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03 - Aves associadas a ambiente de veredas na Estação Ecológica ...

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<strong>Aves</strong> <strong>associadas</strong> a <strong>ambiente</strong> <strong>de</strong><strong>veredas</strong> <strong>na</strong> <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong>Túlio Dor<strong>na</strong>s& Marco Aurélio Crozariol1,2 3Com aproximadamente 2 milhões <strong>de</strong> km², o Cerrado é consi<strong>de</strong>ra-do o segundo maior bioma em extensão do Brasil (IBGE 2004).Acredita-se que 45% da área do Cerrado ainda se encontram condi-ções <strong>na</strong>tivas (Klink & Machado 2005, MMA 2007), contudo, estima-seque até 2<strong>03</strong>0, o bioma <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> existir se mantiverem astaxas atuais <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento (Machado et. al. 2004). Associado aeste cenário encontra-se uma alta diversida<strong>de</strong> florística e faunística,representada por inúmeros en<strong>de</strong>mismos, condições que atribu-em ao Cerrado o título <strong>de</strong> um dos 34 hotspots da biodiversida<strong>de</strong>mundial (Mittermeier et al. 2005).O Cerrado apresenta um total <strong>de</strong> 856 espécies <strong>de</strong> aves (Silva &Santos 2005), aproximadamente 47% das aves brasileiras (CBRO2011). Além <strong>de</strong> representar o grupo <strong>de</strong> vertebrado terrestre com maiordiversida<strong>de</strong> no bioma, o Cerrado teria algo entre 30 (Silva & Santos2005) e 33 espécies <strong>de</strong> aves endêmicas (Cavalcanti 1999).Entretanto a sua avifau<strong>na</strong> não é totalmente conhecida, principalmenteaquela encontrada <strong>na</strong> porção mais setentrio<strong>na</strong>l do bioma,on<strong>de</strong> está inserido o estado do Tocantins (Silva 1995, Dor<strong>na</strong>s 2009).ISSN 1981-88749 771981 8870<strong>03</strong> 0 0 1 6 7Serra Geral do Tocantins com novosregistros para a região e nota sobrepopulação local <strong>de</strong> Culicivora caudacutaUma das regiões mais representativas para conservação do Cerradono Brasil é a <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> Serra Geral do Tocantins(EESGT), uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> proteção integral comquase 720.000 ha localizada no leste do Tocantins e noroeste daBahia. A avifau<strong>na</strong> local foi recentemente inventariada, esforço querepresenta um expressivo aporte ao conhecimento ornitológicotocantinense e do Cerrado (Rego et al. 2011). A vegetação é carac-terizada pela presença <strong>de</strong> diferentes fisionomias, sendo as <strong>veredas</strong>uma das formações vegetais mais peculiares e representativas daEESGT. Com formato linear, as <strong>veredas</strong> ocorrem em solos hidromórficosao longo <strong>de</strong> estreitos cursos d’água e são formados poruma camada <strong>de</strong> vegetação rasteira, composta <strong>de</strong> espécies herbáce-as paludícolas mesclada a cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong> palmeiras <strong>de</strong> buritis (Mauritiaflexuosa) (Ribeiro & Walter 2008).As <strong>veredas</strong> contribuem <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>stacada para a heterogeneida<strong>de</strong>ambiental do Cerrado, refletindo <strong>na</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitatse nichos ecológicos singulares para as comunida<strong>de</strong>s faunísti-cas. Dentre as aves, o limpa-folha-do-buriti, Berlepschia rikeri, e oandorinhão-do-buriti, Tachornis squamata, são exemplos <strong>de</strong> espé-cies fortemente adaptadas a este <strong>ambiente</strong>, pois utilizam as folhasFigura 1. A. Limites da EESGT (linha amarela) com a localização <strong>de</strong> cada uma das <strong>veredas</strong> estudadas: 1-Ricopa; 2-COA; 3-Cascavel; 4-Dedo Cortado, 5-Eugênio;6-Brejão; 7-João Preto. Linha vermelha limite estadual entre Tocantins e Bahia. B. Fotografia da vereda Eugênio durante prospecção. Foto: Tulio Dor<strong>na</strong>s.54Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br


Tyrannus albogularisTachornis squamataThraupis palmarumHerpsilochmus longirostrisRhynchotus rufescensAratinga acuticaudataPolioptila dumicolaElaenia flavogasterCantorchilus leucotisRamphocelus carboAmmodramus humeralisElaenia chiriquensisTurdus leucomelasMyiarchus swainsoniEmberizoi<strong>de</strong>s herbicolaBerlepschia rikeriSporophila angolensisGeothlypis aequinoctialisEupetome<strong>na</strong> macrouraCulicivora caudacutaCrypturellus parvirostrisPicumnus albosquamatusAntilophia galeataMelanopareia torquataPhacellodomus ruberHemitriccus striaticollisVireo olivaceusTroglodytes musculusColaptes campestrisCyclarhis gujanensisFigura 3. Abundância relativa segundo método <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> Mackinnon (Ribon 2010) para as 30 espéciescom maior número <strong>de</strong> contatos entre o total <strong>de</strong> listas elaboradas durante estudo <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> da EESGT.cies que não tinham registros assi<strong>na</strong>lados nessa compilação para o A curva <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> espécies não <strong>de</strong>monstrou tendência<strong>ambiente</strong> <strong>de</strong> vereda no Cerrado também foram evi<strong>de</strong>nciadas. A estabilizadora para o conjunto <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> amostradas, indicandonomenclatura ornitológica segue CBRO (2011) assim como o sta- que haveria um acréscimo <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> aves à medida que maistus migratório neártico ou austral das espécies. O grau <strong>de</strong> ameaça listas <strong>de</strong> 10 espécies fossem elaboradas (Figura 2). Essa condição é<strong>de</strong> extinção das aves segue classificação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (MMA 20<strong>03</strong>) e reforçada inclusive pelo estimador <strong>de</strong> riqueza CHAO 1 que prevêglobal (IUCN 2012), enquanto o status <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo para o bioma um total <strong>de</strong> 178 espécies <strong>de</strong> aves ocorrentes ao longo das <strong>veredas</strong>Cerrado está <strong>de</strong> acordo com Cavalcanti (1999) e Silva & Santos estudadas, ou seja, 22 espécies estariam ainda por ser registradas. A(2005). Espécies com maior notorieda<strong>de</strong> em relação à área <strong>de</strong> estu- não <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> espécies como Procnias averano ou Tyto alba, oudo foram mencio<strong>na</strong>das a parte.mesmo <strong>de</strong> outras espécies <strong>de</strong> ralí<strong>de</strong>os, todas já <strong>de</strong>tectadas em <strong>veredas</strong><strong>na</strong> EESGT (Rego et al. 2011) reforçam a existência <strong>de</strong> uma mai-Resultados e Discussãoor riqueza potencial <strong>de</strong> aves <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> estudadas.1. Composição, riqueza, abundância relativa, en<strong>de</strong>mismos e espé- O método <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> Mackinnon permite calcular a abundânciacies ameaçadasrelativa das espécies baseado <strong>na</strong> frequência <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> umaespécie no universo <strong>de</strong> listas <strong>de</strong> 10 espécies (Ribon 2010). De for-Durante o período <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> campo <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> da EESGT, ma ilustrativa, se tomado como exemplo a espécie Tangara palmaforamelaboradas 97 listas com 10 espécies cada (970 <strong>de</strong>tecções) o rum, sua abundância relativa foi <strong>de</strong> 25,8%, ou seja, a espécie foi lisquesomou um total <strong>de</strong> 156 espécies <strong>de</strong> aves. As famílias mais tada em 25,8% (25 listas) das 97 listas <strong>de</strong> 10 espécies elaboradasnumerosas foram Tyrannidae, com 29 espécies, e Thraupidae e Psit- em todas as <strong>veredas</strong> estudadas (Figura 3).tacidae, com 10 espécies cada (Apêndice 1). A riqueza <strong>de</strong> aves A<strong>na</strong>lisando as 30 espécies com maior abundância relativa verifiregistradassubestima a riqueza total <strong>de</strong> aves esperada para a ca-se que Tyrannus albogularis foi aquela com maior frequência,EESGT, já que são apontadas 254 espécies (Rego et al. 2011), das estando presente em 32% das listas. Esta espécie em particular équais inúmeras estão em <strong>ambiente</strong>s inexplorados durante o atual muito conspícua, tanto visual como auditivamente, tendo preferênestudo,entretanto o inventário realizado contribuiu com o registro cia por habitats próximos a corpos d’água (Sick 1997), como veri<strong>de</strong>19 novas espécies <strong>na</strong> região como por exemplo, Culicivora cau- ficado em campo, justificando sua ampla <strong>de</strong>tecção <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> estudacutae Catharus fuscescens (Apêndice 1). Portanto, a riqueza <strong>de</strong> dadas da EESGT. Em seguida aparecem Tachornis squamata, comaves total da EESGT passa a ser <strong>de</strong> 273 espécies. Por sua vez, <strong>de</strong>n- 27,8%, e Tangara palmarum, com 25,8%. Ambas as espécies apretreas sete <strong>veredas</strong> amostradas, aquela com maior riqueza foi Dedo sentam forte relação com buritizais. A primeira utiliza-se das bor-Cortado (84 espécies), seguida das <strong>veredas</strong> Brejão (80), Ricopa das das folhas em formato leque dos buritis para construírem seus(77), COA (74), Eugênio (73), Cascavel (72) e, por último, João ninhos e para dormitório (Sick 1997), já a segunda, embora muitoPreto (50) (Apêndice 1).generalista e <strong>de</strong> amplo nicho ecológico, tem forte associação com56Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br


Figura 4. A. Papa-moscas-do-campo, Culicivora caudacuta, espécie vulnerável <strong>de</strong> extinção, fotografado <strong>na</strong> vereda Dedo Cortado.Foto: Tulio Dor<strong>na</strong>s. B. Mapa <strong>de</strong> distribuição da espécie (polígono ver<strong>de</strong> segundo Ridgely & Tudor 2009), consi<strong>de</strong>rando os novos registros <strong>de</strong>positados noportal Wikiaves (Pontos ver<strong>de</strong>s). Ponto preto representa registros da espécie para o Parque Estadual do Jalapão (Pacheco & Silva e Silva 2002), RPPNMinehaha (Vivian Braz, com. pess) e região Jalapão Norte (Pacheco & Olmos 2010). Ponto em vermelho representa registros referentes à EESGT.palmeiras, inclusive com o buriti, on<strong>de</strong> além <strong>de</strong> buscar alimento, nível global (IUCN 2012), po<strong>de</strong>ndo o Jalapão ser a região consi<strong>de</strong>nidificae pernoita (Sick 1997, Sigrist 2006).rada, ao longo do bioma Cerrado, com as maiores abundâncias <strong>de</strong>s-Outra espécie ecologicamente relacio<strong>na</strong>da a buritis e bastante fre- sas espécies. Pacheco & Olmos (2010) relatam para as espéciesquente <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> estudadas foi Berlepschia rikeri (com 17,5%), supracitadas abundâncias variando entre 9 a 15 indivíduos paraconsi<strong>de</strong>rada um quase en<strong>de</strong>mismo <strong>de</strong> buritizais (Tubelis 2009). cada 10 horas <strong>de</strong> amostragem no Jalapão Norte. Já Culicivora cau-Merecem ainda <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>ntro das 30 espécies mais frequentes dacuta é consi<strong>de</strong>rada vulnerável <strong>de</strong> extinção em níveis <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l(Figura 3): Herpsilochmus longirostris, Antilophia galeata e Mela- (MMA 20<strong>03</strong>) e global (IUCN 2012), enquanto que Anodorhynchusnopareia torquata, endêmicas do bioma Cerrado, e Culicivora cau- hyacinthinus é classificada globalmente como em perigo (IUCNdacuta, vulnerável <strong>de</strong> extinção. 2012) e como vulnerável em nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (MMA 20<strong>03</strong>).No método <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> Mackinnon o que vale é o contato com a Com relação às espécies endêmicas do bioma Cerrado foramespécie e, <strong>de</strong>ste modo, é assi<strong>na</strong>lado um indivíduo a lista a cada <strong>de</strong>tectadas <strong>de</strong>z espécies das quais Herpsilochmus longirostris, Anti<strong>de</strong>tecção,mesmo que ele seja <strong>de</strong>tectado em um gran<strong>de</strong> bando da lophia galeata e Basileuterus leucophrys estão <strong>associadas</strong> às formaespécie.Desta forma a medida <strong>de</strong> abundância das espécies é relati- ções florestais tipicamente encontradas ao longo das <strong>veredas</strong>. Mesva,não exprimindo com exatidão aspectos populacio<strong>na</strong>is como ma condição foi percebida por Pacheco & Olmos (2010) e Rego et<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou mesmo tamanho populacio<strong>na</strong>l. O fato <strong>de</strong> uma espécie al. (2011), sendo essas espécies <strong>de</strong>finidas por Silva (1997) comoapresentar uma abundância relativa maior indica que a mesma é en<strong>de</strong>mismos associados as formações florestais do Cerrado. Asbastante frequente <strong>na</strong> área <strong>de</strong> estudo, e indiretamente, implica que a outras sete espécies, Melanopareia torquata, E. rufomargi<strong>na</strong>tus,mesma tenha uma população representativa, mas não necessaria- Cyanocorax cristatellus, Saltatricula atricollis, N. fasciata, Cyps<strong>na</strong>mentea mais populosa.gra hirundi<strong>na</strong>cea e C. eucosma, foram <strong>de</strong>tectadas junto aos cerradosA <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> Aratinga acuticaudata em campo foi sempre acom- limítrofes as <strong>veredas</strong> amostradas, algumas <strong>de</strong>las fazendo uso ocasiopanhada<strong>de</strong> <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s ou mesmo cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong> indivíduos e, em contra- <strong>na</strong>l da vegetação arbóreo-arbustiva das <strong>veredas</strong> (Apêndice 1). Apartida, os contatos com Tyrannus albogularis revelavam um ou essas espécies é atribuído o caráter <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos savânicos, pordois e em alguns casos, três indivíduos. Entretanto, a abundância estarem <strong>associadas</strong> a <strong>ambiente</strong>s campestres (Silva 1997). Cabe <strong>de</strong>srelativa<strong>de</strong> A. acuticaudata mostrou-se menor (23,7%) do que <strong>de</strong> T. tacar que C. cristatellus foi flagrada com relativa frequência <strong>na</strong>s verealbogularis(32,0%), porém em campo a população do referido psi- das estudadas, utilizando as matas <strong>de</strong> galeria e buritizais para forratací<strong>de</strong>oera nitidamente cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong> vezes maior. Esse abundante geio e/ou mesmo para o seu <strong>de</strong>slocamento ao longo da paisagem.contingente populacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> A. acuticaudata também é evi<strong>de</strong>nciado Quanto a migrantes <strong>de</strong> longa distância ou intercontinentais, foipelos inúmeros contatos realizados em diferentes pontos da EESGT <strong>de</strong>tectada uma única espécie: o migrante neártico Catharus fuscenporRego et al. (2011), bem como <strong>de</strong>stacado para os cerrados da cens. No período <strong>de</strong> inver<strong>na</strong>da essa espécie migra para a florestaregião do município <strong>de</strong> Lizarda, no chamado Jalapão Norte, cerca amazônica, alcançando o Panta<strong>na</strong>l (Rapolle et al. 1993, Sick 1997,<strong>de</strong> 150 km a norte do local <strong>de</strong> estudo (Pacheco & Olmos 2010). Ridgely & Tudor 2009). Registros extra-amazônicos mostram oDo total <strong>de</strong> 156 espécies <strong>de</strong> aves <strong>de</strong>tectadas, cinco <strong>de</strong>las se estabelecimento da espécie no Cerrado (Pinheiro 2004, Lopes et al.enquadram em alguma categoria <strong>de</strong> ameaça <strong>de</strong> extinção. As espéci- 2009) on<strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntra através das matas ciliares dos gran<strong>de</strong>s rios e dases Euscarthmus rufomargi<strong>na</strong>tus, Neothraupis fasciata e Charitos- matas <strong>de</strong> galerias dos afluentes (Sick 1997, Sigrist 2006). Nopiza eucosma são consi<strong>de</strong>radas quase ameaçadas <strong>de</strong> extinção em Tocantins, tem sua ocorrência confirmada para o rio Araguaia (Dor-Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br57


<strong>na</strong>s & Pinheiro 2011) e rio Tocantins (Pinheiro 2004). O registro da tradas duas subespécies no Brasil: A. a. acuticaudata, que ocorreespécie <strong>na</strong> EESGT ocorreu em mata ripária da vereda Dedo Corta- no Panta<strong>na</strong>l e oeste do Mato Grosso, e A. a. haemorrhous presentedo, quando um único indivíduo foi visualizado e <strong>de</strong>pois atraído por em parte do nor<strong>de</strong>ste brasileiro, alcançando a região leste doplayback. A presença da espécie <strong>na</strong> porção oeste da Serra Geral Tocantins (Blake & Traylor 1948, Van Perlo 2009). Na EESGT aatesta a bacia do rio Tocantins até altura <strong>de</strong> suas cabeceiras como espécie foi avistada em bandos <strong>de</strong> até cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong> indivíduos, emrota migratória <strong>de</strong>ste sabiá neártico.todas as <strong>veredas</strong> amostradas. Além <strong>de</strong> serem usados como fonte <strong>de</strong>Dentre os registros notáveis são apresentadas espécies que pos- alimento, os buritizais são utilizados como dormitório e locais <strong>de</strong>suem <strong>de</strong>stacada importância ecológica, conservacionista e/ou bio- nidificação. Devido ao padrão <strong>de</strong> distribuição disjunto entre asgeográfica, em especial Culicivora caudacuta. Ainda neste con- populações da espécie, futuros estudos <strong>de</strong> revisão taxonômicas dojunto se ressalta algumas espécies que possuem íntima associação gênero po<strong>de</strong>m implicar <strong>na</strong> separação <strong>de</strong>ssas raças geográficas, valibiológicacom <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> da EESGT, pois suas ocorrên- dando A. a. haemorrhous como espécie ple<strong>na</strong>. Uma vez confirmaciaspo<strong>de</strong>m apoiar importantes implicações sobre a integrida<strong>de</strong> e da tal suposição taxonômica, a EESGT, em nível estadual, tor<strong>na</strong>riasituação <strong>de</strong>ste ecossistema <strong>na</strong> EESGT. Estas espécies são:um importante reduto <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>ste novo táxon no Tocan-Spizaetus melanoleucus (gavião-pato): menor espécie dos gaviões tins, pois sua ocorrência está restrita a região do Jalapão.<strong>de</strong> pe<strong>na</strong>cho, é consi<strong>de</strong>rado um exímio caçador <strong>de</strong> aves (Willis 1988), Hydropsalis maculicauda (bacurau-<strong>de</strong>-rabo-maculado): outracapturando aves <strong>de</strong> bando como pombas e até mesmo aves aquáticas espécie com distribuição confusa e pontual ao longo <strong>de</strong> sua districomoPhalacrocorax brasilianus, o biguá (Sick 1997, Sigrist 2006). buição, que abrange quase toda a América do Sul, indo do MéxicoDe ampla distribuição pela America Lati<strong>na</strong> (Sick 1997), é consi<strong>de</strong>ra- até a Bolívia e Paraguai. No Brasil é encontrado principalmente noda rara (Gwynne et al. 2009). No Tocantins a espécie apresenta pou- norte, mas também em várias regiões do su<strong>de</strong>ste (Sick 1997, Sigristcos registros (Dor<strong>na</strong>s 2009). Na EESGT era conhecida <strong>de</strong> ape<strong>na</strong>s um 2006, Melo & Souza 2012). A espécie habita locais abertos e/ou alaregistro,<strong>na</strong> região do rio Galhão, nos limites fronteiriços entre os gados, sendo assim as <strong>veredas</strong> constituem o <strong>ambiente</strong> i<strong>de</strong>al para aestados da Bahia e do Tocantins (Rego et al. 2011). O segundo regis- espécie no Cerrado. Na EESGT a espécie foi encontrada em trêstro, portanto, é resultante da observação da espécie, um único indiví- <strong>veredas</strong>: Brejão, Cascavel e Eugênio. A ave vocaliza principalmenduo,pousado em buritizais <strong>na</strong> vereda Eugênio.te nos crepúsculos matutino e vespertino, períodos em que é maisAnodorhynchus hyacinthinus (arara-azul-gran<strong>de</strong>): maior Psitta- facilmente registrada. Os registros aqui apresentados refletem estacidae do mundo, é uma espécie consi<strong>de</strong>rada vulnerável <strong>de</strong> extinção condição, pois todos, exceto um, ocorreram por métodos auditivosem nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (MMA 20<strong>03</strong>) e em perigo em nível global nestes períodos crepusculares. Segundo registros <strong>de</strong> Melo & Souza(IUCN 2012). Apresenta três populações disjuntas, uma <strong>na</strong> Ama- (2012) a espécie parece vocalizar ape<strong>na</strong>s entre fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> agosto ezônia, outra no Brasil Central chamada Gerais (TO, MA, PI, BA, meio <strong>de</strong> novembro, o que po<strong>de</strong> explicar o presente contato com aGO) e, por fim, outra no Panta<strong>na</strong>l se esten<strong>de</strong>ndo até Bolívia e Para- espécie <strong>na</strong> EESGT em <strong>de</strong>trimento a ausência <strong>de</strong> registros da espécieguai (Sick 1997, Gue<strong>de</strong>s 2008, Barreiros & Gomes 2010). A <strong>de</strong>tec- no inventário apresentado por Rego et al. (2011), que realizaramção da espécie ocorreu em três diferentes <strong>veredas</strong>: Ricopa, COA e seus estudos no fi<strong>na</strong>l do mês <strong>de</strong> janeiro e início <strong>de</strong> fevereiro. A espé-Cascavel, em pares ou solitária. Rego et al. (2011) <strong>de</strong>screve o cie também não foi mencio<strong>na</strong>da para as <strong>veredas</strong> por Tubelis (2009).encontro da espécie em algumas localida<strong>de</strong>s da EESGT sempre aos Culicivora caudacuta (papa-moscas-do-campo) (Figura 4): conpares,assim como Pacheco & Olmos (2010) <strong>na</strong> região do Jalapão si<strong>de</strong>rada uma espécie vulnerável <strong>de</strong> extinção em níveis global eNorte, salvo em uma oportunida<strong>de</strong> quando avistaram 13 indivídu- <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, requer priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>vido ao rápido <strong>de</strong>clíosse alimentando <strong>de</strong> cocos <strong>de</strong> palmeiras acaules. T. Dor<strong>na</strong>s & cola- nio populacio<strong>na</strong>l causado pela contínua <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> seu hábitatboradores (submetido) compilaram os registros da espécie no esta- (Machado et al. 2005, IUCN 2012). Tipicamente campestre, habitado do Tocantins e <strong>de</strong>monstram que a população dos “Gerais” é pre- os cerrados com vegetação herbácea e graminói<strong>de</strong>, como tambémdomi<strong>na</strong>nte em <strong>de</strong>trimento a população Amazônica, sendo as cerrado com campos sujos, preferindo as áreas com solo menosregiões do Jalapão e EESGT abundantes em registros. exposto e locais com maior número <strong>de</strong> arbustos baixos (Sick 1997,Ara chloropterus (arara-vermelha-gran<strong>de</strong>): espécie gran<strong>de</strong> e mul- Sousa & Marini 2007, Kanegae et al. 2012). Sua ocorrência éticolorida, lembrando muito Ara macao cuja ocorrência po<strong>de</strong> se observada <strong>na</strong> porção central da América do Sul, sendo no Brasildar lado a lado no norte do país. Distribui-se do Pa<strong>na</strong>má e Colôm- ocorrente <strong>na</strong> região centro-sul do país (Sick 1997, Sigrist 2006, Ridbiaaté Venezuela e Guia<strong>na</strong>s <strong>de</strong>scendo ao sul até o norte da Argenti- gely & Tudor 2009) alcançando, contudo, regiões do nor<strong>de</strong>ste<strong>na</strong> (Collar 1997); no Brasil é relativamente frequente <strong>na</strong> Amazônia, (Albano 2011) e norte do Brasil (Olmos 2010) (ver Figura 4). Nosendo <strong>na</strong>s <strong>de</strong>mais regiões incomum (Sick 1997). Na EESGT foram Tocantins sua presença era confirmada para região da RPPN Minrealizadosvários contatos com essa espécie, tanto em voo como nehaha (Vivian Braz, com. pess.), P.E. Jalapão (Pacheco & Silva epousada. Nos vários contatos sempre eram avistados dois ou três Silva 2002) e buritizais <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Lizarda no Jalapão Norte (Pacasais,parecendo ser abundante e comum <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> e cerrados checo & Olmos 2010).<strong>de</strong> borda. Em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da ocasião <strong>na</strong> vereda Dedo Cortado foram Na EESGT ainda não havia sido <strong>de</strong>tectada (Rego et al. 2011).observados cerca <strong>de</strong> 20 indivíduos pousados em uma única árvore Registramos um total <strong>de</strong> 24 indivíduos mediante uso <strong>de</strong> playbackao lado da vereda. A relativa frequência <strong>de</strong> contatos <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> em seis <strong>veredas</strong> das sete estudadas (ausente ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> vereda Joãoamostradas, com até <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> indivíduos, diferem das situações Preto). Os registros ocorreram <strong>na</strong>s vegetações gramínoi<strong>de</strong><strong>de</strong>scritaspor Pacheco & Olmos (2010), que sugerem a espécie herbácea-arbustiva adjacentes as áreas <strong>de</strong> cerrado campo sujo oucomo rara <strong>na</strong> região do Jalapão em função do único casal avistado, campo limpo <strong>de</strong> borda sempre associado a terrenos úmidos oue <strong>de</strong> Rego et al. (2011) que somente apontam um único contato com pequenos alagados, <strong>de</strong>monstrando que a espécie possui relaçãoa espécie. Tantos contatos em poucos dias <strong>de</strong> amostragem po<strong>de</strong>m com os habitats presentes <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong>, ao menos <strong>na</strong> área estudada.presumir numa eventual preferência por habitats <strong>de</strong> cerrado próxi- Essa mesma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> habitat é fornecida para espécie ao lonmoa <strong>veredas</strong>. Tal presunção está condicio<strong>na</strong>da à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> go dos trechos estudados da região norte do Jalapão (Pacheco &estudos mais prolongados cujos resultados também po<strong>de</strong>rão mos- Olmos 2010). Entretanto, em cerrados da <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong>trar um panorama populacio<strong>na</strong>l da espécie.Águas Emendadas (EEAE), no Distrito Fe<strong>de</strong>ral, a espécie estavaAratinga acuticaudata (aratinga-<strong>de</strong>-testa-azul): psitací<strong>de</strong>o <strong>de</strong> associada sobretudo a cerrados campos limpo e sujo com eventuaisocorrência disjunta <strong>na</strong> América do Sul (Sigrist 2006), sendo encon- passagens por cerrados sensu strictu, sem menção a áreas <strong>de</strong> vere-58Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br


das ou campos gramínicos alagados (Sousa & Marini 2007). Na Cerrado Norte estaria legalmente protegida, sobremaneira, após a<strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> <strong>de</strong> Itirapi<strong>na</strong> (EEI), no interior <strong>de</strong> São Paulo, a criação das novas áreas protegidas propostas para a região norte doespécie foi predomi<strong>na</strong>ntemente observada em cerrados campo lim- Jalapão (Olmos 2007). Entretanto, a morosida<strong>de</strong> <strong>na</strong> criação <strong>de</strong>po e/ou sujo com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou ausentes da palmeira Attalea novas UCs no Cerrado aliado a expansão dos projetos <strong>de</strong> silviculturageraensis (Kanegae et al. 2012). Já a presença da espécie em áreas e plantio <strong>de</strong> grãos por todo Cerrado Norte, avançando, inclusive, sob<strong>de</strong> gramíneas alagadiças foi dada como eventual, sendo ausente em áreas previstas para criação <strong>de</strong>stas novas UCs, po<strong>de</strong>rá resultar emformações mais florestais do Cerrado como cerrado sensu strictu e uma perda <strong>de</strong> significativa parcela <strong>de</strong>sta população <strong>de</strong> C. caudacuta.cerradão (Kanegae et al. 2012).Tyrannopsis sulphurea (suiriri-<strong>de</strong>-garganta-rajada): esse tiraní-A distribuição dos 24 indivíduos <strong>de</strong>tectados <strong>na</strong> EESGT se <strong>de</strong>u da <strong>de</strong>o é fortemente associado aos buritizais, on<strong>de</strong> forrageia e reproseguinteforma: em uma das seis <strong>veredas</strong> (Dedo Cortado) encontra- duz e possui ampla distribuição pela Amazônia (Sick 1997, Sigristmos um indivíduo, em outra (Ricopa) um casal, e em outra (Casca- 2006). Recentemente tem sido <strong>de</strong>scoberta ao longo do Cerrado (Pivel)três casais, enquanto que em duas <strong>de</strong>las (COA, Brejão) encon- nheiro et al. 2008, Pacheco & Olmos 2010, Rego et al. 2011) alcantramosdois casais e em outra (Eugênio) quatro casais. Sousa e çando <strong>veredas</strong> em Mi<strong>na</strong>s Gerais (Pacheco et al. 2010). De ocorrên-Marini (2007) <strong>de</strong>screvem bandos variando entre 2 e 7 indivíduos cia ampla <strong>na</strong> EESGT, a espécie foi registrada <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> Ricopa,em cerrados da EEAE, no Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Kanegae et al. (2012) Brejão, Cascavel e Eugênio. Um casal foi observado construindo orelatam 61 <strong>de</strong>tecções em campo <strong>na</strong> EEI, sem <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> ninho em um buriti que estava <strong>na</strong>s margens da vereda.números <strong>de</strong> grupos ou indivíduos.Basileuterus leucophrys (pula-pula-<strong>de</strong>-sobrancelha): maiorAs <strong>veredas</strong> estudadas têm entre 15 e 20 km <strong>de</strong> extensão cada representante do gênero, consi<strong>de</strong>rada endêmica do bioma Cerradouma, tendo os registros apresentados sido efetuados em trechos <strong>de</strong> (Silva & Santos 2005). Típico em matas <strong>de</strong> galeria tem preferênci-2 a 4 km <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da vereda amostrada, <strong>de</strong>monstrando que as pelas partes alagáveis on<strong>de</strong> explora o sub-bosque a média e bairegistrosadicio<strong>na</strong>is da espécie eram esperados quanto maior fosse xa altura (Marini & Cavalcanti 1993), vocaliza um belo e melodiooesforço <strong>de</strong>spendido <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> estudadas. Se consi<strong>de</strong>rarmos que so canto (Sick 1997). Encontrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> São Paulo, passando peloa EESGT possui mais <strong>de</strong> 500 <strong>veredas</strong>, cujas características florísti- Mato Grosso, Bahia até o Tocantins, sempre interiorano aos limitescas e fitofisionômicas são semelhantes daqueles trechos amostra- do bioma Cerrado (Ridgely & Tudor 2009). Rego et al. (2011) apredos,é projetado, portanto, uma população <strong>de</strong> C. caudacuta nos limi- sentam inúmeros registros <strong>na</strong> EESGT, on<strong>de</strong> mencio<strong>na</strong>m ser bastesda EESGT bastante representativa.tante abundante, sempre associado as matas <strong>de</strong> galerias e <strong>veredas</strong>,Nenhum esforço foi realizado para se medir a área <strong>de</strong> vida ou situação também verificada ao longos das <strong>veredas</strong> exploradas noextensão territorial da espécie <strong>na</strong> EESGT. A extensão territorial presente estudo. A região do Jalapão e EESGT se <strong>de</strong>senha como<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da por Sousa & Marini (2007) foi <strong>de</strong> 17,5 ha sendo que a limite norte da distribuição geográfica <strong>de</strong>sta espécie.espécie tem em diferentes regiões do Cerrado predileção, sobretudo,por cerrados campo sujo e limpo (Sousa & Marini 2007, Kane- 2. Análise da avifau<strong>na</strong> da EESGT e avifau<strong>na</strong> <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> do biomaage et al. 2012). Desta forma, a vegetação graminoi<strong>de</strong>-herbácea- Cerrado (segundo Tubelis 2009)arbustiva adjacentes aos cerrados campos sujo e limpo da bordadas <strong>veredas</strong> <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas parte do território da espécie No que se refere à contribuição da EESGT ao conhecimento da<strong>na</strong> EESGT, não sendo assumido que C. caudacuta esteja estabele- avifau<strong>na</strong> em ecossistemas <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> no bioma Cerrado, percebecidaexclusivamente ao longo da vereda. Deste modo, é <strong>de</strong> esperar se que o levantamento realizado trouxe consi<strong>de</strong>rável acréscimo <strong>de</strong>que haja indivíduos da espécie <strong>na</strong>s formações <strong>de</strong> cerrado campo espécies a este tipo <strong>de</strong> fisionomia. Tubelis (2009) apresenta umsujo e limpo afastados das <strong>veredas</strong> criando uma expectativa ainda total <strong>de</strong> 261 espécies <strong>de</strong> aves presentes em <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> nomaior <strong>de</strong> estimativa populacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> EESGT.bioma, entretanto, nenhuma das espécies compiladas teve origemDe fato, uma estimativa populacio<strong>na</strong>l mais criteriosa com valores em registro efetivamente realizado nos limites do Cerrado tocantimaisprecisos <strong>de</strong>ve e merece ser calculado. Porém o contingente popu- nense. A escassez <strong>de</strong> uma maior cobertura geográfica <strong>na</strong> compilalacio<strong>na</strong>lprojetado associado com a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitat existen- ção <strong>de</strong> espécies, segundo o autor, se <strong>de</strong>ve a alguns fatores: à escaste<strong>na</strong> EEGST (com área total <strong>de</strong> 716.306 ha) confere a esta unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sez <strong>de</strong> estudos ornitológicos diretamente relacio<strong>na</strong>dos com vereconservaçãouma condição singular <strong>de</strong> importância no Brasil e no bio- das e o fato dos autores daqueles estudos existentes em regiões nãoma Cerrado para a conservação <strong>de</strong>ste tiraní<strong>de</strong>o ameaçado. Além dis- contempladas, embora <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância regio<strong>na</strong>l ao conheciso,os registros evi<strong>de</strong>nciados <strong>na</strong> EESGT e <strong>de</strong>mais regiões adjacentes mento das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aves, não <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>rem em suas listagensno Jalapão conferem positivas implicações ao status <strong>de</strong> conservação aqueles registros originários dos <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong>.da espécie, pois <strong>de</strong>monstram a existência <strong>de</strong> uma população expressi- O presente estudo <strong>na</strong> EESGT apontou que, <strong>de</strong>ntre as 156 espécivaao longo do Cerrado Norte, a qual nunca havia sido <strong>de</strong>stacada. es, 144 <strong>de</strong>las estariam <strong>associadas</strong> <strong>de</strong> alguma maneira às <strong>veredas</strong>,Embora a espécie não tenha sido registrada durante inventários das quais 27 nunca haviam sido mencio<strong>na</strong>das como ocorrentes nesornitológicosao longo das paisagens do Cerrado do Maranhão e te <strong>ambiente</strong> (Tubelis 2009) (Apêndice 1). É necessário salientarPiauí (Santos 2001, Hass et al. 2007), a ocorrência <strong>de</strong> Culicivora que 12 espécies (Cairi<strong>na</strong> moschata, Cathartes burrovianus,caudacuta foi verificada <strong>na</strong> região <strong>de</strong> Alto Par<strong>na</strong>íba, porção sul do Columbi<strong>na</strong> picui, Hydropsalis torquata, Chor<strong>de</strong>iles pusillus,Maranhão, confirmada por um espécime <strong>de</strong>positado <strong>na</strong> coleção do Cypseloi<strong>de</strong>s senex, Calliphlox amethysti<strong>na</strong>, Sy<strong>na</strong>llaxis albescens,Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG-43519). Este registro suge- Euscarthmus rufomargi<strong>na</strong>tus, Neothraupis fasciata, Cyps<strong>na</strong>grare a presença da espécie em outras UCs do Cerrado Norte como o hirundi<strong>na</strong>cea e Charitospiza eucosma) não foram registradas <strong>na</strong>sParque Nacio<strong>na</strong>l Nascentes do Rio Par<strong>na</strong>íba, tríplice fronteira <strong>veredas</strong>, mas <strong>na</strong>s vegetações <strong>de</strong> cerrados limítrofes ou <strong>de</strong> borda àsentre Maranhão, Piauí e Tocantins, bem como no Parque Nacio<strong>na</strong>l <strong>veredas</strong> ou, ainda, <strong>de</strong>tectadas sobrevoando as mesmas, sendoChapada das Mesas e Parque Estadual do Mirador, ambos no cen- excluídas das comparações com a listagem <strong>de</strong> Tubelis (2009).tro-sul do Maranhão.Deste modo, o total <strong>de</strong> aves presentes em <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong>Uma vez confirmada à ocorrência <strong>de</strong> C. caudacuta nestas locali- ao longo do bioma Cerrado compreen<strong>de</strong> 288 espécies. Consi<strong>de</strong>randa<strong>de</strong>s,cujos habitats <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> com campos <strong>de</strong> gramínea- do que no bioma são reconhecidas atualmente 856 espécies <strong>de</strong> avesherbáceo-arbustivo, campos sujos e limpos são abundantes, po<strong>de</strong>rá (Silva & Santos 2005), verifica-se a partir que 33,64% das aves doser admitido que essa gran<strong>de</strong> população da espécie inferida para o Cerrado estão relacio<strong>na</strong>das aos <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong>, um pequenoAtualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br59


aumento percentual comparado aos 30% calculado por Tubelis tas ativida<strong>de</strong>s antrópicas, principalmente o fogo, dando reflexos da(2009). Do mesmo modo, o cálculo percentual em escalas regio<strong>na</strong>- qualida<strong>de</strong> e integrida<strong>de</strong> ambiental das próprias <strong>veredas</strong> e, conseisinicialmente propostas em Tubelis (2009) ten<strong>de</strong>m a mudar. Para quentemente, da própria EESGT. Além da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoaEESGT, por exemplo, foi possível verificar que 52,74% <strong>de</strong> sua rar sazo<strong>na</strong>lmente a variação da composição e riqueza <strong>de</strong> espéciesavifau<strong>na</strong>, comparando com Rego et al. (2011), fazem uso dos ambi- <strong>de</strong> aves <strong>associadas</strong> às <strong>veredas</strong>, as observações em campo permitientes<strong>de</strong> <strong>veredas</strong>. Percentual bem acima dos 26% encontrado <strong>na</strong>s rão indicar algumas espécies como possíveis indicadoras da interegiõesdas Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental Serra <strong>de</strong> Tabatinga e Cha- grida<strong>de</strong> das <strong>veredas</strong>, sendo, portanto, altamente <strong>de</strong>sejável a execupadadas Mangabeiras, <strong>na</strong> tríplice fronteira entre os estados do ção <strong>de</strong> estudos com implicações populacio<strong>na</strong>is sobre as mesmas.Maranhão, Tocantins e Piauí (Santos 2001).Desta forma, espécies como Berlepschia rikeri, Tyrannopsis sulp-No quesito <strong>de</strong>pendência integral ou restrição total aos <strong>ambiente</strong>s hurea, Aratinga acuticaudata, Anodorhynchus hyacinthinus e Pha<strong>de</strong><strong>veredas</strong>, Tubelis (2009) <strong>de</strong>monstrou que nenhuma espécie com- cellodomus ruber seriam, inicialmente, candidatas ecologicamenpiladase enquadrava em tal <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção. A mesma condição po<strong>de</strong> te propensas a encabeçar estudos <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong>vido a suaser consi<strong>de</strong>rada para as 27 novas espécies apontadas aqui utilitárias reconhecida relação com os <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> (Sick 1997,<strong>de</strong> <strong>ambiente</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> a partir dos levantamentos realizados <strong>na</strong> Sigrist 2006, Tubelis 2009), o que inclusive foi corroborado ao lon-EESGT. Todas apresentam associação, em maior ou menor escala, go do estudo <strong>na</strong>s <strong>veredas</strong> prospectadas <strong>na</strong> EESGT.a outros habitats, utilizando as <strong>veredas</strong> parcialmente no preenchi- Por fim, consi<strong>de</strong>rando o contínuo bloco <strong>de</strong> Cerrado <strong>de</strong> quase doismento <strong>de</strong> seus nichos ecológicos (Sick 1997, Sigrist 2006, Ridgely milhões <strong>de</strong> hectares protegidos por um mosaico <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> con-& Tudor 2009, Grantsau 2010).servação do leste do Tocantins e a existência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s remanes-Por outro lado, o número <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos do bioma Cerrado asso- centes do bioma em outras partes do estado com representativasciado a <strong>veredas</strong> sofreu incremento <strong>de</strong> duas novas espécies: Mela- extensões <strong>de</strong> <strong>veredas</strong>, novos registros associados a esse tipo <strong>de</strong>nopareia torquata e Basileuterus leucophrys. A primeira está mais <strong>ambiente</strong> para o bioma serão fortuitamente inevitáveis. Do mesmoassociada à <strong>ambiente</strong>s abertos como cerrado sensu strictu e campo modo, novos estudos ornitológicos ao longo dos rincões da EESGTsujo, sendo ocasio<strong>na</strong>lmente encontrada nos campos gramínicos ten<strong>de</strong>rão a incrementar a riqueza <strong>de</strong> aves <strong>de</strong>sta singular unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>das <strong>veredas</strong>, on<strong>de</strong> há uma maior concentração <strong>de</strong> arbustos, como conservação, legitimando cada vez mais sua importância para a preobservado<strong>na</strong> vereda Dedo Cortado. A segunda é consi<strong>de</strong>rada um servação <strong>de</strong> importante biodiversida<strong>de</strong> do bioma Cerrado.en<strong>de</strong>mismo associado a formações florestais (Silva 1997), principalmentematas <strong>de</strong> galerias ou matas inundáveis (Marini & Caval- Consi<strong>de</strong>rações Fi<strong>na</strong>iscanti 1993), e foi encontrada no presente estudo constantemente Os resultados e discussões apresentados neste estudo ao longo <strong>de</strong><strong>na</strong>s matas <strong>associadas</strong> aos buritizais das <strong>veredas</strong>, condição igual- um conjunto <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> da EESGT, embora realizado em período <strong>de</strong>mente relatada por Rego et al. (2011). A visualização <strong>de</strong> Charitopi- tempo relativamente curto, <strong>de</strong>monstrou uma série <strong>de</strong> novas inforzaeucosma e Neothraupis fasciata em árvores do cerrado sensu mações sobre aspectos ligados ao conhecimento da biodiversida<strong>de</strong>strictu limite as formações gramínicas das <strong>veredas</strong> apóiam a idéia <strong>de</strong>sta importante UC do bioma Cerrado no Brasil. A<strong>de</strong>mais, e se faz<strong>de</strong> que estas espécies possam se <strong>de</strong>slocar para as <strong>veredas</strong>, on<strong>de</strong> necessário mencio<strong>na</strong>r, que o conhecimento gerado tem importanteseventualmente obtenham algum recurso alimentar e/ou reproduti- consequências para o melhor entendimento da ornitologia tocantivodisponíveis. Caso isso seja confirmado, ambas passam a listar o nense, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e do bioma Cerrado como um todo. Deste modo enuquadro<strong>de</strong> aves endêmicas do Cerrado presentes em <strong>veredas</strong>. meramos importantes pontos conclu<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ste estudo:Tubelis (2009) cita que as <strong>veredas</strong> exercem importantes papéis 1. A parte dos trabalhos relacio<strong>na</strong>dos ao inventário da avifau<strong>na</strong> dasecológicos, mencio<strong>na</strong>ndo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a manutenção <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>veredas</strong> representou importante oportunida<strong>de</strong> no preenchimentoaves, atuando como habitat adicio<strong>na</strong>l para parte significativa das do conhecimento ornitológico do estado do Tocantins, pois culmidiferentespopulações <strong>de</strong> aves do Cerrado, até a manutenção <strong>de</strong> cor- nou em um consi<strong>de</strong>rável acréscimo <strong>de</strong> espécies a listagem <strong>de</strong> avespos e cursos d´água, favorecendo o abastecimento <strong>de</strong> <strong>na</strong>scentes e, anteriormente conhecida para EESGT;por fim, sua beleza cênica serve como fator <strong>de</strong> contemplação e atra- 2. Foi i<strong>de</strong>ntificada uma expressiva população <strong>de</strong> uma espécie contivoturismo. Em contrapartida Tubelis (2009) também se refere as si<strong>de</strong>rada vulnerável a extinção, o papa-moscas-do-campo, Culici<strong>veredas</strong>como alvos <strong>de</strong> diferentes ativida<strong>de</strong>s antrópicas, que vão vora caudacuta. A partir dos registros estabelecidos, importantes<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a exploração indiscrimi<strong>na</strong>da <strong>de</strong> suas espécies vegetais, como implicações sobre a ocorrência da espécie ao longo do Cerrado Norutilização<strong>de</strong> suas gramíneas para pastagens pecuárias extensivas e, te foram inferidas, que no futuro caso confirmadas, po<strong>de</strong> ren<strong>de</strong>rainda mais trágico, como alvos <strong>de</strong> incêndios florestais constantes. substancial melhora ao status <strong>de</strong> conservação da espécie. Além dis-Na EESGT a ação do fogo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada o principal fator so, <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> aves ameaçadas e endêmicas do Cerradoantrópico <strong>de</strong> ameaça à integrida<strong>de</strong> e conservação das <strong>veredas</strong>. Atea- foram registradas nos limites da EESGT;do <strong>de</strong> forma criminosa, atribui-se as queimadas <strong>na</strong> região à renova- 3. As <strong>veredas</strong> da EESGT abrigam importante diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aves,ção do capim-dourado (Syngo<strong>na</strong>nthus nitens), espécie <strong>de</strong> Poaceae sendo que parte <strong>de</strong>las ainda era <strong>de</strong>sconhecida para este habitat. Aconsi<strong>de</strong>rada principal matéria-prima do <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente reconheci- partir dos resultados obtidos é notória a real possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exisdoartesa<strong>na</strong>to regio<strong>na</strong>l. Além disso, proprietários fronteiriços a UC tência <strong>de</strong> inúmeras outras espécies <strong>de</strong> aves nos ecossistemas <strong>de</strong>ateiam fogo para renovação das pastagens <strong>na</strong>tivas e exóticas <strong>de</strong> <strong>veredas</strong>, uma vez que gran<strong>de</strong>s áreas ao longo do Cerrado nuncasuas proprieda<strong>de</strong>s, sendo impossível qualquer controle bem suce- foram estudadas, condição que consequentemente reforçará odido no intuito <strong>de</strong> se evitar a entrada <strong>de</strong>stas queimadas para os limi- importante papel ecológico e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>states da EESGT. Todas as <strong>veredas</strong> estudadas neste trabalho foram em singular fisionomia, endêmica <strong>de</strong> nosso país.algum momento, nos últimos cinco anos, alvo da ação <strong>de</strong> queimadase incêndios, bem como cente<strong>na</strong>s <strong>de</strong> outras <strong>veredas</strong> espalhadas Agra<strong>de</strong>cimentos:no interior da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação.Os autores são gratos à Lara Gomes Cortes, bióloga e servidoraUma vez reconhecido que mais da meta<strong>de</strong> da avifau<strong>na</strong> da da EESGT e a toda gerência e corpo <strong>de</strong> funcionários <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>EESGT utiliza-se das <strong>veredas</strong>, estudos <strong>de</strong> longa duração preocupa- <strong>de</strong> conservação, assim como ao Instituto Chico Men<strong>de</strong>s da Biodidoscom o monitoramento <strong>de</strong>stes <strong>ambiente</strong>s <strong>na</strong> EESGT po<strong>de</strong>m versida<strong>de</strong> (ICMBio) por oportunizarem este estudo e todas as conrefletircomo as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aves estão respon<strong>de</strong>ndo a ação <strong>de</strong>s- dições para execução dos trabalhos <strong>de</strong> campo.60Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br


Espécies (nome científico) Espécie (nome comum) Habitat 1 2 3 4 5 6 7Ara chloropterus Gray, 1859arara-vermelha-gran<strong>de</strong>mr, b,cb, sbv v, g v, g 4.12 X XOrthopsittaca manilata (Boddaert, 1783) maracanã-do-buriti mr, b, sb v, a v, a v, a v, a v, a 7.22 X XAratinga acuticaudata (Vieillot, 1818) aratinga-<strong>de</strong>-testa-azul mr, b, sb v, av, a, v, a,f, g gv, a v v v, a 23.71 X XAratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) periquitão-maracanã sbgv v, a v v, a 8.25 X XAratinga aurea (Gmelin, 1788) periquito-rei mr, b, sb v v 1.<strong>03</strong> X XBrotogeris chiriri (Vieillot, 1818)periquito-<strong>de</strong>-encontroamarelomr, b v, a v, a 2.06 X XAmazo<strong>na</strong> amazonica (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) curica mr, b, sb a 2.06 X XAmazo<strong>na</strong> aestiva (Lin<strong>na</strong>eus, 1758) papagaio-verda<strong>de</strong>iro mr, b, sb a a, g a 3.09 X XCuculidae Leach, 1820Piaya caya<strong>na</strong> (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) alma-<strong>de</strong>-gato mr, b v, a v 2.06 X XCrotophaga ani Lin<strong>na</strong>eus, 1758 anu-preto b, g, cb v, a v v v v 8.25 X XTapera <strong>na</strong>evia (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) saci b, mr, cb v, a a a, g 3.09 X XStrigidae Leach, 1820Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato mr, cb a a a 4.12 X XGlaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) caburémr, cb v, a a 1.<strong>03</strong> X XAthene cunicularia (Moli<strong>na</strong>, 1782) coruja-buraqueira g, cb v, f 1.<strong>03</strong> X XNyctibiidae Chenu & Des Murs, 1851Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) mãe-da-lua mr, cb a 1.<strong>03</strong> X XCaprimulgidae Vigors, 1825Hydropsalis parvula (Gould, 1837) bacurau-chintã cb a a v 4.12 XHydropsalis maculicauda (Lawrence, 1862)bacurau-<strong>de</strong>-rabomaculadob, g, cb a a a, g 3.09Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) bacurau-tesoura cb v, f v 3.09 XChor<strong>de</strong>iles pusillus Gould, 1861 bacurauzinho sb a a a 3.09 XApodidae Olphe-Galliard, 1887Cypseloi<strong>de</strong>s senex (Temminck, 1826) taperuçu-velho sb v 1.<strong>03</strong>Tachornis squamata (Cassin, 1853) tesourinha b, sb v v v v v v v 27.84 X XTrochilidae Vigors, 1825Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) rabo-branco-acanelado mr v v v a, g v 6.19 X XEupetome<strong>na</strong> macroura (Gmelin, 1788)beija-flor-tesouramr, b, g,cbv v v v v v 14.43 X XThalurania furcata (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura-ver<strong>de</strong> mr, b v v v v 6.19 X XHeliactin bilophus (Temminck, 1820) chifre-<strong>de</strong>-ouro g, cb v v v v v 7.22 X XCalliphlox amethysti<strong>na</strong> (Boddaert, 1783) estrelinha-ametista cb v 1.<strong>03</strong>Alcedinidae Rafinesque, 1815Megaceryle torquata (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) martim-pescador-gran<strong>de</strong> sb v 1.<strong>03</strong> XMomotidae Gray, 1840Momotus momota (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) udu-<strong>de</strong>-coroa-azul mr v, a 1.<strong>03</strong> XGalbulidae Vigors, 1825Galbula ruficauda Cuvier, 1816 ariramba-<strong>de</strong>-cauda-ruiva mr, b, g v, a v v 9.28 X XBucconidae Horsfield, 1821Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) joão-bobo cb a a a 3.09 X XChelidoptera tenebrosa (Pallas, 1782) urubuzinho mr v v 3.09Ramphastidae Vigors, 1825Ramphastos toco Statius Muller, 1776 tucanuçu mr, b, sb v, a v 2.06 X XRamphastos vitellinus Lichtenstein, 1823 tucano-<strong>de</strong>-bico-preto mr, b v, a v 1.<strong>03</strong>Picidae Leach, 1820Picumnus albosquamatus d'Orbigny, 1840 pica-pau-anão-escamado mr, b, cb v, a v, a v, g a a 13.40 XMelanerpes candidus (Otto, 1796) birro, pica-pau-branco mr, b, cb v, a v, a a v, a v 8.25 X XColaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-ver<strong>de</strong>-barrado mr, b v 1.<strong>03</strong> X XColaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo g, cb, sb v, a v, a v, a v, a v, a 11.34 X XCeleus flavescens (Gmelin, 1788)pica-pau-<strong>de</strong>-cabeçaamarelamr, b v, a v, a 6.19 X XDryocopus lineatus (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) pica-pau-<strong>de</strong>-banda-branca mr v, a v v 3.09 X XCampephilus melanoleucos (Gmelin, 1788)pica-pau-<strong>de</strong>-topetevermelhomr, b v, a v v, a v 4.12 X XMelanopareiidae Irestedt, Fjeldså, Johansson& Ericson, 2002Melanopareia torquata (Wied, 1831) tapaculo-<strong>de</strong>-colarinho g, cb v, a a a a a a 12.37 X EnCThamnophilidae Swainson, 1824Thamnophilus torquatus Swainson, 1825 choca-<strong>de</strong>-asa-vermelha cb v, a a 2.06 X XHerpsilochmus longirostris Pelzeln, 1868chorozinho-<strong>de</strong>-bicocompridog gv, a, v, a,mr v, av, a v a a 24.74 X X EnCFormicivora rufa (Wied, 1831) papa-formiga-vermelho g, cb v v v, a v v, a 10.31 X Xv, a,Ab/rel(%)Regoet al.2011Tubelis2009En<strong>de</strong>mismo,Status <strong>de</strong>Extinção eMigraçãoAtualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br63


Espécies (nome científico) Espécie (nome comum)HabitatElaenia flavogaster (Thunberg, 1822)Elaenia cristata Pelzeln, 1868Dendrocolaptidae Gray, 1840Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) arapaçu-ver<strong>de</strong> mr v, a 2.06 X XDendroplex picus (Gmelin, 1788) arapaçu-<strong>de</strong>-bico-branco mr, b v, a v, a v, a v, a v, a 8.25 XLepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) arapaçu-<strong>de</strong>-cerrado mr, g, cb v, a v, a v, a v, a a a 10.31 X XFur<strong>na</strong>riidae Gray, 1840Sy<strong>na</strong>llaxis albescens Temminck, 1823 uí-pi cb v, a a, g v, a a a 9.28 XPhacellodomus ruber (Vieillot, 1817) graveteiro mr, b, g v, a v, g v, a v v 12.37 X XBerlepschia rikeri (Ridgway, 1886) limpa-folha-do-buriti mr, b v, a v, a a, g a a a 17.53 X XXenops rutilans Temminck, 1821 bico-virado-carijó mr, b v, g 1.<strong>03</strong>Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 cabeçudo mr v 1.<strong>03</strong> X XHemitriccus striaticollis (Lafres<strong>na</strong>ye, 1853) sebinho-rajado-amarelo mr, b v, a a a v, a 12.37 XTodirostrum cinereum (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) ferreirinho-relógio mr, b v, a v v v, a 10.31 X XTolmomyias sulphurescens (Spix, 1825)bico-chato-<strong>de</strong>-orelhapretamr a 2.06Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo mr, cb v, a a 2.06 XTyrannidae Vigors, 1825Myiopagis gaimardii (d'Orbigny, 1839) maria-pechim mr, b, cb a a 2.06 Xguaracava-<strong>de</strong>-barrigaamarelaguaracava-<strong>de</strong>-topeteuniformemr, b, g,cb1234567Ab/rel(%)Regoet al.2011Tubelis2009v, a a a a, g a a, g a 21.65 X Xg, cb a a a 4.12 XEn<strong>de</strong>mismo,Status <strong>de</strong>Extinção eMigraçãomr, b, g,Elaenia chiriquensis Lawrence, 1865chibuma a a a a a 19.59 Xcbmr, b, g,Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824)risadinhaa v, a a a a a 8.25 X XcbSuiriri suiriri (Vieillot, 1818) suiriri-cinzento cb v, a v v 3.09 X XEuscarthmus meloryphus Wied, 1831 barulhento b, cb v, a v, a 2.06 Xv, a, v, a,Euscarthmus rufomargi<strong>na</strong>tus (Pelzeln, 1868) maria-corruíra cbv, a a 7.22 X EnC / NT 2ggv, a,Sublegatus mo<strong>de</strong>stus (Wied, 1831) guaracava-mo<strong>de</strong>sta cbv 1.<strong>03</strong> X XgCulicivora caudacuta (Vieillot, 1818) papa-moscas-do-campo g, cbv, a v, a 14.43 VU 1, 2Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) filipe mr, b, g v, a v, a a a 5.15 X XLathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) enferrujado mr, g v 1.<strong>03</strong> XXolmis cinereus (Vieillot, 1816) primavera g, cb v, f v v v v 5.15 X XXolmis velatus (Lichtenstein, 1823) noivinha-branca g, cb v, f 1.<strong>03</strong> Xv, a, v, a, v, a, v, a,g, f f g gmr, b, g,Legatus leucophaius (Vieillot, 1818)bem-te-vi-piratav, a v v 5.15 Xcbmr, b, g,Pitangus sulphuratus (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)bem-te-viv, a v v v v, a 6.19 X XcbPhilohydor lictor (Lichtenstein, 1823) bentevizinho-do-brejo mr, b v, a 1.<strong>03</strong> Xmr, b, g,Megarynchus pitangua (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)neineiv, a v a a v, a 8.25 X Xcbv, a, v, a,Tyrannopsis sulphurea (Spix, 1825) suiriri-<strong>de</strong>-garganta-rajada mr, b v, a a, g5.15 Xg f, gEmpidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica mr, b, cb v 1.<strong>03</strong> XTyrannus albogularis Burmeister, 1856 suiriri-<strong>de</strong>-garganta-branca mr, b v v v, a, v v v 31.96 X Xgmr, b, g,Tyrannus sava<strong>na</strong> Vieillot, 1808tesourinhav v v v v v 6.19 X Xcb, sbMyiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 irré mr, b, cb a a a a a a, g a 18.56 XMyiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira mr, b, cb a a 3.09 X XPipridae Rafinesque, 1815Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823) soldadinho mr, b v, a v, a v, a v, a a 13.40 X X EnCVireonidae Swainson, 1837mr, b, g,Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)pitiguariv, a v, a v, a v, a 11.34 X Xcbmr, b, g,Vireo olivaceus (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)juruviarav, a v, a v, a v 12.37 X Xcb64Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br


Espécies (nome científico) Espécie (nome comum)HabitatCorvidae Leach, 1820Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823)gralha-do-campomr, b, g,cbv, a v, a v, a 4.12 X X EnCHirundinidae Rafinesque, 1815Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora cb, sb v v 2.06 X XTroglodytidae Swainson, 1831Troglodytes musculus Naumann, 1823corruíramr, b, g,cbv, a v v, a v, a v, a 12.37 X XCantorchilus leucotis (Lafres<strong>na</strong>ye, 1845)Polioptilidae Baird, 1858Polioptila dumicola (Vieillot, 1817)garrinchão-<strong>de</strong>-barrigavermelhabalança-rabo-<strong>de</strong>-máscaramr, bmr, b, g,cb1234567Ab/rel(%)Regoet al.2011Tubelis2009En<strong>de</strong>mismo,Status <strong>de</strong>Extinção eMigraçãoTurdidae Rafinesque, 1815Catharus fuscescens (Stephens, 1817) sabiá-norte-americano mr v 1.<strong>03</strong> VNTurdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco mr, b, cb v, a v, a v, a v v, a v v 19.59 X XTurdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca mr v 1.<strong>03</strong> X XMimidae Bo<strong>na</strong>parte, 1853Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo b, cb v 1.<strong>03</strong> X XCoerebidae d'Orbigny & Lafres<strong>na</strong>ye, 1838Coereba flaveola (Lin<strong>na</strong>eus, 1758) cambacica mr, b, cb v v, a 3.09 X XThraupidae Cabanis, 1847Saltatricula atricollis (Vieillot, 1817) bico-<strong>de</strong>-pimenta g, cb v, a v, a a 3.09 X X EnCNeothraupis fasciata (Lichtenstein, 1823) cigarra-do-campo cb v, f 1.<strong>03</strong> X EnC / NT 2Thlypopsis sordida (d'Orbigny & Lafres<strong>na</strong>ye,1837)saí-canário mr, cb v 1.<strong>03</strong> XCyps<strong>na</strong>gra hirundi<strong>na</strong>cea (Lesson, 1831) bandoleta cb v, a v, a v, a a v 7.22 X EnCRamphocelus carbo (Pallas, 1764)pipira-vermelhamr, b, g,cbv v, a v v v v v 20.62 X XTangara sayaca (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)sanhaçu-cinzentomr, b, g,cbv v 2.06 X XTangara palmarum (Wied, 1823)sanhaçu-do-coqueiromr, b, g,cbv v v v v v v 25.77 X XTangara caya<strong>na</strong> (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)saíra-amarelamr, b, g,cbv v 4.12 X XDacnis caya<strong>na</strong> (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)saí-azulmr, b, g,cbv v 3.09 X XHemithraupis guira (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)saíra-<strong>de</strong>-papo-pretomr, b, g,cbv 1.<strong>03</strong> X XEmberizidae Vigors, 1825Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico b, g v 2.06 X XAmmodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo b, g, cb v, a v, a a a a a a 20.62 X XEmberizoi<strong>de</strong>s herbicola (Vieillot, 1817) canário-do-campo b, g, cb v v, a v, a v, a v, a v v, a 18.56 X XVolatinia jacari<strong>na</strong> (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) tiziu g, cb v, a v v 7.22 X XSporophila plumbea (Wied, 1830) patativa mr, g, cb v v 3.09 X XSporophila nigricollis (Vieillot, 1823) baiano mr, g, cb v 1.<strong>03</strong> X XSporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho g, cb v 1.<strong>03</strong> XSporophila angolensis (Lin<strong>na</strong>eus, 1766)curiómr, b, g,cbv, a v, a v, a a v a 17.53 X XCharitospiza eucosma Oberholser, 1905 mineirinho cb v v 2.06 X EnC / NT 2Cardi<strong>na</strong>lidae Ridgway, 1901Piranga flava (Vieillot, 1822) sanhaçu-<strong>de</strong>-fogo cb v v v 3.09 X XParulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln,Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne &Zimmer 1947Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra mr, b v, av, a,gv v, a v a 16.49 X XBasileuterus flaveolus (Baird, 1865) canário-do-mato cb 1.<strong>03</strong> XBasileuterus leucophrys Pelzeln, 1868 pula-pula-<strong>de</strong>-sobrancelha mr, b a, gv, a, v, a,v, aggv, a a 11.34 X EnCIcteridae Vigors, 1825Icterus cayanensis (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) encontro v v 3.09 X XGnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graú<strong>na</strong> mr, b, cb v v v v 7.22 X XFringillidae Leach, 1820Sporagra magellanica (Vieillot, 1805) pintassilgo mr, b v, a v, a 3.09 X XEuphonia chlorotica (Lin<strong>na</strong>eus, 1766) fim fim mr v, a v v 5.15 X Xv, av, a,gv, a,ga, g v, a v, g v, a 21.65 X Xv v v, a v, a v, a v, a 23.71 X XAtualida<strong>de</strong>s Ornitológicas On-line Nº 169 - Setembro/Outubro 2012 - www.ao.com.br65

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