisto? De que formapo<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> evita<strong>do</strong>?As dificulda<strong>de</strong>s encontradas foramnormais <strong>para</strong> um evento <strong>de</strong>sta magnitu<strong>de</strong>.Uma <strong>de</strong>las, por exemplo - e sanada atempo pela equipe da Senasp -, foi orecebimento e entrega <strong>do</strong>s equipamentosadquiri<strong>do</strong>s <strong>para</strong> uso durante os Jogos.To<strong>do</strong>s os imprevistos que surgiramforam logo sana<strong>do</strong>s, não trazen<strong>do</strong> prejuízo<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento das ações daGuarda Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Enten<strong>do</strong> que o planejamento<strong>de</strong>talha<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em conjuntocom todas os órgãos <strong>de</strong> segurançapública <strong>do</strong> país foi responsável pelaeliminação <strong>de</strong> imprevistos insolúveis ouintransponíveis.Que benefícios os projetos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>spela GM-<strong>Rio</strong> <strong>para</strong> o Pan trouxeram àpopulação <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro? A segurançaexperimentada pela população durante operío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jogos po<strong>de</strong>rá constituir <strong>uma</strong><strong>nova</strong> <strong>fase</strong> <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong>?Os principais benefícios <strong>de</strong>ssesprojetos <strong>para</strong> a população foram oaumento da sensação <strong>de</strong> segurança e aexposição positiva que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutounesse perío<strong>do</strong>, tanto no cenário nacional,como no internacional. A populaçãosentiu que o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro po<strong>de</strong> ser <strong>uma</strong>cida<strong>de</strong> segura, basta haver investimentoe planejamento. A sensação <strong>de</strong> segurançaexperimentada foi excelente <strong>para</strong> que asocieda<strong>de</strong> propugne, junto aos po<strong>de</strong>respolíticos, por mais verbas <strong>para</strong> o setor<strong>de</strong> segurança pública. As instituiçõesmostraram que são capazes <strong>de</strong> realizar umserviço <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> na área <strong>de</strong> segurançapública, porém é imperioso que hajaminvestimentos maciços em capacitação,equipamentos e vencimentos <strong>para</strong> osórgãos <strong>de</strong> segurança.44 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Turismo “pós-<strong>PAN</strong>”Os Jogos Pan-americanos marcaram <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> <strong>fase</strong> <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.A Revista TCMRJ consultou diversas autorida<strong>de</strong>s ligadas ao turismo <strong>para</strong> saber o queo megaevento representou no cenário turístico brasileiro.Confira as respostas.Os Jogos Pan-americanosforam muito mais <strong>do</strong> que<strong>uma</strong> competição esportiva.Eles marcaram <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> <strong>fase</strong> davida da cida<strong>de</strong>, a potencialização<strong>de</strong> <strong>nova</strong>s oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> receitase <strong>de</strong> empregos e a recuperação daA reconquistada auto-estimaRubem MedinaSecretário <strong>de</strong> Especial <strong>de</strong> Turismo daCida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiroauto-estima. Uma oportunida<strong>de</strong>imperdível <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> fortalecer suaeconomia e seu orgulho.Para a economia, po<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>stacar <strong>do</strong>is segmentos nos quaisnossa cida<strong>de</strong> sempre foi campeã: oturismo e a indústria imobiliária.Quanto ao turismo, é importanteassinalar que o momento atualregistra outras ações convergentes– que o Pan consagrou.Tu<strong>do</strong> indica que as medidasa<strong>do</strong>tadas pelos po<strong>de</strong>res fe<strong>de</strong>ral,estadual e municipal irão <strong>de</strong>volvera segurança à população <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro e aos visitantes estrangeiros.E que esta conquista <strong>do</strong>s dias<strong>do</strong> Pan, ficará como início <strong>de</strong> umpatrimônio reconquista<strong>do</strong> pelapopulação.A s a g ê n c i a s d e v i a g e n s ecompanhias aéreas não assinalaram<strong>de</strong>sistências <strong>de</strong> seus clientes queplanejaram suas viagens <strong>para</strong> vero Pan, apesar da crise <strong>do</strong> “apagão”aéreo. A eleição <strong>do</strong> Cristo, comoRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200745


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong><strong>uma</strong> das <strong>nova</strong>s 7 maravilhas, oshow <strong>do</strong> Live Earth, na Praia <strong>de</strong>Copacabana, num manifesto contrao aquecimento global; o Pan eo Parapan confirmaram que o<strong>Rio</strong> vive outro astral e <strong>uma</strong> etapa<strong>de</strong>senvolvimento vai começar.Não foram somente os empresáriose p r o f i s s i o n a i s r e l a c i o n a d o sdiretamente com o turismo osgran<strong>de</strong>s beneficiários <strong>do</strong> Pan. Todaa população da cida<strong>de</strong>, direta ouindiretamente, se beneficiou peloevento internacional. Pelas obrasque implantadas na cida<strong>de</strong>, <strong>nova</strong>sunida<strong>de</strong>s esportivas, pelas receitas<strong>do</strong> turismo, que se refletirão emtoda a economia da cida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> País,pelo treinamento específico volta<strong>do</strong><strong>para</strong> o atendimento aos visitantes– que certamente voltarão em outrasoportunida<strong>de</strong>s.Quanto à indústria imobiliária,<strong>uma</strong> das maiores cria<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>empregos e difusoras <strong>de</strong> rendas, suahistória registra que resi<strong>de</strong>ntes emoutras cida<strong>de</strong>s e esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasilsempre foram gran<strong>de</strong>s compra<strong>do</strong>res<strong>de</strong> imóveis no <strong>Rio</strong>. De gerações agerações é passa<strong>do</strong> o propósito <strong>de</strong>pre<strong>para</strong>r a aposenta<strong>do</strong>ria na cida<strong>de</strong>que apresenta maior potencial <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> Brasil.O Pan avalizou o novo cenário<strong>de</strong> reconquista da segurança. Etambém a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>nova</strong>sunida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais construídas<strong>para</strong> abrigar os atletas, ofertadas nomerca<strong>do</strong> a compra<strong>do</strong>res resi<strong>de</strong>ntestanto na própria cida<strong>de</strong>, como emoutros esta<strong>do</strong>s ou no exterior.H á u m a c o i n c i d ê n c i a d arealização <strong>do</strong> Pan com a abertura<strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s <strong>nova</strong>s oportunida<strong>de</strong>s,em cida<strong>de</strong>s próximas, nas áreasda petroquímica e si<strong>de</strong>rurgia –cujos efeitos se refletirão em nossacida<strong>de</strong>.Não <strong>de</strong>vemos nos esquecer queos Jogos Pan-americanos, observa<strong>do</strong>spelos dirigentes das entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>esporte internacional, contribuíram<strong>para</strong> fortalecer a candidaturabrasileira a sediar a Copa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><strong>de</strong> futebol em 2014 e lançar a nossacandidatura aos Jogos Olímpicos<strong>de</strong> 2016.Por tu<strong>do</strong> isso, é fácil concluir queesses Jogos foram importantes <strong>para</strong>a cida<strong>de</strong> e <strong>para</strong> o País – <strong>para</strong> todaa população, não somente os queestiveram envolvi<strong>do</strong>s diretamentena ativida<strong>de</strong> esportiva ou turística,mas sim, direta ou indiretamente,<strong>para</strong> to<strong>do</strong>s.O Pan marcou a chegada <strong>de</strong><strong>uma</strong> <strong>nova</strong> <strong>fase</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se pela criação <strong>de</strong>imóveis temporários e permanentes,na construção <strong>de</strong> imóveis <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>sàs competições ou abrigo <strong>de</strong> atletas,pelo envolvimento <strong>de</strong> pessoas emtarefas <strong>de</strong> recepção aos visitantes,na criação <strong>de</strong> novos fluxos <strong>de</strong>receitas, mas principalmente por umrequisito básico <strong>de</strong> que a população<strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong> tanto necessita: arecuperação da auto-estima.46 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Um amplocalendário <strong>de</strong>eventosLuiz Felipe BonilhaPresi<strong>de</strong>nte da <strong>Rio</strong>turQual a avaliação queo Senhor faz <strong>do</strong> Pan, em relação aomovimento <strong>de</strong> turistas?Luiz Felipe Bonilha - A avaliação é bempositiva. No perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pan foram 625mil turistas, com geração <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> 697milhões <strong>de</strong> dólares <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong>. No mesmoperío<strong>do</strong>, em 2006 foram 380 mil turistas.Dos programas realiza<strong>do</strong>s pela <strong>Rio</strong>tur,visan<strong>do</strong> o Pan, quais obtiveram êxito?Os programas i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>s e executa<strong>do</strong>s<strong>para</strong> o Pan, pela Secretaria Especial <strong>de</strong>Turismo e <strong>Rio</strong>tur obtiveram pleno êxito.O Programa <strong>Rio</strong> Hospitaleiro, comexecução <strong>do</strong> Senac-<strong>Rio</strong>, qualificou mais <strong>de</strong> 7mil profissionais <strong>do</strong> segmento turístico, entretaxistas, pessoal <strong>de</strong> hotéis e restaurantes,motoristas <strong>de</strong> ônibus, comerciários, guardasmunicipais, entre outros.O Programa Hospedagem Domiciliarauspiciou a criação <strong>de</strong> quatro agênciasprofissionais, com mais <strong>de</strong> 200 imóveisem operação, durante o Pan, alcançan<strong>do</strong><strong>uma</strong> ocupação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80%. A re<strong>de</strong>hoteleira da cida<strong>de</strong> conseguiu no Pan 85%<strong>de</strong> ocupação, sen<strong>do</strong> 95% na Barra.A <strong>Rio</strong>tur operou, durante o Pan, oatendimento em 18 postos turísticos, nosprincipais pontos da cida<strong>de</strong> e hotéis, comfarto material informativo e promocional<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.Quais os próximos eventos esportivossedia<strong>do</strong>s no <strong>Rio</strong> que utilizarão a estruturacriada <strong>para</strong> os Jogos Pan-americanos?Entre 13 e 16 <strong>de</strong> setembro acontece oCampeonato Mundial <strong>de</strong> Judô, na ArenaMultiuso. Estamos trabalhan<strong>do</strong> na captação<strong>de</strong> importantes competições esportivas eem breve teremos um amplo calendário <strong>de</strong>eventos.Qual o <strong>lega<strong>do</strong></strong> que o Pan <strong>de</strong>ixa <strong>para</strong> o<strong>Rio</strong>?O principal <strong>lega<strong>do</strong></strong> é a certeza <strong>de</strong>que o <strong>Rio</strong> po<strong>de</strong> almejar e ser o principal<strong>de</strong>stino turístico das Américas. Temoso povo mais cordial <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, belezasnaturais inigualáveis, <strong>uma</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atrativos, sem com<strong>para</strong>ção no mun<strong>do</strong> eagora, po<strong>de</strong>mos captar qualquer competiçãoesportiva no mun<strong>do</strong>. A Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> em2014 está praticamente certa e, estamos nopáreo <strong>para</strong> trazer as Olimpíadas <strong>de</strong> 2016.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200747


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Maior visibilida<strong>de</strong><strong>para</strong> o BrasilJeanine PiresPresi<strong>de</strong>nte da EmbraturComo o Pan ainda po<strong>de</strong>ajudar a alavancar a conquista <strong>de</strong>turistas <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> e o Brasil?J e a n i n e P i r e s - O R i o 2 0 0 7comprovou a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> País<strong>para</strong> organizar gran<strong>de</strong>s eventosinternacionais. A realização <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos no <strong>Rio</strong> aju<strong>do</strong>ua qualificar o <strong>de</strong>stino a sediaroutros eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, oque, com certeza, será fundamentalna escolha <strong>do</strong> Brasil como se<strong>de</strong> daCopa <strong>de</strong> 2014 e, futuramente, <strong>do</strong>sJogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016.O <strong>lega<strong>do</strong></strong> físico (em infraestrutura)também é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>valia <strong>para</strong> o turismo, pois aumentoua oferta <strong>de</strong> locais <strong>para</strong> eventosesportivos e novos pontos turísticos,além da qualificação <strong>do</strong>s serviços.Os resulta<strong>do</strong>s já começaram:o <strong>Rio</strong> acabou <strong>de</strong> captar os JogosMundiais Militares <strong>de</strong> 2011. Serão6.500 atletas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> quevirão competir na cida<strong>de</strong>, já porconta <strong>do</strong>s novos equipamentosesportivos ergui<strong>do</strong>s em função <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos.A l é m d i s s o , o e v e n t o d e uvisibilida<strong>de</strong> mundial não só ao <strong>Rio</strong>,mas ao País como um to<strong>do</strong>. Ficamosdurante mais <strong>de</strong> trinta dias na mídiainternacional. A presença <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 1.500 jornalistas estrangeiros nacida<strong>de</strong> foi <strong>uma</strong> imensa promoção <strong>do</strong><strong>de</strong>stino no exterior.D e q u e m o d o a s a ç õ e s<strong>de</strong>senvolvidas pela Embraturajudam a divulgar o Brasil noexterior?Tornar as belezas naturais<strong>do</strong> Brasil conhecidas pelo maiornúmero possível <strong>de</strong> estrangeiros éa meta a que se propôs o InstitutoBrasileiro <strong>de</strong> Turismo (Embratur)nos últimos três anos. Um <strong>do</strong>sprimeiros passos da<strong>do</strong>s nessesenti<strong>do</strong> foi o lançamento, em 2005,<strong>do</strong> Plano Aquarela, agora em suasegunda <strong>fase</strong>, e da Marca Brasil.Durante o Pan, a Embraturmontou um estan<strong>de</strong> na Vila Pan-Americana, on<strong>de</strong> as <strong>de</strong>legaçõesesportivas pu<strong>de</strong>ram conhecer mais<strong>do</strong>s segmentos Esporte, Cultura,Ecoturismo e Sol e Praia. Tambémhouve a oferta (no restaurante daVila) <strong>de</strong> cardápios com receitas <strong>de</strong>norte a sul <strong>do</strong> Brasil, elabora<strong>do</strong>scom produtos típicos, o que aju<strong>do</strong>ua divulgar os <strong>de</strong>stinos turísticospor meio da gastronomia. A açãocumpriu o objetivo <strong>de</strong> mostrar queo país tem diversos atrativos alémdas belezas naturais.A Embratur também aproveitouo momento propício <strong>para</strong> mostrar àimprensa <strong>do</strong> continente um poucomais sobre o Destino Brasil. Duasagências foram criadas, <strong>uma</strong> <strong>para</strong>a América <strong>do</strong> Norte e outra <strong>para</strong> aAmérica Central e <strong>do</strong> Sul –, comboletins diários, notícias e fotosexclusivas, que expuseram <strong>de</strong>talhessobre as muitas atrações turísticas<strong>do</strong> país, sempre ten<strong>do</strong> os Jogos Panamericanoscomo ponto <strong>de</strong> partida<strong>para</strong> as matérias. Os boletins efotos foram distribuí<strong>do</strong>s <strong>para</strong>centenas <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> imprensa edisponibiliza<strong>do</strong>s na WEB, em sitesEstádio João Havelangeacessa<strong>do</strong>s por leitores <strong>de</strong> to<strong>do</strong> omun<strong>do</strong>. Os jornalistas estrangeiroscre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a coberturada competição também foramcontempla<strong>do</strong>s ao receber kits <strong>de</strong>imprensa sobre o Destino Brasil.Qual a importância <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro <strong>para</strong> o setor turísticonacional?Segun<strong>do</strong> pesquisas realizadasem 18 países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que maisemitem turistas, o Brasil aindaé pouco conheci<strong>do</strong>, mas o <strong>Rio</strong>aparece como o ícone <strong>do</strong> turismonacional e <strong>de</strong>stino brasileiro mais<strong>de</strong>seja<strong>do</strong>. E em outra pesquisa,com 1.360 turistas estrangeirosque visitaram o <strong>Rio</strong>, a cordialida<strong>de</strong><strong>do</strong> povo carioca foi o fator maispositivo como motivo <strong>para</strong> retornare indicar o <strong>de</strong>stino a amigos eparentes.A eleição <strong>do</strong> Cristo Re<strong>de</strong>ntorcomo <strong>uma</strong> das sete maravilhas <strong>do</strong>48 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


“Olho?mun<strong>do</strong>, também foi <strong>uma</strong> conquistamuito importante, não apenas <strong>para</strong>o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. O Cristo não éapenas um símbolo carioca, mas umícone internacional. Isso facilita aatração <strong>do</strong> turista internacional esignifica entrada <strong>de</strong> divisas no Paíse geração <strong>de</strong> emprego.Qual o <strong>lega<strong>do</strong></strong> que o Pan <strong>de</strong>ixa<strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> e o Brasil?São muitos os <strong>lega<strong>do</strong></strong>s <strong>do</strong> Pan.Tem o <strong>lega<strong>do</strong></strong> social, esportivo,<strong>de</strong> infra-estrutura, <strong>do</strong> turismo.A r e a l i z a ç ã o d o s J o g o s Pa n -americanos no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>ixa<strong>de</strong> <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>para</strong> o Brasil muito mais<strong>do</strong> que a excelente participação <strong>de</strong>nossos atletas. Além da estruturafísica, com novos equipamentosesportivos, melhoria <strong>do</strong> espaçou r b a n o ; r e c u r s o s h u m a n o streina<strong>do</strong>s, o evento aumenta aprojeção <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro nasAméricas, associada ao turismo <strong>de</strong>negócios e <strong>de</strong> lazer.O alto investimento <strong>do</strong> Governoem infra-estrutura esportiva <strong>de</strong>q u a l i d a d e – o M i n i s t é r i o d oTurismo, por exemplo, <strong>de</strong>stinoucerca <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> reais <strong>para</strong>obras necessárias à realização<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos, semcontar os 107 milhões investi<strong>do</strong>sna reforma, ampliação e melhoria<strong>do</strong> Aeroporto Santos Dumont– certamente irá ren<strong>de</strong>r frutos<strong>para</strong> o país a curto, médio e longoprazo. Além da gran<strong>de</strong> chance <strong>de</strong>sediar a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2014e a certeza <strong>de</strong> organizar os JogosMilitares <strong>de</strong> 2011, o Brasil estáse cre<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> <strong>para</strong> receber asOlimpíadas <strong>de</strong> 2016.No caso <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, um <strong>do</strong>s objetivosé aproveitar a vocação turística dacida<strong>de</strong>, exatamente o que foi feitodurante os recém-encerra<strong>do</strong>s JogosPan-americanos. Várias iniciativas<strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Turismo, quecontaram com a parceria <strong>do</strong> CO-RIO e ajuda da Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> Janeiro, como a Praça dasMedalhas - espaço monta<strong>do</strong> naPraia <strong>de</strong> Copacabana - alcançaramo intuito <strong>de</strong> mostrar o melhor <strong>do</strong>Brasil ao turista, que pô<strong>de</strong> assistira shows <strong>de</strong> grupos culturais efolclóricos <strong>de</strong> todas as regiões <strong>do</strong>país e visitar <strong>uma</strong> mini-mostra <strong>do</strong>Salão <strong>de</strong> Turismo.To<strong>do</strong> o País se sente orgulhosopor ter si<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong> organizarcom sucesso a maior competiçãoesportiva <strong>do</strong> continente, e agoratem plena consciência <strong>de</strong> quepo<strong>de</strong>mos fazer o mesmo na Copa <strong>do</strong>Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> 2014 e outrosgran<strong>de</strong>s eventos, esportivos ou não.Realizá-los gera <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico, social e incentivoessencial ao turismo, em funçãoda visibilida<strong>de</strong> adquirida e dar e c o n h e c i d a a t r a t i v i d a d e d a scida<strong>de</strong>s brasileiras.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200749


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Para a re<strong>de</strong> hoteleira, osJogos Pan-americanos atingiram asexpectativas?Alfre<strong>do</strong> Lopes - Tivemos <strong>uma</strong> ótimataxa <strong>de</strong> ocupação no perío<strong>do</strong>. Masalguns fatores, porém, contribuíram<strong>para</strong> que não atingíssemos os resulta<strong>do</strong>sespera<strong>do</strong>s. A recente crise aérea, com atragédia <strong>de</strong> São Paulo, por exemplo, fezcom que muitos turistas não viessem<strong>para</strong> aproveitar a cida<strong>de</strong> e os Jogos Panamericanos.Quais foram os percentuais <strong>de</strong>ocupação <strong>do</strong>s hotéis durante o <strong>PAN</strong>?Registramos 85% <strong>de</strong> ocupação nacida<strong>de</strong> no início <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> julho. NaBarra, o índice foi <strong>de</strong> 95%. Mas, comodisse, na última semana, a ocupaçãoficou em 68%, quan<strong>do</strong> esperávamosmanter os 85%.Um divisor <strong>de</strong>águas <strong>para</strong> oturismoAlfre<strong>do</strong> LopesPresi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira daIndustria <strong>de</strong> Hotéis-ABIH-RJExistem ações planejadas <strong>para</strong> mantera ocupação da re<strong>de</strong> em alta durante oresto <strong>do</strong> ano?Sim, estamos trabalhan<strong>do</strong> em umcalendário fixo <strong>de</strong> eventos na cida<strong>de</strong>,assim como prospectan<strong>do</strong> congressos efeiras internacionais, ainda mais agoraque entrou em operação um Centro <strong>de</strong>Convenções <strong>de</strong> médio porte.Segurança e transportes, que erampreocupações <strong>para</strong> esse perío<strong>do</strong>,funcionaram <strong>de</strong> forma satisfatória?Eram <strong>do</strong>is itens que nos preocupavam,mas ficou prova<strong>do</strong> que eles funcionarammuito bem e não foi registra<strong>do</strong> nenhumgran<strong>de</strong> problema. Com relação àsegurança, os governos fe<strong>de</strong>ral e estadualnunca investiram tanto <strong>para</strong> coibir aviolência contra os turistas como noPan, e não foram registradas gravesocorrências. A colaboração da iniciativaprivada é o projeto CopaBacana, que épermanente, <strong>uma</strong> ação dura<strong>do</strong>ura. É umchoque <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>para</strong> que o principalbairro turístico, Copacabana, seja um localseguro <strong>para</strong> receber os visitantes e, comisso, manter aqueci<strong>do</strong> o turismo no <strong>Rio</strong>.Atualmente, o que atrai o turistaao <strong>Rio</strong>?Temos vários atrativos <strong>para</strong> trazero turista ao <strong>Rio</strong>. Somos um <strong>do</strong>s poucos<strong>de</strong>stinos internacionais que oferecemmontanha e mar no mesmo espaço urbano.Além disso, com a realização <strong>do</strong> Pan, aprojeção internacional <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> também vaiservir <strong>de</strong> atrativo <strong>para</strong> os turistas. Po<strong>de</strong>mosconsi<strong>de</strong>rar os jogos como um divisor <strong>de</strong>águas <strong>para</strong> o turismo da cida<strong>de</strong>.O <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, como cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Pan,vai ficar no imaginário <strong>do</strong>s turistas?Seguramente. Aliás, pesquisasmostram que todas as cida<strong>de</strong>s queserviram <strong>de</strong> se<strong>de</strong> <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong>Pan-americano registraram aumento naocupação <strong>do</strong>s hotéis na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 20% nostrês anos seguintes. Mas não é somente oPan que ficará no imaginário <strong>do</strong>s turistas.O <strong>Rio</strong> também conta agora com <strong>uma</strong>das sete <strong>nova</strong>s maravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Arecente eleição <strong>do</strong> Cristo Re<strong>de</strong>ntor trazmuitos benefícios <strong>para</strong> a divulgação dacida<strong>de</strong>, como <strong>de</strong>stino referência no Brasil.O <strong>Rio</strong> será sempre lembra<strong>do</strong> por sediar<strong>uma</strong> das maravilhas da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>.50 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Patrocina<strong>do</strong>res <strong>do</strong> PanOs patrocina<strong>do</strong>resoficiais <strong>do</strong>s JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007contam experiências eresulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>scom o evento. A RevistaTCMRJ elaborou quatroperguntas sobre oassunto.Acompanhe, a seguir,cada resposta.DivulgaçãoQue representou tera marca vinculada aos Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007?Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral - Os JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 foram <strong>uma</strong>experiência bem sucedida e i<strong>nova</strong><strong>do</strong>ra<strong>para</strong> a CAIXA, que acreditou no projeto<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua concepção. A CAIXA investiuno financiamento da construção da VilaPan-americana, elogiada pelos atletase <strong>de</strong>legações que lá se hospedaram aolongo <strong>do</strong> evento.A CAIXA consoli<strong>do</strong>u seu apoioao projeto, com a aquisição <strong>de</strong> <strong>uma</strong>das cotas <strong>do</strong> patrocínio, tornan<strong>do</strong>-sepatrocina<strong>do</strong>ra oficial e Banco Oficial <strong>do</strong>sJogos Pan-americanos.Participar <strong>do</strong> projeto multiplataformae <strong>de</strong> longo prazo, permitiu à CAIXArejuvenescer sua marca ao associarseao esporte brasileiro e aos JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007, com umtrabalho meticulosamente planeja<strong>do</strong>,envolven<strong>do</strong> todas as áreas estratégicasda Instituição.OI - O esporte, assim como a moda ea música, são pilares <strong>de</strong> investimentoda Oi, que apóia e incentiva 20atletas brasileiros. Com o patrocínio,a Companhia associa sua marca aosatributos positivos <strong>do</strong> esporte, comosuperação <strong>de</strong> limites e paixão. A Oiacredita que o esporte é <strong>uma</strong> dasferramentas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>País, por isso investe em diversos níveis<strong>de</strong> atletas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os já consagra<strong>do</strong>s até osnovos talentos.Olympikus - A vinculação aos Jogosrepresentou visibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> transmitir<strong>para</strong> to<strong>do</strong> Brasil e América, <strong>de</strong> maneiraclara e inequívoca, o atual estágio<strong>de</strong> tecnologia e <strong>de</strong>sign da marca. Épor isso que, além <strong>de</strong> patrocina<strong>do</strong>ra,a Olympikus foi também a MarcaEsportiva Oficial <strong>do</strong> Brasil e vestiuatletas e <strong>de</strong>legações <strong>de</strong> outros 25 países.Foram aproximadamente 2600 atletascompetin<strong>do</strong> e subin<strong>do</strong> ao pódio comos produtos da Olympikus. E ninguémmelhor <strong>do</strong> que um atleta profissional<strong>para</strong> avalizar um produto <strong>de</strong> performanceesportiva.Petrobras - Para a Petrobras foi muitoimportante associar sua marca ao maiorevento esportivo já realiza<strong>do</strong> no País.Além da visibilida<strong>de</strong> oferecida pelaampla cobertura <strong>de</strong> mídia, representoutambém a confiança que a Companhia<strong>de</strong>posita na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização<strong>do</strong> povo brasileiro, neste eventorepresenta<strong>do</strong> pelos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> Janeiro.Um outro ponto importante é quea marca Petrobras foi, também, expostaem vários países sul-americanos, novosmerca<strong>do</strong>s <strong>para</strong> on<strong>de</strong> a Empresa estáexpandin<strong>do</strong> seus negócios.Sadia - Associar o nome da Sadia a umevento da magnitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Jogos <strong>Rio</strong> 2007foi fantástico, não apenas por se tratar damaior competição esportiva já realizadano País mas, principalmente, porque oesporte é <strong>uma</strong> importante ferramenta<strong>para</strong> promover a inclusão social e aconscientização da importância <strong>de</strong>hábitos <strong>de</strong> vida saudável. E isso agregabastante valor à marca.Sol - A FEMSA Cerveja Brasil está muitoorgulhosa <strong>de</strong> ter feito parte <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong>celebração <strong>do</strong> esporte mundial.A FEMSA Cerveja Brasil viu nacerveja SOL, o mais recente lançamentoda companhia, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>relacionar as características i<strong>nova</strong><strong>do</strong>ras damarca com o momento <strong>de</strong> comemoraçãocoletivo <strong>do</strong> esporte. Por meio da SOL,a companhia adquiriu <strong>uma</strong> das cotasoficiais <strong>de</strong> patrocínio da Re<strong>de</strong> Globo.O pacote incluiu o logo da cerveja SOLem to<strong>do</strong>s os espaços publicitários <strong>do</strong>evento, incluin<strong>do</strong> placas promocionaise faixas, além <strong>do</strong> pacote <strong>de</strong> transmissãoda emissora com veiculação <strong>do</strong>s filmespublicitários da marca nos intervaloscomerciais e vinhetas durante toda acompetição.A e m p r e s a a c r e d i t a q u e ,Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200751


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> segmento <strong>de</strong> atuação,os projetos <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>educação e <strong>de</strong> apoio ao esporte são abase <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> umpaís. Para a FEMSA, o evento foi <strong>uma</strong>gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> incentivar aprática esportiva e conscientizar sobreo consumo responsável <strong>de</strong> bebidasalcoólicas.Que tipo <strong>de</strong> ações e/ou campanhasforam <strong>de</strong>senvolvidas?Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral - Durante to<strong>do</strong>o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jogos <strong>Rio</strong> 2007 o trabalhofoi intenso <strong>para</strong> divulgar as açõesrealizadas pela CAIXA no que concerneao apoio ao esporte, ao fechamento<strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> patrocínio com novosatletas e em modalida<strong>de</strong>s além <strong>do</strong>atletismo, como a ginástica artística, aginástica rítmica e a luta greco-romana.Na condição <strong>de</strong> Banco Oficial<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos, a CAIXAdivulgou novos produtos, lança<strong>do</strong>sespecialmente <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pan erealizou promoções <strong>para</strong> o incremento<strong>de</strong> suas vendas.A CAIXA investiu em ações <strong>de</strong>relacionamento com clientes e parceiros<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o país, no atendimento às<strong>de</strong>legações e participantes <strong>do</strong>s Jogos,no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos sistemase no suporte tecnológico instala<strong>do</strong> nasagências da CAIXA, localizadas nasarenas <strong>do</strong>s Jogos. A maioria das ações éinédita na Instituição e estão repercutin<strong>do</strong>favoravelmente na socieda<strong>de</strong> brasileira,agregan<strong>do</strong> ainda mais valor à imagemda Caixa.OI - Fornece<strong>do</strong>ra oficial <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong>telecomunicações <strong>para</strong> o <strong>Rio</strong> 2007, a Oi<strong>de</strong>senvolveu e antecipou um minuciosoprojeto <strong>de</strong> soluções convergentes quepermanecerão na cida<strong>de</strong>, benefician<strong>do</strong>milhares <strong>de</strong> usuários. O projeto, inicia<strong>do</strong>em março <strong>de</strong> 2006, inclui o fornecimentoda re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, acessoà internet, serviços <strong>de</strong> telefonia fixa,móvel e <strong>de</strong> longa distância, tanto <strong>para</strong>os Jogos Pan-americanos, como <strong>para</strong> osJogos Parapan-americanos.Para aumentar a cobertura e ampliaro tráfego na re<strong>de</strong> móvel, a empresainstalou 24 <strong>nova</strong>s Estações <strong>de</strong> Rádio BaseDivulgação(Erbs), sen<strong>do</strong> 11 <strong>de</strong>las <strong>de</strong> alta potência. Natelefonia fixa, a Oi construiu quase 400Km <strong>de</strong> fibra ótica, que foram <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>sao evento no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Jogos. Apóseste perío<strong>do</strong>, os investimentos feitosbeneficiarão to<strong>do</strong>s os usuários da re<strong>de</strong>fixa e móvel da Oi. Toda esta re<strong>de</strong> dacompanhia, <strong>de</strong> cabos metálicos e <strong>de</strong>fibra ótica, foi instalada em anéis <strong>para</strong>aumentar a confiabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço.Para os Jogos, foram disponibiliza<strong>do</strong>scinco mil terminais móveis da Oi e4,6 mil terminais fixos, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aoseventos, <strong>de</strong> forma integrada, sintoniza<strong>do</strong>spor meio <strong>de</strong> ramais. A organização <strong>do</strong>sJogos e os visitantes também tiveramacesso, respectivamente, aos aplicativoscorporativos e à internet com <strong>uma</strong> re<strong>de</strong><strong>de</strong> 100 Mbit. Essa interface <strong>de</strong> fastinternet permitiu interligar, nos locaisdas competições, <strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>100 computa<strong>do</strong>res, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>até 1 Mega cada.A tecnologia empregada possibilitoua comunicação <strong>de</strong> forma segura, rápida eprecisa entre os organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> eventoe <strong>para</strong> o público. Uma das soluçõesimplementadas pela companhia comesse objetivo é o broadcast <strong>de</strong> SMS <strong>para</strong>rápida disseminação <strong>de</strong> informações porparte <strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> evento.A Oi implementou ainda <strong>uma</strong> <strong>nova</strong>solução, <strong>de</strong>senvolvida em parceriacom a Ditech Networks Solution, <strong>para</strong>os Jogos. A solução VQA é especifica<strong>para</strong> ambientes com gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>pessoas, pois reduz o barulho e ajustao volume <strong>de</strong> voz tanto das ligações <strong>do</strong>susuários da re<strong>de</strong> local da Oi, quanto<strong>do</strong>s visitantes que fizerem o acessoem roaming, através <strong>de</strong> um hardwaree software que i<strong>de</strong>ntifica e remove ossinais <strong>de</strong> ruí<strong>do</strong>s.Durante os Jogos, a Oi trabalhoucom <strong>uma</strong> equipe especial <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 600 pessoas, sen<strong>do</strong> 500 apenasda área <strong>de</strong> operações, <strong>para</strong> garantir opleno funcionamento <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong>telecomunicações. A empresa tambémpossuiu um call center <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>exclusivamente ao Pan-americano com 32posições simultâneas distribuídas entre oCentro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Telecomunicações<strong>do</strong> evento e o Centro <strong>de</strong> Gerenciamento<strong>de</strong> Re<strong>de</strong> (CGR) da Oi.Olympikus - A Olympikus apostouno investimento em PDV (vitrines dasprincipais lojas <strong>de</strong> esporte <strong>do</strong> Brasil,quiosques nos aeroportos etc) e noen<strong>do</strong>marketing. A Calça<strong>do</strong>s Azaléia,<strong>de</strong>tentora da marca Olympikus, realizouum concurso interno chama<strong>do</strong> “ConcursoRIO 2007. Venha curtir o Pan com agente”. Os autores das cinco melhoresfrases “Por que eu mereço ver os Jogos <strong>Rio</strong>2007”, ganharam hospedagem no <strong>Rio</strong> emhotel 4 estrelas, entre os dias 13 e 15.Os cinco ganha<strong>do</strong>res assistiram àCerimônia <strong>de</strong> Abertura no Maracanã, nodia 13, à estréia <strong>do</strong> vôlei feminino contrao Peru, no dia 14, no Maracanãzinho;um passeio à Vila Pan-americana, umcity tour pelo Pão <strong>de</strong> Açúcar e CristoRe<strong>de</strong>ntor, além <strong>de</strong> um kit com boné,camisa, tênis e 1 bolsa Olympikus.Cinco mil colabora<strong>do</strong>res partici<strong>para</strong>m<strong>do</strong> concurso.52 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


DivulgaçãoPetrobras - A Petrobras se fez presente noevento através <strong>de</strong> campanha publicitáriaespecífica, iniciada no mês <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong>ste ano e que se esten<strong>de</strong>u até o dia31 <strong>de</strong> julho, bem como através <strong>de</strong>ações promocionais <strong>de</strong>senvolvidas emdiversos pontos da cida<strong>de</strong>, notadamentenos locais <strong>de</strong> competição: <strong>Rio</strong>centro,Maracanã, Lagoa Rodrigo <strong>de</strong> Freitasetc.Sadia - A patrocina<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> maiorevento esportivo já realiza<strong>do</strong> no Brasilentrou no clima <strong>do</strong>s Jogos <strong>Rio</strong> 2007com diversas novida<strong>de</strong>s. Entre elas,promoções exclusivas, lançamento <strong>de</strong>novos sabores <strong>de</strong> produtos, ações <strong>de</strong>relacionamento na Vila Pan-Americanae patrocínio a jovens atletas.Além <strong>de</strong> fornecer produtos aorestaurante <strong>do</strong>s atletas na Vila Pan-Americana, a Sadia também foifornece<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s 97 quiosques <strong>do</strong> Bob´spresentes em todas as instalaçõesesportivas <strong>do</strong> evento; <strong>do</strong> Panam Club(área vip em 09 instalações); <strong>do</strong> hoteloficial <strong>do</strong>s Jogos <strong>Rio</strong> 2007, WindsorBarra, e <strong>de</strong> outros hotéis <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirodurante o Pan. Nos hotéis, a empresarealizou ainda <strong>uma</strong> promoção, na qualo hóspe<strong>de</strong> que pedisse um sanduíchegourmet pre<strong>para</strong><strong>do</strong> com produtos Sadiaganhava um copo exclusivo <strong>do</strong>s Jogos<strong>Rio</strong> 2007 com a logo <strong>de</strong> Patrocina<strong>do</strong>rOficial Sadia.Sol - Para celebrar um <strong>do</strong>s maioresacontecimentos <strong>de</strong>sportivos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,a cerveja no ponto SOL, patrocina<strong>do</strong>raoficial <strong>do</strong>s XV Jogos Pan-americanos<strong>Rio</strong> 2007, apresentou suas ações <strong>de</strong>comunicação integrada, realizadas emto<strong>do</strong> o país. A marca da FEMSA CervejaBrasil, empresa <strong>do</strong> Grupo FEMSAFomento Econômico Mexicano S.A.,maior companhia <strong>de</strong> bebidas da AméricaLatina, investiu nos Jogos baseada emtrês pilares: consumo responsável,campanha publicitária e iniciativas<strong>de</strong>dicadas aos pontos-<strong>de</strong>-venda.As embalagens temáticas da cervejaSOL trouxeram os principais íconesesportivos <strong>do</strong> evento em silhuetassombreadas. Foi a primeira vez que <strong>uma</strong>empresa <strong>do</strong> segmento comercializou todaa família <strong>de</strong> produtos em embalagenstemáticas. A logomarca da cerveja,<strong>uma</strong> tampa <strong>de</strong> garrafa estilizada emformato <strong>de</strong> sol, foi transformada emmedalha, objeto almeja<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s oscompeti<strong>do</strong>res.Qual a estimativa <strong>de</strong> gasto como evento e o que representou empercentual da verba <strong>de</strong>stinada àpublicida<strong>de</strong> da Empresa?Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral - Oinvestimento <strong>para</strong> a realização dasações <strong>de</strong> relacionamento e visibilida<strong>de</strong>na CAIXA nos Jogos Pan-americanos <strong>Rio</strong>2007 representou cerca <strong>de</strong> 5% da verba<strong>de</strong>stinada à publicida<strong>de</strong> da empresa.Por ser um projeto <strong>de</strong> longo prazo oinvestimento realiza<strong>do</strong> foi diferi<strong>do</strong>em cerca <strong>de</strong> três anos <strong>de</strong> duração <strong>do</strong>projeto.OI - A companhia não revela valores <strong>de</strong>investimento e retorno <strong>de</strong> suas açõesisoladas.Olympikus - O investimento total daOlympikus em marketing, <strong>de</strong> 2005 a2007 (<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos,patrocínio e comunicação <strong>do</strong>s JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007), foi <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> R$ 100 milhões. Desse valor, cerca<strong>de</strong> 60% foi investi<strong>do</strong> em veiculaçãopublicitária, incluin<strong>do</strong> o patrocínio àcobertura das mídias Globo.Petrobras - Os valores envolvi<strong>do</strong>sforam da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 55 milhões,incluin<strong>do</strong> a cota <strong>de</strong> patrocínio <strong>do</strong>evento e as ações promocionais. Valelembrar que o <strong>de</strong>sembolso da cota <strong>de</strong>patrocínio foi inicia<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong>semestre <strong>de</strong> 2005, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong>em agosto <strong>de</strong>ste ano, conforme plano<strong>de</strong> comercialização <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> com asinstituições (veículos <strong>de</strong> comunicação)envolvidas no evento. Esse montanteestava contempla<strong>do</strong> no orçamento<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da Petrobras <strong>para</strong> osrespectivos exercícios fiscais.Sadia - O valor da cota <strong>de</strong> patrocínio foi<strong>de</strong> aproximadamente R$ 70 milhões.Sol - Por ser <strong>uma</strong> empresa <strong>de</strong> capitalaberto, a FEMSA Cerveja Brasil não po<strong>de</strong>divulgar investimentos.Qual o retorno alcança<strong>do</strong>, em termosnuméricos e <strong>de</strong> imagem?Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral - Os JogosPan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 permitiram aoRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200753


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>esporte brasileiro <strong>de</strong>monstrar ao mun<strong>do</strong>sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar eventos<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, com instalações eestruturas <strong>de</strong> nível olímpico; <strong>para</strong>os atletas brasileiros a melhorparticipação da história esportiva <strong>do</strong>país em Jogos, baten<strong>do</strong> recor<strong>de</strong>s comas 161 medalhas. Para os atletas emodalida<strong>de</strong>s patrocina<strong>do</strong>s pela CAIXAum <strong>de</strong>sempenho sem prece<strong>de</strong>ntes,obten<strong>do</strong> 42 medalhas; <strong>para</strong> a CAIXAo maior retorno patrocínio e <strong>de</strong> mídia,inclusive espontânea, sen<strong>do</strong> a marcamais lembrada pelo público em pesquisarealizada durante os Jogos.A Caixa se orgulha <strong>de</strong> ter participa<strong>do</strong><strong>do</strong> empreendimento <strong>de</strong> sucesso queforam os Jogos Pan-americanos e, emconsonância com sua missão social,acredita no potencial <strong>do</strong>s nossosatletas também nos Jogos Parapanamericanos<strong>Rio</strong> 2007, participan<strong>do</strong>como patrocina<strong>do</strong>ra exclusiva <strong>do</strong>evento.A Caixa contribuiu, <strong>de</strong>sta forma,<strong>para</strong> a valorização e divulgação <strong>do</strong>esporte brasileiro e <strong>para</strong> a <strong>de</strong>monstraçãodas plenas condições <strong>de</strong> nosso país <strong>para</strong>receber eventos internacionais <strong>de</strong>sseporte.OI - A Oi encerra sua participação nosJogos Pan-americanos <strong>Rio</strong> 2007 com oitomedalhas – cinco <strong>de</strong> ouro, três <strong>de</strong> pratae <strong>uma</strong> <strong>de</strong> bronze – conquistadas pelosatletas patrocina<strong>do</strong>s pela Companhia. Oresulta<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> reflete a estratégia<strong>de</strong> marketing esportivo da companhia,<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, quan<strong>do</strong> aempresa iniciou sua operação móvel.Olympikus - Sempre tivemos a certeza<strong>do</strong> sucesso que seria o evento pelaassociação <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> show <strong>do</strong> esporte<strong>de</strong> alta performance, bem organiza<strong>do</strong>e ten<strong>do</strong> no país a cida<strong>de</strong>-se<strong>de</strong>, coma gran<strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s osveículos <strong>de</strong> comunicação trariam aoevento.Além <strong>de</strong> patrocina<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ComitêOlímpico Brasileiro, patrocinamosoutras 25 <strong>de</strong>legações, os próprios JogosPan-americanos e a transmissão <strong>do</strong>sJogos pela Re<strong>de</strong> Globo. Um conjunto <strong>de</strong>ações que garantiu visibilida<strong>de</strong> inédita<strong>para</strong> <strong>uma</strong> marca esportiva no país.Estivemos presentes nas mais diversasmídias num pacote que foi sen<strong>do</strong>utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005.Além disso, a mídia espontâneagerada na cobertura jornalística <strong>do</strong>evento, transmissões <strong>de</strong> jogos e matériasem jornais, revistas e sites em função dapresença da marca nos uniformes <strong>de</strong> umnúmero tão gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> atletas, placas <strong>de</strong>arena, numerais <strong>do</strong>s atletas, trouxe aindamais visibilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>,<strong>para</strong> aquilo que estávamos trabalhan<strong>do</strong>nas nossas campanhas publicitárias.Acreditamos que os Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007 representaram umgran<strong>de</strong> impulsiona<strong>do</strong>r <strong>de</strong> nossas vendas,no Brasil e no exterior. Estamos 100%satisfeitos.Petrobras - A mensuração <strong>do</strong>s númerosalcança<strong>do</strong>s ainda está em <strong>fase</strong> <strong>de</strong>análise, mas a Petrobras tem plenaconvicção <strong>de</strong> que o investimento trouxeexcepcional resulta<strong>do</strong> <strong>para</strong> a imagem ea marca da Companhia, seus produtose serviços. Além disso, reforçou suapresença na mídia e ratificou aindamais a percepção, junto ao público,<strong>de</strong> apoia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Esporte e da Culturanacionais.Sadia - É muito difícil mensuraro resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> patrocínio, masposso afirmar que a visibilida<strong>de</strong>da marca foi enorme. Valeressaltar ainda, que nãosomos patrocina<strong>do</strong>resapenas <strong>do</strong> Pan,mas sim <strong>do</strong> cicloo l í m p i c o e d etodas as <strong>de</strong>legaçõesb r a s i l e i r a s . Ocontrato, que vai até 2008, continuaráproporcionan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> e positivaexposição à empresa, pois prevê aveiculação da marca Sadia em to<strong>do</strong>sos torneios que contarão com o COB(Comitê Olímpico Brasileiro)/ CO-RIO (comitê organiza<strong>do</strong>r), inclusiveas Olimpíadas <strong>de</strong> Pequim no ano quevem.Sol - Estamos muito satisfeitoscom o retorno <strong>de</strong> mídia <strong>do</strong> evento.Atingimos nosso objetivo <strong>de</strong> aumentara visibilida<strong>de</strong> da marca SOL no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro e em to<strong>do</strong> o país. A empresa quercrescer <strong>de</strong> forma sólida, constante e,principalmente,com rentabilida<strong>de</strong>.Estamos confiantes <strong>de</strong> que opatrocínio fortaleceu nossos laços <strong>de</strong>suporte ao esporte como ativida<strong>de</strong>fundamental <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>do</strong> país. Foi extremamente positivo<strong>para</strong> marca SOL que foi inserida em umcontexto otimista e <strong>de</strong> muitos resulta<strong>do</strong>spositivos <strong>para</strong> o Brasil.A essência <strong>do</strong> evento, como acelebração <strong>do</strong> esporte e a comemoraçãocoletiva, também são as bases daSOL, cerveja escolhida e feita peloconsumi<strong>do</strong>r brasileiro.54 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Estamos prontos <strong>para</strong>sediar as OlimpíadasO Secretário Municipal<strong>de</strong> Transporte, Arol<strong>de</strong><strong>de</strong> Oliveira, consi<strong>de</strong>raque o <strong>de</strong>sempenho foimuito bom no trânsitoe no transporte, e quetambém foi gran<strong>de</strong>a colaboração dapopulação.Como foi o esquemaimplementa<strong>do</strong> <strong>para</strong> os meios <strong>de</strong>transportes durante os Jogos Panamericanos<strong>Rio</strong> 2007?Arol<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oliveira - Houve amploenvolvimento <strong>do</strong>s governos fe<strong>de</strong>ral,estadual e municipal por questões<strong>de</strong> segurança e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mobilida<strong>de</strong> no transporte da família<strong>PAN</strong> - atletas, treina<strong>do</strong>res, juízesetc. Esta integração foi comandadapela área <strong>de</strong> segurança, e coube àPrefeitura fazer to<strong>do</strong> planejamentoviário, ou seja, planejamento <strong>do</strong>transporte nas vias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Com isso nós criamos restrições aoacesso <strong>de</strong> automóveis à área dasinstalações <strong>de</strong> competições, criamosfaixas preferenciais nas principaisartérias da Cida<strong>de</strong>, e criamos faixasseletivas nas Linhas Amarela eVermelha que se somaram às jáexistentes na Av. Brasil. Com estesistema, nosso amplo planejamentoconsi<strong>de</strong>rou transporte, trânsito,e s t a c i o n a m e n t o , e m b a r q u e e<strong>de</strong>sembarque das pessoas; tu<strong>do</strong>extremamente <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>. Depois,durante a operação, contamos coma fundamental participação <strong>de</strong>agentes da Secretaria Municipal <strong>de</strong>Transportes, da Guarda Municipal,e da Polícia Militar. O <strong>de</strong>sempenhofoi muito bom no trânsito e notransporte.Tivemos também gran<strong>de</strong>colaboração da população. O povocarioca enten<strong>de</strong>u a importânciada realização <strong>de</strong>stes Jogos Panamericanos<strong>para</strong> a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> Janeiro.Q u a i s a s d i f i c u l d a d e se n c o n t r a d a s ? H o u v e a l g u mimprevisto?Na realida<strong>de</strong>, na área <strong>de</strong> trânsitoe transporte, não tivemos qualquerimprevisto durante a realização<strong>do</strong>s Jogos.Dentro da estratégia programada,algum item <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser realiza<strong>do</strong>?Se a resposta for positiva, quais asconseqüências <strong>para</strong> o evento?Nenhum item <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> serrealiza<strong>do</strong>; to<strong>do</strong>s foram cumpri<strong>do</strong>sfielmente e foram reconheci<strong>do</strong>spelos organiza<strong>do</strong>res, pela imprensa,p e l a p o p u l a ç ã o e p o r t o d o sparticipantes <strong>do</strong> evento.Q u e b e n e f í c i o s o s p r o j e t o s<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o Pan pelaSMTR trarão <strong>para</strong> o trânsito daCida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro?Para o trânsito em si, tivemosa habilitação da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> Janeiro <strong>para</strong> realizar gran<strong>de</strong>seventos, como por exemplo, sediaras Olimpíadas, que é o nossosonho. Com esta experiência quetrocamos em nível internacional,muito somamos à experiênciaq u e j á t í n h a m o s e m r e a l i z a reventos <strong>de</strong> curta duração, comoo réveillon, e pequenos shows emCopacabana. O Pan foi um eventocontinua<strong>do</strong> e <strong>de</strong>ixou como <strong>lega<strong>do</strong></strong>a experiência internacional narealização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s eventos.Por outro aspecto, a partir <strong>de</strong>staexperiência vivenciada durante osJogos, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver vários projetos cujaexecução ainda não foi possível,porque a Prefeitura teve <strong>de</strong> ficarfocada na construção e conclusão<strong>do</strong>s equipamentos principais comoEngenhão, Autódromo, Velódromo,e n t r e o u t r o s . O s o r ç a m e n t o sforam loca<strong>do</strong>s ali, e os projetos <strong>de</strong>transporte ficaram posterga<strong>do</strong>s,mas, <strong>de</strong> qualquer forma, já são <strong>uma</strong>vanço e também um <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>para</strong> aPrefeitura.O <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro ficou sen<strong>do</strong>a cida<strong>de</strong> mais bem aparelhada daAmérica Latina e está pre<strong>para</strong>da<strong>para</strong> realizar eventos <strong>de</strong> qualquernatureza e qualquer tamanho. Epor isso ficamos posiciona<strong>do</strong>scomo fortes candidatos a sediar asOlimpíadas <strong>de</strong> 2016.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200755


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>Parcerias pouco exploradasEngenheiro especialista em transporte e professorconvida<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, Altair Torres,em entrevista à Revista TCMRJ, faz <strong>uma</strong> avaliação<strong>do</strong> transporte e <strong>do</strong> trânsito durante o Pan, econsi<strong>de</strong>ra que alg<strong>uma</strong>s oportunida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>riam tersi<strong>do</strong> melhor aproveitadas.O <strong>PAN</strong> foi bem sucedi<strong>do</strong>na área <strong>de</strong> transportes e trânsito?Altair Torres - Tive a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> registrar essa minha opinião emtrabalho que será apresenta<strong>do</strong> noCongresso Latino Americano <strong>de</strong>Transportes Públicos, em novembro,no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. Consi<strong>de</strong>ro queo <strong>PAN</strong> foi bem sucedi<strong>do</strong>, pelosresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, tanto nostransportes como no trânsito,sobretu<strong>do</strong> pela competência daSecretaria Municipal <strong>de</strong> Transportese <strong>do</strong> CO-RIO, mas também pelabaixa participação <strong>do</strong> público, queacabou fazen<strong>do</strong> com que as coisasnão ficassem tão complicadas,especialmente em termos <strong>de</strong> trânsito,mas também <strong>para</strong> os transportes.As realizações na área <strong>do</strong>stransportes foram suficientes oupo<strong>de</strong>riam ter si<strong>do</strong> maiores?Como cidadão carioca e comotécnico em transporte, <strong>de</strong>sejosempre que as realizações sejamas maiores possíveis. Obviamente,embora consi<strong>de</strong>re que o Pan foi bemsucedi<strong>do</strong>, principalmente na área <strong>de</strong>operação <strong>do</strong>s transportes, podíamoster aproveita<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong>outras realizações, como reestruturaro sistema, especialmente na regiãoda Barra da Tijuca e Jacarepaguá,on<strong>de</strong> se concentrou a gran<strong>de</strong>maioria das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s JogosPan-americanos, com a elaboração<strong>de</strong> um Plano local, integran<strong>do</strong> ostransportes da região em torno <strong>do</strong>Terminal Alvorada.Que outras realizações po<strong>de</strong>riamter si<strong>do</strong> possíveis, em função <strong>do</strong><strong>PAN</strong>?Quan<strong>do</strong> eu me refiro a realizaçõesque po<strong>de</strong>riam ter si<strong>do</strong> conquistadas,d e v e m o s c o m p r e e n d e r q u ehouve <strong>uma</strong> natural tendência <strong>de</strong>especulações sobre projetos, tantona área <strong>de</strong> reestruturação <strong>do</strong>stransportes como da implantação<strong>de</strong> <strong>nova</strong>s infra-estruturas, comometrôs, VLTs ( Bon<strong>de</strong>s Mo<strong>de</strong>rnos)e Vias Urbanas Expressas, comoocorreu em outros países. Sabemosdas dificulda<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>scustos <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> sistemas<strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> média e gran<strong>de</strong>capacida<strong>de</strong>, mas, mesmo se nãofosse viável a implantação <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong>ssa natureza, nos pareceque seria perfeitamente possívela reestruturação <strong>do</strong> transportena região da Barra da Tijuca,através da integração das linhastroncais <strong>do</strong> Centro e <strong>do</strong>s principaisbairros da Zona Norte e Oeste, comlinhas alimenta<strong>do</strong>ras no TerminalAlvorada, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> elas po<strong>de</strong>riamsair <strong>para</strong> os diversos equipamentosesportivos, Vila Olímpica, praia,hotéis e shoppings centers daregião. Portanto, consi<strong>de</strong>ro quepo<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> possível um PlanoLocal <strong>de</strong> Transportes, através damodificação das linhas existentes,<strong>para</strong> adaptá-las à realização <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>,com alg<strong>uma</strong>s <strong>de</strong>las mantidas após arealização <strong>do</strong>s jogos.Outras cida<strong>de</strong>s que realizaramJogos obtiveram ganhos maiores naárea <strong>de</strong> transportes que o <strong>Rio</strong>?Po<strong>de</strong>ríamos dizer que há <strong>do</strong>isgrupos distintos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s emque se realizaram Jogos Panamericanosou Olimpíadas. Existemcasos, como o exemplo <strong>de</strong> SantoDomingo- República Dominicana-2003, em que as realizações forampequenas, com a duplicação <strong>de</strong>via estrutural <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 12 km,ligan<strong>do</strong> a Vila Pan-Americana e oaeroporto ao centro da cida<strong>de</strong>, além<strong>de</strong> ações operacionais <strong>de</strong> menorrelevância, como a implantação<strong>de</strong> vias exclusivas, por on<strong>de</strong> as<strong>de</strong>legações se <strong>de</strong>slocavam com oapoio <strong>de</strong> bate<strong>do</strong>res. No caso <strong>de</strong>outras cida<strong>de</strong>s, sobretu<strong>do</strong> em países<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, como foi o caso <strong>do</strong>sJogos <strong>de</strong> Barcelona-Espanha-1992,Winnipeg-Canadá-1999 e Atenas-Grécia-2004, observamos que houve,por exemplo, a preocupação com acontratação <strong>de</strong> agências/escritóriosespecializa<strong>do</strong>s, cuja atuação permitiurealizações importantes em termos<strong>de</strong> <strong>nova</strong>s infra-estruturas, inclusive<strong>de</strong> transportes, que transformarama cida<strong>de</strong>.56 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Que iniciativas po<strong>de</strong>riam tersi<strong>do</strong> tomadas <strong>para</strong> viabilização<strong>de</strong> maiores ganhos na área <strong>de</strong>transporte <strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>?U m p l a n o p r o f i s s i o n a l d ecaptação <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> organismos<strong>de</strong> financiamento e <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>,através da contratação <strong>de</strong> agências/escritórios especializa<strong>do</strong>s, comos prazos requeri<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a suaconsecução, po<strong>de</strong>ria ter viabiliza<strong>do</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos <strong>para</strong>melhorias <strong>do</strong> sistema e implantação<strong>de</strong> <strong>nova</strong>s infra-estruturas <strong>para</strong> osetor <strong>de</strong> transporte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, a exemplod o s e q u i p a m e n t o s e s portivosimplanta<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong>.As parcerias com o setor priva<strong>do</strong>,especialmente <strong>do</strong>s transportes, como uso <strong>do</strong> “capital institucional” <strong>do</strong>esta<strong>do</strong>, parece terem si<strong>do</strong> poucoexploradas, em setores como oimobiliário, <strong>de</strong> impostos, tari<strong>fase</strong> pedágios, através <strong>de</strong> operaçõescasadas/consorciadas, visan<strong>do</strong> àm o d e r n i z a ç ã o d o s i s t e m a d etransportes. Inclusive, a participação<strong>do</strong> público po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> maior,pela realização <strong>de</strong> campanhas maisintensas e <strong>de</strong> mais longo prazo,geran<strong>do</strong> arrecadação, até mesmo naárea <strong>de</strong> estacionamentos, <strong>de</strong> interessedireto <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> transportes.“ A participação <strong>do</strong>público po<strong>de</strong>riater si<strong>do</strong> maior,pela realização<strong>de</strong> campanhasmais intensas e<strong>de</strong> mais longoprazo, geran<strong>do</strong>arrecadação, atémesmo na área <strong>de</strong>estacionamentos,<strong>de</strong> interessedireto <strong>do</strong> setor <strong>de</strong>transportes.”Finalmente, qual o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> Pan<strong>para</strong> a área <strong>de</strong> transportes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><strong>de</strong> Janeiro?No âmbito <strong>do</strong>s transportes,o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong> se restringiuà implantação das linhas semiexpressasMetrô Siqueira Campos-Alvorada, Metrô Del Castilho-Alvorada e Metrô Del Castilho-Estádio João Havelange, que talvezsejam mantidas, três linhas circularesprovisórias (A e B, na Barra, e VilaMilitar) e a revitalização <strong>do</strong> TerminalAlvorada, na Barra da Tijuca.A reforma <strong>do</strong> terminal, queconstitui ponto central <strong>de</strong> alimentação<strong>do</strong>s principais equipamentos <strong>para</strong> ascompetições, acabou sen<strong>do</strong> <strong>uma</strong>iniciativa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância,embora viabilizada em caráterquase emergencial.Cabe reconhecero mérito da parceria realizadacom o Sindicato das Empresas <strong>de</strong>Ônibus da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro-RIO ÔNIBUS, que se empenhou<strong>para</strong> a revitalização <strong>do</strong> terminal ecolaborou em outros setores comoo fornecimento <strong>de</strong> vale-transporte<strong>para</strong> voluntários, alem da operaçãodas linhas <strong>de</strong> ônibus com gran<strong>de</strong>competência, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneirasatisfatória o público que <strong>de</strong>man<strong>do</strong>uo sistema <strong>de</strong> Integração com o Metrôe a região da Barra da Tijuca.Como se constata, os ganhosparecem limita<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> secom<strong>para</strong> com o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>de</strong> jogosrealiza<strong>do</strong>s principalmente emcida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s,como <strong>de</strong>ve ser a nossa pretensão.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200757


o <strong>lega<strong>do</strong></strong> <strong>do</strong> <strong>PAN</strong>O <strong>lega<strong>do</strong></strong> social e urbanístico<strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s eventos esportivosinternacionais: um breve balançoGilmar MascarenhasDoutor <strong>de</strong> Geografia H<strong>uma</strong>na (USP)Professor da UERJ, especialista emgeografia <strong>do</strong>s esportesAhistória <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s eventosolímpicos da era mo<strong>de</strong>rnaabriga certamente um capítuloespecial da história mais geral <strong>do</strong>planejamento e das políticas urbanasno século XX. Muitas lições po<strong>de</strong>moscolher <strong>de</strong>sta larga experiênciainternacional.Para realizar um gran<strong>de</strong> evento<strong>de</strong>sta natureza, os investimentosnecessários são volumosos e não seresumem ao esporte. O chama<strong>do</strong>“urbanismo olímpico” precisa <strong>do</strong>taras cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> instalações que atendamàs distintas modalida<strong>de</strong>s. E tambémcriar condições <strong>de</strong> alojamento <strong>para</strong> osmilhares <strong>de</strong> atletas, pessoal <strong>de</strong> apoioe membros <strong>do</strong>s comitês olímpicos,bem como <strong>para</strong> a imprensa. Alémdisso, quase sempre a cida<strong>de</strong>-se<strong>de</strong>requer expansão ou melhorias emsua infra-estrutura (transportes,telecomunicações, malha viária etc.).Trata-se, enfim, <strong>de</strong> um amplo conjunto<strong>de</strong> intervenções urbanísticas; ummomento-chave na evolução e noplanejamento das cida<strong>de</strong>s.Mas nem sempre foi assim. Oolimpismo da era mo<strong>de</strong>rna, inicia<strong>do</strong>em 1896 pelo Barão <strong>de</strong> Coubertin,percorreu um penoso caminho atéatingir seus atuais dias <strong>de</strong> glória. Naprimeira Olimpíada da era mo<strong>de</strong>rna,em Atenas (1896), compareceramapenas 285 atletas, <strong>de</strong> 13 países(atualmente os jogos atraem mais<strong>de</strong> 10 mil atletas, e atraem bilhões<strong>de</strong> telespecta<strong>do</strong>res). Poucos seinteressavam pelo evento, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>que nas duas edições seguintes (Paris1900 e St Louis, 1904), utilizou-secomo estratégia realizar os jogos nomesmo lugar e momento <strong>de</strong> eventosbem mais importantes, as exposiçõesuniversais.O <strong>lega<strong>do</strong></strong> urbanístico era mínimo:geralmente aproveitava-se o conjunto<strong>de</strong> instalações esportivas existentes.Em 1924, nos Jogos <strong>de</strong> Paris, algunsatletas se alojaram em área <strong>de</strong>barracas. Até então normalmenteos participantes das olimpíadas sealojavam por conta própria.Após a Segunda Gran<strong>de</strong> GuerraMundial, o olimpismo adquiriu forçainédita e crescente apoio estatal,por conta da famosa bipolarizaçãoesportiva entre URSS e EUA, reflexoda Guerra Fria. Em 1952, Helsinkiinaugurou a era <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s projetoshabitacionais populares, geri<strong>do</strong>s pelopo<strong>de</strong>r público, a partir <strong>do</strong>s jogos.Iniciava-se um novo perío<strong>do</strong>, no qualeste gran<strong>de</strong> evento se estruturavaincorporan<strong>do</strong> <strong>de</strong>mandas sociais,<strong>de</strong> habitação, transporte e infraestruturaem geral. Moscou (1980) foio ápice <strong>de</strong>sta política <strong>de</strong> construção<strong>de</strong> habitações populares a partir <strong>de</strong><strong>uma</strong> vila olímpica: nada menos que 18blocos <strong>de</strong> apartamentos pré-fabrica<strong>do</strong>scom 16 andares cada um.Seul (1988) e Barcelona (1992)representam o início <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> era,pois constituem claros exemplos <strong>de</strong> uso<strong>do</strong>s esportes como po<strong>de</strong>rosa alavanca<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento urbano,em parceria com o capital priva<strong>do</strong>.Ambas as cida<strong>de</strong>s implementaramprojetos urbanísticos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>envergadura, verda<strong>de</strong>iros marcos emsua evolução urbana. Des<strong>de</strong> então, adisputa internacional por sediar esteseventos cresce vertiginosamente.Certamente, os Jogos Panamericanosnão mobilizam asatenções (e os recursos) nesta mesmaescala. Todavia, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ascondições sócio-econômicas dascida<strong>de</strong>s-se<strong>de</strong>, a maioria pertencente apaíses periféricos, o impacto <strong>de</strong> cadaevento adquire relativamente maiorenvergadura.No Pan <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,o volume total <strong>de</strong> investimentos,oficialmente ainda não divulga<strong>do</strong> (esob investigação, por futura ComissãoPró-inquérito), gira em torno <strong>de</strong> 3,7bilhões <strong>de</strong> reais. Trata-se, <strong>de</strong> longe, <strong>do</strong>mais caro evento pan-americano em56 anos <strong>de</strong> história <strong>de</strong>sta competição,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>ntemente todaa variação monetária no perío<strong>do</strong>.No atual contexto <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong>recursos públicos <strong>para</strong> as políticaslocais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano,trata-se <strong>de</strong> <strong>uma</strong> rara oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> investimento na infra-estruturada cida<strong>de</strong>. Uma questão central éavaliar quais áreas, quais segmentosda socieda<strong>de</strong> e quais setores <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s foram beneficia<strong>do</strong>s pelogran<strong>de</strong> projeto.Do ponto <strong>de</strong> vista urbanístico,o principal aspecto <strong>de</strong>sta política58 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


urbana é a concentração espacial <strong>do</strong>sinvestimentos em áreas socialmenteprivilegiadas. A Barra da Tijucaefetivamente se beneficia com arealização <strong>de</strong>ste evento que muitoonera o po<strong>de</strong>r público.No tocante à questão ambiental,a vila olímpica (<strong>de</strong>nominada VilaPan-Americana) foi edificada emárea próxima às margens da Lagoa<strong>de</strong> Jacarepaguá, sob terreno compre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> terreno turfoso e comcaracterísticas <strong>de</strong> elevada umida<strong>de</strong>subterrânea. Por este motivo, asfundações da referida construçãoatingem a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quasecinqüenta metros. Trata-se, portanto,<strong>de</strong> local mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> a usos leves,como parques, dadas suas condiçõesnaturais. O uso habitacional impôs oencarecimento da intervenção.Deve-se ressaltar que este luxuosoconjunto habitacional, <strong>de</strong> 17 blocos<strong>de</strong> apartamentos, foi construí<strong>do</strong>com apoio em recursos públicos,mais precisamente <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r, da CaixaEconômica Fe<strong>de</strong>ral. A Agenco,“O esporteama<strong>do</strong>rpermaneceaban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>nasmodalida<strong>de</strong>smenos“rentáveis”.”empresa responsável, contou aindacom o encargo da Prefeitura emrealizar toda a urbanização <strong>do</strong> local,ao custo <strong>de</strong> 24 milhões <strong>de</strong> reais (OGlobo, 24/11/2005).Po<strong>de</strong>mos afirmar que o esporteé muito mais utiliza<strong>do</strong> no Pan-2007como competente estratégia <strong>de</strong> citymarketing <strong>do</strong> que propriamentefomenta<strong>do</strong> no cotidiano. Afinal, aesmaga<strong>do</strong>ra maioria da populaçãocarioca e fluminense “participou”<strong>do</strong> evento como telespecta<strong>do</strong>res ecomo financia<strong>do</strong>res indiretos, através<strong>de</strong> nossa imensa carga <strong>de</strong> impostos.O esporte ama<strong>do</strong>r permaneceaban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> nas modalida<strong>de</strong>smenos “rentáveis”, conforme relatadiariamente a gran<strong>de</strong> imprensa. Oprojeto Pan-2007 não prevê, explícita e<strong>de</strong>talhadamente, o uso comunitário dasdiversas instalações esportivas após osJogos. As autorida<strong>de</strong>s são reticentes eimprecisas quan<strong>do</strong> consultadas acerca<strong>do</strong> efetivo <strong>lega<strong>do</strong></strong> esportivo <strong>do</strong> Pan.Em s<strong>uma</strong>, que <strong>lega<strong>do</strong></strong> nos <strong>de</strong>ixao Pan 2007? A prometida criação<strong>de</strong> <strong>nova</strong>s linhas <strong>do</strong> metrô não foirealizada. Basicamente, a cida<strong>de</strong>apenas adquiriu <strong>nova</strong>s instalaçõesesportivas, <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> custo <strong>de</strong>manutenção e <strong>de</strong> pouca garantiaquanto ao posterior uso comunitárioe <strong>de</strong> estímulo à prática social <strong>do</strong>esporte. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o volume <strong>de</strong>recursos públicos envolvi<strong>do</strong>, cumpreavaliar o resulta<strong>do</strong> final e buscar, emcandidaturas futuras, <strong>uma</strong> melhora<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s investimentos.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 2007 59Por-<strong>do</strong>-sol viso da Baía <strong>de</strong> Guanabara


Cristo Maravilha <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>Um upgra<strong>de</strong> na auto-estima <strong>do</strong> cariocaE o Cristo venceu !Concorren<strong>do</strong> com outrosmonumentos <strong>de</strong> igualexpressão, o CristoRe<strong>de</strong>ntor, única dassete <strong>nova</strong>s maravilhas<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ligada àreligiosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixou <strong>para</strong>trás tradicionais pontosturísticos e ostenta, <strong>para</strong>orgulho <strong>do</strong> povo, o título<strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> Maravilha<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.Oresulta<strong>do</strong> foi divulga<strong>do</strong> pelaFundação New Won<strong>de</strong>rs,entida<strong>de</strong> suíça promotora daeleição, dia 7 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>ste ano, noEstádio da Luz, em Lisboa, Portugal,em gran<strong>de</strong> espetáculo <strong>de</strong> som e luzes.O Cristo Re<strong>de</strong>ntor foi o terceiro aser anuncia<strong>do</strong> como <strong>uma</strong> das <strong>nova</strong>smaravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. A primeirafoi a Gran<strong>de</strong> Muralha da China. Omonumento <strong>de</strong> Petra, na Jordânia, foia segunda colocada, seguida <strong>do</strong> CristoRe<strong>de</strong>ntor. A quarta foi a cida<strong>de</strong> inca<strong>de</strong> Machu Pichu; a quinta a cida<strong>de</strong><strong>de</strong> Chichén Itzá, no México; a sexta, oColiseu <strong>de</strong> Roma, e a sétima e últimaanunciada, o Taj Mahal, na Índia.Entre os finalistas ficaram aTorre Eiffel, em Paris; a Estátua daLiberda<strong>de</strong>,nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s; a Igreja<strong>de</strong> Santa Sofia, na Turquia e a Ópera <strong>de</strong>Sydney, na Austrália, entre outras.A premiação foi recebida pelotécnico da Seleção Brasileira, LuizFelipe Scolari e pelo embaixa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>Brasil em Lisboa, Celso Marcos Vieira<strong>de</strong> Souza.A campanhaO concurso, que começou com177 concorrentes, foi cria<strong>do</strong> pelosuíço Bernard Weber, a partir <strong>do</strong>fato <strong>de</strong> que, das Sete Maravilhas<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> eleitas na antiguida<strong>de</strong>,apenas <strong>uma</strong> resistiu ao tempo: aspirâmi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Gizé, no Egito, que foihors concours.O Cristo só começou a figurarentre os favoritos em junho, quan<strong>do</strong>foram iniciadas diversas campanhas<strong>para</strong> eleger o monumento carioca.60 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


A campanha <strong>para</strong> votar noCristo foi incrementada na retafinal, quan<strong>do</strong> a mobilização se fezcomo em <strong>uma</strong> corrente: cada pessoaque votava ligava <strong>para</strong> outras <strong>de</strong>zpedin<strong>do</strong> voto. Haviam três maneiras<strong>de</strong> votar: pelo telefone, pelo celulare pela internet.No total o concurso recebeu cerca<strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> votos.A eleição <strong>do</strong> Cristo foi resulta<strong>do</strong>da união <strong>de</strong> esforços <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s ossetores sociais <strong>do</strong> país. O povo, que<strong>de</strong>u <strong>uma</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> amor àcida<strong>de</strong>; as autorida<strong>de</strong>s constituídas,que se engajaram nas campanhaspedin<strong>do</strong> votos; o presi<strong>de</strong>nte daRepública, Luiz Inácio Lula da Silva;ministros; governa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo e MinasGerais; a imprensa nacional, e osetor <strong>de</strong> turismo, que espera que estaconquista traga importantes frutos,consagran<strong>do</strong> mundialmente esteícone <strong>do</strong> turismo nacional.Em números, a vitória <strong>do</strong> Cristopo<strong>de</strong> representar, segun<strong>do</strong> o setor, umincremento <strong>de</strong> até 20% no número <strong>de</strong>turistas no país e a geração <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 200 mil novos empregos.A estátua• A estátua <strong>do</strong> Cristo Re<strong>de</strong>ntor está localizada a 709 metros acima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, no morro <strong>do</strong>Corcova<strong>do</strong>.• Tem 38 metros <strong>de</strong> altura, sen<strong>do</strong> 8 metros <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stal, e 1145 toneladas <strong>de</strong> peso.• Tem 75 anos <strong>de</strong> construída: foi inaugurada no dia 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1931, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong>obras.• A pedra fundamental foi lançada no dia 4 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1922, mas as obras só foram iniciadas em 1926.• A campanha <strong>para</strong> arrecadar recursos <strong>para</strong> a obra foi coor<strong>de</strong>nada pelo car<strong>de</strong>al Sebastião Leme e erarealizada por escoteiros, que pediam dinheiro, e crianças que vendiam rifas.• Des<strong>de</strong> sua inauguração a estátua passou por duas gran<strong>de</strong>s reformas: em 2000 ganhou <strong>nova</strong> iluminaçãoe, em 2003, eleva<strong>do</strong>res e escadas rolantes.• Partici<strong>para</strong>m da obra:o engenheiro Heitor Silva Costa, autor <strong>do</strong> projeto escolhi<strong>do</strong> em 2003;o artista plástico Carlos Oswald, autor <strong>do</strong> <strong>de</strong>senho final <strong>do</strong> monumento eo escultor francês Paul Lan<strong>do</strong>wski, executor da esculturaATRICON apóia a eleição <strong>do</strong> CristoTão logo a imprensa começoua anunciar a significativavitória <strong>do</strong> Cristo Re<strong>de</strong>ntorentre as sete maravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,o conselheiro Victor Faccioni,presi<strong>de</strong>nte da Atricon, enviouao presi<strong>de</strong>nte Thiers Montebelloalg<strong>uma</strong>s das cartas que recebeu emresposta à campanha <strong>de</strong> apoio –‘”Vote Cristo Re<strong>de</strong>ntor como <strong>uma</strong> das7 Maravilhas <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>” – realizadapelo TCMRJ, na intranet/internet“Vote no Cristo”.A s e g u i r, a l g u m a s c a r t a srecebidas, encaminhadas pelaAtricon, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o alto espírito<strong>de</strong> colaboração e civilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>stribunais co-irmãos:“Esta Presidência, tem a gratasatisfação <strong>de</strong> informar a VossaExcelência, o registro <strong>de</strong> votaçãod e s t e Tr i b u n a l d e C o n t a s n aCampanha “Vote no Cristo Re<strong>de</strong>ntorcomo <strong>uma</strong> das 7 maravilhas <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>.” Informamos, ainda, quepromovemos ampla divulgação dareferida campanha nesta Casa, etambém, através <strong>de</strong> nosso “mailling”,apoian<strong>do</strong> assim, a iniciativa <strong>de</strong>seus i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>res.” Antonio CarlosCaruso – TCM/SP.“Ao cumprimentá-lo, registroo recebimento da solicitação <strong>para</strong>votar no Cristo Re<strong>de</strong>ntor, <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro, como <strong>uma</strong> das 7 maravilhasda h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>. Já <strong>de</strong>i meu votoe também estou incentivan<strong>do</strong>outras pessoas a fazê-lo, alian<strong>do</strong>meà essa brilhante iniciativa <strong>de</strong>nossa Atricon”. Ministro AugustoNar<strong>de</strong>s.“Agra<strong>de</strong>ço a sugestão enviadareferente à votação <strong>do</strong> nossomonumento maior como <strong>uma</strong> das setemaravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, informan<strong>do</strong>que estarei retransmitin<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>sos servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ste Gabinete, assimcomo às pessoas conhecidas aimportante lembrança”. AnilceiaMacha<strong>do</strong> – TC/DF.A to<strong>do</strong>s, o agra<strong>de</strong>cimento <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e <strong>do</strong> povo carioca.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200761


Cristo Maravilha <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><strong>Rio</strong> Maravilha.Apenas <strong>uma</strong> questão <strong>de</strong> auto-estima?Em <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> que se gra<strong>de</strong>ia, comruas que se esvaziam, tiroteiosque cortam os ares, comércioque fecha suas portas pela or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>narcotráfico, polícia que inva<strong>de</strong> os morros,balas perdidas que sempre encontram uminocente, crianças que perambulam pelasruas e me<strong>do</strong> que impe<strong>de</strong> a circulaçãolivre <strong>de</strong> seus habitantes, vemos o CristoRe<strong>de</strong>ntor ser eleito como <strong>uma</strong> das setemaravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.O que será que isto significa e quaisos possíveis efeitos na auto-estima esociabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> carioca?Em primeiro lugar seria interessanteanalisar o que, exatamente, foi eleito – aestátua <strong>do</strong> Cristo ou <strong>uma</strong> paisagem?Acreditamos na segunda hipótese. Éverda<strong>de</strong> que gosto não se discute, mas nãohá como <strong>de</strong>finir a escultura em si comobela se tomamos como viés a estética.Belo é o objeto ou assim ele é visto porquem o contempla?Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir como belo umconjunto <strong>de</strong> atributos <strong>de</strong>ntre os quais fazparte a escultura em pauta.Um breve recuo histórico enotamos que em sua trajetória o Beloé compreendi<strong>do</strong> como um atributo <strong>do</strong>Bom. Muitas foram as citações como éfácil constatar se nos <strong>de</strong>bruçarmos aolongo da história da estética. Um marcohistórico importante e que não <strong>de</strong>veser negligencia<strong>do</strong> foram os inúmerosregistros escritos feitos na ida<strong>de</strong> clássicano qual o Belo foi imortaliza<strong>do</strong> em obrascomo a Odisséia e a Ilíada. Um bomexemplo disso são os poemas <strong>de</strong> HomeroO que foi eleito, a estátua <strong>do</strong> Cristo ou a paisagem? <strong>Rio</strong>Maravilha. Apenas <strong>uma</strong> questão <strong>de</strong> auto-estima?Belo seria o objeto ou assim ele é visto por quem ocontempla?A psicanalista Junia <strong>de</strong> Vilhena, Professora <strong>de</strong> Psicologiada PUC- <strong>Rio</strong>, e a Dra. Joana <strong>de</strong> Vilhena Novaes, Pós<strong>do</strong>utoranda da UERJ e Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Doençasda Beleza da PUC-<strong>Rio</strong>, trazem à Revista TCMRJ, reflexõesacerca da sociabilida<strong>de</strong> e vida associativa da Cida<strong>de</strong>.com suas menções às belas armas <strong>de</strong>Ulisses e Aquiles, pois eram úteis e bemfeitas – características <strong>do</strong>s utensíliosfeitos com teckné. Posteriormente, otermo foi incorpora<strong>do</strong> pelo latim comoum sinônimo <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>, perfeição,beleza e correção - atributos utiliza<strong>do</strong>s<strong>para</strong> <strong>de</strong>signar o que se convencionouchamar <strong>de</strong> arte.Continuamos nosso panoramahistórico e percebemos que as reflexõesque buscam <strong>uma</strong> <strong>de</strong>finição mais precisa<strong>para</strong> o conceito <strong>de</strong> Belo atravessamos séculos sem muito êxito, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>assumir um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variaçõesnas suas atribuições. Citaremos aquias mais relevantes, quais sejam: <strong>para</strong>Aristóteles e Pitágoras o Belo é <strong>uma</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> objeto que está associadaà harmonia e proporção <strong>de</strong> suas formas;no caso <strong>de</strong> Platão e Hegel o Belo encarnao conceito <strong>de</strong> perfeição e constânciaprovenientes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das idéias eque por vezes empresta um pouco <strong>de</strong>suas características <strong>para</strong> os objetos quepo<strong>de</strong>rão então lhe representar <strong>de</strong> formaa copiar este mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al e abstrato;<strong>uma</strong> outra corrente <strong>de</strong> pensa<strong>do</strong>res, daqual fizeram parte Santo Agostinho,Michelangelo e Hei<strong>de</strong>gger, substituiu aidéia <strong>do</strong> Belo por entes metafísicos comoDeus, o Ser a Verda<strong>de</strong>; existiram tambémaqueles que pensaram o Belo como <strong>uma</strong>totalida<strong>de</strong> harmônica entre conteú<strong>do</strong> eforma, essência e aparência, este foi o caso<strong>de</strong> pensa<strong>do</strong>res contemporâneos comoPlekhanov e Lukács.Para finalizar o elenco <strong>de</strong> pensa<strong>do</strong>resque discorreram sobre a beleza elegemosas formulações <strong>de</strong> São Tomás <strong>de</strong> Aquino,Hume e Kant: <strong>para</strong> o religioso medievalBelo era o que agradava a vista; <strong>para</strong> ofilósofo e historia<strong>do</strong>r escocês <strong>do</strong> séculoXVIII Belo é o que possui a capacida<strong>de</strong>especial <strong>de</strong> causar prazer e <strong>para</strong> Kanto Belo se presta a <strong>uma</strong> apreciação<strong>de</strong>sinteressada on<strong>de</strong> não haja <strong>uma</strong>atribuição <strong>de</strong> uso ou utilida<strong>de</strong>.O prazer é então o ponto <strong>de</strong> interseção<strong>de</strong>stas três formulações.No caso <strong>do</strong> Cristo, parece-nos que alocalização, mas, sobretu<strong>do</strong>, o que <strong>de</strong>le seavista – a cida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al – foram <strong>de</strong>finitivos<strong>para</strong> a sua escolha. E <strong>de</strong>finitivos porquesão fontes <strong>de</strong> prazer.Assim como no perío<strong>do</strong> da realização<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos, on<strong>de</strong> váriaspessoas elogiavam a “trégua” dada àcida<strong>de</strong> (pela polícia, pelos bandi<strong>do</strong>s epelos políticos!) permitin<strong>do</strong> que até otrânsito funcionasse bem, <strong>uma</strong> subidaao Cristo Re<strong>de</strong>ntor nos faz acreditarque existe <strong>uma</strong> bela cida<strong>de</strong> que dali se<strong>de</strong>scortina. Como bem apontava Sthendal“O Belo não é senão a promessa <strong>de</strong>felicida<strong>de</strong>”.Não importa se a votação foi “válida”ou não – o interessante foi observar amobilização <strong>do</strong>s brasileiros em tornoda eleição. Quan<strong>do</strong> até o presi<strong>de</strong>nte daRepública aponta <strong>para</strong> a importância <strong>de</strong>termos <strong>uma</strong> das sete maravilhas em nossopaís, algo que transcen<strong>de</strong> esta mensagemestá sen<strong>do</strong> dito.Freqüentemente escutamos o quantoo <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro foi esvazia<strong>do</strong>, como62 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


nossa auto-estima anda baixa e comoprecisamos recuperar a vida produtiva<strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong>. Não há <strong>do</strong> que discordar– mas analisemos um pouco maisprofundamente tais afirmativas.Vamos partir <strong>do</strong> pressuposto que aeleição <strong>do</strong> Cristo e também a realização<strong>do</strong>s Jogos Pan-americanos, em muitomelhoraram a auto-estima <strong>do</strong> carioca.Mas <strong>para</strong>mos por aqui! Com relaçãoà nossa sociabilida<strong>de</strong> citadina nadamu<strong>do</strong>u. Talvez este seja um <strong>de</strong> nossosgran<strong>de</strong>s problemas.Criamos ilhas da fantasia, acreditan<strong>do</strong>que um símbolo ou <strong>uma</strong> maravilhapossam resolver nossos problemasestruturais. Vivemos, por um perío<strong>do</strong>,sob a égi<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer – maso princípio da realida<strong>de</strong> nos convoca <strong>para</strong>a vida real, inexoravelmente.O <strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Pan mostrou-nos como<strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser. Sentimos estegostinho <strong>de</strong> segurança e civilida<strong>de</strong>, mas,infelizmente, como já cantava o poeta:– “tristeza não nem fim, felicida<strong>de</strong>, sim.E tu<strong>do</strong> se acaba na 4ª. Feira”. Mais graveainda – nos adaptamos a isto!Chegamos a um estágio on<strong>de</strong> o crime,a insegurança, as falcatruas, a sujeira, ogenocídio <strong>de</strong> crianças e o <strong>de</strong>scaso coma coisa pública foram naturaliza<strong>do</strong>s –exemplo disto é a cínica frase – “este paísnão presta” ou “o <strong>Rio</strong> não tem jeito”.Mas como nos conformamos comisto? É espantosa a plasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cariocaem se habituar às maiores infâmias sem seindignar <strong>de</strong> forma efetiva. Retornemos umpouco ao que afirmamos anteriormente.A eleição <strong>do</strong> Cristo melhorou aauto-estima <strong>do</strong> carioca (apenas <strong>uma</strong>suposição nossa, já que não estamosnos basean<strong>do</strong> em <strong>uma</strong> estatística), masem nada modificou nossa sociabilida<strong>de</strong>.Ou seja, nossa vida associativa e a formacomo vivemos em nossa cida<strong>de</strong> em nadase modificou – por isto dissemos queelegemos <strong>uma</strong> paisagem – a paisagemda cida<strong>de</strong> que queremos, a cida<strong>de</strong> quesonhamos, enfim a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cartãopostal – a cida<strong>de</strong> virtual.Mas que cida<strong>de</strong> é esta? Esta é a cida<strong>de</strong>sem cheiros, sem pobreza próxima (asfavelas quan<strong>do</strong> são vistas estão distantes),sem violência, sem ruí<strong>do</strong>s e sem contrastes<strong>de</strong>sagradáveis. A cida<strong>de</strong> que <strong>do</strong> alto nosA eleição<strong>do</strong> Cristomelhorou aauto-estima<strong>do</strong> carioca (...)mas em nadamodificounossasociabilida<strong>de</strong>.“”oferece a ilusão <strong>de</strong> que a paz é possívelem meio a tantas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. Faz-nosacreditar que Belo é o que elimina tu<strong>do</strong>que <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagradável existe em nossacida<strong>de</strong>. Possibilita-nos esquecer nossadívida social e acreditar que to<strong>do</strong>s fazemparte <strong>de</strong>ste belo cenário.Como no filme “O Show <strong>de</strong> Tr<strong>uma</strong>n”ou, se quisermos ir mais além, como nacultura <strong>do</strong>s shopping centers, a paisagemque dali se <strong>de</strong>scortina nos faz esquecerda cida<strong>de</strong> real. A cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mendigos,<strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s pivetes que nosassaltam, <strong>do</strong>s meninos que cheiramcola, <strong>do</strong>s policiais que nos achacam,<strong>do</strong>s políticos que nos roubam e nos<strong>de</strong>silu<strong>de</strong>m. Enfim, a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s homenscomuns e, lamentavelmente, a nossacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.Reduzi<strong>do</strong>s que estamos àmaterialida<strong>de</strong> da vida biológica – a vidanua, como Giorgio Agambém <strong>de</strong>finiu naintrodução <strong>de</strong> seu livro “Homo Sacer:o Po<strong>de</strong>r Soberano e a Vida Nua”–, nãodispomos mais <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> sequerimaginar outra vida, em <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong>outra. Para Agambém a polis <strong>de</strong>ve serconsi<strong>de</strong>rada como o “lugar em que oviver <strong>de</strong>ve se transformar no viver bem”.E, no entanto, cada vez mais, a cida<strong>de</strong>tornou-se o lugar <strong>do</strong> perigo, das ameaças,<strong>de</strong> território conflagra<strong>do</strong>.Blindamos nossos carros, gra<strong>de</strong>amosnossos prédios, cercamos nossas praçasacreditan<strong>do</strong> saber <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem o mal.Fingimos também <strong>de</strong>sconhecer quegra<strong>de</strong>s, cercas e muros não são objetosinertes e sim discursos que produzemrespostas e agenciam subjetivida<strong>de</strong>s.Não sejamos ingênuos a ponto <strong>de</strong>pensar que a cerca ou <strong>uma</strong> gra<strong>de</strong> <strong>de</strong>ferro são apenas barreiras físicas. Elasinstauram um clima <strong>de</strong> guerra, poisrepresentam um discurso que convocao outro, barra<strong>do</strong>, a <strong>uma</strong> ultrapassagemforçada. Um <strong>de</strong>safio é coloca<strong>do</strong> faceàquele que proíbe a circulação livre entreos espaços.Cada vez mais vamos nos acost<strong>uma</strong>n<strong>do</strong>com o fechamento paulatino <strong>do</strong>s espaços<strong>de</strong> convivência pelas gra<strong>de</strong>s. Assistimos(certamente com repercussões clínicas) a<strong>uma</strong> inversão histórica em <strong>uma</strong> tradiçãomilenar da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>. O que agoracausa pânico são os espaços abertos enão mais os fecha<strong>do</strong>s. Temos me<strong>do</strong> <strong>de</strong>andar pelas ruas, pelas praças, pelasavenidas, como se <strong>do</strong> aberto, <strong>do</strong> público,da ágora, pu<strong>de</strong>ssem surgir os <strong>de</strong>môniosdas “classes perigosas”. Não nos pareceao acaso o surgimento <strong>de</strong> tantos casosdiagnostica<strong>do</strong>s como síndrome <strong>do</strong> pânicoe <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> mudança na sociabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> nossas populações.Recente pesquisa da Revista <strong>Rio</strong> Showindica que o passatempo favorito <strong>do</strong>scariocas é o shopping – nele busca-seo cinema, o restaurante, o barzinho e apaquera, “longe <strong>do</strong>s perigos da rua”. Ouseja, em <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> ro<strong>de</strong>ada pelo mar epelas montanhas, <strong>de</strong> inegáveis belezasnaturais, optou-se por <strong>uma</strong> “duplicação”da cida<strong>de</strong> sem o que <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> há nela– a pobreza, a miséria, a violência e,sobretu<strong>do</strong>, o me<strong>do</strong>.Na <strong>para</strong>nóia da segurança há <strong>uma</strong>colonização <strong>de</strong> nosso imaginário que seren<strong>de</strong> à inexorabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fechamento,<strong>do</strong> distanciamento daquele que não maisreconheço como meu semelhante. Aprivatização <strong>do</strong> espaço público esvazia oque <strong>de</strong> político há nele – o espaço aberto<strong>para</strong> as discussões – a polis. O me<strong>do</strong>passa a ser assim um forte agencia<strong>do</strong>rda or<strong>de</strong>m instituída e, certamente, dassubjetivida<strong>de</strong>s produzidas.O que observamos então é que o lugar<strong>para</strong> os afetos, as amiza<strong>de</strong>s, o respeitomútuo, a confiança, vai fican<strong>do</strong> cadavez mais restrito; a circulação entre osRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200763


Cristo Maravilha <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>espaços cada vez mais circunscrita eas trocas entre os pares cada vez maisinexistentes.No capítulo II <strong>de</strong> “O Mal-Estar naCivilização” [1930], embora Freud ressaltenão haver qualquer tipo <strong>de</strong> proteção nafruição da beleza que proteja o sujeitocontra a ameaça <strong>de</strong> sofrimento, ele,simultaneamente, <strong>de</strong>fine o papel daexperiência estética como <strong>uma</strong> fonte<strong>de</strong> prazer e felicida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a vida <strong>do</strong>sujeito, chegan<strong>do</strong> até mesmo a dizerque a apreciação <strong>do</strong> belo ou das coisasbelas produz um sentimento tenuamenteintoxicante no sujeito. Mais tar<strong>de</strong>, em<strong>uma</strong> <strong>de</strong> suas correspondências comFliess, ele aponta a transitorieda<strong>de</strong> comoa característica fundamental e que melhor<strong>de</strong>fine a beleza.Acreditamos ser este um viés possível<strong>de</strong> interpretação acerca da eleição <strong>do</strong>Cristo e seus efeitos. Diminuir o mal-estar,inexorável da condição h<strong>uma</strong>na e aplacaro sofrimento que implica viver em nossacida<strong>de</strong>. Como um ponto <strong>de</strong> fuga, ummomento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, respira-se alivia<strong>do</strong>por alguns instantes, acreditan<strong>do</strong> serpossível esta outra cida<strong>de</strong>.Nossos julgamentos <strong>de</strong> gosto, quesupomos espontâneos, não são alheiosàs categorias sociais que os <strong>de</strong>terminam.O reconhecimento comum sobre aaparência h<strong>uma</strong>na e sobre objetos, não é<strong>de</strong>svincula<strong>do</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias e preconceitose, por isso mesmo, produz enuncia<strong>do</strong>sdiscriminatórios, que se revelam nasapreciações estéticas. E elegeu-se comofeio, como bem falou Caetano, tu<strong>do</strong> quenão é espelho. E isto certamente provocaefeitos na subjetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s habitantesda cida<strong>de</strong>.N e n h u m a i d e n t i d a d e s e j aela individual ou coletiva, po<strong>de</strong> serconstruída fora <strong>de</strong> sua cultura <strong>de</strong>referência. Nossos mitos estruturam asfantasias individuais e grupais, nossoimaginário produz <strong>de</strong>terminaçõessimbólicas na construção <strong>de</strong> nossassubjetivida<strong>de</strong>s. O espaço ou lugar on<strong>de</strong>vivemos agencia nossas subjetivida<strong>de</strong>s.As condições <strong>de</strong> pertencimento <strong>do</strong>ssujeitos aos grupos sociais estão inscritas<strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> lugar. É a partir <strong>de</strong>leque é possível pensar o viver, trabalhar,formar laços sociais e i<strong>de</strong>ntificar-secom os semelhantes. É a partir <strong>de</strong> umlugar - inicialmente representa<strong>do</strong> pelocírculo materno/infantil - que falamose somos ouvi<strong>do</strong>s, respeitamos e somosrespeita<strong>do</strong>s, sentimo-nos incluí<strong>do</strong>s ou àmargem. A organização <strong>do</strong> território dacida<strong>de</strong> é <strong>uma</strong> projeção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> em queas relações sociais se encontram.À <strong>de</strong>sconfiança mútua e àexclusão social, a cultura da cida<strong>de</strong>respon<strong>de</strong> re<strong>de</strong>senhan<strong>do</strong>-a e traçan<strong>do</strong>mapas <strong>de</strong> segregação sócio-espacial.Fre<strong>de</strong>ric Jameson chama tal <strong>de</strong>senho<strong>de</strong> mapeamento cognitivo, on<strong>de</strong> sãoregistradas estratégias <strong>de</strong> sobrevivênciaque os sujeitos traçam ao longo dasgerações. A segregação espacial –expressão <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>social – produz grupos que se distinguempor <strong>uma</strong> afinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valores e mo<strong>do</strong>s<strong>de</strong> vida comuns e por estratégias <strong>de</strong>enfrentamento da vida cotidianasemelhantes que interagem com oambiente urbano mais geral. É a vidamental produzida pelas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> quenos fala George Simmel.O espaço é assim um campo<strong>de</strong> construção da vida social on<strong>de</strong>se entrecruzam, no tempo plural <strong>do</strong>cotidiano, os fluxos <strong>do</strong>s acontecimentose os fixos, o incontável arsenal <strong>de</strong> objetostécnicos. Desse mo<strong>do</strong> cada espaço églobal e particular, expressa o mun<strong>do</strong>e as condições próprias e singulares <strong>de</strong>sua constituição. Segun<strong>do</strong> Marc Augé,os “lugares” são fundamentais porquesão i<strong>de</strong>ntitários, relacionais e históricos.Os sujeitos ligam-se aos lugares e osreconhecem no curso <strong>de</strong> sua vida. Háo lugar on<strong>de</strong> se nasceu, o lugar <strong>de</strong> on<strong>de</strong>se vem, o lugar on<strong>de</strong> se trabalha, o lugaron<strong>de</strong> se mora. Em síntese, um lugar po<strong>de</strong>ser simboliza<strong>do</strong>.Se as comunida<strong>de</strong>s que vivem nossubúrbios da cidadania, em virtu<strong>de</strong>da violência – <strong>do</strong> tráfico e da polícia –,encontram-se cada vez mais confinadas,com efeitos visíveis em sua sociabilida<strong>de</strong>e estruturação psíquica, um fenômenoanálogo po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> com osmora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> asfalto em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>esvaziamento <strong>do</strong>s espaços públicos e dacrescente privatização da cida<strong>de</strong>.Contu<strong>do</strong>, não há como falar <strong>de</strong>staeleição <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> o papel<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pela mídia em to<strong>do</strong> esteprocesso.Em “A Socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Espetáculo” ofilósofo, cineasta e militante político GuyDebord <strong>de</strong>nuncia a onipresença da mídia.Esta, através da exposição excessiva daimagem, falsificaria a experimentação real<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> posicionan<strong>do</strong> os indivíduoscomo especta<strong>do</strong>res, consumi<strong>do</strong>respassivos <strong>de</strong> imagens. Sem sombra <strong>de</strong>dúvidas, Debord tornou-se ainda maisatual e proce<strong>de</strong>nte em sua crítica <strong>do</strong> quequan<strong>do</strong> a formulou há mais <strong>de</strong> trintaanos.Também <strong>para</strong> Jean Baudrillard asnarrativas midiáticas se sobrepõemàs experiências vividas, produzin<strong>do</strong>a realida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> simulacros.Baudrillard <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> “esquizofreniacultural” o processo <strong>de</strong> invenção midiática<strong>do</strong> real. Para Baudrillard o que atualmentefaria girar a roda <strong>do</strong> capitalismo seriaminvestimentos libidinais no imaginário.Acreditamos que estes autores estãoa nos dizer que a onipresença da mídiaproduz <strong>uma</strong> avalanche <strong>de</strong> imagens quetermina por asfixiar o próprio registro<strong>do</strong> imaginário, isto é, a possibilida<strong>de</strong>criativa <strong>do</strong> sujeito <strong>de</strong>sejante <strong>de</strong>senhar<strong>uma</strong> estética <strong>para</strong> aquilo que lhe causa.Esta era tarefa exclusiva <strong>do</strong> indivíduo nacultura literária, outrora pre<strong>do</strong>minante.Com cada vez menos páginas emais telas, cabe ao sujeito apenas atarefa menor <strong>de</strong> escolher o que já foi<strong>de</strong>senha<strong>do</strong>, colori<strong>do</strong>, visto e interpreta<strong>do</strong>pelo discurso imagético <strong>do</strong> Outro. Asofisticação tecnológica e <strong>do</strong>s canais <strong>de</strong>distribuição têm permiti<strong>do</strong> um fluxocada vez mais intenso e imediato <strong>de</strong>imagens. Estas são apresentadas on line,o que empresta à narrativa midiáticaatual um status <strong>de</strong> Verda<strong>de</strong>. Assim, amídia se candidata ao lugar <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> vagopelo Mito, pela Religião e pela Ciência.Entretanto, o lugar da Verda<strong>de</strong> não é fácil:não há efeito especial que o sustente.Para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda por Verda<strong>de</strong><strong>de</strong> um público <strong>de</strong>sacost<strong>uma</strong><strong>do</strong> a produzila,o espetáculo <strong>de</strong>ve parecer real. E nadamais real <strong>do</strong> que um recorte <strong>do</strong> cotidiano,as imagens ao vivo, ou mesmo as eleiçõeson line. Até se po<strong>de</strong> acreditar que não há<strong>uma</strong> câmara por trás; além <strong>de</strong> um diretor,um roteirista, um editor... E o Fantástico64 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Show da Vida é então apresenta<strong>do</strong>como um making off. E também osconflitos, guerras, seqüestros, mortes,terremotos, furacões e genocídios...tu<strong>do</strong>com logomarcas, vinhetas e logotipos.Mas não só da Verda<strong>de</strong> fala o discursomidiático. Os indivíduos também anseiampor emoções, por algo que os remetam aosseus investimentos libidinais reprimi<strong>do</strong>sou seus <strong>de</strong>sejos inibi<strong>do</strong>s. Assim, mantera audiência significa falar a verda<strong>de</strong> nostelejornais e expressar emoções intensase autênticas nas telenovelas. Entretanto,sem patrocina<strong>do</strong>r, quem pagará a conta?Desta forma, a Verda<strong>de</strong> e as emoções semesclam nos produtos oferta<strong>do</strong>s pelaeconomia.É no interior <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio econômico,a partir <strong>do</strong> qual o espaço político per<strong>de</strong>useu lugar <strong>de</strong> regula<strong>do</strong>r da convivênciaentre os indivíduos, que as socieda<strong>de</strong>spo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas como <strong>de</strong> consumo(Baudrillard) ou <strong>de</strong> espetáculo (Debord).Importante <strong>de</strong>stacar, nesta concepção,que o próprio consumo adquire umsenti<strong>do</strong> mítico, não importan<strong>do</strong> o que estásen<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>, sejam estes objetos,sensações ou imagens – e nestas po<strong>de</strong>mosincluir as 7, 14, 21 quantas sejam asmaravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>mos observarque o êxito da fórmula já possibilitou <strong>uma</strong><strong>nova</strong> votação – as maravilhas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.A lógica resi<strong>de</strong> na manipulação <strong>do</strong>ssignos a serem consumi<strong>do</strong>s. Essa é aor<strong>de</strong>m que semantiza o discurso sociala partir <strong>do</strong> qual as pessoas passam aorganizar seus investimentos libidinais eafetivos. Neste senti<strong>do</strong>, os objetos – sejamestes coisas ou pessoas – passam a serconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, por si só como “infiltra<strong>do</strong>s”<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Basta acompanhar o noticiárioeconômico <strong>para</strong> <strong>de</strong>stacar o aumento <strong>do</strong>preço <strong>do</strong>s imóveis com vista <strong>para</strong> o CristoRe<strong>de</strong>ntor.Para finalizar, retornamos a questãoinicial: qual o efeito <strong>de</strong>sta eleição na autoestimae sociabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cariocas?Reafirmamos que é no lugar,enquanto construção social, que ossujeitos produzem sua subjetivida<strong>de</strong>.É a partir <strong>de</strong>le que é possível pensar oviver, o trabalhar, formar os laços sociaise i<strong>de</strong>ntificar-se com os semelhantes. Éa partir <strong>de</strong> um lugar que falamos e quesomos ouvi<strong>do</strong>s, que respeitamos e somosrespeita<strong>do</strong>s, que nos sentimos incluí<strong>do</strong>sou à margem.Daí nossa afirmação <strong>de</strong> que se elegeu<strong>uma</strong> paisagem e não a estátua.As marcas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sagradável naRegião Metropolitana <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirotêm <strong>uma</strong> visibilida<strong>de</strong> particularmenteacentuada <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao eleva<strong>do</strong> percentual<strong>de</strong> aglomera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exclusão no núcleourbano. A proximida<strong>de</strong> amplia avisibilida<strong>de</strong> da violência que, através<strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa,torna indistintos trabalha<strong>do</strong>res pobres ebandi<strong>do</strong>s, policiais sérios e corruptos.Em socieda<strong>de</strong>s como a nossa,on<strong>de</strong> as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r sempre secaracterizaram pela ilegalida<strong>de</strong> a quala maioria da população <strong>de</strong>ve submeterse,as práticas autoritárias são poucoafetadas pelas mudanças institucionais,especialmente porque as transiçõespolíticas não remetem à transformação<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> em sua relação com asclasses populares, qual seja, o controleinstitucional da violência ilegal praticadapelas autorida<strong>de</strong>s públicas.Sob o signo da conciliação, perduraum esta<strong>do</strong> que mantém relações ambíguascom a socieda<strong>de</strong>: autoritário e violento <strong>para</strong>com a gran<strong>de</strong> maioria da população, dócil etransigente aos interesses das elites.Às vezes o me<strong>do</strong> se manifestapelo silêncio. Silêncio que, utiliza<strong>do</strong>inicialmente como recurso temporário <strong>de</strong>evitação ao confronto, logo se transformaem arreio que emu<strong>de</strong>ce e imobiliza ocorpo. Outras vezes, ao contrário, está naimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> silenciar, <strong>de</strong> abdicarda ânsia <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> dizer – não importan<strong>do</strong>as conseqüências que isso tenha.Neste senti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos dizer que, semomentaneamente, a eleição <strong>do</strong> CristoRe<strong>de</strong>ntor melhorou a auto-estima <strong>do</strong>carioca e acenou com a perspectiva <strong>de</strong>ser possível <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> forma <strong>de</strong> viverem nossa cida<strong>de</strong>, infelizmente po<strong>de</strong>mos,igualmente, afirmar que passada a euforia,tu<strong>do</strong> continuou como antes – como bemapontou a manchete <strong>do</strong> jornal “Depois <strong>do</strong>Pan... o Pan-<strong>de</strong>mônio”.Mas talvez, nem isto seja verda<strong>de</strong>. Oprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão po<strong>de</strong> vir, muitasvezes, acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> sentimento <strong>de</strong><strong>de</strong>sesperança. E quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong>sonhar, per<strong>de</strong>mos aquilo que nos tornah<strong>uma</strong>nos – a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar.Maquiavel já nos apontava o terror<strong>de</strong>sta situação: on<strong>de</strong> não se cria um novoterritório <strong>para</strong> a existência h<strong>uma</strong>na, on<strong>de</strong>o homem comum não mais se reconhecee não se vê reconheci<strong>do</strong> em sua cidadania,a gran<strong>de</strong> maioria continua a conviver e aagir “normalmente” <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> pelosilêncio, pelo me<strong>do</strong>, pela violência oupelo cinismo a incapacida<strong>de</strong> da ética emevitar a erupção da barbárie.Por isto, talvez não seja excessivorelembrar que o genocídio jamais ocorreentre os animais - ele é específico <strong>do</strong>sh<strong>uma</strong>nos. Só é cometi<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> apoia<strong>do</strong>num discurso.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200765


<strong>Rio</strong>Um caso <strong>de</strong> amor com oO encanto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>Marcos Vinicios VilaçaPresi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> LetrasO<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro possui <strong>uma</strong> conjugação ímpar <strong>de</strong> fatores naturais ehistóricos que dão origem à sua especificida<strong>de</strong>, ao que ele tem <strong>de</strong> úniconum país imenso e da maior varieda<strong>de</strong> física e cultural como é o Brasil.Surgi<strong>do</strong> num <strong>do</strong>s recantos, sem qualquer favor, mais belos <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o planeta,po<strong>de</strong>mos dizer que poucos eram, como ele, tão pouco aptos <strong>para</strong> abrigar <strong>uma</strong>cida<strong>de</strong>. Apesar da baía <strong>de</strong> valor extraordinário <strong>para</strong> os navegantes, o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirose ergueu quase priva<strong>do</strong> <strong>de</strong> terreno plano, entre o mar e as montanhas, à sombra<strong>de</strong> suas incomparáveis formações graníticas, e pobremente forneci<strong>do</strong> <strong>de</strong> água,inicialmente oriunda <strong>do</strong> pequeno rio Carioca, que <strong>de</strong>u nome a seus habitantes, oque gerou quatro séculos <strong>de</strong> insolúvel falta <strong>de</strong> água, até a meritória obra <strong>de</strong> CarlosLacerda na bacia <strong>do</strong> Guandu. O <strong>Rio</strong>, portanto, nasceu em luta contra a sua magníficanatureza, em conseqüência <strong>do</strong> fabuloso ponto estratégico que representava a suabaía, disputa<strong>do</strong> a ferro e fogo por franceses e lusitanos até a vitória <strong>de</strong> Estácio <strong>de</strong>Sá, paga com a própria vida.Com o <strong>de</strong>slocamento da área <strong>de</strong> maior importância econômica da Colônia<strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste <strong>para</strong> Minas Gerais, com as minerações, era mais <strong>do</strong> que natural atransferência <strong>do</strong> governo <strong>para</strong> esse porto tão bem situa<strong>do</strong>, e daí nasce outro <strong>do</strong>sfascínios da cida<strong>de</strong>. Capital da Colônia, <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Império e da Repúblicadurante quase duzentos anos, <strong>de</strong> 1763 a 1960, o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro foi o palco <strong>de</strong>muitos <strong>do</strong>s mais transcen<strong>de</strong>ntes momentos da história brasileira, da execução<strong>de</strong> Tira<strong>de</strong>ntes, da sagração <strong>de</strong> D. João VI e <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is impera<strong>do</strong>res, da abolição daescravatura, da Proclamação da República, <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s momentos da vidarepublicana. Traduzin<strong>do</strong>-se materialmente, essa sucessão <strong>de</strong> fatos faz da cida<strong>de</strong> umgran<strong>de</strong> museu da história e da arte brasileiras, com alg<strong>uma</strong>s das mais belas igrejas,fortalezas e palácios <strong>do</strong> país, com museus e bibliotecas sem <strong>para</strong>lelo, um patrimôniohistórico <strong>de</strong> valor inapreciável e tantas vezes pouco lembra<strong>do</strong> perante as atraçõesnaturais e h<strong>uma</strong>nas da urbe.E é justamente o contingente h<strong>uma</strong>no que forma o terceiro elemento <strong>do</strong> encantoúnico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro. A própria condição <strong>de</strong> capital, que vigorou até há poucomais <strong>de</strong> quarenta anos, reuniu na cida<strong>de</strong> habitantes <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os quadrantes da pátria,<strong>do</strong> Oiapoque ao Chuí, <strong>do</strong> litoral à mais longínqua fronteira oeste. Esse amálgama <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s os brasileiros, uni<strong>do</strong> a um forte contingente lusitano, <strong>de</strong>u ao carioca a sua feição<strong>de</strong> síntese h<strong>uma</strong>na das características que se imaginam brasileiras, ao mesmo tempoque fez <strong>do</strong> seu habitante o menos regional, o menos bairrista, o menos provinciano<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o território nacional. O humor carioca, po<strong>de</strong>-se dizer, elevou-se a <strong>uma</strong> formanacional <strong>de</strong> humor, <strong>uma</strong> instituição mista <strong>de</strong> crítica, irreverência e in<strong>de</strong>pendência<strong>de</strong> espírito da qual mesmo os brasileiros mais afasta<strong>do</strong>s geograficamente da capitalfluminense sentem um secreto orgulho.Com to<strong>do</strong>s os seus numerosos e graves problemas, que preocupam to<strong>do</strong> o paísna mesma dimensão da sua importância simbólica <strong>para</strong> ele, o <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro – <strong>de</strong>longe o lugar mais conheci<strong>do</strong> internacionalmente <strong>de</strong> nosso inteiro território – meparece cada vez mais se resumir nessa palavra aqui já lembrada: síntese, e sínteseàs vezes profética, <strong>do</strong> que há <strong>de</strong> melhor e pior em nossa pátria. Mas pairan<strong>do</strong> acima<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os problemas, <strong>de</strong> todas as carências, vige o encanto único <strong>de</strong> caminharpor suas ruas, admirar as suas paisagens inigualadas, e conviver com o seu povo,esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> graça que pertence a to<strong>do</strong>s os brasileiros – e não só eles – aqui recebi<strong>do</strong>scom a cordialida<strong>de</strong> que se imaginaria reservada apenas aos seus mais tradicionaishabitantes.66 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200767


artigoOs limites das Câmaras MunicipaisEmenda Constitucional nº 25:<strong>uma</strong> visão <strong>de</strong>sapaixonadaSilvio Freire <strong>de</strong> MoraesSecretário-Geral <strong>do</strong> TCMRJ eProfessor <strong>de</strong> Direito Financeiro<strong>do</strong> Centro Ibero-Americano <strong>de</strong>Administração e Direito – CEBRADAs restrições impostas ao orçamentoe a <strong>de</strong>spesa com folha <strong>de</strong>pagamento <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r LegislativoMunicipal, <strong>de</strong>correntes da promulgaçãoda Emenda Constitucional nº 25, <strong>de</strong>14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000, provocarammanifestações pontuais <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, sen<strong>do</strong> consubstanciadas naConsulta formulada pela Casa <strong>de</strong> Leis<strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, vazadanos seguintes termos:“À luz <strong>do</strong> sistema constitucionalvigente, qual o alcance e significa<strong>do</strong> dasexpressões “receita” e “receita com folha<strong>de</strong> pagamento” contidas no art. 29-A eseu § 1º, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral?”.Ao analisarmos a questão,relembramos que o assunto foienfrenta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> opinamos acerca<strong>do</strong> posicionamento da Diretoria <strong>de</strong>Finanças da Câmara Municipal <strong>de</strong>na aferição <strong>do</strong> limite previsto no §1º<strong>do</strong> art. 29-A da Constituição Fe<strong>de</strong>ral,utilizar como numera<strong>do</strong>r a <strong>de</strong>spesaliquidada e como <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>r ovalor <strong>do</strong> orçamento total da CâmaraMunicipal 1 .Naquela oportunida<strong>de</strong> abordamosminu<strong>de</strong>ntemente o tema, apresentan<strong>do</strong>as seguintes consi<strong>de</strong>rações:Preludialmente, oportunoregistrar que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementeda <strong>de</strong>finiçãoda <strong>de</strong>spesa em empenhada ouliquidada, o limite, por quaisquer<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s, encontra-se1. INTRODUÇÃOabsolutamente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s parâmetrosconstitucionais, ten<strong>do</strong> a eleição efeitosapenas <strong>para</strong> as futuras prestações <strong>de</strong>contas.Destaque-se, <strong>para</strong> espancarqualquer dúvida, que o resulta<strong>do</strong>ficou em 67,53% (sessenta e setevírgula cinqüenta e três por cento)a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se a <strong>de</strong>spesa liquidada e em68,85% (sessenta e oito vírgula oitentae cinco por cento), como acentua<strong>do</strong>,no caso da <strong>de</strong>spesa empenhada.1O <strong>Tribunal</strong> ao julgar a Prestação <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> Gestão <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo da Urbe referente ao exercício <strong>de</strong> 2005, no senti<strong>do</strong> da regularida<strong>de</strong>das contas e quitação aos responsáveis, consi<strong>de</strong>rou como numera<strong>do</strong>r as <strong>de</strong>spesas empenhadas, apontan<strong>do</strong>, por este motivo, um montante <strong>de</strong>68,85% (sessenta e oito vírgula oitenta e cinco por cento).68 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


2. DOS ENTES FEDERADOS E SUA AUTONOMIA.AUnião, os Esta<strong>do</strong>s-membros, oDistrito Fe<strong>de</strong>ral e os municípiossão entida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativasautônomas, conforme estampao art. 18 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, sen<strong>do</strong>esta organização político-administrativacaracterizada pela <strong>de</strong>nominada tríplicecapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-organização,autogoverno e auto-administração.O constitucionalista ALEXANDREDE MORAES <strong>de</strong>talhou os menciona<strong>do</strong>spressupostos:“Dessa forma, o município autoorganiza-seatravés <strong>de</strong> sua Lei OrgânicaMunicipal e, posteriormente, por meio daedição <strong>de</strong> leis municipais; autogovernasemediante a eleição direta <strong>de</strong> seuprefeito, Vice-prefeito e verea<strong>do</strong>res, semqualquer ingerência <strong>do</strong>s GovernosFe<strong>de</strong>ral e Estadual; e, finalmente, autoadministra-se,no exercício <strong>de</strong> suascompetências administrativas, tributáriase legislativas, diretamente conferidas pelaConstituição Fe<strong>de</strong>ral.” 2 (grifamos)A transgressão por parte <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sao princípio da autonomia municipalprovoca a intervenção fe<strong>de</strong>ral, <strong>do</strong>s maisgraves mecanismos <strong>de</strong> sanção previstosno sistema fe<strong>de</strong>rativo, consistin<strong>do</strong> nainterferência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pessoa política naoutra, conforme prescreve o art. 34, VII,“c” da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.Trata-se, evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong> medidaexcepcional – frise-se a regra é a nãointervenção - enumeran<strong>do</strong> taxativamenteo texto supremo, todas as hipóteses emque po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong> o processointerventivo.A supressão temporária da autonomiada unida<strong>de</strong> política, por mais <strong>para</strong><strong>do</strong>xalpossa parecer, visa garantir a própriasupremacia <strong>do</strong>s postula<strong>do</strong>s fundamentais,ten<strong>do</strong> o também constitucionalistaMICHEL TEMER grafa<strong>do</strong> com pena <strong>de</strong>ouro:“Deve-se notar que a intervençãofe<strong>de</strong>ral afasta, temporariamente, aautonomia estadual ou parcela <strong>de</strong>sta. Suaprevisão constitucional, contu<strong>do</strong>, revelae realça a autonomia <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s.” 3 .(gizamos)Dentro ainda <strong>do</strong>s princípios basilaresenseja<strong>do</strong>res da instauração da medidaextrema, encontra-se o relativo ànecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir o livre exercício<strong>de</strong> qualquer <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res nas suasunida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas, insculpi<strong>do</strong> noinciso IV <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong> dispositivoconstitucional.Assim, po<strong>de</strong>mos afirmar quequalquer limitação à autonomia <strong>do</strong>sentes fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s – União, Esta<strong>do</strong>s, DistritoFe<strong>de</strong>ral e Municípios - compreendidana capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-organização,autogoverno e auto-administração, seráregra <strong>de</strong> exceção, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, portanto, serinterpretada <strong>de</strong> forma restrita, sob pena<strong>de</strong> configurar grave violação ao sistemafe<strong>de</strong>rativo.Neste senti<strong>do</strong> a sempre atual e precisalição <strong>do</strong> eminente jurista CARLOSMAXIMILIANO PEREIRA DOSSANTOS:“Interpretam-se estritamente osdispositivos que instituem exceçõesàs regras gerais firmadas pelaConstituição.” 4A Constituição ao assegurar ain<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res e órgãosconstitucionais autônomos - no caso <strong>do</strong>smunicípios <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo:<strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res Legislativo e Executivo e<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> das respectivascomunas - garante por meio da autonomiaadministrativa e financeira as condiçõesnecessárias <strong>para</strong> o livre exercício <strong>de</strong> seusmisteres.Ofen<strong>de</strong>rão, indubitavelmente, ain<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s órgãos,restrições, sejam orçamentárias oufinanceiras, que não estejam rigorosamenteprevistas no texto constitucional,conforme preleciona mais <strong>uma</strong> vez opríncipe da hermenêutica:“Quan<strong>do</strong> a Constituição conferepo<strong>de</strong>r geral ou prescreve <strong>de</strong>ver franqueiatambém, implicitamente, to<strong>do</strong>s os po<strong>de</strong>resparticulares, necessários <strong>para</strong> o exercício<strong>de</strong> um, ou cumprimento <strong>do</strong> outro.“É força não seja a lei fundamentalcasuística, não <strong>de</strong>sça a minúcias,catalogan<strong>do</strong> po<strong>de</strong>res especiais,esmerilhan<strong>do</strong> providências. Sejaentendida inteligentemente: se teve emmira os fins, forneceu os meios <strong>para</strong> osatingir.” 5 (gizamos)Como remate a este tópico, convémressaltar que a Corte Suprema suspen<strong>de</strong>u,ao examinar a ADI 2238-DF, conquantoem cognição incompleta, a eficácia <strong>do</strong>§ 3º <strong>do</strong> art. 9º da Lei ComplementarFe<strong>de</strong>ral nº 101/00 - <strong>de</strong>nominada Lei <strong>de</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal 6 , que autorizavaa Chefia <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo a limitarvalores financeiros <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais Po<strong>de</strong>res eórgãos constitucionais autônomos.A aludida <strong>de</strong>cisão está ancorada napossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interferência <strong>do</strong> Executivoem <strong>do</strong>mínio constitucionalmentereserva<strong>do</strong> à atuação autônoma <strong>do</strong>spo<strong>de</strong>res Legislativo e Judiciário, vale dizer,na violação <strong>do</strong> princípio da in<strong>de</strong>pendênciae harmonia <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res.2MORAES, Alexandre <strong>de</strong>. Direito Constitucional. 11ª edição. São Paulo: Atlas, 2002, p. 274. 4 O crescimento urbano se <strong>de</strong>u manten<strong>do</strong> e concentran<strong>do</strong>espacialmente as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais.3TEMER, Michel. Elementos <strong>de</strong> Direito Constitucional. 19ª edição. São Paulo: Malheiros, p. 79.4MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação <strong>do</strong> Direito. 11ª edição. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1991, p. 313.5Op. Cit. p. 312.6Lei Complementar Fe<strong>de</strong>ral nº 101/00:“Art. 9º Se verifica<strong>do</strong>, ao final <strong>de</strong> um bimestre, que a realização da receita po<strong>de</strong>rá não comportar o cumprimento das metas <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong> primário ounominal estabelecidas no Anexo <strong>de</strong> Metas Fiscais, os Po<strong>de</strong>res e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nostrinta dias subseqüentes, limitação <strong>de</strong> empenho e movimentação financeira, segun<strong>do</strong> os critérios fixa<strong>do</strong>s pela lei <strong>de</strong> diretrizes orçamentárias..............“§ 3º No caso <strong>de</strong> os Po<strong>de</strong>res Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabeleci<strong>do</strong> no caput, é o Po<strong>de</strong>rExecutivo autoriza<strong>do</strong> a limitar os valores financeiros segun<strong>do</strong> os critérios fixa<strong>do</strong>s pela lei <strong>de</strong> diretrizes orçamentárias.”Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200769


artigoAEmenda Constitucional nº 25/00acrescentou o art. 29-A ao textooriginário, crian<strong>do</strong> <strong>uma</strong> <strong>nova</strong>exceção ao princípio da autonomiaadministrativa e financeira <strong>do</strong>s órgãos dacomuna, estabelecen<strong>do</strong> um teto, com baseno critério populacional, <strong>para</strong> as <strong>de</strong>spesasdas Câmaras Municipais, in verbis:“Art. 29-A. O total da <strong>de</strong>spesa <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Legislativo Municipal, incluí<strong>do</strong>sos subsídios <strong>do</strong>s Verea<strong>do</strong>res e excluí<strong>do</strong>sos gastos com inativos, não po<strong>de</strong>ráultrapassar os seguintes percentuais,relativos ao somatório da receita tributáriae das transferências previstas no § 5o <strong>do</strong>art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamenterealiza<strong>do</strong> no exercício anterior:....................“IV - cinco por cento <strong>para</strong> Municípioscom população acima <strong>de</strong> quinhentos milhabitantes. 7“§ 1o A Câmara Municipal não gastarámais <strong>de</strong> setenta por cento <strong>de</strong> sua receitacom folha <strong>de</strong> pagamento, incluí<strong>do</strong> o gastocom o subsídio <strong>de</strong> seus Verea<strong>do</strong>res.”.Ressalte-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, que a regrana elaboração <strong>do</strong> orçamento <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rLegislativo é a livre estipulação e3. DA LIMITAÇÃO DOS GASTOS DAS CASAS DE LEIS DAS COMUNAS<strong>de</strong>stinação <strong>do</strong>s recursos, caben<strong>do</strong> àsduas Casas Congressuais, às AssembléiasLegislativas e às Câmaras Municipaisos alocarem da forma que melhor lhesaprouver, salvo, evi<strong>de</strong>ntemente, asexceções - inequívocas e explícitas -constantes da Carta Fe<strong>de</strong>ral.A primeira restrição - aplicável atodas as Casas <strong>de</strong> Leis <strong>do</strong> País – encontra-sena necessida<strong>de</strong> da proposta orçamentáriarespeitar os limites estipula<strong>do</strong>s emconjunto com os <strong>de</strong>mais Po<strong>de</strong>res na Lei<strong>de</strong> Diretrizes Orçamentárias (art. 99, §1º, da CF).Frise-se que o Pretório Excelso temrechaça<strong>do</strong> cortes unilaterais promovi<strong>do</strong>spelo Po<strong>de</strong>r Executivo, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> serincorporada, obrigatoriamente, noprojeto <strong>de</strong> Lei Ânua, as propostas parciais<strong>do</strong>s orçamentos apresenta<strong>do</strong>s pelosPo<strong>de</strong>res (Judiciário e Legislativo) e órgãosconstitucionais autônomos. 8A segunda baliza - concernentetambém aos Po<strong>de</strong>res Legislativos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>sos entes da fe<strong>de</strong>ração - é específica <strong>para</strong> as<strong>de</strong>spesas com pessoal e está prevista noart. 169 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, sen<strong>do</strong>a fixação <strong>do</strong>s limites remeti<strong>do</strong>s <strong>para</strong> leicomplementar.Encontram-se atualmente traça<strong>do</strong>s noart. 19 da Lei <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal– LRF 9 - a repartição <strong>do</strong>s limites globaisno art. 20 - ten<strong>do</strong> a mencionada normaprincipiológica a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> um parâmetropróprio, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como Receita CorrenteLíquida, representa<strong>do</strong> pelo somatório dasreceitas elencadas no inciso IV <strong>do</strong> art. 2ºda referida Lei Complementar Fe<strong>de</strong>ralnº 101/00.Por sua vez, a Emenda Constitucionalnº 25/00 – com <strong>de</strong>stinação exclusiva aoPo<strong>de</strong>r Legislativo Municipal - empregouvariável diversa, estabelecen<strong>do</strong> a cabeça<strong>do</strong> artigo 29-A um conjunto <strong>de</strong> naturezasque po<strong>de</strong>ria ser intitula<strong>do</strong> <strong>de</strong> Receita <strong>para</strong>apuração <strong>do</strong> gasto da Câmara Municipal,ou, simplesmente, Receita da CâmaraMunicipal, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser sublinhada adiferença <strong>do</strong> conceito-base entre as duasformas <strong>de</strong> apuração da Receita, vale dizer,<strong>do</strong>s critérios distintos <strong>de</strong> verificaçãoda LRF e da Emenda Constitucional nº25/00.No presente trabalho cuidaremosapenas da Receita contemplada no artigo29-A <strong>do</strong> Estatuto Supremo.Ovalor total das ReceitasTributárias Próprias e dasReceitas das TransferênciasConstitucionais Obrigatórias,<strong>de</strong>signa<strong>do</strong>, neste estu<strong>do</strong>, comoReceita da Câmara Municipal - baseda fração no cálculo <strong>do</strong> percentual da<strong>de</strong>spesa das Câmaras <strong>de</strong> Verea<strong>do</strong>res,na forma <strong>do</strong> art. 29-A da Magna Carta- resultará da adição das seguintesfontes:RECEITA TRIBUTÁRIA:· IPTU7Inciso aplicável ao Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.8MS 22.685-AL, Min. Celso <strong>de</strong> Mello (outras <strong>de</strong>cisões MS 21.855-DF, Rel. Min. Carlos Velloso, MS 22.390-MT, Rel. Min. Carlos Velloso, MS22.404-AL, Rel. Min. Moreira Alves, MS 23.277-AL, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, MS 23.783-RS, Rel. Min. Maurício Correa e MS 24.380-RO,Rel. Min. Ellen Gracie).9Lei Complementar nº 101/00:“Art. 19. Para os fins <strong>do</strong> disposto no caput <strong>do</strong> art. 169 da Constituição, a <strong>de</strong>spesa total com pessoal, em cada perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> apuração e em cada enteda Fe<strong>de</strong>ração, não po<strong>de</strong>rá exce<strong>de</strong>r os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discrimina<strong>do</strong>s:I - União: 50% (cinqüenta por cento);II - Esta<strong>do</strong>s: 60% (sessenta por cento);III - Municípios: 60% (sessenta por cento).”70 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ4. DA RECEITA DA CÂMARA MUNICIPAL· ISS· ITBI· Taxas· Dívida Ativa Tributária· Multas e Juros s/ Dívida Ativa <strong>do</strong>sTributos· Multas e Juros s/ TributosRECEITA DAS TRANSFERÊNCIASDO ESTADO:· Cota-Parte <strong>do</strong> ICMS· Cota-Parte <strong>do</strong> IPVA· Cota-Parte <strong>do</strong> IPI Exportação· Cota-Parte da CIDERECEITA DAS TRANSFERÊNCIASDA UNIÃO:· Cota-Parte <strong>do</strong> FPM· Cota-Parte <strong>do</strong> IRRF· Cota-Parte <strong>do</strong> IPTR· Cota-Parte <strong>do</strong> Imposto s/ Operaçõescom Ouro· Desoneração <strong>do</strong> ICMS ExportaçãoA Casa <strong>de</strong> Leis da Comuna - atentaaos princípios da prudência e da cautela– tem constantemente submeti<strong>do</strong> seuentendimento ao crivo <strong>de</strong>sta Corte <strong>de</strong><strong>Contas</strong>, aprofundan<strong>do</strong> permanentemente


os <strong>de</strong>bates acerca <strong>do</strong> cômputo da Receitada Câmara Municipal.Dentre as naturezas da receitaenumeradas retro, as que contam com<strong>de</strong>staque em negrito restaram por merecerenfrentamento <strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>o posicionamento ser minu<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>adiante.4.1. Das Multas e Jurose Desoneração <strong>do</strong> ICMSAs parcelas relativas às MULTASE JUROS S/DÍVIDA ATIVA DOSTRIBUTOS, MULTAS E JUROS S/TRIBUTOS e DESONERAÇÃO DOICMS EXPORTAÇÃO foram apreciadasquan<strong>do</strong> <strong>do</strong> encaminhamento da consultaformulada pelo Parlamento Municipal nosautos <strong>do</strong> processo CMRJ – 11.496/2004,ten<strong>do</strong> o <strong>do</strong>uto Plenário <strong>de</strong>libera<strong>do</strong>, naassentada <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2004, nostermos <strong>do</strong> voto nº 369/2004 <strong>do</strong> eminenteConselheiro JAIR LINS NETTO, pelainclusão <strong>do</strong>s recursos provenientes dasmencionadas receitas.O insigne Relator acompanhou, emsua fundamentação, a manifestaçãoda Assessora Especial <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>técnica, JAQUELINE DIAS DE MELLO,proferida - não sem antes <strong>de</strong>stacar o art.113 e seus incisos <strong>do</strong> Código TributárioNacional - nos seguintes termos:“Além da obrigação tributáriaprincipal, há a obrigação tributáriaacessória, consistente em <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>contribuinte ou <strong>de</strong> terceiros peranteo fisco, <strong>para</strong> dar efetivida<strong>de</strong> aorecolhimento ao erário <strong>do</strong>s tributos(dinheiro). A obrigação acessória échamada <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres instrumentaispela teoria <strong>do</strong> professor Paulo <strong>de</strong> BarrosCarvalho, os quais visam estimular certascondutas em benefício da ativida<strong>de</strong>arrecada<strong>do</strong>ra. São eles fixa<strong>do</strong>s pornormas gerais e abstratas, dirigin<strong>do</strong>-sediretamente ao sujeito passivo <strong>do</strong> tributoou a terceiros.“Para que se possa melhor enten<strong>de</strong>ro referi<strong>do</strong> dispositivo legal, torna-senecessário que se explique as diversas<strong>fase</strong>s da obrigação tributária: a lei, o fatogera<strong>do</strong>r e o lançamento.A regra na elaboração<strong>do</strong> orçamento <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Legislativo éa livre estipulação e<strong>de</strong>stinação <strong>do</strong>s recursos,caben<strong>do</strong> às duasCasas Congressuais, àsAssembléias Legislativase às Câmaras Municipaisos alocarem da forma quemelhor lhes aprouver,salvo, evi<strong>de</strong>ntemente, asexceções - inequívocas eexplícitas - constantes daCarta Fe<strong>de</strong>ral.“”“A lei contempla a obrigaçãotributária <strong>de</strong> forma abstrata, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong><strong>uma</strong> hipótese <strong>de</strong> incidência. Talobrigação só se concretizará quan<strong>do</strong>efetivamente ocorrer o fato gera<strong>do</strong>r, ouseja, materializar-se a situação prevista nalei, transforman<strong>do</strong> a obrigação tributária<strong>de</strong> abstrata em concreta. O lançamentoindividualiza a obrigação tributária,transforman<strong>do</strong>-a em obrigação líquida,constituin<strong>do</strong> o crédito tributário.(...)“Po<strong>de</strong>mos <strong>nova</strong>mente concluir que: aobrigação tributária, o crédito tributárioe n<strong>uma</strong> <strong>fase</strong> seguinte a dívida ativatributária têm to<strong>do</strong>s a mesma natureza,e se na obrigação existiam acessórios(multa e juros) estes terão a mesmanatureza até liquidação final <strong>do</strong> crédito.“Na receita tributária e logicamentena dívida ativa tributária, por idênticarazão, estão conti<strong>do</strong>s os juros, as multas,e a correção <strong>do</strong> crédito <strong>de</strong> naturezatributária. O juro <strong>de</strong> um crédito tributárioserá, por óbvio, um “juro tributário”,conseqüentemente integrará <strong>uma</strong>receita tributária. Conclusão contrária,conduziria ao absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>rque a receita tributária teria sua naturezaalterada tão-somente em função da datada liquidação da obrigação.”Em relação à inclusão da receita <strong>do</strong>srecursos oriun<strong>do</strong>s da Lei ComplementarFe<strong>de</strong>ral nº 87/96 – DESONERAÇÃODO ICMS EXPORTAÇÃO - foi cita<strong>do</strong>o entendimento <strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong> aoapreciar as <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> Gestão da Cida<strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, relativas ao exercício<strong>de</strong> 2002, sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada as conclusõesda Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Auditoria eDesenvolvimento - CAD:“Recursos oriun<strong>do</strong>s da Lei Kandir– A compensação <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong>os Esta<strong>do</strong>s e Municípios terem sofri<strong>do</strong>perdas na arrecadação <strong>do</strong> ICMS, em faceda <strong>de</strong>soneração das exportações. Destaforma, e muito embora as classificaçõesorçamentárias sejam distintas, <strong>de</strong>ve serda<strong>do</strong> idêntico tratamento aos recursosadvin<strong>do</strong>s da arrecadação <strong>do</strong> ICMS.”.Acrescente-se, por oportuno, quea edição da recentíssima MedidaProvisória nº 339, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2006 10 , praticamente roborou oentendimento <strong>de</strong>sta Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,quan<strong>do</strong> regulamentou o art. 60 <strong>do</strong> Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias,instituin<strong>do</strong> o Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Manutenção eDesenvolvimento da Educação Básicae <strong>de</strong> Valorização <strong>do</strong>s Profissionais daEducação – FUNDEB.Eis o texto <strong>do</strong> art. 60 <strong>do</strong> ADCT com a<strong>nova</strong> redação conferida pela da EmendaConstitucional nº 53/06, na parte que <strong>de</strong>perto interessa:“ Art. 60.........................................“II - os Fun<strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s no inciso I<strong>do</strong> caput <strong>de</strong>ste artigo serão constituí<strong>do</strong>spor 20% (vinte por cento) <strong>do</strong>s recursos aque se referem os incisos I, II e III <strong>do</strong> art.155; o inciso II <strong>do</strong> caput <strong>do</strong> art. 157; osincisos II, III e IV <strong>do</strong> caput <strong>do</strong> art. 158; eas alíneas a e b <strong>do</strong> inciso I e o inciso II <strong>do</strong>caput <strong>do</strong> art. 159, to<strong>do</strong>s da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, e distribuí<strong>do</strong>s entre cada Esta<strong>do</strong>e seus Municípios, proporcionalmente aonúmero <strong>de</strong> alunos das diversas etapase modalida<strong>de</strong>s da educação básicapresencial, matricula<strong>do</strong>s nas respectivasre<strong>de</strong>s, nos respectivos âmbitos <strong>de</strong> atuaçãoprioritária estabeleci<strong>do</strong>s nos §§ 2º e 3º <strong>do</strong>art. 211 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral;”10Convertida na Lei nº 11.494, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200771


artigoConfira-se, a propósito, o art. 3ºda mencionada Medida Provisóriaque especificou, <strong>de</strong>ntre os recursoscompreendi<strong>do</strong>s nos dispositivosconstitucionais indica<strong>do</strong>s acima, osseguintes:“Art. 3º Os Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cada Esta<strong>do</strong> e<strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral são compostos porvinte por cento das seguintes fontes<strong>de</strong> receita:.................“IX - receitas da dívida ativatributária relativa aos impostos previstosneste artigo, bem como juros e multaseventualmente inci<strong>de</strong>ntes...................“§ 2º Incluem-se na base <strong>de</strong> cálculo<strong>do</strong>s recursos referi<strong>do</strong>s nos incisos<strong>do</strong> caput <strong>de</strong>ste artigo, o montante <strong>de</strong>recursos financeiros transferi<strong>do</strong>s pelaUnião aos Esta<strong>do</strong>s, ao Distrito Fe<strong>de</strong>rale aos Municípios, conforme dispostona Lei Complementar no 87, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong>setembro <strong>de</strong> 1996.”4.2. Da Contribuição <strong>de</strong> Intervençãono Domínio Econômico-CIDEA incorporação da Cota-Parte daCIDE no cálculo da Receita da CâmaraMunicipal sobreveio em virtu<strong>de</strong> daEmenda Constitucional nº 42/03, teracrescenta<strong>do</strong> o § 4º a redação original<strong>do</strong> art. 159 11 , impon<strong>do</strong> aos Esta<strong>do</strong>s atransferência obrigatória <strong>de</strong> 25% (vinte ecinco por cento) <strong>do</strong>s recursos recebi<strong>do</strong>sda contribuição <strong>de</strong> intervenção no<strong>do</strong>mínio econômico inci<strong>de</strong>nte sobrea importação e comercialização<strong>de</strong> petróleo, gás natural e álcoolcombustível, bem como <strong>do</strong>s <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros, a intitulada CIDE-Combustíveis.A simples menção <strong>do</strong> art. 29-A astransferências <strong>do</strong> art. 159 é suficiente,a nosso sentir, <strong>para</strong> afastar maioreselucubrações a respeito da exegese <strong>do</strong>dispositivo constitucional, relembran<strong>do</strong>que não cabe ao intérprete distinguiron<strong>de</strong> a lei não distinguiu.4.3. Do Imposto <strong>de</strong> RendaReti<strong>do</strong> na Fonte-IRRFA última parcela a ser abordadaé a relativa a Cota-Parte <strong>do</strong> IRRF,<strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, ser registra<strong>do</strong>que os comentários não terão qualquerrepercussão no somatório final daReceita da Câmara Municipal, valen<strong>do</strong>apenas <strong>para</strong> alertar os responsáveis pelaedição das regras <strong>de</strong> consolidação dascontas nacionais acerca da necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> retificar a classificação padronizadapela Portaria Interministerial (STN/MF-SOF/MPOG) nº 163, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>2001.Anote-se, no entanto, que esta Corte<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> ao emitir o Parecer Prévio das<strong>Contas</strong> <strong>de</strong> Gestão relativas ao exercício<strong>de</strong> 2002, recomen<strong>do</strong>u a observância <strong>do</strong>disposto na Portaria STN nº 212/01, valedizer, a classificação da receita referenteao Imposto <strong>de</strong> Renda Reti<strong>do</strong> na Fontecomo Receita Tributária e não comoTransferência Intergovernamental.Portanto, frise-se o objetivo ésimplesmente <strong>de</strong>monstrar o <strong>de</strong>sacertoda classificação, porquanto o fato <strong>do</strong>IRRF, inci<strong>de</strong>nte sobre rendimentospagos, a qualquer título, pelosMunicípios pertencer ao próprio ente,não transmuda a sua natureza jurídica<strong>de</strong> imposto da União, logo, o seuenquadramento <strong>de</strong>veria permanecernas Transferências Intergovernamentais-Transferência da União e não na ReceitaTributária <strong>do</strong> Município.4.4. Do SUS, FUNDEF eRoyalties <strong>do</strong> petróleoAo cabo, anote-se, por oportuno,que a colenda Corte Superior <strong>de</strong>Justiça ao apreciar o Recurso Ordinárioem Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança RMSnº 15.173, impetra<strong>do</strong> pela CâmaraMunicipal <strong>de</strong> Belford Roxo em face <strong>do</strong>Prefeito daquela Comuna, conquantonão tenha arrola<strong>do</strong> expressamente asparcelas integrantes da base <strong>de</strong> cálculo<strong>do</strong> limite <strong>do</strong>s repasses efetua<strong>do</strong>s peloChefe <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo local, excluiuas receitas provenientes <strong>do</strong> SUS,Royalties e FUNDEF, confira-se, apropósito, a ementa <strong>do</strong> v. acórdão:“EMENTA: PROCESSUAL CIVILE CONSTITUCIONAL. RECURSOO R D I N Á R I O. M A N DA D O D ESEGURANÇA. RECEITA TRIBUTÁRIADO MUNICÍPIO. PERCENTUALA SER REPASSADO À CÂMARALEGISLATIVA MUNICIPAL. ARTS.29-A, 158 E 159 DA CF.“Ausência <strong>de</strong> direito líqui<strong>do</strong> e certoda impetrante, Câmara Legislativa <strong>de</strong>Belford Roxo, ao repasse pelo ExecutivoMunicipal das receitas provenientes<strong>do</strong> SUS, FUNDEF e Royalties <strong>do</strong>petróleo.‘Recurso ordinário improvi<strong>do</strong>.”Em resumo po<strong>de</strong>mos afirmar que oteto <strong>de</strong> 5% (cinco por cento) <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesada Câmara <strong>de</strong> Verea<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Município<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, prescrito no art. 29-Ada Constituição Fe<strong>de</strong>ral, será aferi<strong>do</strong>dividin<strong>do</strong>-se o dispêndio total da Casa<strong>de</strong> Leis, incluí<strong>do</strong>s os subsídios <strong>do</strong>sVerea<strong>do</strong>res e excluí<strong>do</strong>s os gastos cominativos, pelo somatório das Receitasprovenientes <strong>do</strong> IPTU, ISS, ITBI,TAXAS, DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA,MULTAS E JUROS S/DÍVIDA ATIVATRIBUTÁRIA, MULTAS E JUROS S/TRIBUTOS, COTAS-PARTE <strong>do</strong> ICMS,IPVA, IPI-Exportação, CIDE, FPM, IRRF,IPTR, IMPOSTO S/OPERAÇÕES COMOURO e DESONERAÇÃO DO ICMS-Exportação, excluídas as oriundas <strong>do</strong>SUS, FUNDEF e Royalties <strong>do</strong> petróleo.11Constituição Fe<strong>de</strong>ral:“Art. 159. A União entregará:............“III - <strong>do</strong> produto da arrecadação da contribuição <strong>de</strong> intervenção no <strong>do</strong>mínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) <strong>para</strong>os Esta<strong>do</strong>s e o Distrito Fe<strong>de</strong>ral, distribuí<strong>do</strong>s na forma da lei, observada a <strong>de</strong>stinação a que se refere o inciso II, c, <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> parágrafo.(Incluídapela EC nº 42/03 alterada a redação pela EC nº 44/04)............“§ 4º Do montante <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> que trata o inciso III que cabe a cada Esta<strong>do</strong>, vinte e cinco por cento serão <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos seus Municípios, naforma da lei a que se refere o menciona<strong>do</strong> inciso. (Incluí<strong>do</strong> pela EC nº 42/03).”.72 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


5. DO LIMITE COM FOLHA DE PAGAMENTOAs restrições a autonomiaadministrativa e financeiradas Casas <strong>de</strong> Leis Municipais,incorporadas pela Emenda Constitucionalnº 25/00, não se circunscreveram a cabeça<strong>do</strong> art. 29-A, ten<strong>do</strong> o seu § 1º instituí<strong>do</strong> <strong>uma</strong><strong>nova</strong> raia, vale dizer, <strong>uma</strong> baliza específica<strong>para</strong> o dispêndio <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo daUrbe com a folha <strong>de</strong> pagamento.Recor<strong>de</strong>-se, mais <strong>uma</strong> vez, o texto <strong>do</strong>dispositivo:“Art. 29-A. ............................................“§ 1o A Câmara Municipal não gastarámais <strong>de</strong> setenta por cento <strong>de</strong> sua receitacom folha <strong>de</strong> pagamento, incluí<strong>do</strong> o gastocom o subsídio <strong>de</strong> seus Verea<strong>do</strong>res.”.O legisla<strong>do</strong>r reforma<strong>do</strong>r manteve ométo<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> no caput <strong>do</strong> preceitotranscrito, ou seja, o limite máximo<strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa com a folha <strong>de</strong> pagamentofoi fixa<strong>do</strong> em percentual, tornan<strong>do</strong>-sefundamental <strong>para</strong> verificação a divisão <strong>de</strong>um valor por outro.A dificulda<strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, nãose concentra no quantum <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> –máximo <strong>de</strong> 70% (setenta por cento) – masna <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual será o numera<strong>do</strong>r e o<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sta fração.Isto porque as locuções “receita”da Câmara Municipal e folha <strong>de</strong>pagamento <strong>de</strong>mandarão enorme esforço<strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> direito, em perscrutaremo verda<strong>de</strong>iro senti<strong>do</strong> e alcance <strong>de</strong>stas duasexpressões constitucionais.Vem a talho a advertência <strong>de</strong> um <strong>do</strong>smaiores especialistas na matéria, o cultoProcura<strong>do</strong>r SÉRGIO ANTONIO FERRARIFILHO, proferida em conferência sobre otema:“A Emenda 25 é <strong>de</strong> péssima técnicalegislativa. (...). Fala ainda em “folha<strong>de</strong> pagamento”, expressão típica <strong>de</strong><strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> empresas,mas certamente indigna <strong>de</strong> figurar naCarta Política <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nação. Finalmente,lança o esdrúxulo conceito (?) <strong>de</strong> “receita”das Câmaras Municipais, quan<strong>do</strong> se sabeque estas não são órgãos arrecada<strong>do</strong>res,mas executores <strong>de</strong> orçamento, cujo aportefinanceiro é constituí<strong>do</strong> exclusivamentepelos repasses financeiros recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Tesouro Municipal.” 12“O constituinteoriginário, ao garantiracesso aos necessáriosrecursos, não sófirmou o meio <strong>para</strong>o livre exercício dasatribuições <strong>do</strong>s órgãosconstitucionais – quemquer os fins fornece osmeios - como estabeleceutambém a mais grave dassanções – a intervençãofe<strong>de</strong>ral - no caso <strong>de</strong>obstaculizarem o<strong>de</strong>sempenho das funçõesintrínsecas a cadaum <strong>de</strong>les.”5.1. Do vocábulo “receita”no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> repasseA <strong>do</strong>utrina tem insistentementeverbera<strong>do</strong> a menção ao termo “receita”,ten<strong>do</strong> as intelecções, em sua quasetotalida<strong>de</strong> das vezes, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>a acepção isolada <strong>do</strong> vocábulo.A reprovação, em voz praticamenteuníssona, ressalta que a própria CartaMagna ao tratar <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aosPo<strong>de</strong>res e órgãos constitucionais autônomos- tirante, por óbvio, o Po<strong>de</strong>r Executivo– fixa no art. 168 o prazo <strong>de</strong> entrega <strong>do</strong>sduodécimos em até o dia 20 <strong>de</strong> cada mês.Veja-se o texto <strong>do</strong> dispositivo coma redação conferida pela EmendaConstitucional nº 45/04:“Art. 168. Os recursos correspon<strong>de</strong>ntesàs <strong>do</strong>tações orçamentárias, compreendi<strong>do</strong>sos créditos suplementares e especiais,<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos órgãos <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>resLegislativo e Judiciário, <strong>do</strong> MinistérioPúblico e da Defensoria Pública, ser-lhesãoentregues até o dia 20 <strong>de</strong> cada mês, emduodécimos, na forma da lei complementara que se refere o art. 165, § 9º.”A garantia <strong>do</strong> repasse <strong>de</strong>correjustamente da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se assegurara atuação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s órgãosestatais, caso contrário ten<strong>de</strong>ríamos<strong>para</strong> a hipertrofia <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r responsávelpela arrecadação <strong>do</strong>s dinheiros públicos,ensejan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio no funcionamento<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, com conseqüências nefastas<strong>para</strong> a socieda<strong>de</strong>.O ilustre Ministro ANTÔNIO DEPÁDUA RIBEIRO <strong>do</strong> Superior <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong>stacou, em artigo sobre aautonomia administrativa e financeira<strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, a importância daatual constituição contemplar esta antigareivindicação <strong>do</strong>s juristas nacionais.“A propósito, tivemos ocasião <strong>de</strong> dizerque a Constituição anterior ensejou ahipertrofia <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo, atingin<strong>do</strong>seriamente o princípio da in<strong>de</strong>pendênciae harmonia <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res por ela própriaa<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>. O Legislativo foi converti<strong>do</strong> emmero órgão <strong>de</strong> homologação da legislaçãoeditada pelo Executivo, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretosleis,e o Judiciário não po<strong>de</strong> acompanhar o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> País, porque sempreestava a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> Executivo <strong>para</strong> ainclusão no orçamento das verbas <strong>do</strong>seu interesse e da sua posterior liberação,o que ocorria, em regra, <strong>de</strong> maneiraparcimoniosa: os recursos concedi<strong>do</strong>seram manifestamente insuficientes <strong>para</strong>aten<strong>de</strong>r às suas reais necessida<strong>de</strong>s. OsPresi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s Tribunais ficavam semprea <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da boa vonta<strong>de</strong> das Chefias<strong>do</strong>s órgãos Fazendários e <strong>de</strong> Planejamento,situan<strong>do</strong>-se em posição aviltante em termos<strong>de</strong> relacionamento entre Po<strong>de</strong>res.” 1312FERRARI FILHO, Sérgio Antonio. A Emenda Constitucional nº 25 e o Marketing Legislativo. Revista <strong>de</strong> Direito da Procura<strong>do</strong>ria-Geral daCâmara Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v.5, n.10, p. 68 (jul./<strong>de</strong>z. 2001).13RIBEIRO, Antônio <strong>de</strong> Pádua. A Autonomia Administrativa e Financeira <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário. Palestra proferida em 2/10/1991, na VII Conferência<strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro “Congresso Sobral Pinto” - Salão Nobre <strong>do</strong> Hotel Glória. Disponível em: http://bdjur.stj.gov.br/dspace/handle/2011/216. Acesso em: 1 mar. 2007.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200773


artigoO constituinte originário, ao garantiracesso aos necessários recursos, não sófirmou o meio <strong>para</strong> o livre exercício dasatribuições <strong>do</strong>s órgãos constitucionais– quem quer os fins fornece os meios -como estabeleceu também a mais gravedas sanções – a intervenção fe<strong>de</strong>ral - nocaso <strong>de</strong> obstaculizarem o <strong>de</strong>sempenhodas funções intrínsecas a cada um<strong>de</strong>les.O legisla<strong>do</strong>r com po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> emenda,por sua vez, ao promulgar a EmendaConstitucional nº 25/00, reafirmouno § 2º <strong>do</strong> art. 29-A a autonomiaadministrativa e financeira <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rLegislativo Municipal, tipifican<strong>do</strong> ascondutas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento das normasrelativas ao repasse <strong>do</strong>s recursos comocrime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Prefeito.Vejamos os preceitos:“Art. 29-A ..........................................“2º Constitui crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><strong>do</strong> Prefeito Municipal:...........................“II - não enviar o repasse até o diavinte <strong>de</strong> cada mês; ou“III - enviá-lo a menor em relação àproporção fixada na Lei Orçamentária.”.O imbricamento <strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>sdispositivos constitucionais restou porsedimentar o entendimento da maioriada <strong>do</strong>utrina e das Cortes <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>País, espelhan<strong>do</strong> a posição a conclusãoesboçada no artigo intitula<strong>do</strong> “EmendaConstitucional 25: Aspectos polêmicos”<strong>do</strong>s Conselheiros Substitutos CARLOSMAURÍCIO CABRAL FIGUEIREDO eMARCOS NÓBREGA:“Não há dúvida <strong>de</strong> que a dicçãocontemplada na Emenda 25 quanto àutilização <strong>do</strong> vocábulo “receita” não foifeliz. A Câmara Municipal, no senti<strong>do</strong>jurídico <strong>do</strong> termo, não aufere receita...............................“Logo, diante da improprieda<strong>de</strong>,<strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r receita estabelecida daEmenda Amin como os repasses, por forçaconstitucional, efetua<strong>do</strong>s pelo Executivoao Legislativo” 14 . (assinalamos)Diante disso, <strong>de</strong>veriam ser soma<strong>do</strong>sto<strong>do</strong>s os repasses efetua<strong>do</strong>s no exercíciopelo Tesouro Municipal à Câmara <strong>de</strong>Verea<strong>do</strong>res e <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> somente70% (setenta por cento) po<strong>de</strong>riamser <strong>de</strong>sembolsa<strong>do</strong>s com a folha <strong>de</strong>pagamento.Em palavras outras, a base da fraçãoseria o somatório <strong>do</strong>s duodécimosrepassa<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong>r aoorçamento total <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r LegislativoMunicipal ou valor menor se o parlamentomunicipal sponte sua renunciasse parcela<strong>do</strong>s repasses.5.2. Do vocábulo “receita”no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> orçamentoA exegese que sustenta simplesmentecompreen<strong>de</strong>r o termo “receita” nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> “repasse”, po<strong>de</strong> conduzir,como veremos abaixo, a resulta<strong>do</strong>scontrários a própria finalida<strong>de</strong> danorma, em outro dizer, a estimular as<strong>de</strong>spesas e não a redução <strong>do</strong> dispêndiocom o funcionamento das CâmarasMunicipais.O notável Procura<strong>do</strong>r SERGIOANTONIO FERRARI FILHO da Casa<strong>de</strong> Leis <strong>de</strong>sta Urbe, em mais um <strong>de</strong> seusprimorosos opinamentos – Parecer nº07/01 – SAFF- após ressaltar a aplicação<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> teleológico, abor<strong>do</strong>u a questãocom a maestria habitual:“Na prática, esta conclusão po<strong>de</strong>riaencontrar alg<strong>uma</strong>s objeções, com oseguinte teor: se a Câmara não executarintegralmente os 30% restantes <strong>de</strong> seuorçamento <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> assim <strong>de</strong> recebero repasse integral, não estaria alterada abase <strong>de</strong> cálculo? Ainda n<strong>uma</strong> linha <strong>de</strong>interpretação teleológica, esta posiçãolevaria a seguinte conseqüência: as CasasLegislativas <strong>de</strong>veriam sempre recebera integralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus recursos (comolhes faculta a Constituição) e, caso nãoexcetuassem to<strong>do</strong> o orçamento, <strong>de</strong>ixariamrecursos em caixa, tão somente <strong>para</strong>manter a base <strong>de</strong> cálculo da <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong>pessoal. Conclusões absurdas, ensinaa boa hermenêutica, <strong>de</strong>vem levar aoaban<strong>do</strong>no da hipótese que as produziu.Esta interpretação incentivaria ainda aque as Câmaras Municipais criassemartificialmente <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital o<strong>uma</strong>nutenção, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a viabilizar suas<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal, o que tambémcontrariaria absurdamente o <strong>de</strong>si<strong>de</strong>ratoda norma, que é exatamente o <strong>de</strong> reduzir<strong>de</strong>spesas e não aumentá-las.“Ainda <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> a interpretaçãocontrária à minha conclusão, estaimpossibilitaria também que a Câmara<strong>de</strong>volvesse ao Tesouro Municipal recursosnão utiliza<strong>do</strong>s – como freqüentementefaz – pois isso levaria a <strong>uma</strong> redução“retroativa” da base <strong>de</strong> cálculo dalimitação, obrigan<strong>do</strong> a reduzir <strong>de</strong>spesa<strong>de</strong> pessoal já realizadas e pagas (!).(...)“Parece ser esta tese, com to<strong>do</strong>respeito aos seus formula<strong>do</strong>res epartidários, própria <strong>de</strong> <strong>uma</strong> interpretaçãoliteral, per<strong>do</strong>ável aos conta<strong>do</strong>res eeconomistas, menos afetos às sutilizasda interpretação jurídica, que <strong>de</strong>venecessariamente conjugar outros méto<strong>do</strong>shermenêuticos.” 15 .As implicações - em se consi<strong>de</strong>rar otermo “receita” na acepção <strong>de</strong> “repasse”– foram sobejamente <strong>de</strong>monstradas,resultan<strong>do</strong> no <strong>de</strong>sestímulo a economianos gastos <strong>de</strong> manutenção <strong>do</strong> legislativoem função <strong>de</strong> sua correlação direta comas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal.Ao final, encerrou entendimento<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser mais razoável a<strong>do</strong>tarcomo “receita” o valor <strong>do</strong> orçamentototal <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo Municipal enão o somatório <strong>do</strong>s repasses financeirosrecebi<strong>do</strong>s no exercício.Noutro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> dizer as coisas, o<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>r da fração que aferirá olimite <strong>de</strong> 70% (setenta por cento) como <strong>de</strong>sembolso da folha <strong>de</strong> pagamentoserá sempre o valor total <strong>do</strong>s recursosfixa<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a Câmara Municipal naLei Orçamentária Anual, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>ser acresci<strong>do</strong> em função <strong>de</strong> créditosadicionais.14Administração pública: direitos administrativo, financeiro e gestão pública: prática, i<strong>nova</strong>ções e polêmicas / organiza<strong>do</strong>res Carlos MaurícioFigueire<strong>do</strong>, Marcos Nóbrega. São Paulo: Editora Revista <strong>do</strong>s Tribunais, 2002, págs. 114/115.15RFERRARI FILHO, Sérgio Antonio. Conceito <strong>de</strong> Receita na Emenda Constitucional nº 25. Revista <strong>de</strong> Direito da Procura<strong>do</strong>ria-Geral da CâmaraMunicipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v.5, n.10, págs. 112/113 (jul./<strong>de</strong>z. 2001).74 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


5.3. Da locução “receita” daCâmara MunicipalA interpretação anteriormente<strong>de</strong>buxada revelou a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se atribuir ao termo “receita” a acepção<strong>de</strong> “repasse”, sugerin<strong>do</strong> sua substituiçãopelo valor <strong>do</strong> orçamento total <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rLegislativo, em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> entendimentooposto caminhar em senti<strong>do</strong> contrário aprópria norma, é dizer, provocar o aumentoda <strong>de</strong>spesa e não a sua redução.Não obstante o brilhantismo datese esposada e embora a intelecçãoproposta aplaine a questão da necessida<strong>de</strong><strong>do</strong> recebimento da integralida<strong>de</strong> <strong>do</strong>srecursos financeiros, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, nestemister, aos postula<strong>do</strong>s da eficiência -melhor gestão <strong>do</strong>s recursos públicos - nãooferece, data maxima venia, a mesmaharmonia quan<strong>do</strong> incorporamos àanálise o princípio <strong>do</strong> planejamento comsua <strong>nova</strong> roupagem ditada pelo Esta<strong>do</strong>Democrático <strong>de</strong> Direito.Porquanto, estaríamos - com apoio naescorreita lógica jurídica <strong>de</strong>senvolvida -propician<strong>do</strong> a elaboração <strong>de</strong> orçamentosfictícios, fixa<strong>do</strong>s por bases irreais, ou, nosprecisos termos da Promoção, crian<strong>do</strong>“artificialmente <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital o<strong>uma</strong>nutenção, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a viabilizar suas<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal”.Não po<strong>de</strong>mos nos esquecer queo sistema <strong>de</strong> planejamento <strong>do</strong>s entesfe<strong>de</strong>rativos está alicerça<strong>do</strong> no PlanoPlurianual-PPA, na Lei <strong>de</strong> DiretrizesOrçamentárias-LDO e na Lei OrçamentáriaAnual-LOA, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> as mencionadasleis retratarem o projeto políticoapresenta<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelos eleitoresquan<strong>do</strong> da escolha <strong>de</strong> seus dirigentes erepresentantes.Conquanto o Congresso Nacionalainda não tenha se <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à modificaçãoda forma <strong>de</strong> apresentação e elaboraçãodas peças orçamentárias, manten<strong>do</strong>-aspraticamente incompreensíveis <strong>para</strong>população em geral, é <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s,conforme <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> MARIA CLARA R. M.DO PRADO, torná-las menos complexasAs leisorçamentárias, semprepouco valorizadas emnosso país, receberamnovo alento apósa edição da Lei <strong>de</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal,exigin<strong>do</strong> o novel sistema<strong>de</strong> planejamento nãoapenas a previsão dasreceitas e a fixaçãodas <strong>de</strong>spesas, mas oequilíbrio fiscal.“”e transparentes:“O orçamento público é <strong>uma</strong> dasmais importantes peças <strong>do</strong> arcabouçoinstitucional <strong>de</strong> um país. Ajuda a reforçara consciência <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s cidadãos,contribuintes que somos to<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong><strong>de</strong>stinamos parte da própria renda <strong>para</strong>cobrir gastos que são da competênciapública administrar. Portanto, a cara,a forma e to<strong>do</strong>s os procedimentos emtorno <strong>do</strong>s orçamentos <strong>do</strong>s governos estãointimamente relaciona<strong>do</strong>s à maturida<strong>de</strong>política que orienta o funcionamento <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>.” 16As leis orçamentárias, sempre poucovalorizadas em nosso país, receberamnovo alento após a edição da Lei <strong>de</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal, exigin<strong>do</strong> onovel sistema <strong>de</strong> planejamento nãoapenas a previsão das receitas e a fixaçãodas <strong>de</strong>spesas, mas o equilíbrio fiscal.Lapidar, sob este aspecto, o escólio,erudito e insuperável, <strong>do</strong> mestre <strong>do</strong>smestres DIOGO DE FIGUEIREDOMOREIRA NETO, em cuja obra sobre otema tivemos o privilégio <strong>de</strong> colaborar:“O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Direito submeteu aativida<strong>de</strong> financeira pública ao princípio<strong>do</strong> planejamento, o que exigia a previsão<strong>de</strong> receitas e fixação <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> custeioe <strong>de</strong> capital em orçamento público, comolei formal a ser observada.“O Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direitovai além, <strong>para</strong> submeter-se tambéma ativida<strong>de</strong> financeira e o próprioplanejamento público ao princípio<strong>do</strong> equilíbrio fiscal, passan<strong>do</strong>-se aexigir que a execução orçamentária seconduza <strong>de</strong> forma a balancear as <strong>de</strong>spesasnão só com a realida<strong>de</strong> numérica daarrecadação da receita, como tambémcom as peculiarida<strong>de</strong>s da realida<strong>de</strong> sócioeconômicaencontradas em cada unida<strong>de</strong>financeiramente autônoma.” 17 (originalsem <strong>de</strong>staque)Destarte, a exegese forçaria as Casas<strong>de</strong> Leis Municipais a elaborarem suaspropostas orçamentárias sempre pelovalor máximo permiti<strong>do</strong>, noutro giro,pelo seu teto, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> umdimensionamento preciso das <strong>de</strong>spesas<strong>para</strong> implementação <strong>de</strong> seus projetos,objetivan<strong>do</strong> com isso apenas viabilizaros gastos com pessoal.Na interpretação que se empreen<strong>de</strong>ráabaixo, examinaremos a matéria com “asjanelas escancaradas <strong>para</strong> a realida<strong>de</strong>”,relembran<strong>do</strong> a advertência <strong>do</strong> eminenteMinistro VICTOR NUNES LEAL <strong>de</strong>que a realida<strong>de</strong> é um <strong>do</strong>s principaisinstrumentos <strong>do</strong> jurista.Buscar-se-á entrelaçar os princípiosda autonomia <strong>do</strong>s entes fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, dain<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res, da eficiência,<strong>do</strong> planejamento e <strong>do</strong> equilíbriofiscal com a finalida<strong>de</strong> da norma,vale repetir, a redução das <strong>de</strong>spesascom o funcionamento das CâmarasMunicipais.Os passos iniciais serão nortea<strong>do</strong>spela lição <strong>do</strong> insigne jurista CARLOSMAXIMILIANO PEREIRA DA SILVA,quan<strong>do</strong>, ao registrar que to<strong>do</strong>s pensammelhor que escrevem, asseverou:“Nada <strong>de</strong> exclusivo apego aosvocábulos. O <strong>de</strong>ver <strong>do</strong> juiz não é aplicar osparágrafos isola<strong>do</strong>s, e, sim, os princípiosjurídicos em boa hora cristaliza<strong>do</strong>s em16Artigo intitula<strong>do</strong> “Transparência no Orçamento” publica<strong>do</strong> no jornal valor econômico <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007.17MOREIRA NETO, Diogo <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong>. Consi<strong>de</strong>rações sobre a Lei <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal – Finanças públicas <strong>de</strong>mocráticas. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,Re<strong>nova</strong>r, 2001, p. 61.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200775


artigonormas positivas.” 18 . (grifamos)Para facilitar a aplicação <strong>do</strong>ensinamento à hipótese versada, valetranscrever, <strong>uma</strong> vez mais, o texto <strong>do</strong>dispositivo, omitin<strong>do</strong> propositadamenteos incisos:“Art. 29-A. O total da <strong>de</strong>spesa <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Legislativo Municipal, incluí<strong>do</strong>sos subsídios <strong>do</strong>s Verea<strong>do</strong>res e excluí<strong>do</strong>sos gastos com inativos, não po<strong>de</strong>ráultrapassar os seguintes percentuais,relativos ao somatório da receita tributáriae das transferências previstas no § 5o <strong>do</strong>art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamenterealiza<strong>do</strong> no exercício anterior:.........................“§ 1o A Câmara Municipal não gastarámais <strong>de</strong> setenta por cento <strong>de</strong> sua receitacom folha <strong>de</strong> pagamento, incluí<strong>do</strong> o gastocom o subsídio <strong>de</strong> seus Verea<strong>do</strong>res.”.Neste trabalho, ao analisarmos aquestão das rubricas estampadas no caput<strong>do</strong> art. 29-A, propusemos a <strong>de</strong>nominação<strong>de</strong> Receita <strong>para</strong> apuração <strong>do</strong> gasto daCâmara Municipal, ou simplesmente,Receita da Câmara Municipal.O § 1º se refere, em última análise,a receita da Câmara Municipal, o que, anosso sentir, se interpreta<strong>do</strong> em conjuntocom a cabeça <strong>do</strong> artigo 29-A nos conduziránão a interpretação isolada <strong>do</strong> parágrafoe, por conseqüência, <strong>do</strong> termo “receita”– ora como repasse, ora como orçamento- mas da locução Receita da CâmaraMunicipal.O propósito <strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r reforma<strong>do</strong>rfoi estabelecer um limite <strong>para</strong> a <strong>de</strong>spesatotal com a Câmara Municipal (art. 29-A)e <strong>de</strong>le <strong>de</strong>marcar o quantum po<strong>de</strong>rá ser<strong>de</strong>spendi<strong>do</strong> com a folha <strong>de</strong> pagamento(§1º).Relembre-se, agora nas palavras<strong>do</strong> festeja<strong>do</strong> Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro e Professor MARCUSJURUENA VILLELA SOUTO, os méto<strong>do</strong>s<strong>de</strong> exegese:“É prática na hermenêutica que asnormas não comportam interpretaçãoisolada, mas sim em consonância com ocontexto em que se situam, sen<strong>do</strong>, pois,relevantes os princípios da lei, bem comoo condicionante <strong>de</strong> que o parágrafo <strong>de</strong>vesempre ser interpreta<strong>do</strong> no espíritoestabeleci<strong>do</strong> no caput”. 19 (<strong>de</strong>stacamos)Não são, data maxima venia, <strong>do</strong>istetos absolutamente distintos, mas umlimite extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro, vale dizer, noMunicípio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro <strong>do</strong>s 5% (cincopor cento) da Receita a que a Câmara po<strong>de</strong>ter direito, somadas as receitas tributáriase as receitas <strong>de</strong> transferências, 70%(setenta por cento) <strong>de</strong>ste valor po<strong>de</strong>rá sergasto com folha <strong>de</strong> pagamento.Em outras palavras, os 70% (setentapor cento) não <strong>de</strong>vem ser calcula<strong>do</strong>s<strong>do</strong> orçamento fixa<strong>do</strong> <strong>para</strong> CâmaraMunicipal – <strong>do</strong>tação da Lei <strong>de</strong> Meios- mas <strong>do</strong> limite máximo permiti<strong>do</strong> <strong>para</strong>o seu orçamento - Receita da CâmaraMunicipal.Tal fato permitirá que o LegislativoMunicipal reduza o orçamento <strong>de</strong>manutenção das Casas <strong>de</strong> Leis, semprejudicar as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal.Na verda<strong>de</strong> não existe <strong>uma</strong> correlaçãodireta entre as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> manutenção eos gastos com pessoal, mas <strong>do</strong>is limites aserem obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong>s: um extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro.Do contrário, seríamos praticamenteobriga<strong>do</strong>s a elevar a <strong>de</strong>spesa total <strong>do</strong>parlamento municipal – seja orçamentáriaou financeira - em função da folha <strong>de</strong>pagamento.Se o orçamento é menor – a Câmara<strong>de</strong> Verea<strong>do</strong>res já economiza – ela nãopo<strong>de</strong> ser punida por <strong>de</strong>mandar menosrecursos, seria um verda<strong>de</strong>iro contrasensoe é princípio comezinho <strong>de</strong> direitoque as interpretações que levam aoabsur<strong>do</strong> <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scartadas. Seria umverda<strong>de</strong>iro bis in i<strong>de</strong>m.Exemplifican<strong>do</strong>: O valor da Receitaanual <strong>do</strong> município comporta umorçamento <strong>para</strong> o Po<strong>de</strong>r Legislativo <strong>de</strong>até 100 unida<strong>de</strong>s monetárias. A Câmara,após verificar todas suas necessida<strong>de</strong>s,apresenta como proposta <strong>para</strong> seuorçamento 80 unida<strong>de</strong>s monetárias.Valor este menor <strong>do</strong> que o <strong>do</strong> teto quepo<strong>de</strong>ria ter direito. Gasta com pessoal 68unida<strong>de</strong>s monetárias. Se o percentual <strong>de</strong>70% com <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> pessoal for apura<strong>do</strong>consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong> atual orçamentofixa<strong>do</strong>, a Casa <strong>de</strong> Leis teria ultrapassa<strong>do</strong>o limite, pois dividin<strong>do</strong> 68 por 80chegaríamos a 85% <strong>de</strong> gasto com pessoal.Isto praticamente obrigaria o ParlamentoMunicipal a fixar o seu orçamento peloteto. Por outro la<strong>do</strong>, se o cálculo fosserealiza<strong>do</strong> com base na Receita possível<strong>para</strong> o Legislativo municipal - Receitada Câmara Municipal, o gasto <strong>de</strong> 68unida<strong>de</strong>s monetárias não ultrapassaria omenciona<strong>do</strong> limite <strong>de</strong> pessoal e estaríamoseconomizan<strong>do</strong> no seu funcionamento.A exegese proposta permitirá aelaboração <strong>de</strong> orçamentos maisenxutos – espelhan<strong>do</strong> a real necessida<strong>de</strong><strong>do</strong> Parlamento – sem se <strong>de</strong>scurar<strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong>s postula<strong>do</strong>sconstitucionais inerentes ao teto da<strong>de</strong>spesa <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo Municipale ao limite com a folha <strong>de</strong> pagamento.No tocante à harmonização <strong>do</strong>sprincípios e regras tradicionais <strong>de</strong>hermenêuticas, temos:i. Preserva<strong>do</strong>s os preceitos orienta<strong>do</strong>ressegun<strong>do</strong> os quais os parágrafos não <strong>de</strong>vemser interpreta<strong>do</strong>s isoladamente e o <strong>de</strong>que as exceções <strong>de</strong>vem ser interpretadasrestritivamente, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> porconseqüência ao princípio da autonomia<strong>do</strong>s entes fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s;ii. Evita<strong>do</strong> o esvaziamento dain<strong>de</strong>pendência orgânica <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>resou <strong>de</strong> competências privativas em face<strong>de</strong> <strong>uma</strong> interpretação ampliativa daslimitações ao Po<strong>de</strong>r Legislativo, violan<strong>do</strong>o postula<strong>do</strong> da se<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res;iii. Contempla<strong>do</strong> o princípio da eficiênciada<strong>do</strong> que os gastos com a folha <strong>de</strong>pagamento não restariam prejudica<strong>do</strong>sem função da economia promovida nas<strong>de</strong>spesas com o funcionamento das Casas<strong>de</strong> Leis; eiv. Congrega<strong>do</strong> os postula<strong>do</strong>s <strong>do</strong>planejamento e <strong>do</strong> equilíbrio fiscalna medida em que os orçamentosmensurariam a real necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong>órgão, combaten<strong>do</strong> as <strong>de</strong>nominadas peças<strong>de</strong> ficção orçamentária, tornan<strong>do</strong> maistransparentes as contas públicas.Em s<strong>uma</strong>: os órgãos <strong>de</strong> controleinterno e externo <strong>de</strong>vem concentrara apuração <strong>do</strong> limite com folha <strong>de</strong>pagamento no teto fixa<strong>do</strong> <strong>para</strong> o Po<strong>de</strong>r18Ob. Cit. pág. 119.19SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direito Administrativo Contratual. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro: Lumen Júris, 2004, p. 230.76 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Legislativo Municipal - no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>orçamento possível. No Município <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro nos 5% (cinco por cento)da <strong>de</strong>nominada Receita da CâmaraMunicipal, calculada na forma previstano art. 29-A da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.Noutro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> dizer as coisas, o<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>r da fração será extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong>limite máximo permiti<strong>do</strong> <strong>para</strong> orçamentoda Casa <strong>de</strong> Leis Municipal e não <strong>do</strong>srecursos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na Lei OrçamentáriaAnual, ou seja, <strong>do</strong> teto - <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> como critério populacional – aplica<strong>do</strong> aosomatório das receitas tributárias e dasreceitas <strong>de</strong> transferências listadas no art.29-A da Carta Magna.5.4. Do conceito <strong>de</strong> folha<strong>de</strong> pagamentoInovou o constituinte com po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>emenda ao <strong>de</strong>sprezar - aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> aboa técnica legislativa - a utilização <strong>do</strong>conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> pessoal, insculpi<strong>do</strong>no art. 169 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral eregulamenta<strong>do</strong> em outros diplomas legais,estipulan<strong>do</strong> um novo parâmetro – aomenos constitucional - <strong>para</strong> a contenção<strong>de</strong> gastos por intermédio da expressãofolha <strong>de</strong> pagamento.Esta Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> teve aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestar-se por duasvezes sobre a correta acepção da locuçãofolha <strong>de</strong> pagamento, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> quais oselementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa estão abarca<strong>do</strong>s poresta raia específica.5.4.1. Dos encargos sociaisA primeira consulta versavaacerca da inclusão das contribuiçõesprevi<strong>de</strong>nciárias 20 , ten<strong>do</strong> o <strong>do</strong>utoPlenário, ao apreciar a dicotomia folha<strong>de</strong> pagamento e <strong>de</strong>spesa total <strong>de</strong> pessoal,<strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>, em sessão <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong>2001, nos termos <strong>do</strong> voto nº 590/2001 <strong>do</strong>eminente Conselheiro JAIR LINS NETTO,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que as disposições contidasno art. 29-A, § 1º, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral,ao limitarem os seus gastos com a folha<strong>de</strong> pagamento em 70% <strong>de</strong> sua receita, nãoprevêem a inclusão nela <strong>do</strong>s encargosNão existe <strong>uma</strong>correlação diretaentre as <strong>de</strong>spesas<strong>de</strong> manutenção e osgastos com pessoal,mas <strong>do</strong>is limites aserem obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong>s:um extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong>outro. Do contrário,seríamos praticamenteobriga<strong>do</strong>s a elevara <strong>de</strong>spesa total <strong>do</strong>parlamento municipal– seja orçamentáriaou financeira - emfunção da folha <strong>de</strong>pagamento.“”sociais.O ilustre Relator, na oportunida<strong>de</strong>,trouxe à colação a seguinte manifestação<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais:“Em verda<strong>de</strong>, encargos sociais sãoobrigações que <strong>de</strong>correm da folha, masnão integram o seu montante. Essas<strong>de</strong>spesas são distintas e acontecem emmomentos diferentes. Por isso, o conceitojurídico <strong>de</strong> folha <strong>de</strong> pagamento não éelástico ao ponto <strong>de</strong> incluir os encargossociais que <strong>de</strong>la somente se utiliza <strong>para</strong>fins <strong>de</strong> base <strong>de</strong> cálculo.“Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se inferir queos encargos sociais escapam <strong>do</strong> conceitoconstitucional folha <strong>de</strong> pagamento. Nãofosse assim, o legisla<strong>do</strong>r, como fez com ossubsídios <strong>do</strong>s Verea<strong>do</strong>res que fazem parte<strong>de</strong> <strong>uma</strong> folha específica, teria inseri<strong>do</strong> notexto <strong>do</strong> art. 29A a expressão “inclusiveos encargos sociais”. Logo, on<strong>de</strong> a lei nãodistingue, não é permiti<strong>do</strong> ao intérpretefazê-lo.“Assim, resta evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que a regra<strong>do</strong> limite <strong>de</strong> 70% da receita com folha<strong>de</strong> pagamento, aplicada num conceitojurídico, não alcança os encargossociais.”E antes <strong>de</strong> concluir, em palavras suas,complementou:“Acresce, ainda, anotar que,admitin<strong>do</strong>-se a interpretação contrária,com a ampliação <strong>do</strong> conceito que,tradicionalmente, o direito positivobrasileiro vem dan<strong>do</strong> à expressão folha <strong>de</strong>pagamento, distinguin<strong>do</strong>-a, precisamente,<strong>do</strong>s encargos previ<strong>de</strong>nciários que sobreela inci<strong>de</strong>m, implicaria em vulnerargravemente a autonomia e o plenoexercício <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res municipais,subordina<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>starte, a <strong>de</strong>cisõesabruptas e incontrastáveis <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>reslegislativo e executivo fe<strong>de</strong>rais quanto aalteração das alíquotas e bases <strong>de</strong> cálculodas contribuições em or<strong>de</strong>m a inviabilizaro seu próprio funcionamento.”5.4.2. Das parcelas in<strong>de</strong>nizatóriasA segunda indagação tratava daexclusão <strong>do</strong> cálculo das parcelas <strong>de</strong> cunhoin<strong>de</strong>nizatório <strong>de</strong>vidamente relacionadasno corpo da consulta 21 , ten<strong>do</strong> o <strong>Tribunal</strong>,ao examinar cada <strong>uma</strong> <strong>de</strong> per si, <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>,na assentada <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2004,nos termos <strong>do</strong> Voto nº 527/2004 <strong>do</strong>insigne Conselheiro FERNANDO BUENOGUIMARÃES, pelo acolhimento <strong>do</strong>entendimento da <strong>do</strong>uta Procura<strong>do</strong>ria-Geral da Câmara Municipal, lança<strong>do</strong> noParecer nº 11/03 – SAFF, consistin<strong>do</strong> naexclusão da folha <strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong>sitens arrola<strong>do</strong>s.A Promoção da lavra <strong>do</strong> célebreProcura<strong>do</strong>r SÉRGIO ANTÔNIO FERRARIFILHO, aprovada pela ilustre Procura<strong>do</strong>ra-Geral da Câmara Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro, JÂNIA MARIA DE SOUZA,afastou <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> folha <strong>de</strong> pagamentoos seguintes elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa:· Salário família;· Auxílio materno infantil;· Ajuda <strong>de</strong> custo;· Ressarcimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoalrequisita<strong>do</strong>;· In<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> alimentação; e· Auxílio transporte.O aludi<strong>do</strong> opinamento abor<strong>do</strong>ua natureza jurídica das <strong>de</strong>spesase n u m e r a d a s a c i m a – s e n d o20Processo CMRJ nº 5465/01.21Processo CMRJ nº 5825/03.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200777


artigorecomenda<strong>do</strong> <strong>para</strong> aprofundamentoa leitura integral <strong>do</strong> texto - po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>ser assim sintetiza<strong>do</strong>s:i. Em relação ao salário famíliae ao auxílio materno infantil alegislação <strong>de</strong> regência 22 estipulacomo condição <strong>para</strong> auferir as verbasassistenciais um esta<strong>do</strong> pessoal <strong>do</strong>servi<strong>do</strong>r, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>sserviços presta<strong>do</strong>s ao Município.É <strong>uma</strong> contribuição ao custeiodas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> manutenção dafamília, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, no último caso, sermensalmente comprovadas.ii. Os institutos <strong>de</strong> ajuda <strong>de</strong> custose diárias são semelhantes, ten<strong>do</strong> comofinalida<strong>de</strong> compensar as <strong>de</strong>spesas<strong>de</strong> alimentação e pousada, sen<strong>do</strong>inegável o caráter in<strong>de</strong>nizatório.iii. Na questão <strong>do</strong> auxíliotransportee da in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong>a l i m e n t a ç ã o a d e f i n i ç ã o d anatureza in<strong>de</strong>nizatória coube ao<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro quan<strong>do</strong> daapreciação da Representação porInconstitucionalida<strong>de</strong> nº 40/97.i v. Q u a n t o a o e l e m e n t o“Ressarcimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>pessoal requisita<strong>do</strong>”, o órgão jurídicoda Casa <strong>de</strong> Leis argumenta que aquestão per<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> emfunção da locução folha <strong>de</strong> pagamento,pois os valores serão restituí<strong>do</strong>s a<strong>uma</strong> outra pessoa jurídica e, portanto,não estarão incluí<strong>do</strong>s na mencionadafolha <strong>de</strong> pagamento.E m r e s u m o e s t a C o r t e d eFiscalização enten<strong>de</strong>u que as<strong>de</strong>spesas com os encargos sociais,salário família, auxílio maternoinfantil, ajuda <strong>de</strong> custos, diárias,in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> alimentação, auxíliotransporte e ressarcimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa<strong>de</strong> pessoal requisita<strong>do</strong> não <strong>de</strong>vem serconsi<strong>de</strong>radas no cálculo da folha <strong>de</strong>pagamento <strong>para</strong> apuração <strong>do</strong> limiteprevisto no § 1º <strong>do</strong> art. 29-A da LeiFundamental.5.5. Do valor empenha<strong>do</strong> ouliquida<strong>do</strong> da folha <strong>de</strong> pagamentoA Diretoria <strong>de</strong> Finanças daCâmara <strong>de</strong> Verea<strong>do</strong>res sustenta quena verificação <strong>do</strong> percentual <strong>do</strong>s70% (setenta por cento) da <strong>de</strong>spesacom pessoal, o valor da folha <strong>de</strong>pagamento <strong>de</strong>veria ser representadapela <strong>de</strong>spesa liquidada e não pela<strong>de</strong>spesa empenhada.É <strong>de</strong> sabença que a <strong>de</strong>spesapública comporta, em regra, 3 (três)<strong>fase</strong>s especificas, compreendidasnas <strong>de</strong> empenho, <strong>de</strong> liquidação e <strong>de</strong>pagamento.O art. 58 da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 4.320/64<strong>de</strong>fine o empenho como o ato daautorida<strong>de</strong> competente que cria <strong>para</strong>o Esta<strong>do</strong> obrigação <strong>de</strong> pagamentopen<strong>de</strong>nte ou não <strong>de</strong> implemento <strong>de</strong>condição.O aludi<strong>do</strong> Estatuto <strong>de</strong> DireitoFinanceiro no art. 60 veda a realização<strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa sem prévio empenho,estabelecen<strong>do</strong> no § 1º que em casosespeciais previstos na legislaçãoespecífica será dispensada a emissãoda nota <strong>de</strong> empenho.No âmbito <strong>de</strong>sta municipalida<strong>de</strong>a Lei Complementar nº 01, <strong>de</strong> 13<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1990, ratificou oCódigo <strong>de</strong> Administração Financeirae Contabilida<strong>de</strong> Pública <strong>do</strong> Município<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro - CAF, instituí<strong>do</strong> pelaLei nº 207 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1980,que regulou a matéria:“Art. 82 - Empenho <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesaé o ato emana<strong>do</strong> <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>competente que cria, <strong>para</strong> o Município,obrigação <strong>de</strong> pagamento, pen<strong>de</strong>nteou não <strong>de</strong> implemento <strong>de</strong> condição,compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a autorização e aformalização................................“§ 2º - A formalização é a <strong>de</strong>dução<strong>do</strong> valor da <strong>de</strong>spesa feita no sal<strong>do</strong>disponível <strong>do</strong> crédito próprio,comprova<strong>do</strong> pela nota <strong>de</strong> empenho................................“Art. 84 .................“§ 1º - Além <strong>de</strong> outras previstasem legislação própria, é dispensada aemissão <strong>de</strong> nota <strong>de</strong> empenho <strong>para</strong> as<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal, correspon<strong>de</strong>ntesa vencimentos, remunerações, saláriose <strong>de</strong>mais vantagens fixadas em lei.”Po<strong>de</strong>mos extrair <strong>do</strong>s dispositivostranscritos que a legislação municipalnão exige a emissão da nota <strong>de</strong>empenho <strong>para</strong> as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal,bastan<strong>do</strong> <strong>para</strong> sua formalização a<strong>de</strong>dução <strong>do</strong> seu valor na respectiva<strong>do</strong>tação consignada no orçamento.Nada impe<strong>de</strong>, porém, que osrecursos <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>pessoal sejam reserva<strong>do</strong>s <strong>para</strong> um,<strong>do</strong>is ou mais meses, evi<strong>de</strong>ntemente,respeitadas as <strong>do</strong>tações <strong>do</strong>s créditosorçamentários e o novo coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>art. 9º da Lei Complementar Fe<strong>de</strong>ralnº 101/00 – Lei <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong>Fiscal 23 .O fato da importância <strong>de</strong>stinadaàs <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoal encontrar-seempenhada não significa que o Esta<strong>do</strong>terá que inevitavelmente satisfazera obrigação <strong>de</strong> pagamento, sen<strong>do</strong><strong>para</strong> tanto necessário o implemento<strong>de</strong> condição, no caso, a confirmação<strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>servi<strong>do</strong>r.E s t a s i t u a ç ã o n ã o p a s s o u<strong>de</strong>spercebida pelos comenta<strong>do</strong>resHERALDO COSTA REIS e JOSÉTEIXEIRA MACHADO JR., na clássicaobra sobre a Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 4.320/64:“Isto seria absur<strong>do</strong> e a próprialei no seu art. 62, distinguin<strong>do</strong> entreempenho e pagamento, ressalva odireito <strong>de</strong> o Esta<strong>do</strong> apenas pagarquan<strong>do</strong> satisfeitos os implementos<strong>de</strong> condição, como veremos adiante.Mesmo no caso <strong>de</strong> vencimento <strong>de</strong>funcionários sob o regime estatutário,há o implemento <strong>de</strong> condição: aobrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparecimento22Lei Municipal nº 94/79: “Art. 141 – O salário família será pago mesmo nos casos em que o funcionário ativo ou inativo <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> receber ovencimento ou provento.”.23Lei Complementar nº 101/00:“Art. 9º Se verifica<strong>do</strong>, ao final <strong>de</strong> um bimestre, que a realização da receita po<strong>de</strong>rá não comportar o cumprimento das metas <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong> primário ounominal estabelecidas no Anexo <strong>de</strong> Metas Fiscais, os Po<strong>de</strong>res e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nostrinta dias subseqüentes, limitação <strong>de</strong> empenho e movimentação financeira, segun<strong>do</strong> os critérios fixa<strong>do</strong>s pela lei <strong>de</strong> diretrizes orçamentárias.”78 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


à hora regulamentar, <strong>de</strong> cumprimentodas tarefas que lhe são pertinentes eda disciplina imposta pelo próprioEstatuto.” 24 (gizamos)O empenhamento, portanto, é uminstrumento <strong>de</strong> controle da execuçãoorçamentária, e compreen<strong>de</strong> apenas<strong>uma</strong> das <strong>fase</strong>s da <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> pessoal,não caracterizan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma alg<strong>uma</strong>,a efetiva realização da <strong>de</strong>spesa.Logo o seu valor não po<strong>de</strong> figurar nonumera<strong>do</strong>r da fração que apura o limite<strong>de</strong> gasto com folha <strong>de</strong> pagamento, sobo risco <strong>de</strong> ampliarmos as restrições àautonomia e in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rLegislativo Municipal.O critério proposto pela Casa<strong>de</strong> Leis, <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarmos o valorda <strong>de</strong>spesa liquidada <strong>de</strong> pessoal,também não parece, data maximavenia, ser o mais apropria<strong>do</strong>, vez queesbarra em impossibilida<strong>de</strong> previstana própria lei <strong>de</strong> regência, pois estetipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa não comporta a <strong>fase</strong><strong>de</strong> liquidação. Noutro giro, a <strong>de</strong>spesa<strong>de</strong> pessoal não é liquidada.O menciona<strong>do</strong> Código <strong>de</strong> FinançasPúblicas da Comuna ao tratar dasegunda <strong>fase</strong> da <strong>de</strong>spesa – a liquidação- <strong>de</strong>finiu-a como a verificação <strong>do</strong>implemento <strong>de</strong> condição e afastou suaincidência nos casos das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>“ O empenhamentoé um instrumento <strong>de</strong>controle da execuçãoorçamentária, ecompreen<strong>de</strong> apenas<strong>uma</strong> das <strong>fase</strong>s da<strong>de</strong>spesa. Logo o seuvalor não po<strong>de</strong> figurarno numera<strong>do</strong>r da fraçãoque apura o limite<strong>de</strong> gasto com folha<strong>de</strong> pagamento, sob orisco <strong>de</strong> ampliarmos asrestrições à autonomia ein<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r LegislativoMunicipal.”pessoal. Senão vejamos:“Art. 87 .........................................“§ 2º - As <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pessoalcorrespon<strong>de</strong>ntes a vencimentos,proventos, salários e <strong>de</strong>mais vantagensfixadas em lei não estão sujeitas à6 – CONCLUSÃOliquidação <strong>de</strong> que trata este artigo, semprejuízo <strong>do</strong> exame “a posteriori” pelosórgãos <strong>de</strong> controle interno e externo.”Esta peculiarida<strong>de</strong> também foiabordada pelos comenta<strong>do</strong>res daLei principiológica fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1964,recepcionada com status <strong>de</strong> leicomplementar:“O funcionalismo, <strong>de</strong>starte,também esta sujeito a condições <strong>para</strong>receber seu vencimento; apenas aliquidação da <strong>de</strong>spesa não se processaformalmente, como se verifica noscasos <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>terceiros. 25(....)“Quan<strong>do</strong> o órgão <strong>de</strong> pessoalpre<strong>para</strong> a folha <strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong> mês,<strong>de</strong>duzin<strong>do</strong> faltas e impontualida<strong>de</strong>s,está na verda<strong>de</strong> liquidan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>spesa<strong>de</strong> pessoal <strong>do</strong> mês, embora na práticanão se costume utilizar tal expressãoem relação a esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa.” 26Assim, por melhor a<strong>de</strong>quar-se- embora na prática a quantia fossea mesma - o valor que <strong>de</strong>verá figuraracima da barra <strong>de</strong> fração na apuração <strong>do</strong>percentual <strong>de</strong> 70% (setenta por cento)da receita com folha <strong>de</strong> pagamento,<strong>de</strong>verá ser o referente à <strong>de</strong>spesa paga <strong>de</strong>pessoal, por ser o único representativo<strong>do</strong> gasto efetivamente realiza<strong>do</strong>.De to<strong>do</strong> o exposto, parece-nosque as obtemperações <strong>de</strong>lineadas napresente manifestação po<strong>de</strong>riam serassim resumidas:i. Para aferição <strong>do</strong> limite <strong>do</strong> art.29-A da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>veráser dividi<strong>do</strong> o dispêndio total da Casa<strong>de</strong> Leis, incluí<strong>do</strong>s os subsídios <strong>do</strong>sVerea<strong>do</strong>res e excluí<strong>do</strong>s os gastos cominativos, pelo somatório das Receitasprovenientes <strong>do</strong> IPTU, ISS, ITBI,TAXAS, DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA,MULTAS E JUROS S/DÍVIDA ATIVATRIBUTÁRIA, MULTAS E JUROS S/TRIBUTOS, COTAS-PARTE <strong>do</strong> ICMS,IPVA, IPI-Exportação, CIDE, FPM, IRRF,IPTR, IMPOSTO S/OPERAÇÕES COMOURO e DESONERAÇÃO DO ICMS-Exportação, excluídas as oriundas<strong>do</strong> SUS, FUNDEF e Royalties <strong>do</strong>petróleo.ii. Do resulta<strong>do</strong> apura<strong>do</strong> acimaserá extraí<strong>do</strong> o limite <strong>de</strong> 70% (setentapor cento) que po<strong>de</strong>rá ser gasto comfolha <strong>de</strong> pagamento, previsto no §1º <strong>do</strong>menciona<strong>do</strong> dispositivo constitucional,sen<strong>do</strong> este valor representa<strong>do</strong> pela<strong>de</strong>spesa paga, não se computan<strong>do</strong> nafolha <strong>de</strong> pagamento as <strong>de</strong>spesas comencargos sociais, salário família, auxíliomaterno infantil, ajuda <strong>de</strong> custos,diárias, in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> alimentação,auxílio transporte e ressarcimento <strong>de</strong><strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> pessoal requisita<strong>do</strong>.Por <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro, não po<strong>de</strong>ríamos<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trazer à colação mais <strong>uma</strong> dassábias lições <strong>do</strong> mestre da hermenêuticaCARLOS MAXIMILIANO PEREIRADA SILVA <strong>de</strong> que: “Ninguém ousarádizer que a música escrita, ou o dramaimpresso, dispensem o talento e opreparo <strong>do</strong> intérprete. Este não se afastada letra, porém dá ao seu trabalhocunho pessoal, e faz ressaltarem belezasimprevistas.” 27 .24MACHADO JR, José Teixeira. A lei 4320 comentada por J. Teixeira Macha<strong>do</strong> Jr. e Heral<strong>do</strong> da Costa Reis, 30ª edição. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro: IBAM,2000/2001, p. 135.25Ob. Cit. p. 135.26Ob. Cit. p. 144/145.27Ob. Cit. p. 102.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200779


artigoPrograma <strong>de</strong> visitasàs escolas municipaisOs resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>snas inspeçõesordinárias voltadas<strong>para</strong> pontosespecíficos nofuncionamento geraldas escolas municipaismostram que oacompanhamento maisdireto e constante nasunida<strong>de</strong>s escolarespo<strong>de</strong> provocarações imediatas porparte <strong>do</strong>s gestores,solucionan<strong>do</strong>com rapi<strong>de</strong>z asimproprieda<strong>de</strong>s.Marcos Mayo, Jeverson Chagas, Elizabeth Arraes, Marcus Vinicius e Ricar<strong>do</strong> Gonçalves no IX SeminárioNacional – Educação promovi<strong>do</strong> pelo <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> São Paulo – TCMSPElizabeth <strong>de</strong> Souza Men<strong>de</strong>s ArraesInspetora Geral da 3ª IGEMarcus Vinicius Pinto da SilvaInspetor Setorial da 3ª IGEJeverson das Chagas e SilvaTécnico <strong>de</strong> Controle Externo da 3ª IGEBuscan<strong>do</strong> um novo <strong>para</strong>digma<strong>para</strong> a fiscalização <strong>do</strong>s órgãose entida<strong>de</strong>s compreendidas<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> atuação, a3ª Inspetoria Geral, no âmbito daSecretaria Municipal <strong>de</strong> Educação,iniciou, no exercício <strong>de</strong> 2001,<strong>uma</strong> série <strong>de</strong> inspeções ordináriasvoltadas <strong>para</strong> pontos específicosque envolviam as questões maisimportantes no funcionamentogeral das escolas municipais.Os bons resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>snestes trabalhos mostram que oacompanhamento mais direto econstante nas unida<strong>de</strong>s escolarespo<strong>de</strong> provocar ações imediataspor parte <strong>do</strong>s gestores envolvi<strong>do</strong>s,solucionan<strong>do</strong> com rapi<strong>de</strong>z asimproprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tectadas pelo<strong>Tribunal</strong>.Diante <strong>de</strong>sta constatação, oIlustre Conselheiro Fernan<strong>do</strong> BuenoGuimarães, relator da área à época,sugeriu que se <strong>de</strong>senvolvesse umtrabalho na área da educaçãomunicipal, mais precisamente nasunida<strong>de</strong>s escolares.A 3ª IGE realizou estu<strong>do</strong>s epesquisas, foi a campo, entrevistoualunos, professores e especialistas,<strong>de</strong>tectou os principais pontos aserem acompanha<strong>do</strong>s, elaborou ospapéis <strong>de</strong> trabalho e sistematizouos procedimentos a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>spelas equipes nas escolas. Assimnasceu o Programa <strong>de</strong> Visitasàs Unida<strong>de</strong>s Escolares da Re<strong>de</strong>Municipal.A partir daí, além das ativida<strong>de</strong>sr o t i n e i r a s , c o m o i n s p e ç õ e s ,auditorias, análise processual etc,os técnicos da 3ª IGE passarama visitar mensalmente quatrounida<strong>de</strong>s escolares selecionadasaleatoriamente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong>C o o r d e n a d o r i a R e g i o n a l d eEducação (CRE) e a registrar to<strong>do</strong>sos <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>stas escolas emseus papéis <strong>de</strong> trabalho. Estasvisitas verificam as condições dasescolas no que concerne à merendaescolar, às meren<strong>de</strong>iras, segurança,limpeza, estrutura (instalações -elétrica e hidráulica, equipamentose material escolar), corpos discentee d o c e n t e , e v e n t u a l c a r ê n c i a<strong>de</strong> professores por disciplina eíndices <strong>de</strong> freqüência e aprovação<strong>do</strong>s alunos. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> queo Município está dividi<strong>do</strong> em10 Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>rias Regionais <strong>de</strong>Educação, a execução anual <strong>do</strong>80 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


programa tem duração <strong>de</strong> <strong>de</strong>z meses(<strong>de</strong> fevereiro a novembro), um mês<strong>para</strong> cada CRE, coincidin<strong>do</strong> com operío<strong>do</strong> letivo.Paralelamente à execução <strong>do</strong>strabalhos, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelaAssessoria <strong>de</strong> Informática <strong>do</strong>TCMRJ, em conjunto com a 3ª IGE,o Sistema Estatístico <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s(SED), que possibilita o tratamentoestatístico das informações colhidasjunto às unida<strong>de</strong>s escolares. O SEDfoi fundamental <strong>para</strong> o Programa.Através <strong>de</strong>le, tornou-se possívelo cruzamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s tanto dasescolas como das CREs e a realização<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s com<strong>para</strong>tivos entreunida<strong>de</strong>s, entre coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>rias,entre bairros e entre regiões dacida<strong>de</strong>.A p a r t i r d o t e r c e i r o a n od o P r o g r a m a d e Vi s i t a s , f o id i a g n o s t i c a d a a n e c e s s i d a d e<strong>de</strong> reformulação <strong>do</strong>s papéis <strong>de</strong>trabalho, procedimentos e <strong>do</strong>próprio Programa, ten<strong>do</strong> comoobjetivo a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> <strong>nova</strong>soportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa quevisassem à melhoria <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s. Tal necessida<strong>de</strong> tornousepremente após a segmentaçãointerna da 3a Inspetoria em trêsgrupos específicos <strong>de</strong> atuaçãoespecializada: Educação, Culturae A s s i s t ê n c i a S o c i a l , o q u etrouxe maior conhecimento eaprofundamento nos temas relativosa cada área.Neste contexto, a maturação<strong>do</strong> Programa e a conseqüenteexperiência adquirida pela equipeque atua na área <strong>de</strong> educaçãoapós esta especialização fizeramsurgir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusões,supressões e racionalização <strong>de</strong>d i v e r s o s i t e n s d o c h e c k - l i s t ,a<strong>de</strong>quação da linguagem utilizadanos questionários aplica<strong>do</strong>s aosalunos, criação <strong>de</strong> um questionárioa ser aplica<strong>do</strong> aos professores,além da tentativa <strong>de</strong> viabilizarum alcance maior <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s,alunos e professores através dasistematização e reavaliação <strong>do</strong>sp r o c e d i m e n t o s a n t e r i o r m e n t ea<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s.Além <strong>do</strong>s pontos já <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s,percebeu-se também a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> se garantir respal<strong>do</strong> técnico<strong>para</strong> as conclusões estatísticasresultantes <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>do</strong> trabalho. Sen<strong>do</strong> assim, foicontratada a consultoria da FundaçãoCOPPETEC da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, ten<strong>do</strong> comoobjetivo a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um planoamostral, a avaliação e validação<strong>do</strong>s questionários que vinhamsen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s, a crítica <strong>do</strong>s<strong>de</strong>mais papéis <strong>de</strong> trabalho e <strong>do</strong>Sistema Estatístico <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s, além<strong>do</strong> acompanhamento <strong>do</strong> Programaao longo <strong>de</strong> um ano.Nos estu<strong>do</strong>s elabora<strong>do</strong>s pelaC O P P E T E C , f o r a m d e f i n i d o strês planos amostrais, um <strong>para</strong> apesquisa com os alunos, outro <strong>para</strong>a pesquisa com os professores eo terceiro <strong>para</strong> as escolas da re<strong>de</strong>pública municipal. Em cada um<strong>de</strong>les, o ponto <strong>de</strong> recorte básico<strong>para</strong> o cálculo <strong>do</strong>s tamanhos dasCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>riasItens quenecessitavamcorreçõesitenscorrigi<strong>do</strong>samostras foi a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>riaRegional <strong>de</strong> Educação – CRE.Ainda como parte da reavaliação<strong>do</strong> Programa, a equipe da 3ª IGErealizou em 2007 <strong>uma</strong> medição <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pelas visitas <strong>do</strong>TCMRJ nas unida<strong>de</strong>s escolares.Foi feito um levantamento <strong>de</strong> suaefetivida<strong>de</strong> através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sconsigna<strong>do</strong>s no Sistema Estatístico<strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s – SED - e <strong>do</strong>s relatórioselabora<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong>stes quatroanos (perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2006) <strong>de</strong>atuação, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> verifica<strong>do</strong>s osseguintes resulta<strong>do</strong>s:- 95 unida<strong>de</strong>s visitadas (25,26%<strong>do</strong> total <strong>de</strong> escolas com turmas<strong>de</strong> 2 o segmento – antiga 5ª a 8ªsérie);- 2.450 alunos entrevista<strong>do</strong>s(5,44% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong> 2 osegmento);- 53 escolas monitoradas (55,78%<strong>do</strong> total visita<strong>do</strong>);- 72,72% <strong>do</strong>s itens aponta<strong>do</strong>spelo TCMRJ foram soluciona<strong>do</strong>spela Secretaria Municipal <strong>de</strong>Educação.Pendências <strong>de</strong>Monitoramento% <strong>de</strong> atendimento1ª CRE 23 21 02 91,302ª CRE 22 17 05 77,273ª CRE 31 22 09 70,964ª CRE 18 12 06 66,665ª CRE 32 23 09 71,876ª CRE 18 14 04 77,777ª CRE 17 06 11 35,298ª CRE 12 07 05 58,339ª CRE 15 15 - 100,0010ª CRE 21 15 06 71,42Com o Plano Amostral apresenta<strong>do</strong> pela Fundação COPPETEC e areformulação <strong>de</strong> papéis <strong>de</strong> trabalho, o Programa <strong>de</strong> Visitas às Escolasda Re<strong>de</strong> Municipal alcançará os seguintes números:-Serão visitadas 243 escolas com 2 o segmento (antiga 5ª a 8ª série)no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 10 meses;-Serão realizadas 2.391 entrevistas com alunos;-Serão entrevista<strong>do</strong>s 2.054 professores.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200781


artigoA margem <strong>de</strong> erro estabelecidano Plano Amostral será <strong>de</strong> 4% <strong>para</strong>as visitas e 2% <strong>para</strong> as entrevistas,sen<strong>do</strong> fixa<strong>do</strong> um nível <strong>de</strong> confiança<strong>de</strong> 95%.Para que o início <strong>do</strong> programacoincida com o início <strong>do</strong> ano letivo,as reformulações propostas tantopela consultoria da COPPETECquanto pelas avaliações feitas pelaprópria equipe da 3ª IGE serãoimplementadas a partir <strong>do</strong> exercício<strong>de</strong> 2008.O P r o g r a m a d e V i s i t a s<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela 3ª IGE foiapresenta<strong>do</strong> no IX SeminárioNacional <strong>de</strong> Educação, realiza<strong>do</strong>no TCMSP em agosto último. Umaequipe formada pela InspetoraGeral da 3ª IGE, Elizabeth <strong>de</strong> SouzaMen<strong>de</strong>s Arraes, pelo InspetorSetorial da 3ª IGE, Marcus ViniciusPinto da Silva, pelo Técnico<strong>de</strong> Controle Externo da mesmaInspetoria, Jeverson das Chagas eSilva (estes <strong>do</strong>is últimos na condição<strong>de</strong> palestrantes <strong>do</strong> evento), peloAssessor da Secretaria <strong>de</strong> ControleExterno, Marcos Mayo Simões, epelo Analista <strong>de</strong> Informação Ricar<strong>do</strong>da Silva Diniz Gonçalves, estevepresente ao evento, que contoucom a participação <strong>de</strong> especialistasem diversas áreas relacionadascom o tema e teve como foco ocontrole <strong>de</strong> gastos e a construção <strong>de</strong>indica<strong>do</strong>res.O trabalho mostra<strong>do</strong> pelosrepresentantes <strong>do</strong> TCMRJ foimuito bem acolhi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong>,inclusive, o interesse <strong>de</strong> outrostribunais em conhecer e implantaro programa <strong>de</strong> forma parecida emsuas se<strong>de</strong>s.A expectativa <strong>para</strong> o próximoano é <strong>de</strong> que o TCMRJ possac o n t i n u a r c o n t r i b u i n d o n aconstrução <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res na área<strong>de</strong> educação, apontan<strong>do</strong> <strong>para</strong> aSecretaria Municipal os principaisproblemas <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s em suare<strong>de</strong>, com da<strong>do</strong>s absolutamenteconfiáveis e respalda<strong>do</strong>s pelosestu<strong>do</strong>s estatísticos realiza<strong>do</strong>s pelaJeverson Chagas e Marcus Vinicius da 3a. Inspetoria Geral <strong>do</strong> TCMRJ proferin<strong>do</strong> palestra sobre oPrograma <strong>de</strong> Visitas as Escolas da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino no IX Seminário Nacional – Educação<strong>do</strong> TCMSP.Diplomação <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res Jeverson Chagas e Marcus Vinicius pela palestra proferida no TCMSP.UFRJ, <strong>uma</strong> das mais tradicionaisinstituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa<strong>do</strong> país.Desta forma, o Programa <strong>de</strong> Visitasàs Escolas Municipais contribui <strong>para</strong>manter o TCMRJ em sua contínuabusca por eficiência e efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>suas ações, exercen<strong>do</strong> um controle<strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> que se alia aos <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s das gestões, afirman<strong>do</strong> ocompromisso <strong>de</strong> fiscalizar, orientare, sobretu<strong>do</strong>, prevenir, e fortalecen<strong>do</strong>cada vez mais a sua atuação em prolda socieda<strong>de</strong>.82 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


O impacto <strong>do</strong> FUNDEF e asperspectivas <strong>para</strong> o FUNDEBno Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroAlexandre <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> TeshimaConta<strong>do</strong>r da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Auditoria e Desenvolvimento - CADINTRODUÇÃOAuniversalização e a melhoria daqualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino público é<strong>uma</strong> das maiores preocupações<strong>do</strong>s gestores públicos, políticos e dasocieda<strong>de</strong> brasileira <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a suaimportância vital <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimentosocial e econômico <strong>do</strong> Brasil. Uma dasmedidas praticadas na busca da melhoria<strong>do</strong> ensino público tem si<strong>do</strong> vincularobrigatoriamente receitas governamentaisà Educação.Com o advento da Constituição Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> 1988 to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s e municípiosforam obriga<strong>do</strong>s a aplicar pelo menos25% <strong>do</strong>s seus recursos provenientes <strong>de</strong>impostos e transferências em <strong>de</strong>spesascom manutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>ensino. A vinculação orçamentária <strong>para</strong>Educação proporcionou à socieda<strong>de</strong> <strong>uma</strong>garantia <strong>de</strong> que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente davonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus gestores, <strong>uma</strong> boa parcelada arrecadação governamental <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>stinada a ações educacionais.Oito anos após a promulgação daConstituição Fe<strong>de</strong>ral, foi cria<strong>do</strong> o Fun<strong>do</strong><strong>de</strong> Manutenção e Desenvolvimento<strong>do</strong> Ensino Fundamental e Valorização<strong>do</strong> Magistério – FUNDEF por meio daEmenda Constitucional nº 14 <strong>de</strong> 1996e regulamenta<strong>do</strong> pela Lei nº 9.424 <strong>de</strong>24.12.1996, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> implanta<strong>do</strong>nacionalmente a partir <strong>de</strong> 1998 e vigora<strong>do</strong>até 2006. O Fun<strong>do</strong> não aumentou o mínimoconstitucional <strong>para</strong> a Educação, apenasdirecionou 15% (60% <strong>de</strong> 25%) <strong>para</strong> oEnsino Fundamental.O FUNDEF foi cria<strong>do</strong> com o objetivo<strong>de</strong> ampliar o atendimento e <strong>de</strong>senvolver oensino fundamental público mediante aseguinte meto<strong>do</strong>logia: “Quanto maior for onúmero matrículas no ensino fundamental,maior será o repasse <strong>de</strong> recursos recebi<strong>do</strong>s.”Na prática, <strong>de</strong> forma geral, houve umsensível acréscimo <strong>de</strong> números <strong>de</strong>matrículas no ensino fundamental, nasdiversas cida<strong>de</strong>s brasileiras.Dez anos após o surgimento<strong>do</strong> FUNDEF, foi cria<strong>do</strong> o Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>Manutenção e Desenvolvimento daEducação Básica e <strong>de</strong> Valorização <strong>do</strong>sProfissionais da Educação – FUNDEB porLegislaçãoConstituição Fe<strong>de</strong>ral(texto original)Emenda Constitucional nº 14Emenda Constitucional nº 53meio da Emenda Constitucional nº 53, <strong>de</strong>19.12.2006, regulamentada pela MedidaProvisória 339, <strong>de</strong> 28.12.2006, convertidana Lei 11.494, <strong>de</strong> 24.06.2007, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>implanta<strong>do</strong>, nacionalmente, a partir <strong>de</strong> 1º<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007. O Fun<strong>do</strong> também nãoaumentou o mínimo constitucional <strong>para</strong> aEducação, apenas direcionou 20% <strong>para</strong> aEducação Básica.O FUNDEB foi cria<strong>do</strong> com o objetivo<strong>de</strong> promover a ampliação e melhorar aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros segmentos <strong>de</strong> ensino,não contempla<strong>do</strong>s pelo FUNDEF como oensino infantil e o ensino médio. A <strong>nova</strong>fórmula <strong>de</strong> distribuição <strong>do</strong>s recursos agoraengloba matrículas existentes em creches,pré-escolas, ensino médio, educaçãoindígena e quilombola, educação <strong>de</strong> jovense adultos, além das matrículas <strong>do</strong> ensinofundamental e especial.Vinculação Orçamentária <strong>para</strong> Esta<strong>do</strong>s e Municípios25% <strong>de</strong> impostos e transferências aplica<strong>do</strong>s em ações <strong>de</strong>manutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino.25% <strong>de</strong> impostos e transferências aplica<strong>do</strong>s em ações <strong>de</strong>manutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino, sen<strong>do</strong> pelo menos,15% na Educação Fundamental, por intermédio <strong>do</strong> FUNDEF.25% <strong>de</strong> impostos e transferências aplica<strong>do</strong>s em ações <strong>de</strong>manutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino, sen<strong>do</strong> pelo menos,20% na Educação Básica, por meio <strong>do</strong> FUNDEB.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200783


artigoCom a implantação <strong>do</strong> FUNDEF,em 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1998, cerca <strong>de</strong>1,5% <strong>do</strong> PIB brasileiro passou a ser<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao ensino fundamentalO Impacto <strong>do</strong> FUNDEF no Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiropúblico. São recursos vincula<strong>do</strong>sà Educação, por força <strong>do</strong> dispostono artigo 212 da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, transferi<strong>do</strong>s, regular eautomaticamente, aos governosestaduais e municipais, com base nonúmero <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s emcada <strong>uma</strong> <strong>de</strong> suas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino.FUNDEFFONTES (15% <strong>de</strong> Receitas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s, DF e Municípios)Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s – FPEFun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação <strong>do</strong>s Municípios – FPMImposto sobre Circulação <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias e Serviços – ICMSImposto sobre Produtos Industrializa<strong>do</strong>s s/ Exportação – IPIexpDesoneração <strong>de</strong> Exportações (Lei Complementar 87/96)Critério <strong>de</strong> DistribuiçãoNúmero <strong>de</strong> matrículas no EnsinoFundamental <strong>do</strong> ano anteriorNo Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, o FUNDEF, durante o seu perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> vigência, foi alimenta<strong>do</strong> por ingressos<strong>de</strong> recursos que totalizaram R$4.894.859.900,08 e <strong>de</strong>sembolsos que somaram R$4.873.032.669,85.DESPESAS ORÇAMENTÁRIASANO199819992000200120022003200420052006TOTALValor R$ mil356.618.596,54383.521.028,59438.613.471,33489.299.530,16552.270.292,40576.392.673,98654.604.995,56697.360.540,02746.178.771,504.894.859.900,08RECEITAS ORÇAMENTÁRIASANO199819992000200120022003200420052006TOTALValor R$ mil334.359.005,10344.132.045,44414.559.120,45456.034.587,01603.258.349,22642.566.161,28658.627.859,15693.757.725,05725.737.817,154.873.032.669,85Os recursos <strong>do</strong> FUNDEF, por<strong>de</strong>terminação constante na Lei nº9.424 <strong>de</strong> 24.12.1996, só po<strong>de</strong>riamcustear <strong>de</strong>spesas com manutençãoe <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensinofundamental e especial, sen<strong>do</strong> 60%,no mínimo, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao pagamento<strong>de</strong> professores e <strong>de</strong>mais funcionários<strong>de</strong> apoio pedagógico. Gastos comcreche, pré-escola, educação <strong>de</strong> jovense adultos foram proibi<strong>do</strong>s.A composição <strong>do</strong>s gastos comrecursos <strong>do</strong> FUNDEF revela que oMunicípio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>stinoua maior parte (82%) <strong>do</strong>s recursos <strong>para</strong>o custeio <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas com pessoal.Outro ponto a <strong>de</strong>stacar é a pequenaparcela <strong>de</strong>stinada a investimentos,apenas 4%.Investimento 4%Outras Despesas 14%Aplicação <strong>do</strong>s Recursos <strong>do</strong> FUNDEFPessoal 82%84 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


O Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro foi um <strong>do</strong>s entes mais beneficia<strong>do</strong>s, financeiramente, com a implantação <strong>do</strong> FUNDEF,o montante acumula<strong>do</strong> <strong>do</strong> ganho (diferença entre o valor <strong>de</strong> contribuição e repasse) totalizou R$3.320.574.779.Ganho com o FUNDEF (1998 a 2006) (R$mil)528.916.308453.415.707 483.667.665286.114.669 322.192.481 367.643.493 399.795.501243.150.546 235.678.4091998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006Este consi<strong>de</strong>rável ganho <strong>de</strong> recursos com o FUNDEF <strong>de</strong>ve-se à elevada participação <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeirono quantitativo geral <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s no ensino fundamental. De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong>Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 1 , <strong>do</strong>s 1.974.118 alunos matricula<strong>do</strong>s no ensino fundamental público,no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 591.741 (29,97%) estudam em escolas <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, ou seja, praticamente,três em cada <strong>de</strong>z alunos.Total <strong>de</strong> Matrículas no Ensino Fundamental Público em 2006Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> RJ26,12%O aporte adicional <strong>de</strong> recursos advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FUNDEF proporcionou a ampliação <strong>do</strong> número <strong>de</strong> matrículas <strong>do</strong> ensinofundamental <strong>do</strong> Município em 30.249 2 alunos durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> existência <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong>.200620052004200320022001200019991998Outros Municípios<strong>do</strong> RJ 43,38%Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Matrículas no Ensino Fundamental591.741561.492592.267590.578595.907595.145603.690607.853618.832530.000 540.000 550.000 560.000 570.000 580.000 590.000 600.000 610.000 620.000 630.000Ressalte-se que o ganho financeiro proveniente <strong>do</strong> FUNDEF não foi suficiente <strong>para</strong> resolver pontos importantes comoa elevada carência <strong>de</strong> professores e <strong>de</strong>mais profissionais da CargoCarência efetiva 3 Dupla regência Carência total 4Educação ainda existente no Município. De acor<strong>do</strong> com Professor I385 6.385 6.770os da<strong>do</strong>s referentes ao mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006, há <strong>uma</strong> Professor II203 6.471 6.674carência efetiva <strong>de</strong> 2.155 servi<strong>do</strong>res e <strong>uma</strong> carência total <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Apoio 1.5670 1.56715.011 na re<strong>de</strong> pública municipal, assim distribuída: Total2.155 12.856 15.0111O Instituto Nacional <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) é <strong>uma</strong> autarquia fe<strong>de</strong>ral vinculada ao Ministério da Educação(MEC), cuja missão é promover estu<strong>do</strong>s, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional Brasileiro com o objetivo <strong>de</strong> subsidiar a formulaçãoe implementação <strong>de</strong> políticas públicas <strong>para</strong> a área educacional a partir <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e eqüida<strong>de</strong>, bem como produzir informaçõesclaras e confiáveis aos gestores, pesquisa<strong>do</strong>res, educa<strong>do</strong>res e público em geral.2Diferença entre o número <strong>de</strong> matriculas existentes em 1998 e 2006.3Carência não coberta por dupla regência.4Somatório da carência efetiva mais dupla regência.União0,52%Município <strong>do</strong> RJ29,97%Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200785


artigoNo âmbito Municipal, a gestão<strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FUNDEB compete aoSecretário <strong>de</strong> Educação, solidariamentecom o Prefeito, atuan<strong>do</strong> mediante<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> competência, conformedisposto no art. 69, § 5º, da Lei nº9.394/96. O controle social <strong>do</strong>s recursosé exercício por intermédio <strong>do</strong> Conselho<strong>de</strong> Acompanhamento e Controle Social<strong>do</strong> FUNDEB. Este Conselho é umcolegia<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> por, pelo menos,nove representantes <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r ExecutivoMunicipal, professores, servi<strong>do</strong>resadministrativos, estudantes, pais<strong>de</strong> alunos e diretores, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> serinstituí<strong>do</strong> por lei ou <strong>de</strong>creto em to<strong>do</strong>sos Municípios, por exigência da LeiFe<strong>de</strong>ral nº 11.494/2007. Já a fiscalizaçãoda aplicação <strong>do</strong>s recursos é feita pelo<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município, pormeio <strong>de</strong> auditorias e inspeções realizadasO FUNDEB no Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiropor iniciativa própria, solicitação daCâmara Municipal ou em <strong>de</strong>corrência<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias e representações.Os recursos <strong>do</strong> FUNDEB <strong>de</strong>vemser emprega<strong>do</strong>s na manutenção e<strong>de</strong>senvolvimento da educação básicapública, observan<strong>do</strong>-se os respectivosâmbitos <strong>de</strong> atuação prioritária. Noâmbito Municipal, os recursos <strong>de</strong>vemser aplica<strong>do</strong>s na educação infantil e noensino fundamental, sen<strong>do</strong>, no mínimo,60% <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s obrigatoriamente àremuneração <strong>de</strong> professores e <strong>de</strong>maisprofissionais <strong>de</strong> apoio pedagógico. Aparcela não <strong>de</strong>stinada à remuneração<strong>do</strong> magistério (máximo <strong>de</strong> 40%) <strong>de</strong>veser aplicada em outras ações <strong>de</strong> ensinodiscriminadas no art. 70 da Lei 9.394/96(Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional), como aquisição <strong>de</strong> materialdidático-escolar, transporte escolar,FUNDEFFONTES ( 20% <strong>de</strong> Receitas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s, DF e Municípios) 5Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s – FPEFun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação <strong>do</strong>s Municípios – FPMImposto sobre Circulação <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias e Serviços – ICMSImposto sobre Produtos Industrializa<strong>do</strong>s s/ Exportação – IPIexpDesoneração <strong>de</strong> Exportações (Lei Complementar 87/96)Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações –ITCMDImposto sobre Proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Veículos Automotores – IPVAQuota parte <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> Imposto Territorial Rural <strong>de</strong>vida aos Municípios – ITR<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> custeio, bens <strong>de</strong> capital eoutras <strong>de</strong>spesas relacionadas à ativida<strong>de</strong>meio.Ressalte-se que, segun<strong>do</strong> o Ministérioda Educação, os recursos <strong>do</strong> FUNDEBnão po<strong>de</strong>m ser aplica<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>exercícios anteriores, em <strong>de</strong>spesas cominativos, com aquisição <strong>de</strong> uniformesescolares, com merenda escolar, comacervo <strong>para</strong> bibliotecas públicas,com edificação <strong>de</strong> quadras e ginásiospoliesportivos em praças públicas, porvedação expressa no art. 71 da Lei <strong>de</strong>Diretrizes e Bases.Assim como o FUNDEF, o FUNDEB éalimenta<strong>do</strong> por parte das receitas própriasestaduais e municipais provenientes <strong>de</strong>impostos e transferências e os recursossão distribuí<strong>do</strong>s conforme o número <strong>de</strong>matrículas existentes em sua re<strong>de</strong> básica<strong>de</strong> ensino.Critério <strong>de</strong> DistribuiçãoNúmero <strong>de</strong> matrículas daEducação Básica (creche, préescola,fundamental e médio)<strong>do</strong> ano anterior 6R e s s a l t e – s e q u e a União,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a profundas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>seconômicas existentes entre osesta<strong>do</strong>s e alg<strong>uma</strong>s regiões <strong>do</strong> país,estabelece, anualmente, um valor<strong>de</strong> investimento mínimo por aluno,abaixo <strong>do</strong> qual nenhum esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ráficar. Os esta<strong>do</strong>s que estiveremConclusãoabaixo <strong>de</strong>sse valor recebem <strong>uma</strong>complementação da União, <strong>para</strong> quealcancem o valor mínimo nacionalpor aluno.De forma global, as principaisi<strong>nova</strong>ções <strong>do</strong> FUNDEB, em relaçãoao FUNDEF, foram a majoração <strong>do</strong>percentual <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> 15%<strong>para</strong> 20%; inclusão <strong>de</strong> três <strong>nova</strong>s fontes:ITCMD, IPVA e o ITR e o critério <strong>de</strong>distribuição <strong>do</strong>s recursos, que passou aser o número <strong>de</strong> matrículas na educaçãobásica.A análise da <strong>nova</strong> sistemática <strong>de</strong>contribuição e distribuição implantadapelo FUNDEB permite concluir que o foconão é mais o ensino fundamental e simas outras modalida<strong>de</strong>s não contempladas5O percentual <strong>de</strong> 20% sobre todas as fontes somente ocorrerá a partir <strong>de</strong> 2009. No exercício <strong>de</strong> 2007 o percentual foi fixa<strong>do</strong> em 16,66%,já no exercício <strong>de</strong> 2008, o percentual será <strong>de</strong> 18,33% sobre as Fontes: FPE, FPM, ICMS, IPIexp e LC 87/96. Já sobre as <strong>nova</strong>s FontesITCMD, IPVA e ITR, o percentual será <strong>de</strong> 6,66% em 2007 e 13,33% em 2008.6A escala <strong>de</strong> inclusão <strong>do</strong>s alunos da educação infantil, ensino médio e educação <strong>de</strong> jovens e adultos ocorrerá <strong>de</strong> forma gradativa, sen<strong>do</strong>33,33% em 2007, 66,66% em 2008 e 100% a partir <strong>de</strong> 2009.86 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJno FUNDEF, como o ensino infantil emédio. Agora, as unida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>raçãoque já conseguiram a universalização<strong>do</strong> ensino fundamental são estimuladasa focar as suas ações governamentaisem outros segmentos <strong>do</strong> ensino menos<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Desta forma, a tendênciaé que os municípios priorizem os seusinvestimentos no ensino infantil e osesta<strong>do</strong>s no ensino médio.Com a implantação <strong>do</strong> FUNDEB, atendência é que o Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro tenha <strong>uma</strong> redução <strong>do</strong> ganho<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua concentração <strong>de</strong> matrículasno ensino fundamental. No entanto,há <strong>uma</strong> expectativa <strong>de</strong> ampliação <strong>do</strong>número <strong>de</strong> vagas <strong>para</strong> alunos <strong>de</strong> creche,pré-escola e educação <strong>de</strong> jovens eadultos, por se tratar <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s nãocontempladas no programa anterior.O sucesso <strong>do</strong> FUNDEB <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>um conjunto <strong>de</strong> fatores, que envolvem oGoverno e toda a Socieda<strong>de</strong>. Entretanto,somente o tempo vai confirmar se ameto<strong>do</strong>logia implantada pelo novoFun<strong>do</strong> contribuirá <strong>de</strong> forma efetiva <strong>para</strong> aampliação <strong>de</strong> matrículas e <strong>para</strong> a melhoriaqualitativa <strong>do</strong> ensino básico.


Comparecimento <strong>de</strong> Conselheirosa CPIs: pareceres divergemOs pareceres que ora publicamos visam <strong>de</strong>monstrar alg<strong>uma</strong>s interpretações sobre o papeldas Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito – CPIs, em especial no que diz respeito aoatendimento <strong>de</strong> convite <strong>de</strong> comparecimento <strong>de</strong> Conselheiros <strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> junto àscitadas Comissões.Foram discutidas, além das prerrogativas, garantias e impedimentos <strong>do</strong>s Conselheiros -os quais são equi<strong>para</strong><strong>do</strong>s, por força constitucional, aos membros <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário - aexistência <strong>de</strong> impedimento legal ao atendimento <strong>do</strong> convite realiza<strong>do</strong> pela CPI, como tambémas limitações materiais legais impostas aos Conselheiros.Da lavra da Assessoria Jurídica <strong>de</strong>sta Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> e da Procura<strong>do</strong>ria - Geral da CâmaraMunicipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, tais atos opinativos apresentam, com concisão, a visão <strong>de</strong> ambasas Casas sobre os temas propostos <strong>para</strong> <strong>de</strong>bate.parecerParecer da Assessoria Jurídica <strong>do</strong> TCMRJConstitucional – CPI nº 1061/2007 – CPI <strong>do</strong> RIOCENTRO – Convite <strong>para</strong> comparecimento <strong>de</strong> Conselheiro<strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> – Prerrogativas, garantias e impedimentos equi<strong>para</strong><strong>do</strong>s aos membros <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rJudiciário por força constitucional – Limites ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> investigação das CPI´sSr Conselheiro Presi<strong>de</strong>nte,Remete-se a esta Assessoria Jurídicao Ofício nº 19, originário da Presidênciada Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquéritonº 1061/2007 da Câmara Municipal <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro – CPI <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>centro – oqual, convida o Excelentíssimo SenhorConselheiro José <strong>de</strong> Moraes Correia Neto<strong>para</strong> audiência pública a ser realizada nodia vinte e <strong>do</strong>is <strong>de</strong> junho <strong>do</strong> corrente, noPlenário da Câmara <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, às11:30 horas, com arrimo no Parecer daProcura<strong>do</strong>ria-Geral da Câmara Municipal<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, que concluiu pelainexistência <strong>de</strong> impedimento legal <strong>do</strong>comparecimento <strong>de</strong> Conselheiro <strong>de</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>.Tal expediente, por certo, foiapresenta<strong>do</strong> em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ofício TCM/GPA nº 111/07, pelo qual a Presidência<strong>de</strong>sta Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> comunicou à insigneComissão a existência <strong>de</strong> “impedimentolegal inerente à sua condição <strong>de</strong> MembroJulga<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, o que oimpe<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestar-se em qualqueresfera estranha a esta Instituição, sobreatos <strong>de</strong> julgamento da competência <strong>de</strong>staCorte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>.”Sucintamente, sustenta a <strong>do</strong>utaProcura<strong>do</strong>ria da Câmara, em suamanifestação, que:- a “tênue similitu<strong>de</strong> entre os direitose <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>s Conselheiros das Cortes <strong>de</strong><strong>Contas</strong> e os <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s” ... “jamaisocorre na dimensão ventilada...”;- em tese, o ato pratica<strong>do</strong> peloConselheiro não tem a natureza <strong>de</strong> atojurisdicional, como prescreve o art.71, II da CRFB, a ponto <strong>de</strong> ensejar oseu não comparecimento <strong>para</strong> prestarinformações;- a CPI não está “a investigar qualquerjulgamento, mas os termos <strong>de</strong> um singeloedital <strong>de</strong> concorrência”;- a equi<strong>para</strong>ção prevista no art. 73, §3º da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, não impe<strong>de</strong>que a CPI possa tomar o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>qualquer autorida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral, estadual oumunicipal, na expressa dicção <strong>do</strong> art. 2ºda Lei nº 1.579/52;- a presença <strong>de</strong> um Conselheiro <strong>de</strong>Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> no seio <strong>de</strong> <strong>uma</strong> CPInão constitui violação ao princípio <strong>de</strong>se<strong>para</strong>ção e harmonia entre os Po<strong>de</strong>res,especialmente porque o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> constituiria órgão auxiliar<strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res Legislativo, Executivo eJudiciário;- compete aos Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, naforma <strong>do</strong>s arts. 71, VII, da CFRB e 88, VIIIda Lei Orgânica Municipal, “prestar asinformações solicitadas pelo CongressoNacional, por qualquer <strong>de</strong> suas Casas, oupor qualquer das respectivas Comissões,sobre a fiscalização contábil, financeira,orçamentária, operacional e patrimonial esobre resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> auditorias e inspeçõesrealizadas”.Em que pesem os judiciososargumentos apresenta<strong>do</strong>s pela <strong>do</strong>utaProcura<strong>do</strong>ria da Câmara Municipal<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, enten<strong>de</strong>mos que aspremissas invocadas, data venia, nãovêm ao encontro das justificativaserigidas no Ofício TCM/GPA nº 111/07.Esclareça-se.Não se trata, na espécie, <strong>de</strong> tênuesimilitu<strong>de</strong> entre os cargos <strong>de</strong> Conselheiro<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> e Magistra<strong>do</strong>.Ao revés, a equi<strong>para</strong>ção <strong>de</strong>corre daorientação insculpida no art. 73, §3º 1 , in fine, c/c art. 75 2 da CRFB ereproduzi<strong>do</strong>s em sua essência no art.124, § 3º 3 4 c/c art. 128, §§ 3º e 4º 5 daConstituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro.Não po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> outra forma, haja vistaque preten<strong>de</strong>u o legisla<strong>do</strong>r constituintegarantir a efetivida<strong>de</strong> e isenção das açõesRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200787


parecerinstitucionais <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,conferin<strong>do</strong>-lhes, por isso, as mesmasgarantias asseguradas aos membros daMagistratura.Nesse senti<strong>do</strong>, trazemos à colação oescólio <strong>de</strong> Carlos Ayres Britto 6 :A referência organizativo-operacionalque a Lei Maior erige <strong>para</strong> os Tribunais <strong>de</strong><strong>Contas</strong> não resi<strong>de</strong> no Po<strong>de</strong>r Legislativo,mas no Po<strong>de</strong>r Judiciário. Esta é a razão pelaqual o art. 73 da Carta <strong>de</strong> Outubro confereao <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União, “no quecouber”, as mesmas atribuições que oart. 96 outorga aos tribunais judiciários.Deven<strong>do</strong>-se enten<strong>de</strong>r o frasea<strong>do</strong> “no quecouber” como equivalente semânticoda locução mutatis mutandis; ouseja, respeitadas as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>organização e funcionamento das duascategorias <strong>de</strong> instituições públicas (acategoria <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da Uniãoe a categoria <strong>do</strong>s órgãos que a Lei Maiorda República eleva à dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umtribunal judiciário).Mas não se esgota nas atribuições <strong>do</strong>stribunais judiciários o parâmetro que aLei das Leis estabelece <strong>para</strong> o <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União, mutatis mutandis.É que os ministros <strong>do</strong> Superior <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> Justiça também comparecem comoreferencial (em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições,averbe-se) <strong>para</strong> “garantias, prerrogativas,impedimentos, vencimentos e vantagens”<strong>do</strong>s ministros <strong>do</strong> TCU, tu<strong>do</strong> conformeos expressos dizeres <strong>do</strong> x 3º <strong>do</strong> art.Constitucional <strong>de</strong> nº 73.Decorre daí serem plenamenteaplicáveis aos Conselheiros <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> asgarantias, prerrogativas e impedimentosda Lei Orgânica da Magistratura Nacional(Lei Complementar nº 35/79), em especialo Título II, Capítulo I, arts. 25 a 34.Por outro la<strong>do</strong>, acerca da alegação<strong>de</strong> que ato pratica<strong>do</strong> pelo Conselheironão tem a natureza jurisdicional,importa dizer que <strong>de</strong> fato, não estamosdiante <strong>de</strong>ssa hipótese, como, aliás, bem<strong>de</strong>staca<strong>do</strong> no parecer proferi<strong>do</strong> peloIlustre Secretário-Geral <strong>de</strong>sta Corte <strong>de</strong><strong>Contas</strong>, utiliza<strong>do</strong> como argumento <strong>de</strong>autorida<strong>de</strong> na manifestação da unida<strong>de</strong>jurídica da Casa <strong>de</strong> Leis. Nem tampoucofoi este o fundamento que orientou este<strong>Tribunal</strong> ao expedir o Ofício TCM/GPAnº 111/2007, como se verá adiante.A bem da verda<strong>de</strong>, se a apreciação<strong>do</strong> edital (e seus corolários) realizadapelo <strong>Tribunal</strong> não importa efetivamenteem julgamento, tais atos integrarão aprestação anual <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa (art. 71, II da CRFB), que<strong>de</strong>verá ser oportunamente apreciadapelo órgão colegia<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong> comisenção e imparcialida<strong>de</strong> (Deliberaçãonº 116/92) 7 .Se assim é – e assim é – a manifestaçãoprévia ao exame das contas por qualquerConselheiro sobre fato pontual que, ao fime ao cabo, integrará a prestação <strong>de</strong> contas<strong>do</strong> or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, importa,indubitavelmente, em prejulgamentoda questão, violan<strong>do</strong>-se, portanto, aimparcialida<strong>de</strong> necessária e exigida <strong>para</strong>toda e qualquer <strong>de</strong>cisão.Alguns juristas subsumem a hipótese1Art. 73, § 3° Os Ministros <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens<strong>do</strong>s Ministros <strong>do</strong> Superior <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça, aplican<strong>do</strong>-se-lhes, quanto à aposenta<strong>do</strong>ria e pensão, as normas constantes <strong>do</strong> art. 40. (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 20, <strong>de</strong> 1998)2Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, bem como <strong>do</strong>s Tribunais e Conselhos <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>s Municípios.Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> respectivos, que serão integra<strong>do</strong>s por sete Conselheiros.3Art. 124 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial <strong>do</strong>s Municípios, e <strong>de</strong> todas as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua administraçãodireta e indireta e fundacional, é exercida mediante controle externo da Câmara Municipal e pelos sistemas <strong>de</strong> controle interno <strong>do</strong> respectivoPo<strong>de</strong>r Executivo, na forma estabelecida em lei.§ 3º - No Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, o controle externo é exerci<strong>do</strong> pela Câmara Municipal, com o auxílio <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município,aplican<strong>do</strong>-se, no que couber as normas estabelecidas nesta seção, inclusive as relativas ao provimento <strong>de</strong> cargos <strong>de</strong> Conselheiro e os termos <strong>do</strong>s§§ 3º e 4º <strong>do</strong> artigo 131 <strong>de</strong>sta Constituição.4Observação: * Os artigos 124, 125, 126 e seus parágrafos e incisos foram acrescenta<strong>do</strong>s pelo artigo 2º da Emenda Constitucional nº 04, <strong>de</strong> 20<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1991. A partir <strong>do</strong> artigo 123 (atual 127), to<strong>do</strong>s os artigos foram renumera<strong>do</strong>s.6BRITTO, Carlos Ayres <strong>de</strong>. O regime constitucional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>. O Novo <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>: órgão protetor <strong>do</strong>s direitos fundamentais.Belo Horizonte: Fórum, 2004, p. 177.7DELIBERAÇÃO Nº 116, DE 27 DE AGOSTO DE 1992 (Regulamenta o inciso III, <strong>do</strong> artigo 39, da Lei nº 289/81, nas condições quemenciona):Art. 1º - Estão sujeitos à prestação <strong>de</strong> contas e só por Ato <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> po<strong>de</strong>rão ser libera<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s quantos na Administração direta e indireta, bemcomo nas fundações instituídas e mantidas pelo Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, sejam responsáveis pela execução ou administração <strong>de</strong> convênios,contratos ou termos formais <strong>de</strong>correntes da licitação, dispensa ou inexigibilida<strong>de</strong>, ria forma da Lei.§ 1º - A prestação <strong>de</strong> contas <strong>do</strong>s convênios, contratos ou termos referi<strong>do</strong>s no “caput” <strong>de</strong>ste artigo, será efetuada através da inclusão nos processos<strong>de</strong> Prestação <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> Gestão/Tomada <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Despesas, em seção específica, <strong>de</strong> relatório sobre a execução <strong>do</strong> contrato,convênio ou termo no exercício sob análise.§ 2º - Os convênios cita<strong>do</strong>s neste artigo são aqueles nos quais o Município tenha participação financeira.§ 3º - Deverão ser incluí<strong>do</strong>s nos processos <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> contas/tomada <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, relatórios referentes aos contratos emandamento.Art. 2º - O controle interno estabelecerá a forma e o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> relatório referi<strong>do</strong> nos §§ 1º e 3º <strong>do</strong> artigo anterior, conten<strong>do</strong>, no mínimo, asseguintes informações, no que couber:a) número <strong>do</strong> contrato e <strong>do</strong>s termos aditivos, data <strong>de</strong> sua assinatura e da publicação no DOM, número <strong>do</strong> processo que lhe <strong>de</strong>u origem, objeto,número e data <strong>do</strong> empenho da <strong>de</strong>spesa;b) modalida<strong>de</strong> e número da licitação que o prece<strong>de</strong>u ou fundamentação legal da sua dispensa ou inexigibilida<strong>de</strong>;c) i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>(s) contrata<strong>do</strong>(s); nome da pessoa (física ou jurídica), CIC ou CGC e en<strong>de</strong>reço completo. No caso <strong>de</strong> pessoa jurídica, a qualificação<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os sócios (nome e CIC);d) prazo previsto <strong>para</strong> execução, com data <strong>de</strong> início e término;e) cronograma financeiro inicial e final <strong>de</strong> execução;f) total <strong>de</strong> valores realiza<strong>do</strong>s ou a realizar;g) total <strong>de</strong> valores pagos ou sal<strong>do</strong> a pagar;h) total <strong>de</strong> valores arrecada<strong>do</strong>s no exercício, total acumula<strong>do</strong> e a forma <strong>de</strong> arrecadação;i) informações sobre prorrogação <strong>de</strong> prazos e revisões, inclusive às relativas a reajustamento <strong>de</strong> preços, rescisões e suspensões <strong>de</strong> execução;j) informações sobre as datas das aceitações provisória e <strong>de</strong>finitiva e <strong>do</strong> término efetivo das relações contratuais.Art. 3º - Enquadram -se ao disposto no artigo 2º, os contratos, convênios ou termos que resultem arrecadação <strong>de</strong> receita a qualquer título.88 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


ao art. 135, inciso V, <strong>do</strong> CPC, que dispõe:“Art. 135 – Reputa-se fundada a suspeição<strong>de</strong> parcialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> juiz, quan<strong>do</strong>: (...) V– interessa<strong>do</strong> no julgamento da causa emfavor <strong>de</strong> <strong>uma</strong> das partes.”É o que prelecionam as lições <strong>de</strong> JorgeUlisses Jacoby Fernan<strong>de</strong>s 8 :Fácil inferir, portanto, que à luz <strong>do</strong>princípio <strong>do</strong> juiz natural, o julgamentonão po<strong>de</strong>rá ser feito por conselheiroou ministro parcial, ou escolhi<strong>do</strong> porcritérios não aleatórios.(...)Embora não seja pacífico o assunto,parece também aplicável a suspeição,como causa processual <strong>de</strong> vedaçãoà participação <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> emvista que o Código <strong>de</strong> Processo Civilé aplicável, subsidiariamente, a to<strong>do</strong>sos ramos, inclusive ao administrativo,conforme Súmulas nº 103 e 145 <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União.Muito embora controvertida aaplicação <strong>do</strong> art. 135, V, CPC 9 à hipótese<strong>de</strong> prejulgamento, com o advento a LeiComplementar nº 35/79, a redação <strong>do</strong> art.36, III, in verbis, pacificou a cele<strong>uma</strong>.Art. 36 - É veda<strong>do</strong> ao magistra<strong>do</strong>:(...)III - manifestar, por qualquer meio<strong>de</strong> comunicação, opinião sobre processopen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento, seu ou <strong>de</strong> outrem,ou juízo <strong>de</strong>preciativo sobre <strong>de</strong>spachos,votos ou sentenças, <strong>de</strong> órgãos judiciais,ressalvada a crítica nos autos e em obrastécnicas ou no exercício <strong>do</strong> magistério.E este é o entendimento que vemsen<strong>do</strong> sufraga<strong>do</strong> pelo Supremo <strong>Tribunal</strong>Fe<strong>de</strong>ral, conforme a seguir:COMPETÊNCIA - HABEAS-CORPUS- ATO DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA.Na dicção da ilustrada maioria (seisvotos a favor e cinco contra), em relaçãoà qual guar<strong>do</strong> reservas, compete aoSupremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral julgar to<strong>do</strong>e qualquer habeas-corpus impetra<strong>do</strong>contra ato <strong>de</strong> tribunal, tenha este, ou não,qualificação <strong>de</strong> superior. LEGITIMIDADE- ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO -HABEAS-CORPUS. O assistente daacusação, tal como o Esta<strong>do</strong>-acusa<strong>do</strong>r,não possui legitimida<strong>de</strong> <strong>para</strong> oporseà medida formalizada em habeascorpus,sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scabida tal intervenção.IMPEDIMENTO - ANTECIPAÇÃODE JUÍZO. Constatan<strong>do</strong>-se haver omagistra<strong>do</strong> emiti<strong>do</strong> juízo <strong>de</strong> valorsobre a controvérsia antes <strong>do</strong> momentopropício, forçoso é concluir pelorespectivo impedimento, a teor <strong>do</strong>disposto no artigo 36, inciso III, da LeiOrgânica da Magistratura. Isso ocorrequan<strong>do</strong>, no julgamento <strong>de</strong> embargosinfringentes, revela convencimentosobre matéria que lhe é estranha,porquanto somente passível <strong>de</strong> serexaminada <strong>uma</strong> vez provi<strong>do</strong> o recursoe apreciada a apelação que a veiculou.– Habeas Corpus nº 74203/DF (2ª Turma)(grifos nossos)Esta Corte, por maioria <strong>de</strong> votos (...)<strong>de</strong>feriu (...) o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> medida cautelar<strong>para</strong> conferir, à EC nº 12, <strong>de</strong> 30-6-93, àConstituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas, ainterpretação conforme a ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral , no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a convocação<strong>do</strong>s Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s Municípios não po<strong>de</strong>ráter, como objeto, esclarecimento sobreatos <strong>de</strong> julgamento, da competência <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> (...) – ADIn nº 1.170-7 / AM– DJ 31/10/02. Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s(grifos nossos)Dito isto, reconhece-se a legitimação 10da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito<strong>para</strong> exercício <strong>do</strong>s seus misteres naforma da Lei nº 1579/52, como, aliás, járeconheci<strong>do</strong> por força <strong>do</strong> teor <strong>do</strong> conti<strong>do</strong>no Ofício nº TCM/GPA/PRES/0104, <strong>de</strong> 04<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007.Todavia tais po<strong>de</strong>res não sãoabsolutos, comportan<strong>do</strong> temperamentosà luz <strong>do</strong> or<strong>de</strong>namento constitucional,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que, na esteira <strong>do</strong> que já foiafirma<strong>do</strong> alhures, os propósitos <strong>do</strong>convite <strong>de</strong> Conselheiros restarão ilegaise ilegítimos se <strong>de</strong> tal ato preten<strong>de</strong>r-sebuscar <strong>de</strong>poimento sobre conteú<strong>do</strong>objeto <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> contas em juízovalorativo.Neste senti<strong>do</strong>, configura verda<strong>de</strong>irainterferência <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativono exercício das ativida<strong>de</strong>s-fim <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, com a suspeição<strong>de</strong> seus membros <strong>para</strong> o exercício <strong>do</strong>sencargos que constitucionalmente lhessão conferi<strong>do</strong>s, com flagrante mácula aoprincípio constitucional da tripartiçãodas funções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, consubstancia<strong>do</strong>no art. 2º da Carta da República 11 .Registre-se, a propósito, que foi nessadireção que este <strong>Tribunal</strong> conduziu as suasjustificativas <strong>para</strong> o não comparecimento<strong>de</strong> membro <strong>de</strong>sta Corte junto à citadaCPI, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se, por oportuno, jamaispreten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>smerecer o espírito <strong>de</strong>colaboração que sempre norteou a boarelação entre as Instituições.Vale ressaltar, por oportuno, que oreferi<strong>do</strong> edital <strong>de</strong> concorrência <strong>para</strong> aconcessão <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>centro foi objeto<strong>de</strong> Representação oferecida pelo Sr.Luiz Paulo <strong>de</strong> Barros Correia Viveiros<strong>de</strong> Castro (processo nº 40/1002/2006),ora sobresta<strong>do</strong> por <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Plenário<strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong> – voto nº 349/2006,em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> ajuizamento daAção Popular nº 2006.001.037305-6,distribuída à 4ª Vara <strong>de</strong> Fazenda Públicada Comarca da Capital, cujo pedi<strong>do</strong>principal é a anulação <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong>certame, a qual se encontra aindapen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento.Vale <strong>de</strong>stacar, ainda, como prerrogativas<strong>para</strong> o comparecimento <strong>de</strong> Conselheiro,(1) o ajuste prévio <strong>de</strong> dia, hora e local,a fim <strong>de</strong> que seja ouvi<strong>do</strong> e (2) não estarsujeito a notificação ou a intimação <strong>para</strong>comparecimento, salvo se expedida porautorida<strong>de</strong> judicial (art. 33, incisos I e IV,da LC nº 35/79, c/c art. 411, inciso IX e p.único <strong>do</strong> CPC, e 221 <strong>do</strong> CPP).Seguin<strong>do</strong> a compreensão <strong>do</strong>sargumentos até aqui aduzi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> fatocompete a este <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> o<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> informaçõesquan<strong>do</strong> solicitadas, na forma <strong>do</strong>sarts. 71, VII, CRFB e 88, VIII, da LeiOrgânica Municipal. Contu<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>ver<strong>de</strong> informação não se confun<strong>de</strong> com o8FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil: Jurisdição e Competência. Belo Horizonte: Fórum, 2003, p. 513 e 515.9Ainda que se entenda que o rol <strong>do</strong> art. 135 <strong>do</strong> CPC é taxativo, <strong>do</strong>utrinariamente embasava-se o prejulgamento como causa <strong>de</strong> suspeição previstaem seu inciso V, na medida em que o prejulgamento da causa aproximaria o juiz, em prejuízo da imparcialida<strong>de</strong>, a encapar o interesse <strong>de</strong> <strong>uma</strong> daspartes. Afinal <strong>de</strong> contas, o que se preten<strong>de</strong> é abertura da exegese, haja vista que a leitura numerus clausus se afigura por <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> restritivo.10Em que pese o argumento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> invoca<strong>do</strong> por José Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira Baracho em senti<strong>do</strong> oposto, in verbis: “Ora, o membro <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> ou <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário não po<strong>de</strong> ser compeli<strong>do</strong> à presença na Comissão, porque o Po<strong>de</strong>r Legislativo não po<strong>de</strong> exigir <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>Judiciário ou <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>. Aliás, Alcino Pinto Falcão teve ocasião <strong>de</strong> observar que nenh<strong>uma</strong> subordinação existe na justiça às ComissõesParlamentares <strong>de</strong> Inquérito (Revista Forense nº 185. p. 397)” In BARACHO, José Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira. Teoria Geral das Comissões Parlamentares.<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro: 1988. Forense. p. 137.11Nesse senti<strong>do</strong> veja-se o HC 80539, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 21-3-01, DJ <strong>de</strong> 1-8-03: “Configura constrangimento ilegal, comevi<strong>de</strong>nte ofensa ao princípio da se<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res, a convocação <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong> à fim <strong>de</strong> que preste <strong>de</strong>poimento em razão <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>conteú<strong>do</strong> jurisdicional atinentes ao fato investiga<strong>do</strong> pela Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito.”Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200789


parecerconvite <strong>para</strong> comparecimento 12 , hajavista que <strong>de</strong> outros mecanismos po<strong>de</strong>se valer a CPI com vistas a alcançar osmesmos propósitos. Isto porque, estan<strong>do</strong>o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> Conselheiro limita<strong>do</strong> aquestões factíveis constantes <strong>do</strong>s autos,mais razoável e oportuno seria a remessa<strong>do</strong>s elementos coligi<strong>do</strong>s.Afinal, quan<strong>do</strong> a Constituição daRepública quis evitar a intromissão<strong>de</strong> um Po<strong>de</strong>r em outro, utilizou-se <strong>do</strong>instrumento da prestação <strong>de</strong> informações,agin<strong>do</strong> o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> na condição<strong>de</strong> parceiro ou <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>r técnico,jamais na condição <strong>de</strong> órgão preposto<strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo 13 . Não significa,todavia, que tal pedi<strong>do</strong> importe empresença física.Nesta linha, o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> prestarinformações recai sobre a entida<strong>de</strong>fiscaliza<strong>do</strong>ra, representada por setemembros, que compõem o Colegia<strong>do</strong>.Portanto, não estará tal convida<strong>do</strong>, porsua manifestação única, representan<strong>do</strong>a entida<strong>de</strong> colegiada.Isto posto, po<strong>de</strong>m ser apresentadas,objetivamente, as seguintes conclusões:(a) os membros integrantes <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, por força <strong>de</strong> dispositivoconstitucional, têm assegura<strong>do</strong> as mesmasgarantias, prerrogativas e impedimentos<strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s;(b) os atos <strong>de</strong> apreciação <strong>de</strong> editaise seus corolários não importam emjulgamento <strong>de</strong> contas que serão aferi<strong>do</strong>sem momento próprio;(c) o limite material ao <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>Conselheiro <strong>de</strong>ve ser restrito meramenteaos fatos, sen<strong>do</strong> ilegal e ilegítimopreten<strong>de</strong>r-se buscar informações <strong>de</strong>conteú<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> contas comjuízo valorativo, sob pena <strong>de</strong> interferênciain<strong>de</strong>vida da Câmara Municipal nos atos<strong>de</strong> competência <strong>de</strong>ste Órgão <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>;(d) o comparecimento voluntário<strong>de</strong> Conselheiro <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, por força <strong>de</strong>convite, não importa em <strong>de</strong>satençãoaos coman<strong>do</strong>s constitucionais e legaisatinentes à sua relevante função, entre osquais: (1) impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manifestarjuízo <strong>de</strong> valor sobre qualquer matériapen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento colegia<strong>do</strong>por este Egrégio <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,em prejuízo <strong>de</strong> sua imparcialida<strong>de</strong> eexpon<strong>do</strong>-se à suspeição; (2) ajuste prévio<strong>de</strong> dia, hora e local <strong>para</strong> sua oitiva; (3) nãosujeição à notificação ou à intimação <strong>para</strong>comparecimento exceto se expedi<strong>do</strong> porautorida<strong>de</strong> judicial;(e) a prestação <strong>de</strong> informações, nostermos <strong>do</strong> art. 88, VIII da Lei Orgânica<strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, seriainstrumento mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, eficaz emenos oneroso que o comparecimento<strong>de</strong> Conselheiro, haja vista as limitaçõesmateriais impostas ao seu <strong>de</strong>poimento.É o que se submete a Vossa Excelência, s.m.j.<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 20 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007.LUIZ ANTONIO DE FREITAS JUNIORAssessor Jurídico ChefeMat. 90.900967Câmara Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janneiro - Procura<strong>do</strong>ria-GeralProcesso nºInteressa<strong>do</strong>: <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> JaneiroParecer nº 07/07- FACB- Exame <strong>de</strong> Parecer da <strong>do</strong>uta Assessoria Jurídica <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiroque rebate os termos <strong>do</strong> Parecer 06/07-FACB.- Apesar <strong>de</strong> insistir que um Conselheiro <strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a convite formula<strong>do</strong> por<strong>uma</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito – contrariamente ao que sustenta a Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> – é fatoque a Casa Legislativa não dispõe <strong>de</strong> meios <strong>para</strong> compelir o comparecimento <strong>do</strong> Conselheiro faltante.- Parecer pela aplicação <strong>do</strong> art.71,VII, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, que trata <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> informações que as Cortes<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong>vem prestar ao Po<strong>de</strong>r Legislativo.Excelentíssimo Senhor Verea<strong>do</strong>rPresi<strong>de</strong>nte,O Excelentíssimo Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>Egrégio <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro encaminha ao exame<strong>de</strong>sta Casa Legislativa manifestação daIlustrada Assessoria Jurídica daquelaCorte, que examina os termos <strong>de</strong> nossoParecer nº06/07- FACB, que, <strong>de</strong> seu turno,mereceu a seguinte ementa:“- Constitucional. Conselheiro <strong>de</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> que, por conta <strong>de</strong> talcondição, se diz impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> comparecerem audiência <strong>de</strong> Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito que investiga vícios emedital <strong>de</strong> concorrência.- Consi<strong>de</strong>radas as característicasdas Cortes <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, bem assim <strong>do</strong>sdireitos, garantias e prerrogativas <strong>de</strong> seusConselheiros, nada há que os impeça<strong>de</strong> prestar os <strong>de</strong>poimentos pelas CPIs,notadamente quan<strong>do</strong> não se trata, em si,<strong>de</strong> tarefa judicante”.O estu<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> pela Corte <strong>de</strong><strong>Contas</strong> teve a seguinte ementa:“Constitucional – CPI nº1061/2007– CPI <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>centro- Convite <strong>para</strong> comparecimento <strong>de</strong>Conselheiro <strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> –Prerrogativas, garantias e impedimentosequi<strong>para</strong><strong>do</strong>s aos membros <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rJudiciário por força constitucional– Limites ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> investigação dasCPIs”Apesar da franca convergência<strong>de</strong> conclusões – que será adiante<strong>de</strong>monstrada – a <strong>do</strong>uta AssessoriaJurídica <strong>do</strong> TCM en<strong>de</strong>nte que nossamanifestação estaria partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>“premissas equivocadas”, porquanto:i ) n ã o e n x e r g a m o s a t o t a lconvergência <strong>de</strong> garantias, prerrogativase impedimentos entre os Magistra<strong>do</strong>se os Conselheiros <strong>de</strong> Tribunais <strong>de</strong>12A propósito, veja-se que os coman<strong>do</strong>s <strong>do</strong> art. 91, § 3º e <strong>do</strong> inciso V <strong>do</strong> art. 114, ambos da Lei Orgânica <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, foram<strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s inconstitucionais por força, respectivamente, da RI nº 15/90 e da RI nº 6/90. Registre-se que a inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarada sobreo inciso V <strong>do</strong> art. 114, <strong>de</strong>u-se somente no tocante à expressão “convocações”, significan<strong>do</strong> dizer que não se admite, com isso, a imposição <strong>de</strong>condição a ser suportada pelo Chefe <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo, qual seja, a <strong>de</strong> sujeitar-se à <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> comparecimento à Câmara Municipal(convocação).13CASTRO, José Nilo <strong>de</strong>. A CPI Municipal. Belo Horizonte: 1996, Del Rey. P. 57-58.90 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


<strong>Contas</strong>;ii) sob sua óptica, o exame <strong>de</strong> umedital constituiria, sim, ato <strong>de</strong> naturezajurisdicional.Apesar <strong>de</strong> tais consi<strong>de</strong>raçõesdistarem, efetivamente, <strong>de</strong> nossa linha <strong>de</strong>raciocínio – vazadas no Parecer nº06/07-FACB – o fato é que tal divergência se dáem tópicos não-essenciais <strong>de</strong> ambas asmanifestações, mormente quan<strong>do</strong> se temem conta que as conclusões <strong>do</strong>s trabalhosapontam <strong>para</strong> o mesmo senti<strong>do</strong>.Passo a <strong>de</strong>monstrar.Como <strong>de</strong>ixei claro em minhamanifestação, “nada há que sirva <strong>de</strong>suporte a impedir a presença <strong>de</strong> umConselheiro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> emcolaboração a <strong>uma</strong> Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito”. Não arre<strong>do</strong> pé <strong>de</strong> minhaconvicção pessoal nesse senti<strong>do</strong>, postoque, como lá afirma<strong>do</strong>, não há autorida<strong>de</strong>da República que se ache privada <strong>do</strong>direito <strong>de</strong> em espírito <strong>de</strong> colaboração,comparecer a <strong>uma</strong> Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito. Nessa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> idéias, divirjoda assertiva contida na manifestação da<strong>do</strong>uta Assessoria Jurídica, <strong>de</strong> que “ospropósitos <strong>do</strong> convite <strong>de</strong> Conselheirosrestarão ilegais e ilegítimos se <strong>de</strong> tal atopreten<strong>de</strong>r-se buscar <strong>de</strong>poimento sobreconteú<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> controle em juízovalorativo”. Pela própria acepção dapalavra, data venia, convite algum po<strong>de</strong>ser ti<strong>do</strong> como ilegal e ilegítimo.Muito menos vale concluir – comofeito – que, pelos termos <strong>do</strong> conviteformula<strong>do</strong>, esta Casa Legislativa estariaa tratar o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> como um“órgão preposto <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo”.Sequer vale polemizar sobre tal assertiva,já que como disse em meu Parecer, “estaCâmara Municipal e o Egrégio <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município conhecem, comopoucas instituições, seus próprios limites epossibilida<strong>de</strong>s constitucionais, afirmadas ereafirmadas por pronunciamentos internose mesmo por <strong>de</strong>cisões judiciais, tamanhossão os embates que vêm sen<strong>do</strong>, ao longo <strong>do</strong>sanos, trava<strong>do</strong>s com o Po<strong>de</strong>r Executivo”.A questão, na verda<strong>de</strong>, é muito maissimples. Entendi, como ainda enten<strong>do</strong>,que um Conselheiro <strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> po<strong>de</strong>, em colaboração com <strong>uma</strong>Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito, a elacomparecer <strong>de</strong>clinan<strong>do</strong> sua percepçãoacerca <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le administrativa,fora <strong>do</strong> espectro <strong>de</strong> função judicante.Enten<strong>do</strong> mais, com base no que já <strong>de</strong>cidiuo Superior <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça, que “aemissão <strong>de</strong> parecer sobre concorrênciaou licitação não é exercício <strong>de</strong> jurisdição,é <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> fiscaliza<strong>do</strong>ra,coadjuvan<strong>do</strong> com a administração”.Vai daí <strong>uma</strong> distância muito longa<strong>para</strong> se enxergar qualquer tentativa <strong>de</strong>ingerência na Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, instituiçãoque, como dito, sempre foi prestigiadapor esta Casa Legislativa e, em especial,sua Procura<strong>do</strong>ria-Geral.O enfoque <strong>de</strong> minha manifestaçãofoi <strong>de</strong> que, diante <strong>de</strong> um convite, oConselheiro po<strong>de</strong>ria, a título <strong>de</strong>colaboração, prestar <strong>de</strong>poimento à CPI.Apresentada <strong>uma</strong> objeção – qualquerque fosse ela – a situação <strong>de</strong>mandariaum novo exame.E, coerente com tal mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensare, notadamente, por conta da dicção <strong>do</strong>texto constitucional, tenho por certo queos Conselheiros das Cortes <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> nãopo<strong>de</strong>m ser convoca<strong>do</strong>s coercitivamente acomparecer a Comissões Parlamentares<strong>de</strong> Inquérito, caso entendam <strong>de</strong> recusar oconvite. Nesse senti<strong>do</strong> é a lição <strong>de</strong> UADILAMMÊGO BULOS:“Basta ver que os conselheiros <strong>do</strong>sTribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> não po<strong>de</strong>m sercompeli<strong>do</strong>s à presença <strong>de</strong> <strong>uma</strong> CPI. Elescomparecem se <strong>de</strong>sejarem. Não é da<strong>do</strong>ao Po<strong>de</strong>r Legislativo exigir-lhes o <strong>de</strong>ver<strong>de</strong> comparecimento <strong>para</strong> <strong>de</strong>por.Assim, os Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,no posto constitucional <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong>colaboração técnica e <strong>de</strong> auxílio, nãoestão compeli<strong>do</strong>s a ofertar <strong>do</strong>cumentosàs comissões <strong>de</strong> inquérito antes <strong>de</strong>proferir seus pareceres prévios. Emcasos específicos, se eventualmentesolicita<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>rão, conforme o juízodiscricionário <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>,oferecer informações. Isso, contu<strong>do</strong>, é<strong>uma</strong> faculda<strong>de</strong> que a Constituição daRepública franqueia às Cortes <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,não um <strong>de</strong>ver (CF, art.71, c/c o art.75)”E, mesmo que o Conselheiroespontaneamente comparecesse àsessão <strong>de</strong> <strong>uma</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong>Inquérito e enten<strong>de</strong>sse que o tema estariaimbrica<strong>do</strong> com sua função judicante,po<strong>de</strong>ria ele <strong>de</strong>clinar o <strong>de</strong>poimento.Quanto a este ponto vale reconhecer asimilitu<strong>de</strong> com as funções <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong>,valen<strong>do</strong> transcrever, por cabível, a lição<strong>de</strong> MANOEL MESSIAS PEIXINHO eRICARDO GUANABARA acerca dasprerrogativas <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res e limitesdas CPIs e da magistratura. Assim,após concluírem pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estabelecimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> CPI que visea investigar o próprio Po<strong>de</strong>r Judiciário,concluem aqueles <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>res:“E por ilação lógica, legítimaé também a convocação <strong>de</strong> ummagistra<strong>do</strong> responsável pela conduçãoda administração da coisa pública em<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>. Porém, o quenão se po<strong>de</strong> admitir é a convocação<strong>de</strong> um magistra<strong>do</strong> <strong>para</strong> que <strong>de</strong>ponhasobre assunto pertencente à esfera <strong>de</strong>sua atuação jurisdicional, porque, nestecaso, estaríamos diante <strong>de</strong> violação<strong>do</strong> princípio fe<strong>de</strong>rativo da se<strong>para</strong>ção ein<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res” .Parece ser claro, pois, que, apesar <strong>de</strong>divergências pontuais, o que se tem é <strong>uma</strong>franca convergência <strong>para</strong> a conclusão <strong>de</strong>que o Conselheiro da Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>não po<strong>de</strong> ser compeli<strong>do</strong> a comparecerem sessão <strong>de</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong>Inquérito, pouco importan<strong>do</strong> as razõesque forem apresentadas <strong>para</strong> a recusa aoconvite, restan<strong>do</strong> apontar as possíveisalternativas <strong>para</strong> a hipótese, caso aComissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito insistaem obter da<strong>do</strong>s acerca <strong>do</strong>s fatos que, afinal<strong>de</strong> contas, <strong>de</strong>ram azo à sua instalação.Assim, ante a recusa ao convitef o r m u l a d o , e c o n s i d e r a n d o aimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convocação <strong>de</strong> umConselheiro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,parece-nos ser a hipótese <strong>de</strong> aplicaçãoda regra <strong>do</strong> art.71, VII , da Constituiçãoda República (repetida no art.88, VIII daLei Orgânica Municipal), que compele aCorte a prestar as informações solicitadaspelas Comissões <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo,medida que se sugere <strong>para</strong> o regularprosseguimento <strong>do</strong>s trabalhos daComissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito.À superior consi<strong>de</strong>ração.<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007FLÁVIO ANDRADE DE CARVALHOBRITTOSubprocura<strong>do</strong>r-Geral1Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito – Técnica e prática”, Saraiva, 2001, p. 130.2“Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito. Princípios, po<strong>de</strong>res e “limites.”2ª ed, Lúmen Júris, p. 189.Que diz competir ao <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> “prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer <strong>de</strong> suas Casas, ou porqualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>auditorias e inspeções realizadas”.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200791


artigoJuscelino e a Revolução <strong>de</strong> 64Conselheiro aposenta<strong>do</strong><strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro,médico, advoga<strong>do</strong>, professor<strong>de</strong> história <strong>do</strong> PensamentoEconômico da Faculda<strong>de</strong><strong>de</strong> Ciências Econômicasda Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong>Janeiro, escritor,membro da Aca<strong>de</strong>mia Carioca <strong>de</strong> Letras, HumbertoBraga exerceu os cargos <strong>de</strong> Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>Governo (Planejamento), <strong>de</strong> Finanças e <strong>de</strong> ServiçosSociais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Guanabara, no governo Negrão <strong>de</strong>Lima. Eminente figura política, o ex-presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCE/RJno perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1993/1994 relata, no texto abaixo, fatos nãoinseri<strong>do</strong>s na história política <strong>do</strong> Brasil que prece<strong>de</strong>ram àcassação <strong>do</strong>s direitos políticos <strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>nte JuscelinoKubitschek.Aleitura <strong>de</strong> “O JuscelinoKubitscheck <strong>de</strong> minhasrecordações”, <strong>do</strong> meu queri<strong>do</strong>amigo Josué Montello, reavivoutambém as recordações que guar<strong>do</strong><strong>do</strong> gran<strong>de</strong> brasileiro, sobretu<strong>do</strong> asda <strong>fase</strong> mais dramática <strong>de</strong> sua vidapública. Entrego-as agora ao papel,valen<strong>do</strong>-me exclusivamente <strong>de</strong> minhamemória. Talvez interessem aos seusfuturos biógrafos, pois alguns fatosaqui narra<strong>do</strong>s não foram objeto <strong>de</strong>publicação. Meu propósito é dar um<strong>de</strong>poimento objetivo e verídico e nãoo <strong>de</strong> iconizar o ex-presi<strong>de</strong>nte.No dia 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1964, apósassistir ao famigera<strong>do</strong> comício daCentral <strong>do</strong> Brasil, no qual o Presi<strong>de</strong>nteJoão Goulart figurou como principalora<strong>do</strong>r, conversei por telefone com oEmbaixa<strong>do</strong>r Negrão <strong>de</strong> Lima, Chefe<strong>do</strong> Comitê da Candidatura JK-65.Ambos concordamos em que aquelarumorosa manifestação sepultavaas esperanças <strong>de</strong> que o PTB viessea apoiar Juscelino na eleição <strong>do</strong> anopróximo, tal como ocorrera em 1955. Odiscurso <strong>de</strong> Jango sugeria muita coisa,menos que a sucessão presi<strong>de</strong>ncialestivesse nas cogitações <strong>do</strong> governo.Logicamente – pareceu a Negrão – aruptura política <strong>do</strong> nosso candidatocom a situação era inevitável. Juscelinoestava em Minas mas <strong>de</strong>veria chegarao <strong>Rio</strong> nas próximas 24 horas. Porsugestão <strong>do</strong> Embaixa<strong>do</strong>r, rascunheium manifesto à nação, que foi porele aprova<strong>do</strong>, <strong>para</strong> ser submeti<strong>do</strong> aoex-Presi<strong>de</strong>nte. Quarenta e oito horas<strong>de</strong>pois, bem ce<strong>do</strong>, Negrão me telefonouinforman<strong>do</strong> que Juscelino chegarae nos convocava <strong>para</strong> <strong>uma</strong> reuniãoimediata na residência <strong>de</strong>le. E às 7h damanhã daquele dia nós o encontramosno seu gabinete. Estava irritadíssimo,como até então eu não o tinha visto,com o que assistira pela televisão, emMinas. Criticou longa e acerbadamenteo comício, que lhe pareceu não apenaspoliticamente <strong>de</strong>sastroso como umespetáculo <strong>de</strong> vulgarida<strong>de</strong>. Repetiuvárias vezes essa palavra. Tambémele já não mais esperava o apoio <strong>de</strong>Jango à sua candidatura e se mostravasombriamente apreensivo com o rumoa que estava sen<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> o país.Entreguei-lhe o manifesto que redigira.Ele o leu e guar<strong>do</strong>u <strong>para</strong> outra leituramais atenta. Já na rua, quan<strong>do</strong> saímos,Negrão me disse: “A turma <strong>do</strong> <strong>de</strong>ixadisso não permitirá que ele lanceesse manifesto.” E foi o que parece teraconteci<strong>do</strong>. Não houve manifestos.JK não rompeu politicamente comJango.Poucos dias <strong>de</strong>pois, Juscelinoincumbiu Negrão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar aelaboração <strong>do</strong> seu discurso <strong>do</strong> dia21 <strong>de</strong> março na Convenção Nacional<strong>do</strong> PSD, quan<strong>do</strong> seria oficialmentelança<strong>do</strong> candidato à presidência. Oembaixa<strong>do</strong>r chamou Jorge Serpa Filhoe a mim, e ali, no seu gabinete, durante<strong>uma</strong> tar<strong>de</strong>, o discurso foi redigi<strong>do</strong>.Serpa ditou toda a parte econômica,92 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


assombran<strong>do</strong>-me com a profusão <strong>do</strong>snúmeros que sabia <strong>de</strong> memória. Euescrevi outros trechos. No começo danoite, Abgar Renault lá esteve em visitaa Negrão que lhe mostrou o texto. Oacadêmico fez <strong>uma</strong>s 4 ou 5 alteraçõesformais. Ao saber que o discursoestava pronto, Juscelino, impaciente,apareceu na casa <strong>do</strong> correligionáriojá em hora bastante avançada. Leu apeça e ali mesmo elogiou-a e levou-aconsigo. No dia seguinte me chamoue disse que alguns amigos estavamobjetan<strong>do</strong> a <strong>uma</strong> frase da peroração,integralmente redigida por mim. Afrase era a seguinte: “Repudiemossem vacilações o comunismo quejamais empolgará o nosso povo livree cristão”. Os críticos argumentavamassim: aquela não era hora <strong>de</strong>per<strong>de</strong>r votos e suscitar conflitos. Oscomunistas não estavam agredin<strong>do</strong>JK e os anticomunistas extrema<strong>do</strong>s játinham candidato (Carlos Lacerda).Ataca<strong>do</strong>s, os vermelhos teriammotivo <strong>para</strong> incluir o ex-presi<strong>de</strong>ntena categoria <strong>do</strong>s “reacionários”. Oscomunistas eram fracos eleitoralmentemas a sua eficiência propagandísticanão era <strong>de</strong>sprezível. Por que compraressa briga agora?Essa argumentação me fez lembraro caso <strong>do</strong> moribun<strong>do</strong> que ao ouvir osacer<strong>do</strong>te perguntar-lhe “Renuncia aSatanás e às suas pompas?” pon<strong>de</strong>rou:“Padre, o bicho está quieto, por quemexer com ele agora?”Sustentei a necessida<strong>de</strong> damanutenção da frase, mais ou menoscom as seguintes palavras: “Sehouver eleição, os comunistas serãocompeli<strong>do</strong>s a votar no senhor, poisnão terão condições <strong>de</strong> apoiar oscandidatos daquilo a que chamama direita (Carlos Lacerda e Adhemar<strong>de</strong> Barros). Os comunistas são friose realistas e não se conduzirãopela ira. Mas há ainda <strong>uma</strong> razãomuito séria <strong>para</strong> conservar a frase.Ajudada pela linguagem impru<strong>de</strong>ntee irresponsável <strong>de</strong> muitos radicais daesquerda, a oposição está, cada vezmais, convencen<strong>do</strong> amplos segmentosda população, principalmente nasclasses médias, <strong>do</strong> perigo <strong>de</strong> <strong>uma</strong>Os inimigosnão estavaminteressa<strong>do</strong>sem apurara inocênciaou a culpa<strong>de</strong> JK, pois ocompromisso<strong>de</strong>les nãoera com averda<strong>de</strong>.“”iminente revolução comunista, com acomplacência senão com a convivência<strong>do</strong> governo. O senhor não acreditana possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os comunistastomarem o po<strong>de</strong>r. Nem eu tampouco.Lacerda certamente também não, poisinteligência e boa informação ele tem<strong>de</strong> sobra. Mas o senhor não dispõe <strong>de</strong>condições objetivas <strong>para</strong> <strong>de</strong>nunciarcomo impostura o propala<strong>do</strong> perigocomunista, até porque os agita<strong>do</strong>resda esquerda contribuem diariamente<strong>para</strong> dar credibilida<strong>de</strong> às acusações<strong>do</strong>s extrema<strong>do</strong>s da direita. A classemédia está assustada e quer saberclaramente qual a sua posição atualem face <strong>do</strong> comunismo. Se o senhorse omitir diante <strong>de</strong>ssa crescente ealarmada inquietação, sua candidaturaestá perdida. O eleitora<strong>do</strong> <strong>do</strong> centrose <strong>de</strong>slocará <strong>para</strong> a direita”. O expresi<strong>de</strong>nteme ouviu e afirmou que afrase seria mantida. E foi ela que figuroucomo manchete da primeira página <strong>do</strong>Diário <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong> 22.03.64, diaseguinte ao da convenção.Todavia, a luta política se tornavacada vez mais radicalizada e rui<strong>do</strong>sa.Perceben<strong>do</strong> a posição difícil <strong>do</strong> expresi<strong>de</strong>nte,Lacerda, n<strong>uma</strong> hábilmanobra, agravou-a ao convidá-lopublicamente <strong>para</strong> juntar-se a elena luta “pela <strong>de</strong>mocracia”. Lembro<strong>de</strong> ter ouvi<strong>do</strong> este comentário <strong>de</strong>Juscelino: “Com Lacerda tenho<strong>de</strong> evitar um <strong>de</strong>bate pessoal queresvalaria inevitavelmente <strong>para</strong> oplano <strong>do</strong>s insultos a que não possoe não quero <strong>de</strong>scer.” E, à guisa <strong>de</strong>resposta, mas sem citar o nome<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r da Guanabara, fez<strong>uma</strong> <strong>de</strong>claração pública na qualafirmava que ele, JK, tinha autorida<strong>de</strong><strong>para</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>mocracia, porémnão a tinham aqueles que pegaramincessantemente o golpe, no curso<strong>de</strong> suas vidas públicas. A alusãoa Lacerda era claríssima, mas esteignorou-a e insistiu no convite <strong>para</strong>a aliança contra o governo. Destarteconcentrava o fogo sobre Jango eacentuava a posição embaraçosa<strong>de</strong> Juscelino. Nessa ocasião aventei<strong>uma</strong> hipótese <strong>para</strong> a consi<strong>de</strong>ração<strong>do</strong> nosso candidato. Já que ele nãorompera com Jango, por que não seinvestia publicamente no papel <strong>de</strong>media<strong>do</strong>r entre o governo e a oposiçãoexortan<strong>do</strong>-os à resolução <strong>do</strong>s conflitos<strong>de</strong>ntro da <strong>de</strong>mocracia e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Direito, com absoluto respeito às regras<strong>do</strong> jogo estabelecidas na Constituição?Juscelino respon<strong>de</strong>u-me que nem ogoverno nem a oposição aceitariamessa mediação espontânea. Na manhã<strong>do</strong> dia 31 <strong>de</strong> março, por volta <strong>de</strong> 7horas, telefonei a Serpa e expus minhaidéia.Ele nem me <strong>de</strong>ixou concluir e foidizen<strong>do</strong> mais ou menos o seguinte:“Eu estava pensan<strong>do</strong> exatamentenisso neste momento. Juscelino <strong>de</strong>veapresentar-se imediatamente comomedia<strong>do</strong>r, perante a nação, numgran<strong>de</strong> apelo à razão e ao bom senso.Ele não precisa da prévia aprovação <strong>de</strong>quem quer que seja, pois a situação émuito grave, com risco <strong>de</strong> guerra civil.O importante agora é sensibilizar opovo”. E como eu dissesse que aindanaquela manhã veria o ex-presi<strong>de</strong>nte,Serpa rematou: “Proponha a ele <strong>uma</strong>conversa conosco e com o Dr. Negrãohoje. Não há tempo a per<strong>de</strong>r”. Fuitratar <strong>de</strong> coisas da minha vida e pelas11 horas cheguei à casa <strong>de</strong> JK e alisoube por ele <strong>do</strong> levante em Minas.Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200793


artigoContou-me, também, que telefonaraa Alkmin, em Belo Horizonte, e este,recém-nomea<strong>do</strong> Secretário <strong>do</strong> Interior<strong>do</strong> governo <strong>de</strong> Magalhães Pinto,confirmara a notícia. JK protestara:“Como é que vocês aí resolvem fazerrevolução e não me avisam <strong>de</strong> nada?O astuto Alkmin certamente nãopo<strong>de</strong>ria dar aviso prévio a quemnão participava da conspiração,não por duvidar da lealda<strong>de</strong> <strong>do</strong>velho amigo, mas por saber que estetentaria dissuadi-lo <strong>do</strong> que parecia<strong>uma</strong> temerária empreitada.Narrei então a Juscelino minhaconversa com Serpa. Ali mesmo eletelefonou <strong>para</strong> o Palácio Laranjeirase disse que queria falar com Jango.Respon<strong>de</strong>ram-lhe que o presi<strong>de</strong>nteestava muito ocupa<strong>do</strong> naquelemomento. Endurecen<strong>do</strong> a voz e emtom pausa<strong>do</strong>, JK falou: “Então digaao presi<strong>de</strong>nte João Goulart que hoje,às 11h e tanto, o sena<strong>do</strong>r JuscelinoKubitschek tentou falar com ele sobreassunto <strong>de</strong> interesse nacional, e nãoconseguiu”. E <strong>de</strong>sligou o aparelho.Minutos <strong>de</strong>pois Jango estava notelefone. Aquiesceu em receberseu pre<strong>de</strong>cessor dali a duas horas.Quan<strong>do</strong> este saiu, eu e outros amigosficamos em vigília, aguardan<strong>do</strong>-oansiosamente. Ao regressar, já nomeio da tar<strong>de</strong>, Juscelino contou queencontrara Jango “tranqüilíssimo”referin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosamente aomovimento <strong>de</strong> Minas que via comopura irresponsabilida<strong>de</strong> mas semmaiores conseqüências. Dentro <strong>de</strong>horas tu<strong>do</strong> estaria sob completocontrole <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral. Juscelinoouviu-o perplexo, mas concluiu queo presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>via estar militarmentemuito forte. E rematou: “Se ele se julgatão po<strong>de</strong>roso, não tinha senti<strong>do</strong> eufalar em mediação.”No começo da noite, chegou à casa<strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>nte, um meu conterrâneo,o sena<strong>do</strong>r, ex-governa<strong>do</strong>r, ex-ministroAntônio Balbino. Com a intimida<strong>de</strong><strong>de</strong> quem o conhecia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a minhainfância, eu lhe disse, quase aindana porta da entrada: “Parece que tu<strong>do</strong>terminará nas próximas horas.” Ele,com aquele seu permanente ar <strong>de</strong>displicência e zombaria, replicou: “É,terminará em horas, mas não <strong>do</strong> jeitoque você está supon<strong>do</strong>.” Isso foi ditoantes <strong>do</strong> Comandante <strong>do</strong> II Exército,General Kruel, posicionar-se contrao governo. Ao que me contaram,o sena<strong>do</strong>r baiano estivera naqueledia em São Paulo e ali concorrera<strong>de</strong>cisivamente <strong>para</strong> a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kruel,seu antigo colega, um ano antes, noministério <strong>de</strong> Jango. No dia seguintea previsão <strong>de</strong> Balbino se cumpriu.Os “perigosíssimos comunistas” nãoforam capazes <strong>de</strong> dis<strong>para</strong>r um tiro.E havia tanta gente temerosa <strong>de</strong> quese repetisse no Brasil a tragédia daEspanha...Depois <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> marçoQuan<strong>do</strong> Juscelino voltou <strong>de</strong>Brasília, após a eleição <strong>do</strong> GeneralCastello Branco pelo Congresso,iniciou a conversa comigo nestestermos: “Você se lembra daquelaane<strong>do</strong>ta em que o noivo, na véspera <strong>do</strong>casamento, comunicava à noiva quesó lhe agradava o “amor platônico”?Ninguém da família <strong>de</strong>la sabia o queera isso. Então a mãe aconselhou àfilha: “Reze <strong>uma</strong> Ave Maria e seja lá oque Deus quiser”. Agora digo eu, sejalá o que o seu xará quiser.” Pergunteilhese achava que ele (Castello)po<strong>de</strong>ria vir a querer perpetuar-se nopo<strong>de</strong>r. Resposta: “Ele, pessoalmente,não. Mas temo que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le, etalvez até contra a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, venha<strong>uma</strong> dinastia <strong>de</strong> generais, General I,General II, como nas monarquias. Opo<strong>de</strong>r civil um fulminante colapso”.O que Castello queria não estavaainda claro, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo ficoupatente o que os seus partidários civise militares queriam: a proscrição <strong>de</strong>Juscelino. E o coro hostil foi numcrescen<strong>do</strong> avassala<strong>do</strong>r seguin<strong>do</strong> atática da <strong>de</strong>struição moral <strong>do</strong> adversáriovisa<strong>do</strong>. Diariamente brotavam naimprensa os mais vis ataques à honra<strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>nte, embora não selhe imputasse nenh<strong>uma</strong> acusaçãoprecisa ou concreta. Indigna<strong>do</strong> comessa erupção <strong>de</strong> lama, insisti comJuscelino <strong>para</strong> que se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ssedaquelas infâmias e repelisse asassacadilhas <strong>do</strong>s injuria<strong>do</strong>res. Eleretrucou: “Vamos ouvir sobre issoa opinião <strong>de</strong> um notável jornalista,o Luiz Alberto Bahia.” E me levouà casa daquele gran<strong>de</strong> homem <strong>de</strong>imprensa, também meu amigo. Bahiadiscor<strong>do</strong>u da minha opinião. Falou-menos seguintes termos: “O presi<strong>de</strong>ntenão <strong>de</strong>ve sequer tomar conhecimento,publicamente, <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ataques.Não po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar arrastar <strong>para</strong> esseterreno pantanoso. Se não há qualqueracusação específica, por que ele secolocaria na <strong>de</strong>fensiva? Seria umerro político que atrairia ainda mais aatenção pública <strong>para</strong> essas misérias.”E concluiu: “A<strong>de</strong>mais, se prepon<strong>de</strong>rarno governo o grupo político-militarmais extrema<strong>do</strong>, a cassação <strong>do</strong>presi<strong>de</strong>nte ocorrerá, mesmo comqualquer <strong>de</strong>fesa”. Os acontecimentosposteriores <strong>de</strong>monstram a justezada opinião <strong>de</strong> Bahia. Os inimigosnão estavam interessa<strong>do</strong>s em apurara inocência ou a culpa <strong>de</strong> JK, poiso compromisso <strong>de</strong>les não era coma verda<strong>de</strong>. Queriam apenas suaexecução política. Eu, ainda moço epoliticamente inexperiente, reagiaem termos emocionais. Passavam-seos dias e multiplicavam-se as vozesexigin<strong>do</strong> a cassação <strong>de</strong> Juscelino.Só assim, dizia-se, a revolução secompletaria. Um dia ele contou aum pequeno grupo <strong>de</strong> amigos quetinha si<strong>do</strong> pressiona<strong>do</strong> (não disse porquem) <strong>para</strong> retirar sua candidatura.Repelira a proposta com veemência.Não praticaria um ato <strong>de</strong> covardiaque equivaleria a <strong>uma</strong> confissão <strong>de</strong>culpa, tanto mais com Lacerda eAdhemar manten<strong>do</strong>-se candidatos.E afirmou que preferia a morte aessa capitulação. Lembro-me <strong>do</strong>comentário <strong>de</strong> Márcio Moreira Alves(oposicionista a JK durante o seugoverno, <strong>de</strong>le se reaproximara nahora <strong>do</strong> perigo): “esse gesto seria <strong>uma</strong>auto-cassação.”Nessa altura, Negrão <strong>de</strong> Lima, semconsultar JK, tomou <strong>uma</strong> iniciativa.Amigo <strong>de</strong> Castello Branco <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ajuventu<strong>de</strong>, aproveitou <strong>uma</strong> ocasiãoem que o general estava no <strong>Rio</strong>,94 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


telefonou <strong>para</strong> o palácio e pediu parfalar com ele assim que fosse possível.Foi recebi<strong>do</strong> no mesmo dia. Negrão,segun<strong>do</strong> contou naquela noite aJuscelino e a mim, dirigiu-se aogeneral-presi<strong>de</strong>nte com as seguintespalavras: era amigo <strong>de</strong> Juscelino há 40anos, e agora chefe <strong>do</strong> comitê <strong>de</strong> suacandidatura. Falava-se abertamente nacassação <strong>do</strong> mandato <strong>de</strong> sena<strong>do</strong>r e nasuspensão <strong>do</strong>s direitos políticos <strong>do</strong> expresi<strong>de</strong>ntee candidato à presidência.Os próceres revolucionários exigiama punição <strong>de</strong> subversivos e corruptos.Ninguém acoimara JK <strong>de</strong> subversivomas inimigos odientos lançavamsobre ele repetidas e vagas acusações<strong>de</strong> corrupção, embora sem apresentarqualquer prova que as sustentasse.Juscelino era um ex-presi<strong>de</strong>nte daRepública e nome internacionalmenteconheci<strong>do</strong>. Seria <strong>uma</strong> iniqüida<strong>de</strong> queo cassassem por corrupção sem queantes lhe fosse assegura<strong>do</strong> o direito<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua honra. Negrãoconcluiu solicitan<strong>do</strong> a Castello que seencaminhassem ao Governo qualquerincrepação <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong> ao expresi<strong>de</strong>nte,então lhe permitissemo direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Castello o ouviuatenta e amavelmente e respon<strong>de</strong>uque, até àquele momento, nada viera àssuas mãos contra Juscelino. Ninguématé então lhe encaminhara pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>cassação <strong>de</strong>le. Se surgisse algo nessesenti<strong>do</strong>, ele pessoalmente avisaria aNegrão. Castello não se comprometeua assegurar o reclama<strong>do</strong> direito <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa mas isso pareceu implícito nasua promessa. Que senti<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ria ter<strong>para</strong> Castello, Negrão ou Juscelino omero comunica<strong>do</strong> da existência <strong>de</strong> umprocesso <strong>de</strong> cassação <strong>do</strong> último semlhe ser da<strong>do</strong> o conhecimento <strong>do</strong>s fatos,motivos e acusações que o instruíam?Ou que senti<strong>do</strong> teria Castello limitarsea informar Juscelino, através <strong>de</strong>Negrão, da <strong>de</strong>cisão já a<strong>do</strong>tada <strong>de</strong>cassá-lo? Nada disso seria razoável,salvo se a cassação se <strong>de</strong>vesse amotivos puramente políticos. Fossecomo fosse, o ex-presi<strong>de</strong>nte sesentiu alivia<strong>do</strong> pois asseverava queninguém jamais provaria um ato <strong>de</strong>improbida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le. Naquela noiteNo ex-presi<strong>de</strong>nte a melancoliaàs vezes toldava seu ânimo naturalmentealegre, porém o rancor jamaisenvenenava sua ín<strong>do</strong>le.“”chegou a fazer o que nunca fazia :pediu e bebeu <strong>uma</strong> <strong>do</strong>se <strong>de</strong> uísque.Mas n<strong>uma</strong> tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> começo <strong>de</strong>junho, estávamos, Negrão <strong>de</strong> Limae eu, na casa <strong>de</strong> Juscelino, quan<strong>do</strong>o telefone tocou. Era D.Ema, mulher<strong>de</strong> Negrão. Ela lhe disse: “Sabe quempassou por aqui? O Castello. Veioacompanha<strong>do</strong> apenas <strong>do</strong> ajudante<strong>de</strong>-or<strong>de</strong>ns.Ao saber que você nãoestava, não quis entrar e foi embora.Disse que <strong>de</strong>pois conversa comvocê.” Negrão ligou <strong>para</strong> o palácioa fim <strong>de</strong> combinar novo encontropessoal com o presi<strong>de</strong>nte. Mas este jáestava a caminho <strong>de</strong> Brasília. O fatoera ominoso e to<strong>do</strong>s concordamosem que a cassação fora <strong>de</strong>cidida eera iminente. Castello foi à casa <strong>de</strong>Negrão sem se fazer anunciar.Na noite <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> junho, dia emque Juscelino foi cassa<strong>do</strong>, centenas <strong>de</strong>pessoas acorreram ao seu apartamento,num clima <strong>de</strong> indignação cívica.Eis que <strong>uma</strong> bulhenta malta <strong>de</strong><strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros elegantes, que se supunhaserem integrantes <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> Clubeda Lanterna, se postou na calçada emfrente ao edifício em que moravao ex-presi<strong>de</strong>nte e iniciou um corocom os mais torpes insultos à suapessoa. Augusto Fre<strong>de</strong>rico Schmidtquis telefonar <strong>para</strong> o Secretário daSegurança da Guanabara, CoronelBorges, pedin<strong>do</strong> providências. Mas<strong>de</strong>sistiu quan<strong>do</strong> eu lhe disse que, além<strong>de</strong> humilhante, seria inútil imploraro socorro <strong>de</strong> um inimigo mortal.A<strong>do</strong>tou-se outra solução. Formou-seum grupo, <strong>do</strong> qual, além <strong>de</strong> mim,faziam parte Márcio Braga, FaustoFonseca, entre vários outros, que<strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>scer à rua <strong>para</strong> enfrentarfisicamente os provoca<strong>do</strong>res. Nãotivemos dificulda<strong>de</strong> em dispersá-los.Os moços que não hesitaram emtripudiar sobre o ex-presi<strong>de</strong>nte nomomento <strong>do</strong> seu maior infortúniopolítico, fugiram <strong>de</strong>sabaladamentepelas areias <strong>de</strong> Ipanema. E não maisvoltaram.No dia seguinte ao da cassaçãoavol<strong>uma</strong>ram-se os rumores <strong>de</strong> prisãoiminente <strong>de</strong> Juscelino. Discutiu-seentão a hipótese <strong>de</strong> asilo. Eu, no ar<strong>do</strong>r<strong>do</strong> meu temperamento e <strong>de</strong> minhamocida<strong>de</strong>, combati apaixonadamenteessa iniciativa que me pareciaRevista TCMRJ n. 36 - setembro 200795


artigoindigna <strong>de</strong> estadista <strong>do</strong> porte <strong>de</strong> JK.Entre os poucos presentes, nessaocasião, estava Edmun<strong>do</strong> Moniz, meuconterrâneo e velho amigo. Ele emitiuopinião contrária à minha, mais oumenos nos seguintes termos: “Essaé <strong>uma</strong> atitu<strong>de</strong> heróica, mas não é<strong>uma</strong> atitu<strong>de</strong> política. Se o presi<strong>de</strong>ntefor preso estará <strong>para</strong>lisa<strong>do</strong>. Mas,<strong>do</strong> exterior, po<strong>de</strong>rá lutar contra oatual regime. Lembre-se <strong>de</strong> Lênin(Edmun<strong>do</strong> era um <strong>do</strong>s principaisteóricos <strong>do</strong> trotskysmo no Brasil).Ele, por saber-se politicamenteindispensável, escondia-se todas asvezes em que se sentia ameaça<strong>do</strong> porum perigo real e, no exterior, atuoucom a maior eficiência <strong>para</strong> a queda<strong>do</strong> czarismo. Martírio voluntário nãotem senti<strong>do</strong> político.” Não há dúvida<strong>de</strong> que eu ainda tinha <strong>uma</strong> concepçãoromântica da luta política e Edmun<strong>do</strong>via as coisas mais objetivida<strong>de</strong>.Todavia, pelo meu estreito convíviocom Juscelino a partir <strong>de</strong> 1961, eunão po<strong>de</strong>ria imaginá-lo atuan<strong>do</strong>politicamente, no exterior, à maneira<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> e implacável revolucionáriorusso.Para mim, não era da conveniência<strong>do</strong> governo a prisão <strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>nte,a quem até então não se imputaraqualquer crime ou contra quem nãose arguíra ativida<strong>de</strong> conspiratória,mas era <strong>do</strong> seu interesse que elese afastasse <strong>do</strong> país, Faço aqui<strong>uma</strong> digressão. A prisão <strong>de</strong> JK em1968, logo após a <strong>de</strong>cretação <strong>do</strong> AtoInstitucional nº 5, compreendia-se,<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> governo, pelasua participação na chamada FrenteAmpla, com Lacerda e Jango. Mas aconjuntura política era bem diferenteem 1964, quan<strong>do</strong> a linha dura aindanão imperava soberana.Voltan<strong>do</strong> a minha narrativa: euconsi<strong>de</strong>rava a prisão improvável,contu<strong>do</strong> reconhecia que a minhaavaliação se fazia num planopuramente subjetivo.Percebi que JK optara peloasilo quan<strong>do</strong> ele me disse: “Vejao silêncio que caiu sobre Arraes”(o ex-governa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Pernambucoestava preso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril e seunome nunca aparecia nos jornais).A embaixada escolhida <strong>para</strong> oasilo obviamente <strong>de</strong>veria ser ada Espanha, pois a residência <strong>do</strong>embaixa<strong>do</strong>r ficava exatamente noandar acima daquele em que moravaJuscelino. O diplomata Negrão <strong>de</strong>Lima prontificou-se a cuidar <strong>do</strong>assunto. Mas havia <strong>uma</strong> dificulda<strong>de</strong>:a Espanha não reconhecia o direito<strong>de</strong> asilo. Não firmara qualquerpacto ou convenção sobre esseinstituto jurídico. Então, <strong>para</strong> evitarconstrangimentos, Negrão resolveusondar o embaixa<strong>do</strong>r e assim fez.Este ficou <strong>de</strong> ouvir o Ministériodas Relações Exteriores <strong>de</strong> seupaís. Naquele mesmo dia Negrão<strong>de</strong> Lima recebeu um telefonema<strong>do</strong> embaixa<strong>do</strong>r. Falan<strong>do</strong> com agalhardia típica <strong>do</strong>s espanhóis(assim me contou Negrão) disse-lheque, por <strong>de</strong>terminação pessoal <strong>do</strong>Generalíssimo Francisco Franco, aembaixada da Espanha se sentiriahonrada em receber o ex-presi<strong>de</strong>nteJuscelino Kubitschek. Juscelino<strong>do</strong>rmiu <strong>uma</strong> noite na embaixadamas, ao <strong>de</strong>spertar, resolveu tomarcafé no seu apartamento. Nessaocasião eu estava a sós com ele.Apesar <strong>de</strong> todas as suas recentesatribulações, riu muito quan<strong>do</strong> lhecontei tu<strong>do</strong> que ouvira, na noiteanterior, <strong>de</strong> um conheci<strong>do</strong> prócerpolítico. Este me dissera ter sabi<strong>do</strong>que efetivos militares iriam pren<strong>de</strong>rJK, <strong>de</strong> surpresa em sua casa, etrariam inclusive escadas magirus<strong>para</strong> penetrar pelas janelas.A <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Luis VianaFilho, então Chefe da Casa Civil,<strong>de</strong> que a cassação <strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>ntefora um ato político, representouum alívio <strong>para</strong> o vilipendia<strong>do</strong>estadista e também isentou Castello<strong>de</strong> quaisquer reproches que lhepu<strong>de</strong>sse fazer Negrão. Com efeito,este pedira àquele que permitisseJK <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se <strong>de</strong> qualquer acusação<strong>de</strong> corrupção. Mas se a cassação se<strong>de</strong>vera a motivos políticos, Castellonão <strong>de</strong>saten<strong>de</strong>ra ao pedi<strong>do</strong>.Durante os dias da provação <strong>de</strong>Juscelino Kubitschek, eu o vi oratriste e abati<strong>do</strong>, ora indigna<strong>do</strong> ecolérico, mas o que transparecia,nas manifestações <strong>de</strong> sua mágoae <strong>de</strong> sua revolta, era completain capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> odiar mesmoàqueles que tão perversamenteo atingiam. No ex-presi<strong>de</strong>nte amelancolia às vezes toldava seuânimo naturalmente alegre, porém orancor jamais envenenava sua ín<strong>do</strong>leprofundamente generosa.Ouvi <strong>de</strong> um veterano homempúblico: “Ódio não se guarda nocoração – porque ali o faz mal a quemo tem – ódio se guarda na cabeça.”O ódio na cabeça <strong>de</strong>le se revelavapaciente e obstina<strong>do</strong> <strong>de</strong>sígnio <strong>de</strong>aniquilar politicamente o adversárioa quem i<strong>de</strong>ntificava como inimigo.Mas JK não podia odiar nem coma cabeça nem com o coração, eisto, <strong>para</strong> alguns, po<strong>de</strong>ria ser <strong>uma</strong>virtu<strong>de</strong> pessoal, mas era um <strong>de</strong>feitopolítico. Certamente, Juscelino não secomprazeria com as vicissitu<strong>de</strong>s ouos insucessos <strong>de</strong> seus persegui<strong>do</strong>res.Ele viveria bastante <strong>para</strong> assistir semalegria ao malogro <strong>do</strong>s esforços, noplano político institucional, <strong>de</strong> seucassa<strong>do</strong>r que, <strong>para</strong> não cair, teve <strong>de</strong>editar o Ato Institucional nº 2, que,ao proibir sua própria reeleição,elegeu o homem a quem menosqueria como seu sucessor e, por fim,que outorgou <strong>uma</strong> Constituição (a <strong>de</strong>1967) <strong>de</strong>stinada ao estraçalhamentopelo Ato Institucional nº 5, menos <strong>de</strong><strong>do</strong>is anos após sua promulgação.Na noite da partida <strong>de</strong> JK, euestava no carro atrás daquele queo conduziu ao aeroporto e no qualiam, no banco traseiro, ele, D.Sara e o embaixa<strong>do</strong>r da Espanha(que fez questão <strong>de</strong> acompanhálo)e, no dianteiro, Negrão e omotorista. Não pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>spedir-me<strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>nte no aeroporto, on<strong>de</strong>ele foi arrebata<strong>do</strong> e carrega<strong>do</strong> por<strong>uma</strong> multidão <strong>de</strong>lirante que aplaudiae chorava. Perdi-me fisicamentenaquele alvoroço cívico. Mas logo<strong>de</strong>pois viria o seu telegrama a quese seguiu <strong>uma</strong> carta. Guar<strong>do</strong> estes<strong>do</strong>cumentos <strong>para</strong> legá-los aos meusnetos.96 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


Vale a pena ler <strong>de</strong> novoMatérias publicadas na imprensa que, por sua expressivida<strong>de</strong>, não per<strong>de</strong>ram o interesse.clippingJornal <strong>do</strong> Brasil - 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007Revista TCMRJ n. 36 - setembro 2007Revista TCMRJ n. 36 - setembro 20079797


clippingJornal <strong>do</strong> Brasil (Opinião) - 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007O Sul (Porto Alegre) - 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 200798 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ


O Sul (Porto Alegre) - 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007Correio <strong>do</strong> Povo (Porto Alegre) - 15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007Revista TCMRJ n. 36 - setembro 200799


saú<strong>de</strong>TerapiaOrtomolecularDr. Ricar<strong>do</strong> Anastasia RamosClínica médica, Ortomoleculare Nutrologia médicaOprefixo ORTO significa JUSTO,e n t ã o O r t o m o l e c u l a r s e r i amoléculas justas, em busca <strong>do</strong>equilíbrio através da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>snutrientes e suplementação nutricional(antioxidantes), visan<strong>do</strong> o combate aoexcesso <strong>de</strong> radicais livres.Sabemos que os radicais livres sãomoléculas formadas a partir <strong>do</strong> oxigênio,com importante função no combate aosagentes agressores <strong>do</strong> organismo, taiscomo bactérias, vírus etc. Porém, quan<strong>do</strong>em excesso, os radicais livres tornam-seelementos oxidantes, ou seja, responsáveispelo envelhecimento precoce, baixa <strong>de</strong>imunida<strong>de</strong>, alg<strong>uma</strong>s <strong>do</strong>enças <strong>de</strong>generativase cardiovasculares.Nós temos um sistema enzimáticoantioxidante que nos protege das ações<strong>de</strong>letérias <strong>de</strong>stes radicais livres, masquan<strong>do</strong> em excesso (estresse oxidativo),essas enzimas se esgotam nos tornan<strong>do</strong>vulneráveis aos males <strong>de</strong>scritos acima.Nos dias <strong>de</strong> hoje, com o avanço dasterapias alternativas, temos maiorespossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.Vocês já re<strong>para</strong>ram que to<strong>do</strong> atletafaz uso <strong>de</strong> suplementos nutricionais<strong>para</strong> melhorar sua performance? To<strong>do</strong>stêm orientações <strong>de</strong> nutricionistas ounutrólogos.E, por que não, nós, simples mortaisque estamos expostos diariamente aintenso estresse, poluentes ambientais,fumo, se<strong>de</strong>ntarismo, bebidas alcoólicas,fast-food, refrigerantes etc. não <strong>de</strong>vemosfazer uso <strong>de</strong> suplementos <strong>para</strong> nosproteger?Quan<strong>do</strong> conseguimos enten<strong>de</strong>r queOrtomolecular significa a busca dasaú<strong>de</strong> ótima e envelhecimento saudável,estamos dan<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> passo <strong>para</strong> oprolongamento <strong>de</strong> nossas vidas.Será que é tão difícil comer bem?Afinal, você come com a boca e nãocom os olhos. Uma boa estratégia:durante a semana (2ª a 6ª feira),com <strong>uma</strong> alimentação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,ativida<strong>de</strong> física regular e suplementos<strong>de</strong> nutrientes, você agradaria suascélulas tornan<strong>do</strong>-as mais felizes. No fim<strong>de</strong> semana você estaria libera<strong>do</strong> <strong>para</strong>qualquer tipo <strong>de</strong> alimentação, até <strong>para</strong>manter o equilíbrio (sem colesterol nãose vive). Com essa estratégia você nãoacredita que possa ser feliz? A<strong>do</strong>to esteprograma há 14 anos e não tenho <strong>do</strong> quereclamar.Sei que toda mudança é difícil <strong>de</strong> serabsorvida, mas por que não começar?Não há ida<strong>de</strong> <strong>para</strong> esta mudança.Tenha em mente que toda meta <strong>para</strong> seralcançada exige sacrifícios a médio elongo prazo.Lembre-se <strong>de</strong> que os nutrientessão nossos combustíveis e, quan<strong>do</strong>melhores, menos oxidação, vida maislonga e saudável.100100setembrosetembro20072007- n.-36n. 36RevistaRevistaTCMRJTCMRJ

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!