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O Uso das Narrativas como Fonte de Conhecimento em Enfermagem

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O <strong>Uso</strong> <strong>das</strong><strong>Narrativas</strong><strong>como</strong> <strong>Fonte</strong> <strong>de</strong><strong>Conhecimento</strong> <strong>em</strong>Enfermag<strong>em</strong>apenas um estudo t<strong>em</strong> 46 participantes. Apesar <strong>de</strong> <strong>em</strong> alguns casos não existir informaçãosobre o género, a maioria dos participantes são enfermeiras. Outro critério importante,frequent<strong>em</strong>ente utilizado, foi a experiência profissional, num registo que faz apelo aoprocesso <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> perícia, tal <strong>como</strong> é <strong>de</strong>finido por Benner (1995). A razão <strong>de</strong> usarvários participantes é obter diferentes perspectivas sobre uma experiência. Comparandoe confrontando essas perspectivas, os investigadores são capazes <strong>de</strong> salientar os aspectosessenciais que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> <strong>das</strong> fontes e reconhecer variações no modo <strong>como</strong> a experiênciase revela. Neste sentido, vários participantes serv<strong>em</strong> <strong>como</strong> uma espécie <strong>de</strong> triangulaçãoda experiência, isolando e <strong>de</strong>limitando o seu núcleo <strong>de</strong> significado, aprofundando assim oconhecimento que ela produz (Polkinghorne, 2005).Os nove (9) estudos apresentam resultados <strong>de</strong> natureza muito diversa, <strong>em</strong>bora,para além <strong>das</strong> características comuns já referi<strong>das</strong>, seja possível, organizá-los, analisandoos achados <strong>em</strong> várias dimensões.Os estudos <strong>de</strong> Bartaas et al (2009) e Aranda e Street (2000) centram a narrativana experiência <strong>de</strong> interacção dos enfermeiros com doentes <strong>em</strong> situações particularmentedifíceis e procuram aprofundar a compreensão sobre esse encontro. No primeiro trata-seda percepção do enfermeiro sobre as conversas com doentes que se encontram a fazerquimioterapia e no segundo, a narrativa que os enfermeiros faz<strong>em</strong> sobre a sua amiza<strong>de</strong>com doentes com qu<strong>em</strong> tiveram relações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e que se encontravam <strong>em</strong>risco ou fim <strong>de</strong> vida. Esta é usada por eles próprios, <strong>em</strong> grupo, para uma reinterpretaçãoda experiência vivida. Em ambos os estudos, torna-se evi<strong>de</strong>nte o trabalho <strong>de</strong> autoconhecimentoatravés <strong>de</strong> uma abertura ao mundo interno <strong>das</strong> <strong>em</strong>oções, e o acesso a umacompreensão estruturada da experiência que nos revela dimensões, que não só r<strong>em</strong>et<strong>em</strong>para concepções <strong>de</strong> cuidar <strong>como</strong> permit<strong>em</strong> dar sentido à vivência, reflectir sobre ela eapren<strong>de</strong>r a lidar com as <strong>em</strong>oções, reforçando o saber pessoal.Três estudos (Hudacek, 2008; Helizén e Asplund, 2006; Gunther e Thomas,2006) procuram compreen<strong>de</strong>r <strong>como</strong> narram os enfermeiros a sua experiência <strong>de</strong> cuidare o que valorizam nela. Através da análise <strong>das</strong> suas estórias sobre uma prática quetivesse feito a diferença, ou sobre a sua prática quotidiana, po<strong>de</strong>-se ace<strong>de</strong>r a todo umuniverso <strong>de</strong> significados, saberes e valores que norteiam a sua intervenção. No estudo<strong>de</strong> Hudacek (2008), <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> claramente 7 dimensões <strong>de</strong> cuidar que guiam as suaspráticas e que integram conceitos transversais às teorias <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, <strong>como</strong> caring,conforto, compaixão, espiritualida<strong>de</strong>, respeito, intervenção <strong>em</strong> crise. A dimensão ética e anatureza imprevisível e complexa dos cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> estão também presentesguiando a <strong>de</strong>cisão clínica e o pensamento crítico. Helizén e Asplund, (2006), exploramuma vertente bastante interessante e que se reporta ao universo representacional dosenfermeiros, ao tentar estabelecer uma relação entre os estereótipos que os enfermeirostinham acerca dos resi<strong>de</strong>ntes e o t<strong>em</strong>po que passavam junto <strong>de</strong>les. Verificou-se, assim,que não só havia diferenças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> resultantes da avaliação que faziam, <strong>como</strong> secompreen<strong>de</strong>u que essas diferenças radicavam na experiência <strong>em</strong>ocional que o contactodiário com os resi<strong>de</strong>ntes lhes proporcionava, mantendo a proximida<strong>de</strong> com aqueles queos reforçavam positivamente ou eram muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos seus cuidados e mantendoa distância daqueles que lhes <strong>de</strong>spertavam sentimentos negativos <strong>de</strong> frustração ou raiva.Numa perspectiva dinâmica <strong>de</strong> entendimento da relação enfermeiro-doente, v<strong>em</strong>osaqui espelhados os conceitos <strong>de</strong> transferência e contra-transferência, a cuja presençasó se po<strong>de</strong> ter acesso através da voz <strong>das</strong> enfermeiras. Por fim, Gunther e Thomas (2006)82Pensar Enfermag<strong>em</strong> Vol. 15 N.º 1 1º S<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2011

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