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Sociedades Secretas - Sergio Pereira Couto

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heresia de um movimento que ficou conhecido como Catarismo. Sua alcunha era “a lepralouca do sul”. O mais curioso é que todos os historiadores são unânimes em dizer que osadeptos do movimento eram essencialmente pacíficos e muito estimados pela população local.Até nobres tinham aderido ao Catarismo. No ano 1200, o movimento tinha tal quantidade deadeptos, que a possibilidade de o Catolicismo ser substituído no Languedoc era real. Poucoantes, em 1165, o Catarismo tinha sido condenado formalmente na cidade de Albi, pertencenteao Langedoc, daí os cátaros também serem conhecidos como albigenses.– Mas, pelo que sei, as fontes dos cátaros são, em sua maioria, relatórios e documentoscatólicos – observei – e de forte tendência à condenação da doutrina.– Sim, por isso temos tanta dificuldade em recriar o que era mesmo o movimento, e eisporque me dediquei a pesquisá-lo. Estou terminando um livro a esse respeito e devo lançá-loem Londres até o final do ano. Mas não foi fácil levantar os dados.– E quais eram suas crenças, afinal? – perguntou Isis – Por que eram consideradosheréticos?– Havia várias. Entre elas, a crença na reencarnação e no reconhecimento de que Deus nãoera um princípio com traços antropomórficos puramente masculinos, mas também comprincípios femininos. Alguma coisa sobre isso é comentada em O Código Da Vinci.– Sim, é verdade – falei, recordando.– Para eles, Deus estava bem acima das limitações do entendimento humano, princípio vistoem doutrinas de origem druida e grega, principalmente nos ensinamentos de Pitágoras ePlatão. Os pregadores e professores cátaros, chamados de parfaits, eram de ambos os sexos.Se os humanos são criação divina, as polaridades masculino e feminino, longe de seremantagônicas, complementam-se e têm a mesma importância.O garçom veio e começou a retirar os pratos. Logo vieram sobremesas comuns, como tortase bolos. Wilson e o filho partiram para a xícara de café. Sem que percebessem, estiquei opescoço para observar a janela que mostrava a rua. Nem sinal de Paul. “Espero que não tenhavisto nada preocupante!”– Quer dizer que foram condenados porque tinham princípios de igualdade dos sexos? –perguntou Ângela – Isso é absurdo!– Para nós, hoje, sim. Para eles, naquele tempo, era inadmissível. Se mulheres entrassem naIgreja, por exemplo, o poder não seria mais centralizado nos homens.– Por que será que, para certas pessoas, o poder está intimamente ligado ao caminhoespiritual? – perguntei, filosofando.– Essas pessoas de que você fala são obscuras e não são reais buscadores – observouWilson – O motivo principal de surgirem <strong>Sociedades</strong> <strong>Secretas</strong> no mundo é a constante buscapor respostas espirituais de maneira mais rápida e certa. O segredo dos métodos, entretanto, énecessário para justamente evitar esse tipo de interpretação que, sem dúvida, é errônea.– Continue, mestre Wilson – pediu Isis – Fale mais sobre as crenças cátaras.– O principal livro que usavam era o Evangelho de João e um outro texto conhecido comoEvangelho do Amor. Eles rejeitavam veementemente a autoridade da Igreja Católica enegavam a validade das hierarquias clericais, ou mesmo a existência de intermediáriosoficiais entre Deus e o homem. Pregavam que não havia, em nenhum lugar dos evangelhoscanônicos, justificativa para a estrutura eclesiástica romana.– Isso é que é “pisar no calo”, como costumamos dizer – observei.

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