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Uma Entrevista com Gary Convis sobre o Pensamento A3 e a ...

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<strong>Uma</strong> <strong>Entrevista</strong> <strong>com</strong> <strong>Gary</strong> <strong>Convis</strong> <strong>sobre</strong> o <strong>Pensamento</strong> <strong>A3</strong> e a<br />

Liderança Lean<br />

Um artigo de John Shook contou uma história <strong>sobre</strong> o novo livro de <strong>Gary</strong><br />

<strong>Convis</strong> e Jeff Liker “The Toyota Way to Lean Leadership”, no qual <strong>Gary</strong> aprendeu o<br />

valor do pensamento <strong>A3</strong>. Recentemente, ele respondeu as perguntas, <strong>com</strong>partilhando<br />

seu pensamento <strong>sobre</strong> a conexão entre o pensamento <strong>A3</strong> e a liderança lean, e a forma<br />

<strong>com</strong>o essa ferramenta pode ser aplicada em inúmeras situações.<br />

Pergunta: Como o pensamento <strong>A3</strong> se conecta <strong>com</strong> a liderança lean?<br />

Resposta: Antes de qualquer coisa, o trecho do livro fala a respeito da solicitação<br />

de Ito (então presidente da NUMMI) a mim para levar nossos engenheiros para explicar<br />

cada parada acima de 30 minutos. Em nossa planta, tínhamos muitos equipamentos<br />

antigos, e era muito difícil de fazer a manutenção. Os engenheiros japoneses a<br />

projetavam sem nenhum pulmão, então o fluxo de uma só peça era o que precisava ser<br />

alcançado. E imagine que, nesta planta conectada, se um equipamento para de<br />

funcionar, então o próximo para e assim por diante em toda a planta. Essa é a forma<br />

<strong>com</strong>o o sistema trabalha – o sistema de produção provê toda a motivação que você<br />

precisa porque não há muletas. JIT significa no tempo certo: tudo tem que funcionar da<br />

forma <strong>com</strong>o deveria funcionar, porque se não funcionar, você percebe imediatamente.<br />

Fui surpreendido pela habilidade de um colaborador que não ficava próximo ao<br />

chão de fábrica, mas tinha essa estranha capacidade de fazer perguntas razoavelmente<br />

lógicas, as quais captavam o que estava no centro da mente do engenheiro ou revelavam<br />

uma falha em seu pensamento. Achei muito interessante você ter uma pessoa de<br />

finanças que pudesse enxergar a lógica – enxergar através de um vazio na lógica – e<br />

formular uma questão baseada na história que está sendo contada no <strong>A3</strong>. O <strong>A3</strong><br />

realmente força a pessoa a escrever para levar a uma reflexão profunda e ser capaz de se<br />

expressar claramente <strong>com</strong> poucas palavras, seguindo o contexto do que ele fez, o que<br />

ele tinha a intenção de fazer e <strong>com</strong>o ele analisou isso. O poder do <strong>A3</strong> era dramático.<br />

E não aconteceu apenas na Toyota. Essa experiência me mostrou o valor do <strong>A3</strong><br />

<strong>com</strong>o ferramenta – uma ferramenta flexível que poderia ser aplicada em quase tudo. Eu<br />

o usei na Dana, em uma situação totalmente diferente quanto ao uso e escopo do <strong>A3</strong>.<br />

Mas seu poder tem infinitas capacidades.<br />

1


Na Dana, que estava emergindo da concordata na época em que a recessão<br />

global nos atingiu, nós tínhamos 30.000 pessoas trabalhando em 26 países diferentes<br />

<strong>com</strong> 113 plantas e 5 presidentes diferentes. E quando eu cheguei lá <strong>com</strong>o CEO em<br />

2008, o pessoal de operações e eu desenvolvemos 12 indicadores de desempenho (KPI)<br />

essenciais. Formamos uma equipe para implementá-los em um experimento de dois<br />

negócios em cada região por um mês para verificar se as pessoas poderiam acreditar<br />

<strong>com</strong>pletamente neles. Queríamos verificar, pois planejamos que esses indicadores se<br />

tornariam importantes guias de desempenho. Eventualmente, fizemos alguns ajustes e<br />

estes se tornaram o padrão que lançamos por todo o mundo. Depois, adicionamos uma<br />

área de encontro padrão <strong>com</strong> os KPI em grandes quadros – uma grande obeya por toda a<br />

planta. Comparado ao que nós tínhamos antes de uma perspectiva cultural, isso era bem<br />

diferente. Anteriormente, não havia KPI padrão, e se eles existissem, eram mantidos em<br />

um plástico que tinha uma fonte pequena e amarelada e que ninguém nunca via. Então,<br />

adotamos um claro objetivo de tornar os KPI significativos e visíveis para motivar toda<br />

a força de trabalho. (Posteriormente, desdobramos o quadro de indicadores para cada<br />

área).<br />

Isso nos permitiu estabelecer em 2008 uma linha de base de desempenho para o<br />

próximo ano. Para sustentar essa iniciativa em 2009, no final de 2008 pedi a cada uma<br />

das 113 plantas ao redor do mundo para desenvolver um <strong>A3</strong> que focasse em duas<br />

coisas: melhoria em custos de conversão e redução de estoque. Mantive isso<br />

estritamente focado – não ignorei a segurança ou qualidade – mas estávamos nos<br />

espasmos da recessão mundial e precisávamos <strong>sobre</strong>viver <strong>com</strong>o empresa. Precisávamos<br />

manter o foco no nível mais relevante. Precisávamos manter empregos e o negócio tinha<br />

que reduzir custos enquanto o rendimento caia. Precisávamos de dinheiro para operar.<br />

Neste primeiro estágio cultural, nós do topo estabelecemos as metas – que não eram<br />

negociáveis.<br />

Usei o formato <strong>A3</strong> <strong>com</strong>o uma forma de enxergar dentro da mente dos gerentes<br />

das 113 plantas. <strong>Uma</strong> das coisas importantes que aprendi na Toyota foi o hoshin kanri,<br />

que significa alinhar <strong>com</strong> os objetivos da empresa e <strong>com</strong>o eu vou alcançar meus<br />

objetivos. E aprendi que a Toyota realmente valoriza a palavra kanri – COMO eu vou<br />

alcançar meus objetivos. A maioria dos americanos valorizam o hoshin. E eu não queria<br />

continuar assim. Aprendi que os meios e o processo são tão importantes quanto a meta.<br />

Então, na Dana, eu disse que queria que o pessoal me dissesse <strong>com</strong>o iriam alcançar as<br />

2


metas de redução de estoques linha a linha. De quem você precisa, quais recursos são<br />

necessários e qual plano de ação o levará até lá? Queria forçá-los a entender o que os<br />

levaria de fato a alcançarem a redução de custos e gastos estabelecidos na meta.<br />

Então, no meio de dezembro, alcançamos três dias e entramos em contato <strong>com</strong><br />

os gerentes de todas as plantas, fazendo uma conexão via web para nos <strong>com</strong>unicar. Eles<br />

enviaram seus <strong>A3</strong> para nós, e nós revisamos um a um, planta por planta, em diferentes<br />

linguagens. Nós ouvimos a eles (grupos de cinco) das 7 da manhã às 11 da noite por três<br />

dias seguidos. Fazíamos <strong>com</strong>entários linha a linha, conforme a revisão ocorria, e<br />

mandamos os <strong>A3</strong> de volta para eles eletronicamente <strong>com</strong> nossas avaliações. Alguns<br />

foram aceitáveis, alguns sugeriram perguntas e metade deles na primeira rodada não<br />

foram aceitos. Compartilhamos o feedback <strong>sobre</strong> o porquê de eles não terem sido<br />

aceitos e dissemos que até dia 4 de janeiro eles deviam nos devolver a revisão, e<br />

faríamos um novo contato. Depois disso, selecionamos uma pessoa para ligar<br />

semanalmente, toda quinta das 7 às 11 da noite, para todos os gerentes das plantas na<br />

semana seguinte – utilizando os 5 porquês e levando-os a pensar profundamente <strong>sobre</strong> o<br />

que eles estavam fazendo. Isso era fundamental ou as ações teriam sido empurradas até<br />

próximo da data de entrega e não haveria aprendizado em andamento. Também<br />

tínhamos especialistas de melhoria contínua <strong>com</strong>o coaches (mentores).<br />

Esse foi o processo no qual usei o <strong>A3</strong> para guiar nossos objetivos e para<br />

a<strong>com</strong>panhar e fazer <strong>com</strong> que as plantas focassem em iniciativas realísticas que<br />

alcançassem os objetivos. Muitos dos <strong>A3</strong> estavam inacabados no primeiro ano, mas<br />

superamos esse ocorrido. Alcançamos nossas metas de $ 200 milhões em custos de<br />

conversão e $ 200 milhões em redução de estoque. Isso convenceu as pessoas de que era<br />

um excelente processo para aprender e alcançar os objetivos e muito mais que uma<br />

simples peça de papel. Acredito que consistência seja importante nas operações. A cada<br />

ano, mesmo após eu ter me aposentado da Dana, eles continuam fazendo a mesma<br />

coisa. Às vezes, eles <strong>com</strong>eçam mais cedo. E agora eles conseguem fazer <strong>com</strong> que todos<br />

os líderes de departamento usam o mesmo formato <strong>A3</strong>. Eles utilizam essa ferramenta<br />

para custo, qualidade, produtividade, segurança. O <strong>A3</strong> tem se tornado uma ferramenta<br />

de <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong>umente entendida e utilizada por toda a empresa agora. Por<br />

exemplo, nosso vice-presidente de engenharia acreditou em seu poder desde o início e<br />

usava-o para guiar uma série de melhorias na R&D.<br />

3


Digo aos meus gerentes que eles deveriam ser capazes de levar esse papel para<br />

casa e explicar para seus filhos de 10 anos de idade. As palavras no papel e a história<br />

têm que seguir alguma lógica que a pessoa enxerga. Eles deveriam enxergar o contexto,<br />

enxergar o que eles precisam analisar. Acima de tudo, o <strong>A3</strong> deveria contar uma história.<br />

Esse é o ponto-chave. O <strong>A3</strong> do Sr. Ito foi usado para contar uma história <strong>sobre</strong> uma<br />

quebra. O único que usei na Dana foi para a conquista de objetivos. Eu usei o <strong>A3</strong> para<br />

todas as outras fases de maior oportunidades em nosso negócio. Ele é uma ferramenta<br />

lean flexível.<br />

Traduzido por Tamiris Masetto Manzano.<br />

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