12.07.2015 Views

Protestantismo e democracia no Brasil - Lusotopie

Protestantismo e democracia no Brasil - Lusotopie

Protestantismo e democracia no Brasil - Lusotopie

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Protestantismo</strong> e <strong>democracia</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> 335a tipologia de Nelson (1988) de organização eclesiástica. Embora essatipologia explique o contraste entre a (politizada) Assembléia de Deuse a (apolítica) Congregação cristã, não explica por que outras Igrejas do tipoclientelista, como a Deus é Amor, se mantêm afastadas da disputa política.Gaskill conclui que não há razão para crer que o pentecostalismo sejaincompatível com estruturas autoritárias ; que não replica a ética protestantena vida econômica ; que contribui para o pluralismo pós-autoritário ; masque os interesses por ora coincidem não com uma defesa de princípio da<strong>democracia</strong>, mas com qualquer movimento político que garanta os recursosque precisa. Tudo isso é basicamente correto, mas deixa de lado o fato deque as Igrejas pentecostais são cristãs, e portanto sujeitas à crítica bíblica e àinfluência do mundo evangélico mais amplo. Embora o enfoque organizacionale empírico de Gaskill seja bom contra-ponto para o argumento do« potencial », não deve ser absolutizado. As considerações organizacionaislutam por espaço com outras forças do mundo protestante.O que sobressai da <strong>no</strong>ssa discussão é que todos os conceitos essencialistase ahistóricos do protestantismo não dão conta da complexidade docampo real e das múltiplas influências sobre a política concreta. Nem ummodelo estático das operações da religião voluntarista, nem um modeloideológico do papel da religião na sociedade, nem o elitismo que julga asseitas pelas expectativas do « centro » religioso, bastam para responderà questão. A <strong>no</strong>va constituição do campo religioso <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> poderá terefeitos imprevisíveis, produzindo <strong>no</strong>vas variantes de relação entre religiãoe sociedade. Precisamos manter em tensão o potencial de longo prazoe a prática atual ; estar alerta também para as variações dentro do protestantismo,que incluem divergências significativas entre pentecostais. O futuropolítico do protestantismo não está escrito em algum modelo ahistórico de« religião voluntarista » (pois há vários tipos de sociedade civil !) ou emalguma essência repressiva do protestantismo brasileiro ou essênciacorporativista do pentecostalismo, e nem mesmo em uma tipologia deorganização eclesiástica.A política protestante brasileira : síntese brevíssimaFalta espaço para detalhar a trajetória protestante na política brasileira(ver Freston 1993, 1994, 1996). Os protestantes históricos se elegem parao congresso desde os a<strong>no</strong>s 1930, mas sua presença era pequena e discreta.Alguns tinham um eleitorado basicamente protestante, mas nenhum delestinha o endosso oficial de uma de<strong>no</strong>minação. Era uma presença pluripartidária,sem fortes concentrações ideológicas, cobrindo um leque desdea esquerda não marxista até a defesa apaixonada do regime autoritário.Os pentecostais estavam quase totalmente ausentes do congresso.Desde a redemocratização em 1985, a política protestante foi transformada,tornando-se muito mais visível e controvertida. Quero destacarquatro aspectos da política protestante desde 1985.1) A política corporativista de algumas grandes Igrejas pentecostais. A Assembléiade Deus, a Quadrangular e a IURD, entre outras, passam a apresentarcandidatos oficiais escolhidos de diversas maneiras (prévias internas, indicaçãoepiscopal, etc.). Estes deputados dão a tônica à política protestantepós-1986, e figuram entre os escândalos de corrupção que têm abalado

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!