próprias preocupações, entre elas o Templo do Vampiro sem ele, ou como Samantha estaria sevirando sozinha.– Foi em 486, se não me engano, que o rei franco-merovíngeo Clóvis expandiu a extensãode seus domínios. Anexou ao seu reino várias cidades importantes, como Troyes e Amiens, naGália. Em mais ou menos dez anos, era o chefe mais poderoso da Europa Ocidental. E foi eleo escolhido da Igreja para que se tornasse seu campeão, conseguindo estabelecer umasupremacia não questionada (pois era a época em que a Santa Inquisição começava suasatividades) por mais de mil anos. Essa união assegurou a Clóvis legitimidade em uma épocaem que os ideais cristãos suplantavam os pagãos, e à Igreja, sua sobrevivência e consolidaçãofrente à Igreja Ortodoxa Grega, de Constantinopla. Logo, Roma estabeleceu-se como asuprema autoridade espiritual na Europa Ocidental. Clóvis se converteu ao cristianismo enasceu, assim, um império baseado na Igreja e administrado pela chamada linhagemmerovíngea, que foi, depois, traída e derrubada pela própria Igreja que a colocou no poder.– O mesmo jogo de interesses que vemos até hoje nas pretensas <strong>Sociedades</strong> <strong>Secretas</strong> –comentou Wilbur, enquanto comia um prato repleto de massa.– Não só nas <strong>Sociedades</strong> <strong>Secretas</strong> como em qualquer outra instituição que lide com aespiritualidade – acrescentei.– E a coisa não para por aí – continuou Wilson, que começava a desfrutar de seu prato –Dois séculos se passaram até que a Igreja passasse a considerar os merovíngeos um obstáculo.Dagoberto II, que era descendente direto de Clóvis, foi um governante que conseguiu dominara anarquia do reino. Seus interesses começavam a ultrapassar o reino espiritual e visavammais o reino político. Foi o responsável pela impossibilidade de várias tentativas de expansãoda Igreja. Até que se casou com uma princesa visigoda. Os visigodos declararam fidelidade aRoma, mas não escondiam que tinham simpatia por ideias que expressavam interpretações damensagem de Cristo não aceitas pela ortodoxia latina.– E os visigodos habitavam grande parte do que hoje é a região do Languedoc, no sul daatual França – disse Ângela.– Sim, e, de acordo com alguns historiadores, foi lá que Dagoberto adquiriu algumastendências hoje consideradas “arianas”, como questionar a autoridade da Igreja. Logocomeçou a juntar uma coleção de inimigos políticos, entre eles seu chanceler, Pepino, oGordo, que se juntou à Igreja, e outros aliados para tramar o assassinato de Dagoberto e oextermínio da linhagem merovíngea.– Mas Dagoberto não foi canonizado? – perguntei.– Reparação de erros, coisa que a Igreja faz até hoje de tão grande que é sua lista –comentou Wilbur.Paul continuava a olhar para fora. De repente, levantou-se e pediu licença:– Pessoal, tenho que ver uma coisa. Volto já.– Algo errado? – perguntei.– Não sei. Estou cismado com alguns carros que passaram por aqui. Agora, tudo o que émarrom desperta minhas suspeitas. Por isso, continuem o papo que vou verificar algumascoisas nos arredores.Paul saiu, e olhei sério para Wilson. Este, pressentindo a preocupação do ambiente, voltourapidamente à história:– Assim, no século XII, a Igreja já considerava a região do Languedoc infectada pela
heresia de um movimento que ficou conhecido como Catarismo. Sua alcunha era “a lepralouca do sul”. O mais curioso é que todos os historiadores são unânimes em dizer que osadeptos do movimento eram essencialmente pacíficos e muito estimados pela população local.Até nobres tinham aderido ao Catarismo. No ano 1200, o movimento tinha tal quantidade deadeptos, que a possibilidade de o Catolicismo ser substituído no Languedoc era real. Poucoantes, em 1165, o Catarismo tinha sido condenado formalmente na cidade de Albi, pertencenteao Langedoc, daí os cátaros também serem conhecidos como albigenses.– Mas, pelo que sei, as fontes dos cátaros são, em sua maioria, relatórios e documentoscatólicos – observei – e de forte tendência à condenação da doutrina.– Sim, por isso temos tanta dificuldade em recriar o que era mesmo o movimento, e eisporque me dediquei a pesquisá-lo. Estou terminando um livro a esse respeito e devo lançá-loem Londres até o final do ano. Mas não foi fácil levantar os dados.– E quais eram suas crenças, afinal? – perguntou Isis – Por que eram consideradosheréticos?– Havia várias. Entre elas, a crença na reencarnação e no reconhecimento de que Deus nãoera um princípio com traços antropomórficos puramente masculinos, mas também comprincípios femininos. Alguma coisa sobre isso é comentada em O Código Da Vinci.– Sim, é verdade – falei, recordando.– Para eles, Deus estava bem acima das limitações do entendimento humano, princípio vistoem doutrinas de origem druida e grega, principalmente nos ensinamentos de Pitágoras ePlatão. Os pregadores e professores cátaros, chamados de parfaits, eram de ambos os sexos.Se os humanos são criação divina, as polaridades masculino e feminino, longe de seremantagônicas, complementam-se e têm a mesma importância.O garçom veio e começou a retirar os pratos. Logo vieram sobremesas comuns, como tortase bolos. Wilson e o filho partiram para a xícara de café. Sem que percebessem, estiquei opescoço para observar a janela que mostrava a rua. Nem sinal de Paul. “Espero que não tenhavisto nada preocupante!”– Quer dizer que foram condenados porque tinham princípios de igualdade dos sexos? –perguntou Ângela – Isso é absurdo!– Para nós, hoje, sim. Para eles, naquele tempo, era inadmissível. Se mulheres entrassem naIgreja, por exemplo, o poder não seria mais centralizado nos homens.– Por que será que, para certas pessoas, o poder está intimamente ligado ao caminhoespiritual? – perguntei, filosofando.– Essas pessoas de que você fala são obscuras e não são reais buscadores – observouWilson – O motivo principal de surgirem <strong>Sociedades</strong> <strong>Secretas</strong> no mundo é a constante buscapor respostas espirituais de maneira mais rápida e certa. O segredo dos métodos, entretanto, énecessário para justamente evitar esse tipo de interpretação que, sem dúvida, é errônea.– Continue, mestre Wilson – pediu Isis – Fale mais sobre as crenças cátaras.– O principal livro que usavam era o Evangelho de João e um outro texto conhecido comoEvangelho do Amor. Eles rejeitavam veementemente a autoridade da Igreja Católica enegavam a validade das hierarquias clericais, ou mesmo a existência de intermediáriosoficiais entre Deus e o homem. Pregavam que não havia, em nenhum lugar dos evangelhoscanônicos, justificativa para a estrutura eclesiástica romana.– Isso é que é “pisar no calo”, como costumamos dizer – observei.
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