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<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 33da mãe à criança uma nova esperançaHOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRAMATERNIDADE DOUTOR DANIEL DE MATOSDIRECTOR DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA MATERNO-FETAL, GENÉTICA EREPRODUÇÃO HUMANAProfessor Doutor Carlos <strong>de</strong> OliveiraDIRECTOR DO SERVIÇO DE OBSTETRÍCIAProfessor Doutor Paulo MouraEditores:Lúcia PinhoIsabel RamosMarco PereiraLuís MarquesEnfermagemEugénia MalheiroCristina CanavarroRosa HenriquesGraça RochaCoor<strong>de</strong>nadora:Lúcia PinhoMaternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> Matos – Hospitais da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>Rua Miguel Torga – 3030-165 <strong>Coimbra</strong>Telefone: 239 40 30 60Fax: 239 40 16 24E-mail: lucia.pinho@sapo.ptDesenhos realizados por:Paulo SilvaComposição gráfica e <strong>de</strong>sign:José Luís Fernan<strong>de</strong>s20<strong>07</strong>, Reedição revista no âmbito do Projecto “Gravi<strong>de</strong>z e Maternida<strong>de</strong>: Um Estudo Longitudinal sobreMulheres Infectadas pelo VIH”(Coor<strong>de</strong>nação Nacional para a Infecção VIH/SIDA — Proc. 11-7.3/2004)1ª Edição patrocinada pela Comissão Nacional para Humanização e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>/Ministério da Saú<strong>de</strong> 2000


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<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 55da mãe à criança uma nova esperançaÍndiceA mulher e a infecção VIH / SIDA..................................................................................... 7O que é o vírus da SIDA e quais as consequências da infecção VIH?............................ 8Quais são as vias <strong>de</strong> transmissão do VIH? ...................................................................... 9O VIH/SIDA não se transmite............................................................................................ 10A mulher infectada po<strong>de</strong> engravidar? ............................................................................... 13O que fazer se a infecção for diagnosticada durante a gravi<strong>de</strong>z? ................................... 15Cuidados que <strong>de</strong>ve ter durante a gravi<strong>de</strong>z....................................................................... 18Que vigilância <strong>de</strong>verá ser dispensada à grávida infectada pelo VIH? ............................. 20Para quando o parto? ....................................................................................................... 23A infecção VIH condiciona o tipo <strong>de</strong> parto? ...................................................................... 23Seguimento médico da mãe e da criança após o parto ................................................... 24Como <strong>de</strong>vem as mães seropositivas cuidar dos seus bebés?......................................... 27O que não <strong>de</strong>ve ser feito........................................................................................ 27O que <strong>de</strong>ve ser feito............................................................................................... 27Mães e bebés: Uma unida<strong>de</strong> indissociável....................................................................... 29Apoios que po<strong>de</strong>rão ser dispensados pela Consulta <strong>de</strong> Acompanhamento Psicológico 31Apoios que po<strong>de</strong>rão ser dispensados pelo Serviço Social da maternida<strong>de</strong>..................... 31Apoios que po<strong>de</strong>rão ser dispensados pelo Serviço <strong>de</strong> Enfermagem............................... 32Consulta <strong>de</strong> Obstetrícia-Infecciosas ................................................................................. 33Indicações úteis................................................................................................................. 34Telefones úteis .................................................................................................................. 35Poema ............................................................................................................................... 36


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<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 77da mãe à criança uma nova esperançaA mulher e a infecção VIH/SIDAIntroduçãoApós a <strong>de</strong>scrição dos primeiros casos <strong>de</strong> SIDA no início dos anos oitenta (nos EUA),assistiu-se, nas décadas que se seguiram, ao aumento rápido do número <strong>de</strong>infectados em todo o Mundo.Actualmente, nenhum país ou Continente é poupado a esta epi<strong>de</strong>mia, e apesar dosavanços consi<strong>de</strong>ráveis que se fizeram no que diz respeito ao tratamento das pessoasinfectadas, a SIDA continua a ser uma doença incurável. Como tal, a única maneira<strong>de</strong> nos protegermos contra ela será através da prevenção, ou seja, evitandocomportamentos que possam constituir um risco para a aquisição do vírusresponsável pela doença: o VIH ou Vírus da Imuno<strong>de</strong>ficiência Humana.A Mulher <strong>de</strong>sempenha um papel fulcral no alastrar <strong>de</strong>sta epi<strong>de</strong>mia, pois po<strong>de</strong>transmitir a doença a terceiros, não só através das relações sexuais e do contactocom o seu sangue, mas também porque po<strong>de</strong> transmiti-la aos seus filhos durante agravi<strong>de</strong>z e o parto. Este último facto é tão importante, que hoje po<strong>de</strong>mos afirmar quea quase totalida<strong>de</strong> dos casos <strong>de</strong> SIDA na infância é <strong>de</strong>vida à transmissão do VIH dasmães aos seus filhos.Po<strong>de</strong>r-se-á então fazer alguma coisa paraproteger as crianças, filhas <strong>de</strong> mãesinfectadas? A resposta a esta questão éafirmativa e esta publicação <strong>de</strong>stina-seprecisamente a esclarecer sobre o quepo<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser hoje oferecido àsgrávidas seropositivas no sentido <strong>de</strong> lhesproporcionar um seguimento e umtratamento a<strong>de</strong>quados da Infecção VIH e,ao mesmo tempo, reduzir o risco <strong>de</strong> atransmitir aos seus bebés.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1010da mãe à criança uma nova esperançaNuma relação entre parceiros heterossexuais, amulher é consi<strong>de</strong>rada mais vulnerável à infecçãopelo VIH que o homem.A transmissão VIH para os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,po<strong>de</strong> acontecer durante a gravi<strong>de</strong>z, o partoou o aleitamento. Muitas mães transmitema infecção ao filho <strong>de</strong>sconhecendo o seuestado <strong>de</strong> portadoras do VIH.Por este motivo, está hoje bem estabelecidoque a Infecção VIH <strong>de</strong>verá serrastreada em todas as grávidas, omais precocemente possível e com o seuconsentimento. Só assim se po<strong>de</strong>rão pôr em marcha,atempadamente, as medidas <strong>de</strong> tratamento da mãe e prevençãoda transmissão à criança. I<strong>de</strong>almente, todos os casais <strong>de</strong>veriam ser rastreados para aInfecção VIH antes do início da vida a dois. Os testes <strong>de</strong> rastreio po<strong>de</strong>m ser realizadosnos Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Hospitais e CADs (Centros <strong>de</strong> Aconselhamento e DetecçãoPrecoce da Infecção VIH). Os seus resultados são confi<strong>de</strong>nciais.O VHI/SIDA não se transmiteFalar com alguém que tussa ou que espirreAbraçar ouacariciar


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1111da mãe à criança uma nova esperançaTomar banhonuma piscina• Sentar-se ao lado <strong>de</strong> alguém;• Cuidar <strong>de</strong> animais e brincar com eles• Conviver com pessoas no trabalho, na escola, nos transportes públicos, na prática<strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto, etc.;• Dormir com alguém;• Partilhar brinquedos;• Comer e beber do mesmo prato ou do mesmo copo;• Partilhar chávenas, pratos, talheres etc.;• Brincar com alguém;• Cortar o cabelo;• Dar ou apertar a mão;• Partilhar o quarto <strong>de</strong> banho;• Ser picado por um mosquito ou insecto


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<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1313da mãe à criança uma nova esperançaA mulher infectada po<strong>de</strong> engravidar?A infecção pelo VIH, tal como muitas outras doenças <strong>de</strong> transmissão sexual, atingefrequentemente a mulher em plena ida<strong>de</strong> reprodutiva. Não foi ainda provado que estevírus produza esterilida<strong>de</strong> na mulher e as dificulda<strong>de</strong>s em engravidar apresentadaspor algumas infectadas resultam habitualmente <strong>de</strong> outras situações: (1) lesões noaparelho reprodutor por doenças inflamatórias pélvicas em relação com outrosgermens; (2) ciclos anovulatórios relacionadas com o consumo <strong>de</strong> droga (tãofrequente nas toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes) ou com a caquexia (emagrecimento acentuado),eventualmente presente nas fases mais avançadas da SIDA.Enquanto as outras doenças <strong>de</strong> transmissão sexual po<strong>de</strong>m beneficiar <strong>de</strong> umtratamento curativo, já não se po<strong>de</strong> dizer o mesmo do VIH: o tratamento que existenão é curativo e apenas diminui a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vírus circulantes poupando osistema imunitário a uma agressão mais intensiva. Os medicamentos que se usam notratamento da Infecção VIH chamam-se, genericamente, <strong>de</strong> anti-retrovíricos, istoporque o VIH pertence a uma família particular <strong>de</strong> vírus - os Retrovírus.Sem Medicação Anti-retrovírica (circulação sanguínea)Com Medicação Anti-retrovírica (circulação sanguínea)


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1414da mãe à criança uma nova esperançaPelas razões atrás expostas, po<strong>de</strong>mos concluir quenão existem habitualmente razões físicas oufisiológicas para que a mulher infectada não possaengravidar. Mas no entanto, há algumasquestões importantes que não <strong>de</strong>vem seresquecidas nem ocultadas a essas mulheres,pois po<strong>de</strong>m justificar a opção <strong>de</strong> não ter filhos. E essas questõessão as seguintes:1 — O risco <strong>de</strong> transmissão vertical do VIH po<strong>de</strong> ser hojefrancamente reduzido com as terapêuticas anti-retrovíricasdisponíveis, mas ninguém po<strong>de</strong> afirmar que ele sejanulo; há sempre uma probabilida<strong>de</strong>, mesmoque pequena, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ocorrer transmissão;2 — Não se sabe ainda se alguns dos anti-retrovíricos usados no tratamento dosadultos infectados, têm efeitos in<strong>de</strong>sejáveis (nomeadamente <strong>de</strong> provocaremmalformações) sobre os fetos; por esse motivo, as grávidas (sobretudo noprimeiro trimestre <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z), não po<strong>de</strong>m beneficiar <strong>de</strong> todas as opçõesterapêuticas disponíveis para a restante população;3 — Desconhecem-se também os efeitos a longo prazo da medicação anti-retrovíricasobre as crianças e adolescentes a ela submetidos, durante a vida intra-uterina;4 — A gravi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> ser responsável por uma redução da contagem <strong>de</strong> linfócitos, daqual a mãe seropositiva não venha a recuperar após o parto;5 — A mulher infectada que opte por engravidar, <strong>de</strong>ve assegurar-se <strong>de</strong> que dispõe <strong>de</strong>bons apoios (familiares ou outros) que possam proporcionar os cuidadosa<strong>de</strong>quados aos seus filhos, se por acaso vier a necessitar <strong>de</strong> internamentoshospitalares; estas preocupações colocam-se com maior acuida<strong>de</strong> se o seuparceiro, for também ele, seropositivo;6 — A mulher seropositiva que opte por engravidar, <strong>de</strong>verá estar consciente <strong>de</strong> que,na eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a sua criança estar infectada, irá necessitar do seu apoio eafecto, bem como <strong>de</strong> um seguimento médico apertado, com medicações nemsempre bem toleradas pelas crianças muito pequenas.Com o conhecimento <strong>de</strong>stas informações, caberá à mulher, em última instância,<strong>de</strong>cidir sobre se <strong>de</strong>verá ou não ter filhos.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1515da mãe à criança uma nova esperançaO que fazer se a infecção for diagnosticada durante agravi<strong>de</strong>z?Equipas constituídas por Obstetras, Infecciologistas, Psiquiatras, Psicólogos,Assistentes Sociais, Pediatras e Enfermeiros, constituíram-se em algumas dasMaternida<strong>de</strong>s do nosso País, no sentido <strong>de</strong> melhor apoiarem estas situações. Só umamulher bem esclarecida po<strong>de</strong>rá, em consciência, <strong>de</strong>cidir sobre o seu futuro e o da suacriança.Saber que se é portador <strong>de</strong> uma doença incurável (pelo menos no momento actual)como a infecção VIH, é sempre um drama para qualquer ser humano. É um momentodramático na vida <strong>de</strong> qualquer grávida, a merecer a melhor atenção dos técnicos <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>, no sentido <strong>de</strong> a ajudarem a encontrar respostas satisfatórias às suas dúvidase angústias.REACÇÕES DE ADAPTAÇÃO: A mulher grávida a quem foi diagnosticada infecçãopelo VIH, experimenta geralmente um sentimento <strong>de</strong> ruptura na sua vida, pelaspotenciais repercussões que esta situação po<strong>de</strong> ter sobre os seus hábitos, relaçõese projectos.Apesar <strong>de</strong> cada pessoa ser única e reagir <strong>de</strong> forma particular, todas as mulheresatravessam uma fase mais ou menos longa <strong>de</strong> adaptação, durante a qual po<strong>de</strong>mapresentar alterações emocionais e psicossomáticas.Esta forma <strong>de</strong> sofrimento psicológico, muitas vezes silenciosa e vivida na solidão pelaimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partilhar o problema, com medo das reacções <strong>de</strong> terceiros, po<strong>de</strong> serpartilhado com os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com absoluta garantia <strong>de</strong> confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>.O psicólogo e o médico especialista em psiquiatria estão naturalmente vocacionadospara proporcionar apoio e ajudar a grávida a lidar com os seus problemas numaperspectiva <strong>de</strong> readaptação construtiva às novas circunstâncias da sua vida.Reconhecem-se cinco formas <strong>de</strong> reagir que são úteis para compreen<strong>de</strong>r os diferentesestados emocionais que qualquer pessoa po<strong>de</strong> vivenciar perante um problema grave<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. No entanto, nem todas as grávidas passam necessariamente por todasestas experiências e, sobretudo, não as vivenciam na mesma or<strong>de</strong>m, nem com omesmo ritmo, nem com a mesma intensida<strong>de</strong>.Num período inicial, <strong>de</strong> Negação e Isolamento, <strong>de</strong>scrito como sendo a reacçãoimediata da grávida ao aperceber-se da sua doença, esta pensa: “Não, não posso sereu, <strong>de</strong>ve haver algum engano”. É uma reacção praticamente universal <strong>de</strong>


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1616da mãe à criança uma nova esperançaincredulida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> choque diante <strong>de</strong> uma notícia inesperada, reacção que conce<strong>de</strong>à grávida algum tempo para tomar consciência do problema.O estado seguinte po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Revolta e surge quando a grávida já superou o estado<strong>de</strong> negação e começa a confrontar-se com os factos concretos e reais. Neste períodopo<strong>de</strong> sentir raiva, cólera, ansieda<strong>de</strong> e questionar-se: “Porquê eu, porquê a mim?”.O estado seguinte po<strong>de</strong> ser o <strong>de</strong> Negociação, em que a grávida já tomou consciênciada sua situação e do seu problema, mas procura assegurar algumas contrapartidas,nem sempre realistas: “Sim, sou eu, mas po<strong>de</strong> ser que não seja preciso tratamento”.Outro estado emocional frequente é o da Depressão, em que a grávida, após tomarconhecimento das consequências reais da sua doença, atravessa um período <strong>de</strong>tristeza, <strong>de</strong>sânimo e abatimento per<strong>de</strong>ndo o prazer <strong>de</strong> viver: “Sim, sou eu, infeliz sortea minha!”. Nesta fase, a grávida po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o apetite <strong>de</strong> comer, ter dificulda<strong>de</strong> emdormir e chorar facilmente.Por fim, a grávida alcança um estado <strong>de</strong> Aceitação e Readaptação às novascondições da sua vida, integrando <strong>de</strong> forma mais serena e construtiva, a situação quevive, no fio condutor da sua existência: “Reconheço a evidência, é difícil mas é o quetenho, vou aproveitar todos os momentos da minha vida, da melhor forma possível”.Para além <strong>de</strong> si própria e da sua saú<strong>de</strong>, agora a grávida pensa também naspossíveis consequências para o filho que espera: Será que lhe vou transmitiresta infecção? O meu filho vai nascer com malformações? Devo prosseguir ouinterromper esta gravi<strong>de</strong>z? Nunca mais po<strong>de</strong>rei engravidar? Como informar omeu marido / companheiro sobre esta situação? Devo informar a restantefamília? Os meus familiares e amigos vão abandonar-me se souberem <strong>de</strong>stanotícia? Este turbilhão <strong>de</strong> questões, para as quais parece não haver resposta,provavelmente assaltarão o pensamento <strong>de</strong>stas mulheres.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1717da mãe à criança uma nova esperançaEm termos gerais e se não houver qualquer intervenção médica para modificar estesresultados, o risco <strong>de</strong> transmissão do VIH da mãe para o filho, está estimado emcerca <strong>de</strong> 25 a 45%.Des<strong>de</strong> há alguns anos e nos países que dispõem <strong>de</strong> medicamentos que combatem oVIH, <strong>de</strong>scobriu-se que, através <strong>de</strong>sta medicação e <strong>de</strong> outras medidas <strong>de</strong> intervenção(nomeadamente da escolha do tipo <strong>de</strong> parto e da proibição do aleitamento materno), erapossível reduzir a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão vertical para valores inferiores a 5%.O VIH não é teratogénico; isto significa que este vírus não tem capacida<strong>de</strong> paraprovocar malformações no feto. Por si só, também não parece afectar <strong>de</strong> formanegativa a normal evolução <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z.A infecção VIH é uma das situações particulares que po<strong>de</strong>rá justificar a interrupção<strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong> acordo com a Lei em vigor.Se a grávida <strong>de</strong>cidir por não prosseguir com a gravi<strong>de</strong>z, a sua situação será avaliadapor uma Comissão <strong>de</strong> Ética, hospitalar, que se pronunciará sobre a possibilida<strong>de</strong> dainterrupção, na Maternida<strong>de</strong>.Informar o marido ou companheiro sobre a sua situação <strong>de</strong> infectada, emboratratando-se <strong>de</strong> uma tarefa muito dolorosa e difícil, terá <strong>de</strong> ser feita. É que o parceiro,po<strong>de</strong>rá também estar infectado e a necessitar <strong>de</strong> iniciar tratamento dirigido.O médico psiquiatra e o psicólogo po<strong>de</strong>rão ajudar a grávida quer com indicaçõessobre a melhor maneira <strong>de</strong> dar esta notícia, quer mesmo convocando o companheiropara uma conversa esclarecedora, entre todos.Há também que <strong>de</strong>cidir sobre quais as pessoas (se as houver) que <strong>de</strong>verão conhecereste diagnóstico. Tratando-se <strong>de</strong> um assunto da vida privada <strong>de</strong> cada um, cabeapenas à grávida a resolução <strong>de</strong> divulgar ou não a notícia a quem quiser.Tratando-se <strong>de</strong> um assunto que é consi<strong>de</strong>rado segredo médico, os técnicos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>estão obrigados ao sigilo, apenas po<strong>de</strong>ndo divulgá-lo a pedido expresso dosinteressados.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1818da mãe à criança uma nova esperançaCuidados que <strong>de</strong>ve ter durante a gravi<strong>de</strong>zUma grávida infectada pelo VIH <strong>de</strong>ve ter os mesmos cuidados que qualquer outragrávida, mas <strong>de</strong> uma forma um pouco mais orientada: para consigo própria, com ofuturo filho, no seu relacionamento com o marido ou companheiro e ainda com osoutros.Deverá observar uma higiene cuidada <strong>de</strong> todo o corpo, diariamente, <strong>de</strong> forma a sentirsebem consigo e com os outros, reduzindo assim o perigo <strong>de</strong>outras infecções, nomeadamente as da pele.As horas <strong>de</strong> sono <strong>de</strong>verão ser respeitadas (recomendam-secerca <strong>de</strong> 8 horas / dia) e, durante o dia sempre que possível,fazer uns períodos <strong>de</strong> repouso.Da sua alimentação, <strong>de</strong>vem fazer parte:peixe, carne, ovos, legumes, fruta (bemlavada e <strong>de</strong>scascada), leite e <strong>de</strong>rivados,com excepção <strong>de</strong> queijo fresco. Estesalimentos, <strong>de</strong>verão ser distribuídos por 6refeições (não muito abundantes) ao longo dodia.Suplementos <strong>de</strong> ferro e cálcio, serão indicados pelo seumédico para assegurar um aporte suficiente <strong>de</strong>steselementos.Evitar as saladas cruas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não tenha acerteza que foram bem lavadas.Os medicamentos antiretrovíricos receitados pelo médicoinfecciologista, <strong>de</strong>vem ser tomados com regularida<strong>de</strong> e nasdoses recomendadas.Assegure-se sempre <strong>de</strong> que percebeu bem como <strong>de</strong>ve tomar os medicamentos quelhe foram receitados antes <strong>de</strong> abandonar o gabinete <strong>de</strong> consulta. Não se envergonhe<strong>de</strong> perguntar, porque para os médicos também é importante saber que foi para casabem esclarecida.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 1919da mãe à criança uma nova esperançaNunca, em circunstância alguma, po<strong>de</strong>rá reduzir o número <strong>de</strong> comprimidosprescritos. Se notar uma intolerância insuportável à medicação, <strong>de</strong>verá contactar <strong>de</strong>imediato o seu médico assistente (para isso terá <strong>de</strong> dispor do seu número <strong>de</strong> telefoneou <strong>de</strong> outro qualquer meio <strong>de</strong> o contactar rapidamente).Em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> (intolerância grave ou ausência <strong>de</strong> melhoria nos resultadosdas análises referentes ao VIH), a sua medicação po<strong>de</strong>rá ser alterada.Perante qualquer sinal <strong>de</strong> infecção (febre, dor ao urinar, dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes ou abcesso<strong>de</strong>ntário, dor <strong>de</strong> garganta, tosse, diarreia, corrimento vaginal) <strong>de</strong>verá consultar o seumédico para que este possa indicar um tratamento a<strong>de</strong>quado.Se surgirem perdas vaginais <strong>de</strong> sangue, elas po<strong>de</strong>rão estar relacionadas comcomplicações da gravi<strong>de</strong>z (tais como ameaça <strong>de</strong> aborto, placenta prévia ou<strong>de</strong>scolamento da placenta) ou não.Em qualquer dos casos anteriores <strong>de</strong>verá consultar o seumédico e usar pensos <strong>de</strong> protecção, <strong>de</strong> modo a não sujaras roupas <strong>de</strong> cama ou o seu vestuário. O repouso torna-sefundamental nestas situações porque evita as contracçõesuterinas, reduzindo assim o risco <strong>de</strong> transmissão do vírus parao feto.Se por acaso cair sangue no chão, nossanitários ou nos objectos da casa <strong>de</strong>banho, <strong>de</strong>verá cobrir as manchas comlixívia, <strong>de</strong>ixar actuar durante 10 minutose, só <strong>de</strong>pois, limpar com os produtos <strong>de</strong>limpeza usuais.A ruptura <strong>de</strong> membranas (ruptura do “saco das águas”) antes da data provável doparto, aumenta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> complicações para o recém-nascido, em qualquergravi<strong>de</strong>z. Nas infectadas, dada a presença do VIH nas secreções vaginais, existe operigo <strong>de</strong> contaminação do feto, sobretudo se essa ruptura se <strong>de</strong>u, há mais <strong>de</strong> 4horas. Se se aperceber <strong>de</strong> qualquer perda anormal <strong>de</strong> líquido, dirija-se <strong>de</strong> imediatoao estabelecimento hospitalar on<strong>de</strong> é seguida (Maternida<strong>de</strong>).O relacionamento com o seu marido/companheiro não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scuidado e acomponente afectiva da relação <strong>de</strong>verá ser incentivada.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2020da mãe à criança uma nova esperançaA sua gravi<strong>de</strong>z também diz respeito ao “pai” e o apoiomútuo, po<strong>de</strong>rá inclusivamente fortalecer os laços do casal.Não esquecer porém que, nas relações sexuais, omarido/companheiro <strong>de</strong>verá usar preservativo,para não a re-infectar com diferentes tipos <strong>de</strong> vírus(mutantes do VIH) caso seja também seropositivo, ou paraevitar que se venha a infectar, no caso <strong>de</strong> ser seronegativo.As mulheres com problemas <strong>de</strong> toxico<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>verãoaproveitar a circunstância <strong>de</strong> estarem grávidas parase tratarem.A persistência no consumo <strong>de</strong> drogas só irá afectarainda mais o seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo aindaresultar em complicações importantes da gravi<strong>de</strong>z, com consequências nefastas para orecém-nascido (risco acrescido <strong>de</strong> prematurida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> atrasos <strong>de</strong> crescimento, síndromas<strong>de</strong> abstinência, entre outros).Por outro lado, o recém-nascido irá precisar <strong>de</strong> uma mãe atenta, cuidadosa econsciente das necessida<strong>de</strong>s (alimentares, afectivas, medicamentosas e <strong>de</strong> higiene)do seu bebé. Sob o efeito <strong>de</strong> drogas, não há mãe que possa cuidar convenientementedo seu filho.Que vigilância <strong>de</strong>verá ser dispensada à grávida infectadapelo VIH?Uma grávida infectada pelo VIH <strong>de</strong>ve ser vigiada numa consulta diferenciada on<strong>de</strong>colaborem em ligação estreita, diferentes tipos <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>: Obstetra,Infecciologista, Psiquiatra, Psicólogo, Assistente Social e Enfermeira preparada nestaárea.Trata-se <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> risco infeccioso com gran<strong>de</strong> carga emocional quenecessita <strong>de</strong> todo este apoio só possível numa Maternida<strong>de</strong> Central.A Enfermeira, que está vocacionada para este tipo <strong>de</strong> situações, aborda-la-áprimeiro: entrará em diálogo, conversando sobre a gravi<strong>de</strong>z, os cuidados a ter,avaliando a tensão arterial, peso e analisando a urina.O Obstetra <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> colher os dados da história clinica, faz uma avaliação obstétrica eginecológica: na 1ª consulta far-se-á um exame ginecológico: vulvoscopia, colposcopia,colheitas do corrimento para pesquisa <strong>de</strong> germens.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2121da mãe à criança uma nova esperançaA <strong>de</strong>terminação da ida<strong>de</strong> gestacional, o mais precoce possível, mediante umaecografia obstétrica, ajudará a <strong>de</strong>terminar a data provável do parto.Além das análises <strong>de</strong> rotina serão pedidos a serologia das hepatites B e C,Citomegalovírus, Hemograma com população linfócitária, carga vírica no sangue.Nas consultas seguintes, os exames a pedir, serão idênticos aos duma gravi<strong>de</strong>znormal: 4 Ecografias (se tudo estiver a correr bem) e análises <strong>de</strong> rotina.A serologia das hepatites B e C, Citomegalovírus, Sífilis (VDRL) faz-se no início, 24 – 32semanas.Ao Infecciologista cabe avaliar o estado geral <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da grávida, o grau <strong>de</strong> lesãodo seu sistema imunitário e o valor da carga vírica, ou seja, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vírus(VIH) que existe no seu sangue. Com base nestes dados, este médico avalia anecessida<strong>de</strong> e oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciar um tratamento anti-retrovírico e, também, teralguma noção do menor ou maior risco <strong>de</strong> transmissão à criança.Se for necessário começar algum tratamento, o especialista em Infecciologia e agrávida conversarão sobre a melhor altura para o iniciar e quais os medicamentosmais indicados para a sua situação.Estes medicamentos anti-retrovíricos são fornecidos gratuitamente nas farmácias dosHospitais que fazem consulta <strong>de</strong> acompanhamento da Infecção VIH. Para os obter, agrávida, ou alguém da sua confiança, terá <strong>de</strong> dirigir-se aos serviços farmacêuticoshospitalares periodicamente (cada 1 a 2 meses) munida <strong>de</strong> uma requisição que lheserá fornecida pelo médico Infecciologista.Estes tratamentos têm alguns efeitos secundários habitualmente bem suportados,sendo no entanto conveniente alertar a mulher para a hipótese <strong>de</strong>les acontecerem.A grávida infectada <strong>de</strong>ve estar consciente que, sem a sua colaboração nocumprimento correcto da medicação, não será possível controlar o VIH.Periodicamente (<strong>de</strong> 2 em 2 ou 3 em 3 meses) serão pedidas análises, para saber sehá boa resposta ao tratamento instituído e se o organismo materno não se está aressentir <strong>de</strong> eventuais efeitos secundários dos fármacos.O Psiquiatra e o Psicólogo <strong>de</strong> preferência na 1ª consulta e outras se necessário,ajudá-la-ão a restabelecer o seu equilíbrio emocional e afectivo.A Assistente social procurará a melhor forma <strong>de</strong> ajudar a resolver alguns problemas,pela análise social da situação.As consultas serão com a periodicida<strong>de</strong> duma consulta normal excepto se surgiremcomplicações.


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<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2323da mãe à criança uma nova esperançaPara quando o parto?A programação do parto, far-se-á para as 38 semanas. Nesta ida<strong>de</strong> gestacional, ofeto encontra-se em plena maturida<strong>de</strong>.A infecção VIH condiciona o tipo <strong>de</strong> parto?No parto por via vaginal, dada a presença do VIH nas secreções vaginais, <strong>de</strong>vemevitar-se: a ruptura <strong>de</strong> membranas (ruptura do “ saco das águas” superior a 4 horas),o trabalho <strong>de</strong> parto prolongado, a utilização <strong>de</strong> ventosa ou fórceps, assim como <strong>de</strong>monitorização interna (cardiotocografia com eléctrodo no polo cefálico do feto <strong>de</strong>poisda ruptura das membranas).A presença do VIH nas secreções vaginais, muito embora em quantida<strong>de</strong>s ínfimas oumuito reduzidas nas grávidas medicadas com anti-retrovíricos, constitui o principalmotivo para que se <strong>de</strong>fenda hoje o parto por cesariana, como mais uma das medidasque contribuem para reduzir a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão do vírus ao recém--nascido.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2424da mãe à criança uma nova esperançaSeguimento médico da mãe e da criança após o partoDepois do parto, a perda dos lóquios infectados pelo vírus, po<strong>de</strong>rá ser um problemapresente no espaço do convívio familiar. Existem normas <strong>de</strong> higiene que <strong>de</strong>vem serrigorosamente cumpridas, para que se sinta bem, no meiodos que a ro<strong>de</strong>iam: uma higiene cuidada <strong>de</strong> todo o corpo, ouso <strong>de</strong> pensos <strong>de</strong> protecção, lavar cuidadosamente e<strong>de</strong>sinfectar (com lixívia) os objectos comuns aos membros doagregado familiar.Cerca <strong>de</strong> 1 mês e meio <strong>de</strong>pois do parto é aconsulta <strong>de</strong> revisão, na Maternida<strong>de</strong>. Depoisdo exame ginecológico e das cicatrizesoperatórias, o obstetra aconselha normascontraceptivas eficazes, normas <strong>de</strong> condutapara consigo própria, e para com os que a ro<strong>de</strong>iam, e indicar-lhe-á as consultasespecializadas que <strong>de</strong>ve frequentar:— Doenças Infecciosas (on<strong>de</strong> irá prosseguir oacompanhamento da Infecção VIH e a vigilância dos efeitosdo tratamento anti-retrovírico).— Ginecologia <strong>de</strong> Alto Risco.Uma mulher infectada pelo vírusVIH <strong>de</strong>verá fazer controloginecológico <strong>de</strong> 6 em 6 meses,uma vez que tem um riscoacrescido para <strong>de</strong>senvolverinfecções do aparelho reprodutor.Por outro lado e <strong>de</strong>vido ao enfraquecimento das <strong>de</strong>fesas imunitárias provocado peloVIH, essas infecções manifestam-se <strong>de</strong> uma forma mais grave e por vezes têm umaevolução rápida e progressiva para formas <strong>de</strong> cancro. São disso exemplo asinfecções do colo uterino por HPV (vírus do papiloma humano) e VHS2 (vírus doherpes simples genital).


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2525da mãe à criança uma nova esperança— Pediatria, on<strong>de</strong> as crianças,filhos <strong>de</strong> mães seropositivas,irão fazer exames médicos eanálises, no sentido <strong>de</strong> sediagnosticarem o mais cedopossível, os casos (felizmentepouco frequentes) <strong>de</strong> infecção.


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<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2727da mãe à criança uma nova esperançaComo <strong>de</strong>vem as mães seropositivas cuidardos seus bebés?O que não <strong>de</strong>ve ser feitoA mulher infectada pelo vírus da imuno<strong>de</strong>ficiênciahumana não <strong>de</strong>ve amamentar o seu filho. O vírus éexcretado no leite pelo que, se o fizer, vai aumentar aprobabilida<strong>de</strong> do bebé ser infectado. Ao recém-nascido,<strong>de</strong>ve ser oferecido um leite adaptado, em biberão,segundo as orientações do pediatra.O que <strong>de</strong>ve ser feitoPara tentar evitar que a criança se infecte:A criança <strong>de</strong>ve iniciar entre as 6 e as 12 horas <strong>de</strong> vida um tratamento com xarope <strong>de</strong>AZT (Retrovir). Este medicamento <strong>de</strong>ve ser dado <strong>de</strong> 6 em 6 horas, durante asprimeiras 6 semanas (a quantida<strong>de</strong> do xarope a dar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do peso da criança eser-lhe-á explicada na data da alta da Maternida<strong>de</strong>). É muito importante que em casacumpra rigorosamente esta medicação.Como saber se a criança está ou não infectada?As crianças, filhas <strong>de</strong> mães seropositivas para o VIH, <strong>de</strong>vem ser acompanhadasnuma consulta <strong>de</strong> Pediatria especializada. Na região Centro <strong>de</strong>vem frequentar aConsulta <strong>de</strong> Medicina / CDI do Hospital Pediátrico <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, on<strong>de</strong> uma equipacomposta por uma Pediatra, uma Técnica do Serviço Social, uma Educadora <strong>de</strong>Infância e uma Enfermeira, as vai observar e orientar.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2828da mãe à criança uma nova esperançaApesar das medidas que foram referidas para tentar evitar a transmissão da mãe parao filho, infelizmente e em alguns casos raros, a criança está infectada. A <strong>de</strong>tecção<strong>de</strong>ssa infecção <strong>de</strong>ve ser feita cedo para que a criança inicie tratamento.Os exames que são feitos nos adultos para saber seestão ou não infectados, não servem para a criançapequena. De facto a criança filha <strong>de</strong> mãeseropositiva tem sempre ao nascer (e po<strong>de</strong>manter até aos 18 meses), anticorpos para ovírus, mesmo não estando infectada. Porisso, os testes a realizar para diagnóstico nacriança, são <strong>de</strong> pesquisa do vírus e sórealizados em laboratóriosespecializados. Assim, <strong>de</strong>ve colher--se sangue à criança às 48 horas<strong>de</strong> vida, repetir entre o 1º-2º mês e, seestes forem negativos, entre o 4º-5º mês, para pesquisa do vírus (PCR). A 1ª colheita éfeita na Maternida<strong>de</strong> e as restantes, na consulta do Hospital Pediátrico <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>.VacinaçõesA vacina do BCG não <strong>de</strong>ve ser administrada ao recém-nascido <strong>de</strong>mãe seropositiva. Irá ser administrada ao4º-5º mês se os testes <strong>de</strong> pesquisado vírus forem negativos.Todas as restantes serão administradas, segundo o Programa Nacional <strong>de</strong>Vacinações, no Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da área <strong>de</strong> residência.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 2929da mãe à criança uma nova esperançaMedicação para prevenir outras infecçõesA criança infectada pelo VIH tem, ainda mais que o adulto, tendência a ter infecções.A mais frequente e muitas vezes mortal é a pneumonia por Pneumocystis jirovecci,que po<strong>de</strong> acontecer nos primeiros meses <strong>de</strong> vida.Por isso toda a criança filha <strong>de</strong> mãe seropositiva, <strong>de</strong>ve iniciar a partir da 6ª semana<strong>de</strong> vida (quando termina a prevenção com o AZT) um antibiótico (cotrimoxazole),dado três dias na semana, como será indicado na consulta <strong>de</strong> Pediatria.Outras indicaçõesOs filhos <strong>de</strong> mães infectadas pelo VIH precisam, para além <strong>de</strong> uma alimentaçãoa<strong>de</strong>quada, e do cumprimento <strong>de</strong> tudo o referido nestas notas, <strong>de</strong> muito carinho eamor o que obrigatoriamente é <strong>de</strong>vido, a qualquer criança <strong>de</strong>ste Mundo!Mães e bebés: uma unida<strong>de</strong> indissociávelA gravi<strong>de</strong>z é um dos acontecimentos mais sensíveis e importantes na vida da mulher,do homem (e do casal), que gera profundas alterações físicas e psicológicas,preparando-os para ser mãe e pai.O nascimento <strong>de</strong> um filho é consi<strong>de</strong>rado um dos principais momentos <strong>de</strong> transição doindivíduo ao longo da vida, responsável por mudanças a nível individual, conjugal,familiar e social, sendo uma oportunida<strong>de</strong> para mudança, crescimento eenriquecimento pessoais. Com efeito, quando nasce um bebé, nascem tambémuma mãe e um pai. Crianças e mães/pais, embora sejam pessoas separadas, comdireito a uma vida própria, são também uma unida<strong>de</strong> indissociável.Tem sido bastante referido que a saú<strong>de</strong> mental materna durante a gravi<strong>de</strong>z e nosprimeiros tempos após o nascimento do bebé, tem implicações importantes no bem--estar psicológico da mãe e da criança ao longo <strong>de</strong> todo o ciclo <strong>de</strong> vida. Isto significaque é importante que sejam <strong>de</strong>senvolvidos cuidados abrangentes, físicos,psicológicos e sociais, nos períodos pré e pós-natal, ou seja, durante e após agravi<strong>de</strong>z.Este aspecto é particularmente importante para as mulheres infectadas pelo VIH, quetêm <strong>de</strong> lidar, não só com as mudanças ocorridas durante a gravi<strong>de</strong>z, como com asexigências acrescidas da existência <strong>de</strong> uma doença como é a infecção pelo VIH.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3030da mãe à criança uma nova esperançaSer mãe/pai exige assumir novas responsabilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sempenhar novas funções.Essas responsabilida<strong>de</strong>s e funções pren<strong>de</strong>m-se com cuidados prestados ao bebédirectamente mas também com cuidados relacionados com a própria saú<strong>de</strong>.Neste sentido, após o nascimento do bebé, o seguimento da mãe nas consultas <strong>de</strong>Infecciosas e <strong>de</strong> Ginecologia, com o respectivo acompanhamento <strong>de</strong> enfermagem,psicológico e social, é extremamente importante na medida em que ao cuidar <strong>de</strong> si,a mulher está também a cuidar do seu filho.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3131da mãe à criança uma nova esperançaApoios que po<strong>de</strong>rão ser dispensados pela Consulta <strong>de</strong>Acompanhamento PsicológicoUm psicólogo pertencente à Consulta <strong>de</strong> Acompanhamento Psicológico (ACOMPSIC),integra a equipa <strong>de</strong> Obstetrícia-Infecciosas. Com sua intervenção procura ajudar amulher grávida e a sua família em diversas áreas da sua vida. Nomeadamente:• Compreen<strong>de</strong>r melhor os aspectos relacionados com a doença e prevenir a suatransmissão (através da utilização <strong>de</strong> estratégias psicoeducativas);• Facilitar a expressão <strong>de</strong> emoções relacionadas com a infecção e ajudar a<strong>de</strong>senvolver estratégias para lidar com emoções negativas (por exemplo,ansieda<strong>de</strong>, tristeza, culpa, revolta);• Lidar com as preocupações mais frequentes, principalmente as que serelacionam com a gravi<strong>de</strong>z; saú<strong>de</strong> própria; saú<strong>de</strong> dos filhos; responsabilida<strong>de</strong>;etc.;• (Quando necessário) ajudar na revelação sobre a infecção aomarido/companheiro e outras pessoas que sejam consi<strong>de</strong>radas importantes;• Contribuir para a melhoria das relações familiares e sociais da grávida e da suaqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida;• Desenvolver comportamentos positivos relacionados com a saú<strong>de</strong> ou estilos<strong>de</strong> vida saudáveis.Apoios que po<strong>de</strong>rão ser dispensados pelo Serviço Socialda maternida<strong>de</strong>O Serviço Social, integrado na equipa da consulta <strong>de</strong> Obstetrícia-Infecciosas, visaefectuar um diagnóstico social, baseado em dados sócio-económicos e familiares,que permitam <strong>de</strong>tectar problemas que <strong>de</strong> algum modo estejam a condicionar a saú<strong>de</strong>das grávidas e das suas famílias. Preten<strong>de</strong>, em conjunto com a próprias utentes,<strong>de</strong>finir estratégias que lhes possibilitem ultrapassar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tectadas,contribuindo assim para melhorar a sua “Vida”.Po<strong>de</strong>rá sempre que o <strong>de</strong>sejar, solicitar a intervenção <strong>de</strong>ste serviço. A AssistenteSocial que apoia esta consulta, estará sempre disponível para os ouvir e, encaminharpara os recursos existentes.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3232da mãe à criança uma nova esperançaApoios que po<strong>de</strong>rão ser dispensados pelo Serviço <strong>de</strong>EnfermagemA Enfermagem, inserida numa equipe multidiscilpinar, ao receber a grávida cominfecção <strong>de</strong> VIH/SIDA, tem o objectivo <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> forma organizada epersonalizada, aten<strong>de</strong>ndo sobretudo a três aspectos importantes:• Disponibilida<strong>de</strong>/Empatia – característica básica necessária paracompreen<strong>de</strong>r o comportamento da doente e ajuda-la na sua recuperação• Respeito pela confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> – é um direito humano fundamental. Agrávida não <strong>de</strong>ve ocultar factos sobre a sua doença ou do seu estado em geral,isso só po<strong>de</strong>ria prejudicá-la. Não receie colocar as suas dúvidas epreocupações. É essencial a mútua confiança para um melhor atendimento.• Educação para a Saú<strong>de</strong> – os ensinos são dirigidos consoante a ida<strong>de</strong>gestacional da grávida, abrangendo essencialmente:• Acolhimento• Alimentação• Enxoval do bebé e mãe• Sinais <strong>de</strong> parto• Anestesia epidural• Visita a sala <strong>de</strong> partosAdaptando a cada utente estes (e outros) ensinos que sejam necessários/oportunos.


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3333da mãe à criança uma nova esperançaConsulta <strong>de</strong> Obstetrícia-InfecciosasHospitais da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>Dr.ª Lúcia Pinho: Obstetra - Maternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> MatosDr.ª Eugénia Malheiro: Obstetra - Maternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> MatosDr.ª Isabel Ramos: Infecto-contagiosasDr. Luís Marques: Psiquiatria - Maternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> MatosDr. Marco Pereira: Psicologia - Maternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> MatosDr.ª Rosa Henriques: Serviço Social da Maternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> MatosEnfermagem Maternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> MatosHospital PediátricoDr.ª Graça Rocha: Pediatra - Consulta <strong>de</strong> Medicina/CDI do Hospital Pediátrico <strong>de</strong><strong>Coimbra</strong> (HPC)Dr.ª Rosa Gomes: Serviço Social do Hospital PediátricoDr.ª Constança Moura Casas: Educadora <strong>de</strong> Infância do Hospital Pediátrico <strong>de</strong><strong>Coimbra</strong>Enf. Isilda Pinto: Enfermeira da Consulta Externa do HPC


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3434da mãe à criança uma nova esperançaIndicações úteisInibidores da Dose diária ObservaçõestranscriptasehabitualInibidores da Dose diária Observaçõesproteasehabitual


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3535da mãe à criança uma nova esperançaTelefones úteisMaternida<strong>de</strong> Dr. Daniel <strong>de</strong> Matos: .................................................... 239 403 060Departamento <strong>de</strong> Doenças Infecciosas dos H.U.C.: ...................... 239 400 638Consulta <strong>de</strong> Acompanhamento Psicológico da Maternida<strong>de</strong>: ...... 239 403 060Serviço Social da Maternida<strong>de</strong>:........................................................ 239 403 060Serviço <strong>de</strong> Psiquiatria dos HUC:...................................................... 239 400 400Hospital Pediátrico: ........................................................................... 239 480 300Serviço Social Pediátrico:................................................................. 239 480 306


<strong>livro</strong> <strong>CC</strong> 6/6/<strong>07</strong> 2:<strong>57</strong> <strong>PM</strong> <strong>Page</strong> 3636da mãe à criança uma nova esperançaVIVEOlha nos meus olhos,O meu olhar não mata!Beija-me.O meu beijo não mata!Pousa a tua mão na minha,A minha mão não mata!O que me mata.É esta solidãoNascida do teu medo!O que me mataNão se chama SIDA!Mata-me a tua falta <strong>de</strong> Esperança,No que ainda restaDa tuaE da minha vida!MARTA BRINCA

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