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SAÚDE E IMIGRANTES - Observatório da Imigração - Acidi

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SAÚDE E <strong>IMIGRANTES</strong> – As Representações e as Práticas sobre a Saúde e a Doença na Comuni<strong>da</strong>de Cabo-Verdiana em Lisboareconhecidos como legítimos para tratar e curar. Tendem a associar estesnovos <strong>da</strong>dos culturais ao funcionamento de saberes leigos, ancorados emmatrizes de conhecimento <strong>da</strong> saúde, <strong>da</strong> doença e do corpo, de predominanteétnica, religiosa ou étnico-religiosa e atribuem às manifestaçõesdestes saberes o estatuto de categorias culturais, que se devem saberinterpretar para evitar os processos de exclusão nos sistemas institucionalizadosde tratamento.Mas, as investigações realiza<strong>da</strong>s mostram que a maioria destes mesmosprofissionais experimentam diariamente várias formas de exclusão, cultural,científica e profissional, quando vivem posições de subordinação naconstrução <strong>da</strong>s suas identi<strong>da</strong>des profissionais, de desvalorização científicados seus saberes formais e de desqualificação <strong>da</strong>s suas posições nas hierarquiasde competências. Acresce ain<strong>da</strong> que nas relações terapêuticas,saberes médicos não oficiais não são autorizados para a comunicaçãodos doentes, predominantemente interpretados como ignorância, crendicee charlatanismo. Então, como pode não excluir quem de algumaforma é excluído? Como interpretar culturas que, à parti<strong>da</strong>, não são considera<strong>da</strong>sinterpretáveis? Como atribuir direitos por quem, de algumaforma, ain<strong>da</strong> não os atingiu plenamente? Não será que as preocupaçõesgeneraliza<strong>da</strong>s com o «multiculturalismo» dos doentes e com a sua préviaconstituição como categorias culturais «minoritárias», não reduzirágenuínas preocupações de equi<strong>da</strong>de a expressões encapota<strong>da</strong>s de humanizaçãoe personalização?Estas interrogações, e muitas outras, estiveram na base de uma primeirareflexão sobre o objecto <strong>da</strong> investigação que está na base deste livro.O tema «a saúde e os imigrantes» era suficientemente vasto para permitiralcançar várias hipóteses de problematização sociológica: desde o estudo<strong>da</strong>s práticas de saúde e doença vivi<strong>da</strong>s na comuni<strong>da</strong>de de pertença, apartir dos recursos locais, até ao estudo <strong>da</strong>s experiências de doença nosserviços de saúde, a partir dos recursos oficiais; desde a procura <strong>da</strong>sraízes culturais <strong>da</strong>s representações <strong>da</strong> saúde e <strong>da</strong> doença, até à descobertade eventuais formas de miscigenação origina<strong>da</strong>s na sua exposiçãonoutros contextos culturais; desde a pesquisa <strong>da</strong>s formas de associativismoe de outras formas de activismo político na reclamação dos direitosà saúde, até à avaliação <strong>da</strong> sua efectiva participação política e cívica nasestruturas de governação deste sector; desde a averiguação sobre ainclusão de objectivos de igual<strong>da</strong>de e equi<strong>da</strong>de étnicas na matéria jurídicae política produzi<strong>da</strong> na saúde, até à verificação <strong>da</strong> sua efectivi<strong>da</strong>de naspráticas <strong>da</strong>s organizações de saúde; desde a identificação dos preceitosculturais subjacentes à gestão quotidiana <strong>da</strong> saúde, à avaliação do seuconfronto com as normas <strong>da</strong> medicalização; desde o estudo <strong>da</strong> expe-Bárbara Bäckström10

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