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O Uso das Narrativas como Fonte de Conhecimento em Enfermagem

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QUADRO 5 - Síntese do Estudo 4Autor/Ano/TítuloObjectivosTipoParticipantesResultadosOve Hellzén; Kenneth Asplund; 2006. Nurses’ narratives about their resi<strong>de</strong>nts when caring for peoplewith long-term mental illness in municipal group dwellingsClarificar o sentido que está por <strong>de</strong>trás dos factores que influenciam o t<strong>em</strong>po que os enfermeirospassam com os resi<strong>de</strong>ntesEstudo qualitativo que consistiu <strong>em</strong> entrevistas <strong>em</strong> profundida<strong>de</strong> analisa<strong>das</strong> numa perspectivafenomenológica e hermenêutica.Escolheu-se o método com base no pressuposto <strong>de</strong> que as pessoas dão sentido aos eventos através<strong>das</strong> estórias que contam. Foi-lhes pedido que contass<strong>em</strong> estórias sobre assuntos específicos tais<strong>como</strong>, <strong>como</strong> é que imaginavam que era ser resi<strong>de</strong>nte naquele contexto, e <strong>como</strong> era trabalhar ali.14 enfermeiras que prestam cuidados a pessoas com doença mental grave, sobretudo com odiagnóstico <strong>de</strong> esquizofrenia, <strong>em</strong> duas residências municipais para grupos, na Suíça, aleatoriamenteseleccionados por grupos, sete <strong>de</strong> cada residência. To<strong>das</strong> tinham formação específica <strong>em</strong> psiquiatria.As ida<strong>de</strong>s variavam entre 34 e 58 anos.O t<strong>em</strong>po passado com os resi<strong>de</strong>ntes estava estreitamente associado com o sentimento <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estarque as enfermeiras tinham quando estavam com esses doentes.Da análise <strong>das</strong> narrativas <strong>em</strong>ergiram vários estereótipos relativos ao papel dos doentes que serelacionavam claramente com o t<strong>em</strong>po que passavam juntos.O bom resi<strong>de</strong>nte; o resi<strong>de</strong>nte com <strong>de</strong>pendência; o resi<strong>de</strong>nte invisível e o mau resi<strong>de</strong>nte. Nas duasprimeiras situações verificava-se um claro investimento <strong>das</strong> enfermeiras enquanto que nas duasúltimas se constatava uma clara <strong>de</strong>sistência do papel cuidador.Numa segunda análise estrutural foi possível clarificar melhor o sentido que subjazia às suas <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong> priorizar cuidados a estas pessoas.As enfermeiras tentavam ajudar todos os resi<strong>de</strong>ntes, no entanto, buscavam reciprocida<strong>de</strong> baseada nasua noção <strong>de</strong> bons cuidados e no seu b<strong>em</strong>-estar. Procuravam por isso com mais frequência os doentesque as reconheciam e gratificavam assim <strong>como</strong> os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, on<strong>de</strong> se verificava claramente a eficáciada sua intervenção. Estes resi<strong>de</strong>ntes aumentavam e mantinham a sua auto-estima fazendo-as sentirúteis, consoladoras, parceiras, promovendo a sua autonomia. Pelo contrário os resi<strong>de</strong>ntes agressivos,estimulavam nas enfermeiras sentimentos <strong>de</strong> medo, insegurança e humilhação, enquanto aquelesque tinham dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> comunicar e se isolavam evocavam sentimentos <strong>de</strong> culpa e frustraçãodifíceis <strong>de</strong> suportar. O estudo revela que os quatro estereótipos que as enfermeiras i<strong>de</strong>ntificaminfluenciam a sua forma <strong>de</strong> agir. Isso parece estar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma <strong>como</strong> eles confirmam ou nãopositivamente o seu trabalho. Este estudo forneceu às enfermeiras a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>ro modo <strong>como</strong> o comportamento dos resi<strong>de</strong>ntes influenciava a sua prática e <strong>como</strong> aquela reforçavaa manutenção <strong>de</strong> contra-atitu<strong>de</strong>s que as levavam a <strong>de</strong>sistir dos resi<strong>de</strong>ntes que provavelmente maisnecessida<strong>de</strong> tinham dos seus cuidados.O <strong>Uso</strong> <strong>das</strong><strong>Narrativas</strong><strong>como</strong> <strong>Fonte</strong> <strong>de</strong><strong>Conhecimento</strong> <strong>em</strong>Enfermag<strong>em</strong>QUADRO 6 - Síntese do Estudo 5Autor/Ano/TítuloObjectivosTipoParticipantesResultadosMary Gunther; Sandra P. Thomas; 2006. Nurses’ narratives of unforgettable patient care eventsCompreen<strong>de</strong>r a experiência vivida no quotidiano dos enfermeiros enquanto prestadores <strong>de</strong> cuidadosnos hospitais cont<strong>em</strong>porâneos.Explorar a realida<strong>de</strong> da prática tal <strong>como</strong> é revelada nas próprias palavras dos enfermeiros.Estudo <strong>de</strong>scritivo fenomenológico baseado na perspectiva filosófica <strong>de</strong> Husserl e Merleau-Ponty, cujaquestão <strong>de</strong> partida era: “Fale-me sobre os momentos <strong>em</strong> que presta cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> a umpaciente”.Amostra <strong>de</strong> conveniência:- enfermeiros com pelo menos 3 anos <strong>de</strong> experiencia <strong>em</strong> contexto hospitalar e disponíveis para falarcom o investigador.46 enfermeiros, sobretudo (96%) mulheres, <strong>de</strong> vários hospitais (EUA). Provenientes <strong>de</strong> diferentesespecialida<strong>de</strong>s clínicas: médico-cirúrgica; <strong>em</strong>ergência; cuidados intensivos; oncologia; pediatria;obstetrícia-ginecologia.No pano <strong>de</strong> fundo da rotina diária <strong>de</strong> trabalho, sobressaíram quatro t<strong>em</strong>as transversais a todosos contextos clínicos: a marca <strong>de</strong> acontecimentos extraordinários que permaneceram <strong>como</strong>inesquecíveis; a incompreensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses acontecimentos; o questionamento sobre o que po<strong>de</strong>riater sido feito <strong>de</strong> diferente; o sentimento <strong>de</strong> estar só na situação a par com o ter experimentadomomentos <strong>de</strong> profunda ligação sobretudo com os doentes. Estas experiências provocaram um estado<strong>de</strong> angústia residual que se manteve latente. Alguns enfermeiros ainda procuram uma explicaçãopara os acontecimentos relatados no sentido <strong>de</strong> minimizar o seu sentimento <strong>de</strong> culpa. Sentiram-seconfrontados com os limites do saber e <strong>das</strong> competências e mergulharam num mundo <strong>de</strong> questõesexistenciais para as quais não têm respostas.Pensar Enfermag<strong>em</strong> Vol. 15 N.º 1 1º S<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 201177

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