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Volume 3 - Número 2 - Sociedade Brasileira de Espeleologia

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Men<strong>de</strong>s, et al. A contribuição da prática do espeleismo no bem-estar corporalrelação do homem com esses ambientes é quase tãoantiga quanto sua própria história, uma relação <strong>de</strong>importância fundamental na evolução <strong>de</strong> conceitos,sensações e sentimentos universais que <strong>de</strong>finem ohomem como ser cultural. O autor afirma que, noambiente <strong>de</strong> cavernas, o ser humano encontrou umdos seus primeiros abrigos e seus mais antigossantuários, on<strong>de</strong> o sagrado e o profano podiamconviver.Lino (1989) consi<strong>de</strong>ra a representação dascavernas um escon<strong>de</strong>rijo seguro, associado aosforagidos, bandidos <strong>de</strong> toda a or<strong>de</strong>m. No mundosubterrâneo das cavernas, há uma relação dialéticaentre o bem e mal; monstros e fadas; facínoras eheróis; <strong>de</strong>uses e diabos; dia e noite; luz e trevas.Por outro lado, ainda segundo o autor, abeleza esmagadora e fascinante <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> pedra,colunas e cascatas no fundo <strong>de</strong>sses antros escuros,para uns, é a prova absoluta da onipresença <strong>de</strong> Deus;enquanto, para outros, é o testemunho da oculta<strong>de</strong>streza <strong>de</strong> um diabo artesão.umEntão, vale aqui um parêntese. A caverna é[...] mundo que protege a vidageológica estimada em mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>anos. Enfim, um mundo que pergunta: qual oprazer em explorar-me? A resposta só po<strong>de</strong>aparecer para quem realmente empreen<strong>de</strong>ressa conquista, a<strong>de</strong>ntrando um novoambiente, silencioso e totalmente escuro,apresentando-se forte pela aparência, massendo na verda<strong>de</strong> um frágil ecossistema,formado geralmente por rochas calcáriasrecobertas por matas (MENEZES, 2006, p.37).2.1.1 A relação da caverna com a espeleologiaOs primeiros tratados sobre a espeleologia noBrasil começaram a surgir a partir da segundameta<strong>de</strong> do século XIX, por intermédio dospesquisadores naturalistas Peter Wilhelm Lund eRicardo Krone. Por meio <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong>senvolvidasem cavernas <strong>de</strong> Lagoa Santa, Minas Gerais, eIporanga, São Paulo (AULER; BRANDI eRUBBIOLI, 2001; MARRA, 2001).No Brasil, apenas em 1937 teve início umestudo sistemático das cavernas, com a criação da<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Excursionista e Espeleológica (MELLO eFARIA, 2007).Os ambientes cavernícolas passaram a serestudados como uma ciência própria, <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>espeleologia. O termo espeleologia provém dosvocábulos gregos spelaion, que significa cavernas elogos, estudo. A espeleologia surge com a principalfinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover o estudo, a observação e aexploração das cavernas, visando sempre à criação<strong>de</strong> efetivos mecanismos que contribuam para a suaconservação (MELLO e FARIA, 2007).2.1.2 O espeleismo e a sua relação com aespeleologiaRasteiro (2007, p.243) aborda a influênciada caverna na prática do espeleismo. Esse autor<strong>de</strong>staca “a importância do espeleismo no<strong>de</strong>senvolvimento pessoal <strong>de</strong> seus praticantes, sejapelo contato com a natureza, seja pela exigência <strong>de</strong>maior entendimento das técnicas e do ambiente quevisita”(caverna), resultando em alguns casos noincentivo e formação <strong>de</strong> novos pesquisadores.O estudo publicado por Lino (1989)<strong>de</strong>monstra que a espeleologia técnico-esportiva é aque mais se aproxima do espeleismo, <strong>de</strong>vido às suascaracterísticas. Ela po<strong>de</strong> ser entendida como meiopara espeleologia cientifica, po<strong>de</strong>ndo cada uma <strong>de</strong>lasser dividida em várias áreas <strong>de</strong> conhecimento.O principal significado adquirido daespeleologia para o espeleismo, também, po<strong>de</strong> sertranscrito nas palavras <strong>de</strong> Lino (1989, p. 45).Do ponto <strong>de</strong> vista esportivo umadiferença básica distingue a espeleologia <strong>de</strong>outros esportes congêneres: nela não seprivilegia a competição entre os indivíduos ougrupos, ao contrário, exige a solidarieda<strong>de</strong> eo trabalho <strong>de</strong> equipe. Não se trata,igualmente, <strong>de</strong> vencer a natureza, massuplantar-se a si mesmo, suplantando limitesfísicos, técnicos e <strong>de</strong> conhecimento.Assim, do ponto <strong>de</strong> vista esportivo, aespeleologia não visa à competição, ao <strong>de</strong>safio, oumuito menos a vencer a natureza, mas sim aotrabalho em equipe, objetivando o estudo, aobservação, a documentação e a contemplação dascavernas (LINO, 1989).Sobre o ponto <strong>de</strong> vista espeleológico, oproblema conceitual acerca <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s emambientes <strong>de</strong> caverna, quer seja nas suas novasadjetivações e <strong>de</strong>finições aca<strong>de</strong>micamenteestabelecidas, mostra que essa discussão ainda éinsuficiente.3 Procedimentos MetodológicosA opção por uma abordagem <strong>de</strong> naturezaqualitativa se <strong>de</strong>ve ao objeto <strong>de</strong> pesquisa, poisCampinas, SeTur/SBE. Turismo e Paisagens Cársticas, 3(2), 2010.81

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