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AO SERVIÇO DE PORTUGAL


<strong>Marinha</strong> <strong>Portuguesa</strong>


ApresentaçãoÉ necessário haver Armadas no mar, que guar<strong>de</strong>m as nossas costas e paragens,e nos assegurem dos sobressaltos que po<strong>de</strong>m vir pelo mar, que são mais súbitos que os da terra.Fernando OliveiraNo mundo globalizado dos nossos dias, o mar é o elemento que verda<strong>de</strong>iramente distinguePortugal das outras nações, porque anima e sustenta a mentalida<strong>de</strong> e as atitu<strong>de</strong>s colectivas,que estão na nossa génese como povo e como Estado.A importância do mar para Portugal po<strong>de</strong> ser sistematizada segundo quatro expressões.Uma expressão política, ligada à extensão e <strong>de</strong>limitação dos nossos espaços marítimos, quecorrespon<strong>de</strong>m a cerca <strong>de</strong> 19 vezes a área terrestre do País, a que acresce o expectávelalargamento da plataforma continental, que mais do que duplica os fundos oceânicos sobsoberania nacional.Uma expressão económica, materializada num conjunto <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinadas a exploraros recursos marinhos, <strong>de</strong> forma a que possamos beneficiar das potencialida<strong>de</strong>s oferecidaspelo mar. Aqui avultam, entre outros sectores, o turismo marítimo, os <strong>de</strong>sportos náuticos, osportos, o transporte marítimo, as pescas e a aquicultura.Uma expressão cultural, que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> o mar ser a principal marca i<strong>de</strong>ntitária da naçãoportuguesa, estando vincadamente impresso no código genético do povo português. Issotraduz-se num conjunto <strong>de</strong> hábitos corporais ou mentais muito associados à vivência do mar enum acervo cultural com forte pendor dos temas marítimos.Finalmente, uma expressão securitária, resultante do importante papel dos oceanos para as economias mundial e nacional.Neste contexto, é indispensável ter presente que só com segurança se <strong>de</strong>senvolve a confiança necessária à normal activida<strong>de</strong>económica.Neste enquadramento fortemente marcado pela maritimida<strong>de</strong>, Portugal necessita <strong>de</strong> uma <strong>Marinha</strong> capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhartrês funções fundamentais: <strong>de</strong>fesa militar e apoio à política externa; segurança e autorida<strong>de</strong> do Estado; e <strong>de</strong>senvolvimentoeconómico, científico e cultural. Estas funções permitem à <strong>Marinha</strong> uma actuação militar e uma actuação não militar, que dãocorpo ao paradigma operacional da <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> duplo uso, gerador <strong>de</strong> sinergias e <strong>de</strong> economias <strong>de</strong> escala e <strong>de</strong> esforço. Parasustentar as vertentes <strong>de</strong> actuação militar e não militar, a <strong>Marinha</strong> possui um conjunto <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s que obe<strong>de</strong>cem aoparadigma genético da <strong>Marinha</strong> equilibrada e dispõe <strong>de</strong> uma organização racionalizada que satisfaz o paradigma estrutural da<strong>Marinha</strong> optimizada.É com este mo<strong>de</strong>lo, fundado no equilíbrio, na optimização e no duplo uso, com unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comando e <strong>de</strong> acção, que cumprimosa nossa missão. O produto institucional da <strong>Marinha</strong> <strong>Portuguesa</strong>, fruto <strong>de</strong> uma actuação sóbria e discreta, normalmente paraalém dos olhares dos cidadãos e longe da atenção mediática, enche-nos <strong>de</strong> orgulho, ao mesmo tempo que nos motiva aprosseguir na busca da excelência. Esse produto institucional é apresentado neste folheto segundo as três funções acimareferidas, evi<strong>de</strong>nciando o papel da <strong>Marinha</strong> ao serviço do País e o seu contributo <strong>de</strong>cisivo para que os portugueses possam usar omar em prol do progresso e do bem-estar nacionais, mau grado algumas carências materiais e, também, restriçõesorçamentais.Portugal po<strong>de</strong> confiar que a sua <strong>Marinha</strong> continuará, até no limite das suas capacida<strong>de</strong>s e recursos, firme na <strong>de</strong>fesa dosinteresses nacionais, empenhada na segurança dos nossos vastos espaços marítimos e parceira nas iniciativas e activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento centradas no mar.José Carlos Torrado Saldanha LopesAlmiranteChefe do Estado-Maior da Armada eAutorida<strong>de</strong> Marítima Nacional


Espaços marítimossob responsabilida<strong>de</strong> nacionalZona Económica Exclusiva - 1,66 milhões <strong>de</strong> km 2Proposta <strong>de</strong> extensão dos limites daplataforma continental - 3,6 milhões <strong>de</strong> km 2Área <strong>de</strong> busca e salvamento - 5,8 milhões <strong>de</strong> km 2


Portugal, uma nação marítimaOs portugueses vivem há séculos em estreita e permanentecomunhão com o mar. Depois <strong>de</strong> uma parte do território ter sidoconquistada e povoada a partir do mar, durante dois séculos agesta <strong>de</strong> marinheiros tornou possível a Expansão, conferindo corpoa esse marco civilizacional em que se transformou a Era dosDescobrimentos. Em resultado do esforço, já por tantosconsi<strong>de</strong>rado assombroso, por <strong>de</strong>smesurado face à escassez <strong>de</strong>recursos e dimensão do País, Portugal afirmou-se, nos primeirosalvores do século XVI, como a primeira potência marítima à escalaglobal. Se no mar resi<strong>de</strong> boa parte da nossa génese, ao longo <strong>de</strong>nove séculos <strong>de</strong> história, este tem-se igualmente constituído comogarante da in<strong>de</strong>pendência nacional e espaço <strong>de</strong> afirmação dosnossos interesses. O mar tem, assim, para Portugal uma vincadaexpressão política, económica, cultural e securitária.Expressão políticaA História portuguesa po<strong>de</strong> resumir-se a uma série <strong>de</strong> esforçospara o aproveitamento das possibilida<strong>de</strong>s atlânticas do território.Jaime CortesãoA importância do mar para Portugal encontra-se intrinsecamenterelacionada com a sua geografia semi-arquipelágica, mas tambémcom a extraordinária extensão dos seus espaços marítimos. Oamplo acesso ao oceano, com tudo o que isso representa emtermos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>safios, justifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>garantir o seu uso a<strong>de</strong>quado. Portugal conta com uma superfície2terrestre <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 92 mil km , uma linha <strong>de</strong> costa com 2188 km e2uma extensíssima área marítima da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1,72 milhões <strong>de</strong> km ,incluindo águas interiores, mar territorial e Zona EconómicaExclusiva (ZEE).Limites dos espaços marítimos, <strong>de</strong> acordo com a Convenção das NaçõesUnidas sobre o Direito do MarExpressão económicaCerca <strong>de</strong> 90% do comércio mundial é transportado por mar. EmPortugal, as mercadorias movimentadas nos portos nacionaisrepresentam, actualmente, 60% do comércio externo e 70% dasimportações. É igualmente pela via marítima que nos chega atotalida<strong>de</strong> do petróleo e 2/3 do gás natural consumidos pelo país.88 6008332 33191 7636 510 16 576 287 715825 10 823 442 316572 4386 083 23 660 926 149 5 220 30213 419 50 960 1 656 181 5 792 740De acordo com o estudo efectuado pela Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> AvaliaçãoEstratégica e Risco (SaeR), relativamente ao hypercluster daeconomia do mar, em 2005 as activida<strong>de</strong>s ligadas a este sectorrepresentavam um valor que se situava entre os 5% e os 6% doProduto Interno Bruto (PIB) nacional, contabilizando os efeitosdirectos e indirectos.Superfície do território e dos espaços marítimos <strong>de</strong> Portugal ( km 2)Esta área <strong>de</strong> águas jurisdicionais representa 18,7 vezes a área doterritório, colocando-nos entre os maiores países do mundo, noque à dimensão dos espaços marítimos diz respeito. Além disso,Portugal, fruto dos acordos internacionais <strong>de</strong> que é signatário,assumiu a responsabilida<strong>de</strong> da busca e salvamento marítimo –Search and Rescue (SAR) – num espaço que se esten<strong>de</strong> por 5,82milhões <strong>de</strong> km , o que correspon<strong>de</strong> a 63 vezes a superfície doterritório nacional.Na sequência da proposta apresentada por Portugal junto daComissão dos Limites da Plataforma Continental das NaçõesUnidas, este imenso espaço marítimo sob responsabilida<strong>de</strong>nacional po<strong>de</strong> ainda, <strong>de</strong>ntro em breve, alargar-sesubstancialmente, facto que constitui um enorme <strong>de</strong>safio político.Com efeito, a nossa plataforma continental mais do que duplica,passando a haver continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo nacional entre o territóriodo continente e as regiões autónomas da Ma<strong>de</strong>ira e dos Açores.Este vasto espaço marítimo representa um elevado potencial <strong>de</strong>riqueza, que po<strong>de</strong> contribuir, se convenientemente estudado,gerido e explorado, quer para o <strong>de</strong>senvolvimento do País, quer paraa sua afirmação ao nível internacional.Navios <strong>de</strong> cruzeiro atracados no Porto do FunchalAlém disso, os vários sectores do nosso hypercluster do marcaracterizam-se por possuírem um forte efeito multiplicadornoutras activida<strong>de</strong>s económicas, potenciando oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>emprego e negócio. Por esta razão, as activida<strong>de</strong>s baseadas nomar têm gran<strong>de</strong> potencial na geração <strong>de</strong> valor acrescentado, aom e s m o t e m p o q u e f u n c i o n a m c o m o a l a v a n c a d e<strong>de</strong>senvolvimento em áreas correlacionadas.05


Portugal, uma nação marítimaO potencial <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> alguns sectores da economia do mar,como o turismo náutico, a náutica <strong>de</strong> recreio, a aquicultura, apiscicultura <strong>de</strong> alto mar, a cultura <strong>de</strong> algas e micro-algas, otransporte marítimo <strong>de</strong> curta distancia, as energias renováveis e aexploração <strong>de</strong> minerais, hidrocarbonetos e produtos <strong>de</strong>biotecnologia, levou a SaeR a estimar que, em 2025, a economia domar po<strong>de</strong> representar 10 a 12% do PIB nacional.Expressão culturalImportância do mar para PortugalEm 2009 - 5 a 6% do PIBEm 2025 - 10 a 12% do PIBFonte: SaeR - O Hypercluster da Economia do Mar, 2009.O mar tem, para os portugueses, uma importância cultural enorme.Facto maior é ter-se constituído, ao longo da nossa História, comoum dos principais elementos forjadores da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Defacto, mantemos com ele uma relação íntima e permanente, a qualconfere à cultura do nosso povo um carácter eminentementemarítimo, que influencia directamente a mentalida<strong>de</strong> e a vonta<strong>de</strong>nacionais.Além disso, o mar sempre se revelou como factor potenciador danossa <strong>de</strong>terminação colectiva. Essa força mobilizadora, associadaàs capacida<strong>de</strong>s do País nas mais variadas valências, representahoje um importante agente <strong>de</strong> coesão nacional, indispensável paraque possamos ultrapassar, com sucesso, os crescentes ecomplexos <strong>de</strong>safios que nos são colocados pelo mundo emmudança. A tão propalada globalização – é bom lembrar – foiencetada no século XV pela acção e visão empreen<strong>de</strong>dora dosportugueses, que com as suas navegações «<strong>de</strong>ram novos mundosao mundo».Expressão securitáriaMuito embora não se vislumbrem presentemente ameaçasmilitares directas nos espaços sob soberania e jurisdiçãonacionais, os ensinamentos da História e da Geopolíticaaconselham a existência <strong>de</strong> uma capacida<strong>de</strong> militar credível, comvista a dissuadir e reprimir os interesses contrários à segurança <strong>de</strong>Portugal e dos seus cidadãos.De facto, a estabilida<strong>de</strong> do mundo globalizado em que vivemos<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> largamente da segurança marítima, nas vertentes <strong>de</strong>security, correspon<strong>de</strong>nte à protecção face a ameaças ou riscosintencionais, e <strong>de</strong> safety, correspon<strong>de</strong>nte à protecção face aameaças ou riscos aci<strong>de</strong>ntais ou naturais.Na primeira vertente ( security), as maiores preocupações actuaispren<strong>de</strong>m-se com a protecção dos espaços marítimos contra asameaças e os actos ilícitos intencionais. Neste âmbito, adquireparticular relevância a protecção do regular fluxo <strong>de</strong> tráfegomarítimo, uma vez que cerca <strong>de</strong> 90% do comércio e 2/3 dopetróleo mundiais são transportados por via marítima,recorrendo a mais <strong>de</strong> 47 000 navios que praticam os cerca <strong>de</strong> 4000portos dispersos pelo mundo.Todavia, a harmonia <strong>de</strong>ste sistema po<strong>de</strong> facilmente ser colocadaem causa por ameaças erosivas, que subsistem à margem daactual or<strong>de</strong>m internacional, como são os casos da criminalida<strong>de</strong>transnacional, da pirataria e do tráfico <strong>de</strong> armas, <strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong>pessoas. A estas somam-se, ainda, as ameaças sistémicas, quevisam a alteração da actual or<strong>de</strong>m, como o terrorismotransnacional e o tráfico <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição maciça.Fragata portuguesa em acção <strong>de</strong> protecção da navegação mercante noGolfo <strong>de</strong> A<strong>de</strong>mO respeito pelos heróis e a preservação da memória dos nossos feitosmarítimosNo passado, o chamamento do Atlântico não constituiu só umcanto <strong>de</strong> sereia para os ouvidos dos marinheiros portugueses.Imbuídos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminação férrea, as suas extraordináriasnavegações fizeram com que o mar passasse a unir em vez <strong>de</strong>separar, conferindo ao português o estatuto <strong>de</strong> língua universal,hoje partilhada por oito países espalhados por quatro continentes.Ao favorecer o estabelecimento <strong>de</strong> relações políticas, económicas,culturais e <strong>de</strong> segurança com os <strong>de</strong>mais países <strong>de</strong> língua oficialportuguesa, o mar constitui, actualmente, um activo do maiselevado valor estratégico para Portugal.06Na outra vertente ( safety), as maiores preocupações actuaispren<strong>de</strong>m-se com a protecção dos espaços marítimos, do ponto <strong>de</strong>vista ambiental e da segurança da navegação.A protecção do mar tem vindo a adquirir crescente relevo, namedida em que as activida<strong>de</strong>s humanas estão a afectarseriamente todos os espaços marítimos e os respectivoshabitats. Sabemos hoje que a sustentabilida<strong>de</strong> das pescas exigemedidas <strong>de</strong> protecção dos recursos, cada vez mais escassos.Numa perspectiva integrada, <strong>de</strong>vem ser acompanhadas poracções concretas ao nível do or<strong>de</strong>namento costeiro, da vigilância,da dissuasão, da fiscalização e do policiamento. Para preservar ovalor intrínseco do mar, o Estado <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver capacida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> prevenção e <strong>de</strong> intervenção, <strong>de</strong> forma a mitigar os efeitosnocivos <strong>de</strong> eventuais aci<strong>de</strong>ntes ambientais que possam vir aocorrer no <strong>de</strong>curso da sua exploração e utilização.


<strong>Marinha</strong>, ao serviço <strong>de</strong> PortugalFunções da <strong>Marinha</strong>A geografia <strong>de</strong> Portugal, os vastos espaços marítimos <strong>de</strong>soberania e <strong>de</strong> jurisdição nacional, a ligação entre o continente eos arquipélagos atlânticos, aliados aos interesses nacionaissubjacentes, são factores que ditam o entrosamento da <strong>Marinha</strong>com a Nação que orgulhosamente serve.Neste contexto, para que Portugal disponha das condiçõesnecessárias à realização dos importantes objectivos marítimosnacionais, nomeadamente aqueles que têm em vista a suasegurança e <strong>de</strong>senvolvimento, é preciso dispor dos instrumentosnecessários à concretização da acção pública no mar.O exercício <strong>de</strong>ssa acção implica um profundo conhecimento domar, acompanhado <strong>de</strong> uma presença efectiva e permanente emtoda a vasta extensão do espaço marítimo sob soberania oujurisdição nacional. Só assim é possível garantir a vigilância efiscalização das activida<strong>de</strong>s que nele se <strong>de</strong>senvolvem e, <strong>de</strong>ssaforma, contribuir para a segurança <strong>de</strong> pessoas e bens, ao mesmotempo que se exerce a dissuasão e a repressão <strong>de</strong> eventuaisameaças. Para o efeito, é indispensável a existência <strong>de</strong> meiosa<strong>de</strong>quados, apoiados por um sistema logístico com vista à suasustentação.É neste contexto que a <strong>Marinha</strong> assume especial relevância, pelasua capacida<strong>de</strong> e versatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> actuação num vasto espectro<strong>de</strong> tarefas, que se divi<strong>de</strong>m em três funções fundamentais: Defesa militar e apoio à política externa; Segurança e autorida<strong>de</strong> do Estado; Desenvolvimento económico, científico e cultural.Se no mar não for<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rosos, tudo logoserá contra nós.D. Francisco <strong>de</strong> Almeidaparticipação da <strong>Marinha</strong> em projectos <strong>de</strong> interesse económico, <strong>de</strong>investigação científica e <strong>de</strong> preservação da nossa cultura marítima.Em virtu<strong>de</strong> da extensão do seu mar e das relevantes funções <strong>de</strong>soberania que nele é imperioso exercer, Portugal precisa <strong>de</strong> uma<strong>Marinha</strong> equilibrada, optimizada e <strong>de</strong> duplo uso.<strong>Marinha</strong> equilibradaO paradigma genético radica na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma <strong>Marinha</strong> equilibrada,conceito que se sustenta numa matriz coerente e pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>capacida<strong>de</strong>s. Engloba as medidas necessárias para edificar novosmeios, tanto materiais como humanos, <strong>de</strong> acordo com capacida<strong>de</strong>sdiversificadas, integráveis e conjugáveis, factores essenciais paraconstituir uma <strong>Marinha</strong> equilibrada.As capacida<strong>de</strong>s diversificadas são uma consequência dosdiferentes meios se <strong>de</strong>stinarem a fazer face, com agilida<strong>de</strong>, amúltiplos <strong>de</strong>safios, ditados por uma envolvente internacionalmuito dinâmica. As capacida<strong>de</strong>s integráveis resultam daincorporação tecnológica e da adopção <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong>experimental e inovadora na sua edificação. As capacida<strong>de</strong>sconjugáveis são proporcionadas pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulaçãoem actuações diferenciadas.O paradigma da <strong>Marinha</strong> equilibrada constitui, por opção própria, aantítese da <strong>Marinha</strong> especializada num conjunto restrito <strong>de</strong>valências e, por conseguinte, limitada a certo tipo <strong>de</strong> missões, semcapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção perante novas e difusas ameaças, nemaptidão para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, mesmo fora do contexto das alianças,outros interesses que <strong>de</strong>spontam. Desta forma, o paradigmagenético visa manter o equilíbrio nas capacida<strong>de</strong>s, evitando umaespecialização excessiva, que levaria ao abandono <strong>de</strong> valênciasessenciais, à afirmação do interesse nacional no mar.Funções e tarefas da <strong>Marinha</strong>A função <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa militar e apoio à política externa concretizaseatravés <strong>de</strong> um vasto conjunto <strong>de</strong> tarefas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> garantir a<strong>de</strong>fesa militar própria e autónoma, passando por acções <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa colectiva e expedicionária, além da protecção dosinteresses nacionais e diplomacia naval.A função <strong>de</strong> segurança e autorida<strong>de</strong> do Estado engloba as tarefas<strong>de</strong> segurança marítima e salvaguarda da vida humana no mar,vigilância, fiscalização e exercício <strong>de</strong> polícia, bem como aactuação dos meios da <strong>Marinha</strong> no quadro das acções <strong>de</strong>protecção civil e em estados <strong>de</strong> excepção (sítio e emergência).A função <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico, científico e culturalabarca um conjunto alargado <strong>de</strong> tarefas que cobrem o apoio eCapacida<strong>de</strong>s da <strong>Marinha</strong> contributivas para o Sistema <strong>de</strong> ForçasNacional<strong>Marinha</strong> optimizadaO paradigma estrutural radica no mo<strong>de</strong>lo da <strong>Marinha</strong> optimizada.Engloba as medidas necessárias para <strong>de</strong>finir a composição, aorganização e a articulação dos meios, materiais e humanos, <strong>de</strong>acordo com capacida<strong>de</strong>s coerentes, inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ecolaborantes, essenciais para constituir uma <strong>Marinha</strong> optimizada.07


<strong>Marinha</strong>, ao serviço <strong>de</strong> PortugalAs capacida<strong>de</strong>s coerentes estão associadas, quer à criação,eliminação e reestruturação <strong>de</strong> órgãos, quer ao recrutamento <strong>de</strong>pessoas capazes, à atribuição dos cargos a<strong>de</strong>quados, àsrecompensas e ao reconhecimento público, à retenção e àmotivação. As capacida<strong>de</strong>s inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes resultam dosarranjos dos elementos orgânicos e humanos, das períciasobtidas pela formação e treino das pessoas e da forma comoestas se encontram organizadas face ao meio envolvente. Ascapacida<strong>de</strong>s colaborantes são uma consequência da existência<strong>de</strong> sistemas que tratam os fluxos <strong>de</strong> informação, que por sua vezestabelecem a ligação dos elementos orgânicos e integram osprocessos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.O paradigma estrutural, com as características básicas antes<strong>de</strong>scritas, visa o equilíbrio i<strong>de</strong>al entre os órgãos maisdirectamente empenhados no cumprimento das funções e dastarefas da <strong>Marinha</strong> – Comando Naval, órgãos e serviços daAutorida<strong>de</strong> Marítima Nacional, Instituto Hidrográfico e órgãos <strong>de</strong>natureza cultural – e os sistemas funcionais <strong>de</strong> âmbitoessencialmente administrativo, vocacionados para a gestão dosrecursos: pessoal, material, financeiros e informação. Nestecontexto, o objectivo do paradigma estrutural é <strong>de</strong>senvolver uma<strong>Marinha</strong> optimizada, <strong>de</strong> forma a garantir eficácia na actuação dosmeios e eficiência no emprego dos recursos.As capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração, comando e controlo <strong>de</strong>stinam-sea consolidar a recolha, gestão e disseminação da informação, etêm em vista dar corpo ao processo <strong>de</strong>cisório relativo ao emprego<strong>de</strong> forças e <strong>de</strong> meios da <strong>Marinha</strong> e <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s comresponsabilida<strong>de</strong>s no mar. Estas capacida<strong>de</strong>s materializam ocontributo da <strong>Marinha</strong> para o conhecimento situacionalmarítimo.De facto, a <strong>Marinha</strong> assegura, em simultâneo, as funções típicas<strong>de</strong> uma Armada e as <strong>de</strong> uma Guarda Costeira, facto que permiteracionalizar e optimizar o emprego dos sempre escassos recursosnacionais. Assim, a <strong>Marinha</strong> <strong>Portuguesa</strong>, cujo comandante é,simultaneamente, Chefe do Estado-Maior da Armada eAutorida<strong>de</strong> Marítima Nacional, assegura a actuação militar nafunção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e apoio à política externa, e a actuação nãomilitar nas funções <strong>de</strong> segurança e autorida<strong>de</strong> do Estado, e <strong>de</strong>apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento económico, científico e cultural, dandocorpo ao paradigma da <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> duplo uso. Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>actuação privilegia uma lógica funcional <strong>de</strong> integração e <strong>de</strong>complementarida<strong>de</strong> entre capacida<strong>de</strong>s, no âmbito da actuaçãomilitar e não militar.Articulação e colaboração com outros órgãos doEstado<strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> duplo usoO paradigma operacional radica no mo<strong>de</strong>lo da <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> duplouso. Engloba a doutrina, o treino e outras medidas necessáriasao emprego dos meios em pessoal e material, segundocapacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> projecção <strong>de</strong> força, <strong>de</strong> protecção do mar e <strong>de</strong>colaboração, comando e controlo, essenciais para operar comouma <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong> duplo uso.As capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> projecção <strong>de</strong> força <strong>de</strong>stinam-se a influenciaros acontecimentos no mar e a partir do mar, e têm em vista darcorpo ao carácter expedicionário das operações, permitindo a<strong>de</strong>fesa dos interesses nacionais, on<strong>de</strong> e quando necessário. Estascapacida<strong>de</strong>s materializam o emprego dos meios da <strong>Marinha</strong>como Armada.As capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> protecção do mar <strong>de</strong>stinam-se a afirmar asresponsabilida<strong>de</strong>s públicas nos espaços marítimos, e têm emvista dar corpo ao carácter jurisdicional das operações,garantindo a segurança e o exercício da autorida<strong>de</strong> no mar. Estascapacida<strong>de</strong>s materializam o emprego dos meios da <strong>Marinha</strong> noexercício das suas funções <strong>de</strong> Guarda Costeira.O actual ambiente estratégico tem obrigado a envolver umnúmero crescente <strong>de</strong> agências e <strong>de</strong>partamentos governamentaisna actuação, <strong>de</strong> forma coor<strong>de</strong>nada e articulada, nos espaçosmarítimos sob soberania e jurisdição nacional. Compreensivelmente,nenhum órgão do Estado consegue, por si só, dar respostaaos múltiplos <strong>de</strong>safios que nos são colocados no imenso marportuguês. Nesta perspectiva, a <strong>Marinha</strong> adopta e preconiza umapostura proactiva <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> abertura na articulação <strong>de</strong> variadasáreas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> do Estado no mar, apoiando, através <strong>de</strong>protocolos operacionais, outros <strong>de</strong>partamentos do Estado, como,por exemplo, a Polícia Judiciária (PJ) no combate ao tráfico <strong>de</strong>estupefacientes, o Serviço <strong>de</strong> Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nocombate à imigração clan<strong>de</strong>stina, e o Instituto Portuário e dosTransportes Marítimos (IPTM) na inspecção <strong>de</strong> naviosestrangeiros.Esta articulação inter<strong>de</strong>partamental reforçou-se com a criação,em Dezembro <strong>de</strong> 2007, do Centro Nacional Coor<strong>de</strong>nador Marítimo(CNCM). Este órgão, on<strong>de</strong> a <strong>Marinha</strong> é par e colabora ao mesmonível <strong>de</strong> todas as outras entida<strong>de</strong>s, utiliza as instalações e asfacilida<strong>de</strong>s disponíveis no Centro <strong>de</strong> Operações Marítimas(COMAR), no Comando Naval, e tem por objectivo optimizar aarticulação entre os diversos intervenientes nos espaçosmarítimos.08


Funções da <strong>Marinha</strong>:2. Segurança e autorida<strong>de</strong> do EstadoO mar é muito <strong>de</strong>vasso,portanto cumpre que nele se ponha muito recato.Fernando OliveiraA função <strong>de</strong> segurança e autorida<strong>de</strong> do Estado engloba asseguintes tarefas: Segurança marítima e salvaguarda da vida humana no mar; Vigilância, fiscalização e exercício <strong>de</strong> polícia; Estados <strong>de</strong> excepção e protecção civil.Cabe aqui referir que o exercício <strong>de</strong> polícia apenas é asseguradopelos órgãos e serviços da Autorida<strong>de</strong> Marítima Nacional (queinclui, na sua estrutura operacional, a Polícia Marítima), conforme<strong>de</strong>talhado no folheto institucional «Funções e tarefas da <strong>Marinha</strong>- Enquadramento legal».Segurança marítima e salvaguarda da vida humanano marBusca e salvamento marítimoPortugal assumiu o compromisso internacional <strong>de</strong> assegurar abusca e o salvamento marítimo numa área <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>que totaliza cerca <strong>de</strong> 5 792 740 km 2, correspon<strong>de</strong>ndo a cerca <strong>de</strong> 63vezes a superfície do território nacional.A <strong>Marinha</strong>, através dos órgãos da Autorida<strong>de</strong> Marítima Nacionale das 28 Capitanias dos Portos implantadas, num mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong>sconcentrado, em todo o território nacional, apoiadas técnicae logisticamente pelo Instituto <strong>de</strong> Socorros a Náufragos (ISN),também supervisiona a assistência a banhistas durante todo oano, com particular incidência na época balnear. Neste âmbito,são realizadas anualmente largas centenas <strong>de</strong> operações <strong>de</strong>salvamento e <strong>de</strong> socorro, que se traduzem no resgate <strong>de</strong>inúmeras vidas humanas.Assinalamento marítimoAlgumas das principais rotas do tráfego marítimo mundialpassam ao largo da costa portuguesa. É, por isso, <strong>de</strong> vitalimportância garantir a sinalização imprescindível à segurança danavegação. Neste contexto, a <strong>Marinha</strong> assegura, ao longo dascostas do continente, da Ma<strong>de</strong>ira e dos Açores, a operação e amanutenção <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 faróis, 500 farolins e mais <strong>de</strong> 300bóias e balizas, que alertam os navegantes para os perigos, peloque se constituem como valiosas ajudas à navegação. Estamissão <strong>de</strong> serviço público é cumprida pelas Capitanias dos Portose pela Direcção <strong>de</strong> Faróis, que também opera uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>estações <strong>de</strong> GPS Diferencial, <strong>de</strong>stinada a melhorar a exactidão e aintegrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> posicionamento <strong>de</strong>ste sistema nas águas sobjurisdição portuguesa.Prevenção e combate à poluição do marAcção <strong>de</strong> salvamento marítimo por helicóptero orgânico <strong>de</strong> umafragata portuguesaPara esse efeito, a <strong>Marinha</strong> garante, em permanência, um serviçopúblico <strong>de</strong> Busca e Salvamento Marítimo, <strong>de</strong>signado por Searchand Rescue (SAR), contando com a colaboração da Autorida<strong>de</strong>Nacional <strong>de</strong> Protecção Civil e da Força Aérea <strong>Portuguesa</strong>. Emmédia, realizam-se cerca <strong>de</strong> 1000 acções por ano, das quaisresulta o salvamento <strong>de</strong> aproximadamente 1000 vidas humanas,o que se traduz numa taxa <strong>de</strong> sucesso superior a 95%. Refira-se, atítulo comparativo, que o valor <strong>de</strong> referência adoptado pelaUnited States Coast Guard (USCG) é <strong>de</strong> 93% <strong>de</strong> sucesso.Prevenir e combater a poluição do mar é igualmente umimperativo nacional, pelas consequências ambientais eeconómicas que um sinistro <strong>de</strong>sta natureza po<strong>de</strong> causar noturismo, nas pescas e nas outras activida<strong>de</strong>s marítimas. Estatarefa está, também, cometida à <strong>Marinha</strong>, que dispõe daDirecção do Combate à Poluição do Mar, integrada na Direcção-Geral da Autorida<strong>de</strong> Marítima (DGAM). Todos os anos sãorelatados cerca <strong>de</strong> 50 episódios <strong>de</strong> poluição do mar, cuja respostaestá prevista e é concretizada, quando necessário, no âmbito doPlano Mar Limpo.Acção <strong>de</strong> combate à poluiçãoActivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> repartição marítima e <strong>de</strong> conservatória <strong>de</strong>registo patrimonialLancha salva-vidas do Instituto <strong>de</strong> Socorros a Náufragos da <strong>Marinha</strong>As Capitanias dos Portos funcionam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1806 e, <strong>de</strong> formaregulamentada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1811, como repartições marítimas comcompetências técnico-administrativas próprias, atribuídas noâmbito do registo patrimonial <strong>de</strong> navios e embarcações e <strong>de</strong>inscrição marítima, assim como no apoio às comunida<strong>de</strong>spiscatórias, mercantis e náutico-<strong>de</strong>sportivas.11


Funções da <strong>Marinha</strong>:2. Segurança e autorida<strong>de</strong> do EstadoVigilância, fiscalização e exercício <strong>de</strong> políciaFiscalização dos espaços marítimos e protecção dos recursosSendo os oceanos uma enorme fonte <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong> recursosminerais, obrigam a um importante esforço <strong>de</strong> fiscalização nosentido <strong>de</strong> impedir a sua exploração ilegal. Com esse objectivo, a<strong>Marinha</strong> mantém permanentemente no mar diversas unida<strong>de</strong>snavais. Por outro lado, os Capitães dos Portos <strong>de</strong>têmcompetência em termos averiguatórios, instrutórios e <strong>de</strong>cisórios,face a todos os ilícitos ocorridos neste quadro.Nas águas sob soberania ou jurisdição nacional, a <strong>Marinha</strong>efectua, em média, cerca <strong>de</strong> 8000 acções <strong>de</strong> fiscalização por anoa embarcações em activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca, das quais cerca <strong>de</strong> 80%são embarcações <strong>de</strong> pesca profissional, <strong>de</strong>correndo as restantes20% no âmbito da pesca lúdica ou <strong>de</strong>sportiva.A <strong>Marinha</strong> também participa, em cooperação com a Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura, na fiscalização da activida<strong>de</strong>piscatória em águas internacionais, dando cumprimento aocompromisso assumido junto da Agência Comunitária <strong>de</strong>Controlo <strong>de</strong> Pescas (ACCP).<strong>de</strong>tectar fluxos migratórios ilegais, originários do Mediterrâneo edo Norte <strong>de</strong> África. Além disso, coopera activamente no projectoEuropean Patrols Network, também sob a égi<strong>de</strong> da agênciaFRONTEX, que correspon<strong>de</strong> a uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> patrulha costeirapermanente para a fronteira marítima meridional da UniãoEuropeia (UE), na qual se incluem a costa sul <strong>de</strong> Portugalcontinental e o arquipélago da Ma<strong>de</strong>ira.Lancha da Polícia MarítimaEstados <strong>de</strong> excepção e protecção civilEstados <strong>de</strong> excepçãoAtravés <strong>de</strong> legislação própria, em 1986 foram <strong>de</strong>finidos osestados <strong>de</strong> excepção (estado <strong>de</strong> sítio e <strong>de</strong> emergência), tendosido fixadas as normas gerais vigentes para as situações em quea Constituição e a Lei prevêem o emprego das Forças Armadasem território nacional, sem ser em estado <strong>de</strong> guerra.A <strong>Marinha</strong> está pronta a empenhar todos os seus meios, quandoaqueles estados <strong>de</strong> excepção forem <strong>de</strong>clarados.Protecção civilAcção <strong>de</strong> fiscalização da activida<strong>de</strong> piscatóriaRepressão <strong>de</strong> ilícitos marítimosPelas suas competências, a <strong>Marinha</strong> assegura igualmente umaintervenção significativa no combate a ilícitos marítimos, como onarcotráfico, a imigração ilegal, o tráfico <strong>de</strong> seres humanos, oterrorismo, a proliferação <strong>de</strong> armas e a pirataria. Actualmente,nos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição nacional,adquirem maior relevância o narcotráfico e a imigração ilegal, emcuja prevenção e repressão a <strong>Marinha</strong> colabora, respectivamente,com a Polícia Judiciária (PJ) e com o Serviço <strong>de</strong> Estrangeiros eFronteiras (SEF).No âmbito da protecção civil e da satisfação das necessida<strong>de</strong>sbásicas das populações, enquadram-se, entre outras: as acçõesrelacionadas com a protecção da proprieda<strong>de</strong> e do meioambiente, em resultado <strong>de</strong> cheias <strong>de</strong> rios ou gran<strong>de</strong>s inundações;as acções <strong>de</strong> vigilância <strong>de</strong>stinadas a prevenir incêndios em zonas<strong>de</strong> maior risco; e o apoio <strong>de</strong> interdição <strong>de</strong> área parareabastecimento <strong>de</strong> água por aeronaves <strong>de</strong> combate a incêndios.Além <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> intervenções mais comuns, a <strong>Marinha</strong><strong>de</strong>sempenha igualmente um papel <strong>de</strong> enorme relevância noapoio às populações em aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções, <strong>de</strong> quesão exemplos os sismos nos Açores, em 1 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1980 e em9 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1998, a queda da ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios, em 4 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2001, e o aluvião ocorrido na Ma<strong>de</strong>ira, em20 Fevereiro <strong>de</strong> 2010.No âmbito do combate ao narcotráfico, todos os anos ocorremvárias acções com a participação <strong>de</strong> órgãos da <strong>Marinha</strong>, das quaisresulta a apreensão <strong>de</strong> várias toneladas <strong>de</strong> estupefacientes,sobretudo haxixe e cocaína, e nas quais são empregues, sempreno respeito pelo princípio da legalida<strong>de</strong>, unida<strong>de</strong>s navais e os seushelicópteros orgânicos, fuzileiros e, quanto ao exercício <strong>de</strong> polícia,por competência própria ou em cooperação, agentes da PolíciaMarítima.O combate à imigração ilegal é feito em cooperação com o Serviço<strong>de</strong> Estrangeiros e Fronteiras (SEF), entida<strong>de</strong> que representaPortugal junto da agência <strong>de</strong> gestão e controlo das fronteirasexternas da União Europeia (UE), a FRONTEX. Neste âmbito, a<strong>Marinha</strong> participa regularmente em missões <strong>de</strong>stinadas a12Fuzileiros em acção <strong>de</strong> apoio às populações na Ma<strong>de</strong>ira


Funções da <strong>Marinha</strong>:3. Desenvolvimento económico, científico e culturalA f u n ç ã o d e d e s e n v o l v i m e n t oeconómico, científico e cultural abarcaas seguintes tarefas: Fomento económico; Investigação científica; Cultura.Fomento económicoO contributo primordial da <strong>Marinha</strong>para o <strong>de</strong>senvolvimento económico doPaís é feito <strong>de</strong> forma indirecta, aogarantir a segurança no mar. De facto,só em segurança é possível reunirc o n d i ç õ e s q u e p o s s i b i l i t e m o<strong>de</strong>senvolvimento e a activida<strong>de</strong>económica. Neste sentido, para um país como Portugal, asegurança começa no mar. Com efeito, é substancialmente maisdifícil a manutenção da or<strong>de</strong>m pública em terra quando não sãoreprimidas as activida<strong>de</strong>s criminosas no mar. De entre asactivida<strong>de</strong>s económicas que mais beneficiam do clima <strong>de</strong>segurança que se verifica nos espaços marítimos sob soberania oujurisdição nacionais, importa relevar o turismo, já que cerca <strong>de</strong>90% dos turistas que visitam Portugal procuram a faixa litoral.Nesta área em particular, são diversos os órgãos e serviçosintegrados na <strong>Marinha</strong> que assumem uma presença crucial naspraias, zonas portuárias e litorais, cuja intervenção éfundamental para o reconhecimento e afirmação <strong>de</strong> Portugalcomo <strong>de</strong>stino turístico seguro e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.De forma directa, a <strong>Marinha</strong> também contribui para o<strong>de</strong>senvolvimento económico do País segundo três vertentesfundamentais: como geradora <strong>de</strong> valor nas indústrias e nosserviços; como formadora <strong>de</strong> recursos humanos; e como parceiraem projectos com forte impacto económico.A <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong>sempenha um papel relevante no fomentoeconómico das indústrias e serviços directamente ligados aoapoio logístico marítimo, estimulando um sector <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>estruturante para o País. Com efeito, a mo<strong>de</strong>rnização da esquadrae a sua reparação, manutenção e abastecimento, contribuempara a edificação <strong>de</strong> uma capacida<strong>de</strong> nacional própria,materializada num diversificado conjunto <strong>de</strong> competências einfra-estruturas essenciais. Os exemplos mais recentes são aconstrução <strong>de</strong> Lanchas <strong>de</strong> Fiscalização Rápidas (LFR), emestaleiros da Figueira da Foz, <strong>de</strong> Vila Real <strong>de</strong> Santo António e doAlfeite, bem como a construção <strong>de</strong> Navios <strong>de</strong> Patrulha Oceânicos(NPO) e <strong>de</strong> Lanchas <strong>de</strong> Fiscalização Costeiras (LFC), em Viana doCastelo.Escola NavalEscola NavalA valorização do potencial humanoda <strong>Marinha</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, sobretudo, daEscola Naval, das escolas e doscentros <strong>de</strong> formação do Sistema <strong>de</strong>Formação Profissional da <strong>Marinha</strong> edo Centro Naval <strong>de</strong> Ensino aDistância. Através das activida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> formação aí <strong>de</strong>senvolvidas, a<strong>Marinha</strong>, além da valorizaçãoindividual dos seus efectivos,contribui igualmente para o<strong>de</strong>senvolvimento do País, namedida em que estes se tornamcidadãos mais bem preparados emais empreen<strong>de</strong>dores.A <strong>Marinha</strong> também disponibiliza muitas das suas capacida<strong>de</strong>spara a consecução <strong>de</strong> projectos, em parceria com empresasnacionais. Des<strong>de</strong> o final da década <strong>de</strong> 70, a EID é um exemplo <strong>de</strong>uma parceria duradoura e bem sucedida, tendo <strong>de</strong>senvolvido efornecido o Sistema Integrado <strong>de</strong> Controlo <strong>de</strong> Comunicações, quetambém se encontra instaladoem unida<strong>de</strong>s navais <strong>de</strong> outrasmarinhas, nomeadamente ab r i t â n i c a , a h o l a n d e s a , aespanhola, a uruguaia e abrasileira. Po<strong>de</strong>m ainda citar-seoutros exemplos frutuosos <strong>de</strong>p a r c e r i a e n t r e a M a r i n h a<strong>Portuguesa</strong> e empresas nacionaisno âmbito das tecnologias <strong>de</strong>informação e comunicação, quetêm sido concretizados, entreoutros, com o Instituto <strong>de</strong>Telecomunicações (pólo daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro), com aEDISOFT e com a CriticalSoftware, bem como projectos <strong>de</strong>colocação <strong>de</strong> cabos submarinos <strong>de</strong>c o m u n i c a ç õ e s e e s t u d o sambientais.Investigação científicaNão houve forte capitão que não fosseTambém douto e ciente.Luís <strong>de</strong> CamõesBastidor <strong>de</strong> comunicações,<strong>de</strong>senvolvido pela EID, instaladonum submarinoAs águas portuguesas constituem um património e uma riquezaque importa proteger. Na medida em que só se po<strong>de</strong> protegeraquilo que se conhece, a <strong>Marinha</strong>, através do InstitutoHidrográfico (IH), tem estado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, na vanguarda dasciências do mar, <strong>de</strong>signadamente nas áreas da hidrografia, dacartografia hidrográfica, da segurança da navegação, daoceanografia e da protecção e preservação do meio marinho.Como Laboratório <strong>de</strong> Estado, o IH está envolvido em váriosprojectos <strong>de</strong> I&D, no âmbito da monitorização e caracterizaçãoambiental, e <strong>de</strong>senvolve mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> previsão ambiental,nomeadamente no que diz respeito à agitação marítima,previsão <strong>de</strong> marés e <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva superficial e mo<strong>de</strong>loslitorais <strong>de</strong> ondulação e rebentação junto à costa.Construção <strong>de</strong> dois Navios <strong>de</strong> Patrulha Oceânicos nos Estaleiros Navais<strong>de</strong> Viana do CasteloAtravés dos seus navios hidrográficos e com o apoio técnico doInstituto Hidrográfico, no âmbito da aquisição e doprocessamento <strong>de</strong> dados, a <strong>Marinha</strong> tem recolhido informaçãohidrográfica para apoio e sustentação do projecto <strong>de</strong> extensão daPlataforma Continental, projecto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse nacional, acargo da Estrutura <strong>de</strong> Missão para os Assuntos do Mar (EMAM).13


Funções da <strong>Marinha</strong>:3. Desenvolvimento económico, científico e culturalA Comissão Cultural da <strong>Marinha</strong> é o órgão <strong>de</strong> direcção nestedomínio. Além disso, tem como função editar obras, literárias eartísticas, da autoria <strong>de</strong> homens do mar e <strong>de</strong> outros que, nãosendo marinheiros, se <strong>de</strong>dicam, ou o fizeram no passado, aoestudo das coisas do mar e das activida<strong>de</strong>s marítimas.O Aquário Vasco da Gama é um órgão <strong>de</strong> estudo e investigaçãonos domínios da fauna e da flora aquáticas, mas também daaquariologia, exibindo ao público espécies vivas do nosso mar e<strong>de</strong> outras áreas oceânicas.Navio hidro-oceanográfico em trabalhos científicos no marComo responsável pela produção da cartografia hidrográficaoficial nacional, o Instituto Hidrográfico mantém um fólioconstituído por 85 cartas hidrográficas em papel (i.e. náuticas,batimétricas e sedimentológicas) e por 74 cartas electrónicas <strong>de</strong>navegação, que cobrem toda a área sob responsabilida<strong>de</strong>nacional. Para que essas cartas sejam mantidas actualizadas, érealizado um esforço permanente, quer na execução <strong>de</strong>levantamentos topo-hidrográficos (com a edição, em média, <strong>de</strong>12 cartas em papel e 20 cartas electrónicas por ano), quer napublicação mensal <strong>de</strong> Avisos aos Navegantes. Periodicamentesão também editadas várias publicações náuticas, quecontribuem, em conjunto com a cartografia hidrográfica, para oobjectivo central do Instituto Hidrográfico, a segurança danavegação.As activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Investigação, Desenvolvimento e Inovação da<strong>Marinha</strong> não se restringem, porém, às áreas <strong>de</strong> competência doIH. Sendo uma instituição <strong>de</strong> cariz profundamente tecnológico ecom valências e tradições em áreas tão diversas como asEngenharias, a História e a Estratégia Marítimas, ou a Saú<strong>de</strong>Naval, a <strong>Marinha</strong> tem mantido um consi<strong>de</strong>rável esforço <strong>de</strong>produção científica nas mais diversas áreas do conhecimento,consubstanciado num fluxo regular <strong>de</strong> publicações emconferências e revistas científicas nacionais e internacionais.Para coor<strong>de</strong>nar estas activida<strong>de</strong>s foi criado, em 2010, o Centro <strong>de</strong>Investigação Naval (CINAV), na <strong>de</strong>pendência do Comandante daEscola Naval. O actual portfolio <strong>de</strong> projectos do CINAV,maioritariamente constituído por projectos internacionaisenvolvendo <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> parceiros (universida<strong>de</strong>s, centros <strong>de</strong>investigação e indústria) e fontes <strong>de</strong> financiamento diversas,reflecte dois vectores fundamentais: a cooperação e ainternacionalização, que sustentam a actualida<strong>de</strong> e o futuro daInvestigação, Desenvolvimento e Inovação na <strong>Marinha</strong>.Aquário Vasco da GamaA Banda da Armada, além <strong>de</strong> participar em cerimónias militarese protocolares <strong>de</strong> âmbito nacional, realiza igualmente concertospor todo o País.A Biblioteca Central <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong> contém, no seu espólio, obras edocumentos <strong>de</strong> inestimável valor para o estudo e compreensãoda nossa História passada e recente, prestando um inestimávelserviço <strong>de</strong> apoio à leitura e à investigação.O Museu <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong> é uma referência entre os seus congéneres anível mundial. O seu acervo começou a ser reunido ainda duranteo século XVIII, contando actualmente com mais <strong>de</strong> 25 000 peças,da quais cerca <strong>de</strong> 2500 constituem a exposição permanente.CulturaO mar tem, para os portugueses, uma dimensão cultural muitorelevante. Por conseguinte, a <strong>Marinha</strong> coloca gran<strong>de</strong> empenho nofomento da cultura marítima portuguesa, tarefa que se encontraa cargo <strong>de</strong> um conjunto diversificado <strong>de</strong> órgãos.A Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong>, integrada na <strong>Marinha</strong>, goza <strong>de</strong>autonomia científica, sendo constituída por notáveis do meiocultural e académico português, que se distinguem oudistinguiram nas áreas da história, das ciências e das tecnologiasnavais e marítimas.Museu <strong>de</strong> <strong>Marinha</strong>O Planetário Calouste Gulbenkian promove o interesse pelaastronomia, realizando sessões diárias <strong>de</strong>stinadas a explicar aosvisitantes o movimento dos astros e a sua harmonia, além <strong>de</strong>divulgar outros conhecimentos científicos relativos ao Universo.A Revista da Armada divulga mensalmente os acontecimentosmais relevantes relacionados com a <strong>Marinha</strong>, <strong>de</strong>dicando parte doseu espaço a artigos <strong>de</strong> carácter histórico e <strong>de</strong> teor cultural etécnico-naval.14


Acção da <strong>Marinha</strong> no marProjecção <strong>de</strong> forçaInfluenciaracontecimentosDefesa navalContributo para operaçõesconjuntasSatisfação dos compromissosinternacionaisEmprego comoArmadaDuplo UsoEmprego comoGuarda CosteiraAÇORESZEEZEEZEEMADEIRASegurança marítimaImposição da leiInvestigação científicaAfirmarresponsabilida<strong>de</strong>sProtecção do mar


email: mail@hidrografico.ptDesign: <strong>Marinha</strong> © 2010Créditos Fotográficos: <strong>Marinha</strong> © 2010

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