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|CASE-STUDY CORDEXUma trama de êxitono Brasil|CAIXA EMPRESAS OUTUBRO 20116Se a matéria-prima está longe,é mais compensador internacionalizardo que importar. A opçãoda Cordex conduziu-a até aoBrasil e levou-a a mudar toda agestão dos negócios.Oque têm em comum muitas das cordasdos parques infantis, onde brincamas nossas crianças, os fios quenos campos agrícolas embalam osfardos de palha, as cordas usadas pelos barcos depesca em alto-mar ou os fios de bricolage que sãotão úteis à indústria? O seu fabricante é o elementocomum. Um dinâmico grupo empresarial dodistrito de Aveiro.É a partir do sintético e do sisal que o GrupoCordex (ramo da cordoaria) concebe fios, fiaçõese cordas para as áreas da agricultura, indústria,pesca e lazer. E foi justamente a planta do sisalque levou a Cordex até ao Brasil. Nenhum outroponto do planeta seria mais indicado para quemtrabalha tanto com esta matéria-prima: actualmente,90 por cento da produção mundial de sisal éfeita na Bahia.Atenta a este facto, no final dos anos 90, a Cordexdecidiu deslocalizar para o Brasil todos os processosde produção que envolvessem este componente,criando, para isso, a Cordebras Ltda: “Amatéria-prima era importada do Brasil e o custoda mão-de-obra ainda era barata. De salientar que,neste processo de deslocalização, não houve despedimentos,e a produção em Portugal foi potenciadacom novos investimentos em áreas complementares(fio sintético e rede agrícola)”, refere oadministrador da Cordex.Estabelecida no Estado da Bahia desde 2000, aCordex não teve um percurso fácil. “A operaçãotornou-se rentável depois de muitos erros cometidose resolvidos”, refere Manuel Pereira, queaponta as leis laborais, o aumento exponencial dossalários, o caro financiamento local e a burocracia(inclusive na fiscalidade) como os principais pontosde dificuldade. Nada, contudo, que não tivessesido amplamente compensado pela proximidade epelo acesso directo à fonte, quase exclusiva mundialmente,das matérias-primas mais críticas para onegócio da Cordex.A Caixa teve um papel importante nesta opçãoestratégica, apoiando a empresa em duas fasesdistintas. Primeiro, no financiamento local, atravésde cartas de conforto para o banco brasileiro, quepermitiram um rápido acesso ao crédito e em melhorescondições. Depois, quando o Grupo mudou,a estratégia e todo o financiamento das actividadesno estrangeiro passou a ser efectuado via Portugal,por intermédio das linhas de crédito da CGD.Actualmente, a Cordex é detentora de uma fábricacom 25 000 m 2 de área coberta, na Bahia, empregandocerca de 200 trabalhadores. O seu principalproduto é o fio agrícola de sisal (para enfardamento),sendo que, curiosamente, a exportação representaa maior fatia do mercado – cerca de 95 porcento, maioritariamente para a América do Norte.Só nos últimos dois anos é que o mercado brasileirose tornou também um destino da produção.A distância entre Portugal e o Brasil não é um problemapara o administrador da Cordex: “Se a empresase equipar com uma boa infra-estrutura emtecnologia de informação e tiver um modelo degestão bem definido não vemos problema; o resto,o transporte aéreo resolve.”Da exportação para a internacionalizaçãoA Cordex foi formalmente constituída em 1969,mas as suas origens remontam ao início da décadae a uma pequena empresa familiar produtorade cordéis de embalagem, a Sofios.No presente, a área de cordoaria do GrupoCordex divide-se em quatro sectores, aos quaiscorrespondem outras tantas empresas: o agrícola(Cordexagri); a indústria (Cordexpro); as pescas ea marinha (Cordexaqua) e o lazer (Cordexfun).Apesar da vocação que sempre teve para a exportação,o Grupo Cordex não investiu desde o iníciona internacionalização. O modelo de negócio assentavanuma óptica de preço, em que o foco eraa obtenção de economias de escala com o máximoImpério de EsmorizO Grupo Cordex não se ocupa apenas dacordoaria, tendo investimentos em outrasduas áreas: espumas de poliuretano(Ovar), sistemas de poliuretano e imobiliário(Esmoriz). O império construídopelo trabalho de Manuel Armando Pereira(pai) e seus filhos Manuel Alberto Pereira,Carlos Pereira e Paulo Pereira congregaonze empresas distribuídas por três grandesáreas e por seis países. No total, oGrupo emprega cerca de 700 trabalhadorese tem uma facturação consolidada previstapara este ano de 132 000 000 euros.Dimensão e visãoO Grupo Cordex emprega 700 pessoase exporta para 50 países diferentes.O negócio core é a cordoaria.


Pedro MonteiroOferta Caixa PME LíderA Caixa disponibiliza uma oferta distintiva,repleta de vantagens para empresas comdesempenho e notoriedade destacados e credenciadascom o Estatuto PME Líder.A Oferta Caixa PME Líder (*) inclui uma gamacompleta de produtos e serviços como:• soluções para apoio à tesouraria, à exportaçãoe ao investimento na sua empresa, comcondições especiais para novas operações;• soluções atractivas para rentabilização deexcedentes de tesouraria;• descontos nos seguros de Acidentes deTrabalho, Multirriscos Negócios e OfertaGlobal de Saúde da Fidelidade Mundial;• instrumentos financeiros avançados, com oapoio da Caixa BI.(*) Acesso aos benefícios da Oferta Caixa PMELíder mediante um volume de relacionamentocomercial mínimo de 10.000 euros (depósitos)ou 100.000 euros (depósitos + créditos), umaquota de crédito mínima na CGD de 25% e aposse de pelo menos quatro produtos, devendoum deles ser o cartão Caixa Works ou o plafondmultiusosVisite www.cgd.pt/empresas ou umaAgência ou Gabinete Caixa Empresas.BCG Brasil apoiainvestimentoEm pleno funcionamento desde Abril de2009, o Banco Caixa Geral Brasil temcomo prioridades o financiamento de soluçõespara empresas e banca de investimento.A vocação de banca universal da CGD justificou,também, a incursão na actividadede trade finance, designadamente noscorredores comerciais que ligam o Brasila outros pontos estratégicos onde o GrupoCGD está presente (China, Angola,Moçambique e a Península Ibérica).O Brasil constitui um dos mercados prioritáriosna estratégia de internacionalizaçãoda CGD, fruto da presença histórica,que data de 1887, aquando da instalaçãoda Agência Financial de Portugal. Muitorecentemente, o banco passou a ter umafilial no Rio de Janeiro, que garante umapresença ainda mais ágil e pronta para osdesafios do mercado.cadeiras fabricadas em Leiria. A lista integra aindaauditórios, salas de espectáculo ou de espera, hotéis,recintos para leilões, picadeiros e até igrejas.O Zoomarine, o barco para as Berlengas e as salasde espera da CP são três exemplos concretos deassentos deste tipo.O administrador da DEM 2 salienta que a imagemdistintiva que tenta criar no mercado é a de umaempresa que privilegia as componentes de inovação,design atraente e preço competitivo. Ao todo,são sete os modelos de cadeiras e poltronas existentes,todas com nomes de rios portugueses (defácil pronúncia).Em 18 anos de trabalho com clubes desportivos,não faltam histórias pitorescas aos dois homensque conduzem a DEM 2. Recordam-se do momentoem que se procedia à escolha da cor de olhosde um leão, desenhado em algumas das cadeirasdo Estádio de Alvalade. Uma operação simples eAurélio Ferreira,administrador da DEM 2aparentemente discreta, mas que conseguiu gerarum ruído equivalente ao que se ouve em dia dederby. Do lado oposto a estas manobras, os sóciosque assistiam ao treino não conseguiram conter-sequando uma das cores testadas foi o vermelho. Osecos de protesto rugiram bem alto naqueles domíniosdo desporto rei.Resultados em balanço• Exportação para 28 países;• 6 trabalhadores;• Um milhão de euros de volume de negóciosem 2010 (50% em Portugal e 50% deexportação e internacionalização);• Instalações em Leiria e São Paulo.As vantagensde se internacionalizarpara o BrasilA internacionalização das empresas portuguesaspara mercados com maiores taxasde crescimento, como o brasileiro, traz umnovo desafio ao Banco Caixa Geral Brasilque lhes proporciona soluções muito interessantes– caso estas optem por se constituirsob as leis locais, com sede e administraçãonaquele país.Como banco credenciado pelo BancoNacional de Desenvovimento (BNDES), oBCG é um meio privilegiado para se acedera linhas de financiamento do BNDES– via operação indirecta – para importaçãode bens e capital, sem similar produzido nopaís, mas também para as exportações daprodução local.Estas operações de financiamento à exportaçãocontam com um programa para asfases de pré-embarque, no apoio à produção,e pós-embarque, na comercializaçãode bens e serviços no exterior, com condiçõesfinanceiras competitivas.Visite www.cgd.pt/empre sasBRASIL: PAÍS DE OPORTUNIDADES|9


|CASE-STUDY GRUPO CATARINOPormenor da varandadas residências Natura AtlânticoEspaço para as crianças brincaremno empreendimento Natura JardimO desígnio do Atlântico|CAIXA EMPRESAS OUTUBRO 201110O Grupo Catarino constrói e vendecondomínios numa das maiscaracterísticas cidades brasileiras.Aposta na qualidade, projectadapara a classe média. Assuas origens adivinhavam estaincursão em Salvador da Bahia.Se o berço nos marca o destino, o Brasilteria algum dia que entrar na históriado Grupo Catarino.Manuel dos Santos criou em 1949 oseu próprio negócio: uma serração de madeiras.Fê-lo em Febres, a pequena povoação do distritode Coimbra – mostrada ao mundo pelas descriçõesdo conhecido escritor Carlos de Oliveira,nascido no Brasil mas entretanto regressado àpátria de seus pais.Alguns anos passados após a génese do GrupoCatarino, em Febres, o filho e a nora de Manueldos Santos (Maria Algínia Catarino e Manuel dosSantos) alargaram o seu âmbito de actividade.O mobiliário, os materiais de construção e a construçãocivil juntaram-se à serração de madeiras ecarpintaria. Mas, coube à geração seguinte, a dosnetos de Manuel dos Santos, o empreendedor serradorbraçal, consumar aquele que parecia ser o desígnioimposto pela origem local do negócio: levaro já constituído Grupo Catarino a operar no Brasil.E assim ocorreu em 2001, 52 anos após a sua fundação,pelas mãos de Jorge e Vítor Catarino.O forte incentivo à internacionalização para o Brasil,conjugado com o grande potencial deste mercado,conduziram o Grupo ao outro lado do Atlântico.As ligações estabelecidas nas décadas de actividadedesenvolvida em Portugal revelaram-se, curiosamente,um excelente impulsionador no arranque.Alguns dos tradicionais clientes do Grupo Catarinoem Portugal (já presentes no mercado brasileiro)continuaram a sê-lo em terras de Vera Cruz.A Caixa também ajudou a abrir portas no território,conforme refere Vítor Catarino, CEO doGrupo: “A CGD foi, desde sempre, um dos pilaresdesse apoio. Numa fase inicial da actividade foimuito importante, na medida em que nos proporcionouaconselhamento e aproximação a contactosimportantes.”Duas etapas de um destinoNa primeira abordagem ao novo destino de negócios,a Ramos Catarino dedicava-se à construçãode edifícios para empresas privadas, além da promoçãoimobiliária.Esta prestação de serviços era feita tanto paraa área industrial e de retalho, como para hotéise outro tipo de unidades de turismo, como oEco Resort Reverva Embassaí ou o Vila Galé MarésResort (no qual participou com outras construtorase que foi considerado o melhor hotel do Brasilem 2006 e em 2007).A partir de 2006, na sequência do estudo de reorientaçãoestratégica, a Ramos Catarino – Construtorae Incorporadora passou a dedicar-se em exclusivoà promoção imobiliária, ou seja, a construir e avender aquilo que edifica, mantendo o seu raio deacção em Salvador da Bahia.A outra alteração sensível na política comercialdo Grupo Catarino em terras brasileiras foi a dedireccionar exclusivamente a sua actividade parao imobiliário residencial urbano. Estes investimentosresidenciais urbanos são promovidos emlocalizações-chave, ou seja, com grande densidadepopulacional e pouca oferta qualificada de habitação.A empresa tornou-se uma marca reconheci-


Vitor Catarino,CEO do Grupo CatarinoZona exterior de lazer, com piscina, do Natura VilleEspaço reservado para festas do empreendimento Natura VidaUma mão cheia de históriaA versatilidade é a principal característicado Grupo Catarino. De uma unidade industrialde serração de madeiras, criada em1949, até hoje, surgiram 17 empresas, dezsectores de actividade (da fileira florestale paisagismo ao home interior) dispersospor três países (Portugal, Espanha eBrasil), empregando cerca de 500 pessoas.Conciliar tradição e inovação é uma dasprincipais divisas deste grupo empresarialque nasceu no concelho de Cantanhede ese projectou no mundo.A política comercial do GrupoCatarino em terras brasileiras estádireccionada para o IMOBILIÁRIORESIDENCIAL URBANO.da nos bairros mais procurados e tradicionais deSalvador (onde mais actua).O perfil do seus clientes insere-se na chamadaclasse média brasileira, que está em forte ascensão,maioritariamente constituída por professores,médicos, advogados, publicitários, entreoutros.A preocupação central da construção é dirigidapara a qualidade e o requinte, quer nas áreas própriasquer nos espaços comuns dos condomínios(piscina, court de ténis, sala para as crianças brincarem,sala para festas, e outros).Apesar de se tratar de residências em espaço urbano,o Grupo Catarino procura aproveitar ascondições naturais em que as construções se inserem,por vezes integrando-as nas suas designaçõescomerciais: Natura Atlântico (com vista para omar), Natura Jardim, Natura Ville (junto à Reservada Mata Atlântica), Natura Vida.As lacunas do Brasil – na exacta proporção da suacapacidade de desenvolvimento – constituem oprincipal factor de estímulo aos empresários. VítorCatarino explicou isso mesmo ao Caixa Empresas:“De facto, as dificuldades actuais são ao mesmo tempograndes oportunidades, ainda para mais quandoo Brasil é hoje um dos maiores destinos mundiais deInvestimento Directo Estrangeiro.A política económica dos maisrecentes governos, aliada ao esforçodas instituições bancárias,encorajou a procura de habitaçõese levou ao desenvolvimentodo mercado imobiliário.”O Grupo Catarino tem actualmentecem trabalhadores noBrasil (90 na produção), todos eles brasileiros. OCEO do Grupo Catarino realça a importância dacolaboração “de quadros de grande confiança emérito profissional”, que ainda hoje acompanhamo projecto. A facturação da filial brasileira rondouos nove milhões de reais em 2010 e os dez milhõesem 2009 (respectivamente 3,95 e 4,39 milhõesde euros).Fotos: DROferta comércio e serviçosCom oferta completa e integrada na gestãodo seu negócio no curto, médio e longoprazos, a Caixa assegura-lhe benefíciosúnicos de onde se destacam os seguintes:• TPA netcaixa com redução até 40%nas mensalidades e descontos sobre acomissão transaccional (mediante adesãoconjunta aos seguintes produtose serviços: TPA netcaixa, Conta DOnetcaixa, domiciliação de pagamentos,Caixa E-banking, Serviço GAT, Limites deCurto Prazo, Caixa Maistesouraria, Segurosde Protecção de Negócio, Multirriscose Acidentes de Trabalho), sem deixarde beneficiar da totalidade de um serviçoajustado às necessidades do seu negócio;• Serviço de Gestão Automática deTesouraria (GAT) que, através da associaçãode três contas (conta à ordem,conta poupança e conta corrente) permite,no final do dia, a gestão automática de tesouraria,com transferência de fundos entrecontas, em função da necessidade ouexcesso de liquidez, e com ganhos de tempoe eficiência na gestão do negócio;• Desconto Comercial para apoio àactividade comercial através do descontode letras, com financiamento das necessidadesde exploração do seu negócio;• Soluções de poupança com taxascompetitivas, diferentes soluções de prazo(1, 3, 6 e 12 meses) e com total comodidadepor subscrição, em exclusivo no serviçoCaixa E-banking;• Seguros da Companhia de SegurosFidelidade Mundial, em condições vantajosase desenhados para a actividade comercial;• Soluções web para o seu negócio,em parceria com a YUNIT.Visite www.cgd.pt/empre sasBRASIL: PAÍS DE OPORTUNIDADES|11


|ENTREVISTA TIAGO PITTA E CUNHACONSULTOR DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PARA O AMBIENTE, A CIÊNCIA E O MARNeves António“Temos de olhar para o marcomo um todo”|CAIXA EMPRESAS OUTUBRO 201112Face a outros países da costa europeia, Portugalainda não aproveita todo o potencial do mar,tanto na riqueza económica como no empregogerado. As actividades marítimas contribuemapenas para cerca de 3% do PIB nacional. Umfacto que nos deve fazer pensar.|Quando, como e porquê Portugal despertoupara a importância estratégicado cluster do mar?Penso que não houve uma data em que opaís acordasse e dissesse “o cluster do mar éestratégico para a economia portuguesa”. Depoisde um longo período de esquecimento,estamos como que a despertar gradualmentepara essa importância. Mais concretamente,houve um desaparecimento da percepção daimportância do mar nos últimos 30 a 40 anos,após a revolução de 1974, por força, entreoutras razões, da forte associação do mar como regime do Estado Novo. Nesse despertarhá um marco importante, que é a Expo’98,não tanto do ponto de vista económico, masmais do ponto de vista da modernidade e daidentidade nacional. O mar regressa à agendanacional, não já ligado ao passado dos “heróisdo mar”, mas associado ao futuro.Depois disso, o outro marco foi o trabalho daComissão Estratégica dos Oceanos, durante oGoverno de Durão Barroso (2002 a 2004), aoanunciar aos portugueses que Portugal tinhaa maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) daUnião Europeia e, principalmente, nos fez olharpara o mar como um todo.|A nova política europeia integrada parao mar impulsiona a nossa Economia doMar? Como?A grande importância que esta política europeiatem para o mar em Portugal passa decisivamentepelo próximo orçamento comunitário(2014-2020), no qual deverão figurar envelopesfinanceiros dirigidos aos grandes desafios europeus.Alguns dos quais incidem sobre domíniosrelevantes para a Economia do Mar, como oclima, a energia, a biodiversidade, a segurança eos transportes. Portugal pode colher vantagensdos fundos provenientes do novo orçamentocomunitário, por exemplo, para promover novossectores económicos e gerar novas empresas deenergia ligadas ao mar, como nas áreas dasrenováveis – do vento ou das ondas, ou nada criação de macroalgas para biocombustíveisou biomassa.|Quais as áreas em que o mar representaoportunidade directa para as PME portuguesas?Há duas áreas que me parecem prioritárias eque constituem uma grande oportunidade paraas PME: a alimentação e o turismo.Portugal é um dos maiores países do mundo noconsumo de pescado (60 kg de peixe per capitapor ano) e importa praticamente ¾ do peixeque consome. É importante que nós produzamosmais peixe. Se não for sustentável por captura,então através da aquacultura. Portugal tem dese dedicar mais à aquacultura, uma aposta quedará frutos, à imagem do que sucede comoutros Estados costeiros europeus.Quanto ao turismo marítimo, é extraordinariamenteescasso. Num país com a costa quetem Portugal, o turismo representa menos de5% da Economia do Mar. Na Europa, o tu-


ismo marítimo vem em segundo ou terceirolugar neste cluster. Esta diferença diz-nos queo turismo marítimo tem um grande potencialem Portugal e que nós não o rentabilizamossuficientemente.Há muito a fazer no seu todo. Embora possuauma das maiores jurisdições marítimas mundiais,o nosso país retira três vezes menosvalor do mar do que, por exemplo, a Bélgica,que possui menos de 100 quilómetros delinha costeira.|O mar já concretizou todo o seu potencialpara as exportações nacionais?Ainda não. A chave para esta questão é ocrescimento dos portos portugueses e a intensificaçãodo transporte marítimo.Em Portugal, os últimos 30 ou 40 anos foramde esquecimento do mar e dos portos nacionais.Estas coisas começam hoje em dia a mudar.Começamos a perceber que, por causa da nossageografia, podemos ser um país importante emtermos de transportes marítimos, de logística.Portugal está na encruzilhada de três continentes,das rotas Leste/Oeste e Norte/Sul. Oactual Governo parece que se preocupa comesta questão, defendendo a ligação dos portosportugueses ao interior da Ibéria, e até paralá dos Pirenéus, através de ferrovia em bitolaeuropeia para transporte de carga.|Que medidas concretas estimulariam omar e os transportes marítimos?Cito-lhe uma medida que considero da maiorimportância: a aplicação de um regime fiscalespecial para o transporte marítimo, a chamadaTaxa da Tonelagem. Através desta taxa, o IRCé calculado não com base nos rendimentos daempresa que presta o serviço de transportemarítimo, mas na tonelagem transportada, o quepermite às empresas ganhos assinaláveis. Portugalé o único Estado, entre os europeus ocidentaiscosteiros, que não adoptou esta taxa.Tudo o que fosse feito para tornar os portosportugueses mais competitivos, mais baratosnos seus custos, que simplificasse a logística dotransporte e apoiasse as empresas de transportemarítimo poderia vir a desviar tráfego quehoje é processado através da rodovia para avia marítima – mais barata e mais adequadaà posição geográfica de Portugal.Plataforma Continental:o horizonte portuguêsPaulo Figueiredo|Como avalia o mercado brasileiro nestaperspectiva atlântica, onde o mar é umavia logística?O Brasil tem um potencial imenso, tanto naperspectiva concreta da logística e dos transportes,como na perspectiva mais genérica da própriaEconomia do Mar. São dois os factores queexplicam esse potencial: ser o maior exportadoragrícola do mundo (usando, necessariamente,a via marítima) e nele ocorrerem descobertasde jazidas de petróleo (no pré-sal), que estãoa desviar o centro nevrálgico de produçãode energia brasileira da terra para o mar.Tudo isto implica um enorme investimentonos portos, nos transportes marítimos e naconstrução naval.O potencial do Brasil é inegável. O ideal seriaque as empresas portuguesas – por exemplo, asligadas às indústrias navais – se pudessem instalarlá e participassem no desenvolvimento deste paísna área do mar, ao invés de nos vermos limitadosa exportar cérebros, know-how e mão-de-obraqualificada das nossas indústrias navais.Os limites dos nossos territóriosmarítimos continuam em aberto.Eis uma questão económicacrucial.Que Portugal é um país de mar, todossabemos. Mas que podemos entrarno restrito clube das dez naçõescom maior área de jurisdição marítimado mundo é tema pouco divulgadonas agendas política e mediática.A delimitação da Plataforma Continental dePortugal está em cima da mesa na ONU, queapreciará o estudo de delimitação apresentadopelas autoridades portuguesas.Tiago Pitta e Cunha considera que este é “umdos assuntos mais importantes para o futuro dePortugal. O consultor do Presidente da Repúblicapara o Ambiente, a Ciência e o Mar explica oque está em causa e o seu alcance económico:“Se Portugal conseguir fazer valer a tese daextensão da sua plataforma continental paraaté quatro milhões de km 2 , o país passará adispor dos recursos naturais que venham a serencontrados no solo e no sub-solo marinhos deuma das maiores áreas de jurisdição marítimamundiais. Para um país que é apenas o 110.º emtermos de território terrestre a nível mundial, eque conta nesse território com escassos recursosnaturais, a vantagem da sua área marítima, elogo do potencial económico que dela poderáadvir com o desenvolvimento das tecnologiasde exploração subaquática, aconselha a uminvestimento que permita, num futuro próximo,passar da actual fase de delimitação à fase daefectiva prospecção dos recursos da plataformacontinental.”BRASIL: PAÍS DE OPORTUNIDADES|13


|DESTAQUE ECONOMIA DO MARJoão Navalho,administrador da NectonCristiano Soares,sócio-gerente da MarSensingFotos: Melanie Map’s/F32Mar: via polivalente e integrada|CAIXA EMPRESAS OUTUBRO 201114Duas empresas do Algarve, quesouberam associar o conhecimentocientífico e a inovação,são bons exemplos de como omar é um excelente veículo denovos negócios, mas também dareconversão dos negócios tradicionais.Para ser hoje um reconhecido produtorde sal marinho tradicional e de microalgas,a Necton, ainda em fase de unidadepiloto, teve de ser capaz de readaptaro seu foco de negócio e de ultrapassar doisgrandes reveses ligados à sua aposta empresarialinicial, a produção de beta caroteno natural.Com uma equipa jovem, motivada e multidisciplinar,e com 12 hectares de salinas tradicionaisà disposição em pleno Parque da Ria Formosa, aNecton especializou-se assim no desenvolvimentode novas tecnologias de produção de microalgas,de produtos de microalgas concentradas (tendosido a primeira empresa europeia a produzir e acomercializar este produto) e, claro, de sal.A inovação constitui um dos seus principais instrumentos:no aproveitamento das microalgas, narecuperação de tecnologias tradicionais de produçãode sal e na própria vertente empresarial (criaçãode duas spin-out – uma de cosmética natural,outra de energias renováveis).Em ambas as áreas de negócio, a Necton –Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, S.A.é hoje uma empresa mundialmente reconhecidae com uma expressiva fatia de clientes internacionais,sendo o segundo maior produtor de flor desal da Europa.O futuro projectado desta empresa, sediada emBelamandil (concelho de Olhão), permaneceráancorado na inovação e no empreendedorismo,de que são exemplo, respectivamente, o desenvolvimentodo conceito de pegada ecológica nosprodutos de sal e a sua réplica na moderna distribuiçãoeuropeia.João Navalho, administrador da Necton, sublinhaque “o mar representa para nós um desígnio, umainevitabilidade, ou mesmo uma evidência; depoissão sempre as pessoas que inventam novas rotas eque fazem a diferença”.Já a MarSensing, desde 2008 que nos ajuda a ouviro que se passa dentro de água. Esta empresa,que nasceu das valências científicas desenvolvidasna Universidade do Algarve, dedica-se não só aodesenvolvimento de dispositivos electrónicos paraa acústica submarina, como também à prestaçãogeral de serviços de consultadoria nesta área.São três as áreas de oportunidade da acústicasubmarina: a monitorização da poluição sonorasubmarina; os estudos para a preservação dos cetáceos(em complemento à foto-observação) e osdispositivos avançados para a aplicação militar.Exemplo da acção da MarSensing é o programade monitorização de ruído submarino do ProjectoAquícola da Praia de Mira (com duração de quatroanos), executado por esta empresa algarvia. Outroprojecto, o SURGE, permite caracterizar e, possivelmente,melhorar o desempenho ambiental nosdispositivos de conversão da energia das ondas(em Peniche).A MarSensing desenvolveu também um produtocolocado à venda este ano: um gravador acústicosubaquático, compacto e versátil, que permite amonitorização do ruído e a monitorização de cetáceos.Além destes três projectos, a MarSensingconta com várias participações em projectos científicos.Para Cristiano Soares, sócio-gerente da MarSensing,“existe na acústica submarina um nicho de mercadoestreito, que pode ser explorado por microempresascomo a MarSensing. Ambiente, biologia e marinhasão áreas a considerar”.Ambos os exemplos foram citados na Conferênciaorganizada pela Caixa sobre Economia do Mar,que decorreu a 12 de Outubro na Universidadedo Algarve, em Faro. Um dos pontos da costanacional, onde o mar defende a sua viabilidadeeconómica.

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