Reavaliação dos registros históricos de araras para o estado de ...
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Figura 2. Acima: Prancha II da obra “Vues et paysages <strong>de</strong>s régions équinoxialesrecueillis dans un voyage autour du mon<strong>de</strong>” <strong>de</strong> Louis Choris, intituladasimplesmente “Brésil” mas remetida ao capítulo “Vue <strong>de</strong> la cóte du Bresil:vis-a-vis <strong>de</strong> l'ile <strong>de</strong> Sainte-Catherine” (Fonte: Choris 1826:encartada entre aspáginas 8 e 9). Abaixo: <strong>de</strong>talhe da mesma prancha, enfocando o tucano(Ramphastos dicolorus) retratado e um indivíduo em ambiente natural (fotoReni Édson <strong>dos</strong> Santos), mostrando a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> na coloração da plumagem.76Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br
Figura 3. Ilha das Araras vista da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Imbituba (Foto: Rodolfo M.Raupp)Primeiro caso: A arara-canindé <strong>de</strong> Florianópolisbém Haro 1990) e replicada por outros autores (Naka & RodriguesA única arara que é oficialmente consi<strong>de</strong>rada <strong>para</strong> Santa Catari- 2000, Galetti et al. 2002).na, é Ara ararauna. Segundo Rosário (1996): “A inclusão da espé- As fontes originais, no entanto, nunca foram <strong>de</strong>vidamentecie, na lista <strong>de</strong> aves <strong>para</strong> Santa Catarina, foi através <strong>de</strong> informa- investigadas, gerando inclusive questionamentos sobre o quantoção bibliográfica, indicando sua ocorrência <strong>para</strong> a Ilha <strong>de</strong> Santa inusitada seria tal presença em território catarinense, levando-seCatarina no ano <strong>de</strong> 1815 (Berger, 1979)”. Essa menção baseia-se em conta a distribuição conhecida da espécie. A pergunta formueminformação originalmente resgatada por Sick et al. (1981), base- lada por Naka & Rodrigues (1990), <strong>de</strong>sta forma, parece totalmenadaem uma obra compilada por Paulo Berger em 1978 (ver tam- te oportuna: “Como é possível que uma espécie tão gran<strong>de</strong>,Tabela 1. Fragmento alusivo à menção da arara-canindé (Ara ararauna) <strong>para</strong> a Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, segundo Choris (1826:12).“Parmi l'es habitants <strong>de</strong> l'air, un <strong>de</strong>s plus beaux <strong>de</strong> ces contrées Entre os habitantes do ar, uma das mais belas <strong>de</strong>ssas regiões é aest l'ara bleu, dont le <strong>de</strong>ssous du corps est d'un jaune d'or pur. Ces arara-azul, cuja parte inferior do corpo é amarela <strong>de</strong> ouro puro.superbes oiseaux, <strong>de</strong> méme que tous ceux du genre auquel ils Essas aves soberbas, como também as do gênero a que pertenappartiennent,ne volent point en troupes comme les autres perro- cem, não apenas voam em ban<strong>dos</strong> como os outros psitací<strong>de</strong>os; sãoquets; ils se tiennent ordinairement par paires; on en voit rare- agrupadas ordinariamente em pares; e vistas raramente em banmentsix ou huit ensemble. Ils s'agitent et crient lorsqu'ils aperço- <strong>dos</strong> <strong>de</strong> seis a oito. Elas se agitam e gritam quando vêem alguém.ivent quelqu'un. Ils se tiennent <strong>de</strong> préférence, sur les grands Elas vivem <strong>de</strong> preferência, sobre as gran<strong>de</strong>s árvores, escolhendoarbres, et choisissent les plus hauts pour se percher, sans cepen- os locais mais eleva<strong>dos</strong> <strong>para</strong> pousar, mas não vão até o seu topo.dant monter à leur cime. Les fruits <strong>de</strong>s palmiers et <strong>de</strong>s arbres sau- Os frutos das palmeiras e das árvores silvestres das florestas consvages<strong>de</strong>s forêts, forment leur nourriture.”tituem seu alimento.Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br77
seus hábitos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> ban<strong>dos</strong>? Não há dúvida <strong>de</strong> que qual- cientistas europeus, <strong>de</strong>ntre eles George Cuvier, Karl Sigismundquer estudioso que conheça pessoalmente as <strong>araras</strong>-canindés em Kunth, Achille Valenciennes, A<strong>de</strong>lbert von Chamisso (Choris,seus ambientes naturais, certamente estranha a situação retratada. 1826; Rossato 2005).Tratam-se <strong>de</strong> aves que costumeiramente se ajuntam em ban<strong>dos</strong>, Era, além disso, um viajante experiente, que visitara anteriorcujapresença é justamente imposta por essa característica, associa- mente diversas regiões do mundo, muitas <strong>de</strong>las em setores tropidaàs impressionantes virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colorido e à loquacida<strong>de</strong> que lhes cais, embora (com exceção da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina) nunca tenhasão peculiares. sequer pisado nos domínios da Coroa Portuguesa (Rossato 2005).Note-se que Choris efetivamente narra os hábitos gregários da Fortemente influenciado pelo insuperável Alexan<strong>de</strong>r von Humespécie,mas essa informação po<strong>de</strong>ria perfeitamente ter sido origi- boldt, a quem inclusive <strong>de</strong>dica sua obra (Choris, 1826), Chorisnada <strong>de</strong> leitura proveniente <strong>de</strong> literatura contemporânea, o que pare- compôs imagens que correspondiam às i<strong>de</strong>ias europeias atribuíceevi<strong>de</strong>nte no trecho “<strong>de</strong> méme que tous ceux du genre auquel ils das à América tropical naquele período, ou seja, natureza exubeappartiennent”,on<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra conhecimento quanto aos conge- rante e exótica e a presença reduzida do ser humano (Rossatonéricos. Isso fica ainda mais claro se consi<strong>de</strong>rarmos que Choris, 2005). Para isso teria selecionado espécies esteticamente chamalogoapós retornar da expedição, consultou vasta obra bibliográfi- tivas o que, aliás, po<strong>de</strong> ser facilmente notado em sua produçãoca, além <strong>de</strong> ter convivido e mesmo contado com a colaboração <strong>de</strong> artística.Tabela 2. Fragmento referente às citações <strong>de</strong> “parroquets” na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, segundo Pernety (1769:178-181).“Depuis notre arrivée au Bresil, nous cherchions <strong>de</strong>s Perro- “Des<strong>de</strong> nossa chegada ao Brasil, procurávamos papagaios equets, & nous ne pouvions en trouver <strong>de</strong> privés à acheter. Dans la não conseguíamos achar <strong>para</strong> comprar. No cruzeiro que fizemos,course que nous avons faite, nous avons eule bonheur <strong>de</strong> recontrer tivemos a sorte <strong>de</strong> encontrar alguns portugueses complacentes,quelques Portugais complaisans, qui en cé<strong>de</strong>rent un à Monsieur que ce<strong>de</strong>ram um a Mr Lhuillier; este oficial também fez ter um aLhuillier; cet Officier en fit aussi avoir un à Mr. <strong>de</strong> Belcourt. De Mr <strong>de</strong> Belcourt. De volta a bordo, um espanhol que falava um pouretourá bord, un Espagnol qui parloit un peu François, & que nous co <strong>de</strong> francês e que tínhamos encarregado <strong>de</strong> achar papagaios praavions chargé <strong>de</strong> nous en trouver, nous en offrit quatre, dont <strong>de</strong>ux nós, ofereceu-nos quatro, <strong>dos</strong> quais dois já cria<strong>dos</strong> e falando a líntoutélevés, & parlant la langue portugaise ainsi que les <strong>de</strong>ux dont gua portuguesa assim como os dois <strong>de</strong> que já falei. Os dois outrosj'ai parlé. Les <strong>de</strong>ux autre avoient été pris dans leur nid tout nouvel- tinham sido tira<strong>dos</strong> do ninho bem recentemente e ainda não comilement,& ne mangeoient pas encore seuls. Je donnai pour avoir un am sozinhos. Dei, <strong>para</strong> um <strong>de</strong>stes últimos, uma fita raiada, <strong>de</strong> cabe<strong>de</strong>ces <strong>de</strong>rniers, un ruban rayé, <strong>de</strong> tête; & je le préférai dans l'idée ça, e o escolhi, com a idéia que apren<strong>de</strong>ria a língua francesa comqu'il apprendoit la langue françoise avec plus <strong>de</strong> facilité. Je l'ai con- mais facilida<strong>de</strong>. Guar<strong>de</strong>i-o até o início <strong>de</strong> maio, quando morreuservé jusqu'au commencement <strong>de</strong> May, qu'il est mort d'un catharre1<strong>de</strong> um catarro na cabeça. Este catarro lhe tinha feito inchar osdans la tête. Ce catharre lui avoit fait enfler les yeux. Il tomba dans olhos. Caiu no peito <strong>de</strong>le e, tendo o <strong>de</strong>ixado asmático, não pu<strong>de</strong>la poitrine, & l'ayant rendu asthmatique, je ne pus le sauver. salvá-lo.Dansle nombre <strong>de</strong> ces Perroquets il y en avoit <strong>de</strong> trois especes, Dentro <strong>de</strong>stes papagaios, havia três espécies, diferenciadasqui différoient par le plumage & par la grosser. Un <strong>de</strong>s <strong>de</strong>ux pela plumagem e o tamanho. Um <strong>dos</strong> dois que tinha Mr Lhuillierqu'avoit Monsieur Lhuillier, avoit les plumes du cou & <strong>de</strong> tinha as plumas do pescoço e da barriga <strong>de</strong> um vermelho bronzel'estomachd'un rouge tanné & changeant, mêlé d'un peu <strong>de</strong> gris; le ado e furta-cor, misturado com um pouco <strong>de</strong> cinza; a parte <strong>de</strong><strong>de</strong>ssus du <strong>de</strong>vant <strong>de</strong> la tête d'un rouge <strong>de</strong> cinnabre un peu passé, & cima da frente era <strong>de</strong> um vermelho <strong>de</strong> cinábrio e um pouco <strong>de</strong>séteint;les bouts d'aîles d'un rouge plus vif que celui <strong>de</strong> rosse, & plu- botado e apagado; as pontas das asas <strong>de</strong> um vermelho mais vivosieurs plumes <strong>de</strong>s aîles & <strong>de</strong> la queuë d'un beau rouge <strong>de</strong> carmin; que o rosa, e várias plumas das asas e da cauda <strong>de</strong> um belo verd'autresd'un très-beau bleu d'azur, & d'autres noires: tout le reste melho carmim; outras <strong>de</strong> um azul celeste muito belo e outras preducorps étoit verd. Il parloit très bien portugais, & apprenoit aisé- tas; todo o resto do corpo era ver<strong>de</strong>. Falava muito bem portuguêsment françois. Il mourut dès les premiers jours <strong>de</strong> notre arrivée aux e aprendia facilmente francês. Morreu nos primeiros dias da nos-Iles Malouines. Le second étoit plus gros qu'aucun <strong>de</strong> ceuxque sa chegada às Ilhas Malvinas. O segundo era maior do que to<strong>dos</strong>nous avions. Le <strong>de</strong>ssus <strong>de</strong> sa tête étoit d'un rouge <strong>de</strong> cinnabre, les que tínhamos. A parte <strong>de</strong> cima <strong>de</strong> sua cabeça era <strong>de</strong> um vermelho<strong>de</strong>ux côtés d'un bleu vif ver les oreilles, & qui s'affoiblissoit jusqu'à <strong>de</strong> cinábrio, os dois la<strong>dos</strong> <strong>de</strong> um azul vivo na zona auricular, que<strong>de</strong>venir gris, à mesure que les plumes s'en éloignoient. Les aîles & enfraquecia até virar cinza à medida que as plumas se distancialaqueuè étoient comme celles du premier. Les autres étoient près vam. As asas e a cauda eram iguais às do primeiro. Os outros<strong>de</strong> moitié moins gros; d'ailleurs ils lui ressembloient pour le plu- eram quase da meta<strong>de</strong> do tamanho <strong>de</strong>ste; aliás, se pareciam pelamage, excepté que la rouge <strong>de</strong> leur tête étoit beaucoup plus vif, plumagem, exceto que o vermelho das suas cabeças era muitoPeut-être étoiant – ils plus jeunes. Le Perroquet <strong>de</strong>s Monsieur <strong>de</strong> mais vivo. Po<strong>de</strong> ser que fossem mais jovens. O papagaio do Sr.Bougainville périt <strong>de</strong> la même maladie que le mien, pendant notre <strong>de</strong> Bougainville morreu da mesma enfermida<strong>de</strong> que o meu,séjour aux Iles Malouïnes; celui <strong>de</strong>s Mr. <strong>de</strong> Belcourt, tomba à la durante nossa estadia nas Ilhas Malvinas; o <strong>de</strong> Mr <strong>de</strong> Belcourtmer; & s'y noya, <strong>de</strong> maniere que <strong>de</strong> sept nous n'en avons apportés caiu ao mar e se afogou, <strong>de</strong> forma que <strong>de</strong> sete, só trouxemos doisque <strong>de</strong>ux en France, le gros <strong>de</strong> Mr. Lhuillier, que je lui rednis sain <strong>para</strong> a França, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mr Lhuillier, que lhe entreguei sã e sal-& sauf à Versailles, & un <strong>de</strong> la petit espece, qui n'avoit pas <strong>de</strong> que- vo em Versailles e um da espécie pequena, que não tinha caudauë, parce qu'il sen arrachoit les plumes á mesure qu'elles repousso- porque arrancava as plumas à medida que cresciam. O marujo aoeint. Le Matelot à qui il appartenoit, n'en avoit pas pris, à beaucoup qual pertencia não tinha-lhe dado, <strong>de</strong> longe, todo o cuidado queprès, tout le soin que nous avions eu <strong>de</strong>s nôtres, & le conserva. Il tínhamos com os nossos, [mas] o conservou. Falava muito bem eparloit on ne peut mieux, & imitoit, à y être trompé, les cris <strong>de</strong>s imitava, até enganar-nos, os gritos das crianças que tínhamos aenfans, que nous avions à bord, ceux <strong>de</strong>s Mousses quand on les bordo, os <strong>dos</strong> grumetes quando chicotea<strong>dos</strong> por terem cometidofouette lorsqu'ils ont commis quelques fautes, ceux <strong>de</strong>s poules, & algumas faltas, os das galinhas e <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os outros animais que<strong>de</strong>s tous les autres animaux que nous avions dans la Frégate.” tínhamos na fragata ...”1 2Notas <strong>de</strong> tradução: . Secreção nasal; . Sulfeto <strong>de</strong> mercúrio, ou seja, vermelho ou avermelhado com certo tom róseo.Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br79
Figura 5. Anodorhynchus purpurascens, a arara-azuldas ilhas Guadalupe, <strong>de</strong>scrita por Rotschild (1907),obra na qual a prancha aqui reproduzida está encartada.objeto <strong>de</strong> interesse por parte <strong>dos</strong> europeusem virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu colorido e porte superar,por larga margem, aquele <strong>dos</strong> psitací<strong>de</strong>osafricanos e asiáticos até então conheci<strong>dos</strong>.Presentes dignos <strong>de</strong> realeza, podiam custarquantias vultuosas; esse prestígio reflete-sena sua representação iconográfica em obrasbastante recuadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Século XVI (Teixeira& Papávero 2006). Graças a isso, parecefactível que indivíduos <strong>de</strong>ssa e <strong>de</strong> váriosoutros elementos multicolori<strong>dos</strong> da avifaunafossem motivo <strong>de</strong> escambos não somenteentre os povos resi<strong>de</strong>ntes como os próprioseuropeus. Desta forma, os locais tradicionalmenteconsi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> <strong>para</strong> a estadia <strong>de</strong>navios em trânsito durante viagens <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte seriam pontos mais do que espera<strong>dos</strong><strong>para</strong> a presença <strong>de</strong> espécies animais <strong>de</strong>distribuição incompatível.Um outro exemplo <strong>de</strong> <strong>araras</strong> na Ilha <strong>de</strong>Santa Catarina, e que serve-se como exemplo<strong>de</strong>ssa questão, nos é apresentado porNomura (1998:33 e 36). Esse autor, na tentativa<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os “perroquets” menciona<strong>dos</strong>pelo aba<strong>de</strong> Dom Pernety, atribuilhesi<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s como “papagaio contrafeito”e <strong>araras</strong> Ara chloropterus e Ara macao,segundo ele, tendo como base a 2° edição (1984) do mesmo livro organizado por PauloBerger (op.cit.).O francês Antoine Joseph Pernety (1716-1796) foi um padre radicado na Abadia <strong>de</strong>Bürgel (Turíngia, Alemanha), tambémmembro da “Aca<strong>de</strong>mia Real <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong>Belas Letras da Prússia” e bibliotecário dorei Friedrich Wilhelm II da Prússia; intelectual,o beneditino, além <strong>de</strong> cronista, era tambémhistoriador, antropólogo, mitologista ealquimista. Graças a esses atributos, foiescolhido pelo explorador francês LouisAntonie <strong>de</strong> Bougainville como escrivão <strong>de</strong>uma viagem <strong>para</strong> as Ilhas Malvinas (1763-1766), a fim <strong>de</strong> fundar uma colônia francesanaquele arquipélago.Graças a essa oportunida<strong>de</strong>, Pernetypublicou duas obras (<strong>de</strong>ntre várias outras,<strong>de</strong> sua relativamente gran<strong>de</strong> produção literária),intituladas “Journal historiqued'un Voyage fait aux Îles Malouïnes enCom base no aqui exposto, parece claro que o viajante efetiva- 1763 & 1764 pour les reconnoître, & y former un établissementmente tenha mantido contato visual com a arara-canindé durante et <strong>de</strong> <strong>de</strong>ux Voyages au Détroit <strong>de</strong> Magellan avec une Relation sursua estada em Florianópolis. Mas, pelo nosso entendimento, a les Patagons” em dois volumes e, ainda, “Recherchers philoinformaçãonão caberia como registro ornitológico espontâneo, sophiques sur les Américains ou Mémoires intéressants pour sertambémem razão <strong>de</strong> ser um dado isolado e sem nenhum indício vir à l'Histoire <strong>de</strong> l'Espece Humaine”, data<strong>dos</strong> respectivamentecomplementar em narrativas anteriores ou subsequentes. A verda- <strong>de</strong> 1769 e 1770.<strong>de</strong> é que, visitada como foi por vários viajantes <strong>de</strong>vido à sua posi- O primeiro livro se trata <strong>de</strong> um diário <strong>de</strong> viagem minuciosaçãoestratégica, Florianópolis jamais contou com relatos similares mente escrito, <strong>de</strong> acordo com as ocorrências diárias por ele vivenqueservissem <strong>de</strong> fonte adicional (Nomura 1996a,b,c,d, 1997, ciadas, iniciando-se já com sua partida <strong>de</strong> Paris, em 17 <strong>de</strong> agosto1998), legando à suposta fonte <strong>de</strong> ocorrência um caráter aci<strong>de</strong>ntal e <strong>de</strong> 1763. É ali que, no momento cronológico oportuno, são mencipuramentepictográfico.onadas várias espécies da fauna catarinense, <strong>de</strong>ntre mamíferos,Cabe lembrar, ainda, que essas aves eram muito cobiçadas pelos aves, répteis, peixes e muitos invertebra<strong>dos</strong>, tratando-se da maisindígenas como xerimbabos e mesmo fontes vivas <strong>para</strong> a produção importante <strong>de</strong>scrição da biota <strong>de</strong> Santa Catarina do Século XVIII.<strong>de</strong> arte plumária, situação que ocorria <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período précabralino O fragmento a que se refere Nomura (1998) está no volume I (Per-(Teixeira, 1992). Após o Descobrimento, passaram também a ser netty, 1769:178-181) (Tabela 2).80Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br
Tabela 3. Fragmento com a menção <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> arara <strong>para</strong> o litoral <strong>de</strong> Santa Catarina, entre a Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Laguna, segundo Saint-Hilaire (1851:377).“Avant d'y arriver nous passâmes en face d'un îlot inhabitéqu'on nomme Ilha das Araras (l'île <strong>de</strong>s aras), parce qu'ilsert d'asile à une espèce d'aras communs sur cette côte etque je n'avais encore rencontrés nulle part. Ces oiseaux,dont le plumage est d'un bleu verdâtre, ont le tour <strong>de</strong>s yeuxjaune; le seul que je vis près me parut plus petit que l'espècecommune”.Antes <strong>de</strong> lá chegar [Laguna], nós passamos por em frente auma ilhota <strong>de</strong>sabitada com nome <strong>de</strong> Ilha das Araras, porqueela oferece abrigo <strong>para</strong> uma espécie <strong>de</strong> arara comum na costae que eu não havia ainda encontrado em nenhuma parte.Essas aves, cuja plumagem é azul esver<strong>de</strong>ada, têm o redor<strong>dos</strong> olhos amarelo; o único que eu vi <strong>de</strong> perto parecia menorque a espécie comum.Apesar <strong>de</strong> algo confusas, as <strong>de</strong>scrições oferecidas nesta obra não gara cayana chloroptera e Poospiza cinerea <strong>de</strong>ntre, provavelpo<strong>de</strong>m,<strong>de</strong> maneira nenhuma, ser referentes a <strong>araras</strong>. Aparente- mente, alguns outros.mente as três espécies po<strong>de</strong>riam ser i<strong>de</strong>ntificadas como Amazona Uma das mais enigmáticas menções provenientes <strong>de</strong> suasvinacea (papagaio-<strong>de</strong>-peito-roxo), Amazona brasiliensis (papaga- obras, contudo, é referente às <strong>araras</strong> existentes no litoral cataio-<strong>de</strong>-cara-roxa)e Pionopsitta pileata (cuiu-cuiu). A única incoe- rinense, entre as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Garopaba e Laguna, trecho que elerência seria no colorido da cauda da primeira - que é toda ver<strong>de</strong> - percorreu por terra, em carroça, ao longo da costa marinha. Omas po<strong>de</strong>ria ter havido uma confusão com a <strong>de</strong> A. brasiliensis que fragmento original, tal como o que embasa a informação atriapresenta-se,<strong>de</strong> fato, tal como no padrão narrado.buída a Choris, também não aparece na literatura técnica trivi-Não obstante tais i<strong>de</strong>ntificações sejam totalmente passíveis al, razão pela qual encontra-se transcrito e traduzido na Tabe<strong>de</strong>suspeitas, parece bem subsidiado o fato <strong>de</strong> que já no Século la 3.XVIII, e particularmente na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, ocorriam Referia-se o estudioso à Praia <strong>de</strong> Itapirubá (originalmente graintensaspermutas e mesmo vendas <strong>de</strong> aves, em especial psitací- fada como Tapiruva: Saint-Hilaire, 1851:377), on<strong>de</strong> passara logo<strong>de</strong>os que trafegavam livremente pelas embarcações e, muitas após visitar “Villa Nova” (hoje distrito <strong>de</strong> Vila Nova, pertencentevezes, eram consi<strong>de</strong>radas moedas <strong>de</strong> troca <strong>para</strong> todo o tipo <strong>de</strong> ao município <strong>de</strong> Imbituba). Essa praia, um disputado balneário,comércio.dista cerca <strong>de</strong> 12 km da se<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> Imbituba e a chamadaAssim, percebe-se que esse tipo <strong>de</strong> informação, oriunda <strong>de</strong> crôni- “Ilha das Araras” (28°19'18”S e 49°38'54”W), até hoje sob mescasantigas, <strong>de</strong>ve ser manejado com cautela, especialmente quando ma <strong>de</strong>nominação, está a pouco menos <strong>de</strong> 5 km distante da costase propõe a aferir-lhe o caráter documental <strong>de</strong> registro ornitológi- (Figura 3).co. Muitas fontes históricas, embora razoavelmente bem suporta- Em virtu<strong>de</strong> da magnitu<strong>de</strong> da <strong>de</strong>scrição, torna-se obrigatório anadasquanto à localização e datação, nem sempre oferecem material lisá-la com mais profundida<strong>de</strong>, apesar <strong>dos</strong> breves <strong>de</strong>talhes ofereciseguroe indiscutível, cabendo-lhe uma análise crítica quanto ao <strong>dos</strong>. Primeiramente, não merece um tratamento tão óbvio comocontexto histórico, narrativo e mesmo biográfico <strong>dos</strong> cronistas con- fizeram os <strong>de</strong>mais autores (Sick et al. 1981, Sick 1997, Naka &si<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong>.Rodrigues 1990) reconhecendo a citada espécie como Anodorhynchusglaucus, dada como atualmente extinta e com raras eSegundo caso: A arara-azul <strong>de</strong> Imbitubaconfusas menções <strong>de</strong> ocorrências, inclusive no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul eAo mesmo tempo em que, pelos motivos acima expostos, parece Uruguai (Sick 1997). Bencke et al. (2003), por exemplo, referindocuriosaa repetitiva aceitação <strong>de</strong> Ara ararauna <strong>para</strong> a avifauna <strong>de</strong> se a esse mesmo registro, o trata como “clara exceção” ao padrãoSanta Catarina, também é surpreen<strong>de</strong>nte que um outro relato, origi- <strong>de</strong> distribuição conhecido e concluem: “...Se to<strong>dos</strong> os <strong>registros</strong>nário <strong>de</strong> um autêntico naturalista do Século XIX, não tenha mereci- conheci<strong>dos</strong> <strong>de</strong> fato referem-se a uma mesma espécie é uma questãodo uma avaliação mais profunda.aberta a discussão, haja vista a falta <strong>de</strong> evidências materiais queTal como o relato <strong>de</strong> Choris, são igualmente interessantes as possam substanciar a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>les”. Bianchi & Barrosinformações oferecidas sobre essas aves pelo célebre francês (2008), por sua vez, apontam <strong>para</strong> uma área <strong>de</strong> ocorrência confina-Auguste <strong>de</strong> Saint Hilaire, que percorreu gran<strong>de</strong> parte do território da às fronteiras entre Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, nasbrasileiro entre 1816 e 1822 (<strong>para</strong> biografia, itinerário e outras bacias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rios do centro-sul da América do Sul, incluindoinformações vi<strong>de</strong> Urban 1908, Sampaio 1928, Dwyer 1955, Pinto os rios Paraná, Uruguai e Paraguai; esses autores afirmam também,1979, Kury 2002, Straube 2009). que pouquíssimos <strong>de</strong>sses <strong>registros</strong> possuem evidência material con-Saint-Hilaire, além da vasta e incomparável contribuição ao clusiva.conhecimento da flora e fitogeografia brasileira, <strong>de</strong>stacou-se Com relação ao fragmento dado por Saint Hilaire, cabe consipelotrabalho zoológico, ativida<strong>de</strong> que foi forçado a <strong>de</strong>sempe- <strong>de</strong>rar o fato <strong>de</strong> a dita arara ser comum na costa e usar a ilha comonhar após a <strong>de</strong>sistência do seu colega <strong>de</strong> viagem Pierre Dela- abrigo (Sick 1997:367; mas vi<strong>de</strong> também Naka & Rodrigueslan<strong>de</strong> (Pinto, 1979). Sobre a avifauna, além <strong>dos</strong> quase três 1990:18 que admitem-na como “muito comum”). De fato é quamilharesexemplares coleta<strong>dos</strong> (Cleere et al. 2006), também se um padrão observado entre diversas espécies <strong>de</strong> psitací<strong>de</strong>osinúmeros <strong>registros</strong> <strong>de</strong> ocorrência importantes (e eventualmen- atlânticos, o costume <strong>de</strong> forragear durante o dia nas planícieste acompanha<strong>dos</strong> <strong>de</strong> documentação comprobatória) po<strong>de</strong>m ser costeiras e, em seguida, dirigirem-se <strong>para</strong> certas ilhas litorâneascolhi<strong>dos</strong> em suas obras. É o caso do mutum-do-su<strong>de</strong>ste (Crax <strong>para</strong> o repouso noturno. No entanto, concordamos com as suspeblumenbachii),um tipo <strong>de</strong> crací<strong>de</strong>o peculiar das matas do itas <strong>de</strong> Bencke et al. (2003) ao <strong>de</strong>clarar que a espécie Anosu<strong>de</strong>ste,conhecido nos dias <strong>de</strong> hoje em raríssimas localida<strong>de</strong>s dorhynchus glaucus “...parece nunca ter sido numerosa e apre-(Saint-Hilaire, 1830) e, com efeito, das populações meridiona- sentava ocorrência local, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> alguns relatos (aparenisdo guará (Eudocimus ruber) (Saint-Hilaire, 1851), <strong>de</strong>ntre temente equivoca<strong>dos</strong>) <strong>de</strong> que era 'comum' ou 'abundante' no pasváriasoutras indicações. Além disso, foi o coletor <strong>de</strong> diversos sado, que po<strong>de</strong>m ter se originado simplesmente a partir da repetáxonsváli<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>scritos com base em seu material: Crypturel- tida visualização <strong>de</strong> grupos se<strong>de</strong>ntários <strong>de</strong> aves em seus locaislus undulatus vermiculatus, Leucopternis lacernulatus, Falco <strong>de</strong> reprodução ou alimentação preferenciais, tais como as bar<strong>de</strong>iroleucus,Sterna hirundinacea, Leptasthenura setaria, Tan- rancas <strong>dos</strong> gran<strong>de</strong>s rios on<strong>de</strong> nidificavam”. Isso por que, seAtualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br81
Tabela 4. Texto referente à menção <strong>de</strong> <strong>araras</strong> no Rio São Francisco com nota <strong>de</strong> rodapé (Saint-Hilaire 1830:376-377).Des troupes d'aras aux ailes bleues, à la poitrine dorée (psitta- Ban<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>araras</strong> <strong>de</strong> asas azuis e peito dourado (psittacus aracusararauna), vivant au milieu <strong>de</strong> ces palmiers pour en manger rauna) vivem meio a essas palmeiras <strong>para</strong> comer-lhes os frutosles fruits, et partagent cet asile avec une autre espèce moins com- e compartilham esse refúgio com outra espécie menos comum,mune, qui est entièrement bleue et ne va que par paire (psittacus que é inteiramente azul e vive aos pares (psittacus hyacinthi-1hyacinthinus) .1nus) .1. Le psittacus hyacinthinus est le véritable ararauna <strong>de</strong>s Brési- 1. A psittacus hyacinthinus é a verda<strong>de</strong>ira ararauna <strong>dos</strong> brasileliens,et, au contrarie, le psittacus ararauna <strong>de</strong>s naturalistes, qui a iros e, ao contrário, a psittacus ararauna <strong>dos</strong> naturalistas, que temle ventre jaune, est connu au Brésil sous le nom <strong>de</strong> canindé ou ara- ventre amarelo, é conhecida no Brasil sob o nome <strong>de</strong> canindé oura azul. A la vérité, c'est l'ara à ventre jaune que Marcgraff apelle arara-azul. Na verda<strong>de</strong>, é essa arara <strong>de</strong> ventre amarelo que Marcararauna;mais cet auteur s'est certainement trompé. En effet, ara- graf chamou <strong>de</strong> ararauna; mas esse autor está certamente errado.rauna, dans la langue <strong>de</strong>s Indiens, signifie ara noir, et il est bien Com efeito, ararauna, na língua <strong>dos</strong> indígenas, significa 'araraévi<strong>de</strong>nt que, dans aucun pays, on n'a pu donner le nom <strong>de</strong> noir à preta', e é evi<strong>de</strong>nte que em nenhum lugar se po<strong>de</strong>ria dar o nome <strong>de</strong>un oiseau qui a le <strong>dos</strong> d'un bleu d'azur avec le ventre d'un jaune 'preta' a uma ave que tem colorido azul do céu com o ventre amadoré,tandis que ce même nom s'applique très-bien aux teintes uni- relo dourado, enquanto que o mesmo nome se aplica muito bemformes et foncées du ps.hyacinthinus.às cores uniformes e escuras <strong>de</strong> ps.hyacinthinus.Tabela 5. Menção <strong>de</strong> <strong>araras</strong> em Minas Gerais por Auguste <strong>de</strong> Saint-Hilaire (1847:159)Entre la fazenda <strong>de</strong> Jacú et Villa Boa, dans un espace <strong>de</strong> 5 lego- Entre a Fazenda do Jacu e Vila Boa, em um espaço <strong>de</strong> '5 léguas',as, nous traversâmes presque toujours <strong>de</strong>s campos où la chaleur nós quase sempre cruzamosos 'campos' sob um calor que não sene pouvait se supporter. Ce jour-là, et surtout la veille, nous vimes podia suportar. Naquele dia, especialmente à noite, vimos váriosplusieurs <strong>de</strong> ces fond marécageux où croît le bority, asile <strong>de</strong> <strong>de</strong>ux <strong>de</strong>sses vales pantanosos e monótonos on<strong>de</strong> cresce o buriti, abrigomagnifiques espèces d'aras, ceux dont le plumage est entièrement <strong>de</strong> duas magníficas espécies <strong>de</strong> <strong>araras</strong>, aquelas cuja plumagem ébleu et ceux qui ont le manteau bleu et le ventre jaune (Psittacus inteiramente azul e aquelas que possuem uma vestimenta azulhyacinthinus et P.Ararauna) (1). com o ventre amarelo (Psittacus hyacinthinus e P.Ararauna) (1).(1). J'ai déjà dit ailleurs que ces <strong>de</strong>ux spèces d'aras vivent au (1). Eu já havia dito em outra ocasião que essas duas espécies <strong>de</strong>milieu <strong>de</strong>s boritys et en mangent les fruits; j'ai aussi fait connaître arara vivem meio aos 'buritis' e comem seus frutos; tambéml'erreur singulière dans laquelle sont tombés l'illustre Marcgraff comentei o erro singular no qual caíram o ilustre Marcgraft e,et, <strong>de</strong>puis lui, tous les naturalistes, relativement au nom <strong>de</strong>s ces <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le, to<strong>dos</strong> os naturalistas, relativamente ao nome essasoiseaux (Voyage dans le provinces <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro et <strong>de</strong> Minas aves (Voyage dans le province <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro et <strong>de</strong> Minas Gera-Geraes, II, 376). es, II, 376).Saint-Hilaire não a constatou em nenhum local por ele visitado co. A segunda viagem (abril <strong>de</strong> 1818), basicamente pela costa doem toda a sua peregrinação pelo interior do Brasil e países limí- su<strong>de</strong>ste, compreen<strong>de</strong>u a porção norte do litoral fluminense até otrofes e, se observou um único indivíduo em Itapirubá, a indica- Espírito Santo (Rio Doce) quando, então voltou ao Rio <strong>de</strong> Janeiro.ção <strong>de</strong> ser “comum” teria provindo, quase certamente, <strong>de</strong> mora- Em seguida (janeiro <strong>de</strong> 1819) dirigiu-se <strong>para</strong> o oeste <strong>de</strong> Minas Geradoresdaquela região ou <strong>de</strong> seus companheiros que, naquele is, visitando o Triângulo Mineiro e uma vasta área do <strong>estado</strong> <strong>de</strong>momento, o acompanhavam na viagem. Com isso, mesmo que Goiás até a divisa com o Mato Grosso quando, então, retorna porvários indivíduos pu<strong>de</strong>ssem ser nota<strong>dos</strong> regularmente, essa situ- São Paulo. É nesse momento que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> voltar-se ao sul do Brasil,ação po<strong>de</strong>ria ser interpretada como uma frequência puramente quando a<strong>de</strong>ntra o Paraná a partir <strong>de</strong> Itararé e Jaguariaíva e, <strong>de</strong> lá,pontual ou localizada.chega ao litoral (Paranaguá). De lá percorre a linha da costa, por bar-Em seguida convém também consi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>scrição da colora- co ou terra, até o Uruguai, ocasião essa em que flagra a referida aração,ou seja, plumagem azul-esver<strong>de</strong>ada com uma área amarela ao ra-azul.redor <strong>dos</strong> olhos. Se Saint Hilaire observou ao menos um indivíduo Em várias <strong>de</strong>ssas regiões efetivamente ocorre (ou ocorreu) a aradareferida ave, po<strong>de</strong>ria ter notado (caso efetivamente o tenha visto ra-azul-gran<strong>de</strong> (Anodorhynchus hyacinthinus) e, <strong>de</strong> fato, em“<strong>de</strong> perto”) a extensa área amarela que também orna a base do bico, alguns fragmentos <strong>de</strong> sua vasta obra narrativa, Saint Hilaire (1830tal como ocorre com to<strong>dos</strong> os representantes do gênero (Figura 4) e e 1947) cita <strong>araras</strong>, em particular essa espécie, mas também a araraquesobressai-se muito mais do que o mesmo padrão periocular, o canindé (Ara ararauna) (Tabelas 4 e 5). Isso <strong>de</strong>monstra que suaqual é pouco extenso (Sick et al., 1987). Essa omissão, no entanto, com<strong>para</strong>ção com a ave observada em Santa Catarina baseava-seocorreu também quando ele menciona a arara-azul-gran<strong>de</strong> (Ano- em conhecimento pessoal <strong>de</strong> campo, ou seja, em suas observaçõesdorhynchus hyacinthinus) em outros volumes <strong>de</strong> sua obra (vi<strong>de</strong> aba- próprias <strong>para</strong> as quais, inclusive, adiciona outras informaçõesixo, Tabelas 4 e 5) e provavelmente teria sido replicada quando do colhidas na literatura.contato visual com a arara catarinense.A julgar pela <strong>de</strong>scrição tão sumária do animal observado, <strong>de</strong>Por fim, merece <strong>de</strong>staque o fato do naturalista não tê-la observa- fato, parece tentador atribuir o registro à arara-azul-pequena (Anodoem nenhuma outra parte do Brasil, ao mesmo tempo que dorhynchus glaucus). Isso por que, segundo Papávero & Teixeira<strong>de</strong>monstra conhecimento <strong>de</strong> causa, ao tratá-la como menor do que (2001), a atual distribuição <strong>de</strong> certos psitací<strong>de</strong>os como Anoa“espécie comum”, ou seja, Anodorhynchus hyacinthinus. dorhynchus leari, Cyanopsitta spixii e <strong>de</strong> várias outras avesSegundo Dwyer (1955, vi<strong>de</strong> também Urban 1908), Saint Hilaire, “...<strong>de</strong>ve ser entendida como um artefato <strong>de</strong> origem antrópica, queantes <strong>de</strong> visitar o litoral catarinense, esteve em diversas outras pouca semelhança guarda com a provável área <strong>de</strong> ocorrência dasregiões brasileiras. Chegou ao Rio <strong>de</strong> Janeiro em junho <strong>de</strong> 1816 e espécies há alguns poucos séculos”. Além disso, uma extensarumou <strong>para</strong> o interior <strong>de</strong> Minas Gerais até o vale do Jequitinhonha, região do litoral catarinense naquela latitu<strong>de</strong> tem como elementoretornando à capital do Império após visitar o alto Rio São Francis- florístico mais peculiar as palmeiras butiá (Butia capitata var.o-82Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br
dorata) (Reitz 1974), panorama que se esten<strong>de</strong> até os dias <strong>de</strong> hoje cas averiguadas, com relação a A. leari e A. glaucus, esse materiale que, inclusive, po<strong>de</strong>ria ser com<strong>para</strong>do com o hábitat genuino <strong>de</strong> permanece com i<strong>de</strong>ntificação inconclusiva mas confirma, semA.glaucus no Paraguai, on<strong>de</strong> a palmeira existente é B.yatay (Che- nenhum questionamento, que as áreas <strong>de</strong> ocorrências <strong>dos</strong> congenébez,1994:45).ricos foram muito diferentes (e não necessariamente maiores) doNão obstante, a<strong>de</strong>rimos aos mesmo autores (Papávero & Tei- que se admite atualmente.xeira 2001) <strong>para</strong> também lembrar que “os indícios mais intri- Fecha-se o presente documento, embora graças a ele também segantes dizem respeito a eventuais espécies extintas que jamais abram muitas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação, com as assertivas <strong>de</strong>chegaram a ser <strong>de</strong>scritas ou cuja existência vem sendo objeto <strong>de</strong> Papávero & Teixeira (2001):acirradas controvérsias, como talvez seja o caso <strong>de</strong> alguns psitácidas”.“Na realida<strong>de</strong>, mudanças climáticas e outros fenô-Não há como <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lembrar o ilustrativo caso <strong>de</strong> Ano-menos da mesma magnitu<strong>de</strong> estão longe <strong>de</strong> repredorhynchusleari, espécie que teve valida<strong>de</strong>, classificação e distri-sentar os únicos fatores envolvi<strong>dos</strong>, já que profunbuiçãolargamente discutida na literatura técnica por vários e res-das alterações no mundo natural, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adaspeitáveis autores até o fim do Século XX. Esse psitací<strong>de</strong>o, <strong>de</strong>scritopor ações antrópicas ao longo da trajetória daem 1856, foi motivo <strong>de</strong> várias expedições – todas malogradas – aohumanida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sprezadas. ConstituiNor<strong>de</strong>ste do Brasil (esta<strong>dos</strong> da Bahia, Piauí, Tocantins, Ceará,gran<strong>de</strong> surpresa, contudo, que a maioria <strong>dos</strong> auto-Maranhão e Pernambuco) na tentativa <strong>de</strong> obter indícios <strong>de</strong> ocorrên-res empenha<strong>dos</strong> no estudo da biogeografia silenciecia e informações sobre sua distribuição (<strong>para</strong> revisão <strong>de</strong>ste episó-sobre o assunto, pois tal lacuna muitas vezes se condiovi<strong>de</strong> Sick et al. 1987 e Collar et al. 1992). Apenas em 1978 éfun<strong>de</strong> com uma aceitação tácita <strong>de</strong> que a distribuiqueacabou sendo positivamente reencontrada na região do Rasoção <strong>dos</strong> animais na superfície do globo teria permadaCatarina (Bahia), terço-médio do Rio Vaza-Barris (Sick et al.,necido essencialmente a mesma durante o período1987). Hoje em dia, sua distribuição geral é tida como uma área <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> climática observado nos últimos <strong>de</strong>zcoinci<strong>de</strong>nte com o contorno meridional da Bahia, tangenciando osmil anos, regra quebrada apenas pela in<strong>de</strong>fectível<strong>estado</strong> do Piauí, Pernambuco e Alagoas, mas ela se apresenta <strong>de</strong>perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> contemporânea”.maneira absolutamente pontual, com apenas dois sítios <strong>de</strong> pernoitee nidificação conheci<strong>dos</strong> e um padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento sazonal Agra<strong>de</strong>cimentospouco esclarecido, talvez ligado à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento Sou grato aos amigos que dividiram comigo as i<strong>de</strong>ias e con-(Barros & Bianchi 2008).clusões aqui apresentadas: Vitor <strong>de</strong> Queiroz Piacentini (USP,Além disso, conhece-se na literatura a menção <strong>de</strong> pelos menos São Paulo/SP), Rudi Laps (UFMS, Campo Gran<strong>de</strong>/MS), Hercumaisuma espécie supostamente extinta do gênero: A. purpuras- lano Alvarenga (Museu <strong>de</strong> História Natural, Taubaté/SP),cens (Rotschild 1905, 1907, Salvatori 1906, Chebez 1994) (Fi- Alberto Urben-Filho, Leonardo Rafael Deconto, Marcelo Alegura5), cuja <strong>de</strong>scrição foi baseada em relatos e <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> jandro Villegas Vallejos (Hori Consultoria Ambiental, Curitiobrasdo Século XIX (Ilhas Guadalupe) e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> permane- ba/PR), Pedro Scherer Neto (Museu <strong>de</strong> História Natural Capãoce na literatura técnica como alusiva a indivíduos <strong>de</strong> A. hyacint- da Imbuia, Curitiba/PR). Para a complicada tradução do francêshinus ali manti<strong>dos</strong> em cativeiro em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> escambos (Green- antigo, contei com a inestimável colaboração <strong>de</strong> Jacques Vielliway1958).ard (Unicamp, Campinas/SP) e François Sagot-Martin (GrupoBem da verda<strong>de</strong>, a literatura técnica ornitológica abrange Ornitológico Potiguar, Natal/RN). Bruna Balbinotti colaboroudiversos estu<strong>dos</strong> e <strong>de</strong>bates envolvendo espécies <strong>de</strong> psitací<strong>de</strong>os, com informações veterinárias; Cassiano Zaparoli (Campo Granespecialmente<strong>araras</strong>, mencionadas em fontes antigas e suas res- <strong>de</strong>/MS), Ciro Albano (Fortaleza/CE) e Reni Édson <strong>dos</strong> Santospectivas interpretações à luz do conhecimento mo<strong>de</strong>rno, nem (Curitiba/PR) autorizaram o uso <strong>de</strong> suas fotos. Sou profundasempreconsensual (vi<strong>de</strong>, por exemplo, Olson 2005; Olson & mente grato a Dante Martins Teixeira (Museu Nacional, Rio <strong>de</strong>López 2008).Janeiro/RJ) e José Fernando Pacheco (CBRO, Rio <strong>de</strong> Janei-Desta maneira, a julgar pelos fatos biológicos e pelos vários ro/RJ) por terem sido meus gran<strong>de</strong>s mestres na pesquisa históriepisódios<strong>históricos</strong> comparáveis, não é nada absurdo imaginar ca como fonte <strong>para</strong> pesquisas e concepções biogeográficas. Esseque a arara-azul observada por Saint Hilaire se tratasse <strong>de</strong> uma estudo é <strong>de</strong>dicado ao amigo JACQUES MARIE EDME VIELLIARDoutra arara que, por sua rarida<strong>de</strong> natural, acabaria por <strong>de</strong>sapare- (1944-2010), pioneiro na bioacústica brasileira e colaboradorcer sem mesmo ter sido conhecida ou <strong>de</strong>scrita pelos pesquisado- sempre presente em minhas incursões pelos campos da Históriares.da Zoologia.A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um julgamento mais concreto sobre certasquestões, envolvendo outros <strong>registros</strong> curiosos <strong>de</strong> “<strong>araras</strong>- Referências bibliográficasazuis” em diversas regiões brasileiras on<strong>de</strong> nenhuma <strong>de</strong>las Alvarenga, H. (2007). Anodorhynchus glaucus e A.leari (Psittacidae, Psittciforocorreriaé, sem dúvida, motivo <strong>para</strong> esforços mais concentra- mes): osteologia, <strong>registros</strong> fósseis e antiga distribuição geográfica. Revista<strong>dos</strong> na literatura e mesmo em campo. Não apenas nos referimos,Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia 15(3):427-432.nesse sentido, às “<strong>araras</strong>-pretas” ou “<strong>araras</strong>-azuis” men- Barros, Y. & Bianchi, C.A. (2008). Anodorhynchus leari Bonaparte, 1856. P.469-cionadas <strong>para</strong> o esta<strong>dos</strong> do Ceará e Paraíba (Rohan 1911 e 470, In: A.B.M.Machado, G.M.Drummond & A.P.Paglia (eds.). Livro vermelhoSobrinho 1962 apud Papávero & Teixeira 2001) que po<strong>de</strong>riam,da fauna brasileira ameaçada <strong>de</strong> extinção. Brasília, Ministério do Meioembora sem nenhuma certeza, ser atribuídas simples e inad-Ambiente. Publicações MMA n°19.vertidamente a A. leari, apenas por ela se tratar do elemento Bencke, G.A., Fontana, C.S., Dias, R.A., Maurício, G.N. & Mähler-Jr., J.K.F.“nor<strong>de</strong>stino” do grupo.(2003). Aves. p.189-479, In: C.S.Fontana, G.A.Bencke & R.E.Reis (eds.).Livro vermelho da fauna ameaçada <strong>de</strong> extinção no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. PortoIncluimos na racionália a recente avaliação <strong>de</strong> fragmentos ósse- Alegre, Editora <strong>de</strong> PUCRS.os <strong>de</strong> integrantes do gênero Anodorhynchus provenientes <strong>de</strong> locaisBianchi, C.A. & Barros, Y. (2008). Anodorhynchus glaucus (Vieillot, 1816). P.465-inusita<strong>dos</strong> como a Lagoa Santa, perto <strong>de</strong> Belo Horizonte (Minas466, In: A.B.M.Machado, G.M.Drummond & A.P.Paglia (eds.). Livro verme-Gerais) e o Morro do Chapéu, no centro da Bahia (Alvarenga, lho da fauna brasileira ameaçada <strong>de</strong> extinção. Brasília, Ministério do Meio2007). Em virtu<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong> semelhança das estruturas osteológi- Ambiente. Publicações MMA n°19.Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010 - www.ao.com.br83
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