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Volume 3 - Número 2 - Sociedade Brasileira de Espeleologia

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Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporal1. INTRODUÇÃODes<strong>de</strong> os primórdios da evolução do homem,as ativida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> aventura na natureza sefazem presentes. Na era primitiva, a relação serhumano/natureza propiciou a prática das ativida<strong>de</strong>sfísicas em meio natural, que, com o passar do tempo,foi entendidas <strong>de</strong> diferentes maneiras.Brunhs (1997) constata um aumento crescentena procura por certas ativida<strong>de</strong>s, como omontanhismo, o mountain bike, o campismo, <strong>de</strong>ntreoutros. No Brasil, há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> parquese <strong>de</strong> reservas ecológicas, que são ambientes própriosà realização <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, o que propicia umaconstante procura <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ptos. Bruhns (1997, p. 90)<strong>de</strong>staca que “talvez a opção pelos <strong>de</strong>nominadosesportes <strong>de</strong> aventura, possa ser traduzida através do<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uma reconciliação com a natureza,expressa numa experiência antes nunca vivenciada”.O interesse pelas práticas <strong>de</strong> aventura nanatureza 1 no mundo é crescente. No Brasil, verificasea mesma tendência. Para ilustração, emconformida<strong>de</strong> com a Adventure Fair 2 , houve umaumento significativo (mais <strong>de</strong> 100%) entre onúmero <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong>sse evento, comparando-seaos anos <strong>de</strong> 1999 e 2002.Essas práticas <strong>de</strong> aventura na natureza, comoo espeleismo, caving, o trekking, o rafting, aescalada, o cascading, o mountain bike, o rapel, acorrida <strong>de</strong> aventura, entre outras, têm aumentadobastante, principalmente nessa última década, cujocampo principal <strong>de</strong> manifestação tem sido o lazer.Alguns autores, como Bruhns (1997; 1999; 2003),Fernan<strong>de</strong>s (1998), Camacho (1999), Lacruz e Perich(2000), Marinho (2001;2003), Tahara e Schwartz(2003) e Le Betron (2006), <strong>de</strong>stacam que a buscapor essas práticas se dá em função da crise socialque o ser humano vive atualmente e o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>romper com o cotidiano, principalmente vinculadoaos gran<strong>de</strong>s centros urbanos.Além disso, o crescimento da procura porpráticas <strong>de</strong> aventura na natureza contou com acontribuição dos meios <strong>de</strong> comunicação, dosequipamentos <strong>de</strong> segurança, dos recursosempregados, da busca pelo <strong>de</strong>sconhecido e,principalmente, <strong>de</strong>vido à interação homem /natureza.Os estudos evi<strong>de</strong>nciam que as práticas <strong>de</strong>aventura na natureza promovem a melhoria do bemestarcorporal, que é fundamental para o<strong>de</strong>senvolvimento integral do ser humano.Há muitos anos, o homem relaciona-se com ascavernas, por diversos motivos: ora como moradia,ora cultuando, ora refugiando-se no seu interior. Ohomem pré-histórico, por exemplo, buscava ascavernas por motivo subsistencial (LINO, 1989;MARRA, 2001; AULLER et. al., 2001). Com opassar dos tempos, esses motivos mudaram,po<strong>de</strong>ndo ser percebidos na atualida<strong>de</strong>, com ocrescente aumento <strong>de</strong> interesse pela prática doespeleismo.Rasteiro (2007, p. 243) <strong>de</strong>fine o espeleismocomo uma ativida<strong>de</strong> em ambientes cavernícolas quenão resulta em trabalhos científicos formais, ou seja,espeleologia não-científica. Ele afirma que “gran<strong>de</strong>parte daqueles que são consi<strong>de</strong>rados espeleólogos,senão a maioria, não realiza trabalhos científicosformais, embora costumem pesquisar inclusivefontes secundárias, sendo estes estudos utilizadospara seu conhecimento pessoal, e principalmentepara o <strong>de</strong>senvolvimento das habilida<strong>de</strong>s necessáriasà visitação <strong>de</strong> caverna”.Especificamente, no Brasil, percebe-se que háuma procura significativa por essa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aventura na natureza, por parte <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>diferentes faixas etárias. No entanto, constata-se aexistência <strong>de</strong> poucos estudos 3 , na literatura corrente,sobre o espeleismo. Essas investigações sãorecentes: a maioria concentra-se nos anos 2000, elimita-se à análise <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pontuais e darelação entre a espeleologia e o esporte. Esse estudotem como objetivo analisar a contribuição doespeleismo no bem-estar corporal dos seuspraticantes, por meio da relação serhumano/caverna.2 Referencial Teórico2.1 Caverna e suas característicasNas diversas regiões brasileiras, o vocábulocaverna é empregado <strong>de</strong> forma diferente. Nasregiões Su<strong>de</strong>ste, e Nor<strong>de</strong>ste, por exemplo, “grutas elapas”. Especificamente no Norte <strong>de</strong> Minas Gerais, a<strong>de</strong>nominação mais comum é “lapa”, mas, emalgumas regiões, há nomes como “gruna” e“Sumidô”, quando da existência <strong>de</strong> minadouros ounascentes (ASSIS, 2003). No Município <strong>de</strong> MontesClaros, também localizado no Norte <strong>de</strong> MinasGerais, as cavernas são <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> “lapas”.Lino (1989) caracteriza caverna comoqualquer cavida<strong>de</strong> rochosa natural e penetrável peloser humano. Para o autor, as cavernas sãofenômenos por vezes efêmeros, na dinâmica dacrosta terrestre: “O termo caverna provém do latimcavus que significa buraco, correspon<strong>de</strong>ndo a caveou cavern em inglês” (LINO, 1989, p.95).Segundo Lino (1989), a história humana nãopo<strong>de</strong> ser contada sem referir-se às cavernas. ACampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.80

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