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O papel do clima na evolução do relevo - Departamento de Geografia

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Revista <strong>do</strong> <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>, 19 (2006) 111-118.produzin<strong>do</strong> <strong>na</strong> década <strong>de</strong> 60, um sistema classificatório mundialque articula no espaço e no tempo os processos <strong>de</strong>cisivos paraexplicar a atual distribuição <strong>do</strong> <strong>relevo</strong> terrestre.Propõe, em 1963, a existência <strong>de</strong> 5 regiões ou zo<strong>na</strong>sclímato-genéticas distribuídas, esquematicamente, <strong>de</strong> formaespecular entre o Equa<strong>do</strong>r e os Pólos, a saber: Zo<strong>na</strong> Glacial;Zo<strong>na</strong> <strong>de</strong> Formação Pronunciada <strong>de</strong> Vales; Zo<strong>na</strong> Extra-tropical <strong>de</strong>Formação <strong>de</strong> Vales; Zo<strong>na</strong> Subtropical <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong>Pedimentos e Vales e Zo<strong>na</strong> Tropical <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Superfícies<strong>de</strong> Aplai<strong>na</strong>mento.Deixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> as controvérsias que esta proposta trouxeconsigo é necessário chamar a atenção para o avanço que sealcançou com o eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> abstração conti<strong>do</strong> neste mo<strong>de</strong>lo,que se libertou das amarras que prendiam as outras propostas, aose ajustarem à classificação climática <strong>de</strong> Köppen e incorporou àclassificação os processos fossiliza<strong>do</strong>s nos <strong>de</strong>pósitos e <strong>na</strong>sformas <strong>de</strong> <strong>relevo</strong>. Cria-se assim a interpretação morfoclimática <strong>do</strong>presente, associada a seus antece<strong>de</strong>ntes <strong>clima</strong>togenéticosrepresenta<strong>do</strong>s nos <strong>de</strong>pósitos e <strong>na</strong>s formas herdadas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.Um momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> J. Bü<strong>de</strong>l foi seu“insight” sobre o <strong>papel</strong> da “Casca <strong>de</strong> Gelo” <strong>na</strong> evolução da re<strong>de</strong><strong>de</strong> vales <strong>do</strong> su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> arquipélago <strong>de</strong> Spitzbergen e sua relaçãocom o que havia aconteci<strong>do</strong> <strong>na</strong> Europa Central durante osperío<strong>do</strong>s glaciais e interglaciais <strong>do</strong> Quaternário.Integra este insigh” a compreensão <strong>do</strong> contraste <strong>do</strong>significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s processos geomorfológicos em momentos <strong>de</strong>sistemas controla<strong>do</strong>s por variáveis físico-mecânicas, com as <strong>de</strong>controle químico-biológico, que acabou também sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>por outros autores em contextos diferentes <strong>de</strong> interpretação.Em ple<strong>na</strong> maturida<strong>de</strong> Julius Bü<strong>de</strong>l sistematizou toda suaobra no clássico “Klima-Geomorphologie”, publica<strong>do</strong> em 1977pela Gebrü<strong>de</strong>r Borntraeger, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> traduzi<strong>do</strong> para o inglês porLenore Fischer e Detlef Busche em trabalho muito cuida<strong>do</strong>so, sobo título <strong>de</strong> “Climatic Geomorphology”, edita<strong>do</strong> pela PrincetonUniversity Press, em 1982, no qual um glossário, bem elabora<strong>do</strong>,permite boa compreensão <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s termos utiliza<strong>do</strong>spor Bü<strong>de</strong>l, que, a exemplo <strong>do</strong> que também aconteceu com a obra<strong>de</strong> Walther Penck, só po<strong>de</strong> ser melhor compreendida, fora <strong>do</strong>circuito <strong>de</strong> língua alemã, por meio da tradução para o inglês.Em 1979, no suplemento nº 36 <strong>do</strong> “Zeitschrift FürGeomorphologie”, <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao Simpósio Germano Britânico <strong>de</strong>Geomorfologia, Julius Bü<strong>de</strong>l abriu as contribuições com o texto“Climatic and Climatomorphic Geomorphology”, no qual traça umresumo conciso <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> “Klima - Geomorphologie”,anuncian<strong>do</strong> sua tradução para o inglês e sua breve publicação.Abaixo é oferecida ao leitor a tradução para o português<strong>de</strong>ste texto, <strong>na</strong> expectativa <strong>de</strong> estimular a leitura da obracompleta, no origi<strong>na</strong>l alemão ou <strong>na</strong> tradução inglesa.TraduçãoGeomorfologia Climática e ClimatomórficaJulius Bü<strong>de</strong>l³Dois grupos <strong>de</strong> forças gover<strong>na</strong>m as formas <strong>de</strong> <strong>relevo</strong> <strong>do</strong>scontinentes. As en<strong>do</strong>genéticas são responsáveis pela distribuiçãoespacial <strong>de</strong> soerguimentos e abatimentos, assim como pelocomportamento morfológico <strong>do</strong>s afloramentos rochosos. Aresistência geomorfológica das rochas, todavia, altera-se entre asdiferentes zo<strong>na</strong>s climáticas. Devi<strong>do</strong> a sua complexa história notranscorrer <strong>de</strong> alguns bilhões <strong>de</strong> anos, o padrão das montanhas e<strong>do</strong>s afloramentos rochosos nos continentes é hoje muito irregulare a influência <strong>de</strong>ssas estruturas no <strong>relevo</strong> é meramente passiva:elas são ape<strong>na</strong>s obstáculos no caminho ativo e verda<strong>de</strong>iro daformação <strong>do</strong> <strong>relevo</strong>, que é executa<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s pelos processosexogenéticos. É por meio <strong>de</strong> suas ações, que a verda<strong>de</strong>ira formada superfície da Terra é criada. Se, por exemplo, os Alpes fossemape<strong>na</strong>s produto das forças en<strong>do</strong>genéticas <strong>de</strong> soerguimento, elesapareceriam como um <strong>do</strong>mo massivo, com cerca <strong>de</strong> 10 km <strong>de</strong>altura e com uma superfície caoticamente rugosa. Os processosexogenéticos <strong>de</strong>struíram mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta forma imaginária,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Terciário Inferior, mas, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> eles a remo<strong>de</strong>laramqualitativamente durante o soerguimento e em resposta àgravida<strong>de</strong>, produziram as formas intricadas que hoje percebemos.Os mo<strong>do</strong>s e mecanismos <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> <strong>relevo</strong>, todavia,diferem quantitativa e qualitativamente <strong>na</strong> face da Terra. Asdiferenças não são, porém, distribuídas ao acaso. Elas sãofortemente gover<strong>na</strong>das pelo <strong>clima</strong> e, <strong>de</strong>sta forma, um sistema<strong>na</strong>tural <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> <strong>relevo</strong> só po<strong>de</strong> ser basea<strong>do</strong> no mesmo.As diferenças entre os vários processos em operação e asdiferenças resultantes, entre as próprias formas, são o objeto daGeomorfologia Climática.Até recentemente ape<strong>na</strong>s três zo<strong>na</strong>s <strong>de</strong> formaçãoexogenética <strong>do</strong> <strong>relevo</strong> eram comumente reconhecidas: a zo<strong>na</strong>glacial <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> glacial pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte; a zo<strong>na</strong> úmida <strong>de</strong>...................................................................................................................................................................................................................... ..........................................................................................................................................................................³ Zeitschrift für Geomorphologie N. F. Supp – Bd. 36, 1-8 – Berlin-Stuttgart – Dezembro 1980112

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