4 • A mediação de leitura“No começo do dia já estava ansiosa para a mediação de leitura que programeipara hoje. Combinei com minha dupla de nos encontrarmos na sala da <strong>biblioteca</strong>para escolher alguns livros, pegar o colchonete, as almofadas e seguirmos para oambulatório. Como me atrasei um pouco, quando cheguei minha dupla já tinhaseparado boa parte do acervo para levar. Por sorte, seus livros preferidos nãocoincidem com os meus, então pude levar quase todos os livros que gosto e ficamoscom um acervo bem grande e variado (cerca de 40 livros).O ambulatório estava superlotado! Crianças, mães e pais sentadosassistiam à televisão e outros tantos esperavam encostados e agachados nocorredor a hora de serem chamados. Passamos já olhando atentamente àscrianças – que também pareciam notar o movimento diferente (talvez pelacesta de livros e nossos uniformes; vestíamos a camiseta do projeto e o crachá).Sentamos no canto e montamos o espaço no chão enquanto olhávamosao redor e confirmávamos: ‘sim, vocês podem chegar, sentem... querem leruma história?’. Logo um grupo de três irmãos se soltou da mãe e chegouperto de mim. Olhei para minha dupla e fiz o sinal ‘vou começar com essas’.Enquanto isso, ela terminou de distribuir os livros no tapete e saiu em buscade novos leitores.‘Quero esse’, pediu Bernardo, o mais velho (11 anos) logo que comecei amostrar as opções. Começamos então A verdadeira história dos trêsporquinhos, que foi a todo momento interrompida por outros desejos: ‘Depoisvocê lê esse também?’, perguntava Leo, de seis anos. ‘Leio’, respondi. ‘E esse,também?’, ‘Também’, repeti. ‘E esse?’. Sugeri então que ele escolhesse quaisgostaria de ouvir e fizesse uma pilha em seu colo, pois terminada aquelahistória leria outra que ele escolhesse. Ele escutou um pouco mais sobre o lobobonzinho e logo saiu ‘engatinhando’ por cima do tapete de livros à procura doque lhe interessava mais. Enquanto continuava a ler para Bernardo (superatento ao desenrolar da história) e Marina (irmã do meio, oito anos, bemquietinha) reparei que Leo rejeitou dois livros que não tinham texto. Maistarde, pude entender por quê: ‘esses não tem história, oras!’Quando, propus que lêssemos Filipe, contra o tempo e o vento e logo quefoliei as primeiras páginas em silêncio, mostrando as figuras e olhando para o48
osto deles, o que se sucedeu foi um turbilhão de perguntas, respostas, sugestõese versões animadas para a aventura do ratinho (sem letras). O livro foi aochão e o grupo (agora já eram oito crianças) se posicionou em volta,desvendando cada detalhe da história.Olhei ao redor e vi que minha parceira continuava no outro canto dotapete, ainda bastante entretida com uma única criança – que, pelo jeito, haviapedido todas as histórias do Lá Vem História.O tempo passou e enquanto arrumávamos as coisas para ‘recolher’ a<strong>biblioteca</strong>, fui puxada pelo braço: ‘Tia, posso levar essa história para ler praminha mãe?’. Era Leo, com ‘Filipe’ na mão.”(Registro de técnica da equipe do Programa Biblioteca Viva em Hospitais)A mediação de leitura é uma situação em que duas ou mais pessoas estabelecemuma relação por meio da leitura de histórias. Aquele que lê os livros está disponívelpara acompanhar o outro na escuta da história, acolhendo as colocações que possamsurgir, sem a preocupação de intervir. Ele respeita, assim, a forma, a distância e o ritmode cada indivíduo para escutar e se expressar, proporcionando um momento afetivo eprazeroso em torno das histórias e dos livros.Em geral, instaura-se um clima de descontração e liberdade, em que as criançasouvem ou lêem os livros, falam e comentam o que quiserem e não têm obrigação deapresentar um trabalho ou qualquer produto sobre a leitura feita. A mediação deleitura é realizada sempre da mesma maneira e destina-se a qualquer público. O quedifere uma situação da outra é o contexto no qual ela acontece: instituições de váriostipos (creches, hospitais, escolas etc.), espaços públicos ou privados. Por isso, antes deiniciar a atividade, o mediador planeja as ações que pretende desenvolver, de acordocom as características da instituição e do grupo a ser atendido.“Todas as sextas-feiras é feito um trabalho com os idosos das famíliasassistidas pelo Pólo Capitão Maurício/Lar Fabiano de Cristo, com o qualmantemos uma parceria e pensamos em enriquecer esses encontros, levandotambém para eles a Biblioteca Viva. [...] Trabalhei do mesmo modo que trabalhocom as crianças. Como já estávamos em círculo, espalhei os livros no chão e pedipara que escolhessem; ninguém pegou, ficaram todos me olhando; sinceramente,pela primeira vez, não sabia o que fazer! Até que vó Luiza pegou Rápido como49
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