12.07.2015 Views

O declínio do dogma causal - Revista Justitia

O declínio do dogma causal - Revista Justitia

O declínio do dogma causal - Revista Justitia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2 <strong>Justitia</strong> – Matérias aprovadas para publicação futuraoutro ser puni<strong>do</strong> pela tentativa. Não se provan<strong>do</strong> qual das <strong>do</strong>ses acarretou amorte, aplica-se o princípio <strong>do</strong> in dubio pro reo, e a nenhum <strong>do</strong>s autores seráimputa<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong>, responden<strong>do</strong> ambos por tentativa (a chamada autoriaincerta). Mesmo assim, é forçoso reconhecer: ainda que suprimida a condutade um <strong>do</strong>s autores, o resulta<strong>do</strong> teria si<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> pela <strong>do</strong> outro. Outro exemplointeressante é a morte <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r César, assassina<strong>do</strong> com 23 (vinte e três)punhaladas. Neste caso, ainda que se eliminasse um <strong>do</strong>s golpea<strong>do</strong>res, o resulta<strong>do</strong>teria ocorri<strong>do</strong>, o que representa uma falha na explicação <strong>do</strong> nexo <strong>causal</strong>pela teoria da conditio sine qua non. (4)2ª) Dupla <strong>causal</strong>idade com <strong>do</strong>ses insuficientes: e se no mesmo exemplo,as <strong>do</strong>ses fossem insuficientes, por si sós, para levar ao resulta<strong>do</strong> morte,mas somadas, acabassem por atingir o nível necessário e assim, produzir afatalidade? Nesse caso, nem a conduta de A, nem a de B, sozinhas, levariam aoresulta<strong>do</strong>. Eliminada qualquer uma delas, o resulta<strong>do</strong> desapareceria, pois somentejuntas são capazes de provocar a morte. Ora, pelo critério da eliminaçãohipotética, ambas devem ser consideradas causa, pois excluída uma ou outrada cadeia <strong>causal</strong>, o resulta<strong>do</strong> não ocorreria. Parece estranho não considerarcomo causa a hipótese anterior, em que as condutas tinham, isoladamente,i<strong>do</strong>neidade para produzir a morte, e considerar neste caso, em que, sozinhas,as condutas nada produziriam (poden<strong>do</strong> até mesmo cogitar-se de crime impossívelpela ineficácia absoluta <strong>do</strong> meio, na medida em que falta a um ou outrocomportamento capacidade para gerar, isoladamente, o resulta<strong>do</strong> visa<strong>do</strong>).3ª) O resulta<strong>do</strong> que ocorreria de qualquer mo<strong>do</strong>: se um médico aceleraa morte, de um paciente terminal, que já está com danos cerebrais irreversíveis,desligan<strong>do</strong> o aparelho que o mantinha vivo, não poderá ser considera<strong>do</strong>causa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> homicídio, pelo critério da eliminação hipotética, já que, mesmosuprimida a sua conduta da cadeia <strong>causal</strong>, ainda assim a morte acabaria acontecen<strong>do</strong>,mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde. Haverá nexo <strong>causal</strong>, é certo, mas por influênciade outra teorias que entram para socorrer a da equivalência <strong>do</strong>s antecedentes(é o caso <strong>do</strong> princípio da alteração posterior, pelo qual o médico respondepelo resulta<strong>do</strong> porque seu comportamento alterou o esta<strong>do</strong> de coisas nomun<strong>do</strong> naturalístico).4ª) Decisões corporativas: uma empresa, por meio de um órgão colegia<strong>do</strong>,constituí<strong>do</strong> de vários diretores, decide lançar um produto que provocadanos ao meio ambiente. Qualquer um <strong>do</strong>s votantes, poderia dizer que, aindaque não tivesse vota<strong>do</strong>, os demais o teriam feito, de mo<strong>do</strong> que, mesmo eliminadaa sua conduta, ainda assim o resulta<strong>do</strong> teria ocorri<strong>do</strong>.5ª) Cursos causais hipotéticos ou desvios de cursos causais: o ladrãoprincipiante, trêmulo e inseguro, aponta um estilete para um homenzarrão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!