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ACOMPANHAMENTO DO RECÉM‐NASCIDO PREMATURO EM AMBULATÓRIO DEPEDIATRIA: DISCURSO DAS MÃESFOLLOW UP OF PREMATURE NEWBORN IN CLINIC OF PEDIATRICS: SPEECH OF MOTHERSSEGUIMIENTO DEL RECIÉN NACIDO PREMATURO EN CLÍNICA DE PEDIATRÍA: DISCURSODE LAS MADRESJoseph Dimas de Oliveira 1Alinne Mota Cavalcante 2Ivone Evangelista Cabral 3Maria Veraci Oliveira Queiroz 4RESUMOObjetivou‐se investigar a compreensão de mães de prematuros que recebemacompanhamento pós‐alta de um ambulatório de seguimento de um hospital públicoestadual na cidade de Fortaleza‐CE. População constituída por mães de prematurosadscritos no referido ambulatório e amostra selecionada aleatoriamente. Os dados foramcoletados através de entrevistas individuais e, organizados, de acordo com a técnica doDiscurso do Sujeito Coletivo (DSC). Emergiu uma categoria “Facilidades/dificuldadesenfrentadas pelas mães no seguimento da criança”, composta por duas idéias centrais: “Asmães consideram fácil retornar ao serviço porque recebem antecipadamente oencaminhamento” e “Dificuldades encontradas para a consulta e a realização de examesespecializados”. Diante desses resultados, observamos que são necessárias mudanças nosistema de saúde de forma a garantir atendimento adequado e eficaz sem prejuízos ao1Enfermeira pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).2Enfermeiro. Aluno do Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde, da UniversidadeEstadual do Ceará (UECE)3Enfermeira. Doutora em Enfermagem (UFRJ). Docente do Programa de Pós‐graduação emEnfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ). Tutora‐PROCAD.4Enfermeira. Doutora em Enfermagem (UFC). Docente do Curso de Mestrado Acadêmico em CuidadosClínicos em Saúde, da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Orientadora.ISBN: 978-85-63901-04-0


processo de crescimento e no desenvolvimento.1 INTRODUÇÃONo século 20, observou‐se a redução da taxa de mortalidade infantil, em decorrência demedidas na saúde pública, sendo mais significativa a queda na taxa de mortalidade pósneonatal,uma vez que, 36% dos óbitos ocorreram entre os menores de cinco anos, emtodo o mundo 1 .Com isso, a proporção de recém‐nascidos prematuros (RNPT) ‐ aqueles que nascem commenos de 37 semanas de gestação‐, têm aumentado seu impacto na mortalidade infantilgeral, colocam em risco a saúde da criança e apresentam inúmeros desafios e situaçõeslimites a serem superadas por familiares e profissionais e saúde, na Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal (UTIN), por exemplo 2, 3 .Os RNPT após a alta da UTIN necessitam de atenção por equipes interdisciplinares deforma a promover a manutenção da estabilidade clínica da criança, gerando, assim, anecessidade de fornecimento de suporte para o cuidado contínuo do filho no ambientedomiciliar.A equipe responsável pelo acompanhamento das crianças prematuras (assistente social,enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, neurologista, nutricionista, pediatra,oftalmologista, por exemplo) deve avaliar o estado de saúde da criança e acompanhar aeficácia dos cuidados perinatais, já que, prematuros necessitam de acompanhamento comfreqüência maior, devido maior índice de morbidade e internações, nos primeiros anos devida, do que as crianças nascidas a termo 4 .Diante da magnitude do problema, considera‐se necessário o atendimento integrado, multie/ou interdisciplinar, embasado nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), quedefende o acesso, o acolhimento e o vínculo dos usuários nos serviços de saúde. Dessemodo, resolvemos conhecer o acompanhamento de bebês prematuros após a alta a partirdo entendimento da mãe, da sua experiência sobre o seguimento a partir dos retornos daISBN: 978-85-63901-04-0


criança a um serviço especializado de um hospital terciário.Esse estudo traz informações relevantes no campo assistencial, pois evidencia as condiçõesde seguimento dessa criança em situação especial sob o olhar das mães, as dificuldadesenfrentadas em relação a essa problemática. Assim, contribuirá com conhecimentosteóricos e práticos que poderão subsidiar o planejamento de ações estratégicas quevenham melhorar a assistência a esses bebês.2 MATERIAIS E MÉTODOSTratou‐se de pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa realizada no Ambulatório dePediatria do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), que se constitui um hospital públicoestadual e de referência terciária, ofertando serviços especializados, dentre eles, oacompanhamento aos egressos da UTIN, isto é, o follow up 5 .Teve‐se como população, mães de recém‐nascidos prematuros e, compuseram a amostra,vinte e sete mães escolhidas, intencionalmente, obedecendo aos seguintes critérios deinclusão: a) mães de RN prematuros que estiveram internados na UTIN do HGF; b) mães deRN prematuros que retornaram ao serviço no ambulatório de pediatria (follow up), noperíodo de outubro e novembro de 2006.A amostragem ocorreu pela saturação teórica, de forma a garantir uma amostragemadequada e expressiva das informações 6 . As mães selecionadas receberam contato prévio,a partir do retorno ao serviço, onde foram explicados os procedimentos metodológicos, osobjetivos do estudo e a anuência das participantes através da assinatura do Termo deConsentimento Livre e Esclarecido (TCLE).Realizaram‐se entrevistas, agendadas previamente, e os dados empíricos foramorganizados, a partir da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que se baseia naextração das Idéias Centrais e/ou Ancoragens e as suas correspondentes Expressões Chavegerando os DSCs, que se configuram como discursos‐síntese enunciados na primeirapessoa do singular representando a fala ou o depoimento da coletividade 7 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Obedeceram‐se os preceitos da Resolução nº 196/96, do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde queversa sobre pesquisa com seres humanos, já que, utilizou‐se o termo de consentimentolivre e esclarecido junto às participantes, posteriormente à aprovação do projeto depesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa, do Hospital Geral de Fortaleza (HGF).3 RESULTADOS E DISCUSSÃOOs discursos das mães mostram os caminhos percorridos, entremeados pelas suasexperiências no cuidado com o filho prematuro. Apresentaremos as temáticas e suasrespectivas idéias centrais e a construção dos DSCs oriundos das entrevistas.Idéia central 1: As mães consideram fácil retornar ao serviço porque recebemantecipadamente o encaminhamentoDisseram que eu tava de alta e deram os papéis pra ela vir fazer essaconsulta de hoje. Deixaram tudo marcado. Consegui logo atendimento,porque já vem encaminhado do hospital. Aí toda consulta, elas ficammarcando pra próxima. Elas mesmas encaminharam a gente pra cá.Assim que a gente sai, a gente sai sabendo de tudo lá, com quem vaifazer, o que precisa fazer e já vem uma coisa certa. A gente vem sófazer as consultas e pegar os resultados dos exames que a gente faz.Dificuldade nenhuma. Tem uma grande vantagem de ter vindo dohospital geral, porque a gente já sai com tudo encaminhado. DSC 1Conforme os discursos das mães, a unidade hospitalar está organizada para o atendimentodo bebê prematuro, já que há marcação prévia das consultas a que o bebê deve realizarapós a alta hospitalar. Os bebês passam pela UTIN e, dependendo do estado de saúde, sãointernados em um desses setores: alto risco, médio risco e setor de “engorda”. Este último,assim denominado, pois quando chega nesse ambiente a criança encontra‐se estável,aguardando ganho ponderal, ou seja, quando o bebê adquire peso adequado e quandosuas funções fisiológicas são completamente restabelecidas, ele recebem alta.ISBN: 978-85-63901-04-0


No DSC podemos perceber que as mães absorvem a necessidade do acompanhamentocontínuo dos filhos e percebem que apesar de algumas carências existentes no serviço, oobjetivo da instituição é proporcionar um atendimento qualificado. A aplicação doprincípio da integralidade implica reconhecer que as redes de serviços de saúde devemoperar de forma articulada oferecendo ações de promoção, prevenção, cura e reabilitaçãode doenças de acordo com as necessidades de saúde individuais e coletivas da população 8 .Outra possibilidade de atender as necessidades do cliente é proporcionar o acolhimentoque, segundo, constitui‐se em tecnologia para a reorganização dos serviços, com vistas àgarantia de acesso universal, resolubilidade e humanização do atendimento 9‐13 .O acolhimento é uma das estratégias que efetiva a implantação do Sistema Único de Saúde(SUS) através da ratificação da saúde como um direito de todos e de cidadania,confirmando também os princípios de universalidade, eqüidade, integralidade e acesso. Ousuário opta, normalmente, pela unidade de saúde que além do acesso facilitado exista umbom acolhimento, mesmo que isso lhe exija um maior deslocamento 10 .A partir do que foi exposto, confirma‐se que a proximidade geográfica entre a moradia docliente e serviço de saúde não é o elemento determinante de sua escolha, visto que essefator não é garantia de atendimento. A busca por atendimento em um serviço de saúdedepende muito mais de seus recursos tecnológicos e de sua capacidade de resolubilidadeassociado ao tipo de demanda da comunidade.2 Idéia central 2: Dificuldades encontradas para a consulta e a realização de examesespecializados.A dificuldade que tive foi a de fazer o exame com a neurologista, porqueo aparelho tava quebrado. Aí eu fiquei muito aflita, porque tavademorando e já tinha dado hemorragia aí demorou pra ser atendido denovo. Quando ele voltou pra fazer de novo não deu pra ver. Se nãoarranjarem pra outro canto, ela vai ficar sem o exame que aISBN: 978-85-63901-04-0


neurologista ia fazer, porque eu não posso pagar particular, lá no postonão dá certo. Agora têm alguns que demoram mais, né, como, porexemplo, eu vim mês passado porque já tava marcado o neurologista, aínão tinha vaga, só veio ter pro começo de novembro. DSC 2As mães relatam as dificuldades enfrentadas para a consulta com alguns profissionaiscomo neurologista, gastrologista, cardiologista e para a realização de examesespecializados. Esta situação se dá em virtude de uma quantidade reduzida de profissionaise equipamentos para uma demanda grande de bebês, considerando que o hospital é dereferência estadual.Outros estudos têm demonstrado a importância do acompanhamento de crianças egressasde UTIN para a melhoria da qualidade de vida dessas e de suas famílias sendo umaimportante estratégia para o fortalecimento do vínculo mãe e filho 13 . O acolhimento surgecomo proposta de reorganização dos serviços de saúde, propõe que o atendimento sejacentrado no usuário, de forma a garantir o acesso universal, reorganizando o processo detrabalho, deslocando o eixo central do médico para uma equipe multiprofissional, naescuta do usuário, qualificando a relação profissional de saúde‐usuário dentro dosparâmetros de humanização e de cidadania 14‐15 .As mães de forma sutil referem sobre o acolhimento recebido na unidade hospitalar. Aomesmo tempo, avaliam as condições de acesso ao serviço. Para elas, mesmo com asdificuldades enfrentadas houve o atendimento da criança sem maiores prejuízos, talvezpela sua persistência, na luta pela sobrevivência do filho. Dessa forma a dificuldade deacesso foi amenizada deixando‐as satisfeitas pelo atendimento recebido.CONSIDERAÇÕES FINAISAs mães entrevistadas relatam que, antes da alta, recebem informações de como cuidar dofilho no domicílio, evitando, assim que, a mãe sinta‐se insegura para cuidar de um bebêISBN: 978-85-63901-04-0


prematuro, necessita de cuidados especiais e das consultas de seguimento.Durante o seguimento dos filhos, as mães relataram que as facilidades foram retornar aoserviço, porque já recebem encaminhamentos, tendo a garantia que o seu filho vai serassistido pelos profissionais, a rapidez no atendimento e a dedicação dos profissionais.Como dificuldades, referem o acesso às consultas e exames especializados, além dadificuldade geográfica de acesso ao serviço e da condição econômica.Observando esses relatos, percebemos que o atendimento fornecido pelo hospital geraltraz satisfação e aparenta qualidade no atendimento. Todavia, há algumas lacunas nesseserviço que dificultam o seguimento adequado dos bebês. Muitas vezes, a necessidade deavaliação é imediata e o não‐atendimento compromete a saúde, podendo ocasionarsituações irreversíveis.Diante desses resultados, observamos que são necessárias algumas mudanças no sistemade saúde para que se consiga um atendimento adequado e eficaz de modo que essesbebês não tenham prejuízos no crescimento e no desenvolvimento.DESCRITORES: Cuidado de enfermagem. Enfermagem pediátrica. Saúde da criança.REFERÊNCIAS1. Carvalho M, Gomes MASM. A mortalidade do prematuro extremo em nosso meio:realidade e desafios. Jornal de Pediatria 2005;81(1): 111‐8.2. Whaley LF, Wong DL. Enfermagem Pediátrica: elementos essenciais à intervençãoefetiva. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.3. Cabral IE (col). Aliança de saberes no cuidado e estimulação da criança – bebê:concepções de estudantes e mães no espaço acadêmico de enfermagem. Rio de Janeiro:Editora da Escola de Enfermagem Anna Nery, 1999.4. Mello DF, Rocha SMM. Assistência de enfermagem a crianças prematuras: uma revisãoda literatura sobre o seguimento. Rev Brasileira de Enfermagem 1999;52(1): 14‐21.ISBN: 978-85-63901-04-0


5. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: métodos,avaliação e utilização. Porto Alegre (RS): Artmed: 2004.6. Trentini M, Paim L. Pesquisa em Enfermagem: Uma Modalidade ConvergenteAssistencial. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.7. Lefèvre F, Lefèvre AMC, Teixeira JJV. O discurso do sujeito coletivo: uma novaabordagem metodológica em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul: EDUCS, 2000.8. Silva JPV, Lima JC. Sistema Único de Saúde: reafirmando seus princípios e diretrizes parafazer avançar a reforma brasileira. In: Escola Politécnica de saúde Joaquim Venâncio (Org.)Textos de apoio em políticas de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.9. Franco TB, Bueno WS, Merhy EE. O acolhimento e os processos de trabalho em saúde: ocaso de Betim, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública 1999;15(2):345‐53.10. Ramos DD, Lima MADS. Acesso e acolhimento aos usuários em uma unidade de saúdede Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública 2003;19(1):27‐34.11. Cardoso PM, Grosseman S, Robles ACC. Percepção de mães sobre o atendimentoprestado a seus filhos por acadêmicos da 11ª fase em um ambulatório de pediatria. ACMarq. catarin. Med 2007;36(3): 42‐51.12. Alves CA, D SF, Mitre RM A. Desafios da humanização no contexto do cuidado daenfermagem pediátrica de média e alta complexidade. Interface comun. saúde educ;13(supl.1): 581‐594, 2009.13. Siqueira MBC. Sentidos atribuídos aos cuidados domiciliares pelas mães de recémnascidosegressos de unidade de terapia intensiva neonatal. [dissertação] Fortaleza (CE):Fundação Oswaldo Cruz; 2008.14. Fonseca LMM, Scochi CGS, Rocha SMM, Leite AM. Cartilha educativa para orientaçãomaterna sobre os cuidados com o bebê prematuro. Rev Latino‐am Enfermagem2004;12(1): 65‐75.15. Scochi CGS, Kokuday MLP, Riul MJSR, Léa SS, Fonseca LMM, Leite AM. Incentivando ovínculo mãe‐filho em situação de prematuridade: as intervenções de enfermagem noHospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Rev Latino‐am Enfermagem 2003;11(4): 539‐543.ISBN: 978-85-63901-04-0


ALEITAMENTO MATERNO:A PRESENÇA DOS PAIS NO PERCURSO DA UTI NEONATAL AO ALOJAMENTO‐CANGURU.Antonia Lucia Marins Guimarães 5Renata Alves de Lima 6Introdução: Em todo mundo, nascem anualmente cerca de 20 milhões de criançasprematuras e destas, um terço morre antes de completar um ano de vida. Segundo oMinistério da Saúde (2002), as primeiras causas de mortalidade infantil relacionam‐se comas afecções perinatais, dentre elas os problemas respiratórios e os metabólicos comodificuldades para regular a temperatura corporal e infecções no trato gastrointestinal. Aspossibilidades de sobrevivência destes prematuros vêm aumentando, com a especializaçãodos profissionais, adicionando‐se a um conjunto de procedimentos mais específicos, tantona forma como está sendo prestada a assistência, como no uso das tecnologias para essefim, com novos equipamentos e procedimentos específicos para essa população.Atualmente, vem‐se trabalhando propostas que envolvem a criança, os pais e a família,numa perspectiva diferenciada, denominada de “atenção humanizada”. Esta dimensão decuidar tem como principal objetivo respeitar as necessidades, características e asindividualidades de cada paciente. Para melhor definir, apoiar e padronizar ações similaresnas unidades neonatais, o Ministério da Saúde lançou em julho de 2000, a Norma deAtenção Humanizada ao Recém‐nascido de Baixo Peso (Método Canguru), que constitui‐senuma Política <strong>Nacional</strong> de Saúde para essa população. Este método, eleito como sendouma das políticas existentes no cuidado à criança, estabelece condutas que propiciam5Enfermeira Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora assistente da UERJ.Gerente do Serviço de Enfermagem da Maternidade‐Escola da UFRJ. Coordenadora do Curso deEspecialização em Enfermagem Neonatal da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado doRio de Janeiro.6Enfermeira graduada pela UERJ. Residente Multiprofissional em Saúde da Mulher do HESFA/UFRJ.Pós‐graduanda em Enfermagem Neonatal pela UERJISBN: 978-85-63901-04-0


maior segurança às mães no cuidado com o prematuro, incentivo ao aleitamento materno,e assim, melhor desenvolvimento da criança. Além dessas vantagens, o contato pele‐a‐pelepreconizado pelo método, diminuem os riscos de hipotermia mantendo estável atemperatura corporal do prematuro, melhora a oxigenação durante o procedimento,proporciona ciclos regulares de sono profundo, diminuindo os períodos de agitação echoro, e fortalece os vínculos, pois incentiva a mãe nos cuidados com o prematuromostrando que ela tem acesso e responsabilidades no cuidado com seu bebê. O esforço deimplantação do Aleitamento materno, no Método Canguru, inicia‐se na admissão doprematuro, na UTI neonatal, prolongando‐se até sua inserção no Método Canguru e alta.Além das qualidades nutricionais podem‐se ressaltar outros benefícios do aleitamentocomo: apego mãe‐bebê, melhor desenvolvimento emocional, neurológicos e cognitivos doprematuro, além dos benefícios imunológicos. O aleitamento diminui os riscos deenterocolite necrotizante, infecções respiratórias e de ouvido. Apesar dessesconhecimentos, o aleitamento é um processo difícil e pouco utilizado, mesmo quandodesejado pelos pais, sendo observado pouco sucesso na amamentação entre mães deprematuros. Em muitos casos o desmame ocorre antes da alta do Recém‐NascidoPrematuro da unidade neonatal. Objetivos: O objetivo do trabalho caracterizou‐se emdescrever as experiências vivenciadas pelas mães com o aleitamento materno no MétodoCanguru durante o acompanhamento do filho internado numa UTI neonatal e AlojamentoCanguru. Metodologia: A análise metodológica foi feita através da abordagem qualitativacom embasamento nos conceitos de Bardin. E para embasamento filosófico utilizou‐se asteorias de Winnicott. Foi utilizado como campo de estudo a UTI neonatal e alojamentoCanguru da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ME/ UFRJ). Aescolha deste campo justifica‐se pelo fato do Método‐Canguru estar inserido em suasatividades. Os sujeitos deste estudo são mães de bebês prematuros internados e inclusosno método canguru. No mês de agosto de 2009 o projeto foi encaminhado para apreciaçãodo Comitê de Ética da Maternidade Escola da UFRJ para realização desta pesquisa junto asISBN: 978-85-63901-04-0


mãe de bebês prematuros internados e inclusos no método canguru. O projeto foiaprovado pelo Comitê de Ética da Maternidade‐Escola, no mês de setembro de 2009, peloCAAE de número 0035.0361.000‐09. A entrevista respeitou os princípios da Resolução196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, no que diz respeito à confidencialidade,privacidade, proteção de imagem e não estigmatização. Foi garantido o sigilo, assegurado orespeito à autonomia dos sujeitos e sua liberdade de retirar o consentimento em qualqueretapa da pesquisa. Foram entrevistadas dez mães internadas no alojamento Canguru,sendo as entrevistas gravadas em aparelho de mp4 salvas em um CD que serão destruídasapós cinco anos. Resultados: Considerando os dados coletados, os pronunciamentos dasmães foram agrupados em três categorias e subdivididos em sete subcategorias. Ascategorias apresentadas foram: categoria 1‐ A dualidade do sentimento materno diante daUTI neonatal. Categoria 2 ‐ O Desejo de voltar para casa frente à vivência materna noAlojamento Canguru. Categoria 3 ‐ O profissional de saúde como participante ativo doprocesso de entendimento e vivência materna no canguru. Conclusão: Através dasentrevistas foi possível mostrar que as mães se posicionam com alegria frente àpossibilidade de participarem ativamente da recuperação clínica do seu filho quandopossuem apoio e acompanhamento da equipe de saúde que diminui seus medos e anseios,mostrando que elas são capazes e necessárias. O trabalho mostra que a vivência positivadas mães ao Método Canguru favorece ao aleitamento materno e apresenta também quea compreensão sobre a importância do leite materno para o desenvolvimento do bebêfavorece a adesão. O conhecimento produzido nessa pesquisa favorece a enfermagem navisão assistencial ao binômio. A prática da enfermagem é voltada para o cuidado, masmuitos profissionais na prática cuidam do bebê, acreditando que a satisfação dasnecessidades da criança centra‐se apenas neste fazer. Entretanto, é importante enfatisarque este bebê ainda não vive sozinho, e que os cuidados nessa fase da vida devem estardiretamente relacionados à mãe e a família. O profissional precisa perceber o quanto ele éimportante nesse círculo, possibilitando a ligação da tríade mãe‐bebê‐família. Um pontoISBN: 978-85-63901-04-0


que se destacou foi o fato de que em um ambiente onde o aleitamento é dificultado pelascondições clínicas do bebê, as mães conseguem manter o aleitamento e dar continuidade aamamentação¹ atribuindo essa continuidade a ajuda recebida pelos profissionais de saúde,e muitas vezes a ajuda recebida da equipe de enfermagem. Dessa forma acredito sernecessário que esse papel de educador em saúde fundamental diante da família é deextrema importância nos mais diversos níveis de assistência, apontando assim, anecessidade de ser mais amplamente utilizado pela enfermagem na prática do exercícioprofissional, integrando o saber e o fazer, a partir da demanda e necessidades evidenciadaspela tríade mãe‐bebê‐família.Descritores: Recém‐nascido de baixo peso, Humanização da assistência, Relações mãefilhoReferênciasBRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de políticas de Saúde. Área de saúde da criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método mãe‐canguru: manual docurso. 1°edição. Brasília, 2002.BRASIL. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução 196/96. Sobre pesquisa com sereshumanos. Bioética, Brasília, v.4, n.2, Suplemento, 1996.BRASIL. Ministério da Saúde. Norma da atenção humanizada ao recém‐nascido de baixopeso – Método Canguru. Brasília, DF: MS; 1999.Costa, R. Reflexões da equipe de saúde sobre o método mãe‐Canguru em uma unidadede neonatologia: um diálogo fundamentado na abordagem problematizadora. Teseapresentada para obtenção do título de mestre. Filosofia, Saúde e Sociedade. 2005Cresti L.; Lapi I. O esboço da relação mãe/bebê e a instituição hospitalar: díade outríade?. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.Deslandes S. F.; Minayo M. C.de S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.Petrópolis: Vozes, 1994.ISBN: 978-85-63901-04-0


Giugliani E.R.J. O aleitamento materno na prática clínica. Jornal de pediatria. Rio Janeiro.RJ.2000 ;76 (Supl 2): S238‐52.Santos E S. A Teoria do Amadurecimento de D. W. Winnicott como Ciência Ôntica daAcontecência Humana – Apresentação do projeto Dissertação de doutorado. Instituto deMedicina social. UERJ‐RJ.Sarmento S A M. Um olhar psicanalítico sobre o desenvolvimento emocional de adultoscom limitação intelectual moderada: a (in) sustentável leveza entre autonomia edependência.2009. Tese apresentada para obtenção do título de mestre. Instituto demedicina social. UERJ‐RJ.Sloan N L, Camacho LW L, Rojas E P, Stern C; Kangaroo mother method: randomizedcontrolled trial of an alternative method of care for stabilized low‐birthweight infants.Lancet 344:782‐5, 1994.ISBN: 978-85-63901-04-0


ALGORITMOS DE DECISÃO CLÍNICA PARA O USO DO CATETER VENOSO CENTRAL EMNEONATOLOGIA 7ALGORITMOS DE DECISIÓN CLINICA PARA EL USO DEL CATÉTER VENOSO CENTRAL ENNEONATOLOGÍAALGORITHMS OF DECISION FOR THE CLINICAL CENTRAL VENOUS CATHETER USE IN THENEONATOLOGYAline Verônica de Oliveira GomesMaria Aparecida de Luca NascimentoRESUMO: Trata‐se de um estudo descritivo, desenvolvido a partir dos resultados dadissertação intitulada: “O processo do cateterismo venoso central em UTI neonatal epediátrica: a tecnologia no cotidiano do cuidado da enfermagem” e fundamentado emevidências científicas. Tem por objetivo propor algoritmos para direcionar os profissionaisde saúde na eleição do cateter venoso central para a clientela neonatal, baseado noalgoritmo da Infusion Nurses Society. Desenvolvido no Instituto Fernandes Figueira daFundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisado IFF/FIOCRUZ, sob protocolo nº. 0046/08. Torna‐se cada vez mais importante a avaliaçãoclínica da equipe assistencial para a utilização de critérios de eleição dos tipos de cateteresvasculares segundo as características das condições clínicas da criança. Esse estudopossibilitou reflexões acerca da importância do direcionamento do planejamento daassistência de forma individualizada, auxiliando no processo de tomada de decisões naeleição do cateter venoso central.7Extraído da dissertação "O Processo do Cateterismo Venoso Central em UTI Neonatal e Pediátrica: atecnologia no cotidiano do cuidado de enfermagem", Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem daUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


1. INTRODUÇÃOA unidade de terapia intensiva (UTI) é um setor altamente especializado dohospital que surgiu a partir da necessidade em oferecer um suporte avançado de vida aospacientes gravemente enfermos com capacidade de sobrevivência. A internação nessaunidade destina‐se a pacientes com instabilidade clínica ou disfunção de um ou maissistemas fisiológicos provocada por doenças com potencial gravidade 1 .É importante ressaltar que os recursos tecnológicos, cada vez mais modernos, e aformação de profissionais especializados que atuam junto aos pacientes durante 24 horaspor dia, têm permitido a sobrevivência de muitos pacientes que, antes do advento dessasunidades, não teriam essa oportunidade 1 .A presença de aparatos tecnológicos em unidades de terapia intensiva, muitasvezes, é o que determina a complexidade do tratamento. É fato que a tecnologia estápresente em todas as unidades de saúde, principalmente naquelas que oferecem cuidadosintensivos como a UTI. No entanto, observa‐se que os profissionais de enfermagempossuem o desafio de integrar a tecnologia ao cuidado, pois, além de dominarem osconhecimentos científicos que fundamentam a sua prática e a utilização da tecnologia, elesprecisam, concomitantemente, atender as necessidades físicas e emocionais dos pacientes.Diante disso, vale ressaltar que, a tecnologia dura utilizada nas UTIs é um dosinstrumentais que constitui o saber dos profissionais de enfermagem ao atuarem nocotidiano da sua prática. Porém, esses profissionais precisam estar cada vez maiscapacitados para utilizarem os aparatos tecnológicos, a fim de proporcionar segurança equalidade do cuidado ao paciente.É importante destacar que, na UTI, desde a sua implantação, foi enfatizado o usodos recursos tecnológicos, e realizados diversos estudos para aprimorar os equipamentos,tornando‐os, cada vez mais, modernos. No entanto, essa tecnologia não deve serconsiderada isoladamente, principalmente, quando ela é utilizada para melhorar o cuidadoproporcionado a uma clientela que se encontra em estado grave. Nesse contexto, osISBN: 978-85-63901-04-0


ecursos humanos, formados por profissionais intensivistas, necessitam deaperfeiçoamentos e atualizações constantes dos conhecimentos técnico‐científicos 2 .Com os avanços tecnológicos ocorridos na área da saúde surgiu a necessidade deprofissionais cada vez mais qualificados para a manipulação dos artefatos tecnológicos.Diante disso, sendo a UTI um setor destinado ao atendimento de pacientes em estadocrítico, a equipe de enfermagem deve estar bem treinada, apta a atender os pacientes e amanusear os equipamentos com segurança, de forma que sustente a complexidade dasatividades desenvolvidas. Assim, para o rigoroso controle das funções vitais, na tentativade reduzir a mortalidade e de garantir a sobrevivência dos pacientes, os profissionais desaúde devem possuir, como características essenciais, o conhecimento científico e ahabilidade técnica, destacando‐se a importância do acompanhamento e da atualização dosavanços terapêuticos e tecnológicos nessa área 3‐4 .Em relação ao papel do enfermeiro intensivista, é importante destacar, que esseprofissional cuida do paciente nas diversas situações críticas dentro da UTI, sendo que,esse cuidado deve ser de forma integrada e contínua com os demais membros da equipemultiprofissional. Para isso, o enfermeiro precisa realizar uma análise crítica dos problemasevidenciados em sua prática e encontrar meios de solucioná‐los, seguindo sempre osprincípios éticos e bioéticos da profissão. Além disso, é importante que esse profissionalrealize uma avaliação clínica, sistematize a sua assistência e atue nas decisões, junto com aequipe, acerca do uso apropriado de recursos humanos e tecnológicos, visando a qualidadeda assistência, o trabalho em equipe e a eficácia e custo‐efetividade 5 .Sendo assim, na área da saúde, a utilização da tecnologia é essencial para oatendimento dos pacientes criticamente enfermos internados na UTI e, negar esse fatoseria mero reducionismo por parte dos profissionais. Por outro lado, essas tecnologias nãodevem ser aceitas e utilizadas sem uma análise crítica sobre as suas repercussões na saúdedessa clientela.ISBN: 978-85-63901-04-0


Com o avanço tecnológico na área da saúde e a expansão do campo da terapiaintravenosa, surgiram os cateteres venosos centrais, a partir da década de 70, sendoinstituídos como fonte confiável de acesso vascular, utilizados em pacientes quenecessitam de terapia intravenosa por tempo prolongado 6‐7 .Os cateteres venosos centrais são dispositivos invasivos vasculares indicados paraa infusão de líquidos, reposição hídrica e de eletrólitos, transfusões e coletas de sangue,com localização de sua extremidade na veia cava superior ou inferior. Podem serclassificados como de curta permanência que são os cateteres venosos umbilicais, oscateteres venosos centrais inseridos por punção de veia femoral, jugular interna esubclávia, e os inseridos por dissecção venosa; ou de longa permanência como o catetervenoso central de inserção periférica (PICC), os cateteres semi‐implantados (Broviac eHickman) e os totalmente implantados 8 .Assim, essa evolução tecnológica de cateteres intravasculares tem contribuídopara o uso freqüente desses dispositivos em unidades de terapia intensiva, a fim de salvare prolongar a vida de muitos pacientes 9 .A realização do cateterismo venoso central nas UTIs, tornou‐se um procedimentorotineiro, garantindo maior segurança no manejo dos pacientes em estado crítico,propiciando uma via adequada para a administração de medicamentos, soluçõeshidroelotrolíticas, hemoderivados, assim como para a monitorização de parâmetroscardiocirculatórios 1 .No entanto, embora a relação risco/benefício seja, em geral, satisfatória, umagrande variedade de complicações tem sido relacionada ao seu uso.Diante disso, antes de decidir inserir um cateter venoso, nas clientelas neonatal epediátrica, vários fatores devem ser considerados, tais como: a necessidade do uso; aduração e o tipo de terapia intravenosa, de modo a escolher o cateter mais adequado; aavaliação da rede venosa; a história clínica; o diagnóstico atual; e quem vai realizar oprocedimento – o médico intensivista, a enfermeira ou o cirurgião. É importante ressaltarISBN: 978-85-63901-04-0


que, avaliar e introduzir o cateter adequado para essa clientela faz parte do cuidado deenfermagem 6‐7 .Assim, para se utilizar, adequadamente, os cateteres venosos centrais nasclientelas neonatal e pediátrica, nas unidades de terapia intensiva, é necessário que osprofissionais de saúde que lidam com esse processo, realizem uma avaliação clínica dopaciente, e possuam habilidades e conhecimentos científicos para inserir e manipular ocateter, de forma a garantir o sucesso da terapêutica intravenosa com o mínimo decomplicações.Estudo sobre as inovações na inserção de acessos venosos centrais, ressalta que,com o avanço tecnológico na área da saúde, especificamente no campo da terapiaintravenosa, novas técnicas e aparatos tecnológicos têm surgido. Além disso, o campo daterapia intravenosa tem crescido e se desenvolvido muito nos últimos quinze anos,exigindo dos profissionais o aprofundamento dos conhecimentos já adquiridos, assimcomo, a busca de novos conhecimentos 10 .Os profissionais de saúde que lidam com o processo do cateterismo venosodevem priorizar a segurança do paciente por meio da implementação de boas práticas comresultados satisfatórios; elaborar e implementar protocolos de cuidados e indicadores dequalidade; monitorizar eventos adversos; instituir medidas de prevenção de complicaçõese; promover análises dos resultados pós‐intervenção 11 .1.1. A qualidade na terapia intravenosa: a importância da avaliação clínica para a tomadade decisõesOs profissionais especializados nas áreas neonatal e pediátrica necessitam deconstantes atualizações dos seus conhecimentos para garantir a segurança e a qualidadeda assistência prestada.A qualidade na terapia intravenosa é alcançada quando a prática assistencial dosprofissionais de saúde baseia‐se em indicadores que permitem a tomada de decisõesISBN: 978-85-63901-04-0


complicações mecânicas e infecciosas, além da relação custo‐benefício, para a indicaçãocorreta do tipo de cateter venoso central.Nesse sentido, para que os profissionais de saúde realizem a eleição correta docateter venoso central adequado a cada paciente, considerando todos os fatores queinfluenciam na sua utilização, foram elaborados algoritmos de decisão clínica para o uso docateter venoso central em unidade de terapia intensiva neonatal, a partir dos resultados dadissertação intitulada: “O processo do cateterismo venoso central em UTI neonatal epediátrica: a tecnologia no cotidiano do cuidado de enfermagem”.1.2 Objetivo• Propor um algoritmo para direcionar os profissionais de saúde naeleição do cateter venoso central para a clientela neonatal, baseado no algoritmo propostopela Infusion Nurses Society (INS).2. METODOLOGIATrata‐se de um estudo descritivo, desenvolvido a partir dos resultados dadissertação intitulada: O processo do cateterismo venoso central em UTI neonatal epediátrica: a tecnologia no cotidiano do cuidado da enfermagem”e fundamentado emevidências científicas.O presente estudo foi desenvolvido no Instituto Fernandes Figueira (IFF) daFundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), uma Unidade Técnico‐Científica que tem como missãoa realização da pesquisa, ensino, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão dequalidade na área materno‐infantil, além de atuar como um pólo de capacitação científicotecnológica.Foram elaborados algoritmos de decisão clínica para a eleição do cateter venosocentral em unidade de terapia intensiva neonatal do IFF, com o objetivo de direcionar eISBN: 978-85-63901-04-0


apoiar a equipe médica e de enfermagem na eleição do tipo de dispositivo intravascular,considerando o diagnóstico, o tempo e as características da terapêutica intravenosa.Considerando os aspectos éticos da pesquisa, esse estudo foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz(IFF/FIOCRUZ), sob protocolo nº. 0046/08, Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2008.3. RESULTADOS3.1 A eleição do Cateter Venoso Central: Algoritmos de decisãoOs algoritmos, também denominados de critical pathway (caminhos críticos), sãoformas de descrição que utilizam o detalhamento seqüencial de realização dos passos paraorientar uma decisão, podendo utilizar processos amplos ou parte deles 17 . Além disso,esses algoritmos auxiliam o exercício da prática assistencial com excelência de qualidade,sempre com o foco principal, na busca da segurança do paciente.Tendo em vista que o objetivo deste estudo relacionado à proposta de umalgoritmo para a eleição dos cateteres venosos centrais a serem utilizados na clientelaneonatal, no momento da admissão, nos setores de terapia intensiva, está baseado noalgoritmo elaborado pela Infusion Nurse Society 16 , apresento nova proposta na figura 1,devidamente adaptado ao presente estudo, a fim de orientar, inicialmente, os profissionaisde saúde na eleição entre o dispositivo venoso periférico e o central, enfatizando que aspunções repetidas, conseqüência indesejada da escolha incorreta do cateter, foiadicionada ao algoritmo para melhor entendimento.Critérios de eleição entre o cateter venoso periférico e o central e, a possível complicaçãoassociada à escolha incorreta.É importante ressaltar que os algoritmos precisam apresentar facilidade deleitura e devem estar de acordo com a realidade institucional. Além disso, caracterizam‐seISBN: 978-85-63901-04-0


como mapas gráficos, utilizados para melhorar a visualização dos componentes eprocessos de uma situação específica, com o objetivo de auxiliar na tomada de decisão noprocesso de cuidar, além de guiar decisões clínicas através de estudos validados eresultados de recomendações baseadas em pesquisas para a prática profissional 18 .Além da inclusão das punções repetidas no algoritmo da INS, ressalto que oscateteres, semi‐implantado e totalmente implantado, não foram acrescentados à referidaadaptação, porque eles não fizeram parte da realidade dos campos do estudo, no períododa coleta de dados.Podemos observar que, o cateter venoso central é indicado para a terapiaintravenosa com duração superior a seis dias, não havendo recomendações de limite detempo para sua remoção, devendo ser removido na presença de complicações mecânicase/ou infecciosas ou no fim de sua indicação.No entanto, caso a equipe assistencial não identifique essa necessidade nomomento da admissão da criança na unidade de internação, ela poderá ser submetida àspunções venosas repetidas, durante todo o período da terapêutica, com risco deinterrupção do tratamento, ou até mesmo, de ser submetida a um procedimento maisinvasivo como a dissecção venosa, devido ao esgotamento da rede venosa periférica e, àpresença de lesões provenientes de infiltração e extravasamento e, hematomas nos locaisde punção.Nesse sentido, torna‐se cada vez mais importante a avaliação clínica da equipeassistencial para a utilização de critérios de eleição dos tipos de cateteres vascularessegundo as características das condições clínicas da criança.Assim, mediante a identificação da necessidade da inserção de um dispositivovascular central, as equipes, médica e de enfermagem, precisam eleger o cateter maisadequado à clientela. Para isso, foram elaborados dois algoritmos, sendo um referente àunidade de terapia intensiva neonatal cirúrgica (UTINC) e outro referente à unidade deISBN: 978-85-63901-04-0


terapia intensiva neonatal não cirúrgica do IFF, devido às características diferenciadas dasclientelas. (ALGORITMOS DE DECISÃO 1 e 2)ALGORITMO DE DECISÃO 1 – Admissão do recém‐nascido, na UTIN, nas primeiras 24horas de vida e sem malformação abdominal.Algoritmo de decisão 2 – ADMISSÃO DO RECÉM‐NASCIDO, NA UTIN, APÓS 24 HORAS DEVIDA E/OU COM MALFORMAÇÃO ABDOMINAL.É importante ressaltar que alguns pacientes podem requerer cuidadosespecíficos nos algoritmos. Quando clinicamente apropriado, a flexibilidade é aceitável eencorajada 19 .Além disso, a utilização do algoritmo na área da saúde, sempre que possível,significa um avanço em direção à qualidade da assistência, por permitir a resolução deproblemas de forma consensual, a reflexão crítica sobre os diversos caminhos, aidentificação das dificuldades e a definição dos limites de atuação da enfermagem 19 .Desse modo, tendo em vista as citações acima, podemos considerar que osalgoritmos construídos a partir dos resultados da dissertação intitulada: O processo docateterismo venoso central em UTI neonatal e pediátrica: a tecnologia no cotidiano docuidado de enfermagem”, considerando as especificidades dos tratamentos e dosdiagnósticos das crianças que são internadas nos setores nos quais foi desenvolvido, é umaversão ampliada e adaptada do algoritmo proposto pela Infusion Nurse Society.De acordo com os algoritmos de decisão 1 e 2 os recém‐nascidos, ao seremadmitidos em uma UTI, devem ser submetidos a uma avaliação clínica pelos profissionaisde saúde, com a finalidade de identificar os critérios de elegibilidade.Algoritmo de decisão 1 ‐ Recém‐nascido com menos de 24 horas de vida e semmalformação abdominal, e que necessite de terapêutica intravenosa de 1 a 14 dias,ISBN: 978-85-63901-04-0


exanguineotransfusão, monitorização invasiva e/ou infusão de hemoderivados,recomenda‐se a inserção do cateter venoso umbilical, pois o coto umbilical encontra‐seadequado para esse procedimento.Na situação acima descrita, a primeira opção é o CVU, sendo contra‐indicado umcateter venoso periférico devido ao risco de punções venosas repetidas, pois esseprocedimento é indicado para a terapêutica intravenosa por menos de 5 dias. Além disso,na UTIN, geralmente, os recém nascidos são submetidos a diversos procedimentosinvasivos, sendo rotina da UTIN do IFF a administração de antibiótico profilático, sendoessa droga vesicante e irritante para a camada íntima da veia, o que pode acarretar, nocaso de utilização de um acesso venoso periférico, em lesões cutâneas decorrentes deinfiltração e extravasamento. Ademais, a inserção do PICC também não é recomendadanas primeiras 24 horas de vida do recém‐nascido, devido à dificuldade de visualização epunção de uma veia periférica.Caso não seja possível a inserção do CVU ou que o mesmo seja removido para ainserção de um novo cateter e, o recém‐nascido ainda necessite da infusão dehemoderivados e/ou monitorização invasiva, a segunda opção é o cateter venoso centralpor punção direta. No entanto, o profissional deve ser experiente em relação a talprocedimento, devido aos riscos de complicações graves como pneumotórax, hemotórax,hidrotórax e punção arterial. Caso não atenda a esses critérios, a terceira e última opção éa dissecção venosa, por ser um procedimento mais invasivo, com maior risco de infecção epor inviabilizar o referido acesso para outras infusões/internações.É importante ressaltar que nos casos de infusão de hemoderivados através doCVCP e da DV, recomenda‐se o uso de cateteres de múltiplos lúmens, para que utilize umaúnica via para essa infusão, pois a mistura com outros líquidos incompatíveis podeprovocar hemólise 11 .Algoritmo de decisão 1 ‐ Recém‐nascido com menos de 24 horas de vida e semmalformação abdominal, que necessite apenas de terapia intravenosa por mais de seis diasISBN: 978-85-63901-04-0


com a infusão de NPT, antibióticos, aminas, sedação, hidratação venosa e outrasmedicações, sem a indicação de infusão de hemoderivados.Os critérios de elegibilidade, anteriormente descritos, indicam o CVU comoprimeira opção, podendo este permanecer até 14 dias 8 . No entanto, após esse período,caso o recém‐nascido necessite ainda de terapia intravenosa e sua rede venosa estejapreservada, recomenda‐se a troca do CVU pelo PICC (2º opção).Durante a internação do recém‐nascido na UTIN, ele pode vir a necessitar dehemotransfusão. Caso isso ocorra e o RN esteja em uso de PICC, essa infusão pode serrealizada através da punção venosa periférica (PVP), da punção venosa profunda ou dadissecção venosa.A PVP é recomendada caso a indicação da infusão de hemoderivados seja pormenos de 5 dias. Vale relatar que, o calibre do cateter periférico para pacientes pediátricosé de 24 Gauge (G), o que pode causar danos às hemácias, sendo recomendado, portanto, ainfusão lenta, a fim de reduzir o efeito à alta pressão 11 .Caso contrário, ou seja, se a infusão for por mais de 5 dias, recomenda‐se ainserção de um cateter venoso central por punção profunda (1º opção) ou por dissecção(2º opção), para evitar as punções venosas de repetição.A equipe multidisciplinar que cuida do recém‐nascido internado na UTIN deveevitar procedimentos dolorosos freqüentes, pois, ao minimizarem os estímulos dolorosos,estarão cuidando do cérebro em desenvolvimento 20 . Além disso, recomenda‐se que cadaprofissional realize, no máximo, duas tentativas de punção venosa periférica por recémnascidoou criança 11 .É importante ressaltar que, a infusão de hemoderivados pode ser realizadaatravés do PICC, caso ele possua um calibre maior que 3,8 Fr. No entanto, no recémnascidosó é possível a inserção de cateter com calibre menor ou igual 2,0 Fr, não sendo,portanto, indicado tal procedimento, devido ao grande risco de obstrução 11 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Algoritmo de decisão 2 – Recém‐nascido após 24 horas de vida e/ou commalformação abdominal. Nesse caso, não há possibilidade da inserção do CVU. As demaisdescrições seguem as mesmas do algoritmo de decisão 1.4. CONCLUSÃOA dinamicidade da evolução da assistência clínica em relação à incorporação detecnologias tem demandado novas práticas de cuidado, avaliação e qualificação.As equipes, de enfermagem e médica, precisam estar aptas a estabelecercritérios de elegibilidade do acesso venoso central de acordo com as característicasespecíficas do paciente. Para isso, é importante a busca constante de conhecimentoscientíficos atualizados, por parte desses profissionais, para capacitá‐los ao reconhecimentode riscos e de complicações decorrentes do dispositivo e a conduta adequada a serimplementada em cada situação.Esse estudo possibilitou reflexões acerca da importância do direcionamento doplanejamento da assistência de forma individualizada, auxiliando no processo de tomadade decisões na eleição do cateter venoso central.Palavras‐chave: Algoritmos; Cateterismo venoso central; Terapia intensiva neonatal.REFERÊNCIAS1. Diener JRC; Countinho MSSA; Zoccoli, CM. Infecções relacionadas ao cateter venosocentral em terapia intensiva. Rev Assoc Méd Brás; 42 (4), out‐dez. 1996.2. Oliveira ECN. O psicólogo na UTI: reflexões sobre a saúde, vida e morte nossa de cadadia. Psicol. cienc. prof., jun., vol.22, no.2, p.30‐41. ISSN 1414‐9893, 2002.3. Pedroso GER; Bousso RS. O significado de cuidar da família na UTI neonatal: crenças daequipe de enfermagem. Acta Scientiarum. Health Sciences. Maringá, v. 26, nº 1, p. 129‐134, 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


4. Martins JJ; Nascimento ERP. A tecnologia e a organização do trabalho da enfermagemem UTI. Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 34, no. 4, de 2005.5. Vargas D; Braga AL. O enfermeiro de Unidade de Tratamento Intensivo: refletindo sobreseu papel. Revist@ Fafibe on‐line. Ano 2, nº 2, 2006.6. Phillips LD. Manual de terapia intravenosa. 2º ed. Porto Alegre: Artmed; 2001.7. Esrhart A; Jorgensen C; Kaminski D. Assessing pediatric patients for vascular access andsedation. J Infus Nurs, Jul – Aug, 30 (4): 226‐31, 2007.8. Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for the prevention ofintravascular catheter‐related infections – HICPAC – CDC – MMWR, v.51 (RR10), 2002.9. Miranda AM. Epidemiologia do uso do cateter venoso central em Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal. Belo Horizonte, 2005. 92p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) –Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.10. Pieger‐Mooney S. Innovations in Central Vascular Access Device Insertion. Journal ofInfusion Nursing 28 (3 Suppl.): S7‐12, 2005.11. Infusion Nurses Society Brasil. Diretrizes Práticas para Terapia Intravenosa. INS Brasil,2008.12. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro deAcreditação Hospitalar. 3. ed. rev. e atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.13. Infusion Nurses Society (INS). Infusion Nursing Standards of Practice. J Infus Nurs. 2006,Jan‐Feb;29(1 Suppl):S1‐92.14. Rodrigues EC. “Perdeu a Veia” – Os significados da prática da terapia intravenosa numaunidade de terapia intensiva neonatal do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Saúde daCriança e da Mulher). Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ) 145p. 2008.15. Mickler PA. Neonatal and pediatric perspectives in PICC placement. J Infus Nurs, Sep‐Oct; 31 (5): 282‐5, 2008.16. Infusion Nurses Society (INS). Vascular access device (VAD) selection algorithm. 2007.17. Bork AMT. Enfermagem de Excelência: da visão à ação. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2003.ISBN: 978-85-63901-04-0


18. Beitz JM; Bates‐jensen B. Algorithms, critical pathways, and computer software forwound care: contemporary status and future potencial. Ostomy Wound Manage. 2001; 47(4): 33‐40; quiz 41‐2.19. Bernardino E et al. Protocolos de atendimento em enfermagem na ocorrência dearritmias cardíacas, infarto agudo do miocárdio e parada cardiorespiratória, baseados nasfunções independentes da enfermagem. Tuiuti: Ciência e Cultura, n.36, FCBS 04, pp. 23‐34,Curitiba, nov. 200220. Tamez RN. Intervenções no cuidado neuropsicomotor do prematuro, UTI neonatal. Riode Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E COMPORTAMENTAIS DURANTE O MANUSEIO AOS RECÉM‐NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATALAntonio Rodrigo Moura de Morais 8Fernanda Jorge Magalhães 9Francisca Elisângela Teixeira Lima 10Isis de Oliveira Pinheiro 11Introdução: Na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) são internados os recémnascidospré‐termo e todos aqueles que necessitam de cuidados intensivos de uma equipemultiprofissional durante vinte e quatro horas por dia. Na UTIN, o recém‐nascido (RN)receberá cuidados urgentes na tentativa de melhorar seu estado clínico e auxiliá‐lo a viver,fazendo com que, muitas vezes, seja intubado, ventilado, perfurado durante um períodolongo, caracterizando um processo de excessivos episódios de manuseio, cerca de 50 a 134vezes em 24 horas, durante a fase mais crítica, tanto por procedimentos dolorosos quantopara cuidados de rotina (1) . A Sociedade Canadense de Pediatria recomenda observação nossinais emitidos pelo RN, uma vez que a falta de respostas comportamentais e choro não é,necessariamente, indicativo de falta de dor. Refere ainda que as instituições de saúde devamdesenvolver e implementar cuidados de prevenção à dor e ao estresse destes pacientes,utilizando‐se, de programas educacionais que sensibilizem os profissionais quanto à utilização deestratégias e individualizando o cuidado, favorecendo, assim, o manuseio mínimo e maiorqualidade do repouso do RN (2) . Em estudo anterior constatou‐se que há um predomínio de8Acadêmico de enfermagem da Universidade Federal do Ceará. e‐mail: sparda6100@hotmail.com9Enfermeira. Especialista em Enfermagem neonatal. Professora Substituta do Departamento deEnfermagem da UFC (DENF/UFC). Membro do grupo de estudo sobre consulta de enfermagem da UFC(GECE/UFC).10Enfermeira. Especialista em Enfermagem neonatal. Assistencial na Unidade de Terapia Intensiva doHospital Regional da Unimed. Membro do GECE/UFC.11Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFC. Docente do curso de graduação em Enfermagem doDENF/UFC. Líder do GECE/UFC.ISBN: 978-85-63901-04-0


ecém‐nascidos com uma média de 52 a 79 manuseios diários, considerando apenas osrecém‐nascidos que não apresentaram intercorrências, ou seja, aqueles que receberamsomente os procedimentos de rotina da unidade neonatal. Diante disso, enfatiza‐se opouco tempo de descanso e repouso dos mesmos, o que pode interferir nodesenvolvimento neurocomportamental do RN3 (3) . Frente a isso, surgiu a seguinteindagação: quais as alterações fisiológicas e comportamentais presentes durante omanuseio do RN internado na UTIN? O estudo se justifica na medida em que se buscacompreender a realidade, a fim de posteriormente modificar a atenção ao RN de riscointernado em UTIN, proporcionando, em especial, aos profissionais de enfermagemestratégias que minimizem os manuseios e favoreça o agrupamento de cuidados;proporcionando uma assistência individualizada, humanizada e eficiente. Objetivo:verificar as consequências do excesso de manuseio para o RN, considerando comoindicadores: alterações fisiológicas e comportamentais. Material e métodos: estudodescritivo, com abordagem quantitativa. Realizado em uma UTIN de um hospital‐escola darede pública estadual, na cidade de Fortaleza‐Ceará‐Brasil. A amostra foi composta por 26RN que atenderam aos critérios de inclusão: ser RN de risco, estar internado em UTINnecessitando de cuidados intensivos e em uso de incubadora aquecida. A coleta de dadosfoi realizada no mês de fevereiro e abril de 2010, por meio de consulta ao prontuário paralevantar os dados de identificação do RN e da mãe; e mediante a observação para levantara incidência e os tipos de manuseios de rotina do RN pelos profissionais da saúde. Cada RNfoi observado por um período de 24 horas, sendo considerado diurno de 7:00 às 19:00h enoturno de 19:00 às 7:00h. Neste estudo foi considerado manuseio o toque ao RNinternado em UTIN, após a abertura da incubadora, já que na unidade só havia recémnascidosem uso de incubadora aquecida. Os dados coletados foram analisados einterpretados a partir da literatura pertinente à temática e organizados em tabelas efiguras. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição, sobprotocolo nº 392/2010. Resultados: verificou‐se que o quantitativo de alteraçõesISBN: 978-85-63901-04-0


apresentadas pelos recém‐nascidos variou de quatro a doze. Assim, esses dadosrepresentam que em todos os manuseios o RN apresentou alguma alteração, sejafisiológica ou comportamental, o que pode interferir no seu desenvolvimentoneurocomportamental. Em relação às alterações fisiológicas, verifica‐se a incidência de96,1% dos recém‐nascidos com alteração da saturação de oxigênio; seguida de alteraçãoda frequência de pulso em 92,3% dos recém‐nascidos. Por isso, destaca‐se estratégiascomo: agrupar cuidados, proporcionando uma assistência individualizada, humanizada eeficiente ao RN; não tamborilar ou colocar objetos em cima da incubadora; abrir e fechar aincubadora com cuidado; falar em tom de voz baixo e atentar prontamente aos alarmesdos aparelhos; instruir e respeitar a hora do descanso/repouso e, principalmente,manipular carinhosamente o RN com as mãos higienizadas e aquecidas. No que se refereàs alterações comportamentais verifica‐se que há o predomínio de alterações comoarqueamento das sobrancelhas presente em 88,5% dos recém‐nascidos; seguidas dealteração da expressão facial, com 80,8%. É importante enfatizar que apenas 7,7%apresentaram estado de satisfação e conforto, condizendo com alterações que refletemconsequências no desenvolvimento neurocomportamental do RN. As principais alteraçõescomportamentais do bebê durante os procedimentos foram, em sua maioria,arqueamento das sobrancelhas, alterações faciais e aumento do tônus muscular, as quaispodem representar para o RN desconforto, desorganização e dor frente aosprocedimentos. Em certas ocasiões ou em associação às alterações comportamentais,podem‐se identificar, também, algumas respostas fisiológicas apresentadas pelos recémnascidoscomo: redução da saturação de oxigênio e aumento da frequência de pulso,diante da realização de diversos procedimentos dolorosos ou não, além de alteração dacoloração da pele, a qual pode significar manifestação de sentimentos de desconforto,insatisfação e até mesmo insuficiência respiratória (4) . Para promover o conforto, deve‐seintervir no ambiente físico, como também, na ambiência humana que cerca o RN,atentando para alguns procedimentos como: interagir com o RN de forma a comunicar queISBN: 978-85-63901-04-0


serão iniciados os cuidados de rotina, aquecer as mãos antes de tocá‐lo, explicar que ele seencontra numa UTIN e que em breve seus pais virão visitá‐lo, chamá‐lo pelo nome, avisá‐lode irá embora ao final de seu expediente e que alguém irá substituí‐la (4) . Conclusão:conclui‐se que o excesso de manuseio interfere no bem‐estar do RN, alterando os aspectosfisiológicos e comportamentais. Percebeu‐se que há presença de alterações em todos osrecém‐nascidos manipulados, encontrando cerca de oito a nove alterações tantofisiológicas como comportamentais. Para tanto, acredita‐se que o seguimento do protocolode manuseio mínimo do recém‐nascido na UTIN favorecerá a prática da equipe de saúde,enfatizando o cuidado holístico e individualizado, mediante a sensibilização dosprofissionais para assegurar um cuidado eficaz para promoção do bem‐estar do RN.Descritores: Recém‐Nascido. Equipe de Enfermagem. Unidades de Terapia IntensivaReferências1. Rugolo LMSS. Manual de neonatologia. 2. ed., Sociedade de Pediatria de São Paulo.Departamento de Neonatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.2. Canadian. Prevention and management of pain and stress in the neonate. Pediatrics.2000;105(2).3. Magalhães, FJM. Avaliação dos manuseios aos recém‐nascidos internados em unidadede terapia intensiva neonatal. Monografia de Especialização em Enfermagem Neonatal.Universidade Federal do Ceará. 2010. Fortaleza‐CE.4. Rolim KMC, Farias CPX, Marques LC, Gurgel EPP, Magalhães FJ, Caetano JA. Atuação daenfermeira na prevenção de lesão de pele do recém‐nascido. Rev. enferm. UERJ. 2009;17(4):544‐9.ISBN: 978-85-63901-04-0


ANÁLISE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM QUANTO ÀS ORIENTAÇÕES OFERECIDAS NACONSULTA PRÉ – NATALAna Cláudia Ferreira Pinheiro Coutinho 12Lidiane Alves Tenório 13Tatiana Leite Carôzo Batista 14Ana Carla de Oliveira Soares 15Priscilla da Silva Fernandes 16Introdução: A assistência pré‐natal compreende um conjunto de cuidados eprocedimentos que visam preservar a saúde da gestante e do concepto, devendo incluirorientações sobre modificações resultantes da gravidez, hábitos saudáveis de vida e sobrecuidados no período puerperal, relacionados à mulher e ao recém‐nascido, considerandoas estratégias educativas que favoreçam o empoderamento, percebendo a mulher comosujeito no processo de cuidar e orientar. 1 A ausência do acompanhamento pré‐natal estáassociada a mortalidade perinatal, sendo cinco vezes superior aquela encontrada nasclínicas de atendimento pré‐ natal regular. Pois, é durante o pré‐ natal que se rastreiam asgestações de alto risco, a alo imunização pelo fator Rh, sífilis, anemia, além de fazer aprofilaxia de toxemia tardia de prenhez. 2 O profissional enfermeiro consciente, preparadotecnicamente e comprometido com a boa qualidade de assistência materno‐infantil,poderá exercer livremente seu ofício, garantindo o constante crescimento da profissão ede importância à saúde. 3 Assim, o papel do enfermeiro consiste em prestar os cuidados12‐ Enfermeira mestre em Saúde e Ambiente, especialista em Gerenciamento em Enfermagem eEnfermagem Neonatal, docente da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL)e do Centro Universitário CESMAC. E‐mail: anacfpc@hotmail.com13Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas da Saúde – FCBS / CESMAC.14Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas da Saúde – FCBS / CESMAC.15Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.16Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.ISBN: 978-85-63901-04-0


necessários à mãe e à criança, fornecendo informações precisas sobre a gestação, parto,puerpério e puericultura, que minimizem os anseios e medos da cliente e que promovamum ambiente saudável a adaptação física e emocional da mulher, da sua condição degestante a nova condição de puérpera. 4 No entanto, a redução da morbimortalidadematerna e perinatal só se concretizará se houver investimento efetivo na qualidade daassistência pré‐natal, pois apesar da melhoria na cobertura no número de consultas, osindicadores relativos à qualidade da assistência continuam inadequados. 5 Diante doexposto, percebeu‐se a necessidade de avaliar assimilação e aplicação das orientaçõesfornecidas às gestantes durante o pré‐natal, a fim de identificar fragilidades relacionadas àassistência. Objetivos: Realizar levantamento das gestantes cadastradas na área adscrita;entrevistar as gestantes cadastradas na área; analisar a qualidade da assistência deenfermagem, quanto às orientações oferecidas às gestantes durante o pré‐natal, incluindoassimilação/aplicação das mesmas. Metodologia: Tratou‐se de uma pesquisa descritiva,retrospectiva, quantitativa realizada com gestantes e/ou puérperas, que estavam grávidase fizeram acompanhamento pré‐natal no período de julho à dezembro de 2009, naUnidade Básica de Saúde da Família do CAIC Virgem dos Pobres, microárea 26, localizadano Conjunto Residencial Virgem dos Pobres III, às margens da Lagoa Mundaú, bairro doDique Estrada, município de Maceió/AL. Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa(CEP), sob o protocolo nº. 878/09, da Faculdade de Ciências Biológicas da Saúde – FCBS,Centro Universitário CESMAC, Maceió /AL; foi iniciada a coleta de dados durante reuniõesdo grupo de gestantes, em visitas domiciliares e, paralelamente, realizado levantamentodos registros nos prontuários das gestantes, relacionados às orientações fornecidasdurante as consultas pré‐natais. A amostra foi composta por 37 gestantes; destas 27 foramentrevistadas, após receberem esclarecimentos, concordarem e assinarem o Termo deConsentimento Livre e Esclarecido (TCLE); as demais integrantes da amostra (10) nãoforam localizadas em visitas domiciliares, após 2 tentativas, ou estavam ausentes dodomicílio no momento da visita por estarem trabalhando, ou haviam mudado de endereçoISBN: 978-85-63901-04-0


definitivamente, de acordo com informações colhidas nos registros da Unidade. Os dadosforam obtidos através da aplicação de entrevista semi‐estruturada, composta por questõesrelacionadas à situação sociodemográfica, pré‐natal, exames de rotina, alimentação,puerpério, aleitamento materno, cuidados com o recém‐nascido e orientações educativas.Resultados: A faixa etária predominante se concentrou entre 14 e 18 anos, totalizando48%; sendo a maioria solteira 63%. Quanto ao nível de escolaridade, 36% possuem ensinofundamental incompleto. A renda mensal é de um salário mínimo para 62% dasentrevistadas. Das 27 entrevistadas, 19% iniciaram o pré‐natal entre 1 a 2 meses, 62% de 2a 3 meses, 19% de 3 a 4 meses, ou seja, as ações educativas e as palestras realizadas naUnidade estão apresentando resultado, pois as mulheres estão iniciando oacompanhamento de sua gravidez mais cedo. Das entrevistadas, 52% sabiam o que erainfecção do trato urinário e como evitar; entretanto, 48% não souberam responder e nemsabiam quais eram os riscos. Isso significa que as orientações relacionadas aos examesdevem ser mais enfatizada durante as consultas, a fim de que as mulheres tenham melhorassimilação, conheçam os riscos e possam se prevenir. Das 27 mães, 69% afirmaram que éimportante o banho de sol para evitar fissuras nas mamas, 23% não souberam responder,8% que deve apenas higienizar com água sabão. Demonstrou que as mães estãoentendendo os cuidados necessários para evitar rachaduras no mamilo e,consequentemente, desconforto para amamentar, o que poderia levar ao desmameprecoce. Quanto à amamentação, 96% responderam que devem amamentarexclusivamente seu filho até os seis meses, 4% não soube responder. O aleitamentomaterno deve ser incentivado desde o início da gestação, proporcionando maioresclarecimento à mãe, para que esta possa ter tempo de entender a importância do leitematerno para seu filho, da proteção contra doenças e imunidades adquiridas, além dosbenefícios maternos. Das 27 entrevistadas, 66% responderam que o correto é que acriança posicione os lábios na aréola do seio, 19% responderam que coloca o RN deitado,15% não sabiam a posição correta. Significa que os RN’s estão mamando de forma correta,ISBN: 978-85-63901-04-0


pois suga diretamente o mamilo e aréola que proporcionam a liberação do leite. Emrelação a aleitamento materno misto, 92% referiu que deve ser iniciado a partir do sextomês, 4% introduzir alimentos com menos de 4 meses, 4% não sabia quando iniciar.Percebeu‐se que a maioria introduziu a alimentação complementar no tempo adequado,configurando aleitamento materno misto, já que a partir do sexto mês a criança necessitaque o leite materno seja complementado. Em relação aos conhecimentos sobre oscuidados com coto umbilical, 70% responderam que é mais eficaz a higienização comálcool à 70%; não sabiam como fazer a higiene totalizou 26% e 4% respondeu limpar comsoro fisiológico. Isto significa que a maioria das gestantes tem o conhecimento dahigienização correta do côto umbilical para evitar infecção. Em relação à consulta depuérperio, 67% das mulheres responderam que deviam retornar à consulta até o sétimodia de nascimento do RN e 33% não sabiam quando deveriam retornar. Significa que oprofissional deve reforçar a importância da consulta puerperal, mostrando a esta gestanteos benefícios a ela e seu RN. Conclusão: Concluiu‐se que as gestantes pouco entendemsobre orientações relacionadas às alterações fisiológicas e aos cuidados durante agestação. Entretanto, assimilam e aplicam às orientações relacionadas aos cuidados com orecém‐nascido e aleitamento materno. Por isso, precisam ser melhor esclarecidas duranteas consultas pré‐natais, para que haja aplicabilidade das orientações oferecidas durante ociclo gravídico‐puerperal, a fim de minimizar riscos à mãe e ao concepto.Contribuições/implicações para enfermagem: A prática do enfermeiro, profissionalhabilitado para desenvolver a atribuição de pré‐natalista por formação, deverá fortalecercada vez mais o vínculo profissional‐cliente, a fim de possibilitar uma relação de confiançaestreita durante as consultas, o que irá proporcionar maior entendimento e aplicabilidadedas orientações fornecidas à gestante durante o pré‐natal. Deste modo, os resultadosserão percebidos e reconhecidos por estas clientes, à medida que gestantes e recémnascidosacompanhados sintam segurança e tenham evolução e desenvolvimentoISBN: 978-85-63901-04-0


adequados, e desta forma contribuir positivamente para os índices de morbi‐mortalidadepor causas previníveis, através de ações de promoção à saúde e prevenção de doenças.Descritores: Enfermagem. Pré‐natal. Assistência.Referências:1 – Ministério da Saúde. Manual Técnico: Assistência pré‐natal. Secretaria de Políticas deSaúde. Brasília DF, v.3, p. 66, 2000.2 ‐ Rezende J. Obstetrícia. Décima edição. Editora Guanabara Koogan. 2005. Rio de Janeiro.3 ‐ Brito I. A enfermagem e a assistência ao parto: Aspectos Técnicos e Éticos. Disponívelem: www.corempr.org.br/2003. Acesso em: 17 de julho de 2009.4 ‐ Rodrigues DP, Fernandes AFC, Silva RM, Pereira MS. O domicílio como espaçoeducativo para o autocuidado de puérperas: binômio mãe‐filho. Texto contexto ‐ enferm.[online], vol.15, n. 2, pp. 277‐286. Disponível em: . Acesso em 17 dejulho de 2009.5 ‐ Koffman MD, Bonadio IC. Avaliação da Atenção Pré‐Natal em uma InstituiçãoFilantrópica da Cidade de São Paulo. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., v. 5, n. 1, p. 523‐532,2005.ISBN: 978-85-63901-04-0


ANÁLISE DAS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS REFERENTES AO ALEITAMENTO MATERNO EMPREMATUROS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOSAna Maria Lima Albuquerque 17Bruna Filomena Correia Moreira 18Elis Mayre da Costa Silveira 19Thays Bezerra Brasil 20O aleitamento materno é a primeira, e mais importante ação natural no combate àdesnutrição e à fome. O leite materno é muito mais do que uma simples coleção denutrientes, é uma substância viva de grande complexidade biológica, ativamente protetorae imunomoduladora. Não apenas proporciona proteção exclusiva contra infecções ealergias, como também estimula o desenvolvimento adequado do sistema imunológico dobebê, além de conter muitos componentes antiinflamatórios. Além disso, previne futurosproblemas bucais e de linguagem, promove o fortalecimento do vínculo afetivofundamental entre mãe e filho e um maior desenvolvimento neuromotor e cognitivo dacriança. O Ministério da Saúde (MS) prioriza as ações de promoção, proteção e apoio aoAleitamento Materno Exclusivo (AME) para a melhoria da qualidade de vida das crianças17Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela Universidade Estadual do Ceará. Aluna do cursode Especialização em Desenvolvimento Infantil pela Universidade Federal do Ceará. EnfermeiraAssistencial da UTI Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Email: aninhaul2@hotmail.com18Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará. EnfermeiraAssistencial da UTI Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Enfermeira Assistencial do Hospital GeralDr. Waldemar de Alcântara. Email: bcufc@yahoo.com.br19Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem Pediátrica e Neonatal da FaculdadeMetropolitana da Grande Fortaleza (FAMETRO). Enfermeira assistencial da Unidade de Neonatologiado Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Email:eliscsilveira@yahoo.com.br20Enfermeira. Pós‐graduanda em Enfermagem Pediátrica e Neonatal pela Faculdade Metropolitana daGrande Fortaleza. Enfermeira Assistencial da UTI Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/Universidade Federal do Ceará. Email:thays_det@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


asileiras. É a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, além de promover asaúde física, mental e psíquica da criança e da mulher que amamenta. No Brasil,geralmente as mulheres amamentam exclusivamente por pouco tempo: 2 ou 3 meses, nomáximo. O MS quer incentivar que mães e filhos fiquem juntos mais tempo: 6 meses,seguindo a recomendação dada pela Organização Mundial da Saúde. Todas as mães criamseu bebê imaginário durante a gestação e fazem todos os preparativos para sua chegadaenglobando‐o no discurso familiar. Nos casos de prematuridade, o que acontece é que obebê nasce antes do esperado e não corresponde às expectativas geradas pela mãe.Naverdade, essas mães se encontram perante um filho com a saúde debilitada, necessitandode cuidados específicos de uma unidade neonatal, e com risco de morte. O bebêprematuro, mais do que o bebê saudável a termo, necessita do leite materno, pois, emvirtude de sua fragilidade, necessita de um suporte maior para seu crescimento edesenvolvimento. Por meio da amamentação, o bebê prematuro passa por processos deredução da perda de peso, aumento dos níveis de glicose no sangue, diminuição dabilirrubina não conjugada no soro, além de fortalecer os vínculos afetivos e promoverbenefícios em longo prazo no desenvolvimento neurológico da criança. Diante do exposto,o presente estudo teve como objetivo caracterizar as produções científicas na área deSaúde acerca da temática aleitamento materno em prematuros publicadas no período de2003 a 2008 e que estivessem indexadas nas bases de dados MEDLINE, LILACS, BDENF eSCIELO. Optou‐se pela pesquisa do tipo bibliográfica, na qual foram utilizados os seguintesdescritores: aleitamento materno e prematuro. Foram encontradas 55 produçõescientíficas, das quais 40 foram excluídas, por razões como repetição dos estudos nasdiversas bases pesquisadas, por não contemplarem à temática ou não se adequarem aoscritérios de inclusão do estudo. Foi realizada a leitura das 15 (100%) produções científicasque compuseram a amostra do presente estudo, para a identificação dos seguintesaspectos: fonte de publicação, palavras‐chaves, base de dados, tipo de estudo,profissionais envolvidos, local de estudo, objetivos, referencial teórico‐metodológico,ISBN: 978-85-63901-04-0


sujeitos da pesquisa, técnica para a coleta de dados, ano de publicação e temática doestudo. Pesquisas mostram que, embora durante a maioria das consultas de pré‐natal sejaaconselhado o aleitamento materno às mães que ainda não se decidiram se irão ou nãoamamentar os seus filhos, pouco se fala sobre o assunto no primeiro trimestre e muitosrecomendam a complementação com fórmulas lácteas. Os resultados foram analisados deacordo com a literatura pertinente e apresentados em gráficos e tabelas. Apenas 3 (34,0%)periódicos que tiveram publicações sobre o tema de aleitamento materno em prematuroseram específicos da Enfermagem, porém, as enfermeiras se sobressaem com o maiornúmero de produções (8 ‐ 53,0%) em relação a outras categorias profissionais. Sobre aformação dos autores, 7 (47,0%) têm o título de Doutor. A Revista Latino‐Americana deEnfermagem se destacou com a publicação de 2 (13,0%) artigos. Em relação ao tipo deestudo, 9 (60,0%) utilizaram a abordagem quantitativa e 4 (27,0%) o tipo qualitativa. Dostrabalhos analisados, 13 (86,0%) não mencionaram o referencial teórico e metodológicoutilizado. Percebeu‐se que o principal sujeito de estudo foi o recém‐nascido prematuro (5 ‐33,0%). O instrumento mais utilizado para a coleta dos dados foi a entrevista (7 ‐ 30,0%).Quanto ao número de publicações por ano, 7 (47,0%) artigos foram publicados durante oano de 2004, destacando‐se a região Sudeste com 8 (53,0%) publicações. O grupo depalavras‐chaves que mais surgiram foi relacionado à prematuridade (17 – 38,0%).Constatou‐se que a Enfermagem tende a desenvolver trabalhos nesta área, devendocontinuar realizando pesquisas que visem à melhoria do cuidado de Enfermagem aorecém‐nascido prematuro internado na unidade neonatal. Atualmente, o número depesquisas na área da lactação humana para prematuros ainda é insuficiente, fazendo comque se conheça menos sobre a lactação humana do que sobre a implementação defórmulas lácteas industrializados. Além disso, muitas crenças e práticas impedem que oprocesso de amamentação seja estabelecido e bem sucedido. Alguns autores definem aquestão do aleitamento materno para prematuros como não somente biológica, mashistórica, social e psicologicamente delineada. Os trabalhos estudados permitiramISBN: 978-85-63901-04-0


identificar o caminho percorrido até o desenvolvimento do conhecimento atual e tambémdirecionar a construção de sugestões para elaboração de novas pesquisas. É defundamental importância que a mulher sinta‐se adequadamente assistida nas suas dúvidase dificuldades, para que as mesmas possam assumir com mais segurança o papel de mãe eprovedora do aleitamento de seu filho, cabendo aos profissionais de saúde, em especial, àsenfermeiras e aos serviços de saúde, o compromisso de realizar um atendimento dequalidade a essas mães, de modo a tornar a amamentação um ato de prazer e não umaobrigação. O profissional de saúde deve identificar durante o pré‐natal os conhecimentos,a experiência prática, as crenças e a vivência social e familiar da gestante a fim depromover educação em saúde para o incentivo do aleitamento materno, assim como,garantir a vigilância e a efetividade durante a assistência à nutriz no pós‐parto. Acreditaseque este estudo poderá contribuir com a produção científica sobre a temática dealeitamento materno em prematuros, pois permitiu uma visão ampliada do que osprofissionais de Enfermagem têm pesquisado, encontrando aspectos positivos e lacunasque precisam ser exploradas e discutidas mais profundamente pela Enfermagem, com ointuito de melhorar a qualidade do cuidar e na promoção do aleitamento materno.Descritores: Aleitamento Materno, Prematuro, Enfermagem.Referências:1. DELGADO, S. E.; HALPERN, R. Amamentação de prematuros com menos de1500gramas:funcionamento motor‐oral e apego. Pró‐ Fono Revistas de AtualizaçãoCientífica. 2005; 17(2): 141‐152.2. CANINI S. R. M. S, REIS R. B, PEREIRA L.A, GIR E., PELÁ N. T. R. Qualidade de vida deindivíduos com HIV/AIDS: uma revisão de literatura. Rev Latino‐am Enfermagem 2004novembro‐dezembro; 12(6):940‐5.3. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de políticas de saúde – estudos amostrais. APrevalência do aleitamento materno exclusivo. Brasília; Ministério da Saúde. 2001b.ISBN: 978-85-63901-04-0


GAUTHIER, J. H. M. et al. Pesquisa em enfermagem: novas metodologias aplicadas. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 1998.4. PENALVA, O.; SCHWARTZMAN, J. S.; Estudo descritivo do perfil clínico nutricional e doseguimento ambulatorial de recém nascido prematuros atendidos no Programa MétodoMãe Canguru. Jornal de Pediatria. 2006; 82(1):33‐9.5. TAMEZ, R. N.; SILVA, M. J. P. Enfermagem na UTI Neonatal: assistência ao recém‐nascidode alto risco. 3ª. ed. Editora Guanabara Koogan, 2006. Rio de Janeiro.ISBN: 978-85-63901-04-0


ANÁLISE DOS CATETERES CENTRAIS DE TERAPIA INTRAVENOSA EM UMA UNIDADENEONATALPriscilla Ribeiro Colares 21Lívia Silva Almeida 22Edna Camelo Chaves 23Thays Bezerra Brasil 24A utilização de dispositivos centrais na terapia intravenosa em recém‐nascidos (RNs) dealto risco na Unidade Neonatal (UN) é uma prática adotada com bastante freqüência, poisa infusão de líquidos em geral é uma necessidade básica dessa população, cujo objetivo émanter o equilíbrio hemodinâmico do prematuro. Neste contexto, insere‐se a terapiaintravenosa como recurso terapêutico para uma clientela específica, que necessita de umaabordagem diferenciada para a prática da enfermagem neonatal (SILVA; NOGUEIRA, 2004).O acesso venoso central difere do periférico particularmente pela severidade de suaspossíveis complicações, de modo que a sua indicação em recém‐nascido deverá ser motivode ponderação e bom senso. As indicações principais do acesso venoso central incluem orecém‐nascido com instabilidade hemodinâmica ou respiratória, a necessidade demonitorização da pressão venosa central (PVC), a necessidade de exangüíneo‐transfusão, autilização de nutrição parenteral total e o recém‐nascido com impossibilidade de acesso21Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará. EnfermeiraAssistencial da UTI Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Email: priscilla_colares@yahoo.com.br22Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Enfermeira Assistencialda UTI Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do BinômioMãe‐Filho/Universidade Federal do Ceará. Email: almeilivia@gmail.com23Enfermeira. Doutoranda em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará. Enfermeira doHospital Geral de Fortaleza. Email: ednacam3@hotmail.com24Enfermeira. Pós‐graduanda em Enfermagem Pediátrica e Neonatal pela Faculdade Metropolitana daGrande Fortaleza. Enfermeira Assistencial da UTI Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/Universidade Federal do Ceará. Email:thays_det@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


venoso periférico (LEONE; TRONCHIN, 2001). No período neonatal as vias mais utilizadaspara acessos central são a cateterização da veia umbilical e a passagem de cateterpercutâneo ou PICC (cateter central de inserção periférica. O cateterismo umbilical é,geralmente, o acesso vascular central de primeira escolha em RNs de risco paramanutenção de terapia intravenosa nos primeiros dias de vida.O tempo de permanência do cateter é determinante para o aparecimento e/ouagravamento de complicações, principalmente a infecção. Desta forma, vários serviçosadotam rotinas com indicação criteriosa e remoção precoce do cateter umbilical. Já o PICCé um tipo de cateter inserido através da punção de uma veia periférica, cuja extremidadedistal deve ser posicionada na veia cava. Sua implantação elimina as múltiplas punçõesperiféricas e não requer procedimento cirúrgico. O PICC deve ser removido após o términoda indicação terapêutica ou na ocorrência de complicações como obstrução, rompimentodo cateter e quando houver sinais de infecção ou de extravasamento de líquidos (SILVA,NOGUEIRA, 2004). Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é analisar os tipos decateteres centrais utilizados em uma Unidade Neonatal. Trata‐se de um estudoretrospectivo de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. Ele foi realizado em umaUN pública credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de um hospital terciário dereferência da cidade de Fortaleza, composta por 32 leitos, sendo 16 leitos destinados àassistência intensiva e 16 leitos para semi‐intensiva. A população foi composta pelos 720recém‐nascidos admitidos na UN durante o ano de 2009, ao passo que a amostra foicomposta por 120 recém‐nascidos que utilizaram um cateter central durante ointernamento. Essa amostra foi obtida mediante o sorteio de 10 números de prontuáriosem cada mês de internamento do ano de 2009, tendo como critério de inclusão os recémnascidosque receberam um cateter central na UN. Entretanto, o critério de exclusão foi otempo de permanência do cateter inferior a 48 horas, pois dentre os critérios adotadospelo Centers For Diesase de Atlanta (CDC, 2002), utilizado como embasamento, só seconsidera infecção relacionada ao dispositivo se o tempo de permanência deste forISBN: 978-85-63901-04-0


superior a 48 horas. Os dados durante os meses de fevereiro e março de 2010 e foramcoletados por meio da busca direta nos prontuários e preenchimento de um formulário,elaborado e preenchido por uma das pesquisadoras. Dados pertinentes à pesquisa e que seencontravam arquivados nos prontuários foram: fichas de controle de infecção daComissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e resultados das hemoculturas deponta do cateter. Os dados coletados foram analisados através do programa Excel 2003 eapresentados em gráficos e tabelas. Com relação aos aspectos éticos, foram obedecidos osprincípios éticos da pesquisa científica conforme preconiza a Resolução 196/96 doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde ‐ CNS, o preâmbulo dessa resolução prevê uma revisãoperiódica e a obrigação da aprovação da pesquisa por um comitê de ética, reforçandoassim a responsabilidade legal e ética do pesquisador (BRASIL, 1996). Ciente disso, apresente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Instituição do referido hospitalonde foi realizado e desenvolvido o estudo, com número de protocolo: 110908/08. Osresultados apontaram que dos 120 RNs investigados a maioria, 39 (32,5%), nasceram compeso entre 1001 e 1500g e 81 (67,5%) nasceram de parto cesáreo. Quanto ao sexo amaioria, 65 (54%), era do sexo masculino e quanto à idade gestacional a maioria, 77 (64,1),nasceu entre 31 e 37 semanas. O tempo de internação variou de 440 dias, com média de48 dias de internação. Quanto aos tipos de dispositivos utilizados pelos RNs na UN, amaioria, 51 (42,5%), fez uso apenas de um cateter umbilical, 46 (38,3%) utilizaram umcateter umbilical e um cateter central de inserção periférica, 8 (6,6%) usaram um cateterumbilical e dois PICCs, 8 (6,6%) fizeram uso apenas de um PICC, 3 (2,5%) receberam umcateter umbilical e três PICCs. Por fim, os seguintes episódios foram observados em apenasum RN (0,8%): dois cateteres umbilicais; um cateter umbilical, um PICC e uma dissecção;um cateter umbilical, três PICCs e duas dissecções; um PICC e uma dissecção. Assim, 111(92,5%) dos RNs utilizaram Cateter Umbilical; 69 (57,5%) fizeram uso de PICC e apenas 3(2,5%) receberam dissecção. Esses resultados apontam que o cateter umbilical representaa primeira escolha na terapia intravenosa neonatal, comumente inserido nos primeirosISBN: 978-85-63901-04-0


dias de vida do RN, e após é substituído pelo PICC. Entretanto, a dissecção venosarepresentou o método de última escolha e também representa o método mais traumáticodentre os cateteres investigados. Conclui‐se, portanto, que os dispositivos centrais deterapia intravenosa representam uma prática frequente na UN estudada. Esse fato podecontribuir para a redução do índice de infecção uma vez que reduz o número de punçõesvenosas e permite uma permanência maior de tempo com uma via estabelecida. Emcontrapartida, o índice de infecção também pode sofrer influência de uma má manutençãoe higiene desses dispositivos centrais. Nesse contexto, a equipe de enfermagem, principalresponsável pelo manuseio desses dispositivos, tem papel fundamental a desempenhar naterapia intravenosa no sentido de minimizar os riscos de complicações associadas ao usode cateteres centras. Assim, essa equipe precisa ter conhecimento e experiência que lhepermita desempenhar com competência as atividades pertinentes da terapia intravenosa.Descritores: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Cateterismo Venoso Central;Infusões Intravenosas.Referências:1. Silva GRG, Nogueira MFH. Terapia intravenosa em recém‐nascidos. Rio de Janeiro:Cultura Médica; 2004.2. Leone CR, Tronchin DMR. Assistência Integrada ao Recém‐Nascido. São Paulo: Atheneu;2001.3. Centers for diesase control and prevention, Departament of Health and HumanServices. Intravascular device ‐ related infections preventions; guidelines availabity:notice. Part. I. Atlanta: CDC; 2002.4. Ministério da Saúde (BR). Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, Comissão <strong>Nacional</strong> de Ética emPesquisa ‐ CONEP. Resolução n° 196/96, de 10 de outubro de 1996: Dispõe sobre asdiretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília(DF): Ministério da Saúde; 1996.ISBN: 978-85-63901-04-0


ANTICORPOS MATERNOS ANTI‐HBS NÃO INFLUENCIAM A RESPOSTA VACINAL DAHEPATITE B EM RECÉM‐NASCIDOS BRASILEIROSViviane Rodrigues Tavares 25Ana Luiza Neto Junqueira 26Sheila Araújo Teles 27Introdução: O vírus da hepatite B (VHB) é um das causas de doença hepática crônica,incluindo cirrose e câncer hepático 1 . A vacinação é a principal estratégia para a prevençãode infecção pelo VHB. A estimativa de cobertura vacinal é de 65% a nível mundial, e ocontinente Americano é a região com proporção mais elevada de indivíduos vacinados(88%) 2 . A vacina contra a hepatite B tem sido recomendada para recém‐nascidos,lactentes, adolescentes e adultos de alto risco. Para recém‐nascidos, a vacinação érecomendada ao nascimento, antes da alta hospitalar, independentemente do statusHBsAg materno. No Brasil, vacinação universal contra a hepatite B foi implementada noinício de 2000 3 . Desde então, várias meninas que foram previamente vacinadas contra oVHB têm atingido idade reprodutiva, e mais atingiram a idade reprodutiva no futuro.Embora não existam dúvidas sobre a eficácia e segurança da vacina 1 , lacunas noconhecimento sobre a imunidade a longo prazo e o papel dos anticorpos anti‐HBsadquiridos passivamente ainda são assuntos de interesse 4 . Recentemente, Hu et al. 5relatou que anticorpos anti‐HBs maternos adquiridos via transplacentária desempenhamum papel na resposta dos RNs imune a vacina. Eles compararam a resposta imune à vacina25Mestre em Enfermagem – FEN/UFG, Coordenadora do Curso de Enfermagem e Docente deEnfermagem na Saúde do Adulto – Faculdade de Ceres (FACERES): Av. Brasil, Od. 13 – Setor MoradaVerde, Ceres GO, CEP: 76300‐000. Tel: (62) 33231040. E‐mail: vianevivi@hotmail.com26Doutora em Enfermagem – Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás: rua 224, Od.68 – Setor Leste Universitário. CEP: 74223‐040.27Doutora em Enfermagem – Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás: rua 224,Od. 68 – Setor Leste Universitário. CEP: 74223‐040.ISBN: 978-85-63901-04-0


VHB em recém‐nascidos de mães já vacinadas contra a resposta imune em recém‐nascidosde mães que não foram vacinadas. Há várias razões pelas quais é de grande interesseavaliar a resposta imune contra hepatite B em RNs de mães vacinadas: 1) Títulos elevadosde anti‐HBs após um esquema vacinal completo tem sido relacionado a persistência delongo prazo de níveis protetores de anti‐HBs 6 , 2) Recém‐nascidos geralmente desenvolvemmenores concentrações de anticorpos anti‐HBs quando comparadas com crianças maisvelhas e 3) Algumas investigações longitudinais têm sugerido a perda de memóriaimunológica conferida pela vacina em adolescentes previamente vacinadas ao nascer 6 .Objetivos específicos: Avaliar os títulos anti‐HBs nos RN que receberam a vacina Butang®contra hepatite B; Comparar a resposta imunológica em crianças nascidas de mãespreviamente vacinadas contra a resposta em recém‐nascidos de mães que não forampreviamente vacinadas. Metodologia: Esta investigação seguiu 459 mulheres e seus RNs,em quatro maternidades hospitais de Goiânia, Goiás, entre março e novembro de 2007.Para ser incluído no estudo, a mãe devia ter resultados negativos para HBsAg e HIV (deacordo com triagem prévia a gestação). Todos os RNs receberam três doses por viaintramuscular (10 mg) da vacina contra hepatite B (Butang ®; Instituto Butantan, Brasil) em0, 1 e 6 meses. A primeira dose foi administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas denascimento. A segunda e a terceira doses foram administradas no domicílio da criança.Cerca de 45 dias após a terceira dose da vacina, amostras de sangue (3 mL) foramcoletados, e títulos de anticorpos anti‐HBs foram determinados através de análiseautomática usando o teste micropartícula imunoenzimático (AxSYM AUSAB®). O critériopara a imunoproteção foi definido como concentração de títulos anti‐HBs ≥ 10 mIU/mL. Afim de excluir as mães que apresentaram anti‐HBs positivo, devido à infecção pelo HBV,todas as amostras foram testadas para anti‐HBc pelo ELISA. As amostras negativas paraanti‐HBc foram submetidos à análise quantitativa para detecção de anti‐HBs como descritoacima. O teste t de Student ou teste de Kruskal‐Wallis foi utilizado para comparar variáveiscontínuas, e teste do qui‐quadrado ou teste exato de Fisher foi utilizado para compararISBN: 978-85-63901-04-0


variáveis categóricas. Valores de p 0.05). Os recém‐nascidos de mães com títulos anti‐HBs maiores ouigual a 10‐99 mUI/mL, tiveram uma GMT de 534,4 mUI/mL (intervalo: 1.0‐5,421). RN commães anti‐HBs entre 100‐999 mIU/mL tiveram uma GMT de 511,8 mUI/mL (intervalo: 14.6‐2,938). RN com mães com anti‐HBs igual ou superior a 1.000 mIU/mL tiveram uma GMT de746,5 mUI/mL (intervalo: 24.9‐10,002) (p = 0,68) (Fig. 1). Estes GMTs anti‐HBs não foramdiferentes daquelas observadas em RN de mães que eram anti‐HBs negativo (492,7mUI/mL; intervalo: 3‐10,000) (p = 0,38). Entre os bebês que não responderam à vacinacontra hepatite B (n = 8), seis nasceram de mães anti‐HBs negativas, e dois eram nascidosde mães cujo títulos anti‐HBs foram baixos (19,2 mUI/mL e 49,2 mUI/mL). Este projeto foiaprovado e monitorado pelo comitê de Ética em Pesquisa do Hospital MaternoInfantil/SES‐GO em 01 de novembro de 2006, protocolo CEP‐HMI nº11/06.ISBN: 978-85-63901-04-0


Discussão: Quanto imunoprofilaxia contra a transmissão vertical do VHB, alguns autoresrelatam que RNs que recebem imunoglobulina da hepatite B (HBIG) ao nascimentopossuem títulos anti‐HBs inferiores aos RNs que recebem apenas a vacina VHB 7 . Maisrecentemente, Hu et al. 5 sugere que altos títulos anti‐HBs materno, devido à imunizaçãoanterior podem também interferir com a resposta imunológica ativa da vacina contrahepatite B em recém‐nascidos. No entanto, com um número maior de RN (n = 312) de Huet al 5 (n = 59), fomos incapazes de encontrar qualquer associação entre o nível deanticorpos maternos anti‐HBs e resposta à vacina contra hepatite B em recém‐nascidos.Pelo contrário, os RNs cujas mães tinham anti‐HBs ≥ 1.000 mUI/ml apresentou o maiorGMT de anti‐HBs. Além disso, dos oito que não responderam à vacina, seis mães eram anti‐HBs negativos, e dois tiveram baixos títulos anti‐HBs. Assim, no presente estudo, a quasetotalidade dos RNs responderam a vacina Butang® com altos títulos anti‐HBs, apesar doperfil sorológico pelo VHB da mãe. A vacina Butang® consiste em HBsAg recombinanteobtida através da cultura da levedura Hansenula polymorpha geneticamente modificada 8 .Esta vacina tem provado ser altamente imunogênica e segura em outros lugares 9 . Emambos os estudos, os RN eram saudáveis e as vacinas não foram injetadas na região dorsoglútea, local associado com baixa resposta vacinal. Portanto, por outras razões pareceimprovável, os resultados do pequeno número de pares mãe/recém‐nascido analisados Huet al. 5 refletir (erro de tipo I estatístico) na interferência passiva dos anticorpos maternos.Nossos dados evidenciam a boa imunogenicidade da vacina Butang® em RN apesar statusvacinal da mãe pelo VHB. No entanto, em relação ao número crescente de mulheresvacinadas contra a hepatite B em todo o mundo 2 e ao possível papel do pico de títulos anti‐HBs na persistência de proteção a longo prazo 6 , mais estudos devem ser realizados paraavaliar a resposta imunológica a outras vacinas licenciadas.Descritores: Hepatite B, imunogenicidade, vacina, neonatosISBN: 978-85-63901-04-0


Referências1. Zanetti AR, Van Damme P, Shouval D. The global impact of vaccination against hepatitisB: a historical overview. Vaccine 2008;26(49):6266‐73.2. WHO. Immunization surveillance, assessment and monitoring. Geneva: World HealthOrganization; 2007.3. Brasil. Programa <strong>Nacional</strong> de Imunizações 30 anos. Projetos, Programas e Relatórios In,Ministério da Saúde, 2003.4. Alfaleh F, Alshehri S, Alansari S, Aljeffri M, Almazrou Y, Shaffi A, et al. Longtermprotection of hepatitis B vaccine 18 years after vaccination. J Infect 2008;57(5):404‐9.5. Hu Y, Wu Q, Xu B, Zhou Z, Wang Z, Zhou YH. Influence of maternal Antibody againsthepatitis B surface antigen on active immune response to hepatitis B vaccine in infants.Vaccine 2008;26(48):6064‐67.6. Lu CY, Ni YH, Chiang BL, Chen PJ, Chang MH, Chang LY, et al. Humoral and cellularimmune responses to a hepatitis B vaccine booster 15‐18 years after neonatalimmunization. J Infect Dis 2008;197(10):1419‐26.7. Yang YJ, Liu CC, Chen TJ, Lee MF, Chen SH, Shih HH, et al. Role of hepatitis Bimmunoglobulin in infants born to hepatitis B e antigen‐negative carrier mothers inTaiwan. Pediatr Infect Dis J 2003;22(7):584‐8.8. Ioshimoto LM, Rissato ML, Bonilha VS, Miyaki C, Raw II, Granovski N. Safety andimmunogenicity of hepatitis B vaccine ButaNG in adults. Rev Inst Med Trop Sao Paulo1999;41(3):191‐3.9. Isolani AP, Sversuti CS, Sell AM, Moliterno RA. Protection against hepatitis B by theButang recombinant vaccine in newborn children in South Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz2006;101(5):551‐3.ISBN: 978-85-63901-04-0


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM‐NASCIDO COM DIAGNÓSTICO DEMALFORMAÇÃO ANORRETAL: RELATO DE EXPERIÊNCIAÉrica Nascimento Meneses de Andrade 28Monique Carmel Belmonues Moreira 29Luciana Rodrigues da Silva 30Introdução: O presente relato emergiu da vivência e atuação no Ensino Teórico‐Prático(ETP) da disciplina de Enfermagem na Saúde da criança e do adolescente II, da Escola deEnfermagem Aurora de Afonso Costa ‐ UFF. O estudo foi desenvolvido no setor depediatria de um Hospital Universitário do município de Niterói onde, enquanto discentestivemos o nosso primeiro contato com recém‐nascidos e crianças hospitalizadas,realizando a assistência de enfermagem com as mesmas e aprimorando nossoconhecimento prático e científico. O recém nascido (RN) assistido apresentava odiagnóstico de Malformação Anorretal (ânus imperfurado). As malformações da regiãoanorretal estão entre as mais comuns causadas por desenvolvimento anormal. Todas sãoclassificadas como ânus imperfurado, porém, são divididas em três categorias, de acordocom a relação do reto e o músculo puborretal. São elas: Anomalias baixas: o reto descenormalmente através do músculo puborretal, os esfíncteres estão bem desenvolvidos, comfunção normal e não há comunicação com o trato geniturinário. Ex: Estenose anal e atresiade membrana anal¹. Anomalias intermediárias: o reto encontra‐se ao nível do músculopuborretal ou abaixo. E, Anomalias altas: o reto termina acima do músculo puborretal enão há esfíncter interno. Essa última está associada às fístulas geniturinárias, retouretral28Relatora. Graduanda de enfermagem do 8º período da Escola de enfermagem Aurora de AfonsoCosta‐ EEAAC da Universidade Federal Fluminense‐UFF, Bolsista CNPq/UFF. Email:ericanma@gmail.com29Graduanda de enfermagem do 8º período da Escola de enfermagem Aurora de Afonso Costa‐ EEAACda Universidade Federal Fluminense‐UFF, Bolsista CNPq/UFF.30Enfermeira. Professora adjunta da disciplina saúde da criança e do adolescente da Escola deenfermagem Aurora de Afonso Costa‐ EEAAC da Universidade Federal Fluminense‐UFF.ISBN: 978-85-63901-04-0


(sexo masculino) e retovaginal (sexo feminino). O diagnóstico é realizado através dainspeção, da área perineal e a observação relativa à eliminação de mecônio sãoimportantes para a avaliação do RN¹. A incapacidade de eliminar mecônio é motivo parainvestigação. O diagnóstico definitivo da extensão e localização da bolsa retal é efetuadoatravés de exame radiográfico onde o lactente é colocado de bruços e um marcador opacona depressão anal, a ascensão de ar para o reto e o intestino distal revela a localização dabolsa retal em relação à depressão anal. Para o tratamento é importante avaliar o tipo demalformação anorretal. Para as anomalias baixas como a estenose anal, o tratamento ébem‐sucedido e efetuado por meio de dilatação manual regular realizada inicialmente pelomédico, depois pela enfermeira até que os pais sejam instruídos sobre a técnica. Quandohá atresia anal, a membrana anal é perfurada e após também é realizado dilatação regular.O tratamento cirúrgico é realizado para a correção das outras malformações e consiste nareconstrução do ânus na posição correta. As anomalias baixas podem ser reparadas noperíodo neonatal, mas, as altas exigem Colostomia temporária no período neonatal. Acorreção final é adiada por um ano quando então, realiza a cirurgia de anorretoplastia queconsiste em reconstruir o trânsito intestinal. Objetivos: Aprofundar o conhecimento acercadas malformações anorretais; Estabelecer diagnósticos e intervenções de enfermagem quesão essenciais para o bem‐estar e recuperação do recém‐nascido assistido. Metodologia:trata‐se de um estudo de caso com abordagem descritiva. A coleta de dados foi realizadaatravés de questionário seguindo o modelo de Lynda Juall Carpenito que aborda o históricodo bebê e o seu exame físico. A análise dos dados foi realizada à luz da teórica DorotheaOrem. O cenário de estudo foi a enfermaria pediátrica de um hospital universitário daregião metropolitana de Niterói, respeitando os princípios éticos da unidade. Resultados:descreve‐se a seguir o histórico e exame físico do RN para estabelecer os diagnósticos eintervenções de enfermagem. RN, JGPB, sexo masculino, branco, RN pré‐termo, peso aonascer: 2.260g e altura: 45 cm. Necessitou de oxigênio, apresentou icterícia. Históriaalimentar: não foi amamentado devido a complicações intestinais após nascimento sendoISBN: 978-85-63901-04-0


alimentado com NAN. Antecedentes materno‐pessoais: mãe realizou pré‐natal, primeiragestação (Gesta I Para I Aborto 0 ), não foi planejada e parto normal na 34º semana degestação. Hábitos de eliminação: vesical espontânea em fralda e intestinal em Colostomia.Dados de hospitalização: RN internado após nascimento devido ao diagnóstico demalformação anorretal (ânus imperfurado), comunicação intraventricular e ausência dealgumas costelas do lado esquerdo. Após exames complementares foi diagnosticada fístulaintestinal. Com um dia de vida realizou cirurgia de Colostomia para eliminação das fezes esegundo cirurgião‐pediatra pretende‐se com onze meses realizar a cirurgia de perfuraçãodo ânus. Durante a hospitalização esteve sempre acompanhado da mãe e a avó paterna.Ao exame físico, RN com 5 dias de vida, apresentou‐se ativo e reativo, fontanela anteriorplana e normotensa, normotérmico, mucosa ocular normocorada e pupilasisofotorreagentes, mucosa oral normocorada, ausência de linfodenomegalia, tóraxsimétrico, AC: com BNF em 3T e RCR. AP: MVUA. Abdome flácido e plano, coto umbilicalem processo de mumificação com granuloma. Colostomia em região inguinal esquerdacom bordas regulares e sem hiperemia, pequena fístula e cicatriz cirúrgica em regiãomesogástrica. MMSS e II com pele íntegra e boa perfusão capilar. Como resultados,tivemos os seguintes diagnósticos: Amamentação interrompida relacionado à doença doRN, Integridade da pele prejudica relacionado a Colostomia e contudo intestinalexteriorizado, Risco para infecção relacionado a internação hospitalar, risco paratemperatura corporal desequilibrada relacionado ao extremo de idade e risco para vínculopais‐filho prejudicado relacionado a hospitalização do RN. Através dos diagnósticosestabelecidos foi elaborado um plano de cuidados para o RN. Enquanto instrumento detrabalho o diagnóstico de enfermagem proporciona ao enfermeiro visualizar os problemase assim, ter uma assistência de qualidade e sem danos e custos para o RN. Ressalta‐se queo primeiro cuidado de enfermagem para esses casos está na observação do RN e de suaseliminações vesical e principalmente a intestinal. O RN que não elimina dentro de 24 a 36horas após o nascimento deve ser avaliado em relação a sinais e sintomas, exame físico eISBN: 978-85-63901-04-0


indicação para exames complementares. Conclusão: Este trabalho foi de extremaimportância, para nós enquanto discentes, uma vez que conseguimos atingir nossosobjetivos, aprendemos muito sobre a importância que a enfermagem tem nas práticas delevantamento de diagnósticos para elaborar planos de cuidados embasado nos problemasdetectados e dessa forma, assegurando o bem‐estar e a recuperação do RN com umaassistência de qualidade. Contribuições/implicações para a enfermagem: este relatocontribui para a divulgação do conhecimento acerca das malformações anorretais edestaca a importância do levantamento de diagnósticos de enfermagem para elaborar umplano de cuidados voltado para os reais problemas detectados e assim, garantindo para oRN uma assistência de qualidade e livre de danos e custos.Descritores: cuidado de enfermagem, enfermagem neonatal, diagnóstico de enfermagem.Referências:1. Wong DL. Whaley & Wong. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervençãoefetiva. 7º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005.2. Diagnóstico de enfermagem de NANDA: definições e classificações 2007‐2008; traduçãoRegina Machado Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2008.3. Classificação das intervenções de enfermagem (NIC). Tradução Regina Machado Garcez.4ºed. Porto alegre. Artmed, 2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM NASCIDO COM GASTROSQUISEBarbeiro, Fernanda Morena dos Santos 31Maciel, Danielle Brito Valladão 32Introdução: A enfermagem como ciência lida com situações muito além do cuidado físicoao paciente. Muitas vezes é necessário o cuidado psicológico para com os familiares deste.O cuidado de enfermagem consiste na essência da profissão e pertence a duas esferasdistintas: uma objetiva, que se refere ao desenvolvimento de técnicas e procedimentos euma subjetiva que se baseia em sensibilidade, criatividade e intuição 1 . No ambienteneonatal a enfermeira torna‐se responsável por cuidados individuais e específicos para areestruturação da saúde, principalmente quando cuida de um recém‐nascido (RN)portador de malformação. A Gastrosquise (do grego, schis = fenda; gastros = ventre) é umaanomalia congênita da parede abdominal anterior caracterizada por fechamentoincompleto da parede abdominal, não envolvendo o local da inserção do cordão umbilical,de 4 – 6 cm de diâmetro 2 ; por onde há a protusão do intestino delgado e de parte dointestino grosso, sendo possível, também,a exteriorização de outras vísceras 3 . Não hámembrana amniótica nem mesmo saco peritoneal envolvendo tais vísceras herniadas,permanecendo estas em contato direto com o líquido amniótico 2 . Acomete filhos degestantes jovens, produzindo recém‐nascidos de baixo peso por prematuridade oucrescimento intra‐uterino retardado. Sua incidência gira em torno de 1,33 por 10.000nascidos vivos, não sendo identificada predominância por sexo e localização geográfica 4 .Em 5 a 10% dos casos está associado à atresia intestinal 5 . O nascimento de bebês31Enfermeira Especialista em Enfermagem Oncológica pela Universidade Gama Filho; Especialista emClínica Médica e Cirúrgica pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; EnfermeiraAssistencial em unidade Pediátrica do Hospital Estadual Alberto Torres/RJ. Email:nurse_fe@hotmail.com32Enfermeira Assistencial da Unidade de Emergência do Hospital Estadual Alberto Torres/RJ.Enfermeira Assistencial do município de São José do Vale do Rio Preto/RJ.ISBN: 978-85-63901-04-0


portadores de gastrosquise é um acontecimento que gera ansiedade para a família e para aequipe multidisciplinar. Os recém‐nascidos portadores desse defeito possuem prognósticovariável. Apesar da mortalidade não ser elevada, a taxa de morbidade associada é alta.Muitos recém‐nascidos necessitam de longo tempo de permanência hospitalar, comtratamento intensivo, nutrição parenteral e cirurgias, resultando em altos custoseconômicos, além de alterações emocionais. O tratamento preconizado para os neonatoscom gastrosquise envolve o fechamento primário do defeito abdominal. No entanto, emalguns pacientes, existe uma desproporção muito acentuada entre o volume das alçasintestinais e a cavidade abdominal, e o fechamento primário pode acarretar grandestranstornos respiratórios e hemodinâmicos. Assim, o fechamento pode ser realizado emdois tempos ou a por meio da cirurgia do silo, que consiste na colocação de prótese para acorreção do defeito, ou seja, o método escolhido depende das condições do intestino apóso nascimento. Ressalta‐se que o diagnóstico pré‐natal é fundamental para identificar osbebês com gastrosquise, de modo a garantir a intervenção pós‐natal adequada. Nestecontexto deve‐se considerar a singularidade da assistência do enfermeiro, já que este RNcorre risco imediato de hipotermia, infecções e sepse, além de necroses digestivas.Objetivo: Descrever os cuidados de enfermagem utilizados a um recém‐nascido comgastrosquise no ambiente neonatal em seu período pré e pós operatório. Justificativa: asanomalias da parede abdominais são patologias incomuns, necessitando de atualizações eestudos para uma correta e eficaz assistência de enfermagem. Desta forma, ao atualizarse,o enfermeiro consegue realizar uma assistência mais eficaz e livre de erros. Naassistência a este pacientes a enfermeira é de extrema importância já que, muitas vezes éresponsável pelo preparo dos pais, além de atuar diretamente com o RN. Metodologia:Desenvolveu‐se uma revisão de literatura de natureza descrita com abordagem qualitativaa partir trabalhos científicos publicados na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde,selecionando a partir das seguintes palavras chaves: gastrosquise, assistência deenfermagem, cuidados de enfermagem e recém nascido. Foram selecionados para fazeremISBN: 978-85-63901-04-0


parte da amostra artigos completos em idioma Português e Inglês, publicados a partir doano 2000. Os mesmos foram selecionados a partir da adequação do estudo, sendoutilizados somente 04 trabalhos. Resultados: Os cuidados de enfermagem podem serdivididos em cuidados pré operatórios e pós operatórios, uma vez que a cirurgiareconstrutora é essencial e necessária para o prognóstico do recém nascido. Dentre oscuidados pré operatórios encontramos manter o RN em ambiente aquecido, comtemperatura entre 33 e 35 graus, uma vez que perde muita temperatura com as víscerasexpostas; realizar limpeza delicada das vísceras com solução salina isotônica estérilaquecida envolvendo‐as com curativo estéril ou um saco estéril até o momento da cirurgia;realizar controle hidroeletrolítico e metabólico rigoroso além da aferição dos sinais vitaisde 4/4 horas, principalmente a temperatura, prevenindo as perdas invisíveis e possívelchoque hipovolêmico; manusear o recém nascido com luva estéril; administrar osantibióticos prescritos tentando minimizar riscos de potencial infecção; observar possíveldistensão abdominal proveniente de aspiração meconial; administrar cuidadosamentenutrição parenteral, prevenindo perda de peso; aferição de glicemia capilar; manter fluxocontínuo de infusão venosa evitando sobrecargas hídricas; orientação à família quanto aopós operatório, prognóstico. Quanto aos cuidados pós operatórios é necessário mantê‐lobem aquecido em leito apropriado, verificando sinais vitais regularmente; medir perímetroabdominal verificando possível distensão abdominal; realizar controle rigoroso de débitode drenos e sondas, além de controle de eliminações fisiológicas; manter observaçãorigorosa quanto alterações psicomotoras decorrentes de padrão respiratórios alterados;realizar curativo compressivo em incisão cirúrgica e em local de dreno com técnicaasséptica; realizar higiene oral diariamente; instalar dieta parenteral, dentre outros.Conclusão: O diagnóstico da gastrosquise é de extrema importância durante o período prénatal uma vez que contribui para o desenvolvimento da assistência perinatal, tornandoacessível uma abordagem terapêutica mais rápida e eficiente 6 . A assistênciamultiprofissional correta e ágil pode melhorar os níveis de morbi‐mortalidade referentes àISBN: 978-85-63901-04-0


gastrosquise. Na assistência ao RN com gastrosquise no ambiente neonatal, a aplicação detecnologias aprimoram o cuidado de enfermagem, quer sejam com uso de aparelhossofisticados, ou com maneiras simples de cuidar, já que o enfermeiro ao assistir o RN,utiliza diversas formas de métodos de acordo com seus objetivos, para potencializar aeficiência e a eficácia do cuidar, desenvolvendo ações promotoras de saúde e bem estar doRN. Tanto as ações mais aprimoradas quanto as mais simples são relevantes para melhoraro prognóstico deste paciente, reduzindo os níveis de ansiedade da família e da equipe quepossui em suas mãos a vida de um pequeno ser.Descritores: gastrosquise; assistência de enfermagem; recém nascido.Referências1.SOUZA, M. L.; SARTOR, V. V. B.; PADILHA, M. I. C. S.; PRADO, M. L.; O Cuidado emEnfermagem: uma aproximação teórica. Rev Texto Contexto Enferm, V.14, n. 2, p. 266‐270, 2005.2.MIRANDA, M. E. et al. Gastrosquise: inovação técnico‐cirúrgica. In:XVIII CongressoBrasileira de Cirurgia Pediátrica, Belo Horizonte, Anais, pq 71, 1997.3. KENNER, C. Enfermagem neonatal. 2. ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso,2001.4.CALZOLARI, E.; BIANCHI, F; DOLK, H.; MILAN, M.. Omphalocele and Gastroschisis inEurope: A survey of 3 million births 1980‐1990. Am. J. Med. Genet,58:187‐194, 1995.5. LIMA, G. S.; BRAGA, T. D. A.; MENESES, J. A. Neonatologia: Instituto MaternoInfantil de Pernambuco (IMIP). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.6.SILVA, K.R.; ABRAHÃO, A. R.; GUMIERO, E. H..Gastrosquise: importância do diagnósticopré natal e assistência de enfermagem ao recém nascido e família. Acta Paul Enf, v. 16, n.2, abr/jun,2003.ISBN: 978-85-63901-04-0


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM‐NASCIDO COM HIDRANENCEFALIACONGÊNITAAna Maria Lima Albuquerque 33Thays Bezerra Brasil 34Denise Maia Alves da Silva 35Elis Mayre da Costa Silveira 36Introdução: A hidranencefalia integra um grupo de condições congênitas cerebrais quevariam no tempo da aparição, patogêneses e organização de qualquer estrutura cerebralque persista, resultando em uma grande cavidade parenquimatosa cerebral que não secomunica com o espaço subaracnóideo, com um efeito comum que marcada redução damassa cerebral que se preenche por líquido cefalorraquidiano. Este defeito geralmenteocorre no útero por um processo destrutivo na metade da gestação, depois da formaçãodo telencéfalo. Caracteriza‐se por comprometimento isquêmico, especialmente nacirculação cerebral anterior, que induz a destruição do parênquima cerebral e cavidade.Apresenta‐se no caso de um neonato pré‐termo feminino, com múltiplos eventos hipóxicosdurante as internações hospitalares, que conduz a uma hidranencefalia, diagnosticada pela33Enfermeira assistencial da Unidade de Neonatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Aluna doCurso de Especialização em Desenvolvimento Infantil (NUTEP) da Universidade Federal doCeará(UFC).E‐mail:aninhaul2@hotmail.com34Enfermeira assistencial da Unidade de Neonatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Aluna doCurso de Especialização em Enfermagem Pediátrica e Neonatal da Faculdade Metropolitana da GrandeFortaleza (FAMETRO). Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/UniversidadeFederal do Ceará (UFC), Fortaleza‐Ceará, Brasil. E‐mail: thays_det@yahoo.com.br35Enfermeira assistencial da Unidade de Neonatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Mestreem Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Docente da Faculdade Integrada daGrande Fortaleza (FGF). E‐mail: denisefmaia@gmail.com36Enfermeira assistencial da Unidade de Neonatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Aluna doCurso de Especialização em Enfermagem Pediátrica e Neonatal da Faculdade Metropolitana da GrandeFortaleza (FAMETRO).E‐mail:eliscsilveira@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


clínica e as características de neuroimagens. Nesse contexto, o objetivo do presentetrabalho é analisar a assistência de enfermagem prestada ao recém‐nascido (RN) portadordesse tipo de patologia, surgindo um interesse maior em aprofundar os conhecimentossobre a doença. Quando se amplia o conhecimento sobre determinado assunto, podem‐seconduzir os procedimentos e intervenções adequadamente com olhar voltado para acientificidade, pois cada enfermeiro constrói seus conhecimentos, sendo ele o seuinstrumento de individualidade, favorecendo o desenvolvimento de ações independentes.Destacando‐se os principais diagnósticos e intervenções, tendo como base a taxonomia IIda American Nursing Diagnosis Association (NANDA). Trata‐se de um estudo descritivo, denatureza qualitativa do tipo estudo de caso, realizado em uma Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal (UTIN) de um hospital de referência terciária do município deFortaleza/CE durante o mês de março de 2010. A amostra foi um RN com diagnósticocomprovado de imperfeição congênita do tipo hidranencéfalo. Os dados foram coletadospor meio da extração de informações do prontuário do paciente, com ênfase aos dadosreferentes ao processo de enfermagem utilizado durante a assistência hospitalar. Comrelação aos aspectos éticos, foram obedecidos os princípios éticos da pesquisa científicaconforme preconiza a Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde ‐ CNS, opreâmbulo dessa resolução prevê uma revisão periódica e a obrigação da aprovação dapesquisa por um comitê de ética, reforçando assim a responsabilidade legal e ética dopesquisador (BRASIL, 1996). Ciente disso, a presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê deÉtica da Instituição do referido hospital onde foi realizado e desenvolvido o estudo, comnúmero de protocolo: 110908/08. Os resultados obtidos apontam que a mãe, G1P0A0, 18anos. Na gestação atual realizou pré‐natal, onde realizou ultrassonografia pélvica queapresentou apenas a presença da anormalidade congênita. O bebê nasceu através de partocesáreo eletivo, com idade gestacional de 30 semanas e 6 dias, Apgar 3/6 e peso denascimento de 1830g. Após o nascimento, foi observada hidrocefalia gigante. O RN foiencaminhado para a UTIN do mesmo hospital logo após o parto, para cuidados neonatais eISBN: 978-85-63901-04-0


futura correção cirúrgica. Ao exame físico apresentava aumento excessivo do perímetrocefálico; Hipoatividade; Pouca reação a estímulos; Sinal do “sol poente”; Fontanela tensa;Veias do couro cabeludo ingurgitada; Hipertensão intracraniana; convulsão; retardo nodesenvolvimento (os atos reflexos iniciais podem persistir, e as respostas normalmenteesperadas não acontecem, indicando a incapacidade de desenvolvimento da inibiçãocortical normal); dificuldade na sucção e alimentação; choro fraco e curto; êmese;sonolência; dificuldade cardiopulmonar; coriorretinite ou microftalmia (nas alças quesofreram infecção fetal). Foi realiza do um TC de crânio onde se identificou: substituiçãoquase completa do parênquima cefálico por líquor persistindo apenas o tronco e parte deestrutura mesencefálica e dos hemisférios cerebelares bem como o esboço da tenda docerebelo e da fissura sagital. Concluindo‐se o diagnóstico de hidranencefalia. A correçãocirúrgica aconteceu com 1 mês e 22 dias de vida, realizando‐se a derivação ventrículoperitoneal(DVP), tratamento cirúrgico que consiste na instalação de um sistema dederivação ( tubo longo e flexível conectado a uma válvula). Este sistema possibilita adrenagem do excesso de líquido cefalorraquidiano dos ventrículos para a cavidadeperitoneal, onde é reabsorvido. Diante do caso clínico foram identificados os principaisdiagnósticos de enfermagem seguidos de suas respectivas intervenções: Risco para oaumento excessivo do perímetro cefálico – Medir e avaliar o PC em diariamente; Risco dedesequilíbrio na temperatura corporal relacionado com doença que afeta a regulação datemperatura (perda de fluidos e calor através da hidranencefalia) ‐ Manter o bebêaquecido, com hidratação venosa, para repor fluidos e aporte calórico; Perfusão tissularperiférica ineficaz relacionada compressão da veia cava comprometendo o retorno venosocaracterizado por pulos diminuídos e características da pele alteradas ‐ Observar perfusão,coloração da pele e edema principalmente em membros inferiores; Identificar sianis esintomas de subdrenagem ‐ náusea, vômitos; Risco para alterações cardíacas‐ apnéias,bradicardia e irritabilidade. Amamentação ineficaz relacionada com anomalia do bebêcaracterizada por processo de amamentação insatisfatório ‐ Explicar o processo daISBN: 978-85-63901-04-0


amamentação para a mãe, ressaltando a necessidade do RN primeiramente alimentar‐sepor sonda orogástrica até obtenção do transito intestinal, e que não terá aceitação daalimentação oral; Risco de lesão relacionada a fatores externos físicos (remover adesivosprotetores, curativos de acessos venosos, sonda orogástrica e demais fixações) ‐ Utilizarsubstâncias emolientes, proteger a pele antes de colocar o sensor do oxímetro de pulso efixar sonda. Os cuidados de enfermagem pós cirúrgicos consistem: Manter o lactente emdecúbito contrário ao lado da cirurgia nas primeiras 24h e em semifowler; Manter coximem região cervical; Avaliar ferida cirúrgica e trajeto dos cateteres: observar sinais desangramento, identificar extrusão do cateter pela pele; manter o lactente o mais tranqüilopossível a fim de evitar o bombeamento excessivo e com isso drenagem rápida de LCR.Com o presente estudo foi possível observar e compreender a complexidade da patologiado RN, ressaltando‐se a atuação da equipe de enfermagem, tendo o enfermeiro papeldecisivo na recuperação do RN, devendo o mesmo estar preparado para receber o bebê esua genitora, que apresenta dúvidas no cuidado e na evolução clínica de seu filho. Nestesentido, uma assistência de enfermagem individualizada, direcionada e embasada nacientificidade favorece o desenvolvimento de ações de qualidade ao cliente, visando umcuidado sistemático e a prevenção de complicações.Descritores: Hidranencefalia. Malformação Cerebral. Assistência de enfermagem.ReferênciasO'NEILL, J.A.JR.; HOLCOMB, G.W.; SCHNAUFER, L. et al. Surgical experience with thirteenconjoined twins. Ann. Surg.,v. 208, p. 299‐312, 1988.FINK, A.M.; CUCKOW P.M., SCOTT R. Case report: fetus‐in‐fetu ‐ imaging, surgical andpathological findings. Clinical Radiology, v. 50, p. 274‐275, 1995.NANDA. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009‐2011/NANDA International. Porto Alegre: Artmed, 2010.ISBN: 978-85-63901-04-0


ASSISTÊNCIA INTEGRAL À CRIANÇA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE TERESINAIlzaneth de Lima Silva 37Leidinar Cardoso Nascimento 38Magly Silva e Silva 39Milena Alves Fonseca Nogueira 40Suziane Carvalho de Oliveira 41Introdução: A assistência integral à saúde da criança na Estratégia Saúde da Família (ESF)compreende ações de promoção à saúde, prevenção de agravos e de assistência à criançapara promover o crescimento e o desenvolvimento adequado (1) . O acompanhamento docrescimento e desenvolvimento contribui para a redução da mortalidade infantilpossibilitando a intervenção, caso seja diagnosticado quaisquer alterações durante oprocesso de crescimento e desenvolvimento da criança (2) . A assistência integral à criançainicia‐se com os cuidados durante a gestação, parto e puerpério (3) . Durante os primeirosdias do puerpério podem ocorrer situações de morbimortalidade tanto materna comoneonatal, por isso, na assistência prestada à criança durante o puerpério está à visitadomiciliar do recém‐nascido que deve acontecer na primeira semana após a alta do bebê(3) . As ações referentes à atenção a saúde da criança são desenvolvidas primariamente pelaAtenção Básica que tem a Saúde da Família como principal estratégia (4) . A Saúde daFamília trabalha com equipe multiprofissional em um território de abrangência com umapopulação adstrita, atua na promoção e proteção da saúde, prevenção de doenças,37Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Aliança. Auxiliar de Enfermagem da ESF de Teresina – PI. E‐mail: ilza.neth@hotmail.com38Enfermeira. Mestre em Enfermagem UFPI. Especialista em Saúde da Família e Vigilância Sanitária eEpidemiológica. Enfermeira da ESF de Teresina – PI, USF Parque Flamboyant. Docente da DisciplinaSaúde da Família da Faculdade Aliança.39Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Aliança40Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Aliança.41Enfermeira. Especialista em Saúde Publica. Docente da Faculdade Aliança de Teresina – PI.ISBN: 978-85-63901-04-0


ecuperação e reabilitação (2) . A equipe 93 da Estratégia Saúde da Família de Teresina‐ Piauífoi implantada no primeiro semestre de 2007 com cinco agentes comunitários de saúde e812 famílias cadastradas, atualmente, possui seis agentes comunitários de saúde queatuam em suas respectivas microáreas, abrangendo um total de 3.060 pessoas. Após olevantamento das necessidades da população assistida, a equipe intensificou as atividadesdirecionadas aos grupos considerados prioritários, entre eles estão às crianças residentesna área deatuação da equipe. Visto que as ações direcionadas às crianças encontravam‐sedesarticuladas, e que a freqüência das mesmas nas atividades de puericultura não eraconstante. Observou‐se que a realização da visita domiciliar ao recém‐nascido é umaimportante estratégia para a convocação dos pais para participarem das consultas depuericultura. Objetivo: Diante deste contexto, mostrou‐se essencial a implantação de umaassistência integral às crianças atendidas pela equipe 93 da ESF de Teresina – PI, a partir davisita domiciliar ao recém‐nascido. Metodologia: Em junho de 2008, a equipe implantou oatendimento integral às crianças, incluindo, a visita domiciliar ao recém‐nascido como açãoprioritária, sendo esta, realizada em conjunto pelos profissionais da equipe de saúde dafamília, médico, enfermeira, cirurgião‐dentista, auxiliar de enfermagem e agentescomunitários de saúde. Inicialmente, o agente comunitário de saúde comunica à equipeque há um recém‐nascido em sua microárea, em seguida, a equipe faz o planejamento davisita, com agendamento do dia e do horário para atender as necessidades da puérpera.Cada profissional executa as atividades planejadas previamente, como a avaliação geral dobebê, a hidratação e coloração da pele, padrão respiratório, condições do coto umbilical,genitália, posição no leito, exame das extremidades, resposta aos reflexos de moro,babinsk, observação da mamada com atenção para a pega e posição que a mãe segura obebê, reforço das orientações sobre a importância e vantagens do aleitamento materno,iniciado durante o pré‐natal, orientações quanto à higiene do ambiente, higiene corporalISBN: 978-85-63901-04-0


da criança, higiene oral, verificação da existência do cartão da criança, do peso e altura aonascer e condições de nascimento, da imunização realizada após o nascimento, orientaçãoquanto ao calendário de vacinação, orientação quanto ao acompanhamento docrescimento e desenvolvimento infantil realizado na unidade de saúde da família na qualestá inserida a equipe 93. Além da visita ao recém‐nascido, outras ações também sãoexecutadas para que a assistência à criança seja integral, como a busca ativa dos faltosos àsatividades da puericultura pelos agentes comunitários de saúde, estabelecimento de umdia específico para atendimento com agendamento prévio e organizado por microáreas.No segundo momento, já na unidade de saúde, as crianças acompanhadas por seusresponsáveis são acolhidas na recepção da Unidade Saúde da Família Parque Flamboyantcom atividades de educação em saúde. As consultas de puericultura são agendadassegundo o calendário de avaliação do Ministério da Saúde para avaliação do crescimento edesenvolvimento infantil para os primeiros quinze dias de vida, um mês, dois meses,quatro meses, seis meses, nove meses, doze meses, dezoito meses, vinte e quatro meses e,a partir de então, anualmente (5) . Posteriormente, na consulta de enfermagem, procede‐seas atividades de acompanhamento e avaliação do crescimento e desenvolvimento com amensuração do peso, altura e perímetro cefálico, exame físico da criança, atualização docalendário vacinal e aplicação da megadose de vitamina A, observando‐se o intervalopreconizado pelo programa de suplementação de vitamina A e a idade da criança paratomar a megadose. Bem como, o início da suplementação de ferro de acordo com oprograma do ferro, orientações quanto à alimentação saudável, reforço da importância doaleitamento materno e orientações gerais de higiene da criança. Constatando‐se algumaalteração clínica na criança durante a consulta de enfermagem, os casos são referenciadospara avaliação médica e a criança é consultada no mesmo dia do atendimento, nãohavendo necessidade do retorno da criança em outro dia. O atendimento integral à criançaé finalizado com as atividades odontológicas, orientação sobre a alimentação saudável ehigiene bucal, escovação supervisionada, aplicação tópica de flúor gel, observação daISBN: 978-85-63901-04-0


cronologia de erupção do dentes, agendamento das crianças com necessidade detratamento restaurador, distribuição de quites de escovação para higiene bucal.Resultados: Após dois anos de implantação das ações integrais à criança, observou‐se umaparticipação constante das crianças e dos responsáveis às atividades desenvolvidas,aumento do período de amamentação, atualização do calendário vacinal, melhoria noshábitos alimentares e de higiene. Conclusões/contribuições: A experiência proporcionoumaior integração da equipe, desenvolvimento de ações planejadas por todos osprofissionais que compõem a saúde da família, maior participação dos responsáveis pelascrianças nas atividades propostas e consolidação da visita domiciliar ao recém‐nascidocomo principal estratégia para adesão dos pais ou responsáveis às atividades depuericultura. A assistência integral à criança deve ser implantada nas equipes da ESF com ointuito de proporcionar o planejamento de ações articuladas pelos profissionaispertencentes às equipes de saúde da família objetivando promover o crescimento edesenvolvimento de todo o potencial que esse grupo apresenta e redução damorbimortalidade infantil.Descritores: Saúde da Criança; Puericultura; Saúde da Família.Referências1. Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas eEstratégicas. Agenda de Compromisso para a Saúde Integral da Criança e Redução daMortalidade. Brasília: 2005.2. Ohara, E.C. C.; Saito, R. X. S. (Org.) Saúde da Família: considerações teóricas eaplicabilidade. São Paulo: Martinari, 2008.3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de AçõesProgramáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré‐natal e Puerpério:atenção qualificada e humanizada ‐ manual técnico. Brasília, 2005.ISBN: 978-85-63901-04-0


4. Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de atenção Básica. Política nacionalde atenção básica. Série Pactos pela Saúde, 2006, v. 4. Brasília: 2006.5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Saúde da criança:acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília; 2002.ISBN: 978-85-63901-04-0


ATENÇÃO À SAÚDE MATERNA E MORTALIDADE NEONATAL: SITUAÇÃO ENCONTRADA EMUMA MATERNIDADE PÚBLICAATTENTION HEALTH TO MATERNAL AND NEONATAL MORTALITY: SITUATION FOUND IN APUBLIC MATERNITYATENCIÓN El SALUD A LA MADRE Y LA MORTALIDAD NEONATAL: SITUACIÓN QUE SEENCUENTRAN EN UNA MATERNIDAD PÚBLICAInez Sampaio Nery 42Raillena Soares Barbosa Barros 43Lidya Tolstenko Nogueira 44Camila Barbosa Sousa 45RESUMOO presente estudo tem como objetivo descrever características maternas e da atenção aopré‐natal e parto relacionadas aos óbitos neonatais. Trata‐se de estudo descritivo,desenvolvido em maternidade pública de Teresina, cuja população envolveu mulheresusuárias do SUS que em 2007 deram a luz a neonatos que faleceram. Foram utilizadascomo fontes de dados Declaração de Nascidos Vivos, Declarações de Óbito, prontuáriosmaternos e de recém nascidos. Foi realizada análise univariada dos dados comidentificação das frequências absolutas e percentuais simples. A investigação evidenciou42Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associado II do Departamento de Enfermagem edo Programa de Mestrado em Enfermagem e Políticas Públicas da UFPI. Chefe do Departamento deEnfermagem UFPI. Teresina ‐ PI. E‐mail: ineznery.ufpi@gmail.com43Enfermeira formada pela Universidade Federal do Piauí44Enfermeira Profa. Dra. Mestrado em Ciência e Saúde e Mestrado em Enfermagem e doDepartamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí45Enfermeira formada pela Universidade Federal do PiauíISBN: 978-85-63901-04-0


que a maioria dos óbitos ocorreu no período neonatal precoce, envolvendo neonatosprematuros, e que a porcentagem de intercorrências gestacionais foi expressiva. O atualpanorama evidencia a necessidade de avaliação permanente da assistência ao pré‐natal,parto e recém‐nascido e, de investigações referentes à mortalidade infantil e neonatal,visando detectar falhas e propor rotinas que assegurem qualidade na assistência e quefavoreçam a sobrevivência no início da vida.Descritores: Mortalidade neonatal: Enfermagem: Saúde materna; Parto humanizado1 INTRODUÇÃOA mortalidade infantil, avaliada pelos óbitos ocorridos no primeiro ano devida, é constituída pelos componentes neonatal (até 27 dias de vida) e pós‐neonatal (28ºdia em diante). O componente neonatal é, ainda, subdividido em precoce e tardio. Osóbitos que ocorrem no período compreendido entre o nascimento e o 6º dia de vida são osneonatais precoces, enquanto que os ocorridos entre 7 e 27 dia classificam‐se comotardios. O coeficiente de mortalidade neonatal é a razão entre o número de óbitos decrianças menores de 28 dias num determinado período, sobre o número total de nascidosvivos no mesmo período, multiplicado por 1.000. 1Taxas de mortalidade neonatal elevadas geralmente estão relacionadas acondições socioeconômicas precárias da população, e a uma assistência inadequada aopré‐natal, parto e ao recém‐nascido. Por outro lado, taxas elevadas do componente pósneonatalrefletem baixos níveis de desenvolvimento sócio‐econômico e de saúde,condições ambientais e nutricionais precárias, sendo comum a verificação de altos índicesde doenças diarréicas e infecto‐contagiosas. 1Desde 1990 tem‐se registrado, no Brasil, declínio significativo nas taxas demortalidade infantil. A taxa nacional diminuiu de 46,9 por mil nascidos vivos em 1990 para24,9 em 2006, o que representa uma queda de 44,9%. 2 O componente pós‐neonatal foi oISBN: 978-85-63901-04-0


principal responsável por essa queda, evento que está relacionado às melhorias globais nascondições de vida e de saneamento, além de outros aspectos tais como a ampliação doacesso aos serviços públicos, o avanço das tecnologias médicas, a efetivação dosprogramas de imunização e a popularização da terapia de reidratação oral. A reduçãomédia anual da taxa de mortalidade infantil (TMI) no País foi de 4,8% ao ano, entre 1990 e2007, tendo o componente pós‐neonatal apresentado a maior tendência de queda (7,3%ao ano) e o componente neonatal precoce a menor, 3,1% ao ano. 3Nas duas últimas décadas a mortalidade neonatal passou a ser o principalcomponente da mortalidade infantil em termos proporcionais, e vem adquirindo umaimportância sem precedentes, uma vez que as ações necessárias para o seu controle sãoainda pouco sistematizadas e incipientes. No Brasil, aproximadamente 66% dos óbitos demenores de 1 ano ocorrem no primeiro mês de vida, sendo que 51% ainda nos primeirosseis dias. 2Apesar da tendência contínua de queda da taxa de mortalidade infantil noBrasil desde 1990, os níveis atuais, marcados por persistentes e notórias desigualdadesregionais e intra‐urbanas, são considerados elevados e incompatíveis com odesenvolvimento do País. Em contrapartida, o Brasil está entre os 16 países, em um grupode 68, com chances de alcançar o quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM),e chegar à taxa de 14,4 mortes por mil nascidos vivos em 2012, três anos antes da datalimite fixada pela Organização das Nações Unidas ‐ ONU. 4A Investigação da mortalidade perinatal e infantil resulta na melhorcompreensão das causas de morte e das variáveis determinantes do evento, e revela‐seum instrumento útil ao monitoramento, avaliação e planejamento de políticas de saúde.Conhecer os fatores de risco para o óbito e compreender o modo como se desenvolvem einterferem na viabilidade dos recém‐nascidos é uma prática poderosa, determinante eindispensável para a elaboração e implementação de estratégias efetivas para a reduçãoda mortalidade neonatal e infantil, indicadores ainda expressivos em Teresina.ISBN: 978-85-63901-04-0


Pretende‐se com a investigação descrever as características maternas e daatenção ao pré‐natal e parto relacionadas aos óbitos neonatais oriundos de nascimentosocorridos em uma maternidade pública de referência no ano de 2007.2 METODOLOGIATrata‐se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo, desenvolvidoem uma Maternidade Pública de Teresina, de ensino, única referência para recém‐nascidosde alto risco, tendo como população mulheres residentes no referido município, atendidaspelo Sistema Único de Saúde (SUS), cujos neonatos evoluíram para o óbito no local doestudo em 2007. O universo pesquisado totalizou 117 prontuários maternos, considerandoser esse o número exato de óbitos ocorridos até o 27º dia de vida.A investigação contemplou variáveis relacionadas às característicassóciodemográficas maternas, à gestação e ao parto, e utilizou como instrumento depesquisa um formulário previamente testado, adaptado da ficha de investigação de óbitofetal e neonatal proposta pelo Ministério da Saúde, que se encontra anexada ao Manual deComitês de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal do ano de 2005. 1Para a coleta de dados inicialmente foi identificado o número exato deóbitos ocorridos até o 27º dia de vida em Teresina no ano de 2007, por meio dolevantamento de todas as Declarações de Óbitos (DOs) registradas na Fundação Municipalde Saúde de Teresina‐PI (FMS). Desses documentos foram coletados alguns dadosimportantes tais como nome e endereço das mães e instituições em que ocorreram osóbitos, sendo selecionados apenas aqueles ocorridos na instituição escolhida para oestudo. Posteriormente foi levantado o número do prontuário de cada mãe, por meio deum sistema interno de registro das mulheres admitidas na instituição, tornando possível alocalização de tais documentos no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME). Osdados de interesse foram coletados diretamente dos prontuários reunidos, possibilitando opreenchimento do instrumento de pesquisa previamente elaborado.ISBN: 978-85-63901-04-0


Porém, devido a não localização de todos os prontuários maternos, somadaà insuficiência e/ou inexistência de informações relevantes para o estudo em parcelasignificativa dos prontuários localizados, a fonte para coleta dos dados incluiu, ainda, osprontuários dos recém‐nascidos, as DOs e as Declarações de Nascidos Vivos (DNVs), numatentativa de minimizar as perdas de informações e assegurar resultados fidedignos.Os dados foram processados no programa SPSS (versão 9.0), e submetidosà análise univariada com identificação das frequências absolutas e percentuais simplesreferentes a cada variável. Os resultados foram organizados sob a forma de tabelas ediscutidos com base no referencial teórico.O estudo é um recorte de um projeto desenvolvido no Programa deMestrado em Ciências e Saúde, intitulado Mortalidade Neonatal no Município de Teresina,PI. 5 Está em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, foisubmetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal doPiauí, no qual foi aprovado sob o número 023408.3 RESULTADOSDe acordo com dados da FMS, foi registrado no município de Teresina, noano de 2007, um total de 13.423 nascidos vivos, sendo que desses 182 evoluíram para oóbito até o 27º dia de vida. Na maternidade pública de escolha para a realização dopresente estudo, nesse mesmo período, foram notificados 6.616 casos de nascidos vivos,ou seja, 49,29% do total registrado para o município, sendo o número total de óbitosneonatais igual a 118.Com base nos dados obtidos dos prontuários maternos e dos RNs, das DOse das DNVs, e considerando o total de óbitos neonatais ocorridos no local do estudo,54,70% deles ocorreu ainda nas primeiras 24 horas de vida.O preenchimento inadequado dos prontuários e das demais fontes dedados, com escassez de registros referentes ao parto e às condições de nascimento dasISBN: 978-85-63901-04-0


crianças, somada à inexistência de qualquer dado referente ao pré‐natal e à gestação emmuitos desses documentos, além das letras ilegíveis e descrições sumárias dos casos, ficouevidente. Em decorrência disso algumas variáveis não foram utilizadas na análise, taiscomo duração do trabalho de parto, tempo de amniorrexe, número de avaliaçõesmaternas e fetais e o número de maternidades visitadas até a internação.Soma‐se à escassez de registros por preenchimento inadequado dosprontuários maternos a perda de 19,66% desses documentos por não localização. Em56,41% dos casos foram localizados os prontuários das mães e dos RNs, as DNVs e as DOs,sendo que em 5,98% dos casos foram utilizadas somente as Dos. É relevante mencionarque muitos dos RNs não possuem prontuário próprio devido ao óbito muito precoce.Ao analisar a faixa etária materna observou‐se que 60,68% das mãestinham entre 20 e 34 anos de idade e que 12,82% pertenciam à faixa etária considerada derisco para mortalidade neonatal, sobretudo mães com idade maior que 35 anos.Quanto à ocupação verificou‐se que 58,12% das mães dedicavam tempointegral às tarefas domésticas. As demais ocupações sucederam com menor freqüência:12,82% eram estudantes e 11,97% exerciam outras tarefas. Constatou‐se que 5,98% dasmulheres eram analfabetas, além de proximidade importante entre o número de mulherescom 8 a 11 anos de estudo (31,62%) e aquelas com menor escolaridade (36,75%).Em relação à história obstétrica pregressa, predominaram as mães semrelato de abortamento, óbito ocorrido antes da 22ª semana de gestação, anterior (85mulheres – 72,65%), enquanto que 26 mulheres (22,22%) tiveram entre 1 e 4 casos deaborto menor que 22 semanas. Quanto ao número de gestações, os valores percentuais deprimigestas (39,32%), secundigestas (29,06%) e multigestas (27,35%) encontrados forammuito próximos.Observou‐se que 82,90% das mulheres investigadas pariram com idadegestacional inferior a 37 semanas. Apenas 15,38% pariu no período correspondente aoISBN: 978-85-63901-04-0


termo, ou seja, entre a 37ª e a 41ª semana de gestação. Das 117 mulheres, 103 (88,03%)tiveram gestação única, e 14 (11,97%) deram a luz a gemelares.O presente estudo evidenciou, ainda, que parcela significativa das mulheres(72,65%) frequentou serviços de assistência pré‐natal. A perda de informação referente àsua realização ou não, resultante da inexistência de registros nas fontes utilizadas, ocorreuem 23,93% dos casos, todos incluídos na categoria ignorado. Quanto ao número deconsultas realizadas durante o pré‐natal observou‐se que 38,46% das mulheres tiveram de4 a 6 consultas, 19,66 apenas de 1 a 3, e que para 27,35% dos casos não foi encontradoqualquer registro quantitativo, o que tornou a categoria ignorado bastante evidente.Outro dado importante que merece atenção diz respeito às intercorrênciasgestacionais. Em que 61,54% das mulheres apresentaram algum problema durante agestação, e que apenas 8,55% tiveram uma gravidez sabidamente livre de intercorrências.A categoria ignorado também se apresentou significativamente expressiva nessa variável(29,91%).Com relação às variáveis de atenção ao parto a investigação revelou que65,81% dos óbitos ocorreram entre neonatos nascidos por parto vaginal, e que 34,19%entre os nascidos por cesária, sendo 100% das mulheres assistidas por médico obstetra. Apresença de um médico plantonista com especialidade em obstetrícia no centro obstétricoe no centro cirúrgico é uma rotina determinada pela política interna da instituição. Dos 117casos investigados, foi realizado partograma em apenas 5,13%, sendo 19,66% incluídos nacategoria “ignorado” por falta de registro. O desconhecimento quanto à realização ou nãodo partograma deveu‐se a não localização de 23 prontuários maternos, nos quais essainformação fica registrada.4 DISCUSSÃOO descaso com a adequação dos registros pode estar comprometendo nãoapenas as atividades de auditoria, de vigilância epidemiológica, ou de pesquisa, comoISBN: 978-85-63901-04-0


também a qualidade da assistência prestada nas unidades de saúde. Tanto a ilegibilidadequanto a ausência de informações nos prontuários hospitalares pode interferir noacompanhamento da gestante, do trabalho de parto e/ou do RN, dificultando acontinuidade da assistência e retardando a tomada de decisão, com consequentesprejuízos para o binômio mãe‐filho. O preenchimento inadequado dos prontuárioshospitalares, das DNVs e das DOs estudadas não contraria a constatação de outrostrabalhos já publicados sobre o assunto, nos quais os registros são bastante deficitários. 6‐7A baixa confiabilidade dos registros constantes nas declarações de óbitoreferentes aos óbitos infantis e fetais, amplamente discutida na literatura, foi ratificada porLansky, França e Leal 6 , que verificaram elevado sub‐registro das informações referentes àmortalidade fetal, além de uma qualidade de informações particularmente ruim nas DOs.No que diz respeito ao período de ocorrência do óbito, a verificação, nopresente estudo, de valores mais expressivos de mortalidade nos períodos mais precocesda vida é coerente com a tendência já demonstrada na literatura. 8 De uma maneira geral,óbitos que ocorrem na primeira semana de vida, especialmente com menos de 24 horasapós o nascimento, indicam que a assistência imediata ao parto e neonato foi de baixaqualidade. A literatura destaca, ainda, que a sobrevivência dos RNs nos primeiros dias comocorrência do óbito tardiamente pode ser indicativo de uma adequada assistência imediataao nascimento, não traduzida em sobrevivência pela não continuidade no tratamento, oupela impossibilidade da superar os problemas decorrentes de falhas no pré‐natal. 9Considerando a relevância das características sóciodemográficas maternasno estudo da mortalidade neonatal, o presente estudo investigou como as mães dosneonatos estavam distribuídas segundo a faixa etária, ocupação e grau de escolaridade.A existência de associação entre idade materna igual ou superior a 35 anose resultados perinatais adversos foi corroborada em estudo descritivo, quando os autoresverificaram maior ocorrência de intercorrências gestacionais e de gestações com duraçãoISBN: 978-85-63901-04-0


menor que 37 semanas em mulheres com idade maior que 35 anos comparativamenteàquelas pertencentes às faixas etárias menores. 10Semelhante ao observado por Poles e Parada 8 , o maior número de óbitosneonatais (60,68%) ocorreu entre filhos de mulheres pertencentes à faixa etáriaconsiderada de baixo risco (20 a 34 anos). É possível que esse achado se associe nãonecessariamente à inexistência de relação entre a idade materna e o óbito no períodoneonatal, mas sim à menor relação entre essa variável e a ocorrência do óbito quandoconsideradas outras variáveis estudadas. Apesar de outros trabalhos apresentaremresultado semelhante a este 11‐12 , a maioria aponta a idade materna elevada, assim como apresença de morbidades e de história reprodutiva desfavorável, como alguns dos fatoresaltamente associados à mortalidade fetal e neonatal. 10,13É de comum acordo na literatura que o grau de instrução pode ser vistocomo um marcador da condição sócio‐econômica da mãe e de sua família, e como umfator relacionado ao perfil cultural e a comportamentos ligados aos cuidados de saúde queexercem grande influência na determinação da mortalidade infantil. Em geral, grau deescolaridade mais elevado é visto como indicador de melhor condição social e que,portanto, facilita o acesso a emprego e possibilita melhores condições socioeconômicas,assim como a aquisição de bens e serviços, tais como assistência médica, escola, entreoutros elementos essenciais para manutenção da saúde. 8,12Araújo, Bozzetti e Tanaka 13 alegam que embora a baixa escolaridade nãointerfira diretamente na mortalidade neonatal, exerce forte influência nas condições sócioeconômicasda família, inclusive por reduzir, em muitos casos drasticamente, apossibilidade de emprego, desencadeando um conjunto de situações adversas à saúdeinfantil e materna. Com base nos dados apresentados, e em conformidade com a literaturarevisada, observa‐se que o maior número de óbitos neonatais ocorreu entre os filhos demulheres que não tinham ocupação externa (50,12%), e que se ocupavam integralmentecom os afazeres domésticos.ISBN: 978-85-63901-04-0


A investigação revela, também, que o maior número de óbitos neonataisocorreu entre mulheres com nível de escolaridade significativamente baixo (de 4 e 7 anosde estudo – 36,75%), e entre mulheres com nível de escolaridade mais intermediário (de 8a 11 anos de estudo – 31,62%). Os menores valores percentuais envolveram mulheres commenos anos de estudo, incluindo aquelas sem nenhuma escolaridade (5,98%),contrariando o esperado segundo a literatura revisada. 7A literatura é colidente no que diz respeito à associação entre maior riscopara o óbito neonatal e o número de gestações, de abortos ou natimortos. Martins eVelásquez‐Meléndez 7 , em estudo do tipo coorte verificaram com relação à históriaobstétrica prévia predominância de mães primigestas sem relato de abortos anteriores,sendo que tais características não constituíram fator de risco para o óbito neonatal quandoem análise bivariada. Em Campinas, SP 11 , as variáveis da história obstétrica, submetidas àanálise univariada, também não apresentaram significância estatística, contrastando com otrabalho de Almeida et al 14 no qual o fato de a mãe ter tido perda fetal anterior e sergrande multípara representou fator de risco para o óbito neonatal. Com base nosresultados apresentados, é provável que o número de gestações não tenha contribuídopara o óbito neonatal na presente investigação.A idade gestacional inferior a 37 semanas, juntamente com o baixo peso aonascer, é um dos fatores de risco descritos na literatura que apresentam a maior força deassociação com a mortalidade infantil e neonatal. Diversos autores apontam osnascimentos pré‐termo (< 37 semanas) como detentores de relação estatisticamentesignificativa no que se refere ao maior risco para o óbito neonatal, mesmo quando12, 7,14utilizadas análises estatísticas diferentes.É recomendável que a idade gestacional e o baixo peso ao nascer nãosejam estudados como fatores de risco isolados, mas sim como mediadores por meio dosquais outros determinantes da mortalidade neonatal atuam. 12 A variável idade gestacionalfoi analisada e discutida isoladamente, conforme metodologia do estudo, e evidenciouISBN: 978-85-63901-04-0


maior ocorrência de óbito entre os neonatos pré‐termo, indicando a possível existência derelação inversamente proporcional entre a idade gestacional e a mortalidade neonatal.A incidência de baixo peso ao nascer e de prematuridade é elevada entre osnascidos vivos de gravidez múltipla. A associação entre gemelaridade e mortalidadeneonatal, verificada na análise univariada, perde significância após ajuste no modelo final,devido à magnitude do risco associado à idade gestacional e ao baixo peso ao nascer, queofuscam a associação do tipo de gravidez com a mortalidade infantil no período neonatal.Em geral, a gemelaridade é descrita como variável de confusão, e excluída da análise emgrande parte dos estudos. 15 Tendência semelhante pode ser vista no trabalho de MoraisNeto e Barros (2000), no qual a significância da variável tipo de gestação, constatada naanálise bivariada, deixa de existir no modelo multivariado, pela mesma razãoanteriormente exposta.No presente estudo, 11,97% das mulheres tiveram gestação dupla. Emcontrapartida, a maioria dos recém‐nascidos tinha idade gestacional inferior a 37 semanasno momento do nascimento (82,90%). Partindo desses resultados, é possível afirmar que oelevado número de nascimentos prematuros, nesse caso, não está relacionado com aocorrência de gestações múltiplas.Uma adequada assistência pré‐natal é indispensável para a redução decomplicações obstétricas e do óbito neonatal. Mesmo quando pesquisado da formadicotômica (ter sido feito ou não), sem considerar os marcadores de qualidade da atençãoprestada, a não realização do pré‐natal permanece significativa para a mortalidade. 14Apesar de existir razoável consenso na literatura científica no que dizrespeito aos efeitos deletérios da ausência do pré‐natal em termos de mortalidade infantile neonatal, o simples fato de o pré‐natal ser realizado não implica em resultadosgestacionais satisfatórios. O número de consultas realizadas no pré‐natal não garante aqualidade do cuidado e nem a capacidade deste em detectar problemas na gestação. Emlocais onde a cobertura de pré‐natal é alta, a avaliação da relação entre essa variável e oISBN: 978-85-63901-04-0


isco para mortalidade neonatal é muito mais complexa. Nestes casos, para uma avaliaçãoadequada é necessário considerar outros marcadores de qualidade, tais como idadegestacional de início do pré‐natal, realização de exames de rotina, vacinação antitetânica,número de orientações recebidas durante o atendimento. 11Em conformidade com a literatura, a investigação evidenciou que umnúmero reduzido de mulheres sabidamente não realizou pré‐natal (3,42%), e que onúmero de consultas observado para aquelas que o realizaram foi, até certo ponto,satisfatório, principalmente se considerado que na maior parte dos casos a gestação foiconcluída antes do termo. Uma explicação plausível para a evolução negativa dasgestações e partos investigados é que uma boa cobertura numérica não asseguraqualidade, já que o pré‐natal implica realização de um conjunto de atividades rotineiras.Quanto à presença de morbidades maternas, Almeida e Barros 11encontraram resultados diferentes para cada modelo de análise utilizado. No modelounivariado, a ocorrência de internação durante a gestação e a presença de morbidadescomo hipertensão arterial, diabetes, infecção do trato urinário e sangramento transvaginalforam significativas para o óbito. Enquanto que, no modelo final ajustado e hierarquizado,eliminadas as variáveis de confusão, somente as variáveis sangramento transvaginal eparto precipitado por problemas de saúde permaneceram significativas. Para Morais Netoe Barros 12 , as morbidades maternas e as intercorrências gestacionais constituem osprincipais mecanismos relacionados à prematuridade.Os resultados obtidos com a presente investigação revelam que umpercentual elevado de mulheres apresentou algum tipo de morbidade durante a gestação(61,54%). É possível que essa variável esteja associada com o resultado negativo dosnascimentos, seja diretamente, ou como elemento capaz de desencadear os eventosdeterminantes do óbito.A associação entre o tipo de parto e o óbito neonatal é controversa. Emgeral, o parto normal trás maiores benefícios para a redução da morbimortalidade maternaISBN: 978-85-63901-04-0


e, na perspectiva do RN, quando as condições do feto são adequadas. Porém, diante decondições fetais ruins, a cesárea passa a ser a melhor opção. 14 Apesar de o efeito protetordo parto operatório não ser consensual na literatura, alguns estudos registraram reduçãopercentual significativa no risco de morte para os neonatos de muito baixo peso nascidospor cesariana, quando comparado ao risco para os nascidos por parto espontâneo. 12,14Vale destacar que, segundo Martins e Velásquez‐Meléndez 7 nãoencontraram qualquer relação entre o tipo de parto e a mortalidade neonatal, e afirmamque, devido à concentração do parto operatório nos hospitais privados, o efeito protetoratribuído à cesariana pode ser, na verdade, decorrente do melhor nível socioeconômico ede outras características maternas favoráveis à sobrevivência dos neonatos.No caso do presente estudo, o percentual de parto operatório (34,19%) ésignificativamente menor que o de parto espontâneo (65,81%). Ainda assim, a taxa decesariana ultrapassa os valores preconizados pelo Ministério da Saúde e consideradosideais, que é em torno de 15 a 20 % para o total da população. 16 A alta taxa de partooperatório verificada pode decorrer de indicações inadvertidas, ou do interesse maternoem interromper precocemente a gravidez com o objetivo de realizar cesarianas agendadas,sem indicação obstétrica. Por outro lado, pode estar relacionada à complexidade daassistência fornecida pela instituição, que deve ser sempre considerada ao se analisar taxasinstitucionais.O partograma é uma recomendação do Ministério da Saúde, e consiste narepresentação gráfica do trabalho de parto, indispensável para o adequadoacompanhamento e documentação da sua evolução. É um instrumento que possibilitadiagnosticar alterações e orientar a tomada de decisão quanto às condutas apropriadas,evitando, com isso, intervenções desnecessárias. 16 É irrefutável que o partograma constituium dos marcadores de qualidade da assistência prestada no momento do parto, e que anão utilização desse instrumento na maioria dos casos investigados (75,21%) está, dealguma forma, ligada aos resultados negativos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Considerando que 100% das mulheres, sendo todas usuárias do SUS,tiveram o parto assistido por médico obstetra, e que a instituição onde ocorreu onascimento era pública, o resultado gestacional negativo verificado para o universoestudado pode estar associado à inviabilidade dos RNs, qualquer que seja a sua causa, oupode decorrer de uma assistência inadequada no momento do parto, seja por negligência,imperícia ou imprudência, possibilidade já cogitada diante das inadequações em outrasvariáveis.5 CONCLUSÃOO presente estudo é retrospectivo e pode estar sujeito a viés de aferiçãodurante a coleta dos dados. Além disso, as informações foram obtidas de fontesdocumentais, e, portanto, são informações apenas referidas, sem qualquer outra forma decomprovação.A maioria dos óbitos ocorreu no período neonatal precoce, entre neonatosnascidos antes do termo, e a ocorrência de intercorrências gestacionais foi comum entre asmães. Conforme já foi discutido, essas ocorrências estão intimamente ligadas a umaassistência pré‐natal inadequada. Porém, o número de mulheres que, sabidamente, nãorealizou pré‐natal foi reduzido, e o número de consultas registrado para aquelas que orealizaram não deve ser considerado absolutamente inadequado, já que na maior partedos casos a gestação foi concluída antes do termo. Portanto, a adequada avaliação daassistência pré‐natal depende do desenvolvimento de estudos mais detalhados, queinvestiguem outros marcadores de qualidade.As características sociodemográficas das mães e de suas famílias não forambem explicitadas, devido à escassez de registros. Verifica‐se que a maioria dos óbitosocorreu entre neonatos filhos de mulheres com nível de escolaridade intermediário, fatopossivelmente relacionado com o melhor resultado referente à realização do pré‐natal, jáISBN: 978-85-63901-04-0


que as práticas de cuidado com a saúde durante a gestação dependem significativamentedo grau de instrução materna.Considerando que o número de gestações duplas foi muito reduzido, e que,em contrapartida, a quase totalidade dos neonatos nasceu com idade gestacional inferior a37 semanas, é possível que a elevada ocorrência de nascimentos prematuros, nesse caso,não esteja relacionada com a gemelaridade. Consequentemente, a consideração de que aassistência prestada durante o pré‐natal foi inadequada ganha ainda mais força.As informações referentes ao trabalho de parto e parto também foramabsolutamente escassas; e a inadequação e/ou insuficiência dos cuidados prestados nessemomento vital do ciclo reprodutivo é cogitada. A não realização do partograma, mesmotodas as mulheres sendo assistidas por médico obstetra, e a inexistência de registros quecaracterizem a evolução do trabalho de parto na quase totalidade dos prontuários,colocam em dúvida a qualidade da assistência prestada.Por fim, é indispensável que se incorpore a avaliação da assistência ao prénatal,parto e recém‐nascido na rotina do SUS através de um serviço de avaliaçãopermanente para os hospitais conveniados e para a rede básica de saúde. É indispensável,também, que sejam criados comitês de estudos sobre a mortalidade infantil e neonatal, demodo que todos os óbitos possam ser permanentemente avaliados, visando detectar asfalhas e propor rotinas de atendimento à gestante, à parturiente e ao recém‐nascido.6 REFERÊNCIAS1 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2004: Umaanálise da situação de saúde. Brasília: DF; 2004.2 UNICEF, 2008. Situação Mundial da Infância. Caderno Brasil. Disponível em:http://www.unicef.org/brazil/pt/cadernobrasil2008.pdf. Acesso em 14/11/2009.3 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção àSaúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de Prevenção do Óbitoinfantil e Fetal. Brasília: DF; 2009a. Disponível emISBN: 978-85-63901-04-0


http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_infantil_fetal03_fim2_1.pdfacesso em 14/11/2009.4 Ministério da Saúde (BR). Mortalidade Infantil. Disponível emhttp://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=32203&janela=1, acesso em 14/11/2009b5 DANTAS AO. Mortalidade Neonatal no município de Teresina, PI. Programa de Mestradoem Ciências e Saúde, 2008.6 Lansky S, França E, Leal MC. Mortalidade perinatal e evitabilidade: revisão da literatura.Rev Saúde Pública. 2002; 36(6): 759‐772.7 Martins EF, Velásquez‐Melendes G. Determinantes da Mortalidade Neonatal a partir deuma coorte de nascidos vivos, Montes Claros, Minas Gerais, 1997‐1999. Rev Bras SaúdeMatern Infant. 2004 out/dez; 4(4): 405‐412.8 Poles K, Parada CMGL. A mortalidade neonatal em 1998, no município de Botucatu‐SP.Rev Latino‐am Enfermagem. 2000 jul; 8(3): 67‐75.9 Magalhães MdaC, Carvalho MS. Atenção hospitalar perinatal e mortalidade neonatal nomunicípio de Juiz de Fora, Minas Gerais. Rev Bras Saúde Matern infant. 2003 jul/set; 3(3):329‐337.10 Senesi LG, Tristão EG, Andrade RPde, Krajden ML, Oliveira Junior FCde, Nascimento DJ.Morbidade e Mortalidade Neonatais Relacionadas à Idade Materna Igual ou Superior a 35Anos, segundo a Paridade. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004; 26(6): 477‐482.11 Almeida SDM, Barros MBA. Atenção à saúde e mortalidade neonatal: estudo casocontrolerealizado em Campina, SP. Rev Bras Epidemiol. 2004; 7(1): 22‐35.12 Morais Neto OL Barros MBA. Fatores de Risco para mortalidade neonatal e pósneonatalna região Centro‐Oeste do Brasil: linkage entre bancos de dados de nascidos vivose óbitos infantis. Cad Saúde Pública. 2000 abr‐jun; 16(2): 477‐485.13 Araújo BF, Bozzetti MC, Tanaka ACA. Mortalidade neonatal precoce no município deCaxias do Sul: um estudo de coorte. Jornal de Pediatria. 2000; 76(3): 200‐206.14 Almeida MF, Novaes HMD, Alencar GP, Rodrigues LC. Mortalidade neonatal nomunicípio de São Paulo: influência do peso ao nascer e de fatores sócio‐demográficos eassistenciais. Rev Bras Epidemiol. 2002; 5(1): 93‐107. Errata em: Rev Bras Epidemiol. 2002;5(3): 314.ISBN: 978-85-63901-04-0


15 Helena ETS, Sousa CIA, Silva CA. Fatores de risco para mortalidade neonatal emBlumenau, Santa Catarina: linkage entre bancos de dados. Rev Bras Saúde Matern Infant.2005; 5(2): 209‐217.16 Ministério da Saúde(BR). Secretaria de Políticas da Saúde. Área Técnica de Saúde daMulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: DF; 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE DA CRIANÇA – LINHAS DE CUIDADO DE ATENÇÃO INTEGRALE DESAFIOS PARA A PRÁTICA PROFISSIONALAna Letícia Monteiro Gomes 46Marília Almeida Antunes 47Ana Carolina Mendes 48Maria Antonieta Rubio Tyrrell 49Introdução: Desde a década de 70, a saúde materno‐infantil tem sido foco de inúmerasdiscussões pelo Estado e sociedade, principalmente para desvincular as ações de saúde,até então destinadas ao grupo materno‐infantil. Em 1984, rompe‐se definitivamente comesse modelo assistencial com a formulação de um Programa Específicos de AssistênciaIntegral à Saúde da Criança (PAISC) 1 . A partir de relatórios sobre a qualidade da assistênciade saúde à criança, foram identificadas lacunas na implementação dos programas deassistência integral à saúde dessa população, apontando à necessidade de viabilizar outraspropostas governamentais, como a Agenda de Compromisso com a Saúde Integral daCriança e Redução da Mortalidade Infantil. Esta pesquisa foi aprovada pelo CNPq (2007);pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery ‐ CEP/EEAN/ HESFA(2008) sob protocolo 37/08; e pela Coordenação da CAP 1.0 da Secretaria Municipal deSaúde ‐ SMS/RJ sob protocolo nº 123/09. Aspectos legais estão em consonância às normasestabelecidas pela Resolução 196/96 do CONEP, sobre pesquisa envolvendo sereshumanos. Objeto: relaciona‐se à discussão das linhas de cuidado da atenção integral à46Acadêmica do sétimo período de Graduação da EEAN/ UFRJ. Bolsista FAPERJ. E‐mail: analeticiagomes@hotmail.com47Acadêmica do sétimo período de Graduação da EEAN/ UFRJ. Bolsista PIBIC/UFRJ.48Acadêmica do quinto período de Graduação da EEAN/ UFRJ. Colaboradora da Pesquisa.49Doutora, Professora Titular de Enfermagem Materno‐Infantil do DEMI/EEAN/UFRJ.Pesquisadora CNPq 1C. Responsável pela pesquisa.ISBN: 978-85-63901-04-0


criança e a definição de suas prioridades nos Centros Municipais de Saúde (CMS) da ÁreaProgramática 1.0 (AP1.0) do Município do Rio de Janeiro. Objetivo geral: discutir junto àequipe de saúde dos Centros Municipais de Saúde, no contexto do SUS e da integralidadedas ações, as linhas de cuidado da Atenção Integral que devem ser priorizadas nas açõesbásicas de Saúde da Criança. Metodologia: É de natureza: quanti‐qualitativa. Tipo:descritivo. Método: pesquisa‐ação. É um tipo de pesquisa social com base empírica que éconcebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de umproblema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos dasituação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.Acrescenta ainda que, os pesquisadores desempenham um papel ativo noequacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação dasações desencadeadas em função dos problemas 2 . A pesquisa‐ação permite que haja acombinação entre os conhecimentos e esforços, entre o pesquisador e os sujeitosparticipantes, na condução, na interpretação dos resultados e na aplicação do que éapreendido, para a produção de uma mudança social. Explica que, este método permite ocruzamento, ou a ultrapassagem dos estudos, no contexto acadêmico à sociedade, comoprincípio básico de sua operacionalização. Este método foi escolhido essencialmente porassumir o interesse de pesquisadores e profissionais da saúde na resolução dos problemase na mobilização para uma prática crítica e reflexiva, aproximando os envolvidos darealidade estudada, inserindo‐o no campo de coleta de dados, sem deixar de manter aimparcialidade nos acontecimentos. Os cenários foram cinco CMS da AP 1.0 do Municípiodo Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ), localizadosnos bairros: Cidade Nova; São Cristóvão; Santo Cristo; Centro; e, Santa Tereza, ecodificados pelos números 01, 02, 03, 04 e 05 respectivamente. Sujeitos da pesquisa:profissionais que lidam diretamente com a saúde da criança nos cenários dos CMSselecionados; aspectos éticos: a fim de obter a anuência dos sujeitos da pesquisa foielaborado um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) obedecendo às normasISBN: 978-85-63901-04-0


estabelecidas pela Resolução 196/96 do CONEP, referente à pesquisas envolvendo sereshumanos. A coleta de dados foi realizada por meios de observação participante e quatroseminários e por instrumentos, como questionário e ATAS. Ao término das discussões asAtas foram lidas aprovadas e assinadas por todos os participantes da pesquisa, conferindoa validação, pelos participantes, dos dados coletados. O tratamento dos dados levantadosjunto aos sujeitos da pesquisa foi realizado com base nas etapas propostas por Minayo(1993) 3 : ordenação e classificação destes, seguidas da identificação das categoriasempíricas, confrontando‐as com as categorias analíticas teoricamente estabelecidasrelacionadas com as linhas de Cuidado da Atenção Integral à Saúde da Criança e AtençãoBásica de Saúde. Resultados preliminares, do CMS 01: após a leitura dos Guias Temáticossobre o Sistema Único de Saúde, e a Saúde da criança, com posterior lançamento de umaquestão relacionada ao conteúdo teórico e a aplicação no contexto da prática, os dados,apontam para construção de categorias relacionadas as linhas de cuidados da AtençãoIntegral à Saúde da criança, tais como: Ações desenvolvidas; Ações não desenvolvidas;Facilidades e Dificuldades de implementação, e Prioridades das Ações. Até o momento, ossujeitos informaram como prioridade de ações: imunização; aleitamento materno;vigilância nutricional e saúde bucal e enfatizaram que as condições estruturais da Unidadeimpossibilitam a implementação de algumas ações, como, a da saúde mental e atenção àcriança portadora de necessidades especiais, em particular, as que apresentamincapacidades físicas. Relata ainda, a falta de uma avaliação sobre a resolutividade aosencaminhamentos feitos às outras Unidades. Mesmo diante das dificuldades mencionadas,no quantitativo reduzido de profissionais, e inadequação da ambiência, para odesenvolvimento pleno das ações voltadas as crianças, consideram, que a Unidade está“capacitada” de Recursos Humanos, implicando à garantia de acesso, e aodesenvolvimento de ações voltadas a promoção, prevenção e recuperação da saúde,objetivos propostos da Atenção Básica. Deve‐se ter mais incentivo público de forma aprimar pela adequada inserção do profissional de saúde no meio em que se atua. AlémISBN: 978-85-63901-04-0


disso, é fundamental que haja harmonia entre capacitação profissional e disposição derecurso material para a realização do digno trabalho exigido e esperado por todos.Descritores: saúde da criança; atenção básica; prática profissionalReferencias:1 – Tyrrell, M.A.R. Programas Nacionais de Saúde Materno‐Infantil: impacto políticosociale inserção da Enfermagem. Escola de Enfermagem Anna Nery. Universidade Federaldo Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, 1994.2 – Thiolent, M. Metodologia da pesquisa‐ação. 16ª edição: São Paulo; Cortez Editora,2008.Tyrrell, M. A.; Carvalho, V. Programas nacionais de saúde materno‐infantil: impacto políticosocial e inserção de enfermagem. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.3 – Gomes, R.. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília(Org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1995.ISBN: 978-85-63901-04-0


ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM‐NASCIDO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVANEONATALHalane Cerqueira Coimbra 50Vanessa Oliveira Rodrigues Bezerra 51Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos 52Inez Sampaio Nery 53Introdução: A humanização das relações e o cuidado ao ser humano no ambientehospitalar, é uma preocupação dos profissionais da saúde. A humanização tem sidoestudada no âmbito da saúde visando proporcionar um tratamento que considere atotalidade do indivíduo. O melhor ambiente para o crescimento e desenvolvimento dobebê, com algumas exceções, é o útero, onde há uma temperatura ideal, a criança estáconfortável e os sons extra‐uterinos são filtrados e diminuídos 1 . Contrapondo‐se aoambiente uterino, a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um ambiente quepropicia certo desconforto para o recém‐nascido (RN), pois é um lugar com constantebarulho e luzes fortes, várias interrupções do sono do bebê e diversos procedimentos,além do fato de que há uma manipulação excessiva do neonato 2 . Segundo Tamez eSilva 1 , a estrutura e organização da UTIN devem levar em conta os avanços terapêuticose tecnológicos disponíveis para o cuidado do RN , a fim de que possa atender as novasrealidades. A preocupação com a humanização da assistência em uma UTIN não deve serestringir ao ato de saúde em si. Pensar na melhoria da qualidade do atendimento nos50Enfermeira formada pela Faculdade Santo Agostinho – FSA em Teresina ‐ PI51Enfermeira formada pela Faculdade Santo Agostinho – FSA em Teresina ‐ PI52Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí, especialista em Enfermagem Obstétrica, Enfermeirada Fundação Municipal de Saúde de Teresinha‐PI, Profª da FSA e mestranda em enfermagem da UFPI53Enfermeira da UFMA, doutora em enfermagem da UFPI, Profª associado II da disciplina Saúde daMulher e Saúde Reprodutiva no Curso de Enfermagem‐bacharelado e dos Programas Mestrado emEnfermagem e Políticas Públicas E‐mail: ineznery.ufpi@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


hospitais implica em mudanças nas formas de gestão hospitalar, na melhoria da infraestruturae no fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais 3 . Assim, otrabalho do profissional da saúde dentro de uma UTIN é um desafio constante, poisrequer vigilância, habilidade, respeito e sensibilidade, porque o paciente que vai seratendido não fala, são extremamente vulneráveis e altamente dependentes da equipeque está prestando assistência 4 . Humanizar, de acordo com os valores éticos, consistefundamentalmente em tomar uma prática bela, por mais que ela lide com o que tem demais degradante, doloroso e triste na natureza humana o sofrimento, a deteriorização ea morte. Refere‐se, portanto, a possibilidade de assumir uma posição ética de respeitoao outro e de reconhecimento de limites. O ponto chave do trabalho da humanizaçãoestá no fortalecimento desta posição ética de articulação do cuidado ético, técnico ecientífico, já constituído, conhecido e denominado, ao cuidado que incorpora anecessidade, a exploração e acolhimento do imprevisível, do incontrolável, aoindiferente e singular 5 . Vale salientar que, para o desenvolvimento de açõeshumanizadas é fundamental o incentivo à equipe de enfermagem, valorizando‐aenquanto seres biopsicossociais, pois quando se sentem mais respeitados, valorizados emotivados como pessoas e profissionais, podem estabelecer relações interpessoais maissaudáveis com os recém‐nascidos 6 . Assim, humanizar a assistência hospitalar requerconsiderar tanto à experiência e expectativa do usuário quanto às expectativas esatisfação pessoal dos profissionais da saúde, em especial a enfermeira, de forma acontribuírem para a promoção de ações, campanhas, programas e políticas assistenciaisa partir da visão desses dois atores 7 . Obetivos: O presente estudo tem como objetivos:descrever as ações desenvolvidas pela equipe de enfermagem junto ao recém‐nascidocom vista à humanização da assistência; e, compreender como a humanização daassistência de enfermagem dirigida para o recém‐nascido é cotidianamente trabalhadapela equipe de enfermagem. Metodologia Utilizou‐se a abordagem qualitativa e para aprodução de dados foi um roteiro com dados de identificação dos sujeitos e questõesISBN: 978-85-63901-04-0


específicas da pesquisa, cuja técnica empregada foi a entrevista semi‐estruturada com aequipe de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de umamaternidade privada da cidade Teresina‐PI. Todos os aspectos éticos e legais doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde foram respeitados, conforme protocolo do Comitê de Éticaem Pesquisa (CEP) Nº 250/10. Segundo Minayo et al 8 o estudo qualitativo é o que seaplica ao estudo da história das relações, das representações, das crenças, daspercepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem arespeito de como vivem. As abordagens qualitativas se conformam melhor ainvestigações de grupos e seguimentos delimitados e focalizados, de histórias sociaissob a ótica dos atores, de relações e para análises de discursos e de documentos.Resultados: A partir da análise dos relatos emergiram as seguintes categorias: toquemínimo e a influência do ambiente da UTIN na assistência ao recém‐nascido; o vínculoafetivo entre Recém Nascido/equipe de enfermagem; o acolhimento do recém‐nascido;um cotidiano permeado de dificuldades para a humanização da assistência deenfermagem. Constatou‐se que os profissionais da equipe de enfermagem necessitamde capacitação em humanização da assistência apesar de que todos têm conhecimento.A temática humanização envolve questões amplas que vão desde a operacionalizaçãode um projeto político de saúde calcado em valores como cidadania, o compromissosocial, a qualidade de vida e a saúde, passando pela revisão das práticas de gestãotradicionais até os microespaços de atuação profissional nos quais saberes, poderes erelações interpessoais se fazem presentes. Assim, é necessário compreender ahumanização como temática complexa que permeia o fazer de distintos sujeitos. Nesteaspecto, compreende‐se que a humanização nos serviços de saúde implica emtransformação do próprio modo como se concebe o usuário do serviço, passando deobjeto passivo ou sujeito, de necessitado de atos de caridade àquele que exerce odireito de ser usuário de um serviço que garanta ações assistenciais, políticas eeticamente seguras, prestadas por trabalhadores responsáveis. Enfim, essaISBN: 978-85-63901-04-0


transformação refere‐se a um posicionamento político que enfoca a saúde em umadimensão ampliada, relacionada às condições de vida inseridas em um contexto sóciopolíticoe econômico. No processo de humanização do atendimento de enfermagem,entende‐se que, diferentemente da perspectiva caritativaque aponta o trabalhador como possuidor de determinadas características previamentedefinidas e até idealizadas, é fundamental a sua participação como sujeito que, sendotambém humano, pode ser capaz de atitudes humanas e “desumanas” construídas nasrelações com o outro no cotidiano. Nos relatos dos profissionais que compõem a equipede enfermagem pode‐se concluir que eles possuem conhecimento sobre o que éhumanização e que praticam este ato humano, apesar de que algumas vezes dizem teralgumas dificuldades, dentre elas, a pouca quantidade de profissionais para a grandedemanda de pacientes. Considerações finais: Conclui‐se que é importante a instituiçãohospitalar por meio dos gestores e a equipe de enfermagem realizem palestras sobre ahumanização da assistência, atividades educativas na qual haja uma interação entre osmembros da equipe de enfermagem, apresentação de vídeos e filmes que tragammensagens sobre humanização, divulguem aos familiares o conhecimento de seusdireitos e deveres no processo de assistência à saúde, discutam e reflitam a respeito desituações éticas que envolvem o cliente, considerem a humanização como a base docuidado de enfermagem, e principalmente, fazer tudo que estiver ao seu alcance comrespeito e cidadania. Enfim, após toda essa vivência que resultou em amplo crescimentopessoal e profissional, percebe‐se que a humanização não resulta meramente pelaaplicação de recursos materiais, mas essencialmente da mudança das atitudes dosrecursos humanos envolvidos no processo de cuidar. Daí a importância de que ocuidado seja ampliado, abrangendo o cliente, a família e principalmente a equipe deenfermagem, para que possam realizar suas atividades de forma humanizada.Palavras‐Chaves: Enfermagem. Humanização da assistência. Recém‐nascido.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências:1 Tamez RN, SILVA MJP. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém‐nascido dealto risco. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara,2006.2 Costenaro RGS. Ambiente terapêutico de cuidado ao recém‐nascido internado em UTIneonatal. Santa Maria: Centro Universitário Franciscano, 2001.3 Gaiva MAM, Scochi CGS. Processo de trabalho em saúde e enfermagem em UTINeonatal. Revista Latino‐American. Enferm. 12(3) 469‐476, mai/ jul, 2004.4 Villa VSC. O significado cultural do cuidado humanizado em unidades de terapiaintensiva: “muito falado e pouco vivido”. Revista Latino‐Americana de Enfermagem,10(2):137‐144, mar/abr, 2002.5 Moraes JC, Garcia VGL, Fonseca AS. Assistência prestada na unidade de terapiaintensiva adulta: visão dos clientes. Revista Nursing. 79(7), 2004.6 Cintra EA, Nishide V, Nunes WA. Assistência de enfermagem ao paciente gravementeenfermo. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2003.7 Betts, J. Considerações sobre o que é o humano e o que é humanizar [texto nainternet]. São Paulo, 2007. Disponível em:http://www.portalhumaniza.org.br/ph/texto.asp?id=37&Texto=considera%E7%F5es.Acesso em 15 maio 2010.8 Minayo MCS. Pesquisa Social: Teoria, Método a criatividade. 24 ed, Petrópolis: Vozes,2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


ATUALIZAÇÃO SOBRE CUIDADOS COM A PELE DO RN PREMATUROJoseph Dimas de Oliveira 54Maria Veraci de Oliveira Queiroz 55Ivone Evangelista Cabral 56INTRODUÇÃO:As Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) representam um importante avançodentro do sistema de saúde mundial e brasileiro, uma vez que, realizam o atendimento aosrecém‐nascidos (RN) de alto risco possibilitando o aumento da sobrevida, diminuindoassim os índices de mortalidade infantil 1 .A maior parte da clientela assistida em UTIN compõe‐se de RN prematuros (RNPT) que,para serem admitidos, devem preencher critérios clínicos, dentre os quais: apresentarmenos de 34 semanas de gestação e peso inferior a 1800 gramas, associado, ou não, aintercorrências clínicas 2 .A complexidade do RNPT exige a articulação de profissionais de diferentes formações,dentre eles, enfermeiro, médico, assistente social, nutricionista, fonoaudiologia efisioterapia, além daqueles de formação de nível médio e elementar 2 .Dentre as ações do enfermeiro, tem‐se como primordial, o cuidado à pele, uma vez que seapresenta imatura e, portanto, predispõe o RNPT a infecções e injúrias. Com isso, exigemsealguns cuidados, de forma a proteger o RNPT de malefícios durante a hospitalização 2, 3 .54Enfermeiro. Pós‐graduando em Estomaterapia. Discente do Curso de Mestrado Acadêmico emCuidados Clínicos em Saúde (Enfermagem), da Universidade Estadual do Ceará (UECE). E‐mail:josephdimas@hotmail.com55Enfermeira. Doutora em Enfermagem (UFC). Docente do Curso de Mestrado Acadêmico em CuidadosClínicos em Saúde (Enfermagem), da Universidade Estadual do Ceará (UECE).56Enfermeira. Doutora em Enfermagem (UFRJ). Docente do Departamento Materno‐Infantil da Escolade Enfermagem Anna Nery (EEAN)/UFRJ. Pesquisadora do CNPq/FAPERJ.ISBN: 978-85-63901-04-0


O presente estudo pretende discutir as indicações da literatura acerca do banho, uso deprodutos de limpeza e prevenção da úlcera por pressão, no cuidado com a pele do RNPT.CUIDADOS COM A PELE DO RNPTA pele atua como proteção física às ações químicas, mecânicas e biológicas, auxilia naregulação da temperatura, como órgão sensorial, apresenta propriedades imunológicas(acidez da pele), propriedades de renovação (reposição das células). Contudo, o recémnascidoprematuro, a pele apresenta‐se gelatinosa e mais fina, tornando‐o mais vulnerávelàs agressões externas, que podem levar ao surgimento de injúrias causadas pela fricção,produtos de limpeza e uso de adesivos, infecção local ou sistêmica além de terem maiorpoder absorção e substâncias 2, 4 .Em decorrência dessas vulnerabilidades, o enfermeiro deve atentar para o fato de que ocuidado com a pele do RNPT deve respeitar as particularidades desse grupo objetivando aotimização e restabelecimento do estado de saúde e, ao mesmo tempo, evitariatrogenias/eventos adversos decorrentes do cuidado de enfermagem 2, 5 .Em relação ao uso de sabonetes e o momento ideal do primeiro banho, existe diferentesrecomendações, onde um estudo orienta o uso de sabonete neutro à sabonete alcalino 2 ,outro recomenda que em RNPT com idade gestacional (IG) ≤ 32 semanas, deve‐se utilizar,somente, água estéril morna 6 .Entretanto, outros estudos orientam higienizar apenas a genitália com água morna e sabãoneutro e, em RNPT com menos de 1500 g, usar somente água e adiar o banho até asegunda semana de vida 3 . Outra pesquisa indica usar somente água até a segunda a quartasemana de vida e, então, introduzir, gradativamente, sabonete neutro, sem tintura e semperfume, de 2 a 3 vezes por semana e, em prematuros, com IG ≤ 32 semanas, usar águaesterilizada morna e, naqueles com IG ≤ 26 semanas, usar somente água esterilizada 7 .Após o primeiro banho, encontraram‐se diferentes recomendações quanto à sua rotina,em RNs com mais de 1500 g, deve‐se usar água morna e sabão neutro, enquanto que, emISBN: 978-85-63901-04-0


RNs com menos de 1500 g e IG ≤ 30 semanas, usar água morna estéril nas primeiras trêssemanas 2 . Outro estudo indica restringir a periodicidade da limpeza e quando a realizar,não ultrapassar 5 minutos, limitada à área suja, menos de 3 vezes por semana 3 .Outros autores sugerem a freqüência do banho a cada 4 dias com água e sabonete, aopasso que, um serviço relata que sua rotina de um banho semanal em bebês comdistúrbios respiratórios, utilizando água morna e bolas de algodão e em prematuros semdistúrbio respiratório, o realiza duas a três vezes por semana 7 .A manutenção do pH estável da pele desencoraja a colonização de bactérias e reduz o riscode infecção oportunista, devendo‐se, para isso, evitar o uso de substâncias irritantes,mantê‐la seca, evitar a lavagem excessiva e sabonetes alcalinos, uma vez que, eles alteramo pH cutâneo, tornado‐a susceptível à lesões, devendo a escolha dos produtos de cuidadocom a pele, dentre eles o sabonete, levar em conta o seu pH e a segurança dermatológica 8 .Com isso, aponta‐se para o uso de sabonetes ácidos, porém, uma pesquisa nacionalidentificou que dentre 23 sabonetes infantis em barra testados, apenas um tinha pH ácidoe, dentre os três líquidos, dois tinham pH ácido 9 .Com relação à prevenção de úlceras por pressão (UPs), encontrou‐se estudos orientando amudança de decúbito a cada 2 a 3 horas, porém, não orientou quanto ao uso de escalaspreditivas 2 , além da orientação em usar colchões macios, mudança de decúbito (não citoua periodicidade), utilização de poucos adesivos, uso de produtos que formem barreiraentre a pele e dispositivos e a retirada de dispositivos com cuidado e óleos 6 .Um estudo orienta a mudança de decúbito a cada 4 horas, respeitando o estado clínico doRNPT 2 e outra pesquisa sugeriu a mudança de decúbito sem, contudo, citar aperiodicidade, além de indicar uso de colchões suaves e remoção de adesivos com águamorna e sabonete neutro 7 .Assim, os estudos apontam para a falta de padronização quanto à periodicidade damudança de decúbito, utilizando‐se de evidências geradas através de pesquisas realizadascom adultos associado ao desconhecimento acerca de escalas preditivas específicas para aISBN: 978-85-63901-04-0


população infantil, validadas nacional e internacionalmente, como a Escala de Braden Q,que se baseia na avaliação diária da mobilidade, atividade, percepção sensorial, umidade,fricção e cisalhamento, nutrição e perfusão tissular e oxigenação, para predizer o risco dacriança desenvolver UPs 10, 11 .CONSIDERAÇÕES FINAISO cuidado com a pele do RNPT consiste em uma ação fundamental capaz de prevenircomplicações, iatrogenias, manter a estabilidade do estado clínico e acelerar a recuperaçãodo neonato. Dessa maneira, o enfermeiro necessita manter‐se atualizado sobre estratégiasatualizadas que promovam o cuidado de enfermagem embasado em recomendaçõesseguras e fruto de investigações científicas.DESCRITORES: Recém‐nascido. Pele. Prematuro.REFERÊNCIAS1. Baldini SM. Qualidade de vida em unidades de terapia intensiva. In: Assumpção Jr, FB,Kuczynki E. Qualidade de vida na infância e na adolescência: orientações para pediatras eprofissionais da saúde mental. Porto Alegre: Artmed, 2010. Cap. 6, p. 103‐26.2. Tamez RN, Silva MJP. Considerações especiais no cuidado da pele do recém‐nascido. In:Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI Neonatal: assistência ao recém‐nascido de altorisco. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara‐Koogan, 2006. Cap 5, p. 31‐6.3. Martins CP, Tapia CEV. A pele do recém‐nascido prematuro sob a avaliação doenfermeiro: cuidado norteando a manutenção da integridade cutânea. Revista Brasileira deEnfermagem 2009;62(5):778‐83.4. Tavares LME, Alves MFT, Eiras MVG, Lenz N, Cáceres RAM, Garcia SRN. TerapiaIntravenosa utilizando Cateter Central de Inserção Periférica. São Paulo: Iátria, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


5. Oguisso T, Schmidt MJ. Exercício da Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. In:Oguisso T, Schmidt MJ. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético‐legal. 3 ed. Riode Janeiro: Guanabara‐Koogan, 2010.6. Cunha MLC, Mendes ENW, Bonilha ALL. O cuidado com a pele do recém‐nascido. RevistaGaucha de Enfermagem 2002;23(2):6‐15.7. Adriano LSM, Freire ILS, Pinto JTJM. Cuidados intensivos com a pele do recém‐nascidopré‐termo. Revista Eletrônica de Enfermagem 2009;11(1):173‐80. Disponível em:http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n1/v11n1a22.htm9. Volochtchuk OM, Fujita EM, Fadel APC, Auada MP, Almeida T, Marinoni LP. Variações dopH dos sabonetes e indicações para sua utilização na pele normal e na pele doente. An brasDermatol 2000;75(6):697‐703.10. Curley MA, Razmus IS, Roberts KE, Wipij D. Predicting pressure ulcer risk in pediatricpatients: the Braden Q Scale. Nursing Research 2003; 52(1):22‐33.11. Maia ACAR. Tradução para a língua portuguesa, adaptação cultural e validação daEscala de Braden Q. Dissertação (Mestrado) ‐ Universidade Federal de São Paulo. Programade Pós‐graduação em Cirurgia Plástica. São Paulo, 2007.ISBN: 978-85-63901-04-0


AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DO MÉTODO CREDÊ NA PROFILAXIA DA OFTALMIANEONATAL NO HOSPITAL ESCOLAAna Paula Vieira dos Santos Esteves 57Jane Bispo Martins Ferreira 58Priscila da Silva Moreira Braz 59Valéria Lourdes Louzada da Silva 60Introdução: A profilaxia da oftalmia neonatal gonocócica foi iniciada em1880. Credé adescreveu como transmitida da mãe para o neonato pelo contágio durante o parto sendocausada principalmente pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Introduziu a técnica delimpar os olhos dos recém‐nascidos com uma solução aquosa de nitrato de prata a 2%. Talintervenção reduziu o número de casos de oftalmia neonatal no hospital‐maternidade deCredê em Leipzig de aproximadamente 30 casos por ano, para somente um caso nasegunda metade de 1880. O método de Credê foi regulamentado no Brasil pelo Decreto nº9.713 (1977) e alterado pelo Decreto nº 19.941 (1982), tornando‐se então obrigatório porlei. Objetivo: Avaliar a aplicabilidade da profilaxia da oftalmia neonatal no hospital escolano mês de maio de 2010. Metodologia: O trabalho trata‐se de uma pesquisa, no qual foiutilizado o método quanti‐qualitativo como abordagem metodológica, utilizando a técnicade entrevista estruturada aplicada na equipe de enfermagem e responsável pela UnidadeNeonatal da instituição sendo 05 enfermeiras e 09 técnicos de enfermagem. Foi aplicado ocolírio Argirol® (vitelinato de prata), em 104 RNs no mês de maio o que representa 8% dosnascimentos do hospital por ano, a conjuntivite química foi referida em nosso estudo,porém não havia um levantamento de dados para averiguar a freqüência de conjuntivites57Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do UNIFESO – Teresópolis ‐ RJ58Discente do Curso de Graduação em Enfermagem do UNIFESO – Teresópolis – RJ ‐ E‐mail:janebispo@oi.com.br59Enfermeira Obstetra do HSJ – Teresópolis – RJ E‐mail: psm_braz@tahoo.com.br60Disccente do Curso de Graduação em Enfermagem do UNIFESO – Teresópolis ‐ RJISBN: 978-85-63901-04-0


químicas nesta unidade. Assegurado pelo cumprimento dos princípios éticos determinadospelas diretrizes de resolução 196/96, do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde (CNS), com aprovaçãono comitê de ética em pesquisa do UNIFESO (n°440‐10). O método de análise dos dados foirealizado a partir da análise de conteúdo de Bardin. Os depoimentos foram analisadosrespeitando‐se a individualidade e a especificidade de cada depoente, porém os seusdiscursos foram agrupados em categorias, de acordo com os temas que emergiram dodiscurso dos sujeitos. As categorias analíticas propostas buscaram contemplar o métodorealizado na prevenção da oftalmia neonatal, o conhecimento do método de Credê e alegislação vigente discussão: Na maior parte do mundo, o padrão ouro para profilaxia daoftalmia neonatal é o método com nitrato de prata introduzido por Credé. Embora aconcentração recomendada tenha sido reduzida para solução de nitrato de prata a 1%, nointuito de reduzir a irritação causada por este agente profilático, o mesmo possui aindaeficácia significativa contra a Neisseria gonorrhoeae. A ocorrência de conjuntivite química,causada pelo uso do nitrato de prata, foi motivo para a não utilização deste colírio noserviço analisados por nós. Apesar de relatos isolados na literatura de lesão ocular gravecom opacificação de córnea pelo uso de nitrato de prata, sua aplicação geralmente cursoucom manifestações transitórias, não persistindo por mais de cinco dias após a instilação.Na Unidade da pesquisa, optou pelo vitelinato de prata a 10%. Entretanto, mesmo sem ouso do nitrato de prata, a conjuntivite química ,como já citada acima,foi referida em nossoestudo, porém não havia um levantamento de dados para averiguar a freqüência deconjuntivites químicas nesta unidade, sugere‐se que o vitelinato também pode causarconjuntivite química. O vitelinato de prata é um anti‐séptico de ação lenta e persistente,bem menos eficaz que o nitrato de prata, e por isso desaconselhado para profilaxia ocularneonatal pelo Ministério da Saúde do Brasil. Existe um equívoco na aplicação do métodode Credé ao usar o colírio Argirol® (vitelinato de prata), tomando‐o como sendonitrato. Atualmente a Agência <strong>Nacional</strong> de Vigilância Sanitária (ANVISA) não menciona ouso do vitelinato de prata, e indica o nitrato de prata e a iodopovidona para a profilaxia daISBN: 978-85-63901-04-0


oftalmia neonatal. Outro dado importante evidenciado por esta pesquisa foi odesconhecimento da legislação vigente sobre a profilaxia da oftalmia neonatal pela maioriados profissionais de saúde entrevistados, embora ela tenha sido regulamentada pelaPortaria nº 1067, de 04 de julho de 2005, na "Ementa que institui a Política <strong>Nacional</strong> deAtenção Obstétrica e Neonatal, e dá outras providências". Este dado torna‐se umagravante, tendo em vista que os entrevistados eram responsáveis pelos berçários e pelaaplicação da profilaxia da oftalmia neonatal; como "responsáveis" subentende queconheçam as normas, independente de sua qualificação profissional. Conclusão: Aaplicabilidade da profilaxia neonatal é realizada pela a maioria dos profissionais de maneiraincorreta e não está em concordância com a legislação vigente. Foi realizada umainstrumentalização com toda equipe de enfermagem sobre o tema em questão e acontinuidade da avaliação do medicamento escolhido para realização do credê.Palavras chaves: Oftalmia neonatal; Conjuntivite; Profilaxia;Referências:1. Netto AA, Simas AZ. Avaliação do uso do Método de Credé em maternidades da GrandeFlorianópolis. Rev Bras Oftalmol. 1999; 58(6): 477‐82.2. Governo do Estado de São Paulo. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.Secretaria Geral Parlamentar. Departamento de Informação e Documentação. Decreto Nº9.713 de 19 de abril de1977. Aprova Norma Técnica Especial relativa à preservação dasaúde, dispondo sobre a instilação obrigatória da solução de nitrato de prata a 1% nosolhos dos recém‐nascidos (Método de Credé). Diário Oficial do Estado. 1977; 87(73).Disponívelem: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1977/decreto%20n.9.713,%20de%2019.04.1977.htm3. Belfort Júnior R, Ferreira RC. Conjuntivites. In: Azevedo CES, Cruz WMFG. Terapêutica empediatria. São Paulo: Atheneu; 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa <strong>Nacional</strong> deDST e Aids. Manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis. 4a ed. Brasília:MS; 2006. 140p. (Séries Manuais nº 68). [citado 2007 Jan 12]. Disponível em:http://www.aids.gov.br/data/documents/storedDocuments/%7BB8EF5DAF‐23AE‐4891‐AD36‐1903553A3174%7D/%7B43F95B4B‐CD35‐4B62‐981A0A62945E318%7D/manual_dst_tratamento.pdf5. Vaz FAC, Ceccon MEJ, Diniz EMA. Infecção por Chlamydia trachomatis no períodoneonatal: aspectos clínicos e laboratoriais. Experiência de uma década: 1987‐1998. RevAssoc Med Bras (1992). 1999; 45(4): 303‐11.6. Portal da Oftalmologia [homepage na Internet]. Goiás (Brasil). [atualizada em out. 2006;citado 2009 Abr 1. Disponível em:http://www.portaldaoftalmologia.com.br/home/7. Silva EB, Alves KMB. Avaliação do uso do Método de Credé nas Casas de Parto eMaternidades da cidade de Fortaleza. Rev Bras Oftalmol. 1996; 55(2):59‐65.8. Brasil. Ministério da Saúde. Agência <strong>Nacional</strong> de Vigilância Sanitária ‐ ANVISA. ResoluçãoRDC nº 222 de 29 de julho de 2005. Aprova a 1ª Edição do Formulário <strong>Nacional</strong>, elaboradopela Subcomissão do Formulário <strong>Nacional</strong>, da Comissão Permanente de Revisão daFarmacopéia Brasileira (CPRVD), instituída pela Portaria nº. 734, de 10 de outubro de 2000.Diário Oficial da União. 2005; Ago 15. [citado 2007 Out 10]. Disponível em: http://eegis.bvs.br/leisref/public/howAct.php?mode=PRINT_VERSION&id=183699. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1067, de 04 de julho de 2005. Institui a Política<strong>Nacional</strong> de Atenção Obstétrica e Neonatal, e dá outras providências. Diário Oficial daUnião. 2006 out. 9. Disponível em: http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?mode=PRINT_VERSION&id=24273ISBN: 978-85-63901-04-0


AVALIAÇÃO DA DOR DO RECÉM‐NASCIDO SUBMETIDO À GASOMETRIA ARTERIALCamila Freitas Martins 61Isis de Oliveira Pinheiro 62Fernanda Jorge Magalhães 63Francisca Elisângela Teixeira Lima 64Introdução: A unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) é considerada um ambienterepleto de equipamentos e rico em tecnologia, com excesso de luminosidade e ruídos, lá orecém‐nascido pré‐termo (RNPT) receberá cuidados urgentes na tentativa de melhorar seuestado clínico e auxiliá‐lo a viver, caracterizando um processo de excessivos episódios demanuseio dolorosos¹. A gasometria arterial é um exame invasivo e doloroso, consideradofundamental e rotineiro em UTIN para os recém‐nascidos que experimentam desordensrespiratórias. No que diz respeito ao RN, a dor não foi motivo de preocupação de clínicos einvestigadores durante muito tempo, pois existia a crença de que o neonato era incapaz desentir dor. Atualmente, no entanto, pesquisas têm documentado que o neonato possuitodos os componentes funcionais e neuroquímicos necessários para a recepção etransmissão do estímulo doloroso 2 . Muitas vezes a dor tem tido uma passagem silenciosapelos profissionais, devido à dificuldade das pessoas em identificar e reconhecer a dor norecém‐nascido. Dentre as várias escalas de dor descritas, as mais estudadas são a Escala daMímica Facial de Dor no Recém‐Nascido (NFCS), a Escala de Avaliação de Dor (NIPS) e oPerfil de Dor do Prematuro (PIPP) 3 . Para o desenvolvimento desse estudo optou‐se porutilizar a NFCS. Objetivos: avaliar a presença de dor no RN diante do procedimento de61Acadêmica de enfermagem da Universidade Federal do Ceará. e‐mail: oi_milafreitas@hotmail.com62Enfermeira Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará. Enfermeiraassistente em Unidade Neonatal.63Enfermeira Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará. Professorasubstituta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará.64Enfermeira Doutora em Enfermagem. Docente do Corpo de Graduação da Universidade Federal doCeará. Líder do Grupo de Estudos sobre Consulta em Enfermagem (GECE).ISBN: 978-85-63901-04-0


gasometria arterial, utilizando a Escala de Mímica Facial da Dor do RN e identificar asalterações da frequência cardíaca e saturação de oxigênio do RN durante o procedimentode gasometria arterial. Metodologia: Estudo descritivo e observacional com naturezaquantitativa. O local escolhido para execução desse estudo foi a UTIN de um hospitalescolada rede pública estadual, de Fortaleza‐Ceará‐Brasil. A amostra foi composta por 26recém‐nascidos. A coleta de dados foi realizada nos meses de abril e maio 2010, por meiode consulta ao prontuário e observação da assistência prestada ao RN na UTIN. Os dadoscoletados foram analisados e interpretados a partir da literatura pertinente à temática eorganizados em tabelas, quadros e figuras. A análise das respostas dolorosas do RN, diantedo procedimento de gasometria arterial, foi realizada utilizando‐se a pontuação da Escalada Mímica Facial de Dor no Recém‐nascido (NFCS), a qual considera expressão da dor noRN: fronte saliente, boca estirada (horizontal/vertical), fenda palpebral estreitada, línguatensa, sulco nasolabial aprofundado, protusão da língua, boca entreaberta e tremor dequeixo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da referida instituição sobprotocolo nº 390/2010. Todas as mães foram contactadas e orientadas acerca darelevância e objetivos do estudo, tendo o direito de participar ou não sem nenhumprejuízo no acompanhamento e tratamento de seu filho na instituição. Resultados: emrelação ao sexo do RN constatou‐se igual quantidade de recém‐nascidos femininos emasculinos. Em relação aos dias de vida, houve 80,8% de recém‐nascidos com 1 a 7 dias devida, considerando um período importante para o crescimento e desenvolvimento dorecém‐nascido, assim como, um período de adaptação do RN ao meio extra‐uterino.Considerando a idade gestacional percebe‐se que houve presença de 92,3% de recémnascidosclassificados como pré‐termo, sendo definido como todo aquele com idadegestacional menor que 37 semanas. Quanto ao peso, os resultados referem predomínio derecém‐nascidos de extremo baixo peso ao nascer, ou seja, peso inferior a 1000g. Quantoaos motivos de internação, observa‐se que 80,7% dos recém‐nascidos apresentaram odiagnóstico de prematuridade, demonstrando o crescente número de partos prematuros,ISBN: 978-85-63901-04-0


fator contribuinte para o aumento da mortalidade neonatal. Com relação à distribuição dapontuação da NFCS, quanto à presença de dor no RN, constatou‐se que 96,1% dos recémnascidosapresentaram manifestações suficientes que caracterizassem a presença de dor,no momento da realização de gasometria arterial. Em relação às manifestações faciais dedor dos recém‐nascidos participantes do estudo, segundo a NFCS, verifica‐se que durante acoleta do exame de gasometria arterial houve predomínio de maior abertura da boca,fronte saliente e fenda palpebral. Com relação à distribuição dos recém‐nascidos quantoao suporte de oxigenoterapia, verificou‐se que 88,5% dos recém‐nascidos estavam sobventilação mecânica invasiva, um recurso tecnológico bastante avançado, o qual exigecontínuas avaliações do sistema respiratório, equilíbrio ácido‐básico e, consequentemente,é necessária a realização do procedimento de gasometria arterial. Quanto às alteraçõesapresentadas pelos recém‐nascidos, verificou‐se que 50% dos recém‐nascidosapresentaram alterações da frequência cardíaca e 34,7% alteraram a saturação de oxigêniodurante a gasometria arterial. Conclusão: A partir da avaliação das respostas do RN diantedo procedimento de gasometria arterial, com utilização da Escala da Mímica Facial de Dorno Recém‐nascido (NFCS), constatou‐se, que houve presença de manifestações faciais dedor em todos os recém‐nascidos participantes do estudo. Contudo, 96,1% dos recémnascidosapresentaram quantidade de manifestações faciais superior a três, caracterizandoa presença da dor diante da punção arterial. As manifestações mais presentes foram: bocaaberta (96,1%), fronte saliente (88,4%) e fenda palpebral (76,9%). Além disso, 50% dosrecém‐nascidos apresentaram alterações da freqüência cardíaca e 34,7% alteraram asaturação de oxigênio. Percebe‐se, portanto, que a dor sentida pelos recém‐nascidossignifica desconforto e sofrimento, podendo ter repercussões a longo prazo. Portanto, trazsecomo sugestão a utilização de estratégias que minimizem a dor e o desconforto do RN,em especial, durante o procedimento da gasometria arterial. Percebeu‐se, que as escalascomportamentais de dor, mostram‐se como instrumentos adequados para a avaliação dador aguda no RN a termo saudável ou no prematuro clinicamente estável. Porém, devemISBN: 978-85-63901-04-0


ser utilizadas em associação com as variáveis fisiológicas, já que estas, isoladamenteapresentam pouca sensibilidade e especificidade para a avaliação da dor no RN. Destacase,ainda a avaliação da dor como um desafio no cuidado de enfermagem ao RN.Descritores: Recém‐Nascido, Dor, Gasometria, Enfermagem.Referências1. ROLIM KMC. Enfermagem humanística: contribuição para o desenvolvimento daenfermeira na unidade neonatal. Tese (Doutorado). Fortaleza (CE). Universidade Federal doCeará/UFC, 2006.2. SOUSA BBB, SANTOS MH, SOUSA FGM, GONÇALVES APF, PAIVA SS. Avaliação da dorcomo instrumento para o cuidar de recém‐nascidos pré‐termo. Texto contexto ‐ enferm.v.15, p. 88‐96, 2006.3. GUINSBURG RA. Linguagem da dor no recém‐nascido. São Paulo (SP): SociedadeBrasileira de Pediatria; 2000.AISBN: 978-85-63901-04-0


VALIAÇÃO DA PROMOÇÃO DO VÍNCULO MÃE‐BEBÊ‐FAMÍLIA EM UMA MATERNIDADEPÚBLICA DE PORTO ALEGRE/RSDinara Dornfeld 65Lisete Maria Ambrosi 66Introdução: Trata‐se de um recorte contendo resultados parciais de uma pesquisa que estásendo desenvolvida na maternidade de um hospital público no município de PortoAlegre/RS. A pesquisa pretende avaliar a qualidade da assistência prestada a mães e bebêsatendidos na referida maternidade, tendo como parâmetro a satisfação das usuárias.Quando, imediatamente após o nascimento, o recém‐nascido (RN) é colocado sobre o colomaterno, ele aparentemente sente‐se seguro. O reconhecimento da voz e do cheiro damãe, assim como o calor do corpo materno, remetem‐no a sensações semelhantes às davida intra‐uterina (1) . Nos primeiros minutos após o nascimento, o RN passa por um períodode inatividade alerta durante o qual ele raramente chora e olha diretamente para o rosto epara os olhos da mãe. Essa interação prazerosa tem fundamental relevância para oestabelecimento do vínculo mãe‐bebê (1, 2) . Com a institucionalização do parto, passou‐se adesconsiderar a magia desse evento, e a mecanização e rotinização dos processos assumiumaior relevância (3) . As conseqüências desse intervencionismo excessivo na assistência aoparto tem recebido vários questionamentos nas últimas décadas. Neste sentido, aOrganização Mundial da Saúde (OMS) vem promovendo ações que visam a sensibilizar ecapacitar os profissionais da saúde que atuam no cuidado à mulher durante o seu ciclogravídico‐puerperal e ao RN, para práticas mais seguras e humanizadoras. Dentre aspreconizações, é estimulada a presença de acompanhante durante o trabalho de parto e65Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, Especialista Neonatal, Hospital Nossa Senhora daConceição/GHC. E‐mail: dinara@ghc.com.br.66Enfermeira, Especialista Obstetrícia, Coordenadora da Linha de Cuidado Mãe‐bebê do Hospital NossaSenhora Conceição/GHC.ISBN: 978-85-63901-04-0


nascimento, o contato pele a pele precoce e prolongado e o apoio à amamentação (4) . NoBrasil, o Programa de Humanização do Pré‐Natal e Nascimento (5) , a Lei do Acompanhante (6)e a RDC nº36/2008 da Anvisa (7) são alguns exemplos das políticas governamentais queestão em consonância com as preconizações da OMS. A maternidade em estudo tematendimento voltado exclusivamente para as usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), éum dos locais de referência para gestações de risco no estado e atende em média 500partos/mês. Sua estrutura organizacional seguia o modelo clássico de organização damaioria das maternidades brasileiras de grande porte. Nesse cenário, predominava umadivisão técnica do trabalho, com profissionais extremamente especializados, atuando deforma fragmentada no cuidado à mulher e ao RN. No ano de 2004, foi implantada umanova configuração organizacional conforme o modelo de Linha de Cuidado. Estareestruturação teve como foco a organização do processo de cuidado centrada no binômiomãe‐bebê e não mais nas especialidades. Objetivou integrar todas as fases do atendimentoda mulher durante seu período gravídico‐puerperal, revendo assim a organização docuidado do pré‐natal ao parto e puerpério, por meio de uma ação articulada no hospitalcom seus diferentes locais de atendimento, e do hospital com a rede básica de saúde domunicípio. Neste contexto, o modelo biomédico, que até então norteava as ações emsaúde desenvolvidas na maternidade, vem perdendo espaço para o modelo de atenção àsaúde centrado nas necessidades das usuárias e seus bebês. Nesta direção, os profissionaisde saúde estão mobilizados para uma mudança nas suas práticas assistenciais, mostrandose,dentre outras, mais receptivos à presença do acompanhante durante o processo departurição. Objetivo: Avaliar se a maternidade desenvolve ações que promovem oestabelecimento do vínculo mãe‐bebê‐família e qual a percepção das usuárias em relação aessas ações. Metodologia: Estudo exploratório‐descritivo, com desenho transversal eabordagem quantitativa, a ser desenvolvido no período de julho a outubro de 2010. Asparticipantes serão 267 mulheres que internarem no Centro Obstétrico (CO) damaternidade neste período, permanecerem em alojamento conjunto com seu RN, eISBN: 978-85-63901-04-0


concordarem em responder a um questionário estruturado contendo perguntas objetivas,que investigarão a sua opinião a respeito da qualidade da assistência recebida nainstituição. Os aspectos éticos relativos à pesquisa com seres humanos atendem àsdiretrizes da Resolução n.º196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. O projeto foi submetidoà avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do hospital (n.10‐053) e implementadosomente após receber o parecer probatório. Logo após a confirmação da alta hospitalar, asusuárias são convidadas pelas pesquisadoras a participarem da pesquisa. Nestaoportunidade é informado o caráter voluntário e anônimo do estudo, bem como solicitadoque assinem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O questionário é preenchidoindividualmente pela usuária e depositado por ela em uma urna lacrada. Resultados:Foram avaliados os questionários referentes ao período de junho a setembro/2010,totalizando 180 questionários. Caracterização da amostra: A faixa etária das participantesestá distribuída da seguinte maneira: 17% têm idade entre 10 e 18 anos, 45% entre 19 e 26anos, 31% entre 27 e 34 anos e 7% estão acima dos 35 anos. Quanto à escolaridade, 51%têm o ensino fundamental, 46% têm o ensino médio e 3% tem o ensino superior. Oitenta etrês por cento moram com o companheiro e 53% são do lar. O pré‐natal foi realizado por97% das participantes e 77% delas realizaram 6 consultas ou mais. Trinta e nove por centosão primíparas e 30% estão na terceira gestação ou mais. Do total de nascimentos, 66%foram parto vaginal e 34%, parto cesáreo. Quanto às informações referentes à qualidadeno atendimento, identificou‐se que 94% das usuárias foram informadas de que poderiamter um acompanhante da sua escolha durante o trabalho de parto e nascimento. Setenta edois por cento tiveram um acompanhante, sendo que as pessoas mais freqüentes foram ocompanheiro (76%), a mãe (9%) e a irmã (5%). Na opinião das usuárias, a presença doacompanhante foi importante, pois trouxe a sensação de sentir‐se mais segura e confiante(82%), um momento vivenciado pelo casal (7%) e certificar‐se quanto aos cuidadosprestados à mãe e ao bebê (6%). Aquelas usuárias que não tiveram acompanhante (28%)justificaram que: não consideraram necessário (27%), não deu tempo de acompanhanteISBN: 978-85-63901-04-0


participar, pois o bebê nasceu imediatamente (53%), o companheiro não quis participar(18%) ou não foi permitido (2%). Em 93% dos partos, foi proporcionado o contato pele apele. Ao definir este momento, as participantes falaram de sentimentos como felicidade(70%), algo indescritível (15%) e sensação de alívio e realização (9%). Em relação àpromoção do aleitamento materno, 97% das usuárias informaram que receberam algumauxílio/orientação para amamentar. Discussão: O grande incentivo à presença doacompanhante evidencia o respeito da equipe às preconizações legais (6) e oreconhecimento quanto aos benefícios deste suporte para a mulher durante o processo departurição (8) . Contudo, o impedimento do acompanhante em 2% dos partos sinaliza quenem todos os profissionais estão sensibilizados para essa necessidade. Para as mulheres, oacompanhante, além de trazer segurança e confiança, também representou uma posturafiscalizadora de observar as ações dos profissionais. Considerando que as medidasintervencionistas do parto hospitalizado resultam, muitas vezes, em iatrogenias, entendeseque isso pode provocar um alerta na população para o controle e fiscalização dosserviços de saúde (9) . O fato de algumas mulheres não considerarem ser importante teralguém de sua confiança e, igualmente, de alguns companheiros se recusarem, ou nãosentirem‐se seguros para estarem junto à mulher neste momento especial, suscita anecessidade de pesquisas que aprofundem a questão dos relacionamentos sociais efamiliares e suas representações para os diferentes atores envolvidos neste processo. Ocontato pele a pele, além de fator protetor para a regulação térmica do RN, estárelacionado a um melhor estabelecimento do apego e do vínculo mãe‐filho e aofavorecimento para o início da amamentação (2) . Nos resultados da pesquisa, identificou‐seque existe uma preocupação da equipe de saúde no sentido de promovê‐lo, inclusive noparto cesáreo. No entanto, são necessários estudos específicos que verifiquem o tempo e aqualidade desse procedimento. O aleitamento materno é fundamental para a saúde equalidade de vida do lactente, com vantagens também para a mãe e demais sujeitosenvolvidos com essa prática (10) . Conforme a resposta das usuárias, existe um envolvimentoISBN: 978-85-63901-04-0


importante por parte da equipe de saúde no sentido de promover e incentivar oaleitamento materno. Estas evidências podem estar relacionadas ao fato de que, por serHospital Amigo da Criança, a instituição promove a sensibilização e capacitação de todos osprofissionais envolvidos no cuidado ao binômio mãe‐bebê para práticas de orientação esuporte ao aleitamento materno exclusivo. Conclusão: A concepção de que o parto é umevento fisiológico, e que deve ser resgatado como pertencente à família, adquirereconhecimento nas instituições hospitalares. O grande incentivo à presença doacompanhante e ao contato pele a pele constatado neste estudo mostra que, tanto ainstituição quanto a equipe de saúde, estão mobilizados para uma mudança de paradigma,que tem como foco de suas ações o binômio mãe‐bebê. Igualmente, o envolvimento com oestabelecimento e manutenção do aleitamento materno aponta para uma consciência eresponsabilidade dos profissionais com a qualidade de vida da criança a médio e longoprazo. Contribuições/implicações para a Enfermagem: Considerando que a Enfermagemestá permanentemente envolvida com a mulher durante o processo de parto enascimento, pode‐se afirmar que tem papel relevante no processo de mudança do foco daassistência obstétrica. Para isso, deve desenvolver a consciência de sua participação,mediante educação permanente e a promoção Institucional de espaços de discussão quefavoreçam a reflexão da prática profissional.Descritores: Humanização da assistência; Assistência perinatal; Recém‐nascido.Referências1. Klaus M, H, Klaus PH. Seu surpreendente recém‐nascido. Porto Alegre: Artmed; 2001.2. Chaparro MC, Lutter C. Más allá de la supervivencia: Prácticas integrales durante laatención del parto, beneficiosas para la nutrición y la salud de madres y niños. Washington:OPAS; 2007.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Dutra IL. Parto natural, normal e humanizado: a polissemia dos termos e seus efeitossobre a atenção ao parto. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escolade Enfermagem; 2005.4. OMS. Organização Mundial da Saúde (OMS). Assistência ao parto normal: um guiaprático. Genebra: OMS; 1996.5. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Políticas de Saúde. Programa de Humanizaçãono Pré‐natal e Nascimento (PHPN). Brasília: Ministério da Saúde; 2000.6. Brasil. Lei Nº 11.108 de 07 de abril de 2005. Garante às parturientes o direito à presençade acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós‐parto imediato, no âmbito doSistema Único de Saúde. Brasília, DF: Diário Oficial da União; 2005.7. Agência <strong>Nacional</strong> de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada ‐RDC n° 36, de 03 de junho de 2008. Regulamento Técnico para Funcionamento dosServiços de Atenção Obstétrica e Neonatal. Brasilia: ANVISA; 2008.8. Brüggemann OM, Parpinelli MA, Osis MJD. Evidências sobre o suporte durante otrabalho de parto/parto: uma revisão da literatura. Cad Saude Publica. 2005;21(5):1316‐27.9. Nakano AMS, Silva LAS, Beleza ACS, Stefanello J, Gomes FA. O suporte durante oprocesso de parturição: a visão do acompanhante. Acta paul enferm. 2007;20(2):131‐37.10. World Health Organization (WHO).Global strategy on infant and young child feeding.Geneva: WHO; 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


AVALIAÇÃO DO EFEITO DA MÚSICA NA DOR DE RECÉM‐NASCIDOS PRÉ‐TERMOSLeiliane Martins Farias 67Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 68Introdução: O efeito da música na saúde e no comportamento humano sempre foi umaconstante na vida do homem e, por isso, seu estudo é tão antigo quanto os escritos deAristóteles e Platão ou mesmo quanto a formação da humanidade (1) . A utilização da músicacom finalidade terapêutica pela enfermagem remonta ao próprio início da enfermagemmoderna, com Florence Nightingale (2) . O mecanismo de ação da música no corpo humano,ainda não é conclusivo pelos musicoterapeutas, mas sabe‐se que a música tanto podeatuar diretamente na redução da dor, quanto sob o SNC, ou na redução da sua percepção,servindo como uma distração que desvia o foco de atenção do paciente da dor para amúsica. De qualquer forma, ambas as hipóteses incentivam o emprego da música comoterapia para o alívio da dor aguda ou crônica (3) . A enfermagem ocupa uma posição dedestaque na avaliação da dor em recém‐nascidos pré‐termos (RNPT), já que são essesprofissionais que atuam na maioria dos procedimentos dolorosos durante a sua internaçãona Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Embora a equipe de enfermagem nãoseja responsável pela prescrição de medicações analgésicas, frequentemente são suasiniciativas e observações que motivam essa prescrição e cuidados paliativos, como no casoda música (4) . Objetivos: Identificar a adequação do local, dos instrumentos e equipamentosde coleta de dados para avaliação da dor de recém nascidos pré‐termos (RNPT); estimar aamostra e averiguar a viabilidade da escala Premature Infant Pain Profile (PIPP) e aintervenção musical no alívio da dor do RNPT na punção venosa periférica. METODOLOGIA:67Enfermeira. Mestre em enfermagem pela UFC. Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pósgraduaçãoda UFC. Bolsista CAPES. Membro do Projeto Saúde do Binômio Mãe‐filho/UFC. Email:leiliane.martins@hotmail.com68Enfermeira. Pós‐Doutorado Canadá. Profa. Associada do Departamento de Enfermagem – FFOE/UFC.Coordenadora do Projeto Saúde do Binômio Mãe‐filho/UFC. E‐mail: cardoso@ufc.brISBN: 978-85-63901-04-0


Tratou‐se de estudo analítico de caráter experimental, do tipo ensaio clínico randomizadotransversal, realizado na UTIN, de um hospital público da cidade de Fortaleza‐CE, em junhode 2010. Para inclusão dos RNPT na amostra, utilizaram‐se os seguintes critérios: estar emincubadora e em uso de oximetria de pulso; ter idade gestacional mínima de 28 semanas,idade a partir da qual o sistema auditivo torna‐se satisfatoriamente funcional (3) , e inferior a37 semanas, conforme capurro somático; ter Apgar superior a seis no quinto minuto eestar clinicamente estável. Foram excluídos os RNPT que apresentavam doença congênitado sistema nervoso, malformações ou prejuízos neurológicos; RNPT que se encontravamem uso de medicamentos que interferem na percepção da dor (nocicepção), tais comoanalgésicos opióides, ou cujas mães estavam em uso destes medicamentos, casoestivessem amamentando; RNPT filhos de mãe usuária de drogas; RNPT em uso de outrastécnicas para alívio da dor durante o procedimento. No tocante às enfermeiras, os critériosde inclusão foram: atuar na UTIN há mais de um ano e encontrar‐se de plantão no períododiurno, momento de maior demanda de coleta de sangue na referida instituição. Aamostra foi constituída por sete enfermeiras e dez recém‐nascidos pré‐termos, divididosem dois grupos, submetidos à dor, que atenderam os critérios de elegibilidade propostos.Os recém‐nascidos foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos de cinco RNPT emcada um, através do jogo da moeda, com intervenção musical: cara ‐ grupo de estudo esem intervenção musical e coroa ‐ grupo controle. A autorização prévia para realizaçãodeste trabalho constou do parecer sob protocolo de pesquisa de número 100606\10, daComissão Científica e Comitê de Ética da instituição sede do estudo. O procedimentodoloroso adotado foi a punção venosa periférica para coleta de sangue, no dorso da mão.Para a coleta de dados referentes à percepção da dor do RNPT na punção venosaperiférica, foi utilizada a escala PIPP para ambos os grupos e a intervenção musical para ogrupo de estudo. Foi adotada a técnica de observação direta não participativa esistemática, através das filmagens pré‐estabelecidas. Os instrumentos utilizados napesquisa foram: músicas, escala de dor PIPP e roteiro de pesquisa, e como suporte osISBN: 978-85-63901-04-0


equipamentos: oxímetro de pulso, filmadoras, CD player, fone de ouvido e decibelímetro.As músicas da coleção Happy Baby, da gravadora Atração Fonográfica Ltda, foramescolhidas para a pesquisa, por se tratar de uma coleção de CDs com músicasinstrumentais, produzidas especialmente para bebês e reproduzidas através de um MP4com volume de 40 dB. Para os recém‐nascidos do grupo de estudo, utilizou‐se quinzeminutos de duração da música, distribuídos em: nove minutos anteriores ao procedimento,cinco minutos e meio durante o procedimento e trinta segundos após, para registro dasinformações da escala PIPP, neste momento, iniciaram‐se os registros dos dados atravésdas filmagens (3‐5) . Os resultados da avaliação de dor pela escala PIPP, bem como o efeito damúsica no grupo de estudo, foram organizados através de tabelas e analisados através deliteratura relacionada ao tema. Resultados: O grupo de estudo (GE) constou de quatroRNPT do sexo feminino e um do masculino e o grupo de controle (GC) constou de cincoRNPT do sexo masculino. Apenas um recém‐nascido nasceu de parto normal. As médias deidade gestacional e peso ao nascimento para o GC foram de 33,3 semanas e 1200 gramas epara GE, de 34 semanas e 1400 gramas. Todos com poucos dias de vida e de internação,em média 10 dias, tendo data de nascimento no mês da coleta. Predominou o diagnósticomédico de prematuridade e a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR). Em relação àssete enfermeiras que realizaram as punções venosas, estas apresentaram uma média decinco anos de experiência na unidade neonatal. Percebeu‐se que a intervenção musical nador de recém‐nascidos pré‐termos diante da punção venosa periférica obteve efeitodesejável, pois 100% das crianças submetidas à música, não apresentaram dor, de acordocom a escala PIPP. No GC, sem a intervenção musical, 100% tiveram a presença de sinaisde dor. Três (60%) RNPT sentiram dor leve e dois (40%), dor moderada a extrema. Tanto olocal quanto os equipamentos utilizados; (oxímetro de pulso, filmadoras, MP4, fone deouvido, decibelímetro, músicas para o estudo e escala PIPP) demonstraram‐se adequados,após o estudo, para avaliação da dor no RNPT, durante a punção venosa periférica paracoleta de sangue. Não foi percebido nenhum tipo de incômodo ou desconforto peloISBN: 978-85-63901-04-0


procedimento em uso, ao contrário, com a intervenção musical, percebeu‐se orelaxamento do bebê ante a dor do procedimento. Conclusão e as implicações paraenfermagem: O estudo foi fundamental como um enriquecimento de pesquisas para oalívio da dor neonatal, em particular a música. Para enfermagem implicou noconhecimento de uma medida não farmacológica para o alívio da dor do RNPT. Forneceutambém para as pesquisadoras a possibilidade de se familiarizarem ao local, assim comoaos instrumentos e equipamentos para a coleta de dados.Palavras‐chave: Música; recém‐nascido; dor; enfermagem.Referencias:1. Bittencourt WS, Salício MA, Pinheiro SF, Lell D. O efeito da música clássica no alívio dador de crianças com câncer. Uniciências [periódico na Internet]. 2010 [acessado em 12 out2010]; 14(1). Disponível em:http://jano.nide.com.br/index.php/uniciencias/article/view/220.2. Nightingale F. Notas em Enfermagem: o que é e o que não é. São Paulo: Cortez; 1989.3. Standley JM. Music therapy with premature infants: Research and developmentinterventions. Silver Spring: The American Music Therapy Association; 2003.4. Siedliecki SL, Good M. Effect of music on power, pain, depression and disability. J AdvNurs. 2006; 54(5):553‐62.5. Gaspardo CM. Dor em neonatos pré‐termo em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal:avaliação e intervenção com sacarose [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


AVALIAÇÃO DO EFEITO DA MÚSICA NA DOR DE RECÉM‐NASCIDOS PRÉ‐TERMOSASSESSMENT OF THE MUSIC EFFECT IN THE PAIN OF PRETERM INFANTSEVALUACIÓN DEL EFECTO DE LA MÚSICA EN DOLOR DE RECIÉN NACIDOS PRETÉRMINOSLeiliane Martins Farias 69Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 70RESUMO: Estudo piloto com objetivo de identificar a adequação do local, dos instrumentose equipamentos de coleta de dados para avaliação da dor de recém‐nascidos pré‐termos(RNPT); estimar a amostra e averiguar a viabilidade da escala Premature Infant Pain Profile(PIPP) e a intervenção musical no alívio da dor do RNPT na punção venosa periférica. Tratasede ensaio clínico randomizado transversal, constituído por 10 RNPT, realizado em junhode 2010, na unidade de terapia intensiva neonatal de uma maternidade pública deFortaleza‐CE, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa nº 100606\10. O local, osinstrumentos e os equipamentos são viáveis para o estudo. A escala PIPP apresentouutilidade para a avaliação da dor do prematuro e a música proporcionou ao grupo deestudo o alívio da dor. Conclui‐se que a enfermagem pode utilizar a música como formapaliativa de alívio da dor do RNPT.PALAVRAS‐CHAVE: Música; recém‐nascido; dor; enfermagem.69Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutoranda doPrograma de Pós‐graduação em Enfermagem ‐ UFC. Membro do projeto de pesquisa “Saúde doBinômio Mãe‐filho/UFC”. Brasil. E‐mail: leiliane.martins@hotmail.com70Enfermeira. Pós‐Doutora pela Escola de Enfermagem da Universidade de Victoria, Canadá.Professora Associada do Departamento de Enfermagem da UFC. Pesquisador CNPq. Coordenadora doprojeto de pesquisa “Saúde do Binômio Mãe‐filho/UFC”. Brasil. E‐mail: cardoso@ufc.brISBN: 978-85-63901-04-0


ABSTRACT: Pilot study that aimed to identify the adjustment of the place, instruments andequipments of data collection to assess the pain of preterm infants, estimate the sampleand discover the viability of the Premature Infant Pain Profile (PIPP) scale and the musicalintervention relieving the pain of preterm infants in peripheral venipuncture. This is arandomized cross‐sectional clinical trial, composed by 10 preterm infants, carried out inJune 2010, in the neonatal intensive care unit of a public maternity of Fortaleza‐CE, afterapproval of the Research Ethics Committee n. 100606\10. The place, such as theinstruments and equipments are viable for the study. PIPP scale presented utility to assessthe pain of preterm infants and music provided pain relief to the study group. It wasconcluded that nursing can use music as palliative to relief the pain of preterm infants.KEY WORDS: Music; infant, newborn; pain; nursing.RESUMEN: El objetivo del estudio piloto tuvo fue identificar la idoneidad del sitio,herramientas y equipos par a recoger datos para la evaluación del dolor en recién nacidospretérminos (RNPT); estimar la muestra y evaluar la viabilidad de escala Premature InfantPain Profile (PIPP) y la intervención de la música en el alivio del dolor del RNPT en lapunción venosa. Se trata de ensayo clínico aleatorio transversal, con 10 RNPT, llevado acabo en junio de 2010, en la unidad de terapia intensiva neonatal de una maternidadpública en Fortaleza‐CE, aprobado por el Comité de Ética en Investigación nº100606/10. Elsitio, los instrumentos y los equipos son viables para el estudio. La escala PIPP se presentóútil para evaluar el dolor del RNPT y la música ofreció al grupo de estudio el alivio del dolor.Se concluye que la enfermería puede utilizar la música como paliativo del dolor en reciénnacidos pretérminos.PALABRAS CLAVE: Música; recién nacido; dolor; enfermería.ISBN: 978-85-63901-04-0


INTRODUÇÃOO efeito da música, na saúde e no comportamento humano sempre foi umaconstante na vida do homem e, por isso é tão antiga quanto aos escritos de Aristóteles ePlatão ou mesmo quanto à formação da humanidade (1) . Os primeiros relatos da músicacomo alívio de enfermidades foram encontrados em papiros médicos egípcios, milênios deanos antes de Cristo (2) .Em 1977, foi iniciado o primeiro programa utilizando a música com efeitosterapêuticos, na saúde, em um serviço de cuidados paliativos do Royal Victoria Hospital,no Canadá. Sua utilização possui ampla aplicabilidade na assistência ao enfermo, bemcomo alto grau de aprovação do uso pelos pacientes e acompanhantes (3) .A utilização da música com finalidade terapêutica pela enfermagem remontaao próprio início da enfermagem moderna, com Florence Nightingale (4) . Esta utilizaçãotem sido apontada como recurso terapêutico complementar no manejo e controle da dor.Na virada do século XXI, ressurgiu o interesse pela ação da música sobre a saúde, emgrande parte devido à necessidade de alívio da dor aguda ou crônica (1) .O mecanismo de ação da música no corpo humano, ainda não é conclusivopelos musicoterapeutas, mas sabe‐se que uma das teorias de controle da dor propõe queexiste um mecanismo no Sistema Nervoso Central (SNC) que bloqueia a entrada dasensação de dor ao nível da coluna vertebral ao se escutar a música. Na verdade, o efeitoda música tanto pode ser diretamente na redução da dor, quanto sob o SNC, ou naredução da sua percepção, servindo como uma distração que desvia o foco de atenção dopaciente da dor para a música. De qualquer forma, ambas as hipóteses incentivam oemprego da música como terapia para o alívio da dor aguda ou crônica (5) .Pesquisa realizada, nos Estados Unidos, comprovou que ouvir música pode terefeitos benéficos como: melhora do sono, reabilitação de pacientes com doençasdegenerativas do cérebro, como Parkinson e Alzheimer, melhora da coordenação motorade deficientes físicos, estimula a liberação de substâncias como a dopamina e serotonina,ISBN: 978-85-63901-04-0


que proporcionam sensação de prazer e bem‐estar alívio da dor, seja ela crônica ouaguda (6‐7) .No caso dos recém‐nascidos pré‐termos (RNPT), crianças nascidas antes de 37semanas de gestação (8) , as pesquisas científicas comprovam que a música surte osseguintes benefícios: melhora nos níveis de saturação de oxigênio; aumento do ganho depeso; desenvolvimento da sucção não‐nutritiva; redução de stress; redução no tempo deinternação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN); e redução da dor e da suapercepção (5) .Dor é uma experiência sensorial e emocionalmente desagradável, associada aum dano real ou potencial nos tecidos ou descrito em termos desse dano (9) . Conforme aduração, a dor pode ser aguda, quando sua duração é breve, ou crônica, quandopermanece por um período prolongado, ou mesmo permanentemente (10) . Contudo, a doré um fenômeno subjetivo e, por isso, de difícil mensuração. Diante desse quadro, a dor éconsiderada, em grande parte, com base nas manifestações verbais do paciente. Porém,no caso dos RNTP, inexiste a comunicação verbal e a comunicação não‐verbal ainda éimatura (11) , tornando crítica a descrição da dor.Além disso, os RNTP experimentam a dor de uma forma diferente e maisintensa que crianças mais velhas e adultos, devido aos mecanismos de controle inibitórioserem imaturos, com limitação da capacidade de modular a experiência de dor (12) .As respostas fisiológicas do prematuro à dor incluem: aumento da frequênciacardíaca (FC); frequência respiratória (FR); pressão arterial e intracraniana; queda dasaturação de oxigênio (SpO 2 ); cianose e sudorese palmar; além de alterações metabólicase endócrinas. Entre suas respostas comportamentais à dor, destacam‐se: choro, mímicafacial, movimentação dos membros e alterações no estado de sono‐vigília (13) .Portanto, tornou‐se necessário o desenvolvimento de instrumentos deavaliação da dor em RNTP a partir das suas respostas comportamentais e fisiológicas.Assim, tem‐se uma escala de dor que consiste justamente em um modelo que avalia a dor,ISBN: 978-85-63901-04-0


por meio de uma pontuação fundamentada em um conjunto de parâmetros (14) .As diversas escalas de dor existentes são formas distintas de avaliar um mesmofenômeno: a dor. Dessa forma, a escolha de uma escala de dor para uso em uma pesquisaenvolve considerações sobre o tipo de paciente, a possibilidade de coleta dos parâmetrose o histórico de pesquisas anteriores respaldando o uso desta.Em vista disso, para este trabalho adotou‐se a escala Premature Infant PainProfile (PIPP), desenvolvida especialmente para RNPT e engloba parâmetroscomportamentais e fisiológicos, apresentando histórico de uso em pesquisas sobre dor emrecém‐nascidos (14) .A enfermagem ocupa uma posição de destaque na avaliação da dor emprematuro, já que são esses profissionais que atuam na maioria dos procedimentosdolorosos durante a sua internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).Embora a equipe de enfermagem não seja responsável pela prescrição de medicaçõesanalgésicas, frequentemente, são suas iniciativas e observações motivam essa prescriçãoe cuidados paliativos, como no caso da música (6) .Desse modo, as motivações para a realização deste estudo referem‐se ao fatode uma das autoras está cursando o doutorado tendo como temática o uso da música noalívio da dor do prematuro na dor aguda, à experiência profissional e acadêmica dasautoras adquirida durante atividades assistenciais em UTIN e como professorasuniversitárias na área de enfermagem pediátrica, à escassez de pesquisas brasileiras sobreo uso da música na dor em prematuro, bem como à necessidade de esclarecimentos sobrea aplicação da escala PIPP no contexto a ser estudado e sobre as estratégias de coleta(instrumentos, equipamentos, ambiente da UTIN.A partir dessas motivações, surgiram algumas indagações: os instrumentos eequipamentos para coleta de dados são adequados para avaliação da dor no prematuro?Os critérios de inclusão e exclusão são adequados para a pesquisa? A escala PIPPISBN: 978-85-63901-04-0


configura‐se como um instrumento útil para avaliar a dor nesses recém‐nascidos? A escalaPIPP é viável com a intervenção musical?Logo, este estudo piloto objetivou identificar a adequação do local, dosinstrumentos e equipamentos de coleta de dados para avaliação da dor de recém nascidospré‐termos (RNPT); estimar a amostra e averiguar a viabilidade da escala Premature InfantPain Profile (PIPP) e a intervenção musical no alívio da dor do RNPT na punção venosaperiférica.MATERIAL E MÉTODOTratou‐se de estudo analítico de caráter experimental, do tipo ensaio clínicorandomizado transversal, realizado na UTIN, de um hospital público da cidade de Fortaleza‐CE, em junho de 2010.A população do estudo foi constituída por recém‐nascidos pré‐termosinternados na UTIN e pelos enfermeiros, profissionais que realizam normalmente a punçãovenosa periférica para coleta de sangue no hospital local do estudo.Para inclusão dos RNPT na amostra, utilizaram‐se os critérios: estar emincubadora e em uso de oximetria de pulso; ter idade gestacional mínima de 28 semanas,idade a partir da qual o sistema auditivo torna‐se satisfatoriamente funcional (5) , e inferior a37 semanas, conforme capurro somático; ter Apgar superior a seis no quinto minuto eestar clinicamente estável. Foram excluídos os RNPT que apresentavam doença congênitado sistema nervoso, malformações ou prejuízos neurológicos; que se encontravam em usode medicamentos que interferem na percepção da dor (nocicepção), tais como analgésicosopióides, cujas mães estavam em uso destes medicamentos, caso estivessemamamentando; eram filhos de mãe usuária de drogas; estavam em uso de outras técnicaspara alívio da dor durante o procedimento.ISBN: 978-85-63901-04-0


No tocante às enfermeiras, os critérios de inclusão foram: atuar na UTIN hámais de um ano e encontrar‐se de plantão no período diurno, momento de maiordemanda de coleta de sangue, na referida instituição.A amostra foi constituída por sete enfermeiras e dez recém‐nascidos prétermos,divididos em dois grupos, submetidos à dor, que atenderam os critérios deelegibilidade propostos. Vale ressaltar que os participantes desse estudo não serãoincluídos na pesquisa futura, da tese de doutorado, da pesquisadora.Foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos de cinco RNPT em cada um,através do jogo da moeda, com intervenção musical: cara ‐ grupo de estudo e semintervenção musical e coroa ‐ grupo controle.A autorização prévia para realização deste trabalho constou do parecer sobprotocolo de pesquisa de número 100606\10, da Comissão Científica e Comitê de Ética dareferida instituição em estudo. A coleta de dados foi procedida por uma das autoras,iniciando‐se com o esclarecimento individual dos sujeitos, pais e enfermeiros, a respeito dapesquisa, em ambiente reservado, leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre eEsclarecido e Pós‐Esclarecido e garantia do sigilo sobre identidade e assegurando‐lhes aretirada do consentimento em qualquer etapa do estudo.O procedimento doloroso adotado foi a punção venosa periférica para coletade sangue, no dorso da mão. O padrão de agulha escolhido foi do tipo scalp 25 Gauge,utilizado rotineiramente na instituição.Para a coleta de dados referentes à percepção da dor do RNPT na punçãovenosa periférica, foi utilizada a escala PIPP para ambos os grupos e a intervenção musicalpara o grupo de estudo. Foi adotada a técnica de observação direta não participativa esistemática, através das filmagens pré‐estabelecidas.Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: músicas, escala de dor PIPP eroteiro de pesquisa, e como suporte os equipamentos: oxímetro de pulso, filmadoras, CDplayer, fone de ouvido e decibelímetro. As músicas da coleção Happy Baby, da gravadoraISBN: 978-85-63901-04-0


Atração Fonográfica Ltda, foram escolhidas para pesquisa, por se tratar de uma coleção deCDs com músicas instrumentais, produzidas especialmente para bebês e reproduzidasatravés de um MP4 com volume de 40 dB. Para os recém‐nascidos do grupo de estudo,utilizou‐se quinze minutos de duração da música, distribuídos em: nove minutos anterioresao procedimento, cinco minutos e meio durante o procedimento e trinta segundos após,para registro das informações da escala PIPP, neste momento, iniciaram‐se os registros dosdados através das filmagens (5,12) .Por consequência, os parâmetros iniciais da escala PIPP (frequência cardíacainicial, saturimetria inicial e estado comportamental) foram coletados após o manuseio eantes da inserção da agulha. Já os dados finais da escala (frequência cardíaca final,saturimetria final e sinais faciais) foram coletados após a retirada da agulha. Após trintasegundos da conclusão da fase dolorosa (retirada da agulha), todas as informaçõesnecessárias para a escala PIPP foram registradas nas filmadoras. Neste momento, portanto,tanto a música como as filmadoras foram desligadas.De modo geral, as pesquisas relacionadas à dor na punção venosa para coletade sangue consideram como fase dolorosa o intervalo entre a inserção e a retirada daagulha. Investigação sobre o alívio de dor na punção do calcâneo, a antissepsia com álcoola 70% e a compressão do calcâneo constatou que estes se caracterizam como eventosestressantes, mas não dolorosos como a punção e a ordenha do calcâneo (13) . Nesse mesmosentido, estudos ao aplicarem a escala PIPP, avaliaram a frequência cardíaca inicial,saturimetria inicial e estado comportamental após a manipulação do prematuro e antes dainserção da agulha.Para evitar contaminação entre os RNPT usuários do fone de ouvido, a cadaprocedimento, o fone de ouvido era previamente esterelizado com álcool e envolvido comuma película de policloreto de vinila (PVC). A resina de PVC é atóxica e inerte, sendo, poristo, adequada para embalagens de alimentos e produtos médico‐hospitalares (15) .ISBN: 978-85-63901-04-0


A caracterização dos participantes foi apresentada de forma descritiva. Osdados dos recém‐nascidos foram baseados nas informações retiradas dos prontuárioscomo data de nascimento, dias de vida, Apgar, peso ao nascer, sexo, idade gestacional,hipótese diagnóstica, tipo de parto, motivo da internação e tempo de internação. Porsua vez, a caracterização das enfermeiras foi obtida mediante o tempo de serviço naUTIN.Os resultados da avaliação de dor pela escala PIPP, bem como o efeito damúsica no grupo de estudo, foram organizados em tabelas e analisados através deliteratura relacionada ao tema.RESULTADOSCaracterização dos participantes do estudoOs grupos de estudo (GE) e de controle (GC) constaram de cinco RNPT cada,distribuídos em quatro do sexo feminino e um do masculino para o GC, contra cinco dosexo masculino no GE. Apenas um recém‐nascido nasceu de parto normal. As médias deidade gestacional e peso ao nascimento para o GC foram de 33,3 semanas e 1200 gramas epara GE, de 34 semanas e 1400 gramas. Todos com poucos dias de vida e de internação,em média 10 dias, tendo data de nascimento no mês da coleta. Predominou o diagnósticomédico de prematuridade e a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR).Em relação às sete enfermeiras que realizaram as punções venosas, estasapresentaram uma média de cinco anos de experiência na unidade neonatal, variandoentre dois e 22 anos de tempo de serviço na UTIN.Avaliação da dor dos recém‐nascidos de acordo com a escala PIPP no GE e GCA escala PIPP foi escolhida para ser usada no momento da coleta de sanguepela pesquisadora com o objetivo de avaliar a dor do prematuro durante a punção venosaISBN: 978-85-63901-04-0


para a coleta, por ser instrumento útil, específico e sensível para a avaliação da dor nopaciente neonatal.Local da FiguraAo analisar a Figura, percebeu‐se que a intervenção musical na dor do recémnascidospré‐termos diante da punção venosa periférica obteve efeito desejável, pois 100%das crianças submetidas à música, não apresentaram dor, de acordo com a escala PIPP. NoGC, sem a intervenção musical, 100% tiveram a presença de sinais de dor. Três (60%) RNPTsentiram dor leve e dois (40%), dor moderada a extrema.Local da Tabela 1Conforme Tabela 1, tanto o local quanto os equipamentos utilizados; (oxímetrode pulso, filmadoras, MP4, fone de ouvido, decibelímetro, músicas para o estudo e escalaPIPP) demonstraram‐se adequados, após o estudo piloto, para avaliação da dor no RNPT,durante a punção venosa periférica para coleta de sangue.Após algumas testagens em relação aos critérios de inclusão e exclusão, entãose descobriu que não é necessário que o recém‐nascido esteja em incubadora, pois o tipode fone de ouvido utilizado (“earcups”) permitiu que os ruídos presentes na UTIN ficassemisolados durante a sessão de música. Dessa forma, para futuras pesquisas, relacionadas aoassunto poderão ser incluídos os recém‐nascidos que estejam em berço aquecido,incluindo assim os RNPT que estejam internados no médio risco.Outro critério percebido no piloto foi a necessidade de as crianças que estejamem uso de Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas, CPAP nasal, pois três dos seteparâmetros da escala PIPP (protuberância da testa, olhos espremidos e sulco nasolabial)foram avaliados na face do RNPT, o que impossibilitou a visualização na filmagem.ISBN: 978-85-63901-04-0


Portanto, serão excluídos os RNPT que estejam em uso do CPAP nasal, devido à difícilvisualização na filmagem.Local da Tabela 2Consoante a Tabela 2, verificou‐se a viabilidade da escala PIPP, para analisar ador do prematuro diante da punção venosa e em uso da intervenção musical. Não foipercebido nenhum tipo de incômodo ou desconforto pelo procedimento em uso, aocontrário, com a intervenção musical, percebeu‐se o relaxamento do bebê ante a dor doprocedimento.Quanto ao número de tentativas de punções, o estudo piloto mostrou‐secondizente com a ideia inicial de não excluir o número de tentativas de punções no mesmoRNPT, mas foi excluído o número de vezes em que o mesmo foi puncionado durante o dia,ou seja, cada prematuro foi avaliado apenas uma vez, com exceção das tentativas. Por isso,consoante ao estudo piloto e a trabalhos similares será seguida a opção adotada e não sedescartarão da amostra procedimentos com mais de uma tentativa de punção (12‐13) .DISCUSSÃOAo se discutir os dados da Figura, sobre a distribuição dos valores de dor dosRNPT, em relação ao grupo estudo e ao grupo controle baseados na escala PIPP, percebeuseque a intervenção musical na dor do prematuro ante a punção venosa periférica,alcançou efeito desejável, e a escala PIPP foi de grande importância para analisar a dor doprematuro.A escala PIPP baseou‐se em escores que variaram de 0 a 21, de acordo com osomatório da pontuação sugerida para cada indicador. Total de escores entre sete e onzepontos indica dor leve, enquanto que escores superiores a 12 pontos apontam a presençade dor moderada a intensa (14) .ISBN: 978-85-63901-04-0


Baseadas nesses indicadores, pontuaram‐se os escores de dor conforme sugerea escala PIPP. Observaram‐se os parâmetros nos RNPT durante a coleta de sangue: estadode alerta e valores basais nos 15 segundos antes da coleta, e nos 30 segundos após ainserção da agulha na pele como a frequência cardíaca (FC) máxima, SPO 2 mínima, testafranzida, olhos espremidos e sulco nasolabial aprofundado.Acredita‐se que a música aliviou a dor dos RNPT em 100%, já que oprocedimento doloroso observado foi a punção venosa periférica para coleta de sangue,do qual ocasionou dor aguda a moderada. O que o torna particularmente adequado paraestudos com música, pois seu uso para alívio da dor apresenta os melhores resultadosquando essa dor não é extremamente severa (5) .O dorso da mão para punção venosa periférica e a coleta de sangue é um localadotado por outras pesquisas envolvendo técnicas não‐farmacológicas para alívio dador (16) .Em relação à Tabela 1 que retrata dos resultados quanto ao local e aosequipamentos para coleta de dados, percebeu‐se que os equipamentos foram viáveis paraobtenção dos dados.A UTIN onde se realizou a pesquisa foi adequada para o estudo, em virtude daexistência de equipamentos modernos e de espaço amplo e claro. O fato de a instituiçãoser receptiva a pesquisas que intentam testar medidas paliativas de redução da dorneonatal possibilita o alcance de êxito quanto à diminuição da dor. Os profissionais,juntamente com os pais, demonstraram bastante interesse pela pesquisa, constando, pois,a possibilidade de progressão desta (17) .Quanto à análise dos parâmetros da escala PIPP, é necessário que o RN estejamonitorado com um oxímetro de pulso, pois, a escala PIPP apresenta sete fatores a seremobservados, dentre eles: aumento da freqüência cardíaca e queda da saturimetria Assim,pela facilidade de ser avaliada e pelas vantagens fisiológicas, a monitorização da saturaçãode O 2 (oxímetria de pulso) está sendo muito usada em Unidades de Terapia IntensivaISBN: 978-85-63901-04-0


Neonatais, esse instrumento é de suma importância para a avaliação de saturação de O 2,como também para detecção de doenças cardíacas neonatais (18) . Portanto, neste estudo,todos os recém‐nascidos estavam monitorados pelo Oxímetro de Pulso.A utilização de filmadoras contribuiu para a fidedignidade do estudo. Trata‐sedo mesmo procedimento adotado anteriormente por pesquisas similares relacionadas àdor na punção venosa (13) . Através do estudo piloto, pôde‐se perceber a distância ideal queas filmadoras, no suporte do tripé, tiveram que permanecer para que se obtivesse umafilmagem de qualidade, necessária para futura análise das reações de dor do prematuro.Uma filmadora esteve em uma distância de 10 cm da incubadora, focando o rosto do RN ea outra ficou a 1 m de distância, direcionada ao oxímetro de pulso, no qual se registrou afrequência cardíaca e saturação de O 2 .O MP4 contribuiu para a operacionalização da coleta dos dados. O aparelhoficou próximo à incubadora, no lado externo, sendo necessária apenas a introdução docabo no interior da incubadora e do berço aquecido.Antes de iniciar a pesquisa, o MP4 juntamente com o fone de ouvido foramencaminhados à Segurança do Trabalho da Instituição ‐ Sesmet, para averiguar o volumede som do aparelho ao reproduzir a música. Antes do estudo piloto, tencionou‐se em 65dB, para equiparar a pesquisas anteriores (5) . Mas, após este, a medição em ambiente calmoe sem barulho, através do decibelímetro, constatou ser necessário ao recém‐nascido umdecibel de 40 dB. O que no aparelho permaneceu em um volume de cinco. Há quatroescalas de frequências: A, B, C e D. Em pesquisas envolvendo a audição humana, inclusiveem recém‐nascidos, prefere‐se a escala A, cujo intervalo de frequência é similar aointervalo sensível do ouvido humano (19) .Ainda não há pesquisas que indiquem exatamente qual tipo de música é maisadequada para o recém‐nascido. Mesmo assim, a maioria das pesquisas que obtiveramresultados satisfatórios adotou músicas de ninar, normalmente, instrumentais ou com umavoz feminina, mais agradável aos ouvidos dos recém‐nascidos do que a voz masculina.ISBN: 978-85-63901-04-0


Foram adotadas várias músicas para um melhor estímulo e desenvolvimento dashabilidades de processamento auditivo. O uso contínuo e repetitivo de uma única músicareduz o aprendizado e aumenta a fadiga auditiva (5) . O estudo piloto trouxe a certeza de queas músicas da coleção de ninar utilizadas surtiram efeito para diminuição da dor do recémnascido.Ressalte‐se que através do estudo piloto percebeu‐se que o tempo de músicaproposto foi ideal para a pesquisa. Os RNPT do grupo de estudo estiveram relaxados comesse tempo de música, antes do procedimento doloroso, porém não houve parâmetro detempo médio para a punção, pois cada profissional teve seu tempo.O tempo de no mínimo nove minutos antes do procedimento foi necessáriopara aliviar a dor do RNPT, contudo existe um víeis para RNPT que são puncionados maisde uma vez (20) , pois estes sendo do grupo de estudo ficaram mais tempo escutando músicado que os que são puncionados apenas uma vez. Estudo sobre o uso da sacarose no alívioda dor na punção utilizou uma amostra de 66 procedimentos, dos quais 43 (65%) exigiramuma única tentativa e 23 (35%) mais de uma tentativa (12) . Será seguida a opção adotada emtrabalhos similares, e não se descartarão da amostra procedimentos com mais de umatentativa de punção (12‐13) .A Tabela 2 demonstrou a eficácia da música no alívio da dor do RNPT. Esseresultado é consoante a pesquisas já existentes, onde demonstram os diversos benefíciosda música a recém‐nascidos. A música diminui a FC, aumenta níveis de saturação deoxigênio; aumento do ganho de peso; desenvolvimento da sucção não‐nutritiva; reduçãode stress; redução no tempo de internação na UTIN e redução da dor e da sua percepção (5‐6) .CONCLUSÕESEmbora a UTIN tenha avançado em crescimento tecnológico, em que cada vezmais prematuros apresentam índice de sobrevida, esta se constitui ambígua pelo crescenteISBN: 978-85-63901-04-0


número de manuseios e procedimentos, na maioria das vezes desnecessários e agressivos,a ponto de causarem dor. Por isso, é de suma importância medidas de alívio da dorneonatal.O estudo piloto foi fundamental como um pontapé inicial de pesquisas para oalívio da dor neonatal, em particular a música. Forneceu também para as pesquisadoras apossibilidade de se familiarizarem ao local, assim como aos instrumentos e equipamentospara a coleta de dados (oxímetro de pulso, filmadoras, CD player, fone de ouvido,decibelímetro, músicas para o estudo e escala PIPP). Também foi importante paraestimativa da ideia da natureza da população que constituirá a amostra. Assim como, aidentificação de dados sobre factibilidade de medidas, reações subjetivas do procedimentoda intervenção musical ao prematuro durante a punção venosa, número de tentativas doprocedimento e alguns desconfortos que este possa causar.O local do estudo demonstrou‐se adequado para a pesquisa. A equipe daneonatologia, principalmente médicos e enfermeiros, demonstraram muito interesse pelatemática e se colocaram dispostos a colaborarem com a pesquisa.A distância das filmadoras foi ideal para as filmagens dos rostos do RN e aindaao oximetro de pulso, do qual foi registrados a frequência cardíaca e saturação de O2,ambos necessárias para análise da escala PIPP .O fone de ouvido utilizado do tipo supra‐auricular (“earcups”) mini casquepliable, adequado ao recém‐nascido, permitiu que a futura tese inclua os RNPT queestejam em berço aquecido e não como na ideia inicial do estudo, que seriam apenas osbebês que estivessem em incubadoras.As músicas utilizadas da coleção Happy Baby, no tempo de 15 minutos,proporcionaram bem‐estar e alívio da dor do RNPT em face do procedimento doloroso depunção venosa periférica, comprovado pela escala PIPP.REFERÊNCIASISBN: 978-85-63901-04-0


1. Bittencourt WS, Salício MA, Pinheiro SF, Lell D. O efeito da música clássica no alívio dador de crianças com câncer. Uniciências [periódico na Internet]. 2010 [acessado em 12 out2010]; 14(1). Disponível em:http://jano.nide.com.br/index.php/uniciencias/article/view/2202. Franco M, Rodrigues AB. A música no alívio da dor em pacientes oncológicos. Einstein.2009; 7(2 PT 1):147‐51.3. Barton SY. The effect of music on pediatric anxiety and pain during medical proceduresin the main hospital or the emergency department [thesis master]. Florida (USA): Collegeof Music, Florida State University; 2008.4. Nightingale F. Notas em Enfermagem: o que é e o que não é. São Paulo: Cortez; 1989.5. Standley JM. Music therapy with premature infants: Research and developmentinterventions. Silver Spring: The American Music Therapy Association; 2003.6. Siedliecki SL, Good M. Effect of music on power, pain, depression and disability. J AdvNurs. 2006; 54(5):553‐62.7. Cevasco A. The effect of mothers’singing on full term and preterm infants and maternalemotional responses. J Music Ther. 2008; 45(3):273‐306.8. Engle WA. A recommendation for the definition of "late preterm" (near‐term) and thebirth weight‐gestational age classification system. Semin Perinatol. 2006; 30(1):2‐7.9. No authors listed. Prevention and management of pain and stress in the neonate.American Academy of Pediatrics. Committee on Fetus and Newborn. Committee on Drugs.Section on Anesthesiology. Section on Surgery. Canadian Paediatric Society. Fetus andNewborn Committee. Pediatrics 2000;105: 454‐61.10. Miranda FP. Avaliação da percepção de dor aguda em pacientes com transtorno depânico [dissertação]. Brasília (DF): Programa em Ciências do Comportamento, Universidadede Brasília; 2009.11. Farias LM, Cardoso MVLML, Oliveira MMC, Melo GM, Almeida LS. Comunicaçãoproxêmica entre a equipe de enfermagem e o recém‐nascido na unidade neonatal. RevRene. 2010; 11(2):37‐43.ISBN: 978-85-63901-04-0


12. Gaspardo CM. Dor em neonatos pré‐termo em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal:avaliação e intervenção com sacarose [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2006.13. Castral TC. O contato materno pele a pele no alívio da dor em prematuros durante oteste do pezinho [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de RibeirãoPreto, Universidade de São Paulo; 2007.14. Stevens BRN, Johnston CRN, Petryshen PRN, Taddio AB. Premature Infant Pain Profile:Development and Initial Validation. Clin J Pain. 1996; 12(1):13‐22.15. Vinhas GM, Maior RMS, Almeida YMB. Estudo de propriedades de PVC modificado comgrupos alquil e benzila. Polímeros: Ciência e Tecnologia. 2005; 15(3):207‐11.16. Crescêncio ÉP, Zanelatos S, Leventhal LC. Avaliação e alívio de dor no recém‐nascido.Rev Eletr Enf [periódico na Internet]. 2009 [citado em 12 out 2010]; 11(1):64‐9. Disponívelem: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n1/v11n1a08.htm.17. Twycross A, Dowden SJ. Status of pediatric nurse’s knowledge about pain. PediatricPain Letter. 2009; 11(3):17‐21.18. Chang RK, Rodriguez S, Klitzner TS. Screening Newborns for Congenital Heart Diseasewith Pulse Oximetry: Survey of Pediatric Cardiologists. Pediatr Cardiol. 2009; 30(1):20‐5.19. Zamberlan NE. Ruído na unidade de cuidado intermediário neonatal de um hospitaluniversitário de Ribeirão Preto‐SP [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagemde Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2006.20. Silva TM, Chaves EMC, Cardoso MVLM. Dor sofrida pelo recém‐nascido durante apunção Arterial. Esc Anna Nery R Enferm. 2009; 13(4):726‐32.ISBN: 978-85-63901-04-0


AVALIAÇÃO DO GANHO PONDERAL DOS RECÉM‐NASCIDOSADMITIDOS NA ENFERMARIA MÃE CANGURUMárcia Maria Coelho Oliveira 71Perla Teixeira de Queiroz 72Adriana de Sousa Carvalho Aguiar 73Ingrid Martins Leite Lúcio 74Introdução: A assistência ao pré‐natal é reconhecida como um componente essencial paraa redução significativa da taxa de mortalidade materna e perinatal, sendo essescoeficientes importantes indicadores de qualidade da assistência. Contudo, a ciência e atecnologia têm contribuído grandemente para o progresso e, em particular, para aeficiência do atendimento ao recém‐nascido (RN) prematuro e de muito baixo peso.Atualmente, a instalação de modernas unidades neonatais equipadas com recursoshumanos e tecnologias complexas e especializadas tornou possível a sobrevivência deneonatos com idades cada vez menores. Entretanto, a prematuridade e o baixo peso aonascer ainda são os principais determinantes da morbi‐mortalidade entre os recémnascidos(RN) sem anomalias fetais (1) . Considerando tais avanços científicos, tecnológicos ehumanísticos que contribuíram para o aumento da expectativa de sobrevivência dos RNprematuros e de baixo peso, destaca‐se que vem se consolidando, em vários países, comoestratégia de atenção perinatal, o Método Mãe‐Canguru. Esse método tem sido propostocomo uma alternativa ao cuidado neonatal convencional para bebês de baixo peso ao71Enfermeira assistencial da Unidade Neonatal da MEAC. Doutoranda do Curso de Pós‐Graduação doDepartamento de Enfermagem FFOE/UFC. Endereço: Rua Carlos Vasconcelos, 3100. Joaquim TávoraCEP: 60.115‐171 Fortaleza – Ceará. E‐mail: enf.marcya@gmail.com72Enfermeira especialista em neonatologia. Hospital de Messejana.73Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo DENF/FFOE /UFC.74Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF edo Curso de Especialização em Enfermagem Neonatal da UFC. E‐mail: ingrid_lucio@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


nascer, que implica, precocemente, contato pele‐a‐pele, entre mãe e RN de baixo peso, deforma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente,permitindo uma inserção dos pais no cuidado ao filho (2) . Considera‐se como benefícios dométodo a redução da morbidade, período de internação dos bebês, melhoria na incidênciae duração da amamentação e contribui para o senso de competência dos pais. Desde aimplantação do método muito tem sido publicado sobre o assunto na busca de recursosque confirmem sua segurança e eficiência em pré‐termos de baixo peso. Portanto, osprematuros constituem uma população que obedece a um perfil de crescimento muitopeculiar, podendo vir a sofrer influência de determinados fatores relacionados àmaturidade, às condições clínicas e ao suporte nutricional que lhes é oferecido, durante ainternação. Objetivos: Descrever o perfil dos recém‐nascidos admitidos numa enfermariamãe canguru, identificar o ganho ponderal destes e verificar o tempo de permanência dosneonatos egressos na unidade neonatal e na enfermaria mãe canguru. Metodologia: Tratasede um estudo retrospectivo, descritivo, exploratório com abordagem quantitativarealizado em uma enfermaria mãe canguru de uma maternidade pública de referênciasituada em Fortaleza‐CE. A amostra constituiu‐se de 83 prontuários de recém nascidosadmitidos na enfermaria mãe canguru, no período de janeiro a dezembro de 2009.Elaborou‐se um instrumento, e extraíram dos prontuários as seguintes variáveis: sexo,medidas antropométricas, idade gestacional, Apgar, tipo de parto, data e peso de admissãobem como o peso na alta hospitalar. A coleta de dados ocorreu no mês de maio/2010, apósa aprovação pelo Comitê de Ética da instituição, sob protocolo nº 093/10. Resultados: Dos83 prontuários de recém nascidos admitidos para assistência mãe canguru, observou‐seem relação ao perfil dos RN admitidos na enfermaria mãe canguru, que houve uma maiorproporção de nascimentos do sexo feminino 44 (53%), 51 (61%) nasceram de partoscesáreos, 32 (39%) de parto normal. Todos eram prematuros e conforme a classificação daidade gestacional, a maioria 46 (55,4%) nasceram entre 30 a 33 semanas, sendoconsiderado pré‐termo leve moderado. Quanto ao Apgar, destacaram‐se 42 (50,6%), comISBN: 978-85-63901-04-0


escores entre quatro e sete no primeiro minuto e no quinto minuto, 72 (86,7%) RN comescores entre oito e dez. Na classificação quanto ao peso de nascimento, todos osneonatos foram considerados de baixo peso, sendo o maior e menor peso ao nascer de2.340 e 720gr, respectivamente. Observa‐se que três (3,6%) nasceram com peso inferior1.000g, 30 (36,1%) RN apresentaram intervalo entre 1001 e 1.500g; 45 (54,2%), entre 1.501e 2.000g, e cinco (6%), acima de 2.000g. Quanto ao tempo de permanência do RN naunidade neonatal, sobressaíram 29 (34,9%) internados no intervalo de 21 a 30 dias,seguido de 28 bebês (33,7%), com 31 a 60 dias. Quanto ao tempo de permanência doneonato na enfermaria Mãe Canguru, ressalta‐se que a maioria 36 (43,4%) dos bebêspermaneceu internada, no menor intervalo de tempo que foi de quatro a dez dias. Aocorrelacionar ganho ponderal e tempo de internação dos neonatos na enfermaria mãecanguru, observou‐se que a maior proporção de bebês 23(27,7%) atingiu um ganho depeso entre 200 a 300 g, sendo que destes, 12 foi no período de 21 a 30 dias, 9 bebês nointervalo de 31 a 35 dias e dois no período de 16 a 20 dias. Destaca‐se também que omaior ganho ponderal, que foi de 701 a 726g, foi obtido por um RN no intervalo de 16 a 20dias. Conclusão: Constatou‐se nesse estudo que os recém‐nascidos prematuros oupequenos para idade gestacional representam um grupo de risco, que, no entanto, têmpotencial para recuperar o seu crescimento, se receberem os devidos cuidados neonatais.O método mãe canguru constitui uma estratégia segura e eficaz que promove aamamentação, contato pele a pele, favorece o ganho de peso e aumento do vínculo afetivodo binômio mãe‐filho, além de reduzir o tempo de internação hospitalar de RN prematurose de baixo peso. Foi possível conhecer a dinâmica de crescimento ponderal da populaçãoestudada, possibilitando possíveis intervenções assistenciais voltadas para a promoção deum ganho ponderal mais adequado ao RN prematuro ou com baixo peso. Concluiu‐se,portanto, que o crescimento ponderal destes RN necessita de uma avaliaçãoindividualizada, para melhor adequação nutricional e acompanhamento após altahospitalar. Destaca‐se que este estudo foi realizado com uma pequena população de RNISBN: 978-85-63901-04-0


prematuros de um serviço específico, o que lhe traz limitações, dificultando generalizaçõese sugerindo a realização de estudos mais amplos. Assim, nos fornecerá subsídios paraqualificar mais a prestação de cuidados ao RN, pois, a principal forma de intervir e preveniragravos ou riscos é justamente o conhecimento e o monitoramento das condições denascimento do neonato prematuro e/ou de muito baixo peso.Descritores: Recém‐nascido de baixo peso; prematuro; enfermagem.Referências1. Tamez RN; Silva MJP. Enfermagem na UTI Neonatal. 4. ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2009. p. 28‐93.2. Brasil. Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso:método mãe‐canguru: manual do curso. Brasília (DF), 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM‐NASCIDO PREMATURO DE BAIXO PESO NAFOTOTERAPIALia Esther Correa de Paula Neiva 75Geíza Maria Oliveira Lima 76Introdução Nas unidades de terapia intensiva neonatal a icterícia é um dos problemasenfrentados pela enfermagem durante o tratamento dos recém‐nascidos. Esta morbidadeé caracterizada pela coloração da pele, outros órgãos e pelo excesso do pigmentobilirrubínico na corrente sanguínea. Por isso, os profissionais devem estar preparados parao manuseio, cautelosos com estes pacientes e atentos à extensão do sinal amarelado dapele (1). A fototerapia também é a modalidade terapêutica mais utilizada no tratamentoda hiperbilirrubinemia neonatal e desde a sua introdução tem sido objeto de pesquisasclínicas e laboratoriais para a melhoria de sua eficácia (2). Com o aumento da bilirrubinacirculante, o recém‐nascido pode apresentar gradativamente sinais que incluemdiminuição na atividade, sonolência, perda de interesse pela alimentação, choro irritável epossível ausência de respiração. Por isso, a prestação da assistência, monitoração debalanço hídrico, nutrição e fototerapia são cuidados que devem ser intensificados emrelação a estes pacientes (3). A comunicação entre a equipe de saúde e os familiares dorecém‐nascido é de extrema importância, com vistas ao esclarecimento de dúvidas arespeito do tratamento. Assim, com o recebimento de informações adequadas e apoioemocional necessário, há maiores chances de que os pais não se afastem do bebê nessemomento significativo para sua recuperação (4). Objetivos: Avaliar a assistência de75Enfermeira graduada pela Universidade Federal de Goiás, com residência em Enfermagem Materno‐Infantil com aprofundamento em Neonatologia pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Saúde doDistrito Federal (FEPECS/DF), Professora do Centro Universitário UNIEURO e Professora Substituta daUniversidade de Brasília. E‐mail: liaesther@gmail.com76Enfermeira Assistencial da UTI Neonatal do Hospital Anchieta, Brasília/DF. Graduada no CentroUniversitário UNIEURO no ano de 2010. E‐mail: geizamel2009@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


enfermagem ao recém‐nascido prematuro de baixo peso na fototerapia; Descrever aassistência de enfermagem na prevenção de complicações relacionadas à fototerapia;Descrever fatores de risco para o recém‐nascido relacionados à fototerapia e Descreverorientações dadas aos familiares do recém‐nascido em fototerapia. Metodologia Apesquisa é de caráter descritivo‐exploratório, com abordagem qualitativa. A amostra foicomposta por cinco enfermeiros que trabalham na unidade de terapia intensiva neonatalde um hospital privado do Distrito Federal, que concordaram em participar do estudo pormeio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme estabelece a Resolução196/1996 (5). A coleta de dados foi realizada entre fevereiro e abril de 2010, apósaprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário UNIEURO, parecer nº07/2010. Os dados foram coletados por meio de gravação, utilizando entrevistaestruturada, com quatro perguntas abertas que contemplaram os objetivos do estudo. Aanálise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo (6). Traçando quatrocategorias: 1. Aparelhos utilizados no tratamento da icterícia; 2. Cuidados de Enfermagemao colocar o recém‐nascido prematuro em fototerapia; 3. Orientações as mães dos recémnascidosprematuros em fototerapia; 4. Como prevenir complicações nos recém‐nascidosem fototerapia. Resultados e discussão: 1. Aparelhos utilizados no tratamento da icteríciaos principais aparelhos de fototerapia utilizados no tratamento da icterícia são: fototerapiaconvencional, dupla, com fonte halógena e bilitron. Os relatos confirmam que os principaistipos de fototerapia utilizados no tratamento da icterícia são convencionais, duplas, comfonte halógena, bilispot e biliblanket plus (7). O autor ainda refere que a ação dafototerapia Super Led ou bilitron no tratamento da hiperbilirrubina de recém‐nascidosprematuros foi mais eficaz do que a fototerapia halógena. 2. Cuidados de enfermagem aocolocar o recém‐nascido prematuro em fototerapia: os principais cuidados citados pelosentrevistados são: retirar toda a roupa, manter a fralda aberta, utilizar proteção ocular emanter uma distância de 35 a 50 cm entre o paciente e o foco da luz. Também foimencionada por alguns participantes da pesquisa a necessidade de se remover óleos ouISBN: 978-85-63901-04-0


qualquer tipo de hidratantes da pele do paciente, manter a hidratação e verificar atemperatura. Todos os participantes mencionaram a importância de se avaliar aintegridade da pele do recém‐nascido em fototerapia. Os cuidados com o recém‐nascidoem fototerapia envolvem rigor na proteção dos olhos, que deve ser feita com uma vendaopaca e adequada. O paciente deve também ser despido completamente antes daexposição à luz e não podem ser usadas pomadas, óleos, cremes, pois poderão provocarqueimaduras. Além disso, deve ser observada a coloração da pele, erupções,características das fezes e urina, estado geral e de hidratação (8). O recém‐nascido deveser retirado da fototerapia para higiene, alimentação e coleta de sangue. Cabe mencionarque um dos participantes, citou a proteção gonadal como um dos importantes cuidados deenfermagem, o que, segundo, Colvero e Fiori (2005) não é recomendação rotineira eMargotto (2006) afirma ser um procedimento discutível. 3. Orientações às mães dosrecém‐nascidos prematuros em fototerapia: a orientação mais comum entre osentrevistados foi quanto aos cuidados necessários durante o tratamento com fototerapia,principalmente a proteção ocular do recém‐nascido. Também houve menção sobreorientar as mães quanto aos motivos e necessidades do tratamento, bem como à suaimportância e eficácia. Uma participante referenciou a importância de orientar sobre apossibilidade de seqüelas no paciente com icterícia. Também afirmou ser importante que amãe saiba da necessidade de o paciente permanecer o máximo de tempo possível nafototerapia, sendo retirado somente para amamentação. É necessário que os pais sejamdevidamente informados sobre o quadro clínico do bebê, bem como a respeito dosprocedimentos empregados e equipamentos utilizados na estabilização e manutenção dasaúde de seu filho (4). Os autores enfatizam, ainda, a importância da comunicação entre aequipe de saúde e os familiares do paciente, a fim de esclarecer dúvidas e fornecerinformações atualizadas e em linguagem adequada à compreensão dos pais. 4. Comoprevenir complicações nos recém‐nascidos prematuros em fototerapia: Os cuidados maiscitados foram: proteção ocular do RN, controle de temperatura, verificação de balançoISBN: 978-85-63901-04-0


hídrico e da distância e manutenção da pele limpa e seca, sem óleos ou hidratantes. Nãofoi citado o peso do bebê como um cuidado ao paciente em fototerapia. Enquanto aaferição diária do peso previne as perdas insensíveis de líquido que podem levar àdesidratação, não sendo recomendado o uso de cremes ou pomadas na pele dos recémnascidosexpostos à fototerapia, por apresentar risco de queimadura (9). Também foicitada a necessidade de verificação de exames laboratoriais e de coloração da pele, paraque o paciente não seja submetido ao tratamento mais do que o necessário. Algunsrelataram a proteção em volta do berço, mas atentando para não bloquear a fototerapia, afim de evitar danos ao paciente em tratamento. Esse procedimento é confirmado porMargotto (2006), ao citar que para a melhoria e eficácia das fototerapias comuns, elasdevem ser envolvidas com pano branco, o que aumenta a irradiância em 20. Algunsmencionaram a mudança de decúbito como cuidado de enfermagem para que o recémnascidoseja atingido pelo foco da luz. Segundo Margotto (2006), a mudança de decúbito,embora seja prática comum, não auxilia na eficácia da fototerapia. Em contrapartidaColvero e Fiori (2005), afirmam que a mudança de decúbito deve ser realizada de 2/2 horase Campos e Cardoso (2006), ressaltam que a mudança de decúbito pode ser feita a cada 4horas. Considerações Finais: O estudo nos proporcionou avaliação da assistência deenfermagem ao recém‐nascido sob fototerapia. A literatura atual comparada com osresultados obtidos na pesquisa demonstrou que os enfermeiros pesquisados obtêmconhecimento quanto aos cuidados necessários para com esses recém‐nascidos emtratamento com fototerapia, porém há carência de conhecimento uma vez que algunscuidados não foram citados. Contribuições/Implicações para a Enfermagem: A pesquisacontribuiu para o aumento dos conhecimentos relativos aos cuidados de enfermagemneonatal, na prática dos enfermeiros com mães e Neonatos, proporcionandoaperfeiçoamento e atualização do cuidado de enfermagem frente aos recém‐nascidossubmetidos em fototerapia.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências:1. SANTOS, Beatriz Siebel dos; ANTONIAZZI, Carmem Regina; TELLES, Elizabete. Assistênciade enfermagem ao recém‐nascido com icterícia na UTI neonatal. Revista Técnico‐Científicado Grupo Hospitalar Conceição. V. 16, n. 1. Porto Alegre, 2002.2. MARTINS, Bianca Morais Rego; CARVALHO Manoel de; MOREIRA, Maria Elisabeth Lopes;et al. Avaliação da eficácia clínica de uma nova modalidade de fototerapia utilizandodiodos emissores de luz. Jornal de Pediatria. V. 83, n. 3. Rio de Janeiro, 2007.3. AVERY’S. Doenças do recém‐nascido. 7. ed. Rio de Janeiro: Medsi Editora Médica eCientífica, 2003.4. CAMPOS, Antonia do Carmo Soares; CARDOSO, Maria Vera Lúcia Moreira Leitão.Enfermagem e o cuidado humanístico: proposta de intervenção para a mãe do neonatosob fototerapia. Ciência e Enfermagem. V. 12, n. 1. 2006.5. BRASIL, Ministério da Saúde. Estudo. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Diretrizes e NormasRegulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Resolução 196 de 1996.Informes Epidemiológico do SUS, v.5, n.2, p.14‐41, abr./jun. 1996. Suplemento 3.6. BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.7. FACCHINI, Fernando Perazzini. Proposta de padronização para aferição de equipamentosde fototerapia. Jornal de Pediatria. V. 77, n. 2. Rio de Janeiro, 2001.8. TAN, K. L. Efficacy of bidirectional fiberoptic phototherapy for neonatalhyperbilirubinemia. Pediatrics. 2 . ed. 2002.9. MARGOTTO, Paulo Roberto. Assistência ao Recém‐Nascido de Risco. 2. ed. Brasília,2006.10. COLVERO, Aline Pieruccini; COLVERO, Mauricio Obal; FIORI, Renato Machado. MÓDULODE ENSINO: Fototerapia. Scientia Medica. V. 15, n. 2. Porto Alegre: PUCRS, 2005ISBN: 978-85-63901-04-0


A ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: ENTRE OIDEAL, O REAL E O POSSÍVEL 77 Liciane Langona Montanholi 78Miriam Aparecida Barbosa Merighi 79Maria Cristina Pinto de Jesus 80Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) constitui‐se em ambienteterapêutico apropriado para tratamento de recém‐nascidos (RNs) em estado grave. Asatividades de gerência da unidade e do cuidado são privativas ao enfermeiro. Ademais, oartigo 11 da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem no Brasil assegura caberprivativamente ao enfermeiro o cuidado direto de enfermagem aos pacientes graves comrisco de vida, cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijamconhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas. Por meio derevisão da literatura constatamos que muitas são as atividades que competem aoenfermeiro na UTIN e a importância da atuação desse profissional. No entanto, em nossaprática profissional observamos uma dicotomia entre a teoria e a prática. Percebemos que,muitas vezes, esses profissionais apresentam‐se distantes do cuidado direto ao RN emestado grave e sua família, centrando suas atividades nas questões administrativas. Assim,surgiram as seguintes inquietações: Que atividades estão sendo realizadas pelos77Artigo extraído da dissertação de mestrado apresentada ao Programa Pós Graduação emEnfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, 2008.78Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulolicianelm@gmail.com79Doutora em Enfermagem. Professor Titular do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil ePsiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. merighi@usp.br80Doutora em Enfermagem. Professor da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juizde Fora‐ MG. cristina.pinto@acessa.comISBN: 978-85-63901-04-0


enfermeiros na UTIN? Quais atividades estão sendo priorizadas? As condições de trabalhoinfluenciam a priorização do cuidado direto ao RN? O que pensam os enfermeiros dessaunidade sobre sua atuação? Objetivo: conhecer e compreender a vivência da enfermeirana UTIN. Método: Estudo qualitativo, tendo como referencial teórico‐metodológico aFenomenologia Social. Este referencial permitiu‐nos desvelar o sentido de ser enfermeirona UTIN, no contexto das relações sociais entre enfermeiros, recém‐nascidos e seus pais. Apartir do vivido das enfermeiras em seu cotidiano na UTIN, desvelamos o fenômeno: aatuação da enfermeira na UTIN. Participaram do estudo 12 enfermeiras que atuavam emUTIN de hospital público e privado. Foram realizadas entrevistas individuais com asseguintes questões norteadoras: Fale‐me do seu dia‐a‐dia na UTIN. Como você realiza ocuidado direto ao RN? Há alguma outra atividade que gostaria de realizar? O número departicipantes foi determinado no transcorrer das entrevistas, no momento em quepercebemos que os discursos mostravam‐se repetitivos, encerramos a coleta de dados. Asenfermeiras assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O Projeto dePesquisa foi aprovado pelos Comitês de Ética dos hospitais participantes e da Escola deEnfermagem da Universidade de São Paulo com o processo n o 713/08. Para a análise dosdados seguimos os seguintes passos: transcrição e leituras das entrevistas na íntegra;agrupamento dos aspectos afins do significado da ação social; categorização dos dados einterpretação de acordo com os pressupostos da Fenomenologia Social. Com base nasunidades de significado identificou‐se categorias que expressaram aspectos significativosda compreensão e da vivência das enfermeiras. Resultados: As enfermeiras participantesda pesquisa trabalham nos manhã, tarde e noite. O tempo de trabalho em UTIN variouentre 2 meses à 11 anos; quanto a formação, 5 fizeram especialização em EnfermagemNeonatal, 2 em Enfermagem Pediátrica e Neonatal, 2 em Enfermagem Pediátrica, e asdemais em outras áreas. Uma das UTIs neonatais possui 6 leitos e a outra 4; amboshospitais não tem a certificação de Hospital Amigo da Criança, nem implementam oMétodo Canguru sistematicamente, apesar de incentivarem o contato pele à pele entreISBN: 978-85-63901-04-0


pais e RN. Uma das UTIs oferece educação contínua aos profissionais, desde o ingresso noserviço, segue protocolos de cuidados e possui equipamento e materiais em quantidade equalidade suficientes para atender as necessidades dos RNs; a outra oferece apenascapacitação quando os profissionais ingressam na unidade, não conta com protocolos decuidado nem com equipamento em quantidade e qualidade suficientes para o cuidado.Utilizando os pressupostos da Fenomenologia Social foi possível compreender o contextomotivacional da enfermeira ao atuar na UTIN, ou seja, os motivos que determinam suasações (motivos porque) de uma maneira específica e as finalidades de suas ações (motivospara). Com base nos pontos de convergências das entrevistas as unidades de significadoforam identificadas e agrupadas em três categorias: Desenvolvendo Ações; PercebendoSuas Ações e Vivenciando Expectativas. Quanto aos motivos que determinam suas ações,os resultados mostram que a enfermeira gerencia a unidade, provendo recursos, materiaispara o cuidado e organizando a unidade, gerencia a equipe de enfermagem e o cuidadopor meio das escalas de trabalho e da Sistematização da Assistência de Enfermagem.Referem que realizam cuidado direto ao RN, especialmente os cuidados de altacomplexidade e cuidados aos RNs em estado grave e supervisionam o cuidado prestadopelos técnicos e auxiliares de enfermagem. Algumas enfermeiras relataram estar atentasàs necessidades de cuidados aos pais dos RNs. As enfermeiras afirmaram sentirem‐sevalorizadas pela equipe de trabalho e recebem apoio da instituição (capacitação,equipamentos e materiais) para desenvolver seu trabalho. Nas relações interpessoais,trocam conhecimento e experiência profissional com a equipe. Outras enfermeirasmencionam fatores negativos, interferindo no cuidado ao RN e sua família, como ainadequada relação funcionário/RN, a deficiência de equipamentos e materiais, asobrecarga de trabalho administrativo, a falta de cursos de aprimoramento paraaperfeiçoar o cuidado direto ao RN, a presença de estímulo sonoro na unidade e adificuldade do trabalho em equipe. Elas expressam satisfação com o trabalho realizado,especialmente quando acompanham a melhora do RN, a inserção da família nos cuidados eISBN: 978-85-63901-04-0


a alta hospitalar do RN. Por outro lado algumas enfermeiras referiram insatisfação com seutrabalho, pois, percebem‐se desvalorizadas pela equipe de trabalho e pela falta deautonomia. Em relação às finalidades de suas ações (motivos para) as enfermeirasmanifestaram expectativas relacionadas ao cuidado do RN e seus pais. Dentre elas, buscarmantê‐lo estável, organizado, minimizar o sofrimento, a dor e as seqüelas e promover ovínculo afetivo entre eles e seus pais. Ademais, visualizam algumas mudanças que podemcontribuir para melhoria do cuidado em UTIN como: a educação permanente namodalidade de cursos e eventos de atualização para equipe de enfermagem; a implantaçãode protocolos de cuidado; a humanização entre a equipe de trabalho e a diminuição dotrabalho administrativo nas atividades desenvolvidas pela enfermeira. ConsideraçõesFinais: Por meio dos depoimentos das enfermeiras apreendemos o real vivenciado por elascomo: sobrecarga de trabalho, falta de materiais e equipamentos, inadequada relaçãofuncionários/RNs, falta de cursos de aprimoramento, supervisão dos cuidados prestadospelos técnicos e auxiliares de enfermagem e o cuidado direto nos procedimentos de altacomplexidade. Ademais, as enfermeiras expressam várias possibilidades para a melhoria daqualidade da assistência de enfermagem como, por exemplo, adequar o número deprofissionais de enfermagem. Dessa forma, para o ideal da atuação do enfermeiro na UTINobservamos ser urgente sensibilizar os enfermeiros e os gestores hospitalares quanto aimportância dos cuidados diretos aos RNs em estado grave serem prestados porenfermeiros. A padronização dos cuidados por meio de protocolos, somados à educaçãopermanente e a qualificação para manejo dos recursos tecnológicos, são fatores quepossibilitam aos profissionais prestar um cuidado de boa qualidade técnica. No entanto, épreciso que a equipe esteja sempre atenta às necessidades individuais de cada RN e de suafamília. A humanização no cuidado ao RN e sua família requerem aprendizado por partedos profissionais. Por outro lado, a humanização nas relações de trabalho também precisaser construída e para isso, a equipe deve planejar o cuidado em conjunto, respeitando aatuação de cada profissional. Ademais, é preciso adequar a quantidade e a qualidade dosISBN: 978-85-63901-04-0


ecursos humanos de enfermagem, o que possibilita que a enfermeira gerencie melhor ocuidado aos RNs e a seus pais. Porém, é preciso um trabalho contínuo para ressignificar aspráticas de cuidados das enfermeiras. A prática da enfermagem baseada em evidênciascientíficas, a capacidade de gerenciar e supervisionar o trabalho da equipe e de priorizar eo cuidado direto ao RN apontam a aptidão do enfermeiro em desempenhar um cuidadocapaz de satisfazer as necessidades dos RNs e seus pais.Palavras Chaves: Recém‐Nascido. Cuidado de Enfermagem. Unidade de Terapia IntensivaNeonatal.Referências1 Alton M, Mericle J, Brandon D. One Intensive Care Nursery's Experience withEnhancing Patient Safety. Adv Neonatal Care. 2006; 6 (3):112‐19.2 Aita M, Snider L. The art of developmental care in the NICU: a concept analysis.Journal of Advanced Nursing. 2003; 41(3): 223‐232.3 Larguía M. Prioridades para el gobierno de la ciudad de Buenos Aires en la asistencianeonatológica. Rev. Hosp. Mat. Inf. Ramón Sardá 2000; 120 (3): 127‐32.4 Hendricks‐Munoz KD, Prendergast CC. Barries to provision of developmental care in theneonatal intensive care unit: neonatal nursing perception. American Journal ofPerinatology. 2007, 24 (2): 71‐77.5 Brasil Lei nº 7.498, de 25.06.86, Regulamentação do Exercício da Enfermagem,publicada no Diário O#cial da União de 26.06.86 Seção I ‐ #s. 9.273 a 9.275.6 Schütz A. Estudios sobre teoria social. Escritos II Buenos Aires (AR): Amorrortu Editores,2003.7 Schütz A. Luckmann T. Las estruturas del mundo de la vida. Buenos Aires (AR): AmorrortuEditores, 20038 Kamada I. Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal [tese].Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Riberirão Preto, Universidade de São Paulo,ISBN: 978-85-63901-04-0


2002. 167p.9. Westrup B. Newborn Individualized Developmental Care and Assessment Program(NIDCAP) Family‐centered developmentally supportive care. Early Human Development.2007; 83: 443§49.10. Gamboa NG. Cuidar para enfermeiros de UTI neonatal: descrição das categoriassignicantes [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo,1997. 93pISBN: 978-85-63901-04-0


A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO BANCO DE LEITE HUMANO COMO AGENTEINCENTIVADOR DA DOAÇÃO DE LEITE MATERNO 81Itemar Carmo de MatosJoelma da Silva CoelhoRESUMO: O presente artigo tem por objetivo descrever a atuação do enfermeiro nofuncionamento do Banco de Leite Humano (BLH), focando seu papel enquanto agenteincentivador à doação de leite materno. A metodologia utilizada para desenvolvimentodeste trabalho consistiu de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, baseada nasliteraturas que tratam do tema. Nisto, discorre‐se sobre a importância dos Bancos de LeiteHumano e seu funcionamento, haja vista que aleitamento materno é benéfico para odesenvolvimento saudável da criança. Em seguida, o trabalho buscará abordar aimportância da atuação do enfermeiro como agente motivador junto ao BLH, no que tangea sensibilização de nutrizes para doação de leite materno excedente. O enfermeiro é umdos grandes responsáveis pela promoção das condições necessárias para o bomfuncionamento do BLH, tornando‐se notória sua importância como profissionalinteiramente habilitado para atuação nesta unidade. Discorre‐se ainda sobre a importânciado banco de leite e, conseqüentemente, da doação do leite materno, reconhecendo anecessidade de divulgação para aumento no número de doadoras e aumento do volumede leite doado. Por fim, aborda a importância de uma maior divulgação da existência efuncionalidade do BLH, bem como a inclusão de tal temática nos cursos de graduação emenfermagem.Palavras‐chaves: Banco de Leite Humano. Aleitamento materno. Doação81Resumo do Trabalho apresentado ao Centro Universitário da Bahia Estácio ‐ FIB como requisitoparcial de avaliação obrigatória para a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II ‐ Curso deEnfermagemISBN: 978-85-63901-04-0


A EDUCAÇÃO EM SAÚDE TRILHANDO CAMINHOS DE PAIS PREMATUROSGisele Perin Guimarães 82Jussara Gue Martini 83Patricia Klock84Introdução: Este estudo trata‐se de um relato de experiência de enfermeiras envolvidascom recém‐nascidos e seus pais prematuros, e que adotam a educação em saúde comoestratégia de superação e enfrentamento dos percalços advindos deste momento tãodelicado na vida destas famílias. Estatísticas apontam que em todo o mundo nascemanualmente cerca de 20 milhões de crianças pré‐termo e/ou de baixo peso. Destas, umterço morre antes de completar um ano de vida. No Brasil, segundo dados descritos peloMinistério da Saúde, as primeiras causas de mortalidade infantil relacionam‐se com asafecções perinatais, dentre elas os problemas respiratórios e os metabólicos, comodificuldades para regular a temperatura corporal. Além da prematuridade e do baixo pesoestarem diretamente ligados ao risco de morbimortalidade perinatal, outro agravante éque grande parte das famílias dessas crianças são compostas por mulheres sem cônjuge,com o papel de “arrimo” de família e com problemas sociais associados. Assim, considera‐82Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem PEN/UFSC. Enfermeiraassistencial do Serviço de Neonatologia do HRSJ e da Unidade Pediátrica do HU/UFSC. Membro doGrupo de Pesquisa EDEN. E‐mail: giseperin@yahoo.com.br83Enfermeira. Doutora em Educação. Docente e Pesquisadora do Departamento deEnfermagem e do Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem da UFSC, Professora Convidada doPrograma de Pós‐Graduação em Ciências Pneumológicas da UFRGS. Líder do NUPEQUIS; membro doEDEN e do IEG.84Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do HU/UFSC. Mestre em Enfermagempelo Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem ‐ PEN/ UFSC. Membro do Grupo de Estudos ePesquisas em Administração e Gerência do Cuidado em Enfermagem e Saúde (GEPADES). Bolsista doCNPq.ISBN: 978-85-63901-04-0


se que essas crianças estão em situação dupla de risco; risco social e biológico, ou seja, hárelações entre a vulnerabilidade a danos, riscos de adoecer e suas condições de vida.Sabemos que a prematuridade acontece na sua maioria inesperadamente, resultando nãosó em riscos biológicos e sociais para o recém‐nato como também riscos psicológicos parapais que se encontram despreparados e que desconhecem a melhor maneira desuperarem os diferentes sentimentos, atitudes, pensamentos e instabilidades queenvolvem este momento em suas vidas. É importante reconhecer que, quando, por algumarazão, ocorre um trabalho de parto prematuro e o bebê tão esperado nasce antes dotempo, a prática da atenção humanizada se torna tão ou mais importante do que paraaqueles pais que conseguiram findar o processo de gestação no período determinadocomo adequado; isto porque estes pais que tiveram seus bebês precocemente estarãopassando por uma fase de luto, devido ao processo de enfrentamento da perda do bebêideal, associada à necessidade de terem que aceitar o bebê real que aos seus olhos é poucosedutor. Deste modo, torna‐se ainda mais importante, que nós, profissionais neonataispossamos direcionar os pais, que por ventura tenham o nascimento de um filho prematuroe que necessite de internação no serviço de neonatologia. Assim, o objetivo deste relato éde revelar a importância de uma abordagem educativa precoce com os pais queexperienciam a hospitalização de seu filho no serviço de neonatologia. Temos oconhecimento que muitos são os profissionais e serviços que deixam tanto a mãe quanto opai expostos a um ambiente aparentemente hostil, cercado de aparatos tecnológicos,movimentos ativos de diferentes profissionais, ficando à mercê de informações que poucolhes auxiliam na superação das dificuldades que enfrentam no nascimento precoce do seubebê. Neste sentido, buscamos realizar ações educativas que visam criar espaçosdialógicos com o casal prematuro, buscando compreender como a educação em saúdecom grupos de pais pode facilitar o enfrentamento dos adventos inerentes ao processo devivenciar a hospitalização do bebê de risco. Pretendemos neste contexto ampliar adimensão educativa do trabalho em saúde e enfermagem, buscando sempre melhoresISBN: 978-85-63901-04-0


práticas em saúde, em especial nos serviços de terapia intensiva neonatal. Nossa práticatem como eixo condutor a pedagogia Libertadora de Paulo Freire, educaçãoproblematizadora, que tem como objetivo estimular a capacidade do ser humano ser ativonas mudanças sociais, sujeitos da própria história. Nesta proposta, os problemas sãoidentificados como ponto de partida para a aprendizagem, requerendo a busca de soluçõescriativas e originais. Nossa prática educativa e assistencial é realizada em um HospitalUniversitário do Sul do país, que busca em suas práticas um cuidado humanizado não sópara o recém‐nascido de risco, como também para os pais. Nesta instituição contamos comuma equipe interdisciplinar que favorece a comunicação e a interação entre os atores docenário neonatal desde o momento que o prematuro adentra a unidade neonatal, oprimeiro contato com os pais até o momento de chegada a hora da despedida, seja pelosucesso da hospitalização ou mesmo pelo insucesso desta. No decorrer do contato verbal enão verbal entre pais e recém‐nascido prematuro buscamos dentro da realidadevivenciada permitir que os sujeitos expressem suas idéias e opiniões, facilitando aidentificação da situação problema. A seguir através da codificação e da decodificaçãoidentificamos os pontos‐chave que determinam à situação concreta atuando naindividualidade de cada nova família, fazendo movimentos de idas e vindas até que, porfim, se chega ao desvelamento crítico que consiste em superar as dificuldades einseguranças previamente pontuadas, passando a ter uma visão mais crítica, capaz detransformar o contexto em que vivem passando para a tomada de consciência, ondeocorre a ação‐reflexão‐ação, possibilitando a aprendizagem de uma realidadetransformada. Deste modo em alguns momentos, quando surge a necessidade é oferecidoum espaço que permite aos sujeitos gerar assuntos e conversas com a intenção desocializar saberes e poderem fazer uma interpretação própria e no coletivo deste novomundo, da prematuridade, através da contextualização dos seus conhecimentos e valores,legitimando as diferenças e as semelhanças em busca de unificar os pensamentos aindafragmentados dentro de sua cultura, seu modo de ser e estar na sociedade de um modoISBN: 978-85-63901-04-0


dialógico tornando‐se menor as diferenças e as dificuldades de enfrentamento dahospitalização de seu filho na unidade de terapia intensiva neonatal. Nos encontros entreos casais que tiveram seu bebê nascido prematuramente é que iremos estabelecer umdiálogo que irá gerar uma ação‐reflexão, numa práxis, numa relação entre teoria e prática.Os pais tornam‐se os interlocutores das suas necessidades, de querer mais, de desvelarsuas dificuldades e a própria superação. Neste sentido, os processos educativos através deespaços dialógicos e reflexivos, favorecem o aprendizado coletivo e transformam o modode vivenciar a prematuridade, bem como os caminhos a serem percorridos pelos sujeitosativos desta trajetória. Percebemos em nossa caminhada, lado a lado com o casal e seubebê que o nascimento precoce desestrutura toda a família, porém se houver diálogoentre a equipe de saúde e os pais, com possibilidades de compartilharem experiências oresultado final será de mudanças positivas, não apenas no sentido do preparo dos paispara se sentirem seguros na prestação de cuidados ao bebê, mas igualmente naperspectiva da mudança de valores (sobre papéis, culpas, medos, incertezas, dentreoutros) que poderão ser benéficos para a continuidade das relações entre a tríade, e destacom a equipe interdisciplinar.Palavras‐chave: Prematuridade; Família; Educação em SaúdeReferênciasBRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Manual Técnico de Gestaçãode Alto Risco, 3.ed Brasília: Ministério da Saúde, 2000.FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.GUIMARÃES, G. P. A formação do apego pais/recém‐nascido pré‐termo e/ou de baixopeso no Método Mãe Canguru: uma contribuição da enfermagem. 2006. Dissertação(Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem, UniversidadeFederal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


HAGAN, R.; EVANS, S. F.; POPE, S. Prevencion de la depression puerperal en madresdeniños muy pretérminos: una investigacion clinica aleatorizada. BJOG., v. 111, p. 641‐647,2004.ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Maternidade Segura: assistência ao partonormal – um guia prático. Genebra, 1996.ZAMPIERI, M.F.M. Vivenciando o processo educativo em enfermagem com gestantes dealto risco e seus acompanhantes. Rev. Gaúcha de Enfermagem, v.22, n.1, p.140‐166, jan.2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


A ENFERMAGEM E A PROMOÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO NEUTRO AO RECÉM‐NASCIDOPREMATUROFábia Lidiana de Souza 85Simone Miranda Barbosa 86Maria Jocineide Rodrigues 87Karla Maria Carneiro Rolim 88Introdução: Ainda no útero materno o feto obtém tudo o que é necessária a suasobrevivência, porém ao nascer, à criança deixa o calor e toda a doçura do ventre de suamãe e depara‐se em um novo mundo pelo qual deverá passar por várias adaptaçõesfisiológicas e comportamentais. Tudo isso pode torna‐se bem mais difícil quando esterecém‐nascido (RN) nasce enfermo ou prematuramente, sendo então, separadobruscamente de sua mãe e encaminhado para uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal(UTIN). A UTIN, por sua vez, é constituída por diversos equipamentos e rica em tecnologia,esta se destina ao RN gravemente doente, com instabilidade hemodinâmica, e àquelescom alto risco de mortalidade, como os prematuros extremos (RNPT), e aos que requeremvigilância clínica, monitorização e/ou tratamentos intensivos (1) . A regulação datemperatura corporal é uma função fisiológica intimamente relacionada com a transição e85Enfermeira Assistencial da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza(HGF). fabialisouza@gmail.com86Acadêmica do 9° semestre do Curso Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza(UNIFOR). Integrante do Grupo de Pesquisa Saúde e Qualidade de Vida do Binômio Mãe e Filho(UNIFOR/CNPq).87Enfermeira. Coordenadora da Unidade Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza/HGF. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐filho/SABIM/UFC.88Enfermeira da Unidade Neonatal da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC/UFC). Doutoraem Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do Curso de Graduação emEnfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Líder do Grupo de Pesquisa Saúde e Qualidade deVida do Binômio Mãe e Filho (UNIFOR/CNPq). Pesquisadora do Grupo de Saúde Coletiva(UNIFOR/CNPq). Orientadora.ISBN: 978-85-63901-04-0


sobrevivência dos RNs. Estes têm a capacidade de controlar a temperatura corpórea,porém, em condições extremas de temperatura (muito baixas ou muito altas), estacondição é prejudicada pela incapacidade física de manter a homeostase (2) . O ambientetérmico neutro por sua vez, é aquele em que a produção de calor seja igual à perda,permitindo que o RN mantenha a temperatura corporal estável, utilizando uma quantidademínima de calorias e consumo de oxigênio (3) . Objetivo: Investigar a prática da equipe deEnfermagem na promoção do ambiente térmico neutro ao RN prematuro internado emUTI Neonatal. Metodologia: Estudo exploratório‐descritivo, de natureza qualitativa,realizada na UTIN da Maternidade‐Escola Assis Chateaubriand (MEAC), em Fortaleza – CE,considerada de nível terciário, constituindo referência para atendimentos obstétrico eneonatal de alta complexidade. Participaram do estudo 07 enfermeiras, 05 técnicas e 09auxiliares de Enfermagem, que realizaram cuidados na promoção do ambiente térmiconeutro de 09 RNs prematuros admitidos na UTIN. Antes da chegada dos RNs, todas asintegrantes da equipe de Enfermagem foram esclarecidas dos propósitos da pesquisa,assinando logo que solicitadas, o termo de consentimento informado. Para preservar oanonimato das participantes, estas foram identificadas como enfermeira (E1,... E7), técnicade enfermagem (T1,... T5) e auxiliar de enfermagem (A1 e A9). Foram excluídas da pesquisaas integrantes da equipe de Enfermagem que se recusassem a participar do estudo e oscuidados de Enfermagem voltados para RNs não provenientes do Centro Obstétrico (CO),como aqueles vindos das unidades de médio risco (BMR), Projeto Mãe‐Canguru (PMC) eAlojamento Conjunto (AC). Estas foram observadas durante as primeiras seis horas decuidados relacionados ao aquecimento e manutenção da temperatura corporal dos RNs. Acoleta dos dados ocorreu no período de maio a julho de 2010 e conteve dois momentos:primeiramente foram observados os cuidados de Enfermagem na promoção do ambientetérmico neutro do RN e em seguida, ou seja, no segundo momento: foi realizada umaentrevista semi‐estruturada com questões elaboradas pelas pesquisadoras. A questãonorteadora foi: “No seu conhecimento como profissional de Enfermagem, qual o parâmetroISBN: 978-85-63901-04-0


de normalidade da temperatura corporal (axilar) do RN?” O estudo foi aprovado peloComitê de Ética da instituição, por meio do ofício nº 035/10 e protocolo de nº 005/10, emacordo com a Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde (4) . Análise e discussão dosdados: Ao apresentar as participantes do estudo, percebemos que se trata de uma equipebem consolidada, participando desta, profissionais qualificadas e sempre em busca de seaperfeiçoar. Em relação às admissões do RNs de risco na UTIN, observamos uma mútuainteração CO e UTIN, onde antecipadamente avisadas pelo CO da possibilidade donascimento de um RN de risco, a equipe de Enfermagem em serviço na respectiva unidadecomeçava então, a preparar intensamente os equipamentos e materiais necessários para aadmissão, tais como incubadora, incubadora de transporte, suporte ventilatório (ventiladormecânico, CPAP nasal, OXI‐HOOD), materiais para aspiração de vias aéreas, passagem desonda orogástrica, entre outros. Vale destacar, a integração da equipe de Enfermagem emquestão, tão fundamental para o sobreviver do RN gravemente doente, como também,influenciadora no seu crescer e desenvolver. De posse dos dados obtidos, apresentamosem forma de quadro uma síntese das observações dos cuidados de Enfermagem prestadosaos RNs, tais como: aquecimento prévio da incubadora, incubadora com umidificaçãoaquecida, aquecimento prévio das mãos dos cuidadores, aquecimento dos gases utilizadosna oxigenoterapia e utilização de acessórios de aquecimento. As falas foram submetidas àanálise de conteúdo, do qual foi extraído o seguinte tema: conhecimento da enfermagemsobre a temperatura axilar do RN. Devido às características anatômicas e fisiológicas dosRNs, principalmente do prematuro, as perdas calóricas para o ambiente se mostramextremamente importantes (5) . O calor é produzido continuamente pelo corpo e é umsubproduto do metabolismo, sendo também, ininterruptamente perdido para o meioambiente. As perdas ou transferências de calor para o meio ambiente podem ocorrer dointerior para a superfície (gradiente interno) e da superfície corporal para o ambiente(gradiente externo) (3) . A segunda, mais freqüente no RN, se apresenta por quatromecanismos: irradiação, condução, convecção e evaporação. A transferência é complexa eISBN: 978-85-63901-04-0


a contribuição de cada componente depende da temperatura ambiente (ar e paredes), davelocidade do ar e da umidade do ambiente, inclusive da incubadora (6) . As rotinas decuidado em uma UTIN podem representar um risco adicional ao RN gravemente enfermo,com oscilações da temperatura corporal, dentre estas, podemos destacar a realização deexame clínico, banho, coleta de exames laboratoriais, procedimentos diagnósticos eterapêuticos, merecendo atenção especial e monitoramento contínuo de suas funçõesvitais, durante a realização desses cuidados (2) . Cabe enfatizar que a temperatura corporaltão negligenciada e desvalorizada, também, se engloba entre os demais sinais vitais.Conclusão: Promover um ambiente térmico neutro ao RN prematuro se constitui uma dasprincipais metas a serem atingidas pela equipe de Enfermagem, porém, percebemos comnosso estudo, que esta se encontra fragmentada e não sistematizada. As característicasanatômicas e fisiológicas inerentes ao RN, principalmente do prematuro e do nascidodoente, justificam a sua labilidade térmica, e a necessidade de um olhar diferenciado porparte de cada integrante da equipe de Enfermagem. Essa instabilidade pode acarretar aoneonato quadros clínicos leves a acentuados de hipotermia e hipertermia. A hipotermia,por sua vez, se constitui em um problema comum e potencialmente perigoso.Recomendamos assim, mudanças de paradigmas para melhor cuidar desta população tãovulnerável.Descritores: Prematuro; Cuidados de Enfermagem; Regulação da Temperatura Corporal.Referências:1. Rolim KMC. Enfermagem humanística: contribuição para o desenvolvimento daenfermeira em unidade neonatal. 2006. 206f. Tese. (Doutorado). Fortaleza (CE):Universidade Federal do Ceará (UFC), 2006.2. Scochi CGS, Gaíva MAM, Silva MHA. Termorregulação: assistência hospitalar ao recémnascidopré‐termo. Acta Paul de Enferm., 2002; 15(1): 72‐8.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Tamez RN, Silva MIP. Enfermagem na UTI Neonatal: assistência ao recém‐nascido dealto risco. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 4°ed, 2009.4. Brasil, Ministério da Saúde. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Comissão <strong>Nacional</strong> de Éticaem Pesquisa ‐ CONEP. Resolução 196/96. Decreto nº. 93.933 de janeiro de 1987.Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo sereshumanos. Brasília, DF, 1996.5. Ribeiro MAC. Aspectos que influenciam a termorregulação: assistência de enfermagemao recém‐nascido pré‐termo. Monografia (Curso de Graduação). Faculdade JK,Taguatinga‐DF, 2005.6. Brasil. Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso:método mãe canguru. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.ISBN: 978-85-63901-04-0


A ENFERMAGEM E O RECÉM‐NASCIDO DE RISCO: CUIDADOS NA REGULAÇÃO E NAMANUTENÇÃO DA TEMPERATURA CORPORALElis Mayre da Costa SilveiraSimone Miranda BarbosaAna Maria Lima de AlbuquerqueKarla Maria Carneiro RolimIntrodução: A regulação da temperatura corporal é uma função fisiológica intimamenterelacionada com a transição e sobrevivência dos recém‐nascidos (RNs), o controle datemperatura corpórea, em condições extremas de temperatura (muito baixas ou muitoaltas), é prejudicada pela incapacidade física do RN de manter a homeostase (1) . Mesmo queo RN possua o centro de regulação térmica no hipotálamo, esse centro pode ser total ouparcialmente inativado por várias drogas e alterações patológicas, tais como hemorragiaintracraniana, grandes malformações cerebrais, trauma e asfixia grave (2) . Dessa forma, oscuidados relacionados ao controle e manutenção da temperatura corporal do RN,principalmente, do prematuro, são essenciais para sua sobrevida, uma vez que essascrianças resfriam‐se e se superaquecem com facilidade, acompanhando as alterações doambiente térmico (1) . Ao nascimento, a temperatura do RN é idêntica a materna, porém, aonascer o bebê é bruscamente exposto a um ambiente frio e úmido (3) . Pelo fato de a área dasuperfície do corpo do RN ser grande em relação à massa corporal, o calor do corpo érapidamente perdido. Como resultado, a temperatura corporal cai facilmente, mesmo nascrianças normais, especialmente, nas primeiras horas de vida, normalizando entre sete asdez horas (4) . Assim, é fundamental uma maior vigilância ao RN de risco nas primeiras seishoras de vida, pois são horas potencialmente perigosas. A monitorização e a manutençãoda temperatura corporal, mantendo o RN em um ambiente térmico neutro estável, ouseja, onde a produção de calor seja igual à perda, devem constituir metas prioritárias detoda a equipe de Enfermagem responsável pela assistência ao RN. Desse modo, éISBN: 978-85-63901-04-0


necessário que a equipe de Enfermagem tenha amplo conhecimento dos mecanismos deprodução e perda de calor, para que possa promover um ambiente térmico neutroevitando instabilidade térmica que pode acarretar para esses pacientes. Objetivo:Investigar a prática da equipe de Enfermagem na regulação e manutenção da temperaturacorporal do RN de risco nas suas primeiras seis horas de vida. Metodologia: Estudoexploratório‐descritivo, de natureza qualitativa, realizada na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal (UTIN) da Maternidade‐Escola Assis Chateaubriand (MEAC), localizada na cidadede Fortaleza, Ceará, Brasil, considerada de nível terciário, constituindo referência paraatendimentos obstétrico e neonatal de alta complexidade. A UTIN dispõe de 21 leitosdistribuídos em duas salas. Atua nesta Unidade uma equipe multiprofissional composta por26 enfermeiras, 09 técnicas de Enfermagem e 32 auxiliares, distribuídas em escala deserviço, nos períodos diurnos e noturnos. Participaram do estudo oito enfermeiras, seistécnicas e nove auxiliares de Enfermagem, que realizaram cuidados no aquecimento emanutenção da temperatura corporal de 11 RNs de risco admitidos na UTIN. Os dadosforam obtidos durante o período de maio a julho de 2010, durante o período diurno. Apesquisa foi realizada em duas etapas. Primeiro, foi observado os cuidados na regulação emanutenção da temperatura corporal do RN de risco. Essa observação se iniciou a partir dachegada do RN do Centro obstétrico, e se prolongou durante as suas primeiras seis horasde vida. Esta escolha se justifica por esta ser uma fase bastante crítica na adaptação do RNà vida extra‐uterina. No segundo momento, foram realizadas as entrevistas semiestruturadas,contendo dados de identificação e questões relacionadas à assistênciaprestada ao RN de risco durante o seu aquecimento e manutenção da temperaturacorporal. Os dados foram analisados de acordo com leitura pertinente ao tema, sendoorganizados e apresentados em três momentos: no primeiro momento, apresentamos acaracterização dos sujeitos participantes do estudo; no segundo momento, apresentamosa observação das participantes no tocante ao controle térmico neonatal e no terceiro eúltimo momento apresentamos as falas das participantes extraídas das entrevistas, asISBN: 978-85-63901-04-0


quais foram submetidas à leitura exaustiva, porém necessária. Para completar os dadosdurante as observações, utilizamos também um diário de campo. O estudo foi aprovadopelo Comitê de Ética da instituição, por meio do ofício nº 035/10 e protocolo de nº 005/10,em acordo com a Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde (7) . Análise e discussãodos resultados: Percebemos que se trata de uma equipe bem consolidada, participandodesta, profissionais qualificadas e sempre em busca de se aperfeiçoar. Em relação àsadmissões do RNs de risco na UTIN, observamos uma mútua interação CO e UTIN, ondeantecipadamente avisadas pelo CO da possibilidade do nascimento de um RN de risco, aequipe de Enfermagem em serviço na respectiva unidade começa então, a prepararintensamente os equipamentos e materiais necessários para a admissão, tais comoincubadora aquecida, incubadora de transporte, suporte ventilatório (ventilador mecânico,CPAP nasal, OXI‐HOOD), materiais para aspiração de vias aéreas, passagem de sondaorogástrica, entre outros. Vale destacar, que a integração e o conhecimento da equipe deEnfermagem em estudo foi importante para a manutenção da estabilidade térmica do RN.De posse dos dados obtidos, observamos que um olhar sistemático e holístico por partedos profissionais pode evitar alterações significativas para a saúde dos RNs; no entanto, ocontrole não depende apenas dos cuidados da equipe de Enfermagem, mas também, dosequipamentos e materiais envolvidos nesse processo. Em relação a frequência daverificação da temperatura corporal do RN grave, pode‐se observar divergência nasinformações apresentadas, mostrando que alguns profissionais da equipe de enfermagemnão tem conhecimentos em relação ao controle térmico neonatal. Pois, na ausência daverificação da temperatura corporal na admissão do RN de alto risco, a equipe deEnfermagem está impossibilitada de prestar assistência adequada, diante dodesconhecimento deste parâmetro. Conclusão: Concluímos com o presente estudo que aprática da equipe de Enfermagem durante o aquecimento e manutenção da temperaturacorporal do RN de risco na sua chegada a UTIN se encontra fragmentada e nãosistematizada. Ocorrendo não apenas por fatores assistenciais, mas também por questõesISBN: 978-85-63901-04-0


estruturais e organizacionais, como falta de materiais e equipamentos, alta demanda deRNs graves, diminuto recursos humanos, entre outros. Sugerimos a criação deinstrumentos de padronização e implementação de rotinas ao controle térmico do RN,como o Procedimento Operacional Padrão (POP). Recomendamos também, umacapacitação e sensibilização da equipe de Enfermagem por meio de educação <strong>continuada</strong>,almejando assim, a otimização da assistência e a recuperação do RN nas melhorescondições funcionais possíveis.Descritores: Prematuro; Cuidados de Enfermagem; Regulação da Temperatura Corporal.Referências:1. Scochi CGS, Gaíva MAM, Silva MHA. Termorregulação: assistência hospitalar ao recémnascidopré‐termo. Acta Paul de Enferm., 2002; 15(1): 72‐8.2. Brasil. Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso:método mãe canguru. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.3. MacDonald MG, Seshia MMK, Mullett MD. Avery Neonatologia: fisiopatologia etratamento do recém‐nascido. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.4. Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. 11ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.5. Tamez RN, Silva MIP. Enfermagem na UTI Neonatal: assistência ao recém‐nascido de altorisco. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 4°ed, 2009.6. Rolim KMC, Araújo AFPC, Campos NMM, Lopes SMB, Gurgel EPP, Campos ACS. Cuidadoquanto à termorregulação do recém‐nascido prematuro: o olhar da enfermeira. RevistaRene. 2010; 11(2): 44‐52.7. Brasil, Ministério da Saúde. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Comissão <strong>Nacional</strong> de Ética emPesquisa ‐ CONEP. Resolução 196/96. Decreto nº. 93.933 de janeiro de 1987. Dispõe sobreas diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília,DF, 1996.ISBN: 978-85-63901-04-0


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A ESTIMULAÇÃO DE PREMATUROS NA UTI NEONATAL POR MEIO DA MÚSICAYana Mayra Andriola Tchaicka 89Beatriz Rosana Gonçalves Oliveira 90Introdução: Cuidar de recém‐nascidos é uma grande responsabilidade, principalmentequando se encontram em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Quando orecém‐nato não consegue se adaptar as mudanças que ocorrem ou apresenta algumproblema de saúde que exige o seu internamento e o afastamento da mãe, ele fica maisfragilizado. A música pode ser usada como estratégia para facilitar o desenvolvimentodesses pequenos. Após tomar conhecimento desses fatos e, levando em consideração queo comprometimento da saúde não ocasiona somente alterações físicas, mas tambémemocionais e psicológicas, e que em se tratando de recém‐nascidos essescomprometimentos são agravados, decidiu‐se investigar estratégias que tornassem a UTINum local menos estressante para os bebês. Baseando‐se nos estudos de que a infância é afase da vida na qual o ambiente influência no seu desenvolvimento torna‐se necessárioobservar as situações que podem ajudar ou desfavorecer a vida desses pacientes. Por meioda música pode‐se alcançar a humanização, propiciando um ambiente menos estressantepara os bebês internados 1,2,3,4,5,6 . Normalmente, o ambiente uterino é adequado para ocrescimento e desenvolvimento fetal devido ao fato de possuir características próprias:temperatura agradável e constante, maciez, aconchego e filtração dos sons extra‐uterinos.Já o ambiente da UTIN é repleto de luzes, ruídos, mudanças de temperatura, interrupçãodo ciclo do sono devido às avaliações e procedimentos constantes, e muitas vezes os89Enfermeira graduada pela UNIOESTE, especialista em neonatologia pela Faculdade PequenoPríncipe, especialista em obstetrícia pelo Instituto Makro União, sócia da <strong>ABENFO</strong> e SOBEP, e‐mail:yandriola@hotmail.com.90Enfermeira, mestre em Enfermagem Fundamental pela USP de Ribeirão Preto, Doutoranda emEnfermagem em Saúde Pública pela USP de Ribeirão Preto, Docente da UNIOESTE.ISBN: 978-85-63901-04-0


toques trazem desconforto e dor 3 . “O estresse produzido pelo ambiente e pelosprocedimentos acaba resultando em alterações fisiológicas como apnéia, bradicardia,aumento das demandas calóricas tornando difícil para os prematuros ganharem peso, alémde comprometer o desenvolvimento neurológico” 3 . A partir de 1997, a AcademiaAmericana de Pediatria recomenda que no interior de uma UTIN o nível sonoro médiodeve ser de 55dB durante o dia e 35dB durante a noite, porém adverte que ruídos acimade 45dB dentro das incubadoras são preocupantes 10 . “Intensidades entre 70 e 80dB paraos RNs são causas de apnéia, bradicardia, dessaturação, hipertensão arterial, taquicardia ealterações do fluxo sangüíneo cerebral. Além de interferir no sono, o ruído também causastress, choro, fadiga, irritabilidade e isolamento (devido ao barulho o RN não consegueescutar os sons que todo bebê precisa ouvir para se estimular e interagir com o meio).Acima de 120dB a sensação auditiva pode ser dolorosa” 7 . Tendo em vista a redução doestresse e a estimulação negativa por meio de ruídos, procedimentos dolorosos einterrupção do ciclo do sono, a música pode ser utilizada como recurso terapêuticocomplementar. Musicoterapia pode ser definida como “a aplicação sistemática da músicano auxílio ao tratamento dos aspectos fisiológicos, psicológicos ou sociais de uma doençaou inaptidão” 9 . Objetivos: Essa pesquisa teve como objetivo geral disponibilizar elementosque promovam a humanização da assistência ao recém‐nascido, em que a músicacontribua na terapêutica para a sua saúde, proporcionando harmonia destes com oambiente em que se encontram. E ainda, os objetivos específicos de avaliar como a músicapode influenciar no seu comportamento, descrevendo as reações fisiológicas ecomportamentais em relação à música adotada. Metodologia: A pesquisa foi desenvolvidana UTIN de um Hospital Universitário no Paraná, durante o período de uma semana sem apresença da música e depois foram observados com a presença do som pelo período deduas semanas. Para a seleção dos sujeitos do estudo, foi realizada a avaliaçãocomportamental e clínica dos bebês conjuntamente pelas pesquisadoras, enfermeiras ecorpo médico da unidade, no que tange a aspectos fisiológicos e psicológicos do recém‐ISBN: 978-85-63901-04-0


nascido, devendo estar clinicamente estáveis após a avaliação para fazerem parte dapesquisa. Seguindo esses critérios, os sujeitos do estudo compreenderam sete bebês como diagnóstico de prematuridade. Os pais dos bebês autorizaram a realização do estudoassinando o termo de consentimento livre e esclarecido. O estímulo musical foi aplicadomediante a colocação das caixas de som perto da incubadora, ao lado de fora da mesma,pois o som dentro da incubadora amplifica‐se, podendo lesionar o sistema auditivo. Amúsica foi colocada durante 15 minutos para cada, pois o recém‐nascido pode não toleraruma exposição por tempo mais prolongado 3, 8 . Os níveis de ruído da unidade forammedidos com o decibelímetro, de modo que a música não atuasse como fator estressantepara os bebês. Caso o recém‐nato apresentasse algum dos sinais característicos deestresse, já descritos, a pesquisa seria interrompida imediatamente. Algumas respostas sãoesperadas do recém‐nato quando ele é estimulado por meio sonoro, dentre as quais estão:“respostas reflexas (susto e reflexo cócleopalpebral), atividades corporais (movimentos demembros superiores, membros inferiores, mudança do padrão respiratório, cessação deatividade), atividade facial (constrição de olhos, arregalar os olhos, sucção, sorriso, careta,vocalização, franzir testa e pálpebras) e mudança de estado em reação a estímulos. É,portanto, um procedimento que oferece resultados mais do tipo qualitativo do quequantitativo” 10 . Foram utilizadas músicas clássicas, infantil, sons da natureza e new age. Trocaras músicas faz parte do processo de experimentar a que mais agrada a criança. O projeto do presente estudofoi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de CiênciasBiológicas e da Saúde da UNIOESTE, sendo aprovado para a sua execução. A área temáticado trabalho é o cuidado de enfermagem ao recém‐nascido e/ou família. Resultados: Todasas músicas estimularam os bebês positivamente, no entanto o estilo new age e as músicasinfantis e com sons da natureza influenciaram com maior eficácia. Esse fato pode serconfirmado ao analisar que nos dias em que essas músicas foram ouvidas, as respostasfisiológicas e comportamentais, principalmente demonstrações de prazer (sorriso,vocalização, sucção das mãos ou da sonda), tiveram alterações mais significativas. AsISBN: 978-85-63901-04-0


alterações fisiológicas que mais destacaram‐se foram em relação à saturação de oxigênio,cujos valores mantinham‐se estáveis ou aumentavam. A temperatura corporal, afreqüência cardíaca e respiratória também sofreram alterações, no entanto poucosignificativas. Os aspectos comportamentais foram às mudanças mais relevantes. Todos osbebês apresentaram algum tipo de demonstração de que a música estava agradando.Surgiram as reações de sorriso, permanência com os olhos abertos, movimento demembros superiores e inferiores leves, franzir de testa, direcionamento do olhar para odecibelímetro ou para o próprio aparelho de som, reflexo cócleopalpebral, mudança nopadrão respiratório, respiração mais profunda, diminuição da gemência, cessação deatividade, encolhimento, careta, constrição de olhos, sucção da sonda (da fralda, das mãos,ou da chupeta), franzir de testa e pálpebras, vocalização e arregalar de olhos. Algumaschegaram a dormir em decorrência do estresse e tensão provocados pela hospitalização.Antes da estimulação algumas crianças apresentavam‐se chorosas (o choro é o principalmeio pelo qual o recém‐nato demonstra que algo incomoda), no entanto acalmavam‐seapós ouvirem a música. Essa experiência demonstra o alto grau de influência que osestímulos provenientes do meio exercem sobre os recém‐nascidos. Eles são extremamentesensíveis a qualquer estímulo, pois não possuem uma educação pré‐concebida, e sendoassim, estavam propensos a influência da música. Considerações finais: Os resultadosobtidos da observação, bem como o que foi pesquisado na literatura, comprovam o quemuitos pesquisadores investigam: a influência da música sobre as dimensões física,psíquica, emocional e social, promovendo relaxamento, diminuindo a ansiedade, reduzindoa percepção da dor, alterando os estados de ânimo, promovendo a distração e o conforto.Frente a todas as considerações acerca da utilização da musicoterapia com recém‐natos,acredita‐se que programas nessa linha podem ser implementados e desenvolvidos pelosenfermeiros, tendo em vista a grande variedade de possibilidades terapêuticas eproporcionando assim melhor qualidade de vida a esses pacientes.ISBN: 978-85-63901-04-0


Descritores: Musicoterapia, humanização da assistência, enfermagem em neonatologia.Referências1. MENDES ENW. Cuidados de enfermagem em terapia intensiva neonatal. In: MIURA E,PROCIANOY R. (Org.). Neonatologia: princípios e prática. 2. ed. Porto Alegre: ArtesMédicas; 1997. p.76‐80.2. BEHRMAN RE, VAUGHAN VC. Nelson: tratado de pediatria. 13. ed. Rio de Janeiro:Guanabara; 1990. v.1.3. TAMEZ RN, SILVA MJP. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém‐nascido dealto risco. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.4. BRAZELTON TB. Conduta neonatal e sua significação. In: SACHAFFER AJ, AVERY ME(Org.). Doenças do recém‐nascido. Trad. Raymundo Martagão Gesteira. 4.ed. Rio deJaneiro: Interamericana; 1979. p.33‐49.5. SILVA RNM da. Intervenção no período neonatal. Sociedade Brasileira de Pediatria.Disponível em: .Acesso em: 19 abr. 2004.6. CARVALHO M de. A influência do ambiente da UTI neonatal na assistência a recém‐nascido de risco. XXXICongresso de Pediatria de Fortaleza, 2000. Disponível em:. Acesso em: 18 abr. 2004.7. PIASSI J. Ruídos na UTI neonatal: cuidado com isso! [S.I.]: Canal Saúde 2003 mar.Disponível em: .Acesso em: 25 jun. 2004.8. GIANNOTTI LA, PIZZOLI LML. Musicoterapia na dor: diferenças entre os estilos jazz e newage. Revista Nursing. 2004 abr 7(71): 35‐41.9. BACKES DS, DDINE SC, OLIVEIRA CL, BACKES MTS. Música: terapia complementar noprocesso de humanização de uma CTI. Revista Nursing. 2003 66 (6): 37‐42.10. LICHTIG I, QUEIROZ CN, COUTO MIV, et al. Comportamento auditivo em neonatosinternados em uma unidade de cuidados intermediários para recém‐nascidos externos.Revista Pediatria. 1997 19(3): 183‐9.ISBN: 978-85-63901-04-0


A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO CONTINUADA PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE ÀASSISTÊNCIA AO RECÉM‐NACIDO, EM INTERCORRÊNCIAS VIVENCIADASFernanda Maria Dias Loureiro de Sá 91Tatiana Silva Gonçalves 92Augusto Cesar Sami Loureiro 93O presente trabalho apresenta o relato de experiência desenvolvido na MaternidadeMunicipal Alzira Reis Vieira Ferreira, unidade da Fundação Municipal de Saúde de Niterói ‐RJ, inaugurada em 24/05/2004, sendo a primeira maternidade do município. Suacapacidade instalada é de 18 leitos de alojamento conjunto, 03 leitos de pré‐partoindividualizados e 01 leito de unidade intermediária de atendimento ao recém nato. Operfil da maternidade é de atendimento a gestantes munícipes de Niterói e sem riscodetectado no acompanhamento pré‐natal da rede básica. São realizados em média 180partos / mês, sendo os partos vaginais 65% dos mesmos e já tendo realizado mais de 9000partos desde a sua inauguração. O interesse em desenvolver este trabalho surgiu dareflexão sobre a importância da educação <strong>continuada</strong> e sua real contribuição, suscitandoum debate desta prática com mais propriedade pelos profissionais da área. A educação<strong>continuada</strong> deve ser vista como investimento, e não como um custo. A denominaçãoeducação <strong>continuada</strong>, é entendida como toda ação desenvolvida após a profissionalização,91Pós‐Graduada em Enfermagem Obstétrica pela Universidade Federal Fluminense (2002), PósGraduada em Gestão em Saúde Materno Infantil pela ENSP‐FIOCRUZ (2003)/Gerente de Enfermagemda Maternidade Municipal Alzira Reis Vieira Ferreira – Niterói e Enfermeira da Unidade Materno Fetaldo Hospital dos Servidores do Estado ‐ MS fernandamater@yahoo.com.br92Pós‐Graduanda em Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher ‐ IFF‐FIOCRUZ (2010) – RJ‐ Brasil.(Enf. Assistencial/ UTI ‐ Neonatal – Neo Unidas Terapia Intensiva Neonatal Ltda./ Enf. Assistencial daMaternidade Municipal Alzira Reis – Niterói) thatysg1@hotmail.com.93Pós‐Graduando em CTI‐Neonatal e Pediátrico – Unesa (2010) – RJ – Brasil. (Enf. Neonatologista ‐Maternidade Municipal Alzira Reis – Niterói) augustocesarneo@hotmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


com propósito de atualização de conhecimentos e aquisição de novas informações eatividades de duração, definida por meio de metodologias formais 1 . Ela é um conjunto depráticas educativas contínuas, destinadas ao desenvolvimento de potencialidades, parauma mudança de atitudes e comportamentos nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora doser humano, na perspectiva de transformação de sua prática 2 . Assim, iniciativas como estaoferecem uma grande oportunidade para que possamos refletir nossas práticas,reforçando cada vez mais os laços para obtermos melhores resultados.Este estudo teve como objetivos: Identificar as dificuldades encontradas pelosprofissionais de saúde na assistência ao RN, frente à intercorrências vivenciadas; ecapacitá‐los provendo a melhor tecnologia de saberes, procedimentos e equipamentos,conjugada ao acolhimento das necessidades do RN. Temos como objeto de estudocapacitar os profissionais de saúde na assistência ao RN frente à intercorrênciasvivenciadas. Atualmente podemos observar uma preocupação muito grande por parte dosprofissionais de saúde no que se refere à Assistência ao Recém ‐ Nascido. Os primeirosminutos de vida de um recém‐nascido (RN) podem ser críticos. É neste período que acriança faz uma transição abrupta da vida intra‐uterina para a neonatal. De acordo com aOrganização Mundial de Saúde (OMS), toda criança até o 28º dia de vida é consideradarecém‐nascido (RN), muitos autores consideram as quatro semanas subseqüentes aonascimento como período neonatal 3 . O recém‐nascido é composto por especificidades, noqual podemos destacar a instabilidade dos diversos sistemas de controle hormonais eneurogênicos. Em parte, isto decorre da imaturidade do desenvolvimento dos diferentesórgãos corporais e, em parte, do fato de que o método de controle simplesmente não seajustou ao modo de vida totalmente novo 4 . Uma assistência de qualidade ao RN deve seriniciada, portanto no pré‐natal através do reconhecimento das gestantes de alto riso e doacompanhamento cuidadoso do bem estar materno‐fetal pela monitorizarão obstétrica.Isto permitirá aos profissionais que atuam na sala de parto, a se antecipar tanto àsnecessidades de assistência ao RN, quanto ao preparo prévio do material necessário. OISBN: 978-85-63901-04-0


atendimento do recém‐nascido na sala de parto deverá enfocar a prevenção decomplicações com intervenções precisas, colaborando para a diminuição nos índices demortalidade e morbidade neonatal 5 . O trabalho em equipe é fundamental na admissão dorecém‐nascido enfermo, pois as intervenções necessárias precisam ser priorizadas, paranão colocar em risco a estabilidade do recém‐nascido 5 . É fundamental que hajacapacitação técnica dos profissionais que participam do atendimento imediato ao RN, alémde maior sensibilidade por parte dos profissionais voltados para uma assistênciahumanista, pois, em função do modelo assistencial no qual os profissionais foram inseridosdurante sua formação. Muitas "rotinas" assistenciais, que eram realizadas, pautavam‐se noaspecto prático para facilitar o "bom andamento do serviço" e influenciavam oconhecimento e a prática assistencial desses profissionais 6 . A proposta assistencial adotadapor esta Instituição segue o Programa de Humanização do Parto do Ministério da Saúde 7 . Ainstituição esta em processo de implantação do Programa Iniciativa Hospital Amigo daCriança (IHAC). Com isso, os profissionais estão sendo mobilizados e capacitados a aderirao programa, através de cursos, palestras, sobre os 10 passos para alcançarmos com osucesso o programa, incentivando a amamentação precoce e a manutenção do contatomãe‐filho, evitando‐se, ao máximo, introduzir o aleitamento artificial no período deinternação na maternidade. Metodologia: A metodologia de trabalho baseou‐se narealização de um curso de educação <strong>continuada</strong> com a equipe de enfermagem. Estetrabalho foi realizado em duas etapas, Maternidade Municipal Alzira Reis Vieira Ferreira,no ano de 2009, com carga horária de 12 horas. A coordenação do grupo foi realizada pelaGerente de Enfermagem da Maternidade e um Enfermeiro Neonatologista que seintegraram ao grupo. Começamos a preparação das atividades de acordo com um roteiropré‐determinado. O grupo foi composto por 01 Médico, 06 Enfermeiros, 07 Técnicos e 08Auxiliares. Na realização da atividade utilizamos o Método Participativo, no qual facilita aintegração entre educador e educando, permitindo a participação de todos, comointegrantes do grupo, conseqüentemente com melhor aproveitamento do aprendizado 8 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Tal processo envolveu a construção coletiva do enfrentamento de situações do dia a dia.Foram empregados como recursos: oficinas palestras com profissional da saúde, diversostextos de apoio, exposição dialogada, simulações do uso de métodos reanimação neonatal.Esta proposta de trabalho exigiu também um espaço físico adequado, uma vez que o grupoprecisava de um local para desenvolver suas atividades, como: punção venosa, utilizaçãode bombas infusoras, diluição e administração de medicamentos, aspiração de vias aéreas,módulos ventilatórios (Oxy‐Hood, CPAP Nasal, Ventilação Mecânica). Resultados ‐ Osprofissionais participaram do processo trazendo situações vivenciadas no cotidiano,discutindo e esclarecendo suas dúvidas. Dentro dessa perspectiva, vislumbramos que essefoi um momento crucial para o crescimento das ações que foram implementadas.Considerações Finais ‐ Do ponto de vista teórico e metodológico, a experiência permitiuobservarmos os limites e potencialidades das ações desse processo, como um aumento nonível de informações, um bom envolvimento dos profissionais, aliados com maissegurança, favorecendo assim, a adoção das práticas no momento de intercorrências juntoao recém‐nascido, valorizando muito o trabalhado desenvolvido. A participação nestaatividade nos permitiu adquirir e compartilhar experiências e saberes na área deNeonatologia, e identificar a assistência de enfermagem prestada como diferencialimprescindível para a recuperação do recém‐nascido paciente. Assim, a partir desta visão,poderemos ser profissionais mais conscientes de nosso papel.Palavras‐chave: Educação Continuada; Cuidados de Enfermagem; Recém‐Nascido.Referências Bibliográficas:1. PASCHOAL, AS. O discurso do enfermeiro sobre educação permanente no grupo focal[dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


2. SALUM, NC, Prado M. Educação Continuada no Trabalho: Uma perspectiva detransformação da prática e valorização do trabalhador(a) de enfermagem. TextoContexto Enferm. 2000;9(2 Pt1):298‐311.3. ORLANDI, Orlando V.; SABRÁ, Aderbal. O Recém‐Nascido a Termo. In: FILHO, JorgeRezende. Obstetrícia. 10ºed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.4. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E.; Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças. 6ª ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.5. TAMEZ, R.N; Silva, M.J.P – Enfermagem na UTI Neonatal, Assistência ao Recém‐Nascido de Alto Risco – Terceira Edição – Guanabara Koogan.6. JANICAS, RCSV. Identificação dos Fatores Intervenientes na Implementação da Práticado Contato Corporal Precoce entre Mãe e Recém‐Nascido em uma Maternidade Pública.[dissertação] São Paulo (SP): Escola de Enfermagem da USP; 2001.7. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria Executiva. Programa Humanização do Parto:Humanização do Pré‐Natal e Nascimento. Brasília; 2000.8. MILET, M.E.; MARCONI, R. Metodologia Participativa na Criação de Material Educativocom Adolescentes. Salvador: Paulo Dourado, 1992.ISBN: 978-85-63901-04-0


A INSERÇÃO DAS ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS NA ASSISTÊNCIA AO PARTO: UMAESTRATÉGIA PARA IMPLANTAÇÃO DO MODELO HUMANIZADOJane Márcia Progianti 94Aline Bastos Porfírio 95Ricardo José Oliveira Mouta 96Juliana Amaral Prata 97Introdução: No âmbito internacional, a década de 90 foi marcada por intensos debatessobre as práticas obstétricas. As altas taxas de mortalidade materna e perinatal e aefervescência de movimentos que valorizavam a autonomia das mulheres criaram umcenário propício para se questionar o modelo hegemônico de assistência ao parto queculminou no surgimento de um novo paradigma, o humanizado. Reforçando a importânciada utilização de tecnologias mais seguras e apropriadas na atenção à mulher durante o prénatal,parto e nascimento, baseadas em evidências científicas, aconteceram diversasConferências nacionais e internacionais que trouxeram as questões do feminino edestacaram a necessidade de repensar as práticas obstétricas de forma menosintervencionistas estimulando o parto normal focado na autonomia e no empoderamentoda mulher 1,2 . Com o discurso de valorização do feminino foi possível iniciar o processo de94Doutora em Enfermagem, Docente do Departamento de Enfermagem Materno Infantil (DEMI), daFaculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisadora do Grupode Pesquisas sobre Gênero, Poder e Violência na Saúde e Enfermagem, Pesquisadora do Programa deProciência da UERJ.95Enfermeira obstétrica, Mestranda do Programa de Pós‐Graduação da Faculdade de EnfermagemUERJ.96Enfermeiro obstetra, Mestre em Enfermagem. Professor substituto do Departamento deEnfermagem Materno Infantil (DEMI), da Faculdade de Enfermagem da UERJ.97Enfermeira obstétrica, Mestranda do Programa de Pós‐Graduação da Faculdade de EnfermagemUERJ. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E‐mail:juaprata@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


subversão da lógica do campo obstétrico que desde meados do século XX, com o processode hospitalização do parto, tornou‐se rico em conhecimentos biomédicos, constituindo osaber‐fazer masculino 3 . Neste contexto, com as reivindicações por uma assistência aoparto e nascimento que contemplasse os direitos da mulher, sua liberdade de decisão eseu direito de escolha, floresceram os movimentos pela humanização 1,2 . No final da décadade 90, essa expressão começou a ser associada à uma atenção que reconhece os direitosde cidadania, o direito à tecnologia apropriada e que considera as intersubjetividades darelação. No Brasil, concomitante com os movimentos mundiais de humanização,percebemos que a partir do final dos anos 90, as enfermeiras começaram a ganhar poder eautonomia no campo obstétrico brasileiro e, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo,tiveram condições de lutar pela ocupação dos espaços durante a implantação de práticashumanizadas no campo obstétrico 1,2 . Diante do exposto, este estudo tem como objetivoapresentar as estratégias utilizadas pelos gestores públicos para a implantação das práticashumanizadas no município do Rio de Janeiro. Metodologia: Trata‐se de um estudoqualitativo de natureza histórico‐social que utilizou como método a história oral e análisedos documentos escritos. Esta pesquisa está inserida no projeto intitulado “O processo dehumanização da assistência ao parto e nascimento: a participação da enfermeira nareconfiguração do campo obstétrico hospitalar” do Grupo de Pesquisas sobre Gênero,Poder e Violência na Saúde e na Enfermagem da Faculdade de Enfermagem daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Como recorte temporal foi definido operíodo de 1994 à 2004. O recorte inicial deve‐se a inserção das enfermeiras obstétricas naassistência ao parto da maternidade Leila Diniz e, o ano de 2004 foi escolhido como recortefinal devido à inauguração da primeira Casa de Parto do Rio de Janeiro. Resultados: Aolongo da década de 1990, as políticas públicas de atenção à saúde da mulher passaram porum processo de reformulação, que resultou na publicação de documentos erecomendações sobre as tecnologias adequadas para o parto e nascimento pelaOrganização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS). Foram desenvolvidosISBN: 978-85-63901-04-0


projetos e iniciativas com o objetivo de promover melhorias na qualidade da atenção àsaúde e aumentar a cobertura assistencial. Por outro lado, o novo modelo assistencialapontava para uma demanda profissional com condutas e posturas condizentes compráticas seguras e menos intervencionistas que respeitassem os direitos de cidadania dasmulheres. Diante da necessidade de transformações na assistência ao parto, os gestorespúblicos utilizaram estratégias para a implantação das práticas humanizadas. No municípiodo Rio de Janeiro, durante o processo de municipalização das maternidades federais,destaca‐se a primeira estratégia: a criação e inauguração da Maternidade Leila Diniz, em1994 1 . Esta instituição se espelhou no modelo europeu da maternidade de Pithiviers naFrança, cujo idealizador foi o médico obstetra Michael Odent, que sempre atuou com umaequipe de midwifers, justificando que as parteiras estão mais qualificadas emocionalmentepara lidarem com a intensidade da experiência da mulher no momento do parto e por suaprática ser menos intervencionistas que a dos médicos 1 . A inserção das enfermeirasobstétricas na assistência ao parto hospitalar humanizado da Leila Diniz aconteceuconcomitante com a implantação do Projeto de Assistência ao Parto e Nascimento porEnfermeiros Obstetras (PAPNEO), que tinha como objetivo sistematizar a atuação destasprofissionais na atenção integral à mulher durante o processo de parturição, consolidandoa prática das enfermeiras obstétricas na humanização 1 . No intuito de valorizar o femininono modelo humanizado, foi reconhecido pelos gerentes municipais que o habitusprofissional da enfermeira era apropriado porque sua formação era centrada nacompreensão da gravidez e do parto como eventos singulares e que sua representação navida da mulher está diretamente relacionada ao contexto existencial da mesma, sendo estaa principal protagonista do processo 1 . Por analogia, percebemos que neste modelo, ogrupo de enfermeiras especializadas em enfermagem obstétrica teria condições de lutarpara ocupar espaços na assistência ao parto, onde pretendia‐se que a fisiologia do partofosse respeitada e que as mulheres usuárias dos serviços públicos fossem protagonistas 4 .Como uma segunda estratégia, consideramos os dispositivos elaborados pelo Ministério daISBN: 978-85-63901-04-0


Saúde que valorizaram a atuação das enfermeiras obstétricas na assistência ao parto:Portaria MS/SNAS n° 179/91 que criou, na tabela de informações ambulatoriais (SIA/SUS),o código 029‐9 referente à assistência ao parto sem distócia por enfermeira (o) obstetra 5 ;Portaria MS/GM n° 2.815/98 que Estabeleceu a inclusão do procedimento Parto NormalSem Distócia realizado por Enfermeiro Obstetra nas tabelas do Sistema de InformaçõesHospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS) 6 ; Portaria MS/SAS n° 163/98 quedescreveu as atribuições das enfermeiras obstétricas neste tipo de atendimento edeterminou o laudo de internação de enfermagem para a emissão de Autorização deInternação Hospitalar (AIH) de mulheres que tiveram parto normal 7 ; e a Portaria MS/GM n°985/99 que Implantou os Centros de Parto Normal ou Casas de Parto, no âmbito doSistema Único de Saúde e determinou a enfermeira obstétrica como parte da equipemínima 8 . Podemos dizer que este arcabouço legal demonstrou o reconhecimento doimpacto positivo das enfermeiras obstétricas na assistência ao parto. Paralelamente, comouma terceira estratégia, em 1998, os gestores da Secretaria Municipal de Saúde e DefesaCivil do Rio de Janeiro (SMSDC/RJ), vislumbraram com a experiência das enfermeirasobstétricas e investiram ainda mais na capacitação destas profissionais expandindo omodelo humanizado para outras unidades da rede de serviços, principalmente da ÁreaProgramática 3.3 2 . Dentre elas, destaca‐se a Unidade Integrada de Saúde HerculanoPinheiro, reinaugurada em agosto de 1997. Posteriormente, outras instituições receberaminvestimentos como a Maternidade Alexander Fleming, em 1998; Maternidade OswaldoNazereth, em 1999, e a Maternidade Carmela Dutra, em 2000 2 . Com a implantação daspráticas humanizadas nos níveis municipais, principalmente nas grandes capitais,percebemos que o Ministério da Saúde considerou a humanização do parto e nascimentoe, em 2000, publicou a Portaria MS/GM n° 569 que instituiu o Programa de Humanizaçãono Pré‐Natal e Nascimento (PHPN) 9 e as Portarias MS/GM n° 570, 571 e 572 queestabeleceram os componentes do referido Programa. Reconhecendo a importância deinvestir na capacitação e na ampliação do número de enfermeiras obstétricas no modeloISBN: 978-85-63901-04-0


humanizado, destacamos uma quarta estratégia quando foi publicada a Portaria MS/SE n°876/2000 que aprovou os planos de trabalho de apoio às ações de saúde objetivando aexecução do curso de especialização em enfermagem obstétrica através das universidadesfederais 10 . Por último, destacamos a criação da Casa de Parto David Capistrano Filho nomunicípio do Rio de Janeiro, em 2004, como outra estratégia. Esta instituição tem comoproposta desenvolver o cuidado humanizado baseado na fisiologia da parturição e noempoderamento da mulher para assumir seu processo de parturição, primando peloacolhimento e pela participação da família. Conclusão: Verificamos que os gestoresfederais, no campo político, através da elaboração de dispositivos governamentais,respaldaram legalmente a atuação das enfermeiras obstétricas e criaram dispositivos queestimularam a capacitação e ampliação do número de profissionais atuando na assistênciaao parto como estratégia para a implantação do modelo humanizado. Por outro lado, ogestores municipais, no campo da saúde da mulher, identificaram as enfermeirasobstétricas como agentes estratégicos na implantação das práticas obstétricashumanizadas tendo em vista que estas profissionais se mostraram dispostas paraincorporar em seu habitus as práticas apropriadas para o novo modelo assistencial. Odiscurso oficial da humanização do parto e nascimento foi favorável para as enfermeirasobstétricas pois o seu saber‐fazer distinto propiciou a ocupação de espaços no campoobstétrico hospitalar e a implantação das práticas humanizadas no município do Rio deJaneiro. Contribuições para Enfermagem: Destacamos que a implantação do modelohumanizado legitimou o poder das enfermeiras obstétricas na atenção ao partohumanizado e a enfermagem, através desta especialidade, conquistou espaço e posiçõesnas instituições municipais.Descritores: Humanização da Assistência; Enfermagem Obstétrica; Saúde da Mulher.Referências:ISBN: 978-85-63901-04-0


1 MOUTA, R. J.O. A luta das enfermeiras pela ocupação do espaço hospitalar de assistênciaao parto humanizado. 2008. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade deEnfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.2 PORFíRIO, A.B. A reconfiguração do habitus de enfermeiras no processo de implantaçãodo modelo humanizado na maternidade Alexander Fleming: 1998 a 2004. Qualificação(Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Riode Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.3 PROGIANTI, J. M. Parteiras, médicos e enfermeiras: a disputada arte de partejar (Rio deJaneiro – 1934/1951). 2001. Tese (Doutorado em enfermagem) – Escola de EnfermagemAnna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.4 PROGIANTI, J.M.; MOUTA, J.O. 2009. A enfermeira obstétrica: Agente estratégico naimplantação de práticas do modelo humanizado em maternidades. Rev. Enferm. UERJ, Riode Janeiro, 2009 abr/jun; 17 (2): 165‐9.5 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/SNAS n° 179 de 10 de outubro de 1991. Criou,na tabela de informações ambulatoriais (SIA/ SUS), o código 029‐9 referente à assistênciaao parto sem distócia por enfermeira (o) obstetra. Brasília, 10 de outubro de 1991, p. 221.6‐ ________. Portaria MS/GM n° 2.815 de 02 de junho de 1998. Inclui na tabela do sistemade informações hospitalares do SUS, e na tabela do sistema de informações ambulatoriais,o grupo de procedimentos parto normal sem distócia realizado por enfermeiro obstetra.Brasília, 2 de junho de 1998, seção 1:47.7‐ _________. Portaria MS/SAS n° 163 de 24 de junho de 1998. Cria o laudo deenfermagem para emissão da AIH de parto normal. Brasília, 24 de junho de 1998, p. 24.8‐ _________. Portaria MS/GM n° 985 de 6 de agosto de 1999. Dispõe sobre Criar o Centrode Parto Normal, no âmbito do SUS, para o atendimento a mulher no período gravídicopuerperal.Brasília, 6 de agosto de 1999, p. 51.9‐ _________. Portaria MS/GM n° 569 de 8 de junho de 2000. Institui o Programa deHumanização no Pré‐natal e Nascimento no âmbito do SUS. Brasília, 8 de junho de 2000,seção 1:4.ISBN: 978-85-63901-04-0


10‐ ________. Portaria MS/SE n° 876 de 4 de dezembro de 2000. Aprovou os planos detrabalho de apoio às ações de saúde objetivando a execução do “curso de especializaçãoem enfermagem obstétrica” através das universidades federais. Brasília, 4 de dezembro de2000, seção 1:9.ISBN: 978-85-63901-04-0


A MATERNAGEM DA CRIANÇA PRÉ‐TERMO DA UNIDADE NEONATAL AO LAR: BASESPARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEMInês Maria Meneses dos Santos 98Rosângela da Silva Santos 99Trata‐se de um recorte da Tese de Doutorado em Enfermagem, na Linha de Pesquisa:Enfermagem em Saúde da Criança, da EEAN, da UFRJ. Traz como temática a maternagemque são “os cuidados que a mãe (ou sua substituta) tem para criar o seu filho (ou umacriança); esses cuidados são condutas ou atitudes de interação, que mesmo quanto têmum objetivo físico, não deixam de provocar vivências na criança, as quais dão base para oseu desenvolvimento cognitivo e, especialmente, emocional” 1:14 . A escolha teve origem naminha experiência profissional assistencial e docente cuidando de crianças hospitalizadasacompanhadas de suas mães em diferentes cenários e na minha vivência pessoal. Observeique para essas mulheres a maternagem possível na Unidade Neonatal é estranha ao quefora aprendido ao ser maternada e ao (con)viver com outras mulheres em seu meio social.O objeto de estudo é “a maternagem da mulher que teve filho pré‐termo hospitalizado emUnidade Neonatal”. As questões norteadoras: Como a mulher que teve filho pré‐termohospitalizado em Unidade Neonatal vivenciou a maternagem? De que forma a enfermeirada Unidade Neonatal pode contribuir para o desenvolvimento da maternagemsuficientemente boa, a partir da experiência vivenciada da mulher. Os objetivos:Compreender a experiência vivenciada da maternagem da mulher que teve filho pré‐termohospitalizado em Unidade Neonatal; e discutir a experiência vivenciada da maternagem em98Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do DEMI/EEAP/UNIRIO.99Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Titular do DEMI/EEAN/UFRJ. Professora Adjuntado DEMI/FEN/UERJ. Pesquisadora 1C do CNPq/FAPERJ.ISBN: 978-85-63901-04-0


elação à assistência de enfermagem recebida na Unidade Neonatal. O estudo utilizoureferencial de dois teóricos: 1) Winnicott psicanalista e pediatra que elaborou a Teoria doDesenvolvimento Primitivo, um estudo pormenorizado da relação mãe‐filho e dasinfluências da família e do ambiente, postulando a interação de processos inatos dematuração com a presença de um ambiente facilitador, desde uma fase de dependênciaabsoluta à independência humana²; 2) Leininger, enfermeira, que elaborou a TeoriaDiversidade e Universalidade do Cuidado Cultural, utilizou‐se da Antropologia, e assegurouque o cuidado é a essência da Enfermagem e fundou a enfermagem transcultural 3 . Oprojeto foi aprovado sem exigências pelo CEP SMS‐RJ parecer nº 05A/2008. O métodoutilizado foi a História de Vida, com o referencial de Daniel Bertaux 4 . O cenário do estudofoi o ambulatório de follow‐up de uma Maternidade do município do Rio de Janeiro, queatende egressos da Unidade Neonatal. Foram entrevistadas 23 mulheres que tiveram filhospré‐termo hospitalizado em unidade neonatal, no período de março a junho de 2008. Apergunta norteadora da entrevista foi: “Fale o que você considera importante a respeito dasua vida que tenha relação com a sua experiência como mãe durante a hospitalização deseu filho pré‐termo na Unidade Neonatal”. Atingiu‐se o critério do ponto de saturação 4 . Oprocesso analítico empregado foi a análise temática 4 . É importante frisar que as categoriasde análise não foram determinadas antes do trabalho de campo, foram construídas a partirdas entrevistas. Os depoimentos foram analisados respeitando‐se a individualidade e aespecificidade de cada depoente, porém os seus discursos foram agrupados, de acordocom os temas identificados. Emergiu a categoria analítica: O Cuidado Materno ao Pré‐Termo da Unidade Neonatal ao Lar e a Existência Humana. Ao analisar os depoimentos,algumas mulheres falaram da instância do desejo consciente, ou não, pela maternidade,pela constituição de sua família, revelaram diferentes motivações que resultaram na vindade seus filhos. Vinte e duas mulheres entrevistadas neste estudo vivenciaram o partoprematuro, uma adotou um bebê pré‐termo, quinze submeteram‐se a cesariana e sete oparto vaginal (na visão winnicottiana o parto normal acontece quando mãe e feto estãoISBN: 978-85-63901-04-0


prontos tanto do ponto de vista psicológico como fisiológico, alcançado no termo). Acriança deixa a mãe prematuramente, agravando a dor ligada à separação que o partoimpõe, pois o parto é prematuro tanto para à mãe quanto para a criança 5 . Uma coisaimportante a respeito da experiência da recém mãe, em seus contatos iniciais com o bebê,“é a tranqüilidade que os profissionais lhe dão de que seu filho é normal (seja o que forque isso possa significar)” 6:25 , algumas entrevistadas se reconfortaram em saber que seubebê não tinha doença associada era apenas muito pequeno. Porém estar diante do seubebê real, diferente do idealizado foi um choque a ser superado. O nascimento prematuroprovoca profundas alterações na dinâmica familiar e os pais de recém‐nascidos gravesentram num estágio de luto, sendo possível identificar os estágios: negação, raiva,barganha, depressão e aceitação 7 . As mães somente conseguem assumir a criança àmedida que aceitam a perda das idealizações projetadas na gravidez, todas precisam deum tempo para lidar com a tristeza de se ter um filho que não pode nascer do jeito que sequeria 8 . Há necessidade de apoiar as puérperas cujos filhos são encaminhados para a UTIN,porque estas são obrigadas a percorrer caminhos que nada têm a ver com o imaginado outrilhado por figuras familiares. Muito há a fazer pelas mães na UTI, para que possamresgatar sua própria competência, apercebendo‐se de sua capacidade de exercer umcuidado especial e único – a maternagem – diferente do oferecido pela equipe. Capaz deunir; por meio do toque e da palavra, as experiências iniciais do bebê na UTI, facilitando aintegração do bebê, protegendo‐o tanto do ponto de vista psíquico quanto imunológico efisiológico 8 . A internação em UTIN costuma provocar muito medo, pelo ambiente físicodesconhecido e gravidade dos casos, mas também porque a família perde o contato com ofilho, que passa a “pertencer” 5 a um corpo de médicos e enfermeiras. O cuidado maternofoi identificado nos diferentes setores que compõem a Unidade Neonatal, e foramdiscutidos: as modalidades de alimentação do pré‐termo, o processo de amamentação, adependência e apropriação da tecnologia, a alta do bebê condicionada ao ganho ponderal,a morte. As depoentes descreveram a rede de apoio tanto familiar como a tecida com asISBN: 978-85-63901-04-0


outras mulheres mães acompanhantes. Quanto a vivência da maternagem no domicílio,embora com grande desejo de ir para casa, algumas mulheres relataram medo decuidarem sozinhas de seus filhos sem o aparato tecnológico e os profissionais de saúde,pois a partir da saída do hospital a responsabilidade pela vida da criança estava em suasmãos. Alguns depoimentos revelaram que mulheres abriram mão dos seus planos pessoais(trabalho ou estudo) para dedicar‐se exclusivamente a criança que demanda de umcuidado materno diferente do bebê nascido a termo. Essas crianças são acompanhadas emdiferentes serviços para que possam atingir o seu melhor desenvolvimento de acordo comsuas possibilidades. Os percalços vividos pela mulher/família na busca de um atendimentoqualificado no ciclo gravídico‐puerperal, já que o direito à saúde é garantido ao indivíduodesde o seu nascimento. Entretanto, vivemos uma realidade em que os serviços têm sidooferecidos de modo parcial a grande parte da população brasileira. Há um descompassoentre a avançada política pública de atenção perinatal e a realidade brasileira. As mulheresdeste estudo vivenciaram peregrinação desde as Unidades Básicas de Saúde no pré‐natal,passando por maternidades, muita das vezes fora do seu município de origem, por suaconta e risco. Uma vez resolvida a situação de nascimento, houve mulheres que cientes dodireito de acompanharem seus filhos hospitalizados, lutaram contra imposições das rotinashospitalares até encontrarem profissionais que de fato a acolhessem. As quepermaneceram acompanhando por um longo período de tempo submeteram‐se acondições desumanas de acomodação. O cuidado profissional da enfermagem, na maioriados relatos das mulheres entrevistadas apareceu como facilitadora da maternagem. Aenfermagem ajudou no primeiro contato mãe‐filho seja no centro obstétrico ou naunidade neonatal. Apresentou esse pré‐termo e o ambiente da UTI à mãe e aos familiares,ensinou uma nova forma de cuidar de um bebê que nascera prematuro para que amãe/família assumisse os cuidados no domicílio, elaborando uma nova forma de maternar.O cuidado de enfermagem, sob este ponto de vista funcionou como facilitador para ocuidado da mãe para com o bebê.ISBN: 978-85-63901-04-0


Descritores: enfermagem neonatal, cuidado do lactente, relações mãe‐filhoReferências:1. Elyseu Júnior S. Maternagem e personalidade: um guia para os pais. Campinas (SP):Átomo; 2000.2. Winnicott DW. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria dodesenvolvimento emocional. Porto Alegre (RS): Artmed; 2007.3. Leininger MM. Culture care diversity and universality: a worldwide nursing theory. 2ª ed.Boston (USA): Jones and Bartlett Publishers; 2006.4. Bertaux D. Los relatos de vida. Barcelona (Espanha): Bellaterra; 2005.5. Baldini SM, Krebs VLJ. Reações psicológicas nos pais de recém‐nascidos internados emunidade de terapia intensiva. Pediatria Moderna. 2000 (ed especial); 36: 242‐6.6. Winnicott DW. A criança e o seu mundo. 6ªed. Rio de Janeiro(RJ): Zahar; 1985.7. Kubbler‐Ross E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinaraos médicos, enfermeiros, religiosos e aos próprios doentes. 6ªed. São Paulo(SP): MartinsFontes;1994.8. Braga N, Morsch D. Os Primeiros Dias na UTI. In: Moreira MEL (org). Quando a vidacomeça diferente: o bebê e sua família na UTI neonatal. Rio de Janeiro(RJ): FIOCRUZ; 2003.p 51‐68.ISBN: 978-85-63901-04-0


A PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE À INTERNAÇÃO DE CRIANÇAS COMNECESSIDADES ESPECIAIS EM UNIDADE NEONATALTHE PERCEPTION OF NURSES FACE TO INTERNMENT OF CHILDREN WHITH SPECIAL NEEDSIN NEONATAL UNITLA PERCEPCIÓN DE LAS ENFERMERAS CARA AL INTERNAMIENTO DE NIÑOS CONNECESIDADES ESPECIALES EN UNIDAD NEONATALInês Maria Menezes dos Santos 100Leila Rangel da Silva 101Márcio Luis Ferreira 102Este estudo exploratório‐descritivo teve como objetivo verificar a percepção do enfermeirofrente à internação de crianças com necessidades especiais em Unidade Neonatal.Metodologia: utilizou‐se a abordagem qualitativa. A coleta de dados deu‐se pela entrevistasemi‐estruturada, aplicada a dezoito enfermeiros de uma maternidade carioca. Asinformações foram tratadas com a técnica de análise temática pela qual emergiram duascategorias analíticas: A percepção das inadequações como limitantes no processo do100Enfermeira. Professora Doutora Coordenadora do Departamento Materno‐infantil da Escola deEnfermagem Alfredo Pinto/ UNIRIO. Líder do grupo de Estudos em Enfermagem nas Áreas Perinatal eda Mulher no Ciclo da Vida (UNIRIO). Pesquisadora do Laboratório de Cuidado e Experimentação emEnfermagem (UNIRIO).101Enfermeira. Professora Doutora. Líder do Grupo de Estudos em Enfermagem nas áreas Perinatal eda Mulher no Ciclo da Vida (UNIRIO). Pesquisadora do Grupo em Saúde da Mulher: Maternagemespecial; pesquisadora do Laboratório de Cuidado e Experimentação em Enfermagem e Maternidade:questões de saúde da mulher e da criança.102Enfermeiro. Professor Auxiliar das Faculdades Integradas de Jacarepaguá e da Pós‐graduação emEnfermagem Neonatal e Pediátrica do Centro Universitário Celso Lisboa. Especialista em EnfermagemNeonatal (UNIRIO/ Clínica Perinatal). Plantonista da UTI neonatal do HMCD‐RJ. Membro do Grupo dePesquisa e Estudos em Enfermagem na área da Mulher e da Criança (UNIRIO).ISBN: 978-85-63901-04-0


cuidar e O desejo, a responsabilidade ética e a arte como instrumentos para superar asinadequações. Os resultados demonstraram percepções permeadas por uma série deinadequações no continuum do cotidiano gerando ansiedade e frustração nos sujeitos deestudos pelo fato das atividades sonhadas não serem realizadas como gostariam; bemcomo, dificuldades no atendimento às necessidades de crescimento e desenvolvimentodessas crianças.Descritores: Profissionais de Enfermagem; Tempo de Internação; Enfermagem Neonatal.INTRODUÇÃOA luta pela redução da mortalidade infantil, incluindo seu componente neonatal,se apresenta como fato no contexto mundial. Ao longo das últimas décadas, foramimplementadas políticas públicas de saúde que atenderam às especificidadesepidemiológicas em Saúde da Criança (1) .Em consonância com as Metas do Milênio, o Brasil aprofundou programas eestratégias afins. Como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, o Programa de Humanizaçãodo Pré‐Natal e Nascimento, a Norma de Atenção a Recém‐nascidos de Baixo Peso (MétodoCanguru), o Pacto <strong>Nacional</strong> para a Redução da Mortalidade Materna e Neonatal e oEncontro dos Novos Prefeitos e Prefeitas do Brasil resultaram na redução da mortalidadeneonatal (1, 2, 3, 4, 5) .Da mesma forma, a introdução de novas tecnologias no atendimento perinatal(corticoterapia antenatal, surfactante pulmonar exógeno, ventilação de alta frequência,etc), colaborou para a superação de doenças congênitas e adquiridas, resultando em umaclientela que demanda cuidados especiais de saúde, de natureza permanente e contínua,com pluralidade de diagnósticos médicos e fragilidade clínica: as crianças comnecessidades especiais (CRIANES) (6) .ISBN: 978-85-63901-04-0


As CRIANES necessitam de demandas particulares, dentre elas as tecnológicas(cateteres, cânulas de traqueostomias, bolsas de colostomia, etc) muitas vezes nãoencontradas com as devidas especificações na Unidade Neonatal devido ao perfil daclientela de base, o prematuro (6) .A internação de bebês crônicos tem se apresentado com regra, sendo as afecçõesoriginadas no período perinatal as principais morbidades e fatores de risco que justificamas internações prolongadas em unidades neonatais. Figurando as hipóxias intra‐uterinas e(4, 7, 8)as asfixias ao nascer com as maiores causasAs internações desses bebês demandam altos investimentos nos mais diversosníveis tecnológicos (maquinários, recursos humanos com especificidade de conhecimento,etc), representando os maiores gastos na saúde (9)Neste contexto, a atuação do enfermeiro no cuidado a esta clientela torna‐seindispensável(10) . Atualmente, superaram‐se as preocupações com as taxas demortalidade. O foco são as repercussões tardias dos problemas perinatais nossobreviventes, assumindo atitudes não só curativas, mas abrangendo aspetos físicos epsicoativos, na perspectiva da promoção da saúde e da qualidade de vida (11) .Apesar dos profissionais sentirem‐se satisfeitos com a melhora dos recémnascidose de cuidarem dos mesmos com atenção, desvelo e afeto, o cuidado do neonato,sob a ótica do enfermeiro, é permeado pelas sensações de medo e insegurança. (12)As sensações de sofrimento e frustração decorrem da alta hospitalar nãomaterializar o resultado de um bom trabalho. Na verdade, há elevado número de egressosda terapia intensiva neonatal com necessidades especiais de saúde com o atraso nodesenvolvimento neuropsicomotor. Somando‐se a isso, a ausência de políticas de saúdeespecíficas de seguimento (8, 13, 14) .Destarte, verificar a percepção do enfermeiro frente à internação de CRIANES emUnidade Neonatal consiste na primeira etapa para a construção de novas estratégias queISBN: 978-85-63901-04-0


garantam às crianças com necessidades especiais um cuidado e políticas públicascondizentes com o seu perfil.METODOLOGIAEste estudo exploratório‐descritivo teve como objetivo verificar a percepção doenfermeiro frente à internação de crianças com necessidades especiais (CRIANES) emUnidade Neonatal. Como procedimento metodológico, utilizou‐se a abordagem qualitativa.O estudo fora realizado em uma Maternidade localizada na zona norte doMunicípio do Rio de Janeiro, caracterizada por possuir uma grande demanda e umaUnidade Neonatal de alta complexidade.Suas dependências para o atendimento neonatal contam com uma UTI comquatorze leitos, cursando com uma taxa média de ocupação acima de 90 %. Sendo que nãoé incomum a presença de leitos extras para que sejam garantidos os atendimentos, atéque se providenciem as transferências inter‐hospitalares. Neste ambiente, o pai podepermanecer em contato com o recém‐nato num período de 12 horas (08 da manhã às 20horas). E a mãe pode ter acesso ao bebê por 24 horas. Não há disponibilidade de poltronaspara as mesmas. Sendo assim, lhes são disponibilizadas algumas cadeiras plásticas paraque tenham conforto durante a permanência.A Unidade Intermediária conta com 31 leitos. A taxa anual média de ocupaçãotambém é elevada. Atingindo 80 % de sua capacidade. Sua ocupação plena também ocorreao longo do ano. Neste lugar, as mães podem permanecer 24 horas ao lado do filho. Sãofornecidas poltronas reclináveis a quase todas. Principalmente, às que permanecem emperíodo integral. São‐lhes garantidas as quatro refeições diárias, local para atendimento àssuas necessidades fisiológicas, armários para armazenamento de pertences do bebê. Paraas mães que não podem ficar integralmente com os filhos, existem armários numeradospara guarda de bolsas e outros objetos, antes de adentrarem a Unidade. Os pais possuemo direito de visita ou permanência por um período de doze horas, como ocorre na UTI.ISBN: 978-85-63901-04-0


A enfermaria Canguru conta com seis leitos em ambiente que garante aprivacidade do binômio. É disponibilizada uma cama retrátil e apoio para as costas paracada mãe. Além, é claro, da faixa para a prática da segunda etapa do Método.A sala de medicação conta com técnicas de enfermagem, devidamente treinadas,para o fracionamento das doses individualizadas a serem fornecidas aos bebês. Suasatividades incluem a o planejamento, preparo e destinação dos fármacos nas mais diversasapresentações.Trabalham na UTI/UI outros profissionais, tais como: médicos, fisioterapeutas,terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos. O serviço conta com o apoio deassistentes sociais; porém, não há nenhuma exclusiva para atendimento das necessidadesdos neonatos.Complementarmente, a Maternidade possui serviço de radiologia, uma UnidadeTransfusional, Laboratório e Banco de Leite Humano e equipe de limpeza com atividadesininterruptas.O corpo de Enfermagem Neonatal conta com 01 responsável técnica, 01enfermeira diarista, uma técnica de enfermagem diarista e duas técnicas de enfermagemdestinadas à sala de medicação.Os enfermeiros e técnicos plantonistas trabalham 32,5 horas semanais (escala12X60 horas/ semanais). São acomodados em três plantões diurnos e três noturnos. Cadaplantão conta com quatro enfermeiros, dos quais um é destinado à Unidade Neonatal etrês à UTI. Os técnicos de enfermagem perfazem um total de doze por plantão. Sendoesses divididos, pelos enfermeiros plantonistas, para a assistência ao neonato de acordocom a avaliação da complexidade dos bebês internados.O cuidado às CRIANES sofre alterações nas duas partes do cenário (UTI e UI).Na primeira (UTI) o enfermeiro assume a realização de procedimentos invasivos(aspiração traqueal, implantação de cateteres venosos de curta e longa permanência,cateterismos vesicais e transpilóricos, etc). Aos auxiliares e técnicos de enfermagem sãoISBN: 978-85-63901-04-0


atribuídas as funções de higiene, fornecimento de dieta sob as mais variadas modalidadese administração de fármacos. Aqui, todos os bebês internados contam com o registro doscuidados efetuados pelo enfermeiro diretamente em prontuário.Na segunda (UI), a assistência de Enfermagem é desenvolvida quase queintegralmente pelos auxiliares e técnicos de Enfermagem. O que inclui a aspiração de viasaéreas superiores, cateterismos vasculares de curta permanência e registros deenfermagem. Fato marcante representa a quase inexistência de registros efetuados pelosenfermeiros em prontuários.As estimulações neuromotoras são desenvolvidas pelas equipes de fisioterapia,terapia ocupacional e fonoaudiologia. Porém este trabalho é descontinuado nos períodosnoturnos e finais de semana.O acolhimento à família é desenvolvido por todos os membros (enfermeiros,técnicos, médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais), incluindo oserviço social, equipes de limpeza e segurança.O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Centro de Estudos da Maternidade,solicitando autorização para realizar a pesquisa com os enfermeiros da Unidade Neonatal eao Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, com registro dapesquisa no Conselho <strong>Nacional</strong> de Ética em Pesquisa (CONEP), atendendo a Resolução196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde que dispõe sobre as Diretrizes e NormasRegulamentares de Pesquisa em Seres Humanos.O mesmo foi aprovado sem ressalvas, Parecer nº 28ª/2010, do CEP SMS‐RJ(Anexo I). Somente após o aceite da Instituição através do Centro de Estudos e do Comitêde Ética, é que as entrevistas foram realizadas.No primeiro contato, foi apresentado aos entrevistados o protocolo de pesquisacom a aprovação do Comitê, o projeto de pesquisa e o Termo de Consentimento Livre eesclarecido para leitura e assinatura. Foram‐lhes garantidos o sigilo, anonimato e direito adesistir da participação em todos os momentos da pesquisa.ISBN: 978-85-63901-04-0


Posteriormente, os entrevistados foram acomodados em uma sala para evitar ainterrupção das entrevistas e garantir‐lhes privacidade.As entrevistas semi‐estruturadas foram realizadas com base em um roteirocontendo perguntas fechadas e abertas para a identificação, incluindo a adoção de umpseudônimo. E, três perguntas abertas. As perguntas foram lidas, não sendo fornecidas porescrito aos entrevistados. Utilizaram‐se aparelhos de áudio (K‐7 e MP‐5) para garantir osregistros das falas.As coletas foram realizadas em momentos apontados pelos entrevistados comosendo os de menor tensão e atividade na Unidade.Foram entrevistados dezoito enfermeiros (as), sendo as entrevistas transcritasimediatamente. Após estas entrevista atingiu‐se o critério do ponto de saturação dosdepoimentos, encerrando a etapa de coleta de dados.A saturação é o fenômeno através do qual o pesquisador tem a impressão de nãoapreender nada de novo referente ao objeto de estudo, a partir de certo número deentrevistas. E, para que o pesquisador consiga identificar corretamente o ponto desaturação, recomenda‐se a transcrição imediata das entrevistas (1) .O tempo empregado para as coletas variou de 5 a 14 minutos de duração. Asentrevistas foram transcritas em espaço duplo para facilitar o recorte e posterior formaçãode Unidades temáticas.A análise de dados deu‐se por meio da análise temática.O “tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um textoanalisado segundo critérios relativos à teoria que serve de guia de leitura” (15) .Operacionalmente, a análise temática desdobra‐se em três etapas, a saber (15) :1 a A pré‐análise a qual consiste na escolha dos documentos a serem analisados;na retomada da hipótese e dos objetivos iniciais da pesquisa, reformulando‐os frente aomaterial coletado; e na elaboração de indicadores que orientem a interpretação final. EISBN: 978-85-63901-04-0


podem ser divididas, para uma melhor compreensão, nas seguintes tarefas; leituraflutuante, constituição do Corpus, Formulação de hipóteses e objetivos.2 a Exploração do material que consiste essencialmente na operação decodificação, visando alcançar o núcleo de compreensão do texto, realizando a classificaçãoe a agregação dos dados, escolhendo as categorias teóricas ou empíricas que comandarãoa especificações dos temas.3 a Tratamento dos resultados obtidos e interpretação onde os resultados obtidossão submetidos à classificação a agregação e, a partir daí o analista propõe inferências erealiza interpretações previstas no seu quadro teórico ou abre pistas em torno dedimensões teóricas sugeridas pela leitura do material.Sendo assim, esta etapa de definição das Unidades Temáticas e seusagrupamentos, requereu a leitura e releitura dos recortes efetuados. Por vezes, teve‐se anecessidade de deslocar alguma informação para outra unidade. Algumas das quaisamplamente interligadas. O que favoreceu o estabelecimento dos agrupamentos e adefinição das duas categorias.Desta forma, empreguei a técnica de recorte e colagem. Durante a leituraflutuante de todas as entrevistas, anotei a caneta minhas percepções sobre o tema, naslaterais dos textos transcritosNuma segunda leitura, me aproximei às falas na íntegra, destaquei a fala,recortei e colei em uma folha de papel A4 e dei um título, fazendo um cabeçalho na partesuperior. Depois comecei a procurar nas entrevistas se havia alguma fala que também seaproximasse dessa. Realizei, portanto, a CODIFICAÇÃO e assim emergiram as 27 Unidadestemáticas. Com o processo de síntese o trabalho resultou em 05 agrupamentos. Apósexaustivas releituras, emergiram 02 categorias analíticas: 1‐ A percepção das inadequaçõescomo limitantes no processo do cuidar e 2‐ O desejo, a responsabilidade ética e a artecomo instrumentos para ampliar a qualidade do cuidado.ISBN: 978-85-63901-04-0


RESULTADOS E DISCUSSÃOEm termos de perfil pessoal, os sujeitos de estudos se enquadram no perfil dacategoria profissional: predominantemente feminino. Outro fato relevante e comrepercussões nos achados diz respeito à mão‐de‐obra extremamente especializada dentreos profissionais neste cenário. Como mostram os dois quadros a seguir:Quadro I: Identificação dos EnfermeirosIdentificação Idade SexoTempo deGraduadaPós‐graduaçãoRosa 33 anos Feminino 12 anos Clínica Cirúrgica 11 anosDéia 37 anos Feminino 14 anos Enfermagem Neonatal 12 anosEnfermagem NeonataBailarina 37 anos Feminino 14 anos l e Pediátrica 14 anosMariana 44 anos Feminino 15 anos Não possui 14 anosEnfermagem NeonatalNeoEnfa 31 anos Feminino 08 anos e Clínica Cirúrgica 08 anosRosa II 33 anos Feminino 07 anos Enfermagem Neonatal 07 anosEd 45 anos Masculino 25 anos Enfermagem Neonatal 25 anosAmiga do Ed 39 anos Feminino 19 anos Terapia Intensiva Adulto 02 anosTijucano 37 anos Masculino 14 anos Enfermagem Oncológica 13 anosProfa 39 anos Masculino 15 anos Enfermagem Neonatal 14 anosEnfermagem NeonatalElis 40 anos Feminino 15 anose Pediátrica 14 anosIza 34 anos Feminino 13 anos Enfermagem Neonatal 10 anosPatGuará 34 anos Feminino 12 anosEnfermagem Neonatale Saúde da Mulher 08 anosAnjinho 55 anos Feminino 29 anosAdministraçãoHospitalar 28 anosCris 30 anos Feminino 08 anos Livre Docência 02 anosMilico 42 anos Feminino 20 anos Enfermagem Neonatal 18 anosEnfacamp 37 anos Feminino 14 anos Enfermagem Neonatal 14 anosFlor 37 anos Feminino 14 anos Enfermagem Neonatal 11 anosTempo de atuaçãoem NeonatologiaISBN: 978-85-63901-04-0


FONTE: Entrevista com enfermeiros de Unidade Neonatal no Rio de Janeiro,2010Através do quadro I percebe‐se quão especializada é a mão‐de‐obra dos sujeitosde estudos. Uma vez que, quase 70% deles possuem especialização em EnfermagemNeonatal, entende‐se que suas percepções sejam permeadas por valores trabalhados noprocesso ensino‐aprendizagem em nível de pós‐graduação lato senso.Desta forma, apontam‐se os seguintes resultados:Categoria 1: A percepção das inadequações como limitantes no processo docuidarAs percepções dos sujeitos de estudos acerca do perfil das crianças comnecessidades especiais (CRIANES) aparecem permeadas pela dependência tecnológica einternações prolongadas, como se observa no depoimento a seguir:É o que eu percebo, bom os bebês crônicos são bebês que realmentepermanecem na unidade... vão ficar muito tempo internados” (...) “Enão tem com fugir disso. O bebê não vai pra sua casa. Depende deoxigênio, depende de uma nutrição parenteral, hidratação venosa, dealguma coisa dessas. RosaEste relato é consoante à definição de CRIANES segundo a qual elas apresentamdemandas de saúde particulares, dentre elas as tecnológicas, de natureza permanente econtínua, com pluralidade de diagnósticos e fragilidade clínica (6) .Deve‐se lembrar que “A tecnologia não é apenas uma coleção de artefatosfísicos. É a aplicação objetiva do conhecimento organizado. Tem forma física e processual(16)” .Sendo assim, deve‐se entender como tecnologia em UTI neonatal procedimentosdiagnósticos e terapêuticos, educação em saúde, recursos humanos, materiais eequipamentos e a organização do serviçoISBN: 978-85-63901-04-0


As falas demonstram também a estreita relação entre os investimentosgovernamentais; bem como tecnológicos, e o surgimento desta nova clientela.Investimentos governamentais que atribuíram especificidades às políticas públicasdestinadas às crianças de acordo com as informações epidemiológicas disponíveis (1) e queculminaram na abordagem estratégica destinada ao componente neonatal da mortalidadeinfantil (1,3,4,5,9,11) .Esta relação aparece de forma clara nos relatos de Bailarina:São crianças que a gente tá tirando devido ao fato da tecnologia termelhorado tanto e os recursos humanos terem se especializado tanto...Como resultado das estratégias governamentais para a redução da mortalidadeneonatal, o enfermeiro experimenta o contato com uma clientela que não lhe parecefamiliar, uma vez que o perfil da Unidade Neonatal tem como prevalente a prematuridade(6) .É interessante destacar que durante décadas os neonatos experimentaram umainadequação semelhante, uma vez que não existiam especificidades nas políticas públicas eambientes hospitalares para os mesmos. Sendo eles incluídos superficialmente nasquestões de pediatria. Como aponta o texto a seguir:“Os recém‐nascidos não são crianças pequenas, mas sim diferentes cominúmeros fatores que as diferenciam dos cuidados intensivos prestados aos adultos e ascrianças maiores Estas vão desde a planta física da unidade, o ajuste das dosagens demedicamentos, os equipamentos, a termogênese e consumo calórico”. (16)Sendo assim, estas crianças com necessidades especiais também apareceminseridas em um contexto institucional que não lhes é favorável. O que se caracteriza porISBN: 978-85-63901-04-0


uma série de inadequações ao cuidado com esta clientela, uma vez que suas demandasespecíficas não são atendidas. Desde a ambiência da Unidade até os materiais,equipamentos e fármacos disponibilizados.Estas inadequações se refletem na especificidade da clientela neonatal, na faltade um ambiente favorável ao crescimento e desenvolvimento dessas crianças livre deseqüelas, na ausência de materiais e equipamentos propícios, no cuidado de Enfermagemque se torna aquém das necessidades.A inadequação de lugar aparece de forma marcante nos discursos. Fatoincontestável nos relatos de Flor:É, nós somos uma UTI neo, uma Unidade Intermediária. Essas criançasnão deveriam estar aqui Deveriam estar em uma unidade pediátrica (...)Não que eles não tenham que estar dentro de um hospital, se ele nãotem condições de ir pra casa. Mas, aqui na maternidade, acho que nãoé lugar adequado.E essas “novas crianças” representam uma mudança no perfil da UnidadeNeonatal.Como representado pelas falas:Hoje, a gente começa a perceber que tem uma quantidade maiordessas crianças com necessidades especiais na unidade. Coisas que agente na tinha antes (...) Hoje, nós temos muitas crianças, em torno desete a oito crianças com essas características internada aqui na nossaunidade.BailarinaCom a mudança do perfil das crianças internadas, a unidade tornou‐seinadequada com relação aos materiais e equipamentos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Deve‐se entender como estrutura “as características estáveis dos prestadores deserviço, as ferramentas e os recursos disponíveis e o contexto físico e organizacional noqual trabalham (16) ”.Certamente, as características de ambiência, materiais e equipamentos dapopulação neonatal apontadas na RDC 36 (17) para a população neonatal, por vezes, nãocondizem com as necessidades de crianças em crescimento e desenvolvimento, podendogerar prejuízos à clientela. Como foi descrito pelos entrevistados:E você vê que eles ficam tolhidos de movimentos ou presos a umascadeirinhas que não são as ideais, entendeu? (...)Eles ficamacomodados assim, que não são adequados. Ficam restritos a umaincubadora.Amiga do EdEssa experiência com as CRIANES remeteu os entrevistados a avaliação daqualidade de sua assistência. Por conseguinte, à percepção da existência de umainadequação do cuidado da equipe vinculada às outras condições estruturais.A idéia de cuidados intensivos adveio de um processo de reformulação dasclassificações dos hospitais no início da década de oitenta, onde os mesmos eramclassificados de acordo com a intensidade dos cuidados, qualificação de recursos humanose equipamentos tecnológicos utilizados no tratamento (16) .Neste sentido, deve‐se lembrar que:Os cuidados intensivos neonatais são constantes e contínuos e que,além da especialização de médicos e enfermagem, envolvemtecnologias avançadas e uma estreita relação com a obstetrícia com oobjetivo de constituir uma interação perinatal que facilite a assistênciaas recém‐nascidos (16, 2) .Esse processo da atividade assistencial consiste em um dos componentestecnológicos da Assistência Neonatal (16) .ISBN: 978-85-63901-04-0


Para estes sujeitos de estudos, a inadequação do cuidado se dá em função damão‐de‐obra especializada dos recursos humanos, como citado por Milico:Não é falta de cuidado! As pessoas cuidam. É porque na têm domíniode um cuidado específico para pediatria.E esta inadequação resulta na ambigüidade entre o desejo de cuidar bem e aimpossibilidade de fazê‐lo em sua plenitude.A percepção do Enfermeiro acerca do papel desempenhado pelo mesmo aparecepermeada pelo sentimento de estresse que resulta em sofrimento e frustração, comodescrito em outros cenários (8) .Sentimentos estes que emergem em virtude do desejo de cuidar com a melhorqualidade possível.Alguns autores apontam que “o prazer e o desgaste podem coabitar de maneiraparadoxal na mesma atividade, favorecendo o surgimento da criatividade e inteligênciacomo elementos básicos para o alcance do prazer no trabalho (14) .”A alta hospitalar funciona como padrão‐ouro no imaginário profissional comofonte de prazer. Uma vez que retrata de forma mais completa o investimento da produçãode cuidados em saúde (14) .Desta forma, a alta hospitalar seria a materialização do resultado de um trabalhoque exigiu intenso esforço da equipe. Prática nem sempre possível às crianças comnecessidades especiais. O desgaste pode resultar em perda da capacidade biológica epsíquica e, conforme intensidade e cronicidade, transformar‐se em sofrimento ousentimento de impotência profissional.Neste sentido, Clot menciona que:o desgaste e o sofrimento podem ser gerados nãosomente pela atividade que trabalhador executa, mastambém na atividade que ele tem como impedida, ou seja,aquela atividade não realizada. Trata‐se do que não seISBN: 978-85-63901-04-0


pode fazer, o que se desejaria ou que pensa ou sonhafazer (14) .Exatamente, como demonstram os relatos de Rosa:Essa é a angústia, porque por um lado, há vontade das pessoas de fazere por outro lado a dificuldade de não ser a especialidade, oconhecimento de domínio das pessoas (...) Porque o que é impossível deser feito, fica somente na expectativa do profissional. Então, nós temospernas pra ir até lá,... a partir dali, nós não temos mais pernas (...)Então, dá uma angústia muito grande a gente saber de todo ocomprometimento que essas crianças, que normalmente sãoneuropatas, têm...Estes sentimentos relatados demonstram a proximidade entre a percepção dosentrevistados e a assertiva de que a assistência deve superar os limites de indicadoresepidemiológicos como a mortalidade neonatal e alcançar preocupações quanto àqualidade dos resultados:A assistência neonatal não deve se limitar a evitar a alta mortalidade deseres fundamentalmente frágeis e sujeitos a tantos riscos, mas deve sepreocupar com as repercussões tardias dos problemas perinatais nossobreviventes, assumindo atitudes não só curativas, mas abrangendoaspectos físicos e psicossociais, na perspectiva da promoção da saúde eda qualidade de vida (11) .Como demonstrado nas falas de Flor:A gente quer fazer mais alguma coisa e não consegue (...) Isto é ruimtanto pra criança quanto pro profissional... você não consegue prestaruma assistência de Enfermagem adequada, por conta dessas limitaçõesque nós temos, né?Este processo de frustração dá lugar ao desejo de organização do cuidado atravésda aquisição de conhecimentos e perpetuação dos mesmos junto à equipe deEnfermagem. O que demonstrou a mudança no foco nos conduzindo à segunda categoriaanalítica.ISBN: 978-85-63901-04-0


Categoria 2: O desejo, a responsabilidade ética e a arte como instrumentos parasuperar as inadequaçõesEm um primeiro momento, percebe‐se a exacerbação do vínculo profissionalpacientecomo uma busca por amenizar o sofrimento do profissional e da criança.As pessoas aqui nessa unidade, elas tentam a todo custo dar a melhorassistência a elas. A ponto de chegar a comprar roupa, levar roupa pracasa pra lavar... Cuidam delas com carinho, porque sabem dasnecessidades delas (...) Quando a gente quer, quando a gente gosta doque a gente faz, quando a gente trabalha no lugar que a gente quer...eu acho que a gente faz o melhor que a gente pode.RosaTais falas retratam como:As práticas dos profissionais adquirem ganhos qualitativos quando asações de cuidado são dotadas de intencionalidade; do contrário, ocuidado torna‐se vazio e sem sentido, perdendo a razão de ser do pontode vista da subjetividade (11) .Porém, logo surgem as ponderações acerca da sistematização do cuidado e dostreinamentos das equipes como uma forma de abraçar essa CRIANES, na impossibilidadede remanejá‐los a um Hospital com as adequações necessárias. Tal qual mencionado porBailarina:Nós temos que aprender a lidar com elas... nos adaptarmos àsnecessidades dessas crianças...A qualificação e o aprimoramento dos membros da equipe são cada vez maisnecessários, para que possam acompanhar as mudanças no âmbito da saúde. Ressaltandosea necessidade de que a capacitação dos profissionais compreenda também os valoreséticos (11) .Em função das características dessas crianças com necessidades especiais, ocuidado foi caracterizado pelo aspecto intensivo, desgastante e com maior necessidade dededicação do profissional de Enfermagem.ISBN: 978-85-63901-04-0


Essa relação de maior proximidade parece estar permeada pelo estreitamento dovínculo entre o paciente e o enfermeiro de forma a conduzi‐lo a uma avaliação sobre arelação carga de trabalho/ hora de Enfermagem.A sobrecarga de trabalho é verificada de diversas formas. Seja pela ausência doafastamento do profissional do local de trabalho para pausa ou horários de refeições oupor uma assistência distante da humanização preconizada na Política <strong>Nacional</strong> deHumanização (14) .seguir:Esta relação carga de trabalho/ hora de Enfermagem é apresentada no discurso aO cuidado tem que ser intenso, intensivo... o tempo que você gasta écomo se tivessem quatro crianças ali. Entendeu?Amiga do EdApesar da relação de desgaste, do aumento da carga de trabalho e hora‐Enfermagem, surgem falas que demonstram o fortalecimento do vínculo entre osprofissionais e o paciente. Culminante em uma percepção repleta de sentimentos deresponsabilização profissional.O fortalecimento na relação profissional‐paciente, a dificuldade em removê‐lo e ainadequação de equipamentos conduzem o profissional a uma reflexão sobre suasresponsabilidades éticas e alguns princípios bioéticos (beneficência, não‐maleficência) (18) .A gente ta constantemente preocupado com o risco que a gente taimpondo a essa criança. De queda até... ela pode cair...Só que por maisque a gente saiba, a gente não tem como garantir uma integridadefísica dessa criança.FlorISBN: 978-85-63901-04-0


Esta fala demonstra a constante preocupação dos sujeitos em não causar danos aessas crianças com necessidades especiais, apesar da inadequação de equipamentos emateriais.Neste sentido, deve‐se lembrar que:O objetivo da bioética é a busca de benefício e da garantia daintegridade do ser humano, tendo como fio condutor o princípio básicode proteção à dignidade humana. (...) Nestes termos, a beneficênciarefere‐se à obrigação ética de maximizar benefícios e minimizar danos...A não‐maleficência significa não causar danos ou prejuízos, sendo aprimeira e grande norma dos profissionais de saúde (11) .Este sentimento de responsabilidade profissional apresenta‐se extensivamenteaos outros profissionais, no intuito de definir os papéis e garantir a maximização do fazer obem a essas CRIANES.A internação prolongada ocorre por não ter uma equipe multidisciplinarformada... os médicos ficam muito isolados, ... não têm ajuda (...) osmédicos tentam ver a parte, a enfermagem faz a sua parte... e tem queter um auxílio de um psicólogo, um serviço social dentro e fora dohospital. Amiga do EdNas falas, por vezes, os problemas institucionais se apresentam numa relação decausa / conseqüência do Sistema de Saúde.A percepção quanto ao funcionamento do Sistema Único de Saúde apresenta‐seatravés da pontuação das causas para a permanência dessas crianças em uma Unidadecom inadequações, das responsabilidades acerca da promoção desse fluxo e dasconseqüências para o recém‐nato, para o profissional, para a instituição e Sistema.Deve‐se atentar ao fato de que as falas denunciam não a fragilidade do SistemaÚnico de Saúde, mas o uso impróprio do mesmo por profissionais de seus diversos níveis.No tocante às causas, as percepções dos enfermeiros vão ao encontro dacaracterização das CRIANES como um dos determinantes para a indisponibilidade de leitosem outros hospitais (hospitais de referência).ISBN: 978-85-63901-04-0


Na minha percepção, é difícil encontrar vagas porque são criançasneuropatas e que às vezes já têm nove meses, já estão oito meses, setemeses na unidade.BailarinaAdicionalmente, são apontadas causas estruturais e conjunturais que impedem ofuncionamento do sistema de hierarquização dos hospitais.Você tem que permanecer... porque não tem como encaminhar elespra outro hospital. O outro hospital não aceita. RosaA articulação de todos os níveis de atenção para disponibilizar os recursosnecessários e garantir a continuidade da assistência até a resolução do problema destaclientela apresenta‐se como necessária (20) .A fala citada revela a fragilidade na organização da assistência e a desarticulaçãoentre os níveis de atenção; bem como, o prejuízo na agilidade a ser desempenhada pelosistema de referência e contra‐referência.A organização de uma rede integrada de assistência deve se basear nos princípiosjá garantidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e no Sistema Único de Saúde,como o direito de acesso aos serviços de saúde, hierarquizados e com enfoque daintegralidade do indivíduo e da assistência, que garantam a resolubilidade adequada epromovam a eqüidade.Deve incorporar a organização do processo de trabalho integrado entre osagentes comunitários de saúde, equipes de saúde da família, equipes de apoio, unidadesbásicas de saúde. O que ampliaria em muito a possibilidade de deslocar o eixo detratamento de CRIANES do modelo hospitalocêntrico, incluindo o cenário domiciliar e dasUnidades Básicas de Saúde na rede de apoio à família.A conformação da rede única integrada de assistência à criança não deve incluir,a todo o momento, este grupo de crianças. De forma a identificar as ações prioritárias e asestratégias que devem nortear a ação das unidades de saúde e da rede como um todo,visando ao cumprimento dos objetivos de promover a saúde, reduzir os índices deISBN: 978-85-63901-04-0


morbidade e ampliar as possibilidades para o Crescimento e Desenvolvimento próximos aodesejado.Apesar da elaboração da estratégia de Regulação de Vagas dos leitos neonatais,verifica‐se que a realização de exames de maior acurácia ou a transferência entre UnidadesHospitalares Hierarquizadas depende do manejo e entendimento entre os profissionais dasinstituições.Porque, às vezes, a marcação de um neuro demora um mês pra criançair... então, isso tá falho. Ta falho não do hospital, mas do sistema (...)Então, isso vai além da Enfermagem, além da Direção. Isso é umaquestão do SUS.RosaO fato mencionado parece demonstrar uma ambigüidade político‐administrativa:enquanto o Ministério da Saúde promove ações estratégicas para a redução damortalidade neonatal em cenário nacional expandindo o número de leitos neonatais,CRIANES ocupam leitos que poderiam ser destinados aos recém‐nascidos. E,aparentemente, não recebem a assistência adequada por estarem em unidades cominadequações às suas necessidades básicas.Deve‐se lembrar que “no Sistema Único de Saúde a demanda por leitos neonataisé grande e o acesso restrito, dada a escassez numérica de equipamentos e leitosdisponíveis (11) .”Estas dificuldades em utilizar um sistema de saúde hierarquizado fornecem àpopulação condições para busca de alternativas, como a judicialização da saúde. Como sepresencia no recorte a seguir:E algumas saem por decisão judicial. FlorAgora, quem é responsável por esse escoamento?” (...) “Isso é umaquestão de SUS, onde deveria ser discutida uma forma melhor deescoamento desses pacientes.RosaISBN: 978-85-63901-04-0


Tal desdobramento se dá por não se compreender, ainda, a necessidade depolíticas públicas de saúde específicas para esta que não é apenas uma clientela neonatalou pediátrica. Mas que possui um perfil de morbidade e de Crescimento eDesenvolvimento específicos.Torna‐se interessante observar que a percepção dos profissionais remete aoideário de redes de apoio à família. Sendo os membros das Unidades de Saúde e outrosusuários os representantes da rede interna de apoio à família das crianças comnecessidades especiais.Apesar de ser apresentada na fala de apenas uma das entrevistadas, ou por TERsido apresentada por apenas uma das entrevistadas, a família aparece neste contextodevido à percepção do enfermeiro quanto à necessidade de aproximar a família àinstituição, aos profissionais e ao bebê.Parece claro que o afastamento da família, às vezes representada apenas pelafigura da mãe, ocorre pela dificuldade da instituição e dos profissionais em promoverem aaproximação da família com dificuldades em exercer seus papéis perante o filho comnecessidades especiais.Tendo em vista que o princípio da autonomia em neonatologia é quebradosocialmente para que se garanta o tratamento ao recém‐nato e que cabe à família atomada de decisões pertinentes ao bebê, deve‐se buscar ao máximo envolvimento dospais, oferecendo‐lhes todas as informações disponíveis para prepará‐los para a tomada dedecisão.Precisamos na nossa prática assistência na Unidade Neonatal, facilitar epromover além da presença da mãe, também a do pai e da família. Issotanto para o desenvolvimento psíquico do bebê como para o suporteda mulher (1) .Nota‐se que há uma fragilidade no empoderamento da família para que esta sesinta capaz de participar dos processos decisórios. A família aparece como um “serpassivo”perante o poder da instituição em tomar as decisões pertinentes ao bebê.ISBN: 978-85-63901-04-0


Fragilidade esta que contraria as recomendações para incluir o contato mãebebêcomo um dos quatro fatores fundamentais no cuidado ao recém‐nascido. Destaforma, “todo esforço deve ser feito para atender as necessidades dos pais de maneira aenvolvê‐los nos cuidados com seus filhos” (16) .Exatamente, como sugeridos pela Amiga do Ed:Quando tem um problema familiar, a mãe tem uma coisa assim, temque tentar trazer a família (...) A família fica isolada, só aguardando ascoisas acontecerem e ninguém toma providências.A aproximação familiar permitiria aos seus membros o exercício das práticas deholding (sustentação), handling (manejo) e apresentação de objetos, indispensáveis aodesenvolvimento das potencialidades do bebê (1) .Desta forma, as dificuldades familiares, profissionais e institucionais emaproximar as famílias prejudicam sobremaneira o desenvolvimento das Crianças comNecessidades Especiais.Vale lembrar que nem sempre as mães amam seus filhos no começo, mesmo queestes sejam bebês a termo (1) . O que dizer dessa experiência e da proximidade maternarelativa às crianças com necessidades especiais? Bebês estes distantes dos nenénsimaginários, imaginado (1) .Sendo ele o bebê real, deveria receber todo o investimento materno, paterno efamiliar para o seu crescimento e desenvolvimento.Como todo bebê, também essa criança com necessidades especiais “necessita ebusca, já ao nascer, o reconhecimento de seu lugar na família (2) .”A institucionalização desta CRIANES promove a substituição na matriz de apoio(companheiro, mãe, parente, vizinho) devido à dificuldade de inserção destes no espaçohospitalar.Deve‐se pensar que ver, tocar e cuidar do bebê se apresenta com indispensávelpara a formação de laços afetivos após o nascimento do bebê.ISBN: 978-85-63901-04-0


Desta forma, incluir os pais nos cuidados com as CRIANES propiciará oestabelecimento de laços pais‐filhos e o funcionamento mais tranqüilo entre equipe efamília.Em uma perspectiva humanizada da assistência a essa clientela, torna‐seindispensável à inclusão da família nas etapas de Desenvolvimento do bebê. Pois:... o cuidado individualizado de apoio desenvolvimental, inclui osseguintes elementos: organização do cuidado de forma a reduzir asatividades; agrupar os cuidados; redução de luminosidade e ruídos;cuidados individualizados e envolvimento dos pais nos cuidados. (11)Existem subsídios para contribuir no processo de formação de laços afetivosentre pais e bebês pré‐termos. Neles são apontadas condições que separam por longoperíodo de internação o bebê e os pais. Com clara contra‐indicação à separação contínuaentre eles (18) .Apesar de não contar com o questionamento “O que recebe uma CRIANES aonascer?”, a Norma de Atenção ao recém‐nato pré‐termo fornece condições para quefaçamos uma analogia entre observações e proposições realizadas destinadas ao recémnatopré‐termo e outras CRIANES:No lugar de cuidados maternos e paternos, necessita de procedimentosinvasivos; ele sente o odor dos tecidos das incubadoras, que não é omesmo do corpo de sua mãe; não sente calor nesses tecidos; inalatambém o cheiro forte das substâncias usadas nos procedimentosindispensáveis, bem como o do sabão líquido, o álcool gel com quallavamos ou higienizamos nossas mãos (2) .O fato de os pré‐termos serem parte constituinte da definição de CRIANES, elatambém fornece substrato para nos apropriarmos da recomendação ministerial para queas Equipes de Saúde busquem minimizar a separação deste com seus pais, para ofortalecimento de laços afetivos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Uma grande alternativa consiste: no estímulo ao trânsito e presença de parceirosde rede junto aos pais que experimentam momentos de vicissitudes e em evitar aimposição de obstáculos a essa rede e na prevenção da implosão da mesma (19) .A rede de apoio pré‐existente (avós, bisavós, madrinha, vizinho, etc) geram nospais o sentimento de segurança e garantem o apoio fora do hospital para que a mãe possadispor de tempo para o filho internado.Os benefícios desta inclusão (propiciar a maternagem, facilitar os ritos depassagem, ampliar a permanência dos pais em ambiente hospitalar, etc) são facilmenteextensíveis aos pais de bebês com necessidades especiais.Como agravante, a disciplinarização do espaço hospitalar se dá em torno do fluxode visitantes admitidos ou não na UTI, o que reduz as possibilidades dos pais contaremcom este apoio (19) .Por vezes, a resistência por parte da equipe à presença de membros da rede naUnidade pode se apresentar através do estabelecimento de um comportamento normativoaplicado pela Enfermagem às mães.Nota‐se que está em jogo entre os profissionais de Enfermagem o mito do amormaterno, que pressupõe a existência de um amor maternal inato. O que gera o incômododiante do suposto abandono dos filhos por suas mães (19) .CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONTRIBUIÇÕESA percepção do enfermeiro frente à internação de crianças com necessidadesespeciais (CRIANES) em Unidade Neonatal é permeada por uma série de inadequações (deperfil da clientela, de lugar, materiais e equipamentos, de cuidado, instituição e políticaspúblicas de saúde) com reflexos na qualidade do cuidado de Enfermagem.ISBN: 978-85-63901-04-0


Os Programas, Manuais e Portarias ministeriais trabalham com a visão daatenção humanizada à criança, pais e famílias, estando em consonância com ospressupostos do SUS (hierarquização, equidade, garantia de acesso e integralidade) (1) .Apesar disso, percebe‐se que o quadro predominante no país mostra a distânciaentre as diretrizes governamentais e a realidade dos serviços públicos de saúde (1) .No tocante às Crianças com Necessidades Especiais, percebe‐se a inexistência deProgramas de Atenção Humanizada destinados às mesmas.Sendo assim, por que não ampliar as discussões sociais acerca dessa novaclientela a qual vem se apresentando de forma crescente nos cenários de saúde?Por que não incluir nesta Atenção Humanizada a reaproximação eempoderamento familiar?Seria a institucionalização a única possibilidade para essas crianças?Destarte, devemos buscar a aproximação entre gestores, as mais diversasinstituições de saúde (Maternidades de baixa, média e alta complexidade; Hospitaispediátricos; Hospitais gerais; Equipes Saúde da Família, etc), profissionais envolvidos noprocesso do cuidar e familiares para traçarmos novas perspectivas na abordagem dasCrianças com Necessidades Especiais.Sugestões:‣ Composição de um grupo transprofissional (médicos, enfermeiros, nutricionistas,assistentes sociais, psicólogas e administrativos, etc) para avaliação dasnecessidades da CRIANES nas respectivas Unidades de Trabalho;‣ Elaboração de um roteiro de preparo dos familiares para o convívio comtecnologias pertinentes a esse bebê;‣ Empoderamento da família para viabilizar possíveis altas hospitalares SEGURAS;‣ Abordagem técnica sobre o tema em Câmaras Técnicas em busca da otimizaçãoda Hierarquização em Saúde da Criança;ISBN: 978-85-63901-04-0


‣ Estimular a realização de pesquisas envolvendo CRIANES em diversos cenários daassistência de Enfermagem, incluindo o lar dessa família.REFERÊNCIAS1. Santos, IMM dos. A maternagem de mulheres com filho pré‐termo: bases paraassistência em enfermagem neonatal [tese]. Rio de Janeiro; 2009.2. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção Humanizada ao recémnascidode baixo peso: Método Canguru, 2009 [manual disponível na internet]. Brasília(Brasil). Disponível em: http://www.ministeriodasaude.gov.br3. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Datasus. Informações de saúde. Morbidade einformações epidemiológicas: indicadores de cobertura. Disponível em:http://www.datasus.gov.br. Acesso em 16 de julho de 2009.4. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. DATASUS. Informações de saúde. Morbidadee informações epidemiológicas: indicadores de morbidade, mortalidade e fatores de risco.Disponível em: http://www.datasus.gov.br. Acesso em 16 de julho de 20095. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação Materno‐Infantil.Brasília 1994. Manual de Assistência ao Recém‐Nascido. Disponível emhttp://www.ministeriodasaude.gov.br6. Neves, ET & Cabral, IC. Cuidador de Crianças com necessidades especiais de saúde:desafios para as famílias e enfermagem pediátrica. Rev. Eletr. De Enfermagem [internet].2009; 11 (3): 527‐38.7. Alves, AS. O perfil dos recém‐nascidos de risco internados na unidade de tratamentointensivo do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. 2005.126 f. Dissertação(Mestrado em Enfermagem)‐ Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.2005.8. Dias, IMAV& Santos, RS. Os profissionais de enfermagem diante do nascimento dacriança com malformação congênita. Rev. Enferm Esc. Enf Anna Nery. 2007; mar, 11(1): 73‐79.9. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. DATASUS. Informações de saúde. Morbidadee informações epidemiológicas: valor médio pago por internação hospitalar no SUS (AIH).Disponível em: http://www.datasus.gov.br. Acesso em 16 de julho de 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


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20. Associação de Enfermeiros Obstetrizes e Obstetras (<strong>ABENFO</strong>) [homepage na internet].Rio de Janeiro (Brasil): <strong>ABENFO</strong>. Moção de apoio às Centrais Municipal e Estadual deRegulação de vagas materna e neonatal. Disponível em http://http://abenfo.redesindical.com.br/ISBN: 978-85-63901-04-0


A REALIDADE DA MALFORMAÇÃO CONGÊNITA EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DEREFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIROAdriana Teixeira ReisRosângela da Silva SantosTaiana Alves Ribeiro MendesResumo: Em países em desenvolvimento, houve redução dos índices de mortalidadeinfantil relacionado ao melhor acesso aos serviços de saúde, saneamento básico e controlede doenças infecto‐contagiosas. Entretanto, as taxas de malformações congênitaspermanecem altas, chegando perfazer, em alguns estados brasileiros, 30% dos óbitos emmenores de 1 ano 1 . Na cidade do Rio de Janeiro, as malformações congênitas compõem asegunda causa de mortalidade infantil, perfazendo 15% da mortalidade em 2000 e 18% em2003 entre menores de 1 ano 5 e, apesar de estratégias preventivas, os índices demalformação têm aumentado espontaneamente 1 . Entende‐se por malformação congênitauma “anormalidade estrutural que tem importância, cirúrgica, clínica ou cosmética 2 .” Estapatologia, também é referida como distúrbios congênitos, que podem ter múltiplasetiologias: distúrbios de um único gene, aberrações cromossômicas, exposição ateratógenos, distúrbios hereditários ou esporádicos de causa desconhecida, isolados oumúltiplos, aparentes ou ocultos, macroscópicos ou microscópicos 3 . Hoje, a malformação éuma realidade constante em unidades de referência em atendimento perinatal de altacomplexidade. O notável crescimento desta clientela peculiar é conseqüência dos avançostécnico‐científicos ocorridos nas últimas décadas, tornando possível uma maior sobrevidadestas crianças que até então eram consideradas inviáveis à luz dos recursos da medicina 1 .Sendo assim, o contexto da malformação merece um olhar multiprofissional criterioso euma discussão mais ampliada por parte da sociedade científica, uma vez que estesdistúrbios podem representar graves repercussões na vida da criança e de sua família, poisISBN: 978-85-63901-04-0


“são causas de sofrimento e prejuízos à saúde desta população 4 ”. Objetivos: Traçar o perfilsóciodemográfico de mulheres‐mães de crianças portadoras de malformações congênitasassistidas em uma unidade de referência em gestações de alto risco; Identificar quais osantecedentes obstétricos destas mulheres; Descrever, dentre as malformações, quais asmais freqüentes nesta unidade. Contribuições do Estudo: Tendo em vista a complexidadeda temática, pretende‐se dar visibilidade a esta clientela, demonstrando quem são estasmulheres‐mães atendidas em uma instituição de referência em gestações de alto risco, afim de contribuir para o âmbito da assistência, do ensino, da pesquisa e da sociedade, umavez que ao compreender o universo da malformação congênita, as ações de enfermagempoderão ser melhor direcionadas, partir de um olhar sistêmico sobre as necessidadesespecíficas deste binômio especial. Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa documental,transversal, descritiva, que integra o Projeto de Pesquisa intitulado “Processo de cuidarcomo foco da assistência de enfermagem à mulher no nascimento de criança commalformação congênita”. Foram considerados sujeitos da pesquisa: Mulheres, emqualquer faixa etária, mães de crianças com quaisquer tipos de malformações congênitasatendidas em uma unidade de referência, com tempo de internação variável, que tenhamobtido alta hospitalar ou evoluído a óbito, entre 01 de janeiro de 2004 a 31 de dezembrode 2008. Este estudo, junto ao projeto de pesquisa de origem, foi submetido ao Comitê deÉtica e Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto – HUPE e aprovado sem ressalvassob o seguinte protocolo: 2435‐CEP/HUPE. Levando‐se em consideração que os dadossociodemográficos e obstétricos da mãe constam nos arquivos de seu filho, foramconsultados prontuários das crianças, a fim de que fossem obtidas informações maternas,visto que não necessariamente essas mulheres‐mães foram atendidas na instituição,gerando seu próprio registro. Sendo assim, foi realizada busca ativa aos prontuários decrianças malformadas no setor de arquivo da instituição e inclusos no estudo apenas osprontuários contidos em um banco de dados cedido pela Chefia Médica da unidade, emfunção da dificuldade de acesso a informações, disponibilizadas pela instituição, queISBN: 978-85-63901-04-0


permitissem o rastreamento dos prontuários, segundo o diagnóstico do recém‐nascido e orecorte temporal supracitado. Para coleta dos dados, foram utilizados formulárioscontendo as seguintes variáveis de interesse: dados sócio‐demográficos da mãe (idade,bairro, cidade, estado, estado civil, escolaridade, profissão e renda mensal), dadosobstétricos (filhos anteriores com malformação, local e número de consultas de pré‐natal,doença de base (foi considerada doença de base qualquer quadro clínico crônico pregressoà gestação), intercorrências na gestação (qualquer evento não esperado ocorrido noperíodo gestacional), ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, uso de outras substânciasdurante a gravidez (demais drogas lícitas e drogas ilícitas) local de nascimento do bebê etipo de parto) e dados da criança (idade, sexo, raça/cor, patologia, tempo de internação esituação hospitalar). Concomitantemente à coleta de dados, as informações obtidas foramdispostas em um banco de dados previamente elaborado através do software Epi Info,versão 6.04, que consiste em uma série de programas estatísticos para Microsoft Windows,usados amplamente por profissionais da área de saúde. Para análise dos dados adotou‐seFreqüência Simples (Fi) e Freqüência Simples Relativa (Fr%), tabelas e quadros paraapresentação dos dados. Para variáveis expostas sob forma de quadros será calculadaapenas a Fi, vista a possibilidade de um sujeito apresentar múltiplos resultados para umamesma variável, o que impossibilita o cálculo da Fr%, neste caso. O número de casosignorados foi quantificado, entretanto, foram excluídos do estudo para efeito de cálculo.Resultados: De uma população de 180 prontuários de crianças diagnosticadas com algumtipo de malformação congênita, a amostra constou de 102 prontuários. Dentre essas 102mulheres‐mães de crianças malformadas, os principais achados foram: 64 (62,73%)residem na cidade do Rio de Janeiro e 20 (19,86%) em demais municípios do Estado do Riode Janeiro, destacando‐se a cidade de Duque de Caxias com 7 moradoras (6,86%); 63mulheres (52,35%) possuem idades entre 20 e 35 anos, 16 (15,68%) entre 14 e 20 anos, e11 (10,78%) idades superiores a 35 anos; 51 mulheres (49,96%) concluíram o EnsinoFundamental; (41,17%) vivem com companheiro e 27 (30,39%) são solteiras; 56 (46,66%)ISBN: 978-85-63901-04-0


são multigestas, 50 (49,01%) multíparas e 29 (28,43%) possuem histórico de aborto; 51(50%) realizaram mais de 6 consultas de pré‐natal; 30 (29,41%) possuem alguma doença debase, sendo as mais freqüentes: Hipertensão Arterial Sistêmica (8 mulheres) e DiabetesMellitus (6 mulheres); 14 (13,72%) relataram tabagismo e 8 (7,84%) o consumo de bebidasalcoólicas durante a gestação; 68 (66,66%) tiveram seus filhos via parto cesáreo, 23(22,54%) via parto vaginal. Quanto às crianças: 48 (47,05%) são do sexo masculino e 36(35,29%) do sexo feminino; 64 (62,74%) obtiveram Índice de Apgar superior a 7 no 1ºminuto e 85 (83,33%) no 5º minuto de vida; as tipologias mais freqüentes referem‐se aoaparelho cardiovascular (26 crianças), seguido das malformações ósteo‐musculares (22crianças) e do sistema nervoso central (21 crianças). Por fim, 91 (89,21%) criançasreceberam alta hospitalar e 11 (10,78%) evoluíram a óbito. Conclusão: A malformaçãocongênita foi mais freqüente entre mulheres‐mães com idades entre 20 e 25 anos, porémdevemos considerar que o número de nascimentos em geral é maior nesta faixa etária, porse tratar de mulheres em plena idade reprodutiva. Quanto à escolaridade, foi constatadoum maior número de mulheres com o ensino fundamental completo, o que destoa daliteratura que associa menores níveis de formação formal a incidência da malformaçãocongênita, tendo em vista que a falta de empoderamento da mulher, a não conscientizaçãosobre as necessidades maternas e neonatais constituem barreiras que dificultam o autocuidadoe a busca pelo serviço de saúde imprescindível no período gestacional. Apredominância de malformações cardiovasculares pode estar correlacionada ao rápidodiagnóstico, pois trata‐se de malformações geralmente graves que trazem prejuízosimediatos a sobrevida fetal e do RN, e caso não sejam detectadas e corrigidas em tempohábil, podem acarretar óbitos fetais e neonatais precoces. Já as malformações ósteomuscularesconstituem agravos facilmente diagnosticados ao exame físico sumário, poissão macrossômicas, visíveis, permitindo a detecção ante‐natal ou pós‐natal imediato. Asmalformações do sistema nervoso central, apesar de não serem as mais frequentes,possuem grande significância epidemiológica, sendo adotada como política públicaISBN: 978-85-63901-04-0


nacional o uso do ácido fólico durante o primeiro trimestre gestacional, a fim de minimizara incidência de malformações do tubo neural. Assim, o preenchimento correto daDeclaração de Nascidos Vivos se faz extremamente necessário, pois é o único meio deavaliar a efetividade da adoção desta estratégia. Percebemos que a malformação segueuma tendência linear e crescente, o que implica em uma mudança epidemiológica quereflete diretamente na assistência ao RN e suas famílias. Hoje, portadores demalformações consistem um novo perfil de clientela, com necessidades e demandasdiversificadas e especiais de saúde. Logo, esclarecer quem são essas crianças e essas mãesque vivenciam a realidade da malformação congênita é imprescindível para o cuidadoprestado a esse binômio especial, devendo o profissional de enfermagem estar apto arealizar uma assistência de qualidade a estes sujeitos. .Descritores: Enfermagem neonatal; enfermagem obstétrica; malformações Congênitas.Referências1.Guerra FAR, Llerena Jr JC, Gama SGN, Cunha CB, Theme Filha MM . Defeitos congênitosno município do Rio de Janeiro, Brasil: uma avaliação através do SINASC: 2000‐2004. CadSaúde Pública. Rio de Janeiro, 2008; 24:140‐49.2.CROCETTI, M; BARONE, M.A. Má‐formação congênita. OSKI, fundamentos de pediatria.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. p.106‐119.3.RICCI, S.S. Enfermagem materno‐neonatal e saúde da mulher/ Susan Scott Ricci;tradução de Maria de Fátima Azevedo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.712.4.Horovitz DDG, Llerena Jr JC, Mattos RA. Atenção aos defeitos congênitos no Brasil:panorama atual. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2005; 21: 1055‐64.5.Costa CMS, Gama SGN, Leal MC. Congenital malformations in Rio de Janeiro, Brazil:prevalence and associated factors. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2006; 22: 2423‐31.ISBN: 978-85-63901-04-0


A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM NEONATO COMGASTROSQUISE: UM ESTUDO DE CASO.LA SISTEMATIZACIÓN DE LOS CUIDADOS DE ENFERMERÍA A UN RECIÉN NACIDO CONGASTROSQUISIS: UN ESTUDIO DE CASO.THE SYSTEMATIZATION OF NURSING CARE TO A NEONATE WITH GASTROSCHISIS: A CASESTUDY.Aline Verônica de Oliveira GomesCamilla Ferreira CatarinoResumo: Estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo estudo decaso, cujos objetivos são descrever o caso clínico de um neonato com gastrosquise;identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem; estabelecer as intervenções deenfermagem relacionadas a cada diagnóstico identificado. O estudo foi realizado com umneonato internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Instituto FernandesFigueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ). A coleta de dados foi realizada atravésde buscas constantes no prontuário. O referido trabalho foi aprovado pelo Comitê de Éticae Pesquisa do IFF/FIOCRUZ sob protocolo de n° 0039/10. Foram elaborados seisdiagnósticos de enfermagem com suas respectivas intervenções. Estudos como essepromovem a reflexão do profissional enfermeiro sobre a prática do cuidado deenfermagem voltado ao neonato portador de gastrosquise.Palavras‐chave: Gastrosquise; Assistência de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem;Neonato.ISBN: 978-85-63901-04-0


1. INTRODUÇÃOA gastrosquise pode ser definida como a exteriorização das vísceras abdominais(estômago, alças intestinais) através de um defeito na parede abdominal à direita docordão umbilical, que geralmente é implantado em sua posição habitual. O diâmetro doorifício pode variar de 1 a 15 cm. Nos casos em que esse diâmetro é muito pequeno, podeocorrer estrangulamento e necrose extensa do intestino exteriorizado. Nos grandesdefeitos, a exteriorização da bexiga, útero, tuba uterina, parte do fígado, vesícula, e baçosão comuns 1 .Sua etiologia ainda não é muito bem definida. Sabe‐se que está associada àfalência do fechamento da parede abdominal e retorno incompleto do conteúdoabdominal para dentro da cavidade no período de desenvolvimento.O tratamento é cirúrgico, e as técnicas variam de acordo com o tipo de defeito eequipe cirúrgica.Dependendo do tamanho do defeito, o fechamento pode ser feito de imediato.Nos casos em que não é possível fazê‐lo, pelo fato do conteúdo externo ser excessivo,utiliza‐se uma bolsa de plástico tipo de silicone polimérico, onde o conteúdo estéril écolocado, sendo a base desta bolsa saturada no abdômen mantendo o conteúdo estéril e atemperatura e as umidades constantes 2 .A gastrosquise isolada possui um bom prognóstico, com uma taxa de sobrevidapós‐correção cirúrgica de 43% a 92% após o diagnóstico pré‐natal. A sobrevida estádiretamente relacionada à presença de outras malformações associadas, presença decomplicações pré‐natais (oligoidrâmnio, trabalho de parto pré‐maturo, rotura prematurade membranas, sofrimento fetal), prematuridade, peso no nascimento e condições dasalças intestinais no nascimento 3 .A gastrosquise normalmente costuma ser diagnosticada durante o período deconsultas pré‐natais, através da ultra‐sonografia. É importante ressaltar que cerca de 22%das gestantes submetidas à ultra‐sonografia, apresentam um resultado falso‐negativo. OISBN: 978-85-63901-04-0


tipo de parto a ser realizado, é outro ponto discutido por muitos autores, há quem defendaa cesariana quando existir diagnóstico prévio de gastrosquise. Alguns autores têmdemonstrado que a cesariana altera ou mesmo piora a morbimortalidade destes neonatos.Por outro lado, outros defendem por acreditarem em um risco menor de trauma einfecção 4 . E ainda há quem defenda a antecipação do parto, após a maturidade pulmonar,a fim de evitar maior exposição das vísceras ao líquido amniótico.É de grande importância, que o profissional de enfermagem ofereça apoio aospais destes pacientes, explicando sobre a anomalia, o tratamento e prognóstico. Apresença do profissional neste momento é essencial, a fim de que estes se sintam seguros,diminuindo a ansiedade e o estresse que são comumente encontrados. Alguns cuidadosgerais são específicos para os neonatos com gastrosquise ou outras anomaliassemelhantes, após o nascimento.Os cuidados da equipe de enfermagem realizados aos recém‐nascidos comgastrosquise, logo após seu nascimento, incluem: utilizar luvas, cobertas ou toalhasestéreis para manusear e secar o RN; envolver em saco plástico ou campo estéril paraevitar a perda térmica e diminuir o risco de infecção; colocar o paciente em decúbitolateral direito em uma incubadora ou unidade de calor radiante, para favorecer retornovenoso e diminuir o edema das alças exteriorizadas; manter sonda orogástrica conectada aaspiração baixa intermitente; administrar hidratação venosa; puncionar veia periférica nosmembros superiores ou na cabeça, para reposição de fluidos e aporte calórico; realizarbalanço hídrico controlado rigorosamente, a fim de monitorar função renal; manter orecém‐nascido aquecido e; observar a coloração e a perfusão das alças intestinais e outrosórgãos exteriorizados, a fim de detectar, precocemente, qualquer compressão das alçasintestinais, evitando o desenvolvimento de necrose 1,2 .Além disso, a alimentação destes pacientes só é indicada quando ocorre aevidência de atividade peristáltica 2 . Além destes pontos, é imprescindível a observaçãodiária do sítio cirúrgico, com realização de curativos estéreis, visto que além de ser comumISBN: 978-85-63901-04-0


este tipo de complicação, trata‐se de um grupo em risco, por apresentar extremo de idade.No Brasil, 60% da mortalidade infantil ocorre no período neonatal, sendo a sepsea principal causa de morte 5 . Desta forma, a gastrosquise expõe este grupo a riscos aindamaiores. Através disso, viu‐se a necessidade de estudar este tema, a fim de elaborarmoscuidados específicos a esta clientela.Desta forma, o estudo contribuirá para aprofundar os conhecimentos sobre ocaso, sendo fundamental na condução do planejamento da assistência a este neonato.1.1 ObjetoO processo de enfermagem aplicado a um neonato com o diagnóstico de gastrosquise.1.2 Objetivos• Descrever o caso clínico de um neonato com gastrosquise;• Identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem no caso supracitado;• Estabelecer as intervenções de enfermagem relacionadas a cada diagnósticoidentificado.2. METODOLOGIATrata‐se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, dotipo estudo de caso que consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucosobjetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento 6 .Além disso, esta modalidade é uma intervenção qualitativa por aprofundar‐se nomundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e captávelem equações, médias e estatísticas 7 .Sendo assim, foi aplicado o método Estudo de Caso, com a finalidade dedescrever um caso específico, em um hospital de referência em alta complexidade, a partirde um levantamento de informações que foram analisadas de forma detalhada eISBN: 978-85-63901-04-0


aprofundada, contribuindo na aplicação de conhecimentos científicos, além de tornar‐seum estudo de referência a outros casos como este.O sujeito do estudo foi uma recém‐nascida prematura, com crescimento intrauterinoretardado, com diagnóstico de gastrosquise, internada no Berçário de Alto Risco –BAR do IFF/FIOCRUZ, na cidade do Rio de Janeiro. A realização deste estudo ocorreu deSetembro de 2010.A partir da análise destes dados, foi desenvolvido o processo de enfermagem queconsiste em um método sistemático de prestação de cuidados humanizados com oenfoque para a obtenção de resultados desejados de modo sistematizado 8 .O processo de enfermagem é constituído de Histórico, Diagnóstico eIntervenções. É importante ressaltar que, os dados foram obtidos através da análise doprontuário e os diagnósticos identificados a partir da realização do exame físico eelaborados baseados nas definições e classificações da North American Nursing DiagnosisAssociation (NANDA) 9 . Além disso, a revisão de literatura foi realizada através de consultasem livros, Biblioteca Virtual de Saúde, e outros artigos científicos.Considerando os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos 10 , com autilização de dados no prontuário 11 foi utilizado um termo de compromisso de utilização dedados, garantindo à instituição a divulgação dos dados coletados, preservando aprivacidade do paciente. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do InstitutoFernandes Figueiras e tem como número de protocolo: 0039/103. RESULTADOS3.1 Descrição do CasoRN pré‐termo (36 sem e 5 dias), no primeiro dia de vida, sexo feminino, foiadmitida no Berçário de Alto Risco dia 17/03/2010 com diagnóstico de gastrosquise maisCrescimento Intra Uterino Retardado (CIUR), nasceu no dia17/03/2010, de parto cesariana,ISBN: 978-85-63901-04-0


por sofrimento fetal agudo, apresentação pélvica, peso ao nascer: 1465g, perímetrocefálico: 30cm, APGAR 6/8, bolsa rota no ato. Nasceu deprimida, líquido amniótico tinto demecônio e normohidramnio. Realizada aspiração traqueal com sucesso e intubaçãoorotraqueal na sala de parto com boa resposta, aumento da freqüência cardíaca, cor etônus. Foi admitida no BAR, onde foi extubada, e realizada inserção de catater epicutâneo– PICC em MSD. Submetida à antibioticoterapia: ampicilina e amicacina (8 dias). No dia18/03/2010 foi submetida à redução de gastrosquise + colocação se silo, sendo novamenterealizado a intubação orotraqueal para fins de tal procedimento, TOT calibre 3.0, toda viano dia 20/03/2010 foi extubada acidentalmente permanecendo em ar ambiente.22/03/2010 realizada nova redução de silo. No dia 24/03/2010, realizada retirada de silo efechamento de parede abdominal.3.2 AnamneseM.M, 21 anos, etilista (relata não ter ingerido álcool depois de saber que estavagrávida), G: III P: III A: 0. Primeira gestação aos 16 anos. Realizou três consultas de prénatalem uma maternidade em Belford Roxo. Após uma ultrassonografia para visualizaçãodo sexo do bebê, foi encaminhada para o IFF, com diagnóstico fetal de gastrosquise, nainstituição, realizou mais duas consultas de pré‐natal. Relata não ter história demalformações em gestações anteriores e apresentou desejo de aprender sobre amalformação da filha para ajudá‐la. A Família reside em casa de alvenaria, com cincocômodos para cinco pessoas (mãe, pai, avô e as duas irmãs), com boa iluminação,circulação de ar e saneamento básico. Renda familiar imprevisível, pois seu esposo (únicoprovedor) é autônomo. Segundo relatos da mãe, o avô da RN bebe descontroladamente efaz uns “bicos” para onerar a bebida, motivos pelos quais ela e seu esposo pretendem semudar. Mãe e pai do RN também são etilistas, mas segundo a mãe “bebem socialmente”.As irmãs da RN são filhas de pais diferentes, contudo a família convive de formaharmoniosa.ISBN: 978-85-63901-04-0


3.3 Exame Físico (22/03/2010)RN no oitavo dia de vida, com IG: 36 semanas e 5 dias, oitavo dia de internaçãono Berçário de Alto Risco, em pós‐operatório mediato. Em incubadora aquecida , commonitor multiparâmetros para saturação de oxigênio (Sat.O2), freqüência cardíaca (FC) efreqüência respiratória (FR); Acordada ativa, reativa ao manuseio, chorosa, irritada, comfácies de dor, afebril, taquicárdica, acianótica, eupneica, anictérica, corada, com turgor dapele diminuído, boa perfusão periférica. Fontanela lambdóide e bregmática palpáveis,normoplanas e normotensas. Apresentando sonda oro gástrica – SOG, com débito salivarem pouca quantidade. Ausculta Cardíaca: RCR 2T BNF. Ausculta Pulmonar: MVUA, comboa expansibilidade torácica. Abdome globoso com presença de silo. Genitália edemaciadae ruborizada. MMSS sem alterações, com acesso periférico em mão direita e PICC em mãoesquerda. MMII com boa mobilidade e sem alterações. Eliminações: Diurese satisfatória.Sinai Vitais: Tax= 36.8°C, FC= 176 bpm, FR=45 irpm e Sat. O2= 98%.3.4 Informações complementares:• Exames laboratoriais do dia 17/03/2010: leucócito: 11800; Plaqueta: 225000;PCR: neg.; Swab nasal e retal: negativos.• Administrada Morfina lombar após cirurgia.3.5 Abordagem TerapêuticaO recém‐nascido do estudo necessitou de antibioticoterapia profilática(amipicilina e amicacina por 8 dias) devido à cirurgia. No entanto, desenvolveu infecção deferida operatória, sendo iniciado o tratamento com oxacilina antes do resultado dahemocultura. Após o resultado positivo da hemocultura para Staphilococcus Epidermidisresistente a oxacilina, iniciou um novo tratamento com vancomicina (por 9 dias).A ampicilina é um bactericida como as outras penicilinas. Inibe as funçõesISBN: 978-85-63901-04-0


metabólicas vitais para a membrana celular das bactérias inibindo as sínteses dasmucopeptidases necessárias ao crescimento e à multiplicação bacteriana 12 . Pode causarefeitos colaterais como alergias cutâneas, rash maculopapular, urticária, anafilaxia, prurido,vômito, diarréia, náusea, glossite, eosinofilia, neutropenia, trombocitopenia, hemólise,colite pseudomembranosa, febre medicamentosa, convulsões em doses muito altas,nefrite intersticial. São efeitos colaterais que demandam custos elevados a dermatiteesfoliativa e Stevens Johnson, anafilaxia, doença do soro e vasculite 13 .A amicacina inibe a síntese protéica em organismos Gram negativos. Desintegra amebrana celular bacteriana, causando morte do microorganismo 12 . Pode causar efeitoscolaterais como ototoxidade, nefrotoxidade, alergia, rush, angiedema, febre, anafilaxia,prurido, náusea, vômito, bloqueio neuromuscular, tremores, cefaléia, tonteira, ataxia,parestesia, vertigem, anemia, trombocitopenia, neutropenia, distensão hepática,hepatomegalia, esplenomegalia,perda de peso, fibrose pulmonar, hipertensão, artralgia 13 .A oxacilina inibe a síntese de parede celular de organismos sensíveis, causando amorte da bactéria 12 . Os efeitos colaterais descritos na literatura são: alergia, rush, febremedicamentosa, febre, náusea, constipação, vômito, estomatite, colitepseudomembranosa, tromboflebite, aumento de TGO, colestse, hepatotoxidade,depressão medular, eosinofilia, neutropenia leve, hemólise, nefrite intersticial, hematúria,albuminúnia e disfunção renal (risco maios em RN que recebem doses altas) 13 .A vancomicina é um Beta Lactâmico glicopeptídico, de uso restrito paratratamento de infecções por Staphilococcus Aureus e Staphilococcus Epidermidisresistentes a oxacilina 12 . Pode acarretar alguns efeitos colaterais, tais como: alergiacutânea 5%, eritema multiforme, febra, calafrio durante a infusão, “red men syndrom”(hiperemia, rubor, angioedema, prurido e calor difuso ou só no pescoço), náusea,ototoxidade, nefrotoxidade, bloqueio neuromuscular, flebite e dor no local infusão,hipotensão por infusão rápida, parada cardíaca. São efeitos adversos mais raros aleucopenia, trombocitopenia, eosinofilia. Além disso, quando associada comISBN: 978-85-63901-04-0


aminoglicosídeo aumenta a nefrotoxidade de ambas 13 .3.6 Diagnósticos e intervenções de enfermagemQUADRO 1 – Diagnósticos identificados e intervenções elaboradasA recém‐nascida permaneceu 26 dias com cateter epicutâneo (PICC) e dieta porNutrição Parenteral Total (NPT). A dieta via oral foi iniciada no 20° dia de internação (11°dia após fechamento de parede abdominal), apresentou boa tolerância, permitindoprogressão e começou a receber dieta plena no 26° dia de vida. Apresentou algumasregurgitações, durante a transição do leite humano para NAN 1, com resoluçãoespontânea. No dia 10/04/2010, apresentou hiperemia de feridaoperatória persistente. Um dia depois, além da hiperemia, apresentou edema, calor, dor àpalpação abdominal e hipoatividade. No mesmo dia foi colhido hemocultura e iniciadotratamento com antimicrobianos, amicacina (3 dias) e oxacilina (5 dias). Após o resultadoda hemocultura (positivo para Estafilococos Epidermidis resistente a oxacilina) ambosantibióticos foram interrompidos e iniciado esquema de vancomicina por 9 dias. Dia 16/04hemocultura de controle negativa e dia 17/04 hemocultura também negativa.Recebeu alta no 42° dia de internação apresentando peso = 2040g, perímetrocefálico = 34 cm, estatura = 44 cm. Dieta aleitamento materno mais NAN 1 45ml a cada 3horas.4. CONCLUSÃOPor tratar‐se de um neonato com anomalia congênita, viu‐se a necessidade derealizar um cuidado de enfermagem fundamentado em teorias científicas, a fim deISBN: 978-85-63901-04-0


melhorar a qualidade de vida deste, além de assistir sua família, que por sua vez tambémse encontrou em processo de adaptação.O diagnóstico de enfermagem, em uma abordagem conceitual e prática, édefinido como um julgamento clínico das respostas do indivíduo, família, ou dacomunidade aos processos vitais ou aos problemas de saúde atuais ou potenciais, aosquais fornecem a base para seleção das intervenções de enfermagem, para atingirresultados pelos quais o enfermeiro é responsável, elaborando também as condutas eprescrições, que por sua vez contribuem diretamente para a recuperação ou ao menosprevenção de agravos para o paciente 14 .Dessa forma, essa pesquisa aborda informações essenciais para promoção dasaúde do individuo em estudo, ressaltando‐se que a prática de um cuidado diferenciadominimiza possíveis complicações referentes à internação hospitalar, o que diminuisignificativamente os gastos hospitalares. Sendo assim, o processo de enfermagem é amaneira sistemática e dinâmica de prestar cuidado de enfermagem, promovendo cuidadohumanizado, orientado a resultados e de baixo custo15.A elaboração de uma assistência de enfermagem embasada em teoriascientíficas qualifica e colabora para a melhoria da qualidade da assistência prestada aosneonatos do Instituto Fernandes Figueira, IFF/FIOCRUZ.O plano de assistência de enfermagem dá‐se através do cuidado e pode ser umaação terapêutica que envolve não apenas um, mas vários aspectos do ser que estão nocorpo que precisa de cuidados. Sendo assim, o estudo de caso torna‐se imprescindível parao nosso crescimento e para a profissão, porque estaremos constantemente procurando amelhor forma de cuidar do cliente.REFERÊNCIASISBN: 978-85-63901-04-0


1. Moreira MEL. O Recém Nascido de Alto Risco: teoria e prática do cuidar. /Organizado por Maria Elizabeth Lopes Moreira, José Maria de Andrade Lopes e Manuel deCarvalho. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.2. Tamez RN. Enfermagem na UTI Neonatal: assistência ao recém‐nascido de altorisco/ Raquel do Nascimento Tamez, Maria Jones Pantoja Silva. 3° edição – Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2006.3. Poulain P, Milon J, Frémont B, et al. Remarks about the prognosis in case ofantenatal diagnosis of gastroschisis. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 1994; 54:185‐90.4. Neto LS; Filho AAM, Barini R; Huguet PR; Marba S; Bustorff‐Silva JM. Importânciado diagnóstico pré‐natal de gastrosquise. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia,Volume 21. Rio de Janeiro, 1999.5. Datasus. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br. Acesso em Março de 2010.6. Gil AC. Como Elaborar Projeto de Pesquisa. 4° ed. São Paulo: Atlas 2002.7. Minayo, MCS. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 4° Ed.HUCITEC‐ABRASCO, São Paulo ‐ Rio de Janeiro, 1996.8. Carraro TE. Da metodologia da assistência de enfermagem: sua elaboração eimplementação na prática. In: Metodologias para a Assistência de Enfermagem:Teorizações, Modelos e Subsídios para a Prática. Org.: Mary E. A. Westphalen e Telma ElisaCarraro. Goiânia: AB, 2001.9. DEFINIÇÕES e Classificação – 2005‐2006. Diagnóstico de Enfermagem da NANDA.Porto Alegre: Artmed, 2006.10. Brasil. Conselho Nascional de Saúde. Resolução n° 196/96. Aprova as diretrizes enormas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. 10 outubro 1996.11. Comissão de pesquisa e ética em saúde/GPPG/HCPA. Resolução Normativa01/97. Utilização de dados de prontuários de pacientes e de bases de dados em projetosde pesquisa, 1997. Disponível em: www.ufrgs.br/bioetica/res197hc.htm. Acesso em Marçode 2010.12. Dicionário de Medicamentos na Enfermagem: 2007/2008. 5° Edição. Rio deJaneiro: EPUB ‐ Editora de Publicações Biomédicas Ltda, 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


13. Oliveira RG. Blackbook – Manual de Referência de Pediatia. 3° edição. BeloHorizonte: Black Book Editora, 2005.14. Benedet e Bub. Manual de Diagnóstico de Enfermagem – Uma AbordagemBaseada na Teoria das Necessidades e na Classificação Diagnóstica da NANDA. 2º Edição –Editora Bernucia, 2001.15. Amante LN, Rossetto AP, Schneider DG. Sistematização da Assistência deEnfermagem em Unidade de Terapia Intensiva sustentada pela teoria de Wanda Horta.Revista Escola de Enfermagem USP, Volume 43. São Paulo, 2009;ISBN: 978-85-63901-04-0


A SUCÇÃO NÃO NUTRITIVA DO RECÉM NATO PREMATURO COMO UMA TECNOLOGIA DEENFERMAGEMTHE NON‐NUTRITIVE SUCKING OF PREMATURE NEWBORN AS A NURSING TECHNOLOGYLA SUCCIÓN NO NUTRITIVA DE LOS RECIÉN NACIDOS PREMATUROS COMO UNATECNOLOGÍA DE ENFERMERÍAJoice Cristina Pereria Antunes 103Maria Aparecida de Luca Nascimento 104RESUMO – Estudo experimental com abordagem quantitativa que tem por objetivos,demonstrar que a sucção não nutritiva é efetiva no manejo da dor durante a instalação,pela equipe de enfermagem, do CPAP nasal em recém natos prematuros (RNPT), e,demonstrar que o uso da sucção nutritiva, concomitantemente, à instalação do CPAP nasal,pode ser considerado uma tecnologia de enfermagem. A população alvo foi composta por20 RNPTs, que foram submetidos à instalação ou reinstalação do referido artefato,totalizando 30 procedimentos, que foram alocados, aleatoriamente, em 2 grupos, controlee experimental, no qual foi oferecida a sucção não nutritiva, o mesmo não acontecendocom o grupo controle. As reações de dor foram mensuradas pela escala de NIPS, e oresultado, mostrou que em 100% dos procedimentos que eram acompanhados,concomitantemente pela sucção não nutritiva, os RNPTs não sentiram dor, acontecendo namesma proporção, a demonstração de dor, quando não era oferecida a referida sucção.103Enfermeira do Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ) – Mestre em Enfermagem104Professora e Orientadora Acadêmica do Programa de Pós graduação da Universidade Federal doEstado do Rio de Janeiro (UNIRIO) – Mestrado em Enfermagem – Doutora em Enfermagem –gemeas@centroin.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


Conclui‐se que a partir da produção de um conhecimento estruturado, cientifica emetodologicamente, é possível demonstrar que o referido procedimento de enfermagempode ser classificado como uma tecnologia leve dura.Palavras chave: Enfermagem Neonatal; cuidados de enfermagem; tecnologia; sucção nãonutritiva.INTRODUÇÃOAté o final do século XIX, as elevadas taxas de mortalidade entre os recém‐nascidosde baixo peso ainda eram inevitáveis. Após a segunda metade do século XX, o avançotecnológico ligado ao cuidado perinatal, foi responsável por um decréscimo significativo namortalidade neonatal, particularmente entre os RNPTs 1 .Desse modo, a sobrevida neonatal, está diretamente ligada ao avanço dastecnologias, entre elas, aquelas relacionadas à assistência ventilatória, que dá suporte àprincipal vulnerabilidade desta clientela, que é a imaturidade pulmonar.A partir dessa característica, vários dispositivos foram construídos com o objetivo,não somente de simular os movimentos respiratórios, como também, de melhorar afunção pulmonar, e conseqüentemente, a redução de apnéias.Atualmente, entre os dispositivos mais utilizados na assistência ventilatória doRNPT, disponíveis nas unidades de tratamento intensivo neonatal (UTIN) estão, o oxihood,a pressão positiva contínua nas vias aéreas e a ventilação mecânica.O oxihood é um dispositivo em forma de capacete que administra oxigênio e arcomprimido, umidificados e aquecidos, sendo indicado para os recém‐nascidos (RNs) querespiram espontaneamente, mas que precisam de uma concentração de oxigênio inferior a60%. Nos casos dos RNs que necessitam de oxigênio em maior concentração, e que têm,associado a essa necessidade, um desconforto respiratório, a utilização da pressão positivacontínua nas vias aéreas é indicada, e, se o problema do RN estiver relacionado àinabilidade dos seus pulmões em manter uma ventilação adequada, sra indicada aventilação mecânica, através da intubação endotraqueal 2 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Entre os dispositivos tecnológicos acima mencionados, destacamos o CPAP nasal(Continuous Positive Airway Pressure), cuja tradução da sua sigla em inglês quer dizer,pressão positiva contínua nas vias aéreas, sendo freqüentemente utilizado no tratamentode RNs com doenças que cursam com a capacidade residual funcional diminuída, taiscomo: a doença da membrana hialina, a taquipnéia transitória do RN e a displasiabroncopulmonar.SOBRE O CPAP NASALA utilização da ventilação de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) viaendotraqueal como tratamento da angústia respiratória da prematuridade, foisatisfatoriamente utilizada em 1973 3 .O autor supracitado ressalta ainda que essa modalidade ventilatória proporcionaefeitos fisiológicos nos recém‐nascidos, sobretudo nos prematuros, tendo em vista que elaconsiste na manutenção de uma pressão supra‐atmosférica durante a expiração em umpaciente que respira espontaneamente, favorecendo ao recrutamento dos alvéolos, alémde permitir que os alvéolos colapsados sejam inflados.Porém, a melhoria na oxigenação diminui a vasoconstrição no leito vascular,contribuindo para a queda da resistência vascular pulmonar, permitindo um aumento nofluxo pulmonar com conseqüente aumento da pressão parcial de oxigênio (paO 2 ). Além defavorecer, não somente a redução de apnéias obstrutivas, já que estabiliza o diafragma, oCPAP nasal promove um ritmo respiratório regular pela estabilização da parede torácica.Esta modalidade ventilatória em questão, contribui ainda para a liberação dosurfactante, substância armazenada nos alvéolos, que permite o aumento da complacênciapulmonar, sendo imprescindível para que os alvéolos se mantenham adequadamenteinflados e com menor gasto energético do organismo 1 .O CPAP nasal é indicado essencialmente em recém‐nascidos prematuros, comrespiração espontânea, portadores da doença de Membrana Hialina (deficiência deISBN: 978-85-63901-04-0


surfactante) branda ou moderada; na apnéia da prematuridade e nos casos de retirada dotubo orotraqueal por fim de indicação clínica 4AS TECNOLOGIAS NO COTIDIANO DA PRÁTICA DE ENFERMAGEMEste estudo tem como foco, não só, as tecnologias que são utilizadasdiuturnamente pela equipe de enfermagem, no cuidado ao RNPT, como também, aproposta de considerar como tecnologias, os procedimentos técnicos de enfermagem quesão utilizados durante essa mesma assistência.A definição de tecnologia, entre outras, é a seguinte; “Utilização de técnicas,conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas e processos, para resolver problemas ou,pelo menos, facilitar a sua solução 5 ”, e a proposta, feita em estudo anterior, para que osprocedimentos técnicos de enfermagem, as propostas alternativas observadas durante oprocesso de cuidar, assim como, a concepção de artefatos e/ou utensílios durante essaprática, fossem considerados tecnologias 6 , foi lançada, por haver um ajuste perfeito entreeles e a referida conceituação.Além do conceito acima, as tecnologias envolvidas no trabalho em saúde, sãoclassificadas em leves, leve duras e duras. As tecnologias classificadas como leves, dizemrespeito às relações que são estabelecidas durante o processo de trabalho em saúde, e queproduzem vínculo, sensação de acolhimento. As tecnologias classificadas como leve duras,advém dos saberes bem estruturados que operam no trabalho em saúde, e as tecnologiasduras, dizem respeito aos equipamentos, máquinas, normas e estruturas que são utilizadaspara o desenvolvimento desse trabalho 7 .Considerando que a observância dos aspectos científicos que permeiam o cuidadode enfermagem permitem distingui‐la como uma profissão onde o menor cuidado deve serprovido da maior atenção, tendo em vista a dignidade da criança que está sendo alvo donosso cuidado 8 , e que, ao praticar o cuidado, os profissionais de enfermagem tem aISBN: 978-85-63901-04-0


possibilidade, através da observação, de detectar sinais impressos no corpo, que indicamsintomas muitas vezes não referidos 9 , este estudo pretende alcançar os seguintes objetivos- Demonstrar que o uso da sucção não nutritiva, pela equipe deenfermagem, é efetiva no manejo da dor durante a instalação do CPAPnasal em recém natos prematuros (RNPT).- Demonstrar que o uso da sucção nutritiva, concomitantemente, àinstalação do CPAP nasal, pode ser considerado uma tecnologia deenfermagem.METODOLOGIAEstudo experimental com abordagem quantitativa, que tem, entre outrascaracterísticas, a manipulação de um determinado fator, (que para efeito desse estudo,será a sucção não nutritiva), e que, a critério do pesquisador, gerará um determinadoresultado em um outro fator (manifestação de dor do RNPT durante a instalação do CPAPnasal). Este outro fator é a chamada variável dependente, que sofrerá, ou não, um efeitoda manipulação da variável independente, sendo medido o seu resultado para determinara validade do experimento 10 .A população alvo foi composta por 20 RNPT, durante a instalação ou reinstalaçãodo CPAP nasal, num total de 30 procedimentos, que foram distribuídos em grupo controle(sob sucção não nutritiva), ou experimental (sem sucção não nutritiva).A cada procedimento, a distribuição aleatória era feita, sendo essa randomização realizadaapós o lançamento de uma moeda, a partir da face apresentada.Desta forma, foram observados 30 procedimentos de instalação do CPAP nasal,realizados em 20 RNPTs, com as mesmas características de elegibilidade. O quadroISBN: 978-85-63901-04-0


demonstrativo I, mostra o número de instalação e reinstalação do CPAP nasal ao qual cadaRNPT foi submetido:QUADRO DEMONSTRATIVO IRNPT A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S TNº de (re)instalaçãodo CPAPn1 1 1 1 1 1 1 1 5 1 1 5 2 2 1 1 1 1 1 1De acordo com o quadro acima, podemos perceber que os prematuros I, L, M e N,necessitaram retornar para o CPAP nasal pela piora do desconforto respiratório. Sendo osRNPTs I e L, submetidos cinco vezes a este estímulo doloroso e estressante. Enquanto queos RNPTs M e N, submetidos duas vezes.A observação sistemática e não participativa foi feita a partir das variáveiscomportamentais (expressão facial, choro, movimentação de braços e pernas) e fisiológica(padrão respiratório) que compõem a escala de NIPS, e que foram apresentadas pelo RNPTdurante a instalação do CPAP nasal.Escala de NIPS – Neonatal Infant Pain Scale / Escala de Dor NeonatalIndicador 0 ponto 1 ponto 2 pontos1) Expressão facial Relaxada Contraída2) Choro Ausente “Resmungos” Vigoroso3) Respiração Relaxada Diferente da basal —4) Braços Relaxados Fletidos ou—estendidos5) Pernas Relaxadas Fletidos ouestendidos—ISBN: 978-85-63901-04-0


6) Estado de Alerta Dormindo ou acordado Desconfortável —calmoFonte: Guinsburg, 1999Segundo a escala em referência, ao final da sua aplicação é realizado o somatóriodos pontos que podem estar compreendidos entre 0 e 7, sendo que, o score igual ousuperior a 4, é indicativo de DOR.A realização da sucção não nutritiva foi estabelecida através da introdução do dedomínimo enluvado na cavidade oral do recém‐nascido prematuro, concomitantemente àinstalação do CPAP nasal, não sem antes retirar‐se o excesso de talco com água destilada,que, porventura, pudesse causar algum malefício para RNPT.A observação e a instalação do CPAP nasal foram realizadas pelas residentes deenfermagem em neonatologia no segundo ano de residência (totalizando trêsenfermeiras). A fim de minimizar a ameaça à validade interna do estudo através do fatorinstrumentação, as residentes foram orientadas e treinadas com relação aos seguintesaspectos: modo de aplicação da escala de NIPS, maneira de proceder à observação, aopreenchimento do instrumento de coleta de dados e à forma de instalar o CPAP nasal coma utilização ou não da sucção não nutritiva.No que tange à instalação do CPAP nasal com a utilização da sucção não nutritiva, oprocedimento seguiu os seguintes passos:1º PASSO: Organização do material necessário para a instalação do CPAP nasal2º PASSO: Observação da saturação de oxigênio com o recém‐nascido em posiçãosupina sem flexão da cabeça, garantindo o seu valor superior a 87% (valor indicativo que oRNPT não se encontra em hipóxia). Caso o RNPT encontre‐se em hipóxia, restabeleça‐ocom oxigênio inalatório.3º PASSO: Introdução do dedo mínimo enluvado, previamente lavado com águaestéril, na cavidade oral do RNPT;4º PASSO: Aguarde até que a sucção seja efetivada;ISBN: 978-85-63901-04-0


5° PASSO: Solicite ao técnico de enfermagem, que está auxiliando noprocedimento, para instalar o dispositivo nasal;6º PASSO: O observador (residente de enfermagem em neonatologia) registra asreações fisiológicas e comportamentais neste momento;7º PASSO: Retire o dedo enluvado, após a perfeita harmonia estabelecida entre oCPAP nasal e o RNPT. O tempo despendido entre a introdução do dedo enluvado e a suaretirada foi de aproximadamente 5 minutos, contabilizados a partir de um cronômetroutilizado pelos observadores (residentes de enfermagem).O mesmo recém‐nascido prematuro pôde ser submetido ao grupo controle e aogrupo experimental em momentos diferentes, uma vez que, se houve necessidade deretornar para o CPAP nasal, um novo sorteio foi realizado para determinar a utilização ounão da sucção não nutritiva. As observações foram restringidas ao momento de instalaçãodo dispositivo nasal, não contabilizando as reinstalações advindas das freqüentes retiradasdo CPAP pelo RNPT.O projeto do qual derivou este estudo, foi aprovado pelo Comitê de Ética emPesquisa com seres humanos do Instituto Fernandes Figueira (CEP‐IFF), através doprotocolo 0044/08 de 27/03/2009.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOSA observação do procedimento de instalação ou reinstalação do CPAP nasal foirealizada nos grupos experimental e controle, sendo que 11 observações foram feitas nogrupo experimental e 19 observações no grupo controle, totalizando o n=30.Considerando a pontuação da escala de NIPS, conforme o quadro demonstrativo II,a observação do procedimento em foco, demonstrou que o score prevalente no grupocontrole foi 6 em 47,4% (9) das observações, seguido pelo score 7 com 31,6% (6) e 5 em21% (4).ISBN: 978-85-63901-04-0


QUADRO DEMONSTRATIVO IIPONTUAÇÃO DAESCALA DE NIPSGRUPO EXPERIMENTAL(sucção não nutritiva)GRUPO CONTROLE(sem a sucção não nutritiva)N% N %012345671901000098209000000000496000002147,431,6TOTAL 11 100 19 100Em contrapartida, no grupo experimental o score máximo alcançado foi 3 em 9%(1), sendo o score igual a 1 prevalente em 82% (9) das observações.Estes resultados indicam claramente que ao instalar o CPAP nasal 100% dos RNPTssentem dor, no entanto quando lhe é oferecida a sucção não nutritiva, eles reagem aoestímulo sem atingir uma pontuação indicativa de dor.Podemos perceber que no grupo experimental, a pontuação 1 foi prevalente em82% das observações. Este fato ocorre porque o corpo humano é projetado física ementalmente para reagir a qualquer estímulo externo ou interno, e uma mudança na suaharmonia pode levar a respostas comportamentais ou fisiológicas que culmina em umestado de conforto ou desconforto 11 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Neste caso, quando se trata do estímulo em foco, a experiência mostrou que ainstalação ou reinstalação do CPAP nasal, associado a uma intervenção não farmacológica(sucção não nutritiva), levou a respostas comportamentais ou fisiológicas que culminaramem um estado de conforto, quando ocorre uma completa harmonia do RNPT.Diversos estudos randomizados têm evidenciado que a sucção não‐nutritiva é umfator minimizador da dor do neonato durante a realização de procedimentos dolorosos 12,13.CONCLUSÃOAliviar a dor dos RNPTs, tem sido um grande desafio para a equipe de enfermagem,tendo em vista, não só a vulnerabilidade dessa clientela, como também, a sensibilidade doobservador, em detectar através da observação apurada, sinais indicativos de sentimentosimpressos no seu corpo diminuto.Contudo, ao observarmos as necessidades que são inerentes ao RNPT, podemosinferir que não são poucos os procedimentos tecnológicos aos quais eles estão expostos,uma vez que, à medida que a ciência avança, novos recursos são disponibilizados no vastomercado da assistência à saúde, quase sempre, demandando uma sensação dolorosadurante a sua utilização.Esse estudo demonstrou que a instalação do CPAP nasal é um procedimentodoloroso, e que a sucção não nutritiva é eficaz no manejo dessa sensação, durante a suainstalação.Considerando que o CPAP nasal é uma tecnologia dura, e que, as tecnologiasclassificadas como leve duras, advém dos saberes bem estruturados que operam notrabalho em saúde, concluímos, a partir dos resultados que foram obtidos neste estudo,fruto de uma pesquisa metodologicamente estruturada, e com base em literaturaISBN: 978-85-63901-04-0


científica, que a oferta da sucção não nutritiva, pela equipe de enfermagem, concomitanteà sua instalação no RNPT, pode ser considerada uma tecnologia leve dura.REFERÊNCIAS1 Moreira et al. O Recém‐nascido de Alto Risco – Teoria e Prática do Cuidar. Rio de Janeiro:FIOCRUZ; 2004. 563p.2 Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI Neonatal. 4 ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan; 2009. 280 p.3. Muhlhausen GM. Uso actual de présion positiva contonua en la via aérea (CPAP)emrecien nacidos. Revista Pediatria Eletrônica 2004: 1(1); 141‐4.4 Macdonald MG, Mullett MD, Seshia MMK. Avery/Neonatologia: Fisiopatologia etratamento do recém –nascido. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. 1634 p.5 Wikipédia, Enciclopédia livre. [home page na internet]. Atualizada em janeiro de 2009;[Acesso em setembro de 2010]. Disponível em http://pt.wikipédia.org.wiki/tecnologia.6 Nascimento MAL. Tecnologias de enfermagem no cuidar de crianças: Um ponto de vista.Rev. Soc. Bras. de Enf. Pediatras 2004:4(1):5‐9.7 Merrhy EE et al. Em busca de ferramentas analisadoras das tecnologias em saúde: Ainformação eo dia a dia de um serviço, interrogando e gerindo trabalho em saúde. In:Merhy EE, Onocko R. Agir em Saúde: um desafio para o público. 2 ed. São Paulo: Hucitech;1997. 97‐113.8 Nascimento MAL. As pesquisas de enfermagem sobre a saúde da criança (Um enfoquepositivista na prática cotidiana). Esc Anna Nery Rev Enferm 2002; 6 (Sup 1): 93‐100.9 Nascimento MAL, Souza EDF. A síndrome da criança com o membro superior imobilizadopara infusão venosa. 2 ed. Rio de Janeiro: Atlântica; 2007. 127 p.10 Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos da Pesquisa em Enfermagem. 5 ed. PortoAlegre: Artmed; 2004. 488 p.11 Nascimento MAL, Costa MM, Silva RN. O corpo que acolhe e afaga a criança . In:Figueiredo NMA (Org.) Ensinando a cuidar da criança. São Paulo: Difusão; 2003. Cap 5. 319‐22.ISBN: 978-85-63901-04-0


12 Schiao S. et al. Meta analysis of the effects of nonnutritive sucking on heart rate andperipheral oxygenation: research from the past 30 years. Pediatric Nursing 1997. (20)11‐24.13 Carbajal R. Nonpharmacologic management of pain in neonates. Archives of Pediatrics& Adolescent Medicine 2005.12(1). 3‐5.ISBN: 978-85-63901-04-0


NO CUIDADO AO RECÉM‐NASCIDO 105 Roberta Costa 106A UTI NEONATAL POSSIBILITANDO NOVAS PRÁTICASMaria Itayra Padilha 107Introdução: A assistência neonatal passou por muitas transformações ao longo do temposendo que, a introdução de modernas unidades neonatais contribuiu significativamente naredução da morbi‐mortalidade neonatal e, o advento de novas tecnologias trouxe umuniverso mais amplo ao cuidado aos recém‐nascidos. Nos últimos anos, ocorreram grandesavanços científicos e tecnológicos, que proporcionaram inúmeras mudanças nas práticasde cuidado em unidades de terapia intensiva neonatais no Brasil, de certa formaacompanhando a tendência mundial. A UTI neonatal configura‐se como um lócus deprodução de saber e constitui‐se em ambiente terapêutico apropriado para tratamento derecém‐nascidos de alto risco, sendo considerada de alta complexidade. A incorporação denovas tecnologias, a necessidade de diferentes categorias profissionais, a presença cadavez mais freqüente dos pais e o cuidado de bebês cada vez menores já fazem parte de umarealidade que exige novas práticas e novos sujeitos profissionais no cotidiano do hospital 1 .Em Santa Catarina, a partir da década de 80, foram instaladas diversas UTI neonatais emvárias regiões do Estado, procurando descentralizar o atendimento especializado aorecém‐nascido de risco. Em Florianópolis, a primeira UTI neonatal foi fundada em março de1987 no Hospital Infantil Joana de Gusmão. Esta unidade é referência estadual para ocuidado ao recém‐nascido de risco. Por entender que muitos dos saberes e práticas105Extraído da Tese de Doutorado da primeira autora, denominada: “Saberes e práticas no cuidado aorecém‐nascido em terapia intensiva na década de 1980 em Florianópolis”, defendida em 2009, naUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC).106Doutora em Enfermagem pelo Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem (PEN) daUFSC.Enfermeira do Hospital Universitário da UFSC. Santa Catarina, Brasil. E‐mail: robertanfr@hotmail.com107Doutora em Enfermagem. Professor Associado do Departamento de Enfermagem e da PósGraduação da UFSC. Pesquisadora do CNPq. Santa Catarina, Brasil. E‐mail: padilha@nfr.ufsc.brISBN: 978-85-63901-04-0


instituídas no cuidado ao recém‐nascido em nosso estado foram influenciados peloatendimento nesta unidade, decidimos desenvolver o estudo com os profissionais queestiveram envolvidos com o processo de implantação desta unidade. Objetivo:Compreender como se instituíram as práticas de cuidado ao recém‐nascido na UTIneonatal em Florianópolis, na década de 80. Metodologia: Pesquisa qualitativa, comabordagem sócio‐histórica. O contexto do estudo foi o Hospital Infantil Joana de Gusmão eos sujeitos da pesquisa foram 13 profissionais de saúde que trabalhavam na UTI geral e/ouUTI neonatal na década de 1980. Para coleta de dados utilizamos a História Oral, realizandoentrevistas semi‐estruturadas. O período de coleta de dados foi de outubro de 2008 amarço de 2009. Para análise dos dados utilizamos o método genealógico proposto porMichel Foucault. O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética emPesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina sob protocolo n°242/08 FR 217903 e pelo Comitê de Ética do Hospital Infantil Joana de Gusmão sob parecern° 086/2008. Resultados: A análise do discurso dos profissionais da equipe de saúdepossibilitou a identificação de quatro agrupamentos temático referentes as práticas decuidado em UTI neonatal. No primeiro agrupamento temático – “Muita criança saiuganhando com isso” – o discurso dos profissionais revela a necessidade e importância deuma unidade específica para o atendimento do recém‐nascido de risco. Os avançostecnológicos e os profissionais capacitados para o cuidado em UTI neonatal possibilitaramuma maior sobrevida aos neonatos. Os depoimentos reforçam a importância do saberespecializado, que fez emergir novos equipamentos – uma tecnologia de ponta, o médicointensivista e uma equipe de enfermagem capacitada e com habilidades no manuseio dosrecém‐nascidos. As práticas de cuidado nesta unidade possibilitaram a operação de umsaber científico sobre o corpo do recém‐nascido. Outro agrupamento temático encontradofoi “A gente aprendeu a cuidar do recém‐nascido, cuidando”. O saber clínico se estrutura eorganiza o espaço, as relações e o fazer na UTI neonatal orientando‐o para a intervençãosobre o corpo recém‐nascido e funciona, ao mesmo tempo, como instância de produção deISBN: 978-85-63901-04-0


saber e, também, de formação profissional e de transmissão desse saber. Esse saber clínicoque emerge se exercita, se amplia e subsidia vários outros tipos de saberes. A UTI neonatal,enquanto espaço específico de atendimento do recém‐nascido de risco vem seconfigurando como um campo de conhecimentos e práticas, sendo que este saber/fazerconsolida‐se a partir das vivências/experiências do cotidiano do trabalho dos profissionaisde saúde. O terceiro agrupamento temático foi “Faltava um olhar mais científico para aassistência”, onde os profissionais relataram que as práticas desenvolvidas desde o inícioda UTI possibilitaram o aprimoramento científico e a habilidade técnica para o cuidar maiscompetente e individualizado. No cotidiano do hospital podemos afirmar que, oprofissional de saúde que detém o poder, é aquele que detém o saber. Por tanto, éfundamental que a enfermagem se aproprie de conhecimento científico que sustente suaprática e possa assim exercer o poder sobre o cuidado prestado ao recém‐nascido e suafamília. O quarto agrupamento temático foi o “Cuidado sensível, humanizado eindividualizado”. A necessidade da humanização dos cuidados no âmbito hospitalar existeem um contexto social no qual alguns fatores têm contribuído para a fragmentação do serhumano como alguém compreendido com necessidades puramente biológicas: atecnologia, a visão de que é a equipe de saúde que detém todo o saber e, não ter apercepção da integralidade do Ser Humano são exemplos destes fatores. O avanço datecnologia médica, fez com que, por muitas vezes o cuidado se torne a aplicação de umprocedimento técnico, a fim de cumprir com um objetivo mecanicista 2 . Apesar desta visãobiologicista e mecanicista, percebemos nos depoimentos dos profissionais de saúde queeles valorizam o cuidado humanizado, sensível e integral, destacando que cada membro daequipe deve ter sensibilidade para lidar com a hospitalização do recém‐nascido, colocandoo bebê como foco prioritário do atendimento, procurando individualizar as práticas decuidado. Considerações finais: Com este estudo, podemos inferir que a implantação deuma unidade específica para o cuidado do recém‐nascido de risco possibilitou a instituiçãode novas práticas e sujeitos profissionais fazendo emergir novos problemas assistenciaisISBN: 978-85-63901-04-0


geradores de novas configurações/relações saberes e poderes. Este processo vemresultando numa redução da morbi‐mortalidade neonatal e na aquisição de conhecimentocientífico relacionado principalmente aos aspectos fisio‐patológicos. Verifica‐se, ao longodo tempo, a necessidade de transformações no processo de trabalho nas UTI neonatais,com vistas a ampliar o objeto de ação para além do corpo do recém‐nascido, por meio dainserção da família, assumindo o recém‐nascido como um ser de relações, rumo àconstrução de um novo modelo assistencial que visa à humanização da assistêncianeonatal.Descritores: UTI neonatal, recém‐nascido, cuidado, poder.Referências:1. Costa R, Monticelli M. O Método Mãe‐Canguru sob o olhar problematizador de umaequipe neonatal. Rev Bras Enferm 2006 jul‐ago; 59(4): 578‐82.2. Barbosa IA, Silva MJP. Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com respeito em umhospital universitário. Rev Bras Enferm 2007 set‐out; 60(5): 546‐51.ISBN: 978-85-63901-04-0


AS ATIVIDADES DE UM GRUPO DE APOIO A AMAMENTAÇÃO EM UM HOSPITAL PÚBLICOFEDERAL – UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO.Cassiana S. Rossi 108Gisele da C. Santos 109Luzia D. M. dos Santos 110Sabrina A. da S. B. Ferreira 111Introdução: Sabe‐se que o aleitamento materno é um processo onde estão envolvidos ovínculo entre mãe e filho, o afeto, a proteção e a nutrição para a criança; e que o mesmoconstitui‐se na mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução damorbimortalidade infantil. Embora existam evidências científicas comprovando asuperioridade da amamentação sobre outras formas de alimentar os bebês, foi observadoque as taxas de aleitamento materno no Brasil, especialmente as de amamentaçãoexclusiva, estão aquém do recomendado 1 . Diversos organismos nacionais e internacionaistêm empreendido esforços para reverter esta realidade, dentre os quais destacamos aIniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), lançada pelo UNICEF e pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) em 1991‐92, estando presente em mais de 150 países e que dáênfase à amamentação exclusiva, do nascimento aos 6 meses de vida 2 . Acreditamos que oprofissional de saúde tem um papel fundamental para o aumento dos índices dealeitamento materno. Entretanto, para que seja capaz de contribuir, precisa estar108Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da UERJ. Enfermeira do Grupode Apoio à Amamentação do Hospital Federal de Bonsucesso. Endereço eletrônico –cassiana.rossi2@gmail.com.109Técnica de Enfermagem. Graduada em Enfermagem pela Universidade Gama Filho. Técnica deEnfermagem do Grupo de Apoio à Amamentação do Hospital Federal de Bonsucesso.110Técnica de Enfermagem. Graduanda em Enfermagem pela Universidade da Cidade. Técnica deEnfermagem do Grupo de Apoio à Amamentação do Hospital Federal de Bonsucesso.111Técnica de Enfermagem. Graduanda em Biologia pela Universidade Celso Lisboa. Técnica deEnfermagem do Grupo de Apoio à Amamentação do Hospital Federal de Bonsucesso.ISBN: 978-85-63901-04-0


preparado quanto aos aspectos técnicos relacionados à lactação e, principalmente, levarem consideração os aspectos emocionais, da cultura familiar e da rede social de apoio àmulher. Diante do exposto, o presente relato fala sobre a criação e as atividadesdesenvolvidas por um Grupo de Apoio à Amamentação em um Hospital Público Federal doEstado do Rio de Janeiro como forma de contribuir para o sucesso do aleitamento maternodas mulheres atendidas no local. Cabe destacar que a referida instituição é o maiorhospital geral da rede pública do estado, sendo reconhecido como centro terciário e dereferência no atendimento à gestante de alto risco 3 . Este atendimento à gestante abrangedesde o pré‐natal até o pós‐parto e o atendimento ao recém‐nascido de alto risco naunidade de terapia intensiva e na unidade intermediária neonatal. A proposta da criaçãodo grupo surgiu diante da necessidade de intensificar as práticas relacionadas àamamentação na maternidade, visando maior qualidade da assistência de enfermagem e,consequentemente obter o título de Hospital Amigo da Criança conferido pelo Ministérioda Saúde. As atividades iniciaram‐se em abril/2010 com a capacitação de um grupoformado por Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem que passaram a atuar no AlojamentoConjunto, Enfermaria de Gestantes e Unidade Neonatal. A seguir foi disponibilizada umasala nas dependências da Unidade Intermediária Neonatal (UI), com o intuito deproporcionar um espaço de referência interna e que ao mesmo tempo pudesse atender àsdemandas externas. O grupo é diretamente ligado à Chefia de Enfermagem da SeçãoMaterno‐Infantil e atualmente é composto por três enfermeiras e quatro técnicas deenfermagem que se revezam em escalas diárias e por plantões. O atendimento é realizadotodos os dias, das 07 às 19h. As atividades desenvolvidas pelo grupo compreendem visitasdiárias nos setores realizando: orientações básicas sobre o aleitamento materno, examedas mamas, avaliação das mamadas e intervenções quando necessário, massagem eordenha e registro em prontuário, dentre outras. Eventualmente, presta atendimento nosoutros seguimentos do hospital conforme demanda (exemplo: clínica médica). Todas asatividades são registradas em impressos próprios e ao final de cada dia é feita umaISBN: 978-85-63901-04-0


estatística onde são trabalhados itens de produtividade e indicadores de qualidade.Objetivos: Descrever as atividades realizadas pelo Grupo de Apoio a Amamentação de umHospital Federal do Estado do Rio de Janeiro; Traçar o perfil da clientela atendida no Grupode Apoio à Amamentação de um Hospital Federal do Estado do Rio de Janeiro.Metodologia: Trata‐se de um estudo descritivo 4 , na modalidade relato de experiência. Osdados foram obtidos através dos instrumentos de registro diário das atividades da equipenos meses de julho, agosto e setembro/2010 e analizados quantitativamente. Resultados:Em relação à clientela assistida, o total foi de 4.069 atendimentos, sendo que 60,4%corresponderam a puérperas e 39,6% a gestantes ou clientes internadas por outrosmotivos como abortamento, feto morto ou Wintercuretagem. A média diária deatendimentos variou entre 45,9 em julho, 42,2 em agosto e 44,5 em setembro. No quetange às atividades desenvolvidas pela equipe, destacamos as orientações (80,2%) ealgumas intervenções como a realização de ordenha mamária (8,9%) e correção dapega/posição (10,9%). No que se refere às orientações, as mais realizadas foram asdirigidas aos cuidados com as mamas (20,3%) e quanto ao retorno no sentido de buscarajuda por conta de dificuldades com a amamentação (20,1%), seguidas das orientaçõesrelacionadas ao acolhimento do bebê (18,4%), cuidados diários para com o RN (13,9%), aimportância do registro de nascimento (13,9%) e importância das vacinas e realização doteste do pezinho (13,4%). Quanto à ordenha mamária, além das orientações com oobjetivo de capacitar a mulher para a auto‐ordenha, a equipe também auxiliou e realizoualguns dos procedimentos, contabilizando o volume de leite humano ordenhado peloprofissional envolvido. Foram realizadas 394 ordenhas, sendo que 47,4% em julho, 33,8%em agosto e 18,8% em setembro. Esta diminuição gradativa do índice de ordenhasrealizadas pelo profissional leva‐nos a crer que as capacitações e a experiência adquiridano dia a dia favoreceram a equipe no sentido de melhorar a sua atuação junto às usuárias,gerando uma autonomia maior das mesmas na realização do procedimento. Durante osmeses em questão, o volume total de leite humano ordenhado pelos profissionais daISBN: 978-85-63901-04-0


equipe foi de 23.365ml. Entendemos que este volume é expressivo diante da carência debancos de leite humano de um modo geral. Em relação aos indicadores de qualidade, ostrabalhados foram: índice de seio materno exclusivo, uso de complemento na alimentaçãodo RN, presença de fissura mamilar e presença de ingurgitamento mamário. Das puérperasatendidas, 24.6% estavam com seus bebês internados nas unidades intensiva ouintermediária neonatal. Do percentual restante, 64,9% manteve aleitamento maternoexclusivo e 20,6% necessitou, em algum momento, complementar a alimentação do RNcom leite artificial. Em relação ao ingurgitamento mamário, 2,9% das mulheresapresentaram o problema, que foi sanado intensificando a massagem e ordenha dasmamas. Quanto ao índice de fissura mamilar, o encontrado foi igual a 6,7%. Neste caso, asintervenções de correção da pega/posição do bebê ajudaram a resolver o problema.Conclusão: Segundo o documento da OMS/UNICEF/Ministério da Saúde, que determina ospassos para o sucesso do Aleitamento Materno da Iniciativa Hospital Amigo da Criança,toda Maternidade que tenha como meta receber o título deve cumprir na íntegra os 10passos exigidos. Entendemos que a criação e atuação do grupo de apoio vêm colaborarcom o atendimento dos passos 3‐ Informar todas as gestantes sobre as vantagens e omanejo do aleitamento; 5‐ Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação,mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos; e 10‐ Encaminhar as mães, por ocasião daalta hospitalar, para grupos de apoio ao aleitamento materno na comunidade ou emserviços de saúde. Contribuições: As atividades desenvolvidas pelo grupo contribuem paraa qualidade da assistência de enfermagem prestada às gestantes e nutrizes atendidas nainstituição e os dados gerados servem como base para pesquisa. Além disto, o hospitalrecebe Acadêmicos Bolsistas de Enfermagem que passam pelo setor, o que favorece aformação destes futuros profissionais, oferecendo experiências na área. Assim sendo,acreditamos que a atuação da equipe do Grupo de Apoio à Amamentação vem somar comas iniciativas existentes no sentido de promover, apoiar e incentivar o aleitamentomaterno no Brasil e no mundo.ISBN: 978-85-63901-04-0


Descritores: Aleitamento Materno, Assistência de Enfermagem.Referências1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de AtençãoBásica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentaçãocomplementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2009.2. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Iniciativa Hospital Amigo da Criança:promovendo e incentivando a amamentação em um Hospital Amigo da Criança. Brasília:Editora do Ministério da Saúde; 2009.3. HFBnet. Página da web do Hospital Federal de Bonsucesso. Disponível em:http://www.hgb.rj.saude.gov.br/hospital/. Acessado em 15/09/2010.4. Handem PC, Matioli CP, Pereira FGC. Metodologia: interpretando autores. In: FigueiredoNMA. Método e metodologia na pesquisa científica. São Paulo: Difusão; 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


AS CAUSAS DE INTERNAÇÕES EM UNIDADES NEONATAIS:A ASSISTÊNCIA PRÉ‐NATAL EM QUESTÃOGabrielle de Souza Pinto 112Paula Salgado Castilho de Almeida 113Selma Villas Boas Teixeira 114Introdução: Esse estudo foi desenvolvido durante o curso de especialização emenfermagem neonatal da Clínica Perinatal de Laranjeiras em parceria com a UniversidadeFederal do Rio de Janeiro – UNIRIO. A vivência das pesquisadoras como enfermeiras queatuam na assistência ao pré‐natal de baixo risco obstétrico e ao recém‐nascido (RN) derisco em uma unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), motivou o desenvolvimento doestudo e a exploração da temática. Os altos índices de internações de bebês em unidadesde terapia intensiva neonatal por causas consideradas evitáveis chamou à atenção elevantou um questionamento quanto à realização do pré‐natal e às condições dessagestação. Para nortear o desenvolvimento da nossa pesquisa tivemos como objeto deestudo às principais causas de internação em unidades neonatais correlacionadas àassistência pré‐natal, e elaboramos os seguintes objetivos: Identificar as principais causasde internação em Unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) e discutir as causas deinternação em unidades neonatais correlacionadas a assistência pré‐natal. Metodologia:Foi de um estudo retrospectivo, descritivo, com abordagem quantitativa. O cenário doestudo foi o arquivo de documentação médica do um hospital estadual, localizado nabaixada fluminense, no estado do Rio de Janeiro. Realizado através do levantamento de160 prontuários de RNs internados em uma UTIN. Para a realização deste estudo foram112Enfermeira do Hospital São Vicente de Paulo, pós graduanda em Enfermagem Neonatal daUniversidade Federal do Rio de Janeiro ‐ UNIRIO. e‐mail: gabriellesouza16@gmail.com113Enfermeira da Estratégia de Saúde da Família do município de Duque de Caxias, pós graduanda emEnfermagem Neonatal da Universidade Federal do Rio de Janeiro ‐ UNIRIO.114Mestre em Enfermagem, Professora Assistente II do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro.ISBN: 978-85-63901-04-0


analisados os prontuários dos recém‐nascidos internados no referido hospital, admitidosna unidade neonatal no período de julho a dezembro do ano de 2009. Os critérios deexclusão foram os recém‐nascidos que apresentaram mal‐formação congênita e os queapresentaram alguma síndrome genética. A coleta foi 00000ISBN: 978-85-63901-04-0


ealizada por meio de um questionário, que além dos dados referentes ao perfil sócioeconômicodas mulheres, continham variáveis relacionadas à assistência pré‐natal e àscondições de nascimento do RN. Os resultados foram tabulados, analisados e organizadosem tabelas e gráficos. Utilizou‐se como recurso o software Excel 2007. Quanto aosaspectos éticos da pesquisa, foram respeitados a Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong>de saúde – Ministério da Saúde 1 . O estudo foi submetido à autorização da direção dohospital selecionado e, posteriormente, encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa(CEP) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), que após a aprovação do mesmoprotocolado sob o nº 052/2010. Resultados: A faixa etária predominante (56,9%) dasmulheres do estudo tinha idade inferior a 25 anos, com destaque (30,6%) para as de idadeinferior a 19 anos. Os demais dados referentes ao perfil da clientela estudada foiprejudicado tendo em vista que não havia informações quanto à renda familiar,escolaridade, situação conjugal e hábitos sociais. Fato que demonstra que os profissionaisde saúde que atendem à mulher e a criança, pensam não ser importante registrar algunsaspectos inerentes ao padrão sócio‐econômico da clientela e com isso, impossibilitou arealização de uma análise mais aprofundada sobre o perfil epidemiológico dessapopulação. Das intercorrências gestacionais, a mais encontrada (46,2%) foi à infecção.Deste total, 60,8% estavam relacionados à infecção do trato urinário e 13,5% por sífilis. Emambos os casos, através dos exames de rotina do pré‐natal, e com baixíssimo custo,poderiam ter sido identificados e facilmente tratados, o que diminuiria o risco de partoprematuro. Embora 78% das mulheres tenham realizado o pré‐ natal apenas 29,5%,realizaram seis ou mais consultas conforme preconizado pelo Ministério da Saúde 4. Aprematuridade foi à maior causa de internação (80%) entre os RNs. O estudo destacou quedas mulheres que tiveram parto prematuro, 22,4% não realizou nenhuma consulta prénatal,fato que nos faz refletir que talvez essas internações pudessem ter sido evitadas.Conclusão: Constatamos que a principal causa de internação na UTI neonatal do referidohospital está relacionada à prematuridade. Essa é uma condição que não aconteceISBN: 978-85-63901-04-0


isoladamente, estando freqüentemente associada ao baixo peso, imaturidade imunológicae distúrbios respiratórios decorrentes do incompleto desenvolvimento fetal, o que acarretauma série de outras complicações advindas do longo período de internação e dosprocedimentos altamente invasivos que são realizados e representa forte impacto nosíndices de morbi‐mortalidade neonatal. Em relação às intercorrências gestacionais, asinfecções, principalmente as do trato geniturinário, tiveram grande destaque, confirmandoas afirmações do Ministério da Saúde, no que tange as causas de internações neonataisocorrerem por causas evitáveis, alertando para a capacitação de recursos humanos e dosuporte laboratorial por parte dos gestores no nível básico de atenção. Quanto àrealização do pré‐natal, pudemos constatar que o fato das gestantes realizarem as seis oumais consultas, não representou grande impacto nos índices de morbi‐mortalidadeneonatal, visto que os RNs necessitaram de cuidados intensivos. Esses dados evidenciamum grave problema de saúde pública, pois revelaram a falta da qualidade da assistênciaprestada. Outro ponto de destaque relaciona‐se a falta de registros significativos noprontuário. Fato que, compromete estudos posteriores e deixa claro, o desconhecimentopor parte dos profissionais de saúde, em registrar aspectos relevantes ao histórico dessamulher. Portanto os resultados expressam a necessidade imperiosa de se abrir um espaçopara uma discussão acerca da importância dos registros médicos e de enfermagem nosprontuários dos pacientes com vista à prevenção de agravos para a saúde materna eneonatal. O estudo identificou também, à necessidade constante da avaliação de riscosobstétricos pelos profissionais nas consultas de pré‐natal, pois foi evidenciado que muitasinternações ocorreram por falha do sistema e/ou dos profissionais de saúde, trazendocomo conseqüência, internações de mulheres e neonatos, acarretando stress para afamília, expondo os RNs a riscos relacionados à assistência hospitalar. Por fim, esperamosque o estudo possa contribuir para fomentar as discussões acerca do cuidado deenfermagem e ações para a promoção e preservar a saúde desta parcela da população.Descritores: Nascimento prematuro; Cuidado pré‐natal; Enfermagem Neonatal.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências:1. Brasil. Ministério da Saúde/Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Diretrizes e normasregulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Resolução 196 de 10/10/1996.2. RAMOS, H.A.; CUMAN, R.K.N. Fatores de risco para prematuridade: Pesquisadocumental. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 2009. [acesso em 21 jan. 2010].Disponível em: http://bases.bireme.br3. BITTAR, R.E.; ZUGAIB, M. Indicadores de risco para o parto prematuro. RevistaBrasileira de Ginecologia e Obstetrícia. v.31, n.4. Rio de Janeiro, 2009 Abr [acesso em 21jan. 2010]. Disponível em: http://bases.bireme.br4. Ministério da Saúde (BR). Pré‐natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada ‐Manual Técnico. 3ª ed. Brasília: MS; 2006.5. POTTER, P.A.; PERRY, A.G. Grande tratado de enfermagem prática – Clínica e PráticaHospitalar. 3ª ed. São Paulo: Santos, 1998.ISBN: 978-85-63901-04-0


BCG– EVASÃO E PROVIDÊNCIAS(O CUIDADO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E TERCIÁRIA)Maria Elisa Moreira Badolati 115Maria Aparecida de Luca Nascimento 116Mariana Cardim 117Swya Oliveira Xavier 118INTRODUÇÃOA motivação para o desenvolvimento deste estudo surgiu da prática cotidiana decuidar de uma de suas autoras, que exerce as suas atividades de enfermagem, tanto noâmbito da saúde pública (atenção primária), quanto no âmbito hospitalar (atençãosecundária/ terciária).Desse modo, ao inscrever‐se no Programa de Mestrado de Enfermagem daUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), mais especificamente, na linha115Enfermeira ‐ Coordenadora de Epidemiologia do Município de Miguel Pereira – Rio de Janeiro ‐Mestranda do Programa de Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio deJaneiro (UNIRIO). Email: elisa.farma@hotmail.com116Enfermeira ‐ Professora e Orientadora Acadêmica do Programa de Mestrado da UNIRIO –Coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Experimentação em Estudos sobre a Saúde da Mulher e daCriança (NuPEEMC) do Departamento de Enfermagem Materno Infantil (DEMI) da Escola deEnfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da UNIRIO ‐ Doutora em Enfermagem. Email:gêmeas@centroin.com.br117Docente do Programa de Pós‐graduação – Mestrado em Enfermagem da UNIRIO. Doutora emEnfermagem. Email: rangel.leila@gmail.com118Enfermeira do Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) – Especialistaem Neonatologia.Mestranda do Programa de Mestrado em Enfermagem da UNIRIO. Email:swyaxavier@hotmail.com.ISBN: 978-85-63901-04-0


de pesquisa que se ocupa dos estudos da saúde da mulher e da criança, seu objeto depreocupação centrou‐se em duas questões fundamentais, a importância da imunizaçãoBCG‐ID, no período neonatal, e a observação da evasão a esse cuidado tão essencial,mormente quando nos deparamos com os índices da tuberculose no Brasil e no mundo, ecom a vulnerabilidade desse grupo etário.Segundo o Ministério da Saúde, no Guia de Vigilância Epidemiológica (2005), cerca de35 a 45 milhões de pessoas no Brasil, estão infectadas pelo M. tuberculosis, comaproximadamente 100 mil casos novos por ano, sendo que, desse total, 4 a 5 mil chegamao óbito.Os altos índices da tuberculose no Brasil e no mundo refletem a importância daaplicação da vacina BCG para prevenção das formas graves dessa doença. No Brasil, deacordo com o Sistema de Informação em Saúde (DATASUS, 2010), nos anos de 2002 a2005, foram notificados 5.609 casos de tuberculose em menores de 5 anos, e dentre estes,o estado do Rio de Janeiro teve um forte impacto com 823 casos desta doença, ocorridasno mesmo período, com as crianças da faixa etária supracitada.Ainda de acordo com a citação acima, outro fator a ser considerado de extremaimportância, entre outros, para o controle da tuberculose, diz respeito à sua associaçãocom a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), pois, a partir de 1981, época em quefoi descoberto, o vírus da AIDS tem sido encontrado em pacientes infectados pelatuberculose, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. OMinistério da Saúde prevê que a associação entre os agentes etiológicos da AIDS e datuberculose constitui, nos dias atuais, um sério problema de saúde pública.Diante do acima exposto, evidencia‐se a relevância da vacinação contra atuberculose, através da BCG‐ID.A prevenção de toda e qualquer patologia, assim como o cuidado à saúde, é umdireito da criança, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que em seuArt. 4º Das Disposições Preliminares, reza o seguinte:ISBN: 978-85-63901-04-0


“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder públicoassegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, àsaúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, àdignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”Ainda de acordo com o ECA, em seu Art. 7º, do Capítulo I, que versa sobre o Direito àVida e à Saúde:“A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante aefetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e odesenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”No entanto, em que pese, por um lado, todos os esforços da ciência, nadescoberta de métodos e técnicas que visem a diminuição ou a erradicação dedoenças, e por outro, o respaldo legal instituído por nações no combate à tuberculosee a outras patologias de fácil controle, ainda assim, veremos os índices acimamencionados aumentarem, caso ocorra a evasão da imunização, ato que independe dacriança que a ela tem direito.Nesse sentido, pretendemos com este estudo alcançar os seguintes objetivos:a) Apresentar o índice de evasão de neonatos da vacina BCG‐ID noMunicípio de Miguel Pereira – RJ.b) Descrever a providência que foi implementada pela enfermeiracoordenadora da saúde coletiva do referido município para evitaressa evasão.c) Apresentar o percentual de cobertura da BCG‐ID, após a implementaçãoda referida providênciaISBN: 978-85-63901-04-0


BCG – ID E A DOR DO RECÉM NASCIDO (RN)Tendo em vista que a mãe de um RN pode não levá‐lo para ser vacinado, em virtudedo fato de não querer vê‐lo sentir dor, observa‐se que esse tema tem sido explorado emdiversos estudos.Segundo Guinsburg (2000), a dor é sempre subjetiva. Porém, apesar de não poderser referenciada por ele, Rañna et. al (2002), relatam em seus estudos que,anatomicamente, há comprovação de que os RN são capazes de sentir como os adultos, assensações dolorosas.Na enfermagem, a dor do RN durante a realização de procedimentos técnicostambém tem sido objeto de preocupação e pesquisa. Entre eles, podemos citar o estudode Araújo (2008), que concluiu que 62% dos RN que eram submetidos à aspiração traqueal,sentiam dor, de moderada a intensa.Igual sensação foi descrita por Antunes (2009) em seu estudo, quando demonstrou osefeitos da dor em um grupo de RN quando foi submetido à instalação do CPAP nasal.Porém, esses efeitos foram minimizados a partir do oferecimento da sucção nãonutritiva, em comparação ao grupo ao qual não foi oferecido esse método de alívio da dor.Considerando que a BCG é aplicada por injeção intradérmica (ID), observa‐se que esseprocedimento também causa dor. Esse fato pode ser comprovado cotidianamente nassalas de imunização onde se ouve o choro forte dos RN, como sendo a sua mais francaexpressão de dor como resposta a esse procedimento técnico realizado pela equipe deenfermagem.Com relação a essa preocupação, Cardim (2006) comprovou em seu estudoexperimental que a dor provocada pela injeção da BCG‐ID no RN era inexistente quandoele estava sugando o seio materno. Em contrapartida, o grupo que não utilizava essemétodo de alívio da dor, expressou dor de moderada a intensa.ISBN: 978-85-63901-04-0


EVASÃO E PROVIDÊNCIAO Município de Miguel Pereira, assim como todos os outros municípios situadosno Estado do Rio de Janeiro, faz parte do Programa de Imunização Municipal. Oreferido Programa é alimentado pelo DATASUS, e funciona, também, como um bancode dados, sendo uma referência para todos aqueles que trabalham e/ou se interessampela área da saúde coletiva.Porém, toda e qualquer base de dados, funciona, também como uma fonte deinformações para os gestores dos serviços aos quais os dados se referem. SegundoCubas e Egry (2008), a consulta às bases de dados, pode parecer uma tarefa solitária,no entanto, as sucessivas consultas e as leituras que delas decorrem, levam opesquisador a uma série de questionamentos, desvelando a possibilidade deintervenções na prática, configurando‐a como uma tarefa coletiva.Desse modo, após a consulta a esse Programa, a coordenadora de saúde coletiva doreferido Município, observou que estava havendo a evasão de RN da vacinação BCG‐ID,mais especificamente, entre os anos de 2002 a 2005.Após essa constatação, a informação foi levada ao conhecimento do gestormunicipal, para que medidas fossem implementadas, no sentido de interromper,imediatamente essa evasão.Após reuniões com as esferas municipais envolvidas no evento, a decisão deprorrogar a permanência da mãe no hospital, no período puerperal, foi tomada, comoforam de assegurar que a RN seria submetido à vacinação BGG‐ID, ainda no hospital.A referida decisão foi informada Conselho Municipal de Saúde, e aos administradores doHospital, tendo em vista a série de mudanças que seriam necessárias para a implantaçãoda medida em foco.Desse modo, sob a égide do Ministério Público Municipal, a unidade de vigilânciaepidemiológica foi implantada dentro da unidade hospitalar, contando comaISBN: 978-85-63901-04-0


participação do Conselho Municipal de Saúde, e com os seus dirigentes técnicos eadministrativos.METODOLOGIAEstudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa. Segundo Wood e Haber(2001), os estudos com essa característica, coletam descrições detalhadas de variáveisexistentes, e usam os dados, ou para justificar condições e práticas atuais, ou para fazerplanos mais inteligentes pra melhorá‐los.A partir da citação acima, observa‐se a pertinência do método eleito para odesenvolvimento deste estudo, pois, os dados obtidos relativos à evasão de RN davacinação BCG‐ID, foi o que deflagrou a implementação da providência que teve porfinalidade melhorar os próprios dados.Os dados relativos à evasão dos RN da vacinação BCG‐ID, foram coletados doPrograma de Imunização Municipal, anteriormente citado, entre os anos de 2002 a 2005(inclusive), sendo distribuídos no Quadro Demonstrativo I, onde se observa a diferençaentre o número de nascidos vivos e o número de imunizações realizadas neste mesmoperíodo.A partir de 2005, após a implementação da providência a que se refere este estudo,captou‐se os dados de 2006 a 2009 (inclusive), que foram distribuídos no QuadroDemonstrativo II, obedecendo à mesma metodologia.ISBN: 978-85-63901-04-0


APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOSQUADRO DEMONSTRATIVO DO NÚMERO DE EVASÃO DE RN DA VACINAÇÃO BCG‐ID– (2002 a 2005)ANO NASCIDOSVIVOSNÚMEROS DEBCG – IDDIFERENÇA ENTRENASCIDOS VIVOSPERCENTUAL DEEVASÃOE IMUNIZADOS2002 369 340 29 7,86%2003 316 311 5 1,9%2004 344 299 45 13,09%2005 328 302 26 7,93%TOTAL: 1357 1252 105 7,74%Fonte: Programa de Imunização Municipal – DATASUSQUADRO DEMONSTRATIVO DA COBERTURA DA BCG‐ID EM RN APÓS A IMPLEMENTAÇÃODO AUMENTO DA ESTADIA MATERNA NO HOSPITAL – (2006 a 2009)ANO NASCIDOSVIVOSNÚMEROS DEBCG‐IDDIFERENÇA ENTRENASCIDOS VIVOSPERCENTUAL DECOBERTURAE IMUNIZADOS2006 294 328 34 11,56%2007 282 313 31 11%2008 273 395 122 44,69%2009 232 344 112 48,28%TOTAL: 1081 1380 299 27,66%Fonte: Programa de Imunização Municipal – DATASUSISBN: 978-85-63901-04-0


ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOSNo Quadro Demonstrativo I, observa‐se que a evasão da vacina BCG‐ID, dos RN doMunicípio de Miguel Pereira, no RJ, no período de 2002 a 2005, ficou em torno de 37,8%,observando‐se que esse dado foi aferido, a partir da diferença entre os nascidos vivos eaqueles imunizados. Considerando que o endereço de domicílio da parturiente é o quedetermina a distribuição dos dados estatísticos, observa‐se que essa diferença é relativaaos partos de mulheres moradoras no referido município.No entanto, o Quadro Demonstrativo II revela que após a implementação da medidarelativa à prorrogação da internação da mãe, durante o período puerperal, como forma deassegurar a vacinação BCG‐ID ao RN, o percentual de evasão não só diminuiu comosuplantou o número de partos realizados.Considerando que o número de nascidos vivos era o parâmetro de controle para averificação de cobertura da BCG‐ID, interessou‐nos saber, o porquê dessa diferença entreos dados.Constatou‐se que parturientes dos municípios adjacentes a Miguel Pereira, estavamoptando por ter seus filhos nesse município, em virtude das medidas profiláticas contra atuberculose que estavam sendo implementadas.Desse modo, o domicílio sendo em outra região, não entrava na estatística domunicípio onde o parto era realizado, diferentemente da imunização, que independe destedado.Outro ponto a ser considerado nessa discussão, diz respeito à possibilidade dasparturientes residirem em locais distantes, de difícil acesso, em propriedades agrícolas,sítios e pousadas, muito comuns nessa região, onde os maridos exercem a função decaseiro, fato que contribuiria, não só para a evasão, como também, para a opção em terseu filho em um hospital que lhe proporcionasse a comodidade de vaciná‐lo no mesmolocal.ISBN: 978-85-63901-04-0


Desse modo, o prolongamento da permanência da mulher no hospital, longe das suasobrigações domiciliares, pode ser uma oportunidade para que a equipe de enfermagemdesenvolva orientações ao puerpério, pois, segundo estudo de Vasconcelos et al (2008) 10 ,o enfermeiro, como um consultor, é pouco lembrado por elas. Tal fato determina anecessidade de uma mudança de atitude desse profissional, durante a sua práticacotidiana de cuidar.Ao término deste estudo, considerando, por um lado, a internação do RN no hospital(atenção secundária), e por outro, a sua imunização (atenção primária), nesse mesmoambiente, foi possível observar a importância da convergência dos dois focos de atuaçãoda equipe de enfermagem, demonstrando que, segundo Nascimento et. al (2008), essadivisão de campos é meramente conceitual, pois o alvo do cuidado da enfermagem é o serhumano, onde quer que ela esteja.CONCLUSÃOAo se implantar uma nova estratégia no atendimento hospitalar de Miguel Pereira,observando que esse é o único hospital da cidade, tivemos como dever, a sensibilização detodas as pessoas envolvidas no processo.Observa‐se que esse envolvimento era amplo, pois contava com a participação daequipe de profissionais da unidade básica de saúde que seria deslocada para atuar noâmbito hospitalar, com os próprios profissionais da equipe hospitalar, desde aquele quetrabalhavam na infraestrutura, até aqueles da equipe de saúde.Além disso, também era preciso mobilizar os pais, com relação a essa nova condutade atendimento, que não é comum nas unidades hospitalares, mas que determina umdiferencial no atendimento.ISBN: 978-85-63901-04-0


Todo o esforço empreendido na implantação de medidas para evitar a evasão do RNda vacinação BCG‐ID, demonstrou‐se efetivo, pois, além de termos alcançado os resultadosque foram apresentados, podemos observar que hoje, é possível ver uma mãe e seu filhosaírem da unidade hospitalar com a iniciação da imunização, com o teste do Pezinhorealizado, e com todas as orientações relativas às possíveis reações desses tratamentos,além da importância da complementação das doses e da necessidade dos outrosimunobiológicos, até a conclusão da caderneta de vacinas.Conclui‐se que à medida que foi implementada apresentou resultado satisfatório,devendo ser replicada em municípios onde se observe a mesma situação apresentada, eque o cuidado de enfermagem deve ser abrangente e irrestrito, devendo ser dispensado,independentemente do nível de atenção de saúde em que esteja alocado.REFERÊNCIAS1‐ Antunes JCP. O Cuidado tecnológico de enfermagem no alívio da dor do prematuro(sucção não nutritiva e cpap nasal) – Dissertação de Mestrado UNIRIO – 2009.2‐ Araujo MC. Diagnosticando a dor durante a aspiração traqueal em recém nascidosprematuros (Observações comportamentais e fisiológicas como um cuidado deenfermagem) – Dissertação de Mestrado – UNIRIO – 2008.3‐ BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilânciaepidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. – Brasília :Ministério da Saúde, 2005. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).4‐ Cardim MG. Aleitamento Materno: Um elo de amor e manejo da dor durante a aplicaçãoda vacina BCG‐ID – Dissertação de Mestrado – UNIRIO – 2006.5‐ Cubas MR, Egry, EY. Classificação internacional de práticas de enfermagem em saúdecoletiva. Ver.Esc Enferm USP 2008; 42(1): 181‐6.6‐ DATASUS, Departamento de Informática do SUS ‐ DATASUS, órgão da SecretariaExecutiva do Ministério da Saúde, 2010.ISBN: 978-85-63901-04-0


7‐ Guinsburg et al. A dor do recém‐nascido. In: Filho NA, Correa ND. Manual dePerinatologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1995. Cap. 46, p. 582‐93.8‐ LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).9‐ Nascimento MAL, Lourenço RB, Biesbrock FCC, Ghidini JR, Giannini EL, Pinto ARC. Aexplosão da garrafa de álcool e suas vítimas: (A enfermagem interligando as atençõesprimária e quaternária). Enfermagem Brasil 2008; 7(4): 215‐20.10‐ Ranña W, Sucupira ACSL, Zuccolotto SMC. Dores em geral e principais doresrecorrentes: abdominal, cefaléia e em membros. In: Marcondes E (Coordenador) et al.Pediatria Básica: pediatria geral e neonatal. 9ª ed. São Paulo: Sarvier, 2002.11‐ Vasconcelos CTM, Machado MMT, Neto JAV, Bezerra RMSB, Ferreira AIM. AleitamentoMaterno no pré‐natal e alojamento conjunto; conhecimento de puérperas em um hospitalamigo da criança. Rev. Rene 2008; 9(3): 44‐51.12Wood G, Haber, J. Pesquisa em Enfermagem. Métodos, Avaliação Crítica e Utilização. 4ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


BUSCA ATIVA DE MÃES E DE PREMATUROS PARA ESTUDODE COORTE SOBRE ALEITAMENTO MATERNO APÓS A ALTA HOSPITALARMelissa de Azevedo 119Aline Masera de Souza 120Maria Luzia Chollopetz da Cunha 121Introdução: A partir das transformações no perfil epidemiológico dos recém‐nascidos aolongo dos anos ‐ o que resultou na redução da natalidade e na mortalidade neonatal, noaumento da prematuridade e no baixo peso ao nascer 1‐4 ‐, evidencia‐se a necessidade decuidados especializados, de modo a se promover uma assistência de Enfermagem comqualidade para a população em questão. O desenvolvimento de pesquisas científicas temse mostrado um meio eficiente para a avaliação e a construção dos cuidados deEnfermagem, tanto para a consolidação da profissão de Enfermeiro, quanto para odesenvolvimento do seu campo de conhecimento 5 . Nesse contexto, a busca ativa diária depacientes tem sido uma importante estratégia utilizada para a identificação e para aaquisição de participantes em pesquisas científicas. Objetivo: relatar a experiência dabusca ativa de mães e de seus recém‐nascidos pré‐termo internados em um hospitaluniversitário. Metodologia: trata‐se de um estudo descritivo cuja amostra foi compostapor mães e seus neonatos prematuros que estavam internados na Unidade de InternaçãoNeonatal do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e que receberam alta destaunidade entre 1º/09/2009 e 25/08/2010. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética ede Pesquisa do hospital em questão, sob o número 09.291. A busca ativa foi desenvolvidacom o intuito de identificar e selecionar prematuros e suas mães para participarem de um119Enfermeira. Mestranda da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul(EEUFRGS). Bolsista CNPq. Email: melissadeazevedo@yahoo.com.br120Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da EEUFRGS. Bolsista PIBIC/UFRGS.121Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento Materno Infantil da EEUFRGS.ISBN: 978-85-63901-04-0


estudo de coorte sobre aleitamento materno desde a alta hospitalar do bebê até oprimeiro mês após a alta. Para tanto, uma mestranda e uma bolsista de iniciação científicarealizavam a busca ativa, de segunda a sexta‐feira em dois turnos, manhã e tarde;excepcionalmente, foi desenvolvida nos finais de semana, quando a mãe não foiencontrada durante a semana e seu bebê poderia vir a ter alta hospitalar no final desemana. Os critérios de inclusão no estudo foram os seguintes: bebês não‐gemelaresnascidos no HCPA com idade gestacional maior ou igual a 32 e menor que 37 semanas,conforme avaliação dos métodos New Ballard (para aqueles nascidos com 1500g); bebês internados na Unidade deInternação Neonatal desde o nascimento e que receberam alta desta unidade e estavamsendo amamentados na alta hospitalar. Excluíram‐se do estudo RNPT cujas mães tinhamcontra‐indicação para a amamentação 6 e aqueles com malformações congênitas. A partirdos critérios de inclusão e exclusão, recrutavam‐se os sujeitos através da pesquisa diária denovas internações de neonatos pré‐termo no sistema de informação online do hospital, darevisão dos prontuários dos prematuros e das mães, além de contatos com secretários ecom a equipe de saúde da Unidade de Internação Neonatal. Ao se identificar um bebêelegível para compor a amostra da pesquisa, verificava‐se se o mesmo teria alta para ospróximos dias. Caso a alta do bebê estivesse programada para breve, procurava‐se suamãe na unidade, conversava‐se com ela sobre sua intenção em amamentar ou não o filho.Diante da afirmativa da mãe, explicavam‐se os objetivos e a finalidade da pesquisa, sendoa mãe, então, convidada a participar do estudo. As mães que concordaram em participardo estudo e cujos bebês tinham alta prevista assinavam o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido e eram entrevistadas, ou agendava‐se a data da primeira entrevista do estudode coorte, conforme a disponibilidade das mesmas. Aqueles bebês considerados elegíveisque não tinham alta prevista eram acompanhados diariamente pelas pesquisadoras atésua alta, para serem incluídos no estudo. Para tanto, utilizavam‐se duas planilhas para oregistro de informações referentes ao neonato e sua mãe. A primeira planilha continhaISBN: 978-85-63901-04-0


dados do nascimento do bebê (data de nascimento, peso de nascimento, idadegestacional, número do prontuário, motivo da internação) e da mãe (nome e número doprontuário), e a segunda planilha, utilizada para o controle diário de informaçõesreferentes ao RNPT, descrevia dados como peso atual, tipo e via de alimentação, estado desaúde e leito de internação. Na proximidade da alta do bebê verificava‐se novamente se obinômio ainda era elegível para compor a amostra, para então incluí‐los no estudo.Procurava‐se conversar com as mães durante a hospitalização do filho, não só naproximidade da alta do bebê, mas semanalmente, pois esse contato podia auxiliar naformação do vínculo das pesquisadoras com as participantes. Nesses momentos,aproveitava‐se para ressaltar às mães a importância de sua participação e de seuseguimento no estudo, o que podia favorecer sua adesão ao mesmo. Resultados: das 937internações ocorridas na Unidade de Internação Neonatal, no período analisado, 123(13,1%) delas foram de pacientes que preencheram os critérios de inclusão e suas mãesaceitaram participar da pesquisa. Todos os pacientes incluídos já terminaram o período deseguimento realizado até o final do primeiro mês após da alta da criança. As mãesapresentaram idade média de 27,1±7,6 anos; escolaridade média de 9,2±3,4 anos; 56,9%eram de cor branca; média de 5,6±2,7 consultas de pré‐natal; 50,4% tinham um filho oumais; 91,7% tinham companheiro; 52,8% (65) das mães não trabalhavam; das 58 mães querelataram trabalhar, 70,7% (41) delas estavam em Licença Maternidade; mediana de rendaper capita de 0,63 (0,1‐3,9), sendo a referência de salário mínimo de R$ 477,40. Destacamseas seguintes características dos prematuros: 34,5±1,4 semanas gestacionais; peso médioao nascer de 2119,7±563,9g; 63,4% nascidos de parto cesáreo; 60,2% do sexo masculino;peso médio na alta hospitalar de 2358,4±426,2g; mediana de tempo de hospitalização de15 (2‐85) dias. Durante a realização da busca ativa dos sujeitos do estudo, foramencontradas algumas dificuldades. No momento da alta do bebê, por vezes, a mãe nãoestava presente, sendo necessário aguardar sua chegada na unidade para entrevistá‐la eincluí‐la na pesquisa. Em outras vezes, as mães até se encontravam junto ao seu bebê noISBN: 978-85-63901-04-0


momento próximo da alta, mas solicitavam que a entrevista fosse feita em outra ocasião.Seu pedido era respeitado e tentávamos agendar outro horário para entrevistá‐la. Emoutros momentos, foi difícil encontrar a mãe durante a internação do filho, e esse contatosomente foi realizado na proximidade ou no dia da alta do RNPT. Algumas mãesjustificaram seu pouco tempo de permanência com seu filho ou sua ausência, relatandodificuldades em permanecer no hospital: porque tinham outros filhos em casa para cuidar,porque moravam longe e não tinham condições econômicas para pagar o transporte até ohospital, ou porque dependiam da condução da prefeitura (que não vinha à cidade dePorto Alegre todos os dias ou permanecia poucas horas na capital). Em contrapartida,aquelas mães que permaneciam na Casa de Apoio do HCPA (local destinado a alojar, alémde crianças e adolescentes que necessitem ser hospitalizadas, seu responsável ‐ que, namaioria dos casos, são suas mães, procedentes do interior do estado e com baixa rendafamiliar ‐) 7 , e aquelas que residiam na capital permaneciam mais tempo ao lado do filho nainternação, e, com estas, as pesquisadoras puderam realizar contato diário antes da alta.CONCLUSÃO: o número total de mães e RNPT incluídos na pesquisa, através da busca ativadiária, foi superior ao tamanho da amostra, calculada em 108 binômios. O contato diáriocom as mães durante a hospitalização auxiliou na formação do vínculo com aspesquisadoras. O apoio e auxílio dos profissionais que trabalhavam na Unidade deInternação Neonatal foram de suma importância para o conhecimento de novasinternações e da proximidade da alta dos bebês acompanhados no estudo. A realização dabusca ativa por duas pesquisadoras treinadas para tal atividade e o seu desenvolvimentoem dois turnos e em cinco dias da semana auxiliou na captação de participantes incluídospara a pesquisa. Contribuições/ implicações para a enfermagem: a busca ativa diáriamostrou‐se uma estratégia eficiente para a captação de participantes em pesquisascientíficas.Descritores: Enfermagem Neonatal, Prematuro, Seleção de Pacientes.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências:1 Secretaria Estadual da Saúde (Rio Grande do Sul), Departamento de Ações em Saúde.Núcleo de informações em saúde. Estatísticas de Nascimento SINASC. Porto Alegre:Secretaria da Saúde, 2007.2 Secretaria Municipal da Saúde (Porto Alegre), Departamento de Ações em Saúde. Núcleode informações em saúde. Relatório SINASC 2007 – parte I. Porto Alegre: SecretariaMunicipal da Saúde, 2007.3 Secretaria Municipal da Saúde (Porto Alegre). Relatório do Sistema de Informação sobreMortalidade de Porto Alegre, Porto Alegre: Secretaria Municipal da Saúde, 2008.4 World Health Organization (Genebra). World Health Statistics, Genebra: WHO, 2009.5 Servo MLS, Oliveira MAN. A pesquisa e o enfermeiro com qualidade formal e qualidadepolítica: caminho para a consolidação da enfermagem como ciência. Sitientibus, Feira deSantana. 2005; 33: 11‐21.6 Scochi CGS, Ferreira FY, Góes FSN, Fujinaga C, Ferecini IGM, Leite AM. AlimentaçãoLáctea e prevalência do aleitamento materno em prematuros durante internação em umhospital amigo da criança de Ribeirão Preto‐SP, Brasil. Ciência, Cuidado e Saúde. 2008;7(2):145‐54.7 Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Porto Alegre). Relatório Anual 2009. Porto Alegre:Hospital de Clínicas de Porto Alegre, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


CARDIOPATIAS CONGÊNITAS NEONATAIS E AS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM –RELATO DE EXPERIÊNCIALuiza Cusinato 122Leandra Maria Messias de Souza 123Marília Inês Magalhães Rios 124Regiane Pereira Martins Lima 125Introdução: Como enfermeiras da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), que é umlocal destinado a prestar assistência a recém nascidos de alto risco e por este motivo é umcenário repleto de equipamentos e rico em tecnologia 1 , sentimos a necessidade de relatarsobre os principais cuidados do recém nascido cardiopata, que exige uma assistência deenfermagem diferenciada. A maior parte dos recém nascidos internados em uma UTI‐Neonatal são aqueles nascidos prematuramente, com complicações respiratórias,cardíacas ou gastrointestinais, além de infecções perinatais, algumas síndromescongênitas, e indicações pré e pós cirúrgicas 1 . De acordo com a Organização Mundial deSaúde (2006), considera‐se recém‐nascido pré‐termo aquele que nasce antes da 37 asemana de gestação 2 . Dentre as diversas patologias encontradas nestas unidades, vamosressaltar as cardiopatias congênitas que foram primariamente classificadas em cardiopatias122Enfermeira Autora e Relatora Residente do Primeiro Ano de Residência em Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas/Hospital e Maternidade CelsoPierro, graduada em enfermagem pela Universidade Federal do Triangulo Mineiro.123Enfermeira Residente do Primeiro Ano de Residência em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal daPontifícia Universidade Católica de Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro, graduada emenfermagem pela Pontifícia Universidade Católica SP.124Enfermeira Residente do Segundo Ano de Residência em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal daPontifícia Universidade Católica de Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro, graduada emenfermagem pela Pontifícia Universidade Católica Campinas.125Mestranda de Gerenciamento em Enfermagem – USP, Preceptora da Residência em Unidade deTerapia Intensiva Neonatal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Enfermeira do Serviço daQualidade do Hospital e Maternidade Celso Pierro – PUC.ISBN: 978-85-63901-04-0


cianóticas ou acianóticas. Geralmente os neonatos e lactentes são encaminhados por 4alterações clínicas: cianose, insuficiência cardíaca, sopro e arritmia. A causa dos defeitoscardíacos congênitos é desconhecida, embora as anomalias cromossômicas estejamenvolvidas em grande parte dos diagnósticos 3 . A cardiopatia é uma patologia que acometeuma grande parcela da população de uma unidade neonatal, particularmente o recémnascido pré termo. Em um estudo 4 foram encontradas 6,16 crianças com cardiopatiacongênita por 1.000 nascidos vivos. Com os recentes avanços ocorridos na assistêncianeonatal, tem sido possível diminuir a mortalidade neonatal decorrente de condições,como prematuridade, asfixia e infecção. A cardiopatia congênita é definida como umaalteração estrutural grave do coração ou dos grandes vasos da base e que apresentasignificância funcional real ou potencial. A incidência de malformações congênitas maioresvaria de 2 a 2,5 % do total de nascimentos. Estudo 4 efetuado em nosso meio revelou umacifra de 1,67%. Dentre as malformações, um terço é representado pelas cardiopatiascongênitas (CC), que são responsáveis por 50% do total de óbitos por malformações.Cuidar do recém‐nascido (RN) de forma humana e individualizada envolve muito mais doque conhecimentos e habilidades técnicas. Requer manter a UTIN em condições físicas eambientais adequadas, qualificação constante de seus profissionais, no intuito de oferecermelhores perspectivas de sobrevivência 1 . Objetivos: Conhecer e analisar os referenciaisbibliográficos referente às cardiopatias congênitas, apontando a importância do papel doenfermeiro, e relatar a experiência como enfermeiras frente aos cuidados com ospacientes portadores destas patologias. Metodologia: Pesquisa bibliográfica por meio deleitura de livros, periódicos e anais obtidos na Biblioteca da Pontifícia Universidade Católicade Campinas e pesquisa eletrônica na base de dados: Medline, Bireme e Scielo. Relato deexperiência vivida pelas residentes de enfermagem em uma UTIN que iniciou a prática deintervenções cirúrgicas em recém nascidos cardiopatas no período de Março de 2009 ajulho de 2010. A unidade conta com uma sala exclusiva para pré e pós operatório decirurgia cardíaca, com três leitos, sendo que nesse período ocorreram 23 cirurgias. OISBN: 978-85-63901-04-0


período de trabalho como enfermeiras residentes são de 60 horas semanais, e o relato foibaseado na prática das mesmas e de suas interações com a equipe multiprofissional.Resultados: As publicações frente às cardiopatias congênitas vem aumentando com opassar do tempo e a crescente preocupação da população científica em aprimorar oscuidados e aumentar a sobrevida é percebida com clareza. Com isso descreveremos asprincipais cardiopatias. As que se manifestam com cianose são: transposição simples dasgrandes artérias, tetralogia de fallot, dupla via de saída do ventrículo direito com estenosepulmonar, ventrículo único com estenose pulmonar, tronco arterioso, atresia pulmonarcom septo interventricular íntegro, drenagem anômala total de veias pulmonares, atresiatricúspide, anomalia de ebstein. Após o nascimento, com a redução da resistênciapulmonar, inverte‐se o sentido do fluxo e as válvulas são fechadas funcionalmente nasprimeiras horas de vida, enquanto o fechamento anatômico ocorre no primeiro ano devida. Os defeitos no desenvolvimento destas estruturas são chamados ComunicaçãoInteratrial. A CIV é, em geral, a cardiopatia congênita de diagnóstico mais frequente, sendoresponsável por 25% dos casos, encontram‐se associadas à outros defeitos cardíacos. Apersistência do ductus arteriosus é comum em recém nascidos prematuros, o queoferecem grande morbidade e muitas vezes sequelas, a PCA em prematuros em algunscasos fecha espontâneamente, o que é raro em recém nascidos a termo 3 . A coarctação daaorta consiste em um estreitamento na junção do arco aórtico com a aorta descendente. Amaioria das coarctações localiza‐se abaixo da emergência da artéria subclávia esquerda naorigem do ductus arteriosus. É a cardiopatia congênita cianótica mais comum na infância.Esta anomalia consiste de: Estenose pulmonar; CIV perimembranoso; Dextroposição daaorta; Hipertrofia ventricular direita; Transposição de Grandes Artérias têm comocaracterística uma topografia anormal da aorta anterior relativa ao tronco da pulmonar,com relação atrioventricular normal. As cardiopatias congênitas estão entre asmalformações mais comuns em fetos humanos e, como grupo, consideradas as maisfreqüentes. Pelo seu mau prognóstico, contribuem significativamente para a mortalidadeISBN: 978-85-63901-04-0


infantil, tornando‐se responsáveis por cerca de 10% dos óbitos infantis e metade dasmortes por malformação congênita 5 . Dentre as principais intervenções de enfermagem querealizamos são: equilíbrio acido‐básico; manutenção de vias áreas pérvias por aspiração eprevenção de extubação acidental ou manutenção correta do dispositivo respiratório,invasivo ou não invasivo; administração de analgesia conforme prescrição médica;administração correta dos derivados sanguíneos conforme prescrição médica; assistênciaao aleitamento materno quando possível; suporte e envolvimento da família ou cuidador;método mãe canguru se possível; equilíbrio hidroeletrolítico; alimentação por sondagástrica, enteral ou oral; manutenção de ambiente tranqüilo e confortável; monitoração defluidos corporais; prevenção de infecções; inserção, preservação e monitoramento deacesso venoso central; coleta de exames laboratoriais e interpretação; cuidados com aferida operatória; avaliação da dor; preservação da integridade da pele e se ocorrer lesão,cuidados específicos para a lesão; cuidados com o coto umbilical; regulação detemperatural corporal; cuidados com cateterismo vesical e umbilical; monitoração dossinais vitais; e se necessário, reanimação cardiorrespiratória neonatal; planejamento dealta 6 . Conclusão: As pesquisas apontam para um cenário de transformação, onde osenfermeiros, hoje diagnosticam, intervêm e monitoram suas ações, com isso a qualidadeda assistência é aprimorada e por isso a importância de profissionais cada vez maisespecializados. A participação do enfermeiro na equipe multiprofissional prestando umaassistência integrada que planeja suas ações, monitora as intervenções e analisacriticamente cada fase deste processo, transforma a realidade de nossos recém nascidoscom cardiopatias, aumentando sua perspectiva de vida e ainda, visando que a mesma sejacom qualidade e dignidade. Contribuições: contribuir com a comunidade científica para oaprimoramento da assistência de enfermagem, demonstrando a prática atual e os recursoshoje disponíveis e utilizados em nossa realidade. Participar da equipe multiprofissional como intuito de refinar o raciocínio clínico e a busca de evidências.ISBN: 978-85-63901-04-0


Descritores: enfermagem; cardiopatias congênitas; unidade de terapia intensiva neonatalReferências:1 ‐ Rolim, KMC, Farias, CPX, Margues, LC, et al. Atuação da Enfermeira na prevenção delesão de pele no recém‐nascido. Rev. Enferm. UERJ [periódico na internet]. 2009 Out‐Dez[acesso em 2010 Jun 02]; 17(4): [aproximadamente 6 p.]. Disponível em:http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a16.pdf2 – Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Atenção a Saúde Manual Técnico. Política<strong>Nacional</strong> de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Pré Natal e Puerpério. Brasília:Ministério da Saúde, 2006.3 ‐ Lopez, FA, Junior, DC. Tratado de pediatria. 1ª Ed. Barueri: Manole; 2007.4 ‐ Knobel, E. Pediatria e Neonatologia. São Paulo: Atheneu, 2005. (TerapiaIntensiva)Leone, CR, Trochin, DM. Assistência integrada ao recém‐nascido. SãoPaulo:Atheneu,1995.5 ‐ Bacaltchuk, T, Antunes, P, Zielinsky, P. Rastreamento Pré‐natal de Anormalidadescardíacas: Papel da Ultra‐sonografia Obstétrica de Rotina. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.[periódico na internet]. 2001 Out [acesso em 2010 Ago 12]; [aproximadamente 3 p.].Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100‐72032001000900002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt6 ‐ Bulechek GM, Butcher HK, Dochterman JM. Nursing Interventions Classification.Kidlington: Elsevier, 2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA E INDICADORES DE QUALIDADE – RELATODE EXPERIÊNCIA.Marília Inês Magalhães Rios 126Leandra Maria Messias de Souza 127Luiza Cusinato 128Regiane Pereira Martins Lima 129Introdução: Um dos dispositivos muito usados em uma unidade neonatal é o caterer venoscentral de inserção periferia (PICC) que é um dispositivo intravenoso, inserido em veias deregiões periféricas, que progride por meio de uma agulha introdutora, até a porção final daveia cava, adquirindo características de cateter central. De acordo com o estudo de (1) ,após o nascimento, a limitação venosa é condicionada pelo organismo do RN, ainda emfase de crescimento e desenvolvimento, o que pode influenciar no aparecimento de sériostranstornos à manutenção dessa terapêutica. O procedimento da punção venosa é umadas práticas mais difíceis de realizar no neonato. Além disso, a perda do acesso venosofrequentemente causa interrupções na infusão de líquidos e eletrólitos, comprometendo aeficácia da terapêutica. As repetidas venopunções comprometem os vasos periféricos comcertas complicações, que podem ser locais ou sistêmicas, culminando muitas vezes com anecessidade de uma dissecção venosa (2) .O PICC permite manter acesso venoso por período126Enfermeira autora e relatora Residente do segundo ano de residência em UTI Neonatal do Hospitale Maternidade Celso Pierro, Pontifícia Universidade Católica de Campinas(mariliarios_19@yahoo.com.br).127Enfermeira Residente do primeiro ano de residência em UTI Neonatal do Hospital e MaternidadeCelso Pierro,Pontifícia Universidade Católica de Campinas.128Enfermeira Residente do primeiro ano de residência em UTI Neonatal do Hospital e MaternidadeCelso Pierro,Pontifícia Universidade Católica de Campinas.129Mestranda de Gerenciamento em Enfermagem – USP, Preceptora da Residência em Unidade deTerapia Intensiva Neonatal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Enfermeira do Serviço daQualidade do Hospital e Maternidade Celso Pierro – PUC.ISBN: 978-85-63901-04-0


prolongado infundindo medicamentos, soluções hipertônicas e nutrição parenteral emveias centrais com segurança. Na unidade de cuidado intensivo é onde mais se utilizam oscateteres(1)PICC, sendo os enfermeiros qualificados e treinados os profissionaisresponsáveis pela sua inserção. O uso do catéter PICC traz inúmeros benefícios aotratamento terapêutico dos RNs, elimina a necessidade de múltiplas venopunçõesperiféricas com trocas frequentes de acesso e preservação da rede venosa periférica ,(3)propiciando um aumento do conforto bem como, uma redução do estresse do paciente eequipe de enfermagem; sua inserção é menos traumática e não demanda procedimentocirúrgico ou punções "às cegas", eliminando ou reduzindo os riscos de complicações nainserção.Com objetivo de aperfeiçoar a qualidade dos serviços, os profissionais de saúdepreocupam‐se em construir e validar indicadores que mensurem a qualidade da assistênciapermitindo a comparação nos âmbitos intra e inter‐institucionais (4) . Entre as estratégiaspara o aperfeiçoamento da qualidade de assistência a quantificação do problema é oprimeiro passo em direção à implantação de um atendimento neonatal mais seguro.Conceitua‐se indicador como uma unidade de medida de uma atividade, com a qual se estárelacionado, ou ainda, uma medida quantitativa que pode ser empregada como um guiapara monitorar e avaliar a assistência e as atividades de um serviço. A implementação daqualidade nos serviços prestados está relacionada ao conceito de qualidade assumido pelaorganização, que, ao construir e praticar uma política de qualidade, tem suas atividadesatreladas a um contínuo monitoramento, viabilizando a redução de não conformidades, demenores custos, da ausência do desperdício e do retrabalho (5) .A padronização deprocedimentos promove a qualidade com que os mesmos serão realizados, já que destaforma, unificamos a execução. A elaboração de protocolos promove a qualificação dosprofissionais e permite que sejam desenvolvidos marcadores, para a execução de coleta dedados, estes devem ser acompanhados e evidenciarem o sucesso ou não dosprocedimentos. No caso do PICC, uma série de marcadores possibilita avaliação e tomadasde condutas, caso as mesmas sejam necessárias. Os principais marcadores são: aISBN: 978-85-63901-04-0


localização do cateter através de Raio X, número de trocas de curativos do cateter,possíveis complicações, aspecto da inserção e do curativo e por fim o motivo de suaretirada.Uma das ferramentas destinadas a monitorar a qualidade de um protocolo é oemprego de indicadores, visando o acesso à eficiência, eficácia, confiabilidade ecompletude dos processos de trabalho, constituindo‐se, desse modo, em uma práticavaliosa para avaliação dos serviços de saúde. Neste contexto, é fundamental que osprofissionais da saúde monitorem dados que façam a diferença em sua assistência, sendouma das formas a prática baseada em evidência que consiste em uma abordagem queenvolve a definição de um problema, a busca e a avaliação das evidências disponíveis, aimplementação das evidências na prática e a avaliação dos resultados obtidos. Dessaforma, os resultados dos indicadores, instigarão os profissionais a levantarem as causas edefinirem planos de ação mais eficientes. A competência clínica do profissional éincorporada nesta abordagem para a tomada de decisão sobre a assistência prestada. (6) . Aelaboração de um indicador inicia‐se pelo seu conceito, uma vez que se tornará umamedida empregada para descrever uma situação, avaliar mudanças ou tendências duranteum período e a tomada de decisão. Para conferir clareza ao que se pretende medir há itensque necessitam ser considerados, destacando‐se: o objetivo, a equação, a população ouamostra, a fonte de informação, o método para coletar dados e a frequência da coleta (7) .Para a assistência, os indicadores possibilitam a revisão dos processos empregados e dosresultados, no sentido de atingir padrões de excelência e no que tange ao ensino epesquisa, possibilita a disponibilização de um instrumento válido para a comunidadecientífica, articulando interesses e demandas de serviços e de pesquisadores (8) .Objetivos:Realizar uma reflexão sobre construção e validação de indicadores que mensurem aqualidade da assistência na realização de punção com cateter central de inserção periférica(PICC) permitindo a comparação nos âmbitos intra e inter‐institucionais. Metodologia:Analisar a implantação de um protocolo de cuidados com PICC e seus indicadores everificar a eficácia.Conclusão: No contexto hospitalar, mais especificamente em uma UTIISBN: 978-85-63901-04-0


Neonatal, devemos estar sempre em busca da qualidade baseada em evidências e nestecaso, pudemos contar com o auxílio dos indicadores. Observamos as dificuldades para aimplantação de um protocolo de PICC, devido ao pouco tempo hábil para treinamento daequipe, necessidade de conscientização de boas práticas, interação entre a equipemultidisciplinar entre outros. Resultados: Com a implantação do referido protocolo e deseus indicadores, vivenciamos as dificuldades da mudança de cultura e a busca pelo dadofidedigno que retratasse a realidade. Isso promoveu o amadurecimento de toda a equipe eum grupo de cateteres está sendo formado para aprimorar a técnica, monitorar o processoe analisar criticamente os resultados dos dados coletados. Contribuições para aenfermagem: a busca contínua pela excelência na assistência prestada e o envolvimentocom a equipe multidisciplinar com o objetivo maior de minimizar os riscos relacionados aocateter PICC e otimização de seu uso. Desenvolvimento da busca pela evidência, para queesta seja instrumento de transformador da realidade.Descritores: Recém nascido, Cateterismo central, Indicadores.Referências:1. Rodrigues ZS,Chaves EMC,Cardoso MVL. Atuação do enfermeiro no cuidado com ocateter central de inserção periférica no recém‐nascido. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 59,n. 5, 2006 Otbr .[Acesso em 10 de maio de 2010];25(6):[aproximadamente 20 p].2. Camargo PP,Kimura AF, Toma E, Tsunechiro MA.Localização inicial da ponta de catetercentral de inserção periférica (PICC) em recém‐nascidos. Rev. esc. enferm. USP [periódicointernet]. 2008 Dez [Acesso em 4 de maio de 2010];42(4):[aproximadamente 14 p].Disponível em


4. Gaiva MAM, Scochi CGS.A comunicação entre a equipe e os pais em uma UTI neonatalde um hospital universitário. Sim. Bras.Comum.Enferm.São Paulo; de 2002.5. Joint Comission. Characteristicas of clinical indicators. QRB Qual Rev Bull.1989.6. Santos; I.S.;Victora; C.G. Serviços de Saúde: epidemiologia, pesquisa e avaliação. Cad. deSaúde Pública vol.20 suppl.2 Rio de Janeiro (RJ) 2004.7. Galvão CM, Sawada NO. A liderança como estratégia para a implementação da práticabaseada ARTIGO em evidências na enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS)2005 dez;26(3):293‐301.8. Iezzoni L. Risk adjustment for measuring health care outcomes. Third edition Ann ArborMI: Health Administration Press; 2003.ISBN: 978-85-63901-04-0


CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA: EXPERIÊNCIA DA PRÁTICA INFUSIONAL NAMATERNIDADE‐ESCOLA DA UFRJTricia Bogossian 130Gustavo Dias da Silva 131Viviane Saraiva de Almeida 132Danielle Lemos Querido 133Introdução: Uma questão relevante no cuidado ao recém‐nascido gravemente enfermo é agarantia do acesso venoso. Inúmeras infusões são necessárias para garantir um bomequilíbrio hidro‐eletrolítico e nutricional. Além da alta osmolaridade que prejudica oendotélio vascular, a infusão simultânea de diversas drogas com incompatibilidadeinviabiliza a utilização de um único acesso vascular. O avanço tecnológico das unidades deterapia intensiva neonatais (UTIN) tem propiciado a sobrevivência de bebês cada vez maisprematuros e menores. Tal fato significa um grande desafio para os profissionais quecuidam destes recém‐nascidos (RNs), pois além da sobrevivência a grande preocupação écom a qualidade de vida que esses bebês terão. Com a prematuridade cada vez maior e oextremo baixo peso ao nascer, o tempo de permanência e a necessidade de terapiainfusional prolongada é cada vez maior, bem como a necessidade de terapia nutricionalparenteral para manter o balanço nitrogenado positivo. Os cateteres periféricos têm umaduração curta e possuem limitações no tipo de medicamento que podem ser nelesinfundidos. Em paralelo, o desenvolvimento de um cuidado humanizado, visando o130Enfermeira Rotina da UTI Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ. Chefe de enfermagem do CTIPós‐operatório de cirurgia cardíaca do IECAC.131Enfermeiro especialista em Terapia Intensiva – Cliente Neonatal (UFF). Coordenador da UnidadeNeonatal da Maternidade Escola da UFRJ.132Enfermeira Rotina da UTI Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ, enfermeira da UTI Neonatal doHUPE‐UERJ.133Enfermeira Rotina da UTI Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ, enfermeira da UTI Neonatal doHUPE‐UERJ.ISBN: 978-85-63901-04-0


manuseio mínimo, limitação da dor e do estresse dos recém‐nascidos tornou‐se questãode qualidade da assistência. A utilização do Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)tornou‐se um diferencial nas unidades neonatais, entre suas vantagens destacam‐se apreservação da rede venosa periférica, diminuição do número de dissecções venosas,menor manipulação, diminuição do estresse e dor, menor risco de infecção em relação aosoutros dispositivos centrais e elevada relação custo‐benefício em comparação aos outrosdispositivos 1,2,5 . Objetivo: Descrever a utilização do PICC na Unidade Neonatal daMaternidade Escola da UFRJ em relação ao perfil dos recém‐nascidos que utilizam odispositivo, tempo de permanência, dificuldades e motivos de remoção. Metodologia:Estudo de coorte utilizando o banco de dados criado após a implementação do protocolode PICC na unidade. Foram definidos como sujeitos do estudo as crianças internadas noperíodo de junho de 2009 a junho de 2010 que fizeram uso do PICC, foram levantadosdados relativos ao perfil epidemiológico dos envolvidos, tempo de permanência e motivospara remoção. Os dados de freqüência e média foram extraídos utilizando‐se o softwareEpi‐info versão 3.2. Resultados: No período delimitado pelo estudo houve a implantaçãode 98 cateteres epicutâneos na unidade. Do grupo 25,7% pesavam menos que 1000gramas, 28% tinham entre 1000 e 1500g, 15,8% entre 1500 e 2000g e 30,5% pesavam maisde 2000g. 44% dos recém‐nascidos tinham idade gestacional (IG) menor que 32 semanas,34,5% tinham IG entre 32 e 37s e 21,5% IG maior que 37s. Do total dos casos, em 14,3%houve relato de dificuldades para a implantação, sendo de venopunção ou progressão. Emrelação ao tempo médio de permanência, 35,2% dos recém‐nascidos permaneceram com oPICC por um período menor do que 7 dias (em média 5‐7 dias), 40,9% tiveram um tempode permanência entre 7 e 14 dias, 21,1% entre 15 e 30 dias e apenas 2,8% permaneceramcom o cateter por mais de 30 dias. Os motivos para a retirada do PICC foram: 55,7%eletivamente por fim de indicação; 12,8% por sepse ou suspeita de infecção associada aocateter; 10% por flebite; 5,7% por fratura ou rompimento do cateter; 5,7% dos RNsobitaram; 4,3% por obstrução; 4,3% por exteriorização e em 1,5% dos casos houveISBN: 978-85-63901-04-0


infiltração. Por se tratar de uma unidade de ensino de referência na assistência obstétricae neonatal na cidade, o perfil dos recém‐nascidos ingressos na unidade é de extremagravidade. Nesse contexto, baseando‐se nos critérios de indicação definidos pelo protocolode PICC na unidade, a utilização do dispositivo é extremamente frequente uma vez queconcluímos através do total de cateteres utilizados na unidade que em média sãoimplantados 8 a 9 PICCs por mês. A frequência de utilização e os benefícios do cateter paraos recém‐nascidos somente se fazem possível pela disponibilidade em quantitativosuficiente de recursos materiais e de uma equipe bem treinada, uma vez que 100% doquadro de enfermeiros da unidade foi submetido a cursos de capacitação para este fim.Pode‐se observar em relação ao grupo de sujeitos que apesar da maioria ser composta porprematuros, 21,5% dos neonatos eram a termo, o que comprova que a complexidade daterapia infusional e a dificuldade de se manter as infusões por cateter periférico não serestringe apenas aos recém‐nascidos de muito baixo peso. Pelas peculiaridades da clientelaneonatal, inferimos que as dificuldades de implantação relatadas no que tangeprincipalmente à venopunção são pertinentes. Apesar de boa parte do grupo terpermanecido com o dispositivo por menos de 7 dias (35,2%), a maioria teve média depermanência entre 7 e 14 dias (40,9%). Segundo a literatura específica 1,3,4,5 , o PICC estáindicado apenas quando a previsão de terapia infusional for maior que 5 dias, o que mostraque nem sempre a indicação do dispositivo na unidade é precisa uma vez que uma parteconsiderável do grupo permaneceu com o dispositivo por menos de 7 dias. Apesar dascomplicações associadas ao dispositivo, a maioria dos cateteres foram removidos por fimde indicação ao término da terapêutica, que somada à remoção por óbito do recémnascidoperfizeram um total de 61,4%. A infecção associada ao cateter constituiu asegunda maior causa de remoção do cateter, o que confere com a literatura 1,2,3,5 ,entretanto a taxa de infecções aferida é baixa em comparação aos dados nacionais dereferência. Conclusão: Dentro da lógica de um atendimento humanizado e de qualidadenas unidades neonatais, a incorporação pela equipe de enfermagem da implantação dosISBN: 978-85-63901-04-0


PICC é absolutamente contemporânea. Esta vem ao encontro dos desejos de melhoratendimento dos recém‐nascidos gravemente enfermos. O uso do cateter está associado amenor manipulação, diminuição do número de venopunções e estimulação dolorosa,menor taxa de infecções em comparação aos outros dispositivos centrais, e maiorsegurança na terapêutica infusional. A disponibilidade de recursos materiais adequados ede qualidade, bem como recursos humanos capacitados é essencial para a terapêutica. Aimplantação de protocolos institucionais para o uso do PICC nas unidades uniformiza osprocedimentos envolvidos na inserção, manutenção e remoção, norteando a equipe nautilização do dispositivo. Este protocolo também tem como objetivos a prevenção edetecção precoce de complicações, reduzirindo as iatrogenias, minimiza a ocorrência deinfecção relacionada à cateteres, além de servir fonte de dados para pesquisas. Osurgimento de novas técnicas gera um aumento na demanda dos profissionais envolvidosem aprimorar conhecimentos e melhorar a assistência prestada aos clientes neonatais. Atroca de experiências e a evolução natural da habilidade e do conhecimento favorecemque esse processo seja aprimorado e incorporado por mais profissionais.Descritores: cuidado, enfermagem, recém‐nascidoReferências:1. CDC. Guideline for Care na Maintenance to Reduce Vascular Access Complications.Centers for Disease Control and Prevention. Recomm Rep Apr 2005.2. Chiaratto, V.C., Balsamo, A.C. & Silveira, I.R. Manual para Prevenção das InfecçõesHospitalares. Hospital Universitário USP. São Paulo: 2005.3. O’Grady P.N., Alexander M., Dellinger E.P., Gerberding J.L., Heard S.O., Maki D.G., et al.Draft Guideline for the Prevention of Intravascular Catheter‐Related Infections. Centers forDisease Control and Prevention. Recomm Rep 2002.ISBN: 978-85-63901-04-0


4. Weinstein, S.M. Pulmner’s Principles & Practice of Intravenous Therapy. 7ª ed,Okdokey, november 2000.5. Rubinson, L. & Diette, G.B. Best practices for insertion of central venous catheters inintensive‐care units to prevent catheter related bloodstream infections. J Lab Clin Med,Januarj 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC): DADOS SOBRE A IMPLEMENTAÇÃODA TERAPÊUTICA.Danielle Brandão dos Santos Fonseca 134Sylvia Alves Cibreiros 135A partir dos anos 80 intensificaram‐se os avanços tecnológicos em terapia intravenosa emNeonatologia, que vem beneficiando, sobretudo, os recém‐nascidos (RNs) de alto risco quenecessitam de um acesso venoso seguro, por um tempo prolongado.¹ O cateter central deinserção periférica (PICC) tem sido utilizado cada vez mais no cuidado de recém‐nascidosem estado crítico nas unidades de terapia intensiva neonatal, particularmente, os recémnascidospré‐termos de baixo peso, àqueles com peso inferior à 2500 gramas.² A utilizaçãodesta terapêutica envolve determinados cuidados que vão desde a escolha do vasosanguíneo adequado até os cuidados para a manutenção do acesso. Para isso, uma dasinúmeras implicações consiste que o enfermeiro tenha conhecimentos básicos em relaçãoà fisiologia e à anatomia da rede venosa. Após o nascimento, a prematuridade dasestruturas vasculares do RN leva a uma limitação na utilização dos vasos sanguíneos,dificultando a manutenção dessa terapêutica.¹ O PICC permite infundir medicamentos,soluções hipertônicas e nutrição parenteral total (NPT) em veias centrais de forma segura.O crescimento e a expansão das funções da enfermagem são aspectos necessários edesejáveis. No entanto, a incorporação de novas tecnologias à prática profissional deve sermonitorada a fim de identificar as possíveis complicações decorrentes destas práticas. Ainserção do PICC demanda que o enfermeiro se qualifique através do curso de capacitação134Enfermeira Residente da Clínica Perinatal de Laranjeiras; Pós‐graduanda em Neonatologia na UERJ135Professora‐Adjunto da Área de Saúde da Criança da Faculdade de Enfermagem da UERJ; Enfermeirada Área de Neonatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJISBN: 978-85-63901-04-0


para implantação e manutenção deste tipo de cateter. Nos serviços onde o PICC éutilizado, normalmente existe um impresso para proceder ao controle do mesmo, ondecostumam constar os seguintes dados: nome do paciente; número do PICC, veia em que foiinserido, data da inserção, quantidade do cateter que foi inserido no vaso sanguíneo, nomedo profissional que procedeu a inserção, dentre outras informações. Estes registros sãoimportantes para o acompanhamento e manutenção do cateter. 3,4 Este estudo tem comoobjetivo: investigar a utilização do PICC em recém‐nascidos de uma unidade neonatal. Éum estudo exploratório, retrospectivo baseado nos registros referentes ao uso do PICC e asetapas que envolvem o procedimento, como: escolha do acesso; indicação; tempo depermanência do cateter; localização da ponta do cateter; e tentativas de punção docateter. Estas informações constam da ficha de inserção de cateter venoso periféricoutilizado na rotina da unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital universitário doRio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio da apreciação de 93 fichas de inserçãode cateter venoso periférico, arquivados no setor, que corresponderam ao quantitativo dePICC inseridos na unidade no ano de 2008. Em relação à veia escolhida para inserção doPICC, os resultados demonstraram que a cefálica direita foi o principal local de inserção docateter, registrado em 12,90% fichas, seguido pela basílica direita computada em 11,82%fichas. Este achado demonstra que a veia mais utilizada para implantação do PICC naunidade, não foi aquela preconizada como a primeira opção de veia para punção apontadapela literatura. A veia basílica deve ser a veia de primeira escolha para inserção do cateter.Por ter uma anatomia favorável, ser calibrosa e ter um menor número de válvulas, estatem sido a mais citada nos estudos, seguida da veia cefálica. A sua localização facilita amanipulação durante a troca do curativo e dos dispositivos utilizados para melhorar aacurácia da terapia intravenosa. 1,2 Quanto ao tempo de permanência do PICC, o maiortempo registrado foi de 4 dias, encontrado em 8,60% fichas, embora a falta de registrotenha sido encontrada em 43,01% fichas. A literatura especializada determina que o PICCseja indicado para todo RN que necessite de terapia intravenosa por um período superior aISBN: 978-85-63901-04-0


seis dias, sendo que o tempo de permanência é de oito semanas em média.³ Quanto àposição da ponta do cateter, avaliado mediante Raio X; o segundo espaço intercostal foi omais citado, ou seja, presente em 12,90% fichas. Porém em 55,91% fichas não houveregistro deste dado. O sucesso na inserção do PICC é obtido quando a ponta do cateterposiciona‐se centralmente, isto é, ao nível da veia cava superior. Se a ponta progredir paraalém da veia cava superior, manobras de tração serão aplicadas no cateter para seureposicionamento. Pontas de cateteres posicionadas centralmente, ou seja, no terçomédio da veia cava superior (para administração de fluidos) ou no interior do átrio direito(para monitorização invasiva), estão associadas com baixas taxas de complicaçõescomparadas aos cateteres não centrais, aqueles localizados no terço distal da veia cavasuperior ou na região axilar. Assim, a manutenção da ponta do cateter em posição centralé de suma importância para reduzir o risco de complicações decorrentes do uso dessedispositivo, como por exemplo infecção; fenômenos tromboembólicos; lesão de órgãos evasos (pneumotórax, perfuração de artéria, dentre outros); coleções extravasculares(hemotórax, quilotórax); hemorragias ou hematomas; e quebra ou embolização docateter.² A certificação da localização inicial da ponta do cateter PICC, após o procedimentode sua inserção, é uma medida de segurança recomendada aos profissionais que atuam nomanejo do cateter. 1,2,3 Em relação à indicação para o uso do PICC, das 93 fichas analisadas,51,61% fichas tinham como indicação o uso de Nutrição Parenteral Total (NPT), seguida por24,73% fichas que apontavam como indicação o uso de antibioticoterapia. Estes dadosapoiam‐se à literatura especializada sobre PICC, que aponta que o cateter tem sidoamplamente utilizado para administração de nutrição parenteral e antibiótico.³ O uso doPICC nos serviços de Neonatologia está se tornando mais freqüente, apesar de ser umatecnologia relativamente recente em termos de Brasil, datada dos anos 90, do séculopassado. Por ser um dispositivo novo, a necessidade de qualificação dos profissionais se faznecessária para garantir a qualidade na assistência. Os achados demonstram que existe anecessidade de treinamento constante sobre sua inserção e manutenção do dispositivo.ISBN: 978-85-63901-04-0


Um achado relevante revelado no estudo foi a ausência de registro de alguns itensrelativos ao PICC encontrados em algumas fichas como o tempo de permanência docateter e a localização da ponta do PICC. Cabe ressaltar que o registro sobre a terapêuticafornecida ao paciente é uma atribuição de todo o profissional de saúde. Os registrosconstituem‐se em fonte de informação sobre o paciente, além de serem subsídios para oensino, pesquisa e também um instrumento legal. Deste modo, o registro adequado sobreo PICC, também possui a finalidade de contribuir para a qualidade da assistência prestadanas UTINs.Descritores: cateterismo periférico/enfermagem; enfermagem neonatal; unidades deterapia intensiva neonatal; registros de enfermagem.Referências:1. Rodrigues Zaira Simas, Chaves Edna Maria Camelo, Cardoso Maria Vera Lúcia MoreiraLeitão. Atuação do enfermeiro no cuidado com o cateter central de inserção periférica norecém‐nascido. Rev. bras. enferm. [periódico na Internet]. 2006 Out [citado 2010 Set09]; 59(5): 626‐629. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034‐71672006000500006&lng=pt. doi: 10.1590/S0034‐71672006000500006.2. Filho Navantino Alves ET AL. Perinatologia básica. 3. Ed. – Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2006.3. Camargo Patrícia Ponce de, Kimura Amélia Fumiko, Toma Edi, Tsunechiro Maria Alice.Localização inicial da ponta de cateter central de inserção periférica (PICC) em recémnascidos.Rev. esc. enferm. USP [periódico na Internet]. 2008 Dez [citado 2010 Set 09] ;42(4): 723‐728. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080‐62342008000400015&lng=pt. doi: 10.1590/S0080‐62342008000400015.4. JESUS, V.C,; SECOLI, S.R. Complicações acerca do cateter venoso central de inserçãoperiférica (PICC). Cienc Cuid Saude 2007 Abr/Jun;6(2):252‐260.ISBN: 978-85-63901-04-0


CAUSAS DAS REMOÇÕES DE CATETERES CENTRAIS EM UMA UNIDADE DE TERAPIAINTENSIVA NEONATAL EM FORTALEZA‐CEThays Bezerra BrasilPriscilla Ribeiro ColaresBarbosa, A. L.Edna Camelo ChavesIntrodução: Observou‐se nos últimos anos um aumento importante na população derecém‐nascidos prematuros (RNPT) criticamente enfermos com baixo peso. Aimaturidade dos órgãos e sistemas dos RNPT representa um grande problema para estapopulação, pois devido a essa imaturidade, existe a impossibilidade de ingestão de líquidopor via oral. Desta forma, para a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásicose faz necessário um acesso central, através da punção ou dissecção de uma veia paraadministração dos fluidos por via parenteral, reduzindo o manuseio excessivo que leva adesestabilização hemodinâmica e as múltiplas punções venosas. A utilização dedispositivos periféricos e centrais em recém‐nascidos (RN) de alto risco é uma práticaadotada com bastante freqüência, pois a infusão de líquidos em geral no períodoneonatal é uma necessidade básica para poder manter o equilíbrio hemodinâmico doprematuro de alto risco. Para Silva e Nogueira (2004), é exatamente neste contexto quese insere a terapia intravenosa como recurso terapêutico para uma clientela específica,que necessita de uma abordagem diferenciada para a prática da enfermagem neonatal.De acordo com Phillips (2001) a avaliação e monitorização diária do local da punçãovenosa são componentes chaves para o reconhecimento precoce dessas complicações. Aembolia, deslocamento ou perfuração do cateter, distúrbios metabólicos, hipervolemia einfecções são algumas das complicações associadas à utilização de cateteres. Atualmenteexistem cateteres centrais confeccionados de materiais biocompatíveis para o recémnascido.Dentre os tipos de acessos centrais utilizados para infusão de fluidos em RNPT,ISBN: 978-85-63901-04-0


destacam‐se a dissecção venosa, o cateter umbilical e o cateter central de inserçãoperiférica (PICC). Cada tipo de cateter possui suas vantagens e desvantagens e em geral,são de uma permanência prolongada quando comparados aos cateteres periféricos. Paraentender melhor como se instala um cateter venoso central (CVC), é importantecompreender a anatomia do sistema venoso superior, em especial do braço e da axila. Éimportante que os profissionais responsáveis pela inserção de cateteres, seja oenfermeiro ou o médico, estejam familiarizados com a posição e a estrutura do sistemavenoso do RN, com o material a ser utilizado no procedimento que ele irá realizar,quando é necessária a instalação do PICC ou outro tipo de cateter. Este estudo objetivoudescobrir quais motivos levaram a remoção dos cateteres centrais nos recém‐nascidos, osquais necessitaram de sua utilização para infusão de fluidos. Metodologia: O estudo foiuma pesquisa retrospectiva de caráter descritivo, com abordagem quantitativa, sendorealizado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) pública de referênciaterciária localizada na cidade de Fortaleza‐CE, composta por 32 leitos, sendo 16 leitosdestinados à assistência intensiva e 16 leitos para semi‐intensiva. A amostra foi compostapor 120 RN’s que utilizaram para a terapia intravenosa um cateter central do tipoumbilical, PICC ou dissecção venosa durante o internamento. Estes 120 RN’s foramescolhidos aleatoriamente da seguinte forma: foram sorteados 10 números deprontuários em cada mês do ano de 2009. O critério de inclusão utilizado foi todos osRN’s que receberam um cateter central na UTIN. O critério de exclusão foi o tempo depermanência do cateter inferior a 48 horas, pois para fechar diagnóstico de infecçãoforam utilizados os critérios segundo o Centers For Diesase de Atlanta (CDC, 2002), queafirma que a infecção será relacionada ao dispositivo somente se o tempo depermanência for superior a 48 horas, pelo menos uma hemocultura positiva e commanifestações clínicas de infecção. Os dados foram coletados por meio de um formulário,elaborado e preenchido pela pesquisadora, no período de fevereiro e março de 2010.Para responder o instrumento de coleta de dados, foi necessária a consulta de algunsISBN: 978-85-63901-04-0


materiais pertinentes como: a consulta ao prontuário arquivados dos RN’s, as fichas decontrole de infecção da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e osresultados das hemoculturas de ponta do cateter. Os dados foram organizados em umbanco de dados através do programa Excel (2003), analisados e apresentados através detabelas compostas pelos dados de freqüência absoluta, média e porcentagem. Osprincípios éticos foram respeitados conforme preconiza a Resolução 196/96 do Conselho<strong>Nacional</strong> de Saúde – CNS. Além disso, a presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê deÉtica do referido hospital onde foi realizado e desenvolvido o estudo, com número deprotocolo: 110908/08. Resultados: Os resultados afirmaram que a dissecção venosa,ocorreu em três (2,5%) casos, nos quais se observou quatro motivos para sua remoção:término de tratamento, obstrução, óbito e exteriorização acidental. Um RN utilizou duasdissecções. O cateter umbilical venoso apresentou como causas principais: o término detratamento, apresentado em 48 (43,2%) RN’s, e a remoção devido à troca de cateterprogramada, que foi registrada em 45 (40,5%) bebês. A hiperemia no local foi constatadaem quatro RN’s, que se refere à porcentagem de 3,6%. Tivemos também 03 (2,7%) casosde extravasamento de solução, 02 (1,8%) episódios de ruptura do cateter, 02 (1,8%) demau posicionamento, 01 (0,9%) de exteriorização acidental e 01 (0,9%) apresentouespasmo. O PICC obteve como maiores causas de remoção do cateter, o término dotratamento, com 40 (58%) casos; obstrução do cateter, com 29 (42%) casos e 06 (8,6%)casos de ruptura. Tivemos também 03 (4,3%) episódios de extravasamento de solução emau posicionamento, hiperemia no local e hemocultura positiva, cada episódio ocorreusomente uma vez (1,4%). Foi constatado que em todos os tipos de cateteres tivemospelos menos um episódio de óbito dentro dos motivos de remoção. Vale ressaltar que osóbitos ocorridos, não foram por complicações relacionadas ao cateter que estava sendousado, mas sim por motivos de complicações clínicas que o próprio RN apresentou.Conclusões: Concluímos que a equipe de enfermagem está inserida no cuidado quandonos referimos à terapia intravenosa, pois a partir deste contexto podemos evidenciar queISBN: 978-85-63901-04-0


seu papel é primordial para prevenção e redução das complicações relacionadas à terapiaintravenosa, pois é da enfermagem a responsabilidade da manutenção, avaliação ecuidados diários, visto que há uma quebra na integridade cutânea da pele do RN nainserção de cateteres, sendo fundamental que cateteres centrais somente sejamremovidos em casos de reais necessidades e que tenham como principal causa para suaremoção, o término do tratamento.Descritores: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Cateterismo Venoso Central;Infusões Intravenosas.Referências:1. Silva GRG, Nogueira MFH. Terapia intravenosa em recém‐nascidos. Rio de Janeiro:Cultura Médica; 2004.2. Phillips DL. Manual de Terapia Intravenosa. Porto Alegre: Artmed; 2001.3. Centers for diesase control and prevention, Departament of Health and HumanServices. Intravascular device ‐ related infections preventions; guidelines availabity:notice. Part. I. Atlanta: CDC; 2002.4. Ministério da Saúde (BR). Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, Comissão <strong>Nacional</strong> de Ética emPesquisa ‐ CONEP. Resolução n° 196/96, de 10 de outubro de 1996: Dispõe sobre asdiretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília(DF): Ministério da Saúde; 1996.ISBN: 978-85-63901-04-0


COMPARAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS PRÉ‐TERMO E A TERMOAOS QUATRO MESES A PARTIR DE DADOS NEONATAISMaria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 136Polyana Candeia Maia 137Larissa Paiva Silva 138Márcia Maria Coelho Oliveira 139Devido à busca de melhoria na atenção à saúde da criança, através da promoção da saúdee prevenção de doenças, houve uma redução da taxa de mortalidade infantil e emconsequência houve um aumento da qualidade e expectativa de vida das criançasprematuras 1 . Mesmo assim, a criança pré‐termo, por não ter completado o seudesenvolvimento intra‐uterino, apresenta risco elevado de sequelas neurológicas e deatraso do desenvolvimento psicomotor, uma vez que possui imaturidade funcional eestrutural de órgãos e sistemas, o que pode resultar em desenvolvimento motorqualitativamente diferente das crianças nascidas a termo. O desenvolvimento motor podeser caracterizado pela mudança nas habilidades motoras ao longo da vida, sendoresultante da interação entre processos biológicos geneticamente determinados eambientais. O primeiro ano de vida é marcado pelas mudanças das aquisições motorasadquiridas nesse período, no qual o lactente progride o seu repertório motor, e os seusmovimentos vão se adequando de acordo com suas necessidades, tornando‐se mais136Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Pós‐doutora pela Universidade de Victoria/Canadá.Pesquisador CNPq. Profa. Professora Associada do DENF/UFC. Coordenadora do Projeto de PesquisaSaúde do Binômio Mãe‐Filho/UFC/CNPq, e‐mail: cardoso@ufc.br137Enfermeira. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/UFC/CNPq, e‐mail:polly_can_maia@hotmail.com138Enfermeira. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/UFC/CNPq e‐mail:larissapaiva_87@hotmail.com139Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal. Mestre em Enfermagem em Clínico‐Cirúrgico dePós Graduação em Enfermagem – UFC. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/UFC/CNPq, e‐mail: márciacoelho.oliveira@bol.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


eficientes 2 . Apesar de o tônus muscular aumentar à medida que o bebê prematuro sedesenvolve, ele não consegue alcançar o grau completo da criança a termo, podendointerferir em aquisições motoras 3 . O uso de escalas para a avaliação do crescimento edesenvolvimento infantil vem sendo cada vez mais expandido no Brasil e uma delas é aAlberta Infant Motor Scale/AIMS, que permite avaliar o desenvolvimento motor da criançae analisa a sequência de aquisiçõesmotoras. Trata‐se de teste predominantemente observacional para avaliação dasaquisições motoras de crianças do nascimento até os 18 meses e documentalongitudinalmente o desenvolvimento motor de lactentes com risco de atraso nasaquisições motoras 4 .Constitui‐se de 58 itens, divididos em quatro categorias: prono,supina, sentado e em pé, e pode ser usada com crianças do nascimento até os 18 meses deidade. O escore total do teste é dado pela soma dos subtotais obtidos em cada subescala.Ao término da avaliação, é creditado escore total (0‐60 pontos), convertido em percentisem um gráfico elaborado para tal, variando de 5% a 90%, estabelecido com base naamostra normativa do teste 5 . Objetivou caracterizar o perfil neonatal das crianças prétermoe a termo e comparar o desenvolvimento motor das mesmas aos quatro meses deidade aplicando a escala Alberta Infant Motor Scale/AIMS na versão brasileira (EscalaMotora Infantil de Alberta/EMIA). Trata‐se de um estudo quantitativo, comparativo elongitudinal, realizado em duas instituições públicas do município de Fortaleza/CE, noperíodo de novembro de 2009 a maio de 2010. A amostragem foi por conveniênciaconsecutiva constituída por 48 crianças (24 pré‐termo e 24 a termo), onde foi calculada aidade gestacional para o grupo pré‐termo. A idade corrigida foi calculada pela subtração daidade gestacional da criança de 40 semanas e, então, subtraída a diferença da idadecronológica no período do teste. As avaliações foram feitas no Laboratório deComunicação – LabCom, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal doCeará e/ou através da visita domiciliar. O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê deÉtica em Pesquisa do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, sobISBN: 978-85-63901-04-0


protocolo 085/09, aprovado em 09 de Setembro de 2009. O grupo pré‐termo foiconstituído por 13 crianças do sexo feminino e 11 do masculino e o grupo a termo, 10 dosexo feminino e 14 do masculino. A partir dos dados neonatais, obtidos através doprontuário da mãe, o parto cesáreo prevaleceu no grupo pré‐termo, 21 (87,5%) e no atermo, metade das crianças, 24 (50,0%) nasceram por parto normal. A maioria dasavaliações ocorreu no LabCom, 31 (66%), e o restante deu‐se por visita domiciliar. A idadegestacional (IG) do grupo das crianças prematuras variou de 32,0 a 36,5 semanas e média34,1±1,3, já o peso foi de 1,095 a 3,275 gramas e média 1.903±575,3. No grupo a termo, aIG foi de 37 a 41,8 semanas e média 39,6±1,1 e o peso teve mínima de 2.230 gramas emáxima de 4.085 gramas, média 3.249±450,3. A estatura ao nascer, no grupo a termo, foientre 43 e 55 centímetros e média 49,1±2,4. O grupo pré‐termo, a mínima foi de 35centímetros e máxima de 49 centímetros e média 42,7±3,4. Todas as crianças do grupopré‐termo ficaram internadas de três a 60 dias. Permaneceram internadas em Unidade deTerapia Intensiva Neonatal ‐ UTIN, dez crianças do grupo a termo entre dois e 14 dias. Oteste não‐paramétrico de Mann‐Whitney apresentou resultado estatisticamentesignificante entre os dois grupos nas variáveis IG, peso, estatura (p=0,000). Ao se compararos dois grupos aos quatro meses de idade quanto ao desempenho motor, verificou‐se que,entre as quatro posições da AIMS, diferença somente no item em pé (p=0,014). Segundo aescala ainda podemos observar que as crianças a termo aos quatro meses fizeram umamaior pontuação média em cada posição da AIMS em relação às crianças do grupo prétermocom a mesma idade, exceto na posição supina, onde ambos os grupos fizeram amesma pontuação média. Quanto ao percentil, 9 (37,5%) crianças pré‐termo mostraramdesempenho excelente, 2 (8,3%) desempenho atípico e 2 (8,3%) suspeito, já crianças atermo, 10 (41,7%) apresentaram desempenho excelente e 1 (4,2%) atípico. Foramdetectadas diferenças significativas no perfil neonatal das crianças pré‐termo e a termo,havendo diferenças do desenvolvimento motor principalmente na categoria em pé.Portanto, as crianças do presente estudo apresentaram sequência progressiva doISBN: 978-85-63901-04-0


aparecimento de habilidade motoras nas quatros posições da AIMS, porém algumascrianças foram consideradas com o desenvolvimento inferior ao esperado pelos dadosnormativos da AIMS, sugerindo que a idade, controle postural e instrumento de avaliaçãoexerceram influencia sobre a avaliação do desenvolvimento motor da criança. Ao aplicar aescala nas crianças, as crianças apresentaram evolução das habilidades motoras nasposturas avaliadas, em cada momento, e pode‐se observar que há diferença significativanos itens da escala ao comparar os dois grupos. Esses resultados reforçam a ideia de quepode haver variações do desenvolvimento motor entre os indivíduos pré‐termo e a termo,sendo diferenciado o ritmo em adquirir habilidades motoras. Este estudo mostrainformações importantes sobre o desenvolvimento motor de crianças a termo e pré‐termonas mesmas idades. A pesquisa longitudinal reforça os resultados apresentados, uma vezque são mais apropriados para avaliar as mudanças no desenvolvimento infantil ao longodo tempo. Os profissionais de saúde devem estar cientes das possíveis variações dodesempenho motor, sendo capaz de detectar possíveis atrasos e encaminhar para osprogramas de estimulação de desenvolvimento motor, para que seja possível o tratamentoprecoce e, dessa forma, o acompanhamento ajudará a criança a desempenhar o seu ritmonos momentos adequados.Descritores: Recém‐nascido, Enfermagem Neonatal, Desenvolvimento Infantil.Referências:1. LÉLIS, ALPA; MACHADO, MFAS; CARDOSO, MVLML. Educação em saúde e prática deenfermagem ao recém‐nascido prematuro. Rev Rene 2009; 10(4): 60‐69.2.LINO, PFM. Desempenho motor em criança pré‐termo e a termo aos quatro, seis e oitomeses de idade: estudo comparativo [Dissertação]. Belo Horizonte (MG): Escola deEducação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais,2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. AYACHE, MG; MARIANI NETO, CM. Considerações sobre o desenvolvimento motor doprematuro. Temas Desenvolv 2003; 12(71): 5‐9.4.SILVA, GRF. Validação do Harris Infant Neuromotor Test (HINT) para a língua portuguesa[Tese]. Fortaleza (CE): Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará,Fortaleza, 2009.5.JENG, S et al. Alberta Infant Motor Scale: reliability and validity when used on preterminfants in Taiwan. Phys Ther 2000; 80(2): 168‐178.ISBN: 978-85-63901-04-0


CONHECIMENTO DAS PUÉRPERAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO ÀSAÚDE DA MULHERAna Cláudia Ferreira PinheiroCoutinho 140Ana Carla de Oliveira Soares 141Priscilla da Silva Fernandes 142Introdução: A amamentação é um tema muito discutido nos últimos anos devido a suaimportância na promoção da saúde, prevenção de doenças na primeira infância, tendo sidoapontada como uma das mais importantes ações na diminuição da mortalidade infantil,especialmente nos países pobres. Muitos benefícios são atribuídos à amamentação comrelação à saúde da criança. Só recentemente, o mundo científico começou a reconhecerque a mulher, a mãe que amamenta, também é beneficiada em sua saúde física,psicológica e emocional. 1 Várias pesquisas demonstram que o leite materno traz benefíciosnão só ao bebê, mas também às mulheres. A mulher que amamenta já na maternidadetem menos risco de ter hemorragia no pós‐parto e anemia. O aleitamento materno (AM)também ajuda no espaçamento entre uma gestação e outra, dando a mulher mais tempopara recuperar‐se do parto e cuidar do bebê, protege contra o câncer de mama e deovário, permite‐lhe recuperar mais facilmente o peso que tinha antes da gravidez, facilita aremineralização prevenindo fraturas vertebrais e do fêmur no período da menopausa. 2, 3objetivo: Identificar o conhecimento das puérperas sobre os benefícios do AM à saúde damulher. Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa de estudo transversal, descritivo e de140‐ Enfermeira mestre em Saúde e Ambiente, especialista em Gerenciamento em Enfermagem eEnfermagem Neonatal, docente da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL)e do Centro Universitário CESMAC. E‐mail: anacfpc@hotmail.com141Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.142Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.ISBN: 978-85-63901-04-0


abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada através de instrumento semiestruturado,com 46 puérperas cadastradas no setor de Banco de Leite Humano da CasaMaternal Denilma Bulhões, Maceió – Alagoas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê deÉtica em Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, segundo oprotocolo de número 1274. Resultados: Das puérperas entrevistadas 50% estavam na faixaetária entre 25 e 35 anos de idade; em estudos ressalta‐se que puérperas com idademenor que 20 anos pode significar prejuízo indireto à prática da amamentação, pois nestafaixa etária a maturidade fisiológica e emocional não foi plenamente atingida. 4 Aescolaridade é um fator importante, no estudo 41% das puérperas tinham o ensinofundamental incompleto, considerando‐se que a baixa escolaridade é um fatordeterminante da prática e continuidade da amamentação. 4 As mães terem uma uniãoestável e o apoio de outras pessoas, especialmente do marido ou companheiro, pareceexercer uma influência positiva na duração do AM 5 , no estudo 76% das puérperas sãocasadas ou possuem um companheiro. As puérperas primíparas representam 46%, ou seja,54% já engravidaram outras vezes; a influência da paridade materna pode interferir nadecisão pelo tipo de aleitamento é um fator bastante discutível na literatura, com algunsestudos sugerindo que as primíparas, ao mesmo tempo que mais são propensas a iniciar oaleitamento, costumam mantê‐lo por menos tempo, introduzindo mais precocementealimentos complementares, parecendo haver para as multíparas uma forte correlaçãoentre o modo como seus filhos anteriores foram amamentados e como este último o será. 5Um dado importante é que 43% das mulheres que já amamentaram outras vezes, 75%amamentaram seus filhos por mais de 6 meses; o Ministério da Saúde do Brasil determinacomo norma o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida, complementando comoutros alimentos a partir dessa idade e mantido até o segundo ano de vida ou mais. 6 Comrelação aos conhecimentos recebidos acerca dos benefícios do AM, embora 94% daspuérperas tenham feito o pré‐natal, apenas 46% receberam informações acerca dosbenefícios sobre o AM e 33% destas mulheres, afirmaram ter recebido informações sobreISBN: 978-85-63901-04-0


os benefícios do AM para o bebê e para a mulher; a promoção e o incentivo ao aleitamentomaterno dependem muito mais do empenho de profissionais de saúde responsáveis peloatendimento de mulheres no período pré e pós‐natal. As mães devem ser informadas,durante a gravidez, das vantagens do AM em seus vários aspectos. 7 Um dos dez passospara o sucesso do aleitamento materno é ajudar as mães a iniciar a amamentação naprimeira meia hora após o parto 8 , 96% das entrevistadas afirmaram amamentar o filhodesde a maternidade. Sobre os conhecimentos específicos dos benefícios do AM à saúdeda mulher, 54% das mulheres desconheciam que a prática de amamentar reduz o risco dehemorragia no pós‐parto; do ponto de vista fisiológico, o retorno da ovulação, pós‐parto,ocorre em torno de 27 dias em mulheres que não estão amamentando, naquelas em AM,este intervalo é variável e pode ser ampliado por vários meses, enquanto o recém‐nascidose encontrar em amamentação exclusiva; 52% das entrevistadas afirmaram conhecer que aamamentação exclusiva pode aumentar o espaçamento entre uma gestação e outra. Ocâncer de mama e ovariano pode ser prevenido através da amamentação e 67% daspuérperas afirmaram ter esse conhecimento. Amamentar contribui para o retorno do pesopré‐gestacional, 67% das mulheres afirmaram conhecer esse benefício. Amamentar nãocompromete a estética dos seios; quando a flacidez ocorre é devido ao ganho excessivo depeso durante a gravidez 9 , 61% das mulheres entrevistadas acreditam que amamentar levaa flacidez dos seios. As mulheres que amamentaram por um tempo de oito meses ou maisapresentam uma massa óssea com maior densidade mineral do que as que amamentaramparcialmente ou não amamentaram. Também existem estudos comprovando que aamamentação reduz o risco de fratura no quadril e no braço por osteoporose 10 ; 83% daspuérperas do estudo desconhecem a redução deste risco. Ao final, foi perguntado comoconsideram seu conhecimento sobre os benefícios do AM à saúde da mulher, 59% dasentrevistadas disseram que seu conhecimento é bom. Conclusão: O conhecimento sobreos benefícios da amamentação para a saúde da mulher é importante não somente para asmulheres que amamentam, como também para o mundo científico, visto que este assuntoISBN: 978-85-63901-04-0


é pouco explorado em pesquisas, entretanto, de grande relevância em saúde pública. Aoanalisar os resultados percebemos que estas puérperas apresentam um conhecimentoregular em relação aos benefícios do AM à saúde da mulher, necessitando de umamelhoria na qualidade das informações. Durante o processo de doação de leite humano,estas mães recebem visitas semanais para coleta de leite, sendo portanto, acompanhadasnuma maternidade reconhecida como Hospital Amigo da Criança que incentiva a prática doAM, merecendo neste sentido um ótimo conhecimento acerca dos benefícios tanto para obebê, quanto para a mãe, visto que, quando se fala de AM, não se pode separar o binômiomãe e filho. A grande importância desse conhecimento é que favorece um maior estímulona prática de amamentar trazendo benefícios a mãe e a criança. Contribuições/benefíciospara enfermagem: A amamentação exclusiva é um grande desafio para enfermagem. Oenfermeiro tem papel importante e fundamental no sucesso desta prática, pois deveproporcionar conhecimento às puérperas sobre os benefícios do AM à saúde da mulher edo recém‐nascido, já que está sempre envolvido no processo de incentivo e promoção aoAM, a fim de sensibilizar/conscientizar as mães em relação às vantagens e benefícios doleite materno, além de oferecer apoio diante das dificuldades que possam surgir na práticada amamentação. Estas ações desenvolvidas pelo enfermeiro contribuirão decisivamenteno perfil epidemiológico destes grupos – mulher e recém‐nascido – já que estãodiretamente relacionadas para promoção à saúde, o que terá impacto nos índices damorbimortalidade materno‐infantil.Descritores: Aleitamento materno. Promoção da saúde. Saúde da mulher.Referências:1‐ Zerger R, Grazziotin MCB. A importância da amamentação para a saúde da mulher queamamenta.ISBN: 978-85-63901-04-0


2‐ Battista E. A alimentação do bebê – a importância e as vantagens da amamentação. Vidae saúde 2003; 2 (65): 12‐15.3‐ Lang S. Aleitamento do lactente – cuidados especiais. São Paulo: Santos. 1999.4 – Percegoni N, Araújo RMA, Silva MMS, Euclydes MP, Tinôco ALA. Conhecimento sobrealeitamento materno de puérperas atendidas em dois hospitais de Viçosa, Minas Gerais.Rev. Nutr. v.15 n.1 Campinas jan. 2002.5 – Faleiros FTV, Trezza EMC, Carandina L. Aleitamento materno: fatores de influência nasua decisão e duração. Rev. Nutr. vol.19 no.5 Campinas Sept./Oct. 2006.6 ‐ Organização Pan‐Americana de Saúde. Amamentação. Disponível emhttp://www.opas.org.br/sistema/fotos/amamentar.pdf. Acesso em 31 de agosto de 2010.7 – Saes SO, Goldberg TBL, Ondani LM, Valarelli TP, Carvalho AP. Conhecimento sobreamamentação: comparação entre puérperas adolescentes e adultas. Rev Paul Pediatria.2006. 24 (2); 121‐6. Disponível em: http://www.spsp.org.br/revista/24‐15.pdf. Acesso em27 de maio de 2009.8 ‐ Lamounier JA. Experiência iniciativa Hospital Amigo da Criança. Rev Assoc Med. Bras,1998. 4 (2) Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104‐42301998000400011&lng=&nrm=iso. Acesso em 06 de maio de 2009.9 – Ghisland L. Aleitamento materno: o conhecimento das mães. 1999. Disponível em:http://www.cefac.br/library/teses/f8e1d2b3973a1d6e11152d5295ae6721.pdf. Acesso em28 de maio de 2009. 10 ‐ Rea MF. Os benefícios da amamentação para a saúde da mulher.J. Pediatr. 2004; 80 (5): 142‐6. Disponível em:. Acesso em: 27 de março2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


CONSCIENTIZAÇÃO E MUDANÇA DE ATITUDE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM RELAÇÃOAO TESTE DA ORELHINHACláudia Koch Geremias 143Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos 144Francine Reiberger 145Priscilli Carvalho Beresford 146Sandra Elisa Sell 147Introdução: O ser humano possui cinco sentidos que lhe permitem conhecer o mundo.Através deles, todas as crianças nascem prontas para estabelecer contato com o meio emque vivem. Quanto mais informações a criança recebe, de melhor maneira poderácompreender e participar de seu universo. Os sentidos são as ferramentas que nospermitem aprender e comunicar. Atrasos significativos ao nível do desenvolvimento de falae linguagem poderão ser evitados se a perda auditiva for diagnosticada precocemente.Estudos evidenciam que crianças com perdas auditivas conseguem atingir níveis dedesenvolvimento de fala e linguagem idênticos aos de crianças com audição normal, desdeque sejam adaptadas com próteses auditivas antes dos seis meses de idade. Atualmente, amelhor forma de se detectar uma perda de audição tão cedo quanto possível é realizando143Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem da UFSC. Funcionária daUnidade de Neonatologia do HU/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem da Saúde daMulher e do Recém‐Nascido – GRUPESMUR, PEn/UFSC. Rua: João Pio Duarte Silva, 1070. CórregoGrande, Florianópolis, SC. CEP 88037‐001 claudinha.geremias@gmail.com144Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem e doPrograma de Pós‐Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Líder epesquisadora do Grupo de Pesquisa em Enfermagem da Saúde da Mulher e do Recém‐Nascido –GRUPESMUR, PEn/UFSC.145Fonoaudióloga. Funcionária do HU/UFSC.146Fonoaudióloga. Funcionária do HU/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem da Saúdeda Mulher e do Recém‐Nascido – GRUPESMUR147Enfermeira. Funcionária da clínica Médica do HU/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa emEnfermagem da Saúde da Mulher e do Recém‐Nascido – GRUPESMURISBN: 978-85-63901-04-0


a triagem auditiva neonatal em recém‐nascidos. As perdas auditivas segundo Rugulo ET al.,(2002) podem ser congênitas, quando presentes desde o nascimento, podendo serdecorrente de outras causas, como por exemplo, as infecções maternas e hereditárias, quese manifestam tardiamente. Estatísticas brasileiras indicam que em cada mil recémnascidos,de dois a seis apresentam algum tipo de perda auditiva. Essa incidência é altaquando comparada com outros testes de Triagem Neonatal. A fenilcetonúria, doençadiagnosticada através do teste do pezinho, apresenta um perfil epidemiológico de um casoem cada dez mil, e no hipertireoidismo, o número é de 2,5 em 10 mil. Para Russo e Santos(1993) o diagnóstico precoce possibilita a intervenção dos profissionais envolvidos noprocesso de habilitação da criança antes que esta comece a sofrer as consequências dadeficiência auditiva. Estudos indicam que as Emissões Otoacústicas (EOAT) são uminstrumento rápido, seguro, não‐invasivo, objetivo e sensível para detectar perdasauditivas em recém‐nascidos normais e de risco, além de ser um método de baixo custo.Em evento realizado nos EUA no ano de 1993, o NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH (NIH),identificando a falta de detecção da deficiência auditiva nos primeiros meses de vida comoum problema de saúde pública e enfatizando a necessidade de uma assistência precocepara um melhor desenvolvimento da fala e linguagem, recomendou as emissõesotoacústicas evocadas como uma primeira avaliação auditiva para todos os bebês com atétrês meses de vida (LOPES Fº. e CARLOS, 1997). Sabendo que esta temática é específica daFonoaudiologia, a qual tem uma trajetória recente nos serviços de saúde, é que se percebea necessidade de divulgação de seus benefícios para todos que visam oferecer melhorescondições de saúde à população em geral. Objetivo: relatar a experiência vivida acerca doprocesso de conscientização e mudança de atitude da equipe de enfermagem em relaçãoao teste da orelhinha. Método: trata‐se de um relato de experiência acerca do processo deconscientização e mudança de atitude da equipe de enfermagem de um hospital da RegiãoSul do Brasil, em relação ao teste da orelhinha, antes e após a sensibilização e capacitaçãoespecífica. O estudo foi realizado no período de junho de 2008, tendo como cenário oISBN: 978-85-63901-04-0


alojamento conjunto de um hospital do Sul do Brasil. Os sujeitos do estudo foramprofissionais da equipe de enfermagem, totalizando 34 profissionais da equipe deenfermagem e 5 fonoaudiólogas. A metodologia adotada incluiu a realização de encontroscom os referidos profissionais visando a sensibilização e capacitação em relação àconteúdos sobre a definição, importância, objetivo, procedimento técnico e a indicação aoteste da orelhinha. Foram respeitados os princípios éticos, garantindo o anonimato dosparticipantes. Resultados: Em maio de 2008, quando o Teste de Avaliação de EmissõesOtoacústicas em recém‐nascidos (Teste da Orelhinha) já era uma rotina no AlojamentoConjunto daquele Hospital e Maternidade, percebíamos na equipe de enfermagem umaindiferença e pouca valorização quanto às condições adequadas para a realização do teste,o que se evidenciava por frequentes interrupções durante o procedimento de avaliaçãodos bebês, ruídos, solicitação da sala para realização de outros procedimentos, comocoleta de sangue para laboratório, banho de bebê, desinfecção da sala. Estas e outrasatitudes revelavam que qualquer procedimento era considerado mais importante que oTeste da Orelhinha. Várias eram as orientações compartilhadas com os pais e familiares,dentre elas: cuidados gerais com o recém nascido, detalhes sobre a amamentação, zelocom o coto umbilical, vacinação, teste do pezinho. No entanto, não eram fornecidasinformações adicionais a respeito do teste da orelhinha, corroborando com os fatosanteriormente relatados. No início, parecia haver uma certa disputa de espaço, como sealguém estivesse usando o local destinado à enfermagem para realizar um exame depouca relevância no bebê. A experiência do dia‐a‐dia e, em especial, as argumentações dafonoaudióloga responsável por realizar o teste, nos fez perceber o desconhecimento daequipe de enfermagem quanto à importância e relevância deste diagnóstico precoce paraa prevenção de sequelas provenientes de déficit auditivo. Refletimos sobre essa situaçãoamplamente vivenciada na prática e percebemos o déficit de conhecimentos e aconseqüente falta de sensibilização da equipe de enfermagem sobre a importância darealização do referido teste. Após este primeiro momento de constatação e reflexão doISBN: 978-85-63901-04-0


problema, o pensamento compartilhado entre os profissionais da enfermagem e dafonoaudiologia, foi o de propor encontros que tinham por objetivo favorecer asensibilização e capacitação da equipe. Ambas se deram através de encontros destinadosao estudo científico do tema em questão. Tais encontros foram agendados em turnosdiferentes, para que atingisse um número maior de participantes, com aulas expositivas edialogadas, organizadas e planejadas em parceria com a profissional da fonoaudiologia echefia de enfermagem. Durante a exposição do conteúdo percebíamos expressões desurpresa por parte dos participantes quando às vantagens e benefícios do teste lhes eramrevelados. A equipe demonstrou interesse e desejo de colaborar, haja vista o nível departicipação e os questionamentos realizados. Este processo deixou claro que odistanciamento e a “indiferença” que até então existia entre as duas categoriasprofissionais (enfermagem e fonoaudiologia) eram fruto do desconhecimento sobre otema. Após os encontros e conseqüente aprendizado, houve uma boa receptividade e umcrescente envolvimento de todos. A interação das duas equipes que a partir desta novaperspectiva se intensificou, trouxe resultados tão positivos que uma série de medidaspassaram a ser adotadas. A referida unidade reservou uma sala específica para a realizaçãodo teste. Concomitantemente a equipe de enfermagem determinou‐se a prestar valiosacontribuição no que se referia a minimização de ruídos, estímulo e orientações aos pais atéo auxílio direto à fonoaudióloga no posicionamento do bebê para o exame. Consideraçõesfinais: O processo de conscientização e mudança de atitude da equipe de enfermagem emrelação ao teste da orelhinha exigiu o diálogo e aproximação com a área defonoaudiologia, bem como um maior aprofundamento e discussão e reflexão acerca dosconhecimentos baseados em evidências científicas sobre o tema. A falta de comunicação econhecimento podem ser um entrave muito sério para, de fato, atender com completudeas demandas que não apenas os bebês, mas também seus pais e familiares, têm numperíodo tão peculiar de suas vidas. Para tal, faz‐se mister arregimentar esforços no sentidode capacitar e unir os profissionais das diversas áreas da saúde, com vistas a integralidadeISBN: 978-85-63901-04-0


da atenção. A experiência vivenciada nos trouxe vários aspectos positivos, dentre eles, ainterdisciplinariedade e a melhoria da qualidade de assistência prestada. É necessário, quecada ação seja discutida com todos os envolvidos para que a percepção da sua necessidadeno contexto da saúde seja assimilada por todos. Ao concluírem o estudo as autorasenfatizam a importância das duas equipes atuarem integradamente visando alcançarobjetivos em comum. Encontrar caminhos para atingir tais objetivos depende dasensibilização e empenho de todos os envolvidos.Palavras‐chave: Triagem neonatal, audição, relato de experiência, Enfermagem,Fonoaudiologia.Referências:1.Rugolo LMSS, Saes SO, Camargo LOS, Paro PMM. Fatores de risco para a audição nainfância. Bauru: EDUSC; 2002.2.Russo ICP, Santos TMM. A prática da audiologia clínica. 4 ed. São Paulo: Cortez; 1993.3.Lopes OC Fº, Carlos RC. Emissões otoacústicas. In: Lopes OC Fº. Tratado defonoaudiologia. São Paulo: Roca; 1997.ISBN: 978-85-63901-04-0


CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRANSPORTE INTER‐HOSPITALAR DO NEONATO E O PERFILEPIDEMIOLÓGICO DAS AERORREMOÇÕES REALIZADAS PELA UNIMINASVânia Paula de Carvalho 148Flávio Lopes Ferreira 149O Serviço de Transporte Aéreo da UNIMINAS possui uma base operacional no Aeroporto daPampulha – BH/MG e presta atendimento 24h por dia em todo Território Brasileiro e naAmérica Latina. O transporte inter‐hospitalar é realizado em aeronaves com infra‐estruturade Unidade de Terapia Intensiva e presta atendimento a todas faixas etárias.Abordaremos, em especial, o cenário do transporte aéreo do neonato (0 à 28 dias) ealgumas de suas particularidades. Temos claro que a melhor incubadora existente é oútero materno 1,2 , contudo, por diversos motivos, nem sempre é possível em tempo hábil.A proposta deste estudo é para que façamos algumas considerações à cerca daimportância do transporte de crianças em estado grave, em especial os neonatos, comequipe especializada, condições adequadas e de forma responsável. 3 E descrever o perfilepidemiológico do transporte dos neonatos aerorremovidos. Trata‐se de um estudoretrospectivo, quantitativo, descritivo e foram avaliadas o total de 1.253 fichas de vôos eselecionadas 71 fichas de vôos neonatais entre janeiro de 2.007 à dezembro de 2.009.Foram respeitados os aspectos éticos, obedecidas as normas da Resolução Nº 196/96 doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde e submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa –CEP/UNIMINAS, sendo aprovado conforme o Parecer Nº 05/2010. 4 Os dados foram obtidos148Enfermeira Assistencial e Responsável UNIMINAS/ Especialista em Terapia Intensiva e Urgência eEmergência, Docente Pontifícia Universidade Católica de MG/ IEC e Faculdade São Camilo e FaculdadeUnifenas. vaniapaula.carvalho@gmail.com149Gestor Médico UNIMINAS/ Mestre em Ciências Biológicas com Área de Concentração emFarmacologia e fisiologia, Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva e Docente da Faculdadede Ciências Médicas de Minas Gerais. lopes_ferreira@yahoo.comISBN: 978-85-63901-04-0


por análise catalográfica das fichas de vôo, analisando as seguintes variáveis: gênero(masculino e feminino) e idade, assim como, as categorias diagnósticas acometidas:prematuridade, aparelho cardiovascular, aparelho respiratório, aparelho digestório,sistema nervoso central e outros. A organização do sistema de transporte é iniciada com oprocesso de triagem pelo médico regulador considerando diversos fatores, tais como: asituação clínica e o benefício do transporte para criança; inexistência de Unidade deTerapia Intensiva Neonatal (UTIN) e/ou de vagas disponíveis no local de origem; centro demenor complexidade para centro de maior complexidade; necessidade de intervençõescirúrgicas de grande porte; condições metereológicas, tipo de aeronaves disponíveis,dentre outras. Importante ressaltar, que a comunicação entre o médico assistente(hospital de origem) para o médico regulador e este, para o médico do hospital dereferência, deve ser clara, precisa, atualizada e eficaz.. 4 Todo o processo é realizado emsistema de telefonia gravada e o transporte só é disparado após a confirmação pelomédico regulador. A triagem da criança é digitalizada no sistema My Sky. 4 Determinado arealização do transporte inter‐hospitalar será acionada a equipe que é composta de ummédico assistencial (neonatologista e/ou pediatra), um enfermeiro com experiência emneonatologia/intensivista e pela tripulação que é composta pelo piloto e co‐piloto.Atualmente, as aeronaves utilizadas são os aviões turbo‐hélices, para missões de médiadistância e estruturas aeroportuárias simples e os helicópteros para missões de curtadistância e locais sem aeroportos. Com a evolução dos equipamentos e com a utilização detecnologia de ponta a efetivação do transporte fica cada vez mais seguro. Claro que a‘máquina’ humana é soberana. Dos materiais e equipamentos necessários estão inclusos: aincubadora (uso obrigatório para transporte neonatal) com bateria e base especial paratransporte aéreo, suporte em sua base para cilindros de oxigênio e ar comprimido (comchicotes que permitem abertura e fechamento do oxigênio sem desconexão e fluxômetro,dupla via para oxigênio, umidificador, etc), controle de temperatura com alarme, baseespecial para fixação na aeronave e na ambulância; suporte para fixação das bombas deISBN: 978-85-63901-04-0


infusão; foco de luz, conversor de eletricidade e cabo de força (para conectar oequipamento durante o transporte). Assim como, bombas de infusão com baterias (duplainfusão e que permitem o uso de equipos e seringas), ventiladores mecânicos com bateriae que permitem o controle dos mais variados parâmetros ventilatórios, monitoresmultiparâmetros (com acessórios exclusivos para uso neonatal: saturimetria,eletrocardiografia, pressão não invasiva e freqüência respiratória), equipamentos paraaspiração (vácuo); bolsas com materiais específicos para uso neonatal (bolsas de via aérea,via aérea difícil, procedimentos, medicações, soroterapia, básica, roupas de cama, etc),Hood, Cpap nasal e etc. Todos materiais e equipamentos utilizados devem serobrigatoriamente homologados para uso aeromédico, segundo Portaria do Ministério daSaúde 466/MS/SVS de 04 de junho de 1.998. 2,5 A coordenação de vôo é responsável pelalogística do transporte e pela comunicação com equipes de suporte (ambulâncias quefazem o traslado aeroporto hospital e hospital aeroporto), solicitação de ambulâncias bemequipadas (no mínimo com rede elétrica e oxigênio funcionantes). Lembramos que sãolevados todos materiais e equipamentos para o transporte, independente da gravidade dacriança. O enfermeiro de bordo na fase pré‐vôo (antecede a saída da base) é responsávelpela montagem da aeronave, conferência de todos materiais e equipamentos (semprelevando materiais de reserva) e discussão do caso com colega médico para adequação asituação do cliente (por ex.: necessidade de medicações que ficam sob refrigeração). 2 Omédico de bordo nesta fase também ficará responsável por realizar os cálculos das drogasde manutenção e das de emergência que poderão ser utilizadas durante o transporte.Quando a equipe chega ao hospital de origem é avaliada a situação real da criança, assimcomo, suas modificações clínicas e antes que o transporte aconteça faz‐se necessário acorreção de determinadas situações, o que implica na diminuição da morbi‐mortalidade doneonato, tais como: (1) Estabilizar a parte ventilatória: oferta de oxigênio suplementar sesinais de cianose central (saturimetria, gasometria, etc), detecção do pneumotórax etratamento. Considerando as possíveis alterações fisiológicas durante vôo devido altitude,ISBN: 978-85-63901-04-0


turbulências, etc. Realizar RX de controle (considerando sempre da expansão dos gases ‐Lei de Boyle). (2) Estalibilizar a parte hemodinâmica/cardiovascular (utilização de drogasvasoativas, posicionamento da criança, etc); (3) Realizar punção de acessos venosos e/ouumbilical (casos mais críticos): para infusão de líquidos, prevenção da hipoglicemia,administração de drogas e tratamento das possíveis complicações (ex.: crises convulsivas);(4) Manter a temperatura corporal estável (pré‐ aquecer a incubadora e utilizar otermômetro transcutâneo); (5) Realizar sondagens conforme necessidade (manter asmesmas abertas durante o transporte); (6) Corrigir acidose; (7) Posicionarconfortavelmente o neonato (posição flectida e o uso de “ninho”); (8) Manipularminimamente e com movimentos suaves; (9) Realizar sedo‐analgesia quando necessário(principalmente antes de procedimentos invasivos); (10) Iniciar prostraglandinas sesuspeita de cardiopatias cianóticas; (11) Administrar surfactante a todos RN pré‐termoscom idade gestacional igual ou inferior às 27 semanas. Quando a idade gestacional ésuperior a 27 semanas, a administração do surfactante deve ser ponderada de acordo comos critérios clínicos, laboratoriais e radiológicos. (12) Informar aos pais a necessidade detransporte, local, destino, riscos, esclarecer dúvidas e sempre que possível, solicitarautorização por escrito; dentre outros. 1,2,6 Quando a criança é bem estabilizada antes dotransporte ser iniciado, raramente haverá a necessidade de realizar procedimentos. Claroque a avaliação e monitoração contínua durante o transporte é essencial, assim como, oregistro dos procedimentos realizados, anotação dos parâmetros vitais, etc. A equipe deverepassar para os colegas da UTIN um relatório completo de todos procedimentos,parâmetros, enfim, condutas tomadas durante o transporte e da evolução da criança até ohospital de origem. Com relação ao perfil epidemiológico do neonato aerorremovidotemos: faixa etária com a idade em dias, a média de 5, a mediana de 2 e o desvio médio de4,8 7 . O sexo masculino (41 ‐57,8%), feminino (23 ‐32,4%) e desconhecidos (07 ‐9,8%). Ascategorias diagnósticas a prematuridade e o aparelho cardiovascular tiveram a mesmaincidência (24 –34%), seguidas do aparelho respiratório (13 ‐18%), outros (7 ‐10%),ISBN: 978-85-63901-04-0


acometimento do aparelho digestório (2 ‐3%) e sistema nervoso central (1 ‐1%). Conclui‐seque, a maioria dos transportes neonatais realizados pela UNIMINAS é do sexo masculino,com idade média de 05 dias e nas categorias diagnósticas com a mesma incidência porprematuridade e acometimento do aparelho cardiovascular. Fazendo uma alusão a citaçãodo saudoso RATTON 3 “O cuidado intensivo se baseia em um tripé: paciente grave,equipamento altamente técnico e equipe multiprofissional especializada, comconhecimentos e experiência para cuidar e tratar do paciente e manipular a aparelhagem”.Possibilitando desta forma minimizar os riscos do transporte neonatal e contribuir paraque um ‘pequeno’ cidadão cresça com qualidade de vida.Descritores: Transporte de pacientes, Enfermeiro, Neonato.Referências:1.Mendes C, Bettencourt A, Onofre J, Garcia P, Bardeja A. Transporte do RN para a UCINterciária. SPN [base de dados na internet]. Lisboa; 1995 [Acesso em 2010 Out 08].Disponível em: < http://www.lusoneonatologia.net/page/publications/consensus/pt >2.Viana DL, Contim D, Abe ESH, Azevedo SDR, Nascimento AB, Matsushima AK, et al.Manual de Procedimentos em Pediatria. São Paulo: Yendis Editora; 2008.3.Ratton JLA. Medicina Intensiva. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2005.4.Uniminas Transporte Médico de Urgência BH. Procedimentos Operacionais Padrão. Noprelo 2009.5.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária [base de dados nainternet].Brasília (DF): SVS; [acesso em 2010 Out 08]. Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/466_98.htm6.Inosoft RB. Essential of neonatal Transport. [base de dados na internet]. Boston; 2002[Acesso em 2010 Out 08]. Disponível em: www.mgh.Harvard.edu/children/prof/nicutransport.pdf.march20027.Costa SF. Introdução Ilustrada à estatística. 3ª ed. São Paulo: Harbra; 1998.ISBN: 978-85-63901-04-0


CONSTRUINDO AÇÕES EDUCATIVAS DIALÓGICAS AOS ADOLESCENTES ABRIGADOS:PARCERIAS ENTRE UNIVERSIDADE E PROFISSIONAIS DE ABRIGOSPenna, Lucia Helena Garcia 150Carinhanha, Joana Iabrudi 151Soares, Beatriz Yuan 152Fernandes, Gleice Da Silva 153Introdução: O presente projeto (pesquisa e extensão) está inserido no contexto doPROSAD, ECA E PAISM numa parceria entre a Faculdade de Enfermagem da UERJ cominstituições de abrigamentos vinculadas à Secretaria Municipal de Assistência Social/RJ.Pretendemos com esse trabalho desenvolver ações educativas aos jovens adolescentes emsituação de rua que pernoitam e ou que estão acolhidos em dispositivos de abrigamento.Possui como característica pilar as ações educativas junto a esta clientela, tendo comoprincípio a teoria crítica da educação e o cuidar dialógico promotor de educação em saúde.É uma proposta originada de um projeto de pesquisa inicialmente fomentado pelo CNPQpelo edital universal 2008 ‐ Análise da estrutura de apoio à maternidade de adolescentesabrigadas. A partir dele percebemos a necessidade de estabelecer ações de assistência,ensino e outras pesquisas, e com isso, o mesmo se enraizou sendo também desdobradosem campo de estágio para os acadêmicos de graduação em enfermagem da UERJ; projetode extensão e de iniciação científica. Trata‐se da oferta de cuidado a jovens afastados de150Enfermeira Obstétrica. Profª Drª Adjunta do Depto. de Enfermagem Materno‐Infantil e do Programade Mestrado da Faculdade de Enfermagem UERJ.151Enfermeira Obstétrica. Profª Substituta da Faculdade de Enfermagem. Mestre em Enfermagem.152Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio deJaneiro. Bolsista do Projeto153Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio deJaneiro. Monitora de Microbiologia e Imunologia da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj. Voluntáriado ProjetoISBN: 978-85-63901-04-0


suas famílias que fazem das ruas o seu espaço de sobrevivência e cujos laços sociais estãoesgarçados configurando‐lhes uma característica peculiar: ora encontram‐se vivendo nasruas, ora são recolhidos (voluntariamente ou não) em abrigos, ora podem ser ou tentar serre‐inseridos na família. Nesse contexto, destacamos as particularidades em ser uma jovemmulher em situação de abrigamento, qualificando triplamente a vulnerabilidade a que estáexposta: é adolescente, do gênero feminino e estão afastadas de suas famílias, tendovivenciado ou não a situação de viver nas ruas. Em particular, a vulnerabilidade ao agravo asaúde aparece no uso abusivo de drogas psicoativas, gravidez precoce, aborto, agressãofísica, relação sexual desprotegida. O projeto justifica‐se pela ausência de açõesenvolvendo adolescentes abrigados, bem como a escassez de trabalhos de pesquisa acercado assunto. E apresenta os seguintes objetivos em sua proposta: desenvolver açõeseducativas em saúde e consultas individuais e coletivas na perspectiva dialógica e degênero junto aos adolescentes em dois dispositivos de abrigamento vinculados a SMAS/RJ,sendo um da Zona Norte e um da Zona Sul; propor inovações e servir como cenário deconstrução e implementação de parte do conteúdo programático da área de saúde damulher da graduação e pós‐graduação em enfermagem; desenvolver atividadesenvolvendo assistência, ensino, pesquisa e capacitação de profissionais da rede básica desaúde considerando a prática na conjuntura do SUS, da rede de abrigamento e da realidadedos adolescentes em situação de rua; desenvolver estratégias de ensino, assistência emesmo de inserção no mercado de trabalho inovadoras, proporcionando rupturas deparadigmas e despertando nos profissionais práticas educativas e participativas,respaldadas na valorização da clientela como cidadã responsável pelo seu corpo e suasaúde; promover a integração entre universidade, unidades de saúde e clientela com ointuito de servir como cenário para outras pesquisas, auxiliando na construção de novosconhecimentos e tecnologias de assistência (graduação e pós‐graduação – stricto e latosensu). Diante de tais propostas, realizamos uma pesquisa junto aos acadêmicos deenfermagem, apresentada neste momento, quanto a perspectiva destes sobre asISBN: 978-85-63901-04-0


necessidades de saúde dos adolescentes abrigados. A partir de tais avaliações elaboramosas temáticas a serem desenvolvidas nas atividades educativas. Metodologia: A pesquisa foirealizada em uma instituição de abrigamento, localizada na região norte do Rio de Janeiro.Possuiu um caráter de pesquisa participante, pois além de identificar e discutir a visão dosacadêmicos sobre suas perspectivas quanto às necessidades dos adolescentes abrigados,foi realizado pelos mesmos acadêmicos, com supervisão de professores especialista naárea, as ações educativas sobre tais necessidades. Esse trabalho ainda está em processo,sendo a avaliação realizada processualmente, a cada atividade e no final de um ano detrabalho. As ações foram desenvolvidas no período de março de 2010 a julho de 2010. Osrelatórios dos acadêmicos foram feitos durante seus estágios, sendo posteriormenteredigidos e analisados quantitativas e qualitativas. Para análise dos dados qualitativos foirealizado a técnica de análise temática de Bardin (1991) 2 . Pretendemos a cada atividadedesenvolvida realizar reuniões de avaliação processual junto com a clientela, gestores dasunidades, profissionais do abrigo e acadêmicos envolvidos. As avaliações também sãoobjetos de pesquisa, assim como as demais atividades. Resultados: Na visão dosacadêmicos, há uma boa relação entre os adolescentes e os profissionais do abrigo,aparentemente a partir de um trabalho em equipe e de uma motivação pessoal para lidarcom essa clientela. Contudo, para os adolescentes há falta de compreensão e de diálogonessa relação. A capacitação dos profissionais para este trabalho parece não ser suficiente,indicando um possível distanciamento entre teoria e prática. A falta de privacidade dosabrigados também pode ser um fator prejudicial para o convívio social. Há pouca atividaderecreativa e educativa dentro do abrigo, gerando ociosidade que, segundo os própriosadolescentes, pode levá‐los a seguir descaminhos. A equipe técnica do abrigo, por sua vez,apresenta dificuldade para desenvolver tais atividades, dada a grande demandaadministrativa. Os adolescentes mostraram uma necessidade de compartilhar suasexperiências de vida, bem como apontaram a falta de espaços para discussão de suasquestões, quais sejam: sexualidade, violência, drogas; além dos medos, angústias,ISBN: 978-85-63901-04-0


fantasias, desejos. Os principais problemas encontrados foram: uso de drogas, levando arepercussões na saúde física e mental e na sociabilidade; violência interpessoal, sexual, degênero, intrafamiliar e coletiva/social; preconceito na creche/escola; conflitos com a lei ecriminalização; identificação e/ou conflito com traficantes/criminosos; nãoreconhecimento da violência de gênero, psicológica; afastamento da família; fragilidade novínculo entre mãe adolescente e seu filho; gravidez precoce; sexualidade; prostituição,levando a DST’s (tais como sífilis e HIV). Partindo‐se da importância de um trabalho comparticipação destes adolescentes que promova um vínculo calcado na confiança entreusuário e profissional de saúde, foram planejadas ações educativas, uma vez que outrosprojetos de extensão já indicaram a estreita relação entre o cuidado em saúde e aeducação, apontando as atividades educativas como de considerável auxílio namanutenção e recuperação da saúde, ainda que não haja atendimento imediato de saúdepara a população em questão 1,4 . As primeiras ações educativas foram realizadas namodalidade individual e coletiva junto aos adolescentes abrigados e profissionais doabrigo, tendo sempre a participação de acadêmicos (graduação) durante o ano. Possuíramcomo foco principal a saúde reprodutiva e sexual dos adolescentes, assim comoinformações sobre o cuidado com o corpo e os principais agravos à saúde dos adolescentesmais comuns (violência, drogas, DST e outros). Nas atividades educativas foram utilizadastécnicas de sensibilização, criatividade e dinâmicas de grupo. As consultas e o processoensino‐aprendizagem tiveram como base a ação dialógica e a Teoria crítica de PauloFreire 3 . A escolha dos temas foi realizada a partir da demanda dos adolescentes, dosprofissionais do abrigo e dos acadêmicos participantes, de modo que o cronograma incluiatividades que envolvem os seguintes assuntos: o corpo humano (em sua visão biológica esocial); o processo de adolescência; questões sobre sexo e sexualidade; DST’s e prevenção;gravidez e maternidade; e métodos contraceptivos. Considerações finais: Diante dasdemandas identificadas, verifica‐se a importância e necessidade de inserção do enfermeironeste campo, junto aos adolescentes e aos profissionais do abrigo. As ações desenvolvidasISBN: 978-85-63901-04-0


nesse sentido promovem autocuidado emancipatório dos adolescentes e auxiliam osprofissionais na identificação e entendimento das formas de cuidar, elaboradas pelosjovens. De um modo geral, os alunos ficaram satisfeitos e interessados por este novocenário de atuação que lhes foi apresentado. Sentiram‐se mobilizados com as questões devida, bem como com as demandas de cuidado em saúde das crianças e adolescentesabrigados. Puderam reconhecer uma realidade diferente das que estão acostumados avivenciar na graduação, percebendo a possibilidade real, concreta e fértil para odesenvolvimento do cuidado de enfermagem, na perspectiva da integralidade, dahumanização e da cidadania.Descritores: Educação em saúde; saúde do adolescente; assistência de enfermagem.Referências1.Acioli, Sonia. A prática educativa como expressão do cuidado em Saúde Pública. Rev.Bras. de Enfermagem. Brasília, jan/fev 2008; vol.61, n.1.2.Bardin, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 19913.Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra; 1987.4.PENNA, Lucia Helena Garcia; CARINHANHA, Joana Iabrudi and LEITE, Ligia Costa. Aprática educativa de profissionais cuidadores em abrigos: enfrentando a violência vividapor mulheres adolescentes. Rev. Latino‐Am. Enfermagem [online]. 2009, vol.17, n.6, pp.981‐987.5.Santos, U.P.P. David, H.M.S.L. Penna, L.H.G. Adolescentes grávidas e adesão ao prénatal:um estudo exploratório em área urbana. Online Brazilian Journal of Nursing, 2008,vol.7, n.2.ISBN: 978-85-63901-04-0


CONTROLE DA DOR DO RECÉM‐NASCIDO (RN) INTERNADO EM UMA UTI NEONATAL(UTIN)Gabriela Silva Monteiro 154Livian Torezani Ribeiro da Costa 155Angelina Maria Aparecida Alves 156Introdução: O desenvolvimento das unidades de terapia intensiva neonatais temproporcionado uma diminuição da mortalidade de recém‐nascidos (RN), prematuros ounão. Paralelamente à sofisticação dos recursos terapêuticos, um maior número de examese procedimentos invasivos são necessários para garantir a sobrevivência desses neonatos,tendo como custo para o paciente, a dor. No passado acreditava‐se que as vias nervosasdos neonatos não eram suficientemente mielinizadas para transmitir estímulos dolorosos.Esta visão foi refutada por diversas pesquisas que indicam que os recém‐nascidos reagem àdor praticamente da mesma maneira que crianças e adultos. Objetivos: Identificar autilização de mecanismos para prevenir e/ou minimizar a dor do RN ao realizar154Enfermeira graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(2008); pós‐graduada do curso de Especialização em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federaldo Estado do Rio de Janeiro (2010); Enfermeira neonatologista da Clínica Perinatal Barra e do HospitalPasteur. gabyzynhasm@hotmail.com155Enfermeira graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Espírito Santo(2007); pós‐graduada do curso de Especialização em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federaldo Estado do Rio de Janeiro (2010); Enfermeira neonatologista da Clínica perinatal Laranjeiras.156Enfermeira graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(1989), mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1996) e doutora emEnfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Enfermeira da Unidade de TerapiaIntensiva do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro;professora adjunto nível 1 do Departamento de Enfermagem Materno‐infantil da Universidade Federaldo Estado do Rio de Janeiro e professora do Curso de Graduação em Enfermagem da FundaçãoOswaldo Aranha. Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem Neonatal doDepartamento de Enfermagem Materno‐infantil /EEAP / UNIRIO, em parceria com a Clínica PerinatalLaranjeiras.ISBN: 978-85-63901-04-0


procedimentos dolorosos pela equipe multiprofissional de uma UTI neonatal; Analisar osmecanismos utilizados pela equipe multiprofissional da UTI neonatal para prevenir e/ouminimizar a dor do RN ao realizar procedimentos dolorosos. Metodologia: Trata‐se de umapesquisa quantitativa do tipo descritiva, teve como cenário uma UTIN de uma clínicaparticular do município do Rio de Janeiro, que é um centro de referência no atendimentode mães, fetos e recém‐nascidos, antes, durante e depois do parto, inclusive em casos derisco ou emergências. Os sujeitos do estudo autorizaram a coleta de dados medianteassinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde foram explicitados osprincipais itens relativos à pesquisa, objetivos, a ausência de desconfortos e riscos para ossujeitos, bem como a manutenção do sigilo e anonimato, de acordo com a Resolução196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Cabe ressaltar que a presente pesquisa foisubmetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil‐CEP SMSDC‐RJ, sendo aprovada pelo protocolo de pesquisa de nº 66/10. A coleta de dadosse deu por meio de questionário autoexplicativo, com perguntas abertas e fechadas que foientregue pessoalmente ao sujeito de pesquisa onde este escreveu sua própria respostasem período de tempo pré‐determinado. A amostra foi selecionada de forma aleatóriaentre os profissionais envolvidos no cuidado e assistência ao RN internado em uma UTINeonatal. Foram sujeitos da pesquisa: médicos assistentes, enfermeiros, técnicos deenfermagem e fisioterapeutas, sendo critério de inclusão o fato destes profissionais serematuantes na UTI neonatal da clínica escolhida como cenário do estudo e como fator deexclusão o preenchimento incorreto do questionário ou a falta de informação. Osprocedimentos considerados como dolorosos no questionário foram: punção venosa,punção arterial, punção de calcâneo, aspiração endotraqueal, intubação, colocação dedreno de tórax, punção lombar, punção suprapúbica, cateterismo umbilical, retirada deadesivos, limpeza da pele sensível, fisioterapia respiratória e colocação de cateterepicutâneo. Na análise e tratamento dos dados, os categorizamos em tabelas e categoriasde respostas. A identificação, o agrupamento e a interpretação dos resultados obtidosISBN: 978-85-63901-04-0


ocorreram em função dos objetivos propostos, sendo analisados à luz do referencialteórico adotado pelos autores do estudo. Foram realizados cálculos de porcentagemsimples e os resultados obtidos foram analisados levando em consideração as referênciasbibliográficas utilizadas neste estudo. Resultados: No estudo, dos 53 profissionais queresponderam o questionário, 30 são técnicos de enfermagem, 12 enfermeiros, 9 médicos e2 fisioterapeutas, sendo que entre essas categorias profissionais, 69,44% dos médicosafirmam utilizar algum mecanismo de controle da dor, sendo seguidos por 63,33% dostécnicos de enfermagem e 48,61% dos enfermeiros. Entre os fisioterapeutas, nenhumutiliza desses mecanismos. Observamos que o procedimento onde mais se utilizamecanismos para controle da dor é a punção venosa, seguida pela retirada de adesivos.Um dado que chama atenção é a punção de calcâneo, já que, somente 12 participantes doestudo informaram utilizar mecanismos de controle da dor, visto que é um procedimentorealizado por técnicos, médicos e enfermeiros, muitas vezes em torno de 4 vezes por dia.Outro dado que chama atenção é a utilização de glicose oral, realizado por técnicos,enfermeiros e médicos. Conclusão: Apesar da importância clínica do controle da dor noRN, ele continua a ser exposto à dor repetitiva, aguda e prolongada, assim comoobservamos em nossa coleta de dados. Muitas vezes até existe a conscientização dessefato, mas a insegurança em relação ao uso de mecanismos de controle da dor acaba porsubestimar sua real necessidade. Torna‐se, assim, imperativo que a equipe de saúde quetrabalha não somente nas unidades de terapia invasiva neonatais, mas com o RN de modogeral, tome conhecimento sobre a segurança e eficácia desses métodos, de modo apermitir um controle da dor aos RN’s submetidos a procedimentos dolorosos.Palavras chaves: neonatal; enfermagem; dor, recém‐nascido.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências bibliográficas1 Guisnburg R. Avaliação e Tratamento da dor no recém‐nascido. J. Pediatr.(Rio J.)[periódico na internet]. 1999 [acesso em 16 Dez 2009]; 75(3):149‐160. Disponível em:http://www.jped.com.br/conteudo/99‐75‐03‐149/port.pdf2 Campos S. Fisiologia da Dor.[homepage na internet]. São Paulo; 2003 [atualizada em 13Jul 2007; acesso em 16 Dez 2009. Neurologia/Neurociências; [1 tela]. Disponível em:http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias.php?noticiaid=3917&assunto=Neurologia/Neuroci%C3%AAncias3 WONG, Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. Tradução da 7ª edição Rio de Janeiro:Elsevier, 2006.4 Guimarães ALO; Vieira MRR. Conhecimento e atitudes da enfermagem de uma unidadeneonatal em relação à dor no recém‐nascido. Ver. Arq. de Ciênc. da Saúd. (Online)[periódico de internet]. 2008 [acesso em: 17 Jul 2009]; 15(1):9‐12. Disponível em:http://www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol/online.html.5 Reichert APS; Silva SLF; Oliveira JM. Dor no recém‐nascido: uma realidade a serconsiderada. Nursing (São Paulo) [periódico na internet]. 2000 [acesso em: 17 Jul 2009];3(30):28‐30. Disponível em: http://www.nursing.com.br/papers.php?pc=70.6 Santos JA; Procianoy RS; Bohrer BBA; Noer C; Librelato GAS; Campelo JN. Os recémnascidossentem dor quando submetidos à sondagem gástrica? J. Pediatr. [periódico nainternet]. 2001 [acesso em: 17 Jul 2009]; 77(5):374‐80. Disponível em:http://www.jped.com.br/port/index.asp?cod=61&ano=2001&bimestre=5&especial=0&origem=1.ISBN: 978-85-63901-04-0


CRIANÇAS COM HIDROCEFALIA: DIFICULDADES E DESAFIOS INERENTES AO CUIDADOElaine Carininy Lopes da Costa 157Maria Rejane França da Silva 158Reijane de Aquino Veloso 159Introdução A maternidade constitui um momento de extrema importância para o casal,com repercussões para toda a família. Nesse sentido, gastam‐se expectativas, sonhos,fantasias e constroem‐se projetos para acolher o filho, porém ao curso da gestação surgemtemores relacionados ao medo de não saber como cuidar do filho e um temor universal deter um filho com alguma deficiência física evidente. A hidrocefalia é uma das patologiasmais freqüentes na prática da neurologia infantil, sendo caracterizada por acúmulo delíquido cefalorraquidiano (LCR) no interior dos ventrículos cerebrais com conseqüenteaumento da pressão intracraniana (PIC) e dilatação ventricular. Assim, ainda quando assuturas cranianas não se encontram totalmente fechadas verifica‐se um crescimentoacelerado da cabeça (1) . O tratamento da hidrocefalia consiste na implantação de umaválvula no interior do ventrículo que drena o líquido em excesso para o peritônio, essemecanismo constitui a chamada derivação ventrículo peritoneal (DVP). Notadamente oavanço tecnológico contribuiu para o desenvolvimento de medicamentos e aparelhos deúltima geração que aumentaram a sobrevida dessas crianças. Nesse contexto, mesmo forado ambiente hospitalar aquelas necessitam de acompanhamento pela possibilidade deapresentarem algum tipo de dependência crônica. Objetivos Identificar as inquietações edificuldades vivenciadas por mães de crianças com hidrocefalia e conhecer as estratégiasdesenvolvidas por essas mães no enfrentamento da realidade na qual está inserida.157Enfermeira Especialista em Saúde da Família, Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI.158Graduada em Enfermagem, Universidade Estadual do Piauí, Floriano, PI.159Residente em Saúde da Família e da Comunidade, Faculdade de Ciências Médicas, Teresina, PI,reijaneveloso@hotmail.com.ISBN: 978-85-63901-04-0


Métodos Estudo descritivo‐exploratório de natureza qualitativa que atende às exigênciaséticas e científicas fundamentais para pesquisas envolvendo seres humanos de acordo como disposto na resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde tendo sido aprovado apósapreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciência Humanas eTecnológicas (NOVAFAPI), cujo protocolo é o n° 0349.0.043.000‐09. O cenário foi aAssociação de Voluntários e Pais de Crianças Portadoras de Mielomeningocele e/ouHidrocefalia (AMH) em Teresina ‐ Piauí, no mês de novembro de 2009. Os sujeitos foramdez mães de crianças com hidrocefalia. Os dados foram obtidos através de entrevista semiestruturada,segundo roteiro pré‐estabelecido, gravadas em MP4 e, posteriormentetranscritas na íntegra. Utilizou‐se a análise de conteúdo temática. Resultados Observou‐seque o temor natural de não saber como cuidar do filho soma‐se à ansiedade e ainsegurança relacionada ao medo de não saber como cuidar de uma criança comhidrocefalia, tornando esse temor uma das dificuldades enfrentadas pelas mães. Natentativa de enfrentar essa dificuldade as mães tornam‐se dedicadas exclusivamente aocuidado do filho em detrimento da execução de suas atividades habituais. O cuidarmaterno também é marcado pela renúncia. A renúncia de si em prol do outro, o filho. Anecessidade de cuidados de sobrevivência dessas crianças implica uma dedicaçãoincondicional da mulher como cuidadora principal, tornando‐a vulnerável em suadimensão afetiva. A sobrecarga física e emocional constitui uma fonte de estresse quepode repercutir sobre a sua saúde física e mental, visto que aquela se encontra exposta porum período prolongado aos estressores. Qualquer alteração ou estímulo que rompe oestado de equilíbrio do indivíduo constitui um estressor (2) . Quando indagadas sobre asdificuldades para lidar com o filho, as mães freqüentemente demonstraram preocupaçãocom cuidados relativos à higiene da criança, à alimentação e ao medo de machucá‐las. Asmães sentem‐se inseguras durante a execução de atividades como dar banho, ou atémesmo, segurar a criança no colo com receio de machucá‐la. Muitas vezes, é necessário odesenvolvimento de novas habilidades para realizar o banho, pois a maioria das criançasISBN: 978-85-63901-04-0


possui DVP, o que requer um novo aprendizado quanto à técnica de higienização, e issoacaba dificultando a sua realização. Assim, cabe destacar o importante papel daenfermagem no que tange ao fornecimento de orientações e cuidados relacionados àsatividades da vida diária a essas mães que, frente à condição de vulnerabilidade de seusfilhos, necessitam de informações e aquisição de habilidades técnicas no cuidadodomiciliar. Percebeu‐se que a dimensão espiritual do cuidado a essas crianças como modode enfrentamento das adversidades, da desesperança velada e da impossibilidade da curatornou‐se uma constante. Durante o cuidar de uma criança com hidrocefalia, a criançavivencia a experiência de internação hospitalar ao menos uma vez, visto que a implantaçãoda DVP faz‐se necessária ao tratamento, na maioria dos casos. Há também necessidade deinternação hospitalar devido às complicações com a DVP tais como a obstrução, hiper ouhipo drenagem e infecções que além de aumentar a complexidade da demanda decuidados para as mães, ampliam o quadro de morbidade associada (3) . Nesse sentido, háuma necessidade contínua de aliar ao seu estilo de cuidar a prevenção de danos, aminimização de riscos, a vigilância constante dos sinais de perigo associados àmanifestação da condição de base. Ou seja, a fragilidade clínica dessas crianças impõe paratodas as cuidadoras a incorporação do conhecimento científico importante para oreconhecimento das mudanças no quadro clínico que podem fazer a diferença entre a vidae a morte. Dessa forma, a preservação da vida é a principal meta desse cuidado, de modo aatender a necessidade especial de saúde da criança. Há uma desorganização das famíliasem várias dimensões do seu viver para cuidar de uma criança dependente de tecnologiadestacando algumas delas: a emocional, a social, a financeira e o impacto nas atividadesrotineiras. Todas implicam na adoção de inúmeras medidas de readaptação às atividadesdiárias (4) . Assim, é de suma importância o desenvolvimento de modelos de cuidadocentrados nas famílias e que sejam aplicáveis ao cuidado intra e extra‐hospitalar. Notocante à questão financeira reportam‐se dificuldades quanto à limitação de recursos, osquais são insuficientes para custear as suas despesas com alimentação, deslocamento eISBN: 978-85-63901-04-0


material de consumo da criança. Constata‐se também uma mudança expressiva na vidaprofissional das mães. Estas referem que deixaram de trabalhar para cuidar da criança.Observa‐se que, no momento em que os gastos aumentam, é exatamente o momento emque a renda da família diminui com a saída da mãe do trabalho. Apesar de existiremsubsídios para as famílias de doentes crônicos, tais como passe livre municipal e benefíciode prestação <strong>continuada</strong> (um salário mínimo mensal pago às pessoas portadoras dedeficiência), estes não parecem ser suficientes, ou as famílias não preenchem os critériosexigidos. Observou‐se o papel da AMH como um agente facilitador fornecendoorientações sobre a doença, marcando consultas para o seguimento das crianças junto aohospital de referência, disponibilizando alimentos para as famílias, abrigando mães nãoresidentes em Teresina em suas instalações e mobilizando a sociedade através dadivulgação do trabalho desenvolvido pela instituição. Observou‐se ainda que na AMH asmães sentem‐se confortáveis e distantes do preconceito e da curiosidade alheia porquetodos ali presentes convivem com os mesmos problemas. Conclusão O universoemocional que envolve as famílias com filhos que necessitam de atenção e cuidados desaúde adicionais quando comparadas a outras crianças implica o cuidado de enfermagemna valorização da família, através do ouvir, do apoiar e do fornecimento de orientações. Asdificuldades percebidas envolvem aspectos financeiros e de acesso aos serviços de saúde,além do deficiente cuidado diário com a criança tais como a realização do banho, oposicionamento da cabeça, a oferta de alimentos voltados para prevenção de danos àsaúde. Isso causa uma insegurança na cuidadora que tem a responsabilidade de manter‐seconstantemente vigilante, atentando para os sinais de disfunção da válvula. A AMHcontribui no enfrentamento dessa situação no sentido de congregar, no seu espaço físico,outras mães que vivenciam a mesma experiência, atuando como agente facilitador entreas mães e os serviços de saúde, entre aquelas e a comunidade. Assim a vivência maternainserida no contexto de ter um filho com hidrocefalia passa por uma alteração gradual,marcada por sentimentos diversos seguidos por um processo de reorganização familiar eISBN: 978-85-63901-04-0


social. Implicações para a enfermagem Aponta‐se a necessidade do desenvolvimento demodelos de cuidado centrados nas famílias, aplicáveis ao cuidado intra e extra‐hospitalar eque sejam baseados no processo de acolhimento e de escuta, proporcionando a inclusãodo cuidador no plano terapêutico, sempre que possível.Descritores: Hidrocefalia; Mães e filhos; EnfermagemReferências:1. Fonseca LF, Pianetti G, Xavier C. Compêndio de Neurologia Infantil. Rio de Janeiro:Médica e Científica ltda; 2002.2. Smeltzer SC, Bare B. Tratado de enfermagem Médico‐Cirúrgica. 9ª ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan; 2002. v. 4.3. Venier ETN. O emponderamento de cuidadoras de crianças com necessidades especiaisde saúde: interfaces com o cuidado de enfermagem [tese de doutorado]. Rio de Janeiro(RJ): Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade federal do Rio de Janeiro; 2007.173p. Disponível em: Acessoem: 20/11/094. Leite, NSL, Cunha, SR. A família da criança dependente de tecnologia: aspectosfundamentais para a prática de enfermagem no ambiente hospitalar. R. Enferm., Rio deJaneiro, ano 11, v. 1, p.92–97, marc., 2007. Disponível em: . Acesso em: 13/12/09. CDTISBN: 978-85-63901-04-0


CUIDADO AO RECÉM‐NASCIDO PREMATURO NA PERSPECTIVA DA REORGANIZAÇÃOCOMPORTAMENTAL – UM OLHAR DE ENFERMAGEMFernanda da Silva FontesBenedita Maria Rego Deusdará RodriguesSandra Teixeira de Araújo PachecoIntrodução: Os prematuros são recém‐nascidos com idade gestacional inferior a 37semanas e de acordo com o peso de nascimento, podem ser classificados como prematurode baixo peso, de muito baixo peso e/ou de extremo baixo peso 1 . Em decorrência daprematuridade, o recém‐nascido apresenta diversas características clínicas que, na maioriadas vezes, o faz necessitar de uma assistência em unidades de terapia intensiva neonatal(UTIN). Entendendo que o cuidado prestado pelo enfermeiro na UTIN deva ser realizado deforma humanizada, e que ele precisa estar atento e instrumentalizado para reduzir danos,tais como: estresse, dor, alterações fisiológicas e comportamentais 2 que podemcomprometer o bem‐estar deste pequenino, objetivou‐se neste estudo, identificar se osenfermeiros conhecem os sinais de estresse que o recém‐nascido prematuro podeapresentar durante a realização do banho ou higiene corporal e descrever quais oscuidados que o enfermeiro realiza frente a estes sinais de estresse com vistas àreorganização comportamental deste bebê. Metodologia: Estudo de natureza qualitativa,aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HUPE: 2694/2010), desenvolvido em umaUnidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital Universitário, localizado nomunicípio do Rio de Janeiro, com doze enfermeiros que participam do cuidado direto arecém‐nascidos prematuros. O instrumento de coleta utilizado foi à entrevista semiestruturada,pois essa técnica oferece perspectivas possíveis para que o entrevistadoalcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação 3 . Todosassinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), no qual foram respeitadosISBN: 978-85-63901-04-0


os preceitos éticos constantes na Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde.Resultados e discussão: Para análise dos resultados foi adotada a análise de conteúdo namodalidade temática, visto que ela se caracteriza como um conjunto de técnicas de análisede comunicações que permite a interferência de conhecimentos relativos às condições depercepção das mensagens 4 . Dessa forma, originaram‐se 02 grandes categorias: Categoria1: Conhecendo os sinais de estresse do RN prematuro durante a realização do banho ouhigiene corporal e Categoria 2: Realizando cuidados com vistas à reorganizaçãocomportamental do RN prematuro. A categoria 1 foi subdividida em 03 (três)subcategorias: Subcategoria 1: Identificando os sinais de alterações do sistema autônomo;Subcategoria 2: Identificando os sinais de alterações do sistema motor e Subcategoria 3:Identificando os sinais de alterações dos estados e atenção do RNPT. Na subcategoria 1, osentrevistados identificaram como sinais de estresse, aqueles relacionados às alterações dosistema autonomo: pele moteada, aumento da freqüência cardíaca, aumento dafreqüência respiratória e queda da saturação. Apesar dos enfermeiros entrevistados teremapontados estes sinais, que também foram encontrados na literatura cientifica, outrossinais de estresse relacionados ao sistema autônomo não foram citados por essesprofissionais, tais como: bocejos, soluços, tosse, espirros, pele pálida, pele mosqueada,pele pletórica e ainda, distensão abdominal, intolerância alimentar, vômitos, engasgos eevacuações 5 . Na subcategoria 2, os enfermeiros identificaram como sinais de estresseaqueles relacionados ao sistema motor: abertura das mãos com espaçamento dos dedos ehipotonicidade motora das pernas e braços. Embora esses sinais contemplem o aspectoabordado, eles tornam‐se ínfimos diante do que a literatura sugere, visto que o RNPT podetambém apresentar, tais como: flacidez das extremidades, face, corpo, hipertonicidademotora das pernas, braços, arqueamento do tronco, extensão da língua, franzimento datesta, ações protetivas, como mão na face, mãos fechadas, hiperflexão do tronco eextremidades 5 . Com relação aos achados da subcategoria 3, os enfermeiros identificaramtambém como sinais de estresse aqueles relacionados às alterações dos estados e deISBN: 978-85-63901-04-0


atenção do recém nascido: choro e a agitação da criança durante o banho ou higienecorporal. Entretanto, além destes, a literatura científica também aponta o sono difuso ouleve, resmungos, olhar vago, alerta com face de pânico ou preocupação, oscilações rápidasnos estados e irritação como sinais de estresse no RNPT 5 . Com relação à segunda grandecategoria, ela também foi dividida em 03 (três) subcategorias: Subcategoria 1: Realizando asucção não nutritiva; Subcategoria 2: Reorganizando a postura corporal do RN eSubcategoria 3: Realizando medidas de termoregulação. Na subcategoria 1, os enfermeirosapontaram a realizaçãdo da sucção não nutritiva como medida de intervenção paraminimizar o estresse do prematuro durante o banho ou higiene corporal. A sucção nãonutritiva é considerada uma das estratégias do cuidado de enfermagem que minimizam ainquietude do bebê, já que ela pode ser efetiva na redução do choro em bebês pré‐termodurante um procedimento e colaborar na indução do sono, favorecendo a ativação dosmecanismos de homeostase 6 . Na subcategoria 2, 08 (oito) dos 12 (doze) enfermeirosentrevistados referiram reorganizar posturalmente o RNPT através da contenção facilitada,do uso de coxim, do enrolamento, e do alinhamento. Já na subcategoria 3, foi apontadopelos enfermeiros, a realização de medidas de termoregulação como forma de minimizar oestresse do RNPT. No banho do prematuro em incubadora ou berço aquecido devem‐seevitar perdas calóricas por evaporação, e àqueles que apresentam instabilidade térmica,essa técnica é executadas com bolas de algodão, somente quando a sua temperaturacutânea ou axilar estiver acima de 36,1ºC e 36,5ºC, respectivamente 7 . Conclusões: concluiseque os profissionais de saúde que fizeram parte da população alvo do presente estudo,identificam alguns sinais de estresse no RNPT e realizam alguns cuidados de enfermagempara minimizar estes sinais. Na perspectiva do cuidado desenvolvimentista, as ações deenfermagem têm muito a contribuir no processo do cuidado e de preservação do bemestar do prematuro da UTI Neonatal, pois além do conhecimento científico, a equipe deenfermagem carrega em seu cuidado, uma atenção ao outro que gera um calor humanoinsubstituível no tratamento. Frente aos achados do estudo em tela, sugere‐se que naISBN: 978-85-63901-04-0


formação acadêmica do enfermeiro sejam acrescidos conteúdos programáticos quebusquem contemplar a temática da reorganização comportamental do RNPT. No que tangea prática profissional dos enfermeiros, é importante que eles valorizem em sua práticaassistencial, não só os aspectos técnicos que permeiam a prática da assistencia na UTIN,como também, as questões que visam atender às demandas subjetivas manifestadas pelosrecém‐nascidos. Além disso, faz‐se necessário que os enfermeiros participem de cursos deatualização e reciclagem acerca das temáticas de assistência aliada à reorganizaçãocomportamental do RN. Conclui‐se que, surge a necessidade de se utilizar nessas unidadesde saúde, instrumentos de trabalho que contribuem para a avaliação no que se refere aomanejo, antes, durante e após os cuidados de enfermagem. A idéia é que os profissionaisatentem para a tolerância do prematuro por ocasião destes manuseios, visando sempre abusca do equilíbrio entre os seus sistemas, fisiológico e comportamental.Referências:1‐ WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Public health aspects of low birth weight.Geneva, 1961 (Technical Resport, Series, 217).2‐ ROLIM, K.M.C, CARDOSO, M.V.L.M.L. O discurso e a prática do cuidado ao recémnascidode risco: refletindo sobre a atenção humanizada. Rev Latino‐am Enfermagem.janeiro‐fevereiro, v.14, n.1, p.85‐92, 2006.3‐ TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa emeducação. São Paulo: Atlas, 1992.175p.4‐ BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004. 223p.5‐ TAMEZ, R.N; SILVA, P.J.M. Enfermagem na UTI Neonatal. Assistência de alto risco. 3a ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.6‐ STEVENS, B.; GIBBINS, S.; FRANK, L.S. Treatment of pain in the neonatal intensive careunit. Pediatric Clinics of North America. 47(3):633‐650, 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


7‐ MERIGHI, M.A.B. Assistência de enfermagem ao prematuro: alguns procedimentosbásicos. Rev Esc Enf, v.19, n. 3, p. 231‐237, 1985.Descritores: recém‐nascido, enfermagem, prematuro.ISBN: 978-85-63901-04-0


CUIDADOS COM A PELE DO RECÉM NASCIDO: RELATO DE EXPERIÊNCIALeandra Maria Messias de Souza 160Luiza Cusinato 161Marília Inês Magalhães Rios 162Regiane Pereira Martins Lima 163Introdução Como enfermeiras em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) queé uma unidade que se destina a cuidados com recém‐nascidos de alto risco, a tecnologiacontribuiu para uma mudança radical em seu cenário, a de possibilitar prognósticosmelhores, para uma população que a muito, contava apenas com a sorte e com oenvolvimento de muitos os profissionais em seus cuidados1, percebemos a pele como umtecido que necessita de atenção. A população atendida na UTIN é 100% composta porrecém‐nascidos (RNs), que estão ali por diferentes motivos, tais como: prematuridade,seguido por baixo peso; desconforto respiratório; mal formações congênitas; pré e pósoperatórios;cardiopatias; asfixia perinatal; sepse, entre outros1. Lembrando que o recémnascidoé o concepto expulso do organismo materno2, que pode ser classificado de acordocom a idade gestacional e peso, e que estas informações são de suma importância para aequipe multiprofissional, uma vez que isso estará relacionado às condições do recém160Enfermeira Autora e Relatora Residente do Primeiro Ano de Residência em Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas/Hospital e Maternidade CelsoPierro, graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo161Enfermeira Residente do Primeiro Ano de Residência em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal daPontifícia Universidade Católica de Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro, graduada pelaUniversidade Federal do Triângulo Mineiro162Enfermeira Residente do Segundo Ano de Residência em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal daPontifícia Universidade Católica de Campinas/Hospital e Maternidade Celso Pierro, graduada pelaPontifícia Universidade Católica de Campinas163Mestranda de Gerenciamento em Enfermagem – USP, Preceptora da Residência em Unidade deTerapia Intensiva Neonatal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Enfermeira do Serviço daQualidade do Hospital e Maternidade Celso Pierro – PUCISBN: 978-85-63901-04-0


nascido, prevalência de patologias e a necessidade de dispensar cuidados específicos paracada determinada população. O desafio é o cuidar do recém‐nascido (RN) de formahumana e individualizada, independente de sua idade gestacional e peso de nascimento,que envolve muito mais do que conhecimentos e habilidades técnicas. Envolve o toque, omanuseio, a interação e comunicação com o recém nascido1. Nesse conceito, a pele atuacomo uma interface entre o meio ambiente e o meio interno e possui funções especiaispara a sobrevivência do ser humano. Como vários procedimentos podem levar à quebradesta barreira protetora, é importante o cuidado com esta membrana que representa aonascimento cerca de 13% da superfície corporal. Por sua constituição, a pele do RN,principalmente a do prematuro, pode facilmente sofrer lesões. Para evitá‐las, algumasintervenções de enfermagem são necessárias tais como: manter a integridade da pele;prevenir injúria física e química; minimizar a perda insensível de água; manter atemperatura estável; prevenir infecções e proteger a pele do recém nascido quanto àabsorção de agentes tópicos1. Como os neonatos prematuros são mais suscetíveis acontrair infecção por causa da imaturidade da barreira epidérmica, da deficiência dosistema imunológico, da imunorregulação e da diminuição dos peptídeos antimicrobiais, oestudo sobre os cuidados de Enfermagem com a pele de recém nascido pré termo (RNPT)tem relevância. Conforme a literatura, 80% dos RNs desenvolvem alguma injúria na peleaté o primeiro mês de vida, sobretudo os prematuro1. Com os achados chegamos àseguinte reflexão: apesar da importância da pele para a sobrevivência do RNPT, poucasvezes ela é foco de atenção numa UTIN, pois nesta os cuidados estão voltados aos outrossistemas orgânicos considerados vitais. A pele só começa a despertar preocupação em facede problemas como piodermite, ferida, ressecamento, prurido, edema e alteração de cor.Essas lesões alteram a microbiota, favorecem as infecções, aumentam a absorção deprodutos químicos, a perda de água, de sangue e de fluidos corpóreos. Enfim, causamdesconforto, prolongam a internação do recém nascido e a angústia da mãe1. ObjetivosAnalisar as possibilidades de cuidados e intervenções com a pele dos recém nascidos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Metodologia Relato de experiência sobre as possibilidades encontradas na literatura,livros, periódicos e anais da Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Campinas epesquisa eletrônica na base de dados: Medline, Bireme e Scielo, sobre os cuidados eintervenções com a pele dos recém nascidos. Resultados Os cuidados com a pele dosrecém nascidos encontrados são, com relação à manutenção da temperatura e a umidadedo ambiente, por meio de incubadoras e lubrificação com óleos emolientes, tais comoPetrolato, Girassol e Canola, na rotina das UTIN, demonstram auxílio na funcionalidade dapele do prematuro. A aplicação de óleo duas vezes por dia nas primeiras duas semanas devida (período que ocorre a maturação da camada mais externa da pele, o extrato córneo)na pele do RNPT com IG inferior a 33 semanas de vida, momento que inicia odesenvolvimento desta camada, revelam resultados expressivos, como a redução dosepisódios de sepse e incidência de meningite. Óleos á base de Petrolato (Aquafor ouBacitracina) possuem amplo potencial cicatrizante, promovem uma cobertura semioclusivana pele, permitindo a permeabilidade gasosa; tendo como resultado a migraçãodos queratinócitos para o interior da matriz da ferida, evoluindo surpreendentemente apósaproximadamente cinco dias do início da terapêutica3. O banho é procedimento diário ede rotina nas UTIN, e a literatura considera ser um procedimento desnecessário, e contraindicado em RN prematuros. Assegura há necessidade de higienizar somente a área dosgenitais, com água morna e sabão neutro, porém a pele do recém‐nascido prematuro compeso inferior a 1.500g, a higiene deve ser efetuada somente com água, pois nestes RNs afragilidade da pele, principalmente no fator nutrição/hidratação, é considerada duas vezesmaior que a de RN com peso de 1.800g. Com este cuidado, é possível garantir amanutenção da integridade da pele, deixando inalteradas suas propriedades de barreira(manto ácido), a termorregulação, funções metabólicas e controle dos dados vitais1. O RNa termo tem a superfície da pele alcalina. Após 4 dias o pH cai, constituindo um mantoácido de proteção que deve ser preservado. Cuidados diários como banho podem alteraresse manto ácido e aumentar o risco de desenvolvimento de infecções, alergias, eISBN: 978-85-63901-04-0


sensibilização por agentes tópicos5. O uso de soluções cutâneas para anti‐sepsia, fixaçãoou remoção de adesivos para suporte à vida e aparelhos de monitorização, realização deprocedimentos invasivos, como punções venosas ou arteriais, são os grandes vilões nocuidado com a pele4. Os adesivos devem ser mantidos na pele por pelo menos 24 horas,exceto na necessidade de refixação por despreendimento do adesivo anterior ou data devalidade do material, como sonda gástrica. Destaca que os eletrodos de monitor cardíacodemandam remoção somente quando não estiverem funcionantes, e na certeza de queestes não serão mais necessários. O uso de óleos, comumente encontrados e utilizados porestas unidades na remoção adesiva, é contra indicado pelo risco de absorção e toxicidade,assim como a aplicação tópica de tintura de beijoim, que acrescenta o risco de lesão dapele na retirada do adesivo6. Conclusão Foi possível verificar que a literatura sobre o temaainda é escassa, e que a comunidade científica busca desenvolvê‐la. A prevenção é a maioraliada ao cuidado com a pele do recém nascido, pois uma vez instalada a lesão, ficaevidente o comprometimento do cuidado dispensado àquele recém nascido. Cabe asunidades neonatais o desafio de desenvolverem práticas que atenuem os agravos à pele eincorporar a prevenção em seus procedimentos habituais. A mensuração dos resultados ea divulgação dos mesmos para a comunidade científica para que estes sejam questionadose aprimorados, fazendo com que os cuidados dispensados à pele seja compreendido comovital para o prematuro.Descritores: enfermagem; unidade de terapia intensiva neonatal; pele.Referências Bibliográficas1. Rolim KMC, Linhares DC, Rabelo LS, et al. Cuidado com a pele do recém‐nascido prétermoem unidade de terapia intensiva neonatal: conhecimento da enfermeira. Rev. Rene.Fortaleza. 2008 Dez; 9: 107‐115.ISBN: 978-85-63901-04-0


2. Jacomo AJD. Assistência ao Recém Nascido: Normas e Rotinas. São Paulo: Atheneu;1998.3. Martins, CP, editor. A pele do recém nascido prematuro sob a avaliação do enfermeiro: ocuidado norteando a manutenção da integridade cutânea [trabalho de conclusão decurso]. Campinas: 2003.4. Hahn LP. Pele do recém‐nascido prematuro [monografia]. Curitiba: Departamento dePediatria do Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná; 2001.5. Nepomuceno LMR. Avaliação do indicador de qualidade “integridade da pele do recémnascido”como subsídio para a capacitação do pessoal de enfermagem [dissertação]. SãoPaulo: Universidade de São Paulo; 2007.6. Donice MG. A espiritualidade do contato “a massagem bioenergética neonatal de EvaReich, como promoção da saúde e como prevenção da biopatia”. Rev Intern Anima CorpoPsicolSomática 1997.ISBN: 978-85-63901-04-0


CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA COM AMIOTROFIA ESPINHAL TIPO I NAUNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: UM ESTUDO DE CASOCUIDADOS DE ENFERMERÍA PARA NIÑOS CON AMIOTROFIA ESPINAL TIPO I EN LAUNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS: UN ESTUDIO DE CASO.NURSING CARE FOR CHILDREN WITH TYPE I SPINAL MUSCULAR ATROPHY IN INTENSIVECARE UNIT: A CASE STUDYAriane Carolina dos Santos MarinsAline Verônica de Oliveira GomesCatarino, D. L.Resumo: Estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo estudo decaso, cujos objetivos são descrever o caso clínico de uma criança portadora de AmiotrofiaEspinhal Progressiva Tipo I; identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem;estabelecer as intervenções de enfermagem relacionadas a cada diagnóstico identificado.O estudo foi realizado com um lactente internado na Unidade de Pacientes Graves doInstituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ). A coleta de dadosfoi realizada através de buscas constantes no prontuário. O referido trabalho foi aprovadopelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFF/FIOCRUZ sob protocolo de n° 0039/10. Foramelaborados quinze diagnósticos de enfermagem com suas respectivas intervenções.Estudos como esse promovem a reflexão do profissional enfermeiro sobre a prática docuidado de enfermagem voltado ao lactente portador de amiotrofia espinhal tipo I.Palavras‐chave: Atrofia muscular espinal. Cuidados de enfermagem. Lactente.ISBN: 978-85-63901-04-0


2. INTRODUÇÃOAs amiotrofias espinhais progressivas constituem as doenças degenerativas letaisde origem genética mais comum do sistema nervoso central, e a segunda doençaautossômica recessiva mais freqüente, depois da fibrose cística, sendo a estimativa,aproximada, de um caso em dez mil nascimentos 1 .É de grande importância, que o profissional de enfermagem ofereça apoio aospais destes pacientes, explicando sobre a anomalia, o tratamento e prognóstico.A criança gravemente enferma, com fraqueza muscular progressiva, necessita decuidados intensivos de enfermagem, como aspiração de VAS, tubo endotraqueal outraqueostomia, administração de medicamentos, mobilidade física, entre outros.Entretanto, o objetivo subjacente do tratamento deve ser ajudar a criança e a família alidar com a doença em progressão, buscando uma qualidade de vida, nos limites dascapacidades da criança 2 .É importante ressaltar que as crianças com amiotrofia espinhal progressiva sãointelectualmente normais, devendo ser estimuladas de forma verbal, tátil e auditiva, sendoestes aspectos importantes ao desenvolvimento.Não podemos nos esquecer que os pais de uma criança cronicamente enfermaprecisam de apoio emocional para o enfrentamento das complicações que essa doençaprovoca, devem ser treinados com relação aos cuidados com a criança, ainda no ambientehospitalar, e precisam ser orientados a respeito da assistência domiciliar. Além disso, ospais que não procuraram aconselhamento genético são encorajados a fazê‐lo para avaliarriscos potenciais adicionais 2 .Desta forma, o estudo contribuirá para aprofundar os conhecimentos sobre ocaso, sendo fundamental na condução do planejamento da assistência a este lactente.1.1 ObjetoCuidados de enfermagem à criança com Amiotrofia Espinhal Progressiva Tipo I.ISBN: 978-85-63901-04-0


1.2 Objetivos• Descrever o caso clínico de uma criança portadora de Amiotrofia EspinhalProgressiva Tipo I;• Identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem no caso supracitado;• Estabelecer as intervenções de enfermagem relacionadas a cada diagnósticoidentificado.2. REFERENCIAL TEÓRICO2.1. Amiotrofia Espinhal Progressiva Tipo I: uma descrição geral da doençaO caso descrito nesse estudo apresenta uma criança que iniciou odesenvolvimento da doença aos quatro meses de vida e evoluiu com gravecomprometimento respiratório e motor, sugerindo AEP infantil ou síndrome de Werdning‐Hoffmann.A amiotrofia espinhal progressiva tipo I, AEP infantil ou doença de Werdnig‐Hoffmann consiste na forma mais grave das AEP’s, sendo um distúrbio caracterizado porhipotonia, em que a criança torna‐se incapaz de sentar‐se sem apoio 1 .Esta doença genética inicia‐se antes dos seis primeiros meses, caracterizando‐sepor grave comprometimento motor e respiratório e, geralmente, não sobrevivem após ostrês anos 3 .Essa doença caracteriza‐se, ainda, por fraqueza muscular progressiva ehipertrofia dos músculos esqueléticos causada por degeneração das células dos neurôniosmotores do corno anterior da medula espinhal 2 .Na maior parte dos casos, a sensibilidade cutânea, sensório, esfíncteres einteligência são preservados, sendo que os pacientes que atingem faixas etárias maioresficam completamente imobilizados 4 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Cerca de 95% dos afetados apresentam o início dos sintomas por volta dosquatro meses de idade. Dessa forma, as crianças com AEP infantil podem apresentar: chorofraco, sucção e deglutição deficientes; acometimento dos músculos faciais, pelo processode denervação, resultando em uma face inexpressiva, embora apresentem olhos alertas eresponsivos; a cabeça tende a cair para um lado, devido à falta de sustentação; podemevoluir, ainda, com dificuldade respiratória, relacionada ao comprometimento progressivoda musculatura torácica 1 .A progressão do quadro clínico é rápida e a pneumonia é a causa mais freqüentede óbito. Além disso, a sobrevida média é de 7 meses, e 95% das crianças morrem antes decompletar 18 meses de idade. Raramente essas crianças sobrevivem além dos doisprimeiros anos de vida 1 .Além disso, quanto mais precoce o início, mais disseminada e grave é a fraquezamotora e o distúrbio pode ser manifestado logo ao nascimento e quase sempre antes dosdois anos de idade 2 .Sendo a AEP herdada com um traço autossômico recessivo, o risco de recorrênciapara os pais de uma criança afetada é de 25% nas futuras gestações do casal 1 . Dessa forma,a prevenção de novos casos dessa doença deve ser realizada por meio do aconselhamentogenético dos casais em risco e o diagnóstico pré‐natal.2.1.1 Avaliação diagnósticaO diagnóstico da amiotrofia espinhal progressiva é dado pelo quadro clínico e porexames complementares: dosagem sérica da creatino‐quinase (invariavelmente normal naAEP I), eletroneuromiografia, biópsia muscular e investigação genética, sendo estes,importantes para a investigação e o diagnóstico clínico 3 .Vale ressaltar que, o diagnóstico pré‐natal pode ser obtido através da análise deDNA obtido após punção de vilo corial (cuidado para não sofrer contaminação com célulasISBN: 978-85-63901-04-0


maternas – falso‐negativo), coletado entre a 10º e a 12º semana de gestação, sendopossível fornecer o resultado em 3 a 5 dias 1 .Entretanto, só é possível oferecer o diagnóstico pré‐natal de certeza quando opropósito apresentar deleção do exon 7 ou do exon 8 1 . Assim, se for observada no feto amesma deleção do propósito, a probabilidade de o feto ser afetado é maior que 95%. Se,no feto, não houver deleção, ele será normal com 100% de certeza.2.2 Co‐morbidades: pneumonia e varicelaA criança deste estudo de caso apresentou um quadro clínico grave que incluíacomo co‐morbidades, a pneumonia e a varicela.2.2.1 PneumoniaEm relação à pneumonia, quando a lactente foi admitida, a mesma estavainternada em outro hospital por um mês, além de ter sido entubada, o que predispõe aoacometimento de pneumonia nosocomial. Além disso, as crianças com AEP possuemcomprometimento respiratório e a pneumonia é a principal causa de morte.A pneumonia é comum na infância e pode ocorrer como uma doença primária oucomo uma complicação de outra enfermidade 2 .É importante ressaltar que a pneumonia pode estar associada ao uso daventilação mecânica, sendo uma forma de pneumonia hospitalar com altas taxas demortalidade em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além disso,pacientes entubados e criticamente enfermos, têm um risco particularmente elevado dedesenvolver infecção como a pneumonia nosocomial 5 .Outro fator que predispõe ao desenvolvimento de pneumonia consiste no usode bloqueador H 2 como profilaxia de úlcera por estresse prescrita às crianças em cuidadosintensivos e devido ao uso prolongado de ventilação mecânica, o que aumenta o risco dedesenvolver sangramento gastrointestinal 5 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Sendo assim, a criança deste estudo apresentava vários fatores de risco para apneumonia como a entubação e aspiração endotraqueal, ventilação mecânica prolongada,internação em unidade de terapia intensiva e uso de antihistamínico.2.2.2 VaricelaCom a imunização, a incidência de doenças infecto‐contagiosas na infância foireduzida significativamente e suas complicações são tratadas com antibióticos eantitoxinas. Entretanto, o enfermeiro precisa ter conhecimento a respeito dodesenvolvimento dessas doenças, a fim de diagnosticar precocemente e instituir oscuidados necessários.A lactente, durante a sua internação na UPG, continuou com o tratamentoiniciado no hospital de origem, que consistia no uso de antiviral, por via endovenosa.A varicela é uma doença que sofreu profunda mudança de imagem, pois eraconsiderada, anos atrás, como uma doença benigna da infância. No entanto, hoje, ela éconsiderada um sério problema que se agrava com o passar do tempo 6 .Essa doença contagiosa é causada pelo vírus Varicela‐Zoster e caracteriza‐se pelapresença de febre e vesículas disseminadas em todo o corpo, que evoluem para crostas atéa cicatrização. Sua transmissão ocorre de pessoa a pessoa através do contato direto com aslesões de pele e por disseminação aérea de partículas virais (aerossóis) 7 . O período demaior transmissibilidade inicia‐se dois dias antes dos aparecimentos das vesículas eperdura enquanto houver vesículas. O período de incubação é, em média, de 14 a 16 dias(varia de 2 a 3 semanas) 7 .A vacina contra a varicela é uma vacina de vírus vivo atenuado, da qual existemtrês apresentações comerciais no Brasil, que utilizam a cepa atenuada original japonesaconhecida como cepa Oka.Dessa forma, essa co‐morbidade que a criança do estudo apresentou naadmissão na UPG exigiu cuidados de enfermagem com relação à administração deISBN: 978-85-63901-04-0


medicamentos, cuidados com a pele e com as lesões, medidas de precaução de contato ede aérea, dentre outros. Além disso, as demais crianças que estavam internadas nessesetor, sem história prévia de varicela e sem vacinação, foram então vacinadas.3. METODOLOGIATrata‐se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, dotipo estudo de caso que consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucosobjetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento 8 .Além disso, essa pesquisa é qualitativa por se desenvolver numa situação natural,possuir dados descritivos e ter um plano aberto e flexível, com foco na realidade de formacomplexa e contextualizada 9 .Sendo assim, foi aplicado o método Estudo de Caso nesta pesquisa com afinalidade de descrever um caso específico, sendo este uma síndrome rara, em um hospitalterciário de referência, a partir de um levantamento de informações que foram analisadosde forma detalhada e aprofundada, contribuindo na ampliação dos conhecimentoscientíficos e tornando um estudo de referência para outros casos.O sujeito do estudo foi uma lactente, portadora de Amiotrofia EspinhalProgressiva Tipo I, internada na Unidade de Pacientes Graves (UPG) do IFF/FIOCRUZ, nacidade do Rio de Janeiro.A partir da análise destes dados, foi desenvolvido o processo de enfermagem queconsiste em um método sistemático de prestação de cuidados humanizados com oenfoque para a obtenção de resultados desejados de modo sistematizado 10 .O processo de enfermagem é constituído de Histórico, Diagnóstico eIntervenções. É importante ressaltar que, os dados foram obtidos através da análise doprontuário e os diagnósticos identificados a partir da realização do exame físico eelaborados baseados nas definições e classificações da North American Nursing DiagnosisAssociation (NANDA) 11 . Além disso, a revisão de literatura foi realizada através de consultasISBN: 978-85-63901-04-0


em livros, Biblioteca Virtual de Saúde, e outros artigos científicos.Considerando os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos 12 , com autilização de dados no prontuário 13 , foi utilizado um termo de compromisso de utilizaçãode dados, garantindo à instituição a divulgação dos dados coletados, preservando aprivacidade do paciente. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do InstitutoFernandes Figueira e tem como número de protocolo: 0039/10.4. RESULTADOS4.1 Descrição do CasoA. C. L. G., lactente com 1 ano e 11 dias, sexo feminino, foi admitida na Unidadede Pacientes Graves (UPG) no dia 06/10/2007, proveniente de um hospital público domunicípio da Baixada Fluminense. A lactente foi admitida, com o quadro de atrofiamuscular, pneumonia, insuficiência respiratória e varicela, através de ordem judicial, pois ohospital de origem não possuía Unidade de Terapia Infantil (UTI). Portadora de AmiotrofiaEspinhal Progressiva (AEP). A lactente foi admitida na UPG, sendo ventilada com ambú emTubo orotraqueal (TOT) com escape significativo, sem expansão torácica adequada,murmúrios vesiculares ausentes à esquerda, baixa saturação de oxigênio (O 2 ), perfusãoruim, sendo então iniciado ventilação mecânica invasiva (VMI). Sinais vitais: temperaturaaxilar.=37ºC, Freqüência Cardíaca =130 batimentos por minuto, Pressão Arterial =130x87(103) mmHg. Glicemia capilar=102 mg/dl. Apresentava apenas movimentos oculares, semnenhum outro movimento corporal. Suas pupilas estavam isocóricas e fotorreagentes.Havia lesões cutâneas significativas, tanto de monilíase em pescoço e períneo, quanto devaricela. Relato no hospital de origem de plaquetopenia . Foi puncionado acesso venosoprofundo em veia jugular. Coletados hemograma, coagulograma, Proteína c‐reativa,bioquímica, Elementos Anormais do Sedimento, imunoglobulina, hemocultura,urinocultura, aspirado traqueal, prova cruzada, gasometria.ISBN: 978-85-63901-04-0


4.2 AnamneseC. L., mãe de A. C. L. G., Gesta III, Para III, Aborto 0, realizou o pré‐natal (6consultas); grupo sangüíneo A+; parto cesáreo. Seu primeiro filho não possui a AEP, sendoeste de pai diferente. No entanto, sua segunda filha, faleceu com 1 ano e 1 mês por AEP,sendo diagnosticado aos 6 meses, e sendo esta do mesmo pai da criança em estudo.A. C. L. G. nasceu no dia 25 de setembro de 2006, em um hospital público dePernambuco, com oito meses e uma semana, pois a mãe apresentou pré‐eclâmpsia; sexofeminino; apgar: 10/10; peso: 3425g; comprimento: 49 cm; perímetro cefálico: 35 cm;perímetro torácico: 34 cm; grupo sangüíneo A+. Começou a apresentar sinais de AEP aosquatro meses de vida, porém sem acompanhamento periódico. Foi internada, aos seismeses, com bronquiolite, por uma semana. Ficou internada no hospital de origem desde06/09/2007 por insuficiência respiratória, sendo entubada, extubada acidentalmente ereintubada, além de ter sido submetida à antibioticoterapia com cefepime, ceftriaxone,meropenem e aciclovir, manteve parâmentros ventilatórios de 30x4x0,8x30 e foihemotransfundida no dia 05/10/07 (15ml/Kg). Possui o calendário de vacinaçãoincompleto, faltando a Tríplice Viral, que deveria ter sido administrada com 1 ano. Noentanto, a anti‐pólio, a Difteria Tétano e Coqueluche e a Hepatite B estão completas.No dia 06/10/07 foi admitida na UPG, com ordem judicial, com o quadro clínicode atrofia muscular, pneumonia, insuficiência respiratória e varicela. Examesdiagnosticaram hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e hipocalemia. Além dehipertensão e sepse de origem hospitalar, com distúrbio de perfusão.No dia 17/10/07 foi realizado, sob anestesia geral, fundoplicatura de Nissen,traqueostomia e gastrostomia. Retornou à UPG sob efeito anestésico, corada, hidratada,afebril, perfusão algo lentificada, entregue à ventilação mecânica; com traqueostomia;Murmúrios Vesiculares Universalmente Audíveis sem Ruídos Adventícios; BulhasISBN: 978-85-63901-04-0


Normofonéticas em 2 tempos, sem sopros; abdome flácido; com gastrostomia; sondaenteral; pulsos amplos sem edemas; pupilas isocóricas e fotorreagentes.4.3 Exame Físico realizado no dia 22/03/2007Lactente com 1 ano e 24 dias, com provável diagnóstico de Síndrome de WerdingHoffman; 14º dia de internação na UPG por atrofia muscular espinhal, pneumonia,insuficiência respiratória e varicela; 2º dia de pós‐operatório de traqueostomia (TQT) egastrostomia (GTT). Encontra‐se em cama eletrônica com grades e cabeceira elevadas; commonitor multiparâmetros para freqüência cardíaca (FC), freqüência respiratória (FR),pressão arterial (PA) e saturação de oxigênio (Sat. O2); acordada; atenta ao meio; interagecom o olhar e com expressões faciais; TQT (nº 5) acoplado ao ventilador mecânico comparâmetros moderados: PIP=15cmH2O, PEEP= 5cmH2O, IMV=17, FiO2=35%; cateternasogástrico em sifonagem com saída de secreção acastanhada, em média quantidade;cateter nasoenteral fechado; em dieta zero; acesso venoso profundo, duplo lúmen, emjugular direita, fluindo fentanil em lúmen proximal e hidratação venosa com eletrólitos emedicações em lúmen distal; GTT em sifonagem drenando secreção acastanhada, empequena quantidade. Apresentando lesão em região frontal da cabeça, com suspeita deinfiltração de acesso venoso periférico no hospital de origem. Sialorréica. Boa perfusãocapilar periférica. Pele e mucosas normocoradas, hidratadas, acianóticas e anictéricas.Sinais vitais: Tax=36,2ºC, FC=105 bpm, FR=36 irpm, PA=122/78 (98) mmHg, e sat.O2=100%. Boa expansibilidade torácica. Ausculta respiratória: murmúrios vesicularesuniversalmente audíveis (MVUA) com roncos difusos em bases bilaterais. Auscultacardíaca: bulhas normofonéticas em 2 tempos, sem sopros. Genitália íntegra. Membrossuperiores e inferiores livres de edemas. Realizado higiene corporal no leito; trocadofralda, sendo aplicado óxido de zinco em região perineal; aspirado TQT com saída deregular quantidade de secreção semi‐espessa e clara; aspirado vias aéreas superiores,apresentando sialorréia intensa; administradas as medicações prescritas; verificadoISBN: 978-85-63901-04-0


drenagem de resíduo gástrico; realizado balanço hídrico.4.5 Abordagem TerapêuticaForam administrados à lactente A. C. L. G., durante a sua internação na Unidadede Pacientes Graves do Instituto Fernandes Figueira, vancomicina, meropenem, fluconazol,aciclovir, dobutamina, ranitidina, dipirona, fentanil, midazolan, captopril, além dehidratação venosa com reposição de eletrólitos.A vancomicina (antibiótico [glicopeptídeo]) liga‐se à parede celular bacteriana,causando a morte do microrganismo. Tem ação bactericida contra organismos suscetíveis;espectro ativo contra patógenos gram‐positivos, como estafilococos (incluindo cepasmeticilino‐resistentes de Staphylococcus aureus), estreptococos beta‐hemolíticos do grupoA, Streptococcus pneumoniae, Corynebacterium, Clostridium, Enterococcus faecalis eEnterococcus faecium. É indicado para o tratamento de infecções potencialmente fatais,quando são contra‐indicados antibacterianos menos tóxicos; particularmente útil nasinfecções estafilocócicas (endocardite, osteomielite, pneumonia e septicemia); infecçõesdos tecidos moles em pacientes alérgicos à penicilina ou aos seus derivados ou quando oteste de sensibilidade demonstra resistência à meticilina; infecções sistêmicas graves;profilaxia da endocardite em pacientes alérgicos à penicilina. Foi prescrito para a criançadevido ao quadro de pneumonia e septicemia 14 .O meropenem (antibiótico betalactâmico [carbapenema]) liga‐se à parede celularbacteriana, resultando na eliminação da bactéria. Tem ação bactericida contra bactériassuscetíveis; espectro ativo contra microrganismos gram‐positivos (Streptococcuspneumoniae e estreptococos do grupo Viridans), patógenos gram‐negativos (Escherichiacoli, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae, Neisseria meningitidis e Pseudomonasaeruginosa) e anaeróbios (Bacteróides fragilis, Bacteróides thetaiotaomicron ePeptostreptococcus spp.). Foi prescrito para a criança devido ao quadro de pneumoniaadquirida em hospital e sépsis 14 .ISBN: 978-85-63901-04-0


O fluconazol (antimicótico) inibe a síntese fúngica de esteróides, um componentenecessário da parede celular. Foi prescrito para a criança devido à sépse de origemhospitalar 14 .O aciclovir (antivirótico) incorpora‐se ao DNA do vírus, inibindo a multiplicaçãoviral. Foi prescrito para a criança devido à infecção por varicela 14 .A dobutamina (cardiotônico) estimula diretamente os receptores betaadrenérgicosno coração, aumentando a contratilidade do miocárdio. É indicado em casode aumento do débito cardíaco em insuficiência cardíaca descompensada causada pordepressão da contratilidade 14 .A ranitidina (antagonista dos receptores H2 de histamina, antiúlcera péptica)inibe a secreção, basal ou estimulada, de suco gástrico através da redução do volume dasecreção e de seu conteúdo em ácido e pepsina. É indicado para a profilaxia e tratamentoda úlcera gastroduodenal; estados hipersecretórios patológicos (síndrome de Zoolinger‐Ellison, mastocitose sistêmica e adenoma endócrino múltiplo); esofagite e refluxo;hemorragia gastrointestinal alta. Foi prescrita para a criança como profilaxia da pneumoniade aspiração e de úlceras de estresse provocado em pacientes submetidos aos cuidadosintensivos 14 .A dipirona é um analgésico e antipirético, sendo capaz de aliviar processosdolorosos 14 .O fentanil é um analgésico narcótico de ação rápida, curta duração, elevadapotência (100 vezes maior do que o da morfina). A duração da analgesia depende daintensidade do estímulo doloroso. Causa depressão respiratória e euforia. É indicado comopré‐medicação em caso de cirurgia; auxilia na indução da anestesia e na anestesia regional;para o controle da dor, taquipnéia e delírios no pós‐operatório; na anestesia geral comoxigênio e um relaxante muscular e; para indução e manutenção da anestesia geral. Foiprescrito para o lactente devido aos procedimentos invasivos como intubação orotraqueal,ISBN: 978-85-63901-04-0


cateterismo intravenoso, cateterismo vesical de demora, sondagem orogástrica enasogástrica e; lesões na pele 14 .O midazolan (hipnótico) atua em muitos níveis do SNC produzindo depressãogeneralizada do SNC. Os efeitos podem ser mediados pelo ácido gama‐aminobutírico(GABA), um neurotransmissor inibitório. Tem efeito sedativo a curto prazo e amnésia pósoperatória.É indicado para sedação/ansiólise/amnésia pré‐operatória; durante osprocedimentos terapêuticos, diagnósticos ou radiográficos (sedação da consciência); antesda indução anestésica; sedação de pacientes sob ventilação mecânica, durante a anestesiaou em UTIs. Foi prescrito para a lactente devido à intubação orotraqueal e à utilização deprótese ventilatória 14 .O captopril (Hipotensor arterial [inibidor da ECA], vasodilatador coronariano)inibe a conversão de angiotensina I em angiotensina II, um vasodilatador potente. Reduz aformação de angiotensina II, diminuindo a resistência arterial periférica. Reduz asretenções de sódio e água, diminuindo a PA. Foi prescrito para a lactente devido àtendência à hipertensão arterial sistêmica (HAS), porém, não controlada com estemedicamento, ou seja, apresentando disautonomia (sem controle entre a freqüênciacardíaca e a HAS) 14 .Durante a internação foi prescrito ao lactente a reposição de líquido e eletrólitos,sendo eles: Soro Glicosado 5%. Cloreto de Sódio 20% (repositor) que é o principal cátion nofluido extracelular, auxilia na manutenção da distribuição de água, do balançohidroeletrolítico, do equilíbrio ácido‐base e da pressão osmótica. O cloreto, principal ânionno fluido extracelular, está envolvido na manutenção do balanço ácido‐base. As soluçõesde cloreto de sódio são semelhantes ao fluido extracelular. Reduz o edema corneal pormeio de um efeito osmótico. É repositor nos estados deficientes e na manutenção dahomeostase. É indicado em caso de hiponatremia, diluição de drogas parenterais ehidratação 14 . Cloreto de Potássio 10% (remineralizante) mantém o equilíbrio ácido‐base, aisotonicidade e o equilíbrio eletrofisiológico celular. Ativador em muitas reaçõesISBN: 978-85-63901-04-0


enzimáticas. Essencial à transmissão de impulsos nervosos; contração dos músculoscardíaco, esquelético e liso; secreção gástrica, função renal; síntese tecidual e;metabolismo de carboidratos. Atua na reposição e na prevenção de deficiência. É indicadopara o tratamento ou profilaxia da depleção de potássio e; no tratamento de certasarritmias devidas à toxicidade por glicosídios cardíacos 14 . Sulfato de Magnésio 50%(anticonvulsivante, remineralizante) essencial para a contração muscular, o sistemaenzimático e a neurotransmissão 14 . Foi prescrito para a criança devido às contraçõesmusculares provocadas pela Amiotrofia Espinhal Progressiva.4.6 Diagnósticos e intervenções de enfermagemQUADRO 1 – Diagnósticos identificados e intervenções elaboradas5. CONCLUSÃOPor tratar‐se de uma criança portadora de uma doença genética, degenerativa,incapacitante e letal, viu‐se a necessidade de realizar um plano de cuidados deenfermagem fundamentado em teorias científicas, a fim de melhorar a qualidade de vidadessas crianças e de suas famílias, que por sua vez também perpassam por um processo deadaptação.O diagnóstico de enfermagem, em uma abordagem conceitual e prática, édefinido como um julgamento clínico das respostas do indivíduo, família, ou dacomunidade aos processos vitais ou aos problemas de saúde atuais ou potenciais, aosquais fornecem a base para seleção das intervenções de enfermagem, para atingirresultados pelos quais o enfermeiro é responsável, elaborando também as condutas eprescrições, que por sua vez contribuem diretamente para a recuperação ou ao menosprevenção de agravos para o paciente 15 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Dessa forma, essa pesquisa aborda informações essenciais para promoção dasaúde de crianças com amiotrofia espinhal tipo I, ressaltando‐se que a prática de umcuidado diferenciado minimiza possíveis complicações referentes à internação hospitalar, oque diminui significativamente os gastos hospitalares. Sendo assim, o processo deenfermagem é a maneira sistemática e dinâmica de prestar cuidado de enfermagem,promovendo cuidado humanizado, orientado a resultados e de baixo custo16.A elaboração de uma assistência de enfermagem embasada em teorias científicasqualifica e colabora para a melhoria da qualidade da assistência prestada aos pacientes doInstituto Fernandes Figueira, IFF/FIOCRUZ.O plano de assistência de enfermagem dá‐se através do cuidado e pode ser uma açãoterapêutica que envolve não apenas um, mas vários aspectos do ser que estão no corpoque precisa de cuidados. Sendo assim, o estudo de caso torna‐se imprescindível para odesenvolvimento técnico‐científico do profissional de enfermagem, por promoverreflexões acerca da melhor forma de cuidar do cliente.REFERÊNCIAS1.Kim, CAE. As Amiotrofias Espinhais Progressivas. In: Doenças Genéticas em Pediatria,Gerson Carakushansky. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.2.Hockenberry, MW, Fundamentos de enfermagem pediátrica. Rio de Janeiro: Elsevier,2006.3.Soares, JA; Silva, NLS; Leite, SO e; Parisi, MT. Fisioterapia e qualidade de vida de pacientecom amiotrofia espinal progressiva tipo I – Relato de Caso. Arq. Ciênc. Saúde, 2006, jan –mar; 13(1); 44‐7.4.Moreira, FA; Oliveira, TO; Aita, MA; Moreira, MA e Miranda, WA. Paciente com síndromede Werdnig‐Hoffman. Arq. Méd. ABC 29(1), 2004.5.Zeitoun, SS; Barros, ALBL de; Diccini, S. e Juliano, Y. Incidência de pneumonia associada àventilação mecânica em pacientes submetidos à aspiração endotraqueal pelos sistemasISBN: 978-85-63901-04-0


aberto e fechado: estudo prospectivo – dados preliminares. Rev. Latino‐am.enfermagem,Ribeirão Preto, v. 9, n. 1, p. 46‐52, janeiro 2001.6.Secretaria de Estado de São Paulo. Varicela, difteria e febre maculosa brasileira: aspectosepidemiológicos no Estado de São Paulo. Informes Técnicos Institucionais. Rev. SaúdePública 2003; 37 (6): 817‐20. Disponível em: www.fsp.usp.br/rsp. Acesso em: 26 deoutubro de 2007.7.Centro de Vigilância Epidemiológica. Imunoprofilaxia para Varicela. Informe Técnico.Divisão de Imunização. Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória. Informe Varicela2007.8.Gil, AC. Como Elaborar Projeto de Pesquisa. 4° ed. São Paulo: Atlas 2002.9.Gonçalves, R e Merighi, MAB. Transformar‐se enquanto mulher: um estudo de casosobre a vivência do período pós‐parto. In: Abordagens Teórico‐Metodológicas Qualitativas– A vivência da mulher no período reprodutivo, Miriam Aparecida Barbosa Merighi e Neidede Souza Praça. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.10.Carraro TE. Da metodologia da assistência de enfermagem: sua elaboração eimplementação na prática. In: Metodologias para a Assistência de Enfermagem:Teorizações, Modelos e Subsídios para a Prática. Org.: Mary E. A. Westphalen e Telma ElisaCarraro. Goiânia: AB, 2001.11.Definições e Classificação – 2005‐2006. Diagnóstico de Enfermagem da NANDA. PortoAlegre: Artmed, 2006.12.Brasil. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução n° 196/96. Aprova as diretrizes e normasregulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. 10 outubro 1996.13.Comissão de pesquisa e ética em saúde/GPPG/HCPA. Resolução normativa 01/97.Utilização de dados de prontuários de pacientes e de bases de dados em projetos depesquisa, 1997. Disponível em: www.ufrgs.br/bioetica/res197hc.htm. Acesso em Março de2010;14.Dame. Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem. EPUB, 3° edição.2003/2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


15.Benedet e Bub. Manual de Diagnóstico de Enfermagem – Uma Abordagem Baseada naTeoria das Necessidades e na Classificação Diagnóstica da NANDA. 2º Edição – EditoraBernucia, 2001.16.Amante LN, Rossetto AP, Schneider DG. Sistematização da Assistência de Enfermagemem Unidade de Terapia Intensiva sustentada pela teoria de Wanda Horta. Revista Escola deEnfermagem USP, Volume 43. São Paulo, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO LACTENTE COM SÍNDROME DE DIGEORGE: UM ESTUDODE CASONURSING CARE FOR INFANT WITH DIGEORGE SYNDROME: A CASE STUDYATENCIÓN DE ENFERMERÍA PARA LACTANTE CON SÍNDROME DE DIGEORGE: UN ESTUDIODE CASOCatarino, D. L.Aline Verônica de Oliveira GomesAriane Carolina dos Santos MarinsResumo: Estudo retrospectivo, exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, dotipo estudo de caso, cujos objetivos são descrever o caso clínico de um lactente comsíndrome de DiGeorge; identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem; estabelecer asintervenções de enfermagem relacionadas a cada diagnóstico identificado. O estudo foirealizado com lactente internado na Unidade de Terapia Intensiva do Instituto FernandesFigueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ). A coleta de dados foi realizada atravésde buscas constantes no prontuário durante o mês de setembro de 2010. O referidotrabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFF/FIOCRUZ sob protocolo den° 0039/10. Foram elaborados onze diagnósticos de enfermagem com suas respectivasintervenções. Estudos como esse promovem a reflexão do profissional enfermeiro sobre aprática do cuidado de enfermagem voltado ao lactente portador de Síndrome de DiGeorge.Palavras Chaves: Cuidados de enfermagem. Síndrome de DiGeorge. Lactente. Diagnósticode Enfermagem.ISBN: 978-85-63901-04-0


1. INTRODUÇÃOA Síndrome de DiGeorge ou aplasia congênita do timo é uma imunodeficiênciacelular (deficiência seletiva de linfócitos T), sendo de herança genética ainda não conhecidae manifesta‐se por anomalias faciais e cardiovasculares, hipoparatireodismo, infecçõesrespiratórias de repetição e, eventualmente, retardo mental 1 .Além disso, essa síndrome caracteriza‐se por hipocalcemia neonatal devido àhipoplasia da paratireóide e susceptibilidade aumentada às infecções devido à hipoplasiado timo. Os afetados podem apresentar uma ampla variedade de cardiopatias congênitas,que incluem tetralogia de Fallot, anomalias do arco aórtico, anomalias conotruncais edefeitos septais ventriculares. As anomalias faciais consistem em fendas palpebraispequenas, telecanto, filtro curto, micrognatia e anomalias auriculares 2 .A síndrome de DiGeorge é congênita, caracterizada por malformações comoausência do timo e das glândulas paratireóides, resultando em deficiência na imunidadedas células T e hipocalcemia. Outras malformações consistem em defeitos no tratoeferente do coração e anomalias craniofaciais (síndrome velocardiofacial) 3 .A alteração genética associada a esta anomalia é a delecção da região 22q11 docromossoma 22. Esta delecção está presente em 83% na anomalia de DiGeorge 4 .A imunodeficiência celular constatada na anomalia de DiGeorge exige umagrande vigilância quanto à presença das doenças do foco infeccioso, assim como anecessidade de poder proceder a alterações do calendário vacinal. Quando se suspeitadessa patologia, não devem ser administradas a estas crianças vacinas de organismosvivos 4 .Além disso, o risco de infecções respiratórias altas está aumentado nessasíndrome, sendo particularmente importante o tratamento da otite média crônica pelassuas implicações na audição. A fenda do palato é mais um fator de risco, não só associadoà otite, mas igualmente importante nos problemas da linguagem. Autores afirmam aindaque, devem ser realizados precocemente ecocardiografias, avaliações da audição e deISBN: 978-85-63901-04-0


eventuais apneias obstrutivas do sono. A hipocalcemia, habitualmente presente noperíodo neonatal, deve ser tratada e a sua presença alerta‐nos também para estediagnóstico. A função cognitiva varia do normal ao atraso mental moderado, necessitandode uma abordagem terapêutica caso a caso 4 .1.1 ObjetoCuidados de enfermagem ao lactente com Síndrome de DiGeorge.1.2 Objetivos• Descrever o caso clínico de uma criança com Síndrome de DiGeorge;• Identificar os possíveis diagnósticos de enfermagem;• Estabelecer as intervenções de enfermagem relacionadas a cada diagnósticoidentificado.2. METODOLOGIATrata‐se de um estudo retrospectivo, exploratório e descritivo com abordagemqualitativa, tipo estudo de caso que consiste na identificação de um caso para estudo comclara demarcação geográfica e temporal 5 .O sujeito do estudo foi um lactente internado na Unidade de Terapia Intensiva doInstituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ), uma instituiçãopública de referência localizada na cidade do Rio de Janeiro.A coleta de dados foi realizada em prontuário do sujeito do estudo durante o mêsde setembro de 2010. A análise das informações está fundamentada nas seis fases doprocesso de enfermagem, segundo as crenças teóricas de Wanda de Aguiar Horta.A partir da análise destes dados, foi desenvolvido o processo de enfermagem queconsiste em um método sistemático de prestação de cuidados humanizados com oenfoque para a obtenção de resultados desejados de modo sistematizado 6 .ISBN: 978-85-63901-04-0


O processo de enfermagem é constituído de Histórico, Diagnóstico eIntervenções. É importante ressaltar que os dados foram obtidos através da análise doprontuário, possibilitando a identificação e elaboração dos diagnósticos, baseados nasdefinições e classificações da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) 7 .Além disso, a revisão de literatura foi realizada através de consultas em livros, BibliotecaVirtual de Saúde, e outros artigos científicos.Considerando os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos 8 , com autilização de dados no prontuário 9 foi utilizado um termo de compromisso de utilização dedados, garantindo à instituição a divulgação dos dados coletados, preservando aprivacidade do paciente. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do InstitutoFernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ), sob protocolo nº 0039/10.3. RESULTADOS3.1. IdentificaçãoS. F. S., 4 meses e 14 dias, do sexo masculino, de cor parda, natural do Rio deJaneiro, procedente da Unidade Intermediária (UI), foi admitido na Unidade de PacientesGraves (UPG) no dia 03/10/2006 devido à hipoglicemia, instabilidade hemodinâmica esepse. Seu diagnóstico consistia em Imunodeficiência Primária – Síndrome de DiGeorge.Apresentava ainda hipoplasia de músculo de ângulo depressor da boca à direita,má formação auricular à direita, microcefalia, ptose palpebral à esquerda, microftalmia,regurgitação de tricúspide, atraso psicomotor, dismorfismo facial, adenomegaliasgeneralizadas e, xerodermia (ressecamento exagerado da pele).3.2. Antecedentes Pessoais, História Obstétrica e Clínica.Mãe de S. F. S, 29 anos de idade; Gesta III, Para II, Aborto I; realizou o pré‐natal(até 6 consultas); grupo sangüíneo A+; sorologia para Lues do sangue materno: negativo;tempo de bolsa rota: 1hora; parto vaginal.ISBN: 978-85-63901-04-0


Criança nascida no dia 19 de maio de 2006 às 15:00 horas; a termo: 38 semanas e5 dias; sexo masculino; peso: 3015g; comprimento: 50 cm; perímetro cefálico: 33 cm;apgar 8/9; necessitou de O2 inalatório. Foi internado, neste mesmo dia, na UnidadeNeonatal com pneumonia, sendo utilizado o Oxyhood como assistência ventilatória;icterícia fisiologia, sendo realizado fototerapia; hipertensão aguda pulmonar e; sepse.Realizou antibioticoterapia com ampicilina, gentamicina, cefepime, ciprofloxacime evancomicina.No dia 24 de julho de 2006, foi admitido no setor de Doenças Infecto‐parasitárias(DIP) do IFF devido à dificuldade de sucção e, conseqüente, perda de peso. Proveniente deum posto de saúde, acompanhado pela mãe, que referiu, além do cansaço e da cianosedurante a amamentação, a piora do padrão respiratório, com taquipnéia, esforçorespiratório, tosse e coriza. Nesse momento, havia feito apenas a dose da BCG e a 1ª dose dahepatite B. Foi identificado em sua história pregressa, além da pneumonia e sepse durante operíodo neonatal, regurgitação tricúspide detectado através do Ecocardiograma, umaprovável hipoplasia de músculo de ângulo depressor da boca à direita, má formaçãoauricular à direita. Nesse mesmo dia, o lactente foi internado na Unidade Intermediária, domesmo hospital, com quadro viral, necessidade de O2 e complicação por broncoaspiração.No dia 11 de agosto de 2006, o lactente foi transferido para a Enfermaria dePediatria com o diagnóstico de síndrome genética à esclarecer e infecção fúngica. Fez 14 diasde anfotericina B e fluconazol. A radiografia realizada no dia 01 de agosto de 2006 detectouatelectasia em lobo superior direito. Apresentava diagnóstico nutricional de desnutrição,além de descamação de pele (principalmente em couro cabeludo), hiperemia em toda aextensão do tronco, pápulas eritematosas disseminadas, adenomegalias e lesões cutâneas,fístula de linfonodo na região inguinal com presença de secreção purulenta.Detectado, através do ecocardiograma: Forame Oval Patente (FOP), Persistênciado Canal Atrial (PCA) e Insuficiência Mitral (IM) leve. Iniciou, no 24º dia de internaçãohospitalar (DIH), oxacilina (por 21 dias). Apresentou, no 27º DIH, três episódios eméticos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Iniciou ceftriaxone no 30º DIH. Apresentou processo alérgico (prurido) ao “dersani”, sendotrocado pelo óleo mineral, mantido o uso de polaramine e, após a avaliação dadermatologista, foi trocado, no 40º DIH, o óleo mineral por hidratante. No 42º DIH foisuspenso o uso do hidratante pela dermatologista e aumentado a dose de polaramine.No dia 25 de setembro de 2006, foi realizada a biópsia de linfonodo em regiãoinguinal esquerda, pela Cirurgia Pediátrica (CIPE). No 48º DIH, a cicatriz da biópsiaapresentava‐se com fibrina, com ocorrência de descência de sutura cutânea, sendo iniciadocefalexina por via oral.No 50º DIH, foi detectado, através do ecocardiograma, regurgitação de tricúspide.No dia 03 de outubro de 2006, o lactente apresentava‐se com lesão cicatricial emlocal de biópsia de linfonodo em região inguinal esquerda em 2º intenção. Encontrava‐se emdieta zero, com sonda em sifonagem e apresentava ainda hipoglicemia (19mg/dl) de difícilcorreção devido à dificuldade de acesso venoso periférico. Ao exame físico: pálido, perfusãolentificada, taquipnéico, tiragem subcostal leve à moderada, abdome muito distendido,hipoativo e reativo. Diante desse quadro, foi solicitada a transferência do lactente para aUnidade de Terapia Intensiva (UTI) do IFF/FIOCRUZ devido à instabilidade hemodinâmica epara a realização da punção venosa profunda.3.3 História da doença atual na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).Lactente de quatro meses e catorze dias; sexo masculino; peso: 3,6 Kg; admitido naUnidade de Terapia Intensiva do IFF/FIOCRUZ no dia 03 de outubro de 2006, às 12 horas,apresentando hipoglicemia, instabilidade hemodinâmica e sepse.3.4 Evolução do quadro clínico do lactenteNo primeiro dia de internação, o lactente estava com quatro meses e catorze diasde vida, proveniente da Unidade Intermediária (UI), em 1º dia de internação na UTI devidoà hipoglicemia, instabilidade hemodinâmica e sepse, com diagnóstico de Síndrome deISBN: 978-85-63901-04-0


DiGeorge. Apresentava‐se hipotérmico (< 35º C), taquicárdico (126 bpm), taquipnéico (78irpm), normotenso (116/86 – 97 mmHg) e com saturação de O2 à 86%.À admissão encontrava‐se gemente; vasoconstricto; com extremidades frias; peledifusamente descamativa, friável, edemaciada e eritematosa em membros. Fontanelaanterior normotensa. Havia presença de gânglios com, aproximadamente, 2 centímetrosde diâmetro em cadeias axilares e gânglios em femoral direita de, aproximadamente, 4centímetros. Realizou, na ocasião em que encontrava‐se na UI, biópsia ganglionar, emregião femoral esquerda, que encontrava‐se aberto e com secreção purulenta. Murmúriosvesiculares diminuídos à direita, com crepitação difusa; abdome globoso e peristáltico;eliminações intestinais presentes, com fezes pastosas.No momento da admissão, foi realizado intubação com tubo orotraqueal (TOT)nº 3,5 e fixado, inicialmente, na posição 11 centímetros e após confirmação radiológica foitracionado para a posição 10 centímetros, sendo então submetido à ventilação mecânicacom os seguintes parâmetros (18 x 5 x 0,6 x 24 x 100%).Foi realizado sondagem oragástrica (SOG) e nasoenteral (SNE), sendo realizada aconfirmação radiológica, além de dissecção de veia axilar esquerda, após várias tentativasde punções periféricas. Colhido sangue para exames laboratoriais, tais como: hemograma,coagulograma, bioquímica, polimosfismo, swab nasal e gasometria arterial. Glicemiacapilar (67 mg/dl), após 10 ml de SG 5% pela SNE; hemoglobina: 6,8 e hematócrito: 21%,sendo solicitado concentrado de hemácias (10 ml/Kg).Foram prescritos antibióticos (meropenem, vancomicina, anfotericina B); sedação(midazolan); analgésico (Fentanil); hidratação venosa plena com expansão de SF 0,9% (20ml/Kg). Apresentou hipoalbuminemia: 1,6, sendo iniciado a reposição; plaquetopenia(11000), sendo prescrito vitamina k venosa; icterícia discreta; edema de membros; pulsosdébeis e; distensão abdominal após expansão.No segundo dia de internação na UTI, o lactente encontrava‐se em berçoaquecido com sensor da temperatura da pele; sonda nasogástrica (SNG) em sifonagemISBN: 978-85-63901-04-0


drenando líquido claro em média quantidade; tubo orotraqueal (TOT) acoplado ao Inter 3com parâmetros moderados; com monitor multiparâmetros: taquipnéico (71 irpm),normocárdico (111 bpm), normotenso (103/69 – 87) e boa saturação (99%); acesso venosoprofundo em axilar esquerda, duplo lúmen, fluindo hidratação venosa e medicações emlúmen proximal e dobutamina e sedação em lúmen distal; cateter vesical de demoradrenando urina com coloração sanguinolenta (hematúria) em regular quantidade. Aoexame físico: pele e mucosas hipocoradas (1+/4+), hipohidratadas (3+/4+), acianóticas,anictéricas e com presença de equimose em região occipital, cervical, MMSS e MMII;abdome tenso e globoso; AR: MVUA com roncos difusos; AC: BNF 2T; mal distribuído.Foi administrado 0,2 ml de midazolan (SOS) para a realização da troca do TOTpara o de nº 4,0 devido à escape de ar, sendo necessário aumento dos parâmetrosventilatórios devido à presença de infiltrado em ápice direito. Apresentava hematúriamacroscópica, além de hipoalbiminemia, hipocalcemia, neutropenia e plaquetopenia.Detectado hiperplasia de linfonodo e processo inflamatório inespecífico em pele. Retiradoa SNG.Realizados os seguintes cuidados: higiene corporal no leito; troca do curativotransparente do acesso venoso profundo em axilar esquerda e a inserção apresentando‐sesem sinais flogísticos, sendo utilizado álcool a 70%; troca do curativo transparente emdescência de ferida causado por biópsia de linfonodo na região inguinal esquerda, sendoutilizado Soro Fisiológico 0,9%. Realizadas aspirações em vias aéreas superiores, comsecreção esbranquiçada e em grande quantidade e em TOT, com secreção esbranquiçadaem regular quantidade. Aplicado ácidos graxos essenciais (AGE) em região corporal edesligado a Unidade de Calor Radiante (UCR). Realizado cateterismo nasoentérico parasuporte nutricional e confirmado a localização por raio X.Verificado sinais vitais, mantendo‐se hemodinamicamente estável após a trocado tubo. Fechado balanço hídrico. Administradas as medicações do horário. Aplicadopomada em região ocular para promover e proteger a epitelização e regeneração dosISBN: 978-85-63901-04-0


tecidos oculares lesados. Realizado balanço hídrico, apresentando alto débito urináriodevido à administração de diurético (furosemida).No terceiro dia de internação, foi reduzida a sedação e aumentado o diurético e aalbumina. Apresentou, após a transfusão, aumento do número de plaquetas: 44000,aumento do infiltrado, diminuição da freqüência cardíaca e aumento da freqüênciarespiratória (82 irpm).No quarto dia de internação, o lactente apresentava fontanela tensa, peleeritematosa e bastante descamativa; atelectasia em ápice direito, necessitando deaumento dos parâmetros ventilatórios. Iniciou precaução de contato por StaphylococcusAureus Multirresistentes (MRSA). Apresentou hipoglicemia; bilirrubina aumentada compredomínio de indireta. Suspenso a reposição de albumina (3,4). Suspenso a dieta devido àdistensão abdominal e refluxo de dieta pela narina.No quinto dia de internação, o lactente apresentava os seguintes diagnósticos:sepse por MRSA e Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), além de prováveldeleção do cromossomo 22 q 11.2 e Imunodeficiência Primária. Apresentou‐se hipotérmico(< 35º C), normocárdico (74 – 122 bpm), taquipnéico (28 – 48 irpm) e PAM: 62 – 114;gravíssimo; vasodilatado; comatoso; sem sedação há 24 horas; reagindo aos estímulosálgicos com movimentos débeis; fontanela anterior tensa; queda de saturação para 76%com fração de oxigênio inspirado (FiO2) de 100% e parâmetros ventilatórios elevados:pressão expiratória final positiva (PEEP) de 32 e pressão inspiratória positiva (PIP) de 7;expansão torácica ruim, sendo colocado em posição prona com melhora progressiva elenta do quadro.O lactente apresentava, ainda, abdome tenso, globoso; pulsos impalpáveis;retendo CO2. Foi despronado e realizado paracentese pela CIPE com saída de,aproximadamente, 5 ml de líquido amarelo citrino, sendo enviado para exame. Foisolicitado novo concentrado de plaqueta antes da paracentese. Apresentou queda súbitade saturação até 70% durante a infusão de plaquetas. O estado clínico do paciente foi seISBN: 978-85-63901-04-0


agravando, apresentado queda de saturação para 70% e de freqüência cardíaca de 86bpm,pulsos finos, anúrico, restrição respiratória importante pelo volume abdominal, sendoentão aumentado os parâmetros do ventilador. Saturação em declínio progressivo,evoluindo para parada cardiorrespiratória não responsiva às manobras usuais, sendoconstatado óbito.3.5 Terapêutica farmacológicaForam administrados ao lactente S. F. S, durante a sua internação na Unidade deTerapia Intensiva do Instituto Fernandes Figueira, antibióticos (anfotericina B, meropeneme vancomicina), amina (dobutamina), analgésico (fentanil), sedação (midazolam), diurético(furosemida), antihistamínico (ranitidina), coagulante (vitamina k) e hidradação venosacom reposição de eletrólitos e albumina 10 :A anfotericina B é um antibiótico antifúngico poliênico que, provavelmente,adere à membrana da célula fúngica, alterando a sua permeabilidade e permitindo oextravazamento dos componentes intracelulares. É indicado em caso de infeccção fúngicasistêmica, histoplasmose, coccidiomicose, blastomicose, criptomicose, monilíasedisseminada, aspergilose e meningite 10 .O meropenem é um antibiótico betalactâmico que liga‐se à parede celularbacteriana, resultando na eliminação da bactéria. Tem ação bactericida contra bactériassuscetíveis; espectro ativo contra microrganismos gram‐positivos (Streptococcuspneumoniae e estreptococos do grupo Viridans), patógenos gram‐negativos (Escherichiacoli, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae, Neisseria meningitidis e Pseudomonasaeruginosa) e anaeróbios (Bacteróides fragilis, Bacteróides thetaiotaomicron ePeptostreptococcus spp.). É indicado para o tratamento de infecções intra‐abdominais emeningite bacteriana; neutropenia febril; pneumonia adquirida em hospital e sépsis 10 .A vancomicina é um antibiótico glicopeptídeo que liga‐se à parede celularbacteriana, causando a morte do microrganismo. Tem ação bactericida contra organismossuscetíveis; espectro ativo contra patógenos gram‐positivos, como estafilococos (incluindoISBN: 978-85-63901-04-0


cepas meticilino‐resistentes de Staphylococcus aureus), estreptococos beta‐hemolíticos dogrupo A, Streptococcus pneumoniae, Corynebacterium, Clostridium, Enterococcus faecalis eEnterococcus faecium. É indicado para o tratamento de infecções potencialmente fatais,quando são contra‐indicados antibacterianos menos tóxicos; particularmente útil nasinfecções estafilocócicas (endocardite, osteomielita, pneumonia e septicemia); infecçõesdos tecidos moles em pacientes alérgicos à penicilina ou aos seus derivados ou quando oteste de sensibilidade demonstra resistência à meticilina; infecções sistêmicas graves;profilaxia da endocardite em pacientes alérgicos à penicilina 10 .A dobutamina é um cardiotônico que estimula diretamente os receptores betaadrenérgicosno coração, aumentando a contratilidade do miocárdio. É indicado em casode aumento do débito cardíaco em insuficiência cardíaca descompensada causada pordepressão da contratilidade. Foi prescrito para o lactente devido a presença de problemascardíacos, detectados pelo ecocardiograma, como: Regurgitação de Tricúspide; ForameOval Patente (FOP), Persistência do Canal Atrial (PCA) e Insuficiência Mitral (IM) leve 10 .O fentanil é um analgésico narcótico de ação rápida, curta duração, elevadapotência (100 vezes maior do que o da morfina). A duração da analgesia depende daintensidade do estímulo doloroso. Causa depressão respiratória e euforia. É indicado comopré‐medicação em caso de cirurgia; auxilia na indução da anestesia e na anestesia regional;para o controle da dor, taquipnéia e delírios no pós‐operatório; na anestesia geral comoxigênio e um relaxante muscular e; para indução e manutenção da anestesia geral. Foiprescrito para o lactente devido aos procedimentos invasivos como intubação orotraqueal,cateterismo intravenoso, cateterismo vesical de demora, sondagem orogástrica enasogástrica e; lesões na pele 10 .O midazolan é um hipnótico que atua em muitos níveis do SNC produzindodepressão generalizada do SNC. Os efeitos podem ser mediados pelo ácido gamaaminobutírico(GABA), um neurotransmissor inibitório. Tem efeito sedativo a curto prazo eamnésia pós‐operatória. É indicado para sedação/ansiólise/amnésia pré‐operatória;ISBN: 978-85-63901-04-0


durante os procedimentos terapêuticos, diagnósticos ou radiográficos (sedação daconsciência); antes da indução anestésica; sedação de pacientes sob ventilação mecânica,durante a anestesia ou em UTIs. Foi prescrito para o lactente devido à intubaçãoorotraqueal e à utilização de prótese ventilatória 10 .A furosemida é um diurético do grupo dos saluréticos. Atua em todas as regiõesdo néfron, com exceção do túbulo distal com predomínio de ação no segmento ascendenteda alça de Henle. É um diurético de alça que produz um efeito diurético potente de açãorápida e de curta duração. É indicado para o tratamento do edema devido a InsuficiênciaCardíaca Congestiva ou distúrbios hepáticos ou renais; tratamento da hipertensão arteriale; tratamento da hipercalcemia maligna. Foi prescrito para o lactente devido á presença deedema corporal e hematúria 10 .A ranitidina é um antagonista dos receptores H2 de histamina e antiúlcerapéptica que inibe a secreção, basal ou estimulada, de suco gástrico através da redução dovolume da secreção e de seu conteúdo em ácido e pepsina. É indicado para a profilaxia etratamento da úlcera gastroduodenal; estados hipersecretórios patológicos (síndrome deZoolinger‐Ellison, mastocitose sistêmica e adenoma endócrino múltiplo); esofagite erefluxo; hemorragia gastrointestinal alta e; profilaxia da pneumonite de aspiração. Foiprescrito para o lactente devido à presença de episódios eméticos 10 .A vitamina K atua na produção de protrombina, fator importante na coagulaçãodo sangue. Foi prescrito para o lactente devido à detecção da plaquetopenia 10 .A hidratação venosa foi prescrita para o lactente para repor líquidos e eletrólitos,sendo composta por soro glicosado 10%, para corrigir a hipoglicemia; cloreto de sódio20%; cloreto de potássio 10%; gluconato de cálcio 10%; solução de heparina e; albumina20% 10 .O cloreto de sódio 20% é um repositor de sódio, principal cátion no fluidoextracelular, que auxilia na manutenção da distribuição de água, do balançohidroeletrolítico, do equilíbrio ácido‐base e da pressão osmótica. O cloreto, principal ânionISBN: 978-85-63901-04-0


no fluido extracelular, está envolvido na manutenção do balanço ácido‐base. As soluçõesde cloreto de sódio são semelhantes ao fluido extracelular. Reduz o edema corneal pormeio de um efeito osmótico. É repositor nos estados deficientes e na manutenção dahomeostase. É indicado em caso de hiponatremia, diluição de drogas parenterais ehidratação 10 .O cloreto de potássio 10% é um remineralizante que mantém o equilíbrio ácidobase,a isotonicidade e o equilíbrio eletrofisiológico celular. Ativador em muitas reaçõesenzimáticas. Essencial à transmissão de impulsos nervosos; contração dos músculoscardíaco, esquelético e liso; secreção gástrica, função renal; síntese tecidual e;metabolismo de carboidratos. Atua na reposição e na prevenção de deficiência. É indicadopara o tratamento ou profilaxia da depleção de potássio e; no tratamento de certasarritmias devidas à toxicidade por glicosídios cardíacos 10 .O gluconato de cálcio 10% é um recalcificante essencial para os sistemas nervoso,muscular e esquelético. Mantém a membrana celular e a permeabilidade capilar. Atuacomo um ativador da transmissão de impulsos nervosos e da contração dos músculoscardíaco, esquelético e liso. Essencial para a formação óssea e a coagulação sangüínea.Atua como repositor de cálcio nos estados deficientes. É indicado para o tratamento deemergência da hipocalcemia, inclusive com toxicidade cardíaca; da hipermagnesemia;como adjuvante na parada cardíaca e; na tetania hipocalcêmica 10 .A solução de heparina atua como um anticoagulante e antitrombótico queacelera na formação da antitrombonia III que, como co‐fator, neutraliza vários fatoresativados da coagulação, impedindo a conversão de fibrinogênio para fibrina. È indicadopara profilaxia e tratamento de várioa distúrbios tromboembólicos (tromboembolismovenoso, embolia pulmonar, fibrilação atrial com embolização, coagulopatias consuntivasagudas e crônicas e tromboembolismo arterial periférico); anticoagulação terapêutica;profilaxia do tromboembolismo e; na cirurgia cardiovascular 10 .ISBN: 978-85-63901-04-0


A albumina 20% é um hemoderivado que atua como expansor do volumeplasmático. É indicado em caso de choque e queimaduras. Foi prescrito para o lactentedevido à detecção da hipoalbuminemia 10 .3.6 Diagnósticos e Intervenções de EnfermagemQUADRO 1 – Diagnósticos identificados e intervenções elaboradas.4. CONCLUSÃOPor tratar‐se de uma síndrome rara e, por muitos, desconhecida, percebeu‐se anecessidade de uma abordagem assistencial diferenciada, embasada em teorias científicas,a fim de melhorar a qualidade de vida dessas crianças, além de contribuir para aotimização da qualidade da assistência prestada no Instituto Fernandes FigueiraIFF/FIOCRUZ.Dentro desse contexto, o prognóstico de enfermagem é o ato de estimar apossibilidade do cliente, família ou comunidade em atender ou não a terapêutica daequipe médica adicionada a de enfermagem. É a indicação das condições, a partir dasrespostas aos procedimentos, baseado na reformulação da independência do clientemediante a assistência de enfermagem. A classificação de prognóstico consiste em bom,regular ou sombrio 11 .De acordo com esta classificação, o lactente S. F. S. se enquadra em sombrio,haja vista, que o mesmo foi à óbito 11 . Mesmo com esse tipo de prognóstico, vale à penaressaltar a importância de uma assistência de enfermagem qualificada, a fim de prevenirmaiores agravos, promovendo conforto e proporcionando uma morte digna.REFERÊNCIAS1.Balbani APS, Sanchez TG, Marone SAM, Butugan O. Fibrose Cística, Imunodeficiências eDiscinesia Ciliar Primária: Causas de Infecções de Repetição das Vias Aéreas Superiores.Vol. 2 Num. 1 ‐ Jan/Mar, 1998.ISBN: 978-85-63901-04-0


2.Sugayama SMM, Kim CAE. Anomalias Autossômicas. In: Doenças Genéticas em Pediatria.Gerson Carakushansky. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.3.Bireme. Centro Latino‐Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde.Biblioteca Virtual em Saúde. DeCS – Descritores em Ciências da Saúde [citado 2010 Set.06]. São Paulo: BIREME. Disponível em URL: http://decs.bvs.br.4. Wilson GN, Cooley W. C. Informação adaptada de Preventive management of childrenwith congenital anomalies and syndromes. Disponível em: http://www.chc.minsaude.pt/hp/genetica/digeorge.htmAcesso em: 10 de out. de 2010.5. Creswell, JW. Qualitative inquiry and research design: choosing among five traditions.Thousand Oaks: Sage Publications, 1997.6. Carraro TE. Da metodologia da assistência de enfermagem: sua elaboração eimplementação na prática. In: Metodologias para a Assistência de Enfermagem:Teorizações, Modelos e Subsídios para a Prática. Org.: Mary E. A. Westphalen e Telma ElisaCarraro. Goiânia: AB, 2001.7. North American Nursing Diagnosis Association ‐ Definições e Classificação – 2005‐2006.Diagnóstico de Enfermagem da NANDA. Porto Alegre: Artmed, 2006.8. Brasil. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução n° 196/96. Aprova as diretrizes enormas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. 10 out. 1996.9. Comissão de pesquisa e ética em saúde/GPPG/HCPA. Resolução Normativa 01/97.Utilização de dados de prontuários de pacientes e de bases de dados em projetos depesquisa, 1997. Disponível em: www.ufrgs.br/bioetica/res197hc.htm. Acesso em setembrode 2010.10. Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem. EPUB, 3° edição.2003/2004.11.Horta WA. Processo de Enfermagem. São Paulo: E.P.U. 1979.Págs. 38 a 96.ISBN: 978-85-63901-04-0


CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA TÉCNICOS EM ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL (UTIN):RELATO DE EXPERIÊNCIA 164 Bruno Jordelino Pires 165Queine Rogério Barbosa de Sena 166Diego Vieira de Mattos 167Introdução: Segundo Resolução ‐ RDC Nº 7, de 24 de Fevereiro de 2010 – Agência <strong>Nacional</strong>de Vigilância Sanitária (ANVISA) 1 , é classificado como paciente crítico neonatal, recém –nascido com faixa etária de 0 a 28 dias de nascido. Os critérios a serem observados paraadmissão do neonato na Unidade de Terapia Intensivo Neonatal (UTIN), dependendo dosuporte institucional, que estão entre ele: neonatos com idade gestacional menor que 38semanas; ápgar menor que 5 no 5° minuto de vida; problemas respiratórios; utilização dedrogas como cocaína no período pré‐natal, anormalidades congênitas dentre outros ². Aequipe de enfermagem deve estar capacitada para executar as atividades do dia‐a‐dia naUTIN, conhecer os procedimentos e técnicas na realização dos procedimentos cotidianospara com os neonatos, sendo atribuição do Enfermeiro coordenador, o treinamento ecapacitação da equipe¹. Entre as competências do técnico em enfermagem, está a atuaçãojunto ao enfermeiro na assistência aos neonatos de alta complexidade. No estado de Goiás164Curso de Capacitação realizado em parceria com o Curso Técnico em Enfermagem do Colégio deEducação Profissional de Goiânia – GO, Rua T‐30 n.º 982 ‐ Setor Bueno, Goiânia – GO, CEP.: 74210‐060,Telefone / Fax: (62) 3251‐8825 e 3274‐4558, e‐mail: cepgsecretaria@hotmail.com.165Graduandos do 6º período no Curso de Enfermagem pela Faculdade de Ceres (FACERES‐GO):Avenida Brasil, quadra 13, Ceres – GO, CEP: 76300‐000, Tel.: (62) 3323 1040, e‐mail:kayerro_latinno@hotmail.com e queine‐rogerio@hotmail.com.166Orientador do trabalho, Aluno especial de Mestrado em Enfermagem pela FEN/UFG, Supervisor deEstágio em Obstetrícia e Pediatria ‐ Universidade Salgado de Oliveira/Campus Goiânia; Coordenadordo Curso Técnico em Enfermagem do Colégio de Educação Profissional de Goiânia – GO; Docente deEnfermagem em Terapia167Intensiva pela Faculdade de Ceres (FACERES‐GO): Avenida Brasil, quadra 13, Ceres – GO, CEP:76300‐000, Tel.: (62) 3323 1040 e‐mail: diegovmattos@hotmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


há aproximadamente 30 mil profissionais de enfermagem distribuídos entre enfermeiros,técnicos e auxiliares de enfermagem, atuantes. Atualmente há 132 UTINs no estado,dentre este numero, 83 leitos prestam atendimento ao Sistema Único de Saúde e 49 leitosem institução privadas, dentro dessa quantidade, somente 69 se localizam na cidade deGoiania 3 . Objetivos específicos: capacitar à equipe técnica em enfermagem junto àspráticas assistenciais em unidades de terapia intensiva neonatal; proporcionar mão deobra qualificada a rede hospitalar de assistência neonatal; qualificar a assistência prestadaaos neonatos nas unidades de tratamento intensivo no estado de Goiás. Metodologia: Opresente estudo se refere a um relato de experiência, vivenciada pela coordenação de umaescola técnica em enfermagem na cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás, emparceria com discentes do curso de graduação em enfermagem. Para início das atividades,foi elaborado um projeto onde foram identificados a justificativa, reforçando a importânciada capacitação para os profissionais da região. Sendo descrito ainda, os objetivos gerais eespecíficos, organização curricular, com carga horária de 100 horas, subdivididas em 5módulos, em regime de aula mensal, contando ainda com atividades extra‐curriculares,estando entre elas a leitura de artigos científicos e elaboração de trabalho de conclusão decurso. Como metodologia de ensino‐aprendizado foram realizadas aulas teórico‐prática,com exposição de vídeos e visitas técnicas em unidades de referências no tratamentointensivo neonatal. A avaliação foi realizada por competências, tendo como enfoqueavaliativo, assiduidade, pontualidade, responsabilidade, ética, habilidade e participação.Após apresentação do projeto de capacitação e aprovação pela instituição de ensino, foirealizada a divulgação e iniciado as inscrições, tendo como pré‐requisito formação técnicaem enfermagem ou o aluno que estivesse cursando o III módulo do curso técnico emenfermagem. Foram realizadas 32 matriculas, entre os quais eram profissionais atuantesnas UTINs da região e discentes. Resultados e discussões: O ponto de grande relevânciaobservado durante o período de atividades foi à capacidade de avaliação crítica dosdiscentes, sobre as práticas assistenciais prestadas pelo serviço de enfermagem, avaliadasISBN: 978-85-63901-04-0


e discutidas principalmente durante as visitas técnicas. Atualmente a assistência aoneonato em UTI tem passado por uma grande transformação no cuidado ao RN de altacomplexidade, onde vem cedendo um grande espaço para um novo modelo que permite apresença dos pais e toda sua família no cuidado do RN 4 . Algumas recomendações tem sidoimplementada nas UTINs, para instrumentalizar a equipe de saúde no seu âmbito detrabalho, como: liberar para visita de outros membros da família, permitir que os paisfiquem sempre com seus filhos durante a internação, autorizar a participação de um grupode apoio aos seus familiares, estar sempre incentivando a mãe ao cuidado com bebê e nasmais variáveis decisões durante o tratamento. Para que ocorra um processo adequado dehumanização no cuidado individualizado ao RN em situação de risco é importante umaabordagem multidisciplinar interagindo com a família e para que este evento aconteça, énecessário um programa de educação permanente entre equipe e familiares 5,6 . Conclusão:A equipe de Enfermagem tem como característica principal o contato direto com oneonato em situação crítica, reforçando assim a importância de atividades que qualificaçãoprofissional na área supracitada, tendo como ponto de partida a busca pela qualidade noatendimento a esta clientela, contribuindo para o processo terapêutico, curativo ou dereabilitação, visando à manutenção das boas práticas de cuidados elementares deenfermagem. Com base na estratégia utilizada, reforça‐se a importância da ampliação deconhecimentos específicos para a formação de profissionais capacitados para oatendimento na enfermagem neonatal. Os programas de capacitação podem contribuirpara uma maior conscientização da equipe, quanto a abordagem e interação entre aenfermagem e familiares, com enfoque na aplicabilidade das políticas de humanização emsaúdeReferências1.Brasil. Regulamento da ANVISA aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999,c/c o art. 111, inciso I, alínea “e” do Regimento Interno aprovado pela Portaria nº 593, deISBN: 978-85-63901-04-0


25 de agosto de 2000, publicada em 28 de agosto de 2000 e republicada em 22 dedezembro de 2000, consulta Pública nº 21, de 27 de abril de 2006.2.Diário da Manhã. Cidades ‐ Médico omisso será preso (MP); Ministério Público de Goiás;Data de publicação: 27 de setembro de 2010. Disponível em: http://www.mp.go.gov.br,acessado em 05 de outubro de 2010, as 18h00.3.Tamez RN; Silva MJP; Enfermagem na UTI Neonatal; Assistência ao Recém‐nascido deAlto Risco. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.4.Gaíva MAM, Scochi CGS. A participação da família no cuidado ao prematuro em UTINeonatal. Rev Bras Enferm 2005 jul‐ago; 58(4):444‐8. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n4/a12v58n4.pdf, acessado em 30 de setembro de2010, as 16h00.ISBN: 978-85-63901-04-0


DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DO RECÉM‐NASCIDO EM FOTOTERAPIAMaria Jocineide Rodrigues 168Fernanda Cavalcante Fontenele 169Fabíola Chaves Fontoura 170Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 171Introdução: Na aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) a umRecém‐nascido (RN) em fototerapia a identificação dos Diagnósticos de Enfermagem (DE) éum passo fundamental para elaboração do plano assistencial. Os Diagnósticos deEnfermagem caracterizam a segunda etapa do processo de enfermagem, no qual osdiagnósticos reais e de risco são listados. Consoante Alfaro‐Lefevre (2005), ao identificar odiagnóstico de enfermagem o enfermeiro planeja as suas intervenções de acordo com asnecessidades do cliente, identificando problemas reais e potenciais que são a base doplano de cuidado. Sabe‐se que a billirrubina é um produto final do catabolismo dosaminoácidos e hemoproteínas, principalmente da hemoglobina. Quando o recém‐nascidoapresenta hiperbilirrubinemia, evidencia‐se pela icterícia neonatal, uma coloraçãoamarelada na pele e mucosa deste, em decorrências de pigmentos biliares na correntesanguínea. Considera‐se patológica quando o RN apresenta uma icterícia visívelprecocemente, nas primeiras 36 horas de vida (TAMEZ; SILVA, 2009). A bilirrubina quandoencontrada de forma livre, indireta, pode passar ao sistema nervoso central, atravessando168Enfermeira. Coordenadora da Unidade Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza/HGF. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/SABIMF/UFC.169Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará/UFC. EnfermeiraAssistencial da Unidade Neonatal da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, MEAC/UFC. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/UFC. SABIMF/UFC.170Enferneira. Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará/UFC.Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/SABIMF/UFC.171Enfermeira. Pós‐Doutora pela Escola de Enfermagem da Universidade de Victoria/Canadá.Professora Associada do Departamento de Enfermagem da UFC. Pesquisador CNPq. Coordenadora doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho/SABIMF/UFC.ISBN: 978-85-63901-04-0


a barreira sanguínea cerebral causando o kernicterus, chegando a manifestar seqüelasneurológicas como: dificuldade no aprendizado (casos leves) e ainda retardo mental, perdada audição e disfunções motoras (casos graves). No tratamento da hiperbilirrubinemia,tem‐se a fototerapia, realizada através de luz convencional, halógenas ou fibra ótica. A luzem terapia vem sendo utilizada desde 1958. Há referência de que, já em 1956, aenfermeira J. Ward observou que as crianças que dormiam próximas a janela ou tomavambanho de sol nos jardins do Rockford General Hospital, em Essex, perdiam o tomamarelado da pele, portanto, foi ela a primeira profissional a constatar que a luz curava osrecém‐ nascidos ictéricos (FAPESP, 1999). Atualmente, sabe‐se da necessidade de umaassistência de enfermagem individualizada para aumentar a eficácia deste tratamento.Objetivo: Identificar os diagnósticos de enfermagem e descrever os cuidados deenfermagem com o recém‐nascido em fototerapia para o tratamento dahiperbilirrubinemia. Metodologia: Desenvolveu‐se um estudo de caso com um RN comdiagnóstico de icterícia internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)de uma maternidade pública em Fortaleza/Ce. Como estratégia de pesquisa, utiliza‐se oestudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que temos dosfenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outrosfenômenos relacionados (YIN, 2006). Os dados foram coletados a partir do prontuário e daobservação direta ao RN, no período de maio‐junho/2010. Para identificação dosdiagnósticos de enfermagem, utilizou‐se o sistema North American Nursing DiagnosisAssociation Internacional (NANDA‐I). Foram resguardados neste estudo os princípios éticosda Resolução n° 196 de outubro de 1996 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde/Ministério daSaúde (BRASIL, 1996), que regulamentam normas para a pesquisa que envolve sereshumanos, por meio do ofício nº 030/10 e protocolo de nº 008/10, em acordo com aResolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resultados: Configurou como sujeito doestudo, um RN feminino, peso: 1700g, nascido de parto abdominal e Apgar: 8 e 9, comdiagnóstico de infecção Porta. Ao ser admitido na unidade neonatal, foi colocado emISBN: 978-85-63901-04-0


incubadora aquecida (ambiente térmico neutro), instalado monitorização com oximetriade pulso e aplicado terapêutica prescrita. O RN desenvolveu icterícia importante nasprimeiras 48 horas de vida, sendo necessário iniciar fototerapia, permanecendo em uso dehidratação venosa, por Cateter Central de Inserção Periférica (CCIP), antibiótico deprimeira linha: Penicilina Cristalina e Garamicina. Para o tratamento da icterícia,empregou‐se um bilispot simples. Após sete dias em fototerapia o RN apresentousignificativa redução dos níveis de bilirrubina e transferência da UTIN para a unidade demédio risco. Diagnósticos de enfermagem identificados: Risco de vínculo prejudicado;Amamentação ineficaz; Risco de comportamento desorganizado do bebê; Risco deintegridade da pele prejudicada e Risco de desequilíbrio na temperatura corporal. Notratamento da hiperbilirrubinemia, evidenciou‐se como cuidado de enfermagem:manutenção do RN confortável com o corpo exposto a luz; utilização de protetor ocular,sendo o mesmo renovando diariamente (destaca‐se a necessidade de higienização eestimulação visual no momento da troca do protetor ocular); verificação da irradiância dobilispot a cada 8 horas; posicionamento correto do aparelho de bilispot. Anteriormente,quando muitos dos mecanismos de ação ainda não tinham sido totalmente elucidado,recomendava‐se que a fototerapia fosse colocada cerca de 50 cm do paciente, porém hojesabe‐se que a irradiância pode ser aumentada significativamente aproximando‐se aslâmpadas o mais perto possível do paciente (PROCIANOY; LEONE, 2003). Sendo necessárioficar atento para o posicionamento da mesma de acordo com o tipo de lâmpada utilizada.Bueno; Sacai; Toma, (2003), concordam que o papel da enfermeira frente ao RN submetidoà fototerapia está centrado na qualidade da terapêutica e da prevenção de complicações.Neste estudo, ainda como tratamento de enfermagem observou‐se a verificação rigorosados sinais vitais do RN; registro das eliminações do RN, não havendo registros de sinais dedesidratação; foi realizada rigorosamente a mudança de decúbito de 3/3 horas; verificaçãodo peso do RN diariamente, atentando para alterações de ganho e perda de peso, nãosendo constatado alterações significativas. O cuidado com a pele do RN foi contínuo, naISBN: 978-85-63901-04-0


tentativa de reduzir possíveis complicações, não sendo percebido registros de reações dehipersensibilidade, nem utilizados qualquer medicação tópica durante o tratamento(diante da possibilidade de leões na pele do RN). Neste período, foi observado aestimulação do contato mãe‐filho e logo que possível do aleitamento materno, pois mãe efilha estavam separadas devido a internação de ambas e a necessidade da terapêutica comfototerapia de forma ininterrupta. A mãe foi orientada a coletar leite para sua filha sobsupervisão da equipe de enfermagem nos horários prescritos, sendo o RN colocado ao seiomaterno logo que possível. Conclusão: A hiperbilirrubinemia é um problema real, muitopresente em recém‐nascidos, sendo necessário conhecimento clínico durante otratamento da fototerapia e não apenas aplicação de técnicas. Evidenciou‐se a importânciado cuidado sistematizado, individualizado do enfermeiro ao recém‐nascido em fototerapiana unidade de terapia intensiva neonatal, no tratamento da hiperbilirrubinemia, norteadopela identificação dos Diagnósticos de Enfermagem NANDA‐I. A estimulação do apegomãe‐ filho no resgate da amamentação também recebeu atenção especial neste contexto.Percebeu‐se o compromisso e o empenho da equipe de enfermagem na tentativa depromover um cuidado individualizado ao RN. Cuidados estes que favoreceram umamelhora clínica e consequentemente a promoção do bem estar do recém‐nascido.Descritores: Recém‐Nascido, Cuidados de Enfermagem, Diagnósticos de Enfermagem,Hiperbilirrubinemia.Referências Bibliograficas:1. ALFARO‐LEFEVRE, R. A. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidadocolaborativo. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.2. BUENO, M.; SACAI, S.; TOMA, E. Hiperbilirrubinemia Neonatal: Propostas deIntervenções de Enfermagem. Acta Paul Enf, São Paulo, v. 16, n.2, p. 75‐83, 2003.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Cobertor de luz do recém‐nascido. Noticias FAPESP [on line]. 1999 jul. Disponível em:URL:http//www.fapesp.br/cap.a 44a htm. Acessado em: 31 de julho de 2010.4. TAMEZ, R. N.; SILVA, M. J. P. Enfermagem na UTI Neonatal ‐ assistência ao RN de altorisco. 4ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.5. North American Nursing Diagnosis Association‐Internacional (NANDA‐I). Diagnósticos deEnfermagem da NANDA: definições e classificação 2009‐2011. Porto Alegre: Artmed, 2010.6. PROCIANOY, R. S.; LEONE, C. R. Sistema de educação médica <strong>continuada</strong> a distãncia:PRORN ‐ programa de atualização em neonatologia. Ciclo 1, módulo 1. Porto Alegre:Artmed, 2003.7. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


DIFICULDADES MATERNAS NO PROCESSO DE ALEITAMENTO DO PREMATURO EMTERAPIA INTENSIVA NEONATALLuciano Marques dos Santos 172Carine Barreto 173Rosana Castelo Branco de Santana 174Introdução: Os avanços ocorridos na neonatologia e o desenvolvimento das Unidades deTerapia Intensiva Neonatal foram marcantes para aumentar a sobrevivência dos neonatos.O número elevado de neonatos de baixo peso ao nascimento constitui um importanteproblema de saúde pública e representa um alto percentual na morbimortalidadeneonatal. Além disso, têm graves conseqüências médicas e sociais, tais como o abandonodos bebês quando a separação é longa e/ou se o custo dos cuidados é alto (BRASIL, 2002).Neste contexto, destaca‐se a evolução tecnológica do setor saúde, tendo em vista osmodernos aparelhos de ventilação mecânica, as incubadoras e berços, além do suportemedicamentoso, com ênfase no surfactante pulmonar sintético. Entretanto, mesmo com aevolução da terapia nutricional, a prática do aleitamento materno em recém‐nascidosprematuros continua sendo um dos pilares da atenção prestada nas unidades neonatais,com vista aos aspectos da humanização. Sendo assim, este estudo tem como objeto deinvestigação as dificuldades enfrentadas pelas mães de recém‐nascidos prematurosinternados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral Clériston Andrade172Enfermeiro. Mestre pelo Programa de Pós–graduação da Escola de Enfermagem da Universidadefederal da Bahia. Professor Auxiliar da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Líderdo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Cuidado em Saúde (GEPECS/UNIVASF) da UNIVASF. Rua Dr.Macário Cerqueira, Condomínio Princesa do Sertão, ala norte, bloco 05 e apartamento 102. BairroMuchila II, Feira de Santana‐BA. CEP: 44080‐640. E‐mail:lucmaxenfo@yahoo.com.br/luciano.marques@univasf.edu.br.173Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal e Pediátrica.174Estudante. Curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Feria de Santana‐BA.ISBN: 978-85-63901-04-0


em Feira de Santana, Bahia. O interesse por este objeto surgiu durante a prática em campodo Componente curricular Enfermagem na Saúde da Criança e do Adolescente, daFaculdade de Tecnologia e Ciências, campus de Feira de Santana, Bahia, no Berçário deAlto Risco de um hospital público de médio porte, onde percebeu‐se que as puérperasinternadas e que estavam acompanhando a recuperação clínica do seu filho prematuro,participavam do processo de aleitamento materno por meio da ordenha manual ou doaleitamento propriamente dito. Entretanto, não eram levadas em consideração, por parteda equipe de saúde, da unidade acima referida, as necessidades enfrentadas por essasmulheres, ficando em segundo plano a discussão das questões de gênero. Isto posto,questionou‐se: As mães dos recém‐nascidos prematuros enfrentam algum problema emrelação ao processo amamentação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal? Este estudoteve como objetivo geral conhecer as dificuldades enfrentadas pelas mães de recémnascidos prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do HospitalGeral Clériston Andrade Feira de Santana‐BA. Este estudo foi de relevância social,profissional e teórica, já que evidenciou as dificuldades enfrentadas pelas mães dosprematuros diante do processo de amamentação, tornando‐se mais visível estaproblemática no cenário da prática cotidiana dos profissionais de saúde, em especial daenfermagem. Em relação ao aspecto profissional, poderá contribuir na reflexão da equipede saúde, no que se refere à forma como vem sendo conduzida a prática de incentivo aovínculo mãe e filho prematuro, com ênfase no processo de aleitamento materno. Emvirtude da escassa produção científica relativa à temática, este estudo poderá incentivarnovas investigações empíricas, tendo em vistas as lacunas do mesmo. Metodologia: esteestudo foi do tipo exploratório, descritivo, e qualitativo. A pesquisa qualitativa costuma serdirecionada à obtenção de dados descritivos mediante contato direto e interativo dopesquisador com a situação objeto de estudo. É freqüente a busca de entendimentos dosfenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí,situe sua interpretação dos fenômenos estudados (NEVES, 1996). O estudo foi realizado naISBN: 978-85-63901-04-0


cidade de Feira de Santana‐BA, na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital GeralCleriston Andrade. Participaram deste estudo cinco mães que estiveram visitando seurespectivo recém‐nascido prematuro na unidade neonatal em estudo. Foram excluídastodas aquelas mães que não tinham condições de serem entrevistadas ou que serecusaram a responder a entrevista. O quantitativo de entrevistada foi devido ao fato degrande parte dos recém‐nascidos prematuros hospitalizados durante o período da coletados dados serem de outros municípios, o que dificultava a visita materna e de demaisfamiliares. As participantes foram esclarecidas sobre o intuito da investigação e aspossíveis repercussões favoráveis deste processo. Os dados foram coletados durante osmeses de fevereiro a maio do ano de 2009, através de entrevistas semi‐estruturadas, pormeio de um roteiro que continha questões sócio‐econômicas e demográficas, além dasseguintes questões norteadoras: Como está sendo para a senhora alimentar seu filhoprematuro nesta Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e a senhora está apresentandoalguma dificuldade para amamentar seu filho aqui na UTI? Quais são estas dificuldades?Conte‐me estas dificuldades. A análise do material empírico foi realizada através da Análisedo Conteúdo de Bardin. Este método é utilizado para a interpretação dos dados e cadauma destas modalidades prioriza uma característica diferenciada para a organização esistematização dos dados. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas naíntegra a fim de constituir o corpo do estudo. Em seguida procedeu‐se com a leiturasuperficial do material empírico para a aproximação inicial com o conteúdo das mesmas.Posteriormente, foram realizadas leituras exaustivas do material coletado, com o objetivode construção das categorias, partindo da identificação das unidades de análise e designificação. Desta forma, foram identificadas duas categorias, assim denominadas:Preocupações Maternas e Participando indiretamente da nutrição. Este estudo respeitou aResolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética naPesquisa da Faculdade de Tecnologia e Ciências, campus de Salvador‐Bahia, sob o parecerde número 0546 – 2008. Todas as participantes da pesquisa assinaram um termo deISBN: 978-85-63901-04-0


consentimento e esclarecimento concordando em participar da mesma. A identidade dosparticipantes foi preservada, sendo seus discursos identificados através dos códigos E01,E02, E03, E04 e E05. Resultados e discussões: na categoria “Preocupações maternas” asentrevistadas verbalizaram dificuldades relacionadas à vontade de ver o recém‐nascidoprematuro e a preocupação com os outros filhos. Para Reichert, Lins e Collet (2007) oestabelecimento e manutenção do vínculo durante o período de hospitalização éfundamental para o despertar do cuidado da família para com o bebê, como também, paraacelerar o processo de recuperação da saúde deste. Percebeu‐se nos relatos que as mãesbuscam estabelecer o vínculo com seu bebê e lamentam pelo fato de não poderamamentá‐lo diretamente em casa. Em virtude das questões de gênero, as mulheres sesentem as responsáveis pelo não estabelecimento da prática do aleitamento materno dorecém‐nascido prematuro, já que para as mesmas foram delegadas a tão naturalizadaresponsabilidade pela manutenção da saúde e cuidados diretos. Assim, o ato de nãoamamentarem diretamente ou não conseguirem estabelecer este processo faz com que asmães dos prematuros se sintam as responsáveis pela demora na recuperação clínica dofilho. Entretanto, as mesmas passam a participar deste processo de forma indireta,realizando a ordenha manual, a fim de ofertar o seu leite como nutriente para o filho.Diante da adversidade de um parto prematuro, mesmo as multíparas, que já tiveram aoportunidade de vivenciar anteriormente o processo de amamentação, acabam porconsiderar como novo e difícil este momento de hospitalização do prematuro (GORGULHO;PACHECO, 2008). Na categoria “Participando indiretamente da nutrição” percebeu‐se queo contato do prematuro com a mama da mãe não acontece de fato na unidade. Oprocedimento rotineiro, ao longo da internação dos bebês, onde a mãe submete‐se aretirar o leite no Banco de Leite Humano, aumenta o sentimento de incapacidade da mãe,o que pode prejudicar o estabelecimento do vínculo e apego. Para Vannuchi et al. (2004), aseparação prejudica a formação do vínculo mãe e filho, fator essencial para o sucesso daamamentação. De acordo com Scochi et al. (2003), a enfermagem das unidades neonataisISBN: 978-85-63901-04-0


deve facilitar as oportunidades de contado precoce entre as mães e bebês prematuros,visando estabelecer o vínculo e apego, tendo em mente que esse é um processo gradualque pode levar mais tempo do que os primeiros dias ou semanas do período pós‐natal.Notou‐se que as mães conhecem a importância da amamentação para a recuperaçãoclínica do prematuro e compreendem as técnicas corretas, têm vontade de realizar amamada, no entanto esta vivência é limitada. Foi constatada, também, a presença desentimentos contraditórios, como a culpa por se sentirem incapazes de realizar aamamentação através de suas mamas e, no mesmo momento, manifestam esperança eresignação. As entrevistadas relataram sentir dor durante a ordenha, sendo esta apontadacomo dificuldade para o processo de aleitamento do prematuro. A quantidade de leiteproduzido é outro problema para as mães de prematuros na UTIN, devido ao fato de nãoconseguirem suprir toda a vontade de seu filho com seu leite (GORGULHO; PACHECO,2008). Considerações finais: neste estudo percebeu‐se que as dificuldades maternas naamamentação estão relacionadas à carência de uma estrutura física adequada nainstituição que garanta a permanência desta mãe na unidade e, conseqüentemente,estimule o contato pele‐a‐pele através da amamentação direta. As mães sentem‐seangustiadas e preocupadas com os outros filhos que estão em casa, o que poderá refletirintimamente na produção láctea, assim como no próprio elo afetivo estabelecido durante amamada. Assim, o aleitamento do prematuro configura‐se como um processo complexoque demanda sensibilidade dos profissionais envolvidos no cuidado e o reconhecimento deque este momento é marcado por vivências que podem repercutir no vínculo entre mãe efilho.Descritores: Enfermagem neonatal; Aleitamento materno; Unidades de Terapia intensivaNeonatal.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências1.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método mãe‐canguru: Manual docurso, 1.ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2002.2.Gorgulho FR, Pacheco STA. Amamentação de prematuros em uma unidade neonatal: avivência materna. Esc. Anna Nery Rev Enferm 2008; 12 (1): 19‐24.3.Neves JL. Caderno de pesquisas em administração. São Paulo, v.1, n. 3. 1996.Reichert APS, Lins RNP, Collet N. Humanização do Cuidado da UTI Neonatal. Rev Eletr Enf2007; 9(1): 200‐213.4.Scochi, CGS et al . Incentivando o vínculo mãe‐filho em situação de prematuridade: asintervenções de enfermagem no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Rev Latino‐AmEnfermagem (Ribeirão Preto) 2003; 11 (4): 539‐543.5.Vannuchi MTO, Monteiro CA, Rea MF, Andrade SM, Matsuo T. Iniciativa Hospital Amigoda Criança e aleitamento materno em unidade de neonatologia. Rev Saúde Pública (SãoPaulo) 2004; 38 (3): 422‐8.ISBN: 978-85-63901-04-0


EDUCAÇÃO EM SERVIÇO NA UNIDADE TERAPIA INTENSIVA NEONATALPriscila Baptista dos Santos Marinho 175Vanusa Higino Agostinho 176Inês Maria Meneses dos Santos 177A inquietação para este estudo surgiu ao iniciar nossas atividades profissionais em umaUnidade Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), que é descrita como um local que oferecetecnologia avançada para o cuidado de crianças criticamente doentes, podendo causargrande impacto sobre as necessidades físicas e psicológicas dos pacientes, de suas famíliase da equipe que ali trabalha (1) . Nesse local onde o barulho, os alarmes e a luz dificultam asdiferenciações entre dia e noite, várias pessoas trabalham 24 horas por dia. Períodos desobrecarga sensorial se alternam ou interatuam com monotonia perceptiva e privaçãosensorial. Além disso, muitos procedimentos altamente invasivos devem ser realizados.Diante da complexidade do setor houve uma dificuldade inicial no desempenhoprofissional, e por não haver um treinamento sistematizado que facilitasse a adaptação dosnovatos dependíamos da predisposição dos mais experientes e a prática sendo corrigidacotidianamente. De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem nº311/2007, é responsabilidade e dever do enfermeiro: Art. 69 – Estimular, promover e criarcondições para o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural dos profissionais deEnfermagem sob sua orientação e supervisão (2) . O ensino e a pesquisa podem contribuirpara a melhoria desta realidade através da educação em serviço e capacitação dosprofissionais de saúde para melhor desempenho na assistência a clientela crítica. Trata‐se175Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal pela UNIRIO. E‐mail: nsbll@yahoo.com.br176Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFRJ. Professora Adjunta do DEMI /EEAP /UNIRIO.Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal pela UNIRIO.177Professora Adjunta do DEMI /EEAP / UNIRIO.Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatalpela UNIRIO.ISBN: 978-85-63901-04-0


de um estudo descritivo que visa descrever as características de determinada população oufenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. (3) . Os objetivos foram:identificar a percepção da equipe de enfermagem na UTIN sobre educação em serviço; eanalisar a adesão dos profissionais de enfermagem frente à educação em serviço.Educação em serviço trata‐se de um processo educativo a ser aplicado nas relaçõeshumanas do trabalho, no intuito de desenvolver capacidades cognitivas, psico‐motoras erelacionais dos profissionais, assim como seu aperfeiçoamento diante da evoluçãocientífica e tecnológica. Dessa maneira, ela eleva a competência e valorização profissionale institucional (4) .O cenário foi uma Unidade Terapia Intensiva Neonatal pública, domunicípio do Rio de Janeiro, situado na zona norte, AP 3.3.O projeto foi encaminhado àChefia da UTI Neonatal e à Direção do Hospital para solicitar autorização para realizar apesquisa. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SMS‐RJ, com o parecer nº28/10, CAAE: 0027.0.314.000‐10, data de apreciação: 08/03/2010 atendendo a Resolução196/96 do CNS que dispõe sobre as Diretrizes e Normas Regulamentares de Pesquisa emSeres Humanos (5) . Somente após aprovação da Instituição e do Comitê de Ética é que foiiniciada coleta de dados na unidade. Foi apresentado e lido em conjunto com osentrevistados o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visando assegurar ainexistência de conflitos de interesses entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa, aliberdade deste sujeito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, emqualquer fase da pesquisa, sem penalidades ou prejuízos, garantindo também a este osigilo e privacidade quanto a possíveis dados envolvidos na pesquisa. A coleta de dadosocorreu entre os meses de abril a maio de 2010. Os sujeitos foram convidados a participardurante os plantões e após o término do seu turno. O instrumento para a coleta de dadosfoi um questionário com perguntas semi‐estruturadas que versou sobre o perfil dosenfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem questões relacionadas à educação emserviço. Os sujeitos da pesquisa foram 22 profissionais, dois quais 7 enfermeiros, 8 técnicose 7 auxiliares de enfermagem. Os dados produzidos através dos questionários foramISBN: 978-85-63901-04-0


submetidos à análise temática, seguindo as etapas de: 1) Pré‐análise realizada pela leituraflutuante que é ler exaustivamente as entrevistas deixando‐se impregnar por seuconteúdo; 2) Exploração do material onde os temas foram recortados, classificados eagregados, escolhendo as categorias que comandaram a especificação dos temas e 3)Tratamento dos resultados obtidos e interpretação onde a partir dos dados agrupadospropuseram‐se inferências e interpretações à luz da literatura, em torno de dimensõesteóricas sugeridas pela leitura do material (6) . Foram construídas duas categorias analíticas:1) A percepção da educação em serviço na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; e 2) Aadesão da equipe de enfermagem à educação em serviço. Através da análise dosquestionários respondidos, constatou‐se que dezessete (77,2%) dos depoentes identificama existência da educação em serviço na unidade. Todos foram unânimes quanto ànecessidade de sua realização. A educação em serviço foi apontada como uma necessidadepara os recém‐chegados à Unidade. Porém, os profissionais também apontaram acontinuidade da educação em serviço, para todos os profissionais, independentes dotempo de atuação, no sentido de aprimorar a qualidade do atendimento à clientela.Foram apontados aspectos subjetivos da educação em serviço como as relaçõesinterpessoais e da peculiaridade individual de cada profissional. A educação em serviço foiapontada para corrigir aspectos negativos, erros cometidos e consequentemente,melhorar a assistência de saúde. Como facilidade para educação em serviço foi citado: asrelações interpessoais, a aceitação e o interesse pessoal. Como dificuldades paradesenvolvimento da educação em serviço foram relatados: a não aceitação , a resistênciados profissionais e a pouca disponibilidade de tempo. Porém, a maioria, 72,7%, declarou‐seenvolvido com a educação. Ao serem questionados sobre temas a serem abordados, osdepoentes centraram‐se em: atualização dos procedimentos, dos mais simples aos maissofisticados. Desta forma, investir na educação deve ser prioridade de gestão e dequalidade, pois insere o profissional na rotina de trabalho através de um processo efetivo econtínuo ajustando‐o às necessidades do cotidiano no processo de trabalho e,ISBN: 978-85-63901-04-0


qualificando‐o no cuidado ao cliente (7) . A educação em serviço traz consigo a possibilidadede mudança comportamental faz refletir sobre compromisso social, vê a necessidade dooutro e de nós mesmos, permite o desenvolvimento profissional e consequentemente amelhoria na qualidade da assistência. Investir na educação deve ser prioridade de gestão ede qualidade, permite estabelecer à desejável “mudança de comportamento” e quebrar ocírculo vicioso na prática diária. Identificamos que é relevante perpassar nos currículos dosdiferentes níveis profissionais a educação em serviço, visto que os profissionais de nívelmédio podem manter‐se como multiplicadores desse conhecimento, sendo supervisionadopelo profissional de nível superior, sensibilizando o indivíduo a desenvolver eticamente oprocesso de trabalho ao ingressar e permanecer em uma instituição.Descritores: Educação em serviço, Enfermagem, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal.Referências:1‐ Baldini SM, Krebs VLJ. Reações Psicológicas nos Pais de Recém‐Nascidos Internados emUnidade de Terapia Intensiva. Pediatria Moderna. São Paulo; Edição Especial. 2000.2‐ COFEN. Código de Ética. Resolução COFEN 311/2007. Disponível em: http://www.corenrj.org.br3‐ Gil, AC. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.4‐ Paschoal AS, Mantovani MF et al. Percepção da educação permanente, <strong>continuada</strong> e emserviço para enfermeiros de um hospital de ensino. Rev. esc. enferm. USP vol.41 no.3 SãoPaulo Sept. 2007.5‐ Resolução 196/96 do CNS. Disponível em:http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm6‐ Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo –Rio de Janeiro: HUCITEC‐ABRASCO, 2000.7‐ Severo DF, Cunha AOD, Barboza MCN. Educação em Serviço: Instrumento Qualificadordo Cuidado.ISBN: 978-85-63901-04-0


EFETIVIDADE DE ESTRATÉGIAS NÃO FARMACOLÓGICAS NO ALÍVIO DA DOR DAPARTURIENTE NA FASE ATIVA DO TRABALHO DE PARTO 178Rejane Marie Barbosa Davim 179Camila Fernandes da Silva Carvalho 180Mayana Camila Barbosa Galvão 181Introdução: O trabalho de parto, parto e nascimento constituem em conjunto experiênciamarcante vivenciada não só pela mulher como também por seu parceiro e família. Trata‐sede uma extraordinária vivência humana, a qual vai além do âmbito fisiológico, tendo emvista que abarca mudanças na vida reprodutiva do casal e início de uma nova rotina para afamília. A humanização do trabalho de parto, parto e nascimento devem ser assistidos porprofissionais da saúde no papel de coadjuvantes ao assegurar o bem‐estar de todos osenvolvidos. Os mesmos devem estar comprometidos a respeitar os aspectos sociais,culturais e emocionais da tríade parturiente‐parceiro‐família, atuando a favor da fisiologia,na qual geralmente decorre sem complicações para a mãe e/ou bebê. Para isso, deve‐seevitar a realização de procedimentos desnecessários, fornecendo apoio necessário para oparto ser o mais natural possível, além de respeitar a assistida, valorizando sua autonomiae empoderamento por todo o período perinatal, o que inclui esclarecimentos sobre todo oprocesso parturitivo até o direito a um acompanhante de sua escolha. Espera‐se, portanto,que a atuação do profissional da saúde seja apoiada em uma visão holística, prezando oslaços afetivos e o vínculo mãe/filho ao assistir um parto e nascimento natural e178Pesquisa em andamento cadastrada na PROPESQ/UFRN sob o Código PVD2045‐2010.179Enfermeira Obstetra, Professora Doutora Associado I do Departamento de Enfermagem/UFRN,Consultora de Periódicos Científicos. Membro do Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem/UFRN.Presidente da <strong>ABENFO</strong>/RN. Email: rejanemb@uol.com.br Email institucional: secdenf@hotmail.com180Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Bolsista de Iniciação CientíficaPIBIC/CNPq. Email: camilafscarvalho@gmail.com181Enfermeira Assistencial do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel em Natal/RN, Mestranda doPrograma de Pós‐Graduação em Enfermagem/UFRN. Email: mayana_camila@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


humanitário. Porém, esses profissionais sentem dificuldades em integrar a humanizaçãonos conhecimentos científicos e nas habilidades adquiridas durante sua formação visto queos mesmos saem da Academia com uma visão deturpada sobre o cuidado com asparturientes. Há a formação de médicos e enfermeiros com uma visão biologista por contada valorização da doença e das intercorrências no decorrer de sua estrutura curricular. Porconseguinte, a dor sentida pelas mulheres durante o trabalho de parto é vista pelosprofissionais da saúde como “sofrimento” sujeito a intervenções farmacológicas. Por essecenário, é visto a necessidade de aprimorar a qualidade na assistência das parturientes emtrabalho de parto, tendo em vista o conforto por meio da adoção de novas atitudes dianteda assistida tais como o suporte psíquico e emocional por meio de estímulos positivos aoprogresso da parturição e a presença e contato físico do profissional as mesmas. Visandoespecificamente a dor, observou‐se relevante importância do profissional quanto aoconhecimento na promoção de alternativas não farmacológicas para o alívio e confortodurante a parturição, sendo este o enfoque central desta pesquisa. Espera‐se que esseestudo promova o desenvolvimento e aprimoramento das habilidades e conhecimentoscientíficos adquiridos pelos discentes de graduação e pós‐graduação da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte no centro obstétrico com ênfase nas estratégias nãofarmacológicas. Esse vínculo entre universidade e instituição hospitalar propicia vantagensno atendimento das parturientes e família beneficiando, assim, a sociedade e promovendoo desenvolvimento de conhecimentos e habilidades dos profissionais da saúde quegarantem melhor atendimento da parturiente e familiares ao longo do perinatal. Essainvestigação oportunizará também interligação dos saberes aos discentes redirecionandoospara uma prática holística em prol do conforto das parturientes em trabalho de parto.Além disso, o benefício estende‐se aos funcionários do local de estudo haja vista quedesenvolverão também habilidades mais humanísticas no centro obstétrico. Objetivos:Treinar discentes na aplicação de alternativas não farmacológicas em parturientespresentes no centro obstétrico com dor visando alívio e conforto; identificar osISBN: 978-85-63901-04-0


conhecimentos, habilidades e possíveis dificuldades dos discentes quanto à aplicaçãodessas estratégias; enfocar no aprendizado dos discentes ao mostrar a aplicação adequadae forma correta da estratégia fomentando o conhecimento e habilidade nessa aplicação, e,estimular os discentes à prática do ensino, pesquisa e extensão de forma conjunta para odesenvolvimento do conhecimento e das habilidades durante a prática. Metodologia: Ométodo adotado pela referida pesquisa descritiva é a intervenção terapêutica comabordagem quantitativa. O local na qual se realiza esse estudo é uma maternidade‐escolana cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, na região Nordeste do Brasil, queatende pelo Serviço Único de Saúde (SUS). A maternidade em questão é de referência noatendimento à mulher em trabalho de parto de baixo e alto risco. Sua estrutura atende aum sistema de suítes individualizadas na humanização do parto e nascimento no segundopavimento da instituição. Nestas suítes encontram‐se a cama PPP (Pré‐parto, Parto e Pósparto),cavalinho, bola de Bobath, escada de Ling, banqueta, banho de chuveiro aquecido,berço aquecido para o recém‐nascido e todo o material necessário para assistir à mulher eseu acompanhante durante o trabalho de parto e parto. A população é composta porparturientes em trabalho de parto admitidas na referida maternidade e que atendam aosseguintes critérios de inclusão: estar em trabalho de parto ativo e de baixo risco, com idademínima de 20 anos independente de paridade e queiram participar da pesquisa assinandoo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). São excluídas as que apresentemqualquer patologia, adolescentes e que não aceitem participar do estudo, mesmoatendendo aos critérios de inclusão. A coleta de dados é desenvolvida durante as práticasnas suítes das parturientes pelos discentes que estejam cursando a disciplina médiacomplexidade, de acordo com o novo currículo do curso de Graduação em Enfermagem.Para que tal ação seja efetuada, os discentes são previamente orientados, treinados esupervisionados tanto pelo Professor quanto pelo Bolsista para tal fim. As ações que sãopraticadas estão atendendo aos objetivos da pesquisa e compreendem as seguintesalternativas não farmacológicas: exercícios respiratórios, relaxamento muscularISBN: 978-85-63901-04-0


progressivo, massagem lombar, banho de chuveiro, deambulação e alimentação. Essasalternativas permitem proporcionar a parturiente conforto e alívio da dor durante oprocesso de trabalho de parto, sendo tais ações realizadas com a presença doacompanhante. O instrumento para a coleta das informações é composta de duas partes. Aprimeira etapa consta de dados sóciodemográficos e culturais, tais como: idade,escolaridade, estado civil, religião, renda familiar, paridade, consultas no pré‐natal, númerode consultas, procedência, diagnóstico da parturiente em semanas, presença ou não doacompanhante, medicação em uso. A segunda etapa corresponde aos objetivos propostospela pesquisa e compõe‐se de questionamentos fechados, objetivando avaliar a atuaçãodos discentes e do bolsista na aplicação das alternativas não farmacológicas à mulher emtrabalho de parto. Esse ensaio clínico deriva de uma tese de doutoramento defendida emagosto de 2007 e, por se tratar de uma continuação a este estudo, já possui parecerfavorável do Comitê de Ética em Pesquisa, apreciada pelo CEP/UFRN sob Registro 045‐2005e apresenta autorização da instituição. O procedimento de tratamento e análise dos dadoscoletados será realizado em Programa SPPS 14.0, de forma descritiva com frequênciasabsolutas e percentuais, configurado em forma de tabelas e figuras e tem a finalidade deresponder aos objetivos propostos assim como embasamento na literatura estudada.Conclusão: Diante do que foi exposto, conclui‐se que essa pesquisa contribuirá de formasignificativa na atuação da equipe de enfermagem em centro obstétrico haja vista que oconhecimento proposto por este estudo incrementa assistência às parturientes,promovendo melhor domínio das mesmas sobre seu corpo e consequentemente evoluçãode um parto mais seguro e tranquilo por intermédio do suporte humanístico doenfermeiro. Portanto, espera‐se que os resultados obtidos ao término desta pesquisacontribuam no desenvolvimento da enfermagem obstétrica enfocado no respeito àfisiologia feminina e desmistificação da visão patológica da dor, tratando‐a no sentido debuscar alívio sem comprometer o progresso natural do trabalho de parto. Igualmente,acredita‐se que o estudo possa incentivar o enfermeiro na busca de um ciclo gravídico‐ISBN: 978-85-63901-04-0


puerperal mais naturalizado, utilizando‐se de técnicas intervencionistas quando forestritamente necessário. Trabalhando‐se dessa forma, incrementa‐se a sensibilização dosdemais profissionais da saúde, obtendo maior abrangência na efetivação das estratégiasnão farmacológicas, alcançando o objetivo proposto que é o de respeitar o processofisiológico do trabalho de parto e nascimento, que é instintivo e condizente a natureza damulher tornando‐a mais ciente de suas próprias forças sobre o nascimento e maiscapacitada para assumir o papel da maternidade.Descritores: Trabalho de parto, Dor, Parturiente, Enfermagem ObstétricaReferências1.Almeida NAM, Bachion MM, Silveira NM, Souza JT. Avaliação de uma proposta deabordagem psicoprofilática durante o processo de parturição. Rev. Enfermagem UERJ 2004dezembro; 12 (3): 292‐8.2.Almeida NAM, Souza JT, Bachion MM, Silveira NA. Utilização de técnicas de respiração erelaxamento para alívio de dor e ansiedade no processo de parturição. Rev Latino‐amEnfermagem 2005 janeiro‐fevereiro; 13(1): 52‐8.3.Castro JC, Clapis MJ. Parto humanizado na percepção das enfermeiras obstétricasenvolvidas com a assistência ao parto. Rev Latino‐am Enfermagem 2005 novembrodezembro;13(6): 960‐7.4.Hanlon TW. Ginástica para gestantes. São Paulo: Manole; 1999.Branden PN. Enfermagem materno‐infantil; tradução da 2ª ed. [original], Carlos HenriqueCosendey. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores; 2000.Iara B, Sperandio FF, Santos GM. Uso de técnica respiratória para analgesia no parto.Femina 2007; 35 (1): 41‐6.5.Ministério da Saúde. (BR). Parto aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher.Brasília: Ministério da Saúde; 2003.6.Paula AAD, Carvalho EC, Santos CB. The use of the “Progressive Muscle Relaxation”technique for pain relief in gynecology and obstetrics. Rev Latino‐am Enfermagem 2002setembro‐outubro; 10(5): 654‐9.ISBN: 978-85-63901-04-0


7.Silva FMB, Oliveira SMJV. O efeito do banho de imersão na duração do trabalho de parto.Rev Esc Enfermagem USP 2006 março; 40(1): 57‐63.8.Silveira IP, Campos ACS, Fernandes, AFC. O contato terapêutico durante o trabalho departo: fonte de bem‐estar e relacionamento. Rev RENE 2002 janeiro‐junho; 3 (1): 67‐72.ISBN: 978-85-63901-04-0


ENFERMAGEM CUIDANDO DO RECÉM‐NASCIDO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVANEONATAL: UM OLHAR ÉTICO DA AÇÃO PROFISSIONALJosé Antonio de Sá Neto 182Benedita Maria Rego Desusdará Rodrigues 183Considerações Iniciais: A neonatologia é uma especialidade que emergiu no século XIX eque com os avanços técnico‐científicos ganhou grandes proporções no decorrer dos anos.Todo este avanço tecnológico culminou no surgimento de equipamentos cada vez maissofisticados, capazes de garantir a sobrevida de prematuros extremos e de muito baixopeso. O Recém‐Nascido (RN) necessita na maioria das vezes, para sobreviver, ser atendidonuma Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI Neonatal). Esse ambiente, emboraimprescindível pela tecnologia sofisticada que lhes assegura a vida, é também hostil pelaagressividade de técnicas e procedimentos invasivos nas quais são submetidas. Assim,existe a possibilidade do “homem perder‐se na técnica, esquecendo seu modo origináriode ser” 1:23 . Nesse cenário, onde o cotidiano da equipe de enfermagem é mesclado porações rotineiras, a tecnologia revela por vezes, um atendimento mecânico, frio eimpessoal, um contraponto as questões relacionadas com a vida e ao ser humano. Nessesentido, o limite entre a ciência e a tecnologia não é bem definido, perdendo a suaimportância se não estiver vinculado aos valores éticos e humanos da vida que cuidamos.No que diz respeito à humanização do cuidado neonatal, o Ministério da Saúde preconizaações que respeitem e valorizem a individualidade e dignidade humana através de atitudeséticas e solidárias, garantindo à adoção de medidas e procedimentos benéficos para oacompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas182Enfermeiro. Mestre pelo Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem da UERJ, Enfermeiro daUnidade Neonatal do Hospital Maternidade Fernando Magalhães. E‐mail: jose.neto2008@ig.com.br183‐ Doutora, Professora Titular do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil da Faculdade deEnfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.ISBN: 978-85-63901-04-0


desnecessárias, que, embora tradicionalmente realizadas, não beneficiam o recémnascido,mas que podem expô‐los a situações de risco 2 . Desvelar essa situação que apontao intervencionismo tecnológico em oposição ao cuidado ético e humanizado, associado aosvalores e princípios morais que adquirimos no decorrer da nossa formação pessoal eprofissional, nos motivou a realização desta pesquisa, que tem como tema a ética nasações de enfermagem na UTI Neonatal. Metodologia: Estudo de natureza qualitativa,sobre as ações experienciadas pela equipe de enfermagem no cotidiano da Unidade deTerapia Intensiva Neonatal, tendo como objetivo apreender os aspectos éticos implícitospelos profissionais ao cuidar do Recém‐Nascido. Foi utilizado como referencialmetodológico a fenomenologia compreensiva de Alfred Schutz, que busca a compreensãodo comportamento humano a partir das suas experiências de vida e do propósito das suasações, envolvendo uma ordem voluntária e intencional. A aproximação face‐a‐face aossujeitos do estudo deu‐se solicitando o seguinte: Fale‐me sobre a sua experiência ao cuidarde um RN no cotidiano da UTI Neonatal. Para alcançar o objetivo proposto, utilizamos asquestões orientadoras da entrevista fenomenológica: O que você tem em vista ao cuidardo RN na UTI Neonatal? Em relação à ética, o que você pensa ao cuidar do RN? Asentrevistas foram realizadas com 16 profissionais da equipe de Enfermagem de umaMaternidade Pública do Município do Rio de Janeiro, sendo escolhidos de forma aleatória.Foram respeitados os critérios estabelecidos pela resolução 196/96, garantindo aprivacidade e o anonimato dos entrevistados, bem como aprovação do estudo pelo comitêde ética em pesquisa, protocolo nº 0002.0.314.000‐09. Resultados e discussão: A partir daanálise das falas emergiram 03 categorias, que possibilitaram a apreensão dos aspectoséticos das ações de enfermagem na UTI Neonatal como um típico, revelando‐se numa açãoque visa buscar o melhor cuidado e a melhora do RN, valorizar a perspectiva humana docuidado na UTI Neonatal e agir com responsabilidade. Na primeira categoria, os depoentesexpressam o desejo de melhora, da cura e de manter a integridade física do RN,preocupando‐se com o bom desempenho de suas ações, resultante de um dever ético eISBN: 978-85-63901-04-0


moral em praticar o bem e não fazer o mal, um dos princípios fundamentais da bioética, oda beneficiência e não maleficiência. Referem‐se à obrigação ética de se fazer o bem,minimizando os danos e prejuízo, favorecendo a qualidade de vida do paciente. Envolve aobrigação de não provocar dano intencional, sendo a primeira e importante regra daconduta profissional 3,4,5 . Neste sentido, cabe lembrar que o objetivo da bioética é a “buscade benefício e da garantia da integridade do ser humano, tendo como o princípio básico deproteção à dignidade humana” 4:62 . O cuidador percebe que a tecnologia é importante narecuperação do neonato, embora o que determina se ela é boa ou ruim, não é a tecnologiapor si só, mas a maneira pela qual é utilizada pelos profissionais, a sua intencionalidade, asua consciência e responsabilidade sobre as possíveis complicações e prejuízos advindas doseu uso. Desta forma, “quando a tecnologia falha ou quando têm conseqüências negativas,não podemos culpar a tecnologia e sim o uso impróprio desta” 6:102 . Revela‐se ainda, umcuidado de realização, satisfação e dever cumprido com a recuperação do neonato,valorizando as suas ações de cuidado e o dever ético e moral para com outro. Na segundacategoria os cuidadores expressam os seus sentimentos através da interação e relaçãoafetiva que estabelecem com o RN e com a família, demonstrando sensibilidade, carinho eafeto durante os seus cuidados. “A sensibilidade no cuidar, tocar, olhar e sentir, e acapacidade de captar as emoções representam a ocasião real do cuidado, a relação entreduas pessoas, transcendendo as dimensões de tempo e espaço” 7:2 . Revelam um instintomaternal ao cuidar do RN, condição existencial da mulher atribuído ao gênero feminino,quando comparam o cuidado dispensado ao RN como se fosse o do próprio filho. Pode‐se,então, afirmar que o processo e a vivência da maternidade interferem de forma favorávelna atividade de Enfermagem, de maneira transformadora e humana 7 . Portanto, o cuidadohumanizado é mais do que um simples ato, demanda atitudes às vezes individuais epessoais contra todo um sistema tecnológico dominante. A tecnologia ajuda, mas nunca sedeve abrir mão do contato com a criança, do nosso envolvimento, dos nossos valores ecompromisso que temos para com o outro. Na última categoria demonstram o respeito, aISBN: 978-85-63901-04-0


esponsabilidade e o compromisso com a criança, preocupando‐se com a sua condição devulnerabilidade e dependência, que exigem do cuidador uma percepção, atenção econhecimento específico, para que reconheça e atenda as suas necessidades básicas ehumanas, determinando maneiras distintas de cuidar do neonato, além do próprio sensode responsabilidade e habilidade técnica. Portanto, cuidar não se limita apenas em realizaruma tarefa ou um procedimento, é mais que um ato, é uma atitude que denota atenção,cautela, desvelo, zelo, é na realidade, uma atitude de preocupação, ocupação,responsabilização e envolvimento afetivo com o ser cuidado 8,9,10 . O fato de os neonatosserem dependentes, pela incapacidade deliberativa dos seus atos e desejos, expressa noscuidadores uma responsabilidade ética e uma capacidade de percebê‐los de uma formamuito especial. Considerações Finais: O típico da ação dos cuidadores de Enfermagem aoexercer o seu cuidado ao RN revelou‐se uma ação de responsabilidade, preocupação,atenção, carinho e sensibilidade, gerando um senso crítico e reflexivo sobre os aspectoséticos e humanos inerentes as suas ações. No encontro do cuidador com o neonato,evidencia‐se um ser dependente dos seus cuidados, frágil e indefeso, que se expressa devárias formas, o que requer do cuidador um conhecimento específico, um envolvimentoafetivo e um cuidado individualizado. Espera‐se que esse agir profissional desperte noscuidadores uma reflexão sobre as suas ações, contribuindo para um cuidado ético ehumanizado, que valorize e respeite a vida humana em toda a sua dimensão.Consideramos, ainda que o estudo é importante para a pesquisa e o ensino, contribuindopara novas produções científicas sobre a temática e para o desenvolvimento doconhecimento científico na área da saúde da criança.Referências:1. Santos DL, Pokladek, DD. A massificação do homem e o destino da humanidadebuscando um jeito fenomenológico de conhecer o mundo. In: Pokladek, DD. Afenomenologia do cuidar: práticas dos horizontes vividos nas áreas da saúde, educacional eorganizacional. São Paulo: Vetor, 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método mãe‐canguru: manual docurso. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.3.Urban CA. Bioética clínica. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.4.Gaiva MAM. O cuidar em unidades de cuidados intensivos neonatais: em busca de umcuidado ético e humanizado. Cogitare enfermagem, Cuiabá. v. 11, n. 1, p. 61‐66. jan./abr.2006.5.Goldim, JR. Bioética: origens e complexidade. Revista HCPA, v. 26, n. 2, p. 86‐92, 2006.6.Oliveira, ISC. A história da tecnologia e suas repercussões no cuidar em saúde da criança.Escola Anna Nery: revista de enfermagem, Rio de Janeiro, v.6, Supl. 1, p.101‐106, dez.2002.7.Santos, CRGC dos. Quando os papéis se misturam: As representações das enfermeirasmãesque trabalham em UTI Neonatal. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) –Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,2000.108p.8‐Remen RN. O paciente como ser humano. São Paulo: Summus, 1993.9‐Boff, L. Saber cuidar: ética do humano ‐ compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes,1999. 199 p.10‐Waldow, VR. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos.Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. 237p.ISBN: 978-85-63901-04-0


ENFERMAGEM NA PESQUISA SOBRE VISITAS AORECÉM‐NASCIDO EM UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATALJakelline Aparecida Dias Guedes 184Fernando Porto 185Introdução: A internação do recém‐nascido em uma Unidade de Tratamento Intensivo(UTI) Neonatal é sempre motivo de tristeza, ansiedade e apreensão para toda a família,mas apenas alguns membros participam diretamente deste momento. Cabe destacar que aUTI Neonatal surgiu para proporcionar cuidados especializados ao recém‐nascido enfermo,através de técnicas, procedimentos e equipamentos sofisticados de alta complexidade,para tratá‐lo no sentido de atender suas necessidades biofisiológicas e emocionais, quandoda separação física da família. Recentemente, foi reconhecida a importância de se atenderàs necessidades psicossociais dos pais, que eram obrigados a se afastar da criança tãorecocemente 1 . É o momento para, os pais terem tempo de transformar o “bebê maginário”em “bebê real”, o que não conseguiram elaborar durante a gravidez 2 . Nesta perspectiva,após a primeira visita, alguns familiares passam a agir de forma distinta em relação àfrequência e ao tempo de permanência da visita. Dessa forma, percebo a necessidade deinvestigar esta maneira de agir dos pais, considerando também a disponibilidade,condições sócio‐econômicas e de saúde da mãe e do recém‐nascido de maneiraindividualizada. O objeto de estudo é a frequência e o tempo de permanência dessasvisitas. Objetivo analisar a freqüência e o tempo de permanência das visitas dos familiaresao recém‐nascido em UTI Neonatal. Metodologia Trata‐se de um estudo de abordagemquantitativa sobre a frequência e o tempo permanência das visitas dos familiares ao184Enfermeira Especialista em Enfermagem Neonatal pela Escola de Enfermagem AlfredoPinto/UNIRIO‐E‐mail: jakellineguedes@gmail.com185Pós‐doutor em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da USP. Prof. da Escola de EnfermagemAlfredo Pinto/UNIRIO – E‐mail: ramosporto@openlink.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


ecém‐nascido em UTI Neonatal que, pelas normas do hospital em questão, só poderiamser: pai, mãe ou avós. A coleta de dados aconteceu no período de 22 de fevereiro a 24 demarço de 2010, após aprovação do estudo pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisaque Envolve Seres Humanos do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, conformedetermina a Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996, do Ministério da Saúde, quetrata de diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em seres humanos, com onúmero 56/2009. Para a coleta de dados foram utilizados o livro de internação e alta daUTI neonatal para caracterizar os RN e um instrumento criado para este fim, preenchidopelos familiares com auxilio dos funcionários da UTI, quando houve necessidade, mediantea chegada de cada visitante. O citado instrumento apresentava 6 colunas, a saber: data,nome do recém‐nascido, parentesco, hora de entrada, hora de saída e primeira visita. Comexceção das visitas por motivos profissionais, os sujeitos da pesquisa foram os familiaresdos recém‐nascidos que se encontravam internados na UTI neonatal, independente dolocal de origem ou da patologia da criança. Foram selecionadas para a pesquisa as famíliasdos 6 recém‐nascidos que atendiam aos critérios de elegibilidade, doravante identificadoscomo A, B, C, D, E e F. Resultados Os recém‐nascidos pesquisados eram 50% provenientesda maternidade do hospital e os outros 50% de outras maternidades. O diagnósticopredominante foi a prematuridade. O peso variou entre 1.380 e 3.745g. A longa duraçãode internação do recém‐nascido com diagnóstico de rematuridade representa umaseparação brusca da relação com sua mãe, devida à sua frágil condição, o que também odeixa privado de diversos cuidados como aqueles que o bebê a termo saudável recebe dafamília. Observamos que, no período da pesquisa, apenas duas crianças (33%) tiveramvisitas dos avós. Em 83,3% dos casos, as mães foram quem mais compareceram, queembora de alta obstétrica a maioria das mães permaneceu internada na maternidade,geralmente por causa da retirada do leite, que é um dos motivos permanência materna nohospital, ficando os pais em segundo lugar. No nascimento sem intercorrências, a mãe équem apresenta o filho à família. Em caso de internação, há uma mudança nas tarefasISBN: 978-85-63901-04-0


tradicionais: o pai fica como o primeiro a ter contato com as informações; a mãe, com umasensação de vazio, solidão e medo, também necessitando de suporte; os irmãos do bebê,sem conseguirem compreender a nova situação, sentindo‐se abandonados; os avós, nessemomento, funcionam como rede de apoio para os filhos, no que se refere a darcontinuidade às suas atividades ou compromissos extra‐hospitalares no cuidado com orestante da família 3 . O contato com os outros familiares, incluindo os demais filhos, dáapoio à mãe e a tranqüiliza para se dedicar ao recém‐nascido, além de facilitar a formaçãodo vínculo o mais precocemente possível 4 . A ausência de parte dos membros dessa rede énotada na pesquisa, pois nas respostas registradas no instrumento não houve menção àsvisitas de irmãos nem avós da maioria dos recém‐nascidos. O somatório da frequência dosdias dos recém‐nascidos A, B e C totaliza 54, e dos recém‐nascidos D, E e F = 14. Por outrolado, o tempo de internação dos três primeiros recém‐nascidos somados foi de 26 dias, edos 3 últimos, de 30 dias. Os recém‐nascidos A, B e C nasceram na maternidade dohospital, denotando que, de alguma forma, houve escolha de instituição por parte dospais, na qual pode ter influenciado a facilidade de acesso, refletida no número de visitasbem superior aos outros, que foram transferidos da maternidade onde nasceram, ficando,possivelmente, mais longe do domicílio. As famílias que visitam mais vezes têm maiorchance de formar o apego e, com isso, sentem‐se mais à vontade com o recém‐nascido,passando mais tempo com o mesmo. O apego pode ser definido como um relacionamentoímpar entre duas pessoas, específico e duradouro ao longo do tempo. Embora seja difícildefinir este relacionamento podemos usar como indicadores os comportamentos taiscomo: acariciar, beijar, aconchegar, prolongadas trocas de olhares O apego é crucial para asobrevivência e o desenvolvimento do bebê. O vínculo dos pais com seus filhos deve ser omais forte de todos os laços humanos 5 . A idéia principal que norteia essas preocupaçõesreside no reconhecimento de que um bebê não existe sozinho. Ele surge acompanhado desua mãe, de seu pai, de seus irmãos e de sua história familiar. Conclusões Os dados foramreferentes a uma amostra de um hospital de porte médio da cidade do Rio de Janeiro, masISBN: 978-85-63901-04-0


converge para o avanço da importância da visitação dos familiares aos recém‐nascidos.Com o presente estudo, pudemos observar na UTI Neonatal quem são esses membros equal sua rotina de visitas. Nesse sentido, a enfermagem neonatal leva o cuidado para alémdo cuidar dos recém‐nascidos, também tendo zelo pelos familiares. Os autorespesquisados foram unânimes em afirmar sobre a importância da família para odesenvolvimento biopsicossocial de todo recém‐nascido 1‐5 . Se o indivíduo em questão,além de recém‐nascido, também está com a saúde debilitada, mais necessidade terá dapresença dos familiares, principalmente da mãe, que é a única capaz de lhe fornecer oalimento ideal nesta fase da vida. Para tanto, há necessidade de se possibilitar e incentivara visita dos familiares ao recém‐nascido, e não apenas pais e avós, como outros quetenham importância social para a criança, sempre respeitando o ambiente da UTI, oquadro clínico do paciente e os cuidados contra infecções. Também é de importância quese possam providenciar acomodações para as mães em local mais próximo à UTI, entreessas mães, incluam‐se aquelas oriundas de outras maternidades, dando‐lhes apossibilidade de acompanharem de perto a evolução de seus bebês. Sugere‐se que sejaoferecido aos familiares um apoio emocional para enfrentarem esse período de adaptação,no qual se perde o “bebê imaginário” e se passa a conviver com o “bebê real”,possibilitando a formação do apego. Por fim, pelas idéias centrais discutidas, sabe‐se comoé complexo o estudo das relações humanas e seu desenvolvimento, por isso não temos apretensão de ter detalhado aqui todo o processo familiar envolvido na aceitação familiardo recém‐nascido que necessita da hospitalização.Descritores: UTI neonatal; recém‐nascido; família.Referências1.Tamez RN. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém‐nascido de alto risco. 3ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


2.Marson AP. Narcisismo materno: quando meu bebê não vai para casa... Rev. SBPH. [online].jun. 2008, vol.11, no.1 [citado 25 Novembro 2009], p.161‐169. Disponível na WorldWide Web: . ISSN 1516‐0858.3.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas da Saúde.Área de Saúde da Criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método mãe‐canguru: manual docurso/ Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança – 1ª ed. Brasília:Ministério da Saúde, 2002.4.Klaus MH. Seu surpreendente recém‐nascido. Tradução de Maria Adriana VeríssimoVeronese. Porto Alegre: Artmed, 2001.5.Centro de educação Edição: 2003 – vol.28 – Nº 01A relação mãe‐filho no projeto “Músicapara bebês” Kelly Stifft e Esther [citado em 08 de junho de 2010] Disponível em:Beyerhttp://coralx.ufsm.br/revce/revce/2003/01/a7.htmISBN: 978-85-63901-04-0


ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO: DETECTANDO O CONHECIMENTO DAS PUÉRPERASADOLESCENTES EM RELAÇÃO AO CUIDADO COM O RECÉM NASCIDOAndréa de Lima José 186Leila Rangel da Silva 187Introdução. Durante as atividades práticas da disciplina enfermagem na atenção a saúdedo recém nascido, foi possível constatar o desconhecimento das primíparas adolescentes,sobre os cuidados necessários para garantir a saúde do seu filho e a diminuição de agravos.Os assuntos relacionados aos cuidados com o recém nascido e o preparo paraamamentação é fundamental durante o pré‐natal, onde o profissional enfermeirodesenvolve um trabalho educativo, desmistificando alguns tabus e deverá ser continuadono alojamento conjunto. Neste sentido, questiono: Qual o conhecimento que as puérperasadolescentes possuem em relação ao cuidado com o seu recém‐nascido? Para responder aquestão norteadora traçamos como objetivo: Detectar o conhecimento das puérperasadolescentes internadas no alojamento conjunto a cerca do cuidado com seu recémnascido. Método: Trata‐se de um estudo descritivo‐exploratório com abordagemqualitativa. A fim de garantir o cumprimento das questões éticas, o estudo foiencaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisa, da UNIRIO e aprovado sob o número:55/2009.Todas as adolescentes puérperas foram informadas sobre justificativa, osobjetivos e a metodologia do estudo, sendo assegurada a confidencialidade dos dados,bem como o respeito ao anonimato. Após receberem todos os esclarecimentos foiassinado o termo de consentimento livre, pela própria adolescente e seu responsável. Ossujeitos do estudo foram 50 puérperas adolescentes internadas no alojamento conjunto de186Acadêmica de Enfermagem da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da Universidade Federaldo Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Email: andrealimaj@yahoo.com.br187Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil (DEMI) da EEAP da UNIRIO.Doutora em Enfermagem. Orientadora do Estudo.ISBN: 978-85-63901-04-0


um Hospital Estadual do Rio de Janeiro, no período de janeiro a março de 2010. Para acoleta dos dados foi utilizado como instrumento um questionário, com perguntas abertas efechadas. A análise qualitativa seguiu o estilo de análise quase‐estatística. Resultados Asadolescentes possuíam idade entre 14 anos a 19 anos, sendo que 2% (01) tinham 14 anos,4% (2) 15 anos, 28% (14) 16 anos, 14% (7) dezessete anos, 18% (9) dezoito anos e 34% (17)dezenove. Quanto a escolaridade 4% (2) possuíam ensino médio completo, 4% (2) duas oensino fundamental completo, 52% (26) possuíam o ensino médio incompleto e 40% (20)tinham o ensino fundamental incompleto. Em relação ao estado civil 96% (48) sãosolteiras, 36% (18) multíparas sendo que 17% (3) não cuidou do filho anteriormente.Importante destacar que 64% (32) eram primíparas e dessas 66% (21) tiveram ajuda dosfamiliares para cuidar de seu filho no alojamento conjunto. E desta que não tiveram ajuda22% (7) já cuidou de outro recém nascido. Quando questionado como está sendo para elascuidar do seu filho, 38% (19) responderam que está sendo bom, seguido de 24% (12) quedisseram que está sendo difícil e às vezes complicado, 12% (6) tranquilo, 18% (9)descreveram que é uma grande experiência de vida, 08% (4) não responderam a questão.Doze delas destacaram está sendo difícil e às vezes complicado, assim, compreendemosque essa dificuldade transmite insegurança e necessidade de busca de conhecimento paracuidar com mais consciência de seu recém nascido. Quanto aos cuidados com o cotoumbilical: 70% (35) das puérperas adolescentes passam álcool, 28% (14) não tinhamrealizado o cuidado, e 02% (1) passa Rifocina spray®. Em relação ao envolvimento ou nãodo coto umbilical, 74% (37) informam que envolvem, 81% (30) destas, cobrem com fralda,16% (6) utilizam gaze e 3% (1) usa cinteiro. O envolvimento do coto umbilical com fraldatornar a região quente e úmido, propicio à colonização. De acordo com os cuidados dobebê durante o banho, 28% (14) se preocupam em não deixar o bebê cair ou evitar apenetração de água no ouvido, 14% (7) variam a limpeza das regiões do corpo de formadesordenada, 16% (8) iniciam o banho pela cabeça e segue em sentido para extremidades,16 % (8) lavam no sentido do pescoço para extremidade e de cima para baixo, 20% (10)ISBN: 978-85-63901-04-0


não sabem quais seriam os cuidados, 04% (2) descreveram a importância de colocar álcoolna água do banho e 02% (1) jogam álcool na cabeça do bebê durante o banho. 28%associam os cuidados de higiene do bebê a situação de segurança destacando ainda mais asua insegurança diante do cuidado. A utilização do álcool desidrata a pele, ocasionandopossível lesões. Quando a temperatura ideal da água no banho 64% (32) descreveram quea temperatura deverá ser morna, 20% (10) citaram que deverá ser nem fria, nem quente,10% (5) delas responderam que a temperatura deverá ser ambiente e 6% (3) nãoresponderam a questão. Quanto a limpeza da genitália durante a troca de fralda, 42% (21),limpam no sentido ântero posterior, 32% (16) acreditam que não tenha ordem pararealização da limpeza e 26% (13) limpa no sentido contrario (sentido ântero posterior). Alimpeza da genitália quando não realizada no sentido ântero posterior, acarreta migraçãode micoorganismo do ânus para uretra. Quanto a importância da amamentação, 70% (35)responderam protege contra as infecções, seguida de 14% (7) que descreveram que é umalimento, 06% (3) destas comentaram que é um alimento completo e o mesmo percentualdestacaram a importância para aumentar o laço afetivo entre mãe‐filho. Com relação decomo poderiam saber se o bebê está sugando bem no seio 26% (13) referiram que sentemquando o bebê puxar o leite, 12% (6) sentem uma dor, 14% (7) sabem que isso ocorrequando ver ou sentir o leite, 08% (4) sabem que ele está sugando bem no seio porsentirem que ele engoliu, 06% (3) associa que se ele não está sugando ele chora, 04% (2)faz essa associação por que ele fica satisfeito e 02% (1) refere que o peito esvaziou. Dasentrevistas 90% (45) responderam, que os cuidados que devem ter com o bebê após aamamentação é colocá‐lo para eructar. Ao questionar se o bebê precisa de outro alimentonos primeiros seis meses de vida 92% (46) responderam que não e as demais acreditamque ele necessitar de alguma complementação. Quanto a livre demanda 70% (35)notificaram que não é necessário horário para amamentação. Com relação aos cuidadosque a mãe deve ter com o seio, para prevenir problema como ingurgitamento mamário,44% (22) não souberam responder, 22% (11) farão ordenha manual, 12% (6) descreveramISBN: 978-85-63901-04-0


que seria importante a realização de massagem nas mamas, 14% (7) relataram querquando a mãe oferece o seio ao seu bebê, 8% (4) acreditam que poderá ser feitocompressa com água morna. Quanto prevenção de fissuras mamilares 68% (34) nãosouberam responder, 20% (10) responderam que passam o próprio leite, 4% (2)responderam que o bebê precisa abocanhar maior parte da aréola, 2% (1) respectivamenteresponderam quanto a importância de pegar sol no seio, colocar o mamilo todo na boca dobebê, passar pomadas sem gosto no seio. Podemos observar que o percentual 44% daspuérperas adolescentes desconhecem a prevenção do ingurgitamento mamário e 68%desconhecem a medidas de prevenção da fissura mamária. Conclusão: Neste estudo,constatou‐se que as puérperas adolescentes sofrem diversas influências no processo deconhecimento de cuidar de seu recém nascido. Os valores culturais, transmitidos porfamiliares (durante a internação no alojamento conjunto), estavam presente. Observou‐setambém, que esta faixa etária carece de informações relacionadas aos cuidados com orecém nascido: coto umbilical, higiene e manejo no aleitamento. Essa pesquisa destacar aimportância do planejamento das ações de enfermagem, de acordo com as necessidadesdas mães adolescentes quanto ao cuidado com seu recém nascido nas consultas de prénatale no alojamento conjunto respeitando sempre seus valores culturais, como parte daconstrução do seu desenvolvimento, onde essas necessidades, na medida do possível,possam ser contempladas no momento que é solicitada, interagindo assim, nas diversasformas de cuidar, sem imposição e sim com comunicação/orientação.Descritores: aleitamento materno, saúde da criança, desmame precoce, adolescência.Referências1.Biesil MM, Silva LR, Bezerra FG. A interação mãe adolescente com seu filho recémnascidono alojamento conjunto: a Enfermagem como facilitadora deste vínculo Rio deJaneiro: UNIRIO; 2001. 12 p.ISBN: 978-85-63901-04-0


2.Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed.São Paulo: (SP): Atlas; 2002.3.Ministério da Saúde (BR). Secretária de Atenção a Saúde ‐ Departamento de AçõesProgramáticas Estratégicas Saúde do adolescente: Competências E Habilidades. 1ª ed.Brasília; DF; 2008.4.Ministério da Saúde (BR) “Normas Básicas Para Alojamento Conjunto”, portaria MS/GMnº 1016, 26 de agosto de 1993. DOU nº 167 de 1/9/93, seção I, p.13.066;5.Ministério da Saúde ( BR). Conselho nacional de Saúde. Diretrizes e normasregulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos: Resolução nº 196/96. Brasília(DF); 1996. [citado em 10 out 2009]. Disponível em: URL:http://www.datasus.gov.br/conselho/resol96/RES19696.htm6.Ministério da Saúde (BR). Secretária de Atenção a Saúde . Saúde da criança nutriçãoinfantil ‐ aleitamento materno e alimentação complementar, Caderno de Atenção Básica nª23. 1ª ed. Brasília; ( DF ); 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO: DETECTANDO O CONHECIMENTO DAS PUÉRPERAS PARAO CUIDADO COM O RECÉM NASCIDO 188NURSING PUERPERIUM: TO DETECTING KNOWLEDGE OF THE WOMEN FOR SELF‐CAREAND CARE OF THE NEWBORNENFERMERÍA EN PUERPERIO: PARA DETECTAR EL CONOCIMIENTO DE LAS MUJERESEN EL POSPARTO PARA EL CUIDADO PERSONAL Y CON EL RECIÉN NACIDOLeila Rangel da Silva 189Luana Araujo da Cruz 190Alana Stéphanie Esteves Villar 191Maíra Domingues Bernardes Silva 192RESUMOO objetivo dessa pesquisa é detectar o conhecimento das puérperas internadas noalojamento conjunto a cerca do cuidado com o recém nascido. É um estudo descritivoexploratóriode abordagem quantitativa. Foi utilizado um formulário referente àidentificação sócio‐econômico e cultural e cuidados com RN. Participaram do estudo 30puérperas internadas no alojamento conjunto com seu recém nascido e participantes daspráticas educativas da unidade. A coleta de dados ocorreu no período de agosto a188Pesquisa Financiada pela Agência de Cooperação Internacional do Japão ‐ JICA189Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta II do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantilda Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro(UNIRIO). Coordenadora do Núcleo de Pesquisas, Estudos e Experimentação na Saúde da Mulher e daCriança (NuPEEMC)/EEAP/UNIRIO. Email: rangel.leila@gmail.com190Acadêmica do 8º período em Enfermagem. Membro do NuPEEMC/EEAP/UNIRIO. Bolsista PIBIC –CNPQ. Email: luana_cruz85@hotmail.com191Enfermeira Residente do Banco de Leite Humano do IFF/FIOCRUZ. Email: alanavillar@hotmail.com;192Mestranda em Enfermagem do Programa de Pós‐Graduação da UNIRIO. Bolsista CAPES. Email:mairinhadbs@hotmail.com;ISBN: 978-85-63901-04-0


novembro de 2009. Os dados foram analisados pela estatística descritiva com uso do Epi‐Info 2000 ® e Statistical Package for the Social Sciences ® (SPSS) versão 13. A pesquisaevidenciou que ainda há um número considerável de mulheres com pouco conhecimentosobre o cuidado com o recém nascido, sendo por tanto, mais uma responsabilidade doprofissional de enfermagem, devendo a relação ser uma troca enfermeira‐puérpera.Descritores: Enfermagem neonatal; Aleitamento materno; Período pós‐parto; Saúde damulher.INTRODUÇÃOEste estudo tem como objeto o conhecimento de puérperas, internadas noAlojamento Conjunto, sobre o cuidado com o recém nascido (RN). Durante o ensino clínicodas disciplinas de Enfermagem na Atenção a Saúde do Recém Nascido, foi identificada anecessidade de realizar ações educativas com as puérperas sobre os cuidados com o RN esobre a prática e benefícios da amamentação no domicílio.O interesse neste campo de pesquisa vem da permanente necessidade deorientação e pelo crescente número de jovens primíparas, que apesar de trazeremconhecimentos adquiridos de suas avós, mães, primas e amigas, sentem‐se inseguras noalojamento conjunto na hora de realizar o cuidado com RN. Entendemos que o cuidado aorecém nascido, nesta fase da vida, é adquirido a partir da sua própria cultura e seus modosde vida e neste sentido é preciso ouví‐las para que se possa realizar as orientações junto àpreservação, acomodação e repadronização do cuidado cultural.No alojamento conjunto, as enfermeiras ensinam as mães sobre oscomportamentos de saúde que favorecem os resultados infantis positivos, especialmenteos relacionados ao cuidado do RN e que, no momento da hospitalização, devem serencorajadas a assumir a responsabilidade. Salienta‐se ainda que o papel da enfermeira, noquarto estágio do trabalho de parto, é monitorar, identificar e controlar qualquer desvioISBN: 978-85-63901-04-0


dos processos normais que, por ventura, possa ocorrer e com isso, colaborar namanutenção do decréscimo dos índices de morbimortalidade materna e infantil 1 .Na análise das causas de mortalidade infantil, verifica‐se que o grupo com maiornúmero de óbitos é o das afecções geradas no período perinatal. Em 2004, ocorreram30.900 óbitos, correspondendo a 57% dos óbitos de menores de 1 ano. Sendo que, nesteperíodo o óbito neonatal precoce representou 51% dos óbitos em menores de 1 ano e,dentre as causas, 83% foram classificadas como afecções do período perinatal 2 .Em 1983, a Resolução nº18/INAMPS, dirigida aos hospitais públicos e conveniados,estabeleceu normas e tornou obrigatória a permanência do filho ao lado da mãe, 24h pordia, através do Sistema de Alojamento Conjunto. No entanto, somente em 1993, oMinistério da Saúde lançou a Portaria nº 1016 sobre Alojamento Conjunto cujos objetivossão: aumentar os índices de aleitamento materno; estabelecer vínculo afetivo entre mãe efilho; permitir aprendizado materno sobre como cuidar do RN; reduzir o índice de infecçãohospitalar cruzada; estimular a participação do pai no cuidado com o RN; possibilitar oacompanhamento da amamentação, sem rigidez de horário, visando esclarecer às dúvidasda mãe e incentivar nos momentos de insegurança; orientar e incentivar a mãe (ou pais) naobservação de seu filho, visando esclarecer as dúvidas; reduzir a ansiedade da mãe (oupais) frente às experiências vivenciadas; favorecer trocas de experiências entre as mães 3 .Diante do exposto, para o desenvolvimento do estudo, foi traçado o seguinteobjetivo:• Detectar o conhecimento das puérperas internadas no alojamento conjunto acerca do cuidado com o recém nascido.ABORDAGEM METODOLÓGICATrata‐se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa. Ocenário escolhido foi o Alojamento Conjunto da Maternidade do Hospital UniversitárioGaffrée e Guinle (HUGG) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO),ISBN: 978-85-63901-04-0


situado na zona norte do município do Rio de Janeiro. Participaram do estudo 30puérperas internadas em sistema de alojamento conjunto com seu RN e que estavamdispostas a participar das práticas educativas que são realizadas três vezes na semana noperíodo da tarde. Utilizamos como critérios de exclusão, as mães soropositivas para HIVe/ou mães com RN internado na UTI.A coleta de dados aconteceu no período de agosto a novembro de 2009. Foiutilizado como instrumento um formulário, preenchido pelas pesquisadoras a partir dasrespostas das puérperas, composto de duas etapas, a primeira referente à identificaçãosócio‐econômica e cultural e a segunda etapa continha afirmativas que versavam sobre oscuidados com o RN (coto, carteira de vacinação, banho de sol, registro, roupas, higiene,aleitamento, teste do pezinho e da orelhinha) para que as depoentes respondessem se eraverdadeira ou falsa.A fim de garantir o cumprimento das questões éticas, o estudo foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery com o protocolo nº21/2009, considerando‐se o que prevê a Resolução nº 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> daSaúde – CNS/MS a qual estabelece normas para a pesquisa com animais e seres humanos 4 .Ressalta‐se que, todas as mulheres foram informadas sobre a justificativa, os objetivos e ametodologia do estudo. Foi assegurada a confidencialidade dos dados, bem como orespeito ao anonimato das envolvidas. Após receberem todos os esclarecimentospertinentes ao estudo, as mulheres assinaram o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido.Os dados foram trabalhados por meio de estatística descritiva. Diariamente, osformulários foram codificados, revisados e seus dados digitados. A identificação domaterial coletado se deu através de numeração. O processo de digitação se deuconcomitante à coleta de dados. O banco de dados foi construído utilizando‐se o programaEpi‐Info 2000 ® .ISBN: 978-85-63901-04-0


Após a revisão e codificação das questões do instrumento, as informações foramtranscritas para planilhas, pelo procedimento de dupla digitação independente. Erros einconsistências foram verificados através de processo de revisão. Cada etapa do processode análise dos dados foi realizada utilizando o programa Statistical Package for the SocialSciences ® (SPSS) versão 13.RESULTADOS E DISCUSSÃOPara melhor compreensão do leitor sobre os resultados e discussão, os mesmosforam agrupados em três categorias: 1) Cuidados ao recém nascido; 2) Cuidados naamamentação; 3) Direitos do recém nascido e seus exames complementares.A idade das puérperas variou de 16 a 38 anos. Quanto ao grau de escolaridade, 7(23%) tinham apenas o ensino fundamental incompleto; 12 (40%) têm ensino fundamentale 11 (37%) têm o ensino médio completo. Quanto ao estado civil, 10 (33%) são casadas, 12(40%) são solteiras, 5 (17%) moram junto com o companheiro e 3 (10%) divorciadas. Dasdepoentes, 21 (70%) já eram mães, mas, destas, apenas 17 (80%) cuidaram integralmentedos outros filhos.Conforme dados publicados pelo Ministério da Saúde:A maioria dos serviços, no momento da alta hospitalar, não fazem aadequada orientação sobre os sinais precoces que podem acometer oRN como icterícia, infecção do coto umbilical, desnutrição, dentreoutros 5:11 .Diante deste fato, algumas intercorrências ocorridas durante a fase puerperal como recém nascido, podem ser decorrentes do despreparo profissional e/ou dadesinformação e até mesmo da incompreensão das puérperas com relação às informaçõesrecebidas nas consultas de pré‐natal e no período de internação no alojamento conjunto.Cuidados ao recém nascidoISBN: 978-85-63901-04-0


Sobre o cuidado ao recém nascido, questionadas sobre o coto umbilical, 27 (90%)das mulheres entrevistadas acreditam que deve fazer a limpeza a cada troca de fralda comálcool a 70%; 29 (96%) dizem que o coto cai sozinho; 27 (93%) consideram errado cobrir ocoto com moedas, bandagens ou faixas; 23 (76%) afirmam ser importante atentar parapus, cheiro ruim, vermelhidão ou edema ao redor do umbigo.O cuidado com o coto umbilical é essencial para cicatrização e leva em média 7 diaspara mumificação e queda. A região deve permanecer seca e limpa, para evitar infecção epor isso é importante orientar as mães, a utilização do álcool a 70%, com um chumaço dealgodão ou um cotonete, seguindo da base até a extremidade do coto 6 .Uma das maiores preocupações das mães é a dor na manipulação do coto,portanto, devemos também esclarecer a elas, que a manipulação é indolor, e que se obebê chorar durante o procedimento pode ser por incomodo da temperatura fria doálcool. Vale ressaltar que antes era um saber e prática popular o uso de cinteiros e objetoscomo moedas sobre o coto. Porém, hoje em dia, no município do Rio de Janeiro, sãopoucos os casos de RN que utilizam faixas. Acreditamos que esta mudança advém dotrabalho da enfermeira no alojamento conjunto.Sobre a roupa e a higiene do bebê, 29 (96%) acreditam que as roupas de algodãosão mais confortáveis para o RN do que os outros tipos de tecido, 28 (93%) disseram que obebê pode chorar por estar com dor, com a fralda molhada ou “suja de cocô”, estar comfrio ou com calor, ou apenas querendo colo. Todas concordaram que no banho do bebê épreciso verificar a temperatura da água antes de colocá‐lo na banheira; 24 (80%) achamque o excesso de sabonete pode retirar a proteção natural da pele do bebê deixando‐amuito seca.É importante que o bebê tome banho desde o primeiro dia de vida, e para issodeve‐se fazer uso de água tratada ou fervida e sabonete neutro, devendo ser evitado o usode xampus, talcos e loções perfumadas. Além disso, deve‐se ter cuidado para a água nãoentrar no ouvido do bebê, e acabando o banho é importante secá‐lo rapidamente comISBN: 978-85-63901-04-0


uma toalha ou um pano limpo e macio, lembrando de secar bem o umbigo. Orientartambém sobre trocar da fralda, sempre que a criança realizar suas eliminações vesicointestinais,realizando uma limpeza com água morna, sabonete neutro e algodão ou panolimpo e macio 7 .É necessário orientarmos as mães sobre a importância da higiene correta do bebê,pois, além de prevenir contra doenças e infecções, traz conforto ao bebê, que muitas vezespode estar choroso e irritado por estar sujo ou por apresentar irritação na pele devido acontato com algum tecido inapropriado. A relação mãe‐filho deve ser uma relação de amore carinho, e o momento da higiene do bebê é uma ótima oportunidade para as mãesrealizarem o cuidado com afeto e dedicação.Quanto ao banho de sol, 27 (90%) responderam que é bom para evitar problemasde icterícia; 20 (67%) acreditam que o banho de sol facilita a produção de vitamina D queajuda na absorção do cálcio. O RN recebe da mãe pelo leite materno a vitamina D, que ficainativa no seu organismo. Para que essa vitamina se sintetize e proporcione a absorção docálcio, o bebê precisa tomar banho de sol. São os raios solares que transformam a vitaminaD inativa em ativa, conseguindo absorver melhor o cálcio, fundamental para odesenvolvimento e crescimento dos ossos 8 .É importante orientar as mães que o banho de sol deve ser diário com o RNdesnudo, porém não pode ser feito em qualquer horário. A exposição ao sol deve ser antesdas 10 horas da manhã, ou depois das 16 horas, nesses períodos a incidência de raiosultravioletas danosos à pele é menor, devendo durar até 10 minutos em cada lado docorpo. Vale ressaltar que deverá proteger o rosto do RN, utilizando um chapéu ou viseira,por exemplo.Cuidados na amamentaçãoEm relação ao item leite materno para os recém nascidos, todas as mulheresentrevistadas disseram que amamentar o bebê no peito oferece proteção contra váriasISBN: 978-85-63901-04-0


doenças; 29 (96%) acreditam que após ser amamentado, o bebê deve permanecer em péno colo da mãe para eructar (arrotar) e depois, deve ficar deitado de lado no berço; e queo bebê que mama no peito não precisa de outros alimentos, porque o leite da mãe temtudo de que ele necessita nos primeiros seis meses de vida; 24 (80%) discordaram que obebê, mamando só no peito, precisa tomar água ou chá nos intervalos das mamadas; 25(83%) acham que é o bebê quem faz o horário das mamadas e ele deve mamar até ficarsatisfeito; e com relação ao complexo mamilo‐areolar, 19 (63%) afirmaram que quando obebê esta com o queixo encostado na mama e seu lábio inferior está virado para fora, eleestá mamando em boa posição.O leite materno constitui a única fonte segura de alimento para as crianças,podendo considerar existência de riscos significativos de contaminação durante apreparação de outros alimentos 9 . Observa‐se que a ausência de amamentação ou suainterrupção precoce e a introdução de outros tipos de alimentos na dieta da criança têmsido frequentes, com consequências potencialmente danosas à saúde do bebê, tais comouma exposição precoce a agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas e prejuízosao processo de digestão 10 .As crenças maternas de que existem alguns leites maternos fracos, ou que os bebêsprecisam tomar água ou chá entre os intervalos das mamadas, podem trazer prejuízo acriança, pois muitas das vezes essas crenças influenciam no não aleitamento exclusivo, atéos seis meses de idade, e até no desmame precoce. Devemos orientar as mães que o seuleite é a melhor fonte de energia para criança, e que ele não necessita de nenhum outrocomposto, até os seis meses de vida, devendo fazer seu uso exclusivo, salvo por orientaçãomédica.O aleitamento materno reduz os índices de mortalidade infantil, diminui aprobabilidade de processos alérgicos e gastrointestinais nos primeiros meses de vida,proporciona melhores indicadores de desenvolvimento psicomotor e cognitivo, favorece oadequado desenvolvimento de estruturas da face 11 .ISBN: 978-85-63901-04-0


A superioridade do leite humano, como fonte de alimento e de proteção contradoenças, e o ato de amamentar como fonte de desenvolvimento afetivo, levaram ospesquisadores da área da saúde a recomendarem uma amamentação natural exclusiva nosprimeiros seis meses de vida, o que nos faz pensar a importância desse tipo de informaçãopara essas mulheres 12 .É importante também, orientarmos quanto à pega e o posicionamento correto. Amulher pode ficar deitada, sentada ou em pé, sendo importante que ela e o bebê se sintambem confortáveis. O corpo do bebê deve estar inteiramente de frente para a mãe e bempróximo (barriga do bebê voltada para o corpo da mãe). Ele deve estar alinhado, a cabeçae a coluna no mesmo eixo. A boca do bebê deve estar de frente para o complexo mamiloareolare atentar para que queixo toque o peito da mãe, a boca esteja bem aberta, oslábios virados para fora, a aréola mais visível na parte superior que na inferior e abochecha mantenha‐se redonda. A mãe deve ouvir o ritmo cadenciado de sucção,deglutição e pausa 8 .O cuidado com as mamas puerperais é primordial para o sucesso da amamentação,não sendo necessário o uso de cremes, pomadas, sabão ou sabonete nos mamilos. Paraprevenir e tratar rachaduras, deve se utilizar o próprio leite e além disso, expor as mamasaos raios do sol ou à luz artificial (lâmpada de 40 watts a uma distância de 30 cm) 13 . Éimportante o uso de sutiã de alça larga e de preferência de algodão que ajuda nasustentação das mamas que costumam aumentar de volume neste período.Observamos que as causas do desmame precoce são, em sua maioria, ligadas àsmudanças dos valores sócio‐culturais. O desmame precoce e a amamentação artificialtornaram‐se práticas comuns, diretamente responsáveis por elevar as taxas demortalidade de crianças no primeiro ano de vida. Além da alta taxa de urbanização,aparecem também como causas a multiplicidade de mitos referentes ao leite materno [...].É lamentável ainda a pouca credibilidade e divergências de opinião entre os profissionaisde saúde que assistem a mulher no ciclo gravídico‐puerperal 14 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Com base nos resultados desta pesquisa, verifica‐se que ainda existe um grupo demulheres que acredita que seu leite é fraco, principalmente o primeiro leite, por ele ter umaspecto mais claro e sair em menor quantidade, na maioria das vezes. Porém, essa fraçãodo leite é umas das mais importantes para o bebê, chamada de colostro, pois é rica emcélulas de defesa que ajudam a proteger a criança contra doenças e infecções 8 . Éimportante esclarecermos que o leite materno é a melhor fonte de energia, e quais são asformas de amamentação mais seguras e confortáveis para a mulher e o RN, para que oprocesso ocorra de maneira exclusiva e eficiente.O leite materno é um alimento completo porque contêm vitaminas, minerais,gorduras, açúcares, proteínas, todos apropriados para o organismo do bebê. Além disso,protege contra doenças como diarréias, pneumonias, infecções no ouvido, alergias, entreoutras 8 . Ou seja, é um leite rico e equilibrado, sendo o alimento ideal para a criança. Porisso, o aleitamento materno deve ser incentivado para o neonato, que poderá ter comofonte exclusiva de energia, sem comprometimento nenhum a sua saúde.A amamentação constitui um dos pilares fundamentais para a promoção da saúdedas crianças e da mãe em todo o mundo, oferecendo vantagens para o binômio. Muitossão os benefícios maternos, pois reduz uma probabilidade de ocorrência de câncer demama, proporciona maior espaçamento entre os partos e a involução uterina é maisrápida, com consequente diminuição do sangramento pós‐parto 15 .Devemos orientar às mulheres que a amamentação pode ser um método naturalcontraceptivo, desde que a mãe ainda não tenha menstruado após o parto, o bebê termenos de 6 meses e a amamentação seja exclusiva durante o dia e também durante anoite, sobre livre demanda. Além do que, diminui os riscos de câncer de mama e ovários. Éeconômico e prático, evitando gastos com leite, mamadeiras, bicos, materiais de limpeza,gás, água, etc. Está sempre pronto, na temperatura ideal e não exige preparo. Aindaaumenta os laços afetivos entre a mãe e o bebê 8 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Direitos dos recém nascidos e seus exames complementaresA respeito da carteira de vacinação, todas as mulheres afirmaram ser importantemanter a carteira de vacinação sempre atualizada; 29 (96%) concordam que é umdocumento importantíssimo que serve não só para marcar as vacinas que a criança faz uso,mas também para controle do crescimento e desenvolvimento e detecção precoce deagravos que podem prejudicar a saúde.Quanto ao registro de nascimento, todas afirmaram ser gratuito e 29 (96%)acreditam que ele deve ser realizado assim que sai da maternidade ou na própriamaternidade. No Brasil, toda criança já nasce com direito a ter um Registro Civil deNascimento, que é gratuito para todos os brasileiros, garantido pela Lei nº 9.534/97 8 .Devemos orientar as mães, quanto à importância do registro da criança, e incentivar arealização assim que possível. Se não houver o serviço disponível na maternidade,devemos informar que basta comparecer ao cartório de Registro Civil para realização.Todas afirmaram saber da importância do teste do pezinho para diagnóstico dedoenças. Informalmente, durante as entrevistas, foram perguntadas as doenças que sãodiagnosticadas, mas não souberam informar com segurança. Em relação às horas de vidado RN para a realização do exame, apenas 16 (53%) relataram que deve ser realizado após48 horas de vida. Segundo o Ministério da Saúde:O teste do pezinho serve para identificarmos algumas doenças, como: ohipotireoidismo congênito, a fenilcetonúria e as hemoglobinopatias(traço e doença falciforme). Ele deve ser feito por todas as criançasrecém nascidas, a partir de 48 horas de vida até 30 dias do nascimento.Isto porque qualquer pessoa pode ter um filho portador da doença,mesmo que nunca tenha aparecido um caso na família. Ele aindapreconiza que o teste deva ser realizado, pois essas doenças nãoapresentam sintomas no nascimento e, se não forem tratadas cedo,ISBN: 978-85-63901-04-0


podem causar sérios danos à saúde, inclusive retardo mental grave eirreversível 16 .Em relação ao teste da orelhinha que os RN necessitam realizar após o nascimento,22 (73%) das puérperas disseram que o teste da orelhinha é para a detecção da audição,entretanto informam que os outros filhos não realizaram este teste ao nascimento; 16(53%) acreditam que o teste é indolor e dura cerca de 10 minutos; 11 (37%) não souberamresponder a respeito.A triagem auditiva neonatal (teste da orelhinha) é obrigatória pela lei municipal nº3.028, de 17 de maio de 2000. É um programa de avaliação da audição em RN, indicada porinstituições do mundo todo para diagnóstico precoce de perda auditiva, uma vez que suaincidência, na população geral, é de 1 a 2 por 1000 nascidos vivos. A Técnica utilizada é ade Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs). O Exame é indolor, com a colocação de umpequeno fone na parte externa do ouvido, com a duração por um tempo médio de 3 a 5minutos 17 .Apesar dos dois exames serem oferecidos pelos SUS, muitas mães aindaapresentam abstenção com relação a eles, principalmente ao teste da orelhinha e muitasdelas, apesar de levarem seus filhos para realizar o exame, não sabem da sua realimportância. Por tanto, faz‐se necessária uma ampla divulgação nas consultas de pré‐natalinformando: a importância desses testes, para que eles servem, até quando e aondedevem ser realizados e assegurar que as informações foram passadas as mães de formacorreta, garantindo assim a realização dos exames, diagnóstico precoce de doenças etratamento adequado que previna agravos à saúde do RN.CONSIDERAÇÕES FINAISOs resultados demonstram que ainda há um número considerável de mulherescom pouco conhecimento a respeito do cuidado com o recém nascido, sendo esta portanto, mais uma responsabilidade do profissional de enfermagem, de estar junto a essasISBN: 978-85-63901-04-0


mulheres, informando a respeito do processo natural pré e pós‐parto e todos os cuidadosnecessários ao bebê, durante esse período, respeitando seus valores, suas crenças e seuconhecimento próprio, devendo o cuidado ser sempre uma troca entre enfermeirapuérpera.Algumas intercorrências ocorridas durante a fase puerperal com o recém nascidopodem ser decorrentes do despreparo profissional e/ou desinformação e até mesmoincompreensão das puérperas em relação às informações recebidas durante o período deinternação no alojamento conjunto, o que pode ter sérias consequências no cuidado dobinômio mãe‐filho.Observamos que existem mulheres que desconhecem os benefícios daamamentação para o bebê, como proteção contra doenças, reduzindo o índice demortalidade infantil, desenvolvimento psicomotor e cognitivo. Ainda existem mulheres queacreditam ter leite fraco e com isso acabam complementando com água e chá nosintervalos das mamadas o que pode propiciar o desmame precoce. Algumas mulheresdesconhecem a existência do teste da orelhinha.Como profissionais de saúde, temos que estar atentos, planejar e realizar açõescom enfoque na educação para dar a possibilidade à mulher de realizar a continuidade docuidado com o recém nascido no domicílio. E diante disso, o alojamento conjunto é oespaço ideal para que haja não apenas as orientações necessárias no puerpério, mas,também o estabelecimento do vínculo mãe/filho.Este estudo nos possibilitou detectar o conhecimento das puérperas internadas noalojamento conjunto a cerca do cuidado com o RN, de características complexas dasdimensões sociais e culturais: religiosos e filosóficos, políticos e legais, econômicos eeducacionais 18 .Precisamos respeitar o próximo, aceitar seus defeitos e suas qualidades evalorizarmos sua cultura. Porém, essa cultura não é absoluta, podendo ser transformada,conforme as necessidades, o interesse e o contexto social que as famílias estão inseridas. ÉISBN: 978-85-63901-04-0


importante ter em mente que nada deve ser imposto, e assim como nos ensina Leininger,tudo deve ser preservado, acomodado, negociado e se for conveniente, repadronizado apartir do saber materno 18 .É preciso estarmos atentos neste período do puerpério, carregado de mitos,crenças e costumes, procurando respeitar as crenças e as práticas culturais da família namedida que não prejudiquem a saúde materna e do RN 19 . Durante o período de internaçãona maternidade, vários desses valores são percebidos, em diversos momentos, como naescolha do tipo de parto, na presença ou não de um familiar nessa hora, nos cuidados como recém nascido, na escolha das vestimentas, dos alimentos e, até mesmo nas relaçõesinterpessoais dessa família.A partir do resultado desta pesquisa foi elaborado um material educativointitulado: “Mãe & Bebê ‐ Pós‐parto: orientações para o cuidado no domicílio” contendo 52páginas ilustradas e que foi financiado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão(JICA), e que faz parte do acervo didático do espaço de convivência para trabalhar aspráticas educativas com mães e seus bebês com alta hospitalar do alojamento conjunto doHospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG)/UNIRIO.REFERÊNCIAS1. Lowdermilk DL, Perry S, Bobak I. O cuidado em enfermagem materna. 5ª. ed. São Paulo:Artmed, 2002.2. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2006: umaanálise da situação de saúde no Brasil. Brasília: DF, 2006.3. Ministério da Saúde (BR). Normas básicas para alojamento conjunto. Portaria MS/GM nº1016, 26 de agosto de 1993. Diário Oficial da União, nº 167 de 1/9/93, seção I, p.13.066.4. Ministério da Saúde (BR). Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução nº 196, de 10 deoutubro de 1996. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo sereshumanos. Brasília (DF); 1996.ISBN: 978-85-63901-04-0


.5. Ministério da Saúde (BR). Urgências e emergências maternas: guia para diagnóstico econduta em situações de risco de morte materna. 2. ed. Brasília, 2000. 11p.6. Figueiredo NMA (Org). Ensinando a cuidar da mulher, do homem e do recém‐nascido. 1ªEd. São Caetano do Sul: YENDIS, 2005. 254 p.7. Ministério da Saúde (BR). Agenda da Gestante. Brasília:DF, 2006.8. Ministério da Saúde (BR). Caderneta da Criança. Brasília: DF, 2007.9. Rao S , Kanade AN. Prolonged breast–feeding and malnutrition among rural Indianchildren below 3 years of age. 1992 European Journal of Clinical Nutrtition, 46(3):187–195.10. Pedroso GC, Puccini RF, Silva EMK, Silva NN, Alves MCGP. Prevalência de aleitamentomaterno e introdução precoce de suplementos alimentares em área urbana do sudeste doBrasil, Embu, SP. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 4(1):45–58; 2004.11. Nascimento MBR; Issler H. Aleitamento materno em prematuros: manejo clínicohospitalar. J. Pediatria. 80(5):163‐172;2004.12. Araújo MFM, Fiaco AD, Pimentel LS, Schmitz BAS. Custo e economia da prática doaleitamento materno para a família. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 4(2):135‐141; 2004.13. Brasil. Ministério da Saúde. Álbum seriado: promovendo o aleitamento materno. 2ªEdição. Brasília, 2007. 18p14. Barreto CA, Silva LR, Christoffel MM. Aleitamento materno: a visão das puérperas. Rev.Eletr. Enf. [Internet]. 11(3):605‐11; 2009.15. Carrascoza KC; Costa Junior ÁL; Moraes ABA. Fatores que influenciam o desmameprecoce e a extensão do aleitamento materno. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 22(4):10‐17; 2005.16. Brasil. Ministério da Saúde. Guia SUS do Cidadão. Brasília:DF, 2010.ISBN: 978-85-63901-04-0


17. Brasil, Jus Brasil Legislação. Lei 3028/00 de 17 de maio de 2000 do Rio de janeiro.Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Disponível em: Acesso em:15 abr.2010.18. Leininger MM, McFarland RM. Cultural care diversity and universality: a worldwidenursing theory. 2ª ed. Massachusetts (USA): Jones and Bartlett publishers; 2006.19. Tomeleri KR, Marcon SS. Práticas populares de mães adolescentes no cuidado aosfilhos. Acta paul. enferm. [online]. 22(3):272; 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


ESTRATÉGIA EDUCATIVA PARA CUIDADORES NO MÉTODO CANGURUEvelline Silva Monteiro Carvalho 193Jacke Keila de Sousa Maciel 194Joama Gusmão Pereira 195Introdução: Mais da metade das crianças menores de um ano morrem nos primeiros setedias de vida, especialmente se nascer com muito baixo peso – menos que 1500g (DUARTE;MENDONÇA, 2005). Para Brasil (2002) isto poderia ser minimizado por meio de uma boaassistência no pré‐natal e parto, e também facilitando o acesso dos pais e/ou familiares emgeral à informação, além do controle social dos serviços públicos. Após o nascimento amãe deve continuar tendo toda atenção necessária, principalmente se o bebê nascerprematuro e/ou com baixo peso, ou seja, aqueles com menos de 37 semanas de gestação epeso inferior a 2500g, respectivamente. A criança que nasce antes de completar os novemeses de gestação requer cuidados especiais, pois está com a saúde fragilizada, chamadatambém como imaturidade orgânica, por isso geralmente necessita de cuidados especiaisem uma UTI Neonatal. O método canguru é um tipo de assistência neonatal humanizadaque consiste no contato pele a pele de forma precoce entre mãe e o recém nascido debaixo peso, contribuindo para o aumento do vinculo mãe e filho, estimulação aoaleitamento materno, controle térmico do RN e diminuição da infecção hospitalar. Ométodo é desenvolvido em três etapas. A primeira compreende os cuidados na unidadede terapia intensiva, onde os pais ou cuidadores receberão orientações sobre as condições193Enfermeira, especialista em Obstetrícia e Neonatologia pelo INESUL. Intensivista da UTI Neonatal doHospital Universitário Unidade Materno Infantil ‐ São Luís‐MA.194Enfermeira, especialista em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMA. Intensivista da UTINeonatal do Hospital Universitário Unidade Materno Infantil ‐ São Luís‐MA. E‐mail:jackeksm@yahoo.com.br195Enfermeira, especialista em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMA. Assistencialista doAmbulatório de Seguimento da UTI Neonatal do Hospital Universitário Unidade Materno Infantil ‐ SãoLuís‐MA.ISBN: 978-85-63901-04-0


de saúde da criança, orientações sobre o método, estímulo e apoio no contato tátilprecoce, incentivo ao aleitamento materno. A segunda etapa é a fase em que o RNencontra‐se estável e poderá ficar em acompanhamento continuo de sua mãe e a posiçãocanguru será realiza pelo maior tempo possível. Neste momento, alguns critérios devemser observados em relação a mãe: ela deve está interessada e disposta a permanecer nesseprocesso, ter a consciência de dispor o seu tempo para aprender sobre os cuidados do seufilho, bem como, saber identificar situações de risco da criança. Por último, a terceira etapaconsiste no acompanhamento ambulatorial após a alta com equipe interdisciplinar com afinalidade de identificar precocemente alterações e tratá‐las quando existirem,acompanhar crescimento e desenvolvimento e esclarecer possíveis dúvidas no ato docuidar (BRASIL, 2002). É neste ambiente de incerteza, medo, frustração, impotência, culpa,pena, tristeza e tantos outros sentimentos verbalizados por familiares que o profissional deenfermagem deve exercer uma das suas funções mais importantes: o educar (COSTA;CHAGAS; SOUZA, 2009). Não apenas informar, mas provocar conflitos no indivíduo oupopulação para que este pense e reflita sua situação e tome decisões responsáveis pelasua própria saúde ou de outros (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2004). Cecagno, Siqueira e CezarVaz (2005) acrescentam que a educação não se trata de impor conhecimentos, que pormuitas vezes fujam da realidade da população atendida, mas buscar juntos uma alternativaque possa garantir o mínimo de saúde possível para o indivíduo e a coletividade. Aovisualizar o profissional de enfermagem como o ator que protagoniza a maior parte dotempo junto a estes recém‐nascidos e suas famílias, criamos um ambiente propício para oato da Educação em Saúde adequado, neste caso, ao crescimento e desenvolvimentoinfantil. Diante destas situações observadas no dia a dia do setor e como enfermeira doserviço de neonatologia percebeu‐se a necessidade de fornecer informações reunidas emuma cartilha educativa de fácil entendimento para o cuidador visando esclarecer dúvidas,favorecendo a segurança nos cuidados ao RN após alta da unidade neonatal, permitindo,assim melhor inserção no contexto familiar. Objetivos: Implantar uma cartilha educativaISBN: 978-85-63901-04-0


no serviço de neonatologia do Hospital Universitário Unidade Materno Infantil; Auxiliar osprofissionais nas orientações da alta do método canguru; Orientar os pais e cuidadoressobre os cuidados com a criança; Favorecer a retirada de dúvidas por parte dos cuidadores;Propocionar melhor segurança e inserção da criança na família. Metodologia: A elaboraçãoda cartilha deu‐se do compartilhar da experiência entre enfermeiras nas diversas etapas dométodo canguru, onde através de conversas com algumas mães/cuidadores e orientaçõesde enfermagem durante a alta observou‐se as principais dúvidas relatadas por estes,partindo‐se então para o esclarecimento das mesmas em uma cartilha educativa, de fácilentendimento, embasadas na literatura. Dentre os assuntos abordados estão: aimportância da posição canguru, o reconhecimento de situações de risco, o incentivo aoaleitamento materno exclusivo com vantagens para a criança e a sua mãe, a importânciada imunização, os cuidados de higiene corporal e bucal, o banho de sol, as medidas dealívio das cólicas e medidas anti‐refluxo e a importância do retorno periódico noambulatório de seguimento. É necessário ainda um novo estudo sobre a utilização dacartilha dentro da UTI neonatal, seu impacto dentro da equipe de enfermagem eprincipalmente com os cuidadores. Implicações para a enfermagem: O ato de educar fazparte do processo da assistência de enfermagem e deve ser praticado com segurança,apoio técnico e científico atualizado, sem detrimento do saber leigo, mas buscando sim,mostrar alternativas para que o próprio indivíduo tome a decisão por modificar ou adequarsua realidade local em vista de usufruir da saúde em seu sentido mais amplo. A educaçãoem saúde não precisa estar em segundo ou mesmo último plano em hospitais de altacomplexidade, como pensam alguns profissionais de saúde e da enfermagem. Deve serpraticada diariamente, de forma responsável e compromissada primeiramente com aprevenção primária buscando manter a saúde infantil, independente do local de atuação.Então, a cartilha de orientações relacionadas a alta da unidade neonatal e cuidados com obebê em seu domicílio, propõem‐se a gerar em seus cuidadores o sentimento desegurança, confiança, conforto e consequente melhora da inserção da criança no contextoISBN: 978-85-63901-04-0


familiar e fortalecimento do vínculo afetivo, que muitas vezes está em processo deconstrução.Descritores: Neonatologia. Método Canguru. Promoção da Saúde.Referências1.BRASIL. MS. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método mãe canguru.1 ed. Brasília: Ministério da saúde. 2002. 282p.2.CECAGNO, Diana; SIQUEIRA, Hedi Crecencia Hecler de; CEZAR VAZ, Marta Regina.Falando sobre pesquisa, educação e saúde na enfermagem. Revista Gaúcha Enfermagem,Porto Alegre (RS) 2005 ago;26(2):154‐60. Disponível emhttp://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/4548/2479.Acesso em 02/09/2010.3.COSTA, Daniela Gonçalves da; CHAGAS, Gina Marques da Silva; SOUZA, Nilzemar Ribeirode. Educação em saúde para mães em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Ciênciaet Praxis v. 2, n. 3, (2009). Disponível emhttp://www.fip.fespmg.edu.br/ojs/index.php/scientae/article/viewPDFInterstitial/82/53.Acesso em 02/09/2010.4.DUARTE, José Luiz Muniz Bandeira; MENDONÇA, Gulnar Azevedo Silva. Fatoresassociados à morte neonatal em recém‐nascidos de muito baixo peso em quatromaternidades no Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,21(1):181‐191, jan‐fev, 2005.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n1/20.pdf.Acesso em 02/09/2010. Acesso em 06/10/2010.5.OLIVEIRA, Hadelândia Milon de; GONCALVES, Maria Jacirema Ferreira. Educação emSaúde: uma experiência transformadora. Revista brasileira enfermagem. [online]. 2004,v.57, n.6, p. 761‐763. ISSN 0034‐7167. doi: 10.1590/S0034‐71672004000600028.ISBN: 978-85-63901-04-0


ESTUDO COMPARATIVO DAS CARACTERÍSTICAS ASSISTENCIAIS E DOS RESULTADOSNEONATAIS NOS PARTOS NORMAIS ASSISTIDOS POR ENFERMEIRAS E MÉDICOS.Caroline Silva de Araújo (rel.) 196Vanessa dos Santos Basilio 197Aline Lima Silva de Santana 198Adriana Lenho de F. Pereira 199Introdução: O Ministério da Saúde vêm estimulando a atuação da enfermeira obstétrica naassistência ao parto normal nas maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS) desde ofinal da década de 90. As grandes maternidades públicas cariocas já contam com essaprofissional atuando nos centros obstétricos. Entretanto, as publicações nacionais acercada assistência da enfermeira obstétrica ainda são incipientes. Estudos internacionais têmevidenciado que os partos de baixo risco atendidos por essa profissional apresentam bonsresultados assistenciais, sendo utilizados menos recursos tecnológicos e menosprocedimentos de intervenção (1). Objetivos: Descrever o perfil assistencial dos partosnormais assistidos por enfermeiras e médicos e analisar as similaridades e as diferençasnos resultados maternos e neonatais desses atendimentos. Referencial Teórico: Asenfermeiras já desenvolvem práticas assistenciais de menor intervenção no processoparturitivo e de incentivo ao parto normal nas maternidades cariocas. Estudo em umagrande maternidade municipal do Rio de Janeiro, encontrando 1.247 partos normaisatendidos pelas enfermeiras obstetras no ano de 2007. Desta totalidade, a grande maioriadas parturientes não foi submetida à episiotomia (83%) (2). Em estudo prospectivo e196Bolsista Iniciação Científica‐UERJ, aluna da Graduação em Enfermagem do 7º período – ENF/UERJ.197Bolsista Iniciação Científica‐UERJ, aluna da Graduação em Enfermagem do 6º período – ENF/UERJ.198Voluntária do Projeto de Iniciação Científica‐UERJ, aluna da Graduação em Enfermagem do 7ºperíodo – ENF/UERJ.199Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil – Faculdade de Enfermagem– UERJ. Email: adrianalenho.uerj@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


coorte constatou que as enfermeiras obstétricas americanas utilizam menos recursostecnológicos e procedimentos de intervenção na assistência do que obstetras e médicos defamília, sendo os resultados neonatais semelhantes aos casos atendidos pelos médicos (3).Metodologia: Pesquisa de abordagem quantitativa, exploratória e descritiva que utilizou atécnica da pesquisa documental, tendo como fonte de dados primários os prontuários dospartos normais atendidos no período de janeiro a dezembro de 2008 em uma maternidadepública do município do Rio de Janeiro, situada na Área de Planejamento 3.2. O estudo foiaprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SMSDC/RJ, parecer n. 295A/2009. Asvariáveis do estudo foram: Dados sociais e obstétricos das parturientes; Dados daassistência no pré‐parto e parto; Dados da condição materna e neonatal. Os prontuáriosforam analisados sob os seguintes critérios: ‐ Critérios de inclusão: partos normais demulheres com faixa etária entre 15 a 35 anos, que tinham gestações de 37 a 41 sem, fetoúnico em posição cefálica e não apresentavam morbidade clínica e/ou obstétrica, prévia ouna gestação atual, cujos filhos tiveram peso ao nascer entre 2.500 e 4.000 g. Critérios deexclusão: todos os outros atendimentos que não atendem o critério de elegibilidade prédeterminado.Para coleta dos dados foram utilizados dois formulários estruturados, sendoo primeiro para pré‐seleção, utilizando o livro de registro de parto, e o segundo paraanálise dos prontuários no setor do arquivo médico. Os dados coletados foramarmazenados em banco de dados informatizado em Excel do Microsoft Office®2003,tabulados e submetidos ao tratamento estatístico por meio dos testes de Fisher e t deStudent (este somente para o índice de Apgar), sendo considerado o nível de significância p< 0,05. A amostra foi representativa, considerando o nível de confiança de 95% e máximamargem de erro desejada de 25%. Segundo dado oficial de 2008, na maternidade foiatendido um total de 6.140 nascidos vivos (n.v.), dos quais nasceram por parto vaginal4.029 n.v. Desta totalidade, as enfermeiras assistiram 954 n.v. e os médicos 3075 n.v. Estesdois quantitativos foram considerados a população para o cálculo da amostrarepresentativa de cada grupo. Resultados e Discussão: Foram pré‐selecionados 2.354ISBN: 978-85-63901-04-0


egistros de prontuários de partos normais atendidos por médicos e enfermeiros,correspondendo a 58,4% do total de partos normais assistidos em 2008 na instituição.Desta totalidade, foram escolhidos aleatoriamente vinte prontuários de cada mês, sendodez atendimentos médicos e dez atendimentos das enfermeiras. Deste modo, foirequisitado o total de 480 prontuários no Arquivo Médico, sendo 240 maternos e 240 doneonato, e excluídos 69 prontuários. Portanto, a amostra correspondeu a 171 partos enascimentos, totalizando 73 atendimentos realizados pelas enfermeiras e 98 pelosmédicos. Foi evidenciado perfil social e obstétrico semelhante entre as gestações e partosatendidos por esses profissionais. A maioria das gestantes atendidas era de jovens,solteiras, com a cor da pele não branca e que não exerciam atividade remunerada. Emrelação ao perfil obstétrico, houve predominância em ambos os grupos o atendimento demulheres que estavam na segunda ou terceira gestação, com pelo menos um partoanterior, sem história prévia de abortamento e que realizaram 7 ou mais consultas de prénatal.Cabe ressaltar que, em ambos os grupos, o quantitativo de gestantes primigestas enulíparas foi cerca de 40% do total dos atendimentos. Considerando as condutas no prépartodos atendimentos, verificou‐se a predominância da dieta zero, hidratação venosa einfusão de ocitocina, representando a proporção superior a 60% em ambos os grupos. Agrande maioria das parturientes não sofreu amniotomia. Não houve diferençaestatisticamente significativa entre os dois grupos. Cabe esclarecer que na rotinainstitucional a prescrição da dieta, de hidratação venosa e de ocitocina é realizada pelosmédicos. Em relação a estes achados, as frequências de hidratação venosa e ocitocinaforam semelhantes ao estudo que foi desenvolvido em maternidades cariocas, queevidenciou o uso rotineiro de hidratação venosa (88,8%) e ocitocina (64,4%) nasmaternidades cariocas (4). Mais da metade das parturientes apresentou bolsa amnióticarota antes do parto, com distribuição semelhante em ambos os grupos. A presença demecônio no líquido amniótico ocorreu na minoria dos atendimentos. Não foi encontradadiferença estatística entre os grupos atendidos por enfermeiras e médicos. Em relação àISBN: 978-85-63901-04-0


assistência ao parto, foi encontrada diferença estatística significativa (p


da enfermeira obstétrica ao parto e nascimento tem menos intervenções e é seguro paraas mães e seus bebês, alinhado com as atuais recomendações de práticas benéficas ehumanizadas.Palavras chave: Saúde perinatal; Cuidado de enfermagem; Parto normal; Enfermagemobstétrica.Referências:1. Symon, A G; Paul, J; Butchart, M et al. Self‐Rated "No‐" and "Low‐" Risk Pregnancy: AComparison of Outcomes for Women in Obstetric‐Led and Midwife‐Led Units in England.Birth 2007; 34 (4): 323‐30.2. Heuseler, L; Silva, T. F. Perfil assistencial dos partos normais assistidos pelasenfermeiras obstetras. 2008. 30 f. Relatório de Pesquisa (Acadêmico Bolsista).Maternidade Carmela Dutra. Secretaria Municipal Saúde do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,2008.3. Cragin, L; Kennedy, HP. Linking Obstetric and Midwifery Practice With OptimalOutcomes. JOGNN 2006; 35(6): 779‐85.4. D’Orsi E, Chor D, Giffin K et al. Qualidade da atenção ao parto em maternidades do Riode Janeiro Rev. Saúde Pública. 2005; 39(4): 645‐545. Carvalho CCM, Souza ASR, Moraes Filho OB. Prevalence and factors associated withpractice of episiotomy at a maternity school in Recife, Pernambuco, Brazil. Rev. Assoc.Med. Bras. 2010; 56(3): 333‐3.ISBN: 978-85-63901-04-0


ESTUDO DE CASO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS DE RECÉM‐NASCIDOS PREMATUROSSOBRE O MÉTODO CANGURUAna Luíza Ribeiro da Cruz 200Daniele Miquiles da Silva 201Angela Maria La Cava 202Introdução: O interesse das pesquisadoras em discutir a assistência voltada para a área deneonatologia surgiu desde o período acadêmico, quando puderam conhecer o métodomãecanguruem hospitais públicos e em um particular durante seus estágios; sendo tal métodobastante difundido e satisfatório na atenção à saúde do neonato. Como a mãe exerce umpapel fundamental para o sucesso da estratégia, vislumbramos saber como o método mãecangurué visto pelos pais dos recém‐nascidos prematuros. (1) O objeto de estudo é apercepção dos pais de recém‐nascidos internados numa enfermaria Mãe Canguru sobre ométodo canguru. O objetivo foi conhecer e avaliar a percepção dos pais de recém‐nascidosprematuros internados numa enfermaria Mãe Canguru sobre o método canguru.Atualmente passamos por um período de grande preocupação quanto à qualidade daassistência de enfermagem realizada aos recém‐nascidos prematuros, porque, em todo omundo, nascem anualmente 20 milhões de bebês pré‐termo e de baixo peso. (2) Então, porisso, pensamos ser importante conhecer o que as mães de recém‐nascidos internados em200Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro –UNIRIO – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.201Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro –UNIRIO‐Brasil.202Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil da Escolade Enfermagem Alfredo Pinto da UNIRIO.ISBN: 978-85-63901-04-0


uma unidade de terapia intensiva neonatal conseguem compreender sobre as informaçõeseorientações da assistência de enfermagem que são realizadas em seus filhos. O Métodocanguru iniciou‐se na Colômbia, no Instituto Materno Infantil de Bogotá, em 1979, épocaem que o país passava por um período de superlotação nas maternidades e por issochegava‐se colocar até três bebês em uma mesma incubadora, fato este, que foiresponsável, tanto por aumento de infecção hospitalar, como de mortalidade infantil,emergindo a necessidade de solucionar rapidamente o problema. (1) Surge então estamodalidade de cuidado, que é uma abordagem totalmente diferenciada do modelo detratamento tradicional hospitalar, presente até então. No Brasil, a utilização deste métodoinicia‐se na década 90, em estados diferentes e sem uma sistematização. Com isso, ocorreà necessidade de padronização desta assistência no nosso país, que aconteceu, entre ofinal da década em questão e o início dos anos 2000, através da Norma de Orientação paraa Implantação do Método Canguru, destinado a promover a atenção humanizada aorecém‐nascido de baixo peso, da Portaria nº. 693 de 5/7/2000, do Ministério da Saúde. (1)Dos 20 milhões de bebês pré‐termo e de baixo peso que nascem anualmente, em todo omundo, um terço morre antes de completar um ano de vida. (2) E o número elevado deneonatos de baixo peso ao nascimento (peso inferior a 2.500g, sem considerar a idadegestacional) constitui um importante problema de saúde e representa um alto percentualna morbimortalidade neonatal. Além disso, tem graves conseqüências médicas e sociais.De acordo com a portaria citada acima, o Método Canguru é um tipo de assistêncianeonatal que implica o contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém‐nascido debaixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso esuficiente, permitindo, dessa forma, uma maior participação dos pais no cuidado ao seurecém‐nascido. (3) Segundo o Manual do Método Mãe Canguru, do Ministério da Saúde,existem critérios para a elegibilidade de permanência do método na Enfermaria. Da mãe,exige‐se que a mesma tenha certeza que quer participar deste tipo de assistência, se temISBN: 978-85-63901-04-0


disponibilidade de tempo e existência de um serviço social de apoio; certeza de que adecisão seja tomada por meio de consenso entre mãe, familiares e profissionais de saúde;capacidade de reconhecer as situações de risco do recém‐nascido (mudança de coloraçãoda pele, pausas respiratórias, regurgitações e diminuição de movimentação);conhecimento e habilidade para colocação da criança em posição canguru. Já da criançaexige‐se que ela tenha estabilidade clínica; nutrição plena (peito, sonda gástrica ou copo);peso mínimo de 1250 gramas; ganho de peso diário maior que 15 gramas. (2) Namaternidade onde a pesquisa foi realizada, a Enfermaria Mãe Canguru é equipada com seisleitos de internação. Nesta instituição, a Enfermaria Mãe Canguru é assistida por equipemultiprofissional, composta por equipe médica (de pediatria), fonoaudiologia, fisioterapia,serviço social e de enfermagem. A esta equipe cabe basicamente a educação em saúde,pois nesta enfermaria a maior cuidadora é a mãe. Metodologia: Trata‐se de um estudo decaso qualitativo, exploratório‐descritivo. Os estudos de caso utilizam estratégias deinvestigação qualitativa para mapear, descrever e analisar o contexto, as relações e aspercepções a respeito das situações, fenômeno ou episódio em questão. É útil para gerarconhecimento sobre características significativas de eventos vivenciados, tais comointervenções e processos de mudança. (4) O cenário foi o uma maternidade pública,localizada no município do Rio de Janeiro; os sujeitos do estudo foram seis pais de recémnascidosprematuros internados na Enfermaria Canguru. Atendendo à Resolução nº 196/1996, do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, a presente pesquisa foi realizada após a aprovaçãopelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC‐RJ), através do parecer de nº 16A/2010. A produção de dados se deu através da entrevistasemi‐estruturada. Resultados: Constatamos que as mães aprovaram a proposta daenfermaria mãe‐canguru porque durante o período de internação na enfermaria mãecanguru, elas conseguiram perceber o restabelecimento de seus filhos. A produção dedados foi realizada com seis mães, na faixa etária entre 20 e 37 anos. Das seis mães, trêstinham ensino médio completo, uma ensino médio incompleto e as outras duas tinham oISBN: 978-85-63901-04-0


ensino fundamental, tendo um completado e outra não. O tempo de internação naenfermaria Mãe Canguru variou entre um e quatro dias. Cinco mães estavam pela primeiravez realizando o método canguru e uma delas já tinha tido a experiência em outromomento. Nas entrevistas realizadas, destacamos três fatores principais elencados nasfalas das mães dos recém‐nascidos internados nesta instituição: o aprendizado com aequipe de enfermagem sobre como cuidar de um bebê prematuro; o ganho de peso deseus filhos e a falta de contato com os seus filhos após o nascimento, devido à necessidadede internação deles na unidade de terapia intensiva neonatal. Em relação a esses trêsfatores levantados pelas mães, destacamos que a iniciativa enfermaria canguruproporciona a efetiva participação da mãe e sua permanência constante junto ao bebê,durante o período de sua internação, revelando um momento de desenvolvimento daassistência neonatal em que se compreende que o tratamento do recém‐nascido envolvemuito mais do que apenas a utilização de procedimentos e técnicas. Sendo assim, unidadeneonatal é vista como um lugar de aprendizagem e desenvolvimento amadurecimento.Conclusão: O método canguru é uma estratégia de fácil entendimento e de grandeimportância, pois as vantagens mencionadas pelas mães são as mesmas citadas nosmanuais do Ministério da Saúde e em pesquisas recentes. Como contribuição para aenfermagem mostramos com este estudo o quanto é relevante estarmos atentos a todasas novas maneiras de cuidar e tecnologias.Descritores: Método‐Canguru; Assistência; Enfermagem NeonatalReferências1.MOREIRA, M. E. L.; BRAGA, N. A.; MORSCH, D. S. (org). Quando a vida começa diferente:o bebê e sua família na UTI Neonatal. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 20032.BRASIL, Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso:método mãe‐canguru, manual técnico. 1.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.ISBN: 978-85-63901-04-0


3.BRASIL, Portaria nº 693 de 05 de julho de 2000. Norma para a implantação do métodocanguru. Diário Oficial da União, 2000.4.MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10.ed.São Paulo: Hucitec, 2007ISBN: 978-85-63901-04-0


EXPERIÊNCIA DA SEGUNDA ETAPA DO MÉTODO CANGURU EM UM HOSPITAL SULBRASILEIROCláudia Koch Geremias 203Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos 204Roberta Costa 205Introdução: O elevado número de nascimentos de neonatos com peso inferior a 2.500g,tem se constituído em um importante problema de saúde, representando um percentualelevado de morbimortalidade neonatal. Para o Ministério da Saúde (MS) brasileiro oatendimento perinatal é prioritário, sendo desenvolvidas ações em busca da melhoria dopadrão de qualidade da assistência, com enfoque numa assistência com abordagemprofissional que vise a integralidade do ser. Nesta perspectiva, o MS lançou, por meio daPortaria n.º 693, de 5/7/2000, a Norma de Atenção Humanizada ao Recém‐Nascido deBaixo Peso (Método Canguru), atualizada pela Portaria n.º 1.683, de 12 de Julho de 2007,através da qual os hospitais têm informações necessárias à aplicação do Método Canguru(MC). Este método foi inicialmente idealizado na Colômbia em 1979, no Instituto MaternoInfantil de Bogotá, pelos Doutores Reys Sanabria e Hector Martinez, tendo como propostaa melhoria dos cuidados prestados ao recém‐nascido pré‐termo naquele país, objetivandodiminuir os índices de infecção hospitalar através do contato pele‐a‐pele, possibilitando aalta precoce. No Brasil, essa prática assumiu nova configuração, propondo ações de203Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem da UFSC. Funcionária daUnidade de Neonatologia do HU/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem da Saúde daMulher e do Recém‐Nascido – GRUPESMUR, PEn/UFSC. Rua: João Pio Duarte Silva, 1070. CórregoGrande, Florianópolis, SC. CEP 88037‐001 claudinha.geremias@gmail.com204Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem e doPrograma de Pós‐Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Líder epesquisadora do Grupo de Pesquisa em Enfermagem da Saúde da Mulher e do Recém‐Nascido –GRUPESMUR, PEn/UFSC.205Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Chefe da Unidade de Neonatologia do HU/UFSC. Membro doGrupo do Grupo de Estudos de História do Conhecimento da Enfermagem e Saúde‐GEHCES, Pen/UFSC.ISBN: 978-85-63901-04-0


promoção do cuidado humanizado ao recém‐nascido de baixo peso. O Hospital EstadualGuilherme Álvaro em Santos‐SP, foi o pioneiro na implantação do MC no Brasil, em 1991,em uma enfermaria para alojamento mãe‐bebê. Em junho de 1999, uma reunião comdiversos órgãos voltados para a saúde da criança originou o documento NORMA DEATENÇÃO HUMANIZADA AO RÉCEM‐NASCIDO DE BAIXO‐PESO‐MC. Conforme normativagovernamental, este método consiste num modelo de assistência perinatal voltado para ocuidado humanizado que reúne estratégias de intervenção bio‐psico‐social (BRASIL, 2009).O MC preconiza que seja realizado o contato pele‐a‐pele precoce, crescente, começandocom o toque, evoluindo até a posição canguru. O papel do profissional é estimular os pais eos familiares a iniciarem este contato. A posição canguru consiste em manter o bebê, emcontato pele‐a‐pele, na posição vertical junto ao tórax dos pais ou outros familiares.Realiza‐se de maneira orientada, segura e acompanhada pela equipe de saúde. Sãoinúmeras e muito relevantes as vantagens do posicionamento pele‐a‐pele para o bebê,pois, proporciona o vínculo mãe‐filho, reduzindo o tempo de separação entre estes,melhora a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psico‐afetivo, estimulao aleitamento materno, permite controle térmico adequado, favorece a estimulaçãosensorial, reduz riscos de infecção hospitalar, diminui o estresse e dor dos neonatos,melhora o relacionamento da família com a equipe de saúde, proporciona confiança nospais para manusear o bebê, inclusive após a alta hospitalar, além de contribuir para aotimização dos leitos de UTI e de Cuidados Intermediários (BRASIL, 2009). O MC é divididoem três etapas: a primeira inicia durante a gestação de alto‐risco, seguida da internação dobebê na unidade neonatal, onde é acolhido, promovendo o envolvimento dos pais noscuidados, com garantia de livre acesso dos mesmos à unidade, oferecendo suporte asinformações necessárias sobre o estado de saúde do neonato e rotinas da unidade. Aassistência ao bebê objetiva o conforto e a organização do mesmo, minimizando ruídos,luminosidade e estímulos dolorosos. A segunda etapa é aquela em que o bebê permanecede forma contínua com a mãe, desde que o mesmo esteja com o peso igual ou superior aISBN: 978-85-63901-04-0


1250 gramas, estável clinicamente, e com nutrição através de seio materno, sonda oucopo. É necessário desejo materno em participar, com disponibilidade de tempo, redefamiliar ou social de apoio, e habilidades no manuseio do bebê, reconhecendo possíveissituações de risco. Esta segunda etapa se estabelece como alavanca para a alta hospitalar etransferência para a terceira etapa desde que a mãe esteja segura, hábil, motivada, e bemorientada, se comprometendo a realizar a posição a maior parte de tempo possível; o bebêdeve ter completado o peso de 1750 gramas. A terceira etapa é caracterizada peloacompanhamento ambulatorial da criança e da família, até que o bebê complete 2500gramas. O acompanhamento é realizado por médico e/ou enfermeiro, que avaliam oestado físico da criança, a efetividade do aleitamento através da avaliação ponderal, oequilíbrio psicoafetivo entre criança e familiares e demais orientações e encaminhamentosconforme necessidade. Este estudo trata da experiência da Unidade Neonatal de umHospital do sul brasileiro, referência para o MS para o MC. O método foi implantado em2000, porém algumas ações preconizadas pela norma de cuidado humanizado e aintrodução dos pais nas atividades junto aos bebês começaram desde 1996. No entanto,devido à reforma e por problemas com recursos humanos os leitos destinados à segundaetapa do MC ficaram fechados por quatro anos. Após a reestruturação da unidade foramabertos quatro leitos em dezembro de 2009. Objetivo: compartilhar a experiência vividacom a abertura dos leitos da segunda etapa do método canguru na unidade neonatal deum hospital do Sul do Brasil. Método: trata‐se de um relato de experiência acerca dapercepção das autoras em relação ao processo de abertura dos leitos para aimplementação da segunda etapa do MC. Resultados: A reforma da estrutura física para asala da segunda etapa do MC foi financiada pelo BNDES e pela Fundação ORSA, sendoconcluída final de 2005. Apenas em dezembro de 2009 foram implementados os quatroleitos para a segunda etapa do método. As enfermeiras e a maioria dos profissionais denível médio foram receptivos e apoiaram a abertura dos leitos. Foi necessária a elaboraçãode normas e rotinas da unidade de acordo com a nossa realidade no que rege horário eISBN: 978-85-63901-04-0


local das visitas, local de ordenha das mamas, utilização do ambiente comum (sala delanche e de TV). No início, alguns profissionais foram resistentes, pois a abertura destesleitos gerou uma mudança na divisão e rotina das atividades realizadas pela equipe deenfermagem de nível médio, já que a unidade de cuidados canguru fica um pouco afastadada unidade neonatal e também porque os critérios de elegibilidade dos bebês e mãesainda não estavam muito claros para todos os profissionais da equipe de saúde. Em nossaunidade foram adotados como critérios de ingresso na segunda etapa a estabilidadehemodinâmica, o peso acima de 1250 gramas, habilidade, desejo e disponibilidadematerna em permanecer 24 horas com seu bebê, sendo a mesma responsável peloscuidados deste, sob a supervisão de um profissional de enfermagem, a nutrição do bebêdeve ser por aleitamento materno, ou sonda enteral. Objetivando a promoção dasegurança, já que o espaço físico é um pouco distante da unidade, adquirimos umacampainha para que o trabalhador solicite auxílio em caso de intercorrências. Após novemeses de abertura da unidade de cuidados canguru os leitos têm permanecidopraticamente ocupados por todo o período, mesmo que não em sua totalidade. Éperceptível a mudança de postura de alguns profissionais, que foram se sensibilizando eintrojetando esta nova realidade que traz muitos benefícios ao bebê e sua família. Osprofissionais avaliam a experiência como positiva, e que a vivência na segunda etapapossibilita à mãe um maior empoderamento e autonomia sobre seu próprio filho. A mãepassa a ser a pessoa responsável pelo bebê, destinando ao profissional o papel de apoiar,incentivar, orientar e sanar dúvidas. Considerações Finais: A transformação depensamentos e da realidade é um processo lento, que tem tempos diferentes para quecada indivíduo assimile e a transforme em ação. Ainda serão necessários alguns ajustespara que a unidade caminhe em sua plenitude, mas acreditamos que um grande passo foidado e que um belo caminho está sendo construído em busca da valorização e da validadedo método, o qual comprovadamente provoca mudanças positivas na assistência neonatal,ISBN: 978-85-63901-04-0


no envolvimento com a família, no cuidado individualizado e todas as medidas para que orecém‐nascido prematuro tenha um desenvolvimento adequado e com qualidade de vida.Palavras‐chave: Método Canguru, relato de experiência, neonatologia, equipe deenfermagemReferências:1.Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Atenção à Saúde, Área Técnica da Saúde daCriança. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método canguru. Brasília:Ministério da Saúde, 2009. 238 p.2.Costa R. Reflexões da equipe de saúde sobre o método mãe‐canguru em uma unidade deneonatologia: um diálogo fundamentado na abordagem problematizadora [dissertação].Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde,Departamento de Enfermagem, Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem; 2005.ISBN: 978-85-63901-04-0


FAMÍLIA COMO DISPOSITIVO DE APOIO SOCIAL PARA O NEONATORejane Maria Carvalho Oliveira 206Charlene Fernandes Baima, 207Ana Valeska Siebra Silva 208Maria Gorette Andrade Bezerra 209Introdução: Historicamente, a família tem assumido parcela significativa deresponsabilidade na prestação do cuidado à saúde de seus membros, sobretudo junto aorecém‐ nascido que, por sua vez, demanda cuidados em tempo integral. Dessa forma, oneonato deve contar com uma rede de apoio social, composta de espaços e atores(dispositivos), que favoreça a eliminação de barreiras; a manutenção dos vínculos com afamília e o fortalecimento de laços de solidariedade, o que pressupõe aumento decondições de vida favoráveis à saúde. Dentre os dispositivos que compõem tal rede deapoio destacamos a família e os serviços de saúde, desde a atenção básica até o de altacomplexidade. A família assume, deste modo, parcela significativa de responsabilidade naprestação do cuidado à saúde de seus membros, sobretudo junto ao recém nascido que,por sua vez, demanda cuidados em tempo integral. Quando educados para agir de forma acontribuir para a saúde do recém‐ nascido, os familiares passam a constituir um206Mestre, docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), coordenadora do projeto de extensãoPROCANOA, enfermeira assistencial do Hospital Infantil Albert Sabin. e‐mail: rejanecarvalho@unifor.br207Enfermeira da Estratégia Saúde da Família do município de Fortaleza208Mestre, docente da Universidade Estadual do Ceara e Faculdade Metropolitana de Fortaleza209Mestre, docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), enfermeira do Hospital Infantil AlbertSabinISBN: 978-85-63901-04-0


importante elo com os serviços de saúde e, desta forma, evitar agravos à saúde doneonato, que ponham em risco a sua vida. Objetivos: O estudo teve o objetivo deapreender dos relatos das mães de neonatos o modo como a família se constitui comodispositivo de rede de apoio social no cuidado destes. Metodologia: Estudo descritivo, comabordagem qualitativa, desenvolvido no alojamento conjunto de um hospital distritallocalizado no município de Fortaleza – CE‐ Brasil. Participaram nove mães de bebêsnascidos no referido hospital, internadas no alojamento conjunto, no período neonatal,com idade igual ou superior a dezoito anos, que apresentavam condições físicas eemocionais para responder aos questionamentos e aceitaram participar do estudo. Onúmero de entrevistadas foi definido pelo critério de saturação de respostas. A coleta dedados iniciou‐se após a permissão de cada participante, por meio de uma entrevista naqual constava um roteiro de perguntas com informações acerca das características dasparticipantes, e questões norteadoras. Os dados foram organizados em três categoriasempíricas, a saber, caracterização das participantes, apoio ofertado pela família aoneonato e da gestação à chegada do neonato, com base nas falas das mães e experiênciasdos pesquisadores e analisados de acordo com Bardin 1 . Os resultados foramfundamentados na lit eratura encontrada que abordava a temática em estudo. A pesquisafoi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Fortaleza com o nº390/09. Resultados: A caracterização das participantes fundamentada nos dados oriundosde estudos de outros pesquisadores, reforça a importância da família como dispositivo deapoio social para o neonato. Algumas das características encontradas são consideradasdeterminantes nos resultados perinatais Dentre as nove entrevistadas, três tinham idadeque variava de dezoito e vinte anos, duas encontravam‐se na faixa etária entre vinte e oitoe trinta e um anos. Quatro participantes tinham idade a partir de trinta e três anos, sendoque duas delas tinham mais de trinta e cinco anos. Autores 2 consideram que primigestasadolescentes, com idade entre dezesseis e dezenove anos e que recebem cuidados prénataisadequados, não apresentam risco perinatal aumentado, quando comparadas aISBN: 978-85-63901-04-0


mulheres mais velhas em condições sociais e econômicas similares. Por outro lado, estequadro aparentemente favorável do ponto de vista obstétrico não anula as significativasconseqüências psicológicas e sócio‐econômicas que uma gravidez na adolescência podeacarretar. Além disso, mulheres que tiveram filhos durante a adolescência estãosubmetidas a um risco aumentado de descontinuacão dos estudos, divórcio, gravidezesrepetidas e maior chance de pobreza. Em relação à escolaridade, cinco entrevistadasiniciaram o ensino fundamental e duas o concluíram. No que se refere a ocupaçãoprofissional três mulheres se ocupavam de atividades relativas ao lar, duas costureiras,uma operadora de telemarketing, uma secretária do lar, uma estudante, e uma operária defábrica. Dentre as participantes, oito residiam em casa própria e uma, em casa alugada. Amá qualidade de vida, precariedade do local de residência e a ausência do pai, são algumasdas condições socioeconômicas que podem representar riscos ao neonato. Um estudorealizado no Chile 3 demonstrou um risco quase cinco vezes maior de mortalidade neonatalpara filhos de mãe sem instrução, atribuindo 35,7% dos casos à desigualdade social. Emnosso estudo, a escolaridade e o estado civil da mãe se apresentaram associados ao risconeonatal, tanto na análise univariada como após a regressão. Quanto ao estado civil,quatro estavam casadas, três em união estável e duas solteiras. Os recém nascidos demulheres solteiras apresentam uma probabilidade de morrer duas vezes maior quandocomparados àqueles de mulheres casadas. 56,90% dos óbitos foram entre recém nascidosde mães solteiras e um terço (30,70%) entre aqueles de mulheres separadas ou viúvas; asmaiores taxas de mortalidade também foram verificadas nesses grupos 4 . Dos resultadosreferentes ao período de gestação até a chegada do recém‐ nascido emergiram tantopassagens indicativas de bem‐estar, como também narrativas onde são evidentes os riscosà saúde materna e neonatal por vários fatores, como: violência doméstica, não realizaçãodo pré‐natal, doenças e agravos à saúde, dentre outros. Em relação aos familiares citadoscomo fonte de apoio para o neonato, o pai do mesmo e as avós maternas destacaram‐se.No tocante as avós maternas do bebê, seis passagens eram alusivas à participação das avósISBN: 978-85-63901-04-0


como apoio. Os demais familiares citados foram: avós paternas, cunhados, irmãos, tios doneonato, e sobrinho. No que concerne aos tipos de apoio ofertados, foram citados: aprovidência de recursos financeiros e materiais destinados à gestante e ao neonato, eapoio emocional para a gestante. Os dados permitem inferir que familiares destas novemulheres estudadas constituíam um dispositivo de apoio desde o modo como searticulavam para prover apoio à gestante e ao neonato, bem como pelo modo comoajudavam. Considerações finais: Com base na realidade apreendida, refletimos sobre anecessidade de profissionais de saúde aliar‐se cada vez mais às famílias de neonatos,visando promover seu bem‐estar. Para isso apontamos para algumas condições como oreconhecimento da importância de articular saberes técnicos ou não, conhecer outrosdispositivos de apoio, e realizar parcerias como estratégia de cuidado ao neonato. Osresultados sugerem que é fundamental intensificar estudos sobre a família enquanto apoiosocial para o neonato, visando compor uma rede ampla que envolva diversos cenários eatores sociais. Além disso, novas pesquisas sobre o tema podem oferecer subsídios para aelaboração e implementação de programas que envolvam cada vez mais os familiares nocuidado ao neonato.Descritores: Família; Recém nascido; Apoio social.Referências:1.Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. Azevedo GD. Efeito da IdadeMaterna sobre os Resultados Perinatais. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, 24 (3) 2002 . Available from . access on 10 Mar. 2010. doi: 10.1590/S0100‐72032002000300006.2.Soares ES; Menezes GMS. Fatores associados à mortalidade neonatal precoce: análise desituação no nível local. Epidemiol. Serv. Saúde. [online]. mar. 2010, 19 (1): 51‐60.Disponível na World Wide Web:ISBN: 978-85-63901-04-0


. ISSN 1679‐4974.3.Helena ETS; Souza CA; Silva CA. Fatores de risco para mortalidade neonatal emBlumenau, Santa Catarina: linkage entre bancos de dados. Rev. Bras. Saú de Mater. Infant.,Recife, 5 (2) June 2005 . Available from. access on 11 Mar. 2010. doi: 10.1590/S1519‐38292005000200010ISBN: 978-85-63901-04-0


FATORES DE RISCO DA MORTALIDADE NEONATAL EMFORTALEZA‐CE, 2006‐2008.Ana Lidia Lima Solon 210Kiliana Nogueira Farias da Escócia 211Susana Glória Silveira Holanda 212Magnólia Montenegro Osório 213Introdução: A mortalidade infantil reflete o estado de saúde da população mais vulnerável:os menores de um ano. No sentido de melhor esclarecer o processo saúde‐doença e adotarestratégias de controle da mortalidade infantil, torna‐se de fundamental importânciaconhecer o comportamento dos seus componentes: neonatal e pós‐neonatal ou infantiltardia. Vários estudos têm demonstrado que nas últimas décadas, à redução damortalidade infantil no Brasil foi devido o componente pós‐neonatal, por esta ser maissensível às condições socioeconômico‐ambientais. No Brasil, a partir da década de 1990 amortalidade neonatal passou a ser o principal componente da mortalidade infantil. EmFortaleza ocorreu à inversão entre os óbitos neonatais e pós‐neonatais a partir de 1996.Neste ano, verifica‐se o predomínio do componente neonatal, representando 57,5% dosóbitos infantis. Para o ano de 2008 a mortalidade neonatal representou 63,2% damortalidade infantil. Os níveis ainda elevados da mortalidade neonatal apontam para umanecessidade de melhor esclarecer os causas determinantes. A identificação dos fatores de210Enfermeira, Técnica da Vigilância Epidemiológica, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará,analidia.solon@saude.ce.gov.br.211Enfermeira, Técnica da Vigilância Epidemiológica, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará,212Farmaceutica, Técnica da Vigilância Epidemiológica, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará;213Enfermeira, Técnica da Vigilância Epidemiológica, Secretaria da Saúde do Estado do CearáISBN: 978-85-63901-04-0


isco associados aos óbitos neonatais evitáveis é importante para o enfrentamento doproblema de saúde materno infantil. Objetivo: Identificar fatores de risco da mortalidadeneonatal, a partir de uma coorte de nascidos vivos de mães residentes em Fortaleza de2006 a 2008, valendo‐se das variáveis presentes na Declaração de Nascidos Vivos (DN) doSistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Metodologia: trata‐se de um estudode coorte, com dados secundários, obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade(SIM) e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, registrados nos bancos de dados daSecretaria da Saúde do Estado do Ceará, residentes no município de Fortaleza, no períodode 2006 a 2008. Neste estudo foi realizada a técnica de linkage, entre o SIM e Sinasc, comintuito de resgatar as informações das variáveis da DO (óbitos neonatais) que seencontravam ignoradas ou em brancos e identificar o número de sobreviventes. Asvariáveis selecionadas foram categorizadas de acordo com a DO e DN. Resultados: Dototal de 2.108 óbitos infantis, ocorridos no período do estudo, 1.400 (66,4%) foram doperíodo neonatal. O coeficiente de mortalidade infantil foi de 17,8% por mil NV, com 11,8 e6,0 por mil NV, respectivamente, para a mortalidade neonatal e pós‐neonatal.Constataram‐se nesse período 117.215 sobreviventes. Para essa análise foramselecionados os óbitos neonatais contidos no SIM, e os sobreviventes, que não forampareados nos dois sistemas, SIM e Sinasc. A variável idade gestacional foi a que apresentoumaior valor de RR verificou‐se que os nascidos vivos procedentes de gestação pré‐termoapresentaram 45 vezes mais risco de morrer que os nascidos de gestação normal. Oresultado aponta os nascidos vivos prematuros como os de maior força de associação coma mortalidade neonatal. Crianças nascidas após este período mostraram‐se maisfavorecidas que as nascidas em gestação pré‐termo. Resultados similares também sãoconfirmados no estudo realizado por Martins e Velásquez‐Meléndez (2004), que justificamestes achados com a falta de recursos tecnológicos e humanos adequados. O baixo peso aonascer foi a segunda variável mais fortemente relacionada aos óbitos neonatais. Os recémnascidoscom BPN apresentaram um risco de 34,2 vezes maior de morrer do que o dosISBN: 978-85-63901-04-0


ecém nascidos com peso adequado. A magnitude da associação entre nascidos vivos combaixo peso ao nascer e a mortalidade infantil aponta a influência de fatores biológicos esociais e reforça ser este o fator de risco isolado para essa mortalidade (SARINHO et al.,2001). Em relação às características maternas verificou‐se que os nascidos vivos oriundosde gravidez múltipla apresentaram risco 5,8 vezes maior de morrer que os neonatos degestação única. Os maiores risco nos neonatos de gestação múltipla devem serocasionados do elevado número de crianças prematuras e de baixo peso ao nascer, onde émais freqüente neste grupo de recém‐nascidos que nos de gestação única (MARAN;UCHIMURA, 2008). Quanto à variável tipo de parto, constatou‐se que o parto cirúrgico nãofoi fator de risco para a mortalidade neonatal. Os recém‐nascidos provenientes de partosnormais apresentaram 6,7 mais risco de morrer que aqueles de partos operatórios. Oefeito protetor do parto por cesárea pode estar relacionado com a baixa qualidade doatendimento ao parto vaginal, em virtude do elevado número de parto cirúrgico que estáocorrendo no Brasil (GIGLIO; LAMOUNIIER; MORAIS NETO, 2005). Quando a criança nascefora do hospital tem 8,3 vezes maior risco de morrer que aquela que nasce no hospital.Mostrando que quando a criança é assistida pelo médico tem o menor risco de morrer.Conclusão: Pelos achados encontrados neste estudo conclui‐se que os fatores que estãomais fortemente associados à mortalidade neonatal são a prematuridade e o baixo peso aonascer, fatores estes, que podem ser redutíveis pela atuação do setor saúde. Os resultadosaqui encontrados sugerem a utilização da DN e DO para estudos epidemiológicos, paramelhor orientar os órgãos públicos de saúde no planejamento das ações relacionadas àredução da mortalidade infantil.Palavra chave: epidemiologia, mortalidade infantilReferências:ISBN: 978-85-63901-04-0


1.Maran E, Uchimura TT. Mortalidade neonatal: fatores de risco em um município no Suldo Brasil. Rev. Eletrônica de Enfermagem, v. 10, n. 1, p. 29‐38, 2008.2.Martins EF, Velasquez MG. Determinante da mortalidade neonatal a partir de umacoorte de nascidos vivos, Montes Claros, Minas Gerais, 1997‐1999. Rev. Bras. SaúdeMatern. Infant., Recife, v. 4, n. 4, p. 405‐412, out./dez. 2004.3.Ribeiro AM, Guimarães MJ, Lima M C, Sarinho SW, Coutinho SB. Fatores de risco paramortalidade neonatal em crianças com baixo peso ao nascer: um estudo de coorte. Rev.Saúde Pública, v. 43, n. 2, p. 246‐255. 2009.4.Sarinho SW, Filho DAM, Silva GAP, Lima MC. Fatores de risco para mortalidade neonatalno Recife: um estudo de caso‐controle. J. Pediat., v. 77, n. 4, p. 294‐298, 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR DA CRIANÇA EGRESSADA UNIDADE NEONATALMárcia Maria Coelho Oliveira 214Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 215Introdução: A atenção ao recém‐nascido (RN) está relacionada com a introdução de novastecnologias e a consciência dos profissionais da saúde quanto à importância de umaassistência humana e eficaz, principalmente, nas condições que permeiam a internação naUnidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Nesta ambiência, a prematuridade, muitobaixo peso ao nascer, anoxia perinatal, malformações, dentre outros diagnósticospredispõem a tratamentos especializados para sobreviverem, contudo, os suportesterapêuticos e os cuidados dos profissionais devem ser aplicados com muitos critérios.Caracteriza‐se como população exposta a situações que contribuem para a suavulnerabilidade, que envolve um conjunto de aspectos individual, coletivos, contextuais econtribuem para a perspectiva de suscetibilidade a doenças e agravos a saúde (1) .Reconhece‐se, portanto, as possibilidades para o surgimento das implicações provenientesda própria condição fisiológica, patológica e àquelas provocadas durante o período deinternação. A hospitalização destes recém‐nascidos (RN) exerce considerável impacto emmuitos aspectos da sociedade. As taxas de sobrevida aproximam de 95% para RNprematuros com peso entre 1.200 e 2.500g e 60% para os de 500 a 750 g. Nestascircunstâncias, os fatores ambientais na UTIN que envolvem os ruídos (alarmes, vozes), aluminosidade, o estresse do manuseio comprometem o processo de desenvolvimento dos214Enfermeira. Doutoranda do Curso de Pós‐Graduação do Departamento de Enfermagem FFOE/UFC.Endereço: Rua Carlos Vasconcelos, 3100. Joaquim Távora CEP: 60.115‐171 Fortaleza – Ceará. Membrodo projeto de pesquisa “Saúde do Binômio Mãe‐filho SABIMF/UFC”. E‐mail: enf.marcya@gmail.com215Professora Associada do Departamento de Enfermagem da UFC. Pesquisador CNPq Coordenadorado projeto de pesquisa “Saúde do Binômio Mãe‐filho SABIMF/UFC”. E‐mail: cardoso@ufc.brISBN: 978-85-63901-04-0


RN. A incidência e a magnitude das sequelas do neurodesenvolvimento relacionadas com aprematuridade e evolução crítica, tornam‐se cada vez mais importantes (2) . Cerca de umaem cada oito crianças apresenta alterações do desenvolvimento que podem interferir deforma significativa em sua qualidade de vida e inclusão social (3) . Para os profissionais desaúde, é de grande relevância conhecer a determinação dos riscos vitais relacionados àscondições do nascimento, crescimento e desenvolvimento infantil, sendo esses aspectoscomponentes de vários indicadores de saúde e fundamentais para a assistência na áreamaterno‐infantil. No atual sistema de saúde, o atendimento à população fortementesusceptível a riscos, os serviços hospitalares devem se estruturar e organizar para umaassistência ininterrupta, considerando os avanços terapêuticos e tecnológicos disponíveispara o cuidado do neonato, além dos recursos humanos especializados para se conduziremadequadamente, em todos os aspectos da assistência, da admissão até a alta hospitalar.Nesse contexto, o enfermeiro tem importante papel no atendimento dos indivíduossaudáveis e doentes, uma vez que, compartilha com a criança e a família situações desaúde/doença, promove orientações quanto à evolução normal do crescimento edesenvolvimento infantil e propõe alternativas à família para a resolução de problemas.Acreditando na capacitação dos profissionais de enfermagem durante a assistêncianeonatal e reconhecendo suas contribuições na redução dos índices dos indicadores desaúde, principalmente, do coeficiente de mortalidade infantil, surgiu o interesse peloestudo, em busca da aquisição dos conhecimentos das características desse grupopopulacional e mediante os riscos, fundamentar suas ações, visando à promoção da saúde,recuperação e reabilitação dos doentes. Objetivos: Caracterizar o perfil da criança egressada unidade de terapia intensiva neonatal e identificar os fatores de riscos que podemimplicar em alterações no desenvolvimento neuromotor. Metodologia: Estudo comabordagem quantitativa, realizado com 78 crianças egressas, com idade gestacional a partirde 32 semanas, no período de fev/2009 a fev/2010, da UTIN de uma instituição pública, emFortaleza‐CE/BR. Esta amostra também inseriu os 76 pais/responsáveis, logo, os númerosISBN: 978-85-63901-04-0


não são idênticos, devido dois partos gemelares. Para coleta de dados, utilizamos comoinstrumentos a versão traduzida do Harris Infant Neuromotor Test (HINT) (4) e umformulário para complementar as variáveis perinatais do RN e os dados sócio‐demográficosdos pais/responsáveis. A primeira parte do HINT contempla os dados de identificação e osfatores de riscos relacionados ao desenvolvimento neuromotor da criança. Contudo, acoleta dos dados foi obtida por meio da análise em prontuários bem comoquestionamentos aos pais, preenchendo‐se as seguintes variáveis: sexo, peso denascimento, idade gestacional, Apgar, antecedentes maternos e perinatais, fatores de riscoe achados clínicos, durante o período de julho de 2009 a agosto de 2010. As informaçõesdos participantes foram codificadas e armazenadas, anonimamente, em banco de dadosespecífico, utilizando‐se o programa Microsoft Office Excel 2007. Os resultados foramorganizados em tabelas, com números relativos e absolutos, analisados de acordo com aliteratura pertinente, durante o mês de setembro/2010. Quanto aos aspectos éticos dapesquisa, foram observados os disciplinados pela Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong>de Saúde – Ministério da Saúde. O estudo foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisada referida instituição sob o protocolo nº 097/09. Resultados: Das 78 crianças, 48 (61.5%)são do sexo masculino, 30 (38.5%), feminino, com menor e maior idade gestacional de 32 e42 semanas, respectivamente. Em relação às medidas antropométricas, o peso variou de870 a 4.085g, comprimento de 35 a 55 cm, perímetro cefálico, de 25 a 38 cm e perímetrotorácico, de 21 a 35 cm. Classificaram‐se 56 (71.7%) RN pré termos, 22 (28.2%) a termo, 59(75.6%) AIG, 15 (19.2%) PIG e quatro (5.1%) GIG, denominados 52 (66.6%) baixo peso.Nasceram 58 (74.3%) de partos cesáreos e 20 (25.7%), vaginais, com nascimentos de 74fetos únicos e quatro gemelares. Todos neonatos apresentaram síndrome do desconfortorespiratório (SDR), 16 (20.5%) sofreram asfixia ao nascer, sete (8.9%) evoluíram combroncodisplasia e duas (2.5%), hemorragia intraventricular (HIV). Quanto às condutasterapêuticas, 20 (25.6%) RN necessitaram de intubação e ventilação mecânica, 48 (61.5%),pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) e todos utilizaram Oxi‐Hood. O tempo deISBN: 978-85-63901-04-0


internação variou de três a 83 dias. Dentre estas condições de sobrevivência, aotranscorrer a avaliação do desenvolvimento neuromotor da criança egressa, detectaram‐seonze crianças que apresentaram dados clínicos alterados conforme os escores do HINT. Emrelação ao perfil socioeconômico e demográfico de 76 mães/responsáveis, caracterizaramseum grupo de mulheres jovens, 17 (22.3%) adolescentes, 49 (64.4%) no intervalo de 20 ‐34 anos, 10 (64.4%), maior de 35 anos e 46 (60.5%) relataram ser o primeiro filho. Quantoao uso de drogas na gravidez, seis (7.8%) usam álcool, quatro (5.2%) fumam, sete (9.2%)relatam infecção e uso de antibiótico, além de 17 (22.3%), antihipertensivos. Este grupo departicipantes prevalece sobrevivendo com um salário mínimo e o número de pessoas quereside em casa variou de dois a sete, com uma média de quatro pessoas por casa.Conclusão: O estudo mostrou que a prematuridade, o baixo peso ao nascimento e ascondutas terapêuticas representam fatores de risco importantes para as implicações aodesenvolvimento neuromotor das crianças no primeiro ano de vida. Estes resultadosindicam que a melhora na assistência pré‐natal e nas intervenções terapêuticas duranteinternação neonatal são imprescindíveis para diminuição destes riscos e complicações aonascimento. É preciso que as equipes profissionais mantenham troca de informaçõescontínuas, no intuito de aperfeiçoar a execução da assistência perinatal e promoverrecuperação da saúde do neonato com qualidade de vida.Palavras‐chave: Criança. Controle de risco. Desenvolvimento infantilReferências Bibliográficas1. Gastal FL; Roessler IF. Talsa multiplicadores: avaliação e qualidade (módulo 2). SãoPaulo, 2006.2. Macdonald MG.; Mullett MD.; Seshia MMK. Avery/Neonatologia: Fisiopatologia etratamento do recém‐nascido. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2007.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Biscegli TS.; Polis LB.; Santos LM.; Vicentin M. Avaliação do estado nutricional e dodesenvolvimento neuropsicomotor em crianças frequentadoras de creche. Rev PaulPediatr., v.25, n.4, 337‐42, 2007.4. Harris S.R.; Megens, A.; Hayes, V.E. Harris Infant Neuromotor Test Manual. Vancouver:Authors. 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DE VIDA DE UM GRUPO DE GESTANTESATENDIDAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PARNAMIRIM –BRASIL 216 Camila Augusta Da Silva 217Camila Fernandes Da Silva Carvalho 218Ilana Barros Gomes 219Rejane Marie Barbosa Davim 220Introdução: A assistência pré‐natal deve proporcionar à gestante garantia de atendimentoalém de estabelecer vínculo entre a mulher, familiares e o profissional da saúde. Esse tipode assistência abrange parâmetros preventivos, diagnósticos e curativos, centrado nãoapenas no útero gravídico, mas em todos os fatores que envolvem a mulher. Desse modo,assistir a grávida holisticamente torna‐se indispensável para sua qualidade de vida (QV), oque proporciona uma maternidade segura durante todo o período gestacional. O conceitode QV, nas últimas décadas, tem sido alvo de bastante interesse tanto da literaturacientífica quanto do público geral. Embora haja diferentes definições, há concordânciaentre autores de que QV é um conceito multidimensional que inclui bem estar e satisfaçãoem várias áreas da vida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), QV é a216Relatório final de pesquisa cadastrada na PROPESQ/UFRN com Código PVD 2130‐2009.217Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Voluntária de Iniciação Científica/UFRN.E‐mail: camila_augusta1@hotmail.com218Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Bolsista de Iniciação CientíficaPIBIC/CNPq. Email: camilafscarvalho@gmail.com219Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Voluntária de Iniciação Científica/UFRN.Email: ilanabg@hotmail.com220Enfermeira, Profª Doutora Associado I do Departamento de Enfermagem/UFRN. Membro doPrograma de Pós Graduação em Enfermagem/UFRN. Consultora de Periódicos Científicos. Presidenteda Associação Brasileira de Enfermeiras Obstetras e Neonatológicas ‐ <strong>ABENFO</strong>/RN. Email:rejanemb@uol.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


percepção pelo ser humano sobre sua posição na vida tendo em vista o contexto de culturae sistemas de valores, buscando relação com seus objetivos, expectativas, padrões epreocupações. Diante do exposto, as características individuais e as condições sóciodemográficase econômicas da gestante são fatores de risco que podem interferir em umagestação saudável. Para que esses fatores possam ser rastreados, é importante conhecer apercepção da gestante sobre seu estilo de vida, tendo em vista que as alterações causadaspela gestação podem acarretar mudanças tanto nas percepções de saúde quanto nas deQV. Neste sentido, este estudo justifica‐se haja vista a contribuição para o delineamentode uma abordagem mais humanizada pelos profissionais da saúde, além de oferecersubsídios na formulação de políticas públicas voltadas à melhoria da QV da gestante debaixa‐renda, a partir do entendimento de como a grávida percebe isso. Objetivos:Identificar os fatores que interferem na QV de gestantes atendidas em uma Unidade Básicade Saúde (UBS); identificar o que é importante para a QV das gestantes no atendimentopré‐natal e relacionar o que elas consideram um bom atendimento pré‐natal.Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa descritiva quantitativa desenvolvida em uma UBSno município de Parnamirim/RN na Região Nordeste do Brasil com atendimento exclusivopelo Sistema Único de Saúde (SUS). A população foi composta por gestantes de baixo riscocadastradas no serviço de pré‐natal da unidade no ano de 2008, sendo a coleta de dadosocorrida no período de quatro meses por meio de uma amostragem por conveniênciadurante as consultas pré‐natais, dando um total aproximado de quarenta mulheres aomês. No período de tempo estipulado, essa população culminou em cento e sessentamulheres com uma amostra de 40% desta população, totalizando sessenta e quatroentrevistadas. Foram critérios de inclusão: ser cadastrada no programa de pré‐natal da UBSde Parnamirim/RN; caso referisse idade inferior a 19 anos, o consentimento livre eesclarecido de seu responsável legal segundo o Ministério da Saúde e Resolução 196/96 doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde (CNS) para participar da pesquisa; estar em condições de secomunicar com a pesquisadora e estar presente na instituição nos dias de coleta dosISBN: 978-85-63901-04-0


dados. O instrumento para coleta constou de uma entrevista com questões fechadas,relacionadas às variáveis do estudo e à QV durante a gestação. Considerando as questõeséticas, a pesquisa foi autorizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Parnamirim/RN esubmetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande doNorte com parecer favorável, recebendo o Nº 215/2008 e protocolo de Nº 75/08 CEP –UFRN. Também foram seguidos os preceitos observados na Resolução 196/96 do CNS quedispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. As entrevistas ocorreram de formavoluntária pelas gestantes, as quais assinavam o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido (TCLE), ou seu representante legal para aquelas com idade até 19 anos. Oprocedimento de tratamento e análise dos dados desenvolveu‐se por meio do programaSPSS 14.0 por meio de estatística descritiva previamente codificada e organizada embancos de dados, utilizando‐se o programa Excel Microsoft 2003. Resultados: Obteve‐secomo principais resultados que 57% das gestantes estavam entre 21 e 35 anos; 43% entre21 e 30 anos e 33% entre 16 e 20 anos. Maior procedência de Parnamirim/RN (81%); amaioria (56%) casada e 76% moravam com o parceiro. Quanto à ocupação, 54% do lar e17% com trabalho remunerado, destes, 27% eram vendedoras e 18% professoras e auxiliarde recepção cada. Observou‐se que 30% tinham escolaridade média incompleta, 27%médio completo e 21% fundamental incompleto. A maioria (71%) morava em casa, noentanto 29% eram assentadas. A maioria (29%) sobrevive com 1 salário mínimo, noentanto 10% recebiam até 5 salários mínimos. As queixas mais frequentes dessas gestantesno pré‐natal referem‐se a náuseas (62%), vômitos (59%), dor no baixo ventre (48%), dornas costas (30%). Referiram em 71% que a gravidez não foi planejada, mas que estãorecebendo apoio da família (89%). Para essas gestantes, sua saúde está boa (44%) e muitoboa (37%) e os problemas emocionais não interferem em suas atividades sociais normais(56%). Essas mulheres consideram importante para uma boa QV durante a gestação: saúde(94%), alimentação e assistência pré‐natal em 84% cada; família (76%); ter um parceiro(73%); moradia (67%); sono (52%) e lazer (49%), dentre outros. O que poderá prejudicar aISBN: 978-85-63901-04-0


oa QV durante a gestação está relacionado à: violência doméstica, trabalho excessivo edoença (79%) cada; dificuldades financeiras (73%); falta de moradia e poucas horas desono em 60% cada. Quanto ao acolhimento no pré‐natal referiram bom em 98% e, paraque este acolhimento seja de qualidade, pontuaram: esclarecimentos quanto à saúde dobebê (83%); solicitação de USG, exames complementares e consulta médica (79%);esclarecer dúvidas da gravidez (75%); consulta do enfermeiro (73%), orientações quanto aotrabalho de parto, pós‐parto e aleitamento materno. O que mais importa para essasgestantes em uma consulta pré‐natal é: solicitação de exames (38%); esclarecimento dedúvidas (37%) e o exame físico (35%). Conclusão: Conclui‐se que para as gestantesentrevistadas ter boa alimentação, bom atendimento pré‐natal, família e moradia sãoessenciais para a obtenção da QV. Nota‐se que conhecer com profundidade como a mulherse observa nessa experiência, identificar os fatores que interferem na sua adaptação eintegração no papel de mãe, é essencial para que as ações do enfermeiro possamproporcionar a mesma melhor QV. Espera‐se que, com essa investigação, os profissionaisda saúde observem os atendimentos pré‐natais com olhar aprimorado, tendo em vista aQV de mulheres no ciclo gestatório, oferecendo real assistência preconizada peloMinistério da Saúde.Descritores: Qualidade de vida; Gestantes; Saúde da mulher.Bibliografia:Enkin M, Keirse MJNC, Neilson J, Crowther C, Duley L, Hodnett E, Hofmeyr J. Guia paraatenção afetiva na gravidez e no parto. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004.Lima MOP. Qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres grávidas de baixo nívelsócio‐econômico [Dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade deSão Paulo; 2006.Ministério da saúde (BR). Programa de humanização no pré‐natal e nascimento. Brasília(DF): Ministério da Saúde; 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


________ Secretaria de políticas de saúde. Área técnica de saúde da mulher. Parto, abortoe puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília (DF). Ministério da Saúde; 2003.________ Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Comissão <strong>Nacional</strong> de Ética em Pesquisa – CONEP.Resolução Nº196/96. Dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília (DF):Ministério da Saúde; 1996.Ohman SG, Grunewald C, Waldenstrom U. Women’s worries during pregnancy: testing theCambridge worry Scale on 200 Swedish women. Scand J Caring Sci. 2003; 17 (2): 148‐52.Olsson C, Nilsson‐Wikmar L. Health‐related quality of life and physical ability amongpregnant women with a whitout back pain in late pregnancy. Acta Obstet Gynecol Scand2004; 83 (4): 351‐7.Symon A. A review of mothers´ prenatal and postnatal quality of life. Health and Quality ofLife Outcomes [serial online] 2003. 1 (38). [Artigo da internet] [Acesso em 21 ago 2010].Disponível em: http://www.hgol.comISBN: 978-85-63901-04-0


IMPACTOS DA HOSPITALIZAÇÃO DO RECÉM‐NASCIDO PREMATURO NA UNIDADE DETERAPIA INTENSIVA SOB O PAILuciano Marques dos Santos,Cíntia Lorena de Souza Silva,Tacila Correia Ribeiro,Karina Cristina dos Santos Rodrigues.RESUMO: Este estudo teve como objetivo conhecer os impactos da hospitalização dorecém‐nascido prematuro na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um hospitalpúblico de Feira de Santana‐BA sobre o pai. Trata de um estudo do tipo descritivo equantitativo, aprovado por Comitê de Ética na Pesquisa e realizado na unidade neonatal deum hospital público de Feira de Santana‐BA, com nove pais que acompanhavam seus filhosinternados na UTIN. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo. Os dadosapontaram que os partos prematuros causam sentimentos de surpresa nos pais, angústiae medo. Os pais não são mais vistos como coadjuvante na família, apresentando um papelimportante na vivencia, assim como a mãe. Conclui‐se que é preciso repensar como se estáinserindo os pais do prematuro nas questões da hospitalização, bem como mudanças nasrotinas estabelecidas para a visita e participação paterna no contexto do cuidado.Palavras‐chave: Enfermagem neonatal; Unidades de Terapia Intensiva Neonatal;Prematuros.INTRODUÇÃOEm todo o mundo, segundo dados do Ministério da Saúde, nascem anualmentevinte milhões de crianças prematuras e com baixo peso, sendo que dessas, um terço morreantes de completar um ano de vida. No Brasil, a primeira causa de mortalidade infantil sãoISBN: 978-85-63901-04-0


as afecções perinatais, mais comuns em crianças prematuras e de baixo peso. Diante disso,o país, atualmente vem trabalhando com a visão de um novo paradigma, que é a daatenção humanizada à criança, e sua família no contexto da hospitalização (1) .O grande número de nascimentos de recém‐nascidos prematuros constitui‐senum problema de saúde pública, e ainda, pode provocar graves conseqüências tantomédicas quanto sociais. Além de ser um atendimento oneroso, manter o recém‐nascidoprematuro numa incubadora aumenta as chances da desvinculação emocional norelacionamento mãe e filho.Acrescido a esse fato, a interrupção da amamentação leva a criança àdesnutrição quando deixa o hospital. A ausência de incubadoras, especialmente emcidades sem recursos, e também a desnutrição e o abandono sofridos pelo recém‐nascidoprematuro são fatores contribuintes para os elevados índices de morbimortalidadeneonatal (2) .Novos métodos foram criados, para que esta realidade fosse mudada. Nessaperspectiva, surgiu então, o Método Canguru que é um processo simples e eficaz queresulta na humanização do atendimento e na capacitação técnica, desde que osprofissionais de enfermagem sejam informados e treinados, além de inserir a família nocuidado ao recém‐nascido prematuro.Os serviços de atenção neonatal antes da implementação do Método Cangurumantinham os prematuros nas incubadoras até que os mesmos alcançassem o peso idealpara alta médica. Esse fato trazia consequências para a mãe e para o recém‐nascido,dentre os quais se podem citar, o desestímulo ao aleitamento materno, a ruptura dovínculo mãe e filho, o aumento da permanência nas unidades de internamento, dentreoutros.Esse método não anula ou substitui as condutas tradicionais e os tratamentosterapêuticos, isso porque todos os problemas de saúde necessitam de diagnóstico precisoISBN: 978-85-63901-04-0


e tratamento apropriado. Entretanto, vale salientar que este método secundário cooperana recuperação gradativa da saúde na qualidade de vida do bebê de baixo peso (3) .O Método Canguru, no tocante à segurança física‐biológica‐emocional do bebêprematuro traz várias vantagens porque além de aumentar o vínculo entre mãe e filho,favorece a produção do leite materno, que beneficia a lactação e amamentação. Talmétodo também ajuda no desenvolvimento físico‐emocional da criança estimulando oslaços afetivos. Somados a isso, ajuda diminuir tanto o estresse como o choro do recémnascido,favorecendo a estabilidade emocional da criança, fator preponderante na suarecuperação clínica (4) .Não basta aos profissionais de saúde conhecer, estarem disponíveis e aceitarema realização do Método Canguru, antes, é necessário mudar o comportamento da equipe eda filosofia da instituição com o objetivo de conjuntamente buscar a humanização daassistência ao recém‐nascido prematuro e sua família (5) .Apesar das vantagens citadas, a atenção ao recém‐nascido têm se limitado àinserção de ações pontuais relacionadas à genitora, sendo excluída deste processo, aparticipação e necessidades paternas. Sendo assim, este estudo tem como objeto deinvestigação os impactos da hospitalização do recém‐nascido prematuro na Unidade deTerapia Intensiva Neonatal sobre o pai.O interesse por este objeto surgiu durante a graduação em enfermagem aoobservar que na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da maternidade onde este estudofoi realizado, havia exclusivamente a participação materna. Notou‐se uma facilidade deacesso materno ao espaço da unidade neonatal. Assim, as mães possuíam liberdade noshorários de visitas ao recém‐nascido prematuro, mas ao pai eram designados horáriosrestritos. Diante de tais observações no campo de estágio surgiram várias questões:Porque somente as mães recebiam tratamento especial? Porque as visitas dos pais edemais familiares eram restritas? Porque o pai não estava inserido no cuidado?ISBN: 978-85-63901-04-0


A equipe de enfermagem elaborava normas e rotinas institucionais queimpediam os pais do recém‐nascido prematuro de visitá‐los depois das dezoito horas. Estarotina era justificada pelo argumento de que era uma norma da instituição e que ficavaperigoso deixar homens circulando pelo corredor central da unidade hospitalar.Isto posto, questionou‐se: como a hospitalização do recém‐nascido prematuro naUnidade de Terapia Intensiva Neonatal impacta sobre o pai?Este estudo teve como objetivo geral conhecer os impactos da hospitalização dorecém‐nascido prematuro na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospitalpúblico de Feira de Santana‐BA sobre o pai.METODOLOGIATipo de estudoEste estudo foi de natureza descritiva, exploratória e qualitativa, onde nesse tipode trabalho permitirá ao pesquisador descrever suas observações.A pesquisa qualitativa responde a questões muitoparticulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com umnível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja,ela trabalha com o universo de significados, motivos,aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde aum espaço mais profundo das relações, dos processos e dosfenômenos que não podem ser reduzidos àoperacionalização de variáveis (6) .Um estudo é exploratório quando não se têm informações sobre determinadotema e se deseja conhecer o fenômeno e o pesquisador está preocupado em não deixar defora aspectos importantes que possam contribuir para a explicação do problema; édescritivo quando se deseja descrever as características de um fenômeno e o pesquisadorprocura descobrir o que é. (7) .ISBN: 978-85-63901-04-0


As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial à descrição dascaracterísticas de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relaçõesentre as variáveis (8) .Campo de estudoO estudo foi realizado em uma cidade do estado da Bahia, pelas suascaracterísticas sócio‐econômicas e importância geográfica. O hospital especializado naatenção à mulher no ciclo gravídico e puerperal desta cidade foi o campo empírico desteestudo. Este é uma instituição pública de médio porte da esfera municipal, configurando‐senuma fundação hospitalar. O hospital atende mulheres procedentes de todo o município eregiões circunvizinhas. Presta atendimento hospitalar à mulher durante e trabalho departo, parto e puerpério e ao recém‐nascido em condições normais ou com diversaspatologias.Vale ressaltar que esse hospital recebeu o título de Amigo da Criança em 1995,oferecido pela Organização Mundial de Saúde ‐ OMS e Fundo das Nações Unidas para aInfância – UNICEF (9) .No dia 08 de março de 2002, esta instituição implantou o Método Canguru. Aunidade canguru possui cinco leitos, anexos dos berçários e um centro de apoio eassistência materna e aos recém‐nascidos prematuros e/ou de baixo peso que seencontram na segunda etapa do Método Canguru. Neste local o recém‐nascido, após altada unidade neonatal, é admitido para ganhar peso suficiente e adaptar‐se adequadamenteà vida extra‐uterina. Existe, ainda, o espaço da puérpera, com 12 leitos, destinados paraaquelas que se encontram de alta hospitalar, mas cujo recém‐nascido prematuro encontraseinternado nas unidades neonatais (1) .A unidade hospitalar pesquisada possui, também, uma unidade de cuidadosintensivos neonatal e um berçário de médio risco, cada um com sete leitos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Participantes do estudoTendo em vista o objeto deste estudo, foram participantes do mesmo, nove paisque acompanhavam seus filhos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal dohospital em estudo, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.Para a escolha dos participantes, utilizaram‐se os seguintes critérios de inclusão:• Ser pai de recém‐nascido sem malformações congênitas;• Ser pai de recém‐nascido com mais de sete dias de internação na Unidade deTerapia Intensiva Neonatal;• Estar visitando o recém‐nascido semanalmente;• Desejar participar do estudo;• Aceitar assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.Foram utilizados, também, como critérios de exclusão:• Ser pai de recém‐nascido com malformações congênitas;• Ser pai de recém‐nascido com menos de sete dias de internação na Unidadede Terapia Intensiva Neonatal;• Não estar visitando o recém‐nascido semanalmente;• Não desejar participar do estudo;• Não aceitar assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.Técnica e instrumentos de coleta de dadosISBN: 978-85-63901-04-0


Foi utilizada a técnica da entrevista, acreditando ser a melhor forma paraatingir os objetivos propostos nesta pesquisa. Dentre as formas existentes para se realizara entrevista, utilizou‐se a entrevista semi‐estruturada que combina perguntas fechadas (ouestruturadas) e abertas, onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o temaproposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador (10) .Utilizou‐se um roteiro de entrevista para a coleta de dados com questões deidentificação pessoais, e as seguintes questões norteadoras: Como está sendo para osenhor ter um filho hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal? Conte paramim como o senhor se sentiu ao saber que seu filho seria hospitalizado nesta Unidade deTerapia Intensiva Neonatal?Período de coleta de dadosOs dados foram coletados no período de fevereiro a abril de 2010, após aaprovação do Comitê de Ética na Pesquisa. Inicialmente, foi feito um contato com as mãesque se encontravam, algumas no espaço do Método Canguru, outras nas Enfermarias B, Ce D, do hospital em estudo.Vale ressaltar que o primeiro contato com as mães foi essencial para encontrarcom os pais, participantes do estudo.Outro ponto a considerar foram as dificuldades para encontrar os pais, pois estesestavam sempre em horários diferentes na unidade de saúde pesquisada, além disso nãohavia um local específico para a realização das entrevistas, estas ocorreram no intervaloentre uma visita e outra numa sala localizada no Método Canguru ou no ambulatório.Acrescido a isso, as dificuldades em encontrar os pais consistia devido estes nãopossuírem acesso livre às visitas na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, muito aocontrário, os pais, assim como os avós e tios, tinham horários limitados e específicos (paraISBN: 978-85-63901-04-0


os pais as visitas podem ser feitas todos os dias da semana das 14 às 20h, em entradaúnica, e para os avós e tios, visitas somente às sextas‐feiras das 14h às 16h).Conforme os discursos foram sendo obtidos, prosseguia à transcrição dosmesmos, na íntegra, buscando manter a sua fala original. A partir dos relatos obtidos,"mergulhava" nos discursos a fim de captar seus significados. Vale salientar que o tempomédio de duração de cada entrevista foi de aproximadamente 30 minutos.Análise dos dadosA fase de análise é uma etapa importante da pesquisa, tendo por objetivospermitir um melhor entendimento das informações que foram colhidas contribuindo parao enriquecimento dos conhecimentos acerca do assunto pesquisado e ainda, responder àsquestões da pesquisa (11) .Para a análise dos dados empíricos utilizou‐se a Análise de Conteúdo que dizrespeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além dasaparências do que está sendo comunicado (11) . A Análise de Conteúdo é um conjunto detécnicas de análise das comunicações, que pode expresar uma análise de significados (aanálise temática), como também uma análise dos significantes (análise léxica, análise dosprocedimentos) (12) .Assim, após a realização de cada uma, as falas das participantes foram transcritasna sua íntegra. No primeiro contato com o material empírico, realizamos uma leiturasuperficial, com vistas a aproximação com o contéudo latente de cada fala dosparticipantes, seguida de leituras exaustivas do material, com intuito de indentificação dasunidades de análise, das unidades de significação e construção das categorias analíticas eempiricas. As categorias utilizadas nesse estudo dividem‐se em: Parto prematuro: umevento inesperado; Uma barreira na vida dos pais e Um novo pai.ISBN: 978-85-63901-04-0


Aspectos éticosO desenvolvimento do estudo foi embasado nas diretrizes legais que respaldam apesquisa envolvendo seres humanos, como estabelecido na Resolução nº. 196/96, doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde com base nos princípios da autonomia, circunscrita àdignidade humana, da não‐maleficência, da beneficência e da justiça.O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética na Pesquisa da Faculdade deTecnologia e Ciências, campus de Salvador‐BA, para sua apreciação, sendo devidamenteaprovado pelo parecer de número 1.664‐2009.A garantia de que os direitos e o bem estar dos participantes da pesquisa sejamrespeitados durante a coleta dos dados é uma exigência da Resolução 196/196 doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, que recomenda a observação dos princípios éticos napesquisa, a saber: a criação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a ponderaçãoentre riscos e benefícios, a garantia de que danos previsíveis foram evitados e a relevânciasocial da pesquisa.Diante disso os princípios éticos foram contemplados no desenvolvimento desteestudo para proteger os direitos dos colaboradores durante o processo de coleta dosdados. Para tanto, foi elaborado um termo de consentimento, que foi assinado pelosparticipantes do estudo.O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi lido e entregue aosparticipantes no momento da aproximação, antes da realização da entrevista, foi lidotambém o roteiro da entrevista.Foi solicitada a permissão dos participantes para a gravação de suas falas. Apósas entrevistas, os participantes do estudo tiveram a liberdade para desistir e/ou prosseguircom o estudo. Como a entrevista poderia causar risco de constrangimento ou aentrevistada poderia se emocionar durante sua realização, os mesmos foram orientados aISBN: 978-85-63901-04-0


não responder ás perguntas que lhe causassem algum desconforto, podendo desistir departicipar da pesquisa em qualquer fase do estudo, sem penalização ou problema algum,mesmo após ter sido iniciado.Por razões éticas os pais não foram identificados, assim como foi assegurado oanonimato dos entrevistados, utilizando‐se códigos na transcrição e divulgação da sua fala,respeitando a sua integridade intelectual, social e cultural. Dessa forma, os participantes dapesquisa foram tratados em sua dignidade, respeitando sua autonomia e defendendo emsua vulnerabilidade sendo identificados por códigos, a saber, E01, E02, E03, E04, E05, E06,E07, E08 e E09.RESULTADOS E DISCUSSÕESNesta seção, se inicia a análise e a discussão dos resultados do estudo. Naseqüência, discorre‐se sobre os resultados encontrados no tocante à caracterização dosparticipantes do estudo. Na seção subsequente, traz‐se a discussão dos resultados,confrontando‐os com o referencial teórico apresentado. Primeiramente faz‐se uma brevecaracterização dos sujeitos entrevistados nesse estudo e, logo após, faz‐se a discussão dosresultados divididos por categorias denominadas “Parto prematuro: um eventoinesperado”, “Uma barreira na vida dos pais” e “Um novo pai”.Parto prematuro: um evento inesperadoA chegada de um filho é uma experiência ímpar, faz parte do ciclo de vida deuma família e em muitos casos, torna‐se a materialização da realização tanto social comoemocional da mulher, e o símbolo de masculinidade para o homem.Além do mais, todo casal fantasia, cria expectativas, desenha para seus filhos umcaminho a ser percorrido, esperando que se realizem tudo da maneira que haviamISBN: 978-85-63901-04-0


planejado. Assim, o filho é tido como fonte de sentimentos, de afetividade construtiva egratificante para os pais, ele dá a certeza da realização do papel social, de missãocumprida, demonstrando concreta e visivelmente, a união do casal.A experiência de ter um filho inaugura um momento importantíssimo no ciclovital da mulher e do homem, com grandes repercussões no meio familiar (13) . Assim,percebe‐se que no momento da notícia de um parto prematuro, os pais vivem ummomento de transição em sua vida, pois o parto para eles lhes é apresentado como umasurpresa, conforme as falas a seguir:“[...] Um pouco preocupante, entendeu? No sentido que a gente esperauma criança de nove meses e foi de sete”. (E02).“[...] Senti que foi uma surpresa, eu acho que nunca imaginava, né? isso aime pegou de surpresa”. (E07)“[...] isso aí foi de uma hora pra outra que aconteceu, de uma hora praoutra”. (E05)O nascimento precoce do filho, significa para os pais, desmoronar o sonho de tero filho em tempo normal, livre de problemas e eventualidades (14) .Os pais revelaram comdetalhes a necessidade da retirada inesperada do filho do ventre materno e a falta deentendimento da situação:“[...] Bom, no início, a gente não tinha idéia, nem eu, nem minha mulher.Porque ela veio praqui, deu uma dor e veio praqui e agente não achavaque era uma coisa tão grave, mas foi uma coisa assim, de repente,precisou fazer a cesárea”. (E03)A primeira gestação é um acontecimento significante na vida de qualquermulher e de seu parceiro, onde eles vivenciam o poder de formar um novo ser e gerar umanova vida. Esta experiência envolve intensas emoções e alterações tanto na sua percepçãoquanto na percepção paterna, pois transforma o modo em que os pais se colocam ante si eISBN: 978-85-63901-04-0


à sociedade. Por isso, quando o parto é prematuro, um misto de sentimentos torna‐seevidentes, entre eles o susto.“[...] De primeira viagem a gente não imagina tanta coisa assim, foi um choque,tiveram que fazer o parto nas pressas”. (E02)“[...] meu primeiro filho, tudo aconteceu tão rápido. Está sendo uma barreira”.(E06)Diante do exposto, fica notório que o parto prematuro é um evento inesperadona vida desses pais, já que o mesmo ocorre de uma forma não esperada e planejada,impactando na família, por meio de mudanças no núcleo familiar, gerando novasdemandas e papéis sócias que precisam ser reconhecidos pelos trabalhadores da saúde.Uma barreira na vida dos paisA idéia que permeia o imaginário popular sobre a Unidade de Terapia Intensiva éum ambiente inóspito, frio e silencioso. É um lugar para onde são levados os pacientes emestado grave que, geralmente ficam conectados a tubos e aparelhos, onde só é permitida aentrada de funcionários e membros da família em horários pré‐definidosA falta de informação e de conhecimento prévio em relação à Unidade deTerapia Intensiva, bem como qual tipo de cliente atendido e quais as suas principaisfinalidades são aspectos que geram insegurança e medo. Os familiares e clientesdesconhecem esta unidade de cuidados complexos e suas rotinas considerando‐o comoambiente assustador (15) .Esse sentimento de medo ocorre porque, na maioria das vezes, as pessoas nãosão informadas sobre o funcionamento de uma Unidade de Terapia Intensiva e suasindicações, o que resulta em ansiedade, angústia e insegurança.ISBN: 978-85-63901-04-0


A internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é uma fonte geradora deestresse para os pais que vivenciam esta experiência. Esses são decorrentes do ambiente epor suas características físicas e estruturais que, na maioria das vezes, são desconhecidasdos clientes e de seus familiares, como pode ser visto nas seguintes falas:“[...] Minha sogra disse que o bebê ia precisar ir pra uma UTIN, que era umberçário de alto risco, pra um lugar mais perigoso. No momento, eu fiqueichocado com aquilo, aí o bebê foi, mas o médico avaliou e disse que nãoprecisava ele ficar ali na UTIN”. (E04)“[...] quando eu soube que meu filho estava na UTIN, me senti muito mal, muitotriste, rapaz nem sei descrever, mas foi duro, muito, muito, muito duro, foi durode aceitar, mas é coisas da vida, né? Tem que aceitar querendo ou não”. (E05)“[...] No caso de uma criança recém‐nascida, ela vem fraca, vem sem...prematuro, tudo em formação ainda. Foi um susto saber que meu filho iaqualquer momento tá em uma UTI”. (E09)A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal está relacionado à dor da separação eao sentimento de morte. Esta unidade é uma unidade de alta complexidade, onde o vivere o morrer estão mais presentes na imaginação das famílias. Sendo assim os profissionaisde enfermagem devem aliar técnica e cuidado humanitário ao conhecimento, oferecendocuidado integral a todos os seres humanos inseridos nesse contexto (16) .Cada instituição estabelece as normas administrativas, levando emconsideração a necessidade da instituição, sem considerar as reais necessidades dos bebêse famílias. Dessa forma, a rotina de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da unidadehospitalar pesquisada, funciona da seguinte maneira: quando os pais chegam pela primeiravez, esperam no hall de entrada a autorização para entrar e ver o filho.Comumente, quem lhe apresenta a rotina é algum membro da equipe deenfermagem que lhes orienta a respeito da lavagem das mãos, oferecem aventais e osconduzem até a incubadora onde o seu filho está. Aqueles pais que já conhecem a unidadeISBN: 978-85-63901-04-0


têm livre acesso. Geralmente, na primeira visita dos pais, o enfermeiro, mostra o bebê erelata à família seu estado de saúde e os equipamentos utilizados por ela. É nessemomento, o do primeiro contato, em que muitos sentimentos de angústia e medo sãovivenciados pelos pais:“[...] eu vi que ele estava na UTI, eu me senti um inútil, sem poder fazernada porque é muito difícil a pessoa ter um filho assim e passar por umacoisa dessa eu preferia tá no lugar dele hoje do que ele tá ali.”(E08)[...] senti que foi uma surpresa, eu acho que nunca imaginava, né? Nissoai me pegou de surpresa... chorei muito, fiquei triste, sozinho.(E07)[...] eu senti um aperto no coração, né? Nesse momento, a gente fica semchão, a gente perde a estabilidade, então, pra mim, foi uma a coisa maisdolorosa ... eu nunca tinha passado por isso.(E02)[...] no momento a gente toma um susto, entendeu?(E03)As emoções abrangem o mais efetivo desenvolvimento e compreensão de nossasituação no mundo, pois é por meio delas atribuímos sentido às coisas. Assim, as emoçõesrepresentam o modo como o homem se refere ao mundo, às outras pessoas e a si mesmo(17) .Os pais afirmaram que ter um filho internado numa Unidade de Terapia IntensivaNeonatal representava para eles um misto de sentimentos, pois o bebê recém nascido erafrágil e o risco de morte era eminente. Dessa forma, os mais diversos sentimentos, comomedo, tristeza, angústia e impotência diante da situação podem ser observadas nasseguintes falas:“[...] Não tenho nem palavras pra explicar... sinto bastante tristeza,porque ele não está em casa com família, sinto falta.” (E06)“[...] eu me senti muito mal, muito triste, chorei muito”. (E01)ISBN: 978-85-63901-04-0


“[...] a sensação é de desespero, tristeza... não dá nem vontade de ficarem casa é só tristeza saber que tem um bebê ali tão pequeno sofrendo, agente chora, fica num cantinho ali, aí não tem como segurar não”. (E04)“[...] chorei muito, fiquei triste, sozinho, isso aí foi de uma hora pra outraque aconteceu”. (E07)A internação do prematuro na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é umasituação de crise para toda a família, especialmente para a mãe, pois esse é um ambienteao mesmo tempo, estranho e assustador. Para agravar essa situação, cabe citar que o bebêreal é distante daquele imaginado pelos pais e o sentimento de culpa pelos problemas dofilho atua como fatores que inibem o contato natural entre pais e filhos prematuros.É comum as mães se assustarem ao ver seu filho conectado a tubos e aaparelhos, imersos na estranheza do mundo da terapia intensiva neonatal. Essesentimento faz com os pais desejam tirar seus filhos desse meio estranho e inóspito (18) .“[...] sinto bastante tristeza dele não estar em casa com família, sintofalta”. (E05)“[...] eu estou sentindo que não estou muito satisfeito porque que eleestá ali queria que estivesse tudo em dias, tudo ok”. (E07)“[...] muito difícil, porque está no hospital, não está na minha casa”. (E01)Os sentimentos dos pais relacionados ao bebê real, prematuro, compreendemfracasso, orgulho ferido, irrealidade, culpa, aparência física decepcionante, bebêincompleto e sensação de vazio (19) .Os sentimentos de medo e ansiedade diante do nascimento do filho prematuro,fundamentado na percepção de que os bebês prematuros são frágeis demais e difíceis deserem cuidados, parecem influenciar na relação dos pais com esse recém‐nascido (20) . Issofoi observado nas falas a seguir:ISBN: 978-85-63901-04-0


“[...] era tão pequenininho, parecia tão fraco que eu tinha medo de pegarno colo, assim como fiz quando meu primeiro filho nasceu”. (E01)“[...] ele não conseguia respirar sozinho, era muito pequeno, tive medo detocar nele, eu nunca tinha um bebê nascido fora tempo, não sabia quecolocava tanto fio, tanto aparelho”. (E07)Diante do exposto, nesse estudo, constatou‐se que a Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal é uma barreira na vida dos pais, uma vez que, esse ambiente é semprevisto como um ambiente inóspito, que traz a idéia de morte, revelando a situação defragilidade do prematuro.Um novo paiA mídia e a própria tradição popular cristalizam a idéia de um amor maternoincondicional em detrimento do amor paterno, que muitas vezes é visto como umcoadjuvante esse ideário pode afetar, inclusive, a maneira de interagir com o filho,inclusive, com o filho doente.Deste modo, nesta condição, o pai afasta‐se dos filhos física e emocionalmenteporque entende que as relações de amor são incompatíveis com o exercício do poder (21) .“[...] então num caso fácil pra acontecer seria um caso de uma criançarecém‐nascido, prematura, ela vem fraca, tudo em formação ainda e aqualquer momento poderia tá em uma UTI, então pra mim no meu jeitode pensar, estou aceitando tranquilamente estou só esperando aresposta, o desenvolver dela que acho que está sendo bom, mais emrelação em preocupação eu creio que não, isso vai mais por parte da mãedo que do próprio pai, o pai é mais na dele.” (E09)A situação de internamento de um filho na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal leva o pai a experimentar dor, amargura e receio ao deparar‐se com o fato deISBN: 978-85-63901-04-0


ver a extensão de seu ser, o filho, que, no momento, está muito dependente de um pai quenão sabe se irá conseguir encarar toda essa situação.Enfrentar este caso coloca em xeque, um leque de emoções e sentimentos quese confrontam com a postura que assume na família e sociedade e, neste turbilhão deacontecimentos, esse pai anseia dar continuidade ao seu ser no mundo, tentandoharmonizar aquilo que sente com aquilo que pensa e com aquilo que tem de fazer.A saúde ou doença de um membro afeta o restante da família, esse fato reforçao desejo de aproximação do pai nesta situação, uma vez que também é afetado peladoença do filho tanto quanto a mãe.“[...] quando vejo minha mulher chorando, vou num cantinho e chorotambém, sei que ela sofre”. (E04)É importante compreender que os pais dessas crianças são apenas humanose, assim, serão responsáveis em enfrentar suas próprias necessidades, que nessemomento, merecem atenção especial. Eles também vão precisar se conscientizar dosseus próprios sentimentos, os mais verdadeiros possíveis, para daí então, ir perdendoos temores em relação aos seus filhos (22) ."[...] Eu gostaria de saber o que realmente pode acontecer, de uma horapra outra as coisas podem mudar... eu mesmo, já começo a me prepararpara o que possa acontecer.” (E05)A situação de internamento do filho, muitas vezes dá a sensação deimpotência para os pais, geralmente, se sente culpado por pensar que não estáISBN: 978-85-63901-04-0


cumprindo seu papel de protetor e defensor do filho, daí surge o desejo detransferência, de tomar para si a aquilo que o filho vive, como identificado nestas falas:“[...] eu preferia tá no lugar dele hoje do que ele tá ali.”(E08)"[...] queria ta lá com ela, no lugar dela." (E03)O homem tem o papel de provedor da família, com a função de providenciar oseu sustento e suprir suas necessidades básicas, o que é encarado como obrigação, não sepermitindo falhar neste ponto. Assim, vivencia uma situação de estresse intenso, poistemem perder seu emprego por faltas, atrasos ou licenças, e vê na continuação de suasatividades a segurança financeira que precisa proporcionar à família. Mas ao mesmotempo em que tenta cumprir seu papel sente‐se culpado por não passar mais tempo comseu filho.[...] tenho que trabalhar... mas eu queria estar mais aqui com ele...masnão posso estar aqui todo dia, moro em outra cidade e tenho outrosfilhos também.(E04)Diante do exposto, conclui‐se que é possível notar que surgiu uma novaconfiguração paterna, onde esse pai já não é mais visto como coadjuvante na família, antestem um papel de suma importância, assim como a mãe.CONSIDERAÇÕES FINAISA importância desse estudo é de relevância prática, social e teórica. Em relaçãoao aspecto prático, os dados empíricos poderão auxiliar os profissionais de saúde arepensar a forma de como se está inserindo os pais do prematuro nas questões dahospitalização, bem como apontar mudanças a longo prazo na relação aí estabelecidaISBN: 978-85-63901-04-0


entre profissionais e a figura paterna. Em relação à teoria, os dados empíricos poderãoestimular a realização de novas investigações, haja vista a possibilidade de lacunas noconhecimento a ser produzido. E outro ponto a ser investigado é a questão do gênero quepoderá ser discutida pelos profissionais envolvidos no cuidado ao neonato prematuro comvista à reformulação das rotinas estabelecidas para a visita e participação paterna nocontexto do cuidado intensivo.Os resultados comprovaram que ter um filho internado na Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal foi um choque, um evento surpresa na vida dos pais estudados,desencadeando sentimentos de agonia e profunda dor. Além disso, foi visto que oambiente desta unidade é desconhecido e estigmatizado por ser tido como um lugar paramorrer. Também foi notório que todas as percepções paternas foram oriundas por causada morte do filho idealizado. Ainda nesse aspecto, os resultados comprovaram que os paisdemonstravam sentimentos de carinho e envolvimento com seus filhos, mesmo diante dofilho não‐idealizado.Os dados apontam que os sentimentos dos pais são semelhantes aos das mãesdiante da hospitalização de seus filhos prematuros, fazendo com que o amor maternoesteja no mesmo patamar que o paterno, pois, cada um, à sua maneira, sofre as maisdiversas emoções no enfrentamento dessa situação. Apontaram também que mesmo o paidividido entre as muitas necessidades dos membros de sua família que permanece em casae a hospitalização do seu filho, ele deixa suas próprias necessidades em segundo plano,assim como suas companheiras. Enfim, esse período de internamento é um dos maisturbulentos de sua vida, pois além das dificuldades diárias seja financeiras ou sociais, o paiainda tem de conviver com a incerteza sobre o futuro do seu filho.As informações obtidas sugerem que mesmo diante de difícil situação, o paideseja estar inserido no processo de hospitalização dos seus filhos, entretanto, muitosdeles não conseguem acompanhar de perto sua evolução por vários motivos, como fatoresfinanceiros, horários restritos de visitas etc. Além disso, mesmo querendo estar inseridosISBN: 978-85-63901-04-0


diretamente no processo, muitos pais ainda pensam que o cuidado com o filho é tarefaexclusiva da mãe, como foi visto.Nesse estudo, a notícia da internação dos filhos na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal despertou nos pais sentimentos variados associados, geralmente, ao medo damorte. Nessa perspectiva, acredita‐se que essa imagem desta como um lugar sombrio,somente poderá ser superado quando as pessoas tiverem informações claras e precisas decomo é essa unidade, como ela funciona, para quem é indicada e quais são osprocedimentos feitos por ela.Para a melhoria da participação paterna na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal fica a sugestão que entrada dos pais nessas unidades devam ser livres, semlimites – permissão esta que deve ser expandida para outros membros da família comoavós, irmãos e outras pessoas ligadas aos pais ou ao bebê , conforme preconiza oMinistério da Saúde através da assistência humanizada ao recém‐nascido de baixo pesoatravés do Método Canguru.Diante do que foi discutido nessa pesquisa percebeu‐se que os pais deveriamestar mais inseridos no tratamento do recém‐nascido, entretanto não exclusivamente comvisitas constantes, mas também com a participação ativa em alguns procedimentos darotina de uma UTIN, como, por exemplo, o banho, a amamentação ou troca de fraldas.Destaca‐se que essa participação paterna seria muito benéfica para todos osenvolvidos, no caso, pai, mãe e bebê. Isso porque iria diminuir a insegurança e o receio porparte do pai, iria aumentar o vínculo dos pais com o bebê prematuro, além de motivar todaa família porque o apego e o toque têm a capacidade de transmitir força, amor, proteção,carinho e segurança para ele. Vale ressaltar que esses gestos, aparentemente tãopequenos, são tão eficazes quanto os medicamentos utilizados no tratamento.Conclui‐se este estudo deixando como sugestão que os enfermeiros e a equipede saúde multidisciplinar devem pensar numa Unidade de Terapia Intensiva Neonatalhumanizada, procurando ouvir mais o que os pais têm a dizer, valorizar sua presença eISBN: 978-85-63901-04-0


permitir a sua participação efetiva no cuidado de seu filho e prestar informações claras.Esse tratamento humanizado irá ajudar tanto a família como a criança recém‐nascida que,nesse momento, merecem atenção especial, mas principalmente ajudará o pai, que como amãe, sofre, se preocupa e, também chora, assim como qualquer ser humano.REFERÊNCIA1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança.Atenção Humanizada ao Recém‐nascido de Baixo Peso: Método Mãe Canguru. 1ed.Brasília: Ministério da Saúde 2002.2. Reichert, AP, Pereira WS, Silva MV. Vivências de mães no programa Mãe Canguru. Rev.Bras. Ciências. 2002; 6. 51‐62.3. Chapark, N, Figueroa CZ. O método mãe‐canguru: pais e familiares de bebês prematurospodem substituir as incubadoras. Rio de Janeiro: MCGRAW‐Hill, 1999.4. Freitas JO. Método Mãe Canguru: evolução ponderal de recém‐nascidos [DissertaçãoMestrado]. Feira de Santana (BA): Universidade Federal da Bahia. Escola de Enfermagem.2005. 105p.5. Gevovese RE. Conhecimento, aceitação e disponibilidade dos profissionais de saúdesobre o método mãe canguru em unidade neonatal de um hospital universitário domunicípio de São Paulo. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo(SP): Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. 2001. 86p.6. Minayo MCS. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa em saúde. 3 ed. Rio de Janeiro:HUCITE. 1994.7. Servo MLS. Supervisão de enfermagem em hospitais: uma realidade local. Feira deSantana, 2001.8. Gil AC. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.9. Santos LM. Análise da Atenção á Saúde da Mulher no ciclo gravídico e puerperal[Dissertação de Mestrado]. Salvador (BA): Escola de Enfermagem. Da universidade Federalda Bahia. 2010. 275p.ISBN: 978-85-63901-04-0


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22. Buscaglia LF. Os Deficientes e seus Pais. Rio de Janeiro: Record, 1997.ISBN: 978-85-63901-04-0


INDICAÇÕES E CUIDADOS NA INSERÇÃO E MANUTENÇÃO PARA O CATETER VENOSOCENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC) NO SETOR DE TERAPIA INTENSIVA NEONATALEM NITERÓI‐RJCristina Figueira Pereira 221Regina Molina Trajano de Lima 222Elaine Antunes Cortez 223Introdução: os cateteres vasculares são dispositivos cruciais no manejo dos pacientes, coma finalidade de promover o progresso da saúde e da qualidade de vida (1) . O cateter venosocentral de inserção periférica (PICC) começou a chamar atenção a partir de 1980, após aintrodução do cateter de silicone em 1962. Com o advento da tecnologia, maior segurança,métodos menos traumáticos de inserção do cateter, materiais de inserção melhores,custos mais reduzidos e tempo gasto de assistência ao paciente pela enfermagem menor, oPICC ganhou popularidade (2) . O PICC ou cateter epicutâneo é um cateter de longapermanência, indicado quando a terapia for superior a seis dias, podendo se estender parasemanas ou meses, para administração de nutrição parenteral, infusões contínuas comdrogas vesicantes, irritantes ou antibioticoterapia prolongada. É um dispositivo vascular deinserção periférica com localização central, isto é, em veia cava superior. É de extremaimportância os cuidados prestados na inserção do cateter, como por exemplo: utilização detécnica asséptica; anti‐sepsia do local a ser puncionado; técnica de barreira máxima;posicionamento do recém‐nascido em decúbito dorsal; proteção do membro a serpuncionado com medição da circunferência do membro escolhido e a medida da distância221Enfermeira. Residente da Unidade Perinatal de Laranjeiras, RJ. Especializanda em enfermagemneonatal pela Universidade Estadual do Rio de janeiro. crisfigueira@gmail.com222Enfermeira. Professora da Universidade Estácio de Sá‐Niterói/RJ. Mestrado profissionalizanteEnfermagem Assistencial da Universidade federal Fluminense, UFF.223Enfermeira. Professora Adjunta do Deptº de Enfermagem Materno‐Infantil e Psiquiatria da Escola deEnfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E‐mail:nanicortez@hotmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


entre o ponto de inserção até o terceiro espaço intercostal; curativo transparente;confirmação pela radiografia torácica; e uso de protocolos institucionais e registros. Namanutenção do cateter epicutâneo, os cuidados devidos deverão ser: avaliação do local deinserção observando sinais de sangramento, infiltração, hiperemia local, edema, alteraçãoanatômica; utilização da técnica asséptica no manuseio; realização do curativo após 24horas do procedimento; utilização de seringas de 10 ml para administração de fármacos; eirrigação com soro fisiológico 0,9% antes e depois da utilização de medicamentos.Objetivos: identificar as indicações para a realização do PICC e descrever os cuidados deenfermagem na inserção e manutenção do PICC. Metodologia: pesquisa exploratória,descritiva, com abordagem quanti‐qualitativa, de campo, respaldada na Resolução 196/96(CNS) realizada no Hospital Getúlio Vargas Filho, localizado em Niterói (RJ), comenfermeiras assistenciais habilitadas/capacitadas para a inserção do PICC do setor daterapia intensiva neonatal (UTIN). A coleta dos dados foi na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal (UTIN) a qual é composta de dezoito leitos, com um total de quatorzeenfermeiros assistenciais no setor. Entretanto, os indivíduos recrutados para realizar apesquisa são sete enfermeiros, pois apenas esses possuem a competência técnica eatribuição legal para a inserção do PICC, de acordo com a Resolução COFEN N° 258/2001.Para realizar essa pesquisa utilizamos como instrumento para coleta de dados umaentrevista semi‐aberta e semi‐estruturada e, após a coleta dos dados realizamos a préleitura,a leitura seletiva e interpretativa e por fim uma análise do conteúdo dos dados.Para as variáveis quantitativas, calculamos as porcentagens e apresentamos em forma degráficos e tabelas. Em relação aos aspectos éticos, o estudo foi aprovado pelo comitê deÉtica em Pesquisa da instituição EEAN‐UFRJ/HESFA, de acordo com o protocolo n°050/2009. No que refere aos aspéctos éticos realizou‐se o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido, onde os sujeitos da pesquisa assinaram antes de realizar a coleta dos dados.Neste havia informações sobre a isenção de custo financeiro, risco, bem como, oanonimato da divulgação dos nomes dos sujeitos, onde estes foram identificados por letrasISBN: 978-85-63901-04-0


gregas (alfa, beta, gama, epsilon, delta, lâmbda e theta). Resultados e Discussão: quanto àsindicações freqüentes do PICC, houve predominância de 100% para antibioticoterapia,seguida de 85,7% para NPT (nutrição parenteral), 71,4% para soluções hipertônicas, 57,1%para drogas vesicantes, 28,5% para quimioterápicos e 14,3% para distúrbios de coagulaçãoe, com a mesma porcentagem a terapia intravenosa (IV) prolongada. Assim, evidencia‐seuma demanda importante na UTIN para inserção do PICC, sendo indicados para todo RNque necessite de terapia intravenosa por um período superior a seis dias. Porém, esta deveser realizada por enfermeiros capacitados (3) . A inserção do PICC tem como indicação otempo prolongado, administração de NPT, infusões com drogas vesicantes e a utilização deantibioticoterapia (4) . Com relação aos cuidados na inserção do PICC, 85,7% dasentrevistadas responderam sobre a técnica asséptica, 28,5% para contenção adequada,28,5% para medição do membro, 28,5% sobre a radiografia, 28,5% sobre as condiçõesclínicas e hemodinâmicas do recém‐nascido, 14,3% sobre a sedação da criança, e, com amesma porcentagem para a necessidade de pouca manipulação do cateter; a necessidadede inserção; a integridade cutânea; a preservação das veias periféricas; sobre a indicação; aqualidade do material; a escolha da melhor punção; sobre a necessidade da inserção lenta;a medição do cateter; a proteção da criança; sobre o material de precaução de contato epara o material adequado. Ressalta‐se que, é importante ser observada a técnica debarreira máxima, avaliar as condições clínicas do paciente, evitar tocar no cateter comluvas, pois o talco poderá desencadear flebite química e realizar radiografia, para confirmara posição do cateter (5). Além disso, realizamos uma comparação com o número decuidados na inserção do PICC citados pelas enfermeiras comparados com os cuidados deinserção citados pelas mesmas na totalidade. Verifica‐se que a enfermeira alfa, gama e tetacitaram três cuidados equivalente a 16,65%, a enfermeira beta citou um cuidado 5,5%, aenfermeira delta e lâmbda citaram quatro cuidados equivalente a 22,2% e enfermeiraepsilon citou sete cuidados 38,8% na inserção. Observamos nos resultados que, apesar doamplo cuidado já constatados na inserção e provados por estudos científicos, asISBN: 978-85-63901-04-0


enfermeiras entrevistadas não corresponderam às expectativas sobre os cuidados nainserção do cateter. Destaca‐se que, o sucesso da terapia intravenosa através do PICC noneonato, depende não só da observação de padrões rigorosos na sua implantação, mastambém de cuidados essenciais à sua manutenção (6) . Com relação aos cuidados namanutenção do PICC, verifica‐se que, 57% das entrevistadas responderam sobre a assepsiaao manuseio do cateter, 42,8% são para a realização do curativo, 71,4% são para aperfusão contínua do cateter, 28,5% para lavar o cateter para não refluir e 14,3% são paraa realização da anti‐sepsia na abertura do circuito, e, com a mesma porcentagem paralavar na troca de hidratação, na fixação do circuito, na monitorização das infusões, noacompanhamento das flebites/infecções, no uso de flush com soro fisiológico a 0,9 % apósmedicações, na manutenção do curativo na presença de sujidade ou solto, na observaçãodo curativo/ sítios de punção diariamente, para evitar soluções hipertônicas indevidas,para evitar dobrar o cateter, para lavar o cateter com seringa de 10 ml, para a limpeza datorneira 03 vezes antes das medicações e para flush de soro fisiológico a 0,9% duasvezes/12 horas. Frisa‐se que, a permeabilidade do cateter deverá ser observadadiariamente, realizar flush de solução salina 0,9% ao término da infusão de medicamentose também a cada turno de 08, 12 ou 24hs (de acordo com a rotina estabelecida), avaliaçãodo sítio de punção diariamente, a primeira troca do curativo deverá ser realizada sempreapós 24 horas do procedimento e troca subseqüentes somente em caso de sujidade,umidade ou desprendimento (5) . Realizou‐se também uma comparação com o número decuidados na manutenção do PICC com os cuidados da manutenção citados pelasenfermeiras na totalidade. Verificou‐se que a enfermeira alfa, beta e teta citaram trêscuidados equivalentes a 17.6%, a enfermeira gama, delta e lâmbda citaram quatrocuidados 23,5% e a enfermeira epsilon citou cinco cuidados 29,4 na manutenção. Destaforma, observou‐se nos resultados que, apesar do amplo cuidado na manutenção docatéter já constatados e provados por estudos científicos, as enfermeiras entrevistadas nãocorresponderam às expectativas sobre os cuidados na inserção do mesmo. Conclusão: oISBN: 978-85-63901-04-0


PICC já é considerado uma rotina no setor de UTI neonatal, dessa forma, faz‐se necessárioque haja enfermeiros habilitados/capacitados e que realizem periodicamenteaperfeiçoamento, trazendo benefícios para a equipe, e principalmente para o neonato.Contribuições/ implicações para enfermagem: esse estudo mostra que é necessário queos enfermeiros sempre estejam atualizados e preparados para um melhor atendimento aessa clientela que necessita de tantos cuidados especiais, e que deve ocorrer umaeducação permanente com estes profissionais, assim como, viabilizar durante a suaformação acadêmica a inserção obrigatória da realização do curso na finalização dagraduação, de forma que saiam da academia com competência técnica e atribuição legalpara a inserção do PICC, de acordo com a Resolução COFEN N° 258/2001 e possam atuarcom autonomia na UTIN.Descritores: Cateterismo periférico; Recém‐nascido; Cuidados de Enfermagem.Referências1. Guimarães L da S. Utilização do acesso venoso profundo em pediatria no InstitutoFernandes Figueira: estudo Observacional [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro:Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ); 2004.2. Shuller D M, Maciel MR, Ichikawa H. Cateter venoso central de inserção periférica empaciente com acompanhamento ambulatorial: estudo de caso. Rev. Nursing. 2005; 80 (8):pág. 43‐45.3. Rodrigues ZS, Chaves EMC, Cardoso M V L M. L. Atuação do enfermeiro no cuidado como cateter central de inserção periférica no reçém‐nascido. Rev. Bras. Enferm. 2006; 59 (5):pág.626‐9.4. Knobel E. Terapia intensiva: enfermagem. São Paulo: Editora Atheneu; 2006.5. Secretaria do Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Rotina para cateter venoso central deinserção periférica em neonatos. SES: Rio de Janeiro; 2002.ISBN: 978-85-63901-04-0


6. Rodrigues E da C. A enfermeira no uso de cateter central de inserção periférica emneonato: curso introdutório. Esc. Anna Nery Rev. 2002; 6 (1): 131‐9.ISBN: 978-85-63901-04-0


INTERVENÇÕES DO BANCO DE LEITE HUMANO EM RECÉM‐NASCIDO COM GASTROSQUISEAlana Stéphanie Esteves Villar 224Dayanna Santos de Paula Ferreira 225Nina Aurora Mello Savoldi 226A alimentação por via oral é de extrema importância para o desenvolvimento normal dosistema gástrico‐intestinal. O aleitamento materno, além de ser melhor tanto para o bebêquanto para a mãe, propicia um desenvolvimento mais adequado das estruturasneuromotoras necessário à função alimentar. Nesta patologia, o RN apresenta um defeitocongênito na parede abdominal anterior que permite a herniação das vísceras abdominais,geralmente, à direita do cordão umbilical. As alças intestinais e outros órgãos abdominaispodem protrair através desta abertura. O acidente ocorre intra‐útero e as alças ganham acavidade amniótica ficando em contato direto com o líquido. Não existe membranarecobrindo as vísceras. O prognóstico dos RN com gastrosquise apresentou melhoradramática na segunda metade do século XX. Até 1960, a gastrosquise era vista comoapenas uma curiosidade teratológica, confundida com a onfalocele e o prognóstico erasombrio, com praticamente 100% de mortalidade(1) . Atualmente, nos paísesdesenvolvidos, a taxa de sobrevivência atinge quase 100% nos casos não‐complicados. Oaprimoramento das técnicas de cirurgia neonatal, a nutrição parenteral total e a terapiaintensiva neonatal são os grandes responsáveis pelos melhores resultados (1‐2) . Os estudoscientíficos mostram que vários são os fatores que podem interferir no processo dealimentação do RN, principalmente, quando este bebê nasce com alguma malformação224Enfermeira Residente em Banco de Leite do Instituto Fernandes Figueira/ Fundação Oswaldo Cruz(IFF/FIOCRUZ)225Enfermeira Residente em Neonatologia IFF/FIOCRUZ. Email: daydowuff@yahoo.com.br226Mestre em Enfermagem IFF/FIOCRUZ. Chefia de Enfermagem do Departamento de Banco de LeiteHumano do IFF/FIOCRUZ.ISBN: 978-85-63901-04-0


congênita como a gastrosquise. A amamentação exerce um papel muito importante nodesenvolvimento do bebê portador de gastrosquise. Além de ser a forma mais saudável dealimentação, proporciona um correto desenvolvimento do sistema estomatognático efortalece os laços afetivos entre o binômio mãe‐bebê. Já na gastrosquise a privação dasucção via oral por tempo prolongado, muitas vezes, aleitamento materno é acompanhadode insegurança, ansiedade e sofrimento (3) . Sentimentos de angústia e ansiedade podemlevar as mães a questionamentos quanto à capacidade de alimentar seus bebêsadequadamente, situação que pode levar ao desmame precoce, se os profissionais queatuam junto não ficarem atentos aos aspectos psicossociais que envolvem a alimentação.Eles devem olhar cada mãe não como uma nutriz fracassada, e sim como uma mãe queestá envolvida com sentimentos que geram emoção e contradição como resultado dasituação de ter um bebê prematuro e das dificuldades de ter que amamentá‐lo (4) . Énecessário que os profissionais de enfermagem ajam de forma a desenvolver confiança etranqüilidade, mostrando as mães destes bebês que a amamentação consiste em umprocesso de aprendizagem que ocorre de forma gradual, no qual alguns comportamentosdos bebês portadores de gastrosquises são esperados (5) . A equipe que atende aos bebêsprecisa estar consciente da importância do afeto e respeito que estas mães e seus filhosnecessitam neste momento crítico de suas vidas. Ela deve estar preparada para realizar aescuta daquilo que a mãe está tentando mostrar, desempenhando, desta forma, a funçãode mediadora na relação mãe‐bebê, facilitando a construção do primeiro vínculo do RN,crucial para o desenvolvimento de sua saúde física e mental (5) . Embora seja umamalformação bastante conhecida na área pediátrica, não foi encontrado nenhum artigo embancos de dados eletrônicos da saúde que descrevem a ação de enfermagem naamamentação em bebês com gastrosquise. Portanto, essa pesquisa tem como objeto aintervenções de enfermagem do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto FernandesFigueira (IFF) pertencente à Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) em recém‐nascidos comgastrosquise. Temos como objetivo descrever a intervenção da enfermagem do BLH/IFFISBN: 978-85-63901-04-0


para manutenção da lactação e avaliar o resultado do acompanhamento na adesão daamamentação. Trata‐se de um estudo observacional, exploratório, prospectivo econtemporâneo através de uma sistematização de experiência. Por meio da avaliaçãodiária dos recém‐nascidos internados e processo de manutenção e relactação das mãesacompanhadas nas visitas e por ligações telefônicas, a partir dos relatos de casos derecém‐nascidos com gastrosquise, alimentados por sondas e internados na NeonatologiaCirúrgica do IFF. As informações materna e do recém nato são obtidas por meio deconsulta ao prontuário padronizado do IFF, de onde são coletados dados da históriagestacional e do parto, condições do RN ao nascer, peso, data da internação,intercorrências clínicas durante a internação, diagnósticos, uso de sondas paraalimentação, condições clínicas gerais atuais. Com esses dados ocorre a avaliação deenfermagem realizada seguindo a consulta de enfermagem ao binômio mãe‐bebê noalojamento conjunto, na neocirúrgica e por telefone após alta da mãe. As informações sãoregistradas no protocolo operacional padrão no BLH. No processo de manutenção dalactação são realizadas avaliações com as mães no alojamento conjunto eacompanhamento em casa através do telefonemas e além de consultas diárias doacompanhamento do quadro do recém‐nato. As mães são orientadas a realizar massageme ordenha de maneira contínua de no máximo de 3 em 3 horas, a comparecer ao BLHsempre que necessitarem e sobre a importância da amamentação para o sistemaestomatognático. Contudo, levando em consideração todas as questões que envolvem amanutenção da lactação, as consultas dadas pelo enfermeiro a mãe, são realizadas com oobjetivo de esclarecer dúvidas, desenvolver confiança e tranqüilidade. São facilitadaposição da mamada, evitando desconforto para a mãe e esforço excessivo do bebê, umavez que a posição inadequada pode tornar a mamada ineficiente, gerando conflitos efrustrações. As mães são auxiliada para o bebê realizar a pega correta, assim como,informada sobre a importância do não uso de chupetas e bicos no período cirúrgico dagastrosquise, no qual o recém nato encontra‐se em dieta zero, por contribuir com aISBN: 978-85-63901-04-0


confusão com o seio materno. Por intermédio das intervenções de enfermagem é possíveldetectar as alterações que poderiam levar ao fracasso da manutenção da lactação e dofuturo aleitamento materno. A dificuldade do bebê em sugar o peito, também, só épossível de ser detectada a partir das observações realizadas diariamente pelaenfermagem a assistência à amamentação. Portanto as questões que envolvem oaleitamento materno amamentação, as orientações dadas à mãe pela enfermeiradiariamente, são realizadas com o objetivo de esclarecer dúvidas, desenvolver confiança etranqüilidade. A relactação facilita a postura corporal, evitando desconforto para a mãe eesforço excessivo do bebê, uma vez que a posição inadequada pode tornar a mamadaineficiente, gerando conflitos e frustrações.Descritores: Aleitamento Materno; Enfermagem; Gastrosquise.Área Temática: Tecnologias e tendências no cuidado de Enfermagem Neonatal.Referências:1.Maranhão R. Recém‐nascido com patologias cirúrgicas. In: Basseto MCA, Brock R,Wajnztejn R. Neonatologia: um convite à atuação fonoaudiológica. São Paulo: Lovise; 1998.p.213‐33.2.Voz EF, Resende MAC, Panha A, Garrido E, Miranda LCM. Manuseio anestésico depaciente com gastrosquise. São Paulo Med J. 2005;123(Suppl Esp):45.3.Patroni L, Brizot ML, Mustafá SA, Carvalho MHB, Silva MM, Miyadahira S, Zugaib M.Gastrosquise: avaliação pré‐natal dos fatores prognósticos para sobrevida pós‐natal. RevBras Ginecol Obstet. 2000;22(7):421‐8.4.Javorski M, Caetano LC, Vasconcelos MGL, Leite AM, Scochi CGS. As representaçõessociais do aleitamento materno para mães de prematuros em unidade de cuidado canguru.Rev Latinoam Enfermagem. 2004;12(6):890‐8.ISBN: 978-85-63901-04-0


5. Delgado SE, Halpern R. Aleitamento materno de bebês pré‐termo com menos de 1.500gramas: sentimentos e percepções maternos. Arq Méd Univ Luterana do Brasil.2004;7(2):5‐28.ISBN: 978-85-63901-04-0


LOCAL DE INSERÇÃO, TEMPO DE PERMANÊNCIA, MOTIVO DE RETIRADA DO CATETERCENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM RECÉM‐NASCIDOSKeline Soraya Santana Nobre 227Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 228Polyana Candeia Maia 229Sofia Esmeraldo Rodrigues 230A atenção à saúde da criança enfoca especialmente o período que compreende o primeiroano de vida, por ser esse período o mais crítico no que diz respeito à mortalidade infantil.O período neonatal merece uma atenção especial por ser a fase de maior incidência demortalidade na infância em termos proporcionais, representando entre 60% e 70% damortalidade infantil em todas as regiões do Brasil atualmente. ¹ Para que estes índicesdiminuam, medidas devem ser tomadas para diminuir as complicações no nascimentocomo prematuridade, bronco‐aspiração meconial, cardiopatias, dentre outras. Para queesses Recém‐Nascidos (RN) sejam entregues ao convívio familiar com a maior brevidade eo mínimo de seqüelas, muitas vezes é necessário o seu internamento em Unidade deTerapia Intensiva Neonatal (UTIN). Assim, tratamento especializado como ventilaçãomecânica, uso de nutrição parenteral, infusão de drogas vasoativas, antibióticos, sãoprescritos ao RN. Para atender a demanda do cuidado no que diz respeito à terapia227Enfermeira da Maternidade Escola Assis Chateaubriand. Especialista em Obstétrica. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho‐SABIMF/UFC/CNPqemail:keline2nobre@yahoo.com.br.228Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Pós‐doutora pela Universidade de Victoria/Canadá.Pesquisador CNPq Profa. Associada do DENF/UFC. Coordenadora do Projeto de Pesquisa Saúde doBinômio Mãe‐Filho‐ SABIMF/UFC/CNPq, e‐mail: cardoso@ufc.br229Enfermeira. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho‐SABIMF/UFC/CNPq Email:polly_can_maia@hotmail.com230Acadêmica de Enfermagem. Bolsista CNPq/PIBIC. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do BinômioMãe‐Filho/UFC/CNPq, e‐mail: fifia_esmeraldorodrigues@hotmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


intravenosa a esses RNs nas UTIN, é necessário cuidados desde a permeabilização de umacesso venoso eficaz, com o mínimo de riscos, para viabilizar a terapia medicamentosaintravenosa necessária ao restabelecimento no neonato. Com isso, o Cateter Central deInserção Periférica (PICC) cada vez mais vem sendo utilizado nos serviços de neonatologia,como uma excelente via de acesso venoso. A inserção do PICC vem sendo indicada paratodo RN que tem prescrito terapêutica medicamentosa endovenosa superior a seis dias,sendo o tempo de permanência do cateter em média oito semanas. ² Objetivou‐sedescrever o local de inserção, tempo de permanência e motivo da retirada do catetercentral de inserção periférica em recém‐nascidos na UTIN. Trata‐se de um estudodocumental, quantitativo, descritivo e exploratório, realizado em uma maternidadepública, da rede federal, localizada no município de Fortaleza/CE, no período de maio de2009 a fevereiro de 2010. No período em estudo, dos 521 RNs admitidos na UTIN, 101 RNstiveram implantação de 119 cateteres, sendo que dois RNs tiveram três PICCs inseridos, 14RNs tiveram dois e 85 neonatos tiveram somente um, compondo assim a amostra doestudo. Para coleta de dados, utilizou‐se um formulário que contemplou as variáveisrelacionadas à idade gestacional, idade cronológica e sexo. O projeto foi apreciado eaprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da referida instituição, sob número deprotocolo 179/09. Dos 101 RNs, 52 eram do sexo masculino e 49 do feminino. As veiascateterizadas foram: veia basílica, veia cefálica, veia axilar, temporal, retro‐auricular, veiado dorso da mão, veia jugular externa e antecubital, sendo a veia cefálica (31,9%) e basílica(29,41%) as mais cateterizadas, corroborando com a literatura que aconselha essas duasveias como sendo de escolha para inserção do PICC, por ser de fácil acesso e calibrosaspara uma punção venosa eficaz. ³ A punção de escolha de veias dos membros superiores,para a inserção do PICC, é indicada por facilitar a inserção do cateter, uma vez que essaregião possui menos riscos de acidentes durante a punção, possui menos válvulas, tem umtrajeto mais retilíneo. 4 As das punções de veias axilares e jugulares externas são menosutilizadas por ser mais de mais difícil fixação, 4 mais fácil de promover iatrogenias comoISBN: 978-85-63901-04-0


lesão de artérias e nervos adjacentes, sendo punção de veia jugular interna deresponsabilidade exclusiva do profissional médico. Referindo‐se ao tempo de permanência,consta‐se um valor mediano de 14,45 dias de permanência do PICC, com valor mínimo demenos de um dia e valor máximo de 83 dias. A recomendação do CDC (Center for DiseaseControl and Prevention) é que o tempo de permanência do PICC pode ser em média de oitosemanas. ² Em relação aos motivos de retirada do PICC foram avaliados: término dotratamento, obstrução, sinais flogísticos relacionados à localização central, rupturaexternamente do cateter, sinais flogísticos relacionados à localização periférica, óbito,hemocultura positiva para fungos, transferidos da UTIN com PICC e exteriorizaçãoacidental, sendo o término do tratamento (44,54%), obstrução (13,45%) e sinais flogísticosrelacionados à localização central (10,09%) as maiores causas para a retirada do PICC. Valesalientar que, devido ao muito baixo peso, os RNs têm vasos sanguíneos venosos muitodelgados. Torna‐se necessário que o cateter tenha um diâmetro muito pequeno para quepossa percorrer todo o trajeto venoso de forma fluida, com o mínimo de riscos de rupturainterna dos vasos. Sabe‐se que complicações como falso trajeto, ruptura de vasos centraise câmara cardíaca com o desenvolvimento de tamponamento cardíaco, fístula broncovascularsão algumas complicações decorrentes da inserção do cateter que sãominimizadas pela utilização, em neonatologia, de um cateter de silicone, 1,9 french. 5 Paraevitar tais complicações, é necessário, ainda, que se faça a mensuração do caminho apercorrer com o cateter, para que seja introduzido apenas o comprimento necessário paradeixar a ponta do PICC na porção inferior da veia cava superior, se inserido nos membrossuperiores, cabeça e pescoço e na porção superior da veia cava inferior, se inserido pelosmembros inferiores. Com esse procedimento, evita‐se que o cateter fique dentro do átrioou ventrículo sendo arremessado contra a parede cardíaca, pelo fluxo de sangue, evitandoarritmias cardíacas. Caso ocorra o contrário, dificuldade de progressão do cateter na alturada subclávia ou tórax, deve‐se não forçar a sua passagem, pois essa manobra podeprovocar lesões de vasos centrais ou câmara cardíaca, levando ao aparecimento dasISBN: 978-85-63901-04-0


complicações indesejáveis anteriormente citadas. A prática evidencia que movimentos deelevação do ombro, adução e abdução do membro podem ser feitos no intuito de facilitara progressão do cateter à veia subclávia, evitando que o cateter não progrida e tenhalocalização periférica durante o seu uso. Se o cateter não ficar nos limites do tórax diz‐seque ele tem localização periférica e a menor diluição dos fluidos administrados por essecateter em vasos menos calibrosos, pode levar a flebites químicas pela infusão desubstâncias irritantes e/ou vesicantes. A retirada do cateter deverá ser feita peloenfermeiro qualificado, pois o cateter pode apresentar obstáculos para remoção, nãodevendo, o profissional forçar sua retirada, devido o risco de quebra interna do cateter.Aquecer o membro pode ser uma solução por promover vaso dilatação do vasocateterizado e permitir sua retirada. A síndrome de Pinch‐off ocorre quando o cateter écomprimido pela primeira costela e clavícula causando oclusão mecânica do cateterimpossibilitando a infusão de soluções e remoção do cateter. 6 Quando o enfermeiro, apósvárias tentativas não conseguir remover o cateter, recomenda‐se que, este, seja isolado,feito novo curativo e sem usá‐lo, aguarde de 12 a 24 horas para nova tentativa, casopersista o médico deverá ser comunicado para tomar medidas cabíveis, como por exemplo,remoção cirúrgica do cateter. Conclui‐se que o acompanhamento do processo de inserçãoe permanência do PICC se faz relevante na prática do cuidado ao recém nascido com vistasa melhorar o monitoramento e qualidade da assistência na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal.Descritores: Recém‐nascido; Enfermagem neonatal; infusões intravenosasReferências:1.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção àSaúde. Manual de Vigilância do Óbito Infantil e Fetal e do Comitê de Prevenção do ÓbitoInfantil e Fetal. Brasília, 2009; Série A; Normas e Manuais Técnicos 2.a edição.ISBN: 978-85-63901-04-0


2.Center of Disease Control and Prevention (CDC) – Guidelines for de prevention ofintravascular catheter‐related infections. MMWR 2002; 51:1‐32.3.Phillips, L. D. Manual de Terapia Intravenosa. 2 a edição Artmed. Porto Alegre, 2001.4.Silva, G. R. G, Nogueira, M. F. H, Terapia Intravenosa em Recém‐Nascidos, Orientaçõespara o cuidado de enfermagem. Cultura médica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2004.5.Becton, Dickinson (BD). First PICC: Estudos técnicos, São Paulo: Centro de Treinamentoem Acesso Vascular; 2000.6.Staniscia Giancarlo e colaboradores. La sindrome di pinch‐off, Annali Italiani di chirurgia.2008, vol. 79, n o 6, pp. 463‐465 [3 page(s) (article)].ISBN: 978-85-63901-04-0


MANIPULAÇÃO DE RECÉM ‐NASCIDOS PRÉ‐TERMO: O CENÁRIO NA UTI NEONATAL DEUM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.Fabiola Lima Pereira 231Fernanda dos Santos Nogueira 232Carmen Gracinda SilvanScochi 233Adriana Moraes Leite 234RESUMOObjetivo: Descrever a manipulação a que o RNPT é submetido na UTIN. Metodologia:Estudo descritivo, em 20 RNPT com IG entre 24 e 34 semanas de gestação e idadegestacional corrigida de até 36 semanas, filmados, durante 24 horas por 4 câmeras. A duraçãodas manipulações foram consideradas, do início até o término de cada procedimento.Resultados: Ocorreram 768 manipulações que contiveram 1.341 procedimentos. 680situações foram realizadas por profissionais, contra 61 dos familiares. A média do períodode manipulação foi de 2 horas (h) 26 minutos (min) e 33 segundos (s). O maior período semmanipulação foi 5 horas 16 minutos e 18 segundos , e o menor período de descanso foi 30min e 12 s. Conclusão: É necessário um envolvimento da equipe para promover maior231Mestre em Ciencias e Enfermeira do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto‐SP (Brasil)‐ Email: biolalpereira@yahoo.com.br.232Prof. Doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte233Prof. Titular do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil e Saúde Pública da EERP/USP,Ribeirão Preto‐SP (Brasil). Bolsista produtividade em pesquisa do CNPq,2344‐ Prof. Doutor do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil e Saúde Pública da EERP/USP,Ribeirão Preto‐SP (Brasil).ISBN: 978-85-63901-04-0


participação dos familiares no cuidado aos RNPT e uma maior organização do cuidado paraesse segmento populacional durante a internação em UTIN.Palavras‐chaves: Manipulação, recém‐nascido, prematuro, Unidade de Terapia Intensiva,enfermagem neonatal.1. INTRODUÇÃOO progresso tecnológico nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (UTIN)possibilitou o aumento da sobrevida de recém‐nascidos pré‐termo (RNPT) cada vez maisimaturos 1 . Com isso, as UTIN cada vez mais se tornaram um ambiente estressante devidoao grande número de procedimentos invasivos, ao grande número de equipamentos, àpresença de luz, ao ruído constante e à manipulação excessiva , fatores que contribuempara as alterações no desenvolvimento dos prematuros 2 . Quando um RNPT é submetido aum grande número de procedimentos, há um gasto desnecessário de energia devido a suainabilidade natural e também a uma severa interrupção do ciclo do sono 3.A rotina da UTIN juntamente com a manipulação excessiva do neonato é fatorestressante durante o cuidado. A manipulação pode ser definida como as intervençõesfísicas realizadas no paciente com finalidade de monitoramento, de terapêutica e decuidados 4 . Outros definem episódio de manipulação como qualquer manipulação que trazestresse clínico para o RN 5 .Apesar dos inúmeros estudos nesta área, ainda há controvérsias sobre o quedeve ou não ser considerado como um bom estímulo para o desenvolvimento do RNPT,porém não há dúvida de que a posição e a manipulação do prematuro influenciam no seudesenvolvimento. 62. OBJETIVOS2.1 OBJETIVO GERALISBN: 978-85-63901-04-0


Descrever a manipulação a que o RNPT é submetido na UTIN de um hospitaluniversitário.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOSVerificar a frequência e a duração da manipulação do RNPT; verificar osagentes das manipulações; identificar os procedimentos mais frequentes que estiveramcontidos nas manipulações.3. METODOLOGIATrata‐se de um estudo descritivo e exploratório realizado com 20 RNPT, queatenderam aos seguintes critérios: RN nascidos no local da pesquisa ou em outro hospital etransferido para esta UTIN; com IG entre 24 e 34 semanas de gestação; idade pós‐natalinferior a 28 dias e idade gestacional corrigida de até 36 semanas; aceitação materna ou doresponsável para participação do RNPT na pesquisa.A coleta de dados se deu entre os meses de setembro de 2008 a março de 2009.O projeto foi aprovado pelo comitê de ética do local da pesquisa com protocolo número(Ofício nº2247/2008 CEP/SPC).Foram filmados, durante 24 horas consecutivas por meio de 4 câmeras, sendoque duas permaneceram fora e duas dentro da incubadora. Os procedimentos realizadosconjuntamente foram considerados como uma manipulação na contagem da frequência demanipulações do RN. A duração foi registrada desde o início até o término de cadaprocedimento e, quando agrupado, foi considerado o momento exato do primeiroprocedimento até o término do último, totalizando o período de uma manipulação emagrupamento. Os dados previamente registrados foram transcritos e digitados em duasplanilhas do software Excel e processados no software Epi Info.4. RESULTADOSISBN: 978-85-63901-04-0


Dos 20 prematuros, 13 do sexo masculino e 7 do sexo feminino. A idadegestacional dos prematuros foi em média de 29 semanas e 6 dias, a mediana de 30semanas e o desvio‐padrão de 13 dias. O peso de nascimento variou de 645g a 1830g.Os 20 prematuros foram submetidos a um total de 768 manipulações e 769agentes de manipulação; a média de manipulações por RN foi de 38,4, o desvio‐padrão foide 13,2 e a mediana foi de 38 manipulações em 24 horas de filmagem. Cabe salientar quehouve um excedente a mais para os agentes, pois em uma situação, apesar de ter sido oprofissional que executou, não foi possível identificar o tipo e a quantidade deprocedimentos realizados naquele momento.O número de manipulações por prematuro variou de 14 a 71, representando9,7% e 1,8% respectivamente do total das manipulações de todos os RN. Houve 1.341procedimentos no total, dos quais a média foi de 67,1 procedimentos por prematuro em24 horas de filmagem.Os profissionais foram responsáveis por 704 situações (91,5%) dasmanipulações contra65 (8,5%) dos familiares. Os auxiliares de enfermagem foram os quemais manipularam os RNPT, com 597 (80%) manipulações realizadas apenas por eles e 5manipulações auxiliando outros profissionais. A Tabela 1 apresenta os dados referentes àsmanipulações dos RNPTs em 24 horas na UTIN, segundo o agente de manipulação.O tempo total em todos os RNPT foram submetidos à manipulação foi de 48 h51 min, 9,37% do total de filmagem. A duração média a que os prematuros estiveram emmanipulação foi de 2 horas (h) 26 minutos (min) e 33 segundos (s). A mediana foi de 2 h 15min 29 s e o desvio‐padrão de 1 h 41 min 30 s. O prematuro mais manipulado, durante as24 horas, sofreu 5 h 9 min e 9 s em manipulação, e o RNPT menos manipulado, teve 53 mine 15 s de manipulação. Os RNPT tiveram, em média, 19 h 28 min e 46 s sem terem sidomanipulados contra 4 h 16 min 42 s de tempo em manipulação. A mediana do tempo semmanipulação foi de 19 h 44 min e 16 s e o desvio‐padrão de 1 h 36 min e 53 s.ISBN: 978-85-63901-04-0


Quanto ao período de descanso, ou seja, intervalo de tempo sem ter sidomanipulado de forma ininterrupta, o maior tempo, correu para um RNPT que permaneceu5 horas 16 minutos e 18 segundos sem ter sido manipulado ininterruptamente, e o menorperíodo, ocorreu em um prematuro em que o seu máximo de descanso foi de 30 min e 12s. Tais dados estão demonstrados na Tabela 2.Dos 1.341 procedimentos que estiveram contidos nas manipulações, aadministração de dieta por seringa, foi o procedimento mais frequente, com 184 vezes ou13,7% do total de procedimentos, seguido da mudança de decúbito que foi realizada 121vezes (9%). Os que tiveram menor frequência foram: a realização de curativo de feridas, amensuração do comprimento do RNPT, a instilação de colírio, o teste de glicemia capilar, aretirada de SOG e a realização de ultrassonografia, todos com apenas uma ocorrênciatotalizando juntos 0,4% dos procedimentos. A tabela 3 descreve a frequência e opercentual dos procedimentos mais freqüentes nos RNPT durante as 24 horas.5. CONCLUSÃO/ IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEMEncontramos um grande número de procedimentos que tiveram por objetivo amonitorização e ajuste das condições fisiológicas do RNPT (aspiração da COT, troca desensores, verificação da PA e da temperatura) e poucos procedimentos que visaram ocuidado desenvolvimental.Não foi observada a contensão, ou seja, conter gentilmente os braços e pernasem flexão, posicionados em direção à linha média, próximos do tronco e da face, emdecúbito lateral ou supino. Esta contenção firme, mas elástica, envia ao Sistema NervosoCentral um fluxo contínuo de estímulos que podem competir com os estímulos dolorososmodulando a percepção da dor e facilitando a auto‐regulação em procedimentos dolorososde menor intensidade do RN 7 e o contato pele a pele foi realizado apenas 1 vez.A maioria das manipulações ocorreram com duração menor que 1 minuto,ainda que em frequências menores do que nos estudos anteriores. Ficou evidente aISBN: 978-85-63901-04-0


escassa participação da mãe e dos familiares no cuidado ao RNPT, apesar de a visitamaterna ser facilitada pela equipe no local da pesquisa. Não houve nenhum tipo deinteração dos RN com os irmãos, embora a unidade permita a entrada dos mesmos.O toque de contensão que envolve a colocação das mãos paradas sobre ocorpo do bebê, usando toque firme e com pressão constante do qual ma mão envolve acabeça, a outra contém os pés ou as mãos 8 . Tal cuidado foi pouco explorado na UTIN tantoda mãe quanto do profissional de enfermagem , tendo ocorrido apenas 98 vezes, o queequivale a 7,9% dos procedimentos realizados, embora se saiba que este tipo de toque noRN apresenta efeitos positivos (conforto) imediatos com a diminuição do nível de atividademotora e do desconforto comportamental, permitindo mais sono profundo durante otoque e redução do gasto energético 8 .Percebemos que há um grande contingente de procedimentos de higienizaçãorealizados pela equipe de enfermagem ao RNPT (banho, higiene oral, higiene perianal,troca de fraldas) e manutenção da limpeza do local onde ele se encontra como, porexemplo, a arrumação de leito.Prevalece as manipulações menores que 1 minuto, poucos procedimentosvisaram o cuidado desenvolvimental, e pouquíssima participação dos familiares. Énecessário um envolvimento da equipe para promover maior participação dos familiaresno cuidado aos RNPT e uma maior organização do cuidado para esse segmentopopulacional na sua internação em UTIN.REFERÊNCIAS1‐ Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no Recém Nascido. Jornal de Pediatria, Riode Janeiro. 1999; 75 (3): 149‐160.2 ‐Apleton SM. Handle with care: an investigation of the handling received by pretermsinfants in intensive care. Journal of Neonatal Nursing, Hertfordshire. 1997; 3 (3): 23‐27.ISBN: 978-85-63901-04-0


3‐ Als H, Gilkerson L, Duffy FH, Mcanult GB, Buehler DMB.; Vandenbergerg K, Sweet N, SellE, Parad RP, Ringer SA, Butler SC, Blickman JG, Jones KJ. Three‐Center, randomized,controlled trial of individualized developmental care for very low birth weight preterminfants: Medical, neurodevelopmental, pareting, and caregiving effects. Journal ofdevelopmental Behaviohal pediatric, New York. 2003; 24 (6): 399‐408.4‐ Peters KL. Infant handling in the NICU: does developmental care make a difference? anevaluativo review of the literatura. Journal of Perinatal and Neonatal Nursing, Hagerstown.1999; 3 (3): 83‐109.5‐ Symon A, Cunningham S. Handling premature neonates: a study using time‐lapse video.Nursing Times. 1995; 91 (17): 35‐37.6‐ Aucott S, Donohue PK, Atikins E, Allen MC. Neurodevelopmental care in the NICU.Mental retardation and developmental disabilities research review, New York. 2002; 8(4):298‐308.7‐ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde daCriança. Normas de atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: métodocanguru. Brasília. 2009.8‐ Modrcin‐Talbott Ma, Harrison LL, Groer MM, Younger MS. The biobehavioral effects ofgentle human touch on preterm infants. Nurs Science Quart. 2003; 16(1):60‐67.ISBN: 978-85-63901-04-0


MANUSEIOS EM RECÉM‐NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVANEONATALMaria do Socorro Mendonça Scherlock 235Fernanda Jorge Magalhães 236Francisca Elisângela Teixeira Lima 237Isis de Oliveira Pinheiro 238Introdução: Devido ao avanço tecnológico, a mortalidade perinatal e neonatal vemdiminuindo, especialmente entre os prematuros, garantindo, uma maior sobrevida a essesneonatos de alto risco. Dentre os fatores que têm repercutido nessa maior sobrevidadestaca‐se a instalação de modernas unidades de terapia intensiva neonatais (UTIN),contudo possui um ambiente estressante, barulhento e com iluminação excessiva,predispondo o recém‐nascido (RN) a desenvolver algumas complicações clínicas, comobradicardia, apnéia, deficiência nutricional, dentre outras (1) . Na UTIN são internados osrecém‐nascidos pré‐termo e todos aqueles que necessitam de cuidados intensivos de umaequipe multiprofissional durante vinte e quatro horas diárias. A realização dos cuidadosintensivos ao RN pode caracterizar um processo de excessivos episódios de manuseios,cerca de 50 a 134 vezes em 24 horas, durante a fase mais crítica, tanto por procedimentosdolorosos quanto para cuidados de rotina (2) . A Sociedade Canadense de Pediatria recomendaobservação nos sinais emitidos pelo RN, uma vez que a falta de respostas comportamentais e235Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).sherlock@yahoo.com.br236Enfermeira. Especialista em Enfermagem neonatal. Professora Substituta do Departamento deEnfermagem da UFC (DENF/UFC). Membro do grupo de estudo sobre consulta de enfermagem da UFC(GECE/UFC).237Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFC. Docente do curso de graduação em Enfermagem doDENF/UFC. Líder do GECE/UFC.238Enfermeira. Especialista em Enfermagem neonatal. Assistencial na Unidade de Terapia Intensiva doHospital Regional da Unimed. Membro do GECE/UFC.ISBN: 978-85-63901-04-0


choro não é, necessariamente, indicativo de falta de dor. Refere ainda que as instituições de saúdedevam desenvolver e implementar cuidados de prevenção à dor e ao estresse destes pacientes,utilizando‐se, de programas educacionais que sensibilizem os profissionais quanto à utilização deestratégias que individualize o cuidado, favorecendo, assim, o manuseio mínimo e maior qualidadedo repouso do RN (3) . Em um estudo (4) , que avaliou o manuseio do RN internado em UTIN,considerando como manuseio o ato de tocar ao RN após a abertura da portinhola daincubadora, observou‐se que, em um período de 6 horas, o RN recebe cerca de 45manuseios em 5h41min24s, restando para descanso 18 min e 36s, ou seja, ele éexcessivamente manipulado, não restando tempo para um descanso, o qual é fundamentalpara seu desenvolvimento neurocomportamental. Outros autores (5‐6) enfatizam que oexcesso de manuseios aumenta o risco de infecção, hipoxemia, apnéia, hipertensão,aumento da pressão intracraniana, aumento do fluxo sanguíneo cerebral, paradacardiorrespiratória, cianose, bradicardia, hidrocefalia, dentre outros. Tendo uma média de234 manuseios por dia, com duração de 6 minutos cada um; durante o período maiscrítico, podendo comprometer o desenvolvimento neurocomportamental do RN. Frente aestes dados, surgiram as seguintes indagações: qual a frequência de manuseios com o RNinternado em um período de 24 horas por cuidados de rotina na UTIN? Quais osprocedimentos de rotina que contribuem para o excesso de manuseios ao RN internado naUTIN? Espera‐se que a resolução desses questionamentos possa contribuir para oenfermeiro estabelecer estratégias que possam minimizar o excesso de manuseios,agrupando os cuidados junto ao RN internado em UTIN, podendo assim favorecer aqualidade da assistência de enfermagem no processo do cuidar. Objetivo: avaliar osmanuseios aos recém‐nascidos internados em unidade de terapia intensiva neonatal.Material e métodos: estudo exploratório, descritivo, com abordagem quantitativa.Realizado em uma UTIN de um hospital‐escola da rede pública estadual, na cidade deFortaleza‐Ceará‐Brasil. A amostra foi composta por 26 RN que atenderam aos critérios deinclusão: ser RN de risco, estar internado em UTIN necessitando de cuidados intensivos eISBN: 978-85-63901-04-0


em uso de incubadora aquecida. A coleta de dados foi realizada no mês de fevereiro e abrilde 2010, por meio de consulta ao prontuário para levantar os dados de identificação do RNe da mãe; e mediante a observação para levantar a incidência e os tipos de manuseios derotina do RN pelos profissionais da saúde. Cada RN foi observado por um período de 24horas, sendo considerado diurno de 7:00 às 19:00h e noturno de 19:00 às 7:00h. Nesteestudo foi considerado manuseio o toque ao RN internado em UTIN, após a abertura daincubadora, já que na unidade só havia recém‐nascidos em uso de incubadora aquecida. Osdados coletados foram analisados e interpretados a partir da literatura pertinente àtemática e organizados em tabelas e figuras. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Éticaem Pesquisa da Instituição, sob protocolo n.º 392/2010. Resultados: Em relação àsvariáveis sociodemográficas das mães, verificou‐se que 65,4% estavam na faixa etária entre20 e 29 anos. Ao verificar a realização de pré‐natal, encontrou‐se 76,9% que o realizaramcom uma média de três consultas, porém vale ressaltar que existe um número significativode 23,1% de não realização do pré‐natal, sendo considerado um fator de risco parapossíveis complicações durante o parto e o nascimento de um RN de risco. Quanto àscaracterísticas dos recém‐nascidos, 50% eram do sexo feminino e 50% masculino; 57,6%tinham de 1 a 7 dias de vida, cuja média foi de 9,1 dias. Quanto ao peso, 50% tinham muitobaixo peso ao nascer (entre 1000 e 1500g). Destaca‐se que o baixo peso é um fator queinfluencia na morbimortalidade e complicações clínicas durante o internamento do RN naUTIN. Em relação à idade gestacional, 92,3% eram recém‐nascidos pré‐termo (idadegestacional < 37 semanas). Dentre os principais motivos de internamento dos recémnascidosna UTIN destaca‐se a prematuridade (61,5%) e Síndrome do DesconfortoRespiratório (46,2%). Constatou‐se que há um predomínio de recém‐nascidos com umamédia de 52 a 79 manuseios diários, considerando apenas os recém‐nascidos que nãoapresentaram intercorrências, ou seja, aqueles que receberam somente os procedimentosde rotina da unidade neonatal. Diante disso, enfatiza‐se o pouco tempo de descanso erepouso dos mesmos, o que pode interferir no desenvolvimento neurocomportamental doISBN: 978-85-63901-04-0


RN. Em relação aos procedimentos realizados com o RN foram observados cuidados como:administração da dieta, administração de medicação, exame físico, higiene íntima,mudança de decúbito, pesagem do RN, rodízio do sensor de oximetria de pulso e troca defraldas. Tais procedimentos foram realizados em 100% dos recém‐nascidos estudados,tendo uma média de um a cinco manuseios ao RN por período, de acordo com oprocedimento e com a necessidade do RN. Porém, é importante ressaltar que a maiorfrequência ocorre no período diurno. Apenas a pesagem do RN, dentre os procedimentosacima, é realizada exclusivamente no período noturno, sendo rotina da unidade, levando oRN a apresentar alterações fisiológicas e comportamentais, visto que o excesso demanuseios pode interferir no ciclo circadiano para o desenvolvimentoneurocomportamental do RN. Conclusão: Conclui‐se, que foi possível identificar afrequência de manuseios durante os cuidados de rotina aos recém‐nascidos, com cerca de52 a 79 manuseios, aos recém‐nascidos internados na UTIN, já que se trata apenas deprocedimentos de rotina. Para tanto, acredita‐se que o seguimento de um protocolo demanuseio mínimo do recém‐nascido na UTIN poderá favorecer a prática da equipe desaúde, enfatizando o cuidado holístico e individualizado, mediante a sensibilização detodos para assegurar um cuidado amoroso aliado à tecnologia na busca da promoção dobem‐estar do RN e do profissional que dele cuida.Descritores: Recém‐Nascido. Equipe de Enfermagem. Unidades de Terapia IntensivaReferências1.Ferecini GM. Percepções de mães de prematuros acerca da vivência em um programaeducativo. Acta paul. enferm. 2009; 22(3):250‐56.2. Rugolo LMSS. Manual de neonatologia. 2. ed., Sociedade de Pediatria de São Paulo.Departamento de Neonatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Canadian. Prevention and management of pain and stress in the neonate. Pediatrics.2000;105(2).4. Sousa MWCR, Silva WCR, Araújo SAN. Quantificação das manipulações em recémnascidospré‐termo em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: uma proposta deelaboração de protocolo. Conscientiae Saúde. 2008; 7(2): 269‐274.5. Carvalho M. Influência do ambiente da UTI neonatal na assistência ao recém‐nascido derisco. XXXI Congresso Brasileiro de Pediatria. Fortaleza‐Ce. [acesso em 27 de janeiro de2010]. Disponível em: Acesso em 12/02/2010.6. Kenner C. Enfermagem Neonatal. 2ªed. Rio de Janeiro. Reichmann & Affonso; 2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE DENSIDADE URINÁRIA NO RECÉM‐NASCIDONA UNIDADE NEONATALMETHODS OF MEASURE TO URINARY DENSITY ON NEWBORNIN THE NEONATAL UNIT CAREMÉTODOS DE MEDICIÓN DE LA DENSIDAD URINARIA EN RECIÉN NACIDOSEN LA UNIDAD NEONATALGabriele Gama Teixeira LimaMaria Vera Lúcia Moreira Leitão CardosoRESUMOA densidade urinária (DU) é um parâmetro clássico para a avaliação da hidratação dorecém‐nascido (RN). Objetivou‐se comparar os resultados da DU por meio do método decoleta da urina através do algodão em contato com a genitália e do coletor urinário, tendocomo parâmetro avaliador a fita reativa e o refratômetro. Estudo descritivo, comparativorealizado numa unidade neonatal em Fortaleza‐Ce‐Brasil, em 2010. A amostra foicomposta por 61 RN, os resultados da DU foram registrados em um instrumentoespecífico. A maioria dos neonatos nasceram a termo (31/50,8%), sexo masculino(33/54%), peso ao nascer maior que 2500g (32/53,3%). Os dados comparativos da mediçãoda DU pelos métodos usando‐se o algodão e o coletor, assim como pela fita reagente epelo refratômetro não demonstraram diferença significativa (p>0,05). Conclui‐se que tantoo algodão como coletor para coleta de urina para DU pode ser utilizado na unidadeneonatal.Palavras chave: Recém‐nascido; Enfermagem neonatal; Avaliação; Coletores de urina.INTRODUÇÃOISBN: 978-85-63901-04-0


O grande número de recém‐nascidos (RN) em Unidade de InternaçãoNeonatal (UIN) é uma situação em constante crescimento, o que tem despertadocotidianamente os profissionais que tratam e cuidam destas crianças, cabendo a equipe deprofissionais a responsabilidade de conhecer as necessidades e as alterações na saúde paramaximizar a qualidade do cuidado e assistência prestadas.Devido à ocorrência dos diagnósticos como prematuridade, muito baixopeso ao nascer, anoxia perinatal, malformações, dentre outros, existe a predisposição dosRN a submissão de tratamentos especializados característicos das unidades de internaçãoneonatal o que exige cuidados mais complexos 1 . Contudo, a sobrevida desses RN temaumentado sobremaneira, o que torna um desafio para os profissionais que os assistem.Para tratar tais problemas é necessário que o RN permaneça na UIN e,dependendo da gravidade do caso, pode ser internado em unidades de baixo, médio oualto risco até que se restabeleça suas funções vitais, tornando‐o independente dasterapêuticas implementadas durante o processo de internação que pode prolongar‐se pormuitos dias ou meses. Para isso, a avaliação diária do tratamento implementado, além doacompanhamento dos exames laboratoriais, hemodinâmicos e de imagem são aspectosrelevantes e atuais para recuperação do RN.A partir de experiências vivenciadas como enfermeiras assistenciais,depara‐se constantemente com um número significativo de RN necessitando deterapêuticas invasivas ou não, bem como o conhecimento dos cuidados de enfermagemregistrados em anotações e livros que remontam dados que retratam a história daenfermagem neonatal como aspiração de secreção de vias aéreas, punção de veias eartérias, troca de fraldas, higienização corporal e genital, passagem de sonda orogástricapara aspiração de secreções estomacais ou infusão de dieta e coleta de exames, etc.Os exames podem ser invasivos ou não, são realizados de acordo com asolicitação médica, sendo necessário para tomadas de condutas, mediante as condiçõesclínicas do RN. De rotina, são solicitados exames laboratoriais de sangue como gasometriaISBN: 978-85-63901-04-0


arterial, hemograma completo, proteína C reativa, tipagem sanguínea, fator Rh, uréia,creatinina, eletrólitos, bilirrubina, glicemia, dentre outros. Os exames não invasivos comodensidade urinária (DU) são realizados diariamente em RN internados com o objetivo demonitorizar os índices de hidratação.A densidade urinária (DU) é um parâmetro clássico para a avaliação dahidratação do RN. Essa hidratação é avaliada e está relacionada com a administração dadieta, seja por via oral ou por sonda orogástrica e/ou infusão de soro ou nutriçãoparenteral. Se o neonato apresentar alteração como hiper‐hidratação ou desidratação,este poderá apresentar sobrecarga cardíaca devido ao excesso de volume, reabertura doshunt arteriovenoso no primeiro caso e má perfusão dos órgãos vitais, choquehipovolêmico e conseqüentemente, insuficiência renal e morte no segundo caso 2 .A Enfermagem, diariamente, realiza a medição da DU no RN de acordocom a prescrição médica. Durante os cuidados de enfermagem executados na realidadedas autoras na unidade onde se desenvolveu este estudo, após a higiene íntima, coloca‐seum coletor urinário ou um chumaço de algodão em contato com a genitália para coletar aurina e, posteriormente, realizar o exame da DU. Salienta‐se que o uso do algodão comométodo de coleta nesses casos é fruto da rotina assistencial, ainda não se configurandocomo um método estudado, nem na prática diária das enfermeiras na UIN nem empesquisas científicas. Porém, tem‐se observado no cotidiano da UIN que tem sido utilizadocom boa aceitação dos profissionais de enfermagem e médicos neonatologistas.O resultado desse método utilizado para a mensuração da DU pode seravaliado de duas maneiras: o gotejamento de uma gota de urina no aparelho refratômetroou em uma fita reativa que afere vários parâmetros urinários, como presença de glicose,nitrito, inclusive, a densidade. Essa fita pode apresentar nomes diversos, a depender dolaboratório que a fabrica. A densidade de urina depende da concentração osmolar, ou seja,do número de partículas dissolvidas, havendo normalmente estreita relação entre o pesoespecífico e a osmolaridade resultante da ingestão de alimentos e bebidas e da reabsorçãoISBN: 978-85-63901-04-0


da água e de substâncias dissolvidas 2 . A densidade ajuda a avaliar a função da filtração econcentração renais, bem como o estado de hidratação do corpo. Depende diretamente daproporção de solutos urinários presentes (cloreto, creatinina, glicose, fosfatos, proteínas,sódio, sulfatos, uréia, ácido úrico) e do volume de água. Normalmente varia entre 1.010 a1.020 3 .É necessário investigar se os métodos utilizados para coleta de urina paramensuração da densidade urinária são eficazes, aplicáveis na prática e que não interferemno real valor deste parâmetro. Com base em observações na prática da enfermagemneonatal percebe‐se muitas vezes, que o exame é realizado com pouca quantidade deurina o qual pode impossibilitar a extração de uma gota para mensuração da densidade,além de que às vezes o algodão pode se encontrar embebido em pomadas que previnemassaduras, ainda pode estar com presença de resíduos fecais.Acredita‐se que o presente estudo contribuirá para a elucidação se ométodo de coleta da urina através do algodão umedecido ou do coletor urinário pararealização da DU em recém‐nascidos apresenta algum tipo de diferença nos resultados dadensidade. Por isso, é importante pesquisar esse tema para que a enfermagem realize amedição da DU com conhecimento pautado no método científico, sendo assim, umacontribuição concreta para a prática do cuidado ao RN.Nesse contexto, as questões da pesquisa incluem: será que o método dautilização do algodão para coleta de urina e realização da DU em recém‐nascidos é práticoe eficaz quando ao resultado da DU? Será que existe diferença no valor da DU quando seutiliza o método do uso de algodão e o uso da urina obtida pelo coletor urinário? Será queexiste diferença no valor da DU quando se utiliza o método do uso de algodão e o uso daurina obtida pelo coletor urinário por meio da fita reativa e do refratômetro?Portanto, os objetivou‐se avaliar o método de coleta da urina através doalgodão em contato com a genitália e coletor urinário para realização da densidadeurinária em recém‐nascidos através da fita reativa e do refratômetro; comparar osISBN: 978-85-63901-04-0


esultados da DU por meio do método de coleta da urina através do algodão em contatocom a genitália e do coletor urinário, tendo como parâmetro avaliador a fita reativa e orefratômetro.MATERIAIS E MÉTODOSTipo de pesquisaTratou‐se de um comparativo, descritivo com análise quantitativa dosdados coletados. Estudos quantitativos descritivos consistem em investigações de pesquisaempírica cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das características de fatosou fenômenos, a avaliação de programas, ou o isolamento de variáveis principais ou chave.No presente estudo, se insere o fenômeno investigado que são os métodos de medição daDU em recém‐nascidos, explorando‐se aspectos que envolvem as variáveis do tipo demétodo de coleta de urina, instrumento de análise da DU, ou seja, a fita reativa e/ou orefratômetro e, variáveis dos RNs.Local do estudoFoi realizado na unidade de internação neonatal de médio e baixo risco deuma maternidade escola, pública, da rede federal, localizada em Fortaleza‐Ce. Classificadacomo hospital de nível terciário e considerado um centro de referência com grandepotencial de atendimento, em especial, aos neonatos. Compõe‐se de duas unidades de altorisco (UAR) e duas, de médio risco (UMR), com 22 e 30 leitos, respectivamente.População e amostraA população de estudo compreende a totalidade de indivíduos quepossuem as mesmas características, definidas para um determinado estudo 4 . A populaçãofoi constituída pelos RNs internados nas unidades de médio e baixo risco independente daISBN: 978-85-63901-04-0


idade gestacional e peso ao nascer. A amostra foi por conveniência consecutiva ecomposta pelos RNs internados nas referidas unidades no mês de abril e maio de 2010.Como as unidades de médio risco são compostas por 30 leitos em seu total, estimou‐seque em torno de 90% dos RN internados necessitam, em algum momento da realização daDU, o que redundou numa amostra de 61 RN.Coleta de dadosA coleta de dados foi realizada em Abril e Maio de 2010, logo após, aaprovação pelo Comitê de Ética da instituição, em turnos variados (manhã, tarde ou noite)de acordo com a disponibilidade de horário das autoras.Os materiais utilizados na coleta foram: algodão, pedaço de plástico quefuncionou como protetor do algodão no momento em que era colocado em contato com agenitália do RN; coletor urinário infantil sem retirada do adesivo visando diminuir o riscopara lesão na pele; fita reativa, a qual é a adotada pela instituição, refratômetro; ampolade água destilada para calibração do refratômetro.Em cada recém‐nascido foi utilizada uma coleta da urina num mesmomomento através do algodão e outra através do coletor urinário, sendo cada urinaanalisada pela fita reativa e pelo refratômetro em cada método. Respeitou‐se o mesmoturno para realização dos dois métodos em cada RN, com intervalo de tempo o menorpossível para a coleta, para que se evitasse algum viés na pesquisa no que concerne apossibilidades de alteração na clínica e no estado de hidratação do RN, o que poderia levara resultados de DU muito diferentes.Ressalta‐se que se respeitou os horários de manuseio de rotina da UIN paracada RN, primando pelo cuidado humanizado e respeito aos períodos de descanso domesmo. Trabalhos científicos apontam as influências do ambiente de UIN na saúde dacriança, assim como suas reações, respostas comportamentais e fisiológicas ao ser cuidadopela equipe de enfermagem 5‐7 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Para registro dos dados foi utilizado um formulário composto de duaspartes, sendo a primeira composta por variáveis que mostraram o perfil do RN estudado:data do nascimento, sexo, peso ao nascer, condições de nascimento (idade gestacional,tipo de gestação, tipo de parto), peso no dia da realização da DU, além das modalidades detratamento (fototerapia, oxigenoterapia, tipo de dieta, hidratação venosa,antibioticoterapia). A segunda parte contemplou o registro do método de medição da DU,data, método utilizado (algodão ou coletor urinário), hora, valor da DU identificado na fitareativa e no refratômetro de cada método.Análise de DadosOs dados foram organizados no programa EXCELL e analisados peloSoftware PASW Predictive Statistics Software for Windows versão 18. Foram apresentadosem tabelas. Foi utilizada a estatística descritiva para análise dos dados, medidas detendência (média, mediana e desvio padrão), e o teste de Mann‐Whitney para comparar osresultados da DU nos grupos da fita reativa e refratômetro. Considerou‐se um intervalo deconfiança de 95%.Visando a organização dos dados para comparação entre os métodos decoleta da urina e resultado da DU, denominou‐se de Grupo 1 – Coletor/Fita reativa xAlgodão/Fita reativa; Grupo 2 – Coletor/Refratômetro x Algodão/Refratômetro algodão;Grupo 3 – Algodão/Fita reativa x Algodão/Refratômetro; Grupo 4 – Coletor/ Fita reativa xColetor/Refratômetro, como visualizado na tabela 3.Aspectos éticosO projeto foi encaminhado para apreciação e aprovação pelo Comitê deÉtica em Pesquisa com seres humanos da referida instituição onde se realizou o estudo, ematenção aos preceitos de Resolução Nº 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde e foiISBN: 978-85-63901-04-0


aprovado em 10/03/2010, protocolo nº 014/10. Os pais/responsáveis pela criançaassinaram um termo de consentimento autorizando a participação da mesma no estudo.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOSO procedimento para realização de densidade urinária é simples e nãoinvasivo, sendo possível obtê‐lo por meio da coleta de urina através do algodão ou atravésdo coletor urinário, entretanto é digna de algumas precauções, tanto na técnica como nainterpretação dos resultados. Dentre os quais se aponta que o algodão e/ou coletorurinário não deve conter fezes ou pomadas usadas no RN, haja vista poderem estasalterarem o real valor da densidade urinária. Em situações de contaminação desta coletadeve‐se proceder com higienização prévia para, a seguir, realizar‐se novo exame, devendoser este analisado imediatamente após coleta.Em relação às vantagens desses métodos de coleta, menciona‐se o uso doalgodão como mais barato, não irritante para a pele do RN, ter facilidade para coletar aurina, maior praticidade para colocar no RN por seu tamanho e quantidade necessáriospara coleta, ser pequeno, cobrindo somente a genitália do RN; o material plástico queenvolve o algodão ser reutilizado e adaptado das embalagens de seringas, tendo‐se ocuidado de checar sua condição de limpeza. Em relação ao coletor urinário, sua vantagemé poder observar as características da urina como volume, aspecto e cor, o que não épossível com o algodão.Com relação às desvantagens dos métodos de coleta apontam‐se as do usodo plástico com o algodão de forma incorreta, uma vez que se não cortadoadequadamente, mantendo‐se as pontas arredondadas sem cortes pontiagudos, osmesmos podem ocasionar irritação ou até mesmo lesões na região da virilha e adjacências.Com o uso do coletor, sabe‐se que o custo é mais elevado; o adesivo em contato diretocom a pele do RN pode também ser um fator irritante ou mesmo feri‐la e o tamanho dosaco coletor que não entra em contato apenas com a genitália do RN, mas também comISBN: 978-85-63901-04-0


outras partes adjacentes. Ambos, coletor e algodão, se não colocados adequadamente, demaneira que a fralda permaneça firme e bem adaptada ao RN, pode ocorrer deslocamentoe permitir que a urina vaze ou misture‐se com as fezes, inutilizando a coleta.No momento da realização da densidade urinária ao utilizar o método deanálise da fita reativa, deve‐se levar em consideração que o resultado adquirido dependemuito do observador, uma vez que para distinguir a cor do resultado da fita e compararcom as cores dos resultados inscritos no frasco exige maior precisão em sua distinção. Naverdade, essa observação apresenta certa subjetividade, devido às cores poderem seapresentar de forma duvidosa tendenciando entre duas nuances, dependendo unicamenteda visão do avaliador. Observa‐se que, em algumas vezes, o resultando encontra‐se numintervalo de valores, mas tendencia para um determinado valor. Quem decidirá é oavaliador, no caso, enfermeiro ou outro membro da equipe de Enfermagem.Caracterização dos Recém‐nascidosA Tabela 1 mostra as características de base dos RNs ao nascer, os dados dainternação e do momento da coleta dos dados, como peso no momento da medição daDU, uso de oxigenoterapia, fototerapia e antibioticoterapia.Quanto à prematuridade, os RNs classificam‐se da seguinte maneira: prétermosextremos (IG < 30 semanas), moderados (IG entre 31 e 34 semanas) e limítrofes (IGentre 35 e 36 semanas) 8 . Em relação ao peso, os RNs classificam‐se da seguinte forma: osneonatos que pesam menos de 1000g são considerados de extremo baixo peso ao nascer,os de 1000‐ 1499g são os bebês de muito baixo peso, os de 1500‐ 2499g classificam‐secomo baixo peso e os que pesam maior ou igual a 2500g são aqueles que se encontram nafaixa de normalidade (9) .INSERIR TABELA 1ISBN: 978-85-63901-04-0


Os dados da tabela 1 representam a caracterização do perfil dos RNs querealizaram DU em uma unidade de médio risco em que se observou a participação de 33do sexo masculino e 28 do sexo feminino. Em relação ao tipo de parto, 30 nasceram departo cesáreo (49,1%), 28 de parto vaginal e 3 (4,91%) por fórceps. O capurro maisfreqüente foi de 37 a 42 semanas referentes aos classificados como a termo, quantificandoum total de 31 (50,8%) bebês, seguidos dos de 31‐34 semanas (os pré‐termos moderados),com um total de 19 (31,1%) bebês. Os RNs de 35‐36 semanas corresponderam a dez(16,3%), que foram classificados como pré‐termos limítrofes; aqueles iguais ou acima de42 semanas representaram a menor porcentagem, com um (1,6%) bebê classificado comopós‐ termo.Capurro é considerada uma maneira sistemática de calcular a IG,acrescentando que, nesta avaliação, considera‐se tanto o RN vigoroso, sem problemas(avaliação somatoneurológica), como o deprimido e/ou portador de problemasneurológicos (avaliação somática) 10 . Nos dois tipos de avaliação, as notas são maiselevadas em função da maturidade apresentada.Quanto ao peso dos bebês estudados, 32 (53,3%) pesaram acima de 2500g,que são os RNs classificados com peso dentro da faixa de normalidade, 23 (38,3%)obtiveram peso entre 1500‐2499g classificados como baixo peso e cinco (8,3%) alcançarampeso entre 1000‐1499g, considerados de muito baixo peso.O estudo da classificação do peso de nascimento em uma determinadapopulação auxilia na implantação de ações que possam promover condições ideais decrescimento fetal, contribuindo para o desenvolvimento global do indivíduo 11 .Com relação ao peso dos bebês no momento da medição da DU observa‐seque os mesmos 32 (53,3%) bebês continuaram com peso acima de 2500g (dentro da faixade normalidade), 27 (45%) apresentaram peso entre 1500‐2499g (baixo peso), contudo,esta faixa aumentou, o que nos leva a relacionar ao ganho de peso de quatro RN que seISBN: 978-85-63901-04-0


encontravam com muito baixo peso e somente um RN continuando na faixa semelhante aobaixo peso ao nascer.O tipo de parto é outro fator importante quando se refere à população deRNs admitida em uma UIN, visto que as pesquisas se voltam para esta variável comoindicador de cobertura da população brasileira e, consequentemente, tornou‐se um fatorpredominante para as condições de nascimento do neonato. É fato que, a proporção departos cesárea, segundos as regiões do Brasil, no período de 2006, em ordem decrescente,foi de 53,3% na região Sudeste, 51,4% no Sul, 50,9% no Centro‐Oeste, 36,4% no Norte e35,6% no Nordeste 12 .No que se refere à IG e ao peso, os profissionais da área da Neonatologiadevem estar cientes de que os neonatos, principalmente os prematuros e de baixo peso,possuem restrições relacionadas à sua capacidade de regular a temperatura corporal, fatorque, os tendencia a fazer uma hipo ou hipertermia, dependendo das condições fisiológicase ambientais. A conseqüência disso é um maior consumo de O 2, fazendo com que os RNpiorem seu estado clínico respiratório. Corroborando com este ponto de vista, algunsautores asseguram ser o ambiente térmico neutro um cuidado ideal para esta clientela eque os procedimentos não vitais podem ser protelados até que a respiração e atemperatura, considerados elementos críticos para sobrevivência dos prematuros,adquiram estabilidade 13 .Ainda de acordo com a tabela 1 pode‐se observar que dos RN pesquisados,45 (73,7%) utilizaram fototerapia, sendo 13 (21,3 %) por bilispot e 04 (6,5 %) por biliberçoou fototerapia reflexiva.O perfil descrito ressalva o grau de vulnerabilidade dos RN analisados,desde o ponto de vista do tipo de parto às características de base dos RNs ao nascer edurante a coleta de dados, que são determinados pela combinação de componentesestruturais de uma sociedade, onde se destacam o acesso à utilização dos serviços e osaspectos que compõe o próprio aparato tecnológico presente na UIN. Por exemplo, cita‐seISBN: 978-85-63901-04-0


em algumas pesquisas, o fato de que a maioria dos nascimentos pré‐termos deve‐se àgrande probabilidade de haver um número de consultas de pré‐natal inadequadas 14 .Em função do contínuo avanço tecnológico e das novas terapêuticas naárea de neonatologia, faz‐se necessário efetuar novas buscas que subsidiem informaçõespara o planejamento de ações que possam descobrir as causas do nascimento de RNs prétermoe como prevenir o nascimento de um neonato antes do momento ideal 15 .Quanto ao uso de antibioticoterapia, 25 (40,9%) dos recém‐nascidosfizeram uso de antibiótico e 35 (57,3%) não necessitaram dessa terapêutica. O risco deinfecção é inversamente proporcional à idade gestacional (IG) e ao peso de nascimento. Asrazões para a alta incidência de sepse incluem imaturidade do sistema imune,hospitalização prolongada e o uso de procedimentos invasivos, como ventilação e acessovenoso, para suporte do paciente na unidade de terapia intensiva (UTI) 16 .Identificou‐se quanto à necessidade de hidratação venosa, 17 (27,8%)recém‐nascidos utilizaram hidratação venosa e 42 (68,8%) não necessitaram. A hidrataçãoe a nutrição são vitais para o desenvolvimento e a manutenção do sistema imunológico. AAmerican Academy of Pediatrics recomenda que a alimentação inicial nunca seja retardadamais do que 6 horas após o nascimento 17 .Para manter um débito e hidratação adequados deve‐se avaliar a ingestãode líquidos frequentemente e compará‐la com o débito urinário. O recém‐nascido a termorequer uma ingestão de líquidos de 140 a 160 ml/kg/dia para manter a hidratação. Essanecessidade aumenta com doenças, nascimento prematuro e evaporação excessiva ouperda de líquidos por radiação. Um recém‐nascido prematuro pode ser mantido com umahidratação menor mesmo que as perdas de líquidos estejam aumentadas devido a maioresperdas insensíveis de água, uma vez que este líquido a mais pode gerar sobrecarga sobreos sistemas renal e cardíaco imaturos. Esse recém‐nascido pode ser mantido com 80 a 120ml/kg/dia de líquidos enquanto se observam sinais de desidratação. O débito urinário deveser de 1 a 2 ml/kg/hora. Nas primeiras 24 horas após o nascimento, o recém‐nascido podeISBN: 978-85-63901-04-0


urinar apenas uma ou duas vezes, embora o débito dessas duas micções exceda o débitode micções posteriores 17 .INSERIR TABELA 2Analisando a tabela 2 com caracterização da idade gestacional e variáveis de pesodos recém‐nascidos que realizaram DU, a média da IG foi de 36,77±2,8 semanas, apresentandouma IG mínima de 31,2 semanas e máxima de 42,5 semanas. Com relação ao peso ao nascer amédia foi de 2655,9± 832,6 gramas, com peso mínimo de 1030 gramas e máximo de 4835 gramas,mediana de 2544 gramas. A média do peso do recém‐nascido no momento da coleta foi de 2680,6±7467gramas, com peso mínimo de 1450 gramas e máximo de 4755 gramas.O peso de nascimento tem sido utilizado como um índice razoável para aferir orisco a que se encontra exposto o recém‐nascido. Entretanto a experiência clínica temdemonstrado que muitas crianças de baixo peso têm evolução satisfatória e outras de maior pesopodem apresentar problemas de adaptação à vida extra‐uterina. Assim, a avaliação da vitalidadedo recém‐nascido deve considerar o peso de nascimento e a idade gestacional, a fim de que sepossa fazer um prognóstico imediato ou tardio relativos à sua sobrevivência 18 . Porém, ressalta‐seque os RNs de baixo peso ao nascimento e os prematuros possuem uma diminuição de reservas deenergia e aumento das necessidades metabólicas, comparadas com aquelas nascidas a termo ecom peso dentro da média 19 .Qualquer condição que interfira no ganho normal de água e eletrólitos ou que gereperda excessiva dos mesmos produzirá uma perda mais rápida das reservas de água e eletrólitosno RN do que em um adulto. Doenças, aumento da atividade muscular, alteração térmica,anomalias congênitas e síndrome da angústia respiratória, também influem na demandametabólica 20 . A equipe de enfermagem necessita estar atenta a essas mudanças, visto que sãofatores que podem interferir na hidratação do RN e consequentemente, na densidade urinária.ISBN: 978-85-63901-04-0


INSERIR TABELA 3Na tabela 3 observa‐se que a média do grupo 1 (Coletor/Fita reativa xAlgodão/Fita reativa) foi de 1007,83± 3,981 com valores mínimo de 1000 e máximo de1020, onde a mediana foi de 1005. O grupo 2 (Coletor/Refratômetro x Algodão/Refratômetro) apresentou média de 1007,93±4,172 com valores mínimos de 1000 emáximo de 1024, sendo 1008 a mediana. O grupo 3 (Algodão/fita reativa xalgodão/refratômetro) mostrou média de 1008,48±4,102 com valores mínimos e máximode 1000 e 1022 respectivamente. O grupo 4 (Coletor/Fita reativa x Coletor/Refratômetro) amédia de 1007,27±3,961, valores mínimos de 1000 e máximo de 1024.O teste não‐paramétrico de Mann‐Whitney não indicou diferençasignificativa entre os grupos em nenhuma variável da Tabela 3. Os resultados mostram queos valores da DU averiguados pelos dois métodos de coleta e pelos dois métodos deanálise, em sua maioria, não apresentaram valores que comprometessem a avaliaçãoclínica do RN. Inclusive existe semelhança nos resultados exibidos. Com isso, infere‐se queos métodos estudados são aplicáveis na prática do cuidado de enfermagem.Ressalta‐se que a urina, inicialmente pode ser turva e de cor amarela(devido a presença de proteína urinária, sangue e muco); a densidade deve medir de 1.005a 1.015. Em um recém‐nascido do sexo feminino, a presença do sangue na urina poderepresentar a pseudomenstruação; no recém‐nascido do sexo masculino circundado, osangue se origina no local cirúrgico 17 .Após as primeiras 24 horas, a urina deve ser clara e de cor amarela. Adensidade específica abaixo de 1.005 pode indicar uma perda excessiva de fluido, a não serque o recém‐nascido tenha estado edematoso e esteja eliminando excesso de líquido. Umadensidade acima de 1.025 pode indicar retenção de fluido, a não ser que o recém‐nascidotenha estado desidratado (e, nesse caso, ela representa uma tentativa de restaurar oequilíbrio hídrico) 17 . Com base nisto e nos dados exibidos, a grande maioria dos RNISBN: 978-85-63901-04-0


estudados, apresentaram DU dentro dos parâmetros de normalidade, não exibiram urinacom aspecto sanguinolento, turvo ou com outra alteração aparente. Isso foi mais factívelde se identificar, através da coleta realizada por meio do coletor, sendo uma de suasvantagens, a avaliação a “olho nu” do volume, aspecto, cor e odor da urina.CONCLUSÕESA partir dos resultados obtidos com 61 RN, os quais em sua maioria eramdo sexo masculino, a termo, peso ao nascer maior que 2500g, concluiu‐se que para arealização da densidade urinária através da utilização do algodão em contato com agenitália e do coletor urinário não houve diferença significativa nos resultados da DU. Alémdisso, também não houve diferença significativa entre os resultados utilizando‐se a fitareativa e o refratômetro.Esses dados mostram que a equipe de enfermagem pode optar porqualquer um dos métodos, visto que, o método de coleta através do algodão já é utilizadocotidianamente, pelo menos na realidade das autoras, inclusive incorporado na rotina devárias unidades neonatais. A utilização do algodão mostrou ser uma opção barata eprática, porém, deve‐se atentar para que realmente esteja embebido de urina, não conterfezes ou outro material (sangue). Além disso, deve ser bem fixado à genitália da criança.Advoga‐se de que o estudo contribui sobremaneira para a ciência daenfermagem e para a saúde do RN, na medida em que analisa práticas de verificação da DUem recém‐nascidos internados de forma rigorosa, utilizando‐se do método científico.Confirma‐se que a verificação da DU que é uma rotina nas UIN, deve ser realizada por umadas duas formas estudadas, a depender das rotinas institucionais que compõe cadaunidade. Como foi realizado em uma cidade específica do nordeste brasileiro, o quepoderia se considerada uma limitação do estudo, sugere‐se que a metodologia sejareplicada em outras realidades brasileiras.ISBN: 978-85-63901-04-0


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12. Rede Interagencial de Informação para a Saúde (Ripsa). Indicadores básicos para asaúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2008. 2ª ed. Brasília: Organização Pan‐Americanada Saúde; 2008.13. Betancourt‐Fuentes CE, Vásquerz‐Mendoza MG, Bañuelas‐Romero IE, Fernandez‐OlivasMM, Gonzalez‐Segura ME, Rodriguez‐Gonzalez NA. Uma maneira eficaz de mejorar latermorregulación del recién‐nascido prematuro: el polietileno. Rev Enferm Inst Mex SeguroSoc. 2007; 15(3):135‐40.14. Coimbra LC, Silva AM, Mochel EG, Alves MTSSB, Ribeiro VS, Aragão VMF et al. Fatoresassociados à inadequação do uso da assistência pré‐nata. Rev. Saúde Pública, 2003;37(4):456‐62.15. Holanda ACOS, Silva MGC. Assistência pré‐natal e as características das mães e dosrecém‐nascidos egressos da unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Pediatr. 2005;6(1):20‐6.16. Bertini AM, Taborba W, Barros RA, Martins M. Infecções e prematuridade. Femina.2000; 2(7):377‐9.17. Kenner C. Enfermagem neonatal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso; 2001.18. Marcondes E. Pediatria básica. 8ª ed. São Paulo: Sarvier; 2000.19. Phillips LD. Manual de terapia intravenosa. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2001.20. Rugolo LMSS. Manual de neonatologia. 2ª ed. São Paulo: Revinter; 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


NEONATOS COM POTENCIALIDADES PARA APRESENTAR NECESSIDADES ESPECIAIS DESAÚDE EM UMA MATERNIDADE MUNICIPAL DE BAIXA COMPLEXIDADE DO SUS –PERÍODO 2001‐2007Angélica Corte Parreira 239Elisa da Conceição Rodrigues 240Ivone Evangelista Cabral 241O índice de mortalidade infantil vem diminuindo ao longo dos anos, entre as nações cujapopulação vive em melhores condições e tem acesso aos avanços tecnológicos. O Brasil,como parte deste contexto, ampliou a oferta de leitos intensivos neonatais, entre outrasmedidas, possibilitando maior sobrevivência de neonatos que outrora morriamprecocemente. No cenário da Unidade de Terapia Intensiva (UTIn), os neonatos de riscosão submetidos a tratamento farmacológico e procedimentos invasivos para investigaçãodiagnóstica e tratamento, além de receber cuidados especializados de uma equipe deenfermagem capacitada, entre outros profissionais. Se por um lado, os resultados dessaintervenção aumentaram a sobrevivência dos neonatos de risco, por outro gerou um novogrupo infantil, denominado na literatura cientifica de “herdeiros da tecnologia”¹.239Angélica Corte Parreira – Acadêmica do 5º período, bolsista de iniciação científica da Escola deEnfermagem Anna Nery/ UFRJ, membro do grupo de pesquisa CRIANES; E‐mail:angelica.corte@yahoo.com.br240Elisa da Conceição Rodrigues ‐ professora adjunto do departamento de enfermagem maternoinfantilda Escola de Enfermagem Anna Nery/ UFRJ, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa deEnfermagem em Saúde da Criança241Ivone Evangelista Cabral ‐ Professora Associada do Departamento de Enfermagem Materno Infantil.EEAN/UFRJ. Pesquisadora do CNPq. Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde daCriança e Líder do grupo de pesquisa CRIANESISBN: 978-85-63901-04-0


Consequentemente, o cuidado aos neonatos que recebem alta da terapia intensiva exigemaior vigilância do crescimento e desenvolvimento, acompanhamento e monitoramentopor profissionais capacitados e adequação dos serviços de saúde para o atendimento àsnecessidades de saúde especiais por eles apresentados². Essas características dos neonatosos situam no conjunto das crianças com necessidades especiais de saúde (CRIANES)³, cujainvisibilidade é dominante no conjunto dos neonatos que são internados na UTIN. Qual é aincidência de neonatos de uma UTIN, de uma Maternidade do Sistema Único de Saúde(SUS), no período de 2001 a 2007, com potencialidades para desenvolver necessidadeespecial de saúde, no município do Rio de Janeiro? Essa pergunta norteadora justifica oestudo pela escassez de literatura que aponta, entre os sobreviventes da terapêuticaintensiva, aqueles com potencialidades para desenvolver necessidade especial de saúde,bem como a necessidade de a família conhecer as reais demandas do neonato de risco,quando do retorno ao domicilio após a alta hospitalar, para que possa continuar com oscuidados em casa. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa daPrefeitura do Rio de Janeiro, protocolo número 202/09 e tem como objetivo determinar aincidência de neonatos admitidos na UTIN com potencialidades para desenvolvernecessidades especiais de saúde. A fonte de dados foi o livro de registro de admissão daUTIn de uma maternidade de baixa complexidade do SUS no Rio de Janeiro, considerandoo número de dias em que o neonato permaneceu internado na unidade e o quantitativo dereinternações uma vez ou mais. Adotou‐se a metodologia da amostra não probabilísticaintencional para a determinação da incidência de neonatos com necessidade especial desaúde, de acordo com as seguintes etapas. Primeiro, a delimitação do Universo dapesquisa. Para tanto, foram contabilizados os neonatal admitidos na UTIn no período de2001 a 2007, que sobreviveram, somados aos que evoluíram a óbito, aos que foramtransferidos de instituição e que retornaram para prosseguir com os cuidados intensivos, eainda aqueles que não retornaram. Segundo, a definição da População Alvo do estudo.Esse estrato populacional consistiu daqueles que não evoluíram a óbito (sobreviventes) eISBN: 978-85-63901-04-0


os que retornaram de uma transferência. Terceiro, a determinação da Amostragem, combase nos critérios de inclusão na pesquisa: idade entre 0 e 28 dias , tempo de internação desete dias ou mais, reinternação no período neonatal. Os resultados apontaram o Universode 1206 neonatos internados, onde 23% evoluíram a óbito; 77% sobreviveram. Apopulação alvo foi delimitada em 895, e a amostragem consistiu de 341, sendo que 318permaneceram 7 dias ou mais internados, e 38 se reinternaram pelas mais variadas causas.O número de neonatos internados por sete dias ou mais (35,5%) é relevante, poisprovavelmente receberão um maior número de diagnósticos médicos, o que tem comoconseqüência intervenções terapêuticas que os levará a um tempo de internação maior, oque acarretará em dezenas de procedimentos dolorosos em um período crítico deorganização estrutural e funcional do sistema nervoso central, onde a dor prolongada,persistente ou repetida induz mudanças fisiológicas e hormonais 4 , podendo levar aodesenvolvimento de seqüelas futuras, resultado desse período. E por fim, aquelas queforam reinternadas (11,1%) mostram que a continuidade do tratamento fora da UTIn podenão ter sido eficiente, sendo um dos motivos, a família não ter incorporado saberescientíficos para o cuidado da criança. Portanto, a partir da população alvo de neonatosinternados na UTIn, 38,1% das crianças têm alto potencial de desenvolver necessidadesespeciais de saúde em sua vida. Isso demonstra a importância de estudos de enfermagema respeito dos procedimentos sofridos pelo recém nascido que acarretam no futuro aapresentação de necessidades especiais de saúde, e como minimizar esses números.Descritores: recém‐nascidos, Unidade de Terapia Intensiva, EnfermagemReferências1 ‐ CABRAL, I. E. Aliança de saberes no cuidado e estimulação da criança bebê: concepçõesde estudantes e mães no espaço acadêmico de enfermagem. Orientador: Dr. Jacques HenriMaurice Gauthier. Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 210p. , 1997.Tese. (Doutorado emEnfermagem) – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro,1997.ISBN: 978-85-63901-04-0


2 ‐ Neves ET, Cabral IE. Cuidar de crianças com necessidades especiais de saúde: desafiospara as famílias e enfermagem pediátrica. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):527‐38.Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a09.htm.3 ‐ Cabral IE. Aliança de saberes no cuidado e estimulação da criança‐bebê: concepções deestudantes e mães no espaço acadêmico de enfermagem. Rio de Janeiro: Editora da Escolade Enfermagem Anna Nery; 1999. 298 p.4 ‐ GUINSBURG, Ruth. Dor no recém‐nascido. In: Manual de neonatologia. Rugolo Lígia. SãoPaulo: Revinter, 2000. p. 63‐69.ISBN: 978-85-63901-04-0


NOVAS TECNOLOGIAS DE CUIDADO DE ENFERMAGEM: O BANHO HUMANIZADO DORECÉM‐NASCIDO NO ALOJAMENTO CONJUNTO.Adriana Loureiro da Cunha 242Carla Kristiane Rocha Teixeira da Silva 243Marialda Moreira Christoffel 244Durante a admissão do recém‐nascido no alojamento conjunto até a alta hospitalar aenfermeira realiza cuidados com o recém‐nascido e sua família, sendo uma das suasatribuições a educação no qual orienta os cuidados básicos ao RN nos primeiros dias devida, tais como: banho, higiene, amamentação entre outros. Uma das maiores dificuldadesque mães e pais enfrentam nos primeiros dias de vida do RN é o banho. São milhares dedúvidas do tipo: que sabonete utilizar? Qual a temperatura ideal da água? De que maneiracuidar do umbigo que ainda não caiu? E, outras mais. Essa insegurança dos pais é comum.Além de ser uma experiência totalmente nova para mães/pais, entra o medo de lidar comum Rn numa situação que exige certas habilidades. O banho deve ser dado apósestabilização dos sinais vitais. No alojamento conjunto a equipe de enfermagem deveenvolver os pais durante este cuidado, fortalecendo assim os laços afetivos de ambos.242Enfermeira, Psicóloga, Professora Substituta do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil daEscola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do NUPESC. E‐mail: adrianaloureiro@ig.com.br.243Enfermeira obstetra.Professora Substituta do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil daEscola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do NUPESC. E‐mail: carlakrocha@hotmail.com244Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantilda Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora NUPESC.E‐mail:marialdanit@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


Deve‐se aproveitar o momento também para ensinar, orientar a puérpera quanto ao seuautocuidado e a realizar os cuidados com o Rn e ajudá‐los a reconhecer as característicasindividuais de seus filhos, para qualquer evento de anormalidade comunicar a equipe desaúde. A higiene corporal está intimamente ligada à pele do recém nascido. A pele é umsistema orgânico essencial à vida. Ela forma uma barreira protetora entre os órgãosinternos e o ambiente externo, além de participar de muitas funções corporais vitais.Dentre elas a capacidade de sensação à pressão profunda, ao tato, à dor, e à temperatura.A pele participa também do equilíbrio hídrico, da regulação da temperatura corporal, daprodução de vitamina D e da resposta imune, sendo assim indispensável à vida humana. Apele do recém‐nascido ainda está sujeita a sofrer lesões, que conduzem muitas vezes àperda de água e calor, contribuindo para o desequilíbrio hidroeletrolítico e térmico, econseqüentemente para o risco de infecções. Nesse sentido, os cuidados à pele do recémnascidosão de extrema importância e englobam cuidados com o banho. O presente estudotem como objetivo relatar a experiência de um grupo de enfermeiras que atuam em umalojamento conjunto de um Hospital localizado no município de Duque de Caxias, no Rio deJaneiro. Ao assumir a coordenação do alojamento conjunto, observamos que o banho dorecém‐nascido era realizado sem uma rotina e de uma forma muito mecânica. Com isso, foiproposto o banho humanizado com o objetivo de minimizar o estresse causado ao Rn naocasião do nascimento; promover o vínculo mãe‐pai‐bebê e família; contribuir para ahumanização na assistência de enfermagem; garantir que todas as mães saiam damaternidade orientadas e com prática quanto aos cuidados de higiene do seu filho recémnascido.Dessa forma, apresentamos um novo olhar para o cuidado do Rn no momento dobanho. O cenário acontece nas dependências de uma área física toda reformada designadasala de banho, local idealizado para garantir o silêncio, a intimidade, e o acolhimentonecessários nos primeiros dias do pós‐parto. Sabemos que é uma mudança tão extremapara o rn, que se pudesse, ele escolheria voltar para o útero de sua mãe. No banhohumanizado, o recém‐nascido é envolvido numa toalha macia apenas com uma fralda,ISBN: 978-85-63901-04-0


assim lava‐se primeiramente a face e a cabeça. Em seguida, voltamos com ele para oberço, enxugamos a cabeça e face, e retiramos sua fralda, voltamos a enrolar o bebê, ecolocá‐lo na água, tocando apenas com seus pés, bem suavemente, para que ele não seassuste, e somente então o imergimos na água totalmente e retiramos lentamente atoalha. Podemos perceber neste momento, que o bebê consegue relaxar e por vezesdormir, além de desmistificarmos para a mãe que o banho é um dos cuidados mais difíceisneste início da vida do Rn. Também realizamos o banho terapêutico de “ôfuro’’, no qual obebê é submergido em um balde, com o objetivo de simular o ambiente intra‐uterino,promovendo nos recém natos relaxamento e conforto para aqueles que apresentam umaclara insatisfação em adaptar‐se ao meio extra uterino, apresentando‐se irritadiços e comchoro forte ou muito sonolentos e com dificuldade em mamar ao seio. Procuramos comisso seguir as normas da Política <strong>Nacional</strong> de atenção obstétrica e neonatal, preconizadapelo Ministério da Saúde, onde a humanização do atendimento ao binômio mãe‐bebê écondição sine qua nom para garantir a qualidade na assistência. Segundo MONTICELLI,1997: “ O primeiro banho, a lavagem da cabeça, e outras práticas desenvolvidas, ao mesmotempo que tem finalidades higiênicas, também comporta ritos de purificação que incluemna categoria dos ritos que separam a criança, seja do mundo anterior ou da propria mãe”.Com isso, percebemos uma necessidade de propor ao neonato, uma certa familiaridadecom sua vida anterior ao parto , proporcionando ao mesmo conforto, alívio de dorescausadas pela dinâmica do parto ou até mesmo relacionadas a manipulações ouprocedimentos tais como punçao venosa, punção lombar, etc. Nossa proposta é que obanho seja mais terapêutico do que simplesmente realizar uma higiene do recém nascido.De acordo com FIGUEIREDO, 2003: “ o banho é um cuidado dado normalmente ao recemnascido,sem necessidade de banhar imediatamente o neonato após o nascimento, salvoos bebes de mãe HIV (+) ou os que nasceram banhados em mecônio”. Nesse momento éinteressante promover a interação mãe‐filho, estimulando a aproximação pele a pele, alémde permitir e estimular a amamentação e os cuidados. O banho também pode significarISBN: 978-85-63901-04-0


para a equipe de enfermagem uma oportunidade para: observar o comportamento doneonato tais como: a irritabilidade, atividade muscular, traumas mecânicos e reduzir ahipotermia. No alojamento conjunto, a enfermagem deve estimular os pais a promovereste cuidado, fortalecendo os laços afetivos de ambos. Acreditamos que quando estafamília sente‐se empoderada a conduzir de forma segura os cuidados com seu bebê, ovinculo entre estes é fortalecido não sendo necessária a delegação destes cuidados aterceiros. É observado nestes pares um sentimento de orgulho e satisfação o que cremosque trará repercussão positiva no aleitamento materno e na prevenção da violência intrafamiliar.Descritores: Recém‐nascido; Humanização; Enfermagem; Alojamento Conjunto; Banho.ISBN: 978-85-63901-04-0


NOVAS TECNOLOGIAS INCORPORADAS À REALIDADE DE UMAMATERNIDADE‐ESCOLA DO RIO DE JANEIROTricia Bogossia 245Danielle Lemos Querido 246Gustavo Dias da Silva 247Viviane Saraiva de Almeida 248Introdução: A assistência neonatal passou por muitas transformações e o adventode novas tecnologias trouxe um universo mais amplo à assistência aos recémnascidos(RNs). O avanço tecnológico das unidades de terapia intensiva neonatais(UTIN) tem propiciado a sobrevivência de bebês cada vez mais prematuros. Tal fatosignifica um grande desafio para os profissionais que cuidam destes recém‐nascidos(RNs), pois além da sobrevivência a grande preocupação é com a qualidade de vidaque esses bebês terão. Associada ao avanço tecnológico, a evolução dos cuidadosprestados pela equipe de saúde tem possibilitado um limite cada vez maior deviabilidade com sobrevida dos RNs prematuros e a diminuição de seqüelas pósnatais.Três tipos de tecnologias são empregadas na assistência neonatal:Tecnologia dura: uso de equipamentos e procedimentos; Tecnologia leve‐dura:saber profissional como estrutura e protocolo; Tecnologia leve: relaçãointersubjetiva entre o profissional e o usuário, envolve cumplicidade, empatia evínculo. Objetivo: O objetivo deste trabalho é demonstrar, através de um relato de245Enfermeira Rotina da UTI Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ. Chefe de enfermagemdo CTI Pós‐operatório de cirurgia cardíaca do IECAC.246Enfermeira Rotina da UTI Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ, enfermeira da UTINeonatal do HUPE‐UERJ.247Enfermeiro especialista em Terapia Intensiva – Cliente Neonatal (UFF). Coordenador daUnidade Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ.248Enfermeira Rotina da UTI Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ, enfermeira da UTINeonatal do HUPE‐UERJ.ISBN: 978-85-63901-04-0


experiência, a evolução da tecnologia utilizada na UTI Neonatal da MaternidadeEscola da UFRJ e seus benefícios para a assistência neonatal, bem como aimportância da integração com o conhecimento técnico dos profissionais e ocuidado humanizado. Para tanto, apresentaremos os novos equipamentosadquiridos pelo Serviço de Neonatologia e suas vantagens, essenciais para umamelhor qualidade no cuidado com essas crianças. Além disso, daremos ênfase emalgumas tecnologias importantes que contribuem para a prática de nossaassistência, mas que não são tão novas assim, ou seja, já adquirimos há algumtempo em nossa unidade e são largamente utilizadas pelos nossos profissionais.Todo e qualquer equipamento encontrado no setor tem a função de melhorar aqualidade da assistência como um todo e proporcionar um aumento na sobrevidados nossos pequenos clientes com qualidade, o que é mais importante. Resultadose Discussão: O incremento tecnológico a partir de 2009 na unidade através dautilização de novos equipamentos como incubadoras com umidificação servo‐ativa,fototerapia microprocessada por super‐led, ventiladores não‐invasivos e aparelhode medição de bilirrubina transcutâneo trouxe vários benefícios para a clientelaatendida. Os RNs prematuros possuem uma imaturidade de todos os sistemas doorganismo e com a pele não poderia ser diferente, ela promove a sensação tátil; écapaz de modular o fluxo transepidérmico de água, favorecendo e termorregulaçãoe diminuindo assim a perda calórica, além de exercer a proteção contra agentesmicrobianos, toxinas ambientais, trauma, radiação UV. Alguns problemas com apele desses recém nascidos podem acarretar infecções; desidratação, disturbiohidroeletrolítico e hipotensão o que favorece a hemorragia intracraniana;instabilidade térmica e a necessidade de um aporte calórico maior. Com o objetivode minimizar esses problemas adquirimos incubadoras com sistema integrado deumidificação servo‐ativa que diminuem a perda transepidérmica de água econsequentemente favorecem o equilíbrio hidro‐eletrolítico com uma menor ofertaISBN: 978-85-63901-04-0


de taxa hídrica para neonatos prematuros extremos, além de melhor estabilidadetérmica. A fototerapia de alta radiância por super‐led também foi uma grandeaquisição para a unidade. Ela permite maior irradiância no centro e nasextremidades da área focada, reduzindo o tempo de fototerapia e internação;possui dimensões reduzidas aumentando o espaço necessário para o cuidado; tembaixo consumo de energia e avançada tecnologia de fonte de irradiação no espectroazul; não requer substituição periódica das lâmpadas, como octofoto e bilispot; nãotem perda de radiância com o tempo; permite ajuste digital de radiância, controlede tempo de tratamento e tempo de uso do equipamento e dispensa o usosimultâneo de outro equipamento (foto dupla ou tripla).O uso do dispositivoPressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) neonatal ‐ Babypap® permiteassistência ventilatória não‐invasiva de maneira segura através controle do fluxo eda mistura gasosa de ar comprimido e oxigênio, além do controle eletrônico deaquecimento. Como a maioria das maternidades não possui um nº suficiente derespiradores para atender a demanda devido ao seu custo elevado, o Babypap®surgiu no mercado com a proposta de ser de 4 a 5 vezes mais barato que osrespiradores convencionais o que diminuiria a ocupação destes, deixando‐os paraaqueles recém nascidos que estiverem necessitando de ventilação mecânicaatravés do TOT. Dessa forma, aqueles que estivessem utilizando o respirador namodalidade de CPAP nasal ou oxyhood poderiam estar acoplados ao Babypap.Além disso surgiu com o objetivo de substituir o sistema de parede ainda usado emalgumas unidades. Dessa forma esse equipamento atendeu as necessidades daunidade e contribuiu para a assistência oferecendo todas as vantagens daventilação na modalidade de CPAP com um custo bem menor se comparado aosrespiradores tradicionais. A aquisição do bilirrubinômetro transcutâneo foi comcerteza, em termos financeiros, o equipamento mais dispendioso. No entanto eletem permitido de maneira simples, rápida e não‐invasiva a verificação e oISBN: 978-85-63901-04-0


acompanhamento periódico dos níveis séricos de bilirrubina, diminuindo o númerode coletas sanguíneas e o tempo de fototerapia. O equipamento emite um feixe deluz em direção a pele e capta sua reflexão, sendo avaliada a absorção da luz pelabilirrubina, podendo‐se traçar um plano de cuidados com esse recém‐nascidoictérico. É bem verdade que em alguns estudos comparativos o aparelhosubestimou as dosagens de bilirrubina sendo menor o risco de não diagnosticaruma hiperbilirrubinemia importante, o que por um lado seria bom. Na nossaexperiência assistencial, contamos também com aparelhos como oxímetros depulso, monitores multiparâmetros, aparelhos de pressão não‐invasiva, kitsespecíficos de monitoração de pressão arterial invasiva para recém nascidos. Nonosso relato de experiência procuramos demonstrar o funcionamento dessesequipamentos, bem como suas indicações de uso, seus benefícios e seus custos emtermos financeiros. Conclusão: A evolução tecnológica e a incorporação das novastecnologias na assistência ao recém‐nascido internado em UTI Neonatal temproporcionado uma assistência mais eficaz e menos invasiva, o que reduz ascomplicações e o tempo de internação. Esse incremento tecnológico também temimpacto positivo na sobrevida e qualidade de vida dos recém‐nascidos egressos deunidades de terapia intensiva. Porém a incorporação destas tecnologias narealidade das unidades neonatais públicas nem sempre é possível, ficandogeralmente restritas às unidades da rede privada. Acreditamos que apesar doinvestimento nas tecnologias duras ter impacto na qualidade da assistência, estenão é o único determinante, uma vez que todo e qualquer avanço tecnológico nãosubstitui o cuidado individualizado e integral ao cliente neonatal e sua família.Descritores: desenvolvimento tecnológico, cuidado, enfermagem, recém‐nascidoBibliografia:ISBN: 978-85-63901-04-0


1‐ Horbar, J.D.; Lucey, J.F. Evaluation of Neonatal Intensive Care Technologies. The Futureof Children, Vol. 5, No. 1, Low Birth Weight (Spring, 1995), pp. 139‐161.2‐ Arone, E.M.; Cunha. I.C.K.O. Tecnologia e humanização: desafios gerenciados peloenfermeiro em prol daintegralidade da assistência. Rev Bras Enferm 2007 nov‐dez; 60(6):721‐3.3‐ Lopes, J.M.A. Cuidados com o RN de extremo baixo peso. In: 5º Congresso Latino‐Americano de Perinatologia, 2000, Rio de Janeiro.4‐ Azevedo, M.C. et al. Impacto da Incubadora com Alta umidificação nas necessidadeshídricas diárias de prematuros de muito baixo peso. In: XXXI Congresso Brasileiro dePediatria, 2000, Fortaleza. Revista de Pediatria do Ceará, 2000. v. 1. p. 503‐503.5‐ L.O.H, Lik Eng; CHAN, Yoke Hwee; CHAN, Irene. Ventilação não‐invasiva em crianças:uma revisão. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v. 83, n. 2, Maio 2007.6‐ http://www.fanem.com.br7‐ http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=40586ISBN: 978-85-63901-04-0


ÓBITO NEONATAL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE NASCIMENTODOS RECÉM‐NASCIDOS.Iara Chaves Ribeiro 249 ,Beatriz Gerbassi Costa Aguiar 250Introdução: As complicações que surgem durante a gestação podem deixar em risco ocrescimento adequado do feto, contribuindo para o nascimento antes do tempo econsequentemente a internação do recém‐nascido na unidade de terapia intensivaneonatal (UTIN), e a prematuridade é uma das principais características dos recémnascidosque necessitam de assistência especializada na UTIN. Inúmeras são ascomplicações pelas quais os recém‐nascidos passam quando internados. A maioria delassão relacionadas as características de nascimento e ao tempo de internação, o que permiteuma exposição maior aos agentes agressores. Este estudo justifica‐se por permitir oconhecimento das principais características dos recém‐nascidos que evoluíram ao óbito naUTIN, a partir daí permitir reflexões sobre a qualidade da assistência no pré‐natalidentificando as gestantes de maior risco para o parto prematuro, e reconhecendo pontosimportantes para mudanças na atuação do profissional na UTI neonatal e assimminimizando os riscos de complicações e contribuindo na redução dos óbitos. Objetivo:Nesse contexto foi traçado o objetivo do estudo: Descrever as características principais denascimento dos recém‐nascidos prematuros que foram ao óbito no período de junho de2006 a junho de 2009 na UTIN de um hospital da rede pública do Estado do Rio de Janeiro.Método: Trata‐se de um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa,249Enfermeira. Mestre em enfermagem pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro‐UNIRIO/email: iaracribeiro@ig.com.br250Enfermeira. Prª Drª em enfermagem da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro‐UNIRIO,ISBN: 978-85-63901-04-0


com levantamento de prontuários dos óbitos de recém‐nascidos que estiveram internadosna UTIN no período de junho de 2006 a junho de 2009. Os dados pesquisados foram: Idadegestacional, peso de nascimento, escore de apgar e tempo de bolsa rota. Esses dadosforam analisados quantitativamente em freqüência absoluta e relativa dos 29 prontuáriospesquisados. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o n° protocolo2324/HUPE. Resultados: No que se refere ao peso de nascimento dentre os 29 prontuáriospesquisados, 48,3% tinham peso inferior a 750g. Esses dados reforçam a idéia dos riscosexistentes nesse grupo de crianças. Já no que diz respeito a avaliação do escore de Apgar,o grau de asfixia no 5º minuto de vida foram categorizado da seguinte forma: 39,7% nãoapresentaram asfixia; 41,4% dos recém‐nascidos estudados apresentaram asfixia leve e20,7% apresentaram asfixia moderada. Não houve recém‐nascido com asfixia grave. Naavaliação do tempo de bolsa rota, o estudo mostrou que 62% dos partos tiveram a bolsarompida no ato do parto; 20,7% com bolsa rota superior a 24h; 13,8% com bolsa rotamenor que 24h e 3,4% não tinha essa identificação no prontuário. Na análise da idadegestacional, pode‐se verificar no estudo que 39,3% dos óbitos estavam na faixa de 25‐27semanas de idade gestacional, mas também foi a de maior freqüência, o que se confirmana literatura que evidencia a baixa idade gestacional como um importante fator decomplicações, tanto para infecção hospitalar quanto para mortalidade neonatal. Nesteestudo 69% dos óbitos foram em recém‐nascidos com idade gestacional igual ou menorque 30 semanas, dado significativo em relação aos recém‐nascidos com idade gestacionalacima de 30 semanas. Conclusão: Nesse estudo pode‐se observar a importância naqualidade dos cuidados oferecidos as mulheres no período gestacional, disponibilizandorecursos humanos e tecnológicos qualificados para um atendimento a gestante que possaproporcionar um desenvolvimento do feto com o mínimo de complicações, tanto para amulher quanto para a criança, até o nascimento. Enfatiza‐se a importância do setor públicode saúde onde a oferta de uma assistência primária de qualidade, visando a diminuição demulheres sem pré‐natal, e aquelas com complicações durante a gravidez possam ser bemISBN: 978-85-63901-04-0


orientadas no sentido de diminuir os riscos na mulher e diminuir o número denascimentos de recém‐nascidos prematuros. O conhecimento das características dosrecém‐nascidos pode permitir mudanças nos cuidados realizados na UTIN durante operíodo de internação dessas crianças. Os cuidados desenvolvidos na unidade neonatal,incluindo da equipe de enfermagem, estão inseridos em um processo de contínuamudança. Assim como as outras especialidades, a enfermagem torna‐se cada vez maisespecializada, desenvolvendo pesquisas científicas para melhor compreender e atender osrecém‐nascidos. Sabendo‐se que com os avanços tecnológicos, crianças cada vez menoressobreviverão graças aos cuidados desenvolvidos na unidade, mas ainda assim, sãoinsuficientes para garantir uma assistência sem riscos, e nesse sentido as pesquisas deenfermagem devem vislumbrar o cuidado humano com bases científicas para intervir nosriscos envolvendo os recém‐nascidos. No entanto, sabe‐se que tão importante quanto oconhecimento do recém‐nascido, é poder identificar os fatores de risco associados aosóbitos neonatais, e assim intervir precocemente minimizando os riscos que podem levá‐loao óbito.Descritores: Unidades de terapia intensiva neonatal; Recém‐nascido; Mortalidadeneonatal.Referências:1. Mussi‐Pinhata Marisa M., Rego Maria A. C.. Particularidades imunológicas do pré‐termoextremo: um desafio para a prevenção da sepse hospitalar. J. Pediatr. (Rio J.). 2005; 81(1):59‐68.2. Zanon, Uriel. Qualidade da Assistencia Médico‐Hospitalar: Conceito, avaliação ediscussão dos indicadores de qualidade. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 2001, 205 p.3. Duarte José Luiz Muniz Bandeira, Mendonça Gulnar Azevedo Silva. Avaliação dos óbitosneonatais em recém‐nascidos de muito baixo peso em quatro maternidades no Municípiodo Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2005; 21(2): 387‐395.ISBN: 978-85-63901-04-0


4. Ramos, Helena Ângela de Camargo; Cuman, Roberto Kenji Nakamura. Fatores de riscopara prematuridade: Pesquisa documental. Esc Anna Nery. Rev. Enferm. 2009. 13 (2) 297‐304.5. Nomura Marcelo Luís, Passini Júnior Renato, Oliveira Ulysses Moraes, Calil Roseli.Colonização materna e neonatal por estreptococo do grupo B em situações de ruptura prétermode membranas e no trabalho de parto prematuro. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.2009;31(8):397‐403.6. Brito Angela Sara J de, Matsuo Tiemi, Gonzalez Maria Rafaela C, Carvalho Ana Berenice Rde, Ferrari Lígia S L. Escore CRIB, peso ao nascer e idade gestacional na avaliação do riscode mortalidade neonatal. Rev. Saúde Pública. 2003; 37(5): 597‐602.7. Goulart Ana Paula, Valle Caroline Fraga, Dal‐Pizzol Felipe, Cancelier Ana Carolina Labor.Fatores de risco para o desenvolvimento de sepse neonatal precoce em hospital da redepública do Brasil. Rev. bras. ter. intensiva. 2006; 18(2): 148‐153.8. Egewarth Cristiane, Pires Fernanda Dias Almeida, Guardiola Ana. Avaliação da idadegestacional de recém‐nascidos pré‐termo através do exame neurológico e das escalasneonatais e obstétrica. Arq. Neuro‐Psiquiatr. 2002; 60(3B): 755‐759.ISBN: 978-85-63901-04-0


OCORRÊNCIA DE DOR DURANTE A PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA EM RECÉM‐NASCIDOSPREMATUROSLuciano Marques dos Santos,Taisa Pereira Cruz Costa Silva,Jucélia Cavalcante Rodrigues da Silva,Hosana Rocha ValoisRESUMO: Este estudo teve como objetivos analisar os sinais sugestivos de dor em recémnascidosprematuros de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do interior da Bahia,por meio da aplicação da escala de NIPS, identificar a ocorrência de dor em neonatosprematuros durante punção venosa periférica, associar a utilização de medidas nãofarmacológicas com a ocorrência de dor e descrever os sinais sugestivos de dor. Trata deum estudo do tipo descritivo e quantitativo, que foi aprovado por Comitê de Ética naPesquisa e realizado na unidade neonatal de um hospital público de Feira de Santana‐BA,com vinte e nove recém‐nascidos. Os dados foram analisados no software StatisticialPackage for the social Sciencies versão 17.0. os dados apontaram que o recém‐nascidoapresentou dor durante a venopunção periférica e que nos que foram utilizadas medidasnão farmacológicas a ocorrência da dor foi reduzida.PALAVRAS‐CHAVE: Enfermagem neonatal; Dor; Unidades de Terapia Intensiva Neonatal;Prematuros.INTRODUÇÃOA identificação da dor em neonatologia vem se configurando no cenário daspráticas dos profissionais de saúde como um desafio, pois por está relacionada àsubjetividade do outro, transformando‐se em um processo complexo, devido ao fato dosISBN: 978-85-63901-04-0


pacientes neonatais não serem capazes de verbalização. A própria definição da dor pelaAssociação Internacional para o Estudo da dor demonstra a evidência da verbalização paraa expressão deste fenômeno. A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável,associada a uma lesão tecidual real, potencial ou descrita nos termos dessa lesão. A dor ésempre subjetiva (1) . Nesse contexto, a dor nos indivíduos que são incapazes de expressarpor meio de palavras torna‐se um desafio a parte na prática clínica dos trabalhadores dasaúde.Algumas razões podem explicar o sub‐tratamento relacionado à dor na criança,tais como os mitos de que o recém‐nascido não sente dor ou que a sentem em menorintensidade que o adulto, as limitações de conhecimento sobre dor por parte dosprofissionais e as confusões entre os conceitos de tolerância (1) .Até recentemente, a dor e o seu manejo no recém‐nascido (RN) receberam poucaatenção na prática clínica. Alguns estudos contribuíram para esse conceito onde afirmaramque a mielinização completa do nervo era necessária para função completa do tratonervoso. Em 1940, McCraw realizou outro estudo confirmando os achados dos estudosanteriores, concluindo que os neonatos eram incapazes de perceber a dor e responder aela no mesmo grau que os adultos. Sendo assim justificaram‐se por muitos anosprocedimentos como cirurgias, circuncisão, dissecção de veia dentre outros, sem anestesiae analgesia, por terem sido difundidos por muito tempo. Percebe‐se o descaso de muitosprofissionais de saúde em relação a esse assunto (2) .Nos anos 70 ocorreu uma mudança nesse conceito, constatando‐se que somente80% das fibras que transmitem a dor são mielinizadas no adulto, sendo constatado que amielinização não era necessária para função do nervo e a condução do impulso doloroso. Amielinização é um componente para a velocidade da transmissão da dor. No neonato, asensação da dor tem uma distância pequena para percorrer. Em 1981, Volpe constatouque o processo de mielinização das raízes sensoriais já é iniciado na vida intra‐útero,ISBN: 978-85-63901-04-0


propiciando assim que o feto possua habilidade de senti‐lo. Sendo assim, o recém‐nascidojá possui o sistema nervoso com a habilidade de perceber e sentir a dor (2) .Nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais, o processo de trabalho édinâmico e necessita de procedimentos invasivos potencialmente dolorosos, que possuemgrande impacto no processo de crescimento e desenvolvimento da criança crítica. Para quehaja um manejo adequado da dor no recém nascido faz‐se necessário uma equipe bemtreinada no conhecimento da fisiologia, no processo de avaliação bem como o empenhomútuo em minimizar a dor bem como seus efeitos.Desta forma, o cuidado de enfermagem deverá focalizar medidas que possamreduzir as iatrogenias e o impacto que o processo doloroso provoca no neonato emcuidados intensivos e o enfermeiro por deparar‐se com a dor da criança em numerosassituações, precisa saber intervir não apenas na identificação desta, mas também na suaavaliação e no seu controle, mais que qualquer outro membro da equipe de saúde por sero profissional a permanecer mais tempo à beira do leito. Portanto, estes devem estarsempre embasados em evidências científicas que possam fortalecer as condutas adotadase sua prática clínica.A forma de perceber a dor pode ser alterada a depender do tempo de exposição aesse fenômeno. Por períodos muito prolongados afeta o sistema imunológico, levando adiminuição ou supressão deste, além de aumentar a utilização do hormônio do estresse,alterações na organização cerebral que irão alterar a forma da percepção da dor (1) .Nos últimos anos, importantes avanços ocorreram em relação à avaliação da dorcom a validação de critérios objetivos, que hoje podem ser utilizados em diferentes locais.Foi de especial importância a padronização da dor como quinto sinal vital, pela JointCommission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO). Esta comissão passou aconsiderar prioritárias a avaliação, a intervenção e a reavaliação da dor no processo dequalificação hospitalar. Para a JCAHO, a avaliação da dor inclui a localização, a intensidadeda dor baseada em escalas comportamentais, parâmetros fisiológicos entre outras (3) .ISBN: 978-85-63901-04-0


Estas escalas servem de instrumentos para percepção da dor principalmente emrecém‐nascidos, que não podem expressar verbalmente o que sentem, nem tão pouco aintensidade. Estes instrumentos facilitam a interação e comunicação entre os membros daequipe de saúde, que passam a atender e a perceber a evolução da dor em cada paciente everificar a resposta frente à terapia. (3) .Neste contexto, este estudo teve como objeto a utilização da escala NeonatalInfant Pain Scale (NIPS) como recurso de avaliação da dor em recém‐nascidos prematurosna Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, durante punção venosa periférica.O interesse por este objeto de investigação surgiu durante a graduação emEnfermagem na Faculdade de Tecnologia e Ciências, campus Feira de Santana, Bahia,através dos conhecimentos adquiridos no Componente Curricular Enfermagem na Saúdeda Criança e do Adolescente, onde foi possível perceber a importância da identificação dador no recém‐nascido, já que o mesmo não consegue expressar‐se por meio de palavras.Durante a prática em campo deste componente curricular em uma Unidade deTerapia Intensiva de um serviço de neonatologia, constatou‐se, empiricamente, que aequipe de enfermagem não avaliava os sinais emitidos pelo recém‐nascido, durante apunção venosa periférica.Esta equipe executava este procedimento sem instituir medidas nãofarmacológicas, como recurso terapêutico no alívio do processo doloroso. Outro aspectoobservado na prática destes profissionais foi o fato de não utilizar escalas de avaliação dador como instrumento auxiliar de identificação do processo doloroso, sendo este analisadode forma não sistematizada.Diante disso questionou‐se: o recém‐nascido prematuro na Unidade de TerapiaIntensiva Neonatal apresenta sinais sugestivos de dor durante a punção venosa periférica?Quais são os sinais sugestivos da dor evidenciados na escala de NIPS pelos recém‐nascidossubmetidos à punção venosa periférica?ISBN: 978-85-63901-04-0


Este estudo teve como objetivo geral analisar os sinais sugestivos de dor emrecém‐nascidos prematuros de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do interior daBahia, por meio da aplicação da escala de NIPS. Como objetivos específicos: Identificar aocorrência de dor em neonatos prematuros durante punção venosa periférica; associar autilização de medidas não farmacológicas com a ocorrência de dor e Descrever os sinaissugestivos de dor descritos pela escala de NIPS.Este estudo poderá contribuir com a equipe de enfermagem, no que se refere àavaliação da forma como vem sendo praticada a técnica da punção venosa em recémnascidosprematuros com vistas à re‐formulação do processo de trabalho. Por outro lado,os dados poderão estimular a realização de novas investigações empíricas, além de podercontribuir na diminuição das lacunas do conhecimento relativas ao fenômeno investigado,haja vista a escassa publicação científica em periódicos de circulação nacional.METODOLOGIATipo de EstudoEste estudo foi do tipo descritivo e quantitativa. A pesquisa descritiva registra,analisa, classifica e interpreta os fatos observados, muitas vezes estabelecendo relaçõesentre eles (4) . O estudo descritivo exige do investigador, para que a pesquisa tenha certograu de validade científica, uma precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos eteorias que orientarão a coleta e interpretação de dados (5) .Local de EstudoEste estudo foi realizado no município de Feira de Santana – Bahia. Esta é a segundamaior cidade do Estado da Bahia. O campo empírico deste estudo foi um hospital públicoISBN: 978-85-63901-04-0


do Estado da Bahia, no Município de Feira de Santana, mais especificamente a Unidade deTerapia Intensiva Neonatal contendo 06 leitos destinados a recém‐nascidos críticos queem sua maioria são prematuros, fica interligada ao Centro Obstétrico e Berçário de MédioRisco.Esta unidade neonatal conta com uma equipe de 23 técnicos de enfermagem, 12enfermeiras, 10 médicos pediatras neonatologistas e 04 fisioterapeutas, existem tambémprofissionais da área de psicologia, fonoaudiologia, assistência social e nutrição queprestam serviço neste setor sempre que solicitados. Atende a população neonatal sendopacientes de 0 a 28 dias e o número de internação pode chegar de dez a vintemensalmente.População e Amostra do estudoParticiparam deste estudo vinte e nove recém‐nascidos prematuroshospitalizados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital público de Feirade Santana, Bahia. Para seleção destes recém‐nascidos, foram utilizados os seguintescritérios de inclusão:• RN com necessidade de punção venosa periférica;• RN sem suporte ventilatório mecânico;• RN com idade gestacional inferior à 36 semanas;• RN sem diagnóstico de com asfixia neonatal grave;• RN sem instabilidade clínica do ponto de vista respiratório, cardiovascularou neurológico;• RN de mães que não usaram medicações sedativas ou analgésicas antesdo parto ou neonatos que não receberam analgesia ou anestesia comopióides antes da coleta dos dados.ISBN: 978-85-63901-04-0


Foram utilizados os seguintes critérios de exclusão:• RN sem necessidade de punção venosa periférica;• RN em suporte ventilatório mecânico;• RN com idade gestacional superior a 36 semanas;• RN com diagnóstico de com asfixia neonatal grave;• RN com instabilidade clínica do ponto de vista respiratório,cardiovascular ou neurológico;• RN de mães que usaram medicações sedativas ou analgésicas antes doparto ou neonatos que receberam analgesia ou anestesia com opióidesantes do estudo.Sendo assim, a amostra foi composta por vinte e nove recém‐nascidos,submetidos à punções venosas periféricas.Período de Coleta de DadosOs dados foram coletados no período de dezembro de 2009 a abril de2010.Técnica e Instrumento de Coleta de DadosFoi utilizado como instrumento de coleta um formulário adaptado da Escala NIPS,composta por sete parâmetros comportamentais e fisiológicos, com pontuação zero ou ume o escore total podendo variar de 0 a 7. Esta técnica permitiu ao investigador um contatodireto com o objeto de estudo, além de ser possível ter informações acuradas baseadas nareação comportamental.A fim de alcançar os objetivos da pesquisa, a avaliação a partir desta escalaregistrou questões quanto ao sexo, peso ao nascer, idade gestacional, diagnóstico médico,dias de vida do RN, quantidade de tentativas de punção, medidas não farmacológicasISBN: 978-85-63901-04-0


utilizadas, expressão facial, choro, padrão respiratório, movimento dos braços e pernas e oestado de consciência da criança.Os dados foram coletados após vinte e quatro horas de vida do recém‐nascidoprematuro, durante a realização da venopunção periférica.Aspetos Éticos do EstudoO projeto foi encaminhado ao Comitê de ética em Pesquisa da FTC, campusSalvador, Bahia para sua apreciação sendo aprovado sob o parecer nº 01.4592009.Para atender aos critérios éticos, foram seguidas as recomendações da Resolução196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, Ministério da Saúde. Para tanto, foi necessária àcriação de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que foi assinado pelosresponsáveis pelo recém‐nascido, autorizando a reprodução e divulgação das informaçõescolhidas, salvaguardando‐se sua identificação.Ao se constatar a necessidade de punção venosa no recém‐nascido, as mães foramconvidadas a comparecerem a UTIN para que fosse lido o TCLE e após aprovação eassinatura se deu a observação do procedimento.Análise dos DadosOs dados presentes no instrumento, utilizado para a coleta, receberam códigosespecíficos e foram transportados para uma planilha do software Statisticial Package forthe Social Sciencies (SPSS) versão 17.0, para a plataforma Windows. Os dados sãoapresentados sob a forma de tabelas, em freqüências simples e percentuais.ISBN: 978-85-63901-04-0


RESULTADOS E DISCUSSÕESConstatou‐se que os recém‐nascidos sem sinais sugestivos de dor, de acordo coma escala NIPS, apresentaram uma média de peso de 1877g ± 687,3g, idade gestacionalmédia de 32 semanas ± 2,9, média de dias de vida na UTIN de 7,5 ± 9,9 dias. Em relaçãoaos que apresentaram sinais sugestivos de dor, a média de peso foi de 1323g ± 476,9,média de idade gestacional de 31,8 ± 4,0 semanas e 14,3 dias ± 13,1.Estes dados podem significar que quanto menor o peso, a idade gestacional e osdias de vida maior será a ocorrência do fenômeno doloroso, já que os mesmos sãosubmetidos constantemente à venopunções repetidas haja vista o menor tempo depermanência dos acessos nesta população.Durante a realização de procedimentos, os neonatos prematuros sofrem diversasmanipulações que podem ter efeitos negativos para sua estabilidade fisiológica ecomportamental (6) .Dos recém‐nascidos que participaram deste estudo, 72,4% (21) foramsubmetidos a 01 tentativa de venopunção periférica, de acordo com a tabela 01, sendo que28,6% foram submetidos a mais de uma punção venosa. Dentre estes, 24,1% (07) foramsubmetidos a 02 punções, enquanto que 3,5% (01) a três tentativas.O maior número de tentativas de venopunções periféricas poderá expor orecém‐nascido ao fenômeno da dor ou mesmo ao risco de integridade da pele prejudicada,podendo ocasionar lesões de pele, potencializando a ocorrência de processos infecciosos.Por outro lado, estes achados podem sugerir que na vigência de um maior número demanipulações do recém‐nascido prematuro, o estresse poderá ocasionar danos ao seudesenvolvimento psicomotor ou comportamental.Tabela 1 – Distribuição do número de tentativas de venopunções periféricas ocorrência dedor de acordo com o número de venopunções periféricas realizadas nos recém‐nascidosprematuros. Feira de Santana (BA). 2010.Avaliação da ocorrênciaISBN: 978-85-63901-04-0


da dorN o de tentativasn f (%)1 21 72,42 7 24,13 1 3,5Total 29 100Avaliação da ocorrênciada dorNão sente dor 20 69Sente dor 9 31Total 29 100Fonte: coleta dos dados.A estimulação sensorial extra‐útero, a que são expostos os recém‐nascidosprematuros durante a internação na UTIN, é bastante prejudicial ao desenvolvimento dosistema nervoso, ainda em desenvolvimento.O ambiente desta unidade apresenta‐se sobrecarregado de estímulos estressorestais como luz e barulho intenso além do manuseio intenso do recém‐nascido pararealização de procedimentos dolorosos ou não, os quais dificultam a permanência domesmo em estado de sono profundo, ideal para seu melhor desenvolvimento (6) . Diantedisto deve‐se manter um padrão onde sejam agrupados os procedimentos em momentosdeterminados a fim de manter o recém‐nascido o mais tempo possível livre de estímulosestressores.Quanto a avaliação da ocorrência da dor nos recém‐nascidos prematuros,conforme tabela, constatou‐se que 69% (20) das venopunções realizadas, os mesmos nãoapresentaram sinais sugestivos de dor, enquanto que 31% (09) dos recém‐nascidos osapresentaram.Quanto à utilização de medidas não farmacológicas durante a venopunçãoperiférica, verificou‐se que em 69% (20) dos procedimentos realizados foram utilizadasISBN: 978-85-63901-04-0


alguma medida para aliviar a dor dos recém‐nascidos, enquanto em 31% (09) estasmedidas não foram aplicadas como cuidado de enfermagem durante a realização davenopunção.Devido à escassez de estudos clínicos que possam validar as medidas nãofarmacológicas como suporte para a prática clínica no alívio da dor em neonatos, estas sãorealizadas de forma não sistematizada e esporadicamente, tendo em vista a ausência deevidências científicas que possam recomendar a utilização das mesmas de forma segura eeficaz.Tabela 2 ‐ Distribuição do uso de sucção não‐nutritiva com glicose à 25% e chupetaartesanal segundo a ocorrência da dor em recém‐nascidos prematuros de acordo comescala NIPS. Feira de Santana (BA). 2010.Avaliação da ocorrência da dorNão sente dorSente dorUso da sucção nãonutritivan f (%) n f (%)com glicose à 25%Sim 16 80 01 11,1Não 04 20 08 88,9Total 20 100 09 100Uso da sucção nãonutritiva com chupetaartesanalSim 16 80 02 22,2Não 04 20 07 77,8Total 20 100 09 100Fonte: coleta dos dados.Com relação à utilização da medida não farmacológica sucção não nutritiva comglicose à 25%, durante a venopunção periférica pela equipe de enfermagem e a ocorrênciade sinais sugestivos de dor nos recém‐nascidos prematuros, de acordo com a tabela 2,constatou‐se que 80% (16) dos neonatos que utilizaram esta medida não farmacológicanão apresentaram sinais sugestivos de dor, enquanto que 11,1% (01) apresentaram. ComISBN: 978-85-63901-04-0


elação aos que não utilizaram esta medida, os dados da tabela acima, apontam para o fatode que 88,9% (08) apresentaram sinais sugestivos da ocorrência do fenômeno doloroso.Em uma revisão sistemática, que avaliou a eficácia de métodos nãofarmacológicos para o alívio da dor em recém nascidos, comparando a administração dasolução de sacarose comparada com a glicose na eficácia para o alívio da dor aguda emneonatos a termo em procedimento de punção venosa, os resultados mostraram que osneonatos a termo que receberam 2 ml de solução de sacarose a 30% apresentaramdiminuição significativa na duração do choro durante o procedimento doloroso, emcomparação com os grupos que receberam glicose a 10 e 30% e grupo controle. Para oindicador de freqüência cardíaca, apesar de não haver diferença significativa entre osgrupos, a mudança entre as fases de punção e linha de base foi menor no grupo querecebeu solução de sacarose (7) .No mesmo estudo, também não encontrou diferença significativa na freqüênciacardíaca durante o procedimento doloroso, em relação à linha de base entre os grupos deneonatos a termo que receberam 2 ml de glicose a 5, 33 e 50%, comparados com sacarosea 33 e 50% e água estéril. Entretanto, os grupos que receberam glicose a 33 e 50%apresentaram menor aumento da freqüência cardíaca após o procedimento em relação àlinha de base, em comparação aos grupos de sacarose e controle, contradizendo osresultados do estudo anterior, outras intervenções não‐farmacológicas como leite humanovia sonda nasogástrica, sucção não‐nutritiva e colo .apresentam efeito sinérgico ao efeitoanalgésico da solução de sacarose ou glicose quando administrados de maneira combinada(7) .O efeito analgésico das substâncias adocicadas está relacionado com a percepçãogustativa produzida pelas mesmas, e não com efeitos da ingestão ou absorção dassubstâncias, a autora menciona que o mecanismo de ação de analgesia pelas substânciasdoces refere‐se à oralidade, relacionado a um efeito imediato, no qual a resposta calmanteISBN: 978-85-63901-04-0


parece ser produzida pelo gosto, e a liberação de endorfinas, secundária à excitação dosreceptores gustativos das papilas linguais pelo sabor doce (6) .Neste estudo, foi verificado que durante a venopunção nos recém‐nascidos quereceberam glicose a 25% antes do procedimento não apresentaram sinais sugestivos dedor segundo os escores da escala NIPS.Conforme dados da tabela 02, pode‐se inferir que a utilização de glicose à 25%antes da realização da venopunção periférica pode reduzir a ocorrência de sinaissugestivos de dor. Entretanto, diante da escassez de evidências científicas, a utilizaçãodesta medida não farmacológica deverá ser implementada na prática clínica de formasistematizada e protocolada, tendo em vista o potencial para a ocorrência de implicaçõesorgânicas na saúde do recém‐nascido prematuro.No que se refere à utilização da medida não farmacológica sucção não nutritivacom chupeta artesanal, durante a venopunção periférica pela equipe de enfermagem e aocorrência de sinais sugestivos de dor nos recém‐nascidos prematuros, de acordo com atabela 2, verificou‐se que 80% (16) dos neonatos que utilizaram esta medida nãofarmacológica não apresentaram sinais sugestivos de dor, enquanto que 22,2% (02)apresentaram. Com relação aos que não utilizaram esta medida, os dados da tabela acima,apontam para o fato de que 77,8% (07) apresentaram sinais sugestivos da ocorrência dofenômeno doloroso.Apesar de haver controvérsias no que diz respeito ao uso da chupeta emunidades neonatais devido a sua associação a um possível desestímulo ao aleitamentomaterno, a sucção não‐nutritiva em pacientes prematuros excessivamente manipulados,parece ser de grande utilidade na organização neurológica e emocional do recém‐nascidoapós estímulo doloroso, diminuindo as repercussões fisiológicas e comportamentais,podendo ser estimulado de maneira seletiva no que diz respeito aos pacientes submetidosa procedimentos dolorosos (8) .Tabela 3 ‐ Distribuição dos parâmetros da escala NIPS. Feira de Santana (BA). 2010.ISBN: 978-85-63901-04-0


Avaliação da ocorrência da dorNão sente dorSente dorExpressão facial n f (%) n f (%)Músculos relaxados 18 90 02 22,12Contraída 02 10 07 77,8Total 20 100 09 100ChoroAusente 06 30 01 11,1Resmungo 14 70 04 44,4Choro vigoroso 00 00 04 44,4Total 20 100 09 100Movimento dos braçosRelaxados 19 95 04 44,4Fletidos/estendidos 01 5 05 55,6Total 20 100 09 100Movimento das pernasRelaxados 16 80 01 11,1Fletidos/estendidos 04 20 08 88,9Total 20 100 09 100Padrão respiratórioRelaxada 18 90 01 11,1%Diferente do basal 02 10 08 88,9%Total 20 100 09 100Estado de consciênciaDormindo/acordado 20 100 05 55,6Inconsolável 00 0 04 44,4Total 20 100 09 100Fonte: coleta dos dados.Apesar das possíveis limitações deste estudo e diante do tamanho da amostra domesmo, os dados acima mencionados podem sugerir que a utilização da chupeta artesanalcomo recurso não farmacológico, pode implicar na redução da expressão de sinais quesugerem a ocorrência de processos dolorosos em neonatos prematuros submetidos àvenopunções periféricas.Em relação à expressão facial, verificou‐se conforme tabela 3, que dos recémnascidoscom sinais sugestivos de ausência de dor, 77,8% (18) apresentaram a expressãoISBN: 978-85-63901-04-0


facial do tipo relaxada, enquanto que 10% (2) dos recém‐nascidos apresentaram‐se comface contraída. Dos recém‐nascidos que evidenciaram sinais sugestivos de dor, de acordocom a escala NIPS, 77,8% (07) apresentaram face do tipo contraída.As alterações da mímica facial não trazem informações fidedignas no que dizrespeito a qualidade ou a intensidade da dor, alem disso, sabe‐se que há alterações aosestímulos dolorosos agudos, mas não se sabe o que acontece diante de um estímuloprolongado ou repetitivo (9) .No que se refere ao padrão do choro, constatou‐se conforme tabela 3, que dosrecém‐nascidos com sinais sugestivos de ausência de dor, 70% (14) apresentaramresmungos, enquanto que 30% (06) dos recém‐nascidos apresentaram‐se com choroausente durante a venopunção periférica. Dos recém‐nascidos que evidenciaram sinaissugestivos de dor, para este parâmetro, ainda de acordo com a tabela 7, 44,4% (04)apresentaram choro do tipo vigoroso e 44,4% (04) resmungos.O choro é uma das manifestações que o recém‐nascido utiliza para comunicarsua dor. A emissão de dor do recém‐nascido é tensa e estridente, com freqüênciafundamental aguda e variações encontradas no traçado espectrográfico, como quebras,bitonalidade e freqüência hiperaguda. Tais características tornam o choro de dor peculiarauxiliando na avaliação de dor durante um procedimento e na conseqüente opção pordiferentes técnicas e procedimentos a fim de aliviar a dor dos recém‐nascidos (10) .Ao ser avaliado o parâmetro movimento dos braços, os dados da tabela 3demonstram que dos recém‐nascidos com sinais sugestivos de ausência de dor, 95% (19)mantiveram os braços relaxados durante a venopunção periférica, enquanto que 5% (01)dos recém‐nascidos apresentaram braços fletidos ou estendidos durante o procedimento.Dos recém‐nascidos que evidenciaram sinais sugestivos de dor, em 55,6% (05) os braçospermaneceram fletidos ou estendidos.No que se refere ao movimento das pernas, constatou‐se conforme tabela 3, quedos recém‐nascidos com sinais sugestivos de ausência de dor, 80% (16) apresentaramISBN: 978-85-63901-04-0


membros inferiores relaxados, enquanto que 20% (04) dos recém‐nascidos apresentaramestas extremidades fletidas ou estendidas. Dos recém‐nascidos que evidenciaram sinaissugestivos de dor, para este parâmetro, ainda de acordo com a tabela 7, 88,9% (08)apresentaram flexão dos membros inferiores.Diante de um estímulo doloroso, os recém‐nascidos apresenta flexão e extensãodos membros. De acordo com a autora a punção capilar no calcanhar em 0,3 segundos opaciente retira a perna não puncionada, em 0,4 segundos retira a perna puncionada e em1,8 segundos ele chora. Essa resposta milimetricamente organizada parece estar presentemesmo nos prematuros, comprovando que existe uma linguagem corporal em resposta aoestímulo de dor no recém‐nascido, porém não deve ser utilizado isoladamente comoparâmetro para avaliação de dor (9) .Ao ser avaliado o parâmetro padrão respiratório, de acordo com a tabela 3, dosrecém‐nascidos com sinais sugestivos de ausência de dor, 90% (18) mantiveram relaxadosdurante a venopunção periférica, enquanto que 10% (02) dos recém‐nascidosapresentaram modificação dos valores da frequência respiratória. Dos recém‐nascidos queevidenciaram sinais sugestivos de dor, em 88,9% (08) os braços permaneceram compadrão respiratório diferente do valor basal.A dor ativa mecanismos compensatórios do sistema nervoso autonômoproduzindo respostas que incluem alterações das freqüências cardíaca e respiratória,pressão arterial, saturação de oxigênio, vasoconstrição periférica, sudorese, dilatação depupila e aumento da liberação de catecolaminas e hormônios adrenocorticosteróides.Porém, a variação desses parâmetros pode não está relacionada especificamente com umestímulo doloroso, podendo ser por eventos adversos como fome, choro algum tipo dedesconforto, ansiedade ou alterações causadas pela própria doença de base. Devido aosmecanismos de acomodação e adaptação que ocorrem com as respostas fisiológicas, essasvariações têm sido mais úteis no exame de experiências dolorosas associadas apenas aprocedimentos de curta duração (8) .ISBN: 978-85-63901-04-0


No que se refere ao estado de consciência, constatou‐se conforme tabela 3, quedos recém‐nascidos com sinais sugestivos de ausência de dor, 100% (20) apresentarammembros inferiores relaxados. Dos recém‐nascidos que evidenciaram sinais sugestivos dedor, para este parâmetro, ainda de acordo com a tabela 9, 44,4% (04) inconsoláveis após avenopunção periférica.O estado comportamental do neonato no momento em que antecede o estímulodoloroso afeta a intensidade da resposta. Recém‐nascidos em sono profundo demonstrammenos dor quando são analisadas as alterações de mímica facial em relação àqueles queestão em estado de alerta. O meio ambiente também interfere na intensidade da respostaao estímulo doloroso. Por isso, o ambiente deve ser tranqüilo, sem muitos ruídos, combaixa luminosidade promovendo o máximo de conforto possível (8) .CONSIDERAÇÕES FINAISA avaliação e o manejo da dor no recém‐nascido necessitam ser vistos como umfoco do cuidado integral da enfermagem a ser utilizada durante a realização deprocedimentos de menor ou maior complexidade, além da valorização como um sinal vitalde importância clínica. Desta forma, o cuidado de enfermagem deverá focalizar medidasque possam reduzir as iatrogenias e o impacto que o processo doloroso provoca noneonato em cuidados intensivos, utilizando evidências científicas que fortaleçam ascondutas adotadas. O diagnóstico de dor no RN deve ser de responsabilidade não só dosenfermeiros, mas também de toda equipe de saúde. É importante o empenho naimplantação e utilização de escalas de dor adequadas às características da unidade. Aliadoa isto, deve‐se haver uma iniciativa por parte dos enfermeiros da prática buscando novosconhecimentos relacionados a esta temática, que possam pautar a assistência à criançacrítica, com vistas a excelência do cuidado.ISBN: 978-85-63901-04-0


REFERÊNCIAS1. Rossato LM. Abordagem da dor na criança e no adolescente. In: Almeida FA, Sabatés AL.Enfermagem Pediátrica: A criança, o adolescente e sua família no hospital. São Paulo:Manole, 2008.2. Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI Neonatal. 4. ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2009.3. Viana DL, Dupas G, Pedreira MLG. A avaliação da dor da criança pelas enfermeiras naUnidade de Terapia Intensiva. Paulo, Pediatria (São Paulo). 2006; 28(4):251‐261.4. Gonçalves HA. Manual de projetos de pesquisa científica. São Paulo: Avercamp, 2003.5. Trivinos ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais: pesquisa qualitativa emeducação. São Paulo: Atlas, 2006.6. Gaspardo CM. Dor em neonatos pré‐termo em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal:avaliação e intervenção com sacarose. [Dissertação de Mestrado]. Ribeirão Preto (SP):Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2006. 167 p.7. Gaspardo CM, Linhares MB, Martinez FE. A eficácia da sacarose no alívio de dor emneonatos: revisão sistemática da literatura. J Pediatr (Rio J). 2005; 81(6): 435‐42.8. Silva YP, Gomez RS, Maximo TA, Silva AC. Avaliação da dor em neonatologia. Rev. Bras.Anestesiol. [online]. 2007 [acesso em: 08 jan 2010]; 57(5): 565‐574.9. Guinsburg R. A Linguagem da dor no recém‐nascido. São Paulo (SP): Sociedade Brasileirade Pediatria; 2000.10. Branco A, Fekete SMW, Rugolo LMSS, Rehder MI. Valor e variações da freqüênciafundamental no choro de dor de recém‐nascidos. Rev CEFAC [São Paulo]. 2006; 8(4): 529‐35.ISBN: 978-85-63901-04-0


OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM E A DOR DURANTE A PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICANO RECÉM‐NASCIDO HOSPITALIZADO: IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA.Lívia de Souza Câmara 251Marialda Moreira Christofel 252Ana Luiza Dorneles da Silveira 253Introdução: A problemática sobre a dor do recém‐nascido é um tema emergente nacomunidade científica e de suma importância devido, principalmente, aos inúmerosprocedimentos hospitalares que causam dor. Esta temática é indubitavelmente importantevisto de comprovadamente o recém‐nascido sentir dor e o estresse com mais intensidadeque crianças mais velhas e adultos 1 pouco se observa do profissional de saúde atitudesque visem minimizá‐la. A dor ainda é sub‐diagnosticada e consequentemente sub‐tratada 2. É evidente que durante as suas primeiras horas de vida até o subseqüente período deinternação vivenciado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), para garantir obem‐estar, a recuperação da saúde e obter um desenvolvimento isento ou com menosseqüelas possíveis, o recém‐nascido prematuro é submetido a inúmeros procedimentosrepetidos causando dor e estresse. 3 Dentre estes, está a punção venosa osprocedimentos menores realizados rotineiramente 4 UTIN na coleta de sangue e terapiaintravenosa medicamentosa. É o oitavo procedimento doloroso, principalmente quando sefaz necessárias múltiplas tentativas (mais de 2) , e representa 85% das ações dosprofissionais de enfermagem 4 e é indispensável para o tratamento do recém‐nascido . 5 .Para o alívio da dor se faz necessário o uso de medidas não farmacológicas como o uso daglicose e succção não nutritiva de total autonomia para a enfermagem. No entanto, apesar251Enfermeira formada pela Escola de Enfermagem Anna Nery E‐mail: liviacamara88@gmail.com252Professora Doutora em dor pela Escola de Enfermagem Anna Nery‐ UFRJ E‐mail:marialdanit@gmail.com253Enfermeira Mestranda pela Escola de Enfermagem Anna Nery‐UFRJ E‐mail:aldornelesdasilveira@uol.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


de todo o aparato atual oferecido pela comunidade científica, nota‐se ainda que osprofissionais não utilizam medidas de prevenção/alívio da dor bem como a avalia de umamaneira geral. A partir desta perspectiva, o objeto de estudo traçado é a atuação daequipe de enfermagem frente a dor durante o procedimento de punção venosa periférica.Objetivos: Identificar as ações do profissional durante este procedimento na UTIN;Descrever a prática dos profissionais de enfermagem na realização da punção venosaperiférica e a utilização de medidas não farmacológicas para aliviar a dor; Analisar asimplicações para a prática da punção venosa periférica e o uso de medidas nãofarmacológicas para aliviar a dor do recém‐nascido durante esse procedimento na unidadede terapia intensiva neonatal. Métodos: Estudo descritivo e exploratório de abordagemqualitativa, baseada na observação do alívio/prevenção da dor no procedimento punçãovenosa e a posterior entrevista aos profissionais de enfermagem envolvidos noprocedimento. Os sujeitos foram os profissionais de enfermagem (auxiliares, técnicos eenfermeiros) que realizaram a punção venosa periférica ou participaram como auxiliaresdo procedimento. A pesquisa ocorreu em UTIN de hospital referência em método mãecanguru localizado na área programática 3.2 do Município do Rio de Janeiro no período demaio a julho de 2010, através das visitas dos 3 plantões diários semanais da equipe. Amesma foi aprovada pelo comitê de ética da Prefeitura com numeração CAE: 003814314‐10. O método de análise foi realizado de acordo com Minayo 2004 6 através da Pré‐análise,Exploração do material e Tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Resultados:Foram observadas 24 procedimentos com o envolvimento de 20 profissionais deenfermagem sendo 7 enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem com média de 5 anos e 14anos de experiência na assistência de enfermagem ao recém‐nascido, respectivamente..Pode‐se observar que 100% (20) dos entrevistados referiram a capacidade dos recémnascidosem sentir dor. Este dado foi identificado de forma semelhantes em outro estudo.7 Para Fonseca & Christoffel 6 a importância do reconhecimento e identificação da dor éfundamental no que diz respeito a influencia que a mesma provoca no cotidiano daISBN: 978-85-63901-04-0


assistência. O estudo em questão identificou que os profissionais de enfermagem nãorealizam rotineiramente avaliação através da utilização dos instrumentos adequados, epreconizados pela comunidade científica que para 8 constituem um fator contribuinte nanão prevenção da dor. Em apenas 13 dos 24 procedimentos observados observou aprevenção/alívio da dor por meio de medidas não‐farmacológicas, no entanto de maneirainadequada, não respeitando a forma e a posologia da administração de glicose a 25%,bem como a sucção não nutritiva, que constituíram os procedimentos mais utilizados naprevenção. Em meio a necessidade, identificou‐se a comum conduta de múltiplastentativas para o sucesso da punção venosa periférica, por meio de um mesmoprofissional, em 13 dos 24 procedimentos realizados, o auxílio de outro profissional. Osmesmos referiram o acúmulo de atividades como fator contribuinte do não auxílio deoutro profissional, bem como o número excessivo de tentativas. Em situações deinsucesso do procedimento, os profissionais de enfermagem não utilizaram um intervalode tempo adequado, na grande maioria, ocorreram múltiplas tentativas sucessivas. Emseus relatos, Com relação ao sítio de punção, os critérios da INS 2008 6 , foram parcialmenteatendidos, devido, segundo os mesmos a dificuldade com relação a rede vascular dorecém‐nascido defendida como limitada devido as terapêutica medicamentosa e o seupleno desenvolvimento. 9 A realização de outros procedimentos, quando necessário, taiscomo sonda nasogástrica, aspiração endotraqueal se fizeram presentes em conjunto com oprocedimento punção venosa periférica. Quando foi abordado sobre a freqüência decapacitação dos profissionais, a grande maioria (18) relatou ter algum tipo de experiênciateórica com relação a temática dor. No entanto, os profissionais não foram capacitados emdor durante a punção venosa periférica. Todos os enfermeiros referiram ser capacitadosem PICC. Conclusão: O estudo em questão abordou a atuação dos profissionais deenfermagem frente a dor durante o procedimento punção venosa periférica. A populaçãoestudada reconhece a dor e utiliza mecanismos de prevenção, embora carecendo detécnicas corretas. A avaliação da dor não é realizada como preconizado pela comunidadeISBN: 978-85-63901-04-0


científica, e o uso de múltiplas tentativas por um mesmo profissional e sem oacompanhamento de outro, não utilizando intervalo de tempo se faz presente. Estesdados refletem que ainda há a valorização da assistência intensiva, com o uso detecnologias, cujo principal objetivo é promover a assistência ao recém‐nascido,aumentando sua sobrevida, o que coloca o 5° sinal vital, a dor, em segunda instancia,embora essas práticas não sejam totalmente inexistentes entre a população estudada. Aintensificação de estudos sobre essa temática, bem como a intensificação dos cursos deeducação <strong>continuada</strong> entre os profissionais do meio relacionando a temática dor e punçãovenosa periférica se faz extremamente necessária, para a conscientização dos profissionaisde enfermagem na adoção de medidas que previnam ou aliviem a dor do recém‐nascido.Palavras‐chave: Enfermagem; Recém‐nascido; dor.Referências Bibliográficas:1. NÓBREGA , F. S., SAKAI, L., KREBS, V.Lúcia.J, Procedimentos dolorosos e medidas dealívio em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.2. VIDAL M. A., E; CALDERÓN, E. Martinez; Gonzálvez; TORRES, A; y L. M. Dolor enneonatos. Revista de la Sociedad Española del Dolor 12:98‐111, 20053. GASPARDO, C. M. LINHARES, M. B., MARTINEZ, M. F, E. A eficácia da sacarose no alíviode dor em neonatos: revisão sistemática da literatura4. BUENO, MARIANA; KIMURA, AMÉLIA FUMIKO; DINIZ , CARMEN SIMONE GRILO.Evidências científicas no controle da dor no período neonatal. Revista Acta Paulista deEnfermagem 2009; 22(6): 828‐32.5. INFUSION NURSES SOCIETY BRASIL. Diretrizes Práticas para Terapia Intravenosa. Edição2008.6. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde, 8. ed.São Paulo: HUCITEC, 2004. 269p.ISBN: 978-85-63901-04-0


7. FONSECA, LAINE fRANCO rIBEIRO; CHRISTOFFEL, Marialda Moreira; Rosa, Paula DEAraújo Nicolini Ações de enfermagem na punção venosa: minimizando a dor do recémnascido.Revista de Pesquisa: cuidado é fundamental Online 2010. abr/jun. 2(2):947‐9578. NEVES, FABRICIA ADRIANA MAZZO ; CORRÊA, DARCI APARECIDA MARTINS. Dor emrecém nascidos: a percepção da equipe de saúde Revista Ciencia Cuidado e Saude 2008Out/Dez; 7(4): 461‐9. RODRIGUES, Zaira Simas; CHAVES, Edna Maria Camelo; CARDOSO, Maria Vera LúciaMoreira Leitão. Atuação do enfermeiro no cuidado com o Cateter Central de InserçãoPeriférica no recém‐nascido. Revista Brasileira de Enfermagem set‐out; 59(5): 626‐9.ISBN: 978-85-63901-04-0


O ACOLHIMENTO NA UNIDADE NEONATAL: PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEMRoberta Costa 254Melissa Orlandi Honório 255Patrícia Klock 256Márcia Maria Jordão 257Introdução: Acolhimento, segundo o Ministério da Saúde brasileiro 1:58 , refere‐se a“receber e atender os diferentes integrantes da família do bebê internado na unidadeneonatal, procurando facilitar sua inserção neste ambiente”. Acolher, em nossa avaliação,significa proteger, amparar. E, portanto, é importante que o profissional estejasensibilizado para este momento. O profissional de saúde precisa estar junto ao recémnascidoe família que chega no ambiente da unidade neonatal. Na primeira visita dos pais àunidade neonatal, geralmente eles encontram um ambiente assustador, seu bebê estánuma incubadora ou berço aquecido, rodeado por vários aparelhos, sondas e fios, fazendocom que os pais tenham dificuldade em reconhecer o seu bebê. Esse autor afirma que osprofissionais da equipe neonatal devem oferecer apoio aos pais, compartilhandoinformações realísticas sobre o bebê, para que compreendam a situação clínica da criançae o porquê da existência de tantos equipamentos. É importante que os profissionaiscompreendam a vivência desses pais, nessa fase de sua vida, oferecendo‐lhe um espaçolegítimo para que eles expressem seus sentimentos e ainda esses mesmos profissionaispossam oferecer elementos concretos e facilitadores para que ocorram as transformaçõesque vão possibilitar esses pais superarem barreiras e se movimentarem em direção àaproximação e interação com seu filho 2 . A maneira com que os pais são recebidos os fazconfiar ou não na equipe de profissionais que cuida da criança. Na nossa realidade, todo o254Doutora em Enfermagem pelo Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem (PEN) daUFSC.Enfermeira do Hospital Universitário da UFSC. Santa Catarina, Brasil. E‐mail: robertanfr@hotmail.com255Doutoranda do PEN‐UFSC. Enfermeira do Hospital Universitário da UFSC. Santa Catarina, Brasil.256Doutoranda do PEN‐UFSC. Enfermeira do Hospital Universitário da UFSC. Santa Catarina, Brasil.257Enfermeira do Hospital Universitário da UFSC. Santa Catarina, Brasil.ISBN: 978-85-63901-04-0


atendimento da maternidade está embasado em uma filosofia com premissas dehumanização e interdisciplinaridade que se expressa na prática por meio de condutas eatividades relacionadas com o processo de gestar e parir, bem como na prestação deassistência integral às gestantes de alto risco. Nosso grupo de enfermeiras assistenciaiscompartilha a necessidade de amadurecimento na realidade do acolhimento prestado, oque acreditamos ocasionará a excelência nas relações estabelecidas entre as partesenvolvidas. OBJETIVO: Conhecer como este acolhimento vem ocorrendo na percepção dosprofissionais da equipe de enfermagem, buscando elaborar estratégias para a relaçãoprofissionais/familiares na unidade neonatal, bem como a superação das dificuldadesencontradas neste processo. Metodologia: Estudo descritivo, de natureza qualitativa, tendocomo referencial metodológico a Pesquisa Convergente‐Assistencial (PCA), proposta porTrentini e Paim 3 . A opção por este referencial se fez a partir da necessidade sentida dearticular teoria e prática na construção do conhecimento em enfermagem. Neste tipo deinvestigação, o tema da pesquisa deve emergir da prática profissional cotidiana doinvestigador, e assim sendo, estará relacionado à situação problema da prática. O estudofoi desenvolvido na unidade neonatal de um Hospital Universitário do sul do Brasil.Participaram do estudo 23 profissionais da equipe de enfermagem da unidade neonatal,sendo 20 profissionais de nível médio e 03 enfermeiros. A coleta dos dados deu‐se pormeio de questionário estruturado a partir de perguntas abertas que objetivaram respondero tema proposto. Os pesquisadores convidaram os profissionais da equipe de saúde aparticipar da pesquisa, esclarecendo os objetivos da mesma e distribuíram um questionáriojuntamente com uma carta‐convite e o termo de consentimento livre e esclarecido. Ossujeitos que se dispuseram a participar do estudo preencheram o questionário e odevolveram às pesquisadoras, que permaneceram na unidade durante o período depreenchimento dos mesmos para prestar possíveis esclarecimentos que fossemnecessários. Para o tratamento dos dados foi realizada a análise de conteúdo de Bardin 4 ,seguindo as três fases propostas pela autora: pré‐análise, exploração do material, análise eISBN: 978-85-63901-04-0


interpretação referencial. Os dados obtidos permitiram a construção de quatro categoriasde análise denominadas “A enfermeira é a responsável pelas informações iniciais”, “Oacolhimento reduz as barreiras da hospitalização para os pais”, “O acolhimento pode sermelhorado”, “capacitar a equipe é importante para melhorar o acolhimento”. O projeto depesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos daUniversidade Federal de Santa Catarina sob protocolo n° 796 FR 340138. Resultados: Ascategorias de análise identificadas apontam como o acolhimento vem sendo realizado naunidade neonatal e também identificam propostas para melhoria deste processo. Nacategoria “A enfermeira é a responsável pelo acolhimento” podemos perceber a partir dosdepoimentos, que é a enfermeira a pessoa determinada pela equipe para receber/acolheros pais na unidade. Ela que passa as normas e rotinas da unidade, acompanha os pais até obebê e passa algumas informações sobre o quadro clínico do recém‐nascido. Além disso, osrelatos dos profissionais revelam que “O acolhimento reduz as barreiras da hospitalizaçãopara os pais”. Nesta categoria fica evidente que o acolhimento inicial pode reduzir osmedos e fantasias dos pais. Destacando a importância do profissional de saúdeacompanhar os pais até o bebê e responder as dúvidas conforme demanda dos mesmos.Ainda nesta categoria foi salientado a importância de o profissional se apresentar parafamília, dizendo seu nome e função. Estes aspectos são apontados como estratégias paraum bom relacionamento com os pais, procurando reduzir os medos e estimular o contato evínculo afetivo. O acolhimento deve resultar das relações no processo de atendimento,iniciando no momento da internação 5 . No encontro entre profissionais e recémnascido/família,ocorre uma negociação visando a identificação de necessidades, umabusca de formação de vínculo, com o objetivo de instituir uma relação humanizada daassistência. Ao realizar uma avaliação do acolhimento prestado na unidade neonatal, agrande maioria descreve este processo como satisfatório, mas salientam que “oacolhimento pode ser melhorado”. Alguns depoimentos destacam a questão de que oacolhimento depende do profissional que está realizando, que alguns profissionais sãoISBN: 978-85-63901-04-0


mais carinhosos. Portanto, podemos melhorar o acolhimento de forma a uniformizar ascondutas, fazendo com que todos os pais e mães sintam‐se amparados pelo profissionalque cuida de seu filho. O profissional que recebe a família deve oferecer condiçõesmínimas de conforto, tentando responder às preocupações dos pais, oferecendoexplicações simples sobre o estado de saúde, tratamento e equipamentos usados no bebê,procurando dar ênfase à criança ao invés do equipamento ou doença 6 . Assim surge acategoria, “capacitar a equipe é importante para melhorar o acolhimento”. Nestacategoria, os profissionais destacam a importância das capacitações, dos eventos quepermitem atualizar os conhecimentos e a troca de experiência. Outro ponto de destaquefoi a necessidade de todos os funcionários repassarem as mesmas informações, criandouma rotina de comunicação. O processo educativo deve permear toda a práticaassistencial. É entendida como um processo coletivo e é efetiva quando todos osparticipantes dialogam, compartilham experiências e transformam o seu modo de ver omundo. É através da relação dialógica que a equipe de saúde compartilha suas crenças,valores, conhecimentos e experiências, promovendo uma reflexão crítica da realidade epossibilitando a transformação de suas práticas diárias 7 . Considerações finais: A equipe deenfermagem é a principal responsável pela inserção da família no ambiente da unidadeneonatal. O acolhimento é a chave inicial para o processo de comunicação entre os pais eos profissionais de saúde. A forma como o pai e a mãe são recebidos no hospital iráinfluenciar significativamente toda a internação do recém‐nascido. É necessário investir nacapacitação e sensibilização dos profissionais de saúde das unidades neonatais,promovendo não somente aprimoramento técnico, mas também, sensibilizando‐os paraum cuidado individualizado e humanizado, buscando proporcionar ao recém‐nascido efamília um ambiente acolhedor e tranqüilo. O ideal seria, além de possibilitar que os paisentrem no ambiente da unidade neonatal, que possamos permitir que eles sejam e sintamsepais.ISBN: 978-85-63901-04-0


Descritores: recém‐nascido, UTI neonatal, acolhimento, famíliaReferências:1. Brasil. Ministério da Saúde ‐ Secretaria de Políticas de Saúde ‐ Área de Saúde da Criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso – método mãe canguru: manual docurso. Brasília, 2001.2. Belli MA de J, Silva IA. A constatação do filho real: representações maternas sobre o filhointernado na UTI neonatal. Rev. Enferm. UERJ. 2002 set.‐dez.; 10(3): 165‐170.3. Trentini M., Paim L. Pesquisa convergente‐assistencial: um desenho que une o saberfazer e o saber pensar na prática assistencial em saúde‐enfermagem. 2. ed. Florianópolis:Insular, 2004.4. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.5. Schmith MD, Lima MA. Acolhimento e vínculo em uma equipe do Programa Saúde daFamília. Cad. Saúde Publica. 2004 nov.‐dez, 26(6): 1487‐94.6. Gaíva MAM, Scochi CGS. A participação da família no cuidado ao prematuro em UTINeonatal. Rev Bras Enferm 2005 jul‐ago; 58(4): 444‐8.7. Costa R. Reflexões da equipe de saúde sobre o método mãe‐canguru em uma unidadeneonatal: um diálogo fundamentado na abordagem problematizadora. [Dissertação deMestrado em Enfermagem] Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem da UniversidadeFederal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.ISBN: 978-85-63901-04-0


O ALEITAMENTO MATERNO COMO UMA TECNOLOGIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEMNA DOR DO RECÉM NATOBREASTFEEDING AS A TECHNOLOGY OF NURSING CARE IN A NEWBORN'S PAINLA LACTANCIA MATERNA COMO UNA TECNOLOGÍA DEL CUIDADO DE ENFERMERÍA ENDOLOR DE LOS RECIÉN NACIDOMariana Gomes Cardim 258Maria Aparecida de Luca Nascimento 259RESUMO ‐ Estudo experimental com abordagem quantitativa que tem por objetivos,demonstrar a efetividade do aleitamento materno no combate à dor do recém nascido(RN), quando, concomitantemente, ele é submetido à vacinação BCG‐ID, e, demonstrar,que o aleitamento materno, pode também ser considerado uma tecnologia utilizada nomanejo da dor do RN, pela equipe de enfermagem, no cotidiano da sua prática de cuidar. Apopulação alvo foi composta de 96 binômios mãe‐filho, que foram observados durante aaplicação da vacina BCG‐ID em uma maternidade da cidade do Rio de Janeiro, sendodividida, aleatoriamente, em 2 grupos (controle e experimental). As reações corporaisindicativas de dor foram analisadas de acordo com a escala de NIPS. Os resultadosmostraram que 95,6% dos RN que estavam sendo amamentados durante a referidaaplicação não sentiram dor, e que 94,1%, diante da mesma situação, e que não estavamsendo amamentados, demonstraram essa sensação. Conclui‐se que o aleitamentomaterno, além de todas as vantagens já conhecidas, pode ser considerado e utilizado comouma tecnologia do cuidado de enfermagem para evitar a dor do RN.258Enfermeira do Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ) – Mestre em Enfermagem259Professora e Orientadora Acadêmica do Programa de Pós graduação – Mestrado em Enfermagemda Universidade Federal do Estado do Rio de Janeir0 (UNIRIO) – E‐mail: gemeas@centroin.com.br.ISBN: 978-85-63901-04-0


Palavras chave: Enfermagem neonatal; Cuidados de enfermagem, Tecnologia, AleitamentoMaterno.ABSTRACT ‐ Experimental study with a quantitative approach that aims to demonstrate theeffectiveness of breastfeeding in preventing the pain of the newborn, while, concurrently,he is subjected to vaccination with BCG‐ID, and demonstrate, from the existing conceptthat breastfeeding, in addition to many other benefits, may be also used in painmanagement of the newborn, the nursing staff in the daily care practice. The targetpopulation consisted of 96 mother‐child binomials that were observed during applicationof BCG‐ID in a maternity hospital in Rio de Janeiro, were divided randomly into two groups(experimental and control), and the bodily reactions, indicative of pain were analyzedaccording to the NIPS scale. The results showed that 95.6% of newborns were beingbreastfed for the implementation of the immunobiological, felt no pain, and 94.1%, facingthe same situation, and who were not breastfed, showed that feeling. It is concluded thatbreastfeeding, in addition to all the advantages already known, can be considered and usedas a technology of nursing care to avoid the pain of the newborn.Key words; Neonatal Nursing; Nursing care; Technology, Breastfeeding..RESUMEN ‐ Estudio experimental con un enfoque cuantitativo, que tiene por objetodemostrar la eficacia de la lactancia materna en la prevención del dolor de los reciénnacidos (RN), mientras que al mismo tiempo que se somete a la vacunación con BCG‐ID, ydemostrar, desde el concepto actual que la lactancia materna, entre muchos otrosbeneficios, también puede considerarse como una tecnología utilizadas en el tratamientodel dolor del recién nacido, por el personal de enfermería en la práctica asistencial. Lapoblación destinataria se compuso de 96 pares de madres e hijos, que se observarondurante la aplicación de la BCG‐ID en un hospital de maternidad en Río de Janeiro, fueronISBN: 978-85-63901-04-0


divididos aleatoriamente en dos grupos (control y experimental) y que tengan lasreacciones corporales indicativos de dolor, analizados de acuerdo a la escala de los NIPS.Los resultados mostraron que 95,6% de los niños que fueron amamantados durante laejecución de la inmunobiológicos, no sentía ningún dolor, y 94,1%, frente a la mismasituación, y que no fueron amamantados, sentíram la sensación de dolor. Se concluye quela lactancia materna, además de todas las ventajas ya conocidas, puede ser considerado yutilizado como una tecnología del cuidado de enfermería para evitar el dolor del reciénnacido.PALABRAS CLAVE: Enfermería Neonatal, Cuidado de Enfermería, Tecnología, LactanciaMaterna.INTRODUÇÃODiuturnamente, a equipe de enfermagem, não só utiliza vários recursostecnológicos, como também, cria tecnologias para desenvolver a sua prática de cuidar. Adefinição de tecnologia, entre outras, é a seguinte; “Utilização de técnicas, conhecimentos,métodos, materiais, ferramentas e processos, para resolver problemas ou, pelo menos,facilitar a sua solução 1 ”.Foi a partir dessa conceituação que houve, em estudo anterior, a proposta paraque os procedimentos técnicos de enfermagem, as propostas alternativas observadasdurante o processo de cuidar, assim como, a concepção de artefatos e/ou utensíliosdurante esse prática, fossem considerados tecnologias 2 , por haver um ajuste perfeito entreeles e a referida conceituação.Desse modo, podemos observar que a definição de tecnologia é tão abrangentequanto o seu uso, e que, em determinadas situações, sob a ótica desta conceituação, o queISBN: 978-85-63901-04-0


é um procedimento, uma improvisação, uma nova maneira de executar uma técnica, podeser considerado uma tecnologia.A partir da conceituação acima mencionada, as tecnologias que se vêemenvolvidas no trabalho em saúde, são classificadas em leves, leve duras e duras. Astecnologias classificadas como leves, dizem respeito às relações que são estabelecidasdurante o processo de trabalho em saúde, e que produzem vínculo, sensação deacolhimento. As tecnologias classificadas como leve duras, advém dos saberes bemestruturados que operam no trabalho em saúde, e as tecnologias duras, dizem respeito aosequipamentos, máquinas, normas e estruturas que são utilizadas para o desenvolvimentodesse trabalho 3 .Desse modo, observa‐se que os procedimentos técnicos de enfermagem, aspropostas alternativas advindas do processo de cuidar, assim como a concepção deartefatos e/ou utensílios, além de se ajustarem ao conceito de tecnologia, ajustam‐setambém às suas classificações.Considerando os vários aspectos envolvidos no presente estudo, vale ressaltarque o seu foco principal é o alívio da dor do recém nato (RN), pela equipe de enfermagemdurante a prática de um procedimento invasivo, mais especificamente, a vacinação daBCG‐ID.Aliviar a dor do RN, sempre foi um desafio para a equipe de enfermagem, apesarde ser considerado um sintoma subjetivo 4 . No entanto, apesar de não poder serreferenciada pelo recém nato, anatomicamente, há a comprovação de que eles sãocapazes de sentir dor, da mesma forma como fazem os adultos 5 .Porém, presenciar a dor do recém nato, é uma experiência dolorosa para a suamãe, talvez por isso, elas evitem acompanhá‐los à vacinação, delegando essa função ao paiou parentes próximos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Esse fato foi corroborado por um estudo sobre as representações sociais de mãescom relação às vacinações de seus filhos, onde se destacaram, através de seus discursos,os sentimentos de tristeza, pena, desespero, remorso, culpa, mal‐estar, nervosismo emedo, que provocariam nelas reações de choro. Segundo o próprio estudo, o medo dasmães estaria relacionado à dor provocada pelas injeções, pelo furo da agulha, etc 6 .Por outro lado, a resposta das crianças à dor é diretamente influenciada pela reaçãoemocional dos pais durante qualquer processo doloroso. Sendo assim, ao reagir à dor,chorando vigorosamente, o RN provocaria na mãe os sentimentos acima descritos,promovendo uma reação em cadeia 7 , o que poderia ser a causa de profissionais deenfermagem, privilegiarem a presença de outras pessoas, que não a própria mãe, paraacompanhar o RN à vacinação.A DOR DO RECÉM NATO ‐ No neonato, o estresse, a angústia e a dor podem ser episódicas,decorrentes de procedimentos específicos ou não. Estima‐se que recém‐nascidosinternados em UTINs, na atualidade, sofram, em média, de 50 a 132 manipulações diárias,incluindo, desde intervenções básicas de enfermagem, até procedimentos complexos.Praticamente, a totalidade destas intervenções podem ser consideradas dolorosas 8 . Osneonatos, a termo e sadios, não são tão freqüentemente expostos à dor induzida porcausas externas, porém, sofrem certos procedimentos inevitáveis que, provavelmente,causam desconforto, angústia e/ou dor. Logo ao nascer, eles são submetidos à coleta desangue para testes laboratoriais de diagnóstico, e recebem injeção de vitamina K. Alémdisso, pelo menos 13 injeções são aplicadas nas crianças, rotineiramente, duranteprogramas de imunização até a sua adolescência.A dor do RN tem sido alvo de alguns estudos de enfermagem, haja vista apreocupação com esse tema, e até mesmo, procedimentos que não eram consideradosdolorosos, como a aspiração traqueal, assim foram classificados, a partir de estudo quedemonstrou que em cerca de 100% das observações, o RN sentia dor, e que em 67%, essesintoma era classificado de moderado a intenso 9 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Além de estudos que diagnosticam a dor do RN, vale citar aquele quem além dediagnosticar, propõe medida alternativa de alívio da dor, como é o caso da detecção da dordo RN na instalação do CPAP nasal, e a constatação do alívio desse sintoma, a partir dapossibilidade da sucção não nutritiva 10 . Nesse caso, observa‐se que o referido estudo tinhacomo foco o uso de uma tecnologia dura, e que foi concluído propondo o uso de umatecnologia leve dura, a sucção não nutritiva.A OBSERVAÇÃO DURANTE O ATO DE CUIDAR, DETERMINANDO MUDANÇAS DEPARADIGMASConsiderando que os estudos acima mencionados basearam‐se no cotidiano daprática de cuidar em enfermagem, cumpre citar que durante o desenvolvimento de umcurso de capacitação para a vacinação da BCG‐ID do qual participou uma das autoras desteestudo, uma mãe solicitou que a vacina fosse aplicada em seu filho, apesar dele estarsendo amamentado, contrariando aquilo que, normalmente, é feito, ou seja, esperar que oaleitamento seja concluído para então, proceder‐se à vacinação, pois a hora doaleitamento materno deve ser preservada de ruídos e de agitação, por ser a hora deinteração entre a mãe e o RN.No entanto, apesar da relutância em não faze‐lo, considerando que isso poderiaser uma agressão ao momento, rompendo o que até então estava instituído, a referidaprofissional aplicou a vacina, e qual não foi a sua surpresa, ao observar que a criança nemse deu conta dela, continuando a sugar, como se nada tivesse acontecido, emcontraposição às outras crianças que choravam vigorosamente, demonstrando dor edesconforto.A partir dessa observação, outras tentativas foram feitas, obedecendo ao mesmocritério, sendo que o resultado observado era sempre o mesmo, ou seja, a criançacontinuava a mamar, sem demonstrar dor. Além disso, a observação do comportamentoISBN: 978-85-63901-04-0


do RN, durante o ato de cuidar em enfermagem, tornava indispensável a presença da mãenaquele momento, fato que rompia em definitivo com os paradigmas anteriores .Desse modo, um estudo metodologicamente estruturado, comprovou que oaleitamento materno pode ser considerado um elo de amor no manejo da dor do RN,durante a aplicação da BCG‐ID 11 .A partir do acima exposto o presente artigo tem como objetivos, demonstrar aefetividade do aleitamento materno no combate à dor do RN, quando submetido,concomitantemente à vacinação BCG‐ID, e, demonstrar, a partir da conceituação existente,que o aleitamento materno, entre tantos outros benefícios, pode também ser consideradouma tecnologia utilizada no manejo da dor do RN, pela equipe de enfermagem, nocotidiano da prática de cuidar.A relevância deste estudo é corroborada por autoras que consideram que asenfermeiras têm o desafio de estabelecer a sua área de atuação com mais conforto,oferecendo abordagens criativas para lidar com novos e antigos problemas 12 , que incluema objetividade e a subjetividade do corpo de quem cuida e de quem é cuidado. Dessemodo, neste estudo, observa‐se que objetivamente, os profissionais da equipe deenfermagem ao ouvirem o choro vigoroso, um dos sinais de dor, sintoma subjetivo do RN,podem utilizar um recurso tecnológico, nesse caso, a amamentação, no sentido de evita‐la.METODOLOGIAEstudo experimental, com abordagem quantitativa. O estudo experimental éaquele no qual o pesquisador manipula uma variável independente, administrando umtratamento experimental a alguns sujeitos, ao mesmo tempo em que não o faz comoutros 13 .A variável independente é um determinado fator que, manipulado a critério dopesquisador (aleitamento), gerará um determinado resultado em um outro fatorISBN: 978-85-63901-04-0


(expressões de dor). Esse outro fator é a variável dependente, que sofrerá, ou não, emefeito da manipulação da variável independente. A mensuração dos resultados dessamanipulação determinará a validade do experimento.Para efeito desse estudo, a variável independente é a amamentação, e a variáveldependente será composta pelas expressões de dor contidas na escala de NIPS.Para ser considerado um experimento verdadeiro, esse estudo contou com trêscaracterísticas, manipulação, controle, e randomização (distribuição aleatória). Namanipulação, o pesquisador oferece a variável independente a um grupo de participantesdo estudo, mas não a oferece ao outro grupo. O controle é observado através damanipulação da variável independente, e a randomização, é a distribuição aleatória doscomponentes do estudo em dois grupos, experimental e controle 12 .A população acessível foi composta de 96 binômios (mãe e filho) que estavaminternados em regime de alojamento conjunto de uma maternidade com característicasfilantrópicas da cidade do Rio de Janeiro, e que foram selecionados por conveniência apartir dos critérios de elegibilidade.Os referidos critérios foram; mãe potencialmente nutriz e em plena condiçãofisiológica de amamentar, RN a termo e há mais de 24 horas de nascido, para evitar ostress pós‐parto, com boa pega e sucção, obedecendo a um intervalo de 30 a 45 minutosda última mamada, a fim de assegurar que esteja reativo à manobra realizada e semdesconforto devido à fome.Os critérios de exclusão foram; RN com índice de Apgar inferior a 7 no primeiroou quinto minuto de vida, presença de mal formação congênita, síndromes cromossômicasou alterações neurológicas de qualquer natureza.A seleção prévia dos possíveis participantes do estudo foi feita a partir dosprontuários, pela história clínica do parto, e, posteriormente, as mães selecionadas eramISBN: 978-85-63901-04-0


entrevistadas e examinadas com relação aos critérios de elegibilidade. Quando atendidos,as mães eram convidadas a participar do estudo, oportunidade em que eram colocadas apar dos seus objetivos e de todas as etapas, assim como do Termo de Consentimento Livree Esclarecido, conforme a previsão da Resolução 196/96 que descreve as Diretrizes eNormas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos.A referida pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Prefeitura da Cidade doRio de Janeiro, sob o protocolo nº 103/05.A partir dessa seleção, a randomização se processava, com a distribuição dosbinômios em dois grupos, o grupo experimental (A) no qual o RN que seria amamentadodurante a vacinação da BCG_ID, e o grupo controle (B) no qual o RN não seria amamentadodurante esse processo.O encaminhamento aleatório para os grupos obedeceu ao lançamento de umamoeda sobre uma mesa. Quando a face cara voltava‐se para cima, apontava para o grupoA, e a face coroa para o grupo B.A coleta de dados foi realizada a partir da observação estruturada das variáveisfisiológica (padrão respiratório) e comportamentais (expressão facial, choro,movimentação de braços e pernas, e estado de consciência), contidas na escala de NIPS(Neonatal Infant Pain Score), durante a vacinação da BCG‐ID, dos RN que faziam parte dogrupo experimental (A) e do grupo controle (B), sendo que aos RN do grupo A, a mãe eraorientada a amamenta‐lo, durante o referido procedimento, o mesmo não acontecendocom o grupo controle (B).ISBN: 978-85-63901-04-0


ESCALA DE NIPS ‐ Neonatal Infant Pain Score/ Escala de Dor NeonatalINDICADOR 0 PONTO 1 PONTO 2 PONTOS1) Expressão facial Relaxada Contraída _2) Choro Ausente “Resmungos” Vigoroso3) Respiração Relaxada Diferente da basal _4) Braços Relaxados Fletidos ou estendidos ‐5) Pernas Relaxados Fletidos ou estendidos ‐6) Estado de alerta Dormindo ouacordado calmoDesconfortável ‐Fonte: Guinsburg, 1999A referida escala prevê um somatório que varia de 0 a 7, sendo que, acima de 4, apresença de dor deve ser considerada, e ela tem se mostrado útil na avaliação da dor dosRN, prematuros e a termo, conseguindo diferenciar os estímulos dolorosos daqueles quenão o são 14 .A fim de minimizar o risco da validade interna do estudo, as reações dos RNforam observadas por uma enfermeira especialista em neonatologia, plantonista de umaunidade de terapia intensiva neonatal, que foi orientada e treinada quanto ao uso daescala de NIPS,APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOSISBN: 978-85-63901-04-0


Após o critério de encaminhamento aleatório aos grupos, experimental e controle,observou‐se que os grupos ficaram divididos em 45 para o grupo A (RN sendoamamentado), e 51 para o grupo B (RN não sendo amamentado), totalizando 96 binômios.As informações referentes aos comportamentos observados de ambos os grupos,foram tabulados em planilha eletrônica e posteriormente transferidos para um softwareSPSS ® (Statistical Packet for Social Science).Os resultados obtidos estão apresentados no seguinte quadro:PONTOSRN AMAMENTANDORN SEM AMAMENTAÇÃO(Escala de NIPS)(GRUPO A)(GRUPO B)N % N %0 22 48,9 0 01 12 26,7 0 02 4 8,9 0 03 5 11,1 3 5,94 0 0 6 11,85 1 2,2 4 7,86 0 0 3 5,97 1 2,2 36 68,6TOTAL 45 100 51 100Fonte: Instrumento de coleta de dadosOs resultados obtidos demonstram os que 95,6% dos RN do grupo experimental(A), alcançaram scores entre 0 e 3 o que indica que eles não sentiram dor. Considerandoque esse sintoma só é previsto a partir de 4 pontos na escala utilizada, conforme mostra oquadro demonstrativo, somente 2 RN deste grupo demonstraram sentir dor, sendo 1(2,2%) com o score 5, e 1 (2,2%) com o score 7. Com relação ao grupo controle (B), oISBN: 978-85-63901-04-0


esultado foi diametralmente oposto, mostrando que os RN que não foram amamentadosdurante a vacinação da BCG‐ID, sentiram dor, pois, conforme apresentado no quadrodemonstrativo, 94,1% apresentaram esse sintoma, sendo que 68,6%, do referido grupoalcançou o score máximo (7).CONCLUSÃOO presente estudo demonstrou que o aleitamento materno, efetivamente, age como umantídoto na dor do RN, durante a vacinação da BCG‐ID, rompendo inclusive, com oparadigma que previa a separação do binômio mãe e filho, com a justificativa de não vê‐losofrer, o que poderia retroalimentar uma cadeia de sensações anteriormente descritas.No entanto, mais do que aliviar a dor, observa‐se que a partir da conceituação detecnologia, assim como da sua classificação, o aleitamento materno, além de todas as suaspropriedades, também pode ser considerado uma tecnologia do cuidado de enfermagem.A proposta em considerar a aleitamento materno como uma tecnologia, parte dapremissa que a orientação da mãe, pela enfermagem, para que ela proceda ao aleitamentodurante a realização de procedimentos dolorosos, está baseado em resultados de pesquisacientífica, que são utilizados para resolver o problema da dor do RN, podendo serclassificada essa atitude, como uma tecnologia leve dura, a partir dos critérios que sãoestabelecidos para que o referido processo se realize, e também porque a produção desseconhecimento foi fundamentada num processo, científica e metodologicamenteestruturado.REFERÊNCIAS1 – Wikipédia, Enciclopédia livre. [home page na internet]. Atualizada em janeiro de 2009;[Acesso em setembro de 2010]. Disponível em http://pt.wikipédia.org.wiki/tecnologia;2 – Nascimento MAL. Tecnologias de enfermagem no cuidar de crianças: Um ponto devista. Rev. Soc. Bras. de Enf. Pediatras 2004:4(1):5‐9.ISBN: 978-85-63901-04-0


3 – Merrhy EE et al. Em busca de ferramentas analisadoras das tecnologias em saúde: Ainformação eo dia a dia de um serviço, interrogando e gerindo trabalho em saúde. In:Merhy EE, Onocko R. Agir em Saúde: um desafio para o público. 2 ed. São Paulo: Hucitech.1997. 97‐113.4 – Guinsburg R. Dor do recém nascido. In: Filho NA, Correa ND. Manual de Perinatologia. 2ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1995. 582‐93.5 – Rañna W, Sucupira ACSL, Zuccoloto SMC. Dores em geral e principais dores recorrentes:abdominal, cefaléia e em membros. In: Marcondes E. et al. Pediatria básica: pediatria gerale neonatal. 9 ed. São Paulo: Sarvier. 2002. 357‐76.6 – Vaz EMC. As representações de imunização. [Dissertação]. Rio de Janeiro: Universidadedo Estado do Rio de Janeiro; 2003. 117 p. Mestrado em Enfermagem.7 ‐ Whaley LF, Wong DL. Enfermagem Pediátrica ‐ Elementos essenciais às intervençõesefetivas. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999. 1130 p.8 – Bueno M. In: Leão ER, Chaves LD. Dor: 5º sinal vital – Reflexões e intervenções deenfermagem. Curitiba: Martinari; 2004. 193‐206.9 – Araújo MC. Diagnosticando a dor durante a aspiração traqueal em recém nascidosprematuros (Observações comportamentais e fisiológicas como um cuidado deenfermagem). [Dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio deJaneiro; 2008. 68p. Mestrado em Enfermagem.10 – Antunes JCP. O cuidado tecnológico de enfermagem no alívio da dor do prematuro(Sucção não nutritiva e CPAP nasal). [Dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Federal doEstado do Rio de Janeiro; 2009. 133p. Mestrado em Enfermagem.11‐ Cardim MG. Aleitamento Materno: um elo de amor e manejo da dor durante aaplicação da BCG‐ID. [Dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Riode Janeiro; 2006. 94p. Mestrado em Enfermagem.12 – Lobiondo – Wood GL, Haber J. Pesquisa em Enfermagem: Métodos, avaliação, crítica eutilização. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001. 330p.13 – Polit D, Hungler F. Fundamentos da Pesquisa em Enfermagem. 3 ed. Porto Alegre:Artes Médicas; 1995. 391 p.14 – Pereira ALST et al. Validade de parâmetros comportamentais e fisiológicos para aavaliação da dor aguda de recém nascidos a termo. Brazilian Pediatric News. 1999; 1(2):30‐5.ISBN: 978-85-63901-04-0


O AMBIENTE NEONATAL NO PROCESSO DE APROXIMAÇÃO PAIS/BEBÊ PREMATUROGisele Perin Guimarães 260Marisa Monticelli 261A UTI neonatal é basicamente constituída por um ambiente terapêutico indicado parabebês de alto risco, com aparelhagem específica e uma equipe multidisciplinar sobliderança competente Historicamente, o primeiro centro hospitalar criado para prestaratendimento aos recém‐nascidos pré‐termo foi edificado em Chicago, nos Estados Unidos,no Sarah Morris Hospital, em 1923. Neste serviço eram seguidos os princípios de Budin,médico neonatologista que idealizou e promoveu o uso de incubadoras com paredes devidro, que possibilitavam melhor visualização dos recém‐nascidos por parte de seus pais.Por volta dos anos 60, o bebê pré‐termo e/ou de baixo peso ainda era consideradointocável e distante, sem qualquer proximidade com seus pais e familiares. Com o passardos tempos, nos dias de hoje, os neonatologistas e a equipe de saúde neonatal, que setornou multiprofissional e em alguns locais interdisciplinar, acreditam que, com umameticulosa atenção ao conforto e bem‐estar do recém‐nascido antes, durante e após onascimento, os bebês de risco serão capazes de sobreviverem, sobretudo incluindo os paisneste processo. Com o passar dos anos, a tecnologia disponível no ambiente neonataltornou‐se mais avançada, sofisticada, diversificada e precisa, porém, com a mesmaintensidade, distanciou‐se da abordagem interativa, passando a incluir os pais e osfamiliares, muitas vezes, na periferia assistencial. No entanto, percebe‐se que o bebê nãoestá preparado para o ritmo urgente que lhe é imposto e considerado bem diferente davida intra‐útero. Tudo acontece muito rápido e numa seqüência de técnicas algumas260Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem PEN/UFSC. Enfermeiraassistencial do Serviço de Neonatologia do HRSJ e da Unidade Pediátrica do HU/UFSC. Membro doGrupo de Pesquisa EDEN. E‐mail: giseperin@yahoo.com.br261Doutora em Enfermagem. Docente do PEN e do Departamento de Enfermagem da UFSC. MembroPesquisador do NEPEPS. Vice‐líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e doRecém‐nascido (GRUPESMUR) da UFSC. Orientadora da Dissertação.ISBN: 978-85-63901-04-0


invasivas e outras não, mas que exigem um constante tocar e manusear o bebê. Já para ospais não só todo o aparato tecnológico e o ambiente desconhecido despertam ossentimentos negativos, mas sim pelo afastamento do bebê de sua família, aparentandoque seu filho pertence a uma equipe de saúde e não a eles, seus genitores. Diante destecontexto, o presente estudo, – fruto de uma Dissertação de Mestrado – que teve dentre osobjetivos compreender como o ambiente neonatal interfere na aproximação precoce entrepais e filho nascido pré‐termo e/ou com baixo peso durante a prática do Método Mãe‐Canguru. Os referenciais da abordagem do Apego, proveniente da psicologia dodesenvolvimento, e da Teoria da Adaptação, advindo da produção da enfermagem,subsidiaram toda a trajetória da pesquisa, sendo esta de cunho qualitativo, do tipoConvergente‐Assistencial que foi desenvolvida na unidade neonatal do HospitalUniversitário Prof. Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de SantaCatarina. Os sujeitos participantes foram três casais, juntamente com seus filhos nascidospré‐termo e/ou de baixo peso e que estavam aptos a participarem da prática do Métodono momento da coleta de dados. A coleta de dados foi realizada através do processo decuidar em enfermagem, utilizando‐se, basicamente, das técnicas de observaçãoparticipante (técnica principal) e entrevista focalizada (técnica complementar), apósaprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética da UFSC. O processo de cuidar, aoqual denominei “Processo Cuidativo”, constou de quatro etapas: 1 a etapa → Identificaçãodos modos adaptativos; 2 a etapa → Diagnóstico de enfermagem; 3 a etapa→Estabelecimento de metas, plano e implementação de cuidados; 4 a etapa →Avaliação. Aprimeira foi a Identificação dos modos adaptativos, que envolveu a investigação dos quatromodos adaptativos por meio do levantamento dos comportamentos dos pais frente aosfilhos pré‐termo e/ou de baixo peso. Nesta etapa busquei envolver‐me com os sujeitos emsuas ações, sempre com suas aquiescências, porém sem que houvesse qualquer tipo deinterferência. Nesta observação focalizei todos os modos de adaptação que envolvesse ocomportamento dos pais com relação a aproximação junto ao seu filho. Na segunda etapa,ISBN: 978-85-63901-04-0


o Diagnóstico de enfermagem, procurava identificar as reações ineficientes que requeriamapoio da enfermagem ou mesmo as respostas adaptativas que eram consideradas positivase que deveriam ser estimuladas ou reforçadas pela enfermagem. A terceira etapa eraconstituída pelo Estabelecimento de metas, plano e implementação de cuidados, Oestabelecimento das metas, consistiam nos comportamentos finais que os pais e seu bebêdeveriam alcançar. Estas metas eram estabelecidas em conjunto com os pais. Após estemomento, procurava traçar um plano de cuidados que tinha como propósito proporalternativas de aproximação, alterar ou manipular os estímulos, auxiliando ou ampliando acapacidade de enfrentamento destes sujeitos e que pudessem contribuir na formação doapego. Como última etapa sistemática do processo cuidativo em enfermagem, a Avaliação,que buscava averiguar se havia acontecido o alcance das metas pré‐estabelecidas,principalmente no que se referia aos comportamentos dos pais com seu filho pré‐termoe/ou de baixo peso. A análise das informações coletadas durante o desenvolvimento doprocesso cuidativo foi realizada seguindo‐se quatro processos genéricos: apreensão,síntese, teorização e transferência. O processo de apreensão foi a primeira fase da análiseque ancorou‐se no conjunto de informações obtidas durante a prática cuidativa com ostrês casais e seus recém‐nascidos. No processo de síntese agrupei todas as informaçõesobtidas no convívio diário com os pais e bebês, identificando quais palavras, expressões,movimentos, intenções ou outras expressões foram mais fortes e significativas, e querefletiam tantos os pontos positivos quanto os pontos negativos destas relações. Oprocesso de teorização visa o modelamento de um esquema teórico mais representativodos significados emanados do mapa de dados definindo os pontos‐chave quedeterminaram cada categoria e suas subcategorias. Neste recorte darei enfoque acategoria “Equipamentos e ações da equipe neonatal frustrando a aproximação pai‐mãefilho”, que deixa evidenciado que as dificuldades começam a surgir quando o homem e amulher sentem‐se de “mãos atadas” por não terem “nada a fazer e ter que aceitar asituação”. Os primeiros conflitos que surgem estão relacionados aos sentimentos variadosISBN: 978-85-63901-04-0


que atingem o casal, talvez mais intensamente à mulher, em decorrência do pós‐parto, umperíodo considerado crítico e sensível. Com o nascimento de um filho pré‐termo todos osplanos do casal se transformam do dia para a noite, frustrando expectativas e colocando‐osem uma realidade sem atrativos e longe do que esperavam, tanto para si próprios, quantopara o recém‐nascido. Os sentimentos de culpa, medo e insegurança do homem e damulher afloram ao perceberem o início do trabalho de parto, acabando com as últimasesperanças de levarem a gravidez até o final, passando a ter a certeza de que nada maistêm a fazer, a não ser, colaborarem para que tudo ocorra da melhor forma possível,torcendo para que o bebê nasça sem anormalidades e, mais do que tudo, que sobreviva!Apesar de tudo ter acontecido dentro do que a equipe considerava ideal para umnascimento precoce, os pais deste estudo julgaram o momento do parto como sendo“aterrorizante”, no sentido de não saberem o que iria acontecer posteriormente. Aseparação da tríade faz aumentar os questionamentos relacionados à sobrevivência eexacerbando os sentimentos negativos, como de ansiedade e insegurança. No cotidiano davida desses casais era normal experimentarem diferentes sentimentos, mas o que ficoumarcado com maior intensidade foi a impossibilidade de acolherem o filho ao nascer,gerando um profundo desapontamento. Assim, acredito que as crianças, ao sofrerem aseparação no nascimento e ingressarem no ambiente neonatal, sendo expostas adiferentes estímulos, tornam‐se ainda mais necessitadas da presença materna e paterna,buscando neles a sua referência para a superação do trauma provocado pelo nascimentoprematuro. O ambiente neonatal, em princípio, não é nem um pouco atrativo do ponto devisto materno e paterno, principalmente por se configurar num local de angústia, temor eincertezas. Os equipamentos nada conhecidos dos pais favorecem o afastamento dorecém‐nascido, deixando que o mesmo fique “à mercê da tecnologia” e longe dos cuidadosfamiliares. Seria incoerência de minha parte desfazer todos os méritos que a tecnologiavem ao longo dos tempos trazendo para as unidades neonatais, proporcionando maiorsobrevida aos bebês pré‐termo e/ou de baixo peso. Contudo, é fato que os equipamentosISBN: 978-85-63901-04-0


providos com sons e luminosidade distanciam os pais do neonato, frustrando mais uma vezas expectativas de aproximação através do contato pele‐a‐pele com a criança. Osresultados apontam as principais facilidades (aspectos promotores) e dificuldades(aspectos complicadores) que a mulher e o homem apresentam ao ter que enfrentar onascimento prematuro do filho e a necessidade de permanecerem por período prolongadono ambiente neonatal, enfatizando a situação conflituosa e ambígua vivenciada pelos pais,diante do nascimento precoce. Mostra também o modo como os recém‐nascidosestudados reagiram frente aos movimentos de aproximação dos pais, bem como nosmomentos de distanciamento. Este estudo também evidencia o papel que os profissionais,em especial os de enfermagem têm, de promoverem a inserção dos pais em todo ocontexto que envolve a prematuridade, bem como, no cuidado direto ao recém‐nascido,favorecendo o apego seguro e, particularmente, destaca o papel da enfermeira comosendo a articuladora e tutora da aproximação pais‐filhos durante a vigência do MétodoMãe‐Canguru, que é um modo simples e eficaz de incentivar e proporcionar o vínculosaudável entre a tríade mãe‐pai‐filho.Palavras‐chave: Neonatologia; Apego; Prematuro.Referências1.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Manual Técnico deGestação de Alto Risco, 3.ed Brasília: Ministério da Saúde, 2000.2.GUIMARÃES, G. P. A formação do apego pais/recém‐nascido pré‐termo e/ou de baixopeso no Método Mãe Canguru: uma contribuição da enfermagem. 2006. Dissertação(Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem, UniversidadeFederal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.3.HAGAN, R.; EVANS, S. F.; POPE, S. Prevencion de la depression puerperal en madresdeniños muy pretérminos: una investigacion clinica aleatorizada. BJOG., v. 111, p. 641‐647,2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


4.ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Maternidade Segura: assistência ao partonormal – um guia prático. Genebra, 1996.5.ZAMPIERI, M.F.M. Vivenciando o processo educativo em enfermagem com gestantes dealto risco e seus acompanhantes. Rev. Gaúcha de Enfermagem, v.22, n.1, p.140‐166, jan.2001.ISBN: 978-85-63901-04-0


O AMBIENTE RELACIONAL DA UNIDADE NEONATAL E SUA INFLUÊNCIA NA LIGAÇÃOAFETIVA ENTRE PAIS E BEBÊ NA PRIMEIRA ETAPA DO MÉTODO CANGURU.Laura Johanson da Silva 262 ,Leila Rangel da Silva 263 ,Joséte Luzia Leite 264Introdução: Para o núcleo familial, a experiência de ter um filho na Unidade Neonatal éenvolta por um complexo de sentimentos e emoções diante da hospitalização. É nesseambiente, que eles precisam encontrar formas de aceitar o bebê real, tão diferentedaquele que habitava suas imaginações e passar a interagir com ele nesse contexto nãoidealizado 1 . Para tanto, eles precisam contar com o apoio da equipe de saúde paraincentivar e potencializar os enfrentamentos que se farão necessários, ao longo de todatrajetória de internação. Os encontros dos pais com seu bebê nesse ambiente da UnidadeNeonatal também são permeados dos encontros com os profissionais que integram esseespaço de cuidados intensivos. Os significados estabelecidos nesse ambiente e nas relaçõescom os profissionais de saúde também estão ligados ao sucesso do envolvimentopsicoafetivo da unidade familiar 2 . Daí a importância de explorar essa temática nesteestudo. Objetivos: Os objetivos delineados foram: 1) Identificar as vivências dos pais juntoao bebê no ambiente da Unidade Neonatal no contexto da primeira etapa do Método262Doutoranda do Programa de Pós‐graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da UFRJ.Enfermeira da Coordenação de Ensino, Pesquisa e Extensão do Serviço de Enfermagem daMaternidade‐Escola da UFRJ e Tutora do Método Canguru no Estado do Rio de Janeiro. E‐mail:lauraenfa@yahoo.com.br263Enfermeira Obstetra. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil daEscola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da UNIRIO. Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa, Estudos eExperimentação em Enfermagem na Área da Mulher e da Criança (NuPEEMC). Doutora emEnfermagem pela EEAN/UFRJ.264Livre Docente Doutora em Enfermagem. Docente Permanente da Pós‐Graduação da Escola deEnfermagem Anna Nery/UFRJ. Pesquisadora do CNPQ e do Núcleo de Pesquisa Gestão em Saúde eExercício Profissional em Enfermagem (GESPEN).ISBN: 978-85-63901-04-0


Canguru e; 2) Compreender a relação dessas vivências no ambiente da Unidade Neonatalna construção da ligação afetiva com o bebê. Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa dotipo Estudo de Caso, com abordagem qualitativa. Este foi escolhido como um caminho paramergulhar e trabalhar com os vários ângulos que influenciam tal objeto. Os sujeitos foramseis mães e três pais que vivenciaram a primeira etapa do Método Canguru na UnidadeNeonatal da Maternidade‐Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este estudoatendeu aos aspectos ético‐legais ligados à pesquisa com seres humanos, especificadospela Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, uma vez que foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa (protocolo 04/06), com permissão para utilização do nome dainstituição. Como técnica de coleta de dados foi utilizada a entrevista aberta, ou entrevistaem profundidade, na qual a questão norteadora do discurso foi: Conte‐me sobre suasexperiências junto ao bebê no ambiente da Unidade Neonatal. A captação de sujeitoscessou com base no critério de saturação dos dados. Os depoimentos dos sujeitos foramgravados em fitas magnéticas e posteriormente transcritos. O tratamento dos dados foirealizado com base em uma das técnicas que compõe a Análise de Conteúdo, a saber, aanálise por temas, ou análise temática. Assim, a partir de leituras intensivas dastranscrições, foi possível identificar a existência de nove unidades temáticas: Mudar deopinião a respeito da UTI; Observar o clima afetivo das enfermeiras e da equipe; Sentir‐segrato pelo cuidado e atendimento da equipe; Achar a UTI um lugar calmo e agitado;Observar a responsabilidade, compromisso e envolvimento emocional das enfermeiras eequipe com os bebês e suas mães; Formar vínculos com a equipe; Sentir confiança; Sentirseimpressionado com as intercorrências dos outros bebês mais graves; Observar oambiente tecnológico da UTI. As convergências destas unidades temáticas deram origem aduas categorias: Observando o ambiente da Unidade Neonatal e Significando o ambienteda Unidade Neonatal a partir das relações com a equipe. Resultados: A primeira categoriadenotou que nas primeiras visitas dos pais à unidade neonatal, eles experimentam umestado de ‘confusão emocional’ e à medida em que esses pais tentam se adaptar à novaISBN: 978-85-63901-04-0


situação, passam a formular idéias a respeito desse ambiente onde seu bebê está sendocuidado 3 . Apreendem dia‐a‐dia as peculiaridades da estrutura física da Unidade Neonatal edas sensações que elas evocam. Os pais destacaram que observam com detalhes osaspectos físicos e estruturais do ambiente neonatal enquanto um espaço tecnológico. Paraalguns a idéia de morte e doença e a necessidade de aparelhos estavam diretamenteassociadas a esse espaço, mas no decorrer dos dias são atribuídas novas significações, taiscomo um lugar de ‘vida’ para o filho prematuro. Certamente, a apreensão que cada pessoafaz do ambiente em que se encontra é bastante individual. Todavia, o relato acima nosaponta para a importância bem como para os mais variados significantes que essa‘aparelhagem’ da Unidade Neonatal pode ter para os pais e familiares. A necessidade demanter esse ambiente organizado não é só uma tarefa que facilita a assistência prestadapela equipe de saúde, mas também, pode proporcionar aos pais a perspectiva de melhorqualidade do cuidado. Observou‐se em alguns relatos, a ambigüidade afetiva, vivenciadapelos pais quando estão na Unidade Neonatal, refletidas em palavras tais como ‘calmo eagitado’. Estes termos traduzem o ritmo de atividades desenvolvidas em função dos váriosbebês e de suas diferentes situações clínicas e demandas de atendimento. Assim, adimensão do ambiente da Unidade Neonatal vai além do berço ou incubadora do bebê, aolado do qual os pais passam a maior parte do tempo quando ali estão; vai além daqueleespaço que as paredes circunscrevem pois esse ambiente é também percebido em seuaspecto relacional 4 . É possível notar, que nesse ambiente de encontros, os pais observam evivenciam afetivamente outras situações estressantes além daquelas impostas ao seupróprio bebê. A segunda categoria denotou que os pais valorizam, em suas trajetórias comos filhos na primeira etapa do método canguru, as interações que estabeleceram com aequipe, especialmente com a enfermagem. O aspecto da interação, mais valorizado nasfalas foi a relação de ajuda estabelecida pela equipe da Unidade Neonatal. No ambiente daUnidade Neonatal, que num primeiro olhar parece tão puramente tecnológico, as mãesdestacaram outros elementos como zelo e comunicação que perceberam nas relações deISBN: 978-85-63901-04-0


atenção e cuidado que a equipe de enfermagem estabelecia com elas e com seus bebês ouaté mesmo com os outros 5 . As mães desta pesquisa, como ‘radares’ do clima afetivo noqual seus filhos se encontravam, perceberam o envolvimento emocional das enfermeirasno cuidado com os bebês. O acolhimento proporcionado durante os cuidados deenfermagem gerou nos pais confiança, ânimo e esperança, potencializando oenfrentamento das situações adversas. Conclusão: A Unidade Neonatal foi destacada nãoapenas no espaço objetivo da estrutura física e tecnológica, mas principalmente no espaçorelacional, formado nas interações intersubjetivas entre pais‐bebê, e destes com osprofissionais de saúde. Observou‐se que estes dois ângulos (tecnológico e relacional)presentes na Unidade Neonatal, estão intrinsecamente relacionados e são mutuamenteinfluenciáveis. Isto significa que a iluminação, a sonoridade, a temperatura, o acolhimentoe as relações de cuidado, dentre tantos outros aspectos em conjunto, repercutem embarreiras ou facilitações para a aproximação entre pais e filhos. Nesse ambiente relacional,os pais destacaram que o principal fator para sentirem‐se seguros e acolhidos foi o apoiorecebido dos profissionais e o clima afetivo de cuidados prestados pela equipe deenfermagem. No contexto dos cuidados neonatais, a interação entre profissionais, osbebês e suas famílias é de suma importância, uma vez que é através dela que sãorealizadas e construídas as práticas em saúde. No que se refere ao cuidado de enfermagemno método canguru, essa interação deve valorizar a participação ativa dos sujeitosenvolvidos (bebê, pais e família) no processo saúde‐doença. Contribuições para aEnfermagem: A realização desta pesquisa promoveu um interessante movimento demudanças no cenário e nos profissionais de enfermagem envolvidos na assistênciaintensiva neonatal e no método canguru. Durante o trabalho de campo, observaram‐senecessidades de mudanças no processo de aplicação e desenvolvimento da primeira etapa,principalmente no que diz respeito à assistência de enfermagem. Ao término deste estudo,vários avanços já foram feitos como conquistas grupais dos profissionais envolvidos naassistência a essa clientela, tais como treinamentos periódicos para a equipe deISBN: 978-85-63901-04-0


enfermagem relacionados ao manejo e apoio ao aleitamento materno e cuidados voltadospara o desenvolvimento. Além dessas contribuições assistenciais locais, o estudo apresentauma ampla revisão teórica acerca da ligação afetiva entre pais e bebê prematuro,fornecendo subsídios para o aprimoramento da assistência, do ensino e da pesquisa.Descritores: Enfermagem Neonatal, Apego ao Objeto, Ambiente de Instituições de Saúde.Referências:1 Belli MAJ, Silva IA. A constatação do filho real: representações maternas sobre o filhointernado na UTI neonatal. R. Enferm. UERJ. 2002; 10(3):165‐70.2 Brasil. Ministério da Saúde. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso:método mãe‐canguru: manual do curso/ Secretaria de Políticas de Saúde, Área da Saúde daCriança. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.3 Braga N , Morsch DS. Os primeiros dias na UTI. In: Moreira MEL, Braga N , Morsch DS(orgs.) . Quando a vida começa diferente: o bebê e sua família na UTI neonatal. Rio deJaneiro: FIOCRUZ; 2003.4 Brasil. Ministério da Saúde. Ambiência. Núcleo Técnico da Política <strong>Nacional</strong> deHumanização/ Secretaria de Atenção à Saúde. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.5 Stefanelli MC. Comunicação não‐terapêutica e barreiras à comunicação terapêutica. In:Stefanelli MC, Carvalho EC (orgs.). A comunicação nos diferentes contextos daenfermagem. Barueri, SP: Manole; 2005.ISBN: 978-85-63901-04-0


O BANCO DE LEITE HUMANO COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO DE ENFERMAGEM AONEONATO E SUA FAMÍLIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.Fernanda Almenara Silva dos Santos 265Quezia Cristina da Silva Simões Lessa 266Inêz Maria Diniz da Horta 267Rita de Cássia Ramos Medeiros 268Introdução: A amamentação oferece inúmeros benefícios para a saúde da criança, sendo amelhor maneira de promover seu desenvolvimento integral, pois o leite materno forneceos nutrientes necessários para a criança iniciar uma vida saudável e se modifica conformeseu crescimento para continuar atendendo às suas necessidades¹. O aleitamento, além defortalecer o vínculo afetivo mãe‐bebê, favorece a involução uterina, reduz o risco dehemorragia, contribui para o retorno ao peso normal, contribui para o aumento dointervalo entre partos e previne a osteoporose na mulher². Dentre as vantagens para obebê pode‐se dizer que o leite materno é um alimento completo, não necessitando denenhum acréscimo até os seis meses de idade¹ , ². Protegendo a criança contra infecções edoenças diarréicas e diminuindo as chances de desenvolvimento de alergias. Trata‐se deum alimento ideal, sem custos e sem risco a saúde do bebê². Apesar de todas ascampanhas a favor do aleitamento, as taxas de aleitamento materno no Brasil,principalmente as de amamentação exclusiva, estão bastante aquém do recomendado. Amediana de amamentação no Brasil, segundo estudo de 2001, era de dez meses, e de¹ Acadêmica de Enfermagem da EEAAC. Universidade Federal Fluminense. Bolsista do projeto deextensão da Universidade Federal Fluminense. Email: nanda_almenara@hotmail.com266Acadêmica de Enfermagem da EEAAC. Universidade Federal Fluminense. Monitora de Histologia.267Acadêmica de Enfermagem da EEAAC. Universidade Federal Fluminense. Monitora de Introdução àSaúde Mental.268Enfermeira, Especialização em Obstetrícia, Mestrado em Educação, Professora de Enfermagem dadisciplina de Saúde da Mulher I da EEAAC.ISBN: 978-85-63901-04-0


amamentação exclusiva, de apenas 23 dias³. ³. Uma alternativa eficaz para driblar essaestatística é contarmos com o banco de leite humano (BLH), que segundo o ministério dasaúde, é um centro especializado, obrigatoriamente vinculado a um hospital materno e/ouinfantil, responsável pela promoção do aleitamento materno e execução das atividades decoleta, processamento e controle de qualidade de colostro, leite de transição e leitehumano maduro, para posterior distribuição, sob prescrição do médico ou de nutricionista.É um estabelecimento sem fins lucrativos, sendo vedada à compra e venda na aquisição edistribuição dos seus produtos 4 . Desse modo, o BLH torna‐se uma fonte de leite maternopara bebês em diferentes situações sociais, familiar e de saúde. Assim, podemosmencionar como ações do BLH, a coleta de leite humano, possibilitando estoque regular asua demanda; organização de cadastro das doadoras para possibilitar a coleta domiciliar,se possível; distribuição do leite; controle da autenticidade e das propriedadesbacteriológicas do leite; conservação e estocagem; prestar informações técnico ‐ cientificasà comunidade, visando constituir estimular o aleitamento materno 4 . Diante disso, o Bancode Leite Humano do Hospital Universitário Antônio Pedro oferece todos os serviçoscabíveis a um BLH. Logo, tem reconhecimento de seu trabalho por incentivo e apoio aoaleitamento materno exclusivo ‐ Hospital Amigo da Criança (HAC) ‐ que se apresenta comouma forma de mobilização dos profissionais de saúde que trabalham em serviçosobstétricos e pediátricos em favor da amamentação. Trata‐se de uma estratégia mundialpatrocinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef. Tem como objetivopromover, proteger e apoiar o aleitamento materno mediante a prática, pelos hospitais, deações pró‐amamentação, conhecidas como “dez passos” para o incentivo do aleitamentomaterno 5 . Dentro deste contexto torna‐se imprescindível para a formação acadêmica,estruturada nos pilares da pesquisa, ensino e prática, a atuação em contíguo com acomunidade. Desta forma, busca‐se construir uma rede de saberes e práticascaracterizadas pela dependência recíproca e eficaz, possibilitando a construção de umespaço de assistência voltado para as reais necessidades do individuo, comprometido comISBN: 978-85-63901-04-0


a integralidade do cuidado. Objetivos: Relatar as vivências e reflexões das acadêmicas deenfermagem do 5º período em um Banco de Leite Humano e destacar a importância dessaestratégia para o trabalho do(a) enfermeiro(a). Metodologia: Trata‐se de um estudodescritivo, consistindo na experiência vivida pelas acadêmicas de enfermagem durante o5º período, concretizado a partir da prática com a realização de atividades educativas emum Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Antônio Pedro, no período de maio ajunho de 2010 na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê deÉtica em Pesquisa da Faculdade de Medicina/Hospital Universitário Antônio Pedro (CEPCMM/HUAP) registrada sob o número de protocolo 129/08. Resultados: Quanto àcaracterização do local vivenciado, o Banco de Leite Humano (BLH) funciona em umhospital Universitário, e é composto por uma sala de recepção e acolhimento; uma salapara o preparo das mães e funcionários que vão adentrar aos outros ambientes do BLH;uma sala onde ocorre a pasteurização; e outra onde é realizada a ordenha. A equipe desaúde participativa no BLH é em sua maioria composta por nutricionistas e enfermeiros,porém também participam em caráter auxiliar, médicos, assistentes social, psicólogos eFonoaudiólogos. A clientela varia muito, mas é perceptível que a grande procura se dádevido a necessidade de orientações para amamentação, o que vem embutido que a faltade orientação durante o pré‐natal é grande, ressaltando a carência de preparo dosprofissionais de saúde frente a assistência à amamentação. O horário de atendimento doBLH é de 8h até às 16h todos os dias da semana. As atividades aí realizadas permeiam aproteção, promoção e o apoio ao aleitamento materno. Profissionais enfermeiros atuamem uma equipe multidisciplinar de forma a atender as demandas da clientela. Sãobeneficiados com o BLH não só neonatos pré‐termos, mas também aqueles que nãopodem ser amamentados pela mãe. O BLH realiza uma campanha intensa a favor dadoação de leite humano, e uma das atividades existentes é a rota, que recolhe doações deleite de mulheres previamente cadastradas e orientadas para serem doadoras. O leite éentão recolhido e passa por todo o processo de inspeção de qualidade de armazenamentoISBN: 978-85-63901-04-0


e conservação, e pela pasteurização. A partir daí o leito humano está apto para consumo,suprindo as necessidades nutricionais do neonato. Através dos diálogos com a clientelaobservou‐se predominantemente a exacerbação da ansiedade no que diz respeito aoaleitamento materno, e que se estende as questões do relacionamento mãe‐filho, conjugale familiar. Além desses determinantes, a nova postura da mulher, que antes era filha eagora passa a ser mãe e responsável unido ainda a questão financeira tendem a elevar ograu de ansiedade. Esses anseios expostos vêm salientar a carência de orientação dequalidade durante o pré‐natal, expondo assim a deficiência na formação e preparo dosprofissionais de saúde frente à assistência à amamentação. Destarte, este período deobservação veio reafirmar a necessidade da associação entre saber científico e prática, poisatravés da última podem ser evidenciadas as lacunas no conhecimento quanto ao cuidadohumano. Conclusão: O presente relato proporcionou a introdução acadêmica nestecontexto, familiarizando o educando na compreensão da complexidade das relações e dasinstituições humanas, integrando a teoria e a prática. Assim aluno, professor, cidadão,usuário e profissional da saúde, configuram um processo de trabalho em equipemultiprofissional que concerne na melhora das condições de vida e saúde das famílias econseqüentemente da comunidade. A estratégia do Banco de Leite Humano caracteriza‐se,para o enfermeiro, como meio de alcançar o cliente, tornando‐se um instrumento quefacilita o sucesso da assistência ao ponto que norteia o cuidado, promovendo resultadoseficazes. Logo, iniciativas como o BLH abrem espaço para um diálogo entre Universidade esociedade, trazendo questões a serem pensadas, através do conhecimento eacompanhando de forma interativa as produções da comunidade, reduzindo distânciasatravés do fazer. Contribuições / implicações para a Enfermagem: O presente relatocontribui para a prática do enfermeiro no Banco de Leite Humano, à medida que ressalta aexperiência de mães, familiares, profissionais e acadêmicos de enfermagem na utilizaçãodessa estratégia. Dessa forma contribui‐se para a compreensão de como o BLH interfereISBN: 978-85-63901-04-0


positivamente no processo de aleitamento materno, promovendo a saúde do neonato e damulher e a qualidade de vida.Descritores: Cuidados de enfermagem; Aleitamento materno;Referências:1.Almeida GG, Spiri WC, Juliani CMCM, Paiva BSR. Proteção, promoção e apoio aoaleitamento materno em um hospital universitário. Ciência & Saúde Coletiva 200813(2):487‐494.2.Brasil. Ministério da Saúde. Pré‐natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada.Brasília: Ministério da Saúde, 2005.3.Brasil. Ministério da Saúde. Prevalência de aleitamento materno nas capitais brasileiras eno Distrito Federal: Relatório preliminar. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.4.Brasil. Ministério da Saúde, Instituto <strong>Nacional</strong> de Alimentação e Nutrição ‐ INAN.Secretaria de Programas Especiais ‐ SPE. Programa <strong>Nacional</strong> de Incentivo ao AleitamentoMaterno ‐ PNIAM. Normas gerais para Banco de Leite Humano. Brasília, Ministerio daSaúde, 1993, 20p.5.VANNUCHI, M. T. O. et al. Iniciativa Hospital Amigo da Criança e aleitamento materno emunidade de neonatologia. Revista de Saúde Pública, São Paulo, vol. 38, n. 3, jun. 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


O BANHO DO RECÉM NASCIDO NO ALOJAMENTO CONJUNTO SOB A ÓTICA DA MÃE:CONTRIBUIÇÕES PARA O CUIDADO DE ENFERMAGEMSuellende Castro Faria 269Fernando Francisco da Silva 270Leila Rangel da Silva 271Marialda Moreira Christoffel 272Historicamente no Brasil, o sistema de Alojamento Conjunto surge a partir da década de70, reformulando a prática de enfermagem no cuidado à puérpera e o recém nascido nomesmo ambiente. Esta assistência integrada requer novos conhecimentos capazes dehabilitar o enfermeiro e sua equipe trabalhar os aspectos físicos e emocionais da mãe,recém nascido e familiares, bem como adaptá‐los para os cuidados gerais de higiene,conforto e segurança no domicílio. A situação do banho é um momento rico demanipulações demandadas pela tarefa. A constância de manipulações acarreta maiorfreqüência de interações. Devido à natureza deste momento, a mãe se vê diante deexigências da tarefa e relacionais apresentadas pela criança. 1 O vínculo mãe‐bebêdesenvolve‐se nas pequenas atividades diárias como brincar, alimentar, vestir e banhar.Postulam que as investigações destes contextos possam revelar estratégias, condizentescom a situação, de expressar a sensibilidade materna. 2 Os objetivos foram descrever atécnica e os recursos utilizados no banho do recém‐nascido dado pela mãe no alojamento269Enfermeira Especialista em Enfermagem Neonatal‐ UNIRIO Email: suellenfaria_19@hotmail.com270Enfermeiro Especialista em Enfermagem Neonatal ‐ UNIRIO Email: web_nando@yahoo.com.br271Profª Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno Infantil da Escola de Enfermagem AlfredoPinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora do núcleo de Pequisa,Estudos e Experimentação em Enfermagem na Área da Saúde da Mulher e da Criança. Doutora emEnfermagem. Orientadora do Estudo. Email: rangel.leila@gmail.com272Profª Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno Infantil da Escola de Enfermagem AnnNery Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Enfermagem. Co‐orientadora do Estudo.Email: marialdanit@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


conjunto e analisar as implicações do banho do recém nascido para a enfermagem noalojamento conjunto. Trata‐se de um estudo descritivo exploratório do tipo observacional.O número do protocolo da pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa doMunicípio do Rio de Janeiro é 0227.0.314.000‐09. Os sujeitos foram 12 mães querealizaram o banho do recém nascido no alojamento conjunto de uma maternidademunicipal situada na zona norte do Rio de Janeiro. A coleta de dados foi no período demaio e junho de 2010. Foi utilizado um roteiro de entrevista e observação usando comoreferência o Manual Técnico de Atenção Humanizada ao Recém Nascido de Baixo Peso:Método Canguru do Ministério da Saúde. Evidenciamos as seguintes categorias: 1) Banhodo recém nascido realizado pela mãe no alojamento conjunto: procedimentos e técnicas e2) Primeiro banho realizado pela mãe: insegurança e medo? Foi observado que os sujeitosde maneira global utilizam práticas do senso comum no banho do recém‐nascido. Aliado aisso, detectamos a falta de educação em saúde para com os sujeitos da pesquisa pelosprofissionais de saúde da instituição. Os sujeitos ainda sinalizaram nunca ter tidoinformação de como proceder de maneira correta ao dar o banho no recém‐nascido. Emcontrapartida o saber científico quanto a realização do curativo do coto umbilical encontraseincorporado na maioria dos sujeitos. É de suma importância o papel dos profissionais daequipe de saúde principalmente da enfermagem que permanecem a maior parte do tempocom o recém nascido, promover um ambiente térmico ideal sobrevivência e odesenvolvimento físico e mental do recém‐nascido. Prestar os cuidados ideais no banho,incentivando e ensinando corretamente a puérpera/família evitando assim expor muito acriança, garantindo assim que não ocorra a excessiva perda de calor, uma conhecidomanejos para a diminuição de tal efeito.Descritores: Banho, recém‐nascido, alojamento conjunto, enfermagem, saúde do neonato.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referencias:1. FREDERICO, Priscila; FONSECA, Luciana Mara Monti and NICODEMO, Anne Muniz Costa.Atividade educativa no alojamento conjunto: relato de experiência. Rev. Latino‐Am.Enfermagem [online]. 2000, vol.8, n.4, pp. 38‐44. ISSN 0104‐1169.2. MONTICELLI, Marisa; ELSEN, Ingrid Elsen. A Cultura como obstáculo: Percepções daenfermagem no cuidado às famílias em alojamento conjunto. Texto Contexto Enferm,Florianópolis, 2006; 15(1): 26‐34.ISBN: 978-85-63901-04-0


O CONHECIMENTO DE ENFERMEIROS ESPECIALISTAS SOBRE A DOR NEONATALSuellen de Castro Faria 273Márcio Luis Ferreira 274Fernando Francisco da Silva 275Marialda Moreira Christoffel 276A Associação Internacional para o Estudo da Dor define: "a dor é uma experiência sensoriale emocional desagradável, associada a uma lesão real ou potencial dos tecidos. Cadaindivíduo aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores”. Essasensação dolorosa também possui efeitos nocivos em longo prazo nestes neonatos,levando a modificações afetivas e comportamentais durante a vida. Embora osprofissionais de enfermagem aceitem, atualmente, que o recém, nascido seja capaz desentir dor e manifestá‐la através de elementos fisiológicos e comportamentais, observa‐se,de maneira geral, a pouca utilização de medidas sistemáticas para reduzir e prevenir a dorneonatal. O aumento da conscientização dos profissionais da saúde a cerca deste tema têmcontribuído para o avanço na avaliação e controle da dor, no entanto, o enfoque é dado aotratamento e controle da dor em detrimento de medidas preventivas, principalmente aque diz respeito a estímulos lesivos, como o uso de adesivos e fixadores 1 . A partir doexposto foram desenvolvidos os seguintes objetivos: Identificar e descrever oconhecimento dos enfermeiros acerca da dor neonatal. Trata‐se de um estudo descritivoexploratório,realizado com 31 enfermeiros, que cursavam a especialização em273Enfermeira Especialista em Enfermagem Neonatal‐ UNIRIO Email: suellenfaria_19@hotmail.com274Enfermeiro Especialista em Enfermagem Neonatal ‐ UNIRIO Email: marciodaregina@hotmail.com275Enfermeiro Especialista em Enfermagem Neonatal ‐ UNIRIO Email: : web_nando@yahoo.com.br276Profª Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno Infantil da Escola de Enfermagem AnnaNery Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Enfermagem. Co‐orientadora do Estudo.Email: marialdanit@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


enfermagem neonatal em uma universidade do Rio de Janeiro. A coleta de dados foirealizada com a utilização de um questionário com 36 questões abertas e fechadasrelacionadas com dor neonatal. O estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisasob o no. 262/08. E os princípios éticos foram seguidos em consonância com o quepreconiza a Resolução 196/96. Os dados foram apresentados de modo descritivo, sendosua discussão apoiada em literatura pertinente. A idade dos enfermeiros variou entre 20 a49 anos, sendo que 14 (45,2%) estavam na faixa etária de 20 25 anos. Quanto ao sexo 31(100%) dos participantes era do sexo feminino. Em relação a experiência na área neonatal21(71%) disseram possuir experiência; As respostas dos entrevistados evidenciaram que25 (86,6%) não receberam nenhum treinamento sobre o manejo da dor; 22 (83,9%)reconhece as reações de dor do recém‐nascido. Podemos Concluir que o conhecimento dador em recém nascidos pelos enfermeiros é uma das ações de grande relevância para obem‐estar do bebê, visto que interfere no restabelecimento de sua saúde, podendoapresentar repercussões a longo prazo. Verifica‐se com o resultado obtido a necessidadede que os enfermeiros sejam capacitados adequadamente com relação a avaliação emanejo da dor, tornando‐se multiplicadores de conhecimento para assim, poderdesenvolver uma assistência integral, com qualidade.Descritores: Dor neonatal, recém‐ nascido, capacitação profissionalReferencias:1. Christoffel MM, Santos RS. A dor no recém‐nascido e na criança. Rev. bras. enferm. 54(1):27‐33; 2001. In: DOR EM RECÉM‐NASCIDOS: A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE CiencCuid Saude 2008 Out/Dez; 7(4):461‐467ISBN: 978-85-63901-04-0


O CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE A DOR DO RECÉM‐NASCIDO NA REALIZAÇÃO DEPROCEDIMENTOS INVASIVOS NAS UNIDADES NEONATAISRachel Leite de Souza Ferreira Soares 277Marialda Moreira Christoffel 278Introdução: Embora a o número de óbitos infantis no Brasil ainda seja alto, segundoDATASUS 1 , 43.601 mortes entre os menores de 1 ano no ano de 2008, esse número temdiminuído em relação aos anos anteriores. Muito se deve ao avanço em tecnologias naárea de saúde. O desenvolvimento tecnológico das unidades neonatais permite amanutenção da vida de recém‐nascidos gravemente enfermos. Apesar de ser um períodonecessário para a sobrevida do recém‐nascido cada vez mais prematuro a internação causaestresses e dor, que podem repercutir em todo o seu desenvolvimento, assim como de suafamília. O recém‐nascido que permanece internado passa por diversos procedimentosinvasivos por vezes dolorosos, repetidamente. No período de internação em UTI, o recémnascido(RN) pode chegar a sofrer em média 50 a 150 procedimentos por dia nos quaispode‐se desenvolver a dor. 2 Segundo conceito de 1986 da Associação Internacional para oEstudo da Dor, a dor pode ser descrita como uma experiência sensorial e emocionaldesagradável, associada a lesões reais ou potenciais. Os RNs não tem capacidade deexpressar com palavras o advento da dor. Torna‐se então mais complexa a identificaçãodesta. 3 A dor no RN pode repercutir em alterações orgânicas e emocionais expressas pormodificações comportamentais e fisiológicas. Quanto às modificações fisiológicas, podemselistar os seguintes indicadores, que quando alterados, expressam a dor do RN:277Aluna do curso de graduação em Enfermagem e Obstetrícia. 8º período. Escola de EnfermagemAnna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bolsista FAPERJ. E‐mail: rachel.soares@ig.com.br278Doutora em Enfermagem. Profesora Adunta da Escola de Enfermagem Anna Nery da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro. Pesquisadora NUPESC. E‐mail: marialdanit@gmail.com.ISBN: 978-85-63901-04-0


frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio, aapnéia, a cianose, tremores, sudorese e dosagens hormonais, ligadas à resposta endócrinometabólicae de estresse. Já o choro, a agitação e a mímica facial de dor expressam asmodificações comportamentais do RN em situação de dor. 4 A dor pode acarretar no RNconsequências como: prejuízos no desenvolvimento cerebral, futuros problemascomportamentais, que serão manifestados apenas na infância e problemas psiquiátricoscomo ansiedade, depressão e esquizofrenia. Estudos clínicos e experimentais tambémdemonstram que a exposição repetidamente à dor no período neonatal pode vir a diminuiro limiar da dor e aumentar a suscetibilidade ao estresse e à ansiedade na idade adulta. 4 Éimportante que a família tenha conhecimento acerca da manifestação da dor pela criançajá que, após a alta hospitalar, o RN fica sob os cuidados familiares. Além disso, a famíliapode ter papel fundamental no alívio e prevenção da dor, agindo em conjunto com aequipe de saúde. 5 Objeto: O conhecimento dos pais sobre a dor do recém‐nascido emprocedimentos invasivos em unidades de saúde do município do Rio de Janeiro. Objetivos:Descrever o conhecimento dos pais sobre a dor do RN em procedimentos invasivos eidentificar as práticas adotadas pelos pais para diminuição da dor do RN durante osprocedimentos invasivos. Justificativa: Espera‐se com este estudo contribuir para osestudos que vem se desenvolvendo sobre dor neonatal, e para melhor compreensão porparte de acadêmicos, professores e profissionais de enfermagem, da importância dapresença dos pais com o recém‐nascido que sente dor e de se inserir a família nos cuidadosa este. Contribuições: O estudo visa contribuir para a assistência de enfermagem ao RN,principalmente ao RN submetido a inúmeros procedimentos dolorosos em unidades deterapia intensiva neonatais, já que os profissionais de enfermagem devem estimular eorientar os pais para a identificação da dor de seu filho. Para o ensino, o estudo podecontribuir para uma melhor compreensão por parte de acadêmicos, docentes eprofissionais de enfermagem, da importância da identificação da dor neonatal pelos pais,da presença da família com o RN que sente dor e de se trabalhar em conjunto com esta.ISBN: 978-85-63901-04-0


Assim como contribuir como fonte de consulta. Para a pesquisa, visa‐se contribuir com osestudos que vem se desenvolvendo sobre dor neonatal e cuidado familiar ao recémnascidoque sente dor tanto no Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde daCriança/NUPESC do Departamento de Enfermagem Materno‐ Infantil da Escola deEnfermagem Anna Nery quanto em outros locais. Para a instituição, poderá contribuirdando bases para melhorias na qualidade da assistência durante a internação, após a altahospitalar e ao cuidado domiciliar. Metodologia: Trata‐se de um estudo descritivo,qualitativo. Foi realizado em duas maternidades do Município do Rio de Janeiro com ospais de recém‐nascidos internados nas unidades neonatais. Para a coleta de dados foiutilizado um questionário com questões abertas e fechadas. Após a aplicação doquestionário, são mostradas fotos de um bebê e solicita‐se que o entrevistado identifiqueem qual das fotos ele está com dor. Retirado do estudo de Balda, de 2005. As questõesfechadas foram digitadas e analisadas com estatística descritiva. As questões abertas,registradas em gravador digital e analisadas por análise temática. Os aspectos legais foramrespeitados, observando‐se a Resolução 196/96. O projeto de pesquisa foi encaminhado eaprovado pelo comitê de ética em pesquisa da prefeitura do Rio de Janeiro (CEP/SMSDC‐RJ) aprovado pelo nº 91/10, CAAE:01060314000‐10 e 01070314000‐10. ResultadosPreliminares: foram realizadas 22 entrevistas onde 20 foram com mães e 2 com pais.Todos os entrevistados acreditam que os recém‐nascidos podem sentir dor. 3 dos pais jávivenciaram com outros filhos internações logo após o nascimento. 21 dos 22 paisrelataram visitar os seus filhos todos os dias, mesmo as mães que já não estão maisinternadas nas unidades. Uma das mães, uma adolescente, relatou não visitar seu filhotodos os dias por motivos financeiros. Quando perguntados se gostariam de estarpresentes durante a realização de um procedimento doloroso em seu recém‐nascido, 12disseram que não gostariam enquanto 10 disseram que gostariam. 12 dos 22 escolheram aimagem em que o bebê estava com dor. Conclusões: Os pais dos recém‐nascidosinternados identificam que seu filho sente dor e referem os procedimentos invasivos comoISBN: 978-85-63901-04-0


principal fonte dessa dor durante a internação. O acompanhamento do recém‐nascido naunidade neonatal em sua maioria é feito pelas mães. Estas, talvez não estejam informadassobre as medidas de alívio à dor que podem oferecer aos seus filhos. A internação epermanência do recém‐nascido nas unidades neonatais traz diversos sentimentos eemoções em sua família, tais como: tristeza, medo, pena, culpa, impotência, esperança.Algumas vezes, a sensação de perda, culpa e as dúvidas quanto à sobrevivência da criançatem como conseqüência o afastamento e a criação de uma reação negativa dos paisquanto ao filho. Essa reação pode comprometer o cuidado da família ao recém‐nascidodurante a fase hospitalar. 5 Diante disso, a equipe de saúde precisa dar suporte àsnecessidades da família de forma que o relacionamento entre pais e filho e a equipe sejafacilitado. A participação da família no cuidado ao recém‐nascido é importante para amelhora de sua condição de saúde. Os profissionais de saúde necessitam, portanto,entender os fatores que facilitam e que dificultam a participação dos pais no cuidado dacriança internada para ter a possibilidade de promovê‐la. O envolvimento dos pais natentativa de minimizar a dor, assim como os efeitos desta, deve existir. Atitudes dos paiscomo o toque, conversas, pegar ao colo, cantar para o bebê auxiliam em seu conforto. 6Orientar e encorajar os pais a isso pode ser uma alternativa para diminuir os prejuízos dador.Descritores: saúde da criança; dor; recém‐nascidoReferências:1. Brasil, Ministério da Saúde. Datasus: informações em saúde. Disponível em: Acesso em: 15 abr. 2010.2. Schmitt, DF; Zielinski, JADS. A Percepção da equipe de enfermagem quanto ao manejocom o recém‐nascido em relação à dor em uma unidade de terapia intensiva neonatal,Arq Ciênc Saúde 2008 jan‐mar;15(1):9‐12ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Viana, LD; Dupas, G; Pedreira, MDLG. A avaliação da dor da criança pelas enfermeirasna unidade de terapia intensiva. 20064. Sousa, BBB, et al . Avaliação da dor como instrumento para o cuidar de recém‐nascidospré‐termo. Texto contexto ‐ enferm., Florianópolis, v. 15, n. spe, 20065. SILVA, Leila Rangel da; CHRISTOFFEL, Marialda Moreira; FERNÁNDEZ, Ana Maria;SANTOS, Inês Maria Meneses dos. A importância da interação mãe‐bebê nodesenvolvimento infantil: a atuação da enfermagem materno‐infantil Rev. Enferm.UERJ;14(4):606‐612, out.‐dez. 2006.6. Fraga, TF, Amante, LN, Anders, JC, Padilha, MICS, Henckemaeir, L, Costa, R, Bock, LF.Percepção das mães sobre o processo comunicacional na unidade de terapia intensivaneonatal. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(3):612‐9. Available from:http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a19.htm.ISBN: 978-85-63901-04-0


O MÉTODO MÃE CANGURU COMO ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO: VISÃO DE MÃES DENEONATOS INTERNADOS EM ALOJAMENTO CONJUNTOFernanda Souza Gallindo 279Angela Cristina Fagundes Góes 280O nascimento prematuro de uma criança, freqüentemente interfere negativamente nainteração mãe‐bebê (1). Para intervir nessa situação o Ministério da Saúde propõe autilização do Método Mãe‐canguru (MMC) – estratégia neonatal que implica no contatopele a pele precoce entre a mãe e o recém‐nascido de baixo peso (2). Tal estratégia surgecom a finalidade de melhorar o prognóstico dos RN´s prematuros e de baixo peso,estimulando o cuidado humanizado que busca fortalecer os laços entre a mãe e seu filho(3). Considerando que o uso do MMC passa obrigatoriamente pelo envolvimento da mãecom seu bebê fortalecendo o vínculo entre esses dois seres e que a continuidade do uso doreferido método depende da compreensão que a mãe tem do mesmo, surgiu a perguntade investigação dessa pesquisa: Qual é a visão das mães sobre o método mãe‐cangurucomo estratégia de humanização? Dessa forma, o estudo proposto tem como objetivogeral, descrever a visão de puérperas internadas em uma unidade de alojamento conjuntode um hospital público da cidade de Feira de Santana (BA), sobre o Método Mãe Cangurue, como objetivos específicos, apontar as repercussões do uso do MMC para os RN´ssegundo as puérperas pesquisadas; verificar a relação entre o MMC e o processo dehumanização da relação entre mãe e neonato, segundo os sujeitos. Para alcançar osobjetivos traçados, optou‐se pelo método descrito com abordagem qualitativa. Os sujeitos279Bacharel em Enfermagem pela Universidade Católica do Salvador. E‐mail: nandagallindo@msn.com280Professora assistente da Universidade Católica do Salvador e da Universidade do Estado da Bahia.Ma. em Família na Sociedade Contemporânea e Esp. Em Saúde Pública. Email:angelacfgoes@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


desta pesquisa foram mães de crianças pré‐termo, que estavam na 2ª etapa do métodomãe canguru, que atendiam aos critérios de inclusão definidos no projeto de pesquisa:estar presente na Unidade nos dias da coleta de dados, estarem com as funções cognitivaspreservadas e que concordaram em participar do estudo e assinaram o Termo deConsentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada,durante as quais foi utilizado um gravador para facilitar a coleta dasinformações, mediante consentimento prévio dos sujeitos. Foram respitados os princípioséticos que estabelece a Resolução 196/96 que trata de pesquisa envolvendo sereshumanos. Desta forma o projeto referente a esta pesquisa foi submetido para avaliação doComitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Católica doSalvador, sendo aprovado através do Ofício nº 0072/10 – CEP/UCSal. Em seguida, mediantea autorização da instituição lócus da pesquisa, a coleta de dados foi iniciada após aassinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, pelos sujeitos. E para preservaro anonimato dos participantes os mesmos foram denominados pela consoante “M”,referente a palavra mãe, acompanhada por um numeral natural. Os resultados mostramque no geral as mães percebem o método de forma positiva, atribuindo‐o como processode humanização entre o binômio mãe‐filho. Através do contato pele a pele, a mãe torna‐semais próximas do RN, o que facilita a criação do vínculo afetivo entre a díade (4). Alémdisso, o método canguru desenvolve a confiança e a segurança das mães no cuidado aoneonato. As mães passam a perceber as repercussões do método no desenvolvimentofísico e psicológico dos seus filhos, o que proporciona uma motivação para continuar autilizar o canguru. Observa‐se que as mães percebem muitas vantagens que o métodocanguru traz para seus filhos. Como benefícios afirmam que o método ajuda na melhora darespiração e dos batimentos cardíacos dos neonatos, favorece a troca de calor, contribuipara o aumento do peso, além de deixá‐los mais tranqüilos. O método contribui tambémna manutenção da temperatura corporal do bebê, e na diminuição dos períodos deagitação e choro, proporcionando ciclos regulares de sono profundo, proporcionandoISBN: 978-85-63901-04-0


também períodos de alerta mais prolongados e interativos (5). Verificou‐se que asdificuldades apontadas pelas participantes se referiam apenas ao longo período deinternamento na instituição, que geralmente vai desde o parto, até a alta. Dessa forma,todo esse tempo dentro do hospital, com o conseqüente afastamento de sua casa, famíliae toda a sua rotina, pode ocasionar nas mães sentimentos de desgaste e ansiedade (6). Etais problemas, talvez faça com que as mães não consigam praticar o MMC compositividade, já que neste contato há uma troca de sentimentos e emoções. Para minimizaro desgaste materno, é importante a realização de atividades ocupacionais durante todo operíodo que ela se mantém no hospital. Ressalta‐se também, a importância da atuação daenfermagem no MMC, visando à orientação e conscientização das mães para que haja umaboa adesão e efetividade do método. É fundamental o acompanhamento de toda a equipemultiprofissional no MMC, visando a melhoria da qualidade da assistência prestada,buscando cada vez mais a humanização do atendimento, o aconselhamento, e aorientação, para minimizar os efeitos negativos da internação do paciente. Para isso, devesesempre promover a atualização, treinamento e sensibilização da equipe de saúde sobreo método, através de palestras, seminários, debates e eventos. O estudo pretendeestimular reflexão sobre a importância do Método Mãe Canguru como estratégia dehumanização para recuperação do RN, destacando o papel da enfermeira na assistência aobinômio mãe‐filho durante todo o processo de cuidado. Contribuindo assim, para aampliação da visão do tema de futuros enfermeiros e principalmente para os enfermeirosque atuam na área de neonatologia e obstetrícia.Descritores: alojamento conjunto; neonato; humanização da assistênciaReferências1 Charpak N, Calume ZE, Hamel A. O método mãe‐canguru pais e familiares dos bebêsprematuros podem substituir as incubadoras. Rio de Janeiro (RJ): McGraw Hill; 1999.ISBN: 978-85-63901-04-0


2 Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Políticas de Saúde, Área de Saúde da Criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: método mãe canguru. Brasília:Ministério da Saúde, 2002.3 Ministério da Saúde (Brasil), Portaria nº 693/GM, de 5 de julho de 2000. Dispõe sobre aNorma de Orientação para a Implementação do Método Canguru. Diário Oficial da União,Brasília, 2000.4 Oliveira J. Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso (Método Canguru) e aamamentação. In: Rego D. Aleitamento Materno. Rio de Janeiro: Atheneu, 2002.5 Tamez RN, Silva MJ. Enfermagem em UTI Nenonatal: assistência ao recém‐nascido de altorisco. 4º Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.6 Toma TS. Método Mãe Canguru: o papel dos serviços de saúde e das redes familiares nosucesso do programa. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2003.ISBN: 978-85-63901-04-0


O OLHAR ATENTIVO SOBRE OS REGISTROS DE ENFERMAGEM NUMA UTIN: FATOS E ATOSRita de Cássia de Jesus Melo 281Ívis Emília de Oliveira Souza 282Cristiane Cardoso de Paula 283Resumo: Se de um lado as Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) requeremintervenções rápidas, de outro não se tem dúvida de que são espaços naturalmentemobilizadores de emoções e sentimentos que freqüentemente se expressam de formamuito intensa. Nessas unidades o cotidiano da equipe de enfermagem é carreado dediversas atividades junto ao recém‐nascido que necessita de cuidados especializados parasua recuperação e também a sua família que passa por um momento atípico. Dentre asatividades realizadas pela equipe de enfermagem estão os registros/anotações, que sãodefinidos como suporte documental, onde devem ser registradas todas as informaçõessobre as atividades de enfermagem referente a uma pessoa que está sob os seus cuidados,constituindo‐se uma responsabilidade legal¹. Complementa‐se que² “O registro é umaspecto vital da prática de enfermagem. Ao longo do tempo, a forma e a qualidade doregistro evoluíram, porém o foco continua a ser o impacto positivo do cuidado sobre ocliente”. Na atualidade, uma outra modalidade de atenção humanizada realizada nestecontexto assistencial e, oficialmente, implementada através de uma política pública desaúde que valoriza o outro como sujeito de uma nova maneira de cuidar, é o acolhimentoaos pais e familiares no cenário da UTIN. Nesta modalidade de estímulo ao contato físico,281Enfermeira, Especialista em Enfermagem Neonatal. Mestranda da Escola de Enfermagem AnnaNery/UFRJ. Pesquisadora do NUPESC/EEAN/UFRJ. cassiajmelo@yahoo.com.br282Enfermeira Doutora em Enfermagem. Professora Titular de Enfermagem Obstétrica doDepartamento de Enfermagem Materno Infantil ‐ DEMI/EEAN/UFRJ. Membro do NUPESC e doNUPESM. Orientadora283Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Especialista em Enfermagem Pediátrica. Professora Adjuntado DENFE/UFSM/RS. Membro do NUPESC. Co‐orientadora.ISBN: 978-85-63901-04-0


visual e táctil propicia‐se estimulação essencial ao desenvolvimento humano além doincentivo a interação‐mãe‐bebê‐família, com participação nos cuidados e estimulo àlactação/amamentação³. Com objetivo de analisar como são registradas pela equipe deenfermagem essas atividades, foi realizada em fevereiro de 2010, pesquisa documental pormeio da coleta e análise de dados dos prontuários dos recém‐nascidos prematuros (RNP)nascido nos anos de 2008 e 2009 de uma UTIN do município do Rio de Janeiro. O estudoestá vinculado à dissertação de mestrado, em desenvolvimento, intitulada “A possibilidadede tocar o filho prematuro na UTIN: significado do ser‐mãe”, cujo projeto de pesquisa,protocolado sob o número CAAE – 0048.0.328.226‐09 foi aprovado pelo Comitê de Éticaem Pesquisa desta unidade hospitalar universitária pelo registro de nº 54/2009. Os dadosforam analisados levando em considerações todos os impressos hospitalares que a equipede enfermagem, (enfermeiro (a), técnicos e auxiliares de enfermagem, residentes eacadêmicos (a)s), realizam registros durante a internação do recém nascido prematuro nosetor. Foram analisados 40 documentos. Resultados: Os impressos utilizados pela equipede enfermagem e que fazem parte do prontuário do RNP são a folha de evolução que éutilizada exclusivamente pela enfermeira sendo registrado a evolução diurna e noturna; afolha de balanço hídrico onde são registrados sinais vitais, parâmetros de assistênciaventilatória, líquidos ingeridos/infundidos e eliminados e um espaço para relatório dosprofissionais de nível médio. Este impresso apresenta ainda uma legenda onde há umespaço reservado para assinalar com (X), a presença de familiar junto ao recém‐nascido,sendo observado este tipo de marcação em vinte e cinco (62%) dos prontuários, porém oprofissional somente identifica ao lado quem foi à pessoa presente junto ao bebê, nãosendo realizado nenhum tipo de anotação em sua evolução sobre como foi a interaçãocom o bebê a partir da permanência do familiar na unidade. O registro de boa sucção aoseio materno foi observado em oito (20%) dos prontuários, sendo quatro por enfermeirase quatro por auxiliares. A presença materna para aleitamento foi anotada em dois (5%)prontuários pelos profissionais técnicos. Foram feitos, em oito (20%) prontuários, registrosISBN: 978-85-63901-04-0


de alta hospitalar em companhia de familiar, sem, no entanto haver detalhamento. Apenasum (2%) prontuário apresentava evolução do RNP com detalhes da interação mãe‐bebê edo aleitamento materno. Também, em apenas um (2%) prontuário havia relato do cuidadoda mãe ao filho, destacando a realização do banho. A mesma percentagem também foipara o registro da ida do bebê pela primeira vez ao colo materno, ambos, os registros,apresentavam simplificações das informações. No serviço noturno os registros da presençae interação com a mãe/familiar, são ainda mais escassos, deixando em dúvida se nãohouve intervenções ou se não foi registrado. Em alguns prontuários observou‐se que noespaço que especifica o tipo de leite oferecido por sonda ao bebê, estava registrado leitehumano (LH), porém ratificando a informação nos mesmos prontuários não havia registroda presença materna na unidade. Considerações finais: A equipe de enfermagem, éconstituída por profissionais que, nas 24 horas do dia, está presente, junto ao bebê e suafamília, na UTIN, sendo, portanto elo, nas atividades de acolhimento, apoio, orientação,ensinamento, acompanhamento, planejamento. Entretanto segundo os dados analisados,na maioria das vezes, esses profissionais parecem não valorizar a realização dos registros,como o faz com os procedimentos técnicos, onde os registros são realizados de mododetalhados, extensos. Observa‐se que na referida unidade existe uma preocupação porparte de alguns profissionais em estar atendendo as necessidades das mães e familiaresjunto ao bebê, no entanto, a valorização das tecnologias leves como são identificadas essasações, ainda não são visualizadas como importantes, não sendo essas anotaçõesconsideradas como significativas para a equipe. As anotações/registros não são redigidasde maneira sistemática, podendo comprometer a sua funcionalidade e utilidade comoinstrumento de comunicação e de efetivo cuidado, o que pode acarretar problemas deordem administrativa e assistencial. A avaliação dos registros de enfermagem sempre foiuma parte essencial no desenvolvimento profissional, porém ainda necessita ser mais bemvisualizada e incentivada nas unidades de saúde em geral. Contribuições: Este estudotrouxe como contribuição a sinalização de que devemos investir junto aos profissionais deISBN: 978-85-63901-04-0


enfermagem no sentido da valorização dos registros das atividades realizadas no cenárioda UTIN. Para isso sugerem‐se atividades de educação <strong>continuada</strong> com enfoque nastecnologias leves e suas implicações para uma assistência integral ao RNP e sua família. Éextensivo à formação acadêmica com objetivo de transformação das práticas profissionais,estruturadas a partir da capacidade de construir o cuidado nas várias dimensões enecessidades em saúde.Descritores: Unidade de terapia intensiva neonatal, registro de enfermagem.Referências:1‐Muller, S.A , Zylinsk,V.S. Factores que determinan la implementación del registro deenfermeria informatizado.Notas enferm. (Córdoba) 7(11): 5‐9 nov. 2007.2‐ Potter, P.A.; Perry, A.G. Fundamentos de enfermagem: conceitos, processos e prática. 4ed., v.1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1999. Cap.12, p.166‐189.3‐BRASIL, Ministério da Saúde. Coord. Área técnica de saúde da criança. Manual doCurso Atenção Humanizada ao RN de baixo‐ peso. Método Canguru. Secretaria de Políticade Saúde, 2000a 280p.ISBN: 978-85-63901-04-0


O OLHAR DOS CUIDADORES EM ENFERMAGEM E AS POSSIBILIDADESDE SER DO NEONATOAna Paula Vieira dos Santos Esteves 284Jane Bispo Martins Ferreira 285Priscila da Silva Moreira Braz 286Valéria Lourdes Louzada da Silva 287Introdução: Para que o processo de cuidar aconteça é fundamental que se saiba quem éesse ser, o neonato: um ser acontecendo, um ser dependente, um ser delicado. Questõesque remetem à reflexão acerca de um ser‐aí no mundo acontecendo desde o momento desua fecundação, gestação e nascimento, experienciando um desequilíbrio fisiológico, adoença, como uma fatalidade por ele vivida. Quando é separado dos pais, e a própriainternação ameaça sua integridade, ele é sentido pelos cuidadores em enfermagem emdiferentes dimensões. A enfermagem, considerada uma disciplina que cuida do serhumano, vem construindo seu conhecimento substantivo sobre o cuidado, a partir da visãode que o ser humano, existencialmente, coabita com outros seres. A evolução dasociedade moderna, e já na pósmodernidade, tem‐se caracterizado pela existência deprofundas transformações em todas as áreas de conhecimento. Uma das característicasessenciais desse período é a evolução da técnica, que se fez presente de modo significativonas práticas de saúde. Assim, observa‐se a enfermagem inserida nessa realidade, naqualidade de profissão que tem seu saber e fazer determinados pelas mudanças etransformações dos diferentes momentos sociais, políticos e econômicos. O cuidar, nomundo de unidade neonatal (seja intensiva e intermediária), tem sofrido várias284Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do UNIFESO – Teresópolis ‐ RJ285Discente do Curso de Graduação em Enfermagem do UNIFESO – Teresópolis ‐ RJ286Enfermeira Obstetra do HSJ – Teresópolis ‐ RJ287Discente do Curso de Graduação em Enfermagem do UNIFESO – Teresópolis – RJ – Email:janebispo@oi.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


modificações ao longo dos anos, devido ao crescente avanço tecnológico e à decorrentemodernização dos equipamentos e instrumentos de trabalho. A prática de enfermagemdessa unidade também sofreu transformações, ocasionadas por este impacto, em que ocuidado de enfermagem, para ser realizado utiliza cotidianamente a técnica. É importanteressaltar que, muitas vezes, a equipe de enfermagem inclina‐se a prestar cuidadosdirecionados às exigências dos modernos equipamentos para diagnóstico e tratamento,repletos das mais novas tecnologias e sofisticações presentes, sobretudo no ambiente dasUTIs. A necessidade de internação em uma Unidade Neonatal não significa,automaticamente, bem estar físico e emocional para o paciente. Se a adaptação aoambiente normal, ao lado da mãe, já é complexa e difícil para um bebê, este mundo docuidado provoca maior estresse ao neonato. Afastado bruscamente da mãe, o bebê éjogado num ambiente hostil, com excesso de luminosidade, manipulação constante,barulho, além de ser submetido a procedimentos invasivos que provocam dor, desconfortofísico e mental. Nesse momento, o neonato está exposto a condições de enfrentamentoque podem afetar todo o seu ser biopsicossocial‐espiritual. Para a família do neonato, asituação não é diferente. A separação é motivo de diversos conflitos, pois, durante agravidez, os pais sonham com um bebê imaginário, saudável, perfeito, lindo. Então, nonascimento há um contraste muito grande entre a criança imaginária e aquela que elesvisualizam, mesmo quando é um bebê sem comprometimento, a lembrança dos pais é a deum bebê inacabado. Quanto às relações dos cuidadores com o neonato, o recente estudode Costenaro e Lacerda 6 constatou relação significativa entre estresse e freqüência derelação verbal dos profissionais de enfermagem com o neonato, ou seja, aqueles quereceberam maior estimulação verbal, carinho e conforto apresentaram menores alteraçõesde estresse. Isto também ficou evidente em relação ao número de procedimentos técnicos,ou seja, os neonatos submetidos a mais procedimentos técnicos apresentaram alteraçõesindicativas de estresse. Watson 1 alerta para uma tendência de cuidado ao dizer: o papel docuidado humano (em enfermagem) está ameaçado pela desenvolvida tecnologia médica,ISBN: 978-85-63901-04-0


pelas restrições burocráticas e administrativas das instituições numa sociedade da eranuclear. Objetivo: O estudo tem por objetivo investigar o significado do cuidado aoneonato sob o olhar dos cuidadores de enfermagem de uma unidade intermediárianeonatal de um hospital escola em Teresópolis. Metodologia: Trata‐se de uma pesquisaqualitativa com método descritivo e analítico, onde utilizará entrevista estruturada.Assegurado pelo cumprimento dos princípios éticos determinados pelas diretrizes deresolução 196/96, do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde (CNS), com aprovação no comitê deética em pesquisa do UNIFESO (n°439‐10). Participaram do estudo cinco (5) enfermeiros,quatro (4) auxiliares e técnicos de enfermagem. Resultados: Dos discursos contidos nestapesquisa, descrevem que o neonato é um ser expresso por sua dependência, fragilidade,delicadeza e instabilidade, o que requer do cuidado de enfermagem, atenção, percepção,sensibilidade e competência técnica e científica para cuidar, o que faz do cuidador um serespecial. Expressam‐se, no cuidado, sentimentos de realização, de dever cumprido, desatisfação, por ver os resultados de seu cuidado como uma boa evolução do neonato.Conclusão: Espera‐se que este olhar expresso pelos resultados do presente estudodesperte nos cuidadores e administradores em saúde, uma reflexão autêntica sobre ocuidado em enfermagem no mundo Neonatal, e que contribuam para o desenvolvimentodos seres humanos, enquanto seres de cuidado, pois a forma como a equipe de saúdepresta cuidado poderá influenciar no processo de saúde e doença do neonato e interferirno seu crescimento e desenvolvimento. O neonato necessita de cuidados em seu todo, decuidado profissional e expressivo, ou seja, humanizado.Palavras chaves: Enfermagem; Recém‐nascido; Cuidadores;Referências1. Watson J. Nursing: the philosophy and science of caring. Boston: Little, Brown; 1979. 321p.ISBN: 978-85-63901-04-0


2. Lucena AF. Significado do cuidar para as enfermeiras de uma unidade de terapiaintensiva [dissertação de Mestrado]. Porto Alegre (RS): Escola de Enfermagem,Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2000. 147 f.3. Zagonel IPS. Exercício do poder diante das relações no espaço médico hospitalar e deenfermagem. Cogitare Enfermagem, Curitiba (PR) 1996 jul/dez; 1(2): 75‐80.4. Klaus M, Klaus P. O surpreendente recém‐nascido. Porto Alegre (RS): Artes Médicas;1989. 140 p.5. Crossetti MGO. Processo de cuidar: uma aproximação existencial na enfermagem [tesede Doutora‐do]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 1997. 157 f.6. Costenaro RGS. Ambiente terapêutico de cuidado ao recém‐nascido internado em UTINeonatal.Santa Maria: UNIFRA; 2001. 128 p. (Série enfermagem).7. Avery G, Fletcher MA, MacDonald MG. Neonatologiafisiopatologia e tratamento do RN.4ª ed.Rio de Janeiro: Medsi; 1999. 1526 p.8. Heidegger M. Ser e tempo. 6ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes; 1997. 325 p.9. Montagu A. Tocar: o significado humano da pele. São Paulo: Summus; 1988. 472 p.10. Klaus M, Kennel J. Pais/bebês: a formação do apego. Porto Alegre (RS): Artes Médicas;1993.329 p.ISBN: 978-85-63901-04-0


O PERFIL DAS CRIANÇAS EGRESSAS DE UTI NEONATAL ATENDIDAS EM UM SERVIÇO DEFOLLOW‐UP DO RIO DE JANEIROKarini Manhães de Carvalho 288Inês Maria Meneses dos Santos 289Camilla Alves de Souza 290Trata‐se de um estudo vinculado ao projeto de pesquisa “Perspectivas Atuais daAssistência Perinatal Brasileira: Reflexões Acerca do Cuidado de Enfermagem” cadastradono Departamento de Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro(UNIRIO). Está cadastrado também no Núcleo de Pesquisa, Estudos e Experimentação naárea da Saúde da Mulher e da Criança (NuPEEMC) e do Grupo de Estudos em Enfermagemnas Áreas Perinatal e da Mulher no Ciclo Vital, ambos do Departamento de EnfermagemMaterno‐Infantil da UNIRIO. Como acadêmica de enfermagem entendo a importância darealização de pesquisas na área de saúde da criança, especificamente do recém‐nascidoque precisou de cuidados especiais na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) parasua sobrevivência nos seus primeiros dias de vida. A Agenda de Compromissos para aSaúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, considerando as principaiscausas de morbidade e mortalidade infantil no país, apresenta como uma das linhas decuidado que devem ser priorizadas nas ações de saúde dirigidas à atenção à criança.¹ Apopulação de egressos da UTIN tem características especiais, em função dos problemas288Acadêmica do 6º período do Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de EnfermagemAlfredo Pinto(EEAP), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro(UNIRIO). Ex‐bolsista deIniciação Científica(IC/UNIRIO). E‐mail: karinimcarvalho@gmail.com289Enfermeira. Doutora em Enfermagem na Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ). Professorado Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil(DEMI), da EEAP, da UNIRIO.290Acadêmica do 7º período do Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem AlfredoPinto(EEAP), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro(UNIRIO).ISBN: 978-85-63901-04-0


apresentados no período neonatal. Após a alta o recém‐nascido é uma criança de risco eprecisa ser acompanhado com muito critério, para tal as unidades de saúde criaram osserviços de seguimento (follow‐up) do recém‐nascido de risco.² O serviço de follow‐updeve estar integrado com a UTIN. É imprescindível que o profissional responsável pelofollow‐up esteja em contato com a família, para que esta esteja preparada para a alta. Oentendimento dos objetivos do acompanhamento cuidadosos é pré‐requisito para oretorno desta família ao ambulatório. É fundamental conhecer também o perfil dascrianças encaminhadas ao serviço de follow‐up para melhor planejar as ações a seremexecutadas. Para tanto, o objeto delineado para este estudo foi: “o perfil das criançasegressas da UTIN que frequentam as consultas de seguimento (Follow‐up) em 2007 e2008”. O objetivo é descrever o perfil das crianças atendidas em um serviço de follow‐upde egressos da UTI Neonatal em 2007 e 2008. Trata‐se de um método exploratório,descritivo. A pesquisa está em conformidade com a resolução 196/96 do CNS e foiaprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CEP‐UNIRIO 99/07 em 27 de agosto de 2007 etambém, pelo CEP SMS‐RJ 90/08 em 23 de Junho 2008. (Trata‐se de uma etapa do projeto“As interfaces da amamentação: os recém‐nascidos egressos da UTI‐Neonatal”, aodescrever o perfil das crianças egressas inseridas no follow‐up). O estudo foi desenvolvidono ambulatório de segmento dos recém‐nascidos egressos da UTIN (follow‐up) de umamaternidade situada na zona norte do município do Rio de Janeiro, que possui UTIN. AsFontes Primárias foram as fichas controle e os prontuários das crianças atendidas. A coletade dados foi realizada no período de outubro de 2008 a fevereiro de 2009, através dopreenchimento de um instrumento pela pesquisadora, contendo questões relacionadas aoperfil clínico da população, visando atingir o objetivo do estudo. Como critérios de inclusãopara esta amostra delimitou‐se: a) crianças egressas da UTI Neonatal em 2007 e 2008; b)crianças egressas do alojamento conjunto consideradas de risco; c) inseridas no serviço defollow‐up regularmente. Para apresentação dos resultados, os dados foram mensuradosem números absolutos e percentuais, apresentados em quadros e tabelas, posteriormenteISBN: 978-85-63901-04-0


analisados à luz da literatura. Foram detectadas no livro de registro do follow‐up 537crianças cadastradas nos anos de 2007 e 2008. Na busca dos prontuários para coleta dedados, 104 não foram localizados. Desta forma serão apresentados os dados coletados em433 prontuários. Tem‐se a seguinte situação em 2007 e 2008: 320(74%) crianças estão emacompanhamento, 75(17,3%) abandonaram, 8(1,8%) tiveram alta, 30(6,9%) foramencaminhadas a outro serviço. Com relação à moradia, 389(89,9%) crianças residem nomunicípio do Rio de Janeiro e 43(9,6%) moram em outros municípios do estado do Rio deJaneiro e 2(0,5%) não há informação disponível. Quanto à história gestacional, 404(93,4%)mulheres fizeram pré‐natal, 22(5%) não fizeram pré‐natal e tiveram 7(1,6%) informaçõesnão disponíveis. Das mulheres que fizeram pré‐natal, 144(35,6%) fizeram menos de 6consultas, 238(59%) fizeram 6 consultas ou mais, 22(5,4%) não constavam o número deconsultas realizadas. Com relação à idade gestacional,289( 66,7%) das crianças nasceramprematuras, 140(32,4%) a termo, nenhuma pós‐termo e em 4(0,9%) dos prontuários cominformação não disponível. Na história da criança foram obtidos os seguintes dados:quanto ao tipo de parto, foram 197(45,5%) normais, 220(50,8%) cesáreas, 4(0,9%) fórcepse 12(2,8%) informação não disponível; quanto ao sexo, foram 223(51,5%) masculinos e210(48,5%) femininos; quanto ao peso ao nascer, 21(4,9%) das crianças pesam de 500 a1000gramas, 67(15,5%) de 1001 a 1500gramas, 121(28%) de 1501 a 2000gramas,80(18,4%) de 2001 a 2500gramas, 57(13,2%) de 2501 a 3000gramas, 55(12,8%) de 3001 a3500gramas, 20(4,6%) de 3501 a 4000gramas, 7(1,6%) de 4001 a 4500gramas, 3(0,6%) de4501 e 5000gramas, 1(0,2%) de 5001 a 5500gramas e 1(0,2%) de informação nãodisponível. Das intercorrências diagnosticadas foram registrados 261 de casos de icterícia,105 de asfixia, 109 de infecção (sendo que 11 classificadas como infecção congênita), 47 dehipoglicemia (14 assintomáticas e 33 sintomáticas), 34 de convulsão e 6 de policitemia. Ostratamentos usados foram: fototerapia em 229 das crianças, oxigenioterapia em 269 (nestetratamento houve o registro de 3 modalidades terapêuticas: em 99 das crianças foi usadoventilação mecânica, em 169 CPAP e em 180 oxy‐hood; sendo que 63 utilizaramISBN: 978-85-63901-04-0


surfactante exógeno) e antibioticoterapia em 267 crianças. Os principais antibióticosutilizados foram: gentamicina em 245 das crianças, ampicilina em 237 e cefepime em 59.Conclui‐se que há um número significativo de crianças de 35,6%, cujas mães durante agestação não tiveram um acompanhamento pré‐natal adequado quanto ao númeromínimo de 6 consultas estabelecido pelo Ministério da Saúde³, o que pode ser um dosmotivos do agravamento das intercorrências que resultaram na internação da criança naUnidade Neonatal. O número elevado de partos cesáreos de 50,8% justificasse pelo perfilde risco materno‐fetal da população estudada. Há um número significativo de crianças de9,6% sendo atendidas na unidade que residem de outros municípios do estado do Rio deJaneiro. Esse deslocamento das mulheres em busca de atendimento qualificado para seusfilhos revela a inadequação do planejamento do setor saúde quanto à distribuiçãogeográfica. Chama atenção o número expressivo de extremo baixo peso ao nascer (abaixode 1000g) 4,9% e muito baixo peso ao nascer (abaixo de 1500g) 15,5% que sobreviveram eestão em atendimento ambulatorial. Os tratamentos mais empregados foramoxigenioterapia seguido de antibioticoterapia e fototerapia, em consonância com osproblemas neonatais mais comuns registrados na literatura. 2,4 O estudo encontra‐se emandamento, porém o que pode se inferir é que os dados demonstram que a qualidade dosserviços de saúde, de uma forma geral, ainda está longe do ideal². Assim patologiasneonatais poderiam ser previnidas com melhor atenção a gestação e ao parto. A realizaçãode uma pesquisa sobre o perfil das crianças atendidas no serviço de follow‐up de egressosda UTI neonatal permitiu conhecer a totalidade da clientela atendida no interstício de 2007e 2008.Descritores: Enfermagem Neonatal, Prematuro, Cuidado do LactenteISBN: 978-85-63901-04-0


Referências1. Brasil. Ministério da Saúde. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança eredução da mortalidade infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.2. Lopes, SMB. e Lopes, JMA. Follow‐up do recém‐nascido de alto risco. Medsi: Rio deJaneiro, 1999.3. Brasil. Ministério da Saúde. Pré‐Natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada.Brasília: Ministério da Saúde, 2005.4. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de Assistência ao Recém‐nascido. Brasília, 1994.ISBN: 978-85-63901-04-0


O PROCESSO DE INTERAÇÃO ENTRE ENFERMEIRO E PAIS: UM FACILITADOR PARA AHUMANIZAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATALClaudia Marcia da Cruz 291Érika Justino Pinto 292Juarilane Ferreira Rosa 293Fernanda Faria Bezerra Góes 294Resumo: Este estudo apresentou a atenção ao processo interativo entre o enfermeiro e afamília como uma das prioridades da enfermagem numa Unidade de Tratamento IntensivoNeonatal. Apontamos como problema deste estudo: Como ocorre a interação entre oenfermeiro e pais em uma UTI Neonatal? As interações na UTI Neonatal são mediadas pelanecessidade de comunicação, sendo esta essencial no decorrer da internação. Temos comoobjetivos: 1) Descrever o processo de interação entre o enfermeiro e os pais na UTIneonatal; e 2) Discutir como esse processo de interação facilita a humanização na UTINeonatal. Foi realizado um estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa,sendo utilizado como cenário uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da rede privadade saúde, situada no município de Niterói, Rio de Janeiro. Os sujeitos do estudo foramenfermeiros que atuam nessa unidade. Atendendo as questões éticas contidas naResolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde sobre pesquisas envolvendo sereshumanos, foram respeitados pelas pesquisadoras os preceitos dessa resolução. Os sujeitosassinaram um Termo de Consentimento Livre Esclarecido e foi solicitada a autorização emum Comitê de Ética em Pesquisa. Foi realizada a coleta dos dados a partir de um roteiro de291Acadêmicas de enfermagem do 8º período do Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI).292Acadêmicas de enfermagem do 8º período do Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI). E‐mail:ekjustino@terra.com.br/ ERIKAREIA@gmail.com.br293Acadêmicas de enfermagem do 8º período do Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI).294Mestre em Enfermagem (UNIRIO), professora do Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI).ISBN: 978-85-63901-04-0


entrevista, contendo perguntas abertas. Para melhor compreensão do objeto de estudo, osdados coletados foram interpretados a partir da Análise Temática e agrupados seusresultados em relação às categorias: 1) A valorização da presença dos pais na UTIN ‐incentivando o vínculo pais‐filho; 2) Relacionamento enfermeiro e pais e a humanização docuidado; e 3) Normas e Rotinas pré‐estabelecidas: Direcionamento em via única. Pode‐seconcluir que a humanização da assistência na UTIN deve se pautar no cuidado singular, naintegralidade e no respeito à vida.Descritores: Enfermagem Neonatal. Equipe de Enfermagem. Família.ISBN: 978-85-63901-04-0


O PROCESSO DO CATETERISMO VENOSO CENTRAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVANEONATAL E PEDIÁTRICAAline Verônica de Oliveira Gomes 295Maria Aparecida de Luca Nascimento 296Introdução: A obtenção de um acesso venoso seguro consiste em um dos maiores desafiospara a equipe assistencial implementar a terapêutica medicamentosa, de forma aassegurar a eficácia do tratamento e a qualidade da assistência, além de proporcionar àcriança menor exposição à dor, ao estresse e às complicações mecânicas e infecciosas.Com relação ao estado crítico da clientela atendida nas unidades de terapia intensiva e anecessidade de um acesso venoso prolongado, cumpre citar que, dentre os avançostecnológicos observados no campo da saúde destaca‐se o cateter venoso central, queexige dos enfermeiros conhecimentos técnicos em relação à sua manipulação emanutenção, a fim de evitar as complicações e proporcionar uma assistência de qualidade,contribuindo para a diminuição do tempo de internação e dos custos hospitalares. Com oavanço científico e tecnológico na área da saúde surge a necessidade dos profissionaisdessa área buscarem constante atualização, sendo cada vez mais importante, o alerta parao bom uso da tecnologia 1 . Garantir a segurança dos pacientes é fundamental para ofereceruma assistência de saúde e de enfermagem de qualidade. No entanto, se por um lado asintervenções de cuidados de saúde buscam melhorar a assistência prestada, por outro, acombinação de processos, tecnologias e recursos humanos relacionados com o cuidado àsaúde pode tornar‐se um fator de risco para o surgimento de erros e eventos adversos 2 .295Mestre em Enfermagem (UNIRIO). Especialista em Enfermagem Pediátrica na modalidade deResidência (IFF/FIOCRUZ). Enfermeira da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (IFF/FIOCRUZ).Preceptora da Residência de Enfermagem em Controle de Infecção Hospitalar (IFF/FIOCRUZ). E‐mail:alinevog@iff.fiocruz.br.296Doutora em Enfermagem (UFRJ). Orientadora Acadêmica do Programa de Pós‐Graduação –Mestrado em Enfermagem (UNIRIO).ISBN: 978-85-63901-04-0


Dessa forma, sabendo que nas UTIs neonatal e pediátrica são admitidas crianças em estadoclínico grave, que necessitam de cuidados intensivos e de terapia intravenosa prolongada,surgiu o interesse em evidenciar, por meio da pesquisa científica, os cateteres venososcentrais que são utilizados na clientela neonatal e pediátrica e detalhar os fatoresrelacionados que interferem na manutenção desses cateteres, visto que esses dispositivosestão freqüentemente presentes em nossa prática profissional, contribuindo, por um lado,para a sobrevivência dessas crianças, mas por outro, para o surgimento de complicaçõesassociadas aos cuidados de saúde, prejudicando a qualidade da assistência prestada.Objeto: O processo do cateterismo venoso central em Unidade de Terapia Intensivaneonatal e pediátrica. Objetivos gerais: Analisar e discutir o processo do cateterismovenoso central nas Unidades de Terapia Intensiva neonatal e pediátrica. Objetivoespecífico: Descrever as variáveis relacionadas ao processo do cateterismo venoso central,de acordo com o tipo de cateter, motivo de indicação, material, número de lumens, sítio deinserção, profissional responsável pelo procedimento, terapêutica medicamentosainfundida, motivo de retirada, tempo de permanência e as complicações mecânicas einfecciosas Metodologia: Estudo descritivo, de coorte prospectiva, com delineamentolongitudinal e abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada nas unidades deterapia intensiva do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ, em 82 prontuários, sendoanalisados 130 processos no período de fevereiro a julho de 2009. Os dados do estudoforam processados e analisados em um banco de dados específico, utilizando o programaEpi Info 3.5.1. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFF/FIOCRUZ,sob protocolo nº. 0046/08. Resultados: Os tipos de CVCs utilizados foram o de inserçãoperiférica – PICC (45,4%), o de punção direta ‐ CVCP (29,2%), a dissecção venosa ‐ DV(14,6%) e o umbilical ‐ CVU (10,8%). A participação do enfermeiro foi predominante(22,3%) na obtenção do acesso vascular na clientela do estudo. Houve falha nos registrosdos prontuários em relação à identificação do profissional responsável pela inserção dosCVCs (18,5%) e do tipo de material utilizado (51,5%). Os motivos de indicação dos CVCsISBN: 978-85-63901-04-0


foram, em sua maioria, para infusão medicamentosa prolongada e Nutrição ParenteralTotal (NPT), em 40,8% dos casos. Nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica,as crianças são admitidas em condições clínicas graves, necessitando de intervençõesimediatas e por longo período como a infusão de NPT, reposição hídrica e de eletrólitos eantibióticoterapia 3 . Os cateteres de único lúmen foram os mais utilizados (63,8%). Aescolha do tipo de cateter em relação ao número de lúmens deve considerar a necessidadee a gravidade da criança, a quantidade de medicações prescritas e a indicação de NPT 4 . Osítio de inserção predominante foi a veia basílica para o PICC, a femoral para o CVCP e ajugular interna para a DV. Para selecionar o sítio de inserção, os profissionais envolvidoscom a prática da terapia intravenosa devem avaliar a idade, o diagnóstico, as condições darede venosa, os acessos venosos prévios e o tipo e tempo de terapia 5 . O tempo médio depermanência em dias, do PICC e do CVCP foi de 12, da DV foi de 10, e do CVU foi de 5. Otempo de permanência ideal para os cateteres PICC, CVCP e DV é desconhecido. Noentanto, a equipe de enfermagem deve acompanhar e monitorizar freqüentemente o sítiode inserção, a fim de identificar sinais de complicação. Na ausência de complicações, oscateteres podem ser utilizados até o término da terapêutica intravenosa 5 . A remoção dosCVCs foi indicada, predominantemente, por complicações mecânicas e infecciosas (47,7%).Dentre as complicações mecânicas ocorridas nos cateteres do estudo, houve o predomíniode obstrução (36,0%). Algumas medidas que os profissionais da equipe devem adotar paraprevenir a ocorrência de obstrução incluem: não infundir sangue e hemoderivados noscateteres com calibre menor que 3,8 fr; não administrar drogas incompatíveissimultaneamente; realizar flush com solução salina após a infusão de hemoderivados e demedicações; manter fluxo contínuo de infusão intravenosa 5 . As complicações infecciosasmais freqüentes evidenciadas por esse estudo foram a sepse clínica associada ao CVC(40,0%) e a sepse fúngica relacionada ao CVC (33,3%). Sendo que a primeira associada,predominantemente, ao CVC inserido por punção profunda e a segunda relacionada,principalmente, ao PICC. Os cateteres venosos centrais desse estudo também foramISBN: 978-85-63901-04-0


emovidos por outros motivos como troca de cateter (n=9) e devido à presença de outrocateter (n=3). A partir das discussões das informações relacionadas aos motivos de retiradado cateter venoso central, podemos concluir que são necessárias várias intervenções,modificações e padronização das práticas assistenciais de saúde com a finalidade dereduzir as taxas de complicações mecânicas e infecciosas nas unidades de terapia intensivaneonatal e pediátrica do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ, sendo este, o grandedesafio para todos os profissionais de saúde envolvidos em cuidados hospitalares.Considerações finais: Esse estudo viabilizou, através de uma análise crítica do processo docateterismo venoso central, rever a prática assistencial, para estabelecer o aprimoramentoda assistência prestada à clientela neonatal e pediátrica, internadas nas unidades deterapia intensiva do IFF, em relação à terapia intravenosa, indicação dos dispositivosintravasculares centrais, educação <strong>continuada</strong> dos profissionais envolvidos nesse processo,melhoria dos registros médicos e de enfermagem, considerações da relação custobenefíciona realização dos cuidados e na eleição dos recursos tecnológicos, e odesenvolvimento de novas pesquisas nessa área, a fim de assegurar o desenvolvimento docuidado com qualidade, garantindo, assim, a segurança dessa clientela. O cateter venosocentral é uma tecnologia indispensável à sobrevivência dos recém‐nascidos e das criançasinternadas em estado crítico nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica. Noentanto, ainda é um dispositivo que causa complicações ao longo de sua utilização, sendonecessária a sua vigilância constante, e um cuidado especifico por parte dos profissionaisenvolvidos com essa prática, de forma a reduzir as elevadas taxas de morbimortalidadecausadas pela interrupção do tratamento, pelas freqüentes infecções associadas ao uso doCVC, reduzindo, conseqüentemente, o alto custo hospitalar e o tempo de internação. Aprevenção dessas complicações produz impactos extremamente relevantes do ponto devista econômico e clínico, garantindo, principalmente, a segurança do paciente. Esseestudo possibilitará à equipe assistencial refletir criticamente sobre a prática da terapiaintravenosa, em busca da racionalização de recursos, redução de custos hospitalares,ISBN: 978-85-63901-04-0


incorporação de novas tecnologias, considerando a relação risco‐benefício, de forma aalcançar a excelência do cuidado.Palavras‐chave: Cateterismo venoso central. Enfermagem. Terapia intensiva neonatal epediátrica.Referências1. Koerich MS et al. Tecnologias de cuidado em saúde e enfermagem e suas perspectivasfilosóficas. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 15 (Esp): 178‐85, 2006.2. Consejo Internacional de Enfermeras (2007). Entornos de práctica favorables. Lugares detrabajo de calidad = atención de calidad al paciente. Conjunto de instrumentos parainformación y actuación, elaborado por Andrea Baumann para el CIE. Ginebra, Suiza:Consejo Internacional de Enfermeras. Disponível em: http://www.icn.ch/indkit2007.pdf.Acesso em: 23 de jul. de 2008.3. Guimarães KSR et al. Cateter epicutâneo no cotidiano do cuidado de enfermagem àcriança em pré‐operatório de cirurgia cardíaca: limites e desafios na instalação precoce.2006. Disponível em: http://www.cbcenf.com.br/anaiscofen/pdf9/0110.pdf. Acesso em: 26out. 2009.4. Mesiano ERAB; Merchan‐Hamann E. Bloodstream infections among patients usingcentral venous catheters in intensive care units. Rev. Latino‐Am.Enfermagem , RibeirãoPreto, v. 15, n. 3, 2007.5. Infusion Nurses Society Brasil. Diretrizes Práticas para Terapia Intravenosa. INS Brasil,2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


O SABER DO ENFERMEIRO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOSPARA O ALÍVIO DA DOR EM NEONATOS SUBMETIDOS À PUNÇÃO VENOSA 297Érica Nascimento Meneses de Andrade 298Helen Campos Ferreira 299Daniele Marins 300Introdução: Os avanços tecnológicos e os recursos terapêuticos de alta complexidade,utilizados nas unidades de terapia intensivas neonatais (UTINs), contribuem para a reduçãoda mortalidade neonatal. Porém, nesse ambiente o recém‐nascido (RN) é exposto a váriosprocedimentos invasivos e estressantes que geram um custo ao RN, a dor 1 . Por isso, essepequeno ser que não verbaliza, demonstra o que sente através de uma linguagem própria.Essa linguagem é analisada através de indicadores fisiológicos como: freqüência cardíaca,freqüência respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio e níveis hormonais. Eparâmetros comportamentais como, o choro, atividade motora, padrão de sono e vigília emímica facial de dor 1 . Estes indicadores mencionados podem contribuir para a avaliação,quantificação e qualificação dos estímulos dolorosos, além disso, estão presentes em297Resumo de Pesquisa em andamento referente ao Trabalho de Conclusão de Curso de graduação emenfermagem pela Escola de enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense‐UFF.298Relatora. Graduanda de enfermagem do 8º período da Escola de enfermagem Aurora de AfonsoCosta‐ EEAAC da Universidade Federal Fluminense‐UFF, Bolsista CNPq/UFF. Email:ericanma@gmail.com299Doutora em enfermagem. Orientadora da pesquisa. Professora adjunta da disciplina deenfermagem na saúde da mulher e pesquisadora na área de atenção integral à saúde da mulher e dorecém‐nascido pela Escola de enfermagem Aurora de Afonso Costa‐ EEAAC da Universidade FederalFluminense‐UFF.300Mestre em enfermagem neonatal. Coorientadora da pesquisa. Professora substituta da disciplina deSaúde da criança e do adolescente da Escola de enfermagem Aurora de Afonso Costa‐ EEAAC daUniversidade Federal Fluminense‐UFF.ISBN: 978-85-63901-04-0


escalas para a avaliação da dor do RN. Porém, a avaliação e mensuração da dor é um dosmaiores obstáculos da assistência ao RN. É nesse contexto que o enfermeiro desempenhaum papel importante no processo de saber avaliar e utilizar medidas que aliviam a dor epossibilitam um tratamento adequado e uma assistência mais humanizada 2 . O tratamentoda dor do RN tem sido realizado através de intervenções farmacológicas e nãofarmacológicas. As terapias não farmacológicas objetivam, principalmente, prevenir aintensificação de um processo doloroso, a desorganização do neonato, o estresse e aagitação, ou seja, minimizam a dor 3 . Dentre as principais terapias pode‐se citar a sucçãonão‐nutritiva, o posicionamento, o aconchego, o toque, o uso de solução glicosada, asucção em seio materno e a combinação da sucção não‐nutriva e solução glicosada. Estasmedidas são efetivas, facilmente aplicáveis, mas, ainda pouco incorporadas às práticasinstitucionais na assistência neonatal. Dessa forma, a presente pesquisa apresenta comoobjeto de estudo o saber dos enfermeiros sobre a utilização das terapias nãofarmacológicas para o alivio da dor em recém nascidos a termo durante a realização dapunção venosa. Objetivos: Identificar os saberes dos enfermeiros a cerca da utilização deterapias não farmacológicas durante a realização da punção venosa no recém nascido atermo. Identificar como os enfermeiros reconhecem e avaliam a dor no neonato durante apunção venosa; Verificar como os enfermeiros reconhecem e avaliam a dor no neonatodurante a punção venosa e Descrever o principal método não farmacológico utilizado pelosenfermeiros na realização da punção venosa no RN. Metodologia: Pesquisa de abordagemqualitativa, tipo exploratório descritiva. A escolha por um estudo qualitativo se deu por serum tipo de estudo em que se pode trabalhar com crenças, valores e significados,proporcionando aos entrevistados uma maior liberdade para expor suas questõesrelacionadas ao tema 4 . A pesquisa está sendo realizada em um Hospital Federal domunicípio do Rio de Janeiro na unidade de terapia intensiva neonatal intermediária. Ossujeitos da pesquisa são os enfermeiros plantonistas diurnos componentes da rotina dosetor e que atuam diretamente na assistência aos RNs internados. Os instrumentos deISBN: 978-85-63901-04-0


coleta de dados utilizados são: a entrevista semi‐estruturada com perguntas abertas e usodo recurso de gravação de discurso. A entrevista semi‐estruturada é uma conversaefetuada face a face entre o informante e o pesquisador, cujo objetivo é colher dadosfidedignos através de uma conversação dirigida ou livre, orientada com o propósito debuscar informações significativas para o tema abordado no estudo 5 . Por isso, a entrevistaelaborada tem como finalidade a categorizar os sujeitos quanto ao perfil profissional eabordar questões referentes aos objetivos da pesquisa. O outro instrumento utilizado é oroteiro de observação não participante, destinado aos registros de como os profissionaisreconhecem e utilizam os métodos não‐farmacológicos para o alivio da dor do RN durantea punção venosa e a avaliação da dor do RN pelo observador‐pesquisador durante oprocedimento através do uso da Escala de Avaliação de dor (NIPS). Esta escala é baseadanas alterações comportamentais do RN frente à dor. Este estudo respeita os princípioséticos em pesquisa envolvendo seres humanos na medida em que resguarda àsinformações sigilosas referentes aos profissionais de enfermagem da unidade, atendendoas normas da portaria 196/196 e aguardando o parecer do processo de submissão aocomitê de ética em pesquisa da instituição. Resultados: A pesquisa está em andamento eainda encontra‐se em fase de coleta de dados através dos instrumentos citados. Os dadoscoletados serão tratados qualitativamente através da técnica de Análise de Conteúdorealizada em três fases distintas. A primeira fase é denominada de pré‐análise que tem porfinalidade sistematizar as idéias iniciais e direcionar as etapas subseqüentes. Nessa fase,após a organização das entrevistas será realizada uma leitura do material para formularhipóteses de acordo com os objetivos. A segunda fase compreende a exploração domaterial, ou seja, uma classificação e agregação dos dados, permitindo índices equantificações simples. Na última fase de análise, após ter dividido os dados baseadosserão formadas categorias de temas a serem discutidos como resultados futuros dapesquisa. Conclusão: A dor neonatal não pode ser desprezada e os profissionais da saúde,principalmente os enfermeiros e os outros membros da equipe de enfermagem que estãoISBN: 978-85-63901-04-0


continuamente prestando cuidados ao RN devem identificar e avaliar a dor. Assim, cabe aoenfermeiro a capacidade de planejar ações como o uso de métodos não farmacológicospara proporcionar uma melhor qualidade de vida a esses pequeninos submetidos adiversos procedimentos dolorosos relacionados ao processo de cuidar.Contribuições/implicações para a enfermagem: A importância deste trabalho para aenfermagem fica evidenciada, tendo em vista a contribuição para o conhecimento dosmétodos não farmacológicos para o tratamento da dor no recém‐nascido durante arealização de procedimentos dolorosos como a punção venosa periférica e para os RNsproporcionará uma assistência de qualidade diminuindo os efeitos deletérios resultantesda dor não tratada. Além disso, visa ressaltar para a enfermagem que o uso dos métodosnão farmacológicos, constitui um caminho promissor para o controle da dor e merece seralvo de investigação através de constantes pesquisas que comprovem a sua eficácia.Descritores: Enfermagem neonatal; Dor; Avaliação da dor; Terapia intensiva neonatal eTerapias alternativas.Referências:1. Guinsburg R A. linguagem da dor no recém‐nascido. Jornal da Paulista 2000; 139:145‐9.2. Calasans MTA. A dor do recém‐nascido no cotidiano da unidade de terapia intensivaneonatal. Salvador, 2006. Tese (Dissertação apresentada ao Programa de Pós‐Graduaçãopara título de Mestre)‐ Escola de enfermagem. Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2006.3. Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI Neonatal. Assistência ao Recém nascido deAlto Risco. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.4. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8º Ed. SãoPaulo/Rio de Janeiro: HUCITEC‐ABRASCO, 2004.5. Figueiredo AM. Método e Metodologia na pesquisa científica. Difusão editora. SãoPaulo, 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


O SIGNIFICADO DE CUIDAR DO RECÉM‐NASCIDO SEM POSSIBILIDADE DE TERAPÊUTICACURATIVAMércia Karolinne Gonçalves Silva 301Silvana Santiago da Rocha 302A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um lugar que sempre abala emocionalmente aspessoas por ser um lugar onde é prestada assistência à pacientes de risco. E se tratando deUnidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) essa situação é ainda mais agravante, pois setrata de um recém‐nascido que seus pais já o amam e idealizavam outra realidade,podendo interferir na estrutura emocional entre pais e filho. Vale ressaltar que a morte éinterpretada como interrupção do seu ciclo biológico. O enfermeiro ao cuidar de pessoasnessa faixa etária geralmente envolve‐se com o paciente, tendo a morte como maior vilãde seu trabalho, uma vez que, de maneira geral, são educados para cuidar somente davida. Diante da angústia dos profissionais e a dor dos familiares, envolvendo‐seemocionalmente pela perda do paciente recém‐nascido gravemente enfermo e sempossibilidade de terapêutica curativa, resultou na elaboração deste estudo como forma defocalizar a doença terminal na criança, o que isso acarreta a ela, seus familiares e a equipe,pois, entende‐se que o preparo psicológico do profissional de enfermagem e oconhecimento científico para elaboração de uma assistência e planejamento de ações deenfermagem no estágio final de uma patologia é consideravelmente importante, visto quea vivência do profissional nestas situações pode causar a ele questionamentos se osmesmos estão preparados para lidar com essa problemática no cotidiano dos serviços de301Graduanda de Enfermagem da faculdade Santo Agostinho‐ FSA. Endereço: Av. Raul Lopes, 1905Cond. Vila Mediterrâneo, bloco Corinto‐ apto 1101‐Fátima.Cep 64049010. Teresina‐PI/Brasil. E‐mail:mercycax@hotmail.com302Enfermeira. Profª Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Mestrado em Enfermagem daUniversidade Federal do Piaui. Docente da Faculdade Santo Agostinho. Membro do Nucleo de SaudePublica /UFPI. Teresina‐Pi. Brasil silvanasantiago27@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


saúde e por se tratar de uma vivência que constantemente deixa marcas. O presenteestudo objetiva compreender o significado de cuidar de crianças recém‐nascidas sempossibilidade de terapêutica curativa para a equipe de enfermagem; Analisar a vivência doenfermeiro de unidade de terapia intensiva neonatal em relação ao processo de morte emorrer e os seus sentimentos relativos a esse processo. Atendendo aos objetivos doestudo, optou‐se pela pesquisa qualitativa, tido como cenário uma maternidade pública dazona sul de Teresina‐PI. Para participar deste estudo como sujeito, foi estabelecido comocritérios ser enfermeiro e atuar na UTIN há mais de seis meses. Desta maneira participaramdo estudo nove enfermeiros, onde foi agendada a entrevista em horários escolhidos pelosmesmos. A definição do número de participantes ocorreu conforme saturação derespostas. Os dados foram coletados durante os meses de fevereiro e março de 2010,através de uma entrevista semi‐estruturada com perguntas abertas e fechadas mediante autilização de um roteiro previamente elaborado. As leituras sucessivas do materialserviram para análise e elaboração das categorias do estudo. A técnica de análise dasinformações foi à análise de conteúdo. Respeitando‐se os princípios éticos da pesquisa, foiassinado pelos participantes do estudo um Termo de Consentimento Livre e Esclarecidoque segue os preceitos da Resolução nº196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, que dispõesobre os aspectos ético‐legais dos trabalhos de investigação científica, tendo sido aprovadopela Coordenação da República. Nele é resguardado o anonimato dos sujeitos eassegurado a utilização dos dados somente para fins científicos. O projeto de pesquisa foiencaminhado ao Comitê de Ética da Maternidade cenário do estudo onde obteve suaaprovação para operacionalizar a pesquisa, tendo o numero do protocolo 226/10. Após aleitura exaustiva das falas, foram elaboradas as categorias analíticas: Cuidar do recémnascidosem possibilidade de terapêutica curativa significa ter sentimentos de tristeza,impotência, incapacidade e frustração; significa oportunidade de assistir o recém‐nascidoamenizando seu sofrimento; significa vivenciar a oportunidade de cuidar da família. Deacordo com os dados produzidos e analisados conclui‐se que ao cuidar do recém‐nascidoISBN: 978-85-63901-04-0


gravemente enfermo e sem possibilidade de terapêutica curativa verifica‐se sentimentosexpressos como tristeza, impotência, incapacidade e frustração, principalmente por setratar de um ser humano que tenha acabado de vir ao mundo, podendo ocasionar umimpacto psicológico que precisa ser superado cotidianamente. Percebeu‐se também quemesmo com a dificuldade em cuidar desse paciente, os enfermeiros prestam a devidaassistência a fim de amenizar o sofrimento desses RNs frente aos procedimentosdolorosos, aliviando e confortando, sempre focando a busca da qualidade de vida nessetempo que lhe resta, mostrando sempre a preocupação em prestar os cuidados à famíliaaliviando e acalentando seu grande sofrimento diante dessa perca, o que nos leva aconsiderar que o profissional ainda se sensibiliza ao cuidar do outro. O estudo permitiucompreender o significado de exigir do profissional de enfermagem controle emocionalpara lidar com essas situações no cotidiano, pois, os mesmos atentam‐se exclusivamente amanutenção de vida dessas crianças, e se esquecem de que a morte é um evento natural epode vir a acontecer em qualquer época da vida do ser humano. Então, esses enfermeirosse sentem inseguros e desenvolvem suas atividades na UTIN cercadas de muita emoção equestionamentos, por não terem sido preparados para trabalhar com a morte, e sim paratrabalhar com a vida. Nesse sentido, recomenda‐se a criação de estratégias que possam sereficazes na ansiedade dos profissionais, como auxilio psicológico, formação de grupos deapoio aos profissionais e familiares e um aprendizado mais aprofundado durante suaformação em relação à administração desses sentimentos vivenciados na práticaassistencial, proporcionando uma melhor abordagem à família que passa por essaexperiência de morte neonatal, fazendo com que o profissional se sinta apto para lidar comtal situação. Desse modo, este estudo nos leva a entender a necessidade dos serviçosestarem constantemente levando o profissional a reflexões das situações de morte nestesambientes para que assim, obtenham um conhecimento maior sobre esse momento epossam ajudar na superação dos pais que têm seus bebês sem possibilidade de curainternados na UTIN, visando melhorar a qualidade de vida de ambos. Por fim, ficouISBN: 978-85-63901-04-0


evidente que se deve prestar o cuidado até mesmo no processo de morrer. E para que umaequipe de enfermagem possa trabalhar e alcançar todos os seus objetivos é necessário queestes profissionais estejam bem consigo mesmos, fazendo assim um atendimento maishumano aos seus pacientes a todo o momento, seja na alta ou em pleno leito de morte.Descritores: Recém‐nascido; Cuidado; Morte.Referências1. Hewitt J. Psycho‐affective Disorder in Intensive Care Units: A Review. J Clinic Nurs. 2002;11(2): 575‐84.2. Diniz KD. Atuação dos técnicos de enfermagem junto ao recém‐nascido com dor em umaunidade de terapia intensiva neonatal [monografia da Internet]. 2008; [citado 2009 agost29]. Disponível em: http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=36775665.3. Vila VSC, Rossi LA. O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapiaintensiva: “muito falado e pouco vivido”. Rev Latino‐am Enfermagem. 2002; 10(2):137‐44.4. Costa JC; Lima RAG. Luto da equipe: revelações dos profissionais de enfermagem sobre ocuidado à criança/adolescente no processo de morte e morrer. Rev. Latino‐AmEnfermagem. 2005; 13(2):151‐7.5. Víctora CG, Knauth DR, Hassen MNA. Pesquisa Qualitativa em Saúde – Uma introduçãoao tema. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000.6. Ministério da Saúde (BR). Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução n. 196, de 10 deoutubro de 1996. Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisasenvolvendo seres humanos. Bioética. 1996; 4(2 Supl):15‐25.7. Rockembach JV, Casarin ST, Siqueira HCH. Morte pediátrica no cotidiano de trabalho doenfermeiro: sentimentos e estratégias de enfrentamento. Rev Rene. 2010; 11(2):63‐71.8. Aguiar IR, Veloso TMC, Pinheiro AKB, Ximenes LB. O envolvimento do enfermeiro noprocesso de morrer de bebês internados em Unidade Neonatal. Acta Paul Enferm. 2006;19(2):131‐7.ISBN: 978-85-63901-04-0


O SIGNIFICADO DO CUIDADO PARA ENFERMEIROS DIANTE DO RECÉM‐NASCIDO SEMPOSSIBILIDADE DE TERAPÊUTICA CURATIVAMércia Karolinne Gonçalves Silva 303Silvana Santiago da Rocha 304A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um lugar que sempre abala emocionalmente aspessoas por ser um lugar onde é prestada assistência à pacientes de risco. E se tratando deUnidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) essa situação é ainda mais agravante, pois setrata de um recém‐nascido que seus pais já o amam e idealizavam outra realidade,podendo interferir na estrutura emocional entre pais e filho. Vale ressaltar que a morte éinterpretada como interrupção do seu ciclo biológico. O enfermeiro ao cuidar de pessoasnessa faixa etária geralmente envolve‐se com o paciente, tendo a morte como maior vilãde seu trabalho, uma vez que, de maneira geral, são educados para cuidar somente davida. Diante da angústia dos profissionais e a dor dos familiares, envolvendo‐seemocionalmente pela perda do paciente recém‐nascido gravemente enfermo e sempossibilidade de terapêutica curativa, resultou na elaboração deste estudo como forma defocalizar a doença terminal na criança, o que isso acarreta a ela, seus familiares e a equipe,pois, entende‐se que o preparo psicológico do profissional de enfermagem e oconhecimento científico para elaboração de uma assistência e planejamento de ações deenfermagem no estágio final de uma patologia é consideravelmente importante, visto quea vivência do profissional nestas situações pode causar a ele questionamentos se osmesmos estão preparados para lidar com essa problemática no cotidiano dos serviços de303Graduanda de Enfermagem da faculdade Santo Agostinho‐ FSA. Endereço: Av. Raul Lopes, 1905Cond. Vila Mediterrâneo, bloco Corinto‐ apto 1101‐Fátima.Cep 64049010. Teresina‐PI/Brasil. E‐mail:mercycax@hotmail.com304Enfermeira. Profª Doutora em Enfermagem. Docente do Programa de Mestrado em Enfermagem daUniversidade Federal do Piaui. Docente da Faculdade Santo Agostinho. Membro do Nucleo de SaudePublica /UFPI. Teresina‐Pi. Brasil silvanasantiago27@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


saúde e por se tratar de uma vivência que constantemente deixa marcas. O presenteestudo objetiva compreender o significado de cuidar de crianças recém‐nascidas sempossibilidade de terapêutica curativa para a equipe de enfermagem; Analisar a vivência doenfermeiro de unidade de terapia intensiva neonatal em relação ao processo de morte emorrer e os seus sentimentos relativos a esse processo. Atendendo aos objetivos doestudo, optou‐se pela pesquisa qualitativa, tido como cenário uma maternidade pública dazona sul de Teresina‐PI. Para participar deste estudo como sujeito, foi estabelecido comocritérios ser enfermeiro e atuar na UTIN há mais de seis meses. Desta maneira participaramdo estudo nove enfermeiros, onde foi agendada a entrevista em horários escolhidos pelosmesmos. A definição do número de participantes ocorreu conforme saturação derespostas. Os dados foram coletados durante os meses de fevereiro e março de 2010,através de uma entrevista semi‐estruturada com perguntas abertas e fechadas mediante autilização de um roteiro previamente elaborado. As leituras sucessivas do materialserviram para análise e elaboração das categorias do estudo. A técnica de análise dasinformações foi à análise de conteúdo. Respeitando‐se os princípios éticos da pesquisa, foiassinado pelos participantes do estudo um Termo de Consentimento Livre e Esclarecidoque segue os preceitos da Resolução nº196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, que dispõesobre os aspectos ético‐legais dos trabalhos de investigação científica, tendo sido aprovadopela Coordenação da República. Nele é resguardado o anonimato dos sujeitos eassegurado a utilização dos dados somente para fins científicos. O projeto de pesquisa foiencaminhado ao Comitê de Ética da Maternidade cenário do estudo onde obteve suaaprovação para operacionalizar a pesquisa, tendo o numero do protocolo 226/10. Após aleitura exaustiva das falas, foram elaboradas as categorias analíticas: Cuidar do recémnascidosem possibilidade de terapêutica curativa significa ter sentimentos de tristeza,impotência, incapacidade e frustração; significa oportunidade de assistir o recém‐nascidoamenizando seu sofrimento; significa vivenciar a oportunidade de cuidar da família. Deacordo com os dados produzidos e analisados conclui‐se que ao cuidar do recém‐nascidoISBN: 978-85-63901-04-0


gravemente enfermo e sem possibilidade de terapêutica curativa verifica‐se sentimentosexpressos como tristeza, impotência, incapacidade e frustração, principalmente por setratar de um ser humano que tenha acabado de vir ao mundo, podendo ocasionar umimpacto psicológico que precisa ser superado cotidianamente. Percebeu‐se também quemesmo com a dificuldade em cuidar desse paciente, os enfermeiros prestam a devidaassistência a fim de amenizar o sofrimento desses RNs frente aos procedimentosdolorosos, aliviando e confortando, sempre focando a busca da qualidade de vida nessetempo que lhe resta, mostrando sempre a preocupação em prestar os cuidados à famíliaaliviando e acalentando seu grande sofrimento diante dessa perca, o que nos leva aconsiderar que o profissional ainda se sensibiliza ao cuidar do outro. O estudo permitiucompreender o significado de exigir do profissional de enfermagem controle emocionalpara lidar com essas situações no cotidiano, pois, os mesmos atentam‐se exclusivamente amanutenção de vida dessas crianças, e se esquecem de que a morte é um evento natural epode vir a acontecer em qualquer época da vida do ser humano. Então, esses enfermeirosse sentem inseguros e desenvolvem suas atividades na UTIN cercadas de muita emoção equestionamentos, por não terem sido preparados para trabalhar com a morte, e sim paratrabalhar com a vida. Nesse sentido, recomenda‐se a criação de estratégias que possam sereficazes na ansiedade dos profissionais, como auxilio psicológico, formação de grupos deapoio aos profissionais e familiares e um aprendizado mais aprofundado durante suaformação em relação à administração desses sentimentos vivenciados na práticaassistencial, proporcionando uma melhor abordagem à família que passa por essaexperiência de morte neonatal, fazendo com que o profissional se sinta apto para lidar comtal situação. Desse modo, este estudo nos leva a entender a necessidade dos serviçosestarem constantemente levando o profissional a reflexões das situações de morte nestesambientes para que assim, obtenham um conhecimento maior sobre esse momento epossam ajudar na superação dos pais que têm seus bebês sem possibilidade de curainternados na UTIN, visando melhorar a qualidade de vida de ambos. Por fim, ficouISBN: 978-85-63901-04-0


evidente que se deve prestar o cuidado até mesmo no processo de morrer. E para que umaequipe de enfermagem possa trabalhar e alcançar todos os seus objetivos é necessário queestes profissionais estejam bem consigo mesmos, fazendo assim um atendimento maishumano aos seus pacientes a todo o momento, seja na alta ou em pleno leito de morte.Descritores: Recém‐nascido; Cuidado; Morte.Referências1. Hewitt J. Psycho‐affective Disorder in Intensive Care Units: A Review. J Clinic Nurs. 2002;11(2): 575‐84.2. Diniz KD. Atuação dos técnicos de enfermagem junto ao recém‐nascido com dor em umaunidade de terapia intensiva neonatal [monografia da Internet]. 2008; [citado 2009 agost29]. Disponível em: http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=36775665.3. Vila VSC, Rossi LA. O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapiaintensiva: “muito falado e pouco vivido”. Rev Latino‐am Enfermagem. 2002; 10(2):137‐44.4. Costa JC; Lima RAG. Luto da equipe: revelações dos profissionais de enfermagem sobre ocuidado à criança/adolescente no processo de morte e morrer. Rev. Latino‐AmEnfermagem. 2005; 13(2):151‐7.5. Víctora CG, Knauth DR, Hassen MNA. Pesquisa Qualitativa em Saúde – Uma introduçãoao tema. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000.6. Ministério da Saúde (BR). Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução n. 196, de 10 deoutubro de 1996. Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisasenvolvendo seres humanos. Bioética. 1996; 4(2 Supl):15‐25.7. Rockembach JV, Casarin ST, Siqueira HCH. Morte pediátrica no cotidiano de trabalho doenfermeiro: sentimentos e estratégias de enfrentamento. Rev Rene. 2010; 11(2):63‐71.8. Aguiar IR, Veloso TMC, Pinheiro AKB, Ximenes LB. O envolvimento do enfermeiro noprocesso de morrer de bebês internados em Unidade Neonatal. Acta Paul Enferm. 2006;19(2):131‐7.ISBN: 978-85-63901-04-0


O SIGNIFICADO DO CUIDADO PARA MÃES DE FILHOS GÊMEOSSilvana Santiago da Rocha 305Cynthia de Sousa Almeida 306Amanda Lúcia Barreto Dantas 307Lília Andréa Silva Costa 308Introdução. A prática do cuidado está relacionada com a Enfermagem, mas atérecentemente, o cuidado não havia merecido um olhar mais atento, sendo consideradoalgo tão natural e, de forma simplista, encarado apenas como ajudar, socorrer, assistir.Ampliando o significado do cuidar, entendemos que as posturas necessitam serredefinidas, atualizadas, re‐significadas. Implica mudanças. Estas mudanças representamuma evolução e, para a enfermagem, é o encontro da plenitude‐ o fazer, o saber e o ser (1) .A propósito disso, há uma necessidade de vislumbrá‐lo sob uma ótica mais abrangente,coligando racionalidade e sensibilidade, tornando‐o um processo interativo entre quemcuida e quem é cuidado (2) .O cuidado se dá primeiramente de duas formas: como umaquestão de sobrevivência e como uma expressão de interesse e afeto. A primeira formanão deixa de incluir o ser, estar no mundo, a busca da preservação, de ocupar seu espaço ebuscar sua identidade. A segunda forma em que o ser expressa interesse e carinho, ele ofaz em relação a outro ser e passa a se relacionar com ele (1) . A prática do cuidar écaracterística de todas as espécies vivas. Na natureza os animais cuidam de seus filhotesdesde o nascimento até a maturidade e desenvolvem um laço de afeto, segurança epreservação. Com a espécie humana não é muito diferente, pois desde o momento da305Doutora. Enfermeira. . Docente do Curso de Enfermagem da FSA/UFPI. Docente do Programa deMestrado em Enfermagem da UFPI.Brasileira ‐ Teresina – Piauí. E‐mail: silvanasantiago27@gmail.com.306Enfermeira. Formada pela Faculdade Santo Agostinho – FSA. Brasileira – Teresina – Piauí.307Mestranda do Programa de Mestrado da UFPI.. Docente da Faculdade Santo Agostinho .Teresina‐Piauí.308Enfermeira. Formada pela Faculdade Santo Agostinho – FSA. Brasileira – Teresina – Piauí.ISBN: 978-85-63901-04-0


gestação a mãe adquire um cuidado, um instinto de proteção para com o seu bebê. Essecuidado humano é importante para a criança alcançar a maturidade necessária de forma agarantir sua independência. Observamos nas famílias que é um grande acontecimento onascimento de filhos gêmeos. Nos primeiros dias muitos ajudam no cuidar cotidiano, masentendemos que inexiste uma rede de apoio para essas mães cuidadoras e que a situaçãoainda demanda de políticas públicas para essa clientela. As famílias necessitam sefortalecerem para que seus filhos gêmeos tenham as mesmas garantias de sobrevida queos demais. Aliás, por geralmente nascerem prematuros, necessitam de fato, de um maiorapoio por parte dos familiares, profissionais de saúde, comunidade e Estado. Diante doexposto, surge como questões norteadoras nesse estudo: O que significa para essasmulheres cuidarem de filhos gêmeos? Como objetivos: Analisar o significado do cuidadopara mães de filhos gêmeos. Compreender como se dar o cuidado de mães para com osfilhos gêmeos. Metodologia. Estudo descritivo com abordagem qualitativa. O cenário doestudo foi uma maternidade pública da região sul de Teresina –PI, que possui 167 leitosneonatais e é responsável por 63% dos nascimentos ocorridos no município. Apresenta emmédia 1.200 internações por mês das quais 900 são partos (3) . Os sujeitos foram mães,maiores de idade, de filhos gêmeos internados. Para a produção de dados foi realizadauma entrevista semi‐estruturada. Os dados foram analisados utilizando a Análise deConteúdo de Bardin (4) . Seguiu os preceitos éticos da Resolução 196‐96 do Conselho<strong>Nacional</strong> de Saúde tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob onumero1807/09. Resultados e Discussão. Foram elaboradas quatro categorias. A primeira:O cuidado para com filhos gêmeos significa: felicidade e trabalho, apresenta depoimentosque nos levaram a entendermos que passado o susto inicial da notícia a felicidade é umdos principais sentimentos que invade o íntimo da família, especialmente da mãe. Quandoa mãe fica sabendo que está esperando mais de um bebê, a surpresa da notícia aumentacom a intensidade de suas reações emocionais. A euforia e a felicidade é uma reaçãocomum e muito prazerosa, mas ela também fica apavorada, pois sabe que ter gêmeosISBN: 978-85-63901-04-0


significa muito trabalho, que a gestação poderá ser mais difícil, e os bebês, mais frágeis (5) .Criar gêmeos não é uma experiência estática, os problemas e desafios mudam e serenovam a cada ano. Cada etapa, da lactância à adolescência, exige trabalho e estratégiasespecíficas. Entre as preocupações práticas estão às capacidades de distinguir bebêsidênticos, amamentar dois bebês, lidar com prematuros e desenvolver estratégias paracuidar da casa (5) . São muitos os desafios e etapas a serem superadas. No entanto,observamos que apesar da sensação de felicidade, a mãe relata o trabalho que está tendocom os bebês, principalmente no momento da amamentação, pois os bebês choram aomesmo tempo e ela nem sempre sabe o que fazer. A segunda categoria foi nomeada como:O cuidado para com filhos gêmeos significa: viver o diferente. Os relatos apontam que adescoberta de uma gravidez gemelar causa num primeiro momento uma surpresa muitogrande, não só na mãe, mas em toda a família, pois na maioria das vezes é uma experiêncianova, diferente, e essa gravidez múltipla acarreta muitas mudanças na vida da familia. Namaioria das situações, os bebês gemelares por nascerem com peso baixo e/ou outrascomplicações, passam primeiramente pela Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ouunidades de cuidados intermediário isso para uma recuperação mais rápida requerendoque suas mães visitem esses cenários para ver como estão esses bebezinhos e aprenderemalgumas coisas sobre o tratamento, procedimentos e equipamentos. Além disso, devemsaber o que esperar à medida que os gemelares prematuros crescem. São necessáriasinformações específicas do pediatra e das enfermeiras sobre o prognóstico dos bebês,procedimentos esperados e o que se pode esperar (5) . A terceira categoria: O cuidado paracom filhos gêmeos significa: medo e preocupação com o futuro emergiu do fato de quepraticamente todas as mães tinham uma preocupação e um medo com relação à criaçãodos seus filhos, pois não importam quantos sejam, os pais, especialmente as mães sepreocupam com tempo, dinheiro, alimentação, saúde, educação no futuro e com aresponsabilidade do cuidado. Desde que descobriram estar grávidas de gêmeos, pois asmães sabiam que havia um risco de prematuridade ou outras complicações, daí surgia oISBN: 978-85-63901-04-0


medo de ter um parto difícil ou do bebê nascer com algum problema de saúde. Gêmeospodem desorganizar a situação financeira de qualquer família. Se a família já se encontraem situação financeira instável, o impacto da chegada dos bebês será preocupante. Hámuito tempo observa‐se que a maioria das famílias acha que a situação financeira seagrava com a chegada dos gêmeos. Sua capacidade de gerar renda diminui enquanto asdespesas aumentam. Quando o dinheiro se torna um problema é mais difícil alegrar‐secom a perspectiva de gêmeos, assim, é muito importante preparar e desenvolver uma redede apoio para essa família (5) . A última categoria foi O cuidado para com filhos gêmeossignifica: precisar do apoio familiar e comunitário. A ajuda de terceiros é indispensável,pois além de mães elas são donas de casa, esposas e ainda ajudam o marido como podempara melhorar a renda familiar. Assim, a colaboração das pessoas da família e dacomunidade ajuda essa mãe a organizar sua casa, sua família e sua vida. Com isso ela sesente mais animada e fortalecida para realizar um melhor cuidado. Os preparativos maisimportantes, além daqueles relacionados à saúde, relacionam‐se ao sistema de apoio.Encontrar ajudantes é muito mais importante do que qualquer outro planejamento, pois osfamiliares, amigos e outras pessoas poderão auxiliá‐la com outras questões domiciliaresenquanto a mãe presta os devidos cuidados aos gêmeos (5) . O grupo familiar tem uma forteinfluência sobre o desenvolvimento da criança. Desde o nascimento, a criança está emconstante interação com os adultos, que compartilham com ela seus modos de viver, deagir, de dizer e de pensar. As atividades que ela realiza, interpretada pelos adultos,adquirem significado no sistema de comportamento social do grupo a que pertence e estáestritamente ligada com o que aprenderam na convivência com outros membros asfamília (6) . Considerações finais. A essência do cuidado está ligada a imagem da mulher,principalmente no que diz respeito à criação dos filhos, a proteção e saúde da família. Amulher assume o papel de cuidadora principal das crianças, especialmente no cuidado defilhos gêmeos, pois para as mesmas não cabe só a tarefa do cuidar, mas o de aprender acuidar. A mulher já começa a desenvolver esse cuidar desde a gestação gemelar, pois osISBN: 978-85-63901-04-0


iscos nesse período são maiores do que nas gestações simples. A qualidade desse cuidadoé assegurada, por sua vez, pelo ambiente propiciado à mãe, uma vez que ela tambémingressa num estado de necessidade especial de suporte e aconchego, requisitoimprescindível para capacitá‐la ao atendimento das necessidades das crianças (7) . Emdetrimento dos resultados obtidos percebeu‐se que é extremamente difícil, mas prazerosoo cuidado com gemelares e que esse mesmo cuidado significa uma experiência nova,trabalhosa, preocupante, mas que faz surgir dentro dessas mães sentimentos de alegria,felicidade e confiança, tanto na relação do cuidado como esperanças para o futuro.Observou‐se que é necessária uma rede de apoio a essa mulheres que tanto precisam deajuda, não só dos maridos, dos familiares, mas também da comunidade e do Estado.Descritores. enfermagem, cuidado, recém‐nascidoReferencias1. Waldow VR. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos. Ed. 2.Petrópolis: Vozes; 2004.2. Nascimento KC. As dimensões do cuidado em unidade crítica: emergindo o cuidadotranspessoal e complexo. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) ‐ Universidade Federalde Santa Catarina. Florianópolis; 2005.3. Secretaria Estadual de Saúde do Piauí. Maternidade Dona Evangelina Rosa – MDER.Secretaria Estadual de Saúde do Piauí: SESAPI; 2009.4. Bardin L. Análise de Conteúdo. Ed. 8, Lisboa: AE; 2006.5. Malmstrom PM; Poland J. Criando Filhos Gêmeos. São Paulo: M. Books do BrasilEditora Ltda.; 2004.6. Barbetta NL; Panhoca I; Zanolli ML. Sobre o desenvolvimento da linguagem de gêmeosmonozigóticos. Rev. CEFAC. São Paulo, v. 11, n. 2, p. 231‐39; 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


7. Simioni AS; Geib LTC. Percepção materna quanto ao apoio social recebido no cuidadoàs crianças prematuras no domicílio. Rev. Bras. Enfermagem. Brasília, v. 61, n. 5, p. 653‐61;2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


O USO DA CHUPETA PARA A ESTIMULAÇÃO ORAL EM RECÉM‐NASCIDOS PRÉ‐TERMOHOSPITALIZADOSAline Masera de Souza 309Melissa de Azevedo 310Maria Luzia Chollopetz da Cunha 311Introdução: o leite materno é o melhor alimento para recém‐nascidos a termo e os prétermo,pois possui propriedades nutritivas e imunológicas essenciais, especialmente paraos prematuros 1 . Para que a amamentação se estabeleça, o bebê precisa estar apto para aatividade de sucção, de deglutição e de respiração de maneira coordenada, sem prejuízospara as funções vitais. Estas capacidades são estabelecidas logo após o nascimento noneonato a termo. Tal habilidade, todavia, pode estar prejudicada quando se trata derecém‐nascido pré‐termo (RNPT) ‐ aquele bebê que nasce antes de 37ª semanas,independente do peso ao nascer ‐, devido à imaturidade do reflexo de deglutição e sucçãoe à imaturidade enzimática e funcional do estômago e do intestino. O reflexo de sugar éestabelecido nos bebês desde a 17ª semana gestacional; entretanto, o reflexo conjunto desugar, deglutir e respirar matura entre a 32ª e a 34ª semana. Ainda assim, a prática clínicamostra que, mesmo RNPT nesta idade gestacional podem apresentar dificuldades nacoordenação desses reflexos, e, quando isso ocorre, é indicado, além do emprego de sondaorogástrica para sua alimentação, o uso de sucção não‐nutritiva, que pode ser realizadaatravés de chupetas, para que o bebê desenvolva essa habilidade, tornando‐se, então,apto a sugar futuramente ao seio. Além disso, a estimulação da sucção através do uso da309Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul (EEUFRGS). Bolsista PIBIC/UFRGS. Email: alinems08@gmail.com310Enfermeira. Mestranda da EEUFRGS. Bolsista CNPq.311Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento Materno Infantil da EEUFRGS.ISBN: 978-85-63901-04-0


chupeta proporciona o desenvolvimento adequado da musculatura oral e a regulação donível de consciência do recém‐nascido; contribui para o ganho de peso; auxilia namotilidade intestinal; facilita o processo digestório e a transição da alimentação para a viaoral, e, finalmente, antecipa a alta hospitalar. Antes da introdução da mamadeira ou dacolocação do bebê para sugar no seio, é preciso saber se ele tem habilidade paracoordenar o mecanismo de deglutição e respiração. Essa verificação é feita durante aalimentação por sondagem, quando se insere a própria chupeta do bebê ou um dedoenluvado em sua boca, estimulando a sucção. Ao mesmo tempo, deve‐se fazer o controledos sinais vitais, para avaliar as consequências do estímulo promovido 2 . Por outro lado, ouso da chupeta para a estimulação oral, quando estendido para além do tempo necessáriode aprendizado succional do bebê, pode prejudicar o aleitamento materno, pois o uso debicos artificiais potencializa a chamada “confusão de bicos”, porque a maneira de sugar achupeta é diferente da pega ao seio materno, possibilitando o desmame precoce. Na pegacorreta no seio materno, o bebê realiza abertura ampla da boca, abocanhando o mamilo eparte da aréola, formando um lacre entre as estruturas orais e a mama; a parte anteriordos lábios fica virada para fora, e a língua se apóia na gengiva inferior, curvando‐se paracima, em contato com a mama. Por meio deste lacre, há a formação do vácuo intra‐oral(com a presença de pressão negativa), produzido por movimentos da mandíbulaassociados a movimentos dos lábios, bochechas e coxins de gordura. O bebê abocanha omamilo a aproximadamente dois a três centímetros de aréola. Na parte posterior da boca,a língua se eleva e funciona como um mecanismo oclusivo contra o palato mole,estabelecendo, assim, a pressão intra‐oral negativa. Esta pressão mantém a mama dentroda boca do bebê, apesar de sua natureza retrátil. Dessa forma, o mamilo e parte da aréolasão deslocados para o interior da boca 3 . Objetivo: descrever o uso da chupeta paraestimulação oral em recém‐nascidos pré‐termo hospitalizados. Metodologia: estudodescritivo com mães e seus bebês prematuros internados na Unidade de InternaçãoNeonatal do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, Brasil. Os critériosISBN: 978-85-63901-04-0


de inclusão no estudo foram estes: bebês não‐gemelares nascidos no hospital em questãocom idade gestacional > 32 e < 37 semanas; bebês internados na Unidade de InternaçãoNeonatal desde o nascimento, que receberam alta dessa unidade e que estavam sendoamamentados na alta hospitalar. Foram excluídos da pesquisa os bebês com malformaçõescongênitas; bebês cujas mães tinham contra‐indicação para a amamentação. A coleta dedados, desenvolvida entre 1º de setembro de 2009 a 25 de agosto de 2010, envolveuconsultas ao prontuário do bebê e uma entrevista com a mãe na véspera da alta do filho. Oprojeto foi aprovado pela Comissão de Ética e de Pesquisa do HCPA (número 09.291).Resultados: no período analisado, foram incluídas 123 mães e seus bebês prematuros.Dentre as características das mães, destacaram‐se idade média de 27,1±7,6 anos;escolaridade média de 9,2±3,4 anos; média de 5,6±2,7 consultas de pré‐natal. Em relaçãoaos neonatos pré‐termo, observaram‐se as seguintes características: 34,5±1,4 semanasgestacionais; peso médio ao nascer de 2119,7±563,9g; 63,4% nascidos de parto cesáreo;60,2% do sexo masculino; mediana de tempo de hospitalização de 15 (2‐85) dias. Dos 123bebês prematuros estudados, 77 (62,6%) deles usaram chupeta durante a hospitalização,sendo que 39,8% (49) tinham prescrição médica para o uso da mesma. A mediana de idadedos prematuros para início de uso do bico artificial foi de 5 (1‐26) dias de vida. Aoquestionar às mães sobre quem ofereceu a chupeta ao bebê pela primeira vez, obtiveramseas seguintes respostas: 61% (47) dos RNPT receberam o bico da equipe de saúde; 14,3%(11), dos próprios pais e 24,7% (19) deles já estavam com o bico artificial quando a mãechegou ao hospital para visitá‐lo. Considerações finais: a maioria dos bebês fez o uso dachupeta durante a hospitalização, sendo que esta foi oferecida, na maioria dos casos, pelosprofissionais de saúde, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalhavamna Unidade de Internação Neonatal. O uso do bico artificial foi prescrito em menos de 40%dos casos. Constatou‐se que o uso da chupeta pode ser utilizado como estímulo à sucção,fazendo‐se, porém, necessária a avaliação de um profissional de saúde, para que autilização do bico artificial não prejudique a amamentação, ato tão importante para oISBN: 978-85-63901-04-0


desenvolvimento dos RNPT. Contribuições/implicações para enfermagem: o profissionalde saúde, em especial o enfermeiro, pela proximidade e pelo convívio diário com as mães eseus bebês prematuros, possui subsídios necessários para avaliação e indicação da sucçãonão‐nutritiva. Estudos futuros necessitam ser realizados para elucidar as implicações dasucção não‐nutritiva e o aleitamento materno em neonatos prematuros hospitalizados.Descritores: Comportamento de Sucção; Aleitamento Materno; Prematuro.Referências:1 Scochi CGS, Ferreira FY, Góes FSN, Fujinaga C, Ferecini IGM, Leite AM. AlimentaçãoLáctea e prevalência do aleitamento materno em prematuros durante internação em umhospital amigo da criança de Ribeirão Preto‐SP, Brasil. Ciência, Cuidado e Saúde. 2008;7(2): 145‐54.2 Caetano LC, Fujinaga CI, Scochi CGS. Sucção não‐nutritiva em bebês prematuros: estudobibliográfico. Rev Latino‐am Enfermagem. 2003; 11(2):232‐6.3 Sanches MTC. Manejo clínico das disfunções orais na amamentação. Jornal de Pediatria.2004; 80(5 Supl):S155‐S162.ISBN: 978-85-63901-04-0


PERCEPÇÃO DE PUÉRPERAS SOBRE O CONTATO COM O RECÉM‐NASCIDO NO PÓS‐PARTOIMEDIATOPOSTPARTURIENTS’ PERCEPTION ABOUT THE FIRST CONTACT WITH NEWBORNSPERCEPÇÃO DE PUÉRPERAS SOBRE EL CONTACTO CON EL RECIÉN‐NACIDO EN ELPOLVOS‐PARTO INMEDIATOLuciano Marques dos SantosAurea Angela Sales AmorimRosana Castelo Branco de SantanaDaniela de Medeiros LopesRESUMO: Este estudo teve como objetivo conhecer a percepção de puérperas primigestassobre a prática do contato pele a pele com o recém‐nascido no pós‐parto vaginal imediatoem uma maternidade pública de Feira de Santana, Bahia. Trata‐se de um estudo descritivo,exploratório e qualitativo, realizado com 6 puérperas, através de entrevistassemiestruturadas. A coleta dos dados ocorreu de março a abril de 2009, sendo os dadosanalisados através da Análise de Conteúdo. Os resultados apontaram que as parturientesvivenciam situações de sentimentos negativos relacionados ao recém‐nascido, nosprimeiros instantes do pós‐parto e simultaneamente se sentem preocupadas com ascondições clínicas e não clínicas dos mesmos após o nascimento. Concluiu‐se que a rotinade promoção do contato pele a pele, deverá levar em consideração a opinião das mulheresenvolvidas nesta prática, já que a simples execução e o seguimento desta, não contemplamos princípios da humanização e da excelência do cuidado.PALAVRAS‐CHAVE: Enfermagem; Aleitamento materno; Vínculo; Parto humanizado.ISBN: 978-85-63901-04-0


INTRODUÇÃONos últimos anos vêm sendo discutidas as condutas e posturas da equipe desaúde, no cenário da prática clínica das unidades de centro obstétrico, no que diz respeitoà mulher em processo parturitivo.A mecanização e a medicalização da assistência ao nascimento em nossasociedade é bastante observada, faltando uma visão integral da mulher e do recémnascido(RN), devido à rotina e necessidade de agilidade na assistência, o que muitas dasvezes, não permite o contato entre mãe e filho no Centro Obstétrico.Neste sentido, profissionais da área de saúde, juntamente com entidades sociaisorganizadas, uniram‐se no sentido de lutar por melhores condições no atendimentooferecido à parturiente, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.À luz da humanização do cuidado à mulher em processo parturitivo, destaca‐se oincentivo ao aleitamento e ao contato imediatos, na primeira meia hora de vida, comoiniciativa das políticas públicas de saúde. Estas condutas visam reduzir os danos advindosda separação mãe e filho, a saber, as elevadas taxas de morbimortalidade neonatalvigentes, os distúrbios psicoafetivos maternos, o desmame precoce e as disfunçõesrespiratórias e intestinais predominantes na infância.Como estratégia para a efetivação das condutas acima citadas, destacou‐se oincentivo e implantação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).A implantação do Programa Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC)no Brasil, a partir de 1992, trouxe um novo fôlego para o incentivo aoaleitamento materno no circuito das políticas públicas. Para estimular oaleitamento materno, as instituições que aderem ao movimento daIHAC adotam os chamados Dez passos para o sucesso do aleitamentomaterno 1 .ISBN: 978-85-63901-04-0


Particularmente, o quarto passo, a saber, ajudar as mães a iniciar o aleitamentona primeira meia hora após o nascimento, recomenda o contato pele a pele precoce eprolongado no período pós‐parto imediato, que deve durar até a primeira mamada ou pelotempo que a mãe desejar.O contato pele a pele precoce significa colocar o bebê nu em posição prona sobreo peito da mãe imediatamente após o parto. Este contato cria um ambiente ótimo para aadaptação do recém‐nascido à vida extra‐uterina e é considerado como um potencialmecanismo para a promoção do aleitamento materno precoce².Este estudo teve como objeto de investigação a percepção de puérperasprimigestas sobre a prática do contato pele a pele com o recém‐nascido, no pós‐partovaginal imediato em uma maternidade pública de Feira de Santana, Bahia.O interesse por este objeto surgiu durante a graduação do curso de enfermagem,mais especificamente durante a prática em campo no centro obstétrico onde foi possívelparticipar de alguns momentos de incentivo ao contato precoce e estímulo àamamentação no pós‐parto imediato.Nesta prática, observou‐se que o incentivo do contato pele a pele e doaleitamento imediatos ocorria de forma rotineira, não sendo permitido à puérpera odireito de questionar a realização desta prática, sendo notável também, que nesteincentivo, a equipe de enfermagem valorizava mais os benefícios destas condutas para orecém‐nascido em detrimento dos sentimentos maternos.Com base no exposto, este estudo teve como questões de pesquisa: Como aspuérperas primigestas percebem a prática do contato pele a pele com o recém‐nascido, nopós‐parto vaginal imediato em uma maternidade pública de Feira de Santana, Bahia? Comoeste momento é vivenciado por estas mulheres?Desta forma, o objetivo desse estudo foi conhecer a percepção de puérperasprimigestas sobre a prática do contato pele a pele com o recém‐nascido no pós‐partovaginal imediato em uma maternidade pública de Feira de Santana, Bahia.ISBN: 978-85-63901-04-0


REFERENCIAL TEÓRICODurante a gestação, a mama feminina sofre inúmeras alterações, se preparandopara produzir o colostro, a partir da décima sexta semana, processo controlado peloshormônios placentários. Quando há a expulsão da placenta, após o nascimento, as taxasdesses hormônios caem, estimulando o hipotálamo‐hipófise anterior a liberar a prolactina,que por sua vez, estimula os alvéolos a produzirem o leite, enquanto que a hipófiseposterior estimula a liberação da ocitocina, hormônio responsável pela ejeção do leite paraos ductos e da contração uterina³.O leite humano é constituído por cerca de 88% de água e mais proteínas, lipídios,hidratos de carbono, minerais, vitaminas e oligoelementos. É o alimento que supri asnecessidades da criança durante os seis primeiros meses de vida 4 .As vantagens do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses sãoincontestáveis. Para o RN ele provê o aporte nutritivo, o crescimento, o desenvolvimento,o teor apropriado de proteínas, de gorduras de fácil absorção, de ácidos graxos, decarboidratos, de minerais, de vitaminas, de água, funciona como primeira vacina,diminuindo os riscos de adquirir doenças infecciosas. Enfim, são benefícios de ordemnutricional, imunológica, psicológica, ortodôntica, social, cultural e econômica 5 .Amamentar é um ato da natureza que transforma a relação psicoafetivamãe‐filho, a relação familiar e por que não dizer, até mesmo, a social.Durante o ato de amamentar existe a oportunidade de construir umlaço mais afetivo e mais constante, a partir do contato físico,permitindo a troca de afetividade na relação mãe‐bebê 6 .Dentro das discussões acerca da humanização do processo parturitivo, oaleitamento na primeira meia hora de vida, ganha destaque como forma de humanizar equalificar a assistência prestada à parturiente e ao RN.ISBN: 978-85-63901-04-0


A humanização pode ser entendida como a possibilidade de estar atento àscondições e as necessidades do outro. Humanizar representa um novo modo de ver aforma de assistir, incluindo as relações interpessoais com a mulher, com o RN, com oacompanhante, com os colegas da equipe e com a instituição 7 .Assim, a priorização do contato pele a pele e do aleitamento imediatos deveráfazer parte da rotina dos serviços de atenção obstétrica, objetivando melhores indicadoresde saúde materna e neonatal, bem como o incentivo ao vínculo entre mãe e filho 8 .Neste contexto, merece destaque a IHAC, a qual objetiva implantar os Dez passospara o Sucesso da Amamentação, com destaque para o quarto passo que entra como focoprincipal, quando analisamos o vínculo entre mãe e filho na primeira meia hora de vida doRN.METODOLOGIAEste estudo foi do tipo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa. Oestudo foi desenvolvido em uma Maternidade Pública da cidade de Feira de Santana,Bahia, a qual presta um serviço especializado na área de saúde da mulher. A coleta dosdados ocorreu no período de março a abril de 2009, através de entrevistassemiestruturadas.Este estudo seguiu a Resolução nº 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde, sendoaprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Tecnologia e Ciências, campusde Salvador, Bahia, sob o parecer de nº 0537‐2008.Para a escolha das participantes, foram utilizados os seguintes critérios deinclusão: ser primigesta, ser puérpera de parto simples, natural em vértice e estar empuerpério imediato.Todas as participantes foram informadas antecipadamente sobre o conteúdo doestudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), totalizando 6ISBN: 978-85-63901-04-0


puérperas, as quais foram identificadas pelos códigos (E01, E02, E03, E04, E05 e E06),seguindo‐se o número da ordem seqüencial da entrevista.Para a abordagem do material empírico coletado, utilizou‐se a Análise deConteúdo e após a realização de cada uma das entrevistas, as falas das participantes foramtranscritas na sua íntegra para constituirmos o corpus empírico a ser analisado.Após a leitura e análise das entrevistas, foram identificadas as seguintescategorias: O primeiro contato com o filho, Vivenciando sentimentos no contato com o RNe A rotina de separação brusca.RESULTADOS E DISCUSSÕESO Primeiro Contato com o FilhoO parto é um momento muito singular na vida sexual, reprodutiva e social daparturiente. Este momento é marcado por vivências de cunho positivo ou negativo, onde amesma experimenta situações diversas que podem ser capazes de impactar nas suasrelações com os membros que compõem o seu núcleo familiar, social e com o próprio RN.Neste sentido, a assistência prestada à mulher durante o trabalho de parto tem inferênciadireta sobre tais questões.A prática em maternidades mostra que, devido à rotina e a necessidade deagilidade na assistência, esta se torna mecânica, permitindo que a mulher veja seu bebêapenas por alguns segundos no Centro Obstétrico 8 .Este momento tão íntimo da vivência feminina é permeado pelo desgaste físico,emocional e espiritual da parturiente, sendo associado ao aspecto do desconforto relativoàs dores dos períodos de dilatação e expulsivo e pela insegurança devido ao fato de estarnum ambiente desconhecido e longe das pessoas do seu convívio familiar.Diante deste cenário a parturiente nos primeiros instantes do pós‐parto imediatopoderá expressar sentimentos negativos em relação ao RN, tais como a negação doISBN: 978-85-63901-04-0


contato imediato, o medo do desconhecido e até mesmo a insatisfação com o resultado dagestação.Nas falas das entrevistadas percebeu‐se que algumas puérperas não sentiramnenhuma reação diante do contato pele a pele com o seu RN nos primeiros instantes dopós‐parto imediato. Estas mulheres experimentaram momentos de ansiedade, em virtudede sentirem‐se aliviadas do processo doloroso decorrente do trabalho de parto e do parto.[...] não é muita emoção! Fiquei muito ansiosa. [...] Não dá nem pararesumir. Quando colocou o bebê em cima de mim, não sei, não dá nempara falar...[...] não tive reação de chorar não. (E1)Senti nada não. Eu estava com tanta dor [...] Eu mandei ela tirar logo...menino pequeno, mole, em cima de mim, não! (E5)Estas falas transmitem todo o contexto já citado anteriormente, do processodoloroso do trabalho de parto e parto, da insegurança de estar só, num lugar diferente doseu convívio social e familiar, podendo gerar repúdio ao primeiro contato imediato comseu filho.Sabe‐se da importância da primeira amamentação e do contato imediato no póspartopara o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho. O seio materno passa a ser umaestrutura substituta do cordão umbilical e da placenta, que eram elos durante os novemeses de gestação.Entretanto, tanto a amamentação, quanto o contato devem ocorrer de formanatural e humanizada, principalmente, por parte da equipe de profissionais da saúde, osquais devem respeitar o momento do restabelecimento físico e psíquico da puérpera, paraque essa possa oferecer os cuidados necessários ao seu filho.Assim, faz‐se mister, a consideração por parte da equipe de saúde, das condiçõesmaternas no pós‐parto imediato, bem como, a valorização de sua autonomia através doISBN: 978-85-63901-04-0


consentimento, para que a prática do incentivo ao contato pele a pele e aleitamentoimediatos possam acontecer de forma natural.As puérperas logo após o parto sentem a necessidade de ver, de pegar, de saberpor completo o real estado do filho, que a mesma concebeu por nove meses em seu ventree que agora vai comprovar ou não, tudo o que imaginou e idealizou. Porém, nesse mesmomomento vem o impacto, a surpresa e a dúvida ao visualizar aquele bebê com sujidades,muitas vezes cianótico, sem reações ao nascer e considerá‐lo ou acolhê‐lo como a criançados seus sonhos e das suas idealizações.Surgem desta forma, os primeiros conflitos entre mãe e filho, necessitando deum trabalho humanizado de toda a equipe multidisciplinar, pelo menos até orestabelecimento desta puérpera no seu aspecto emocional, psíquico e social.A reação da mulher pode variar ao ver seu filho pela primeira vez, podendoapresentar explosões de risos, de conversas e choro, até apatia aparente. Após o parto, apuérpera apresenta um estado de alteração emocional provisório, onde existe maiorfragilidade psíquica, por outro lado, o RN poderá apresentar um estado de hipoatividade,que contribuirá com o menor contato com a puérpera 1 .A relação inicial entre a mãe e o filho é ainda pouco estruturada, intensamenteemocional e mobilizadora, o que se torna nítido nas falas das entrevistadas citadas:Ele estava meio meladinho, meio enrrugadinho... (E1)[...] falei com a enfermeira que ele estava roxo, ela disse que nãoestava, e depois levou ele. (E4)[...] Fiquei alegre, veio normal, todo perfeito, perguntei logo a ela o queera e me falaram que era menino. (E5)No pós‐parto imediato, quando a equipe multiprofissional proporciona o contatopele a pele e amamentação precoce, poderá ocorrer a repulsa, gerando estranhamento, oISBN: 978-85-63901-04-0


que é de fácil compreensão quando analisamos as condições nas quais mãe e filho sãoapresentados.O momento de receber o filho que acabou de sair de dentro dela causa impacto esurpresa, pois a validade deste novo ser é carregada de sensações de estranhamento. Avisualização de uma criança envolvida em sangue, líquido amniótico e secreções corporaisnão é comum para ela 1 .A aparência física e o estado clínico do neonato são fatores que podem interferirno primeiro contato entre mãe e filho. Desta forma, a equipe de saúde deve levar emconsideração estes dois aspectos antes de promover o contato mãe e filho.Vivenciando Sentimentos no Contato com o Recém‐nascidoO contato entre mãe e filho, na sala de parto, aumenta significantemente aincidência e a duração da amamentação, reduzindo os índices de negligência e abandono,partindo da premissa de que os profissionais de saúde direcionem a assistência de formahumanizada e competente, permitindo que as puérperas vivenciem plenamente esteprocesso 9 .No pós‐parto imediato, após o alivio da dor, a mulher manifesta o desejo de ver oseu bebê, de poder de tê‐lo aos seus braços, enfim, tudo isso vem associado aossentimentos de ansiedade, de medo, de insegurança, de emoção e de alegria. Esta é umaocasião ideal para a equipe de saúde atuar e ter toda a colaboração necessária dapuérpera, pois a mesma encontra‐se mais sensibilizada e apta ao contato com o filho.Fiquei muito animada, por que foi a primeira vez... (E1)[...] Só chorei quando colocaram ele em cima de mim...(E3)[...] A primeira reação quando eu o vi, que a enfermeira colocou emcima da minha barriga, primeiro comecei a agradecer à Nossa Senhorae depois ele começou a chorar... (E4)ISBN: 978-85-63901-04-0


Percebeu‐se nas falas das entrevistadas, toda a explosão de sentimentos noprimeiro contato, que muitas vezes pelas normas e condutas hospitalares é retardadointerferindo no vínculo mãe e filho.Fiquei muito emocionada, ao ver meu bebê nascendo da minha barriga[...] eu senti um arrepio na barriga e fiquei muito emocionada. Umasensação muito boa! (E2)É, me senti muito emocionada, por que era o primeiro filho [...] Eu sentiuma alegria assim enorme, sabe?[...] eu estava chorando por que eunão estava acreditando naquilo. Eu estava tão ansiosa para chegar estemomento e graças a Deus chegou e correu tudo bem. (E3)[...] Fiquei um pouco... um pouco não, muito feliz, na hora que eu vi ele,na hora que ele estava nascendo, chamei a enfermeira por que euestava sozinha na sala. Quase que eu iria parindo sozinha, não tinhaninguém comigo. Eu botava a mão (para sentir a cabeça do nenên) ecomecei a chorar [...] Foi o momento mais feliz, de realização vê elejunto de mim. (E4)[...] Fiquei alegre, veio normal, todo perfeito, perguntei logo a ela o queera e me falaram que era menino.” (E5)“Achei legal, muito bom! (E6)Nas falas das entrevistadas, notou‐se a conscientização das mulheres ao setornarem mães, do ato de amamentar, da necessidade de fazê‐lo, porém sem perder acaracterização de ser sujeito social e o principal, o fazê‐lo com amor acima de tudo e nãopor obrigação, para não ser rejeitada por uma sociedade, que preconiza doação exclusiva àsaúde da criança.[...] Bom, eu achava que ele só mamaria depois, mas foi ótimocolocarem para ele mamar antes [...] (E4)[...] Foi a primeira alimentação dele, saudável. É bom para ele e paramim também. (E6)ISBN: 978-85-63901-04-0


Assim, logo após um parto simples natural em vértice ou parto simples artificialcesárea sem nenhuma intercorrência, a equipe de saúde deverá favorecer o contato íntimoentre mãe e filho, onde ocorrerá o olho no olho tão esperado e a criação e/oufortalecimento do vínculo. Porém, muitas vezes, esse direito é retirado da mãe, devido àsnormas e condutas das instituições.[...] só me lembro que olhei o rostinho dele e lembrei de um primo... (E1)[...] Foi ótimo também pegar na pele, ver, sentir, olhar bem. Bom...pegar o bebê. Ótimo!(E6)Apreende‐se das falas das entrevistadas que no momento do pós‐parto imediato,só fica o estado de prazer em ser mãe, se ela poder pegar, ver ou sentir o seu filho, mesmoque este não consiga ainda ou não consiga sugar. Este seria um espaço de contato íntimo,a ser respeitado pela equipe de saúde.A Rotina de Separação BruscaCom a demanda excessiva de partos e metas a serem alcançadas através daprodutividade, da rotina e agilidade exigidas, a assistência passam a ser mecanicista,fugindo totalmente o que é preconizado pela IHAC, mais especificamente o quarto passo,diminuindo ou quase não existindo o momento mãe e filho no pós‐parto imediato.Na assistência ao recém‐nascido normal, que constitui a maioria das situações,nada mais deve ser feito além de enxugar, aquecer, avaliar e entregar à mãe para umcontato íntimo e precoce 8 .Porém, devido as condutas e normas de cada instituição, os procedimentosacontecem mesmo em casos citados acima como “normais” após avaliação, como porexemplo a aplicação do colírio de nitrato de prata e da injeção de vitamina k, que porserem invasivos, deixam o RN estressado, necessitando ainda mais do aconchego maternal.Este só será estabelecido após a equipe organizar toda a unidade, realizar todos osISBN: 978-85-63901-04-0


cuidados imediatos e levá‐los até suas respectivas mães, como relatados nas falas dasentrevistadas.O tempo médio entre o nascimento e a primeira mamada ainda é muito grande,é preciso valorizar a oportunidade do momento de alerta da mãe e bebê para reduzir ademora entre o nascimento e a primeira mamada 10 .[...] e levaram logo para limpar... (E1)[...] O tempo que eu fiquei com ele foi tão pouco.(E4)[...] e logo depois dos cuidados trouxeram de novo e ele ficou comigoaté de manhã. (E6)Na prática dos profissionais do serviço hora discutido, a ocorrência do incentivoao quarto passo da IHAC, faz‐se meramente como ato repetitivo e rotineiro do serviço.Conforme fala das entrevistadas, estes profissionais estimulam por tempo pequeno ocontato entre mãe e filho, não sendo incentivado, também, o início da amamentação.Desta forma, é preciso que se considere como fatos relevantes e quefundamentem a prática clínica destes profissionais, o tempo de contato estabelecido, hajavista, a possibilidade do não estabelecimento do vínculo entre mãe e filho e a possibilidadede impactos no início do processo de aleitamento materno.CONCLUSÕESOs dados empíricos deste estudo contribuíram para desvelar uma prática deenfermagem permeada pela padronização de condutas, sem levar em consideraçãoaspectos da singularidade e do estado geral de cada parturiente envolvida na prática docontato pele a pele e aleitamento imediatos.As parturientes vivenciam situações de expressão de sentimentos negativosrelacionados ao RN, nos primeiros instantes do pós‐parto, podendo representar umISBN: 978-85-63901-04-0


momento de escape dos desgastes decorrentes do trabalho de parto e do parto. Por outrolado, evidenciou‐se que estas mulheres neste momento, sentem‐se preocupadas com ascondições clínicas e não clínicas do seu filho e demandam questionamentos para com aequipe de atendimento obstétrico sobre a aparência e as condições clínicas do mesmo.Este fato deverá ser levado em consideração na rotina e prática clínica diária daequipe de enfermagem, quando do cuidado à mulher em processo parturitivo, já que o nãoreconhecimento desta situação poderá provocar desordens psíquicas maternas nopuerpério imediato, interferindo desta maneira, na manutenção e estabelecimento devínculos afetivos entre mãe e filho.Por outro lado, a rotina de promoção do contato pele a pele e do aleitamento naprimeira meia hora de vida, deverá valorizar a opinião das mulheres envolvidas nestaprática, já que a simples execução e o seguimento desta, não contemplam os princípios dahumanização, da qualidade e da excelência do cuidado.Por fim, esta prática precisa ser repensada, partindo do ponto de vista de que asmulheres deverão exercer sua autonomia neste espaço de atenção, considerando suasopiniões e experiências anteriores.Referências1.Monteiro J CS, Gomes FA, Nakano AMS. Percepção das mulheres acerca do contatoprecoce e da amamentação em sala de parto. Acta Paul Enferm., 2006; 19: 427‐32.2.Moreira KFA, Nakano AMS. Aleitamento Materno: Instintivo? Natural? O ParadigmaBiológico x Os Direitos Reprodutivos em Discussão. Rev. Bras. Enferm., Brasília, 2002; 55:685‐90.3. ZIEGEL, Erna E. Enfermagem obstétrica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1985.4.Vannuchi MTO. Composição do Leite Humano. In: Lilian, MCPC; Lylian DSA (orgs.).Aleitamento Materno manual prático. 2. ed. Londrina: AMS, 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


5.Sentone ADD. Vantagens do Aleitamento Materno. In: Lilian MCPC, Lylian DSA (orgs.).Aleitamento Materno manual prático. 2. ed. Londrina: AMS, 2006.6.Nóbrega FJ. Vínculo Mãe‐Filho. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.7.Basile ALO; Pinheiro MSB. Centro de Parto Normal: O Futuro no Presente. São Paulo: Jica,2004, p. 46‐52.8.Silva LM, Clapis MJ. Compreendendo a vivência materna no primeiro contato com seufilho na sala de parto. Acta Paul. Enf. 2004; 17: 286‐91.9.Klaus MH, Kennell JH. Bonding: recent observations that alter perinatal care. Pediatr.Rev. 1998; 19: 4‐12.10.Silva SC, Silva LR, Mathias LFB. O tempo médio entre o nascimento e a primeiramamada: o ideal e o real. Rev. Eletr. Enf. 2008; 10: 654‐61.ISBN: 978-85-63901-04-0


PERFIL DE RECÉM‐NASCIDOS FILHOS DE MÃES ADOLESCENTES: AENFERMAGEM NA PERSPECTIVA DO CUIDADO HUMANIZADOIris Bazilio Ribeiro 312Ivis Emília de Oliveira Souza 313Gustavo Dias da Silva 314Eliane Cristina Vieira Adegas 315Introdução: O seguimento de cuidados aos recém nascidos egressos da Unidade de TerapiaNeonatal (UTIN) com necessidades de suporte para aleitamento materno ou dificuldadesde transição da técnica de gavagem para o copinho e em fase de recuperação nutricionaltornou‐se uma demanda assistencial. Em decorrência, desta demanda detectada, foiinaugurada em junho de 2009 a Unidade de Recuperação Nutricional (URN) em umamaternidade federal de ensino universitário do Rio de Janeiro. Nesta estratégia osmembros da equipe de enfermagem integram a equipe de saúde visando oacompanhamento destes neonatos de forma mais adequada às suas necessidades comênfase nos cuidados voltados para o desenvolvimento, ou seja, aqueles que enfatizam apromoção da estabilidade fisiológica e comportamental em cada cuidado prestado. Osobjetivos desta modalidade assistencial consistem em: recuperar déficits de recémnascidose lactentes que tenham como fator limitante à alta hospitalar, o peso inadequado312Enfermeira. Doutoranda pela Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Enfermeira Líder daMaternidade Escola da UFRJ. Enfermeira Chefe da Unidade Intermediária Cirúrgica do Hospital PedroErnesto/UERJ. Professora do Curso de Pós‐Graduação da Universidade Gama Filho.E‐mail:irisbazilio@gmail.com313Enfermeira. Doutora. Profª Titular de Enfermagem Obstétrica do Departamento Materno‐Infantil daEEAN. Membro do Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde da Criança, (NUPESC) e do Núcleo dePesquisa de Enfermagem em Saúde da Mulher, (NUPESM) do DEMI/EEAN/UFRJ. Diretora de Estudos ePesquisa da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras, (<strong>ABENFO</strong>).314Enfermeiro. Especialista em Cuidados Intensivos Cliente Neonatal pela UFF, enfermeiro chefe daUnidade Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ.315Enfermeira da Unidade de Recuperação Nutricional da Maternidade Escola da UFRJ.ISBN: 978-85-63901-04-0


e/ou comprometimento do estado nutricional geral; realizar avaliação periódica do estadonutricional, baseada em parâmetros antropométricos, clínicos e laboratoriais, dos recémnascidos internados na URN; facilitar e fortalecer a adesão à prática do aleitamentomaterno entre as mães dos lactentes não elegíveis ao programa Mãe Canguru, através docuidado humanizado; diminuir o tempo de internação hospitalar; otimizar a ocupação dosleitos da UTI e do Alojamento Conjunto; agregar conteúdo acadêmico e científico àformação de estagiários e residentes; gerar e difundir conhecimento através da realizaçãode pesquisas e publicações de artigos científicos. Após um ano de funcionamento, numaperspectiva diagnóstica foi elaborado este estudo que tem por objeto o perfil dos recémnascidosfilhos de mães adolescentes hospitalizados na URN considerando a relaçãoprematuridade e gestação na adolescência. Como objetivos a investigação buscou traçar operfil dos filhos de mães adolescentes internados no cenário da pesquisa e discutir asespecificidades dos recém‐nascidos face à idade materna. Como método, trata‐se de umapesquisa exploratória documental retrospectiva, com abordagem quantitativa, através dedocumentação direta pelos impressos específicos do campo. O levantamento dos dadosdeu‐se a partir da análise do Livro de Registro de pacientes preenchidos pela equipe deenfermagem do setor. O período analisado foi de junho de 2009 a junho de 2010. Otrabalho é um recorte de um projeto de pesquisa submetido e aprovado pelo CEP/ME –UFRJ N°24/2009. CAAE:0027.361.000‐09. Resultados: Foi evidenciado um total de 233recém‐nascidos hospitalizados no período sendo apenas 29 (12,5%) filhos de mãesadolescentes. Quanto à faixa etária materna, 07 (24,1%) das mães tinham idade entre 12 a15 anos e 22(75,9%) entre 16 a 18 anos. Quanto à idade gestacional, 15 (51,7%) bebêsforam considerados pré‐termos, com idade gestacional inferior a 37ª semana e 11 (38%) atermo, com idade gestacional entre a 38ª semana e 42ª semana. Sem informação de idadegestacional, 03 (10,3%) recém‐nascidos. Quanto ao APGAR, a análise deu‐se no primeiro eno quinto minuto de vida do recém‐nascido. No primeiro minuto, na faixa de 1 a 5, foi umtotal de 09 (31%) bebês. De 6 a 9, um total de 19 (65,5%) bebês e não informado, 01ISBN: 978-85-63901-04-0


(3,5%). No quinto minuto, na faixa de 1 a 5, foram evidenciados 05 (17,2%) recémnascidos.Entre 6 a 9, 23 (79,3%) bebês e não informado, 01 (3,5%). Quanto ao peso dobebê ao nascimento, 11 (38%) nasceram com peso inferior a 2500g e 18 (62%) acima de2500g. Ao correlacionar o baixo peso ao nascimento (11 bebês) com a idade materna,evidenciou‐se que apenas 03 (27,3%) dos recém‐nascidos eram filhos de adolescentes comidade entre 12 e 15 anos, e 08 (72,7%) correspondiam à faixa etária de 16 a 18 anos.Quanto ao tempo de internação na Unidade, menos de 01 dia: 01 (3,5%), 01 dia: 08(27,5%), 02 dias: 04 (13,8%), 03 dias: 03 (10,4%), 04 dias: 03 (10,4%), 05 dias: 01 (3,5%), 07dias: 01 (3,5%), 08 dias: 01 (3,5%), 09 dias: 01 (3,5%), 11 dias: 01 (3,5%), 12 dias: 01 (3,5%),16 dias: 02 (6,8%), 18 dias: 01 (3,5%), 28 dias: 01 (3,5%). Referente ao destino dos bebês naalta da unidade, foram para a residência 13 (44,8%), ao centro‐obstétrico 05 (17,2%), paraunidade terapia intensiva neonatal 03 (10,4%), ao alojamento conjunto 04 (13,8%), para oalojamento canguru 03 (10,4%), não informado 01 (3,5%). Discussão dos resultados: Háum predomínio da faixa etária de 16 a 18 anos, esse dado ratifica o critério assistencial doambulatório da Instituição, que se dispõe para duas populações de adolescentes, uma de12 a 15 anos e outra de 16 a 18 anos, esta com um quantitativo superior à primeira. Osdados do DATASUS 1 evidenciam um aumento da gravidez entre adolescentes de 12 a 15anos e uma redução entre as adolescentes de 16 a 18 anos. Porém, esta não é a realidadedo cenário da pesquisa, onde há uma procura maior de pré‐natal entre adolescentes de 16a 18 anos. A mãe adolescente precisa ser apoiada e orientada quanto aos cuidados comseu filho, principalmente durante a hospitalização do mesmo. As adolescentes, ao sesentirem seguras e apoiadas para prestar cuidados aos filhos, têm fortalecido o vínculocom o bebê e demonstram maior amadurecimento e responsabilidade. 2 No contexto dainternação, na Unidade de Recuperação Nutricional, é necessário que a mãe adolescenteseja inserida no processo de modo ativo e participativo. Para tanto, ela precisa serpreparada pela equipe de saúde para exercer este papel atuante no cuidado ao filho,favorecendo a recuperação do bebê e o vínculo mãe‐filho. Quanto à idade gestacional, háISBN: 978-85-63901-04-0


um predomínio de bebês prematuros. Entre as causas perinatais de mortalidade infantil,61,4% estão associadas com a prematuridade, como síndrome de sofrimento respiratório,hipóxia e outros problemas respiratórios. Desta forma, a prematuridade tem um papelimportante nos óbitos infantis, fazendo com que seu controle possibilite potencialmenteuma redução desta mortalidade. 3 A prematuridade pode estar associada significativamentecom baixo peso materno pré‐gestacional e com extremos precoces de idade materna 3 .Neste estudo esta realidade não foi evidenciada, dos 15 (quinze) bebês prematuros,somente 03(20%) eram filhos de mães adolescentes com idade de 12 a 15anos e 80% dosprematuros constituíam filhos de mães adolescentes com idade superior a quinze anos.Quanto às condições de nascimento do bebê, foi correlacionado o APGAR baixo com faixaetária materna. A avaliação da vitalidade do RN imediatamente após o parto tem sido feitaatravés dos escores numéricos sistematizados por APGAR, que correspondem às estruturasdo tronco cerebral responsáveis pelo sistema cardiorrespiratório 4 . Evidenciou‐se um totalde oito mães adolescentes com filhos que nasceram com APGAR entre 1 e 5, no primeiro eno quinto minuto. Dentre estas oito mães, sete (87,5%) tinham entre 16 e 18 anos, eapenas uma (12,5%) mãe possuía idade entre 12 a 15 anos. Em relação ao peso aonascimento, há um quantitativo maior de bebês com peso acima de 2500g ao nascimento,e os considerados baixo peso, correspondem às mães com idade superior a 16 anos.Quanto ao destino na alta da Unidade, a maioria dos bebês vai para residência. Este dadopode indicar a qualidade da assistência do campo da pesquisa, através da redução decomplicações do recém‐nascido, tempo de internação reduzido e a possibilidade de sair daUnidade e ir direto para o domicílio. Conclusão: Há alguns pressupostos acerca damaternidade na adolescência, alguns autores identificam a gestação nesta faixa etáriacomo fator de risco para prematuridade, tratando‐a como acontecimento indesejado pelaadolescente, o que gera descuido com o bebê, colocando‐o em situações de risco desde opré‐natal, culminando com hospitalizações do recém‐nascido logo após o nascimento 5 .Entretanto, outros estudiosos têm uma visão diferenciada sobre a gravidez naISBN: 978-85-63901-04-0


adolescência. Consideram que se referir a este evento como um problema, nos remete auma visão reducionista e pode expor as adolescentes a riscos e preconceitos adicionais 6 .Estudos têm apontado a maternidade na adolescência como um evento almejado pelasjovens, sendo um projeto de vida, o que é um indicativo de mudança nos padrões dereprodução, resultante do desejo das mulheres e de suas famílias de iniciarem mais cedosua vida reprodutiva. 5 Este trabalho apontou uma quantitativo significativo de mãesadolescentes acompanhando seus bebês no cenário da pesquisa. A adolescente vivencia ofenômeno da adolescência, da gestação e finalmente o da maternidade através donascimento do bebê, entretanto ela inicia outro fenômeno, que é vivenciar a rotina dehospitalização do seu filho e dela também, mediante o acompanhamento do mesmo. Esteestudo contribui para a enfermagem através da visibilidade da mãe adolescente nocontexto hospitalar, na compreensão do perfil do recém‐nascido mediante a faixa etáriamaterna. No cotidiano assistencial do cenário da pesquisa, o foco de atenção é o bebê,entretanto, o estudo mostrou um quantitativo de mães adolescentes que precisam serapoiadas, orientadas e cuidadas. As mudanças decorrentes da maternidade naadolescência precisam ser compreendidas e consideradas quando nos dispomos adesenvolver com ela uma relação face a face, através do cuidar em enfermagem,principalmente na vivência da hospitalização do filho recém nascido e prematuropromovendo um desenvolvimento neurológico, corporal e comportamental o maispróximo do que ocorreria se este neonato ainda estivesse no útero materno.Descritores: Enfermagem, Recém‐Nascido, Prematuridade, Gestação na Adolescência.Referências1. Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Rede Interagencial de Informações para a SaúdeRIPSA (www.datasus.gov.br). 2006. Acesso em: 23/07/10 às 14:44h.2. Silva LA, Nakano MAS, Gomes FA, Stefanello J. Significados atribuídos por puérperasadolescentes à maternidade: autocuidado e cuidado com o bebê. Texto & Contexto –ISBN: 978-85-63901-04-0


Enfermagem. [periódico na Internet]. 2009 Mar [citado 2010 Set 17]; 18(1):48‐56.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.3. Silveira M F, Santos IS, Barros AJD, Matijasevich A, Barros FC, Victora CG. Aumento daprematuridade no Brasil: revisão de estudos de base populacional. Rev. Saúde Pública[periódico na Internet]. 2008 Out [citado 2010 Set 17] ; 42(5): 957‐964. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.4. Egewarth, C, Pires FDA, Guardiola, A. Avaliação da idade gestacional de recém‐nascidospré‐termo através do exame neurológico e das escalas neonatais e obstétricas. Arq. Neuro‐Psiquiatr. [online]. 2002, vol.60, n.3B, pp. 755‐759. ISSN 0004‐282X.5. Souza MMC. A maternidade nas mulheres de 15 a 19 anos: um retrato da realidade. Omundo da Saúde. 1999 Mar‐Abr; 23(2):93‐105.6. Santos SR, Schor N. Vivências da maternidade na adolescência precoce. Rev SaúdePública. 2003 Fev; 37(1):15‐23.ISBN: 978-85-63901-04-0


PERFIL DE RECÉM‐NASCIDOS INGRESSOS NA UNIDADE DE RECUPERAÇÃO NUTRICIONALDA MATERNIDADE‐ESCOLA DA UFRJEliane Cristina Vieira Adegas 316Gustavo Dias da Silva 317Alessandra Pinto dos Santos da Silva 318Maria Lúcia Rosa 319Introdução: A sobrevivência de bebês cada vez mais prematuros, proporcionada peloavanço da tecnologia, tem significado um grande desafio para os profissionais que cuidamdestes recém‐nascidos (RNs). A preocupação com a sobrevivência tem sido cada vez maisacrescida da inquietação acerca da qualidade de vida que esses bebês extremamenteprematuros terão¹. Desta forma, faz‐se necessária uma assistência humanizada eindividualizada. Estudos clínicos e epidemiológicos defendem que a nutrição recebidadurante o período precoce da vida tem relação com o desenvolvimento a médio e a longoprazo influenciando a saúde na fase adulta² , ³. Nesse sentido, em maio de 2009 foiinaugurada na Maternidade Escola da UFRJ (ME/UFRJ), uma unidade especializada emcuidado nutricional e cuidados voltados para o desenvolvimento do recém‐nascidoprematuro: Unidade de Recuperação Nutricional. A Unidade de Recuperação Nutricional(URN)consiste numa estratégia de agrupamento de recém nascidos egressos da Unidadede Terapia Neonatal (UTIN) de uma Maternidade Escola do Rio de Janeiro, em fase derecuperação nutricional com necessidades de suporte para aleitamento materno oudificuldades de transição da técnica de gavagem para o copinho. Esta estratégia surgiu da316Enfermeira da Unidade de Recuperação Nutricional (URN) da Maternidade Escola da UFRJ317Enfermeiro especialista em Terapia Intensiva – Cliente Neonatal (UFF). Coordenador daUnidade Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ.318Enfermeira da Unidade de Recuperação Nutricional (URN) da Maternidade Escola da UFRJ319Enfermeira da Enfermaria Canguru da Maternidade Escola da UFRJISBN: 978-85-63901-04-0


necessidade de um acompanhamento destes neonatos de forma mais adequada às suasnecessidades com ênfase nos cuidados voltados para o desenvolvimento, ou seja, aquelesque enfatizam a promoção da estabilidade fisiológica e comportamental em cada cuidadoprestado, promovendo um desenvolvimento neurológico, corporal e comportamental omais próximo do que ocorreria se este neonato ainda estivesse no útero materno 4,5 . Osobjetivos da Unidade consistem em recuperar déficits de recém‐nascidos e lactentes quetenham como fator limitante à alta hospitalar, o peso inadequado e/ou comprometimentodo estado nutricional geral; realizar avaliação periódica do estado nutricional, baseada emparâmetros antropométricos, clínicos e laboratoriais, dos pacientes internados na URN;facilitar e fortalecer a adesão à prática do aleitamento materno entre as mães doslactentes não elegíveis ao programa Mãe Canguru, através do cuidado humanizado;diminuir o tempo de internação hospitalar; otimizar a ocupação dos leitos da UTI e doAlojamento Conjunto; agregar conteúdo acadêmico e científico à formação de estagiários eresidentes; gerar e difundir conhecimento através da realização de pesquisas e publicaçõesde artigos científicos. Objetivo: Este trabalho tem por objetivo descrever o perfil da URNatravés de dados sobre internações, perfil e evolução destes neonatos até a alta daunidade. Método: Trata‐se de um estudo descritivo exploratório com abordagemquantitativo utilizando informações de formulários de acompanhamento e controle dosrecém‐nascidos internados após a implantação da unidade. Foram definidos como sujeitosdo estudo as crianças ingressas na unidade no período de junho de 2009 a junho de 2010.Os dados de frequência e média foram extraídos utilizando‐se o software Epi‐info versão3.2. Resultados: No período do estudo, internamos 230 recém‐nascidos egressos da UTINeonatal, destes, 47,3% do sexo feminino e 52,7% do sexo masculino. Do grupo, 21,3%pesavam entre 1500 e 2000g, 19,5% entre 2000 e 2500g, 20,5% entre 2500 e 3000g e38,7% pesavam mais de 3000g. 14,1% dos neonatos tinham menos de 34s de idadegestacional (IG), 23,1% tinham entre 34 e 37s de IG e 62,8% dos bebês eram a termo. Emrelação ao tempo de permanência na unidade, 71,2% dos RNs tiveram um tempo deISBN: 978-85-63901-04-0


internação menor que 7 dias, 19,2% permaneceram internados por um período entre 7 e14 dias, 8,7% entre 15 e 30 dias e apenas 0,9% necessitaram de uma internação na URNpor um período superior a 30 dias. Analisamos também o perfil do recém‐nascido de altana unidade no que tange ao aleitamento materno, destes recém‐nascidos estudados 22,9%tiveram alta hospitalar em uso de fórmula láctea, 36,7% em aleitamento misto e 40,4% emaleitamento materno exclusivo. Dos 230 Rns internados no período do estudo, apenas 19(8,2%) necessitaram de reinternação na UTI Neonatal por complicações durante ainternação na URN. Discussão: A necessidade de acompanhamento nutricional após operíodo crítico de gravidade do recém‐nascido prematuro é de extrema importância nocontexto da dedução da morbi‐mortalidade neonatal. O acompanhamento e as práticasnutricionais têm impacto a longo prazo na vida desta clientela. ² , ³ A implementação derotinas assistenciais voltadas para o acompanhamento ponderal destes recém‐nascidosfavorece o controle rigoroso e o manejo nutricional. Apesar dos benefícios elencados daunidade, muitos entraves e dificuldades surgiram durante este período. A predominânciade recém‐nascidos com peso de internação maior que 3000g (38,7%) e dos recém‐nascidosa termo (62,8%) em detrimento aos recém‐nascidos prematuros e de muito baixo peso(


grupo de sujeitos teve alta hospitalar para a residência com aleitamento materno exclusivoou com o aleitamento materno misto (alta com prescrição de complemento), o que reforçaque as práticas de estímulo precoce à sucção 6 e apoio a amamentação na unidade temimpacto positivo para a redução dos recém‐nascidos de alta com fórmula láctea. Poucosforam os recém‐nascidos que necessitaram de reinternação na UTI Neonatal, o que reforçaque é possível acompanhar estes bebês na unidade sem complicações associadas.Conclusão: Os neonatos em recuperação nutricional não demandam tecnologiasintensivas porém demandam um cuidado individualizado e humanizado para permitir odesenvolvimento das suas funções afetivas, cognitivas e produtivas. A filosofia atualmentevigente nas UTINs preconiza também atender a difícil missão de devolver os RNsprematuros extremos às suas famílias e a sociedade em condições plenas de vida. Sendoassim torna‐se fundamental que as unidades neonatais se preocupem e se estruturem paraatender a esta demanda.Descritores: Cuidado, enfermagem, nutrição, recém‐nascidoReferências Bibliográficas:1. Crescimento de crianças regressas da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais: umdilema ético e atual – Arq. Méd ABC 32 (supl.2): 568‐71.2. Avaliação do ganho ponderal de recém nascidos pré termo. Gianini. NM et al – Jornal dePediatria – vol.81, nº 1, 2005.3. Nutritional assessment of the neonate. Falcão MC – Pediatria (São Paulo) 2000, 22 (3):233‐239.4. TAMEZ, Raquel Nascimento. Intervenções no Cuidado Neuropsicomotor do Prematuro –UTI Neonatal – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


5. TAMEZ, Raquel Nascimento e SILVA, M. Jones Pantoja, Enfermagem na UTI Neonatal:Assistência ao Recém Nascido de Alto Risco – 2ª edição – Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2002.6. ISSLER, Hugo, O Aleitamento Materno No Contexto Atual. Políticas, Práticas e BasesCientíficas. São Paulo: Sarvier, 2008.ISBN: 978-85-63901-04-0


PERFIL DO ÓBITO PERINATAL NUM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA NO PERÍODO DE2005 A 2009Eliana Mara de Jesus 320Sandra Regina de Godoy 321Introdução ‐ O tema morte perinatal nos motivou ao estudo devido a dificuldade deencontrarmos dados relacionados às mortes perinatais ocorridas em nosso município.Observamos também que em alguns estudos encontrados ocorrem divergências entre osautores quanto a sua definição. Para Rezende; Montenegro e Belfort (2005) o períodoperinatal compreende da 28º semana gestacional (ou peso de 1000g) até o 7º diacompleto de nascimento do concepto. Vitiello (1981) afirma que de um modo geral, ascausas dos abortos perinatais se dividem em ante, intra e pós parto. No período intraparto,o óbito é comumente ocasionado pela hipóxia/anóxia, infecção intraparto, etocotraumatismos. A neomortalidade geralmente relaciona‐se a prematuridade, anomaliascongênitas, e demais infecções (CECATTI, AQUINO, 2000). Objetivo ‐ Verificar o número deóbitos perinatais ocorridos no município de Fernandópolis‐SP classificando‐os emidentificação do feto/neonato, da mãe e assistência médica prestada. Metodologia ‐ Esteestudo é do tipo descritivo documental, com abordagem quantitativa e os dados foramcoletados na Central da Saúde (Diretoria Municipal da Saúde) do município referente.Obtivemos a Autorização da Instituição e do Diretor Municipal como recurso ético dapesquisa. A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário utilizando osatestados de óbito fetais e neonatais no período de 2005 ao 1º semestre de 2009. As320Enfermeira do Centro de Pesquisa Clinica em Cardiologia da PUC Campinas (Hospital CelsoPierro).Rua dos Geranios 279 CS02 CEP 13050053, Vila Mimosa, Campinas‐SP. Email:elianamalavazi@hotmail.com321Enfermeira obstétrica, doutora em enfermagem‐ EEUSP, docente do curso de enfermagem daFundação Educacional de Fernandópolis – FEF, sócia da Abenfo‐sp.ISBN: 978-85-63901-04-0


variáveis estudadas foram: 1. identificação do feto/neonato ‐ sexo, idade gestacional, pesoao nascer, naturalidade, raça, causas e local do óbito. 2. identificação da mãe –escolaridade, ocupação/profissão, número de filhos, tipo de parto, momento da morte emrelação ao parto, assistência médica prestada. A análise se deu por estatística descritiva epercentual. Resultados ‐ Os resultados demonstram que o total de óbitos perinatais foi detrinta, sendo 86,58% de mortes fetais (natimortos) e 13,42% de nascidos vivos. Quanto aosexo do feto/neonato 47% do sexo feminino, 43% do sexo masculino e 10% estavam sempreenchimento no atestado de óbito. O peso ao nascer ficou em 67% não preenchidos e33% entre 590g e 2860g. que 60% estavam sem preencher e 30% era branca. Sobre ascausas da morte 29,64% como natimorto, 50,38% dos que nasceram e depois morreramestavam entre choque séptico, sepse grave, prematuridade extrema, IRA, síndrome daaspiração de mecônio e 19,98% sem preenchimento. Doença que causou a morte 89,91%sem preenchimento, 6,66% descolamento prematuro de placenta e 3,33% pós maturidade.Causas antecedentes 96,57% sem preenchimento. Local da ocorrência do óbito 73,26%sem preenchimento. Os dados relacionados à mãe apresentaram quanto a escolaridadematerna que 59,94% não foram preenchidos, 9,99% eram analfabetas, e apenas 3,33%tinham o ensino médio completo. Segundo a ocupação/profissão da mãe, 63,27% estavamem branco e 27% eram do lar. O número de filhos variou entre zero e cinco filhos vivos,sendo 59% sem preenchimento. Quanto ao tipo de parto 43,29% dos atestados nãoestavam preenchidos, 29,97% eram parto cesário e 26,64% parto vaginal. A morte emrelação ao parto ocorreu 69,93% antes, 9,99% não estavam preenchidos, 13,32%ocorreram depois. Quanto a assistência médica prestada 46,62% estavam sempreenchimento, 36,63% apresentavam SIM que receberam a assistência médica e 13,32%preenchido como ignorado. Conclusão ‐ Os resultados apresentados revelaram um dadoimpressionante quanto à falta de preenchimento correto dos atestados de óbito. Entre assituações encontradas observa‐se a necessidade de intensificarmos a atividade educativareforçando a importância do preenchimento correto dos atestados de óbitos, o queISBN: 978-85-63901-04-0


evidencia descaso com o documento a ser preenchido. Não foi possível uma investigaçãodetalhada e fidedigna da real situação apresentada quanto a causa dos óbitos perinatais eas situações em que eles ocorrem, o que dificulta a realização de um plano de atuaçãoeficiente baseado nos dados estatísticos que deveriam evitar e prevenir os óbitosperinatais. Contribuições / implicações para a Enfermagem – Este estudo demonstra aimportância do Comitê de mortalidade infantil e perinatal visto que a enfermagem deveráatuar de maneira efetiva para a construção de dados fidedignos, da mesma forma,desenvolver atividades educativas no acompanhamento pré‐natal para evitar e prevenirmuito destes óbitos ocorridos.Palavras‐chave: mortalidade perinatal; saúde da criança; assistência pré‐natalReferênciasCECATTI. J.G; AQUINO. M.M.A. Mortalidade Perinatal. In: NEME. B. Obstetrícia Básica. 2ed. São Paulo: SARVIER, 2000. cap.120. p.1016‐1021REZENDE, J.de; MONTENEGRO, C.A.B; BELFORT, P. Mortalidade Materna e Perinatal. In:REZENDE, J. de, Obstetrícia. 10 ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2005. cap.55‐p.1397‐1406VITIELLO, N. Mortalidade Perinatal. In: PEIXOTO, S., Pré‐ natal. 2 ed. São Paulo: MANOLLE,1981. cap. 65 p. 867‐874ISBN: 978-85-63901-04-0


PERFIL DO RECÉM‐NASCIDO ASSISTIDO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVO DOESTADO DO RIO DE JANEIROLetícia HeuselerTaís Folgosa da SilvaThereza CardosoRESUMO: Estudo exploratório, descritivo retrospectivo com abordagem quantitativa.Objetivou identificar as patologias prevalentes em uma UTI neonatal, bem como o perfilassistencial desta instituição. O cenário da pesquisa foi a UTI neonatal de um HospitalEstadual do Rio de Janeiro, localizado no Município de Duque de Caxias. Os dados foramcoletados nos prontuários dos recém‐nascidos internados na uti neonatal no período dejulho a dezembro de 2009. Para coleta dos dados, utilizamos um formulário aplicado aosprontuários, abordando as seguintes variáveis: idade gestacional, tempo de internação,sexo, apgar, diagnóstico de internação, consultas de pré‐natal, histórico gestacional. Oresultado demonstrou maioria do sexo masculino (55,47%). Cerca de 67% apresentaramidade gestacional entre 33 e 36 semanas. Houve prevalência de cesariana (54,53%) e73,95% das mulheres realizaram pré‐natal. Quanto aos diagnósticos neonatais, houveprevalência da prematuridade (73,94%), e dos maternos, prevalência da DHEG, 26,05%.64,7% dos bebês apresentaram alta da UTI neonatal.PALAVRAS CHAVE: Recém‐nascido; Prematuridade; Complicações maternas; Utineonatal.INTRODUÇÃOO parto prematuro é definido como a ocorrência do nascimento antes das 37semanas completas de gestação, e sua incidência é variável de acordo com ascaracterísticas populacionais.ISBN: 978-85-63901-04-0


Informações publicadas pelo Ministério da Saúde mostram que os nascimentosprematuros têm se mantido constante nos últimos anos, algo em torno de 7%, sendovariável de acordo com os Estados¹. A prematuridade pode ser classificada em dois tipos:eletiva e espontânea. Na eletiva, ocorre a interrupção da gestação devido complicaçõesmaternas (doença hipertensiva, descolamento de placenta, placenta prévia, etc.) e/oufetais (sofrimento fetal). Corresponde a 25% dos partos prematuros e, geralmente o fatorde risco é reconhecido. Na espontânea, que corresponde a 75% dos partos prematuros, acausa é desconhecida ou multifatorial².Segundo estudo realizado³, os principais diagnósticos encontrados em umaunidade de terapia intensiva neonatal foram: a prematuridade, insuficiência respiratória,icterícia, malformações congênitas.Em nossa prática assistencial, pudemos perceber durante as admissões dos recémnascidos,que muitos dos diagnósticos apresentados poderiam estar relacionados comocorrências obstétricas (uso de drogas, etilismo, infecção urinária, doença hipertensivaespecífica da gestação, etc), ou que elas poderiam apresentar previamente à gestação(diabetes mellitus, hipertensão arterial, etc.).Neste âmbito, considerou‐se relevante este estudo, que apresenta como tema operfil do RN assistido em uma unidade de tratamento intensivo (UTI) do Estado do Rio deJaneiro, cujo objeto foram as doenças prevalentes na UTI neonatal. Para responder a talquestionamento, traçamos o seguinte objetivo: Identificar as patologias prevalentes emuma UTI neonatal do Estado do Rio de Janeiro, bem como o perfil assistencial destainstituição. Julgamos que este estudo oferece contribuição nos campos da assistência, noensino e na pesquisa. Para os profissionais que prestam cuidados a estes bebês, já que oconhecimento proporciona uma maior qualidade na assistência, bem como odesenvolvimento do cuidado específico para determinadas patologias.No ensino, a formação e especialização de profissionais cientes de que aneonatologia apresenta especificidades relacionadas ao cuidado, e que é preciso serISBN: 978-85-63901-04-0


conhecedor dessas nuances para favorecer a formação de profissionais conscientes com aqualidade do cuidar.E enfim, mesmo que apresentando apenas um pequeno panorama, o estudooferecerá subsídios teóricos para o meio científico e a divulgação da realidade de uma UTIneonatal e suas peculiaridades.REVISÃO DE LITERATURANascimento pré‐termoO nascimento pré‐termo continua sendo uma importante causa de mortalidadeperinatal. Este é responsável por 75% da mortalidade neonatal e 50% das lesõesneurológicas em crianças, segundo o American College of Obstreticians e Gynecologists,2003 4 .O parto pré‐termo pode ser fruto de gestação gemelar, ruptura prematura demembranas, cérvice uterina incontinente, malformação uterina, malformação fetal,doença materna, mães usuárias de álcool e cigarro 5 . Apesar da melhoria da qualidade daassistência pré‐natal, a incidência de prematuridade tem permanecido constante, ou seja,em torno de 7% e até mesmo se elevado em alguns locais, mesmo em paísesdesenvolvidos. No Brasil, a média de prematuridade varia entre 5 e 15 % 6 . Aprematuridade está associada a 75% da mortalidade neonatal e representa a causa maisfreqüente de morbidade neonatal, podendo relacionar‐se a alguns fatores de riscodemográficos e obstétricos 7 .Há ainda, um aumento da incidência de ocorrências patológicas maternas e fetaisque se relacionam com a prematuridade: anemias, infecções urinárias, baixo índice deApgar e alterações placentárias. Essas alterações repercutem diretamente nas condiçõesdo RN e também da mulher no puerpério, aumentando assim os índices de morte maternae neonatal. 7ISBN: 978-85-63901-04-0


Diagnósticos prevalentes em UTI neonatalDistúrbios respiratóriosA síndrome do desconforto respiratório (SDR) é um distúrbio respiratório que afetaparticularmente os recém nascidos pré‐termo (RNPT) e resulta da imaturidade pulmonarpor deficiência e inativação do surfactante pulmonar, uma substância produzida nosespaços alveolares pelos pneumócitos tipo II e que tem a capacidade de reduzir a tensãosuperficial, impedindo o colabamento dos alvéolos durante a expiração 8 .Apesar dos grandes avanços que ocorreram para se entender a fisiopatologia daSDR e o papel que o surfactante desempenha como causa, permanece o problema clínicoprincipal, e uma das mais comuns causas de morbidade em recém‐nascidos pré‐termos. Detodas as patologias que envolvem o sistema respiratório do recém‐nascido (RN), asíndrome do Desconforto Respiratório constitui‐se um dos mais freqüentes e gravesproblemas. Acontece em 50% dos recém‐nascidos prematuros entre a 26 e 28 semanas degestação e 20 a 30% entre a 30ª e 31ª de gravidez . 8As medidas terapêuticas na SDR priorizam promover uma oxigenação e ventilaçãoadequada e consistem de medidas de suporte gerais, terapia de reposição de surfactanteexógeno e a assistência respiratória 9 .Sepse neonatalA sepse ainda é uma das principais causas de morbidade e mortalidade no períodoneonatal; acomete principalmente os recém‐nascidos (RN) pré‐termo com muito baixopeso ao nascimento (< 1500g), pois estes pacientes têm suas funções imunes celulares ehumorais diminuídas e a barreira física constituída pela pele, ainda imatura, tornando asbactérias que normalmente seriam colonizadoras em potencialmente invasoras 10 .A sepse no RN é classificada em precoce e tardia. Na sepse precoce o RN apresentasintomas nos primeiros três dias de vida, está relacionada com fatores de risco maternos eISBN: 978-85-63901-04-0


os agentes bacterianos encontrados em culturas são os presentes no canal do parto. Nasepse tardia esses sintomas ocorrem a partir do quarto dia de vida, está mais relacionadacom fatores neonatais e acomete em geral os RN que encontram‐se internados nasunidades de terapia intensiva neonatal, sendo os agentes encontrados de origemhospitalar 10 .As principais manifestações clínicas observadas na sepse neonatal são:instabilidade térmica, desconforto respiratório manifestado por apnéia, taquipnéia,retrações intercostais ou xifóides, intolerância alimentar, palidez ou eritema, letargia,irritabilidade, convulsão, hipertonia, hipotonia, icterícia, hemorragia, hipoglicemia ehiperglicemia 11 .Repercussões neonatais relacionadas aos hábitos ou complicações maternasSíndromes hipertensivas da gestaçãoA hipertensão é a complicação clínica mais comum da gestação, ocorrendo em 10 a22% das gestações.As síndromes hipertensivas na gestação diferem quanto à prevalência, gravidade eefeitos sobre o feto. A prevalência de hipertensão gestacional em pacientes nulíparas é 6 a17%, sendo 2 a 4% em pacientes multíparas. Em 20‐50% das pacientes com hipertensãogestacional há progressão para pré‐eclampsia, ou seja, há desenvolvimento de proteinúria,podendo a mesma se desenvolver antes ou após o parto 12 .Ainda segundo o autor, a hipertensão gestacional/pré‐eclâmpsia grave épotencialmente a que apresenta pior prognóstico materno‐fetal. Conceptos de mães comPE ou PE sobreposta têm maiores riscos de prematuridade, ocorrência de partos de fetospequenos para a idade gestacional (PIG), necessidade de unidade de tratamento intensivo(UTI) neonatal, necessidade de suporte ventilatório e maior incidência de mortalidadeperinatal, quando comparados aos conceptos de mães normotensas.ISBN: 978-85-63901-04-0


A ocorrência de doenças associadas à prematuridade (SAR, hemorragiaintraventricular e enterocolite necrotizante), necessidade de ventilação assistida, admissãoem UTI neonatal e taxa de mortalidade perinatal foram maiores nas pacientes com préeclâmpsiae pré‐eclâmpsia sobreposta quando comparadas às pacientes com hipertensãogestacional e hipertensão arterial crônica isolada 12 .Ruptura prolongada de membranas e infecção neonatal.Diversos estudos relacionam a ruptura de membrana à infecção neonatal. Aincidência de sepse neonatal precoce varia entre 1‐10 casos/ 1000 nascidos vivos, podendoaumentar em até 5 vezes, dependendo da associação com fatores predisponentes parainfecção neonatal 13 . Existem diversos estudos que demonstram a presença de fatores derisco para o desenvolvimento de infecção perinatal na presença de ruptura prolongada demembrana. A autora afirma ainda em seu estudo que, uma corioamnionite pode causarsignificante morbimortalidade fetal e neonatal tendo sido relatada sua ocorrência em até28% das infecções associadas a óbito em recém‐nascidos de baixo peso.Os sinais e sintomas mais freqüentemente encontrados no recém‐nascidoinfectado por septicemia são semelhantes àqueles encontrados em outras patologias desteperíodo de vida. Os mais proeminentes são o desconforto respiratório, a letargia, a febreou a hipotermia, a apnéia, os vômitos, as alterações da microcirculação e da coloração dapele, os abcessos, o esclerema, púrpuras ou petéquias, a distensão abdominal, a diarréia ea icterícia 14 .Em gestações com duração de até 32 semanas, a ruptura de membranas ecomplicações maternas da gestação estão associadas à prematuridade e ao aumento damortalidade perinatal 13 .METODOLOGIAISBN: 978-85-63901-04-0


Assim, realizamos um estudo exploratório descritivo retrospectivo com abordagemquantitativa, empregando a técnica da análise documental através de levantamento dedados nos prontuários de recém‐nascidos.A pesquisa foi realizada em uma UTI neonatal de um Hospital Estadual do Rio deJaneiro, de nível terciário localizado no Município de Duque de Caxias.A unidade é composta por 11 leitos, onde prestam cuidados aos recém‐nascidos,três enfermeiras e seis técnicos de enfermagem, a cada turno de 24 horas.A escolha deste hospital como campo de coleta de dados, foi determinada pelofato de uma das pesquisadoras atuar como enfermeira neonatologista no mesmo, o queteoricamente, facilitaria a entrada e coleta dos dados.O material utilizado para coleta de dados foram os prontuários dos recém‐nascidosinternados nesta UTI no ano de 2009, no período de julho a dezembro.Utilizamos como critério de exclusão os recém‐nascidos a partir de 37 semanas,inclusive, e aqueles que não nasceram na instituição.O instrumento utilizado para coleta dos dados durante a pesquisa foi umformulário, que aplicamos aos prontuários dos recém‐nascidos. O formulário foi aplicadocom o intuito de identificar as seguintes variáveis: idade gestacional, apgar, históricogestacional, número de consultas de pré‐natal, diagnóstico de internação neonatal ematerna, tempo de internação do recém‐nascido.O trabalho foi desenvolvido em conformidade com a resolução 196/96 do Conselho<strong>Nacional</strong> de Saúde/MS, e apresentado ao Comitê de ética em pesquisa (CEP) da Escola deEnfermagem Anna Nery, com o protocolo de número 051/2010.Em virtude de o trabalho apresentar a coleta dos dados em prontuário,apresentamos à instituição, um Termo de Consentimento Institucional, no qual solicitamosa permissão do diretor do referido hospital para desenvolvimento do trabalho.A coleta dos dados foi realizada no setor de documentação médica do HEAPN.Inicialmente, porém, conseguimos junto à secretaria da UTI neonatal, uma listagem com aISBN: 978-85-63901-04-0


numeração dos prontuários do período de julho a dezembro de 2009. Esta listagemcontinha um total de 195 admissões de recém‐nascidos. De posse desses números,solicitamos os prontuários ao setor de documentação médica.Obtivemos um total de 119 prontuários que contemplavam nosso objetivo. Osresultados foram organizados em forma de tabelas e gráficos, seguidos de sua descrição.RESULTADOS E DISCUSSÃOO presente estudo, embora restrito a uma única instituição e a um curto períodode tempo, mostra alguns dados interessantes. Dos recém‐nascidos internados nesta utineonatal, houve prevalência do sexo masculino, com 55% dos internados.Quando falamos sobre idade gestacional, observamos que 67% dos nascimentosocorreram entre 33 e 36 semanas de idade gestacional, período este em que o recémnascidoapresenta maior sobrevida, já que a maturação pulmonar já está iniciada,reduzindo os riscos de ocorrência de distúrbios respiratórios. A avaliação da idadegestacional pode ser feita clinicamente, por meio de exame físico das característicasexternas nas primeiras horas após o nascimento. Ballard, Dubowits e Capurro são ossistemas utilizados para avaliação da idade gestacional, depende do serviço deneonatologia escolher o sistema que será adotado na instituição para avaliação 15 . Sobre atabela 1, que mostra o Índice de Apgar dos recém‐nascidos, é importante lembrar queconsideramos o Apgar no 5º minuto após o nascimento, demonstrando queaproximadamente 66% apresentaram Apgar entre 7 e 10 ao nascer. Percebemos ainda emnossa prática, que apenas 3 dos 119 recém‐nascidos estudados apresentaram asfixia grave,ou seja, apgar entre 1 e 3.Tabela 1: Índice de Apgar dos recém‐nascidos assistidos em uma UTI neonatal do Estadodo Rio de Janeiro no ano de 2009 (Jul‐Dez).ISBN: 978-85-63901-04-0


Apgar n= 119%N=100%1 ‐ 3 3 2,524 ‐ 6 38 31,937 ‐ 10 78 65,55O tipo de parto permite caracterizar a prática obstétrica nos hospitais. O Brasilocupa o primeiro lugar mundial na realização de cesáreas com 36% de partosoperatórios 17 . Segundo estudo, dentre os fatores que influenciam a escolha pelo partooperatório, tem sido citado: a conveniência de uma intervenção programada; treinamentomédico insuficiente para acompanhamento do parto vaginal; fatores sócio‐culturais comoo medo da dor no parto e perda da elasticidade vaginal. Nossa pesquisa corrobora estudosanteriores, já que apresenta prevalência do parto cesáreo (54,5%) em detrimento do partovaginal (45,4%), aproximadamente. Ainda que haja prevalência de partos operatórios, esteresultado nos faz refletir, já que se observa mudança no padrão biomédico vigente emvirtude da pequena diferença entre os partos ocorridos nesta instituição. Além disso, oshospitais para onde são referenciados os casos com risco fetal e materno iminente, astaxas de procedimentos cirúrgicos são em geral mais elevadas que a média verificada emoutras instituições, portanto, esse resultado era esperado.Para traçarmos nosso perfil, julgamos importante a análise das consultas de prénatalrealizadas pelas gestantes que tiveram seus bebês admitidos na unidade neonatal.A atenção pré‐natal humanizada e de qualidade é fundamental para a saúdematerna e neonatal. De acordo com o Manual Técnico Pré‐Natal e Puerpério, vem‐seregistrando no Brasil um aumento de 1,2 em 1995, para 5,1 em 2003, no número deconsultas de pré‐natal entre as mulheres que realizam o parto no SUS 17 . Diante disto,ISBN: 978-85-63901-04-0


afirmamos que a maternidade do Hospital também apresenta esta mesma realidade, jáque cerca de 74% das gestantes realizaram consultas de pré‐natal.O objetivo principal da atenção pré‐natal é acolher a mulher desde o início dagravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e agarantia do bem‐estar materno e neonatal. A atenção pré‐natal qualificada e humanizadase dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervençõesdesnecessárias; do fácil acesso aos serviços de saúde; promoção, prevenção e assistência àsaúde da gestante e do recém‐nascido, desde o atendimento ambulatorial básico aoatendimento hospitalar para alto risco 17 .Avaliamos ainda se as gestantes realizaram o número mínimo de consultas de prénatalestipuladas pelo Ministério da Saúde, ou seja, seis consultas. Apenas 19% dasgestantes realizaram mais de seis consultas, e cerca de 12% realizaram o mínimopreconizado.Infere‐se, portanto, que o modo como o pré‐natal é realizado não apresenta aresolutividade esperada, visto que o número de internações por prematuridade encontraseelevado. Iniciar o pré‐natal precocemente é importante para que a mulher sejasensibilizada para comparecer às consultas subseqüentes.Entendemos que, embora estudos demonstrem os benefícios do acompanhamentopré‐natal sobre a saúde da gestante e do recém‐nascido, que contribuem para a reduçãoda mortalidade materna, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal 18,19 , é necessárioque estas ações sejam divulgadas para que se possa promover a melhoria da qualidade daassistência e adesão por parte das mulheres.A tabela 2 mostra as patologias prevalentes em nossa instituição, no período dejulho a dezembro do ano de 2009. Vale lembrar que cada recém‐nascido apresentava nomínimo duas e no máximo três patologias no boletim de admissão, e todos os diagnósticosde admissão foram considerados pelas pesquisadoras.ISBN: 978-85-63901-04-0


Quanto ao diagnóstico médico, 88 (74%) foram relacionados com a prematuridadee 69 (58%) com distúrbio respiratório precoce. A prematuridade está associada a 75% damortalidade neonatal e representa a causa mais freqüente de morbidade neonatal,podendo relacionar‐se a alguns fatores de risco demográficos e obstétricos 20 . Além disso,segundo estudos, existe um aumento da incidência de ocorrências patológicas maternas efetais que se relacionam com a prematuridade: anemias, infecções urinárias, baixo índicede Apgar e alterações placentárias. Essas alterações repercutem diretamente nascondições do RN 20 . A maturidade fetal completa‐se entre 37 e 40 semanas e a maturidadedo sistema respiratório ocorre ao redor da trigésima quinta semana de gestação. Assim,entre as múltiplas complicações da prematuridade está a imaturidade pulmonar, causadapela produção inadequada de surfactante. Essa intercorrência compromete a vida doneonato e exige suportes respiratório e circulatório imediatos para a estabilização doquadro clínico 21 .Tabela 2: Diagnósticos prevalentes em uma UTI neonatal do Estado do Rio de Janeiro noano de 2009 (Jul‐Dez).%Prematuridade 88 73,94DRP 69 57,98Sepse 28 23,52Asfixia 6 5,04Sífilis congênita 5 4,20Mal‐formação 3 2,52Hipertensão pulmonar 2 1,68SAM 2 1,68Icterícia 1 0,84Outras afecções 26 21,84ISBN: 978-85-63901-04-0


O tempo médio de permanência hospitalar foi de 15 dias, com um tempo mínimode um dia e o máximo de internação de 113 dias. O longo período de internação justificasepelos aspectos relacionados com a morbidade, necessidade de cuidados especializados,alimentação e o controle de ganho de peso 22 . Estudos realizados no Rio de Janeiro e PortoAlegre 23 24 encontraram uma média de 20 dias, ou seja, valores próximos aos encontradosneste estudo.Sobre o histórico das mães dos recém‐nascidos, observamos prevalência da doençahipertensiva específica da gestação (DHEG), com 26% das admissões, seguido de 13% deinfecção do trato urinário. Estudo realizado em uma maternidade de Recife, no ano de2006 demonstrou a DHEG como ocorrência obstétrica prevalente, e a infecção do tratourinário em terceiro lugar 25 , apresentando equivalência com o referido estudo.As altas taxas de DHEG e infecção urinária são diretamente proporcionais às taxaselevadas de bebês prematuros e portadores de distúrbios respiratórios, já que a infecçãourinária leva ao parto prematuro, assim como a DHEG, por disfunções placentárias,acarreta o mesmo.Dos 119 recém‐nascidos, a maioria deles, 77 (65%) teve alta hospitalar e apenas 7(6%) foram a óbito. Embora os avanços da neonatologia nos últimos 50 anos tenhampermitido a sobrevida dos prematuros extremos, cerca de 75% das mortes perinatais eneonatais ainda decorrem da prematuridade 26,27 .CONCLUSÃOEste estudo abordou um recorte do perfil dos recém‐nascidos assistidos em umaunidade de terapia intensiva neonatal do Estado do Rio de Janeiro.Apesar dos avanços tecnológicos a prematuridade continua sendo a principal causade mortalidade e morbidade neonatal, já que o prematuro apresenta diversas alteraçõesque irão interferir em sua adaptação à vida extra‐uterina. Embora a prematuridadeISBN: 978-85-63901-04-0


apresente como etiologia fatores fetais, ambientais e maternos, se conseguirmos controlarao menos um desses, diminuímos pelo menos um risco à vida deste recém‐nascido.O nascimento pré‐termo está aliado a complicações maternas e ainda é a principalcausa de morbi‐mortalidade neonatal. Nesse sentido, essa clientela constitui um grupo derisco, com especificidades orgânicas que necessitam de cuidado especializado. Os avançose transformações apresentados pela neonatologia possibilitaram melhoria na qualidade daassistência prestada ao recém‐nascido e também à sua mãe.Desse modo, conhecer as características e o perfil assistencial dos recém‐nascidosadmitidos na UTI neonatal possibilita criar estratégias, por parte da equipe de enfermageme de médicos, de prevenção do parto prematuro e da gestação de risco.Estas estratégias podem vir a subsidiar o aperfeiçoamento da equipe deenfermagem, levando a melhoria do cuidado prestado e expectativa de vida do neonato.Sendo assim, consideramos que os objetivos traçados para esta pesquisa foramalcançados, já que conseguimos, ainda que modesto, traçar um perfil dos recém‐nascidosassistidos em uma unidade de terapia intensiva, bem como as principais intercorrênciasmaternas.Julgamos necessária a continuação deste trabalho, para que se possa aprofundar operfil, além de incluir novas variáveis para análise.REFERÊNCIAS1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Uma análise dos nascimentos noBrasil e regiões 2000‐2004. Brasília. Disponível emhttp://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=24452. Bittar RE, Zugaib, M. Indicadores de risco para o parto prematuro. Rev Bras GinecolObstet. 2009; 31(4):203‐9, São Paulo, SP.3. Linhares NJ, Bernardes TM. Análise das internações na Unidade de Terapia IntensivaNeonatal da Maternidade Sinhá Junqueira. J. bras. ginecol;102(6):229‐30, jun. 1992. tab.ISBN: 978-85-63901-04-0


4,5. Freitas F. et al. Rotinas em obstetrícia. 5ed. Porto Alegre, Artmed, 2006.6. Spallici MDB. et al. Estudo de algumas variáveis maternas relacionadas com aprematuridade. Rev. Med. HU‐USP, v.10,n.1,p, jan./jun. 2000.7. Salge AKM. et al., Fatores maternos e neonatais associados à prematuridade. Rev. Eletr.Enf. [Internet]. 2009; 11(3): 642‐6.8. Adas, J. T. M. et al. Síndrome do desconforto respiratório do recém‐nascido. In:CARVALHO, W.B. et al.Ventilação pulmonar mecânica em pediatria e neonatologia. 2 ed.São Paulo: Atheneu, 2004. p. 267‐279. cap. 299. Almeida MCL. et al. CPAP. In: Kopelman B. et al. Distúrbios respiratórios no períodoneonatal. São Paulo: Atheneu, 1998. p. 401‐407. cap. 38.10. Ceccon MEJR. Novas perspectivas na sepse neonatal. Pediatria (São Paulo) 2008; 30(4):198‐20211. Filho NA, Alves JMS Jr., Novaes M.A. Septicemia Neonatal Diagnóstico e Tratamento. InFilho NA, Alves JMS Jr., Novaes MA (eds). Temas de Pediatria, Nestlé, número 69, 5‐20,1999.12. Oliveira CA. et al., Síndromes hipertensivas da gestação e repercussões perinatais.Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil., Recife, 6 (1): 93‐98, jan. / mar., 200613. Mataloun MMGB. et al. Ruptura prolongada de membranas e infecção neonatal. Jornalde Pediatria ‐ Vol. 73, Nº5, 1997.14. Araujo, M.C.K. et al., Infecção neonatal, rotura prematura de membranas amnióticas ecorioamnionite. Pediatria (São Paulo), 16 (3): 94 – 101, 1994.15. Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém‐nascido dealto risco. 3ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.16.Orsi E, Carvalho MS. Perfil de nascimentos no Município do Rio de Janeiro: uma análiseespacial. Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, 14(2): 367‐379, abr‐jun. 1998.ISBN: 978-85-63901-04-0


17. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de AçõesProgramáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré‐natal e Puerpério:atenção qualificada e humanizada ‐ manual ténico/Ministério da Saúde, Secretaria deAtenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministérioda Saúde, 2005.18 .Gama SNG, et al. Fatores associados à assistência pré‐natal precária em uma amostrade puérperas adolescentes em uma Maternidade Municipal do Rio de Janeiro‐ (1999‐2000)Cad Saúde Pública 2004; 20 (Sup1) S101‐S111.19.Shimizu HE, Lima MG. As dimensões do cuidado pré‐natal na consulta de enfermagem.Rev Brás Enf, Brasília 2009. maio‐jun; 62(3): 387‐392.20. Salge AKM. et al., Fatores maternos e neonatais associados à prematuridade. Rev. Eletr.Enf. [Internet]. 2009; 11(3): 642‐6.21.Nomura RMY. et al. Avaliação da maturidade fetal em gestação de alto risco: análise dosresultados de acordo com a idade gestacional. Rev. Assoc. Med. Bras, v. 48, n. 4, p. 346‐51,out/dez. 2001.22.Martins DC, Mello DF, Scochi CGS. Crianças prematuras e de baixo peso ao nascer emfamílias de baixo nível socioeconômico: uma revisão da literatura. Pediatria Moderna, v.37, n.9, p. 452‐9, set. 2001.23. Barbosa AP et al. Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica no Rio de Janeiro: Distribuiçãode leitos e análise de eqüidade. Rev. Assoc. Med. Brás, v.48, n. 4, p.303‐11, out‐dez. 2002.24. Carvalho PRA et al. Modos de morrer na UTI Pediátrica de um hospital terciário. Rev.Assoc. Med. Bras, v .47, n. 4, p.325‐31, out./dez. 2001.25.Amorim MMR et al. Perfila das admissões em uma unidade de terapia intensivaobstétrica de uma maternidade brasileira. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant , Recife, 6 (Supl1): S55‐S62, maio, 2006.26. Benites PT, Brandt CN. Conhecendo o perfil do recém‐nascido em uma unidade deterapia intensiva. Ensaios e Ciência, Campo Grande, v. 10, n. 3, p. 33 ‐ 40, dez. 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


27.Tase TH. Caracterização das mulheres atendidas em um hospital‐escola referência paragestação de alto risco. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Universidade de SãoPaulo/Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


PERFIL DOS RECÉM‐NASCIDOS COM CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EMUNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATALKeline Soraya Santana Nobre 322Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 323Larissa Paiva Silva 324Sofia Esmeraldo Rodrigues 325A atenção ao recém‐nascido (RN) está relacionada com a introdução de novas tecnologiase a consciência dos profissionais da saúde quanto à importância de uma assistência maiscriteriosa, humana e eficaz. Especificamente, o cateter central de inserção periférica (PICC)é cada vez mais utilizado como uma excelente via de acesso para o RN na Unidade deTerapia Intensiva Neonatal (UTIN). O PICC consiste em um cateter longo feito de silicone epoliuretano, material biocompatível, com baixa trombogenicidade, altabiocompatibilidade, inserido perifericamente, por enfermeiro à beira do leito. Geralmente,é indicado para infusão de soluções hiperosmolares, irritantes e vesicantes, nutriçãoparenteral total (NPT), soluções hidroeletrolíticas, antibióticos, anticonvulsivantes e drogasvasoativas 1 . Para o desempenho de tal atividade, o enfermeiro deverá submeter‐se aqualificação e/ou capacitação para o procedimento que consiste na desenvoltura dehabilidades para punção venosa e conhecimentos sobre anatomia e fisiologia da rede322Enfermeira da Maternidade Escola Assis Chateaubriand. Especialista em Obstétrica. Membro doProjeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho‐SABIMF/UFC/CNPq, e‐mail:323Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Pós‐doutora pela Universidade de Victoria/Canadá.Pesquisador CNPq Profa. Associada do DENF/UFC. Coordenadora do Projeto de Pesquisa Saúde doBinômio Mãe‐Filho‐ SABIMF/UFC/CNPq, e‐mail: cardoso@ufc.br324Enfermeira. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do Binômio Mãe‐Filho‐SABIMF/UFC/CNPq, e‐mail: larissapaiva_87@hotmail.com325Acadêmica de Enfermagem. Bolsista CNPq/PIBIC. Membro do Projeto de Pesquisa Saúde do BinômioMãe‐Filho/UFC/CNPq, e‐mail: fifia_esmeraldorodrigues@hotmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


venosa e sistema cardiovascular, farmacologia e prevenção de infecções. Comoenfermeiras assistenciais e docentes de uma UTIN, observa‐se que, a maioria dos RNs quenecessitam de um acesso venoso central tem indicação de medicamentos irritantes evesicantes ou NPT. Nestas condições, o neonato é submetido a dissecções venosas, após aretirada do cateter umbilical, ao permanecer por sete dias, bem como pela rede venosabastante espoliada por punções periféricas. Outro agravante é o surgimento de lesões depele, hematomas com conseqüente risco para disseminação de microorganismos. Nosentido de atender a uma população fortemente susceptível aos riscos, os serviçoshospitalares devem ser estruturados e organizados, assim como a equipe de profissionaishá de ser sensibilizada quanto à otimização dos cuidados que dependem de uma boacondução nos primeiros dias de vida 2 . Objetivou descrever o perfil dos RNs em uma UTIN,submetidos à inserção do cateter central periférico. Trata‐se de um estudo documental,quantitativo, descritivo e exploratório, realizado em uma maternidade pública, da redefederal, localizada no município de Fortaleza/CE, no período de maio de 2009 a fevereirode 2010. A população foi composta por 521 RNs internados na UTIN que receberam terapiaintravenosa durante o período de maio a dezembro de 2009 e, destes 101 RNs receberama implantação de 119 cateteres, sendo que dois RNs receberam três PICCs, 14 dois e, 85neonatos somente um, compondo assim a amostra do estudo. Para coleta de dados,utilizou‐se um formulário que contemplou as variáveis relacionadas a idade gestacional,idade cronológica e sexo. O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética emPesquisa da referida instituição, sob número de protocolo 179/09. Dos 101 RNs, 52 eramdo sexo masculino e 49 do feminino. A idade gestacional (IG) variou de 27,0 a 38,0semanas, sendo a maioria, 64,36%, com IG de 30 a 33 semanas; referindo‐se ao peso, osdados mostraram uma variação de 580 a 1.440 gramas, com incidência de 34 (36,6%) RNscom peso entre 1.000 e 1.440 gramas; a idade cronológica variou de 0 a 29 dias, sendo quea maioria tinha de sete a catorze dias, ou seja, 46,23% da amostra. Percebe‐se que amaioria dos RNs que fazem uso do PICC na UTIN são pré‐termos, ou seja, necessitam deISBN: 978-85-63901-04-0


atenção especial e, para isso, o(a) enfermeiro(a) deve ser capacitado para realizar ocuidado necessário. À medida que avança a tecnologia, torna‐se necessário que se propicieum ambiente adequado a essas crianças, principalmente, quando ainda se encontram noambiente hospitalar. A melhoria dos cuidados intensivos neonatais permite o aumento dasobrevida dos RN prematuros, em especial, os recém‐nascidos de muito baixo peso(RNMBP), considerados aqueles nascidos com peso inferior a 1.500g. A inserção do PICCfaz parte dos cuidados intensivos e vem otimizando a implementação da terapêuticamedicamentosa ao RN, sem exposição ao risco do estresse por múltiplas punções,hipotermia, dor, através de um cateter com características centrais, porém, de inserçãoperiférica, sem necessidade de dissecção venosa. Além disso, é evidente a diminuição dotempo de permanência destes RNs na unidade neonatal. Acredita‐se que o estudo possatrazer subsídios à organização da assistência multiprofissional, no sentido de melhorar asaúde desta clientela, ressaltando a importância de um cuidado singular onde se valoriza apreservação da ética e dos aspectos humanos, buscando o restabelecimento de sua saúde.Considera‐se relevante que os profissionais adquiram conhecimentos teóricos parasubsidiar a sua prática e busquem constante atualização baseada nos princípios científicosnecessários para assistência de qualidade e crescimento profissional. Diante dessasconsiderações, nota‐se a existência de algumas lacunas na assistência, que devem serpreenchidas, em se tratando de cuidar de neonatos que nasceram comprometidos e quepermanecem internados por um longo período na UTIN. Dessa forma, o PICC trazbenefícios tanto para a equipe de enfermagem como para os RNs, como: diminuição doestresse da equipe por repetidas punções; maior relação custo/benefício; mantémpreservado os demais acessos do RN; menor risco de infecção em relação a outrosdispositivos vasculares centrais; melhor hemodiluição das drogas, diminuindo a agressãoao sistema vascular; não há risco de trombose de sistema porta; menor desconforto e dorpara o paciente; menor restrição da mobilidade; diminuição do estresse do paciente. Osresultados deste estudo permitem concluir que a maioria dos RNs internados na UTIN sãoISBN: 978-85-63901-04-0


pré‐termos, necessitando de um cuidado mais especializado, sendo o procedimento deinserção do PICC mais delicado e cauteloso, já que a rede venosa, também, mostra‐sepouco desenvolvida, frágil, necessitando de habilidades especiais em punção venosa, porparte do enfermeiro. Sabe‐se que a punção inadequada pode levar a lesão de artérias e/ounervos adjacentes aos vasos venosos, concorrendo para iatrogenias indesejadasdecorrentes do procedimento. Por isso, o desenvolvimento de habilidades manuais napunção venosa e o conhecimento da anatomia e fisiologia do sistema cárdio‐vascular se faznecessário, e é condição sem a qual torna‐se inviável, para o enfermeiro, fazer parte daequipe que promove a inserção do PICC. Vale salientar que, devido ao muito baixo peso, osRNs têm vãos sanguíneos venosos muito delgados. Torna‐se necessário que o catetertenha um diâmetro muito pequeno para que possa percorrer todo o trajeto venoso deforma fluida, com o mínimo de riscos de ruptura interna de vasos. Dessa forma, deve havera capacitação contínua dos profissionais de enfermagem para a realização da assistênciaintegral e de qualidade ao RN.Descritores: Recém‐nascido; Enfermagem neonatal; Infusões intravenosasReferências:1. Harada MJCS, Rego RC. Manual de terapia intravenosa em pediatria. São Paulo: Ellu,2005.2. Oliveira MMC, Almeida PC, Cardoso MVLML. Crescimento de crianças prematuras demuito baixo peso egressas da unidade neonatal. Online Brazilian Journal of Nursing.2009: 8(1).ISBN: 978-85-63901-04-0


PERFIL DOS RECÉM‐NASCIDOS E SUAS MÃES PORTADORAS DO HIV ACOMPANHADOS EMUM HOSPITAL DE REFERÊNCIA TERCIÁRIA DE FORTALEZAPotyra Navarro Petilo Carneiro 326Maria do Socorro Mendonça Sherlock 327Edna Maria Camelo Chaves 328Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso 329Introdução.A progressão da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) entre asmulheres tem como consequência, maior número de casos em crianças infectadas porTransmissão Vertical (TV). Ainda não é conhecido o momento em que se dá essa infecção,podendo ocorrer durante a gestação, parto ou amamentação. Com o objetivo de reduzir astaxas da TV, o Ministério da Saúde adotou desde 1996 as Recomendações do Protocolo076 Aids Clinical Trial Group (PACTG 076), que comprovou que com o uso da Zidovudina(AZT) pela gestante, durante a gravidez e o parto e administrado ao recém‐nascido (RN)logo após o nascimento, associada a outros cuidados, as taxas de TV reduziram em 70%.Em Fortaleza, as maternidades públicas seguem as recomendações desde 1998, porém énecessário um melhor acompanhamento dessas ações. Vale ressaltar, que na referidainstituição, o enfermeiro é membro atuante no ambulatório especializado, que atendegestantes portadores do HIV, sendo responsável pelo acolhimento e acompanhamento emparceria com a equipe médica. Objetivo: descrever o perfil dos RN e de suas mãesportadoras do HIV atendidos no ambulatório de referência no período de 2008 a 2009,326Enfermeira. Especialista em Enfermagem Neonatal pela Universidade Federal do Ceará (UFC).potyrranavarro@hotmail.com327Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da UFC.Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem Neonatal. socorrosherlock@yahoo.com.br328Enfermeira. Mestre em Saúde da Criança. Doutoranda em Farmacologia pela UFC. Professora deEnfermagem da Fametro ednacam3@best.com.br329Enfermeira. Pós‐doutora. Professora Associada do Departamento de Enfermagem – UFC.Pesquisadora do CNPq: E‐mail: Cardoso@ufc.brISBN: 978-85-63901-04-0


em como averiguar se as recomendações do protocolo do Ministério da Saúde foramseguidas pelas genitoras e RN. Material e Métodos: estudo quantitativo, retrospectivo,documental. Foram utilizadas as Fichas de Notificação do SINAN da criança exposta ao HIVe de suas respectivas genitoras. O número de aprovação do protocolo pelo comitê de éticaem pesquisa foi 110207/10. Foram analisadas 54 fichas; (55,6%) dos RN são do sexomasculino, 81,5% nasceram de parto cesáreo. No que se refere às recomendações doPACTG 076, 59,3% das genitoras foram diagnosticadas durante o pré‐natal; 85,2% fizeramuso do anti‐retroviral na gestação e 96,3% durante o parto. Quanto aos RN, 96,3% fizerama profilaxia após o nascimento, esta durou seis semanas em 92,6%, o aleitamento foisuspenso em 51,9% dos casos. A incidência de crianças expostas verticalmente ao HIV noano de 2008 foi de 4,7/1000 e no ano de 2009 foi de 14,09/ 1000 nascidos vivos.Conclusão: Conclui‐se que houve o cumprimento das recomendações por grande parcelada população estudada. Apesar de não haver nenhuma transmissão confirmada, osresultados indicam a necessidade de uma melhor abrangência da assistência pré‐natal,maior cobertura das sorologias, obtenção dos resultados em tempo hábil, melhor adesãodas genitoras à quimioprofilaxia. O enfermeiro no ambulatório especializado ofereceorientações acerca dos cuidados a serem seguidos na gestação com enfoque na suspensãodo aleitamento materno, o uso da quimioprofilaxia, o preparo para o parto e os cuidadoscom o RN,Descritores: Transmissão vertical, infecção por HIV, recém‐nascido, pré‐natal.ReferênciasBrasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância. Programa <strong>Nacional</strong> de DST/Aids:Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia anti‐retroviral emgestantes: 2006. Brasília, DF; 2006.Cavalvante, Maria do Socorro; Silveira, Ângela Cristina Bonfim; Ribeiro, Ana Maria deSouza, Jünior, Alberto Novaes Ramos. Prevenção da Transmissão vertical do vírus daISBN: 978-85-63901-04-0


imunodeficiência humana: análise da adesão às medidas de profilaxia em umamaternidade de referência em Fortaleza, Ceará, Brasil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant.,Recife, 8 (4): 473‐479, out./dez.,2008.Duarte, G. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: aspectos obstétricos. In: Monteleone,P.P.R.; Valente. C.A. Infectologia e ginecologia e obstetrícia. São paulo: Atheneu, 1997,p.198‐218.ISBN: 978-85-63901-04-0


POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO NO CUIDADO IMEDIATO AO RECÉM‐NASCIDO —PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEMAdriana Dias Oliveira dos Santos 330Inês Maria Meneses dos Santos 331Introdução: Esta pesquisa tem como objeto de estudo: “A percepção da equipe deenfermagem frente à humanização dos cuidados imediatos prestados ao recém‐nascido”.Ointeresse pela temática humanização dos cuidados ao recém‐nascido (RN) surgiu da minhaexperiência como acadêmica de enfermagem durante o desenvolvimento do ensino clínicono centro obstétrico de um hospital maternidade localizado na cidade do Rio de Janeiro.Ao observar a realização dos cuidados imediatos necessários para a adaptação do RN aomeio extra‐uterino, percebi que eram de natureza meramente técnica, apesar de cartazessobre a humanização no parto e nascimento afixados na parede da instituição. O Ministérioda Saúde em 2000 lançou o Programa de Humanização no Pré‐natal e Nascimento (PHPN),que dentre outros, destaca que todo recém‐nascido tem direito a assistência neonatal deforma humanizada e segura (1) .A humanização do nascimento, por sua vez, compreendeações desde o pré‐natal e busca evitar condutas intempestivas e agressivas para o bebê. Aatenção ao recém‐nascido deve caracterizar‐se pela segurança técnica da atuaçãoprofissional e por condições hospitalares adequadas, aliadas à suavidade no toque durantea execução de todos os cuidados prestados. Especial enfoque deve ser dado aoconhecimento do psiquismo do bebê, seja em sua vida intra como extra‐uterina, da mãe,do pai e de toda a família. Trabalho importante também deve ser desenvolvido com aequipe de saúde, oferecendo‐lhe mecanismos para uma melhor qualidade no trabalhointerdisciplinar (2) . A equipe de enfermagem pode prestar um cuidado técnico que vai dar330Graduanda de Enfermagem do 9º período, da EEAP/UNIRIO. Bolsista Permanente.e‐mail: drykdry@yahoo.com.br331Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do DEMI / EEAP / UNIRIO.ISBN: 978-85-63901-04-0


suporte de vida ao RN, mas de forma humanizada e acolhedora, ou seja, com uma visão eprática de assistência integralizada do ser humano. Questões norteadoras: 1) O que aequipe de enfermagem entende por humanização dos cuidados imediatos ao recémnascido?;2)Quais as dificuldades e facilidades para a implantação do modelo de assistênciahumanizada nos cuidados imediatos prestados ao recém‐nascido pela equipe deenfermagem? Objetivos: 1) descrever a percepção da equipe de enfermagem quanto àhumanização dos cuidados imediatos prestados ao recém‐nascido; e 2) analisar aimplementação do modelo de assistência humanizada nos cuidados imediatos prestadosao recém‐nascido na percepção da equipe de enfermagem. Metodologia: Trata‐se de umapesquisa descritiva, com abordagem qualitativa. Foi realizada no Centro Obstétrico de umhospital maternidade localizado na cidade do Rio de Janeiro. O estudo foi submetido aoComitê de Ética em Pesquisa – CEP SMSDC‐RJ, conforme a Resolução 196/96 do CNS (3) ,sendo apreciado e aprovado com parecer de nº 200A/2010. A coleta de dados ocorreu noperíodo de 16 de agosto a 02 de setembro de 2010. Após a leitura e assinatura do Termode Consentimento Livre e Esclarecido por todos os depoentes, foi garantido o sigilo eanonimato dos mesmos. Posteriormente é que foi realizada entrevista semi‐estruturada,gravadas por MP3. Foi feito contato com 21 profissionais, sendo que 1 se recusou aresponder dizendo que sua visão sobre o assunto é muito diferente. Foram entrevistadosno total 20 profissionais, sendo 8 enfermeiros, 4 técnicos e 8 auxiliares de enfermagem. Aidade dos entrevistados variou de 21 a 62 anos. Foram entrevistadas 19 mulheres e 1homem (enfermeiro). O tempo de formado variou de 1 ano e 6 meses a 34 anos. O tempode atuação no setor variou de 1 ano e 6 meses a 15 anos. Resultados: O procedimentoanalítico adotado foi a análise temática (4) . As entrevistas foram transcritas na íntegra. Apósleituras sucessivas foram identificadas 29 unidades temáticas, que posteriormente foramagrupadas em 2 categorias analíticas: 1) O que é humanização dos cuidados imediatos aorecém‐nascido para a equipe de enfermagem e 2) A implantação do modelo de assistênciahumanizada ao recém‐nascido – uma realidade (im)possível. Quando mãe e bebê ficamISBN: 978-85-63901-04-0


juntos depois do nascimento, inicia‐se uma série de eventos sensoriais, hormonais,fisiológicos, imunológicos e comportamentais, muitos dos quais contribuem positivamentepara a ligação da mãe a seu bebê, o que vai gradualmente unindo‐os e contribuindo para oposterior desenvolvimento do relacionamento (2) . Para a maioria dos entrevistados, ahumanização dos cuidados imediatos ao RN, está relacionada ao contato imediato pele apele com a mãe; evitar procedimentos invasivos com o RN; à manutenção da temperaturacorporal; à amamentação precoce, se possível ainda na sala de parto; à presença dafamília; ao ambiente tranqüilo e adoção do alojamento conjunto; e à garantia deimunização. Como dificuldades para implantação da assistência humanizada ao RN, osentrevistados referiram: a resistência dos próprios profissionais de saúde, em especial daequipe médica; a superlotação da unidade e a alta demanda de procedimentos técnicos; oelevado número de cesáreas; a ausência de pré‐natal; as patologias do RN que indiqueminternação na UTI Neonatal; e quando a mãe rejeita o próprio filho. Porém, facilidades paraa implantação do modelo humanizado foram apontadas pelos entrevistados: a atuação doenfermeiro obstetra; o relacionamento parturiente‐profissional; o parto normal; o prénatalde qualidade; o trabalho de algumas equipes plantonistas com filosofia diferenciada;a conscientização dos profissionais; o ambiente acolhedor e devidamente equipado; equando a mãe está receptiva e o RN em boas condições clínicas para iniciar o primeirocontato ainda no centro obstétrico. Conclusão: Para a assistência ao recém‐nascidonormal, que constitui a maioria das situações, nada mais deve ser feito além de se enxugar,aquecer, avaliar e entregar à mãe para um contato íntimo e precoce. Todos osprocedimentos habituais como pesar, aplicar a Vitamina K e Credê e outros, devem serrealizados após o contato da mãe com seu filho. A Humanização do Parto e Nascimentotrata‐se de uma política pública que deve ter adesão dos profissionais de saúde, emespecial da equipe de enfermagem. O que vai refletir sobremaneira na melhoria daassistência prestada ao recém‐nascido.ISBN: 978-85-63901-04-0


Descritores: Enfermagem Neonatal; Humanização da assistência; Recém‐Nascido.Referências1‐BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Humanização do Parto: humanização no Prénatale Nascimento. Brasília, 2002.2‐ BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção Humanizada ao Recém‐Nascido de Baixo Peso:Método Canguru – Manual Técnico. Brasília, 2009.3‐ BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Resolução n° 196/96, normaspara pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília, DF. 1996b. Disponívelem:. Acesso em outubro/2010.4‐ MINAYO, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª Ed. SãoPaulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


PRESENÇA DOS PAIS NA UNIDADE NEONATAL: SENTIMENTOS DA EQUIPE DEENFERMAGEMPatricia KlockRoberta CostaBorck, M.Cordeiro, R.Introdução: Observamos o aumento da sobrevida dos neonatos pré‐termos, atribuído àadoção de procedimentos especializados e complexos bem como ao avanço tecnológico.Para os pais, ter um filho prematuro internado em uma Unidade de Terapia IntensivaNeonatal (UTIN) é uma situação que pode gerar danos emocionais por tratar‐se de umambiente assustador que inibe o contato espontâneo entre mãe e filho (SOUZA et al, 2009)Acolher, em nossa avaliação, significa proteger, amparar. E, portanto, é importante que oprofissional esteja sensibilizado para este momento, estando junto ao recém‐nascido etambém a sua família, principalmente no seu primeiro contato com o ambiente da unidadeneonatal. Carvalho (2001) aponta que a primeira visita dos pais à unidade neonatalgeralmente é permeada por medos e incertezas uma vez que eles visualizam um ambienteque consideram assustador, onde seu filho encontra‐se numa incubadora ou berçoaquecido, rodeado por vários aparelhos, sondas e fios que eles têm dificuldade dereconhecê‐lo como seu. Esse autor afirma que os profissionais da equipe neonatal devemoferecer apoio aos pais, compartilhando informações realísticas sobre o bebê, para quecompreendam a situação clínica da criança e o porquê da existência de tantosequipamentos. Algumas unidades neonatais, com vistas a reduzir o impacto causado pelahospitalização ou pela internação do filho na UTIN, dentro do processo da humanização daassistência hospitalar, buscam atender as necessidades emocionais de pais de prematuroscom uma tendência à valorização dos aspectos subjetivos do processo cuidar (SOUZA et al,2009). Acredita‐se que ao valorizar a presença da família durante o tratamento da criança,ISBN: 978-85-63901-04-0


a enfermeira desempenha um papel singular no cuidado aos pais, em particular nocontexto da UTIN (Rossato‐Abéde 2002). O modo com que os pais são acolhidos é o queestipulará se sentem confiança ou não na equipe de saúde que cuida de seu filho. Focadonisso, o Ministério da Saúde lançou em 2001 diretrizes que norteiam a equipe para facilitara formação dos vínculos afetivos – Método Mãe Canguru (MS, 2001). Tais diretrizes,somadas a uma filosofia com premissas de humanização e interdisciplinaridade sãoexercidas na realidade de nossa maternidade, onde o atendimento se expressa na práticapor meio de condutas e atividades relacionadas com o processo de gestar e parir, bemcomo na prestação de assistência integral às gestantes de alto risco. Dentro destasconsiderações, nosso grupo de enfermeiras assistenciais identifica a necessidade deavançarmos no que se refere ao acolhimento e inserção dos pais no ambiente de UTINdurante a internação de seu filho prematuro. Objetivo: Conhecer como os profissionais daequipe de enfermagem percebem a presença dos pais na UTIN. Metodologia: Estudodescritivo, de natureza qualitativa, tendo como referencial metodológico a PesquisaConvergente‐Assistencial (PCA), proposta por Trentini e Paim (2004). A opção por estereferencial se fez a partir da necessidade sentida de articular teoria e prática na construçãodo conhecimento em enfermagem. Neste tipo de investigação, o tema da pesquisa deveemergir da prática profissional cotidiana do investigador, e assim sendo, estará relacionadoà situação problema da prática. O local do estudo foi na unidade neonatal de um HospitalUniversitário do sul do Brasil. Participaram do estudo 23 profissionais da equipe deenfermagem da unidade neonatal, sendo 20 profissionais de nível médio e 03 enfermeiros.Os dados foram coletados através de questionário estruturado a partir de perguntasabertas que objetivaram responder o tema da pesquisa. Os pesquisadores esclareceram osobjetivos da pesquisa aos participantes e distribuíram um questionário juntamente comuma carta‐convite para participar da pesquisa e o termo de consentimento livre eesclarecido. Os sujeitos que se dispuseram a participar do estudo preencheram oquestionário e o devolveram às pesquisadoras, que permaneceram na unidade durante oISBN: 978-85-63901-04-0


período de preenchimento dos mesmos para prestar possíveis esclarecimentos que fossemnecessários. Para o tratamento dos dados foi realizada a análise de conteúdo de Bardin(2004), seguindo as três fases propostas pela autora: pré‐análise, exploração do material,análise e interpretação referencial. Os dados obtidos permitiram a construção de quatrocategorias de análise denominadas “A presença dos pais é vista como algo positivo”, “Apresença dos pais facilitando o processo de humanização”, “A presença dos pais não é bemvista durante os procedimentos” e “Vendo a presença dos pais como empecilho emsituações de urgência”. O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Éticaem Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina sob protocolon° 796 FR 340138. Resultados: Através da identificação das categorias analisadas,identificamos como o profissional de enfermagem percebe a presença dos pais na UTIN,buscando maneiras de conciliar o acolhimento adequado com o desenvolvimento daassistência. Na categoria “A presença dos pais é vista como algo positivo” identificamospelos depoimentos que a presença dos pais é fundamental para a melhora clínica dorecém‐nascido, bem como para dar mais segurança aos pais. É através da presença dospais que se formam no dia‐a‐dia os laços afetivos e vínculos que não puderam serestabelecidos com a internação do RN na UTIN logo ao seu nascimento. Durante apermanência da criança na unidade, que pode ser longa, os pais vão começando a se sentiraptos e mais à vontade para oferecer auxílio no cuidado ao filho (Rossato‐Abéde, 2002). Aoconhecerem o trabalho desempenhado pela equipe de enfermagem, os pais diminuem ossentimentos de insegurança e medo. Além disso, os relatos dos profissionais revelam “Apresença dos pais facilitando o processo de humanização”. Nesta categoria percebemosque os sentimentos de carinho, amor e afeto ofertado pelos pais ao RN são insubstituíveis,sob o ponto de vista do profissional de enfermagem. Além da prestação do cuidadotécnico, da agilidade no atendimento nos momentos de intercorrência, existe apreocupação em ofertar a este bebê um cuidado permeado pela sensibilidade. Momentosde inquietação do RN, choro ou resposta dolorosa a procedimentos são minimizados peloISBN: 978-85-63901-04-0


aconchego e vínculo dos pais junto ao seu filho. Os profissionais facilitam a aproximaçãodos pais junto ao bebê, por entenderem que ninguém melhor que eles para oferecer estecarinho e apoio ao seu filho. Já no que se refere à realização de procedimentos comopunção venosa ou coleta de exames, a equipe relata que não se sente muito confortávelcom a presença dos pais, gerando tensão e tendo receio que os pais encarem anecessidade destes procedimentos como maléficos, causando sofrimento ao seu filho,descrita na categoria “A presença dos pais não é bem vista durante os procedimentos”. Ascrenças do profissional podem ajudar ou prejudicar a presença dos pais em UTIN (Rossato‐Abéde, 2002). Mesmo tendo em seu cotidiano de trabalho a importância de valorizar apresença dos pais, a equipe carrega receios em ser responsabilizada pelos pais como quemcausa danos ao bebê ou agrava seu estado de saúde. Esta percepção é acentuada nacategoria “Vendo a presença dos pais como empecilho em situações de urgência” porsentirem que a presença dos pais pode gerar ansiedade e angústia neles e na equipe, quevolta seu atendimento ao bebê grave, não podendo dar orientação e apoio aos pais nestemomento. Esta falta de orientação adequada pode, ao invés de permitir que os paisapoiem seu filho neste momento, gerar sofrimento, medos e angústias frente ao risco demorte de seu filho. Para os profissionais de enfermagem, ver nos olhares dos pais aexpressão de aflição e dúvida, torna‐se um verdadeiro desconforto. Preferem pedir que ospais saiam da UTIN, foquem seu cuidado de emergência no bebê e ao final doprocedimento os tragam de volta e orientem sobre o que aconteceu. Considerações finais:A equipe de enfermagem preocupa‐se em inserir a família no ambiente da unidadeneonatal, acolhendo, esclarecendo dúvidas, colocando‐se lado a lado da mesma. Aooportunizar interação entre os bebês e seus pais, a equipe também cria vínculos e se tornafundamental neste processo, identificando as necessidades individuais de cada família,reconhecendo seu contexto social, físico e emocional. É necessário discutir as diferentessituações vivenciadas pelos profissionais de saúde e os pais do bebê, a fim de identificarISBN: 978-85-63901-04-0


facilidades e dificuldades quanto a presença da família no ambiente de UTIN,principalmente durante a realização de procedimentos invasivos e emergências.Descritores: recém‐nascido, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, acolhimento, família.Referências:BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.BRASIL. Ministério da Saúde ‐ Secretaria de Políticas de Saúde ‐ Área de Saúde da Criança.Atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso – método mãe canguru: manual docurso. Brasília, 2001.CARVALHO, J.B.L. et al. Representação social de pais sobre o filho prematuro na unidade deterapia intensiva neonatal. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 5, p.734‐8, set./out.2009.ROSSATO‐ABEDE, L.M.; ANGELO, M. Crenças determinantes da intenção da enfermeiraacerca da presença dos pais em unidades neonatais de alto‐risco. Rev. Latino‐Am.Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 1, p.48‐54, jan. 2002.SOUZA, N.L. et al. Representações de mães sobre hospitalização do filho prematuro. Rev.bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 5, p.729‐33, set./out. 2009.TRENTINI, M.; PAIM, L. Pesquisa convergente‐assistencial: um desenho que une o saberfazer e o saber pensar na prática assistencial em saúde‐enfermagem. 2. ed. Florianópolis:Insular, 2004.ISBN: 978-85-63901-04-0


PREVALÊNCIA DE MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO,BRASIL, ENTRE 2000 E 2006PREVALENCE OF CONGENITAL MALFORMATIONS IN RIO DE JANEIRO, BRAZIL, BETWEEN2000 AND 2006LA PREVALENCIA DE MALFORMACIONES CONGÉNITAS EN RÍO DE JANEIRO, BRASIL,ENTRE 2000 Y 2006Adriana Teixeira Reis 332Rosângela da Silva Santos 333Taiana Alves Ribeiro Mendes 334RESUMO: Este estudo transversal descritivo objetivou apresentar um panorama daprevalência de malformações congênitas no município do Rio de Janeiro entre os anos de2000 e 2006. Os dados foram coletados a partir da consulta à base eletrônica do DATASUSentre julho e agosto de 2009. Foram notificados 665.419 nascidos vivos, sendo 5.798332Doutora em Enfermagem. Enfermeira do Instituto Fernandes Figueira – Fundação Oswaldo Cruz.Professora Assistente do Departamento Materno‐Infantil da Faculdade de Enfermagem daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.333Doutora em Enfermagem. Professora Titular da Escola de Enfermagem Anna Nery – UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Pesquisadora nível 1C do Conselho <strong>Nacional</strong> deDesenvolvimento Científico e Tecnológico, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiroe da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Integrante do Núcleo de Pesquisa em Saúde da Mulher eNúcleo de Pesquisa em Saúde da Criança da Escola de Enfermagem Anna Nery.334Graduanda do 8 o período do curso de Graduação em Enfermagem e Obstetrícia da Escola deEnfermagem Anna Nery ‐ Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Bolsista daFundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. E‐mail: taia_mendes@hotmail.comTelefone: 82761477.ISBN: 978-85-63901-04-0


portadores de malformações congênitas (8,7/100.000). Observou‐se maior prevalência demalformações entre mulheres com idades inferior ou igual a 14 anos (11,0/100.000) emaior ou igual a 35 anos (10,4/100.000); idade gestacional menor ou igual a 36 semanas(23,9/100.000) e peso inferior a 2.500g (22,7/100.000); sexo masculino (9,5/100.000) eraça indígena (11,4/100.000) e preta (10,9/100.000). As malformações do aparelhoosteomuscular e articular foram predominantes (2.312 /39,8%). Os resultados mostraramprevalência de malformações superior à encontrada na literatura. Sugere‐se a realizaçãode novos estudos com vistas a esclarecer se ocorreu melhoria do sistema de notificação ouaumento dos casos.PALAVRAS‐CHAVE: Prevalência; enfermagem neonatal; enfermagem obstétrica;anormalidades congênitas.ABSTRACT: This cross sectional descriptive study aimed to present an overview of theprevalence of congenital malformations in Rio de Janeiro between the years 2000 and2006. Data were collected from the query‐based electronic DATASUS between July andAugust 2009. Have been reported 665,419 live births and 5798 congenital malformations(8,7 /100.000). A higher prevalence of malformations among women aged less than orequal to 14 years (11,0 / 100,000) and greater than or equal to 35 years (10,4 /100.000),gestational age less than or equal to 36 weeks (23, 9/100.000) who weigh less than 2,500 g(22,7 /100.000), males (9,5/100.000) and Indian race (11,4 / 100.000) and black (10,9/100.000). Malformations of the musculoskeletal and joint were predominant (2.312/39.8%). The results showed prevalence of malformations than that found in the literature.It is suggested that further studies aimed at ascertaining whether there has beenimprovement in the notification system or an increase in cases.Keywords: Prevalence; neonatal nursing; obstetric nursing; congenital abnormalitiesISBN: 978-85-63901-04-0


RESUMEN: Este estudio descriptivo transversal tuvo como objetivo presentar una visióngeneral de la prevalencia de malformaciones congénitas en Río de Janeiro entre los años2000 y 2006. Los datos fueron obtenidos de la consulta basado en DATASUS electrónicaentre julio y agosto de 2009. Se han notificado 665.419 nacidos vivos y 5798 lasmalformaciones congénitas (8,7/100.000). Una mayor prevalencia de malformacionesentre las mujeres de edad igual o inferior a 14 años (11,0 / 100.000) y mayor o igual a 35años (10,4/100.000), la edad gestacional menor o igual a 36 semanas (23, 9/100.000) quepesan menos de 2.500 g (22,7 / 100.000), los varones (9,5/100.000) y la raza india(11,4/100.000) y negro (10,9/100.000). Las malformaciones de la articulación y músculoesqueléticofueron predominantes (2.312/39,8%). Los resultados indican que la prevalenciade malformaciones que el encontrado en la literatura. Se sugiere que los estudiosadicionales para determinar si ha habido una mejora en el sistema de notificación o unaumento de los casos.Palabras Clave: Prevalencia; enfermería neonatal; enfermería obstétrica; anomalíascongênitas.INTRODUÇÃOApesar de observamos crescente sobrevida de recém‐nascidos (RN), até entãoconsiderados inviáveis, principalmente a partir da década de 1990 1 , a mortalidade neonatalbrasileira ainda é considerada elevada 2 , comparada a indicadores internacionais.As malformações associam‐se a altas taxas de mortalidade entre menores de 1 ano,podendo representar graves repercussões na vida da criança e de sua família. Graças aosavanços da medicina perinatal, a sobrevida de bebês portadores destas malformaçõesmelhorou consideravelmente nos últimos anos 3 .Cerca de 2 a 5% de nascidos vivos no mundo e no Brasil apresentam algum tipo demalformação detectada ao nascimento, determinada total ou parcialmente por fatoresISBN: 978-85-63901-04-0


genéticos 4‐6 . Nos Estados Unidos, em 2002, mais da metade das mortes infantis no ano de2002 foi atribuída a cinco principais causas, sendo as malformações congênitasresponsáveis por 20% dos casos 7 . Em alguns estados brasileiros, chega a corresponder a30% dos óbitos em menores de 1 ano, sendo a segunda maior causa de mortalidade nessafaixa etária.Na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, as malformações congênitas compõem asegunda causa de mortalidade infantil, perfazendo 15% da mortalidade em 2000 e 18% em2003 entre menores de 1 ano 8 e, apesar de estratégias preventivas, os índices demalformação têm aumentado espontaneamente 6 .Este estudo buscou apresentar um panorama da prevalência de malformaçõescongênitas no município do Rio de Janeiro entre nascidos vivos nos anos 2000 a 2006,segundo variáveis maternas e do RN.A realidade da malformação está presente e merece um olhar criterioso emultiprofissional, pois causam sofrimento e prejuízos à saúde da população 4 . Conhecer aepidemiologia dos casos de crianças portadoras de malformações e suas famílias é de sumaimportância para a enfermagem neonatal e obstétrica, pois constitui uma clientela quepossui necessidades específicas de saúde.REFERENCIAL TEÓRICOAté o final do século XIX, o entendimento das causas de mortalidade neonataisainda era bastante obscuro, sendo assim atribuído a causas inevitáveis. Graças ao avançode novas práticas e intervenções, que tiveram seu ápice na segunda metade do século XX,pudemos observar um decréscimo das taxas de mortalidade neonatal 9 .No relatório “Sobrevivência Neonatal” 10 é evidenciado índice de mortalidademundial alarmante: 38% em 2000. Estima‐se que 4 milhões de bebês morrem ainda naprimeira semana de vida. Quase todas as mortes (99%) ocorrem em países de baixo emédio rendimento. Em nível global, estima‐se que as principais causas diretas de óbitoISBN: 978-85-63901-04-0


neonatal sejam partos prematuros (27%), infecções severas (26%) e asfixia (23%). Ascausas congênitas correspondem a 7% da estatística, o que não deixa de ser menosrelevante, pois também são causadoras de morbidades, quando não contribuem com osíndices de mortalidade.As explicações sobre a ocorrência de malformações vieram se transformando aolongo dos séculos; entretanto, certas crenças culturais ainda estão presentes, como: seuma gestante pendurar chaves no corpo durante a gravidez, pode gerar um filho com lábioleporino.As malformações são tratadas como um tipo de distúrbio congênito e, apesar deavanços da genética médica e molecular, sua etiologia ainda permanece parcialmenteobscura. Podem ter origem genética (distúrbio em um único gene, aberraçõescromossômicas), ambiental (exposição a teratógenos) ou multifatorial. Podem serdistúrbios esporádicos, de causa desconhecida 7 . O fato é que uma parte das causas quelevam a esses distúrbios ainda permanece sem explicação.As malformações podem causar praticamente metade de todas as mortes emneonatos a termo e provocar sequelas múltiplas para muitos 7 . Podem ser neurais,cardíacas, intratorácicas, gastrointestinais, genitourinárias, esqueléticas ecromossômicas 11 . Algumas delas não são aparentes e requerem métodos de imagem paradefinição diagnóstica e conduta. Outras malformações são aparentes, como é o caso dagastrosquise, onfalocele, mielomeningocele, extrofia vesical, lábio leporino, podendo serfacilmente visualizadas. As malformações aparentes podem ser detectadas no períodoantenatal, a fim de ser feito um planejamento antecipado para o nascimento do bebê comoferecimento de suporte adequado e equipe multiprofissional experiente.Múltiplos defeitos podem estar associados com anomalias cromossômicas, porexemplo, uma obstrução duodenal associada à cardiopatia e Síndrome de Down 11 . Podemser hereditários ou esporádicos, isolados ou múltiplos, aparentes ou ocultos,macroscópicos ou microscópicos 7 .ISBN: 978-85-63901-04-0


A presença de uma malformação ao nascimento deve ser descrita no item 34 daDeclaração de Nascido Vivo (DNV) brasileira, de acordo com a listagem que compõe o“capítulo XVII ‐ Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas” daClassificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde‐ CID‐10 12 .Estudos populacionais sobre malformações são raros no Brasil e são limitados adados hospitalares que compõem o Estudo Colaborativo Latino‐Americano deMalformações Congênitas/ Latin American Collaborative Study on CongenitalMalformations (ECLAMC).METODOLOGIATrata‐se de um estudo transversal descritivo, realizado a partir de dadosdisponíveis on line pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Tal base deinformação compila os dados informados pela emissão da DNV, formulário depreenchimento obrigatório institucional, para cada nascido vivo no município do Rio deJaneiro 13 .A coleta dos dados eletrônicos foi realizada entre os meses de julho e agosto de2009.As variáveis de interesse selecionadas para análise foram referentes ao tipo demalformação congênita (presença e aparelho ou sistema acometido), aos dados maternos(idade, escolaridade, estado civil, número de consultas pré‐natais e tipo de parto) e aos doRN (maturidade, sexo, peso ao nascer e raça/cor). A partir da obtenção destes dados,calculou‐se a prevalência total anual de defeitos congênitos para o período estudado,assim como as prevalências específicas segundo variáveis maternas, do RN e aparelhos ousistemas acometidos, através da fórmula:número de nascidos vivos malformados no período de 2000‐2006 x100.000Número de nascidos vivos no mesmo períodoISBN: 978-85-63901-04-0


O número de casos ignorados foi quantificado; entretanto, foram excluídos doestudo para efeito de cálculo.RESULTADOS E DISCUSSÃONo que tange a prevalência anual de malformações congênitas no período de 2000a 2006, observa‐se uma curva linear com tendência à crescente. Os anos 2006 e 2004apresentaram as maiores prevalências, correspondendo a 10,3/100.000 e 9,5/100.000casos respectivamente, comparado aos demais anos: 2000 e 2002 (7,6/100.000 nascidosvivos), 2001 (8,3/100.000 nascidos vivos), 2003 (8,4/100.000 nascidos vivos) e 2005 (9,2/100.000 nascidos vivos), conforme , conforme mostra a Figura 1.INSERIR FIGURA 1 AQUIApesar de estratégias preventivas, os índices de malformação têm aumentadoespontaneamente 6 . O preenchimento do campo 34 da DNV, que dispõe sobre a presençade malformações congênitas ao nascimento, interfere diretamente nesta estatística,podendo, o número total de casos de malformações, sofrer subnotificação.Entre os anos de 2004 e 2006, por exemplo, houve um pico na taxa de prevalência(de 9,5 para 10,3/100.000), o que pode estar relacionado a uma melhor notificação docampo 34 e não a um aumento efetivo do número de casos. Sendo assim, é válido ressaltara importância do preenchimento correto e completo da DNV.As Variáveis MaternasObservamos prevalência significativa de malformações entre mulheres com idadeinferior ou igual a 14 anos ( 11/100.000) e entre as com idade superior ou igual a 35 anos(10,4/100.000). O tipo de parto de maior prevalência foi o cesáreo, correspondendo a10,3/100.000 casos. Os fatores geradores de risco podem ser agrupados em quatrograndes categorias: características individuais e condições sociodemográficasdesfavoráveis, história reprodutiva anterior, doença obstétrica na gravidez atual eISBN: 978-85-63901-04-0


intercorrências clínicas, sendo a idade materna menor que 17 e maior que 35 anos,descrita no primeiro grupo 14 . Apesar de algumas malformações estarem relacionadas àsmães jovens 6 , houve maior prevalência de casos entre àquelas com idade superior a 35anos, o que coincide com o papel da mulher na sociedade atual: uma vez inserida nomercado de trabalho e em posse de métodos contraceptivos, a mulher adia o momento degestar.Quanto à variável número de consultas pré‐natal, encontramos 17,6/100.000 casosentre 1 a 3 consultas, seguido de 10,7/100.000 entre 4 a 6 consultas e um númeropreocupante de 8,3/100.000 para nenhuma consulta. Quanto ao grau de instrução, chamaatenção a referência ao analfabetismo correspondendo a uma prevalência de 11/100.000,contra distribuições hegemônicas de prevalência entre os outros recortes.Houve maior prevalência de malformações entre as mulheres que realizaram de 1 a3 consultas de pré‐natal; número muito inferior ao preconizado pelo Ministério da Saúde,que recomenda um mínimo de 7 consultas. O nível de instrução é um fator contribuintepara garantia de um pré‐natal de qualidade, além disso, o nível de educação das mesmastem forte influência sobre a probabilidade de que seus filhos sobrevivam até os cinco anosde idade, que se desenvolvam e se alimentem adequadamente 15 .No que se refere ao estado civil, observamos maior prevalência entre viúvas(10,9/100.000), seguido de união consensual (9,9/100.000) e solteiras (8,8/100.000),conforme demonstra a Tabela 1.INSERIR TABELA 1 AQUIA baixa escolaridade e a situação conjugal instável são fatores de risco para acriança, sendo evidenciado no presente estudo maior taxa de prevalência entreanalfabetas e aquelas ditas viúvas. Embora não se possa associar um diagnóstico demalformação a esses fatores, é importante ressaltar que muitas vezes a baixa escolaridadeestá diretamente relacionada ao perfil socioeconômico. Logo, deve‐se considerar oimpacto do nascimento de uma criança malformada para uma família com menos recursosISBN: 978-85-63901-04-0


econômicos ou para uma mãe sem o apoio familiar do cônjuge, que muitas vezes provê arenda familiar. O RN não pode ser visto separadamente da mãe, ou melhor, de sua família.A falta de empoderamento da mulher, a não conscientização sobre as necessidadesmaternas e neonatais e a má qualidade dos serviços constituem barreiras que dificultam oacesso aos serviços de saúde 16 .O tipo de parto de maior prevalência foi o parto cesáreo, o que é motivo depreocupação, pois a prática indiscriminada de partos cesáreos não garante maioresbenefícios ao RN, expondo‐o a inúmeros riscos inerentes ao procedimento cirúrgico.As Variáveis do RNQuanto à maturidade fetal, a maior prevalência evidenciada foi entre prematuroscom idade gestacional menor ou igual a 36 semanas, correspondendo a 23,9/100.000nascidos vivos, peso inferior a 2.500g (22,7/100.000) e entre sexo masculino (9,5/100.000).Em estudo anterior 6 , também foram evidenciadas as mesmas tendências, não sendomodificado, assim, o perfil epidemiológico. Apresentam maior prevalência as raçasindígena (11,4/100.000) e preta (10,9/100.000), dentre as demais, conforme apresentadona Tabela 2.A ausência de um diagnóstico antenatal inviabiliza o acompanhamento gestacionaladequado, assim como o planejamento do parto em unidades com suporte assistencial, oque resulta em nascimentos de prematuros graves, longos períodos de internação eelevação das taxas de morbi‐mortalidade. Ambos são achados pouco descritos naliteratura, o que torna estudos direcionados a estes aspectos de suma importância.INSERIR TABELA 2 AQUIAs malformações mais encontradas foram aquelas relacionadas ao acometimentodo sistema ósteo‐muscular e articular (39,8%), seguido de outras malformações (22,8%);sistema nervoso central (13,8%); sistema genito‐urinário (11,5%); malformações crâniofaciais(5,6%); sistema circulatório (3,1%) e sistema digestivo (3,0%). A predominância deISBN: 978-85-63901-04-0


malformações ósteo‐musculares pode estar correlacionada à facilidade de diagnóstico e,consequentemente, ao diagnóstico precoce, antenatal e pós‐natal imediato, pois se tratamde malformações macrossômicas, visíveis e facilmente detectáveis ao exame físicosumário. Estudo com 9.386 puérperas, internadas em maternidades do município do Riode Janeiro evidenciou uma prevalência de 1,7% de defeitos congênitos ao nascimento,sendo as malformações menores (polidactilia e pé torto congênito) mais frequentementeencontradas e os defeitos do fechamento do tubo neural as principais anomalias maioresdetectadas 8 .Outras tipologias como malformações microssômicas e anomalias cromossômicasnão aparentes requerem maior tecnologia diagnóstica e maior demanda de tempo,resultando em diagnóstico tardio e subnotificação dos casos.As malformações do sistema nervoso central, apesar de não serem as de maiorprevalência, possuem grande significância epidemiológica, sendo adotada como políticapública nacional o uso do ácido fólico durante o primeiro trimestre gestacional, a fim deminimizar a incidência de malformações do tubo neural. Assim, o preenchimento corretoda DNV se faz novamente extremamente necessário, pois é o único meio de avaliar aefetividade da adoção desta estratégia 17 . A categoria outras malformações congênitasfornecida pelo DATASUS, é abrangente, impossibilitando a descrição das tipologiasagregadas neste grupo, dificultando assim, melhor categorização dos dados.CONCLUSÕESPercebemos que a malformação segue uma tendência linear e crescente, o que implica emuma mudança epidemiológica que reflete diretamente na assistência ao RN e suas famílias.Hoje, portadores de malformações consistem um novo perfil de clientela, comnecessidades e demandas diversificadas e especiais de saúde.ISBN: 978-85-63901-04-0


Ressaltamos a necessidade de serviços especializados que possam atender a estasdemandas, assim como o aperfeiçoamento da equipe multiprofissional envolvida naassistência ao RN malformado e sua família.O preenchimento adequado da DNV, fonte primária dos estudos estatísticos, é passoimportante na prevenção de subnotificações e maior compreensão do perfilepidemiológico. Para tanto, os registros devem ser fidedignos e confiáveis, a fim derefletirem a realidade observada.Devemos estar atentos a avanços que possam implicar na melhoria da saúde destapopulação no que se refere a métodos diagnósticos, acompanhamento pré‐natal,aconselhamento genético e rastreamento. A realização de novos estudos sobre a temática,ainda escassos, é passo essencial para a elucidação de fatores causais mutáveis damalformação congênita. Novos resultados podem nortear ações estratégicas para oplanejamento de uma assistência de maior qualidade à família, contemplando orientaçõesque possam, inclusive, prevenir e rastrear a ocorrência de novos casos.REFERÊNCIAS1.Lima EFA, Sousa AI, Primo CC. Mortalidade neonatal em Serra, Espírito Santo, 2001‐2005.Rev enferm UERJ. Rio de Janeiro, 2008; 16:162‐7.2.Araújo BBM, Rodrigues BMRD, Rodrigues EC. O diálogo entre a equipe de saúde e mãesde bebês prematuros: uma análise freireana. Rev enferm UERJ. Rio de Janeiro, 2008; 16:180‐6.3.Ribeiro AM. Assistência ao recém‐nascido com anomalias congênitas. In: Kopelman, BI,Santos AMN, Goulart AL, Almeida MFB, Miyoshi MH, Guinsburg R. Diagnóstico eTratamento em Neonatologia. São Paulo: Atheneu; 2004; p. 45‐55.4.Horovitz DDG, Llerena Jr JC, Mattos RA. Atenção aos defeitos congênitos no Brasil:panorama atual. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2005; 21: 1055‐64.ISBN: 978-85-63901-04-0


5.Horovitz DDG, Cardoso MHCA, Llerena Jr JC, Mattos RA. Atenção aos defeitos congênitosno Brasil: características do atendimento e propostas para a formulação de políticaspúblicas em genética clínica. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2006; 22: 2599‐2609.6.Guerra FAR, Llerena Jr JC, Gama SGN, Cunha CB, Theme Filha MM . Defeitos congênitosno município do Rio de Janeiro, Brasil: uma avaliação através do SINASC: 2000‐2004. CadSaúde Pública. Rio de Janeiro, 2008; 24:140‐49.7.Ricci SS. Enfermagem materno‐neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan; 2008.8.Costa CMS, Gama SGN, Leal MC. Congenital malformations in Rio de Janeiro, Brazil:prevalence and associated factors. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2006; 22: 2423‐31.9.Gomes MAM. Organização da assistência perinatal no Brasil. In: Moreira MEL. O recémnascidode alto risco: teoria e prática do cuidar. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2004; p.21‐48.10.Organização Mundial de Saúde . Sobrevivência Neonatal, 2006. [citado em 20 nov2007]. Disponível em: http://www.who.int/child‐adolescenthea_lth/New_Publications/NEONATAL/The_Lancet/Neonatal_SS_pr.pdf.11.Boxwell G. Neonatal Intensive Care Nursing. London: Taylor &Francis Group; 2006.12.Organização Mundial de Saúde . Classificação estatística internacional para doenças eproblemas relacionados à saúde (CID‐10). São Paulo: Centro colaborador da OMS para aClassificação das doenças em português. Décima revisão. Versão 2008. [Citado em 13 abr2009]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/web help/cid10.htm.13.Departamento de Informática do SUS (DATASUS). [Citado em jul‐ago 2009]. Disponívelem: http://w3.datasus.gov.br/datasus/index.php.14. Ministério da Saúde (Br). Gestação de Alto Risco. Brasília: Ministério da Saúde; 2000.15.United Nations Children's Fund (UNICEF). Situação Mundial da Infância. Ediçãoespecial.2009. [Citado em 20 set 2009]. Disponível em http://www.unicef.pt/18/sowc_20anoscdc.pdf.16.Organização Pan‐Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde, 2006. Saúdeneonatal no contexto da saúde materna, neonatal e da criança para o cumprimento dasmetas de desenvolvimento do milênio da declaração do milênio das nações Unidas.ISBN: 978-85-63901-04-0


Washington D.C. EUA‐ 25‐29 set 2006. [Citado em 10 ago 2009]. Disponível em:http://www.paho.org/spanish/ad/fch/ca/consejo.port.pdf.17. Ministério da Saúde (Br). Pré‐natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada –manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde; 2000.ISBN: 978-85-63901-04-0


PROCEDIMENTOS REALIZADOS INDIVIDUALMENTE E EM AGRUPAMENTO EMPREMATUROS INTERNADOS NUMA UTI NEONATAL: SISTEMÁTICA DE CUIDADO?Fabíola Lima Pereira 335Luciana Mara Monti Fonseca 336Fernanda Yeza 337Adriana Moraes Leite 338Introdução: Apesar dos avanços da tecnologia nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal(UTIN) favorecerem a sobrevida de recém nascidos prematuros (RNPT), podem contribuirpara alterações no desenvolvimento desses neonatos 1 . Um dos fatores causadores doestresse nos neonatos em UTIN é o excesso de manipulação a que são submetidos 2 .Quando um RNPT é submetido a um grande número de procedimentos, há um gastodesnecessário de energia devido a sua inabilidade natural e também a uma severainterrupção do ciclo do sono 3. O cuidado desenvolvimental é uma filosofia que implica o repensaras relações entre os bebês, as famílias e os provedores de cuidados de saúde. Incluiuma variedade de atividades que maneja/controla o ambiente e individualiza o cuidado aoprematuro, tendo como base as observações comportamentais. Tem como objetivopromover a estabilidade clínica, a auto‐organização e a competência do RN, tanto quantopossível, ajudando‐o a conservar energia para o crescimento e desenvolvimento 4 . Uma dasestratégias de cuidado que visa o cuidado desenvolvimental é o agrupamento de cuidados 4335Mestre em Ciências e Enfermeira do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto‐SP (Brasil).336Prof. Doutor do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil e Saúde Pública da EERP/USP,Ribeirão Preto‐SP (Brasil).337Enfermeira do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade deSão Paulo, Ribeirão Preto‐SP (Brasil).338Prof. Doutor do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil e Saúde Pública da EERP/USP,Ribeirão Preto‐SP (Brasil) ‐Email: drileite@eerp.usp.br.ISBN: 978-85-63901-04-0


e deve ser realizado com o intuito de diminuir o gasto energético e o estresse 5 . Objetivo:Verificar a sistemática de manipulação a que o RNPT é submetido na UTIN, identificando osprocedimentos que ocorrem de forma individual ou em agrupamento de cuidados.Metodologia: Trata‐se de um estudo descritivo e exploratório realizado com 20 RNPT comIG entre 24 e 34 semanas; idade pós‐natal inferior a 28 dias e idade gestacional corrigida de até36 semanas. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética do local da pesquisa comprotocolo número (Ofício nº2247/2008 CEP/SPC). Foram filmados, durante 24 horasconsecutivas por meio de 4 câmeras das quais duas permaneceram fora e duas dentro daincubadora. Os procedimentos realizados conjuntamente foram considerados como umamanipulação na contagem da frequência de manipulações do RN. A duração foi registradadesde o início até o término de cada procedimento e, quando agrupado, foi considerado omomento exato do início do primeiro procedimento até o segundo final do término doúltimo, totalizando o período de uma manipulação em agrupamento. Os dadospreviamente registrados foram transcritos e digitados em duas planilhas do software Excele processados no software Epi Info. Resultados: Os 20 prematuros foram submetidos a umtotal de 1.341 procedimentos, cuja média foi 67,1 por prematuro em 24 horas defilmagem. Houve um total de 768 manipulações, sendo que o número de manipulações porprematuro variou de 14 a 71, representando 9,7% e 1,8% respectivamente do total.Prevaleceram os procedimentos individuais, representando 504 (65,6%) das manipulações,e os realizados sob forma de agrupamentos contiveram de 2 a 10 procedimentos, sendoque frequência de manipulações diminuiu conforme o aumento do número deprocedimentos nestas manipulações. A média de procedimentos por manipulação foi de2,2. O teste de resíduo e a administração de dieta por seringa foram os procedimentosmais frequentes nos agrupamentos que contiveram dois procedimentos, 24 vezes cada um.Ressaltamos que os pares de procedimentos foram muito variados, sendo que, dos 149agrupamentos ocorridos em pares, 51 (34,2%) foram diferentes entre si. O agrupamentoque incluiu a coleta de gasometria e a administração oral de sacarose foi realizado 10ISBN: 978-85-63901-04-0


vezes. Pôde‐se perceber que o procedimento mais realizado em conjunto com outro foi amudança de decúbito, com 89 (10,6%) ocorrências, o segundo mais frequente foi a trocade fralda, com 79 (9,4%) ocorrências e, em seguida, a administração de dieta em seringa,com 69 (8,1%) ocorrências. Seis dos procedimentos, realizados nos RNPT, ocorreramapenas de forma individual, ou seja, não estiveram contidos nos agrupamentos: intubaçãoorotraqueal, coleta de swab nasal e de glicosimetria capilar, mensuração da radiância defototerapia, realização de ultrassonografia e de curativo de feridas. Pode‐se observar,também, a presença de 12 procedimentos que somente ocorreram sob forma deagrupamentos: instalação de sensor de pele, realização de higiene perianal, punção deacesso venoso, realização de higiene ocular, colocação de roupa, pesagem, administraçãode medicamento VO, fixação de bigode de oxigênio, coleta de urina, retirada de SOG,mensuração do comprimento e instilação de colírio, ou seja não foram realizadosindividualmente em nenhum momento. Conclusão/contribuições/ implicações para aEnfermagem: Embora os procedimentos tenham sido agrupados aleatoriamente de 2 a 10procedimentos por agrupamento, sem uma padronização conjunta para determinadosprocedimentos, por outro lado este fato pode indicar que o cuidado não foi realizadomecanicamente, mas sim tentando atender à necessidade dos neonatos. A mudança dedecúbito foi o procedimento mais presente nos agrupamentos com 89 ocorrências. Estefato já era esperado, tendo em vista que, para a realização de alguns procedimentos, faz‐senecessário tal procedimento. Quanto à troca de fralda, o segundo procedimento maisfreqüente nos agrupamentos, inferimos que o fato se deu em razão de que, em geral, nãoé um procedimento que tenha uma rotina determinada e nem que tenha urgência na suarealização. A administração da dieta por seringa ficou em terceiro lugar com 69ocorrências. Este procedimento apresenta uma rotina bem definida, é executado a cada 3horas, quando o RNPT não está em jejum e talvez seja por isto que tenha ocorrido juntocom outros procedimentos que não tinham essa rotina. Em nossa amostra, tivemos 3 RNPTem jejum, porém ressaltamos que alguns prematuros podem ter tido parte da dieta nãoISBN: 978-85-63901-04-0


administrada durante a filmagem devido à presença de resíduos gástricos, ou algum outroproblema que provocasse a suspensão da dieta. Os 12 procedimentos que ocorreramsomente em agrupamento são de rápida duração, justificando sua ação com outrosprocedimentos. RNPT com IG menor que 28 semanas, a depender do estímulo, interpretacomo sendo doloroso 6 . O agrupamento de cuidados pode causar estresse nos prematuroscom menor idade gestacional, em geral inferior a 30 semanas 7 . Estudos revelam queprematuros com idade gestacional menor que 30 semanas respondem com maior grau depontuação na escala de dor, quando é realizado um procedimento doloroso após cuidadosde rotina da UTIN do que se este procedimento fosse realizado após um período dedescanso 7 . A entubação orotraqueal e a realização de curativo de feridas também podemser considerados procedimentos dolorosos e estressante, fato que também justifica suaexecução isolada 8 . A mensuração de radiância de fototerapia, realização de glicosimetriacapilar e a coleta de swab nasal são procedimentos de rotina da unidade que, quandoexecutados, são realizados mediante uma rotina já adotada e por profissional específico,em geral enfermeiro ou médico, o que também pode justificar as ocorrências de formaisolada. As manipulações individuais representaram a maior parte do total dasmanipulações. Quando ocorrem os agrupamentos de cuidados houve uma diminuição dafreqüência que é proporcional ao aumento do número de procedimentos consecutivos enão houve uma organização sistemática dos procedimentos realizados nos agrupamentos.Cabe à equipe o desenvolvimento de práticas voltadas para o cuidado aos neonatoshospitalizados de forma que a conscientização dos profissionais que atuam junto a essaclientela, possa reduzir a manipulação que o neonato experimenta nas UTIN com vistas àqualidade de assistência a essa clientela.Descritores: Manipulação, recém‐nascido prematuro, Unidade de Terapia Intensiva,enfermagem neonatal.ISBN: 978-85-63901-04-0


Referências1‐ Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no Recém Nascido. Jornal de Pediatria, Riode Janeiro. 1999; 75 (3): 149‐160.2‐ Apleton SM. Handle with care: an investigation of the handling received by pretermsinfants in intensive care. Journal of Neonatal Nursing, Hertfordshire. 1997; 3 (3): 23‐27.3‐ Als H, Gilkerson L, Duffy FH, Mcanult GB, Buehler DMB.; Vandenbergerg K, Sweet N, SellE, Parad RP, Ringer SA, Butler SC, Blickman JG, Jones KJ. Three‐Center, randomized,controlled trial of individualized developmental care for very low birth weight preterminfants: Medical, neurodevelopmental, pareting, and caregiving effects. Journal ofdevelopmental Behaviohal pediatric, New York. 2003; 24 (6): 399‐408.4‐ Byers JF. Care and the evidence for their use in the NICU. Components ofDevelopmental. MCN Am. J. Matern. Child Nurs. 2003; 28 (3): 175‐80.5‐ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde daCriança. Normas de atenção humanizada ao recém‐nascido de baixo peso: métodocanguru. Brasília, 2009.6‐Porter FL, Wolf CM, Miller JP. Procedural pain in newborn infants: the influence ofintensity and development. Pediatrics, Springfield. 1999; 104 (1): 211‐16.7‐ Holsti L, Grunau RE, Whifield MF, Oberlander TF, Lindh V. Behavioral responses to painare heightened after clustered care in preterm infants born between 30 and 32 weeksgestational age. Clinical Journal of Pain. 2006; 22 (9): 757‐64.8‐ Holsti L, Grunau RE, Oberlander TF, Whitfield MF. Prior pain induces heightened motorresponses during clustered care in preterm infant in the NICU. Early Hum Developmental,Limerick. 2005; 81 (3): 293‐302.ISBN: 978-85-63901-04-0


PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA EM NEONATOLOGIA: A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA AOLONGO DO TEMPOAna Valéria dos Santos Aranha 339Gilvanda Silva Nunes 340Maria da Glória Almeida Bandeira Ferreira 341A tecnologia sempre esteve presente na humanidade e, ao longo dos anos, foi tomandoespaço nas mais diversas áreas de atuação do homem. Destacamos a italiana FlorenceNightingale, a primeira enfermeira reconhecida da era moderna, além do uso dastecnologias disponíveis da época para assistir os feridos na Guerra da Criméia, atualUcrânia. De acordo com Padilha e Mansia (2005), com o decorrer do tempo, as tecnologiasforam tomando espaço simultâneo ao nascimento de novas áreas da saúde e a tecnologiaem Neonatologia não foi diferente. Sá Neto e Rodrigues (2010) afirmam que na França, emmeados de 1880, a Neonatologia teve seu marco com a invenção da incubadora, realizadapelo obstetra Stephane Etienne Tenier. Porém, Pierre Budin, discípulo de Tanier, foi oprimeiro a escrever sobre os cuidados com prematuros, sendo considerado o primeironeonatologista da era moderna. As suas preocupações baseavam‐se no controle emanutenção da temperatura, na prevenção de infecções hospitalares, no aleitamentomaterno e na permanência das mães nos cuidados aos prematuros. Posteriormente, em339Enfermeira, Pós‐Graduanda em Enfermagem Obstétrica e Neonatal, Bolsista de DesenvolvimentoIndustrial pelo CNPq. Universidade Federal do Maranhão‐UFMA. e‐mail:valeria_aranha@hotmail.com340Profª Drª em Química Ambiental; Coordenadora do Departamento de Apoio a Pesquisa de Inovaçãoe Gestão de Serviços Tecnológicos – DAPI/PPPG da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. e‐mail:gilvanda@pq.cnpq.br341Professora Doutora em Tecnologia de Pescado, coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológicado DAPI/PPPG da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. e‐mail: mgban10@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


meados de 1896, um aluno de Budin foi encaminhado até Berlim para a exposição daincubadora modificada de Tenier. Nesse evento, os prematuros eram expostos e exibidos apopulação. Mas, somente em 1914, após uma das exposições de prematuros de Couney(aluno de Budim) em Chicago, o pediatra Julius Hess, juntamente com o apoio daenfermeira Evelyn Lundeen, criou o primeiro centro de tratamento para recém‐nascidosprematuros, chamado de Hospital Michael Reese (Sá Neto e Rodrigues, 2010). Nessacompreensão, a tecnologia que é vista pela maioria apenas como algo concreto e palpável,passa a ser compreendida como resultado de um trabalho, de ações concretas e abstratasque geram cuidado em saúde. A tecnologia passa, então, a ser processo e produto,influenciando os campos social, econômico e ambiental. Quando tratamos a tecnologia naatenção aos recém‐nascidos geralmente nos referimos a equipamentos, aparelhos, fios,em suma, a um ambiente em que técnicas e procedimentos ditam a complexidade doscasos ali encontrados. Evidencia‐se, atualmente, que o desenvolvimento da tecnologia etodas as transformações ocorridas na Neonatologia são resultantes do surgimento denovos equipamentos, tratamentos, conhecimento e sofisticações de técnicas que setornaram indispensáveis à manutenção da vida e ao aprimoramento do cuidado neonatal.No presente estudo, objetivou‐se realizar uma análise da evolução das competênciastecnológicas na área da Neonatologia ao longo dos anos, através de uma ProspecçãoTecnológica, traduzida no depósito de patentes em bases de dados de patentes nacional einternacional. Procurou‐se demonstrar o desenvolvimento dessas tecnologias desde adécada de 70 até o ano de 2010, os países que mais depositaram patentes e as principaisinovações lançadas no mercado. Toda a pesquisa foi realizada com base nos dadosacessados nas seguintes bases: INPI (Instituto <strong>Nacional</strong> de Propriedade Industrial), eSPACENET (European Patent Office). A busca foi desenvolvida no Núcleo de InovaçãoTecnológica da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), sob conhecimento prévio dacoordenação, através de autorização formal em documento de autorização emitido (videanexo). Foram obtidos, como resultados, índices de surgimentos de patente que variaramISBN: 978-85-63901-04-0


durante os anos, sendo que os maiores índices surgiram na década de 80 e no períodoentre 2004‐2005. Os maiores depositantes de patentes foram pessoas físicas, com 76% dototal analisado. O país que mais apresentou depósitos de patentes durante o períodoestudado foi os Estados Unidos (US), com um percentual de 41% do total analisado. Aoanalisar os depósitos feitos por academias, todas elas são americanas, sendo que a maiordepositante é a Universidade de Nebrascka Lincoln com um percentual de 50% do total depatentes depositadas. Ao final da pesquisa, conclui‐se que o Brasil necessita de incentivoaos pesquisadores para desenvolvimento de tecnologias inovadoras no campo daNeonatologia. Muitas das vezes, existem inovações, mas a informação não chega àsociedade, devido ao desconhecimento por parte dos próprios pesquisadores, em relaçãoà grande possibilidade de patenteamento nessa área ou mesmo incentivo por parte dasempresas. A dificuldade de conseguir interessados nos produtos, patrocínio e investimentoainda é uma das maiores dificuldades. As Universidades devem apostar na qualidade deseus pesquisadores e orienta‐los quanto à necessidade da Proteção Intelectual de suascriações. Somente dessa forma os índices serão alterados para melhor. Dentre as principaisvantagens relacionadas ao desenvolvimento de novas tecnologias para os profissionais deenfermagem estão às melhoras na assistência ao paciente. Através das tecnologiasdisponíveis, utilizadas nos hospitais e UTIs Neonatais, é possível aumentar as chances desobrevivência dos pacientes. Deste modo, respiradores, monitores cardíacos, oximetros, eoutras tecnologias modernas tem sido utilizadas para prover sempre o bem estar e garantirum suporte de vida. A importância desse avanço para a Enfermagem está ainda nos novossuportes de vida que são oferecidos ao paciente neonato, auxiliando o profissional aprestar uma assistência de maior qualidade, assistindo‐os em totalidade, no que dizrespeitos às necessidades apresentadas por cada um. O enfermeiro pode, eadicionalmente as suas atividades de rotina, ser um pesquisador e um inventor, em outraspalavras, um observador que busca o aperfeiçoamento de suas técnicas e instrumentos.ISBN: 978-85-63901-04-0


Sendo que, dessa forma, a profissão terá mais destaque na área da saúde, em especial nocampo neonatal.DeCs: D014491; D009359.Referências:1.Dias, LAV. O Domínio da Tecnologia Espacial: Um Desafio de Alcance Estratégico para oBrasil. Revista Parcerias Sustentáveis. 1999 Set; 07(1): 103‐15. INPI. Rio de Janeiro:Instituto <strong>Nacional</strong> de Propriedade Industrial. c2010 [acesso em: 2010 Ago 30]. Disponívelem: http//www.inpi.gov.br.2.Padilha, MICS, Mansia, JR. Florence Nightingale e as irmãs de caridade: revisitando ahistória. Revista Brasileira de Enfermagem. 2005 Nov; 58(6): 85‐97. Quintella, CM.;Caderno de Prospecção: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Rede NIT‐NE. 2008; 1(1):56.3.Rocha, Patrícia Kuerten, et al.; Cuidado e Tecnologia: Aproximações através do Modelode Cuidado. Revista Brasileira de Enfermagem. 2008 Jan; 61(1).4.Sá Neto, JA; Rodrigues, Benedita MRD. Tecnologia como Fundamento do Cuidar emNeonatologia. Texto Contexto Enfermagem. 2010 Abr; 19(2): 100‐14.5.Silva, RC; Ferreira, MA. A Tecnologia em Saúde: Uma Perspectiva PsicossociológicaAplicada ao Cuidado de Enfermagem. Revista de Enfermagem da Escola Anna Nery. 2009Jan: 13(1): 169‐173. SPACENET. Rio de Janeiro: European Patent Office. c2010 [acesso em:2010 Set 02]. Disponível em: http//ep.espacenet.com.ISBN: 978-85-63901-04-0


QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA SOB A ÓTICA DE PUÉRPERAS NO ALOJAMENTO CONJUNTODE UMA MATERNIDADE ESCOLA EM NATAL/RN 342Camila Fernandes da Silva Carvalho 343Ilana Barros Gomes 344Camila Augusta da Silva 345Rejane Marie Barbosa Davim 346Introdução: As modificações no acolhimento da puérpera, acompanhante e familiares noAlojamento Conjunto (AC) mostram‐se primordiais para a qualidade da assistência hajavista que a melhoria da estrutura física, equipamentos do hospital e, sobretudo, da posturados profissionais médicos no atendimento prestado às puérperas e familiares contribui emum cuidado mais humanizado. Assim sendo, o atendimento será voltado para o cuidado aopuerpério, o reconhecimento das necessidades e estímulo às puérperas para a prática doauto‐cuidado. Nessa perspectiva, esta pesquisa é de relevante importância e se justificapela necessidade de se conhecer a opinião de puérperas quanto à qualidade da assistênciaoferecida pelos profissionais da saúde que incorporam as ações intervencionistas eeducativas no AC da Maternidade Escola Januário Cicco/UFRN (MEJC/UFRN), possibilitandoreflexão por parte dos mesmos na humanização ao puerpério. Objetivos: Conhecer aopinião de puérperas quanto à qualidade da assistência oferecida pelos profissionais dasaúde no AC da MEJC/UFRN; identificar os fatores que influenciam na qualidade daassistência sob a ótica das puérperas e verificar a relação entre os fatores que influenciam342Relatório final de pesquisa cadastrado na PROPESQ sob o código PVD1070‐2007.343Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Bolsista de Iniciação CientíficaPIBIC/CNPq. Email: camilafscarvalho@gmail.com344Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Email: ilanabg@hotmail.com345Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Email: camila_cacau1@yahoo.com.br346Enfermeira Obstetra, Professora Doutora Associado I do Departamento de Enfermagem/UFRN,Consultora de Periódicos Científicos. Membro do Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem/UFRN.Email: rejanemb@uol.com.br ; Email institucional: secdenf@hotmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


na qualidade dessa assistência. Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa de naturezadescritiva e abordagem quantitativa que tem como foco principal a qualidade daassistência oferecida às puérperas em AC. A população foi constituída por todas aspuérperas admitidas no AC da MEJC/UFRN em Natal/RN – Brasil e que atende pelo SistemaÚnico de Saúde (SUS). A coleta de dados ocorreu no período de 2 meses por meio de umaamostragem aleatória simples constituída pela população total atendida na instituição, ouseja, 120 mulheres ao mês, totalizando uma amostra de 240 puérperas no período detempo estipulado. Foram considerados como critérios de inclusão: mulheres com ummínimo de 12 horas de puerpério, aceitar participar voluntariamente da pesquisa e assinaro Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Puérperas consideradasadolescentes com até 19 anos de idade teve seu TCLE assinado por seu representantelegal, de acordo com o Ministério da Saúde e como consta na Resolução 196/96 doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde (CNS). Foram excluídas aquelas com puerpério abaixo de 12horas e que não aceitaram participar da pesquisa. O instrumento de coleta de dadosconstou de uma entrevista composta por duas partes: a primeira abordando dados sóciodemográficosdos sujeitos; a segunda sobre a opinião das puérperas quanto à assistênciaoferecida pelos profissionais da saúde no AC da MEJC e os fatores que podem influenciarou não na qualidade dessa assistência. Considerando as questões éticas, a pesquisa foiautorizada pela instituição e submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte com parecer favorável, recebendo o Nº 215/2008 eprotocolo de Nº 075/08 – CEP ‐ UFRN. Também foram seguidos os preceitos observados naresolução 196/96 do CNS que dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Oprocedimento de tratamento e análise dos dados desenvolveu‐se por meio de estatísticadescritiva previamente codificada e organizada em bancos de dados, utilizando‐se oprograma Excel Microsoft e, posteriormente, transportado e analisado no programaStatistic. Resultados: A partir dos dados obtidos foi apurado que a faixa etária daspuérperas entrevistadas estava em torno de 16 a 30 anos (70%), sendo que 50% entre 16 eISBN: 978-85-63901-04-0


25 anos e 20% entre 26 e 30 anos de idade. A principal ocupação dessas mulheres era dolar (37%), estudante (9%), agricultora (5%), comerciante (4,5%) e professora (4%).Observou‐se que a maioria das puérperas pesquisadas provinha da capital Natal (48%) emdetrimento das outras cidades do interior do Estado. A religião predominou a católica(71%), evangélica (15%) e demais religiões (14%). A maioria das puérperas (94%) referiuparticipação na consulta pré‐natal. Àquelas que responderam negativamente (6%) alegouprincipalmente que não tiveram interesse, o posto de saúde era distante de sua residênciae faltava profissionais no atendimento. Quanto à via de parto 78% foram por via vaginalenquanto 14% por cesariana e o fórceps em 8%. As puérperas não contaram comacompanhante no trabalho de parto em 59%, e os principais motivos alegados foram: afamília mora distante do hospital; não foi permitida a presença do acompanhante; nãotinha um acompanhante; ninguém quis acompanhá‐la; e por ter sido submetida a partocesariano. Em relação às que foram acompanhadas durante o trabalho de parto, contaramprincipalmente com a presença da mãe (27%), do parceiro (22%), da irmã (13%) e dacunhada (10%). Quando interrogadas sobre a presença de um acompanhante dentro dasala de parto, 81% não foram acompanhadas justificando que não permitiram a presençado mesmo, não tinham tal companhia, ninguém quis entrar e/ou porque a família moradistante. As acompanhadas referiram a mãe (14%) o parceiro (13%) e cunhada (7%). Aamamentação do recém‐nascido na sala de parto não foi realizada em 69% dos casosalegando que não colocaram para mamar, não souberam informar, o recém‐nascidoprecisou ser levado a UTI e determinadas mães sentiram incômodo após o parto. Quandoencaminhadas ao AC, 60% foram acompanhadas pelo bebê, enquanto 30% afirmaram queseus bebês estavam na UTI e não sabem informar o motivo de não terem sido transferidasao AC com seus filhos. No momento da admissão no AC as puérperas foram bem acolhidas(95%) em detrimento das demais (5%) que alegaram falta de atenção e demora dosprofissionais, sobrecarga de trabalho dos mesmos, foram mal educados ou não tinhampreparo para assistir à puérpera. Quanto às orientações sobre a rotina da instituição, 67%ISBN: 978-85-63901-04-0


esponderam afirmativamente enquanto 33% não foram informadas em relação aoshorários das refeições, das visitas, do aleitamento materno exclusivo, acompanhantes,deambulação, não sentar no leito das companheiras, não pegar em recém‐nascidos deoutras puérperas, horários da medicação, horário das visitas médicas e sobre os banheiros.Essas orientações foram informadas pelas técnicas de enfermagem (29%) e enfermeiras(18%). As mesmas afirmaram em 23% que as informações recebidas foram boas, 5% ótimase 4% mais ou menos, destacando que 68% não receberam nenhuma orientação quanto àrotina do hospital. Especificamente sobre o aleitamento materno exclusivo, as puérperasafirmaram em 74% que receberam orientação e 62% tiveram ajuda nas primeiras mamadase esse apoio foi fornecido, em sua maioria, pela enfermeira da instituição (50%), pelatécnica de enfermagem (47%), pediatra (16%) e pelo médico (10%). No AC foramexaminadas diariamente duas vezes ao dia (50%), três vezes em 23% e 17% mais de quatrovezes. As partes do corpo mais examinadas foram o abdome (30%), mamas (29%), lóquios(17%), MMII (16%) e mucosas (8%). O profissional que mais realizou os exames foi omédico (54%), enfermeira (29%) e a técnica de enfermagem em 17% dos casos. Aspuérperas tinham, quando possível, um acompanhante (40%), os horários de visitas eramliberados em 91%, e a maioria opinou que a alimentação era boa (44%). Em relação àpresença do profissional da instituição quando solicitado, as puérperas eram prontamenteatendidas (46%), às vezes sim e às vezes não (26%), não eram atendidas (15%) e às vezes(12%). Eram visitadas diariamente pelo pediatra (26%), médico e enfermeira (25% cada),assistente social (10%), nutricionista (8%), psicólogo (2%) e fisioterapeuta (1%). Quandoquestionadas sobre sugestões para um atendimento de melhor qualidade na instituição, aspuérperas pontuaram as seguintes opiniões: mais humanização no atendimento, aumentaro número de profissionais de saúde, uso de crachás pelos profissionais, melhor qualidadenas refeições, aumentar o número de vagas na UTI, maior disponibilidade da rouparia,melhorar a ventilação e a estrutura física dos setores, que sejam mais bem informadassobre seus recém‐nascidos internados na UTI, água disponível para beber, locais maisISBN: 978-85-63901-04-0


silenciosos, prolongar o tempo de visita e diminuir o número de puérperas nasenfermarias. Conclusão: Conclui‐se que para as puérperas entrevistadas, toda a equipe desaúde da instituição trabalha de forma sincronizada, destacando‐se a qualidade dasorientações sobre o aleitamento materno, ajuda imediata na primeira mamada,atendimento imediato e bom acolhimento pela equipe. Observa‐se, como resultado dapesquisa, que a humanização no atendimento é condição primordial para a melhoria daassistência prestada às puérperas atendidas na instituição em questão. Neste sentido,conhecer com profundidade como a mulher se observa nessa experiência, identificar osfatores que interferem na sua adaptação e integração no papel de mãe e na instituição, éessencial para que as ações de enfermagem possam proporcionar a usuária melhorqualidade da assistência. Espera‐se que o resultado dessa pesquisa venha contribuir nofortalecimento da humanização ao atendimento, focalizando o aprimoramento da práticaprofissional de forma dinâmica, tendo em vista o atendimento de forma integrada e dequalidade.Descritores: Alojamento conjunto, Puerpério, Enfermagem ObstétricaReferências1.Bessa LF, Cunha MA, Ferreira TF (orgs.). Saúde da Mulher: desafios a vencer. Rio Branco(AC): EDUFAC; 2004.2.Ministério da Saúde (BR). Análise da atenção obstétrica hospitalar: Sistema Único deSaúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 1999.3.Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde daMulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília (DF):Ministério da Saúde; 2003.4.Ministério da Saúde (BR). Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Comissão de Ética em Pesquisa.CONEP. Resolução Nº 196/96. Dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília(DF): Ministério da Saúde; 1996.ISBN: 978-85-63901-04-0


5.Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação das Ações deSaúde da Mulher. Assistência ao pré‐natal: manual técnico. 3ª ed. Brasília (DF): Ministérioda Saúde; 2000.6.Coelho EBS, Calvo MCM, Coelho CC. (orgs.). Saúde da Mulher: um desafio em construção.Florianópolis (SC): UFSC; 2006.7.Gregório VRP, Garcia ORZ, Costa R. Percepções do casal grávido e da equipe de saúde,quanto à presença ou ausência do pai no centro obstétrico. In: Congresso Brasileiro deEnfermagem; 1999 Out 2‐7; Florianópolis, Santa Catarina. Florianópolis (SC): ABEn; 1999. p.526.8.King SF. Como ajudar as mães a amamentar. Londrina (PR): Universidade Estadual deLondrina; 1991.9.Maldonado MT. Psicologia da gravidez. Rio de Janeiro (RJ): Vozes; 1991.Sousa AJM, Costa EO. Aleitamento materno: informações e práticas de lactantes de umhospital público em Natal/RN. In: XIV Congresso Estadual de Enfermagem; 2003 Mossoró(RN): ABEn; 2003. p. 57.10Triviños ANS. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa emeducação. São Paulo (SP): Atlas; 1987.ISBN: 978-85-63901-04-0


REDE DE APOIO PARA A FAMÍLIA DE PREMATUROS EM CUIDADOS INTENSIVOS SOB OOLHAR PATERNOLuciano Marques dos Santos 347Cíntia Lorena de Souza Silva 348Tarsila Correia Ribeiro 349Nayanne Maria Magalhães Bringel 350Introdução: Na atualidade, no que tange ao trinômio pai‐mãe‐filho, ainda há uma série demitos cristalizados e internalizados no ideário popular. Nesse aspecto, à maternidade cabeo amor incondicional da mãe e por sua vez, à paternidade cabe o papel de gerar filhos. Aliteratura consultada mostra que a relação mãe e filho sempre foi objeto de estudo paramuitas áreas do conhecimento. Dessa maneira, segundo Silva (1994) o pai afasta‐se dosfilhos física e emocionalmente como que entendendo que as relações de amor sãoincompatíveis com o exercício do poder. Souza e Angelo (1999) afirmam que nesse milênioé importante buscar uma nova figura paterna, que transponha as dificuldades como a faltade ternura, cumplicidade com os filhos, originadas de um pai autoritário, provedor,distante emocionalmente, ou seja, um novo pai que está voltado às questões dapaternidade e cuidado de seus filhos num sentido mais amplo, numa nova identidade. Não347Enfermeiro. Mestre pelo Programa de Pós–graduação da Escola de Enfermagem da Universidadefederal da Bahia. Professor Auxiliar da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Líderdo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Cuidado em Saúde (GEPECS/UNIVASF) da UNIVASF. E‐mail:lucmaxenfo@yahoo.com.br/luciano.marques@univasf.edu.br.348Enfermeira. Especialista em Enfermagem Intensiva Neonatal e Pediátrica.349Enfermeira. em Enfermagem Intensiva Neonatal e Pediátrica.350Acadêmica. Curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Vale do São Francisco(UNIVASF). Membro do GEPECS. E‐mail: naybringel@gmail.com.ISBN: 978-85-63901-04-0


podemos esquecer que a saúde ou doença de um membro compromete o restante dafamília, reforçando o desejo de aproximação do pai diante da situação, uma vez que eletambém é impactado pela doença do filho tanto quanto a mãe. Sendo assim, este estudotem como objeto de investigação a rede de apoio para a família de recém‐nascidosprematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal na percepção paterna. Ointeresse por este estudo surgiu durante a graduação em enfermagem ao observar naprática em campo que a equipe de enfermagem elaborava normas e rotinas institucionaisque impediam os pais do recém‐nascido prematuro de visitá‐los depois das dezoito horas.Esta rotina era justificada pelo argumento de que era uma norma da instituição e queficava perigoso deixar homens circulando pelo corredor central da unidade hospitalar. Istoposto, questionou‐se: quais são as rede de apoio utilizadas pela família de recém‐nascidosprematuros hospitalizados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospitalpúblico de Feira de Santana‐Bahia na percepção paterna? Este estudo tem como objetivogeral analisar as redes de apoio utilizadas pela família de recém‐nascidos prematuroshospitalizados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital público de Feirade Santana‐Bahia sob a percepção paterna. Metodologia: estudo de natureza descritiva,exploratória e qualitativa, realizado em uma cidade do estado da Bahia, pelas suascaracterísticas sócio‐econômicas e importância geográfica. O hospital especializado naatenção à mulher no ciclo gravídico e puerperal desta cidade foi o campo empírico desteestudo. Este é uma instituição pública de médio porte da esfera municipal, configurando‐senuma fundação hospitalar. Vale ressaltar que esse hospital recebeu o título de Amigo daCriança em 1995, oferecido pela Organização Mundial de Saúde ‐ OMS e Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (SANTOS, 2010). No dia 08 de março de 2002, esta instituiçãoimplantou o Método Canguru. A unidade canguru possui cinco leitos, anexos dos berçáriose um centro de apoio e assistência materna e aos recém‐nascidos prematuros e/ou debaixo peso que se encontram na segunda etapa do Método Canguru. Neste local o recémnascidoapós alta da unidade neonatal, é admitido para ganhar peso suficiente e adaptar‐ISBN: 978-85-63901-04-0


se adequadamente à vida extra‐uterina. Foram participantes do mesmo, nove pais queacompanhavam seus filhos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal dohospital em estudo, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.Para a escolha dos participantes, utilizaram‐se os seguintes critérios de inclusão: Ser pai derecém‐nascido sem malformações congênitas; Ser pai de recém‐nascido com mais de setedias de internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; Estar visitando o recémnascidosemanalmente; Desejar participar do estudo; Aceitar assinar o Termo deConsentimento Livre e Esclarecido. Foi utilizada a técnica da entrevista semi‐estruturadaatravés de um roteiro, que continha dados de ordem sócio‐demográficas e as seguintesquestões norteadoras: De onde a sua família retira apoio para enfrentar a hospitalizaçãode seu filho na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal? Conte para mim sobre estesapoios. Os dados foram coletados no período de fevereiro a abril de 2010, após aaprovação do CEP. Para a análise dos dados empíricos utilizou‐se a Análise de Conteúdoque de acordo com Minayo (1995, p.74), “diz respeito à descoberta do que está por trásdos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado”.Bardin (2007) complementa dizendo que a Análise de Conteúdo é um conjunto de técnicasde análise das comunicações, que pode expresar uma análise de significados (a análisetemática), como também uma análise dos significantes (análise léxica, análise dosprocedimentos). Foram identificadas duas categorias: A equipe e a família e Areligiosidade da família. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética na Pesquisa daFaculdade de Tecnologia e Ciências da cidade de Salvador, para sua apreciação, sendodevidamente aprovado pelo parecer de número 1.664‐2009. Os princípios éticos foramcontemplados no desenvolvimento deste estudo para proteger os direitos doscolaboradores durante o processo de coleta dos dados. Para tanto, foi elaborado um termode consentimento, que foi assinado pelos participantes do estudo. Por razões éticas os paisnão foram identificados, assim como foi assegurado o anonimato dos entrevistados,utilizando‐se códigos na transcrição e divulgação da sua fala, respeitando a sua integridadeISBN: 978-85-63901-04-0


intelectual, social e cultural. Dessa forma, os participantes da pesquisa foram tratados emsua dignidade, respeitando sua autonomia e defendendo em sua vulnerabilidade sendoidentificados por códigos, a saber, E01, E02, E03, E04, E05, E06, E07, E08 e E09. Resultadose discussões: na categoria “A equipe e a família” A enfermagem e a família sempreestiveram próximas, vivendo momentos difíceis que pedem dela ações, sentimentos epensamentos que, muitas vezes ultrapassam suas possibilidades conhecidas, a famílianecessita de um enfermeiro capaz, que lhe ajude a olhar esses momentos comopossibilidade de superar‐se nas habilidades que lhe faltam para o enfrentamento dadoença do bebê (LAMY; GOMES; CARVALHO, 1997). Os profissionais da equipe de saúdetêm muito a contribuir com o apoio emocional dos pais e mães. Diante aos depoimentos sepôde notar que mesmo tendo um filho internado numa UTIN, quando esses pais recebemo apoio de toda a equipe, esta se torna um recurso no tratamento do filho e uma chancepara a sua recuperação. Reichert e Costa (2000) asseguram que os recém‐nascidosprematuros têm a capacidade de ver, ouvir, cheirar e responder ao toque que lhe é dado.Assim, quando são estimulados, respondem e se mostram tranqüilos quando alguémestabelece uma pequena conversa com eles. Segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2002),o apoio oferecido por parte da equipe de saúde é fundamental para facilitar que os paispossam ver e tocar seu bebê logo após o nascimento, caso as condições de saúde deste opermitam. Dessa forma, nesse estudo, esse fato foi notório, pois os pais crêem que as suaspresenças durante o tratamento de seus filhos hospitalizados em uma UTIN pode favorecerum restabelecimento mais rápido do bebê, pois eles sentem a presença dos pais. Os paispercebem a hospitalização do filho através da interação com os membros da equipe desaúde e do cuidado prestado ao bebê. Valorizam as atitudes de respeito e consideração,julgando‐as indispensáveis na relação interpessoal. Também valorizam a tecnologia e adedicação dos médicos e enfermeiros. Nesse olhar, os profissionais de saúde, devempensar numa UTIN humanizada com o objetivo de ajudar tanto a família, a criança recémnascidae a própria equipe de saúde. Na categoria “A religiosidade da família” no tocante àISBN: 978-85-63901-04-0


eligiosidade os pais destacaram que a díade fé‐espiritualidade possui suma importânciaem suas vidas. Nos depoimentos foi possível perceber que alguns pais não praticamreligião e nem tampouco são freqüentadores de nenhuma igreja, mas que rezam muito eacreditam que Deus os fortalece em suas fraquezas. Os informantes destacaram a suareligião como fundamental sobre suas vidas, porque oferece consolo nas situações dedores e angústias. Conforme Walsh (2005), a espiritualidade é algo que pode serexperimentado dentro ou fora das instituições religiosas formais. Vale ressaltar que é noâmbito do sofrimento, da dúvida, da aflição que a condição de deficiente determina paraessas pessoas, é exatamente nesse momento que a família traz à luz todas suas crenças eaté aquelas que acreditavam não possuir. Considerações finais: É fundamental a inserçãoda figura paterna nos cuidados prestados aos filhos, a partir daí a equipe de saúde,principalmente a enfermagem pode integrar uma atenção voltada às necessidades dessafamília, garantindo apoio e segurança. Além do suporte da família, a religiosidade tambémfoi apontada como um fortalecedor para as famílias, que muitas vezes só a procura nassituações de desespero e angústia.Descritores: Enfermagem Neonatal; Prematuro; Unidades de terapia Intensiva Neonatal.Referências1. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70. 2007.2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde da Criança.Atenção Humanizada ao Recém‐nascido de Baixo Peso: Método Mãe Canguru. 1. ed.Brasília: Ministério da Saúde. 2002.3. Lamy ZCP, Gomes R, Carvalho M. A percepção de pais sobre a internação de seus filhosem unidade de terapia intensiva neonatal. Jornal de Pediatria (SP) 1997; 73 (5): 293‐297.4. Minayo MCS. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: vozes, 4. ed.1995.ISBN: 978-85-63901-04-0


5. Reichert APS, Costa SFG. Refletindo a assistência de enfermagem ao binômio Mãe eRecém‐Nascido Prematuro na Unidade Neonatal. Nursing 2000; 4(38).6. Santos LM. Análise da Atenção á Saúde da Mulher no ciclo gravídico e puerperal[Dissertação de Mestrado]. Salvador (BA): Escola de Enfermagem. Da universidade Federalda Bahia. 2010. 275p.7. Silva MAD. Quem ama não adoece. 3 ed. São Paulo, Best Seller, 1994. p 302‐6.8. Souza ABG, Ângelo M. Buscando urna chance para o filho vir a ser: a experiência do paina unidade de Terapia Intensiva. Rev. Esc. Enf.USP. 1999; 33 (3): 255‐64.10. Walsh F. The concept of family resilience: crisis and challenge. Fam Process. 1996 Sept;35(3):261‐81.ISBN: 978-85-63901-04-0


RELAÇÃO INTERPESSOAL ENTRE FAMÍLIA E PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: OLHAR DAFAMÍLIA DE NEONATOS INTERNADOS EM UMA UTIN.Izabela Bezerra de Freitas 351Ângela Cristina Fagundes Góes 352A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um ambiente que necessita de umaatenção especial, por ser marcado por fortes emoções, conflitos e sentimentos,envolvendo desde o ambiente em si mesmo até os integrantes: o bebê internado, os pais,demais familiares e a equipe de profissionais de saúde. Cada um deles apresenta grau devulnerabilidade, necessidades particulares e específicas que devem ser adequadamenteatendidas (1). A formação do laço familiar na UTIN Neonatal serve de base para um bomdesenvolvimento posterior do RN, e para isso, a mãe e o pai devem ser orientados aacariciarem e falarem com seu bebê, como faria normalmente, se ele não estivesseinternado em um hospital, uma vez que “[...] o toque faz parte do mecanismo de apego edeve ser incentivado de acordo com as condições do paciente.” (2). A equipe deenfermagem na UTIN deve incentivar o início desse contato dos pais com seu filhohospitalizado sem medo, ouvindo os temores, crenças e sentimentos relatados que podemadvir deste momento. Para isso, é necessário à equipe de enfermagem além decompetência técnico‐científico, compromisso social e ético, independentemente dosfatores que podem interferir neste processo. A partir dessas reflexões, surgiram asseguintes questões norteadoras dessa pesquisa: Quais as características da relaçãointerpessoal entre a equipe de enfermagem e família do RN hospitalizado em UTIN? Deque forma a relação interpessoal entre família e profissionais de enfermagem interfere naadaptação da mesma ao ambiente de uma UTIN? Qual a contribuição do processo de351Bacharel em Enfermagem pela Universidade Católica do Salvador, e‐mail izabelabzr@hotmail.com352Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Católica do Salvador, e‐mail:angelacfgoes@gmail.comISBN: 978-85-63901-04-0


comunicação interpessoal entre família e profissionais de enfermagem para incentivar efortalecer o vínculo da mesma com o neonato? Dessa forma, o estudo proposto tem comoobjetivo geral, conhecer a visão de familiares de neonatos internados em uma UTIN de umhospital público de Salvador (BA) sobre a relação interpessoal com a equipe deenfermagem responsável pelo cuidado e, como objetivos específicos, identificar ascaracterísticas da relação entre a equipe de enfermagem da UTIN e a família do neonato,na fala dos sujeitos; apontar como a relação interpessoal entre família e profissionais deenfermagem interfere na adaptação da mesma ao ambiente da UTIN, segundo os sujeitosda pesquisa; Relatar a partir da fala dos sujeitos pesquisados, as contribuições do processode comunicação interpessoal entre família e profissionais de enfermagem para incentivar efortalecer o vínculo da mesma com o neonato. Para alcançar os objetivos traçados, optousepelo método descrito com abordagem qualitativa. Os sujeitos desta pesquisa foram osfamiliares: mãe, pai ou responsável pelos recém‐nascidos internados na UTIN, queatendiam aos critérios de inclusão definidos no projeto de pesquisa: estar presente naUnidade nos dias da coleta de dados, e que concordaram em participar do estudo eassinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletadosatravés de um roteiro de entrevista semi‐estruturada, durante as quais foi utilizado umgravador para facilitar a coleta das informações, mediante consentimento prévio dossujeitos. Foram respeitados os princípios éticos que estabelece a Resolução 196/96 quetrata de pesquisa envolvendo seres humanos. Dessa forma o projeto referente a estapesquisa foi submetido para avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo SeresHumanos da Universidade Salvador, sendo aprovado através do protocolo nº 04.10.73. Emseguida, mediante a autorização da instituição lócus da pesquisa, a coleta de dados foiiniciada após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, pelos sujeitos. Epara preservar o anonimato dos participantes os mesmos foram denominados pela vogal“E”, referente a palavra entrevistado, acompanhada por um numeral natural. Osresultados mostram que no geral a maioria das entrevistadas estavam satisfeitas emISBN: 978-85-63901-04-0


elação ao processo de comunicação entre elas e os profissionais de enfermagem, apenasduas relataram insatisfação, alegando ouvirem piadinhas e poucas informações sobre odesenvolvimento dos seus RN’s. A comunicação deve ser realizada fazendo valer a lei eassegurando a cidadania, conforme está na constituição, deixando sempre claro aos paisque a equipe não será “substituta” ou “tios”, mas sim profissionais competentes ecompromissados que devem oferecer cuidados confortáveis e sem risco (3). Sobre arelação interpessoal entre a equipe de enfermagem da UTIN e a família do neonatoencontrou‐se as seguintes características: paciência, atenção, orientação e cuidado dasenfermeiras com as mães. Sendo assim observou‐se uma relação satisfatória que influenciapositivamente na adaptação da família ao ambiente da UTIN. A enfermagem deve estarinterligada com a família, ajudando a compreender e a enfrentar esse momento dedificuldade, contribuindo para o alivio do estresse e atuando também de maneira integralno cuidado (4). A visita dos pais deve ser incentivada tão logo possível, de modo que sejainstituído o processo de formação de vínculo. Assim um ambiente para ser humanizado,não deve preocupar‐se apenas com o acesso dos pais à UTIN e a formação do vínculodestes com seu filho, mas deve contemplar algumas estratégias: visitantes/familiares(devem possuir um guia de orientação para o conhecimento das rotinas e finalidades deuma UTIN e a importância do familiar na recuperação do paciente) (5). Os sujeitospesquisados afirmaram ainda sentir‐se motivados à enfrentar as dificuldades vividas peloRN em função da presença, atenção e cuidados recebidos pelos profissionais deenfermagem, o que contribuiu para aumentar o otimismo e fortalecer o vínculo com seusrespectivos filhos e relataram também, unanimemente, o incentivo da equipe deenfermagem à realização do toque das mães em seu RN. Dessa forma conclui‐se que defato humanizar é fazer boas ações, demonstrar ternura e respeito, ver e cuidar do outrocomo um ser total dotado de corpo, mente, emoção e espírito (6). O vínculo, se desenvolvepelo individuo a um parceiro, que por ser importante, ele deseja sua presença sempre,sendo um ser insubstituível. Assim, a interação entre os profissionais e a família,ISBN: 978-85-63901-04-0


proporciona um assistência na UTI Neonatal humanizada (7). O presente estudo pretendecontribuir com a reflexão sobre as relações interpessoais desenvolvidas no âmbito dasUTIN’s, envolvendo os profissionais de enfermagem. Contribuir também com a formaçãode futuros enfermeiros e principalmente para os enfermeiros que atuam na área deneonatologia e obstetrícia.Descritores: Neonatologia; Relações Interpessoais; Recém‐NascidoReferências1. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Políticas de Saúde, Área de Saúde da Criança,Atenção Humanizada no recém‐nascido de baixo peso: Método mãe‐canguru. Brasília:Ministério da Saúde, 2002.2. Silva MP; Reis AT. A importância do toque ao RN prematuro: reflexões familiares parauma prática humanizada. Rev. Latino‐americana de Enfermagem. Atlântica,v.6,n.1,p.6‐8,jan./fev.2007.3. Figueiredo N.M.A. Práticas de Enfermagem – Ensinando a Cuidar da Criança. Ed.YendisAS, 2005, p.156.4. Santos, M.C.L. et al. Sentimentos de pais diante do nascimento de um recém nascidoprematuro. Revista Enfermagem UFPE On Line, Recife, 2005.5. Nascimento, E.R.P.; Martins, J.J. Uma proposta para humanizar o cuidado deenfermagem aos pacientes e familiares nas unidades de terapia intensiva (UTI’s). Conhecerem Enfermagem. Tubarão/SC:v11, n.1, 2003, p. 15‐21.6. Nascimento, E.R.P.; Martins, J.J. Uma proposta para humanizar o cuidado deenfermagem aos pacientes e familiares nas unidades de terapia intensiva (UTI’s). Conhecerem Enfermagem. Tubarão/SC7. Lima, H.F; Lima, M.I; Rocha, L.S. Experiências de pais no cuidar de RN na UTI Neonatal:passando o meu amor, a minha força e a minha energia, ele se recupera mais rápido. 2004.Monografia – Universidade Católica de Goiás, Goiânia.ISBN: 978-85-63901-04-0


RELATO DE EXPERIÊNCIA DA CONTRIBUIÇAO DO GRUPO DE GESTANTES PARA OAUMENTO DA QUALIDADE NO CUIDADO COM O LACTENTE 353 .Diego Vieira de Mattos 354Ângela Cristina Bueno Vieira 355Instrodução: O estágio supervisionado tem como função principal, a inserção dograduando em Enfermagem no campo prático, de maneira que ele possa vivenciar arealidade do cotidiano dos profissionais, nos seus diversos campos de atuação. Duranteeste período, o discente passa pelas diversas áreas ligadas a grade do curso.As atençõesobstétricas e neonatais, estão ligadas as práticas do estágio supervisionado, onde busca‐sedesmistificar o modelo hospitalar como única via de atenção, trazendo comocaracterísticas essenciais a qualidade e a humanização. Uma vez profissionais de saúde,temos como parte do nosso trabalho: acolher com dignidade a mulher e o recém‐nascido,enfocando‐os como sujeitos de direitos. Considerando o outro como sujeito e não comoobjeto passivo da nossa atenção, trazendo este enfoque desde o pré‐natal, o que contribuipara a sustentação do processo de humanização ¹. A Assistência Pré‐Natal visa assegurarque cada gestação culmine no parto de um recém‐nascido saudável, sem prejuízos à saúde353Atividade realidade pelos alunos do curso de Graduação em Enfermagem, do EstágioSupervisionado II ‐ Universidade Salgado de Oliveira/Campus Goiânia, em parceria com a SociedadeEspírita João Nunes Maia (SEJOMA).354Aluno especial de Mestrado em Enfermagem na Saúde da Mulher pela FEN/UFG, Docente deEnfermagem em Terapia Intensiva pela Faculdade de Ceres (FACERES‐GO), Supervisor de Estágio emObstetrícia e Pediatria ‐ Universidade Salgado de Oliveira/Campus Goiânia: Rua 105‐B, nº 185 ‐ SetorSul, Goiânia – GO, CEP: 74080‐29. Tel: (62) 3238 3079 e (62) 8559 8462. E‐mail:diegovmattos@hotmail.com .355Mestre em Enfermagem, Coordenadora do Curso de Enfermagem ‐ Universidade Salgado deOliveira/Campus Goiânia: Rua 105‐B, nº 185 ‐ Setor Sul, Goiânia – GO, CEP: 74080‐29. Tel: (62) 32383079. E‐mail: angela.universo@yahoo.com.brISBN: 978-85-63901-04-0


da mãe. Consiste, em um trabalho preventivo, de identificação e/ou corrigir asanormalidades maternas ou fetais que afetam adversamente a gravidez, tendo ainda comoenfoque principal, promover um suporte psicológico adequado por parte do seucompanheiro, sua família e daqueles que a tem sob seu cuidado, incluindo os fatores sócioeconômicose emocionais; reforça‐se na instrução a paciente no que diz respeito àgravidez, ao trabalho de parto, parto, atendimento ao recém‐ nascido, bem como aosmeios de que ela pode se valer para melhorar sua saúde e especialmente na primeiragravidez, de forma que ela possa ser bem sucedida na sua adaptação à gravidez e diantedos desafios que enfrentará ao criar uma família.O período gestacional permeado deinformações, possibilitando uma interação entre o profissional de saúde com a gestante eaté mesmo, entre as gestantes. Este processo informativo e educativo em saúde tem sidovivenciado na prática do pré‐natal através dos grupos de gestantes. Grupos que tiveramcomo ponto de partida as unidades de básicas de saúde e hoje se estende a organizaçõesnão governamentais, que buscam trabalhar em parceria com o sistema de saúde ². Grupo éo conjunto restrito de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, earticuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, de forma explícita ouimplícita, a uma tarefa que constitui sua finalidade ³. Objetivos específicos: Descrever aexperiência vivenciada pelo docente e discentes durante o estágio supervisionado, naavaliando a contribuição do grupo de gestantes para o aumento da qualidade no cuidadocom o lactente nos 6 primeiros meses de vida; metodologia: O presente relato deexperiência, foi vivenciado pelo supervisor de estágio e alunos do estágio supervisionado IIna área da obstetrícia e Neonatologia da Universidade Salgado de Oliveira/Campus Goiânia– GO, através de um convênio com uma organização não governamental, de atendimentoem educação e saúde e suporte social a gestantes de baixo nível socioeconômico, nomunicípio de Aparecida de Goiânia – GO, no período de Fevereiro de 2008 a Julho de 2010.Os encontros foram realizados semanalmente, durante cada semestre, variando o númerode gestantes, totalizando no final do período 64 gestantes atendidas pelo grupo. OISBN: 978-85-63901-04-0


cronograma com as datas e as temáticas a serem trabalhados eram gerados antes doprimeiro encontro pela supervisão do estágio, juntamente com a representante oficial dainstituição não governamental. As atividades eram realizadas as quartas‐feiras, às 15 horas,onde contávamos com a presença de 6 acadêmicos do estágio supervisionado II, no qualera feito um rodízio da equipe de trabalho a cada 15 dias. As atividades giravam em tornode palestras de cunho teórico – prático, onde eram abordados os seguintes temas, comrelação ao lactente: Cuidados de higiene ao lactente, cuidados com o coto umbilical,aleitamento materno, vacinação, exames realizados no período neonatal e alterações napele do RN pelo uso de substâncias tóxicas. Depois de realizados os encontros no períododescrito acima, foram realizados dois encontros para a avaliação do trabalho e resultadosvivenciados por cada lactante submetida às orientações nos grupos, possibilitando assim aavaliação da nossa experiência. Todas as lactantes foram convidadas a participar dapesquisa, onde somente participaram aquelas no qual assinaram o Termo deConsentimento Livre e Esclarecido (Resolução 196/96 – Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde), ondeconheceram os objetivos da pesquisa bem como seus direitos como pesquisado.Resultados e discussões: Os resultados foram categorizados de acordo com a exposiçãodas lactantes durante os encontros avaliativos. Partindo de uma avaliação dascontribuições das atividades do grupo, como mediadores no cuidado com o lactente. Ospontos observados como parte de nossa experiência, como fatores que contribuíram paraa qualidade no cuidado com o RN, foram: quebra de paradigma cultural, redução do medodas primíparas no primeiro contato com o RN, aumento do nível de entendimento sobre oscuidados com RN, totalidade de amamentação exclusiva nos seis primeiros meses de vida.A gravidez é um período em que a gestante é permeada por medos, principalmenteaquelas que estão enfrentando a primeira gestação, no qual é dotado de um despreparopara o cuidado com o primeiro filho 4 . Com vista nas contribuições relatadas pelaslactentes, foi possível observar a relevância das atividades de grupo de gestantes para aredução da mortalidade neonatal, uma vez que de todas as gestantes que participaram dasISBN: 978-85-63901-04-0


euniões, todas amamentaram nos seis primeiros meses de vida como alimentaçãoexclusiva. O aleitamento materno deve ter início, o mais precoce possível, pois ele trásvantagens para a mãe e o filho. Esta amamentação deve ser exclusiva e de livre demandanos seis primeiros meses de vida da criança 5 . CONCLUSÃO: Durante toda elaboraçãodeste trabalho por 5 semestre, foi observado a relevância das reuniões do grupo degestante e suas contribuições para a melhoria na qualidade do cuidado prestados aoslactentes, pois no grupo as gestantes realizam atividades com pessoas que vivenciam osmesmos medos, paradigmas, por falta de conhecimento. A oferta de atividades quepossam propiciar a elevação do nível de conhecimento sobre os cuidados com o RN é capazde qualificar a futura mãe no que esta relacionado ao cuidado com o filho que virá, sendoassim contribui este relato de experiência contribuiu primeiramente para as gestantes quepuderam desfrutar de novos conhecimentos. A experiência desta atividade nos mostrouque o aumento do nível de conhecimento materno, sobre os cuidados com o RN é capaz dereduzir as taxas de mortalidade neonatal e este trabalho poderá contribuir ainda, comoagente de motivação para o trabalho dos profissionais de saúde que realizam grupos deeducação em saúde.Descritores: Gestantes e lactentes.Referências1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento deAções Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré‐natal e Puerpério:atenção qualificada e humanizada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria deAtenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministérioda Saúde, 2005.2. CAMPOS, I F; SARTORI, G. S.; VAN DER SAND, I. C. P. Grupos de gestantes efamiliares: uma alternativa de atenção interdisciplinar. [projeto de extensão doDepartamento de Ciências da Saúde,UNIJUÍ]. Ijuí: Universidade Regional do Noroeste doEstado do Rio Grande do Sul,Vice Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa, 2003.ISBN: 978-85-63901-04-0


3. PICHON‐RIVIÈRE, E. O Processo Grupal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.4. JENERAL, R B R. Vivendo um futuro incerto: a vivência da gravidez em umacomunidade. São Paulo, 2000, 189p. Dissertação (Mestrado), Escola de Enfermagem daUniversidade de São Paulo.5. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Iniciativa Hospital Amigo da Criança :revista, atualizada e ampliada para o cuidado integrado : módulo 3 : promovendo eincentivando a amamentação em um Hospital Amigo da Criança : curso de 20 horas paraequipes de maternidade / Fundo das Nações Unidas para a Infância, Organização Mundialda Saúde. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009.ISBN: 978-85-63901-04-0


RESPOSTAS MULTIDIMENSIONAIS DE DOR EM RECÉM‐NASCIDOS PREMATUROSSUBMETIDOS A PUNÇÕES VENOSAS PERIFÉRICAS PARA TERAPIA INTRAVENOSA.Ana Luiza Dorneles da Silveira 356Marialda Moreira Christoffel 357Introdução: O interesse em estudar a temática da dor foi despertada desde a graduaçãoquando exercia as funções de monitora da Disciplina Enfermagem Pediátrica na Escola deEnfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense (EEAAC/UFF). Nesteperíodo tive a oportunidade de conviver com crianças internadas na enfermaria pediátricado Hospital Universitário Antônio Pedro e com os procedimentos realizados diariamente, edentre eles a punção venosa periférica era o que mais me incomodava, pois observava queo estresse envolvendo o procedimento era intenso para a criança, para a família e para aequipe de enfermagem. Ao término da graduação, ingressei no mês de setembro do ano2000 através de concurso público em um hospital infantil no município de Niterói e medeparei com uma nova realidade, a de ter que cuidar de recém‐nascidos na unidade detratamento intensivo neonatal (UTIN).A dor é uma sensação inerente à vida de todo serhumano cumprindo com a função de proteção contra danos que possam ser causados porquaisquer lesões, sendo definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor –IASP¹ (1979), como uma “experiência sensitiva e emocional desagradável associada ourelacionada a lesão real ou potencial dos tecidos e cada indivíduo aprende a utilizar esse356Pós‐graduanda (Mestrado) em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN)/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Enfermeira Chefe da Enfermaria Pediátrica do HospitalGetúlio Vargas Filho. . Parte da dissertação de mestrado intitulada: Respostas multidimensionais dedor em recém‐nascidos prematuros submetidos a punções venosas periféricas para terapiaintravenosa. Endereço: Rua Salvatori nº130 apto 403. Centro. São Gonçalo‐RJ. Cep:24421‐005. Tel:(21)7837‐1007. Fax: (21)3119‐2503. E‐mail: aldornelesdasilveira@uol.com.br.357Doutora, Professora Adjunta e Chefe do Departamento de Enfermagem Materno‐Infantil da EEAN/UFRJ. Orientadora. Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem em Saúde daCriança/NUPESC. Rio de Janeiro.ISBN: 978-85-63901-04-0


termo através das suas experiências anteriores”. Dentre os procedimentos consideradosdolorosos para o recém‐nascido prematuro, a punção venosa periférica é o mais utilizadocomo prática hospitalar, envolvendo diretamente os profissionais de enfermagem queexecutam a técnica de punção venosa periférica ‐ inserção, manutenção e retirada,assegurando o sucesso do tratamento medicamentoso do recém‐nascido prematuro². Osobjetivos foram mensurar a dor do recém‐nascido prematuro (RNPT) submetido a punçõesvenosas periféricas com cateter sobre agulha para terapia intravenosa através das escalasperfil de dor do prematuro (PIPP) e escala de dor do neonato (NIPS) e comparar asrespostas multidimensionais à dor que os recém‐nascidos prematuros apresentam em trêsmomentos diferentes ao longo dos primeiros 15 dias de internação na UTIN. Metodologia:O presente estudo apresenta abordagem quantitativa, caracterizando‐se em um estudo decoorte, prospectivo em uma unidade de tratamento intensivo neonatal (UTIN) domunicípio do Rio de Janeiro. O estudo foi realizado após a autorização da Instituiçãocenário do estudo e após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da SecretariaMunicipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro sob o número de protocolo 38/10 eCAAE: 0038.0.314.314‐10, sendo respeitada a Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> deSaúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Foi uma amostra de conveniência com39 recém‐nascidos prematuros, sendo divididos em dois grupos através do dispositivovenoso utilizado para infusão da terapia intravenosa no momento da admissão. Vinte enove (29) recém‐nascidos prematuros submetidos a punção venosa periférica com catetersobre agulha no momento da internação foram designados no grupo punção (GP) e 10recém‐nascidos prematuros que receberam cateter umbilical venoso ou central periférico(PICC) foram designados no grupo fralda (GF). As variáveis independentes do estudo forama punção venosa periférica com cateter sobre agulha e a troca de fraldas. A variáveldependente analisada foi a dor. Os grupos foram observados em três momentos diferentespor um período de 15 dias. O primeiro momento ocorreu nas primeiras 24 horas deinternação, sendo definido neste momento o grupo ao qual o recém‐nascido prematuroISBN: 978-85-63901-04-0


seria designado. O segundo momento ocorreu entre dois e treze dias de internação e oterceiro momento entre seis e quinze dias de internação. O intervalo longo entre osmomentos foi devido a punção venosa periférica ter ocorrido conforme a necessidade decada RNPT, pois não foi feito procedimento específico para a pesquisa. As co‐variáveis doestudo foram descritas em uma ficha inicial e de seguimento onde todos os procedimentosconsiderados dolorosos realizados na amostra concomitantemente aos selecionados comovariáveis foram registradas para posterior análise. Foi utilizado o programa SPSS 17.0 paraa digitação dos dados coletados e distribuição em freqüência simples e percentual paracaracterização da amostra. As variáveis e co‐variáveis foram comparadas pelo testeestatístico de probabilidade exata de Fisher que permite a comparação entre asfrequencias observadas³, sendo considerado significativo o valor de p menor ou igual a0,05. Os resultados encontrados no primeiro momento apontaram para uma significânciaestatística no suporte ventilatório (p=0,00), nos procedimentos de punção venosa comcateter sobre agulha (p=0,00), punção venosa para coleta de sangue (p=0,05), cateterumbilical venoso (p=0,00) e intubação orotraqueal (p=0,001). A medida não farmacológicamais utilizada foi o uso de glicose 25% pelo grupo punção e houve significância estatísticana escala NIPS (p= 0,039). No segundo momento o suporte ventilatório continuouapresentando significância estatística (p=0,014) assim como os procedimentos de punçãovenosa com cateter sobre agulha (p=0,00), cateter umbilical arterial (p=0,013) e venoso(p=0,00). As medidas não farmacológicas apontaram maior freqüência para o uso deglicose 25% (p= 0,00) e a escala NIPS apresentou significância estatística ( p=0,00). Noterceiro momento houve significância no suporte ventilatório (p= 0,001) e nosprocedimentos de sonda oro/nasogástrica, cateter venoso central de inserção periférica(p= 0,004), cateter umbilical venoso (p=0,00) e instalação do CPAP nasal (p= 0,005). Nestemomento houve significância nas escalas NIPS (p= 0,00) e PIPP (p=0,005). Conclusões Osescores de dor obtidos através da observação não participante quando comparados osgrupos apontaram para um aumento da dor no GP evidenciado pela escala NIPS e umISBN: 978-85-63901-04-0


aumento da dor leve definida pela escala PIPP do primeiro para o segundo momento, comredução do segundo para o terceiro, pois houve aumento crescente nos momentosobservados da dor intensa. Portanto, os dados obtidos com a comparação dos grupossugerem claramente que a hipótese formulada no estudo foi confirmada, pois conforme otempo de internação prolongado, o uso do cateter venoso periférico sobre agulha paraterapia intravenosa é danoso e proporciona dor no RNPT. Mesmo com evidências do usode glicose oral 25% pelo estudo no procedimento, o mesmo não parece se mostrar efetivono alívio da dor em procedimentos como a punção venosa periférica com cateter sobreagulha, talvez pelo motivo de não estar sendo realizado de forma adequada, visto que aunidade não apresenta protocolo de dor, ou talvez pela própria ineficácia da glicose oralneste estágio de internação, onde o RNPT já se encontra bastante estimulado. Osresultados obtidos no GF apresentaram três RNPTs com dor leve, o que pode ser justificadopela realização de procedimentos considerados dolorosos concomitantemente aos queforam observados no estudo e sugerindo que os mesmos estejam apresentando alodinia.Contribuições/implicações para a enfermagem: O estudo evidenciou a necessidade deobter melhores resultados assistenciais ao recém‐nascido prematuro, que se encontrapermanentemente exposto aos cuidados na UTIN. Os cuidados centrados nodesenvolvimento do RNPT 4 são necessários a fim de proteger o mesmo contra os danoscausados pelo ambiente da UTIN, refletindo‐se futuramente. Cabe sugerir que seja criadoum grupo de terapia intravenosa nas unidades com a finalidade de elaborar protocolos nainstituição e direcionar as escolhas dos dispositivos com vistas a prevenir o desgaste doprofissional e paciente que é permeado pelas inúmeras tentativas de punção venosaperiférica quando se fazem necessárias. De acordo com a INS 5 (2006), as equipes de terapiaintravenosa tem como objetivos oferecer suporte técnico aos profissionais envolvidos noprocesso da terapia intravenosa considerando a individualidade do paciente, supervisionaros profissionais durante o processo de implantação de um dispositivo venoso central,promover educação permanente e treinamento dos profissionais e padronizar a práticaISBN: 978-85-63901-04-0


através de protocolos institucionais, assim como monitorar o cumprimento das normas,promover um feedback para a instituição e avaliar novas tecnologias; acompanhar edivulgar o controle de infecção em parceria com o setor responsável e desenvolver epublicar pesquisas científicas. Assim, seria viável o avanço constante em questõesrelacionadas a terapia intravenosa e dor nesta clientela frágil e dependente dos cuidadosdo profissional de enfermagem.Descritores: Prematuro, Dor, Punções.Referencias:1‐Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP). Subcomitê de taxonomia. Painterms: a list with definitions and notes usage. Pain. Amsterdan, n. 46, p. 249‐52. 1979.2‐ Silva, G. R.G. Da; Nogueira, M. De F. H.Terapia intravenosa em recém‐nascidos:Orientações para o cuidado de enfermagem. Rio de Janeiro(RJ): Cultura médica; 2004.3‐ RODRIGUES.P. Bioestatística. 3ª edição aumentada. Rio de Janeiro, Niterói. EDUFF, UFF,2003.4‐ KENNER, C; McGRATH, J. M. Developmetal Care of Newborns & Infant : a guide forhealth professional. Mosby. 2004; 5‐ INFUSION NURSES SOCIETY. Infusion NursingStandards of Practice. Journal of Infusion Nursing. The Official Publication of the InfusionNurses Society. V. 29 (1S): S1‐S92. January/February. 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


RISCOS EXTRÍNSECOS E PROCEDIMENTOS INVASIVOS ENCONTRADOS NOS RECÉM‐NASCIDOS NA UTI NEONATALIara Chaves Ribeiro 358Beatriz Gerbassi Costa Aguiar 359Introdução: As complicações que surgem durante a gestação, podem deixar em risco ocrescimento do feto, contribuindo para o nascimento antes do tempo econsequentemente a internação do recém‐nascido na unidade de terapia intensivaneonatal (UTIN). Inúmeros são os fatores de risco que predispõem os recém‐nascidosquando internados na UTIN, principalmente os riscos relativos aos procedimentosinvasivos, o que aumenta a possibilidade de complicações infecciosas, que por vezes, podeser fatal nessa faixa etária. Os fatores de risco extrínsecos predisponentes as infecçõeshospitalares agrupam todos os procedimentos realizados nos recém‐nascidos. A assistênciaoferecida aos recém‐nascidos de risco internados na UTIN está associada a elevadosíndices de morbimortalidade, o que exige da equipe multiprofissional uma atençãoredobrada e atualização de suas habilidades e conhecimentos científicos. A rotina deserviço da unidade é bastante diferenciada, envolvendo técnicas minuciosas, onde alavagem das mãos dos funcionários é imprescindível, antes e após o contato com o recémnascido,com a finalidade de proteger os mesmos na prevenção e o controle das infecçõeshospitalares. Nessa unidade observa‐se o avanço tecnológico com equipamentos emateriais com utilização definida, que devem estar em perfeitas condições defuncionamento. Os recém‐nascidos prematuros são os grandes usuários da UTIN, recebema maior parte dos procedimentos invasivos, passam um longo período internados, e358Enfermeira. Mestre em enfermagem pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro‐UNIRIO/email: iaracribeiro@ig.com.br359Enfermeira. Prª Drª em enfermagem da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro‐UNIRIOISBN: 978-85-63901-04-0


consequentemente, tornam‐se predispostos a complicações infecciosas que podem leválosao óbito, refletindo no aumento do número de mortes por causas preveníveis. Asinfecções hospitalares são consideradas preveníveis, e um desafio para os profissionais desaúde, principalmente os que trabalham na UTIN que cuidam de recém‐nascidosextremamente frágeis, onde qualquer tipo de agressão é considerado um risco empotencial. A medida que aumenta a sobrevida dos recém‐nascidos prematuros, aumentamos riscos de adquirir doenças relacionadas ao tempo de exposição na unidade e a infecçõeshospitalares. Observa‐se que os profissionais de saúde procuram manter a melhorqualidade assistencial na unidade, uma compreensão clara do seu cliente, foco de seucuidado, principalmente no tocante as práticas de prevenção e controle de infecçãohospitalar. Este estudo traz reflexões, apontando questões importantes para a investigaçãodos fatores de risco extrínsecos envolvidos nos cuidados aos recém‐nascidos prematuros ecom isso predispondo‐os a complicações infecciosas. Objetivo: Neste sentido foi traçado oobjetivo de conhecer os fatores de risco extrínsecos predisponentes a infecção hospitalarna ocorrência do óbito neonatal. Método: Trata‐se de um estudo descritivo, retrospectivo,com abordagem quantitativa dos prontuários dos óbitos de recém‐nascidos, ocorridos noperíodo de junho de 2006 a junho de 2009 na UTIN de um Hospital Universitáriopertencente a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. A amostra do estudo foiconstituída por 29 prontuários de óbitos de recém‐nascidos, com até 28 dias de vida,prematuro com até 37 semanas de idade gestacional. A coleta de dados foi realizadaatravés de um instrumento tipo check‐list onde os seguintes fatores de risco foramidentificados nos prontuários: uso de cateter central, uso de nutrição parenteral, uso deventilação mecânica, uso de cateter vesical, uso de antibiótico, resultados bacteriológicospositivos e agentes etiológicos. O projeto foi avaliado pelo comitê de ética e pesquisa dainstituição pesquisada, aprovado sob o número de protocolo 2324/HUPE. Resultados: Noque se refere ao uso de Nutrição Parenteral Total (NPT), esta foi utilizada por 65,5% dosrecém‐nascidos, durante os 28 dias de internação. Com relação ao uso de cateter central,ISBN: 978-85-63901-04-0


82,8% dos recém‐nascidos utilizaram o dispositivo, seja através de punção periféricacentral (PICC), inserido através dos vasos umbilicais ou ainda através de flebotomias. 79,3%dos recém‐nascidos que evoluíram para o óbito na UTIN, utilizaram ventilação mecânicacomo um suporte de vida. Na utilização de cateter vesical, 20,7% dos recém‐nascidosutilizaram o dispositivo para o monitoramento da diurese. A Nutrição Parenteral Total(NPT), esta é inserida na terapia dos recém‐nascidos de forma rotineira, uma vez que amaioria da clientela é de prematuros e possui uma impossibilidade de oferta de alimentopor via enteral, entretanto, trata‐se de um procedimento que possui riscos decontaminação na sua preparação, manutenção e administração. Como é descrito naliteratura, NPT consiste em solução ou emulsão composta basicamente de carboidratos,aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada emrecipiente de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientesdesnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese oumanutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. Os cateteres centrais são comumenteutilizados nas UTIN, devido ao longo tempo de internação dos recém‐nascidos e a terapiaproposta, o que predispõe o recém‐nascido à infecção hospitalar. As taxas de infecções decorrente sanguínea relacionadas ao cateter central variam de acordo com as instituições,protocolos estabelecidos, tipo de pacientes, local de inserção do cateter, manutenção esoluções por eles infundidas, que devem ser livres de contaminação. Este estudo mostraque apenas duas pontas de cateteres apresentaram crescimento de germes em culturas.Como todos os dispositivos invasivos, os cateteres centrais apresentam uma das maiorestaxas de complicações infecciosas. Na UTIN esse dispositivo é motivo constante depreocupação, por ser considerado um dos fatores que deixam os recém‐nascidospredispostos a adquirir infecção hospitalar, e que na ausência dos cuidados adequados nasua manipulação pode se tornar uma porta de entrada para microorganismos causadoresde infecção. A ventilação mecânica trata‐se de uma prática habitual na UTIN. Por ser umaclientela de prematuros, seu organismo ainda imaturo, deixa incapaz também a sua parteISBN: 978-85-63901-04-0


espiratória, necessitando de suporte ventilatório. Uma das complicações envolvendo aventilação mecânica é a pneumonia, que é considerada infecção hospitalar quando surgeapós 48h de utilização do dispositivo. O cateter vesical não é uma prática habitual na UTIN,entretanto, em crianças extremamente graves, o monitoramento através do cateter dodébito urinário tem uma importância fundamental. De outra maneira seria monitoradoatravés de peso de fraldas descartáveis, o que possui muitas variações. Conclusão: Osfatores de risco que envolve os cuidados prestados aos recém‐nascidos prematurosinternados na UTIN, estão associados diretamente a todos os procedimentos no decorrerda internação dessas crianças. Esses procedimentos vão desde os mais simples até os maisinvasivos, que deixam os recém‐nascidos predispostos a infecção hospitalar. Na medida emque avança o tempo de internação dessas crianças, procedimentos tornam‐se necessáriosna tentativa de recuperar a estabilidade de seu organismo. A responsabilidade em todo oprocesso de realização dos procedimentos cabe ao profissional, ou profissionais querealizam a técnica, entretanto, a manutenção e os cuidados com manipulações é deresponsabilidade de todos os profissionais que atuam na unidade. A enfermagem possuiuma grande parcela nessa responsabilidade, tanto por ser o profissional que mais manipulaos recém‐nascidos, quanto os dispositivos utilizados por eles durante a internação na UTIN.A importância da qualificação dos profissionais envolvidos na assistência aos recémnascidosimplica em um resultado de maior qualidade em todo o processo de internaçãodessas crianças. Entretanto, deve‐se conhecer os riscos existentes em cada procedimentorealizado nos recém‐nascidos principalmente aqueles internados na UTIN, evitando queestes se tornam os principais causas de infecção hospitalar.Descritores: Unidades de terapia intensiva neonatal, Fatores de risco, infecção hospitalar.ReferênciasISBN: 978-85-63901-04-0


1. Mussi‐Pinhata Marisa M., Rego Maria A. C.. Particularidades imunológicas do pré‐termoextremo: um desafio para a prevenção da sepse hospitalar. J. Pediatr. (Rio J.). 2005, vol,81(1): 59‐68.2. Zanon, Uriel. Qualidade da Assistência Médico‐Hospitalar: Conceito, avaliação ediscussão dos indicadores de qualidade. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 2001, 205 p.3. Duarte José Luiz Muniz Bandeira, Mendonça Gulnar Azevedo Silva. Avaliação dos óbitosneonatais em recém‐nascidos de muito baixo peso em quatro maternidades no Municípiodo Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2005, vol.21(2): 387‐395.4. Ramos, Helena Ângela de Camargo; Cuman, Roberto Kenji Nakamura. Fatores de riscopara prematuridade: Pesquisa documental. Esc Anna Nery. Rer. Enferm. 2009 ; 13 (2) 297‐304.5. Nomura Marcelo Luís, Passini Júnior Renato, Oliveira Ulysses Moraes, Calil Roseli.Colonização materna e neonatal por estreptococo do grupo B em situações de ruptura prétermode membranas e no trabalho de parto prematuro. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2009,vol.31(8): 397‐403.6. Brito Angela Sara J de, Matsuo Tiemi, Gonzalez Maria Rafaela C, Carvalho Ana Berenice Rde, Ferrari Lígia S L. Escore CRIB, peso ao nascer e idade gestacional na avaliação do riscode mortalidade neonatal. Rev. Saúde Pública. 2003, vol.37(5): 597‐602.7. Goulart Ana Paula, Valle Caroline Fraga, Dal‐Pizzol Felipe, Cancelier Ana Carolina Labor.Fatores de risco para o desenvolvimento de sepse neonatal precoce em hospital da redepública do Brasil. Rev. bras. ter. intensiva. 2006, vol.18 (2): 148‐153.8. Egewarth Cristiane, Pires Fernanda Dias Almeida, Guardiola Ana. Avaliação da idadegestacional de recém‐nascidos pré‐termo através do exame neurológico e das escalasneonatais e obstétrica. Arq. Neuro‐Psiquiatr. 2002, vol.60(3B): 755‐759.ISBN: 978-85-63901-04-0


ROTINAS E CUIDADOS NA MANUTENÇÃO DO CATETER VENOSOCENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC) EM NEONATOS:VISÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM 360 Cristiane Godoy 361Lenir Cauduro 362Introdução: O Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) é um cateter venoso central deacesso periférico com a ponta localizada em uma veia central para terapia intravenosa delonga permanência 1 . O avanço tecnológico introduziu o uso do PICC na Neonatologia ebeneficiou neonatos pré‐termos de muito baixo peso e extremo baixo peso que necessitamde terapia venosa de longa duração, possibilitando, assim, qualidade de vida na UTINeonatal. Considerado imprescindível pela equipe de saúde, existe a preocupação com amanutenção de um acesso seguro que possibilite uma terapêutica com eficácia e o mínimode complicações, minimizando, assim, a dor e o estresse causados por punções. Acomplexidade da UTI Neonatal, as novas tecnologias e o cuidado humanizado ao neonatotêm colaborado na intenção de salvar bebês gravemente doentes. Existe um grandedesafio para os profissionais que atuam nessa área; assim, tornou‐se relevante conhecercomo os técnicos de enfermagem em uma UTI Neonatal fazem o cuidado do cateter e qualé o benefício para o neonato, bem como para o próprio cuidador. Este estudo origina‐se doTrabalho de Conclusão do Curso de graduação em Enfermagem, apresentado ao Centro360Extraído do Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, apresentado emdezembro 2008 ao Centro Universitário Metodista (IPA) Porto Alegre‐RS‐BR.361Aluna do curso de Especialização em Neonatologia do Centro Educacional São Camilo, Porto Alegre‐RS, e‐mail: enfagodoymello@hotmail.com.362Mestre em Enfermagem. Especialista em Enfermagem Pediátrica e Neonatal. Enfermeiraassistencial da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.Professora das disciplinas de Saúde da Criança e Internato do Centro Universitário Metodista deEducação do Sul (IPA), Rio Grande do Sul, Brasil (Orientadora).ISBN: 978-85-63901-04-0


Universitário (IPA), Porto Alegre‐RS, em dezembro de 2008. Objetivo: Conhecer apercepção do técnico de enfermagem frente aos cuidados e à manutenção do CateterCentral de Inserção Periférica (PICC) nos neonatos internados em UTI Neonatal.Metodologia: Trata‐se de um estudo de caráter qualitativo e descritivo.² Os participantesdo estudo foram 15 técnicos de enfermagem, que atuam na UTI Neonatal de um Hospitalescola de Porto Alegre – RS, no qual é preconizado atendimento 100% SUS. A abordageminicial para a inclusão dos participantes no estudo ocorreu após a aprovação do Comitê deÉtica e Pesquisa do (GHC) onde foi registrado sob o protocolo nº. 137/08. Ainda, respeitousea Resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde 3 . A coleta de dados foi realizadaatravés da aplicação de um questionário com perguntas abertas, respondido por escritoapós as instruções dadas pela própria pesquisadora. Os dados foram coletados desetembro a dezembro 2008. A análise dos dados foi realizada pelo processo de Análise deConteúdo 4 , o qual emergiu das respostas dos questionários respondidos pelosparticipantes. Resultados: Foram identificadas cinco categorias denominadas: AvançoTecnológico na Terapia Endovenosa, Patologia X PICC, Atribuição da Perda do Cateter,Cuidados Gerais e Dúvidas na Manutenção de Cateter. Conclusões: O local de estudo éconsiderado como referência quanto à utilização do PICC. Sendo esta uma técnicaevolutiva que facilita a internação dos neonatos e dos participantes que manuseiam esteacesso, percebe‐se que há dúvidas a serem esclarecidas como foram relatadas no estudo.Os 15 participantes concordaram que o PICC é um avanço tecnológico, e sabem aimportância de um acesso seguro de fácil inserção. Observa‐se que os entrevistadosentendem a importância sobre a preservação do acesso, e a importância para arecuperação do neonato. Sabe‐se que a manipulação excessiva para punções venosas doneonato causa estresse e dor, devido à sensibilidade da pele e à recepção de estímulostáteis, térmicos e dolorosos. 5 Os participantes acreditam que a patologia de base doneonato não tem influência no cuidado da manutenção com o PICC, mas reconhecem ascomplicações que poderão ocorrer no ponto de inserção do cateter, como por exemploISBN: 978-85-63901-04-0


contaminação por fungos ou bactérias; a remoção do cateter, neste caso, deverá ser feitapelo enfermeiro. Evidentemente, os sujeitos têm conhecimento de quando a complicaçãoapresentda pelo neonato é uma infecção relacionada a outros eventos provinientes dahospitalização. Os itens mais relacionados à perda do cateter é a não salinização dodispositivo, e a fixação inadequada. Estudos apontam o uso de solução fisiológica elavagem por turbilhonamento com seringa de 10 ou 20 ml para facilitar a permeabilidadedo cateter. 6 Alguns participantes apresentaram dúvidas a respeito desse cuidado, o quepoderá ser resolvido através de discussões no grande grupo para provocar mudanças deatitudes em prol do próprio desenvolvimento do cuidado do neonato e a satisfação docuidador. As dúvidas relevantes foram em relação ao tempo de permanência do PICC,rotinas de salinização, e o motivo da contraindicação do uso de seringa de menor calibre.Os participantes concordaram ao relatar sobre a atualização dos técnicos para um melhorentendimento na utilização e manutenção do PICC. Referente à Educação Permanente aequipe transcende, torna‐se colaborativa, uma equipe mais empenhada para construçãode um atendimento mais humanizado. O sucesso da Educação Permanente na UTINeonatal poderá ocorrer por meio de uma estratégia motivacional na qual é medido oaumento da produtividade e dos benefícios da organização e o crescimento pessoal, quemotiva o Técnico de enfermagem a novamente realizar alguma coisa. Acredito que amotivação é algo intrínseco, é único de cada ser, no entanto acaba progredindo ou não,dependendo de como é gerenciada a motivação organizacional. Contribuições eimplicações para a Enfermagem: Este estudo apontou que, apesar da tecnologia salvarprematuros extremos, ainda se discute sobre as indicações e contraindicações do uso doPICC. É providencial a utilização do cateter central de inserção periférica não somente paraneonatos que necessitam de terapias endovenosas, mas para neonatos pré‐termos, pré epós‐operatório que precisam ser internados numa unidade de terapia intensiva. Osprocedimentos de enfermagem relacionados a cuidados e manutenção de cateteresvenosos centrais devem ser manipulados por pessoas capacitadas para realizar o cuidado.ISBN: 978-85-63901-04-0


É imprescindível intensificar a Educação Permanente em relação ao uso e à manutenção doCateter Central de Inserção Periférica no serviço de Neonatologia por meio de grupos dediscussões em horário de serviço nas quais a equipe de enfermagem possa trocarexperiências em relação ao uso e manutenção do Cateter. É importante proporcionar àequipe cursos, seminários e congressos que divulguem novas tendências no cuidado docateter, provocando a motivação no ato de cuidar. As chefias de serviço envolvidas têm opapel de incentivar a equipe que atua neste cenário a buscar atualização em relação aocuidado do neonato que faz uso do PICC, a revisar e adaptar o protocolo institucional parao manejo do PICC sempre que necessário e a trocar experiências com profissionais deoutros serviços que utilizam o Cateter Central de Inserção Periférica.Descritores: Cateterismo Venoso Central, Recém‐Nascido, Equipe de Enfermagem.Referências1. Kalinowski CE, organizador. Programa de atualização em enfermagem: saúde da criançae do adolescente. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2007.2. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas; 2008.3. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho <strong>Nacional</strong> de Saúde. Diretrizes e normasregulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos ‐ Resolução 196/96. Brasília, DF:Ministério da Saúde; 1996. Disponível em:. Acesso em: 03 jun. 2008.4. Gomes R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: Minayo MCS. Pesquisa social:teoria, método e criatividade. 26. ed. Petrópolis: Vozes; 2007. p. 79‐108.5. Tamez RN, Silva MJP. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém‐nascido de altorisco. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.6. Marquis BL, Huston CJ. Administração e liderança em enfermagem. 4. ed. Porto Alegre:Artmed; 2005.ISBN: 978-85-63901-04-0


(RE) CONHECENDO A PARTICIPAÇÃO MASCULINA NO MÉTODO MÃE‐CANGURU: UMAINTERFACE COM A PRÁTICA ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM.Nicole Dias dos Santos. 363Maria Estela Diniz Machado 364 .A Atenção Humanizada ao Recém‐Nascido de Baixo Peso, também conhecida comoMétodo Mãe‐Canguru (MMC), emerge no Brasil como uma proposta de assistência voltadaao bebê, porém integrada à atuação familiar. Por constituir‐se de uma metodologia, possuiembasamento teórico e ordenação das ações, demandando uma equipe de saúdeespecialmente qualificada para exercê‐la, sendo capaz de orientar à família nos cuidados àcriança. Essas recomendações foram idealizadas como o mínimo ideal para a tomada decondutas que efetivem a humanização da assistência ao neonato de baixo peso,objetivando maior apego, incentivo ao aleitamento materno e melhor desenvolvimento dacriança, incluindo‐se o manejo familiar¹. Por ser a única que é capaz de abranger a síntesedo Método‐Canguru, ou seja, a tríade amor, calor e aleitamento materno, a mulher setornou a personagem principal dessa metodologia². No entanto, ela passa por dilemasligados principalmente à fase hospitalar do cuidado canguru, como a existência de outrosfilhos em casa, a preocupação em manter a produção de leite e a amamentação exclusiva,perdas em gestações anteriores, dificuldade em acostumar‐se a dormir na posição semisentadae limitações quanto à participação do pai e de outros parentes no método³. Cercade 66,67% das mães se cansam freqüentemente, ressaltando mais uma vez a importânciado apoio familiar na realização do MMC desde o período de internação da criança 4 . Essametodologia assistencial é desenvolvida em três etapas, e é notável que em todas elas a363Enfermeira. Bacharel pela Escola de Enfermagem da FTESM. Treinanda do setor materno‐infantil doHospital Universitário Pedro Ernesto. nic.nds@gmail.com364Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela UERJ. Docente do Departamento de EnfermagemMaterno‐Infantil da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, UFF.ISBN: 978-85-63901-04-0


colaboração masculina pode se fazer presente. Apesar do posicionamento canguru poderser feito por qualquer adulto treinado para tal 5 , a figura da mulher prevalece, sendo aparticipação masculina uma exceção. Percebendo os benefícios que podem ser geradospor esse procedimento e seu alcance além do binômio mãe e filho, delineou‐se comoobjeto do presente estudo a participação do homem no posicionamento canguru durante asegunda fase do Método sob à luz da prática assistencialista de Enfermagem. Porconseguinte, o corrente estudo teve como objetivo geral apreender como é gerada ainclusão do homem nesse processo sob a orientação da equipe de Enfermagem. Osobjetivos específicos responderam por: 1) Identificar a figura masculina que mais realizaessa técnica durante a segunda etapa do Método‐Canguru; 2) Evidenciar as estratégias queos profissionais de Enfermagem se utilizam para tornar viável a participação masculina noposicionamento Canguru; 3) Desvelar o significado que os profissionais de Enfermagematribuem à participação do homem nesse processo. A escolha por esses três objetivos sedeu com o intuito de abranger o lado material e o subjetivo da prática assistencial dessaequipe. Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa descritivo‐exploratória, do tipo Estudo deCaso, com abordagem qualitativa. Os sujeitos foram oito profissionais da equipe deEnfermagem envolvida diretamente no manejo do MMC, incluindo uma enfermeira e setetécnicos de enfermagem. O cenário do estudo foi o Alojamento Canguru de umamaternidade‐escola, localizada na cidade do Rio de Janeiro. As técnicas de coleta de dadosforam a entrevista semi‐estruturada e a observação assistemática, com o auxílio de umdiário de campo. O registro das respostas foi feito através de um gravador media playerversão quatro (mp4), sendo o informante previamente esclarecido do seu uso antes dotranscorrer da entrevista. Posteriormente, as falas foram transcritas para manter afidedignidade das informações obtidas. Para tratamento dos dados foi utilizada a análisetemática, enquanto técnica que compõe análise de conteúdo. Em atenção aos aspectosético‐legais, este estudo não trouxe riscos físicos e/ou psíquicos para os participantes, oacesso à proposta e ao andamento da pesquisa, bem como outros direitos foramISBN: 978-85-63901-04-0


garantidos aos sujeitos através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Oanonimato dos sujeitos foi garantido através da substituição de seus verdadeiros nomespor pseudônimos referentes aos planetas que compõem o nosso sistema solar. O projetofoi submetido à avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da própria instituição, sendoaprovado em 26 de abril de 2010 e protocolado sob o número 20/2009. Resultados eDiscussão: Mediante codificação das unidades temáticas surgiram quatro categorias: 1)Evidenciando os fatores que interferem negativamente na realização do MMC pelo gêneromasculino, na qual foram apontados como causa, a indisponibilidade de tempo parapermanecer junto ao filho especialmente por trabalhar, a falta de destreza em lidar com acriança e o constrangimento por estar em um ambiente majoritariamente feminino. 2)Encontrando facilidades na realização do MMC pela figura masculina, onde apesar de doismembros dessa equipe terem manifestado não encontrar nenhuma facilidade quanto àparticipação masculina na metodologia, os outros profissionais reconheceramcaracterísticas positivas, algumas relativas à interação familiar, responsável por estimularesse homem a querer fazer parte do programa, outras em decorrência da facilitação porparte da instituição quanto ao horário de visita ampliado e por fim, àquelas relacionadasaos traços específicos da personalidade desse homem que favorecem sua integração aocuidado Canguru. 3) Conhecendo as estratégias utilizadas para garantir a participação dogênero masculino no MMC, na qual se constatou que os artifícios usados são em parteembasados tanto no afeto entre o recém‐nascido e sua família, quanto englobandosomente o afeto entre o bebê e o indivíduo do sexo masculino que colabora nesseprocesso, além de outra importante ferramenta, traduzida pelo diálogo bem estruturadoentre a enfermagem e a família. 4) Desvelando o significado da participação do homem noMMC, que por sua vez, foi apresentado por determinados membros da equipe deenfermagem envolvida com enfoque ao bebê e por outros com enfoque na mãe.Conclusão: Em síntese, observa‐se que na maternidade estudada, a efetiva participaçãomasculina no MMC não é uma constante e o foco da mesma se concentra limitadamenteISBN: 978-85-63901-04-0


na figura do pai. Entretanto, a prevalência da figura paterna se justifica pelo esforço dosmembros da equipe de enfermagem em fortalecer o vínculo afetivo entre pai e filho,fazendo deste um objetivo primordial em comparação a propiciar um maior contato dobebê com outros membros da família, na tentativa de otimizar o tempo que os doispossuem juntos. Os aspectos que influem negativamente na participação masculina noMMC, apesar de evidenciados, foram vistos pelos profissionais como superáveis. Por outrolado, o discurso dos profissionais entrevistados também demonstra que os paisreconhecem as vantagens da metodologia e sentem prazer em realizá‐la, quando orelacionamento familiar, sua vontade e habilidade em praticá‐la, assim como a organizaçãoinstitucional quanto ao amplo horário de visitação a favorecem. Ainda nessa instância,outro fator que atua como grande facilitador é o diálogo que a equipe de enfermagemestabelece quando algum pai manifesta interesse ou participa realmente do método.Outrossim, percebe‐se que os sujeitos do estudo não só reconhecem as facilidades que seapresentam diante da realização do MMC pelo pai, como também as transformam embase para as estratégias que tornam isso possível. Por fim, a investigação a respeito dasignificância que a participação masculina no Canguru possui para a equipe deenfermagem aparece atrelada ao suporte físico e emocional que o pai pode oferecer oracom enfoque ao bebê, ora à mãe, fortalecendo o elo familiar que reside nessa cooperação.Contribuições/Implicações para a Enfermagem: Por mais que os resultados mostrem que,de fato, a participação masculina efetiva no MMC perpassando pelos prazeres e pelasdificuldades de sua prática, pode ser considerada uma raridade, a realização dessapesquisa permitiu a constatação de que os membros da equipe de enfermagem sãoengajados com a metodologia que é proposta, mesmo enfrentando barreiras como, porexemplo, a existência de outros profissionais que são resistentes à ideologia do Canguru,mesmo após dez anos de sua implantação na instituição‐cenário, pautada em vitóriascomprovadas. Esse tipo de achado emerge como um estímulo à Enfermagem perante umdos maiores desafios que ela possui, isto é, transformar a multidisciplinaridadeISBN: 978-85-63901-04-0


fragmentada em interdisciplinaridade, estreitando laços que potencializem as virtudes decada profissão em prol da construção de relações que busquem a harmonia e a ética nocuidar. Além dessas contribuições, o estudo trouxe uma ampla revisão teórica, permitindoo desenvolvimento de outros que em conjunto terão inserção na formação e na assistênciaprestada, devido a sua aplicabilidade na prática de Enfermagem. Através dos resultadostambém foi possível identificar os valores que permeiam o cotidiano da Enfermagem noque tange à realização concreta do Método Mãe‐Canguru de acordo com os princípios deintegralidade e humanização que a definem, fornecendo subsídios ao desenvolvimento deatitudes que respeitem a grandiosidade da nossa condição humana.Descritores: Recém‐nascido de baixo peso. Prematuro. Cuidado de Enfermagem.Referências1. Ministério da Saúde. Portaria nº. 693, de 5 de julho de 2000. Brasília (DF): Ministério daSaúde; 2000.2. Carvalho, MR; Prochnik, M. Método Mãe‐Canguru de atenção ao prematuro. Rio deJaneiro: BNDES; 2001.3. Toma, TS. Método Mãe‐Canguru: o papel dos serviços de saúde e das redes familiares nosucesso do programa. Cad Saúde Pública. 2003; 19 (2): 233‐242.4. Gomes, HM. O Método Mãe‐Canguru – uma experiência mundial. Origem efundamentos fisiológicos e filosóficos. Palestra realizada na FIRJAN em 25 jun. 2009. Rio deJaneiro (RJ); 2009.5. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.683, de 12 de julho de 2007. Brasília (DF): Ministérioda Saúde; 2007.ISBN: 978-85-63901-04-0


SENTIMENTOS E REAÇÕES MATERNAS DIANTE DO DIAGNÓSTICO DE HIDROCEFALIA DESEUS FILHOSElaine Carininy Lopes da Costa 365Maria Rejane França da Silva 366Reijane de Aquino Veloso 367Introdução: A maternidade constitui um momento de extrema importância para o casal,com repercussões para toda a família. Nesse sentido, gastam‐se expectativas, sonhos,fantasias e constroem‐se projetos para acolher o filho, porém ao curso da gestação surgemtemores relacionados ao medo de não saber como cuidar do filho e um temor universal deter um filho com alguma deficiência física evidente. A hidrocefalia é uma das patologiasmais freqüentes na prática da neurologia infantil, sendo caracterizada por acúmulo delíquido cefalorraquidiano (LCR) no interior dos ventrículos cerebrais com conseqüenteaumento da pressão intracraniana (PIC) e dilatação ventricular. Assim, ainda quando assuturas cranianas não se encontram totalmente fechadas verifica‐se um crescimentoacelerado da cabeça (1) . O tratamento da hidrocefalia consiste na implantação de umaválvula no interior do ventrículo que drena o líquido em excesso para o peritôneo. Verificaseque o avanço tecnológico contribuiu para o desenvolvimento de medicamentos eaparelhos de última geração que aumentaram a sobrevida dessas crianças. Nesse contexto,mesmo fora do ambiente hospitalar essas crianças necessitam de acompanhamento pelapossibilidade de apresentarem algum tipo de dependência crônica. Objetivos: Identificaras inquietações e dificuldades vivenciadas por mães de crianças com hidrocefalia econhecer as estratégias desenvolvidas por essas mães no enfrentamento da realidade na365Enfermeira Especialista em Saúde da Família, Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI.366Graduada em Enfermagem, Universidade Estadual do Piauí, Floriano, PI.367Enfermeira Residente em Saúde da Família e da Comunidade, Faculdade de Ciências Médicas daUniversidade Estadual do Piauí, Teresina, PI, reijaneveloso@hotmail.com.ISBN: 978-85-63901-04-0


qual está inserida. Metodologia: Trata‐se de um estudo descritivo‐exploratório denatureza qualitativa que atende às exigências éticas e científicas fundamentais parapesquisas envolvendo seres humanos de acordo com o disposto na resolução 196/96 doConselho <strong>Nacional</strong> de Saúde tendo sido aprovado após apreciação pelo Comitê de Ética emPesquisa da Faculdade de Ciência Humanas e Tecnológicas (NOVAFAPI), cujo protocolo é on° 0349.0.043.000‐09. O cenário foi a Associação de Voluntários e Pais de CriançasPortadoras de Mielomeningocele e/ou Hidrocefalia (AMH) em Teresina ‐ Piauí, no mês denovembro de 2009. Os sujeitos foram dez mães de crianças com hidrocefalia. Os dadosforam obtidos através de entrevista semi‐estruturada, segundo roteiro pré‐estabelecido,gravadas em MP4 e, posteriormente transcritas na íntegra. Utilizou‐se a análise deconteúdo temática. Resultados: A quebra da expectativa relacionada ao nascimento deuma criança com deficiência causa espanto. O choque é comumente referido na literatura,especialmente no início do processo vivencial com a deficiência da criança, e geralmentetraduz‐se por sentimentos de negação e revolta. O desespero apresentou‐se como reaçãoinicial diante do diagnóstico de hidrocefalia, acompanhado de choro incontrolável edesorientação. O pânico é um estado de falta de controle caracterizado por perda dopensamento racional, sendo o indivíduo incapaz de apreender ou concentrar‐se. Dessemodo, esse não é um momento adequado para bombardear a mãe com orientações vistoque as mesmas não poderão ser assimiladas (1) . No momento da notícia, as mães disseramsetristes frente à ausência da satisfação do desejo do filho idealizado. Neste momentoinicial, torna‐se difícil saber como lidar com essa nova situação. Os enunciados desvelamque as mães podem estar confusas por não saberem como proceder e terem de lidar comuma situação inesperada considerada extremamente difícil. A reação inicial ao problemada criança é o primeiro indício do quanto o diagnóstico pode constituir um risco àaceitação do bebê pela mãe. Estudos sobre o efeito da fissura lábiopalatina sobre a relaçãoafetiva entre mãe e filho evidenciou que o conhecimento prévio da existência damalformação durante a gestação não reduzia o impacto da visão sobre o problema, noISBN: 978-85-63901-04-0


momento do nascimento do bebê (2) . Ao analisar os sentimentos de mães de crianças comSíndrome de Down, foi revelado que o desconhecimento da deficiência no pré‐nataldificulta o processo de aceitação e enfrentamento do problema, evidenciando que oimpacto inicial da notícia causa temor e pode inferir de forma negativa no relacionamentoentre mãe e filho (3) . Outra reação observada foi a negação. A negação é um mecanismo dedefesa temporário. Nessa fase, torna‐se mais fácil negar a doença do que encará‐larealisticamente. Assim, a negação funciona como uma válvula de escape enquanto buscaseadaptar à situação e reorganizar‐se para enfrentar a nova realidade (4) . Neste estudo,percebeu‐se que o sentimento de negação experimentado por mães que receberam odiagnóstico de hidrocefalia de seus filhos durante o pré‐natal deu lugar ao ânimo e àalegria proporcionada pelo encontro da mãe com o bebê no momento do parto. E as mãesque souberam da hidrocefalia de seus filhos ao nascimento ou logo após, apesar dochoque inicial, celebraram o fato do filho estar vivo. Esse conformismo pauta‐se na crençaem uma força superiora, Deus, que fornece a paz de espírito, a alegria, o amor e afelicidade no enfrentamento desse cotidiano marcado por situações limites. A intensidadedessa reação inicial pode ser influenciada pela maneira como a notícia é comunicada aospais. Ela deve ser transmitida da maneira menos traumática possível. A responsabilidadede transmitir o diagnóstico de uma doença é do médico, segundo o código de ética médica,porém a enfermagem deve viabilizar momentos para esclarecer dúvidas (2) . O estágio inicialé caracterizado por choque e negação. O segundo envolve sentimentos de culpa e raivaque podem estar direcionados à equipe. O estágio final, definido como ajuste, poderepresentar a adaptação da família a doença ou incapacidade da criança (4) . Oenfrentamento da nova realidade torna‐se mais eficaz quando se tem uma visão de todosos aspectos que envolvem o problema. Nesse sentido, o conhecimento sobre aquilo queterá de ser enfrentado é essencial. Os dados obtidos convergiram para a evidência da faltade conhecimento a respeito da patologia. Para ajudar os familiares a enfermagem devecolaborar com o máximo de esclarecimento possível acerca da doença e seu tratamento.ISBN: 978-85-63901-04-0


Mantendo‐se vigilante de modo a transmitir essas informações de forma gradual nomomento percebido como o mais apropriado. Apesar de apresentarem pouco ou nenhumconhecimento sobre a hidrocefalia até o momento do diagnóstico, foi constatado nosdiscursos que depois de passado o choque inicial algumas mães foram em busca deinformações sobre a doença, porém outras permaneceram com orientações, na maioriadas vezes insuficientes, que não foram assimiladas no momento do diagnóstico ou mesmotempos depois. A busca de orientação e apoio no processo de cuidar de seus filhosconstitui‐se um valioso recurso no enfrentamento da condição do filho, bem como comoutras pessoas da sociedade. A situação inicial, refletida na negação da doença e na revoltaperante a situação, muda, lentamente, com a aquisição de informações. Estas podem seradquiridas por meio do contato com outras mães, cujos filhos convivem com a mesmasituação (5) . Conclusão: O impacto inicial com o diagnóstico causa espanto e desespero.Porém, passado o choque inicial e superada a fase de negação as mães mostram‐seempenhadas em lutar pela sobrevivência e pelo bem‐estar do filho. Essa atitude apóia‐sena crença de uma força superior capaz de superar todos os desafios que inferem essecuidado. Assim, o fato de ter um filho com hidrocefalia é visto pelas mães como umamissão determinada por Deus que não deve ser discutida, mas simplesmente acatada.Implicações para a enfermagem: O universo emocional que envolve as famílias com filhosque necessitam de atenção e cuidados de saúde adicionais quando comparadas a outrascrianças implica o cuidado de enfermagem na valorização da família, através do ouvir, doapoiar e do fornecimento de orientações. A enfermagem deve ainda propiciar momentoscom a família para o esclarecimento de dúvidas.Descritores: Hidrocefalia; Mães e filhos; EnfermagemReferências1. Taylor C, Lillis C, Le Mone P. Fundamentos de Enfermagem: A arte e a ciência do cuidadode enfermagem. 5ª ed. Porto Alegre: Artemed; 2007.ISBN: 978-85-63901-04-0


2. Nascimento ACA. Resiliência e sensibilidade materna na interação mãe‐criança comfissura [tese de doutorado]. Campinas (SP): Programa de Pós‐Graduação em Psicologia daPUC; 2006. 227p. Disponível em: .Acesso em: 20/11/09.3. Teixeira GOM. Síndrome de down e maternidade: um estudo sobre os sentimentosencontrados nos relatos de mães de crianças portadoras da síndrome [dissertação demestrado]. Campinas (MS): Universidade Católica Dom Bosco ‐ UCDB, Campo Grande,2007. 175p. Disponível em: . Acesso em: 20/12/09.4. Kübler‐Ross E. Sobre a morte e o morrer. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes; 2008.5. Vernier ETN. O emponderamento de cuidadoras de crianças com necessidades especiaisde saúde: interfaces com o cuidado de enfermagem. [Tese de doutorado]. Rio de Janeiro(RJ): Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, 2007.173p. Disponível em: Acessoem: 20/11/09ISBN: 978-85-63901-04-0


SENTIMENTOS VIVENCIADOS POR PAIS DE CRIANÇAS INTERNADAS NA UNIDADE DETERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAÁdila da Silva Fiuza 368Aisiane Cedraz Morais 369Resumo: A internação da criança na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) expõeo pai ou mãe acompanhante a vivenciar diferentes sentimentos. Estudo aprovado atravésdo Comitê de Ética em Pesquisa da SOMESB através do parecer nº 01.320‐2009. Estudo deabordagem qualitativa, tendo como objeto de estudo os sentimentos vivenciados por paisde crianças internadas na UTIP e sendo objetivo compreender os sentimentos vivenciadospor pais de crianças internadas na UTIP. Os sujeitos foram 02 (dois) pais e 04 (quatro) mãescujos filhos estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um HospitalPublico da cidade de Salvador na Bahia, os sujeitos foram identificados por personagem dedesenho infantil. Após análise dos dados coletados, as categorias desvelaram‐se em:Sentimentos relacionados com a internação na UTIP, Repercussões causadas nos pais pelainternação, Suportes para enfrentamento da hospitalização da UTIP. Os resultadosevidenciam que os pais referem sentimentos de medo, tristeza, a insegurança perante ainternação, os mesmos desencadearam repercussões em relação ao filho doente e o filhosaudável que ficou em casa, os pais relatam Deus como um suporte para enfrentar ainternação. O estudo é de grande valia para a Enfermagem e para equipe multidisciplinar,visto que a mesma deve proporcionar uma assistência humanizada.368Enfermeira, especialização em UTI Pediátrica e Neonatal, contato adilasilva@hotmail.com369Enfermeira Msc. Professora Assistente da UNIVASF da Disciplina Saúde da Criança e do Adolescentee da Pós‐graduação em UTI Pediátrica e Neonatal da FTC/Salvador, Líder do grupo SEMEAR.ISBN: 978-85-63901-04-0


SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM – UMA FERRAMENTA DE CUIDADOAO NEONATOPereira Larissa Daniele Bispo 370Siqueira Ana Érica de O. Brito 371O termo “processo de enfermagem” foi primeiramente introduzido por Lydia Hall, em1955. No final da década de 50 e início da década de 60, Dorothy Johnson (1959), IdaOrlando (1961) e Ernestine Wiedenbanch (1963) introduziram separadamente um modelode processo de enfermagem em três etapas. Em 1967, Lois Knowles apresentou ummodelo de processo que ela chamou de os “cinco D”: discover, delve, decide, do, anddiscriminate (descubra, pesquise, decida, faça e descrimine). No Brasil foi introduzido nadécada de 70 por Wanda de Aguiar Horta. O Processo de Enfermagem (P.E) através dostempos vem passando por grandes transformações, existem várias definições para o P.E,cada um segue seu modelo fundamentado em autores, teorias e conceitos, é um métodopara organização e prestação da assistência de enfermagem, sendo uma aplicação práticade um plano de cuidados baseado em teorias da assistência de enfermagem que atendamas necessidades fisiológicas, espiritual, biopsicossocial e cultural, visando uma assistênciaqualificada. Permite ter uma visão geral e individualizada do paciente, justificardeterminados problemas direcionando a implementação adequada. Com a utilização doP.E a equipe de enfermagem mostra autonomia em seus serviços e um espaço mais amplodentro da equipe multiprofissional. A metodologia universalmente utilizada do processo deenfermagem é composto por cinco etapas: 1. Investigação; 2. Diagnóstico de enfermagem;3. Planejamento; 4. Implementação; 5. Avaliação. Estas cinco etapas têm como objetivoprincipal, guiar as ações de enfermagem com o propósito de auxiliar o cliente a satisfazer370Enfermeira. Escola Técnica de Saúde Carneiro do Vale. E‐mail: laridbp@hotmail.com371Enfermeira Especialista em Neonatologia – Hospital São Vicente de PauloISBN: 978-85-63901-04-0


suas necessidades individuais. A sistematização da assistência de enfermagem é aoperacionalização deste processo de enfermagem. As primeiras instalações de berçáriospara atender a prematuros surgiram em fins do século XIX. No início do século XX,passaram a atender os demais recém nascidos. Ao longo do século XX, os berçáriostransformaram‐se Unidades de Internação Neonatal e Unidades de Terapia IntensivaNeonatal. A UTI neonatal é o local que concentra os principais recursos, humanos emateriais, imprescindíveis a assistência dos recém‐nascidos ali internados, é também umlocal de estresse devido os neonatos serem o grupo mais vulnerável a ocorrência deproblemas e deficiência em todos os aspectos, quantidade de pessoas no setor, iminênciade infecção, ritmo de trabalho intenso e exaustivo para a equipe de enfermagem. Na UTIneonatal são assistidos os recém‐nascidos prematuros e aqueles que sofreram algumproblema ao nascer, no período neonatal as altas taxas de morbi‐mortalidade são comunsdevido à imaturidade e fragilidade do neonato, com a evolução dos equipamentos eaperfeiçoamento dos profissionais essas taxas têm reduzido. As Unidades de TerapiaIntensiva Neonatais constituem importante campo de trabalho para a enfermagem, poisrequer profundo conhecimento técnico e científico. A utilização da SAE na UTI neonatal éde fundamental importância, devido a assistência neonatal qualificada não se limitar aoobjetivo de garantir a sobrevida do prematuro extremo até a alta, mas planejar ações eimplementá‐las embasadas no neonato e não somente na patologia, fazendo umainvestigação minuciosa. A equipe de enfermagem pode assistir aos familiares diminuindo ograu de ansiedade e estresse através dos diagnósticos de enfermagem. Com a avaliação osenfermeiros podem modificar as intervenções de acordo com a evolução do recémnascido,a equipe de saúde é beneficiada podendo acompanhar os registros de todaimplementação e avaliação de enfermagem. Diante de vários benefícios, o interesse emelaborar um estudo foi despertado, mostrando a melhoria da assistência de enfermagemprestada com a SAE e a autonomia do enfermeiro perante a equipe multiprofissional desaúde. O objetivo do trabalho foi analisar a implementação da SAE na UTI neonatal,ISBN: 978-85-63901-04-0


descrever a conduta do profissional de enfermagem ao realizar a sistematização daassistência e as contribuições da SAE como uma ferramenta do cuidado ao neonato. Este éum estudo de abordagem qualitativa e do tipo descritivo, cujos resultados obtidos atravésda coleta de dados foram comparados com o referencial teórico, participaram da pesquisasete profissionais de nível superior que prestam assistência as unidades de terapiaintensiva neonatal, através de uma entrevista semi‐estruturada, estas entrevistas foramtranscritas na íntegra, a seguir o material foi explorado amplamente, e os trechossignificativos foram definidos em categorias, o presente projeto foi registrado no Sistema<strong>Nacional</strong> de Informações sobre Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (SISNEP) eencaminhados ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina de Juazeirodo Norte‐ CE, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho <strong>Nacional</strong> deSaúde/Ministério da Saúde. Verificou‐se que a sistematização da assistência deenfermagem está bem encaminhada, pois a maior parte das enfermeiras conhece a SAE erealizam esta metodologia, visando uma melhor assistência prestada com esta ferramentade cuidado ao recém‐nato, obtendo resultados positivos da monitorização constante e docuidado minucioso que a SAE permite realizar, apesar de ser executado de modo rotineiro,tecnicista e incompleto, devido à sobrecarga de trabalho, número insuficiente deenfermeiros, falta de tempo. Conclui‐se que as enfermeiras reconhecem a importância e ascontribuições de aplicar esta metodologia da assistência e se esforçam para que istoocorra, apesar de não registrarem todas as ações e anotações de enfermagem. Para que aimplementação desta sistematização seja integral e eficaz, necessita de uma equipe emnúmero suficiente e um formulário específico da enfermagem organizando a prestação doserviço. Contribuindo para uma assistência qualificada, a seres que necessitam de cuidadosconstantes e avaliação minuciosa. Esta pesquisa pretende mostrar que a implementaçãoadequada da sistematização da assistência de enfermagem na Unidade de TratamentoIntensivo Neonatal, é de enorme importância e benéfica para os recém‐natos, seresextremamente sensíveis que necessitam de cuidados constantes e avaliação por vinte eISBN: 978-85-63901-04-0


quatro horas, como também para o serviço da equipe multiprofissional de saúde e suafamília, e contribuir para o serviço de enfermagem da UTI neonatal com a implantação deuma proposta de metodologia da assistência de enfermagem, através de um formulárioespecífico, sendo um modelo mais viável, que se adéqüe à instituição. Espera‐se que estapesquisa contribua para que muitos acadêmicos e profissionais de enfermagem possamrefletir quanto à importância de implementar o processo de enfermagem como uminstrumento metodológico e sistemático, para a melhoria do padrão da assistência deenfermagem oferecida e que possam colocar em prática a sistematização da assistência,conhecendo as facilidades e dificuldades encontradas pelos enfermeiros na implementaçãoda mesma.DeCS: UTI neonatal; sistematização, enfermagem; recém‐nascido.Área Temática: Tecnologias e tendências no cuidado de Enfermagem Neonatal.Bibliografia:1.BORK, A.M.T. Enfermagem de Excelância: da visão à ação. 1. Ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003. Cap. 1‐3, p. 7‐46.2.BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico‐Cirúrgica. 11 ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2009. Cap. 3, p. 29‐30.3.CARPENITO, L.J. Compreensão do Processo de Enfermagem. 1. Ed. Porto Alegre: Artmed,2007. Cap.1, p. 18.4.HORTA, W.A. Processo de Enfermagem. São Paulo: EPU, 1979. Cap. 1, p. 35.5.LEFREVE, R.A. Aplicação do Processo de Enfermagem: promoção do cuidadocolaborativo. Porto Alegre – RS: Artmed, 2005. Cap. 1, p. 7‐13.6.MINAYO, M.C.S. et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 20. Ed. Rio deJaneiro: Vozes, 2002.ISBN: 978-85-63901-04-0


SOFTWARE EDUCACIONAL SEMIOTÉCNICA E SEMIOLOGIA DO RECÉM‐NASCIDO PRÉ‐TERMO: OPINIÃO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEMLuciana Mara Monti Fonseca 372Natália Del’Angelo 373Adriana Moraes Leite 374Cassandra G. R. Martins Ponce de Leon 375Carmen Gracinda Silvan Scochi 376Introdução: Acredita‐se que os softwares educativos têm potencial para contribuir com oprocesso ensino‐aprendizagem, sem o propósito de apresentar resposta única aosproblemas da educação. Entre as vantagens destes softwares que justificam sua utilizaçãoestão o oferecimento de fácil compreensão do assunto abordado 1 , respeito do ritmo deaprendizagem 2 , desenvolvimento do interesse devido às suas peculiaridades gráficas 3 etempo de resposta imediato ou rápido aos questionamentos e desempenho do estudante 4 .Considerando a escassez de material educacional associada aos recursos da informática emmuitas instituições de ensino e, sobretudo acerca do tema Enfermagem Neonatal, foidesenvolvido e validado o software educativo Semiotécnica e Semiologia do RecémnascidoPré‐termo que apresenta ao estudante de enfermagem a complexidade e asespecificidades do recém‐nascido pré‐termo. O software foi desenvolvido por Fonseca 5372Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública (DEMISP) daEERP‐USP373Mestranda do Programa de Pós‐Graduação Enfermagem em Saúde Pública da Escola deEnfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP‐USP). Endereço eletrônico:natalia.angelo@usp.br374Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública (DEMISP) daEERP‐USP375Docente Assistente na Universidade de Brasília (UnB) na Faculdade de Enfermagem de Ceilândia376Professor Titular do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública (DEMISP) daEERP‐USPISBN: 978-85-63901-04-0


utilizando tecnologia avançada e interativa visando aproximar a realidade da unidadeneonatal e da avaliação clínica do prematuro por meio de conteúdo técnico, multimídias esimulações. Após validação do software com especialistas da área de informática, áudiovisuale enfermagem em etapa anterior, o presente estudo verifica as sugestões,comentários e críticas dos estudantes de enfermagem, público‐alvo principal do aplicativofrente ao seu conteúdo e simulações. Objetivo: Identificar as opiniões dos estudantes deenfermagem sobre o software educativo Semiotécnica e Semiologia do Recém‐nascido Prétermo.Metodologia: Trata‐se de um estudo descritivo exploratório. Foi realizadolevantamento de opiniões de estudantes e análise de conteúdo destas. A coleta de dadosfoi feita por um período de dois meses, junto à validação semântica relacionada aoconteúdo e às simulações do software. Dentre as 29 Instituições Ensino Superiores (IES)públicas brasileiras que oferecem o curso de Licenciatura em Enfermagem, 12 foramconvidadas a participar do estudo, uma representante de cada estado brasileiro. Das 12instituições que receberam os instrumentos de coleta de dados e os softwares, trêsdevolveram os instrumentos preenchidos. Assim, participaram 48 graduandos emlicenciatura em enfermagem de três universidades públicas brasileiras. As IES que nãoresponderam no prazo, justificaram impossibilidade devido à greve ou sobrecarga deatividades no período estipulado, porém manifestaram interesse em participar emmomento posterior. Para identificar a opinião dos estudantes, os instrumentos de coletaconstaram da caracterização dos participantes, da impressão geral do software e da partedescritiva do instrumento de validação semântica do conteúdo e das simulações, que, paracada um dos itens foi deixado espaço para manifestação de sugestões, comentários ecríticas. A análise das opiniões dos participantes ocorreu a partir do agrupamento dasmesmas por congruência de assunto e comparadas quanto a divergências de um mesmotema. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolon.0974/2008. Resultados e discussão: Dentre o total de estudantes participantes davalidação semântica, 33 responderam a parte dissertativa dos itens demonstrando suasISBN: 978-85-63901-04-0


críticas, comentários e sugestões; enquanto que a caracterização e impressão geral dosoftware foram preenchidas por todos os 48. Os estudantes foram unânimes em expressara importância do software Semiotécnica e semiologia do recém‐nascido pré‐termo para oaprendizado da temática. Da análise qualitativa das opiniões dos estudantes sobre osoftware, identificamos quatro temas que se apresentaram de forma mais marcante,conforme descrição que se segue. Os temas elencados foram: navegação, organização doconteúdo, uso de mídias e simulações. Em navegação, destacam‐se os critérios decondução e controle explícito 6 manifestados por comentários como: “[mudaria] a forma demostrar a alternativa correta. Se a pessoa erra, seria bom mostrar qual alternativa écorreta” (aluno 5‐A) e “[apresentei problemas] algumas vezes para voltar ao menu anteriorpara escutar os sons do simulador” (aluno 7‐C). Em organização do conteúdo, ressaltamosa preocupação dos estudantes com a brevidade a partir de dizeres como: “o excesso deinformações em uma única página torna o processo ensino‐aprendizado cansativo” (aluno8‐C), sendo que ainda levantaram aspectos como importância de padronização de links,uma vez que a homogeneização favorece a interpretação pelo usuário; ainda requisitaraminclusão de novos temas: “ressuscitação cardiopulmonar, dosagem de medicamentos”(aluno 16‐A) e “técnicas de punção” (aluno 15‐C). Elogios foram feitos no que tange adivisão dos assuntos por tópicos, ressaltando a importância da organização didática naabordagem livre de conteúdos pelo usuário. Para o tema uso de mídias, obteve‐se amaioria das opiniões dos participantes no que se refere à disposição visual, como inclusãode mais fotos, figuras e animações, bem como a disponibilização de mais sons noaplicativo, por considerarem de ajuda significativa durante o aprendizado. A literaturademonstra as vantagens visuais e interativas que os recursos tecnológicos oferecem,dentre eles os gráficos, as cores, a disponibilização de artigos científicos, interação comcolegas e docentes, resposta imediata ou rápida, figuras, vídeos e simulações, ressaltandosua importância. Finalmente acerca do último tema, simulações, os participantesapresentaram sugestões frente à reformulação de algumas para melhor interpretação peloISBN: 978-85-63901-04-0


usuário. Os relatos de problemas de navegação subsidiaram ajustes realizados no softwareque, atualmente, se encontra disponível no ambiente virtual de aprendizagem Moodle®(Modular Object Oriented Distance Learning), caracterizado por Dubeux et al 7 como umaferramenta de processo dinâmico de aprendizagem auxiliada de trocas entre os estudantese o facilitador. Alguns autores 8 recomendam para os softwares educacionais garantia deinteração do usuário com o programa, facilidade de navegação e acesso às informações,alta qualidade gráfica, pontos de saída que permitam ao usuário flexibilidade de horáriopara concluir as tarefas e planejamento da resposta oferecida aos estudantes em caso dedúvidas. Conclusão: A preocupação com o visual e o uso de animação sonora ressalta aimportância da dinamicidade de tecnologias educacionais que pode ser realizada com ouso de multimídias. Verificamos também a importância na redação dos enunciados dassimulações no que tange a interpretação dos usuários, prezando por uma leitura clara,concisa e objetiva. Frente às sugestões estamos ainda aperfeiçoando o software paraatender às expectativas dos participantes da pesquisa e garantir maior satisfação dousuário. Não será acatada apenas a sugestão de ordenar as simulações por tema, uma vezque sua aleatoriedade é proposital no intuito de não ter estrutura rígida e estimular oaluno a conhecer outros temas e buscar mais informações no software 5 . Contribuições:Acreditamos que o aperfeiçoamento do software guiado pelas manifestações dosestudantes a quem ele se direciona é um passo muito importante para o ensino na área deenfermagem neonatal, aproximando o estudante do pré‐termo antes do contato real eoferecendo maior segurança, bem como reduzindo a probabilidade de manipulaçãoexcessiva durante o processo ensino‐aprendizagem. Isto se dá pela observação dasprimeiras vivências práticas dos estudantes que encontram diversas novidadesapresentadas no cenário das unidades neonatais, necessitando explorá‐las repetidamentecom a finalidade de compreendê‐las. Além do contato com o aparato tecnológico dessasunidades, o aluno necessita, sobretudo, conhecer muito bem o recém‐nascido que ficarásob seus cuidados. Em vista do interesse em aprender a realização do exame físico doISBN: 978-85-63901-04-0


ecém‐nascido, o estudante em geral manipula diversas vezes o prematuro. Reconhecendosua fragilidade biológica devido à imaturidade de órgãos e sistemas, dificuldades dereorganização fisiológica envolvendo gasto de energia quando manipulado, manutençãode temperatura corporal e risco de atraso no desenvolvimento ocasionado pelo estresse,julgamos de fundamental importância que o aluno se familiarize com o bebê e a avaliaçãoclínica em momentos anteriores à prática. Para tanto, mediante validação realizada porprofissionais das diversas áreas citadas anteriormente e estudantes de enfermagem, alémde reconhecimento das impressões e sugestões dos alunos coletadas no presente estudo,sugerimos o uso do software Semiotécnica e Semiologia do Recém‐nascido Pré‐termo paraapoio do processo ensino‐aprendizagem na área de enfermagem neonatal para estudantesde enfermagem e outras áreas da saúde, assim como educação permanente deenfermeiros.Palavras‐chave: Enfermagem neonatal, Educação em enfermagem e Validação deprogramas de computador.Bibliografia:1 Lopes MVO, Araujo TL. Avaliação de alunos e professores acerca do software “SinaisVitais”. Rev Esc Enferm USP 2004; 38(4):438‐472 Fernandes, M.G.O.; Barbosa, V.L.; Naganuma, M. Exame físico do recém‐nascido a termo:software auto‐instrucional. Ver Latino‐Am Enferm 2006; 14(2):243‐50.3 Zem‐Mascarenhas, S. H.; Cassiani, S. H. B. Desenvolvimento e avaliação de um softwarepara o ensino de enfermagem pediátrica. Rev. Latino‐am. Enfermagem 2001; 5(6):13‐8.4 Kaveevivitchai,C. et al. Enhancing nursing students’ skills in vital signs assessment byusing multimedia computer‐assisted learning with integrated content of anatomy andphysiology. Nurse Education Today 2009; 29:65‐72.5 Fonseca, L.M.M. Semiotécnica e semiologia do recém‐nascido pré‐termo:desenvolvimento e validação de um software educacional. Tese. 2007. Disponível em:http://www.teses.usp.br/.ISBN: 978-85-63901-04-0


6 Scapin, D.L.; Bastien, J.M.C. Ergonomic criteria for evaluating the ergonomic quality ofinteractive systems. Behaviour and Information Technology 1997; 6(4‐5):220‐231.7 Dubeux, L. S. et. al. Formação de avaliadores na modalidade educação à distância:necessidade transformada em realidade. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil,Recife, 2008. Disponível em: .8 Bloomfield, J.G.; While, A.E.; Roberts, J.D. Using a computer assisted learning for clinicalskills education in nursing: integrative review. Journal of Advanced Nursing 2008;63(3):222‐235.ISBN: 978-85-63901-04-0


UNIDADE DE RECUPERAÇÃO NUTRICIONAL: APRESENTANDO UMA ABORDAGEMDIFERENCIADA DO BEBÊ DE RISCOEliane Cristina Vieira Adegas 377Gustavo Dias da Silva 378Alessandra Pinto dos Santos da Silva 379Maria Lúcia Rosa 380Introdução: O avanço tecnológico das unidades de terapia intensiva neonatais (UTIN) tempropiciado a sobrevivência de bebês cada vez mais prematuros. Tal fato significa umgrande desafio para os profissionais que cuidam destes recém‐nascidos (RNs), pois além dasobrevivência a grande preocupação é com a qualidade de vida que esses bebês terão.Dessa forma, a filosofia atualmente vigente nas UTINs preconiza também atender a difícilmissão de devolvê‐los às suas famílias e a sociedade em condições plenas dedesenvolvimento das funções afetivas, cognitivas e produtivas.¹ Além dos cuidadossistêmicos recebidos na UTI neonatal, a forma com o individuo foi alimentado no início desua vida guarda relação com o desenvolvimento do seu potencial a médio e a longo prazo.Isso vem sendo cada vez mais demonstrado em estudos clínicos e epidemiológicos quedefendem que a nutrição recebida durante o período precoce da vida pode influenciar emsua saúde na fase adulta.² , ³ O recém nascido, devido suas particularidades, tem grandechance de desenvolver deficiências nutricionais quando não assistido de maneiraadequada. No bebê prematuro ou doente esse risco se agrava, especialmente pelavelocidade de crescimento acelerada, imaturidade de órgãos e sistemas e pela dificuldadeem se prover uma nutrição adequada.³ Além do aporte nutricional, sabe‐se também que é377Enfermeira da Unidade de Recuperação Nutricional (URN) da Maternidade Escola da UFRJ378Enfermeiro especialista em Terapia Intensiva – Cliente Neonatal (UFF). Coordenador da UnidadeNeonatal da Maternidade Escola da UFRJ.379Enfermeira da Unidade de Recuperação Nutricional (URN) da Maternidade Escola da UFRJ380Enfermeira da Enfermaria Canguru da Maternidade Escola da UFRJISBN: 978-85-63901-04-0


de suma importância a promoção de um cuidado humanizado a estes bebês e suas famíliaso que propiciará o estabelecimento de vínculos e adequado desenvolvimentoneuropsicomotor. Este tipo de cuidado acarretará ao neonato, especialmente aoprematuro, benefícios como: redução do estresse e agitação, preservação da energia,promoção do crescimento, da recuperação, e facilitar a auto regulação, contribuindo, destaforma, para a redução da taxa de mortalidade e morbidade destes bebês. Uma vez que otipo de alimentação recebida pelo bebê no início da vida, a forma como esta nutrição éadministrada (seio materno, sondas ou copinho) e ainda a qualidade do contato com a mãedurante a alimentação são fatores sempre levados em consideração nas práticasdesenvolvidas na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, emconsonância com trabalhos científicos atuais, foi inaugurada em 27/05/2009 a Unidade deRecuperação Nutricional (URN).Objetivos: Definir Unidade de Recuperação Nutricional; Descrever o trabalho que estásendo desenvolvido na URN da ME/UFRJ; Enfatizar a importância da prestação de cuidadosmais direcionados aos neonatos em recuperação nutricional;Reforçar o quanto éimportante a participação dos pais no processo de recuperação nutricional e na pré‐alta.Metodologia: O presente estudo trata‐se de uma pesquisa exploratória com abordagemdescritiva através de um relado de caso descrevendo o trabalho desenvolvido na Unidadede Recuperação Nutricional (URN) da Maternidade Escola da UFRJ (ME/UFRJ), inauguradaem maio de 2009. Resultados: A URN é uma estratégia de agrupamento de recém nascidosegressos da Unidade de Terapia Neonatal (UTIN) da Maternidade Escola – UFRJ, em fase derecuperação nutricional com necessidades de suporte para aleitamento materno oudificuldades de transição da técnica de gavagem para o copinho. Esta estratégia surgiu danecessidade de um acompanhamento destes neonatos de forma mais adequada as suasnecessidades com ênfase nos cuidados voltados para o desenvolvimento, ou seja, aquelesque enfatizam a promoção da estabilidade fisiológica e comportamental em cada cuidadoprestado, promovendo um desenvolvimento neurológico, corporal e comportamental oISBN: 978-85-63901-04-0


mais próximo do que ocorreria se este neonato ainda estivesse no útero materno. 5 Asrotinas desenvolvidas na unidade são específicas para a clientela em recuperaçãonutricional. Essas rotinas e cuidados abrangem medias antropométricas para avaliação econtrole periódico de ganho ponderal; estímulo ao aleitamento materno como principalcuidado nutricional; monitorização das mamadas através do registro de tempo de sucçãoapós o término da amamentação e aspectos relevantes para uma mamada eficaz comopega, ritmo da sucção, estado de alerta ou sonolência registrados em impresso própriopara avaliação contínua. Para promover o aleitamento materno e a transição daalimentação por cateter para oral, são utilizadas técnicas como a translactação ourelactação, copinho, finger feeding e estimulação por sucção não nutritiva durante agavagem. Também abordamos na unidade cuidados voltados para preservar o ciclocircadiano de sono do bebê através da “hora do abajour”, redução dos níveis de ruídos eprotocolo de controle da dor 5 . Discussão: A necessidade de acompanhamento nutricionalapós o período crítico de gravidade do recém‐nascido prematuro é de extrema importânciano contexto da dedução da morbi‐mortalidade neonatal. O acompanhamento e as práticasnutricionais têm impacto a longo prazo na vida desta clientela² , ³. A implementação derotinas assistenciais voltadas para o acompanhamento ponderal destes recém‐nascidosfavorece o controle rigoroso e o manejo nutricional. A influência de um ambiente maiscalmo, com menos aparato tecnológico e iluminação mínima favorece o aleitamentomaterno e o maior tempo de contato da mãe com o bebê, tendo também um impactopositivo no fortalecimento do vínculo afetivo mãe‐bebê. A exposição dos prematuros àiluminação contínua está associada a alterações comportamentais e estados deorganização, alteração no ritmo biológico e ciclos do sono e endócrinos e diminuição dasaturação de oxigênio.Reduzindo‐se a iluminação no período noturno pode‐se resgatar ociclo circadiano facilitando o descanso, a organização comportamental e a diminuição daatividade levando a um melhor ganho ponderal e induzindo o sono profundo por umperíodo mais prolongado. 5 Estudos também mostram os efeitos nocivos do excesso deISBN: 978-85-63901-04-0


uídos para prematuros e neonatos enfermos 5,6 . Dessa forma, a preocupação com oambiente visando a redução da iluminação através da rotina da “hora do abajour” e dosestímulos sonoros excessivos como telefone celulares, televisão, aparelhos de som,conversas em alto tom, também influenciam no desenvolvimento do recém‐nascido. NoSistema Desenvolvimentalista, os pais não são considerados visitas, mas sim parceiros daequipe cuidadora desse paciente 5 . Sendo assim, o incentivo da participação dos pais nocuidado aos recém‐nascidos é bem como a visita de outros familiares fortalece a redefamiliar e o vínculo com o recém‐nascido. Conclusão: Os Neonatos em recuperaçãonutricional geralmente não demandam tecnologias intensivas por já estarem em uma fasede estabilização fisiológica. Porém ainda precisam de estratégias assistenciais que visem apromoção de seu desenvolvimento. Os modelos de saúde das UTIs Neonatais sempreestiveram voltadas para a assistência intensivista que objetiva primordialmente salvarvidas, porém com o avanço tecnológico e a sobrevivência de bebês cada vez maisprematuros surge a necessidade de uma assistência voltada para a qualidade de vida eestabelecimento de vínculos do bebê com sua família. Desta forma, faz‐se necessário quetodos os serviços de saúde se estruturem para atender a demanda desta clientelaorganizando estratégias assistenciais mais adequadas a estes bebês e suas famílias. A URNsurge como um inovador modelo assistencial a fim de atender as demandas desta clientela.Descritores: Cuidado, enfermagem, nutrição, recém‐nascidoReferências Bibliográficas:1. Crescimento de crianças regressas da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais: umdilema ético e atual – Arq. Méd ABC 32 (supl.2): 568‐71;2. Avaliação do ganho ponderal de recém nascidos pré termo. Gianini. NM et al – Jornal dePediatria – vol.81, nº 1, 2005;ISBN: 978-85-63901-04-0


3. Nutritional assessment of the neonate. Falcão MC – Pediatria (São Paulo) 2000, 22 (3):233‐239; 4. Breastfeeding of premature Babies with less than 1500 g: oral motorfunctioning and attachment. DELGADO, S.E. ; HALPERN – Pró Fono Revista de AtualizaçãoCientífica, Barueri (SP), vol. 17, n.2, p.141 – 152, maio – ago. 2005;5. TAMEZ, Raquel Nascimento. Intervenções no Cuidado Neuropsicomotor do Prematuro –UTI Neonatal – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009;6. TAMEZ, Raquel Nascimento e SILVA, M. Jones Pantoja, Enfermagem na UTI Neonatal:Assistência ao Recém Nascido de Alto Risco – 2ª edição – Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2002;7. ISSLER, Hugo, O Aleitamento Materno No Contexto Atual. Políticas, Práticas e BasesCientíficas. São Paulo: Sarvier, 2008.;8. Johnston CC et al. Effectiveness of oral sucrose and simulated rocking on pain responsein preterm neonates. Pain 1997; 72:193‐9ISBN: 978-85-63901-04-0


USO DE CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM RECÉM‐NASCIDOSPREMATUROS: LIMITES E DESAFIOSDorival José Pereira 381Patricia da Silva Mendonça Francês 382Patricia Klock 383Gisele Perin Guimarães 384Introdução: De 1980 a 2000, intensificaram‐se os avanços tecnológicos em terapiaintravenosa na Neonatologia, beneficiando os recém‐nascidos (RN) de alto risco quenecessitam de um acesso venoso seguro, por um tempo prolongado, visando àadministração de drogas vasoativas e irritantes, soluções hidroeletrolíticas, nutriçãoparenteral e antibióticos (RODRIGUES, CHAVES, CARDOSO, 2006). O procedimento dapunção venosa é uma das práticas mais difíceis de realizar no neonato. Além disso, a perdado acesso venoso frequentemente causa interrupções na infusão de líquidos e eletrólitos,comprometendo a eficácia da terapêutica. As repetidas venopunções comprometem osvasos periféricos com certas complicações, que podem ser locais ou sistêmicas,culminando muitas vezes com a necessidade de uma dissecção venosa (LOURENÇO,KAKEHASHI, 2003; PHILLIPS, 2001). Originário do inglês Peripherally Inserted Central381Graduando de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Técnico deEnfermagem da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do Hospital Polydoro Ernani de SãoThiago (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).382Graduanda de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Técnica deEnfermagem da UTIN do HU da UFSC.383Enfermeira da UTIN do HU da UFSC. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós‐Graduação em Enfermagem (PEN) da UFSC. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas emAdministração e Gerência do Cuidado em Enfermagem e Saúde (GEPADES). Bolsista do Conselho<strong>Nacional</strong> de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).384Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem PEN/UFSC. Enfermeiraassistencial do Serviço de Neonatologia do HRSJ e da Unidade Pediátrica do HU/UFSC. Membro doGrupo de Pesquisa EDEN.ISBN: 978-85-63901-04-0


Catheter (PICC), o Cateter Central de Inserção Periférica (CCIP) é um cateter venoso central,de acesso periférico, para Terapia Intravenosa em pacientes críticos e de longapermanência, associado a um menor risco de complicações mecânicas e infecciosas. Diantedeste fato, o cuidado com o CCIP é garantia de um acesso venoso confiável para o recémnascidointernado, que necessita da administração de soluções e medicamentos, cabendoà equipe de enfermagem, cada vez mais, a capacitação teórica e prática concomitante como avanço tecnológico crescente RODRIGUES, CHAVES, CARDOSO, 2006). Portanto,considerando a segurança que o CCIP oferece aos enfermeiros capacitados em unidadeneonatal, como opção de acesso venoso para recém nascidos, o presente trabalho vemapresentar a importância do uso deste cateter, com objetivo de refletir sobre asimplicações do uso do CCIP no recém‐nascido e sobre os cuidados de enfermagemnecessários para a sua utilização segura e eficaz. Metodologia: trata‐se de um relato deexperiência elaborado a partir da vivência dos autores na inserção e cuidados do CCIP naUTI neonatal. O processo de inserção do CCIP inclui aspectos como planejamento(avaliação criteriosa de condições clínicas e discussão em conjunto com a equipe técnica;observação e avaliação da rede venosa; disponibilidade de equipamentos necessários parao procedimento; orientação dos pais sobre a indicação e o procedimento; consentimentodos pais; registro do procedimento realizado em protocolo próprio da instituição). Ainserção pode ser feita em veias periféricas localizadas em membros superiores, axilares,jugulares externas ou mesmo em algumas veias localizadas em região cefálica, como atemporal e posterior auricular. Diferente das dissecções venosas CCIP deve ser instaladologo que o RN tenha condição para ser submetido ao procedimento, quando a rede venosaainda estiver preservada, pois a presença de hematomas decorrentes das punções venosasanteriores, dificultam a progressão do cateter de silicone (RODRIGUES, CHAVES, CARDOSO,2006). A localização ideal deve se dar em terço inferior da veia cava superior, sendo estaconfirmada pela realização do raio‐x e mantido em posição através de curativo. Cuidadosimportantes são contemplados pela equipe durante todo o período de permanência doISBN: 978-85-63901-04-0


CCIP, como: sinais de sangramento, hematoma, troca de curativo após 24h de inserção eapós, a cada 7 dias ou sempre que apresentar sangue peri‐cateter, utilização de seringasmaiores que 10ml para administração de medicamentos ou lavagem do cateter, realizaçãode “flush” com de solução salina a cada 8h). Resultados: O uso do cateter é efetivo emrecém‐nascidos de baixo peso, que necessitem de acesso venoso prolongado ou comfragilidade venosa. A inserção do cateter é vantajosa já que permite o uso de nutriçõesparenterais de alta concentração, drogas vesicantes e irritantes, além de contribuir para aminimização do estresse e dor causados aos recém‐nascidos por consecutivas punçõesperiféricas. Há também uma maior relação entre custo e benefício já que possui um maiortempo de permanência comparando‐se a outros cateteres. As desvantagens do uso emneonatologia dão‐se pela impossibilidade de utilizá‐lo para a coleta de sangue ou infundirhemoderivados, devido ao pequeno calibre. Complicações relacionadas a inserção(dificuldade de progressão de cateter, hemorragia, arritmia cardíaca, punção arterial),localização (mau posicionamento do cateter), oclusão (por coágulo ou precipitação),rompimento, migração e infecções podem acontecer. Os eventos adversos, relacionadosao uso de catéter venoso central (CVC), são divididos em eventos adversos infecciosos,eventos adversos mecânicos e trombose. Segundo estudos, os eventos adversos mecânicosocorrem em 5 a 19% dos pacientes em uso de CVC, os eventos adversos infecciosos em 5 a26% e a trombose em 2 a 26% (MCGEE, GOULD, 2003). Desta forma, é de fundamentalimportância que a instituição estabeleça em seu serviço a adoção de condutas deidentificação de eventos adversos, para diminuir o risco de erros. É importante que aequipe de enfermagem tenha conhecimentos sobre todos os aspectos que envolvem o usode cateter epicutâneo, além dos riscos aos quais os recém‐nascidos submetidos a talprocedimento estão expostos, a fim de utilizarem medidas de prevenção, controle edetecção das possíveis complicações (GOMES et al, 2010). Portanto, conclue‐se que aenfermagem possui um papel fundamental no que se refere a atuação constante namonitorização e avaliação de todo processo, respaldado em conhecimentos científicos emISBN: 978-85-63901-04-0


consonância com sua prática cotidiana no ambiente de UTIN. Além do mais, devepromover o comprometimento e educação <strong>continuada</strong> de todos os profissionais de saúde,conduzindo a equipe para oferecer um cuidado seguro e eficaz ao neonato, minimizandoriscos. Considerando‐se as inúmeras vantagens que o CCIP traz ao recém‐nascido, equipe einstituição, torna‐se imprescindível a capacitação de enfermeiros que atuam emneonatologia para o domínio desta prática, transpondo desafios e limites emergentes emsua prática assistencial com competência e comprometimento.Palavras chave: Recém‐nascido, Terapia Intensiva Neonatal, Infusões Intravenosas ,Cateterismo Periférico.Referências1. GOMES, A.V.O. et al. O cateter epicutâneo na unidade de terapia intensiva neonatal:uma tecnologia do cuidado de enfermagem. Erfermería Global, v.19, p.1‐13, 2010.2. LOURENÇO, S.A.; KAKEHASHI, T.Y. Assistência de enfermagem pré e pós – inserçãoImediata do cateter venoso central de inserção periférica em pacientes neonatal. Nursing,v. 63, n.24, 2003.3.MCGEE, D.C.; GOULD, M.K. Preventing complications of central venous catheterization. NEngl J Med. v.348, n.12, p.1123‐ 33, 2003.4. PHILLIPS, L.D. Manual de terapia intravenosa. 2ª ed. Porto Alegre (RS): Artmed; 2001.5. RODRIGUES, Z.S.; CHAVES, E.M.C.; CARDOSO, M.V.L.M.L. Atuação do enfermeiro nocuidado com o Cateter Central de Inserção Periférica no recém‐nascido. Rev. bras.enferm., Brasília, v.59, n. 5, p. 626‐9, 2006.ISBN: 978-85-63901-04-0


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