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Assistência Pré-natal: Manual técnico - BVS Ministério da Saúde

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1ACOLHIMENTO"acolher:1. <strong>da</strong>r acolhi<strong>da</strong> a; <strong>da</strong>r agasalho a;2. <strong>da</strong>r crédito a; <strong>da</strong>r ouvidos a;3. admitir, aceitar, receber,;4. tomar em consideração."(AURÉLIO)Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulhergestante, na uni<strong>da</strong>de de saúde ou na comuni<strong>da</strong>de, buscarcompreender os múltiplos significados <strong>da</strong> gestação para aquela mulhere sua família.O contexto de ca<strong>da</strong> gestação é determinante para o seudesenvolvimento bem como para a relação que a mulher e a famíliaestabelecerão com a criança desde as primeiras horas após onascimento. Interfere, também, no processo de amamentação e noscui<strong>da</strong>dos com a criança e com a mulher. Um contexto favorávelfortalece os vínculosfamiliares, condição básica para o desenvolvimento saudável do serhumano.Assim, a história que ca<strong>da</strong> mulher grávi<strong>da</strong> traz deve ser acolhi<strong>da</strong>integralmente, a partir do relato <strong>da</strong> gestante e de seus acompanhantes.São também parte desta história os fatos, emoções ou sentimentospercebidos pelos membros <strong>da</strong> equipe envolvi<strong>da</strong> no pré-<strong>natal</strong>.Contando sua história, as grávi<strong>da</strong>s esperam partilhar experiências eobter aju<strong>da</strong>. Assim, a assistência pré-<strong>natal</strong> torna-se um momentoprivilegiado para discutir e esclarecer questões que são únicas paraca<strong>da</strong> mulher e seu parceiro, aparecendo de forma individualiza<strong>da</strong>, atémesmo para quem já teve outros filhos. Temas tabus, como asexuali<strong>da</strong>de, poderão suscitar dúvi<strong>da</strong>s ou necessi<strong>da</strong>de deesclarecimentos.O diálogo franco, a sensibili<strong>da</strong>de e a capaci<strong>da</strong>de de percepção dequem acompanha o pré-<strong>natal</strong> são, condições básicas para que o saberem saúde seja colocado à disposição <strong>da</strong> mulher e sua família - atoresprincipais <strong>da</strong> gestação e parto.Uma escuta aberta, sem julgamentos nem preconceitos, que permita àmulher falar de sua intimi<strong>da</strong>de com segurança, fortalece a gestante noseu caminho até o parto e aju<strong>da</strong> a construir o conhecimento sobre simesma, levando a um nascimento tranqüilo e saudável.7


Escutar uma gestante é algo mobilizador. A presença <strong>da</strong> grávi<strong>da</strong>remete à condição de poder ou não gerar um filho, sendo-se homemou mulher. Suscita soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, apreensão. Escutar é um ato deautoconhecimento e reflexão contínua sobre as próprias fantasias,medos, emoções, amores e desamores. Escutar é desprendimento de si.Na escuta, o sujeito se dispõe a conhecer aquilo que talvez esteja muitodistante de sua experiência de vi<strong>da</strong> e por isso exige um grande esforçopara compreender e ser capaz de oferecer aju<strong>da</strong>, ou melhor, trocarexperiências.As mulheres estão sendo estimula<strong>da</strong>s a fazer o pré-<strong>natal</strong> e estãorespondendo a esse chamado. Elas acreditam que terão benefíciosquando procuram os serviços de saúde. Depositam confiança eentregam seus corpos aos cui<strong>da</strong>dos de pessoas autoriza<strong>da</strong>s,legalmente, a cui<strong>da</strong>rem delas.Como abrir mão dos papéis predeterminados socialmente, reaprendera fala popular, aproximar-se de ca<strong>da</strong> sujeito respeitando suasingulari<strong>da</strong>de e não perdendo de vista seu contexto familiar e social?Como ser capaz de corresponder à confiança que as mulheresdemonstram ao aderir à assistência pré-<strong>natal</strong>? As respostas a essasperguntas são <strong>da</strong> competência de ca<strong>da</strong> pessoa que escolheutrabalhar com a prática geral <strong>da</strong> saúde ou, especificamente, comgestantes, ou ain<strong>da</strong> que, por força <strong>da</strong>s circunstâncias, se depara comessa função no seu dia a dia. Um desafio a ser aceito.Ao Ministério <strong>da</strong> Saúde compete estabelecer políticos e normastécnicas para a atenção pré-<strong>natal</strong> de boa quali<strong>da</strong>de. Além dosequipamentos e instrumental necessários, deve-se levar em conta acapacitação <strong>da</strong> equipe de saúde.O manual de pré-<strong>natal</strong> aqui apresentado foi elaborado com opropósito de oferecer parâmetros para esses serviços. Deverá sera<strong>da</strong>ptado às condições locais, garantindo-se, no entanto, oatendimento integral e os requisitos básicos para promoção do partonormal, sem complicações e com prevenção <strong>da</strong>s principais afecçõesperinatais.8


2ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL2.1. CONSTRUINDO A QUALIDADE NO PRÉ-NATALO principal objetivo <strong>da</strong> assistência pré-<strong>natal</strong> é acolher a mulher desde oinício de sua gravidez - período de mu<strong>da</strong>nças físicas e emocionais -, queca<strong>da</strong> gestante vivencia de forma distinta. Essas transformações podemgerar medos, dúvi<strong>da</strong>s, angústias, fantasias ou simplesmente acuriosi<strong>da</strong>de de saber o que acontece no interior de seu corpo.Na construção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> atenção pré-<strong>natal</strong> está implícita avalorização desses aspectos, traduzi<strong>da</strong> em ações concretas quepermitam sua integração no conjunto <strong>da</strong>s ações ofereci<strong>da</strong>s.Em geral, a consulta de pré-<strong>natal</strong> envolve procedimentos bastantesimples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar asdeman<strong>da</strong>s <strong>da</strong> gestante, transmitindo nesse momento o apoio e aconfiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir commais autonomia a gestação e o parto. A maioria <strong>da</strong>s questões trazi<strong>da</strong>s,embora pareça elementar para quem escuta, pode representar umproblema sério para quem o apresenta. Assim, respostas diretas eseguras são significativas para o bem-estar <strong>da</strong> mulher e sua família.Está demonstrado que a adesão <strong>da</strong>s mulheres ao pré-<strong>natal</strong> estárelaciona<strong>da</strong> com a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> assistência presta<strong>da</strong> pelo serviço epelos profissionais de saúde, o que, em última análise, será essencialpara redução dos elevados índices de mortali<strong>da</strong>de materna e peri<strong>natal</strong>verificados no Brasil.2.2. EDUCAÇÃO E SAÚDEInformações sobre as diferentes vivências devem ser troca<strong>da</strong>s entre asmulheres e os profissionais de saúde. Essa possibili<strong>da</strong>de de intercâmbiode experiências e conhecimentos é considera<strong>da</strong> a melhor forma depromover a compreensão do processo de gestação.As gestantes constituem o foco principal do processo de aprendizagem,porém não se pode deixar de atuar, também, entre os companheiros efamiliares. A posição do homem-pai na socie<strong>da</strong>de está mu<strong>da</strong>ndo tantoquanto os papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres. É necessárioque o setor saúde esteja aberto para as mu<strong>da</strong>nças sociais e cumpra demaneira mais ampla o seu papel de educador e promotor <strong>da</strong> saúde.9


Entre as diferentes formas de realização do trabalho educativo,destacam-se as discussões em grupo, as dramatizações e outrasdinâmicas que facilitam a fala e a troca de experiências entre oscomponentes do grupo. Essas ativi<strong>da</strong>des podem ocorrer dentro ou fora<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de saúde. 0 profissional de saúde, atuando comofacilitador, deve evitar o estilo palestra, pouco produtiva, que ofuscaquestões subjacentes, na maioria <strong>da</strong>s vezes, mais importantes para aspessoas presentes do que um roteiro preestabelecido.A equipe deverá estar prepara<strong>da</strong> para o trabalho educativo. A maioria<strong>da</strong>s questões que emerge em grupos de pré-<strong>natal</strong>, em geral, relacionaseaos seguintes temas:− importância do pré-<strong>natal</strong>;− sexuali<strong>da</strong>de;− orientação higieno-dietética;− desenvolvimento <strong>da</strong> gestação;− modificações corporais e emocionais;− sinais e sintomas do parto;− importância do planejamento familiar;− informação acerca dos benefícios legais a que a mão temdireito;− impacto e agravos <strong>da</strong>s condições de trabalho sobre a gestação,parto e puerpério;− importância <strong>da</strong> participação do pai durante a gestação;− importância do vínculo pai-filho para o desenvolvimentosaudável <strong>da</strong> criança;− aleitamento materno;− preparo psicológico para as mulheres que tem contra-indicaçãopara o aleitamento materno (portadoras de HIV e cardiopatiagrave);− importância <strong>da</strong>s consultas puerperais;− cui<strong>da</strong>dos com o recém-nascido;− importância do acompanhamento do crescimento edesenvolvimento <strong>da</strong> criança, e <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s preventivas(vacinação, higiene e saneamento do meio ambiente);2.3. VISITAS DOMICILIARESAs visitas domiciliares deverão ser realiza<strong>da</strong>s, preferencialmente, pelosagentes comunitários, na freqüência possível pare ca<strong>da</strong> locali<strong>da</strong>de,porém, no mínimo, duas por gestação.Ela deverá reforçar o vínculo estabelecido entre a gestante e a uni<strong>da</strong>debásica de saúde e, apesar de estar volta<strong>da</strong> à gestante, deverá ter umcaráter integral e abrangente sobre a família e o seu contexto social.Assim sendo, qualquer alteração ou identificação de fator de risco paraa gestante ou para outro membro <strong>da</strong> família deve ser observa<strong>da</strong> ediscuti<strong>da</strong> com a equipe na uni<strong>da</strong>de de saúde.10


No que tange especificamente ao acompanhamento <strong>da</strong> gestante,deve-se ter como objetivos:• captar gestantes não-inscritas no pré-<strong>natal</strong>;• reconduzir gestantes faltosas ao pré-<strong>natal</strong>, especialmente as dealto risco, uma vez que podem surgir complicações;• acompanhar a evolução de alguns aspectos <strong>da</strong> gestação,segundo orientação <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de saúde, nos casos em que odeslocamento <strong>da</strong> gestante à uni<strong>da</strong>de, em determinado período,seja considerado inconveniente ou desnecessário;• completar o trabalho educativo com a gestante e seu grupofamiliar;• reavaliar, <strong>da</strong>r seguimento ou reorientar as pessoas visita<strong>da</strong>s sobreoutras ações desenvolvi<strong>da</strong>s pela uni<strong>da</strong>de de saúde.Deverá ser visto o cartão <strong>da</strong> gestante e discutido os aspectos ligados àsconsultas, à vacinação, aos sintomas que ela está apresentando, aosaspectos relacionais com os demais membros <strong>da</strong> família e outros.Qualquer alteração deverá ser anota<strong>da</strong> e informa<strong>da</strong> à enfermeira e aomédico <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de, sendo avalia<strong>da</strong> em equipe a necessi<strong>da</strong>de demu<strong>da</strong>nça no esquema de consultas preestabelecido.2.4. PREPARO PARA PARTO E NASCIMENTO HUMANIZADOSA assistência ao pré-<strong>natal</strong> é o primeiro passo para parto e nascimentohumanizados. O conceito de humanização <strong>da</strong> assistência ao partopressupõe a relação de respeito que os profissionais de saúdeestabelecem com as mulheres durante o processo de parturição e,compreende:− parto como um processo natural e fisiológico que, normalmente,quando bem conduzido, não precisa de condutas intervencionistas;− respeito aos sentimentos, emoções, necessi<strong>da</strong>des e valores culturais;− disposição dos profissionais para aju<strong>da</strong>r a mulher a diminuir aansie<strong>da</strong>de e a insegurança, assim como o medo do parto, <strong>da</strong>solidão, <strong>da</strong> dor, do ambiente hospitalar, de o bebê nascer comproblemas e outros temores;− promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longodo processo <strong>da</strong> gestação, parto e nascimento;− informação e orientação permanente à parturiente sobre a evoluçãodo trabalho de parto, reconhecendo o papel principal <strong>da</strong> mulhernesse processo, até mesmo aceitando a sua recusa a condutas quelhe causem constrangimento ou dor;− espaço e apoio para a presença de um(a) acompanhante que aparturiente deseje;− direito <strong>da</strong> mulher na escolha do local de nascimento e coresponsabili<strong>da</strong>dedos profissionais para garantir o acesso e aquali<strong>da</strong>de dos cui<strong>da</strong>dos de saúde.11


A humanização do nascimento, por sua vez, compreende todos osesforços para evitar condutas intempestivas e agressivas para o bebê. Aatenção ao recém-nascido deverá caracterizar-se pela segurança <strong>da</strong>atuação profissional e a suavi<strong>da</strong>de no toque, principalmente durante aexecução dos cui<strong>da</strong>dos imediatos, tais como: a liberação <strong>da</strong>s viasaéreas superiores, o controle <strong>da</strong> temperatura corporal e oclampeamento do cordão umbilical, no momento adequado.A equipe responsável pela assistência ao recém-nascido deverá serhabilita<strong>da</strong> para promover:− a aproximação, o mais precoce possível, entre a mãe e o bebêpara fortalecer o vínculo afetivo e garantir o alojamento conjunto;− o estímulo ao reflexo de sucção ao peito, necessário para oaleitamento materno e para estimular a contratibili<strong>da</strong>de uterina;− a garantia de acesso aos cui<strong>da</strong>dos especializados necessáriospara a atenção ao recém-nascido em risco.A promoção desses aspectos inclui o respeito às condições físicas epsicológicas <strong>da</strong> mulher frente ao nascimento.2.5. CONDIÇÕES BÁSICAS PARA ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATALNo contexto <strong>da</strong> assistência integral à saúde <strong>da</strong> mulher, a assistênciapré-<strong>natal</strong> deve ser organiza<strong>da</strong> para atender às reais necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>população de gestantes, mediante utilização dos conhecimentostécnico-científicos existentes e dos meios e recursos disponíveis maisadequados para ca<strong>da</strong> caso.As ações de saúde devem estar volta<strong>da</strong>s para a cobertura de to<strong>da</strong> apopulação-alvo <strong>da</strong> área de abrangência <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de saúde,assegurando continui<strong>da</strong>de no atendimento, acompanhamento eavaliação dessas ações sobre a saúde materna e peri<strong>natal</strong>.Como condições para uma assistência pré-<strong>natal</strong> efetiva, deve-segarantir:I. discussão permanente com a população <strong>da</strong> área, em especial comas mulheres, sobre a importância <strong>da</strong> assistência pré-<strong>natal</strong> na uni<strong>da</strong>dede saúde e nas diversas ações comunitárias;II. identificação precoce de to<strong>da</strong>s as gestantes na comuni<strong>da</strong>de e opronto início do acompanhamento pré-<strong>natal</strong>, para que tal se dêain<strong>da</strong> no 1° trimestre <strong>da</strong> gravidez, visando às intervenções oportunasem todo o período gestacional, sejam elas preventivas outerapêuticas. Deve-se garantir a possibili<strong>da</strong>de de as mulheresrealizarem o teste de gravidez na uni<strong>da</strong>de de saúde sempre quenecessário. O início precoce <strong>da</strong> assistência pré-<strong>natal</strong> e suacontinui<strong>da</strong>de requerem preocupação permanente com o vínculoentre os profissionais e a gestante, assim como com a quali<strong>da</strong>detécnica <strong>da</strong> atenção;12


III. acompanhamento periódico e contínuo de to<strong>da</strong>s as mulheresgrávi<strong>da</strong>s, visando assegurar o seguimento <strong>da</strong> gestante durante to<strong>da</strong>a gestação, em intervalos preestabelecidos, acompanhando-a tantona uni<strong>da</strong>de de saúde como em seu domicílio, e por meio de reuniõescomunitárias;IV.sistema eficiente de referência e contra-referência, objetivandogarantir a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> assistência pré-<strong>natal</strong> em todos os níveis decomplexi<strong>da</strong>de do sistema de saúde, para to<strong>da</strong> a clientela, conformea exigência de ca<strong>da</strong> caso. To<strong>da</strong> gestante encaminha<strong>da</strong> para umnível de atenção mais complexo deverá levar consigo o cartão <strong>da</strong>gestante, bem como informações sobre o motivo doencaminhamento e dos <strong>da</strong>dos clínicos de interesse. Da mesmaforma, deve-se assegurar o retorno <strong>da</strong> gestante à uni<strong>da</strong>de básica deorigem, com to<strong>da</strong>s as informações necessárias para o seguimento dopré-<strong>natal</strong>.Para que tais práticas sejam desenvolvi<strong>da</strong>s, faz-se necessário:a) recursos humanos que possam acompanhar a gestante segundo osprincípios técnicos e filosóficos <strong>da</strong> assistência integral à saúde <strong>da</strong>mulher, no seu contexto familiar e social;b) área física adequa<strong>da</strong> para atendimento à gestante e familiares, nocentro de saúde; com condições adequa<strong>da</strong>s de higiene eventilação. A privaci<strong>da</strong>de é um fator essencial nas consultas eexames clínicos ou ginecológicos.c) equipamento e instrumental mínimos, devendo ser garanti<strong>da</strong> aexistência de:− mesa e cadeiras (para entrevista);− mesa de exame ginecológico;− esca<strong>da</strong> de dois degraus;− foco de luz;− balança para adultos (peso/altura);− esfigmomanômetro (aparelho de pressão);− estetoscópio clínico;− estetoscópio de Pinard;− fita métrica flexível e inelástica;− espéculos;− pinças de Cheron;− material para coleta de exame colpocitológico;− Sonar Doppler (se possível);− Gestograma ou disco obstétrico.d) apoio laboratorial para a uni<strong>da</strong>de básica de saúde, garantindo arealização dos seguintes exames de rotina:− dosagem de hemoglobina (Hb);− grupo sangüíneo e fator Rh;13


– teste de Coombs indireto;– sorologia para sífilis (VDRL);– glicemia em jejum;– teste de tolerância com sobrecarga oral de 75g de glicoseanidra;– exame sumário de urina (Tipo I);– urocultura com antibiograma;– exame parasitológico de fezes;– colpocitologia oncótica;– bacterioscopia do conteúdo vaginal;– teste anti-HIV.e) instrumentos de registro e processamento e análise dos <strong>da</strong>dosdisponíveis, visando permitir o acompanhamento sistematizado <strong>da</strong>evolução <strong>da</strong> gravidez, do parto e do puerpério, por meio <strong>da</strong> coleta e<strong>da</strong> análise dos <strong>da</strong>dos obtidos em ca<strong>da</strong> encontro, seja na uni<strong>da</strong>de ouno domicílio. O fluxo de informações entre os serviços de saúde, nosistema de referência e contra-referência, deve ser garantido. Paratanto, devem ser utilizados:– cartão <strong>da</strong> gestante - instrumento de registro. Deve conter osprincipais <strong>da</strong>dos de acompanhamento <strong>da</strong> gestação, os quais são,importantes para a referência e contra-referência. Deverá ficar,sempre, com a gestante;– ficha peri<strong>natal</strong> - instrumento de coleta de <strong>da</strong>dos para uso dosprofissionais <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de. Deve conter os principais <strong>da</strong>dos deacompanhamento <strong>da</strong> gestação, do parto, do recém-nascido e dopuerpério;– mapa de registro diário - instrumento de avaliação <strong>da</strong>s ações deassistência pré-<strong>natal</strong>. Deve conter as informações mínimasnecessárias de ca<strong>da</strong> consulta presta<strong>da</strong>;f) medicamentos essenciais: antiácidos, sulfato ferroso com ácidofólico, supositório de glicerina, analgésicos, antibióticos, tratamentode corrimentos vaginais.g)avaliação permanente <strong>da</strong> assistência pré-<strong>natal</strong>, com vistas àidentificação dos problemas de saúde <strong>da</strong> população-alvo, bemcomo o desempenho do serviço. Deve subsidiar, também, quandonecessário, a mu<strong>da</strong>nça de estratégia com a finali<strong>da</strong>de de melhorar aquali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> assistência. A avaliação será feita segundo osindicadores construídos a partir dos <strong>da</strong>dos registrados na fichaperi<strong>natal</strong>, no cartão <strong>da</strong> gestante, nos mapas de registro diário <strong>da</strong>uni<strong>da</strong>de de saúde, nas informações obti<strong>da</strong>s no processo dereferência e contra-referência e no sistema de estatística de saúdedo estado.14


A avaliação deve utilizar, no mínimo, os seguintes indicadores:• distribuição <strong>da</strong>s gestantes por trimestre de início do pré-<strong>natal</strong> (1º, 2ºe 3º);• porcentagem de mulheres que realizaram pré-<strong>natal</strong> em relação àpopulação-alvo (número de gestantes na área ou previsto);• porcentagem de abandono do pré-<strong>natal</strong> em relação ao total demulheres inscritas;• porcentagem de óbitos de mulheres, por causas associa<strong>da</strong>s àgestação, parto ou puerpério, em relação ao total de gestantesatendi<strong>da</strong>s;• porcentagem de óbitos por causas perinatais, em relação ao totalde recém-nascidos vivos;• porcentagem de crianças com tétano neo<strong>natal</strong>, em relação aototal de recém-nascidos vivos;• porcentagem de recém-nascidos vivos de baixo peso (menor de2.500 g), em relação ao total de recém-nascidos vivos;• porcentagem de VDRL positivos em gestantes e recém-nascidos,em relação ao total de exames realizados;• porcentagem de mulheres atendi<strong>da</strong>s nos locais para onde foramreferencia<strong>da</strong>s em relação ao total de mulheres que retornaram àuni<strong>da</strong>de de origem após encaminhamento.15


3ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL3.1. DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZO diagnóstico <strong>da</strong> gravidez pode ser feito pelo médico ou peloenfermeiro <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de básica, de acordo com:17


Após confirmação <strong>da</strong> gravidez em consulta médica ou deenfermagem, dá-se o início do acompanhamento <strong>da</strong> gestante,registrando-se os seguintes aspectos:• nome, i<strong>da</strong>de e endereço <strong>da</strong> gestante;• <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> último menstruação;• i<strong>da</strong>de gestacional;• trimestre <strong>da</strong> gravidez no momento em que iniciou o pré-<strong>natal</strong>:− abaixo de 13 semanas - 1° trimestre;− entre 14 e 27 semanas - 2° trimestre;− acima de 28 semanas - 3° trimestre;• avaliação nutricional: utilizando a curva de peso/i<strong>da</strong>de gestacionale/ou medi<strong>da</strong> do perímetro braquial.Nesse momento, a gestante deverá receber as orientações necessáriasreferentes ao acompanhamento pré-<strong>natal</strong> - seqüência <strong>da</strong>s consultasmédica e de enfermagem, visitas domiciliares e reuniões educativas.Deverão ser fornecidos:• o cartão <strong>da</strong> gestante, com a identificação preenchi<strong>da</strong> e orientaçãosobre o mesmo;• o calendário de vacinas e suas orientações;• a solicitação dos exames de rotina;• as orientações sobre a participação nas ativi<strong>da</strong>des educativas -reuniões em grupo e visitas domiciliares.3.2. CALENDÁRIO DE CONSULTASAs consultas de pré-<strong>natal</strong> poderão ser feitas na uni<strong>da</strong>de de saúde oudurante visitas domiciliares.O calendário de atendimento pré-<strong>natal</strong> deve ser programado emfunção:− <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de gestacional na primeira consulta;− dos períodos mais adequados para a coleta de <strong>da</strong>dos necessários aobom seguimento <strong>da</strong> gestação;− dos períodos nos quais se necessita intensificar a vigilância, pelapossibili<strong>da</strong>de maior de incidência de complicações;− dos recursos disponíveis nos serviços de saúde e <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de deacesso <strong>da</strong> clientela aos mesmos.De acordo com a Lei do Exercício Profissional <strong>da</strong> Enfermagem - Decretonº 94.406/87 -, o pré-<strong>natal</strong> de baixo risco pode ser inteiramenteacompanhado pela enfermeira.O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36°semana, a gestante deverá ser acompanha<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong> 15 dias, visandoà avaliação <strong>da</strong> pressão arterial, <strong>da</strong> presença de edemas, <strong>da</strong> alturauterina, dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais.18


Frente a qualquer alteração, ou se o parto não ocorrer até sete dias após a<strong>da</strong>ta provável, a gestante deverá ter consulta médica assegura<strong>da</strong>, ou serreferi<strong>da</strong> para serviço de maior complexi<strong>da</strong>de.3.3. CONSULTASRoteiro <strong>da</strong> Primeira ConsultaHistória clínica• Identificação:− i<strong>da</strong>de;− cor;− naturali<strong>da</strong>de;− procedência;− endereço atual.• Dados sócio-econômicos:− grau de instrução;− profissão/ocupação;− situação conjugal;− número e i<strong>da</strong>de de dependentes (avaliar sobrecarga detrabalho doméstico);− ren<strong>da</strong> familiar per capita;− pessoas <strong>da</strong> família que participam <strong>da</strong> força de trabalho;− condições de moradia (tipo, nº de cômodos);− condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo).• Motivos <strong>da</strong> consulta:− assinalar se foi encaminha<strong>da</strong> pelo agente comunitário ou seprocurou diretamente a uni<strong>da</strong>de;− se existe alguma queixa que a fez procurar a uni<strong>da</strong>de -descrevê-la.• Antecedentes familiares - especial atenção para:− hipertensão;− diabetes;− doenças congênitas;− gemelari<strong>da</strong>de;− câncer de mama;− hanseníase;− tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e ograu de parentesco).• Antecedentes pessoais - especial atenção para:− hipertensão arterial;− cardiopatias;− diabetes;− doenças renais crônicas;19


− anemia;− transfusões de sangue;− doenças neuropsíquicas;− viroses (rubéola e herpes);− cirurgia (tipo e <strong>da</strong>ta);− alergias;− hanseníase;− tuberculose.• Antecedentes ginecológicos:− ciclos menstruais (duração, intervalo e regulari<strong>da</strong>de);− uso de métodos anticoncepcionais (quais, por quanto tempoe motivo do abandono);− infertili<strong>da</strong>de e esterili<strong>da</strong>de (tratamento);− doenças sexualmente transmissíveis (tratamentosrealizados, inclusive do parceiro);− cirurgias ginecológicas (i<strong>da</strong>de e motivo);− mamas (alteração e tratamento);− última colpocitologia oncótica (Papanicolaou ou"preventivo", <strong>da</strong>ta e resultado).• Sexuali<strong>da</strong>de:− início <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de sexual (i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> primeira relação);− desejo sexual (libido);− orgasmo (prazer);− dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);− prática sexual nesta gestação ou em gestações anteriores;− número de parceiros.• Antecedentes obstétricos:− número de gestações (incluindo abortamentos, gravidezectópica, mola hi<strong>da</strong>tiforme);− número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginaisespontâneos, fórceps, cesáreas - indicações);− número de abortamentos (espontâneos, provocados,complicados por infecções, curetagem pós-abortamento);− número de filhos vivos;− i<strong>da</strong>de na primeira gestação;− intervalo entre as gestações (em meses);− número de recém-nascidos: pré-termo (antes <strong>da</strong> 37ª semana degestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas degestação);− número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) ecom mais de 4.000 g;− mortes neonatais precoces - até sete dias de vi<strong>da</strong> (número emotivos dos óbitos);− mortes neonatais tardias - entre sete e 28 dias de vi<strong>da</strong> (número emotivo dos óbitos);20


− natimortos (morte fetal intra-útero e i<strong>da</strong>de gestacional em queocorreu);− recém-nascidos com icterícia neo<strong>natal</strong>, transfusão,hipoglicemia neo<strong>natal</strong>, exsanguinotransfusões;− intercorrência ou complicações em gestações anteriores(especificar);− complicações nos puerpérios (descrever);− histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo dodesmame);− intervalo entre o final <strong>da</strong> última gestação e o início <strong>da</strong> atual.• Gestação atual:− <strong>da</strong>ta do primeiro dia/mês/ano <strong>da</strong> última menstruação - DUM(anotar certeza ou dúvi<strong>da</strong>);− <strong>da</strong>ta provável do parto - DPP;− <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> percepção dos primeiros movimentos fetais;− sinais e sintomas na gestação em curso;− medicamentos usados na gestação;− a gestação foi ou não deseja<strong>da</strong>;− hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e uso de drogasilícitas;− ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentesquímicos e físicos potencialmente nocivos, estresse).Exame Físico• Geral:− determinação do peso e avaliação do estado nutricional <strong>da</strong>gestante;− medi<strong>da</strong> e estatura;− determinagdo <strong>da</strong> freqüência cardíaca;− medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> temperatura axilar;− medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pressão arterial;− inspeção <strong>da</strong> pele e <strong>da</strong>s mucosas;− palpação <strong>da</strong> tireóide;− ausculta cardiopulmonar;− exame do abdome;− palpação dos gânglios inguinais;− exame dos membros inferiores;− pesquisa de edema (face, tronco, membros).• Específico: gineco-obstétrico− exame de mamas (orientado, também, para o aleitamentomaterno);− medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterina;− ausculta dos batimentos cardiofetais (entre a 7ª e a 10ª semanacom auxílio do Sonar Doppler, e após a 24ª semana, comPinard).21


− identificação <strong>da</strong> situação e apresentação fetal (3º trimestre);− inspeção dos genitais externos;− exame especular:a) inspeção<strong>da</strong>s paredes vaginais;b) inspeção do conteúdo vaginal;c) inspeção do colo uterino;d) coleta de material para exame colpocitológico (preventivo decâncer), conforme <strong>Manual</strong> de Prevenção de CâncerCérvico-uterino e de Mama;− toque vaginal;− outros exames, se necessários;− educação individual (respondendo às dúvi<strong>da</strong>s e inquietações <strong>da</strong>gestante).Solicitação dos exames laboratoriais de rotina e outros, se necessários(ver item 2.5, letra d).Ações Complementares− referência para atendimento odontológico;− referência para vacinação antitetânica, quando a gestante nãoestiver imuniza<strong>da</strong>;− referência para serviços especializados na mesma uni<strong>da</strong>de ouuni<strong>da</strong>de de maior complexi<strong>da</strong>de, quando indicado;− agen<strong>da</strong>mento de consultas subseqüentes.Roteiro <strong>da</strong>s Consultas Subseqüentes− revisão <strong>da</strong> ficha peri<strong>natal</strong> e anamnese atual;− cálculo e anotação <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de gestacional;− controle do calendário de vacinação;− exame físico geral e gineco-obstétrico:• determinação do peso;• calcular o ganho de peso – anotar no gráfico e observar o sentido<strong>da</strong> curva para avaliação do estado nutricional;• medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pressão arterial;• inspeção <strong>da</strong> pele e <strong>da</strong>s mucosas;• inspeção <strong>da</strong>s mamas;• palpação obstétrica e medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterina – anotar nográfico e observar o sentido <strong>da</strong> curva para avaliação docrescimento fetal;• ausculta dos batimentos cardiofetais;• pesquisa de edema;• toque vaginal, exame especular e outros, se necessários. –interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, senecessários;− acompanhamento <strong>da</strong>s condutas adota<strong>da</strong>s em serviços clínicosespecializados;− realização de ações e práticas educativas (individuais e em grupos);− agen<strong>da</strong>mento de consultas subseqüentes.22


3.4. PADRONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E CONDUTASOs procedimentos e condutas padronizados que se seguem devem serrealizados sistematicamente e avaliados em to<strong>da</strong> consulta pré-<strong>natal</strong>. Ascondutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados naficha peri<strong>natal</strong> e no cartão <strong>da</strong> gestante.Métodos para Cálculo <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Gestacional (IG)a) Quando a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> última menstruação (DUM) é conheci<strong>da</strong>:• uso do calendário - contar o número de semanas a partir do 1º dia<strong>da</strong> última menstruação ate a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> consulta. A <strong>da</strong>ta provável doparto (DPP) corresponde ao final <strong>da</strong> 40º semana, conta<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong><strong>da</strong>ta do 1º dia <strong>da</strong> última menstruação;• uso de disco ou gestograma - instrução no verso.b) Quando a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> última menstruação é desconheci<strong>da</strong>, mas seconhece o período do mês em que ela ocorreu:• se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como<strong>da</strong>ta <strong>da</strong> última menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente;proceder, então, à utilização de um dos métodos acima descritos.c) Quando a <strong>da</strong>ta e o período <strong>da</strong> última menst ruação sãodesconhecidos:c.1. Proceder ao exame físico:− Medir a altura uterina e posicionar o valor encontrado na curva decrescimento uterino. Verificar a IG correspondente a esse ponto.Considerar IG muito duvidosa e assinalar com interrogação na fichaperi<strong>natal</strong> e no cartão <strong>da</strong> gestante. A medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterina não é amelhor forma de calcular a i<strong>da</strong>de gestacional;− Quando a <strong>da</strong>ta e o período do mês não forem conhecidos, a IG e aDPP serão inicialmente determina<strong>da</strong>s por aproximação, basicamente,pela medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura do fundo do útero e do toque vaginal, além <strong>da</strong>informação sobre a <strong>da</strong>ta de início dos movimentos fetais. Pode-se utilizara altura uterina mais o toque vaginal, considerando os seguintesparâmetros: até a 6ª semana não ocorre alteração do tamanho uterino; na p8ª semana o útero corresponde ao dobro do tamanho normal; na 10ª semana o útero corresponde a três vezes o tamanhohabitual; na 12ª semana enche a pelve de modo que e palpável na sínfisepúbica; na 16ª semana o fundo uterino encontra-se entre a sínfise púbica ea cicatriz umbilical; na 20ª semana o fundo do útero encontra-se na altura <strong>da</strong> cicatrizumbilical; a partir <strong>da</strong> 20ª semana existe uma relação aproxima<strong>da</strong> entre assemanas <strong>da</strong> gestação e a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterina. Porém, esseparâmetro torna-se menos fie!, à medi<strong>da</strong> que se aproxima o termo.23


c.2. Solicitação de ultra-som− Quando não for possível determinar a i<strong>da</strong>de gestacionalclinicamente, solicitar o mais precocemente o exame de ultrasonografiaobstétrica.Método para Cálculo <strong>da</strong> Data Provável do Parto (DPP)Calcula-se a <strong>da</strong>ta provável do parto levando-se em consideração aduração média <strong>da</strong> gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir<strong>da</strong> DUM), mediante a utilização de um calendário ou gestograma.Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia <strong>da</strong> últimamenstruação e adicionar nove meses ao mês em que ocorreu a últimamenstruação.Exemplos:Data <strong>da</strong> última menstruação: 13/9/95Data provável do parto: 20/6/96Data <strong>da</strong> última menstruação: 27/6/95Data provável do parto: 4/4/9624


4FATORES DE RISCO REPRODUTIVOA gravidez não é doença, mas acontece num corpo de mulher inseri<strong>da</strong>em um contexto social em que a materni<strong>da</strong>de é vista como umaobrigação feminina. Além de fatores econômicos, a condição desubalterni<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mulheres interfere no processo de saúde e doençae configura um padrão de adoecimento e morte específicos.Para implementar as ativi<strong>da</strong>des de normatização do controle pré-<strong>natal</strong>dirigido às gestantes, é necessário dispor de um instrumento que permitaidentificá-las no contexto amplo de suas vi<strong>da</strong>s e mapear os riscos a queca<strong>da</strong> uma delas está exposta. Isso permitirá a orientação eencaminhamentos adequados em ca<strong>da</strong> momento <strong>da</strong> gravidez.A avaliação de risco não é tarefa fácil. O conceito de risco estáassociado a probabili<strong>da</strong>des, e o encadeamento entre um fator de riscoe um <strong>da</strong>no nem sempre está explicado ou é conhecido.Os primeiros sistemas de avaliação do risco foram elaborados com basena observação e experiência dos seus autores, e só recentemente têmsido submetidos a avaliações, persistindo ain<strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>s sobre suaquali<strong>da</strong>de como discriminador.Os sistemas que utilizam pontos ou notas sofrem ain<strong>da</strong> <strong>da</strong> falta deexatidão do valor atribuído a ca<strong>da</strong> fator e a sua associação entre eles,assim como a constatação de grandes variações de acordo com suaaplicação a indivíduos ou populações.Assim, a reali<strong>da</strong>de epidemiológica local deverá ser leva<strong>da</strong> emconsideração para <strong>da</strong>r maior ou menor relevância aos fatoresmencionados no quadro sobre fatores de risco na gravidez.4.1. FATORES DE RISCO NA GRAVIDEZ1. Características Individuais e Condições Sócio-demográficasDesfavoráveis− I<strong>da</strong>de menor que 17 e maior que 35 anos− Ocupação: esforço físico, carga horária, rotativi<strong>da</strong>de de horário,exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse.− Situação conjugal insegura− Baixa escolari<strong>da</strong>de (menos de 5 anos)− Condições ambientais desfavoráveis− Altura menor que 1,45 m− Peso menor que 45 kg e maior que 75 kg− Dependência de drogas lícitas ou ilícitas25


2. História Reprodutiva Anterior− Morte peri<strong>natal</strong> explica<strong>da</strong> e inexplica<strong>da</strong>− Recém-nascido com crescimento retar<strong>da</strong>do, pré-termoou malformado− Abortamento habitual− Esterili<strong>da</strong>de/infertili<strong>da</strong>de− Intervado interpartal menor que dois anos ou maior quecinco anos− Nulipari<strong>da</strong>de e multipari<strong>da</strong>de− Síndrome hemorrágica ou hipertensiva− Cirurgia uterina anterior3. Doença Obstétrica na Gravidez Atual− Desvio quanta ao crescimento uterino, número de fetose volume de líquido amniótico− Trabalho de parto prematuro e gravidez prolonga<strong>da</strong>− Ganho ponderal inadequado− Pré-eclâmpsia - eclâmpsia− Amniorrexe prematura− Hemorragias <strong>da</strong> gestação− Isoimunização− Óbito fetal4. Intercorrências Clínicas− Cardiopatias− Pneumopatias− Nefropatias− Endrocrinopatias− Hemopatias− Hipertensão arterial− Epilepsia− Doenças infecciosas− Doenças auto-imunes− Ginecopatias(Quadro elaborado pelo professor doutor José Júlio Tedesco,gentilmente cedido ao MS e modificado).Observação: para diagnóstico e condutas na gestação de risco, referirseao <strong>Manual</strong> Técnico de Gestação de Alto Risco, MS, 2000.26


5MEDIDA DO PESOOBJETIVO: Avaliar o aumento do peso durante a gestaçãoPara:− Identificar as gestantes com déficit nutricional ou sobrepeso, noinício <strong>da</strong> gestação;− Detectar as gestantes com ganho de peso menor ou excessivopara a i<strong>da</strong>de gestacional, em função do estado nutricional prévio;− Permitir, a partir <strong>da</strong> identificação oportuna <strong>da</strong>s gestantes de risco,orientação para as condutas adequa<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> caso, visandomelhorar o estado nutricional materno, suas condições para oparto e o peso do recém-nascido.ATIVIDADE: Medi<strong>da</strong> do peso e <strong>da</strong> altura materna. Cálculo do aumentode peso durante a gestaçãoResultados perinatais ruins têm sido associados com peso materno prégravídicoinsuficiente, baixa estatura <strong>da</strong> mãe e aumento de pesoinsuficiente ou excessivo durante a gravidez.A variação do peso durante a gravidez é muito grande e oscila entre 6e 16 kg ao final <strong>da</strong> gestação. 0 aumento máximo se dá entre a 12ª e a24ª semana de amenorréia.Técnicas de medi<strong>da</strong>Deve-se aferir o peso em to<strong>da</strong>s as consultas pré-natais, com a gestanteusando roupa leve e descalça. Recomen<strong>da</strong>-se a utilização de balançacom pesos, pois podem ser calibra<strong>da</strong>s regularmente (Anexo I-a).A estatura deverá ser medi<strong>da</strong> na primeira consulta. A gestante deveráestar em pé, descalça, com os calcanhares juntos o mais próximopossível <strong>da</strong> haste vertical <strong>da</strong> balança, ergui<strong>da</strong>, com os ombros para tráse olhando para frente. (Anexo I -b)27


Aumento de pesoSe a gestante conhece seu peso habitual pré-gravídico, o aumento depeso será controlado tomando como referência os valores do gráficoacima. Conhecendo a semana de gestação, diminui-se do peso atual<strong>da</strong> gestante o peso pré-gravídico, obtendo-se o aumento de peso paraessa i<strong>da</strong>de gestacional. O valor será registrado no gráfico do cartão <strong>da</strong>gestante. Os limites máximos p90 e mínimos p25 também sãoapresentados na fita obstétrica e no gestograma (CLAP).Interpretação para uma determina<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de gestacionalNormal: quando o valor do aumento de peso estiver entre o percentil 25e 90.Anormal: quando o valor do aumento de peso for maior que o percentil90 ou estiver abaixo do percentil 25.Os <strong>da</strong>dos para o aumento de peso materno para ca<strong>da</strong> i<strong>da</strong>degestacional podem ser obtidos rapi<strong>da</strong>mente observando-se o verso dodisco obstétrico ou o reverso <strong>da</strong> fita obstétrica.Muitas gestantes não conhecem seu peso habitual antes <strong>da</strong> gestação.Nesses casos, pode-se fazer o controle do aumento de peso registrandoos aumentos semanais, aceitando como normal um aumento médio de400 g por semana no segundo trimestre e de 300 g no terceiro trimestre.Relação de peso-altura segundo a i<strong>da</strong>de gestacionalOutra maneira de saber se o peso atingido é adequado para a i<strong>da</strong>degestacional quando a gestante não conhece seu peso pré-gravídico.28


Os percentis 10 e 90 do peso gravídico estão assinalados na intersecçãode ca<strong>da</strong> semana de amenorréia com a estatura materna. A gestanteserá medi<strong>da</strong> e pesa<strong>da</strong>, e depois de determinar a i<strong>da</strong>de gestacional,observam-se os valores de peso (p 10 e p90) na intersecção <strong>da</strong> alturamaterna com a semana gestação.Peso para altura Segundo a i<strong>da</strong>de gestacional (p 10 e p90)29


INTERPRETAÇÃONormal: se para uma i<strong>da</strong>de gestacional determina<strong>da</strong> o pesoalcançado pela mãe estiver entre p10 e o p90 <strong>da</strong> tabela de referência.Anormal: o peso materno é superior ao p90 ou inferior ao p10,Este último procedimento não permite conhecer o aumento de peso,mas pode-se saber se o peso atingido pela gestante, de acordo com asua altura, é ou não adequado para uma determina<strong>da</strong> i<strong>da</strong>degestacional,As gestantes com peso insuficiente para a estatura, ou com aumentoinsuficiente, deverão receber aconselhamento nutricional esuplementação alimentar.Avaliação do aumento ponderal maternoO aumento excessivo de peso materno predispõe à macrossomia fetal,e o aumento insuficiente está associado ao crescimento intra-uterinoretar<strong>da</strong>do.Deve-se suspeitar de desnutrição materna quando o aumento de pesofor inferior a p25 ou o peso para altura for menor que o p10 dosrespectivos padrões. Se algum valor for maior que o p90 do seu padrão,deve-se suspeitar de excesso de ingestão ou de retenção hídrica.Deve-se suspeitar de crescimento intra-uterino retar<strong>da</strong>do (CIUR) quandoos valores do aumento de peso materno forem inferiores aos quecorrespondem ao p25 (peso para altura menor que p10),CONDUTAOs casos com suspeita clínica de CIUR, excluindo os oligoâmnios, o erro<strong>da</strong> amenorréia, etc., deverão ser confirmados por ultra-sonografia paraafastar os falsos positivos. A gestante deverá então ser referi<strong>da</strong> paraacompanhamento no pré-<strong>natal</strong> de alto risco.5.1. INTERPRETAÇÃO DO INDICADOR E CONDUTA NOS DIFERENTES CASOSNa definição de condutas, afastar sempre erro de i<strong>da</strong>de gestacional.31


Primeira consulta: avaliação do estado nutricional através <strong>da</strong> medi<strong>da</strong>inicial de peso/alturaACHADOSPonto situado entre as curvas quese iniciam no percentil 25 e nopercentil 90 do peso padrão para ai<strong>da</strong>de gestacionalCONDUTASBom estado nutricional:• seguir calendário habitual• explicar à gestante que seu pesoestá adequado para a i<strong>da</strong>degestacional• <strong>da</strong>r orientação alimentarACHADOSPonto situado abaixo <strong>da</strong> curva quese inicia no percentil 25 do pesopadrão para a i<strong>da</strong>de gestacionalCONDUTASGestante de risco, em vista deapresentar peso insuficiente para ai<strong>da</strong>de gestacional (desnutrição):• investigar história alimentar,hiperêmese gravídica,infecções, parasitoses, anemias,doenças debilitantes• remarcar consulta médica, emintervalo menor que o fixado nocalendário habitualACHADOSPonto situado acima <strong>da</strong> curva quese inicia no percentil 90 do pesopadrão para a i<strong>da</strong>de gestacionalCONDUTASGestante de risco, em face deapresentar peso superior ao aceitocomo normal para essa i<strong>da</strong>degestacional; tanto maior será orisco quanto mais elevado for o seusobrepeso:• afastar possíveis causas -obesi<strong>da</strong>de, edema, polidrâmnio,macrossomia, gravidez múltipla• remarcar consulta médica, emintervalo menor que o fixado nocalendário habitual• o peso ganho durante to<strong>da</strong> agestação não deve ultrapassar afaixa de 16 kg (p90)32


Consultas subseqüentes: avaliação do ganho de peso, em função doestado nutricional <strong>da</strong> gestante na primeira consultaACHADOSTraçado com inclinaçãoascendente entre as curvas que seiniciam no percentil 25 e nopercentil 90 do peso padrão paraa i<strong>da</strong>de gestacionalCONDUTASBom estado nutricional (ganho depeso adequado):• seguir calendário habitual• <strong>da</strong>r orientação alimentar, paraque a gestante se mantenhadentro <strong>da</strong> faixa denormali<strong>da</strong>de.ACHADOSTraçado entre as curvas dopercentil 25 e 90, com inclinaçãohorizontal ou descendenteOuTraçado abaixo <strong>da</strong> curva dopercentil 25, com inclinaçãohorizontal, descendente ouascendente, sem atingir, porém, afaixa considera<strong>da</strong> normal (p25)CONDUTASGestante de risco, em vista deapresentar ganho de pesoinadequado:• identificar causas - déficitalimentar,infecções, parasitoses,anemia, entre outras, e tratá-lasquando presentes e <strong>da</strong>rorientação alimentar• marcar consulta médico nauni<strong>da</strong>deEssas medi<strong>da</strong>s visam a que agestante chegue ao término <strong>da</strong>gestação com ganho de pesomínimo de 8 Kg33


ACHADOSTraçado acima <strong>da</strong> curva que seinicia no percentil 90 do pesopadrão para a i<strong>da</strong>degestacional (p90)CONDUTASGestante de risco, visto que seuganho de peso é superior aoideal para sua i<strong>da</strong>de gestacional;quanto mais alto for o sobrepeso,maior será orisco:• investigar possíveis causas -obesi<strong>da</strong>de, diabetes e edema• avaliar e tratar,• ao persistir, encaminhar para oserviço de alto risco• caso exista a hipótese depolidrâmnio, macrossomia,gravidez múltipla, entre outras,está indicado oencaminhamento para oserviço de alto riscoEssas medi<strong>da</strong>s visam a que agestante chegue ao término <strong>da</strong>gestação com o peso finaldentro <strong>da</strong> faixa de normali<strong>da</strong>de(máximo de 16 kg)Observações:− gestantes que iniciam o pré-<strong>natal</strong> dentro do 1 9 trimestre e apresentempeso acima <strong>da</strong> curva que se inicia no percentil 90 do padrãopeso/i<strong>da</strong>de gestacional, não necessitam ganhar mais de 8 kg emto<strong>da</strong> a gestação;− gestantes adolescentes (menores de 19 anos) devem ganhar,aproxima<strong>da</strong>mente, 1 kg a mais do que o estabelecido pela norma;− gestantes com altura inferior a 140 cm devem chegar ao final <strong>da</strong>gestação com um ganho de peso de cerca de 10 a 11 kg;− considera-se como ganho súbito de peso um aumento superior a 500g em uma semana (essa ocorrência deve ser considera<strong>da</strong> como sinalprecoce de edema patológico, devendo ser investiga<strong>da</strong>).34


6CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL (PA)Objetivo:− Detectar precocemente estados hipertensivos que se constituamem risco materno e peri<strong>natal</strong>.Considera-se hipertensão arterial sistêmica na gestação:1. O aumento de 30 mmHg ou mais na pressão sistólica (máxima) e/oude 15 mmHg ou mais na pressão diastólica (mínima), em relação aosníveis tensionais previamente conhecidos.2. A observação de níveis tensionais iguais ou maiores que 140 mmHgde pressão sistólica, e iguais ou maiores que 90 mmHg de pressãodiastólica.Os níveis tensionais alterados devem ser confirmados em, pelo menos,duas medi<strong>da</strong>s, com a gestante em repouso (ver técnica para medi<strong>da</strong>no Anexo I - c).ACHADOSNíveis de PA conhecidos enormais, antes <strong>da</strong> gestação:• manutenção dos mesmos níveisou elevação <strong>da</strong> pressão sistólicainferior a 30 mmHg e <strong>da</strong>diastólica inferior a 15 mmHgNíveis de PA desconhecidos, antes<strong>da</strong> gestação:• valores <strong>da</strong> pressão sistólicainferiores a 140 mmHg e <strong>da</strong>pressão diastólica inferiores a 90mmHgCONDUTASNíveis tensionais normais:• manter calendário de consultahabitual35


ACHADOSNíveis de PA conhecidos e normais,antes <strong>da</strong> gestação:• aumento <strong>da</strong> pressão sistólicaigual ou superior a 30 mmHg e <strong>da</strong>pressão diastólica igual ousuperior a 15 mmHgNíveis de PA desconhecidos, antes<strong>da</strong> gestação:• valores <strong>da</strong> pressão sistólica iguaisou superiores a 140 mmHg e <strong>da</strong>pressão diastólica iguais ousuperiores a 90 mmHgCONDUTASPacientes de risco:• em virtude de apresentarhipertensão arterial, referir ao pré<strong>natal</strong>de alto riscoObservação: as pacientes com hipertensão arterial antes <strong>da</strong> gestaçãodeverão ser considera<strong>da</strong>s de risco e encaminha<strong>da</strong>s ao pré-<strong>natal</strong> dealto risco.36


7VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE EDEMAObjetivo:− Detectar precocemente a ocorrência de edema patológico.ACHADOS ANOTE CONDUTASEdema ausente (-) Acompanhar a gestante,seguindo o calendário derotinaApenas edema detornozelo, sem hipertensãoou aumento súbito de peso(+) Verificar se o edema estárelacionado à postura,final do dia, temperaturaou tipo de calçadoACHADOS ANOTE CONDUTASEdema limitado aosmembros inferiores, comhipertensão ou aumento depeso(++) Aumentar repouso emdecúbito lateral esquerdo.Deve ser avalia<strong>da</strong> pelomédico <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de, deacordo com o calendáriode rotina. Caso hajahipertensão, a gestantedeve ser encaminha<strong>da</strong>para um serviço de altoriscoEdema generalizado (face,tronco e membros), ou que jáse manifesta ao acor<strong>da</strong>r,acompanhado ou não de(+++) Gestante de risco emvirtude de suspeita de préeclampsiaou outrassituações patológicas:hipertensão ou aumento súbitoreferir ao pré-<strong>natal</strong> de riscode peso37


8MEDIDA DA ALTURA UTERINA/ACOMPANHAMENTO DOCRESCIMENTO FETALObjetivos:− Identificar o crescimento normal do feto e detectar seusdesvios;− Diagnosticar as causas do desvio de crescimento fetalencontrado e orientar oportunamente para as condutasadequa<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> caso.Indicador: altura uterina em relação ao número de semanas degestação.Padrão de referência: curvas de altura uterina para i<strong>da</strong>degestacional desenha<strong>da</strong>s a partir dos <strong>da</strong>dos do Centro Latino-Americano de Perinatologia (CLAP).Ponto de corte: serão considerados parâmetros de normali<strong>da</strong>depara o crescimento uterino o percentil 10, para o limite inferior, e opercentil 90, para o limite superior.Representação do indicador: por meio de gráfico constituído deduas linhas: a inferior representa o percentil 10, e a superior, opercentil 90.Avaliação do aumento <strong>da</strong> altura uterinaO útero aumenta seu tamanho com a i<strong>da</strong>de gestacional (verdiagnóstico <strong>da</strong> gravidez e determinando <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de gestacional). Foramdesenvolvi<strong>da</strong>s curvas de alturauterina em função <strong>da</strong> I<strong>da</strong>degestacional, nas quais ospercentis 10 e 90 marcam oslimites <strong>da</strong> normali<strong>da</strong>de,39


Quando os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> amenorréia são confiáveis e se descarta apossibili<strong>da</strong>de de feto morto e oligoâmnio, a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterinapermite diagnosticar o crescimento intra-uterino retar<strong>da</strong>do com umasensibili<strong>da</strong>de de 56% e uma especifici<strong>da</strong>de de 91%.A sensibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> altura uterina para o diagnóstico de macrossomia fetal éde 92% e sua especifici<strong>da</strong>de 72%, uma vez que tenham sido excluídos agravidez gemelar, os polidrâmnios e a miomatose uterina.A medi<strong>da</strong> é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e nãoextensível, do púbis ao fundo do útero, determinado por palpação, com agrávi<strong>da</strong> em decúbito dorsal.Existem diferentes métodos de medi<strong>da</strong> que oferecem valores diferentes, porisso é imprescindível normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais dereferência que tenham sido elaborados com a mesma técnica.Na Figura A, mostra-se a técnica de medi<strong>da</strong> na qual a extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fitamétrica é fixa<strong>da</strong> na margem superior <strong>da</strong> púbis com uma mão, deslizando afita entre os dedos indicador e médio <strong>da</strong> outra mão ate alcançar o fundodo útero com a margem cubital dessa mão. Os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s pesquisas doCLAP foram obtidos a partir dessa técnica de medi<strong>da</strong>.Na Figura B, a fita é coloca<strong>da</strong> debaixo <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> cubital, por isso, aodescrever uma curva maior, o valor que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior emrelação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de gestação.40


Procedimentos:− medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterina - AU (ver técnica no Anexo I -d);− registro do valor <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong> no gráfico de AU/semanasde gestação;− interpretação do traçado obtido.8.1. INTERPRETAÇÃO DO TRAÇADO OBTIDO E CONDUTASPosição <strong>da</strong> ponta obti<strong>da</strong> na primeira medi<strong>da</strong> em relação às curvasGRÁFICO PONTO CONDUTAEntre as curvas inferiores esuperioresSeguir calendário deatendimento de rotinaAcima <strong>da</strong> curva superiorAbaixo <strong>da</strong> curva inferiorAtentar para apossibili<strong>da</strong>de de erro decálculo <strong>da</strong> i<strong>da</strong>degestacional (IG). Deve servista pelo médico <strong>da</strong>uni<strong>da</strong>de e avalia<strong>da</strong> apossibili<strong>da</strong>de depolidrâmnio, macrossomiafetal, gemelari<strong>da</strong>de, molaahi<strong>da</strong>tiforme, miomatoseuterina e obesi<strong>da</strong>de. Casopermaneça dúvi<strong>da</strong>, marcarretorno em 15 dias parareavaliação ou, se possível,encaminhamento paraserviço de alto riscoAtentar para apossibili<strong>da</strong>de de erro decálculo <strong>da</strong> IG. Deve servista pelo médico <strong>da</strong>uni<strong>da</strong>de para avaliarpossibili<strong>da</strong>de de feto morto,oligoâmnio ou retardo decrescimento Intra0uterino.Caso permaneça dúvi<strong>da</strong>,marcar retorna em 15 diaspara reavaliação ou, sepossível, encaminhamentopara serviço de alto risco41


Consultas subseqüentes:GRÁFICO TRAÇADO INTERPRETAÇÃO CONDUTAEvoluindo entre ascurvas superiores einferioresCrescimentonormalSeguir calendáriobásicoEvoluindo acima<strong>da</strong> curva superior ecom a mesmainclinação destaOuEvoluindo abaixo<strong>da</strong> curva inferior ecom a mesmainclinação destaEvoluindo acima<strong>da</strong> curva superior ecom inclinaçãomaior que estaÉ possível que a IGseja maior que aestima<strong>da</strong>É possível que a IGseja menor que aestima<strong>da</strong>É possível tratar-sede gestaçãomúltipla,polidrâmnio,macrossomia ououtra situaçãoEncaminhargestante médica,para:• confirmar tipo decurva• confirmar a IG• referir ao pré<strong>natal</strong>de altorisco a serviçoespecializado,caso hajasuspeita dedesvio docrescimento fetalReferir ao pré-<strong>natal</strong>de alto riscoEvoluindo cominclinaçãopersistentementemenor que a curvainferiorSe o traçado cruzara curva inferior ouestiver afastandosedela, provávelretardo docrescimento fetalReferi ao pré-<strong>natal</strong>de alto riscoObservação: deve-se pensar em erro de medi<strong>da</strong> quando ocorrer que<strong>da</strong> ouelevação abrupta em curva que vinha evoluindo normalmente.42


9AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDIOFETAIS (BCF)Objetivo:− Constatar a ca<strong>da</strong> consulta a presença, ritmo, freqüência e anormali<strong>da</strong>de dos batimentos cardiofetais (BCF)É considera<strong>da</strong> normal a freqüência cardíaca fetal entre 120 a 160batimentos por minuto.Procedimentos: ver técnica no Anexo I-g deste manual.ACHADOBCFs não audíveis comestetoscópio de Pinard. Quandoa i<strong>da</strong>de gestacional for igual oumaior que 24 semanasBradicardia e taquicardia(achados raros)CONDUTAALERTA:a) verificar erro de estimativa dei<strong>da</strong>de gestacionalb) afastar condições que prejudiquemuma boa ausculta: obesi<strong>da</strong>dematerna, dificul<strong>da</strong>de de identificar odorso fetalc) manter calendário mínimo deconsulta, se houver percepçãomaterna e constatação objetiva demovimentos fetais ou o útero estivercrescendod) agen<strong>da</strong>r consulta médica ou referirpara serviço de maior complexi<strong>da</strong>de,se a gestante não mais percebermovimentação fetal ou o crescimentouterino estiver estacionárioALERTA:a) afastar febre, uso demedicamentos pela mãe.b) deve-se suspeitar de sofrimentofetal.O médico <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de deve avaliar agestante e o feto. Na persistência dosinal, encaminhar a gestante paramaterni<strong>da</strong>de.Observações: após uma contração uterina, movimentação fetal ouestímulo mecânico sobre o útero, um aumento transitório na freqüênciacardíaca fetal é sinal de boa vitali<strong>da</strong>de.Por outro lado, uma desaceleração ou a não-alteração <strong>da</strong> freqüênciacardíaca fetal, concomitante a esses eventos, é sinal de alerta,requerendo aplicação de metodologia para avaliação <strong>da</strong> vitali<strong>da</strong>defetal. Referir a gestante para um nível de maior complexi<strong>da</strong>de ou àmaterni<strong>da</strong>de.43


10EXAMES LABORATORIAIS NA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATALE CONDUTASSolicitar na primeira consulta os seguintes exames de rotina:− grupo sanguíneo e fator Rh, quando não realizado anteriormente;− sorologia para sífilis (VDRL);− urina (tipo I);− hemoglobina (Hb);− glicemia de jejum;− colpocitologia oncótica (se necessário);− bacterioscopia do conteúdo vaginal (se necessário).EXAMES DE ROTINA RESULTADOS CONDUTASTipagem sanguínea Rh negativoe parceiro Rhpositivo oufator RhSorologia para lues45Solicitar o teste de Coombs indireto; senegativo, repeti-lo a ca<strong>da</strong> quatrosemanas, a partir <strong>da</strong> 24ª semana.Quando o teste de Coombs forpositivo, referir ao pré-<strong>natal</strong> de altorisco.VDRL positivo Sífilis primária - tratar com penicilinabenzatina 2.400.000 UI (1.200.000 emca<strong>da</strong> nádega em dose única, dosetotal 2.400.000 UI.).Sífilis recente (até 1 ano – tratar compenicilina benzatina, 2.400.000 UI(1.200.000 UI ca<strong>da</strong> nádega em doseúnica, dose total 2.400.000 UI.).Sífilis recente (até 1 ano) – tratar compenicilina benzatina, 2.400.000 UI(1.200.000 UI ca<strong>da</strong> nádega), repetirem uma semana, dose total 4.800.000Sífilis tardia (1 ou mais anos deevolução ou de duraçãodesconheci<strong>da</strong>) tratar com penicilinabenzatina 2.400.000 UI (1.200.000 UI emca<strong>da</strong> nádega), em três aplicaçõescom intervalo de uma semana, dosetotal 7.200.000 UI, tratar o parceirosempre.VDRL negativo Repetir exame no 3º trimestre e nomomento do parto, e em caso deabortamento.Urina tipo I 1. Proteinúria 1a) "traços": repetir em 15 dias1b) "traços" + hipertensão e/ouedema: referir ao pré-<strong>natal</strong> de altorisco1c) "maciça": referir ao pré-<strong>natal</strong> dealto risco.


EXAMES DE ROTINA RESULTADOS CONDUTAS2. Piúria ouBacteriúriaSolicitar urocultura comantibiograma. Referir à consultamédica, se necessário.3. Hematúria 3a) se piúria associa<strong>da</strong>, solicitarurocultura.3b) se isola<strong>da</strong>, excluídosangramento genital, referir àconsulta especializa<strong>da</strong>.4. Cilindrúria Referir ao pré-<strong>natal</strong> de altorisco.5. Outros elementos Não necessitam condutasespeciais.DosagemdehemoglobinaHemoglobina ≥ 11g/dlHemoglobina< 11g/dl> 8g/dlHemoglobina


10.1. TESTE ANTI-HIV NA GRAVIDEZDeve ser sempre voluntário e acompanhado de aconselhamento pré epós-teste (ver Anexo III).Negativo: se a gestante se enquadrar em um dos critérios de risco(portadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ouparceira de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetidoapós três meses ou no momento <strong>da</strong> internação para o parto.Positivo: a gestante terá indicação do uso do AZT a partir <strong>da</strong> 14ªsemana, para redução do risco de transmissão vertical, devendo serencaminha<strong>da</strong> para uni<strong>da</strong>de de referência para acompanhamento.10.2. ESQUEMA RECOMENDADO PARA A DETECÇÃO DE DIABETES MELLITUSGESTACIONALFatores de Risco para Diabetes Mellitus GestacionalÉ o tipo de diabetes que aparece na gravidez, sobretudo se a mulher:− tem mais de 25 anos;− tem parentes próximos com diabetes;− teve filhos pesando mais de 4 kg ao nascer;− teve abortos ou natimortos;− teve filhos com malformação fetal;47


− é obesa ou tenha aumentado muito de peso durante a gestação;− teve polidrâmnio, pré-eclâmpsia;− teve diabetes gestacional;− tem baixa estatura;− tem distribuição central de gordura corporal.Outros exames complementaresCasos específicos, segundo indicação clínica:a) Colpocitologia oncótica (exame de Papanicolaou ou "preventivo"):deverá ser realizado nas gestantes, cujo último exame tenhaocorrido há mais de três anos, sendo o último exame comdiagnóstico negativo para neoplasia.b) Hemograma;c) Coombs indireto;d) Cultura de urina com antibiograma;e) Exame parasitológico de fezes;f) Exame bacterioscópico a fresco do conteúdo vaginal;g) Outros48


11VACINAÇÃO ANTITETÂNICAVacinação <strong>da</strong> gestanteÉ realiza<strong>da</strong> para a prevenção do tétano no recém-nascido e para aproteção <strong>da</strong> gestante, com a vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na faltadesta, com o toxóide tetânico (Tf).Gestante não-vacina<strong>da</strong>Esquema básico: consta de três doses, podendo ser adotado um dosseguintes esquemas:1ª Dose 2ª Dose 3ª DosePrecoce 30-60 dias depois <strong>da</strong> 1ª dose 180 dias depois <strong>da</strong> 2ª dosePrecoce 60 dias depois <strong>da</strong> 1ª dose 60 dias depois <strong>da</strong> 2ª dose* Segun<strong>da</strong> dose deve ser aplica<strong>da</strong> até 20 dias, no máximo, antes <strong>da</strong><strong>da</strong>ta provável do parto.Reforços: de dez em dez anos; antecipar a dose de reforço se ocorrernova gravidez em cinco anos, ou mais, depois <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> últimodose.Gestante vacina<strong>da</strong>Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas doses <strong>da</strong>vacina contra o tétano (DPT, DT, dT ou TT), deverão ser aplica<strong>da</strong>s maisuma ou duas doses <strong>da</strong> vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta,com o toxóide tetânico (TT), para se completar o esquema básico detrês doses.Reforços: de dez em dez anos; antecipar a dose de reforço se ocorrernova gravidez em cinco anos, ou mais, depois <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> últimodose.Efeitos adversos mais comunsDor, calor, vermelhidão e endurecimento local, e febre.Contra-indicaçõesA única contra-indicação é o relato, muito raro, de reação anafiláticaseguindo-se à aplicação de dose anterior.49


12NÍVEIS DE EXECUÇÃO DA ASSISTÊNCIAPRÉ-NATALAgente comunitário de saúde• Realiza visitas domiciliares, identificando gestantes e desenvolvendoativi<strong>da</strong>de de educação <strong>da</strong> gestante e de seus familiares, orientandosobre os cui<strong>da</strong>dos básicos de saúde e nutrição, cui<strong>da</strong>dos de higienee sanitários;• Deve encaminhar a gestante ao serviço de saúde ou avisar aoenfermeiro ou ao médico de sua equipe, caso apresente: febre,calafrio, corrimento com mau cheiro, per<strong>da</strong> de sangue, palidez,contrações uterinas freqüentes, ausência de movimentos fetais,mamas endureci<strong>da</strong>s, vermelhas e quentes, e dor ao urinar;• Orienta sobre a periodici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s consultas, identifica situações derisco e encaminha para diagnóstico e tratamento;• Realiza a captação precoce de gestante para a 1° consulta e paraconsultas subseqüentes;• Realiza visitas no período puerperal, acompanha o processo dealeitamento, orienta a mulher e seu companheiro sobreplanejamento familiar.Auxiliar de enfermagem• Orienta as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-<strong>natal</strong> e<strong>da</strong> amamentação;• Verifica o peso e a pressão arterial e anota os <strong>da</strong>dos no Cartão <strong>da</strong>gestante;• Fornece medicação, mediante receita médica ou medicamentospadronizados para o programa;• Aplica vacina antitetânica;• Participa <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des educativas.Enfermeiro(a)• Orienta as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-<strong>natal</strong>,amamentação, vacinação, preparo para o parto, etc.;51


• Realiza consulta de pré-<strong>natal</strong> de gestação de baixo risco;• Solicita exames de rotina e orienta tratamento conforme protocolodo serviço;• Encaminha gestantes identifica<strong>da</strong>s como de risco para o médico;• Realiza ativi<strong>da</strong>des com grupos de gestantes, grupos de sala deespera, etc.;• Fornece o cartão <strong>da</strong> gestante devi<strong>da</strong>mente atualizado a ca<strong>da</strong>consulta;• Realiza coleta de exame citopatológico.Médico(a)• Realiza consulta de pré-<strong>natal</strong>, intercalando com o(a) enfermeiro(a);• Solicita exames e orienta tratamento conforme as Normas Técnicas eOperacionais;• Orienta gestantes quanto aos fatores de risco;• Identifica as gestantes de risco e as encaminha para a uni<strong>da</strong>de dereferência;• Realiza coleta de exame citopatológico;• Fornece o cartão <strong>da</strong> gestante devi<strong>da</strong>mente atualizado a ca<strong>da</strong>consulta;• Participa de grupos de gestantes e realiza visita domiciliar quando foro caso;• Atende às intercorrências e encaminha as gestantes para a uni<strong>da</strong>dede referência quando necessário.52


13ANEXOSI. TÉCNICAS PADRONIZADAS PARA 0 EXAME CLÍNICO E OBSTÉTRICOPara um bom acompanhamento pré-<strong>natal</strong>, é necessário que a equipede saúde utilize correta e uniformemente as técnicas de exame clínicoe obstétrico.Cabe aos profissionais de formação universitária promover acapacitação dos demais membros <strong>da</strong> equipe, visando garantir quetodos os <strong>da</strong>dos colhidos sejam fidedignos.Faz-se necessário destacar que to<strong>da</strong>s as técnicas de medi<strong>da</strong> deparâmetros biológicos sejam rigorosamente uniformes. Do contrário,ocorrerão diferenças significativas, prejudicando a comparação dos<strong>da</strong>dos.É importante ressaltar a lavagem <strong>da</strong>s mãos do examinador, quantasvezes se e fizer necessário, durante o atendimento à gestante.a) Procedimento para pesagem- Balança de adulto, tipo plataforma, cuja escala tenha intervalosde até 100 g:• Antes de ca<strong>da</strong> pesagem, a balança deve ser destrava<strong>da</strong>,zera<strong>da</strong> e tara<strong>da</strong>.• A gestante, descalça e vesti<strong>da</strong> apenas com o avental ou roupaleve, deve subir na plataforma e ficar em pé, de frente para omedidor, com os braços estendidos ao longo do corpo e semqualquer outro apoio.• Mover o marcador maior (kg) do zero <strong>da</strong> escala até o ponto emque o braço <strong>da</strong> balança incline-se para baixo; voltar, então,para o nível imediatamente anterior (o braço <strong>da</strong> balançainclina-se para cima).• Em segui<strong>da</strong>, mover o marcador menor (g) do zero <strong>da</strong> escala atéo ponto em que haja o equilíbrio entre o peso <strong>da</strong> escala e opeso real <strong>da</strong> gestante (o braço <strong>da</strong> balança fica em linha reta eo cursor aponta para o ponto médio <strong>da</strong> escala).• Ler o peso em quilogramas na escala maior e em gramas naescala menor, com aproximação de até 100 g.• Anotar no prontuário o peso encontrado, para efetuar o cálculodo ganho de peso e anotar no gráfico do cartão <strong>da</strong> gestante e<strong>da</strong> ficha peri<strong>natal</strong>.53


) Procedimentos para medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> estatura− Balança: a mesma utiliza<strong>da</strong> para pesagem.• A gestante deve estar em pé e descalça, no centro <strong>da</strong>plataforma, com os braços estendidos ao longo do corpo.• Os calcanhares, nádegas e espáduas devem tocar a hastevertical do balança.• A cabeça deve estar ergui<strong>da</strong> de maneira que a bor<strong>da</strong> inferior<strong>da</strong> órbita fique no mesmo plano horizontal que o meato doouvido externo.• Encarregado de proceder à medi<strong>da</strong> deverá baixar lentamentea haste vertical até que essa pressione suavemente os cabelos<strong>da</strong> gestante (estes, quando extremamente espessos, devem serconsiderados).• Fazer então a leitura na escala do haste de medir, comaproximação de até 0,5 cm.• Em segui<strong>da</strong>, anotar o resultado no prontuário.c) Medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pressão ou tensão arterial• Certificar-se de que o aparelho de pressão (esfigmomanômetro)está calibrado.• Com a gestante senta<strong>da</strong>, apoiar-lhe o antebraço numa superfície,com a palma <strong>da</strong> mão volta<strong>da</strong> para cima, à altura do coração,desnu<strong>da</strong>ndo-lhe o braço• Colocar o manguito ao redor do braço <strong>da</strong> gestante, ajustando-oacima <strong>da</strong> dobra do cotovelo.• Palpar a artéria na dobra do cotovelo e sobre ela colocar odiafragma do estetoscópio, com leve pressão local. Nuncaprendê-lo sob o manguito.• Colocar as olivas do estetoscópio nos ouvidos.• Inflar o manguito rapi<strong>da</strong>mente, até mais 30 mmHg, após odesaparecimento dos ruídos.• Desinflar lentamente o manguito.• Leitura:− ponto do manômetro que corresponder ao aparecimento doprimeiro ruído será a pressão sistólica (máxima);− a pressão diastólica (mínima) será li<strong>da</strong> no momento em que osruídos desaparecerem completamente. Nos casos em que odesaparecimento completo dos ruídos não ocorrer, proceder àleitura <strong>da</strong> pressão diastólica no ponto onde perceba-se marcadoabafamento.• Anotar o resultado na ficha e no cartão.d) Medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> altura uterina• Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdomedescoberto.• Delimitar a bor<strong>da</strong> superior do sínfise púbica e o fundo uterino.54


• Fixar a extremi<strong>da</strong>de inicial (0 cm) <strong>da</strong> fita métrica na bor<strong>da</strong> superior<strong>da</strong> sínfise púbica, passando a mesma entre os dedos indicador emédio. Proceder à leitura quando a bor<strong>da</strong> cubital a mão atingir ofundo uterino.• Anotar a medi<strong>da</strong>, em centímetros, na ficha e no cartão, e marcaro ponto na curva <strong>da</strong> altura uterina (Figuras 1 e 2).e) Detecção de edemaNos membros inferiores:• posicionar a gestante de decúbito dorsal ou senta<strong>da</strong>, sem meias;• pressionar a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e naperna, no nível do seu terço médio, face anterior (região pré-tibial,Figuras 3 e 4).55


Na região sacra:• posicionar a gestante de decúbito lateral ou senta<strong>da</strong>;• pressionar a pele, por alguns segundos, na região sacra, com o dedopolegar.O edema fica evidenciado mediante presença de uma depressãoduradoura no local pressionado (Figuras 5 e 6).Na face e em membros superiores:• identificar a presença de edema pela inspeção.f) Identificação <strong>da</strong> situação e apresentação fetalA identificação <strong>da</strong> situação e <strong>da</strong> apresentação fetal é feita por meio<strong>da</strong> palpação obstétrica, procurando identificar os pólos cefálico epélvico e o dorso fetal.56


O feto pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa.As apresentações mais freqüentes são a cefálica e a pélvica.SITUAÇÃO:57


Conduta: a situação transversa e a apresentação pélvica em final degestação podem significar risco no parto. Referir, sempre, a gestantepara parto hospitalar.g)Ausculta dos batimentos cardiofetais (BCF) com estetoscópio dePinard (Figura 7)• Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdomedescoberto.• Identificar o dorso fetal. Além de realizar a palpação, deve-seperguntar à gestante em qual lado ela mais sente os movimentosfetais; o dorso estará no lado oposto.• Segurar o estetoscópio de Pinard pelo tubo, encostando aextremi<strong>da</strong>de de abertura mais ampla no local previamenteidentificado como correspondente ao dorso fetal.• Encostar o pavilhão <strong>da</strong> orelha na outra extremi<strong>da</strong>de do estetoscópio.• Fazer, com a cabeça, uma leve pressão sobre o estetoscópio e sóentão retirar a mão que segura o tubo.• Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF, na região do dorsofetal.• Controlar o pulso <strong>da</strong> gestante, para certificar-se que os batimentosouvidos são os fetais, já que as freqüências são, diferentes.• Contar os batimentos cardiofetais por 1 minuto, observando suafreqüência e ritmo.• Registrar os BCF na ficha peri<strong>natal</strong> e no cartão <strong>da</strong> gestante.58


Figura 7II. CONDUTAS NAS QUEIXAS MAIS FREQÜENTES NA GESTAÇÃO NORMALAs orientações a seguir são váli<strong>da</strong>s para os casos em que os sintomassão manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo, geralmente,doenças clínicas mais complexas. A maioria <strong>da</strong>s queixas diminui oudesaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser evitados aomáximo.a) Náuseas, vômitos e tonturas• Explicar que esses são sintomas comuns no início <strong>da</strong> gestação.• Orientar a gestante para: dieta fraciona<strong>da</strong> (seis refeições leves aodia); evitar frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes oudesagradáveis; evitar líquidos durante as refeições, <strong>da</strong>ndopreferência á ingestão nos intervalos; ingerir alimentos sólidos antesde levantar-se, pela manhã.• Agen<strong>da</strong>r consulta médica para avaliar a necessi<strong>da</strong>de de usarmedicamentos ou referir ao pré-<strong>natal</strong> de alto risco, em caso devômitos freqüentes.b) Pirose (azia)- Orientar a gestante para:• dieta fraciona<strong>da</strong>, evitando frituras; ingerir leite frio;• evitar café, chá preto, mates, doces, álcool e fumo.Observação: em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazeruso de medicamentos antiácidos.c) Sialorréia (salivação excessiva)• Explicar que esse é um sintoma comum no início <strong>da</strong> gestação.• Orientar dieta semelhante à indica<strong>da</strong> para náusea e vômitos.• Orientar a gestante para deglutir a saliva e tomar líquidos emabundância (especialmente em épocas de calor).59


d) Fraquezas e desmaios− Orientar a gestante para que não faça mu<strong>da</strong>nças bruscas deposição e evite a inativi<strong>da</strong>de.− Indicar dieta fraciona<strong>da</strong>. Sugerir chá ou café com açúcar comoestimulante, desde que não estejam contra-indicados.− Explicar à gestante que sentar-se com a cabeça abaixa<strong>da</strong> ou deitarseem decúbito lateral, respirando profun<strong>da</strong> e pausa<strong>da</strong>mente,melhora a sensação de fraqueza e desmaio.e) Dor abdominal, cólicas, flatulência e obstipação intestinal− Certificar-se de que não sejam contrações uterinas.− Se a gestante apresentar flacidez <strong>da</strong> parede abdominal, sugerir o usode cinta (com exceção <strong>da</strong> elástica) e exercícios apropriados.− Se houver flatulências (gases) e ou obstipação intestinal:• orientar dieta rica em resíduos: frutas cítricas, verduras, mamão,ameixas e cereais integrais;• recomen<strong>da</strong>r que aumente a ingestão de líquidos e evite alimentosde alta fermentação, tais como repolho, couve, ovo, feijão, leite eaçúcar;• recomen<strong>da</strong>r caminha<strong>da</strong>s, movimentação e regularização dohábito intestinal;− eventualmente prescrever:− simeticona (gases);− supositório de glicerina (obstipação);− hioscina, uma cápsula, via oral, até duas vezes ao dia (cólicas);• solicitar exame parasitológico de fezes, se necessário.f) Hemorrói<strong>da</strong>s− Recomen<strong>da</strong>r à gestante:• fazer dieta, a fim de evitar a obstipação intestinal. Se necessário,prescrever supositórios de glicerina;• não usar papel higiênico colorido ou áspero (molhá-lo) e fazerhigiene perianal com água e sabão neutro, após defecação;• fazer banhos de vapor ou compressas mornas;• agen<strong>da</strong>r consulta médica, caso haja dor ou sangramento analpersistente.g)Corrimento vaginal− Explicar que um aumento de fluxo vaginal é comum na gestação.− Não prescrever cremes vaginais, desde que não haja diagnóstico deinfecção vaginal.− Agen<strong>da</strong>r consulta médica, se ocorrer fluxo de cor amarela<strong>da</strong>,esverdea<strong>da</strong> ou com odor fétido, ou caso haja prurido. Nesses casos,ver condutas no <strong>Manual</strong> de Tratamento e Controle de DoençasSexualmente Transmissíveis / DST-Aids/MS.60


h) Queixas urinárias− Explicar que, geralmente, o aumento do número de micções écomum no início e no final <strong>da</strong> gestação (aumento do útero ecompressão <strong>da</strong> bexiga).− Agen<strong>da</strong>r consulta médico, caso exista dor ao urinar ou hematúria(sangue na urina), acompanha<strong>da</strong> ou não de febre.i) Falha de ar e dificul<strong>da</strong>de para respirar− Esses sintomas são freqüentes na gestação, em decorrência doaumento do útero ou ansie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> gestante:• recomen<strong>da</strong>r repouso em decúbito lateral;• ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, se for o caso;• estar atento para outros sintomas associados e para achados noexame cardiopulmonar pois, embora infreqüentemente, podetratar-se de doença cardíaca ou respiratória. Agen<strong>da</strong>r a consultamédica, caso haja dúvi<strong>da</strong> ou suspeita.j) Dor nas mamas− Recomen<strong>da</strong>r o uso constante de sutiã, com boa sustentação, apósdescartar qualquer alteração no exame <strong>da</strong>s mamas.l) Dor lombar (dores nas costas)− Recomen<strong>da</strong>r à gestante:• correção de postura ao sentar-se e ao an<strong>da</strong>r;• use de sapatos com saltos baixos e confortáveis;• aplicação de calor local;• eventualmente, usar analgésico (se não for contra-indicado), portempo limitado.m) Cefaléia (dor de cabeça)− Afastar hipertensão arterial e pré-eclâmpsia (se tiver mais de 24semanas de gestação).− Conversar com a gestante sobre suas tensões, conflitos e temores.− Referir à consulta médica, se persistir o sintoma.n) Sangramento nas gengivas− Recomen<strong>da</strong>r o uso de escova de dentes macia e massagem nagengiva.− Agen<strong>da</strong>r atendimento odontológico, sempre que possível.o) Varizes− Recomen<strong>da</strong>r à gestante:• não permanecer muito tempo em pé ou senta<strong>da</strong>;• repousar (20 minutos), várias vezes ao dia, com as pernas eleva<strong>da</strong>s;• não usar roupas muito jutas e nem ligas nas pernas, e, se possível,utilizar meia-calça elástica para gestante.61


p) Câimbras− Recomen<strong>da</strong>r à gestante:• massagear o músculo contraído e dolorido e aplicar calor local;• evitar excesso de exercícios.q) Cloasma gravídico (manchas escuras no rosto)− Explicar que é comum na gravidez e que costuma diminuir oudesaparecer, em tempo variável, após o parto.− Recomen<strong>da</strong>r não expor o rosto diretamente ao sol.r) Estrias− Explicar que são, resultado <strong>da</strong> distensão dos tecidos e que não existemétodo eficaz de prevenção. As estrias, que no início apresentavamcor arroxea<strong>da</strong>, tendem, com o tempo, a ficar de cor semelhante a<strong>da</strong> pele.− Ain<strong>da</strong> que controversas, podem ser utiliza<strong>da</strong>s massagens locais, comsubstâncias oleosas, na tentativa de preveni-las.III. ACONSELHAMENTO PRÉ E PÓS-TESTE ANTI-HIV NA GRAVIDEZPré-teste:1. O profissional deve avaliar os conhecimentos <strong>da</strong> gestante sobre aAids e outras DST, e informá-la sobre o que ela não sabeespecialmente acerca <strong>da</strong> doença, seu agente etiológico, meios detransmissão. A gestante deverá ser estimula<strong>da</strong> a expressar seussentimentos e dúvi<strong>da</strong>s em relação a essas informações.2. Explicar o que e o teste, como é feito, o que mede, suas limitações.3. Explicar os benefícios do diagnóstico precoce na gravidez, aschances de reduzir a transmissão vertical, o acompanhamentoespecializado e as medi<strong>da</strong>s profiláticas para a gestante e para obebê em relação às infecções oportunistas.4. Mencionar o caráter confidencial e voluntário do teste.Pós-testeResultado negativo1. Discutir o significado do resultado.2. Informar que o teste deve ser repetido em caso de nova gestação.3. Informar que o teste negativo não significa imuni<strong>da</strong>de.4. Reforçar os conceitos de modo de transmissão do HIV e outras DST eas medi<strong>da</strong>s preventivas.62


Resultado positivo1. Discutir o significado do resultado.2. Informar sobre a necessi<strong>da</strong>de de acompanhamento médicoespecializado e instituição <strong>da</strong> terapêutica anti-retroviral.3. Oferecer informações sobre como, quando e onde poderá ser feitoesse ac/ompanhamento.4. Informar sobre as medi<strong>da</strong>s disponíveis para diminuir a transmissãovertical.5. Orientar sobre a necessi<strong>da</strong>de de não amamentar.6. Discutir a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> testagem do parceiro e do uso depreservativos nas relações sexuais.7. Dar todo o suporte psicoterápico.8. Encaminhar para serviço de alto risco.Resultado indeterminado1. Discutir o significado do resultado.2. Encorajar nova testagem após um mês.3. Orientar para procurar atendimento médico especializado casosurjam sinais e sintomas não atribuíveis à gestação.4. Orientar sobre as medi<strong>da</strong>s preventivas contra o HIV e outras DST.63


AMAMENTAÇÃO E USO DE DROGAS64


IV. BIBLIOGRAFIA CONSULTADAFESCINA, R. Altura uterina como método para predecir el crescimientofetal. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana, 1984, v.96, nº 4, p.377.FESCINA, SCHWARZ, DIAZ. Vigilância Crescimento Fetal - <strong>Manual</strong> deAutoinstruções - Pub. Científica CLAP - OPS/OMS nº 1261. 1996.GROSS, F. PISA, Z. STRASSER, T. ZANCHETTI, A.Tratamiento de la hipertensiónarterial: guia practica para el método y otros agentes de salud.Ginebra, OMS, 1985. 1v.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Assistência integral à saúde <strong>da</strong> mulher: bases deação programática. Brasília, Centro de Documentação do Ministério <strong>da</strong>Saúde, 1984. 27 p. (Série B: Textos básicos de saúde, 6).MINISTÉRIO DA SAÚDE. Divisão Nacional de Epidemiologia. ProgramaNacional de Imunizações. <strong>Manual</strong> de vacinação. Brasília, Centro deDocumentação do Ministério <strong>da</strong> Saúde, 1984. 69 p. (Série A: Normas emanuais técnicos, 15).MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria Nacional de Programas Especiais deSaúde e MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Controle dedoenças sexualmente transmissíveis. Brasília, 1985. 70 p.SCHWARZ, R, DIAZ, G, FESCINA, R, et al - Pub. Científica nº 1321.03 CLAP -OPS/OMS. 1996.65

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