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Aves da Fazenda Santa Emília, Aquidauana, Mato Grosso do Sul.

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AVES DA FAZENDASANTA EMÍLIA, AQUIDAUANA,MATO GROSSO DO SULISSN 1981-88749 7 7 1 9 8 1 8 8 7 0 0 3 0 0 1 4 3Maria Antonietta C. Pivatto², Reginal<strong>do</strong> José Donatelli³e Daniel De Granville Manço¹IntroduçãoO Pantanal constitui a maior planícieinundável de água <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, com altitudesque variam de 80 a 150 m acima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar,circun<strong>da</strong><strong>da</strong> por planaltos escarpa<strong>do</strong>s, os quaispodem atingir mais de 700 m de altitude. Fazfronteira norte e leste com o Planalto central <strong>do</strong>Brasil e estende-se até a região sul <strong>da</strong> Bolívia(Dubs, 1992). A porção brasileira apresenta2aproxima<strong>da</strong>mente 140.000 km de áreapotencialmente inundável, situa<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong>rio Paraguai (Boggiani e Coimbra, 1996).Segun<strong>do</strong> Rizzini et al. (1988), é uma regiãorelativamente recente e instável sob o ponto devista geológico, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por umamistura complexa de comuni<strong>da</strong>des de plantas eanimais de vários ecossistemas. Ain<strong>da</strong> segun<strong>do</strong>este autor, podem ser defini<strong>da</strong>s duas estaçõesclimáticas: a chuvosa, que ocorre geralmente deoutubro a março e a de seca, entre abril esetembro.As informações sobre a flora <strong>do</strong>Pantanal são muito generalistas, com poucos<strong>da</strong><strong>do</strong>s específicos, basea<strong>do</strong>s em visitas à regiãopor naturalistas (Sucks<strong>do</strong>rff, 1984). Por outrola<strong>do</strong>, as informações mais gerais envolven<strong>do</strong> oPantanal como um to<strong>do</strong>, são descritas em termosde regiões fitogeográficas brasileiras onde esteecossistema está inseri<strong>do</strong> (Joly, 1970; Ferri,1974). Rizzini (1963, 1979) descreveu o“complexo <strong>do</strong> Pantanal” como uma <strong>da</strong>s dezuni<strong>da</strong>des fitogeográficas <strong>do</strong> Brasil comparticulari<strong>da</strong>des na composição florística; outrosautores estu<strong>da</strong>ram a composição florística emáreas restritas (Prance e Schaller, 1982).Segun<strong>do</strong> Pott e Pott (1994), sua vegetação écomposta por um mosaico com influências <strong>do</strong><strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Chaco, Cerra<strong>do</strong>, Amazônia e MataAtlântica, sen<strong>do</strong> que a alternância entre asestações seca e chuvosa contribui para a presençade uma varie<strong>da</strong>de de ambientes que recebemdenominações regionais como baías, vazantes,corixos, campos secos e alaga<strong>do</strong>s, cordilheiras,capões e matas ciliares. Esta varie<strong>da</strong>de deambientes permite a existência de umainteressante riqueza de avifauna.As aves estão muito bem registra<strong>da</strong>spor levantamentos científicos em determina<strong>da</strong>sregiões <strong>do</strong> Pantanal (Sick, 1997). Mitchell(1957) foi um <strong>do</strong>s pioneiros, segui<strong>do</strong> por Silva eOniki (1988 apud Tubelis e Tomas, 2003). Cintrae Yamashita (1990) descreveram hábitats,espécies e abundância de aves na porção nortepantaneira.Dubs (1992) apresentou um catálogode aves <strong>do</strong> Pantanal <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> emsua parte su<strong>do</strong>este. Mais recentemente, um perfilmais completo <strong>da</strong>s aves pantaneiras foipublica<strong>do</strong> por Tubelis e Tomas (2003), os quaisFigura 1. Aspecto geral <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>, com vista para a Pousa<strong>da</strong> Araraúna/IPPAN.Março de 2004. Foto: Daniel De Granvilleapresentaram uma lista de espécies de avesregistra<strong>da</strong>s neste complexo por meio de váriasfontes (literatura, pesquisa em coleçõesornitológicas nacionais e <strong>do</strong> exterior e registrosgerais de ornitólogos) e constataram que 463espécies já haviam si<strong>do</strong> registra<strong>da</strong>s para to<strong>do</strong> oPantanal. To<strong>da</strong>via, uma análise <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de,abundância e dinâmica destas aves em seusvários hábitats não foi ain<strong>da</strong> realiza<strong>da</strong>.Visan<strong>do</strong> ampliar o conhecimento <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de de aves <strong>da</strong> região sul <strong>do</strong> Pantanal,este trabalho apresenta as espécies registra<strong>da</strong>s naFazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>, localiza<strong>da</strong> no Pantanal deAqui<strong>da</strong>uana, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>. Trata-se delocal com pouca influência humana, tornan<strong>do</strong>-seassim uma área amostral relevante e umreferencial ímpar para pesquisa. Consideran<strong>do</strong>seque os únicos registros conheci<strong>do</strong>s para a áreaforam coleta<strong>do</strong>s por Trolle (2001), ampliar asinformações sobre a avifauna em uma área comessas características podem fun<strong>da</strong>mentar planosde manejo em outras áreas similares <strong>do</strong> Pantanal<strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, replican<strong>do</strong> as açõesderiva<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s esforços de Donatelli (2002, 2004)para a Fazen<strong>da</strong> Rio Negro, localiza<strong>da</strong> na mesmaregião.Área de estu<strong>do</strong>A Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong> é umaproprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> que apóia projetos deconservação, pesquisa e ecoturismo. Situa-se noEsta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, município deAqui<strong>da</strong>uana, nas margens <strong>do</strong> rio Correntoso,ooafluente <strong>do</strong> rio Negro (19 30'18” S - 55 36'44”W), a 150km <strong>da</strong> zona urbana <strong>da</strong>quele município.Possui 2.700 ha e mantém nesta área a Pousa<strong>da</strong>Araraúna e o Instituto de Pesquisas <strong>do</strong>Pantanal/IPPAN, vincula<strong>do</strong> à Uniderp,fomentan<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong>des de ecoturismo emconjunto com outras pousa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região.A região <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>abriga uma grande diversi<strong>da</strong>de de hábitatsaquáticos, de flora e de vi<strong>da</strong> selvagem ain<strong>da</strong>pouco explora<strong>da</strong>s cientificamente. Incluem-setambém diversas espécies <strong>da</strong> flora e <strong>da</strong> faunaameaça<strong>da</strong>s de extinção, como a arara-azul(Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus), o tamanduábandeira(Myrmecophaga tri<strong>da</strong>ctyla), o cervo<strong>do</strong>-Pantanal(Blastocerus dichotomus) e a onçapinta<strong>da</strong>(Panthera onca). Nas áreas adjacentes àfazen<strong>da</strong> existem outras proprie<strong>da</strong>des cujaeconomia está volta<strong>da</strong> à pecuária e são poucohabita<strong>da</strong>s por comuni<strong>da</strong>des humanas, porémcom alguma intervenção no ambiente.A região apresenta um mosaico dehábitats forma<strong>do</strong> por cordilheiras (cerradão),cerra<strong>do</strong>, matas de galeria nas margens <strong>do</strong> rioCorrentoso, campos extensos de gramíneas ediversos ambientes aquáticos que envolvem o¹tietta.pivatto@gmail.com - Instituto <strong>da</strong>s Águas <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Bo<strong>do</strong>quena,2R. Pilad Rebuá, 1348/2° piso - Bonito, MS 79290-000. Autorcorrespondente3rj<strong>do</strong>nat@fc.unesp.br - Unesp, campus de Bauru, Laboratório deVertebra<strong>do</strong>s, Depto. Ciências Biológicas.33Atuali<strong>da</strong>des Ornitológicas Nº 143 - Maio/Junho 2008 - www.ao.com.br


Figura 2. Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus. Foto: Daniel De Granvillepróprio rio Correntoso e as lagoas permanentes etemporárias (Figura 1). Ca<strong>da</strong> hábitat apresentauma particulari<strong>da</strong>de fisionômica refleti<strong>da</strong>diretamente na avifauna circun<strong>da</strong>nte.Méto<strong>do</strong>sO levantamento qualitativo foirealiza<strong>do</strong> em duas etapas distintas. Na primeira,executa<strong>da</strong> entre março e novembro de 2004,a<strong>do</strong>tou-se levantamento exaustivo, compon<strong>do</strong>uma lista cumulativa com <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s duranteas ativi<strong>da</strong>des turísticas desenvolvi<strong>da</strong>s naPousa<strong>da</strong> Araraúna, principalmente com base emsaí<strong>da</strong>s com observa<strong>do</strong>res de aves, porém semregistro de esforço amostral. Estes <strong>da</strong><strong>do</strong>scompuseram a lista inicial utiliza<strong>da</strong> na pousa<strong>da</strong>para as ativi<strong>da</strong>des turísticas, fican<strong>do</strong> disponívelpara os hóspedes. Entre 2005 e 2008 foramexecuta<strong>da</strong>s 15 expedições de coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>scom <strong>do</strong>ze dias ca<strong>da</strong> e com duração de 12h/dia.Totalizou-se 2.160 horas de esforço amostralqualitativo nesta etapa. O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> TransectoLinear (MTL) descrito por Bibby et al. (1993) foiaplica<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os hábitats, sujeitos ou não àinun<strong>da</strong>ção periódica.A captura com redes <strong>do</strong> tipo mist-netfoi efetua<strong>da</strong> apenas na segun<strong>da</strong> etapa visan<strong>do</strong>flagrar espécies complementares paraincrementar o conhecimento <strong>da</strong> composição e, atítulo de contribuição, as aves captura<strong>da</strong>s foramanilha<strong>da</strong>s, mas não coleta<strong>da</strong>s, para futuromonitoramento.A identificação <strong>da</strong>s espécies foi feitapelo reconhecimento in situ (binóculos elunetas), reconhecimento acústico e consultabibliográfica. Algumas espécies tiveram registrofotográfico e acústico. Para nomenclatura <strong>da</strong>sespécies foram a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s as normas estabeleci<strong>da</strong>spelo Comitê Brasileiro de RegistrosOrnitológicos (CBRO, 2007). Para os nomespopulares, foram prioriza<strong>do</strong>s os de uso localquan<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong>s.Resulta<strong>do</strong>sForam registra<strong>da</strong>s 273 espécies(Tabela 1), o que corresponde a 59% <strong>da</strong>s avesregistra<strong>da</strong>s para o Pantanal (Tubelis e Tomas,2003). Deste total, 48 espécies tiverami n d i v í d u o s a n i l h a d o s p a r a f u t u r oacompanhamento de sua distribuição nas áreasestu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.Consideran<strong>do</strong>-se os critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>spor Straube e Urben-Filho (2006) para o grau deconhecimento local <strong>da</strong>s espécies amostra<strong>da</strong>s e os<strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Donatelli (2002) para aFazen<strong>da</strong> Rio Negro (localiza<strong>da</strong> na mesmaregião), pode-se afirmar que avifauna <strong>da</strong>Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong> foi suficientementeamostra<strong>da</strong>, embora acredite-se que um esforçoamostral maior ao longo <strong>da</strong>s diferentes estaçõesclimáticas (Vasconcelos, 2006) possibilitaráconfirmar aquelas de identificação dúbia etambém acrescentar novas espécies à lista, vistoser o Pantanal uma área de ampla ocorrência deespécies paludícolas e migratórias, funcionan<strong>do</strong>como um corre<strong>do</strong>r de dispersão de espécies(Brown, 1986; Nunes e Tomas, 2004a).Em 5 de setembro de 2007 umindivíduo de Ramphastos tucanus foi observa<strong>do</strong>cruzan<strong>do</strong> o rio Correntoso às 16:50h próximo àbase <strong>do</strong>s barcos na Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>.To<strong>da</strong>via, não houve possibili<strong>da</strong>de de registrofotográfico ou captura. Estu<strong>do</strong>s posteriores irãoconfirmar a ocorrência desta espécie na região ouse trata de um vagante acidental.Nunes e Tomas (2004a) observaramgrande similari<strong>da</strong>de entre as espécies <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>e aquelas ocorrentes no Pantanal, o que pode serconfirma<strong>do</strong> neste inventário, destacan<strong>do</strong>-se aocorrência de duas espécies endêmicas deste<strong>do</strong>mínio (Silva 1997): Alipiopsitta xanthops eCyanocorax cristatellus, além de Neotrhaupisfasciata, que embora não seja endêmica desteambiente, possui distribuição quase queexclusiva aos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (F. C.Straube, com. pess., 2008). Entretanto, Agamiaagami (Ubaid e Donatelli, 2008), Eurypygahelias e Celeus flavus (Donatelli e Ubaid, prelo)indicam certa influência amazônica na região, oque deve ser trata<strong>do</strong> em artigo específicofuturamente.As variações sazonais e a grande ofertade ambientes favoráveis às aves tornam oPantanal extremamente importante para avesaquáticas (Sick, 1997) e como rota de migração(Antas, 1983, 1994; Cintra e Yamashita, 1990).Nunes e Tomas (2004b) registraram 133 espéciesmigratórias ocorrentes no Pantanal. Para aFazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>, foram identifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>isvisitantes meridionais (Pyrocephalus rubinus eMimus triurus), seis visitantes setentrionais(Pandion haliaetus, Pluvialis squatarola, Tringasolitaria, T. melanoleuca, T. flavipes e Calidrismelanotos) e 21 espécies que fazem migraçãodentro <strong>do</strong> próprio continente (migraçõesregionais, ver Tabela 1). A varie<strong>da</strong>de deambientes dentro e nas áreas adjacentes <strong>da</strong>Fazen<strong>da</strong> viabiliza o uso desta área por espéciesque fazem algum movimento migratório, o queevidencia a importância de sua conservação paramanter não apenas <strong>da</strong>s espécies residentes, mastambém as visitantes. Além disto, quatroespécies classifica<strong>da</strong>s como ameaça<strong>da</strong>s peloMMA (2003) e IUCN (2007) foram registra<strong>da</strong>sna Fazen<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong>:Rhea americana (NT – IUCN).Embora abun<strong>da</strong>nte no centro-oeste, a ema estáameaça<strong>da</strong> por per<strong>da</strong> de hábitat em outras regiões<strong>do</strong> Brasil como sul e sudeste.Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus (VU –MMA; EN – IUCN). Ave com hábitosespecializa<strong>do</strong>s e de beleza carismática (Figura2), a arara-azul-grande está sob ameaça <strong>do</strong>tráfico de animais silvestres, que captura filhotesdiretamente <strong>do</strong> ninho para abastecer o merca<strong>do</strong>internacional. Esforços têm si<strong>do</strong> feitos paracoibir o tráfico e também para aumentar osucesso reprodutivo (Guedes, 2004).Alipiopsitta xanthops (NT – IUCN).Espécie endêmica <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, é considera<strong>da</strong>ameaça<strong>da</strong> por sua reduzi<strong>da</strong> área de ocorrência epor ser muito visa<strong>da</strong> pelo tráfico de animaissilvestres.Coryphaspiza melanotis (VU – MMA;VU – IUCN). Espécie rara, está ameaça<strong>da</strong> pelaper<strong>da</strong> acelera<strong>da</strong> <strong>do</strong>s campos nativos brasileiros.Este é o terceiro registro desta espécie para <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, visto que Donatelli (2005) fezAtuali<strong>da</strong>des Ornitológicas Nº 143 - Maio/Junho 2008 - www.ao.com.br34


observação direta no Pantanal <strong>do</strong> Rio Negro ePivatto (2006) fez registro fotográfico na RPPNFazen<strong>da</strong> Cabeceira <strong>do</strong> Prata, município deJardim. Assim, recomen<strong>da</strong>-se cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s especiaispara sua conservação.Segun<strong>do</strong> Antas e Almei<strong>da</strong> (2003), apresença de aves de diversas espécies numadetermina<strong>da</strong> região é um importante indica<strong>do</strong>r<strong>do</strong>s níveis de biodiversi<strong>da</strong>de que aqueleambiente possui. A per<strong>da</strong> de hábitats e aacelera<strong>da</strong> interferência humana observa<strong>da</strong> noPantanal nos últimos anos (Harris et al., 2005) éuma grande ameaça à fauna (Sick, 1997; Pizo,2001), visto que os fragmentos restantes podemser pequenos demais para conter uma áreasuficientemente viável que garanta asobrevivência <strong>da</strong>s espécies originalmentepresentes na região (Ricklefs, 2003). Assim,recomen<strong>da</strong>-se que a Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>mantenha seu objetivo de conservação epesquisa científica <strong>do</strong> ambiente pantaneiro, além<strong>do</strong> fomento ao ecoturismo, especialmente oturismo de observação de aves. Segun<strong>do</strong>Figueire<strong>do</strong> (2003), a observação de aves é uma<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de ecoturismo que mais tem sedesenvolvi<strong>do</strong> atualmente, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maioressegmentos volta<strong>do</strong>s para a conservação. Aoincentivar ativi<strong>da</strong>des não conflitantes com aconservação, a proprie<strong>da</strong>de estará contribuin<strong>do</strong>para a manutenção <strong>do</strong> ambiente local econseqüente atrativo natural para o ecoturismo ea pesquisa científica.Os resulta<strong>do</strong>s preliminares destetrabalho mostram um perfil interessante <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de de aves existentes na Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong><strong>Emília</strong>. Assim, recomen<strong>da</strong>-se a continui<strong>da</strong>dedestes estu<strong>do</strong>s de forma a ampliar acaracterização deste ambiente sob o prismaornitológico, visto que, segun<strong>do</strong> Wege e Long(1995), são necessários mais estu<strong>do</strong>s sobre aornitofauna de <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>. EmboraPivatto et al. (2006) considerem que os estu<strong>do</strong>spara a avifauna pantaneira são mais freqüentes<strong>do</strong> que nas áreas de planalto, a dinâmica desteambiente e sua importância para a manutençãode espécies migratórias, paludícolas eameaça<strong>da</strong>s requerem a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>spesquisas, principalmente aquelas que forneçamferramentas para sua conservação.AgradecimentosÀ Uniderp, Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>,Pousa<strong>da</strong> Araraúna e Instituto de Pesquisas <strong>do</strong>Pantanal pelo apoio recebi<strong>do</strong> em campo. AoEarthwatch Institute e aos voluntários queparticiparam <strong>da</strong>s coletas de <strong>da</strong><strong>do</strong>s. A Fernan<strong>do</strong>Costa Straube por suas observações, críticas esugestões que muito enriqueceram o manuscrito.Referências BibliográficasAntas, P. T. Z. 1983. Migration of nearctic shorebirds(Charadrii<strong>da</strong>e and Scolopaci<strong>da</strong>e) in Brazil: flywaysand their different seasonal use. Wader study GroupBull. 39(1):52-56.Antas, P. T. Z. 1994. Migration and other movementsamong the lower Paraná River valley wetlands,Argentina, and the south Brazil/Pantanal wetlands.Bird Conserv.Intern. 4(2):181-190.Antas, P. T. Z. e Almei<strong>da</strong>, A. C. 2003. <strong>Aves</strong> comobioindica<strong>do</strong>ras de quali<strong>da</strong>de ambiental - aplicaçãoem áreas de plantio de eucalipto. Aracruz Celulose.Disponível em:


Tabela 1. <strong>Aves</strong> registra<strong>da</strong>s na Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Emília</strong>Lista <strong>da</strong>s espécies registra<strong>da</strong>s na Fazen<strong>da</strong> <strong>Santa</strong> Emilia (Aqui<strong>da</strong>uana, MS). E = endêmica <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (Silva 1995); Status: 1 = MMA (2003); 2 = IUCN (2007), sen<strong>do</strong>: NT (quase ameaça<strong>da</strong>), VU (vulnerável) e EN (em perigo).Migração: VS = visitante sazonal vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> continente. VN = visitante sazonal vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> hemisfério norte; MR = migração regional (Sick, 1997; MMA 2005). b = banding (anilha<strong>da</strong>s). Da<strong>do</strong>s de campo obti<strong>do</strong>s entre 2004 e 2008.Atuali<strong>da</strong>des Ornitológicas Nº 143 - Maio/Junho 2008 - www.ao.com.br36


37Atuali<strong>da</strong>des Ornitológicas Nº 143 - Maio/Junho 2008 - www.ao.com.br

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