12.07.2015 Views

Protestantismo e democracia no Brasil - Lusotopie

Protestantismo e democracia no Brasil - Lusotopie

Protestantismo e democracia no Brasil - Lusotopie

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Protestantismo</strong> e <strong>democracia</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> 333as congregações descentralizadas serviam melhor para criar os valoresnecessários para a sustentação da <strong>democracia</strong> ». E, finalmente, nem todas asIgrejas evangélicas, independentes e pentecostais tiveram a mesma postura :algumas se prestaram mais do que outras ao jogo dos regimes, e aindaoutras resistiram totalmente. Todas essas nuances precisam ser feitasquando falamos do <strong>Brasil</strong>.4) A<strong>no</strong>s 1990 : consolidação democrática. Entre os herdeiros de Willems e deLalive d'Épinay. Por um lado, há estudos que frisam o potencial democratizante,falando do surgimento de uma sociedade civil vibrante e fazendoanalogias com os efeitos históricos desse modelo voluntarista de cristianismoem outros países. As Igrejas estariam oferecendo um espaço sociallivre, uma experiência de solidariedade e uma <strong>no</strong>va identidade pessoal,além da participação responsável numa comunidade e, para alguns,o desenvolvimento de dons de liderança.Estes autores usam muito as palavras « potencial » e « a longo prazo ».Para Smith (1994), o protestantismo poderá ser uma força mais positiva paraa <strong>democracia</strong> do que as Comunidades de base, porque cria espaços abertos,ensina padrões éticos universalistas e a responsabilidade individual, e avaliagovernantes por um critério divi<strong>no</strong> que mina o caudilhismo. As estruturaseclesiásticas incentivam a participação de leigos e das mulheres. O protestantismorompe com o padrão religioso unificado do « corporativismomonista ». Apesar das críticas de outros autores, <strong>no</strong> sentido de queo pentecostalismo reproduz as relações clientelistas da cultura monista,e apesar dos meus próprios trabalhos <strong>no</strong>s quais demonstro as tendênciascorporatistas pentecostais (Freston 1993, 1994, 1996), há um pontoa lembrar : não é mais uma organização mo<strong>no</strong>lítica que faz o jogo corporativista,mas uma série de organizações competitivas cujas ações podemse cancelar mutuamente <strong>no</strong> efeito político.Smith conclui que o protestantismo reforçará a <strong>democracia</strong>, mas somenteem condições propícias : uma guinada conservadora da Igreja católica ; umacrise econômica bloqueando a ascensão individual ; uma busca do voto protestantepelos partidos ; e o surgimento nas Igrejas de uma segunda geraçãoinquieta. Smith parece desconhecer a busca do voto protestante na últimadécada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, bem como o fato de que o protestantismo já tem váriasgerações. O mito da segunda geração que transforma a instituição, independentementede outros fatores, é uma base frágil para a fé na vocaçãodemocrática do protestantismo brasileiro.Dodson (1997) pergunta como a simultânea democratização da políticae pentecostalização da religião lati<strong>no</strong>-americana se afetarão. InvocaTocqueville sobre a importância da religião <strong>no</strong> desenvolvimento democráticovia o « princípio da associação » que reconcilia a liberdade coma igualdade. O pentecostalismo poderá gerar a <strong>democracia</strong>, pois constróiidentidades e qualidades associativas, e os dons do Espírito empower paraa atuação na sociedade civil. A grande maioria de Igrejas é pequena e me<strong>no</strong>sautoritária do que se diz (<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, porém, o surgimento da IURD, infinitamentemais poderosa do que as outras, põe em xeque as conclusões deDodson).O <strong>no</strong>me mais conhecido da interpretação positiva é David Martin.Seu livro de 1990 é muito comentado. Vou comentar outra obra, ForbiddenRevolutions (1996). As revoluções referidas mostram como a religião, aindaque localizada na esfera da cultura, pode afetar o centro : na América latina,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!