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Volume 3 - Número 2 - Sociedade Brasileira de Espeleologia

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RFormalmente “Pesquisas em Turismo e Paisagens Cársticas”Revista Científica da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong>ISSN 1983-473X <strong>Volume</strong> 3 Número 2 Dezembro 2010Mina do Chico Rei - Ouro Preto MG. Foto <strong>de</strong> Leopoldo Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Bernardi.Fonte: Bernardi, Souza-Silva & Ferreira (2010).Artigos OriginaisO geoturismo como instrumento em prol da divulgação, valorização e conservação do patrimônio natural abiótico –uma reflexão teóricaLilian Carla Moreira Bento & Sílvio Carlos RodriguesConsi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo no ecossistema da Mina do Chico Rei (Ouro Preto, Minas Gerais):implicações para o manejo em sistemas naturaisLeopoldo Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Bernardi, Marconi Souza-Silva & Rodrigo Lopes FerreiraA contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalMarilda Teixeira Men<strong>de</strong>s, Michela Abreu Francisco Alves, Alex Fabiani <strong>de</strong> Brito Torres & Kátia Maria Gomes MonçãoResumos <strong>de</strong> Teses e DissertaçõesPotencial geoturístico das quedas d'água <strong>de</strong> Indianópolis/MGLilian Carla Moreira Bentowww.cavernas.org.br/turismo.asp


Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.


EXPEDIENTE<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong>(Brazilian Society of Speleology)En<strong>de</strong>reço (Address)Caixa Postal 7031 – Parque TaquaralCEP: 13076-970 – Campinas SP – BrasilContatos (Contacts)+55 (19) 3296-5421turismo@cavernas.org.brGestão 2009-2011 (Management 2009-2011)Diretoria (Direction)Presi<strong>de</strong>nte: Luiz Afonso Vaz <strong>de</strong> FigueiredoVice-presi<strong>de</strong>nte: Ronaldo Lucrécio SarmentoTesoureira: Delci Kimie Ishida1º Secretário: Luiz Eduardo Panisset Travassos2º Secretário: Pável Ênio Carrijo RodriguesConselho Deliberativo (Deliberative council)Rogério Henry B. Magalhães - Presi<strong>de</strong>nteHeros Augusto Santos LoboCarlos Leonardo B GiuncoAngelo SpoladoreThiago Faleiros SantosSuplentes:Paulo Rodrigo SimõesEmerson Gomes PedroCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.49


TURISMO E PAISAGENS CÁRSTICAS(TOURISM AND KARST AREAS)Editor-Chefe (Editor-in-Chief)MSc. Heros Augusto Santos LoboUniversida<strong>de</strong> Estadual Paulista “Júlio <strong>de</strong> MesquitaFilho” – IGCE/UNESP, BrasilEditor Associado (Associated Editor)Dr. Cesar Ulisses Vieira VeríssimoUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará – UFC, BrasilEditor Executivo (Executive Editor)Esp. Marcelo Augusto Rasteiro<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> – SBE, BrasilConselho Editorial(Editorial Board)Dr. Andrej Aleksej KranjcKarst Research Institute, EslovêniaDr. Angel Fernán<strong>de</strong>s CortésUniversidad <strong>de</strong> Alicante, UA, EspanhaDr. Arrigo A. CignaInterntional Union of Speleology / Interntional ShowCaves Association, ItáliaDr. Edvaldo Cesar MorettiUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Gran<strong>de</strong> Dourados – UFGD,BrasilDr. José Alexandre <strong>de</strong> Jesus PerinottoUniversida<strong>de</strong> Estadual Paulista “Júlio <strong>de</strong> MesquitaFilho” – IGCE/UNESP, BrasilMSc. José Antonio Basso Scaleante<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> - SBE, BrasilMSc. José Ayrton Labegalini<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> - SBE, BrasilDra. Linda Gentry El-DashUniversida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas – UNICAMP, BrasilDr. Luiz Afonso Vaz <strong>de</strong> FigueiredoCentro Universitário Fundação Santo André – FSA,BrasilDr. Luiz Eduardo Panisset TravassosPontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais –PUC/MG, BrasilDr. Marconi Souza-SilvaFaculda<strong>de</strong> Presbiteriana Gammon – Fagammon/CentroUniversitário <strong>de</strong> Lavras – UNILAVRAS, BrasilDr. Marcos Antonio Leite do NascimentoUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte -DG/UFRN, BrasilDra. Natasa RavbarKarst Research Institute, EslovêniaDr. Paolo FortiUniversità di Bologna, ItáliaDr. Paulo Cesar BoggianiUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – IGc/USP, BrasilDr. Paulo dos Santos PiresUniversida<strong>de</strong> Vale do Itajaí – UNIVALI, BrasilDr. Ricardo José Calembo MarraCentro Nacional <strong>de</strong> Estudo, Proteção e Manejo <strong>de</strong>Cavernas – ICMBio/CECAV, BrasilDr. Ricardo Ricci UvinhaUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – EACH/USP, BrasilDr. Sérgio Domingos <strong>de</strong> OliveiraUniversida<strong>de</strong> Estadual Paulista “Júlio <strong>de</strong> MesquitaFilho” – UNESP/Rosana, BrasilDr. Ta<strong>de</strong>j SlabeKarst Research Institute, EslovêniaDra. Úrsula Ruchkys <strong>de</strong> AzevedoCREA-MG, BrasilDr. William Sallun FilhoInstituto Geológico do Estado <strong>de</strong> São Paulo – IG, BrasilDr. Zysman NeimanUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos – UFSCAR, BrasilComissão <strong>de</strong> Tradução(Translation Committee)Dra. Linda Gentry El-Dash – InglêsCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.50


SUMÁRIO(CONTENTS)Editorial 52ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLESO geoturismo como instrumento em prol da divulgação, valorização e conservação dopatrimônio natural abiótico – uma reflexão teóricaThe geotourism as instrument to divulgation, valorization and conservation of the abiotic naturalheritage - a theoretical reflectionLilian Carla Moreira Bento & Sílvio Carlos Rodrigues 55Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo no ecossistema da Mina do Chico Rei (Ouro Preto,Minas Gerais): implicações para o manejo em sistemas naturaisConsi<strong>de</strong>rations of the tourism effects in the Chico Rei Mine (Ouro Preto, Minas Gerais): implicationsfor the management of natural systemsLeopoldo Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Bernardi, Marconi Souza-Silva & Rodrigo Lopes Ferreira 67A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalThe contribution of the practical of caving in bodily well-beingMarilda Teixeira Men<strong>de</strong>s, Michela Abreu Francisco Alves, Alex Fabiani <strong>de</strong> Brito Torres &Kátia Maria Gomes Monção 79RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES/ MASTER AND DOCTORAL THESIS: ABSTRACTSPotencial geoturístico das quedas d’água <strong>de</strong> Indianópolis/MGGeotouristic potential of water falls in Indianópolis districtLilian Carla Moreira Bento 91DADOS DO VOLUME 3 / DATA VOLUME 3Sumário <strong>de</strong> títulos / Summary of titles 93Índice <strong>de</strong> autores / In<strong>de</strong>x of authors 94Quadro <strong>de</strong> avaliadores / Board of review 95Gestão editorial / Editorial Management 96Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.51


EDITORIALA Turismo e Paisagens Cársticas completa ao final do ano <strong>de</strong> 2010 seu terceiro ciclo <strong>de</strong>publicações, em mais um ano <strong>de</strong> circulação. O seu reconhecimento junto à comunida<strong>de</strong>acadêmica <strong>de</strong> pesquisa em turismo, em carste e em espeleologia, bem como a gestorespúblicos, comunida<strong>de</strong> espeleológica e <strong>de</strong>mais interessados, é sem dúvida alguma o maiormotivo <strong>de</strong> comemoração para este momento. Como bônus, fomos também formalmentereconhecidos pela CAPES – Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal do EnsinoSuperior –, por meio <strong>de</strong> nossa inclusão em seu índice Qualis, que avalia a produçãoacadêmica da pós-graduação no Brasil.O objetivo maior da revista continua sendo dar visibilida<strong>de</strong> à produção técnica e científicasobre a relação entre as áreas cársticas brasileiras e seu uso pelo turismo. No entanto,artigos recorrentes que abordam o meio físico e sua relação com o turismo têm sidopublicados, com temas como geoturismo ou planejamento e gestão do meio físico, o que<strong>de</strong>monstra uma abertura temática da revista, a qual ocorre tanto pela compreensão dosautores que vêem na Turismo e Paisagens Cársticas uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disseminação<strong>de</strong> suas produções, quanto pelo nosso quadro <strong>de</strong> revisores, que tem aceito estes artigosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tratarem especificamente <strong>de</strong> áreas cársticas.Este amadurecimento é bastante positivo, pois <strong>de</strong>monstra um potencial <strong>de</strong> crescimento daTurismo e Paisagens Cársticas, o que ocorre em diversos níveis. A evolução vertical <strong>de</strong>nosso quadro editorial, que conta com mais doutores a cada ano, está entre os aspectosque permitem esta ampliação do horizonte temático da revista.Para esta edição fomos mais uma vez brindados com o tema geoturismo, que abre nossarevista com o artigo <strong>de</strong> Lilian Carla Moreira Bento e Sílvio Carlos Rodrigues. Os autorestrabalharam com o geoturismo como uma forma <strong>de</strong> valorização e conservação dopatrimônio natural abiótico, abordando também aspectos conceituais da geodiversida<strong>de</strong> eda geoconservação. Por fim, pon<strong>de</strong>ram ainda sobre o papel do geoturismo comoferramenta <strong>de</strong> sensibilização do patrimônio natural abiótico.A visão do meio físico é complementada pelo nosso segundo artigo <strong>de</strong>sta edição, quetrata sobre o meio biótico. Leopoldo Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Bernardi, Marconi Souza-Silva eRodrigo Lopes Ferreira tecem consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo em umacavida<strong>de</strong> artificial, a mina do Chico Rei, em Ouro Preto-MG. Os autores trabalharam comparâmetros atmosféricos da mina, como a temperatura e a umida<strong>de</strong> relativa do ar, bemcomo com a distribuição da fauna em seu interior. Por fim, alertam para a necessida<strong>de</strong> daCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.52


existência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento antes da implantação do turismo em ambientessubterrâneos, para evitar a ocorrência <strong>de</strong> danos irreversíveis.Por fim, o meio social é também abordado nesta edição, no artigo <strong>de</strong> Marilda TeixeiraMen<strong>de</strong>s, Michela Abreu Francisco Alves, Alex Fabiani <strong>de</strong> Brito Torres e Kátia MariaGomes Monção. Os autores adotaram uma interessante perspectiva sobre a ativida<strong>de</strong>espeleológica, enfocando em sua vertente não-científica, também chamada <strong>de</strong>espeleismo, e suas benesses para o bem-estar corporal dos praticantes. Forami<strong>de</strong>ntificados benefícios à vida dos espeleistas, como as sensações positivas <strong>de</strong> prática <strong>de</strong>exercícios, <strong>de</strong> paz <strong>de</strong> tranqüilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> harmonia e <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, entre outros.Este número ainda se encerra com o resumo da dissertação <strong>de</strong> mestrado <strong>de</strong> Lilian CarlaMoreira Bento, estudo que <strong>de</strong>u origem ao artigo da mesma autora publicado tambémnesta edição. Sem dúvida, uma revista para aten<strong>de</strong>r à diversos perfis <strong>de</strong> leitores, quepo<strong>de</strong>rão apren<strong>de</strong>r mais sobre a relação do turismo e do lazer com o meio físico e com oambiente subterrâneo.E as novida<strong>de</strong>s não param por aí. Para o ano <strong>de</strong> 2011, o número 1 do volume 4 já seencontra em pleno trabalho <strong>de</strong> produção, com uma edição temática sobre o uso turísticodas águas em áreas cársticas. E outras novida<strong>de</strong>s virão, face aos cenários que se<strong>de</strong>scortinam para a Turismo e Paisagens Cársticas em sua busca pelainternacionalização e manutenção em longo prazo. Uma boa leitura e até a próximaoportunida<strong>de</strong>.Heros A. S. LoboEditor ChefeA revista Turismo e Paisagens Cársticas é uma publicação da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SeTur/SBE). Para submissão <strong>de</strong> artigos ou consulta aos já publicados visite:www.cavernas.org.br/turismo.aspCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.53


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Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .O GEOTURISMO COMO INSTRUMENTO EM PROL DA DIVULGAÇÃO,VALORIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURALABIÓTICO – UMA REFLEXÃO TEÓRICATHE GEOTOURISM AS INSTRUMENT TO DIVULGATION, VALORIZATION ANDCONSERVATION OF THE ABIOTIC NATURAL HERITAGE - A THEORETICAL REFLECTIONLilian Carla Moreira Bento (1) & Sílvio Carlos Rodrigues (2)(1) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia – UFU - Doutoranda em Geografia(2) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia – UFU - Profº Drº do Instituto <strong>de</strong> GeografiaUberlândia - MG - liliancmb@yahoo.com.br; silgel@ufu.brResumoO objetivo <strong>de</strong>sse trabalho é apresentar o geoturismo como instrumento importante na divulgação, valorizaçãoe conservação do patrimônio natural abiótico e a metodologia empregada foi revisão bibliográfica pertinenteao tema. A partir da década <strong>de</strong> 1990 surgiu um novo segmento turístico direcionado ao entendimento econtemplação <strong>de</strong> aspectos naturais negligenciados pelo ecoturismo, tais como o patrimônio geológico,geomorfológico, petrológico, mineiro, tectônico, paleontológico, etc.: o geoturismo. A preocupação emi<strong>de</strong>ntificar e visitar áreas com atrativos geoturísticos tem como respaldo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se conservar evalorizar aspectos do patrimônio natural que permitem enten<strong>de</strong>r, entre outros, a formação do planeta Terra ea gênese das formas <strong>de</strong> relevo, atribuindo ao turismo não só um caráter <strong>de</strong> contemplação, mas também umcaráter educativo. Já a geoconservação é um ramo da ativida<strong>de</strong> científica que tem como objetivo acaracterização, conservação e gestão do patrimônio natural abiótico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância para a socieda<strong>de</strong>.Infere-se que a geoconservação tem como aliado o geoturismo, este sendo uma ótima oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>promoção do patrimônio natural abiótico, sensibilizando o público em geral para a importância <strong>de</strong> suaconservação.Palavras-Chave: Geoturismo. Geoconservação. Patrimônio geológico.AbstractThe objective of this research is to show the geotourism as important instrument in the promotion,valorization and conservation of the abiotic natural heritage and the methodology applied was <strong>de</strong>bibliographic review according to the theme. After 90’s <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>, a new tourism segment was born, whichwere related to un<strong>de</strong>rstanding and contemplation of the natural aspects not consi<strong>de</strong>red by the ecotourism, asthe heritage related to geologic, geomorphologic, petrologic, mines, tectonic, paleontology, fossil etc.: thegeotourism. The i<strong>de</strong>a about to i<strong>de</strong>ntify and visit areas with geotouristics attractions is based on the necessityof to conserve and value to the aspects of the natural heritage, which permit un<strong>de</strong>rstand the formation of thePlanet Earth and the genesis of the relief forms, attributing to the tourism not only a character of thecontemplation, but also a educational aspect. The geoconservation is a part of the scientific activities and itsobjectives are the characterization, conservation and managing of the abiotic natural heritage withrelevance to the society. The geotourism is the great one partner of the geoconservation, what is a good oneopportunity for promotion the abiotic natural heritage, showing to the general public its importance and thenecessity of its conservation.Key-Words: Geotourism. Geoconservation. Geological heritage.1. INTRODUÇÃOA partir do século XX um novo segmentoturístico <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> geoturismo passou a serdivulgado mundialmente, tendo como seus atrativosos aspectos abióticos da paisagem muitas vezesnegligenciados pelo ecoturismo e pelos programas<strong>de</strong> conservação da natureza.O geoturismo acabou por <strong>de</strong>flagar uma outraforma <strong>de</strong> visitação turística baseada não apenas nacontemplação, mas principalmente no entendimentodos locais visitados emergindo como umapossibilida<strong>de</strong>, se bem planejado, <strong>de</strong> conservação dopatrimônio geológico. O geoturismo po<strong>de</strong> ainda serum mecanismo <strong>de</strong> fomento do <strong>de</strong>senvolvimentosustentável regional para localida<strong>de</strong>s dotadas <strong>de</strong>Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.55


aspectos relevantes para a compreensão da paisageme evolução do Planeta Terra.Também nessa época começa a circular,primeiramente no meio acadêmico, conceitos comogeodiversida<strong>de</strong> e geoconservação que juntamentecom o geoturismo formariam o trinômiofundamental para a divulgação, valorização econservação do patrimônio geológico.O que este trabalho se propõe a fazer,consi<strong>de</strong>rando a eminência <strong>de</strong>ssa temática, é ensejar aconceituação <strong>de</strong> cada termo <strong>de</strong>sse trinômio,estabelecendo a relação que há entre cada um <strong>de</strong>les,bem como sua importância nos dias atuais.Deste modo, a metodologia empregada para arealização <strong>de</strong>sta pesquisa consistiu em revisãobibliográfica pertinente ao tema, mediante olevantamento, localização, leitura e fichamento dasobras.2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA2.1. Geodiversida<strong>de</strong> & Biodiversida<strong>de</strong>A origem do termo geodiversida<strong>de</strong> ainda nãoé muito clara. Entretanto, sabe-se ele começou a serdivulgado a partir do século XX, principalmentecom a Conferência <strong>de</strong> Malvern sobre ConservaçãoGeológica e Paisagística que ocorreu no ReinoUnido em 1993.Esse termo engloba “a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientesgeológicos, fenômenos e processos ativos geradores<strong>de</strong> paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos eoutros <strong>de</strong>pósitos superficiais que constituem a basepara a vida na Terra” (PATZAK, 2001 apud SILVA,2007, p. 36).Geodiversida<strong>de</strong> é, em linhas gerais, oconjunto <strong>de</strong> elementos geológicos egeomorfológicos da paisagem (ARAÚJO, 2005)envolvendo, portanto, os aspectos abióticos da Terra,aspectos estes que são evidências <strong>de</strong> tempospassados e atuais. Além disso, a geodiversida<strong>de</strong> é oresultado da interação <strong>de</strong> diversos fatores como asrochas, o clima, os seres vivos, entre outros,possibilitando o aparecimento <strong>de</strong> paisagens distintasem todo o mundo (BRILHA, 2005).Consi<strong>de</strong>rando a ascensão <strong>de</strong>sta temática noBrasil, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) criouuma <strong>de</strong>finição própria para a geodiversida<strong>de</strong>, jáincluindo a atribuição <strong>de</strong> valores para este tipo <strong>de</strong>diversida<strong>de</strong>. Segundo a CPRM, geodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veser entendida como[...] o estudo da natureza abiótica (meiofísico) constituída por uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ambientes, composição, fenômenos eBento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .processos geológicos que dão origem àspaisagens, rochas, minerais, águas, fósseis,solos, clima e outros <strong>de</strong>pósitos superficiaisque propiciam o <strong>de</strong>senvolvimento da vida naTerra, tendo como valores intrínsecos acultura, o estético, o econômico, o científico,o educativo e o turístico (CPRM, 2006, nãopaginado).Como se vê, a geodiversida<strong>de</strong> apresentadiversas categorias <strong>de</strong> valor, todas elas funcionandocomo uma mola propulsora para sua conservação evalorização, haja vista que é <strong>de</strong> suma importânciapara a manutenção do planeta Terra e para ahumanida<strong>de</strong>.Segundo Gray (2004 apud ARAÚJO, 2005;BRILHA, 2005) estes valores po<strong>de</strong>m serclassificados em:- Valor intrínseco ou existencial: é um valorsubjetivo, refere-se ao valor, por si só, do elementoda geodiversida<strong>de</strong>;- Valor cultural: valor colocado pela socieda<strong>de</strong><strong>de</strong>vido ao seu significado cultural e comunitário;- Valor estético: valor qualitativo dado à atrativida<strong>de</strong>visual do ambiente físico;- Valor econômico: refere-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usodos elementos da geodiversida<strong>de</strong> pela socieda<strong>de</strong>;- Valor funcional: relacionado à função que ageodiversida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter no seu contexto natural ecom o seu valor no suporte dos sistemas físicos eecológicos;- Valor científico e educativo: ligados a importânciada geodiversida<strong>de</strong> para a investigação científica epara a educação em Ciências da Terra.Ao atribuir valores à geodiversida<strong>de</strong> abre-secaminho para o estabelecimento <strong>de</strong> locais dotados <strong>de</strong>valor acima da média, cujo conjunto é <strong>de</strong>nominado<strong>de</strong> patrimônio geológico, <strong>de</strong>vendo sercompreendidos como[...] a ocorrência <strong>de</strong> um ou maiselementos da geodiversida<strong>de</strong> (afloramentosquer em resultado da acção <strong>de</strong> processosnaturais quer <strong>de</strong>vido à intervenção humana),bem como <strong>de</strong>limitados geograficamente e queapresente valor singular do ponto <strong>de</strong> vistacientífico, pedagógico, cultural, turístico ououtro (BRILHA, 2005, p. 52).É importante esclarecer que apesar daterminologia patrimônio geológico, este na verda<strong>de</strong>é composto por um conjunto abrangente e complexo<strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> patrimônio, tais como ogeomorfológico, petrológico, paleontológico,mineiro, tectônico, entre muitos outros (Figura 1):Campinas, SeTur/SBE. 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Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .GEODIVERSIDADEPatrimôniopaleontológicoPatrimônio geom orfológicoPatrimôniomineralógicoPatrimônio...Patrimônio GeológicoGeossítiosFigura 1: Hierarquização dos conceitos <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong> e patrimônio geológico.Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Forte, 2008, p. 28.De acordo com Valcarce e Cortés (1996 apudARAÚJO, 2005), o patrimônio geológico é umconjunto <strong>de</strong> recursos naturais não renováveis quetendo um valor científico, cultural ou educativo,permite conhecer, estudar e interpretar a históriageológica da Terra, bem como os processos que amo<strong>de</strong>laram e continuam mo<strong>de</strong>lando.Quando se fala <strong>de</strong> locais on<strong>de</strong> os aspectosgeológicos e geomorfológicos se <strong>de</strong>stacam não éraro associá-los com os seres vivos que vivem einterferem nessas áreas, levando-nos a refletir sobrea relação entre a geodiversida<strong>de</strong> e biodiversida<strong>de</strong>.Essa tendência <strong>de</strong> ver e enten<strong>de</strong>r a totalida<strong>de</strong>dos lugares é <strong>de</strong>fendida por Schneeberger e Farago(2003 apud MOREIRA, 2008) que dizem que équando se presta atenção ao todo é que é possívelenten<strong>de</strong>r melhor suas partes.Moreira (2008, p. 79) ressalta que “éimportante que a Terra seja entendida e interpretadacomo um todo, tanto pelos seus aspectos <strong>de</strong>biodiversida<strong>de</strong>, quanto <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong>”.A geodiversida<strong>de</strong> representa o gran<strong>de</strong> palcoon<strong>de</strong> todos os seres vivos são protagonistas <strong>de</strong> suaprópria história, influenciando e sendo influenciadouns pelos outros. Há uma relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência einfluência entre os elementos abióticos e bióticos dapaisagem, exigindo políticas <strong>de</strong> conservação edivulgação também integradas.Nesse sentido, Leite do Nascimento, Ruchkyse Mantesso Neto (2007), explicam que é através doentendimento da relação entre a biodiversida<strong>de</strong> egeodiversida<strong>de</strong> que será possível efetuar ações maisamplas, visando obter resultados mais duradourospara a proteção do meio ambiente, além <strong>de</strong> seproporcionar uma experiência mais rica e completapara os turistas.Apesar da gran<strong>de</strong> importância dageodiversida<strong>de</strong> para a manutenção da vida na Terrasão os fatores bióticos que são mais priorizados emestratégias <strong>de</strong> conservação. Tal situação exige, <strong>de</strong>ssaforma, uma maior divulgação da geodiversida<strong>de</strong>,tanto no meio acadêmico como na socieda<strong>de</strong> emgeral, através <strong>de</strong> uma linguagem acessível e atrativaque permita o entendimento <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> livro <strong>de</strong>geociências que é o planeta Terra.“O patrimônio geológico não é renovável e,uma vez <strong>de</strong>struído, não se regenera e parte damemória do planeta é perdida para sempre” (LEITEDO NASCIMENTO, RUCHKYS, MANTESSONETO, 2008, p. 21).2.2. Geoturismo: um conceito em construçãoO surgimento do geoturismo, que é por muitosautores consi<strong>de</strong>rado um sub-segmento doecoturismo, está relacionado, em linhas gerais, coma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entendimento das áreas visitadaspor parte dos turistas e com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>divulgação e valorização <strong>de</strong> aspectos representativosda história geológica da Terra, bem como suaevolução geomorfológica.O primeiro conceito relacionado aogeoturismo foi criado em 1995 por Thomas Hose, omesmo o re<strong>de</strong>finindo e aprimorando em 2000, sendo“[...] a provisão <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong>s interpretativas eserviços para promover os benefícios sociais <strong>de</strong>lugares e materiais geológicos e geomorfológicos eassegurar sua conservação, para uso <strong>de</strong> estudantes,turistas e outras pessoas com interesse recreativoou <strong>de</strong> lazer” (HOSE, 2000 apud LEITE DONASCIMENTO; RUCHKYS; MANTESSO-NETO,2007, p. 5, grifo nosso).Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.57


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .O geoturismo está relacionado com osaspectos geológicos e geomorfológicos e po<strong>de</strong> ter,basicamente, três motivações: recreação, lazer eaprendizado, todos contribuindo para a conservação<strong>de</strong> atrativos como quedas d’água, cavernas,afloramentos rochosos, serras, vulcões, jazidas <strong>de</strong>minerais, cânions, entre outros.Em 2007 Ruchkys <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u sua tese sobrepatrimônio geológico e geoconservação doQuadrilátero Ferrífero e nela conceituou geoturismocomo sendo[...] um segmento da ativida<strong>de</strong> turísticaque tem o patrimônio geológico como seuprincipal atrativo e busca sua proteção pormeio da conservação <strong>de</strong> seus recursos e dasensibilização do turista, utilizando, para isto,a interpretação <strong>de</strong>ste patrimônio tornando-oacessível ao público leigo, além <strong>de</strong> promovera sua divulgação e o <strong>de</strong>senvolvimento dasCiências da Terra (RUCKHYS, 2007, p. 23).Ainda no ano <strong>de</strong> 2007, Silva e Perinottotambém <strong>de</strong>finiram geoturismo como[...] a ativida<strong>de</strong> do turismo comconotação geológica, ou seja, a visitaorganizada e orientada a locais on<strong>de</strong> ocorremrecursos do meio físico geológico quetestemunham uma fase do passado ou dahistória da origem e evolução do planetaTerra. Também se inclui, nesse contexto, oconhecimento científico sobre a gênese dapaisagem, os processos envolvidos e ostestemunhos registrados em rochas, solos erelevos (SILVA; PERINOTTO, 2007, nãopaginado).Leite do Nascimento, Schobbenhaus e Medina(2009), explicam que o geoturismo tem por objetivopreencher uma lacuna do ponto <strong>de</strong> vista dainformação, possibilitando ao turista não sócontemplar as paisagens, como enten<strong>de</strong>r osprocessos geológicos e geomorfológicosresponsáveis por sua formação.Se os objetivos do geoturismo não sãomeramente contemplativos e apresentam umafinalida<strong>de</strong> didática po<strong>de</strong>mos associá-lo à educaçãoambiental. Esse é o posicionamento <strong>de</strong> Geremia et al(2004 apud SILVA, 2007, p. 35) que afirmam que ogeoturismo “[...] possibilita a interpretação daherança natural da paisagem quando se <strong>de</strong>sfruta ereconhece as suas particularida<strong>de</strong>s geológicas egeomorfológicas”.Reynard e Pralong (2004 apud SILVA, 2007,p. 35), frisam que “[...] a problemática dogeoturismo inscreve-se no campo do turismodidático, por constituir uma nova forma que ofereceinstrumentos <strong>de</strong> interpretação que permitemdialogar e compreen<strong>de</strong>r os sítios visitados ou<strong>de</strong>scobertos”.Leite do Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto (2008, p. 43), ressaltam a questão dainterpretação, argumentando que é ferramentaindispensável para “[...] sensibilizar as pessoassobre a importância do patrimônio e <strong>de</strong>spertar o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contribuir para sua conservação”.Inferimos, diante da riqueza <strong>de</strong> conceitosexistentes, que o geoturismo é um segmento turísticoque veio preencher uma lacuna do ecoturismo,dando atenção aos fatores abióticos da paisagemcomo elementos geológicos e/ou geomorfológicos,buscando sua apreciação, interpretação econservação e é consi<strong>de</strong>rado em construção, poisainda está sendo elaborado com a contribuição <strong>de</strong>estudiosos <strong>de</strong> todo o mundo que têm começado a seinteressar por essa temática.Apesar <strong>de</strong> recente na literatura brasileira já épossível encontrar diversos trabalhos científicos quebuscam retratar o potencial geoturístico <strong>de</strong> algunslocais <strong>de</strong>sse imenso território dotado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> biótica e abiótica que é o Brasil. Dentreeles po<strong>de</strong>mos citar a dissertação <strong>de</strong> Barreto (2007),versando sobre o potencial geoturístico da região <strong>de</strong>Rio <strong>de</strong> Contas na Bahia, Silva (2007) com adissertação “A paisagem do Quadrilátero Ferrífero,MG: Potencial para o uso turístico da sua geologiae geomorfologia”, Silva (2004) com sua dissertaçãosobre a contribuição da geologia para o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável do turismo na EstânciaTurística <strong>de</strong> Paraguaçu Paulista, Bento (2010) comseu mestrado sobre o potencial geoturístico dasquedas d’água do município <strong>de</strong> Indianópolis/MG,entre muitos outros.Isto sem mencionar a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhosque têm sido apresentados em eventos científicosque cada vez mais abrem espaço para essa novatemática que é, na verda<strong>de</strong>, uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>relacionar uma ativida<strong>de</strong> econômica (turismo) com aciência, possibilitando um aprendizado com gran<strong>de</strong>potencial para a conservação do patrimôniogeológico, que vem sendo negligenciado há muitotempo pela socieda<strong>de</strong> e meio acadêmico.2.3. Geoconservação: instrumento <strong>de</strong> conservaçãoda geodiversida<strong>de</strong>?Muitas são as ameaças à geodiversida<strong>de</strong>,sendo o homem o principal agente modificador e<strong>de</strong>struidor <strong>de</strong> elementos geológicos egeomorfológicos da paisagem. Salvan (1994 apudCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.58


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .LEITE DO NASCIMENTO, RUCHKYS,MANTESSO NETO, 2008) argumenta que a causada <strong>de</strong>struição do patrimônio geológico é justamentea falta <strong>de</strong> conhecimentos sobre sua existência eimportância.Na tentativa <strong>de</strong> reverter esse quadro <strong>de</strong>vulnerabilida<strong>de</strong> têm sido criadas estratégias visandoà conservação da geodiversida<strong>de</strong>: a geoconservação.A “geoconservação é um ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>científica que tem como objetivo a caracterização,conservação e gestão do patrimônio geológico eprocessos naturais associados” (BRILHA, 2005apud SILVA, PERINOTTO, 2007, ñ paginado).O objetivo da geoconservação não é conservartoda a geodiversida<strong>de</strong>, mas o patrimônio geológicocom significativa relevância, <strong>de</strong> forma a manter aevolução natural dos aspectos geológicos egeomorfológicos (SHARPLES, 2002 apudBRILHA, 2005).“A geoconservação é um dos aspectos maisrecentes da conservação da natureza”(GRONGGRIJIP, 2000 apud LEITE DONASCIMENTO, RUCHKYS, MANTESSO NETO,2008, p. 21), como é possível observar na figura 2 eé importante a proteção e conservação do patrimôniogeológico porque ele:- é um componente importante do PatrimônioNatural;- representa uma importante herança cultural, <strong>de</strong> umcaráter que não se repete;- constitui uma base imprescindível para a formação<strong>de</strong> cientistas e profissionais;- constitui um elemento <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> recursosestéticos e recreativos;- serve para estabelecer uma ligação entre a históriada Terra e a história dos homens e sua evoluçãobiológica. (GALLEGO, GARCIA, 1996 apudMOREIRA, 2008, p. 76-77).Figura 2: Esquema ilustrativo do papel da geoconservação <strong>de</strong>ntro da conservação da natureza.Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Pereira, 2010, p. 21.Para proce<strong>de</strong>r a geoconservação é necessárioestabelecer algumas estratégias e estas “consistemna concretização <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> trabalhoque visa sistematizar as tarefas <strong>de</strong> âmbito daconservação do Patrimônio Geológico <strong>de</strong> uma dadaárea” (BRILHA, 2005, p. 95).Brilha propõe uma metodologia <strong>de</strong> trabalhoenvolvendo seis etapas (Figura 3):Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.59


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .INVENTARIAÇÃOQUANTIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO DEÂMBITO NACIONAL E/OUINTERNACIONALCLASSIFICAÇÃO DEÂMBITO LOCALE/OU REGIONALAVALIAÇÃO DAVULNERABILIDADEBAIXAVULNERABILIDADEALTAVULNERABILIDADEESTRATÉGIAS DEVALORIZAÇÃO EDIVULGAÇÃOESTRATÉGIAS DEPROTEÇÃO ECONSERVAÇÃOMONITORIZAÇÃOFigura 3: Fluxograma simplificado das fases <strong>de</strong> implementação das estratégias <strong>de</strong> geoconservação.Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Brilha, 2005, p. 111.1- Inventariação: primeiro passo das estratégias <strong>de</strong>conservação, momento em que se inventariageossítios <strong>de</strong> características excepcionais,i<strong>de</strong>ntificando, selecionando e caracterizando-os.2- Quantificação: quando se quantifica o valor e/ourelevância <strong>de</strong> um geossítio através <strong>de</strong> critérios queconsi<strong>de</strong>rem as características intrínsecas, o seu usopotencial e o nível <strong>de</strong> proteção necessário,complementando as informações da inventariação.3- Classificação: <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da legislação nacionalpertinente e os geossítios po<strong>de</strong>m ser classificadosem geossítios <strong>de</strong> âmbito nacional, regional, localou municipal.4- Conservação: tem por objetivo o <strong>de</strong> manter aintegrida<strong>de</strong> física do geossítio, ao mesmo tempoque assegura a acessibilida<strong>de</strong> do público aomesmo.5- Valorização e divulgação do patrimôniogeológico: a primeira envolve o conjunto <strong>de</strong> açõese informações para o público enten<strong>de</strong>r e valorizaros geossítios, e o segundo compreen<strong>de</strong> a utilização<strong>de</strong> recursos variados para ampliar a visão geral dasocieda<strong>de</strong> referente à conservação do patrimôniogeológico.6- Monitorização: última etapa para a conclusão daestratégia <strong>de</strong> geoconservação que visa a <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> ações voltadas à manutenção do geossítio,sendo importante ferramenta <strong>de</strong> controle eavaliação que irá gerar dados sobre os fatores queinterferem na conservação (BRILHA, 2005;LIMA, 2008).A geoconservação <strong>de</strong>ve se basear emcriteriosas estratégias, <strong>de</strong>vendo também passar “pormedidas <strong>de</strong> proteção e conservação com caráterlegal, dotadas <strong>de</strong> figura jurídica e suportadas porfinanciamento estatal e por ações <strong>de</strong> divulgação esensibilização” (VIEIRA; CUNHA, [200-?], p. 13).A conservação dos aspectos geológicos egeomorfológicos tem como aliado o geoturismo, estesendo uma ótima oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promoção dopatrimônio geológico, sensibilizando o público emgeral para a importância <strong>de</strong> sua conservação(LARWOOD, PROSSER, 1998; PATZAK, 2001apud ARAÚJO, 2005) – (Figura 4):Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.60


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .EXPLORAÇÃO DERECURSOS MINERAIS EENERGÉTICOSpara serem usadosnaProdução <strong>de</strong> energiaIndústriaECOTURISMOo seu valor econômico po<strong>de</strong> conduz àPATRIMÔNIO GEOLÓGICOo seu conjunto constitui oGEOSSÍTIOSconstituem os<strong>de</strong>ve serconservadoGEOTURISMOGEOCONSERVAÇÃOpo<strong>de</strong> promoverpo<strong>de</strong> promoverpo<strong>de</strong> ameaçaralocais com significativo valoreducativoturísticocientífico ou outroGEODIVERSIDADEFigura 4: Mapa conceitual das relações entre a Geodiversida<strong>de</strong>, Geossítios, Patrimônio Geológico,Geoconservação e Geoturismo. Fonte: Adaptado <strong>de</strong> ARAÚJO, 2005, p. 41.O geoturismo po<strong>de</strong> promover ageoconservação bem como esta última po<strong>de</strong>promover o geoturismo, pois ao proporcionar aosturistas uma visão mais científica do quecontemplativa da paisagem, o geoturismo acaba porpossibilitar a promoção da geoconservação e esta,por sua vez, é ferramenta indispensável naconservação da geodiversida<strong>de</strong> mundial, seja elarepresentada por geossítios ou pelo patrimôniogeológico.Nessa perspectiva, Rodrigues e Pereira(2009, p. 285-286) reforçam que[...] o patrimônio geológico po<strong>de</strong> serum motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das regiões,pois para além da sua importância cultural ecientífica, po<strong>de</strong> trazer benefícios turísticos,mobilizando as populações e aprofundando asrelações entre essas e o seu território, as suasorigens e os seus costumes. [...] Os roteirosgeoturísticos [...] po<strong>de</strong>rão vir a serpotencializadores do turismo e estimuladoresda protecção do patrimônio em geral, dadoque reúnem e interligam aspectos geológicos,geomorfológicos, arqueológicos e outrosaspectos culturais, proporcionando assim o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s sustentáveis.Estas activida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong> formaa proporcionar aos visitantes não apenasmomentos <strong>de</strong> lazer e contemplação, mastambém momentos <strong>de</strong> aprendizagem.No enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Brilha 1 , a geoconservaçãoenvolve aspectos que superam a questão daconservação do patrimônio geológico, <strong>de</strong>vendo serencarada <strong>de</strong> forma mais ampla, envolvendo tambémo or<strong>de</strong>namento do território através da criação <strong>de</strong>políticas públicas, na educação, no geoturismo e naciência.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.61


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .Nas últimas décadas foram criadas algumasiniciativas internacionais e nacionais voltadas àconservação do patrimônio natural, porém, aqueladirecionada especificamente para o patrimôniogeológico é a Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, lançadapela Unesco em 2004.O programa Geoparques Mundiais foi criadoem 1990 e implantado em 2004 com o apoio daUNESCO, visando a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas naturaiscom elevado valor geológico passíveis <strong>de</strong>implementação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> preservação e adifusão <strong>de</strong> conhecimentos, permitindo o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável para toda a regiãoabrangida (LIMA, 2008).Atualmente existem 77 geoparquesdistribuídos em 25 países, estes <strong>de</strong>vendo serconsi<strong>de</strong>rados como um[...] território com limites bem <strong>de</strong>finidose com uma área suficientemente alargada <strong>de</strong>modo a permitir um <strong>de</strong>senvolvimento sócioeconômicolocal, cultural e ambientalmentesustentável [...]. Deverá contar com geossítios<strong>de</strong> especial relevância científica ou estética,<strong>de</strong> ocorrência rara, associados a valoresarqueológicos, ecológicos, históricos ouculturais (UNESCO, 2004 apud BRILHA,2005, p. 119).Ainda existe muita confusão sobre o conceito<strong>de</strong> geoparque, alguns pesquisadores associando oprefixo geo <strong>de</strong> geoparque apenas a vertentegeológica. Nesse sentido, Guy Martini 2 , da Re<strong>de</strong>Global <strong>de</strong> Geoparques da UNESCO, esclarece queesse prefixo é <strong>de</strong> TERRA e não <strong>de</strong> geologia, e osgeoparques <strong>de</strong>vem ser encarados como “espaçosque integram passado, presente e futuro, <strong>de</strong>stacandonão só a geologia, mas os homens e a sua cultura”.Boggiani 3 argumenta que o papel dosgeoparques não é apenas o da geoconservação, mas<strong>de</strong> se transformarem em projetos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento para as populações locais,trazendo-as para <strong>de</strong>ntro do geoparque e nãoexcluindo-as.Brilha 1 acrescenta que os geoparques sãoáreas que conjugam geoconservação e<strong>de</strong>senvolvimento econômico sustentável daspopulações que a habitam, envolvendo,respectivamente, os seguintes aspectos e ativida<strong>de</strong>s:patrimônio geológico, biodiversida<strong>de</strong>, patrimôniocultural e comunida<strong>de</strong>; ciência, educação,geoturismo e sustentabilida<strong>de</strong>.Os geoparques são áreas bem <strong>de</strong>limitadas eque possuem rico patrimônio geológico, porém,mais do que isso são locais que precisam seapresentar como fonte <strong>de</strong> renda para a populaçãolocal que <strong>de</strong>ve ser incluída nesse projeto que vaialém da geoconservação, abarcando princípios maisamplos que é o do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável locale o da geoeducação (Figura 5):Figura 5: Relação entre o <strong>de</strong>senvolvimento regionalsustentável e a geoconservação.Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Pereira, 2010, p. 60.Assim como a Lista do Patrimônio Natural, acandidatura para seleção da UNESCO se baseia emalguns critérios, como a área correspon<strong>de</strong>r aoconceito <strong>de</strong> geoparque criado por ela, além <strong>de</strong>:- os geossítios inseridos no geoparque <strong>de</strong>vem serprotegidos e formalmente gerenciados,- <strong>de</strong>ve proporcionar o <strong>de</strong>senvolvimento ambiental ecultural sustentável, promovendo a i<strong>de</strong>ntificaçãoda comunida<strong>de</strong> com sua área e estimulando novasfontes <strong>de</strong> receita, especialmente o geoturismo,- <strong>de</strong>ve servir como uma ferramenta pedagógica paraa educação ambiental, treinamento e pesquisarelacionada às disciplinas geocientíficas,- <strong>de</strong>ve servir para explorar e <strong>de</strong>monstrar métodos <strong>de</strong>conservação do patrimônio geológico e <strong>de</strong>vecontribuir para a conservação dos aspectosgeológicos significativos que proporcioneminformações em várias disciplinas geocientíficas,- o geoparque <strong>de</strong>ve permanecer sob a jurisdição doEstado no qual está inserido,- medidas <strong>de</strong> proteção do geoparque <strong>de</strong>vem serestabelecidas <strong>de</strong> acordo com os ServiçosGeológicos ou outros grupos relevantes,- <strong>de</strong>ve possuir um plano <strong>de</strong> manejo,Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.62


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .- <strong>de</strong>ve ser estimulada a cooperação entre autorida<strong>de</strong>spúblicas, comunida<strong>de</strong>s locais, empresas privadas,universida<strong>de</strong>s etc. (LEITE DO NASCIMENTO;RUCHKYS; MANTESSO-NETO, 2008).Ao ser inserido na re<strong>de</strong> global <strong>de</strong> geoparquesé concebido um selo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, e “[...] osmembros po<strong>de</strong>m se beneficiar <strong>de</strong> materialpromocional em comum, como o website e fol<strong>de</strong>rs,encontrar novos parceiros <strong>de</strong> cooperaçãointernacional e financiamento através do Fórum eprincipalmente trocar experiências e técnicas”(MOREIRA, 2008, p. 98).A integração nessa re<strong>de</strong> é por apenas quatroanos, após isso é realizada uma reavaliação e dá-seum cartão para o geoparque: ver<strong>de</strong> (está tudo certo),amarelo (tem o prazo <strong>de</strong> dois anos para resolver<strong>de</strong>ficiências encontradas) e vermelho (é excluído dare<strong>de</strong>).Isso nos permite inferir que os critérios <strong>de</strong>inserção nessa re<strong>de</strong> mundial se baseiam em umprocesso contínuo <strong>de</strong> avaliação e melhoria dogeoparque, no intuito <strong>de</strong> verificar se o mesmo está<strong>de</strong> fato respon<strong>de</strong>ndo aos objetivos que se propôs.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ERECOMENDAÇÕESAtravés da metodologia empregada conclui-seque o geoturismo po<strong>de</strong> <strong>de</strong> fato ser consi<strong>de</strong>rado uminstrumento pertinente na valorização e divulgaçãoda geodiversida<strong>de</strong>, bem como da conservação dopatrimônio geológico.Além disso, geoturismo e geoconservaçãopo<strong>de</strong>m também ser tomados como indutores do<strong>de</strong>senvolvimento econômico local, propiciando agestão e utilização do patrimônio geológico, <strong>de</strong>forma planejada e sustentável.Nessa pesquisa optou-se em abordar apenas asiniciativas <strong>de</strong> geoconservação internacionais, como éo caso do Programa Geoparques Mundiais, noentanto, é preciso esclarecer que já existem diversasiniciativas brasileiras que caminham nessa direção(Projeto Geoparques Brasileiros, Comissão dosSítios Geológicos e Paleontológicos – SIGEP,Programa Geoecoturismo do Brasil, ProjetoCaminhos Geológicos), além <strong>de</strong> se avolumar oseventos e periódicos científicos que têm dado<strong>de</strong>staque a essa temática, reforçando a importânciado estudo e divulgação do trinômio.Espera-se que esse trabalho sirva <strong>de</strong> subsídioe inspiração para outras pesquisas na área, para queaos poucos o trinômio geodiversida<strong>de</strong>, geoturismo egeoconservação seja conhecido por toda ahumanida<strong>de</strong> e que a Declaração Internacional dosDireitos à Memória da Terra seja respeitada ecolocada em prática, principalmente consi<strong>de</strong>rando-sea relevância e probida<strong>de</strong> dos seus artigos 7 e 8:7 - Os homens sempre tiveram apreocupação em proteger o memorial do seupassado, ou seja, o seu patrimônio cultural.Só há pouco tempo se começou a proteger oambiente imediato, o nosso patrimônionatural. O passado da Terra não é menosimportante que o passado dos seres humanos.Chegou o tempo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>rmos a protegê-loe protegendo-o apren<strong>de</strong>remos a conhecer opassado da Terra, esse livro escrito antes donosso advento e que é o patrimônio geológico.8 - Nós e a Terra compartilhamos umaherança comum. Cada homem, cada governonão é mais do que o <strong>de</strong>positário <strong>de</strong>ssepatrimônio. Cada um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>vecompreen<strong>de</strong>r que qualquer <strong>de</strong>predação é umamutilação, uma <strong>de</strong>struição, uma perdairremediável. Todas as formas do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>vem, assim, ter em conta ovalor e a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse patrimônio(SIMPÓSIO..., 1991).Agra<strong>de</strong>cimentosA Capes pelo financiamento do projetoPROCAD 067/2007 e pela bolsa <strong>de</strong> doutorado.ReferênciasARAÚJO, E. L. da S. Geoturismo: conceptualização, implementação e exemplo <strong>de</strong> aplicação ao Vale doRio Douro no Setor Porto-Pinhão. 2005. 219 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente) –Escola <strong>de</strong> Ciências, Universida<strong>de</strong> do Minho, Minho, 2005.BARRETO, J. M. C. Potencial geoturístico da região <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Contas – Bahia – Brasil. 2007. 164 f.Dissertação (Mestrado em Geologia) – Instituto <strong>de</strong> Geociências, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia,Salvador, 2007.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.63


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .BRILHA, J. Patrimônio geológico e geoconservação – a conservação da natureza na sua vertentegeológica. Braga: Palimage, 2005. 190 p.CPRM. Mapa geodiversida<strong>de</strong> do Brasil. Brasília: CPRM, 2006. 68 p.FORTE, J. P. Patrimônio geomorfológico da Unida<strong>de</strong> Territorial <strong>de</strong> Alvaiázere: inventariação,avaliação e valorização. 2008. 295 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Departamento <strong>de</strong>Geografia, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, Lisboa, 2008.LEITE DO NASCIMENTO, M. A.; RUCHKYS, U. <strong>de</strong> A.; MANTESSO NETO, V. Geoturismo: um novosegmento do turismo no Brasil. Global Tourism, [s.l.], v. 3, n. 2, Nov. 2007. Disponível em:http://www.periodico<strong>de</strong>turismo.com.br. Acesso em: 01 mar. 2010.______.; RUCHKYS, U. A.; MANTESSO NETO, V. Geodiversida<strong>de</strong>, geoconservação e geoturismo:trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico. São Paulo: <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong>Geologia, 2008. 84 p._______; SHOBBENHAUS, C.; MEDINA, A. I. <strong>de</strong> M. Patrimônio geológico: turismo sustentável. In:SILVA, C. R. da (Ed.). Geodiversida<strong>de</strong> do Brasil – conhecer o passado para enten<strong>de</strong>r o presente eprever o futuro. [s.l.]: CPRM, 2009. p. 147 – 162.LIMA, F. F. <strong>de</strong>. Proposta metodológica para a inventariação do Patrimônio Geológico Brasileiro. 2008.103 f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Geológico e Geoconservação) – Escola <strong>de</strong> Ciências,Universida<strong>de</strong> do Minho, Minho, 2008.MOREIRA, J. C. Patrimônio geológico em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação: ativida<strong>de</strong>s interpretativas,educativas e geoturísticas. 2008. 428 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Centro <strong>de</strong> Filosofia eCiências Humanas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Santa Catarina, 2008.PEREIRA, R. G. F. <strong>de</strong> A. Geoconservação e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável na Chapada Diamantina(Bahia – Brasil). 2010. 318 f. Tese (Doutorado em Geologia) – Escola <strong>de</strong> Ciências, Universida<strong>de</strong> doMinho, Minho, 2010.RODRIGUES, M..; PEREIRA, D. Patrimônio geológico do Vale do Minho e a sua valorização geoturística.In: CONGRESSO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 6., 2009, Braga. Anais... Braga:APGEOM, 2009, p. 285-290.RUCHKYS, U. <strong>de</strong> A. Patrimônio Geológico e Geoconservação no Quadrilátero Ferrífero, MinasGerais: potencial para criação <strong>de</strong> um geoparque da UNESCO. 2007. 233 f. Tese (Doutorado emGeologia) – Instituto <strong>de</strong> Geociências, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.SILVA, F. R. A paisagem do Quadrilátero Ferrífero, MG: Potencial para o uso turístico da suageologia e geomorfologia. 2007. 144 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Departamento <strong>de</strong>Geografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. Disponível em:http://www.bibliotecadigital.ufmg.br. Acesso em: 20 ago. 2010.SILVA,J. R. B. da; PERINOTTO, J. A. <strong>de</strong> J. O geoturismo na geodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paraguaçu Paulista comomo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> geoconservação das estâncias. Global Tourism, [s.l.], v. 3, n. 2, nov. 2007. Disponível em:http://www.periodico<strong>de</strong>turismo.com.br. Acesso em: 01 mar. 2010.SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO,1., 1991,Digne-Les-Bains, França. Declaração Internacional dos Direitos a Memória da Terra. Tradução <strong>de</strong>Carlos Fernando <strong>de</strong> Moura Delphim. Disponível em: http://vsites.unb.br. Acesso em: 5 out. 2010.VIEIRA, A.; CUNHA, L. Patrimônio geomorfológico – tentativa <strong>de</strong> sistematização, [200-?]. Disponívelem: http://www.geografia.uminho.pt. Acesso em: 10 mar. 2010.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.64


Bento & Rodrigues. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação. .Fluxo editorial:Recebido em: 23.11.2010Corrigido em: 09.01.2011Aprovado em: 10.01.2011A revista Turismo e Paisagens Cársticas é uma publicação da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SeTur/SBE). Para submissão <strong>de</strong> artigos ou consulta aos já publicados visite:www.cavernas.org.br/turismo.asp1 Trecho da palestra <strong>de</strong> José Brilha apresentada no Workshop Geoparque: estratégia <strong>de</strong> geoconservação eprojetos educacionais, em São Paulo, SP, julho, 2009.2 Trecho da palestra <strong>de</strong> Guy Martini apresentada no Workshop Geoparque: estratégia <strong>de</strong> geoconservação eprojetos educacionais, em São Paulo, SP, julho, 2009.3 Trecho da palestra <strong>de</strong> Paulo César Boggiani apresentada no Workshop Geoparque: estratégia <strong>de</strong>geoconservação e projetos educacionais, em São Paulo, SP, julho, 2009.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.65


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Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EFEITOS DO TURISMO NOECOSSISTEMA DA MINA DO CHICO REI (OURO PRETO, MINASGERAIS): IMPLICAÇÕES PARA O MANEJO EM SISTEMAS NATURAISCONSIDERATIONS OF THE TOURISM EFFECTS IN THE CHICO REI MINE (OURO PRETO,MINAS GERAIS): IMPLICATIONS FOR THE MANAGEMENT OF NATURAL SYSTEMSLeopoldo Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Bernardi (1), Marconi Souza-Silva (2) &Rodrigo Lopes Ferreira (3)(1) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras (UFLA) - Pós Graduação em Ecologia Aplicada, Bolsista Capes(2) Centro Universitário <strong>de</strong> Lavras (Unilavras) - Núcleo <strong>de</strong> Estudo em Saú<strong>de</strong> e Biológicas(3) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras (UFLA) - Setor <strong>de</strong> Zoologia/Departamento <strong>de</strong> BiologiaLavras - MG - leopoldobernardi@yahoo.com.br; marconisouza@unilavras.edu.br; drops@ufla.brResumoO turismo em cavida<strong>de</strong>s subterrâneas vem sendo difundido e realizado em todo território brasileiro. Talativida<strong>de</strong>, no entanto, po<strong>de</strong> causar severos impactos a estes sistemas, caso seja conduzida <strong>de</strong> formaina<strong>de</strong>quada. Desta forma, o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar as alterações em parâmetros abióticos(temperatura e umida<strong>de</strong> relativa), além <strong>de</strong> possíveis <strong>de</strong>slocamentos da fauna em resposta ao turismo<strong>de</strong>senvolvido na ―Mina do Chico Rei‖, localizada em Ouro Preto, Minas Gerais. Foi observada a elevação datemperatura e da umida<strong>de</strong> relativa após o uso do sistema. Além disso, as ativida<strong>de</strong>s turísticas causam algunsimpactos ao sistema, tais como a compactação e a homogeneização do piso. Tais alterações fazem com que afauna se distribua em locais on<strong>de</strong> o efeito do turismo não é muito intenso. O planejamento do turismo emcavida<strong>de</strong>s subterrâneas <strong>de</strong>ve ser realizado antes do uso <strong>de</strong>stes sistemas, pois alguns impactos <strong>de</strong>correntes<strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser irreversíveis.Palavras-Chave: turismo, minas subterrâneas, fauna, cavernas, impactos.AbstractTouristic activities in Brazilian caves are quite common. Furthermore, such activities are increasing all overthe country. However, the tourism in caves can led to severe impacts when it is conducted in not properways. The aim of this work was to evaluate eventual changes in some abiotic (temperature and moisturecontent) and biotic parameters after some touristic activities in an artificial cavity (“Mina do Chico Rei”),located in Ouro Preto, Minas Gerais. Temperature and moisture content had increased after the touristicvisits. Furthermore, those activities had led to some changes in the cavity, such as soil compacting. Theinvertebrates are preferentially distributed in places not directly or intensively affected by the tourists. Thetourism in a cavity has to be planned preferentially before the beginning of those activities, since manyimpacts <strong>de</strong>rived from tourism can be irreversible.Key-Words: tourism, subterranean mines, fauna, caves, impacts.1. INTRODUÇÃOExistem diversos tipos <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>ssubterrâneas, cada qual formada por processosdiferenciados. As cavida<strong>de</strong>s subterrâneas naturaissão formadas principalmente pela ação da água, queatua dissolvendo a rocha e formando condutos egalerias <strong>de</strong> dimensões variadas (GILBERT et al.,1994; GILLIESON, 1996). Além da água, outrosprocessos, tais como erupções vulcânicas e rearranjo<strong>de</strong> blocos rochosos também po<strong>de</strong>m formar cavernas(GILLIESON, 1996; TWIDALE; ROMANÍ, 2005).No entanto, processos naturais não são osúnicos a dar origem a cavida<strong>de</strong>s subterrâneas. Açõesantrópicas também po<strong>de</strong>m gerar cavida<strong>de</strong>s. Ascavida<strong>de</strong>s artificiais subterrâneas (minas, túneis egalerias) são abertas pela ação do homem com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> diferentes minerais oumetais <strong>de</strong> valor econômico.Apesar da gênese <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s naturais eartificiais ser distinta, ambas po<strong>de</strong>m apresentarcaracterísticas ambientais comuns, <strong>de</strong>terminadasprincipalmente pela ausência <strong>de</strong> luz. Deste modo, amaior estabilida<strong>de</strong> ambiental comparada aosCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.67


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .sistemas externos, além da ausência <strong>de</strong> organismosfotossintetizantes, são características presentes tantonas galerias artificiais como nas cavernas(FERREIRA, 2004). Além disso, as minas ecavernas compartilham outros fatores, tais como aestrutura das comunida<strong>de</strong>s e os principais grupos <strong>de</strong>organismos que as colonizam (PECK, 1988;FERREIRA, 2004).As semelhanças entre as cavida<strong>de</strong>ssubterrâneas artificiais e as cavernas não serestringem a fatores ambientais e faunísticos. Taiscavida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m também apresentar o mesmo tipo<strong>de</strong> uso antrópico, como o uso turístico (FERREIRA,2004). Centenas <strong>de</strong> cavernas são utilizadas para oturismo em todo o mundo (CIGNA; BURRI, 2000).No Brasil, existem diversas cavida<strong>de</strong>s turísticas,com usos bastante diversificados (uso religioso,esportivo ou simplesmente contemplação). Algumascavernas no país possuem mais <strong>de</strong> cem anos <strong>de</strong> usopara esta finalida<strong>de</strong> (LINO, 2001, LOBO, 2006a;FERREIRA, 2004).Em relação ao uso turístico <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>sartificiais, <strong>de</strong>staca-se, no país, o estado <strong>de</strong> MinasGerais. Este estado possuí gran<strong>de</strong> vocação para aextração <strong>de</strong> minérios, o que levou à construção <strong>de</strong>milhares <strong>de</strong> minas subterrâneas ao longo dos últimos300 anos. Na atualida<strong>de</strong>, ainda existem centenas <strong>de</strong>galerias subterrâneas em ativida<strong>de</strong> no Estado. Noentanto, algumas galerias históricas atualmenteinativas são exploradas turisticamente, tais como aMina do Chico Rei e a Mina da Passagem,localizadas em Ouro Preto e Mariana,respectivamente.Embora o turismo em cavida<strong>de</strong>s subterrâneasno Brasil venha sendo realizado há décadas, aindaexistem muitas lacunas metodológicas referentes aomanejo a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>stes sistemas. As estratégias <strong>de</strong>conservação e manejo que balizam o modo do uso<strong>de</strong>stes ambientes, <strong>de</strong> forma a minimizar os impactossobre estes sistemas, ainda compreen<strong>de</strong>m um <strong>de</strong>baterecente em nosso país (LINO, 2001; LOBO, 2006a;LOBO, 2006b; LOBO et al., 2009; FERREIRA,2004; FERREIRA et al., 2009). Como apresentadopor Lobo (2006b) e Ferreira e colaboradores (2009),as principais discussões levantadas até o momentorelacionam-se a mudanças no meio abiótico, como<strong>de</strong>predação <strong>de</strong> espeleotemas, variações <strong>de</strong>temperatura, umida<strong>de</strong>, e nos níveis <strong>de</strong> CO 2 doambiente. Consi<strong>de</strong>rações efetivas sobre o manejobiológico, envolvendo os espécimes presentes nascavernas, ainda são muito escassas (LINO, 2001;LOBO 2006a; LOBO, 2006b; FERREIRA, 2004;SESSSEGOLO et al., 2004a; SESSSEGOLO et al.,2004b; FERREIRA et al., 2009; FERREIRA, 2009).Existem dificulda<strong>de</strong>s nítidas na proposição <strong>de</strong>manejo e na conservação <strong>de</strong> ambientes subterrâneosbrasileiros. Entre elas, a <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> carga, a elaboração <strong>de</strong> rotas e percursos para ouso turístico, a escolha <strong>de</strong> parâmetros biológicosconsistentes que possam auxiliar na construção emações <strong>de</strong> manejo, <strong>de</strong>ntre outros (FERREIRA et al.,2009; LOBO, 2009). Nesta perspectiva, cavida<strong>de</strong>ssubterrâneas artificiais (funcionalmente semelhantesàs cavernas), configuram-se como bons mo<strong>de</strong>lospara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas, que visamcompreen<strong>de</strong>r melhor os sistemas subterrâneos e ospotenciais impactos que estes possam vir a sofrer.Desta forma, o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar osimpactos sofridos pela Mina do Chico Rei<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sua utilização turística. Além disso,aspectos relacionados às possíveis respostas dafauna ao turismo também foram avaliados.2. MATERIAL E MÉTODOS2.1. Local <strong>de</strong> estudoA Mina do Chico Rei é uma cavida<strong>de</strong>subterrânea localizada na região urbana domunicípio <strong>de</strong> Ouro Preto (23K E656608 N7745079)(Figura 1). Sua construção remonta do século XVIIIe, <strong>de</strong> acordo com os atuais proprietários da área, oobjetivo <strong>de</strong> sua construção era a extração do ouro,posteriormente servindo <strong>de</strong> rota <strong>de</strong> fuga paraescravos e extravio <strong>de</strong> ouro roubado. Atualmente amina está em processo <strong>de</strong> mapeamento, sendo oturismo <strong>de</strong>senvolvido apenas na parte inicial dacavida<strong>de</strong>. O trecho estudado correspon<strong>de</strong> a umapequena porção da cavida<strong>de</strong>, composta por doiscorredores principais que totalizam cerca <strong>de</strong> 139 m.Esta área se apresenta iluminada por lâmpadaselétricas incan<strong>de</strong>scentes. Além disso, foramamostrados outros dois trechos ligados ao sistematurístico, que totalizam cerca <strong>de</strong> 28 m, e quepraticamente não recebem visitas por não seapresentarem iluminados (Figura 7).2.2. Inventário biológicoOs invertebrados terrestres foram coletadosem todos os biótopos potenciais (e.g. <strong>de</strong>pósitosorgânicos, espaços sob rochas e locais úmidos)existentes na cavida<strong>de</strong> (SHARRATT et al., 2000;FERREIRA, 2004). Cada organismo observado tevesua posição registrada em um croqui da cavida<strong>de</strong>.Desta forma, ao final <strong>de</strong> cada coleta, foram geradasinformações concernentes à riqueza <strong>de</strong> espécies, àsabundâncias relativas e à distribuição espacial <strong>de</strong>cada população (FERREIRA, 2004). Para facilitar acaracterização das distribuições populacionais dasCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.68


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .espécies <strong>de</strong> invertebrados, a cavida<strong>de</strong> foi divididaem 10 setores. Para obtenção dos setores, a cavida<strong>de</strong>foi dividida em 10 regiões, cada uma correspon<strong>de</strong>ntea 1/10 do <strong>de</strong>senvolvimento linear do local on<strong>de</strong> foirealizada a amostragem <strong>de</strong> invertebrados(FERREIRA, 2004). O setor <strong>de</strong> número 1 foi<strong>de</strong>finido como aquele correspon<strong>de</strong>nte à entrada, e osetor <strong>de</strong> número 10 a região mais afastada daentrada. As características físicas dos micro-habitats(e.g. piso compactado, piso com rochas soltas, teto,pare<strong>de</strong>) on<strong>de</strong> os espécimes foram observados ecapturados foram registradas no mapa da cavida<strong>de</strong>(Figura 2). Todos os organismos foram i<strong>de</strong>ntificadosaté o nível taxonômico possível e separados emmorfo-espécies. A riqueza <strong>de</strong> espécies foi obtida pormeio do somatório do total <strong>de</strong> espécies encontradas.Figura 1: Mina do Chico Rei. A; região interna, vista hipógea da entrada em direção ao fundo.B; região da entrada, meio epígeo.Figura 2: Croqui com a representação esquemáticados setores que foram elaborados na Mina do ChicoRei.2.3. Caracterização ambiental das galeriasartificiaisA caracterização ambiental das galeriasartificiais foi realizada concomitantemente às coletas<strong>de</strong> invertebrados. Para isso, todos os tipos <strong>de</strong>recursos alimentares presentes nos sistemas foramqualificados e sua posições foram assinaladas nocroqui esquemático da cavida<strong>de</strong>. Além disso, foramtomadas as medidas <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong>relativa do ar e taxa <strong>de</strong> ruídos.Os equipamentos utilizados para as mediçõesdas variáveis abióticas foram um termohigrômetro(que opera em uma faixa <strong>de</strong> -5 a 70 0 C e <strong>de</strong> umida<strong>de</strong><strong>de</strong> 20 a 99%, com precisão <strong>de</strong> ± 1ºC e ± 2%) e um<strong>de</strong>cibelímetro (opera em uma faixa que varia entre25 e 130 dB, com precisão <strong>de</strong>. 1,5 dB.)As medidas <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong> relativaforam feitas na porção mediana do conduto on<strong>de</strong>estão localizados os setores 1, 2 e 3. Segundo osproprietários da cavida<strong>de</strong> este local é on<strong>de</strong> o turistapassa a maior parte do tempo da visita (Figura 2).Neste local, o termohigrômetro permaneceu fixo a30 centímetros do solo e a uma distância <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>2 metros do sistema <strong>de</strong> iluminação.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.69


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .2.4. Monitoramento ambiental e biológicorealizado nas cavida<strong>de</strong>s turísticasForam verificados todos os impactospotenciais gerados pela ativida<strong>de</strong> turística nacavida<strong>de</strong>. Para tal, avaliou-se a distribuição espacialdas diferentes populações presentes na Mina doChico Rei, além da variação <strong>de</strong> quatro parâmetrosambientais (temperatura, umida<strong>de</strong> relativa,luminosida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ruídos). Tais medidasabióticas e bióticas foram realizadas em cincomomentos ao longo do dia 27 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong>2010.A primeira medida foi feita no início do dia,no período da manhã, antes <strong>de</strong> qualquer ativida<strong>de</strong>turística. Nesta ocasião foram realizadas medidas <strong>de</strong>temperatura, umida<strong>de</strong> relativa e ruídos na regiãomediana da cavida<strong>de</strong> com auxilio <strong>de</strong> umtermohigrômetro e um <strong>de</strong>cibelímetro. As medidas<strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong> relativa foram tomadasapós um tempo 40 minutos da colocação doequipamento na cavida<strong>de</strong>. Durante este período osistema <strong>de</strong> iluminação permaneceu <strong>de</strong>sligado e nãohouve incursões <strong>de</strong> pessoas ao interior da cavida<strong>de</strong>.Após tais medidas, uma equipe <strong>de</strong> três pessoasa<strong>de</strong>ntrou a cavida<strong>de</strong> para a realização do inventário<strong>de</strong> todos os invertebrados presentes no sistema. Paratal, foi adotado o método anteriormente <strong>de</strong>scrito(FERREIRA, 2004). Durante a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta asistema <strong>de</strong> iluminação permaneceu <strong>de</strong>sligado. Logoapós, a cavida<strong>de</strong> foi liberada para que as visitas <strong>de</strong>grupos <strong>de</strong> turistas fossem iniciadas.Cada grupo <strong>de</strong> visitantes circulava somentepelo percurso iluminado. Durante a visita, asvariações nos níveis <strong>de</strong> ruído eram feitas através <strong>de</strong>um <strong>de</strong>cibelímetro. Para tal, os grupos <strong>de</strong> turistaseram acompanhados por um membro da equipe queregistrava os valores ao longo da caminhada nointerior da cavida<strong>de</strong>.Ao final da visita, um membro da equipeentrava na cavida<strong>de</strong> para verificar os valoresmínimos e máximos <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong>relativa, a fim <strong>de</strong> se verificar se houve variaçãonestes parâmetros em relação aos valoresinicialmente medidos. Após terem sido anotados osvalores dos parâmetros abióticos, uma equipe <strong>de</strong> trêspessoas entrava novamente na cavida<strong>de</strong> e realizavauma nova vistoria em todo o ambiente. Nesteprocedimento os invertebrados encontrados eramnovamente plotados em um croqui da cavida<strong>de</strong>, comintuito <strong>de</strong> se observar se haviam mudanças naslocalizações das populações após a interferência daativida<strong>de</strong> turística.Todo o trabalho foi conduzido ao longo <strong>de</strong>uma única manhã, tendo início as 8:00 com asmedidas iniciais, as 9:30 foi realizada a visita doprimeiro grupo, e as ativida<strong>de</strong>s foram encerradas ao12:30.3. RESULTADOSNo interior da Mina do Chico Rei foramencontradas 15 espécies <strong>de</strong> 9 or<strong>de</strong>ns, pertencentesaos seguintes taxa: Araneae (Pholcidae –Mesabolivar sp.; Nesticidae – Nesticus sp.);Opiliones (Gonyleptidae – Eusarcus sp.),Shymphyla, Psocoptera, Coleoptera (Pselaphidae),Lepidoptera (Tineidae); Orthoptera (Phalangopsidae– Strinatia sp., En<strong>de</strong>cous sp.), Diptera (Culicidae –Culex sp.), e Collembola. Nenhum organismotroglomórfico foi encontrado na cavida<strong>de</strong> (Tabela 1).A riqueza e a abundância das espéciesapresentaram os maiores valores nos setores maispróximos à entrada da cavida<strong>de</strong> (Figura 3 e 4).A população <strong>de</strong> En<strong>de</strong>cous sp. (Orthoptera:Phalangopsidae), a espécie melhor distribuída nosistema, também seguiu a mesma tendência dariqueza, estando mais concentrada nos setorespróximos à entrada da cavida<strong>de</strong> (Fig. 5 e 7).Os espécimes encontrados no piso dacavida<strong>de</strong> na região turística foram observadosprincipalmente em locais on<strong>de</strong> havia pedras soltas ematéria orgânica. Estes locais estão concentradospróximos às pare<strong>de</strong>s, e não são pisoteados durante asvisitas, pois estão fora do percurso utilizado pelosturistas (Fig. 6 e 7).Outros locais on<strong>de</strong> os invertebrados foramobservados são os condutos laterais, que estãoconectados às zonas turísticas. Nestes condutos, osolo é pouco compactado, apresentando pedrassoltas e alguns restos orgânicos, tais como papéis,velas com presença <strong>de</strong> fungos e pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.Pelo fato <strong>de</strong>stes condutos não serem visitados(<strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> iluminação), o lixo não éremovido e o local não sofre com a compactação dosolo ocasionada pelo turismo intenso.Os locais da cavida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram observadasas maiores agregações <strong>de</strong> espécimes foram o teto eas pare<strong>de</strong>s na região <strong>de</strong> entrada. Nesta porção, existeuma região <strong>de</strong> penumbra e o piso não apresentamicro-habitats disponíveis, pois foi alterado pelaconfecção <strong>de</strong> uma escada, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>r sido revestidopor cimento (Figuras 1 e 7).Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.70


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .Tabela 1: Taxa encontrados na Mina do Chico Rei com suas respectivas espécies e número <strong>de</strong> setores em queforam encontrados.N° Referência Or<strong>de</strong>m/Família Espécie N° Setores1 Orthoptera: Phalongopsidae En<strong>de</strong>cous sp1 72 Collembola espécie 1 33 Collembola espécie 2 44 Aranae: Pholcidae Mesabolivar sp. 45 Coleoptera: Pselaphidae espécie 1 36 Aranae: Nesticidae Nesticus sp1 37 Orthoptera: Phalongopsidae Strinatia sp. 28 Diptera: Culicidae Culex sp1 29 Opiliones: Gonyleptidae Eusarcus sp. 210 Opiliones: Gonyleptidae Mitogoniella indistincta 111 Symphyla espécie 1 112 Psocoptera espécie 1 413 Collembola espécie 3 114 Opiliones: Gonyleptidae espécie 1 315 Lepidoptera: Tineidae espécie 1 1Legenda: N° Referência= refere-se ao número <strong>de</strong> representação da espécie no croqui esquemático da cavida<strong>de</strong>apresentado na figura 7. N° Setores= quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> setores em que a espécie foi observada durante o levantamento dafauna <strong>de</strong> invertebrados na Mina do Chico Rei.Figura 3: Distribuição da riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>invertebrados ao longo dos setores da Cavida<strong>de</strong>artificial Mina do Chico Rei.Figura 5: Distribuição da população <strong>de</strong> En<strong>de</strong>cous sp.ao longo dos setores da Cavida<strong>de</strong> artificial Mina doChico Rei.Figura 4: Distribuição das abundâncias <strong>de</strong>invertebrados ao longo dos setores da Cavida<strong>de</strong>artificial Mina do Chico Rei.A região <strong>de</strong> entrada é atípica em relação adisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos quando comparada aorestante da cavida<strong>de</strong>. Nesta área quase toda a pare<strong>de</strong>é revestida por musgos e algas, que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong>recurso alimentar para a fauna. No restante dacavida<strong>de</strong>, os únicos recursos alimentarespotencialmente utilizados compreen<strong>de</strong>m poucosrestos orgânicos, além dos fungos a eles associados.Todo este material correspon<strong>de</strong> a restos orgânicostrazidos pelos turistas ou então restos <strong>de</strong> estruturasutilizadas para facilitar o acesso dos turistas. Dentreeles po<strong>de</strong>-se citar papéis, velas, restos <strong>de</strong> alimento,pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira utilizados em corrimão e umpedaço <strong>de</strong> corda.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.71


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .Figura 6: Presença <strong>de</strong> dois locais distintos no piso da cavida<strong>de</strong> turística Mina do Chico Rei. A, região <strong>de</strong> solocompactado on<strong>de</strong> existe o caminhamento preferencial do turismo; B, locais com presença <strong>de</strong> rochas soltas,material particulado, lixo orgânico e inorgânico que sofreram pouca ação <strong>de</strong> pisoteamento.Figura 7: Croqui representando a distribuição dasespécies e dos recursos presentes na Mina do ChicoRei.Em relação aos padrões <strong>de</strong> distribuição dafauna, após o <strong>de</strong>senvolvimento do turismo nãoforam observadas modificações na localização daspopulações dos espécimes, quando comparados comos dados da coleta realizada inicialmente, antes <strong>de</strong>qualquer ativida<strong>de</strong> turística. O padrão <strong>de</strong> distribuiçãoda fauna permaneceu semelhante àquele observadona primeira vistoria realizada na cavida<strong>de</strong>, mesmoapós as quatro visitas <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> turistas.Apesar dos padrões <strong>de</strong> distribuição da faunanão terem sido alterados, os parâmetros abióticos, <strong>de</strong>temperatura e umida<strong>de</strong> relativa, apresentaramalterações após a realização do turismo.O valor inicial registrado para a temperatura ea umida<strong>de</strong> relativa, no momento anterior a qualquerativida<strong>de</strong> antrópica, foram 17,8ºC e 86%,respectivamente.A primeira visita turística ocorrida na Mina doChico Rei foi feita por um grupo composto <strong>de</strong> doisadultos e duas crianças. Após esta visita, os valores<strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong> relativa se alteraram para18,5ºC e 90%.Após a segunda visita os valores registradosforam <strong>de</strong> 18,4ºC e 92%, e após a terceira visita osvalores alteraram para 18,6ºC e 93%. Em ambas asocasiões entraram na cavida<strong>de</strong> grupos compostos <strong>de</strong>um adulto e uma criança.A quarta e última visita foi realizada por doisadultos, e os valores registrados foram 18,6ºC e 92%(Figura 8).Durante cada uma das visitas o sistema <strong>de</strong>iluminação era ligado possibilitando o turista ecaminhar livremente pela cavida<strong>de</strong>. Imediatamenteapós a saída dos grupos o sistema <strong>de</strong> iluminação era<strong>de</strong>sligado.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.72


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .A emissão <strong>de</strong> ruídos durante as quatro visitasrealizadas na cavida<strong>de</strong> apresentaram uma variaçãoentre 32dB e 26.3dB. Durante a visita do primeirogrupo foi registrado valor mais elevado para aemissão <strong>de</strong> ruídos (32dB), o menor valor foiregistrado durante a visita do segundo (26,3dB).Durante o percurso realizado pelo terceiro e o quartogrupo <strong>de</strong> turistas foi observado um valor máximo <strong>de</strong>26,3dB e 28,4dB, respectivamente.Não foi possível <strong>de</strong>terminar padrões <strong>de</strong>intervalos <strong>de</strong> tempo para cada uma das visitasdurante o <strong>de</strong>senvolvimento do estudo. Entretanto,cada grupo <strong>de</strong> turista se manteve <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong>por no mínimo 20 minutos e os intervalos entre asvisitas foi <strong>de</strong> no mínimo 40 minutos.Figura 8: Efeitos das visitas turísticas nos valores <strong>de</strong> temperatura e umida<strong>de</strong> relativa no interior da cavida<strong>de</strong>turística Mina do Chico Rei4. DISCUSSÃO4.1. Variação na comunida<strong>de</strong> biológicaDiversas cavernas em todo o mundo recebemum gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> visitantes. Como exemplo,po<strong>de</strong>m ser citadas as cavernas <strong>de</strong> Altamira e Marvelsna Espanha, Bayun na China, Cheddar, Peak eSpeedwell na Inglaterra, Mammoth nos EstadosUnidos, Postojna na Eslovênia, <strong>de</strong>ntre outras(PULIDO-BOSH, 1997; GUNN et al., 2000;LINHUA et al., 2000). O mesmo ocorre no Brasil,estando em <strong>de</strong>staque aquelas cavida<strong>de</strong>s voltadaspara o turismo religioso, que po<strong>de</strong>m recebermilhares <strong>de</strong> pessoas anualmente (LINO, 2001).Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sses sistemas apresenta modificaçõesestruturais que visam auxiliar ou favorecer o<strong>de</strong>slocamento dos turistas. Tais alterações quasesempre acarretam em impactos. Desta forma,recentemente, têm sido amplamente discutidasquestões relativas a como conciliar as açõespromovidas pelo turismo com a preservação dosambientes hipógeos (FERREIRA, 2004; FERREIRAet al., 2009; LOBO, 2006a; LOBO, 2006b; SOUZA-SILVA; FERREIRA, 2009).Gran<strong>de</strong> parte dos trabalhos produzidos noBrasil e no mundo a respeito do manejo turístico emcavernas, dão importância principalmente àscondições climáticas, tais como variações <strong>de</strong>temperatura, umida<strong>de</strong> relativa e CO 2 no ambientehipógeo (VILLAR et al., 1984; PULIDO-BOSH etal., 1997; LINHUA et al., 2000; LOBO 2006b;FERNÁNDEZ-CORTÉS et al., 2006). No entanto,poucos trabalhos consi<strong>de</strong>ram efetivamente os efeitosdo turismo sobre a biota subterrânea, sendo urgentea elaboração <strong>de</strong> estudos que visam esclarecer algunsaspectos do manejo <strong>de</strong> ecossistemas subterrâneos(EBERHARD, 2001; FERREIRA, 2004;FERREIRA et al., 2009; SOUZA-SILVA;FERREIRA, 2009).Os invertebrados encontrados na Mina doChico Rei compreen<strong>de</strong>m os mesmos gruposobservados por Souza-Silva (2008) em cavernaslocalizadas próximas a esta Mina turística. Destaforma é possível que os dados resultantes dopresente estudo possam ser utilizados como umbalizador em futuras ações <strong>de</strong> manejo em sistemasnaturais. Assim, o primeiro ponto a ser observado éque existe um aspecto marcante ligado à disposiçãodos espécimes observados na Mina da Chico Rei. Opiso da cavida<strong>de</strong>, em especial, foi quase todoaplainado através da compactação mecânica do solo,ou então, através do acréscimo <strong>de</strong> brita ou cimento,resultando em uma redução na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>micro-habitats em que a fauna po<strong>de</strong> se abrigarCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.73


(Figura 1, 6 e 7). O que se observa, em aspectosgerais, é que os espécimes estão distribuídos fora dazona <strong>de</strong> caminhamento estabelecida pelo turismo, seconcentrando em regiões que não sofremdiretamente com a compactação do solo porpisoteamento. Em cavida<strong>de</strong>s naturais, a faunageralmente se distribui por todo o sistema, já que osmicrohabitats estão, em sua maioria, distribuídos portodo o piso e pare<strong>de</strong> das cavernas (FERREIRA,2004; FERREIRA et al., 2009). A distribuição <strong>de</strong>invertebrados por todo o sistema, também ocorre emcavida<strong>de</strong>s subterrâneas artificiais não turísticas(Bernardi, dados não publicados), e em locais naMina do Chico Rei on<strong>de</strong> não há fluxo intenso <strong>de</strong>visitantes. Desta forma, a maneira como o turismo éconduzido po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar os locais on<strong>de</strong> osespécimes po<strong>de</strong>m se abrigar e estabelecer suaspopulações. Por outro lado, tais zonas <strong>de</strong>caminhamento <strong>de</strong>vem sempre ser <strong>de</strong>terminadas emfunção da distribuição original das espécies no meiosubterrâneo. Para isso <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados ospadrões <strong>de</strong> distribuição das espécies durante nomínimo um ano, abrangendo estações <strong>de</strong> seca echuva. Além disso, é importante <strong>de</strong> sejam feitosacompanhamentos periódicos da fauna, já queativida<strong>de</strong>s turísticas po<strong>de</strong>m alterar a distribuição <strong>de</strong>invertebrados em sistemas subterrâneos(FERREIRA, 2004).Além dos fatores ligados à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>habitats, a presença <strong>de</strong> recursos alimentares tambémpo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminante na distribuição daspopulações. As comunida<strong>de</strong>s presentes emcavida<strong>de</strong>s subterrâneas artificiais, como emcavernas, também apresentam gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência<strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> material orgânico proveniente dosistema epígeo. Em ambos os sistemas a ausência <strong>de</strong>luz não permite o crescimento <strong>de</strong> organismosfotossintetizantes, tornando os mesmos, na maiorparte dos casos, oligotróficos (FERREIRA, 2004). AMina do Chico Rei passa periodicamente porvistorias que visam melhorar a condição do turismoe <strong>de</strong>ixar o ambiente mais ―agradável‖ ao público.Nestas ocasiões a pouca matéria orgânica quepenetra no sistema é removida, no intuito <strong>de</strong>melhorar a aparência da cavida<strong>de</strong> e evitar aproliferação <strong>de</strong> insetos que possam incomodar osturistas. Desta forma, esta cavida<strong>de</strong> apresenta-seextremamente pobre em recursos orgânicos. Assim,é <strong>de</strong> se esperar que as populações mantenham umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> indivíduos concentrados nasproximida<strong>de</strong>s da entrada, on<strong>de</strong> existem musgos ealgas. Além disso, locais on<strong>de</strong> existem restosorgânicos <strong>de</strong>ixados pelos turistas tambémconcentram invertebrados.A quantida<strong>de</strong> e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursosalimentares em sistemas subterrâneos po<strong>de</strong>mBernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .influenciar diretamente o tamanho das populaçõesno meio subterrâneo (FERREIRA, 2004;MARTINS, 2009). Desta forma, quando se visa oestabelecimento do turismo em uma cavida<strong>de</strong>, éimportante que se possibilite a manutençãoa<strong>de</strong>quada do fluxo <strong>de</strong> energia. Este é certamente umfator <strong>de</strong>cisivo na manutenção <strong>de</strong> populações <strong>de</strong>invertebrados, mesmo em sistemas que recebemmilhares <strong>de</strong> visitantes (EBERHARD, 2001).Na Caverna Lapa Nova <strong>de</strong> Maquiné(Cordisburgo, MG), foi observada uma situaçãosemelhante à encontrada na Mina do Chico Rei(FERREIRA, 2004). Nesta caverna, a fauna tambémten<strong>de</strong> a se abrigar em zonas adjacentes às áreas <strong>de</strong>visitação, on<strong>de</strong> são encontrados recursos carreadospor turistas. A maior parte <strong>de</strong>stes recursoscompreen<strong>de</strong> restos orgânicos, como objetos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira (e.g. fósforo, palitos <strong>de</strong> sorvete), restos <strong>de</strong>alimento e papel, e permanecem ali após a realizaçãoda ativida<strong>de</strong> turística (FERREIRA, 2004).Com o <strong>de</strong>correr das ativida<strong>de</strong>s antrópicas nacavida<strong>de</strong>, era esperado que a fauna se <strong>de</strong>slocassepara áreas <strong>de</strong> pouca visitação, ao longo do dia.Entretanto, observou-se que, com a entrada dosturistas, as populações se mantiveram concentradasnos mesmos locais, não havendo alterações emrelação à distribuição prévia à realização das visitas.Tal fato sugere que as comunida<strong>de</strong>s ten<strong>de</strong>m a sea<strong>de</strong>quar ao turismo não por meio <strong>de</strong> contínuas―expansões‖ e ―retrações‖ cíclicas das populações. Asolução aparentemente conseguida <strong>de</strong>corre dapermanência das populações em áreas que não sãodiretamente afetadas pela ação <strong>de</strong> impactos diretoscomo pisoteamento.Embora indiscutivelmente importante, oturismo, se realizado <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada, po<strong>de</strong>levar à redução populacional <strong>de</strong> certas espécies oumesmo à extinção local <strong>de</strong> certos grupos. Destaforma, é fundamental, durante o planejamentoprévio da utilização turística <strong>de</strong> uma dada cavida<strong>de</strong>,que aspectos bióticos sejam consi<strong>de</strong>rados. Em certascavernas, on<strong>de</strong> o manejo é a<strong>de</strong>quado, é possível amanutenção das condições <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> energia parao sistema e a manutenção da fauna (EBERHARD,2001). Além disso, existem casos on<strong>de</strong> elementos dafauna acabam tornando-se um dos principaisatrativos turísticos. Como exemplo po<strong>de</strong>-se citar ascavernas da Nova Zelândia, on<strong>de</strong> o principal atrativoé uma pequena larva <strong>de</strong> diptera bioluminescente(Diptera: Keroplatidae: Arachnocampa sp.), mesmoem cavernas on<strong>de</strong> há um gran<strong>de</strong> nível <strong>de</strong> cargaturística (EBERHARD, 2001).Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.74


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .4.2. Variação no microclimaVillar e colaboradores (1984) em um estudo<strong>de</strong>senvolvido na caverna <strong>de</strong> Altamira, Espanha,mostraram que o fluxo <strong>de</strong> pessoas po<strong>de</strong> produzir, emmédia, uma energia equivalente à 170W. Estaliberação <strong>de</strong> energia po<strong>de</strong> alterar pontualmente ascondições climáticas dos sistemas subterrâneos(PULIDO-BOSH et al., 1997; LOBO, 2006b). Omesmo foi observado na Mina do Chico Rei, on<strong>de</strong>com a entrada <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> turistas e ofuncionamento do sistema <strong>de</strong> iluminação nacavida<strong>de</strong> elevou os valores <strong>de</strong> temperatura e aumida<strong>de</strong> relativa. Segundo Pulido-Bosch ecolaboradores (1997) o fluxo <strong>de</strong> turistas e ailuminação elétrica são responsáveis pelo aumentoda temperatura na Caverna <strong>de</strong> Marvels. Nestacaverna, o número <strong>de</strong> turistas mostrou-sepositivamente correlacionado com a elevação datemperatura e a umida<strong>de</strong>. É importante ressaltar queno estudo conduzido por Pulido-Bosch ecolaboradores (1997), o período <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dadosfoi realizada durante 23 horas, ao contrário <strong>de</strong>steestudo on<strong>de</strong> foi realizada apenas uma coleta após ointervalo <strong>de</strong> 30 minutos <strong>de</strong> funcionamento dailuminação. Por este motivo po<strong>de</strong>m ter sidoobservado estas diferenças nas variações dosparâmetros abióticos.Em sistemas muito isolados, tais como geodosgigantes, mesmo um pequeno número <strong>de</strong> turistaspo<strong>de</strong> alterar o microclima, elevando a temperaturanestes ambientes (FERNÁNDEZ-CORTÉS et al.,2006). Além disso, os espaços confinados nãopermitem uma rápida dispersão dos impactos, osquais acabam resultando em interferências maisintensas e durante prazos maiores <strong>de</strong> tempo(FERNÁNDEZ-CORTÉS et al., 2006; LOBO,2006b).Trabalhos relacionados aos impactos sonorosem sistemas subterrâneos ainda são muito escassos(LOBO; ZAGO. 2009). Mas em um estudo pioneirono Brasil realizado por Lobo e Zago (2009) naCaverna Morro Preto no Petar, mostrou através <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> variações ambientais indícios queapontam para a incidência <strong>de</strong> poucos impactosambientais negativos <strong>de</strong>rivados da emissão sonora.Mas apesar <strong>de</strong> não existirem estudos maisespecíficos, alguns organismos po<strong>de</strong>m serinfluenciados tanto pela presença <strong>de</strong> turistas comopelos distúrbios causados por estes. Souza-Silva eFerreira (2009) apontam que o turismo na Caverna<strong>de</strong> Ubajara <strong>de</strong>ve ser conduzido em silêncio e comcautela, nos locais com agregações <strong>de</strong>ssesorganismos. Evitando assim, afugentar os mesmos episotear em seu guano.4.3. Consi<strong>de</strong>rações sobre a implantação <strong>de</strong>turismo em cavida<strong>de</strong>sComo anteriormente mencionado, ativida<strong>de</strong>sturísticas po<strong>de</strong>m acarretar em alterações climáticas,nas condições <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microhabitats enas vias <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> recurso em cavida<strong>de</strong>ssubterrâneas artificiais. Desta forma, algumasmedidas <strong>de</strong>vem ser tomadas previamente e durante oestabelecimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s turísticas emcavida<strong>de</strong>s subterrâneas para que seja feito ummanejo efetivo da fauna.A manutenção <strong>de</strong> espaços on<strong>de</strong> existemmicrohabitats passíveis <strong>de</strong> serem colonizados porinvertebrados é algo que po<strong>de</strong> auxiliar namanutenção das espécies em sistemas subterrâneos.Segundo Ferreira (2004) a gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>microhabitats po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o número <strong>de</strong> espéciesem sistemas subterrâneos. Cavernas extensas e queapresentam uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microhabitatsten<strong>de</strong>m a ser mais ricas que cavernas <strong>de</strong> pequenoporte e com microhabitats limitados. Como apontadopor Ferreira e colaboradores (2009), oestabelecimento <strong>de</strong> rotas turísticas bem <strong>de</strong>limitadas éimprescindível durante a elaboração do plano <strong>de</strong>manejo <strong>de</strong> um sistema subterrâneo. Para tal, <strong>de</strong>ve-seevitar que o turismo seja conduzido por locais on<strong>de</strong>haja uma elevada riqueza. Além disso, áreas com apresença <strong>de</strong> espécies raras, endêmicas e ameaçadas<strong>de</strong> extinção, tais como os troglóbios, <strong>de</strong>vem serprotegidas da ação do turismo (SESSSEGOLO et al.,2004b; FERREIRA et al., 2009; SOUZA-SILVA,2009; FERREIRA, 2009). Como observado porSouza-Silva e Ferreira (2009), locais comagregações <strong>de</strong> morcegos <strong>de</strong>vem ser evitados, paraque estes organismos não sejam afugentados pelotrânsito <strong>de</strong> pessoas, já que eles são importantesprovedores <strong>de</strong> recursos alimentares para os sistemassubterrâneos.O estabelecimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong>um sistema também é <strong>de</strong> suma importância emsistemas subterrâneos (LOBO et al., 2009). Uma vezque as ativida<strong>de</strong>s turísticas geram alterações natemperatura e umida<strong>de</strong> relativa dos sistemassubterrâneos, grupos muito gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turistaspo<strong>de</strong>m vir a prejudicar o crescimento <strong>de</strong>espeleotemas e alterar o formato <strong>de</strong> rochas(SHOPOV, 2004).O planejamento prévio da utilização <strong>de</strong>cavernas para o turismo é essencial, tendo em vistaque estas ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m interferir em diversasestruturas e processos inerentes a estes sistemas(EBERHARD, 2001; FERNÁNDEZ-CORTÉS etal., 2006). Nesta perspectiva, estudos realizados emsistemas subterrâneos artificiais são essenciais, poisCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.75


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .po<strong>de</strong>m balizar o planejamento <strong>de</strong> ações que venhama minimizar os impactos do turismo em cavernas.Agra<strong>de</strong>cimentosAos colegas Marcus Paulo <strong>de</strong> Oliveira,Amanda M. Teixeira e Matheus Brajão pelo auxilioauxílio durante o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>campo.Antônio Brescovit, Adriano Kury, MarceloRibeiro e Thaís G. Pellegrini, pelo auxilio nasi<strong>de</strong>ntificações <strong>de</strong> alguns invertebrados.Este trabalho contou com o auxilio financeiroda Fundação <strong>de</strong> Amparo a Pesquisa do estado <strong>de</strong>Minas Gerais (Fapemig Processo N o : APQ 4189 503-07).Referências BibliográficasCIGNA, A.A.; BURRI, E. Development, Management and Economy of Show Caves.Journal of Speleology, n.29, v.1, p.01-27, 2000.InternationalEBERHARD, S. Cave fauna monitoring and management at Ida Bay, Tasmania. Records of the WesternAustralian Museum, (Supplement) n.64, p.97-104, 2001.FERNÁNDEZ-CORTÉS, A.; CALAFORRA, J.M.; ANCHEZ-MARTOS, F.S.; GISBERT J. Microclimateprocesses characterization of the giant Geo<strong>de</strong> of Pulpí (AlmerÍa, Spain): technical criteria forConservation. International Journal of Climatology, n.26, p.691–706, 2006.FERREIRA, R.L. A medida da complexida<strong>de</strong> ecológica e suas aplicações na conservação e manejo <strong>de</strong>ecossistemas subterrâneos. 2004. 158p. Tese <strong>de</strong> doutorado em Ecologia Conservação e Manejo daVida Silvestre, Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais BeloHorizonte, 2004.FERREIRA, R.L.; MARTINS R.P. Diversity and distribution of spi<strong>de</strong>rs associated with bat guano piles inMorrinho cave (Bahia State, Brazil). Diversity and Distributions, n.4, p.235-241, 1998.FERREIRA, R.L.; MARTINS R.P. Mapping subterranean resources: The cave invertebrates distributionas indicator of food availability. Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Zoociências, n.11, v.2, p.119-127, 2009.FERREIRA, R.L.; BERNARDI, L.F.O.; SOUZA-SILVA, M. Caracterização dos ecossistemas das GrutasAroê Jari, Kiogo Brado e Lago Azul (Chapada dos Guimarães, MT): Subsídios para o turismo nestascavida<strong>de</strong>s. Revista <strong>de</strong> Biologia e Ciências da Terra, v.9, n.1, p.41-58, 2009.GUNN, J.; HARDWICK, P.; WOOD, P.J. The invertebrate community of the Peak–Speedwell cave system,Derbyshire, England — pressures and consi<strong>de</strong>rations for conservation management. AquaticConservation: Marine And Freshwater Ecosystems, n.10, p.353–369, 2000.LINO, C. F. Cavernas; O fascinante Brasil subterrâneo. Editora Gaia LTDA. São Paulo. 2001. p.288.LOBO, H.A.S. O lado escuro do paraíso: espeleoturismo na Serra da Bodoquena. 2006b. 164p. Dissertação<strong>de</strong> Mestrado em Geografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, Aquidauana, 2006a.LOBO, H.A.S. Caracterização dos Impactos Ambientais Negativos do Espeleoturismo e Suas Possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Manejo. IV Seminário <strong>de</strong> Pesquisa em Turismo do Mercosul/III Seminário da ANPTUR.Caxias do Sul, RS. Anais do SeminTUR. Caxias do Sul, RS : EDUCS, v.4, 2006b.LOBO, H.A.S; PERINOTTO, J.A.J.; BOGGIANI P.C. Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga turística em cavernas: estadoda-artee novas perspectivas. Espeleo-Tema, v.20, n.1/2, p.37-47, 2009.LINHUA, S.; XIAONIMG, W.; FUYUAM L. The influences of cave tourist on CO 2 and temperature inBaiyun Cave. International Journal of Speleology, v.29b, n.1/4, p.77-87, 2000.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.76


Bernardi, Souza-Silva & Ferreira. Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo. .GILBERT, J.; DANIELPOL, D.L.; STANFORD, J.A. 1994. Groundwater Ecology. San Diego: Aca<strong>de</strong>micPress Limited, 1994. p. 571.GILLIESON, D. Caves; processos, <strong>de</strong>velopment and management. Cambridge, Blackwell Publisher Ltd,1996. p.324.PECK, S.B. A review of the cave fauna of Canada, and the composition and ecology of the invertebratefauna of cave and mines in Ontário. Canadian Journal of Zoology, n. 66, p.1197-1213.1988.PULIDO-BOSCH A.; MARTÍN-ROSALES W.; LÓPEZ-CHICANO M.; RODRÍGUEZ-NAVARRO C.M.;VALLEJOS A. Human impact in a tourist karstic cave (Aracena, Spain). Environmental Geologyn.31, v.3/4, p.142-149. 1997.SESSEGOLO, G.C.; OLIVEIRA, K.; PRIES, D.C.; ROCHA, L.F.S.; ZAKRZEWSKI, D.P. Síntese do plano<strong>de</strong> manejo do Parque Natural Municipal das Grutas <strong>de</strong> Botuverá, estado <strong>de</strong> Santa Catarina. IVCongresso Brasileiro <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação. Anais, <strong>Volume</strong> I (Trabalhos técnicos), p.446-453, 2004a.SESSEGOLO, G.C.; PRIES, D.C.; ROCHA, L.F.S.; PINTO-DA-ROCHA, R.; ZAKRZEWSKI, D.P. Manejoda Caverna Maroaga, Presi<strong>de</strong>nte Figueiredo/AM. IV Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação. Anais, <strong>Volume</strong> I (Trabalhos técnicos), p.399-405, 2004bSHARRATT, N.J.; PICKER M.; SAMWAYS, M. The invertebrate fauna of the sandstone of the caves of theCape Penisula (South Africa): patterns of en<strong>de</strong>mism and conservation priorities. Biodiversity andConservation, n.9, p.107-143, 2000.SHOPOV, Y.Y. Sediments: biogenic. In: GUNN, J (Ed.) Encyclopedia of Caves and Karst Science. NewYork/Londom: Taylor and Francis Group, 2004. p.1356-1359.SOUZA-SILVA, M. Ecologia e conservação das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> invertebrados cavernícolas na MataAtlântica <strong>Brasileira</strong>. 2008. Tese <strong>de</strong> Doutorado. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais/Pós-Graduação em Ecologia Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 226pp.SOUZA-SILVA, M.; FERREIRA, R.L. Caracterização ecológica <strong>de</strong> algumas cavernas do Parque Nacional<strong>de</strong> Ubajara (Ceará) com consi<strong>de</strong>rações sobre o turismo nestas cavida<strong>de</strong>s. Revista <strong>de</strong> Biologia eCiências da Terra, vol.9, n.1, p.59-71, 2009.TWIDALE, C.R.; ROMANÍ J.R.V. Landforms and Geology of Granite terrains. The Netherlands,Amsterdam: Balkema, 2005, 352p.VILLAR, E.; BONET, A.; DIAZ-CANEJA, B.; FERNANDEZ, P.L.; GUTIERREZ, I.; QUINDOS, L.S.;SOLANA, J.R.; SOTO, J. Ambient temperature variations in the hall of paintings of Altamira cavedue to the presence of visitors. Cave Science, v.11, n.2, p.99-104, 1984.Fluxo editorial:Recebido em: 26.11.2010Corrigido em: 20.12.2010Aprovado em: 20.12.2010A revista Turismo e Paisagens Cársticas é uma publicação da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SeTur/SBE). Para submissão <strong>de</strong> artigos ou consulta aos já publicados visite:www.cavernas.org.br/turismo.aspCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.77


Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalA CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA DO ESPELEISMO NO BEM-ESTARCORPORALTHE CONTRIBUTION OF THE PRACTICAL OF CAVING IN BODILY WELL-BEINGMarilda Teixeira Men<strong>de</strong>s (1), Michela Abreu Francisco Alves (2),Alex Fabiani <strong>de</strong> Brito Torres (3) & Kátia Maria Gomes Monção (4)(1) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG) Inst. <strong>de</strong> Ciências Agrárias – Mestre em Educação Física(2) Faculda<strong>de</strong>s Unidas do Norte <strong>de</strong> Minas (FUNORTE) - Especialista em Ativida<strong>de</strong>s Físicas em Aca<strong>de</strong>mia(3) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG) Inst. <strong>de</strong> Ciências Agrárias – Mestre em Extensão Rural(4) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG) Inst. <strong>de</strong> Ciências Agrárias – Mestre em DesenvolvimentoSocialMontes Claros - MG - mteixeiramen<strong>de</strong>s@yahoo.com.br; michelaalves@yahoo.com; afbtorres@bol.com.br;katiamoncao@gmail.comResumoO espeleismo, enquanto ativida<strong>de</strong> prática realizada em caverna proporciona um bem-estar corporal. Opresente estudo teve como objetivo analisar a contribuição do espeleismo no bem-estar corporal dosintegrantes do Espeleogrupo Peter Lund (EPL), por meio da relação ser humano/caverna. A justificativa paraa realização <strong>de</strong>sse estudo ocorre em função da existência <strong>de</strong> poucos estudos no Brasil sobre a relaçãoespeleismo e bem-estar corporal. A metodologia utilizada foi uma combinação <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica e <strong>de</strong>campo. Como instrumentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados foram realizadas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> observação participante eentrevistas semiestruturadas. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo, quepossibilitou obter indicadores, os quais contribuíram para a sistematização das seguintes variáveis:significado da caverna; significado do espeleismo; motivos para a prática do espeleismo; relação serhumano/caverna e sentidos corporais presentes no espeleismo. Esses indicadores se vinculam a melhoria dobem-estar corporal. Os sujeitos <strong>de</strong>ste estudo foram <strong>de</strong>z integrantes pertencentes ao EPL, praticantes doespeleismo, <strong>de</strong> ambos os gêneros, ocupantes <strong>de</strong> diferentes categorias profissionais, levando-se em conta arepresentativida<strong>de</strong> e a acessibilida<strong>de</strong>. Evi<strong>de</strong>nciou-se que a prática do espeleismo implicou na melhoria dobem-estar corporal dos integrantes do EPL, por meio <strong>de</strong> vários benefícios: sentidos corporais; à existência <strong>de</strong>um cansaço bom; à paz; à tranquilida<strong>de</strong>; à harmonia; ao lazer, à sociabilida<strong>de</strong>; à religião e à emoção.Conclui-se que o espeleismo é uma ativida<strong>de</strong> prática <strong>de</strong> caráter primordialmente sensorial, que promove ainteração do praticante com a caverna.Palavras-Chave: Caverna. Espeleismo. Bem-estar corporal. Natureza.AbstractThe caving, as a practical activity performed in the cave, provi<strong>de</strong>s a bodily well-being. The aim of thepresent study was to analyze the contribution of the caving on the bodily well-being of components of PeterLund Speleological Group (EPL), through the relationship between human beings/cave. The reasons forconducting this study are based on the small number of studies in Brazil that address the relation betweencaving and bodily well-being. The methodology used was a combination of literature and field research. Asan instrument for data collection, there were performed participant observation and semi-structuredinterviews. For data analysis, it was applied the technique of content analysis, which allowed for achievingindicators that contributed in the systematization of the following variables: meaning of cave; meaning ofcaving; reasons for caving practicing; relationship human being/cave and body senses present in caving.These indicators are associated to life quality improvements. The participants of this study were tencomponents of the EPL, cavers, of both gen<strong>de</strong>rs, from different professional categories, consi<strong>de</strong>ringrepresentativeness and accessibility. It was evi<strong>de</strong>nced that caving practicing implied in improvements in thelife quality of the components of EPL, through many benefits: body senses; the existence of a good tiredness;peace; calm; harmony; leisure; sociability; religion and emotion. It was conclu<strong>de</strong>d that caving is a practicalactivity with a primarily sensorial character, which promotes the interaction of the practitioner with thecave.Key-Words: Cave. Caving. Bodily well-being. Nature.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.79


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporal1. INTRODUÇÃODes<strong>de</strong> os primórdios da evolução do homem,as ativida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> aventura na natureza sefazem presentes. Na era primitiva, a relação serhumano/natureza propiciou a prática das ativida<strong>de</strong>sfísicas em meio natural, que, com o passar do tempo,foi entendidas <strong>de</strong> diferentes maneiras.Brunhs (1997) constata um aumento crescentena procura por certas ativida<strong>de</strong>s, como omontanhismo, o mountain bike, o campismo, <strong>de</strong>ntreoutros. No Brasil, há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> parquese <strong>de</strong> reservas ecológicas, que são ambientes própriosà realização <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, o que propicia umaconstante procura <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ptos. Bruhns (1997, p. 90)<strong>de</strong>staca que “talvez a opção pelos <strong>de</strong>nominadosesportes <strong>de</strong> aventura, possa ser traduzida através do<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uma reconciliação com a natureza,expressa numa experiência antes nunca vivenciada”.O interesse pelas práticas <strong>de</strong> aventura nanatureza 1 no mundo é crescente. No Brasil, verificasea mesma tendência. Para ilustração, emconformida<strong>de</strong> com a Adventure Fair 2 , houve umaumento significativo (mais <strong>de</strong> 100%) entre onúmero <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong>sse evento, comparando-seaos anos <strong>de</strong> 1999 e 2002.Essas práticas <strong>de</strong> aventura na natureza, comoo espeleismo, caving, o trekking, o rafting, aescalada, o cascading, o mountain bike, o rapel, acorrida <strong>de</strong> aventura, entre outras, têm aumentadobastante, principalmente nessa última década, cujocampo principal <strong>de</strong> manifestação tem sido o lazer.Alguns autores, como Bruhns (1997; 1999; 2003),Fernan<strong>de</strong>s (1998), Camacho (1999), Lacruz e Perich(2000), Marinho (2001;2003), Tahara e Schwartz(2003) e Le Betron (2006), <strong>de</strong>stacam que a buscapor essas práticas se dá em função da crise socialque o ser humano vive atualmente e o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>romper com o cotidiano, principalmente vinculadoaos gran<strong>de</strong>s centros urbanos.Além disso, o crescimento da procura porpráticas <strong>de</strong> aventura na natureza contou com acontribuição dos meios <strong>de</strong> comunicação, dosequipamentos <strong>de</strong> segurança, dos recursosempregados, da busca pelo <strong>de</strong>sconhecido e,principalmente, <strong>de</strong>vido à interação homem /natureza.Os estudos evi<strong>de</strong>nciam que as práticas <strong>de</strong>aventura na natureza promovem a melhoria do bemestarcorporal, que é fundamental para o<strong>de</strong>senvolvimento integral do ser humano.Há muitos anos, o homem relaciona-se com ascavernas, por diversos motivos: ora como moradia,ora cultuando, ora refugiando-se no seu interior. Ohomem pré-histórico, por exemplo, buscava ascavernas por motivo subsistencial (LINO, 1989;MARRA, 2001; AULLER et. al., 2001). Com opassar dos tempos, esses motivos mudaram,po<strong>de</strong>ndo ser percebidos na atualida<strong>de</strong>, com ocrescente aumento <strong>de</strong> interesse pela prática doespeleismo.Rasteiro (2007, p. 243) <strong>de</strong>fine o espeleismocomo uma ativida<strong>de</strong> em ambientes cavernícolas quenão resulta em trabalhos científicos formais, ou seja,espeleologia não-científica. Ele afirma que “gran<strong>de</strong>parte daqueles que são consi<strong>de</strong>rados espeleólogos,senão a maioria, não realiza trabalhos científicosformais, embora costumem pesquisar inclusivefontes secundárias, sendo estes estudos utilizadospara seu conhecimento pessoal, e principalmentepara o <strong>de</strong>senvolvimento das habilida<strong>de</strong>s necessáriasà visitação <strong>de</strong> caverna”.Especificamente, no Brasil, percebe-se que háuma procura significativa por essa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aventura na natureza, por parte <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>diferentes faixas etárias. No entanto, constata-se aexistência <strong>de</strong> poucos estudos 3 , na literatura corrente,sobre o espeleismo. Essas investigações sãorecentes: a maioria concentra-se nos anos 2000, elimita-se à análise <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pontuais e darelação entre a espeleologia e o esporte. Esse estudotem como objetivo analisar a contribuição doespeleismo no bem-estar corporal dos seuspraticantes, por meio da relação serhumano/caverna.2 Referencial Teórico2.1 Caverna e suas característicasNas diversas regiões brasileiras, o vocábulocaverna é empregado <strong>de</strong> forma diferente. Nasregiões Su<strong>de</strong>ste, e Nor<strong>de</strong>ste, por exemplo, “grutas elapas”. Especificamente no Norte <strong>de</strong> Minas Gerais, a<strong>de</strong>nominação mais comum é “lapa”, mas, emalgumas regiões, há nomes como “gruna” e“Sumidô”, quando da existência <strong>de</strong> minadouros ounascentes (ASSIS, 2003). No Município <strong>de</strong> MontesClaros, também localizado no Norte <strong>de</strong> MinasGerais, as cavernas são <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> “lapas”.Lino (1989) caracteriza caverna comoqualquer cavida<strong>de</strong> rochosa natural e penetrável peloser humano. Para o autor, as cavernas sãofenômenos por vezes efêmeros, na dinâmica dacrosta terrestre: “O termo caverna provém do latimcavus que significa buraco, correspon<strong>de</strong>ndo a caveou cavern em inglês” (LINO, 1989, p.95).Segundo Lino (1989), a história humana nãopo<strong>de</strong> ser contada sem referir-se às cavernas. ACampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.80


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalrelação do homem com esses ambientes é quase tãoantiga quanto sua própria história, uma relação <strong>de</strong>importância fundamental na evolução <strong>de</strong> conceitos,sensações e sentimentos universais que <strong>de</strong>finem ohomem como ser cultural. O autor afirma que, noambiente <strong>de</strong> cavernas, o ser humano encontrou umdos seus primeiros abrigos e seus mais antigossantuários, on<strong>de</strong> o sagrado e o profano podiamconviver.Lino (1989) consi<strong>de</strong>ra a representação dascavernas um escon<strong>de</strong>rijo seguro, associado aosforagidos, bandidos <strong>de</strong> toda a or<strong>de</strong>m. No mundosubterrâneo das cavernas, há uma relação dialéticaentre o bem e mal; monstros e fadas; facínoras eheróis; <strong>de</strong>uses e diabos; dia e noite; luz e trevas.Por outro lado, ainda segundo o autor, abeleza esmagadora e fascinante <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> pedra,colunas e cascatas no fundo <strong>de</strong>sses antros escuros,para uns, é a prova absoluta da onipresença <strong>de</strong> Deus;enquanto, para outros, é o testemunho da oculta<strong>de</strong>streza <strong>de</strong> um diabo artesão.umEntão, vale aqui um parêntese. A caverna é[...] mundo que protege a vidageológica estimada em mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>anos. Enfim, um mundo que pergunta: qual oprazer em explorar-me? A resposta só po<strong>de</strong>aparecer para quem realmente empreen<strong>de</strong>ressa conquista, a<strong>de</strong>ntrando um novoambiente, silencioso e totalmente escuro,apresentando-se forte pela aparência, massendo na verda<strong>de</strong> um frágil ecossistema,formado geralmente por rochas calcáriasrecobertas por matas (MENEZES, 2006, p.37).2.1.1 A relação da caverna com a espeleologiaOs primeiros tratados sobre a espeleologia noBrasil começaram a surgir a partir da segundameta<strong>de</strong> do século XIX, por intermédio dospesquisadores naturalistas Peter Wilhelm Lund eRicardo Krone. Por meio <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong>senvolvidasem cavernas <strong>de</strong> Lagoa Santa, Minas Gerais, eIporanga, São Paulo (AULER; BRANDI eRUBBIOLI, 2001; MARRA, 2001).No Brasil, apenas em 1937 teve início umestudo sistemático das cavernas, com a criação da<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Excursionista e Espeleológica (MELLO eFARIA, 2007).Os ambientes cavernícolas passaram a serestudados como uma ciência própria, <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>espeleologia. O termo espeleologia provém dosvocábulos gregos spelaion, que significa cavernas elogos, estudo. A espeleologia surge com a principalfinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover o estudo, a observação e aexploração das cavernas, visando sempre à criação<strong>de</strong> efetivos mecanismos que contribuam para a suaconservação (MELLO e FARIA, 2007).2.1.2 O espeleismo e a sua relação com aespeleologiaRasteiro (2007, p.243) aborda a influênciada caverna na prática do espeleismo. Esse autor<strong>de</strong>staca “a importância do espeleismo no<strong>de</strong>senvolvimento pessoal <strong>de</strong> seus praticantes, sejapelo contato com a natureza, seja pela exigência <strong>de</strong>maior entendimento das técnicas e do ambiente quevisita”(caverna), resultando em alguns casos noincentivo e formação <strong>de</strong> novos pesquisadores.O estudo publicado por Lino (1989)<strong>de</strong>monstra que a espeleologia técnico-esportiva é aque mais se aproxima do espeleismo, <strong>de</strong>vido às suascaracterísticas. Ela po<strong>de</strong> ser entendida como meiopara espeleologia cientifica, po<strong>de</strong>ndo cada uma <strong>de</strong>lasser dividida em várias áreas <strong>de</strong> conhecimento.O principal significado adquirido daespeleologia para o espeleismo, também, po<strong>de</strong> sertranscrito nas palavras <strong>de</strong> Lino (1989, p. 45).Do ponto <strong>de</strong> vista esportivo umadiferença básica distingue a espeleologia <strong>de</strong>outros esportes congêneres: nela não seprivilegia a competição entre os indivíduos ougrupos, ao contrário, exige a solidarieda<strong>de</strong> eo trabalho <strong>de</strong> equipe. Não se trata,igualmente, <strong>de</strong> vencer a natureza, massuplantar-se a si mesmo, suplantando limitesfísicos, técnicos e <strong>de</strong> conhecimento.Assim, do ponto <strong>de</strong> vista esportivo, aespeleologia não visa à competição, ao <strong>de</strong>safio, oumuito menos a vencer a natureza, mas sim aotrabalho em equipe, objetivando o estudo, aobservação, a documentação e a contemplação dascavernas (LINO, 1989).Sobre o ponto <strong>de</strong> vista espeleológico, oproblema conceitual acerca <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s emambientes <strong>de</strong> caverna, quer seja nas suas novasadjetivações e <strong>de</strong>finições aca<strong>de</strong>micamenteestabelecidas, mostra que essa discussão ainda éinsuficiente.3 Procedimentos MetodológicosA opção por uma abordagem <strong>de</strong> naturezaqualitativa se <strong>de</strong>ve ao objeto <strong>de</strong> pesquisa, poisCampinas, SeTur/SBE. 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Richardson (1999, p.70) consi<strong>de</strong>ra que esse “método<strong>de</strong> pesquisa significa a escolha <strong>de</strong> procedimentossistemáticos para <strong>de</strong>scrição e explicação <strong>de</strong>fenômenos”.Esse estudo foi realizado por meio <strong>de</strong> umacombinação <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica e <strong>de</strong> pesquisa<strong>de</strong> campo. Essa pesquisa foi realizada por meio <strong>de</strong>visitas às cavernas: Lapa D´Água, Lapa Gran<strong>de</strong>,Lapa Claudina e o Vale do Peruaçuzinho,localizadas na região do Norte <strong>de</strong> Minas Gerais.Como suporte a essa pesquisa, também foi realizadoum levantamento bibliográfico em diversas fontes,tais como livros, artigos em períodos especializadose bases eletrônicas <strong>de</strong> dados. A pesquisabibliográfica proporcionou uma melhor discussão dotema a ser investigado, que permitiu orientar osquestionamentos <strong>de</strong>sse estudo.Participaram dos trabalhos <strong>de</strong> campo oEspeleogrupo Peter Lund, <strong>de</strong> Montes Claros, MG.As observações participantes (BRUYNE et al.,1977) foram realizadas durante as ativida<strong>de</strong>splanejadas pelo grupo estudado EPL. Para arealização das coletas <strong>de</strong> dados, foram realizadas aobservação participante durante visitas às cavernas.Foram observados o comportamento dos integrantesdo EPL com relação as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas esua interação com o ambiente cavernícola.Essas observações foram planejadas,sistematicamente registradas e submetidas àsverificações e ao controle <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> precisão.Além disso, os participantes foramentrevistados, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dado,proporcionando uma maior exploração do universo<strong>de</strong> significações dos envolvidos.A área escolhida para a coleta <strong>de</strong> dados foi omunicípio <strong>de</strong> Montes Claros - MG, por ser ummunicípio <strong>de</strong> geomorfologia cárstica, on<strong>de</strong> a práticado espeleismo po<strong>de</strong> ser vivenciada. A escolha daamostra para a realização <strong>de</strong>sse estudo <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong>forma intencional e levou em conta critérios <strong>de</strong>representativida<strong>de</strong> e acessibilida<strong>de</strong> (BRUYNE et al,1977). O grupo pesquisado foi composto por <strong>de</strong>za<strong>de</strong>ptos da ativida<strong>de</strong> do espeleismo, <strong>de</strong> ambos osgêneros, pertencentes ao Espeleogrupo Peter Lund -EPL.A escolha pelo EPL se <strong>de</strong>u em função doprazer, da alegria e do entusiasmo <strong>de</strong> seusintegrantes em realizar as suas ativida<strong>de</strong>s emcavernas. Parece que, ao realizar as ativida<strong>de</strong>s emcavernas, os integrantes do EPL estão totalmenteentregues a essas ativida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>ndo ser percebidopor meio da satisfação individual <strong>de</strong> cada um. Umoutro ponto importante a ser <strong>de</strong>stacado nessa escolha<strong>de</strong>ve-se à gran<strong>de</strong> experiência <strong>de</strong>sses atores sociais naMen<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalexploração <strong>de</strong> caverna, na pesquisa e na preservaçãodo patrimônio espeleológico, arqueológico e culturalmineiro, no seu contexto físico e histórico, bemcomo no ecossistema, buscando divulgar o seu valorcientífico e a conscientização das pessoas acerca daimportância da natureza. Destaca-se, ainda, opioneirismo do grupo no norte <strong>de</strong> Minas, comrelação às ativida<strong>de</strong>s na área <strong>de</strong> caverna.O EPL é uma Organização nãoGovernamental sem fins lucrativos, com se<strong>de</strong> emMontes Claros, Minas Gerais. Atualmente, o EPL éuma entida<strong>de</strong> filiada ao Instituto Gran<strong>de</strong> Sertão-IGS 4 , on<strong>de</strong> exerce um importante papel na áreatécnica e operacional em cavernas.O Espeleogrupo Peter Lund – EPL foifundado em 23 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1989. O EPL, alémda homenagem nominal a Peter Lund, um precursorda pesquisa em cavernas no Brasil, tem comopatrono o historiador e professor montesclarenseSimeão Ribeiro Pires. A criação do grupo se <strong>de</strong>u apartir do Clube Excursionista <strong>de</strong> Montes Claros-CEMC, entida<strong>de</strong> responsável por ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>montanhismo na região.A criação do EPL também se <strong>de</strong>u em virtu<strong>de</strong>do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> cavernas naregião. Preocupado com a preservação <strong>de</strong>ssascavernas, foi criado o EPL, <strong>de</strong>ntro do CEMC, como<strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>partamento que respon<strong>de</strong>ria porativida<strong>de</strong>s em cavernas.Segundo o objetivo do estatuto do EPL, ogrupo foi criado para pesquisa e preservação dopatrimônio espeleológico, arqueológico e culturalbrasileiro, no seu contexto físico e histórico, bemcomo o ecossistema, buscando divulgar o seu valorcientífico e a conscientização.De acordo com o estatuto do EPL, as açõesestão pautadas em <strong>de</strong>senvolver e implementar basesconceituais e estratégicas, metodologias,mecanismos e instrumentos, em cooperação comentida<strong>de</strong>s, órgãos, autorida<strong>de</strong>s competentesnacionais, estrangeiras e internacionais, naimplementação <strong>de</strong> políticas ambientais, sociais eeconômicas proponentes à conservação dos recursosnaturais, da diversida<strong>de</strong> biológica, e ao<strong>de</strong>senvolvimento sustentável do país, bem comoplanejar, executar ações que objetivem a preservaçãoambiental, através <strong>de</strong> encontros, eventos, pesquisas,e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intercâmbio com órgãos, entida<strong>de</strong>s einstituições nacionais e estrangeiras, sobre termos <strong>de</strong>interesse comum.São quinze anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação do EPL emativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caverna. Foram vários trabalhosrealizados em cursos básicos <strong>de</strong> espeleologia,exploração do potencial espeleológico <strong>de</strong> MontesCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.82


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalClaros, registrando cerca <strong>de</strong> cento e cinquentaocorrências <strong>de</strong> cavernas e <strong>de</strong> abrigos. Esse grupo<strong>de</strong>scobriu e mapeou a Lapa Sem Fim, localizada nomunicípio <strong>de</strong> Luislândia, no Norte <strong>de</strong> Minas Gerais.A exploração da Lapa Sem Fim, emLuislândia, Norte <strong>de</strong> Minas Gerais, foi realizada peloEspeleogrupo Peter Lund e a União Paulista - UP <strong>de</strong><strong>Espeleologia</strong>, que, em conjunto, iniciaram o trabalho<strong>de</strong> exploração e <strong>de</strong> topografia.A parceria do EPL com a União Paulista foimuito importante, pois resultou em váriaspublicações <strong>de</strong> revistas, divulgando o trabalho <strong>de</strong>topografia da Lapa do Sem Fim. O Grupo Bambuítambém fez incursões na Lapa do Sem Fim, o qualpublicou um livro intitulado Como as gran<strong>de</strong>scavida<strong>de</strong>s naturais subterrâneas. Ronaldo Lucrécio,integrante do EPL, aparece nesse livro como um dosprecursores dos estudos da Lapa Sem Fim.Além disso, essa parceria incentivou afundação <strong>de</strong> outras ONGs na região, como oEspeleogrupo Vale do Peruaçu (EVP), emItacarambi-MG, que está em plena ativida<strong>de</strong>. EssaONG tem um vínculo com a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> Lavras, fazendo diagnóstico e inventário regionalsobre as cavida<strong>de</strong>s naturais subterrâneas nas áreas daJaíba, <strong>de</strong> Itacarambi e <strong>de</strong> Januária, cida<strong>de</strong>spertencentes ao norte <strong>de</strong> Minas Gerais. Há, ainda, OEspeleogrupo Brasília <strong>de</strong> Minas (EBM), que temuma ativida<strong>de</strong> restrita, o Grupo <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong>Orientada (GEO), em Januária - MG, e o Grupo <strong>de</strong>São João das Missões, que compartilha, junto com oGrupo Peruaçu e o Grupo GRUCAVE, o qual oRonaldo Lucrécio, integrante do EPL, formou <strong>de</strong>ntroda Instituição FUNORTE SOEBRÁS, em MontesClaros, e o Instituto Gran<strong>de</strong> Sertão (IGS), com se<strong>de</strong>em Montes Claros, Minas Gerais, criado paraincentivar e promover a cidadania, a educação e acultura, a preservação do meio ambiente e o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, por meio <strong>de</strong> palestraseducativas.Recentemente, a maior conquista do EPL foicriar junto ao município e ao Estado o ParqueEstadual Lapa Gran<strong>de</strong>, localizado no município <strong>de</strong>Montes Claros - MG, que possui um gran<strong>de</strong>potencial arqueológico e espeleológico em MinasGerais.4 Resultados e DiscussãoPara a análise do bem-estar corporal entre osintegrantes do EPL, foram criados cinco indicadorescom base nos resultados das entrevistassemiestruturadas e da observação participante. Oprimeiro indicador foi relativo aos significados dacaverna. O segundo indicador referiu-se aossignificados do espeleismo. O terceiro indicadortratou dos motivos para a prática do espeleismo. Oquarto indicador referiu-se à relação serhumano/caverna, por meio da prática do espeleismo.O quinto indicador referiu-se aos sentidos corporaispresentes no espeleismo. Esses indicadoresvincularam-se ao bem-estar corporal <strong>de</strong>correntes daprática do espeleismo.Houve um consenso entre os entrevistados,quanto ao bem-estar corporal, em função da práticado espeleismo. Os benefícios vincularam-se à paz, àtranquilida<strong>de</strong>, à harmonia, à existência <strong>de</strong> umcansaço bom; ao lazer; à sociabilida<strong>de</strong>, à religião; àemoção e aos sentidos corporais;O primeiro indicador refere-se aossignificados da caverna. Os significados atribuídos àcaverna, por parte <strong>de</strong>sses integrantes, foram: paz;tranquilida<strong>de</strong>; harmonia e a sociabilida<strong>de</strong>.No que se refere à paz e a tranquilida<strong>de</strong>como benefícios para o bem-estar corporal,<strong>de</strong>corrente da prática do espeleismo, os sujeitos 07 e08 fazem consi<strong>de</strong>rações importantes.O sujeito 07 associa caverna a um ambiente<strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> paz, em que o visitanteencontra-se consigo mesmo:[...] on<strong>de</strong> ele encontra a paz, eu <strong>de</strong>slocodo mundo <strong>de</strong>ssa correria que a gente tem aquifora. Lá eu fico mais tranquilo, relaxo, euviajo ali <strong>de</strong>ntro. Seria esse momento <strong>de</strong> meencontrar, <strong>de</strong> paz mesmo, <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong>[..] (Sujeito 07) (grifo nosso)O sujeito 08 também consi<strong>de</strong>ra acaverna como lugar <strong>de</strong> paz, <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong>absoluta, ambiente <strong>de</strong> introspecção, <strong>de</strong> aventura, <strong>de</strong>mistério, <strong>de</strong> magia, <strong>de</strong> beleza, <strong>de</strong> sensações, muitodiferente do mundo urbano:[...] um lugar on<strong>de</strong> reina tranquilida<strong>de</strong>absoluta. Não tem luz, não tem barulho. A luze o barulho é você quem leva (...). É umambiente <strong>de</strong> introspecção. Tem esse lado mais<strong>de</strong> introspecção. Tem o lado <strong>de</strong> aventura etem o lado <strong>de</strong> mistério. Ambiente mágico<strong>de</strong>vido às belezas cênicas, sensação <strong>de</strong> paz,<strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> silêncio. (Sujeito 08)(grifo nosso)Dentre os vários significados atribuídos àcaverna pelo o sujeito 08, ressalta-se a caverna como“um ambiente <strong>de</strong> introspecção, que po<strong>de</strong> buscarmeditação, po<strong>de</strong> buscar a tranquilida<strong>de</strong>”. (Sujeito08)Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.83


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalAs falas dos sujeitos 07 e 08 revelamcaracterísticas peculiares do ambiente cavernícola,como o silêncio e a escuridão, que po<strong>de</strong>m remeter aambientes que apresentam quatro elementosimportantíssimos, como introspecção, meditação,tranqüilida<strong>de</strong> e paz.HarmoniaBruhns (2003), ao fazer consi<strong>de</strong>rações sobre osignificado das sensações e emoções relacionadas àsativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aventura na natureza, admite que, naatualida<strong>de</strong>, há uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> umnovo estilo <strong>de</strong> vida, caracterizado pela aquisição <strong>de</strong>novos hábitos e valores na forma <strong>de</strong> viver.O sujeito 01, em seu <strong>de</strong>poimento, <strong>de</strong>staca quea sua relação com o ambiente <strong>de</strong> caverna “épermeada pela emoção e pela harmonia que oambiente cavernícola proporciona”. Ele afirma quena caverna, a emoção po<strong>de</strong> ser percebida individualou coletivamente, por meio do silêncio, da beleza eda harmonia que o ambiente cavernícola apresenta.Marinho (2001) discute a emoção e oscompromissos compartilhados na prática dasativida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> aventura na natureza-AFAN,on<strong>de</strong> são verificadas a coragem, a interação grupal, atomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e a colaboração.Po<strong>de</strong>-se, assim, ressaltar não só a qualida<strong>de</strong>das relações entre o ser humano e natureza, mastambém as relações entre os seres humanos.Nesse sentido, o sujeito 01 afirma que:[...] a caverna representa harmonia,representa convívio e boas relações com ouniverso ambiental, [...]. Então, existe todauma sinergia, uma sintonia entre ser humanoe natureza, ser humano/ser humano, tentandoperceber e abstrair os pontos que a genteacha que é harmonioso [...]. Eu penso quequanto mais eu doar para a natureza, mais eurecebo nessa relação <strong>de</strong> percepção, <strong>de</strong>harmonia, <strong>de</strong> interesse. [...]. (Sujeito 01)(grifo nosso)Sociabilida<strong>de</strong>No ambiente <strong>de</strong> caverna, a sociabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ser entendida como solidarieda<strong>de</strong>, relações sociais erelação <strong>de</strong> laços afetivos dos seres humanos,conforme afirma o Sujeito 04, ao referir à cavernacomo lugar <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>. A sociabilida<strong>de</strong> estápresente no ambiente cavernícola, associada àmelhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Para Candido (2001),o conceito <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> está intrinsecamenteligado às relações sociais cotidianas, a qual é oelemento integrante da sociabilida<strong>de</strong>.Explorando melhor o tema da sociabilida<strong>de</strong>,Santos (1996) <strong>de</strong>staca que, quanto maior aproximida<strong>de</strong> entre as pessoas envolvidas em umaativida<strong>de</strong>, mais intensa será a sociabilida<strong>de</strong>.O sujeito 04 concebe caverna enquanto espaço<strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>:Eu entendo que a caverna é um espaço<strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> [...]. Na medida em que agente <strong>de</strong>batia sobre os primórdios o contatovisual com as pinturas rupestres também,aquilo parece que ia aproximando a cavernacomo um espaço <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>. (Sujeito04) (grifo nosso)O sujeito 08 <strong>de</strong>staca a relação estabelecidaentre os integrantes do Espeleogrupo Peter Lund,consi<strong>de</strong>rada por ele como <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong>, a união dogrupo:Então existe uma solidarieda<strong>de</strong>, que écrescente. [...]. Convivendo com essaspessoas, [...] <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma caverna pormuito tempo, o grupo vai fortalecendo muito.(Sujeito 08) (grifo nosso)Como se percebe, os sujeitos 04 e 08vinculam as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração em caverna àsolidarieda<strong>de</strong>, à sociabilida<strong>de</strong> e ao companheirismo.Há uma partilha com o outro, o que cria laçosafetivos.Quanto ao segundo indicador, significado doespeleismo, ao se referirem aos benefícios corporaispresentes na prática, os integrantes do EPL,consi<strong>de</strong>ram o bem-estar corporal como a existência<strong>de</strong> um cansaço bom.Segundo Bruhns (2003), a busca por emoçõesna prática <strong>de</strong> aventura na natureza po<strong>de</strong> serresponsável por causar “um efeito purificador(catártico), conduzindo ao bem-estar e à alegria”,constituído num ambiente natural, on<strong>de</strong> há umcontato direto, por meio da flora, da fauna, dasalturas, das amplitu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> outros aspectospeculiares, meio esse capaz <strong>de</strong> estimular o efeitocatártico, o qual “produz leveza” aos corpos.Esses aspectos positivos relacionados àsatisfação pessoal e ao bem-estar corporal na práticado espeleismo po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados nos seguintes<strong>de</strong>poimentos abaixo. Os sujeitos 7, 3, 6 e 8consi<strong>de</strong>ram o bem-estar corporal como sendo umcansaço bom:[...] lá <strong>de</strong>ntro, a gente fala que é umcansaço gostoso, porque você fica com arespiração ofegante. Às vezes, você faz umCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.84


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalesforço além da sua capacida<strong>de</strong>, se cansamuito mais. [...]. (Sujeito 07) (grifo nosso)[...] Você fica mais disposto. Quandose pratica o caving, você adquire um preparofísico <strong>de</strong> certa forma que vai melhorar o seudia-dia. Seu cotidiano para você está maisdisposto, mais dinâmico. (Sujeito 03) (grifonosso)Parece que o corpo fica revigorado, agente cansa, mas o cansaço é bom. Pareceque a caverna tem uma força oculta <strong>de</strong>promover esse bem-estar corporal [...].(Sujeito 06) (grifo nosso)[...] Mente, músculo, sangue, enfimtodo o corpo é pleno <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma caverna[...]. Quando você sai <strong>de</strong> uma caverna, comodiz a minha irmã, “é um cansaço bom”, [...].(Sujeito 08) (grifo nosso)Há um consenso, nos <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> 7, 3, 6,8, sobre o bem-estar corporal, proporcionado pelaprática do espeleismo. A plenitu<strong>de</strong> corporal émarcante, diante dos <strong>de</strong>poimentos. Tem-se asensação <strong>de</strong> prazer que o ambiente proporciona aosvisitantes.Quanto ao terceiro indicador, motivos para aprática do espeleismo, verificou-se que os motivosrelatados foram: lazer e emoção, em função daaventura, do risco, do novo, do <strong>de</strong>sconhecido e doconfinamento.O lazer em ambiente <strong>de</strong> caverna, por meio daprática do espeleismo, é consi<strong>de</strong>rado, pelosintegrantes do EPL, como uma ativida<strong>de</strong> prazerosa<strong>de</strong> final <strong>de</strong> semana, como uma ótima dose <strong>de</strong>combate ao estresse.Na verda<strong>de</strong>, a caverna é um lugarhabitado, lugar para se habitar vida, lugar <strong>de</strong>ciência, lugar <strong>de</strong> lazer, lugar <strong>de</strong> cultura [...].(Sujeito 04) (grifo nosso)O significado atribuído à caverna como lazer,po<strong>de</strong> ser analisado na perspectiva do bem-estarcorporal, como uma das dimensões da vida humana,no âmbito individual e coletivo (CARVALHO,2005).No ambiente <strong>de</strong> caverna, as sensações eemoções po<strong>de</strong>m ser reconhecidas como o risco, aaventura, o medo, o prazer, o belo, o novo, o<strong>de</strong>sconhecido, a <strong>de</strong>scoberta e o confinamento.Moraes e Oliveira (2006) admitem que osesportes na natureza, termo utilizado em seu estudo,proporcionam sensações, emoções e percepçõesbastante diversas das presentes no cotidiano,possibilitando dar vazões às angústias, aos medos,aos preconceitos <strong>de</strong>senvolvidos culturalmente esocialmente.Os <strong>de</strong>poimentos dos sujeitos 08 e 10evi<strong>de</strong>nciam a presença das sensações e das emoçõesno espeleismo. Para o sujeito 10, essasmanifestações corporais foram percebidas, quandovisitou a Lapa D’água:A cada pessoa que soma, você percebecomo ela interage .[...]. Tudo é multifacetado.É uma “emoção multifacetada” [...].(Sujeito 10) (grifo nosso)O sujeito 10 caracteriza a emoção comomultifacetada, constituída <strong>de</strong> medo e <strong>de</strong> prazer.Nessa concepção <strong>de</strong> emoção multifacetada,paradoxalmente, o medo e o prazer divi<strong>de</strong>m omesmo espaço, sem que uma emoção anule a outra.O sujeito 08 também associa o medo aoprazer, quando visita uma caverna:[...] No início, é medo, enquanto vocênão conhece. [...]. Depois o prazer <strong>de</strong> tá ali[caverna] é renovador [...]. Ela acabasobrepondo, você não consegue perceber esseoutro lado mais tranquilo da caverna.(Sujeito 08)Moraes e Oliveira (2006), ao referir-se àemoção, afirma que todos conhecem a emoção,apesar <strong>de</strong> não conseguirem explicá-la. Ninguém écapaz <strong>de</strong> entendê-la, mas somente experienciá-la, <strong>de</strong>senti-la.Nos <strong>de</strong>poimentos dos sujeitos citados, po<strong>de</strong>-se<strong>de</strong>stacar a ênfase dada à ocorrência <strong>de</strong> emoções, comsignificado positivo. O elemento emocional bastanteenfatizado pelos integrantes caracteriza o prazer. Oprazer é também associado ao belo, ao risco, àaventura, ao medo, ao perigo, aos obstáculos, ao<strong>de</strong>sconhecido, ao bem-estar corporal e àtranquilida<strong>de</strong>, durante a prática do espeleismo,consi<strong>de</strong>rado como beneficio pessoal pelospraticantes do espeleismo.Quanto à análise do quarto indicador, alguns<strong>de</strong>poimentos dos integrantes do Espeleogrupo PeterLund evi<strong>de</strong>nciam uma reflexão sobre areligiosida<strong>de</strong>, vinculada à caverna. O ambientecavernícola po<strong>de</strong> representar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umencontro mais profundo do ser humano com a suaprópria existência e com Deus, conforme ilustra o<strong>de</strong>poimento abaixo:No momento em que eu estou fazendouma visita numa caverna é um momentomístico para mim. É uma oração. [...] euestou mais próximo <strong>de</strong> Deus. Ali as coisasestão equilibradas, pelo menos maisCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.85


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalequilibradas que na cida<strong>de</strong>. (Sujeito 08)(grifo nosso)A visita à caverna, para alguns integrantes doEPL, é uma espécie <strong>de</strong> ritual religioso, místico, oqual põe em sintonia o humano e o divino,principalmente no que concerne ao mistério e àcontemplação. O sujeito 08 relata um estado <strong>de</strong>introspecção e harmonia, vivenciado em poucosmomentos e lugares, em especial a caverna.Quanto ao quinto indicador, sentidoscorporais presentes no espeleismo, os resultadosencontrados mostram o ganho dos sentidoscorporais como mais intensida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>.Munster (2002), em seu trabalho, analisou asmanifestações emergentes, a partir das relações entreo corpo e a natureza, durante visitas às cavernas. Aautora <strong>de</strong>monstra que a parceria com a naturezapo<strong>de</strong> consistir em um elemento importante noprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta do corpo e da natureza,exploração do seu potencial sensorial, com maisintensida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>.Ao analisar os <strong>de</strong>poimentos dos integrantes doEPL sobre os sentidos corporais, foi observadoindícios <strong>de</strong> manifestações corporais. Há umaaproximação entre esses resultados e os encontradospor Munster (2002).Em seu <strong>de</strong>poimento o sujeito 04 <strong>de</strong>staca oganho <strong>de</strong> todos os sentidos corporais, com maisqualida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong>, durante a prática doespeleismo:É um ganho interessante <strong>de</strong> todos ossentidos. Eles passam a ficar em alerta <strong>de</strong>vidoà escuridão. [...] O tato, a gente, é aquelahistória.. O olfato é em função dasocorrências que a gente consegue perceberisso muito claramente. A visão passa a ter umpapel fundamental, mas não é a condiçãobásica para a visitação na caverna. [...].(Sujeito 04) (grifo nosso)O sujeito 01 <strong>de</strong>staca a presença marcante dosentido vestibular 5 , na prática do espeleismo. Essesentido, na perspectiva <strong>de</strong>sse integrante do EPL,auxilia na manutenção do equilíbrio corporal:Talvez o sentido mais perceptivo seja osentido vestibular, porque o sentido vestibularfaz com que você po<strong>de</strong> está o tempo todo [...].(Sujeito 01) (grifo nosso)O sujeito 02 <strong>de</strong>staca a importância dossentidos, na prática do espeleismo. Emconformida<strong>de</strong> com esse integrante do EPL, noespeleismo, <strong>de</strong>senvolve-se mais experiênciasensorial do que no montanhismo:Na caverna, a experiência sensorial émuito mais <strong>de</strong>senvolvida em relação aomontanhista. O montanhista tem a altura, tema sensação <strong>de</strong> espaço, mas o espeleólogo temessas mesmas sensações: altura, espaço, sóque num ambiente escuro. (Sujeito 01) (grifonosso)Segundo o sujeito 02, o medo geralmente estápresente em situações novas e, principalmente, parao iniciante na ativida<strong>de</strong>. Paradoxalmente, medo eprazer divi<strong>de</strong>m o mesmo espaço. São elementos quese encontram indissociáveis do espeleismo.O estudo <strong>de</strong> Bruhns (1997) reforça adiscussão sobre os sentidos corporais. A autoraacrescenta que entendimentos, sentimentos esentidos se manifestam paralelamente no corpohumano, interagindo com a natureza.Bruhns (2003) admite que, nos esportes <strong>de</strong>aventura, “buscam-se literalmente um mergulho nanatureza”, o que po<strong>de</strong> causar uma “emoção à florda-pele”,experimentando a aventura imaginada oucaptando-a, por meio <strong>de</strong> todos os poros, absorvendoo impacto visual com o corpo inteiro.5 Consi<strong>de</strong>rações FinaisNeste estudo, buscou-se compreen<strong>de</strong>r quaissão as contribuições do espeleismo no bem-estarcorporal para os integrantes do Espeleogrupo PeterLund. Em relação a isso, os seguintes benefícios daativida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciaram os sentidos corporais; aexistência <strong>de</strong> um cansaço bom; a paz, atranquilida<strong>de</strong>, a harmonia, abordando uma boarelação com o ambiente; a sociabilida<strong>de</strong> quando foiressaltado o sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, umfortalecimento religioso e da emoção. Tambémsendo consi<strong>de</strong>rado propício ao lazer e a um maior<strong>de</strong>senvolvimento dos sentidos corporais.As ativida<strong>de</strong>s realizadas em ambiente <strong>de</strong>caverna, por meio da aventura, possibilitam aopraticante vivenciar situações, proporcionando aocorpo prazer, consi<strong>de</strong>rado pelos integrantes do EPL,uma espécie <strong>de</strong> cansaço bom, que na visão <strong>de</strong>Bruhns (2003), po<strong>de</strong> ser concebido como um efeitopurificador catártico, conduzindo ao bem-estar, àleveza e à alegria corporal.Evi<strong>de</strong>nciou-se, nas entrevistas realizadas, apresença significativa dos sentidos corporais naprática do espeleismo. Segundo os relatos nessaprática um ganho <strong>de</strong> todos os sentidos corporais.A harmonia, a tranquilida<strong>de</strong> e a paz tambémforam <strong>de</strong>stacadas como benefícios para o bem-estarcorporal.Campinas, SeTur/SBE. 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Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalOutro benefício importante <strong>de</strong>stacado foi àsociabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>corrente da prática do espeleismo,percebidos nos momentos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, queproporcionam a criação <strong>de</strong> laços afetivos e ainteração grupal entre os integrantes do EPL.Vale <strong>de</strong>stacar, ainda, a presença da religiãocomo um dos benefícios do bem-estar corporal.Nesse contexto, a religião apareceu por meio dossentimentos e percepções relacionadas à caverna,quando faz referência a um contato mais íntimo coma própria existência.Dentre outros benefícios encontrados nos<strong>de</strong>poimentos dos integrantes do EPL, <strong>de</strong>stacaram-seas emoções e as sensações como o belo, o medo, oprazer, o risco e a aventura.Outro aspecto relevante <strong>de</strong>stacado foi o lazercomo beneficio para o bem-estar corporal. O lazer,por meio da prática do espeleismo, é consi<strong>de</strong>rado,pelos entrevistados, como uma ativida<strong>de</strong>. Cria eproporciona ao praticante do espeleismo um melhorrelacionamento interpessoal.Como perspectiva para a realização <strong>de</strong>estudos futuros, o espeleismo po<strong>de</strong> constituir-se emum relevante campo acadêmico nas dimensões dolazer, do turismo e, principalmente, das relaçõessociais.Referências BibliográficasASSIS, E. G. Curso básico <strong>de</strong> introdução à espeleologia. Montes Claros, 2003. (Apostila elaborada peloEspeleogrupo Peter Lund – EPL <strong>de</strong> Montes Claros-MG).AULLER, A. BRANDI, E. RUBBIOLI, E. As gran<strong>de</strong>s cavernas do Brasil. Belo Horizonte: A. Auler, 2001.BARTLEY, S. H. Principios <strong>de</strong> Percepción. México: Editorial Trillas, 1969.BRUHNS, H. T. Lazer e meio ambiente: corpos buscando o ver<strong>de</strong> e a aventura. Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong>Ciências do Esporte, v. 18, n. 2, p. 86-91, 1997.BRUHNS, H. T. Lazer e meio ambiente: a natureza com espaço <strong>de</strong> experiência. Revista Conexões:Educação, Esporte e Lazer. Campinas: Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física da Unicamp, n. 3, p. 7-26, 1999.______. No ritmo da aventura: explorando sensações e emoções. In: MARINHO, A; BRUHNS, H. T.Turismo, lazer e natureza. Barueri, SP: Manole, 2003.BRUYNE, P.; HERAMAN, J.; SCHOUTHEETE, M. <strong>de</strong>. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Francisco Alves, 1977.BUENO, C. <strong>Espeleologia</strong> entenda tudo sobre este esporte. 04 jun. <strong>de</strong> 2007. Disponível:http://360graus.terra.com.br/caving/<strong>de</strong>fault.asp?did=12881&action=reportagem. Acesso em: 30 abr.<strong>de</strong> 2008.CAVALCANTI, K. B.; COSTA, T.S. Quando as tribos esportivas se aventuram nas escaladas do lazer. In:Anais do ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 14. Santa Cruz do Sul:UNISC, 2002. Disponível em: http://www.redcreacion.org/documentos/enarel14/Mt_efec11.html.Acesso em: 25 <strong>de</strong> set. 2006.CAMACHO, A. S. Las activida<strong>de</strong>s fisicas en la natureza em las socieda<strong>de</strong>s occi<strong>de</strong>ntales <strong>de</strong> final <strong>de</strong>siglo. Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital, Buenos Aires, ano4, n. 14, p. 1-6,jun.1999. Disponível em: http://www.ef<strong>de</strong>portes.com/efd14/postmod2.htm. Acesso em: 18 ago. 2006.CANDIDO, A. As formas <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>. In: OLIVEIRA, Paulo <strong>de</strong> Salles (Org.). O lúdico na culturasolidária. São Paulo: Hucitec, 2001.CARNICELLI FILHO, S.; SCHWARTZ. G. M. Instrutores do Rafting: a relação entre a emoção, o trabalho eo lazer. In: Anais do XV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, PortoAlegre, 2005.CARVALHO, M. O que é natureza. 2. ed. São Paulo. Brasiliense, 1994.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.87


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalCARVALHO, Y. M. Lazer e saú<strong>de</strong>. Brasília: SESI/DN, 2005.COSTA, V. L. Esportes <strong>de</strong> Aventura e Risco na Montanha: um mergulho no imaginário. São Paulo:Manole, 2000.FERNANDES, R. <strong>de</strong> C. Esportes Radicais: referências para um estudo acadêmico. Revista Conexões:educação, esporte, lazer. Campinas, v. 1, n.1,p.96-105, 1998.FERREIRA, L. F. S. Corridas <strong>de</strong> Aventura: construindo novos significados sobre corporeida<strong>de</strong>,esportes e natureza. 2003. 151f. (Dissertação). Mestrado em Educação Física na área <strong>de</strong> Estudos doLazer -. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física, Campinas, 2003.LACRUZ, I.; PERICH, M. Las emociones em la practica <strong>de</strong> las activida<strong>de</strong>s físicas em la naturaleza.Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital, Buenos Aires, ano 5, n. 23, p. 1-5, jul. 2000.Disponível em: http://www.ef<strong>de</strong>portes.com/efd23/emocnat.htm. Acesso em: 18 ago. 2006.LARSEN, P. Caving. Revista Sport Life. n.68, p. 74, ano. 6, jul. 2007.LE BRETON, D. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2006.LINO, C. F. Cavernas: o fascinante Brasil subterrâneo. São Paulo: Editora Rios, 1989.MACHADO, F. H. A criativida<strong>de</strong> produtiva e as ressonâncias das ativida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> aventura nanatureza. 2004. 111f. Dissertação. (Mestrado em Ciências da Motricida<strong>de</strong> na área <strong>de</strong> Pedagogia daMotricida<strong>de</strong> Humana) - Instituto <strong>de</strong> Biociências Motricida<strong>de</strong> Humana, Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista,Rio Claro, 2004.MARINHO, A. Da Busca pela Natureza aos Ambientes Artificiais: reflexões sobre a escalada esportiva.2001. 122f. Dissertação. (Mestrado em Educação Física na área <strong>de</strong> Estudos do Lazer). Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Educação Física, Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas, Campinas, 2001.______. Da aceleração ao pânico <strong>de</strong> não fazer nada: corpos aventureiros como possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resistência.In: MARINHO, Alcyane. ; BRUHNS, Heloísa. (Orgs.). Turismo, Lazer e Natureza, São Paulo:Manole, 2003.MARRA, R. J. C. Espeleo Turismo: planejamento e manejo <strong>de</strong> cavernas. Brasília: Editora WD Ambiental,2001.MELO, A. I. G.; FARIA, M. F. Meio Ambiente e <strong>Espeleologia</strong>: o estudo das cavida<strong>de</strong>s naturais brasileiras.Disponívelem:http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_urbanismo_e_meio_ambiente/biblioteca_virtual/bv_teses_congressos/<strong>Espeleologia</strong>.htm. Acesso em: 23 <strong>de</strong>z. 2007.MENEZES, J. <strong>de</strong>. O prazer <strong>de</strong> explorar cavernas. InformAtivo <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong>,Campinas, n. 92, p.37, ago. 2006.MIRANDA, R. Esporte e Meio Ambiente: motivação para aventura. Revista Mineira <strong>de</strong> Educação Física.Viçosa, n. 1, v. 10, p. 7-20, 2002.MONTEIRO, S. V. Subjetivida<strong>de</strong>, Amiza<strong>de</strong> e Montanhismo: potencialida<strong>de</strong>s das experiências <strong>de</strong> lazer eaventura na natureza. Revista Motrivivência. n. 22, p. 71-91, 2004.MORAES, L. C.; OLIVEIRA, D. C. Emoções em situações <strong>de</strong> risco no alpinismo <strong>de</strong> alto nível. Revista<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Psicologia do Esporte e do Exercício. n. 1, p. 4-21, 2006.MUNSTER, M. A. V. Visitando as cavernas do PETAR: a experiência do corpo na natureza. In: AnaisENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 14. Santa Cruz do Sul, 2002. Santa Cruzdo Sul: UNISC, 2002.Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.88


Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalPIMENTEL, G. G. <strong>de</strong> A. Risco, corpo e sociabilida<strong>de</strong> no vôo livre. Orientadora: Heloisa Turini Bruhns.2006. 170f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física, Universida<strong>de</strong>Estadual <strong>de</strong> Campinas, Campinas, 2006.RICHARDSON, J. R. Pesquisa Social: métodos e técnica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.RASTEIRO, M. A. A problemática da classificação <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong> cavernas em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação.In: Anais do XXIX Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong>, 07-10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007. Ouro Preto -MG: <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong>, 2077.SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo/razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.TAHARA, A. K.; SCHWARTZ, G. M. Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aventura na natureza: investindo na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida. Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital, Buenos Aires, ano 8, n. 58, p. 1-5, mar.2003. Disponível em: http://www.ef<strong>de</strong>portes.com/efd58/avent.htm. Acesso em: 17 jul. 2006.Fluxo editorial:Recebido em: 09.12.2010Corrigido em: 23.02.2011Aprovado em: 24.02.2011A revista Turismo e Paisagens Cársticas é uma publicação da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SeTur/SBE). Para submissão <strong>de</strong> artigos ou consulta aos já publicados visite:www.cavernas.org.br/turismo.asp1 Adotou-se a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> natureza segundo Carvalho (1994, p. 26), “exprime uma totalida<strong>de</strong>, em princípio abstrata,que os homens concretizam na medida em que preenchem com suas visões <strong>de</strong> mundo”.2 Adventure Fair: é a maior feira <strong>de</strong> esportes <strong>de</strong> aventura e ecoturismo da América Latina. Acontece anualmente nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, entre os meses <strong>de</strong> agosto e setembro.3 Emoções em situações <strong>de</strong> risco no alpinismo <strong>de</strong> alto nível (MORAES; OLIVEIRA, 2006); Escalada esportiva: DaBusca pela Natureza aos Ambientes Artificiais: reflexões sobre a escalada esportiva. (MARINHO, 2001); Quando astribos esportivas se aventuram nas escaladas do lazer (CAVALCANTI; COSTA, 2002); Esporte e Meio Ambiente:motivação para aventura (MIRANDA, 2002); Caving: visitando as cavernas do PETAR: a experiência do corpo nanatureza (MUNSTER, 2002); Montanhismo: Esportes <strong>de</strong> Aventura e Risco na Montanha: Um Mergulho noImaginário (COSTA, 2000); Subjetivida<strong>de</strong>, Amiza<strong>de</strong> e Montanhismo: potencialida<strong>de</strong>s das experiências <strong>de</strong> lazer eaventura na natureza. (MONTEIRO, 2004); Corrida <strong>de</strong> Aventura: Corridas <strong>de</strong> Aventura: construindo novossignificados sobre corporeida<strong>de</strong>, esportes e natureza (FERREIRA, 2003); Instrutores do Rafting: a relação entre aemoção, o trabalho e o lazer (CARNICELLI FILHO; SCHWARTZ, 2006); A criativida<strong>de</strong> produtiva e as ressonânciasdas ativida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> aventura na natureza (MACHADO, 2004); Vôo Livre: risco, corpo e sociabilida<strong>de</strong> no vôolivre (PIMENTEL, 2006b).4 O Instituto Gran<strong>de</strong> Sertão é uma OSCIP – Organização da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Civil <strong>de</strong> interesse público –, sem fins lucrativos.Foi criada para incentivar e <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s que visem o resgate e a cidadania, a preservação do patrimôniocultural e histórico brasileiro, a gestão ambiental e a busca do uso sustentável dos recursos naturais, num contexto <strong>de</strong>equilíbrio social e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda. Fundado em 05 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, em Montes Claros, o InstitutoGran<strong>de</strong> Sertão é o resultado da experiência e do conhecimento adquiridos pelos integrantes do Espeleogrupo PeterLund e do Clube Excursionista <strong>de</strong> Montes Claros, durante mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e estudos na pesquisa e napreservação do patrimônio espeleo-arqueológico da região norte mineira. (http://www.igs.org.br/).5 Sentido Vestibular: “É caracterizado como sentido do equilíbrio. O sistema vestibular provê o sentido do equilíbrio e ainformação sobre a posição do corpo que permite movimentos compensatórios rápidos em resposta tanto a forçasgeradas externamente quanto a forças induzidas.”. É o sentido relacionado com a orientação do corpo no espaço, é oórgão responsável pela manutenção do equilíbrio corporal, que se localiza na parte auditiva do ouvido interno,captando a sensação <strong>de</strong> equilíbrio. É responsável pela vertigem das alturas, quando se observa um precipício.(BARTLEY, 1969).Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.89


Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.


Resumos <strong>de</strong> Teses e DissertaçõesRESUMO: Bento. Potencial geoturístico das quedas d’água <strong>de</strong> Indianópolis/MGPOTENCIAL GEOTURÍSTICO DAS QUEDAS D’ÁGUA DEINDIANÓPOLIS/MGGEOTOURISTIC POTENTIAL OF WATER FALLS IN INDIANÓPOLIS DISTRICTLilian Carla Moreira BentoResumoA ativida<strong>de</strong> turística tem crescido bastante nas últimas décadas e o turismo alternativo nos seus principaisrepresentantes (ecoturismo, geoturismo, turismo rural e turismo <strong>de</strong> aventura) é o que mais se <strong>de</strong>staca naatualida<strong>de</strong>. Destes segmentos, o geoturismo é o mais recente, tendo sido criado no intuito <strong>de</strong> valorizar osaspectos abióticos da paisagem, unindo contemplação com a cientificação da visitação, na busca dageoconservação. No Triângulo Mineiro é possível encontrar raros e belos exemplares do patrimônio naturalabiótico, como as quedas d’água <strong>de</strong> Indianópolis. Como este município é reconhecido pela varieda<strong>de</strong> ebeleza cênica <strong>de</strong> suas quedas, o objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalho foi i<strong>de</strong>ntificar o potencial <strong>de</strong>stes locais para aprática do geoturismo. Para atingir os objetivos propostos efetuou-se, em linhas gerais, revisão bibliográficapertinente ao tema, trabalhos <strong>de</strong> campo ao longo dos cursos d’água com quedas e trabalhos <strong>de</strong> gabinete,etapa esta que permitiu a integração e análise dos dados obtidos e, conseqüente resultados e conclusõesapresentados ao longo da dissertação. A partir <strong>de</strong>sta metodologia, entre outros, foi possível encontrar emapear 20 quedas no município <strong>de</strong> Indianópolis, todas com uma beleza e valor singulares, expondo emvariados tamanhos unida<strong>de</strong>s litológicas que permitem o entendimento da história geológica da região, bemcomo a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> processos geomorfológicos ativos na evolução e esculturação das quedas. A maioriadas quedas mapeadas estão localizadas em áreas preservadas, porém, algumas mais visitadas já apresentamsinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>teriorização, como focos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento da mata ciliar, assoreamento, presença <strong>de</strong> lixo eprocesso erosivo nas trilhas ecológicas. Concluímos que é gran<strong>de</strong> o potencial geoturístico das quedas d’água<strong>de</strong> Indianópolis, principalmente do Salto do Mirandão, Salto <strong>de</strong> Furnas e Saltinho Santo Antônio, no entanto,para que o município possa realmente implantar o geoturismo, usufruindo dos seus benefícios, é necessário,antes <strong>de</strong> tudo, proce<strong>de</strong>r ao planejamento turístico e criar políticas públicas que regulamentem a ativida<strong>de</strong>. Sóassim será possível caminhar na direção <strong>de</strong> um turismo sustentável e atingir um dos propósitos principais dogeoturismo que é a geoconservação.Palavras-Chave: Turismo alternativo. Geodiversida<strong>de</strong>. Sustentabilida<strong>de</strong>. Geoconservação. Indianópolis.Orientador: Prof. Dr. Sílvio Carlos Rodrigues.AbstractThe tourism is growing up in last <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s and the alternative tourism with its mainly representatives(ecotourism, geotourism, rural tourism and the adventure tourism) is which has more highlights actually.Based on this concepts, the geotourism is the more recently, which was created to valorize the non-bioticaspects of the landscape, making a join with contemplation with scientific aspects of the visitation. So, thegeoconcervation can be done. In the Triângulo Mineiro it is possible to find rare and good one examples ofthe geologic patrimony, as the water falls in Indianópolis District. This region is recognized by the varietyand by the beauty scenes of its water falls, so the general objective of this research was to i<strong>de</strong>ntify thepotential of this place for the practice of the geotourism. For accomplishing the objectify proposed it wasdone, in general lines, bibliographic review pertinent to the theme, work field in the rivers (brooks) withwater falls and cabinet work, whose step had permitted the integration and analyses of the data obtainedand, consequently, results and conclusions presented to the long of this dissertation. With this methodology,among others, it was possible to find and to map 20 water falls in Indianópolis, all with beauty and singularvalues, exposing in varied size, geologic units which permit the un<strong>de</strong>rstanding the history of the regiongeology, as well as the i<strong>de</strong>ntification of the geomorphologic process actives in the evolution and sculpturingof the water falls. The most part of the fall mapped are located in preserved areas, however, that one morevisited show some signs of the <strong>de</strong>gradation, as the <strong>de</strong>forestation of the vegetation near the fluvial channels,the formation of sediments banks, garbage and erosive process in the ecologic trails. We had conclu<strong>de</strong> thatthere are great and strong potential of the geotourism related to falls in Indianópolis, mainly that onesCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.91


RESUMO: Bento. Potencial geoturístico das quedas d’água <strong>de</strong> Indianópolis/MGnamed as Salto do Mirandão, Salto <strong>de</strong> Furnas and Saltinho Santo Antônio. However, to make theimplantation of the geotourism in this district, having some benefits to Indianópolis, it is necessary, as a firststep, make a tourism planning and create public politics to make the regulation of this activity. So, it will bepossible to walk in the direction of sustainable tourism and get one of the proposes of the geotourism, that isenvironmental conservation.Key-Words: Alternative tourism. Geodiversity. Sustainable. Geoconservation. Indianópolis.Advisor: Prof. Dr. Sílvio Carlos Rodrigues.ReferênciaBENTO, Lilian Carla Moreira. Potencial geoturístico das quedas d’água <strong>de</strong> Indianópolis/MG. Uberlândia:UFU, 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia), Instituto <strong>de</strong> Geografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Uberlândia, 2010.A revista Turismo e Paisagens Cársticas é uma publicação da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SeTur/SBE). Para submissão <strong>de</strong> artigos ou consulta aos já publicados visite:www.cavernas.org.br/turismo.aspCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.92


SUMÁRIO DE TÍTULOS – VOLUME 3(SUMMARY OF TITLES – VOLUME 3)ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLESGeoturismo: uma abordagem histórico-conceitualGeotourism: an approach historical and conceptualJasmine Cardozo Moreira 5Espacializando a importância da caverna <strong>de</strong> Postojna (Postojnska Jama) para o turismo aolongo da história EslovenaSpatializing the importance of Postojna cave (Postojnska Jama) for tourism throughout SlovenehistoryLuiz Eduardo Panisset Travassos & Wagner Barbosa Batella 11O turismo como ferramenta para a proteção do patrimônio cultural arqueológico: um estudo naAPA Carste <strong>de</strong> Lagoa Santa – MGTourism as a archaeological heritage protection tool: a study at the Environmental Protected Area ofthe Lagoa Santa Karst, Minas GeraisDébora Goulart Becheleni & Mirna <strong>de</strong> Lima Me<strong>de</strong>iros 21Planejamento ambiental integrado e participativo na <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargaturística provisória em cavernasEnvironmental planning integrated and participatory for <strong>de</strong>terminate the provisory tourist carryingcapacity in cavesHeros Augusto Santos Lobo, Maurício <strong>de</strong> Alcântara Marinho, Eleonora Trajano,José Antonio Basso Scaleante, Bárbara Nazaré Rocha, Oscarlina Aparecida Furquim Scaleante& Francisco Villela Laterza 31O geoturismo como instrumento em prol da divulgação, valorização e conservação dopatrimônio natural abiótico – uma reflexão teóricaThe geotourism as instrument to divulgation, valorization and conservation of the abiotic naturalheritage - a theoretical reflectionLilian Carla Moreira Bento & Sílvio Carlos Rodrigues 55Consi<strong>de</strong>rações sobre os efeitos do turismo no ecossistema da Mina do Chico Rei (Ouro Preto,Minas Gerais): implicações para o manejo em sistemas naturaisConsi<strong>de</strong>rations of the tourism effects in the Chico Rei Mine (Ouro Preto, Minas Gerais): implicationsfor the management of natural systemsLeopoldo Ferreira <strong>de</strong> Oliveira Bernardi, Marconi Souza-Silva & Rodrigo Lopes Ferreira 67A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalThe contribution of the practical of caving in bodily well-beingMarilda Teixeira Men<strong>de</strong>s, Michela Abreu Francisco Alves, Alex Fabiani <strong>de</strong> Brito Torres &Kátia Maria Gomes Monção 79RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES/ MASTER AND DOCTORAL THESIS: ABSTRACTSAvaliação do impacto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s turísticas em cavernasEvaluation of impact of activities of tourism in cavesJosé Antonio Basso Scaleante 45Geoconservação e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável na Chapada Diamantina (Bahia - Brasil)Geoconservation and sustainable <strong>de</strong>velopment in Chapada Diamantina (Bahia- Brasil)Ricardo Galeno Fraga <strong>de</strong> Araújo Pereira 47Potencial geoturístico das quedas d’água <strong>de</strong> Indianópolis/MGGeotouristic potential of water falls in Indianópolis districtLilian Carla Moreira Bento 91Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.93


ÍNDICE DE AUTORES – VOLUME 3(INDEX OF AUTHORS – VOLUME 3)AAlves, 79BBatella, 11Becheleni, 21Bento, 55, 91Bernardi, 67FFerreira, 67LLaterza, 31Lobo, 31MMarinho, 31Me<strong>de</strong>iros, 21Men<strong>de</strong>s, 79Monção, 79Moreira, 05PPereira, 47RRocha, 31Rodrigues, 55SScaleante-a, 31, 45Scaleante-b, 31Souza-Silva, 67TTorres, 79Trajano, 31Travassos, 11Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.94


QUADRO DE AVALIADORES – VOLUME 3(BOARD OF REVIEW – VOLUME 3)No ano <strong>de</strong> 2010, os originais recebidos foram avaliados pelos seguintes pesquisadores:Gisele Cristina SessegoloEcossistema Consultoria AmbientalHeros Augusto Santos Lobo<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SBE)Jadson Luis Rabelo PortoUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Amapá (UNIFAP)Luiz Afonso Vaz <strong>de</strong> FigueiredoCentro Universitário Fundação Santo André (CUFSA)Luiz Eduardo Panisset TravassosPontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais (PUCMG) / Faculda<strong>de</strong> PromoveMarcelo Augusto Rasteiro<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SBE)Marcos Paulo <strong>de</strong> Souza MirandaMinistério Público Estadual – Minas GeraisRicardo Galeno Fraga <strong>de</strong> Araújo PereiraGeoklockRicardo José Calembo MarraCentro Nacional <strong>de</strong> Estudo, Proteção e Manejo <strong>de</strong> Cavernas (CECAV/ICMBio)Sérgio Domingos <strong>de</strong> OliveiraUniversida<strong>de</strong> Estadual Paulista (UNESP)Úrsula Ruchkys <strong>de</strong> AzevedoUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG)Walter Fagun<strong>de</strong>s MoralesUniversida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Santa Cruz (UESC)William Sallun FilhoInstituto Geológico do Estado <strong>de</strong> São Paulo (IG/SMA)Zysman NeimanUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos (UFSCAR)Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.95


GESTÃO EDITORIAL - 2010Durante o ano <strong>de</strong> 2010, a revista Turismo e Paisagens Cársticas apresentou o seguinte fluxo editorial <strong>de</strong>avaliação <strong>de</strong> originais:Originais recebidos em 2010: 13Originais publicados em 2010: 07Originais reprovados em 2010: 05Originais recebidos em 2010 em processo <strong>de</strong> avaliação: 01Web site (no período <strong>de</strong> 01/01/2010 a 31/12/2010)Total <strong>de</strong> page views (página da revista): 3.352Total <strong>de</strong> page views (página <strong>de</strong> cada número)<strong>Volume</strong> 3 Número 1: 878<strong>Volume</strong> 2 Número 2: 1.301<strong>Volume</strong> 2 Número 1: 1.140<strong>Volume</strong> 1 Número 2: 1.041<strong>Volume</strong> 1 Número 1: 961Total <strong>de</strong> downloads (revista completa):<strong>Volume</strong> 3 Número 1: 436<strong>Volume</strong> 2 Número 2: 833<strong>Volume</strong> 2 Número 1: 418<strong>Volume</strong> 1 Número 2: 1.195<strong>Volume</strong> 1 Número 1: 807Total <strong>de</strong> downloads (por artigo):<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 000-004: 70<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 005-010: 141<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 011-019: 88<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 021-030: 154<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 031-043: 160<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 045-046: 110<strong>Volume</strong> 3 número 1 - p. 047-048: 70<strong>Volume</strong> 2 número 2 - p. 097-100: 234<strong>Volume</strong> 2 número 2 - p. 101-112: 616<strong>Volume</strong> 2 número 2 - p. 113-129: 292<strong>Volume</strong> 2 número 2 - p. 131-137: 178<strong>Volume</strong> 2 número 2 - p. 139-145: 209<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 000-004: 267<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 005-015: 1.012<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 017-025: 679<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 027-039: 543<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 041-055: 1.255<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 057-068: 1.078<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 069-077: 165<strong>Volume</strong> 2 número 1 - p. 079-096: 1.202<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 093-105: 128<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 107-120: 947<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 121-129: 325<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 131-144: 563<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 145-164: 826<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 165-172: 2.401Campinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.96


<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 173-182: 974<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 183-187: 323<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 189-190: 182<strong>Volume</strong> 1 número 2 - p. 191-191: 1808<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 000-005: 297<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 007-017: 162<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 019-028: 435<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 029-042: 319<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 043-055: 384<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 057-065: 355<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 067-076: 677<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 077-088: 3.748<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 089-090: 236<strong>Volume</strong> 1 número 1 - p. 091-092: 322Heros Augusto Santos LoboEditor-ChefeMarcelo Augusto RasteiroEditor ExecutivoA revista Turismo e Paisagens Cársticas é uma publicação da Seção <strong>de</strong> Espeleoturismo da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Espeleologia</strong> (SeTur/SBE). Para submissão <strong>de</strong> artigos ou consulta aos já publicados visite:www.cavernas.org.br/turismo.aspCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.97

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