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DAMA COMO PUTA OU PUTA COMO DAMA? SOCIABILIDADE ...

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clube para uma dinâmica de interação extra-clube, o que entre os praticantes maisexperientes é exemplificado com referências ao compartilhar de uma vida íntimaassexuada com antigos ou atuais casais de parceiros suingue:[A1], ao meu lado, faz as apresentações (indiretas, já que não hácumprimentos) destacando que todos são amigos, apesar de ela e o maridoterem conhecido um dos casais (precisamente o casal C) naquele dia.- Nossa relação não se resume à boate, a gente conversa sobre ‘tudo’ e seencontra fora daqui - diz B2.- E como! - completa [A1], fazendo um trocadilho - ele já me comeu, o meumarido já comeu a mulher dele....Formatado: Não Sobrescrito/SubscritoFormatado: Não Sobrescrito/SubscritoFormatado: Não Sobrescrito/SubscritoA sociabilidade em torno das práticas suingue é dotada de uma moralidade quelhe é própria, importando conceitos e valores típicos à moral cristã que dita as bases danoção de conjugalidade, ao mesmo tempo se reapropriando destes e os ressignificando.O corpo suinguer é apresentado como uma ferramenta de libertação, não apenasenquanto corpo sexualmente valorizado e, portanto, digno de cuidados, ou um corpoliberto de um ideal monogâmico sexualmente repressor, mas como um corpo que éveículo para uma “abertura para o mundo”. Ao mesmo tempo, em nada parece seassemelhar ao símbolo de uma libertação moral estrita, mas sim símbolo das múltiplaspossibilidades de experimentação e de gozo, aos homens ainda restritos às práticasheterossexuais 6 . O cultivo do corpo e a plena exploração das possibilidades que eleoferece têm como justificativa o seu veículo enquanto ferramenta de auto-proveito e,neste caso, pleno proveito de uma relação diádica em sua natureza. Explorar aspossibilidades de gozo que ele é capaz de oferecer é visto como a forma primordial detranscendência corporal, tendência típica a contemporaneidade, segundo Muraro (1983):“Agora é o corpo diretamente para o prazer. As novas técnicas extraem dele todas assuas potencialidades de gozo. Junto com a expressão corporal vem a luta peloorgasmo” (p. 77).6 Não há restrições formais estabelecidas pelos proprietários da boate quanto aos intercursos sexuais entrehomens no interior do estabelecimento, mas os meus interlocutores destacam com frequência que estaspráticas são pouco comuns, senão consideradas indevidas, dentro da boate: “Normalmente, quando háesse interesse, não vai rolar aqui, mas num motel, ou em outro lugar” (A2).

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