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O Uso das Narrativas como Fonte de Conhecimento em Enfermagem

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IntroduçãoA activida<strong>de</strong> humana está associada ao encantamento <strong>de</strong> contar estórias. Des<strong>de</strong>a infância, as estórias que ouvimos e contamos situam-nos no mundo <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os,dão-lhe sentido, valor, e transformam-no à medida que nos transformamos. As estórias dopresente e do passado são uma forma <strong>de</strong> diminuir as distâncias entre lugares e pessoas,dando um sentido colectivo ao que faz<strong>em</strong>os e somos. Estruturamos a experiência e am<strong>em</strong>ória e projectamo-nos no futuro através da narrativa, e o conhecimento que daíresulta é transmitido num processo intersubjectivo, no qual tanto o narrador <strong>como</strong> oinvestigador participam (Skott, 2001). Uma estória fala-nos <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>po, <strong>de</strong> um espaçoe <strong>de</strong> uma qualquer experiência. San<strong>de</strong>lowski (1991) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a narrativa se constituiu<strong>como</strong> uma ferramenta <strong>de</strong> acesso privilegiado à experiência humanaO <strong>Uso</strong> <strong>das</strong><strong>Narrativas</strong><strong>como</strong> <strong>Fonte</strong> <strong>de</strong><strong>Conhecimento</strong> <strong>em</strong>Enfermag<strong>em</strong>“Narratives are un<strong>de</strong>rstood as stories that inclu<strong>de</strong> a t<strong>em</strong>poral or<strong>de</strong>ring of events and an effort to makesomething out of those events: to ren<strong>de</strong>r, or to signify, the experiences of persons-in-flux in a personally andculturally coherent, plausible manner” (p.162).Este autor salienta o seu valor heurístico na medida <strong>em</strong> que permite estabelecerrelações frutuosas entre as ciências, a história, a literatura e a nossa vida. Se perdêss<strong>em</strong>osa inteligência narrativa, essa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articular presente, passado e futuro,per<strong>de</strong>ríamos a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projectar.Nas últimas déca<strong>das</strong>, vários autores têm vindo a reconhecer a importância <strong>das</strong>estórias <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>como</strong> um meio para a compreensão da prática e <strong>como</strong> processo<strong>de</strong> construção, conservação e difusão do conhecimento <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> (Boykin eSchoenhofer, 1991). Não há nenhum enfermeiro que não tenha várias estórias paracontar. Elas brotam do turbilhão da sua experiência e <strong>das</strong> suas m<strong>em</strong>órias alimentandoa sua forma <strong>de</strong> ser e estar. São habitualmente estórias intensas que, por uma ou outrarazão, contribuíram para que alguma coisa se modificasse nos protagonistas. Por isso sãorelevantes. Por isso m<strong>em</strong>oráveis.O quotidiano dos enfermeiros é feito <strong>de</strong> encontros. Encontros que têm a exactaparticularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não ser casuais e residir<strong>em</strong> numa intenção expressa <strong>de</strong> contribuirpara o alívio do sofrimento, para a procura do equilíbrio e a busca do b<strong>em</strong>-estar. É porisso um quotidiano feito <strong>de</strong> histórias que se cruzam, se confrontam, se <strong>de</strong>frontam,se completam, se repet<strong>em</strong> e por vezes, se confun<strong>de</strong>m. Gaydos (2005) salienta que ateoria <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>fendida por Watson fornece uma ferramenta importante paracompreen<strong>de</strong>r a importância <strong>das</strong> narrativas na prática <strong>de</strong> cuidar, pois centra-se no encontroentre o enfermeiro e o paciente cuja intersubjectivida<strong>de</strong> contém as suas histórias <strong>de</strong> vida,que cada um <strong>de</strong>les mobiliza e partilha na forma <strong>de</strong> uma narrativa pessoal e transformadorada experiência “The narrator and the listener co-create meaning in personal narratives”(p.257). A narrativa pessoal é um modo autobiográfico <strong>de</strong> contar estórias que dá forma àexperiência e on<strong>de</strong> o papel da m<strong>em</strong>ória e <strong>das</strong> metáforas na criação <strong>de</strong> significados precisa<strong>de</strong> ser mais explorado (Gaydos, 2005).A procura <strong>de</strong> encontro com o outro é tecida <strong>de</strong> pequenas coisas. Pequenascoisas a que a experiência vai trazendo sentidos que permit<strong>em</strong> ir mais além, primeirointuitivamente e a pouco e pouco com o reconhecimento <strong>de</strong> um saber pericial que se foiadquirindo, do qual é ex<strong>em</strong>plo o trabalho s<strong>em</strong>inal <strong>de</strong> Benner (1995).Pensar Enfermag<strong>em</strong> Vol. 15 N.º 1 1º S<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 201171

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