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Casos Intolerância - Universidade Católica de Brasília

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pouco cordiais com o babalorixá; acessaram sem nenhuma permissão as áreas sagradasdo terreiro, mexeram em objetos <strong>de</strong> valor sagrado para aquela comunida<strong>de</strong> e colocaramserragem em lugares em que haveria água. Ela mesma disse que estes assentamentostêm ligação direta com o equilíbrio das pessoas aos quais eles foram relacionados e queela mesma sofreu <strong>de</strong> enormes dores <strong>de</strong> cabeça, sem saber a razão, até que <strong>de</strong>scobriu queum dos objetos revirados era o objeto <strong>de</strong> ligação direta com ela. Este relato mostra comoo ato <strong>de</strong> tentar preservar a saú<strong>de</strong> da população sem conhecer as particularida<strong>de</strong>s ediferenças nela presentes po<strong>de</strong> ter efeito contrário ao <strong>de</strong>sejado. Também durante o 1 oSeminário <strong>de</strong> Religiões <strong>de</strong> Matriz Africana e Saú<strong>de</strong> nos dias 14 e 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong>2007, uma pessoa ligada ao candomblé testemunhou que teve <strong>de</strong> ouvir que “a infecçãohospitalar é responsabilida<strong>de</strong> das religiões <strong>de</strong> matriz africana”.Por outro lado, as altercações na rua entre evangélicos e a<strong>de</strong>ptos dos cultos afrobrasileirosse tornaram comum. Quantas vezes ouvimos <strong>de</strong>poimentos como aquele <strong>de</strong>Evandro <strong>de</strong> Logum, <strong>de</strong> um terreiro em São Gonçalo do Retiro, que chamou a atençãopara a necessida<strong>de</strong> das pessoas viverem em paz sem <strong>de</strong>srespeitar o espaço e asmanifestações alheias: “Eles me provocaram dizendo que serviam a Jesus e eu servia aodiabo. No entanto sirvo ao mesmo Jesus <strong>de</strong>les. A diferença é que nós também cremosnos orixás. Quando eles passam com a Bíblia <strong>de</strong>baixo do braço não fazemos nenhumacritica, por isso pedimos que quando nós passarmos com nossas contas eles também nosrespeitem”.Põe-se então aos habitantes do Salvador a coexistência muitas vezes difícil com asigrejas evangélicas e “os crentes” que têm o <strong>de</strong>plorável hábito <strong>de</strong> querer implantar-semais perto dos terreiros como se constata em vários bairros <strong>de</strong> Salvador. Precisa <strong>de</strong>muita auto-estima para respon<strong>de</strong>r as varias formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito as quais <strong>de</strong>vem se<strong>de</strong>frontar os candomblecistas frente à ousadia dos neopentecostais. O <strong>de</strong>poimento aseguir <strong>de</strong> uma eke<strong>de</strong> <strong>de</strong> um terreiro no Engenho Velho <strong>de</strong> Brotas em Salvador que temque conviver há 15 anos com uma IURD que veio se implantar ao lado mostra a queponto chega po<strong>de</strong> chegar o <strong>de</strong>srespeito.“Um dia <strong>de</strong> manhã, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> zelar os orixás, quando cheguei ao beco on<strong>de</strong> fica aentrada do terreiro, vi que eles jogaram sal grosso, continuei subindo e tinha certeza queforam eles. Destranquei o portão, tinha eles fazendo o culto <strong>de</strong>les. Ai fui entrando naigreja, parecendo um filme <strong>de</strong> terror, o diabo entrando e eles com surpresa. Falei: cadê oPasteur, ele continuando pregando. Cheguei junto <strong>de</strong>le e bati na mesa e diz: vim saberse é você o pastor <strong>de</strong>ssa …. , diz um palavrão (que ela não pu<strong>de</strong> me dizer, pois elaestava me contando <strong>de</strong>ntro do barracão), que esta ficando irresponsável por fazerinvasão <strong>de</strong> domicilio, pois isso aqui do lado não pertence a vocês, respeito é bom e todomundo gosta, aqui não é qualquer casa, vocês chegaram e já encontraram, eu querorespeito , eu exigiu. Vou dar 5 minutos para estar tudo limpo, tudo varrido, tudo noponto, pois se não tiver, quem vai entrar aqui jogar farofa <strong>de</strong> aceite, cachaça, sou eu,pois aí vão conhecer o verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>mônio que vocês tanto chamam. Diz assim paraeles. E tudo mundo agora, vamos levantam, levantam aí essa bunda toda. Minhacunhada se embolava <strong>de</strong> rir, eu dizendo: varri aqui, limpa aqui, eu quero tudo lavado,tudo agora. Depois disso, nunca mais. Hoje, as meninas passam tipicamente vestidas eas pessoas não dizem nada. Não queremos mais tolerância, nós queremos respeito.”


Mato Grosso do Sul e mais <strong>de</strong>z estados são acusados <strong>de</strong> impor ensinoreligiosoMato Grosso do Sul e outros <strong>de</strong>z Estados brasileiros são acusados <strong>de</strong> impor o ensinoreligioso nas escolas, fato que estaria contrariando o que preconiza a condição <strong>de</strong>Estados <strong>de</strong> caráter laico com que se i<strong>de</strong>ntificam essas regiões.O alerta foi feito, recentemente, em documento preparado pela relatora da ONU para odireito à cultura, Farida Shaheed.Segundo ela, que visitou o País há pouco tempo, nesses Estados também existiriamclaras evidências da existência <strong>de</strong> intolerância religiosa e racismo – os <strong>de</strong>mais Estadosacusados são Alagoas, Amapá, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio <strong>de</strong>Janeiro, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Santa Catarina.A relatora apela por uma posição mais forte por parte do governo para frear ataquesrealizados por “seguidores <strong>de</strong> religiões pentecostais” contra praticantes <strong>de</strong> religiõesafro-brasileiras no País. Uma das maiores preocupações é o com o ensino religioso,assunto que pôs o Vaticano e governo brasileiro em <strong>de</strong>scompasso diplomático.A representante da ONU lembrou que existiriam centenas <strong>de</strong> escolas públicas queincentivariam, nos 11 estados, o ensino religioso direcionado. Em relatório a serapresentado na semana que vem ao Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da ONU, a situaçãodo Brasil é criticada, nesse sentido.A relatora diz ter recolhido pedidos para que o material usado em aulas <strong>de</strong> religião nasescolas públicas seja submetido a uma revisão por especialistas, como no caso <strong>de</strong> outrosmateriais <strong>de</strong> ensino. Além disso, “recursos <strong>de</strong> um Estado laico não <strong>de</strong>vem ser usadospara comprar livros religiosos para escolas”, esclarece.Para Farida, “<strong>de</strong>ixar o conteúdo <strong>de</strong> cursos religiosos ser <strong>de</strong>terminado pelo sistema <strong>de</strong>crença pessoal <strong>de</strong> professores ou administradores <strong>de</strong> escolas, usar o ensino religiosocomo proselitismo, ensino religioso compulsório e excluir religiões <strong>de</strong> origem africanado curriculum foram relatados como principais preocupações que impe<strong>de</strong>m aimplementação efetiva do que é previsto na Constituição”.LegislaçãoA Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação diz que o ensino religioso <strong>de</strong>ve ser oferecidoem todas as escolas públicas <strong>de</strong> ensino fundamental, mas a matrícula é facultativa.A <strong>de</strong>finição do conteúdo é feita pelos Estados e municípios, mas a legislação afirma queo conteúdo <strong>de</strong>ve assegurar o respeito à diversida<strong>de</strong> cultural religiosa e proíbe qualquerforma <strong>de</strong> proselitismo.“Em tese, <strong>de</strong>veria haver um professor capaz <strong>de</strong> representar todas as religiões. Mas,como sabemos, é impossível”, explica Roseli Fischmann, da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP).“Além disso, a aula não é tratada efetivamente como facultativa. O arranjo é feito <strong>de</strong> talforma que o aluno é obrigado a assistir.”FONTE: www.mapadaintolerancia.com.br , acessado em 6/8/2011.


Intolerância religiosa no Irã se assemelha à perseguição <strong>de</strong> religiões <strong>de</strong>matriz africana no BrasilA intolerância religiosa no Irã com as diversas minorias religiosas – tais como osbahá’ís, cristãos, ju<strong>de</strong>us, zoroastrianos, e até contra muçulmanos sunitas, <strong>de</strong>ntre outros –está bem próxima ao preconceito e perseguição que sofrem as religiões <strong>de</strong> matrizafricana no Brasil. A falta <strong>de</strong> informação que leva ao preconceito e gera o ódio ao<strong>de</strong>sconhecido acontece da mesma forma nos dois países. No Brasil, a perseguição chegaàs vias <strong>de</strong> fato com o vandalismo a que são submetidos os terreiros <strong>de</strong> candomblé e <strong>de</strong>umbanda e com a discriminação aos seus seguidores, embora a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> culto sejaum direito garantido pela Constituição. No Irã, os bahá’ís são submetidos a prisõesarbitrárias, tortura, supressão <strong>de</strong> direitos civis tais como o exercício <strong>de</strong> um cargo públicoou o comércio e o acesso à educação formal, além da proibição da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> culto.Da mesma forma que os terreiros e locais <strong>de</strong> culto das religiões <strong>de</strong> matriz africana são<strong>de</strong>struídos e seus frequentadores estigmatizados e humilhados no Brasil, no Irã osbahá’ís têm suas casas e plantações queimadas, suas lojas saqueadas, suas crianças ejovens com acesso negado à educação: uma tentativa clara <strong>de</strong> enfraquecer a comunida<strong>de</strong>cerceando seus direitos básicos como cidadãos. A opressão acontece tanto por parte dogoverno como por uma linha extremista <strong>de</strong> indivíduos seguidores do islamismo, que nãoaceitam a diversida<strong>de</strong> religiosa existente no país. O próprio governo não reconhece areligião e proíbe reuniões e ativida<strong>de</strong>s sociais nas casas <strong>de</strong> bahá’ís. Até o ano <strong>de</strong> 2008, ogoverno permitiu que a comunida<strong>de</strong> bahá’í iraniana tivesse um grupo informal <strong>de</strong>li<strong>de</strong>ranças no lugar <strong>de</strong> uma Assembleia Espiritual Nacional, órgão diretivo eleito pelosbahá’ís, como ocorre em todos os países on<strong>de</strong> a Fé Bahá’í está estabelecida. Mas emmarço <strong>de</strong> 2008, uma das integrantes <strong>de</strong>ste grupo foi presa <strong>de</strong>liberadamente, sem aapresentação <strong>de</strong> acusações formais. Em seguida, no mês <strong>de</strong> maio daquele ano, os <strong>de</strong>maismembros do grupo também foram presos nas mesmas condições, e enviados para aprisão <strong>de</strong> Evin, na capital Teerã, uma das prisões com as piores condições <strong>de</strong>salubrida<strong>de</strong>.As acusações formais somente foram apresentadas quase um ano após a prisão dos sete,e o julgamento só teve início em janeiro <strong>de</strong> 2010, sendo arrastado por seis sessões atéagosto, quando as li<strong>de</strong>ranças bahá’ís foram sentenciadas por 20 anos <strong>de</strong> prisão sob asacusações <strong>de</strong> espionagem, atentado contra a segurança nacional e formação <strong>de</strong> grupoilegal.Foi após o estabelecimento da República Islâmica do irã que as perseguições aosbahá’ís se intensificaram no país. Crianças e jovens sofrem discriminação e humilhaçãonas escolas e universida<strong>de</strong>s, quando conseguem se matricular. O próprios professoressão os agentes <strong>de</strong> ações discriminatórias, bem como alunos e seus pais. Alguns precisamsair da instituição na qual estudam <strong>de</strong>vido a pressão que sofrem. No vestibular, por serobrigatório <strong>de</strong>clarar a religião, os bahá’ís não conseguem acesso, uma vez que o cartão<strong>de</strong> inscrição somente apresenta as opções <strong>de</strong> “islamismo, cristianismo, judaísmo ezoroastrismo”.Numa tentativa <strong>de</strong> absorver estes estudantes que ficam fora do sistema educacional – ecumprir com um dos princípios da Fé Bahá’í da educação compulsória e universal –aulas espirituais para crianças, pré-jovens e jovens são oferecidas informalmente, bemcomo no nível superior, em que o Instituto Bahá’í para Educação Superior (BIHE, da


A intolerância religiosa é pecadoArtigo produzido por Marcelo Schnei<strong>de</strong>r - (07/06/2011)Durante a assembléia da Coor<strong>de</strong>nadoria Ecumênica <strong>de</strong> Serviço (CESE), realizada entre2 e 3 <strong>de</strong> junho, em Salvador, Bahia, um painel sobre o tema da intolerância religiosaofereceu expressivas matizes para uma interpretação propositiva das dinâmicas interreligiosasno Brasil e ao redor do mundo.Apesar <strong>de</strong> reconhecerem que a intolerância religiosa tem estado presente ao longo daHistória e durante toda caminhada das igrejas, as apresentações dos painelistas e asreações da plenária revelaram o rechaço unânime a este tipo <strong>de</strong> manifestação.“Somos todos iguais diante <strong>de</strong> Deus. No projeto divino para o ser humano, não há lugarpara o preconceito, a marginalização e <strong>de</strong>monização <strong>de</strong> religiões que sejam diferentesdas nossas”, afirmou um dos palestrantes, o Pastor Djalma Torres, da Igreja BatistaNazaré, presi<strong>de</strong>nte do CEPESC – Centro <strong>de</strong> Pesquisa, Estudos e Serviço Cristãos.A caminhada <strong>de</strong> vida e o significado místico dos exemplos dados em vida por IrmãDulce, que atuou na Bahia e, recentemente, foi beatificada pela Igreja Católica, foilembrada pelo antropólogo Jaime Sodré, que apresentou alguns elementos-chave para odiálogo e cooperação inter-religioso a partir do Candomblé.“A Irmã Dulce nunca discriminou ninguém. Quando as pessoas chegavam ao hospitalem busca <strong>de</strong> ajuda, ela não exigia nenhum atestado <strong>de</strong> fé católica, mas mostrava umaatenção integral a todas as pessoas socialmente vulneráveis. Para muitos <strong>de</strong> nós, doCandomblé, ela já é santa pelos seus feitos.”, ele disse.“A intolerância religiosa é uma das facetas do racismo”, afirmou o secretário municipalda reparação da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador, Ailton Ferreira, que apontou a questão dopreconceito e das represálias a outras expressões <strong>de</strong> fé como algo fortementedirecionado ao povo negro, cigano ou indígena.Falando em nome da CESE, a diretora executiva Eliana Rolemberg lembrou que oorganismo ecumênico tem feito esforços para promover espaços <strong>de</strong> troca <strong>de</strong>experiências e conhecimento mútuo, como a proposta “Construindo Diálogos”, que, em2010, reuniu pessoas ligadas às igrejas associadas à CESE e outras igrejas –principalmente batistas – à Universal do Reino <strong>de</strong> Deus e a terreiros <strong>de</strong> candomblé.“Temos também a proposta <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> uma cartilha que chame atenção para aimportância do tema da intolerância religiosa”, acrescentou.O <strong>de</strong>bate promovido pela CESE remeteu a várias pistas <strong>de</strong> um protagonismo maisefetivo da CESE, das igrejas e outras organizações ecumênicas no sentido <strong>de</strong>promoverem e <strong>de</strong>senvolverem ferramentas metodológicas capazes <strong>de</strong> tornar mais visívele presente uma abordagem não exclusiva ou fundamentalista em contextos marcadospela diversida<strong>de</strong> religiosa.Fonte: www.cese.org.br , acessado em 6/8/2011


Assassinatos <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res religiosos são <strong>de</strong>nunciados por organização daAmazôniaManaus (AM), 15 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2011.Of. N. 029 CARMA/2011AoExm°. Sr. Deputado Fe<strong>de</strong>ral Miguel CorrêaM. D. Ouvidor da Câmara dos Deputados da República Fe<strong>de</strong>rativa do BrasilSenhor Ouvidor:Vimos solicitar Vossa atenção e providências cabíveis em caráter <strong>de</strong> urgência ao queabaixo expomos:Nos últimos 4 meses, no período <strong>de</strong> março a junho <strong>de</strong> 2011, a Comunida<strong>de</strong> Tradicional<strong>de</strong> Terreiro da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Manaus foi abalada com o assassinato brutal <strong>de</strong> 3 sacerdotes<strong>de</strong> Àsé, sendo um da Nação Ketu, um da Nação Angola e um <strong>de</strong> Umbanda; umatentativa e homicídio e um assalto a mão armada com características <strong>de</strong> intimidação.Em or<strong>de</strong>m cronológica conforme publicado pela imprensa local e registro policial:Março/2011 – Durante o Carnaval, o pai-<strong>de</strong>-santo Alberto Cecigenan, 83, foiassassinado, segundo a polícia por estrangulamento. Por ter ida<strong>de</strong> avançada, a vítimatinha dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção. Mesmo assim, continuava fazendo só trabalhos em suaresidência no Conjunto Cidadão 12 na Zona Norte.Maio/2011 – Jornal A Crítica – O pai-<strong>de</strong>-santo Marcelo Santos Aguiar, 44, foiexecutado com golpes <strong>de</strong> terçado na madrugada do domingo (1°) e, <strong>de</strong>pois, enterrado noburaco da fossa da privada que existe nos fundos da casa on<strong>de</strong> morava, com cerca <strong>de</strong>um metro <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. O crime ocorreu na rua 1° <strong>de</strong> Maio, bairro do Nova Vitória,Zona Leste <strong>de</strong> Manaus, local on<strong>de</strong> também funcionava o terreiro <strong>de</strong> Umbanda dobabalorixá.Junho/2011 – Jornal A Crítica – O babalorixá João Gomes da Silva Neto, 48, foiencontrado morto com sinais <strong>de</strong> espancamento, <strong>de</strong>ntro da casa, na rua Moisés,comunida<strong>de</strong> Alfredo Nascimento, Zona Norte. Conforme a polícia o corpo da vítima foiestava em estado avançado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição. Ele po<strong>de</strong> ter sido morto no domingo. Ocorpo <strong>de</strong> João estava <strong>de</strong>spido e com a cabeça esmagada, provavelmente, por uma pedra,além <strong>de</strong> várias perfurações no tórax e abdômem. Segundo a polícia, na casa da vítimahavia sinais <strong>de</strong> ele travou luta corporal com o assassino.Junho/2011 – O terreiro Eira <strong>de</strong> Mina Nagô <strong>de</strong> Mãe Nonata Corrêa, na rua 4, casa 16,Jardim Primavera, Zona Norte <strong>de</strong> Manaus, foi assaltado por dois homens armados comrevolveres, no dia <strong>de</strong> Corpus Christi, as 13 horas, <strong>de</strong>ixando ferido por coronhadasFrancisco Vasconcelos Filho. O <strong>de</strong>talhe mais intrigante é que os assaltantes não levaramnada <strong>de</strong> valor, mesmo tendo as vistas celulares caros e consi<strong>de</strong>rável quantia em


dinheiro.Julho/2011 – Dez Minutos – Um industriário, embriagado, entra no terreiro do pai-<strong>de</strong>santoMarcelo dos Reis, armado com terçado e foice, na comunida<strong>de</strong> do Vale do Sinai,Zona Norte, tendo sido preso em flagrante.Os três homicídios causaram perplexida<strong>de</strong> pela cruelda<strong>de</strong> com que foram executados –com fortes evidências <strong>de</strong> intolerância religiosa e (ou) homofobia, ao mesmo tempo emque causou revolta pela forma com que os meios <strong>de</strong> comunicação trataram o assunto.As manchetes <strong>de</strong> jornal, como sempre, <strong>de</strong>stacaram com pejoração o termo Pai <strong>de</strong> Santoe os programas <strong>de</strong> tvs, principalmente os <strong>de</strong> influência evangélica, repercutiram oscrimes como consequência da opção (sic) da vítima em ser da “macumba” e gay bemcomo o ato homicida como fruto <strong>de</strong> orgia sexual.Com base em informações <strong>de</strong> Babás e Yás amigos <strong>de</strong> Babá João Gomes Netoassassinado no dia 27 passado, era costume seu dormir <strong>de</strong>spido, o fato do corpo ter sidoencontrado nu não significa dizer que o mesmo estivesse participando <strong>de</strong> uma orgiasexual gay. Po<strong>de</strong> ser que o crime tenha sido resultado <strong>de</strong> um latrocínio e <strong>de</strong> homofobia,dado os requintes <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong>. Pai Alberto Cecigenan há anos tinha suas ativida<strong>de</strong>slimitadas por conta da ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> doenças incapacitantes.Para maior indignação do Povo Tradicional <strong>de</strong> Terreiro, tomamos conhecimento que osassassinos do Pai-<strong>de</strong>-Santo Marcelo Santos Aguiar, apos os indiciados pelo crime foramposto em liberda<strong>de</strong> provisória em 05/07/2011 por ser réus ” primários”. No entantofomos informados que o acusado Rodrigo da Silva Santos (Vulgo Salsicha) respon<strong>de</strong> avários processos: sendo na 4ª vara 0202019-42.2011.8.04.0092 2ª vara 0221631-45.2011.8.04.0001- 10ª vara 0203557-74.2010.8.04.0001 art. 157 (Roubo) 2ª vara0343321-80.2007.8.04.0001 (Furto), 2ª vara 0003456-65.2003.8.04.0001 (inq. Policial);o acusado: Gilberto Lopes da Silva respon<strong>de</strong> pelos processos: Proc. 0042111-08.2003.8.04.0001 – proc.0221631-45.2011.08.04.0001. O acusado Frank Pablo daSilva Freire, não tem processo somente esse Homicídio Qualificado.No que pese todo esse histórico o Juiz acatou o parecer do Ministério publico que dizque os Réus são primários e tem residência fixa. Isso é um aviltamento.Também solicitamos providências urgentes para os dois casos abaixo <strong>de</strong>nunciados, oprimeiro no site da SEPPIR e o segundo que nos foi enviado do Paraná por Babá JorgeKibanazambi.MORTE NO RECIFEPai <strong>de</strong> santo é assassinado com um tiro no peito em Paulista – 04/07/2011Matéria reproduzida em: pe360graus e Pernambuco.comVítima morreu antes <strong>de</strong> chegar ao hospital; uma discussão ocasionou o crime, queresultou ainda em outra pessoa baleada: o genro do pai <strong>de</strong> santoUm pai <strong>de</strong> santo foi assassinado em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, noúltimo domingo (3). Luís Mário <strong>de</strong> Brito, <strong>de</strong> 37 anos, estava com colegas bebendo no


quintal <strong>de</strong> casa quando teriam batido no portão fazendo provocações, o que <strong>de</strong>u início auma discussão, segundo os amigos da vítima. Ele foi baleado no peito e morreu antes <strong>de</strong>chegar ao hospital.O terreiro <strong>de</strong> candomblé funciona na rua Estados Unidos há mais <strong>de</strong> 20 anos, <strong>de</strong> acordocom os frequentadores do local. As pessoas que cometeram esse crime, primeiro,jogaram pedras na casa do pai <strong>de</strong> santo. Ele discutiu com os agressores, que foramembora. Mas o grupo <strong>de</strong>cidiu voltar, <strong>de</strong>sta vez armado.“Algumas pessoas chegaram na residência do Luiz e começaram a discutir do nada e aagredi-lo verbalmente na residência <strong>de</strong>le e ele, <strong>de</strong> certa forma, reagiu. Dois voltaramarmados e, quando conseguiram levar o dono da residência para fora <strong>de</strong> casa junto como genro <strong>de</strong>le, foi que aconteceram os disparos”, disse um amigo da vítima, que preferiunão se i<strong>de</strong>ntificar.O filho <strong>de</strong> Luís Mário mostrou como foi feito o disparo dos tiros. “Puxou a arma emcima <strong>de</strong> mim primeiro, mas pegou no meu pai e no meu cunhado”, disse.O genro do pai <strong>de</strong> santo, Eduardo Bezerra da Silva, <strong>de</strong> 24 anos, também levou um tiro.Ele foi baleado na barriga e passou por cirurgia no Hospital Miguel Arraes, em Paulista.O estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>le é estável.O <strong>de</strong>legado Joaquim Marinósio, <strong>de</strong> Maria Farinha, disse que i<strong>de</strong>ntificou as pessoassuspeitas <strong>de</strong> cometer o crime, mas ninguém foi preso e os nomes dos acusados nãoforam revelados.http://www.seppir.gov.br/noticias/clipping-seppir/04-a-05-07-2011“Nesta sexta-feira24/06,o centro religioso T.U.F.O.Y (Tenda <strong>de</strong> umbanda Filhos <strong>de</strong>Oxalá) do município da Fazenda Rio Gran<strong>de</strong>, pegou fogo e segundo <strong>de</strong>claraçõesincêndio foi criminoso.O incêndio começou por volta das 21h e <strong>de</strong>struiu todo o terreiro,não se alastrou para acasa do pai <strong>de</strong> santo, Edson Luiz Verbaneck da Maia e das casas vizinhas graças aatuação do Corpo <strong>de</strong> Bombeiros,não houve feridos,somente a gran<strong>de</strong> dor <strong>de</strong> toda umacomunida<strong>de</strong> religiosa <strong>de</strong> ver seu trabalho e história <strong>de</strong>struídos em poucos minutos.Oforte cheiro <strong>de</strong> querosene que espalhou-se pela região já apontava para um incêndiocriminoso,fato que se confirmou nesta segunda-feira,com o boletim emitido pela políciaque diz: CRIME CONTA O PATRIMÔNIO, CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADEPÚBLICA, DANO QUALIFICADO, INCÊNDIO.Um crime <strong>de</strong>ssa natureza acontecia muito há décadas atrás, pois já houve muitaperseguição à religião <strong>de</strong> matriz africana aqui no Brasil,no entanto,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1946 aConstituição Fe<strong>de</strong>ral garante a liberda<strong>de</strong> religiosa em nosso país e atualmente além daliberda<strong>de</strong> religiosa a Constituição coloca no artigo 5º que é garantida na forma da lei aproteção aos locais <strong>de</strong> cultos e suas liturgias.O que vemos é ainda uma realida<strong>de</strong> dura, na qual impera o <strong>de</strong>sconhecimento e opreconceito a cerca da religião afro-brasileira,nos colocamos num país dadiversida<strong>de</strong>,mas não respeitamos as diferenças.O culto do candomblé e umbanda é


associado ainda com ações diabólicas por pessoas que não tem nenhum conhecimento acerca <strong>de</strong>ssas religiões e estão embasadas em i<strong>de</strong>ias preconceituosas sem fundamentos,não po<strong>de</strong>mos esquecer que nossas vidas são conduzidas por i<strong>de</strong>ias que nos aprisionamou nos libertam.Somente a experiência e o conhecimento po<strong>de</strong>m nos dar a chave paradiscernirmos uma i<strong>de</strong>ia da outra,para termos uma realida<strong>de</strong> diferente que respeite asdiferenças.É necessário estarmos abertos para o diálogo com as heranças africanas a fim<strong>de</strong> superarmos a discriminação,a intolerância religiosa, enfim nos libertarmos <strong>de</strong> atostão vergonhosos como esse praticado conta os filhos da T.U.F.O.Y.Os filhos da T.U.F.O.Y., comunida<strong>de</strong> e simpatizantes estão em luto, mas indignadoscom essa ação. Acreditam que irão superar os danos materiais, mas ficarão as dores daalma”.Babá Jorge Kibanazambi – jorgekibanazambi (xango<strong>de</strong>prata@hotmail.com)Enviada:terça-feira, 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011 16:39:27A CARMA após ouvir suas li<strong>de</strong>ranças repudiou em nota oficial essa forma <strong>de</strong>tratamento sensacionalista, intolerante, homofóbica e racista com que esses crimesforam tratados pelos meios <strong>de</strong> comunicação e solicita a Vossa Excelência e <strong>de</strong>maisautorida<strong>de</strong>s competentes, que tomem as <strong>de</strong>vidas providências quanto a esses abusoscriminosos <strong>de</strong>stacando o programa <strong>de</strong> Tv “Comunida<strong>de</strong> Alerta”, Tv Rio Negro, Canal13 – BAND, apresentado pelo “radialista” (sic) Ronaldo Tabosa. Evangélico assumidoque usa do espaço <strong>de</strong> comunicação concedido pelo Estado para fazer proselitismo eatacar o Povo Tradicional <strong>de</strong> Terreiro e aos homossexuais.A CARMA Vos solicita o acompanhamento dos inquéritos policiais e processos dosassassinatos, tentativa <strong>de</strong> homicídio e assalto a mão armada, na esperança <strong>de</strong> que com aVossa intervenção esses crimes não venham a cair no esquecimento.Alertamos-vos para a tênue diferença entre os crimes <strong>de</strong> homofobia e intolerânciareligiosa, bem como para a gran<strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> crimes cometidos on<strong>de</strong> essas duasformas se fazem presentes ao mesmo tempo. Alertamos também para os incentivosdiretos e indiretos aos vários tipos <strong>de</strong> intolerâncias, tão presentes nos sermões epregações em ambientes públicos e privados das igrejas hebraico-cristãs, em especial asneo-petencostais que usam do espaço das rádios e tvs para difundir suas convicções.Tudo isso sob o olhar inerte do Po<strong>de</strong>r Público e da obsequiosida<strong>de</strong> das conveniênciaspolitico-partidárias.Denunciamos ainda a crescente banalização e <strong>de</strong>scaso por parte das autorida<strong>de</strong>spoliciais e do Judiciário, nos casos <strong>de</strong> crimes que envolvem pessoas pertencentes aoPovo Tradicional <strong>de</strong> Terreiro e a grupos homossexuais. Tais crimes são atribuídos aofato das vítimas pertencerem a esses dois seguimentos da socieda<strong>de</strong>, assim sendo elasapenas teriam colhido os frutos <strong>de</strong> suas escolhas sexuais e religiosas.Por serem as vítimas “macumbeiras e gays” caem no rol do silêncio e do esquecimentocomo foram os casos dos assassinatos dos Babás Ruy <strong>de</strong> Xangô e Navarro da PretaMina. Até hoje não se tem notícias dos assassinos nem dos processos.


A CARMA, em nome do coletivo, exige o respeito, atenção e medidas legais cabíveistanto da Socieda<strong>de</strong> como um todo quanto das Autorida<strong>de</strong>s competentes. Enten<strong>de</strong>mosque o Povo Tradicional <strong>de</strong> Terreiro é parte integrante da socieda<strong>de</strong> brasileira, ele pagaseus impostos, mas não tem seus direitos a cidadania plena respeitados. Chega <strong>de</strong>sermos tratados <strong>de</strong> forma leviana e banal.Em nome do Coletivo aguardamos <strong>de</strong> Vossa Excelência providências legais e possíveisa seu campo <strong>de</strong> atuaçãoDr. Alberto Jorge Rodrigues da Silva – Vodunsi Re RohsoviCoor<strong>de</strong>nador Geral da CARMAFONTE: www.intolerancia.com.br, acessado em 6/8/2011.

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