distante de Manuel Bandeira.Somente em 1962, cinco anos depois das palavras deCotrim, com o anúncio da paralisação da ferrovia, com aságuas que sobem, a consciência se plenifica na cortina quese abre desvendando para tantos a realidade de que a represachega para não secar. Dificilmente hoje seria Furnas construídacomo foi: a prevalência das regras do meio-ambientetocariam sua sinfonia. Fauna e flora ignoradas, nenhumapreocupação com o impacto ambiental. Cidades de certaimportância urbana inundadas totalmente – como Guapé –importância que pode ser medida porque é, na época, Comarcade 2ª. Entrância, quando há, no Estado de Minas, só3 entrâncias. A escritora Rachel de Queiroz, em sua páginada revista O CRUZEIRO, escreve comentários nada simpáticosa Guapé, a cidade submersa. Gera protestos dos guapeenses.Como nordestina, a escritora revela seu entusiasmopelas águas e compara o impressionante volume diluvial coma seca do seu Nordeste, a aridez dos pastos, o leito poeirentodos rios de arremedo. Uma vez, em praça pública daVila Formosa, Jânio promete ao povo ferrovia eletrificada,com a energia de Furnas. Dois anos depois desse discursoeleitoral: trilhos vazios, alguns quase sendo encobertos pelaságuas, a ferrovia acabada. As setas desfechadas contra Furnasvisam somente ao seu fracasso. A falta de repercussão noslamentos e o desprestígio ou desorganização dos homens dapolítica da região permitiram que Furnas fosse construídacomo planejada e, anos depois, levantado o nível de água queela julgasse necessário. O “apagão”, décadas após, equivocadamentejustifica a construção da represa, do modo comofoi erguida. Engano. O que a geração política dominanteda época não percebe – ou é impotente – é que a represaé inevitável, mas alguns investimentos de Furnas devemaportar de roldão. Os homens da política da época não têm46
força para isso, para propor e conseguir a contrapartida. Nofinal da inundação, querem-no mas não são ouvidos. VirãoGrupos de Trabalho, Comissão Parlamentar de Inquérito. Osinvestimentos não chegam. Caem migalhas que as prefeiturasrecolhem avidamente. Nenhum grande gasto em infraestrutura,em ferrovias, em meio-ambiente, nada. Apenas ou aadesão dos agressores de ontem, concordando com os justospreços da indenização, ou a nomeação de chefes políticos regionaispara conselhos da sociedade elétrica, conselhos que,desenhados por Furnas, não decidem nada... Perde a regiãoa oportunidade de desenvolver-se à custa de suas terras ficaremdebaixo de água. Hoje, ao enxergar a lâmina de água,não se vislumbra nem de longe o que há debaixo. Perde-se achance de trocar terras alagadas por investimentos em ferroviase rodovias porque acreditam naquele fevereiro de 1957,ou seja, que a represa permanece apenas na prancheta deJohn Reginald Cotrim, norte-americano-brasileiro que veio àVila Formosa e, no Clube XV, escuta sem emoção o palavróriode políticos, juristas, fazendeiros e demais pessoas gradasque postulam, com ranger de dentes, a não construção darepresa de Furnas.– Sua opinião da reunião, Waldir?– O engenheiro ouviu tudo, seco e frio como um isolador.A eletricidade, pelo menos no domingo passado, estava como público.– Muita ilusão?– A ideia de que Furnas fará brotar em Alfenas quinhentasfábricas é tão ridícula como a ideia de que se tivermos umcurso de filosofia, todos os nossos filhos serão filósofos.– Quando vemos, agora, um frade em greve de fome interrompera divisão das águas do Rio São Francisco...– O homem que calcula, o técnico, é amoral. O engenhei-47
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foi assim porque a vida em retiro o
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